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Avaliação de volume de blocos e sua correlação com a recuperação em pedreiras de mármore Iris Daniela Oliveira Cruz Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Geológica e de Minas Orientador: Professora Doutora Ana Paula Alves Afonso Falcão Neves Júri Presidente: Professor Doutor António Jorge Gonçalves de Sousa Orientador: Professora Doutora Ana Paula Alves Afonso Falcão Neves Vogal: Professora Doutora Maria Matilde Mourão de Oliveira Carvalho Horta Costa e Silva Novembro de 2015

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Avaliação de volume de blocos e sua correlação com a

recuperação em pedreiras de mármore

Iris Daniela Oliveira Cruz

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Geológica e de Minas

Orientador: Professora Doutora Ana Paula Alves Afonso Falcão Neves

Júri

Presidente: Professor Doutor António Jorge Gonçalves de Sousa

Orientador: Professora Doutora Ana Paula Alves Afonso Falcão Neves

Vogal: Professora Doutora Maria Matilde Mourão de Oliveira Carvalho Horta Costa e

Silva

Novembro de 2015

ii

iii

Agradecimentos

À minha orientadora, Professora Doutora Ana Paula Falcão Neves, e Eng.º Gustavo Paneiro, agradeço

toda a disponibilidade, colaboração, empenho, exigência, críticas e opiniões ao longo da realização

deste trabalho sem os quais não seria possível a sua concretização.

À empresa SOLUBEMA e GEOINVESTE, agradeço a disponibilidade dos dados cedidos e a

possibilidade que me proporcionou de acompanhar todos os processos de extração inerentes à

realização deste trabalho.

Agradeço também a todos os colaboradores das respetivas empresas, especialmente ao Eng.º Óscar

Frazão, Eng.º Américo Parreirão Gomes e Eng.º Hugo Primo cuja experiência, conhecimentos e apoio

foram fundamentais.

Ao Eng.ª Pedro Pereira da Secil e à Professora Doutora Maria Teresa Carvalho por me ajudarem em

questões de nível académico e profissional.

Agradeço a todos os meus amigos e colegas com quem tive oportunidade de trabalhar ao longo do

percurso académico e com os quais tive a oportunidade de partilhar bons momentos.

Aos meus pais um agradecimento especial pelo investimento feito em mim o que me permitiu obter

esta formação académica assim como todo o seu amor e carinho. Ao meu irmão pela ajuda constante

sempre que solicitada. Aos meus avós, tios e primas por todo o seu apoio e força de vontade e ao João

Cardoso um agradecimento por ser o meu maior ouvinte das minhas dúvidas, sucessos e pela coragem

transmitida.

iv

v

Resumo

O volume de desperdícios de rochas ornamentais em Portugal ronda valores entre 80-90 % da

totalidade de rocha extraída. A conjugação de vários fatores, entre os quais o elevado grau de

fraturação da jazida, impede a produção de blocos com dimensão comercial mínima e aspetos de

ordem estética (presença de manchas, fios, etc.), que desvalorizam a pedra, levando à rejeição de

blocos por serem inadequados para a sua transformação ou uso como rocha ornamental.

Por isso é importante estabelecer metodologias que avaliam a recuperação comercial antes do

desmonte de bancadas em pedreiras, tendo em conta aspetos estéticos que variam ao longo do tempo,

seguindo tendências de mercado.

O objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de um método expedito de avaliação da recuperação

comercial de frentes de desmonte baseado no volume in situ dos blocos e fatores qualitativos, tais

como, cor de matriz das frentes de desmonte, densidade e tipo de venagem.

Fez-se uma comparação entre Block Quality Designation(𝐵𝑄𝐷) e o espaçamento volumétrico das

fraturas (𝐽v) para verificar qual o método que melhor se correlaciona com a recuperação de blocos e

desenvolveu-se um modelo estatístico que tem como base a teoria do método dos mínimos quadrados.

O modelo utiliza como variáveis o BQD, a profundidade e o fator estético cor.

Com esta metodologia foi possível verificar quais os fatores que influenciam a recuperação comercial

em frentes de desmonte.

Palavras-chave: Mármore; Pedreiras; BQD; Jv; Recuperação comercial; Modelo estatístico.

vi

Abstract

The amount of natural stones waste in Portugal is around 80-90%, of the total extracted stones. This is

related due a combination of some factors, among which predominate the high fracturing degree of the

rock deposits, which avoid the production of blocks with minimal commercial sizes and esthetic aspects

(presence of weathering oxidations, smudges, veins, etc.), which undervalue the stone, and makes it

also unsuitable for an ornamental use.

According this, it’s important to establish some methodologies that could make an assessment of the

commercial recovery, before the rock quarry removal, taking in account the esthetical aspects and it

variability during the time, following the market tendencies and requirements.

The main goal of this study is the development of an expeditious method to evaluate the commercial

recovery of operated faces, based on the blocks volume in situ and quantitative factors, as the matrix

color, veins density and veins type.

A comparison between Block Quality Designation (BQD) and the volumetric joint account (Jv) serve to

check which method do a better correlation on the blocks recovery and a statistical model was

developed according the minimum square theory. This model uses variables as BQD, depth and

esthetical color.

Whit this methodology, it was possible to verify which were the factors that influence the commercial

recovery on operated faces.

Keywords: Marble; Quarries; BQD; Jv; Commercial recovery; Statistical model.

vii

Índice

Agradecimentos .......................................................................................................................................... iii

Resumo .......................................................................................................................................................... v

Abstract ........................................................................................................................................................ vi

Lista das Figuras......................................................................................................................................... ix

Lista das Tabelas ........................................................................................................................................ xi

Lista de Abreviações ................................................................................................................................. xii

1. Introdução .............................................................................................................................................. 1

1.1. Enquadramento do tema ................................................................................................................ 1

1.2. Objetivos e estrutura da dissertação ............................................................................................. 3

2. Revisão Bibliográfica ........................................................................................................................... 5

2.1. Sector das rochas ornamentais ..................................................................................................... 5 2.1.1. Exploração de rocha ornamental em Portugal ...................................................................... 5 2.1.2. Produção de rocha ornamental a nível internacional ........................................................... 7

2.2. Fases de desmonte na extração de rocha ornamental ................................................................ 8

2.3. Parâmetros que Influenciam o valor da rocha ornamental ........................................................ 10 2.3.1. Características Estéticas ...................................................................................................... 10 2.3.2. Características Técnicas....................................................................................................... 11 2.3.3. Explorabilidade ...................................................................................................................... 12 2.3.4. Parâmetros Económicos ....................................................................................................... 14

2.4. Descrição dos métodos de exploração ....................................................................................... 15

3. Sistemas de classificação e avaliação do volume de blocos in situ ........................................ 21

3.1. Caracterização das descontinuidades ........................................................................................ 22

3.2. Caracterização da fraturação natural do maciço rochoso ......................................................... 24

3.3. Caracterização de Cor .................................................................................................................. 25

3.4. Sistemas de classificação de maciços rochosos........................................................................ 28

3.5 Análise estatística de dados ........................................................................................................ 37

4. Caso Prático ........................................................................................................................................ 43

4.1. Caracterização Geológica do Anticlinal de Estremoz-Borba-Vila Viçosa ................................. 43

4.2. Caracterização da “Herdade da Vigária” em Vila Viçosa........................................................... 45 4.2.1. Herdade da Vigária ............................................................................................................... 45 4.2.2. Geologia Local ....................................................................................................................... 46

5. Metodologia ......................................................................................................................................... 53

5.1. Definição do problema .................................................................................................................. 53

5.2. Procedimentos e métodos para avaliação de frentes de desmonte ......................................... 53

6. Resultados e Discussão .................................................................................................................... 62

viii

7. Considerações finais ......................................................................................................................... 76

7.1 Conclusões .................................................................................................................................... 76

7.2. Trabalhos futuros .......................................................................................................................... 77

Referências Bibliográficas ....................................................................................................................... 78

Anexo A ....................................................................................................................................................... 82

Anexo B ....................................................................................................................................................... 85

Anexo C ....................................................................................................................................................... 86

ix

Lista das Figuras

Figura 1 - Localização das principais jazidas de rochas ornamentais em Portugal. (adaptado de LNEG,

2012) ..................................................................................................................................................6

Figura 2 - Principais países produtores mundiais (adaptado XXIV Report Marble and Stones in the

World, 2012). ......................................................................................................................................7

Figura 3 - Fluxograma de extração do mármore (adaptado IGM, 2001). ..............................................8

Figura 4 - Variedades da cor de mármores e respetivas designações comerciais. (DGGM,1983- 85) 11

Figura 5 - Fluxograma de explorabilidade. (adaptado Muñoz de la Nava et al. (1989) ........................ 13

Figura 6 - Desmonte em Flanco de Encosta. (fonte: Google - pedreira em Carrara) .......................... 15

Figura 7 - Desmonte em Corta ou Poço ("Open Pit") - pedreira em Vila Viçosa. ................................ 15

Figura 8 - Fluxograma das fases de extração de rocha ornamental (adaptado Solubema, 2010). ...... 17

Figura 9 - Plano de descontinuidades (Guerreiro, 2000) .................................................................... 22

Figura 10 - Representação ilustrativa da abertura de descontinuidades (adaptado Brady and Brown,

1985). ............................................................................................................................................... 24

Figura 11 - Classes de suporte para o sistema de classificação Q-system. (Pereira, 2013) ............... 30

Figura 12- Procedimento e exemplo de cálculo de RQD. (adaptado Deere, 1967) ............................. 31

Figura 13 - Observação do número de descontinuidades (Jv). (adaptado Palmstrom, 2005). ............ 34

Figura 14 - Esquema de levantamento com o método scanline (adaptado Brady and Brown,1985). .. 35

Figura 15 - Volume de rocha explorável segundo BQD (%) (adaptado Elci, 2014) ............................. 36

Figura 16 - Classificação da correlação através de diagrama de dispersão. (Santos, 2007). .............. 38

Figura 17 - Zona Paleogeográfica e tectónica do Maciço Hespérico (excerto da carta tectónica da

península ibérica) com localização do Anticlinal de Estremoz (Fonte IGM vol.31 nº4 (1994) e V

Congresso Nacional de Geologia 1998). ........................................................................................... 43

Figura 18 - Tabela Cronostratigráfica (adaptado IGM, 2001) ............................................................. 44

Figura 19 - Coluna litoestratigráfica simplificada do anticlinal de Estremoz (adaptado IGM,2001) ...... 45

Figura 20 - Principais vias de comunicação de acesso à Pedreira. .................................................... 45

Figura 21- Vista geral da área de exploração da pedreira "Herdade da Vigária" (fonte: goole heart) .. 46

Figura 22 - Mapa geológico do Anticlinal com a localização dos principais núcleos de exploração de

mármores. (adaptado Carta Geológica do Anticlinal à escala 1:25 000 – IGM, 2001). ....................... 47

Figura 23 - Planta geral da Pedreira Herdade da Vigária. (escala 1/2000). ........................................ 49

x

Figura 24- Projeção estereográfica na rede de Schmidt dos planos principais de famílias de fraturas

(adaptado Guerreiro, 2000). .............................................................................................................. 50

Figura 25 - Exemplo de marcação em terreno das frentes de desmonte e respetiva fraturação. ........ 54

Figura 26 - Exemplo fotográfico da frente de desmonte corretamente identificada através de scanline.

Cor verde-F1; cor vermelha-F2; cor amarela-F3. ............................................................................... 55

Figura 27 – BDQ% vs Frentes de desmonte. ..................................................................................... 64

Figura 28 – 𝐽𝑣 (fraturação /𝑚3) vs frentes de desmonte .................................................................... 65

Figura 29 – BDQ% vs Recuperação %, utilizando a equação da regressão linear simples................. 66

Figura 30 – 𝐽𝑣 (fraturação /𝑚3) vs Recuperação %, utilizando a equação da regressão linear simples.

......................................................................................................................................................... 66

Figura 31 - Análise da regressão linear múltipla - (resultados modelos 1 e 2). ................................... 70

Figura 32 – Análise estatística da variante (ANOVA) - (resultados dos modelos 1 e2). ...................... 71

Figura 33 - Variáveis observadas vs variável dependente (Rc). ......................................................... 73

Figura 34 - Ábaco de representação BQD% vs Recuperação comercial %, em função da profundidade

para cor da matriz creme e densidade de venagem leve. .................................................................. 74

Figura 35 – Exemplo prático de BQD = 60% versus Recuperação comercial %, em função da

profundidade (40 m e 80 m) para cor da matriz creme e densidade de venagem leve. ...................... 75

Figura 36 - Frentes de desmonte (VO E6); (VG E92)......................................................................... 82

Figura 37 - Frentes de desmonte (VG I41); (VG I52). ........................................................................ 82

Figura 38 - Frentes de desmonte (VI E46); (VG I50). ......................................................................... 82

Figura 39 - Frentes de desmonte (VI H3); (VO B246). ....................................................................... 83

Figura 40 - Frentes de desmonte (VO B 316); (VO E219). ................................................................. 83

Figura 41 - Frentes de desmonte (VO D228); (VO N120). ................................................................. 83

Figura 42 - Frentes de desmonte (VO M130); (VO N 123). ................................................................ 84

Figura 43 - Frentes de desmonte (VO F 169); (VO F141). ................................................................. 84

Figura 44 - Frentes de desmonte (VO L147); (VO L174).................................................................... 84

xi

Lista das Tabelas

Tabela 1 - Fases de avaliação de projeto de exploração. (adaptado Cavadas,2012) ......................... 14

Tabela 2 - Operações de desmonte de exploração a céu aberto. ...................................................... 18

Tabela 3 – Quantificação da persistência de descontinuidades (adaptado Brady and Brown, 1985). . 23

Tabela 4 - Quantificação da rugosidade das descontinuidades (adaptado Brady and Brown, 1985). .. 23

Tabela 5- Indicador de fraturação (adaptado Chaplow, 1977). ........................................................... 25

Tabela 6 – Característica geológicas e químicas das rochas ornamentais- mármore (INETI,2001). ... 27

Tabela 7 - Classificação RQD (adaptado de Deere, 1967) ................................................................. 31

Tabela 8 – Volume de blocos para ângulos específicos. (adaptado Palmstrom, 2005) ....................... 32

Tabela 9 – Classificação do volume de blocos in situ. (adaptado Palmstrom, 2005) .......................... 33

Tabela 10 - Classificação do Jv (adaptado Palmstrom,2005) ............................................................. 34

Tabela 11 - Coeficiente de correlação de Pearson. (adaptado Santos, 2007). ................................... 38

Tabela 12 – Modelos de regressão linear múltipla considerados no estudo. ...................................... 42

Tabela 13 – Variáveis qualitativas (Solubema, 2010) ........................................................................ 56

Tabela 14 – Representação das categorias....................................................................................... 57

Tabela 15 - Tabela de valorização comercial. .................................................................................... 59

Tabela 16 – Tabela correspondente ao fator comercial adotado. ....................................................... 59

Tabela 17 - Dados de campo recolhidos. .......................................................................................... 63

Tabela 18 – Tabela representativa dos dados inseridos no software MATLAB. ................................. 68

Tabela 19 - Análise de significância estatística dos parâmetros estimados para o modelo de regressão

1. ...................................................................................................................................................... 72

Tabela 20 – Análise estatística de significância dos dados de p-value. .............................................. 72

xii

Lista de Abreviações

BQD Block Quality Designation

IST Instituto Superior Técnico

RO Rocha Ornamental

Jv Volumetric Joint Account

RMR Rock Mass Rating

Q-System

Vb Block Volume

Rc Recuperação comercial

Rv Recuperação em volume

Prof Profundidade

Fc Fator comercial

1

1. Introdução

1.1. Enquadramento do tema

As pedras naturais foram algo que sempre estiveram presentes na vida do homem. No período Neolítico

o uso de pedras naturais já era bastante recorrente para utensílios de corte. No entanto, no final do

Paleolítico o uso das pedras para utensílios de corte evoluiu sendo a caça o foco principal, passando

para a elaboração de utensílios domésticos, pequenas estruturas e esculturas. A forma de evolução do

homem foi notória desde a pré-história até aos dias de hoje, ocorrendo uma crescente utilização da

pedra natural mais propriamente as rochas ornamentais. (Luís, 1995).

A exploração de rochas ornamentais é já uma prática bastante antiga tendo sido iniciada no Egipto e,

mais tarde, trazida para a Península Ibérica pelos Romanos.

Com o decorrer dos tempos, a exploração de rochas ornamentais sempre foi uma prática recorrente na

nossa história, tendo sido depois da I Guerra Mundial, o sector da construção, o principal consumidor

a nível mundial de rochas ornamentais. Desta maneira o sector das rochas ornamentais viu-se obrigado

a desenvolver e melhorar utensílios/ferramentas, aperfeiçoar novos produtos e técnicas e conquistar

novos mercados aumentando assim a competitividade com outros produtos sintéticos destinados à

pavimentação e a revestimentos, que entretanto foram aparecendo.

O sector de exploração e transformação de rochas ornamentais é, atualmente, um sector muito

dependente da procura do mercado, extremamente exigente e diversificado que dá particular

importância aos conceitos estéticos e características técnicas dos materiais. Este apresenta-se

bastante dependente das tendências estéticas de época. As rochas ornamentais são essencialmente

constituídas pela família dos mármores e granitos.

No entanto no decorrer das últimas décadas tem-se vindo a observar um decréscimo da produção de

rocha ornamental. Um dos principais fatores é a baixa recuperação durante a fase de exploração e a

consequente elevada produção de desperdícios, assim como outros fatores relacionados com novas

descobertas de jazigos e novos produtos substitutos a nível global.

Deste modo, segundo um estudo desenvolvido pela ES Research (2014), as estatísticas apresentadas

são as seguintes: Portugal ainda ocupava o oitavo lugar mundial como produtor de mármore com uma

produção aproximada de três milhões de toneladas, cerca de um décimo do primeiro produtor, a China.

No entanto nos últimos anos, emergiram novos mercados com preços extremamente competitivos

(Egipto, Irão, Índia, Brasil, Turquia, etc.), pelo que se instalou uma crise no sector, não só dos mármores

mas das rochas ornamentais em geral.

De acordo com o exposto acima, entende-se que o processo de extração de rocha ornamental tem

uma enorme relevância na indústria extrativa mineira no mercado envolvente. Cerca de 90 % da

produção nacional advém da exploração de rocha ornamental.

2

O presente trabalho, incide sobre o estudo de uma metodologia expedita para estimação da

recuperação de frentes de desmonte em pedreiras de mármore localizadas no Anticlinal de Estremoz-

Borba -Vila Viçosa, Portugal.

A avaliação é feita nas frentes de bancada de desmonte, correspondente à fase anterior ao corte e

derrube de talhadas, realizando-se medições da fraturação e, através de índices de classificação

geomecânicos, a determinação do volume de blocos in situ .Em simultâneo, é feita uma caracterização

da cor da matriz, da densidade de venagem e o do tipo de venagem, definindo-se fatores estéticos ou

comerciais, específicos para o tipo de rocha ornamental em estudo. Após o trabalho de campo,

recorrem-se a ferramentas informáticas e métodos matemáticos de avaliação estatística para obtenção

de um modelo matemático de previsão da recuperação de blocos e do valor expectável de mercado.

