projeto tcc 2 - camila chiosini pivetta 2013

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  UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CAMILA CHIOSINI PIVETTA O PAPEL DA LOGÍSTICA REVERSA SOB A VISÃO DAS NOVAS LEIS DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS Lorena 2013

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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

    CAMILA CHIOSINI PIVETTA

    O PAPEL DA LOGSTICA REVERSA SOB A VISO DAS NOVAS LEIS DE GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS

    Lorena 2013

  • CAMILA CHIOSINI PIVETTA

    O PAPEL DA LOGSTICA REVERSA SOB AS NOVAS LEIS DE

    GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS

    Trabalho de Graduao apresentado ao curso de Engenharia Industrial Qumica na Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de So Paulo, como pr-requisito para obteno do grau de Bacharel, sob orientao do Prof. Antonio Carlos da Silva.

    Lorena 2013

  • AGRADECIMENTOS

    A minha me Wanda , meu exemplo, que alm de ser o amparo durante esse

    processo de concluso academica nao poderia ter sido to presente mesmo a

    distncia.

    Ao meu pai,Jos Roberto, pelo apoio que me deu embora muitas vezes em

    silncio, mas sempre prestativo e tambm pelo carinho em cuidar de mim sempre

    minha irm Nadine que sempre entendeu minhas ausncias e que mesmo

    mostrando-se muitas vezes, mais madura que eu, via-me como exemplo,

    fanzendo me sentir orgulho de ser quem eu sou.

    A toda minha famlia que apoiou meu sonho e me fez sentir capaz de conquist-lo

    sozinha. Aos meus tios em especial, que me ampararam em minha primeira

    oportunidade profissional.

    Ao Prof. Antonio Carlos, pela orientao desse trabalho e por toda a ateno,,

    ajuda e disponibilidade.

    s minha amigas Tamires Natlia e Jssica, por todas as aventuras divididas,

    pelos sofrimentos e medos compartilhados, pela pessoa e profissional que eu sou

    hoje. E pela experincia de transformar pessoas totalmente novas na sua vida

    em FAMLIA.

    Agradeo novamente a minha me pela ajuda em contar as linhas e

    espaamentos desse trabalho e por nunca me deixar desistir.

  • RESUMO

    PIVETTA, C. C. O papel da logstica reversa sob a viso das novas leis de gerenciamento de resduos slidos. Monografia (Trabalho de Graduao em Engenharia Qumica) Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de So Paulo, Lorena, 2013. A crescente preocupao com o meio ambiente vem sendo acompanhada de um aprimoramento das leis ambientais e da postura do ser humano para com a natureza, e com o impacto de suas atividades no equilbrio do planeta. Seguindo tal tendncia, quando a ateno se volta aos resduos slidos gerados pelo vigente estilo de vida da sociedade, bem como sua dinmica econmico-industrial, nota-se uma necessidade emergencial de reestruturao. Com a criao do contemporneo projeto para o gerenciamento desses resduos (PNGRS), proposta uma reorganizao de toda a cadeia da produo, consumo e descarte de resduos slidos, redistribuindo de maneira mais ampla as responsabilidades de todos os membros participantes da cadeia. Neste novo modo de enxergar o processo, temos a indstria no papel de produtora dos futuros resduos, recebendo agora, o compromisso de receb-los de volta, usando das formas devidas e ambientalmente corretas para trat-los. Para tanto, de extrema necessidade investir no desenvolvimento de uma logstica reversa eficiente e capaz de cumprir com a incumbncia recebida. Com a aplicao efetiva da logstica reversa no processo industrial, deve ocorrer como conseqncia, um melhor gerenciamento dos resduos slidos, que harmonicamente promover controle contnuo em todas as fases da produo, viabilizando possibilidades reais para que se avalie o impacto do fabrico, transporte e uso do produto sobre o meio ambiente, ou seja, promove-se a produo e o consumo com maior sustentabilidade. PALAVRAS CHAVE: GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS, LOGSTICA REVERSA, EMBALAGENS DE DEFENSIVOS AGRCOLAS

  • ABSTRACT

    PIVETTA, C. C. The role of reverse logistics under the vision of the new laws of solid waste management. Monografia (Trabalho de Graduao em Engenharia Industrial Qumica) Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de So Paulo, Lorena, 2012. The growing concern for the environment has been accompanied by an improvement of environmental laws and posture of the human being with nature, and with the impact of their activities on the balance of the planet. Following this trend, when attention turns to solid waste generated by the current lifestyle of the society as well as its dynamic economic and industrial, there is a need for an emergency restructuring. With the creation of contemporary design for the management of these wastes (PNGRS), is proposed a reorganization of the entire chain of production, consumption and disposal of solid waste by redistributing more broadly the responsibilities of all participating members of the chain. In this new way of looking at the process, we have the industry in the role of producer of future waste, now receiving the commitment to welcome them back, using the appropriate forms and environmentally correct to treat them. Therefore, it is of utmost necessity to invest in the development of an efficient reverse logistics and able to comply with the mandate received. With the effective implementation of reverse logistics in industrial process, should occur as a consequence, better management of solid waste, which harmonically promote continuous control at all stages of production, enabling real possibilities to assess the impact that the manufacture, transport and use product on the environment, or promotes the production and consumption more sustainable. KEYWORDS: SOLID WASTE MANAGEMENT, REVERSE LOGISTICS AND PACKING OF CROP PROTECTION

  • LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 1 O QUE MUDA COM A LEI PAPEL DA INDSTRIA (CEMPRE,20120 ............... 17

    FIGURA 2 PROCESSO LOGSTICO REVERSO (ADAPTADO DE ROGERS E TBBEN-LEMBKE,

    1998) .............................................................................................................. 20

    FIGURA 3 PROCESSO DE LOGSTICA REVERSA DE EMBALAGENS VAZIAS DE DEFENSIVOS

    AGRCOLA ( ADAPTADO DE CARBONE, G. T., 2005) ............................................ 23

    FIGURA 4 PERCENTUAL DE EMBALAGENS PLSTICAS CORRETAMENTE DESTINADA POR

    PAS ................................................................................................................ 24

    FIGURA 5 EVOLUO DAS LEIS A RESPEITO DO CUIDADO COM AS EMBALAGENS VAZIAS DE

    DEFENSIVOS AGRCOLAS ................................................................................... 29

    FIGURA 6 - LOCALIZAO ESTRATGICA DAS EMPRESAS RECICLADORAS PARCEIRAS DO

    INPEV (INPEV, 2010) ......................................................................................... 43

    FIGURA 7 IMPACTOS POSITIVOS DA LOGSTICA REVERSA DE EMBALAGENS VAZIAS DE

    DEFENSVOS AGRCOLAS (INPEV, 2011) .............................................................. 47

    TABELA 1 TOTAL DE EMBALAGENS RECUPERADAS POR ESTADO - EM TONELADAS (INPEV,

    2011) ...............................................................ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

    TABELA 2 EVOLUO DO VOLUME DE EMBALAGENS VAZIAS DE DEFENSIVOS AGRCOLAS

    DESTINADAS DESDE 2002 (INPEV, 2011) ............................................................ 33

    QUADRO 1 OBJETIVOS DA POLTICA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RESDUOS

    SLIDOS .......................................................................................................... 38

    QUADRO 2 QUADRO COMPARATIVO COM OS OBJETIVOS SELECIONADOS PELA AUTORA .. 39

    QUADRO 3 QUADRO COMPARATIVO RESPONDIDO ...................................................... 40

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................... 10

    2 REVISO DE LITERATURA .......................................................................... 12

    2.1 A POLTICA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RESDUOS

    SLIDOS ........................................................................................................... 12

    2.2 DEFINIO DE RESDUOS SLIDOS ................................................... 14

    2.3 O PAPEL DA INDTRIA DE DEFENSIVOS AGRCOLA NA PNGRS ..... 16

    2.4 A INDTRIA DE DEFENSIVOS AGRCOLAS NO BRASIL ..................... 17

    2.5 A LOGSTICA REVERSA ........................................................................ 18

    2.6 A LOGSTICA REVERSA ........................................................................ 21

    2.6.1 A Trplice Lavagem ............................................................................ 27

    2.6.2 Legislao ......................................................................................... 29

    2.7 O INPEV .................................................................................................. 31

    3 METODOLOGIA ............................................................................................. 34

    3.1 PRIMEIRA ETAPA: REVISO BIBLIOGRFICA ..................................... 35

    3.2 SEGUNDA ETAPA: ELABORAO DO QUADRO COMPARATIVO..... 35

    3.3 TERCEIRA ETAPA: LEVANTAMENTO DOS DADOS............................. 36

    3.4 QUARTA ETAPA: ANLISE DOS DADOS .............................................. 36

    4 INSTRUMENTO DE PESQUISA .................................................................... 37

    5 RESULTADOS E DISCUSSES ................................................................... 40

    5.1 Preenchimento do Quadro Comparativo .................................................. 40

    5.2 Anlise comparativa discursiva ................................................................ 41

    5.2.1 Objetivo de proteger a sade pblica e a qualidade ambiental ......... 41

    5.2.2 Objetivo de no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem e

    tratamento dos resduos slidos, bem como disposio final ambientalmente

    adequada dos rejeitos .................................................................................... 42

  • 5.2.3 Objetivo de gesto integrada de resduos slidos. ............................ 45

    5.2.4 Objetivo de incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gesto

    ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e

    ao reaproveitamento dos resduos slidos, includos a recuperao e o

    aproveitamento energtico ............................................................................. 46

    6 CONCLUSES .............................................................................................. 48

    REFERNCIAS ..................................................................................................... 51

  • 10

    1 INTRODUO

    Na atualidade comprova-se grande desequilbrio na relao do homem

    com a natureza. Vivemos, como se a maior parte dos recursos naturais fossem

    infindveis. fato que h um grande vcuo entre o discurso e a prtica em

    relao a existncia de uma sociedade sustentvel, e as formas de cri-la. No

    entanto, em todo o mundo, importantes aes trazem perspectivas positivas para

    minimizar os efeitos da ao degenerativa do homem sobre a natureza ao longo

    da histria.

