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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU DOUTORADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA GILBERTO PIVETTA PIRES PERIODIZAÇÃO ONDULATÓRIA: EFEITOS DE 14 SEMANAS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO DE FORÇA EM NADADORES JOVENS SÃO PAULO 2014

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  • UNIVERSIDADE SO JUDAS TADEU

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO SENSU

    DOUTORADO EM EDUCAO FSICA

    GILBERTO PIVETTA PIRES

    PERIODIZAO ONDULATRIA: EFEITOS DE 14

    SEMANAS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO

    DE FORA EM NADADORES JOVENS

    SO PAULO

    2014

  • ii

    GILBERTO PIVETTA PIRES

    PERIODIZAO ONDULATRIA: EFEITOS DE 14

    SEMANAS DE UM PROGRAMA DE TREINAMENTO

    DE FORA EM NADADORES JOVENS

    Tese apresentada a banca

    examinadora ao Programa de Ps-

    Graduao Stricto Sensu em

    Educao Fsica da Universidade

    So Judas Tadeu como requisito

    parcial obteno do ttulo de

    Doutor em Educao Fsica.

    Orientador: Prof. Dr. Aylton Jos Figueira Junior

    SO PAULO

    2014

  • iii

  • iv

    Primeiramente agradeo Deus qu permitiu qu tudo isso acontecesse,

    longo d minha vida, n somente nestes anos de estudo, ms m todos s momentos.

    Agradeo a minha esposa Karina Coelho Pires, minha companheira de todas as

    horas, meu ponto de equilbrio. Seu carinho, dedicao a famlia e sua forma positiva

    de enfrentar as dificuldades da vida foram incentivos determinantes para chegar at

    aqui.

    A meus filhos Miguel e Helena. O tempo de nossa convivncia "roubado" pela

    tese s fez fortalecer a vontade de estar junto de vocs.

    Aos meus pais, pelo amor, incentivo apoio incondicional.

    A meu pai Gilberto Toledo Pires, para mim, o melhor tcnico de natao do

    mundo.

    Ao meu orientado, Prof. Dr. Aylton Figueira Junior, pelo incentivo e pelo

    exemplo de competncia e perseverana no apenas no campo cientfico como frente

    s adversidades da vida. Muito obrigado por acreditar me mim.

    Aos professores do Programa de Ps-Graduao em Educao Fsica da

    Universidade So Judas Tadeu, por partilharem seus conhecimentos.

    Ao Prof. Dr. dico Luiz Pelegrinotti, pela participao na banca de defesa e

    pelos seus ricos ensinamentos durante todo a orientao no mestrado, que foram

    decisivos em minha trajetria profissional.

    Aos professores da banca de qualificao e defesa, Prof. Dr. Danilo Sales

    Bocalini; Prof. Dr. Gerson Leite e Prof. Dr. rico Chagas Caperuto, agradeo as suas

    preciosas consideraes ao presente trabalho e generosas sugestes de

    aprimoramento.

    CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pesquisa de Ensino Superior,

    pela concesso de bolsa que otimizou o desenvolvimento deste trabalho.

    AGRADECIMENTOS

  • v

    muito melhor lanar-se em busca de conquistas

    grandiosas, mesmo expondo-se ao fracasso, do que

    alinhar-se com os pobres de esprito, que nem gozam

    muito nem sofrem muito, porque vivem numa

    penumbra cinzenta, onde no conhecem nem vitria,

    nem derrota. (Theodore Roosevelt)

  • vi

    FIGURA 1 - Planejamento tpico de treinamento de uma temporada de 24

    semanas de nadadores competitivos......................................................................... 47

    FIGURA 2 - Aumento progressivo da fora muscular decorrente das adaptaes

    fisiolgicas (neurais e hipertrofia muscular) ao treinamento de fora .................... 77

    FIGURA 3 - Fases de uma sesso de treinamento ................................................ 109

    FIGURA 4 - Modelo de Periodizao proposto por Leo Matveev ........................ 110

    FIGURA 5 - Modelo de periodizao com aumento da intensidade e diminuio

    do nmero de repeties a cada ciclo de treinamento ............................................. 113

    FIGURA 6 Modelo de periodizao ondulatria diria. Variao do volume e

    da intensidade durante a semana de treinamento .................................................... 120

    FIGURA 7 - Modelo Tabela Individual de Intensidades do Programa SEPT ....... 148

    FIGURA 8 - Descrio grfica e visual da posio da cmera e imagem das

    marcaes de referncia feitas na piscina utilizadas na anlise de sada do bloco de

    partida em 15 metros ........................................................................................................... 161

    FIGURA 9 - Descrio grfica e visual da posio da cmera e imagem das

    marcaes feitas na borda da piscina utilizadas na anlise do teste de virada em 15

    metros ........................................................................................................................... 163

    FIGURA 10 - Descrio grfica e visual da posio da cmera e das marcaes feitas

    na borda da piscina utilizadas na anlise dos parmetros cinemticos do nado .................. 165

    LISTA DE FIGURAS

  • vii

    TABELA 1 - Descrio dos sujeitos da amostra .................................................. 135

    TABELA 2 Periodizao das sesses de treinamento de fora muscular ........... 136

    TABELA 3 - Organizao sequencial dos testes nos microciclos de controle ....... 150

    TABELA 4 - Nvel maturacional e raa conforme protocolo de avaliao da

    porcentagem da gordura corporal segundo protocolo de Slaughter et al. (1988)

    para indivduos do sexo masculino .......................................................................... 154

    TABELA 5 - Distribuio de frequncia da caracterstica maturacional "Plos

    Axilares" e da caracterstica maturacional "Genitlia + Plos Pubianos" dos

    nadadores jovens do sexo masculino (n=9) ............................................................. 172

    TABELA 6- Distribuio de frequncia da caracterstica maturacional

    "Genitlia" e "Plos Pubianos" dos nadadores jovens do sexo masculino (n=9) .... 173

    TABELA 7 - Distribuio de frequncia da caracterstica maturacional

    "Menarca" e da caracterstica maturacional "Genitlia + Plos Pubianos" na

    nadadoras jovens do sexo feminino (n=8) ............................................................... 174

    TABELA 8 - Distribuio de frequncia da caracterstica maturacional

    "Genitlia" e "Mamas" das nadadoras jovens do sexo feminino (n=9) ................... 174

    LISTA DE TABELAS

  • viii

    GRFICO 1: Mdia do volume global, e de predominncia mdia de volume de

    treinamento de potencial aerbio e anaerbio referente aos microciclos de

    treinamento .............................................................................................................. 143

    GRFICO 2 - Mdia do volume percentual, referente s micro-etapas de

    mesma caracterstica, realizado nas distintas zonas de intensidade ........................ 147

    GRFICO 3 - Massa Corporal ............................................................................. 176

    GRFICO 4 - ndice de Massa Corporal ............................................................. 177

    GRFICO 5 - Porcentagem de Gordura Corporal ................................................ 177

    GRFICO 6 - Massa Magra ................................................................................ 178

    GRFICO 7 - Massa Magra .................................................................................. 179

    GRFICO 8 - Circunferncia de Brao Direito Contrado ................................... 180

    GRFICO 9 - Circunferncia da Coxa Medial Direita ......................................... 181

    GRFICO 10 - Mdia Fora Membros Superiores Regio do Brao .................. 182

    GRFICO 11 - Mdia Fora Membros Superiores Regio do Peitoral ................ 183

    GRFICO 12 - Mdia Fora Membros Superiores Regio Dorsal ...................... 184

    GRFICO 13 - Mdia Fora Membros Inferiores ............................................... 185

    GRFICO 14 - Tempo Passagem do 1 50 metros nado Crawl......................... 186

    GRFICO 15 - Tempo Passagem do 2 50 metros nado Crawl ......................... 187

    GRFICO 16 - Tempo Total do 100 metros nado Crawl ................................... 188

    GRFICO 17 - Fase de Voo ................................................................................. 190

    GRFICO 18 - Fase Submersa ............................................................................ 190

    GRFICO 19 - Fase Complementar .................................................................... 191

    GRFICO 20 - Tempo Total da Sada em 15 metros ........................................... 192

    GRFICO 21 - Fase de Aproximao 5 metros ................................................... 193

    GRFICO 22 - Fase de Afastamento 10 metros ................................................... 194

    GRFICO 23 - Tempo Total de Virada 15 metros ................................................ 195

    LISTA DE GRFICOS

  • ix

    GRFICO 24 - Velocidade Mdia da 1 passagem de 50 metros ......................... 196

    GRFICO 25 - Velocidade Mdia da 2 passagem de 50 metros ......................... 197

    GRFICO 26 - ndice de Braada da 1 passagem de 50 metros ......................... 198

    GRFICO 27 - ndice de Braada da 2 passagem de 50 metros ......................... 199

    GRFICO 28 - Comprimento de Braada da 1 passagem de 50 metros ............. 200

    GRFICO 29 - Comprimento de Braada da 2 passagem de 50 metros ............. 200

    GRFICO 30 - Frequncia de Braada da 1 passagem de 50 metros ................. 201

    GRFICO 31 - Frequncia de Braada da 2 passagem de 50 metros ................. 202

    GRFICO 32 - ndice Tcnico de Competio ..................................................... 203

  • x

    QUADRO 1 - Procedimentos para elaborao do programas de treinamento de

    fora muscular tpico para a atletas de natao competitiva .................................... 53

    QUADRO 2 - Principais grupos musculares empregados nas aes propulsivas

    dos membros do corpo durante o nado ................................................................... 55

    QUADRO 3 - Exerccios de treinamento de fora muscular tpicos de atletas de

    natao competitiva ................................................................................................. 56

    QUADRO 4 - O conceito de fora muscular por diferentes estudiodos do

    treinamento .............................................................................................................. 74

    QUADRO 5 - Modelo de Periodizao de Treinamento de Fora ........................ 111

    QUADRO 6 Montagem dos treinos A e B e sequncia dos exerccios ............... 137

    QUADRO 7 Periodizao linear semanal aplicada nos integrantes do grupo

    com periodizao linear (GPL) ................................................................................ 139

    QUADRO 8 Periodizao ondulatria semanal aplicada nos integrantes do

    grupo com periodizao ondulatria (GPOn). ........................................................ 141

    QUADRO 9 - Organizao do Programa de Treinamento de Piscina ................... 143

    QUADRO 10 - Disposio das semanas de avaliao e controle do treinamento

    (AV) no macrociclo de treinamento de fora muscular ........................................... 149

    QUADRO 11 Os segmentos musculares priorizados para a avaliao da

    evoluo da fora muscular na pesquisa e os exerccios avaliados ......................... 158