Assim, este tema de dissertação mostra relevância, por fornecer uma metodologia para a obtenção de

ferramentas que poderão auxiliar no processo de decisão no planeamento de curto e médio prazo na

exploração de mármores em pedreiras a céu aberto, seja na escolha mais adequada do tipo de técnica

de desmonte ou numa determinada localização dentro da pedreira, tendo sempre em consideração o

valor comercial da rocha ornamental que, por ser um fator dinâmico variável no tempo, pode ser

adaptado e ajustado ao tipo de cliente num dado período de tempo.

3

1.2. Objetivos e estrutura da dissertação

Como referido anteriormente, a presente dissertação tem como objetivo propor um método expedito de

avaliação da recuperação comercial no desmonte a céu aberto utilizando como variáveis fatores

quantitativos, índices de classificação de maciços rochosos para avaliação do volume de blocos in situ,

𝐵𝑄𝐷 , 𝐽𝑣 e fatores qualitativos, tais como a cor da matriz, densidade de venagem e tipo venagem. Por

último, foi feita uma análise estatística com os dados recolhidos em campo.

A presente dissertação está estruturada em 7 capítulos, que se organizam da seguinte forma:

No capítulo 1, faz-se uma introdução ao tema em estudo, referindo o objetivo que se pretende alcançar

com a realização desta dissertação, assim como a estrutura adotada ao longo do seu desenvolvimento.

No capítulo 2, define-se todo o trabalho que já foi anteriormente desenvolvido. É feita uma revisão

bibliográfica referente ao sector da rocha ornamental, bem como toda a problemática que o sector

atravessa no momento.

No capítulo 3, faz-se uma abordagem teórica de métodos de classificação de maciços rochosos e

modelos matemáticos usados no cálculo de avaliação da recuperação de blocos in situ.

No capítulo 4, apresenta-se o local e a descrição de onde foi desenvolvido o caso prático.

No capítulo 5, descreve-se a metodologia seguida neste estudo, onde se foca o problema bem como

se definem os objetivos de investigação e se descreve as ferramentas de cálculo utilizados neste

estudo. É também apresentado um modelo teórico/matemático baseado na teoria do método dos

mínimos quadrados, com o auxílio do software MATLAB.

No capítulo 6, faz-se a apresentação, análise e discussão de todos os resultados anteriormente obtidos

o que permitirá aferir a recuperação de volume de blocos in situ, assim como estimar o valor comercial

das frentes de desmonte.

Por fim no capítulo 7, são apresentadas todas as críticas, análises e possíveis soluções que se possam

vir a desenvolver. Retirar-se-á uma conclusão geral do estudo desenvolvido ao longo da dissertação,

finalizando-se com recomendações para trabalhos futuros.

4

5

2. Revisão Bibliográfica

2.1. Sector das rochas ornamentais

Entende-se por "rocha ornamental", todas as rochas ou pedras naturais utilizadas na construção.

A etimologia da palavra “mármore” provém do grego “marmairein” ou do latim “marmor” e significa

“pedra de qualidade” ou “pedra branca”, para os geólogos o mármore é exclusivamente uma rocha

metamórfica cristalina e carbonatada, composta por cristais de calcite (mármore calcítico) ou dolomite

(mármore dolomítico), resultante da recristalização de rochas calcárias ou dolomíticas previamente

existentes (Lopes,2013).

A exploração de rocha ornamental tem vindo a ser desenvolvida ao longo dos tempos antigos. Com a

evolução do homem e a sua capacidade de pensar, agir e desenvolver começou-se a fazer através da

exploração de rocha ornamental.

Em todas as fases da história das civilizações a exploração de rocha ornamental tem vindo a ser

essencial, constituindo um modelo de evolução, caracterizando as cidades, estradas, castelos, templos

e toda uma decoração em geral.

Atualmente, a indústria de rocha ornamental nacional e internacional é um sector de grande

crescimento em todo o mundo. O desenvolvimento exponencial da extração de rocha ornamental

possibilita novas oportunidades.

2.1.1. Exploração de rocha ornamental em Portugal

A exploração de rocha ornamental em Portugal é essencialmente constituída por mármores, calcários,

xistos e granitos, que são comercializados em três tipos de produtos diferentes: blocos que são

extraídos diretamente nas pedreiras; chapa serrada ou polida; e o produto final acabado que resulta do

corte de chapas submetidas ao corte secundário, acabamentos superficiais, seleção e embalamento.

O sector extrativo e transformador das rochas ornamentais em Portugal, tem vindo a crescer a nível de

mecanização e industrialização. Este facto permitiu a disponibilidade aos mercados de grande número

de produtos de rochas ornamental com diversas cores, dimensões, formas e acabamentos (AEP, 2003).

A atividade desta indústria está bastante mais dispersa pelas diferentes regiões do país, embora as

localizações históricas continuem a ter uma relevância indiscutível no campo da produção. Como se

pode observar na Figura 1, as jazidas de mármores localizam-se maioritariamente no Alentejo, nos

distritos de Évora e Beja mais propriamente no Anticlinal Estremoz-Borba-Vila Viçosa. É de referir que

por sua vez a localização dos calcários situa-se mais acima nos distritos de Lisboa (Pêro Pinheiro) e

Santarém. Os granitos encontram-se mais dispersos pelo resto do país sendo o Norte a zona de maior

incidência.

6

Figura 1 - Localização das principais jazidas de rochas ornamentais em Portugal. (adaptado de LNEG, 2012)

No contexto nacional, o mercado da indústria extrativa de rochas ornamentais destaca-se pela grande

percentagem da sua produção ser para os mercados internacionais. De acordo com o INETI (2001),

Portugal exportava em 1998 cerca de 58% da pedra natural. Em 2002, o mesmo instituto definiu a

ordem de grandeza de exportação de rochas ornamentais em 50% do produto final, destacando o país

na quinta posição no mercado mundial de exportações. Este também refere que, entre 1992 e 2002, a

produção de mármore cresceu cerca de 15% em volume e valor de negócio. Atualmente, há que referir

o relatório elaborado por Montani (2010) onde consta que Portugal ocupa o oitavo lugar no ranking

mundial dos países produtores e exportadores de pedra natural.

Perante estes dados, e tendo em conta a dimensão do país relativamente à análise do volume de

negócio que esta atividade gera nos mercados internacionais, o subsector das rochas ornamentais

apresenta considerável importância no contexto económico nacional (Gameiro, 2013).

Por outro lado, as empresas portuguesas desta indústria enfrentam grande concorrência tanto a nível

nacional como a nível internacional, facto que tem diminuído a rendibilidade dos seus negócios.

Situação que pode servir como incentivo na procura de soluções inovadoras seja no aumento da

produção de produtos com qualidade superior e redução de custos (Falcão Neves, 2002).

7

2.1.2. Produção de rocha ornamental a nível internacional

Ao longo do tempo e historicamente, a indústria das rochas ornamentais encontra-se concentrada em

dois grandes grupos, Europa e Asia. Atualmente a América do Sul tem vindo a ter uma grande expansão

a nível mundial como podemos verificar pela Figura 2.

Na Europa, os países que assumem especial relevância são a Itália, Espanha e Portugal e, na Ásia,

destacam-se a China e a Índia. Estas duas áreas geográficas têm sido responsáveis por

aproximadamente 80 % da produção mundial de mármores e granitos. Segundo o XXIV Report Marble

and Stone in the World 2012 citado por ES Research (2014), a Europa lidera a oferta mundial de rochas

ornamentais, sendo responsável por cerca de 51 % da produção de blocos e chapas serradas,

sobretudo no que se refere aos mármores. Por sua vez, a Ásia domina a produção de granitos.

Na produção de produtos em obra, salientam-se a Itália, a China, Espanha, Índia e Portugal. Nos

últimos anos, outros países têm vindo a ganhar evidência e a imporem-se no mercado como o Brasil,

Turquia, Irão, Egito.

Figura 2 - Principais países produtores mundiais (adaptado XXIV Report Marble and Stones in the World, 2012).

Atendendo mais especificamente ao mármore, uma das soluções encontradas para aumentar a

produção em pedreiras, isto é, minimizando o índice de desperdícios, passa por desenvolver estudos

e aplicações de novas metodologias nas fases de avaliação, preparação e execução do método do

desmonte. Esta preocupação promove uma maior recuperação de material que possa posteriormente

vir a ser exportado e comercializado.

Em seguida foca-se as fases da exploração onde mais percentagem de desperdícios ocorrem e quais

os métodos clássicos, bem como os parâmetros a nível técnico, físico e estético que condicionam a

rentabilidade na exploração dos mármores.

8

2.2. Fases de desmonte na extração de rocha ornamental

Todos os anos milhões de toneladas de desperdício de mármore são acumuladas nas escombreiras

dos concelhos de Estremoz, de Borba e de Vila Viçosa pela indústria extrativa local. Este enorme

desperdício ronda 80 a 90% do total de rocha extraída, o que origina um elevado impacto ambiental,

como se pode verificar na Figura 3. Estas percentagens de desperdício acontecem devido ao elevado

grau de fraturação da jazida, que impede a produção de blocos com dimensão comercial mínima e

aspetos de ordem estética, que desvalorizam a pedra (ES Research, 2014).

O aproveitamento dos resíduos produzidos na fase de desmonte de rochas ornamentais tem de ser

encarado com mais seriedade por parte dos empresários do sector, tendo em vista o grande volume

de perdas de material, tanto na etapa de extração como na etapa de beneficiamento. Estas etapas

chegam a valores da ordem dos 80-90%, em média, apresentando portanto, uma recuperação muito

baixa entre os 20-10% na maioria dos casos. Existem perdas que são inevitáveis, pois estão ligadas à

natureza (qualidade) das rochas, in situ, mas mesmo estas, podem ser minimizadas, se houver um

melhor conhecimento das jazidas (fraturas e descontinuidades), antes de iniciar a etapa de extração.

Uma das razões para que haja um grande volume de perdas na indústria extrativa de rochas

ornamentais é que, nos últimos 20 anos, a indústria extrativa de mármores foi muito impulsionada pela

crescente exportação de materiais, acontecendo no final da década de 80, um verdadeiro “boom” do

sector Português, sendo denominada como a “nova idade da pedra”.

Figura 3 - Fluxograma de extração do mármore (adaptado IGM, 2001).

9

Nesse período, o desenvolvimento tecnológico não conseguiu acompanhar este avanço de exportação

com tecnologias adequadas e atualizadas, referentes aos métodos de extração, beneficiamento e

controle ambiental, dando assim origem a grandes quantidades de resíduos produzidos.

No sector das rochas ornamentais o conceito de resíduo/ desperdício, são classificados segundo o seu

tamanho.

Os resíduos grosseiros, são encontrados em toda a cadeia produtiva, essencialmente na pedreira. São

constituídos por blocos de tamanhos irregulares, blocos com defeitos, pedaços de blocos, lascas de

rochas, entre outros.

Relativamente aos resíduos finos e ultrafinos, tal como o nome indica são de menores dimensões e

também ocorrem nas pedreiras, embora sejam um tipo de resíduos mais característicos da

transformação (Campos, 2003).

Na exploração de massas minerais deve ser sempre que possível, evitar e reduzir a produção de

resíduos, utilizando para o efeito processos ou métodos que não sejam suscetíveis de causar efeitos

adversos sobre o ambiente.

Com o objetivo de uma produção excessiva de resíduos, deve-se recorrer às melhores tecnologias

disponíveis nos equipamentos de extração de rochas ornamentais, tendo em conta uma exploração

sustentável. Planeando o desmonte das frentes de exploração com vista a novas técnicas devendo-se

fazer uma avaliação prévia de todos os fatores técnicos e estéticos que influenciam a capacidade de

obter melhores valores de recuperação na indústria.

Deste modo, será apresentado nos próximos subcapítulos as condicionantes que influenciam a

exploração da rocha mármore, bem como o seu valor económico no mercado.

10

2.3. Parâmetros que Influenciam o valor da rocha ornamental

Um conceito comercial mais comum refere que o mármore é toda a rocha cristalina sedimentar ou

metamórfica, carbonatada ou não, que possa vir a ser extraída em blocos, evidenciando boas

características para o corte e que seja suscetível de adquirir bom polimento.

Uma jazida mineral de rocha ornamental pode ser analisada do ponto de vista do seu interesse

económico, com base nos seguintes parâmetros (Bradley, 1999):

Rocha: Cor, textura e granulometria.

Jazida: Orientação e inclinação das camadas; Grau e características da fraturação; Volume e

distribuição espacial do material com qualidade ornamental.

Características superficiais: Grau de alteração do material à superfície; Presença de

vegetação e solo à superfície, e suas características.

Características locais: Condições logísticas da jazida; Localização geográfica do maciço.

Mercado: Características do mercado.

Seguidamente, apresenta-se com maior detalhe as características estéticas, técnicas e de

explorabilidade dos mármores.

2.3.1. Características Estéticas

Segundo os parâmetros definidos anteriormente, as características estéticas dos mármores, bem como

de outras rochas ornamentais, estão relacionados com a interação das três seguintes componentes

fundamentais: cor, textura e granulometria. Estas características são as mais importantes para a

valorização comercial das rochas.

Relativamente à cor, esta é a característica estética mais importante pois consegue-se através da

mesma decidir o valor comercial da pedra no mercado. Os mármores conferem várias tonalidades como

se pode verificar na Figura 4. O mármore pode ser agrupado em três classes (Guerreiro,2000):

Clássicos: Caracterizados pelo seu custo elevado e qualidade elevada. As suas cores são de

fácil uso na indústria. Exemplo: Branco, Rosa, Preto, Vermelho e Verde.

Especiais: Também têm uma qualidade relativamente boa e custo médio/elevado. O que

restringe mais este tipo de mármores é o facto de as suas cores não terem muita procura no

mercado. Exemplo: Violeta, Amarelo e Castanho.

Comuns: Este tipo de mármore é caracterizado comum porque a sua qualidade é relativamente

mais baixa. A extração deste tipo é muito mais recorrente que os outros, pois existe em maior

quantidade. Exemplo: Creme e Cinzento.

11

A textura dos mármores está diretamente ligada à distribuição espacial dos elementos que constituem

a rocha (minerais, clastos, etc). Relativamente a esta característica, os mármores podem ser

classificados como: Homogéneos; Venados; Nevoados; Brechificados e Arabescatos (Bradley,1999).

Por último e relativamente ao tamanho do grão (granulometria), os mármores podem ser divididos em:

Grão fino: quando os cristais ou outros elementos são impossíveis de identificar a olho nu.

Grão médio: quando os cristais e outros elementos dos minerais podem ser visíveis a olho nu

e apresentam tamanho na ordem de um milímetro.

Grão grosso (ou grosseiro):quando os cristais e outros elementos dos minerais são

facilmente visíveis a olho nu e apresentam tamanho na ordem dos dois milímetros ou mais.

2.3.2. Características Técnicas

As características técnicas da rocha também condicionam o tipo de aplicação do material, bem como

os meios de aplicação do mesmo. Estas características são as seguintes:

Petrografia (análise micro e macroscópica da rocha);

Composição mineralógica (através de difractometria de raio X);

Composição química (análises químicas diversas);

Propriedades físico-mecânicas (resistência à compressão, resistência à flexão, resistência

ao impacto, resistência ao desgaste, porosidade, etc). Este tipo de propriedade permite definir

todo o tipo de informação relativamente à capacidade da rocha.

Figura 4 - Variedades da cor de mármores e respetivas designações comerciais. (DGGM,1983- 85)

12

2.3.3. Explorabilidade

As características de explorabilidade referem-se à capacidade de uma massa mineral ser considerada

rocha ornamental. Relativamente a uma exploração de rochas ornamentais, é indispensável determinar

as características estruturais do jazigo mineral, incidindo sobre a disposição geométrica da

estrutura geológica que o constitui. É fundamental avaliar a fraturação existente, que define a

compartimentação do maciço rochoso e, consequentemente verificar se é uma exploração

economicamente viável.

No caso dos mármores a blocometria disponível para exploração, tem de ser alvo de um estudo

pormenorizado. A existência de “defeitos” pode ser um fator penalizador na qualidade do material a ser

explorado.

A forte quantidade de volumes de mármore existente, leva com que a prospeção se tenha vindo a

preocupar com os condicionamentos ao seu aproveitamento e particularmente no que diz respeito a

determinadas características como por exemplo:

Compartimentação do maciço por falhas;

Dolomitização secundária dos mármores;

Fraturação (diaclasamento);

Carsificação.

A compartimentação do maciço rochoso é composta por numerosas falhas transversais à estrutura

geral, e preenchidas por filões doloríticos. Estes filões têm condicionado, desde sempre, as explorações

de mármore ao limitarem as pedreiras. Segundo Vintém (1997), é observável uma diminuição da

fraturação em profundidade, embora esta não se possa considerar geral para todo o maciço, pois varia

de local para local.

A dolomitização secundária do mármore é responsável pela transformação de mármore num dolomito

cavernoso secundário sem aptidão ornamental (vulgo “olho de mocho”).

Relativamente a atitude e frequência das diáclases são uma forte condicionante do aproveitamento dos

mármores. Uma observação cuidada da fraturação em cada local de exploração é sempre necessária

para uma previsão da blocometria e do rendimento da exploração. (Vintém, 1997)

Por último, o aparecimento de carsificação nas explorações é relativamente frequente, sobretudo em

Borba e em algumas zonas de Lagoa. Estes fenómenos, de acordo com as sondagens realizadas pelo

Instituto Geológico e Mineiro (IGM, 2001) podem aparecer até profundidades de 150 m (Vintém, 1997).

Estudos pormenorizados prévios ajudam a determinar se uma massa mineral possui características

que o permitam caracterizar como um jazigo mineral, de modo a que satisfaça os requisitos necessários

para a exploração de rochas ornamentais.

13

Deste modo, a satisfazer as necessidades de viabilidade económica é necessário contemplar os

seguintes fatores (Bradley, 1999).

Consistência das características estéticas: as características estéticas devem manter-

se mais ou menos constantes em toda a jazida;

Existência de volumes apreciáveis: deve existir um volume considerável de rochas

ornamentais com boa qualidade para que seja viável a abertura da pedreira.

Características de produção: deve conseguir-se produzir blocos com tamanhos e formas

capazes de tornar economicamente viável a exploração das potenciais rochas ornamentais.

Nesta matéria é importante quantificar o grau de fraturação do maciço rochoso.

Prazo de entrega: a capacidade produtiva instalada na pedreira deve ser capaz de satisfazer

a procura e os prazos de entrega.

Com base numa adaptação das propostas de Muñoz de la Nava et al. (1989), Selonen et al. (2000),

apresenta-se uma compilação dos critérios a ter em consideração nas diferentes etapas de avaliação

de um jazigo de rochas ornamentais, desde a compilação inicial da informação disponível até ao projeto

de exploração conforme a Figura 5.

Figura 5 - Fluxograma de explorabilidade. (adaptado Muñoz de la Nava et al. (1989)

14

2.3.4. Parâmetros Económicos

Um estudo económico do projeto de exploração de mármores deve ser baseado num apreciável leque

de condicionalismos de natureza geológica e estrutural. De facto a abordagem ao estudo de viabilidade

de um projeto deste tipo, apenas será possível se forem comprovadas reservas de qualidade,

suscetíveis de serem exploradas com benefício para o investidor. (Falcão Neves, 2002)

Localizar e explorar um depósito de minerais é uma busca incessante da área da geologia e das

ciências da Terra. Desta forma, a Engenharia de Minas abrange desde a área de avaliação de reservas,

do planeamento, do desenvolvimento e da exploração de um depósito de minério em qualquer

circunstância.