    O meio ambiente o palco onde essa relao se desenrola e est

    diretamente relacionado qualidade de vida das pessoas. fcil constatar que

    todos os processos de interveno do homem no meio ambiente so

    desempenhados de maneira que geram resduos, ou seja, todos geram sobras,

    restos, e como a quantidade de processos interventores expressiva, a

    quantidade e o volume gerado desses resduos algo imponente. Nesse cenrio

    a destinao final dos mesmos, tornou-se uma das maiores preocupaes da

    atualidade conclui (CABRAL, 2011).

    Diante de tal problemtica surge o PGNRS, Poltica Nacional de

    Gerenciamento de Resduos slidos, no Brasil, que aps anos de discusso no

    Congresso Nacional, marcou o incio de uma forte articulao institucional

    envolvendo os trs entes federados Unio, Estados e Municpios, o setor

    produtivo e a sociedade civil na busca de solues para os graves problemas

    causados pelos resduos, que vm comprometendo a qualidade de vida dos

    brasileiros. (BRASIL, 2001)

    A Poltica estabelece princpios, objetivos, diretrizes, metas, aes,

    instrumentos, processos e alternativas de gesto e gerenciamento passveis de

    implementao, bem como metas para diferentes programas, projetos e aes

    correspondentes. (BRASIL, 2001)

    Trata-se de um marco histrico na gesto ambiental no pas, pois a lei traz

    uma viso contempornea do problema em questo, incentivando a prtica do

    conceito de responsabilidade compartilhada, entre governo, empresas e

  • 11

    populao, todos possuem agora, seu papel na cadeia geradora dos resduos

    slidos.

    A nova legislao incita logstica reversa, cobrando das empresas a

    responsabilidade do retorno dos produtos consumidos, de volta para a indstria,

    ou seja, uma vez descartadas as embalagens, so de responsabilidade dos

    fabricantes, que devem criar um sistema para promover a correta destinao ao

    produto.

    Deste modo, este trabalho tem como objetivo estudar e analisar as

    influncias e os incentivos que a implantao da Poltica Nacional de

    Gerenciamento de Resduos Slidos (PNGRS), trar para a cadeia de logstica

    reversa de resduos slidos de indstrias de defensivos agrcolas do Brasil,

    verificando sua situao atual, funcionamento e posio frente ao status mundial.

    Como objetivos complementares, pretende-se:

    Analisar o papel das indstrias de agrotxicos na aplicabilidade do projeto.

    Estudar a dinmica da logstica reversa na cadeia produtiva, suas

    vantagens e dificuldades.

  • 12

    2 REVISO DE LITERATURA

    2.1 A POLTICA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DE RESDUOS SLIDOS

    No Brasil so geradas diariamente 161.084 mil toneladas de resduos

    slidos urbano por dia (BRASIL, 2010) Esses dados revelam a necessidade de se

    encontrar alternativas para a diminuio desse montante e para sua adequada

    destinao.

    No que se refere coleta desse volume de resduos slidos, temos um

    ndice positivo, (da ordem de 97%). No entanto, quanto destinao, ocorre uma

    inadequao grave, ou seja, mais de 50% dos municpios brasileiros utilizam a

    deposio de resduos em lixes. (BRASIL, 2010).

    fato que o aumento da produo de resduos slidos est intimamente

    relacionado s atividades humanas. A partir da segunda metade do sculo XX,

    com os novos padres de consumo da sociedade industrial em plena expanso,

    desencadeado pelo grande avano tecnolgico promovido pela Terceira

    Revoluo Industrial, estabeleceu-se um desequilbrio entre esses novos padres

    e a capacidade de absoro e recuperao da natureza como fonte de recursos.

    Para atender esse avano, ocorreu o crescimento da diversidade de produtos

    com componentes e materiais de difcil degradao e maior toxicidade.

    (AGAPITO, 2011).

    Assim sendo a deposio ou disposio indevida desses resduos

    decorrentes da ao de agentes fsicos, qumicos ou biolgicos, propicia

    condies ambientais perigosas que alteram esses agentes, possibilitando a sua

    disseminao no ambiente, afetando a vida e a sade da populao. (BRASIL,

    2006)

    O gerenciamento adequado dos resduos slidos uma preocupao

    global, j que estes so elementos causadores de quatro formas de poluio:

    atmosfrica, hdrica, visual e do solo.

  • 13

    A Poltica Nacional de Resduos Slidos uma oportunidade real de

    formalizao, padronizao e operacionalizao das atividades relativas gesto

    de resduos slidos no Brasil. A sua implementao implicar em transformaes

    no modo de produo, no consumo e na relao da sociedade com o meio

    ambiente, promovendo o desenvolvimento de fato, de uma sociedade sustentvel.

    A maior parte dos estados brasileiros no possui leis efetivas que garantam

    o tratamento adequado dos resduos slidos, sendo esses descartados de forma

    inadequada, aumentando os lixes, contaminando a gua, e ainda sendo usados

    como posto de trabalho e de sobrevivncia de parte da populao de muitas

    cidades de nosso pas, gerando, salvo algumas excees, situao indigna ao ser

    humano.

    As possibilidades de avanos nessa rea so dificultadas pela falta de

    codificao da legislao ambiental que no apresenta a padronizao em todos

    os estados, entravando a aplicao das leis existentes. (LIMA, 2010)

    inegvel que a concretizao da Poltica Nacional de Resduos Slidos,

    voltada para normatizar o gerenciamento e tratamento desses materiais,

    minimizar os danos ambientais j existentes e prevenir danos futuros,

    promovendo ao mesmo tempo o desenvolvimento do pas, que deve ser

    alicerado sobre o trip social, econmico e ambiental.

    A garantia da implantao da PNRS est baseada na aplicao integrada

    de seu texto jurdico interligado as outras Leis j existentes que contemplam a

    questo da destinao de resduos slidos. Durante os 20 anos que esta Lei

    demorou em ser aprovada no Congresso Nacional, muitos danos ambientais

    ocorreram, muitas tragdias poderiam ter sido evitadas. (FARIAS, 2006)

    Tal demora, no entanto, proporcionou como resultado positivo uma lei mais

    consistente, que alm de preencher a lacuna legislativa existente, promoveu

    inovaes. Entre todos os princpios que norteiam o projeto, dois merecem

    destaque pelo carter inovador e extremamente estratgico para a

    implementao da nova poltica; so eles:

    O inciso VII que trata da responsabilidade compartilhada,

    O inciso VIII- que reconhece o resduo slido reutilizvel e reciclvel, como

    um bem econmico e de valor social, gerador de trabalho, de renda e promotor de

    cidadania.

  • 14

    A responsabilidade compartilhada vista como um marco na histria do

    Direito Ambiental, pois envolvem todos (pessoas e entidades); que participem do

    ciclo de vida dos produtos, desde a fabricao at seu destino final. Essa norma

    pretende minimizar os danos causados ao meio ambiente pelo descarte

    inadequado dos resduos slidos.

    2.2 DEFINIO DE RESDUOS SLIDOS

    De acordo com o Dicionrio de Aurlio Buarque de Holanda, lixo tudo

    aquilo que no se quer mais e se joga fora; coisas inteis, velhas e sem

    valor(FERREIRA, 2010).

    Os resduos slidos so materiais heterogneos (inertes, minerais e

    orgnicos), originados das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser

    parcialmente utilizados, participando novamente da cadeia produtiva, gerando

    economia de recursos naturais, bem como proteo sade pblica e ainda

    geradora de novas atividades econmicas e empregos.(BRASIL,2009)

    Os resduos slidos podem ser classificados quanto sua origem:

    (BRASIL, 2009)

    Domiciliar: originado da vida diria das residncias

    Comercial: proveniente dos diversos estabelecimentos comerciais e de

    servios,

    Servios pblicos: originados dos servios de limpeza urbana

    Servio de sade: descartados por hospitais, farmcias, postos de sade,

    clnicas odontolgicas,etc.

    Industrial: originado nas atividades dos diversos ramos da indstria,

    qumica, etc.

    Agrcola: resduos slidos das atividades agrcolas e pecurios

    Entulho: resduos da construo civil.

    A NBR 10.004 (ABNT, 2004) classifica os resduos slidos quanto aos seus

    riscos potenciais ao meio ambiente e sade pblica, em duas classes distintas:

  • 15

    classe I - resduos perigosos: so aqueles que apresentam riscos sade

    pblica e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposio especial em

    funo de suas caractersticas de inflamabilidade, corrosividade,

    reatividade, toxicidade e patogenicidade;

    classe II A - resduos no-inertes: so os resduos que no apresentam

    periculosidade, porm no so inertes; podem ter propriedades tais como:

    combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em gua. So

    basicamente os resduos com as caractersticas dos resduos domsticos;

    classe II B - resduos inertes: so aqueles que, ao serem submetidos aos

    testes de solubilizao (NBR-10.007 da ABNT), no tm nenhum de seus

    constituintes solubilizados em concentraes superiores aos padres de

    portabilidade da gua. Isto significa que a gua permanecer potvel

    quando em contato com o resduo. Muitos destes resduos so reciclveis.

