recuperando a paixão · maurício — e então, tião, como hoje é meu dia de folga, quero...

Recanto das Letras

Séries de Web Produção Capítulo 10

Recuperando a Paixão

Novela de José Pereira

Escrita por

José Pereira

Versão Internacional de

“Recuperando a Paixão” (2015)

Personagens deste capítulo

AMÉLIA

BIANCA

CARINA

CARLOS

DANIEL

DANILO

EDUARDO

FERNANDO

GISELE

HELEN

IRENE

JACKELINE

JEFERSON

MÁRCIA

MAURÍCIO

MICHELE

NAYARA

NILZA

SEBASTIÃO

SERAFIM

Recuperando a Paixão Capítulo 10 Pág.: 1

CENA 1. AEROPORTO DE VITÓRIA. SAÍDA. EXT. MANHÃ.

Domingo. Visão ampla do aeroporto, CAM vai fechando na

porta principal. Uma mulher está andando para a saída

do aeroporto com malas, uma de mão e a outra de rodi-

nhas. Ao lado, seu esposo. CAM chegando mais perto, os

dois param e sorriem.

Amélia — Voltamos para casa, amor.

Carlos — Isso mesmo, querida.

O casal continua andando.

Corta para:

CENA 2. COBRASIL. RECEPÇÃO. INTERIOR. MANHÃ.

Segunda-feira. Todas as funcionárias aguardam Amélia

com grande expectativa.

Carina — Estou ansiosa para finalmente conhe-

cer essa Amélia!

Nayara — Será que ela vai concordar com a me-

ta de cinco mil reais?

Irene — Pelo que vocês falam dela, ela con-

seguirá.

Jackeline — Silêncio, acho que ela já vem...

Gisele — (baixo) A linguaruda é quem pede si-

lêncio!

Amélia chega com pompa para a Cobrasil, bem arrumada,

penteada e maquiada, parecia que ela era a dona da Co-

brasil, e não a cobradora.

Todas — AMÉLIA!

Abraço coletivo. Irene e Carina permanecem onde estão.

Amélia — Onde está a Dessa?

Imediatamente todas se calam. Abraço desfeito. Close

em Irene que tem um sorriso de deboche.

Corta para:

CENA 3. CASA DE DANIEL. SALA DE ESTAR. INT. MANHÃ.

Helen e Danilo impacientes, aguardam Daniel que por

“coincidência” está atrasado. Ela grita da escada.

Helen — Vamos, amor, estou curiosa para ver

como Amélia está.


Danilo — Não acredito que pai vai se atrasar

logo hoje.

Daniel — (aparecendo apressado) Eu estou

pronto, vamos!

Helen — (pensando) Se atrasou de propósito,

pelo amor de Deus, será que ele tem

medo de rever essa vadia?

Daniel pega as chaves e sai rápido para a garagem.

Corta para:

CENA 4. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.

Maurício uma vez mais visita Sebastião. Os dois tomam

café.

Maurício — E então, Tião, como hoje é meu dia

de folga, quero perguntar como foi com

minha irmã e seu filho.

Sebastião — Xi, Maurício, foi mal. Meu filho não

conseguiu reconquistar a Carina. Apa-

receu furioso dizendo que ela quer

mesmo o chefe.

Maurício — Por isso que Jeferson não me disse

nada por celular.

Sebastião — Também, do que adiantaria?

Maurício — Teria aparecido na casa de Carina e

falado algumas para ela.

Sebastião — Ela está convicta, meu filho, é me-

lhor esquecermos esse assunto.

Maurício — Podemos esquecer, mas será que ela

vai esquecer? E Edu?

Os dois se entreolham, na dúvida.

Corta para:

CENA 5. COBRASIL. RECEPÇÃO. INTERIOR. MANHÃ.

Continuação da cena 02. Demora uns segundos de silên-

cio entre o grupo até Jackeline, a fofoqueira, ser a

portadora da notícia.

Jackeline — Amélia, sentimos muito dizer, mas

Dessa não está mais com a gente. Ela

se demitiu.


Amélia — Se demitiu? O que aconteceu?

Bianca — A Sra. Ferreira, ela começou a tra-

balhar aqui e está mandando mais do

que o chefe. Obrigou Andressa a nos

desafiar em fevereiro conseguir rece-

ber dos clientes R$ 5.000,00 cada uma.

Amélia — Sim, e Dessa não quis submeter vocês

a isso?

Michele — Sim, como você vê, Dessa foi altru-

ísta.

Amélia — Dessa foi otária, isso é o que ela

foi! Eu não acredito que vocês estão

com medo de atingir essa meta, estão?

Nayara — Sem a Dessa por perto, estamos sim!

Amélia — Mas não devemos temer, chegou aquela

que já fez quase cinco mil, baterei

essa meta com certeza e vocês também

se sairão vencedoras!

Todas começam a bater palmas. Close em Irene continu-

ando na dela, com raiva porque Amélia se mostra uma

líder nata.

Corta para:

CENA 6. TRANSPORTADORA CAMPOS. EXTERIOR. MANHÃ.

Eduardo está esperando o caminhão estacionar. Ele pas-

sa a mão no bolso e pega o papel em que Irene anotou

seu celular.

Eduardo — Será que ela está disponível hoje?

