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Tribo Andrea Travassos Começamos o semestre conhecendo melhor o tema “Trabalho Infantil”. O livro “Serafina e a criança que trabalha”, de Jô de Azevedo, Iolanda Huzak e Cristina Porto, permitiu que o assunto pudesse ser discutido com com tranqüilidade e entendimento, não apenas pela linguagem, muito adequada e próxima do universo infantil mas, também, por apresentar a questão junto aos muitos movimentos e iniciativas pelo mundo afora para minimizar essa dura realidade. As discussões e os depoimentos das crianças durante esse estudo nos mostraram o quanto foi importante abordar esse assunto. A criança, nas diferentes culturas e sociedades, tem direitos e deveres comuns que precisam ser respeitados. Quando abrimos espaço para ouvir as opiniões e idéias das nossas crianças a respeito do seu lugar no mundo, nos surpreendemos com valiosas e maduras observações e depoimentos que geraram novas perguntas e questões, às vezes sem respostas imediatas, mas que colocam a indagação e a indignação como formas de abrir possíveis caminhos para novas soluções. Aproveitamos muito esse tempo! Para ampliar a reflexão, assistimos ao curta “Bilu e João”, olhar da diretora Katia Lundi para compor o longa 1 Escola Sá Pereira – Relatório do Segundo Semestre de 2008 – Ensino Fundamental – F4MA Quarto Ano - F4MA Ensino Fundamental Relatório do Segundo Semestre de 2008 alvaro luiz maritan de aboim costa / benjamin giovani iturrieta giacomini / caio hartt souza / carolina nabuco nery / daniel lopes epifanio / flavio goldman thompson / gabriel eyer protasio de oliveira / ignacio moura hue / joana peres tostes dos santos / julia duarte brandao jayme / maria diniz scarpa / marina machado de oliveira mendes / paloma taborda guaranys de oliveira / pedro ignacio ferraz montenegro de almeida / pedro sanches kurtz / pedro valenca reis / rachel gorberg catalano / sofia omena herschmann

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Page 1: Quarto Ano - F4MA - escolasapereira.com.br · nova ferramenta na elaboração de frases e pequenos textos. O vídeo alimentou o desejo de retornarmos à cozinha, universo que já

TriboAndrea Travassos

Começamos o semestre conhecendo melhor o tema “Trabalho Infantil”. O livro “Serafina e a criança que trabalha”, de Jô de

Azevedo, Iolanda Huzak e Cristina Porto, permitiu que o assunto pudesse ser discutido com com tranqüilidade e entendimento, não apenas pela linguagem, muito adequada e próxima do universo infantil mas, também, por apresentar a questão junto aos muitos movimentos e iniciativas pelo mundo afora para minimizar essa dura realidade. As discussões e os depoimentos das crianças durante esse estudo nos mostraram o quanto foi importante abordar esse assunto. A criança, nas diferentes culturas e sociedades, tem direitos e deveres comuns que precisam ser respeitados. Quando abrimos espaço para ouvir as opiniões e idéias das nossas crianças a respeito do seu lugar no mundo, nos surpreendemos com valiosas e maduras observações e depoimentos que geraram novas perguntas e questões, às vezes sem respostas imediatas, mas que colocam a indagação e a indignação como formas de abrir possíveis caminhos para novas soluções. Aproveitamos muito esse tempo! Para ampliar a reflexão, assistimos ao curta “Bilu e João”, olhar da diretora Katia Lundi para compor o longa

1 Escola Sá Pereira – Relatório do Segundo Semestre de 2008 – Ensino Fundamental – F4MA

Quarto Ano - F4MAEnsino FundamentalRelatório do Segundo Semestre de 2008

alvaro luiz maritan de aboim costa / benjamin giovani iturrieta giacomini / caio hartt souza / carolina nabuco nery / daniel lopes epifanio / flavio goldman thompson / gabriel eyer protasio de oliveira / ignacio moura hue / joana peres tostes dos santos / julia duarte brandao jayme / maria diniz

scarpa / marina machado de oliveira mendes / paloma taborda guaranys de oliveira / pedro ignacio ferraz

