portal do servidor estadual o uso da tecnologia … consad/paineis... · tecnologia de e-gov como...
TRANSCRIPT
PORTAL DO SERVIDOR ESTADUAL: O USO DA
TECNOLOGIA DE E-GOV COMO FERRAMENTA A
SERVIÇO DA GESTÃO DE PESSOAS
Félix Fernando da Silva Maria Eduarda Gordilho Lomanto
Vanusa Carle da Cruz Wagner
II Congresso Consad de Gestão Pública – Painel 15: O Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos (SIGRH): a experiência de Santa Catarina
PORTAL DO SERVIDOR ESTADUAL: O USO DA TECNOLOGIA DE E-GOV COMO
FERRAMENTA A SERVIÇO DA GESTÃO DE PESSOAS
Félix Fernando da Silva Maria Eduarda Gordilho Lomanto
Vanusa Carle da Cruz Wagner
RESUMO Ao relatar as experiências vivenciadas pretende-se contribuir para o aprimoramento da política de recursos humanos, destacando a importância da utilização de ferramentas tecnológicas voltadas ao fortalecimento da relação entre o servidor público e governo, primando pela valorização do primeiro. O foco principal é a observação da experiência vivida na construção de um projeto de governo eletrônico e os resultados obtidos no fomento dos princípios da Administração Pública, em especial a transparência, a economicidade e a eficácia. Ademais, constatou-se como a iniciativa de construção de um portal governamental impulsionou a inclusão digital dos servidores estaduais e o empoderamento dos mesmos perante as políticas de recursos humanos promovidas pelo Estado catarinense. O portal temático, denominado Portal do Servidor Público Estadual de Santa Catarina, foi criado para tornar-se um referencial na grande rede, a internet, “porta” de entrada para informações e serviços tanto para o servidor quanto para o cidadão. Desenvolvido a partir de abril de 2007, contou com a participação de uma comunidade de prática formada pelos servidores da Diretoria de Gestão de Recursos Humanos (DGRH), especialmente da Gerência de Controle e Avaliação Funcional (GECOF), responsável pelo acompanhamento e pela avaliação das informações da área de recursos humanos, além da proposição de inovações no âmbito do Sistema Administrativo de Gestão de Recursos Humanos (SAGRH). Com esta incumbência a GECOF gerencia o conteúdo do Portal, contando com a colaboração das demais gerências da DGRH. Os mais de 124 mil servidores ativos, inativos e pensionistas são partícipes do processo de elaboração do conteúdo, instigados tanto por meio da “publicidade” do próprio portal quanto por estratégias mais convencionais de divulgação, como a impressão do endereço do portal nos contracheques entregues aos servidores. O projeto, que iniciou com um grupo reduzido de colaboradores, atualmente conta com uma rede de atores motivados a criar o melhor portal voltado aos servidores públicos estaduais do Brasil. Baseado em softwares livres, tendência mundial no setor público, o portal avançou na fatia do share of mind dos servidores estaduais a ponto de se tornar em apenas dez meses um dos endereços eletrônicos mais acessados entre aqueles com o domínio “sc.gov.br”.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS E TABELAS.............................................................................. 03
LISTA DE SIGLAS..................................................................................................... 04
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 05
2 REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................... 06
2.1 Gestão de pessoas.............................................................................................. 06
2.1.1 Participação e cidadania................................................................................... 06
2.1.2 Capital humano................................................................................................. 08
2.1.3 Gestão de pessoas........................................................................................... 09
2.2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO............................................................................ 10
2.2.1 A inserção da tecnologia como ferramenta de eficácia administrativa............. 10
2.2.2 O governo eletrônico......................................................................................... 14
2.2.3 Governo eletrônico e a busca por cidadania..................................................... 15
3 DESENVOLVIMENTO DO PORTAL DO SERVIDOR............................................ 18
3.1 O PORTAL NA PROMOÇÃO DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS....................... 20
3.1.1 Dificuldades....................................................................................................... 22
3.1.2 Resultados........................................................................................................ 23
4 CONCLUSÃO......................................................................................................... 25
5 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 26
3
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1 – Gestão de pessoas................................................................................... 10
Tabela 1 – Relação entre a tipologia de Vaz (2003) e o Portal do Servidor.............. 21
Tabela 2 – Depoimentos sobre o Portal.................................................................... 21
Figura 2 – Estatística do Portal do Servidor Estadual de Santa Catarina.................. 23
Figura 3 – Pesquisa realizada no Portal do Servidor de 05.10.2007 a 15.01.2008... 24
4
LISTA DE SIGLAS
DGRH – Diretoria de Gestão de Recursos Humanos
GECOF – Gerência de Avaliação e Controle Funcional
SAGRH – Sistema Administrativo de Gestão de Recursos Humanos
SEA – Secretaria de Estado da Administração
5
1 INTRODUÇÃO
A organização tratada aqui é a Secretaria de Estado da Administração de
Santa Catarina, órgão gestor das áreas de recursos humanos, materiais e serviços,
patrimônio, documental, governança eletrônica e ouvidoria do Governo do Estado.
Trata-se de um órgão sistêmico, a partir do qual são implantadas as políticas das
grandes áreas mencionadas. Localizada no Centro Administrativo, conta atualmente
com 649 servidores ativos. Criada em 1970, historicamente, alterna momentos de
maior ou menor importância estratégica ou política.
Recentemente, por conta da reforma administrativa estadual de 2007,
agregou às suas atribuições o papel de gestora do processo de governança
eletrônica e de definidora dos padrões tecnológicos utilizados pela estrutura
governamental.
Diante deste cenário, entende-se que a Secretaria de Estado da
Administração (SEA), gestora das áreas de recursos humanos e de governo
eletrônico, é a unidade organizacional com terreno fértil para experiências que
envolvam tecnologia e gestão de pessoas.
