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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL CAMILA PANDOLFI BUFON AS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA EM GESTÃO DE IMAGEM: Estudo de caso do Detran-ES Vitória, 2011

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As Estratégias de Comunicação Multimídia em Gestão de Imagem: Estudo de Caso do Detran-ES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE ARTES

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

CAMILA PANDOLFI BUFON

AS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA EM

GESTÃO DE IMAGEM:

Estudo de caso do Detran-ES

Vitória, 2011

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CAMILA PANDOLFI BUFON

AS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA EM

GESTÃO DE IMAGEM:

Estudo de caso do Detran-ES

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Comunicação Social do Centro de Artes

da Universidade Federal do Espírito

Santo, como requisito parcial para

obtenção do grau de Bacharel em

Comunicação Social – Publicidade e

Propaganda.

Orientador: Professor Doutor José

Antônio Martinuzzo.

Vitória, 2011

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CAMILA PANDOLFI BUFON

AS ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA EM GESTÃO DE IMAGEM:

Estudo de caso do Detran-ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Comunicação

Social do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito

parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social – Publicidade e

Propaganda.

Aprovado em 04 de julho de 2011.

Banca examinadora:

JOSÉ ANTÔNIO MARTINUZZO (orientador)

Professor Doutor

Universidade Federal do Espírito Santo

RENATA REZENDE

Professora Doutora

Universidade Federal do Espírito Santo

MARGÔ DEVOS

Gerente Geral de Marketing e Comunicação Institucional - BANESTES

Mestre em História das Relações Políticas

Conceito Final:

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, pelo incentivo de sempre e por abdicarem às vezes de suas vidas em favor da minha felicidade e da minha graduação.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar à Deus, guia da minha vida. Agradeço também à minha família, em especial meus pais, que me apoiaram em todos os momentos. Meu muito obrigada ainda aos meus amigos e ao meu namorado Klinger, que me conheceu em meio à falta de tempo gerada por seu TCC, e agora soube me dar força para que eu pudesse concluir o meu. Um agradecimento especial também vai ao meu orientador. Lembro-me como se fosse hoje de Martinuzzo folheando seu caderno de anotações contando os orientandos para me incluir nessa lista, dedicando o seu escasso tempo aos meus textos e dúvidas. Mais que um orientador, agradeço à Martinuzzo por seu meu exemplo de empenho e competência profissional. Por fim, agradeço ainda à Margô Devos, que me forneceu todo o material do Detran-ES utilizado como fonte de informação. Sem ela não seria possível concluir este trabalho.

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RESUMO

O trabalho de conclusão de curso visa estudar os processos de comunicação das

organizações no contexto da comunicação em rede para manutenção de sua

imagem, tomando como estudo o Detran-ES. Para isso, é preciso entender o

conceito de comunicação em rede, juntamente com o conceito de sociedade

midiatizada. Será feito um panorama sobre o surgimento e o funcionamento da

sociedade midiatizada, que vive sob o âmbito da comunicação em rede. Esta, por

sua vez, representa a reverberação de conteúdos pelas mais diversas mídias de

forma constante, com um assunto pautando vários meios de comunicação (dentre

mídias off e on-line) ao mesmo tempo. A discussão, assim, deverá ir além, chegando

à comunicação nas chamadas redes sociais. Tais ferramentas dispõem de artifícios

que podem ser utilizados pelas organizações para comunicarem-se com seus

públicos. Para chegar-se às devidas conclusões de alcance do público-alvo e

compreensão das estratégias multimidiáticas utilizadas para manutenção e gestão

de imagem de uma organização de acordo com os conceitos estudados, ao final

serão descritas algumas campanhas da instituição, em especial a intitulada “Ligado

no Trânsito”, cuja principal estratégia foi o uso das redes sociais.

Palavras-chave: Sociedade Midiatizada - Detran, Comunicação em Rede -

Comunicação nas Mídias Sociais – Trânsito.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição mundial do acesso à Internet........................................... 29

Figura 2 - Esquema da Comunicação Integrada.................................................. 34

Figura 3 - Infográfico sobre os números do Orkut no Brasil................................. 57

Figura 4 - Nova logomarca Detran-ES................................................................. 99

Figura 5 - Selo para agentes credenciados ao Detran-ES.................................. 100

Figura 6 - Logomarca Campanha Amigo Caminhoneiro...................................... 102

Figura 7 - Cartaz Campanha Amigo Caminhoneiro.............................................. 103

Figuras 8 e 9 - Folheto Campanha Amigo Caminhoneiro.................................... 104

Figuras 10 e 11 - Folheto Campanha Amigo Caminhoneiro para as empresas.. 105

Figura 12 - Logomarca Campanha Ligado no Trânsito........................................ 113

Figura 13 - Canal do YouTube do Ligado no Trânsito......................................... 114

Figura 14 - Discussão em Comunidade do Orkut................................................ 115

Figura 15 - Posts no Twitter com a menção @ligadotransito .............................. 116

Figura 16 - Logomarca Projeto Vida Urgente....................................................... 117

Figuras 17, 18, 19 e 20 - Peças publicitárias Projeto Vida Urgente..................... 118

Figuras 21, 22 - Peças publicitárias Projeto Vida Urgente................................... 119

Figura 23 - Peça publicitária Projeto Vida Urgente............................................... 120

Figura 24 - Logomarca Campanha Transporte Escolar........................................ 121

Figura 25 - Logomarca Campanha Praia Viva...................................................... 122

Figura 26 - Logomarca Campanha Nunca Dê Mole: Se Beber Não Dirija............ 123

Figura 27 - Logomarca Campanha Faixa de Pedestre......................................... 124

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Figura 28 - Logomarca Campanha Madrugada Viva............................................ 125

Figura 29 - Logomarca Campanha Motociclista................................................... 126

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Enquanto usa a internet, com que freqüência... ............................... 29

Tabela 2 - Enquanto vê televisão costuma... ..................................................... 30

Tabela 3 - As infrações mais cometidas no Espírito Santo.................................. 78

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Natureza das infrações....................................................................... 78

Gráfico 2 - Número de vítimas de acidentes de trânsito segundo os meses do

ano........................................................................................................................ 79

Gráficos 3 e 4 - Números de acidentes de trânsito com e sem vítimas, e distribuição

de acidentes com vítimas segundo o período....................................................... 79

Gráficos 5 e 6 - Números de acidentes de trânsito com vítimas segundo a área e

segundo na natureza............................................................................................ 80

Gráfico 7 - Números de acidentes de trânsito com vítimas segundo os dias da

semana................................................................................................................... 81

Gráfico 8 - Números de acidentes de trânsito com vítimas segundo a faixa

horária................................................................................................................... 81

Gráficos 9 e 10 - Números de vítimas de acidentes de trânsito, e número de vítimas

parciais por sexo................................................................................................... 81

Gráfico 11 - Número de vítimas parciais por faixa etária...................................... 82

Gráfico 12 - Número de vítimas parciais segundo o tipo...................................... 82

Gráfico 13 - Número de vítimas fatais por sexo................................................... 83

Gráfico 14 - Número de vítimas fatais por faixa etária......................................... 83

Gráfico 15 - Número de vítimas fatais segundo o tipo......................................... 84

Gráficos 16 e 17 - Número de condutores envolvidos em acidentes com vítimas por

sexo, e número de condutores envolvidos em acidentes com vítimas segundo a

categoria............................................................................................................... 84

Gráfico 18 - Número de condutores envolvidos em acidentes com vítimas segundo a

faixa etária............................................................................................................ 85

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Gráfico 19 - Número de condutores envolvidos em acidentes com vítimas por tempo

de habilitação........................................................................................................ 85

Gráfico 20 - Número de condutores envolvidos em acidentes com vítimas por

espécie.................................................................................................................. 86

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................... 15

1 SOCIEDADE MIDIATIZADA E COMUNICAÇÃO EM REDE........................... 19

1.1 SOCIEDADE MIDIATIZADA.......................................................................... 19

1.2 COMUNICAÇÃO EM REDE.......................................................................... 26

1.3 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL.......................................................... 31

2 A COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES.................................................... 38

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS......................................................................... 38

2.2 JORNALISMO INSTITUCIONAL.................................................................... 39

2.2.1 Assessoria de Imprensa.............................................................................. 40

2.2.2. Release…………………………………………………………………………. 42

2.2.3 Clipping………………………………………………………………………….. 43

2.3 PUBLICIDADE INSTITUCIONAL……………………………………………….. 44

2.3.1 Marketing………………………………………………………………………… 45

2.3.2 Merchandising.............................................................................................. 47

2.3.3 Promoção de Vendas.................................................................................. 49

2.3.4 Propaganda................................................................................................. 50

2.4 EVENTOS...................................................................................................... 51

2.5 OS USOS DA COMUNICAÇÃO DIGITAL NAS ORGANIZAÇÕES............... 53

2.5.1 Mídias Sociais, Geração Digital e Marketing de Guerrilha na Web............ 54

2.5.2 Orkut........................................................................................................... 56

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2.5.3 Facebook..................................................................................................... 61

2.5.4 Twitter.......................................................................................................... 65

2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 69

3 DETRAN E SEU DESAFIO DE COMUNICAÇÃO............................................ 72

3.1 O DETRAN-ES............................................................................................... 72

3.2 RESPONSABILIDADES DA INSTITUIÇÃO................................................... 73

3.3 PROBLEMAS ENFRENTADOS PELO DETRAN-ES.................................... 75

3.4 A COMUNICAÇÃO DO DETRAN-ES............................................................ 86

4 ESTRATÉGIA.................................................................................................... 93

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS......................................................................... 93

4.2 MUDANÇA DE LOGOMARCA....................................................................... 98

4.3 COMUNICAÇÃO INTERNA............................................................................ 100

4.4 CASE: AMIGO CAMINHONEIRO................................................................... 101

4.5 CASE: SEMANA NACIONAL DE TRÂNSITO................................................ 108

4.6 CASE: LIGADO NO TRÂNSITO..................................................................... 109

4.7 CASE: VIDA URGENTE................................................................................. 116

4.8 OUTRAS CAMPANHAS: TRANSPORTE ESCOLAR, PRAIA VIVA, NUNCA DÊ

MOLE: SE BEBER NÃO DIRIJA, FAIXA DE PEDESTRE, MADRUGA VIVA,

MOTOCICLISTA.................................................................................................... 120

4.9 CONCEITOS E PRÁTICAS............................................................................. 127

4.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 128

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CONCLUSÃO........................................................................................................ 130

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 134

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15

INTRODUÇÃO

O presente trabalho dedica-se a um estudo de caso da campanha para educação e

mobilização de motoristas no trânsito, realizada pelo Departamento Estadual de

Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES) desde 2009 até os dias atuais. Analisando

algumas de suas campanhas, especialmente a mais recente, intitulada “Ligado no

Trânsito”, buscou-se entender um desafio contemporâneo enfrentado por instituições

de todas as naturezas, como mostra o título desta pesquisa: “As Estratégias de

Comunicação Multimídia em Gestão de Imagem”.

Assim como defende Kotler, a imagem das organizações, transmitida através dos

mais diversos meios de comunicação, deve ser muito bem posicionada. Segundo o

autor, “imagem é a maneira que o público percebe a empresa”, e

Desenvolver uma imagem forte exige criatividade e muito trabalho. Ela não pode ser implantada na mente do público da noite para o dia nem difundida apenas por um veículo de mídia. A imagem deve ser conduzida através de todos os veículos de comunicação disponíveis e disseminada continuamente (KOTLER, 1931, p. 268).

Ciente dessa necessidade, o Detran-ES, instituto com papel de zelar pela educação

e prevenção de acidentes no trânsito, executa a campanha educativa, cujo público-

alvo principal são os jovens capixabas. Parte dos princípios ditados na resolução

166 do CONTRAN (Código Nacional de Trânsito), que dizem ser papel do Estado

assumir a liderança de um grande e organizado esforço nacional em favor de um

trânsito seguro, mobilizando, coordenando e catalisando as forças de toda a

sociedade, através da educação para o trânsito.

Conforme se observa por meio de pesquisas solicitadas pelo instituto supracitado, a

escolha do público-alvo se deu pelo fato de serem os jovens os responsáveis pelo

maior número de acidentes de trânsito com vítimas, principalmente em virtude de os

condutores dos veículos estarem alcoolizados e/ou dirigindo em alta velocidade.

Assim, a campanha e suas respectivas ações são iniciadas em março de 2009.

Houve também o trabalho do Detran-ES para descobrir quais as mídias de maior

adesão do público jovem na atualidade, constatando-se a necessidade de levar a

campanha para o meio on-line, mais precisamente para as redes sociais.

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Procurar-se-á entender, então, como uma organização/instituição alia diferentes

estratégias de ações em meios on-line e off-line, a fim de atingir seu público.

Avaliando-se posteriormente os resultados da campanha, será possível concluir os

efeitos gerados sobre o público-alvo e a melhoria e/ou manutenção da imagem do

Detran-ES perante a sociedade em geral.

Levando-se em consideração o ambiente de execução da campanha – a região da

Grande Vitória – nota-se que o instituto Detran-ES, juntamente com os responsáveis

pela criação e execução da campanha, buscando atingir seu principal público-alvo

(os jovens), realizaram ações em locais extremamente estratégicos, como points de

encontro e boates da região, além das já citadas redes sociais.

Pode-se afirmar de antemão que esse foi certamente um diferencial para a

campanha, que contribuiu em grande parte para o alcance dos resultados. Não se

deve deixar de lembrar também os demais públicos que o Detran-ES pretendeu

alcançar ao longo da campanha - os motoristas e pedestres locais - que também

foram atingidos através do conjunto de ações realizadas num composto de mídias e

intervenções.

No que diz respeito à metodologia utilizada neste trabalho, esta se constitui de

várias etapas. Em primeiro momento foi preciso entrar em contato com pessoas-

chave responsáveis pela realização da campanha, representadas por Margô Devos,

então Assessora de Comunicação do Detran-ES e idealizadora da campanha na

época de seu planejamento e implementação; Gilber Machado, responsável da

Agência E-brand, idealizadora da campanha nas redes sociais, e Anna Karla

Lerbach, recém-formada em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade

Federal do Espírito Santo, representando uma das executoras e mantenedoras da

campanha nas redes sociais. Houve entrevistas, recolhimento e análise de material

sobre a campanha, seu contexto e resultados.

Em seguida, foi a vez da busca por referências teóricas ligadas ao tema a ser

abordado. Assim, o trabalho se deu em bibliotecas, livrarias e em pesquisas na

internet. Os resultados aqui demonstrados são fruto de uma análise constante das

mídias sociais da campanha e da adesão e apoio das pessoas a essas mídias, de

estudos de dados comparativos, além de conversas com os profissionais envolvidos.

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17

O trabalho se organiza em quatro partes, de acordo com o problema colocado. Pelo

fato de a campanha do Detran-ES se tratar essencialmente de uma campanha

multimidiática, faz-se necessário conhecer e compreender o funcionamento e o

contexto da sociedade midiatizada e da comunicação em rede, conceitos que

perfazem o primeiro capítulo deste trabalho. Para tanto, serão utilizados conceitos

dos livros organizados por Denis de Moraes, intitulados “Mutações do Visível” e

“Sociedade Midiatizada”, além de textos de autoria de nomes como Muniz Sodré,

Douglas Kellner e Gustavo Cardoso, com a obra intitulada “A Mídia na Sociedade

em Rede”. A questão do valor e da importância da imagem na atual sociedade

também será abordada nesta parte inicial.

Preparado o terreno a partir dos conceitos de sociedade midiatizada e comunicação

em rede, parte-se para o segundo – e não menos importante – capítulo para

compreensão do estudo de caso em questão. Tal capítulo trata das diversas

ferramentas e possibilidades disponíveis no campo da comunicação organizacional.

Dada a forte participação das redes sociais na campanha executada pelo Detran-

ES, é preciso entender, então, como ocorrem os processos de comunicação e suas

implicações também nesses meios. Assim chega-se ao título do segundo capítulo “A

Comunicação nas Organizações”. Será feito aqui um panorama geral sobre as redes

sociais atuais e os usos das principais, no que diz respeito às possibilidades da

comunicação. Um dos autores utilizados para embasamento desses conceitos foi

André Telles, com os livros “Geração Digital”, “A Revolução das Mídias Sociais” e

“Orkut.com”.

Citados os panoramas iniciais que conceituarão este trabalho e alguns dos autores

que auxiliaram na construção dos conceitos, parte-se para o terceiro capítulo, que

aborda especialmente o Detran-ES e o desafio de comunicação enfrentado. É feita

neste momento uma descrição geral sobre o Departamento de Trânsito do Espírito

Santo, e sobre os problemas por ele enfrentados (nesse caso, zelar pelo trânsito

responsável preservando a vida dos motoristas e demais envolvidos nos acidentes

de trânsito e as formas de falar de maneira eficiente com esse público).

Adiante, será descrita a estratégia que foi de fato pensada e executada pelo órgão e

demais envolvidos, tanto as ações na Grande Vitória e interior quanto o trabalho

realizado nas redes sociais e demais ferramentas do meio on-line. Tão importante

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18

quanto demonstrar a estratégia, será aqui também exibir resultados e

conseqüências do trabalho realizado, não só para o público-alvo, mas também para

a manutenção da imagem do Detran-ES.

Por fim, é importante destacar a justificativa para a escolha de tal tema e objeto de

estudo. Levando-se em consideração primeiramente as campanhas do órgão, sabe-

se de seu cunho educativo, cujos resultados são satisfatórios não somente para o

âmbito do Estado do Espírito Santo, mas também em projeção nacional, sendo uma

delas noticiada inclusive no Jornal Hoje da Rede Globo.

Dados os efeitos das campanhas, é importante registrá-las como fonte pesquisas

para a compreensão do uso de ações multimidiáticas no processo de comunicação

executado por parte das instituições.

Além do papel fundamental de registro de campanhas educativas de tamanha

importância, é necessário entender os conceitos aqui abordados, tão enraizados na

sociedade atual, consistindo nas teorias da sociedade midiatizada e da comunicação

em rede, que contribuirão para entender, finalmente, as estratégias então adotadas

pelo Detran-ES para manutenção de sua imagem e cumprimento de seu papel como

instituição pública.

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19

1. SOCIEDADE MIDIATIZADA E COMUNICAÇÃO EM REDE

Na sociedade frenética, as relações humanas tendem a virtualizar-se ou telerrealizar-se no cenário de midiatização, caracterizado por mediações e

interações baseadas em dispositivos teleinformacionais.

(Muniz Sodré)

1.1. SOCIEDADE MIDIATIZADA

A reflexão de Sodré (2002, p.36.), citada acima, resume o fenômeno da sociedade

midiatizada, assunto que será abordado ao longo deste capítulo. Para melhor

entender os desdobramentos dessa sociedade, vale lembrar seu ponto de partida,

que se deu por volta de 700 a.C. na Grécia, com a invenção do alfabeto. O alfabeto

constituiu a base para o desenvolvimento da filosofia ocidental e da ciência que se

conhece hoje (CASTELLS, 2007).

A fabricação do papel e a invenção e difusão da imprensa são outros marcos desse

processo. No século XX, as atenções se voltam para a cultura audiovisual,

explorada anteriormente apenas no campo das artes. Em primeiro lugar, com o filme

e o rádio, e depois com a televisão, o mundo começa a ver e ouvir através dos

meios de comunicação que se tornaram de massa.

Dos anos 1990 em diante, assiste-se à integração dos diferentes modos de

comunicação: texto, imagens e sons num mesmo sistema, com possibilidade de

escolha de hora/tempo de acesso a tais conteúdos, e em âmbito global. A Internet

passa a influenciar a cultura da sociedade, sendo também continuamente

influenciada por ela.

Idealizada em 1960 pela DARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada do

Departamento de Defesa dos Estados Unidos), com o intuito de prevenir a

destruição pelos soviéticos do sistema norte-americano de comunicação, no

contexto da Guerra Fria, a Internet representa hoje muito mais que um sistema de

defesa.

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20

Na década de 60 os guerreiros tecnológicos da DARPA jamais ousariam imaginar

que a rede mundial de computadores, nas mais diversas maneiras de conexão,

atingiria em 2011 uma média de dois bilhões de pessoas, segundo pesquisa

divulgada pela ONU (Organização das Nações Unidas), no dia 26 de janeiro de

20111.

Explanado brevemente o surgimento dos principais meios de comunicação e sua

evolução, passa-se a compreender seus desdobramentos e relações com a

sociedade e a tecnologia. Sobre o assunto, Dênis de Moraes fala de uma sociedade

que vive sob o ritmo da urgência: “Vivemos, com aturdida incredulidade, um tempo

de velocidade implacável, de urgência desvairada” (MORAES, 2006, p.33). O autor

diz que a sociedade demonstra não mais conseguir sobreviver sem as máquinas

que reduzem o tempo das mais diversas atividades.

Além disso, Moraes trata da abundância de informações gerada pelos meios de

comunicação, que, em quantidade tamanha, faz com que os indivíduos não

consigam assimilar a sua totalidade: “Navegamos, insaciáveis, por circuitos

infoeletrônicos e ambientes virtuais. Somos privilegiados por transmissões

convulsivas, mas não conseguimos reter tantos estímulos e ofertas” (p. 33).

Atuando em conjunto com essa abundância de informações proporcionada pelas

tecnologias da comunicação, está a produção da percepção do tempo. Castells

mostra as diferentes concepções do tempo ao longo da história até as sociedades

contemporâneas, que se encontram, na sua maioria, dominadas pelo conceito de

tempo cronológico, em virtude da constituição do capitalismo industrial. Para

entender a importância do tempo nesse contexto, basta lembrar o trabalho

cronometrado das máquinas nas indústrias fordistas e tayloristas2.

Ainda sobre o tempo, Sodré e Moraes também dialogam. O primeiro diz que, nas

sociedades atuais, o trabalho versátil e diferenciado de um único profissional que

1 Fonte: seção de entretenimento do site UOL:

http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/afp/2011/01/26/numero-de-usuarios-de-internet-no-mundo-

alcanca-os-2-bilhoes-onu.jhtm. Data do acesso: 13/03/11

2 Sobre fordismo e taylorismo, ver Geraldo Augusto Pinto, 2010.

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21

desempenha várias funções ao mesmo tempo quebrou a rotina na produção, mas a

idéia do tempo permanece, com força total, no consumo difundido pela mídia. Se a

tecnologia proporciona a criação de novos produtos cada vez mais num espaço

menor de tempo, consome-se muito mais também em menos tempo, sendo a mídia

detentora de um papel fundamental na incitação do consumo de novos produtos.

Moraes alia também à discussão do tempo atual o conceito de velocidade da lógica

capitalista, em que uma resposta em tempo real significa “diminuição de resposta de

investidores e especuladores à volatilidade dos mercados financeiros” (p. 34).

Assim, no contexto do capitalismo, que tem como máxima o lucro, incentivando o

consumo em escalas de tempo cada vez menores, a tecnologia assume papel

fundamental em dois seguimentos: no dos mais diversos produtos e nos meios de

comunicação que são destinados a incentivar o consumo de tais produtos e o

consumo de si próprios (por intermédio da informação no sentido de conhecimento,

e da interatividade, que serão discutidos mais adiante).

Moraes afirma que a possibilidade de interconexões eletrônicas é um dos pilares do

capitalismo. Os fluxos de informação em alta velocidade e a custos reduzidos (à

medida que a tecnologia se populariza) se tornaram dominantes. Em casa, no

trabalho, na rua ou nas atividades de lazer, em todo o lugar é possível informar e

estar informado. Nesse sentido, o celular representa um dos mais ousados

exemplos, pois, além da função primeira de comunicação oral, o aparelho celular

acumulou e parece não parar de acumular funções e utilidades, como tirar fotos,

enviar torpedos, fazer vídeos, tocar mp3 e acessar a internet e redes sociais,

fazendo dele um bem não só desejável como também considerado indispensável na

vida de muitos indivíduos, que chegam a ter mais de um aparelho ao mesmo tempo.