    QUADRO 12: Escala de determinao da magnitude do efect size no

    treinamento de fora muscular nos diferentes nveis de condicionamento fsico ... 170

    LISTA DE QUADROS

  • xi

    ANEXO 1 - Estgio da Maturao Sexual Masculino - Pranchas de Tanner ..... 283

    ANEXO 2 - Estgio da Maturao Sexual Feminino - Pranchas de Tanner ....... 284

    ANEXO 3 - Autorizao da Federao de Desportos Aquticos de Roraima ..... 285

    ANEXO 4 - Autorizao da Associao de Pais e Atletas de Boa Vista ............. 286

    ANEXO 5 - Autorizao da ASSOPBPM ............................................................ 287

    ANEXO 6 - Autorizao do Instituto Batista de Roraima ................................... 288

    ANEXO 7 - Autorizao do Centro de Tradies Gachas ................................. 289

    ANEXO 8 - Autorizao do Centro Educacional Integrada Colmia .................. 290

    ANEXO 9 - Parecer do Comit de tica em Pesquisa ......................................... 291

    ANEXO 10 - Autorizao do Instituto Federal de Roraima ................................ 293

    LISTA DE ANEXOS

  • xii

    APNDICE 1 - Carta de Esclarecimento sobre o Projeto de Pesquisa .............. 294

    APNDICE 2 - Questionrio Diagnstico ......................................................... 295

    APNDICE 3 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .......................... 297

    APNDICE 4 - Resultados das mdias e desvio padro dos participantes dos

    dois grupos GPL e GPOn nas avaliaes do teste de 2x400 metros nado crawl .. 298

    APNDICE 5 - Ficha de Auto-avaliao da Maturao Sexual - Sexo

    Masculino .............................................................................................................. 299

    APNDICE 6 - Ficha de Auto-avaliao da Maturao Sexual - Sexo

    Feminino ............................................................................................................... 300

    APNDICE 7 - Resultados de mdia e desvio padro das anlise de

    antropomtricas e de composio corporal ........................................................... 301

    APNDICE 8 - Resultados do delta percentual effect size com o grau da

    magnitude do efeito do programa de treinamento de fora nas variveis

    antropomtricas e de composio corporal ........................................................... 302

    APNDICE 9 - Resultado da somatria das mdias estabelecidas em cada

    exerccio pelo teste submximo segundo protocolo de Brzycki, agrupados por

    segmentos musculares ........................................................................................... 303

    APNDICE 10 - Resultado dos Teste de Tomada de Tempo do 100 metros

    nado Crawl realizados ao final de cada ciclo de treinamento ............................... 304

    APNDICE 11 - Resultado do Teste Cinemtico de Sada do Bloco de Partida

    em 15 metros realizados ao final de cada ciclo de treinamento ........................... 305

    APNDICE 12 - Resultado do Teste Cinemtico de Virada em 15 metros

    realizados ao final de cada ciclo de treinamento .................................................. 306

    APNDICE 13 - Resultado de Velocidade Mdia (VM), ndice de Braada

    (IB) Comprimento de Braada (CB) e Frequncia de Braada (FB) do Teste

    Cinemtico da prova de 100m nado Crawl realizados ao final de cada ciclo de

    treinamento ............................................................................................................ 307

    LISTA DE APNDICE

  • xiii

    APNDICE 14- Resultado do ndice Tcnico Competitivo realizados antes

    do incio, durante, e aps do programa de treinamento de fora muscular ........... 308

  • xiv

    A comparao entre mtodos de periodizao do treinamento de fora (TF) tem

    sido nos ltimos anos foco de estudo das cincias do esporte. Tem sido sugerido que a

    periodizao ondulatria (POn) com base na variao de repeties a cada sesso de

    treinamento ao longo da semana, criando maiores variaes no estmulo de treinamento,

    produza respostas morfofuncionais superiores nas adaptaes para o desempenho.

    Embora documentado na literatura, este modelo no apresenta evidncias de

    experimentos concretizados com nadadores de competio. Diante de tal situao, o

    presente estudo teve como objetivo verificar o efeito de 14 semanas de um programa de

    TF com dois modelos: periodizao linear (PL) e PO nas respostas morfofuncionais

    (MF) e no desempenho de nadadores jovens de ambos os sexos. A amostra foi

    constituda de 17 nadadores adolescentes que foram divididos em dois grupos: grupo

    periodizao linear (GPL) (n=8, 4 homens e 4 mulheres) e grupo periodizao

    ondulatria (GPOn) (n=9, 5 homens e 4 mulheres). Aps 2 semanas de adaptao ao TF

    (15-20 repeties mximas (RM)), o GPL aumentou a intensidade do treinamento a

    cada 4 semanas que comeou com 10-12RM, passou para 6-8RM e finalizou com 6 -

    80% 1RM. GPO apresentou alternncia destas intensidades dentro da semana sendo:

    segunda-feira,10-12RM; quarta-feira,6-8RM e sexta-feira,6 - 80% 1RM. As avaliaes

    (AV) dos indicadores foram realizadas em 4 momentos (AV1=pr-interveno;

    AV2=aps 6 semanas; AV3=aps 10 semanas; AV4=aps 14 semanas). Os testes de

    controle aplicados foram divididos em duas categorias: testes de controle fora da piscina

    (medidas antropomtrica e fora muscular) e testes de controle dentro da piscina

    (tempo do 100 metros nado crawl, teste de sada, de virada, aspectos cinemticos e

    ndice tcnico de competio). Para a anlise intragrupo foi utilizado o teste de varincia

    ANOVA one way, e para a anlise intergrupo foi utilizado pelo Teste-t de Student para

    amostras independentes. O Effect Size (ES) foi utilizado no tratamento estatstico para

    melhor entendimento da magnitude do efeito do TF nas periodizaes. Podemos

    concluir que a POn mais eficaz em proporcionar adaptaes morfofuncionais

    relacionadas ao aumento de fora em regies musculares do peitoral, dorsal e membros

    inferiores; provocando aumentos hipertrficos significantes na massa magra e

    circunferncias de brao e coxa deste nadadores, alm de apresentar melhores resultados

    nos desempenhos de sada, virada, nos aspectos cinemticos de velocidade mdia,

    ndice e comprimento de braada em distncias curtas (at 50 metros), e no ndice

    tcnico de competitivo. A PL foi mais eficiente no aumento de fora na regio muscular

    do brao (trceps e bceps), sendo mais efetiva em promover adaptaes

    morfofuncionais relacionadas a reduo da massa gorda e porcentagem de gordura

    corporal; e na manuteno da resistncia muscular em variveis de tempo, velocidade

    mdia e comprimento de braada em distncias maiores (acima de 50 metros). O TF,

    independente do tipo de periodizao produz efeitos benficos na fora muscular e

    desempenho em jovens nadadores.

    Palavras-chave: natao, treinamento de fora, treinamento de resistncia,

    periodizao linear, periodizao ondulatria

    RESUMO

  • xv

    A comparison of methods of periodization of strength training (ST) has in recent

    years been the focus of study of sports science. It has been suggested that the undulating

    periodization (UP) based on the variation of reps every training session throughout the

    week, creating greater variations in the training stimulus, produces superior

    morphological and functional adaptations in response to the performance. Although

    documented in the literature, this model does not present evidence from experiments

    realized with competitive swimmers. Faced with this situation, this study aimed to

    verify the effect of 14 weeks of ST with a program of two models: linear periodization

    (LP) and the morphological and functional responses PO (MF) and the performance of

    young swimmers of both sexes. The sample consisted of 17 swimmers who were

    divided into two groups: linear periodization group (LPG) (n = 8, 4 males and 4

    females) and undulating periodization group (UPG) (n = 9, 5 men and 4 women) . After

    two weeks of adaptation to ST (15-20 repetitions maximum (RM)), LPG increased the

    intensity of training every 4 weeks that started with 10-12RM, went to 6-8RM and

    finished with 6-80% 1RM. UPG showed alternation of these intensities within the week

    as follows: Monday, 10-12RM; Wednesday, 6-8RM and Friday, 6-80% 1RM. The (AV)

    ratings of the indicators were performed at 4 times (AV1 = pre-intervention; AV2 =

    after 6 weeks; AV3 = after 10 weeks; AV4 = after 14 weeks). Control tests applied were

    divided into two categories: control tests out of the pool (muscle strength and

    anthropometric measures) and control tests in the pool (time 100 meters front crawl,

    output test, turning, cinematic aspects and index technician competition). For intragroup

    analysis testing of one way ANOVA was used, and to the intergroup analysis was used

    by Student's t-test for independent samples. The Effect Size (ES) was used in the

    statistical analysis for better understanding of the magnitude of the effect of TF in

    periodization. Conclude that UP is more effective at providing morphofunctional

    adaptations related to the increase of strength in the pectoral muscle regions, dorsal and

    lower limbs; hypertrophic causing significant increases in lean mass and arm and thigh

    circumferences this swimmers, and present better results in performance output, upset,

    in the cinematic aspects of average speed, rate and stroke length over short distances (up

    to 50 meters), and the technical index competitive. The LP was more effective in

    increasing muscle strength in the region of the arm (triceps and biceps), being more

    effective in promoting morphofunctional adaptations related to reduced fat mass and

    percentage of body fat; and in maintaining muscle strength variables of time, average

    speed and stroke length over greater distances (over 50 meters). The TF, regardless of

    the type of periodization produces beneficial effects on muscle strength and

    performance in young swimmers..