A sequência geral das fases da vida de um projeto de exploração contempla quatro etapas

fundamentais. Apresenta-se de uma forma resumida todas as fases inerentes a um projeto de

exploração mineira na Tabela 1.

As fases de vida de um projeto são transversais a todos os sectores de investimento.

Assim, antes de se iniciar a exploração devem-se elaborar estudos de investigação, com vista à

avaliação qualitativa e quantitativa do recurso.

Tabela 1 - Fases de avaliação de projeto de exploração. (adaptado Cavadas,2012)

Segue-se uma breve descrição dos métodos de exploração de jazigos minerais, com potencialidade

económica.

PROJETO

Elaboração Avaliação Seleção Execução

1. Prospeção geológica

2. Reconhecimento e avaliação do

jazigo

3. Aquisição de terrenos e direitos

mineiros

4.Pesquisa (sondagens)

5. Estudo de pré-viabilidade

6. Seleção do método de desmonte

7. Projeto de engenharia

8. Estudo de viabilidade

9. Decisão de investimento

10. Desenvolvimento de exploração

11. Arranque da operação

Muito Elevado Elevado Limitado Normal

NÍVEL DE RISCO

15

2.4. Descrição dos métodos de exploração

Uma pedreira pode ser definida, quanto à sua tipologia, com base nos seguintes parâmetros:

Forma: Determinada pela morfologia do jazigo mineral e pela acessibilidade ao mesmo.

Exemplo: em subterrâneo ou a céu aberto.

Localização geomorfológica: Determinado em função do ambiente geomorfológico onde se

implanta a pedreira. Exemplo: Planície ou montanha.

Método de desmonte: Define a sequência de operações que permite a produção de blocos.

Exemplo: Um ou vários pisos.

Os métodos de desmonte a céu aberto podem ser:

Flanco de encosta – pedreira em Carrara ( Figura 6);

Corta (abaixo da superfície) ou Poço (“Open Pit”) – pedreira em Vila Viçosa (Figura 7)

Figura 6 - Desmonte em Flanco de Encosta. (fonte: Google - pedreira em Carrara)

Figura 7 - Desmonte em Corta ou Poço ("Open Pit") - pedreira em Vila Viçosa.

16

O método de desmonte está essencialmente dependente das características da exploração. Pode-se

observar segundo as Figura 6 e Figura 7 a exploração de flanco de encosta, onde a lavra se inicia a

partir de um nível na encosta de um monte ou montanha e evolui para níveis superiores ou inferiores,

aproveitando a topografia do terreno. Enquanto, o desmonte em corta ou poço, a lavra inicia-se a partir

da superfície do terreno e é descendente, originando a formação de poços.

A distribuição da percentagem de rejeitados na extração é cerca de 40% na fase de desenvolvimento

e traçagem (abertura de caixas e canais); 30% no derrube das talhadas e 10% na fase de

esquartejamento.

Estes valores são indicativos, podendo ser considerado que o valor médio de recuperação de blocos

em pedreiras de mármores na região de Estremoz, Borba e Vila Viçosa é somente cerca de 10 a 20%.

A exploração desenvolvida a céu aberto é feita, quase sempre, por bancadas ou degraus (retilíneos),

sendo necessário considerar:

Dimensões das frentes de desmonte das bancadas (altura e largura das bases dos degraus);

Configuração da escavação, estabilidade nas frentes e taludes;

Posição das máquinas de desmonte em relação à frente de lavra;

Condições de circulação dos trabalhadores e vias de circulação de equipamentos;

De seguida apresenta-se um fluxograma (Figura 8) com o conjunto de operações que constitui o

processo de extração de rocha ornamental, de forma simplificada.

17

Figura 8 - Fluxograma das fases de extração de rocha ornamental (adaptado Solubema, 2010).

Segue-se um exemplo ilustrativo da Tabela 2 que relaciona as fases de desmonte de uma exploração

a céu aberto com as operações, os equipamentos e todas as funções desempenhadas em cada uma

delas.

18

Tabela 2 - Operações de desmonte de exploração a céu aberto.

Preparação e Traçagem

Destapamento ou Decapagem

Retirar o solo existente na superfície

sobre a rocha que se pretende

desmontar.

Delimitar a área de corte.

Equipamentos:

Giratória, pá-carregadora e dumper.

Desmonte das cabeças de

mármore

Desmonte da rocha sem valor comercial,

geralmente carsificada.

Permite pôr a descoberto o piso que se

pretende explorar.

Equipamentos: Martelo pneumático,

máquina de fio diamantado, explosivos e

martelo hidráulico equipado na

escavadora.

Abertura de Caixas e Canais

Permite iniciar a exploração de um novo

piso.

Possibilita a criação de duas faces livres

num espaço, e é feito o desmonte

através da individualização de talhadas

de rocha.

Equipamentos: Perfuradora, martelo

pneumático, máquina de fio diamantado,

roçadora de bancada e grua.

Definição das Frentes de Desmonte

Definição nos sentidos de desmonte

com vista à otimização dos trabalhos,

aumentando o máximo de rendimento

da exploração.

Orientação das famílias de fraturação e

descontinuidades.

19

Fases de Desmonte

Perfuração

Execução de furos horizontais e verticais

para delimitação da massa a desmontar

e por onde passará o fio diamantado.

Equipamentos: Perfuradora e martelo

pneumático.

Corte

Execução de cortes longitudinais,

transversais, horizontais e verticais,

individualizando massas rochosas.

Sequência de corte habitual:

1- Golpe de levante;

2- Golpe vertical lateral;

3- Golpe vertical posterior.

Equipamentos: Máquina de fio

diamantado e roçadora.

Derrube

Derrube das talhadas, as quais caem

numa cama de escombros, pneus e/ou

terra.

Equipamentos: Colchão pneumático ou

hidráulico, macaco hidráulico,

retroescavadora e pá carregadora

equipada com lança.

Esquartejamento

As talhadas são individualizadas em

blocos de dimensões transportáveis.

Equipamentos: Máquina de fio

diamantado, martelo pneumático e

guilho.

20

Fase de Remoção e Transporte

Remoção de

Blocos

Comercializáveis

Remoção, carga e transporte dos blocos

com dimensões, comercializáveis para o

parque de blocos de pedreira.

Equipamentos: Pá carregadora e grua.

Remoção de

Escombros

Carga e transporte de escombros

existentes nas frentes da pedreira para

a escombreira.

Equipamentos: Escavadora, pá

carregadora, dumper e grua equipada

com balde.

Centro de Produção e Parque de Blocos

Beneficiamento

Nas zonas de beneficiamento, os blocos

são examinados, lavados e as

imperfeições (variação de cor ou

fraturas) são eliminadas através de

monofios.

Equipamentos: Monofio ou

monolâmina.

Medição e

Classificação

Os blocos de mármore são numerados,

medidos e classificados para depois

seguirem para a transformação.

Equipamentos: Dumper, pórtico e

material de medição.

A definição de cada uma das operações deve constar no plano de lavra e tem por objetivo o

aproveitamento máximo de blocos com dimensão comercial. Os planos de lavra definidos

anteriormente são de extrema importância para uma organização estrutural de qualquer empresa.

21

3. Sistemas de classificação e avaliação do volume de blocos in situ

Todos os maciços rochosos apresentam descontinuidades de vários tipos, tamanhos e orientações, as

quais controlam o seu comportamento mecânico, hidrológico e estrutural.

A natureza das características estruturais no interior dos maciços rochosos tem influência no

comportamento de um maciço rochoso relativamente às operações mineiras a que estão sujeitos,

influenciando também a escolha do método de lavra assim como o planeamento dos trabalhos de

exploração. (IGM, 1999)

Como referido anteriormente, para cada pedreira deverão existir informações e estudos tais como:

acessibilidade, mapeamento geológico, estrutural e geotécnico, especificações da qualidade da rocha,

reservas e tamanho dos blocos pretendidos, para caracterizar a fraturação natural existente no maciço

permitindo estimar a recuperação de blocos.

As formas e tamanhos de blocos de rocha são definidos de acordo com as descontinuidades

geológicas. Desta forma, o plano de lavra de uma pedreira poderá ser definido com base na avaliação

da blocometria, estimação do número, forma e volume individual dos blocos.

Tendo em conta todos estes fatores o objetivo da classificação de maciços rochosos no que diz respeito

ao volume de blocos, consiste em dimensionar as frentes das bancadas de desmonte de forma a

minimizar o volume de blocos rejeitados obtidos na fase de exploração, seja pelas suas formas

irregulares (interseção dos planos de fraturas naturais com as direções das bancadas) seja pelo volume

(dimensões que não têm aproveitamento na transformação em chapas ou tiras) quer por outras

características estéticas dependentes da procura e respetivo valor comercial.

As rochas poderão ter potencial ornamental se apresentarem um determinado conjunto de

caraterísticas estéticas e técnicas tal como descrito no capítulo 2.3.

Seguidamente descrevem-se os 3 fatores que definem o volume de blocos in situ e a qualidade da

rocha ornamental, designadamente descontinuidades, fraturação e a cor.

22

3.1. Caracterização das descontinuidades

O estudo das descontinuidades de um maciço rochoso mostra-se de importância fundamental, pois

estas estruturas condicionam, de maneira muito forte, o comportamento dos maciços rochosos,

especialmente em relação à deformabilidade, resistência e permeabilidade, podendo controlar toda a

estabilidade do meio rochoso.

Sob a designação de descontinuidade engloba-se qualquer entidade geológica que interrompa a

continuidade física de um dado meio rochoso, a exemplo de diáclases, falhas, superfícies de

estratificação, superfícies de xistosidade, superfícies de contacto entre formações, etc. Em termos

práticos pode-se designar por descontinuidade qualquer superfície natural em que a resistência à

tração é nula ou muito baixa (ISRM, 1978 citado por Santos Oliveira and Alves de Brito, 1998).

As propriedades mais importantes das descontinuidades que influenciam no comportamento dos

maciços rochosos no campo da engenharia são: orientação, espaçamento, persistência, rugosidade,

abertura e enchimento (Brady and Brown, 1985)

1) Orientação ou atitude de uma descontinuidade no espaço é identificada pela sua inclinação

(ângulo entre o plano da camada rochosa e o plano horizontal) e pela direção da inclinação ou

azimute desta linha medida no sentido horário com o norte. Figura 9

Figura 9 - Plano de descontinuidades (Guerreiro, 2000)

2) Espaçamento é a distância perpendicular entre descontinuidades adjacentes, e é geralmente

determinada pela média dos espaçamentos de um determinado conjunto de fraturas. O

espaçamento médio das descontinuidades das várias famílias existentes determina o tamanho

dos blocos produzidos no maciço rochoso. (Brady and Brown, 1985).

3) Persistência é o termo usado para descrever a extensão de uma determinada descontinuidade,

podendo ser grosseiramente quantificada pelo compartimento da fratura exposta na superfície

de observação, um dos parâmetros mais importantes do maciço, sendo difícil de ser

determinado (Tabela 3). A persistência das descontinuidades tem grande influência sobre a

resistência ao corte. (Brady and Brown, 1985)

23

Tabela 3 – Quantificação da persistência de descontinuidades (adaptado Brady and Brown, 1985).

Descrição Comprimento (m)

Muito pequena < 1

Pequena 1-3

Média 3-10

Elevada 10-20

Muito elevada >20

4) A rugosidade é a medida da forma irregular e ondulada das paredes de descontinuidade, tendo

uma importante influência sobre a resistência ao corte. Verifica-se na Tabela 4 uma

descriminação e quantificação da rugosidade das descontinuidades.

Tabela 4 - Quantificação da rugosidade das descontinuidades (adaptado Brady and Brown, 1985).

Classe Descrição

I Rugosa ou irregular

Patamares

II Lisa

III Espelhada

IV Rugosa ou irregular

Ondulada V Lisa

VI Espelhada

VII Rugosa ou irregular

Planar VIII Lisa

IX Espelhada

5) Abertura é a distância perpendicular entre as duas superfícies de uma fratura aberta.

Geralmente distingue-se a abertura da largura de uma descontinuidade pelo facto de se

encontrar ou não preenchida.(Figura 10)

24

6) Por último o enchimento é o termo usado para descrever o material de separação entre paredes

das descontinuidades dos maciços rochosos, tais como calcite, clorite, argila, silte, brecha,

pirite, quartzo, etc. O material de enchimento possui grande influência sobre a resistência ao

corte das descontinuidades. Em muitas circunstâncias este é um fator condicionante na

exploração dos maciços rochosos, pois o método de exploração aplicado pode não ser o mais

económico e recuperável.

3.2. Caracterização da fraturação natural do maciço rochoso

A fraturação do maciço é outro dos fatores que influência de modo determinante a viabilidade de uma

pedreira devido à necessidade forçada de se obter grandes blocos para posterior transformação. Como

tal é fundamental em qualquer trabalho de prospeção de mármores ornamentais (Carvalho et al., 2008).

Durante as fases iniciais de prospeção procede-se à avaliação da fraturação regional, com o recurso à

determinação de lineamentos em fotografia área, e à delimitação das zonas mais favoráveis. Este

esquema de trabalho deverá ser sempre validado através de estudos de campo.

Existem vários métodos para o levantamento dos dados de fraturas, contudo os mais usados são o

método dos retângulos e o método da linha de amostragem, designado como “scanline”.

O método de amostragem por scanline (BONS et al, 2004) é o principal método de análise de

descontinuidades usado em testemunhos de sondagens e em afloramento pois trata-se de um método

de fácil aplicação. O principal objetivo do scanline é a observação de todas as descontinuidades

intercetadas por uma linha de amostragem anteriormente definida. O objetivo centra-se em verificar por

metro na linha de amostragem definida, quantas fraturas existem e consequentemente fazer uma

avaliação e definição das mesmas.

O indicador fraturação é caracterizado com base na informação fornecida pelo tratamento

geoestatístico, de acordo com a metodologia adotada por Luís and Sousa (1998).

Segundo Chaplow (1977), algumas características como, intensidade, orientação espacial,

comprimento, distância entre paredes, interação com diferentes famílias, morfologia e preenchimentos,

Figura 10 - Representação ilustrativa da abertura de descontinuidades (adaptado Brady and Brown, 1985).

25

são pontos fundamentais para a classificação geológica e, estes critérios poderão servir como base

para a classificação geomêcanica.

A classificação de fraturas de acordo com a sua intensidade por metro linear foi objetivo de estudo em

que Chaplow (1977) definiu uma tabela quantitativa para discriminar os vários grupos, como se pode

verificar na Tabela 5.

Tabela 5- Indicador de fraturação (adaptado Chaplow, 1977).

Intensidade Nº/m Índice

Ocasionalmente Fraturada 1 1

Pouco Fraturada 1-5 2

Medianamente Fraturada 6-10 3

Muito Fraturada 11-20 4

Extremamente Fraturada >20 5

Fragmentos Indef. 6

3.3. Caracterização de Cor

A cor das rochas depende das suas características petrográficas, isto é, da sua composição química e

mineralógica, textura e estrutura.

Por sua vez, a cor é um conceito complexo, já que depende da perceção do observador, da fonte de

iluminação, das características do objeto e do meio em que as radiações luminosas podem ser

absorvidas, filtradas, refletidas, refratadas ou interferir entre si. Deste modo, dois fatores a controlar

quando é feita a determinação da cor das pedras naturais, são as variações de iluminação e de

humidade a que estas podem estar sujeitas (Esbert et al., 1997). Uma outra característica importante

e que, também, tem influência sobre a cor exibida pela rocha, é o tipo de acabamento das superfícies

das pedras naturais.

A coloração das pedras naturais é um fenómeno complexo, onde a granulometria da rocha pode ter

importância, na medida em que os sedimentos finos tendem para cores escuras (Soares, 1966;

Chilingar et al., 1967) e cores mais homogéneas (Esbert et al., 1997).

No sector das rochas ornamentais o fator cor é fundamental para a valorização comercial. A cada tipo

de cor é associado um valor económico consoante o meio onde se insere. Em conformidade com a cor

de matriz dos mármores existem outros fatores que também condicionam o valor de mercado, como a

densidade de venagem e o tipo de venagem.

A junção dos 3 elementos: cor de matriz, densidade e tipo de venagem, conferem um valor comercial

qualitativo que se verifica num determinado período de tempo, ou seja, os valores de mercado são

influenciados por fatores extrínsecos, tendências de estilo no design e arquitetura na construção.

26

Na Tabela 6 apresentam-se alguns exemplos de mármores mais explorados no Anticlinal de

Estremoz-Borba-Vila Viçosa. A presente tabela indica a cor, o enquadramento geológico e respetivas

análises químicas (AL2O3 – óxido de alumínio; CaO – óxido de cálcio; Fe2O3 – óxido de ferro; K2O –

óxido de potássio; MgO – óxido de magnésio; MnO – óxido de manganês; Na2O – óxido de sódio;

SiO2 – óxido de silico; TiO2 – óxido titânio).

27

Tabela 6 – Característica geológicas e químicas das rochas ornamentais- mármore (INETI,2001).

Cor Enquadramento Geológico Análise Química

Al2O3

(%)

CaO (%)

Fe2O3 (%)

K2O (%)

MgO (%)

MnO - (%).

Na2O (%)

SiO2 (%)

TiO2 (%)

Branco

As camadas exploradas pertencem a um

sinclinal secundário incluído no flanco SW do

anticlinal de Estremoz-Borba-Vila Viçosa (Alto

Alentejo). Idade geológica provável:

Câmbrico a Silúrico Superior.

0.50 55.21 0.08 0.11 0.08 - 0.97 -

Branco Anil

As camadas produtoras deste mármore

fazem parte do flanco SW do anticlinal de

Estremoz-Borba-Vila Viçosa (Alto Alentejo).

Idade geológica provável: Câmbrico a Silúrico

Superior.

0.51 54.87 0.14 0.11 0.28 - 0.77 -

Creme

Camadas integradas no flanco NE do

anticlinal de Estremoz-Borba-Vila Viçosa (Alto

Alentejo). Idade geológica provável:

Câmbrico a Silúrico Superior.

0.22 55.15 0.07 0.07 0.44 0.02 21.40 0.04

Creme Rosado

As camadas exploradas enquadram-se na

zona de fecho de um sinclinal de segunda

ordem que faz parte do flanco SW do

anticlinal de Estremoz-Borba-Vila Viçosa (Alto

Alentejo), atribuindo-se-lhes idade geológica

provável entre o Câmbrico e o Silúrico

Superior

0.42 55.55 0.08 0.12 0.04 - 0.50 0.00

28

3.4. Sistemas de classificação de maciços rochosos

A caracterização de maciços rochosos tem como base vários sistemas de classificação geomecânica.

Os principais sistemas abordados ao longo dos anos na literatura corrente são:

Rock Mass Rating System (RMR)

Q- System

Rock Quality Designation (RQD)

Block volume (Vb)

Volumetric joint account (Jv)

Block Quality Designation (BQD)

Rock Mass Rating (RMR)

O sistema Rock Mass Rating (RMR) foi desenvolvido por Bieniawski (1972) através de dados recolhidos

ao longo da sua vida. Durante as últimas 4 décadas, tendo resistido ao teste do tempo, este sistema

sofreu várias modificações e adaptações por vários autores.

