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Recanto das Letras Séries de Web Produção Capítulo 11 Recuperando a Paixão Novela de José Pereira Escrita por José Pereira Versão Internacional de “Recuperando a Paixão” (2015) Personagens deste capítulo AMÉLIA ANDRESSA BIANCA CARINA CARLOS DANIEL DANILO EDUARDO FERNANDO GISELE HELEN IRENE JACKELINE JEFERSON MÁRCIA MAURÍCIO MAYCON MICHELE NAYARA NILZA PATRÍCIA SEBASTIÃO SERAFIM Participação Especial: HOMEM, SECRETÁRIA

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Page 1: Recuperando a Paixão · Helen — Claro que vale, amiga, eu disse que vou te ajudar. Irene — Parece que ninguém aqui sabe que somos amigas. Helen — E deixe que pensem assim,

Recanto das Letras

Séries de Web Produção Capítulo 11

Recuperando a Paixão

Novela de José Pereira

Escrita por

José Pereira

Versão Internacional de

“Recuperando a Paixão” (2015)

Personagens deste capítulo

AMÉLIA

ANDRESSA

BIANCA

CARINA

CARLOS

DANIEL

DANILO

EDUARDO

FERNANDO

GISELE

HELEN

IRENE

JACKELINE

JEFERSON

MÁRCIA

MAURÍCIO

MAYCON

MICHELE

NAYARA

NILZA

PATRÍCIA

SEBASTIÃO

SERAFIM

Participação Especial:

HOMEM, SECRETÁRIA

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 1

CENA 1. CASA DE CARLOS. QUINTAL. EXTERIOR. NOITE.

Amélia vai para o quintal dos fundos de sua casa e

disca um número de celular.

Corta para:

CENA 2. CASA DE ANDRESSA. SALA. INTERIOR. NOITE.

(Alternar diálogos desta cena com a cena anterior) Ce-

lular toca, Andressa atende curiosa. Amélia adota tom

secreto.

Andressa — (cel) Amélia, você voltou de via-

gem.

Amélia — (cel) Voltei e fui surpreendida pe-

las novidades.

Ouviu-se um suspiro do outro lado.

Andressa — (cel) Tem certeza de que quer falar

sobre isso?

Amélia — (cel) Dessa, o que realmente acon-

teceu? Mal cheguei na empresa e fui

informada que você se demitiu. Daniel

me deu a explicação de que vai botar

uma meta de R$ 5.000,00 para nós em

fevereiro e você não concordou.

Andressa — (cel) Exato.

Amélia — (cel) Pode ser sincera comigo, ami-

ga. O que realmente aconteceu? Custo

a crer que se demitiu por tão pouca

coisa.

Andressa — (cel) Pois bem, Amélia, serei sin-

cera. A verdade é que eu não sai es-

pecificamente por causa da meta; até

concordo que as meninas aí precisam

receber mais do que mil, dois mil re-

ais. O problema é que eu não aguenta-

va mais os mandos e desmandos da He-

len. Ultimamente ela estava interfe-

rindo em meu trabalho, invadindo a

empresa e causando confusões.

Amélia — (cel) Acusando vocês de serem aman-

tes de Daniel.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 2

Andressa — (cel) Isso. De repente, ela expres-

sou desejo de trabalhar e Daniel che-

gou ao cúmulo de dar a ela a sala em

que era de seu marido.

Amélia — (cel) Como?

Amélia se senta em uma cadeira reclinável que estava

perto da piscina.

Andressa — (cel) Isso mesmo. A ideia da meta

de R$ 5.000,00 partiu dela. Suspeito

que ela quis colocar um valor bem

acima do que as meninas estão acostu-

madas para fazê-las trabalhar dobrado

e assim, não terem tempo de ver Dani-

el. Se ela soubesse...

Amélia — (cel) Se for isso mesmo, deu azar:

eu não vou deixar de “ver” Daniel por

causa de meta alguma! Pelo contrário,

estou confiante que vou batê-la e es-

tou motivando as demais para se sen-

tirem capazes.

Andressa — (cel) Alguma chance de você ser a

supervisora, amiga?

Amélia — (cel/lembrando) Ah! Agora é a minha

vez de contar algo bizarro sobre He-

len! Daniel me disse que eu vou con-

correr com uma tal Irene que chegou

“ontem” na empresa!

Andressa — (cel) O quê? Nem cheguei a conhecê-

la direito! Que história é essa?

As duas continuaram a conversar.

Corta para:

CENA 3. CASA DE DANIEL. QUARTO/ CORREDOR. INTERIOR.

NOITE.

O celular de Helen toca, atrapalhando o sono de Dani-

el. Ela decide atendê-lo ao ver que era Irene.

Helen — Desculpe, querido, é/

Ela quase que fala quem era, mas lembrou-se de que ti-

nha de fingir que não era amiga íntima de Irene.

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Helen — É a Sofia. Deve ser importante.

Daniel — (sonolento, olhos fechados) Tomara.

Helen vai para fora do quarto, corta rápido para ela

no CORREDOR.

Helen — (cel) Irene, o que aconteceu?

Corta rápido para:

CENA 4. CASA DE IRENE. SALA. INTERIOR. NOITE.

(Alternar diálogos desta cena com a cena anterior)

Irene em pé, extasiada, exultante.

Irene — (cel) Te acordei, amiga? Eu preci-

sava te contar. Lembra que te falei

do Eduardo?

Helen — (cel) O ex-namorado da Carina? Ele

te ligou?

Irene — (cel) Sim, e hoje mesmo saímos para

conversar.

Helen — (cel) E então?

Irene — (cel) Foi maravilhoso, Helen, Edu-

ardo é mesmo um bom homem.

Helen — (cel) Vai mesmo investir nisso?

Irene — (cel) Sim, Carina não sabe o que

jogou fora.

Helen — (cel) Dispensa um gato para tentar

ficar com o meu gato.

Irene — (cel) Azar, ela queria dois homens,

agora ficará com nenhum!