Vou ligar no horário de almoço dela.

Corta para:

CENA 7. COBRASIL. SALA DA COBRANÇA/ SALA DE NILZA. IN-

TERIOR. MANHÃ.

As cobradoras se preparam para trabalhar. Amélia vai

travar conhecimento com as novatas.

Amélia — Seja bem vinda à Cobrasil, Carina.

Carina — (inocente) É um prazer finalmente

conhecer você, Amélia, aqui todas fa-

lam bem de você.


Amélia — É mesmo?

Amélia lança olhares para as outras moças e elas ficam

temerosas.

Irene — Sim, todas te respeitam muito bem.

Amélia — E você é a...

Irene — Irene Klein, vim da Intercob.

Amélia — Se refere àquela assessoria desgra-

çada que arranca o couro dos clientes,

enfiando-lhes valores absurdos e ainda

mentindo que é o valor com desconto?

Por isso que vocês eram sempre os cam-

peões.

Carina — Como assim?

Amélia — Simples, Carina: Se um cliente deve

R$ 200,00; o cobrador da Intercob men-

te dizendo que o cliente deve R$

600,00 e ainda diz que é o valor com

desconto.

Gisele — Sério isso, Irene?

Márcia — (irônica) É por isso que recebia R$

14.000,00!

Irene — (nervosa) N-não, gente, alguns fazem

isso, mas EU não fazia não...

Gisele — Menos mal, Irene, aqui na Cobrasil

um cliente meu de R$ 30,00 não pagou,

imagine um caso desses.

Amélia — Mas infelizmente, Gisele, muitos

clientes que não guardam as faturas

acabam acreditando nesses valores e

pagam.

Corta para a porta, Helen entrando e vendo Amélia.

Helen — (chegando) Bom dia a todos... Final-

mente você voltou, Amélia.

Amélia — (berrando) O que você está fazendo

aqui?

Corta para a SALA DE NILZA, Daniel entra e a encontra.

Nilza — Amélia já chegou, você a viu?

Daniel — Ainda não, vim direto ver se você

imprimiu o pagamento de sexta.


Nilza — Aqui está. R$ 900,00.

Daniel — (lendo) Ã, dois da Irene, a guria

está mandando bem. Melhor do que R$

50,00.

Nilza — E então, Daniel, quem será a nova

supervisora? Ou iremos contratar ou-

tra?

Daniel — Não, vai ser alguém daqui.

Nilza — (assustada) E será a Helen?

Daniel — Não, eu não permitirei isso (Nilza

se alivia) estou pensando em Irene ou

Amélia.

Nilza — Irene?

Daniel lhe devolve a folha.

Daniel — Algo contra?

Nilza — Acabou de chegar, está ainda na ex-

periência. Amélia tem mais tempo de

casa.

Daniel — Mas, Irene esteve na Intercob. Estou

pensando em telefonar para lá e pedir

referências. Vamos com calma nesse as-

sunto.

Nilza olha desconfiada.

Nilza — (pensando) Será que ele não quer de-

signar Amélia para não ficar tão óbvio

o que rola entre eles dois? Ai, chefe,

todo mundo já sabe!

Corta para:

CENA 8. INTERCOB. SALA DE FERNANDO. INTERIOR. MANHÃ.

Fernando Gonçalves, dono da Intercob, entra em sua sa-

la. Percebe em sua mesa currículos deixados pela se-

cretária. Ele se senta e passa a analisa-los. Encontra

o envelope de Andressa, o abre, e o lê. Close no rosto

dele, sorrindo.

Fernando — Cobrasil? Essa não quis mais ser bo-

nequinha do Daniel Ferreira. Bem, que-

rida, se quer ser levada a sério, aqui


é o lugar certo. E era supervisora,

justamente o que procuro.

Fernando separa o currículo e se volta para os outros.

Corta para:

CENA 9. COBRASIL. SALA DA COBRANÇA/SALA DE DANIEL. IN-

TERIOR. MANHÃ.

Continuação da cena 07, encontro tenso entre Helen e

Amélia. Cobradoras ficam em alerta, temendo briga.

Helen — (irônica) Calma, amiga, estou traba-

lhando agora aqui.

Amélia — Achei que era piada das meninas. O

que você entende de administração de

empresa?

Helen — Muita coisa, querida, tanto é que

estou ajudando no crescimento da Co-

brasil com ideias que deixam meu mari-

do de queixo aberto.

Amélia — Seu marido só fica de queixo caído

com seu corpo e beleza; mas atitude,

sentimentos e intelecto = zero!

Helen — E como você sabe tanto sobre meu ma-

rido, piranha?

Amélia — Por estar com ele mais tempo nessa

empresa.

Helen — Pois bem, agora cheguei no pedaço e

a boa vida vai acabar! Estou de olho

em você, Amélia.

Helen sai. Corta descontínuo para a SALA DE DANIEL;

Helen está com ele se queixando.

Helen — A quenga mal chegou e já foi me pei-

tando, amor.

Daniel — Já não pedi para parar de chamar

nossas funcionárias desses nomes?

Helen — Não consegui me conter; ela me pro-

vocou.

Daniel — Não importa, chame todo mundo para

uma reunião.

Helen — Como quiser, querido.


