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PROGNÓSTICO E DETECÇÃO DE FALHAS EM PLANTAS INDUSTRIAIS LUCIANO M. TEIXEIRA, MARLON R. GOUVÊA, RODRIGO O. S. ASSIS, HENRIQUE R. O. SOUZA, MARCO A. SILVEIRA Gerdau Usina Ouro Branco MG 443 Km 07 Fazenda do Cadete CEP 36420-000 - Ouro Branco MG Brasil - Tel: 5531 3749 2524 E-mails: [email protected], [email protected],[email protected] [email protected], [email protected] Abstract: In this work fault prognostic and detection methods based on Computational Intelligence are presented as an important allied to industries, considering their processes that demand high productivity as important factor to global competitiveness. In that direction, fault prognostic and detection applications to rotary machines and hydraulic systems that have as base Evolutionary Algorithm of Gaussian Participative Cluster are presented, as well as, the platform architecture developed to support those applications. Keywords: Fault prognostic, fault detection, evolutionary algorithm, maintenance. Resumo 2: Neste trabalho a aplicação de métodos de prognóstico e detecção de falhas com base em Inteligência Computacional são apresentados como aliados da indústria, dentro dos processos produtivos que demandam alta produtividade como fator decisivo para a competitividade global. Para tanto, aplicações de prognóstico e detecção de falhas em máquinas rotativas e em sistemas de controle hidráulicos que utilizam Algoritmo Evolutivo de Agrupamentos Participativos Gaussianos são apresentadas, bem como a arquitetura da plataforma desenvolvida para suportar tais aplicações. Palavras-chave: Prognóstico de falhas, detecção de falhas, algoritmos evolutivos, manutenção. 1 Introdução Nos dias atuais, o processo de globalização colocou as indústrias de praticamente todo o mundo frente à necessidade de trabalharem com altos níveis de produtividade, sendo este, fator determinante de sobrevivência de muitas delas. O conceito de se fazer mais com menos se tornou uma das pautas principais do mundo moderno. Neste contexto, a simples redução da mão-de-obra não necessariamente significa maior produtividade. Se esta não estiver aliada a melhor qualificação profissional desta mão- de-obra e, principalmente, à maior eficiência dos processos industriais, dificilmente será possível se obter a desejada mudança de patamar da produtividade. Este trabalho tem o objetivo de contribuir para o aumento da produtividade industrial a partir da utilização de metodologias de diagnóstico e prognóstico de falhas em plantas industriais. A base desta proposta é a utilização do Algoritmo Evolutivo de Agrupamentos Participativos Gaussianos (Lemos, 2011) no diagnóstico e detecção de falhas em máquinas rotativas e em sistemas de controle hidráulico. Além disto, a plataforma utilizada como suporte das aplicações descritas neste trabalho, bem como para todo o processo de manutenção de uma planta industrial de grande porte é apresentada. de forma sucinta. 2 Inteligência computacional aplicada no Prognóstico e Detecção de falhas A utilização de Inteligência Computacional em processos industriais no Brasil vem se expandindo ao longo dos anos. A utilização de uma estrutura neuro- fuzzy para detecção e diagnóstico de falhas em acionamentos elétricos de corrente contínua de alta potência, tendo como foco falhas na comutação de tiristores, curto-circuito em conversores duais, além de falhas de sensores são tratados em (Gouvêa, 2002). Sistemas inteligentes com base em redes neurais são amplamente utilizados atualmente para detecção e isolamento de falhas em motores de indução trifásicos. Em (Neto, 2006) falhas de origem mecânica e elétrica tais como falhas de rolamentos, alinhamento do mancal, desbalanceamento, curto- Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 4226

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PROGNÓSTICO E DETECÇÃO DE FALHAS EM PLANTAS INDUSTRIAIS

LUCIANO M. TEIXEIRA, MARLON R. GOUVÊA, RODRIGO O. S. ASSIS, HENRIQUE R. O. SOUZA,

MARCO A. SILVEIRA

Gerdau – Usina Ouro Branco

MG 443 Km 07 – Fazenda do Cadete – CEP 36420-000 - Ouro Branco – MG

Brasil - Tel: 5531 3749 2524

E-mails: [email protected],

[email protected],[email protected]

[email protected], [email protected]

Abstract: In this work fault prognostic and detection methods based on Computational Intelligence are presented as an important allied to industries, considering their processes that demand high productivity as important factor to global

competitiveness. In that direction, fault prognostic and detection applications to rotary machines and hydraulic systems that have

as base Evolutionary Algorithm of Gaussian Participative Cluster are presented, as well as, the platform architecture developed to support those applications.