montenegro de almeida / pedro sanches kurtz / pedro valenca reis / rachel gorberg catalano / sofia omena

herschmann

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“Crianças Invisíveis”. Fechamos o ano, ainda observando as crianças de outras culturas, só que dessa vez fazendo o “seu trabalho”, ou seja, sendo estudante. Assistimos a alguns episódios da série “Minha Escola”, buscando um olhar observador sobre o estudante e o professor nos diferentes lugares do mundo. Depois, em descontraídas conversas, as crianças estranhavam o muito diferente e apontavam os aspectos comuns. Fechamos o ano lendo nossos desejos para 2008 na escola, registrados na primeira Tribo do ano. Concentrados, voltados para si mesmos, e ao mesmo tempo em sintonia com seu grupo – companheiro de tantas vivências e aprendizagens – queimamos os papéis e, junto com a fumaça, deixamos nossos desejos, de hoje e de sempre, se espalharem pelo espaço.

ProjetoElisabeth Freitas

Em nossa organização de conteúdos por Projetos, temos que ter atenção para abrir as portas às diversas áreas do conhecimento. Depois de um semestre bem sucedido de estudos mais voltados às Ciências Sociais, em que tratamos dos personagens que trabalharam para construir o Brasil, retornamos das férias com novas idéias para discutir com as crianças.

Num de seus textos sobre educação, Rubem Alves escreve que

“as palavras só têm sentido se elas nos ajudam a ver melhor o mundo. Aprendemos palavras para melhorar os olhos. O ato de ver não é uma coisa natural, precisa ser ensinado. É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio no mundo”.

Então, era hora de trazer novas palavras / idéias e era importante que elas nos abrissem os olhos, agora, para as Ciências Naturais – com seus métodos, seu vocabulário específico e seus temas.

As Ciências Naturais têm uma natureza meio mágica. A própria palavra “fenômenos” já evoca um certo mistério que aguça a curiosidade. O caminho para conhecê-las é a experimentação, que conquista as crianças. Mas como chegar a um tema que se relacionasse com o Projeto da Escola?

Para não inaugurar algo totalmente desconectado, pensamos em recordar o século XIX. Em imagens de Debret, observamos vários ofícios sendo realizados, principalmente, por escravos. Numa brincadeira de ir e vir, levantamos as transformações ocorridas daquele tempo para hoje, o que nos levou à reflexão sobre o desejo / necessidade do homem de inventar. Então, lemos fragmentos de Renata Santos

Lobato que em "História das Invenções", através de D. Benta, explica que as invenções são apenas meios de aumentar o poder de nosso corpo, ou seja, de poupar nossa energia. Tudo isso estava nos possibilitando o estudo da energia elétrica, essa força que está tão inserida no nosso dia-a-dia, e pouco a percebemos, e que causa estranheza imaginar o mundo sem ela.

Os primeiros contatos com o novo Projeto foram impulsionados pelo filme “De volta para o futuro”, pelo texto “Iluminando a História”, de Karen Acioly e por episódios de “O mundo de Beakman”. Todos, a sua maneira, falavam da energia elétrica. Depois veio o passeio ao Centro Cultural da Light em que, além de informações históricas envolvendo a chegada da eletricidade no Brasil, pudemos observar maquetes e diversos aparelhos que reproduziam os mais variados fenômenos eletromagnéticos.

Mas, o que mais empolgou a turma foi a visita do Anselmo! Com um arsenal de fios, baterias, lâmpadas, "leds", mini ventiladores e algumas engenhocas, reproduzindo circuitos sugeridos no livro “Eletricidade”, propôs todo o tipo de experimentação e instigou as crianças a levantar hipóteses, fazer registros, elaborar questões e a tirar conclusões.

No entanto, também era preciso fazer pesquisas para nos aproximar do conhecimento científico já elaborado pela humanidade e perceber a transitoriedade de “verdades” que vão se transformando a cada nova descoberta. Para a contextualização histórica, pesquisamos alguns cientistas com importância significativa para a eletricidade: Tales de Mileto, Benjamim Franklin, Alessandro Volta e Tomas Alva Edison, e pudemos perceber o quanto uma descoberta alimenta a outra através dos tempos.