    Key words: swimming, strength training, resistance training, linaer periodization,

    undulating periodization

    ABSTRACT

  • xvi

    undulating periodization

    CAPTULO 1 - INTRODUO ......................................................................... 19

    1.1. - O Caminho de uma Grande Aventura Aqutica ....................................... 19

    1.2. - Traando o Caminho ................................................................................... 26

    1.3. - Objeto, Objetivos do Estudo e Hipteses ................................................... 28

    1.4. - Organizao do Estudo ................................................................................ 30

    CAPTULO 2 - REVISO DA LITERATUTA ................................................ 31

    2.1. - Crescimento, Maturao e Desenvolvimento Fsico do Adolescente ....... 32

    2.1.1. - A Maturao Sexual .................................................................................... 34

    2.1.2. - O Desenvolvimento Corporal do Jovem Atleta .......................................... 36

    2.2. - Desportos Aquticos .................................................................................... 39

    2.2.1. - Caracterizao do Treinamento de Natao ................................................ 40

    2.2.2. - O Treinamento de Endurance Aerbia aplicado a Natao ....................... 42

    2.2.3. - O Treinamento de Velocidade aplicado a Natao ..................................... 47

    2.2.4. - O Treinamento de Fora aplicado a Natao .............................................. 50

    2.2.5. - O Treinamento de Natao para o Atleta Jovem ........................................ 66

    2.3. - Princpios do Treinamento de Fora .......................................................... 72

    2.3.1. - Adaptaes Morfofuncionais ao Treinamento de Fora ............................ 72

    2.3.1.1. - Definio de Fora ................................................................................... 73

    2.3.1.2. - Formas de Manifestao da Fora Muscular .......................................... 75

    2.3.1.3. - Adaptaes Neuromusculares ao Treinamento de Fora ........................ 77

    2.3.1.4. - Adaptaes Morfolgicas ao Treinamento de Fora ............................... 79

    2.3.1.5. - Adaptaes Metablicas e Hormonais ao Treinamento de Fora ........... 84

    2.4. - O Treinamento de Fora em Adolescentes ................................................. 86

    2.4.1. - Adaptaes Morfofuncionais do Adolescente ao Treinamento de Fora .... 90

    2.5. - Prescrio do Treinamento de Fora ......................................................... 95

    2.5.1. - Seleo de Exerccios .................................................................................. 95

    2.5.2. - Aes Musculares e a Velocidade de Contrao ........................................ 96

    2.5.3. - Ordem dos Exerccios ................................................................................. 98

    2.5.4. - Volume de Treinamento .............................................................................. 99

    2.5.5. - Frequncia, Intensidade e Descanso entre as Sries .................................... 101

    2.6 - Prescrio do Treinamento de Fora para o Atleta Jovem ...................... 104

    2.7. - A Organizao da Periodizao do Treinamento de Fora ..................... 107

    SUMRIO

  • xvii

    2.7.1. Modelo de Periodizao Tradicional ou Linear .......................................... 113

    2.7.2. Modelo de Periodizao Ondulatrio ou No-linear .................................. 119

    CAPTULO 3. - PROCEDIMENTOS METODOLGICOS ........................... 132

    3.1. - Delineamento do Estudo .............................................................................. 132

    3.2. - Procedimentos para a Seleo dos Sujeitos da Amostra ........................... 132

    3.3. - Critrios de Incluso e Excluso ................................................................. 133

    3.4. - Randomizao dos Grupos Estudados ...................................................... 134

    3.5. - Caracterizao da Amostra ......................................................................... 134

    3.6. - Caracterizao da Periodizao do Treinamento ..................................... 135

    3.6.1. Periodizao e Organizao do Treinamento de Fora Muscular .............. 135

    3.6.2 Periodizao e Organizao do Treinamento em Piscina ............................ 142

    3.8. - Procedimentos e Organizao das Avaliaes ........................................... 149

    3.9. - Testes de Controle da Periodizao do Treinamento de Fora Fora da

    Piscina ..................................................................................................................... 150

    3.9.1 - Avaliao da Maturao Sexual ................................................................... 150

    3.9.2. Avaliao Antropomtrica ......................................................................... 152

    3.9.3. Avaliao da Fora Muscular ..................................................................... 154

    3.10 Testes de Controle da Periodizao do Treinamento de Fora Dentro

    da Piscina ............................................................................................................... 159

    3.10.1. Avaliao do Tempo do 100m nado Crawl na Piscina ............................. 160

    3.10.2. Avaliao da Sada no Bloco de Partida em 15 metros ............................ 160

    3.10.3. Avaliao da Virada em 15 metros .......................................................... 162

    3.10.4. Avaliao de Parmetros Cinemticos do Nado ....................................... 163

    3.10.5. - Avaliao do Desempenho Competitivo ................................................... 167

    3.11. Anlise Estatstica ...................................................................................... 168

    CAPTULO 4. - DESCRIO DOS RESULTADOS ....................................... 171

    4.1. - Resultado da Avaliao de Maturao Sexual ........................................... 172

    4.1.1. - Caractersticas da Maturao Sexual no Sexo Masculino ........................... 172

    4.1.2. - Caractersticas da Maturao Sexual no Sexo Feminino ............................ 173

    4.2. - Resultados das Variveis Antropomtricas e de Composio Corporal

    .............................................................................................................................. 175

    4.3. - Resultados das Variveis de Fora Muscular do Membros Superiores e

    Inferiores ................................................................................................................ 181

  • xviii

    4.4. - Resultados da Varivel Tempo de 100m nado Crawl ................................ 185

    4.5. - Resultados das Variveis Cinemticas do Desempenho ........................... 188

    4.6. - Resultados da Varivel de Desempenho Competitivo ............................... 202

    CAPTULO 5. - DISCUSSES E CONCLUSES .......................................... 204

    5.1. - Discusso da Anlise 1 ................................................................................. 204

    5.1.1. - Concluso da Anlise 1 ............................................................................... 214

    5.2 - Discusso da Anlise 2 .................................................................................. 215

    5.2.1 - Concluso da Anlise 2 ................................................................................ 224

    5.3 - Discusso da Anlise 3 .................................................................................. 224

    5.3.1 - Concluso da Anlise 3 ............................................................................... 229

    5.4 - Discusso da Anlise 4 .................................................................................. 229

    5.4.1 - Anlise da Sada do Bloco de Partida em 15 metros .................................... 230

    5.4.2 - Anlise da Virada em 15 metros .................................................................. 233

    5.4.3 - Anlise da Velocidade Mdia, ndice de Braada, Comprimento de

    Braada e Frequncia de Braada no Teste de Tomada 100m nado Crawl ............ 236

    5.4.4 - Concluso da Anlise 4 ................................................................................ 242

    5.5 - Discusso da Anlise 5 .................................................................................. 243

    5.5.1 - Concluso da Anlise 5 ............................................................................... 247

    CAPTULO 6 - CONSIDERAES FINAIS ................................................... 248

    CAPTULO 7 - REFLEXES METODOLGICAS ........................................ 249

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................................................ 251

    ANEXOS E APNDICES ..................................................................................... 283

  • 1.1. O Caminho de uma Grande Aventura Aqutica

    O esporte em minha vida sempre esteve presente de forma marcante. A paixo

    de meu pai pela natao foi sem sombra de dvidas, a razo pela minha identificao

    por esta modalidade, alm de ter um tio e uma tia tcnicos de atletismo. Tanto meu pai

    como meus tios foram funcionrios da Secretaria de Esportes e Turismo do Estado de

    So Paulo, fato que fez de minha infncia, e a de meus primos, na capital paulista, uma

    experincia, ora na beira da piscina, ora na beira da pista de atletismo, brincando no

    Complexo Esportivo do Ibirapuera. Pode-se imaginar que os assuntos prediletos em

    nossa famlia eram relacionados ao esporte.

    Aos 5 anos de idade aprendi a nadar em uma das escolas de natao mais

    tradicionais de So Paulo, a escola Mori Natao (1980), sendo o esporte praticado em

    minha infncia e juventude. Ao mudarmos de So Paulo, onde morvamos, para

    Catanduva em 1982, j com 7 anos de idade, iniciei meus treinamentos com a equipe de

    natao competitiva que meu pai acabara de formar na cidade. Boa parte de meus

    amigos vieram do convvio dos treinamentos e das viagens para as competies.

    Praticando a natao, conheci vrias cidades e pessoas, obtive meu primeiro emprego,

    encontrei minha esposa.

    Apesar de no ter sido nenhum grande talento na modalidade, tive a

    oportunidade de treinar e competir com vrios atletas campees paulistas, brasileiros,

    sulamericanos e at medalhistas panamericanos; todos treinados por meu pai, o Prof.

    Gilberto Toledo Pires. Em muitas oportunidades, mesmo no tendo ndice para competir

    nos torneios, estava junto com a equipe, auxiliando meu pai nas competies. Foi com

    muita naturalidade que escolhi fazer o curso de Educao Fsica, pois afinal, j

    acompanhava nas aulas de natao e participava de arbitragens de competies. Na

    verdade, tinha o sonho de seguir os passos de meu pai: ser um grande tcnico de

    natao. Mas foi somente quando ingressei na Escola Superior de Educao Fsica e

    Desportos de Catanduva - ESEFIC (1994) que percebi a dimenso das experincias que

    CAPTULO 1 - INTRODUO

    19

  • 20

    eu havia vivido em toda minha vida esportiva, e quanto de conhecimento eu ainda

    necessitaria para realmente ser um profissional qualificado.

    J no primeiro ano da faculdade era professor de natao na Academia "Do Baby

    ao Campeo" e na Prefeitura Municipal de Catanduva. No ano seguinte (1995), fui

    contratado pelo Clube de Tnis de Catanduva (equipe pela qual havia nadado em toda

    minha carreira como atleta) como professor e tcnico de natao, funo que exerci

    durante 15 anos.

    Desta maneira, trabalhando, percebi o conhecimento que meu pai havia

    adquirido em sua vida profissional, fato que justificava os excelentes resultados com

    seus atletas.

    Em 1972, meu pai trabalhou como assistente do tcnico americano, Prof.

    Richard Power, na Associao Atltica A Hebraica. O Prof. Richard foi um dos

    pioneiros ao trazer para o Brasil as novas tendncias biomecnicas e de periodizao

    desenvolvidas pelas pesquisas cientficas com os nadadores campees olmpicos norte-

    americanos. Meu pai nada entendia sobre natao, pois havia praticante somente

    atletismo. Conseguiu a vaga como assistente, quando, sendo entrevistado pelo Prof.

    Richard, honestamente, revelou que nada entendia sobre natao e que gostaria de

    aprender.

    Desta passagem absorvi duas grandes lies para minha vida: primeiro que no

    podemos desperdiar as oportunidades que a vida nos oferece para crescimento;

    segundo que, acima de tudo, devemos ter humildade.

    Em 1982, meu pai viajou para aos Estados Unidos, e mal imaginava ele que

    seria um dos primeiros treinadores brasileiros a fazer as clnicas de formao tcnica em

    natao em Fort Lauderdale. Em minha casa haviam as primeiras edies dos livros

    clssicos dos pesquisadores da natao norte-americana, dos professores Dr. James

    Counsilman (The Science of Swimming, 1968; The Complete Book of Swimming, 1977;

    Swimming Manual for Coaches and Swimmers, 1977) e do Dr. Ernest Maglischo,

    (Swimming faster: a comprehensive guide to the science of swimming, 1982). Acredito

    que esse acervo seja histrico.

    Ao me formar em 1998, intensifiquei meus estudos na rea tcnica da natao,

    participando de vrios cursos promovidos pela Associao de Tcnicos de Natao do

    Estado de So Paulo e Federao Aqutica Paulista. Neste mesmo ano comecei a treinar

    a equipe petiz e infantil do Clube de Tnis Catanduva. Nesse perodo, alguns nadadores

    foram campees paulistas e medalhistas em brasileiros nestas categorias. Foi nesse

  • 21

    perodo que meu interesse cientfico pela natao nasceu. Porm foi no ano de 2000 que

    tive a oportunidade de aprimorar acadmicamente, quando procurei no curso de Ps-

    graduao Lato-sensu, de minha rea de interesse, e que no prejudicaria meu trabalho.