Keywords: Fault prognostic, fault detection, evolutionary algorithm, maintenance.

Resumo 2: Neste trabalho a aplicação de métodos de prognóstico e detecção de falhas com base em Inteligência Computacional são apresentados como aliados da indústria, dentro dos processos produtivos que demandam alta produtividade como fator

decisivo para a competitividade global. Para tanto, aplicações de prognóstico e detecção de falhas em máquinas rotativas e em

sistemas de controle hidráulicos que utilizam Algoritmo Evolutivo de Agrupamentos Participativos Gaussianos são apresentadas, bem como a arquitetura da plataforma desenvolvida para suportar tais aplicações.

Palavras-chave: Prognóstico de falhas, detecção de falhas, algoritmos evolutivos, manutenção.

1 Introdução

Nos dias atuais, o processo de globalização colocou

as indústrias de praticamente todo o mundo frente à

necessidade de trabalharem com altos níveis de

produtividade, sendo este, fator determinante de

sobrevivência de muitas delas. O conceito de se fazer

mais com menos se tornou uma das pautas principais

do mundo moderno. Neste contexto, a simples

redução da mão-de-obra não necessariamente

significa maior produtividade. Se esta não estiver

aliada a melhor qualificação profissional desta mão-

de-obra e, principalmente, à maior eficiência dos

processos industriais, dificilmente será possível se

obter a desejada mudança de patamar da

produtividade.

Este trabalho tem o objetivo de contribuir para o

aumento da produtividade industrial a partir da

utilização de metodologias de diagnóstico e

prognóstico de falhas em plantas industriais. A base

desta proposta é a utilização do Algoritmo Evolutivo

de Agrupamentos Participativos Gaussianos (Lemos,

2011) no diagnóstico e detecção de falhas em

máquinas rotativas e em sistemas de controle

hidráulico.

Além disto, a plataforma utilizada como suporte

das aplicações descritas neste trabalho, bem como

para todo o processo de manutenção de uma planta

industrial de grande porte é apresentada. de forma

sucinta.

2 Inteligência computacional aplicada no

Prognóstico e Detecção de falhas

A utilização de Inteligência Computacional em

processos industriais no Brasil vem se expandindo ao

longo dos anos. A utilização de uma estrutura neuro-

fuzzy para detecção e diagnóstico de falhas em

acionamentos elétricos de corrente contínua de alta

potência, tendo como foco falhas na comutação de

tiristores, curto-circuito em conversores duais, além

de falhas de sensores são tratados em (Gouvêa,

2002).

Sistemas inteligentes com base em redes neurais

são amplamente utilizados atualmente para detecção

e isolamento de falhas em motores de indução

trifásicos. Em (Neto, 2006) falhas de origem

mecânica e elétrica tais como falhas de rolamentos,

alinhamento do mancal, desbalanceamento, curto-

Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

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circuito entre espiras, quebra de barra do rotor e

abertura de enrolamento do estator são tratadas.

A metodologia do Algoritmo de Agrupamento

Participativo Modificado, tendo como base Sistemas

Evolutivos Inteligentes é utilizada em (Braga, 2010)

na detecção e diagnóstico de falhas em motores de

indução, apresentando robustez frente a ruídos

gerados durante as transições entre os vários pontos

de operação do sistema de acionamento considerado.