Para o suporte teórico, propusemos uma pesquisa sobre o átomo. Esse estudo encantou as crianças que vieram cheias de informações para serem socializadas. A cada descoberta,

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olhinhos brilhavam ao tentar visualizar a idéia de que tudo é formado por partículas com dimensões quase inimagináveis, com carga positiva, negativa e neutra, e seus elétrons em movimento, sugerindo que nada está parado na natureza!

A Feira Moderna foi um “acontecimento elétrico”! Foi o momento de mostrar o quanto estávamos envolvidos com o tema. A meninada conseguiu se organizar em grupos, por interesses e afinidades, trocando idéias e materiais para realizar um trabalho e tanto!

Na Literatura, ousamos apresentar Machado de Assis. O autor servia como uma luva ao nosso projeto. Um mestiço, filho de um mulato e de uma portuguesa, representava a síntese do nosso percurso até aqui e a melhor testemunha do contexto histórico que visitávamos. Deixando a sociedade escravista para trás, entramos naquela sociedade em transição pelos textos de Machado e o seu olhar aguçado para o cotidiano de sua época.

Começamos pela biografia do escritor, escrita por Amélia Lacombe, depois lemos “Conto de Escola”, “Um apólogo”, "Umas Férias” e “História Comum”, do próprio Machado. Também manuseamos outros títulos recém reeditados e arriscamos a produzir nossos próprios textos, que eram compartilhados em momentos especiais na turma, buscando seu estilo, seus cenários e seus temas. Para percorrer seus caminhos, andamos de bonde, lanchamos na Colombo e

visitamos sua “casa”: a Academia Brasileira de Letras.

Aproveitar as comemorações do centenário de sua morte foi um acerto porque nos abastecemos com exposições, novas edições de livros e nos sintonizamos às informações veiculadas em jornais e revistas. Dessa forma o estudo da Língua veio com embalagem de luxo e, com certeza, ampliou o conhecimento das crianças acerca do nosso Português.

Para concluir o semestre, o programa da Festa de Encerramento reapresentou muitas das palavras que havíamos trazido para as reflexões sobre a Aventura do Trabalho durante todo o ano: liberdade, sonho, escolha, oportunidade, criação, desafio, cuidado, direito, justiça... E, voltando à idéia de Rubem Alves, esperamos que elas tenham cumprido seu papel de educar nosso olhar a melhor ver o mundo em que vivemos para ampliar nossa habilidade e nossa sensibilidade para fazê-lo renovado a cada dia.

MatemáticaEm Matemática, retornamos das férias discutindo de forma mais sistemática as relações entre as tabuadas. Perceber, por exemplo, que saber a tabuada do 3 pode ajudar no aprendizado da tabuada do 6, foi motivo de muitas conversas e tarefas. Todos ficaram envolvidos com essa descoberta e alguns

afirmaram com animação: ”Puxa! Assim não precisamos decorar e sim entender.”

Na verdade, todas as dinâmicas realizadas nas aulas, incluindo atividades em fichas ou cadernos e jogos, foram aproveitadas para ajudar nesse aprendizado, que, é claro, também necessitou de uma boa parcela de estudo em casa.

Não por acaso, a técnica operatória da divisão é a última a ser apresentada. De difícil apropriação, por ser a síntese de todas as operações, a divisão, aqui na escola, é apresentada com um procedimento diferente do que os adultos estão acostumados a ver e utilizar.

As operações que nos ajudam a resolver as divisões mais complexas, e que muitas vezes ficam apenas na cabeça, ganham destaque e passam a ser anotadas numa caixa de ajuda, ao lado dos algoritmos. Esse é mais um estímulo para que as crianças mostrem como estão pensando para que possamos planejar intervenções adequadas e promover novas

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aprendizagens. Para isso foi importante valorizar e cobrar a organização e a clareza dos registros.

A opção por esse jeito de dividir possibilita às crianças entenderem melhor o que estão fazendo, percebendo e registrando todas as etapas da operação. A técnica convencional de resolução da operação será apresentada no Quinto Ano.

