prevenção do branqueamento e do financiamento ao...

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Copyright © 2016 by IFB/APB, Lisbon 1 PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO Prevenção do Branqueamento e do Financiamento ao Terrorismo – Enquadramento Objetivos Caraterizar e distinguir o branqueamento, o terrorismo e o financiamento ao terrorismo; Reconhecer os principais normativos referentes à prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo; Identificar algumas das entidades relevantes na prevenção e na repressão do branqueamento e do financiamento ao terrorismo, conhecendo as principais áreas de atuação respetivas. Plano A) Branqueamento, Terrorismo e Financiamento do Terrorismo – Caraterização • Branqueamento • Branqueamento e Crime Organizado • Branqueamento e Terrorismo • Financiamento ao Terrorismo • Branqueamento e Financiamento ao Terrorismo B) Enquadramento Jurídico • Principais Marcos Legislativos – Evolução Histórica • Legislação em Vigor em Portugal C) Entidades Relevantes na Prevenção e Repressão • GAFI • EUROPOL, INTERPOL e UCI • Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária • Grupo Egmont • Grupo Wolfsberg • Outras Entidades e Organizações Relevantes

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Prevenção do Branqueamento e do Financiamento ao Terrorismo – Enquadramento

Objetivos

● Caraterizar e distinguir o branqueamento, o terrorismo e o financiamento ao terrorismo;

● Reconhecer os principais normativos referentes à prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo;

● Identificar algumas das entidades relevantes na prevenção e na repressão do branqueamento e do financiamento ao terrorismo, conhecendo as principais áreas de atuação respetivas.

Plano

A) Branqueamento, Terrorismo e Financiamento do Terrorismo – Caraterização

• Branqueamento

• Branqueamento e Crime Organizado

• Branqueamento e Terrorismo

• Financiamento ao Terrorismo

• Branqueamento e Financiamento ao Terrorismo

B) Enquadramento Jurídico

• Principais Marcos Legislativos – Evolução Histórica

• Legislação em Vigor em Portugal

C) Entidades Relevantes na Prevenção e Repressão

• GAFI

• EUROPOL, INTERPOL e UCI

• Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária

• Grupo Egmont

• Grupo Wolfsberg

• Outras Entidades e Organizações Relevantes

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ANTI-MONEY LAUNDERING & COUNTER-TERRORISM FINANCING

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A) Branqueamento, Terrorismo e Financiamento do Terrorismo – Caraterização

Estima-se que a indústria clandestina do branqueamento constitua um dos maiores ne-gócios do mundo, envolvendo montantes dificilmente quantificáveis, mas, seguramente, bastante elevados. Tratando-se de uma realidade transnacional em que uma parte sig-nificativa dos valores circula em economia paralela, uma vez que são obtidos de forma ilícita, é compreensível o impacto negativo que esta realidade tem a nível mundial.

O branqueamento é uma verdadeira economia alternativa, que se rege por esquemas próprios e circuitos cada vez mais originais e sofisticados. Embora exista, em termos nacionais e internacionais, enquadramento legal com o intuito de combater este crime, esta finalidade só é alcançada se os diferentes agentes, financeiros e não financeiros, conhecerem a sua abrangência, souberem identificar indícios que façam suspeitar de ilicitude e conhecerem os principais circuitos utilizados pelos branqueadores.

O financiamento do terrorismo tem permitido o aumento do número de ataques terro-ristas, bem como o desenvolvimento de novos modus operandi.

Compete assim, às diversas entidades, conhecerem os variados mecanismos do branqueamento de vantagens de proveniência ilícita e do financiamento ao terrorismo, bem como os deveres que devem ser cumpridos para evitar potenciais situações que, a ocorrerem, poderão causar prejuízos significativos aos diversos agentes económicos.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Branqueamento

Sabia que...

A expressão “branqueamento de capi-tais” ou “lavagem de dinheiro” foi utili-zada pela primeira vez nas décadas de 1920 e 1930, pelas autoridades ame-ricanas, para descrever os diversos negócios legítimos criados pelas or-ganizações criminosas com o objetivo de diluir os lucros das suas atividades ilegais com as receitas desses negóci-os legítimos. Uma das atividades uti-lizadas pelas organizações criminosas para ocultar a proveniência ilegal do dinheiro era a das lavandarias e daí a expressão, ainda que em sentido figu-rado, de “lavagem de dinheiro”.

Em que consiste o branqueamento?

O branqueamento é o processo pelo qual se visa transformar a liquidez pro-veniente de atividades ilícitas em capitais reutilizáveis legalmente, por dissimu-lação da fonte e do verdadeiro proprietário dos fundos.

O branqueamento é predominantemente utilizado por organizações sofisticadas, cujas motivações e objetivos dominantes podem ser divididos em duas vertentes:

• Lucro, por exemplo, tráfico de droga e de armas, banditismo, rapto, extorsão e crime económico organizado;

• Poder, por exemplo, terrorismo.

A legislação portuguesa adotou as regras comunitárias, alargando o leque de tipologias criminais puníveis no âmbito do branqueamento, permitindo assim uma atuação ainda mais eficiente por parte das autoridades judiciárias.

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ANTI-MONEY LAUNDERING & COUNTER-TERRORISM FINANCING

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Em que situação é que se considera que uma pessoa praticou o crime de branqueamento e quais são as penas aplicáveis?

• Dissimular a sua origem ilícita, ou• Evitar que o autor ou participante dessas infrações seja criminalmente perseguido ou submetido a uma reação criminal

Considera-se que foi praticado crime de branqueamento quando alguém:

ou

• Converter• Transferir• Auxiliar, ou • Facilitar

a verdadeira: • Natureza • Origem • Localização • Disposição • Movimentação ou • Titulariedade

• Ocultar, ou• Dissimular

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alguma operação deconversão ou transferênciade vantagens:

das vantagens ilícitas ou dos direitosa elas relativos.

• Obtidas por si ou por terceiro• Direta ou indiretamente

� com o fim de:

Quem praticar estes factos é punido com pena de prisão de 2 a 12 anos.

Para este efeito, são consideradas vantagens os bens provenientes da prática, sob qualquer forma de comparticipação, dos factos ilícitos típicos de um conjunto de crimes, bem como os bens que com eles se obtenham.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

O branqueamento surge, pois, associado a diversas atividades ilícitas, existindo um conjunto de atividades criminosas que, gerando lucros ilícitos, poderão ser branqueados, designadamente:

Crimes Subjacentes ao Branqueamento

• Tráfico de estupefacientes e outras substâncias psicotrópicas;

• Tráfico de armas;

• Tráfico de órgãos ou tecidos humanos;

• Tráfico de espécies protegidas;

• Fraude fiscal;

• Tráfico de influência;

• Corrupção;

• Abuso sexual de crianças ou menores dependentes;

• Extorsão;

• Lenocínio;

• Peculato;

• Participação económica em negócio;

• Administração danosa em unidade económica do sector público;

• Fraude na obtenção ou desvio de subsídio, subvenção ou crédito;

• Infrações económico-financeiras cometidas de forma organizada, com recurso à tecnologia informática;

• Infrações económico-financeiras de dimensão internacional ou transnacional;

• Outros factos ilícitos puníveis com pena de prisão de duração mínima superior a seis meses ou de duração máxima superior a cinco anos.

