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Página 06 “A vida na Universidade do Minho será muito difícil em 2013” A garantia é deixada pelo reitor da UM numa iniciativa inédita de todas as instituições de ensino superior no nosso país Jornal Oficial da AAUM DIRECTOR: Vasco Leão DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 178 / ANO 8 / SÉRIE 4 TERÇA-FEIRA, 13.NOV.12 academico.rum.pt facebook.com/jornal.academico twitter.com/jornalacademico

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Page 1: ACADÉMICO 178

Página 06

“A vida na Universidade do Minho será muito difícil em 2013”

A garantia é deixada pelo reitor da UM numa iniciativa inédita de todas as instituições de ensino superior no nosso país

Jornal Oficial da AAUMDIRECTOR: Vasco LeãoDISTRIBUIÇÃO GRATUITA178 / ANO 8 / SÉRIE 4TERÇA-FEIRA, 13.NOV.12

academico.rum.pt facebook.com/jornal.academicotwitter.com/jornalacademico

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13.NO

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Estudantes precisam de vozNo dia em que o reitor António Cunha falou à comunidade aca-démica contavam-se pelos dedos os estudantes no auditório. Um péssimo sinal. Não sei como se fi-zeram os estudantes representar nas outras academias, mas, ainda assim, é de louvar que agora , os mesmos, convoquem uma mani-festação para gritar/lutar pelo que defendem e que está a ser posto em causa.Não sei que adesão terá, mas se o tempo é de luta... Vamos a ela!

Cortes no Ensino Superior“Situação dramática” sublinhou o reitor da UM, António Cunha, quando falou ao ACADÉMICO há três semanas. O Ensino Su-perior está com a “corda na gar-ganta” e, assumem as univer-sidades, não há mais por onde cortar. Salve-se o ensino, salve--se a investigação, salvem-se os jovens, salve-se o futuro do país. Tanto por e para salvar num país onde as prioridades se inverte-ram e onde se hipoteca o que de esperança nos resta!

Guimarães 2013- Cidade Europeia do DesportoDepois da cultura, realmente, Guimarães não pára. Apesar de não ser um acontecimento tão grandioso como a Capital Eu-ropeia da Cultura, esta cidade europeia do desporto, ainda que partilhada com outras cidades, merece que as “gentes” de Gui-marães se empenhem em trazer algo de benéfico para o futuro da cidade que tão apaixonadamente vive o desporto. É levar para o ter-reno esse amor e determinação.

NO PONTOEM ALTA EM BAIXO

FICHA TÉCNICA // Jornal Oficial da Associação Académica da Universidade do Minho. // Terça-feira, 13 Novembro 2012 / N178 / Ano 8 / Série 4 // DIRECÇÃO: Vasco Leão // EDIÇÃO: Daniel Vieira da Silva // Chefes de redacção: Cláudia fernandes e Rita Magalhães // REDACÇÃO: Adriana Couto, Alexandre Rocha, Ana filipa Gaspar, ana Pinheiro, Bárbara martins, Bruna Ribeiro, Bruno Fernandes, Carla Serra, Catarina Moura, Catarina silva, Cátia Alves, Cátia Silva, Cláudia Fernandes, Daniel mota, Dinis Gomes, Diogo Lemos, Filipa Barros, Filipa Sousa Santos, Isabel Ramos, Joana Martins, Joana Valinhas, Joana Videira, João Pereira, Judite Rodrigues, Marta Soares, Raquel Miranda, Rita Magalhães e Vânia Barros // COLABORADORES: Elsa Moura e José Reis // GRAFISMO: gen // PAGINAÇÃO: Daniel Vieira da Silva // MORADA: Rua Francisco Machado Owen, 4710 Braga // E-MAIL: [email protected] //TIRAGEM: 2000 exemplares // IMPRESSÃO: GráficaAmares // Depósito legal nº 341802/12

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PÁGINA 03 // 13.NOV.12// ACADÉMICO

LOCALguimarães formalizada em bruxelas como cidade europeia do desportoDANIEL VIEIRA DA SILVA

[email protected]

Depois da Capital Europeia da Cultura, mais um even-to internacional a marcar o ano na “cidade-berço”. Gui-marães irá ser um dos pal-cos europeus do desporto. A atribuição oficial da ban-deira decorreu na passada semana em Bruxelas num momento que era espera-do com alguma expectativa pela comitiva (que integrou responsáveis, convidados e jornalistas) que se deslocou à cidade belga, a convite do eurodeputado José Manuel Fernandes. Após a cerimó-nia, o “deputado do Minho”, sublinhou o que motivou o seu envolvimento no pro-jeto, no caso, a qualidade do mesmo. José Manuel Fernandes assumiu que Guimarães “tem todas as condições que garantam o sucesso deste evento que irá marcar a cidade no próximo ano”.Um dos pilares desta inicia-tiva na cidade vimaranense é Amadeu Portilha, o vere-ador do desporto na cidade. O mesmo, também em de-clarações ao ACADÉMICO, assumiu o compromisso de

que Guimarães será “uma cidade profundamente apaixonada pelo desporto”. Portilha acredita que Gui-marães “vai mostrar à Eu-ropa e ao Mundo, uma vez mais, que é capaz de gran-des feitos e eventos”. Recor-de-se que o Governo portu-guês reconheceu na passada semana o evento como sen-do de interesse público.

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Por parte do Instituto do Desporto e Juventude, Ri-cardo Araújo juntou-se a esta comitiva e elogiou o trabalho desenvolvido onde sublinhou a postura assu-mida pelo Governo que “es-teve, desde a primeira hora, ao lado de Guimarães nesta candidatura”.Este evento vai juntando alguns embaixadores que

Pedro Mendes avançou que este é uma “oportunidade para Guimarães dar um passo no sentido do desen-volvimento”.

Desporto partilhado pela EuropaCom objetivos bem defini-dos, este ano do desporto em Guimarães pretende, também, estimular a pro-dução de conhecimento, a qualificação e formação profissional, promover uma cultura de saúde e de exercí-cio físico, sempre com uma forte interação com a socie-dade.Guimarães 2013 – Cida-de Europeia do Desporto, junta-se às cidades italianas de Cremona, Modena, Alba e Reggio Calábria, às espa-nholas de Lorca, Castellde-fels e Estepona e ainda à cidade britânica de Lisburn.Para um ano especial em matéria financeira, o evento não deverá, em termos orça-mentais, exceder o milhão de euros, verba que, ainda assim, no entender de Ama-deu Portilha, “permite cum-prir ideias e projetos que há para 2013”.O arranque oficial dá-se a 19 de janeiro do próximo ano.

vão, fruto da sua exposição pública, dando algum me-diatismo ao mesmo. São os casos dos ex-futebolistas Neno e Pedro Mendes que integraram, de igual forma, esta comitiva.O ex-guarda-redes assume que o evento dá a oportuni-dade de Guimarães “marcar uma nova era”. Já o ex-médio e internacional português