O Projeto “Portal do Servidor” originou-se da necessidade de construção
de um canal de comunicação adequado à realidade tecnológica, a fim de otimizar a
gestão de pessoas, permitindo minimizar os possíveis ruídos encontrados em
qualquer canal de comunicação.
Com o auxílio de pessoas de distintas áreas do conhecimento e o apoio
da Diretoria de Gestão de Recursos Humanos (DGRH), da SEA, o projeto teve início
em abril de 2007. O lançamento com a publicação na internet ocorreu em
22.10.2007, durante as comemorações da semana do servidor.
Os pilares teóricos de sustentação do Portal do Servidor Estadual de
Santa Catarina que embasaram a concepção do projeto apóiam-se em dois campos
do conhecimento distintos, a saber: o de tecnologias aplicadas ao governo eletrônico
e o da administração de recursos humanos.
Como se demonstrará neste trabalho, os campos unem-se na
consecução dos objetivos propostos no Projeto: a evolução da gestão de pessoas
no âmbito do governo estadual de Santa Catarina, concomitante ao desenvolvimento
do capital humano e ao fortalecimento da cidadania dos servidores públicos.
6
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A cultura e estrutura administrativa catarinense não é diferente da
existente nos demais Estados Brasileiros: não atende com rapidez, objetividade e
eficácia os anseios da sociedade. De um lado há carência de atuação efetiva nas
políticas, tais como saúde, educação, segurança e infra-estrutura, enquanto de outro
lado o Estado não consegue fazer com que os recursos disponíveis sejam
otimizados e redimensionados em resultados.
Superar estas dificuldades passa por perceber que as pessoas que
trabalham nas organizações públicas são elementos que quando devidamente
valorizados contribuem com os objetivos de Estado.
Indo ao encontro ao exposto acima, faz-se necessário, então, que as
pessoas sejam vistas nas organizações como capital humano, sendo imprescindível
a sua participação e integração que aumenta o conhecimento das atividades
organizacionais, a confiança, as percepções de satisfação no trabalho, o
compromisso com a organização, o desempenho e a aceitação das mudanças
organizacionais.
O “Portal do Servidor” visou criar um vínculo com os servidores pelo
revigoramento da comunicação adequado à realidade tecnológica, propiciando
otimizar os resultados organizacionais pela gestão de pessoas.
2.1 Gestão de pessoas
2.1.1 Participação e cidadania
Em regimes democráticos a responsabilidade de governar a sociedade
está de posse dos cidadãos: de forma direta, por meio da participação popular, ou
indireta, por meio de seus representantes eleitos. Por este enfoque (apenas um
entre os vários enfoques possíveis, atribuíveis ao conceito de cidadania), cidadania
é a expressão do vínculo existente entre o ser-indivíduo com o Estado.
A participação direta acontece quando os cidadãos estão pessoalmente
envolvidos nas decisões; ao contrário da participação indireta, quando os cidadãos
elegem outros para os representarem nas decisões. A primeira requer
7
compartilhamento de poder entre cidadãos e agentes públicos. O poder
compartilhado é poder com cidadãos, ao contrário de ser um poder exercido sobre
cidadãos. No segundo caso, participação indireta, o poder decisório é concedido por
cidadãos-eleitor para representantes eleitos, que se tornam responsáveis pela
tomada de decisões coletiva (ROBERTS, 2004).
Alguns autores consideram a cidadania restrita ao conceito legal, de papel
político, com ênfase nos aspectos processuais de envolvimento do indivíduo com o
Estado (COOPER, apud ROBERTS, 2004). Para outros, esta se expande na direção
de uma declaração ética e sociologicamente substantiva, em que a realização dos
valores na vida dos cidadãos deve guiar o governo (HART apud ROBERTS, 2004).
O conceito de cidadania proposto por Ventris (2005, p. 556, tradução
livre), refere-se ao:
[...] Fundado nos valores da diferença de opiniões, da não conformidade, e do questionamento sistemático dos sistemas de crenças e valores sociais mais profundamente enraizados, em uma tentativa ética de entendimento e prevenção dos fatores políticos e sociais, que podem promover uma miríade de pequenas e grandes injustiças.
Na visão de Roberts (2004), ao combinar-se o conceito de cidadão, de
poder e de decisão compartilhados, que se define a participação como o processo
pelo quais os membros de uma sociedade (aqueles que não fazem parte de órgãos
públicos ou do governo) dividem poder com agentes públicos, toma decisões
substantivas e exercem ações relacionadas às suas comunidades.
De acordo com a autora, a participação “[...] é um valor intrínseco porque
desenvolve as mais elevadas capacidades humanas e ampara o caráter moral ativo,
direcionado ao bem público” (Roberts, 2004, p. 323, tradução livre).
A vantagem da participação, em última instância, possibilita a distribuição
mais equilibrada dos recursos do Estado. Para Ventris e Kuentzel (2005, p. 520), a
participação “[...] assume, por definição, que o envolvimento cidadão contribui para a
deliberação reflexiva, para a democracia discursiva, a efetiva representação, e a
construção de consenso na esfera pública”.
Portanto, a participação é um dos elementos principais para que as
necessidades e desejos dos servidores e cidadãos sejam conhecidos, permitindo o
dissenso, com vista ao consenso e o fortalecimento dos princípios democráticos, à
medida que desperta, formula, direciona, e legitima as políticas e atitudes do
governo.
8
2.1.2 Capital humano
Capital humano é um conceito relativamente recente, que começou a ser
debatido no final da década de oitenta, fruto do choque entre o discurso de
valorização dos funcionários por parte das empresas, e suas ações na prática
cotidiana (FRIEDMAN; HATCH; WALKER, 2000).
Ainda segundo estes autores, do embate entre discurso e prática,
nasceram pesquisas acadêmicas que comprovaram já na década de 90, de modo
quantitativo com tratamento estatístico, que os investimentos realizados nas
pessoas que compõem uma organização produzem um retorno superior ao
dispêndio realizado.
