reboco caído nº29 versão digital

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Pag 1 REBOCO CAÍDO #29

O que?...Por David Beat

Escreveu alguns poemasQue ninguém leria amigoEstava fodido por ser pobreE sempre odiou o Capitalismo

Viu tantos escravos do sistemaSentia-se esquisito no mundoMergulhado no próprio espelhoSorriso louco por ser forçado

Trancado em casa por semanasComendo livros, vomitando palavras!Não gostava do nome por ser bíblico

Um ateu convicto por matar DeusFicou semanas se alimentando de sonoMorreu num dia de sol, de repente...

ContatosReboco Caído:

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Caixa postal: 21819 Porto Alegre, RScep.: 90050-970

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Editorial

Mandei a mensagem para o mano Márcio Sno pedindo uma capa para este número doReboco e rapidamente recebi esta acompanhada da seguinte resposta: “Utilizei umatécnica de textura que consiste em imprimir a foto em impressora laser e contornarcom caneta nanquim modelo brush (ponta de pincel) a parte que quero destacar.Depois simplesmente amasso a folha e dá esse efeito na imagem. Essa foto que useise chama “Festa e tensão na serra”, de Cristiano Borges, registrada em 2008 econtemplada no Prêmio Wladimir Herzog do ano seguinte.” Ficou bom o trampo.Seguindo pelas páginas, entrei em contato com uns amigos e as preenchi com seusescritos. Busquei trazer poetas de vários estados brasileiros para tentar agrupar umamostra do que está rolando por aí. São diversas visões, estilos e formatos. Tambémfiz uma entrevista com o escritor Rojefferson Moraes, de Manaus, e com o coletivoConsciência Oratória. Buscando não ficar apenas na poesia encontramos tambémoutras formas de comunicação, como o artigo do sempre presente Panda Reis. Fecheia edição com um painel de fotos sobre a temática violência policial. Agrupei osregistros já conhecidos de muitos em um mosaico tenebroso sobre a instituição queteoricamente existe para a proteção do povo, mas que na prática não funciona muitobem assim. Para arriar a tampa do caixão um outro mosaico. Esse de notícias sobre ocaos nosso de cada dia.Este número dedico a memória do irmão Guto, mais uma figura diferenciada que sevai. Dedico também a todos que colaboram com sua arte ou com grana para areprodução e divulgação deste veículo. Dedico aos que recebem e após ler passam adiante, reproduzem mais cópias e que de alguma forma ajudam nessa caminhada.

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REBOCO CAÍDO #29 Pag 2

¿Cidade Maravilhosa?Por Cleber Araujo

¿Que cidade é essaQuem que convémObras faraônicasConstruídas pra quem?

¿Que cidade é essaQue querem forjarRemovendo o pobrePara o rico morar?

¿Que cidade é essaOnde criança carenteMorre alvejadaQuando brincava contente?

¿Que cidade é essaOnde favela pacificadaÉ recinto constanteDa guerra armada?

¿Que cidade é essaQue querem promoverUm Rio para turistasE não para o pobre viver?

Por Rômulo Ferreira

Sobre este dia, nada mais fere que o seuolhar,Seu longe e longo olhar que desprende meusrisosDe mim.Sobre este dia, nada mais estraga minha dorNada mais estranha esta vida torpe que levoEstou ausente, displicente, vagando putopelo mundoAs quatro e meia da manhã, esperando nãose sabe o que: a salvação...?Mas vamos lá,Conte-me alguma novidade,Que seja o pouco que sobrou do fimO começo de uma nova ardida vidaO triste fim sóbrio da solidãoVagando pela casa a oeste interessado emnadaPois nada mais clareia este diaSem seus cafés e amargas palavras de des-pertar o dia a dia,Arrogâncias e outras pétalasQue somente uma barbara florPode achar normal andar espalhando.

