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Órgão da Corrente O Trabalho do Partido dos Trabalhadores – Seção Brasileira da 4 a Internacional www.otrabalho.org.br R$ 4,00 (solidário R$ 5,00) n o 765 – 7 a 21 de maio de 2015 MP 665: bancada do PT vota contra os trabalhadores PREPARAR A PARALISAÇÃO NACIONAL DE 29 DE MAIO Paraná: contra a repressão aos professores, 25 mil no estádio gritam: FORA BETO RICHA No 1 o de Maio, Vagner, da CUT colocou em votação a paralisação, rumo à greve geral. MAIS DO QUE NUNCA:

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Órgão da Corrente O Trabalho do Partido dos Trabalhadores – Seção Brasileira da 4a Internacional www.otrabalho.org.br R$ 4,00 (solidário R$ 5,00) no 765 – 7 a 21 de maio de 2015

MP 665: bancada do PT vota contra os trabalhadores

PREPARAR APARALISAÇÃONACIONAL DE29 DE MAIO

Paraná: contra arepressão aos

professores, 25 milno estádio gritam:FORA BETO RICHA

No 1o de Maio, Vagner, da CUT colocou em votação aparalisação, rumo à greve geral.

MAIS DO QUE NUNCA:

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2 O TRABALHO ■ 7 a 21 de maio de 2015Juventude

Congresso da UNE, o que está em jogo?Juventude Revolução apresenta a tese “UNE é Pra Lutar”, contra os cortes na educação

De 3 a 7 de junho ocorre emGoiânia o 54o Congresso da

UNE, cujos delegados vêm sendoeleitos desde abril.

O congresso se realiza em meio aoscortes de verbas da educação, deter-minados pelo Plano Levy, que levamas universidades públicas, desde oinicio do ano, a enfrentar sérias difi-culdades: contas atrasadas, diminui-ção do número de bolsas e paralisa-ção de obras de expansão. Já para osalunos das privadas, o corte afetou oFIES, o governo acaba de anunciarque cerca de 250 mil não terão aces-so ao financiamento, porque “aca-baram os recursos”!

A direção da UNE, até agora, nãochamou nenhuma mobilização,embora tenha condenado os cortes.

Os militantes da Juventude Revolu-ção e estudantes comprometidos coma tese “UNE é pra Lutar”, defendem anecessidade da UNE organizar a lutapara exigir de Dilma a reversão doscortes e o fim do plano Levy, com um

calendário de mobilização. É o prin-cipal combate desse congresso.

Um combate que enfrenta, de umlado, a política da direção da UNE(UJS/PCdoB), subordinada ao gover-no, que fala que principal luta é a“defesa da democracia”, descoladadas reivindicações concretas, paraproteger a política econômica dogoverno. Por outro lado, a posição

sectária da oposição deesquerda (Juntos/PSOL),leva à divisão, com a li-nha de “derrotar Dilmae o PT”, fazendo corocom os setores mais rea-cionários.

A Juventude Revoluçãoleva ao congresso a ne-cessidade da unidade dosestudantes com a classetrabalhadora e suas orga-nizações, para defenderos direitos da juventudee dos trabalhadores e fa-zer frente à ofensiva rea-

cionária e a política de ajuste fiscal.Com a CUT, a FUP, o MST, a CMP

e partidos políticos, entidades e or-ganizações do movimento popular,a UNE deve organizar a luta, se soli-darizando à exigência dirigida à pre-sidente Dilma de veto ao PL 4330 econtra as MPS 664 e 665. A UNEdeve integrar também a campanhaem defesa da Petrobrás, ameaçada

pela operação Lava Jato. Corrupçãose combate com uma constituintepara a reforma política.

Com essas posições, a JuventudeRevolução compõe neste congresso,o “campo popular”, com o LevantePopular, Articulação de Esquerda,EPS, Mudança e Estopim.

Os três mil delegados previstospara o congresso não refletem umasólida organização do movimentoestudantil. Na maioria das universi-dades não há centros acadêmicos ecentrais de estudantes (DCEs). Sãomais de sete milhões de estudantesde ensino superior no Brasil mas,atualmente, muitos nem sequer sa-bem o que é a UNE.

Para recuperar sua capacidade deorganização, mobilização e luta, serápreciso colocar a UNE pra Lutar emdefesa dos interesses dos estudantese, junto com os trabalhadores, nadefesa dos direitos e da soberanianacional.

Luã Cupolillo

--“Redução da maioridade penal não é saída”É preciso atacar as causas da violência e não jogar jovens de 16 anos nas cadeias

O Congresso Nacional discute aredução da maioridade penal,

um tema que tem gerado confusão,inclusive na juventude. O Trabalhoouviu Aline Ogliari, Secretária Na-cional da Pastoral da Juventude queestá na luta contra a redução. Entre-vista feita por Priscilla Chandretti.

O Trabalho – Como a juventuderecebe a questão da redução, ela en-contra apoio?

Aline Ogliari – É necessário com-preender que há um sistema que con-centra e distorce as informações con-forme seus interesses. A mídia e todoo sistema manipulam, ao ponto defazer com que entre as principais pes-soas que serão atingidas e vitimadascom a redução, há os que passem aacreditar e defender a medida, semavaliar de fato as consequências queisso traz. Ou seja, há uma parcela dajuventude que acredita que a reduçãoseja uma saída para os tantos proble-mas que existem e que possam vir ase envolver no tema.

Porém, também há uma parcela sig-nificativa de juventude, especialmentea que convive dia a dia com as con-tradições do sistema e que sente napele a sua estrutura violenta, que rea-ge de forma crítica e organizada paraque a proposta não avance.

OT – Quais os argumentos paraconvencer os jovens que a reduçãonão é a saída?

AO – Talvez não seja convencer,mas apresentar elementos do “outrolado” que possibilite uma posiçãomais fundamentada, mesmo quepermaneça favorável, se isso aindafor possível.

No senso comum, se generaliza aideia de que a maioria dos crimes sãocometidos por adolescentes devidoa impunidade – e aí se usa da como-ção de exemplos para atingir as pes-soas; em sequência o desejo de sepunir (antes mesmo de assegurar osdireitos de fato), acreditando queassim a violência irá se reduzir.

É preciso desconstruir esses argu-mentos de que a redução é a respostae a solução para problemas que sãofrutos de uma sociedade baseada econstruída historicamente nas estru-turas de desigualdade, de exploração,e exclusão. Isso é tratar a consequên-cia ao invés de tratar a causa. Se base-ar em números reais, de fontes segu-ras e dar visibilidade para eles, comoo fato de que apenas 0,01% dos ado-lescentes no Brasil estar cumprindoalguma das medidas socioeducativasprevistas no Estatuto da Criança e doAdolescente (ECA).

A dimensão jurídica, do fato de serconstitucional ou não, é algo queprecisa ser abordado, mas não deveser tida como a primeira opção. Temuma iniciativa muito interessanteque se chama “18 razões para ser

contra a redução da maioridade pe-nal”. São 18 argumentos construídos,de forma concisa e fundamentada,para a abordagem mais popular.

Outra coisa que precisa ser eviden-ciada é a falência do sistema carce-rário brasileiro, e todo o seu caráterseletivo. Ainda que soe repetitivo, eleé uma verdadeira escola do crime,onde as facções criminosas que gi-ram no entorno dele são compostaspor políticos, por policiais militarese grandes traficantes.

OT – A PJ tem realizado ativida-des contra a redução?

AO – A metodologia da PJ é do pro-cesso, do trabalho de base intenso,além de uma articulação em rede; eaí, se parte para ações concretas e devisibilidade, por menores que sejam.O importante é valorizar toda e qual-

quer iniciativa que os e as jovens, lános seus grupos, fazem.

Juntamente com as outras Pasto-rais da Juventude [do Meio Popular,Estudantil e Rural], desde 2009 te-mos a Campanha Nacional Contraa Violência e Extermínio de Jovens.Um dos eixos que a PJ aborda naCampanha é a redução da maiori-dade penal.

Em 2012, a Semana da Cidadania,uma atividade permanente das PJs,foi sobre isso. Elaboramos rodas deconversa para serem discutidas nosgrupos de base.

De forma específica, seguimos naelaboração de materiais para grupos,além de diversas publicações em di-ferentes formas e dimensões para asabordagens. E é nesse sentido quetemos feito nossas iniciativas.

A ANPG, realizou caravana aBrasília, por mais direitos,aumento de bolsas e pelo fim doplano Levy. Na foto, Tamara eFlecha (presidente e vice daANPG), ao centro Luiz Cláudiosecretário executivo do MEC.A mobilização, conseguiu ocompromisso do MEC deestabelecer uma rodada denegociações de maio a julho.

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37 a 21 de maio de 2015 ■ O TRABALHO Editorial

Quem somos

O jornal O TRABALHO é o órgão da Corrente O Trabalho do PT, seção brasileira da 4a

Internacional. Sua edição no 0 foi lançada em 1o de maio de 1978, em plena ditaduramilitar. Um jornal a serviço da luta dos trabalhadores, no Brasil e no mundo, ele semantém fiel deste então à luta pelo fim do capitalismo, pela emancipação dos traba-lhadores que será obra dos próprios trabalhadores. Em toda sua história, manteve ocompromisso assumido em 1o de maio de 1978: “um jornal independente dos patrões,de seus partidos e governo”. É por isso que ele se sustenta, exclusivamente, pelavenda junto aos trabalhadores e jovens, os nossos leitores. Ele é vendido de mão emmão ou por assinaturas e toda arrecadação é para manter o próprio jornal.Site: www.otrabalho.org.br Facebook: www.facebook.com/jornalotrabalhoArte: Antônio do Amaral Rocha

Memória

1O DE MAIO DE 1981 EM SÃO BERNARDO

Muitos esperavam que o apare-

lho controlado pela Unidade

Sindical fosse fazer com que o ato

por ela promovido na Praça da Sé,

em São Paulo, conseguisse atrair

mais a atenção dos trabalhadores

que o ato promovido em São Ber-

nardo. Mas aconteceu justamente o

contrário. (...) os sindicatos que con-

vocaram juntamente com o PT o ato

de 1o de maio do ABC conseguiram

reunir mais de 10 mil trabalhado-

res e jovens (...). Este foi o resulta-

do de um chamamento de classe,

de trabalhador para trabalhador,

realizado para o ato do ABC – dife-

rentemente do realizado na Sé, mais

voltado para pelegos e representan-

tes da burguesia.