    Estes resduos no se degradam ou no se decompem quando dispostos

    no solo (se degradam muito lentamente). Esto nesta classificao, por

    exemplo, os entulhos de demolio, pedras e areias retirados de

    escavaes.(BRASIL, 2009)

    Salientando os resduos slidos agrcolas, os quais sero estudados em

    detalhe no presente trabalho, so embalagens de adubos, defensivos agrcolas,

    raes, restos de colheita, etc. Em vrias regies do mundo, estes resduos j

    constituem uma grande preocupao. As embalagens de agroqumicos diversos,

    em geral altamente txicos, tm sido alvo de legislao especfica, definindo os

    cuidados na sua destinao final e, por vezes, co-responsabilizando a prpria

    indstria fabricante destes produtos.

    Os resduos slidos das atividades agrcolas e da pecuria, como

    embalagens de adubos, defensivos agrcolas, rao, restos de colheita, esterco

    animal, etc., constituem uma crescente preocupao. A questo das embalagens

    dos agroqumicos (adubos e defensivos), geralmente muito txicos, necessitam

    de cuidados especficos na sua destinao final, A idia, j praticada por

    empresas internacionais, a reciclagem deste material, que envolve a lavagem

    do mesmo para reutilizao, reciclagem ou inutilizao.(BRASIL, 2002)

  • 16

    2.3 O PAPEL DA INDTRIA DE DEFENSIVOS AGRCOLA NA PNGRS

    Em consonncia com o conceito de responsabilidade compartilhada, a lei

    da Poltica Nacional de Resduos Slidos, estabelece as bases de uma prtica

    que promete marcar a ao das empresas na gesto do lixo no Brasil: a logstica

    reversa. O termo est cada vez mais presente no vocabulrio sobre reciclagem.

    Significa a recuperao de materiais aps o consumo, dando continuidade ao

    ciclo de vida do objeto como insumo para a fabricao de novos produtos.

    A implementao do sistema de logstica reversa ser obrigatoriamente

    aplicada em todos os setores da economia de forma progressiva. A indstria de

    agrotxicos se destaca no grupo que j vem trabalhando no desenvovimento e

    estruturao para se adequar ao programa.

    Atualmente, nesta rea atravs da unio das indstrias, revendas e

    principalmente do produtor rural, o destino dos resduos (embalagens vazias) no

    mais os rios, aterros e fossos, mas sim, as recicladoras ou incineradoras. As

    medidas sanitrias adotadas visam gerenciar todos os processos da cadeia

    logstica dos agrotxicos, devido aos riscos que ele pode oferecer sade e ao

    meio ambiente quando no processado de forma correta(INPEV, 2010):

    Recolher Recolher as embalagens vazias devolvidas s unidades de

    recebimento;

    Destinar Dar a correta destinao final: Reciclagem ou incinerao;

    Orientar Orientar e conscientizar o agricultor.

    Este processo envolve uma estrutura para recebimento, classificao e

    expedio de produtos retornados, gerando benefcios que ultrapassam os

    aspectos legais como reduo de custos de estocagem e armazenagem, aumento

    do ciclo de vida do produto e da preservao ambiental, sendo que esses

    benefcios podem ser alcanados simultaneamente, resultando em maior

    competitividade e melhor imagem corporativa.(INPEV, 2010)

  • 17

    Para o exerccio do desenvolvimento sustentvel, h desafios ambientais e

    sociais para serem superados. As medidas para reduzir resduos comeam desde

    a projeo dos produtos e permeiam todo o seu ciclo de vida, incluindo tambm o

    transporte e o descarte final. Ou seja, do bero ao tmulo. (HORNGREEN;

    FOSTER; DATAR, 2000)

    Nesse cenrio o papel do consumidor decisivo. Sendo um cidado

    consciente e bem informado ser exigente com relao ao que consome,

    valorizar o produto que proporcione o menor impacto ambiental por toda a

    cadeia produtiva. Ser um grande aliado na implementao do desenvolvimento

    sustentvel. (CEMPRE, 2012)

    Figura 1 O que muda com a Lei Papel da Indstria (CEMPRE, 2012)

    2.4 A INDTRIA DE DEFENSIVOS AGRCOLAS NO BRASIL

    A indstria de defensivos agrcolas surgiu aps a Primeira Guerra Mundial,

    quando as grandes corporaes qumicas internacionais instalaram subsidirias

    produtoras de agrotxicos no pas, visando aproveitar na agricultura algumas

    descobertas qumicas desenvolvidas com fins blicos. As primeiras unidades

    produtivas de defensivos agrcolas no Brasil datam de meados da dcada de

    1940. Contudo, a efetiva constituio do parque industrial brasileiro de

    agrotxicos ocorreu na segunda metade dos anos 1970. ( ZAMBRONE, 1986)

  • 18

    A indstria de agrotxicos parte do processo de evoluo e

    diversificaoda indstria qumica. Trata-se de um setor expressivo no mercado,

    as vendas de defensivos agrcolas no pas saltaram de pouco mais de US$ 2

    bilhes para mais US$ 7 bilhes entre 2001 e 2008, quando alcanamos a

    posio de maior consumidor mundial de defensivos agrcolas. Foram 986,5 mil

    toneladas aplicados de produtos. Em 2009 o consumo ultrapassou a marca de 1

    milho de toneladas. J em 2010 o faturamento do setor foi de: US$ 7,2 bilhes,

    9% a mais que o ano anterior (LONDRES; MONTEIRO, 2011)

    O mercado de produo de defensivos agrcolas no Brasil, tem

    caractersticas de oligoplio: em 2007, as seis maiores empresas do ramo (Bayer,

    Syngenta, Basf, Monsanto, Dow e DuPont) concentravam 86% das vendas

    mundiais destes produtos. Segundo dados do MDIC (Ministrio do

    Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior), no Brasil, em 2006, estas

    mesmas empresas controlavam sozinhas 85% do mercado. (PELAEZ et al., 2009)

    2.5 A LOGSTICA REVERSA

    A A logstica trata de todas as atividades de movimentao e armazenagem

    que facilitam o fluxo de bens ou servios, desde o ponto de aquisio da matria-

    prima at o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informao que

    colocam os produtos em movimento, com o propsito de providenciar nveis de

    servios adequados aos clientes a um custo razovel. (BALLOU, 2007)

    Robles (2001) descreve logstica como os 7Cs (sete certos) da Logstica,

    Assegurar a disponibilidade do produto certo, na qualidade certa, na condio

    certa, no lugar certo, no momento certo, para o cliente certo, ao custo certo."

    Para Ballou (2007), o mundo industrializado criou sofisticados canais de

    distribuio para as matrias-primas e para os produtos acabados, porm

    subvalorizou a reutilizao desses materiais. O enorme crescimento do setor de

    produo de embalagens e descartveis evidencia a pouca preocupao com a

    reciclagem. Em geral, mais barato usar matria-prima virgem do que material

  • 19

    reciclado, isso se explica pelo diminuto desenvolvimento de canais de retorno,

    que ainda so menos eficientes do que os canais de distribuio de produtos.

    Alguns fatores esto promovendo mudanas nessa situao: o consumidor

    est cada vez mais consciente em relao ao desperdcio e a reciclagem; a

    quantidade de resduos slidos tem aumentado e a matria-prima original est

    ficando cada vez mais cara e menos abundante.

    Nesse contexto evidencia-se o conceito da Logstica Reversa. Para Leite

    (2003),

    [...]Logstica reversa a rea da logstica empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informaes logsticas correspondentes, do retorno dos bens de ps-venda e do ps- consumo, do ciclo de negcios e do ciclo produtivo por meio de canais de distribuio reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econmico, ecolgico, legal, logstico, de imagem corporativa, entre outros.

    Historicamente a logstica reversa aparece associada com as atividades de

    reciclagem de produtos e a aspectos ambientais (KOPICKI; BERG; LEGG, 1993;

    KROON; VRIJENS, 1995; STOCK, 1992), assim, passou a ter importncia nas

    empresas devido presso exercida pelos stakeholders relacionados s questes

    ambientais (HU; SHEU; HAUNG, 2002) e no podiam ser desprezadas. So

    denominados de stakeholders , as partes interessadas na atuao da

    organizao, como por exemplo: acionistas, empregados, clientes, fornecedores,

    sociedade (governo e organizaes no governamentais).

    Dessa forma, resumem-se as atividades da logstica reversa em cinco

    funes bsicas:

    a) Planejamento, implantao e controle do fluxo de materiais e do fluxo de

    informaes do ponto de consumo ao ponto de origem;

    b) Movimentao de produtos na cadeia produtiva, na direo do

    consumidor para o produtor;

    c) Busca de uma melhor utilizao de recursos, seja reduzindo o consumo

    de energia, seja diminuindo a quantidade de materiais empregada, seja

    reaproveitando, reutilizando ou reciclando resduos;

    d) Recuperao de valor;

    e) Segurana na destinao aps utilizao.