Daniel Vieira da Silva

Comitiva à espera de receber, no Parlamento Europeu, o título de Cidade Europeia do Desporto

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PÁGINA 04 // 13.NOV.12 // ACADÉMICO

CAMPUSchuva de estrelas no university fashionANA pINhEIRo

[email protected]

O glamour invadiu o Ins-tituto de Design de Gui-marães que foi o palco, na passada sexta-feira, da final da 11ª edição do Universi-ty Fashion. Foi nesta noite que os alunos da academia tiveram a oportunidade de desfilar e mostrar o seu ta-lento dentro da passerelle. O tema deste ano foi “Butter-fly Effect”, que significa que tudo pode mudar num bater de asas. Esta iniciativa do Departa-mento de Saídas Profissio-nais da Associação Acadé-mica da Universidade do Minho (AAUM) visa pro-mover e proporcionar uma experiência aos alunos da academia e lançá-los para esta área da moda.Entre o júri desta edição estava Hélder Castro, pre-sidente da AAUM, Rosa

Vasconcelos, da Escola de Engenharia da UM, a esti-lista Elsa Barreto, e alguns lojistas de marcas que se apresentaram também no desfile.Os 16 candidatos tiveram oportunidade de desfilar marcas como a Fred Perry, SMK, Boneca, Camport, criações da estilista Elsa Barreto e coordenados ela-borados pelos alunos do curso de Design e Marke-ting de Moda.O prémio final desta edição proporciona aos vencedores a oportunidade de poderem trabalhar um ano para a Bo-tique Boneca, Skills e Fred Perry e ainda terão a possi-bilidade de serem agencia-dos pela Agência DXL.Dânia Neto e Hélder Silva, vencedor do concurso de apresentador do University Fashion, foram os apresen-tadores desta final, que con-seguiram manter o público

entrei aqui para me divertir e nunca pensei sair o ven-cedor. Nestes últimos dois dias de preparação aprende-mos muito com a produtora. Tivemos um grupo engraça-do e foi muito divertido este percurso todo”.André Miranda, vice-pre-sidente do departamento de Saídas Profissionais e Empreendedorismo da AAUM, fez uma retrospeti-va do evento e sublinhou: “A AAUM com a Guimarães 2012: Capital Europeia da Cultura criaram as condi-ções ideais para transformar o University Fashion num grande momento para os nossos participantes. Con-seguimos também aqui um público bastante vasto, tan-to alunos da universidade como também a população local. Foi excelente, o am-biente estava ótimo e o fee-dback dos participantes até agora tem sido muito bom”.

Ana Pinheiro

Os vencedores do concurso, radiantes pela conquista

sempre interativo e anima-do durante uma noite muito fria. Dânia Neto, falou ao ACADÉMICO e confessou: “Apresentar não é a minha área, eu sou atriz! Mesmo assim penso que correu bem e que as pessoas gos-taram. Estamos numa noite muito fria, não deve ter sido fácil para as pessoas que estavam a assistir. Tirando isso penso que foi um es-petáculo muito bonito. Os estilistas eram ótimos, os vestidos eram lindos e os manequins tiveram muito bem!”Foi uma noite cheia de sur-presas com ofertas destina-das também ao público, pela Touch Clinic que sortearam tratamentos de beleza, a atuação da Azeituna e uma demonstração de Break Dance.Cláudia Tomé, eleita a ven-cedora, não quis acreditar quando ouviu o seu nome: “Não estava mesmo nada à espera de ganhar. Gostei muito de estar aqui estes dois dias com todos os par-ticipantes. Fantástico mes-mo! Acho que é uma boa iniciativa da Associação

Académica para os alunos que gostam de moda e têm este sonho.”Já Jorge Costa, o vencedor masculino, sublinha: “Foi uma experiência agradável,

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CAMPUSPÁGINA 05 // 13.NOV.12 // ACADÉMICO

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quase 80% de alunos ainda sem bolsa na uminhoISABEL RAMoS

[email protected]

A Direcção Geral de Ensino Superior (DGES) está atra-sada no pagamento dos pro-cessos já deferidos. Das cer-ca de 3800 bolsas aprovadas na Universidade do Minho, apenas 860 vão ser pagas este mês, o que corresponde a 21% dos alunos bolseiros.Em declarações ao ACADÉ-MICO e à Rádio Universitá-ria do Minho, o administra-dor dos Serviços de Acção Social (SASUM), Carlos Silva, frisou que já foram analisadas 77% das candi-daturas e que o atraso que se observa entre a decisão e a entrega da bolsa aos estu-dantes acontece desde que a DGES é a entidade respon-sável pelo pagamento. “As razões eu desconheço com-

de um valor médio da bolsa semelhante ao do ano lec-tivo de 2011/1012, devendo rondar os 200 euros.A grande diferença no regu-lamento de este ano prende--se com o facto do processo estar sempre aberto. Os alunos podem candidatar-se em qualquer instante, mas só recebem a bolsa a partir do momento em que se can-didatam. “O estudante pode concorrer a qualquer altu-ra, quando sentir que tem alguma razão que o leve a concorrer à bolsa de estudo, concorre”, sublinha Carlos Silva.Os processos estão a ser analisados mais rápido em comparação a 2011, perspec-tivando-se que ainda em No-vembro se atinjam os 90% dos processos que entraram até ao final de Outubro.

zer é que este ano a análise sócio-económica da família está em pior estado. Há um aumento de 10% dos casos deferidos em relação aos processos que já estão ana-lisados”, justifica.Ainda que sem uma análise definitiva, Carlos Silva fala

SUM perspectiva que o nú-mero de candidatos a bolsas venha a ser superior ao do ano anterior e afirma que este ano a decisão é mais favorável aos alunos. “Isto não quer dizer que os crité-rios sejam mais favoráveis ao estudante, o que quer di-

pletamente, mas no ano an-terior este processo já tinha um ritmo que não era muito diferente do que está a acon-tecer. Agora, no meu ponto de vista, não faz sentido por-que o estudante precisa do dinheiro”, conclui.O responsável pelos SA-

cecri realiza recolha de alimentos “Caixas Solidárias” que se encontram nos bares de to-dos os complexos pedagógi-cos de segunda à sexta-feira, até ao dia 30 de novembro. Todos os produtos que con-seguirem adquirir com esta campanha serão entregues posteriormente ao Banco Alimentar Contra a Fome no Pingo Doce (Braga Par-que) no 1º fim de semana de dezembro. O CECRI convida toda a comunidade académica a aderir, para po-derem com a ajuda de todos tornar este Natal melhor.