Tenha em atenção que existe crime de branqueamento mesmo que os factos que inte-gram a infração subjacente tenham sido praticados fora do território nacional, ou ainda que se ignore o local da prática do facto ou a identidade dos seus autores.

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Branqueamento e Crime Organizado

O crime organizado engloba diversas atividades ilícitas. Tendo em conta que essas atividades geram lucros elevados, os proprietários dos fundos irão tentar branqueá-los.

Assim, o branqueamento surge normalmente associado ao crime organizado e também este é punido pela legislação penal portuguesa.

Efetivamente, a prática de associação criminosa constitui crime, estabelecendo o artigo 299.º do Código Penal Português que é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos quem promover ou fundar grupo, organização ou associação cuja finalidade ou atividade seja dirigida à prática de crimes.

Mas o que distingue a criminalidade comum da organizada?

Observe o seguinte quadro comparativo.

Caraterística

Criminalidade

Comum Organizada

Atividade Atos isolados Atividade continuada

AçãoIndividual ou em

bandoEm grupo

Implantação Local ou regional Nacional ou transnacional

AmeaçaViolência não estratégica

Violência estratégica

Vítimas Fortuitas Resultantes dos objetivos do grupo

Estrutura AcidentalOrganizada, com separação de funções e inco-municabilidade entre os elementos que estão no mesmo nível

Na verdade, enquanto a criminalidade comum se traduz num conjunto de atos criminais, praticados de forma isolada e individual, assumindo formas de violência não estratégica, fortuita e imprevista, a criminalidade organizada implica um conjunto de atos criminais que são praticados de forma repetida e fruto de uma atividade continuada, sistematicamente operada em grupo, com níveis de implantação nacionais e internacionais, sendo a prática da violência resultante da estratégia e dos objetivos pretendidos pelo grupo.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Em termos de caraterísticas específicas das organizações criminais, observe a informação que se segue.

Caraterísticas de uma Organização Criminal

Estrutura

• Organização celular;

• Separação de funções;

• Desconhecimento da dimensão.

Segurança

• Recolha sistemática de informação;

• Medidas de contrainformação;

• Sistemas sofisticados de comunicações;

• Técnicas de vigilância e controlo;

• Códigos de conduta e recompensa.

Financiamento

• Tradicional;

• Camuflagem de atividades;

• Branqueamento.

Desenvolvimento Operacional

• Âmbito de ação alargado;

• Operacionalidade permanente e estabilizada;

• Conjugação de negócios (ilícitos e lícitos);

• Interação criminológica.

Fonte: Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária

Sendo o tráfico de estupefacientes um dos crimes mais lucrativos, o fenómeno do branqueamento surgia frequentemente associado a ele. Foi devido ao facto de o tráfico de droga ter assumido proporções dramáticas e alarmantes que se despoletou a questão do branqueamento do lucro dessa atividade criminosa.

Atualmente, esta realidade tem vindo progressivamente a alterar-se, surgindo a crimi-nalidade económica como um dos principais fatores a desencadear o branqueamento.

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É importante referir que, em Portugal, e de acordo com informações disponibilizadas pela Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária, a criminalidade organizada já detetada surge essencialmente nas seguintes situações:

Criminalidade Organizada em Portugal

Tráfico de Droga

CrimeEconómico

Tráfico e Viciação de Viaturas

Banditismo

• Redes: – Nacionais; – Internacionais.

• Branqueamento.

• Falsificação de: – Títulos; – Cartões de crédito.

• Fraudes: – Com firmas; – Internacionais; – Fiscais.

• Branqueamento.

• Redes: – Nacionais; – Internacionais.

• Branqueamento.

• Assaltos a: – Bancos; – Empresas de transporte de valores;

– Comerciantes de ouro e joias.

• Branqueamento.

Fonte: Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária

Quais seriam as consequências de não se adotarem medidas de combate ao branqueamento?

Se o branqueamento for efetuado sem meios de controlo significativos, essa facilitação irá influenciar a expansão do crime organizado. Por esse motivo, não podemos deixar de olhar para o combate ao branqueamento de vantagens de proveniência ilícita como um meio de travar a proliferação deste tipo de crime.

A adoção de medidas de combate revela-se ainda mais importante quando se verifica que o branqueamento assume, nos dias de hoje, formas sofisticadas de operar, estando normalmente associado à internacionalização dos processos. O branqueamento envolve meios bastante sofisticados e redes complexas de atuação que ultrapassam fronteiras, sendo a origem criminosa dos fundos mais difícil de detetar.

O branqueamento assume-se, assim, como uma realidade cada vez mais complexa e por isso mais difícil de identificar. A deteção do branqueamento compete não só às instâncias de controlo, mas também a um conjunto diversificado de entidades e pessoas, que devem estar sensibilizadas para estas situações.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Branqueamento e Terrorismo

Podem ser considerados atos terroristas todos aqueles que visem:

• Prejudicar a integridade e a independência nacionais;

• Impedir, alterar ou subverter o funcionamento das instituições do Estado previstas na Constituição;

• Forçar a autoridade pública a praticar um ato, a abster-se de o praticar ou a tolerar que se pratique; ou ainda

• Intimidar certas pessoas, grupos de pessoas ou a população em geral, mediante:

– Crime contra a vida, a integridade física ou a liberdade das pessoas;

– Crime contra a segurança dos transportes e das comunicações, incluindo as infor-máticas, telegráficas, telefónicas, de rádio ou de televisão;

– Crime de produção dolosa de perigo comum, através de incêndio, explosão, libertação de substâncias radioativas ou de gases tóxicos ou asfixiantes, de inundação ou avalancha, desmoronamento de construção, contaminação de alimentos e águas destinadas a consumo humano ou difusão de doença, praga, planta ou animal nocivos;

– Atos que destruam ou que impossibilitem o funcionamento ou desviem dos seus fins normais, definitiva ou temporariamente, total ou parcialmente, meios ou vias de comunicação, instalações de serviços públicos ou destinadas ao abastecimento e satisfação de necessidades vitais da população;

– Investigação e desenvolvimento de armas biológicas ou químicas;

– Crimes que impliquem o emprego de energia nuclear, armas de fogo, biológicas ou químicas, substâncias ou engenhos explosivos, meios incendiários de qualquer natureza, encomendas ou cartas armadilhadas, sempre que, pela sua natureza ou pelo contexto em que são cometidos, estes crimes sejam suscetíveis de afetar gravemente o Estado ou a população que se visa intimidar.

Quem promover ou fundar grupo, organização ou associação terrorista, a eles aderir ou os apoiar, nomeadamente através do fornecimento de informações ou meios materiais, é punido com pena de prisão de 8 a 15 anos.

É hoje consensual que os capitais resultantes de atividades ilícitas e criminosas são utilizados para financiar o terrorismo à escala mundial.

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Sendo esta uma atividade global, em regra, um grupo terrorista encontra-se organizado da seguinte forma:

Fonte: Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária

O produto do tráfico de drogas, de armas ligeiras, de minas antipessoais e da exploração de redes de prostituição, entre outros, é utilizado para patrocinar ações terroristas.