Mais algumas gotas de dorPor Fabio da Silva Barbosa

aí estão suas lágrimasnovamente inundandosua face tão marcadapelas surras do passado

e o presenteque não facilita em nadainsiste em mostrarum futuro de dor

não existe fugaque dure para semprepara abortos ambulantesque respiram em plena morte

condenados pela existênciaperambulando pelo eterno fimcom o apito da benzinaguiando os instintos

ruínas interioresdestroços exteriorespelos restos da desolaçãode uma sociedade devastada

somos frutos arruinadosnascidos destruídostotalmente imbuídospor esses caminhos bloqueados

entre a poesia e o cigarro

Por Mazinho Souza

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Pag 3 REBOCO CAÍDO #29escorre nas paredes lágrimas de uma vidaquão bom trinta minutos de felicidadenuma mistura de suor e gozoestampado nos lençóis do quarto,trinta minutos de um espaçoque o dia prevalecee de que vale o resto das horasque nossos sonhos permanecem desacor-dados?que alegria vive vinte e três anosexpulsando a agoniae uma pequena metade de horaentre a ultima poesia e o primeiro cigar-ro?este é o espaçoentre a existência de braços abertos,de passos coladose o desabrochar do dianesta correria por um destinoneste caminho sem rastros

Reboco caídoPor Carlos Brunno S. Barbosa

Olhou para o reboco caído...Tudo em vão...Outrora pobre, depois miserável,agora totalmente falido...De que adiantara todo emboço echapiscose o retoque final estava destruído?O preço da construçãonão cabe no bolso do corpo sem feijão.No mundo tanta tintae, em sua parede corroída,apenas aquele cinza imprestável...se ao menos a argamassa fossecomestível...As mãos do pedreiro perdidose despedem do reboco caído,vão voltar pro barraco recém-construídoàs margens das margens dos rios dosRios.

sentado IPor Fabio da Silva Barbosa

sentado no canto escurolutando contra mil demôniosa agonia e o tormentoeternosa perna dobradaencostando o joelho na testaos braços estendidosdedos entrelaçadosapenas sentimentos ruinsvala de escuridãode restossolidãoamarguracriador e criatura

A DançaPor Fabio da Silva Barbosa

O candidato da direita e o da esquerda seencontraram para um jantar a luz de velas.D: Como vai, excelentíssimo colega?E: Meio aborrecido com a situação.D: Mas as coisas sempre foram assim. Sómuda um pouco a camuflagem.E: Para você é fácil. Tá bom para você.D: Não seja radical.E: Não sou. Sou pelo povo.D: Eu também. A população do nosso ama-do país. Nós também fazemos parte dopovo. Os empresários, os latifundiários…E: Serei específico. Sou pelo povo pobre.D: E pelos financiadores de campanha.E: O que está insinuando?D: Apenas dizendo.E: Caranguejo não tem pescoço!D: A lua está redonda como um tamanco.E: Jacaré não mergulha na água porque temmedo de mosquito!Nesse momento um olha fixamente paraos olhos do outro. Toca um tango. Se le-vantam. Ficam bem próximos.E: Pode algum jornalista... nos fotografar..D: A imprensa é nossaSe abraçam e saem bailando aos beijospelo salão enquanto os cifrões caem dosbolsos mais que cheios.

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Pag 4REBOCO CAÍDO #29 Manaus além dos igarapés

Por Fabio da Silva Barbosa

Como você se descobriu escritor e como foi a construção da sua literatura? Era uma madrugada, chovia pra caralho... (risos) Que nada... Não teve nada disso. Na ho-ra do desespero você procura um catalizador, ou faz merda, ou faz arte. Tive que fazer essaescolha. Começar a colocar no papel tudo aquilo que já tinha presenciado e vivenciado. Aprática da escrita e da leitura ajudou no processo de construção de poemas e contos.Quando me dei conta, tinha muitos textos escritos, guardados em uma caixa de papelãovelha. Então comecei a buscar alternativas para a publicação desses primeiros textos.

Além da produção literária você possui outras atividades e projetos.Sim. Sempre gostei de festas, reencontrar amigos, curtir uma música e isso acabou setransformando num projeto maior: Organizar ações socioculturais que reunissem artistasindependentes na periferia, zona norte de Manaus, área mais violenta da cidade. Aospoucos foi ganhando forma conforme foram chegando novas pessoas para a equipe.Ganhei um prêmio em São Paulo por essas ações e recentemente tivemos um projetocontemplado num edital do Banco da Amazônia. Um projeto que abarca sustentabilidade,coleta seletiva e publicação dos textos produzidos por alunos de uma escola pública dazona norte. Mas a grana é pouca, somente pra um mês de trabalho. De qualquer modo éuma prova que conseguimos superar obstáculos, ao menos alguns... Literatura, para mim,é símbolo de resistência. Luta mesmo...