Helen — (cel) Boa sorte, amiga, esse vale a

pena casar.

Irene — (cel) Deus te ouça.

Corta para:

CENA 5. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. NOITE.

Sebastião, pai coruja, espera Eduardo voltar do bar.

Sebastião — Chegou, filho. Como foi com a garo-

ta?

Eduardo — Foi bem, pai, nos conhecemos me-

lhor.

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Sebastião — (duvidoso) Meu filho, tem certeza

de que vai continuar com isso?

Eduardo — Tenho, pai.

Sebastião — Eu só não quero que você mergulhe

de cabeça em uma nova relação, se

ainda houver resquícios de Carina em

sua mente e coração.

Eduardo — Carina ainda pode estar na minha

mente, mas coração... Não mais.

Eduardo suspira.

Corta para:

CENA 6. RUAS DE VITÓRIA. CARRO DE DANIEL. INT. NOITE.

Chegando perto da casa de Michele, Danilo segue com o

diálogo do segredo que Carina queria saber.

Danilo — Michele, se for mais umas das fofo-

cas de comadre da empresa...

Michele — Não é não, Danilo, todos nós perce-

bemos isso. Por isso que tratamos

Amélia com mais reverência, pois se

cairmos em seu desagrado ela mandará

seu pai demitir a gente.

Danilo — (rindo) Ah, para, Michele, meu pai

é ou não é o dono da Cobrasil? E Nil-

za é a gerente, certo?

Michele — Danilo, a trama é tão entremeada

que você não entenderá de primeira. É

preciso juntar com calma as peças do

quebra-cabeça.

Danilo — Pois bem, chegamos a sua casa.

Michele — Obrigada pela carona. E sinto muito

pela revelação. Você está chateado

comigo?

Danilo — (sorrindo) E você tem culpa disso?

Só peço que você evite ao máximo se

envolver nessas intrigas, Michele.

Não faz bem para uma moça como você.

Michele — Obrigada pela preocupação. Boa noi-

te!

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Danilo — Boa noite!

Michele sai do carro e Danilo ruma para casa.

Corta para:

CENA 7. CASA DE CARINA. SALA. INTERIOR. NOITE.

Carina está andando de um lado a outro na sala.

Carina — Eu não posso acreditar. Amélia e

Daniel, amantes. Por mais que Michele

tente negar, não sou burra. A forma

em que todos se curvam perante ela, a

forma em que o pessoal fala dela,

tratam-na com mais respeito do que a

Helen... Os segredos... Não tem outra

explicação, eles são amantes...

Ela desaba no sofá e começa a chorar.

Carina — Como eu fui burra! Dispensei o Edu-

ardo, o melhor homem que já encontrei

em minha vida... Será que ele já se

esqueceu de mim? Ai, o que eu faço da

minha vida?

Corta para:

CENA 8. COBRASIL. SALA DE DANIEL/ SALA DE HELEN. INTE-

RIOR. MANHÃ.

Dia seguinte. Daniel em sua mesa, mandando e-mail a

Irene. Close no monitor, Daniel digitando e enviando.

Nilza vai intervir depois.

Daniel — (escrevendo um e-mail) “Irene, com-

pareça à minha sala”.

Minutos depois, Irene entra.

Irene — Pois não, senhor?

Daniel — Irene, sente-se. (ela obedece) Ire-

ne, como percebe, precisamos de uma

supervisora para substituir a Andres-

sa. Estava pensando em selecionar uma

das cobradoras da empresa, em vez de

contratar outra. Gostaria de saber se

você estaria disposta a assumir essa

responsabilidade.

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Irene — (falsa modéstia) Bem, senhor, se me

acha qualificada...

Daniel — Minha esposa te indicou, ela te tem

em grande estima. E não devemos nos

esquecer que você veio da minha prin-

cipal rival. Acredito que experiência

você tem de sobra.

Irene — (sorrindo) Obrigada pela considera-

ção.

Daniel — Então, vou comunicar com Nilza e

Helen...

Nilza — (entrando de supetão) Vai comunicar

o quê, chefe?

Daniel — Ah, Nilza, você já chegou. Vou co-

municar que Irene será a nova super-

visora.

Nilza — Não, ela não vai ser!

Daniel — (se levanta furioso) O que está di-

zendo, mulher?!

Nilza — Essazinha vai ser supervisora sob

meu cadáver!

Irene se surpreende. Não esperava que Nilza fosse per-

der as estribeiras. Clima tenso.

Daniel — Essazinha se chama Irene Klein.

Irene — Basta, senhores! (se levanta) Não

quero ser motivo de discórdia. Volta-

rei à minha mesa

Irene sai.

Daniel — Espero que você apresente objeções

de maneira profissional, Nilza, ou

vou pensar que você tem inveja de

Irene.

Nilza — Não se trata disso. Se trata do fa-

to dessa pessoa ser praticamente con-

tratada por Helen, e não por ti. Nem

preciso adivinhar: foi Helen quem su-

geriu promovê-la, não?

Daniel — Sim, qual o problema?

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Nilza — Não sei quais são os planos de He-

len, mas Irene é seu instrumento.

Daniel — (risada alta) Agora você ficou lou-

ca, mulher. (bravo) Saia da minha sa-

la que tenho muito que fazer!

Nilza sai furiosa da sala. Corta descontínuo para a

SALA DE HELEN. Irene está contando o que houve e Helen

fica revoltada em ver obstáculos em seu plano.

Helen — É mesmo, a velha não quer você como

supervisora?

Irene — (receosa) Ela surtou. Helen, tem

certeza de que vale a pena continuar?

Helen — Claro que vale, amiga, eu disse que

vou te ajudar.

Irene — Parece que ninguém aqui sabe que

somos amigas.

Helen — E deixe que pensem assim, será mais

fácil.

Irene — Bem, voltarei ao trabalho. Amélia

ontem fechou dez acordos.

Helen — Eu estou sabendo, todos para feve-

reiro. Ela já quer iniciar o mês ga-

rantido.

