recanto das letras capítulo 28 recuperando a paixãorecuperando a paixão capítulo 28 pág.: 2...

Recanto das Letras

Séries de Web Produção Capítulo 28

Recuperando a Paixão

Escrita por

José Pereira

Versão Internacional de

“Recuperando a Paixão” (2015)

Personagens deste capítulo

ALTAMIRO

ANDRESSA

ANGÉLICA

AMÉLIA

BIANCA

CARINA

CARLOS

CILENE

DANIEL

DANILO

DIEGO

EDUARDO

ELAINE

FERNANDO

GERALDO

GISELE

GUILHERME

HELEN

IRENE

JACKELINE

JEFERSON

JÚLIO

MÁRCIA

MAURÍCIO

MICHELE

NAYARA

NEUSA

NILZA

PATRÍCIA

RODOLFO

SEBASTIÃO

VÍTOR

Participação Especial:

AURORA (FLASHBACK), MÃE DA BIANCA.

Recuperando a Paixão Capítulo 28 Pág.: 1

CENA 1. CASA DE CARINA. SALA. INTERIOR. NOITE.

Carina convida Daniel para sua casa, ele repara na si-

tuação com pena.

Carina — Entre, Daniel.

Daniel — Finalmente conheço sua casa.

Carina — Aceita uma água, um café?

Daniel a pega pela cintura.

Daniel — (sorrindo) Quero você, Carina!

Carina — Daniel, por favor, ainda tenho que

processar as ideias.

Daniel — (soltando-a e sentando-se no sofá)

Sei que te causei uma má impressão,

Carina. Você não confiará em mim tão

fácil. Está com dúvidas ao meu respei-

to.

Carina — (também se sentando) Bem, dúvidas

todos nós temos a princípio...

Daniel — Bem, eu vou contar minha história

amorosa: eu morava em Belo Horizon-

te...

Carina — (brincando) Bem que sua voz tem um

leve sotaque mineiro!

Daniel — (rindo) Essa é boa! Bem, eu morava

lá, e no Ensino Médio tive minha pri-

meira namorada. Nem me lembro mais o

nome dela. O que aconteceu foi que Ma-

riana entrou na área e me conquistou.

Carina — Mariana?

Daniel — A mãe do Danilo. Ela não gostava da

minha namorada, e me tirou dela. Eu,

muito burro na época, me deixei levar

pelos seus encantos. Terminei o Ensino

Médio, comecei a trabalhar com meu

pai, e me casei com Mariana. Tempos

depois, veio Danilo.

Carina — E o que aconteceu?

Daniel — Essa parte da história não me orgu-

lha, eu era muito inquieto com as mu-

lheres. Tipo, eu não mexia com nin-


guém, mas se uma moça soltasse um elo-

gio tipo “Sua camisa está bonita” eu

pensava “Pronto, ela deu mole, tenho

que pegar essa mulher!”. Mariana des-

cobriu e pediu o divórcio.

Carina — Bem feito, quem mandou roubar namo-

rado dos outros?

Daniel — Mariana ficou tão decepcionada que

nem quis ficar com o filho. Geralmente

as mães sempre querem ficar com eles,

certo? Mas, acho que foi melhor assim,

talvez meu filho hoje fosse uma bicho-

na. Enfim, continuei pulando de galho

em galho, ou seja, de cama em cama,

até encontrar Helen.

Carina — Ainda em B.H.?

Daniel — Ainda em B.H. Eu não sabia quase na-

da sobre seu passado, mas o que ela

contou na época me pareceu satisfató-

rio.

Carina — Então ela não contou nada sobre meu

irmão?

Daniel — Juro para você que não, Carina. Ali-

ás, posso compreender seu irmão, se

ele me odeia. Casei com Helen e com a

ajuda de meus pais me mudei para o Es-

pírito Santo e abri a Cobrasil. Danilo

tinha onze anos quando isso aconteceu.

Carina — Longos anos se passaram, agora ele

está um homem.

Daniel — Sete longos anos perdendo dinheiro

com essa vigarista.

Carina — (surpresa) O que você disse, Daniel?

Daniel — (nervoso) Isso mesmo que você ouviu,

Carina! Minha ex só estava interessada

em meu dinheiro! Por isso se casou co-

migo, por isso rompeu com seu irmão!

Corta para:


CENA 2. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. NOITE.

Sentados no sofá, Jeferson conta sua decisão a Sebas-

tião.

Jeferson — Tive uma conversa franca com Bia,

pai. Eu não vou deixá-la para ficar

com Carina.

Sebastião — Tem certeza disso, filho? Quando Edu

voltar, não vá ficar com ciúmes, hein!

Jeferson — Eu nunca demonstrei ciúmes antes...

Jeferson se lembra da conversa, mas não fala porque

Sebastião ainda a ignora.

Sebastião — Coitada da Carina, vai ficar espe-

rando Edu voltar. E se o chefe dela

atacar de novo?

Jeferson — Quando Edu souber, ele volta rapidi-

nho. Aí quero ver!

Corta para:


Carina trás café para Daniel, diálogo continua.

Carina — Eu suspeitei disso, Daniel.

Daniel — Sim, ela sempre reclamou de mim mais

Amélia, acusava todas as meninas da

empresa de serem minhas amantes, mas

nunca se separava de mim. Sempre me

“perdoava”. Mas agora eu entendo, ela

não queria desfazer de mim pensando no

bolso, tipo “ruim com ele, pior sem

ele”. E essa de querer ajudar a Cobra-

sil a crescer? Só para ter mais di-

nheiro para torrar no Shopping!

Carina — Eu sinto muito, Daniel.

Daniel — Carina, agora você me conhece me-

lhor. Eu tenho a vida toda sido um ca-

nalha que, como dizem, só “pensa com a

cabeça de baixo”. Mas, você apareceu

em minha vida... E você é diferente de

todas que conheci. Você é honesta, e

por isso (se ajoelha) eu juro que se-


rei honesto com você. Você não merece

o mesmo tratamento que dei a Mariana e

a Helen.

Carina — (emocionada) Daniel, com a Mariana

não posso dizer, mas sobre a Helen, eu

compreendo perfeitamente.

Daniel — (sentando-se ao lado dela e pegando

suas mãos) Eu falo bobagens, só penso

“naquilo”, mas no fundo eu sou um bom

homem, Carina.

Carina — Já está ganhando pontos comigo por

admitir seus defeitos, Daniel. Mas,

fazer o quê? Ninguém é perfeito.

Daniel — Você é perfeita. Um anjo. E eu, mero

mortal, suplico por teu amor e cari-

nho.

Carina — (rindo) Está bem, Daniel, vou dar

mais uma chance a você.

Daniel — Oh, Nina, te amo tanto!

Os dois se beijam com ardor.

Corta para:

CENA 4. CASA DE IRENE. SALA. INTERIOR. NOITE.

