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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS NAELLY RENATA SARAIVA PIVETTA MULTIMORBIDADE, FRAGILIDADE E INCAPACIDADE FUNCIONAL: PREVALÊNCIA E RELAÇÃO SIMULTÂNEA EM IDOSOS COM 80 ANOS E MAIS CAMPINAS 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

NAELLY RENATA SARAIVA PIVETTA

MULTIMORBIDADE, FRAGILIDADE E INCAPACIDADE FUNCIONAL:

PREVALÊNCIA E RELAÇÃO SIMULTÂNEA EM IDOSOS COM 80 ANOS E MAIS

CAMPINAS

2018

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NAELLY RENATA SARAIVA PIVETTA

MULTIMORBIDADE, FRAGILIDADE E INCAPACIDADE FUNCIONAL:

PREVALÊNCIA E RELAÇÃO SIMULTÂNEA EM IDOSOS COM 80 ANOS E MAIS

.

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos

para a obtenção do título de Mestra em Gerontologia

ORIENTADORA: PROFESSORA DOUTORA FLÁVIA SILVA ARBEX BORIM

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA

ALUNA NAELLY RENATA SARAIVA PIVETTA E ORIENTADA PELA

PROFA. DRA. FLÁVIA SILVA ARBEX BORIM.

CAMPINAS

2018

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Agência(s) de fomento e n°(s) de processo(s): CAPES, 01P-1741/2016, 01P-3372/2017, 02P-4588/2018 ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2822-4618

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas

Ana Paula de Morais e Oliveira – CRB 8/8985

Pivetta, Naelly Renata Saraiva, 1992-

P688m Multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional: prevalência e relação

simultânea em idosos com 80 anos e mais / Naelly Renata Saraiva Pivetta. –

Campinas, SP: [s. n.], 2018.

Orientador: Flávia Silva Arbex Borim.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Ciências Médicas.

1. Idoso. 2. Multimorbidade. 3. Fragilidade. 4. Atividades cotidianas. I.

Borim. Flávia Silva Arbex, 1977-. II. Universidade Estadual de Campinas.

Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Multimorbidity, fragility and functional disability: prevalence and

simultaneous relationship in elderly with 80 years and over

Palavras chave em inglês:

Aged

Multimorbidity

Frail

Activities of daily living

Área de concentração: Gerontologia

Titulação: Mestra em Gerontologia

Banca examinadora:

Flávia Silva Arbex Borim [Orientador]

Tiago da Silva Alexandre

Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco

Data da defesa: 14-12-2018

Programa de Pós-Graduação: Gerontologia

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE

MESTRADO

NAELLY RENATA SARAIVA PIVETTA

ORIENTADORA: PROF. DRA. FLÁVIA SILVA ARBEX BORIM

MEMBROS:

1. PROF. DRA. FLÁVIA SILVA ARBEX BORIM

2. PROF. DR. TIAGO DA SILVA ALEXANDRE

3. PROF. DRA. PRSCILA MARIA STOLSES BERGAMO FRANCISCO

Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: 14/12/2018

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha tia Edvanir, que se foi muito cedo e deixou muita saudade

na minha alma. Obrigada por ter sido mais do que uma tia, seu papel na minha vida foi

fundamental. Me lembro sempre das nossas conversas e do seu jeito. Sinto sua falta todos os

dias.

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AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

Em primeiro lugar sou grata a Deus. Sou grata pela saúde, pela paz que traz à minha

alma, por me dar forças para perseverar nos meus sonhos e disposição para correr atrás dos

meus objetivos. Sou grata em especial à minha avó, que sempre cuidou de mim com muito amor

e sempre foi uma referência de dignidade e de fé.

Gostaria de expressar a minha mais sincera gratidão à minha orientadora, a Prof.

Dra. Flávia, que acreditou no meu potencial e me deu uma oportunidade de conversar com ela

para falar do meu interesse em fazer o mestrado e participar do processo seletivo e com

humildade e gentileza se mostrou disposta a orientar, esclarecer e ensinar. Realmente foi um

grande exemplo do que é ser uma orientadora, desde o primeiro contato. Sou grata pela

paciência, pela atenção (muita atenção) e pelo suporte em cada etapa deste mestrado.

Sinceramente, muito obrigada.

Ao longo deste mestrado eu aprendi muito e por isso sou grata ao corpo docente do

Programa de Pós-Graduação em Gerontologia da Unicamp e também a secretaria do programa,

em especial agradeço a Prof. Dra. Anita Liberalesso Neri, pela oportunidade de aprender com

o grande projeto Fibra 80+, pela confiança em lidar com dados de uma pesquisa tão importante;

agradeço a Prof. Dra. Maria Elena Guariento; agradeço a Juliana, secretária da pós-graduação,

que com paciência e boa vontade esteve disposta a auxiliar em assuntos burocráticos e sou

extremamente grata ao Prof. Dr. André Fattori e Prof. Dra. Lúcia Mourão, sempre dispostos a

ajudar e minimizar dificuldades. Aos companheiros de coleta de dados, de digitação de dados,

a todos que fizeram parte do Projeto Fibra e aos idosos que participaram deste estudo.

Aos meus queridos amigos que fizeram parte destes anos de mestrado e que eu

espero que me acompanhem ao longo da vida: Débora, Carolina, Cíntia, Lucas, Letícia,

Jhennifer, Jeniffer, Juliana Medeiros e, por fim, a María Jesus e Daniel Vicentini que tiveram

uma importância fundamental para o meu aprendizado no mestrado.

Aos meus pais por me trazerem a vida e me amarem da forma que podem e por

terem me dado uma das melhores partes da minha vida, a minha irmã Drielly, e a ela pela minha

sobrinha Ester.

Por fim, sou grata ao meu namorado Gabriel, pelo apoio emocional, por me

incentivar a alcançar meus objetivos, por compreender a minha ausência para dedicar meu

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tempo às tarefas do mestrado, pelo seu carinho de todos os dias e dedicação. Sou grata a Deus

por compartilhar a minha vida com você.

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RESUMO

A alta prevalência de multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional entre idosos

longevos torna esta população suscetível a desfechos adversos em saúde, tornando este, um

grande desafio para o governo e sistemas de saúde. O objetivo deste estudo foi estimar a

prevalência de multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional e a presença simultânea

das mesmas; e identificar a associação direta e indireta das variáveis em relação a incapacidade

funcional. Trata-se de um estudo transversal, realizado com 166 idosos de 80 anos e mais, os

idosos foram provenientes de uma amostra probabilística de idosos residentes da zona urbana

do município Campinas-SP, entre 2016 e 2017. As variáveis contempladas no presente estudo

foram: sociodemográficas, multimorbidade (caracterizada pela presença de 3 ou mais doenças

crônicas), indicadores de fragilidade física (a partir da presença de 3 ou mais componentes de

fragilidade física) e de capacidade funcional (incapacidade foi definida a partir da dependência

total ou parcial para realização de duas ou mais atividades instrumentais de vida diária). As

associações foram testadas pelo teste qui-quadrado de Pearson e as correlações pelo coeficiente

de correlação de Spearman; a relação entre as variáveis de interesse e as variáveis mediadoras,

foi testada com análise de caminhos; foram conduzidas no programa Stata 15.0. Do total de

participantes (n=166), a maioria eram mulheres (70,5%). A média de idade da amostra foi 83,9

± 3,6 anos. Cerca de 42% dos idosos entrevistados relataram ter renda familiar de 1.1 a 3 SM e

60,6% tinham de um a quatro anos de escolaridade. Observou-se que 37,3% apresentavam 3 ou

mais doenças crônicas, 32,7% relataram precisar de ajuda para desempenhar 2 ou mais AIVDs

e 15,6% eram frágeis. Observou-se que 40,5% dos idosos não apresentavam nenhum problema

de saúde. As correlações foram positivas, porém fracas, entre multimorbidade, fragilidade e

incapacidade funcional. Na análise de caminhos destaca-se o número de doenças crônicas como

variável mediadora da relação entre sexo e critérios de fragilidade, e número de critérios de

fragilidade como mediadora da relação entre número de doenças e incapacidade funcional. O

estudo oferece evidência da presença simultânea e correlação de multimorbidade, incapacidade

funcional e fragilidade. Por meio da análise de caminhos, os achados fornecem informações

acerca do processo saúde-doença e permite identificar uma abordagem específica para

minimizar a associação e as consequências das variáveis em questão, principalmente a

mediação e a interação nos idosos longevos.

Palavras chave: Idoso, Multimorbidade, Fragilidade, Atividades cotidianas.

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ABSTRACT

The high prevalence of multimorbidity, frailty and functional disability among elderly people

makes this population susceptible to adverse health outcomes, making this a major challenge

for government and health systems. The objective of this study was to estimate the prevalence

of multimorbidity, fragility and functional disability and their simultaneous presence; and to

identify the direct and indirect association of the variables in relation to functional disability. A

cross-sectional study was carried out with 166 elderly individuals aged 80 years and older. The

elderly were from a probabilistic sample of elderly residents of the urban area of Campinas-SP,

between 2016 and 2017. The variables included in the present study were: sociodemographic,

multimorbidity (characterized by the presence of 2 or more chronic diseases), indicators of

physical fragility (from the presence of 3 or more components of fragility physical fragility) of

functional capacity (disability was defined from total or partial dependence for performing two

or more instrumental activities of daily living). The associations were tested by Pearson's chi-

square test and correlations by Spearman's correlation coefficient; the relationship between the

variables of interest and the mediating variables was tested with path analysis; were conducted

in the Stata 15.0 program. Of the total number of participants (n = 166), the majority were

women (70.5%). The mean age of the sample was 83.9 ± 3.6 years. About 42% of the elderly

interviewed reported having a family income of 1.1 to 3 MS and 60.6% had one to four years

of schooling. It was observed that 37.3% had 3 or more chronic diseases, 32.7% reported

needing help to perform 2 or more AIVDs and 15.6% were fragile. It was observed that 40.5%

of the elderly had no health problems. There were positive but weak correlations between

multimorbity, fragility and functional disability. The analysis of pathways highlights the

number of chronic diseases as a mediating variable of the relationship between sex and fragility

criteria, and the number of fragility criteria as mediator of the relation between number of

diseases and functional disability. The study offers evidence of the simultaneous presence and

correlation of multimorbity, functional disability and fragility. Through path analysis, the

findings provide information about the health-disease process and allow the identification of a

specific approach to minimize the association and consequences of the variables in question,

especially mediation and interaction in the elderly.

Key words: Aged, Multimorbidity, Frail, Activity of Daily Living.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABVD (s) – Atividade (s) Básica (s) de Vida Diária.

AVD (s) – Atividade (s) de Vida Diária.

AIVD (s) – Atividade (s) Instrumental (ais) de Vida Diária.

CES-D - Center for Epidemiological Studies – Depression.

FCM - Faculdade de Ciências Médicas.

FIBRA - Estudo sobre Fragilidade em Idosos Brasileiros.

FIBRA 80+ - Estudo sobre Fragilidade em Idosos Brasileiros com 80 anos e mais.

IMC - Índice de Massa Corporal.

Kcal - Quilocalorias.

Kgf – kilograma-força.

m - Metros. MEEM – Mini-Exame do Estado Mental.

OMS - Organização Mundial da Saúde.

R$ - Reais.

SABE - Saúde, bem-estar e envelhecimento.

SM - Salário Mínimo.

SP - São Paulo.

STATA- Software for Statistics Science.

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas.

MLTPAQ - Minnesota Leisure Time Physical Activity Questionnarie.

METs – Equivalente Metabólico

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 12

1.1. Considerações sobre a Fragilidade ..................................................... 12

1.2. Considerações sobre a Multimorbidade ............................................. 14

1.3. Considerações sobre a Capacidade Funcional ................................... 14

1.4. Revisão de Literatura ......................................................................... 16

1.5. Justificativa ........................................................................................ 21

2. OBJETIVOS ............................................................................................. 23

2.1. Objetivo primário ............................................................................... 23

2.2. Objetivo secundário ........................................................................... 23

3. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................... 24

3.1. Procedimentos para coleta de dados .................................................. 24

3.2. Critérios de Inclusão .......................................................................... 25

3.3. Dados Coletados ................................................................................ 25

3.4. Análise de Dados ............................................................................... 27

3.5. Procedimentos Éticos ......................................................................... 28

4. RESULTADOS ........................................................................................ 29

5. DISCUSSÃO GERAL .............................................................................. 51

6. CONCLUSÃO .......................................................................................... 54

7. REFERÊNCIAS ....................................................................................... 55

8. APÊNDICE............................................................................................... 60

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1. INTRODUÇÃO

O aumento no número de idosos com 80 anos, os chamados “idosos muito

idosos”, ou “idosos longevos” é um fenômeno mundial1. Esta população vem crescendo

ainda mais rápido que a população de idosos em geral2. Projeções indicam que em 2050,

este grupo etário pode atingir 434 milhões2. No Brasil no ano 2000, cerca de 1,8 milhões

de idosos tinham 80 anos ou mais; estima-se que até 2050 este número pode chegar até

13,3 milhões, isto é, 6,5% da população total e 19,6% da população idosa1.

Comparativamente a população total, embora o contingente dos longevos ainda seja

relativamente pequeno, esta é a população que mais cresce no Brasil1.

Este processo traz desafios para os sistemas de saúde, pois os idosos longevos

estão mais expostos a doenças, lesões, incapacidades, vulnerabilidade e fragilidade, o que

aumenta a demanda de cuidados e dependência funcional e reduz a autonomia1,3.