Este sistema tem por base 6 parâmetros que o autor considerou serem decisivos na classificação de

um maciço rochoso. O principal foco é a soma dos pesos atribuídos a cada um dos parâmetros.

Os seguintes parâmetros usados para a classificação RMR são:

Resistência à compressão uniaxial da rocha intacta;

RQD (“Rock Quality Designation”);

Espaçamento das descontinuidades;

Condições das descontinuidades;

Influência de água;

Orientação das descontinuidades.

Para utilizar esta classificação é necessário dividir à priori o maciço em várias regiões estruturais

(zonas) tal que certas características sejam mais ou menos uniformes dentro de cada região. Apesar

de os maciços rochosos serem altamente descontínuos por natureza, eles podem, no entanto, ser

uniformes em zonas quando, por exemplo, o tipo de rocha ou espaçamento de descontinuidades sejam

idênticos. Depois desta identificação, a classificação de cada parâmetro para cada região estrutural é

feita de acordo com recurso a tabelas e ábacos, dando pesos a cada parâmetro.

29

Q- System

Em 1974, com fundamento empírico, observando um enorme número de dados, Barton, Lien and Lund,

apresentaram uma proposta de classificação que estabelece um índice de qualidade (Q) com o objetivo

de indicar o tipo de sustimento mais adequado (Figura 11). Este índice baseia-se na análise de 6 fatores

considerados relevantes para a caracterização de maciços rochosos, (Barton N., Lien R. and Lunde J.,

1974). O índice é determinado pela equação (3.1) e apresenta uma variação entre 10−3 e 103. Todas

as variáveis são descritas em tabelas específicas.

𝑄 = 𝑅𝑄𝐷

𝐽𝑛 ×

𝐽𝑟

𝐽𝑎×

𝐽𝑊

𝑆𝑅𝐹 (3.1)

Onde,

𝑅𝑄𝐷 – Grau de fraturação (qualidade do maciço rochoso)

J𝑛 − Nº fraturas

𝐽𝑟- Nº que valoriza a rugosidade das fraturas

𝐽𝑎- Nº que indica o grau de alteração das fraturas

𝐽𝑤- Fator de redução de água nas fraturas

𝑆𝑅𝐹- Fator de redução do estado de tensão do maciço rochoso

Todas as variáveis dos três quocientes que compõem a expressão correspondem a três aspetos

relativos ao maciço rochoso.

𝑅𝑄𝐷

𝐽𝑛 Caracteriza a estrutura do maciço rochoso e constitui uma medida do bloco unitário deste.

O seu valor é variável entre 200 e 0,5, o que permite obter uma ideia genérica da dimensão

dos blocos;

𝐽𝑟

𝐽𝑎 Caracteriza as descontinuidades e /ou o seu enchimento sob o aspeto da rugosidade e do

grau de alteração; este quociente é crescente com o incremento da rugosidade e diminui com

o grau de alteração das paredes em contacto direto, situações a que correspondem aumentos

da resistência ao corte; o quociente diminui, tal como a resistência ao corte, quando as

descontinuidades têm preenchimentos argilosos ou quando se encontram abertas;

𝐽𝑊

𝑆𝑅𝐹 Representa o estado de tensão no maciço rochoso. O fator SRF caracteriza o estado de

tensão no maciço rochoso, em profundidade, ou as tensões de expansibilidade em formações

incompetentes de comportamento plástico. O fator 𝐽𝑤 representa a medida da pressão da água,

que tem um efeito adverso na resistência ao escorregamento das descontinuidades.

Segundo Barton N., et al (1974), a equação (3.1) pode-se analisar a qualidade do maciço, recorrendo

ao ábaco da Figura 11.

30

Figura 11 - Classes de suporte para o sistema de classificação Q-system. (Pereira, 2013)

Rock Quality Designation (RQD)

As características de qualidade de maciços rochosos são fundamentalmente consequência do seu

estado de alteração e de fraturação como já foi referido anteriormente. O estado de alteração sendo

um método expedito de observação é indicado pela sua descrição. Em rochas é comum dar importância

à sua coloração e brilho como consequência da alteração de certos minerais como feldspatos e

minerais ferromagnesianos e ainda, a maior ou menor facilidade com que o material se parte com o

uso do martelo do geólogo. (Pereira, 2013).

Normalmente, quando se realizam sondagens com recuperação contínua de amostra, para avaliação

do estado de alteração, um indicador muito frequentemente usado é a percentagem de recuperação

da amostra. É comum considerar que um maciço rochoso é pouco alterado quando esta percentagem

é superior a 80%, muito alterado para percentagens inferiores a 50% e medianamente alterado para

valores intermédios. Não obstante, esta classificação é toda ela muito relativa, servindo apenas para

uma primeira ideia do tipo de maciço em análise já que o valor de recuperação obtido pode ser

altamente influenciado pela qualidade do equipamento de furação, pela competência do operador e

também por particularidades litológicas ou estruturais das formações geológicas. Quanto ao estado de

fraturação de um maciço, a avaliação é feita tendo em conta o número de diáclases por metro. (Pereira,

2013).

O Rock Quality Designation (RQD) foi criado e desenvolvido por Deere et al (1967) para proporcionar

um método sistemático de descrição da qualidade de um maciço rochoso através do seu estado de

alteração e fraturação. Deere et al (1967), a partir dos testemunhos de sondagens realizadas com

31

recuperação contínua de amostra, criou este índice que relaciona a percentagem determinada pelo

quociente entre o somatório dos troços de amostra com comprimento superior a 10 cm e o comprimento

total furado em cada amostra.

A metodologia da determinação deste índice pode ser consultada na Figura 12, onde está representado

um provete a título de exemplo, assim como a tabela de classificação adotada. (Tabela 7)

Tabela 7 - Classificação RQD (adaptado de Deere, 1967)

RQD (%) Designação

0-25 Muito fraco

25-50 Fraco

50-75 Razoável

75-90 Bom

90-100 Excelente

Figura 12- Procedimento e exemplo de cálculo de RQD. (adaptado Deere, 1967)

32

Volume do bloco (“Block volume”,Vb)

Palmstrom (1995), afirmou que o volume do bloco em maciços rochosos pode ser calculado segundo

duas metodologias, as quais relacionam o conjunto de amostras obtidas (espaçamento de

descontinuidades e os ângulos entre fraturas).

Se um volume de rocha contém apenas dois conjuntos de famílias deve ser calculado segundo a

equação (3.2).

𝑉𝑏 = 𝑆1 × 𝑆2 × 5𝑆1. (3.2)

Onde,

𝑉b é o volume in situ do bloco de campo (𝑚3);

𝑆 1, 𝑆 2, 𝑆 3: espaçamento entre conjuntos de articulação (m);

Caso exista três ou mais conjuntos pode-se estimar a partir da equação (3.3), utilizando o espaçamento

de descontinuidade e os ângulos entre os conjuntos de articulação.

𝑉𝑏 = (𝑆1 × 𝑆2 × 𝑆3)

(𝑆𝑖𝑛 𝛾1 × 𝑆𝑖𝑛 𝛾2 × 𝑆𝑖𝑛 𝛾3). (3.3)

Onde,

𝑉b é o volume in situ do bloco de campo (𝑚3);

𝑆 1, 𝑆 2, 𝑆 3: espaçamento entre conjuntos de articulação (m);

𝛾 1, 𝛾 2, 𝛾 3: inclinação entre os conjuntos de articulação (∘).

Na maioria dos casos, os blocos são formados por conjuntos de famílias irregulares como demonstra

a Figura 13.

Segundo Palmstrom (1995), foi desenvolvido uma tabela que relaciona os ângulos e estima um

coeficiente para o volume in situ dos blocos. (Tabela 8)

Tabela 8 – Volume de blocos para ângulos específicos. (adaptado Palmstrom, 2005)

Ângulos = 90° 2 Ângulos = 90°

1 Ângulo = 60°

1 Angulo= 90°

2 Ângulos = 60°

Ângulos = 60° Ângulos = 45°

𝑽𝒃 = 𝑽𝒃𝟎

= 𝑺𝟏 × 𝑺𝟐 × 𝑺𝟑

𝑉𝑏 = 1,16 𝑉𝑏0 𝑉𝑏 = 1,3 𝑉𝑏0 𝑉𝑏 = 1,5 𝑉𝑏0 𝑉𝑏 = 2,8 𝑉𝑏0

Deste modo com a informação obtida o volume de blocos in situ pode ser classificada segundo o critério

de Palmstrom (1995). (Tabela 9).

33

Tabela 9 – Classificação do volume de blocos in situ. (adaptado Palmstrom, 2005)

Muito pequeno 𝐕𝐛 = 𝟏𝟎 − 𝟐𝟎𝟎 𝐜𝐦𝟑

Pequeno 𝑉𝑏 = 0,2 − 10 𝑑𝑚3

Moderado 𝑉𝑏 = 10 − 200 𝑑𝑚3

Grande 𝑉𝑏 = 0,2 − 10 𝑚3

Muito grande 𝑉𝑏 > 10 𝑚3

Volumetric joint account (Jv)

O espaçamento volumétrico (volumetric joint account (Jv)) foi introduzido por Palmstrom em 1974.

Anteriormente, a expressão da densidade de famílias de fraturas tinha sido desenvolvida por Bergh-

Christensen em 1968 citado por Palmstrom (2005).

O espaçamento médio volumétrico (𝐽𝑣) descreve-se através do número de fraturas encontradas por

cada 1 m3 de rocha. Mede-se o número de interseções de descontinuidades dentro da massa de rocha

fraturada por 1 m3 através da equação (3.4):

𝐽𝑣 = 1

𝑆1 +

1

𝑆2 +

1

𝑆 3 + ⋅⋅⋅ +

1

𝑆𝑛 (3.4)

Onde,

𝑆𝑖 é o espaçamento para cada conjunto de descontinuidades 𝑖 = 1, 2,..., 𝑛 .

𝑛 é o número total de descontinuidades.

Existem espaçamentos irregulares os quais não são incluídos no cálculo anteriormente descrito. Visto

que as descontinuidades não contabilizadas podem influenciar e estar presentes no maciço rochoso

Palmstrom, (1995) definiu uma correlação que tem como base equacionar todas as descontinuidades,

com presença de irregularidades, em cada 5m segundo a equação (3.5).

𝐽𝑣 = 1

𝑆1 +

1

𝑆2 +

1

𝑆 3 + ⋅⋅⋅ +

1

𝑆𝑛+

𝑁𝑟

5√𝐴 (3.5)

34

Onde,

𝑆𝑖 é o espaçamento para cada conjunto de descontinuidades 𝑖 = 1, 2,..., 𝑛 .

𝑛 é o número total de descontinuidades;

𝑁𝑟 é o espaçamento de descontinuidades irregulares;

A é a área da frente de desmonte (𝑚2).

Segue-se um exemplo ilustrativo da quantificação das descontinuidades (Figura 13), assim como a

tabela de classificação adotada para quantificar as descontinuidades (Tabela 10).

Figura 13 - Observação do número de descontinuidades (Jv). (adaptado Palmstrom, 2005).

Tabela 10 - Classificação do Jv (adaptado Palmstrom,2005)

Muito baixo Baixo Moderado Alto Muito Alto “Partido”

<1 1-3 3-10 10-30 30-60 >60

Block Quality Designation (BQD)

O 𝐵𝑄𝐷 é um método que se desenvolveu com base na junção dos índices anteriormente mencionados.

O conceito tem como objetivo avaliar a qualidade do maciço rochoso para um bloco com qualidade de

produção com base nas medições de descontinuidade em campo (Elci, 2014).

Com base na literatura estudada, a metodologia passa por várias fases. Inclui-se uma fase de campo,

ou seja, com recolha e análise de dados e uma fase de análise matemática onde se processam

posteriormente os dados e se valida a sua eficiência.

35

Inicialmente faz-se um scanline onde a informação recolhida refere-se aos pontos de intersecção entre

uma linha horizontal traçada em cada frente de desmonte, 1,5 m acima do piso do chão e a respetiva

fraturação, como se pode verificar na Figura 14.

Assim, para cada scanline registam-se as famílias de fraturas, comprimento e direção.

Após a recolha de informação de campo, calcularam-se as coordenadas reais de todos os pontos de

intersecção entre a fraturação e o respetivo scanline.(Luís, 1995).

A técnica de amostragem linear é extremamente expedita e versátil para o estudo da compartimentação

de maciços rochosos, bem como fornece informações sobre o estado da fraturação e a geologia

estrutural do maciço rochoso.

O espaçamento entre fraturas da mesma família é um espaçamento aparente, dado que o plano onde

se efetua o levantamento (piso ou frente de desmonte) raramente é perpendicular ao plano das fraturas.

Este espaçamento aparente pode ser determinado do seguinte modo:

𝑒𝑎 = 𝐿

𝑛 (3.6)

Onde,

𝑒𝑎 é o espaçamento aparente (unidades de comprimento)

L o comprimento do levantamento (unidades de comprimento)

n o número de fraturas existentes da mesma família

No campo, o parâmetro prático mais utilizado é denominado de frequência de fraturação e vem dado

por:

𝑓 =1

𝑒𝑎 (3.7)

O estudo do grau de continuidade de determinada família de fraturas pode ser importante para o estudo

da blocometria da pedreira e da estabilidade dos taludes de exploração.

Figura 14 - Esquema de levantamento com o método scanline (adaptado Brady and Brown,1985).

36

Esta característica pode ser avaliada através da observação, num determinado volume, da continuação

das fraturas, analisando as suas terminações. Uma vez na posse das informações suficientes relativas

às características físicas e geométricas das fraturas recolhidas durante o levantamento de campo, é

possível avaliar, preliminarmente, a blocometria disponível para exploração.

Os blocos definidos pela compartimentação do maciço mármore apresentam duas características

importantes sob o ponto de vista da exploração, nomeadamente:

Dimensão – é função do espaçamento, do número de fraturas e da sua continuidade;

Forma – é função do número de famílias de fraturas e da sua orientação.

O Block Quality Designation é calculado através da equação(3.8).

Onde,

𝑆 é o espaçamento de descontinuidade igual ou maior que 1,0 m

𝐿 é a linha de medição comprimento (m).

Quando os resultados se encontram acima dos 50% significa que a frente é economicamente viável,

caso contrário encontram-se abaixo dos valores indicados o que significa que não é economicamente

viável a sua exploração como se verificar no gráfico da Figura 15 (Elci,2014).

Figura 15 - Volume de rocha explorável segundo BQD (%) (adaptado Elci, 2014)

Metodologias mais modernas têm vindo a ser usadas devido ao desenvolvimento da tecnologia que

nos permitem ter relações mais precisas e fidedignas, tais como : Compart 4.2 ou Sipero.

Tendo em conta a necessidade do dia-a-dia e a rapidez da manipulação de dados a metodologia

descrita serve para avaliação das frentes de desmonte e uma estimativa da sua rentabilidade futura.

𝐵𝑄𝐷 % = (∑𝑆 > 1𝑚

𝐿) . 100, (3.8)

37

3.5 Análise estatística de dados

Para a medição de um grau de correlação e a estimação de dados recolhidos, recorrem-se a métodos

expeditos de análise estatística.

Apresenta-se um exemplo de análise estatística que tem como base de estudo o modelo de regressão

linear.

A análise de correlação tem como objetivo a avaliação do grau de associação entre duas variáveis, X

e Y, ou seja, mede-se a “força” de relacionamento linear entre as variáveis X e Y. Para quantificar a

relação entre duas variáveis quantitativas utiliza-se o coeficiente de correlação linear de Pearson

(Pereira,2013).

O coeficiente de correlação linear de X e Y é dado pela equação (3.9):

Rxy= (∑ (𝑥𝑖-𝑥)̅̅ ̅n

i=1

√∑ (ni=1 𝑥𝑖-𝑥)̅̅ ̅2

(𝑦𝑖−�̅�)

√∑ (𝑦𝑖-𝑦)̅̅ ̅ni=1

2 (3.9)

Onde,

𝑥 = ∑𝑥𝑖

𝑛

𝑛

𝑖=1

(3.10)

𝑦 = ∑𝑦𝑖

𝑛

𝑛

𝑖=1

(3.11)

Segundo Santos (2007), pode-se verificar na Tabela 11 a interpretação do coeficiente de correlação de

Pearson.

38

Tabela 11 - Coeficiente de correlação de Pearson. (adaptado Santos, 2007).

Coeficiente de correlação Correlação

𝑅𝑥𝑦 = 1

0,8 ≤ 𝑅𝑥𝑦 < 1

0,5 ≤ 𝑅𝑥𝑦 < 0,8

0,1 ≤ 𝑅𝑥𝑦 < 0,5

0 ≤ 𝑅𝑥𝑦 < 0,1

0

−0,1 ≤ 𝑅𝑥𝑦 < 0

−0,5 ≤ 𝑅𝑥𝑦 < −0,1

−0,8 ≤ 𝑅𝑥𝑦 < −0,5

−1 ≤ 𝑅𝑥𝑦 < −0,8

𝑅𝑥𝑦 = −1

Perfeita positiva

Forte positiva

Moderada positiva

Fraca positiva

Ínfima positiva

Nula

Ínfima negativa

Fraca negativa

Moderada negativa

Forte negativa

Perfeita negativa

De modo a investigar a relação entre as duas variáveis, X e Y, podemos representar os valores das

varáveis num gráfico de dispersão. (Figura 16)

De seguida observa-se os gráficos de correlação através do diagrama de dispersão. (Santos, 2007)

Figura 16 - Classificação da correlação através de diagrama de dispersão. (Santos, 2007).

39

O coeficiente de determinação é dado pela equação (3.12).

Rxy2 =

( ∑ (𝑥𝑖-𝑥)̅̅ ̅ni=1

∑ (𝑥𝑖-𝑥)̅̅ ̅ni=1

2 (𝑦𝑖−�̅�))2

∑ (𝑦𝑖-𝑦)̅̅ ̅ni=1

2 (3.12)

Onde,

Rxy2

assume valores entre zero e um.

A qualidade do ajustamento será tanto maior quando mais Rxy2

se aproximar de 1.

Em suma, a análise de regressão estuda o relacionamento entre a variável denominada dependente,

Y, e uma ou mais variáveis independentes 𝑋, (𝑋1; 𝑋2; 𝑋3 … . 𝑋𝑝 ).

Neste capítulo apresenta-se o modelo teórico e os seus pressupostos, assim como a estimação dos

parâmetros do modelo pelo método dos mínimos quadrados.

A equação do modelo de regressão linear simples é dada pela equação (3.13).

𝑌 = 𝛽0 + 𝛽1𝑋𝑖 + 𝜖𝑖 , 𝑖 = 1, … . 𝑛 (3.13)

Onde,

𝑦𝑖representa o valor da variável resposta ou dependente, y, na observação 𝑖 = 1,… . 𝑛

(aleatória)

𝑥𝑖representa o valor da variável independente, x, na observação 𝑖 = 1, … . 𝑛 (não aleatória)

𝜖𝑖 , 𝑖 = 1, … . 𝑛 são variáveis aleatórias que correspondem ao erro (variável que permite explicar

a variabilidade existente em y e que não é explicada por x);

𝛽0 𝑒 𝛽1 corresponde aos parâmetros do modelo.