Irene desesperada tenta telefonar para Eduardo. Helen

a seu lado aguardando.

Helen — E então?

Irene — (com o celular na mão) Só chama...

Atendeu! Alô? Eduardo?

Alguém — (off) Que Eduardo, meu nome é Creu-

disvaldo!

Irene — (cel) Eduardo é o dono desse número!

Creudisvaldo — (off) Eu achei esse “apareio” no

lixão aqui, dona.

Irene desliga decepcionada.

Helen — Não era Eduardo?

Irene — (a ponto de chorar) Não, ele jogou o

celular no lixão do bairro, um Creu-

desgraça sei-lá-o-que que o encontrou

e está usando...


Helen — Ai, amiga! (a abraça) Sinto muito,

mas isso é indício de que Eduardo não

quer contato com ninguém.

Irene — Será que ele não vai mais voltar?

Puxa, mas o que aconteceu na casa de-

le?

Helen — Não sei, Irene. Vem, vamos jantar.

Corta para:


Daniel e Carina terminam de se beijar.

Daniel — Tenho que ir, Carina.

Carina — Boa noite, Daniel.

Daniel — Se você quiser, pode contar para su-

as amigas que... Estamos namorando.

Carina — (sorri) Ainda não, vamos esperar

mais um pouco. Se você quiser...

Daniel — (sorri) Por mim quero publicar no

Jornal Nacional! “Empresário mulheren-

go finalmente se acerta e fica com uma

mulher só”.

Os dois gargalham. Daniel se levanta, dá um leve beijo

e sai. Carina fecha a porta, olha para o anel de noi-

vado e o tira.

Carina — Eduardo, sinto muito. Você me dis-

pensou, não quis mais se casar comigo.

Desapareceu de casa sem me dar satis-

fação. Você preferiu acreditar nas re-

clamações de seu irmão egoísta a ficar

perto de mim, a me amar... Pois bem,

já que você me liberou, a fila andou.

Corta para:

CENA 6. CASA DE NILZA. SALA. INTERIOR. NOITE.

Andressa visitando Nilza, lhe contando as novidades.

Neusa está presente.

Nilza — Que absurdo, Dessa, acusarem você de

uma coisa dessas!


Andressa — Meu futuro na Central está incerto

depois dessa. Se fazem questão de ro-

lar uma cabeça, será a minha.

Neusa — Tenha fé que tudo dará certo.

Nilza — Enquanto isso toquei com Helen o as-

sunto da Irene. Ela afirma categorica-

mente que Irene jamais seria capaz de

traí-la com Daniel Ferreira.

Neusa — (intrigada) Como é que essas duas se

tornaram amigas em tão pouco tempo?

Nilza — Sei lá! Irene tem uma coisa nela

inexplicável: ou a pessoa a odeia até

à morte, ou a pessoa a ama cegamente.

Andressa — No caso do tal Eduardo.

Neusa — Irene sempre sabe agradar quem tem o

poder para ela também se sentir pode-

rosa.

Nilza — (animada) Ah, mas isso vai acabar.

Hoje fui informada que Daniel e Helen

vão se divorciar.

Andressa e Neusa também reagem maravilhadas.

Andressa — Ora, que coisa! Se Helen deixar de

ser a Sra. Ferreira, vai perder o po-

der que tem, será reduzida ao cargo de

monitora. Ela não vai mais proteger

Irene.

Nilza — Claro que não! Vamos ver se essa

amizade vai durar após isso.

Corta para:

CENA 7. CASA DE DANIEL. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Daniel chega, Danilo está na sala.

Danilo — Olá, pai.

Daniel — (sentando-se no sofá) Filho, quero

te fazer um anúncio. Eu estive na casa

da Carina.

Danilo — (desliga a TV) Na casa dela, pai?

Nem esperou o noivo sair do Estado?


Daniel — A essa altura deve estar no Rio ou

na Bahia! Danilo, você sabe que eu es-

tou apaixonado por ela. Só que é dife-

rente. Carina não se parece nem de

longe com sua mãe, com Helen...

Danilo — Claro, seria como comparar Thalía

com Paulina Rubio.

Daniel — Então, filho, eu conversei com ela,

contei toda a minha história, admiti

que sou um mulherengo; mas prometi ser

fiel e correto a ela, para que não so-

fra com minhas canalhices.

Danilo — (surpreso) Sério, pai?

Daniel — (decidido) Sim, filho. De hoje em

diante seu pai não será mais aquele

crápula que você reclamava. Chega des-

sa vida, é por “pensar com a cabeça de

baixo” que eu só me meto em enrascadas

com as Helens da vida. Quero iniciar

uma vida honrada, um casamento decen-

te, com a Carina.

Danilo — (feliz) Ora, mas isso é maravilhoso,

pai!

Daniel — Sim, filho, será maravilhoso para

nós três. O divórcio de Helen terá an-

damento nessa semana. Também não tenho

mais nada com Amélia, já que ela agora

está grávida do marido, vou deixá-la

ser feliz como futura mamãe. Minha vi-

da está bagunçada, mas vou consertá-

la.

Danilo — (abraçando o pai) E conte comigo,

pai.

Daniel — (comovido) Obrigado, filho!

Os dois se abraçam e depois se afastam, emotivos.

Corta para:

CENA 8. CASA DE IRENE. CORREDOR. INTERIOR. NOITE.


Irene e Helen conversando e andando para seus quartos,

de camisola.

Irene — De onde a velha seca tirou que eu

quero ter algo com Daniel?

Helen — Conversando com uma tal Neusa que

está trabalhando com a Dessa na Cen-

tral.

Close em Irene chocada.

Irene — Que droga, essa é outra que vai ou

já está falando um monte a meu respei-

to! Esse povo parece que está montando

um exército para me pegar!

Helen — Não se preocupe, amiga; mesmo eu me

divorciando não pretendo sair da Co-

brasil e continuarei a te proteger.

Você vai ter de evitar as brigas e

confusões, mas continuará a impor or-

dem naquele call center.

Irene — (constrangida) Helen... Você não

acreditou na conversa...

Helen — (gargalha) Claro que não, querida!

Claro que eu tive que fingir ingenui-

dade para Nilza não perceber nossa

amizade de longa data, afinal ela pen-

sa que está me ajudando.

Irene — OK, só queria que a tal Dessa paras-

se de escutar meus inimigos...

Irene entra em seu quarto. Helen vai para o seu.

Corta para:

CENA 9. COBRASIL. CALL CENTER. INTERIOR. MANHÃ.

Dia seguinte. Todas as funcionárias ligando suas má-

quinas. Gisele, desanimada, se aproxima de Patrícia.

Patrícia — Amiga, você está se sentindo melhor?

Gisele — Um caco, amiga. Ainda não consigo

acreditar que tudo o que planejei foi

por água abaixo.

Patrícia — Te avisei, Gisele.