Continuamos resolvendo problemas, discutindo as informações do enunciado, o que é relevante e o que não é. Os textos se tornaram mais complexos, fazendo com que as crianças precisassem estar ainda mais atentas para resolvê-los. Apareceram problemas cujas resoluções necessitaram de mais de uma ou de duas operações diferentes, colocando em prática os conhecimentos que já possuíam.

Outro destaque durante o semestre ficou com os estudos do Tangram. Apresentamos sua lenda e brincamos com suas várias formas. Com ele nos aproximamos da geometria, discutindo a nomenclatura de algumas figuras planas como quadriláteros e triângulos.

Mas o Tangram também chegou para iniciar os estudos das frações, junto com a divertida leitura de fragmentos de Aritmética da Emília. Este conteúdo será continuado no Quinto Ano.

Assim, chegamos ao final de mais um ano, certos de que é nesse clima de descontração, muito trabalho, estudos e descobertas que se aprende Matemática na Sá Pereira.

InglêsRosângela Caldas

Ao longo do segundo semestre, visitamos conteúdos da língua, selecionados para o ano, e mantivemos a integração com o projeto institucional, ampliando o vocabulário relacionado ao tema Trabalho. Para isso, escolhemos a profissão de "chef".

Assistindo a uma animação da Disney de 1940, “Chef Donald”, as crianças puderam, em meio a gargalhadas, reconhecer

várias palavras relacionadas ao universo da cozinha e da arte culinária. No vídeo, Donald se vê enrascado quando troca

fermento por cola na receita de “Waffles”.

Para registrarmos as trapalhadas de Donald, fizemos uso de uma forma verbal que usamos para falar sobre situações e ações que estão acontecendo enquanto estamos falando: “Present Continuous Tense”. Como as crianças já se apropriaram bem do uso do verbo “to be” no presente, compreenderam, com tranqüilidade, quando e como usar essa nova ferramenta na elaboração de frases e pequenos textos.

O vídeo alimentou o desejo de retornarmos à cozinha, universo que já havia sido visitado pela turma quando estavam no primeiro ano. E lá fomos nós! Munidos de ovos, farinha, leite, batedeira e máquina de fazer waffles, invadimos a cozinha da escola! As crianças se divertiram e se deliciaram!

Como estávamos “in the kitchen”, cada criança fez uma ilustração de um “chef” em seu local de trabalho.

A ilustração eleita, dentro da turma, foi reproduzida para todos e fez parte de atividades em que todos elaboraram frases para descrever a cena, oportunidade para revermos “there is / there are”, conteúdo do ano anterior.

Ainda envolvidos com o tema, e com os olhos vendados, as crianças experimentaram diversos sabores e odores. As crianças também puderam observar e perceber como os nossos sentidos se manifestam e em quais nos apoiamos na falta de um deles. Como funciona o nosso paladar quando estamos com o nariz congestionado? Quais são os sentidos importantes para sermos bons “chefs” de cozinha? Essas e outras questões foram discutidas em nossas aulas.

A pedidos, trabalhamos uma música dos Jonas Brothers, “Kids of the future!”, e finalizamos o ano com duas músicas dos “Beatles” que trazem a idéia da possibilidade traduzida do “can x can’t”: “We can work it out” e “Can’t buy me love”. Foram oportunidades de reconhecer alguns dos conteúdos estudados durante o ano e de praticar a fluência oral e a competência auditiva em reconhecer palavras e sons. Foi um ano de muitas descobertas e sistematizações importantes para o aprendizado da língua inglesa.

Expressão CorporalAna Cecília Guimarães

Nos primeiros encontros do semestre exploramos os materiais, realizando algumas manobras preferidas e desenvolvendo, individualmente e em grupo, habilidades corporais no solo, nos tecidos pendurados e em deslocamento pelo espaço da sala.

Apreciamos, juntos, a abertura dos Jogos Olímpicos no telão. Valorizando a estética do movimento coletivo, realizamos diferentes formações e deslocamentos, em quatro dinâmicas que propunham sincronicidade e ritmo.