ANA pINhEIRo

[email protected]

Com a aproximação da épo-ca natalícia, chega também a vontade de ajudar os me-nos favorecidos. Este ano o Centro de Estudo do Curso de Relações Internacionais (CECRI), realizará durante o mês de novembro uma recolha de alimentos não perecíveis. A entrega dos donativos pode ser feita na sede do CECRI, na Escola de Economia e Gestão no campus de Gualtar, ou nas

DR

Ainda assim, os processos estão a ser analisados com mais rapidez do que no ano passado

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CAMPUSPÁGINA 06 // 13.NOV.12 // ACADÉMICO

“a vida na uminho será muito difícil em 2013”ELSA MoURA

[email protected]

o Reitor da Universidade do Minho, António Cunha aler-tou, na sexta-feira, estudantes e funcionários para a gravi-dade da situação económica da instituição em 2013 caso o Governo avance com o corte de quatro milhões e meio de euros à Universidade.

Despedimentos, redução de despesas de manutenção e eletricidade, assim como a redução do horário das bi-bliotecas e das cantinas são as hipóteses que a institui-ção pondera tomar. O Reitor alertou a academia minhota para a escassez de possi-bilidades de redução das despesas da instituição, já que muitos cortes têm sido efetuados nos últimos anos, e reconheceu que a Uni-versidade do Minho já não tem mais por onde cortar. No entanto, caso o ministro da Educação, Nuno Crato, não volte atrás no corte fi-nanceiro anunciado, o ano de 2013 será extremamente difícil com este “orçamento impossível”, sublinhou An-tónio Cunha.

“Portugal e as Universida-des”, o grito dos Reitores

Na passada sexta-feira os rei-tores das universidades por-tuguesas ‘abriram o jogo’ para docentes, funcionários e alunos. Todos falaram à mesma hora (12h) para a sua comunidade académica. Explicaram as implicações do Orçamento do Estado

2013 e consideraram-no um “orçamento impossível”.Desde 2005 que os cortes são constantes e as univer-sidades têm-se esforçado a aumentar receitas próprias. Em sete anos, o financia-mento público das institui-ções de ensino superior foi reduzido em 200 milhões de euros.O reitor António Cunha ad-mitiu no campus de Gual-tar, em Braga, num auditó-rio repleto de funcionários, professores e alunos pre-ocupados, que a iniciativa dos reitores foi “o primeiro grito” com a declaração con-junta, o que demonstra o “dramatismo” da situação, mas também a “união” das universidades neste mo-mento particularmente di-fícil. “Trabalhar no cenário apresentado pelo Governo é impossível”. E mesmo que Nuno Crato volte atrás nal-guns dos cortes, António Cunha não tem dúvidas de que “mesmo assim a vida será muito difícil no próxi-mo ano”.O último ano letivo já fun-cionou com menos docen-tes e funcionários, admitiu o reitor, que disse também que a UM se tem esforçado para “encontrar soluções” e formas de reduzir despe-sas. O reitor fez questão de “agradecer o facto de a uni-versidade se ter conseguido acomodar fazendo mais com menos” recursos, mas alertou: “há limites”.O Reitor da Universidade do Minho garantiu que a mes-ma “não se quer colocar de fora da situação que o país

ção as palavras que o reitor António Cunha dirigiu à co-munidade universitária foi Luís Pinheiro, de Psicologia, que considera que “será a destruição de qualquer enti-dade de ensino superior”. O aluno está preocupado com os possíveis cortes apresen-tados por António Cunha e espera que não se corte mais na ação social, defen-dendo este “bater do pé” do CRUP ao Governo.Esta semana os reitores re-únem com o Ministro das Finanças, Vítor Gaspar e esperam chegar a um pos-sível acordo. Sexta-feira, dia 16 os reitores reúnem-se em Coimbra onde farão uma comunicação ao país. Greve poderá ser umas das possi-bilidades em cima da mesa.

no valor das propinas neste ano letivo.

Estudantes atentos à situa-ção

Carlos Videira, aluno de mestrado em Direitos Hu-manos, considera que os “cortes afetam a qualidade do ensino e o percurso aca-démico de cada aluno”. O jovem de 21 anos abordou o significado das propinas que os estudantes pagam para sublinhar a injustiça de mais cortes no ensino su-perior. “Quando a propina deveria ser uma taxa para justificar um melhor servi-ço serve agora apenas para garantir a sustentabilidade” das universidades. Outro aluno que ouviu com aten-

atravessa e quer contribuir” para dar a volta, “mas não com tiros nos pés”. An-tónio Cunha terminou o seu discurso dizendo estar “consciente das condições de trabalho e de vida da co-munidade académica”, mas também “crente no futuro da universidade”.

Fundo de apoio aos estudan-tes mantém-se

António Cunha garantiu que o fundo de apoio aos estudantes carenciados não estará em risco, “esse fun-do é um compromisso do reitor e do conselho geral, com certeza que esse fundo vai ser mantido”. Recorde-se que o fundo será financiado pelo aumento em 30 euros

Universidades organizaram comunicação conjunta

Nuno Gonçalves

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CAMPUSPÁGINA 07 // 13.NOV.12 // ACADÉMICO

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aluna da uminho desenvolve aparelho que identifica tipo de sangue em cinco minutosBRUNA RIBEIRo

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Aluna de Engenharia Bio-médica na Universidade do Minho, Sara Pimenta venceu o primeiro prémio do concurso de ideias orga-nizado pelo centro de inves-

tigação Fraunhofer AIOCS, na categoria de Mestrado do Fraunhofer Portugal Challenge 2012. Este con-curso desafiou estudantes e investigadores das uni-versidades portuguesas a exporem ideias inovadoras e com utilidade prática.Assim sendo, Sara Pimenta criou um dispositivo por-

aaum conhece novo presidente a 4 de dezembroCLAÚDIA FERNANDES

[email protected]

As eleições para a Associa-ção Académica da Universi-dade do Minho (AAUM) vão realizar-se no dia 4 de de-zembro de 2012, após apro-vação em Reunião Geral de Alunos (RGA), realizada na passada quarta-feira, no campus de Gualtar, em Bra-ga. Assim, nesse dia, os alu-nos da UMinho conhecerão o seu novo representante para o ano de 2013. Relativamente ao restante do calendário eleitoral, até dia 17 de novembro decorrerá o processo de apresentação de listas à Comissão Eleito-ral (CE), que também ficou eleita na mesma reunião. Henrique Sousa, presiden-te da CE eleita referiu que o

seu maior objetivo para es-tas eleições será o “combate à abstenção”. No dia 18 de novembro serão verificadas todas as listas, havendo, de seguida, um período de re-gularização das mesmas, no caso de ser necessário, até 15 de novembro. Por sua vez, a campanha eleitoral decorre-rá, então, entre os dias 27 de novembro e 2 de dezembro. Caso haja necessidade de se recorrer a uma segunda volta, o sufrágio será a 11 de dezembro. Esta RGA serviu também para que o presidente da AAUM, Hélder Castro, ex-plicasse publicamente o contrato de compra e ven-da do autocarro da AAUM, que havia sido levantado na RGA anterior. De acordo com o representante dos

prémio de 2000 euros.“A ideia partiu das minhas orientadoras que me pro-puseram este projeto para a minha tese de mestrado”, referiu a jovem de 23 anos, natural de Felgueiras, que já iniciou o doutoramento em Engenharia Biomédica na UMinho, na área da ele-trónica médica.