Gisele — E para piorar, eu ainda estou em úl-

timo lugar no ranking. Só estou com R$

815,00 e hoje é dia 25 de fevereiro!

Como vou conseguir a meta de R$

5.000,00?

Patrícia — Você queria ser a dona da Cobrasil,

e agora só vai conseguir a demissão.

Gisele — Quanto que você está?

Patrícia — (olhando seu monitor) Já estou com

R$ 2.675,00; recebi mais do que mês

passado.

Gisele — Que droga!

Amélia — Sim, Gisele, eu sei que sua planilha

de pagamentos é uma droga. Aproveite

bem seus últimos momentos na Cobrasil.

Até Michele lá no consórcio está rece-

bendo mais do que você, há, há!

Corta rápido para um canto da sala para Márcia e Bi-

anca que comentam mais baixo.

Márcia — Até quando vamos aguentar essa aman-

te do chefe abusada?

Bianca — Você cale essa boca, não quero tes-

temunhar mais brigas aqui.

Corta para:

CENA 10. ED. RIBAMAR. ESTACIONAMENTO. INTERIOR. MANHÃ.

Irene e Helen saindo do carro desta e caminhando pelo

local até esperarem pelo elevador.

Irene — E como vai o divórcio, vai mesmo ro-

lar?

Helen — Vai sim, amiga. Cansei de lutar por

Daniel. Ele não me ama mais, só pensa

naquela vaca da Carina. Melhor eu al-

çar voos maiores.

Irene — Já arranjou um advogado?

Helen — Já! E vou contar tudo a ele, conta-

rei tudo sobre Gisele, Amélia, Carina,

tudo! Daniel pode me destruir, mais eu

o destruirei junto.


Irene — Vai exigir pensão?

Helen — Não, amiga, não preciso de pensão.

Já estou fazendo outro investimento.

O elevador chega e elas entram.

Irene — Sério? Eu conheço?

Helen — Júlio Raion, um dos grandes da Mo-

neycard.

Corta para:

CENA 11. PRÉDIO EM OBRAS. EXTERIOR. MANHÃ.

Jeferson se despede de Diego e Carina, ela pretende

seguir com a conversa.

Jeferson — Bom trabalho para vocês, gente.

Diego — Tem certeza de que não quer se jun-

tar a nós, primo?

Jeferson — (rindo) Já disse que não. É por cau-

sa de minhas queixas que Edu sumiu.

Carina — Diego, vai andando que preciso falar

com seu primo.

Diego — Ai, essas mulheres e seus segre-

dos...

Diego sai.

Carina — Finho, vocês estão buscando o Eduar-

do?

Jeferson — Nina, pode parecer absurdo para vo-

cê, mas meu pai prefere deixar como

está. Ele acredita firmemente que Edu

vai voltar, só quis fazer uma viagem

para esfriar a cabeça.

Carina — Mas quem leva roupa e objetos pesso-

ais não pensa em voltar tão cedo. Ele

vai ficar por aí viajando Brasil afo-

ra? E se acontecer um acidente?

Jeferson — Está morrendo de saudades, certo?

Carina — (sorri de lado) Estou. Mas não do

jeito que você está pensando. Como Edu

não me quer mais como noiva, eu decidi

aceitar Daniel como namorado.

Jeferson — (chocado) Outra vez ele, Carina?


Carina — Ele dispensou todas as sirigaitas e

está se divorciando de Helen. Ele me

ama e garantiu isso ontem em minha ca-

sa.

Jeferson — E eu pensando que você estava cho-

rando por Edu, você estava...

Carina — Não rolou nada ontem à noite. Ele

apenas contou sua vida e sua declara-

ção. Ele vai me respeitar como moça

decente.

Jeferson — Que coisa, Nina; quem sou eu para

exigir que você espere Edu, mas... Bem

você sabe o que faz.

Carina — E espero que você esteja tudo bem

com Bia.

Jeferson — (sorri) Quanto a isso não há dúvida,

ainda somos namorados.

Carina — Me alegro em ouvir isso. Agora vou

trabalhar.

Corta para:

CENA 12. COBRASIL. SALA DE NILZA. INTERIOR. MANHÃ.

Mal começou o dia, Nilza convoca Gisele para falar de

seu fraco rendimento. Clima de tensão.

Nilza — Gisele, você é a pior cobradora da

Cobrasil em dois meses.

Gisele — (aflita) Nilza, eu faço o possível,

eu...

Nilza — Cansei de ouvir suas desculpas. Eu

não entendo! A Carina está com R$

3.320,00 segundo a folha de pagamento

que veio hoje. É o segundo mês dela.

Você está conosco desde outubro do ano

passado.

Gisele — Detesto quando me comparam a ela!

Nilza — Ah, é? Vamos comparar então com Amé-

lia! Ela recebeu quitação de R$ 700,00

dia 21. Ela já está com R$ 4.095,00,


quase o recorde dela antes de sair em

férias, lembra-se?

Gisele — Eu não sei mais o que fazer, Nilza,

faço de tudo, mas os clientes não pa-

gam.

Nilza — Ah, sim, os clientes fazem isso de

propósito para te prejudicar. Escute

aqui, mocinha, se não fizer pelo menos

R$ 2.000,00 esse mês, pode se conside-

rar demitida.

Gisele — Não fizemos bem em concordar com es-

sa meta, Andressa estava certa.

Nilza — Ora, não era você a fiel escudeira

de Irene? Agora está com saudades da

Dessa? Saia daqui!

Gisele sai revoltada.

Corta para:

CENA 13. INTERCOB. SALA DE FERNANDO. INTERIOR. MANHÃ.

Carlos informa a Fernando o que Eduardo fez, conversa

já iniciada.

Fernando — Sumiu de casa, mas como assim?

Carlos — Sei lá, brigou com a família, se de-

sentendeu e saiu sem dizer para onde

com malas e o carro.

Fernando — A mesma família que o condenou por

querer trabalhar com a gente. Vai ver

Eduardo fez muito bem em ter saído,

está me parecendo que esses Agnelos

são controladores.

Carlos — O pai é viúvo e ele tem um irmão

mais velho que vive enchendo o saco

com uma lengalenga de que Eduardo se

sai melhor em muitas coisas do que

ele. O típico do irmão invejoso que

não faz nada para mudar, só sabe re-

clamar e acusar o pai de favoritismo.

Agora que ele está trabalhando de pe-

dreiro.


Fernando — Capaz de ter sido esse irmão a causa

da fuga.

Carlos — E justo quando eu pretendia contar-

lhe sobre o planinho da Cobrasil.

Fernando — Talvez fosse melhor deixar isso pra

lá, certo? Vai que você conta, ele en-

tra em choque e tem outro piripaque?

Vão te culpar de novo.

Carlos — (indeciso) Pode ser, mas ainda quero

pelo menos limpar minha ficha. Fui ta-

chado de vilão por quem também estava

de esquema com o pobre rapaz. Agora

vou ver minha equipe, bom dia.