1.1. Considerações sobre a Fragilidade

No contexto da senescência, a fragilidade apresenta significativa prevalência

e consequências desfavoráveis4,5. Existe a fragilidade física e a psicológica e, ainda, a

combinação das duas. É uma condição dinâmica que pode melhorar ou piorar ao longo

do tempo4.

A fragilidade física é considerada um estado clínico em que há um aumento

na vulnerabilidade de um indivíduo para o desenvolvimento de maior dependência e / ou

mortalidade quando exposto a um agente estressor4.

Segundo Morley et al. é definida como uma síndrome clínica com múltiplas

causas e contribuintes, caracterizada pela diminuição da força, resistência e redução da

função fisiológica que aumenta a vulnerabilidade de um indivíduo, levando-o a

desenvolver maior dependência e/ou à morte. O modelo é baseado na tríade de disfunção

hormonal, sarcopenia e disfunção inflamatória. A interação destes fenômenos provocaria,

portanto, o ciclo da fragilidade. A operacionalização do fenótipo de fragilidade física foi

baseada em cinco componentes fenotípicos que indicam o comprometimento energético:

baixa força, baixa energia, lentidão da marcha, baixa atividade física e perda de peso não

intencional. Evidências sugerem que essas manifestações clínicas se apresentam como

uma síndrome e, em teoria, podem ser organizadas em um ciclo de autoperpetuação de

eventos naturalmente progressivo5.

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De acordo com Fried et al., o ciclo de fragilidade poderia ser iniciado por

meio de qualquer uma das manifestações clínicas, o que poderia precipitar um "ciclo

vicioso", culminando em uma síndrome de déficits cumulativos5. O estudo de Fried et al.

apresentou evidências de uma ordem parcialmente hierárquica no surgimento de

manifestações da fragilidade. A fadiga tendeu a se desenvolver primeiro, e foi preditiva

do início da fragilidade. No entanto, houve heterogeneidade nas manifestações iniciais da

fragilidade, como o desenvolvimento precoce de perda de peso ou exaustão predizendo

início mais rápido da síndrome da fragilidade. A perda de peso e a exaustão, representam

o desequilíbrio entre a produção de energia, a utilização da mesma e ingesta calórica.

A fadiga pode antever o início da fragilidade, sugerindo que a perda de força

muscular começa na meia-idade. O declínio da força tem sido atribuído à sarcopenia,

resultante de alterações anatômicas e bioquímicas no envelhecimento muscular. Os

mecanismos causais subjacentes à sarcopenia são muitos e incluem estresse oxidativo,

desregulação de citocinas e hormônios inflamatórios, desnutrição, inatividade física e

apoptose muscular, os quais, supostamente, contribuem para o desenvolvimento da

fragilidade. O que se sabe é que o ciclo de fragilidade é um complexo sistema não linear e

que a via de entrada neste ciclo é heterogênea.

Este conceito tem sido amplamente utilizado na literatura 1,3,5,6,7,8,9,10,11 e foi

incorporado no presente projeto de pesquisa.

Na prática clínica, a aplicabilidade deste conceito se dá por meio do rastreio

dos cinco componentes estipulados na operacionalização do fenótipo de fragilidade: perda

de peso não intencional no último ano, fadiga, baixo nível de força muscular, redução da

velocidade da marcha e baixo nível de atividade física6. É considerado pré-frágil o idoso

que atender a um ou dois componentes, considerado frágil o idoso que atender a três ou

mais componentes e não frágil o idoso que não corresponder a qualquer dos

componentes6.

Segundo Fried et al. 6, a fragilidade se mostra mais prevalente entre os idosos

mais velhos, sexo feminino, negros, baixo nível de escolaridade, baixa renda e estado

geral de saúde ruim. A prevalência, segundo os critérios de fragilidade, varia de 3,2%

entre 65 a 70 anos a 23,1% entre idosos com 90 anos ou mais6.

A síndrome da fragilidade pode ser um fator que predispõe a incapacidade

funcional, devido aos seus mecanismos fisiológicos de redução da força muscular,

lentidão de marcha e baixa resistência física6. A fragilidade não é sinônimo de

comorbidade ou multimorbidade, nem de incapacidade funcional, mas as doenças

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crônicas acumuladas podem ser fatores precursores da fragilidade (morley 2013) e que a

incapacidade é um resultado da fragilidade6.

1.2. Considerações sobre a Multimorbidade

A multimorbidade é uma condição caracterizada pela presença de duas ou

mais doenças crônicas (morbidades) em um indivíduo12. A doença é considerada crônica

quando é permanente, causada por alteração patológica irreversível ou quando exige um

longo período de cuidado ou reabilitação, não podem ser curadas, mas podem ser

controladas através de medicações ou tratamentos alternativos13.

Embora as doenças agudas sejam importantes para o manejo da saúde em

idosos, para o conceito de multimorbidade são consideradas somente as doenças crônicas,

pois a contabilização de doenças agudas poderia aumentar (desnecessariamente) a

prevalência desta condição e comprometer a qualidade dos estudos a respeito do tema14,15.

Apesar de não estar restrita aos idosos, esta condição se mostra mais prevalente neste

grupo etário12.

A multimorbidade é condição mais frequente entre os idosos, com prevalência

de 55% a 98%13,16. Mostra-se mais prevalente entre os idosos longevos, sexo feminino e

baixo nível socioeconômico13. Para Rizzuto et al. 16, residir em áreas desabastadas pode

antecipar o início da multimorbidade entre 10 e 15 anos. A multimorbidade leva à má

qualidade de vida e alto uso de cuidados de saúde1.

Este conceito surgiu no contexto do cuidado, da necessidade de realizar a

gestão de pessoas ao invés do manejar somente doenças14 e representa uma mudança no

paradigma usual de morbidade única para uma abordagem mais abrangente centrada no

paciente14.

A alta prevalência, dificuldade de controle e consequências adversas

relacionadas a multimorbidade, tornou este fenômeno um problema de saúde pública17.

Atualmente, a multimorbidade tem sido discutida devido ao aumento na incidência de

doenças crônicas não transmissíveis e seus impactos negativos sobre a qualidade de vida

e a capacidade funcional 17,18.

1.3. Considerações sobre a Capacidade Funcional

A medida da capacidade funcional é uma ferramenta importante para

mensurar o impacto de doenças sobre o idoso19. Grande parte das pessoas idosas tem

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dificuldades para realizar suas atividades cotidianas20. A perda da funcionalidade está

associada a maior probabilidade de ocorrência de quedas, institucionalização e morte20,21.

A capacidade funcional é um conjunto de habilidades físicas e mentais

necessárias para manter plena independência e a autonomia, desde a realização de

atividades básicas de vida diária até atividades que exigem maior complexidade20. A

eficiência nas atividades relacionadas à capacidade funcional depende da preservação do

estado geral de saúde e das funções motoras, e estão sujeitas a comprometimentos quando

os indivíduos apresentam doenças agudas, comorbidades, declínio cognitivo ou

multimorbidades20,22.

A medida da capacidade funcional é um importante preditor de declínio

funcional e comprometimento da capacidade física20. Os instrumentos mais usados para

esta medida são os questionários de Katz e de Lawton, que mensuram o nível de

independência para realização de atividades básicas de vida diária (ABVD) e atividades

instrumentais de vida diária (AIVD), respectivamente. O questionário proposto por Katz,

é original dos Estados Unidos, foi desenvolvido em 1963 por Katz et al.23 e validado

transculturalmente para população brasileira em 2008 por Lino et al.24.

A escala para avaliação das ABVDs foi desenvolvida para analisar o resultado

de tratamento e prognóstico em idosos e doentes crônicos23. É composto por 6 itens que

qualificam o desempenho do indivíduo na realização de atividades de cuidado pessoal:

alimentação, controle de esfíncter, transferência, higiene pessoal, eficiência para se vestir

e tomar banho23. Estes itens são dispostos exatamente nesta ordem pois obedecem uma

classificação de complexidade baseada na execução de funções biológicas primárias23.

Segundo Lino et al. 24, esta classificação pode ser comparada ao desenvolvimento

cognitivo observado nas crianças, que primeiro desenvolvem a capacidade de levar o

alimento a boca e posteriormente passam a se alimentar de forma independente, e só

depois de outras etapas são capazes de tomar banho sozinhas, por exemplo.

Semelhantemente, a escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária

(AIVD) também é original dos Estados Unidos e foi desenvolvida em 1969, por Lawton

& Brody et al.25, e validada transculturalmente para ser usado na população brasileira 26.

Segundo Lawton & Brody et al. 25, o comportamento humano admite diferentes graus de

complexidade para realização de tarefas25. Deste modo, atividades inerentes ao

autocuidado são mais simples e são seguidas por tarefas mais complexas, que exigem

mais das funções motora e cognitiva. Portanto, a escala de AIVD foi desenvolvida com o

objetivo de avaliar a independência dos indivíduos adultos e idosos para realização de

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atividades cotidianas mais elaboradas através de tarefas representativas de um nível

hierárquico ascendente de complexidade25. As tarefas propostas na escala foram:

telefonar, usar transportes, fazer compras, cozinhar, serviços domésticos, uso de

medicação e manejo de dinheiro25.

A incapacidade funcional tem sido definida na literatura como a necessidade

de auxílio para realização de uma ou mais atividades propostas por escalas9,16,27,28.

1.4. Revisão de Literatura

Diante do exposto, é notória a forte relação entre os temas abordados:

multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional, de modo que se interligam e

formam um ciclo vicioso. Esta relação tem sido estudada, devido ao impacto negativo que

gera na saúde e no bem-estar do idoso.

Wong et al. 29 apontam que a operacionalização do fenótipo de fragilidade

elucidado por Fried et al.4, esclareceu significativamente o conceito da síndrome, que

antes era confundida como sinônimo de multimorbidade, comorbidade ou incapacidade

funcional. Os estudos posteriores a Fried et al. 4, demonstram que boa parte dos idosos

frágeis não necessariamente apresentam dependência para realização de ABVDs e

AIVDs. Este dado é importante para estudar a fragilidade em si, que causa vulnerabilidade

no individuo, mas nem sempre causa incapacidade funcional4. Outrossim, a avaliação

separada de ABVD e AIVD é imprescindível, porque reflete estágios diferentes de

incapacidade funcional, isto é, idosos classificados como dependentes nas tarefas

dispostas na escala de ABVD refletem um pior estado funcional, porque são avaliados na

realização de tarefas básicas de manutenção da vida; em contrapartida, idosos

classificados como dependentes na escala de AIVD, retratam uma fase anterior, em que

os idosos experimentam dificuldades com tarefas que são necessárias para se adaptar a

seu ambiente social. Além disso, a literatura sugere que o acúmulo de doenças crônicas é

um dos precursores da fragilidade.

A fim de investigar a relação entre fragilidade, doenças crônicas e

incapacidade funcional e se a fragilidade pode ser simplesmente o resultado de múltiplas

doenças crônicas, ou ainda se pode se manifestar mesmo na ausência delas, Wong et al.

realizaram estudo de caráter transversal com base na análise secundária dos dados do

estudo Montreal Unmet Needs Study (MUNS). Entre fevereiro de 2001 e fevereiro de

2002, foram recrutados 1300 idosos aleatoriamente, dos quais 740 com 75 anos e mais

compuseram a amostra final. O objetivo foi estimar a prevalência de fragilidade e

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identificar variáveis sociodemográficas e de saúde associadas à fragilidade e examinar as

relações complexas entre a síndrome e a presença de doenças crônicas. Entre os

participantes da pesquisa, 7,4% foram classificados como frágeis, 49,7% como pré-

frágeis e 42,8% como não frágeis. A fragilidade foi associada à idade, sexo, renda,

educação, número de doenças crônicas e capacidade funcional. Entre os idosos

classificados como frágeis 29,1% apresentaram incapacidade para realização de

atividades básicas de vida diária (ABVD), 92,7% para atividades instrumentais de vida

diária (AIVD) e 81,8% apresentaram doença crônica. Os resultados desse estudo replicam

estudos prévios, evidenciando que apesar da fragilidade ser um conceito geriátrico ímpar,

está intimamente relacionada a outros desfechos negativos em saúde.

Boecksteins et al.3, destacam que a prevalência de multimorbidade é alta entre

a população idosa e que esta condição aumenta a vulnerabilidade e dependência desta

população, portanto a triagem e estudo da multimorbidade entre os idosos é de extrema

importância. A notória correlação entre multimorbidade, fragilidade e incapacidade e sua

relação também merece ser investigada. No entanto, a literatura apresenta diferentes

ferramentas para triar a multimorbidade, o que pode (ou não) afetar o estudo da relação

entre multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional. A fim de verificar se esta

relação sofre interferência a partir de diferentes medidas de multimorbidade, Boecksteins

et al. investigaram três diferentes medidas de multimorbidade: contagem de doenças

(CD), o índice de comorbidade de Charlson (ICC) e a escala de classificação de doença

cumulativa (CIRS) e a sua associação com capacidade funcional e fragilidade.

A CD mede a multimorbidade a partir do diagnóstico autorrelatado de duas

ou mais doenças crônicas, sem a existência de uma doença de base (índex) 30.

O ICC é um método que calcula o risco de óbito com base nas morbidades de

um indivíduo31. Admite 17 morbidades divididas em 3 categorias e cada categoria possui

um peso diferente. A categoria 1, tem peso 1 e inclui 11 morbidades, a categoria 2, com

peso 2 inclui 3 morbidades: hemiplegia, distúrbio renal moderado ou grave, diabetes com

dano de órgão final e qualquer malignidade, a categoria 3 totaliza 3 morbidades e admite

peso 3 para doença hepática moderada ou grave (por exemplo, cirrose com ascite) e peso

6 para tumor sólido metastático ou AIDS. Além de levar em consideração a gravidade das

doenças, o ICC também considera a idade no cálculo, uma vez que o aumento da idade

supõe menor índice de sobrevida. Quanto maior a pontuação de ICC, mais grave é a

condição clínica do indivíduo e maior é risco de óbito.

