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Recanto das Letras Séries de Web Produção Capítulo 16 Recuperando a Paixão Novela de José Pereira Escrita por José Pereira Versão Internacional de “Recuperando a Paixão” (2015) Personagens deste capítulo AMÉLIA ANDRESSA BIANCA CARINA CARLOS DANIEL DANILO EDUARDO ELAINE FERNANDO GERALDO GISELE GUILHERME HELEN IRENE JACKELINE JEFERSON JÚLIO MÁRCIA MAURÍCIO NAYARA NILZA PATRÍCIA SANDRA SEBASTIÃO Participação Especial: FELISBERTO.

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Page 1: Recuperando a Paixão · com ele na sala, e Gisele foi em seu lugar. Helen — Viu, Danilo? Foi assim que seu pai quebrou o computador. Danilo — Vou devolver essa droga a ele e

Recanto das Letras

Séries de Web Produção Capítulo 16

Recuperando a Paixão

Novela de José Pereira

Escrita por

José Pereira

Versão Internacional de

“Recuperando a Paixão” (2015)

Personagens deste capítulo

AMÉLIA

ANDRESSA

BIANCA

CARINA

CARLOS

DANIEL

DANILO

EDUARDO

ELAINE

FERNANDO

GERALDO

GISELE

GUILHERME

HELEN

IRENE

JACKELINE

JEFERSON

JÚLIO

MÁRCIA

MAURÍCIO

NAYARA

NILZA

PATRÍCIA

SANDRA

SEBASTIÃO

Participação Especial:

FELISBERTO.

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 1

CENA 1. COBRASIL. SALA DE HELEN/ RECEPÇÃO. INTERIOR.

TARDE

Continuação da cena do capítulo anterior. Eduardo já

estava se imaginando o próximo funcionário da Cobra-

sil, trabalhando lado a lado com Carina, seu amor.

Mas, só foi Helen mencionar Daniel que o sonho se es-

fumaçou.

Helen — Algum problema, Eduardo?

Eduardo — Seu marido não vai concordar, Helen.

E acho melhor não falar nada a ele.

Desculpe-me por tomar seu tempo.

Eduardo se levanta e sai.

Helen — Não se preocupe, Eduardo, eu vou

convencer o Daniel.

Corta para a RECEPÇÃO, Eduardo está saindo e se encon-

tra com Danilo de volta com o CPU no braço.

Danilo — Olá, você é novo por aqui?

Eduardo — Não, não, só estava falando com Dª

Helen, já estou de saída.

Danilo — Minha mãe está contratando funcioná-

rios?

Eduardo — Ah, ela é sua mãe?

Danilo — Não exatamente, sou filho biológico

do dono da empresa, ela é minha ma-

drasta. Ela se encontra na sala?

Eduardo — Sim.

Danilo — OK, obrigado, a gente se vê.

Eduardo — Boa tarde. (quando Danilo sai) Ora,

ele tem um filho, mas não é da atual

esposa! Quantos mais ele tem por aí?

Corta descontínuo de volta à SALA DE HELEN. Enquanto

Eduardo vai, Danilo entra.

Helen — O que foi, Danilo?

Danilo — Mãe, olha só o que eu encontrei nes-

se CPU do papai. Posso trocá-lo com o

seu?

Helen — Eu estava checando os acordos das

meninas, mas pode trocar.

Danilo troca os CPU e quando Helen liga o computador,

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é como se ela estivesse com o computador do Daniel.

Danilo se aproxima e mostra os arquivos para Helen.

Danilo — Enquanto eu checava se o CPU estava

em ordem, me deparei com essas fotos

aqui.

Danilo clica. O sangue de Helen novamente subiu à ca-

beça como se ela tivesse tomado banho de blush. (Close

no rosto dela e não no monitor)

Helen — Mas... Mas essas fotos... São...

Danilo — Mãe, quando você vai pedir divórcio?

Não há dignidade humana que resista a

esses insultos.

Helen está chocada, apalermada, nem sabe o que dizer.

Helen — Eu... Eu ainda não tenho reação a

isso.

Danilo — Pois trate de reagir.

Helen — (respira) Danilo, é possível checar

as mensagens que ele manda por aqui?

Danilo — Sim, vamos entrar no Outlook, se não

tiver senha.

Mas não tinha. E quando Helen checa as mensagens, viu

aquela em que Daniel convida Carina para fazer amor

com ele na sala, e Gisele foi em seu lugar.

Helen — Viu, Danilo? Foi assim que seu pai

quebrou o computador.

Danilo — Vou devolver essa droga a ele e fin-

gir que não li nada. E você, senhora,

trate de dar um jeito nisso.

Corta para:

CENA 2. SANTA CECÍLIA. CASA DE MAURÍCIO. SALA. INTERI-

OR. TARDE.

Eduardo vai para a casa de Mauricio, que estava de

folga.

Maurício — Hum, quer dizer que agora vai traba-

lhar no ar condicionado?

Eduardo — Parece que o mundo conspira para eu

trabalhar lá.

Maurício — Ora, seria uma baita mudança. E você

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merece, amigo.

Eduardo — Aquele safado não vai permitir meu

egresso.

Maurício — (distante) A esposa poderia conven-

cê-lo.

Eduardo — E eu ainda não sei o que poderia fa-

zer para contribuir para a Cobrasil.

Maurício — Pare de complicar as coisas, Edu,

vai ver será mais fácil do que você

pensa.

Maurício dá tapinhas no ombro de Eduardo.

Corta para:

CENA 3. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. TARDE.

Enquanto isso, Nilza resolve ter aquela conversa com

Daniel.

Nilza — Sr. Ferreira, tem um ponto que me

chamou a atenção na vergonhosa briga.

Irene reclama que parte da sua decisão

de “manter a ordem no Call Center” in-

clui impedir que as meninas venham te

ver.

Daniel para de digitar e olha inquiridoramente para

Nilza.

Nilza — (juntando coragem) Inclusive ontem

deu para ouvir da minha sala Irene

brigando com Carina, mandando-a voltar

para a sua mesa.

Daniel — Nilza, as meninas não “vêm me ver”

(faz aspas com os dedos), como você

está pensando. Eu as convoco.

Nilza — Está bem, o senhor as chama para

conversar sobre trabalho, (ironia) e

essa Irene se dá ao luxo de interrom-

per e até mesmo repreendê-lo?