  • 20

    Os benefcios potenciais da logstica reversa podem ser divididos em trs

    nveis distintos:

    a) Demandas ambientalistas que tm levado as empresas a se preocuparem

    com a destinao final de produtos e embalagens por elas geradas (HU; SHEU;

    HAUNG, 2002);

    b) Eficincia econmica, porque permite a gerao de ganhos financeiros

    pela economia no uso de recursos (MINAHAN, 1998);

    c) Ganho de imagem que a empresa pode ter perante seus acionistas, alm

    de elevar o prestgio da marca e sua imagem no mercado de atuao. (ROGERS;

    TIBBEN-LEMBKE, 1998)

    Sendo assim, a logstica reversa pode ser entendida como um processo

    complementar logstica tradicional, pois enquanto a ltima tem o papel de levar

    produtos dos fornecedores at os clientes intermedirios ou finais, a logstica

    reversa deve completar o ciclo, trazendo de volta os produtos j utilizados dos

    diferentes pontos de consumo a sua origem. (LACERDA, 2002)

    Figura 2 Processo Logstico Reverso (Adaptado de Rogers e Tbben-Lembke, 1998)

    O termo, logstica reversa, tornou-se mais usual pelos esforos das

    empresas em reduzir o impacto ambiental da cadeia de suprimentos, pois

    atividades como a reduo do uso de matrias-primas virgens e a substituio de

    materiais txicos tem um significativo impacto ecolgico. Carter e Ellram (1998),

    definem a logstica reversa como processo por meio do qual as empresas podem

  • 21

    se tornar ecologicamente mais eficientes por meio de reciclagem reuso e reduo

    da quantidade de materiais usados.

    Evidentemente, quando nos voltamos s questes ambientais, so muitos

    os motivos para se utilizar/investir na Logstica Reversa, entretanto o interessante

    que quando acrescemos na cena o mbito econmico, tais motivos no se

    desfalecem. Lacerda (2002), destaca trs motivos bsicos:

    a) Questes ambientais: prtica comum em alguns pases, notadamente na

    Alemanha, e j se visto em todo o mundo uma tendncia de que a legislao

    ambiental caminhe para tornar as empresas cada vez mais responsveis por todo

    ciclo de vida de seus produtos. Isto significa ser legalmente responsvel pelo seu

    destino aps a entrega dos produtos aos clientes e do impacto que estes

    produzem ao meio ambiente;

    b) Diferenciao por servio: os varejistas acreditam que os clientes

    valorizam mais, as empresas que possuem polticas mais liberais do retorno de

    produtos. Alis, uma tendncia reforada pela legislao de defesa do

    consumidor, garantindo-lhe o direito de devoluo ou troca. Isto envolve uma

    estrutura para recebimento, classificao e expedio de produtos retornados;

    c) Reduo de custo: iniciativas relacionadas logstica reversa tm trazido

    retornos considerveis para as empresas. A economia gerada com a utilizao de

    embalagens retornveis ou com o reaproveitamento de materiais para a produo

    tm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas de fluxo

    reverso.

    2.6 A LOGSTICA REVERSA

    A preocupao ambiental frente ao impacto gerado pelo mau

    gerenciamento de embalagens vazias de produtos fitossanitrios no comeou

    com a formalizao do PNGRS. Deste modo existem diversas medidas sanitrias

    adotadas na defesa dos vegetais (produtos fitossanitrios) as quais exigem

  • 22

    gerenciamento responsvel de riscos tanto sade como ao meio ambiente.

    (CARBONE, SATO e MOORI, 2005)

    O transporte e a armazenagem dos produtos fitossanitrios so

    regulamentados por legislao especfica, e so cuidadosamente fiscalizados

    pelo governo federal. No ano de 1994 foram iniciadas as primeiras articulaes

    para a adoo de uma legislao para tratar do tema relacionado ao descarte de

    embalagens vazias de defensivos agrcolas.

    A indstria de defensivos agrcolas altamente regulamentada e o

    lanamento de cada produto exige apresentao de relatrios detalhados de

    pesquisa a rgos federais Ministrios da Sade, Agricultura e Meio Ambiente

    garantindo que eles so inofensivos sade humana e ao meio ambiente.

    Entretanto, segundo Carbone (2005), deve-se considerar que cuidados e

    instrues sobre o uso e descarte responsvel das embalagens vazias desses

    produtos pouco ajudam, quando no existe uma conscincia de preservao do

    meio ambiente.

    Anteriormente as exigncias legais de descarte das embalagens, todo

    produto comercializado chegava s mos do agricultor com uma bula que o

    orientava como acondicionar essas embalagens no ambiente rural o mais

    comum era o aterro, seguindo uma srie de procedimentos tcnicos pouco

    aplicados pelos agricultores, e a incinerao.

    Hoje em razo do cumprimento da lei, a organizao logstica do processo

    de destinao de embalagens vazias de agrotxicos segue o fluxo apresentado

    na figura.

  • 23

    Figura 3 Processo de Logstica Reversa de embalagens vazias de defensivos agrcola (Adaptado de Carbone, G. T., 2005)

    Obrigatria desde junho de 2002, a devoluo de embalagens vazias de

    agrotxicos vem crescendo no pas. Com isso, o Brasil desde 2004, quando

    recolheu 14.825 ton de embalagens chegou a posio de Lder mundial na

    destinao final de embalagens vazias de defensivos agrcolas.(Inpev, 2010)

    A medida visa evitar que resduos qumicos retornem natureza, assim

    como a reutilizao inadequada do material. Sem a devida postura, as

    embalagens so fontes perigosas de poluio ambiental podendo contaminar o

    solo, o lenol fretico e ainda atingir diretamente a sade humana.

    Em 2011 o pas atingiu o recorde de 34.202 ton de embalagens. E segue

    como o Lder dessa medida.

  • 24

    Figura 4 Percentual de embalagens plsticas corretamente destinada por Pas (Inpev, 2011)

    O estado com maior volume de toneladas recolhidas o Mato Grosso,

    seguido pelo Paran e depois por So Paulo, eles representaram em 2011 26%,

    13% e 11% respectivamente, do total recolhido no ano.

  • 25

    Tabela 1 Total de embalagens recuperadas por estado - em toneladas (Inpev, 2011)

    Estado 2010 2011 Evoluo (%)

    Mato Grosso 7.103 8.785 24

    Paran 4.716 4.490* -5

    So Paulo 3.612 3.739 4

    Gois 3.313 3.579 8

    Rio Grande do Sul 2.839 3.272 15

    Bahia 2.468 2.76 12

    Minas Gerais 2.605 2.733 5

    Mato Grosso do Sul 2.176 2.289 5

    Maranho 581 710 22

    Santa Catarina 529 551 4

    Piau 247 277 12

    Pernambuco 213 239 12

    Esprito Santo 194 209 8

    Rio de Janeiro 22 68 211

    Par 57 63 11

    Sergipe 10 33 212

    Outros 576 402 -30

    Total 31.266 34.202 9

    As etapas do processo esto detalhadas em tpicos abaixo (Impev 2011):

    1) Orientao ao agricultor

    No momento em que compra o agrotxico, o produtor rural deve ser

    orientado sobre os procedimentos de lavagem, acondicionamento,

    armazenamento, transporte e devoluo de embalagens vazias. Ele tambm deve

    ser informado qual a unidade de recebimento de embalagens vazias mais

    prxima, e o endereo deve aparecer na nota fiscal de venda do produto.

    2) Trplice lavagem ou lavagem sob presso no momento da aplicao

    O usurio deve preparar as embalagens vazias antes de devolv-las s

    unidades de recebimento. Como a maioria das embalagens lavvel,

    fundamental a prtica da trplice lavagem ou lavagem sob presso. A lavagem

    ocorre no momento em que se prepara a calda para aplicao do produto.

    preciso tambm perfurar o fundo da embalagem para inutiliz-la.

  • 26

    3) Preparao para a devoluo

    As embalagens vazias podem ser armazenadas temporariamente na

    propriedade rural junto aos produtos cheios, ou ento em um local coberto,

    ventilado, ao abrigo de chuva. Essas embalagens devem ficar longe de

    residncias e alojamentos, e nunca junto de alimentos ou raes.

    4) Devoluo no local indicado na nota fiscal

    O usurio responsvel pelo transporte das embalagens vazias at a

    unidade de recebimento (posto ou central) indicada na nota fiscal de compra, no

    prazo de um ano aps a data da compra. As embalagens nunca devem ser

    transportadas junto a pessoas, animais, alimentos, medicamentos ou rao

    animal, nem dentro de cabines de veculos automotores.

    5) Postos de recebimento

    Os postos so unidades ambientalmente licenciadas, com no mnimo 80

    m2 de rea construda, administrados por associaes de distribuidores e

    cooperativas agrcolas. Os postos recebem as embalagens, classificam entre

    lavvel e no lavvel, separam por tipo de material e emitem um comprovante de

    entrega para os agricultores.

    6) Transporte dos postos para as centrais

    O Inpev realiza o transporte das embalagens dos postos de recebimento

    para as centrais. As embalagens no lavveis so encaminhadas diretamente dos

    postos para o destino final.

    7) Centrais de recebimento de embalagens

    Essas unidades de recebimento de embalagens devem ser licenciadas

    ambientalmente e ter no mnimo 160 m2 de rea construda. Normalmente elas

    so administradas por uma Associao de Distribuidores/Cooperativas, em

    parceria com o Inpev. Elas recebem embalagens diretamente de agricultores, de

    postos de recebimento ou de estabelecimentos comerciais licenciados. As

    embalagens so, ento, inspecionadas, classificadas entre lavadas e no

    lavadas, separadas por tipo de material e compactadas, para a maior eficincia do

  • 27

    transporte. As centrais tambm emitem comprovante de entrega para os

    agricultores.

    8) Transporte para o destino final

    Cabe ao Inpev a responsabilidade sobre o transporte das embalagens, das

    centrais derecebimento at seu destino final. Quando as centrais emitem uma

    ordem de coleta, o sistema logstico gerido pelo Inpev providencia a retirada das

    embalagens e seu encaminhamento ao destino mais adequado reciclagem ou

    incinerao.