    Foi na Universidade Norte do Paran (UNOPAR) que ofereceu o curso de

    Especializao em Atividades Aquticas de forma intensiva no perodo de frias, em

    janeiro de 2000. Tive a satisfao de ter aulas com vrios profissionais da rea do

    treinamento desportivo como o Prof. Dr. Antnio Carlos Gomes, Prof. Dr. Srgio

    Gregrio da Silva e Prof. Dr. Pedro Jos Winterstein que muito contriburam para o

    aprimoramento de meus conhecimentos sobre preparao de atletas competitivos,

    entretanto, dois professores em particular foram marcantes para aguar meu interesse

    pela pesquisa e a vida acadmica.

    O Prof. Willian Urizzi de Lima, amigo de beira de piscina de meu pai, com um

    currculo invejvel como treinador do Esporte Clube Pinheiros, do Sport Club

    Corinthians Paulista e Seleo Brasileira de Natao, dotado de um carisma e didtica

    incomuns, servia-me de inspirao. Alm de excelente tcnico, era docente da FMU, de

    vrios programas de ps-graduao lato-sensu pelo pas e autor de vrios livros da rea.

    At hoje, tenho-o como modelo. O Prof. Dr. Oscar Amauri Erichsen, na poca, tcnico

    da Londrina Country Clube e professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL),

    incentuvou-me a pesquisar na rea da natao. O Prof. Oscar tinha acabado de revisar e

    publicar a primeira traduo em portugus do clebre livro do Dr. Ernest Maglischo,

    Nadando Ainda Mais Rpido (1999). Um livro que praticamente uma "biblia" para

    tcnicos de natao. Quase todos os treinadores que conheci usam ou usaram este livro

    como base de seu planejamento.

    A parte II do livro apresenta a mecnica da braada nos diferentes estilos de

    nado. Durante as aulas da especializao, interessei-me pelos aspectos biomecnicos

    relacionados frequncia e ao comprimento de braadas na natao. Habitualmente, eu

    e meu pai, sempre filmvamos nossos atletas nos treinamentos e competies para

    posterior anlise da tcnica do nado e estratgia de prova que seria utilizada.

    Filmvamos, tambm, seus adversrios, com o objetivo de estudar a melhor estratgia

    para conseguir super-los nas competies. Isso me levou a comear a pesquisar sobre o

    tema.

    Em minha monografia, na especializao, avaliei a velocidade mdia, frequncia

    e comprimentos de braadas de nadadores participantes da prova de 100m nado Livre

    dos Campeonatos Paulistas de Vero Petiz, Infantil e Juvenil do ano de 2000. Mesmo

  • 22

    sem ter publicado o que havia pesquisado na poca, a experincia foi importante no

    encorajamento para outras metas.

    At aquele momento, o mestrado era ainda um sonho distante, mas com as

    experincias vividas com a especializao e o estmulo e ajuda de minha esposa, Karina

    Coelho Pires que foi imprescindvel, em todos os sentidos na realizao deste plano de

    vida, que iniciei em 2002, no programa de Ps-Graduao Strictu Sensu em Educao

    Fsica na Universidade Metodista de Piracicaba - UNIMEP, como aluno especial.

    Tive a grata satisfao logo na primeira disciplina cursada no programa de

    mestrado conhecer o Prof. Dr. dico Luiz Pellegrinotti que futuramente seria meu

    orientador. Tive uma identificao "a primeira vista" com este profissional, mas foi com

    o convvio que passei a admir-lo. Conhecia o currculo do Prof. "Deco" (como

    carinhosamente conhecido) como docente da UNICAMP, mas nunca poderia imaginar

    que alm de professor havia sido atleta e tcnico de atletismo e conhecido de minha

    famlia. Com sua orientao, transformamos a ideia inicial da anlise biomecnica da

    braada, tema do trabalho, da especializao, num projeto de pesquisa com amplo

    embasamento cientfico, muito alm daquela simples anlise com base na minha

    experincia prtica. Foi com o Deco que aprendi a pesquisar peridicos, a redigir textos

    cientficos e a organizar uma apresentao de seminrio. Senti-me acolhido pelo Prof.

    Deco, que conhecendo minhas inseguranas e limitaes, incentivava-me e ensinava-me

    o caminho para super-las.

    No ano seguinte (2003), fui aprovado no programa de mestrado da UNIMEP, e

    iniciei ento a aplicao do projeto de pesquisa de anlise cinemtica de provas de

    natao em algumas provas dos campeonatos paulistas e brasileiros de natao, que

    participava com minha equipe com o objetivo de testar a metodologia. A partir deste

    momento, comecei a divulgar os resultados destes estudos publicando trabalhos em

    congressos cientficos, como Congresso Cientfico Latino-americano de Educao

    Fsica- UNIMEP, Simpsio Internacional de Cincias do Esporte - CELAFISCS,

    Congresso Internacional de Educao Fsica e Motricidade Humana e Simpsio Paulista

    de Educao Fsica - UNESP - Rio Claro, Encontro AAARL de Medicina Esportiva -

    USP - Ribeiro Preto e ENAF - Poos de Caldas. Proferi palestras sobre o tema em

    alguns cursos de graduao em Educao Fsica, como na prpria UNIMEP, Centro

    Universitrio Moura Lacerda - Ribeiro Preto e Unio das Faculdades dos Grandes

    Lagoa - UNILAGO - So Jos do Rio Preto. Mas, sem dvida, o mais gratificante foi

    ministrar uma palestra na 11 Semana de Educao Fsica da ESEFIC - Catanduva,

  • 23

    faculdade onde me formei, e no Encontro de Tcnicos de Natao do Estado de So

    Paulo - Sorocaba (2004). Todas estas experincias foram enriquecedoras na minha

    futura carreira. Com o ttulo de mestre "debaixo do brao" parti em busca da realizao

    de um novo sonho: lecionar em uma faculdade de Educao Fsica. Em 2005, trs

    meses aps ter defendido a dissertao de mestrado, surgiu oportunidade de trabalhar

    no Centro Universitrio do Norte Paulista - UNORP, em So Jos do Rio Preto. No ano

    seguinte (2006) comecei a ministrar aulas na Universidade Paulista - UNIP no campus

    de So Jos do Rio Preto, e em 2007, iniciei, tambm, em outros campi da UNIP, na

    cidade de So Paulo, como Chcara Santo Antnio, Marques de So Vicente, Alphaville

    e Zona Norte.

    No mesmo perodo passei, a trabalhar com a equipe principal de natao do

    Clube de Tnis Catanduva, revelando campees paulistas e medalhistas brasileiros em

    outras categorias (juvenil e jnior), e tendo atletas selecionados para a Seleo Paulista

    de Natao. Na mesma ocasio, fui convidado a compor o Conselho Tcnico da

    Federao Aqutica Paulista, onde fiquei de 2007 a 2009. Com tantos compromissos,

    reduzi as produes de pesquisas e participaes em congressos cientficos.

    Em 2009 fui aprovado no processo seletivo para docentes do Centro

    Universitrio FAFIBE da cidade de Bebedouro - SP. Aquele momento foi importante na

    minha carreira profissional e acadmica, entretanto comecei a sentir dificuldades em

    conciliar tantos compromissos e minha vida familiar. Cheguei dormir mais noites em

    nibus que na minha prpria casa. Persegui tanto algumas metas que no havia me dado

    conta de que havia pessoas que necessitavam de mim, e que outros objetivos deveriam

    ser alcanados. Mas fatos novos mudariam os rumos de minha vida.

    Em 2010 ao mesmo tempo em que fui dispensado pelo Clube de Tnis da funo

    da funo de tcnico de natao, sou convidado a trabalhar como docente na ESEFIC

    em Catanduva. Diminuindo a quantidade de aulas nas faculdades "fora de casa", voltei-

    me a dedicar aos estudos, e mais uma vez, com incentivo de minha esposa, inscrevi-me

    no processo seletivo de doutorado em Educao Fsica do programa de ps-graduao

    da Universidade So Judas Tadeu.

    Necessitava, ento, elaborar um projeto para concorrer na seleo, mas estava

    tanto tempo afastado da pesquisa, que no sabia bem o que fazer. Retornando s minhas

    bases, lembrei-me de uma indagao que o Prof. Deco sempre fazia durante as

    orientaes do mestrado: Como estas anlises cinemticas poderiam contribuir no

    programa de treinamento do nadador? Com esse pensamento, elaborei uma proposta de

  • 24

    pesquisa que envolvia a utilizao da avaliao cinemtica durante um macrociclo de

    treinamento de uma equipe de natao competitiva. Mas, foi sob a superviso com a

    tutoria de meu orientador o Prof. Dr. Aylton Figueira Junior, que a presente pesquisa se

    configurou.

    Percebendo minha experincia, o Prof. Aylton me fez refletir profundamente

    sobre os mtodos de treinamento utilizados na natao. Observamos que muitos

    treinadores ministram volumes elevados de treinamento em piscina em seus programas,

    ainda influenciados pelas antigas metodologias provenientes dos estudos norte-

    americanos da dcada de 60 e 70, que valorizavam a capitao mxima de oxignio

    (VO2mx) para melhora do desempenho do nadador (COSTILL, et. al, 1991; MUJIKA

    et. al, 1995; TERMIN e PENDERGAST, 2000). Assim como meu pai e eu, muitos

    treinadores brasileiros foram influenciados por esta "escola norte-americana",

    reproduzindo estas metodologias em seus treinamentos.

    A avaliao cinemtica interessou-me, pois avalia a eficincia tcnica do nado

    relacionado ao desempenho do atleta. Hoje, percebo que esse, foi um diferencial meu e

    de meu pai. No ministrvamos "grandes" volumes de treino, mas nos preocupvamos

    muito com execuo tcnica de nado e com a estratgia de prova dos atletas. Poucos

    treinadores, ainda nos dias de hoje, tem essas preocupaes.

    Porm, questes relacionadas ao treinamento de fora eram pouco trabalhadas

    em nossos programas. As literaturas clssicas de "Doc Coulsilman" e Maglischo, no

    enfatizavam esse tema em seus estudos. Apesar de mencionado como importante por

    esses autores na formao do nadador, o treinamento de fora era visto mais como um

    complemento de sua preparao fsica geral, principalmente nas etapas iniciais do

    macrociclo. O que mais era evidenciado para esses autores, quanto ao treinamento da

    fora muscular para nadadores, estava muito relacionado ao princpio da especificidade,

    que determina que a atividade deva ser aplicada nas condies concretas de como esta

    se manifesta, ou seja, no caso da natao, na gua.