Carlos sai. Fernando se serve de outra dose.

Corta para:

CENA 14. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. MANHÃ.

Helen entra na sala animada até demais. Clima vai fi-

car pesado.

Helen — Me chamou, querido?

Daniel — Querido? Vamos manter a postura ago-

ra, Helen; somos apenas empregada e

patrão. E é sobre isso que quero fa-

lar.

Helen — (sentando-se, emburrada) O que foi

agora?

Daniel — (sorrindo ironicamente) Eu me lem-

brei que você não está 100% regular na

empresa. Preciso da sua carteira e do

número do seu PIS.

Helen — Como é que é?

Daniel — Sim, Helen, agora que somos apenas

conhecidos do trabalho, está na hora

de você se colocar em seu lugar. A

partir de hoje você será apenas a mo-

nitora, entendeu? Não vai mais assis-

tir as reuniões sem permissão de Nilza

ou minha. Você está abaixo da gerente,

agora, não vai ser como antes. Quando


Irene tiver problemas no Call Center

ela vai comentar direto com Nilza, vo-

cê não vai mais dar “disciplina” nas

funcionárias.

Helen — (revoltada) Daniel, como pode fazer

isso comigo, logo eu que dei tantas

soluções para a empresa crescer?

Daniel — Como esposa do dono da Cobrasil,

sim. Mas agora o jogo mudou. Se qui-

ser continuar comigo na empresa, terá

que ser como monitora mesmo.

Helen — Quer dizer que agora eu só vou ficar

o dia inteiro checando ligações e re-

latórios?

Daniel — Sim, Helen, é isso ou então te demi-

to.

Helen — (furiosa) Seu... Cachorro!

Daniel — (calmo) Isso é tudo? Pode voltar pa-

ra sua sala.

Corta para:

CENA 15. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.

Sebastião está olhando fotos de sua família. Está em

especial olhando para uma onde está Eduardo e Jeferson

quando eram crianças. Ele fecha os olhos... (Inicia-se

aqui um flashback, a ser gravado, com os personagens

mais jovens).

Sebastião, Jeferson e Eduardo assistindo a um jogo dos

moradores do bairro, está o maior sol. Eles estão en-

costados num muro, há pouca sombra disponível.

Jeferson — Pai, posso ficar na sombra um pou-

quinho?

Sebastião — Não, Finho, coitado do seu irmão

mais novo.

Eduardo — Pode ficar, Finho.

Sebastião — Não precisa, Edu.

Outro flashback, a família está na sala, com Aurora

ainda viva.


Sebastião — Por que você correu daquele jeito

com Edu, Finho?

Jeferson — Calma pai, nada aconteceu!

Sebastião — Eu vi da janela, Edu quase tropeçou!

Jeferson — Quase, mas não tropeçou, eu estava

de olho.

Aurora — Calma, querido, está tudo bem com

Eduardo.

Eduardo — (abraçando o pai) Eu estou bem, pa-

pai, foi até divertido...

Sebastião — Você é muito novo, Edu, tem que ter

mais cuidado.

Sebastião abraça e beija Eduardo, enquanto Jeferson

fica só olhando, triste.

Volta ao presente.

Sebastião — Você sempre foi um anjo, Eduardo...

(uma lágrima escorre) Como eu fui in-

justo com Finho.

Corta para:

CENA 16. COBRASIL. SALA DE NILZA. INTERIOR. MANHÃ.

Helen está conversando com Nilza sobre a suspeita de

Júlio Raion contra Andressa.

Helen — Por isso, Nilza, o Sr. Raion pede

que não se conte mais a ex-empregados

as coisas ruins que acontecem aqui. E

lógico, que evitemos tais coisas.

Nilza — Sabe que eu preferiria resolver esse

assunto pela raiz, mas como Irene pro-

meteu se comportar... Então só depende

dela. Ainda assim não concordo em sus-

peitar da Andressa. Ela me contou que

foi interrogada na Central.

Helen — (fingindo) É, querida, eles levam a

sério a imagem deles. Torcendo para

que ela seja inocente.

Nilza — Hein, e quanto a Eduardo, alguma no-

tícia? Não podemos deixar a vaga dele

em aberto indefinidamente.


Helen — (impaciente) Ai, ai, algo diz que o

destino de Eduardo não é ficar com a

gente, sempre dá errado!

Corta para:

CENA 17. MONEYCARD. CALL CENTER. INTERIOR. MANHÃ.

Cilene aproveita a ausência de Vítor e aborda Andressa

em sua mesa.

Andressa — O que deseja, Cilene?

Cilene — Ver você em seu lugar, no mesmo de-

grau que eu.

Andressa — No mesmo ou abaixo do seu? Se fosse

no mesmo degrau seríamos amigas.

Cilene — Vai ser difícil ser amiga de quem

recebe reprimendas no primeiro mês.

Andressa — (surpresa) Está espiando as conver-

sas da salinha? Deve estar em primeiro

lugar da equipe em recebimentos para

ficar matando o tempo, hein?

Cilene — Não sei quem está em primeiro, não

se permite ver as planilhas dos de-

mais. Eu pedi a Vítor e ele prometeu

abrir uma exceção a mim.

Andressa se volta para seu computador, compenetrada no

trabalho. Cilene sorri maleficamente e volta a seu lu-

gar.

Corta para:

CENA 18. RESTAURANTE. INTERIOR. MEIO-DIA.

Irene está terminando seu almoço quando duas mãos to-

cam seu ombro, ela se engasga.

Irene — Quem são? (se vira) Elaine, Guilher-

me?

Guilherme — Voltamos, querida! E então, apron-

tando muito?

Irene — Já estava terminando de almoçar.

Irene se levanta, mas Guilherme com força a empurra de

volta para a cadeira

Irene – AI!!!


Elaine — Já vai com pressa, amiga? Acho que

você pode se atrasar um pouquinho,

afinal você deve ser supervisora, ou

algo do tipo.

Irene — (medrosa) Sou supervisora, por isso

tenho de manter o profissionalismo.

Elaine — (gargalha) Profissionalismo! Isso é

engraçado vindo de você. Não vai beber

esse suco?

Irene — Já disse que terminei!

Guilherme — Então não vamos desperdiçá-lo, né,

Elaine?

Elaine — Sim, vamos aproveitá-lo.

Elaine pega o suco e derrama no cabelo de Irene.

Irene — AAAAIIII!! (se levanta, vários fre-

gueses riem da cena) Vocês não pres-

tam!

Elaine e Guilherme gargalham e saem do restaurante.

Corta para:

CENA 19. COLATINA. QUARTO DE HOTEL. INTERIOR. MANHÃ.

Eduardo está deitado na cama, num quarto de hotel. A

saudade começa a bater.

Eduardo — Meu querido pai, deve estar choran-

do... Meu querido irmão, deve está in-

deciso, se ocupa ou não o meu lugar...