Nota-se, então, que as tecnologias dos meios de comunicação, por intermédio da

informação e do entretenimento, têm alterado a cultura3 dos indivíduos, dando

margem ao conceito de Castells (2002) de cultura da virtualidade real. Essa cultura

3 Como significado geral de cultura, pode-se citar as concepções de Hall (2007) e Castells (2002).

Na concepção de Hall, cultura é a expressão da identidade das pessoas que pode ser alterada de acordo com as necessidades do indivíduo ou da comunidade de expressar sua identidade. Já Castells diz ser também cultura um conjunto de significados partilhados que permite às pessoas se comunicarem entre si.

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22

caracteriza-se pelo maior consumo de conteúdos midiáticos para referenciação da

percepção da realidade, principalmente pelo acesso à tecnologias como internet e

celulares, que geram capital simbólico para a sociedade em geral e para as

indústrias de produção cultural. Esse regime advém dos processos de produção e

inovação das indústrias culturais, mas sofre influência dos consumidores. Em

resumo, Castells afirma que, “em todas as sociedades, a humanidade tem existido

em um ambiente simbólico e atuado por meio dele” (p.46), fato que tem sido

exacerbado na atual sociedade em rede e informacional.

Tal conceito leva a crer que a sociedade é regida pela midiatização. Nesse sentido,

Sodré (2007) alerta para a diferença entre midiatização e mediação. Por mediação

entende-se a tarefa de mediar a comunicação entre duas partes, por intermédio,

principalmente, da linguagem, mas também entram nesse conceito as demais

mediações simbólicas, como as artes e as leis. Já midiatização – conceito que se

encaixa a esse trabalho – são as mediações sociais intermediadas pela tecnologia e

pelas necessidades do mercado, regidas, por sua vez, pela informação. O fenômeno

da midiatização tem como característica a interatividade absoluta, unindo tanto

meios tradicionais de representação quanto os virtuais. Como conceito de

interatividade, Cardoso (2010) aponta “uma experiência de mídia tecnologicamente

oferecida em que o utilizador pode participar e modificar as formas e conteúdos das

mídias em tempo real”.

A sociedade que vive sob o âmbito da midiatização é, então, a dita sociedade

midiatizada, que exige dos indivíduos uma nova forma de presença do mundo,

tornando os sujeitos agentes e reagentes do processo de comunicação, levando-se

em consideração a fala de Sodré (2007) de ser a mídia estruturadora de

percepções, funcionando como uma espécie de agenda coletiva.

É importante ressaltar aqui que, apesar da grande adesão da sociedade às mídias,

seus usos variam de indivíduo para indivíduo, ou de comunidade para comunidade.

Gustavo Cardoso (2007) relembra o que fala Colombo (2002) sobre os “perfis

midiáticos”, que representam a maneira como as pessoas interagem com e com

quais mídias, variando de acordo com seus gostos e expectativas.

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23

Entendendo-se a mídia, então, como detentora do poder de difusão da informação,

informação tal que, como já mencionado, a sociedade se “habituou” a ter acesso a

todo tempo e em qualquer lugar com o aprimoramento da tecnologia, chega-se à

definição de sociedade da informação.

Gustavo Cardoso (2007) afirma que a sociedade da informação existe como

construção cultural, na intenção de caracterizar as mudanças das sociedades

contemporâneas. Por isso, o autor defende o termo sociedade em rede de Castells,

pelo qual se argumenta estarem organizados em redes todos os processos na era

da informação, modificando-se os processos produtivos e de experiência, poder e

cultura.

Presente no conceito de sociedade em rede está a terminologia era da informação.

É prudente, pois, falar também em era da informação, caracterizada, segundo a

releitura de Cardoso sobre o conceito de Castells, pela lógica da globalização:

A existência de um novo modo de desenvolvimento informacional e a preponderância do espaço de fluxos sobre o espaço de lugares têm como resultado uma crescente globalização, e embora ela não seja em si um fenômeno ruim, pois representa a idéia de que todos podem se comunicar com todos, comprar e vender globalmente e assim formar uma comunidade global (CARDOSO, 2007, p. 44).

Cardoso complementa o pensamento sobre era da informação no processo de

criação de significados, alegando que o mesmo acontece através das interações

pessoais no dia a dia, na qual os indivíduos reconhecem semelhanças, diferenças,

histórias e regras, tanto na interação face a face quanto com a possibilidade

crescente de mediação dos meios de comunicação, dado o número de horas

cotidianas que os indivíduos passam interagindo com essas mídias.

Não cabe aqui aprofundar-se no assunto, porém é preciso abrir um breve parêntese

quando se fala em mídia e seu discurso em relação às questões morais e éticas,

dado que o discurso é quase sempre a favor dos interesses de seus proprietários.

Como afirma Sodré (2006), a mídia encena uma nova moralidade. Essa moralidade

que atende aos anseios de um pequeno grupo de pessoas vira um produto midiático

que é consumido rotineiramente pela sociedade – por isso, é importante estar atento

ao conteúdo que é absorvido pela mídia.

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24

Desse conjunto de fatores e interações entre velhas e novas mídias (lápis e papel,

telefone e celular, por exemplo), que se incorporam no cotidiano das pessoas e

passam a representar papel indispensável, podem ser encontradas as explicações

para a sociedade midiatizada. Uma sociedade que lida cada vez mais com novas

tecnologias que possibilitam a seleção dos conteúdos e vai colocando novas mídias

no conjunto formado pela televisão, rádio e jornais. Uma sociedade dominada pelas

imagens da televisão e da Internet. Imagens tão valorizadas que produzem uma

cultura de exibição que remete à idéia de sociedade do espetáculo de Debord4, que

se torna um dos princípios da economia, política, da sociedade e da vida cotidiana.

Sobre a sociedade do espetáculo, Douglas Kellner faz uma análise específica da

atuação das organizações, remetendo à idéia de manutenção da imagem das

empresas de que faz parte o tema o deste trabalho, que trata especificamente do

Detran - ES:

Para vencer no mercado global ultracompetitivo, as corporações precisam fazer circular suas imagem e marca para que seus negócios e publicidade se combinem na promoção de espetáculos midiáticos (KELLNER, 2007, p. 125).

No caso específico do Detran - ES, como a questão não é a concorrência com

outras empresas, faz-se importante da mesma forma a manutenção de sua imagem

perante a sociedade justamente por ter a instituição a responsabilidade de zelar pelo

bem estar da população no trânsito e preservar as vidas, educando para a

prevenção de acidentes. Para cumprir seu papel e manter essa imagem, o Detran -

ES se utiliza de várias estratégias, em diferentes mídias, que serão abordadas

adiante.

Como conseqüências da sociedade midiatizada e do contexto de modernidade em

que ela está inserida, podem ser enumerados vários fatores, a começar pela já

citada velocidade de mudanças, causada pela tecnologia. Giddens (1991) afirma

que “a rapidez de mudança em condições de modernidade é extrema”. Segundo o

4 Sobre sociedade do espetáculo, ver conceito de Debord em Sociedade do Espetáculo, 1967.

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25

autor, essa mudança ocorre em todas as esferas da sociedade, mas, no que diz

respeito à tecnologia5, a mudança é ainda mais nítida.

Denis de Moraes (2006) também lista algumas conseqüências do contexto da

sociedade midiatizada, começando pela dependência que o sistema tecnológico

provoca, não somente em relação aos indivíduos, mas dependência em relação a

instituições e seus usos, visto que na sociedade atual as empresas que não dispõem

de tecnologia em seus processos de produção são consideradas ultrapassadas. Isso

acarreta uma constante corrida das empresas ao futuro, buscando o que é novo e o

que há de mais moderno em sua área de atuação, tornando o ciclo de vida de seus

produtos cada vez mais reduzido.

No que diz respeito aos indivíduos, Moraes aponta o fator economia da atenção: as

pessoas são bombardeadas, o tempo todo, por um grande volume de informação,

mas mais diversas mídias, tornando impossível a absorção e assimilação de todo o

volume de dados disponível, apesar da maior possibilidade de interação e acesso à

informação. Nesse meio, a empresa ou serviço que chamar mais atenção, ganha o

consumidor, por isso é preciso sempre inovar e ser um diferencial para atingir o

público-alvo. No caso deste trabalho, busca-se entender como o Detran - ES,

juntamente com os envolvidos na campanha, procurou atingir seu público-alvo,

constituído principalmente de jovens. É sabido que os jovens, pela sua dinamicidade

e energia, sejam talvez os mais estimulados pelo grande volume informações nas

mídias, precisando, por tal motivo, de uma estratégia eficaz para chamar sua

atenção.

5Ainda tratando de tecnologia, Castells (2007) aborda a relação tecnologia x mercado de trabalho. A

tecnologia informacional, por si só, não provoca desemprego, pois a questão é dependente também de fatores sociopolíticos e de estratégias econômicas, não devendo ser levados em conta apenas dados estatísticos. O que a tecnologia provoca é uma redução do tempo de trabalho nas unidades de produção, mudando, assim, os tipos de emprego em relação à quantidade e qualidade do trabalho; acarretando na necessidade de uma nova força de trabalho capacitada. Nesse ponto é real o desemprego daqueles que não têm condições de adequar seus conhecimentos para estarem aptos aos novos empregos, e também em virtude de muitas funções estarem sendo substituídas por máquinas. Por outro lado, Castells mostra o crescimento da concorrência entre as empresas e os novos ramos de atividade que surgem com o aprimoramento tecnológico, que trazem mais oportunidades de emprego aos indivíduos, além das jornadas de trabalho flexíveis possibilitadas pela tecnologia dos processos de trabalho nas empresas. Portanto, são dois lados a serem analisados, porém, é explícito que essa nova fatia do mercado se concentra na mão de uns poucos que têm condições de se adequar, ficando a grande maioria da população ainda às margens desse sistema.

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Porém, se as inovações tecnológicas trouxeram e trazem vantagens inúmeras à

sociedade, Moraes alerta para as desigualdades que surgem no processo. Como é

sabido, as técnicas avançadas são privilégio de elites com objetivos determinados, e

a informação não chega da mesma maneira e com a mesma velocidade a todos,

ficando fora do processo os indivíduos ou regiões desprovidos financeiramente de

condições de acesso às tecnologias da informação.

1.2. COMUNICAÇÃO EM REDE

No contexto da sociedade midiatizada, o modelo de comunicação em massa está

sendo substituído pelo modelo de comunicação em rede. Como observa Castells

(2007, p.132...), “as funções e os processos dominantes na era da informação estão

cada vez mais organizados em redes”. A rede constitui um dos pilares da

comunicação na atualidade: quando uma informação pauta simultaneamente, por

exemplo, o jornal que é lido pela manhã, o noticiário televisivo, os sites de

informação acessados na internet e também via celular diz-se que, nesse caso, a

comunicação se deu numa rede.

Gustavo Cardoso (2007) lembra que as diversas formas de comunicação são

direcionadas pelo quadro das interligações entre tecnologias e organizações, mas

ressalta que a organização e a evolução do sistema de mídias dependem da forma

como as pessoas se apoderam das mesmas, seja no meio público, privado ou de

trabalho.

Cardoso complementa seu raciocínio abordando que, embora a existência da mídia

ultrapasse gerações, como visto na primeira parte deste trabalho, somente no atual

período da história é possível encontrar o sistema de mídia organizado de tal forma

que se enquadre na interligação em rede. Tal fato foi possível graças à internet, que

em seu primeiro momento proporcionou a migração de meios de comunicação de

massa tradicionais (analógicos) para o meio on-line, e, em um segundo momento,

juntamente com os celulares e o SMS, introduziu uma interligação ainda maior e em

crescente desenvolvimento entre as mais diversas mídias.

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27

O autor ressalta que o que caracteriza esse sistema de mídias não é a convergência

tecnológica que nos levaria a um superaparelho, com variadas plataformas de

acesso midiático, mas, sim, a sua organização em rede de mídia. Sobre a

convergência, Henry Jenkins defende:

Por convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando (JENKINS, 2009, p. 29).

Assim como Cardoso, Jenkins não defende uma convergência no sentido

tecnológico, nem mesmo nos mais sofisticados aparelhos. Apesar de novas e

antigas mídias estarem interagindo de formas cada vez mais complexas, a real

convergência acontece dentro dos cérebros dos consumidores, individualmente e

através de suas interações sociais com outros. Como seres sociais, as pessoas não

costumam obter informação, comunicação e entretenimento de uma única mídia,

mas combinam as mais diversas formas de mídia e as utilizam em rede.

Jenkins ainda defende sua teoria da “falácia da caixa preta”, que esclarece que a

convergência não resultará na fusão de todas as mídias em um único aparelho.

Como a convergência impacta o modo como os indivíduos consomem os meios de

comunicação, aqui é importante abrir um parêntese para as empresas, pois é

preciso repensar as formas de presença no mercado de acordo com as exigências

do público perante as mídias. O consumidor saiu do estágio de absorção passiva

dos conteúdos para a assimilação ativa e interativa. Além disso, os indivíduos não

são isolados, mas sim conectados socialmente.

Explanado o real conceito de convergência e entendendo que as mídias e seus usos

estão articulados em rede, parte-se para a discussão de como se dá essa

interligação em rede. Cardoso (2007) afirma que o sistema se articula em torno de

duas redes principais, sendo a televisão e a internet as responsáveis pela

interligação de mídias como telefone, imprensa escrita, rádio, etc. A explicação para

tais meios de comunicação se encontra na possibilidade de interatividade desses

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meios, e na forma como as pessoas valorizam socialmente a interatividade da

internet e da televisão.

Falando de cada uma dessas mídias separadamente, o autor afirma que a televisão

ainda representa a atividade cotidiana mais vezes realizada. Lembrando que as

diferentes formas de uso da interatividade moldam a mídia, a televisão atende aos

anseios dos espectadores quando influencia a participação destes via telefone,

SMS, internet, cartas, etc., valendo, assim, tanto a resposta imediata quanto

posterior.

Na internet, os indivíduos têm a chance de escolher o conteúdo que desejam e

também de produzir seus conteúdos. Obviamente, outras mídias também

disponibilizam e possibilitam aos seus usuários a escolha dos conteúdos, como uma

troca de canal na TV ou de estação no rádio, porém, com uma gama de opções

exponencialmente menor que na internet. Não se pode, porém, ingenuamente deixar

de lembrar que o conteúdo da internet e dos demais meios de comunicação provém

de alianças entre os setores de comunicação e produção, mas nunca antes os

indivíduos considerados “comuns” puderam ter opções de produzir e compartilhar

conteúdos próprios como após a disseminação da internet, além de interagir com o

conteúdo lá disposto e até modificá-lo. A internet, através dos fóruns, blogs e redes

sociais, adquire não só um poder de difusão de conteúdos, mas uma grande zona

de expressão democrática de opiniões.

Diante do exposto, a internet se dissemina a uma velocidade espantosa se

comparada aos demais meios, sendo usada para as mais diversas finalidades. Não

se pode esquecer também de citar como razões para o crescimento do acesso à

internet a popularização do PC e dos posteriores aparelhos de computação

(celulares, net e notebooks, tablets, etc.), a facilidade de uso da World Wide Web

(www) e o aumento de seu uso no trabalho e no sistema educacional.

É importante lembrar que o crescimento e disseminação da internet foram

responsáveis pelo desenvolvimento e acréscimo de informação e entretenimento em

vários setores da sociedade, porém, o avanço não se deu de forma igual em todos

os lugares. Pelo gráfico abaixo nota-se que as regiões com maior incidência da cor

azul são as mais providas de internet, em detrimento de outras regiões. Fazendo

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uma análise superficial, a figura abaixo (Figura 1) demonstra a realidade de ter mais

possibilidades de acesso à internet e todas as ferramentas por ela proporcionadas

os países que apresentam melhores condições econômicas.

Figura 1 – Distribuição mundial do acesso à Internet.

Fonte: Dados de janeiro de 2009, extraídos do site de mapas comparativos Index Mundi (2011).

Baseando-se na idéia da comunicação em rede e dos usos do que o autor denomina

de constelação de mídias, Cardoso revela uma pesquisa realizada em 2006, nas

localidades de Portugal, Estados Unidos e Chile, entre jovens de 8 a 18 anos, para

mostrar as múltiplas tarefas realizadas em conjunto com as duas mídias analisadas

(Tabelas 1 e 2). Como resultado, tem-se:

Ouve música 56,0%

Ouve rádio 13,1%

Participa de chats 20,8%

Vê televisão 11,8%

Fala ao telefone 15,6%

Nenhuma das anteriores 8,8%

Tabela 1 - Enquanto usa a internet, com que freqüência...

Fonte: CARDOSO (2006).

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Sim Nunca

Não sabe/Não respondeu

Navegar pela internet ou enviar emails 31,5% 65,0% 3,5%

Ler jornais e revistas 20,3% 76,8% 3,0%

Enviar SMS pelo celular 42,9% 54,1% 2,9%

Interagir com a televisão 29,9% 65,6% 4,3%

Falar ao telefone 43,9% 53,2% 2,9% Tabela 2 - Enquanto vê televisão costuma...

Fonte: CARDOSO (2006).

Em ambos os casos, nota-se um grande uso, além da própria televisão e internet, de

telefones, celulares e música (no caso da internet). Os números demonstram que a

interligação das mídias em rede depende do grau de interatividade que elas

proporcionam. Assim, o modelo comunicacional atual é formado a partir da

interatividade, com um sistema de mídia baseado em dois âmbitos, o da baixa

interatividade dominado pela televisão e o da alta interatividade, com representação

máxima na internet. Diz-se que um sistema é baseado na interatividade, porque,

segundo Cardoso,

Numa sociedade em rede, o sistema de mídia é constituído por nossos usos da mediação desta, e evolui para um sistema baseado na articulação em rede de diferentes mídias. Quando instrumentos de mídia, por vontade das empresas e das companhias de telecomunicações – ou mesmo de hackers -, permitem a ligação em rede da comunicação ou dos seus usos, as pessoas experimentam-nos e, se a experiência satisfaz algumas das suas necessidades em termos de autonomia, objetivos ou apropriação, adotam-nos socialmente. Essa adoção, quando difundida em largas faixas da sociedade, tende a mudar as próprias mídias, alterando suas características organizacionais, tecnológicas e de rede. É assim que a ligação em rede das mídias de massa e interpessoais, e consequentemente a mediação em rede, é moldada socialmente pela interatividade (CARDOSO, 2007, p. 31).

Dada a discussão de Cardoso sobre televisão e internet, nota-se, portanto, que a

sociedade em rede não se caracteriza pela substituição de uma mídia por outra em

razão da tecnologia, mas pela criação de ligações entre elas. Criou-se uma forma de

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organização das mídias ditada por quem delas faz uso. Dessa forma, a TV tem

ligação com os telefones, SMS ou com a internet. Bem como a internet pode ter

ligação com as mais diversas mídias, e assim sucessivamente. Por isso, Cardoso

constata que uma estrutura baseada na comunicação em rede é reconhecida como

um sistema aberto, dinâmico, passível de inovação, sendo aplicado em todos os

pilares da sociedade (políticos, econômicos e sociais).

Portanto, a partir do exposto, entende-se como comunicação em rede o modelo

comunicacional gerado nas sociedades informacionais, onde predomina a

articulação das mídias em rede. Conceito advindo de uma sociedade em que a

comunicação interpessoal e de massa se fundem, e há a ligação entre emissores,

editores, audiências e, principalmente, mídias.

1.3. COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

Como já mencionado, à reorganização internacional do capital e do trabalho alia-se

a ascensão da globalização e das novas tecnologias, que foram responsáveis por

mudanças drásticas na comunicação e na sociedade como um todo. Esse novo

cenário mundial implicou, então, novas formas de comunicação adaptáveis a mídias

como computadores ou a mais variada gama de dispositivos multimídia. A sociedade

passa não apenas a conviver, mas a viver com e de maneira midiatizada,

adaptando-se cada vez mais intensamente às possibilidades da comunicação em

rede.

É nesse contexto que as empresas percebem a necessidade de enquadrar-se aos

novos modelos para se fazerem presentes e gerirem sua imagem6, no âmbito da

6 Em linhas gerais, imagem é a percepção conceitual e simbólica, a opinião que os públicos de uma

organização têm sobre a mesma, a partir da experiência concreta entre instituição e usuários/consumidores e também em função dos processos de comunicação organizacional estabelecidos (o que se comunica, como se comunica, para quem se comunica, entre outros).

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chamada comunicação organizacional, também conhecida como comunicação

empresarial. Além disso, a concorrência entre as organizações também ganha

espaço com o desenvolvimento da midiatização e os consumidores tornam-se mais

informados e exigentes, fazendo-se novamente necessária uma comunicação ágil,

estratégica e participativa. Sobre o assunto, Miguel Jorge relata:

Com o acirramento da concorrência em escala internacional, as empresas dependem, cada vez mais, de eficientes canais de comunicação (...) para promover as mudanças exigidas pela nova ordem econômica. [Isto é] fundamental para tornar conhecidos novos conceitos, repensar os processos produtivos e métodos organizacionais e buscar soluções para os novos paradigmas apresentados (JORGE, 1996, p 49).

As empresas percebem, dessa forma, a necessidade de inovação, acarretando

mudanças na cultura das organizações. Coube aos profissionais de comunicação o

papel de implementar uma comunicação organizacional coerente, tanto dentro como

fora da organização. Pela dita comunicação organizacional, entende-se,

Um processo dinâmico por meio do qual as organizações se relacionam com o meio ambiente e por meio do qual as subpartes da organização se conectam entre si. Por conseguinte, a comunicação organizacional pode ser vista como o fluxo de mensagens dentro de uma rede de relações interdependentes (GOLDHABER, 1984, apud KUNSCH, 1997, p.72).

Chama-se de comunicação organizacional integrada a junção e atuação harmônica

da comunicação institucional, mercadológica e interna, que constituem os três tipos

de comunicação existentes em uma organização. Para o perfeito funcionamento

dessa comunicação, é importante que os três tipos trabalhem em conjunto visando

aos objetivos gerais da organização, mas sempre dentro dos objetivos específicos

de cada um. Trabalhando assim a comunicação ganha idéia de única e global,

ajudando na compreensão da empresa e de seu produto; ao contrário de uma

comunicação fragmentada, que teria seus objetivos prejudicados7.

7Margarida Kunsch (1997) alia esse conceito ao de comunicação excelente, dizendo ser válida a

comunicação que trabalha as suas possibilidades em conjunto e alcança os objetivos da empresa e as expectativas do público-alvo. A autora ainda enumera outras denominações que podem ser utilizadas com o mesmo sentido da dita comunicação organizacional: comunicação social ou

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Para melhor entender a comunicação integrada e seus três tipos, basta observar o

esquema a seguir de Margarida Kunsch (1997) (Figura 2), que representa o fluxo de

informação das organizações com os meios interno e externo e entre si:

simplesmente comunicação, relações públicas, comunicação empresarial, relações empresariais, dentre outros nomes.

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Figura 2 – Esquema da Comunicação Integrada

Fonte: KUNSCH (1997).

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Para melhor entender as subdivisões da comunicação organizacional, é preciso

explicitar primeiramente o que é organização. Paulo Nassar (2007) define

organização como uma rede de entidades que atende às necessidades humanas,

através da produção de bens e da prestação de serviços. De forma geral, pode-se

dizer que as empresas são as organizações com fins lucrativos e as instituições

representam as organizações que não visam lucros. No caso do objeto estudado

neste trabalho – o Detran - ES –, entende-se que ele se encaixa na segunda

concepção, pois não tem fins lucrativos.

Nassar ainda complementa, sobre organização:

Sistema social e histórico, formal, que obrigatoriamente se comunica e se relaciona, de forma endógena, com os seus integrantes e, de forma exógena, com os outros sistemas sociais e com a sociedade. E organizações são estruturadas com pessoas que atuam segundo divisões e processos de trabalho, dependem de recursos de toda ordem, dentre os quais destacamos os materiais, financeiros, mercadológicos, científicos, tecnológicos, históricos (gestão de conhecimento e da memória), comunicacionais e relacionais (NASSAR, 2007, p. 82).

