projeto político enecom 2010
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Projeto Político do Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação Social - Enecom.TRANSCRIPT
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Projeto Enecom 2010
O Processo de Consciência através da Comunicação Popular para a
libertação do povo
Sede: Universidade Federal da Paraíba
Janeiro de 2010
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SIGLAS
CO – Comissão Organizadora
COBRECOS – Congresso Brasileiro dos Estudantes de Comunicação Social
CONECOM – Conselho de Entidades de Base de Comunicação Social
EIV – Estágio Interdisciplinar de Vivência
ENECOM – Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação Social
ENECOS – Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação
ERECOM – Encontro Regional dos Estudantes de Comunicação Social
GD – Grupo de Discussão
GET – Grupo de Estudo e Trabalho
ME – Movimento Estudantil
MECOM – Movimento Estudantil de Comunicação
MOSQUEMOM – Mostre o Seu que Eu Mostro o Meu
MS – Movimento Social
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SUMÁRIO
1.Apresentação........................................................................................................5
2.Fundamentação Teórica.......................................................................................6
2.1. Comunicação-educação e o processo de consciência.................................6
2.2. Comunicação comunitária..........................................................................9
2.3. Cultura Popular........................................................................................11
3. Objetivo Geral...............................................................................................12
3.1. Objetivos Específicos...............................................................................13
4. Metodologia..................................................................................................13
5. Grade de Programação..................................................................................17
6. Referências Bibliográficas............................................................................18
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As três flores da esperança
Liberdade. Diz Durito que a Liberdade é como o
amanhecer. Alguns o esperam dormindo, mas outros
acordam e caminham durante a noite para alcançá-lo. Eu
digo que nós, zapatistas, somos viciados em insônia e
deixamos a história desesperada.
Luta. O velho Antônio dizia que a luta é como um
círculo. Pode começar em qualquer ponto, mas nunca
termina.
História. A história não passa de rabiscos escritos
por homens e mulheres no solo do tempo. O poder traça o
seu rabisco, elogia-o como escrita sublime e o adora como
se fosse a única verdade. O medíocre limita-se a ler os
rabiscos. O lutador passa o tempo todo preenchendo
páginas. Os excluídos não sabem escrever... ainda.
Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN),
18 de maio de 1996.
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1) Apresentação
Organizada em torno de três bandeiras de luta – a Democratização da
Comunicação, o Combate às opressões e a Qualidade de Formação do Comunicador -, a
Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social, a Enecos, é uma entidade
representativa que atua há dezenove anos. A Enecos acredita que a comunicação é
ferramenta fundamental para o desenvolvimento das atividades humanas, porém, está
nas mãos da classe dominante e tem sido usada como instrumento para a alienação das
massas, promovendo e perpetuando as desigualdades sociais.
Apresentando alternativas e propostas para a sociedade, a Enecos realiza uma
série de atividades para manter os estudantes e a sociedade organizada em torno da
construção de uma nova perspectiva de comunicação pautada na ação libertadora do
povo. Dentre essas atividades, está o Encontro Nacional de Estudantes de Comunicação
Social, o Enecom, cujo principal objetivo é aglutinar mais estudantes, os demais
movimentos sociais e, dessa forma, se aproximar da sociedade.
Na Paraíba, o Coletivo COMjunto de Estudantes de Comunicação Social vem
atuando junto as bandeiras propostas pela Executiva. Formado em 2008, o coletivo é
herdeiro e ator de um movimento sólido de luta estudantil pela Democratização da
Comunicação.
Articulou as III e IV Semanas pela Democratização da Comunicação, que
aglutinaram muito além de estudantes e professores, rádios comunitárias e livres,
diversos movimentos sociais e organizações civis. Essas atividades trouxeram uma série
de avanços, no que se refere à discussão e a ampliação da luta pela democratização da
comunicação. A partir delas, deu-se início a organização da I Conferência Estadual de
Comunicação Social, a retomada das atividades do Fórum Metropolitano de
Comunicação, como também foi responsável por inserir a pauta em vários veículos e
movimentos da cidade.
