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Tribo Andrea Travassos Dedicamos o semestre a cuidar da difícil e também esperada saída da Sá Pereira. O bate-papo com alguns ex-alunos, o registro sobre as sensações, os medos e as ansiedades, as muitas conversas sobre a vivência de cada um nas visitas e nas avaliações da nova escola trouxeram mais tranqüilidade para todos. Foi um período de vivências fortes. O fato de estarem juntos, compartilhando esse momento delicado e muito construtivo, deu-lhes uma coragem maior. Nossos encontros semanais amadureceram. As crianças parecem saber que são as mais experientes dentro da escola. Isso promove um ser e estar na Tribo mais responsável e comprometido com as discussões, os depoimentos e os acordos pensados em grupo. O tempo de convivência parece trazer a todos uma afinidade e o conforto de poder falar de si, suas experiências, emoções e sentimentos com a certeza de uma escuta acolhedora de um grupo que está passando junto pela mesma difícil experiência de mudança e encontro com o novo. Como essa galera cresceu nesses quatro meses! Com o alívio depois das avaliações e a definição dos caminhos de cada um, podemos festejar esse momento de conclusão de uma etapa na vida, que vai estar presente, para sempre, na história de cada um. Marcando esse momento tão único e especial, lemos nossos desejos para 2008 na escola, registrados na primeira Tribo do ano. Concentrados, voltados para si mesmos, e ao mesmo tempo em sintonia com seu grupo – companheiro de tantas vivências e aprendizagens – queimamos os papéis e, junto com a fumaça, deixamos nossos desejos, de hoje e de sempre, se espalharem pelo espaço. Projeto Andrea Nivea Depois de uma recarga de energia... As frentes de trabalho que abrimos no Quinto Ano são completamente articuláveis. Fazemos o esforço de estabelecer relações entre os materiais que adotamos e aqueles que elaboramos; as conversas com as crianças e as propostas que 1 Escola Sá Pereira – Relatório do Segundo Semestre de 2008 – Ensino Fundamental – F5M Quinto Ano - F5M Ensino Fundamental Relatório do Segundo Semestre de 2008 antonio coreixas biasotto de oliveira / caio amado / carolina fendt gonçalves silva / esther gazzola borges / felipe farina barros / felipe martins gomes / francisco de aguiar fortes / hugo cotrim coutinho / joana tavares campos / joão travassos lins / joão victor de almeida coutinho bandeira / larissa rodrigues / luisa giesteira lima / marcus alves azevedo / maria eduarda moraes aquino / pablo guimarães bandeira da silveira / pedro henrique martins cardoso / rodrigo arouca manzi marinho / victoria vasconcelos boavista da cunha junqueira / yuri quitete de barros mansur

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TriboAndrea Travassos

Dedicamos o semestre a cuidar da difícil e também esperada saída da Sá Pereira. O bate-papo com alguns ex-alunos, o registro sobre as sensações, os medos e as ansiedades, as muitas conversas sobre a vivência de cada um nas visitas e nas avaliações da nova escola trouxeram mais tranqüilidade para todos. Foi um período de vivências fortes. O fato de estarem juntos, compartilhando esse momento delicado e muito construtivo, deu-lhes uma coragem maior. Nossos encontros semanais amadureceram. As crianças parecem saber que são as mais experientes dentro da escola. Isso promove um ser e

estar na Tribo mais responsável e comprometido com as discussões, os depoimentos e os acordos pensados em grupo. O tempo de convivência parece trazer a todos uma afinidade e o conforto de poder falar de si, suas experiências, emoções e sentimentos com a certeza de uma escuta acolhedora de um grupo que está passando junto pela mesma difícil experiência de mudança e encontro com o novo. Como essa galera cresceu nesses quatro meses! Com o alívio depois das avaliações e a definição dos caminhos de cada um, podemos festejar esse momento de conclusão de uma etapa na vida, que vai estar presente, para sempre, na história de cada um. Marcando esse momento tão único e especial, lemos nossos desejos para 2008 na escola, registrados na primeira Tribo do ano. Concentrados, voltados para si mesmos, e ao mesmo tempo em sintonia com seu grupo – companheiro de tantas vivências e aprendizagens – queimamos os papéis e, junto com a fumaça, deixamos nossos desejos, de hoje e de sempre, se espalharem pelo espaço.