Irene — Eu também estou fazendo isso, já é

dia 28, a maioria dos clientes falam

que só recebem no quinto dia útil.

Helen — Está bem. Eu vou falar com Daniel.

Helen se levanta decidida.

Corta para:

CENA 9. CASA DE DANIEL. SALA DE ESTAR. INT. MANHÃ

Danilo está sentado no sofá, mas não consegue se con-

centrar na televisão. Ele a apaga e começa a meditar

em voz alta.

Danilo — Meu pai, tendo uma amante, é por

demais hediondo isso. Não posso crer

que minha mãe estava certa esse tempo

todo. O que eu faço? Finjo que nada

aconteceu? Não, não posso fazer isso,

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eu não vou fingir que isso é certo ou

normal, afinal que espécie de família

é essa?

Corta para:

CENA 10. COBRASIL. SALA DA COBRANÇA. INTERIOR. MANHÃ.

As moças estão em ritmo mais frenético do que costume,

não estão mais conversando fiado, até Jackeline parou

de mexer na Internet.

Nayara — Só veio ontem um pagamento de R$

85,00 da Andressa. Isso soa até irô-

nico.

Amélia — (se achando supervisora) Pois é,

gente, temos que fechar bastantes

acordos para começar fevereiro bom-

bando.

Michele — O bom é que a nova remessa tem cli-

entes com força.

Amélia — Então, vamos aproveit/ (corta-se)

Ai, com licença!

Amélia levanta-se e sai correndo para o banheiro. CAM

a segue até à porta; Márcia acabava de sair dele e viu

Amélia vomitando. Close nela voltando para a sala.

Márcia — Gente, a Amélia vomitou. Ela está

passando mal?

Todas imediatamente sacam a verdadeira razão.

Carina — Nada, daqui a nove meses passa.

Corta para:

CENA 11. CASA DE SEBASTIÃO. PORTÃO/SALA, EXT/INT. MA-

NHÃ.

Carlos resolve fazer uma segunda visita a Sebastião.

Ele o atende do PORTÃO.

Sebastião — Carlos, não veio quebrar outro pra-

to meu?

Carlos — Dessa vez não, amigo. Eu vim escla-

recer esse assunto.

Sebastião abre o portão e o deixa entrar. Os dois en-

tram, corta descontínuo para a SALA.

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Sebastião — Então vamos sentando.

Carlos — Parece uma grande coincidência a

ex-namorada de seu filho trabalhar na

mesma empresa que Amélia. Pois bem, a

razão por ter eu ficado tão impressi-

onado com a informação, é que... Bem,

eu também tive problemas com Daniel

Ferreira. Talvez você não saiba, mas

eu já trabalhei na empresa como só-

cio. Depois de um tempo convidei mi-

nha esposa para trabalhar também.

Sebastião — E ele se engraçou com Amélia?

Carlos — Não sei quem começou. Só sei que

nas primeiras semanas de trabalho a

mulher não parava de falar da empresa

e do chefe. Fiquei irritado com tanto

falatório. Depois eu comecei a sondá-

lo, a ver o que ele pensava de Amé-

lia, e tive impressão negativa. Fa-

zendo elogios impróprios dela na mi-

nha frente e na frente da esposa de-

le. Ela também ficava para morrer.

Sebastião — O cara é um paquerador incorrigí-

vel.

Carlos — Por causa desse mal estar, e pelo

fato dele não levar a empresa a sé-

rio, eu desfiz a sociedade e saí da

Cobrasil. Confesso que já pedi a mi-

nha esposa para sair também, mas pa-

rece que ela gosta mesmo da empresa.

Ainda mais agora, que está para sair

uma promoção, ela nem quer saber de

demissão.

Sebastião — Olha, Carlos, eu conheço Carina

desde pequenininha, conheci os pais

dela, e posso garantir que ela não é

nenhuma sem-vergonha.

Carlos — O mesmo digo da minha esposa! Mas

acontece que esse cara...

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Sebastião — Sim, ele tem aquele charme que hip-

notiza as mulheres.

Corta para:

CENA 12. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. MANHÃ.

Danilo aparece na Cobrasil e entra na sala de seu pai.

Danilo — Pai.

Daniel — Filho, aqui de novo. Vou pensar que

você quer trabalhar conosco.

Danilo — Não sei cobrar.

Daniel — Pode fazer outra coisa, não sei.

Mas, você quem sabe.

Danilo — (sério) Pai, eu vim fazer uma per-

gunta e quero que você seja sincero.

Daniel — Pode fazer.

Ele pega sua xícara onde tinha café.

Danilo — Por que você tem uma amante?

Daniel deixa a xícara cair ao chão.

Corta para:

CENA 13. RUA CAPIXABA. EXTERIOR. MANHÃ.

Andressa andava na rua, arrumada, com pasta no braço,

disposta a entregar mais currículos. Seu celular toca.

Ela o atende, ainda caminhando na rua.

Andressa — (cel) Alô?

Secretária — (off) Bom dia, eu falo com Andres-

sa? Estou falando da Intercob.

Andressa — (off) Sim, ela mesma.

Secretária — Srta. Andressa, seu currículo foi

aceito pelo nosso chefe e ele solici-

ta uma entrevista com a senhorita

aqui na empresa hoje à tarde, se pos-

sível.

Andressa — (cel) Ah, sim, é possível!

Secretária — (off) Ótimo, a aguardamos às 15:00

da tarde no mesmo endereço. Confirma-

rei sua presença. Alguma dúvida?

Andressa — (cel) Não, não, querida, obrigada.

Secretária — (off) Um bom dia (desliga).

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Andressa desliga o celular, mas decide continuar na

andança.

Corta para:

CENA 14. COBRASIL. COZINHA. INTERIOR. MANHÃ.

Carina está bebendo água quando chega Bianca.

Carina — Bia, eu preciso falar contigo.

Bianca — O que foi, amiga?

Carina — Não pense que eu quero zombar de

ti, mas Jeferson quer conhecê-la.