Desse modo, é importante lutar contra a proliferação dessas atividades criminosas para que o capital proveniente das mesmas não seja utilizado para financiar o terrorismo internacional. É por esse motivo que a luta contra o branqueamento é cada vez mais encarada como uma importante estratégia no combate ao terrorismo internacional.

De acordo com o Relatório da EUROPOL sobre Atividades Terroristas, o número de ata-ques terroristas na União Europeia é preocupante.

Estrutura-Tipo de um Grupo TerroristaCél

ulas

Che

fias

Dec

isor

esNívelDecisãoPolítico-

-Operacional

Partido Político//Seita Religiosa

Departamento de Logística

NívelOperacional

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Fonte: EUROPOL – European Union Terrorism Situation And Trend Report 2016 (adaptado)

Durante 2015, 211 ataques terroristas foram cometidos na União Europeia. Parale-lamente, também o número de detidos suspeitos de terrorismo na União Europeia aumentou, concretamente, 1077 indivíduos.

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Financiamento ao Terrorismo

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:WTC_smoking_on_9-11.jpeg#mediaviewer//File:WTC_smoking_on_9-11.jpeg

O combate ao financiamento do terrorismo ganhou maior relevância a partir dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos da América.

Tornou-se então mais evidente para a comunidade internacional a necessidade de ado-tar medidas legislativas que, em articulação com o quadro preventivo do branquea-mento, facilitassem a deteção, a prevenção e a supressão do financiamento do terrorismo, reduzindo as possibilidades de acesso ao sistema financeiro internacional por parte dos autores de atos de terrorismo, de organizações e grupos terroristas e dos seus financiadores. Incluem-se nestas medidas:

• O congelamento e a perda de bens pertencentes a autores de atos de terrorismo e a quem apoie e financie grupos e organizações terrorista;

• O dever de comunicação de transações suspeitas de terem algum tipo de conexão com o terrorismo;

• O reforço dos deveres de prevenção do branqueamento (em especial do dever de identificação) no âmbito das operações de transferência de fundos; e, naturalmente,

• A criminalização do financiamento do terrorismo.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

No ordenamento jurídico português, a qualificação do financiamento do terrorismo como crime autónomo consta do artigo 5.º-A da Lei n.º 52/2003, de 22 de agosto. Assim:

Para que os factos constituam infração, não é necessário que os fundos provenham de terceiros, nem que tenham sido entregues a quem se destinam, ou que tenham sido efetivamente utilizados para cometer atos terroristas.

As Nações Unidas e a União Europeia têm adotado atos normativos internacionais, os quais estabelecem sanções e restrições financeiras no âmbito do incumprimento dos princípios e normas de Direito Internacional que visam a manutenção da paz e da segurança.

Atualmente, são comunicadas listas de grupos e indivíduos considerados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas e pela União Europeia como estando ligados a atividades terroristas, designadamente aqueles a que se referem as Resoluções do Conselho de Segurança da ONU n.º 1267 (1999) e 1373 (2001), que impõem medidas sancionatórias contra a Al-Qaida e os talibãs. Estas medidas são aplicáveis a países, organizações e pessoas.

Entre as Resoluções das Nações Unidas merecem especial destaque, além das suprarre-feridas, as Resoluções n.º 1371 (2001), 1718 (2006), 1737 (2001), 1989 (2011), 2083 (2012), bem como a Resolução da ONU n.º 1373 (2001). Ao nível comunitário, é impor-tante referir o Regulamento (CE) n.º 2580/2001, de 27 de dezembro.

Neste contexto, são periodicamente aprovadas listas de pessoas e entidades ligadas a grupos, associações ou organizações terroristas, relativamente às quais devem ser congelados os fundos, outros ativos financeiros ou recursos económicos, incluindo os fundos derivados de bens que, direta ou indiretamente, lhes pertençam ou que estejam sob o seu controlo.

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Quem, por quaisquer meios, direta ou indiretamente

Fornecer, recolher ou detiver fundos ou bens dequalquer tipo, bem como produtos ou direitos suscetíveis de serem transformados em fundos

Com a intenção de serem utilizados ou sabendo que podem ser utilizados, total ou parcialmente, no planeamento, na preparação ou para a prática de atos terroristas

É punido com pena deprisão de 8 a 15 anos

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Assim, no plano nacional, esse congelamento é obrigatório, dando cumprimento às sanções impostas pelos Regulamentos da União Europeia e pelas Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O incumprimento desse dever é punível nos termos da Lei n.º 11/2002, de 16 de fevereiro.

As listas consolidadas de pessoas, grupos ou entidades sujeitas a sanções financeiras podem ser consultadas nos sites da ONU e da União Europeia. Estas listas também são emitidas e divulgadas por outras entidades, estando a sua consulta disponível em diversos sites.

Como o crime de financiamento do terrorismo pode ser praticado por indivíduos, organi-zações ou pessoas coletivas, pode, por exemplo, acontecer que uma sociedade comer-cial se dedique a uma atividade fictícia ou mista de importação de produtos, aparen-temente inofensivos e com preços inflacionados, cujos pagamentos sirvam, em parte, para transferir fundos para indivíduos e/ou organizações que os destinem à compra de armas ou a apoio material, de qualquer tipo, a grupos considerados terroristas.

Em regra, o financiamento ao terrorismo carateriza-se por:

Financiamento ao Terrorismo – Caraterísticas

• Transações com valores pouco elevados;

• Operações prolongadas;

• Fundos utilizados têm, por vezes, origem legítima, mas também são utilizados capitais com origem ilícita.

No financiamento do terrorismo, é irrelevante saber se os fundos, que são dirigidos para apoiar este tipo de atividades, são de origem lícita ou ilícita (diversamente do que acon-tece no branqueamento).

Independentemente da origem dos fundos, o que os transforma em objeto do dever de comunicação de transações suspeitas, por parte das entidades sujeitas, é serem suspeitos de ligações à atividade terrorista ou a terroristas individuais, grupos ou organizações.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Branqueamento e Financiamento ao Terrorismo

Agora que já foram analisadas as caraterísticas mais relevantes destes crimes, é impor-tante distinguir entre estes dois conceitos.

Qual é uma das principais diferenças entre o branqueamento de vantagens de proveniência ilícita e o financiamento do terrorismo?

No branqueamento, o dinheiro proveniente de práticas ilícitas é envolvido num circuito de transações, transferências e negócios, de modo a que esses fundos surjam no final como legítimos. A multiplicidade de operações e circuitos justifica-se pela necessidade de ocultar a origem e o verdadeiro proprietário dos capitais, camuflando o dinheiro sujo numa atividade económica lícita. Os agentes do branqueamento procuram, desta forma, dar uma aparência de legalidade aos ganhos das suas atividades ilícitas.

O financiamento ao terrorismo tem a sua ilicitude na aplicação de fundos, obtidos legal ou ilegalmente, cuja finalidade será a utilização em atividades terroristas.

Assim:

No âmbito da prevenção do branqueamento, deve atender-se, em especial, à origem dos fundos, ainda que o sinal de alerta possa surgir também no destino que está a ser dado a esses capitais e/ou bens.

No financiamento ao terrorismo, inversamente, o que se pretende sempre é ocultar o destino dos fundos, uma vez que os capitais utilizados para a prática de atos terroristas tanto podem ser de origem lícita como ilícita.