O Trabalho no 104 – 6/5/1981

É possível derrotar o “ajuste”O

que há de comum entre a votação dasMedidas Provisórias 664 e 665 do Plano

Levy e a impactante greve dos professores doParaná contra o roubo da sua previdência?

A primeira coisa é que a repressão da mobi-lização, tal como a cooptação e desmoraliza-ção das organizações, são meios que diferen-tes governos dispõem para impor o “ajuste” eassim tentar salvar o sistema capitalista emcrise. É o que se pode ver agora também noBrasil, jogado no turbilhão mundial.

A segunda coisa em comum, é que as vota-ções reacionárias na Câmara dos Deputadosde Eduardo Cunha (na MP 665) e na Assem-bléia Legislativa do Paraná (no PL 252), indi-cam o aprofundamento do fosso entre as ins-tituições e o povo, entre a representação e osrepresentados, fosso revelado nas manifesta-ções de junho de 2013.

A terceira coisa em comum, a mais impor-tante, é que apesar de uma certa confusão aquestão não acabou, pois a força da mudan-ça está na luta do povo trabalhador nas ruas,buscando se apropriar de suas organizações.

A exemplar agenda da CUT, com outras or-ganizações e movimentos populares, está aímesmo para mostrar: no histórico 1o de Maio

de 2015, se convocou uma Paralisação no pró-ximo dia 29 contra as MPs 664-665 e o PL4330 “rumo à greve geral”. E a CUT tem razãode convocar esse movimento.

É essa a força que pode enfrentar e vencer o“ajuste” de Levy! É ela força que está por trásda crise na bancada do PT na questão das MPs,onde finalmente 15% dos deputados nãoacompanharam o vergonhoso voto da maio-ria da bancada na MP 665.

É essa força que, no próximo Congresso doPT, em junho, pode incidir e abrir uma pers-pectiva ao PT hoje desorganizado pela pró-pria política de sua direção e ameaçado de“extinção” pelos inimigos de classe.

Desde já, os instrumentos dos golpistas es-tão, de um modo, no PSDB e, de outro, no“aliado” PMDB, seja para a contrarreformapolítica, ou para a revisão do regime de par-tilha do pré-sal, como para a aprovação doPL 4330 e, ao fim e ao cabo, para apoiar oPlano Levy.

Nada disso é aceitável, nada disso é nego-ciável! Nos direitos e conquistas sociais e na-cionais não se mexe!

Por todas essas razões, como sabem os pro-fessores do Paraná que enfrentaram e abriramuma crise no governo Richa, a continuaçãoda mobilização independente é o único ca-minho para defender os direitos e avançar.

Do mesmo modo, no plano nacional, o êxi-to da paralisação do dia 29 de maio é da maiorimportância, uma questão da sobrevivênciada classe trabalhadora que começa a ser atin-gida pela recessão do Plano Levy.

Desde já, O Trabalho, junto com os com-panheiros do Diálogo e Ação Petista, talcomo fizemos no 1o de Maio, nos engajamossem titubear no sucesso da paralisação con-tra as MPs 664-665, o PL 4330 e o fator pre-videnciário.

Junte-se a nós!

Carta aos Leitores37 anos do jornal O Trabalho

Finalmente, é essa força também que podeabrir uma saída alternativa à do suicídio polí-tico do próprio governo Dilma, o qual, oubusca nela o único verdadeiro apoio que podeter e muda a sua política econômica, ou conti-nua e terminará lamentavelmente cedendo emtodos os terrenos às exigências dos golpistas.

NOS DIREITOS E CONQUISTASSOCIAIS NÃO SE MEXE

Em 1o de Maio de 1978 era publica-do o numero zero do jornal O Tra-

balho, para reportar a luta dos traba-lhadores, com o compromisso de de-fender a independência da classe, naluta por seus interesses. Nesses 37 anosnos mantivemos ao lado dos trabalha-dores do Brasil e do mundo, com essemesmo compromisso.

No início da década de 1980, no pro-cesso de combate contra a ditadura mi-litar, a partir da ação das massas, e dadecisão da classe em construir suaspróprias organizações, surgia o Parti-do dos Trabalhadores e a CUT.

Em maio de 1980, três meses depoisda fundação do PT, a edição no 59, re-gistrava: “foi o maior 1o de Maio detodos os tempos: 120 mil trabalhado-res, estudantes e suas famílias toma-ram as ruas, praças e o Estádio de SãoBernardo, para manifestar seu apoio àgreve dos metalúrgicos e seu desejo deacabar com a ditadura. Este 1o de Maiorepisou uma velha lição: a unidade dostrabalhadores obriga a ditadura a re-cuar. São Bernardo amanheceu sitia-da e ocupada por cavalos, caminhões,soldados, cães e helicópteros. A dita-dura não escondia seus planos: impe-dir a realização da manifestação. Mas,em apenas 25 minutos, a ditaduracompreendeu que, dessa vez, ela é queseria obrigada a recuar. Por isso mes-

mo, as tropas saíram correndo da ci-dade”. Três anos depois, seria criada aCUT.

Em maio de 2015, nosso jornal, aos37 anos, reporta e ajuda a organizar aluta dos trabalhadores, com a CUT,contra os ataques do Congresso, comoo PL 4330, e o plano Levy, do gover-no, como as MPs 664 e 665.

Nessas três décadas mantivemosnosso compromisso porque temoscomo princípio a independência fi-nanceira. Nosso financiamento é ex-clusivamente garantido pela vendamilitante. Cada exemplar pago por umtrabalhador, um jovem, um militantedo movimento popular, cada assina-tura feita, é isso que nos sustenta.

Novo preço: desde 2012 viemosmantendo o preço do exemplar em R$3,50. Reajustes necessários no orça-mento, a partir da elevação dos custosde produção, nos obriga a elevar, apartir dessa edição, o preço a R$ 4,00.

Campanha de assinaturas: come-morando nossos 37 anos, reforçamoso combate pela nossa independênciafinanceira, realizando nesse mês demaio, uma campanha de assinaturassolidárias, pedindo a contribuição deR$150,00. Convidamos nossos leito-res que ainda não têm sua assinaturaa nos ajudar.

Comitê de redação

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Petrobras: ofensiva contra o regime de partilhaMultinacionais pressionam pela volta do regime de concessão de FHC

Aescolha pelo regime de partilha,no governo Lula, trouxe proble-

mas desde o início. Já a concessãotorna a Petrobras mais eficiente”. Éo que diz Aloysio Nunes Ferreira, se-nador pelo PSDB-SP, autor do pro-jeto de lei do Senado no 417/14 queextingui o regime de partilha para oscontratos de exploração do petróleodo Pré-sal. Segundo ele, o esquemade propinas investigado pela Opera-ção Lava a Jato dificulta a Petrobrasviabilizar seus planos de negócio.

Em 2010, o governo Lula aprovouo regime de partilha, que estabele-ceu que a produção nessa área temque ser compartilhada pelo consór-cio vencedor e a União, com contro-le da Petrobras, como operadoraúnica, ou com uma participação deno mínimo 30%. Estabeleceu tam-bém a obrigatoriedade de compo-nentes nacionais para a exploraçãodo Pré-sal, e a criação de um FundoSocial com designação dos recursosobtidos para educação, saúde, ciên-cia e tecnologia.

As duas gigantes do setor, Exxon eChevron, que desistiram de partici-par da disputa no último leilão, ago-ra, se aproveitando da operação Lavaa Jato, voltam a pressionar pelo fimdo regime de partilha. A diretora-ge-ral da Agência Nacional do Petróleo(ANP), Magda Chambriard e o Mi-

nistro de Minas e Energia, EduardoBraga (PMDB da base “aliada”), tam-bém se posicionaram favoravelmen-te à revisão do regime de partilha emHouston (Texas-EUA), na reunião daindústria de petróleo em mar, para aprincipal feira do setor, a OTC(Offshore Tecnology Conference)onde lançou a 13a rodada de licita-ção de áreas de petróleo sob regimede concessão prevista para ocorrerem junho.

Shell, Exxon e Chevron queremtambém acabar com a regra de con-teúdo local para os atuais regimes deconcessão, na qual o compromisso deaquisição de bens e serviços de em-

presas nacionais garante vantagemnos leilões para aquisição de áreasexploratórias. Jorge Camargo, ex-exe-cutivo da norueguesa Statoil, defen-deu que o índice de nacionalizaçãoseja retirado da composição do lancedas petroleiras no leilão. Atendendoao pedido das petroleiras, a diretorageral da ANP, Magda, declarou queessas mudanças poderão ser aplica-das já nessa rodada 13a rodada de li-citações de blocos exploratórios.

Por outro lado a política de ajustefiscal já leva a diretoria da Petrobrásfalar em “buscar sócios com conhe-cimento tecnológico para áreas dopré-sal ainda fora de produção e com

4 Nacional

elevado risco exploratório, venden-do-lhes parte dos blocos, para pre-servar o caixa e reduzir o investimen-to” (leia-se fazer superávit primário).

Defender a Petrobras

Contra essa política, com base nosinteresses dos trabalhadores e danação, o coordenador da FederaçãoÚnica dos Petroleiros (FUP), JoséMaria Rangel, disse que apesar doprejuízo apresentado, a Petrobras au-mentou a sua produção em 5%, pas-sando a produzir mais de 600 milbarris no Pré-Sal, com condições devoltar a captar recursos para finan-ciar os seus projetos. “Para o PSDBque tentou privatizar a empresa, quesucateou a companhia e tem com-promissos com as multinacionais,ver o Brasil destinando verbas paraeducação e saúde é a morte. Para issovão inventar de tudo, inclusive in-ventar que a empresa não tem capa-cidade de investimento. A Petrobrastem condições de investir e, alémdisso, possui um corpo técnico fan-tástico. Insistem em denegrir a ima-gem da Petrobras, querendo entregaro nosso petróleo para as empresasestrangeiras.”, disse Zé Maria, lem-brando que mesmo assim em recen-te pesquisa a população se posicio-nou contra a sua privatização.

Nilton de Martins

É hora de barrar a PEC 352Congresso se prepara para votar uma contrarreforma política

Em mais um lance da ofensiva rea-cionária que vem do atual Con-

gresso Nacional, o presidente da Câ-mara, Eduardo Cunha, prepara a vo-tação da Proposta de Emenda Cons-titucional (PEC) 352, da contrarre-foma política. A previsão é que elavá a voto em plenário na última se-mana de maio.