    9) Reciclagem ou incinerao:

    A reciclagem das embalagens plsticas, metlicas, de papelo e tampas

    feita por dez empresas recicladoras, localizadas em cinco Estados, que produzem

    mais de 17 produtos reciclados diferentes. J as embalagens no lavveis e as

    que no foram lavadas corretamente so encaminhadas para incinerao, que

    feita por cinco empresas parceiras.

    2.6.1 A Trplice Lavagem

    A lavagem das embalagens o comeo do procedimento de recuperao

    das embalagens vazias de desensvos agrcolas e portanto fase primordial para o

    fluxo da cadeia resversa. Aps a utilizao dos defensivos agrcolas ficam retidos

    resduos em suas embalagens, os quais devem ser devidamente removidos antes

    da devoluo, conforme descrito pelas normas vigentes.

    Atravs de inumeros trabalhos cientficos realizados em laboratrio, sabe-

    se segundo Medeiros (2005) que a quantidade mdia de sobra no interior de uma

    embalagem de aproximadamente 0,3% do volume da embalagem. Aps o

    processo da trplice lavagem das embalagens, os resduos de produto diminuem,

    demonstrando aproximadamente, s seguintes concentraes:

    1 lavagem: 1,2%

    2 lavagem: 0,0144%

  • 28

    3 lavagem: 0,0001728% (Medeiros,2005)

    Os nveis de resduos encontrados na 4 gua de lavagem de embalagens

    de produtos fitossanitrios esto dentro dos parmetros internacionalmente

    aceitos, sempre abaixo de 100 ppm. Portanto quando as embalagens de

    agrotxicos so processadas aps a realizao da trplice lavagem, procedimento

    padro, os riscos de contaminao tornam-se desprezveis e os benefcios com

    este processo so:

    A) Econmicos; devido ao uso total do conteudo da embalagem, uma vez que

    a calda resultante da lavagem despejada no tanque do pulverizador

    B) De segurana: pois reduz significativamente os riscos para a sade das

    pessoas;

    C) Ambientais: j que protege o meio ambiente dos riscos de

    contaminao, alm de incentivar e viabilizar a reciclagem do material;

    D) Normativos: pois permite classificar as embalagens como resduo no

    perigoso.

    O processo da trplice lavagem cositeste no cumprimento das seguintes

    etapas: (ANDEF, 2004)

    1) Esvaziar completamente a embalagem no tanque do pulverizador;

    2) Adicionar gua limpa na embalagem at do seu volume;

    3) Tampar a embalagem e agitar por 30 segundos;

    4) Despejar a calda resultante no tanque do pulverizador;

    5) Fazer a operao 3 vezes;

    6) Inutilizar a embalagem plstica ou metlica, perfurando o fundo.

    O processo de lavagem sob presso, que se trata de outro procedimento

    aceito no ponto de vista ambiental para o pr-tratamento das embalagens s pode

    ser realizado em pulverizadores com acessrios adaptados para essa finalidade.

    importante que a operao de trplice lavagem ou lavagem sob presso

    seja realizada na ocasio do preparo da calda, imediatamente aps o

    esvaziamento da embalagem, para evitar que o produto resseque no seu interior.

    (ANDEF, 2004)

  • 29

    2.6.2 Legislao

    A interveno governamental se da no sentido de regulamentar , promover,

    educar e incentivar melhorias no retorno de produtos ao ciclo produtivo. Segundo

    Leite (2008), o nvel de interveno ou omisso dos governos pode influir na

    organizao dos canais reversos.

    A legislao motivadora nesse caso tem carter ambiental. As legislaes

    ambientais relacionadas aos resduos slidos , normalmente so uma reao aos

    impactos que os excessos desse resduo provocam no meio ambiente. Os

    governos vm representando um importante papel no desenvolvimento de alguns

    canais de destribuio reversos, pois medidas de correo ao desequilbrio entre

    os fluxos diretos e reversos , pode trazer vantagens de custos para o prprio

    governo e tambm para a sociedade. (Leite, 2008)

    A influncia positiva da interveno e controle do governo, por meio da

    legislao exemplar no caso das embalagens de defensivos agrcolas, que

    desde 2002 j coberta por leis ambientais que vm se atualizando ao longo dos

    anos, agregando ganhos, sendo hoje incorporada ao PNGRS.

    Figura 5 Evoluo das leis a respeito do cuidado com as embalagens vazias de

    defensivos agrcolas

    A evoluo das leis a respeito dos cuidados com as embalagens vazias de

    Defensivos Agrcolas ilustrada na figura acima, pode ser descrita no seguinte

    histrico :

    Lei N 7.802 de Julho de 1989, e o Decreto N4.074 de Janeiro de 2002,

    que, dispe sobre a pesquisa, a experimentao, a produo, a

  • 30

    embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a

    comercializao, a propaganda comercial, a utilizao, a importao, a

    exportao, o destino final dos resduos e embalagens, o registro, a

    classificao, o controle, a inspeo e a fiscalizao de agrotxicos, seus

    componentes e afins, e d outras providncias, estabeleceram a

    responsabilidade compartilhada por usurios, fabricantes, empresas de

    comercializao e poder pblico para a destinao das embalagens vazias

    de agro-denfensivos;

    A Resoluo N 334 de 2003, disciplina, espcie, os requisitos e critrios

    tcnicos mnimos necessrios para o licenciamento ambiental, pelos

    rgos competentes, de unidades de recebimento de embalagens vazias

    de agrotxicos e afins;

    A Agncia Nacional de Transportes Terrestres, ANTT, na Resoluo N420

    regulamentou exigncias estepcficas e detalhadas aplicveis ao transporte

    terrestre de produtos perigosos, nos quais incluem as embalagens vazias

    de defensivos agrcolas, que passaram a ser adequadamente

    classificados, embalados, marcados, rotulados e sinalizados para cumprir

    com as condies de transporte exigidas por este Regulamento.

    A Lei N 12.305 de Agosto de 2010, institui a Poltica Nacional de Resduos

    Slidos, dispondo sobre seus princpios, objetivos e instrumentos, bem

    como sobre as diretrizes relativas gesto integrada e ao gerenciamento

    de resduos slidos, inclundo os perigosos, s responsabilidades dos

    geradores e do poder pblico e aos instrumentos econmicos aplicveis.

    Resumindo, a legislao que vem ordenando a destinao de embalagens

    vazias de defensivos agrcolas sempre trouxe o moderno conceito de

    responsabilidade compartilhada, hoje instituido na PNGRS, e foi essa iniciativa a

    grande responsvel pelo atual estatus ocupado pela cadeia dercrita no trabalho.

  • 31

    2.7 O INPEV

    O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev),

    com sede em So Paulo (SP), trata-se de uma organizao sem fins lucrativos,

    que foi criado pela indstria fabricante de defensivos agrcolas para realizar a

    gesto ps-consumo das embalagens vazias de seus produtos, dando a

    destinao final ambientalmente correta ao material. O Inpev cumpre com os

    requisitos estabelecidos pela Lei Federal n 9.974/2000 e pelo Decreto n

    4.074/2002, que se baseiam na responsabilidade compartilhada da destinao

    das embalagens vazias do setor entre os agentes que atuam na produo

    agrcola: agricultores, canais de distribuio e indstria, com o apoio do poder

    pblico. O Inpev surge para representar a indstria fabricante nesse processo e

    viabilizar uma forma eficiente do cumprimento das leis vigentes. (Inpev, 2011)

    Sua fundao data de 14 de dezembro de 2001, mas o instituto comeou a

    operar em maro de 2002, com sete entidades e 27 empresas associadas. Em

    seu primeiro ano de operao, 3.700 toneladas de embalagens vazias receberam

    destinao adequada, quantidade que, ao final de 2011, superava 34.000

    toneladas, um aumento de mais de 8 vezes de performance. (Inpev, 2011)

    Segundo o relatrio de sustentabilidade de 2011, notvel o progresso da

    organizao, que atualmente suporta toda a rede de logistica reversa das

    embalagens vazias. O aumento significativo no volume de embalagens

    recuperadas foi acompanhado por um crescimento na estrutura do sistema, que

    hoje, conta com 421 unidades de recebimento (307 postos e 114 centrais), em 25

    estados e no Distrito Federal, 89 empresas fabricantes de defensivos agrcolas,

    mais de 260 associaes de distribuidores e cooperativas em todo Brasil, 14

    parceiros recicladores e incineradores. importante tambm destacar na

    estrutura do Inpev a participao fundamental dos agricultores e do poder pblico

    nas esferas municipal, estadual e federal.

    O instituto funciona como um ncleo de inteligncia do sistema,

    promovendo, alm da integrao da cadeia, a gesto operacional da logstica

    reversa, coordenao de campanhas educativas, consolidao de informaes e

    divulgao de resultados para toda a sociedade.(Impev, 2011)

  • 32

    Desde 2002, foram investidos R$ 440 milhes no sistema de destinao de

    embalagens de defensivos agrcolas. Desse montante, cerca de 80% foram

    investidos pela indstria fabricante por meio do Inpev, sendo R$ 53,8 milhes s

    em 2010. Esses recursos so aplicados no financiamento de todas as atividades

    do instituto, desde a logstica e destinao das embalagens at a manuteno e

    construo das unidades de recebimento, financiando tambm as campanhas

    educativas e tecnologia da informao.(Impev 2010)

    O agricultor tambm colabora financeiramente no processo assumindo o

    custo de transportar as embalagens at as unidade de recebimento e os

    comerciantes (revendedores e cooperativas) arcam com as despesas da

    construo e administrao das unidades de recebimento. J o governo

    compartilha financiando as iniciativas de conscientizao e educao com os

    fabricantes e comerciantes.

