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Pag 1 REBOCO CAÍDO #19

Editorial

Para contatos e números anteriores:

Com capa de Law Tissot, esse número do Reboco chega cantando pneu pela contra.Logo abaixo do editorial e contatos podemos encontrar uma ilustração do mestreAlexandre Mendes, mostrando que mesmo no momento de se levantar e ir a luta aindaexiste uma parcela da população que, apesar de ser oprimida e abandonada na atualsituação, ainda está presa pelas correntes do sistema. Vamos romper as grades dessaprisão, minha gente. Na página seguinte temos escritos de alguns bons amigos. Vale apena dar aquela conferida. Depois vem a primeira entrevista desta edição. A bandaSakhet manda o recado de forma direta e vigorosa, como seu som. A página quatro sepreenche com mais escritos de amigos, além de uma dica cinematográfica do irmãoWinter Bastos. Na sequência temos outras entrevistas. Dessa vez o papo é com azineira e escritora Giselle de Andrade e com o super Wender Zanon. O grandeMurilouco manda mais um delírio daqueles e Solano Gualda fecha os trabalhosmostrando com quantos riscos se faz um desenho.Ufa...

É isso.Boa leitura e boa viagem.

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REBOCO CAÍDO #19 Pag 2

Coisas da gentePor Renata Machado Setti

Eles dizem que o país corre para frente, sóque o que chamam de desenvolvimento eco-nômico é indiferente, o reflexo da realidadedoente, pus da enfermidade de tanta gente.O alimento mastigado que colocam na nossaboca é indigente, nós mesmos o produzimosde forma incompetente, toda vez que ignora-mos nosso “ente”. Infelizmente ainda quere-mos dizer que somos inocentes.

Por Renata Guadagnin

Não tenho conseguido dormirhá muitas coisas em mimnoites e ruas escurasos barulhos das bombasos cavalos emudecidosde uma cegueira estúpidao mundo em pulsãovejo da janela as grades

Reflexão IPor Ivan Silva

Lucy é uma criança de seis anos. Ela gostade assistir TV e de se espelhar na nova bo-neca Molly. TV qualquer um sabe o que é,não sabe? Bom, mais adiante explico. Mollyé uma boneca sapeca, moderna, que temvoz e até musiquinha. Deram até mais vidaa essa danada, pondo nela um mecanismo:o de beber o que está em estado líquido efazer xixi. Lucy adora isso, na cabeça delaela quer muito a boneca. O pai e a mãe deLucy… ah, eles a amam! Compram tudo oque ela diz que quer. Agora mesmo, porexemplo, saíram para comprar essa Molly, émole? Deixaram Lucy sozinha… Querem dara ela tudo o que não tiveram um dia. SeLucy corre perigo com a ausência dos dois?Não sei, “melhor só do que em má compa-nhia”, mas seu pai e sua mãe esfriam o san-gue dizendo que a TV é uma ótima babá. Emais, para eles Lucy e Molly são uma só!Ambas adoram TV!

de todos os lados imundosda podre realidaderatos, porões, esgotos e patrõeso sofrimento frio, individualos barulhos de massaa ruptura quente dos padrões

Inútil ContemporâneoPor Cleber Araújo

Escrevia, mas não liaOuvia e não entendiaApaixonava-se, mas não sofriaCantava, sem poesia

Não precisava, mas consumiaPagava e sempre deviaCaminhava, pra onde ia?Existia, mas não vivia.

Vazio na almaPor Ivan Silva

A mídia na borda da menteacomodada excreta: merda,baldes e baldes de desejosvoltados ao consumismo.

Caganeira até sair do ara emissora sentada no trono.Demente cabeça de tampa erguidaque entopida disso e mais

alimentada dá em si descarga.E na risada renova toda a porcaria.No dia seguinte, há de comprar

a cobaia involuntária que ontem riatudo aquilo que achar necessáriosem perceber o vazio na alma?

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Pag 3 REBOCO CAÍDO #19 Porque rock é rock mesmo

Por Fabio da Silva BarbosaFormada em Niterói, Rio de Janeiro, abanda Sakhet conta com Jana Lemos(baixo e vocal), Carlos Outor (guitarra) ePedro Hertman (bateria). O som é umrock que fala por si só (não adianta tentarexplicar, é uma daquelas coisas quebeiram o indizível) e pode ser conferidono www.reverbnation.com/sakhet. Tantoo vocal quanto o instrumental secompletam em perfeita fúria e energia.Então aumenta o som e curta aquebradeira.