ProjetoAndrea Nivea

Depois de uma recarga de energia...As frentes de trabalho que abrimos no Quinto Ano são completamente articuláveis. Fazemos o esforço de estabelecer relações entre os materiais que adotamos e aqueles que elaboramos; as conversas com as crianças e as propostas que

1 Escola Sá Pereira – Relatório do Segundo Semestre de 2008 – Ensino Fundamental – F5M

Quinto Ano - F5MEnsino FundamentalRelatório do Segundo Semestre de 2008

antonio coreixas biasotto de oliveira / caio amado / carolina fendt gonçalves silva / esther gazzola borges / felipe farina barros / felipe martins gomes / francisco de

aguiar fortes / hugo cotrim coutinho / joana tavares campos / joão travassos lins / joão victor de almeida

coutinho bandeira / larissa rodrigues / luisa giesteira lima / marcus alves azevedo / maria eduarda moraes aquino / pablo guimarães bandeira da silveira / pedro henrique

martins cardoso / rodrigo arouca manzi marinho / victoria vasconcelos boavista da cunha junqueira / yuri quitete de

barros mansur

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apresentamos. E a recompensa é vê-los estabelecendo pontes entre as muitas informações e diferentes experiências, na maioria das vezes de forma espontânea. A compreensão de uma música é enriquecida por um filme, a leitura de um texto e um passeio se complementam. Tudo começa a fazer sentido para eles.

As crianças trouxeram, das férias, as pesquisas sobre os inventos e a conclusão mais bacana a que chegaram foi que, analisando o que foi pesquisado, descobriram que alguns inventos, como a televisão e o automóvel, na última década, sofreram mais transformações no que se refere à estética do que ao funcionamento. É como se a beleza passasse a ser muito mais importante que a função, concluíram.

Ciência Viva na Pedra BonitaComeçávamos a nos organizar para a Feira Moderna.

Além dos estudos, planejamos um passeio: uma caminhada com guias na Pedra Bonita.

Rimos, suamos um bocado, alguns ameaçavam desistir de tão cansados. Foi bom demais ver o espírito coletivo, uns estimulando os outros, esperando, dividindo a água... A verdade é que a subida era mesmo bem íngreme (palavra nova para muita gente). Mas valeu o esforço!

Fomos brindados com um dia de sol, não muito quente, e uma vista deslumbrante. Encontramos, na pista de vôo, o Mosquito, um experiente instrutor de vôo. Na hora do nosso lanche,

recebemos a visita de um miquinho. Não faltava mais nada!

Mas a caminhada era só uma parte da nossa aula-passeio.

A aula que os guias do Moleque Mateiro deram, ainda na escola, trouxe muitas novas informações que foram sendo organizadas à medida que os trabalhos se concretizavam e a Feira Moderna se aproximava.

O vôo de asa-delta de um estreante, naquela sexta-feira 15 de agosto, serviu de motivo para a escrita de textos individuais pequeninos, no qual cada um contava sua primeira vez em alguma experiência. A proposta casava-se direitinho com o estudo sobre o que é um Conto, que estávamos fazendo na apostila de Literatura. Mas assistir ao vôo também serviu para tentar responder, cientificamente, como a asa-delta plana.

Para enriquecer nossos estudos na área das Ciências, recebemos a visita de Guga, filho da professora Ângela que, com uma película de cebola e um microscópio bem regulado, inaugurou a pergunta "de que são feitas as coisas?". Ingressamos em discussões bem interessantes sobre células, moléculas, átomos e outros proparoxítonos minúsculos...

Estávamos a um mês da Feira Moderna quando nos ocupamos com o planejamento do evento. Dividimos as tarefas pelos grupos a partir de alguns temas como Ciências da Natureza e Física Térmica e outros mais diretamente ligados ao projeto História das Invenções, como a reflexão sobre os inventos e os sentidos e as capacidades que eles potencializam.

Mais visitasNessa ocasião, a visita do Henrique – professor de Física que nos assessorou durante o Projeto – foi muito proveitosa. As crianças ensaiaram diante do professor suas apresentações na Feira, falando sobre o que estavam estudando e respondiam, muito à vontade, sobre os conceitos de Física recém aprendidos. Estavam afiadas e, ao concluírem os registros das experiências, afirmavam que ninguém faz hipóteses muito “furadas” quando tem os conhecimentos que eles vêm construindo.