Carina, esta já deve ter me esqueci-

do... Fui muito cruel com ela, mas não

tinha outra saída. Se ela não ficar

com Finho... Se eu souber que ela está

com Daniel... Sou capaz de voltar só

para dar um soco nele.

Corta para:

CENA 20. CENTRO. PRAÇA GETÚLIO VARGAS. EXT. MEIO-DIA.

Daniel e Carina almoçaram juntos e agora descansam.

Daniel — Eduardo não tem perfil em rede soci-

al?


Carina — Tem, mas obviamente ele não vai

acessar, se nem o celular tem mais. Eu

liguei e um certo Creudisvaldo aten-

deu, disse que achou o celular no li-

xo.

Daniel — Uma hora ele vai entrar e descobrir

que no seu perfil está “em um relacio-

namento sério com Daniel Ferreira”.

Carina — Assim ele volta correndo.

Daniel — Quer que ele volte, Carina?

Carina — (rindo) Não do jeito que você pensa.

Ele tem que voltar por seu pai e irmão

mais velho. Eles estão sofrendo.

Daniel — Nisso você tem razão, Carina.

Ele a beija. Corta para Jackeline e Bianca que de lon-

ge veem os dois.

Jackeline — Olha lá, Bia, Carina atacando o pa-

trão de novo!

Bianca — Ah, quer saber? Que sejam felizes,

com Eduardo eles viviam brigando e

rompendo...

Jackeline — Mas e a esposa? E Amélia?

Bianca — (impaciente) Deixa de ser mexeri-

queira, Jackie! O que tem Amélia, não

vê que ela ainda está com o marido,

está grávida dele?

Jackeline — As meninas não vão gostar quando

souberem.

Bianca — E por que elas têm de saber agora?

Deixe que Carina conte, naturalmente.

Corta para:

CENA 21. COBRASIL. SALA DE HELEN/ CALL CENTER. INTERI-

OR. MEIO-DIA.

Irene entra chorando na sala de Helen.

Helen — O que aconteceu com seu cabelo, ami-

ga?

Irene — Aqueles dois da Intercob jogaram su-

co em mim!


Helen — Amiga, eles querem mesmo o seu san-

gue, hein? O que você vai fazer?

Irene — Quero matá-los! Só assim terei paz.

Helen — Não é pra tanto, Irene. Meu caso é

pior que o teu.

Irene — O que aconteceu?

Helen — Daniel disse que vai me tratar como

uma empregada comum. Serei apenas a

monitora, estarei abaixo de Nilza. E

se você tiver problemas no Call Cen-

ter, não poderá mais me chamar para

disciplinar as vagabundas, só Nilza ou

ele.

Irene — Ou Eduardo, se ele estivesse aqui...

Helen — Ai, amiga, pense em mim agora! Está

vendo minha situação?

Irene — Ué, Helen, pelo menos ele não vai te

demitir.

Helen — Bem tenho que ir. Vou ter minha pri-

meira reunião com Daniel com nossos

advogados para discutir o divórcio.

Espero que isso acabe o mais rápido

possível.

Corta descontínuo para o CALL CENTER; Irene entre as

cobradoras na troca de horário do almoço.

Irene — Então, gente, vamos começar a co-

brar.

Nayara — O que houve com seu cabelo, Irene?

Irene — Nada que te interesse!

Amélia — Jesus, amado.

Jackeline — Com Eduardo sumido a Irene ficou uma

fera.

Carina — Ai, Jackie, vamos esquecer um pouco

o Eduardo?

Jackeline — Você já o esqueceu, hein, menina? Já

está aos beijos com o patrão na praça.

Todas — O quê?

Carina foi pega de surpresa.

Bianca — Jackie, eu disse para ficar quieta!


Close no rosto maléfico de Jackeline.

Corta para:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 22. COBRASIL. CALL CENTER. INTERIOR. TARDE.

Continuação imediata da cena anterior, tensão aumenta

com Jackeline sendo indiscreta com Carina.

Bianca — Jackie, eu disse para ficar quieta!

Jackeline — Todos iam saber, mesmo...

Bianca — Mas tem que ser você a portadora da

notícia, né? Você não resiste a uma

fofoca de comadre!

Carina — (levantando-se) Pois então, se que-

rem saber, eu estou mesmo com Daniel

Ferreira, ele está se divorciando da

Helen e agora nada me impede! Meu noi-

vo infelizmente quis sumir do mapa e

rompeu comigo antes disso, portanto se

alguém tiver algum problema que diga

na minha cara agora!

Todas ficaram assustadas com a firmeza e a coragem de

Carina. Nunca a tinham visto assim.

Irene — Pode deixar, Carina, o que acontece

em sua vida pessoal não é da conta de

ninguém. Entenderam? Vamos trabalhar.

Corta para:

CENA 23. ESTRADA. CARRO DE EDUARDO. INTERIOR. TARDE.

Eduardo dirigindo sorridente.

Eduardo — Por que não pensei nisso antes? Vou

para casa de tio Altamiro, lá em Baixo

Guandu! Eles vão gostar de rever o so-

brinho. Faz um tempo que não o vejo, a

tia Angélica e o primo Rodolfo. Será

que ainda o chama de Dolfinho?

E lá vai o carro de Eduardo estrada afora.

Corta para:


CENA 24. COBRASIL. SALA DE NILZA. INTERIOR. TARDE.

Carina entra perguntando por Daniel.

Carina — Nilza, onde está Daniel?

Nilza — Saiu para tratar do divórcio com He-

len e seus advogados.

Carina — Puxa, tão rápido!

Nilza — (sorrindo) Já devia ter feito isso

há muito tempo. Helen nunca prestou.

Há pouco Daniel veio em minha sala e

me disse tudo.

Carina — (sentando-se) É duro saber que a

pessoa com quem você viveu por sete

anos só estava por interesse.

Nilza — Ela foi muito esperta vindo aqui e

tentando aparentar que estava mudando,

mas no fundo tudo era falsidade. Agora

eu estou com mais certeza de que a es-

colha de Irene foi proposital.

Carina — Também acho. Irene é mandada por He-

len para agir como a neta de Hitler. O

motivo para tanto, eu ainda não sei.

Nilza — Bem, a verdade sempre vem à tona,

logo saberemos o motivo.

Corta para:

CENA 25. ÁREA RURAL DE BAIXO GUANDU/ SÍTIO AGUIAR. EX-

TERIOR. TARDE.

Vista geral da paisagem rural. CAM vai fechando no

carro de Eduardo até chegar ao destino. Eduardo para o

carro na porteira e sai. Perto dela, tem um senhor ca-

pinando. Ele para, olha para o visitante com o braço

no rosto por causa do sol, e o reconhece.

Altamiro — Ora, mas se não é meu sobrinho favo-

rito!

Eduardo sorri, mas não fica muito contente com a frase

do tio, porque se lembrou de Jeferson.