Supondo que existe uma relação linear entre X e Y, é necessário estimar os parâmetros 𝛽0 𝑒 𝛽1.

Segundo Karl Gauss entre 1777 e 1855 propôs estimar os parâmetros 𝛽0 𝑒 𝛽1 visando minimizar a soma

dos quadrados dos desvios, 𝑒𝑖 = 1,… . 𝑛 , o qual se chama o método dos mínimos quadrados.(Maroco,

2003).

O método dos mínimos quadrados consiste na obtenção dos estimadores dos coeficientes de regressão

𝛽0 𝑒 𝛽1 minimizando os resíduos do modelo de regressão linear, calculados como a diferença entre os

valores observados, 𝑦𝑖 e os valores estimados, 𝑦�̅�, isto é (equação (3.14) :

𝑒𝑖 = 𝑦𝑖 − 𝑦�̅�, i = 1, … , n (3.14)

40

O método dos mínimos quadrados propõe então encontrar os valores de 𝛽0 𝑒 𝛽1 para os quais a soma

dos quadrados dos resíduos (SQR) é mínima. Obtendo-se assim a equação (3.15)

𝑚𝑖𝑛𝑆𝑄𝑅 = ∑𝑒2 = ∑(𝑦𝑖 − 𝑦�̅� )2

𝑛

𝑖=1

= ∑(𝑦𝑖 − (𝛽0 + 𝛽1𝑥𝑖) )2

𝑛

𝑖=1

= ∑(𝑦𝑖 − 𝛽0 − 𝛽1𝑥𝑖)2

𝑛

𝑖=1

𝑛

𝑖=1

(3.15)

Onde,

yi é o valor observado da variável dependente na enésima observação,

β o vetor coluna cujos elementos são os coeficientes do modelo

(Xβ)i é a enésima linha do vetor Xβ.

Se as colunas da matriz X forem linearmente independentes, a solução β, que minimiza a soma

quadrática do erro, é a única solução do sistema não-singular de equações lineares (equação (3.16)):

(𝑋𝑇𝑋)�̂� = 𝑋𝑇𝑦 (3.16)

Onde y são as n observações do vetor da variável dependente.

A solução de �̂� representa-se pela equação (3.17):

�̂� = (𝑋𝑇𝑋)−1𝑋𝑇𝑦 (3.17)

Os valores esperados, 𝑦�̂�, i = 1, 2, …, n são obtidos pela equação (3.18):

𝑦�̂� = (𝑋�̂�)𝑖 , 𝑖 = 1, 2,… , 𝑛 (3.18)

Este método é aplicado para uma regressão linear simples, sabendo que se vai usar mais do que uma

variável independente aplica-se o modelo de regressão linear múltipla que tem como base o modelo

anterior.

Considera-se o caso particular do modelo de regressão linear múltipla com duas variáveis explicativas

𝑋1 𝑒 𝑋2 Assim, o modelo será definido através da equação (3.19).

𝑌 = 𝛽0 + 𝛽1𝑋𝑖1 + 𝛽2𝑋𝑖2 + … …+ 𝛽𝑛𝑋𝑖𝑛 + 𝜀𝑖 𝑖 = 1,… . . , 𝑛 (3.19)

Onde,

𝑌 = [

𝑦1

𝑦2

⋮𝑦

3

] 𝑋 =

[ 1 𝑥11 … 𝑥1,𝑝

1 𝑥21 … 𝑥2,𝑝

⋮ ⋮ ⋱ ⋮1 𝑥𝑛1 … 𝑥𝑛,𝑝]

= [1 𝑥1 … 𝑥𝑝] 𝛽 = [

𝛽1

𝛽2

⋮𝛽

3

] 𝜀 = [

𝜀1

𝜀2

⋮𝜀3

]

41

𝜀𝑖.é um vector de dimensão n x 1 cujas componentes são os erros aleatórios 𝜀𝑖 𝑖 =

1, … . . , 𝑛

𝑌 é um vetor n x 1 cujas componentes correspondem às n respostas 𝜀𝑖 = 𝑦𝑖 − 𝑦�̅� ,

constituído pelas observações da variável resposta;

𝑋 é uma matriz de dimensão n x (p+1) denominada matriz do modelo.

𝛽 é um vector coluna (p+1) x 1 cujos elementos são coeficientes de regressão.

A singularidade do resultado e a qualidade do exercício de previsão dos parâmetros através de modelos

de regressão linear múltipla, pela linearidade do método dos mínimos quadrados, é extremamente

dependente da deteção e eliminação de colinearidades ou da perfeita relação entre as colunas da

matriz X (colunas linearmente dependentes) ou colunas fortemente correlacionadas (valor absoluto dos

coeficientes da correlação maior ou igual a 0,99) (Kutner et al., 2005; Draper and Smith, 1998, citado

por Paneiro et al., 2015).

Uma técnica simples, utilizada para a identificar e eliminar colinearidades, baseia-se na realização de

uma matriz quadrada (C), k × k, dos coeficientes de correlação entre os pares de colunas da matriz X.

Assim, uma das colunas dos pares com valores absolutos maiores que 0,99, é removida da matriz X.

Outra técnica alternativa consiste na aplicação do método de eliminação de Gauss-Jordan (Strang,

1988), com a redução da matriz X à forma de matriz linha, através da identificação da linearidade das

colunas independentes pela classificação automática da matriz X. (Paneiro et al., 2015).

As análises de regressão de dados podem ser realizadas por proposta e validação de vários modelos

de regressão linear múltipla. A validação de cada modelo candidato inclui a significância estatística dos

parâmetros estimados, a adequação do modelo ajustado pela análise da variância (decomposição da

soma total dos quadrados dos resíduos) e a qualidade estatística do modelo de regressão por análise

residual, como anteriormente descrito.

Critério de seleção do melhor modelo de regressão linear

Na análise de regressão, existem vários critérios para a avaliação do modelo. Estes critérios também

têm a aptidão de avaliar a capacidade de generalização desses modelos, quando eles são utilizados

para fins de previsão.

Existem alguns critérios para a avaliação de ajuste do modelo, no que diz respeito aos dados recolhidos

no terreno.

Na presente abordagem, os critérios de avaliação da qualidade modelo utilizados foram:

a) Os coeficientes de determinação (R2 e R2 ajustado);

b) Análise da variância (ANOVA), incluído a análise dos resíduos estudentizados;

c) Critérios de informação de Akaike e Schwarz-Bayesiano (AIC e SBIC).

42

A análise cuidada e individual de vários modelos candidatos, em conjunto com os critérios acima

descritos, resultará na obtenção do melhor modelo com a melhor capacidade de previsão da resposta

pretendida.

Na Tabela 12, apresentam-se os modelos candidatos de regressão linear múltipla que foram

considerados no presente estudo.

.

Tabela 12 – Modelos de regressão linear múltipla considerados no estudo.

Modelo Expressão

1 𝑦 = 𝛽0 + 𝛽1𝑋1 + ⋯+ 𝛽11𝑋11

2 𝑦 = 𝛽1𝑋1 + ⋯+ 𝛽11𝑋11

43

4. Caso Prático

O presente trabalho foi efetuado durante um estágio de 2 meses, na zona do Anticlinal de Estremoz-

Borba-Vila Viçosa, na empresa Solubema. Seguidamente apresenta-se a localização e caracterização

geológica em estudo. É de realçar que todos os dados foram recolhidos com trabalho de campo.

4.1. Caracterização Geológica do Anticlinal de Estremoz-Borba-Vila Viçosa

O Anticlinal de Estremoz- Borba- Vila Viçosa, de que faz parte a área objeto de estudo, localiza-se no

soco hercínio da Península Ibérica na Zona de Ossa Morena (ZOM), definida por Lotze (1945).

“A Zona da Ossa Morena é, sem dúvida, a unidade paleogeográfica e tectónica da Península Ibérica

mais heterogénea e complexa”, Caracterização geológico- estrutural do flanco sudoeste do Anticlinal

de Estremoz (Luís, 1995). Figura 17

Figura 17 - Zona Paleogeográfica e tectónica do Maciço Hespérico (excerto da carta tectónica da península ibérica) com

localização do Anticlinal de Estremoz (Fonte IGM vol.31 nº4 (1994) e V Congresso Nacional de Geologia 1998).

A área em questão, situa-se no flanco SW do Anticlinal de Estremoz- Borba- Vila Viçosa, no complexo

Vulcano- Sedimentar de Estremoz. O Anticlinal consiste numa estrutura alongada, segundo NW-SE,

dobrada assimetricamente, convergência para NE e com fechos periclinais nos extremos NW e SE, em

Sousel e no Alandroal, respetivamente, segundo uma extensão de 40 Km.(Lotze,1945).

O Anticlinal de Estremoz é, constituído por rochas com idades compreendidas entre o Proterozoico

Superior e o Silúrico e, em determinadas zonas, rochas de idade Quarternária, correspondentes e

depósitos lacustres, Figura 18. Atualmente, ainda é tema de discussão as idades de algumas rochas

da estrutura anticlinal.

44

A sequência litológica é, desde há muito tempo, conhecida e apresentada por F. Gonçalves e Tomás

de Oliveira, sendo atualmente apresentada pelo IGM (2001) e constituída da base para o topo, Figura

19, pelas seguintes unidades litoestratigráficas:

Soco Proterozóico, aflorante no núcleo do Anticlinal, constituída essencialmente, por xistos

negros, chertes negros e grauvaques.

Formação Dolomítica, datada do Câmbrico Inferior por correlação com a formação carbonatada

do sector Alter do Chão.

No topo, surge um horizonte silicioso descontínuo, localmente mineralizado por sulfuretos, que

constitui, tal como tem sido referido até hoje, um marcador de uma importante lacuna, segundo

Oliveira 1984, Carvalhosa et al. 1987 citado por IGM (2001), a qual teria tido origem na

exposição subárea dos carbonatos durante o Câmbrico Médio e Superior, provocando

localmente casificação e silicificação.

A elevada ocorrência, em leitos de espessura irregular, de calcoxistos, quartzitos, metavulcanitos e

silicificações, e a frequência com quem se produzem variações laterias de fácies, contribuem para

dificultar a definição dos limites geológicos. (Lopes, 1995).

Figura 18 - Tabela Cronostratigráfica (adaptado IGM, 2001)

45

Figura 19 - Coluna litoestratigráfica simplificada do anticlinal de Estremoz (adaptado IGM,2001)

4.2. Caracterização da “Herdade da Vigária” em Vila Viçosa

4.2.1. Herdade da Vigária

A Herdade da Vigária é propriedade da empresa Solubema que é o principal produtor de mármore em

Portugal desde 1928, onde se extraem mensalmente mais de 1.000 metros cúbicos de mármore de

qualidade diversas, como por exemplo o Branco Anil e o Creme Rosado.

O presente enquadramento geográfico refere-se à pedreira “Herdade da Vigária” ou “Barrinho” com o

licenciamento nº 33. Esta pedreira em análise é propriedade da empresa Solubema- Sociedade Luso-

Belga de Mármore, S.A., cuja diretoria se encontra ao encargo do Eng.º Óscar Frazão e o Eng.º Hugo

Primo.

A pedreira encontra-se situada no Concelho de Vila Viçosa, na zona do Alentejo Central, distrito de

Évora como demonstra a Figura 20. O concelho de Vila Viçosa divide-se em 5 freguesias: Bencatel,

Ciladas, Vila Viçosa- Conceição, Vila Viçosa- São Bartolomeu e Pardais.

Figura 20 - Principais vias de comunicação de acesso à Pedreira.

46

Denominada “Herdade da Vigária”, a pedreira situa-se na freguesia de Bencatel, concelho de Vila

Viçosa. A área de exploração encontra-se ligada por um caminho público de acesso ao núcleo da

Vigária, em terra batida, que entronca na Estrada nacional nº 254, (que liga Vila Viçosa a Évora). A

proximidade da Auto-estrada A6-E90, confere a esta pedreira uma situação privilegiada no que diz

respeito aos acessos da exploração e expedição da produção. Este entroncamento encontra-se a

aproximadamente 4 km de Vila Viçosa. As vias de comunicação no interior da pedreira são em terra

batidas, mas encontram-se em bom estado de conservação.

A área licenciada da pedreira é de 937 835 𝑚2 e os terrenos são da pertença da empresa Solubema.

A principal atividade da empresa é a extração de rocha ornamental (mármore). Na Figura 21, que se

segue verifica-se uma vista aérea da pedreira “ Herdade da Vigária”.

Figura 21- Vista geral da área de exploração da pedreira "Herdade da Vigária" (fonte: goole heart)

4.2.2. Geologia Local

Foi com base na cartografia geológica existente, à escala 1: 25 0 00 (Carta Geológica do Anticlinal de

Estremoz) Figura 22, e no reconhecimento da sequência litoestratigráfica, que se partiu para a

cartografia geológica de superfície.

O reconhecimento geológico efetuado incidiu no levantamento das diferentes unidades

litoestratigráficas existentes, tendo-se averiguado serem definidas anteriormente, pelo que se adotou

estas como base de desenvolvimento para o estudo.

47

Figura 22 - Mapa geológico do Anticlinal com a localização dos principais núcleos de exploração de mármores. (adaptado

Carta Geológica do Anticlinal à escala 1:25 000 – IGM, 2001).

A pedreira “ Herdade da Vigária ou Barrinho” encontra-se implementada no Complexo Vulcano

Sedimentar de Estremoz, no flanco SW da estrutura anticlinal, ao longo de um sinclinal de grandes

dimensões, tombando com planos axiais a inclinar para SW, da direção NW-SW.

Os mármores contactam a NE com os metadolomitos da base, e a SW com os metavulcanitos de topo.

Os estratos apresentam direção média de N40ºW, e inclinação de 60º a 70º para SW, ocorrendo em

determinadas zonas inclinadas para NE.

Os mármores apresentam predominantemente cor creme a branco, com intercalações de veios de

natureza xistenta, ocorrendo em determinadas zonas, dolomitização e brechificação.

Com base em estudos anteriormente efetuado pelo Instituto Geológico e Mineiro (“ Estudo da jazida de

Calcários Cristalinos de Estremoz-Borba-Vila Viçosa- Sectores de Lagoa- Vigária e Borba” 1994),

através da execução de sondagens mecânicas, foi possível constatar a existência de mármore na zona

da Vigária até aos 180 metros. A sondagem designada de SD17, foi efetuada na área em questão tendo

intersectado o contacto entre os mármores e as metadolomitos aos cerca de 279 metros. Refira-se que

esta sondagem foi efetuada transversalmente à estrutura, com direção N40ºE, e com 60º de inclinação

para NE. (Solubema, 2010).

A brecha de direção NW-SE, ocorre perto do contacto das metadolomitas e corta longitudinalmente a

estrutura, tal como se visualiza na figura anterior.

O mármore brechóide ocorre na pedreira VL, na zona E da área de corta, e nas pedreiras VB e VE na

zona Norte.

Segundo a cartografia existente, o mármore dolomitizado ocorre entre as pedreiras VV e VR, e entre

VL e VI.

48

A dolomitização secundária, vulgo “olho de mocho”, ocorre no interior do mármore da jazida até

profundidades consideráveis e associada, a fraturas de direção NE-SW. Entre VN e VD, é possível

verificar a ocorrência de dolomito.

Surgem ainda intercalados nos mármores leitos de rocha metavulcânica, cinzas vulcânicas

metamorfizadas, os quais apresentam uma direção NW-SE, e surgem a aflorar na pedreira VN, na zona

SW. A rocha metavulcânica que se encontra no topo dos mármores, encontra-se dobrada em anticlinais

e sinclinais.

Na Figura 23 que se segue verifica-se a dimensão e as zonas da pedreira com as respetivas

classificações anteriormente definidas.

Figura 23 - Planta geral da Pedreira Herdade da Vigária. (escala 1/2000).

50

Para além da qualidade do mármore ser um dos fatores importantes na viabilidade de uma exploração

de rocha ornamental, a designada “dimensão comercial”, isto é, blocometria, condicionada pela rede

de fraturação existente é o facto primordial na “vida” de uma pedreira, podendo por si só ser a razão

suficiente para o abandono de uma exploração de mármore.

Deste modo, o conhecimento da rede de fraturação existente, principais famílias de fraturas, tamanho,

espaçamento médio entre fraturas e densidade linear de fraturação é importante na determinação da

blocometria.

Um estudo aprofundado pela empresa Solubema permitiu concluir que se verifica uma predominância

dos seguintes sistemas de fraturas:

F1- N40ºE a N50ºE; 86º a inclinar para SE e NW;

F2- N10ºE a N25º; subvertical a inclinar para WNW;

F3- N25ºW a N35ºW; 70ª NE;

F4- N75ºE; subvertical a inclinar para NNW.

Para a representação das principais famílias de fraturas, utilizou-se a projeção estereográfica,

utilizando-se a rede de igual área, rede de Schmidt, obtendo-se a projeção do hemisfério sul, dos planos

de fratura e o respetivo diagrama de contornos como exemplifica a Figura 24.

Figura 24- Projeção estereográfica na rede de Schmidt dos planos principais de famílias de fraturas (adaptado Guerreiro,

2000).

As projeções de Schimdt são então de extrema importância pois esta rede permite representar através

de pontos todas as medições efetuadas, a identificação das famílias principais (zonas mais povoadas

na rede) e a realização de estatísticas dos dados estruturais (curvas de iso densidades de

fraturação).(Guerreiro,2000).

Assim com estes dados pode-se fazer uma estimativa e estudo das fraturas existentes de modo a ser

feito posteriormente o cálculo do volume de blocos a ser desmontado.

51

O presente trabalho foi desenvolvido maioritariamente na pedreira VO que se encontra na zona S-SE

da Herdade da Vigária. As bancadas em estudo são de pisos distintos com veios de fraturação

diferentes. O principal objetivo foi:

Quantificar o maior número de frentes de desmonte a derrubar;

Retirar os respetivos comprimentos, largura e altura;

Fazer uma compilação fotográfica das frentes de bancada a ser explorada;

Verificar o índice de fraturação e ou famílias de fraturas;

Como referido anteriormente a Herdade da Vigária possui 937 835 𝑚2 de exploração, sendo que as

pedreiras com maior percentagem no momento de funcionamento são a pedreira VO, VI, VG. Devido

ao facto da maioria da exploração e extração neste momento decorrer na pedreira VO.

A fraturação e a cor neste método de exploração é o mais importante, isto é, são os dois principais

focos para se condicionar o plano de lavra. O mármore é uma pedra bastante requisitada no mercado

devido aos seus trabalhos de decoração.

Para tal verificação e avaliação foi desenvolvido um trabalho de campo que permitiu acompanhar

ambas as fases de desmonte de cada uma das bancadas e permitiu desenvolver um estudo

aprofundado de quais serão os novos métodos de otimização para redução de desperdícios. Embora

tenha sido efetuado um estudo de terreno também foi feito um estudo com o auxílio de software

especializado (Autocad ou Photoshop) e métodos que nos permitirão retirar conclusões e respetivas

sugestões de melhoramento.

52

53

5. Metodologia

Neste capítulo, descreve-se a metodologia seguida neste estudo, com o objetivo de desenvolver um

método expedito de avaliação da recuperação das frentes de desmonte e a estimação do seu valor

comercial, baseado no volume in situ dos blocos e em fatores qualitativos, tais como, cor da matriz,

densidade de venagem e tipo de venagem.