Nas Semanas pela Democratização da Comunicação, também conhecidas
como Semanas Democom, foram desenvolvidas diversas atividades: rodas de diálogos,
espaços auto-gestionados, painéis, oficinas e núcleos de vivência nas comunidades,
momentos artístico-culturais, sempre com o objetivo de discutir a comunicação e
aproximar a academia da proposta de luta por um novo modelo de sociedade. Não
podemos conceber um curso de comunicação social que não se fundamente em uma
proposta efetiva de comunicação libertadora.
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Agora, o Coletivo COMjunto se sente maduro e vem ao XVII Cobrecos para se
propor enquanto Comissão Organizadora e a UFPB, como escola sede do XXXI
Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação Social. Nosso objetivo em trazer
estudantes de todo o Brasil para a cidade de João Pessoa é tentar aproxima-los ao
máximo da Enecos e sua estrutura organizativa, bem como contribuir para uma efetiva
rearticulação dos GET’s, entendendo-os como um espaço estratégico de articulação e
debate sobre as bandeiras da Executiva. Nossa proposta é promover um diálogo entre as
relações do modelo de educação e a comunicação brasileira com novas perspectivas que
busquem tornar os sujeitos envolvidos em agentes de suas ações, protagonistas de sua
autonomia e liberdade.
2) Fundamentação Teórica
2.1. Comunicação-educação e o processo de consciência
A comunicação e a educação são instituições que fortalecem as estruturas que
mantêm o modelo sócio-econômico do Estado atual. Segundo Mauro Iasi, sabemos que
só é possível conhecer algo se o inserirmos na história da sua formação, ou seja, no
processo pelo qual ele se tornou o que é; assim é também com a consciência: ela não
“é”, “se torna”. Sendo assim, precisamos analisar, primeiramente, com que objetivo
surge a escola, para, assim, sabermos o que é necessário modificar.
A escola funda-se na divisão entre o trabalho intelectual e o manual na
perspectiva de ruptura da relação teórico/prática que esta instituição pudesse acarretar.
Num processo arbitrário que acabou por designar que as classes dos trabalhadores
fossem encarregadas pela parte prática e a classe dominante pela esfera intelectual.
Como é sabido, a escola, como tal, surge, precisamente, quando a humanidade,
através de muitos séculos e mediações, instituí a propriedade privada, constituindo-
se, por conseguinte, uma minoria que, uma vez proprietária, não mais precisava
trabalhar. A escola veio, assim, acolher o ócio dos que não precisam trabalhar,
aprimorando-lhes o corpo e o espírito.
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É a partir desta afirmação, que levantamos questionamentos, pois se a instituição
de ensino foi fundada para suprir a necessidade de uma parcela da sociedade que não o
povo, como pode ela fazer parte da ação de libertação, contribuindo com o seu processo
de consciência? É partindo do concreto-cotidiano, que temos uma visão mais ampliada
da nossa condição de oprimido, sendo preciso utilizar da organização social para
construir meios que o povo se veja presente e atuante. É nesta forma de escola, partindo
da necessidade da população e para construir sua autonomia, que é imprescindível um
contraponto a educação estabelecida. Sobre isso, Mauro Iasi destaca o modelo dentro do
qual fomos colocados:
“Parece-nos que na escola, por exemplo, ao nos inserirmos em relações
preestabelecidas, não conseguimos ter a crítica de que é apenas uma forma de
escola, mas a vivemos como “a escola”. Passamos a acreditar ser essa forma
“natural” e acabamos por nos submeter. Na escola, as regras são determinadas por
outros que não nós, outros que têm o poder de determinar o que pode ser feito... As
normas externas interiorizam-se: a disciplina converte-nos em cidadãos
disciplinados”. (IASI, 2007)
É no caminho de formar massa trabalhadora e não cidadãos críticos que está
calcada a educação burguesa. É indispensável pensarmos num modelo educacional que
estimule o protagonismo das crianças e dos jovens, mesmo sabendo que lidar com o
processo de consciência é algo a longo prazo.