Sobre seu novo livro:“O dia que Carla Assassinou o meu gato e outras crises de amor” é meu terceiro livro depoemas. A primeira parte do livro foi escrita entre 2010 e 2014 e a segunda parte é umconjunto de poemas escritos de uma única vez em 2014. Eu já havia tentado lançar olivro anteriormente diversas vezes. O “Poesia Crônica” havia sido rejeitado em trêsconcursos literários diferentes. Estava meio desanimado, mas continuei escrevendo.Ainda bem! Agora com o livro reunido e organizado e com novas e boas alternativas depublicação além das grandes editoras, estou feliz. Mas não é nada fácil. A literatura temque ser uma prioridade para o escritor, caso contrário ele continua apenas pagando suascontas na taberna e na boca. Tem que fazer o corre, criar rede de contato...

Sabemos que não é nada fácil lançar um livro quando não se tem dinheiro ou não participadas panelinhas editoriais. Como você consegue publicar os seus?Em 2012 fui apresentado a um escritor que andava vendendo seus livretos no Centro dacidade, Jeovane Pereira. Era um zine com uma estética melhorada. Me juntei a ele.Desde lá aprimoramos as técnicas de diagramação e encadernação dos livros. Consigofazer tiragens de duzentos exemplares dos meus livros a um baixo custo, vender os livros

Enquanto ficam repetindo por aí que nada acontece hoje emdia, tem uma galera produzindo e questionando, construindo nas sombrasdo caos cotidiano, tentando algo diferente no meio da ditadura da repeti-ção infinita. Entre essas pessoas está Rojefferson Moraes. O cara tá naluta e não desiste. Mando a seguir um pouco mais que consegui tirar dopróprio.

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Pag 5 REBOCO CAÍDO #29e manter as tiragens. Todo processo é muito simples, qualquer um consegue fazer. Esseprocesso todo é apresentado a quem apresenta interesse de publicar pelo selo. A ideia éapresentar que o produto “livro” é acessível tanto para o escritor quanto para o leitor e oresultado você mesmo pôde comprovar.

E a violência aí por sua região? Embora não receba muito destaque nos noticiários, comooutras regiões, a coisa parece estar tosca por aí também.Cara, Manaus tá no mesmo nível de violência que os estados do Rio de Janeiro e SãoPaulo, mesmo sendo menor. O PCC e o Comando Vermelho já disputam o controle dentrodos presídios. O trabalho das facções é engajado e extremamente estratégico. Financiaminclusive campanhas de políticos e faculdade de futuros juízes e advogados. Mas falardisso abertamente te transforma em alvo fácil, eles estão em todos os lugares. O estado éconivente. A última grande chacina tirou a vida de 22 pessoas em apenas uma noite depoisda morte de um PM durante um assalto. A maioria jovens com menos de 25 anos, algunssem passagem pela polícia. É uma guerra que a mídia tenta esconder do resto do país!

VISLUMBRO NOITES ONDE O SUORFRIO ME QUEIMA AS TEMPORASACORDO DE SOBRESALTO O MEDODE ACERTAR O ERRADO ME DEIXAESTAGNADO.VIVO COM FANTASMAS ME GUIAN-DO OBSESSIVAMENTESOU O TUNEL NO FIM DA LUZ E AS-SIM DESEJO E FUTURO SE MISTU-RAM______________________________UM ÚNICO CIGARROO PESO DOS OUTROS EM MINHASCOSTASDOCEMENTE CARREGADO SÓ PRAME SENTIR FORTEDOSTOYEVISK, BACANAL, CASA DOPONTALSUCUBÍSISLAMICASUFI, LOUCURAINSEGURA DE LÓTUSUMA CIDADE RECONSTRUÍDAUM CHAMADO XAMANICO DEVOLTAR A SER PEDRA EM VELOCI-DADE ETERNA---------------------------------------------ACHO QUE ESTAREI SALVOENQUANTO TIVER DIAS DE MÁXI-MA EUFORIA

POR QUALQUER COISA QUE ME ABS-TRAIA!ACHO QUE GANHO TEMPOAO ME ENFRENTAR NO ESPELHOSEM NEM AO MENOS SABER QUAL FOIÀ PERGUNTA DE UM MILHÃO!ACHO QUE DESESPERO ATOAQUANDO NÃO CONSIGO TER ESPERAN-ÇA APARENTE OU MEDO QUE O VALHA!FUJO MAS NÃO COM TEMOR,SÓ POR NÃO TER NADA PRA FAZER PORLÁ.-------------------------------------------------"EXISTENCIALISMO ABSTRATO,FOLCLORICO MELHOR ALEGORICO.NEO/PÓS TRANSLAÇÃO NÃO REPRE SEN-

TA ROTAÇÃO DEFINE DEFINHA EGOICO!