Helen sai sorridente, pois sabe que é agora que Daniel

vai determinar a meta que ela queria às cobradoras.

Corta para:

CENA 10. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.

Sebastião está abrindo a porta para Carlos. Os dois

demonstram serem amigos antigos, primeiro se abraçam.

Sebastião — Carlos, voltou de viagem!

Carlos — Atrapalho?

Sebastião — Não, não, vamos chegando.

Carlos — E quais são as novidades?

Sebastião — Nenhuma, você é que deve ter muitas!

Viagem a Salvador, Porto Seguro...

Carlos — Tome, eu trouxe uma porção de fotos.

Carlos dá um álbum para Sebastião ver. Os dois sentam-

se no sofá. Tempo, Sebastião folheando. Breve insert,

mostra foto de Carlos e Amélia na praia.

Sebastião — Ah, que bonito... Amélia está muito

bem, pelo visto.

Carlos — Ela está melhor do que nunca. Está

grávida.

Sebastião — É mesmo?

Corta para:

CENA 11. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. MANHÃ.

Todos reunidos na sala de Daniel para ouvir o chefe da

Cobrasil.

Daniel — Obrigado por comparecerem. Pois bem,

primeiramente, quero dizer que a essa

altura todas vocês estão cientes de

uma mudança que a Moneycard fez, com

respeito ao nosso pagamento. A partir

desse mês vamos receber 20%, e não

mais 30%, de tudo o que vocês conse-

guirem recuperar. Então, eu esperava

por certa quantia e agora receberei

10% a menos. Ao mesmo tempo, a Mo-

neycard nos disponibilizou duas novas

remessas de clientes em débito, tota-


lizando 15.000 novos clientes. Somando

com os clientes que nós já temos, eu

acredito que temos o suporte necessá-

rio para se esperar por um valor recu-

perado a partir de fevereiro.

Carina — (pensando) Ai, meu Deus, essa meta

vai mesmo valer...

Daniel — Com isso, eu, Daniel Ferreira, jun-

tamente com minha esposa Helen, a mo-

nitora (algumas sorriem ironicamente),

e Nilza, a gerente, entramos em um

acordo e firmamos um compromisso para

o mês que vem. Esperamos que cada re-

cuperadora de crédito receba no mês

que vem o valor de R$ 5.000,00.

As moças começam a se sentir desconfortáveis com a no-

tícia.

Daniel — Entendo meninas, que eu dava para-

béns a vocês quando conseguiam dois

mil, três mil, mas agora as coisas mu-

daram. É necessário muito mais daqui

por diante. Eu gostaria que, ainda

nesse mês de janeiro, ao menos vocês

conseguissem três mil. Estou vendo al-

gumas de vocês, como Michele, receben-

do quitações de R$ 300,00 a R$ 500,00.

Confio plenamente em vocês, que vocês

são mulheres capazes, corajosas e ba-

talhadoras, e que vão conseguir manter

a Cobrasil na disputa. Temos Amélia,

que é a mais experiente, e Irene, que

veio da nossa maior concorrente. Temos

uma equipe formada para triunfar.

Helen — E por isso, meninas, queremos deixar

esse compromisso por escrito, aprovado

e assinado por todas vocês, para jun-

tos trabalharmos com a vitória em men-

te. Aqui está (estende a folha) Dani-

el, Nilza e eu já assinamos. Lamenta-


velmente, Andressa não quis assinar. E

nesse momento crítico, não podemos

abandonar a Cobrasil por covardia.

Helen estende a folha para Irene, mas foi Amélia quem

pegou.

Amélia — Estou de acordo e assino.

As outras assinam em seguida. Helen sorria para Dani-

el.

Daniel — Muito obrigado pelo apoio, meninas.

Agora vamos ao trabalho.

Todas saem como se tivessem assinado a presença de um

funeral.

Corta para:

CENA 12. CASA DE SEBASTIÃO. COZINHA. INT. MEIO-DIA.

Sebastiao termina de fazer o almoço. Carlos ainda está

presente.

Sebastião — Fique para almoçar, Carlos.

Carlos — Cara, acho que vou ficar mesmo, está

cheirando.

Sebastião — Desde que fiquei viúvo, tinha de

aprender a cozinhar.

Carlos — E seus filhos?

Sebastião — Finho finalmente resolveu trabalhar

por mais de duas semanas.

Carlos — Hum, quando toma jeito assim, é por-

que tem uma gata na mira.

Sebastião — (rindo) Há, há, há, isso mesmo, ele

gostou de uma.

Carlos — E o mais novo, Edu?

Sebastião — (desfez o sorriso) Esse está com o

coração destroçado, amigo.

Carlos — Não está mais namorando?

Sebastião — Pior: foi abandonado pelo patrão do

serviço.

Sebastião desliga o fogão.

Sebastião — Pode fazer seu prato.

Carlos — (pega um) Se encantou pela grana do

patrão, hein?


Sebastião — Nem tem tanta grana, a empresa não é

lá essas coisas, é um escritório de

cobrança de cartão de crédito.

Carlos — Tipo onde trabalha minha esposa, a

Cobrasil.

Sebastião — Que engraçado, creio que é esse mes-

mo o nome da empresa.