Sabemos também que não é fácil definir o termo educação, pois este está
vinculado com todos os níveis e relações que os homens estabelecem na vida. É neste
sentido que se embasa o conceito inserido na Lei de Diretrizes e Bases – LDB - sendo a
educação uma área que abrange os processos formativos que se desenvolvem na “vida
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa,
nos movimentos sociais e nas organizações da sociedade civil e nas manifestações
culturais”.
Porém, segundo Paulo Freire, quanto mais pensamos nas relações educador-
educando, na escola ou fora dela, parece que mais nos convencemos de que “estas
relações apresentam um caráter especial e marcante - o de serem relações
fundamentalmente narradoras, dissertadoras”. Desta maneira, a educação se torna “um
ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante”,
pois, em lugar de comunicar-se o educador faz “comunicados” e depósitos que os
estudantes, meras incidências, recebem passivamente, memorizam e copiam.
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Nesta perspectiva, é necessário buscar um processo educativo que possibilite
analisar as estruturas sociais em que estamos inseridos, sejam essas estruturas
comunicacionais, educacionais, sociais, econômicas ou políticas. Pensar a educação
como um meio para a libertação dos homens, rompendo com as amarras que ainda os
prendem, tornando-os sujeitos emancipados. E, como a comunicação também corrobora
com o processo pelo qual a sociedade permanece num sistema de exploração do povo,
que fazer a análise dessas dificuldades estruturais se faz necessário neste encontro.
A expansão do capital atingiu a dimensão cultural transformando-a em mais uma
área de atuação no mercado capitalista. E a informação, como um dos componentes da
cultura, passou a ser concebida como uma mercadoria, e os indivíduos se tornam
subordinados ao sistema sob o qual estão imersos quase passivamente. Nesse tipo de
comunicação entendida como um negócio, os indivíduos não se reconhecem como
sujeitos no curso de produção de sua própria realidade. E é por meio da veiculação em
rede de uma comunicação instrumentalizante desse contexto, que a sociedade, como
todo, fica à mercê da condição de exploração da vida e imagem humana imputado por
uma comunicação antidemocrática.
O conjunto da sociedade, independente de classe social, é atingido por essa
comunicação massificada e esvaziada de conteúdos que representam a sociedade em sua
complexidade e diversidade. A falta de participação na produção dos conteúdos
comunicacionais afeta toda a sociedade provocando, na “classe baixa” a falta de acesso
a esses meios e na “classe alta” a ilusão de acesso a uma boa informação.
E é inserido dentro desse contexto de globalização ainda, que os indivíduos se
distanciam cada vez da sua realidade próxima. As redes globais de comunicação geram
um efeito não apenas de massificação, como, ao mesmo tempo, de individualização e de
afrouxamento das relações humanas, desassociando o indivíduo do lugar em que vive.
A pauta de programação da comunicação comercial em grande escala, se
apresenta esvaziada de conteúdos de interesse público, no sentido de atender a uma
demanda global de consumo rápido, que serve a uma comunicação entendida como um
comércio que, por sua vez, se mantém sob a base da mesma fórmula que constitui os
produtos de informações que deu certo no mundo do mercado.
É por isso que dado o caráter formativo dos meios de comunicação, adentrando
no processo de consciência do povo, e o fato de as mídias (televisão, cinema, internet...)
estarem inclusas no cotidiano dos sujeitos, e considerando-se ainda que tais processos
possuam sempre uma determinada afinação ideológica, torna-se necessário analisá-los
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critica e minuciosamente, uma vez que a (in)formação ultrapassa o mero plano da
transmissão de fatos. Justifica-se, assim, a necessidade de se problematizar entre os
agentes tanto as informações quanto os modos como elas são veiculadas por estes meios
(ADORNO, THEODOR 1995).