Daniel — Nilza, já não aguento mais vocês in-

sinuarem que não tenho o controle da

minha empresa. Se é assim, entrego as

chaves da minha sala e deixo a Cobra-

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sil a cargo de vocês por uma semana,

para verem se é tão fácil assim!

Daniel levanta-se e passa a andar na sua sala, impaci-

ente e respirando fundo para se acalmar. Nilza andava

atrás dele.

Nilza — Mas, é basicamente isso que está

acontecendo, chefe! E o que é mais cu-

rioso: quanto mais autoritarismo Irene

e Helen impõem, mais as coisas fogem

do controle! Diga-me, quando foi a úl-

tima vez que uma briga dessas aconte-

ceu quando Dessa era a supervisora?

Daniel — Volte ao seu trabalho, Nilza, não

temos tempo para fofocas e teorias da

conspiração.

Nilza se segura para não jogar verdades na cara do pi-

lantra e sai.

Corta para:

CENA 4. INTERCOB. CALL CENTER. INTERIOR. TARDE.

De volta à Intercob, Carlos resolveu falar de Irene

para sua equipe.

Carlos — Elaine, você conheceu Irene, certo?

Houve um silêncio constrangedor nas mesas.

Elaine — Conheci, senhor, ela trabalhou aqui

por longos dois anos.

Carlos — Ela está agora trabalhando na Cobra-

sil.

Todos gargalharam alto. Guilherme disse depois de se-

car as lágrimas.

Guilherme — Aquela assessoria fajuta ficou em

último lugar de novo.

Elaine — (ódio) E Irene bem que merece esse

destino.

Carlos — Bem, minha esposa trabalha lá, e es-

sa Irene apareceu por lá mês passado.

Por isso mandou lembranças.

Elaine — Ah, ela mandou lembranças? Obrigado

pelo recado, senhor.

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Elaine começa a falar com um cliente. Carlos fica pen-

sativo.

Corta para:

CENA 5. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. TARDE.

Helen entra na sala de Daniel para falar de seu novo

plano.

Helen — Querido, eu tive uma ideia espetacu-

lar! Ah, Danilo já consertou seu com-

putador.

Daniel — O meu filho é espetacular. O que di-

zia?

Helen — Já que não vai mais usar o notebook,

o pegarei de volta (o pega) Hein, eu

pensei num jeito de amenizar as brigas

da Cobrasil.

Daniel — Você e suas ótimas ideias. Qual é a

da vez?

Helen — Contratar mais homens.

Daniel — (ri com a ideia) Do que você está

falando, mulher?

Helen — As meninas precisam ter mais contato

com o sexo masculino para equilibrar

as “energias”. Imagino que numa sala

só de mulheres, e você o único homem

por perto... É claro que elas não te

respeitam como deveriam.

Daniel lembra-se da última conversa com Nilza e o sor-

riso se desfez um pouco.

Daniel — É, realmente temos mulheres demais;

mas meu bem, agora não estamos em con-

dições de contratar ninguém.

Helen — Mas não precisamos contratar nin-

guém, sei de uma pessoa que pode nos

ajudar. Ele acabou de ser demitido da

empresa e enquanto recebe seguro-

desemprego, trabalha com a gente.

Daniel — E quem é, o conhecemos?

Helen — Você melhor do que eu. É o Eduardo.

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Daniel — Não, esse cara na minha empresa,

não!

O sorriso de Daniel se vai por completo e ele chega

até a tremer de raiva.

Helen — Qual o problema, Daniel? É por que

ele é namorado de Carina?

Daniel — Não, não é por isso.

Helen — Daniel, houve alguma coisa entre vo-

cê e Carina que eu não saiba? (se in-

clina na mesa, olhando-o firme) Você

ainda está dormindo com ela? Foi com

ela que o computador quebrou?

Daniel — Não, mulher, Carina e eu não nos

atrevemos a tanto aqui na sala, é só

você que tem essa ousadia!

Helen — Isso ainda me cheira estranho, mas

tudo bem. Então qual o motivo por qual

não devo chamar Eduardo para nos aju-

dar?

Daniel fica mudo, olhando para o computador.

Helen — Não há. Então, vou falar com Nilza.

Helen sai, Daniel dá um soco na mesa de tanta raiva.

Daniel — Que droga, perdi a Carina e agora o

corno vai ficar desfilando com ela na

minha frente!

Corta para:

CENA 6. CASA DE SEBASTIÃO. COZINHA. INTERIOR. TARDE.

De volta a sua casa, Eduardo conversa com o pai na co-

zinha. Sebastião responde enquanto escolhia feijão pa-

ra cozinhar.

Eduardo — Acho que joguei uma oportunidade fo-

ra, pai; mas senti que Daniel não ia

me contratar.

Sebastião — (separando pedras) Se a mulher dele

consegue convencê-lo...

Eduardo — Só se usar as traições dele como

chantagem. Deve ser por isso que ela

não larga dele.

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Sebastião — Só espero que isso não se converta

em mais problemas.

Eduardo — Problemas para eles, para mim só ve-

jo soluções: proteger a Carina, ficar

sempre ao seu lado.

Sebastião — Ué, olha só quem não queria entrar

na Cobrasil!

Eduardo — Pai, por Carina eu faço tudo, até me

meter na cobrança.

Corta para:

CENA 7. COBRASIL. SALA DE NILZA. INTERIOR. TARDE.

Helen agora comunica a Nilza seu plano com Eduardo.

Mal imagina a gerente a verdadeira intenção por trás:

causar mais intrigas amorosas entre Carina e Irene.

Nilza — Sua proposta é interessante, Helen,

mas o que esse rapaz fará?

Helen — Estava pensando em treiná-lo como

monitor.

Nilza — (esperançosa) E você? Vai deixar de

trabalhar?

Helen — Não, Nilza, vou apenas deixar Eduar-

do no monitoramento do pessoal da Co-

brasil, enquanto eu me concentro em

outras áreas.

Nilza — Como por exemplo?

Helen — Vocês têm, ou tiveram uma carteira

de clientes da empresa de consórcio

Feliz?

Nilza — Para quem deve, não é uma situação

feliz. Nós devolvemos essa carteira

para o consórcio.

Helen bate o pé no chão, exasperada.

Helen — Aff! Temos que recuperá-la!

Nilza — O que está querendo, Helen?

Helen — Mais dinheiro entrando na Cobrasil.

O consórcio Feliz nos pagava para co-

brar quem estava com as mensalidades

do veículo ou do imóvel em atraso, até

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mais do que a Moneycard.