Bianca joga o copo plástico na lixeira com exaspera-

ção.

Bianca — Ai, é o pedreiro, né?

Carina — Olha, Bia, eu posso te garantir que

ele não é má pessoa, exceto por...

Bem, não gostar muito de trabalhar.

Bianca — Pelo menos mudou de ideia, já é um

ponto positivo.

Carina — E então, o que me diz? Vamos, meni-

na, dá uma chance a ele! Eu, sinceri-

dade, sinto que no fundo ele te inte-

ressa.

Bianca — Se não tem remédio... (sorri) Tá,

vou ver qual é a dele.

Carina — (feliz) Que bom, amiga! Vem, vamos

voltar ao trabalho.

Corta para:

CENA 15. RUAS DO CENTRO. EXTERIOR. MANHÃ.

Andressa agora está no Centro, pois a Intercob também

se localiza lá. Ela telefona agora para Nilza.

Andressa — (cel) Alô, Nilza?

Nilza — (off) Fala, amiga, como vai?

Andressa — (cel) Parece que as coisas vão me-

lhorar. Hoje fui chamada para fazer

uma entrevista na Intercob. Ainda as-

sim estou atendendo outros anúncios.

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Nilza — (off) Sim, é bom garantir. Princi-

palmente com essa Intercob, se outra

te chamar, melhor.

Andressa — (cel) Por causa da Irene?

Nilza — (off) Vamos almoçar juntas que te

explico melhor como vão as coisas

aqui.

Andressa segue andando, conversa segue fora de áudio.

Corta para:

CENA 16. COBRASIL, SALA DE DANIEL/SALA DE HELEN, INTE-

RIOR, MANHÃ.

Continuação da cena 12. Depois de recolher sua xícara

(era de plástico) e lamentar o café entornado, Daniel

permanece de pé e encara Danilo.

Daniel — Filho, o que você disse é falso!

Danilo — Não tem um caso com Amélia?

Daniel — Não. Quem te disse isso?

Danilo — Isso eu não direi jamais.

Daniel — (ameaçando) Espero que não tenha

sido a Michele. Posso demiti-la por

isso. Sua mãe estaria certa em adver-

ti-lo contra ela.

Danilo — Se isso é mesmo mentira, então não

esquente com quem a contou. É só is-

so, vou dar um olá pra minha mãe.

Danilo sai. Daniel coça a cabeça, aflito.

Daniel — Foi a anta da Michele! Só pode ter

sido ela! Isso quer dizer que o povo

aqui já sabe! Meu Deus, o que faço

agora?

Corta para a SALA DE HELEN; antes de Danilo chegar se-

gue diálogo raivoso entre Nilza e Helen.

Nilza — O que você está tramando, Helen?

Helen — (fingindo) Eu? O crescimento da Co-

brasil, que mais?

Nilza — Como a empresa vai crescer colocan-

do uma inexperiente como supervisora?

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 13

Uma pessoa que só está aqui há uma

semana?

Helen — Inexperiente ela não é! Acabei de

ligar para a Intercob pedindo refe-

rências e só ouvi excelentes recomen-

dações.

Nilza — Está disposta a confiar numa desco-

nhecida quando temos Amélia?

Helen — Eu não conheço bem a Amélia, pra

mim ela está no mesmo patamar.

Nilza — Pois eu sou a gerente, e acompanhei

a trajetória de Amélia desde o pri-

meiro mês.

Helen — Nilza, você pode ser a gerente, mas

eu sou a esposa do dono da Cobrasil e

ainda por cima, sou a monitora. Eu

fico o dia inteiro checando os rece-

bimentos, quantos acordos as meninas

fazem, verifico seus registros, en-

fim, enquanto não decidirmos sobre a

supervisora, todo esse trabalho sobra

para mim.

Nilza — Azar o teu, querida, se você acha

que a supervisora tem de cobrar igual

às outras, ela não terá tempo para

isso.

Helen — Vamos conversar com Daniel para de-

finir tudo.

Nilza — Estou dizendo, Helen, não concorda-

rei com a promoção de Irene, não con-

cordarei!

Nilza sai. Helen dá sua costumeira gargalhada. Neste

momento Danilo entra na sala sem entender.

Corta para:

CENA 17. TRANSPORTADORA CAMPOS. PÁTIO. EXTERNO. MANHÃ.

No meio do serviço, o celular de Eduardo vibra mais

uma vez.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 14

Eduardo — Ai, quem será? Pai? (atende) Pai, o

que foi?

Corta rápido para:

CENA 18. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.

(Alternar diálogos e ações desta cena com a cena ante-

rior) Sebastião tranquilo no sofá.

Sebastião — Filho, tem um minuto?

Serafim se materializa ao lado de Eduardo. Ele põe a

mão no celular e fala com ele.

Eduardo — É meu pai (volta a atender) Fala,

pai, como está a saúde?

Sebastião — (estranha) Ué, vai bem, filho.

Eduardo — Graças a Deus.

Eduardo se afasta, pois seus colegas estavam passando

com caixas pesadas.

Sebastião — Filho, acho que te interessa saber

que Amélia, a esposa do meu amigo

Carlos, também foi vítima daquele

verme da Cobrasil.

Eduardo — Amélia, também enfeitiçada por

aquele canalha?

Sebastião — Isso mesmo. Os dois trabalhavam

juntos na Cobrasil. Por culpa de Da-

niel, Carlos se demitiu, mas Amélia

até hoje se recusa em fazer o mesmo.

O que vamos fazer a respeito, filho?

Eduardo — Pai, acho que não devemos fazer na-

da. Tipo, não há nada grave, certo?

Ela chegou a ir pra cama com ele, al-

go assim?

Sebastião — Carlos garante que não, mas nunca

se sabe.

Eduardo — Então, pai, e eu sinceramente não

quero mais me meter nesses enrolos do

Ferreira.

Sebastião — OK, filho, desculpe se eu incomodo.

Bom serviço.