Para Morán (1993), a comunicação expressa trocas sociais, tanto no nível
simbólico, como nas relações interpessoais, grupais e institucionais. Os meios são um
dos componentes dessa expressão. São mediadores sociais. Para o teórico é preciso
estudar não o que os meios fazem com as pessoas, mas sim o que as pessoas fazem com
elas mesmas, ou seja, que leitura elas fazem dos meios. É por isso que, este ensino
acerca dos veículos de comunicação e seus conteúdos deveriam desenvolver as aptidões
críticas; ele deveria conduzir as pessoas, por exemplo, à capacidade de desmascarar
ideologias; deveria protegê-las ante identificações falsas e problemáticas, resguardando-
as, sobretudo em face da propaganda geral de um mundo que a mera forma de veículos
de comunicação de massa desta ordem já implica como dado (ADORNO, T., 1995).
2.2. Comunicação comunitária
A comunicação comunitária, apesar de não estar enquadrada em nenhum
conceito definido, possui algumas características de formulação admitidas para grande
maioria delas. Ela, em concordância, é identificada como um canal de expressão de uma
comunidade, onde os indivíduos podem manifestar seus interesses comuns e suas
necessidades mais urgentes. (DELIBERADOR;VIEIRA, apud PERUZZO, 2005).
Porém, a produção local, assim como aquelas a níveis de bairros e comunidades
são restritas, o que impossibilita que a população tenha conhecimento sobre sua própria
realidade e possa estender essa percepção de vida cotidiana para uma maior
universalidade social. É tendo consciência sobre sua realidade próxima que a população
se munirá da capacidade de atuar sobre um âmbito social muito maior.
Sendo assim, a comunicação popular possui grande potencial transformador e
democratizante. O setor mais desenvolvido nesse segmento, no Brasil, são as rádios
comunitárias, que possuem legislação específica – a lei 9.612/98 - e milhares de
emissoras em funcionamento.
Entre os grandes desafios das rádios estão: a busca pela sustentabilidade
financeira, a elaboração de programação de qualidade, a participação efetiva da
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comunidade e a luta para que as rádios não sejam espaços para tendências partidárias.
Tem também o desafio de construir uma comunicação popular e participativa com o
objetivo de emancipação e organização povo, sendo este o seu grande diferencial do que
está colocado na grande mídia.
Com entidades representativas em níveis internacional, nacional e local, as rádios
comunitárias são vítimas de ataques por parte das grandes empresas de radiodifusão,
que contam com o apoio de políticos no Legislativo e Executivo para taxá-las de piratas,
clandestinas e outros adjetivos menos abonadores.
Ainda no plano político, as rádios comunitárias enfrentam a repressão de órgãos
como as polícias Estaduais e Federal, além da Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações). Ao mesmo tempo em que a morosidade e descaso do Ministério
das Comunicações e de outros setores do governo federal impedem a maioria das rádios
de funcionarem dentro das normas estabelecidas, às comunitárias contribuem cada vez
mais para informar as respectivas populações a que se dirigem quanto a seus direitos,
notícias e outros tipos de serviço.
Outros espaços de comunicação comunitária e popular têm recebido mais apoio
das políticas públicas, como os tele-centros e outras iniciativas semelhantes de inclusão
digital e estímulo à produção de comunicadores locais. Portanto, tais projetos ainda
carecem de uma maior integração entre si e de mecanismos de financiamento.
No que diz respeito à comunicação dos movimentos populares, estes também se
deparam com dificuldades, especialmente no campo da sustentabilidade e do acesso às
novas tecnologias e também de novas referências de comunicação que não a que está
implantada na grande mídia e nos cursos de Comunicação Social. A valorização da
comunicação como um instrumento de formação, organização, mobilização e como um
direito vem ganhando força junto aos movimentos sociais. Contudo, a hegemonia da
mídia privada – que constantemente promove ataques e criminaliza as ações dos
movimentos – se impõe frente à comunicação popular na construção dos valores da
sociedade. Outro desafio sobre o qual os movimentos têm se debruçado, ainda sem
solução, é a consolidação de grandes veículos de comunicação popular, que dêem vazão
a toda diversidade de propostas, mas ao mesmo tempo, representem um projeto comum
de sociedade e de comunicação, que case com a emancipação do povo.