No dia da Feira, estavam organizados em pequenos setores, cada um se sentindo responsável por ensinar aos amigos das

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outras turmas e aos visitantes aquilo que haviam estudado com afinco. As produções coletivas atraíram a atenção de todos: o painel Bicho Inventor – com a imagem do Homem Vitruviano cercado de fotos de inventos e outro painel, Transgredindo Inventos – com propostas criativas de transformação de inventos do grupo "mãos que matam" em “invenções do bem”.

É uma pena, mas não fica evidente em um evento essa capacidade de organização das crianças durante todo o processo, a disponibilidade para planejar, resolver problemas, aceitar sugestões e socializar as idéias.

Mais InvençõesA partir de uma conversa nascida com a leitura de História das Invenções, assistimos ao curta Ilha das Flores.

Naturalmente, como acontece sempre que alguém assiste a esse filme, falamos sobre muitas coisas, mas principalmente sobre o que podemos e o que fazemos para que todos tenham as mesmas oportunidades.

Geralmente essas conversas com crianças apontam para contrastes, para o que parece polarizado na vida da gente, por isso, falamos sobre ricos e pobres, sobre patrões e empregados, sobre liberdade e escravidão, sobre o que é ter um dono e ser um dono, sobre a narrativa e todos os recursos utilizados no filme que, juntos à temática, o tornam especial.

Luz, Cor e LentesPoetas da Cor, no MAC, foi a exposição visitada com Moema, professora de Artes. A intenção era trazer alguns conhecimentos de Ótica, a partir do conceito de luz-cor. As crianças fizeram produções bastante criativas, explorando alguns dos conceitos explorados e as apresentaram na Feira Moderna.

Ainda sobre esse tema, fechamos o ano visitando a fábrica de lentes Carl Zeiss Vision. Durante o "tour" pela fábrica, que fica em São Cristóvão e que, além de lentes oftálmicas também faz lentes de câmeras fotográficas, microscópios e até telescópios, vimos todo o processo de produção de uma lente de grau. Foi uma aula-passeio de qualidade, no fechamento do nosso projeto História das Invenções.

Inventando com História das InvençõesHistória das Invenções, a partir do segundo semestre, teve um tempero voltado para a Física: a Física Térmica, a Ótica, a Mecânica, o Eletromagnetismo... De certa forma, a organização do livro de Lobato nos sugeria isso.

Nossas idéias iniciais se espalharam por mais tempo do que prevíamos e nossos planos tiveram que se ajustar a um tempo real mais curto. Chegamos ao final do ano e avaliamos o que, em nosso projeto de estudo, foi realizado e o que não foi. Não chegamos a estudar profundamente nenhum dos ramos da Física, mas aproximamos nossos alunos de uma postura positiva diante da pesquisa, da observação e da descoberta. Levantamos hipóteses, realizamos experiências, observamos e registramos. Acreditamos ter despertado, neles, o interesse e mantida acesa a curiosidade sobre os elementos, os fenômenos e o método científico.

LiteraturaDurante o estudo sobre o Conto, na Apostila de Literatura, as crianças aqueceram um debate interessante: afinal, o que é melhor, um texto com ilustrações ou um sem ilustrações? A conversa foi longe, falamos das adaptações de obras literárias para diferentes linguagens, falamos sobre livros em que as imagens são o texto, falamos sobre as Histórias em Quadrinhos que conjugam, de forma harmoniosa, as duas coisas. Embora haja ainda muito preconceito com relação à sua leitura, falamos das Histórias em Quadrinhos que ensinam como livros didáticos e houve até quem perguntasse se isso também é literatura.

Quando chegamos às poesias na apostila de Literatura, propusemos a reflexão sobre as capacidades das mãos e a construção do Móbile Mãos Poéticas, também para exposição no evento daquele sábado, 11 de outubro.

A apostila nos guiaria ainda pelas Biografias.

Ainda dava tempo para Machado de Assis... Era época de eleições municipais e ouvir "Conto de Escola" foi a deixa para falar em corrupção, propina, suborno. Depois foi a vez de "Umas Férias", que foi reescrito sob o ponto de vista de outro narrador.