Nilza — Sim, mais alguns clientes eram com-

plicados, chegavam ao ponto de busca e

apreensão, seu marido ou Carlos tinham

que ir a audiências, com isso ele se

cansou.

Helen — (pensando) Como sempre, meu marido

se livrando do trabalho para dedicar

mais atenção às vagabundas! (falando

alto) Vamos reverter isso, Nilza. Por

favor, entre em contato com o Sr. Fe-

lisberto e peça mais uma oportunidade.

Nilza — E o que seu marido vai dizer a res-

peito?

Helen — Deixe-o comigo, Nilza, apenas faça o

que mandei, e diga que foi ideia sua.

Nilza — Ah, tá, tomara que ele não me demita

por isso.

Corta para:

CENA 8. SHOPPING VITÓRIA. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. INTE-

RIOR. NOITE

Já de noite, as funcionárias da Cobrasil combinaram de

ir ao Shopping Vitória para passear e lanchar. Gisele

e Patrícia se apartaram das demais e Carina não foi

convidada. No entanto, Amélia resolve dar um fim na

divisão, expondo sua ideia na Praça de Alimentação.

Quando os lanches chegam, ela começa.

Amélia — Meninas, estava pensando em algo.

Depois que Eduardo apareceu e nos deu

aquele conselho, fiquei a tarde intei-

ra reflexionando.

Jackeline — Em como ele é lindo e gostoso?

Amélia — Não, em como ele está certo. Não po-

demos mirar nossa ira em Carina, ela é

apenas vítima das circunstâncias.

Bianca — E no que diz respeito à Irene?

Amélia — Gente, é ela o problema. Desde que

Irene chegou, agora com seu jeito de

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Mussolini, nunca mais tivemos paz.

Márcia — Concordo, Carina chegou antes dela e

era uma boa moça.

Nayara — Precisamos nos livrar de Irene, exi-

gir a volta da Andressa. Ou melhor,

promover você, Amélia, como superviso-

ra.

Amélia — Mas para isso precisamos nos manter

unidas, amigas. Não percebem que é is-

so mesmo que Irene quer? Causar intri-

gas, discórdias, nos jogando umas con-

tra as outras.

Jackeline olha por cima do grupo e de seu ponto de

vista vê Gisele e Patrícia lanchando longe delas.

Jackeline — Gisele e Patrícia, nem adianta di-

zer; estão cegas.

Amélia — Deixemo-las de fora, vamos nós com-

batermos o nazismo na Cobrasil.

Bianca — Eu falo com Carina para se juntar a

nós.

Amélia — Certo, meninas (todas juntam as

mãos) Cobrasil!

Corta para Gisele e Patrícia que escutaram o grito das

outras de longe.

Gisele — Lá estão elas, conspirando contra

nós e Irene.

Patrícia — Amiga, sobre Irene, você não acha

que ela pegou pesado?

Gisele — Patrícia, ela estava apenas fazendo

seu trabalho.

Patrícia resolve começar a raciocinar por si mesma.

Patrícia — Mas ela quase que nos demitiu!

Gisele — E com razão, estávamos fofocando so-

bre Daniel e ela nos pegou.

Patrícia — Por que continua dando razão a ela?

Gisele — Patrícia, compreenda que ter Irene

como supervisora e não Amélia é como

uma vingança minha por Amélia amar o

chefe e ele correspondê-la. Para eu

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ser a próxima Sra. Ferreira tenho que

acabar com todas as minhas concorren-

tes. A vaca da Carina resolveu voltar

pro antigo namorado.

Patrícia — Mas a principal, que é a Helen, a

essa você não conseguirá se livrar.

Gisele — Já estou tramando uma para ela. Você

vai ver. Da próxima vez que Daniel me

chamar de Carina, eu não vou mais em-

bora.

Gisele mastiga e sorri, cara de quem trama algo.

Corta para:

CENA 9. AP. DE NILZA. SALA. INTERIOR. NOITE.

No apartamento de Nilza, ela telefona para o número

pessoal do dono do Consórcio Feliz.

Nilza — Boa noite, é o Sr. Felisberto? Aqui

quem fala é Nilza. (escuta). Da Cobra-

sil. (escuta). Isso, ela mesma. Bem,

Sr. Felisberto, eu estava pensando nos

bons tempos que tivemos em parceria e

gostaria de saber se o senhor não es-

taria precisando dos nossos serviços.

(escuta). Sim, a empresa está mudando,

para a Moneycard contamos com dez fun-

cionários, e vamos chamar mais para

focar exclusivamente no Consórcio Fe-

liz. O que o senhor me diz. (escuta).

Uma reunião amanhã? Sim, posso sim.

(escuta) Às dez da manhã, sim, sei o

endereço. Obrigada pela oportunidade,

Sr. Felisberto, nos vemos amanhã.

(desliga) Puxa, como estou com sorte!

Tenho que parabenizar Helen por isso.

Corta para:

CENA 10. CASA DE CARLOS. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Amélia regressa do Shopping. Carlos estava à sua espe-

ra.

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Carlos — E então, querida, como foi o encon-

tro das amigas?

Amélia — Melhor do que esperava, amor. Deci-

dimos parar de brigar e unirmos forças

para enfrentar os obstáculos. E sabe

quem nos motivou? O Edu.

Carlos — É, Tião tem ótimos filhos.

Amélia — Edu se daria muito bem trabalhando

com a gente. Ele perdeu o emprego e

ronda por lá uma conversa de que Helen

queira empregá-lo.

Carlos — É verdade, ele é inteligente, se dá

bem com as pessoas... (tem uma ideia,

mas não quis falar com Amélia) se você

já comeu no Shopping eu vou guardar a

janta.

Amélia — Nem pense nisso, querido, se esque-

ceu que tenho que comer por dois?

E Amélia foi correndo para a cozinha como se estivesse

na Etiópia. Carlos continuou na imaginação.

Corta para:

CENA 11. CASA DE CARINA. SALA. INTERIOR. NOITE.

Eduardo e Jeferson estão na casa da Carina contando a

novidade.

Carina — Dª Helen, falando em te chamar para

trabalhar? Isso é fantástico, querido!

Eduardo — Agradeça a seu futuro cunhado, Cari-

na.

Carina — Ai, Finho, só você mesmo.