Como se observa pelas atividades do esquema acima, os diferentes

desdobramentos da comunicação institucional, mercadológica e interna são de suma

importância para o perfeito funcionamento das organizações8. É por intermédio da

comunicação (tanto com o público externo quanto internamente, com os

colaboradores) que a organização é capaz de expor suas políticas e objetivos, e

projetar uma imagem adequada diante da sociedade. Por isso, o processo de

comunicação vai muito além de transmitir informações, e sim faz parte do corpo da

empresa como um todo.

Em resumo, a comunicação, nas suas mais diversas áreas, (relações públicas,

propaganda, jornalismo, marketing, assessoria, promoções, etc.) é eficiente quando

8 De acordo com Kunsch e outros autores citados, a comunicação institucional é dedicada a transmitir

os valores, projetos e ações, investindo na percepção de uma imagem previamente escolhida como desejável junto aos públicos-alvo. A comunicação interna, dedicada a harmonizar e padronizar o discurso comunicacional entre os colaboradores, e a comunicação mercadológica, destinada a fazer a comunicação de mercado, articulada à venda de produtos e serviços, estão abrigadas no conceito definido pela comunicação institucional.

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planejada estrategicamente, atendendo em conjunto as necessidades da

organização e as de seus públicos.

Partindo agora para uma parte mais estratégica da comunicação organizacional,

Kunsch (2009) fala de três níveis de planejamento das organizações: estratégico,

tático e operacional. Segundo a autora, o planejamento estratégico é aplicado a

longo prazo, representando o primeiro dentre os três níveis a ser pensado, e o que

tem ligação com as grandes decisões da organização. O segundo nível, do

planejamento tático, é mais específico e direto, e busca realizar ações específicas e

eficazes. O terceiro e último nível trata-se do planejamento operacional, que

representa os processos formais, ou seja, toda a documentação necessária para a

realização das ações e a descrição dos processos e metodologias que fica

arquivada na empresa.

No que diz respeito ao planejamento estratégico, este é de extrema importância para

a comunicação organizacional, visto que analisa todo o campo de atuação e de

impacto da empresa, por intermédio da avaliação das oportunidades, ameaças,

forças e fraquezas ligadas à organização (a conhecida análise SWOT). Fazendo

essa análise, a empresa é capaz de determinar sua missão e visão e rever seus

valores (que devem estar de acordo com seus objetivos), bem como possíveis

redefinições de negócios e formulação de estratégias, metas e orçamentos, e

criação de campanhas. Em se tratando do caso aqui estudado do Detran - ES, não

há preocupação, por exemplo, com empresas concorrentes, por se tratar de uma

instituição. Nesse caso, uma espécie de “concorrência” seriam os fatores que

provocam acidentes de trânsito, como a ingestão de bebidas alcoólicas, tema

fortemente combatido na campanha. Kunsch (2009) alerta ainda para a importância

das pesquisas no desenvolvimento de planejamentos estratégicos.

Na dita sociedade midiatizada, em que a comunicação é constituída por redes entre

os mais diversos meios de comunicação com velocidade e abrangência que se

superam a cada dia, a correta aplicação de práticas de comunicação nas

organizações é não só importante, mas imprescindível na atualidade. Empresas e

instituições que não investirem na comunicação integrada, trabalhando de forma

conjunta a comunicação institucional, mercadológica e interna, estão fadadas a

perderem espaço na percepção social. É por intermédio de uma comunicação que

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abranja e una as diferentes estâncias da empresa no mesmo caminho que a

organização é capaz de inovar e transmitir aos públicos, tanto internos quanto

externos, seus produtos ou serviços e seus valores, considerando cada público de

forma individualizada. Assim, levando-se obviamente em consideração o público-

alvo, é eficaz a comunicação presente em todas as mídias, dentre elas, a internet e

as redes sociais, que, como visto, respondem por um número muito grande de

usuários em escala global.

Partindo da premissa de ser essencial a comunicação em rede nas organizações,

para projetar ou manter determinada imagem perante a sociedade e se comunicar

com os públicos, é que o Detran - ES desenvolve estratégias e promove ações de

alcance de seu público-alvo nos meios on-line e off-line. Essas estratégias,

trabalhadas em conjunto mediante um planejamento de Comunicação determinado

pela instituição, serão mais bem avaliadas nas próximas seções.

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2. A COMUNICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

O importante não é ter a comunicação e sim fazê-la entrar na cabeça do consumidor. Enfim, integrar a comunicação de forma planejada e

organizada.

(Maurício Tavares)

2.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Como visto no Capítulo 1, na atual sociedade midiatizada é comum e faz-se sempre

mais intensa a comunicação que transita pelas diversas mídias, sendo interligada

por uma rede cuja disseminação tornou-se global, principalmente após o advento da

Internet. As organizações, percebendo a mudança e as novas exigências do público

diante de tal contexto, se veem no dever também utilizar-se da comunicação em

rede, marcando presença nos meios on-line e off-line. Mas falar em comunicação

on-line ou digital das organizações não se resume aos e-mails ou websites, e sim à

empresas que ganharam voz e personalidade na Internet, através do uso das

chamadas redes sociais.

Elizabeth Saad Corrêa fala que a comunicação digital não pode ser executada sem

se levar em consideração o contexto e as estratégias gerais das organizações,

definindo-a como

o uso das tecnologias digitais de informação e comunicação, bem como de todas as ferramentas delas decorrentes, para facilitar e dinamizar a construção de qualquer processo de comunicação integrada das organizações. Falamos, portanto, da escolha daquelas opções tecnológicas disponíveis no ambiente ou em desenvolvimento, cujo uso e aplicação são os mais adequados para uma empresa específica e os respectivos públicos específicos (CORRÊA, 2007, p. 173, apud KUNSCH, 2009).

Partindo da importância lembrada por Kunsch da comunicação on-line executada

pelas organizações, e também dos processos off-line citados no primeiro capítulo no

âmbito da comunicação em rede, serão detalhadas aqui as principais possibilidades

de comunicação para públicos externos presentes nesses meios, que, quando

trabalhadas em conjunto, proporcionam resultados eficazes às organizações.

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39

2.2. JORNALISMO INSTITUCIONAL

Gaudêncio Torquato (2004) afirma que o jornalismo institucional é “o conjunto das

formas jornalísticas”. Dentre estas, estão: a periodicidade, devendo as organizações

aparecer na mídia em intervalos regulares; divulgar o presente da empresa

(atualidade); transmitir informações de interesse dos públicos sobre as mais variadas

áreas (universalidade); e por fim, a difusão, para que as mensagens cheguem ao

público a que são destinadas.

O autor ainda alerta para a filtragem das mensagens por parte da organização, pois

nem tudo que por ventura possa interessar ao público é aconselhável no jornalismo

institucional. O conceito da notícia, portanto, deve ser determinado segundo os

valores pregados pela organização. Outra observação é feita para o conceito de

atualidade. Diferente da instantaneidade do jornalismo convencional, o conceito de

“atual” no jornalismo institucional pode dizer respeito, por exemplo, a fatos ocorridos

há dois meses anteriores ou posteriores à notícia, dependendo do intuito da

organização e da relevância da informação.

Torquato lembra ainda a diferença da informação difundida por intermédio do

jornalismo institucional e da publicidade:

É claro que o jornalismo empresarial, num primeiro plano de análise, pretende atingir esses objetivos pela informação. E aqui ela se diferencia pela mensagem da publicidade. Não se trata, pois, da clássica publicidade institucional, exaltando os méritos de uma companhia. Trata-se da mensagem que enaltece, pela informação jornalística, o trabalho de uma empresa, entidade econômica que deve ser apresentada com lugar definido na economia de uma nação. Trata-se, na verdade, de desenvolver a fundo uma imagem de empresa, levando-se em consideração que a imagem criada pela publicidade é, frequentemente, artificial. Trata-se de congregar e unificar o conjunto de atividades de uma empresa (a publicidade ou promoção de vendas apresentam não mais que uma mensagem parcial) (TORQUATO, 2004, p. 71).

Maurício Tavares (2010) também trata do jornalismo institucional, alertando para a

importância de um bom relacionamento entre empresas e imprensa, visto que as

primeiras, através da informação de seus produtos, serviços e ações, se tornam

reconhecidas pelos públicos; enquanto que a imprensa, por seu lado, necessita de

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40

informações para produzir conteúdo jornalístico. Por isso, é essencial para as

empresas proatividade no momento em que são procuradas pelos meios de

comunicação, aumentando, assim, as chances de serem lembradas positivamente

nesses meios.

Dada a necessidade da prática do jornalismo institucional a partir das observações

de Torquato e Tavares, nos tópicos abaixo serão discutidas três das principais

ferramentas do jornalismo, sendo a primeira delas a assessoria de imprensa,

seguida do release e do clipping.

2.2.1. Assessoria de imprensa

Como retrata Tavares (2010), a assessoria de imprensa é o “elo entre organização e

imprensa”. O papel de um assessor de imprensa é representado por quatro

principais funções, sendo a criação e manutenção de relacionamento com a

imprensa, a redação de conteúdos que sejam relevantes para os públicos da

empresa, o desenvolvimento de clippings e a assessoria de pessoas-chave da

empresa que tenham contato com a imprensa.

Sobre a necessidade da assessoria em diferentes organizações, Torquato (2004)

revela que em uma sociedade midiatizada, em que o fluxo e o acesso às

informações tem se intensificado, a necessidade de comunicação independe do

porte da empresa. Portanto, para serem reconhecidas no mercado, tanto pequenas

quanto grandes empresas devem fazer uso da assessoria de imprensa. O que deve

ser observado, porém, é o tipo e a necessidade da abrangência dessa comunicação

nas diferentes empresas, uma vez que a organização com seus respectivos

produtos ou serviços só passam a surgir a partir do momento em que são

reconhecidos pelos públicos de interesse.

O mesmo autor ainda trata da ética na assessoria de imprensa e do conceito de

verdade. Partindo-se do pressuposto lembrado por Torquato de que a imprensa

pode assumir variados papéis em relação a um mesmo fato, é preciso saber lidar

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41

com o conceito de verdade, uma vez que esta pode se diferenciar segundo a versão

de quem diz, de quem ouve, do momento, do lugar ou das circunstâncias. Cabe ao

profissional de assessoria de imprensa, porém, assumir uma postura ética ao

transmitir as informações e ao assumir quando sua organização errou. Na atual

sociedade em que o fluxo de informação é crescente e aumentam a cada dia as

possibilidades de participação dos indivíduos, é aconselhável às organizações o

compromisso constante com a verdade dos fatos, pois a omissão de fatos só é

prejudicial à imagem da empresa. No que diz respeito à ética, ainda, Tavares (2010)

diz que é imprescindível lembrar sobre o comprometimento com a exclusividade. Se

uma empresa promete exclusividade de informação a determinado veículo, tal

promessa deve ser cumprida, caso contrário a imagem da organização é

prejudicada diante deste veículo e até mesmo diante do mercado, dependendo do

poder da empresa de comunicação.

Como a troca de informações entre assessoria e imprensa é constante, relações

cordiais entre ambas são essenciais. De igual importância são as informações

transmitidas, o assessor de imprensa deve trabalhar com profissionalismo, não

lançando mão de oportunismos e priorizando as informações que sejam

significativas à sociedade. Torquato ainda lembra que não existe freqüência para as

empresas aparecerem na mídia, estas devem aparecer sempre que for necessário e

quando houver algo relevante ao público.

Em caso de entrevistas, é papel do assessor preparar bem o seu assessorado,

evitando questionamentos inesperados e constrangimento diante da imprensa; por

isso, treinamentos de mídia para o assessorado (media training) são aconselhados.

É papel desse profissional também transmitir os fatos sem tentar ressaltar a imagem

ou as qualidades de alguma organização, pois é tarefa do jornalista produzir a

notícia. O assessor precisa, ainda, estar disponível para a imprensa a qualquer

momento, já que a produção de notícias não para e é dever desse profissional

fornecer as informações. Nesse meio, apesar de parcerias e exclusividades serem

formadas com frequência, não se pode demonstrar preferências por certos veículos

ou jornalistas, tomando-se sempre cuidado com aqueles que tentam conseguir

informações confidenciais ou não passíveis de veiculação a todo custo.

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42

Depois de mencionada a importância das práticas de assessoria de imprensa para

as organizações, é importante descrever duas de suas tarefas de fundamental

importância para o desenvolvimento do trabalho: a confecção de releases e a

seleção de material para a produção do clipping.

2.2.2. Release

Anteriormente conhecido como press release, o release, como aponta Tavares

(2010) tem a função de informar à imprensa algo sobre as organizações. O autor

enumera os componentes que deve conter um documento de release, sendo:

Na parte superior: logotipo da empresa que está enviando o release;

Abaixo da logomarca vem o título, que deve estar em numeração 20, no

centro da página em negrito. Um título de impacto e relevância é primordial

para que não passe despercebido nos veículos;

Na sequência, vem o chamado lead, que representa o início do texto

jornalístico, devendo atender às tradicionais perguntas O que? Quem?

Quando? Onde? Como? e Por que? O lead tem a função de resumir o

conteúdo da notícia e dar direcionamento aos editores no momento da

seleção dos releases recebidos pelo veículo;

Após o lead, vem o corpo do texto, onde se desenvolvem os detalhes do

mesmo;

Mais para o fim da página vêm o nome de quem escreveu e o registro

profissional;

Abaixo do nome coloca-se a data em que o texto foi redigido;

Por fim, vêm as informações adicionais sobre a empresa, como endereço,

telefones, site, e-mail, etc. Essas informações são importantes para

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43

demonstrar que a empresa está sempre à disposição dos veículos para

esclarecimento de dúvidas e demais informações.

Tavares também recomenda que os textos dos releases sejam adequados ao perfil

do veículo, bem como alerta que não é aconselhável enviar releases para vários

veículos, principalmente se houver concorrência entre eles. Não se deve também

enviar mais de um release com o mesmo tema para um veículo. Quanto aos

momentos mais apropriados para envio, recomenda-se não enviar após o

fechamento das redações. Os fins de semana e feriados representam boas

oportunidades, pois as redações são carentes de informações nesses períodos.

Em se tratando de release, é válida a observação de Torquato, lembrando que o

release representa uma sugestão de pauta, e não uma matéria pronta para ser

veiculada: “Deve ser considerado como indicação para uma matéria a ser feita –

contendo indicação de fontes, abordagens, etc. -, e não como matéria a ser

veiculada pela imprensa” (TORQUATO, 2004, p. 86).

2.2.3. Clipping

Tavares (2010) define o clipping como uma reunião de recortes, assuntos e

anúncios sobre determinado conteúdo. Para realizar o clipping, a organização deve

trabalhar com dados quantitativos (fazendo o levantamento das quantidades de tudo

o que foi publicado na imprensa sobre a empresa em um período de tempo

determinado) e qualitativos (analisando os dados quantitativos recolhidos).

Para o autor, alguns dados devem ser levados em consideração no momento das

análises quantitativa e qualitativa, como:

A origem do assunto da matéria;

O tema da matéria (podendo ser verificado por seu título);

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44

A área geográfica (se pertence à imprensa local, regional, nacional,

internacional);

Verificar quais notícias, na área geográfica, são de interesse institucional ou

mercadológico da empresa;

Analisar os concorrentes na imprensa, se o conteúdo publicado por eles é

positivo ou negativo para a organização.

A importância de se produzir por um clipping bem feito é a possibilidade de avaliar

problemas e oportunidades veiculados na mídia, que possibilitam à empresa mudar

posicionamentos e realizar ações eficazes diante do que ela consegue perceber do

mercado através da observação do clipping.

Descritas as possibilidades da comunicação das organizações com seus públicos

através das ferramentas do jornalismo, passa-se à compreensão dos artifícios da

publicidade, utilizados também com o propósito de projetar determinada imagem da

empresa nos meios de comunicação, bem como para a venda de seus produtos ou

serviços.

2.3. PUBLICIDADE INSTITUCIONAL

Segundo Torquato (2004) a publicidade institucional tem a função de fidelizar a

marca das organizações, e manter os consumidores fiéis a essa marca. Em função

de consumidores cada vez mais exigentes, que sofrem influência das mudanças

sociais, econômicas, culturais e políticas numa sociedade centrada na variedade de

informações midiáticas, as empresas precisam direcionar os públicos para a sua

marca de forma individualizada, repensando suas estratégias.

Para tanto, é preciso conhecer de perto o perfil do consumidor. O autor relata que

somente por intermédio de estudos e pesquisas é possível definir a imagem e o

posicionamento das marcas, selecionar as mídias mais adequadas (incluindo as

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45

novas mídias de interação com o consumidor presentes na Internet), bem como

definir os bancos de dados, a promoção de vendas, o merchandising, as mídias de

apoio, dentre outros elementos.

Além das exigências do consumidor e das várias marcas tentando se diferenciar no

mercado, o autor lembra que as organizações também procuram estar em posição

de referência nas ações sociais, assumindo e patrocinando programas assistenciais.

Essa prática dá origem às propagandas institucionais, cujo objetivo é deixar

transparecer os valores éticos das organizações. No caso específico dessas

propagandas, não se vendem produtos, mas os ideais de respeito à sociedade e ao

meio ambiente.

A partir do exposto, serão detalhadas as principais ferramentas publicitárias

utilizadas nas organizações para dialogar com seus públicos e promover o consumo

de produtos e serviços, ou até mesmo de conceitos e valores.

2.3.1. Marketing

Na definição que Tavares classifica como “ampla e atualizada”, Marketing significa:

“Um processo administrativo de produto, serviço, preço, distribuição e comunicação, que visa identificar necessidades e influenciar nos desejos dos públicos internos e externos de uma organização, de forma a satisfazê-los eficazmente. Cuidar da imagem da mesma, orientando-a para futuros e novos mercados” (TAVARES, 2010, p. 81).

Como mencionado, o comportamento de compra e os valores do consumidor

mudaram, por isso, assim como Torquato, Tavares lembra a importância de uma

comunicação de marketing inovadora nas empresas e que dialogue com as novas

exigências dos públicos, tendo sua linguagem adaptada às características de cada

um deles.

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46

Dessa forma, o planejamento é fundamental. O autor alerta não só para a

importância de um plano de marketing estruturado (com objetivos, metas,

estratégias, plano de ação, controle e orçamentos), mas sim para a avaliação dos

resultados. Dada a possibilidade de mensurar os resultados, estes devem ser

comparados com os objetivos iniciais traçados para a campanha, a fim de avaliar se

foram atingidos ou não.

As ferramentas do marketing são as mais variadas, incluindo meios de comunicação

diversos: cartas, catálogos, mala direta, encartes, telemarketing, e-mail marketing,

propaganda, etc. O que vai importar, porém, não é o suporte, e sim as ações

realizadas, que deverão atingir o público-alvo correto e implementar determinado

conceito na mente dos indivíduos. Ações que lidam com a interatividade, no atual

contexto da tecnologia são muito utilizadas. Diante de tantas possibilidades, vender

para públicos diferenciados e distantes torna-se rotineiro nas organizações.

Assim como mencionada a importância da prática da comunicação em rede nas

organizações, Tavares (2010) lembra que praticar o marketing aliando-o à outras

técnicas de comunicação também é essencial para atrair resultados positivos. O

autor indica inclusive que, apesar de a tecnologia proporcionar a comunicação para

públicos cada vez mais separados em seus nichos, o marketing proporciona o

investimento em clientes, construindo relacionamentos duradouros com os mesmos,

bem como pode realizar ações com o intuito de atingir a massas maiores de

públicos.

Como se sabe, muitas são as técnicas e possibilidades de ações de marketing a

serem praticadas nas organizações. Sendo ações práticas e rápidas, de baixo ou

alto custo - dependendo do intuito ou do capital disponível –, ou táticas mais

elaboradas que demandem um tempo maior para acontecer, obviamente a escolha e

o planejamento de cada ação dependem do público-alvo. Quanto mais análises

sobre o comportamento do consumidor são realizadas, mais se acertará nas ações

praticadas e nos objetivos pretendidos.

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47

2.3.2. Merchandising

André Havro9 define o merchandising como as técnicas, ações ou materiais

promocionais utilizados no ponto de venda, proporcionando informação e maior

visibilidade a produtos, serviços ou marcas. O propósito é motivar e influenciar as

decisões de compra dos consumidores, através do destaque dado aos produtos na

loja, aumentando a sua rotatividade. O merchandising pode se utilizar de técnicas da

propaganda ou das chamadas promoções de vendas, para divulgar ofertas na mídia

ou divulgar brindes e preços mais baixos, por exemplo. Sua importância está no fato

de representar o último apelo ao consumo, estando no estágio final do processo de

comunicação – no momento da compra.

Além disso, há o chamado merchandising editorial, que, segundo Havro, se

diferencia da propaganda e da publicidade por ser veiculado na parte editorial, ou

seja, dentro do conteúdo dos programas e não nos intervalos publicitários. Esses

espaços favorecem a credibilidade de mensagem, sendo mais sutilmente absorvidos

pelo receptor, por isso, têm seu preço muito mais elevado comparando-se à

propaganda tradicional, e são negociados diretamente com as emissoras.

Maurício Tavares (2010) traz algumas observações para um merchandising que

obtenha êxito nos pontos-de-venda, que deve começar pelo conhecimento do

consumidor final, sob os aspectos psicográfico, demográfico e comportamental. Não

só pesquisas sobre o consumidor pré-ações de merchandising devem ser

realizadas, mas também é importante mensurar os resultados, pesquisando os

próprios consumidores atingidos.

Tavares lembra ainda que é imprescindível o uso da criatividade para chamar

atenção nos pontos-de-venda. Porém, é preciso tomar cuidado ao se diferenciar dos

demais produtos, pois muitas vezes a sobrecarga de elementos ou informações

pode deixar o consumidor confuso, causando o efeito contrário ao desejado pela

empresa. Deve-se atentar, portanto, para o uso de tipologias simples, para a clareza

e objetividade na mensagem e utilizar poucos atrativos visuais para não tornar a

mensagem poluída.

9 Fonte: http://www.andrehavro.com/2008/02/19/o-que-e-merchandising/ e

http://www.andrehavro.com/2008/10/24/merchandising-editorial/. Acesso em 11/15/11/2011.

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Produzir uma mensagem criativa e saber aproveitar os espaços nos pontos-de-

venda, considerando-se o público-alvo do produto, são regras básicas para eficácia

do merchandising. Deve-se ter em mente, ainda, que cada material disposto na loja

(cartazes, brindes, displays) tem um impacto, por isso a importância de se conhecer

a fundo o consumidor final do produto ou serviço em questão.

Além disso, Tavares (2010) alerta sobre os usos do merchandising editorial, que,

segundo ele, deve obedecer a três pilares: discrição, coerência com o contexto e

objetividade. Nos casos de filmes e novelas, não é aconselhado citar o nome do

produto, devendo a ação fazer parte do contexto da cena, aparecendo, assim, de

forma mais sutil ao telespectador. Já em programas de auditório, cabe a citação e a

demonstração do produto ou serviço. Muito importante também é a escolha das

personalidades, pois as pessoas costumam associar a imagem do artista à imagem

da marca anunciada. Portanto, é preferível que a pessoa escolhida tenha alguma

relação com o negócio divulgado e que tenha boa imagem perante os públicos da

organização.

Por fim, o autor trata do merchandising ligado às causas sociais. Sobre o assunto,

ele alerta que a causa social e o roteiro da programação devem ter ligação, bem

como os atores envolvidos precisam ter alguma relação com o tema, pelo motivo

descrito no parágrafo anterior. Em virtude da identificação que o público brasileiro

tem com as novelas, elas ganharam credibilidade e números elevados de audiência,

proporcionando ao merchandising social grandes possibilidades de repercussão

quando inserido nesse meio, tornando-se uma boa forma de pressionar as

organizações envolvidas com a causa.