Novas tecnologias, modismos, massificação... e no meio disso três seres se unem parafazer o bom e velho rock. Como é isso? Exatamente. Nossa intenção é resgatar o velho espírito de rebeldia e contracultura dorock n roll, caminhando justamente contra a maré. Inovar voltando ao antigo. Tanta coisainventada e cada vez mais fica-se distante da verdadeira ideologia de libertação do estilo.

E a temática, as letras... Qual é a fonte?A fonte das letras são nossos pensamentos, nossa perspectiva da realidade, dos eventosdo mundo, das pessoas. São críticas, mas são também uma ode as coisas boas da vida.

Vocês possuem outros projetos ou a sakhet é filha única desse poderoso trio?Projeto de Doom metal onde todos participamos com o Rodrigo Freire. Tenho outros emandamento. Em breve terei novidades. O Carlos é do Imperador Belial e do Embalsamado.

Falando nisso: O que é Sakhet?Sakhet é uma deusa da mitologia egípcia ordenada por Rá para punir a humanidade. Elafoi tão feroz em sua missão que ele teve de embebedá-la com vinho para que ela parasse.

Existe verdade? A verdade é um ponto de vista.

E o futuro? Estamos lançando um 7" em vinil esse mês, “A caminho do inferno”, com 3 novos sonsfuriosos. Temos previsão de alguns outros lançamentos futuramente. Enquanto is-so, seguimos tocando por aí, espalhando nossa mensagem. Tocaremos dia 10 de novembroaqui no Rio de Janeiro, ao lado de grandes bandas do cenário carioca (UnhaliGäst, AtomicRoar e Velho). Será um prazer enorme participar dessa reunião de amigos.

Algo ou alguém que deveria ser cagado do mundo e por qual motivo?Falsos moralistas que gostam de ditar regras na vida dos outros, não contribuem em na-da, atrapalham a cena com inveja e covardia ou insistem em unir o cristianismo ao rock.

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Pag 4REBOCO CAÍDO #19

ConclusãoPor Diego EL Khouri

Enfim... cheguei à conclusão. Esse verso"na terra da rua do mangue eu vi meu giras-sol" é meu mesmo. Tanta coisa escrita queo próprio autor se perde...

Essa NoitePor Diego EL Khouri

Fui no mercado comprar cigarro e um versonão saiu de minha cabeça um só momento eainda permancece obssessivamente ron-dando em meus pensamentos todo segun-do: "na terra da rua do mangue eu vi meugirassol, na terra da rua do mangue eu vimeu girassol, na terra da rua do mangue euvi meu girassol...". Quem é o autor? Alguémpoderia me dizer? Infelizmente não lembro...mas fixou em minha cabeça de um jeito ex-tremamente obssessivo... "na terra da ruado mangue eu vi meu girassol, na terra darua do mangue eu vi meu girassol, na terrada rua do mangue eu vi meu girassol, naterra da rua do mangue eu vi meu girassol..."

GripePor Monotelha

Vomitando flores e vodkadança planeta terravela do barco quebrada

Rádio chiado balé ruídomeninos e meninasesterco na sala de esperaé um cavalo chamado tempo

Coração doloridoesperando carinhosolidão e chá

Vírus e olhosdescanso do trabalhouma gripe me ama

Uma boa opção de filme nacionalPor Winter Bastos/Colaboração: Tânia R

Passaram-se décadas, mas os pro-blemas econômicos das grandes metrópo-les brasileiras não mudaram tanto assim.“O Homem que virou Suco”, de 1979, é ofilme mais conhecido do diretor João Ba-tista de Andrade, que também assina o ro-teiro. O longametragem colorido, com 95min, conta a história de Deraldo (muito beminterpretado por José Dumont), poeta po-pular do Nordeste, chegado a São Paulo,sobrevivendo apenas de suas poesias emfolhetos. Problemas financeiros, pressãodos vizinhos, exigência de documentos,tudo atrapalha o nordestino a se dedicarcom exclusividade ao cordel. A vida se tor-na ainda mais difícil quando ele é confun-dido com um operário de multinacional que– durante a cerimônia em que lhe conferiri-am o título de “operário símbolo” – matouo patrão a facadas.