bastante útil em situações de emergência, pois torna as transfusões de sangue mais rápidas e seguras. Em declarações ao ACA-DÉMICO, Sara afirmou ter a esperança que o seu pro-jeto “salve muitas vidas”. Este dispositivo inovador foi desenvolvido no Centro Algoritmi e recebeu um

dos impostos e combustí-veis, a AAUM tenta sempre manter equilibradas as re-ceitas e as despesas e tenta não prejudicar os estudan-tes. Neste momento o servi-ço entre Braga e Guimarães fica por mais de três euros num autocarro normal e nós conseguimos fazer por menos de metade”, explicou Hélder Castro. Este negócio foi, então, a votação, tendo sido retificado com 35 votos a favor e 40 abstenções. Um dos alunos presentes aproveitou também o mo-mento para falar de um abaixo-assinado que está a ser levado a cabo por um grupo de estudantes, no qual se mostram em de-sacordo com os cortes no aquecimento das salas, en-tre outros.

tátil capaz de identificar o tipo de sangue de um paci-ente (sistema ABO-Rh) em apenas cinco minutos. En-quanto que os procedimen-tos já existentes tendem a demorar cerca de 30 minu-tos a decifrar o tipo sanguí-neo, o dispositivo pelo qual a estudante minhota foi distinguida pode vir a ser

alunos, o anterior veículo “começava a apresentar pro-blemas e elevados custos de manutenção, na ordem dos 16 mil euros por ano”. “Ao analisarmos a situação percebemos que seria mais vantajoso economicamente

subcontratar um outro veí-culo do que usarmos o nos-so”, referiu Hélder Castro. O novo autocarro, de acordo com o presidente da AAUM, “consome 38 litros aos 100, ou seja menos 6 litros que o antigo”. “Apesar da subida

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UNIVERSITÁRIOestudantes organizam “manif” para travar cortes no ensinoANA FILIpA GASpAR

[email protected]

Os cortes orçamentais nas instituições do Ensino Su-perior, o corte do finan-ciamento estatal no passe sub-23 e as restrições na atribuição de bolsas são os motivos que levaram à con-vocação de uma manifesta-ção no próximo dia 22, em que estudantes universitá-rios de todo o país se vão reunir em Lisboa, para pro-testarem em defesa de um ensino superior público de qualidade e contra o novo Orçamento de Estado.Segundo o diário Público, o protesto organizado pelas associações de estudantes do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), da Facul-dade de Letras da Universi-

dade de Lisboa, da Faculda-de de Ciências Humanas da Universidade Nova de Lisboa e do Instituto de Geografia e Ordenamen-to do Território, tem início marcado às 14h30 na praça Marquês de Pombal, se-guindo posteriormente para a Assembleia da República. O apelo a este manifesto é feito a toda a comunidade universitária e promete reu-nir um grande número de jovens. O corte nas bolsas tem le-vado a um aumento de pe-didos de financiamento à banca, e consequentemente ao aumento do endivida-mento estudantil. Em de-clarações ao Público, João Mineiro, aluno do ISCTE, baseia-se num recente estu-do de Luísa Cerdeira, para afirmar que 12 mil estudan-

O ACADÉMICO tentou apurar informações sobre a participação ou não de estudantes organizados da Universidade do Minho nesta manifestação, não conseguindo, no entanto, obter a informação deseja-da.

tes devem um total de 200 milhões de euros à banca, com o intuito de pagar os estudos. A mesma pesquisa afirma ainda que uma famí-lia portuguesa, gasta 63% do seu rendimento para pagar os estudos universitá-rios ao filho.

Aprovado pela maioria, o Orçamento de Estado de 2013 irá refletir-se na vida dos estudantes, e também os reitores e presidentes dos institutos politécnicos, demonstram o seu descon-tentamento perante tais me-didas.

LUSA

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INQUÉRITOArtur Duarte Carvalho, a frequentar o mestrado em Mediação Cultural e Lite-rária - Literatura e Cinema afirma que os alunos de uma licenciatura se encon-tram mais informados rela-tivamente às eleições para a Associação Académica.Segundo o estudante, a pro-ximidade com os candida-tos e os membros das listas desperta outro interesse nos alunos quando têm de afluir às urnas. Por esse motivo, este ano decidiu não votar nas eleições da Associação Académica da Universidade do Minho. O aluno que frequenta atu-almente o 2º ano do Mes-trado, refere a primeira Reunião Geral do Aluno a que assistiu – no primeiro ano de licenciatura – como uma forma de conhecer a Universidade e a própria Associação, relembrando, portanto, a importância des-tas reuniões. Acrescenta que reconhece o esforço da Associação Aca-démica na luta pelos inte-resses dos estudantes e que, até agora, todos os represen-tantes dos alunos da UM fizeram um bom trabalho.

Assumindo o desinteresse pelas eleições para os Ór-gãos de Governo da AAUM, Ana Gonçalves, confessa que no dia 4 de dezembro não vai votar.A aluna do 2º ano da licen-ciatura em Química diz não conhecer os candidatos, as listas e os órgãos a eleger. Do mesmo modo admite nunca ter assistido a ne-nhuma Reunião Geral dos Alunos, não estando fami-liarizada com os assuntos abordados nas RGA’s. No entanto, Ana Gonçalves afirma que não se encontra suficientemente informada sobre as eleições por falta de divulgação o que, segundo a própria, provoca a sua in-diferença. Acrescenta ainda que muitos estudantes só falam da AAUM em alturas de festa, nomeadamente na Receção ao Caloiro ou no Enterro da Gata. A jovem refere também que prefere abster-se nestas elei-ções porque diz que apesar de mudarem os represen-tantes a Associação Acadé-mica fará sempre o mesmo, nem melhorará nem piora-rá.

Aluna de Administração Pública do 2º ano, Ana Lu-ísa Pereira afirma que não vai votar nas eleições para a AAUM. A estudante mi-nhota referiu que reconhece a importância da associa-ção na vida académica dos alunos, no entanto, confes-sa não se interessar pelos candidatos e órgãos a eleger para a AAUM.Ainda sobre a eleição dos representantes dos estu-dantes, a jovem argumenta que mesmo que exista uma grande mudança quer a ní-vel das pessoas que se en-contram dentro dos órgãos quer a nível da gestão dos próprios departamentos, não acredita que os proble-mas que envolvem os es-tudantes minhotos sejam resolvidos. Ana Luísa refere que o maior problema den-tro da AAUM é a má ges-tão do dinheiro. Indica que existem falhas no relatório de contas o que a deixou com uma certa dificulda-de em acreditar na AAUM. Acrescenta que este entrave, de um modo pessoal, não vai mudar mesmo que se alterem os representantes.