Em seguida, começamos um processo de composição e colagem de movimentos criados coletivamente. O exercício durou um mês, passando por algumas etapas. Primeiro utilizamos uma marcação, no tempo quaternário, para improvisar livremente e perceber o ritmo através de gestos e

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locomoções. Pequenos grupos selecionaram movimentos para compor uma seqüência. Apresentamos as composições produzidas que foram filmadas e apreciadas. Na última etapa, juntamos os movimentos de cada grupo transformando as seqüências numa coreografia. Foi bem rica a experiência de compartilhar idéias e vencer as dificuldades na realização das variadas combinações. Foi também interessante o desafio de ter como objetivo conseguir escolher, em grupo, os níveis e posições no espaço, memorizando movimentos e decidindo as direções para os deslocamentos.

Num processo rico de criação, improvisação e costura de movimentos, terminamos o ano ensaiando uma coreografia para a Festa do Final do Ano com a música “Rotina”, dos Titãs.

Num processo rico de criação, improvisação e costura de movimentos, terminamos o ano ensaiando uma coreografia para a Festa do Final do Ano com a musica: “Patrão o Trem Atrasou”.

ArtesMoema Santos

A inspiração para o trabalho nas aulas de Artes Visuais surgiu da leitura e apreciação do livro "Carybé e Verger: Gente da Bahia", de José Jesus de Barreto. O livro propõe um diálogo entre o trabalho desses dois consagrados artistas brasileiros que fizeram grande amizade e parceria. Sua produção é uma preciosa contribuição à preservação e divulgação da memória cultural afro-baiana. O desafio proposto

às crianças foi o mesmo que Barreto se propôs. Só que no lugar de Carybé, as próprias crianças dialogaram com as fotografias de Verger, fazendo intervenções através de desenhos e recortes. O resultado dessa produção gratificou bastante as crianças, que puderam observar o traço e o estilo autoral de seus amigos em diferentes trabalhos que ficaram bastante caprichados e interessantes. Acreditamos que, se os dois artistas estivessem vivos, ficariam felizes de compartilhar seus desenhos e fotografias com as crianças.

Concluída essa primeira etapa, fizemos uma pausa para conhecer a história de Marc Ferrez, um dos primeiros e mais importantes fotógrafos do Brasil. Sua famosa série sobre os ambulantes que povoavam o Rio Antigo serviu como ponto de partida para o curta O Amolador. Nossa intenção com esse estudo era sensibilizar o olhar das crianças para que pudessem participar de uma sessão de cinema especial, com direito a conversa com o cineasta Abelardo de Carvalho e o produtor Cavi Borges. Muitas curiosidades sobre esse universo de trabalho puderam ser esclarecidas. E a experiência foi o fechamento dos nossos estudos do primeiro semestre sobre a linguagem fotográfica.

Embarcamos, então, numa parceria com as aulas de Matemática, que utilizaram o "Tangran" para apresentar as primeiras noções de fração. Porém, o tratamento que demos ao antigo jogo oriental foi bem diferente. Nossa questão era puramente estética. Assim, além de criarmos novas formas, tratamos de colocá-las em movimento criando, em grupos

menores, pequenas animações que, juntas, formaram nosso Animagran.

Para fechar o semestre ainda nos dedicamos à arte popular, mais especificamente ao trabalho com a argila. Apreciamos um conjunto de obras de artistas renomados, do qual não poderia faltar as do mestre Vitalino. O fato de diferentes ofícios estarem bastante presentes nessa manifestação artística chamou a atenção das crianças que, imediatamente, se propuseram a escolher uma profissão para retratar através da modelagem. Estamos, nesse momento, discutindo a curadoria da mostra que pretendemos fazer antes que o ano acabe. Mas a tarefa é árdua. Como organizar, de forma interessante, a centena de pequenas esculturas, conseguindo comunicar nossas idéias e pensamentos aos visitantes?

Sem dúvida, trabalhamos muito nesse período, tentando desmistificar a idéia de que a arte é um trabalho dissociado da vida. Que o interesse e gosto pela produção artística os acompanhem trazendo prazer e instigando novas ações criativas que, certamente, produziremos no próximo ano.