2 Sistema de Monitoramento e Diagnóstico

Online – SMDO

A figura 1 traz a configuração básica do Sistema de

Monitoramento e Diagnóstico Online – SMDO, que é

a plataforma de aplicação das metodologias de

prognóstico e diagnóstico de falhas em máquinas

rotativas e em sistemas de controle hidráulicos

apresentadas neste trabalho.

Figura 1 – SMDO – Sistema de Monitoramento e Diagnóstico

Online

Este sistema possui uma base de dados onde as

principais variáveis do processo produtivo são

armazenadas dentro de uma freqüência de

amostragem condizente com as necessidades dos

algoritmos de prognóstico e detecção de falhas.

Assim, variáveis digitais e contínuas tais como

velocidade, corrente, pressão, fluxo, posição,

indicadores de presença, etc., são disponibilizadas em

tempo real, além de comporem um vasto histórico de

dados, conforme representado pelo bloco de dados.

Desta forma, os dados necessários para o

desenvolvimento de métodos para detecção e

prognóstico de falhas são disponibilizados.

Além disto, esta plataforma permite que as

inspeções de equipamentos que envolvam a

verificação de parâmetros tais como temperatura,

pressão, vazão, etc., sejam feitas sem grande

dispêndio de tempo, principalmente se as

informações necessárias estiverem agrupadas por

equipamentos, processos, ou mesmo por rotas de

inspeção. O método convencional de inspeção

parametrizada, ou seja, inspeções feitas diretamente

no local de instalação do equipamento onde são

verificados se valores das variáveis estão dentro de

uma faixa normal de trabalho, demandam tempo

significativo para serem realizadas. Também é

importante considerar o fator de segurança, levando-

se em conta uma menor exposição do homem aos

ambientes de riscos. Por fim, vale observar, que esta

plataforma também proporciona acesso a toda a

documentação técnica do processo, tendo um sistema

de navegação baseado em imagens intuitivo para

quem o utiliza, contribuindo diretamente para a

redução do tempo de pesquisa de falhas.

3 O processo de Manutenção

A manutenção pode ser definida como o conjunto de

atividades e recursos aplicados aos sistemas e

equipamentos, visando garantir a continuidade de sua

função dentro de parâmetros de disponibilidade, de

qualidade, de prazo, de custos e de vida útil

adequada.

Existe uma grande variedade de denominações de

tipos de manutenção, dos quais vale a pena destacar

os três principais: corretiva, preventiva e preditiva.

A manutenção corretiva é a atuação para a

correção da falha ou do desempenho. Ela pode ser

planejada ou não. A manutenção corretiva não

planejada ocorre de maneira aleatória, não havendo

tempo para preparação do serviço implicando em

altos custos devido as perdas de produção, perda de

qualidade do produto e elevados custos indiretos de

manutenção. Além disso, as quebras aleatórias

„podem ter consequências graves para o

equipamento, provocando danos maiores, ou até

mesmo risco de acidentes com pessoas. Este tipo de

manutenção deve ser aplicado quando os custos da

manutenção corretiva envolvidos são menores que os

custos da manutenção preventiva ou preditiva, ou

quando estas não podem ser aplicadas ao

equipamento, seja por indisponibilidade de parada ou

impossibilidade de monitoração e diagnóstico do

estado de funcionamento do mesmo.

A manutenção preventiva tem o objetivo de

reduzir ou evitar a falha ou queda no desempenho,

obedecendo a um plano previamente elaborado,

baseado em intervalos de tempo previamente

definidos. A principal dificuldade neste tipo de

manutenção é a definição do intervalo de tempo, que

pode levar inicialmente a ocorrência de falhas antes

de completar o período estimado ou a abertura do

equipamento/substituição de componentes

prematuramente. A manutenção preventiva permite

um bom planejamento das atividades e dos recursos

necessários, porém ela pode introduzir defeitos

devido à falha humana ou de sobressalentes,

contaminações no sistema de óleo, danos durante

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partidas ou paradas ou falhas nos procedimentos de

manutenção.

A manutenção preditiva é realizada com base em

monitoramento de parâmetro de condição ou

desempenho. Seu objetivo é permitir a operação

contínua do equipamento pelo maior tempo possível.