A obra mostra os problemas pelosquais passa o retirante nordestino atravésde cenas às vezes líricas, outras dramáti-cas; mas também há passagens cômicasbastante interessantes.

Em 1980, o filme levou o TroféuCandango (melhor ator) do Festival deBrasília. Foi vencedor do Grande Prêmio doFestival de Moscou, um dos mais impor-tantes do mundo, em 1981. No mesmo anoganhou três troféus Kikito no Festival deGramado: melhor roteiro, ator (JoséDumont) e ator coadjuvante (Denoy de Oli-veira). José Dumont foi premiado ainda, em1983, no Festival de Huelva, na Espanha,por sua atuação neste marco do cinemabrasileiro.

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Pag 5 REBOCO CAÍDO #19Letras marginais

Por Fabio da Silva Barbosa

O zine Desconexões Neurais é um trabalhoque já se diferencia pelas capas e seguetrazendo surpresas a cada página. Comose dá o processo de criação?A produção das Desconexões busca ser omais livre possível. Procuro não me deterem um modelo e estou sempre procurandonovos exemplos a fim de estimular acriatividade. Geralmente a produção dospoemas vai acontecendo de formaespontânea, com o tempo, sendo registradaem um caderninho que levo sempre comigo.Já a produção e a montagem do zine é feitaquase toda em um único dia. Para queaconteça, procuro ter à mão folhas, tesoura,cola, canetas diversas, recortes de revistas,os poemas impressos, meus e dos amigos,os desenhos para interior e capa,geralmente presenteados por amigos, amente livre e a partir daí a coisa vaiacontecendo por si só. Acredito que oprocesso de criação sempre se beneficiacom o exercício da liberdade.

E o livro? Gostei bastante de ler sua obra.Fale um pouco sobre esse clássicoantológico do delírio.Ah, fico feliz. O livro foi a realização de umgrande sonho. Sonho que se tornou

Giselle de Andrade éescritora e zineira, produzo zine DesconexõesNeurais e lançou o livroAntologia ao Delírio, pelaCoisa Edições. Com umtrabalho sólido, ao mesmotempo que fluído, essaguerreira das letras cedeuum pouco de seu tempopara falar sobre suaprodução independente elivre.

possível com a descoberta dosFanzines e das PublicaçõesIndependentes e com oinestimável apoio da CoisaEdições. Sou acadêmica do cursode Licenciatura em Letras na Ufrgse quando busquei o curso minhareal intenção, porém inicialmenteoculta, era esta: Tornar-meescritora, ser publicada ereconhecida por isso. E destaco ooculta porque ao chegar naacademia me deparei com todasas imposições e repressões,

sempre reproduzidas e reforçadas sobrequem expressa esse tipo de sonho. Umagrande lástima, na verdade, quando sepensa que o papel do professor é justamenteincentivar a leitura, a escrita, a comunicação.Então acredito que foi a cultura extra-acadêmica, do Faça Você Mesmo, que memostrou e ensinou que tudo pode serpossível quando se luta pela liberdade.

Quais suas principais influências?Penso que somos influenciados por tudoque nos rodeia, por nossas experiências,nossos afetos, desafetos, inquietações.Mas pensando em influências literáriaspropriamente, sempre destaco o VelhoBukowski, com quem identifiquei e tenhodesenvolvido minha escrita, e o FernandoPessoa, de quem as mil faces sempreestimulam minha criatividade a cada linha.

O que tá rolando de novidade e que a galeranão pode deixar de ler?Tenho visto e recebido publicações muitolegais. Sempre é bom quando chega maisum correio, não é?Mas vou destacar os trabalhos do GazyAndraus, de quem recebi zines comilustrações poéticas fantásticas, e da Coisa

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Pag 6REBOCO CAÍDO #19Edições, que além da Antologia ao Delírio já está produzindo seu décimo título, sempre sededicando a publicar e incentivar o pessoal, dando aquele empurrãozinho que geralmentefalta para que coisas maravilhosas escapem do conforto e segurança das gavetas.

O que está por vir?Ah, o próximo projeto das Desconexões. Além dos zines, que começarão a ter publicaçãomensal, acontecerá a publicação de mais uma Edição Especial (a primeira foi o livro artesanal20 Poemas de Amor sobre um Céu Azul), que deverá ser lançada em Outubro, e desta vezserá formada por poemas de alunos da disciplina eletiva de Poesia Brasileira, ministradapelo professor Paulo Seben, do curso de Letras da Ufrgs. Esta edição se chamará GrandesParódias da Poesia Brasileira. Aguardem!