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B) Enquadramento Jurídico

Principais Marcos Legislativos – Evolução Histórica

Para melhor enquadrar a temática da prevenção e repressão do branqueamento e do financiamento ao terrorismo, referimos alguns dos seus principais marcos históricos, em termos de evolução legislativa.

Algumas das Principais Medidas Legislativas Adotadas

Recomendação do Conselho da Europa

n.º R (80) 10, de 27 de junho de

1980

Recomendação relativa às disposições contra a transferência e dissimulação de fundos de origem ilícita.

Declaração de Princípios do

Comité de Basileia sobre regras e

práticas de controlo das operações

bancárias, de 12 de dezembro de 1988

Um dos objetivos foi o de impedir a utilização do sistema bancário no branqueamento de fundos de origem criminosa.

As autoridades de supervisão bancária do G7 definiram algumas regras deontológicas para procurar evitar a utilização das instituições de crédito para branquear.

Nesse âmbito, regulou-se a identificação dos clientes, a conservação dos justificativos, o respeito pelas leis e a cooperação entre as autoridades de deteção e repressão.

Convençãode Viena,

de 20 de dezembrode 1988

Convenção da ONU contra o Tráfico Ilícito de Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas, ratificada por Portugal pela Resolução da Assembleia da República n.º 29/91 e Decreto do Presidente da República n.º 45/91. Esta convenção proibiu o branqueamento das vantagens provenientes do tráfico de drogas.

Para combater a lavagem do dinheiro proveniente do tráfico de droga, foram adotadas diretrizes no sentido de as legislações nacionais punirem como crime o branqueamento resultantes do tráfico de droga.

Outro princípio importante plasmado na Convenção foi o de se afastar o sigilo bancário nas situações de investigação criminal. Além disso, a Convenção de Viena alertou para a necessidade de cooperação internacional nas áreas de investigação do branqueamento.

Portugal assinou a Convenção em 13 de dezembro de 1989 e a sua incorporação na ordem jurídica portuguesa ocorreu através do Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Algumas das Principais Medidas Legislativas Adotadas

Criação do GAFI,em julho de 1989, pelos membros da

OCDE

O GAFI (Grupo de Ação Financeira, na terminologia portuguesa; Group d’Action Financière, na expressão francesa; ou FATF – Financial Action Task Force, na versão inglesa) foi criado com o objetivo de promover a luta contra o branqueamento, devendo por isso refletir sobre os meios de luta mais eficazes contra este tipo de crime.

O GAFI constitui, desde então, a maior organização internacional de ação contra o branqueamento, tendo o seu âmbito de atuação sido, progressivamente, alargado a outras tipologias de crimes.

Convençãodo Conselho

da Europa n.º 141, de 8 de novembro

de 1990

Convenção relativa ao branqueamento, deteção, apreensão e per-da dos produtos do crime.

Em Portugal, foi ratificada em 13 de dezembro de 1997 através do Decreto do Presidente da República n.º 73/97 e da Resolução da Assembleia da República n.º 70/97.

Diretiva 91/308/CEE,

de 10 de junhode 1991

Aprovada pelo Conselho das Comunidades Europeias, tendo como objetivo a proteção do sistema financeiro da Comunidade, esta Diretiva veio regular a prevenção da utilização do sistema financeiro para efeitos de branqueamento.

Na sua, base estão as 40 Recomendações emitidas pelo GAFI e as principais diretrizes aí enunciadas, nomeadamente a necessidade de identificar os clientes das instituições de crédito e o registo das operações acima de determinado montante.

Em Portugal, a transposição para o ordenamento interno foi operada pelo Decreto-Lei n.º 313/93, de 15 de setembro.

Ação Comum 98/699/JAI,

de 3 de dezembro de 1998

Adotada pelo Conselho da União Europeia, foi alterada pela Decisão-Quadro do Conselho de 26 de junho de 2001 (2001/500/JAI). Esta Decisão-Quadro diz respeito ao branquea-mento, à identificação, deteção, congelamento, apreensão e perda dos instrumentos e produtos do crime.

De entre as medidas de combate ao branqueamento adotadas por esta Decisão-Quadro, assume especial importância a que impôs a obrigatoriedade de os Estados-membros tomarem as medidas necessárias para garantir que o branqueamento seja passível de uma pena privativa da liberdade de duração máxima igual ou superior a quatro anos.

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Algumas das Principais Medidas Legislativas Adotadas

Diretiva 2001/97/CE,

de 4 de dezembrode 2001

Adotada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da União Europeia, esta Diretiva veio atualizar e alargar o âmbito de aplicação da Diretiva 91/308/CE (limitada ao setor financeiro) pois, além das entidades financeiras, passou a estar abrangidas pela Diretiva uma série de atividades e profissões não relacionadas com o setor financeiro.

Além disso, alargou-se o âmbito da proibição do branqueamento, de forma a combater não só o tráfico de droga, mas também a criminalidade organizada e o financiamento do terrorismo internacional.

Em Portugal, a transposição da Diretiva foi efetuada com a publi-cação da Lei n.º 11/2004, de 27 de março.

Convençãodo Financiamento

do Terrorismo, adotada em

9 de dezembro de 1999

Convenção Internacional para a Eliminação do Financiamento do Terrorismo, adotada em Nova Iorque e assinada por Portugal em 16 de fevereiro de 2000.

Em Portugal, foi aprovada para ratificação pela Resolução da Assembleia da República n.º 51/2002 e ratificada pelo Decreto do Presidente da República n.º 31/2002, tendo sido publicada em Diário da República a 2 de agosto.

Convençãode Palermo,

de 15 de novembro de 2000

Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Transnacional, assinada por Portugal em 12 de dezembro de 2000.

Em Portugal, foi aprovada para ratificação pela Resolução da Assembleia da República n.º 32/2004, ratificada pelo Decreto do Presidente da República n.º 19/2004 e publicada em Diário da República a 2 de abril.

Regulamento (CE) n.º 2580/2001,

de 27 de dezembro

Relativo a medidas restritivas específicas de combate ao terrorismo dirigidas contra determinadas pessoas e entidades, que, em conjunto com o Regulamento (CE) n.º 881/2002, de 27 de maio de 2002 (que determina as sanções das Nações Unidas à rede Al-Qaida e aos talibãs), dá aplicação a uma parte da Recomendação do GAFI sobre o congelamento de ativos pertencentes a terroristas.

É aplicável diretamente no ordenamento jurídico de todos os Esta-dos-membros da União Europeia.

Convenção de Varsóvia, de 16 de

maio de 2005

Convenção relativa ao branqueamento, deteção, apreensão e per-da dos produtos do crime e ao financiamento do terrorismo.

Em Portugal, foi ratificada pela Resolução da Assembleia da Re-pública n.º 82/2009, de 27 de agosto.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Algumas das Principais Medidas Legislativas Adotadas

Regulamento (CE) n.º 1889/2005 do

Parlamento Europeu e do Conselho,

de 26 de outubro de 2005

O Regulamento impõe a qualquer pessoa singular que entre ou saia da União Europeia (UE) com uma soma em dinheiro líquido igual ou superior a 10 000 euros o dever de declarar essa soma às autoridades competentes dos países da UE. O objetivo do Regulamento consistiu na introdução de medidas preventivas para combater o branqueamento e o financiamento do terrorismo através de uma cooperação aduaneira mais eficaz.