Principalmente nas novelas, uma das vantagens do merchandising é o alcance de

públicos diferenciados, desde o telespectador da periferia até as classes mais altas

da população. Devido à suas grandes possibilidades de resultados, a prática do

merchandising representa excelentes oportunidades às organizações. Não só as

empresas, mas também as emissoras e o público saem ganhando com a prática. As

emissoras ganham com o espaço vendido, enquanto que o público toma

conhecimento de um novo produto ou serviço ao mesmo tempo em que busca o

entretenimento da programação que está acompanhando. Quando o merchandising

é voltado para as causas sociais, as instituições também são beneficiadas, pois a

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49

causa que defendem passa a ser discutida pela opinião pública, que muitas vezes

pressiona as autoridades cobrando soluções.

2.3.3. Promoção de vendas

Como afirma Tavares (2010), a promoção de vendas compreende o conjunto das

ferramentas utilizadas para desenvolver e acelerar as vendas de determinado

produto ou serviço, tendo como princípio proporcionar algum benefício para o

consumidor. Uma das vantagens da promoção de vendas são as inúmeras

possibilidades de ações para atingir o público, uma vez que novas ações podem ser

criadas a partir de combinações com as já existentes (propaganda, marketing,

eventos, etc.). Dentre as principais técnicas, podem ser citados descontos,

premiações, amostras, brindes, etc.

Segundo o autor, a tentativa de alcançar os públicos intermediários - como, por

exemplo, os revendedores -, também representa a promoção de vendas:

“patrocínios, relações públicas, assessoria de imprensa, assessoria jurídica,

assessoria de comunicação e qualquer tipo de parcerias que sejam de interesse

para ambas as partes” (TAVARES, 2010, p. 100) se incluem nesse conceito.

Geralmente, o tempo da promoção de vendas é curto. Por isso, para que a ação

seja certeira é preciso criatividade, com uso de imagens bem exploradas, linguagem

imperativa e o aproveitamento de assuntos que estão em voga, tomando o cuidado

para não cair em modismos ou fugir dos objetivos da organização. Além disso, é

altamente aconselhável o uso da campanha publicitária como apoio.

Assim como em qualquer campanha publicitária, é preciso analisar o público-alvo

em seus aspectos psicográfico, demográfico e também por comportamento de

compra e benefício, no caso da promoção de vendas. Importante é também analisar

o retorno do consumidor sobre a comunicação e as vendas no momento da compra,

além de mensurar os resultados obtidos ao final da ação, comparando-os com os

objetivos pretendidos.

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50

Enfim, para Tavares, as promoções de venda são positivas por uma série de fatores,

sendo o principal deles aumentar a fidelidade do consumidor à marca. Como se

sabe, os resultados dependem dos objetivos desejados pela empresa, podendo

variar entre: enfraquecimento da concorrência, aumento de participação no

mercado, reposicionamento ou lançamento de produtos, aumento de vendas, dentre

outros.

Traçadas as principais características e vantagens da promoção de vendas, parte-se

para a descrição da propaganda, item de extrema importância dentre as abordagens

de publicidade institucional deste capítulo.

2.3.4. Propaganda

Apesar de classificada por Torquato (2004) como uma “linguagem artificial” se

comparada ao jornalismo, o autor reconhece que a propaganda gera retornos muito

favoráveis às organizações. Tavares (2010), também fala dos benefícios da

propaganda, utilizada basicamente para vender e persuadir o consumidor ao ponto

de venda ou à compra, por intermédio da incitação de desejos na mente do público;

além de ser responsável por posicionar ou reposicionar produtos e marcas. É muito

visada pelo seu alto impacto, alcançando uma grande quantidade de pessoas no

mesmo intervalo de tempo, inclusive transmitindo sua mensagem até mesmo aos

que podem não ser consumidores em potencial da organização.

Assim como outras ferramentas da publicidade institucional supracitadas, a

propaganda possibilita o trabalho conjunto com vários meios de comunicação,

podendo ser associada, por exemplo, à produção de vendas, merchandising,

merchandising editorial, etc.

A propaganda conta com uma vasta variedade de veículos que servem de suporte,

porém, é importante estudar os mais apropriados aos objetivos mercadológicos da

organização. Indispensável ainda é o estudo do público-alvo, de onde parte todo o

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51

direcionamento da propaganda. Outro fator que depende de análise são os

investimentos, sujeitos a fatores como recursos financeiros, concorrentes, públicos,

situação do mercado e objetivos da organização.

Também é uma vantagem da propaganda a sua utilização com objetivos variados -

tanto institucionais, promocionais ou de vendas -, e seu poder de despertar qualquer

tipo de emoção no consumidor. No entanto, cabe aos envolvidos trabalhar com

cautela, pois falas exageradas ou mal empregadas podem causar descrédito

imediato. Como afirma Tavares, “os resultados em propaganda também são

proporcionais aos riscos. E isso está diretamente relacionado à ousadia” (TAVARES,

2010, p. 89).

No contexto da sociedade midiatizada, é fundamental que as organizações adaptem

suas propagandas às novas tendências de mídias e veículos de comunicação,

buscando posicionamentos avançados para se diferenciar da concorrência. Por isso,

inovar na propaganda tem se tornado essencial. Mesmo com a tecnologia, a

propaganda não deve perder de vista a função de informar e persuadir o

consumidor.

Descritos resumidamente o marketing, merchandising, promoção de vendas e

propaganda, ferramentas da publicidade institucional, parte-se para a compreensão

dos eventos, indispensável meio de divulgação e comunicação de produtos e

negócios de muitas organizações.

2.4. EVENTOS

Organizações dos mais diversos seguimentos têm a oportunidade de produzir

eventos com diferentes finalidades (como lançamento de produtos, serviços ou

filiais, reposicionamento de marca, etc.) para públicos também diferenciados, sendo

o público pretendido o fator determinante no momento da criação do evento. Para

Tavares (2010), eventos com planejamento eficientes e voltados para o público

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correto facilitam o impacto da marca e proporcionam o aumento de seu índice de

lembrança.

O autor explica a diferença entre empresas que organizam seus próprios eventos e

aquelas que assumem papéis de patrocínio. Na primeira situação, a projeção da

imagem da empresa é maior; e, em casos de eventos que se repetem em

determinado intervalo de tempo - por exemplo, anualmente -, é interessante repetir

as atrações ou o formato do evento para facilitar sua associação com a organização.

Em relação aos patrocínios, a empresa ganha pontos positivos perante o público

principalmente nos casos de patrocínios a eventos sociais; porém, é importante

atenção quanto ao número de patrocinadores, pois quanto maior for esse número,

menos a organização ganhará em visibilidade.

A produção de eventos tem a vantagem de ser versátil: pode ser produzida tanto

para segmentos específicos, quanto para grandes públicos, permitindo a integração

desses com a marca da organização. Os eventos possibilitam a ligação com outras

técnicas de comunicação, além de lançamentos de produtos ou serviços comumente

gerarem mídia espontânea.

Para obter o retorno desejado, a comunicação a respeito de um evento deve ser

bem trabalhada antes, durante e depois da realização do mesmo. Como defende

Tavares, a mensuração dos resultados provém de várias fontes: através da mídia

espontânea eletrônica e impressa, de pesquisas sobre a imagem da organização

antes e depois do evento, com a avaliação das vendas (se houve aumento ou não),

com a avaliação dos participantes do evento (se o número esperado foi atingido,

bem como se os presentes ficaram satisfeitos com o evento), dentre outras

possibilidades.

E no caso dos eventos patrocinados, o autor afirma que os resultados esperados

são auxiliados com objetivos claramente determinados, proatividade na prospecção

de patrocínios, adequação dos públicos do evento ao perfil da organização e

atenção às possíveis ações de marketing da concorrência.

Portanto, os eventos podem proporcionar principalmente retorno financeiro e fixação

da marca junto ao consumidor, desde que sejam devidamente planejados e voltados

para seu público-alvo. Este, por sua vez, na maior parte dos casos também sai

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ganhando, pois geralmente os eventos contam com shows e demais opções de

evento para entreter os participantes, agregando ainda mais valor ao evento da

organização.

Demonstradas as principais formas de comunicação das organizações com os

públicos externos através dos meios off-line, parte-se para a discussão sobre as

novas técnicas de comunicação on-line, que vêm ganhando destaque e adesão do

público, principalmente nas redes sociais. É válido ressaltar novamente que as

tecnologias de comunicação on-line não devem substituir as formas off-line, e sim

ambas servirem de apoio umas às outras, como visto no contexto da comunicação

em rede descrito no capítulo 1, no qual o assunto de uma mídia reverbera em outra,

e por tal fato todas se revelam importantes.

2.5. OS USOS DA COMUNICAÇÃO DIGITAL NAS ORGANIZAÇÕES

Dentre as características da comunicação digital, é importante ressaltar alguns

pontos citados por Corrêa (2007, apud KUNSCH, 2009), sendo: a interatividade (a

interação do usuário com a informação no meio digital), a multimedialidade

(combinação de texto, imagem e sons em um mesmo suporte), e a hipermedialidade

(interligação de diversos textos digitais entre si).

A autora prossegue relatando as ponderações que uma organização deve levar em

conta ao implementar processos de comunicação digital, sendo o primeiro deles a

cultura da empresa, seguido do público que se deseja atingir, para a partir daí definir

qual suporte tecnológico é mais apropriado e as ações e estratégias que serão

executadas.

Corrêa ainda cria dois conceitos quanto aos processos da comunicação digital,

sendo nomeados de posicionamento 1.0 e 2.0. O posicionamento 1.0 trata da

comunicação digital cuja essência de sua função é informar, tendo como exemplos

principais de aplicação nas organizações os websites (portais, intranet, hotsites, etc),

jornais e revistas on-line, e-mails e newsletters, em que a participação do usuário é

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pequena, restringindo-se a fóruns, enquetes ou formulários de “Fale conosco”

disponibilizados pela empresa. Já no posicionamento 2.0, as possibilidades de

intervenção do usuário são muito mais amplas, por se tratar de instrumentos de

comunicação como blogs, SMS, YouTube, Flickr e comunidades no Orkut, Twitter,

Facebook e MySpace, assunto de que tratará esse capítulo.

Se no cenário 1.0 a comunicação se dá numa única direção e a preocupação é

apenas fazer com que a mensagem chegue ao receptor, no caso do cenário 2.0 há

muito mais para se levar em conta, pois o usuário ganha o poder de ser a principal

forma de disseminação da mensagem, além de ter muito mais influência no

momento de aceitar receber a mensagem ou não. Assim, Corrêa ainda lembra que

quanto mais integrada e voltada para os públicos específicos for a mensagem digital,

mais chances a empresa tem de manter uma relação eficaz e duradoura com esses

públicos.

2.5.1. Mídias sociais, geração digital e marketing de guerrilha na Web

Grosso modo, a geração digital é a geração usuária das mídias sociais. Uma

geração habituada à velocidade e à versatilidade, usuária celulares com acesso à

Internet e e-mail, câmeras de vídeo e fotográficas, rádio e TV, música no formato

mp3, dentre outras funcionalidades. Uma geração acostumada com o hipertexto10,

que deixou de ser apenas receptora de informação para transformar-se em

formadora e transmissora de conteúdo. Falando de geração digital e sua

participação na produção de conteúdos, André Telles menciona os blogueiros e sua

importância:

Hoje, cerca de 50 a 100 milhões de blogueiros se comunicam pela Internet, expressando ideias e experiências com produtos e compartilhando informações sobre empresas e negócios. Com tantas vozes sendo ouvidas, essa mídia constitui um fórum mundial. O

10

Para André Telles (2009, p. 15) hipertexto é a escrita de texto não seqüencial, que proporciona a

interligação de informações entre outros textos, através de hiperlinks.

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55

consumidor virou mídia. Nenhuma empresa pode se dar ao luxo de ficar de fora dessa conversa (TELLES, 2009, p. 18).

Essa geração habituada às novas mídias e que é formadora das opiniões nelas

expostas necessita de estratégias diferentes para ser atingida, pois a demanda das

mídias tradicionais já não mais chama atenção e nem causa o mesmo impacto no

atual contexto tecnológico. Partindo de tal premissa, surge o marketing digital, que

engloba as estratégias de marketing voltadas para o público usuário das novas

tecnologias e das mídias sociais.

Telles lembra ainda a diferença entre mídias sociais e redes sociais. Para o autor as

redes sociais são parte integrante do que é chamado de mídias sociais. Em resumo,

redes sociais são os sites de relacionamento que buscam reunir pessoas. As

pessoas, por sua vez, interagem com os demais membros de “sua rede social”

criando grupos de amigos e comunidades de interesses comuns, expondo seu perfil

com textos, fotos e vídeos. Os membros de um mesmo grupo podem compartilhar

informações e enviar mensagens, tanto privadas quanto para todo o grupo. Cada

rede social tem regras próprias que definem o comportamento dos usuários e a

forma de interação. Muitas delas têm conteúdo privado, que só pode ser visualizado

pelos membros da rede. Já o conceito de mídias sociais se encontra em um âmbito

maior, representando as interações sociais possibilitadas pelo meio on-line em geral,

a partir das informações compartilhadas nos mais diversos formatos.

O autor relata que o boom das redes sociais teve início em 2002, quando Jonathan

Abrams lançou o Friendster. O Friendster era um site de encontros que rejeitou uma

oferta de compra do Google de U$$ 30 milhões. A partir daí, diversas redes sociais

foram surgindo na Web, atingindo algumas delas milhões de usuários nos mais

variados países do mundo, como o Orkut e o Facebook.

André Telles mostra as vantagens de se praticar o marketing de guerrilha nas redes

sociais, cujo princípio, segundo o autor, “é gastar muito mais energia que dinheiro”

(2007, p. 80), obtendo um resultado quase que imediato, que muitas vezes gera

mídia espontânea. Marketing de guerrilha são as estratégias pouco convencionais

ou imprevisíveis, utilizadas para chamar atenção e impressionar o público, tendo na

Internet e nas redes sociais as mais variadas possibilidades de ação. As ações de

marketing de guerrilha são muitas vezes tão inusitadas que chegam a induzir o

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público a repassar as ações criadas para outros membros de forma espontânea,

produzindo os chamados virais (TELLES, 2007).

A partir das definições de André Telles, os próximos tópicos deste capítulo tratarão

sobre as ferramentas das principais redes sociais e de maior repercussão no Brasil,

que auxiliam a comunicação das empresas a praticar o marketing de guerrilha e a

manter contato com seu público.

2.5.2. Orkut

O Orkut foi a primeira rede social de grande alcance a se desenvolver no Brasil.

Pertencente ao Google11, ainda é a mais acessada do país. Por ser um site de

relacionamentos, entende-se que seu objetivo é promover amizades e

relacionamentos, principalmente entre as pessoas que já se conhecem no mundo

real, fenômeno ressaltado pelo próprio slogan da ferramenta “Who do you know?”

(“Quem você conhece?”). Apesar disso, não é excluída a possibilidade de pessoas

estranhas se conheceram e manterem contato através do Orkut. A ferramenta

também representa uma ótima opção para indivíduos que têm laços como os de

amizade e parentesco, mas que não mantêm contato constante presencialmente em

virtude de distâncias territoriais ou outros motivos.

Criado em 24 de janeiro de 2004, o Orkut ganhou força no Brasil e ainda é a rede

social mais acessada no país. Como denota André Telles (2010), o Orkut tem

perdido espaço para o Facebook principalmente entre os membros da classe A e B,

porém entre as classes C e D sua hegemonia ainda é muito superior às demais

redes sociais. Através do infográfico abaixo (Figura 3) é possível comprovar tais

informações e conhecer outros dados sobre o Orkut no Brasil, como faixa etária,

tempo gasto na rede social, dentre outros:

11

Multinacional sediada nos Estados Unidos, pioneira nos segmentos de serviços on-line e softwares.

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57

Figura 3 – Infográfico sobre os números do Orkut no Brasil

Fonte: Google Discovery

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58

Os usuários do Orkut, no momento da criação da conta para ingresso na rede,

precisam fazer um cadastro com determinadas informações pessoais. A liberação do

acesso a tais informações fica em poder do usuário, podendo este optar entre a

liberação para todos do Orkut, somente amigos, ou a amigos de amigos. Da mesma

forma funcionam os demais itens de seu perfil na rede, como fotos e vídeos. Os

álbuns de fotos possibilitam ainda a escolha de membros específicos que poderão

visualizá-los, podendo o proprietário da conta do Orkut criar um álbum que só

poderá ser visto por ele próprio, ou por um grupo de amigos restrito, por exemplo.

Ao longo dos anos o Orkut sofreu adaptações e alterações em sua interface (seu

layout), sendo que na primeira mudança foi realizada uma campanha viral de grande

repercussão. A última mudança data de março de 2011, na qual a interface do Orkut

ganha semelhança e funções extremamente semelhantes às do Facebook, numa

tentativa clara de recuperação do espaço que o Orkut tem perdido após a

disseminação dessa rede. Dentre outras novidades implementadas após as

mudanças do Orkut, tem-se que a ferramenta passa a sugerir amigos ao usuário,

bem como possibilita a troca da cor da página pessoal e a postagem de recados a

amigos do próprio perfil, sem a necessidade de visitar o perfil do amigo como antes.

Para que se possa compreender como funcionam as possibilidades de ações de

marketing das empresas através do Orkut, serão descritas algumas de suas

principais ferramentas e formas de interatividade entre os usuários, já considerando

as alterações do novo Orkut12:

Criação de grupos de amigos conforme o desejo do usuário, para

compartilhar o mais variado tipo de informações;

Postagem de recados (os chamados scraps) tanto para um amigo ou para um

grupo determinado, bem como a todos os amigos de uma vez. Os scraps

podem ser privados ou não, dependendo da escolha do usuário no momento

da criação da mensagem;

12

Mais informações sobre o novo Orkut podem ser conferidas na comunidade criada pelo próprio

Orkut para discussão sobre sua nova interface, através deste link:

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=105721601.

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59

Criação e participação de comunidades, onde os membros compartilham

assuntos de interesses comuns;

Compartilhamento de links, fotos e vídeos;

Jogos e outros aplicativos dos mais variados gêneros;

Possibilidade de criação de eventos ou demais convites, informes ou

publicidades que são publicados através do espaço “Promova”; seja

gratuitamente ou de forma paga, conforme as necessidades do indivíduo ou

empresa ou o alcance de público necessário; e

Criação de depoimentos para os amigos, geralmente com as impressões que

um usuário tem sobre determinado amigo.

Descritas as principais funcionalidades do Orkut, é hora de definir as possibilidades

de participação, comunicação e marketing de empresas, produtos e serviços dentro

da ferramenta. André Telles (2007) enumera várias possibilidades13, que serão

detalhadas a seguir.

O primeiro princípio – e também o mais importante, aplicável a todas as redes

sociais –, destacado pelo autor é a técnica do marketing viral. Para que determinada

informação se torne um viral (ou seja, se “espalhe” na Internet), é preciso não só que

seu conteúdo seja do interesse do usuário, mas que chame atenção e desperte

desejo e curiosidade, sendo interessante a tal ponto que as pessoas repassem-na a

seus conhecidos. Isso porque, como já descrito, a quantidade de informações e

publicidades a que um indivíduo é exposto em um único dia é enorme; assim,

chamar atenção de forma criativa e diferente é essencial. Muitas vezes seguir a linha

do humor, do inesperado e curioso é um caminho válido no Orkut, e aumenta o

potencial viral da mensagem. Além disso, quando uma mensagem é recomendada

por um conhecido ou amigo, o indivíduo que a recebe entende que ela já passou

pelo crivo deste; logo, ganha mais credibilidade do que quando recebida diretamente

pela empresa.

13

É importante apenas lembrar que as considerações de Telles datam de 2007, época em que o

Orkut no Brasil atingia seu auge. Hoje, em 2011, algumas das estratégias citadas pelo autor já não

surtem mais o mesmo efeito de quatro anos atrás, havendo a necessidade da criação de novas

estratégias para o alcance do público usuário de Orkut, ou até mesmo a migração para outras mídias.

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60

Outra grande vantagem do Orkut e de outras redes sociais de gênero semelhante

lembradas por Telles (2010) é a possibilidade de segmentação do público. Por

intermédio de ferramentas como as comunidades, que agregam pessoas de gostos

ou costumes afins, é possível encontrar indivíduos das mais variadas vertentes,

idades e regiões, atingindo o público-alvo exato, que muitas vezes não seria atingido

com tanta precisão em outras mídias, tampouco proporcionariam a possibilidade de

custo zero que as redes sociais disponibilizam (a não ser, obviamente, pelo custo do

uso da internet e do computador para acesso a tais redes sociais)14.

Telles (2007) ainda dá algumas dicas de ações que a empresa pode realizar no

Orkut, principalmente entre os usuários que são amigos na rede do perfil de

determinada empresa ou organização: o primeiro passo é convidar os clientes a

participar do Orkut, para que a empresa possa manter relacionamento com essas

pessoas através da ferramenta. Pode-se também criar depoimentos (nesse caso,

para os amigos conhecidos ou que têm algum laço com a empresa - por exemplo, os

fornecedores) destacando qualidades ou aptidões. Muitas vezes a empresa ou

organização receberá novos depoimentos em retribuição, que vão contribuir para

uma boa imagem da empresa na rede. Como o Orkut avisa os aniversários dos

amigos, é importante parabenizar essas pessoas no dia de seu aniversário,

demonstrando preocupação e lembrança com os clientes. Recomendado ainda é

criar comunidades com a marca da empresa e monitorar suas postagens

constantemente, deixando-a sempre atualizada e livre de conteúdo indesejado, bem

como visitar comunidades relacionadas ao produto ou serviço, tanto para conhecer

os assuntos debatidos pelo público quanto para divulgar os produtos ou serviços

também nessas comunidades (de forma sutil, sem deixar a divulgação com

característica de spam), ou estabelecer parcerias com os moderadores dessas

comunidades. Comunidades diferentes representam importantes espaços de

seguimentos de públicos diferenciados, contendo a mais variada gama de gostos e

estilos, por isso é necessário conhecer e se manter presente em todos os tipos de

comunidade que tenham relação com os públicos da organização. Além disso, é

visado divulgar e promover eventos ligados à marca e à empresa. E, por fim, nos

14

Sobre as comunidades nas mídias socais, Lemos (2002, p. 93, apud RECUERO, 2009, p. 137) as

define como “agregações em torno de interesses comuns, independentes de fronteiras ou

demarcações territoriais fixas”.

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61

recados deixados, lembrar sempre de mencionar na mensagem o site da empresa,

para que o usuário tenha a possibilidade de acessar um canal com mais

informações caso se interesse.

As versões mais recentes do Orkut disponibilizam os chamados aplicativos ou apps,

que representam uma maneira muito eficiente e interativa de marcar presença no

Orkut. O Orkut hoje apresenta centenas de aplicativos, espaço que tem sido tomado

por empresas como clubes de times de futebol, UOL, BuscaPé, dentre várias outras.

Nesses casos há necessidade de um investimento financeiro, porém o retorno pode

ser muito grande, visto que os aplicativos (na sua maioria como uma espécie de

jogo) são procurados e recomendados pelos próprios usuários, servindo como uma

forma de distração e entretenimento dentro da própria rede social.

Outra característica do novo Orkut muito utilizada pelas empresas é o chamado

“Promova”. Segundo André Telles (2010), o Promova foi uma solução do Orkut para

as empresas divulgarem seus produtos e serviços de forma a minimizar os scraps

enviados em massa, muitas vezes com o caráter de spam. O Promova aparece no

espaço tradicional de publicidade paga do canto direito do Orkut, e pode ser tanto

pago (possibilitando mais aparições e segmentação do público-alvo) ou gratuito, em

que as aparições são menos freqüentes e mais aleatórias. O interessante do

Promova é seu caráter de anúncio, facilitando a divulgação de textos, imagens e

vídeos, e apresenta a possibilidade de mensuração por quem fez a promoção, como

a quantidade de pessoas que visualizaram, clicaram ou excluíram as promoções.