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A escala cumulativa de doenças ou CIRS-Cumulative Illness Rating Scale é

uma ferramenta usada para medir a multimorbidade e a sobrecarga que ela causa ao

indivíduo, levando em consideração a gravidade das morbidades33. A CIRS possui 14

eixos listados e cada eixo admite uma classificação de acordo com a presença e gravidade

da doença: 0 indica que não há prejuízo do órgão ou sistema avaliado; 1 indica

comprometimento leve, que não interfere na atividade normal; o tratamento pode ou não

ser necessário; o prognóstico é excelente; 2 indica comprometimento moderado e a

doença interfere nas atividades cotidianas, o tratamento e acompanhamento são

necessários e o prognóstico é bom; 3 indica comprometimento grave e leva à incapacidade

do sistema/órgão avaliado, o tratamento é urgentemente necessário; o prognóstico é

incerto; 4 indica comprometimento extremamente grave, representando uma ameaça à

vida; o tratamento é urgente, o prognóstico é desfavorável. Teoricamente, a pontuação

pode variar de 0 a 56, todavia a pontuação 56 ou próxima deste valor denota um estado

crítico, dificilmente compatível com a vida.

A avaliação da capacidade funcional foi baseada no questionário sobre

Atividades de Vida Diária e a fragilidade foi avaliada com base nos pontos de corte

propostos por Fried et al6. Os resultados apontam que a incapacidade foi associada ao

CIRS (OR: 2,4; IC95%: 1,2-4,6), após ajuste das variáveis sociodemográficas e de saúde;

já com fragilidade as razões de chance foram 2,4 e 2,6 com CCI e CIRS, respectivamente3.

Os autores concluíram que apesar das diferenças entre as medidas na identificação dos

dois desfechos, as classificações são capazes de identificar indivíduos com incapacidade

ou fragilidade. Nesta população de pacientes com 80 anos ou mais, a multimorbidade,

incapacidade funcional e fragilidade foram parcialmente sobrepostas. Boecxstaens et al.

apontam que ainda são necessários mais estudos que investiguem a associação entre

multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional. Quanto à fragilidade o estudo

indicou que ela é independente do número de doenças crônicas, apesar de outros estudos

demostrarem aumento da prevalência de fragilidade em pessoas com mais doenças

crônicas. Os autores salientam que todas as comparações são prejudicadas pela definição

heterogênea da multimorbidade.

Considerando que a proporção de idosos com 80 anos e mais aumenta

conforme o processo de envelhecimento e que essas pessoas são mais facilmente

acometidas por doenças crônicas, Peng Su et al. 27 avaliaram a associação entre a

multimorbidade e a incapacidade funcional em uma amostra com 2058 idosos de 80 anos

e mais em Xangai, na China. A multimorbidade foi medida através do método de

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contagem de doenças, isto é, a presença de duas ou mais doenças crônicas sem a presença

de uma doença de base (índex) foi caracterizada como multimorbidade. A medida da

capacidade funcional se deu por meio das escalas de Lawton & Brody e de Katz, que

avaliam respectivamente AIVD e ABVD. 23,2% tinham incapacidade em ABVD, 37,9%

tinham incapacidade de AIVD e 49,2% tinham multimorbidade. Após ajuste das

características sociodemográficas, foi demonstrada que ter uma ou mais doenças crônicas

apresentou maior razão de chance de ter incapacidade para ABVD e os idosos com 4 ou

mais doenças crônicas apresentaram um OR=5,61 (IC95%: 3,26-9,66). Associações

similares também foram observadas entre o número de doenças crônicas e a incapacidade

da AIVD. Os autores concluíram que a idade avançada foi significativamente associada à

incapacidade para realização ABVDs; o sexo feminino e o baixo nível econômico

associaram-se significativamente com a incapacidade de AIVD e o número de condições

crônicas teve forte associação com a incapacidade funcional.

É notório que multimorbidade está relacionada a uma maior probabilidade de

incapacidade funcional e mortalidade, quando comparada a doenças individuais. Neste

sentido, Quiñones et al. 34 realizaram um estudo para identificar os padrões de

multimorbidade mais prevalentes entre uma amostra de 8.782 idosos norte-americanos

(65 anos ou mais) e avaliar sua associação com incapacidade funcional. O estudo foi de

caráter prospectivo e usou dados longitudinais do Estudo de Saúde e Aposentadoria

(2010-2012). A multimorbidade foi definida como a presença concomitante de pelo

menos duas doenças crônicas e a incapacidade funcional foi medida pelas escalas de

atividades básicas de vida diária e atividades instrumentais da vida diária. Os resultados

do estudo evidenciaram que a condição crônica mais prevalente foi a artrite (73%),

seguida de hipertensão arterial (70%) e de doença cardiovascular (33%). Os três padrões

de multimorbidade mais prevalentes na população estudada foram: hipertensão arterial e

artrite; hipertensão arterial, artrite e doença cardiovascular; e hipertensão arterial, artrite

e diabetes. Apenas uma das combinações prevalentes incluiu sintomas depressivos (em

combinação com artrite, hipertensão, n = 129) e apresentou o maior nível de incapacidade

para ABVD e AIVD em comparação com participantes saudáveis, participantes com uma

única doença e em relação aos outros grupos mais prevalentes. Os autores ressaltam a

importância de examinar as múltiplas doenças crônicas à medida que elas ocorrem em

idosos e, no cenário clínico, a ênfase deve ser dada na identificação e tratamento de

sintomas depressivos que ocorrem em pacientes idosos com outras condições crônicas

prevalentes, principalmente na artrite e na hipertensão arterial.

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Aarts et al. 9 investigaram a heterogeneidade da população idosa frágil,

dividindo essa população em 5 subgrupos de acordo com marcadores biológicos para

fragilidade, multimorbidade e incapacidade funcional. Além disso, foi examinada a

associação destes com institucionalização e mortalidade. A fragilidade foi definida por ≥

3 dos cinco critérios propostos por Fried et al.4. A multimorbidade definida por meio de

contagem simples de doenças, com base na coocorrência de ao menos duas de 13

condições crônicas prevalentes. A incapacidade foi avaliada através da escala de

ABVD, os participantes que tiveram dificuldades com uma ou mais tarefas foram

considerados funcionalmente incapazes. Cada participante foi acompanhado por

aproximadamente 5,94 anos (DP: 1,22) para verificar se houve institucionalização e 7,76

anos (DP: 1,44) para verificar se ocorreu óbito do idoso participante. Foram recrutados

4414 participantes e os subgrupos estabelecidos foram: 1) Não-frágil (grupo de

referência); 2); Frágil somente; 3) Frágil com incapacidade; 4) Frágil com

multimorbidade; 5) Frágil com incapacidade e multimorbidade. A prevalência global de

fragilidade esteve presente em 10,7% dos idosos estudados (n = 473). Um percentual de

4,3% (n = 190) dos idosos apresentou simultaneamente fragilidade, incapacidade

funcional e multimorbidade. 2,1% (n = 94) apresentaram fragilidade e incapacidade

funcional e 2,8% (n = 125) apresentaram fragilidade e multimorbidade. Entre os idosos

frágeis, 40,1% (n = 190) apresentaram incapacidade funcional e multimorbidade. Apesar

da maioria dos idosos frágeis apresentarem incapacidade funcional e/ou multimorbidade

um percentual de 13,5% (n = 64) foi classificado como "somente frágil".

Os resultados de Aarts et al. salientam que a fragilidade por si só não é um

preditor de mortalidade, ao passo que o grupo "somente frágil" não apresentou risco

aumentado de mortalidade e institucionalização. A presença de multimorbidade ou de

incapacidade funcional, isoladamente, estão relacionadas a resultados adversos à saúde,

como hospitalização e mortalidade. De acordo com os resultados obtidos, os grupos 4 e 5

apresentaram maior risco de mortalidade e os grupos 3 e 5 maior risco para a

institucionalização.

Landi et al. 28, em estudo de coorte prospectiva, avaliaram o impacto da

incapacidade e da multimorbidade no risco de morte em idosos frágeis (n=364)

comunitários, com 80 anos e mais. Os idosos foram acompanhados durante quatro anos e

a medida de desfecho foi a mortalidade. A multimorbidade foi definida como a presença

de dois ou mais morbidades e as atividades de vida diária foram avaliadas através de dois

instrumentos: MDS-HC Cognitive Performance Scale e a escala de atividade básica de

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vida diária. Os participantes foram divididos em grupos sem e com incapacidade. Do

total de idosos, 150 vieram a óbito. Sessenta e sete idosos (44,6%) morreram no grupo

sem incapacidade em comparação com 83 indivíduos (55,3%) no grupo com incapacidade

funcional. Trinta e nove sujeitos (31,7%) morreram entre os indivíduos sem

multimorbidade comparado com 111 indivíduos (46,0%) com duas ou mais doenças.

Após o ajuste para potenciais fatores de confusão, os indivíduos com incapacidade

apresentaram maior risco de morte quando comparados a categoria de referência (RR =

3,91; IC95%: 1,53-10,00). Os resultados apontam que a incapacidade funcional exerce

uma influência importante sobre a mortalidade, independentemente da idade e outras

variáveis.

Ainda em relação ao desfecho mortalidade, Marengoni et al. 36 realizaram

estudo longitudinal com objetivo de avaliar o efeito da multimorbidade e da incapacidade

sobre o declínio funcional e a mortalidade em idosos. O estudo contou com um total de

1099 participantes, com idade de 77 a 100 anos, residentes da comunidade e instituições

de longa permanência, que foram acompanhados por uma média de 2,8 anos. Os

resultados evidenciaram que 12,1% dos participantes tinham incapacidade funcional e

52,3% eram afetados pela multimorbidade. Durante o acompanhamento, 363

participantes vieram a óbito e 85 apresentaram declínio funcional. O aumento no número

de condições crônicas aumentou também o risco de declínio funcional. No entanto, este

não foi o caso da mortalidade, já que o risco de óbito foi o mesmo para idosos com uma

doença, bem como para 4 ou mais doenças crônicas. A incapacidade funcional teve o

maior impacto na sobrevida, independente da multimorbidade ou do número de doenças

crônicas. Os pesquisadores concluíram que a incapacidade funcional mostrou maior

impacto negativo sobre o prognóstico de funcionalidade e também da sobrevida, quando

comparado a multimorbidade.

1.5. Justificativa

Conforme o exposto é possível afirmar que estudos recentes buscam a melhor

compreensão da inter-relação existente entre a multimorbidade, a fragilidade e a

incapacidade funcional, e destaca-se a necessidade de estudo com população brasileira,

que também investigue a relação entre estes problemas de saúde.

Os trabalhos existentes são unânimes em afirmar que multimorbidade,

fragilidade e incapacidade funcional trazem desfechos negativos à população acima de 60

anos, assim como também concordam que quanto mais idoso, mais alta é a

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vulnerabilidade para o desenvolvimento dessas condições adversas de saúde. É crescente

na literatura o número de estudos que associam a multimorbidade com a fragilidade e a

incapacidade funcional nos idosos longevos. Estudos de base populacional com idosos

longevos brasileiros permitirão avaliar o impacto dessas condições sobre o idoso

fornecerão subsídio para prevenção de incapacidades e multimorbidade, melhora na

qualidade de vida, além de auxiliar a gestão de idosos frágeis.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo primário

Estimar a prevalência de multimorbidade, fragilidade e incapacidade

funcional e a presença simultânea das mesmas, em idosos com 80 anos e mais.

2.2. Objetivo secundário

Identificar a associação direta e indireta das variáveis demográficas, da

multimorbidade e da fragilidade sobre a incapacidade funcional.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo observacional de delineamento transversal. Este estudo

utilizou os registros de idosos que participaram do Estudo FIBRA 80+ realizado em

Campinas. FIBRA é o acrônimo de Fragilidade em Idosos Brasileiros23. Os idosos foram

provenientes de uma amostra probabilística de idosos residentes da zona urbana do

município Campinas-SP.

Foram recrutados idosos com 80 anos e mais, residentes na zona urbana do

município de Campinas-SP, que já haviam participado da primeira onda do estudo FIBRA

2008/0923. O FIBRA 80+, dedicou-se a identificar condições de fragilidade e sua relação

com variáveis demográficas, socioeconômicas, psicossociais, físicas e cognitivas e a

medida do desempenho em atividades de vida diária, expectativa de cuidado, sintomas

depressivos e satisfação com a vida nos idosos participantes.

3.1. Procedimentos para coleta de dados

Entre o período de julho de 2016 a julho de 2017, foram realizadas visitas

domiciliares aos idosos selecionados. As visitas foram feitas em duplas de pesquisadores,

previamente treinados, integrantes do corpo discente na Universidade Estadual de

Campinas (Unicamp). Cada pesquisador estava munido de crachá, contendo nome e

fotografia, camiseta de identificação, pasta, formulários, canetas, cartões de visita e

folhetos de divulgação, todos contendo o logotipo da pesquisa FIBRA 80+. A entrevista

foi realizada em sessão única, com duração média de 1h20minutos.