Na visão de Heidemann e Kissler (2008, texto inédito), à medida que a
mera administração de fichas pessoais evoluiu para a gestão de recursos humanos,
tornou-se claro para os profissionais da área de recursos humanos a necessidade
de um novo enfoque, que posicionasse temas ligados à capacitação, motivação e
liderança como uma tarefa integrada, concomitantemente ao desafio estratégico de
criar maneiras de viabilizar na prática a consecução de tais desafios.
Segundo os autores, todo este movimento, baseia-se na compreensão de
que a força de trabalho nos órgãos administrativos representa um ‘capital humano’
do qual se deve cuidar bem. Partindo desta premissa, as organizações privadas num
primeiro momento, seguida pelas públicas, passaram a atribuir valor às pessoas,
superando a noção de recursos humanos (HEIDEMANN; KISLER, 2008, texto
inédito).
De modo sucinto, a definição de capital humano apresenta a noção
organizacional que vê “as pessoas [na organização] não como recursos perecíveis a
serem consumidos, mas como um bem de valor a ser desenvolvido” (FRIEDMAN;
HATCH; WALKER, 2000, p. 29).
O capital humano está intimamente relacionado ao processo de
alinhamento estratégico da organização, tornando possível que as metas
organizacionais sejam atingidas com eficiência e eficácia.
9
2.1.3 Gestão de pessoas
Muito tempo transcorreu entre as primeiras atividades de racionalização e
controle da atividade humana no ambiente de trabalho, nos primórdios da revolução
industrial, e a atual gestão de pessoas; entre o progressivo avanço de Departamento
de Pessoal para Setor de Recursos Humanos, até a atual visão da Gestão de
Pessoas nas organizações (PASCHINI, 2006).
O processo de aprimoramento está intimamente ligado ao
desenvolvimento das organizações, com a forma como se relacionam e com sua
evolução na medida em que estas cresceram em complexidade e tamanho.
De acordo com Fischer (2002, p. 11), cada organização, dentro da
estrutura de mercado em que atua, desenvolve uma forma própria de organizar a
atuação dos seus profissionais, o que se convenciona chamar de “modelo de gestão
de pessoas”. Isto é, a maneira peculiar como cada empresa, dentro de uma
formatação mais ou menos flexível organiza, controla, distribui e remunera o
trabalho das pessoas.
A gestão de pessoas, deste modo, está relacionada com os diversos
aspectos e atividades organizacionais, tais como a posição da organização;
contratação, recrutamento e seleção de pessoas; treinamento e desenvolvimento;
remuneração e benefícios; sistemas de gestão; novas tecnologias, entre outros
(FRANÇA, 2008).
De forma esquemática, pode-se representar o que é a gestão de pessoas
a partir da Figura 1 que segue.
A figura ratifica a percepção que gestão de pessoas trata de práticas
multidisciplinares e multidimensionadas, nada simplistas. Já faz tempo que as
políticas apontadas para as pessoas vão além de meras estratégias remuneratórias,
visualizando os seres em toda a sua complexidade. Nas organizações públicas
estes conceitos estão longe de tornar-se práticas cotidianas ocasionando a
dispersão de talentos em direção da iniciativa privada. Cabe aos novos gestores
demonstrar ao alto comando do executivo e do legislativo que a criação de
mecanismos de retenção e aprimoração de talentos faz parte da estratégia de
melhora na qualidade do serviço público. Limitados pela Lei de Responsabilidade
Fiscal é importante que a discricionariedade dos agentes públicos privilegie políticas
de gestão de recursos humanos que elevem os níveis de excelência dos servidores
10
públicos. Um dos itens que contribuem para esta “excelência” são sistemas de
informação ágeis e eficazes. Abaixo alguns conceitos sobre o tema.
Figura 1 – Gestão de pessoas Fonte: FRANÇA (2008, p. 5)
2.2 Sistemas de informação
2.2.1 A inserção da tecnologia como ferramenta de eficácia administrativa
O objetivo deste tópico é traçar, por meio de uma linha temporal, um
relato histórico da introdução da tecnologia na esfera governamental federal e
estadual. Visa demonstrar que a inserção mais acentuada deu-se a partir dos anos
90, especificamente após a Reforma do Aparelho do Estado iniciada pela União.
Optou-se por um menor aprofundamento dos fatos históricos, visto que
não é nosso objetivo a análise exploratória dos fatores causadores de cada etapa.
Veja-se na visão de Ferrer e Santos (2004, XIII) como evoluiu a utilização da
telemática como elemento fomentador de eficácia e aproximação do governo aos
cidadãos:
Conjunto das forças humanas voltadas para
as atividades produtivas, gerenciais e estratégicas dentro de
um ambiente organizacional
Interação
Compromisso
Potencial Criatividade
Força de Trabalho
Inovação
11
2.2.1.1 Cenário federal
� Final dos anos 80 – Início da internet Brasil com a construção do
backbone principal.
� Meados da década de 90 – popularização da internet com a
proliferação de pequenos provedores pelo país a fora.
� 1996 – a expressão “governo eletrônico” passou a ser utilizada para
denominar os serviços eletrônicos disponíveis pelo governo federal
brasileiro.
� 1998 – antes mesmo da Instituição da Política de Governo Eletrônico
(2000), já eram oferecidas pela internet entrega das declarações de
imposto de renda, a divulgação de editais de compras governamentais
e de informações institucionais sobre benefícios da previdência social.
� Em dezembro de 1999, o então presidente Fernando Henrique Cardoso
aprovou a oferta na internet de todos os serviços prestados ao cidadão
(Política de Governo Eletrônico), e com isso foi lançado o Programa
Sociedade da Informação, reunindo as estratégias de governo
eletrônico e os aspectos sociais de inclusão digital para as atividades
relacionadas à tecnologia no país.
� O Brasil inicia o ano de 2000 com a estratégia de infra-estrutura e seu
arcabouço jurídico-institucional desenhado para viabilizar a implantação
do e-government.
� Setembro de 2000, o presidente FHC aprovou a proposta da PGE
(Política Brasileira de Governo Eletrônico).