Carina abraça Jeferson, mas desta vez o abraço não de-

mora tanto como antes. Jeferson o desfaz, como se es-

tivesse com vergonha. Eduardo está tão contente e em-

polgado que nem reparou:

Eduardo — E o pior é que estou mesmo animado

em começar na Cobrasil. Mesmo não ten-

do a menor ideia do que fazer.

Carina — Alguma coisa aparece, Daniel com

certeza dará um jeito.

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Eduardo murcha ao ouvir o nome do rival.

Carina — Amor, não fique triste comigo...

Eduardo — Perdão, querida, mas quando ouço o

nome desse infeliz...

Jeferson — Tem que se controlar, maninho, ele

será seu chefe.

Eduardo — Já aviso que só obedecerei às ordens

de Dª Helen! E da gerente, e de Irene

que é a supervisora.

Carina passa a mão no cabelo dele.

Carina — Você fica mais lindo quando está

bravo...

Eduardo — Ai, Carina, só você para me tirar da

raiva.

Ele ri. Jeferson dá tapinhas no ombro dele.

Jeferson — Não se preocupe, irmão. Vai dar tudo

certo.

Corta para:

CENA 12. CASA DE DANIEL. QUARTO/ CORREDOR. INTERIOR.

NOITE.

Mais um chip trocado no celular de Maurício. E Helen

mais uma vez não pensa duas vezes antes de atender nú-

meros privados ou desconhecidos.

Maurício — (off) Helen, sou eu. E nem pense em

desligar.

Breve insert da porta do banheiro, ouvimos Daniel que

estava escovando os dentes. Corta para Helen saindo do

quarto e estando no CORREDOR. Tom confidencial.

Helen — (cel) O que você quer agora, não po-

de me deixar em paz?

Corta rápido para:

CENA 13. CASA DE MAURÍCIO. SALA. INTERIOR. NOITE.

(Alternar diálogos desta cena com a cena anterior)

Maurício no sofá, seu tom de voz mais alto e enérgico.

Maurício — (cel) Não! Eu liguei apenas para

exigir que você contrate Eduardo na

Cobrasil.

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Helen — (cel) Você conhece Eduardo? Ah sim,

ele está namorando sua irmã, mesmo ela

o tendo traído com Daniel.

Maurício — (cel) Quem mandou Daniel ser viciado

em sexo? Eduardo e Carina se amam e se

merecem.

Helen — (cel) Olha, Maurício, para sua in-

formação, eu já estou preparando os

trâmites para que Eduardo seja incor-

porado à empresa.

Maurício — (cel) É bom que esses trâmites fun-

cionem, porque senão já sabe. (desli-

ga) Eduardo tem que proteger minha ir-

mã.

Corta para:

CENA 14. CASA DE CARINA. INTERIOR/EXTERIOR. NOITE.

Eduardo e Jeferson já tinham ido embora. Batem ao por-

tão de Carina. Da SALA, Carina olha pela janela.

Carina — Bianca? Pode entrar.

Bianca — O portão está trancado.

Carina sai. Corta para o LADO DE FORA, Carina destran-

ca o portão para Bianca. Corta para as duas entrando

de volta à SALA.

Bianca — Com licença, amiga. Eu incomodo?

Carina — Não, sente-se. Quer alguma coisa?

Bianca — Não. Eu só vim te dizer algo que nós

da Cobrasil decidimos.

Carina também se senta.

Carina — O que foi?

Bianca — Decidimos em conjunto — exceto Gise-

le e Patrícia — que não vale à pena

cairmos nas armadilhas de Irene e bri-

garmos, e isso inclui você. Por isso

pedimos perdão e a convidamos para se

juntar a nós.

Carina — Ora, obrigada; desculpas aceitas.

Bianca — Precisamos estar unidas para derro-

tarmos Irene.

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Carina — (contrariada) Opa, como é? Desculpe,

Bianca, mas achei que vocês iriam pa-

rar com toda essa palhaçada de guerra.

Eu vou à Cobrasil para trabalhar. Va-

mos ignorar essa Irene que ela nos

deixa em paz.

Bianca — Ela não vai nos deixar em paz, Cari-

na! Eu e outras estamos desconfiando

de que ela está sendo mandada por He-

len para agir como age.

Carina — Quando tivermos provas disso, en-

frentaremos as duas; mas por ora eu

não quero me envolver em mais confu-

sões.

Bianca — Que pena, Carina, mas se por acaso

mudar de ideia, pode contar com nosso

apoio. Agora voltarei para casa, ama-

nhã a gente se vê.

Bianca levanta-se e Carina a acompanha até o portão.

Corta para:

CENA 15. COBRASIL. RECEPÇÃO. INTERIOR. MANHÃ.

Dia seguinte. Bianca relata a conversa às demais en-

quanto Carina ainda não chegava. Amélia não gosta do

resultado.

Amélia — Como assim, Carina não quis se aliar

a nós?

Bianca — Quer se manter neutra.

Jackeline — Quem não é por nós, é contra nós!

Márcia — Você é muito exagerada, Jackie.

Jackeline — Sei o que digo, ela apoia Irene para

ferir Amélia.

Amélia — E por qual motivo Carina iria querer

me ferir, Jackie?

Jackeline engole em seco, não queria admitir que fosse

pelo fato de Amélia ser amante de Daniel.

Amélia — E quanto a vocês, tenham paciência.

Carina se mudar de ideia, terá nosso

apoio.

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 15

Nayara — E se ela se decidir ficar do lado de

Irene?

Amélia — Então terá nosso ódio mortal.

Corta para:

CENA 16. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.

Carlos aparece cedo na casa de Sebastião. Ele até es-

tranha o horário de visita.

Sebastião — Carlos, não tem de ir ao trabalho?

Carlos — Tião, Edu está?

Sebastião — Está sim, Carlos, vou chamá-lo.

Carlos espera sentado e Eduardo aparece, sem camisa.

Eduardo — Perdão, Carlos, estava dormindo.

Carlos — Edu, eu estou agora indo para a In-

tercob. E eu fiquei sabendo que você

está desempregado.

Eduardo — É verdade. Mas não tem problema,

Carlos; Carina está tentando uma vaga

para mim na Cobrasil.

Carlos se inclina para frente como se fosse um vende-

dor.

Carlos — Olha, Edu, se você quer mesmo entrar

no mundo da cobrança, eu também posso

te ajudar. Já pensou em trabalhar na

Intercob?

Eduardo — (surpreso) Como, Carlos? Na Inter-

cob?