Antes de iniciar a entrevista, os pesquisadores se identificavam, explicavam

ao participante e ao familiar a natureza da pesquisa, a duração da entrevista, os possíveis

riscos e benefícios inerentes a pesquisa, a possibilidade de abandonar a pesquisa a

qualquer momento sem prejuízo, o caráter gratuito, voluntário e não remunerado da

participação da pesquisa, a garantia de sigilo das informações e o direito de entrar em

contato com os coordenadores da pesquisa e com o Comitê de Ética em pesquisa para

obter informações ou fazer reclamação. Os participantes só puderam participar da

entrevista mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

O total de idosos era 475. No recrutamento realizado em domicílio, 323

tiveram seus endereços localizados (68,0%) pelos entrevistadores. Entre eles, 233 eram

idosos sobreviventes e 90 de idosos falecidos. Entre os 152 casos perdidos (32,0%), 131

não foram localizados (86,2%) e 21 recusaram-se a participar (13,8%). Entre os 233

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entrevistados, 66 foram considerados inelegíveis para parte do protocolo de pesquisa, pelo

fato de terem pontuado abaixo da nota de corte em teste de rastreio de nível cognitivo,

através do MEEM- Mini Exame do Estado Mental 15,16,17, fixadas em 17 para analfabetos,

22 para idosos com escolaridade entre 1 e 4 anos, 24 para idosos com escolaridade entre

5 e 8 anos e 26 para idosos com 9 ou mais anos de estudo16. Um familiar ou outra pessoa

próxima presente no domicílio por ocasião da entrevista foi convidado para responder um

protocolo com itens sobre a saúde e a funcionalidade física e cognitiva.

3.2. Critérios de Inclusão

Os critérios de inclusão foram: (a) Nascimento ocorrido entre 1º de janeiro de

1911 e 30 de junho de 1936; (b) Manifestação de desejo de participar da pesquisa; (c)

Ausência de déficits físicos, de linguagem e compreensão que impeçam a participação;

(d) Presença de um familiar que aceitasse participar de uma entrevista sobre as condições

de saúde e cognição do idoso, caso fossem detectados indícios de grave incapacidade

física e cognitiva.

3.3. Dados Coletados

As informações foram coletadas por meio de questionário previamente

testado e com questões validadas. No presente estudo, foram consideradas as informações

de 166 idosos que pontuaram acima da nota de corte no MEEM15,16,17 e que responderam

integralmente aos itens de interesse. As variáveis analisadas neste estudo foram:

Sociodemográficas: sexo (feminino e masculino), idade, anos de

escolaridade, renda familiar em salários mínimos (SM) vigentes à época da pesquisa,

cujos valores foram agrupados em quatro faixas (<1 SM; 1 ≤ SM ≤ 3; 3 ≤ SM ≤ 5; SM >

5);

Doenças crônicas: obtidas por meio de nove itens dicotômicos que

investigavam se algum médico havia realizado diagnóstico prévio de doença do coração,

hipertensão arterial sistêmica, acidente vascular cerebral/isquemia/derrame, diabetes

mellitus, câncer, artrite ou reumatismo, depressão, doenças dos pulmões e osteoporose.

Foram analisadas como variável numérica e também criadas as seguintes categorias:

nenhuma a duas doenças e três ou mais doenças.

Indicadores de fragilidade: consideraram-se os cinco componentes

propostos por Fried et al.18, por meio dos quais os idosos foram classificados como frágeis

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(pontuaram para fragilidade para três ou mais critérios do fenótipo), pré-frágeis (para um

ou dois critérios) e não-frágeis (não pontuaram para nenhum critério). Também foi

considerado o número dos seguintes critérios:

Perda de peso não intencional no último ano (sim ou não). Em caso de

resposta positiva, investigava-se qual a redução (em quilogramas), considerando-se

frágeis os idosos que relataram perda superior a 4,5kg ou 5% do peso corporal.

Fadiga, aferida por dois itens de autorrelato derivados do Center for

Epidemiologic Studies Depression Scale (CESD)19, com quatro possibilidades de resposta

(sempre, na maioria das vezes, poucas vezes e nunca/raramente). Foram considerados

frágeis aqueles que responderam sempre ou na maioria das vezes para qualquer uma das

duas questões.

Força de preensão manual em kgf, medida com dinamômetro Jamar

(Lafayette Instruments, Lafayette, Indiana, Estados Unidos). Instrumento: dinamômetro

manual. Posição do avaliado: sentado em uma cadeira, o cotovelo do membro a ser

medido será mantido flexionado em 90 graus, com o antebraço em rotação neutra. O

avaliado é orientado a usar a mão dominante para realizar o teste. Posição do avaliador:

o avaliador ao lado do avaliado e zera o instrumento, em seguida posiciona-se de frente

para o avaliado. Procedimento: o indivíduo pressiona o aparelho com a máxima força,

que será lida no aparelho. Consideraram-se frágeis os idosos cuja média das três aferições

esteve entre os 20% menores valores da distribuição, ajustados pelo gênero e índice de

massa corporal (IMC - peso/altura2 - kg/m2), conforme as faixas sugeridas pela

Organização Mundial da Saúde (OMS) e descritas por Marucci e Barbosa20.

Velocidade da marcha, indicada pelo tempo médio em segundos que o

idoso levava para percorrer, por três vezes, em passo usual e no plano, uma distância de

4 metros21. Foram considerados frágeis os idosos cuja média das três medidas esteve entre

os 20% maiores valores da distribuição do tempo em segundos gastos para realizar a

tarefa de marcha. As médias foram ajustadas pela mediana da altura (cm) para os homens

e as mulheres. Embora a média seja a medida usada tradicionalmente para determinar o

ponto médio de um conjunto, optou-se por utilizar a mediana, pois um pequeno número

de valores discrepantes poderia distorcer drasticamente a média.

Atividade física: foi utilizada uma versão reduzida e adaptada do

questionário Minnesota Leisure Time Physical Activity Questionnarie (MLTPAQ)22,

investigando-se a prática de esportes ativos e de exercícios físicos. As atividades foram

pontuadas em METs23,24. Como parâmetros para classificar os idosos quanto ao nível de

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atividade física foram criadas cinco faixas conforme os resultados para homens e

mulheres. Os que pontuaram no quintil mais baixo foram considerados como inativos ou

frágeis.

Capacidade funcional: foi avaliada por meio de autorrelato dos idosos

quanto à execução das Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs)25,26. A escala

avalia a ajuda necessária para realizar as seguintes atividades: manejar o telefone, usar

transportes, fazer compras, cozinhar, fazer serviços domésticos, uso de medicação e

manejo de dinheiro25,26. O idoso devia responder se era totalmente independente, se

precisava de alguma ajuda ou se precisava de total ajuda para realizar cada uma das

atividades mencionadas. Foi analisada como variável numérica e como categórica. Foi

considerado independente o idoso que não dependia de ajuda para realização de qualquer

a AIVD ou que era dependente total ou parcialmente para a realização de uma AIVDs.

Foi considerado dependente o idoso que necessitava de ajuda parcial ou total para a

realização de duas ou mais AIVDs.

3.4. Análise de Dados

Foi realizada análise descritiva para a caracterização da amostra, a partir das

medidas de frequência absoluta e relativa para as variáveis categóricas. Foram estimadas

as distribuições percentuais e respectivos intervalos de confiança de 95%. As correlações

entre número de doenças crônicas, incapacidade funcional, fragilidade, sexo, idade,

escolaridade e renda foram avaliadas pelo coeficiente de correlação de Spearman. Para

estudar a relação entre as variáveis de interesse, segundo modelo teórico prévio (Figura

1), foi utilizada a análise de equações estruturais via análise de caminhos (Path Analysis).

Os testes e os valores de aceitação foram: Teste qui-quadrado para bondade de ajuste

>0,05, Razão Qui-Quadrado (X2/GL) <2, SRMR (Standardized Root Mean Square

Residual) ≤0,10, RMSEA (Root Mean Square Error of Approximation) ≤0,08, CFI

(Comparative fit index) ≥0,90 e TLI (Tucker-Lewis index) ≥0,90

Para analisar a qualidade do ajuste dos dados aos caminhos propostos foram

feitos testes de significância para os coeficientes dos caminhos (path coefficients).

Valores absolutos de t>1,96 indicam que o caminho tem coeficiente estatisticamente

significativo. A análise de dados foi feita por meio do software Stata versão 15.0.

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3.5. Procedimentos Éticos

Todos os procedimentos estavam de acordo com as normas preconizadas pela

Convenção de Helsinki e chanceladas pelo Ministério de Saúde, com relação aos

procedimentos éticos que devem reger a pesquisa com seres humanos. O presente estudo

foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas e aprovado pelo mesmo em 16 de agosto de 2018,

sob parecer CAAE: 89402218.9.0000.5404.

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4. RESULTADOS

RESUMO

O objetivo foi estimar a prevalência isolada e combinada de multimorbidade,

fragilidade e incapacidade funcional e a associação direta e indireta da multimorbidade e

da fragilidade sobre a incapacidade, em idosos de 80 anos e mais. Trata-se de um estudo

transversal, com 166 idosos de 80 anos e mais. A multimorbidade foi indicada pelo

número de três ou mais doenças crônicas, fragilidade pela presença de ao menos 3 dos 5

componentes da fragilidade física e incapacidade por necessidade de ajuda para

desempenhar duas ou mais AIVDs. As associações foram testadas pelo teste qui-quadrado

de Pearson e as correlações pelo coeficiente de correlação de Spearman; a relação entre

as variáveis de interesse e as variáveis mediadoras, foi testada com análise de caminhos.

O estudo observou maiores prevalências de idosos que tinham 3 ou mais doenças crônicas

(35,1%), que apresentavam dependência na realização de 2 ou mais atividades

instrumentais de vida diária (AIVDs) (23,4%) e os que apresentavam simultaneamente os

dois problemas (17,0%). Observou-se correlações positivas e estatisticamente

significativas da multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional. Na análise de

caminhos, número de doenças crônicas mediou a relação entre sexo e número de critérios

de fragilidade, e estes a relação entre número de doenças e incapacidade funcional. O

estudo aponta a relação entre a presença simultânea e da interação entre multimorbidade,

incapacidade funcional e fragilidade. Através da análise de caminhos, os achados

fornecem características em relação ao processo saúde-doença, principalmente a

mediação e a interação nos idosos longevos.

Palavras chave: Idoso, Fragilidade, Atividades cotidianas, Multimorbidade.

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INTRODUÇÃO

Embora multimorbidade, incapacidade funcional e fragilidade sejam

condições independentes, os estudos com população idosa têm demonstrado que seus

efeitos se sobrepõem e afetam negativamente o estado geral de saúde de indivíduos mais

velhos, com aumento dos desfechos negativos, tais como quedas, institucionalização e

morte 1,2,3. A multimorbidade é definida como a coocorrência de múltiplas doenças

crônicas em um mesmo indivíduo4. Esse problema torna-se um desafio para a saúde

pública devido à complexidade da avaliação e da definição do conceito de

multimorbidade e à falta de evidências claras deste problema para fornecer cuidados

adequados5. É mais prevalente na idade avançada, no sexo feminino e em pessoas de

baixo nível socioeconômico4,5. A presença e o rápido acúmulo de doenças crônicas na

população idosa podem aumentar a vulnerabilidade e dificuldade da homeostasia, além

do aumento da inflamação sistêmica, o que pode desencadear a síndrome da fragilidade5.

Síndrome geriátrica que se caracteriza por alterações fisiológicas dos sistemas

musculoesquelético, neuroendócrino e imunológico, a fragilidade acarreta aumento da

velocidade do declínio funcional e torna os idosos mais vulneráveis a desfechos

negativos6. Os fatores sociodemográficos, biológicos, de estilo de vida e psicológicos

desempenham um papel significativo no desenvolvimento da fragilidade7. A intervenção

deve ter uma abordagem abrangente, considerando múltiplas condições de interação dos

problemas de saúde, modificação corporal, polifarmácia, questões sociais, entre outros8.

Em idosos com 80 anos e mais, a síndrome de fragilidade está relacionada com maior

risco para eventos de saúde negativos, entre eles a incapacidade funcional9.

A medida da capacidade funcional é uma ferramenta importante para avaliar

o impacto de doenças sobre o idoso10 e pode ser definida como um conjunto de

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habilidades físicas e mentais necessárias para manter independência no desempenho de

atividades de vida diária, desde as mais simples associadas à vida prática e à

sobrevivência, até as mais complexas do ponto de vista social e cognitivo10. Um estudo

longitudinal realizado com idosos japoneses observou que ser pré-frágil e frágil determina

aumento do risco de incapacidade funcional, e que, entre os indicadores de fragilidade

descritos por Fried et al. lentidão de marcha, fraqueza muscular e perda de peso são os

preditores mais fortes de incidência de incapacidade11. Os autores também observaram

que os idosos com menos de 75 anos apresentaram menor incidência deste desfecho do

que os idosos mais velhos 11.

A alta prevalência de multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional

entre idosos longevos determina maior suscetibilidade a quedas e lesões e ao surgimento

de outras enfermidades3,12, implicando na redução da autonomia e da independência, na

piora da qualidade de vida e no aumento da demanda por cuidados informais e formais,

incluindo hospitalizações, que elevam os gastos públicos com a saúde13. Esses desfechos

negativos sugerem a necessidade de estudos que ajudem a elucidar as complexas

interações entre os problemas de saúde e que identifiquem relações entre elas e variáveis

antecedentes, intermediária e proximais, colaborando para o planejamento e a elaboração

de ações mais eficazes de cuidado.

O objetivo do presente estudo foi estimar a prevalência de multimorbidade,

fragilidade e incapacidade funcional e a presença simultânea dessas condições em idosos

com 80 anos e mais, assim como identificar a associação e a mediação direta e indireta

das variáveis demográficas, da multimorbidade e da fragilidade sobre a incapacidade

funcional.