Na contramão da reforma políticanecessária, essa PEC começou a serelaborada em 2013, em oposição àproposta de Constituinte para o sis-tema político que crescia como res-posta à situação aberta com as mobi-lizações de junho/julho daquele ano.O ex-deputado Candido Vaccarezza,à época do PT, por decisão de Eduar-do Alves (PMDB), então presidenteda Câmara, coordenou o grupo detrabalho que apresentou a PEC. Hoje,com o apoio entusiasta do PMDB, elatem como relator o deputado Marce-lo Castro (PMDB-PI).

Batizada como “PEC da corrup-ção”, a proposta constitucionaliza ofinanciamento empresarial de cam-panhas que representa o maior ce-

leiro da corrupção no país e dá aopoder econômico o controle sobreos resultados eleitorais. A PEC pro-põe que os partidos políticos possamoptar entre o financiamento públi-co, empresarial ou ambos.

Outra modificação introduzida poressa contrarreforma é o voto distrital.Nos distritos eleitorais a serem defi-nidos pelo Tribunal Eleitoral, seriameleitos os candidatos mais votados (eaqui o poder econômico vai pesar),acabando com a proporcionalidadedos votos obtidos pelos partidos.Além de acabar com o voto de opi-nião e o voto proporcional, pois cadaeleitor só poderá votar nos candida-tos de seu distrito, e só o que obtivermaioria é eleito, o voto distrital es-maga os partidos minoritários.

Mau sinal

O PT corretamente defende o votoem lista (voto no partido que ordenaa lista dos candidatos que o represen-tarão) e o financiamento público decampanha. E dessa posição não de-veria abrir mão.

O problema é que, na linha de bus-car o mal menor, há deputados pe-tistas já falando em negociar, aban-donando as posições do partido. Naúltima reunião do Diretório Nacio-nal do PT, a deputada Margarida Sa-lomão (PT-MG, da Democracia So-cialista) e o deputado Rubens Otoni(PT-GO, da CNB), apresentaram umrelatório e propuseram, claramente,buscar um acordo com o PSDB, emparticular sobre o voto distrital mis-to. Na discussão, por interferência dopresidente do PT, Rui Falcão, o Di-retório rejeitou uma proposta deemenda apresentada pela Articula-ção de Esquerda que excluía essapossibilidade. Um péssimo sinal.

A única saída que pode abrir a viapara a verdadeira reforma políticaque enfrente as distorções do atualsistema político é a proposta, inclu-sive adotada pelo PT, da Constituin-te Exclusiva e Soberana do sistemapolítico. Afinal, se já era claro em2013, nesses cinco meses da novalegislatura é mais claro ainda quecom esse Congresso não dá!

A campanha pela Constituinte doSistema Político está organizandoum ato, a ser proposto a outros seto-res que lutam pela reforma política,para o dia 26 de maio, em Brasília,contra a PEC 352, pelo fim do finan-ciamento empresarial de campanha.

Misa Boito

NO SENADO

OPMDB ataca na Câmara e o

PSDB no Senado. Em 22 de

abril foi aprovado um projeto do se-

nador José Serra (PSDB-SP), que es-

tabelece o voto distrital para verea-

dores, já para as eleições de 2016.

Pela proposta, cada município será

dividido em distritos e cada um des-

ses distritos elege um vereador. A

proposta foi aprovada pela Comis-

são de Constituição e Justiça em ca-

ráter terminativo. Ou seja, se não

houver recurso para que vá a plená-

rio, a proposta segue para a Câma-

ra Federal. A bancada do PT votou

contra o projeto, à exceção de Gleise

Hoffmann (PR) que votou a favor.

Petroleiros da FUP-CUT em defesa da Petrobras

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O TRABALHO ■ 7 a 21 de maio de 2015

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BAHIA PREPARA ENCONTRO ESTADUALReuniões em várias cidades, além da capital, organizam a atividade

O comitê provisório do Diálogo eAção Petista da Bahia organiza umencontro estadual em 9 de maio. Nadiscussão de conjuntura contará coma presença de José Sergio Gabrielli(ex-presidente da Petrobrás).

O encontro vai eleger um comitêestadual para na organização e naampliação do DAP no estado.

Reuniões e plenárias locais estãoacontecendo para tirar as delega-ções, com base na Contribuição doDAP ao 5o Congresso, “Resgatar opetismo no PT”.

Em Salvador uma plenária, em 18de abril, discutiu o encontro, a parti-cipação no 1o de Maio e no congres-

so municipal do PT de Salvador. Coma presença de petistas, sindicalistascutistas, jovens e militantes de movi-mento populares a plenária, contoucom novas adesões ao DAP e deci-diu também se dirigir aos oito depu-tados federais do PT-BA para que vo-tem com os trabalhadores e a CUTcontra as MPs 664-665.

Outras cidades como Vitória daConquista, Cruz das Almas e PauloAfonso estão discutindo a participa-ção no encontro estadual.

No 1o de Maio em Salvador o DAPuma coluna (foto ao lado) com faixas,distribuiu os panfletos ressaltando anecessidade de uma Constituinte

para reformar o sistema político noBrasil e cobrando o mandato de Dil-ma dizendo não ao Plano Levy deajuste fiscal.

Desde já na preparação do encon-tro estadual está na ordem do dia

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organizar os núcleos debase do DAP para ajudarna preparação do dia na-cional de paralisação daCUT em 29 de maio. Agin-do como o PT agia os mili-tantes do Diálogo organi-zam reuniões com sindica-listas para preparar umaintervenção organizada nodia nacional de paralisa-

ção da CUT em 29 de maio. Na Uni-versidade Federal da Bahia, uma reu-nião do DAP discutiu o combate parareverter dos cortes do ministro Levy.

Correspondente

“OXIGÊNIO PARA PROSSEGUIR A LUTA”Alexandre Pimentel, vereador do PTem Carapicuíba (grande SP de 400mil habitantes), tem sua trajetória nopartido identificada com a correnteConstruindo um Novo Brasil (CNB).Membro do Comitê nacional do Diá-logo e Ação Petista, ele fala da expe-riência com a construção do DAP.

No Diálogo e Ação Petista desdeo encontro de dezembro de 2014,como avalia a experiência?

A tradição do nosso partido de de-bate interno tem sido pouco exercida.Na medida em que o PT amplia espa-ço no governo, tem perdido a capaci-dade de dialogar com a nossa base.Encarei como grande novidade a cria-ção do Diálogo e Ação Petista, umoásis na situação interna do PT, prin-cipalmente ao colocar a necessidadede resgatar nossos principais docu-mentos como o manifesto de funda-

ção e o programa do PT de 1980, eagir como o PT agia.

Como filiado e parlamentar do PTencontrei no DAP o oxigênio para con-tinuar a luta. Participar desse deba-te é fundamental para o PT voltar ater uma agenda com o movimento so-cial e construir a resistência à ofen-siva conservadora.

Na região, como tem sido a recep-tividade do DAP?

As instâncias de nosso partido es-tão muito esvaziadas. Écomum atividades em quenossos governos locaismobilizam funcionárioscomissionados para darvolume aos eventos. Hárelatos de pessoas quenem votaram no PT, masparticipam das atividadespara garantir seus empre-gos. A macro Osasco tem

história de mobilização dos trabalha-dores e da esquerda em geral. A par-tir da experiência do DAP Carapicuí-ba, verificamos que em vários dire-tórios se percebe a importância des-se fórum de discussão e ação. Esta-mos discutindo a construção de umDAP regional. Vamos organizar umareunião para discutir o 5o Congres-so do PT, já na fase do congresso damacro Osasco apresentei e distribuía tese “Resgatar o petismo no PT”,

e organizar nossas lu-tas, nos reaproximandodo movimento social.

Que avaliação você fazda coluna do DAP no 1o

de maio do Anhangabaú?A conjuntura tem dei-

xado os petistas acua-dos. A única solução éa retomada das ruas.Sou do tempo em que 1o

de Maio era a data mais importantena luta dos trabalhadores. O 1o deMaio do Anhangabaú retoma essatradição e nossa coluna contribuiupara isso. Levamos um ônibus deCarapicuíba com militantes de dife-rentes agrupamentos, na vinda paraSão Paulo fomos discutindo política.Todos entenderam a importância deunir forças para enfrentar a situação,ampliando nossa presença nas ruase aprofundando o debate com o mo-vimento social. No Anhangabaú, comas bandeiras do PT, nossos pirulitose faixas em defesa dos interessesdos trabalhadores (por exemplo,pela retirada das MPs 664 e 665 eAbaixo o Plano Levy), a coluna teveuma presença ativa, cada um se sen-tia um verdadeiro militante, comoera antes no PT. O pessoal voltoumuito contente, com mais gás paraprosseguir a luta.

O QUE DISCUTIRÁ O 5O CONGRESSO DO PT?Diálogo e Ação Petista apresenta propostas

A maioria das plenárias municipaisdo 5o Congresso (11-13 de junho)não votou resoluções ou emendas,até porque as 7 Teses nacionais sãodesconhecidas. Elas nem foram cita-das no lançamento do Congressopela Fundação Perseu Abramo dia16, um debate com supostas “perso-nalidades” onde a mesa pediu paranão falar de conjuntura.

O “congresso de Zonais”, em SPterminou sem acabar: a direção nãoconseguiu sistematizar as emendas

dos grupos (as do DAP foram aprova-das). Num grupo a retirada das MPs664-665 passou por 27 X 1!. Em ou-tras cidades, foi tudo remetido parao Nacional. Os líderes falam muito,mas a angústia da militância é a cri-se que ameaça destruir o PT. O Con-gresso deve regulamentar o não re-cebimento mais pelos diretórios derecursos das empresas. Mas os can-didatos receberão?

A verdade é que o PT não sairá dacrise sem girar sua orientação, exigir

do governo que mude a política eco-nômica, e formar uma nova direçãoeleita pelos encontros de base e nãomais pelo famigerado PED.

Abaixo, algumas propostas do DAPpara discutir nas etapas do Congresso:

8 propostas1. Não ao Plano Levy! Retirada dasMPs 664-665 e não ao PL 4330. Fimdo superávit primário. Derrubada dosjuros e controle do câmbio;2. Só uma Constituinte exclusiva e

soberana fará a verdadeira reformapolítica;3. Fim do PED, volta dos Encontrosde base para eleger as direções;4. Campanha em defesa da Petrobras;5. Revisão da “política de alianças”nas eleições de 2016;6. Desmilitarização das PMs e revo-gação da Lei de Anistia;7. Democratização dos meios de co-municação;8. Retirada das tropas brasileiras doHaiti.