ESTADO DOS SENTIDOS ALTERADOS! NE-NHUMA SUBSTANCIA CONSTA NOS LAU-DOSDANÇAR COMO FORMA DE MEDITA-ÇÃO, CONFLAGRAÇÃO PARA O SEXOPOSFACIO PARA O APOCALIPSE. “REPI-TO SENTIDOS ESCOLHO METAFORASOUÇO GENTE MORTA.”__________________________________

Por Nelson Neto

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Pag 6REBOCO CAÍDO #29 Consciência OratóriaPor Fabio da Silva BarbosaConsciência Oratória é som, atitude, rima e luta. É elevar a mente, o pensamento. Tive oprazer de assistir esses caras algumas vezes e de ter sua participação na Tarde Multiculturalque organizei na Casa Viva. Como eles mesmos se definiram em sua página virtual “Umcoletivo de seres que emanam energias em forma de versos, buscando externar asangústias de uma humanidade depressiva.”

Por que Consciência Oratória e por que o rap ?Consciência é pela mensagem que nos propomos a trazer, a mensagem consciente,informativa, existencial, de vida mesmo, para todos. E o rap por que nós, integrantes docoletivo, viemos de locais onde a linguagem que mais falava diretamente era a do rap, arealidade que mais tocava a gente. O rap sempre narrou o dia a dia na periferia e vemoso rap como o melhor meio pra repassarmos essa mensagem e seguir somando.

Pra que lutar por um mundo diferente?Porque o diferente tá no mundo. A nossa existência começou sendo viver e interagir emcomunhão com quem está aqui com a gente e vai terminar sendo assim também. A lutapor um mundo diferente começou quando os seres que já começaram com seusprocessos de despertar pararam para ver a proporção que isso tomou e a noção era deolhar pra dentro de si e tudo ali ser tão verdadeiro, tão puro, fazendo tanto sentido, ou nabusca destes aspectos; já quando olhavam o mundo a sua volta só viam caos, desordem,nada tinha sentido, e a chegada do fim cada vez mais evidente, logo por pouco todos quese propõem a isso tudo que vivemos tentam subverter nos meios possíveis para mudar acondição em nosso âmbito (mundo externo).

E em que podemos colaborar com essa mudança?A resposta pra isso tá dentro de cada um. Faça essa pergunta pra si diariamente e sejaparte da mudança interna e externa.

Devemos acreditar que é possível, que o ser humano tem jeito?Certamente o ser humano sempre teve dentro de si o bem, o certo. As coisas erradas eas coisas ruins absorvemos durante a vida, mas dentro de nós sempre teve a resposta pratudo e o passo que temos que dar é menor do que pensamos para atingir essa plenitudedentro de nós. Muita gente já está tendo esse despertar, porém o passo é coletivo e nãode cada um. Isso é o que falta pra alcançarmos esse processo de se desmontar de tudoque é errôneo e retornar a nossa essência.

As armas pra lutar:Sentimento, informação e foco.

O plá final:Meditem!

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Pag 7 REBOCO CAÍDO #29

Por Panda Reis

Não Phil Anselmo, eu não te perdôo. Nãoapenas por você ser um típico homem brancodo Sul dos Estados Unidos, cheio de préconceitos e carregado daquele espírito sulistaque arrota o poder branco e o separatismoestadunidense. Apesar de que isso já seriamotivo mais que justo pra justificar odesprezo que sinto pelo ocorrido. Gestos,declarações e pedidos de desculpas, nadadisso me faz aceitar sua ação e muito menosvirar as costas e não falar que coisas muitoparecidas com esse ato do Phil Anselmo a-contecem aqui, talvez não dessa forma tãoacintosa como foi o caso dele, mas comsímbolos, atitudes e muitas vezes assumida-mente a postura NS. Acredito que qualquerum que freqüente o underground de nívelnacional, rodando pelo país e tento o privilé-gio de conhecer a cena metal de outras cida-des e estados, sabe muito bem que o precon-ceito é frequente e presente. Estou falandoda presença de racismo e xenofobia, pré-conceitos mais combatidos hoje em dia, issograças a postura de bandas e pessoas que seposicionaram e serviram, e, na verdade, aindaservem, de quebra de paradigmas do estereó-tipo headbanger universal. Não cito aqui ou-tro pré-conceito corrente em nosso meio, omachismo.Não me peça para desculpar Phil Anselmo, ocara que arrastou multidões, que com suabanda influenciou milhares de novos garotose bandas, pois o que eles disseram não foramapenas inocentes palavras e gestos de umbêbado, mas o seu real sentimento em relaçãoa seu fascínio pelo grupo neo-nazi citado.Como desculpar uma ação e sentimentos deum cara que fez milhares de fãs o imitaremsem nem mesmo saberem que o pré-concei-to racial estava presente naquelas músicasque fizeram moleques negros colocarembandeiras confederadas nas paredes de seus