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MÉTODOS

Foram recrutados idosos com 80 anos e mais, residentes na zona urbana do

município de Campinas-SP, que participaram das medidas de linha de base do estudo

FIBRA em 2008 e 2009. Integravam amostra probabilística de 900 idosos recrutados na

comunidade, à época com idade entre 65 e 97 anos14. Foi planejado um estudo de

seguimento dos idosos nascidos entre 1 de janeiro de 1911 e 31 de dezembro de 1936.

O FIBRA 80+ dedicou-se a identificar condições de fragilidade e sua relação

com variáveis demográficas, socioeconômicas, psicossociais, físicas e cognitivas; com

desempenho de atividades de vida diária e expectativa de cuidado; com sintomas

depressivos e satisfação com a vida. Os critérios de inclusão foram: (a) nascimento

ocorrido entre 1º de janeiro de 1911 e 31 de dezembro de 1936; (b) ausência de déficits

físicos, de linguagem e compreensão que impedissem a participação; (c) pontuação

superior à nota de corte no MEEM15, fixadas em 17 para analfabetos, 22 para idosos com

escolaridade entre 1 e 4 anos, 24 para idosos com escolaridade entre 5 e 8 anos e 26 para

idosos com 9 ou mais anos de estudo16 e (d) presença de um familiar por ocasião da

entrevista. O total de idosos era 475. No recrutamento realizado em domicílio, 323

tiveram seus endereços localizados (68,0%) pelos entrevistadores. Entre eles, 233 eram

idosos sobreviventes e 90 de idosos falecidos. Entre os 152 casos perdidos (32,0%), 131

não foram localizados (86,2%) e 21 recusaram-se a participar (13,8%). Entre os 233

entrevistados, 66 foram considerados inelegíveis para parte do protocolo de pesquisa, pelo

fato de terem pontuado abaixo da nota de corte em teste de rastreio de nível

cognitivo15,16,17. Um familiar ou outra pessoa próxima presente no domicílio por ocasião

da entrevista foi convidado para responder um protocolo com itens sobre a saúde e a

funcionalidade física e cognitiva.

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No presente estudo, foram consideradas as informações de 166 idosos que

pontuaram acima da nota de corte no MEEM15,16,17 e que responderam integralmente aos

itens de interesse. Os dados foram coletados em domicílio, em 2016 e 2017, em única

sessão com duração média de 1hora e 30 minutos. Os procedimentos estavam de acordo

com as normas preconizadas pela Convenção de Helsinki e chanceladas pelo Ministério

de Saúde, com relação aos procedimentos éticos que devem reger a pesquisa com seres

humanos. Os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) antes do início da entrevista. O projeto FIBRA 80+ foi aprovado em 23/11/2015,

mediante o parecer no 1.332.651, e foi cadastrado na Plataforma Brasil / Ministério da

Saúde sob o C.A.A.E. 49987615.30000.5404. O projeto, relativo as avaliações

secundárias pertinentes a esta pesquisa, também foi aprovado mediante o

C.A.A.E: 89402218.9.0000.5404.

As variáveis analisadas neste estudo foram:

Sociodemográficas: sexo (feminino e masculino), idade, anos de

escolaridade, renda familiar em salários mínimos (SM) vigentes à época da pesquisa,

cujos valores foram agrupados em quatro faixas (<1 SM; 1 ≤ SM ≤ 3; 3 > SM ≤ 5; SM >

5);

Doenças crônicas: obtidas por meio de nove itens dicotômicos que

investigavam se algum médico havia realizado diagnóstico prévio de doença do coração,

hipertensão arterial sistêmica, acidente vascular cerebral/isquemia/derrame, diabetes

mellitus, câncer, artrite ou reumatismo, depressão, doenças dos pulmões e osteoporose.

Foram analisadas como variável numérica e também criadas as seguintes categorias:

nenhuma a duas doenças e três ou mais doenças.

Indicadores de fragilidade: consideraram-se os cinco critérios propostos por

Fried et al.18, por meio dos quais os idosos foram classificados como frágeis (pontuaram

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para fragilidade para três ou mais critérios do fenótipo), pré-frágeis (para um ou dois

critérios) e não-frágeis (não pontuaram para nenhum critério). Também foi considerado

o número dos seguintes critérios:

Perda de peso não intencional no último ano (sim ou não). Em caso de resposta

positiva, investigava-se qual a redução (em quilogramas), considerando-se frágeis os

idosos que relataram perda superior a 4,5kg ou 5% do peso corporal.

Fadiga, aferida por dois itens de autorrelato derivados do Center for

Epidemiologic Studies Depression Scale (CESD)19, com quatro possibilidades de resposta

(sempre, na maioria das vezes, poucas vezes e nunca/raramente). Foram considerados

frágeis aqueles que responderam sempre ou na maioria das vezes para qualquer uma das

duas questões.

Força de preensão manual em kgf, medida com dinamômetro Jamar (Lafayette

Instruments, Lafayette, Indiana, Estados Unidos) colocado na mão dominante do idoso,

em três tentativas, respeitando um minuto de intervalo entre as elas. Consideraram-se

frágeis os idosos cuja média das três aferições esteve entre os 20% menores valores da

distribuição, ajustados pelo gênero e índice de massa corporal (IMC - peso/altura2 -

kg/m2), conforme as faixas sugeridas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e

descritas por Marucci e Barbosa20.

Velocidade da marcha, indicada pelo tempo médio em segundos que o idoso

levava para percorrer, por três vezes, em passo usual e no plano, uma distância de 4

metros21. Foram considerados frágeis os idosos cuja média das três medidas esteve entre

os 20% maiores valores da distribuição do tempo em segundos gastos para realizar a

tarefa de marcha. As médias foram ajustadas pela mediana da altura (cm) para os homens

e as mulheres.

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Atividade física: foi utilizada uma versão reduzida e adaptada do questionário

Minnesota Leisure Time Physical Activity Questionnarie (MLTPAQ)22, investigando-se

a prática de esportes ativos e de exercícios físicos. As atividades foram pontuadas em

METs23,24. Como parâmetros para classificar os idosos quanto ao nível de atividade física

foram criadas cinco faixas conforme os resultados para homens e mulheres. Os que

pontuaram no quintil mais baixo foram considerados como inativos ou frágeis.

Capacidade funcional: foi avaliada por meio de autorrelato dos idosos

quanto à execução das Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs)25,26, na presença

de escala avalia a ajuda necessária para realizar: manejo do telefone, usar transportes,

fazer compras, cozinhar, fazer serviços domésticos, uso de medicação e manejo de

dinheiro25,26. O idoso devia responder se era totalmente independente, se precisava de

alguma ajuda ou se precisava de total ajuda para realizar cada uma das atividades

mencionadas. Foi analisada como variável numérica e como categórica. Foi considerado

independente o idoso que não dependia de ajuda para realização de qualquer a AIVD ou

que era dependente total ou parcialmente para a realização de uma AIVDs. Foi

considerado dependente o idoso que necessitava de ajuda parcial ou total para a realização

de duas ou mais AIVDs.

Análise de dados

Foi realizada análise descritiva para a caracterização da amostra, a partir das

medidas de frequência absoluta e relativa para as variáveis categóricas. Foram estimadas

as distribuições percentuais e respectivos intervalos de confiança de 95%. As correlações

entre número de doenças crônicas, incapacidade funcional, fragilidade, sexo, idade,

escolaridade e renda foram avaliadas pelo coeficiente de correlação de Spearman. Para

estudar a relação entre as variáveis de interesse, segundo modelo teórico prévio (Figura

1), foi utilizada a análise de equações estruturais via análise de caminhos (Path Analysis).

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Os testes e os valores de aceitação foram: Teste qui-quadrado para bondade de ajuste

>0,05, Razão Qui-Quadrado (X2/GL) <2, SRMR (Standardized Root Mean Square

Residual) ≤0,10, RMSEA (Root Mean Square Error of Approximation) ≤0,08, CFI

(Comparative fit index) ≥0,90 e TLI (Tucker-Lewis index) ≥0,90

FIGURA 1

Para analisar a qualidade do ajuste dos dados aos caminhos propostos foram

feitos testes de significância para os coeficientes dos caminhos (path coefficients).

Valores absolutos de t>1,96 indicam que o caminho tem coeficiente estatisticamente

significativo. A análise de dados foi feita por meio do software Stata versão 15.0.

RESULTADOS

Do total de participantes (n=166), a maioria eram mulheres (70,5%). A média

de idade da amostra foi 83,9 ± 3,6 anos. Cerca de 42% dos idosos entrevistados relataram

ter renda familiar de 1.1 a 3 SM e 60,6% tinham de um a quatro anos de escolaridade.

Observou-se que 37,3% apresentavam 3 ou mais doenças crônicas, 32,7% relataram

precisar de ajuda para desempenhar 2 ou mais AIVDs e 15,6% eram frágeis (Tabela 1).

TABELA 1

Em relação a coocorrência de doenças e de problemas de saúde, observou-se

que 40,5% dos idosos não apresentavam nenhum problema de saúde; 20,9%

apresentavam 3 ou mais doenças crônicas; 13,9% eram dependentes de ajuda total ou

parcial para a realização de 2 ou mais AIVDs, 10,1% apresentaram 3 ou mais doenças

crônicas e dependência para a realização de 2 ou mais AIVDs; 5,1% pontuaram para

fragilidade e eram dependentes para a realização de 2 ou mais AIVDs e 4,4%

apresentavam multimorbidade, fragilidade e dependência de ajuda total ou parcial para a

realização de 2 ou mais AIVDs simultaneamente. As menores prevalências foram nas

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categorias fragilidade e na categoria fragilidade combinada com 3 ou mais doenças

crônicas (dados não apresentados em tabela).

Foi construído um diagrama de Venn (Figura 2) para representar a prevalência

dos problemas de saúde isolados e simultâneos. Observou-se que 35,1% dos idosos

tinham 3 ou mais doenças crônicas, 23,4% apresentavam dependência na realização de 2

ou mais AIVDs e 3,2% apresentavam apenas fragilidade; 17,0% tinham 3 ou mais

doenças crônicas e dependência na realização de 2 ou mais AIVDs, 8,5% tinham

dependência para a realização de 2 ou mais AIVDs e fragilidade, 7,4% apresentavam os

três problemas de saúde simultaneamente e 5,3% tinham 3 ou mais doenças crônicas e

eram classificados como frágeis.

FIGURA 2

A variável idade correlacionou-se com critérios de fragilidade e com número

de dependência em AIVDs; número de doenças crônicas correlacionou-se com critérios

de fragilidade e com número de dependência em AIVDs e critérios de fragilidade

correlacionou-se com número de dependência em AIVDs. As correlações foram fracas,

positivas e estatisticamente significativas (dados não apresentados em tabela).

Na análise de caminhos, após a 2ª revisão verificou-se que foram obtidos

valores aceitáveis para todos os critérios de adequação de ajuste. Pela estimativa dos

coeficientes dos caminhos, observou-se que todos foram significativos. Assim, não houve

indicação de exclusão ou inclusão de caminhos, encerrando-se as análises. A figura 3

contém a representação dos resultados da análise final de caminhos. A associação direta

pode ser observada entre sexo e número de doenças crônicas; entre número de doenças

crônicas e critérios de fragilidade; e entre idade, sexo e critérios de fragilidade e número

de dependência em AIVDs. Ou seja, as mulheres apresentavam mais doenças crônicas e

incapacidade funcional; os idosos mais velhos, mais incapacidade funcional e, quanto

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mais doenças crônicas maior a pontuação em fragilidade. Da mesma forma, quanto maior

a pontuação nos critérios de fragilidade, maior a dependência nas AIVDs. Além da

associação direta, foram observadas associações indiretas: número de doenças crônicas

figurou como variável mediadora da relação entre sexo e critérios de fragilidade, assim

como a variável número de critérios de fragilidade apareceu como mediadora da relação

entre número de doenças e incapacidade funcional em AIVDs.

FIGURA 3

DISCUSSÃO

O estudo permitiu observar a prevalência de idosos que tinham 3 ou mais

doenças crônicas (35,1%), que apresentavam dependência na realização de 2 ou mais

AIVDs (23,4%) e que tinham 3 ou mais doenças crônicas e dependência para a realização

de 2 ou mais AIVDs (17,0%). Observaram-se correlações fracas, positivas e

estatisticamente significativas entre multimorbidade e fragilidade, entre multimorbidade

e incapacidade funcional, e entre fragilidade e incapacidade funcional. Na análise de

caminhos destaca-se a relação direta: entre sexo e número de doenças crônicas; entre

número de doenças crônicas e critérios de fragilidade e entre idade, sexo e critérios de

fragilidade e número de dependências em AIVD. A variável número de doenças crônicas

mediou a relação entre sexo e número de critérios de fragilidade, assim como esta mediou

a relação entre número de doenças e incapacidade funcional.

A medida em que envelhecem as pessoas têm maior probabilidade de ter

doenças e incapacidade funcional porque o envelhecimento implica em declínio

fisiológico. A maior prevalência de doenças e incapacidades entre as mulheres, que são

mais longevas do que os homens, é explicada, em parte, pelo fato de elas serem mais

cuidadosas com a própria saúde, ao longo do curso de vida27. Além disso, outras variáveis

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como hábitos alimentares, consumo de álcool, tabagismo e sedentarismo podem impactar

no declínio fisiológico.