Havíamos adotado dois livros de Lobato e mantínhamos com regularidade o empréstimo de livros na biblioteca, além de vez ou outra um livro novo aparecer nas rodas de sexta-feira. Mas pareceu-nos pouco. A escolha de "A Volta ao Mundo em 80 dias" trouxe uma energia a mais para a Literatura. Surgiu, no grupo, o interesse pela leitura em voz alta e a interpretação e a entonação passaram a ser incorporadas. E, de repente, Julio Verne nos deu a oportunidade de tratar da Geografia Física e da Geografia Política. A dobradinha entre o mapa da sala e o Google Maps nos ajudou a acompanhar a viagem extraordinária. Além disso, claro, o tema, o perfil psicológico de Fíleas Fogg, o percurso e a aventura do inglês impassível agradaram em cheio à turma.

Refinando a produçãoOs textos das crianças vieram mostrando um aprimoramento das idéias, na formulação de frases, na construção das

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narrativas, no uso mais apurado da pontuação, na escolha do vocabulário. A ampliação dos conhecimentos de Gramática se faz presente nos textos mais ricos. Isso sem falar no toque de estilo particular já evidente em algumas produções.

As apostilas de estudo dirigido da Emília e a Cruzadinha, de certa forma, levaram às crianças a esses avanços.

FinalizandoA Aventura do Trabalho vai ser contada na festa de encerramento. Desde a Gênese, passando pela Raça Humana até a Rotina pesada da Fábrica, chega ao fim mais um ano de muito empenho. Lemos, conversamos, estudamos, dançamos, cantamos, brigamos, rimos e nos divertimos demais. É bom conjugar, juntos, tantos verbos.

Nesse tempo, nossos 20 alunos da F5M cresceram muito.

Mas precisam crescer mais e mais. Ocupar novos espaços, conquistar novos amigos.

Vamos sentir saudades das manhãs que foram pequenas para a nossa enorme vontade de conviver.

MatemáticaAndrea Nivea

Usar um conhecimento adquirido anteriormente para resolver novos desafios é a matriz do nosso trabalho de Matemática e, assim, tratamos de apresentar às crianças um programa onde os conteúdos estão direta ou indiretamente implicados. Normalmente eles percebem nossa intenção e a verbalizam com clareza.

No segundo semestre,o trabalho com frações chegava às questões mais complexas: comparar, adicionar e subtrair frações heterogêneas (frações onde os denominadores são diferentes). Como já sabiam as relações numéricas “ser múltiplo de" e "ser divisor de” isso ajudaria quando precisassem usar frações equivalentes. E foi assim, também, com simplificação e ordenação de frações.

Representar graficamente e organizar frações em retas

numeradas ajudou a compreender a grandeza de frações que valem mais que inteiros e aquelas que nem parecem frações por terem o mesmo valor que números naturais.

É previsível a dificuldade que as turmas costumam apresentar diante dos problemas envolvendo frações. Ora porque demandam mais de uma operação, ora porque têm textos com detalhes que definem soluções certas e erradas. Foi um investimento grande que precisamos fazer.

A notação fracionária cedeu lugar à representação decimal posicional. E a vírgula, tão presente em nosso dia-a-dia nas medidas e nas quantias, entrou pelo caderno quadriculado e fez paradas nas apostilas e no livro de capa rosa.

Exploramos muito a posicionalidade - característica principal do nosso sistema de numeração – como uma das heranças do trabalho das séries iniciais e, assim, as crianças, acostumadas a pensarem e se sentirem seduzidas pelo infinito, perceberam que entravam por um mundo meio às avessas, onde “cada vez mais longe a unidade fica perto do nada”.

Os decimais apareceram, então, em medidas, em problemas com conversões simples e nas situações de cálculo de perímetro.

Depois de descobrirem que já sabiam operar com decimais há muito tempo, faltava trazer do mundo dos adultos a porcentagem. Não, não íamos explorar os índices de queda nas Bolsas, mas bem que eles foram citados... O que foi interessante notar é que já tínhamos meio caminho andado; afinal as frações decimais com denominador 100 nos dariam “uma cola” ao resolver problemas com porcentagem.

Arquivamos as tarefas e, juntos, avaliamos o percurso e o trabalho.

Fechamos um ano apertado, dividido por dois denominadores

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principais: a preocupação em preparar a saída e a vontade de aproveitar o encontro.