Eduardo desliga, Serafim sempre de olho.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 15

Corta para:

CENA 19. COBRASIL. SALA DA COBRANÇA/ SALA DE DANIEL.

INTERNO. MANHÃ.

Amélia estava trabalhando, porém sente náuseas mais

uma vez. Ela vai para o banheiro sem esperar que vies-

se o vômito. Enquanto isso, Gisele puxa conversa.

Gisele — O que o chefe queria contigo, Ire-

ne?

Irene aproveita o ensejo para marcar território.

Irene — O Sr. Ferreira me perguntou se eu

estaria disposta a ser a próxima su-

pervisora.

Gisele — É sério? Você, Irene, a nova super-

visora?

Irene — Foi o que o patrão disse.

Patrícia — Pois me alegro muito, Irene, você

tem mesmo potencial.

Michele — Pois Amélia também tem muito poten-

cial.

Nayara — E é a mais antiga.

Irene — Bom, gente, são ordens do patrão.

Licença que vou ao banheiro.

Depois que Irene sai, a conversa continua da parte de

Jackeline.

Jackeline — Acham mesmo que ela merece tanto,

gente?

Márcia — (escandalizada) Deus que me livre!

Gisele — Se eu tivesse direito de escolher,

escolheria Irene.

Patrícia — E eu também.

Jackeline — E eu sou a favor de Amélia.

Bianca — Eu também.

Márcia — (sorri) E eu também. Viu, somos a

maioria.

Nayara — São a maioria, mas a decisão é do

Sr. Ferreira.

Jackeline — E a quem você prefere, Nayara?

Nayara — Na que tem o melhor desempenho.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 16

E Nayara volta a trabalhar.

Corta para a SALA DE DANIEL. Helen visita seu marido e

pega no flagra Nilza tentando convencê-lo a promover

Amélia.

Nilza — Uma funcionária que não está nem um

mês na empresa não é indicada para

promoção tão rápida.

Helen — E uma funcionária (Nilza e Daniel

levam um susto) que leva a fama de

ter um caso com o patrão também não

está indicada para promoções sem que

surjam comentários.

Daniel — (sério) Esses comentários tiveram

início de sua parte.

Helen — Querido, eu realmente não entendo

essa confusão. Vamos nomear logo Ire-

ne como supervisora, as meninas estão

sem uma líder.

Nilza — Eu já expus minha objeção.

Helen — Aff, e por causa disso vamos ficar

discutindo a vida toda?

Daniel — Senhoras, por favor, se acalmem!

(se levanta e faz um gesto de “chega”

com as mãos) Já vi que ninguém vai

ceder um milímetro com a sua candida-

ta. Então, só me resta uma coisa a

fazer.

Nilza — O quê?

Daniel — Decidir que as meninas escolham.

Nilza — (gargalhada) Há, já sei que será a

Amélia!

Helen — Quem garante, Nilza? Irene também

fez amizade com as meninas.

Daniel — Vamos fazer outra reunião e anunci-

ar a votação.

Helen — Com certeza, amor, é a melhor coisa

a fazer. Já estou farta de gastar sa-

liva à toa com certas pessoas.

Nilza — Ora, sua desgraçada!

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 17

Nilza sai espumando de ódio.

Daniel — (estressado) Ai, ai, não sei mais o

que fazer com Nilza...

Daniel se senta e inclina sua cabeça para a mesa, in-

consolável com esse problemão. Helen acaricia seus ca-

belos, mas ela sorri de desdém.

Corta para:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 20. COBRASIL. SALA DA COBRANÇA. INTERIOR. MANHÃ.

Irene está na sua mesa registrando um acordo que fe-

chou quando um aviso de e-mail aparece na tela. Ela

clica e lê. Close no monitor.

Helen — “Irene, meu marido disse que as me-

ninas irão decidir quem será a nova

supervisora. A vaca da Nilza insiste

em querer a piranha da Amélia, mas eu

não cedi. Convença a meninas a esta-

rem do seu lado. Breve Daniel fará

uma reunião”.

Irene — (baixo) Ora, mas essa Cobrasil está

pegando fogo, está mais divertida do

que a Intercob!

Corta para:

CENA 21. TRANSPORTADORA CAMPOS. COZINHA. INT. MANHÃ.

Os funcionários almoçam dentro da cozinha, onde tinha

mesas para se sentar. Eduardo está almoçando e pensa

ora em Carina, ora em Irene. Conversa com Maycon já a

meio.

Maycon — Eduardo, está escutando?

Eduardo — Desculpa, Maycon, estou divagando.

Maycon — Há dias em que você está assim,

aconteceu alguma coisa?

Eduardo — Coisas da vida, Maycon, coisas da

vida.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 18

Maycon — Você precisa relaxar, trabalha de-

mais. Não tem namorada para te dis-

trair?

Eduardo — Xi, está atrasado! Carina e eu ter-

minamos.

Maycon — Nossa, quem ia dispensar um gat/

(corta-se) Um cara como você?

Eduardo — As mulheres estão muito exigentes,

Maycon, você também está só.

Maycon — Pois então, eu também tenho proble-

mas com mulheres.

Eduardo — Mas hein, continue, o que dizia.

Maycon continua com a conversa.

Corta para:

CENA 22. RESTAURANTE. INTERIOR. MEIO-DIA

No primeiro horário de almoço, Irene resolve informar

às suas colegas da eleição. Jackeline, como sempre, a

primeira a reagir a uma novidade.

Jackeline — Uma votação para nós escolhermos a

nova supervisora?

Irene — Isso, mas não digam que fui eu quem

falei, ein?

Carina — (intimando) Será nosso segredo,

Irene, certo meninas?

Márcia — (na dúvida) Bem...

Carina — Márcia, se você abrir a boca, te

mato, hein!

Irene começou com sua propaganda eleitoral.

Irene — Olha, meninas, eu gostaria muito de

ser supervisora para ajudar vocês a

bater a meta, creio que dois anos na

Intercob deveria ser peso suficiente

para ser levado em conta.