Entre a população pesquisada, 40,5% dos idosos não apresentaram quaisquer

problemas de saúde, entre os que foram pesquisados neste estudo. Os idosos longevos

apresentaram prevalência de multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional,

todavia parte dos idosos revelou-se em boas condições de saúde. Este grupo em questão

que não apresentou multimorbidade, que não obteve pontuação suficiente para fragilidade

e que não relatou dificuldades para a realização de AIVDs, é um grupo sobrevivente da

sua coorte e merece investigação adicional. Os dados obtidos, poderão orientar novas

estratégias de promoção a saúde e prevenção de agravos na velhice.

A multimorbidade está associada à redução da expectativa de vida, à

hospitalizações que poderiam ser evitadas, à diminuição da qualidade de vida, à indução

de humor depressivo, à fragilidade, ao comprometimento funcional e à polifarmácia.28

Além dos fatores biomédicos, os fatores sociais desempenham um papel relevante para

determinação desses desfechos.28 Por exemplo, a coocorrência de doenças crônicas pode

exigir o uso de mais medicamentos, consultas médicas regulares e alimentação

diferenciada, recursos que não necessariamente estão ao alcance de toda a população, em

função da baixa renda, de dificuldades para comparecer a consultas médicas, de escassez

de apoio informal e de acesso deficitário aos sistemas público e privado de saúde 29,30.

Apesar da multimorbidade apresentar-se antes da velhice, é nessa fase que o

cenário das doenças crônicas se torna mais complexo, porque, no longo prazo, elas

tendem a gerar incapacidades funcionais.31 Entre os idosos com 80 anos e mais, a

multimorbidade é mais comum do que qualquer doença isolada, atingindo mais de 80%

do grupo etário.31 Segundo Rizzuto et al. 3 , nas últimas décadas, o número de pessoas

com multimorbidade aumentou em vários países. De acordo com Jurevičienė et al. 32, a

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proporção de pessoas com duas ou mais condições crônicas de saúde aumenta para 85%

após os 85 anos de idade. Usando dados do projeto Kungsholmen, Rizzuto et al. 3,

investigaram o efeito de várias condições crônicas e de multimorbidade sobre a

sobrevivência e a incapacidade funcional em idosos e observaram que, após os 67 anos

de idade, os indivíduos perdem a chance de viver 1,8 anos a cada acréscimo de cada

doença crônica. Tais dados refletem a importância de gerenciar a multimorbidade tanto

na velhice quanto na vida adulta e, com isso, reduzir a chance de desenvolvimento de

incapacidades. Investigar as doenças crônicas mais prevalentes no contexto da

multimorbidade também pode servir de subsídio para políticas de saúde adequadas ao

perfil de idosos com diferentes idades e status socioeconômico.

Os idosos frágeis tendem a apresentar um perfil marcado pela autopercepção

do estado de saúde como ruim, déficits sensoriais, dificuldades de deambulação, idade

avançada, baixo peso, alto consumo de medicamentos, maior número de doenças crônicas

e maior incapacidade funcional.33 Em virtude dos déficits acumulados, os indivíduos com

fragilidade frequentemente apresentam combinações de comprometimento funcional,

quedas, problemas de saúde física e mental, polifarmácia e multimorbidade.34 Para

Yarnall et al.34, a maioria das pessoas idosas com diagnóstico de fragilidade têm

multimorbidade e Villacampa-Fernandez et al.35 afirmam que a interação destes dois

problemas são preditores de incapacidade e mortalidade35. Segundo os autores, o ciclo se

inicia pelo acúmulo de déficits de saúde, que levam ao estado clínico caracterizado pela

depleção das reservas fisiológicas.35 O aumento de fragilidade e multimorbidade aumenta

o risco para a incapacidade funcional, que contribui para retroalimentar o ciclo entre os

três problemas de saúde em questão35. A representação gráfica das relações entre os três

elementos analisados no presente estudo promove uma compreensão imediata da

complexidade das interações. Ela em si é elemento que pode ser relevante à divulgação

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dos conhecimentos gerados para os profissionais da atenção básica e para a população em

geral.

Neste estudo, entre os idosos mais velhos foram observadas correlações entre

o número de componentes do modelo de Fried et al.18 em que os indivíduos pontuaram

para fragilidade e dependência em AIVDs. Este dado replica outros encontrados na

literatura33,36. A incapacidade funcional é uma condição com múltiplas dimensões, com

grande potencial para prejudicar as funções e as estruturas do corpo37. Estas questões

limitam as atividades de vida diária, restringem a participação de atividades na

comunidade e predispõe o indivíduo a lesões, depressão e coocorrência de doenças.37

Fragilidade e incapacidade funcional são duas condições distintas, mas de certa forma

sobrepostas, comumente encontradas em idosos37, e coexistem em cerca de 67% dos

idosos frágeis.37 Preto et al. 33enfatizam que os idosos fragilizados apresentam baixa

qualidade de vida relacionada à saúde e alta prevalência de doenças crônicas. A presença

de múltiplas doenças crônicas e a dependência para a realização de atividades de vida

diária, constituem fatores de risco para a fragilidade33 como sugerem os dados do presente

estudo.

Os resultados do presente estudo evidenciaram que a dependência para a

realização de AIVDs correlacionou-se com a presença de fragilidade. Makizako et al. 11,

identificaram a lentidão, componente dos critérios de fragilidade, como a mais importante

preditora de incapacidade funcional. Provencher et al. 38 mostraram que 4 dos 5

componentes do fenótipo de fragilidade (a exceção foi a perda de peso) apresentaram-se

significativamente ligados à deficiência no desempenho de comportamentos ligados ao

uso de transporte, compras, limpeza e arrumação da habitação e preparo de alimentos. Em

estudo de revisão sistemática e meta-análise, Kojima et al. 39 mostraram que a fragilidade

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é um preditor significativo da incidência e do agravamento da dependência para

realização das atividades de vida diária.

Como limitações do presente estudo é conveniente mencionar que a amostra

é pequena, o que restringiu a possibilidade de diferentes pontos de corte para as variáveis

de interesse. Além disso, os dados de capacidade funcional foram de autorrelato, em vez

de referenciados a testes de desempenho, o que terá contribuído para a redução de sua

confiabilidade. As doenças crônicas somente foram consideradas em termos

quantitativos, não de suas especificidades e da combinação entre elas.

Como proposta para estudos futuros podem ser mencionados: o uso de

diferentes critérios para caracterizar a multimorbidade, a realização de estudos

longitudinais para verificar quais condições de saúde e quais coocorrências oferecem

maior risco para mortalidade entre idosos de 80 anos e mais e investigar as interações

entre multimorbidade, incapacidade e fragilidade em diferentes níveis socioeconômicos.

CONCLUSÃO

Os dados indicaram que 40,5% dos idosos não apresentavam nenhum

problema de saúde e que apenas 7,4% apresentaram simultaneamente as três condições

analisadas. Este achado denota o viés da “sobrevida seletiva”, isto é, idosos sobreviventes

de sua coorte, que apresentam boas condições de saúde. Mesmo diante da especificidade

desta amostra, observa-se uma relação entre as variáveis. A análise de caminho revelou

associação direta e indireta da influência de umas sobre as outras. As correlações

observadas foram positivas, porém fracas, corroborando com o fato de que os idosos em

questão são sobreviventes. Os dados obtidos são sugestivos da necessidade de estabelecer

estratégias de longo e de médio prazo para o diagnóstico e o controle de doenças crônicas,

incapacidade funcional e fragilidade, com uma abordagem específica para minimizar as

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consequências da interação entre elas. Semelhantes providencias podem ser

especialmente úteis em países em desenvolvimento, no sentido de, também, diminuir os

custos sociais e econômicos.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de

Financiamento 001, portanto agradecemos à CAPES pela bolsa de Mestrado concedida a

N.R.S. Pivetta. Agradecemos também à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de

São Paulo-FAPESP (Processo 2017/23245-0) pela bolsa de Pós-Doutorado de F.S.A.

Borim.

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Figura 1. Modelo hipotético de multimorbidade, fragilidade e capacidade funcional.

4

1

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Tabela 1. Características da amostra, conforme variáveis sociodemográficas, número de

doenças crônicas, capacidade funcional e critérios de fragilidade. Estudo FIBRA 80+,

Unicamp, Brasil 2016-2017.

*SM, salário mínimo (em 2016: 1 SM= R$ 880,00; em 2017: 1 SM= R$ 937,00).

AIVD: Atividade Instrumental de Vida Diária.

Variáveis n %

Sexo

Masculino 49 29,5

Feminino 117 70,5

Renda

< = 1 SM 17 11,9

1,1 a 3 SM 60 41,9

3,1 a 5 SM 31 21,7

5> SM 35 24,5

Escolaridade

Analfabeto 23 14,4

1 a 4 anos de estudo 97 60,6

5 a 8 anos de estudo 21 13,1

9 ou mais anos de estudo 19 11,9

Número de doenças crônicas

0 a 2 morbidade 104 62,7

3 ou mais morbidades 62 37,3

Capacidade Funcional

Independente ou dependente a 1 AIVD 109 67,3

Dependente em 2 ou mais AIVDs 53 32,7

Níveis de fragilidade

Não frágil 33 19,7

Pré-frágil 108 64,7

Frágil 26 15,6

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Figura 2. Diagrama de Venn sobre a presença isolada e simultânea de três condições

adversas de saúde prevalentes na velhice avançada (fragilidade baseado na presença de 3

dos 5 critérios propostos por Fried et al. 2001, incapacidade funcional baseado na

dificuldade para realização de duas ou mais AIVDs e multimorbidade baseado na

presença de três ou mais morbidades). Estudo FIBRA 80+ Unicamp, Brasil, 2016-2017.

Incapacidade funcional Fragilidade

35,1% (n=33)

23,4% (n=22)

3,2% (n=3)

5.3% (n=5) 17,0% (n=16)

8,5% (n=8)

7,4% (n=7)

Multimorbidade

4

4

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Figura 3. Estimativa final do modelo hipotético de multimorbidade, fragilidade e

capacidade funcional, segundo Path Analysis

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5. DISCUSSÃO GERAL

Compreender os fatores biológicos, clínicos e ambientais que promovem o

envelhecimento bem-sucedido pode configurar uma nova maneira de limitar os déficits

de saúde e prejuízo funcional nos extremos da vida28. Octogenários representam um

modelo ideal para explorar determinantes biológicos e não biológicos de envelhecimento

e longevidade28.

Considerando o objetivo de estimar a prevalência de multimorbidade,

fragilidade e incapacidade e a presença simultânea das mesmas, em idosos com 80 anos

e mais, este estudo demonstra uma associação consistente entre os temas abordados,

replicando estudos prévios1,3,5,6,7,8,9,10. Apesar desta sobreposição, que inclusive já está

bem estabelecida na literatura1,3,5,6,7,8,9,10, idosos somente frágeis, isto é, sem incapacidade

funcional e sem multimorbidade, também permeiam a população octagenária. Aarts et al.

9, mostraram que 13,5% dos idosos avaliados em sua pesquisa eram “somente frágeis”,

assim como Woo et al. 37, em que 12,6% dos idosos participantes da pesquisa eram

“somente frágeis”. Estes dados sugerem que a fragilidade pode ser o resultado de

alterações fisiológicas relacionadas ao decréscimo da reserva funcional e disfunção dos

sistemas orgânicos relacionadas ao avanço da idade que não são baseadas em doenças

prévias ou incapacidades.

Nesta mesma perspectiva, convém mencionar que cerca de 40% idosos que

não apresentaram fragilidade, multimorbidade ou incapacidade funcional. Mais

precisamente, isto permite inferir que muitos deles antes de atingirem estas classificações,

apresentam condições de saúde que podem levar a tal, ou seja, um idoso para ser

considerado frágil através dos critérios usados no presente estudo, deveria possuir 3 ou

mais critérios positivos entre os 5 propostos por Fried et al.15; para apresentar

multimorbidade, deveria apresentar 3 ou mais doenças crônicas; e, para ser designado

com incapacidade funcional deveria ser dependente para realização de ao menos 2

AIVDs. Logo, os idosos, embora não tivessem atingido os pontos de corte propostos,

podem apresentar critérios insuficientes para a classificação nas condições de saúde

estudadas, o que não necessariamente reflete uma vida livre de condições adversas, pois

a literatura evidencia que de 10% a 15% da população idosa tem alguma particularidade

clínica que predispõe a fragilidade, assim como a idade avançada é um fator que

comumente se associa a fragilidade, multimorbidade e declínio funcional38,39. Em

contrapartida, estes idosos merecem atenção, para que sejam delineados mecanismos

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biológicos, psíquicos e sociais que podem ou não influenciar o desenvolvimento dos

problemas de saúde em questão.

O presente estudo evidencia a relação direta entre sexo e número de doenças

crônicas; entre número de doenças crônicas e critérios de fragilidade e entre idade, sexo

e critérios de fragilidade e número de dependências em AIVD. As mulheres apresentaram

mais doenças crônicas e incapacidade funcional; semelhantemente ao estudo de Peng Su

et al. 27, onde as mulheres, sobretudo de baixa renda, foram mais propensas a ter

dependência para realização de AIVDs. Além disso, este estudo teve prevalência do

gênero feminino e estes dados são análogos a estudos prévios4, 38,39 que refletem o cenário

atual da longevidade, em que mulheres apresentam maior expectativa de vida em

comparação aos homens e, em partes, isso se deve a baixa taxa de mortalidade por causas

externas, menor exposição a riscos no trabalho, menor consumo de tabaco e álcool, e

realizam mais exames preventivos e buscam serviços de saúde com maior frequência39.