InglêsRosângela Caldas

Iniciamos o segundo semestre com uma apresentação de imagens de antigas propagandas retratando épocas diversas e produtos bem conhecidos até hoje. Esse elemento disparador serviu para darmos o pontapé inicial do que seria uma série de debates e conversas bem interessantes a respeito da mídia, Internet, propaganda e toda essa estrutura econômica e social que nos impulsiona para um consumo muitas vezes impensado, compulsivo. As crianças demonstraram muita competência e desenvoltura para elaborar algumas questões importantes. Como e por que surgiu a propaganda? Qual era o objetivo inicial da propaganda e qual é a sua função nos dias de hoje? Temos ou não o direito de escolha entre um produto e outro? Quando o assunto se estendeu para a Internet, os depoimentos e as inquietações foram ainda mais intensos, principalmente em relação à segurança.

Pudemos observar que, antigamente, a idéia central nos anúncios era, antes de tudo, apresentar e explicar ao consumidor a serventia do produto. Trabalhamos com algumas frases de efeito que tentam traduzir a imagem de alguns produtos como: “Drink Coke”, “Enjoy it”, “Just do it”, entre outras. As crianças perceberam o caráter imperativo destas frases e sua implicação nas nossas escolhas.

Charges e quadrinhos nos ajudaram a discutir o homem moderno consumista, insatisfeito e em busca de trabalho para sustentar esse consumo. Com a leitura de um quadrinho que retratava uma entrevista de emprego, retomamos as “questions words” que são as palavras que nos auxiliam na elaboração de perguntas. Em dupla, as crianças formularam questões, se entrevistaram e preencheram uma “job application”, ficha de apresentação no emprego. Essas entrevistas foram filmadas e serviram como exercício de expressão oral e observação de pronúncia.

Outra conversa interessante surgiu quando, para melhor compreender o uso do “can”, escutamos e trabalhamos as

letras de duas músicas dos “Beatles”: “We can work it out” e “Can’t buy me love”. As crianças puderam perceber os estilos diferentes das músicas e se interessaram pelas diversas traduções que a palavra “work” pode ter, dependendo de sua utilização.

As fichas do “Let’s talk about” continuaram a desempenhar a função de revisão ou apresentação de alguns conteúdos como: "question words"; "there is / there"; “can x can’t”; “time”; “possessive pronouns”. Acreditamos que essas fichas podem servir como apoio e consulta em momentos futuros.

ArtesMoema Santos

Buscando dialogar com as pesquisas que a turma desenvolvia nas aulas de Projeto, apresentamos a vida e a obra de Leonardo Da Vinci, especialmente a série de inventos que antecederam criações importantes para a humanidade. As crianças puderam perceber a mente visionária desse artista-cientista, mas não deixaram de estabelecer uma relação crítica, observando que muitos de seus inventos estavam vinculados a objetivos bélicos. Usando o grafite, assim como Da Vinci, exercitaram a imaginação, criando desenhos que pudessem representar inventos benéficos à humanidade. Para esse estudo, utilizamos diferentes fontes. A Internet foi nossa aliada, trazendo filmes, animações, visitas virtuais às exposições, mas diversos livros também estiveram presentes.

Pensávamos, inicialmente, em aproveitar esses projetos para desenvolvê-los tridimensionalmente. Porém, percebemos que a imaginação fértil que apareceu no papel poderia facilmente ser frustrada quando levada à concretude da tridimensionalidade. Faltariam materiais, ferramentas, habilidades, enfim, possibilidades concretas de transformar o sonho em realidade.

Resolvemos, então, para complementar o estudo de física que desenvolviam em Projeto, buscar as questões da ótica. É lógico que de uma forma muito mais experimental do que conceitual. Mas, mesmo assim, trabalhamos alguns conceitos importantes como a diferença da mistura das cores na luz e nos pigmentos. Aprenderam sobre a classificação das cores (primárias, secundárias, complementares) e, aproveitando a experiência que tiveram na visita à exposição "Poetas da Cor", no MAC, partimos para a exploração da luz, das cores e do movimento na criação de objetos luminosos que integrassem esses aspectos da linguagem visual. O trabalho foi um desafio e tanto. Levamos muitas aulas desenhando o projeto, avaliando as possibilidades de concretizá-lo, elencando materiais possíveis de serem utilizados.