Produção e resistênciaPor Fabio da Silva Barbosa

Wender Zanon é um da-queles caras que estão

sempre fazendo, pro-duzindo, criando,atuando em diver-

sas frentes. En-tão vamos naandança, tro-cando ideias e vendo qual é.

Comecemos falando sobre o Change yourLife. Como foi a construção desse somfurioso e em que pé estão as coisas?A banda começou por pilha do Guilherme(do funzine Outono ou nada e que atualmen-te toca na Ornitorrincos e na xarmox). Eleque escolheu cada cabeça, chamou, marcouensaio e fez os primeiros sons. A banda tro-cou de formação algumas vezes. Da originalrestou o Insekto e eu. O Insekto no início to-cava baixo e eu sempre fiquei gritando desafi-nadamente. Hoje a banda conta com o Jonas(dpsmkr) no baixo e o Anão na Bateria, alémdo Insekto e eu. O “massa” dessas trocas éque o cara percebe uma evolução, algum a-prendizado em cada uma, tipo, a banda co-meçou tocando um fastcore, powerviolencee hoje, de forma natural, através das nossasinfluências, do que escutamos, a banda tá

mais pesada, mais consistente, saca? Diriaque hoje até arriscamos uns metal algumasvezes. Saca? Uma evolução natural, diria.Hehe Estamos gravando um material novopra marcar essa “nova” fase da banda. Essaparada deve sair até a metade de 2014. Ofoda é que a gente é enrolado pra carambae cada um mora em uma cidade diferente.Uma hora o cara tá com vontade e tempopra ensaiar, outra hora o cara tá desempre-gado, outra hora o cara tá sem grana, outrahora o cara tá viajando e por aí vai. Mas agente mantem um ritmo até. Hehe. Quemquiser ouvir o nosso som: www.changeyourlife.bandcamp.com

Observei que a cena no RS é bem ativa(pelo menos nos poucos lugares em quepassei até agora - Porto Alegre e arredores).Como se dá a manutenção desse circuito?Acho que existem pessoas que não deixamde produzir e não deixam essa chama apa-gar. Esse circuito acontece através destaspessoas que possuem uma pilha imensa,sabe? Acho que é por isso que essa tal ce-na pode parecer bem ativa. Saca? Semprevai ter em algum canto uma ovelha negra,ehehe, alguém que tá insatisfeito com a vidae que vai tentar mudar o ambiente em quevive. Alguém que não vai calar. Sempre vaiter alguém fazendo um zine, montando umabanda, pintando um quadro, grafitando

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Pag 7 REBOCO CAÍDO #19uma parede ou produzindo algo. (Ao menosé isso que espero). O cara sempre passa poressa fase de descobertas e por essa “pilha”de produzir e expor pro mundo seus sentimen-tos. Há urgência em estar vivo, diria o DeadFish. Enfim, voltando a pergunta... acho quea manutenção desse circuito se monta atravésdisso. Das necessidades, das vontades, an-gustias e do prazer que é estar envolvido comisso. Quando vou organizar um show, pensoem quem eu quero que esteja perto. Podemchamar de panela, mas não vou chamar umabanda ou um artista, fanzineiro, ou sei lá oque, que eu não concordo com a postura praparticipar de um evento com meus amigos,saca? Pode parecer meio arrogante, mas eupenso nisso. Conheço muita gente que viven-cia o underground de diversas formas, masem todos sinto a gana de participar disso.Acho que é através dessa gana que conse-guimos movimentar o que está ao nosso al-cance. Tá envolvido no bagulho quem quer equem tá não mede esforços pra fazer algo.

E os fanzines?Cara, também, mas por muitas vezes sou maisum fascinado sobre o bagulho, sabe? Tipo,eu devo ter feito uns cinco ou seis fanzinesna minha vida, a maioria não teve nem duasedições. Quando conheci o fanzine, teve algoque chamou muito a minha atenção. Tenhoestudado muito sobre os processos pelo qualo fanzine circula. Virou meu objeto de estudona faculdade, fiz meu tcc sobre isso e tô pen-sando em ir em frente, quem sabe com ummestrado. Quero lançar até o final do ano essemeu tcc em formato fanzine. Ele tá pronto, sófaltam algumas correções, hehe. O título dessetrabalho é: “Fanzines: Uma rede social off-line”. Não adianta falar tanto sobre e não fazerum também, né? Então entrei numa pilha tre-menda com fanzines e tenho rabiscado algu-mas ideias. Minha companheira também támuito na pilha de produzir, trocar e conhecercoisas novas através dos fanzines. Daí duas