Diretiva 2005/60/CE,

de 26 de outubro,e

Diretiva 2006/70/CE,

de 1 de agosto

A 3.ª Diretiva Comunitária nesta matéria (Diretiva 2005/60/CE) veio dar grande relevância a alguns conceitos (por exemplo, Politically Exposed Persons) e implicou alterações relevantes ao nível dos procedimentos.

A Diretiva 2006/70/CE foi publicada para explicitar alguns conceitos, permitindo o esclarecimento de diversas questões suscitadas por esta disposição legal.

Em Portugal, a transposição para a legislação nacional foi efetuada através da Lei n.º 25/2008, de 5 de junho.

Regulamento (CE) n.º 1781/2006,

de 15 de novembro

Definiu o conjunto de informações sobre o ordenante que acompa-nham as transferências de fundos, que dá aplicação à Recomenda-ção do GAFI sobre transferências eletrónicas.

Em Portugal, o Decreto-Lei n.º 125/2008, de 21 de julho, esta-beleceu as medidas nacionais necessárias à efetiva aplicação deste Regulamento.

Diretiva 2007/64/CE,

de 13 de dezembrode 2007

Diretiva relativa aos serviços de pagamento no mercado interno (DSP – Diretiva dos Serviços de Pagamento) que, em conjunto com a Terceira Diretiva sobre Prevenção do Branqueamento e do Finan-ciamento ao Terrorismo, dá aplicação à Recomendação do GAFI sobre remessas de fundos alternativos.

Em Portugal, a transposição para a legislação nacional foi efetuada através do Decreto-Lei n.º 317/2009, de 30 de outubro.

Diretiva (UE) 2015/849,

de 20 de maiode 2015

Foi publicada em 5 de junho de 2015 esta nova Diretiva, que produzirá efeitos a partir de 26 de junho de 2017, revogando as Diretivas 2005/60/CE e 2006/70/CE.

Regulamento (UE) 2015/847,

de 20 de maiode 2015

Legislação comunitária relativa às informações que acompanham as transferências de fundos e que revoga o Regulamento (CE) 178172006. A data de aplicação deste Regulamento deverá coincidir com a transposição da Diretiva (UE) 2015/849.

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A evolução da legislação ao nível do branqueamento, do terrorismo e do financiamento ao terrorismo denota a preocupação que as instâncias internacionais têm a este nível. Esta preocupação tem sido, sobretudo, no sentido de alargar as atividades ilícitas definidas como crimes subjacentes ao branqueamento e ampliar o número de entidades sujeitas à sua deteção. Por outro lado, a experiência destas últimas décadas tem demonstrado que o facto de existir uma moldura penal elevada não é, por si só, dissuasivo da prática do crime organizado. Assim sendo, há antes que desenvolver e aperfeiçoar os métodos de investigação criminal e envolver um maior número de entidades na sua deteção e prevenção.

Neste sentido, pode-se afirmar que o combate ao branqueamento não envolve essen-cialmente a adoção de novas medidas, mas sim o aperfeiçoamento e a efetiva aplicação das medidas já existentes.

Legislação em Vigor em Portugal

Atualmente, estão em vigor as Diretivas 2005/60/CE e 2006/70/CE do Parlamento Europeu e do Conselho que acolheram as Recomendações do GAFI em vigor nessa data.

Note que:

Apesar de já ter sido publicada a 4.ª Diretiva sobre prevenção e repressão do branqueamento e do financiamento ao terrorismo, a sua aplicação só tem efeitos depois de ser transposta para a legislação interna, o que deverá ocorrer até 26 de junho de 2017.

Em Portugal, a transposição das Diretivas 2005/60/CE e 2006/70/CE do Parla-mento Europeu e do Conselho foi efetuada pela Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, que estabeleceu o atual regime de prevenção e repressão ao branqueamento de vantagens de proveniência ilícita, revogando a Lei n.º 11/2004, de 27 de março.

Existem também alguns Regulamentos Comunitários, relevantes neste âmbito, e que são aplicáveis diretamente em Portugal.

Por sua vez, as diversas entidades de supervisão e de fiscalização emitiram igualmente normativos que regulamentam, no respetivo setor, a forma como os deveres devem ser observados pelas entidades sujeitas.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Analise agora a legislação portuguesa mais relevante neste âmbito e que está atualmente em vigor.

Legislação Portuguesa Atualmente em Vigor

Lei n.º 5/2002,

de 11 de janeiro

Estabelece medidas de combate à criminalidade organizada e econó-mico-financeira.

Prevê um regime especial de recolha de prova, quebra do segredo profissional e perda de bens a favor do Estado relativamente a diversos tipos de crime, entre os quais o de branqueamento e o de terrorismo e organizações terroristas.

Lei n.º 11/2002,

de 16 de fevereiro

Define o regime penal do incumprimento das sanções financeiras ou comerciais impostas por Resolução do Conselho de Segurança das Na-ções Unidas ou Regulamento da União Europeia que determinem res-trições ao estabelecimento ou à manutenção de relações financeiras ou comerciais com os Estados, outras entidades ou indivíduos expressa-mente identificados no respetivo âmbito subjetivo de incidência.

Lei n.º 52/2003,

de 22 de agosto

Aprova a Lei de Combate ao Terrorismo em cumprimento da Decisão--Quadro n.º 2002/475/JAI, do Conselho, de 13 de junho.

Portaria n.º 150/2004,

de 13 de fevereiro

Divulga lista de países, territórios e regiões com regime de tributação privilegiada, claramente mais favorável.

Lei n.º 25/2008,de 5 de junho

Estabelece medidas de natureza preventiva e repressiva de combate ao branqueamento de vantagens de proveniência ilícita e ao financiamento do terrorismo (transpõe para o ordenamento jurídico português as Diretivas n.º 2005/60/CE, de 26 de outubro, e n.º 2006/70/CE, de 1 de agosto).

Decreto-Lei n.º 125/2008, de 21 de julho

Estabelece as medidas nacionais necessárias à efetiva aplicação do Regulamento (CE) n.º 1781/2006, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de novembro, relativo às informações sobre o ordenante que devem acompanhar as transferências de fundos.

Portarian.º 150/2013,

de 15 de março

Aprova a lista de países ou jurisdições a que se refere a alínea 8) do artigo 2.º da Lei n.º 25/2008, de 5 de junho, isto é, os países considerados como tendo regimes equivalentes ao nacional no que diz respeito aos requisitos impostos em matéria de prevenção do branqueamento e do financiamento do terrorismo e a respetiva supervisão.

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A primeira intervenção do direito penal português no âmbito do combate ao branqueamento ocorreu quando este começou a surgir associado ao tráfico de estupefacientes. Esta prática movimenta quantias avultadas e, por esse motivo, é, entre outras (nomeadamente a criminalidade económica), uma das atividades por excelência do crime organizado.

A necessidade de combater e punir o branqueamento sentiu-se especialmente quando o crime organizado se começou a expandir. Assim, entendeu-se que uma das formas de o combater seria precisamente a deteção e apreensão dos lucros resultantes desta atividade.