    Nos dias atuais, ainda muito comum a preocupao que o treinamento de fora

    provoque uma diminuio na flexibilidade e elevao excessiva de massa muscular, o

    que levaria o nadador a aumentar sua resistncia ao deslocamento, diminuindo a

    flutuabilidade e consequentemente o desempenho. Devido a esta falta de conhecimento

    muitos treinadores, ainda no aplicarem esta metodologia em seus programas de

    treinamento.

  • 25

    A viso sobre o treinamento de fora na natao s comeou a mudar no Brasil

    nos ltimos anos. Destaco dois fatores que contriburam para esse novo olhar: 1) uma

    formao mais cientfica de uma nova gerao de treinadores com acesso outras

    literaturas e metodologias do treinamento e a divulgao de um nmero crescente de

    pesquisas cientficas, que relatam os benefcios de diferentes metodologias do

    treinamento de fora na performance em atletas de natao competitiva; culminando

    com a observao dos recentes resultados de atletas velocistas nos ltimos Jogos

    Olmpicos (Pequim 2008 e Londres 2012) e Mundiais de piscina longa (Roma, 2009 e

    Barcelona 2013), particularmente com nadadores franceses e brasileiros (GIROLD et

    al., 2012 ; GIROLD et al., 2007 e GIROLD et al., 2006); 2) a traduo para o

    portugus do livro do autor russo Vladimir Platonov, sobre os Sistemas de Treinamento

    dos Melhores Nadadores do Mundo, Volumes 1 e 2, (2004) que relatam os trabalhos

    desenvolvidos com o treinamento de fora em nadadores do leste europeu, em especial

    do nadador russo Bicampeo olmpico (Barcelona, 1992 e Atlanta, 1996) dos 50 e 100m

    nado livre, Alexander Popov.

    Hoje, estamos vivendo um momento muito especial da natao brasileira. Nunca

    tivemos um nmero to elevado de nadadores em destaque internacional. Os resultados

    obtidos nas ltimas Olimpadas e Mundiais por brasileiros como Gustavo Borges,

    Fernando Scherer e mais recentemente com os atletas Cesar Cielo e Thiago Pereira,

    entre outros, so reflexo da mudana da forma de treinamento entre os treinadores

    brasileiros.

    Neste sentido, o que determinou o desenvolvimento deste estudo, atrelado

    apresentao anterior, foi o interesse de estudar novas metodologias relacionadas ao

    treinamento de fora em atletas de natao, a aplicabilidade da anlise cinemtica num

    programa de treinamento de natao. Desta forma surgiu uma nova questo: Para o

    treinamento de fora qual o modelo de periodizao mais eficiente para jovens atletas

    de natao?

    Desenvolver a pesquisa com jovens nadadores da cidade de Boa Vista, no foi

    por acaso. Devido a minha aprovao no concurso pblico para o provimento do cargo

    de professor efetivo do curso superior em Educao Fsica do Instituto Federal de

    Educao, Cincia e Tecnologia de Roraima - IFRR, em 2012, obrigou minha

    transferncia de So Paulo para Roraima, fazendo com que realizasse toda a pesquisa

    neste estado. Esse fato viabilizou a aplicao do projeto, pois alm de estar mais

    prximo da minha famlia, consegui reunir em meu local de trabalho toda o estrutura

  • 26

    necessria para desenvolvimento da pesquisa, como a piscina semiolmpica (25

    metros), laboratrio com material para avaliao fsica e antropomtrica, e uma

    academia de musculao.

    1.2. Traando o Caminho

    O programa de treinamento fsico um processo complexo, que exige

    organizao em todas as suas etapas, em especial na fase inicial do programa para que

    se conhea a capacidade do indivduo (FONTOURA, 2007). Esta organizao

    essencial quando se trata de atletas de competio. Para os treinadores e pesquisadores,

    o rendimento do atleta se associa de um conjunto de fatores de ordem estratgica

    incluindo aspectos tticos, tcnicos, psicolgicos, dependentes das diferentes

    capacidades fsicas especficas, de resistncia orgnica e muscular (BANGSBO, 1994;

    MARTIN, CARL e LEHNETZ., 1997; WEINECK, 2003; BOMPA, 2002)

    O treinamento de natao competitiva, tem como objetivo melhorar o

    desempenho desportivo em provas com diferentes demandas metablicas. De modo

    geral, treinadores de natao tm utilizado volumes semanais elevados de treinamento

    na piscina no s com atletas experientes, mas tambm em categorias intermedirias

    (COSTILL, et. al, 1991; MUJIKA et. al, 1995; TERMIN e PENDERGAST, 2000).

    Sabe-se que excesso no volume de treinamentos pode resultar em fadiga crnica que por

    sua vez conduz a um comprometimento do sistema imunolgico, estresse mental, dficit

    calrico e consequente queda no desempenho em diferentes etapas do perodo

    preparatrio levando os atletas ao estado de overtraining ou supertreinamento

    (COSTILL et. al, 1988; COSTILL et. al, 1991; MACKINNON et. al, 1997; TRAPPE et.

    al 1997; HOOPER, MACKINNON e HOWARD, 1999). Em alguns casos, estes fatores

    esto relacionados ao abandono do atleta do programa de exerccio. Nesse sentido, a

    aplicao de novas metodologias que minimizem os efeitos crnicos do estresse

    fisiolgico e psicolgico em nadadores, provocados pelos possveis excessos no

    treinamento tradicional em piscina torna-se necessrio.

    Seguindo a tendncia dos estudos contemporneos da metodologia do

    treinamento desportivo da natao, foi encontrado discusses sobre estratgias de

    treinamento que visam equalizar os componentes de carga (volume, intensidade) em

    funo da especificidade dos atletas (MARINHO e GOMES, 1999; MARINHO, 2002;

  • 27

    BARBOSA e ANDRIES JUNIOR, 2006; PYNE, MUJIKA e REILLY 2009; FIG, 2010;

    ISSURIN, 2010).

    Nesta perspectiva, o treinamento de fora muscular tem sido considerado fator

    primordial, visto que a potncia muscular decisiva no desenvolvimento de nadadores

    (TRAPPE et al.,2000; BARBOSA e ANDRIES JNIOR, 2006; ZAMPAGNI et

    al.,2008). Assim, o treinamento de fora muscular tem sido aplicado na natao, sendo

    parte integrante da preparao de nadadores competitivos (COSTILL, MAGLISCHO e

    RICHARDSON, 1994; MAGLISCHO, 2010 e PLATONOV e FESSENKO, 2004).

    Conforme Fig (2010), o treinamento de fora importante nos nadadores em

    diferentes situaes como na sada, viradas, pernada e braada. Observa-se

    estatisticamente forte correlao entre potncia muscular e velocidade de nado

    (MARINHO e GOMES, 1999; SWAINE, 2000; BARBOSA e ADRIES JUNIOR, 2006

    e FIG, 2010).

    Um dos pontos mais controversos na prtica do treinamento de fora muscular

    para atletas de natao est relacionado influncia deste mtodo de treinamento e sua

    transferncia no desempenho do nadador (MARINHO e GOMES, 1999). Segundo

    Newton et al. (2002) e Antunes (2004) deve-se atentar para os nveis de hipertrofia

    muscular, o que em determinadas situaes pode ser prejudicial ao rendimento do

    nadador. Portanto, evitar tal ocorrncia um dos objetivos da periodizao que inclui a

    maximizao do princpio da sobrecarga garantindo melhora na relao entre estmulo e

    recuperao. Este princpio descrito pelo processo de aplicao de cargas ao sistema

    neuromuscular (RHEA et al., 2002a). Quanto maior a demanda imposta ao sistema

    neuromuscular, maior adaptao no nvel de fora (STONE, OBRYANT e

    GARHAMMER, 1981).

    Segundo Oliveira, Sequeiros e Dantas (2005) dentre os estudos de periodizao,

    os modelos mais investigados so o linear ou tradicional, e o modelo de periodizao

    no linear ou ondulatria. O primeiro designa-se por constantes incrementos da carga de

    treinamento e concomitante reduo do volume, dispostos ao longo dos ciclos de

    treinamento. O modelo no linear ou ondulatrio apresentado por RHEA et al.

    (2002b) como alteraes frequentes no volume e intensidade dos treinamentos com

    pesos tanto em semanas, como em ciclos ou at mesmo com variaes dirias.

    Considerando as escassas evidncias desse modelo aplicado em nadadores o

    presente estudo foi delineado com a inteno de acompanhar a relao das metodologias

  • 28

    do treinamento de fora muscular fora da piscina, e as contribuies no desempenho de

    nadadores jovens em ambos os sexos.

    1.3. Objeto, Objetivos do Estudo e Hipteses

    O desempenho na natao competitiva influenciado pela capacidade de gerar

    fora propulsiva e minimizar o arrasto ao avano no meio lquido. Isso acontece com a

    melhora da tcnica ou padro biomecnico, e pela da condio fsica do nadador,

    incluindo a composio corporal e a fora.

    Na natao, com o intuito da melhora do rendimento tcnico, atletas buscam a

    evoluo no desempenho no s por meio de sesses de treinamento especficos na

    gua, mas tambm nos treinamentos executados em sesses ordinrias da preparao

    fsica.

    Com essa perspectiva, o presente estudo visa o acompanhamento de jovens

    nadadores submetido a dois mtodos de treinamento de fora por um perodo de 14

    semanas.

    O objetivo geral do estudo foi verificar o efeito do treinamento de fora com

    periodizao linear e ondulatria nas respostas morfofuncionais e de desempenho de

    nadadores jovens de ambos os sexos em um macrociclo de 14 semanas.

    Imaginamos que aps o perodo de realizao do estudo, encontraremos que a

    periodizao ondulatria promovera melhor adaptao morfofuncional comparado com

    o modelo de periodizao linear no aumento da fora muscular e desempenho dos

    nadadores submetidos a um macrociclo de 14 semanas de treinamento.

    As anlises complementares delimitadas nos objetivos especficos com suas

    respectivas hipteses, que segue:

    Anlise 1 - Identificar o impacto de um macrociclo de 14 semanas de

    treinamento de fora muscular com periodizao linear e ondulatria no perfil

    antropomtrico e composio corporal (massa corporal, massa magra, massa gorda,

    porcentagem de gordura corporal, circunferncias de brao contrado e coxa medial ) de

    nadadores jovens de ambos os sexos.