Bianca — Tens razão, Irene, mas Amélia tam-

bém é competente.

Irene — Precisamos de alguém competente e

profissional. Sei que vocês gostam da

Amélia, mas temos que pensar que logo

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 19

ela estará novamente ausente por cau-

sa da gravidez.

Carina — Bem pensado, Irene, daqui a alguns

meses ela se afastará de novo.

Irene — Então, meninas, eu não vou falar

mais nada, a decisão está nas mãos de

vocês.

As cinco seguem o almoço.

Corta para:

CENA 23. RESTAURANTE. INTERIOR. MEIO-DIA.

Nilza almoça com Andressa em outro restaurante.

Andressa — (mastigando a salada) Uma eleição?

Daniel está muito democrático.

Nilza — Estou confiante que Amélia vencerá.

Andressa — Será que Irene não está se aprovei-

tando do horário de almoço para con-

vencer as demais?

Nilza — (quase se engasga com o suco) Im-

possível. Ninguém foi informada. Só

sabemos nós e a Helen.

Andressa — Tá, talvez ela não saiba da elei-

ção, mas talvez a forma em que ela se

comporte com as demais possa influen-

ciá-las.

Nilza — Bem (bebe mais um pouco de suco pa-

ra se desentalar por completo) a úni-

ca que poderia cair no engano seria

Carina. Bianca, Jacke e Márcia amam a

Amélia.

Andressa — Bem, torço sinceramente que tudo se

resolva.

Corta para:

CENA 24. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. MEIO-DIA.

Helen abre a porta da sala de Daniel e enfia a cabeça.

Helen — Amor, eu vou almoçar.

Daniel — Vai na frente, amor, estou falando

com Sr. Raion por chat.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 20

Helen — Já vou então.

Ela sai fechando a porta.

Corta rápido para:

CENA 25. EDIFÍCIO RIBAMAR. ELEVADOR/ SAGUÃO. INTERIOR,

MEIO-DIA.

Helen pega o elevador, que estava lotado. Helen achava

que merecia ter o elevador vazio. Enquanto descia,

manda uma mensagem a Sofia confirmando o almoço no

restaurante chique para falarem sobre o andamento do

plano.

Assim que o elevador chega ao saguão, todos saem. Cor-

ta rápido para o SAGUÃO, Helen está andando e guardan-

do o celular na bolsa quando ouve alguém chamar.

Maurício — (off) Helen?

Helen — (surpresa) O que você faz aqui?

Maurício — (sorri) A pergunta é: o que você

faz aqui?

Helen — Como assim, eu trabalho aqui.

Maurício — Ah, então está em horário de almo-

ço.

Helen — Sim, se me der licença...

Helen tenta passar por ele. Maurício a impede pegando-

a pelo braço. Clima tenso.

Maurício — Acontece que eu já te dei licença

demais. Vou almoçar contigo.

Helen — Nem se atreva ou farei um escânda-

lo! Como descobriu que estou aqui?

Maurício — A culpa é do seu marido, quem man-

dou se engraçar com minha irmã?

Helen — E eu lá sei quem é sua irmã?

Maurício — O nome “Carina” te soa familiar?

Helen — Quem, aquela vagabunda?

Maurício agarra outra vez o braço de Helen, com força

a mais. Muitos veem e se chocam. Um homem que passava

por perto dá um empurrão no ombro de Maurício.

Homem — Ei, está tudo bem aqui? O que pensa

que faz com essa senhorita?

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 21

Maurício — (soltando Helen) Está tudo bem, ca-

ra. Eu me excedi aqui.

Homem — É bom mesmo, os recepcionistas es-

tão de olho ali.

O homem se afasta. Do ponto de vista de Maurício ele

vê a recepção e de fato os porteiros estavam observan-

do; um deles já com o telefone em mãos.

Helen — Seu bruto! Vou chamar a Polícia!

Maurício — Chama! Ela vai gostar de saber quem

é a senhora que atendem!

Helen sai em disparada. Maurício sai em seguida, mas

não com a intenção de segui-la.

Corta para:

CENA 26. PRÉDIO EM OBRAS. INTERNO. MEIO-DIA.

Bianca se deixa ficar para trás e para na obra. Jefer-

son está olhando a betoneira.

Bianca — Com licença?

Jeferson se vira e sorri ao ver Bianca.

Jeferson — Olá, amiga, há quanto tempo?

Bianca — Achei que já soubesse que meu nome

é Bianca.

Jeferson — Eu sei. (se aproxima) Como tem pas-

sado?

Bianca — Estou muito bem, atolada de traba-

lho, mas vou levando.

Jeferson — Não reclame do seu trabalho, meni-

na, eu daria tudo para estar no seu

lugar, trabalhando em um local de ar

condicionado.

Os dois riem.

Jeferson — Olha, até que você fica bonita

quando sorri.

Bianca — Ora, obrigada.

Jeferson — Não, é sério, é que sempre te vejo

séria.

Bianca — (com charminho) É porque você não

me conhece bem.

Jeferson — Bem, vamos remediar isso, não?

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 22

Bianca — Boa ideia. Um dia desses a gente

marca alguma coisa. Agora tenho de

voltar ao trabalho.

Jeferson — Tchau, Bianca, a gente se vê. (Bi-

anca se afasta) Ufa! Até que enfim,

aconteceu alguma coisa!

Pela primeira vez Jeferson trabalha com gosto.

Corta para:

CENA 27. COBRASIL. SALA DE DANIEL/ SALA DA COBRANÇA.

INTERIOR. MEIO-DIA.

Daniel envia e-mail para todo mundo convocando uma

reunião. Todos entram em seguida.

Daniel — Boa tarde, pessoal. Antes das meni-

nas do segundo horário de almoço des-

cer para o restaurante, gostaria de

aproveitar o momento para decidirmos

um assunto que já está tirando minha

paciência. Como sabem, precisamos de

uma nova supervisora para liderar a

equipe de cobrança de maneira mais

direta. O problema é que estamos in-

decisos (olha para Nilza e para He-

len) entre Irene e Amélia. Por isso

eu chamei todas para colocar a deci-

são nas mãos de vocês.