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6 O TRABALHO ■ 7 a 21 de maio de 2015

Pernambuco

Luta de classe

1o de Maio de luta convoca paralisação“rumo à greve geral”

Em 29 de maio, a CUT propõe parar o país em defesa dos direitos dos trabalhadores

Os atos de 1o de Maio deste anoretomaram a tradição de jorna-

das de luta em defesa dos direitos daclasse trabalhadora, atacados pelo PL4330 da terceirização e pelas Medi-das Provisórias 664 e 665 que fazemparte do ajuste fiscal pilotado peloministro Levy.

Culminando um processo de mo-bilização nacional, puxado pela CUTdesde 13 de março e que se prolon-gou nas jornadas de 7, 15 e 22 deabril – estas centradas no combateao PL 4330 – contando com a parti-cipação do MST, CMP, CTB e outrasorganizações populares e da juven-tude, criando um ponto de apoiopara a resistência popular contra aofensiva da direita em curso no país.

Se o combate em defesa dos direitostrabalhistas esteve no centro do 1o deMaio, não faltaram as bandeiras docombate à corrupção através de umareforma política que acabe com o fi-nanciamento de empresas a campa-nhas eleitorais, da Constituinte dian-te de um congresso reacionário, con-tra o Plano Levy de ajuste fiscal, emdefesa da Petrobras e da democracia.

O grande ato do Anhangabaú emSão Paulo, com mais de 40 mil par-ticipantes e a presença de Lula, foi o

ponto alto, mas atos e marchas ocor-reram em todas as capitais, comoFortaleza, Maceió, Porto Alegre, Re-cife, para não falar de Curitiba emreação à brutal repressão do tucanoRicha aos professores (ver página 7).

CUT mantém posição firme contra MPsA continuidade da luta, anunciada

em todos os atos e votada simbolica-mente em São Paulo, é a convocaçãoda Paralisação Nacional de 29 demaio, rumo à greve geral, para barraro PL 4330 que está no Senado, exi-gindo o “Veta Dilma” caso não sejalá derrotado, depois da apertada vo-tação na Câmara (230 a 203) e daintensa campanha de pressão sobreos deputados feita pela CUT e seusparceiros. Mas também para rejeitar

as MPs 664 e 665, as mesmas queestraram em pauta em 5 de maio.

Lamentavelmente a bancada par-lamentar do PT cedeu às pressõesvindas do governo Dilma, através dovice Temer e vários ministros, paraengolir as MPs que atingem o segu-ro desemprego, abono salarial, pen-são por morte, as quais, em nomedo ajuste do banqueiro Levy, afetamos trabalhadores de baixa renda, e sedispôs a votar contra os interesses desua própria base social e eleitoral.

É evidente que tal política do go-verno Dilma dá àqueles que votarama favor da PL 4330 a oportunidadede se fantasiarem de defensores dostrabalhadores (como o traíra Pauli-nho da Força e tucanos) e tripudia-rem sobre os deputados petistas, pro-

vocando revolta e decepção nas ba-ses da CUT e do próprio PT, ajudan-do a ofensiva da direita de destrui-ção do partido.

Mas, a mesma firmeza que teve aCUT, cujo presidente Vagner Freitasexigiu da bancada petista a recusa dasMPs, ela deve continuar a ter na pre-paração da Paralisação Nacional de29 de maio, orientando a realizaçãode assembleias, plenárias junto comos movimentos populares, não sópara barrar o PL 4330, mas tambémpara revogar as MPs 664 e 665 seforem aprovadas pelo Congresso (verna página 8).

Numa difícil situação, a CUT afir-mou-se como ponto de apoio paraa resistência contra não só os ata-ques aos direitos trabalhistas, maspara exigir a mudança de políticaeconômica do governo, cuja manu-tenção apenas aprofundará a impo-pularidade de Dilma e o processode derretimento do PT. E joga essepapel por não se afastar da defesados interesses da classe trabalhado-ra, com independência diante dogoverno e autonomia diante do PT.A luta continua!

Julio Turra

CUT exige voto contra dos deputados do PT“

Não podemos ajustar contas dogoverno em cima dos direitos dos

trabalhadores. A posição da CUT éclara: somos contra as MPs 664 e665”. Foi o que disse Vagner Freitas,presidente da central, em reuniãocom a bancada do PT em 5 de maio.

Enquanto a Executiva nacional daCUT reunia-se em São Paulo em 5de maio, adotando resoluções parapreparar o 29 de maio, Vagner emBrasília reafirmava a posição unâni-me da central: ”Aumentar o prazopara acesso ao seguro-desemprego éretirar um direito adquirido, restrin-

Lula discursa no 1o de Maio apontando para o cartaz com as bandeiras do Diálogo e Ação Petista

gir o acesso a um benefício previden-ciário é retirar um direito adquirido.E se essas MPs forem aprovadas va-mos fazer uma luta tão grande quan-to a que estamos fazendo contra oPL 4330, da terceirização”.

De imediato, através das redes so-ciais e de e-mails enviados aos depu-tados, os cutistas se mobilizaram em6 de maio para pressionar os parla-mentares, em particular os do PT, pelarejeição das MPs, apontando a con-tradição evidente entre o papel cum-prido por eles no combate à PL 4330e sua capitulação diante das pressõesVagner Freitas

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Alagoas Ceará Rio Grande do Sul

do Planalto, virando as costas à suaprópria base social. Nas galerias daCâmara estavam dirigentes da CUT-DF e de entidades locais e nacionaiscutistas protestando contra as MPs –no pouco espaço que lhes deu Eduar-do Cunha, pois a prioridade foi dadaaos “forcistas” que faziam claque paraPaulinho – assistindo ao cinismodaqueles que, da oposição ou doPMDB, apoiaram o ataque aos direi-tos através da terceirização ilimitada,e que, diante de petistas constrangi-dos, se divertiam em atacar o gover-no e o PT pela sua incoerência!

O 1o de Maio pelo Brasil

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77 a 21 de maio de 2015 ■ O TRABALHO Luta de classe

Anulação do roubo da previdência, Fora Richa!Sindicalista da APP fala da greve dos professores do Paraná

As imagens do bombardeio dosprofessores do Paraná no últi-

mo dia 29 chocaram a nação: maisde 300 feridos por balas de borra-cha, mordidas de pitbul etc. Articu-lada pelo governador Beto Richa(PSDB) junto com a justiça e o le-gislativo estaduais, essa foi uma dasmais extensas repressões sobre omovimento popular e sindical – 4mil PMs participaram.

Mas não quebrou a força do movi-mento de 100 mil professores e fun-cionários de escola que vem de an-tes. A categoria organizada na Asso-ciação Paranaense dos Professores(APP Sindicato, filiada a CUT), ha-via iniciado uma greve em fevereirode 29 dias, pela retirada de dois pro-jetos de lei que modificavam a pre-vidência e o plano de carreira. Como sucesso de duas ocupações da As-sembleia Legislativa do estado, a ca-tegoria derrubou os projetos.

Em meados do mês de abril, o go-vernador enviou novo projeto de lei,somente sobre a previdência (PL252), que permite ao governo por amão em R$ 8 bilhões do fundo pre-videnciário. O que fez com que acategoria no dia 25 retornasse à gre-ve, pela retirada do PL 252, por

13,1% de reajuste e outras reivindi-cações (maio é a data-base anual dacategoria).

Ouvimos a professora DéborahFait, dirigente do Núcleo Curitiba Sulda APP Sindicato, em entrevista fei-ta por Markus Sokol.

O Trabalho – Em que condiçãoos professores estão em greve?

Déborah Fait – Hoje, dia 5, umagrande assembleia com 15 mil edu-

cadores aprovou a continuida-de da greve que, neste fase, jáestá no seu nono dia. Comapoio popular de 90%, segun-do as pesquisas. Isso porqueo governo só hoje sentou paradiscutir, graças à assembleia eà manifestação de solidarieda-de, mas jogando sua propostapara o dia 12, sem tocar nocumprimento da lei do Piso.

OT – Como chega a soli-dariedade, da parte CUT e deoutras organizações?

DF – Desde o massacre do dia 29,a APP está recebendo moções deapoio ou repúdio à violência do go-vernador, de vários lugares do Brasile do mundo. Fotos de professores noBrasil inteiro em luto, como frases“somos todos professores”, “a lutados professores do Paraná é de todosnós”. Em nosso ato de hoje, recebe-mos representantes de vários sindica-tos, principalmente da CUT, em es-pecial de professores de todo Brasil.A categoria se sente reforçada!

Também recebemos moções dosmetalúrgicos do Estado, houve umato dos estudantes, e o 1o de Maioem Curitiba foi o maior em muitosanos. Tudo que representa um senti-mento de solidariedade de classe.

OT – A categoria vê relação entreo ajuste no Paraná (PL 252) e ou-

tras medidas de ajuste noplano nacional, como o PL4330 e as MPs 664-665?

DF – A categoria entendeque existem ataques aos di-reitos dos trabalhadores, eque o problema não é só doParaná. Inclusive, entendeque outras greves, tanto deprofessores como de outrascategorias, são para assegu-rar os direitos. Ela vê o pro-blema do PL 4330 e dasMPs 664 e 665, como instrumentoscontra os trabalhadores, que a gentesabe que se articulam no Plano Levyde ajuste.

OT – Mas o PT defendeu o movi-mento dos professores? A impren-sa fala muito de Requião.

DF – Os parlamentares do PT aquido estado, estiveram ao nosso ladodesde a greve em fevereiro. No diado massacre, inclusive, a senadoraGleisi Hoffman fazia parte da comis-são do Senado que veio acompanhara votação do PL 252. No momentodo bombardeio, a companheira tevea posição coerente de se retirar dasessão da Assembleia Legislativa,apontando claramente a ilegitimida-de da votação, e se juntando com osmanifestantes.

Aliás, em relação à essa sessão queaprovou o roubo da nossa previdên-cia, nós, junto com outros compa-nheiros e companheiras, estamoslevantando a exigência de Anulaçãoda votação.

Por outro lado, no PMDB, de umlado o senador Requião apoia as ma-nifestações e pede a renúncia de Richa,mas também tem o deputado estadualRomanelli, líder da bancada do gover-no Richa, que articulou todos os tra-mites para aprovar o PL 252.