    Hiptese 1: O modelo de periodizao ondulatria promove melhora mais

    acentuada no perfil antropomtricos e composio corporal (massa corporal, massa

  • 29

    magra, massa gorda, porcentagem de gordura corporal, circunferncias de brao e

    perna) que o modelo de periodizao linear aps 14 semanas de treinamento.

    Anlise 2 - Comparar o efeito de um macrociclo de 14 semanas de treinamento

    de fora pela periodizao linear e ondulatria no comportamento da fora muscular dos

    membros superiores e inferiores de nadadores jovens de ambos os sexos.

    Hiptese 2 - O modelo de periodizao ondulatrio promove melhor adaptao

    que o modelo de periodizao linear na fora dos nos membros superiores e inferiores

    dos nadadores aps 14 semanas de treinamento.

    Anlise 3 - Analisar os efeitos de um macrociclo de 14 semanas de treinamento

    de fora de periodizao linear e ondulatria no tempo obtido no teste de 100m nado

    Crawl de nadadores jovens de ambos os sexos.

    Hiptese 3 - O grupo que praticou treinamento de fora com periodizao

    ondulatria ter melhores resultados na potncia anaerbia, devido a melhora mais

    acentuada no tempo obtido no teste de 100m nado crawl, que o grupo que praticou a

    periodizao linear apos 14 semanas de treinamento.

    Anlise 4 - Determinar o efeito de um macrociclo de 14 semanas de treinamento

    de fora com de periodizao linear e ondulatria no desempenho atravs das avaliaes

    cinemticas de: sada do bloco de partida em 15 metros, virada em 15 metros,

    frequncia e comprimento de braada, velocidade e ndice de braadas em nadadores

    jovens de ambos os sexos.

    Hiptese 4 - O treinamento com periodizao ondulatria apresenta melhores

    resultados nas avaliaes cinemticas de sada do bloco de partida em 15 metros, virada

    em 15 metros, frequncia e comprimento de braada, velocidade e ndice de braadas

    que o grupo treinado com a periodizao linar aps 14 semanas de treinamento de fora.

    Anlise 5 - Comparar o impacto de um macrociclo de 14 semanas de

    treinamento de fora com periodizao linear e ondulatrio no ndice tcnico de

    competio de nadadores jovens de ambos os sexos.

  • 30

    Hiptese 5 - O grupo com periodizao ondulatria apresentaria melhores

    resultados no indice tcnico de competio ao final do mesociclo de 14 semanas de

    treinamento de fora muscular que o grupo com periodizao linear.

    1.4. - Organizao do Estudo

    O presente estudo foi organizado em captulos que sustentam o modelo

    experimental desenvolvido no presente trabalho.

    Desta forma, no Captulo 1 apresentamos: os pontos que justificam o

    desenvolvimento do estudo, aspectos de relevncia profissional e cientfica , bem como

    os pressupostos cientficos que orientaram a elaborao do trabalho, o objeto , objetivo

    e hipteses principais.

    O Captulo 2 apresenta a reviso da literatura dividida em: a) aspectos que

    caracterizam a natao competitiva; b) as formas de treinamento utilizadas na

    modalidade; c) as adaptaes morfofuncionais relacionadas ao treinamento de fora; d)

    adaptao do treinamento de fora nos adolescentes; e) meios e mtodos de

    periodizao do treinamento de fora e as evidncias comparando os mtodos.

    No Captulo 3 apresentamos os procedimentos metodolgicos do estudo e seu

    delineamento, as caractersticas da amostra, critrios de incluso e excluso, bem como

    as caractersticas da periodizao do treinamento, organizao e avaliao do

    treinamento de fora e desempenho esportivo na piscina, e todas as anlises estatsticas

    empregadas.

    No Captulo 4 seguem os resultados com a apresentao de tabelas e grficos,

    com a descrio do comportamento dos dados, bem como as respectivas comparaes

    demonstradas nos objetivos.

    No Captulo 5 so discutidos os resultados das anlises do estudo, apresentando

    concluses prvias, mediante ao referencial terico presente, buscando explicar as resposta

    morfofuncionais das diferentes periodizaes do treinamento de fora e seu resultado no

    desempenho no meio lquido.

    As consideraes finais e as proposies futuras do estudo so apresentadas no

    Captulo 6, bem como o delineamento dos prximos passos e perspectivas na anlise da

    periodizao do treinamento de fora muscular para jovens atletas de natao.

    Referencias bibliogrficas, bem como os apndices e anexos esto apresentados

    nos Captulos 7 e 8 respectivamente.

  • 31

    A reviso da literatura foi feita a partir de pesquisa bibliogrfica realizada em

    livros, revistas especializadas indexadas; artigos cientficos, monografias, dissertaes e

    teses, nacionais e internacionais, da rea de conhecimento da educao fsica e cincias

    da sade, mais especificamente, as produes de conhecimento cientficas sobre o

    treinamento desportivo, periodizao e treinamento de fora muscular, do treinamento

    de natao competitiva; biomecnica e fisiologia do exerccio.

    Foram consultados os bancos de dados dos acervos das bibliotecas da

    Universidade So Judas Tadeu (USJT), Universidade de So Paulo (USP), Universidade

    Paulista (UNIP); Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA) e Instituto Federal de

    Roraima (IFRR).

    Pesquisas foram realizadas em acervos digitais de monografias, dissertaes e

    teses de instituies como USP, Unicamp, UNESP, UFMG, UFRS, UEL, Unimep e

    USJT.

    A busca dos artigos cientficos indexados foi realizada nas bases de dados

    eletrnicas da MEDLINE, PubMed, Sports Discus, Scopus e Scielo. A seleo dos

    descritores utilizados no processo de reviso foi efetuada mediante consulta ao DeCS

    (descritores de assuntos em cincias da sade da BIREME).

    Nas buscas, os seguintes descritores/termos em ingls/portugus foram

    considerados: resistance training/treinamento de resistncia; strength

    training/treinamento de fora, swimming/natao; physical education and training/

    educao fsica e treinamento; endurance training/treinamento de endurance; sprint

    training/treinamento de velocidade; linaer periodization/periodizao linear; nonlinear

    periodization/periodizao no-linear e undulating periodization/periodizao

    ondulatria. Recorreu-se aos operadores lgicos "AND", "OR" e "AND NOT" para

    combinao dos descritores utilizados para rastreamento das publicaes.

    Dessa forma, foram utilizados para a reviso de literatura: 72 livros, 5 revistas

    especializadas indexadas, 305 artigos cientficos encontrados nas bases de dados

    descritas, 5 dissertaes de mestrado e 4 teses de doutorado.

    CAPTULO 2 - REVISO DA LITERATURA

  • 32

    2.1. - Crescimento, Maturao e Desenvolvimento Fsico do Adolescente

    Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS, 1989) a adolescncia uma

    fase intermediria do desenvolvimento humano, que compreende a faixa etria entre 10

    e 19 anos, dividida em 2 perodos: a pr-adolescncia (10 a 14 anos) e a adolescncia

    (15 aos 19 anos). Porm, essa definio ocorre simplesmente por razes estatsticas,

    pois varia de pessoa para pessoa.

    Esta fase marcada por diversas transformaes corporais e comportamentais.

    neste perodo que acontece o desenvolvimento das funes reprodutivas, incluindo o

    aparecimento das caractersticas sexuais secundrias conhecida como puberdade. A

    puberdade o perodo em que o adolescente exibe as maiores mudanas corporais,

    sendo estas endcrinas, fisiolgicas e morfolgicas (GALLAHUE, 2013).

    Essas transformaes so caracterizadas por mudanas de peso, estatura,

    composio corporal, alm de alteraes fisiolgicas importantes em seus rgos e

    sistemas, incluindo crescimento fsico geral. As modificaes ocorrem em ritmos e

    propores diferentes entre indivduos de um mesmo sexo ou no, no entanto, a ordem

    em que esses eventos ocorrem relativamente mesma (MARSHALL e TANNER,

    1995).

    Muitos fatores esto associados ao processo de crescimento e maturao sexual.

    Os fatores genticos so, em grande parte, os responsveis pelas variaes individuais

    dos eventos pubertrios. J os fatores externos: nutrio, atividade fsica, nvel

    socioeconmico-cultural, dentre outros, so os que precisam ser favorveis para que o

    adolescente possa alcanar a expresso mxima de seu potencial gentico (SIGULEM,

    DEVINCENZ e LESSA, 2000).

    O conceito de crescimento, segundo Malina (2003), est diretamente ligado ao

    aumento do tamanho do corpo como um todo e de suas partes, ou seja, o aumento da

    altura, peso, fora, volume, quantidade de produo de secrees, entre outros, isto ,

    um aumento fixvel quantitativamente, atravs da associao de trs fenmenos

    distintos: 1) fenmeno da hiperplasia, ou seja, o aumento do nmero das clulas que

    compem os tecidos do organismo humano; 2) fenmeno da hipertrofia, aumento do

    tamanho dessas clulas e 3) fenmeno da agregao celular, aumento da quantidade de

    substncias intracelulares (MALINA, BOUCHARD E BAR-OR, 2004; GUEDES e

    GUEDES, 1997a).

  • 33

    Por sua vez, o termo maturao biolgica , para Malina, Bouchard e Bar-Or

    (2004), o processo de tornar-se maduro, ou o progresso em direo ao estado maduro,

    ou seja, maturao , ao mesmo tempo, um processo e um estado, que pode ser

    mensurado a partir de alguns indicadores que representam em que momento do estgio

    maturacional o indivduo se encontra.

    Portanto, cada um dos tecidos, rgos ou sistemas do organismo humano

    apresentam velocidades de crescimento e desenvolvimento diferenciadas, seguindo um

    padro definido pelo estgio maturacional que o resultado da ao mtua entre os

    fatores biolgicos e os fatores ambientais, entendidos aqui, respectivamente, como

    fatores intrnsecos e extrnsecos (ARRUDA, 1997).

    O processo maturacional at seu total complemento, de modo geral, leva cerca

    de 20 anos e sistematicamente dividido em perodos distintos e relativamente

    homogneos de acordo com as modificaes orgnicas ocorrentes, implicando em um

    grau crescente de maturao (GUEDES e GUEDES, 1995; DUARTE, 1993).

    Durante a puberdade, indicada como a terceira fase de crescimento e

    desenvolvimento, as modificaes morfolgicas e fisiolgicas alcanam seus maiores

    nveis, principalmente pelo aumento da produo dos hormnios sexuais. Como

    conseqncia desse aumento, h uma acelerao do crescimento somtico, alm do

    desenvolvimento das gnadas, das caractersticas sexuais secundrias e, ainda,

    mudanas na composio corporal que, nos meninos, acarreta um aumento da massa

    muscular e concomitante diminuio da gordura corporal (MALINA, BOUCHARD E

    BAR-OR, 2004; GUEDES e GUEDES, 1995).