Não Phil Anselmo, eu não te perdoo.

quartos? Aproveitando da ignorância oude uma apatia geral sobre símbolos e de-clarações, que sejamos justos, corrobo-rada por outros músicos e bandas emtempos atuais, onde o mundo passa porproblemas de migrações em massa e declaras ações xenofobicas e racistas, de-clarações e posicionamentos como o dele,que como influência pública tem peso emtudo que fala.Não se pode virar as costas para que atosracistas aconteçam no underground.Atitudes racistas sempre ocorreram, sejana Noruega ou em São Paulo, até mesmoaquelas piadas que parecem inocentes,legitimam e proliferam atitudes pré-conceituosas. Eu, um negro em uma cenamajoritariamente branca, elitista e euro-centrista (e estadunidensecentrista), sem-pre sofri como racismo, seja em simplesolhares e desprezo ou por atos mais agres-sivos, como ataques verbais e físicos, en-tão fingir que foi o álcool que fez PhilAnselmo agir de maneira racista, jogariatoda a minha resistência ao racismo, quedura há décadas.Os medalhões do metal podem passar asmãos na cabeça dele e perdoá-lo, mas aquino terceiro mundo, eu, um afrodescen-dente que sofre com racistas como ele,não. Nós não iremos perdoá-lo, assimcomo não perdoei qualquer ato racista dequalquer idiota, colocando a culpa nabebida ou não.E não adianta cantar The Smiths, comofez no último dia 05 de Fevereiro naconvenção de horror “The Days of theDead”, a era dos apáticos acabou.

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Pag 8REBOCO CAÍDO #29NAS COSTAS DO CRISTO

MC XAMAZONA OESTE DO RIO DE JANEIRO

QUEM VIVER, VERÁAS CICATRIZES DA LUTAENTRE SANGUE, SUOR E SOROCHORO NA MACA DO UPA

11 ANOS ARTIGO 12FERRO NA MÃO DO RECRUTA..O RIO É LINDO, BEM-VINDO_MÃOS AO AUTO, FDP

CONFUNDEMCHAMPAGNE E CICUTAAGUÁ BENTA E AGUÁ RAZTROCAMOS FATOS E AS NOTICIASELES LIBERTAM BARRABÁS

SUMIU A LUZPAGO PRA VÊFEZ CREDO EM CRUZUM FILHO TEU NÃO FOGE A LUTA_MORRE NA FILA DO SUS

FAÇA CHUVAFAÇA SOLFAÇA JUS

MEU CALVÁRIO É CAMPO GRANDEDA CESÁRIO DE MELOATE SANTA CRUZ

NUM PISA FORA DA FAIXAEM BELFORD ROXO TEM UMAGUACHAQUER NO AMOR ?VAI NA MIMOSAE PAGA UMA PEQUENA TAXA

_ZONA OESTE MADAMEABAIXA, XAMÃ TÁ NAS CAIXAS

CONHECI UMAS ANA PAULAQUE AOS 15 VIROU NATASHA

E A QUADRADA ?AQUI É O PREDADOR DA MADRUGA-DADEPOIS DA MEIA NOITEÉ DEUS POR NÓS E UM POR CADA

NA FÉ, NO QUE QUISERCARCAÇA BLINDADANO BREUPOSTE SEM LUZPAREDE PIXADABONZINÉ O CAPUZDE CARA AMARRADA

NA ESQUINA A PUTA DIZQUE O PROGRAMAÉ GALO PRA CADA

EUNAO USO COLETEUSO METÁFORAPRA TE DEIXAR CONFUSOISSO EU USOMAS PRA PUXAR OS TAPETESAS VEZES ABUSO

DEUS NÃO ME PÓS AQUI DE ENFEITESE A PISTA TA SALGADAEU ACHO UM BECO QUE ME ACEITE

O SORRISO É SEM BRILHOO DIAMANTE É BRUTO

A PROTEÇÃO DOS MENÓÉ O OITÃONÃO O ESTATUTO

SE O TETO É O VIADUTOO JORNAL TE AQUECEFAZ UM FURO NA TAMPA, NA JANTA,PUXA

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Pag 9 REBOCO CAÍDO #29QUE O TETO ESCURECE