cabeças pensando, pensam melhor queuma. Estamos organizando a primeiraedição do zine “Sujeira do Umbigo”. (Al-guém sabe se já existiu alguma publicaçãocom este nome?). Vai ser um fanzine volta-do as nossas angustias e emoções com omundo que nos cerca. Vai ter um lance de“fanzine pessoal”, mas também vamosmesclar com entrevistas.Ah! Recentemente, o Jamer Mello meconvidou pra participar do Zinescópio(zinescopio.wordpress.com). A ideia é fa-zer da parada um coletivo. Pensamos emvárias ações, mas o tempo e a preguiçatomaram conta da gente. Mas agora vol-tamos a batalhar pra que isso aconteça.Em breve vamos anunciar alguma novi-dade. Aguardem!!!

Sobre essa tendência de levar o fanzinepara dentro do meio acadêmico, comovocê vê essa conexão entre mundosextremamente opostos?Cara, são bem opostos, mas temos quenos infiltrar, saca? Um bagulho meio quecavalo de Tróia. Deve ser como levar artede rua pro museu, eu acho. É mais um es-paço conquistado. Talvez as pessoas delá não nos curtam tanto, hehe, mas vãoter que nos aguentar. Muitas vezes achoum saco ter que estudar algo velho ouque não representa esse mundo que agente vive, mas é história.Acho que a história do fanzine no Brasil éalgo recente, mas daqui a pouco tá com-pletando 100 anos. De um tempo pra cá,essas publicações tem ganhando maisforça novamente, pelo menos no Brasil. Épreciso entender isso. Pow! Porque a artepop foi parar no museu? Porque virouobjeto de estudo? Porque o fanzine hojeé muito mais ligado a essa coisa de“artista”? Com esse meu trabalho, chegueia conclusão de que a internet imita muitoo fanzine. Porque analisam tanto a internet

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Pag 8REBOCO CAÍDO #19e não o fanzine? As redes sociais estavamaí no fanzine já, bem antes da internet che-gar. O fanzine deixou e vai deixar muita his-tória pra contar e pra pesquisar. O fanzinecriou novos estilos e ainda pode criar. Achointeressantíssimo estudar isso. Linguagem,colagem, edição, linha editorial ou a faltade tudo isso. E levar pra um meio, que é tão“quadrado” como é o meio acadêmico, todaessa subversão que o fanzine proporciona.Quem sabe a gente não consegue subverteralgo por lá também, né? E outra coisa, temtanto assunto tosco no meio acadêmico,tanto assunto batido, porque não estudaralgo novo e que diz muito mais sobre ouniverso que eu presencio?

Como tem andado o filme Rosas? O que aspessoas podem esperar?Cara, o filme Rosas é um projeto do RicardoGhiorzi, da Fantoche Filmes. O bixo semprefoi envolvido com cinema. Há um bomtempo vem fazendo efeitos pra diversos fil-mes nacionais e agora ele resolveu começara produzir o próprio material e me chamoupra ajudar em algumas coisas. No Rosas,que é um curta-metragem de terror, tô dandouma mão na parte de iluminação. Acho queé isso. Sou master pilhado em cinema tam-bém. Tanto que acabei o curso dejornalismo e emendei um curso de produçãoaudiovisual.

Entre tantas atividades, como conseguirtempo para solucionar os problemas docotidiano (comida, moradia, vestimenta,locomoção...)?Bixo, na real eu acho que faço pouco ainda.Cada coisa tem seu tempo e tempo o carasempre acaba tendo, de uma forma ou outra.O que fode é a cabeça do cara que fica em-polgada com tudo. Muitas vezes eu tô para-do sem fazer nada, mas com a cabeça a mile dai não sei por onde começar. Hehe Soudesorganizado pra caramba. Enfim, mas eutrabalho, faço alguns freelas, estudo e faço

tudo o que vc perguntou antes. Acho quecada um tem as suas prioridades. Não queroter que trabalhar pra pagar as mil prestaçõesde um carro, saca? Tenho pedalado quaseduas horas todo dia pra ir e voltar dos cur-sos e isso tá me fazendo muito bem. Talvezamanhã as coisas não vão ser assim, saca?Mas o amanhã tá muito longe. Quando setem a oportunidade de viver um dia de cadavez, se vive um dia de cada vez.