As intervenções no equipamento são planejadas e só

acontecem quando os sinais monitorados indicam a

existência de uma falha incipiente, antes do

equipamento interromper a produção. É o tipo de

manutenção que possui maior eficiência, e sua

evolução está relacionada com a evolução

tecnológica. A principal dificuldade neste tipo de

manutenção está relacionada ao processo de análise e

diagnóstico dos sinais. Não basta medir, é necessário

ser capaz de analisar os resultados e predizer a falha.

É muito comum encontrar em empresas sistemas de

coleta e registro de informações para a manutenção

preditiva sem produzir ações de intervenção com a

mesma qualidade dos dados registrados.

4 Análise de vibração em maquinas rotativas

Um dos métodos mais importantes utilizados na

manutenção preditiva é a análise de vibração de

máquinas rotativas. Usando análise de vibração a

máquina pode ser monitorada continuamente e uma

análise mais detalhada pode ser feita sobre suas

condições atuais, bem como sobre a tendência de

falhas futuras.

O sinal de vibração pode ser usado para

identificar um padrão que caracteriza um

determinado estado da máquina. Muitas vezes é

necessário aplicar algum tratamento do sinal para

extrair determinada característica. As análises podem

ser feitas no domínio do tempo ou da frequência.

Neste caso utiliza-se a transformada de Fourier.

A análise de vibração pode ser utilizada para

detectar falhas incipientes (prognóstico) ou quando

elas acontecem, e também diagnosticar qual é a falha.

A dificuldade para se identificar uma falha é

determinar os parâmetros que devem ser monitorados

e também o gatilho para indicar a existência da falha.

É muito comum encontrar nas indústrias sistemas de

monitoramento de vibração apresentando falsos

alarmes, porque o gatilho está ajustado para um nível

de vibração muito baixo. Também é comum que estes

sistemas não detectem a falha incipiente e nem

mesmo quando ela acontece porque o gatilho está

ajustado para um nível de vibração muito alto.

Uma das propostas deste trabalho é a de utilização

de um Algoritmo Evolutivo de Agrupamento

Participativo Gaussiano para detectar o reconhecer os

modos de trabalho de uma máquina rotativa, e

detectar quando ocorre uma mudança, sem a

necessidade de definição dos gatilhos para alarme.

Para verificar o funcionamento do algoritmo,

serão utilizados dados reais de duas falhas que

ocorreram em um formador de espiras de uma planta

de laminação de fio-máquina. Nas duas falhas foram

utilizados dados coletados um mês antes que o

equipamento parasse devido ao problema. A primeira

falha foi causada por danos no rolamento e a segunda

por folga no eixo.

O algoritmo inicia o monitoramento sem

informações das falhas, e quando é detectada

mudança no modo de operação da máquina é

necessária a intervenção do mantenedor da máquina

para classificar o novo modo. Na segunda falha o

algoritmo utiliza o aprendizado da primeira para

detectar a falha incipiente sem necessidade de

intervenção do mantenedor, mesmo sendo falhas

diferentes.

5 Falhas em sistemas de controle hidráulico

Em sistemas hidráulicos empregados em processos

de alta precisão, comumente são utilizadas válvulas

proporcionais para controle de força, posição e

velocidade. O controle destas variáveis é realizado

por controladores que emitem sinais elétricos de

comando para as válvulas hidráulicas. Conhecendo-

se o padrão de operação destes sinais de entrada,

bem como dos sinais de saída deste sistema, torna-se

possível o diagnóstico de falhas através do uso de

sistemas computacionais inteligentes (Filho, 2009),

(Jayaswal, 2008).

Uma válvula proporcional é composta

basicamente por carcaça (1), solenóide proporcional

(2), êmbolo ou carretel de comando (3), circuito

eletrônico (4) e captador indutivo de curso (5),

conforme figura 3. O controle proporcional é obtido

através da aplicação de corrente no solenóide que

cria um campo magnético gerando uma força de

deslocamento no carretel. Esta força é proporcional a

corrente, e o deslocamento do carretel libera a

passagem do fluxo de óleo hidráulico do pórtico P

para A ou B. Variando-se este fluxo de corrente,

varia-se o fluxo de óleo e obtém-se o controle da

variável de processo. O controle de velocidade e

posição normalmente é feito por monitoramento do

atuador através de transdutores de posição. Já o

controle de força é realizado por monitoramento de

pressão.