As moças ficam animadas. Helen pisca para Irene.

Daniel — Então, vamos resolver isso de uma

vez. As que acham que Amélia está

mais qualificada para ser a nova su-

pervisora, levantem as mãos.

As moças sorriem, olham umas para as outras... Mas, só

três levantam a mão: Márcia, Michele e Nayara.

Daniel — E as que preferem Irene como super-

visora, levantem as mãos.

Jackeline, Bianca, Patrícia, Gisele e Carina levantam

as mãos.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 23

Daniel — (sorrindo) Então estamos decididos.

Irene Klein é a nova supervisora de

cobrança.

As vencedoras batem palmas. Amélia e as que votaram

nela ficam sem graças. Nilza explode.

Nilza — Não, isso não pode ser! Essa empre-

sa virou um completo circo!

Daniel — O que foi, Nilza, vamos encerrar de

vez esse assunto!

Nilza — Você ganhou dessa vez, Helen, mas

não vai ser sempre assim!

Helen — (alfineta) Nilza, se não está sa-

tisfeita, por que não se demite?

Nilza — (apontando) Ah, estão vendo meni-

nas? Foi assim que Andressa saiu da-

qui! Foi ela, tudo culpa dela! Foi

ela quem demitiu Andressa.

Daniel — (feroz) E serei eu quem demitirá

você se não calar essa maldita boca!

Todas ficam horrorizadas, pois nunca viram Daniel tão

irado.

Nilza — (saindo) Eu já me cansei disso.

Daniel — As que vão almoçar, podem descer;

as que vão trabalhar, para a sala.

Menos Irene e Helen; preciso continu-

ar a conversa com vocês.

As outras obedecem à ordem do chefe. Corta para a SALA

DA COBRANÇA. As que já almoçaram se sentam e colocam

seus fones.

Jackeline — Nosso Deus, tomara que Nilza não

seja a próxima a sair.

Bianca — Se sair, não será por vontade pró-

pria, como a Dessa.

Carina — Espero que Amélia não fique chatea-

da conosco por termos votado em Ire-

ne.

Márcia bate o pé.

Márcia — Palhaçada, vocês, hein?

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 24

Carina — Márcia, eu não sei por que, mas pa-

rece que você tem inveja da Irene.

Aquela sua teoria da conspiração que

você lançou no shopping ontem... Só

faltou eu gargalhar.

Márcia — Tudo bem, veremos no que vai dar.

Ela coloca os fones, dando por encerrada a conversa.

Corta para:

CENA 28. ED. RIBAMAR. ELEVADOR. INTERIOR. MEIO-DIA.

Enquanto isso, no elevador, Amélia lamenta a derrota.

Amélia — Poxa, eu não sabia que estava em

descrédito.

Nayara — Jackeline e Bianca, nunca mais falo

com elas!

Gisele — (zombando) Deixe de ser má perdedo-

ra, Nayara.

Nayara — Pelo menos na cobrança não sou per-

dedora, estou chegando aos R$

4.000,00 e você ainda está com R$

510,00.

Gisele — Só que graças a Irene, isso mudará.

O elevador chega ao saguão e as funcionárias se dis-

tanciam, as vencedoras e perdedoras indo para restau-

rantes diferentes.

Corta para:

CENA 29. COBRASIL. SALA DE DANIEL/ COZINHA. INTERIOR.

TARDE.

Daniel está acertando os últimos detalhes com uma Ire-

ne radiante de felicidade.

Daniel — Então, Irene, você prefere cobrar

com as outras ou monitorar também?

Irene — Sinceramente, Sr. Ferreira, prefiro

manter-me na cobrança. O senhor pre-

cisa de resultados.

Daniel — Não há duvida que eu preciso. En-

tão, Helen, você continua com a che-

cagem do sistema.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 25

Helen — Você também se sinta a vontade para

falar alguma coisa, Irene, pois você

estará lado a lado com as meninas e

verá coisas que eu não verei da minha

sala. E pode ser que me escape algo.

Vou ensinar a você como se olha a

quantidade de acordos fechados por

dia e por cobradora.

Daniel — Tudo bem, meninas, estou feliz por

finalmente resolver essa questão. Va-

mos voltar ao trabalho.

Corta descontínuo para a COZINHA, Carina bebendo água

na cozinha quando Michele entra e fecha a porta ruido-

samente.

Michele — Você fez aquilo de propósito, não?

Carina — Do que está falando?

Michele — Votou em Irene só por causa de Amé-

lia.

Carina — (deboche) Ah, então você me confir-

ma que ela e o chefe são amantes? Me-

nina, se isso for verdade, então eu

fiz o correto em não promover a safa-

deza na Cobrasil.

Michele — Como pode você falar em safadeza,

se também está apaixonada pelo pa-

trão?

Carina — Sim, admiro o Sr. Ferreira, mas não

me arrisco a ter um caso com ele, te-

nho meus princípios. Já essa Amélia,

a quem vocês têm medo...

Michele — Eu não tenho medo de ninguém!

Carina — Então por que quando eu cheguei vo-

cês evitavam ao máximo falar dela?

Por que não me respondeu naquela hora

no Shopping? Até o próprio chefe se

recusa a falar dela abertamente.

Michele — Evitamos falar porque não somos de

fofocas.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 26

Carina — Bem, parece que a intenção não deu

certo, pois todas vocês sabem do ca-

so. Eu só queria saber quem foi que

começou.

Michele — Ah, menina, vamos trabalhar que o

negócio está tenso.

Michele dá as costas e sai. Carina joga o copinho no

lixo. Ela SAI da cozinha, olha para a porta da sala de

Daniel e chega a pensar em falar sobre sua decepção,

mas decide que não e volta para sua sala.