    Essas modificaes que ocorrem na puberdade em direo ao estgio maduro, ou

    seja, na aquisio final da maturao biolgica, acontecem de forma gradual, em ritmo

    temporal prprio, fazendo com que cada indivduo complete um determinado estgio

    maturacional em idades cronolgicas

    diferentes, dificultando a sua determinao.

    Em geral, a idade em que os eventos pubertrios ocorrem fica em torno dos 11

    aos 14 anos, porm o processo maturacional no coincide necessariamente com a idade

    cronolgica, fazendo com que a idade biolgica

    seja considerada. Essa diferena entre a

    idade cronolgica e a idade biolgica pode levar a erros de avaliao metodolgica, por

    no garantir uma discriminao entre os indivduos de mesma idade cronolgica, mas

    com desenvolvimento maturacional mais precoce ou tardio.

    Dessa forma, a identificao da idade biolgica de fundamental importncia,

    principalmente nos estudos com crianas e adolescentes relacionados ao desempenho

  • 34

    motor, pois torna mais precisa a distino entre as adaptaes decorrentes de um

    programa de exerccios fsicos e as modificaes fisiolgicas e estruturais decorrentes

    do processo de maturao biolgica, principalmente na fase pubertria, onde essas

    modificaes so mais evidenciadas (VILLAR, 2000).

    Determinar a idade biolgica , portanto, uma necessidade para conhecer e

    aceitar a variabilidade individual dentro de faixas etrias pr-determinadas e assim,

    conduzir o processo de treinamento fsico de acordo com as possibilidades

    biopsicolgicas de cada indivduo.

    Para a determinao do estgio maturacional necessrio identificar o sistema a

    ser analisado, pois cada um dos sistemas orgnicos tem variao temporal no processo

    de maturao. Nesse sentido, os indicadores da maturao biolgica mais comumente

    utilizados em estudos de crescimento so: 1) indicador da maturao esqueltica, 2)

    indicador da maturao sexual secundria.

    Malina, Bouchard e Bar-Or (2004) afirmam que a avaliao da maturao

    esqueltica , talvez, o melhor indicativo da idade biolgica, pois seu desenvolvimento

    perfaz todo o perodo de crescimento.

    A avaliao da maturao sexual secundria, assim como a avaliao da

    maturao somtica, como indicadores do status de maturao, tambm so

    instrumentos importantes para a determinao do estgio maturacional, mas seu uso

    limitado fase da pubescncia, embora mostrem uma fase de maturao muito

    importante para o treinamento sistemtico de uma atividade fsica, visto que, nessa

    fase que acontecem as maiores modificaes fisiolgicas relacionadas ao desempenho

    motor.

    2.1.1. - A Maturao Sexual

    A maturao, conforme Malina e Bouchard (2002), refere-se ao tempo e

    controle temporal do progresso pelo estado biolgico maduro.

    Diz respeito s mudanas qualitativas que capacitam o organismo a progredir em

    direo a nveis mais altos de funcionamento. Dessa forma, um processo inato,

    geneticamente determinado e resistente influncia do meio ambiente, que se refere s

    transformaes que ocorrem no corpo durante um determinado perodo de tempo. A

    maturao diz respeito ao momento e evoluo para o desenvolvimento dos vrios

  • 35

    sistemas, em direo ao estado biolgico maduro e s alteraes qualitativas que

    capacitam o indivduo a progredir para nveis mais altos de atividade. Com isso, o

    processo de maturao tem foco no avano ou nos indicadores para se alcanar esse

    estado, bem como em suas decorrncias individuais (UNESCO, 2013).

    Com isso, pode-se definir maturao como:

    a) o processo que conduz o corpo humano forma e s funes normais adultas

    (MALINA, BOUCHARD e BAR-OR, 2004);

    b) o andamento, a sequncia e o progresso em direo ao estado biolgico

    maduro (BAXTER-JONES, EISENMANN e SHERAR, 2005);

    c) o processo que leva a um completo estado de desenvolvimento morfolgico,

    fisiolgico e psicolgico e que, necessariamente, tem controle gentico e ambiental

    (MATSUDO e MATSUDO, 1991).

    As vrias etapas desse processo no ocorrem simultaneamente em todas as

    crianas e jovens com a mesma idade cronolgica, ou seja, crianas e jovens de idade

    biolgica igual podem apresentar diferenas significativas em relao ao nvel

    maturacional (MALINA e BOUCHARD, 2002).

    Baxter-Jones, Eisenmann e Sherar (2005) afirmam que o processo de maturao

    apresenta duas fases distintas: o timing e o tempo. O timing refere-se idade em que os

    eventos maturacionais especficos acontecem (menarca, espermarca, incio do

    desenvolvimento das mamas, aparecimento de pelos pubianos e idade do pico de

    crescimento, entre outros), enquanto o tempo diz respeito ao ndice e velocidade com

    que a maturao avana e progride em direo ao estado maturacional adulto. Malina e

    Bouchard (2002) afirmam que as diferenas maturacionais entre os sexos se destacam

    entre os 9 e os 14 anos de idade, para o sexo feminino, e entre os 11 e os 16 anos, para o

    sexo masculino. Maglischo (1999), por outro lado, traz uma referncia mais especfica,

    ao apontar para as faixas de 11 a 13 anos no sexo feminino, e de 13 a 15 anos no sexo

    masculino.

    Portanto, infere-se que jovens em estado maturacional mais adiantado,

    provavelmente sero mais altos, mais pesados, e tero maiores nveis de fora e maior

    resistncia muscular, se comparados com aqueles de maturao tardia.

    Segundo Malina e Bouchard (2002), so esses os fatores que auxiliam os jovens

    a ter maior xito em determinados esportes, dentre eles, a natao e o atletismo.

  • 36

    Todavia, essa vantagem maturacional tende a desaparecer aps a puberdade. Segundo

    Malina, Bouchard e Bar-Or (2004), as medidas de maturao variam de acordo com o

    sistema biolgico considerado. Geralmente, os indicadores mais utilizados so a

    maturao esqueltica, a maturao sexual e a maturao somtica.

    As caractersticas sexuais primrias so aquelas relacionadas diretamente com a

    reproduo (DUARTE, 1993). No sexo feminino, dizem respeito ao desenvolvimento

    dos ovrios, do tero e da vagina; no sexo masculino, refere-se ao desenvolvimento dos

    testculos, da prstata e da produo de esperma. As caractersticas sexuais secundrias

    esto relacionadas ao dimorfismo sexual externo, isto , o desenvolvimento dos seios,

    do pnis, dos pelos faciais e pubianos, bem como a modificao da voz.

    Os estudos sobre maturao tendem a se concentrar nas caractersticas sexuais

    secundrias, de mais fcil avaliao, considerando-se a dificuldade ou mesmo a

    impossibilidade de se determinar o desenvolvimento dos rgos sexuais internos. Em

    1962, Tanner desenvolveu um sistema de fotos (ANEXO 1 e ANEXO 2) que permite

    determinar: os estgios de desenvolvimento dos pelos pubianos em ambos os sexos, de

    PP1 a PP5; de desenvolvimento mamrio para o sexo feminino, com os estgios de M1

    a M5; e de desenvolvimento dos genitais do sexo masculino, com estgios de G1 a G5.

    Malina, Bouchard e Bar-Or (2004) tambm citam as caractersticas sexuais secundrias

    como elementos de avaliao.

    Devido a questes ticas e legais, na atualidade pode-se contar com a

    autoavaliao, que facilita a aplicao sistemtica da avaliao junto aos jovens que

    praticam esportes de cunho competitivo. Esse procedimento, segundo Matsudo e

    Matsudo (1991), para jovens brasileiros, apresenta um alto ndice de correlao (r =

    0,80) entre a autoavaliao e a avaliao realizada por um profissional especializado

    (mdico).

    2.1.2. - O Desenvolvimento Corporal do Atleta Jovem.

    Nas ltimas dcadas, em decorrncia da grande importncia e visualizao

    adquirida pelo esporte competitivo na sociedade moderna, tem sido evidenciado um

    crescente interesse por pesquisadores de inmeras reas do conhecimento, na tentativa

    de melhor entender esse fenmeno. Nesse sentido, alguns estudos tm apontado um

    aumento considervel na participao de crianas e adolescentes no desporto de alto

    rendimento, em idades cada vez menores. Frequentemente verifica-se a participao de

  • 37

    jovens em competies de carter regionais, nacionais e internacionais, exigindo um

    alto desempenho fsico, tcnico e psicolgico (WESTERSTAHL, et al., 2003,

    MARQUES, 1998)

    Entre populaes adultas, as adaptaes fisiolgicas e morfolgicas decorrentes

    do envolvimento com a prtica de atividades esportivas so bem conhecidas. Entretanto,

    entre crianas e jovens, algumas evidncias tm indicado que o treinamento fsico pode

    favorecer maiores taxas de crescimento fsico (BAXTER-JONES, THOMPSON e

    MALINA, 2002) De outro lado, pesquisas tm indicado um pequeno ou nenhum efeito

    do envolvimento sistematizado com atividades esportivas de alto rendimento, no

    crescimento desses jovens atletas (DAMSGAARD et al.; 2001, BAXTER-JONES et al.;

    1995, MALINA, 1994). Tal falta de clareza, no que se refere interao entre o

    envolvimento com atividades esportivas e ndices de crescimento, alicera-se na

    ausncia de estudos de delineamento longitudinal que tenham abordado o assunto.

    A Fdration Internacionale de Mdicine Sportive (FIMS, 1997) indicou que

    um nmero cada vez maior de leses por sobrecarga tem atingido populaes

    peditricas que praticam esportes organizados de alta intensidade. Nesse sentido, o

    envolvimento de crianas e adolescentes com atividades esportivas que visam o alto

    rendimento, constitui motivo de preocupao para os profissionais que trabalham com

    essas populaes, uma vez que inmeras modalidades esportivas, exigem cargas

    pesadas de treinamento que precisam ser bem orientadas e tambm um rgido controle

    alimentar por parte desses jovens atletas.

    Alm disso, jovens atletas podem apresentar ndices de crescimento fsico

    diferenciados dos seus pares no-atletas. No caso dos nadadores, algumas investigaes

    como a de Westerstahl et al. (2003), demonstraram que esses atletas so mais altos que

    a populao normal, na mesma faixa etria/sexo e o ndice de massa corporal maior que

    de outras modalidades. Adicionalmente, a ausncia de estudos de corte longitudinal

    limita as interpretaes dos efeitos do treinamento de alta intensidade no crescimento

    fsico, bem como tambm, o impacto do crescimento no desempenho fsico (MALINA,

    1994), uma vez que no se pode discernir com clareza se tais atletas apresentam tais

    caractersticas decorrentes do treinamento a que so expostos, ou se so resultado do

    processo de seleo que envolve o esporte, onde tais caractersticas favorecem na

    escolha dos atletas.