Porém, o branqueamento é uma realidade transnacional e, nessa medida, a sua prevenção e repressão devem assumir uma dimensão universal. É por esse motivo que várias organizações supranacionais têm desenvolvido diversas medidas tendo em vista o combate ao branqueamento e ao financiamento do terrorismo. O seu objetivo é a uniformização da legislação, tendo em vista o aumento da sua eficácia. Se assim não for, os agentes procurarão sempre os países/territórios mais frágeis e permissivos em termos de legislação.

Com efeito, e ao nível da União Europeia, só haverá uma proteção eficaz quando todos os Estados-membros tiverem procedido à transposição das Diretivas e à implementação das medidas adotadas.

Se não existir uniformização, os estados com legislação menos rígida continuarão a ser um alvo privilegiado pelos agentes do crime organizado e do branqueamento. Como facilmente se compreenderá, os agentes que procedem à lavagem de dinheiro ilícito procurarão sempre tirar partido dos países em que existe maior liberdade em termos de movimento de capital e de prestação de serviços financeiros.

Será, desta forma, necessário haver harmonização das medidas adotadas, pois, se apenas alguns países reforçarem a luta contra o branqueamento e o financiamento do terrorismo, o que os agentes deste ilícito criminal irão fazer será deslocar os circuitos para os países onde as medidas de prevenção e repressão são mais flexíveis.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

C) Entidades Relevantes na Prevenção e naRepressão

Se o branqueamento, o terrorismo e o financiamento do terrorismo são fenómenos que envolvem processos internacionais, o combate a essas realidades deve ser feito da mesma forma dos crimes que se pretende eliminar, o que implicará a colaboração do maior número de países possível, e garantindo a homogeneidade das medidas adotadas. Assim, a colaboração internacional de diversas entidades é fundamental para garantir medidas eficazes, sendo importante conhecer qual o papel desempenhado por alguns destes organismos.

GAFI

O branqueamento bem como o financiamento ao terrorismo constituem uma preocupação constante e crescente da comunidade internacional. Este fenómeno adquiriu uma dimensão transnacional, ameaçando a estabilidade da economia a uma escala global.

Para reagir a esse fenómeno foi criado, em 1989, um organismo de caráter intergover-namental, com o objetivo de desenvolver e promover políticas, a nível nacional e inter-nacional, de prevenção e combate ao branqueamento: o Grupo de Ação Financeira – GAFI (na versão inglesa, Financial Action Task Force).

Note que:

O GAFI emitiu, em abril de 1990, um conjunto de Quarenta Recomendações a ter em conta no combate ao branqueamento. Essas Recomendações constituem os prin-cípios básicos e fundamentais a respeitar no âmbito da luta contra o branqueamento.

Divididas em quatro capítulos, as Recomendações do GAFI alertavam sobretudo para as seguintes necessidades:

• A de ratificação da Convenção de Viena sobre o tráfico de estupefacientes e substâncias psicotrópicas;

• A de que o sigilo bancário não entrave a implementação das Recomendações;

• A de cooperação multilateral e internacional;

• O reforço do papel do sistema financeiro na prevenção e luta contra o branqueamento.

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Ao regular este conjunto de aspetos, as quarenta Recomendações do GAFI constituíram um marco fundamental na luta contra o branqueamento.

Em 2001, o mandato do GAFI foi alargado, na sequência dos atentados terroristas de 11 de setembro, tendo sido emitidas nove Recomendações Especiais sobre financiamento do terrorismo, posteriormente desenvolvidas – nomeadamente através de Notas Inter-pretativas – e atualizadas em 2004.

Após o terceiro ciclo de avaliações mútuas por parte dos seus membros, o GAFI reviu e atualizou as suas Recomendações (fevereiro de 2012), e veio colocar uma tónica especial na efetividade dos sistemas de controlo, que serão aferidos nas próximas rondas de avaliação mútua. As alterações abrangem ameaças novas e emergentes bem como clarificam e reforçam muitas das obrigações existentes.

As Recomendações do GAFI (revistas em 1996, 2003 e 2012) constituem uma referência fundamental para todas as organizações, pois foram concebidas para terem uma aplicação universal.

O GAFI teve em consideração que os países possuem diferentes sistemas jurídicos e financeiros, pelo que, reconhecendo que os países não podem adotar medidas específicas de igual forma, o GAFI optou por emitir essas Recomendações e, através delas, enunciar os princípios que devem ser respeitados no combate a algumas tipologias criminais. Assim, os diversos países devem respeitar esses princípios, aplicando-os de acordo com as especificidades das suas legislações, possuindo alguma flexibilidade para os adaptarem em função das suas caraterísticas particulares.

O trabalho desenvolvido pelo GAFI centra-se em três áreas fundamentais:

GAFI – Principais Áreas de Atuação

• Definir programas para a prevenção e combate ao branqueamento, ao financiamento do terrorismo e, mais recentemente, ao financiamento da proliferação de armas de destruição em massa;

• Aferir o nível de cumprimento das Recomendações, junto dos diversos países/territórios;

• Identificar e analisar os métodos utilizados e as tendências no âmbito dos crimes suprarreferidos.

No âmbito da sua atividade, o GAFI controla e avalia o modo como os seus membros aplicam as Recomendações. Além disso, procede à análise da eficácia dos sistemas de combate ao branqueamento, ao terrorismo e ao financiamento do terrorismo. O GAFI publica posteriormente os relatórios referentes às rondas de avaliação mútua.

No seu sítio da internet são disponibilizadas listas dos países e jurisdições com defi-ciências estratégicas no domínio da prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo, estatuto que é atribuído por não serem respeitados os princípios funda-mentais preconizados e divulgados por esta entidade.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

O grande senão é que as Recomendações não vinculam os países fora da OCDE e, mes-mo entre os países em que vinculam, não são aplicadas na íntegra.

É por isso necessário continuar a desenvolver esforços no sentido de difundir estas mensagens em todo o mundo e garantir a aplicação efetiva das Recomendações, tendo o GAFI divulgado a política contra o branqueamento em todos os continentes e desenvolvido estratégias para melhorar a implementação das Recomendações por parte dos membros.

O GAFI tem atualmente como membros:

• Duas entidades internacionais: Comissão Europeia e Conselho de Cooperação do Golfo;

• Trinta e quatro países ou territórios: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, China, Dinamarca, Espanha, EUA, Finlândia, França, Grécia, Hong Kong (China), Índia, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, República da Coreia, Rússia, Singapura, Suécia, Suíça e Turquia.

Portugal é membro ativo do GAFI desde 1990, tendo o seu sistema preventivo e repressivo do branqueamento sido avaliado em três ocasiões, respetivamente em 1994, 1999 e 2006.

O GAFI é, assim, um organismo intergovernamental independente que ela-bora e promove políticas para proteger o sistema financeiro mundial do branqueamento, do financiamento do terrorismo e do financiamento da pro-liferação de armas de destruição massiva. As Recomendações do GAFI são reconhecidas como os padrões mundiais em matéria de anti branqueamento (ABC) e de combate ao financiamento do terrorismo (CFT).

Em fevereiro de 2013 foram divulgadas duas publicações do GAFI com especial relevância:

• Orientações sobre a avaliação nacional dos riscos de branqueamento e de financiamento do terrorismo;

• Metodologia para a avaliação da conformidade com as recomendações do GAFI e da eficácia dos sistemas Antibranqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do Terrorismo (ABC/CFT).