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Figura 2 – Válvula Proporcional

As características dos componentes hidráulicos,

tais como, histerese, curva de vazão em função do

deslocamento do carretel, precisão de repetibilidade,

entre outros, sofrem variações devido ao desgaste

natural dos componentes mecânicos e possíveis

contaminações do óleo hidráulico. Para manter as

variáveis de processo constantes e a máquina em

boas condições de funcionamento, o controlador da

válvula proporcional desloca o seu ponto de

operação. Conhecendo o padrão inicial de operação, é

possível monitorar e verificar quando este está se

alterando.

A proposta deste trabalho é a de se utilizar um

sistema computacional inteligente, com base em um

Algoritmo Evolutivo de Agrupamento Participativo

Gaussiano, que através do monitoramento contínuo

de um sistema hidráulico com controle proporcional,

permita a identificação das mudanças do ponto de

operação deste sistema. Pretende-se, além disso, a

identificação dos modos de falha do sistema, tais

como desgaste de carretel, desgaste de atuador e

contaminação do óleo hidráulico.

6 Algoritmo Evolutivo de Agrupamento

Participativo Gaussiano

Para realizar a classificação do comportamento da

máquina, é utilizado o Algoritmo Evolutivo de

Agrupamento Participativo Gaussiano (Lemos,

2011). O algoritmo adquire o conhecimento através

de novas observações e o aprendizado é afetado pelo

conhecimento atual do processo. Isso torna o

algoritmo robusto a ruídos e “outliers” porque eles

são incompatíveis ao conhecimento atual do modelo,

logo eles são descartados ou suavizados no processo

de aprendizado.

O algoritmo assume que o conhecimento do

sistema é modelado pela estrutura de grupos. Os

parâmetros desta estrutura são o número de grupos c,

o centro de cada grupo vi, onde i = 1, ..., c e a forma

dos grupos definida pela matriz de dispersão ∑. A

cada nova observação o algoritmo pode criar novos

grupos, modificar os parâmetros dos grupos

existentes ou unir grupos similares.

A atualização dos grupos é afetada pela medida

de compatibilidade ρi. No algoritmo proposto em

(Lemos, 2011) a atualização também é afetada pelo

índice de alerta, que neste caso não foi utilizado por

não mostrar melhoria no resultado.

A medida de compatibilidade utiliza a distância

entre o novo ponto observado e o centro de cada

grupo normalizado pela matriz de dispersão de cada

grupo, conforme segue abaixo:

(1)

Para o calculo da distância, a matriz de dispersão

é calculada recursivamente:

(2)

O valor inicial da matriz de dispersão pode ser

predefinido com o conhecimento do processo, ou

utilizando dados para treinamento off-line.

Finalmente a medida de compatibilidade é dada

por:

(3)

Uma vez definida a medida de compatibilidade, é

necessário definir um gatilho para determinar se o

grupo com maior índice é compatível ou não. Para

evitar a maldição de dimensionalidade é utilizada a

distribuição chi-quadrado com intervalo de

confidência sendo definido pelo conhecimento do

processo e o número de graus de liberdade definido

pelo número de entradas. Segue a equação do

gatilho:

(4)

A cada nova observação, é calculada a medida de

compatibilidade do novo ponto com cada grupo

conforme equação 4. Se o maior índice de

compatibilidade encontrado for maior que o gatilho,

o centro do grupo é atualizado conforme abaixo:

(5)

Onde G é definido por:

(6)

Dessa forma a taxa de aprendizado é modulada

pelo índice de compatibilidade, fazendo com que os

pontos menores compatíveis, ou mais distantes do

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grupo, representem menor influência do que aqueles

com maior compatibilidade.