Assim, após a definição do problema, far-se-á uma descrição dos procedimentos de desenvolvimento

do modelo aplicado a este estudo e uma breve descrição de todos os métodos e programas utilizados

nas estimações. Sendo que os aspetos de programação do software MATLAB utilizado encontram-se

em anexo (C).

5.1. Definição do problema

As operações de exploração de rocha ornamental têm cada vez mais vindo a obter elevados níveis de

desperdícios. Face a esta problemática e devido à pouca percentagem de pedra de boa qualidade, é

fundamental que se faça uma quantificação do valor recuperável em termos comerciais.

Outra questão problemática na exploração de mármore são os fatores estéticos, porque influenciam

em muito o seu valor comercial.

O valor de mercado é bastante dependente das tendências estéticas de mercado, logo existe a

necessidade de se criar um método expedito de correlação entre métodos antigos de classificação de

maciços rochosos e os fatores estéticos das rochas ornamentais.

Considerando estes os principais problemas, será desenvolvido um estudo que nos permita fazer uma

correlação de recuperações e estimação de valores comerciais, que posteriormente poderão vir a ser

adotados para outro tipo de rochas.

5.2. Procedimentos e métodos para avaliação de frentes de desmonte

Segundo a bibliografia consultada, decidiu-se avaliar dois índices de classificação de maciços

rochosos: 𝐵𝑄𝐷 e 𝐽𝑣, de modo a verificar qual deles teria a melhor correlação entre os dados recolhidos.

Os procedimentos adotados para a avaliação de frentes de desmonte obedeceram à seguinte estrutura:

1. Recolha e análise de dados de campo;

2. Escolha dos métodos de classificação utilizados para a análise e verificação da melhor

correlação de dados;

3. Utilização de um modelo de análise estatística com base na aplicação da teoria do método dos

mínimos quadrados;

4. Definição de um fator comercial e sua correlação com a recuperação.

54

1ª Fase

Numa primeira foram analisadas 21 bancadas durante o período de estágio na Solubema. As amostras

foram devidamente identificadas com um código, por exemplo:

VO B246

Onde,

VO corresponde à localização em planta da zona da pedreira;

B corresponde ao piso da pedreira (definido por ordem alfabética, começando no A até Z,

em profundidade);

246 corresponde ao o número dado à sequência de cada frente de desmonte.

Seguidamente, retiraram-se as dimensões respetivas a cada bancada (comprimento, largura,

espessura) e famílias de fraturas.Todas as bancadas analisadas encontram-se em anexo (A).

Com recurso a uma tinta, marcaram-se as fraturas que intersectavam a frente de desmonte em estudo.

(Figura 25).

Figura 25 - Exemplo de marcação em terreno das frentes de desmonte e respetiva fraturação.

Após a recolha de dados de campo retirou-se uma fotografia à frente de desmonte que posteriormente

foi analisada com recurso a um software, através da técnica de scanline, onde se identificam as famílias

de fraturas com cores (verde-F1; vermelha- F2 e amarela- F3). (Figura 26).

55

Figura 26 - Exemplo fotográfico da frente de desmonte corretamente identificada através de scanline. Cor verde-F1; cor

vermelha-F2; cor amarela-F3.

Durante os 2 meses de estágio estes foram os dados possíveis de recolha. É de salientar que a fase

de exploração é demorada o que impossibilitou uma maior recolha de dados.

2ª Fase

A segunda fase do estudo consistiu em escolher dois métodos de classificação de maciços rochosos

anteriormente descritos. Segundo o trabalho de pesquisa decidiu-se avaliar o 𝐵𝑄𝐷 e o 𝐽𝑣 para a

realização do caso prático.

BQD% - Block Quality Designation: Variável quantitativa

𝐵𝑄𝐷 % = (∑𝑆 > 1𝑚

𝐿) . 100 (5.1)

Jv – Volumetric joint account: Variável quantitativa

𝐽𝑣 = 1

𝑆1 +

1

𝑆2 +

1

𝑆 3 + ⋅⋅⋅ +

1

𝑆𝑛 (5.2)

Com base nas equações apresentadas calculou-se o 𝐵𝑄𝐷 e o 𝐽𝑣 para cada uma das 21 frentes e

desmonte, bem como toda a análise das famílias de fraturas.

Após os cálculos efetuados procedeu-se à formulação de duas regressões lineares simples com o

objetivo de verificar qual dos modelos melhor se ajustava na avaliação. Assim consoante os dados

obtidos fez-se uma escolha entre os dois métodos. Este processo de escolha e rejeição dos modelos

serve para conseguir realizar um estudo mais aprofundado e chegar a um método expedito de avaliação

local que permita correlacionar a recuperação do volume de bloco in situ e fazer uma estimativa do

valor comercial pontual atribuído a cada frente de desmonte.

A metodologia de correlação e avaliação de desempenho dos modelos já foi anteriormente estudada

em outras pedreiras de rocha ornamental, mas o principal objetivo deste estudo é testar e criar uma

56

nova metodologia que decide implementar outra componente bastante significativa na exploração de

mármore, a cor.

Ou seja, depois de uma primeira análise preliminar de qual dos métodos de classificação melhor se

adequa à avaliação de recuperação de maciços rochosos de mármore, adicionou-se uma análise

estatística de observações que tem por base desenvolver uma função que correlacione variáveis

quantitativas com variáveis qualitativas.

Com recurso à análise estatística descrita no capítulo 3.5, definiram-se variáveis quantitativas e

variáveis qualitativas.

As variáveis quantitativas são o 𝐵𝑄𝐷 e a profundidade. Relativamente às variáveis qualitativas foram

definidas com base em dados cedidos pela Solubema (Tabela 13).

Tabela 13 – Variáveis qualitativas (Solubema, 2010)

Cor de matriz Densidade da

Venagem

Tipo da

Venagem

Sanidade Classificação

(provisória)

A-Branco Anil

B-Branco

C-Creme

D-Rosado

E-Rosa Claro

F-Rosa Escuro

G-Rosa Laranja

H-Salmão Claro

I-Salmão Escuro

2- Limpo

3-Nubeloso

4-Vermicele

5-Venagem Leve

6- Venagem Média

7-Venagem Muito

U- Verde

V-Verde Xistosa

W-Preta Xistosa

X-Castanha

Y-Vermelha

Z-Rosa

1-São

2-Ligeiramente fraturado

3-Fraturado

4- Muito fraturado

N-Extra

O-Extra/I

P-I

Q-I/II

R-II

S-II/III

T-III

Neste estudo as variáveis utilizadas foram:

Cor da matriz;

Densidade de venagem;

Tipo de venagem

No que diz respeito à sanidade e classificação provisória foram variáveis que não se consideraram

neste estudo.

3ª Fase

Relativamente à terceira fase do estudo recorreu-se à análise estatística de dados tendo por base o

modelo de regressão linear múltipla.

Este modelo teve como foco a escolha de uma variável dependente Y e 5 variáveis independentes 𝑋𝑛.

57

O modelo de análise estatística tem como base as seguintes equações:

Modelo 1 𝐲 = 𝛃𝟎 + 𝛃𝟏𝐗𝟏 + ⋯+ 𝛃𝟏𝟏𝐗𝟏𝟏 (com ordenada na origem) (5.3)

Modelo 2 𝑦 = 𝛽1𝑋1 + ⋯+ 𝛽11𝑋11(sem ordenada na origem) (5.4)

Como referido anteriormente, as variáveis explicativas quantitativas e variáveis explicativas qualitativas,

assim como a variável dependente em estudo, são as seguintes:

BQD (Block Quality Designation): variável quantitativa – corresponde ao espaçamento médio

de fraturas pelo comprimento máximo da frente de desmonte;

Profundidade: variável quantitativa – define a profundidade a que foram exploradas cada umas

das bancadas (m);

Cor da matriz: variável qualitativa – define a cor base de cada bancada;

Densidade de venagem: variável qualitativa – define a densidade, ou seja, o nível de ocorrência

da venagem por cada frente de bancada;

Tipo de venagem: variável qualitativa – define a cor respetiva da densidade de venagem;

Recuperação comercial em volume de bloco- define a variável dependente.

A análise cuidada e individual, em conjunto com os critérios acima descritos, resultará na obtenção do

melhor modelo candidato com a melhor generalização.

Segue-se uma representação exemplificativa geral das categorias (C0 , . . . , Cn ) e correspondente

codificação de uma variável qualitativa (Tabela 14).

Tabela 14 – Representação das categorias

Categoria

Variáveis qualitativas

K1 K2 … Kn

C0 0 0 … 0

C1 1 0 … 0

C2 0 1 … 0

… … … … …

Cn 0 0 … 1

58

Relativamente às variáveis explicativas quantitativas avaliou-se o 𝐵𝑄𝐷 (%) e a profundidade (m).

Observando as variáveis explicativas qualitativas estudou-se a cor da matriz, densidade de venagem e

o tipo de venagem.

Tendo em consideração os dados recolhidos tanto a cor da matriz, assim como a densidade de

venagem e o tipo de venagem são subdivididos da seguinte forma:

A primeira categoria em estudo das variáveis explicativas qualitativas é a cor da matriz que se divide

em:

Creme (C) – categoria de referência;

Creme rosado (Cr);

Branco anil (Ba);

Branco (B).

A segunda avaliação é a densidade da venagem, isto é, se existe uma presença grande de venagem

nas frentes de desmonte.

Leve (l) - categoria de referência;

Média (me);

Muito (m);

Nublosa (n).

Relativamente ao terceiro e último parâmetro, é o tipo de venagem que se pode observar, ou seja, é a

cor que a cada densidade de venagem apresenta.

Castanho (c) - categoria de referência;

Preto (p);

Verde (v);

Rosa (r).

Desta forma, a relação matemática entre as variáveis quantitativas e qualitativas com a variável

dependente pode ser genericamente definida por:

𝑅𝑣 = 𝑓(𝐵𝑄𝐷; 𝑃𝑟𝑜𝑓; 𝐶𝑚;𝐷𝑣; 𝑇𝑣) (5.5)

Onde,

𝑅𝑣 – Recuperação de volume de bloco in situ (variável dependente);

𝐵𝑄𝐷 - Block Quality Designation (variável quantitativa em %);

59

𝑃𝑟𝑜𝑓- Profundidade da pedreira (m);

𝐶𝑚 - Cor da matriz (variável qualitativa);

𝐷𝑣 - Densidade de venagem (variável qualitativa);

𝑇𝑣 - Tipo de venagem (variável qualitativa)

4ª Fase

Por último na quarta fase de execução desenvolveu-se a seguinte metodologia, após a conclusão de

qual o melhor modelo de ajustamento, arbitra-se com recurso a dados sintéticos (obtidos através de

um catálogo em anexo (B), de preços de rochas ornamentais), um fator comercial, fc. (Tabela 15)

Tabela 15 - Tabela de valorização comercial.

Cor da

Matriz

Densidade

de Venagem

Tipo de

venagem

Valor

comercial (€)

Fator

comercial

(fc)

Creme rosado

muito castanho 750 1

⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮

Branco anil leve castanho 3000 4

Sendo que o fator comercial foi calculado aplicando o seguinte método:

Optou-se por estipular que o valor comercial mais baixo corresponde a um factor comercial de 1,

consoante a cor de matriz e a densidade de venagem, isto é, observando a Tabela 16 verifica-se os

valores calculados para o fator comercial.

Tabela 16 – Tabela correspondente ao fator comercial adotado.

Cor da Matriz Densidade de Venagem Valor

comercial (€)

Fator

comercial (fc)

Creme rosado Muito 750 1

Creme rosado Nubloso 800 1,07

Creme rosado Médio 850 1,13

Creme rosado Leve 900 1,20

Creme Muito 925 1,23

Creme Nubloso 950 1,27

Creme Médio 975 1,30

60

Creme Leve 1000 1,33

Branco Nubloso 1500 2

Branco anil Muito 2000 2,67

Branco anil Médio 2250 3

Branco anil Leve 3000 4

Em jeito de exemplo, o método adotado consistiu em fazer a proporção entre o valor comercial e o

factor comercial definidos como o mínimo, calculando o novo factor comercial consoante o seu valor, e

fazendo a proporção com os valores inicialmente estabelecidos. Estipulou-se o valor mais baixo (creme

rosado, muito) onde se atribuiu o valor de factor comercial 1.

Assim segundo o valor económico seguinte fez-se os seguintes cálculos:

Caso 1. (800 × 1) ÷ 750 = 1,07

Caso 2. (850 × 1,07) ÷ 800 = 1,13

Todo este processo foi sequencial até ao valor mais alto considerado como Branco anil, Leve.

Assim com recurso a esta metodologia adotada desenvolveu-se um novo índice de recuperação, o qual

se intitulou de recuperação comercial, através da equação (5.6).

𝑅𝑐 = 𝑓𝑐 × 𝑅𝑣 (5.6)

Onde,

𝑅𝑐 – recuperação comercial do volume de bloco (variável dependente);

𝑓𝑐 – fator comercial ( obtido através de dados sintéticos);

𝑅𝑣 – recuperação de volume de bloco in situ (variável dependente).

De modo a finalizar a avaliação e o estudo chegou-se à seguinte relação matemática:

61

𝑅𝑐 = 𝑓(𝐵𝑄𝐷; 𝑃𝑟𝑜𝑓; 𝐶𝑚;𝐷𝑣; 𝑇𝑣) (5.7)

Onde,

𝑅𝑐 – recuperação comercial do volume de bloco (variável dependente);

𝐵𝑄𝐷 - Block Quality Designation (variável quantitativa);

𝑃𝑟𝑜𝑓 − profundidade da pedreira (m);

𝐶𝑚 - Cor Matriz (variável qualitativa);

𝐷𝑣 - Densidade de venagem (variável qualitativa);

𝑇𝑣 - Tipo de venagem (variável qualitativa).

62

6. Resultados e Discussão

O que se pretendeu com esta análise foi estabelecer uma solução que permita quantificar a

recuperação de volume de blocos in situ assim como uma recuperação comercial, relacionando

variáveis de carácter estético.

A abordagem prática teve como descrito anteriormente várias fases:

1. Fase de campo e recolha de dados;

2. Utilização de métodos de classificação de maciços rochosos para caracterização do volume de

blocos: 𝐵𝑄𝐷 e 𝐽𝑣;

3. Recurso a ferramentas estatísticas e à teoria do método dos mínimos quadrados;

4. Obtenção de um ábaco que relacione o 𝐵𝑄𝐷, profundidade e a recuperação comercial.

Na Tabela 17 apresenta-se todas as bancadas em estudo, bem como todos os dados recolhidos em

campo e respetivos valores obtidos.

63

Tabela 17 - Dados de campo recolhidos.

Nº fraturas (=família) Espaçamento Frequência

Frentes desmonte

Volume Bruto (m3)

Volume Comercial

(m3)

Recuperação Rv(%)

(n1) (n2) (n3) (e1) (e2) (e3) (f1) (f2) (f3) Jv Scanline Sm(>1) BQD% Prof (m) Cor Matriz Densidade venangem

Tipo venangem

VO P14 310,59 73,81 23,80% 5 1 2,96 14 0,34 0,07 0,41 14,26 12,75 89,41 112 creme rosado media verde

VO N123 165,9 2,3 1,40% 5 1 2 1,58 7,9 3,95 0,63 0,13 0,25 0,89 9,48 7,14 75,32 98 creme leve preto

VO N115 393,75 72,35 18,40% 5 4 3,75 4,68 0,27 0,21 0,48 18,37 16,61 90,42 98 creme leve rosa

VO N120 208,11 38,53 18,50% 2 1 4,96 9,91 0,2 0,1 0,2 9,1 7,87 86,48 98 creme rosado media preto

VO M144 623,7 80,63 12,90% 2 6 14,8 4,95 0,07 0,2 0,07 29 26,52 91,45 91 creme leve preto

VO M130 622,86 72,77 11,70% 1 4 4 29,6 7,415 7,415 0,03 0,13 0,13 0,17 29 27,2 93,79 91 creme leve castanho

VO L174 353,01 23,87 6,80% 7 4 4 2,4 4,202 4,205 0,42 0,24 0,24 0,65 16,5 10,5 63,64 84 creme rosado nublosa castanho

VO L147 459,69 59,75 13,00% 10 3 1 2,19 7,296 21,89 0,46 0,14 0,05 0,5 22,28 16,83 75,54 84 creme media preto

VO F169 656,04 86,17 13,10% 19 1 1,64 3,14 0,61 0,03 0,61 31 26,44 85,29 42 creme leve preto

VO F141 368,34 0 0,00% 6 8 3 2,92 2,192 5,84 0,34 0,46 0,17 0,51 17 7,62 44,82 42 creme nublosa preto

VO E219 792,33 205,77 26,00% 17 4 2 2,22 9,432 18,85 0,45 0,11 0,05 0,5 37 29,76 80,43 35 creme leve castanho

VO D228 676,2 6,84 1,00% 8 14 4 4,03 2,3 8,05 0,25 0,43 0,12 0,37 32,2 15 46,58 28 creme nublosa preto

VO B316 372,54 0 0,00% 7 10 12 2,53 1,77 1,478 0,39 0,56 0,68 1,07 17 6,98 41,06 14 creme muito castanho

VO B246 231 0 0,00% 1 5 16 11 2,2 0,68 0,09 0,45 1,45 1,55 11 4,4 40 14 creme muito castanho

VI H3 176,61 1,2 0,70% 2 5 3 4,21 1,68 2,8 0,24 0,59 0,36 0,59 8,41 3,77 44,83 56 branco anil media verde

VI E46 235,83 0 0,00% 5 2 5 2,25 5,62 2,246 0,45 0,18 0,45 0,89 11,23 5 44,52 35 branco anil leve rosa

VA E6 514,92 0,45 0,10% 9 9 4 2,72 2,72 6,13 0,37 0,37 0,16 0,53 24,52 14 57,1 35 branco nublosa preto

VG E92 343,35 0 0,00% 8 2 6 2,04 8,18 2,725 0,49 0,12 0,37 0,86 16,45 8 48,63 35 branco anil leve preto

VG I41 244,86 44,79 18,30% 4 2 1 2,92 5,83 11 0,34 0,17 0,09 0,43 11,34 9,22 81,31 63 branco anil muito preto

VG I52 609 41,55 6,80% 3 5 2 9,67 5,8 11 0,1 0,17 0,07 0,17 11,98 7,56 63,1 63 branco anil leve castanho

VR F125 335,58 0 0,00% 1 24 2 15,98 0,67 7,99 0,06 1,5 0,13 0,19 29 14,11 48,66 42 branco anil leve castanho

64

Com base na metodologia anteriormente apresentada no capítulo 5 e aplicando a segunda fase do

trabalho obtiveram-se os seguintes resultados:

Numa primeira abordagem, verificou-se a consistência do modelo 𝐵𝑄𝐷% em função das frentes de

desmonte em estudo ( Figura 27).

Figura 27 – BDQ% vs Frentes de desmonte.

Segundo a Figura 27, observa-se que existem 6 bancadas com valores inferiores a 50% e outras 2 no

limite dos 50%.

Sendo que a frente com índice 𝐵𝑄𝐷 mais elevado corresponde à VOM130 com 93,79%. Por sua vez,

a frente com o menor índice 𝐵𝑄𝐷 corresponde à VO B264 com 39,51%.