O aluno do 3º ano de Bioquí-mica garante que por saber a importância da eleição dos representantes dos estudan-tes da academia minhota vota todos os anos, como tal, este ano não vai ser exceção. Henrique Machado encon-tra-se informado acerca dos candidatos e dos órgãos a eleger. Apesar de não ter estado presente na RGA da passada semana, o estudan-te reconhece a sua utilida-de para a nomeação da co-missão eleitoral e tenciona informar-se acerca das deci-sões tomadas na mesma. Relativamente ao funciona-mento da Associação Acadé-mica, Henrique afirma que assistiu a uma passividade muito grande por parte da AAUM no que toca à luta pelos direitos dos estudan-tes. Refere ainda que acha extremamente duvidosas as despesas apresentadas no relatório de contas, acres-centando que o valor apre-sentado é irrisório. Posto isto, o aluno da academia minhota afirma que como em qualquer processo de-mocrático a esperança é a mudança.

ANA GONçAlVES2º ANO//qUíMICA

ANA lUíSA PErEIrA2º ANO//

ADMINISTrAçãO PúBlICA

HENrIqUE MACHADO3º ANO //

BIOqUíMICA

MARtA SoARES

[email protected]

As eleições para os Órgãos de Governo da Associação Académica da Universidade do Minho realizam-se, por norma, no final de todos os anos civis – este ano decorrerão a 4 de dezembro.

A campanha eleitoral está agendada para o período de 27 de novembro a 2 de dezembro, com a primeira volta das votações será realizada no dia 4 de dezembro. Apesar da importância da eleição dos seus representantes alguns estudantes minhotos não tencionam votar.

A falta de informação sobre os órgãos a eleger e os respetivos candidatos foi apontada como uma das razões para a abstenção, para além disso, alguns alunos reconhecem a importância das Reuniões Gerais de Alunos e das eleições para a AAUM no entanto admitem que existe uma falta de interesse para com estes órgãos.

ArTUr DUArTE CArVAlHO2º ANO// MEST. MEDIAçãO

CUlTUrAl E lITErÁrIA

vais votar nas eleições da aaum?

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Em relação às assimetrias de informação, verificamos que os representantes da Anacom não divulgavam, nas suas declarações públi-cas, aspetos importantes sobre o processo de imple-mentação da TDT. Entre as omissões da Anacom, podemos destacar a não divulgação do número de

nopólios por parte da PT, as ligações da direção da Ana-com, diretas ou indiretas, com a Portugal Telecom e seus acionistas, a anulação da obrigação da empresa arcar com os custos para a receção televisiva nas zonas de sombra, e as assimetrias de informações referentes à TDT.

ENTREVISTA

CLAÚDIA FERNANDES

[email protected]

Defendeu recentemente a sua tese de doutoramento, na qual investigou a imple-mentação da TDT em Por-tugal. Genericamente, a que conclusões chegou?

O estudo conclui, entre ou-

tras questões, que as vanta-gens obtidas pela Portugal Telecom no processo de im-plementação da TDT, com o aval da Anacom, levaram às suspeitas de que o regu-lador teria sido capturado pela empresa, passando a agir em seu benefício. Ao analisarmos essa possibili-dade, observamos fortes in-

dícios de captura, que teria ocorrido devido, sobretudo, ao fenómeno da ‘porta gi-ratória’, que diz respeito às trocas de cargos entres as agências reguladoras, o go-verno e o mercado. Os sin-tomas mais claros de que havia uma captura foram a ação do regulador de forma a facilitar a formação de mo-

PÁGINA 11 // 13.NOV.12 //ACADÉMICO

Tese de doutoramente de Denicoli está a dar que falar em todo o país

SERGIO DENICOLI

“Acredito que um eventual processo em Tribunal, caso ele se configure, será uma oportunidade

para debatermos a TDT na esfera pública”

DR

O jovem investigador Sérgio Denicoli denunciou, na sua tese de doutoramento, indícios de corrupção na implementação da Televisão Digital Terrestre (TDT) em Portugal. As conclusões do investigador levantaram polémica, tendo sido ameaçado pela Portugal Telecom (PT) e Anacom com um processo em tribunal. Desde logo se constituiu um forte apoio a Sérgio Denicoli, nomeadamente através de uma petição online que, em poucos dias, atingiu as 7 mil assinaturas. De acordo com Denicoli, durante o processo existiram “fortes

indícios de captura, que teria ocorrido devido, sobretudo, ao fenómeno da ‘porta giratória’, que diz respeito às trocas de cargos entres as agências reguladoras, o governo e o mercado”. O ACADÉMICO esteve à conversa com o investigador, tentando saber o teor da sua

investigação e ainda a sua reação às ameaças que recebeu.

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ENTREVISTAPÁGINA 11 // 13.NOV.12 // ACADÉMICO

do pela indústria, de forma a agir em seu benefício.

Falou, de certa forma, em que a Anacom beneficiou a PT no processo. Em que se baseou para isso?Durante o período de con-sulta pública aos projetos de regulamento dos concursos que dariam à Portugal Te-lecom a concessão para a utilização das frequências digitais, as sugestões da PT foram as mais acatadas. Isto deu ao grupo uma vanta-gem competitiva em relação aos demais concorrentes.O grupo conseguiu reduzir a percentagem de cobertura exigida, o que criou zonas de sombra, onde a popula-ção só conseguiria aceder aos canais generalistas me-

cidadãos beneficiados com os subsídios para compra dos descodificadores e kits satélite; a falta de explicação a respeito dos locais exatos que seriam afetados pelo apagão no litoral, referente à primeira fase do switch-off analógico; a não clarificação do argumento de que quem era assinante de um servi-ço TV paga não precisaria da TDT; e a não divulgação dos critérios utilizados para o reforço da cobertura TDT em alguns concelhos.Além disso, a direção da Anacom sempre elogiava publicamente as ações em-preendidas pela PT, mesmo havendo problemas.

Diz que a implementação da TDT foi influenciada pelo

que os teóricos chamam de “captura regulatória”. O que é isso de “captura regulató-ria”?A Teoria da Captura critica as intervenções regulatórias por parte do Estado, des-construindo a ideia de que elas são motivadas pela defe-sa do bem público ou quan-do os mercados falham. As principais ideias desta teo-ria foram desenvolvidas no âmbito da linha de investi-gação económica da Escola de Chicago, sobretudo por nomes como George Stigler, que recebeu o Prémio Nobel de Economia, Richard Pos-ner e Sam Peltzman. Stigler lançou as bases da teoria económica da regulação, ao concluir que o processo re-gulatório pode ser captura-