Eduardo — Tio Miro, como vai?


Altamiro — (abre a porteira) Vamos chegando,

Edu! Está de férias ou o quê?

Eduardo — É uma longa história, tio. Estou fu-

gindo de casa. Tive um problemão lá

com a família.

Altamiro — Ora, vou só me lavar um pouco e a

gente toma um café.

Corta para:

CENA 26. PRÉDIO EM OBRAS. INTERIOR. TARDE.

Geraldo se aproxima e encontra Jeferson trabalhando.

Geraldo — Jeferson, o que está fazendo? As úl-

timas paredes que você rebocou estão

malfeitas!

Jeferson — É mesmo?

Geraldo — (sorrindo) Seja franco comigo, fi-

lho, você quer trabalhar na Cobrasil,

não é? Senti desde o primeiro dia de

trabalho que você não é muito entusi-

asmado com o serviço de pedreiro.

Jeferson — Sim, Geraldo, sinto muito decepcio-

ná-lo, mas quando à Cobrasil...

Geraldo — Hã-hã, não venha me negar, não, ra-

paz. Você só está com receio por causa

do que seu irmão lhe disse, mas no

fundo você quer ocupar o lugar dele lá

no Ed. Ribamar.

Jeferson — Querer, eu quero, mas nessas condi-

ções? Se ele souber que eu ocupei a

vaga dele, ele não vai mais voltar.

Geraldo — Vai ver ele volta justamente por is-

so. E tem mais... A Carina.

Jeferson — Carina está com o chefe.

Geraldo — Você gosta dela, eu sinto que gosta.

Jeferson — Gostar, eu gosto, mas já me firmei

com a Bia.

Geraldo olha firme para Jeferson e ele, envergonhado,

volta a rebocar as paredes.

Corta para:


CENA 27. COBRASIL. BANHEIRO. INTERIOR. TARDE.

Carina está no banheiro lavando as mãos quando Amélia

entra. Mais tarde Irene vai intervir.

Carina — Está com enjoo? Pode usar o vaso.

Amélia — Estou com enjoo da sua cara de pau!

Com que história é essa de que está de

novo com Daniel? Esqueceu-se tão rápi-

do do Eduardinho?

Carina — “Dinho” ele não é. Não é questão de

esquecer, ele rompeu comigo, querendo

que eu ficasse com meu futuro cunhado.

Lógico que não vou fazer um absurdo

desses.

Amélia — E por que não? Finho não é um moreno

sexy e sarado como Eduardo, mas é um

bom homem. E está melhorando seu com-

portamento sendo responsável.

Carina — Mas ele faz isso por Bia, e não por

mim.

Amélia — E cá pra nós, ele tem umas feições

italianas que lhe caem bem.

Carina — (impaciente) Já decidi por Daniel,

Amélia! Por que se molesta com isso?

Ah, meu Pai, não me diga que ainda

sente algo por ele!

Amélia — Nunca desisti de Daniel.

Carina — Desista, pelo bem do seu filho! Da-

niel me ama e está se divorciando de

Helen, para tanto. E você, divorciou-

se de Carlos? Não, arranjou um filho

com ele! Não complique mais sua vida,

Amélia.

Amélia — Quem é você para dar conselhos, va-

dia?

Carina — Sou Carina Flores, muito prazer!

Irene intervém imediatamente sem que as duas percebam.


Irene — Discussão no banheiro, meninas? Pelo

menos não é no Call Center. Mas, por

que não voltam ao serviço?

Amélia — Já vou!

Amélia sai, chateada.

Irene — Não ligue para ela, Carina. Amélia

está furiosa por ter sido posta de la-

do.

Carina — Ela tem um filho no vente, ela ainda

está com Carlos. E Daniel prometeu mu-

dar, Irene, ele está se desfazendo de

todas as confusões.

Irene — (sorri) Se ele está disposto mesmo a

fazer mudanças, é porque ele te ama

mesmo, Carina.

Corta para:

CENA 28. MONEYCARD. CORREDOR. INTERIOR. TARDE.

Neusa encontra Vítor no corredor e o aborda.

Neusa — Vítor, por favor! Não deve estar

pensando que Andressa teve alguma coi-

sa a ver com aquele vazamento da Co-

brasil, certo? Ou você realmente acre-

dita?

Vítor — Não é questão de acreditar. O Sr.

Raion me disse para pergunta-la.

Neusa — Se vão tratar disso como um crime

cibernético que chamem a polícia para

investigar! Muito mais justo do que

acreditar em qualquer acusação, ainda

mais vindo de e-mail anônimo.

Vítor — Eu ainda vou relatar a Raion a nega-

tiva de Andressa. Mas, no fundo, eu

acredito que ela não seja capaz.

Neusa — Então deixe isso claro a ela, pois

até agora ela está chateadíssima.

Neusa segue seu caminho, deixando Vítor pensativo.

Corta para:


CENA 29. COBRASIL. SALA DE HELEN. INTERIOR. TARDE.

Helen e Irene conferenciam.

Irene — E como ficou aquela questão da An-

dressa?

Helen — Júlio ontem me disse que Andressa

foi interrogada. Agora ela está desmo-

ralizada na Central. E eu menti a Nil-

za dizendo que Raion não quer mais que

se comentem a ex-funcionários o que se

passa na empresa.

Irene — Ótimo, amiga, assim ela para de in-

formar a Andressa.

Helen — E Carina, como vai?

Irene — (ficando séria) Te surpreenderia se

eu te dissesse que ela já está com Da-

niel?

Helen — (ficando em pé) Safada! Mal passou

um dia em que Eduardo sumiu! Está ven-

do como ela o amava? (repara) Está

sorrindo por quê?

Irene — Ora, amiga, quando Eduardo voltar,

estará livre para mim. Duvido que ele

vai aceitar Carina pela terceira vez!

Hoje eu até fui mais paciente com a

vadia, defendi-a de Amélia.

Helen — Pois é, (olha o relógio) ainda bem

que vou me livrar disso tudo. Que es-

sas quengas fiquem se gladiando pelo

cafajeste, cansei. Amiga, continuamos

em casa, devo ir ao tribunal.

Irene — Tudo de bom, amiga.

Helen pega sua bolsa e sai.

Corta para:

CENA 30. MONEYCARD. SALA DE JÚLIO. INTERIOR. NOITE.

Júlio e Vítor conversam sobre o resultado de suas con-

versas com Helen e Andressa.

Vítor — Andressa nega de pés juntos, Júlio,

e eu sinceramente creio nela.


Júlio — Pois bem, a Sra. Ferreira também

pensa assim e não há mais ninguém que

saiu da Cobrasil com raiva da empresa.

Mas, espero que ela reflita sobre essa

questão de ficar contando as barbari-

dades da empresa a ex-funcionários.

Vítor — Sim, creio que Andressa também vai

refletir nisso. Ela tem que se concen-

trar na gente, agora.