� 2000 – A universalização das telecomunicações.
� 2000 e 2001 – todos os ministérios e agências governamentais sob a
coordenação da Casa Civil da Presidência da República, desenvolvem
ações visando à publicação de todos os serviços e informações
prestados pelo governo ao cidadão pela internet e demais formas de
interação.
� Ao longo de 2000 e 2001 o governo aprovou leis e decretos que
delineavam o arcabouço legal para criar um ambiente seguro em
relação a contratos e assinaturas na internet.
12
� 2001 – Publicação do Diário Oficial da União passou a ser realizada de
forma eletrônica. Surgiu então o Comitê Especial de Segurança na
Internet para assessorar o governo nas implantações do PKI (Infra-
estrutura de Chave Pública e entidade certificadora de assinaturas
oficiais do governo).
� 2002 – A Lei de Responsabilidade Fiscal obriga todos os municípios a
disponibilizar na internet suas contas públicas. Surgem os primeiros
megaportais governamentais, como o Comprasnet e o portal da Rede
Governo.
� Governo Lula – Principais temas propostos: o aumento da inclusão
digital, a padronização do software livre nos aplicativos do governo, o
estabelecimento de padrões de interoperabilidade entre os vários
sistemas legados do governo, a integração das informações e serviços
governamentais e, ainda, a modernização do Estado brasileiro por meio
da colaboração dos sistemas de conhecimento de governo para
governo.
� Outubro de 2000 – Lançamento do e-GIF pelo Governo do Reino
Unido.
� Fevereiro de 2002 – Lançamento do e-GIF pelo Governo da Nova
Zelândia.
� Junho de 2003 – Visita do Secretário da SLTI/MP ao Governo Britânico
para conhecer o modelo britânico de interoperabilidade (e-GIF).
� Março de 2005 – Lançamento da versão 1.0 do documento de
referência da e-ping na TELEXPO 2005.
� Dezembro de 2007 – Publicação da versão 3.0 do documento de
referência da e-ping.
2.2.1.2 Cenário estadual
Ao falar de governo eletrônico no âmbito estadual deve-se reconhecer o
pioneirismo do Estado do Paraná, primeiro a possuir um birô de processamento de
dados, seguido por São Paulo, Minas Gerais e o Rio de Janeiro.
Todos tinham como principal motivador a automatização dos processos
meio, em especial as áreas da arrecadação e a folha de pagamento. Estes Estados
organizaram suas áreas de processamento de dados por meio de empresas de
13
economia mista que detinham o monopólio de desenvolvimento de sistemas. O
modelo de gestão de informática era centralizado e foi seguido por muitos grandes
municípios a partir da década de 70.
As primeiras iniciativas de democratização e extensão do uso da
informática surgiram com a constituição de conselhos de informática. Estes foram
rapidamente esvaziados por conta da cultura predominante a época. Chahin et al.
(2004, p. 42) lembram que:
[...] nas décadas de 70 e 80 o poder público brasileiro não via as tecnologias da informação e comunicação como ferramentas para a gestão governamental e para a governança, e os conselhos tornaram-se uma consolidação do controle dos biros estaduais antes organizados.
O cenário permaneceu inalterado até meados da década de 90, quando
projetos de financiamento para o fortalecimento do aparato estatal alavancaram uma
modernização dos processos de gestão dos Estados e Municípios. Destacam-se
neste período o Programa Nacional de Apoio à Administração Fiscal para os
Estados Brasileiros e Distrito Federal (PNAFE), o Programa de Modernização da
Gestão Municipal (PMAT) e o Programa Nacional de Apoio à Gestão Administrativa
e Fiscal (PNAFM). (CHAHIN ET AL., 2004).
O aporte de recursos conjugado com a efervescência das iniciativas do e-
gov federal, movimentaram as estruturas técnicas dos estados e municípios. Chain
et al. (2004, p. 42) relatam o amadurecimento dos projetos de governo eletrônico a
partir de 2000.
Passados alguns anos de experiências voltadas à disponibilização de serviços eletrônicos por parte dos estados, o BNDES em estudo comparativo elencou os entes federativos com iniciativas mais complexas. Estavam neste estudo efetuado no ano de 2000, os estados de Minas Gerais, Paraná, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Já em 2002 a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) promoveu um comparativo entre os sites governamentais. Os melhores neste momento foram os Estados do Paraná, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Importante verificar que atualmente os governos estaduais, em sua
maioria possuem fóruns de discussão ou estruturas formais que trabalham as
questões ligadas ao governo eletrônico. Em Santa Catarina foi criada recentemente
a Diretoria de Governança Eletrônica que tem como visão elevar o Estado à
condição de modelo em governo eletrônico.
14
2.2.2 O governo eletrônico
Visualizado o cenário no qual surgiram as iniciativas de transferência dos
serviços para o mundo virtual, explora-se agora, com maior aprofundamento, os
conceitos relacionados ao governo eletrônico.
Uma reflexão a ser observada para introdução do assunto é a de Ferrer e
Santos (2004, XVI):
A obrigação de qualquer governo é servir bem ao cidadão. Porém, até pouco tempo atrás, oferecer serviços públicos eficientes se constituía em um problema sem solução. Agora, surge uma resposta para o dilema das organizações públicas, que necessitam melhorar a oferta de serviços e, ao mesmo tempo, respeitar os orçamentos apertados. Trata-se do e-government.
Os autores apontam para a escassez de recursos públicos para
oferecimento dos serviços tradicionais como aspecto central na discussão sobre
governo eletrônico. O conceito de e-gov vai além desta abordagem, mas é esta a
motivação primeira dos governos quando optam por adentrar ao mundo dos serviços
eletrônicos.
Os mesmos autores conceituam e-government como “conjunto de
serviços e o acesso a informações que o governo oferece aos diferentes atores da
sociedade civil por meios eletrônicos.” (FERRER E SANTOS, 2004, XVII).