Carlos deixa o prato cair no chão.

Corta para:

CENA 13. COBRASIL. SALA DA COBRANÇA. MEIO-DIA.

Carina, Irene, Jackeline, Márcia e Bianca voltam do

restaurante.

Nayara — Não foram passear hoje?

Márcia — Quem tem ânimo para passear depois

dessa reunião?

Carina — Creio que não passarei na experiên-

cia; ainda estou com R$ 300,00 e o

chefe quer que eu receba R$ 3.000,00.

Irene — Carina, você chegou aqui dia 14, dá

para fazer pelo menos a metade.

Márcia — (cansada) Cale a boca, Irene, você

não ajuda em nada.

Irene — E o que foi que fiz para você falar

assim comigo, garota?

Carina — Chega, gente, não vamos atrapalhar

as outras.

Amélia — (tel) Obrigada, senhor, boa tarde.

(desligou) Mais um.

Michele — Pôxa, Amélia, já é o quarto acordo.

As outras ficam admiradas com a competência de Amélia.

Gisele — Irene também é fera na cobrança, as

duas sim, conseguem bater a meta. Já a

gente...

Amélia — Meninas, vamos fazer o seguinte? Co-

mo já estamos no fim do mês, vamos fe-

char acordos para fevereiro! Assim a

gente começa o mês já garantindo algum

valor. Se fecharmos 20 acordos para


mês que vem e pelo menos dez pagarem,

já é alguma coisa.

Nayara — Boa ideia, amiga, vamos jogar as da-

tas para dia 03, 05, 10, é a data que

a maioria recebe, mesmo.

As garotas se animam, menos Irene, pois ela já tivera

essa ideia, mas ao contrário de Amélia, não queria

ajudar as outras.

Corta para:

CENA 14. RESTAURANTE CHIQUE. INTERIOR. MEIO-DIA.

Daniel e Helen almoçando, ela resolve provocá-lo.

Helen — A Amélia te mostrou as fotos de Por-

to Seguro, amor?

Daniel — Ainda não, não falei com ela ainda.

Só a vi na reunião.

Helen — Nossa, querido, vou pensar que você

está fugindo dela.

Daniel — Pense o que quiser, não sou obrigado

a falar com quem não quero.

Helen — E por que você não quer falar com

ela?

Daniel — (irritado) Não é que eu não quero,

eu não tive oportunidade!

Helen — (sacana) Calma, Daniel, vamos mudar

de assunto.

Helen se diverte com o nervosismo de Daniel.

Corta para:

CENA 15. CASA DE SEBASTIÃO. COZINHA/ SALA INTERIOR.

MEIO-DIA.

Sebastião varria os cacos e consolava Carlos.

Carlos — O almoço estava bom, mas me desc/

Sebastião — (corta) Não se preocupe com o prato,

Carlos, mas está tudo bem?

Carlos — Tião, em outro dia a gente conversa

com mais calma.

Sebastião — Tudo bem, amigo, mas você me deixou

preocupado.


Carlos — Não, não se preocupe, na hora certa

eu te conto.

Sebastião — Tudo bem. Tchau!

Carlos se afasta e ele volta para a SALA.

Sebastião — Que esquisito, deixou o prato cair e

ficou pálido quando mencionei a Cobra-

sil, o que será que foi?

Corta para:

CENA 16. RUA CAPIXABA. EXTERIOR. MEIO-DIA.

Carlos fecha o portão da casa de Sebastião e vai en-

trando em seu carro, apressado, preocupação estampada

no rosto.

Carlos — Se for mesmo a Cobrasil, se for o

mesmo chefe...

Corta para:

CENA 17. COBRASIL. SALA DA COBRANÇA/ RECEPÇÃO. INTERI-

OR. MEIO-DIA.

Ainda esperando dar seu horário, Irene sente o celular

vibrar.

Irene — Ui, meu celular está tocando.

Corta rápido para a RECEPÇÃO, Irene sai e atende.

Irene — (cel) Alô?

Corta rápido para:

CENA 18. TRANSPORTADORA CAMPOS. PÁTIO. EXTERIOR. TARDE

(Alternar diálogos desta cena com a cena anterior)

Eduardo está encostado no muro.

Eduardo — (cel) Irene? É Eduardo.

Irene quase que cai para trás.

Eduardo — (cel) Liguei em má hora?

Irene — (cel) Eduardo, eu não esperava...

Quero dizer, claro, se eu dei meu nú-

mero... Bem, o que você manda?

Eduardo — (cel) Bem, estive pensando no que

você disse, e acho que precisamos con-

tinuar com aquela conversa. Você vai

sair hoje à noite?


Irene — (cel) Não, sou sozinha, como você

sabe.

Eduardo — (cel) Ótimo, podemos nos encontrar

em algum lugar, pode ser?

Irene — (cel) Será um prazer, Eduardo. Espe-

re que vou tomar nota.

Corta descontínuo para:

CENA 19. COBRASIL. SALA DA COBRANÇA/ SALA DE DANIEL.

INTERIOR. TARDE.

Na SALA DA COBRANÇA, Irene retorna sorridente.

Irene — Parece que os sinos nupciais estão

tocando para mim. Marquei um encontro.

Gisele — Ai, amiga, boa sorte. Espero que seu

amigo seja um gato.