    Como foi citado o instituto no possui auto-suficincia financeira,

    sustentado pelos agentes envolvidos no processo, mas uma de suas principais

    metas atingir essa sustentabilidade.

    A expanso do sistema, est sempre acompanhada ao crescimento da

    agricultura no pas. O trabalho de engajamento intenso de agentes na cadeia.

    permite a assimilao dessa tendncia, com resultados expressivos no Brasil.

    Desde 2002, atravs do Inpev, mais de 200 mil toneladas de embalagens

    vazias receberam destino correto, o que representa 94% do total de embalagens

    plsticas colocadas no mercado. Esse total no tem apenas um significado

    numrico, ele posiciona o programa brasileiro de logstica reversa de embalagens

    de defensivos agrcolas, como referncia mundial.

  • 33

    Tabela 2 Evoluo do volume de embalagens vazias de defensivos agrcolas destinadas

    desde 2002 (Inpev, 2011)

    Ano Volume destinado em toneladas

    2002 3.768

    2003 7.855

    2004 13.933

    2005 17.881

    2006 19.634

    2007 21.129

    2008 24.415

    2009 28.771

    2010 31.266

    2011 34.202

    2012 37.379

    total 2002-2012 240.233

  • 34

    3 METODOLOGIA

    O trabalho seguir como modelo acadmico de pesquisa o estudo de

    caso, considerado um tipo de anlise qualitativa. YIN (1989, p. 23) afirma que "o

    estudo de caso uma inquirio emprica que investiga um fenmeno

    contemporneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o

    fenmeno e o contexto no claramente evidente e onde mltiplas fontes de

    evidncia so utilizadas". Esta definio apresentada como uma "definio mais

    tcnica" por YIN (1989, p. 23).

    Existem seis formas de realizar coleta de dados para o estudo de caso,

    anlise documental, anlise de arquivos, entrevistas, observao direta,

    observao participante e artefatos fsicos. Para esse trabalho utilizou-se da

    anlise documental. (Yin,1989)

    A natureza das fontes o elemento diferenciador entre uma pesquisa

    bibliogrfica e uma pesquisa documental. A pesquisa bibliogrfica utiliza fontes

    secundrias ( quando j existem contribuies de diferentes autores analisando

    um tema), e a pesquisa documental utiliza-se de fontes primrias (materiais que

    ainda no receberam tratamento analtico). Na pesquisa documental, portanto, a

    anlise deve ser mais criteriosa, visto que os documentos no passaram por

    nenhum tratamento cientfico. ( S-SILVA, de ALMEIDA e GUINDANI, 2009)

    O presente trabalho, trata-se de um estudo de caso sobre a influncia que

    a efetiva aplicao da Poltica Nacional de Gerenciamento de Resduos Slidos

    no Brasil traz como contribuio positiva para as indstrias qumicas, no que se

    refere a rea de logstica reversa aplicada as embalagens de defensivos

    agrcolas.

    O objeto de estudo, foi centralizado nos Relatrios de Sustentabilidade de

    2011 de empresas do ramo Qumico Industrial produtoras de defensivos

    agrcolas. No entanto, verificou-se que tais empresas usam um sistema nico em

    forma de cooperativa para a efetiva realizao do processo de logstica reversa

    das embalagens de defensivos agrcolas, tornando-se ento, necessrio, tomar o

  • 35

    Relatrio de Sustentabilidade dessa empresa como objeto norteador para a

    realizao desse trabalho.

    O trabalho divide-se em quatro etapas principais:

    I. Reviso Bibliogrfica.

    II. Elaborao do quadro comparativo.

    III. Levantamento dos dados.

    IV. Anlise de dados

    3.1 PRIMEIRA ETAPA: REVISO BIBLIOGRFICA

    Nesta fase do projeto, a elaborao da pesquisa tem como finalidade a

    construo de uma base slida e crtica do tema tratado, e foi alicerada em

    fontes cientficas (livros e artigos) e em fontes no cientficas (relatrios, sites

    organizacionais e empresariais).

    Esse momento foi de grande relevncia para o direcionamento das

    anlises de dados em funo dos Objetivos descritos na Poltica Nacional de

    Gerenciamento de Resduos Slidos(PNGRS).

    3.2 SEGUNDA ETAPA: ELABORAO DO QUADRO COMPARATIVO

    Utilizando as informaes, anlises e estudos feitos na primeira etapa, seis

    dentre os objetivos da PNGRS foram selecionados, os quais esto diretamente

    relacionados ao processo de logstica reversa, especificamente aplicados a

    cadeia de embalagens de defensivos agrcolas, analisada neste trabalho.

    A partir dessa seleo foi elaborado um quadro comparativo a ser

    preenchido pela prpria autora atravs da anlise de dados coletados por

    pesquisa documental. A pesquisa documental, conforme Gil (2007), est

  • 36

    associada explorao das fontes documentais existentes, sejam elas fontes que

    receberam ou no, algum tipo de tratamento analtico

    3.3 TERCEIRA ETAPA: LEVANTAMENTO DOS DADOS

    Essa etapa foi baseada em estudo detalhado dos Relatrios de

    Sustentabilidade do Inpev somados a documentos e publicaes oficiais dos

    Ministrios do Meio Ambiente, da Agricultura e Pecuria e da Indstria, alm de

    estudos a respeito do tema.

    Em funo da concentrao de todo o processo de logstica reversa dos

    rejeitos estudados no Inpev, importante destacar a dificuldade de entender e

    criar cenrios comparativos entre empresas do ramo de defensivos agrcolas,

    impossibilitando a anlise individual das mesmas no que se refere ao

    desempenho e representatividade no volume nacional.

    Dessa forma a recente publicao da PNGRS, em 2010, ainda no pode

    resultar em materiais bibliogrficos conclusivos a respeito da influncia e efetiva

    aplicao da Lei.

    3.4 QUARTA ETAPA: ANLISE DOS DADOS

    Para essa etapa do trabalho houve a necessidade de captar diferentes

    percepes do processo logistico reverso em questo, para compreend-lo como

    um todo harmnico e integrado, onde o envolvimento de todos os agentes

    fundamental.

    Na medida que foram sendo levantados os dados e que o processo foi

    sendo compreendido, a anlise dos documentos sempre foi voltada para a

    comparao de dois contextos temporais, antes e depois da efetiva publicao da

    PNGRS.

  • 37

    4 INSTRUMENTO DE PESQUISA

    O Quadro comparativo foi desenvolvido para abranger o contexto do

    gerenciamento de resduos slidos no caso, embalagens vazias de defensivos

    agrcolas, e sua inter-relao com a logistica reversa da cadeia produtiva

    correspondente. Como ponto de partida para a elaborao do quadro foram

    analisados os objetivos da Poltica Nacional de Gerenciamento de Resduos

    Slidos Lei N 12.305, de 2 de Agosto de 2010.

    Para avaliar os cenrios de logstica reversa antes e depois da oficializao

    da PNGRS em 2010, dentre os quinze objetivos descritos na nova legislao,

    foram selecionados seis que melhor se aplicam proposta deste trabalho. Estes

    foram classificados como objetivos atingidos ou no nos dois contextos, sendo

    que, se no caso de objetivo atingido, apenas aps a efetivao do PNGRS, esse

    avano ser entendido como influncia benfica, resultante da nova poltica na

    cadeia logstica reversa de defensivos agrcolas.

  • 38

    Objetivos da Poltica Nacional de Resduos Slidos:

    I proteo da sade pblica e da qualidade ambiental;

    II no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem e tratamento dos resduos slidos, bem como disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos;

    III estmulo adoo de padres sustentveis de produo e consumo de bens e servios;

    IV adoo, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais;

    V reduo do volume e da periculosidade dos resduos perigosos;

    VI incentivo indstria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matrias-primas e insumos derivados de materiais reciclveis e reciclados;

    VII gesto integrada de resduos slidos;

    VIII articulao entre as diferentes esferas do poder pblico, e destas com o setor empresarial, com vistas cooperao tcnica e financeira para a gesto integrada de

    resduos slidos;

    IX capacitao tcnica continuada na rea de resduos slidos;

    X regularidade, continuidade, funcionalidade e universalizao da prestao dos servios pblicos de limpeza urbana e de manejo de resduos slidos, com adoo de mecanismos gerenciais e econmicos que assegurem a recuperao dos custos dos

    servios prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei n 11.445, de 2007;

    XI prioridade, nas aquisies e contrataes governamentais, para: a) produtos reciclados e reciclveis;

    b) bens, servios e obras que considerem critrios compatveis com padres de consumo social e ambientalmente sustentveis;

    XII integrao dos catadores de materiais reutilizveis e reciclveis nas aes que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

    XIII estmulo implementao da avaliao do ciclo de vida do produto;

    XIV incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gesto ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos

    resduos slidos, includos a recuperao e o aproveitamento energtico;

    XV estmulo rotulagem ambiental e ao consumo sustentvel.

    Quadro 1 Objetivos da Poltica Nacional de Gerenciamento de Resduos Slidos

    Os objetivos que sero detalhados aqui so:

    1) proteo da sade pblica e da qualidade ambiental;

    2) no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem e tratamento dos

    resduos slidos, bem como disposio final ambientalmente adequada

    dos rejeitos;

  • 39

    3) adoo, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas

    como forma de minimizar impactos ambientais;

    4) incentivo indstria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de

    matrias-primas e insumos derivados de materiais reciclveis e reciclados;

    5) gesto integrada de resduos slidos;

    6) incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gesto ambiental e

    empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao

    reaproveitamento dos resduos slidos, includos a recuperao e o

    aproveitamento energtico;

    Para fazer a anlise comparativa das informaes encontradas, utilizou-se

    um quadro esquemtico. Na estruturao do quadro manteve-se a organizao

    dos objetivos de acordo com o que foi proposto anteriormente

    Quadro 2 Quadro comparativo com os objetivos selecionados pela autora

    .