Em defesa da Educação Pública, nenhum direito a menos!Avançar num calendário unitário da luta de professores e servidores

Em 30 de abril, convocada pelaCNTE (filiada à CUT), ocorreu a

greve nacional dos trabalhadores emEducação por melhores salários econdições de trabalho, pelo cumpri-mento integral da Lei do Piso e pe-las pautas locais das entidades emdefesa da educação pública.

Na véspera, o governador doParaná, Beto Richa (PSDB), coman-dou a brutal repressão contra pro-fessores e servidores estaduais emluta contra a destruição de sua Pre-vidência.

É sob o signo dos cortes de verbas

dos orçamentos para fazer superávitem todo o país, objetivo do PlanoLevy, que professores e servidores de15 redes estaduais e 8 redes munici-pais paralisaram no dia 30. Aos R$7 bilhões cortados do MEC, somam-se nos estados e municípios outroscortes que atacam direitos e precari-zam o atendimento em escolas jásuperlotadas. Em São Paulo e SantaCatarina as greves superam 50 dias,diante da falta de negociação porparte de Alckmin (PSDB-SP) e Co-lombo (PSD-SC).

O quadro é agravado pela recente

decisão do STF sobre a Ação Diretade Inconstitucionalidade (ADI)1.932/98, que valida a contrataçãode servidores públicos para as áreasde educação, saúde, cultura, entreoutras, por meio de OrganizaçõesSociais (Lei 9.637/98), ou seja, avan-ça na terceirização.

Num momento em que a educa-ção precisa de mais recursos parachegar aos 10% do PIB, previsto noPlano Nacional de Educação (PNE),o senador Serra (PSDB-SP) apresen-ta o PLS131/15, que pretende retirarda Petrobras o 30% de participação

OT – Aécio disse “lamentar” masque não se podia “criticar” o mas-sacre. Dias depois, com a repercus-são, Richa disse que a culpa era doSecretário de Segurança, o qual,então, pôs a culpa na PM. O que osprofessores acham disso?

DF – Hoje houve falas no cami-nhão de som, citando que Aécio eAnastasia, em Minas Gerias, e Alck-min em São Paulo, os ataques queambos fizeram, isso representa umapolítica de falta de democracia, detruculência e de destruição da edu-cação pública. São opções dessesgovernos do PSDB, como foi deci-são do governo Beto Richa essa polí-tica no Paraná.

É necessário que a Dilma condenea violência contra os professores noParaná de forma contundente.

A categoria em seu movimentomostra uma negação à essa políticade destruição e repressão, agora coma palavra de ordem “Fora Beto Richa”,que começa a ser colocada para forada categoria.

No final de semana, ela apareceuna plateia do Teatro Guaíra, em ma-nifestações por todo estado, e nojogo final do campeonato paranaen-se onde ambas torcidas se juntarampara gritar o “Fora Richa”.

Déborah Fait

Professores em assembleia em 5 de maio decidem pelacontinuidade da greve

e o controle da exploração do Pré-sal, o que acabaria com os recursosque viriam do petróleo para a Edu-cação pública.

Em 5 de maio, a CNTE convocouatos nas Assembleias Legislativas emrepúdio à repressão no Paraná. Ago-ra é preciso avançar num calendárionacional de lutas, que inclua a parti-cipação maciça dos professores e ser-vidores na Paralisação nacional con-vocada pela CUT para 29 de maio,rumo à greve geral!

Nelson Galvão

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8 O TRABALHO ■ 7 a 21 de maio de 2015Nacional

Câmara vota a MP 665 que ataca direitos trabalhistas!O Partido, enquadrado por Temer, atinge o fundo do poço arrastado pelo ajuste fiscal de Levy

Os dias que se sucederam o 1o

de Maio de luta, puxado pelaCUT em defesa dos direitos dos tra-balhadores, formaram um cenáriodesastroso!

Em 5 de maio, quando iniciava atramitação da Medida Provisória 665na Câmara, o programa de TV do PTfoi acompanhado de panelaço incen-tivado pela direita e oposição. Dil-ma, que no 1o de Maio evitou ir àTV, tampouco apareceu no programade seu partido e coube a Lula serhostilizado.

Em 6 de maio, uma bancada cons-trangida do PT na Câmara, sob apressão de ministros, traiu os inte-resses da classe trabalhadora parasalvar o Plano Levy de ajuste fiscal,votando em peso na MP 665, “me-lhorada” pelo relator Paulo Rocha,senador do PT-PA (ver box ao lado).

Dos 55 deputados do PT presentes,apenas 1, Weliton Prado (MG), votoucontra, cinco se retiraram do plenárionão votar (Érica Kokay do DF, Marcondo RS, Padre João de AL, Assis Coutodo PR, Luizianne Lins do CE, PedroUczai de SC) e quatro se ausentaram(Marcivânia do AP, Ságuas Moraes doMT e Zé Carlos do MA).

Michel Temer exigiu disciplina dabancada petista. O líder do PMDB,Leonardo Picciani (RJ), ameaçou quenão apoiaria a MP se o PT não fechas-se questão: “O PMDB tem convicçãode que é necessário o ajuste fiscal parao país, mas consideramos fundamen-tal que o PT tenha essa mesma con-vicção”. Depois que a bancada do PT,enquadrada, decidiu fechar questão,ambos comemoram, “era isso quenós queríamos”, disse Picciani. Temerdeclarou: “Percebi nitidamente que seo PT não fechasse a questão haveriadificuldade para a votação. E o PTcolaborou enormemente porque fe-chou questão e permitiu a aprovação”.(OESP 5 e 6 de maio).

As falas de deputados petistas emdefesa da MP 665 soavam falsas e abri-am espaço para o cinismo dos que hápoucos dias aprovaram o PL 4330, daterceirização, e passaram a tripudiar ospetistas por abandonarem a defesa dosdireitos trabalhistas.

Votação apertada, 252 a 227, com25 votos de diferença! Diferençamenor do que a da votação do PL4330 (230 a 203). Ou seja, 13 vo-tos contra de petistas derrotariam aMP, mas a bancada do PT apoiouesse ataque aos direitos e ficou sur-da aos apelos da CUT para votarcontra. Um dia trágico para um par-tido que nasceu para defender ostrabalhadores e que chega assim ao“fundo do poço”!

Mais ataques anunciadosE foi só o começo, pois ainda vai a

voto a MP 664, que restringe direi-tos previdenciários (pensões e auxí-lio doença), cujo relator é Zarattini(PT-SP). Por outro lado, o governoanuncia um pacote de concessões/privatizações de aeroportos, portose rodovias para os próximos dias.

Assim, o Plano Levy de ajuste fis-cal que leva o país à recessão e re-gressão – com altas taxas de juros que

interessam aos banqueiros, parali-sam a produção industrial (8 milmetalúrgicos da Volks, além dos 2mil da Mercedes, foram colocadosem férias coletivas, antessala do fa-cão) e deprimem o consumo inter-no dos setores populares – vai fazen-do sua obra de destruição.

O deputado Luiz Couto (PT-PB),que acabou votando a favor da MP665, no momento de maior pres-são sobre a bancada para apoiar oajuste, falou: “Querem jogar o PT naparede. Querem torturar, depoismatar, acabar” (FSP, 7/05). E foi oque Temer, em nome de Dilma, con-seguiu impor!

Eduardo Cunha, por seu lado,aproveitou a situação, para mudar apauta da primeira sessão que discu-tiu a MP 665 e aprovar a PEC da Ben-gala, tirando de Dilma o direito denomear quatro ministros do STF.

Parte dos deputados do PT argu-menta que, na atual situação, votarcontra a MP derrotando a propostado governo seria fragilizá-lo aindamais. Mas as MPs atendem aos inte-resses justamente dos que queremfragilizar e acuar o governo, incluin-do o PMDB, enquanto ataca os inte-resses da base social que o elegeu,

DESEMPREGO SOBE, RENDA CAISegundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), emdados divulgados em 28 de abril,sobre o mercado de trabalho, da pes-quisa mensal para seis regiões me-tropolitanas, há uma elevação signi-ficativa da taxa de desemprego nosúltimo quatro meses.Em dezembrode 2014, a taxa estava em 4,3%. Emjaneiro, 5,3%; em fevereiro, 5,9%; eem março teve a terceira alta segui-da: 6,2%, o que mostra uma tendên-cia. O pior resultado desde maio de2011. De um ano para cá, na indús-tria, 232 mil pessoas foram demiti-

ONDE ESTÃO AS DITAS

“MELHORIAS”?

Oresultado concreto da vota-ção da MP 665 é que para que

o trabalhador tenha acesso ao se-guro desemprego ele deve ter oDOBRO de tempo de registro emcarteira, passando de seis meses,antes da MP, para 12 meses!

Para os que ganham até 2 sa-lários mínimos, para ter acesso aoAbono Salarial, vão ter que com-provar um tempo trabalhadoTRÊS VEZES MAIOR: antes da MPera um mês, passou para trêsmeses ininterruptos.

Já a MP 664, ainda não votada,reduz o Auxílio Doença de 91% dosalário até o teto de R$ 4.663,75(INSS) para a média dos últimos12 salários. Quanto à Pensão porMorte, que não tinha tempo míni-mo e era vitalícia, se exige doisanos de casado e 18 meses decontribuição para obter uma pen-são por um tempo proporcional àidade do beneficiado.

Onde estão as melhorias em re-lação à situação anterior à ediçãodas MPs? E os penalizados sãoos trabalhadores mais jovens e osde mais baixa renda.

das. A renda média real do trabalha-dor brasileiro caiu. Em fevereiro, aqueda foi de 2,8%. O maior recuodesde janeiro de 2003.

CUT REPUDIA AUMENTO DE JUROSA CUT, em nota, condenou a nova

elevação “da taxa Selic, que agora estáno maior patamar desde dezembrode 2008. Apesar da justificativa docontrole da inflação, o aumento dosjuros tem como efeito a redução daatividade econômica, pois encarece ocrédito tanto para consumo quantopara investimentos, causando assima diminuição do emprego e da ren-

da. Dessa forma, como já estamosvivendo um cenário claro de estagna-ção da economia e contração da de-manda como um todo, um aumentode juros se torna completamente ine-ficaz no controle da inflação. A ele-vação dos juros também causa umgrande aumento dos gastos do gover-no com a dívida pública, que só nosprimeiros meses de 2015 totalizaramR$ 143 bilhões”. (site da CUT).