Outra vantagem do Promova é que os usuários que não desejarem visualizar

determinada promoção podem excluí-la a qualquer momento, e esta nunca mais

aparecerá em sua página de Orkut.

Comentadas as possibilidades de comunicação das organizações via Orkut, parte-se

para a descrição do Facebook, rede social que vem tomando força no Brasil e

ganhando parte dos usuários do Orkut.

2.5.3. Facebook

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62

Apesar de estar em expansão de adeptos no Brasil (principalmente entre as classes

A e B), ainda perde para o Orkut. Em compensação, a nível global, o Facebook é um

dos sites mais acessados do mundo, com mais de 500 milhões de usuários ativos15.

Sua data oficial de lançamento é 4 de fevereiro de 2004, porém a rede de

relacionamentos foi criada em outubro de 2003, por um estudante do segundo ano

de Harvard chamado Mark Zuckerberg. O estudante invadiu um ID do banco de

dados de sua universidade e criou, em princípio, o Facemash, um site de fotografias

restrito aos estudantes de Harvard. Aos poucos a rede foi permitindo a participação

de outras universidades e em 2006 o já chamado Facebook proporcionava inscrição

livre a qualquer interessado. Segundo André Telles (2010), o usuário dessa rede tem

uma média de idade de 38 anos; porém hoje, em 2011, com o aumento do número

de usuários, provavelmente essa idade média também passa a abranger a

população mais jovem.

Com característica muito mais marcante que o Orkut, o Facebook gera receita a

partir da publicidade, seja de seus banners ou grupos patrocinados, adquiridos

através de cotas. Para esses casos faz-se um investimento alto, obtendo-se, como

conseqüência, retornos também muito grandes, inclusive de nível global se for

conveniente ao produto ou serviço oferecido.

Partindo para uma análise das ferramentas básicas de interação entre os membros

do Facebook, vê-se em destaque nessa rede o chamado mural (“No que você está

pensando agora?”), espaço livre onde os usuários postam o mais variado tipo de

informação, desde expressar seus pensamentos, como é o intuito da pergunta que

precede o espaço, até comentários sobre assuntos gerais. Próximo a esse espaço

há botões onde o usuário pode postar fotos, vídeos e links. Abaixo, vem o “Feed de

notícias”, contendo as atualizações de todos os amigos adicionados, podendo o

usuário escolher entre todas as atualizações mais recentes, ou as atualizações

principais, que são postagens de amigos que o Facebook seleciona (geralmente

15

Segundo estatísticas divulgadas pelo próprio Facebook:

http://www.facebook.com/press/info.php?statistics. Acesso em 13/04/11

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63

pessoas com quem o usuário mantém mais contato na ferramenta). Há também o

envio de mensagens entre os amigos, seja publicadas diretamente no mural (ação

que é visível a todos os amigos) ou somente à pessoa, através do botão “Enviar

mensagem”. As mensagens podem ser enviadas, ainda, para grupos específicos de

uma só vez. Através do comando “Criar grupos” pode-se escolher as pessoas que

formarão o grupo e todo o conteúdo compartilhado (mensagens, vídeos, fotos, links,

etc.) só será visualizado pelos participantes dele.

Ainda sobre as ferramentas do Facebook, são muito comuns entre os usuários e

acabaram por virar marca registrada da rede social os botões de “Curtir” e

“Compartilhar”, disponíveis em praticamente todo o conteúdo postado na rede.

Quando um usuário “curte” determinado conteúdo, significa que o mesmo é de seu

agrado, já quando alguém compartilha uma postagem ela aparece para todos os

seus amigos, mas a indicação de que o conteúdo compartilhado é de um terceiro

permanece visível.

Para as empresas que aderem ao Facebook, o espaço chamado “Eventos” é muito

útil. Através dele, é possível convidar todos os amigos para determinado

acontecimento, sendo que o Facebook fornece campos como o início e término do

evento, horário, descrição e imagem ilustrativa. Os então convidados a ir ao evento

recebem o convite e podem responder confirmando sua presença ou não, ou ainda

responder que não sabem. Assim, cada evento gera uma pequena rede dentro da

rede maior do Facebook, pois as pessoas que participarão do evento podem ver as

demais participantes, e interagir umas com as outras.

Muito comuns entre os usuários do Facebook são também os jogos, aplicativos e

testes. Assim como foi descrito no Orkut, é comum que empresas privadas financiem

essas ferramentas, divulgando de forma criativa seus produtos e serviços. Outro

espaço de muita adesão entre empresas e instituições, assim como também entre

as mais diversas formas de entretenimento (música, com os artistas e bandas,

esporte, os times e atletas; programas de TV, cinema, teatro, etc.) são as páginas

oficiais ou comunidades, onde é postado todo o tipo de conteúdo e podem-se criar

tópicos de discussões, mas não chega a ser um perfil no Facebook, visto que não é

possível adicionar amigos. Os interessados podem apenas utilizar o botão de “Curtir”

para receber o conteúdo da página em suas atualizações, e ainda podem

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64

compartilhar o conteúdo desejado. A página da Coca-Cola, por exemplo, conta no

mês de abril de 2011 com 24.869.078 pessoas que curtiram seu conteúdo16. A

vantagem das páginas é sua gratuidade e sua possibilidade muito grande de adesão

do público, que compartilha o conteúdo entre os amigos, fazendo-o se espalhar pela

Web, daí a necessidade de tornar o conteúdo o mais atrativo e criativo possível para

que ele possa ser compartilhado entre os amigos na rede social. Os proprietários

das páginas podem, ainda, como já citado, criar anúncios que são visualizados no

espaço de publicidade do Facebook, sendo esses casos os de publicidade paga e

com possibilidade de segmentação de público-alvo por regiões, sexo, idade e muito

mais.

Dotado de mais ferramentas que o Orkut, o Facebook possui uma série de opções

para empresas e instituições anunciarem e promoverem sua imagem, sendo que as

principais foram detalhadas acima. André Telles (2010) cita algumas proposições

para um bom relacionamento das empresas com seus públicos:

Criar um perfil: segundo o autor, é válido porque no perfil a empresa tem mais

possibilidades de partilhar sua evolução. Além disso, os perfis são os mais

pesquisados no Facebook;

Promover eventos: para pessoas em geral, clientes e parceiros;

Enviar mensagens: que sejam, acima de tudo, criativas;

Realizar pesquisas: a partir dos anúncios criados, é possível realizar

pesquisas e estudar o público a que o anúncio se destinou;

Participar de grupos: desde que estes tenham relação com o produto ou

serviço anunciado;

Criar grupos: para falar com o público-alvo específico, servindo não só para

compartilhar um conteúdo variado com essas pessoas, mas também como

um local central de discussões e reunião de pessoas em torno da marca da

empresa;

16

Informação verificada na página da Coca-Cola no Facebook: http://www.facebook.com/cocacola, no

dia 14 de abril de 2011.

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65

Transmitir o trabalho a uma agência digital: criar perfis de empresas nas

redes sociais requer uma atividade essencial: atualização de conteúdos e

verificação constante. Assim, agências específicas com profissionais

preparados podem ser contratadas para executar esses procedimentos, não

apenas para os perfis de Facebook, mas para qualquer rede social que a

empresa queira participar;

Criar estratégias de marketing: muito importantes para a adesão de membros

ao Facebook da empresa. Essas ações podem ser tanto as pagas quanto as

gratuitas, o que vai importar é a criatividade e o impacto das ações

praticadas;

Criação de crachás no Facebook: que possibilitam o compartilhamento de

informações do perfil da empresa ou instituição no Facebook em outros sites;

Integrar Twitter ao Facebook: como já visto, se uma empresa possui mais de

uma mídia como Twitter e Facebook, é importante tomar cuidado com a

unidade de informações nas mídias. É possível integrar essas duas redes

através de um aplicativo do Facebook, sendo que o conteúdo postado em

uma será atualizado automaticamente na outra, facilitando o trabalho do

operador dessas mídias e demonstrando ao público o cuidado da organização

em divulgar as informações de forma sincronizada em suas redes sociais.

E, falando-se em integrar Facebook e Twitter, é preciso descrever melhor o

funcionamento e as possibilidades de comunicação com o público das organizações

via Twitter, assunto que será abordado no tópico seguinte.

2.5.4. Twitter

Referência à onomatopéia “tweet”, que traduzida do inglês significa “pio, som

produzido por passarinhos”, o Twitter foi criado em 2006 por Jack Dorsey, em

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66

parceria com Biz Stone e Evan Williams17. Mais versátil e com uma proposta

diferenciada do Orkut e do Facebook, o Twitter é uma rede social cuja característica

principal são seus 140 caracteres permitidos para as mensagens postadas (os

chamados “tweets”), sendo 140 o número médio de caracteres de uma mensagem

SMS de celular. Seu uso também é muito comum em celulares por SMS e em

softwares específicos de gerenciamento, trazendo ainda mais dinamicidade à

ferramenta.

Com o slogan “What‟s happening?” (“O que está acontecendo?”) as atualizações

são de todo tipo: variam desde comentários sobre o que os usuários estão fazendo

no momento até mobilizações de causas sociais e anúncios de empresas. A lógica é

seguir e ser seguido por pessoas, sendo o botão “follow” (“seguir”) o que determina

o acompanhamento das postagens ou não. O indivíduo que segue alguém consegue

visualizar todos os seus tweets, podendo então respondê-los (através do botão

“Reply”) ou retransmiti-los aos seus próprios seguidores (por meio do botão

“Retweet” - ação que ficou conhecida como “dar RT em alguém ou em determinado

comentário”)18.

Outra característica marcante do Twitter são os “Trend Topics” ou “TT‟s” e as

hashtags, simbolizadas na rede social pelo símbolo #. Nos TT‟s aparecem os nomes

mais mencionados em tempo real no Twitter no mundo inteiro, ou em determinadas

regiões selecionadas pelo usuário. Para aparecerem nos TT‟s os nomes geralmente

são nomes próprios ou precedidos pelo símbolo de uma hashtag (#). Assim, o

Twitter ganha sua característica de instantâneo, divulgando informações em tempo

real, muitas vezes postadas pelos usuários antes mesmo de a imprensa e a

população em geral tomarem nota de determinado acontecimento. Ainda sobre o

uso do Twitter é importante ressaltar que todos os usuários da ferramenta têm seu

perfil precedido por um @, e, diferente do Orkut e Facebook, os perfis não

disponibilizam muitos dados sobre os usuários, que podem expor apenas

informações como site pessoal, localidade e um breve comentário (uma espécie de

17

Dados divulgados no blog Mundo Afora (http://www.mundo-afora.com/curiosidades/o-que-e-

twitter.html). Acesso em 17/04/2011.

18 É importante lembrar que, no caso do Retweet ou RT, há a menção ao criador original da

mensagem, ou seja, este não perde a propriedade de seu tweet.

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biografia reduzida). Além disso, como uma das funcionalidades do Twitter estão as

listas, chamadas de “Lists”, em que é possível visualizar somente os tweets dos

inseridos na lista, facilitando a localização de determinado assunto ou tweet.

O conteúdo de um tweet pode não se limitar apenas a frases com 140 caracteres.

Fotos e vídeos são postados em programas específicos associados ao Twitter (como

o Twitpic e o Twitvid). Além disso, os programas de encurtamento de links (como o

Migre.me, Bit.ly, dentre outros) são muitos utilizados entre os usuários do Twitter,

permitindo a postagem links e seus respectivos comentários no espaço dos 140

caracteres.

A Agência DDA19 divulgou em 2010 alguns dados que revelaram importantes

números sobre o Twitter, dentre os quais merecem destaque os assuntos que as

pessoas mais tweetam, sendo: 40,55% de “besteiras” (por exemplo, “vou dormir”),

37,55% de opiniões e conversas, 8,74 de retweets, 3,6% de notícias, 3,75% de

spam e 5,85% de tweets corporativos. A agência ainda divulgou as nacionalidades

com maior concentração de usuários do Twitter, e os americanos aparecem em

primeiro lugar com 50,9% dos usuários, seguidos dos brasileiros com 8,8%,

britânicos com 7,2%, canadenses com 4,3%, alemães com 2,4% e outras

nacionalidades com 26,4%. A DDA divulga ainda que é entre 10 e 11 da manhã o

horário cuja concentração de tweets é um pouco mais elevada do que no restante do

dia.

Outros números que mostram a repercussão do Twitter pelo mundo são do blog do

Jornal Estadão20, de 16 de março de 2011. O blog mostrou que a média de tweets

por dia no mundo é de 177 milhões de mensagens; portanto são enviadas, em

média, um bilhão de mensagens por semana. Além disso, na virada do ano de 2010

para 2011 foram postados 6939 tweets por segundo. Números impressionantes que

correspondem a uma rede social que cresce 182% ao ano.

19

Fonte: http://www.agenciadda.com.br/redes-sociais-blog/alguns-dados-sobre-o-twitter. Acesso em

17/04/11.

20 Fonte: http://blogs.estadao.com.br/radar-tecnologico/2011/03/16/twitter-divulga-dados-de-

crescimento-em-5-anos/. Acesso em 17/04/11

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68

Como dito no tópico sobre o Facebook, é possível conectar Twitter e Facebook para

que as atualizações de um apareçam no outro e vice-versa. Para empresas e

usuários que possuem perfis ativos nas duas ferramentas conectá-las é de grande

utilidade, pois poupa-se o tempo de atualizar duas redes com a mesma informação.

Para isso, basta que o usuário vá ao Facebook e digite no campo de busca a

palavra “Twitter”, e o aplicativo aparecerá. A partir daí, e só seguir os passos

indicados para interligar as atualizações das duas contas.

Em se tratando da funcionalidade e dos usos do Twitter nas organizações, nota-se

que há um número expressivo de empresas que mantém presença constante na

rede social. Seja em um TT promovido em contrato com os organizadores do Twitter,

ou em simples tweets gratuitos, a ferramenta proporciona retornos satisfatórios para

os mais variados produtos e serviços. Empresas podem divulgar suas marcas

levando os consumidores através de links encurtados a conferir mais informações

em seus websites e blogs. Para tanto, quanto mais atrativos forem os assuntos dos

tweets, melhor, agregando ainda mais seguidores ao perfil da empresa e conferindo

mais credibilidade a ela no meio on-line.

Muito comuns são também as promoções e sorteios via Twitter. O caráter de

instantaneidade do Twitter proporciona a possibilidade de promoções relâmpago,

que muitas vezes aumentam – e muito - o número de seguidores do perfil da

empresa em questão de minutos. As possibilidades de sorteio são várias: atingir

determinado número de seguidores, dar RT em algum tweet da empresa, criar

tweets onde o mais criativo ganha, ou até mesmo sorteios aleatórios entre os

seguidores. A incidência de sorteios é tão grande que aplicativos exclusivos para a

realização de sorteios via Twitter foram criados, como o Sorteie.me.

Como se nota, o sucesso no Twitter é tão grande que inúmeras ferramentas

interligadas a ele foram criadas, aumentando as suas possibilidades de uso. André

Telles (2010, p. 72) lembra que a maioria delas começa com “T” remetendo à

palavra Twitter, como o TwitSurvey, que permite a criação de enquetes e seu

compartilhamento no Twitter, e o Twtaway, que gerencia competições e seus

vencedores.

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69

Por tais considerações, nota-se que as organizações que pretendem se manter

ativas no meio on-line tem no Twitter uma boa referência para divulgar sua marca e

realizar promoções que atraiam clientes.

2.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que a quantidade de redes sociais disponíveis mundialmente na Internet é

muito grande, sendo inviável descrever o funcionamento de todas e as

possibilidades de comunicação das organizações com os públicos através destas

em um único capítulo. Por isso, foram comentadas apenas as redes de maior

adesão dos usuários brasileiros21, que, como visto no infográfico do tópico sobre o

Orkut, são, respectivamente, Orkut, Facebook e Twitter.

Ainda sobre as redes sociais, e diferente do que acontece com as mídias off-line, é

válido lembrar que elas não apenas se tornaram importantes meios de comunicação

entre as empresas e seus públicos, a partir das mudanças provenientes da

sociedade midiatizada, como também são uma espécie de retrato do público-alvo.

Isso porque os perfis das empresas possuem uma rede de amigos, que pode

aumentar ou diminuir, dependendo da relevância e do conteúdo do perfil dessas

organizações. A partir dos amigos adicionados e de suas atualizações na rede é

possível conhecer seus gostos e preferências, bem como pelos perfis as empresas

21

Mesmo não tendo o mesmo caráter de rede social que o Orkut, Facebook e Twitter, vale lembrar

que merece destaque no Brasil e no mundo o YouTube. Possibilitando o upload de vídeos e seu

compartilhamento por todo o mundo, o YouTube representa um excelente meio de comunicação e

para muitas empresas, que criam canais específicos para postar seus vídeos e/ou estratégias de

divulgação de determinados vídeos que podem se tornar verdadeiros virais na Internet, fazendo com

que, muitas vezes, determinada marca ganhe projeção mundial sem nem mesmo ter sido

mencionada no vídeo. Trata-se, portanto, de uma questão de planejamento e criatividade da empresa

para que determinado vídeo se torne um viral, ou mesmo do acaso, em que algum usuário fazendo

uma busca no YouTube encontra determinado vídeo e considera seu conteúdo interessante,

repassando o mesmo para seus amigos, que o enviam a outros amigos, e assim sucessivamente.

Importante é lembrar ainda que é muito comum o compartilhamento de vídeos postados no YouTube

em redes sociais como o Twitter, Orkut e Facebook, interligando o conteúdo entre essas ferramentas

e sendo, nesse caso, uma espécie de base para as postagens dessas redes.

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70

ainda podem ficar a par de dados como localidade, sexo, idade, etc. Porém, essas

informações, caso necessárias, seriam fruto de um trabalho de pesquisa das

próprias organizações analisando os perfis de seus amigos ou seguidores (no caso

do Twitter). Já as campanhas pagas, no que diz respeito à mensuração de público,

muitas vezes trazem um apanhado completo de informações do público e dos

resultados dessa campanha, fornecendo às empresas um rico banco de dados para

estudo e planejamento de novas campanhas.

Além de ser eficaz e de permitir o estudo do público-alvo, a comunicação das

organizações nas redes sociais possibilita ainda o monitoramento de opiniões em

relação à marca/empresa/serviço. Através dos perfis da empresa e de buscas

simples pela Web ou pelos campos de busca das próprias redes sociais, é possível

monitorar o que os usuários comentam sobre a marca. Obviamente, nem tudo pode

ser monitorado devido à quantidade de informações disponíveis na Web, mas é

possível ao menos remediar muitos problemas de projeção de imagem nas redes

sociais fazendo seu monitoramento e estando presente nelas. As reclamações nos

perfis, por exemplo, precisam de uma resposta ao cliente que reclamou, bem como

precisam ser apagadas (quando possível, para que outros usuários não as vejam). É

muito importante responder a todos os clientes insatisfeitos e aos que tiverem

dúvidas, prestando assim um pronto atendimento a eles, e demonstrando interesse

pelo cliente. De nada adiantaria ter uma rede social que não é atualizada e que não

responde aos clientes, demonstrando o descaso da organização para os mesmos e

desleixo perante a importância de se manter no meio on-line. A partir de tal

verificação do que os clientes falam sobre determinada empresa é possível perceber

seu posicionamento e procurar melhorias nos produtos e serviços prestados, de

forma que atendam às reclamações dos clientes. Por outro lado, a presença nas

redes sociais não só facilita a fiscalização das críticas às organizações, mas também

mostra os elogios às mesmas. Como já mencionado anteriormente, um perfil de uma

empresa com elogios dos clientes em relação ao produto ou serviço é um forte

contribuinte para a boa imagem desta perante os demais membros daquela rede

social.

Diante do mencionado, mais uma vez nota-se o quão importante se faz a presença

das organizações nos meios on-line e off-line na atualidade, desde que feita de

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71

forma criativa e em concordância com os ideais da empresa. Dada a valorização das

diversas possibilidades de informação e promoção de marcas e empresas que as

mídias proporcionam, viu-se que a comunicação em rede se tornou premissa

essencial para as organizações. Partindo de tal pressuposto, os dois próximos

capítulos tratarão da problemática do Detan-ES em relação à comunicação com

seus públicos para a prevenção dos acidentes de trânsito e das estratégias e

soluções encontradas, que resumem-se basicamente na adesão do instituto à

mídias diversas, interligadas segundo os princípios da comunicação em rede.

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72

3. DETRAN E SEU DESAFIO DE COMUNICAÇÃO

“O motorista, encapsulado em carros confortáveis, parece experimentar um

fenômeno de um encontro com a máquina. Ele „veste‟ seu carro, se torna

tão potente quanto ele. As leis não são nada. Seu mundo é apenas ele e a

máquina que são atrapalhados pelo trânsito”.

(Roberto Damatta)

3.1. O DETRAN-ES

A fala do antropólogo Roberto Damatta22 ilustra um dos desafios enfrentados pelo

Detran-ES na atualidade: educar os motoristas, priorizando um trânsito seguro.

Detran-ES é a sigla utilizada para o Departamento Estadual de Trânsito do Espírito

Santo. Cada estado do Brasil tem a sua instituição responsável, sendo o

DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito) o órgão a que estão submetidas

as instituições estaduais.

Segundo o Artigo 1º do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), é papel do Detran:

“O trânsito em condições seguras é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito” (Art. 1º § 2º do CTB).

De acordo com o Planejamento de Comunicação do Detran-ES, datado do ano de

2008, representam a missão, visão e valores da instituição:

Missão: Formar condutores, licenciar veículos, promover educação e engenharia de

trânsito, de modo a possibilitar humanização e segurança para um trânsito cidadão.

Promover a mobilização social por meio de campanhas sócio-educativas de respeito

à vida.

22

Roberto Damatta é Antropólogo e foi contratado pelo Detran-ES para realizar pesquisa quantitativa

e qualitativa a respeito do comportamento dos motoristas no trânsito, tendo sido o trabalho finalizado

no ano de 2008, com os resultados relatados no Plano de Comunicação da instituição no mesmo ano.

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73

Visão: Ser reconhecida como uma instituição pública de respeito e promotora de

ações efetivas em suas atividades fins, no interesse dos cidadãos do Espírito Santo.

Valores: Um ambiente harmonioso de trabalho para todos os servidores e

prestadores de serviço. Alto padrão de qualidade no atendimento à população.

Respeito ao patrimônio público. Servidores satisfeitos. População satisfeita.

Os próximos tópicos descreverão as responsabilidades e os problemas enfrentados

pelo Detran-ES, constatados, em grande parte, através das pesquisas realizadas

pelo antropólogo Roberto Damatta a convite do Instituto Futura, que se encontram

no Plano de Comunicação do Detran-ES de 2008, bem como por intermédio de

relatos da então Assessora de Comunicação do Detran-ES da gestão em vigor no

ano do referido planejamento, Margô Devos. As pesquisas datam do ano de 2007,

sendo uma quantitativa na Grande Vitória com 400 entrevistas entre usuários e não

usuários dos serviços do Detran-ES e uma qualitativa na Grande Vitória e principais

cidades do interior. Os principais objetivos das pesquisas eram avaliar a satisfação e

o conhecimento dos indivíduos acerca das responsabilidades do Detran-ES, bem

como traçar o perfil e as obrigações da instituição ideal à população.

3.2. RESPONSABILIDADES DA INSTITUIÇÃO

No geral, os Departamentos Estaduais de Trânsito determinam as normas para

fiscalização e formação dos condutores de veículos terrestres (avaliando os

indivíduos aptos a obterem a Carteira Nacional de Habilitação – CNH), bem como

fiscalização dos condutores no trânsito. É tarefa do Detran também credenciar as

empresas fabricantes de placas dos veículos automotivos em cada estado. Como

consequência de tais atribuições da instituição, é também de responsabilidade do

Detran a criação de campanhas educativas, principalmente de respeito às leis de

trânsito e prevenção de acidentes.