diante uma cobertura com-plementar não terrestre, via satélite, através da tecnolo-gia DTH (direct-to-home). Isto, posteriormente, reve-lar-se-ia como mais um dos fatores de incentivo à migra-ção da população para a TV paga, devido ao alto custo para a instalação e compra de equipamentos para a re-ceção DTH.Feitas as alterações, somen-te a PT concorreu às licen-ças relativas à transmissão dos sinais dos canais da TV aberta. Já no concurso que daria as licenças para a difu-são de serviços de TDT por subscrição, a PT enfrentou a concorrência do grupo sue-co AirPlus TV, mas também foi a vencedora.As vitórias da PT vieram acompanhadas pela forma-ção de monopólios. Somen-te a empresa vencedora dos concursos poderia emitir sinais televisivos terrestres no país, o que não ocorria na época da TV analógica, quando cada operador, além de gerir o conteúdo dos ca-nais, poderia ser um difu-sor de sinais. A PT também ganhou o monopólio para a venda de equipamentos de receção via satélite nas zo-nas de sombra. Para receber estes canais, os investimen-tos eram discrepantes em relação às zonas cobertas. Nesse interregno, agentes das empresas de TV paga, iam às aldeias do país ofere-cer pacotes de TV por subs-crição, inclusive o serviço MEO, da própria PT, con-forme foi divulgado pela co-municação social. O mono-pólio da Portugal Telecom nas transmissões terrestres impediu que os concelhos pudessem investir, por con-ta própria, na instalação de repetidores para reduzir as zonas de sombra no país. As autarquias que o fizessem ficariam sujeitas aos rigores da lei, pois estariam a trans-mitir sinais de forma pirata. Portanto, ou se investia na compra do kit satélite da PT nas zonas de sombra, ou se assinava um serviço de TV paga. Caso contrário, uma grande parcela da popula-ção não teria acesso a qual-quer cobertura televisiva. Desde o início da instalação da rede da TDT, em 2009, até o apagão analógico, em 2012, o serviço MEO, da

PT, obteve 715 mil novos clientes, um crescimento de 185,7% em apenas três anos.

A sua tese motivou reação por parte da PT e da Ana-com, sendo ameaçado com tribunal. O que pensa sobre essa atitude e como reagiu a ela? Esperava por algo deste género?Acredito que a atitude da PT foi uma tentativa de intimi-dação e de censura de uma tese académica, aprovada por unanimidade. Reagi ao anúncio como reagiria qualquer pessoa íntegra que vive numa sociedade democrática e que cumpre seus deveres de cidadão. Ou seja, achei uma atitude lamentável. Por outro lado, acredito que um eventual processo em Tribunal, caso ele se configure, será uma oportunidade para debater-mos a TDT na esfera públi-ca. Aliás, é algo que deveria ter sido feito no decorrer do processo.

Acha que foi uma tentativa de o intimidarem?Acho que foi uma tentativa de impedir que as pessoas discutissem a TDT, pois, ao verificarmos o processo de implementação do siste-ma, vamos constatar que as pessoas mais pobres e mais idosas foram prejudicadas. Por vezes a ambição desme-dida pelo lucro por parte de grandes grupos económicos é algo desumano que a so-ciedade deve combater.

Desde logo se construiu um movimento de apoio em seu redor, numa petição que ra-pidamente atingiu as 7 mil assinaturas. Que importân-cia teve isso para si?Senti-me confortado em sa-ber que as pessoas percebe-ram que a academia estava a ser vítima de uma tentativa de censura. Foi uma gran-de prova de solidariedade por parte dos milhares de pessoas que assinaram a petição. Cabe ressalvar que a minha tese insere-se no campo teórico da Economia Política, que é uma vertente académica interventiva por natureza. Como eu disse recentemente numa entre-vista, se um dia uma nação tiver os seus intelectuais a trabalhar sob a tutela dos grandes grupos económi-

DR

Investigador sublinha que com o processo de implementação da TDT no nosso país os mais pobres e idosos foram prejudicados.

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que acredita que cada um deve fazer a sua parte para que possamos construir um mundo melhor, seja em Portugal ou em qualquer outro lugar. A responsabili-dade pelo futuro é de todos nós e temos que assumi-la de forma a deixarmos para as próximas gerações uma sociedade mais digna e, so-bretudo, mais humana.

de uma política partidária enferma, cujos principais líderes estão cada vez mais distantes do povo que repre-sentam e cada vez mais pró-ximos de grandes grupos económicos para os quais as pessoas parecem ser o que menos importa.

Quem é o Sérgio Denicoli?Sou um jovem investigador

cos, será o fim da democra-cia. Hoje, as ciências huma-nas são essenciais para que possamos construir uma sociedade mais justa e mais equilibrada, pois é um mo-mento de mudança de para-digmas.

Acha que a sua tese servirá, de facto, para que as entida-des competentes averiguem o que aconteceu e punam os responsáveis?Espero que sim. É o que eu venho pedindo ao longo do processo de implementação da TDT. Aliás, em janeiro estive num simpósio na Assembleia da República, a convite da Comissão para a Ética, a Cidadania e a Co-municação, e, na altura, solicitei aos deputados que pedissem a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investi-gar o papel da Anacom. No entanto, a sugestão não foi acatada.

De que forma toda esta si-tuação suscita uma refle-xão quanto à liberdade de imprensa e investigação no nosso país?Acho que este episódio nos traz um alerta que não po-demos deixar de analisar, e que diz respeito não apenas à liberdade, mas também à própria reconstrução social

e económica do país. Portu-gal precisa de olhar para os seus problemas de frente, pois só assim conseguirá voltar a crescer dignamen-te e a permitir que os seus jovens possam ter esperan-ça no futuro, sem ter a ne-cessidade de emigrar para conseguir ter uma carreira. A tentativa de castramento da liberdade é consequência

A TDT já tinha sido um tema abordado no ano passado no ACADÉMICO

DR

Investigador não teme que o caso vá parar a vias judiciais

DR

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TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

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CAtARINA hILáRIo

[email protected]

liderança da Apple ameaçada

Os dados do relatório da Inter-national Data Corporation (IDC) são surpreendentes. No terceiro trimestre deste ano, a Apple perdeu mais de 50% da cota de mercado, no que toca aos tab-lets, enquanto a Samsung gan-hou terreno e cresceu de 6,5% para uns notáveis 18,4%.Apesar de parecer invencível, a liderança da Apple parece amea-

çada e revela uma nova tendên-cia deste segmento de merca-do. Segundo a IDC, a Samsung vendeu 5.1 milhões de tablets em todo o mundo no período analisado, representando um aumento de 115% em relação ao segundo trimestre deste ano e de 325% relativamente ao ter-ceiro trimestre de 2011.

linkedIn distingue-se pelos seus resultados

No terceiro semestre, os resul-tados da linkedIn superam as

expectativas dos analistas e, ao contrário de outras empre-sas ligadas à Internet como a Facebook Inc. ou a empresa de jogos Zynga, o valor das ações da linkedIn duplicaram desde o início da negociação em mer-cado.

Tecnologia e crise = aumento das vendas

Em tempos de crise, a Alvo (empresa tecnológica nacional) e a Microsoft dizem ser possível potenciar o aumento das ven-

das entre 10% e 300%, isto se as empresas adotarem os soft-wares ideias de gestão e market-ing do negócio. No Microsoft lisbon Experi-ence, foi possível conhecer a solução. As duas empresas demonstraram que com um CrM (Customer relationship management), uma ferramenta de Gestão de Clientes, em con-junto com o ErP (Sistemas Integrados de Gestão Empre-sarial), é possível aumentar as vendas. Foi ainda possível conhecer o testemunho de um cliente e perceber como esta

solução ajudou o seu negócio.