Além de não utilizar o índice de alerta no cálculo

da taxa de aprendizado, outra modificação foi o

critério de criação de um novo grupo.

Quando o maior índice de compatibilidade é

menor que o gatilho, o novo ponto é considerado

inicialmente um outlier e um grupo é criado com o

centro igual ao ponto e matriz de dispersão com valor

inicial. Este grupo não é considerado para classificar

o modo de operação, mas é utilizado para verificar a

compatibilidade com os próximos pontos que serão

observados.

Quando um determinado número de pontos é

alcançado para este grupo outlier ele passa a ser

considerado para a classificação. A classe desse novo

grupo é determinada pela intervenção do operador ou

mantenedor. O número de pontos necessário para o

grupo deixar de ser outlier é um parâmetro do

classificador.

Quando o índice de alerta é utilizado, um novo

grupo é criado quando o novo ponto não é compatível

e o índice de alerta é maior que o gatilho. O índice de

alerta aumenta quando um número de pontos com

baixa compatibilidade aumenta, mesmo que os

pontos com baixa compatibilidade estejam distantes

entre eles. Dessa forma, o centro do grupo criado

quando o índice de alerta ultrapassa o gatilho é

definido pelo ponto observado, mesmo que ele não

tenha nenhuma compatibilidade com os pontos

outliers observados anteriormente que contribuíram

para aumentar o índice de alerta. Isso faz com que

novos grupos possam ser criados por pontos outliers

de acordo com a figura 3.

Figura 3 – Outliers

7 Resultados Práticos

7.1 Prognóstico e Detecção de falhas em máquinas

rotativas

Para verificar a eficiência do algoritmo, foram

utilizados dados de vibração de um formador de

espiras de uma linha de laminação de fio-máquina.

Esta é uma máquina que trabalha com altas

velocidades e altas cargas, condição que faz que o

rolamento trabalhe na sua capacidade máxima.

Foram utilizados dados que representam o

comportamento normal da máquina e a evolução de

duas falhas até o momento em que foi necessário

parar a máquina para manutenção. Para a primeira

falha, iniciou-se a coleta de dados com a criação de

um grupo; 8 dias depois um segundo grupo foi

criado, representando a presença de uma falha

incipiente; 2 dias depois um terceiro grupo foi criado

representando a progressão da falha; e 3 dias depois

a máquina parou em função da falha e a coleta de

dados foi interrompida. Para a segunda falha,

iniciou-se a coleta com a criação de um grupo; 7 dias

depois um segundo grupo foi criado indicando a

presença de uma falha incipiente; 2 dias depois a

máquina parou apresentando a segunda falha.

O sinal utilizado como entrada do algoritmo foi a

energia RMS de vibração, e sua taxa de variação. A

medição de vibração é feita por acelerômetros

instalados no equipamento. Estes acelerômetros são

ligados em um multiplexador, e é feita uma leitura a

cada 1 hora.

Para a primeira falha o classificador tinha

nenhuma informação sobre os modos de

funcionamento do equipamento, ou seja, não tinha

nenhum grupo. Inicialmente foi criado um grupo,

identificando o comportamento normal do

equipamento, conforme a figura 4. Após alguns dias

de operação outro grupo foi criado, identificando

uma modificação no funcionamento do equipamento

de acordo com a figura 5. Após mais alguns dias um

terceiro grupo é criado e o número de outliers

aumenta como é mostrado na figura 6. O segundo

grupo indica a falha incipiente e o terceiro grupo

indica a falha do equipamento, que neste caso foi a

quebra do rolamento.

Figura 4 – Grupo 1 – Comportamento normal

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Figura 5 – Grupo 2 – Mudança de comportamento (falha

incipiente)

Figura 6 – Grupo 3 – Falha no equipamento

Os dados da segunda falha foram aplicados no

algoritmo que já possuía informações adquiridas da

primeira falha, ou seja, ele já tinha os grupos que

identificavam os modos de funcionamento do

equipamento. Neste caso, inicialmente o

funcionamento do equipamento foi classificado como

normal conforme a figura 7, após alguns dias foi

classificado como falha incipiente, como mostrado na

figura 8. Neste caso o equipamento foi parado para

manutenção antes que ocorresse a quebra. A

mudança de funcionamento neste caso foi provocada

por uma folga no eixo.