Corta para:

CENA 30. INTERCOB. SALA DE FERNANDO. INTERIOR. TARDE.

Andressa está com Fernando, no horário marcado.

Fernando — (currículo em mãos) Seu currículo é

exemplar, Andressa. Interessa-me ain-

da mais o fato de você ter trabalhado

na Cobrasil. O que aconteceu para sa-

ir de lá?

Andressa — Eu pedi demissão.

Fernando — Qualquer outra empresa acharia isso

péssimo, mas conhecendo Ferreira eu

até entendo e te elogio.

Andressa — (desconforto) Não tenho muitas

queixas...

Fernando — (inoportuno) Pode ficar tranquila,

minha cara. Sabemos como a Cobrasil é

uma zona.

Andressa — (sarcástica) Nem tanto, acabou de

ir para lá uma ex-Intercob chamada

Irene Klein. Ela não sabia da fama?

Fernando tem um sobressalto. Decide parar de ser in-

discreto e segue a entrevista, fora de áudio. Close em

Andressa, sorriso de “turn down for what”.

Corta para:

CENA 31. COBRASIL. SALA DE HELEN. INTERIOR. TARDE.

Helen chama Irene para falar de seu novo problema.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 27

Irene — Que foi, amiga, te vejo meio baque-

adinha.

Helen — Uma tragédia, amiga. Ele voltou.

Irene — Quem voltou?

Helen — Maurício Medeiros.

Irene — O cara que você conheceu em Minas?

Helen — Ele mesmo. Voltou para me atazanar.

Até apertou meu braço, me impedindo

de passar, vê?

Ela estende o braço e mostra as marcas vermelhas.

Irene — Caraca, como ele te descobriu aqui?

Helen — Da pior forma possível: ele é irmão

da Carina.

Irene — Fala sério!

Corta para:

CENA 32. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. TARDE.

Sebastião está ao telefone, de pé, falando com Maurí-

cio.

Sebastião — (tel) Ele não quer mais saber da

Carina, filho.

Corta rápido para:

CENA 33. HOSPITAL DAS CLÍNICAS. CORREDOR. INT. TARDE.

(Alternar diálogos desta cena com a cena anterior)

Maurício andando entre movimento de médicos, pacientes

e acompanhantes.

Maurício — (cel) Bom, isso é inaceitável.

Sebastião — (tel) O que podemos fazer, Maurí-

cio?

Maurício — (cel) Sequestrar os dois e obrigá-

los a assinarem a certidão de casa-

mento.

Sebastião — (tel/gargalhadas) Até que não é uma

má ideia.

Maurício — (cel) Ao menos podemos impedir que

Carina se aproxime ainda mais desse

canalha. Acabei de descobrir outro

segredo envolvendo ele.

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 28

Sebastião — (tel) Meu Deus, esse Daniel é um

para-raios de confusão.

Maurício — (cel) Depois eu te conto pessoal-

mente o que descobri.

Corta para:

CENA 34. COBRASIL. SALA DA COBRANÇA/ RECEPÇÃO/ SALA DE

DANIEL/ BANHEIRO. INTERIOR. TARDE.

Ambiente normal, todas ao trabalho. Irene se levanta e

sai da sala por causa de seu celular tocando. Curiosa-

mente, Carina deixa a sua mesa e também sai do Call

Center. Corta para Carina indo em direção ao BANHEIRO,

mas não chega a entrar. Corta rápido para Irene na RE-

CEPÇÃO. De onde estava, Irene não podia ver Carina pa-

rada espiando-a.

Irene — (cel) Alô?

Eduardo — (off) Irene, sou eu novamente.

Irene — (cel) Eu já sei, gravei seu número.

Eduardo — (off) Tem planos para hoje à noite?

Irene — (cel) Nada, sou uma mulher solitá-

ria.

Eduardo — (off) Temos que mudar isso, mulher.

Passo na sua casa às oito horas, pode

ser?

Irene — (cel) Pode sim, Eduardo. Alias, ti-

ve uma ideia melhor. Por que não fi-

camos mesmo em minha casa? Afinal, eu

sei cozinhar.

Eduardo dá risadas. Irene ri de volta. Breve insert de

Carina só imaginando o que seria tão engraçado para

ela rir.

Eduardo — (off/galanteando) Nunca duvidei

disso, Irene. Será um prazer experi-

mentar sua comida.

Irene — (cel) Então estamos combinados. Até

às oito.

Corta de volta para Carina interrogativa.

Carina — Eduardo? Será o mesmo Eduardo?

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Recuperando a Paixão Capítulo 11 Pág.: 29

Despeitada, decide ir à SALA DE DANIEL. Mas, quando

ela ia abrir a porta, a voz alta de Amélia era audível

o bastante. E ela resolveu escutar a conversa. Corta

para o INTERIOR da sala, onde Amélia em pé, com o sem-

blante furioso, de braços cruzados, andava aleatoria-

mente e se recusando a ser parada por Daniel.

Amélia — Realmente fiquei surpresa com hoje

de manhã, querido. Achei que você ti-

vesse voz nessa empresa.

Daniel — (cansando-se) Eu tenho a voz nessa

empresa.

Amélia — O que eu vi hoje foi duas malucas

tentando te usar como marionete.

Daniel — Ninguém me usa para nada! Muito me-

nos você.

Amélia — (suaviza o tom) O que quer dizer,

meu bem?

Daniel — Que só porque tivemos algo no pas-

sado, não é razão para você também

querer mandar na Cobrasil.

Amélia — Algo no passado? É isso que signi-

fica para você?

Daniel — Não torça as minhas palavras, mu-

lher.

Amélia — Tudo bem, volto ao trabalho como

boa funcionária, agora tenho uma su-

pervisora no meu pé.

Corta para Carina que sai correndo da porta e se es-

conde no BANHEIRO. Senta-se no vaso e começa a chorar.

Carina — É verdade mesmo, eles tiveram um

caso... E quem garante que o filho

não é dele?

Close em Carina chorando desolada.

Corta:

FIM