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74

Dada a importância das atribuições da instituição, tanto no que diz respeito ao bem-

estar dos motoristas e à preservação das vidas dos indivíduos expostos ao trânsito,

conclui-se a necessidade de uma comunicação eficaz, voltada para todos os

públicos envolvidos. Como visto, uma comunicação organizacional tem mais

chances de obter êxito e dialogar com seus públicos quando exposta a uma rede, na

qual a informação de uma mídia repercute em outra, e assim por diante. É papel do

Detran, então, planejar as mídias onde deverão ser divulgadas as campanhas

educativas, de forma a dialogar e transmitir as mensagens a todos os seus públicos.

Na pesquisa de Roberto Damatta, a população, quando indagada sobre as

responsabilidades do Detran-ES, responde de acordo com os seguintes números:

Educação do trânsito – 53%

Habilitação e carteira – 74%

Emplacamento – 75%

Análise de recursos de multa – 54%

Dessa forma, o Planejamento de Comunicação do Detran-ES registra que, para a

população, o DETRAN é um órgão público responsável por controlar o trânsito e os

procedimentos decorrentes de tal controle, como a emissão de documentos,

liberação de veículos, carteira de habilitação e especialmente cobrar multas e taxas

que são consideradas as mais caras do país.

Ainda sobre a opinião da população, encontram-se equívocos no que concerne às

responsabilidades e arrecadações do DETRAN. Algumas das pessoas pesquisadas

pensam ser função do órgão a organização do trânsito, a manutenção dos

semáforos, entre outras atribuições que são municipais. Também há respostas

equivocadas em relação ao âmbito do qual faz parte o Detran-ES. Do total de

entrevistados, 53% acreditam que a instituição esteja em poder do Estado, enquanto

que 32% pensam pertencer ao Governo Federal.

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75

3.3. PROBLEMAS ENFRENTADOS PELO DETRAN-ES

Como visto acima, um dos primeiros problemas a serem apontados é o

desconhecimento por parte da população das responsabilidades do Detran-ES.

Além disso, como constatado nas pesquisas de Damatta e relatado no Plano de

Comunicação da instituição, havia um déficit também em relação à imagem do órgão

perante a população, que o considera distante da sociedade. Como retratado no

planejamento, essa distância caracterizava o Detran-ES como “fechado,

desorganizado, lento e parado no tempo”, visto como um órgão que funciona apenas

para cobrar taxas.

A imagem do órgão também estava abalada em relação à avaliação da prestação de

atendimento. O indivíduo que procurava o serviço de Detran-ES se considerava mal-

atendido. As justificativas principais eram o despreparo dos funcionários e a

precariedade das estruturas.

No que diz respeito à honestidade, os números também não são favoráveis: dentre

as pessoas que já usufruíram dos serviços da instituição, 36% a consideram

corrupta e 47% honesta. Dentre as que não utilizaram, 24% a consideram corrupta e

50% honesta. Quando questionados sobre os preços, os entrevistados foram quase

unânimes (91%) em considerar os valores dos serviços do Detran-ES altos. Ainda

avaliando os indivíduos que já utilizaram os serviços do órgão, 35% dos

entrevistados os consideram ineficientes e 74% burocráticos.

Os dados acima demonstram que, dada a falta de conhecimento das atribuições do

Detran-ES por parte da população, muitos motoristas com problemas acabaram por

ficar desorientados por não saber a quem buscar dentro da instituição. Assim,

baseado nas pesquisas, o Plano de Comunicação traça o perfil do Detran-ES

desejado pela população, que consiste na modernização do órgão. Modernização

essa que seria alcançada com o uso da internet, ou seja, o cidadão não teria a

necessidade de procurar uma unidade de atendimento. Nos casos em que seja

indispensável o comparecimento a uma das unidades, que os funcionários

responsáveis pelo atendimento sejam aptos a resolverem as demandas. Ainda sobre

o atendimento, foi solicitado que este seja ágil e padronizado, de forma que seja

mais atencioso e humano com os indivíduos.

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76

Ainda dentre os problemas relatados no Plano de Comunicação, está o

comportamento dos motoristas do Espírito Santo. Da análise de tal comportamento

de acordo com a pesquisa de Damatta, deriva o trecho da abertura deste capítulo,

ilustrando a gravidade da situação enfrentada pelo Detran-ES. O antropólogo

constata com as respostas dos entrevistados que dirigir é uma atividade prazerosa e

que dá idéia de liberdade, e, ao se tornarem motoristas, as pessoas encontram

dificuldades de confiarem seus veículos a terceiros, o que justifica em parte a

combinação de bebida e direção, uma vez que o álcool pode maximizar a sensação

de poder proporcionada pela alta velocidade ao guiar um automóvel.

Outro grande problema de que deriva o comportamento dos motoristas é a

imprudência não só em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, mas também em

relação ao abuso de velocidade. Damatta afirma que os entrevistados alegaram que

“a velocidade é uma válvula de escape para as frustrações, limitações e a tensão

produzida no dia-a-dia dos motoristas”.

Assim, de acordo com as pesquisas, notou-se que os indivíduos não são

mobilizados facilmente pelas penalidades às infrações, desrespeitando as leis

sempre que possível, além de assumirem tais irregularidades sem constrangimento

e apresentando sempre uma justificativa para agirem de forma contrária às leis de

trânsito.

Além dos dados obtidos com as pesquisas de Damatta registrados no Plano de

Comunicação, outras fontes demonstram os problemas a que o Detran-ES se

deparou, que acabaram por determinar as mudanças em sua comunicação e

estratégias de alcance do público-alvo. Margô Devos, então Assessora de

Comunicação do órgão na gestão em que foi desenvolvido o Plano de Comunicação

aqui mencionado, aponta os altos índices de acidentes de trânsito e o envolvimento

dos jovens em tais números como agravantes que tiveram que ser levados em

consideração pelo Detran-ES, como pode-se verificar nos gráficos 12 e 14 sobre o

número de acidentes segundo a faixa etária, no qual a maior quantidade de

acidentes é verificada entre os 18 a 29 anos de idade.

Os números dos acidentes de trânsito no Espírito Santo e demais dados

relacionados podem ser encontrados nos anuários disponíveis no site do Detran-

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77

ES23. O último disponível é datado do ano de 2009, e revela importantes dados que

explicam os desafios enfrentados pelo órgão.

Os anuários trazem, dentre outros dados, os números de infrações cometidas e

acidentes em todos os municípios do Espírito Santo, bem como os indicadores de

trânsito abaixo, de 2009, que utilizam também como fonte de dados o IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística), a PMES (Polícia Militar do Espírito Santo), a

PRF (Polícia Rodoviária Federal) e o PRODEST (Instituto de Tecnologia e

Comunicação do Espírito Santo):

População (estimada): 3.487.199 habitantes

Frota (dez. 2009): 1.158.302 veículos

Habilitados (dez. 2009): 961.385 habilitados

Infrações (dez. 2009): 525.100 autos de infração

Acidentes: 29.098 acidentes sem vítimas

14.387 acidentes com vítimas

Vítimas: 19.245 vítimas parciais (feridos)

506 vítimas fatais (mortos no local do acidente)

Taxa de motorização: 0,33 veículos / habitante

Crescimento da frota: 10,09%

Índice de fatalidade por 100 mil habitantes: 14,51 mortos

Índice de fatalidade por 10 mil veículos: 4,37 mortos

Média de acidentes com vítimas por dia: 39,42 acidentes

Média de feridos por dia: 52,73 feridos

Média de mortos por dia: 1,39 mortos

23

Fonte: http://www.detran.es.gov.br/index.php?id=/estatistica/anuario/index.php. Acesso a partir de

23/02/11.

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78

Média de vítimas por dia: 54,11 vítimas

Além dos indicadores, o Detran-ES conta com dados mais detalhados, como tabelas

e gráficos relativos às infrações cometidas no estado em 2009, cuja fonte de dados

é o PRODEST (Instituto de Tecnologia e Comunicação do Espírito Santo):

Tabela 3 - As infrações mais cometidas no Espírito Santo

Fonte: Detran-ES (2009).

Gráfico 1 – Natureza das infrações

Fonte: Detran-ES (2009).

Muito ricos em informações de extrema importância para o desenvolvimento das

ações do Detran-ES são os dados pertinentes aos acidentes de trânsito no Estado,

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79

cujas fontes de informação no anuário de 2009 foram o SRPRF (Sindicato dos

Policiais Rodoviários Federais), PMES / BPTran (Polícia Militar do Espírito Santo /

Batalhão de Policiamento de Trânsito) e Batalhões e Cia‟s independentes da PMES:

Dados sobre acidentes de trânsito

Gráfico 2 - Número de vítimas de acidentes de trânsito segundo os meses do ano

Fonte: Detran-ES (2009)

Gráficos 3 e 4 – Números de acidentes de trânsito com e sem vítimas, e distribuição de acidentes com vítimas segundo o período.

Fonte: Detran-ES (2009).

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80

Gráficos 5 e 6 – Números de acidentes de trânsito com vítimas segundo a área e segundo na natureza.

Fonte: Detran-ES (2009).

Gráfico 7 – Números de acidentes de trânsito com vítimas segundo os dias da semana.

Fonte: Detran-ES (2009).

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81

Gráfico 8 – Números de acidentes de trânsito com vítimas segundo a faixa horária.

Fonte: Detran-ES (2009).

Dados sobre as vítimas dos acidentes

Gráficos 9 e 10 – Números de vítimas de acidentes de trânsito, e número de vítimas parciais por sexo.

Fonte: Detran-ES (2009).

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82

Gráfico 11 – Número de vítimas parciais por faixa etária.

Fonte: Detran-ES (2009).

Gráfico 12 – Número de vítimas parciais segundo o tipo.

Fonte: Detran-ES (2009).

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83

Gráfico 13 – Número de vítimas fatais por sexo.

Fonte: Detran-ES (2009).

Gráfico 14 – Número de vítimas fatais por faixa etária.

Fonte: Detran-ES (2009).

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84

Gráfico 15 – Número de vítimas fatais segundo o tipo.

Fonte: Detran-ES (2009).

Dados sobre os condutores dos veículos

Gráficos 16 e 17 – Número de condutores envolvidos em acidentes com vítimas por sexo, e número de condutores envolvidos em acidentes com vítimas segundo a categoria.

Fonte: Detran-ES (2009).

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85

Gráfico 18 – Número de condutores envolvidos em acidentes com vítimas segundo a faixa etária.

Fonte: Detran-ES (2009).

Gráfico 19 – Número de condutores envolvidos em acidentes com vítimas por tempo de habilitação.

Fonte: Detran-ES (2009).

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86

Gráfico 20 – Número de condutores envolvidos em acidentes com vítimas por espécie.

Fonte: Detran-ES (2009).

Diante dos dados expostos, pode-se ter a visão geral do grande número de

imprudências e acidentes no trânsito, sendo considerável parte deles ligados a

homens jovens e nos fins de semana. Tal fato está relacionado às saídas para a

balada com os amigos, que combinam, muitas vezes, velocidade, bebida alcoólica e

direção.

Tais registros apontaram os desafios a serem enfrentados e a necessidade de uma

comunicação eficiente do Detran-ES com seus públicos; não só os jovens, mas

todos as pessoas envolvidas em acidentes ou imprudências no trânsito. Essa

comunicação, como visto no Plano de Comunicação da instituição, tinha como

objetivo não apenas o alerta à população, mas também a melhoria da imagem do

órgão perante a sociedade.

3.4. A COMUNICAÇÃO DO DETRAN-ES

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87

A partir dos dados pesquisados, o Detran-ES determinou no Plano de Comunicação

elaborado em 2008 certos princípios a serem adotados nas formas de se comunicar

com seus públicos. Tais princípios se pautaram em determinados valores prezados

pela instituição, obedecendo à política de uma comunicação pública voltada para a

cidadania:

Foco no Cidadão: o cidadão-cliente foi o principal foco das ações do Detran-

ES;

Privilegiar a transparência, os fatos e os conceitos: a comunicação devia estar

pautada em fatos e situações verdadeiras, para evitar a política de

personificação das autoridades do órgão e Governo;

Prestação de Contas: através da divulgação de todas as ações do órgão,

promovendo o debate público e estimulando o engajamento do cidadão;

Prestação de Serviços: uma das principais atividades do Detran-ES é

prestação de serviços à sociedade. Coube à comunicação do órgão divulgá-

los de maneira que possibilite a compreensão de todos os indivíduos;

Envolvimento dos servidores: sabe-se que os colaboradores das

organizações constituem relevante canal de comunicação com a sociedade,

portanto, as informações e os esclarecimentos aos servidores sobre todas as

ações do órgão foram colocados em primeiro lugar;

Envolvimento social: procurou-se manter constante envolvimento da

sociedade, procurando conhecer os públicos-alvo, a fim de criar formas de

relacionamento que permitam a compreensão da missão e finalidades do

órgão;

Promover a mudança comportamental: o Detran-ES teve como objetivo maior

promover uma mudança comportamental que garantisse a segurança de

todos os usuários das vias;

Comunicação integrada: um dos tópicos mais discutidos até o momento neste

trabalho, o Detran-ES listou em seu plano a utilização das mais variadas

ferramentas de comunicação, tais como: assessoria de imprensa,

comunicação interna, relações públicas, marketing de relacionamento, dentre

outras, e não apenas as mídias convencionais. A comunicação devia

oferecer, assim, linguagens adaptadas aos diferentes públicos, sem deixar de

atentar para a unidade de informação;

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88

Interiorização da comunicação: é importante lembrar-se das regiões do

interior do Estado, por isso o planejamento englobou mídia regionalizada com

mensagens direcionadas para cada região, para que o cidadão do interior

sentisse a presença do órgão em todos os locais do Espírito Santo;

Freqüência na mídia e proximidade das comunidades: a instituição defendeu

que a mudança de comportamento somente seria obtida com freqüência na

mídia e ações de rua. O órgão procurou desenvolver campanhas de longa

duração, estando sempre presente nos canais de comunicação, além de se

manter próximo às comunidades.

Dessa forma, a proposta de comunicação do Detran-ES tinha como objetivo

principal a reconstrução de sua imagem perante a sociedade, adquirindo

confiança através da transmissão do conceito de uma instituição com processos

modernizados e melhorias no serviço prestado. Além disso, dado o

desconhecimento de parte das pessoas sobre as atribuições do órgão, outro

objetivo traçado foi o esclarecimento à sociedade sobre o papel e as

responsabilidades do Detran-ES. Além de proporcionar informação à sociedade,

planejou-se também uma comunicação clara internamente, motivando públicos

internos e terceirizados a aderirem aos programas implementados e a ficarem

cientes das propostas de mudança e modernização. Como último objetivo,

estava a criação de uma agenda para a prevenção das notícias negativas,

através da divulgação antecipada de notícias positivas esporadicamente.

O Detran-ES também relata os públicos-alvo que deveriam receber as

mensagens de suas campanhas, começando com os públicos internos, seguindo

a política já mencionada de forte investimento na comunicação interna da

instituição. Também são relatados como públicos, obviamente, os usuários, que,

segundo a pesquisa qualitativa de Damatta, apresentavam idade entre 29 e 49

anos em sua maioria (75% do total), predominância masculina (74%) e renda

familiar de 2 a 6 salários mínimos, sendo 49% do total do público proprietários de

automóveis. Um outro público-alvo seriam as categorias de terceiros,

representadas principalmente pelas CIRETRANs e PAVs, que representam a

instituição diante da população. Como último público-alvo listado, estão os

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89

chamados formadores de opinião, cuja importância está em seu poder de

contribuir para a formação da imagem do Detran-ES, representados pelos órgãos

e secretarias do Governo e pela população em geral, que, quando não está na

posição de motorista, é pedestre nas ruas.

No momento da elaboração do plano de comunicação, o Detran-ES preferiu não

determinar uma única abordagem para as campanhas (como, por exemplo,

utilizar campanhas exclusivamente de impacto). Porém, a instituição tinha a

ciência de que a transformação do comportamento da população seria

decorrente do binômio informação-punição. A partir de tal determinação, algumas

diretrizes foram traçadas para todas as campanhas de comunicação que seriam

realizadas, a saber:

Utilização de depoimentos de cidadãos capixabas: para provocar uma

aproximação do restante da população, despertando a consciência de que

qualquer um pode ser vítima de acidentes de trânsito. Nesse caso, as

campanhas deveriam apresentar depoimentos de impacto, utilizando

relatos de pessoas afins a todos os públicos: jovens, pais, motoristas,

pedestres, ciclistas, moradores do interior, etc.;

Relembrar as leis, multas e perda de pontos na carteira: na pesquisa, já

mencionada, os pesquisados foram unânimes em demonstrar o receio à

multa. Embora não seja o meio mais eficiente para modificar a cultura os

praticantes de imprudências, a multa é um método eficiente de inibição de

irregularidades. Por isso, o valor das multas deveria ser divulgado nos

materiais sempre que possível, bem como os pontos pela infração

cometida;

Gravar as cenas em locais conhecidos, lembrando fatos corriqueiros: as

campanhas deveriam ser as mais próximas e comuns aos cidadãos, sem

transmitir a idéia de artificialidade por vezes existente nas campanhas

publicitárias. Para o Detran-ES, os indivíduos precisavam entender às

regras e assimilá-las ao seu dia-a-dia;

Utilização de números e estatísticas: tal estratégia também serviria para

aproximar a população da realidade e deveria ser adotada sempre que

possível nos materiais de comunicação;

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90

Despertar a consciência de que o trânsito é responsabilidade de todos: a

comunicação deveria sempre ressaltar essa temática, promovendo a

questão do trânsito como exercício de cidadania e respeito à segurança

dos indivíduos;

Trabalhar com peças diferenciadas e mídia regionalizada: com o intuito de

atingir a todos os públicos-alvos por intermédio de uma linguagem mais

apropriada para cada público e região;

Trabalhar com campanhas e ações de prestação de serviços: com a

pretensão de criar um programa para orientar os indivíduos sobre os

serviços prestados pelo órgão;

Construção de imagem: por fim, as campanhas a serem elaboradas

deveriam transmitir a imagem de um Detran-ES próximo da população e

modernizado, com profissionais eficientes.

Como mencionado, outro aspecto no qual a instituição depositou grande

importância foi a comunicação interna. Uma vez que o Detran-ES conta com

representatividade de CIRETRANs e PAVs em todos os municípios do Estado,

além dos servidores do escritório central, faz-se necessário um canal de

comunicação interna eficaz: em 2009 o quadro de servidores da instituição era

de 705 pessoas. Além disso, a comunicação do órgão também sofreu prejuízos

em virtude das diferenças entre funcionários efetivos e comissionados, e das

constantes mudanças na direção do Detran-ES, que implicam em alterações de

gestão e de rotina dos servidores. Por isso, procurou-se investir na comunicação

interna, por intermédio de parcerias com os departamentos de RH, bem como a

criação de canais de comunicação que unifiquem as informações dos

colaboradores e de terceiros, como jornal mural em todas as CIRETRANs e no

escritório central, informativo on-line para todos os PAVs e jornal impresso para

os credenciados. A importância de todos os membros do Detran-ES e terceiros

se manterem sempre informados está no fato de que funcionários dotados de

informação e bem preparados representam um atendimento de qualidade ao

cliente, contribuindo, consequentemente, para a melhoria da imagem da

instituição.

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91

O site do Detran-ES também foi um dos pontos a passar por melhorias. O novo

site foi lançado em 2008, e, além da modernização do layout, tem como objetivo

atrair a população para sua utilização através do aumento de informações úteis,

evitando a procura pelos terminais de atendimento e reduzindo a espera e o

atendimento de baixa qualidade. A modernização do site implicará também na

ampliação e melhoria do item “Fale Conosco”, importante canal para

conhecimento dos problemas e dúvidas da população, que deve ser respondido

por um profissional preparado, sendo um jornalista ou assessor de comunicação.

Questão também referente à comunicação do órgão apontada no planejamento é

a central de atendimento telefônico. No momento do planejamento, a central

apresentava-se em condições precárias, com poucos atendentes, que não eram

suficientemente preparados. Propôs-se, então, a construção de uma nova

central, com a ampla divulgação do número telefônico nas campanhas

publicitárias, pois muitos cidadãos até então não tinham conhecimento do

número para atendimento.

Também indispensável para uma comunicação eficiente que promova uma

gestão satisfatória da imagem do Detran-ES é a assessoria de imprensa. A

instituição pretendia que a assessoria fosse o principal foco de mídia positiva

gratuita, utilizando-se, para isso, de algumas ações, como:

Formação de porta-vozes: através do treinamento de media training para

os corpos de gerência e direção;

Contato com a imprensa: promoção de contatos constantes com

jornalistas, editores e repórteres, com o intuito de estabelecer relações

cordiais e troca de informações. Incentivar também treinamentos sobre o

tema trânsito, para esclarecer as dúvidas da imprensa e evitar erros e

interpretações equivocadas em textos jornalísticos;

Publicação de artigos: incentivo à publicação de artigos com a temática do

trânsito, para gerar interesse da população e imprensa;

Comitê de crise: com o intuito de se mobilizar em caso de crises, é

composto pela Assessoria de Comunicação, Diretoria Geral e Adjunta e

Assessoria Jurídica.

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92

Além do exposto acima, o Detran-ES procurou contar com outros auxílios em sua

comunicação, como reuniões setoriais, visitas do diretor às CIRETRANs e

comunidades, e esclarecimento dos parlamentares sobre os planos da instituição. Já

para os investimentos em publicidade, o órgão contava na época da realização do

plano de comunicação com uma verba superior a R$ 7.000.000,00 anuais (valor

investido tanto em compras de mídia quanto em contratos com agências de

publicidade).

Por fim, o plano relata as formas de mensuração dos resultados da comunicação

executada, que consistiam na contratação de serviço de auditoria e avaliação de

imagem perante a imprensa, análise dos índices de satisfação dos serviços através

do “Fale Conosco” e contratação anual de pesquisas qualitativas e quantitativas para

avaliar as opiniões acerca da imagem da instituição e dos serviços prestados.

É através de tais premissas traçadas para a comunicação que o Detran-ES

desenvolve as estratégias de sua comunicação organizacional, voltada para as mais

diversas mídias, a fim de atingir todos os seus públicos e gerir sua imagem de forma

apropriada. Tais estratégias serão vistas em mais detalhes no próximo capítulo.

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93

4. ESTRATÉGIA

O combate efetivo à violência no trânsito passa pela conscientização do que

representam os acidentes de trânsito ao indivíduo e à sociedade.

(Primeiro parágrafo da Apresentação do Anuário Estatístico de 2009 do Detran-ES)

4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A frase de abertura deste capítulo ilustra um dos principais objetivos visados pelo

Detran-ES em suas campanhas: conscientizar a população sobre os acidentes de

trânsito, evitando que estes aconteçam. Para tanto, de acordo com os preceitos

estipulados no Planejamento de Comunicação da instituição em 2008, são

realizadas diversas campanhas que lançam mão das mais variadas possibilidades

da comunicação organizacional para atingir seus públicos, conforme as metas

traçadas no eixo estratégico abaixo:

Eixo 1 – Fortalecimento Institucional;

Eixo 2 – Excelência em Serviço;

Eixo 3 – Preservação de Vidas no Trânsito;

Eixo 4 – Fortalecimento da Rede de Cidades.

Cada um desses eixos teve suas devidas ações traçadas no plano de comunicação

da instituição24, como descrito abaixo:

Eixo 1 – Fortalecimento Institucional

24

Não são aqui descritas todas as ações referentes às estratégias de comunicação organizacional

criadas pelo Detran-ES. Será feito um panorama geral nesse primeiro momento do capítulo, a fim de

trazer uma ideia mais abrangente das ações que são de responsabilidade da instituição, que, aliadas

com as estratégias de comunicação, contribuíram para a mudança de imagem da organização.