BANCOS TÊM LUCRO RECORDESegundo o Dieese, em 2014 os cin-

co maiores bancos brasileiros tiveramrecordes de lucro, com cobranças de

taxas e serviços. Os bancos Itaú,Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e San-tander tiveram lucro de R$ 60,3 bi-lhões, o que significa 18,5% a maisque em 2013. Resultado que mantémo setor financeiro entre os mais rentá-veis da economia nacional e mundial.

Os bancos aproveitaram a alta taxaSelic, incrementaram a cobrança portaxas e serviços e seguem reduzindo,a cada ano, o número de trabalha-dores. Os maiores lucros foram doItaú (R$ 20,6 bilhões) e do Bradesco(R$ 15,3 bilhões, juntos esses ban-cos respondem por 60% do total doslucros. (Portal Uol)

Notas

única que pode fazer frente à ofensi-va conservadora.

Certa está a CUT, que depois davotação da MP 665, reforçou o cha-mado para a Paralisação nacional de29 de maio rumo à greve geral, con-tra o PL 4330, as MPs 664 e 665 epelo fim do Fator Previdenciário.

Lauro Fagundes

Votação da MP 665 contou com o apoio da maioria da bancada do PT

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97 a 21 de maio de 2015 ■ O TRABALHO Partido

Três chaves para o 5o Congresso do PTÉ necessário defender o partido contra os que querem sua “extinção”

O PT lançou um manifesto no dia30 de março denunciando a

ofensiva de “cerco e aniquilamento”.Mas depois, sem reação à altura, veioa prisão do tesoureiro, Vaccari, e aescalada com a ameaça de “extinçãodo PT” pelo PSDB e outros.

A crise no PT depende de respon-der a três questões:● acusar o acusador da corrupção, ojuiz Moro e o Judiciário, rompendocom o regime;● mudar a política econômica – oPlano Levy – para recuperar a basesocial do PT (o que revisará a “coa-lizão”);● reconstruir o PT de baixo prá cima,convocando os encontros de basepara eleger direções no lugar do PED.

Sem isso, a direção e Lula – o últi-mo panelaço mostrou que não serápoupado – arriscam serem levadosladeira abaixo, arrastando o partido.

A situação é muito grave!Houve um anúncio positivo de

que o PT não mais receberia finan-ciamento empresarial.

Mas seguiu-se um passo em falsono programa de TV, a “expulsão doscondenados na justiça”. Se deveriaentão expulsar Zé Dirceu, Genoino,João Paulo e Delúbio, injustamentecondenados pelo STF no “mensa-lão”!? E como juiz Moro, do Paraná,com o STF e o Procurador Geral, es-tão extrapolando nas “delações pre-miadas” manipuladas contra o PT,teríamos que expulsar parlamenta-

res e dirigentes, tornados bodesexpiatórios da corrupção nacional?

É o contrário. É preciso a coragemde romper o “cerco”, questionar amanipulação, questionar o próprioJudiciário na linha da Constituinte.

O 5o Congresso, de 11 a 13 de ju-nho, em Salvador, é o quadro queexiste para reagrupar na defesa do PT.

Sindicalistas da CUT falam em “to-mar o PT de assalto”, um sinal opos-to à debandada oportunista, queconflui para não deixar os trabalha-dores desabrigados. Mas para darrumo é preciso uma nova direção,convocar encontros de base e acabaro PED, face sensível da adaptação àsinstituições corruptas.

Markus Sokol

PATRUS PEDE O FIM

DO PED

O ministro do DesenvolvimentoAgrário, Patrus Ananias, funda-

dor e líder histórico do PT mineiro,defende que a proposta de que oPT não aceite mais doação de em-presas valha também para os can-didatos.

Coerentemente, defende tam-bém o fim do PED: “O PT teve umaexperiência negativa com o tal doPED, com a eleição direta para pre-sidente. Acho muito ruim, porqueo partido levou para dentro essaspráticas relacionadas com uso eabuso do dinheiro, do poder eco-nômico, nos processos eleitoraisinternos”.

Ex-presidente em disputa de cha-pas no PED, um dos principais qua-dros do CNB (Articulação) em Mi-nas, hoje defende a volta à elei-ção em encontros de base:

“Com o PED houve práticas lesi-vas, inclusive com filiação em mas-sa, disputa de eleitores, pessoasque vão votar sem ter nenhumaconsciência com o que estão fa-zendo. Cada vez mais me conven-ço que a democracia participativaé o melhor caminho. Tenho minhasressalvas com a democracia dire-ta, cada um no seu computador vo-tando sozinho. A democracia pres-supõe o encontro, o debate deideias para você criar consensos.O PT fazia isso.

Com o PED, acabaram os encon-tros partidários, que deveriam vol-tar” (OESP, 3/05).

Patrus tem razão e sabe do queestá falando.

Há “outro ajuste” defensável?A alternativa é acabar com o superávit fiscal e não “suavizá-lo”

Oportunistas abandonam o PTNesta safra, Marta, Vacarezza e Serge

Na crise, muitos oportunistas es-tão abandonando o PT. Estes

três saem agora, junto com muitosvereadores pelo país afora, quandoas expectativas eleitorais da legendaestão caindo.

Marta Suplicy, senadora, estava desaída há tempos, imbuída da ambi-ção carreirista de sair candidata aprefeita da capital em 2016. Vai parao PSB, em SP, coligado ao PSDB nogoverno Alckmin, para bater no PT,está claro.

Candido Vacarezza, ex-deputa-

do federal, deve ir para o PMDB,partido com o qual se diz “hojemais identificado” – ninguém fi-cou surpreso, ele foi o relator daPEC da contrarreforma política naCâmara.

Serge Goulart, ex-membro do Di-retório Nacional pelo grupo Esquer-da Marxista, explica a saída: “o rom-pimento da classe trabalhadora como PT” (site EM 27/4). Sem provas,afirma, e afirmado fica: a classe rom-peu, não aconteceu nada, resistênciaou diferenciação, apenas a EM arru-

ma as malas. A “análise” tem quefalsear a realidade: na plenária de 31/3, em SP, quando Lula defendeu oajuste, diz a EM, “nenhuma fala con-tra as MPs 664 e 665 que retiramdireitos, nem mesmo do presidenteda CUT” – três mil presentes sabemque é mentira!

Aonde vai a EM? O site fala numa”frente de esquerda”, mas não dizfrente com quem, nem para que. Omistério se desvanece quando anun-ciam “seguir debatendo até setembroos próximos passos a partir da deci-

são de saída do PT”. Setembro... se-ria porque outubro é o prazo parafiliação a uma legenda para disputaras próximas eleições?

Roberto Robaina, dirigente doPSOL convidado ao evento da EMque decidiu a saída, resumiu no seusite: “ficou evidente que a campanhade Luciana Genro foi um impactonas fileiras desta corrente. A opçãode entrar no PSOL após sair do PT éa preferencial. Solicitaram reunircom a direção e farão este pedidoformal em seguida”.

Cresce a oposição entre sindica-listas da CUT, petistas e também

intelectuais, à recessão implementa-da pelo ministro Levy. Entre eleshá, porém, quem sugira um “outroajuste”. Admitem um ajuste porqueas contas públicas estariam deficitá-ria. Mas propõem “fazer o ajuste co-brando mais impostos dos ricos”.

O erro desta proposta é avalizar asexigências do mercado financeiro edo FMI, para quem o que importa égarantir o pagamento dos juros escor-chantes da dívida pública. Aconteceque os juros são injustos e ilegítimos.

Eles fizeram a dívida multiplicar-se nas últimas décadas, por maisque o governo tente pagá-la. Agora,o Banco Central subiu para 13,25%a taxa Selic (que indexa parte da dí-

vida), dobrando-a em relação a2013!

É isto e não a “gastança” – supostoexcesso de financiamentos, créditosou o consumo – o que eleva os gas-tos públicos: em um ano cresceram33% as despesas com juros, respon-sáveis por 80% do crescimento doorçamento do governo!

Cobrar mais impostos dos ricos éjusto. Mas para pagar juros aos ban-queiros (via o superávit) é umaarmadilha. O mercado financeirointernacional pode até aceitar, comona Grécia, cobrar “imposto sobrefortunas”, contanto que sejam parajuros aos banqueiros. Drenados as-sim os recursos, continuaria a des-truição da economia nacional. Alémdisso, um aumento de impostos so-

bre fortunas, justo hoje, amanhã se-ria insuficiente para fazer superávit,se não muda a política.

Está cada vez mais difícil atingir ameta de superávit (1,2% do PIB, em2015, e 2% em 2016), porque caiarrecadação em decorrência darecessão provocada pelo Plano Levy.

O desemprego medido pelo IBGEsubiu de 5% para 6,2% em um anoe a renda média do assalariado caiu3%. O saldo de geração de empre-gos com carteira assinada continuanegativo.

A alternativa ao Plano Levy não éum “outro ajuste”, mas o seu fim:acabar com a meta de superávit, der-rubar os juros, centralizar o câmbioe o fluxo de capitais.

Alberto Handfas

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10 O TRABALHO ■ 7 a 21 de maio de 2015Partido

Um ataque a todo movimento operárioÉ preciso reagir à reacionária ofensiva contra as organizações dos trabalhadores

O julgamento da Ação Penal 470,que condenou sem provas di-

rigentes do PT, e começou umaofensiva, escancaradamente apoia-da pelo Judiciário e a grande im-prensa de, a partir do PT, abrir umataque às organizações dos traba-lhadores. A operação Lava Jato per-segue esse objetivo, tendo à frenteo juiz Sergio Moro, baseado em de-núncias de seus “delatores premia-dos”, seletivamente vazadas. Nadeterminação da prisão de Vaccari,enquanto tesoureiro do PT, Morotentou envolver sindicatos cutistas.

Diante de dirigentes da CUT reu-

nidos em Brasília em 22 de abril, emluta contra o PL 4330, o presidenteda central Vagner Freitas, alertou quea prisão injustificada de Vaccarianunciava que a CUT pode ser ata-cada. As forças que querem implicaro PT, sem provas, na Lava Jato, “atémesmo em função do papel que aCUT está jogando na defesa dos di-reitos dos trabalhadores e da demo-cracia na atual momento”, disseVagner, vão tentar explorar que a redeBrasil Atual é ligada a dois dos prin-cipais sindicatos cutistas, Bancáriosde São Paulo e Metalúrgicos do ABC,para tentar envolver a central. E

Vagner afirmou: “Se eles pensam quenão vamos reagir, nós avisamos quenão vamos nos esconder, se mexe-rem com a CUT ‘ bateu, levou’, va-mos nos preparar, nos planos jurídi-co e político, para processar quemvier com insinuações por calúnia,vamos defender a organização dostrabalhadores”.