Júlio — Exatamente.

Vítor — E hoje a notei chateada, creio que

se sente acusada injustamente.

Júlio — (rindo) Pode deixar que vou chama-la

para explicar tudo.

Corta para:

CENA 31. CASA DE ALTAMIRO. COZINHA. INTERIOR. NOITE.

A família está jantando.

Angélica — Daqui a pouco Dolfinho está chegan-

do.

Eduardo — Há, há, ainda o chamam assim?

Altamiro — Sim, ele vai ficar muito feliz com

sua presença.

Angélica olha firme para Altamiro.

Angélica — Ele está trabalhando em um supermer-

cado na cidade.

Eduardo — Diego não quis tentar não?

Altamiro — (rindo) Esse quis ir mais longe, es-

tá lá na sua casa, tentando a sorte.

Da última vez que ligou disse que está

trabalhando em um escritório com ar

condicionado, veja só a folga...

Angélica — Ah, Edu, ligando o Diego outra

vez... Se ele perguntar por você? Tem

certeza de que não quer que a gente

diga que você está aqui?

Eduardo — Tenho, tia. Quero que Finho e pai

resolvam as diferenças. Quero dar a

chance de Finho mudar a sua vida sem


eu por perto. Ai, sim, quem sabe eu

volto.

Altamiro — Mas, se mesmo assim as coisas derem

errado para ele? Finho não pode ter

culpar a vida toda por tudo de ruim

que acontece a ele, Edu.

Eduardo — Estando eu longe, aí ele não terá

mais como me culpar.

Corta para:

CENA 32. CASA DE IRENE. SALA. INTERIOR. NOITE.

Irene está assistindo televisão. Helen chega, nervosa,

decepcionada.

Irene — E então, Helen, como foi a audiên-

cia?

Helen — Um horror! Nunca vi Daniel tão cheio

de ódio. Tudo o que ele sentia contra

mim foi ventilado, me senti nua diante

dos advogados.

Irene — Não falou sobre as amantes dele?

Helen — Falei, falei de tudo o que esse ca-

chorro me fez passar, mas o advogado

dele rebateu tudo mostrando que eu era

a culpada, por ser uma esposa frívola

interessada apenas em gastar o dinhei-

ro dele, mencionou o meu caso com Mau-

rício, enfim, deu tudo na mesma. Não

estou me sentindo em vantagem nessa

parada.

Irene — E agora, o que vai fazer?

Helen — Depois eu conversei com meu advoga-

do, e disse que eu queria resolver is-

so o mais cedo possível. Se eu insis-

tisse em querer levar alguma coisa de

Daniel teríamos que ir ao Tribunal,

iam chamar Danilo, Maurício e não sei

quem mais para depor e... Aff, não es-

tou com paciência para tanto.


Irene — Não vai querer nem uma “indenização”

por tudo o que você passou?

Helen — E Daniel tem como pagar? Olhe como

está a Cobrasil, Irene! Se eu quiser

alguma coisa, Daniel não vai me pagar,

poderá ir até para a cadeia. E como eu

vou receber com ele preso? Não, eu

preciso de dinheiro para ontem!

Irene — E a solução está em outra pessoa...

Helen — Sim. A única coisa que quero por ora

é continuar na Cobrasil como monitora

e com sua ajuda massacrar aquelas va-

dias, em especial a Carina.

Irene — Isso mesmo, será melhor que toda a

grana do mundo.

Corta para:


Maurício visitando Carina e sendo informado das novas.

Maurício — E então não vão procurar Edu?

Carina — Tião acredita que Edu só foi dar uma

volta e depois retorna para casa.

Maurício — Para onde ele iria?

Carina — Tem uns tios que moram em Baixo

Guandu, sou capaz de apostar que ele

esteja lá.

Maurício — Quando eu liguei um tal de Creu-

disvaldo atendeu.

Carina — (rindo) O pobre deve estar feliz com

o smartphone que achou no lixão. Mas

não será por muito tempo, Edu logo

manda bloquear a linha.

Maurício — E como está você, maninha?

Carina — Maurício, eu vou te contar logo. Da-

niel e eu voltamos.

Maurício — Mas será possível?

Carina — Sim, é possível! Eduardo rompeu co-

migo, tirou a aliança do dedo e a deu

para Finho. Depois sumiu de casa sem


me dar explicação. Ficou falando que

ia me deixar por que Finho me amou

primeiro, e outras babaquices! Não

aguento mais esse vai e volta, Maurí-

cio!

Maurício — E então porque não escolhe outro?

Carina — Eu amo Daniel e ele já está provi-

denciando o divórcio da esposa.

Maurício — Da esposa ele larga mão, mas e das

amantes?

Carina — (rindo) Foi a primeira coisa que ele

fez! Ontem eu vi Gisele toda chorosa,

creio que ele já a desiludiu. E hoje

tive que enfrentar a fúria da Amélia.

Maurício — A que está grávida do marido? Poxa,

ela ainda insiste?

Carina — Insiste, mas quem sabe um dia ela

recobra o juízo?

Maurício — Bem, só me resta fazer alguma coisa,

então. Conversar com Daniel e ordená-

lo que a trate com respeito, se não

quer ser encontrado morto num valão.

Carina — (rindo) Ai, ai, irmãozinho...

Maurício — (rindo) O quê, estou falando sé-

rio...

Corta para:

CENA 34. CASA DE ALTAMIRO. SALA. INTERIOR. NOITE.

Rodolfo chega a casa depois de trabalhar.

Rodolfo — Noite, gente!

Altamiro — Boa noite, filho, temos visita.

Rodolfo arregala os olhos e sorri de orelha a orelha.

Rodolfo — Edu? É você, primo?

Eduardo — Eu mesmo, primo. (os dois se abra-

çam, Eduardo teve certa dificuldade em

se separar) Opa, que abraço apertado,

hein.


Rodolfo — (desculpando-se) É saudade, primo.

Como está meu irmão lá na cidade gran-

de, aprontando?

Eduardo — Ele não costuma telefonar?

Rodolfo — Sim, mas vá saber se ele só nos con-

ta a parte boa?

Altamiro e Angélica riem. Na televisão começa uma

abertura de novela.

Televisão — “Ma-ri-mar, AU!! Costeñita soy, con

mis abuelos crezci yo...”

Rodolfo — (rindo) Xi, primo, começou a novela,

vamos conversar lá no meu quarto?

Eduardo — Vamos (quando a abertura mostra Edu-

ardo Capetillo) olhem, meu xará!

Corta para:

CENA 35. CASA DE BIANCA. SALA. INTERIOR. NOITE.

Bianca também está sintonizada em “Marimar”.

Jeferson — Ai, que droga, essa novela reprisa

todo ano!

Bianca — Silêncio, Finho, quero ver o capítu-

lo de hoje... Olha lá seu irmão! Viu,

ele fugiu para gravar com a Thalía,

sortudo hein?