Close no rosto surpreso de Eduardo.

Corta para:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 17. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.

Continuação da cena anterior. Eduardo fica surpreso

com uma segunda proposta de emprego de telemarketing

vinda de Carlos.

Eduardo — Como, Carlos? Na Intercob?

Carlos — Sim. A empresa é muito boa, e tem o

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 16

melhor suporte para resultados fabulo-

sos. Por exemplo, tem uma moça lá que

já conseguiu R$ 21.000,00.

Eduardo — Noooossa, isso tudo?

Carlos — A Moneycard paga 30% de tudo que

conseguimos recuperar, e desses 30%

tiramos 5% para passar aos cobradores.

No caso dessa moça, ela ganhou R$

315,00 de comissão, mais o salário de-

la.

Eduardo — É um dinheirão, aí sim vale a pena

mudar minha vida profissional.

Carlos — Então, Edu, se quiser te levo agora

mesmo para você já conhecer a empresa,

o que me diz?

Eduardo — (se levanta) Dá tempo de colocar ao

menos uma camisa?

Carlos — Dá sim, corre lá, rapaz!

Carlos dá risadas. Eduardo correu para o quarto.

Carlos — (pensando) Que desperdício, esse ra-

paz brilhante na Cobrasil? Jamais! E

quem sabe ele não arrasta a noiva dele

junto?

Corta para:

CENA 18. CONSÓRCIO FELIZ. SALA DE FELISBERTO. INTERI-

OR. MANHÃ.

Como prometido, Nilza visita o escritório do Sr. Fe-

lisberto, dono e diretor da empresa Consórcio Feliz.

Felisberto — Dona Nilza, é um prazer revê-la.

Nilza — Ora, não precisa do “dona”. Posso me

sentar?

Felisberto — Pode sim. Então Daniel quer mais um

dinheirinho entrando na Cobrasil e se

arrependeu por ter enxotado nossa car-

teira de clientes?

Nilza fica envergonhada, mas reconheceu que Felisberto

tinha razão.

Nilza — Felisberto, na verdade Daniel Fer-

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 17

reira nem sabe que vim.

Felisberto — Então devo elogiar a iniciativa da

gerente. Sabe, Nilza, estamos mesmo

precisando de um apoio externo.

Nilza — A esposa do Daniel, Helen, é quem se

lembrou do senhor e me deu a ideia de

procurá-lo.

Felisberto — Aquela senhora que só pensava em

joias e fazer compras no Shopping? Que

mudança é essa?

Nilza — Confesso que ainda não entendo, mas

ela tem dado cada ideia que dá resul-

tado na Cobrasil. Estamos quase na fa-

lência.

Felisberto — Nilza, pode ficar sossegada. Graças

a você e à Dª Helen, eu darei sim uma

nova carteira de clientes em débito.

Vamos deixar 30% de tudo o que vocês

conseguirem recuperar por mês. Aguarde

mais um pouco para a gente preparar o

contrato.

Nilza fica surpreendida pela facilidade da situação.

Corta para:

CENA 19. COBRASIL. CALL CENTER. INTERIOR. MANHÃ.

Carina conta às demais que Eduardo aceitou trabalhar

na Cobrasil.

Irene — (sorridente) Sério mesmo, Carina?

Eduardo vai trabalhar conosco?

Carina — Parece mentira, menina, mas o pró-

prio se encantou com o lugar!

Jackeline — Mais gatos na empresa, aleluia!

Nayara — Ê, fogo, hein?

Irene fica séria de novo.

Irene — Meninas, não vamos iniciar nova dis-

cussão com isso. Ao trabalho! (pensa)

Meu querido, meu Edu, trabalhando co-

migo! Isso só pode ser plano da Helen,

para me ajudar a reconquistá-lo, tra-

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 18

zendo-o para mais perto de mim!

Corta para:

CENA 20. INTERCOB. CALL CENTER. INTERIOR. MANHÃ.

Carlos está mostrando a empresa a Eduardo.

Carlos — E lá está o nosso Call Center.

Eduardo — Ora, não é em uma sala separada?

Carlos — Não, assim a gente tem melhor con-

trole dos funcionários. Tendo o Call

Center exposto eles evitam mexer na

Internet. Imagino que isso deve acon-

tecer direto na Cobrasil.

Eduardo — Ao menos creio que Carina não faça

isso.

Fernando sai de sua sala, e como uma aranha, encurrala

Eduardo em sua rede. Ele todo tímido, apesar de ser

mais alto que Fernando.

Fernando — Carlos, trouxe mais um rapaz para

mim? Qual é seu nome, filho?

Eduardo — Eduardo Aguiar, às suas ordens, se-

nhor.

Fernando — Gostei dele, Carlos, e não costumo

me enganar com as pessoas. Trouxe seu

currículo, Eduardo?

Eduardo estende o envelope pardo para Fernando.

Fernando — Vamos conversar em minha sala, Edu-

ardo.

Fernando conduz Eduardo. Carlos sorri vitorioso.

Corta para:

CENA 21. COBRASIL. SALA DE NILZA. INTERIOR. MANHÃ.

Nilza chega à empresa e estava abrindo sua sala quando

Helen apareceu.

Helen — Nilza, posso entrar?

Nilza — Pode sim.

Ela entra e fecha a porta, temendo ser escutada por

Daniel.

Helen — E então, você se atrasou hoje, ein?

Nilza — (sorri) Sim, e você pode imaginar

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 19

onde estive. Aqui está!

Ela mostra o contrato de prestação de serviços da Co-

brasil ao Consórcio Feliz. Helen dá pulinhos de ale-

gria.

Helen — Aaaaiiii, você conseguiu, Nilza!

Nilza — Foi fácil, o Sr. Felisberto estava

com saudades nossas.

Helen — E então, o que estamos esperando?

Vamos agora mostrar a meu marido para

ele assinar! E assim chamamos uns ra-

pazes para cobrar essa carteira com

Eduardo monitorando!

Nilza concordou com a cabeça e teve de reconhecer.

Nilza — Sabe, Helen, agora pela primeira vez

estou de acordo com uma mudança idea-

lizada por ti.

Helen — (um pouco surpresa) Nilza, espero

que possamos seguir juntas como par-

ceiras.

Corta para:

CENA 22. MONEYCARD. SALA DE JÚLIO. INTERIOR. MANHÃ.