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94

As ações que diziam respeito ao fortalecimento institucional estavam ligadas

à sua estrutura e imagem:

Nova estrutura organizacional

Projeto de Lei de uma nova estrutura operacional;

Adequação dos colaboradores às propostas da nova estrutura;

Realização de concurso público.

Acerto dos Passivos Funcionais

Desenvolvimento de proposta de estratégia para uma solução.

Qualificação dos colaboradores

Qualificação permanente dos servidores através de uma instituição de

treinamento contratada.

Foco na divulgação das ações

Assessoria de imprensa para manter o relacionamento com os veículos de

comunicação;

Divulgação das ações e projetos realizados, por meio de eventos e intervenção

com a comunidade;

Aproximação com o terceiro setor e a sociedade organizada.

Nova logomarca

Lançamento de uma nova logomarca que represente a nova imagem do

Detran-ES para a sociedade.

Sindicância e combate à corrupção

Conclusão da sindicância iniciada em 2003 para apuração de irregularidades

de servidores e agentes credenciados;

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95

Contratação de auditoria;

Implantação de sistemas de controle gerencial;

Construção de indicadores de avaliação sistemática.

Redução de taxas

Contratação de consultoria para análise e proposta de redução das taxas.

Eixo 2 – Excelência nos serviços

A excelência nos serviços dizia respeito às CIRETRANs e PAVs e ao

atendimento:

Reforma da sede e de 100% dos CIRETRANs e PAVs;

Melhorias no ambiente de trabalho de forma a torná-lo mais “humanizado”, com

paisagismo, mobiliários, filtros de água, climatização, etc.;

Padronização da comunicação visual da instituição e incentivo ao uso de

uniforme para os servidores;

Definição de regras e procedimentos nos pontos de atendimentos;

Capacitação gerencial e operacional na área de serviços e de atendimento;

Implantação de call center profissionalizado;

Modernização do website com foco na facilidade nos serviços;

Reformulação do sistema de gestão de credenciados;

Novo sistema de licenciamento de veículos, bem como priorização da

excelência dos serviços de habilitação;

Contratação de auditoria de qualidade para controle do serviço prestado pelos

agentes credenciados;

Facilitação do pagamento de taxas e multas por meio de cartão eletrônico.

Eixo 3 – Preservação de vidas no trânsito

Sobre a preservação de vidas no trânsito, são levados em consideração os

aspectos de educação e mobilização social, fiscalização dos infratores e

segurança nas rodovias:

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96

Programa Vida Urgente ES

Contratação da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga para a implantação do

programa Vida Urgente Espírito Santo, atraindo voluntários;

Ações do Vida Urgente em baladas, escolas, igrejas, praias e eventos;

Implantação espaço Vida Urgente para atendimento da sociedade e

apresentação dos projetos culturais ligados ao tema trânsito.

Estudo do comportamento do motorista

Contratação do professor e antropólogo Roberto Damatta e do Instituto Futura

para estudo do comportamento do motorista capixaba no trânsito.

Campanhas educativas especiais

Priorização de campanhas educativas voltadas para segmentos e problemas

variados, como transporte escolar, faixa de pedestre, cinto no banco traseiro,

motociclistas, etc.

Blitz eletrônica

Aquisição de equipamentos para identificação imediata dos infratores de

trânsito nas vias.

Biometria digital

Contratação de empresa para implantar o sistema de biometria digital, que

possibilitaria a identificação segura do habilitado e convênio com os bancos

nacionais de dados de segurança.

Programa de controle de poluição veicular – PCPV

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97

Assinatura de convênio para controle da emissão de poluentes dos automóveis,

por meio de equipamentos específicos.

Intensificação do Madrugada Viva e Praia Viva

Atuação em sintonia com o programa Vida Urgente;

Aquisição de equipamento para os agentes fiscalizadores.

Modernização da Delegacia de Delitos de Trânsito

Aquisição de equipamentos para melhores resultados na apuração dos

acidentes de trânsito;

Disponibilizar atendimento às famílias das vítimas.

Campanhas educativas nas inaugurações das rodovias

Comandos educativos nas comunidades que receberam rodovias estaduais.

Melhoria nos sistemas de pesagem das rodovias estaduais

Aquisição de balanças para o DER-ES (Departamento de Estradas de

Rodagem do Espírito Santo).

Melhoria na sinalização das rodovias

Financiamento para a sinalização através de repasse para o DER-ES.

Regulamentação de transportes de cargas

Criação de legislação específica para o transporte de rochas e outros

segmentos.

Eixo 4 – Fortalecimento da rede de cidades

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98

O último eixo diz respeito às ações relacionadas à mobilidade urbana na

região de Vitória e à municipalização do trânsito:

Apoio financeiro para realização de estudos e projetos de mobilidade urbana;

Convênios com municípios para a sinalização das vias;

Convênio para municipalização de trânsito;

Realização do Fórum Capixaba de Gestores de Trânsito e Transporte.

Relatadas todas as ações mencionadas no planejamento de Comunicação do

Detran-ES, parte-se para o estudo específico das ações de comunicação

organizacional. Para compreensão de como tais públicos receberam a mensagem e

dos resultados obtidos, serão descritas algumas das principais campanhas

executadas pelo órgão, bem como outras ações que contribuíram para a imagem

que a instituição sustenta atualmente.

4.2. MUDANÇA DE LOGOMARCA

De acordo com o plano de comunicação do Detran-ES a antiga logomarca precisava

ser substituída, pois transmitia um conceito errôneo e ultrapassado do trânsito. A

logo com a imagem da pomba datava do ano de 1988, e, segundo a instituição, não

transmitia o conceito de trânsito pelo fato de a paz ser necessária em todos os

segmentos, e não somente no trânsito. Além disso, a pomba denota passividade,

não contribuindo para uma mudança de comportamento almejada pela instituição.

Assim, é criada a logomarca abaixo (Figura 4):

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99

Figura 4 – Nova logomarca Detran-ES

Fonte: Planejamento de Comunicação Detran-ES (2008)

A logomarca foi criada por Ronaldo Barbosa, que utiliza a seguinte defesa para sua

criação:

“A marca se desenvolve em planos tridimensionais com grande força geométrica. Suas terminações triangulares sugerem sentidos e direções, num fluxo contínuo e sistemático de ir e vir. Em conjunto com essa harmonia dos elementos surge o nome DETRAN, que é passível de vários posicionamentos em relação ao ícone”.

Para o Detran-ES, a logomarca foi criada para alertar a população sobre as

transformações da instituição, transmitindo a sensação de modernidade e rigidez.

Dentre as mudanças que a instituição pretendia tornar do conhecimento público de

acordo com sua nova identidade, estão: a nova estrutura física, a melhoria no

atendimento, o progresso nos serviços prestados por meio da internet e call center,

e as novas abordagens com o público, principalmente os jovens.

Também como objetivo da mudança da logomarca estava a padronização dos locais

conveniados e pontos de atendimento. Para isso, foi criado um selo oficial,

resolvendo o problema da banalização da marca do Detran-ES, que estampava

fachadas, uniformes e veículos de terceiros, provocando uma confusão na mente

dos indivíduos. Por isso, foi proibido o uso da logomarca da instituição através de

uma publicação no Diário Oficial e um selo específico foi elaborado para a utilização

obrigatória de conveniados e pontos de atendimento (Figura 5):

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100

Figura 5 – Selo para agentes credenciados ao Detran-ES

Fonte: Planejamento de Comunicação Detran-ES (2008)

4.3. COMUNICAÇÃO INTERNA

Como verificado no capítulo anterior, o plano de comunicação do Detran-ES

priorizou a comunicação interna, para que os membros do órgão, bem como os

colaboradores das CIRETRANs e PAVs estivessem suficientemente preparados

para atender a população. Assim, foi implementado um jornal mural, tanto na sede

quanto nas CIRETRANs. Já nas PAVs, foi enviado um informativo on-line que

atingia a todos os funcionários.

Outra ação de comunicação interna consistia na comunicação com os agentes

credenciados, parceiros e órgãos ligados ao governo. Para estes foi veiculado

mensalmente um House Organ25 com informação sobre todas as ações

desenvolvidas pelo Detran-ES, bem como resoluções que modificassem a

metodologia de trabalho.

25

House Organ é a denominação dada ao veículo (jornal ou revista) de uma organização.

Geralmente, os House Organs divulgam fatos e realizações da empresa ou instituição e podem ter

diferentes formatos, dependendo do público a que são direcionados. (Fonte:

http://www.comunicacaoempresarial.com.br/comunicacaoempresarial/conceitos/houseorgan.php.

Acesso em 25/05/2011).

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101

4.4. CASE: AMIGO CAMINHONEIRO

Além de dados nacionais dos acidentes envolvendo caminhões (30% dos acidentes

com vítimas fatais, acarretando um dispêndio anual estimado em 22 milhões de

reais), no Espírito Santo a frota de caminhões também deve ser levada em

consideração, com seus aproximados 50,5 mil veículos26. O Estado apresenta

intensa movimentação de veículos de carga por ser cortado pelas BRs 101 e 262 e

pela sua característica econômica, que conta com o complexo portuário e indústrias

de grande porte27.

Preocupado com tais números, também em virtude de os acidentes envolvendo

caminhões serem, muitas vezes, os mais graves, o Detran-ES elaborou a campanha

“Amigo Caminhoneiro”, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar,

Secretaria Estadual de Esportes, Sest/Senat, Sindipostos, Transcares e

Fetransportes. A campanha consistiu em abordagens educativas e de saúde,

realizadas por voluntários em tendas de apoio, em locais previamente determinados

pelo Detran-ES em conjunto com a PRF e a PM. Nas tendas, os caminhoneiros

receberam materiais educativos e foram submetidos a exames de saúde gratuitos.

Também foram realizados nas tendas questionários para identificar os

comportamentos ao volante, hábitos de sono e condições físicas. Além disso, os

motoristas dos caminhões receberam orientações sobre postura física e hábitos

alimentares, além de dicas de direção preventiva.

Para o Detran-ES, são descritos como objetivos da campanha “Amigo

Caminhoneiro”: a redução do número e da gravidade dos acidentes envolvendo

caminhões, a conscientização dos caminhoneiros sobre sua responsabilidade nas

estradas conduzindo veículos de grande porte, o alerta para os riscos na estrada,

cuidados com a saúde e uso de entorpecentes ao volante. Outro objetivo que

26

Dados extraídos da apresentação elaborada pelo Detran-ES para a campanha “Amigo

Caminhoneiro”.

27 Fonte: http://www.detran.es.gov.br/_conteudo/2010/02/918-amigo+caminhoneiro.html. Acesso em

29/05/11.

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102

representou também a principal estratégia de apelo da campanha foi sensibilizar os

caminhoneiros sobre a importância deles para suas famílias.

Assim, com o argumento de que a família é o porto seguro do caminhoneiro, dada

sua rotina de riscos nas estradas, são executadas uma série de ações para a

campanha “Amigo Caminhoneiro”, cujo slogan é “Caminhoneiro. Não corra riscos na

estrada, sua família precisa de você”. Tais ações foram acompanhadas de

publicidade em mídias voltadas para os condutores de caminhões, visto que estes,

em constante trabalho nas estradas, não são atingidos facilmente por mídias de

massa tradicionais; por isso, procurou-se entregar o material impresso em mãos, e

trabalhar com o veículo rádio, mídia de maior acesso aos caminhoneiros.

A campanha, portanto, além das ações nas tendas descritas acima, foi elaborada

por intermédio dos seguintes materiais:

Logomarca da campanha:

Figura 6 – Logomarca Campanha Amigo Caminhoneiro

Fonte: Detran-ES

Cartaz: fixado nos postos de combustíveis, terminais portuários e empresas:

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103

Figura 7 – Cartaz Campanha Amigo Caminhoneiro

Fonte: Detran-ES

Folheto 1: entregue para os caminhoneiros nas tendas de ações da

campanha:

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104

Frente:

Verso:

Figuras 8 e 9 – Folheto Campanha Amigo Caminhoneiro

Fonte: Detran-ES

Folheto 2: entregue às empresas ligadas ao Detran-ES:

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105

Frente:

Verso:

Figuras 10 e 11 – Folheto Campanha Amigo Caminhoneiro para as empresas

Fonte: Detran-ES

Spots: alguns spots direcionados aos caminhoneiros foram criados, por ser o

rádio um veículo de alcance dos motoristas, que muitas vezes dirigem com o

rádio do caminhão ligado:

Spot 1 - Alimentação:

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106

“Olá, amigo caminhoneiro! A essa hora da manhã bate aquela fome e você

„tá‟ na estrada pensando do no que vai almoçar, não é? Aí vão algumas dicas:

evite comer alimentos gordurosos durante as viagens, como batata frita,

salgadinhos e outras frituras, e nem pense em beber! A comida pesada e a

bebida alcoólica provocam cansaço, sonolência e mal-estar, e ainda fazem

você perder o rendimento na estrada. As comidas gordurosas também podem

causar doenças do coração. É... consultar um médico de tempos em tempos

é importante para quem tem a profissão de caminhoneiro, faça exames do

coração e de problemas do sono. Uma atitude irresponsável pode colocar em

risco a vida de muitas pessoas, inclusive a sua! Com a vida não se brinca,

meu amigo, lembre-se que sua família está em casa, te esperando, cheia de

saudade. Caminhoneiro, seja prudente, não corra riscos na estrada. Sua

família precisa de você. Detran, um novo Espírito Santo. Governo do Estado.”

Spot 2 – Respeito

“Olá, amigo caminhoneiro! Pelas estradas desse Brasil você segue levando a

paixão de dirigir o seu caminhão, „aôôô‟. Como você está num carro alto e

forte, precisa redobrar o cuidado ao cruzar com outros motoristas,

motociclistas e pedestres. O importante na estrada é manter a cabeça fria, e

nem pense em disputar espaço com os veículos menores, „pra‟ quê? Não se

arrisque, respeite as leis de trânsito, especialmente os limites de velocidade,

não ultrapasse os locais proibidos. Uma atitude irresponsável pode colocar

em risco a vida de muitas pessoas, inclusive a sua! Com a vida não se brinca,

meu amigo, lembre-se que sua família está em casa, te esperando, cheia de

saudade. Caminhoneiro, seja prudente, não corra riscos na estrada. Sua

família precisa de você. Detran, um novo Espírito Santo. Governo do Estado.”

Spot 3 – Sono:

“Bom dia, amigo caminhoneiro! A gente quer começar esta manhã pegando

uma carona com você. E por falar em dia, você teve uma boa noite de sono?

„Tá‟ descansado pra encarar mais um dia de estrada? „Óóó‟, se você „tá‟

piscando os olhos, meio sonolento, aí vai uma dica importante: acorde „pra‟

vida! Pare no próximo posto, e tire um bom cochilo. Nem pense em tomar

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comprimidos para ficar acordado, o arrebite causa dependência, pode levar

ao infarto e a outras doenças do coração. É, sim senhor. Uma atitude

irresponsável pode colocar em risco a vida de muitas pessoas, inclusive a

sua! Com a vida não se brinca, meu amigo, lembre-se que sua família está

em casa, te esperando, cheia de saudade. Caminhoneiro, seja prudente, não

corra riscos na estrada. Sua família precisa de você. Detran, um novo Espírito

Santo. Governo do Estado.”

Jingle: além dos spots, foi veiculado nas rádios um jingle para os

caminhoneiros:

“No vai e vem das estradas,

Não dá „pra‟ gente arriscar.

Meu amigo caminhoneiro,

viaje sempre devagar.

A estrada é nossa vida,

Ganha pão, a nossa amiga,

Ela merece respeito,

E atenção o tempo inteiro.

Sou valente pai de família,

E um bom caminhoneiro,

Me arriscar não é vantagem,

Amanheci, o dia inteiro,

E quase já na chegada,

A saudade vai apertando.

Seja prudente na estrada,

Tem família te esperando.

Se o sono já vem chegando,

O melhor é descansar,

É mais um dia de estrada,

Mais seguro eu vou chegar.

Detran, um novo Espírito Santo.

Governo do Estado.”

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108

4.5. CASE: SEMANA NACIONAL DE TRÂNSITO

Para a Semana Nacional de Trânsito de 2010, organizada pelo DENATRAN, o tema

escolhido foi Cadeirinha e Cinto de Segurança. Porém, segundo o Detran-ES o tema

cadeirinha já foi muito discutido no Estado, em campanhas, ações educativas e

assessoria de imprensa. Já sobre o tema cinto, a instituição desenvolveu

campanhas de conscientização na mídia e ações educativas. Porém, na semana de

18 a 25 de setembro de 2010, o órgão sentiu a necessidade de focar a temática

moto, dados os números alarmantes de acidentes envolvendo motociclistas no

Estado, que aumentaram 800% de 2006 a 201028.

Em virtude de tais números, a mídia do Espírito Santo, principalmente os telejornais,

produzem uma série de reportagens negativas sobre o tema. Uma delas foi ao ar no

dia 11 de agosto de 2010 na TVE, em que é dito que o Hospital Regional Central,

em apenas 8 meses de funcionamento, recebeu números alarmantes de

atendimentos originados de acidentes de trânsito, somando 43% de todos os

atendimentos do hospital. Por isso, o Detran-ES resolve voltar o tema da Semana

Nacional de Trânsito para os motociclistas, a fim de minimizar os acidentes

envolvendo motos, e reduzir a incidência de cobertura midiática negativa.

Dentre as ações da Semana Nacional de Trânsito realizada no Espírito Santo no

último ano, estavam:

No dia 18/09, foi realizada uma ação educativa em frente à sede do Detran-

ES, sobre cadeirinha e cinto.

Criação de um filme educativo em linguagem de reportagem sobre os

motociclistas. O intuito foi distribuir o filme para os Centros de Formação de

Condutores do Estado, para ser usado nas aulas teóricas ou em palestras

gerais.

Coletiva de imprensa no dia 20/09 sobre a Semana de Trânsito, com

participação da Polícia Militar e da Secretaria de Saúde, onde foi apresentado

o plano de ação para evitar os acidentes, por intermédio do filme educativo,

28

Dados relatados pelo próprio Detran-ES

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109

de apresentações de estatísticas e entrega de um press kit com uma cópia do

filme produzido.

De 20 a 24/09 foram realizadas blitz educativas para os motociclistas em

pontos de concentração de veículos em Vitória, Serra, Cariacica e Vila Velha.

As blitze aconteceram em parceria com credenciados, Sindimotos, CFCs,

PMES, prefeituras e PRF, onde os motociclistas foram orientados sobre as

normas de segurança e receberam folhetos informando as penalidades

referentes à motocicleta. Os motociclistas flagrados cometendo

irregularidades tiveram as CNHs detidas, e só puderam restabelecê-las

gratuitamente se comparecessem a um evento pertencente à Semana

Nacional de Trânsito, onde assistiram a uma sessão do filme educativo e a

uma palestra educativa, no auditório do Detran-ES e no Batalhão de Trânsito.

Em dois dias de blitz, foram 138 motociclistas que cometeram infrações e

tiveram sua multa perdoada por assistirem ao filme e à palestra.

Outras palestras com a exibição do filme sobre motociclistas foram realizadas

em Cariacica, em escolas de 2º grau, e na Assembléia Legislativa.

Envio de mala direta educativa para todos os então 472.000 motociclistas

cadastrados no Detran-ES.

No encerramento da Semana Nacional de Trânsito no dia 25/09, foi realizada

pelo Sindimotos uma passeata de motociclistas, partindo da Praça do Papa

até o campinho do Convento da Penha, com o intuito de promover a

consciência da importância da segurança aos condutores de motocicletas.

4.6. CASE: LIGADO NO TRÂNSITO

Com o objetivo principal de influenciar o comportamento dos capixabas no trânsito, o

Detran-ES criou a campanha “Ligado no Trânsito”. Procurando estimular o debate e

a reflexão nas mídias sociais, a campanha ganhou alcance e adesão do público

jovem, o que se tornou sua principal característica. Porém, as ações no meio off-line

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não foram deixadas de lado, mas sim passaram a atuar em conjunto com o meio on-

line; atingindo, assim, tanto os públicos das mídias tradicionais quanto os adeptos de

redes sociais e da internet.

A primeira ação da campanha foi chamada de “Show de Irregularidades no

Intervalo”, e apontava as formas certas e erradas de agir no trânsito por meio de

cenas reais gravadas nas ruas da cidade com cidadãos cometendo infrações e

sendo “julgados” por outros indivíduos, que comentavam as infrações aplicando

cartões vermelhos ou amarelos, conforme a gravidade (como avançar o sinal

vermelho, falar ao celular ou realizar uma ultrapassagem indevida). Também foi

desenvolvida, em conjunto, uma cartilha contendo os principais procedimentos para

uma direção segura, distribuída em grande escala. A primeira tiragem foi de 15 mil

exemplares, sendo que posteriormente parceiros também reproduziram o material.

Os vídeos das irregularidades, exibidos num canal do YouTube, foram divulgados

também em outras mídias sociais, como Twitter e Orkut, além de serem expostos

espontaneamente em blogs. Além disso, no Orkut, foram incitados debates em

comunidades já existentes sobre o assunto, e no Twitter foi criado um perfil com

nome fantasia alusivo ao tema trânsito (@ligadotransito), para divulgar vídeos e

dicas de trânsito, estimulando a participação e interagindo com os usuários da rede.

A ação subsequente atingiu cerca de 100 mil pessoas e estimulou sua participação

em depoimentos sobre experiências pessoais de uso do cinto de segurança. Com o

nome “Eu decidi pela vida: use o cinto de segurança”, as participações se deram em

um blog e reverberaram em outras mídias sociais.

Outra ação de ampla divulgação na imprensa e com grande número de adeptos nas

redes sociais foi relacionada à temática bebida x direção. Voltada para o público

jovem, a intenção foi transmitir a ideia de que não é preciso correr riscos para

aproveitar a balada. Dessa forma, o objetivo é incentivar a eleição de um motorista

por noite e o uso do táxi. A ação teve início com a realização de ações promocionais

na internet que sortearam corridas de táxi, com o direito de levar os amigos para

aproveitar a noite em uma balada com tudo pago em casas noturnas parceiras da

campanha. Quem ganhava a promoção, autorizava o direito de uso de imagem. O

percurso de ida e volta no táxi era registrado em vídeo, editado e publicado no

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111

YouTube posteriormente. Os relatos contidos nos vídeos se transformavam em

tópicos de discussão nas redes sociais, que atraíram a atenção de muitos jovens.

Essa ação também teve como mídia de apoio a Rádio Cidade, que tem ampla

cobertura entre os jovens do Estado.

Houve também uma segunda estratégia referente à ação anterior, que consistiu na

escolha do motorista da rodada. Sortearam-se grupos de pessoas para irem a uma

festa em Guarapari, sendo que um dos sorteados não deveria beber para conduzir o

grupo com segurança no trajeto de ida e volta da festa.

A partir das ações acima descritas, blogueiros começaram a comentar e difundir os

vídeos da campanha pela internet, e a repercussão atraiu a atenção dos jornalistas,

o que gerou muito espaço espontâneo no noticiário em jornais impressos (A Tribuna

e A Gazeta), rádio, revistas e TV (Jornal ES Notícia 2ª Edição, Tribuna Notícias e

Em Movimento). A campanha ganhou projeção nacional com a exibição de

reportagem no Jornal Hoje da Rede Globo, o que também repercutiu na imagem

positiva do serviço público do ES no cenário nacional. Além disso, segundo dados

divulgados pela Agência E-Brand, idealizadora da campanha, mais de 450 mil

pessoas foram impactadas na internet pelos conteúdos gerados pelas redes sociais,

e aconteceram 43 mil exibições dos vídeos no YouTube, bem como milhares de

registros espontâneos foram verificados no Facebook e Twitter. O valor de mídia

espontânea representou R$ 1.173.457,95 (o que representa mais de seis vezes o

valor investido na campanha). Assim, a agência afirma que o Detran-ES construiu

um canal aberto de comunicação com o jovem, fortalecendo o sentimento de

apropriação da causa por esse público.