Com base no que foi referido anteriormente, as frentes abaixo da linha dos 50% não são

economicamente viáveis para exploração. (Elci, 2014)

Através deste gráfico é possível saber quais as frentes que exigem uma necessidade de maior cuidado

na sua fase de exploração, nomeadamente as que têm um 𝐵𝑄𝐷 mais elevado, ou seja, quando se

efetuar um planeamento de exploração serão dadas prioridades de cuidado relativamente aos métodos

de desmonte utilizados para se efetuar o desmonte.

Relativamente às frentes com um valor de 𝐵𝑄𝐷 inferior a 50%, o cuidado na fase de exploração será

menor embora não invalide o facto de o material que se consiga obter da extração não seja material de

segunda ou terceira categoria.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

BQ

D%

FRENTES DE DESMONTE

65

Atendendo à outra metodologia, 𝐽𝑣, verificamos que existe uma pequena diferença entre os índices

obtidos. Segundo Chaplow (1974), os valores de 𝐽𝑣 obtidos são entre 1-3 o que significa que temos

índices de fraturação muito baixos (𝐽𝑣<1) ou baixos (𝐽𝑣=1-3). Ou seja, existe uma grande

homogeneidade entre os valores, o que não nos dá uma grande margem de comparação para saber a

sua viabilidade.

A relação que se pode retirar é que os resultados coincidem, pois quando os níveis de 𝐵𝐷𝑄 são mais

baixos os valores de 𝐽𝑣 são maiores o que significa que estes tem mais fraturação logo uma menor

probabilidade de ser economicamente viável.

O valor mais alto de 𝐽𝑣 corresponde à frente de desmonte VOB 246 e a menor VM144, como se pode

verificar na Figura 28.

Em suma, relativamente a estes dois gráficos verifica-se que quanto maior a percentagem do BQD

mais pequeno é o 𝐽𝑣 (fraturação /𝑚3).

Figura 28 – 𝐽𝑣 (fraturação /𝑚3) vs frentes de desmonte

Ainda na segunda fase de estudo procedeu-se à comparação da variável recuperação (%) de volume

de bloco in situ (recuperação real após o desmonte e transporte na pedreira) com o 𝐵𝑄𝐷 (%). Como

referido na metodologia fez-se uma regressão linear simples para se verificar a correlação entre as

variáveis em estudo. Obteve-se uma regressão linear (𝑅2) de 0,715 como podemos verificar na Figura

29. Atendendo aos valores obtidos podemos também verificar que as frentes com um valor de 𝐵𝑄𝐷

inferiores a 50 % se encontram com um rendimento quase nulo ou até mesmo com 0%. Sendo que as

bancadas que apresentam uma recuperação maior, já têm um valor de BQD superior a 50%.

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

JV (

FRA

TUR

ÃO

/𝑚^3

)

FRENTES DE DESMONTE

66

Figura 29 – BDQ% vs Recuperação %, utilizando a equação da regressão linear simples.

O mesmo procedimento foi feito para o método 𝐽𝑣, onde se verificou que a correlação obtida tinha uma

regressão linear baixa, o que fez com que se exclui o 𝐽𝑣 para continuação da análise estatística, como

se pode verificar segundo a Figura 30.

Figura 30 – 𝐽𝑣 (fraturação /𝑚3) vs Recuperação %, utilizando a equação da regressão linear simples.

Através do 𝐵𝑄𝐷 obteve-se uma correlação linear de aproximadamente 72% comparativamente ao 𝐽𝑣,

o qual obteve uma correlação de 32%. Como o 𝐵𝑄𝐷 (%) apresenta melhores correlações do que o 𝐽𝑣

(fraturação /𝑚3) escolheu-se este índice para utilização na análise estatística de dados.

Desde modo procedeu-se à terceira fase do estudo. Este novo passo possibilitou incrementar novas

correlações e estimar um valor comercial de recuperação. É de salientar que o procedimento adotado

encontra-se anteriormente descrito no capítulo 5.

y = 1,8135x + 50,72R² = 0,7149

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

BQ

D%

RECUPERAÇÃO%

y = -0,0261x + 1,0432R² = 0,3152

0

0,5

1

1,5

2

2,5

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00

JV (

frat

ura

ção

/𝑚^3

).)

RECUPERAÇÃO %

67

Recorreu-se ao software MATLAB, e desenvolveu-se uma análise estatística para determinação de um

modelo de regressão linear múltipla, cujos parâmetros são determinados com recurso ao método dos

mínimos quadrados.

Sendo a singularidade e a qualidade da regressão linear múltipla, pelo método dos mínimos quadrados,

dependente da deteção de relações perfeitamente lineares entre variáveis explicativas, este estudo

contempla a respetiva análise de colinearidades e eliminação de colunas colineares. A partir daqui,

foram considerados dois modelos candidatos que têm por base a seguinte equação:

𝑦 = 𝑓 (𝐵𝑄𝐷,𝑃𝑟𝑜𝑓, 𝐶𝑜𝑟_𝑚𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧,𝐷𝑒𝑛𝑠_𝑣𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚,𝑇𝑖𝑝𝑜_𝑣𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚) (6.1)

Modelo 1: 𝑦 = 𝛽0 + 𝛽1𝑋1 + 𝛽2𝑋2 + ⋯+ 𝛽11𝑌11 (6.2)

Modelo 2: 𝑦 = 𝛽1𝑋1 + 𝛽2𝑋2 + ⋯+ 𝛽11𝑌11 (6.3)

A única diferença entre o modelo 1 para o modelo 2 é que no modelo 1 são avaliadas todas as variáveis,

inclusive a ordenada na origem. Relativamente ao modelo 2, a ordenada na origem tem valor zero.

A introdução dos dados no software MATLAB, seguem a seguinte ordem (Tabela 18):

68

Tabela 18 – Tabela representativa dos dados inseridos no software MATLAB.

Frentes de Desmonte

BQD Prof (m) Cor Matriz Densidade venangem

Tipo venangem

Rc

VO E219 0,8043 35 creme leve castanho 0,3454

VO P14 0,8941 112 creme rosado media verde 0,2685

VO N123 0,7532 98 creme leve preto 0,0198

VO N115 0,9042 98 creme leve rosa 0,2628

VO N120 0,8648 98 creme rosado media preto 0,2092

VO M144 0,9145 91 creme leve preto 0,1849

VO M130 0,9379 91 creme leve castanho 0,1671

VO L174 0,6364 84 creme rosado muito castanho 0,0724

VO L147 0,7554 84 creme media preto 0,1690

VO F169 0,8529 42 creme leve preto 0,1878

VO F141 0,4482 42 creme nublosa preto 0,0000

VO D228 0,4658 28 creme nublosa preto 0,0128

VO B316 0,4106 14 creme muito castanho 0,0000

VO B246 0,4000 14 creme muito castanho 0,0000

VI H3 0,4483 56 branco anil media verde 0,0204

VI E46 0,4452 35 branco anil leve rosa 0,0000

VA E6 0,5710 35 branco nublosa preto 0,0009

VG E92 0,4863 35 branco anil leve preto 0,0000

VG I41 0,8131 63 branco anil muito preto 0,3658

VG I52 0,6310 63 branco anil leve castanho 0,1649

VR F125 0,4866 42 branco anil leve castanho 0,0001

69

O programa relaciona os dados quantitativos, BQD e profundidade, com todos os outros dados

qualitativos. Sendo os dados qualitativos distribuídos da seguinte forma:

1. Cor da matriz

[

𝐶𝑟𝑒𝑚𝑒𝐶𝑟𝑒𝑚𝑒 𝑟𝑜𝑠𝑎𝑑𝑜𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜 𝑎𝑛𝑖𝑙

𝐵𝑟𝑎𝑛𝑐𝑜

]

Onde, a cor creme é considerada cor de referência, ou seja, esta cor não entra em estudo. Serve de

padrão para termo de comparação e correlação dos dados.

2. Densidade de venagem

[

𝐿𝑒𝑣𝑒𝑀é𝑑𝑖𝑎𝑀𝑢𝑖𝑡𝑜

𝑁𝑢𝑏𝑙𝑜𝑠𝑎

]

Relativamente à densidade de venagem aplica-se o mesmo critério, onde a densidade leve é

considerada como categoria de referência.

3. Tipo de venagem

[

𝐶𝑎𝑠𝑡𝑎𝑛ℎ𝑜𝑉𝑒𝑟𝑑𝑒𝑃𝑟𝑒𝑡𝑜𝑅𝑜𝑠𝑎

]

Sendo o tipo de venagem castanho considerado como variável de referência.

Por último a variável dependente Y adotada nesta fase foi a recuperação comercial obtida através do

fator comercial descrito no capítulo 5.

Assim obtêm-se a seguinte equação:

𝑦 = 𝛽0 + 𝛽1𝑋1 + 𝛽2𝑋2 + ⋯+ 𝛽11𝑌11

Onde,

𝑦 - variável dependente Rc ; 𝛽0 - Ordenada na origem; 𝑋1 – BQD (variável quantitativa); 𝑋2 –

Profundidade (variável quantitativa); 𝑌3- Creme rosado (variável qualitativa); 𝑌4- Branco anil (variável

qualitativa); 𝑌5- Branco (variável qualitativa); 𝑌6- Média (variável qualitativa); 𝑌7- Muito (variável

qualitativa); 𝑌8- Nublosa (variável qualitativa); 𝑌9- Verde (variável qualitativa); 𝑌10 – Preto (variável

qualitativa); 𝑌11- Rosa (variável qualitativa)

70

Os resultados obtidos após a codificação dos dados através do MATLAB, foram os seguintes:

O primeiro parâmetro a ser avaliado foram os coeficientes de determinação 𝑅2 e 𝑅2ajustado, para os

modelos 1 e 2.(Figura 31).

Segundo esta primeira análise foi possível verificar que o modelo 1 apresenta melhores coeficientes de

correlação, ou seja, o 𝑅12 = 0,92 e 𝑅1 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜

2 =0,82, enquanto para o modelo 2 obtiveram-se valores

de 𝑅22= 0,80 e 𝑅2 𝑎𝑗𝑢𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜

2 = 0,61.

Com o auxílio da Figura 31 e analisando os valores calculados de AIC e SBIC, verifica-se que o modelo

1 confere melhores resultados na análise do modelo, isto é, quanto mais baixos forem os valores de

AIC e SBIC melhor o ajustamento do modelo. Relativamente ao modelo 1 obteve-se ( -117,12; - 104,58)

enquanto o modelo 2, os resultados foram (- 87,31; -75,82).

Figura 31 - Análise da regressão linear múltipla - (resultados modelos 1 e 2).

Seguidamente é feita a análise de variância (ANOVA) para os resultados obtidos dos modelos 1 e 2

como demonstra a Figura 32.

Todos os modelos de regressão têm 11 graus de liberdade (df), que corresponde à soma das variáveis

quantitativas 2 e 9 correspondentes às variáveis qualitativas codificação. Além disso, mostra-se que 9

amostras (modelo1) e 10 (modelo2) são repetições, as quais fornecem uma estimativa independente

da variância do erro experimental.

Relativamente à estatística f, verifica-se que o modelo 1 tem um valor inferior ao modelo 2 o que confere

um resultado mais favorável para a análise, pois significa que a minimização do erro é menor face ao

número de variáveis estudadas.

71

Esta foi uma primeira abordagem que se fez na avaliação de comparação aos dois modelos e verificou-

se que o modelo 1 obtém resultados mais ajustados em relação ao modelo 2.

Figura 32 – Análise estatística da variante (ANOVA) - (resultados dos modelos 1 e2).

De modo a descrever o modelo candidato para continuar o estudo é feito uma análise de significância

estatística dos parâmetros como se pode verificar na Tabela 19.

A Tabela 19 descreve os valores obtidos para o modelo 1 que inclui os seguintes parâmetros:

�̂�j , j = 1,2,… . . p; 𝑆�̂�𝑗

2 , 𝑗 = 1,2,… . , 𝑝; 𝑇 𝑠𝑡𝑎𝑡𝑖𝑠𝑡𝑖𝑐𝑠: 𝑡𝑠𝑡𝑎𝑡𝑠; 𝑝 − 𝑣𝑎𝑙𝑢𝑒𝑠; I.C. mínimo e I.C. máximo para

intervalos de confiança de 95% para cada parâmetro (Tabela 19).

Para cada parâmetro, a hipótese nula, H0: βj = 0, é rejeitada para a hipótese alternativa H0: βj ≠ 0

quando p-value (Tabela 20) é menor do que o valor de teste de significância α (α = 0,05). Esses

parâmetros que são estatisticamente diferentes de 0 estão marcados com a cor vermelha na coluna p-

value. (Tabela 19)

72

Tabela 19 - Análise de significância estatística dos parâmetros estimados para o modelo de regressão 1.

𝑽𝒂𝒓𝒊á𝒗𝒆𝒊𝒔 �̂� 𝑺�̂�𝒊

𝟐 𝒕𝒔𝒕𝒂𝒕𝒔 𝒑 − 𝒗𝒂𝒍𝒖𝒆 𝑰.𝑪.𝑴í𝒏𝒊𝒎𝒐

(𝑪. 𝑰. 𝑳𝒐𝒘𝒆𝒓)

𝑰.𝑪.𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒐

(𝑪. 𝑰. 𝑼𝒑𝒑𝒆𝒓)

𝜷𝟎 -0.6406 0.1134 5.6518 0.0003 -0.8971 -0.3842

𝜷𝟏𝑿𝟏 1.0311 0.1266 8.1462 0.0000 0.7448 1.3175

𝜷𝟐𝑿𝟐 -0.2383 0.0773 3.0852 0.0130 -0.4131 -0.0636

𝜷𝟑𝒀𝟑 0.2312 0.0786 2.9431 0.0164 0.0535 0.4090

𝜷𝟒𝒀𝟒 0.1230 0.0666 1.8484 0.0976 -0.0275 0.2736

𝜷𝟓𝒀𝟓 0.1214 0.0826 1.4696 0.1758 -0.0655 0.3082

𝜷𝟔𝒀𝟔 0.1161 0.0525 2.2105 0.0544 -0.0027 0.2350

𝜷𝟕𝒀𝟕 0.1045 0.0396 2.6392 0.0269 0.0149 0.1940

𝜷𝟖𝒀𝟖 0.1605 0.0622 2.5803 0.0297 0.0198 0.3013

𝜷𝟗𝒀𝟗 -0.0567 0.0354 1.6026 0.1435 -0.1367 0.0233

𝜷𝟏𝟎𝒀𝟏𝟎 0.0268 0.0462 0.5802 0.5760 -0.0777 0.1314

𝜷𝟏𝟏𝒀𝟏𝟏 -0.0292 0.0654 0.4467 0.6656 -0.1771 0.1187

Notas da tabela: a) �̂� = (𝑋𝑇𝑋)−1𝑋𝑇𝑦 ; b) 𝑆�̂�𝑖

2 = 𝜎2𝐶𝑖,𝑗 , 𝐶 = (𝑋𝑇𝑋)−1; 𝜎2 =∑ (𝑦1−�̂�𝑖)

2𝑛𝑖=1

𝑛−𝑝 ; c) 𝑡𝑠𝑡𝑎𝑡𝑠 =

�̂�

𝑆�̂�

; d) Teste de hipoteses: 𝐻0: 𝛽𝑖 =

0, 𝐻1: 𝛽𝑖 ≠ 0; 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 − 𝑝 = 2(1 − 𝑃(𝑡 > |𝑡𝑠𝑡𝑎𝑡𝑠|)) Equivalência ao teste |𝑡𝑠𝑡𝑎𝑡𝑠| > 𝑡1−𝛼/2,𝑛−𝑝 ; e) I. C.Mínimo: �̂�𝑖 − 𝑡1−𝛼/2,𝑛−𝑝�̂�𝛽𝑖 ;

I. C.Máximo: �̂�𝑖 + 𝑡1−𝛼/2,𝑛−𝑝�̂�𝛽𝑖.

Tabela 20 – Análise estatística de significância dos dados de p-value.

Verifica-se que a ordenada na origem é um parâmetro significativo, as variáveis quantitativas ( 𝐵𝑄𝐷 e

Profundidade) também são estatisticamente significativas, assim como as variáveis qualitativas cor de

matriz creme rosado; densidade de venagem média, muito e nublosa.

Relativamente as variáveis qualitativas cor de matriz branco e branco anil, tal como tipo de venagem

verde, preto e rosa não são significativas no estudo.

p-value > 0,05 Rejeita 𝑯𝟎 Não significativo

p-value <0,05 Não rejeita 𝐻0 Significativo

73

A Figura 33 apresenta o gráfico relativo ao modelo de regressão linear múltipla (modelo 1), onde se

analisam as variáveis observadas em relação à variável dependente Rc (recuperação comercial).

Atendendo à falta de dados suficientes, verifica-se que estes apresentam um bom ajustamento à linha

de tendência, sendo o seu s_err (erro médio da soma quadrados dos resíduos) igual a 0,053.

Figura 33 - Variáveis observadas vs variável dependente (Rc).

Tendo em conta toda a análise anteriormente feita, o melhor modelo de regressão linear múltipla é o

modelo 1, apresentado pela seguinte equação (6.4):

𝑅𝑐 = −0,64 + 1,03 𝐵𝑄𝐷 − 0,23 𝑃𝑟𝑜𝑓 + 0,23 𝐶𝑟 + 0,12 𝐷𝑚𝑒 + 0,10 𝐷𝑚 + 0,16 𝐷𝑛 (6.4)

Considerando as categorias de referência anteriormente definidas no capítulo 5 (cor de matriz creme;

densidade de venagem leve e tipo de venagem castanho), a equação (6.5) assume a seguinte forma:

𝑅𝑐 = −0,64 + 1,03 𝐵𝑄𝐷 − 0,23 𝑃𝑟𝑜𝑓 (6.5)

De acordo com o resultado obtido verifica-se que quanto maior os valores de 𝐵𝑄𝐷, maior o seu valor

comercial. Ou seja, segundo Elci (2014), os valores de 𝐵𝑄𝐷 acima de 50% são economicamente

viáveis, logo caso os valores de 𝐵𝑄𝐷 sejam superiores significa que se irá obter valores de recuperação

comercial mais elevados.

Por último e de modo a testar a eficácia do modelo desenvolvido, decidiu-se criar um ábaco que

relacione o BQD versus a recuperação comercial em função da profundidade, através da

equação (6.5).

O ábaco correspondente à Figura 34 testa 3 profundidades distintas (40, 60, e 80 m) relativamente aos

dados de referência, ou seja, a equação (6.5) avalia a recuperação de blocos com cor de matriz creme

e densidade de venagem leve.

Este procedimento pode ser efetuado para os outros casos recorrendo à equação (6.4).

74

Figura 34 - Ábaco de representação BQD% vs Recuperação comercial %, em função da profundidade para cor da matriz

creme e densidade de venagem leve.

O ábaco desenvolvido pretende servir como um método expedito que permita obter um valor expectável

de recuperação comercial em função da profundidade que se pretenda explorar.

Verifica-se que para profundidades de 40 m o índice de referência do ábaco inicia com valores de BDQ

aproximadamente 5%. Relativamente a profundidades de 60 m os valores para os quais se verifica

alguma recuperação comercial são para valores de BQD =15 %. E para profundidades na ordem dos

80 m, os valores de BQD são na ordem dos 20%.