Depois, partimos para a construção utilizando cúpulas de abajours, cartões pretos, gelatinas coloridas e todos os equipamentos luminosos de que a escola dispunha, entre eles a antiga máquina de slides e o retroprojetor. O resultado de tanto investimento foi exposto na Feira Moderna, convidando os visitantes a interagirem com os objetos.

No meio desse trabalho, ainda fizemos uma pausa para conhecer a história de Marc Ferrez, um dos primeiros e mais

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importantes fotógrafos do Brasil. Sua famosa série sobre os ambulantes que povoavam o Rio Antigo serviu como ponto de partida para o curta O Amolador. Nossa intenção, com esse estudo, era sensibilizar o olhar das crianças para que pudessem participar de uma sessão de cinema especial, com direito a uma conversa com o cineasta Abelardo de Carvalho e o produtor Cavi Borges. Muitas curiosidades sobre esse universo de trabalho puderam ser esclarecidas. E a experiência foi uma conclusão para os estudos do primeiro semestre sobre a linguagem fotográfica.

Para fechar o semestre ainda nos dedicamos à arte popular, mais especificamente ao trabalho com a argila. Apreciamos um conjunto de obras de artistas renomados, do qual não poderia faltar as do mestre Vitalino. O fato de diferentes ofícios estarem bastante presentes nessa manifestação artística chamou a atenção das crianças que, imediatamente, se propuseram a escolher uma profissão para retratar através da modelagem. Estamos, nesse momento, discutindo a curadoria da mostra que pretendemos fazer antes que o ano acabe. Mas a tarefa é árdua. Como organizar, de forma interessante, a centena de pequenas esculturas conseguindo comunicar nossas idéias e pensamentos aos visitantes?

Sem dúvida, trabalhamos muito nesse período, tentando desmistificar a idéia de que a arte é um trabalho dissociado da vida. Que o interesse e gosto pela produção artística para sempre acompanhem essa turma trazendo prazer e instigando novas ações criativas.

Expressão CorporalAna Cecília Guimarães

As olimpíadas de Pequim inspiraram nossas aulas no início do semestre. Fizemos uma apreciação da Abertura dos Jogos e observamos como a movimentação coletiva apresentava harmonia nos movimentos realizados. Percebemos, também, que a repetição e a simultaneidade de gestos contribuíram para produzir os efeitos surpreendentes que vimos. A partir dessa apreciação, fizemos quatro exercícios inspirados nos momentos mais marcantes.

Em seguida começamos um processo de composição

coreográfica, que se estendeu por algumas aulas, começando pela criação livre de movimentos no tempo quaternário. Depois de improvisar, as crianças selecionavam os movimentos preferidos em quatro compassos. Numa outra etapa, ensinavam seus movimentos uns aos outros, criando uma seqüência combinada em pequenos grupos. Trocavam idéias para definir direções, níveis e formas de locomoção, sempre respeitando o ritmo comum. Filmamos e apreciamos a produção de todos, conversando sobre os limites e possibilidades desse trabalho. No final ainda juntamos, numa só coreografia, as seqüências de cada grupo.

Fizemos algumas apreciações estéticas no telão do salão vendo coreografias do consagrado Grupo Corpo e do original e performático Grupo Stomp em suas variações rítmicas. Também aproveitamos para, em clima de despedida, ver algumas produções antigas da turma nas aulas de Expressão Corporal. Foi muito divertido rever os trabalhos dos anos anteriores e comentar sobre cada um deles.

Em clima de muita emoção, nos empenhamos para ensaiar as coreografias apresentadas na Festa do Final do Ano. A turma demonstrou muita desenvoltura e maturidade revelando, nas aulas, com uma dedicação incrível, todo seu potencial expressivo.

MúsicaManoela Marinho

Começamos o semestre dando continuidade ao arranjo da música Sala de Reboco, de Marcolino e Luiz Gonzaga, que começamos no semestre anterior. Para isso contamos com tambor, triângulo, flauta doce, pandeiro, metalofone, piano e violão. Foi um rico trabalho de prática de conjunto, quando vários desafios foram conquistados: cantar e tocar simultaneamente, tocar no andamento correto, atentar para a regência, tocar na intensidade apropriada, ouvir a si e aos colegas simultaneamente, estar atendo à forma das músicas e às entradas e saídas de cada instrumento. O resultado foi apresentado internamente para as outras turmas.