Júlio Raion, em sua mesa, com uma folha em mãos, vai

ficando contrariado a cada parágrafo que lê.

Júlio — Reclamações de clientes que entram

em contato com a Cobrasil para resol-

ver seus débitos e que ouvem do outro

lado brigas, escândalos, moças mandan-

do não se sabe quem tomar naquele lu-

gar? Isso está uma zona, mesmo! Farei

uma visita a Daniel na sua empresa fa-

juta.

Corta para:

CENA 23. INTERCOB. CALL CENTER. INTERIOR. MANHÃ.

Eduardo sai da sala de Fernando com a ansiedade estam-

pada no rosto. Carlos vai ao seu encontro.

Carlos — O que você está achando, filho?

Eduardo — Carlos, acha mesmo que tenho chance?

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 20

Meu currículo não tem nada a ver com

telemarketing.

Carlos — Tranquilo, Edu, ele gostou de você.

E olhe como não é tão difícil o servi-

ço. Se o cliente quer pagar, apresen-

te-lhe as condições e feche acordo. Se

ele não quer, paciência, passe para o

próximo.

Elaine estava por perto, trabalhando.

Elaine — Obrigada, Da. Júlia, tenha um bom

dia. (desligou) Ufa, meu sexto acordo.

Acho que hoje eu fecho uns quinze,

Carlos. E esse rapaz?

Eduardo — Eduardo Aguiar.

Elaine não se mostra assanhada como as outras da Co-

brasil.

Elaine — Seja bem vindo, Eduardo, sou Elaine.

Eduardo — (sorri) Não, Elaine, eu acabei de

fazer entrevista.

Carlos — Edu é filho de um grande amigo meu e

como ele está desempregado, quis aju-

dá-lo.

Elaine — Pois te desejo boa sorte.

Carlos — Elaine, por que não mostra a Eduardo

como é o serviço?

Elaine — Será um prazer. Sente-se aqui, Edu-

ardo.

Eduardo, muito tímido, senta-se ao lado de Elaine.

Elaine — Veja bem, aqui é nosso sistema. Aqui

tem a lista de todos os clientes que

estão em débito com a Moneycard. Eu

clico em cima do nome ou do CPF do

cliente e aparecem todas as informa-

ções: endereço, data em que venceu o

boleto, o que ele comprou, onde com-

prou e quando comprou. À direita você

pode ver o valor que ele deve, como

ficaria parcelado e um valor de des-

conto caso ele queira quitar. Esse

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 21

cliente, Claudio Bermudes, está deven-

do R$ 735,42. Eu te aconselho a arre-

dondar o valor para R$ 740,00 e divi-

dir em até seis vezes, no caso daria

seis de R$ 125,00.

Eduardo — Mas aí dá R$ 750,00.

Elaine — (sorri) Se a divisão dá número que-

brado, o valor arredonda para cima. No

caso, se ele quiser quitar, temos des-

conto de 15%, no caso eu faria por R$

650,00.

Eduardo — O sistema está mostrando R$ 625,10.

Elaine — Mas é que eu não gosto de dar a mar-

gem de desconto toda de cara, se o

cliente ainda se queixar de que está

alto eu não poderei mais abaixar. E na

maioria das vezes eles não reclamam.

Se eles sabem que a fatura deles está

em um valor e eu ofereço um valor me-

nor, eles aceitam pagar.

Eduardo continua escutando com atenção.

Corta para:

CENA 24. COBRASIL. SALA DE DANIEL/ SALA DE HELEN/ CALL

CENTER. INTERIOR. MANHÃ.

Armando-se de coragem, Helen e Nilza vão a Daniel con-

tar o que fizeram. Como esperado, Daniel não reage

bem. Conversa já iniciada em tom calmo, mas depois vai

ficar mais tensa com ligação de Júlio.

Daniel — Vocês fizeram o quê?

Helen — Nilza visitou o moço do Consórcio

Feliz e ele nos deu nova oportunidade.

Assine o contrato e começaremos com o

trabalho.

Daniel — Quem te autorizou a visitar o Sr.

Felisberto, Nilza?

Nilza — Daniel, eu apenas tive a ideia para

alavancar os lucros da Cobrasil. A

carteira do consórcio faz falta em

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 22

nossos bolsos.

Daniel — Todas as meninas estão concentradas

na Moneycard.

Nilza — Podemos passar uma ou duas para o

consórcio e... Podemos contratar mais

gente.

Helen — É ai que entra Eduardo, amor.

Daniel bate com as duas mãos na mesa.

Daniel — Ah, eu sabia, tudo um plano para

contratar esse corno idiota! Não vou

assinar essa droga!

Helen — Você o chamou de “corno”, Daniel?

(cruza os braços) Achei que essa his-

tória da Carina já tivesse resolvido.

Ou não? Ainda está transando com ela?

Daniel perde a pose. Nilza se choca ao ouvir o verbo

“transando”.

Daniel — Não, Helen, não temos mais nada...

Helen — Ah, mas eu não posso negar o fato de

que foi você quem a fez perder a vir-

gindade, deixando o computador cair ao

chão!

Óbvio que a afirmação era falsa, mas Helen apenas que-

ria desestabilizar Daniel e escandalizar Nilza, para

que ela ficasse do lado dela e assim as duas massacra-

rem o patrão.

Nilza — (chocada) Daniel, você...

Daniel — Isso, Helen, fale para todos, ponha

no jornal!

Helen — (furiosa) É o que você bem merece,

seu porco nojento! Acha que eu não sei

que você dispensou essa excelente car-

teira de clientes do consórcio para

ter mais tempo para cuidar de suas

“funcionárias preferidas”?

Daniel — Ora, sua...

Daniel se levanta e faz menção de esbofetear Helen,

mas o telefone toca.

Daniel — Alô! Ah, Sr. Raion. (escuta) Sério?

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 23

Está vindo para cá? (escuta) Certo,

estou no aguardo (desligou, estava pá-

lido) O Sr. Raion está vindo para cá!

Houve reclamações de clientes sobre

nosso Call Center.

Helen — Claro, a briga de ontem! (faz drama-

lhão) Agora perderemos o contrato com

a Moneycard! A Cobrasil está encerran-

do suas atividades!

Daniel — Não está, não!

Daniel rapidamente pega o contrato com o Consórcio Fe-

liz e o assina.

Daniel — Mande-o de volta para Felisberto e

lhe diga que quero a nova carteira o

quanto antes.