Figura 7 – Grupo 1 – Comportamento normal

Figura 8 – Grupo 2 – Falha incipiente

7.2 Prognóstico e Detecção de falhas em sistemas

hidráulicos

Dentro dos processos industriais, os sistemas

hidráulicos desempenham um papel fundamental,

tanto do ponto de vista de acionamentos que

requerem a movimentação de equipamentos, quanto

na integração com os sistemas automação nos

processos de controle.

Neste sentido, elementos de controle hidráulico, tais

como válvulas proporcionais e servas-válvulas, são

largamente utilizados para controle de movimentos.

Desta forma, neste item se discute um dos principais

modos de falhas em válvulas proporcionais, que é o

desgaste de um de seus elementos internos, o

carretel. São realizados ensaios para a caracterização

deste modo de falha, procedendo-se a sua

identificação através do Algoritmo Evolutivo de

Agrupamento Participativo Gaussiano.

A figura 9 apresenta o diagrama esquemático da

bancada de testes montada para a obtenção dos dados

de falhas em válvulas proporcionais. Apesar de neste

trabalho o foco ser desgaste de carretéis, pretende-se

na sequência dos testes, a obtenção de dados

referentes a outros modos de falhas, tais como

contaminação de óleo e vazamentos em atuadores.

Dentro deste processo de caracterização de falhas, as

informações obtidas são submetidas ao classificador

para a criação dos grupos que representam os

diferentes tipos de falhas. Vale observar que neste

caso, estarão sendo utilizados conhecimentos prévios

em relação às falhas para a classificação das mesmas.

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Figura 9 – Diagrama esquemático do sistema de aquisição de

dados de falhas em válvula proporcional utilizado

A figura 10 apresenta os resultados obtidos pelo

classificador em relação à condição normal de

operação e em relação à condição de falha na válvula

proporcional devido a desgaste no carretel. Vale

ressaltar que estes resultados foram obtidos com o

controle desta válvula sendo feito em malha aberta.

Figura 10 – Separação de pontos de operação da válvula

proporcional

Por fim, vale salientar que o sistema de aquisição de

dados representado esquematicamente na figura 9

permite que sejam feitas outros estudos de falhas em

sistemas de controle hidráulico, o que permite uma

nova abordagem para o prognóstico e detecção de

falhas neste tipo sistema a partir de um aprendizado

off-line. Em outras palavras, a incorporação do

conhecimento referente a condições de falhas poderá

ser obtida de forma antecipada, reduzindo a

necessidade da caracterização das falhas a partir de

sua ocorrência.

4 CONCLUSÃO

Neste trabalho, a importância dos sistemas de

prognósticos e detecção de falhas é discutida à luz da

crescente necessidade das indústrias de obterem

elevados níveis de produtividade, tendo como foco a

maior disponibilização dos equipamentos utilizados

nos diversos processos produtivos.

Os algoritmos inteligentes que têm com base

inteligência computacional se apresentam como

importantes aliados ao processo de prognóstico e

detecção de falhas. Neste sentido, o Algoritmo

Evolutivo de Agrupamento Participativo Gaussiano é

brevemente discutido e utilizado diretamente nos

processos de prognóstico e detecção de falhas

apresentados neste trabalho.

O algoritmo inteligente em questão é aplicado no

prognóstico e detecção de falhas em máquinas

rotativas e em sistemas de controle hidráulico,

evidenciando as qualidades do Algoritmo Evolutivo

de Agrupamento Participativo Gaussiano em

aplicações industriais. Estes resultados servem como

incentivo para que outras aplicações inteligentes

sejam desenvolvidas e aplicadas em ambientes

industriais como forma de aumento da

disponibilidade de equipamentos em processos

produtivos.

Agradecimentos

À Gerdau pelo apoio e incentivo.

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