Alguns conceitos de governo eletrônico que agregam outros aspectos
importantes. Para Chahin et al (2004, xvi):
[...] é uma poderosa ferramenta da reforma administrativa do Estado, uma vez que facilita a transparência, a eficiência na entrega dos serviços públicos, a luta contra a corrupção e a individualização do atendimento aos cidadãos.
Para o governo britânico o e-government apresenta quatro princípios:
“construir serviços demandados pelos cidadãos; tornar o governo e os serviços mais
fáceis de serem acessados; promover a inclusão social e usar melhor a informação.”
(MARTINS, 2004. p. 18).
Na visão do governo dos Estados Unidos, expressa no relatório E-
government strategy: simplified delivery of services to citizens, os objetivos principais
do e-gov são: “tornar mais fácil para os cidadãos à obtenção de serviços e a
interação com o governo federal; aumentar a eficiência e a efetividade
governamental e aumentar a capacidade de resposta para os cidadãos.” (MARTINS,
2004. p. 18).
15
Já no e-ping (2006, p. 20), documento de referência para a implantação
de serviços eletrônicos, produzido por especialistas brasileiros, governo eletrônico
significa essencialmente:
[...] o governo servir melhor às necessidades do cidadão utilizando os recursos de Tecnologia, Informação e Comunicação. Possibilita a integração e torna disponíveis serviços de forma íntegra, segura e coerente, permitindo obter melhores níveis de eficiência no governo.
Por fim é relevante verificar o entendimento do próprio Programa de
Governo Eletrônico Brasileiro1. Veja o que consta no sítio:
[...] o que se pretende com o programa de governo eletrônico brasileiro é a transformação das relações do governo com os cidadãos, empresas e também entre os órgãos do próprio governo de forma à aprimorar a qualidade dos serviços prestados; promover a interação com empresas e indústrias; e fortalecer a participação cidadã por meio do acesso a informação e a uma administração mais eficiente.
Interessante verificar a convergência das definições de governo eletrônico
num ponto: a necessidade de aproximação do indivíduo aos governos, por meio da
utilização da tecnologia.
2.2.3 Governo eletrônico e a busca por cidadania
Busca-se aqui apresentar a relação entre cidadania e os processos que
devem embasar a construção de uma governança eletrônica. A discussão se pauta
pelo entendimento de que as iniciativas de governo eletrônico não podem reproduzir
o cenário de desigualdades sociais da sociedade brasileira. Deve-se então planejar
a implantação do e-gov agregando iniciativas de inclusão digital, planejamento
participativo e acessibilidade.
A ONU – Organização das Nações Unidas, na Declaração dos Direitos do
Homem (artigo 27) alerta para a utilização da tecnologia em prol de poucos, como
forma de beneficiamento econômico e social. “Todo ser humano tem o direito de
participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir das artes e de
participar do progresso científico e de seus benefícios.”
O e-ping (2004, p. 20) trata da participação como “condição primeira para
o planejamento de e-gov, primando pelo incentivo à sociedade a opinar, comentar, e
1 BRASIL, República Federativa. Conheça o E-gov.br. Disponível em https://www.governoeletronico.gov.br/o-gov.br. Acesso em: 01 de junho de 2007.
16
contribuir com sugestões de inovações que possam ajudá-lo a melhorar o acesso à
informação e a prestação de seus serviços”.
Santos (2004, p. 74) remete a reflexão abordando a verificação do custo
versus benefício dos investimentos em tecnologia da informação num país tão
desigual como o Brasil.
O mundo dos incluídos social e digitalmente é simétrico ao mundo dos excluídos socialmente. É para esse país de contrastes sociais, culturais e tecnológicos que temos de pensar um projeto de governo eletrônico. Um projeto que considere esses brutais desníveis e possa contribuir para diminuir essas diferenças; que aumente de forma qualificada não somente a oferta de mais e melhores serviços por vias eletrônicas, mas também sua demanda; que associe o projeto de governo eletrônico fortemente aos programas de combate à fome, à pobreza e a violência e que dê incentivo à cultura popular como uma ferramenta moderna de resgate da cidadania perdida.
Afonso (2000, p. 3) seguindo esse raciocínio, “questiona quem são os
beneficiários e os controladores da chamada “nova sociedade” destacando a
importância de monitorar a propagação da tecnologia e a reprodução das
desigualdades social a ela associada.”
Sobre isso Chahin et al. (2004, XV) lembram que “o Brasil é líder em e-
governo entre países em desenvolvimento, mas devemos ultrapassar as diferenças
sociais com o uso inteligente das tecnologias se quisermos ir mais longe e chegar a
uma posição entre os líderes do Primeiro Mundo.”
Observando a linha de raciocínio acima, na tentativa de mensurar as
iniciativas de governo eletrônico quanto ao seu grau de abertura participativa utilizar-
se-á a tipologia de direitos proposta por Vaz (2005, p. 2).
O autor construiu uma classificação interessante que aloca a devida
importância aos direitos do usuário no desenvolvimento dos serviços de e-gov. A
tipologia proposta classifica os direitos em: direito à informação de interesse
particular, direito aos serviços públicos, direito ao próprio tempo, direito a ser ouvido
pelo governo, direito ao controle social do governo, direito à participação na gestão
pública.
Vaz (2003) pontua que os três primeiros direitos estão vinculados à
prestação de serviços públicos e ao acesso a direitos individuais. Os três últimos
vinculam-se ao exercício de direitos coletivos indispensáveis à governança
eletrônica.
Sobre o direito à informação de interesse particular entende-se a
possibilidade de obtenção de informações de posse do governo que dizem respeito
17
aos interesses dos cidadãos. Exemplos: condições de tráfego, horários de transporte
coletivo e concursos públicos,
Sobre o direito aos serviços entende-se a gama de serviços que deveriam
ser disponibilizados pelo governo. Os serviços são espaços privilegiados de
afirmação dos direitos sociais, uma vez que o Estado é por excelência o agente
responsável pela sua promoção (BOBBIO, 1992).