Uma forma expedita de avaliação e utilização deste ábaco pode ser feita da seguinte forma (titulo de

exemplo - Figura 35):

Para uma profundidade de 40 m e com valores de BDQ = 60% qual será a recuperação comercial

expectável? E relativamente a profundidades de 80 m e com o mesmo valor de BQD, qual será a Rc?

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

REC

UP

ERA

ÇÃ

O C

OM

ERC

IAL

%

BQD%

P=40m

P=60m

P=80m

75

Figura 35 – Exemplo prático de BQD = 60% versus Recuperação comercial %, em função da profundidade (40 m e 80 m) para

cor da matriz creme e densidade de venagem leve.

Conclui-se que para valores iguais de BQD (=60%), relativamente a profundidades de 40m a

recuperação comercial expectável é aproximadamente de 56% enquanto que para profundidades de

80 m a Rc esperada é de 42%. (Figura 35)

Em suma, é possível estabelecer e verificar os valores expectáveis de recuperação comercial em

função da profundidade que se deseja explorar. Como referido anteriormente, este método pode ser

desenvolvido para outras características da pedreira com recurso à equação (6.4).

É de salientar que a equação (6.4) não permite correlacionar a cor de matriz branco e branco anil,

porque não existem dados observados suficientes. Esta situação deve-se ao processo demorado de

extração e o período de estágio ter sido limitado.

76

7. Considerações finais

7.1 Conclusões

A utilização de métodos matemáticos clássicos como ferramentas de cálculo é importante na

caracterização e classificação geomecânica dos maciços rochosos, na qual, para além da existência

de condições complexas, são necessárias grandes quantidades de dados cuja obtenção é, por vezes,

difícil.

Os processos de exploração de uma pedreira são demorados, o que não permitiu no desenvolver do

estágio uma maior recolha de dados para a estimação de um método prático com base em análise

estatística.

No trabalho desenvolvido foram realizadas análises estatísticas pelo método dos mínimos quadrados,

utilizando o software MATLAB, o que permitiu simular diferentes modelos que correlacionem variáveis

quantitativas com variáveis qualitativas.

Neste estudo demonstrou-se a versatilidade e aplicabilidade de métodos expeditos de classificação de

maciços rochosos que se correlacionem com as recuperações obtidas em desmonte de bancadas em

pedreiras de rocha ornamental.

Segundo as análises efetuadas e os dados obtidos permitiu-se estabelecer as seguintes conclusões:

Verificou-se que o 𝐵𝑄𝐷 face ao 𝐽𝑣 confere melhores correlações e resultados mais satisfatórios

para uma avaliação da recuperação de blocos em frentes de desmonte.

Relativamente aos modelos estatísticos desenvolvidos, observou-se que é o modelo 1 que

melhor se ajusta ao nível de correlação e significância de dados.

Obteve-se uma equação geral como solução do modelo 1, que relaciona variáveis quantitativas

e variáveis qualitativas.

𝑅𝑐 = −0,64 + 1,03 𝐵𝑄𝐷 − 0,23 𝑃𝑟𝑜𝑓 + 0,23 𝐶𝑟 + 0,12 𝐷𝑚𝑒 + 0,10 𝐷𝑚 + 0,16 𝐷𝑛 (6.4)

Sendo que simplificando a equação para as categorias de referência obteve-se:

𝑅𝑐 = −0,64 + 1,03 𝐵𝑄𝐷 − 0,23 𝑃𝑟𝑜𝑓 (6.5)

Segundo a equação 6.5, verifica-se que quanto maior a percentagem de BQD, maior também

será a recuperação comercial. Esta afirmação é verdadeira, pois se os valores acima de 50%

de BQD significam que a exploração é economicamente viável, logo o índice de recuperação

também será maior.

Verifica-se que quanto mais profunda é a localização da exploração de bancadas menor será

a sua recuperação.

Observa-se que a cor da matriz é significativa em 23% com a cor Creme Rosado, isto é,

atendendo ao índice de amostras obtidas, esta cor confere um índice elevado de recuperação

comercial, segundo a equação (6.4).

77

O expectável seria o Branco Anil e o Branco, serem também variáveis fortemente

correlacionáveis, este facto deve-se ao número de dados recolhidos não ser suficientemente

grande.

Verifica-se que o parâmetro densidade de venagem também é uma variável significativa na

correlação da recuperação comercial. Obteve-se 12% para a densidade de venagem (média);

10% para a densidade de venagem (muito) e 16% para a densidade de venagem (nublosa).

Ou seja, estes valores significam que a densidade de venagem (nublosa) tem um valor

comercial superior face à densidade de venagem (média).

Observou-se que as variáveis qualitativas, tipo de venagem, não têm qualquer influência no

método estatístico desenvolvido. Um dos fatores pelo qual se pode justificar é o facto do valor

comercial ser função das tendências de mercado.

Por último com base em todos os dados obtidos foi desenvolvido um ábaco que permite

relacionar o 𝐵𝑄𝐷 com a recuperação comercial em função de vários níveis de profundidade.

Do exposto, conclui-se que o objetivo deste trabalho foi alcançado, uma vez que, através da aplicação

de ferramentas e métodos de cálculo específicos, foi possível simular e analisar um método expedito

de avaliação da recuperação comercial de frentes de desmonte de bancadas em pedreiras de mármore

localizadas no Anticlinal de Estremoz-Borba-Vila Viçosa, especificamente na Herdade da Vigária.

É de salientar que o valor comercial obtido foi calculado com um fator comercial baseado em dados

sintéticos.

7.2. Trabalhos futuros

Recomenda-se para estudos futuros que seja desenvolvida uma abordagem semelhante à apresentada

neste trabalho com um número maior de amostras (frentes de desmonte) que permitam validar os

resultados obtidos com esta dissertação.

Este sistema poderia ser aplicado para qualquer tipo de rocha ornamental permitindo ao seu utilizador

ter uma perceção mais expedita e eficaz, adaptando em cada momento os critérios de valorização de

cada tipo de rocha ornamental e as tendências de moda que afetam o preço final dos produtos de rocha

ornamental.

De modo a implementar este sistema nas explorações em céu aberto, facilitando a obtenção do valor

de BQD de uma frente de desmonte, sugere-se o desenvolvimento de uma aplicação para

smartphones, que através da fotografia e por aplicação do método de observação por sistemas

inteligentes que permitiria estimar a recuperação comercial da frente em observação em tempo real.

78

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da situação atual. Relatório interno, Instituto Geológico e Mineiro, Lisboa, pp. 20.

82

Anexo A

Neste anexo apresentam-se algumas fotografias relativamente às frentes de desmonte na Solubema.

Figura 36 - Frentes de desmonte (VO E6); (VG E92).

Figura 37 - Frentes de desmonte (VG I41); (VG I52).

Figura 38 - Frentes de desmonte (VI E46); (VG I50).

83

Figura 39 - Frentes de desmonte (VI H3); (VO B246).

Figura 40 - Frentes de desmonte (VO B 316); (VO E219).

Figura 41 - Frentes de desmonte (VO D228); (VO N120).

84

Figura 42 - Frentes de desmonte (VO M130); (VO N 123).

Figura 43 - Frentes de desmonte (VO F 169); (VO F141).

Figura 44 - Frentes de desmonte (VO L147); (VO L174).

85

Anexo B

SEÇÃO II - MÁRMORES

SUBSEÇÃO I - BLOCOS

Cor Unidade Preço (€)

Branco Pinta Verde 𝑚3 420,20

Branco Pinta Verde Clássico 𝑚3 241,50

Branco Pinta Verde Extra 𝑚3 735,00

Branco Neve Extra 𝑚3 3.150,00

Branco Neve Clássico 𝑚3 735,00

Branco Cintilante Extra 𝑚3 2.100,00

Branco Cintilante Clássico 𝑚3 525,00

Chocolate Extra 𝑚3 630,00

Chocolate Clássico 𝑚3 367,50

Caramelo 𝑚3 735,00

Preto 𝑚3 1,050,00

Rosados 𝑚3 577,50

Azulados 𝑚3 420,00

Aproveitamentos/ladrilhos* 𝑚3 10,50

* Aproveitamento/ladrilhos: trata-se de peças com menos de 10 𝑚2

86

Anexo C

Apresenta-se o código base em MATLAB que permitiu desenvolver uma análise estatística de

regressão linear múltipla com base na teoria do método dos mínimos quadrados.

% Import_data_from_EXCEL % Read data from worksheet named 'Dados' of file 'OSQdata.xlsx', starting

in row 2 and ending in row 22; [BQD,Prof,Cmatrix,DVenagem,TipodeVenagem,Rend] =

import_data_from_EXCEL('OSQdata.xlsx', 'dataBQD',2,22);

%Normalização dos dados quantitativos %Rend_norm = (Rend-min(Rend))/(max(Rend)-min(Rend)); %BQD_norm = (BQD-min(BQD))/(max(BQD)-min(BQD)); Prof_norm =(Prof-min(Prof))/(max(Prof)-min(Prof));

% Codificação de variáveis qualitativas [Dados_codificados, Labels] =

Codificacao_dados(BQD,Prof_norm,Cmatrix,DVenagem,TipodeVenagem);

% Análise da regessão, com ordenada na origem disp('*********************************************************************

*********') disp('|1. Análise da regressão, com ordenada na origem e variável resposta

original|') disp('*********************************************************************

*********')

TRUE = 1; Constante = TRUE; [Summary_stats, Coef_stats, ANOVA_stats, Y_hat, Residuals,

Studentized_residuals, covariance] = linregress(Rend, Dados_codificados,

Constante); [df_Pure_Error, SSE_Pure_Error, MSE_Pure_Error] = MS_Pure_Error(Rend,

Y_hat);

if df_Pure_Error > 0 df_Lack_Fit = ANOVA_stats.dfE-df_Pure_Error; SSE_Lack_Fit = ANOVA_stats.SSE-SSE_Pure_Error; MSE_Lack_Fit = ANOVA_stats.MSE-MSE_Pure_Error; F_stat = MSE_Lack_Fit/MSE_Pure_Error; %F_stat_p_value = 2*min(f_cdf(F_stat, df_Lack_Fit, df_Pure_Error), 1-

f_cdf(F_stat, df_Lack_Fit, df_Pure_Error)); F_stat_p_value = 1-f_cdf(F_stat, df_Lack_Fit, df_Pure_Error); % one

side (Tail) H1: MSE_LackFit > MSE_Pure_Error end

disp('Summary Statistics') disp(Summary_stats) %disp(['df_Lack_Fit = ', num2str(df_Lack_Fit), ', SSE_Lack_Fit = ',

num2str(SSE_Lack_Fit), ', MSE_Lack_Fit = ', num2str(MSE_Lack_Fit)]) %disp(['df_Pure_Error = ', num2str(df_Pure_Error), ', SSE_Pure_Error = ',

num2str(SSE_Pure_Error), ', MSE_Pure_Error = ', num2str(MSE_Pure_Error)]) %disp(['F_stat (=MSE_Lack_Fit/MSE_Pure_Error) = ', num2str(F_stat), ',

p-value = ', num2str(F_stat_p_value)])

disp('Model parameters statistics')

87

disp(' Coeficiente Desvio Padrão Estatistica t Valor p C.I. Lower

C.I. Upper') disp(sprintf('%12.4f %12.4f %15.4f %12.4f %12.4f %12.4f\n',

[Coef_stats.Coefficients Coef_stats.STD_Coefs abs(Coef_stats.t_stats)

Coef_stats.p_values Coef_stats.CI_Lower Coef_stats.CI_Upper]'))

%disp('ANOVA') %disp(ANOVA_stats)

disp( 'ANOVA (Table)') disp( '-------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------') disp( ' Source df Sum of Squares

(SS) Mean Squares (MS) F0 P(F>F0)') disp( '-------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------') % 'Model (Regression) xxxxxxxxxxx yyyyyyyyyyyy

zzzzzzzzzzzz uuuuuuuuuuuu tttttttttttt disp(sprintf('%s %12d %12.4f %12.4f

%12.4f %12.4f', 'Model (Regression)', ANOVA_stats.dfR, ANOVA_stats.SSR,

ANOVA_stats.MSR, ANOVA_stats.F_test(1), ANOVA_stats.F_test(2))) disp(sprintf('%s %12d %12.4f %12.4f',

'Residual (Error) ', ANOVA_stats.dfE, ANOVA_stats.SSE, ANOVA_stats.MSE))

if (df_Pure_Error > 0) disp(sprintf('%s %12d %12.4f %12.4f

%12.4f %12.4f', ' Lack of Fit', df_Lack_Fit, SSE_Lack_Fit,

MSE_Lack_Fit, F_stat, F_stat_p_value)) disp(sprintf('%s %12d %12.4f %12.4f',

' Pure Error', df_Pure_Error, SSE_Pure_Error, MSE_Pure_Error)) end

disp(sprintf('%s %12d %12.4f %12.4f',

'Corrected total ', ANOVA_stats.dfT, ANOVA_stats.SST, ANOVA_stats.MST)) disp( '-------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------')

%figure('units','normalized','outerposition',[0 0 1 1]) figure('Name', 'Resposta prevista versus resposta observada', 'color', [1,

1, 1]) set(gcf,'units','normalized','outerposition',[0 0 1 1]) plot(Y_hat, Rend,'hexagram') set(gca,'FontSize', 16) escalas = axis; xmin = min(escalas(1), escalas(3)); xmax = max(escalas(2), escalas(4)); axis([xmin, xmax, xmin, xmax]) axis square grid on xlabel('Resposta prevista', 'FontSize', 16) ylabel('Resposta observada', 'FontSize', 16) hold on plot([xmin, xmax], [xmin, xmax], '-.', 'LineWidth', 2, 'Color', [0 0 0]) hold off

figure('Name', 'Histograma (original e com ordenada na origem)', 'color',

[1, 1, 1]) set(gcf,'units','normalized','outerposition',[0 0 1 1]) [freq, bin_centers] = hist(Studentized_residuals); bar(bin_centers, freq/sum(freq)*100, 0.95);

88

set(gca,'FontSize', 16) grid on xlabel('Studentized residuals', 'FontSize', 16) ylabel('Relative frequencies (%)', 'FontSize', 16)

% Análise da regessão, sem ordenada na origem disp('*********************************************************************

*********') disp('|2. Análise da regressão, sem ordenada na origem e variável resposta

original|') disp('*********************************************************************

*********')

TRUE = 0; Constante = TRUE; [Summary_stats, Coef_stats, ANOVA_stats, Y_hat, Residuals,

Studentized_residuals, covariance] = linregress(Rend, Dados_codificados,

Constante); [df_Pure_Error, SSE_Pure_Error, MSE_Pure_Error] = MS_Pure_Error(Rend,

Y_hat);

if df_Pure_Error > 0 df_Lack_Fit = ANOVA_stats.dfE-df_Pure_Error; SSE_Lack_Fit = ANOVA_stats.SSE-SSE_Pure_Error; MSE_Lack_Fit = ANOVA_stats.MSE-MSE_Pure_Error; F_stat = MSE_Lack_Fit/MSE_Pure_Error; %F_stat_p_value = 2*min(f_cdf(F_stat, df_Lack_Fit, df_Pure_Error), 1-

f_cdf(F_stat, df_Lack_Fit, df_Pure_Error)); F_stat_p_value = 1-f_cdf(F_stat, df_Lack_Fit, df_Pure_Error); % one

side (Tail) H1: MSE_LackFit > MSE_Pure_Error end

disp('Summary Statistics') disp(Summary_stats) %disp(['df_Lack_Fit = ', num2str(df_Lack_Fit), ', SSE_Lack_Fit = ',

num2str(SSE_Lack_Fit), ', MSE_Lack_Fit = ', num2str(MSE_Lack_Fit)]) %disp(['df_Pure_Error = ', num2str(df_Pure_Error), ', SSE_Pure_Error = ',

num2str(SSE_Pure_Error), ', MSE_Pure_Error = ', num2str(MSE_Pure_Error)]) %disp(['F_stat (=MSE_Lack_Fit/MSE_Pure_Error) = ', num2str(F_stat), ',

p-value = ', num2str(F_stat_p_value)])

disp('Model parameters statistics') disp(' Coeficiente Desvio Padrão Estatistica t Valor p C.I. Lower

C.I. Upper') disp(sprintf('%12.4f %12.4f %15.4f %12.4f %12.4f %12.4f\n',

[Coef_stats.Coefficients Coef_stats.STD_Coefs abs(Coef_stats.t_stats)

Coef_stats.p_values Coef_stats.CI_Lower Coef_stats.CI_Upper]'))

%disp('ANOVA') %disp(ANOVA_stats)

disp( 'ANOVA (Table)') disp( '-------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------') disp( ' Source df Sum of Squares

(SS) Mean Squares (MS) F0 P(F>F0)') disp( '-------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------') % 'Model (Regression) xxxxxxxxxxx yyyyyyyyyyyy

zzzzzzzzzzzz uuuuuuuuuuuu tttttttttttt

89

disp(sprintf('%s %12d %12.4f %12.4f

%12.4f %12.4f', 'Model (Regression)', ANOVA_stats.dfR, ANOVA_stats.SSR,

ANOVA_stats.MSR, ANOVA_stats.F_test(1), ANOVA_stats.F_test(2))) disp(sprintf('%s %12d %12.4f %12.4f',

'Residual (Error) ', ANOVA_stats.dfE, ANOVA_stats.SSE, ANOVA_stats.MSE))

if (df_Pure_Error > 0) disp(sprintf('%s %12d %12.4f %12.4f

%12.4f %12.4f', ' Lack of Fit', df_Lack_Fit, SSE_Lack_Fit,

MSE_Lack_Fit, F_stat, F_stat_p_value)) disp(sprintf('%s %12d %12.4f %12.4f',

' Pure Error', df_Pure_Error, SSE_Pure_Error, MSE_Pure_Error)) end

disp(sprintf('%s %12d %12.4f %12.4f',

'Corrected total ', ANOVA_stats.dfT, ANOVA_stats.SST, ANOVA_stats.MST)) disp( '-------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------')

%figure('units','normalized','outerposition',[0 0 1 1]) figure('Name', 'Resposta prevista versus resposta observada', 'color', [1,

1, 1]) set(gcf,'units','normalized','outerposition',[0 0 1 1]) plot(Y_hat, Rend,'hexagram') set(gca,'FontSize', 16) escalas = axis; xmin = min(escalas(1), escalas(3)); xmax = max(escalas(2), escalas(4)); axis([xmin, xmax, xmin, xmax]) axis square grid on xlabel('Resposta prevista', 'FontSize', 16) ylabel('Resposta observada', 'FontSize', 16) hold on plot([xmin, xmax], [xmin, xmax], '-.', 'LineWidth', 2, 'Color', [0 0 0]) hold off

figure('Name', 'Histograma (original e com ordenada na origem)', 'color',

[1, 1, 1]) set(gcf,'units','normalized','outerposition',[0 0 1 1]) [freq, bin_centers] = hist(Studentized_residuals); bar(bin_centers, freq/sum(freq)*100, 0.95); set(gca,'FontSize', 16) grid on xlabel('Studentized residuals', 'FontSize', 16) ylabel('Relative frequencies (%)', 'FontSize', 16)