Dando continuidade às aulas de Música, começamos a fazer jogos rítmicos e melódicos em cima de provérbios e parlendas. Primeiro aprendemos e decoramos a frase, depois enriquecemos a rítmica sugerida pela frase com percussão corporal e, em seguida, omitimos a fala. Assim, obtivemos uma complexa frase rítmica. Quando dominamos todas as fases do processo, dividimos o grupo em dois e fizemos a experiência de deslocamento da frase, gerando um cânone que foi apresentado para as outras turmas.

Inspirados no samba Cocorocó, de Paulo da Portela, uma das músicas da festa de encerramento que fala de forma bem-humorada do tema trabalho, iniciamos uma prática de conjunto. O desafio foi aprender a tocar tamborim e tantam. Todos aprenderam a técnica básica desses instrumentos, mesmo os que escolheram tocar outro. Para esse arranjo utilizamos pandeiro, agogô, tamborim, tantam, surdo e ganzá.

As últimas aulas foram dedicadas a conhecer o repertório da festa de encerramento.

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CoralFernando Ariani

É hora de fazermos um balanço do nosso trabalho. Foi mais um ano muito produtivo. Pudemos desenvolver, satisfatoriamente, os diversos aspectos que estão envolvidos nessa atividade, que tem como objetivo desenvolver a sensibilidade e a inteligência musical, a percepção auditiva, o aparelho fonador, a capacidade de concentração e propiciar mais um espaço coletivo onde se busca um objetivo comum, que depende da contribuição de cada um dos participantes do grupo em favor do resultado do conjunto, o que contribui significativamente para o desenvolvimento individual. O resultado foi colocado à prova tanto em nossa apresentação interna, na Mostra de Artes, como também na oportunidade de compartilhar nosso trabalho além dos muros da escola, experiência da maior importância. Durante todo o processo que envolveu a nossa participação no Festival CantaPueblo, na Sala Cecília Meireles, foi possível percebermos o que significa o nosso trabalho em outros contextos e, também, dar a oportunidade às nossas crianças de conhecerem outros grupos, propostas e realidades. O comparecimento de uma maioria expressiva atesta o quanto se envolveram com entusiamo na atividade, já que não havia a obrigatoriedade de participação. Esse fato denota, além do interesse pela experiência, uma clara noção de compromisso e solidariedade aos colegas e ao grupo, que acaba se refletindo no próprio resultado sonoro do Coral que cumpriu o seu papel com a maior dignidade. As crianças estão mesmo de parabéns! As últimas semanas do ano foram dedicadas à festa de encerramento. Uma menção especial deve ser feita ao quarto ano pela competência demonstrada na superação dos novos desafios que a atividade propõe. E também ao quinto ano que, já trazendo a experiência do ano anterior, se colocou disponível para interagir de forma generosa com os novos cantores. Essa vivência é uma bagagem preciosa para seu trajeto futuro. Sabemos que poderemos, também, contar com o quinto ano de 2009 para apoiar os futuros cantores com as competências desenvolvidas em 2008.

TeatroRaquel Libório

Reiniciamos o semestre desenvolvendo diversos jogos dramáticos, retomando alguns conceitos básicos do fazer teatral tais como atenção, concentração, foco e ritmo. A idéia era capacitá-los, através desses exercícios, para uma etapa posterior, a criação de um roteiro, produção e execução de uma propaganda de TV, com o tema “As Invenções”

Para isso, também pesquisamos no YouTube diversas propagandas das décadas de 50 e 60, cuja ênfase era o lançamento de algum produto que tenha revolucionado os hábitos dos consumidores da época. Acabamos por destacar o próprio aparelho de TV, os aparelhos de som “três-em-um”, o fusca como o primeiro carro popular e alguns eletrodomésticos. Analisamos o quanto a variedade, o design e o conceito do eletrodoméstico mudou desde então, especialmente depois do advento do computador, bem como o próprio conceito de propaganda. Fizemos algumas reflexões críticas sobre o excesso de propaganda que, hoje, nos induz ao consumo de produtos muitas vezes desnecessários e o quanto, em nossa sociedade de consumo, os produtos são descartáveis, se tornando obsoletos de um lançamento para o outro.

Após essa etapa, partimos para a prática. Subdivididos em duplas ou em grupos de até quatro crianças, criaram não só a propaganda como o próprio produto a ser vendido. O enfoque deveria ser “sua vida antes e depois do produto”. Depois, foi só filmar.