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2.3 Cultura Popular
As relações entre cultura popular, folclore e povo são estreitas e têm fortes
ligações com a construção da identidade, influenciando diretamente no acúmulo de uma
memória coletiva, na produção de um conhecimento popular – que está fora das salas de
aulas e é renegado pelo atual modelo de educação -, e até mesmo na mobilização de
uma comunidade ou grupo social.
“Memória e alma coletiva, impregnada de ‘significados’ como formas
sedimentadas de ser e de viver, o folclore constitui uma expressão por excelência
da cultura de um povo: não apenas um registro inerte de pitorescos, mas uma fonte
sempre renovada onde é possível encontrar, em estado latente ou manifesto, muitos
dos traços comportamentais que distinguem e individualizam cada nação” (Parecer
1.284/ 73 do Conselho Federal de Educação)
Quando do momento em que se debruçaram sobre suas significações
propriamente ditas, folcloristas, tradicionalistas e românticos identificaram o folclore
como sendo um ‘saber do povo’, calcado em suas tradições e costumes. Daí a palavra
surgir da junção entre folk (povo) e lore (saber). Em sua gênese, talvez tenha sido um
dos grandes precursores da comunicação popular, por ter sua disseminação e resistência
baseada na oralidade.
“Todos os países do mundo, raças, grupos humanos, famílias, classes profissionais
possuem um patrimônio de tradições que se transmite oralmente e é defendido e
conservado pelo costume. Esse patrimônio é milenar e contemporâneo. Cresce com
os conhecimentos diários desde que se integram nos hábitos grupais, domésticos ou
nacionais. Esse patrimônio é o folclore.” (CASCUDO apud MELO, 2008).
Reconhecer o folclore e a cultura popular como expressões autênticas de
determinados grupos sociais é reconhecer também um distanciamento entre dois
saberes: o das elites e o do povo. É preciso, no entanto, tomar cuidado com a visão
romântica na qual o mundo do folclore estaria em ruptura com o mundo moderno e seria
este a reencarnação de um passado utópico e idealizado. É recorrente pensar no folclore
como algo primitivo e, portanto, ‘simples’ e ‘ingênuo’; é também outro equívoco
enxergá-lo a partir de uma noção homogênea.
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Contudo, o abismo pode aumentar na medida em que introduzimos nesse quadro
a idéia da cultura de massas e seu processo de massificação dos equipamentos e bens
culturais. Diante disso, e tomando este sentido amplo de ‘saber do povo’ – que designa
nada mais que as tantas formas de conhecimento expressas nas produções culturais de
diversos grupos sociais -, podemos questionar, com muita dificuldade em responder,
onde começa e onde termina o folclore e a cultura popular. Quais os limites de sua
significação?
Seria somente o coco da Paraíba, o carimbo do Pará, o frevo de Pernambuco, ou
também o samba, o funk, o reggae? Será apenas os Bois de Paritins, os Papangus de
Bezerros, ou também o Natal e os desfiles das escolas de samba? Faria parte do
universo da cultura popular somente a xilogravura, o cordel, o repente, ou ainda o
grafite, o hip hop?
Todas essas são questões e questionamentos essenciais para o entendimento da
cultura popular como um instrumento de mobilização e organização social, e que é
intrínseco seu caráter formador para um conhecimento popular, com ‘cara de povo’ e
lugar social.
3. Objetivos
3.1. Objetivo Geral
Discutir a comunicação popular através das análises da cultura, educação,
sociedade e o processo de tomada de consciência, para atingir uma comunicação
emancipadora e libertadora.