Nilza — Obrigada, Daniel, eu mesma me encar-

rego disso.

Nilza pega o contrato, dá um sorriso vitorioso para

ele e depois para Helen, e sai. Corta descontínuo para

a SALA DE HELEN, ela entrando correndo para fazer o

comunicado da vinda de Júlio Raion. Assim que ela dá

Enter, corta para o CALL CENTER. Ao receber o e-mail,

Irene informa às cobradoras.

Irene — Meninas, recebi e-mail da Dª Helen

informando que teremos visita do pró-

prio Sr. Raion, o gerente responsável

pelo setor de cobrança da Moneycard.

Por favor, mostrem serviço a ele.

Amélia — (ofendida) Nós sempre mostramos.

Carina — (sorrindo e pensando) Ai, meu Deus,

que privilégio encontrar alguém de al-

to cargo da Moneycard. Edu teria muito

gosto em vê-lo. O que será que ele es-

tá fazendo?

Corta para:

CENA 25. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.

Sebastião não tinha reparado na saída de Eduardo e fi-

ca surpreso com sua volta.

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 24

Sebastião — Ora, filho, já visitou a Cobrasil?

Eduardo — Não, pai, eu estava na outra, na In-

tercob.

A vassoura de Sebastião ficou largada na parede.

Sebastião — Intercob? Mas é a principal concor-

rente da Cobrasil, onde está Carlos!

Ah... Foi por isso que ele apareceu.

Eduardo — Carlos quis me ajudar, e me apresen-

tou até ao chefe, Fernando. Boa gente.

Gostei muito de lá, pai, é bem organi-

zado. E nenhuma garota ficou babando

por mim, todas são bem profissionais.

Sebastião — E como fica a Cobrasil, filho? Sua

futura noiva está contando contigo.

Eduardo passa para o CORREDOR, puxando a camisa para

fora e abrindo os botões.

Eduardo — Bem, pai, eu não tenho muita espe-

rança de ser chamado. Eu só vim trocar

de roupa e ir para a Cobrasil ver mi-

nha amada e ver com Helen como vão as

coisas.

Sebastião — Se eu fosse você, nem contava essa

da Intercob.

Eduardo — Você acha, pai? Tudo bem, vou ouvir

seu conselho.

Corta para:

CENA 26. INTERCOB. SALA DE FERNANDO. INTERIOR. MANHÃ.

Fernando chama Carlos para informar o resultado da en-

trevista.

Fernando — Carlos, gostei desse rapaz, Eduardo.

Ele é bem educado, gentil, gente fina,

terá conduta irrepreensível com os

clientes.

Carlos — Certo, mas ele não tem nenhuma expe-

riência, vai demorar a crescer.

Fernando — Bem, podemos fazê-lo passar por uma

meta de R$ 2.000,00 e gradativamente

aumentando, até ele chegar aos R$

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 25

20.000,00 de Elaine.

Carlos — Então, ele está contratado?

Fernando — Sim, Carlos, pode chamá-lo para co-

meçar amanhã.

Carlos — Obrigado, Fernando.

Assim que saiu e fechou a porta, Carlos vibrava como

se seu time fizesse um gol. Os cobradores mais próxi-

mos dele não o entendiam e ele se tocou da cena que

fazia.

CENA 27. PRÉDIO EM OBRAS. INTERIOR. MANHÃ.

Enquanto isso, na obra, Jeferson e Geraldo continuavam

a rebocar paredes.

Geraldo — Seu irmão tem muita sorte, hein? Se

bem que o preferiria aqui.

Jeferson — Não fale isso nem em brincadeira,

Geraldo! Meu irmão merece destino me-

lhor. Ele é inteligente demais para

ficar a vida inteira carregando peso.

Geraldo — Pelo corpão dele, acho que aguenta.

Jeferson — Não, cara, deixe-o quieto perto da

namorada.

Eduardo aparece, com outra roupa social.

Eduardo — Olá, mano, como vão? Ah, começaram a

rebocar.

Jeferson — Vaza, mano, vai sujar sua camisa de

cimento. Vá trabalhar na Cobrasil.

Eduardo — Eu ainda não estou contratado, mas

vou lá ver se é possível.

Corta para:

CENA 28. COBRASIL. INTERIOR. MANHÃ.

Eduardo entra na Cobrasil, Sandra o recepciona.

Sandra — Eduardo, sei que você veio para con-

versar com Dª Helen, mas ela acaba de

receber o Sr. Raion.

Eduardo — Quem é?

Sandra — É o cara que fiscaliza todas as as-

sessorias externas de cobrança do Mo-

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 26

neycard, para saber seus relatórios e

se merecem continuar com a parceria.

Como as meninas têm melhorado o rendi-

mento, ele deve ter vindo dar os para-

béns.

Eduardo — Está bem, eu espero aqui.

Eduardo senta-se em um dos sofás. Corta para a SALA DE

DANIEL. Daniel suava um pouco, mas insistiu em ficar

de terno quando Raion chegou. Helen fica um pouco im-

pressionada com o porte elegante e severo do seu cli-

ente. Após os cumprimentos iniciais, eles começam.

Daniel — Sr. Raion, é um prazer recebê-lo.

Júlio — Ferreira, como estão os negócios?

Daniel — Estão melhor que antes. Quer ver o

Call Center? Pode vir por aqui.

Daniel leva Raion para a sala de Cobranças. Corta des-

contínuo para o CALL CENTER. Quando abrem a porta, to-

das as moças estavam falando ao telefone. Gisele e Pa-

trícia estavam fingindo.

Gisele — Sim, senhora, com R$ 500,00 a senho-

ra quita seu débito...

Júlio — Olá meninas! (cumprimentou com um

sorrisinho) Continuem com o bom traba-

lho!

As moças acenam para ele. Irene checa o sistema de Gi-

sele e descobre a farsa.

Irene — (pensando) Essa vadia ainda vai nos

causar muitos problemas.

Corta descontínuo de volta à SALA DE DANIEL, Júlio co-

meça o ataque.

Júlio — Aqui está o relatório que recebi ho-

je. Sete clientes que estão cadastra-

dos na Cobrasil entraram em contato

com a nossa Central, queixando-se de

que ligaram para cá e tiveram a nego-

ciação interrompida por ouvir gritos,

xingamentos, brigas e palavras impro-

nunciáveis.

Daniel engoliu em seco.

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 27

Daniel — Raion, é com vergonha que admito que

ontem três moças perderam a postura e

brigaram.