Quanto ao direito ao próprio tempo argumenta-se sobre a necessidade
de utilização do tempo dos usuários para outros fins, “desperdiçando” minutos
preciosos nas filas provenientes dos serviços “tradicionais”.
Ao reduzir tempos gastos pelos cidadãos em deslocamentos e
providências para utilizar os serviços públicos, as aplicações da tecnologia da
informação podem ampliar o acesso ao direito a usufruir o próprio tempo com
liberdade. (VAZ, 2003).
O quarto direito reafirma uma prerrogativa do modelo democrático, ou
seja, a possibilidade de interação entre governo e indivíduo. Tal direito pressupõe
um tipo de relação entre governo, cidadãos e entidades organizadas da sociedade,
que não é unidirecional. Esse relacionamento baseia-se na idéia de que os cidadãos
têm o direito de comunicar-se com o governo, garantindo a eles canais formais de
comunicação e interação. (VAZ, 2003).
Ao conceituar accountability tem-se o embasamento conceitual para o
quinto direito traçado por Vaz (2003). Chahin et al. (2004, p. 50) lembra que
“Accountability é um termo que, embora possa ser traduzido para o português como
“imputabilidade”2, é em geral usado na língua inglesa para indicar a obrigação que
tem aquele que administra os recursos públicos em prestar contas da sua gestão e a
possibilidade de ser responsabilizado pelo que fez.”
O direito ao controle social no e-gov busca ampliar a capacidade de
acompanhamento das ações governamentais (prestações de contas) por parte dos
indivíduos e organizações utilizando as “facilidades” da tecnologia.
O direito à participação na gestão pública abarca a idéia de intervenção
dos indivíduos em tempo real nas políticas públicas. Para Vaz (2003) este direito
fomenta as Iniciativas de comunicação interativa entre governos e cidadãos e
permitem a estes intervirem, de alguma forma, na gestão dos serviços e das
políticas públicas.
2 Essa é a definição do professor Belmiro Valverde Jobim Castor em O Brasil não é para amadores: Estado, governo e burocracia na terra do jeitinho. Curitiba: EBEL: IBQP-PR, 2000.
18
3 DESENVOLVIMENTO DO PORTAL DO SERVIDOR
Apresentados os conceitos que embasaram as idéias geradoras do Portal
do Servidor Estadual de Santa Catarina detalha-se agora as estratégias e etapas
executadas no desenvolvimento do mesmo. Importante lembrar que o projeto seguiu
etapas reconhecidas na elaboração de projetos desta envergadura. São elas:
1) Reunião com o cliente (pesquisa exploratória) com a definição dos
patrocinadores do projeto;
2) Definição das informações que devem fazer parte do escopo do
projeto, objetivo, definição do problema e público-alvo;
3) Estudo de caso comparativo com a visualização de iniciativas similares;
4) Levantamento teórico – reunião do que há de melhor em tecnologia e
em estudos que possam oferecer uma solução para o problema;
5) Anteprojeto – proposta de portal em modo texto, com uma descrição
do que se pretende fazer, com seções e subseções, análise de banco
de dados e tecnologias, prazos de desenvolvimento, forma de trabalho
e cronograma.
6) Aceite do anteprojeto;
7) Projeto final;
8) Coleta de conteúdo;
9) Aprovação dos layouts (HTML) e desenvolvimento de um protótipo de
navegação;
10) Desenvolvimento dos programas acessórios: os programas
acessórios podem utilizar as tecnologias RSS ou scripts, assim como
animações, gravação e edição de sons.
11) Análise e implantação da base de dados;
12) Implantação das páginas;
13) Apresentação (off-line) para análise e aprovação final do cliente.
Seguiu-se também uma linha de criação baseada no conceito de
Agências Virtuais disseminado no mundo do governo eletrônico. Jane Fountain
(2005), autora deste conceito, baseia-se em três pilares. O primeiro trata da
necessidade de disponibilização de serviços e informações direcionados ao público
alvo. Ilustrando como este conceito é aplicado no Portal, observa-se a divisão dos
19
assuntos por meio de seções específicas, tais como “Aposentadoria” e “Saúde do
Servidor”.
O segundo pilar pressupõe que as agências virtuais possuam links inter-
agências para atendimento aos usuários de mesmo perfil utilizando a conectividade
da Internet para localizar os serviços. Exemplos deste conceito são as seções
“Direitos do Servidor” e “Direitos do Cidadão”, que fornecem aos servidores links
com serviços eletrônicos de vários sítios eletrônicos.
Por último, Fountain (2005) ensina que uma agência virtual deve possuir a
possibilidade de ligação inter-agências de sistemas e processos. A atualização
cadastral on-line é um exemplo desta ligação de sistemas, visto que ao preencher
sua atualização o servidor automaticamente terá seus dados disponibilizados para
os sistemas de recursos humanos geridos pelo Estado.
Optou-se por organizar as informações no Portal de forma hierarquizada,
estruturando-as em estruturas agrupados por assunto. O lay out utilizado é
composto por:
1) Área de Menus agrupados por assuntos;
2) Área Central destinada a Notícias;
3) Área de Banners destinado a Projetos Especiais em destaque;
4) Área de disponibilização de Serviços Eletrônicos;
5) Área de Enquete.
Busca-se com a organização do conteúdo em áreas afinas “guiar” o
usuário do Portal tornando a navegação agradável e direcionada.
Segue abaixo a versão disponível do portal, sendo imprescindível lembrar
que para a sociedade não importa a maneira com que o governo se organiza, mas
sim como ele presta o serviço, seja ele tradicional ou eletrônico. Para o servidor não
importa que o serviço de consulta ao seu contracheque é fornecido pela Secretaria
de Estado da Administração (SEA) ou que o serviço de previsão do tempo esteja
“hospedado” na Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa
Catarina: importa, sim, que eles estejam disponíveis vinte e quatro horas por dia,
sete dias por semana.