Irene — Ah, com certeza, amiga.

Close em Carina que se intriga.

Carina — (pensando) Será que é Eduardo?

Corta descontínuo para a SALA DE DANIEL. Ele está con-

centrado no computador quando Carina para no limiar.

Carina — Dá licença?

Daniel — Não precisa pedir, Carina.

Carina — Daniel, confesso que assinei o com-

promisso da meta, mas não me sinto ca-

paz de cumpri-la. Dessa com certeza

saberia me instruir melhor, e agora

estamos sem supervisora. Por que Helen

tinha que demiti-la, justo agora?

Daniel — Carina, já falei n vezes que Andres-

sa se demitiu.

Carina — (séria) Não importa o quanto você

fale, Daniel, eu sei que não foi as-

sim. Andressa se demitiu por causa de

Helen, ou seja, simbolicamente, Helen

a expulsou daqui.

Daniel — Não vamos falar sobre isso, Carina.

Ele a abraça.

Carina — Eu preciso tanto de você, Daniel, de

sua força, confiança...


Daniel — Eu creio que você triunfará na Co-

brasil, Carina, será melhor que Irene,

até melhor que Amélia.

Carina sai do abraço e o olha sorridente.

Carina — Melhor do que Amélia?

Amélia — (off) Quem é melhor do que eu?

Daniel e Carina levam um susto. Abre em Amélia, en-

trando altiva.

Carina — Ai, com licença, chefe, vou voltar

para minha mesa.

Amélia — Faz bem, Carina, preciso conversar

com esse senhor.

Carina sai correndo. Amélia tranca a porta.

Daniel — Trancou a porta para quê?

Amélia — Você sabe muito bem.

Amélia joga os braços em Daniel e o beija, ele também

a envolve e a beija loucamente. Tempo, Daniel e Amélia

aos amassos.

Corta para:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 20. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. TARDE.

Continuação da cena anterior, Daniel e Amélia encerram

o beijo escandaloso. Ela toma fôlego.

Amélia — Como senti falta desses beijos.

Daniel — Conversa, você teve um mês inteiro

beijando seu marido.

Amélia — Não me fale naquele infeliz. (se

afasta) Bem, querido, voltei e quero

saber em detalhes o que aconteceu na

Cobrasil.

Daniel — Isso o que você ouviu, o Sr. Raion

reduziu nossa comissão.

Amélia — E precisava demitir a Andressa por

isso?

Daniel — (farto) Quantas vezes vou ter de re-

petir que Andressa se demitiu?


Amélia — Uma mentira repetida mil vezes se

torna verdade, não é assim que dizem?

Se não foi você, foi a Helen. Aquele

papo de que “não podemos nos acovar-

dar” foi o mesmo que chamar a Dessa de

covarde.

Daniel — Mas foi exatamente isso que aconte-

ceu, ela nos abandonou.

Amélia — Ora, custo a crer que Andressa fosse

tão idiota assim!

Daniel — Infelizmente ela não aguentou a

pressão.

Amélia — E Helen é a panela. Enfim, fazendo

outra pergunta: o que a novata estava

fazendo aqui?

Daniel — (sorri) Coitada, a Carina está apa-

vorada com a meta de fevereiro.

Amélia — Espero que você não tenha me trocado

por ela.

Daniel — (disfarçando) Como assim “trocar”?

Eu não tenho nada contigo, muito menos

com ela. Não poderia existir troca

nisso.

Amélia — Tem certeza?

Ela passa a mão na barriga.

Daniel — Tenho. E por que você toda a hora

passa a mão na barriga, está tudo bem?

Amélia — (sorri) Ai, querido, é natural que a

mãe queira sentir o seu bebê.

Daniel — (espantado) Você está grávida?

Daniel se arregala.

Corta para:

CENA 21. TRANSPORTADORA CAMPOS. EXTERIOR. TARDE.

Eduardo sente o celular vibrar mais uma vez. Ele aten-

de. De longe em segundo plano, Serafim faz cara feia.

Eduardo — (cel) Alô?

Corta rápido para:


CENA 22. CASA DE MAURÍCIO. SALA. INTERIOR. TARDE.

(Alternar diálogos desta cena com a cena anterior)

Maurício, em pé, impaciente.

Maurício — (cel) Edu, já estou sabendo das úl-

timas.

Eduardo — (cel) Não vai inventar de novo que

meu pai está morrendo, ein?

Maurício — (cel) Ele, Finho e eu morreremos de

desgosto enquanto vocês dois não para-

rem com a frescura.

Eduardo — (cel) Maurício, eu agradeço por tudo

o que você fez, mas é melhor colocar-

mos um ponto final nisso. Ela não me

quer, e agora eu também não a quero

mais.

Maurício — (cel) Não, cara, pelo amor de Deus,

não desista!

Eduardo — (cel) Inútil, cara, já estou até co-

nhecendo outra garota.

Maurício — (cel) Você é rápido, ein?

Eduardo — (cel) Sim, amigo, a vida continua.

Xi, tenho que ir, chegou o caminhão.

Corta para:

CENA 23. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. TARDE.

Continuação imediata da cena 20. Diálogo entre Daniel

e Amélia segue, ele se aproveitando da novidade para

descartar a antiga amante.