Júlio — Isso é revoltante, Ferreira. Temos

verificado que aquelas duas remessas

que enviei janeiro passado foram pouco

exploradas. Houve tentativa de contato

de apenas 20% dos clientes.

Daniel — Sério?

Helen — Aqui está, querido. (deita papéis na

mesa) Amélia, Carina, Nayara e Irene

são as que mais exploraram as cartei-

ras delas. Média de cinco acordos por

dia.

Júlio — (zombando) A Intercob tem uma média

de dez acordos por dia, e tem dias que

apenas um cobrador fecha quinze.

Daniel — Raion, se as meninas estão fechando

cinco acordos por dia, é porque antes

a média era de dois por dia! Ou seja,

estamos melhorando, e não vamos des-

cansar até igualarmos e depois ultra-

passarmos a Intercob.

Júlio — E como pretende fazer isso, Ferrei-

ra? Permitindo que suas funcionárias

vadiem, fofoquem e entrem em discus-

sões e brigas com o cliente ouvindo

tudo do outro lado da linha?

Daniel fecha o rosto.

Daniel — Não, Raion, isso já terá um fim. Ho-

je mesmo tomarei uma drástica decisão.

Close em Helen satisfeita com a postura de Daniel,

pensando que ele vai demitir Gisele e Carina.

Júlio — (levantando-se) Assim espero, Fer-

reira. Na próxima vez que visitar sua

empresa, será para dar os parabéns pe-

lo primeiro lugar, ou para dizer que

não precisaremos mais de seus servi-

ços.

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 28

Daniel, Helen e Nilza gelam a espinha.

Júlio — Agora eu já vou. Até logo, Ferrei-

ras.

Helen — Sandra, acompanhe o Sr. Raion.

Sandra — Por aqui, senhor.

Assim que Raion e Sandra saem, Daniel é direto.

Daniel — Helen e Nilza. Procurem quem é a co-

bradora que está com o menor rendimen-

to esse mês e a demita!

Nilza — Daniel!

Helen — (também sem entender) Até agora a

Michele ainda não recebeu, mas queri-

do, não acho que...

Daniel — Então, amor, infelizmente, terá de

ser ela. E ponha o Eduardo no lugar.

Eduardo — Tenho outro projeto para Eduardo.

Daniel — Sei lá, ponha então outro rapaz no

lugar! De preferência com experiência

em cobrança, e um que as meninas não

fiquem babando por ele!

Nilza passa para o lado de Helen, conforme o plano de-

la própria.

Nilza — Coitada da Michele, justo ela? A que

veio aqui e teve coragem para cobrar o

senhor e Helen?

Daniel — Infelizmente não dá para ela passar

o mês inteiro com meus R$ 600,00. (lê

os relatórios) Olhe só, Carina fechou

para hoje quitação de R$ 400,00; e ela

já tem R$ 155,00. Essa alcança os cin-

co mil.

Helen segura a sua ira, pela sorte da rival.

Nilza — (lamenta) Está bem, Daniel, como o

senhor quiser. Vou preparar a demissão

de Michele.

Helen — E eu darei a notícia. Com licença.

Corta para:

CENA 29. MONEYCARD. COZINHA. INTERIOR. MEIO-DIA.

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 29

Andressa, sentada na cadeira e com a marmita no colo,

está telefonando para Nilza. Ela atende em off.

Andressa — (cel) Nilza, muito ocupada?

Nilza — (off) Pior que sim, amiga. Júlio

Raion veio aqui e nos deu uma repri-

menda.

Andressa — (cel) Ah, eu o vi sair daqui muito

bravo. Então eu vou para seu aparta-

mento depois que você voltar. Descobri

uma história sinistra sobre Irene que

pode interessa-la.

Nilza — (off) Vá lá, então. Fiquei curiosa.

Andressa — (cel) ‘Cheu terminar de almoçar que

ainda estou no treinamento. Até mais!

Andressa escuta a despedida e desliga.

Corta para:

CENA 30. COBRASIL. RECEPÇÃO/ SALA DE HELEN. INTERIOR.

MEIO-DIA.

Eduardo vê Júlio Raion passar e fica impressionado com

a autoridade que ele exala. Depois sai Carina, pois

dera seu horário.

Carina — Vamos almoçar juntos novamente, Edu?

Eduardo — Sim, eu vim ver como estavam as coi-

sas, mas Dª Helen estava em reunião.

Saiu daqui um senhor todo no estilo.

Carina — Era o Sr. Raion, um dos grandes da

Moneycard. Ainda bem que fechei quita-

ção de R$ 400,00 para hoje!

Eduardo — Excelente. E o dia hoje, sem brigas?

Carina — Sim, tudo tranquilo e algumas meni-

nas passaram a me tratar com mais res-

peito.

Eduardo — Ai, me alegro muito meu bem. Vamos

descer, então.

Irene sai do call center e vê os dois namorados. Por

pouco não foi atrás deles para fazer um escândalo,

pois se lembrara de que Helen solicitara sua presença.

Então entrou na monitoria. Corta para a SALA DE HELEN.

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Recuperando a Paixão Capítulo 16 Pág.: 30

Irene — Você me mandou outro e-mail, Helen.

Alguma novidade com a visita de Raion?

Helen — (conformada) Irene, antes de você

almoçar, eu tenho que te dar a notí-

cia. Daniel, após a visita e cobrança

do Sr. Raion, decidiu demitir uma das

moças.

Irene — Ai, meu Deus, isso é terrível. E

quem é?

Helen — Michele.

Irene — Michele? Justamente a que não repre-

senta perigo para você, justamente a

que não baba por seu marido?

Helen — Não baba por mim, mas está de olho

em meu filho. É a minha chance de me

livrar dela.

Irene — Danilo não é seu verdadeiro filho.

Helen — Eu sei, mas se a tonta da mãe dele o

abandonou, eu tenho que assumir o pa-

pel que ela abdicou. Vou proteger meu

filho dessas caçadoras de ricos.

Irene — Bem, ela ainda não recebeu um centa-

vo esse mês, até Carina está recebendo

altos valores.

Helen — Eu já chequei o sistema. Esse será o

motivo do meu marido escolhê-la. De-

pois que ela almoçar, chame-a para a

minha sala.

Irene — Está bem, eu vou descer.

Mas, assim como as demais, Irene não concorda de todo

com a decisão de Daniel.

Corta.

FIM