Ainda sobre a audiência da campanha no meio on-line, a adesão dos blogueiros foi

incentivada também a partir de um evento promovido em um ponto de encontro de

pessoas ligadas ao meio - uma cafeteria - em um bairro freqüentado por jovens.

Nessa cafeteria foi apresentada a campanha e debatido o tema trânsito entre

blogueiros renomados, que contribuíram com a idéia não só nos próprios blogs,

como também pelo Twitter e Facebook. Ocorreram também debates abertos em

redes como o Orkut, que denunciaram que o público ainda precisa de conhecimento

acerca das leis de trânsito e das responsabilidades de cada órgão e da sociedade

em geral. A campanha on-line também foi divulgada nos principais sites de conteúdo

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como o Google – uma mídia que permite ter grande volume de exibição. Quando se

percebeu que o público havia compreendido e apreendido a ideia da campanha,

realizou-se um evento em outro ponto de encontro dos internautas, para

apresentação da campanha como um todo.

Já no Carnaval de 2011, a campanha “Ligado no Trânsito” também elaborou uma

estratégia chamada “A Moda é Curtir o Carnaval Ligado no Trânsito”, com atuação

de três blogueiras dando dicas sobre o Carnaval e sobre segurança no trânsito. A

ação ainda sorteou dois grupos para assistir ao desfile das escolhas de samba de

Vitória. Também nesse período de Carnaval os painéis luminosos da rodovia

Rodossol continham frases sobre segurança no trânsito, advindas de participações

dos internautas no Twitter, que deveriam mandar sua sugestão de frase para o

Twitter @ligadonotransito seguida da hashtag #LigadonaRodossol.

Variadas ações foram executadas em relação à campanha “Ligado no Trânsito”, que

começou como um incentivo aos jovens e terminou com a divulgação espontânea

desse público e da imprensa. A campanha está em voga há um ano, e as redes

sociais continuam sendo constantemente atualizadas com dicas de trânsito e um

vasto conteúdo sobre as campanhas, tanto atuais quanto as já realizadas. Abaixo se

encontram os endereços eletrônicos do site da campanha e das redes sociais

correspondentes, bem como ilustrações que demonstram a participação dos

usuários nas redes sociais.

Blog: http://www.ligadonotransito.com.br/

Perfil no Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=4838608587160716250

Perfil no Facebook: https://www.facebook.com/ligadonotransito

Perfil no Twitter: http://twitter.com/#!/ligadotransito

Canal no YouTube: http://www.youtube.com/ligadonotransito#p/u/61/2Z_ewFLx56k

Logomarca da campanha:

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Figura 12 – Logomarca Campanha Ligado no Trânsito

Fonte: Detran-ES

Canal no YouTube:

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114

Figura 13 – Canal do YouTube do Ligado no Trânsito

Fonte: YouTube (2011).

Discussão em comunidade do Orkut:

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Figura 14 – Discussão em Comunidade do Orkut

Fonte: Orkut (2011).

Posts no Twitter

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Figura 15 – Posts no Twitter com a menção @ligadotransito

Fonte: Twitter (2011).

4.7. CASE: VIDA URGENTE

Com 10 anos de história, o “Vida Urgente” (chamado de Fundação Thiago de

Moraes Gonzaga) se tornou um dos projetos mais promissores e reconhecidos, com

projeção nacional, que surgiu no Rio Grande do Sul e ganhou filiais em outros

estados brasileiros, inclusive no Espírito Santo, com auxílio do Detran-ES. Com o

intuito de reduzir a violência no trânsito através de trabalho voluntário, o projeto

realiza várias ações voltadas principalmente para o público jovem. As ações vão

desde abordagens no trânsito e em shows, até a realização de eventos, como

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exposições, concertos, seminários, shows, corais, palestras, dentre outras. O “Vida

Urgente” também conta com outras ações, como Grupo de Apoio, Atendimento

Jurídico, Mural dos Pais, Teatro, Amigos pela Vida, vídeos educativos e um livro.

Para se tornar voluntário do projeto “Vida Urgente” é preciso fazer um cadastro

através do site http://www.voluntariosdavidaurgente.com.br/cadastro.php?estado=8

e aguardar o contato da equipe responsável. Após a fase do cadastro os

interessados são submetidos a um curso de capacitação, para que possam assim

participar das ações do projeto.

O projeto nasceu no Rio Grande do Sul a partir da mobilização dos pais de Thiago

Moraes de Gonzaga, que sofreu um acidente de trânsito e faleceu. A fundação, que

ganha o nome de Thiago, posteriormente criou o programa “Vida Urgente”, que

procura mobilizar a sociedade para a preservação das vidas no trânsito através de

ações educativas e culturais.

O nome “Vida Urgente” foi criado pela mãe de Thiago, Diza Gonzaga, já o símbolo

da borboleta da logomarca Diza dedica também ao filho, a quem ela chamava de

“pesquisador-borboleta” todas as vezes em que ele mudava de ideia, como acontece

corriqueiramente com os adolescentes29.

Logomarca da campanha no Espírito Santo:

Figura 16 – Logomarca Projeto Vida Urgente

Fonte: Detran-ES.

29

Fonte: site Vida Urgente: http://www.vidaurgente.org.br/site/int_fundacao-

secao.php?secao=o_nome_e_a_borboleta. Acesso em 30/05/11

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118

Algumas peças publicitárias:

Figuras 17, 18, 19 e 20 – Peças publicitárias Projeto Vida Urgente

Fonte: Site Projeto Vida Urgente

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Figuras 21, 22 e 23 – Peças publicitárias Projeto Vida Urgente

Fonte: Site Projeto Vida Urgente

4.8. OUTRAS CAMPANHAS: TRANSPORTE ESCOLAR, PRAIA VIVA,

NUNCA DÊ MOLE: SE BEBER NÃO DIRIJA, FAIXA DE PEDESTRE,

MADRUGADA VIVA, MOTOCICLISTA.

Transporte Escolar

Logomarca da campanha:

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121

Figura 24 – Logomarca Campanha Transporte Escolar

Fonte: Detran-ES.

Para que as crianças sejam transportadas com segurança para a escola, os pais e

responsáveis precisam de atenção ao escolher o serviço de transporte escolar. É

papel do Detran-ES transmitir informações sobre um transporte escolar seguro aos

pais dos estudantes. Além de informar, a instituição, em parceria com o governo do

Espírito Santo, realiza periodicamente blitzes para fiscalizar o transporte escolar,

conferindo o credenciamento dos veículos transportadores e a carteira de habilitação

dos condutores. Também são conferidos itens de segurança e o estado de

conservação do veículo, além da faixa lateral amarela com a inscrição “Escolar”

obrigatória.

Praia Viva

Logomarca da campanha:

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122

Figura 25 – Logomarca Campanha Praia Viva

Fonte: Detran-ES.

O “Praia Viva” é outra campanha do Detran-ES em parceria com o governo do

Estado. As ações da campanha acontecem principalmente em datas comemorativas

e shows e períodos cujo fluxo de pessoas e turistas é maior; sendo geralmente no

período da tarde, quando os banhistas retornam das praias.

A campanha, que atua de norte a sul do litoral do Estado e em Vitória, é dividida em

duas extensões: uma educativa, por intermédio de grupos de voluntários, e outra de

fiscalização, realizada pela Polícia Militar. No último caso, os motoristas flagrados

com sintomas de ingestão de bebidas alcoólicas são submetidos ao teste de

bafômetro, e, em caso de consumo de álcool comprovado, são determinadas as

punições correspondentes.

Nunca Dê Mole: Se Beber Não Dirija

Logomarca da campanha:

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123

Figura 26 – Logomarca Campanha Nunca Dê Mole: Se Beber Não Dirija

Fonte: Detran-ES.

Também idealizada pelo Detran-ES junto ao governo do Estado, a campanha

procura utilizar uma linguagem informal e divertida para atingir o público jovem.

Realizada também por jovens, fazem parte da campanha jogos de integração,

brindes e materiais educativos. Como já diz o nome, seu intuito é reduzir os riscos

de acidentes no trânsito causados pelo consumo de álcool, cujos números são

alarmantes, principalmente nos fins de semana. A campanha conta ainda com ações

publicitárias na televisão, rádio e internet.

Faixa de Pedestre

Logomarca da campanha:

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124

Figura 27 – Logomarca Campanha Faixa de Pedestre

Fonte: Detran-ES.

A campanha foi iniciada em 2005 pelo Detran-ES, com o objetivo de conscientizar a

população sobre a importância de atravessar na faixa de pedestre com segurança.

Com o tema “Parar na faixa é sinal de respeito à vida”, buscou-se integrar

motoristas, motociclistas e pedestres, sendo que a estes últimos ficou transmitida a

mensagem de sempre estender a mão ao atravessar em faixas onde não há

semáforo.

Em 2009, a campanha é reformulada, e ganha uma nova temática, passando a

trabalhar o emocional dos indivíduos através de “uma abordagem associada aos

sonhos, visto que nas faixas de pedestre não passam apenas pessoas, mas também

sonhos, sentimentos e negócios”30. Para essa nova fase da campanha “Faixa de

Pedestre”, voluntários caracterizados vão aos principais locais de travessia de

pedestres e fluxo de veículos e incentivam o ato de estender a mão ao atravessar na

faixa.

Madrugada Viva

30

Fonte: Site Detran-ES: http://www.detran.es.gov.br/_conteudo/2009/11/674-

faixa+de+pedestre++a+seguranca+esta+na+sua+mao.html. Acesso em 30/05/11

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125

Logomarca da campanha:

Figura 28 – Logomarca Campanha Madrugada Viva

Fonte: Detran-ES.

Assim como o “Praia Viva”, o “Madrugada Viva” é também realizado em conjunto

pelo Detran-ES e o governo do Estado, com o intuito de combater a ingestão de

bebidas alcoólicas pelos motoristas, procurando alertá-los sobre os riscos de

acidentes causados pelo efeito do álcool. Recebendo material educativo e brindes,

os motoristas são abordados por voluntários em bares, shows e demais locais com

grande concentração de jovens.

A campanha também funciona com a blitz punitiva, em parceria com a Polícia Militar.

Como já mencionado no “Praia Viva”, os motoristas flagrados no teste do bafômetro

com ingestão de álcool comprovada, têm as devidas punições, de acordo com o teor

alcoólico.

Motociclista

Logomarca da campanha:

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126

Figura 29 – Logomarca Campanha Motociclista

Fonte: Detran-ES.

O tema motociclista, como visto nos comentários acima sobre a Semana Nacional

de Trânsito de 2010, é recorrente no Estado. Além dos números alarmantes de

acidentes envolvendo motocicletas, a preocupação se dá também pelo aumento do

número de usuários de moto, em virtude dos custos menores para aquisição e

manutenção, bem como pelo asfaltamento de estradas estaduais no interior, o que

representou mais possibilidades de uso das motocicletas31.

Em 2007 nasce então a campanha “Motociclista, coloque em prática as leis de

trânsito”. Na grande Vitória, motociclistas eram alertados sobre a necessidade de

igualdade entre pedestres, motoristas e motociclistas, para que todos respeitem as

leis em prol de um trânsito mais seguro e humano. Já no interior, os motociclistas

passavam por abordagens educativas em blitzes, além de a campanha estar

presente em rádios e TVs locais.

31

Inclusive, ainda resistem as matérias sobre o aumento do número de motocicletas no Estado, cujos

números mostram que a frota de motos cresceu 46% de 2008 a 2011, enquanto que a de carros teve

um aumento de 19% no mesmo período de tempo. Fonte: matéria divulgada em 30/05/11 no Portal

Gazeta On Line:

http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/05/noticias/a_gazeta/dia_a_dia/865331-em-nove-anos-

mais-motos-do-que-carros.html. Acesso em 31/05/11.

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127

Os objetivos da campanha, segundo o Detran-ES, eram despertar a consciência do

respeito às leis de trânsito como forma de evitar acidentes; promover a cooperação

entre motoristas, motociclistas e pedestres; reduzir o número de vítimas de

acidentes de trânsito e tornar o motociclista um aliado na prevenção de acidentes,

enfatizando a ideia do respeito ao próximo e da preservação da vida.

4.9. CONCEITOS E PRÁTICAS

As múltiplas ações de comunicação realizadas pelo Detran-ES encontram respaldo

nas reflexões de Muniz Sodré, que traz como conceito uma “articulação hibridizante

das múltiplas instituições [...] com as várias organizações de mídia [...]” (SODRÉ,

2002, p. 40), conforme discutido no início deste trabalho. Abordando o fenômeno da

sociedade midiatizada, o autor demonstra como os indivíduos passam a conviver

com a mais variada gama de informações em um número de mídias que cresceu

muito nos últimos anos em virtude dos avanços da tecnologia, absorvendo tais

informações em seu cotidiano. É nessa sociedade carregada de informações, de

possibilidades de entretenimento e interação entre indivíduos e com o conteúdo dos

meios de comunicação, que o Detran-ES pensa em estratégias para seu

planejamento de comunicação.

Adicionalmente, as práticas do Detran-ES também dialogam com o conceito de

“comunicação em rede”, de Gustavo Cardoso, apresentado alhures. Tal autor

complementa o conceito de sociedade midiatizada, defendendo o fluxo de

comunicação nesse contexto, que se dá em rede: “A apropriação social das

tecnologias de informação e comunicação na era da informação caracteriza-se pela

sua interligação em rede” (CARDOSO, 2007, p. 32). Como visto, trata-se

exatamente da forma como o Detran-ES trabalha a sua comunicação, utilizando-se

tanto de mídias convencionais (como jornal, TV, rádio, dentre outras), como de

mídias mais recentes, criadas por intermédio da tecnologia (representadas

principalmente pela presença nas redes sociais). Ocorre que o conteúdo por vezes

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divulgado nas redes sociais da organização pautou discussões em jornais, assim

como uma mesma campanha teve material impresso e spots no rádio, sendo que

tais meios transmitiam a mesma mensagem de forma a direcionar-se para públicos

mais específicos.

Assim como Sodré, Cardoso também trata da interação dos indivíduos com os meios

de comunicação na atual sociedade, em que o papel das mídias de informação é

fundamental. Para Cardoso, as pessoas sentem a necessidade de buscar

informação e interagir com as mídias, assumindo a interatividade um papel tão

relevante que passa até mesmo a moldar as mídias por ditar as formas de seus

usos. Percebendo tal comportamento da sociedade, o Detran-ES apropria-se

inteligentemente da linguagem e dos artifícios das redes sociais na internet para

transmitir sua mensagem ao público jovem.

Dessa forma, Cardoso e Sodré, bem como os demais autores estudados,

demonstram a importância da comunicação em rede para que uma organização

possa administrar sua imagem da melhor forma diante dos públicos. O conceito foi

absorvido pelo Detran-ES em sua comunicação, representando grande contribuição

para a melhoria de sua imagem e do serviço prestado, e servindo de modelo para as

demais instituições, tanto públicas quanto privadas do Espírito Santo.

4.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como se pode perceber com as ações acima descritas e os objetivos traçados no

plano de comunicação, o Detran-ES desejava ser visto de forma diferenciada, e por

isso implementou ações para melhoria do atendimento ao público e campanha de

preservação das vidas no trânsito.

As ações, como visto, tiverem seu pontapé inicial com os investimentos em

comunicação interna voltados para os servidores do Detran-ES e de instituições a

ele ligadas, bem como com a modernização de alguns procedimentos da instituição.

Com os colaboradores devidamente preparados e processos mais modernos, o

atendimento ao cliente passou a melhorar automaticamente. A partir de então, uma

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129

série de estratégias foram elaboradas com o intuito de tornar a comunicação do

Detran-ES acessível a todos os públicos, seja por intermédio de mídias tradicionais

como televisão, jornal e rádio, ou com auxílio das novas tecnologias representadas

pelas redes sociais, mídia que dialoga em grande escala com o público jovem.

Tão necessário quanto planejar as ações para atingir os públicos desejados é

mensurar os resultados obtidos. Tal acompanhamento foi feito por meio de pesquisa

qualitativa para avaliar as campanhas de mídia, e de ferramentas como o Google

Analytics no caso das campanhas realizadas nas redes sociais. No caso do

conteúdo jornalístico divulgado, pode-se fazer sua avaliação através da análise do

clipping.

As ponderações sobre o trabalho de comunicação da instituição, juntamente com as

considerações relacionadas à comunicação organizacional do Detran-ES no

contexto maior da comunicação em rede serão melhor abordados na conclusão, que

representa o próximo tópico deste trabalho.

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130

CONCLUSÃO

Seja com a invenção do alfabeto ou com os mais modernos meios de comunicação,

nota-se a importância para os seres humanos do ato de comunicar-se entre si. A

partir da década de 90 – e atualmente cada vez mais necessária e atualizada –, a

Internet assume papel fundamental ao disseminar conteúdos em projeção mundial, à

velocidade de um simples clique.

Diante de tal tecnologia, que proporciona uma quantidade imensa de informações a

todo instante, a cultura sofre alterações. As pessoas, além do fato de serem

submetidas voluntária e involuntariamente todos os dias ao um enorme quantitativo

de informações, passam também a produzir e interagir com o conteúdo, por

intermédio das possibilidades da tecnologia. Assim, tanto informação quanto

entretenimento tornam-se presentes no cotidiano dos indivíduos, representando,

grosso modo, o chamado fenômeno da sociedade midiatizada.

Com possibilidades de meios de comunicação variadas por intermédio da

tecnologia, os conteúdos passam a ser reverberados de uma mídia para outra.

Assim, a informação que é publicada num jornal pode pautar um blog ou uma rede

social, e o inverso também acontece. Por isso, a comunicação que antes ocorria de

forma mais massificada e fechada, atualmente passa a acontecer em uma rede, com

uma mesma informação sendo distribuída em uma espécie de “teia” de meios de

comunicação.

Diante de tal cenário, com uma demanda crescente de informações disponíveis nos

mais variados meios de comunicação, as organizações precisam criar estratégias

para manter sua imagem em destaque perante a concorrência e seus públicos. Para

tanto, é preciso que todos os âmbitos da comunicação organizacional integrada

(institucional, mercadológica e interna) sejam trabalhados em harmonia, de acordo

com os objetivos e valores da organização. No caso específico do Detran, como a

questão não é a concorrência com outras empresas (até mesmo por ser uma

instituição que não visa lucro), faz-se importante da mesma forma a manutenção de

sua imagem perante a sociedade justamente por ser o Detran um instituto com

responsabilidade de zelar pelo bem-estar da população no trânsito e preservar as

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131

vidas educando para a prevenção de acidentes – ele precisa mobilizar para a sua

causa.

Portanto, é preciso que todos os âmbitos da comunicação organizacional integrada

(institucional, mercadológica e interna) sejam trabalhados em harmonia, de acordo

com os objetivos e valores da organização. Cabe a elas o papel de conhecer a fundo

os seus clientes (tanto internos quanto externos) e bolar estratégias para atingi-los,

em quaisquer que sejam as mídias necessárias. Muitas vezes essas estratégias

englobam novas mídias e presença nas redes sociais, como foi o caso do Detran-ES

na campanha “Ligado no Trânsito”, cujo público-alvo a que voltou-se foi o público

jovem. É sabido que os jovens, pela sua dinamicidade e energia, são talvez os mais

estimulados pelo grande volume informações nas mídias, precisando, por tal motivo,

de uma estratégia eficaz para chamar sua atenção. Assim, a campanha do Detran-

ES encontrou como solução uma forte participação nas mídias sociais e nas casas

noturnas e bares de Vitória.

Dessa forma, o Detran-ES, como instituição que não tem preocupação em destacar-

se de concorrentes, cria estratégias para combater alguns dos seus desafios, sendo

a maior parte deles relacionados à prevenção dos fatores que causam acidentes de

trânsito, como a ingestão de bebidas alcoólicas, a velocidade alta ao dirigir, a

imprudência de caminhoneiros em seus veículos pesados ou de motociclistas sem

as devidas proteções, dentre outros fatores. Representaram também desafios para a

instituição o desconhecimento por parte da população das atribuições do Detran-ES

e a falta de informação dos servidores, causando uma imagem negativa para a

instituição, que ganhou uma conotação de ultrapassada e com cobrança abusiva de

taxas.

O Detran-ES, diante de tais desafios, procura adaptar sua comunicação

organizacional aos moldes dos conceitos da comunicação em rede, o que gerou

uma série de resultados positivos para a organização. Aliando campanhas

publicitárias a eventos e a cobertura jornalística, bem como a estratégias para

manter os servidores devidamente preparados para atender o público, a instituição

não só alcança resultados positivos, mas também se destaca ganhando mídia

espontânea, até mesmo nacionalmente (com a reportagem transmitida pelo Jornal

Hoje da Rede Globo). Além disso, os resultados continuam sendo positivos também

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132

devido ao apoio de blogueiros e de seguidores da conta de Twitter @ligadotransito,

que continua tendo repercussão e participação voluntária de vários jovens que

assimilaram o tema trânsito às discussões de seu cotidiano.

O foco do estudo aqui realizado foi levantar um panorama geral sobre as

possibilidades de comunicação em rede de uma organização para o gerenciamento

de sua imagem, porém de tal estudo podem ser extraídos interessantes focos para

estudos futuros. Uma possível temática seria a relação entre os meios de

comunicação e as redes sociais. Utilizando a comunicação do Detran-ES para

exemplificar a possibilidade, viu-se que a instituição conseguiu gerar uma discussão

que surgiu hora nos meios tradicionais hora nas mídias sociais, mas em ambas

houve a possibilidade de reverberação de conteúdos. Seria possível estudar como

se dá esse processo, avaliando-se as vantagens e possíveis prejuízos de imagem

caso alguma informação negativa para a organização venha a surgir em algum dos

lados (meios de comunicação tradicionais ou mídias sociais) e repercuta no outro.

Além do possível foco de estudo citado, outros podem ser encontrados, como a

realização de um trabalho voltado apenas para a gestão de imagem nas

organizações nas redes sociais, como o Detran-ES fez especificamente com a

campanha “Ligado no Trânsito”. É crescente o surgimento de perfis e páginas de

organizações nas redes sociais, o que tem sido percebido pelo público, que participa

das discussões em tais espaços, não somente para sugestões, elogios ou

reclamações, mas como uma espécie de serviço de atendimento ao cliente, fato que

por si só geraria um amplo estudo.

Seja com o impacto de milhares de pessoas na internet através do conteúdo das

redes sociais, ou com ações e estratégias voltadas para outros públicos utilizando-

se dos meios de publicidade mais tradicionais (como rádio, propaganda televisiva ou

panfletos), ou, ainda, com eventos e jornalismo institucional, vale lembrar que a

instituição conseguiu não só atingir seus públicos utilizando-se dos artifícios da

comunicação em rede, mas também promoveu uma melhoria na projeção de sua

imagem diante da sociedade, uma vez que o Detran-ES se torna mais modernizado

e com melhores serviços de atendimento ao cliente.

Portanto, conclui-se que o Detran-ES pode servir de exemplo de uma comunicação

organizacional modelo para outras instituições, cujo trabalho deve ser planejado

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para diversos meios de comunicação, formando uma transmissão de conteúdos em

rede. É importante atentar, porém, que da mesma forma que os diferentes públicos

são atingidos pela comunicação das organizações em diversos meios cujo fluxo de

informação se dá em rede, informações negativas e indesejadas também têm as

mesmas possibilidades de se tornarem do conhecimento da sociedade por esses

métodos.

Dessa forma, somente com uma comunicação organizacional devidamente

planejada conforme se descreveu sobre o Detran-ES, levando-se em consideração

todos os públicos-alvo para determinar as mídias de onde partirão os conteúdos que

se disseminarão em rede para outras mídias (tanto de forma planejada quanto

espontânea), é que uma organização alcança seus objetivos e trabalha a projeção

de sua imagem da maneira desejada na sociedade midiatizada.

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