Além dos aspetos referidos, o GAFI tem apoiado e encorajado a criação de outros orga-nismos regionais semelhantes.

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Exemplos de Outros Organismos e Organizaçõesde Combate ao Branqueamento

• Asia/Pacific Group on Money Laundering (APG);

• Caribbean Financial Action Task Force (CFATF);

• Eastern and Southern Africa Anti-Money Laundering Group (ESAAMLG);

• Eurasian Group (EAG);

• Financial Action Task Force on Money Laundering in South America (GAFISUD)1;

• Inter Governmental Action Group against Money Laundering in West Africa (GIABA);

• Middle East and North Africa Financial Action Task Force (MENAFATF).

1

O objetivo destes organismos é o de facilitar a adoção, implementação e reforço das medidas e práticas internacionais de combate ao branqueamento, em especial as Recomendações do GAFI. Estas constituem um ponto de referência para todas estas organizações, pois há a consciência de que só através de uma política global concertada é possível atingir os seus objetivos.

EUROPOL, INTERPOL e UCI

EUROPOL (European Law Enforcement Agency) é a sigla utilizada para designar o Serviço Europeu de Polícia. A Europol é, portanto, um serviço europeu de polícia incumbido do tratamento e intercâmbio de informação criminal. O seu objetivo consiste em melhorar a eficácia e a cooperação entre os Estados-membros no domínio da prevenção e do combate a formas graves de criminalidade organizada de dimensão internacional.

A INTERPOL é a maior organização policial internacional do mundo, tendo como membros cerca de 190 países. Um dos principais objetivos desta organização é permitir e facilitar a cooperação de polícias em todo o mundo, através da disponibilização de infraestrutura de alta tecnologia de apoio técnico e operacional que ajuda a enfrentar os desafios crescentes de combate ao crime.

Note que:

Em Portugal, a Unidade de Cooperação Internacional, designada abreviadamente pela sigla UCI, assegura o funcionamento da Unidade Nacional da EUROPOL e do Gabinete Nacional INTERPOL, para os efeitos da missão da Polícia Judiciária e para partilha de informação com outros órgãos de polícia criminal.

1 A GAFISUD é uma organização intergovernamental de base regional, constituída por diversos países da América do Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai) e cujo objetivo é combater a lavagem do dinheiro e o financiamento do terrorismo através dos lucros gerados pela prática de atividades criminosas. Além dos países membros da GAFISUD, esta organização tem como observadores diversas entidades e países (entre eles, Portugal).

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária

A Unidade de Informação Financeira (UIF), em Portugal, foi instituída pelo Decreto--Lei n.º 304/2002, de 13 de dezembro.

Sabia que…

A Unidade de Informação Financeira (UIF) em Portugal está integrada na Polícia Judiciária mas nem sempre as FIU (Financial Intelligence Units, na versão inglesa) têm cariz policial.

A UIF é a unidade central nacional que tem como competências:

• A nível nacional:

– Recolher, centralizar, tratar e difundir a informação respeitante à prevenção e inves-tigação dos crimes de branqueamento de vantagens de proveniência ilícita, finan-ciamento do terrorismo e dos crimes tributários;

– Assegurar, no plano interno, a cooperação e articulação com a autoridade judiciária, com as autoridades de supervisão e de fiscalização e com as entidades financeiras e não financeiras, previstas na Lei n.º 25/2008, de 5 de junho;

• No plano internacional:

– A cooperação com as unidades de informação financeira ou estruturas congéneres.

Grupo Egmont

Reconhecendo a importância da cooperação internacional na luta contra o branqueamento e o financiamento do terrorismo, um grupo de Unidades de Informação/Inteligência Financeira (UIF) reuniu-se no Palácio d’Egmont Arenberg, em Bruxelas, na Bélgica, e decidiu criar uma rede informal de UIF para a estimulação da cooperação internacional.

Designado por Egmont Group of Financial Intelligence Units, na versão inglesa, atualmente esta organização é conhecida como o Grupo Egmont, sendo exclusivamente composto por Unidades de Informação Financeira.

As entidades pertencentes ao Grupo Egmont reúnem-se regularmente para encontrar formas de promover o seu desenvolvimento e para cooperar, especialmente nas áreas de intercâmbio de informação, formação e partilha de conhecimentos. O Grupo Egmont tem evoluído ao longo dos anos e, em 2013, era composto por 139 membros UIF.

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Grupo Wolfsberg

O Grupo Wolfsberg é um conjunto de bancos que se associaram para desenvolver e divulgar padrões da indústria de serviços financeiros e produtos conexos, diretamente relacionados com políticas de prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo, bem como procedimentos sobre conhecer o cliente (Know Your Customer) e conhecer a contraparte (Know Your Partner).

O grupo reuniu-se em 2000, no Château Wolfsberg, no nordeste da Suíça, na companhia de representantes da International Transparency (organização que divulga, em especial, o “Índice sobre Perceção de Corrupção”), para trabalhar na elaboração de diretrizes sobre prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo adequadas ao setor financeiro.

As designadas Normas Wolfsberg integram vários conjuntos de princípios sobre prevenção do branqueamento e do financiamento ao terrorismo, bem como declarações relacionadas, emitidas pelo Grupo desde a sua criação.

Outras Entidades e Organizações Relevantes

As entidades de supervisão e de fiscalização desempenham um papel fundamental neste âmbito ao emitirem normativos que definem, para o respetivo setor, a forma como devem ser cumpridos os diversos deveres previstos na Lei n.º 25/2008, de 5 de junho.

Estas entidades também divulgam, tal como a Unidade de Informação Financeira e algumas Autoridades Judiciárias, alertas sobre tipologias de branqueamento e de financiamento do terrorismo a que as entidades sujeitas aos deveres de prevenção destas tipologias de crimes devem estar especialmente atentos.

Já foi referido que, além da necessária harmonização legislativa, é fundamental o desenvolvimento da cooperação internacional entre as diversas entidades que, no âmbito das atividades que realizam, promovem e auxiliam o combate ao branqueamento.

São exemplos de entidades que também colaboram na luta contra o branqueamento e o financiamento do terrorismo a Organização Mundial das Alfândegas e o Órgão Interna-cional de Controlo de Estupefacientes (OICE).

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

No que concerne à Organização Mundial das Alfândegas, tem-se verificado que a cooperação aduaneira, quer regional, quer internacional, tem tido efeitos dissuasores na prática do crime de branqueamento. Por esse motivo, é essencial incrementar a cooperação entre as autoridades aduaneiras, de forma a impedir a prática de ações criminosas. Isso é tanto mais importante quando se verifica que uma das formas utilizadas para lavar dinheiro é a movimentação do dinheiro sujo através de diversas fronteiras. Essa movimentação é facilitada pelo facto de não haver fronteiras na União Europeia e, fora dela, pelo facto de não existirem controlos rigorosos que permitam identificar a origem do capital.

O Órgão Internacional de Controlo de Estupefacientes (Internacional Narcotics Control Board, na versão inglesa) é o órgão de controlo independente para a aplicação das convenções internacionais de controlo de drogas das Nações Unidas.