MúsicaJoão Santos

Na volta das férias, um desafio diferente foi apresentado às crianças nas aulas de Música: compor coletivamente uma música para ser tocada na flauta doce. Para alcançar este objetivo, brincamos com ritmos e melodias simples, improvisando, lendo e grafando-os em partitura. Caminhamos ao som do violão, prestando atenção às pausas e aos diferentes andamentos, trabalhado as noções de pulsação e andamento. Durante esta última atividade, aproveitamos para escolher como seria o acompanhamento harmônico da música a ser composta. Essa parte, feita com o violão, ajuda a conferir um caráter mais alegre ou mais triste à música.

Tendo revisitado todos esses conteúdos musicais e escolhido a harmonia da música, partimos para a composição propriamente dita. Com as sugestões das crianças, definimos toda a parte rítmica da música e depois, ainda com bastante experimentação e improvisos, a melodia que preencheu os ritmos foi surgindo. Quando o longo processo terminou e a

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música ficou pronta, cada aluno recebeu uma cópia da partitura e a turma fez uma votação para decidir como a composição se chamaria. Assim a batizaram de Quatro por quatro.

Com a composição pronta e sendo ensaiada, foi apresentada às crianças uma música que resgatou um tema estudado nas aulas de Projeto do primeiro semestre: Berimbau , de Baden e Vinícius. Conhecemos melhor esse instrumento afro-brasileiro que dá nome à música conversando sobre ele e ouvindo seu som. A música fez bastante sucesso e a turma se divertiu ouvindo e cantando com a gravação. Depois de aprendida toda a letra, passamos a trabalhar algumas partes na flauta, mas sem partitura. Decorar a música representou um desafio a mais para as crianças. Para encerrar o ano fizemos um arranjo para ela utilizando a voz e as flautas que, juntamente com a composição da turma foi apresentado internamente para as outras turmas com o maior sucesso!

Neste segundo semestre, a turma mostrou-se mais amadurecida nas aulas de Música. Com isso foi possível direcionar maior energia à produção musical. A animação e interesse da turma não se perderam e ajudaram a contornar os momentos de agitação e transformá-los em mais disposição para trabalhar e superar os desafios musicais.

Encerrando o trabalho de dois anos com ênfase na flauta doce, podemos constatar que as crianças fizeram aquisições importantes que permitirão, às mais interessadas, prosseguir desenvolvendo suas habilidades. Que continuem com alegria e disposição a trilhar a nova etapa de sua jornada musical.

CoralFernando Ariani

É hora de fazermos um balanço do nosso trabalho. Foi mais um ano muito produtivo. Pudemos desenvolver, satisfatoriamente, os diversos aspectos que estão envolvidos nessa atividade, que tem como objetivo desenvolver a sensibilidade e a inteligência musical, a percepção auditiva, o aparelho fonador, a capacidade de concentração e propiciar mais um espaço coletivo onde se busca um objetivo comum, que depende da contribuição de cada um dos participantes do grupo em favor do resultado do conjunto, o que contribui significativamente para o desenvolvimento individual. O resultado foi colocado à prova tanto em nossa apresentação interna, na Mostra de Artes, como também na oportunidade de compartilhar nosso trabalho além dos muros da escola, experiência da maior importância.

Durante todo o processo que envolveu a nossa participação no Festival CantaPueblo, na Sala Cecília Meireles, foi possível percebermos o que significa o nosso trabalho em outros contextos e, também, dar a oportunidade às nossas crianças de conhecerem outros grupos, propostas e realidades. O comparecimento de uma maioria expressiva atesta o quanto se envolveram com entusiamo na atividade, já que não havia a obrigatoriedade de participação. Esse fato denota, além do interesse pela experiência, uma clara noção de compromisso e solidariedade aos colegas e ao grupo, que acaba se refletindo no próprio resultado sonoro do Coral que cumpriu o seu papel

com a maior dignidade. As crianças estão mesmo de parabéns! As últimas semanas do ano foram dedicadas à festa de encerramento. Uma menção especial deve ser feita ao quarto ano pela competência demonstrada na superação dos novos desafios que a atividade propõe. E também ao quinto ano que, já trazendo a experiência do ano anterior, se colocou disponível para interagir de forma generosa com os novos cantores. Essa vivência é uma bagagem preciosa para seu trajeto futuro. Sabemos que poderemos, também, contar com o quinto ano de 2009 para apoiar os futuros cantores com as competências desenvolvidas em 2008.