20
3.1 O Portal na promoção dos direitos dos usuários
É fato que não se pode mais imaginar políticas públicas que não
necessitem da tecnologia como meio para aumentar sua eficácia. A construção de
um portal corporativo criou um ambiente colaborativo entre servidores estaduais e o
governo. Abaixo alguns exemplos do alinhamento da tipologia de Vaz (2003)
relacionada ao conteúdo disponível no Portal:
21
Tabela 1 – Relação entre a Tipologia de Vaz (2003) e o Portal do Servidor
Direitos propostos por Vaz (2003) Conteúdo/Serviço disponível no Portal
Direito a informação de interesse particular Informações sobre modalidades de aposentadoria, estágio probatório, planos de carreira, saúde do servidor entre outros.
Direito aos serviços
Consultas aos serviços eletrônicos tais como impressão de contracheques, segundas vias de faturas telefônicas, previsão do tempo, entre outros.
Direito ao próprio tempo Atualização cadastral on line substituindo o modelo tradicional burocrático.
Direito a ser ouvido pelo governo
Possibilidade de envio de mensagens eletrônicas diretamente aos setoriais/seccionais de recursos humanos por meio do link Fale Conosco.
Direito ao controle social do governo Dados estatísticos de recursos humanos e da folha de pagamento
Direito à participação na gestão pública
Enquetes que captam a opinião dos servidores sobre as políticas de recursos humanos.
Tratando mais especificamente sobre a interação entre o servidor público
estadual e a equipe de gestão, observa-se a legitimação do portal como meio de
busca de informações e serviços.
Seguem alguns depoimentos enviados que ilustram o sentimento de
confiança daqueles que interagem com o Portal.
Tabela 2 – Depoimentos sobre o Portal
IDENTIFICAÇÃO/DATA DEPOIMENTO
Sonia – Servidora da Saúde – 21.03.2008
Agradeço pelas informações fornecidas, assim providenciarei os documentos para a atualização. Na oportunidade parabenizo à equipe pela rapidez na resposta e atenção dispensada, mesmo tratando-se de um problema bem simples. Fiquei com a sensação de confiança, segurança, no sentido de poder contar com o apoio caso tenha dúvidas futuras.
Elisabeth – Servidora da Secretaria de Estado da Segurança Pública – 20.02.2008
Parabéns pelo portal do servidor. Tem tudo que o servidor precisa. Está de parabéns quem criou esse serviço.
Sirlei – Servidora da Secretaria de Estado da Educação – 18.02.2008
Cumprimentando cordialmente, venho tecer elogios a este Portal do servidor, pois assim ficamos mais informados, atualizados em vários assuntos pertinentes a nossa função. Parabéns!
Luciane – Servidora da Fundação Catarinense de Educação Especial – 06.05.2008
Muito obrigada por atender minha solicitação. Com certeza será de grande valia para nossa instituição.
22
IDENTIFICAÇÃO/DATA DEPOIMENTO
Vanderlei – Servidor da Secretaria de Estado da Educação – 06.05.2008
Agradeço imensamente a resposta... Você nem imagina quantos e-mails tive que enviar para que um fosse respondido. Este e-mail será repassado para outros colegas, mostrando que alguém está tentando nos ajudar a resolver, definitivamente, o problema com o pagamento.
3.1.1 Dificuldades
Como dificultador no gerenciamento do Portal observar-se a setorialidade
do Projeto, uma vez que se trata de um portal temático destinado aos Servidores
Públicos Estaduais.
Por conta desta limitação, que está relacionada à não gestão de alguns
serviços eletrônicos disponibilizados no portal, em determinados momentos a equipe
de administração do Portal tolhe suas as ambições, limitando-se ao fomento das
discussões sobre um modelo mais avançado de governança eletrônica.
Entende-se que o Portal do Servidor, por seu escopo e potencial
embasado nas teorias anteriormente apresentados e nos resultados, que serão
apresentados no prosseguimento, deva fazer parte de um projeto mais amplo,
projetado para contemplar todas as necessidades dos cidadãos catarinenses.
Luta-se ainda contra o risco da desumanização da gestão das pessoas,
lembrado por Luhmann3 (1996), pois em consonância com a visão de risco do autor,
nenhum processo social pode prescindir do contato humano, uma vez que a
tecnologia é neutra quanto a sua finalidade, podendo ser usada tanto de forma
arbitrária quanto participativa.
Na ocorrência de semelhante cenário, avalia-se que o uso de ferramentas
tecnológicas serviria a objetivos contrários aos que norteiam o Projeto apresentado,
tornando o Portal um fim em si mesmo e não um instrumento a serviço da melhoria
da gestão de pessoas, cuja singularidade e especificidades devem não somente ser
preservadas, mas incentivadas.
3 Na visão de Luhmann, há uma importante distinção há ser feita entre risco e perigo, pois se danos possíveis são entendidos como uma conseqüência de decisão individual, do livre arbítrio próprio de cada ser, podemos falar de risco. Entretanto, falamos de perigo ao relacionar danos infligidos a nós por motivos alheios a nosso controle pessoal. Quer se trate de catástrofes naturais, contra os quais não há meios de proteger-se, quer nós refiramos a decisões de outras pessoas, grupos organizações que nos afetam diretamente (LUHMANN, 1996, p. 48 a 50, tradução livre).
23
3.1.2 Resultados
Uma das maneiras de mensurar o êxito de um Portal seja ele de comércio
eletrônico, entretenimento, notícias ou governamental, é por meio do monitoramento
do número de acessos.
O Portal do Servidor e acompanhado por meio do software de webometria
Advanced Web Statistics, e os resultados estão disponibilizados na internet4. Alguns
números que evidenciam o sucesso do projeto:
� 13.554 acessos em apenas 10 dias de publicação;
� 3.157.331 acessos de 22.10.2007 a 31.03.2009.
� 1.459.481 visitantes únicos de 22.10.2007 a 31.03.2009.