Nas últimas décadas, o número de idosos com multimorbidade aumentou

dramaticamente em vários países, sobretudo nos idosos longevos. Para Rizzuto et al. 16, a

multimorbidade leva ao comprometimento da função física, dependência, aumento dos

gastos públicos com a saúde e redução da taxa de sobrevida. No presente estudo, a maior

taxa de incapacidade funcional se deu no subgrupo sem multimorbidade e sem fragilidade,

seguida pelo subgrupo com multimorbidade, diferindo de estudos anteriores16,41. Todavia,

é válido ressaltar que a interação entre multimorbidade e incapacidade funcional ainda é

complexa e mais estudos se fazem necessários para que seja melhor compreendida. A

administração da multimorbidade se torna mais difícil quando coexistem condições

adversas de saúde, como fragilidade14.

No presente estudo, os idosos mais velhos apresentaram maior taxa de

incapacidade funcional, e segundo Landi et al.28 a incapacidade física no extremo da vida

resulta da combinação de alterações fisiológicas relacionadas ao envelhecimento; da

mesma forma, para Peng Su et al. 27 a idade longeva é, provavelmente, um dos principais

fatores que desencadeia o declínio funcional. Para Yarnall et al. 14, grande parte dos idosos

que são frágeis tem também multimorbidade e a sobreposição das mesmas leva ao

declínio funcional, além de outros desfechos negativos.

Leme et al42. também concordam que a prevalência da fragilidade,

multimorbidade e perdas funcionais aumenta diante do avanço da idade. Em seu estudo,

observaram que a prevalência de idosos frágeis (28,8%) teve associação com o índice

observado de hipertensão arterial sistólica, insuficiência cardíaca congestiva e diabetes

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mellitus42. Segundo Leme et al. 42, doenças inflamatórias tais como hipertensão arterial

sistólica, insuficiência renal crônica, doenças cardiovasculares e diabetes mellitus

associam-se ao desenvolvimento da síndrome de fragilidade no idoso, através da ativação

das vias pró-inflamatórias no organismo, que agindo por longo prazo influenciam no

desequilíbrio da homeostasia e do metabolismo, tornando o organismo mais suscetível ao

desenvolvimento da fragilidade.

Segundo Freire et al. 43 fatores socioeconômicos como: renda

insuficiente/pobreza, baixo nível de escolaridade e ausência de apoio social, combinados

ao estilo de vida do idoso, pressupõem a interação entre fragilidade, multimorbidade e

incapacidade funcional de forma deletéria ao indivíduo. Neste cenário, ocorre o aumento

do uso dos serviços hospitalares, tornando a busca pela saúde cada vez mais onerosa e

desgastante43. Portanto, o impacto da tríade de fragilidade, multimorbidade e

incapacidade funcional é modificado por fatores sociais, econômicos e comportamentais

e pelo acesso à assistência médica e nesse contexto, convém mencionar a fragilidade

social: segundo Makizako et al. 44, os domínios da fragilidade social podem influenciar o

desenvolvimento de fragilidade física e de incapacidades, os autores apontam que

relacionamentos sociais ruins, baixos níveis de atividade e engajamento social se

associam ao declínio cognitivo, aumento do risco de demência e restrição de atividades

físicas. Freitas & Schmidt45, consideraram a saúde mental como parte importante na

prevenção de fragilidade.

O baixo número de participantes pode se apresentar como limitação deste

estudo.

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6. CONCLUSÃO

O presente estudo identificou a relação existente entre multimorbidade,

fragilidade e incapacidade funcional em idosos longevos. A atenção ao idoso longevo

requer um olhar multidimensional e interdisciplinar. Sabe-se que o processo de

envelhecimento é dinâmico e único para cada indivíduo, mas a brusca mudança na

expectativa de vida, com aumento da população idosa longeva, aponta para um importante

objeto de estudo do ponto de vista clínico, fisiológico e psicossocial. Compreender os

mecanismos envolvidos no processo do envelhecimento e buscar maneiras de monitorar

a saúde, prevenir morbidades e lesões, e apontar soluções para reduzir incapacidades e

déficits de saúde são agentes motivadores das pesquisas gerontológicas e, estes estudos,

devem ser revertidos em melhorias de políticas públicas para aumentar a eficiência dos

serviços de saúde. Mais estudos na área do envelhecimento com idosos acima de 80 anos

são necessários para melhor compreensão deste grupo etário e sua relação com a saúde.

5

0

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8. APÊNDICE

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Solicita-se preenchimento e encaminhamento para Profa. Anita para

assinatura

DECLARAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE ARQUIVOS,

REGISTROS E SIMILARES

Campinas, 26 de Julho de 2018

Permito o uso do banco de dados do Estudo “Efeito de variáveis de saúde,

personalidade e bem-estar psicológico sobre fragilidade, morte e declínio cognitivo em

idosos de 80 anos e mais” (Estudo Fibra 80+), por Naelly Renata Saraiva Pivetta, RA

191034 e por sua orientadora, Profa. Dra. Flávia Silva Arbex Borim, do Programa de Pós-

Graduação em Gerontologia da FCM Unicamp, para utilização na pesquisa de conclusão

de Mestrado.

Declaro que o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de

Campinas analisou o projeto do Estudo Fibra 80+ e expediu parecer de aprovação em

9/11/2015. O projeto foi registrado na Plataforma Brasil sob o código C.A.A.E.

49987615.3.0000.5404. O Estudo Fibra cujos dados foram coletados em 2008-2009

foram aprovados pelo CEP Unicamp em 25/5/2007 e tem código C.A.A.E

0151.1.146.000-07. O mesmo estudo foi novamente submetido ao CEP/Unicamp e

aprovado em 10/12/2004. Seu código C.A.A.E. é 39547014.0.1001.5404.

Profa. Dra. Anita Liberalesso Neri

Coordenadora do Estudo Fibra

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CAMPINAS

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP DADOS DO PROJETO DE PESQUISA Título da Pesquisa: MULTIMORBIDADE, INCAPACIDADE FUNCIONAL E

FRAGILIDADE: PREVALÊNCIA E RELAÇÃO SIMULTÂNEA EM

IDOSOS COM 80 ANOS E MAIS Pesquisador: Naelly Renata Saraiva Pivetta Área Temática: Versão: 3 CAAE: 89402218.9.0000.5404 Instituição Proponente: Faculdade de Ciências Medicas - UNICAMP Patrocinador Principal: FUND COORD DE APERFEICOAMENTO DE

PESSOAL DE NIVEL SUP

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 2.825.902

Apresentação do Projeto:

1. INTRODUÇÃO aumento no número de idosos com 80 anos, os chamados “idosos

muito idosos”, é um fenômeno mundial (1). Esta população vem crescendo ainda mais

rápido que a população de idosos em geral (1) Projeções indicam que em 2050, este

grupo etário vai atingir 434milhões, o que significa mais que o triplo desta população em

2015, quando havia 125 milhões deste grupo etário (1). No Brasil no ano 2000, cerca de

1,8 milhões de idosos tinham 80 anos ou mais; estima-se que até 2050 este número

pode chegar até 13,7 milhões (2). Este processo traz desafios para os sistemas de

saúde, pois está diretamente ligado ao aumento do número de doenças, lesões e

incapacidades, dependência, vulnerabilidade e fragilidade (3,4). No contexto

senescente, a fragilidade apresenta significativa prevalência e consequências

desfavoráveis (5, 6). É definida como uma síndrome biológica de decréscimo da reserva

e resistência a agentes estressores, resultando em declínios cumulativos através de

múltiplos sistemas fisiológicos, causando vulnerabilidade e tornando o idoso suscetível

a desfechos adversos (5). Esta síndrome possui uma base fisiológica particular,

determinada pelo decréscimo de reserva funcional, disfunção dos sistemas orgânicos,

diminuição da resposta do sistema imune e da capacidade de reestabelecimento

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funcional após estresses de naturezas diversas e redução da eficácia terapêutica,

diminuindo o potencial de reabilitação e a capacidade de sobrevida (4). A prevalência,

segundo os critérios diagnósticos propostos por Fried e colaboradores, varia de um

percentual de 4,9% a 27,3%, enquanto a prevalência de pré-fragilidade varia de 34,6%

a 50,9% (7).

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Estas alterações, observadas na Fragilidade, podem comprometer de forma significativa a saúde do

idoso e torna-lo mais suscetível ao desenvolvimento de doenças crônicas. 72% das mortes no Brasil,

de adultos e idosos, foram devidas a doenças crônicas não-transmissíveis (8). A multimorbidade é

uma condição caracterizada pela presença de duas ou mais doenças crônicas (morbidades) em um

indivíduo (9). Apesar de não estar restrita aos idosos, esta condição se mostra mais prevalente neste

grupo etário (9). Embora as doenças agudas sejam importantes para o manejo da saúde em idosos,

para o conceito de multimorbidade são consideradas somente as doenças crônicas, pois a

contabilização de doenças agudas poderia aumentar (desnecessariamente) a prevalência desta

condição e comprometer a qualidade dos estudos a respeito do tema (10). A alta prevalência,

dificuldade de controle e consequências adversas relacionadas a multimorbidade, tornou este

fenômeno um problema de saúde pública (11, 12). Atualmente tem sido discutida devido ao aumento

na incidência de doenças crônicas não transmissíveis e seus impactos negativos sobre a qualidade

de vida, levando ao declínio funcional (12).A medida da capacidade funcional é uma ferramenta

importante para mensurar o impacto de doenças sobre o idoso (13). Grande parte das pessoas acima

de 60 anos tem dificuldades para realizar suas atividades cotidianas (14). A perda da funcionalidade

está associada a maior probabilidade de ocorrência de quedas, institucionalização e morte (15).A

capacidade funcional é um conjunto de habilidades físicas e mentais necessárias para manter plena

independência e a autonomia, desde a realização de atividades básicas de vida diária até atividades

que exigem maior complexidade (13). A eficiência nas atividades relacionadas à capacidade

funcional depende da preservação do estado geral de saúde e das funções motoras, e estão sujeitas

a comprometimentos quando os indivíduos apresentam doenças agudas, comorbidades, declínio

cognitivo ou multimorbidades (16).Diante do exposto, é notória a forte relação entre os temas

abordados: multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional, de modo que se interligam e

formam um ciclo vicioso. Esta relação tem sido estudada, devido ao impacto negativo que gera na

saúde e no bem-estar do idoso. Wong e colaboradores realizaram pesquisa de caráter transversal,

com o objetivo de estimar a prevalência de fragilidade em uma amostra de 740 idosos que vivem na

comunidade, identificar variáveis sociodemográficas e de saúde associadas à fragilidade e examinar

as relações complexas entre a síndrome e a presença de doenças crônicas (17). No geral, 7,4%

foram classificados como frágeis 49,7%como pré-frágeis e 42,8% como não frágeis (17). A

fragilidade foi associada à idade, sexo, renda, educação, número de doenças crônicas e capacidade

funcional (17). Entre os idosos classificados como frágeis 29,1% apresentaram incapacidade para

realização de atividades de vida diária (AVD), 92,7% para atividades

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instrumentais de vida diária (AIVD) e 81,8% apresentaram doença crônica (17). Os resultados desse

estudo corroboram com estudos prévios, evidenciando que apesar da fragilidade ser um conceito

geriátrico ímpar, está intimamente relacionada a outros desfechos negativos em saúde (17). Medidas

de multimorbilidade são capazes de mostrar uma relação com incapacidade funcional e fragilidade.

A literatura, porém, apresenta formas diferentes de mensurar a multimorbidade. Boecksteins e

colaboradores investigaram 3 diferentes medidas de multimorbidade e a sua associação com

capacidade funcional e fragilidade. O estudo foi de caráter transversal e contou com a participação

de 567 idosos de 80 anos e mais. As três medidas de multimorbidade utilizada foram: contagem de

doenças (CD), o índice de comorbidade de Charlson (ICC) e a escala de classificação de doença

cumulativa (CIRS). A avaliação da capacidade funcional foi baseada no questionário sobre

Atividades de Vida Diária e a fragilidade foi avaliada com base nos pontos de corte propostos por

Fried et al. A incapacidade foi associada ao CIRS (OR: 2,4; IC95%: 1,2-4,6), após ajuste das

variáveis sociodemográficas e de saúde; já com fragilidade as razões de chances foram 2,4 e 2,6

com CCI e CIRS, respectivamente. Os autores concluíram que apesar das diferenças entre as

medidas na identificação dos dois desfechos, as classificações são capazes de identificar indivíduos

com incapacidade ou fragilidade (3).