Japoneses fizeram chamadas equivalentes a quase 260 mil anos

Segundo dados oficiais do Ministério das Comunicações nipónico, os japoneses, uti-lizadores de telemóvel, fizer-am, num ano, o equivalente a 259.123 anos em chamadas. Isto representa 59,17 mil milhões de chamadas, com a duração de 2,27 mil milhões de horas. Mesmo assim, o valor é 1,8% inferior ao do ano passado.

twittadas

tia um “nicho de mercado” que poderiam explorar?Sim, percebemos que era uma área onde o conhecimento científico não era muito forte. Não havia relação entre o que a ciência revela e o que diz a tradição. Não havia essa junção e percebemos que era isso que fazia falta.Estamos numa área das plan-tas aromáticas e medicinais e temos inclusive uma pessoa ligada à área da saúde, por-

tanto, a relação das plantas e saúde sempre foi uma área que achamos que teria grande po-tencial.

Quantas pessoas é que se lan-çam neste projecto...Houve crescimento?Começou com quatro pessoas, ainda que duas delas tenham saído entretanto. Ainda assim, há pouco tempo, dois alunos

do mesmo departamento junta-ram-se a nós. São pessoas com perfis idênticos.

Sentiram o apoio inicial que era necessário?Sem dúvida. Até porque foi daquele meio que tomamos o conhecimento que depois deu origem à ideia. Foi aí [no de-partamento] que a nossa ideia geminou para aquilo que é hoje.

DANIEL VIEIRA DA SILVA

[email protected]

Qual foi o momento em que sentiram que se deviam lançar no mercado?Aconteceu naturalmente ao lon-go do curso. Os três alunos que formaram esta empresa foram, desde cedo, desenvolvendo esta ideia.

Foi aí que perceberam que exis-

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TECNOLOGIA E INOVAÇÃOPÁGINA 15 // 13.NOV.12 // ACADÉMICO

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CULTURA

JoSÉ REIS

[email protected]

É um local assente na ló-gica do “Prêt a porter”. Ou seja, no pronto a vestir, mas vocacionado aos artigos de dança (e dá o nome da loja, tão simples quanto dois mais dois serem quatro). A “Prêt a Danser” aposta no comércio de material ligado à dança – “desde o ballet às danças de salão” – e procura dar resposta a um nicho de mercado pouco respeitado

na cidade. “Existem lojas de vários artigos mas não exis-tia uma loja na cidade voca-cionada para a dança”, reve-la Pedro Andrade, em início de conversa, que juntamen-te com Diana Basto dá corpo (e alma) a este projecto. “Eu e a Diana trabalhamos nes-ta área, da dança, há alguns anos. Eu como pianista [que acompanha as aulas e exercí-cios de avaliação] e ela como professora. Já tínhamos uma empresa de revenda de material de dança e esta foi a forma ideal de o fazermos chegar a mais pessoas”, re-

o mundo da dança no centro de braga

v e l a P e d r o Andrade.

Material diverso

A loja, pequena e encaixada entre edifícios, é um dos ne-gócios lançados com a ajuda

da Braga 2012 – Capital Eu-ropeia da Juventude, através do programa “Encaixa-te” – que prevê a abertura de novos espaços nos próximos meses. “A ideia já tinha sido pensada [abertura da loja], mas aproveitamos o com-boio para concorrer e acaba-mos por ser seleccionados”, revela o músico.O programa visa o apoio a jovens empreendedores de lançarem um negócio no centro da cidade, com apoios ao nível das rendas e promoção do local.E o que se pode, afinal, encontrar neste local? “Po-demos encontrar material diverso, sendo que nesta altura temos a loja mais

‘ballética’. Mas podemos encontrar muito mer-

chandising, malas e livros ligados à dança, mas ainda roupa de diferentes tamanhos ou mesmo sapati-lhas”. Um verda-

deiro mundo da dança, em pleno centro da cidade, com preços acessíveis a todos. “Essa sempre foi uma preo-cupação nossa, ter produtos que procurassem responder a todas as carteiras e dispo-nibilidades”, destaca.

Marca própria

Porque o sonho era mesmo este: “ter uma loja de rua”. Mas o sonho, esse, não se esgota agora que a loja abriu, há já alguns meses.“A nossa ideia agora passa por ter uma marca própria”, assume Pedro Andrade. Uma ideia que deve ainda demorar mais alguns me-ses. Um pianista que até pensou ser bailarino. “Era muito novo quando prati-quei ballet, foi entre os 6 e os 8 anos. Mas fiz ballet como pratiquei natação, por exemplo. Acabei por fazer opções”, revela.E a opção do piano foi a que levou a melhor.

É uma loja dedicada à dança que surge em pleno centro da cidade. Para responder a uma lacuna no comércio local ou para responder a um sonho, eis a loja que promete encantar

miúdos – apaixonados pela dança – e graúdos – com curiosidade pela dança.

loja é um dos negócios lançados com a ajuda do programa Encaixa-te

O sonho destes dois empreendedores de Braga é lançar uma marca própria

A loja está situado no largo São João do Souto, em Braga

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RUM BOXTOP RUM - 45 / 20129 NOVEMBrO

1 CAT POWEr - ruin

2 DIABO NA CrUZ - luzia

3 AlT-J - Breezeblocks

4 BEACH HOUSE - Myth

5 GrIZZlY BEAr - Yet again

6 MANUEl FúrIAque haja festa não sei onde

7 A NAIFA - Gosto da cidade

8 B FACHADA - Carlos T

9 DrUMS, THE - Money

10 OS CAPITãES DA ArEIA Beijos espaciais

11 SUPErNADAArte quis ser vida

12 BEST COASTThe only place

13 HEAVY, THEWhat makes a good man

14 PATTI SMITHApril fool

15 WHO MADE WHOInside world

16 WrAYGUNNDon’t you wanna dance

17 BAT FOr lASHESAll your gold

18 DJ rIDE - Here before

19 DJANGO DJANGOHail bop

20 WE TrUST – Again

POST-IT

12 novembro > 16 novembro

VAlETEMeu País

WIlD NOTHINGParadise

JASON COllETTI Wanna rob a Bank

ELISABEtE ApRESENtAÇÃo

[email protected]

Em 2006 Natasha khan, sob o pseudónimo de Bat For Lashes, apresentava-se ao mundo da música com o disco “Fur and Gold”, trabalho que recebeu uma nomeação para o concei-tuado Mercury Prize em 2007, recebendo ainda duas nomeações para o Brit Awards, para os prémios de Melhor Artista Revelação e Melhor Artista Feminina. Em 2009 saiu para as lojas

“Two Suns” que apresentou o tema “Daniel” muito bati-do nas rádios e que fez com que Bat For Lashes catapul-tasse para a ribalta. Depois de um bloqueio musical em 2010, Bat For Lashes regressa agora mais ama-durecida com o trabalho “The Haunted Man”, disco que foi bem recebido tanto público como pelos críticos. Os singles que antecederam este trabalho chamam-se “Laura” e “All Your Gold”. O álbum teve coprodução de Natasha Khan, Dan Carey e David Kosten e que conta

CD RUM“the haunted man” – o regresso de bat for lashes

ainda com a colaboração de vários nomes, como Beck, Rob Ellis (PJ Harvey), Davi Sitek (TV On The Radio) ou Adrian Utley (Portishead). Na capa do disco, Bat For Lashes surge nua carregan-do um rapaz igualmente nu. Para mais informações sobre a artista ou o disco po-dem consultar o site www.batforlashes.com, www.myspace.com/batforlashes e ainda www.facebook.com/batforlashes. Para escutar no CD Rum de 12 a 16 de novembro, cinco temas de “The Haunted Man”.