  • 40

    5 RESULTADOS E DISCUSSES

    5.1 Preenchimento do Quadro Comparativo

    Com o intuito de facilitar a visualizao e compreenso, das informaes

    encontradas pertinentes s questes desse estudo, foi preenchido um Quadro

    Comparativo com os contextos estudadas: Antes do PNGRS e Depois do

    PGNRS.

    O preenchimento do quadro baseou-se na existncia ou no de mudama

    expressiva do cumprimento ou no dos objetivos detalhados nesse trabalho.

    Para isso, a seguinte legenda auxilia no entendimento do quadro

    comparativo:

    S: Objetivo atingido no contexto

    N: Objetivo no atingido no contexto

    P: Objetivo parcialmente atingido no contexto

    Objetivos da Poltica Nacional de Resduos Slidos: Cenrio antes do PGNRS Cenrio depois do PGNRS

    I proteo da sade pblica e da qualidade ambiental; S S

    II no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem e tratamento dos resduos slidos,

    bem como disposio final ambientalmente adequada dos rejeitos;P P

    III adoo, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma

    de minimizar impactos ambientais;P P

    IV incentivo indstria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matrias-

    primas e insumos derivados de materiais reciclveis e reciclados;S S

    V gesto integrada de resduos slidos; S S

    VI incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gesto ambiental e empresarial

    voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos

    resduos slidos, includos a recuperao e o aproveitamento energtico;

    S S

    Quadro 3 Quadro comparativo Respondido

  • 41

    5.2 Anlise comparativa discursiva

    Durante a anlise dos Relatrios de Sustentabilidade, pesquisas em sites

    de gerenciamento ambiental, logstica reversa em paralelo ao preenchimento do

    quadro comparativo, foram feitas anotaes para fundamentar com fatos se os

    objetivos estudados eram ou no atingidos nos distintos cenrios.

    Nessa seo, sero detalhados os objetivos do PNGRS selecionados pela

    autora, e as respectivas informaes encontradas que do suporte ao Quadro

    Comparativo, permitindo a anlise de possveis inter-relaes.

    5.2.1 Objetivo de proteger a sade pblica e a qualidade ambiental

    H muitos anos os defensivos agrcolas so utilizados para combater

    pragas e doenas em plantaes e pastagens no Brasil, pas que ocupa a

    posio de 2 maior mercado desses produtos no mundo (Kissman, 2009). Os

    impactos ambientais que esse cumulativo de dcadas sem cuidados especiais

    para com o uso e manejo dos resduos so complexos de se mensurar.

    Os defensivos agrcolas poluem o ambiente direta e indiretamente, sendo

    pela efetiva aplicao dos produtos qumicos no ambiente, ou por todos os tipos

    de resduos gerados durante o processo de produo, aplicao e descarte de

    embalagens, respectivamente.

    A contaminao pode ser sentida no ar, gua e solo. Para Gomes et all

    (2004), o destino dos agrotxicos no meio ambiente governado por processos

    de reteno (soro, absoro), de transformao (degradao qumica e

    biolgica) e de transporte (deriva volatizao, lixiviao e carregamento

    superficial), e por interao desses processos.

    Em relao apenas as embalagens vazias de defensivos agrcolas,

    anteriormente a qualquer legislao, o que se observava era que essas

    embalagens eram atiradas em rios, queimadas a cu aberto, abandonadas na

  • 42

    lavoura, ou enterradas sem qualquer cuidado, contaminando solo, ar e lenis

    freticos.

    A partir de 2002, com o Decreto N 4.074, o Brasil criou uma

    regulamentao legal para lidar com essa problemtica, que entre outras

    exigncias definiram-se as responsabilidades de cada elo da cadeia de produo

    e abastecimento de defensivos agrcolas, nesse cenrio, para atender com as

    necessidades legais, surgiu a necessidade da criao de uma empresa para

    gerenciar a logstica reversa das embalagens vazias de defensivos agrcolas o

    Inpev.

    Desde ento essa empresa tem dado apoio operacional e logstico de

    forma eficiente no recolhimento e processamento de embalagens vazias de

    defensivos agrcolas promovendo proteo ao meio ambiente e sade humana

    5.2.2 Objetivo de no gerao, reduo, reutilizao, reciclagem e

    tratamento dos resduos slidos, bem como disposio final

    ambientalmente adequada dos rejeitos

    O crescimento do agronegcio no pas acompanha um aumento inevitvel

    no consumo de agro-denfensvos e sua respectiva gerao de resduos

    (embalagens), desta forma o caminho ambientalmente correto nesse cenrio a

    reciclagem e tratamento dos resduos.

    A reciclagem exige etapas de coleta, seleo e preparao, reciclagem

    industrial e reintegrao ao ciclo produtivo. (CML, 1993, p. 3 ).Todo esse

    processo operacionalizado pelo Impev.

    Para que possam ser encaminhadas para reciclagem, as embalagens

    precisam ser lavadas corretamente (trplice lavagem) no momento de uso do

    produto no campo. Das embalagens vazias recuperadas apenas 95% so

    passveis de reciclagem. So incineradas as embalagens no lavveis (cerca de

    5% do total) e as embalagens que no foram trplice-lavadas pelos

    agricultores.(Inpev 2013)

  • 43

    Todas as empresas recicladoras que participam desse ciclo, so

    credenciadas para atuar no processo de reciclagem das embalagens vazias, para

    tanto cumprem com as devidas normas ambientais e exigncias legais vigentes.

    Atualmente so nove empresas estrategicamente localizadas em 5 estados,

    ilustradas na figura abaixo.

    Figura 6 - Localizao estratgica das empresas recicladoras parceiras do Inpev (Inpev,

    2010)

    Com As embalagens em questo so constitudas de quatro materiais

    distintos, Pead Mono (Polietileno de Alta densidade), Coex (Poliamida Polietileno),

    PET (Treftalato de Etileno ) e Embalagem Metlica (balde metlico de folha de

    ao). Todos retornam ao ciclo produtivo como matria-prima para para produo

    de artefatos como: barrica de papelo, tubo para esgoto, cruzeta de poste de

    transmisso de energia, embalagem para leo lubrificante, caixa de bateria

    automotiva, condute corrugado, barrica plstica para incinerao, duto corrugado,

    tampas para embalagens de defensivos agrcolas e a prpria embalagem para

    agrotxicos, entre outros.

    O nico exemplo de efetivo fechamento do ciclo de vida da embalagem

    dentro do prprio setor agropecurio, a fabricao voltada para o envase do

    prprio defensivo agrcola, executada pela Ecoplstica Triex.

  • 44

    Somente so produzidos a partir do material reciclvel, resultante da

    recuperao das embalagens vazias, produtos orientados e aprovados pelo

    Inpev, que tem prioridade por artefatos para uso industrial.(Inpev,2013)

    Um montante expressivo do material reciclado 92%, transformado em

    novos produtos, e o restante incinerado, Inpev (2011). Como j citado, temos

    ambalagens no lavveis, pois no utilizam gua como veculo de pulverizao

    (sacos plsticos, embalagens de produtos para tratamento de sementes, etc.) e

    embalagens que no foram corretamente lavadas , trplice lavagem e lavagem

    sob presso. Esses casos somam os 8% de que so destinadas incinerao.

    A cadeia logstica do Impev opera com cerca de cinco incineradoras, entre

    elas, algumas empresas produtoras de defensivos agrcolas como a Basf em

    Guaratinguet (SP) e a Clariant em Suzano(SP). Em 2012, 2,779 toneladas de

    embalagens foram incineradas, 8% do total recolhido no ano. (Inpev, Dezembro

    2012)

    A incinerao como disposio final de um produto, gera discusses a

    respeito da posio ambiental do processo. Para Leite(2008), se um processo de

    destinao final for feito de forma a no criar impacto algum ao meio ambiente,

    ele considerado um modelo de destinao final seguro.

    Todavia, essa uma afirmao complexa de ser feita no presente caso.

    Trata-se de um procedimento perigoso que se baseia na remoo dos poluentes

    gerados pela queima no ar e sua concentrao em cinzas soltas, criando um fluxo

    de resduos slidos que precisam de tratamento adequado. Ou seja, h uma

    transferncia do problema. (TANGRI, 2003)

    Aqui, percebe-se, uma importante questo para medir a eficincia da

    PNGRS a respeito do cumprimento de seus objetivos, que deve ser visto como

    um tema importantssimo de futuros estudos para promover o desenvolvimento

    de melhorias do sistema, inclusive para criar novos mtodos de lavagem correta

    das embalagens, e tambm sobre investimentos em inovaes, para a criao de

    novas embalagens, levando ao desuso gradativo de embalagens do tipo no

    lavvel.

    Nesse tpico, a autora atravs de intensa descrio dos procedimentos de

    reciclagem e tratamento dos resduos, foi capaz de responder por mais dois

    outros objetivos destacados no Quadro Comparativo. So eles: O Objetivo de

  • 45

    adoo; desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de

    minimizar os impactos ambientais; e o Objetivo de incentivo a indstria de

    reciclagem, tendo em vista, fomentar o uso de matrias-primas e insumos

    derivados de materiais reciclveis ou reciclados.

    Diante dos trs objetivos acima analisados, a autora considera relevante o

    esclarecimento que, dentre eles dois, esto classificados como Parcialmente,

    atingidos isso devido a existncia de muitos questionamentos e poucas

    explicaes tcnicas e cientficas respeito do processo de incinerao de

    embalagens de defensivos agrcolas.