Peng Sue colaboradores avaliaram a associação entre a multimorbidade e a incapacidade funcional

em uma amostra com 2058 idosos de 80 anos e mais em Xangai, na China (18). 23,2% tinham

incapacidade em AVD, 37,9% tinham incapacidade de AIVD e 49,17% tinham multimorbidade. Após

ajuste das características sociodemográficas, foi demonstrada que ter uma ou mais doenças

crônicas apresentou maior razão de chance de ter incapacidade para AVD e os idosos com 4 ou

mais doenças crônicas apresentaram um OR=5,61 (IC95%: 3,26-9,66). Associações similares

também foram observadas entre a quantidade de doenças crônicas e a incapacidade da AIVD. Os

autores concluíram que o número de condições crônicas teve forte associação com a capacidade

funcional (18). Quiñones e colaboradores realizaram estudo com o objetivo de identificar o padrão

de multimorbidade mais prevalente entre os idosos norte-americanos e a sua associação com

incapacidade (19). O estudo incluiu 8782 idosos, a condição crônica mais prevalente foi a artrite

(73%), seguida de hipertensão arterial (70%) e de doença cardiovascular (33%) (19). Os três

padrões de multimorbidade mais prevalentes na população estudada foram: hipertensão arterial e

artrite, hipertensão arterial, artrite e doença cardiovascular e por fim hipertensão arterial, artrite e

diabetes (19). Apenas uma das combinações prevalentes incluiu sintomas depressivos (em

combinação com artrite, hipertensão, n = 129 e apresentou o maior nível de incapacidade para AVD

e AIVD em comparação com participantes saudáveis, participantes com uma única doença e em

relação aos

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outros grupos mais prevalentes (19). Os autores ressaltam a importância de examinar

as múltiplas doenças crônicas à medida que elas ocorrem em idosos e, no cenário clínico, a ênfase

deve ser dada na identificação e tratamento de sintomas depressivos que ocorrem em pacientes

idosos com outras condições crônicas prevalentes, principalmente na artrite e na hipertensão

arterial. A arts e colaboradores investigaram a heterogeneidade na população idosa frágil, dividindo

essa população em 5 subgrupos de acordo com marcadores biológicos para fragilidade,

multimorbidade e incapacidade (20). Além disso, foi examinada a associação destes com

institucionalização e mortalidade (20). Foram recrutados 4414 participantes e os subgrupos

estabelecidos foram: 1) Não-frágil (grupo de referência); 2) Frágil somente;3) Frágil com

incapacidade; 4) Frágil com multimorbidade; 5) Frágil com incapacidade e multimorbidade. A

fragilidade esteve presente em 10,7% dos idosos estudados. De acordo com os resultados obtidos,

os grupos 4 e 5 apresentaram maior risco de mortalidade e os grupos 3 e 5 maior risco para a

institucionalização (20). Landi e colaboradores, em estudo de coorte prospectiva, avaliaram o

impacto da incapacidade e da multimorbidade no risco de morte em idosos frágeis (n=364)

comunitários, com 80 anos e mais (21). Os idosos foram acompanhados durante quatro anos e a

medida de desfecho foi a mortalidade (21). Um total de 150 mortes ocorreu (21). 55,3% no grupo

com incapacidade e 44,6% no grupo sem incapacidade morreram (p< 0,01) (21); e 46,0% com

multimorbidade e 31,7% sem multimorbidade (p< 0,01) (21). Após o ajuste para potenciais fatores

de confusão, os indivíduos com incapacidade apresentaram maior risco de morte quando comparado

a categoria de referência (RR = 3,91;IC95%: 1,53-10,00) Os resultados apontam que a incapacidade

funcional exerce uma influência importante sobre a mortalidade, independentemente da idade e

outras variáveis clínicas Ainda em relação ao desfecho mortalidade, Marengoni e colaboradores,

realizaram estudo longitudinal com objetivo de avaliar o efeito da multimorbidade e da incapacidade

sobre o declínio funcional e a mortalidade em idosos. Os pesquisadores observaram que a

incapacidade funcional mostrou maior impacto negativo sobre o prognóstico de funcionalidade e

também da sobrevida, quando comparado a multimorbidade (22).Conforme o exposto é possível

afirmar que estudos atuais buscam a melhor compreensão da inter-relaçãoexistente entre a

multimorbidade, a fragilidade e a incapacidade funcional, e destaca-se a necessidade de estudo com

população brasileira, que também investigue a relação entre estes problemas de saúde. Os

trabalhos existentes são unânimes em afirmar que multimorbidade, fragilidade eincapacidade

funcional trazem desfechos negativos na população acima de 60 anos, assim como também

concordam que quanto mais idoso, mais alta é a vulnerabilidade para o desenvolvimento dessas

condições adversas de saúde. Porém, até o momento nenhum estudo de base populacional em

idosos

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associou a multimorbidade com a fragilidade e a incapacidade funcional em idosos com

80 anos e mais. Avaliar o impacto dessas condições sobre o idoso fornece subsídio para prevenção

de incapacidades e multimorbidade, declínio na qualidade de vida e auxiliar na gestão de idosos

frágeis. Com isso será possível contribuir com a implementação de programas de assistência à saúde

específicos para idosos. Os idosos longevos participantes no presente estudo representam um

modelo interessante para investigar determinantes biológicos, físicos e sociais do envelhecimento.

Portanto, este estudo propõe-se a estimar a prevalência de multimorbidade, fragilidade e

incapacidade e a presença simultânea das mesmas em idosos com 80 anos e mais. Hipótese:

Espera-se encontrar alta prevalência de multimorbidade, fragilidade e incapacidade funcional nos

idosos avaliados, e que grande parte dos idososapresente as três condições adversas de saúde

simultaneamente. Espera-se ainda encontrar diferenças nas prevalências segundo variáveis

sociodemográficas e econômicas. Metodologia Proposta: 3. MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de

um delineamento transversal. Este estudo utilizou os registros de idosos que participaram do Estudo

FIBRA80+ realizado em Campinas. FIBRA é o acrônimo de Fragilidade em Idosos Brasileiros

(23).Foram recrutados idosos com 80 anos e mais, residentes na zona urbana do município de

Campinas-SP, que já haviam participado da primeira onda do estudo FIBRA 2008/09 (23). O FIBRA

80+,dedicou-se a identificar condições de fragilidade e sua relação com variáveis demográficas,

socioeconômicas, psicossociais, físicas e cognitivas e amedida do desempenho em atividades de

vida diária, expectativa de cuidado, sintomas depressivos e satisfação com a vida nos

idososparticipantes.3.1. PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS: Entre o período de julho

de 2016 a julho de 2017, foram realizadas visitas domiciliares aos idosos selecionados. As visitas

foram feitas em duplas de pesquisadores, previamente treinados, integrantes do corpo discente na

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Cada pesquisador estava munido de crachá,

contendo nome e fotografia, camiseta de identificação, pasta, formulários, canetas, cartões de visita

e folhetos de divulgação, todos contendo o logotipo da pesquisa FIBRA 80+. A entrevista foi realizada

em sessão única, com duração média de 1h20minutos.Antes de iniciar a entrevista, os

pesquisadores se identificavam, explicaram ao participante e ao familiar a natureza da pesquisa, a

duração da entrevista, os possíveis riscos e benefícios inerentes a pesquisa, a possibilidade de

abandonar apesquisa a qualquer momento sem prejuízo, o caráter gratuito, voluntário e não

remunerado da participação da pesquisa, a garantia de sigilo das informações e o direito de entrar

em contato com os coordenadores da pesquisa e com o Comitê de Ética em pesquisa para obter

informações ou fazer reclamação. Desta forma, todos os procedimentos estavam de acordo com as

normas preconizadas pela Convenção de

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CAMPINAS Continuação do Parecer: 2.825.902

Helsinki e chanceladas pelo Ministério de Saúde, com relação aos procedimentos éticos

que devem reger a pesquisa com seres humanos. Os participantes só puderam participar da

entrevista mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).3.5

PROCEDIMENTOS ÉTICOS: O presente estudo será submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa

da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, em adendo ao parecer

no 1.332.651 do projeto FIBRA 80+.Critério de Inclusão:3.2. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO: Os

critérios de inclusão foram: (a) Nascimento ocorrido entre 1º de janeiro de 1911 e 30 de junho de

1936; (b)Manifestação de desejo de participar da pesquisa; (c) Ausência de déficits físicos, de

linguagem e compreensão que impeçam a participação; (d)Presença de um familiar que aceitasse

participar de uma entrevista sobre as condições de saúde e cognição do idoso, caso fossem

detectados indícios de grave incapacidade física e cognitiva.Metodologia de Análise de Dados:3.4.

ANÁLISE DE DADOS Os dados relativos aos idosos foram inseridos em banco de dados e foi

realizada a checagem da consistência das informações digitadas. Será realizada análise descritiva

para a caracterização da amostra, a partir das medidas de frequência (absoluta e relativa).Para as

análises, serão estimadas as distribuições percentuais e respectivos intervalos de confiança de 95%.

As associações entre as variáveis dependentes e as variáveis sociodemográficas, serão analisadas

pelo teste Qui-quadrado de Pearson com nível de significância de 5%. Também serão usadas

análises de regressão de Poisson para estimar razões de prevalências. As análises dos dados serão

feitas por meio do software Stata.

Objetivo da Pesquisa: Objetivo Primário: Estimar a prevalência de multimorbidade, fragilidade e incapacidade e a presença

simultânea das mesmas, em idosos com 80 anos e mais.

Avaliação dos Riscos e Benefícios: Riscos e benefícios segundo o(a) pesquisador(a): Riscos: A pesquisa não apresenta riscos aos participantes. Benefícios: A pesquisa não confere benefícios aos participantes.

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Comentários e Considerações sobre a Pesquisa: Trata-se de um projeto de pesquisa da aluna Naelly Renata Saraiva Pivetta que está

cursando mestrado no Programa de Gerontologia da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP

cuja orientadora é a Dra. PROF. DRA. FLÁVIA SILVA ARBEX BORIM. A pesquisadora irá realizar

a análise secundária dos dados obtidos através de dados coletados de idosos que participaram do

Estudo FIBRA 80+ realizado em Campinas. O Estudo Fibra 80+ foi aprovado pelo CEP (C.A.A.E.

49987615.3.0000.5404).

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória: Os seguintes documentos foram apresentados: a) Folha de rosto devidamente

preenchida, b) Informações básicas do projeto, c) Projeto de pesquisa, d) Comprovante de vínculo

com a instituição, e) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, f) Carta da pesquisadora

responsável pela pesquisa Fibra 80+, autorizando a coleta de dados.

Recomendações: Nenhuma.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Projeto de pesquisa aprovado.

1. Deve ser anexado ao projeto de pesquisa uma carta da pessoa responsável pelo projeto FIBRA

80+ autorizando usar o banco de dados. RESPOSTA: A carta encontra-se em anexo, com o título “autorizaçaobancodedados”. ANÁLISE: PENDÊNCIA ATENDIDA.

Considerações Finais a critério do CEP:

- O participante da pesquisa deve receber uma via do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, na íntegra, por ele assinado (quando aplicável).

- O participante da pesquisa tem a liberdade de recusar-se a participar ou de retirar seu

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UNICAMP - CAMPUS

CAMPINAS Continuação do Parecer: 2.825.902

consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo

ao seu cuidado (quando aplicável).

- O pesquisador deve desenvolver a pesquisa conforme delineada no protocolo aprovado. Se o

pesquisador considerar a descontinuação do estudo, esta deve ser justificada e somente ser

realizada após análise das razões da descontinuidade pelo CEP que o aprovou. O pesquisador deve

aguardar o parecer do CEP quanto à descontinuação, exceto quando perceber risco ou dano não

previsto ao participante ou quando constatar a superioridade de uma estratégia diagnóstica ou

terapêutica oferecida a um dos grupos da pesquisa, isto é, somente em caso de necessidade de

ação imediata com intuito de proteger os participantes.

- O CEP deve ser informado de todos os efeitos adversos ou fatos relevantes que alterem o curso

normal do estudo. É papel do pesquisador assegurar medidas imediatas adequadas frente a evento

adverso grave ocorrido (mesmo que tenha sido em outro centro) e enviar notificação ao CEP e à

Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – junto com seu posicionamento.

- Eventuais modificações ou emendas ao protocolo devem ser apresentadas ao CEP de forma clara

e sucinta, identificando a parte do protocolo a ser modificada e suas justificativas e aguardando a

aprovação do CEP para continuidade da pesquisa. Em caso de projetos do Grupo I ou II

apresentados anteriormente à ANVISA, o pesquisador ou patrocinador deve enviá-las também à

mesma, junto com o parecer aprovatório do CEP, para serem juntadas ao protocolo inicial.

- Relatórios parciais e final devem ser apresentados ao CEP, inicialmente seis meses após a data

deste parecer de aprovação e ao término do estudo.

-Lembramos que segundo a Resolução 466/2012, item XI.2 letra e, “cabe ao pesquisador

apresentar dados solicitados pelo CEP ou pela CONEP a qualquer momento”.

-O pesquisador deve manter os dados da pesquisa em arquivo, físico ou digital, sob sua

guarda e responsabilidade, por um período de 5 anos após o término da pesquisa.

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UNICAMP – CAMPUS CAMPINAS

Continuação do Parecer: 2.825.902

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:

Situação do Parecer: Aprovado Necessita Apreciação da CONEP: Não

CAMPINAS, 16 de Agosto de 2018

Assinado por: Renata Maria dos Santos Celeghini

(Coordenador)

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COMPROVANTE DE SUBMISSÃO DO ARTIGO

Novo artigo (CSP_1766/18)

Cadernos de Saúde Pública <[email protected]>

Ter 11/09/2018, 22:56

Para: [email protected] <[email protected]>

Prezado (a) Dr(a). Naelly Renata Saraiva Pivetta:

Confirmamos a submissão do seu artigo "MULTIMORBIDADE, INCAPACIDADE

FUNCIONAL E FRAGILIDADE: PREVALÊNCIA E RELAÇÃO SIMULTÂNEA EM

IDOSOS COM 80 ANOS E MAIS"

(CSP_1766/18) para Cadernos de Saúde Pública. Agora será possível acompanhar o progresso

de seu manuscrito dentro do processo editorial, bastando clicar no link "Sistema de Avaliação

e Gerenciamento de Artigos", localizado em nossa página http://www.ensp.fiocruz.br/csp.

Em caso de dúvidas, envie suas questões através do nosso sistema, utilizando sempre o ID do

manuscrito informado acima. Agradecemos por considerar nossa revista para a submissão de

seu trabalho.

Atenciosamente,

Profª. Marilia Sá Carvalho

Profª. Claudia Medina Coeli

Profª. Luciana Dias de Lima

Editoras