Falando em problemas gerados por essasociedade que nos cerca, presenciamos umasérie de protestos englobando um númeroconsiderável de pessoas mostrando sua in-satisfação nas ruas. Como você analisaria?Que pergunta cabulosa! Tô há duas horastentando desenvolver algo e não tá fluindo.Espero que todas as pessoas que forampara as ruas tenham sido motivadas atravésdessa insatisfação que você diz. Tenhominhas dúvidas, mas não vou me prendernisso também. Espero que isso tenha feitoas pessoas pensarem. Muita gente foi prarua pensando que era uma festa, chegou láe viu a realidade. Não sei ainda no que issovai mudar ou qual herança essa onda demanifestações vai deixar. Talvez daquialguns anos mudem nossos governantesou talvez a gente consiga derrubar todoseles de uma vez por todas. Não sei qualmelhor caminho a seguir. Só que teve muitagente que só acordou agora, enquantomilhares de outras pessoas nuncaestiveram dormindo, saca? Daí as pessoasforam pra rua com muita vontade e semnenhum foco, sem nenhuma reclamação,sem nada, saca? Daí não dá! Algumaspessoas acordam com um grande vazio epermanecem nesse grande vazio. Ainda temas pessoas que lutam de verdade. Sempreteve e sempre terá. Mas sempre vai tertambém uns idiotas, que acabam sendo amaioria, que se apropriam do discurso, queaproveitam a situação, isso me dá nojo, bixo.Não sei como lidar e muito menos como

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Pag 9 REBOCO CAÍDO #19

Por Murilo Pereira Dias

onde encontrar uma verdade humana realassim como incompreender parte da vidafeia e fedorentasem qualquer forma de educaçãoqualquer tipo de sanidade em padrões de comportamentoadequação socialo ser em seu chingamento chora seu desprezochora o que não sabe o que sente... apenas chora...apenas chinga...quer a velocidade conforme seus desejos de merdana verdade todos são assim...apenas produzem merda para sentirem prazer em eliminá-las... sentem-se numa hierarquia por estarem existindo numa ilusão sem sentido de certoponto de vista... de outro não... são tantas razões que retiram as possibilidades de senti-do... como flutuar no cosmo... ou submerso no oceano,,, simplesmente perdido nos pensa-mentos... o ser se revela inútil ou totalmente despreparado... muito capaz e ambicioso...inteligente e empreendedor... tudo como um jogo de sorte ou azar,,, do destino que lançasua moeda sem saber para quem não importanto quando vai ser o dia da cara ou dacoroa!!!não importanto quem sabe mais,,, pois o que sabe não vão entender,,, não importandobeleza, pois a vida não é bela... não importando a feiura pois não se vê aspectos ... ve-secorreria... como formigas que fogem do fogo... vê-se fome... fome de vida... de alimento...de não precisar ser o minimo que é requisitado... não querem ser.... querem ser cada vezmais... o que querem ser... se não terão a vez... se já tiveram e não perceberam... se já foraa hora de parar... desisitr... se acomodar... o que será??? porque é tão incomum a verdadeda verdade... se parecem ser a mesma coisa.... quando entre ela existe muita mentira querevela a verdade... e nos faz então entender... ou passar desapercebido como um caminhoconfuso que não conduz e consegue fazer parar... fazendo querer correr para continuar...para quem canta para que não pode ouvir... para quem tem que vigiar os que vigiam... paraque tantos ques possam existir... para que não pare de ler... para repetir as palavras... parahaver encanto... princesas... monstros... terror... uma hora vai ter que voltar para casa...para quem tem casa... uma hora vai pegar no sono... isso todos terão que fa-zer..................................!!!!!!!!

analisar tudo isso. Só quem vive, sente arevolta, saca?

E daqui pra frente, qual caminho vocêacredita que será seguido?Nenhuma mudança acontece sem açãoefetiva. O povo que “acordou” há pouco

tem que compreender isso. E quem luta esempre lutou vai permanecer na luta. É horade quem tem iPhone ir pra rua e registrar o quetá rolando, eheh, sabe? Não quer ir pra linhade frente, mas colabora de alguma forma. Ficarrepetindo discursos e pintar a cara não vaiadiantar.

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