TeatroRaquel Libório

Reiniciamos o semestre desenvolvendo diversos jogos dramáticos, retomando alguns conceitos básicos do fazer teatral, tais como atenção, concentração, foco e ritmo. A idéia era capacitá-los, através desses exercícios, para uma etapa posterior, a criação de um roteiro, produção e execução de uma propaganda de TV, com o tema “A Eletricidade”

Para isso, também pesquisamos no YouTube diversas propagandas das décadas de 50 e 60, cuja ênfase era o lançamento de algum produto eletrodoméstico que tenha revolucionado os hábitos e facilitado a vida da dona-de-casa. Analisamos o quanto a variedade, o design e o conceito de eletrodoméstico mudou desde então, especialmente depois do advento do computador, bem como o próprio conceito de propaganda. Fizemos algumas reflexões críticas sobre o excesso de propaganda que, hoje, nos induz ao consumo de produtos eletro-eletrônicos, muitas vezes desnecessários.

Após essa etapa, partimos para a prática. Subdivididos em duplas ou em grupos de até quatro crianças, criaram não só a propaganda como o próprio produto a ser vendido. Depois, foi só filmar.

O passo seguinte foi a leitura do texto teatral “Iluminando a História”, de Karen Acioly, cuja temática era perfeita para complementar os estudos sobre a iluminação elétrica, iniciados por eles nas aulas de Projeto. O texto nos fala, justamente, da chegada da iluminação elétrica à cidade do Rio de Janeiro,

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ocorrida no início do século XX, e a reforma de hábitos provocou. A leitura do texto de Karen também foi ponto de partida para alguns exercícios teatrais quando pudemos trabalhar algumas técnicas de memorização de texto e criação de personagens.

Educação FísicaRenato Lent

Iniciamos o semestre animados com a proximidade das Olimpíadas de Pequim e com a realização de mais uma Olimpíada da Sá Pereira.

As equipes eram compostas por crianças de todas as turmas divididas por cores e nomeadas por diferentes profissões. Alegres, entoaram seus gritos de guerra, mostrando criatividade. Além disso, participaram, com muita garra e determinação, das modalidades oferecidas.

Neste momento de integração pudemos observar que, apesar da competição, há um forte espírito de cooperação e solidariedade entre as crianças.

Acreditamos que essa é uma oportunidade para que exercitem o controle de suas emoções e conheçam suas habilidades, trocando valiosas experiências.

Foi emocionante vê-los reunidos no pátio de baixo, cantando o Hino Nacional, com os olhinhos atentos e ansiosos, aguardando a premiação!

Um segundo pátio sobre rodas trouxe, para os recreios, skates, patins e patinetes. As crianças se equilibraram e se empenharam em cumprir o circuito que, dessa vez, continha

placas de trânsito. Batidas, ultrapassagens perigosas, tráfego na contramão e em local proibido, entre outros exemplos de desrespeito às leis de trânsito, geravam multas cuja cobrança era a suspensão temporária do brinquedo e seu empréstimo a um colega.

Contamos, também, com o auxílio de guardas de trânsito para verificar o cumprimento das regras. Uma farra!!!

Nas partidas de câmbio, uma adaptação do voleibol, as turmas experimentaram e vibraram com os saques, rodízios, passes e pontos marcados.

Futebol e queimado continuam sendo os preferidos da garotada, porém também temos disputadas partidas de basquete, handebol e pique-bandeira animando as manhãs e tardes.

A liberdade para a escolher suas brincadeiras prediletas e se organizarem com autonomia em pequenos grupos, também foi vivida nos "Pereirões Livres", nos quais o espaço era dividido de forma a que todos pudessem se divertir ao mesmo tempo.

A turma ampliou um pouco sua preferência pelos jogos e passou a aceitar outros que não o futebol.

No semestre passado, se preocupavam em assimilar as regras; neste semestre, com as regras dominadas, começaram a se preocupar mais em vencer, se tornando uma turma bastante competitiva.

Continuam se divertindo quando estão apreciando os colegas jogarem e adoram dar palpites. Alguns gostam de apitar os jogos e exercem essa função muito bem.

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