JUNTA AS MÃOS E FAZ AS PRECESANTES DO CORRE, CORREDESCI, DESCI ARROMBADOSE NÃO MORREALGUÉM SOCORREO SANGUE ESCORREPELO RALO

DA SUPERFÍCIE DO ASSUNTO ATÉ OTALO

40graus no RIO - MESMO FRIO NAESPINHA

40graus no RIO - TRATADO DE PAZESPREMIDO NAS ENTRELINHAS..

40graus no RIO - MESMO FRIO NAESPINHA

- SUAS MÃOS SUJAS DE SANGUECUMPRIMENTAM AS MINHAS -

Por Kaio Bruno Dias

carregava no rostotodas as incertezasde um final de mês

e na almao equilíbrioentre o sei láe o talvez.

LisuraPor Odair Fonseca de Souza

Lançava palavras ríspidas ao vento,feito adagas ferindo a elegância do ar.

Sopros incômodos violentando o espaço?

ou,

o belo frêmito de sinceridade,de quem foi incapazde ser hipócrita o suficientepra ser bem-sucedida na vida.

“Não faço parte de "associação" nenhuma. Minha "associação" é exclusivamentecom o mundo. O mundo é minha família e a arte meu ofício. Não quero entrar nacompetitividade massiva que o sistema nos impõe. Sou um emancipado.” Diego ElKhouri

“Quem pretende vencer, pretende a derrota

de outros. Não é um bom desejo pra se abri-

gar. Assim se estabelece a sintonia da dis-

puta, do confronto, do conflito. Esta é a

forma de relação induzida e estimulada por

este modelo de sociedade que se alimenta

de exploração, angústia, miséria, ignorân-

cia, abandono e sofrimento. Uma estrutura

social que nos atira uns contra os outros,

em busca de vitórias enganosas da forma

sem conteúdo, sacrificando a alma em nome

do falso vencer pra poucos, da derrota pra

muitos e pro inferno pra todos. E que culpa

as próprias vítimas.” Eduardo Marinho

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REBOCO CAÍDO #29 Pag 10

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ASSEMBLEIA GERAL “O crime ambiental tem responsáveis: aSamarco e seus donos, a Vale do Rio Docee a BHP. Mas eles estão investindo milhõesnuma narrativa na qual buscam isentar-sede culpa pelo crime e apresentar-se comoacolhedores e preocupados com as pesso-as e o ambiente – tudo mentira, como já sesabe”

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Aviões despejam

substâncias tóxicas sobre aldeias indígenas

Ataques foram

notificados no MS e M

T sobre terras indígenas e nascentes de

rios onde índios coletam água - Índios das tribos G

uarani e Kaiow

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Grande ato pelaresistência nazona portuária!!!

Alimente o Estado Policial e este lhe comerá o

braço. Comunidadede Porto Ale-gre transformaespaço aban-

donado em es-cola de cultura

gratuitaO

“alarman

te” uso de agrotóxicos n

oB

rasil atinge 70% dos alim

entos

MILHARES DE PROFIS-SIONAIS DECIDEM

PELA CONTINUAÇÃODA GREVE E APROVA-RAM CALENDÁRIO DE

LUTAS

Vazam

entos de petróleo na Am

azônia pe-

ruana ameaçam

rios da região

'Não é justo propagar o câncer em

nome do

lucro de meia dúzia'

VILA AUTÓDROMORESISTE

Reorganizaçãodisfarçada' fecha

1.363 salas deaula em São

Paulo

Governo capacho do capital,aprova lei "antiterrorismo" parareprimir protestos populares!

Apoie iniciativas independentes e alternativas

Pula CatracaA educação militar não serve

para a democracia. Ela reproduz

os valores da ditadura, doEstado autoritário.

INFORMATIVO SOBRE MAISUMA AÇÃO OPRESSORA DAPREFEITURA ATENÇÃO