Está certo o presidente da CUT. Erao que devia ter feito a cúpula petista,desde que começou a farsa da AP470.

Um abaixo-assinado, que apoia-mos, por iniciativa do presidente doPT Rui Falcão, dirigido ao juiz Moro,pede que Vaccari seja solto, para res-

ponder o processo em liberdade.Certo, mas é pouco. É preciso reagircontra toda essa ofensiva que preten-de “exterminar” o PT, como decla-ram nossos inimigos de classe.

Na entrevista abaixo, João PauloCunha lembra que ataques da classedominante e da grande imprensa“existem desde que o PT foi funda-do. Com a AP 470 e especialmenteagora com a Lava Jato, ganham maisferocidade”. A ausência de uma rea-ção por parte da cúpula do partido,para responder à altura a atual ofen-siva, abre terreno para que a “feroci-dade” prospere. (ver página 9)

“É preciso defender o PT”Entrevista com João Paulo Cunha

No concorrido lançamento do li-vro “Quatro & outras lembran-

ças”, O Trabalho conversou com ocompanheiro João Paulo Cunha.Fundador do PT em Osasco (gran-de São Paulo), ex - presidente do PT-SP e ex-deputado, quando foi pre-sidente da Câmara Federal, JoãoPaulo, um dos quatro dirigentes in-justamente condenados na AçãoPenal (AP) 470, cumpre agora penaem prisão domiciliar. No períodoem que esteve na Papuda dedicou-se a escrever o livro de poemas, lan-çado em 16 de abril em Osasco. Agrande presença ao evento testemu-nha a consciência, na base petista,de que ele, como os demais compa-nheiros transformados em réus, fo-ram alvos de uma ofensiva políticacontra o partido. A palavra a JoãoPaulo é parte de nosso compromis-so com a defesa do PT. Entrevistafeita por Misa Boito

Hoje aqui como poeta, quería-

mos ouvi-lo como o militante quedesde a adolescência, metalúrgico,dedicou-se à construção do PT. Va-leu a pena ou já é “passado”?

O grande poeta português já dizia,sabiamente, que “tudo vale a penaquando a alma não é pequena”, es-pecialmente quando falamos de umaalma de esquerda, de um espíritosolidário que coloca os interessescoletivos acima dos interesses pes-soais. Que se indigna com as injus-tiças e vai à luta sem perder a ternu-ra. Sinto-me injustiçado pela desca-bida condenação que sofri, no jul-gamento pelo STF da AP 470. Fuicondenado contra as provas que

constam dos autos do processo, evi-denciando a minha inocência, numjulgamento eminentemente político,orientado pela criminalização do PT,tese advogada pela grande imprensae pela oposição eleitoreira e falsamoralista.

Mas, acima de tudo, valeu a penater ajudado a construir o PT, a CUT eos movimentos sociais, para lutarpelos direitos dos trabalhadores, con-quistar o governo federal e implemen-tar um ciclo de desenvolvimento cominclusão social que, nos últimos 12anos, transformou para melhor a vidados brasileiros, em especial dos maispobres. Com esse legado, o desafio éfazer avançar e aprimorar as ações dogoverno federal.

Você disse que o PT foi condena-do por fazer caixa 2 e agora por fa-zer caixa 1.

No caso do julgamento de crimeseleitorais como o chamado caixa 2,que deveriam ser julgados pelo TSE,foram transformados na AP 470,julgada no STF. O julgamento passoua ser politizado e a pena aplicada foiinjusta e judicialmente equivocada.

Na operação Lava Jato, a imprensae a oposição acusam o PT de ter re-cebido propina via doação eleitoraloficial, registrada, contabilizada eaprovada pelo TSE. Se as doações queo PT recebeu das empresas envolvi-das na Lava Jato estão sob suspeita,porque não estão as de todos outrospartidos que também receberamdoações das mesmas empresas?

Há sinalizações de saída do PT de

gente preocupada apenas com a elei-

ção de 2016. Você fa-lou em deixar “sairos oportunistas epragmáticos”.

No PT devem ficartodos que acreditame defendem os seusideais. Quem é petis-ta sabe que nessesmomentos de crise eataques ao partido épreciso primeiro de-fender o PT. Ataquesda elite conservadorae da grande imprensa existem desdeque o PT foi fundado. Com a AP 470e especialmente agora com a LavaJato, ganham mais ferocidade e le-viandade, para criminalizar o PT eimpedir que continue à frente do go-verno Federal.

Cabe ao partido, por sua direção,lideranças, parlamentares, ocupantesde cargo no executivo, dirigentes demovimentos populares ou sindicaise militantes em geral, responder aosataques, com argumentos funda-mentados na realidade. Cabe a to-dos os petistas trabalhar para reor-ganizar o PT, corrigindo erros e avan-çando na qualificação das propostasque defenderemos nas futuras bata-lhas políticas e eleitorais.

A saída diante da ofensiva conser-vadora é fortalecer ainda mais o PTpara que esteja a altura de se defen-der, elucidar a verdade, para que pre-valeçam as provas e os fatos e não asversões e os factoides.

Devemos aproveitar o 5o Congres-so para ampliar os debates visandoaprimorar a organização interna eas propostas do partido para conti-

nuar e aprimorar a atual transfor-mação e o desenvolvimento do Bra-sil e de seu povo.

Aqui é notável a manifestação desolidariedade a você. Quer falarsobre Osasco?

Apoio e solidariedade de amigos ecompanheiros de militância social,sindical e do PT, felizmente, eu rece-bo fartamente. Agradeço a todos.

Osasco estará sempre no meu co-ração. É onde tenho minha casa,onde residirei até os fins de meusdias. A cidade avançou com as ges-tões municipais do PT. Mas podemosmelhorar ainda mais a nossa admi-nistração para ampliar a qualidadede vida da população local.

O PT de Osasco deve coordenar odebate sobre a cidade, seu governo eseu futuro, criando as condições paramelhorar as ações da administração,em todas as áreas. Ampliando o diá-logo com as lideranças sociais e osmovimentos, popular e sindical,para constituir uma frente de esquer-da que coordene uma ampla alian-ça a favor do candidato petista.

João Paulo Cunha

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117 a 21 de maio de 2015 ■ O TRABALHO Internacional

“Concretize seu discurso antiimperialista”A luta dos trabalhadores na Venezuela, em meio às contradições do governo Maduro

Com a campanha “Obama revo-gue o decreto” (que declara a Ve-

nezuela “ameaça à segurança nacio-nal dos EUA”) o governo Maduro,em certa medida, isolou a direitapro-imperialista e recoesionou baseschavistas.

Mas a situação da Venezuela conti-nua marcada pelo desabastecimentoe a desorganização da “guerra econô-mica”, provocada por empresáriosnacionais e estrangeiros, enquanto ogoverno hesita em utilizar os instru-mentos legais de que dispõe paracombatê-los, ao mesmo tempo emque mantém dia o pagamento da dí-vida aos banqueiros internacionais.

O reajuste do salário mínimo,anunciado neste 1o de maio, podenão ser suficiente para cobrir a in-flação que, segundo previsões, devepassar de 90% em 2015.

Um manifesto de diversas organi-zações de trabalhadores, lançadoneste 1o de Maio, explica que “as jus-tas medidas que o governo Madurotem adotado, ao subsidiar produtosde primeira necessidade, como ga-solina, medicamentos e alimentos,têm servido para que se constituame ampliem redes mafiosas de parasi-tas sociais que vivem do ‘bachaqueo’

norou que essa multinacional con-fessou que fechou fraudulentamen-te suas portas em Barquisimetro, masmanteve abertas as agências terceiri-zadas. A Inspetora fez-se de desen-tendida e não ordenou a imediataaplicação do artigo 149 da LOTT paragarantir o direito ao trabalho de 53companheiros e que, inclusive, lhedá o poder de mandar prender ospatrões caso venham a descumpriruma ordem de reabrir imediatamen-te a empresa”.

Os trabalhadores enviam a carta“depois de 34 dias sem poder levaro alimento a nossos filhos e espo-sas, 34 dias nos quais nossos direi-tos foram pisoteados”, e reivindicamde Maduro: “Hoje pedimos-lhe quetorne realidade, que concretize seudiscurso antiimperialista e apliquetodos os mecanismos legais para queesses empresários espanhóis – quepretendem ingerir nas políticas denosso país, exploradores de nossamão de obra assalariada e violadoresdo ordenamento jurídico da Repú-blica Bolivariana de Venezuela quenos é favorável a nós, trabalhadores– para que eles restituam nossos di-reitos ao trabalho, à organização sin-dical e à contratação coletiva”.

(compra de mercadorias a baixo cus-to nos mercados do governo e reven-da com grande lucro em países limí-trofes, NDR), retenção de estoques,contrabando, contando com a cum-plicidade de empresários, funcioná-rios e militares nas fronteiras”

No plano das relações do trabalho,a principal exigência do movimentosindical é a estrita aplicação da le-gislação (LOTT) que garante prote-ção aos trabalhadores, mas é fre-quentemente ignorada.

É o caso dos trabalhadores daMRW (multinacional espanhola, deentrega de encomendas) da cidadede Barquisimetro que entraram emgreve em março exigindo negociação

do contrato coletivo. A resposta dospatrões foi recorrer ao lock-out.

Em carta aberta a Maduro, os tra-balhadores da MRV reivindicam odiscurso do presidente onde ele “as-sinala que o governo imperialistaespanhol estava confabulando como governo estadunidense, para pra-ticar uma grosseira ingerência nosassuntos internos da Venezuela, oque rechaçamos em geral como povoantiimperialista, e em concretocomo trabalhadores de uma multi-nacional espanhola que viola nos-sos direitos enquanto trabalhadores”.Na carta eles denunciam que a MRWvaleu-se da cumplicidade da Inspe-tora do Trabalho da região que “ig-

A tragédia dos náufragos noMediterrâneo

Em 2015, mais de 1,8 mil imigrantes morreram natravessia entre África e Europa

Palestinos mantêm a lutaEstado sionista não consegue derrotar a resistência,

67 anos depois da “Nakba”

Enquanto o Estado de Israel a ce-lebração do 67o aniversário de

sua criação, em 14 de maio, os pa-lestinos, expulsos de suas terras paraa instalação do Estado sionista, man-têm de pé a resistência ao que cha-mam de “Nakba” (catástrofe). A fun-dação de Israel levou à expulsão de800 mil palestinos de suas casas.Atualmente, contando com os des-cendentes dos expulsos, são 5 mi-lhões de pessoas.