    Portanto, os efeitos do treinamento intensivo sobre o crescimento e maturao de

    adolescentes ainda no esto bem estabelecidos (BAXTER-JONES e MAFFULLI;

  • 38

    2002). Embora alguns estudos, como o de Baxter-Jones e Maffulli (2002) apontem que

    o treinamento intensivo possa retardar o crescimento e atrasar a puberdade em meninas

    atletas, outros trabalhos da literatura confirmam que o treinamento no parece afetar o

    crescimento e a maturao nessas atletas jovens.

    Com base no fato de que crianas e adolescentes no so adultos em

    miniatura e que durante esta fase do desenvolvimento humano, o organismo jovem

    passa por um processo constante de transformao fisiolgico, morfolgico e

    comportamental, ocasionando respostas diferenciadas, em relao ao organismo do

    adulto, ao estresse ocasionado por uma rotina de treinamento fsico, parece evidente que

    qualquer excesso cometido durante esta fase da vida pode vir a desencadear um

    comprometimento a sade do jovem e tambm posteriormente na idade adulta (FIMS,

    1997; BERSON, 1990).

    Muitas e importantes alteraes na composio corporal de atletas jovens podem

    ocorrer: algumas de efeito positivo, melhorando aspectos da sade em geral, quando o

    treinamento, a alimentao e os outros fatores externos so bem controlados

    (WOLINSKY e HICKSON, 2002). Alguns trabalhos, por exemplo, indicam que a

    massa magra em atletas de esportes de menor impacto, como a natao, semelhante

    de outros esportes de maior impacto como ginastas, corredores, dentre outros, mas o

    nvel de massa magra muito maior e estatisticamente significante, quando comparados

    a outros jovens no ativos e de grupos controles. Tambm a porcentagem de gordura

    corporal total bem menor em atletas de baixo impacto (como os nadadores) e de maior

    impacto, comparados com grupos controles menos ativos ou sedentrios (LIMA et al;

    2000).

    Alm disso, outro componente da composio corporal, que um importante

    indicador de sade, a densidade ssea, que entre atletas jovens praticantes de atividade

    fsica intensa, sofre significativo incremento quando comparados aos seus pares no

    atletas. Essas diferenas da magnitude das cargas dos diferentes esportes sobre o

    sistema esqueltico mostram importante aumento da densidade ssea entre atletas

    adolescentes do sexo feminino, mais especificamente da natao e futebol, dentre outros

    (BELLEW e GEHRING, 2006).

  • 39

    2.2. - Desportos Aquticos

    A natao competitiva atual, internacionalmente caracterizada pelos quatro (4)

    estilos de nado: borboleta, nado de costas, peito e o crawl. As competies de natao

    obedecem s regras oficiais da Federao Internacional de Natao (FINA), que prev

    movimentos de braos e pernas dos trs primeiros estilos citados. O quarto estilo

    praticado em competies descrito pela literatura especializada como nado crawl,

    sendo o mais utilizado nas provas de nado livre (MAGLISCHO, 1999). Nesta prova os

    nadadores podem usar qualquer estilo, mas utiliza-se o nado crawl pela maior

    velocidade e propulso de nado. Oficialmente as competies so realizadas em piscinas

    de 25 e 50 metros e as distncias cobertas nos diferentes nados variam entre 50 e 1500

    metros. Alm das provas mencionadas existe tambm uma combinada (medley) que

    envolve a utilizao dos quatro nados na seguinte sequencia: borboleta, nado de costas,

    peito e crawl, realizada nas distncias de 100, 200 e 400 metros em piscina curta (25

    metros) e 200 e 400 (metros) em piscina longa (50 metros). Os revezamentos tambm

    fazem parte do quadro competitivo e so disputados nas provas de 4x100 metros medley

    e 4x100 e 4x200 metros nado livre, como mostra o anexo 12.

    Em funo das diferentes distncias percorridas durante as provas, os nadadores

    podem ser classificados como velocistas, fundistas e meio fundistas. Segundo

    Maglischo (1999), as provas que caracterizam um velocista so realizadas

    fundamentalmente em distncias de 50 e 100 metros, ao passo que os meio fundistas e

    fundistas participam de provas que compreendem distncias entre 200, 400, 800 e 1500

    metros.

    Nos ltimos anos, estamos presenciamos uma retomada, com maior evidencia na

    mdia, pela prtica das modalidades em guas abertas. Est prtica que remete s

    origens da natao, quando ainda no havia piscinas, voltou a ficar em evidncia aps a

    deciso do Comit Olmpico Internacional de integrar a natao de guas abertas no

    programa dos Jogos Olmpicos. Nos campeonatos mundiais, so realizadas trs provas

    da modalidade, nas distncias de 5 km, 10 km e 25 km, sempre para mulheres e

    homens. J nos Jogos Olmpicos e Pan-americanos, esta modalidade disputada apenas

    na distancia de 10 km para ambos os sexos.

    Assim, os atletas nadadores necessitam de endurance e de velocidade para

    conseguir o melhor desempenho. Porm, o fato de ser uma atividade aqutica, faz com

    que haja uma preocupao com a fisiologia especfica das demandas energticas desses

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Nata%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Piscinahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Comit%C3%A9_Ol%C3%ADmpico_Internacional
  • 40

    atletas. As alteraes de resistncia ao movimento, muito maiores na gua, dificultam a

    propulso no meio lquido. Por causa desses fatores, a habilidade dos nadadores em

    reduzir a resistncia da gua e a efetividade na aplicao da fora de propulso, pode ser

    mais importante na determinao das demandas fisiolgicas na natao do que a simples

    anlise do tempo de durao do exerccio (COSTILL e THOMAS, 1985; CRAIG et. al.,

    1985; TOUSSAINT, 1991 e TOUSSAINT e BEEK, 1992).

    2.2.1 - A Caracterizao do Treinamento de Natao

    O treinamento uma das principais formas de aperfeioar o desempenho do

    atleta melhorando suas capacidades motoras, cognitivas e psicolgicas. Quando

    elaborada de forma adequada s caractersticas do indivduo, seja ele atleta ou no, as

    sesses de treinamento levam ao mximo rendimento, ou seja, o organismo tende a

    trabalhar de forma econmica, visando atender s necessidades do corpo submetido a

    um certo tipo de estmulo.

    Cargas de treinamento inadequadas podem influenciar o rendimento do jovem

    nadador e tambm o seu estado de sade, por isso, devem ser dosadas em relao

    etapa evolutiva do indivduo, a fim de favorecer seu desenvolvimento geral

    (MAKARENKO, 2001; MAGLISCHO, 1999). As cargas so formadas por volume,

    intensidade e frequncia do treinamento. As diferentes combinaes dessas variveis

    tm o objetivo de causar adaptaes no organismo do atleta (FAUDE et. al, 2008).

    O treinamento tpico dirio em nadadores consiste em treinamentos na gua,

    sendo um pela manh e outro tarde, com durao aproximada de duas horas, variando

    em funo do perodo especfico do treinamento. A maior parte desse treinamento

    feita em velocidade submxima com o objetivo de proporcionar o desenvolvimento de

    adaptaes aerbias da mecnica da natao (COSTILL et al., 1991; MAGLISCHO,

    2010; PLATONOV, 2005).

    Em nadadores que no so de elite os modelos de treinamento preconiza volume

    de treinamento menor com uma sesso diria, embora alguns princpios sejam os

    mesmos adotados nos de elite.

    Em geral o treinamento em piscina consiste em aquecimento (nados de

    aquecimento), sries principais de treinamento concentradas em determinado estilo ou

    aes motoras (batimento de pernas com ou sem auxlio de flutuadores ou trabalho de

    rotao dos braos com pernas atadas), exerccios educativos e corretivos das tcnicas

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    de nado e natao para volta calma. As sries principais so normalmente designadas

    aquisio de resistncia aerbia, tolerncia ao lactato ou velocidade (MAGLISCHO,

    2010; COSTILL, MAGLISCHO e RICHARDSON, 1992; NAVARRO e RIVAS, 2001;

    PLATONOV, 2005)

    Em estudo realizado com os melhores nadadores do mundo Platonov e Fessenko

    (2004) revelou que durante a etapa em que apresentavam os melhores resultados na

    carreira, a mdia semanal foi de 36 horas, sendo que 28 horas foram dedicados ao

    treinamento em piscina, trabalhando 50 quilmetros em sete dias de treinamento.

    Os valores apresentados por Maglischo (1999) corroboram com a metragem

    citada anteriormente, onde o referido autor relata para a mesma classe de nadadores 40 a

    55 km semanais. Da mesma forma Parra (2000) investigando o volume de treinamento

    semanal de nadadores velocistas brasileiros de nvel olmpico encontrou valores

    semelhantes aos delineados nos estudos anteriores numa mdia de 44 km oscilando

    entre 30 a 60 km semanais.

    Aparentemente existe uma similaridade nas informaes apresentadas sobre o

    volume de treinamento semanal sugerido. Entretanto alguns estudos relataram volumes

    por volta de 70 e 100 km semanais (COSTILL, et. al, 1988; MUJILA et. al, 1996;

    TERMIN e PENDERGAST, 2000).

    O equilbrio do volume total de treinamento realizado na piscina

    frequentemente nadado em velocidades variadas que de um modo geral, so

    caracterizadas por cinco zonas distintas classificadas em funo do metabolismo

    energtico solicitado (MUJIKA et. al, 1996; PLATONOV, 1994; ZAKHAROV e

    GOMES, 1992; VASCONCELOS, 2000).

    Os valores de lactato sanguneo correspondentes s intensidades de treinamento

    exercidos na natao e os respectivos efeitos fisiolgicos desejados so descritos por

    Platonov (1994) com sendo da seguinte maneira:

    a) Zona 1 (Z1), lactato sanguneo entre 1 e 3 mmol/l, correspondente a uma

    intensidade de efeito fisiolgico de manuteno das funes do sistema vegetativo,

    aumento na oxidao das gorduras e aumento na circulao perifrica;

    b) Zona 2 (Z2), lactato sanguneo entre 3 e 4 mmol/l, correspondente ao aumento

    da capacidade aerbia (limiar anaerbio);

    c) Zona 3 (Z3), lactato sanguneo entre 4 e 8 mmol/l, que corr