O branqueamento é um fenómeno que assume cada vez mais expressão em todo o mundo, pelo que é necessário desenvolver medidas eficazes de combate a essa prática ilícita e criminosa. De facto, estamos perante um fenómeno com implicações à escala internacional, constituindo uma verdadeira ameaça para a estabilidade das economias mundiais.

A adoção de medidas preventivas adequadas é a única forma de combater este crime, pelo que é fundamental conhecer em pormenor quais os métodos utilizados no branqueamento, bem como no financiamento do terrorismo.

Agora que terminou este módulo, realize os exercícios seguintes.

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� Exercícios

1. Indique uma das principais diferenças entre o branqueamento e o financiamento do terrorismo.

2. Complete as seguintes frases escolhendo, entre as diversas hipóteses abaixo indicadas a expressão que completa corretamente cada uma das afirmações.

1. Em regra, o financiamento ao terrorismo envolve transações com valores _______________________, mas que são _________________ no tempo.

2. A Diretiva ________________, que está atualmente em vigor, veio dar grande relevância a alguns conceitos e implicou alterações relevantes ao nível dos procedimentos, tendo sido complementada posteriormente pela Diretiva ______________________.

Hipóteses para escolha:

– reduzidas

– 2006/70/CE

– pouco elevados

– prolongadas

– 2001/97/CE

– muito elevados

– 2005/60/CE

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

3. Classifique cada uma das seguintes afirmações como verdadeira ou falsa.

V F

1. Compete ao GAFI a definição de programas para a prevenção do branqueamento e do financiamento, quer do terrorismo, quer da proliferação de armas de destruição massiva.

2. A Europol é a maior organização policial internacional do mundo.

3. A UIF é a entidade que recolhe, centraliza, trata e difunde, a nível nacional, a informação respeitante à prevenção de investigação dos crimes de branqueamento e financiamento ao terrorismo.

4. Só existe crime de branqueamento se os factos tiverem sido praticados no território nacional.

5. O crime subjacente ao branqueamento pode ser qualquer um dos crimes previstos no Código Penal, desde que a pena de prisão aplicável a esse crime tenha uma duração mínima superior a seis meses ou uma duração máxima superior a cinco anos.

6. É punido com pena de prisão de 2 a 12 anos quem facilitar alguma operação de conversão ou transferência de vantagens com o fim de dissimular a sua origem ilícita.

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4. Descubra nesta sopa de letras sete exemplos de atividades ilícitas associadas ao branqueamento. Estas atividades podem encontrar-se na vertical, horizontal e diagonal.

À medida que vai descobrindo essas atividades, registe-as no espaço ao lado.

• _________________________

• _________________________

• _________________________

• _________________________

• _________________________

• _________________________

• _________________________

I W C O R R U P Ç Ã O N L G T Z O K M L E N O C Í N I O M D W Y E G L X I C Q N O P J P L H C T

T G H S J K G B C O V S S S K T

K D W Y F R K E T Y E Z O F W T

J L S C D F Y P B F D J B L I D

J J U M U O A F O R I O Y X Z G

Z A K U G R A F S E G F S E K E G K M R Q A V U Y S R B U O C V F R A U D E - F I S C A L Z F U L O L T E M R O R I S T O T V F J T R Á F I C O - A R M A S G D

T Q X N R E J V P M Q B M G C B S Z U N E X T O R S Ã O G W T R

F I S G U J L S X G M S K H V H P M B N S P E C U L A T O K S B

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

Soluções dos Exercícios

1. No âmbito da prevenção do branqueamento deve atender-se, em especial, à origem dos fundos, ainda que o sinal de alerta possa surgir também no destino que está a ser dado a esses capitais e/ou bens; já no financiamento ao terrorismo, inversamente, o que se pretende sempre é ocultar o destino dos fundos, uma vez que os capitais utilizados para a prática de atos terroristas tanto podem ser de origem lícita como ilícita.

2. 1. Em regra, o financiamento ao terrorismo envolve transações com valores pouco elevados, mas que são prolongadas no tempo.

2. A Diretiva 2005/60/CE, que está atualmente em vigor, veio dar grande relevância a alguns conceitos e implicou alterações relevantes ao nível dos procedimentos, tendo sido complementada posteriormente pela Diretiva 2006/70/CE.

3. 1. Verdadeira

As principais áreas de atuação de GAFI traduzem-se em:

• Definir programas para a prevenção e combate ao branqueamento, ao finan-ciamento do terrorismo e, mais recentemente, ao financiamento da prolifera-ção de armas de destruição em massa;

• Aferir o nível de cumprimento das Recomendações, junto dos diversos países//territórios;

• Identificar e analisar os métodos utilizados e as tendências no âmbito dos crimes suprarreferidos.

2. Falsa

A maior organização policial internacional do mundo é a Interpol. A EUROPOL é a sigla utilizada para designar o Serviço Europeu de Polícia.

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3. Verdadeira

A UIF tem como competências:

• Recolher, centralizar, tratar e difundir, a nível nacional, a informação respeitan-te à prevenção e investigação dos crimes de branqueamento de vantagens de proveniência ilícita, financiamento do terrorismo e dos crimes tributários;

• Assegurar, no plano interno, a cooperação e articulação com a autoridade judiciária, com as autoridades de supervisão e de fiscalização e com as entidades financeiras e não financeiras, previstas na Lei n.º 25/2008, de 5 de junho; e,

• No plano internacional, a cooperação com as unidades de informação financei-ra ou estruturas congéneres.

4. Falsa

Nos termos do art.º 368.º-A n.º 4 do Código Penal, existe crime de branqueamento mesmo que os factos tenham sido praticados fora do território nacional.

5. Verdadeira

O Código Penal enumera um conjunto de crimes subjacentes ao crime de branqueamento, tais como a extorsão, o tráfico de armas, a corrupção, o peculato, a fraude fiscal, entre outros. Mas além desses crimes que enuncia, o legislador estipula que o crime associado ao crime de branqueamento pode ser qualquer outro, desde que tenha como pena aplicável uma pena de prisão de duração mínima superior a seis meses ou de duração máxima superior a 5 anos.

6. Verdadeira

O crime de branqueamento abrange as situações em que alguém facilita alguma operação de conversão ou transferência de vantagens com o fim de dissimular a sua origem ilícita. A punição aplicável é a pena de prisão de 2 a 12 anos.

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PREVENÇÃO DO BRANQUEAMENTO E DO FINANCIAMENTO AO TERRORISMO – ENQUADRAMENTO

4.

I W C O R R U P Ç Ã O N L G T Z O K M L E N O C Í N I O M D W Y E G L X I C Q N O P J P L H C T

T G H S J K G B C O V S S S K T

K D W Y F R K E T Y E Z O F W T

J L S C D F Y P B F D J B L I D

J J U M U O A F O R I O Y X Z G

Z A K U G R A F S E G F S E K E G K M R Q A V U Y S R B U O C V F R A U D E - F I S C A L Z F U L O L T E M R O R I S T O T V F J T R Á F I C O - A R M A S G D

T Q X N R E J V P M Q B M G C B S Z U N E X T O R S Ã O G W T R

F I S G U J L S X G M S K H V H P M B N S P E C U L A T O K S B

• Rapto

• Lenocínio

• Extorsão

• Corrupção

• Peculato

• Tráfico-Armas

• Fraude-Fiscal

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