Daniel — (ridículo) Seu marido sabe que você

está grávida?

Amélia — (Gargalhando) Claro que sabe, com

tantas vezes que fizemos amor em Sal-

vador, isso ia acontecer mais cedo ou

mais tarde, certo?

Daniel — E vem me beijar depois disso tudo?

Amélia — Sabe como é, Carlos é o meu marido e

pai do meu filho, mas o homem que amo

é você.


Daniel — (covarde) Olha, Amélia, vai ser di-

fícil continuarmos com a rotina com

você grávida e com Helen por perto.

Amélia — Por que você a deixou trabalhar

aqui, seu burro?

Daniel — Ela estava insuportável ficando à

toa em casa, torrando meus cartões de

crédito, brigávamos o tempo todo por-

que ela desconfiava de todas as cobra-

doras. Quando ela passou a trabalhar

aqui, se acalmou.

Amélia — Será mesmo que se acalmou? Não con-

fie de todo, Daniel!

Daniel — Tá, vamos mudar de assunto. Com a

saída da Dessa, tem uma vaga para su-

pervisora. Você acha que aguenta?

Amélia — Se eu acho? Amor, tenho certeza de

que consigo motivar as meninas ao su-

cesso dando o exemplo.

Daniel — Tudo bem, terei de conversar com He-

len, pois ela quer Irene.

Amélia — Aquela perua que chegou “ontem” na

empresa, supervisora?

Daniel — Helen gostou muito de conhecer Irene

e ela veio da Intercob, tem potencial.

Amélia — Mas, não tem tempo de casa o bastan-

te.

Amélia puxa a gravata de Daniel, encarando-o firmemen-

te.

Amélia — (tom) Acho que será melhor para o

bem de todos que eu seja a superviso-

ra. E que importa a opinião de Helen?

Ela é apenas a monitora.

Daniel fecha a cara, puxa a gravata de volta e se

afasta dela. Isso era uma ameaça?

Daniel — (sério) Ela é a monitora, mas ainda

é a esposa do dono da empresa, então

ela tem o direito de opinar. E acho

melhor você voltar para sua mesa; já


que está grávida não lhe convém ficar

em pé direto.

Amélia estranhou a atitude de seu “amante” e resolveu

obedecê-lo. Assim que ele fecha a porta, Daniel balan-

ça a cabeça em negativa e volta ao seu computador.

Daniel — Pra cima de mim não, esperta. Se fi-

cou grávida do maridão é porque ainda

o vê como homem, então deixa eu focar

em Carina.

Ele sorri.

Corta para:

CENA 24. CASA DE SEBASTIÃO. SALA/ COZINHA. INT. NOITE.

Jeferson volta do serviço. Quando ele chama por Sebas-

tião, ele surge da cozinha.

Jeferson — Pai, cheguei.

Sebastião — Oi, filho. Sabia que o Carlos voltou

de viagem?

Jeferson — Ah, ele esteve aqui?

Sebastião — Sim, me mostrou algumas fotos. Quem

sabe quando estivermos em férias ou no

fim do ano a gente não faz viagem se-

melhante?

Jeferson — Agora que eu terei dinheiro, será

possível.

Sebastião — Como vai o serviço, filho?

Jeferson — Pesado. Mas Geraldo faz o possível

para me animar. Um dia desses eu o

chamo para almoçar.

Sebastião — Pode convidar.

Corta para Jeferson indo à COZINHA, notando cacos de

vidro na lixeira.

Jeferson — Pai, quebrou um prato?

Sebastião — (off) Foi o Carlos. Deixou cair

quando eu disse que Carina trabalha na

Cobrasil.

Jeferson — Ué, como é que ele se deixou impres-

sionar com isso?


Sebastião — (off) Ele disse que Amélia também

trabalha lá. Aliás, foi por isso que

eles viajaram, ela estava em férias.

Jeferson — (Sorrindo) Interessante...

Jeferson sai da cozinha, mão no queixo.

Corta para:

CENA 25. BENTO FERREIRA. BARZINHO. EXT/INT. NOITE.

Irene está esperando Eduardo na porta. Ele chega.

Eduardo — Irene, boa noite. Esperou muito?

Irene — Não o bastante para ser assaltada.

Eduardo — (Rindo) Essa foi boa. Vamos entrar?

Os dois entram, corta rápido para o INTERIOR. Os dois

escolhem uma mesa. O garçom chega e anota os pedidos.

Irene — Estou muito feliz que tenha ligado,

Eduardo.

Eduardo — Eu também, precisava me distrair um

pouco.

Irene — E o que o mantém tão preocupado,

posso saber?

Eduardo — Bem, você sabe minha atual situa-

ção...

Irene — Rompeu com Carina. Sinto muito, Edu-

ardo. (põe a mão no ombro dele) Quando

eu os vi juntos, jurei que eram um be-

lo casal.

Eduardo — Éramos um belo casal, até que ela

foi se apaixonar por ele...

Irene — E você o conhece?

Eduardo olha sério para ela.

Eduardo — Você não faz nem ideia?

Irene — (mente) Não, deveria eu saber?

Eduardo sorri maliciosamente.