AGENDA CULTURALBRAGATEATrO15 de novembroO giganteTheatro Circo

MúSICA17 de novembroAntónio Pinho VargasTheatro Circo

GUIMARÃESMúSICA14 de novembroJacam Mandricks BandCCVF

15 de NovembroProjecto ToapGuimarães JazzCCVF

16 de novembroThe Jazz PassengersCCVF

17 de novembroWDr Big Band Collogne plays the music of randy Brecker

30 novembro a 2 dezembroPrimavera ClubCAE - São Mamede

FAMALICÃOTEATrO15 e 16 de Novembro“SENTI UM VAZIO…” de lucy KirkwoodCasa das Artes

EXPOSIçãODe 7 a 30 de novembroTráfico DesumanoCasa das Artes

MúSICA17 de novembroAnatomia do pianoCasa das Artes

LEITURA EM DIAEnciclopédia da Estória Universal. Recolha de Alexandria de Afonso Cruz - Alfaguara. A efabulação literária, na linha de Borges, do imaginário narrativo das Mil e Uma Noites, de um dos novos autores portugueses mais interessantes.

A Mão do Diabo de José rodrigues dos Santos - Gradiva. A crise e a hecatombe económica “explicadas” em forma de romance.

José de rubem Fonseca - Sextante. Os primeiros anos e o crescimento literário de um dos nomes maiores da literatura em português.

Para ouvir de segunda a sexta (9h30/14h30/17h45) na RUM ou em podcast: podcast.rum.pt Um espaço de António Ferreira e Sérgio Xavier.

Baby Blues 29. Cocó, Ranheta e Facada de Jerry Scott, rick Kirkman - Edições Bizâncio.As diabruras das crianças típicas da classe média. Hilariante e corrosivo

As Trapalhadas da Bruxa Mimi de laura Owen; Ilust. Korky Paul - Gradiva.A incontornável e inimitável Bruxa Mimi e do seu comparsa o Gato rogério.Obrigatório ler e oferecer

DR

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DESPORTO

Hugo Serrão nunca teria conseguido tudo o que alcan-çou até hoje, considerando-os “essenciais para conseguir treinar ao mais alto nível e, ao mesmo tempo, conseguir conciliar o taekwondo com tudo o resto”. Rui Bragança só lamenta que em Portugal o taekwondo seja ainda tão pouco conhe-cido, acentuando a impor-tância de “aproveitar os bons resultados para divulgar a modalidade”. O estudante de medicina e praticante de taekwondo ga-rante que os bons resultados são para continuar, já que “o lugar mais alto do pódio” é sempre a meta a atingir.

dificuldade em conciliar os estudos com o taekwondo, Rui Bragança salienta que “é preciso muita organização, esforço e sacrifício, já que tanto o taekwondo como a Medicina ou a Arquitetura exigem muito tempo”.No que diz respeito ao Open da Sérvia, Bragança não es-conde a satisfação e “a sen-sação de dever cumprido” já que a equipa ABC/Umi-nho tinha apenas 3 atletas numa competição com 833 participantes e equipas que tinham, em muitos casos, mais de dez elementos. O atleta vimaranense realça ainda que sem os seus cole-gas de equipa e o treinador

RItA MAGALhÃES

[email protected]

A equipa minhota de taekwon-do arrecadou várias medalhas no Open da Sérvia, deixando prever uma época vitórias

O taekwondo ainda é para muitos um desporto desco-nhecido. Esta arte marcial que nasceu como forma de renascimento após o domí-nio japonês em território co-reano, integrou o role de des-portos dos Jogos Olímpicos no ano 2000. Tae (pés) kwon (mãos) do (mente) significa, num sen-tido global, uma técnica de combate sem armas para de-fesa pessoal e foi introduzida em Portuga em 1974 pelas mãos Grão-Mestre Chung Sun Yong.O taekwondo, para os mais distraídos, está dividido em dez “níveis” que são distin-guidos pela cor do Ti, faixa que os atletas usam na cintu-ra. Estes níveis chamados de gubs vão diminuindo conso-ante aumenta o nível de co-nhecimento dos praticantes e, consequentemente, a sua humildade. Cada cor tem um significado diferente, começando pelo branco que representa a “pureza e ino-

cência” do atleta terminando no preto, que significa dig-nidade, dedicação, postura e liderança. Quando atingem a faixa pre-ta os atletas são novamente graduados em dez níveis, chamados de dan, desta vez por ordem crescente, sendo que o décimo grau é vitalício e apenas uma pessoa o pode possuir. Provavelmente demasiado complexa e confusa para um leigo neste desporto, a explicação sobre o que é o Ta-ekwondo torna-se importan-te para apresentar os senho-res que se seguem.Rui Bragança, José Fernan-des e Nuno Pinto e Costa, três atletas que formam a equipa de taekwondo ABC/Uminho, não seriam tão importantes na história do desporto da Universidade do Minho não fossem eles dois estudantes de Medicina e um de Arquitetura, respeti-vamente, que conciliam os estudos com várias e múlti-plas medalhas nacionais e internacionais em torneios desta arte marcial. O Open da Sérvia, que de-correu no mês passado, foi a segunda prova realizada pela equipa esta época e, como tal, “as expetativas não eram muito altas e o objetivo era

“o desejo é sempre alcançar o lugar mais alto do pódio”

voltar ao ritmo” como expli-cou ao ACADÉMICO, Rui Bragança. O atleta e estudan-te de medicina da Universi-dade do Minho arrecadou a medalha de ouro na catego-ria -58kg, enquanto Nuno Costa conquistou o primeiro lugar do pódio na catego-ria 63kg. Já José Fernandes, após uma longa paragem por várias lesões, conseguiu a medalha de bronze, provan-do que ainda está em forma e que os lugares do pódio lhe pertencem. Os excelentes re-sultados dos três atletas con-cederam à equipa o segundo lugar por equipas em senio-res absolutos. Quando confrontado com a

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Os três atletas continuam a elevar bem alto o nome da UMinho

Dicas

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