3.2. Objetivos Específicos
• Ampliar o acúmulo teórico da Enecos em relação à comunicação popular
e ao tocante à bandeira da democratização da comunicação;
• Promover o acúmulo teórico e prático dos estudantes com as oficinas e os
núcleos de vivência;
• Apresentar as transversalidades existentes entre a comunicação popular, a
cultura popular, a educação, ao processo de formação de consciência da sociedade e a
dinâmica de mobilização social;
• Fortalecer os laços com os diversos movimentos sociais com vista a
construção de novas referências de comunicação popular, contribuindo para o acúmulo
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desses movimentos no que concerne a democratização da comunicação e a utilização
desses meios para a mobilização social;
• Promover a interação e a integração entre os encontristas como forma de
sociabilização de suas experiências e reflexões através do sistema de brigadas, a fim de
horizontalizar tanto a discussão quanto a própria organização do encontro;
• Contribuir com novas propostas de educação para as mídias;
• Contribuir para uma rearticulação dos GET’s, retomando seu caráter
ativo e formulador dentro da Executiva.
4. Metodologia
Brigadas
Nos Encontros Nacionais de Estudantes de Comunicação Social é recente a
implementação da metodologia de brigadas, o primeiro foi o Enecom Fortaleza, em
2009. Esta metodologia tem por objetivo promover a integração dos estudantes e tornar
horizontal a organização do encontro. As brigadas são divididas por cores para facilitar
a realização das atividades durante o dia. As atividades que as brigadas são responsáveis
são: acorda, ajudar na hora da alimentação, animação, limpeza da cultural, comunicação
e mística.
Painéis
Os painéis têm por objetivo ser um espaço de formação e um momento de
aprofundar os conhecimentos dos participantes. Servem para problematizar em torno do
tema proposto e para facilitar a troca de experiências entre os encontristas reunidos em
brigadas. Antes de iniciar as falas dos facilitadores, cada espaço terá um intervenção
que será elaborada pelas comissões de cultura e metodologia relacionada ao tema do
painel. Os painéis estarão divididos da seguinte maneira:
1 bloco: Intervenção artística relacionada ao tema da mesa;
2 bloco: Exposição dos facilitadores a cerca do tema;
3 bloco: Reunião e discussão interna das brigadas para levantar questionamentos;
4 bloco: Questionamento das brigadas para os facilitadores através de um
representante;
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5 bloco: Exposição final dos facilitadores relacionada aos questionamentos da
plenária.
Oficinas e minicursos
As oficinas e mini-cursos serão espaços de acúmulo teórico e prático, e terão o
objetivo de auxiliar a participação dos encontristas nos Núcleos de Vivências e a
atuação da Executiva no ato proposto. Com relação aos NV’s, as oficinas terão um
caráter de facilitar o entendimento sobre o espaço a ser vivenciado. Já para o ato,
produzirão material de agitação e propaganda, com a finalidade de dar visibilidade a
atividade em si e as pautas de reivindicação.
Núcleos de vivências
Os Núcleos de Vivência estarão relacionados diretamente com as oficinas e os
mini-cursos, e serão os espaços onde os encontristas vivenciarão diretamente o acúmulo
teórico adquirido nesses outros espaços. Os NV’s têm o objetivo de proporcionar a
vivência em outras realidades, o estranhamento e a descoberta do novo, ao mesmo
tempo que gera reflexão sobre os projetos visitados e sua inserção e importância para a
comunidade na qual estão inseridos.
GET (Grupos de Estudo e Trabalho)
Os Grupos de Estudo e Trabalho (GET’s) são espaços orgânicos da Executiva
Nacional d@s Estudantes de Comunicação Social e estão divididos em quatro,
referentes as bandeiras de luta da Enecos: GET de Opressões, GET de Qualidade de
Formação (QFC), GET de Democratização das Comunicações (Democom) e GET de
Cultura Popular. Para o Enecom Paraíba, se ampliará o espaço dos GET’s dentro da
programação. Ao invés de um momento, haverá dois, sendo o primeiro de apresentação
(terça-feira, 27/07) e o segundo, de planejamento (sábado, 31/07). Percebe-se que há
muito tempo o espaço reservado aos GET’s se prendem a um mera apresentação, pelo
fato de, a cada ano, terem novas pessoas. Para 2010, o planejamento dos Grupos de
Estudo e Trabalho serão também uma prioridade.