No fim de abril, milhares de pa-lestinos do interior (que vivem den-tro das fronteiras de Israel) organi-zaram uma manifestação em direçãoa Hadatha, vila situada nas proximi-dades do lago de Tiberíades. Erammais de 10 mil manifestantes, famí-lias inteiras, compostas por pessoasnascidas na Palestina antes de 1948,acompanhadas de filhos e netos, quereafirmavam suas reivindicações,exigindo a reunificação de todas asfamílias desalojadas.

Na Faixa de Gaza, os palestinosvivem em um território devastado,particularmente depois dos ataquesde Israel de 2014. O bloqueio a Gaza

se mantém, em um vergonhoso con-senso internacional que “legitima” apunição coletiva de todo o povo pa-lestino. Tudo porque, apesar dasguerras, da brutalidade da ocupação,da dura vida em campos de refugia-dos e da colaboração da AutoridadePalestina, os palestinos continuama reivindicar seus direitos, a come-çar pelo direito ao retorno.

Relatório da própria ONU, divul-gado no fim de março, indica que onúmero de civis palestinos mortos emenfrentamentos com o Estado de Is-rael atingiu em 2014 um nível semprecedentes desde a Guerra dos SeisDias (1967). O motivo principal é aguerra lançada em julho pelo exérci-to sionista contra a Faixa de Gaza.Nessa operação, “mais de 1,5 mil ci-vis foram mortos, 11 mil foram feri-dos e 100 mil deslocados”, diz o re-latório. Entre as vítimas, estão 550crianças. No total, 2.220 palestinos,incluindo os combatentes, morreramna Faixa de Gaza. Na Cisjordânia(ocupada em 1967) e em Jerusalém,58 palestinos foram mortos e 6.028feridos em 2014, acrescenta o texto.

No último 23 de abril,morreram, em um

mesmo navio, cerca de900 imigrantes que ten-tavam ir da África para aEuropa, para fugir deuma conjuntura desespe-radora: fome, guerras eviolência extrema que es-facelam boa parte docontinente africano e oOriente Médio.

Essa tragédia não é um fato isola-do. Em 2014, estima-se que 200 milpessoas atravessaram o mar a cami-nho da Europa. Mais de três milmorreram. Em 2015, cerca de 35 milviajaram, 1.800 desapareceram. Em2 de maio, a marinha italiana encon-trou 4,5 mil migrantes em barcos deborracha que estavam na costa daLíbia, 10 corpos foram recuperados.

A imprensa, cinicamente, diz quea Europa não tem responsabilidadesobre a situação, mas que “todos ospaíses da União Europeia (UE) de-

vem repartir o ônus desse problemahumanitário” (OESP, 24/04). Ora, asguerras na África e no Oriente Mé-dio são a continuidade da políticalevada pelo imperialismo EUA, como apoio indispensável da UE. Paracontrolar essas duas regiões estraté-gicas, os EUA financiam governos egrupos mafiosos locais, jogando unscontra os outros, como acontece naSíria, Líbia, Iraque, Somália, paraampliar os conflitos, enquantoamassa da população sofre com oestado de guerra permanente, laçan-do-se em busca de uma vida melhor.

Busca por uma vida melhor se transforma em tragédia

1o de Maio emBarquisimetro.Na foto menortrabalhadores daMRW em luta

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12 O TRABALHO ■ 7 a 21 de maio de 2015Internacional

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Rebelião em Baltimore (EUA) leva aoindiciamento de policiais

Procuradora denuncia os envolvidos na morte de Freddie Gray

No sábado, 2 de maio, milharescelebraram nas ruas de Baltimo-

re o indiciamento de seis policiaispor denúncias relacionadas à mortedo jovem negro, Freddie Gray. No dia12 de abril, Gray fugiu de três poli-ciais na região oeste de Baltimore efoi preso. Uma semana depois, eleestava morto devido a um grave feri-mento da espinha dorsal.

A procuradora do estado de Mary-land, cuja maior cidade é Baltimore,Marilyn Mosby, apresentou denún-cia contra os policiais no dia 1o demaio, anunciando que Gray morre-ra depois de ter tido o seu pescoçoquebrado dentro de uma viaturapolicial. Um dos policiais foiindiciado por “assassinato de segun-do grau”; outros três por “homicídioinvoluntário” e outros dois por“agressão de segundo grau”.

Ativistas presentes na comemora-ção de 2 de maio insistiram, contu-do, que a justiça para Gray não foiainda garantida. O reverendo JamalBryant, um dos líderes dos protes-tos de massa, foi ovacionado pelopublico quando disse que os poli-ciais assassinos precisam ser senten-ciados por seus crimes com prisãoprolongada: “Nós temos que acom-panhar esse processo até que todosos seis policiais troquem seus uni-formes azuis da policia, por laran-jas, de prisioneiros”. Outros orado-res lembraram quando a reação dadireita que, mobilizada, conseguiulevar à absolvição de GeorgeZimmerman na morte de TrayvonMartin, jovem negro assassinado emMiami em 2012.

Toda essa precaução tem razão deser: a reação da direita já começou. A“Fraternidade dos Policiais de Balti-more” está exigindo um procurador“independente”, a atual procuradoraé negra, enquanto personalidades damídia, incluindo muitos que se con-sideram “progressistas”, estão insis-tindo que os indiciamentos do casoMosby são “precipitados” e “não le-vam em conta a versão da polícia.”

Do protesto à rebeliãoApós a prisão de Freddie Gray, de-

zenas de milhares de pessoas, a maio-ria jovens negros (muitos dos quaisestudantes que saíram de suas salasde aula em protesto), mobilizaramnas ruas diariamente, em atos pacífi-cos de massa cantando: “Sem Justiça,Sem Paz, Não à Polícia Racista!” eexigindo “Justiça para Freddie Gray!”

A maior mobilização ocorreu nodia 27 de abril, o dia do funeral de

insultos do dia-a-dia e os danos cau-sados por esse sistema.

“O desemprego é alto – quase 60%da população negra entre 16 e 64

Gray. Foi aí que o protesto transfor-mou-se numa rebelião. Uma passea-ta de jovens e de membros da comu-nidade saiu espontaneamente dofuneral e foi reprimida pelo pelotãode choque da polícia. Com o acirra-mento da situação, os manifestantescomeçaram a jogar pedras, garrafase tijolos na polícia, forçando-a a re-tirar-se.

A nova Procuradora Geral deObama, Loretta Lynch, que foi em-possada justamente no dia do fu-neral de Gray, condenou os “atosde violência sem sentido” por “es-tilhaçarem a paz na cidade de Bal-timore.” A prefeita de Baltimoreacusou “agitadores vindos de fora”e “arruaceiros” pela violência. Opresidente Obama, igualmente, re-feriu-se aos manifestantes como“vândalos”. O reverendo AlSharpton, que posa de amigo dostrabalhadores e da luta pela liber-dade dos negros, foi ainda maisenfático em sua denúncia da rebe-lião de Baltimore, dando cobertu-ra à Guarda Nacional e à Polícia Es-tadual que foram enviadas a Balti-more para “restaurarem a paz.”

Socialist Organizer, a seção dosEUA da 4a Internacional, publicouum manifesto no dia 29 de abril ex-plicando quem é responsável pelaviolência em Baltimore e exigindojustiça para Freddie Gray:

“O sistema capitalista racista – comsua brutalidade policial, pobreza,desemprego e habitação inadequa-da – está na raiz causadora da vio-lência. Nós não deveríamos ficar sur-presos quando o oprimido se levan-ta. Há um ponto de ruptura, um pon-to onde o povo não aceita mais os

1o de maio: marcha dos portuários impulsionada por seu sindicato ILWU – Local 10 e outrossindicatos (municipais, professores, enfermeiras) no porto de Oakland, Califórnia. Os portuáriosfecharam o porto de Oakland, um dos mais importantes do país, durante todo o dia. Com outrossindicalistas e militantes negros, os portuários realizaram uma passeata até a Câmara Municipalpara exigir punição aos policiais culpados pela morte de Freddie Gray em Baltimore, e tantasoutras mortes de jovens negros pelos quatro cantos dos EUA

anos está sem trabalho. Cerca de30% dos prédios nos bairros dosnegros estão desocupados. A taxa depobreza em Baltimore está acima dos25%. Nós exigimos o indiciamento,o processo e o sentenciamento dospoliciais assassinos. Um amplo pro-grama de reconstrução econômica decidades como Baltimore é urgentepara tratar da profunda pobreza queaflige o povo negro ao redor do país.Um programa público de criação deempregos, formais com direitos desindicalização, para todos e um pro-grama nacional de Saúde para todosé um passo necessário. Mas progra-mas econômicos sozinhos não sãosuficientes para lidar com as condi-ções racistas – de tipo Apartheid –que confrontam o povo negro. É pre-ciso lutar implacavelmente para des-mantelar o racismo, a ‘supremaciabranca’, e o complexo prisional-in-dustrial”.

Alan Benjamin

Oakland: portuários sereapropriam do 1o de maio

O 1o de Maio é, há um século, odia internacional de luta dos

trabalhadores. Foi nos Estados Uni-dos que surgiu, em Chicago, comoconsequência do combate pela jor-nada de 8 horas, no ano de 1886.Mas o 1o de Maio deixou de ser co-mumente celebrado nos EstadosUnidos pela pressão do imperialis-mo. Por isso é representativo quenesse primeiro de maio, momentoem que o país vive a explosão socialpelo assassinato do jovem negroFreddie Gray por policiais, o sindi-cato dos portuários de Oakland, o

porto mais importante da costa oes-te do país, tenha chamado greve emsolidariedade às manifestações deBaltimore, contra a violência poli-cial. Os portuários de São Franciscotambém pararam, assim como traba-lhadores dos transportes públicos. EmLos Angeles também houve manifes-tações de apoio. As revoltas de Balti-more, e a solidariedade aos protestosexpressa nesse primeiro de maio portodo o país, mostram que a luta dosnegros contra a desigualdade, a vio-lência e o racismo é de toda a classeoperária estadunidense.