Finalizada a etapa das propagandas, partimos para os ensaios da Festa de Encerramento, cujo tema era “A Aventura do Trabalho”. Coube aos alunos das F5 o desafio de contar para vocês, de forma simples e descontraída, a complexidade de um tema tão vasto: compartilhar e celebrar com vocês, numa única festa, o fechamento de todos os trabalhos produzidos este ano, ou seja, torná-los anfitriões de uma festa onde os grandes homenageados eram eles mesmos: alunos sujeitos de suas produções. Que aventura!

Educação FísicaRenato Lent

Iniciamos o semestre animados com a proximidade das Olimpíadas de Pequim e com a realização de mais uma Olimpíada da Sá Pereira.

As equipes eram compostas por crianças de todas as turmas divididas por cores e nomeadas por diferentes profissões. Alegres, entoaram seus gritos de guerra, mostrando criatividade. Além disso, participaram, com muita garra e determinação, das modalidades oferecidas.

Neste momento de integração pudemos observar que, apesar da competição, há um forte espírito de cooperação e solidariedade entre as crianças.

Acreditamos que essa é uma oportunidade para que exercitem

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o controle de suas emoções e conheçam suas habilidades, trocando valiosas experiências.

Foi emocionante vê-los reunidos no pátio de baixo, cantando o Hino Nacional, com os olhinhos atentos e ansiosos, aguardando a premiação!

Um segundo pátio sobre rodas trouxe, para os recreios, skates, patins e patinetes. As crianças se equilibraram e se empenharam em cumprir o circuito que, dessa vez, continha placas de trânsito. Batidas, ultrapassagens perigosas, tráfego na contramão e em local proibido, entre outros exemplos de desrespeito às leis de trânsito, geravam multas cuja cobrança era a suspensão temporária do brinquedo e seu empréstimo a um colega.

Contamos, também, com o auxílio de guardas de trânsito para verificar o cumprimento das regras. Uma farra!!!

Nas partidas de câmbio, uma adaptação do voleibol, as turmas experimentaram e vibraram com os saques, rodízios, passes e pontos marcados.

Futebol e queimado continuam sendo os preferidos da garotada, porém também temos disputadas partidas de basquete, handebol e pique-bandeira animando as manhãs e tardes.

A liberdade para a escolher suas brincadeiras prediletas e se

organizarem com autonomia em pequenos grupos, também foi vivida nos "Pereirões Livres", nos quais o espaço era dividido de forma a que todos pudessem se divertir ao mesmo tempo.

Conhecer a maioria das crianças desse grupo, desde o antigo CA, além do fato desse ser o último ano na escola, faz com que seja mais difícil escrever sobre esse grupo. Já brigamos muito e nos divertimos bastante. Como pode ter sido dito, em 2005, que eles caem e não querem mais jogar se hoje eles se machucam mesmo e não falam nada para continuar jogando? Que escolhem somente pela amizade e se esquecem das habilidades individuais nos jogos?

Em 2006, dissemos que eles eram competitivos e, assim, continuam, mas são bem unidos como turma.

Parece estranho ver que no início de 2007 havia dificuldades na escolha dos times. Hoje, sugerido o jogo, rapidamente se organizam sozinhos e sem reclamações. As brigas só aparecem com as derrotas. Isso não mudou.

Antes da cobertura, por causa da chuva, muitas vezes, ficaram sem Pereirão.

Algum dia ficaram perdidos no Pereirão por ele ser muito grande. Hoje, também, por ele ser muito pequeno. Lembramos bem de alguns aprendendo a quicar a bola com as duas mãos e de muitos chorando porque não foram escolhidos pelos amigos. São muitas histórias só das aulas de Educação Física.

8 Escola Sá Pereira – Relatório do Segundo Semestre de 2008 – Ensino Fundamental – F5M

Page 9: Quinto Ano - F5M - escolasapereira.com.br · avaliações da nova escola trouxeram mais tranqüilidade para todos. Foi um período de vivências fortes. O fato de estarem juntos,

Mas eles são bastante unidos e torcemos para que essa união permaneça depois da Sá Pereira.

9 Escola Sá Pereira – Relatório do Segundo Semestre de 2008 – Ensino Fundamental – F5M