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MOSQUEMOM
O Mosquemom é um momento de socialização e mapeamento de como os
cursos de comunicação estão estruturados em âmbito nacional. São temas discutidos
neste espaço: pesquisa, extensão, assistência estudantil, Projetos Políticos Pedagógicos,
movimento estudantil, mobilidade estudantil. Este mapeamento tem como objetivo
traçar uma política de atuação da Enecos nas escolas de acordo com as necessidades
mais críticas e de forma nacional.
Simpecos, Artcom e Cinecom
O Simpecos, Artcom e Cinecom são espaços de valorização e divulgação dos
trabalhos dos estudantes, sejam eles audiovisuais, artigos, relatórios, fotográficos e
radiofônicos, abrangendo as diversas habilitações que abarca hoje o curso de
Comunicação Social. Neste encontro, estes espaços serão abertos também para pessoas
que não estejam dentro da universidade, assim como, os movimentos sociais,
entendendo que, não apenas nestes espaços, mas em todos que a Enecos promove, deve
haver uma integração e troca de experiência no sentido de construir coletivamente os
espaços de mobilização social.
Cineclube
O Cineclube Jomard Muniz de Brito é uma das atividades mais contínuas e
periódicas do Coletivo COMJunto, e terá seu espaço na programação com a finalidade
de usar-se a linguagem cinematográfica no processo formativo dos encontristas. A
exibição será seguida de uma discussão, e terá um formato interativo e dinâmico.
ATO
O percurso do ato está sendo pensado para ocorrer no centro de João Pessoa,
passando em frente das quatro maiores emissoras do Estado, sendo uma delas de caráter
educativo, mas com finalidade totalmente comercial, e outra, de posse do Senador
Roberto Cavalcanti (PRB), numa infração clara do Artigo 54 da Constituição Federal.
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Há ainda a possibilidade de se passar estrategicamente pela Praça dos Três Poderes,
onde estão localizados os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo.
Espaços de Auto-organização
Os espaços auto-organizativos têm por objetivo a organização, dentro do
encontro, dos diversos movimentos que fazem parte da sociedade e que queiram propor
espaços para propagar as suas lutas. São espaços com liberdade de escolhas de temas e
metodologias e tem um caráter de fortalecer e aglutinar os estudantes de comunicação
nas diversas pautas de organização social.
Conecom
O Conselho Nacional dos Estudantes de Comunicação é um espaço que além de
avaliar o encontro também serve como momento de avaliação das atividades que a
Enecos fez durante o primeiro semestre do ano e traçar o que será feito no segundo
semestre. Também é neste espaço que acontecem as inscrições das chapas para a
coordenação da executiva e filiações ou regularização das escolas no sentido de
aproximação da Enecos com as entidades de bases de comunicação.
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Referências Bibliográficas
• ADORNO, Theodor W., 1903-1969. Educação e Emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. • CHAUÍ, Marilena. Simulacro e poder. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006. • FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 46º ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. • MARTÍN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Prefácio de Nestor García Canclini. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2003. 372 p. • IASI, Mauro Lins. Ensaio sobre consciência e emancipação. 1.ed. São Paulo: Expressão Popular,2007. 176 p. • MELO, José Marques de. Mídia e cultura popular: história, taxionomia, e metodologia da folkcomunicação. São Paulo: Paulos - Coleção Comunicação, 2008. • Parecer 1.284/73 do Conselho Federal de Educação. • Gennari, Emilio. EZLN: passos de uma rebeldia. 1. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2005. 128 p.