Corta para:

CENA 26. SHOP. VITÓRIA. PÇ DE ALIMENTAÇÃO. INT. NOITE.

Carina foi convidada pelas amigas (Bianca, Jackeline,

Michele e Márcia) a passear pelo Shopping depois do

expediente. Plano geral da praça, inúmeras pessoas


lanchando. Corta para o grupo em uma das mesas fazendo

o mesmo.

Jackeline — E Irene a essa altura está arranjan-

do um namorado. Temos de dar um jeito

em nossas vidas, meninas.

Carina — Comigo só vai de mal a pior.

Bianca — Custa-me crer que você rompeu com

aquele lindo.

Carina — Meninas, não dava para continuar.

(bebe refrigerante) Ele tinha um ciúme

mortal do chefe.

Michele — Não era por menos, o chefe também é

bonito.

Jackeline — Mas você prefere o filho, ein?

As outras riem.

Michele — Claro, sou mais realista que vocês.

Márcia — Amigas, falando em Irene, tomem cui-

dado com ela.

Carina — Qual o problema, Márcia?

Márcia — Não consigo confiar nela. Nos pri-

meiros dias ela fez muitas perguntas

sobre Amélia. Agora que ela voltou,

sinto que haverá uma competição.

Jackeline — Gisele e Patrícia já debandaram pro

lado dela.

Carina — (sem entender) Disputa, você fala,

para supervisora?

Márcia — Sim. Eu acredito que Amélia é a mais

preparada para substituir a Dessa, mas

essa Irene também está de olho. Seu

jeito de nos tratar como se já fosse

supervisora, sua atitude de “sou me-

lhor porque vim da Intercob”, em tudo

isso estou reparando.

Bianca — Se Amélia está preparada, que seja

ela e pronto! Irene chegou agora, não

tem que querer nada, não.

Márcia — Escrevam o que digo, meninas, isso

ainda vai dar treta.


Close em Carina, ainda não entendendo.

Corta para:

CENA 27. BENTO FERREIRA. BARZINHO. INTERIOR. NOITE.

Continuação da cena 25. Eduardo e Irene estão comendo

e bebendo, diálogo continua em tom amigável.

Eduardo — Irene, eu não quero que você pense

que estou fazendo fofocas, sei que vo-

cê acabou de entrar na Cobrasil, mas

quero te dar um conselho: tome cuidado

com seu chefe, Daniel Ferreira. Ele é

um traidor inveterado.

Irene — (fingida) Jura? Achei que ele fosse

apenas gentil com as mulheres.

Eduardo — É essa a impressão que ele dá, mas a

esposa está tão maluca por causa dele

que resolveu trabalhar lá apenas para

vigiá-lo.

Irene — Não é correto, Eduardo; Dª Helen es-

tá mesmo fazendo um bom trabalho moni-

torando a cobrança, apontando os erros

e mostrando soluções para corrigir

nossa forma de trabalhar.

Eduardo — Me alegro que ela ajude a empresa a

crescer. Mas, esse não é o principal

objetivo, compreendeu? Eu mesmo fui

testemunha de uma confusão que ele fez

na praia. Conheço esse tipo, Irene,

ele não é vítima de assédio da mulhe-

rada, é ele quem atiça o fogo, ele é

safado mesmo.

Irene — E a vítima da vez foi Carina.

Eduardo — Sim. (sorri amarelo) E agora fiquei

sem namorada.

Irene — (penalizada) Você foi à Cobrasil na-

quele dia para falar sobre isso.

Eduardo — Sim, mas ela não acredita uma vírgu-

la do eu que digo.


Irene — Mas, Eduardo, ela sabe que o Sr.

Ferreira é casado, ela não me parece

dessas piriguetes que aceitam serem

amantes.

Eduardo — Se ele faz promessas de que vai lar-

gar a esposa, se ela acredita, vai

acabar aceitando esse relacionamento

conturbado.

Irene — É, Eduardo, eu não sei o que di-

zer...

Irene segue confortando Eduardo, esperançosa.

Corta para:

CENA 28. AVENIDA. PONTO DE ÔNIBUS. EXTERIOR. NOITE.

Michele e Carina estão no ponto de ônibus. As outras

já foram.

Carina — Michele, agora que estamos a sós,

você vai me responder.

Michele — O que foi, amiga?

Carina — Eu preciso saber o que há entre Amé-

lia e Daniel.

Michele — (arregalada) O... Sr. Ferreira?

Carina — Isso mesmo. Por que Márcia disse que

haveria disputa? Por que Amélia ia se

achar no direito de ser supervisora?

Só por ser a mais antiga? O que impede

Nilza de contratar uma de fora?

Michele — Olha, Carina, sinceramente eu prefe-

riria não saber de nada...

Carina — Michele, você já sabe que eu amo Da-

niel, que se ele se livrar da vaca da

Helen eu o agarrarei com unhas e den-

tes. Mas, se há algo entre ele e Amé-

lia... Bem, eu não vou aceitar. Por

isso me responda, agora!

Michele — Meu ônibus chegou.

Carina — (alterada) Não, você não vai pegar

esse ônibus!

Carina agarra Michele. Close em Michele, apavorada.


Corta para:

CENA 29. CASA DE DANIEL. QUARTO. INTERIOR. NOITE.