    Segundo o Greenpeace(2009), o processo de incinerao, alm de ser

    complexo e caro, no 100% eficaz, podendo ser altamente poluente,

    considerando que os metais pesados no so destruidos durante a incinerao,

    sendo liberados para o ambiente em concentraes mais perigosas do que no lixo

    original, somado ainda a possibilidade de gerao de novas substncias

    qumicas durante o procedimento.

    Mesmo sob a vigente legislao, segundo as informaes levantadas, a

    verificao das emisses de incinerao, feitas de forma irregular e imperfeita.

    5.2.3 Objetivo de gesto integrada de resduos slidos.

    O art. 3, XI, da Lei N 12.305, define a gesto integrada como um conjunto

    de aes que tem o objetivo de buscar alternativas para os Resduos Slidos

    considerando as dimenses poltica, econmica, ambiental, cultural e social sob a

    tica da sustentabilidade e do controle social.

    Para as embalagens de defensivos agrcolas, constata-se que a legislao

    e as aes que gerem o setor so eficazes, abrangendo a gesto da coleta,

    transporte, armazenamento e destinao ambiental correta das embalagens

    vazias de defensivos agrcolas. O carter inovador dessa legislao, aplicada

    desde 2002 at hoje, considerando a PNGRS, deve-se fundamentalmente a

    diviso de responsabilidades para com todos os agentes envolvidos, (fabricantes,

    revendedores, agricultores e poder pblico), no ciclo de vida das embalagens.

  • 46

    Pode-se desta maneira, garantir que o gerenciamento de resduos slidos

    de embalagens vazias de agro-defensivos um exemplo de gesto integrada,

    tendo no Inpev a centralizao de todo o processo, como explica Joo Cesar

    Rando, presidente-diretor do Inpev um esforo conjunto. Conseguimos colocar

    toda a cadeia produtiva no Inpev. Todos os elos esto unidos para resolver um

    problema comum. (Braz, 2012)

    5.2.4 Objetivo de incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gesto

    ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos

    produtivos e ao reaproveitamento dos resduos slidos, includos a

    recuperao e o aproveitamento energtico

    Os ganhos ambientais devido ao recolhimento das embalagens vazias de

    defensivos agrcolas, durante esses dez anos de funcionamento do Inpev, e sua

    correta destinao, so expressivos. A atuao do sistema evitou a gerao de

    resduos equivalente ao total gerado por uma cidade de cerca de 500 mil

    habitantes em trs anos. (Inpev 2011)

    Em um estudo de ecoeficinca realizado pela empresa, considerando os

    resultados do sistema de 2002 a 2011, nota-se com facilidade como o programa

    contribuiu positivamente para a reduo dos impactos ambientais no pas. Os

    resultados so comparados a um cenrio sem a existncia do programa de

    logstica reversa. Fazem parte do levantamento seis aspectos de impacto:

    - consumo de energia,

    - emisses de gases de efeito estufa,

    - potencial de toxicidade, doenas e acidentes ocupacionais,

    - consumo de recursos naturais e uso da terra.

    Na anlise realizada, os aspectos ambientais e econmicos tm o mesmo

    peso.(Inpev, 2011)

    O estudo pode mostrar que o sistema no perodo de uma dcada trouxe

    resultados impressionantes de economia de energia e gua, de reduo da

  • 47

    emisso de gases e do consumo de petrleo e gs natural, entre outros exemplos

    destacados na figura abaixo.

    Figura 7 Impactos positivos da logstica reversa de embalagens vazias de defensvos

    agrcolas (Inpev, 2011)

  • 48

    6 CONCLUSES

    Com esse trabalho podemos concluir que a oficializao em Agosto de

    2010 da Poltica Nacional de Gerenciamento de Resduos Slidos, no trouxe

    mudanas ou melhorias significativas para a cadeia reversa de embalagens

    vazias de defensivos agrcolas. Principalmente, devido ao fato desses resduos

    em especfico, j operarem sob fortes leis de gerenciamento desde 2002, e de

    possurem uma estrutura de logstica reversa muito robusta, liderada e organizada

    pelo Inpev.

    Muitos dos objetivos descritos na PNGRS, j foram alcanados pela ao

    da legislao vigente para as embalagens de agro-denfensivos, como a autora

    pde detalhar. A cadeia estudada, vem, investindo, desde 2002 em reciclagem,

    em inovaes, em tecnologias limpas; funciona baseada na gesto integrada, e

    na responsabilidade compartilhada, dissemina e cobra dos agentes envolvidos, a

    maneira correta e legal de destinao dos resduos.

    Entretanto, sempre existem formas de melhorar e alcanar nveis de

    excelncia cada vez mais surpreendentes. A autora pde notar vrios pontos de

    oportunidade na cadeia, de forma a fazer com que o fluxo atenda completamente

    aos objetivos da nova Poltica de Gerenciamento de Resduos Slidos, como:

    A reduo do uso da incinerao como etapa final do proceso de gesto do

    resduo, atravs do incentivo inovao de embalagens no lavveis, com

    o intuito da eliminao das mesmas e o aumento na conscientizao do

    agricultor para a correta lavagem das embalagens,

    Aumento da abrangncia e do volume de embalagens coletadas.

    Considerando as dimenses continentais do Brasil, necessrio investir na

    criao de novos pontos de recebimento das embalagens de forma a

    homogeneizar a estrutura em toda as regies do pas, facilitando e/ou

    viabilizando a devoluo dos resduos pelos agricultores.

  • 49

    Atravs dos estudos de aprofundamento para a concluso do presente

    trabalho, e atentando ao caso especfico das embalagens de defensivos

    agrcolas, a autora foi capaz de demonstrar como a logstica reversa, hoje uma

    ferramenta que pode contribuir para o desenvolvimento econmico sustentvel.

    Na questo ambiental, o fluxo reverso do produto, evita o consumo de

    matrias-primas virgens e diminui os riscos de contaminao ambiental.

    Do ponto de vista social, a atividade de logstica reversa pode gerar novos

    empregos, ao criar canais de distribuio reversos, e ainda, promove a

    conscientizao ecolgica da populao diretamente envolvida no processo.

    Economicamente, possibilita a gerao de riqueza atravs da reciclagem e

    comercializao desses novos produtos. Culturalmente, cria-se uma

    responsabilidade individual pelo resduo gerado, proporcionando um cuidado

    maior pelo usurio. Os ganhos so compartilhados entre todos os universos

    envolvidos, e a rea crucial para o desenvolvimento de cadeias de

    gerencimento de resduos.

    Todavia, o maior benefcio que devemos esperar da cadeia logstica

    reversa estudada neste trabalho, a de disseminar seu aprendizado operacional

    de dez anos de funcionamento, mostrando-se como exemplo para aplicao em

    outras reas. O que j visto em algumas empresas que participam do Inpev, e

    que esto trazendo essa viso de responsabilidade, para outros segmentos em

    que atuam.

    Um exemplo a Empresa Dow, que alm de ter 100% das embalagens

    utilizadas pela Dow AgroSciences recicladas,mais duas das unidades da Dow

    Qumica,( Jundia - e Franco da Rocha -), tamm reciclam 100% de embalagens

    de outros produtos qumicos. A empresa tem como objetivo ampliar a iniciativa

    para suas outras sete unidades.(DOW, 2012)

    Esse projeto apresentou alguns aspectos crticos no processo de pesquisa,

    tais como: a ausncia de dados dos rgos governamentais sobre o recolhimento

    e destinao final das embalagens vazias de defensivos agrcolas; falta de

    divulgao atualizada sobre o mercado de embalagens de agrotxicos; omisso

    por parte das empresas fabricantes em reconhecer formalmente alguns

    procedimentos operacionais; a obteno, anlise e divulgao dos dados feitos

  • 50

    somente pelo Inpev, que impossibilitou a comparao do desempenho entre

    empresas do ramo; e ainda, a aprovao e divulgao recente da PNGRS.

  • 51

    REFERNCIAS

    ABNT. Associao Brasileira de Normas Tcnicas. NBR 10.004. Disponvel em: . Acesso: 06/abr/2012. AGAPITO, Naraiana. Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade Estudos Realizados - GELOG-UFSC (2007) GRUPO DE ESTUDOS,LOGSTICOS, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Disponvel em Acesso em: 17/abr/2012. ANDEF, Manual de tecnologia de aplicao - associao Nacional de Defesa Vegetal. -- Campinas. So Paulo: Linea Creativa, 2004. BALLOU, Ronald H. Logstica Empresarial: transportes, administrao de materiais e distribuio fsica / traduo Hugo T.Y.Yoshizaki. So Paulo: Editor Atlas, 1993 BRASIL, Fundao Nacional de Sade. Resduos slidos e a sade da comunidade.Fundao Nacional de Sade - Braslia: Funasa, 2009. Disponvel em: . Acesso em: 20/abr/2012. BRASIL. Ministrio do Meio Ambiente. Por dentro do Brasil, Meio Ambiente 2013, Braslia, 2010. Disponvel em: . Acesso em: 18/jul/2012 BRASIL, GESTO INTEGRADA DE RESDUOS SLIDOS, Manual de Gerenciamento Integrado de resduos slidos / Jos Henrique Penido Monteiro... [et al.]; coordenao tcnica Victor Zular Zveibil. Rio de Janeiro: IBAM, 2001 BRASIL. Portal do Governo Federal. Presidncia da Repblica Federativa do Brasil, 2011b. Disponvel em: . Acesso em: 17/abr/2012

  • 52

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