Jeferson — (fazendo cócegas nele) Sua piadista,

cheio da graça.

Mãe da Bianca — Menina, vai assistir à novela ou

ficar com assanhamento?

Jeferson — Tudo bem, senhora, eu já vou.

Bianca — Não, Finho, fica comigo, hoje o ca-

pítulo está bombando.

Jeferson — Ora, estava tão boa a nossa conver-

sa...

Bianca — Então fala, o que você estava dizen-

do?

Jeferson — Queria saber se não teria importân-

cia para você se eu resolvesse traba-

lhar na Cobrasil.


Bianca — (sorrindo) Deveras? (o abraça) Eu

acharia o máximo, meu amor!

Jeferson — Acho que eu devo aproveitar, sei lá,

só me sinto mal por Edu.

Bianca — Se ele quis assim, amor, fazer o

quê?

Jeferson — É, você tem razão. Olha lá, meu ir-

mão aos beijos com a Thalía, como po-

de?

Bianca caia na gargalhada, enquanto a mãe dela fazia

“schiiiiiiiiiiiiiiii”.

Corta para:

CENA 36. CASA DE ALTAMIRO. QUARTO DE RODOLFO. INTERI-

OR. NOITE.

Eduardo está se preparando para dormir e tira a roupa.

De repente, lembra-se de que não está em casa e rapi-

damente veste a cueca. Quando ele põe o primeiro pé na

bermuda, Rodolfo chega e o olha.

Eduardo — Ai, desculpe, primo, eu...

Rodolfo — Pode ficar à vontade, primo. Se você

dorme até nu na sua casa, eu não me

importo.

Eduardo — (tímido) Ora, não tenho essa cara de

pau.

Rodolfo — (tirando a camisa) Bem, eu sou mais

careta, durmo de camiseta e short, mas

tudo bem, é o costume, né?

Rodolfo pisca o olho para Eduardo. Eduardo permanece

com a bermuda.

Rodolfo — Edu, eu acho uma sacanagem o que Fi-

nho fez contigo. Eu me lembro de que

ele era sempre invejoso. Lembro muito

bem do escândalo que ele armou, quando

éramos crianças; meu pai queria levar

vocês para ver como se ordenha uma va-

ca. Só que em vez dele falar “quer vir

comigo, meninos?”, ele perguntou “quer

vir comigo, Edu?” Aí pronto, Finho co-


meçou a berrar “E eu, não vou?” Que

papelão, tio Tião ficou numa vergo-

nha...

Eduardo — Finho está obcecado com essa síndro-

me de rejeição, por isso eu saí de ca-

sa para dar tempo dele pensar. Quero

que ele pegue minha vaga na empresa,

quero que ele se case com minha ex-

noiva, quero que ele recupere o que

ele diz que perdeu por minha causa.

Rodolfo — E quando ele se der conta que não

perdeu nada por sua culpa?

Eduardo — Quem sabe aí ele peça perdão e eu

volto.

Rodolfo — (sorrindo) Até lá você vai ficar

aqui, né primo?

Eduardo — (Sorrindo) Vou sim, primo.

Eduardo se deita e fica com a coberta da cintura para

baixo. Rodolfo olha longamente para o físico dele e

depois deita na sua cama, apressado.

Corta para:

CENA 37. CASA DE DANIEL. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Michele visitando Danilo, os dois no sofá conversando.

Danilo — E agora, meu pai prometeu ser um ho-

mem honesto daqui pra frente.

Michele — Que bom, Danilo, ótimo saber disso.

Sua mãe nunca me caiu bem.

Danilo — Nem é minha verdadeira mãe, se quer

saber.

Michele — Não? Eu não sabia.

Danilo — Sim, meu pai é divorciado, minha le-

gítima mãe ficou em Minas.

Michele — Bem, você não vai se importar em ter

uma madrasta apenas dois anos mais ve-

lha que você?

Danilo — Contanto que Carina faça meu pai fe-

liz, não me importo com isso. E de-


pois, não ficarei sob sua guarda por

muito tempo.

Michele — O que quer dizer?

Danilo — (se aproxima e fala romanticamente

para Michele) Michele, você quer namo-

rar comigo?

Michele — Sério? Ai, Danilo, não sei o que di-

zer...

Danilo — (sorrindo) Diga que sim, ora!

Michele — (rindo) Está bem, eu aceito!

Os dois dão o primeiro beijo de namorados.

Corta para:

CENA 38. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. NOITE.

Sebastião está sozinho na sala, Jeferson e Diego já

estão dormindo. Ele pega o telefone e disca. Planos

alternados com Altamiro, na CASA DE ALTAMIRO, SALA

(INT. NOITE). Altamiro atende surpreso pela hora.

Altamiro — (tel) Alô?

Sebastião — (tel, falando baixo): Oi, Miro, como

vai?

Altamiro — (tel) Tião? Me ligando a essa hora?

Sebastião — (tel) É, não tinha nada a fazer e

resolvi ligar. Como vão as coisas aí?

Altamiro — (tel) Aqui vai bem, irmão, obrigado.

Diego está dando muito trabalho?

Sebastião — (tel) Ele e Finho já estão dormindo.

Diego está amando o serviço na Cobra-

sil.

Altamiro — (tel) Irmão, fale a verdade: você me

ligou para saber se Edu está aqui?

Sebastião — (tel/respira fundo) Não consigo men-

tir para você, maninho. Estou sim. Eu

sei que você já me disse que não on-

tem, mas...

Altamiro — (tel/também respira fundo) E eu,

consigo ocultar alguma coisa? Tião,

por favor, não fale com ninguém ai.

Eduardo chegou aqui hoje à tarde. Fi-


cou vagando estrada afora até se lem-

brar da gente. Ele pediu a nós que não

contássemos a ninguém. Ele me contou

uma história muito absurda entre ele e

Finho. Isso realmente procede, Tião?

Sebastião — (tel) Procede, Miro, infelizmente.

Bem, ao menos sei que ele está vivo e

salvo. Miro, meu filho quase teve um

problema de saúde esses dias e está

com a perna esquerda comprometida.

Olhe esse detalhe por mim.

Altamiro — (tel) Ok, Tião, mas você não vem vê-

lo, buscá-lo?

Sebastião — (tel) Miro, ao menos dormirei tran-

quilo sabendo que ele está aí. Depois

eu vejo o que faço. Vamos manter isso

em segredo.

Altamiro — (tel) Com certeza, se ele souber que

eu te contei, ele me mata, hê, hê.

Sebastião — (tel) Então tá, boa noite.

Altamiro — (tel) Boa noite.

Sebastião desliga. Tem a impressão de que tinha alguém

escutando. Anda para o corredor da casa, mas vê nin-

guém.

Corta para:

FIM

recanto das letras capítulo 28 recuperando a paixãorecuperando a paixão capítulo 28 pág.: 2...

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