Daniel e Helen se aprontavam para dormir. Ele, já na

cama e debaixo das cobertas, tirava a sunga. Helen, de

camisola, tirava a maquiagem na frente do espelho.

Daniel — Querida, você tem certeza que seria

uma boa ideia ter Irene como supervi-

sora? Acho que Amélia seria melhor.

Helen — Você se esquece de que Irene veio da

Intercob, sua principal rival!

Daniel — Mas, Amélia tem mais tempo de casa e

o respeito das meninas.

Helen — Dessa também tinha respeito pelas

meninas, e veja no que deu.

Daniel — Eu não conheço Irene o bastante para

confiar um cargo desse.

Helen termina o que fazia, apaga a luz e se deita.

Abajur de Daniel ainda fica aceso.

Helen — Pois eu acho que nós deveríamos ex-

plorar ao máximo o potencial que ela

tem. Eu estou verificando os acordos

que ela está fazendo, em média quatro

por dia. E também está refazendo acor-

dos vencidos.

Daniel — OK, amor, amanhã eu converso com ela

em privado.

Ele apaga seu abajur.

Corta para:

CENA 30. FRADINHOS. CASA DE CARLOS. SALA DE ESTAR. IN-

TERIOR. NOITE.

Antes de iniciar o diálogo, visão geral da casa, bem

elegante, móveis caros. CAM vai até Carlos e Amélia,

ele sentado de lado no sofá com as pernas para cima,

Amélia se aproximando. Enquanto ele fala, ela se deita

pertinho dele.

Carlos — Hoje eu estive com Sebastião, amor.

Amélia — E as novidades?


Carlos — Ele vai bem, o filho mais velho está

trabalhando e o mais novo perdeu a na-

morada para o chefe.

Amélia — Credo, que notícia terrível.

Carlos — E eu acho que você a conhece, meu

bem, pois ela trabalha na Cobrasil.

Amélia — (levou um susto) Eu, ein, amor, que

eu saiba ninguém perdeu namorado não.

E pro Daniel? Ninguém me falou nada.

Carlos — É mesmo?

Amélia — Bem, há duas novatas lá: Carina e

Irene. Deve ser o namorado de uma das

duas.

Carlos — Mas essa confusão é digna de Daniel,

ein?

Amélia não responde, ela está pensando na hora em que

foi falar com Daniel e Carina ficou toda envergonhada,

saindo correndo da sala.

Insert em flashback de parte da cena 17 deste capítu-

lo.

Carina — Ai, com licença, chefe, vou voltar

para minha mesa.

Amélia — Faz bem, Carina, preciso conversar

com esse senhor.

Carina sai correndo. Amélia tranca a porta.

Volta para Amélia, close em seu rosto, desconfiada.

Corta para:

CENA 31. AVENIDA. PONTO DE ÔNIBUS. EXTERIOR. NOITE.

Continuação da cena 28. Ônibus desejado por Michele

parado, mas Carina continua a agarrá-la. Corta para

atrás delas, mais adiante, um carro estaciona e Danilo

sai dele, ao ver a confusão. CAM volta às duas.

Michele — Me larga, Carina, tenho que pegar o

ônibus!

Carina — Vamos em outro, agora você vai me

responder!

Michele — Nãããããooooo!!!!!!


As duas começam uma confusão, Michele querendo correr

e Carina não a soltando de jeito algum. Curiosos come-

çam a observar a cena. Danilo se aproximando.

Carina — Conta logo, eles são amantes? São??

Danilo — (off) O que está acontecendo aqui?

Com a surpresa, Carina solta Michele, que vai correndo

abraçar Danilo. Abre até os dois, passageiros mais

tranquilos param de observar.

Michele — Ai, Danilo, graças a Deus! Me leve

daqui!

Danilo — O que foi, o que estava fazendo, Ca-

rina?

Carina — Obrigando Michele a me contar um se-

gredo que preciso saber.

Danilo — (sério) Se você merecesse saber não

seria mais segredo, não é?

Michele chora e chora no ombro de Danilo.

Danilo — Vamos, Michele, estou com o carro do

pai.

Carina — Esperem, vão me deixar aqui?

Danilo — (mão na frente) Nem dê mais um pas-

so, sua doida! Vamos.

Os dois saem. Todo mundo fica olhando negativamente

para Carina e ela não sabe onde enfiar a cara.

Corta para:

CENA 32. RUAS CAPIXABAS. CARRO DE DANIEL. INT. NOITE.

Danilo e Michele dentro do carro, ele dá a partida e

sai em disparada.

Danilo — Que segredo Carina queria saber?

Michele — (enxugando as lágrimas) Ela queria

saber se seu pai e Amélia são amantes.

Danilo — E por que era tão difícil dizer que

não?

Michele — (envergonhada) Oh, Danilo... Você

não faz ideia?

Danilo — Meu pai sempre foi um galanteador,

mas amante? E ainda mais com mãe tra-

balhando na Cobrasil, na sala ao lado?


Michele — Danilo, eu sei que o que vou dizer

será um choque para você, mas... Seu

pai e Amélia são amantes!

Danilo quase que passa num sinal vermelho.

Corta.

FIM

recuperando a paixão · maurício — e então, tião, como hoje é meu dia de folga, quero...

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