� 6o portal do servidor mais citado segundo o site de busca Google.
� Cerca de 4.000 mensagens recebidas por meio do link Fale Conosco
de 22.10.2007 a 31.03.2009.
� Cerca de 64.000 atualizações cadastrais on line efetivadas de
06.08.2008 a 07.10.2008.
� 3.712 servidores capacitados pelo TELEDUC (programa de ensino a
distância do Governo do Estado, disponível no portal).
Abaixo a Figura 2 demonstra a evolução do número de acessos e de
visitantes do portal, considerados os meses de outubro de 2007 a abril de 2009.
Figura 2 - Estatística do Portal do Servidor Estadual de SC
0
30000
60000
90000
120000
150000
180000
210000
240000
270000
out/0
7
nov/
07
dez/
07
jan/
08
fev/
08
mar
/08
abr/
08
mai
/08
jun/
08
jul/0
8
ago/
08
set/0
8
out/0
8
nov/
08
dez/
08
jan/
09
fev/
09
mar
/09
MÊS/ANO
Visitantes
Acessos
4 Disponível em <http://www.portaldoservidor.sc.gov.br/awstats/awstats.pl?config=portaldoservidor>
24
Faz-se necessário observar que a partir de Janeiro de 2008 o número de
visitantes se mantém acima dos 60.000 (sessenta mil). O Estado de Santa Catarina
conta com um quadro funcional de aproximadamente 124.525 servidores (ativos,
inativos e pensionistas). Pode-se então afirmar que mais da metade dos servidores
acessam mensalmente o Portal à procura de informações e serviços.
Especificamente nos meses de janeiro e março de 2009 este porcentual superou
75% (setenta e cinco por cento).
A Figura 3 demonstra pesquisa feita no Portal, que teve 2.616 pessoas
ouvidas, ilustrando o nível de satisfação dos servidores e pensionistas. O resultado
positivo fomentou a ampliação do grupo de trabalho de gestão do Portal.
Figura 3 – Pesquisa realizada no Portal do Servidor de 05.10.2007 a 15.01.2008
Outro ponto de destaque na visualização dos resultados do Portal é a
melhora do processo de comunicação entre os servidores e seus respectivos
setoriais ou seccionais de recursos humanos. A informação agora está disponível
para todos de forma equânime, sem privilégios ou apadrinhamentos. Os servidores
estão mais informados sobre seus direitos, seus deveres e sobre sua carreira,
fomentando assim um processo de reflexão e de conseqüente melhora nos serviços
públicos fornecidos.
25
4 CONCLUSÃO
Após um ano e meio do lançamento do Portal do Servidor observa-se o
sucesso estatístico e o acolhimento do Projeto pelos servidores públicos do Estado.
Entende-se que o presente Projeto, que mescla práticas de gestão de pessoas com
uma poderosa ferramenta de governo eletrônico atingiu plenamente seus objetivos.
Vale lembrar que faz apenas 12 anos que a expressão “Governo
Eletrônico” foi cunhada, e que os conceitos mais modernos de gestão de pessoas
ainda não criaram raízes profundas na Administração Pública Brasileira. São
processos em maturação na busca por melhores práticas.
Visualiza-se aqui uma boa prática, desenvolvida com uma metodologia
reconhecida internacionalmente, moldado para a realidade do governo do Estado
Catarinense.
Projeta-se para breve a terceira versão do Portal trazendo entre as
novidades: fóruns de discussão, o fomento as comunidades de prática temáticas, a
adaptação do Portal aos portadores de necessidades especiais, a criação de um
newsletter mensal, a ampliação da biblioteca virtual e a ampliação das enquetes.
Idealiza-se a curto prazo a descentralização do gerenciamento de
conteúdo do Portal com a criação de áreas específicas para os principais (no sentido
de mais numerosos) grupos de servidores. Policiais, professores e profissionais da
saúde terão destaque na próxima versão, com a geração de uma identidade visual
específica para cada público. O objetivo é fidelizar ainda mais os servidores, bem
como tornar a navegação cada vez mais agradável e eficaz.
Alinhado a conceitos e práticas reconhecidamente exitosas, o Portal do
Servidor Estadual obteve o reconhecimento e a aprovação necessários à
sustentabilidade do Projeto. O Portal tem “vida própria”, independente das
mudanças de governo, de legislação ou de qualquer outra variável que altere o
ambiente onde ele está inserido.
26
5 REFERÊNCIAS
AFONSO, C. A. Internet no Brasil: o acesso para todos é possível? São Paulo: Fundação Friedrich Ebert, 2000. (Série Police Paper da Fundação Friedrich Ebert/ILDES, n. 26). BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. CHAHIN, A. et al. E-gov.br: a próxima revolução brasileira: eficiência, qualidade e democracia: o governo eletrônico no Brasil e no mundo. São Paulo: Prentice Hall, 2004. FERRER, F.; SANTOS, P. (Org.). E-government: o governo eletrônico no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2004. FRANÇA, A. C. de L. Práticas de recursos humanos: conceitos, ferramentas e procedimentos. São Paulo: Atlas, 2008. FRIEDMAN, B.; HATCH, J; WALKER, D. M. Capital humano: como atrair, gerenciar e manter funcionários eficientes. São Paulo, Futura, 2000. LUHMANN, N. Sistemas sociales: lineamentos para uma teoria general. México: Anthropos, 1996. MARTINS, W. Ms. Classificação das atividades de governo eletrônico e as oportunidades de aperfeiçoamento das relações sociedade/Estado. In: FERRER, F.; SANTOS, P. (Org.). E-government o governo eletrônico no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2004. Cap. II, p. 17-24. ROBERTS, N. Public deliberation in na age of direct citizen participation. In: The American Review of Public Administration, v. 34, n. 4, p. 315-353, December 2004. PASCHINI, S. EstRHatégia: alinhando cultura organizacional e estratégia de RH à estratégia de negócio. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. SANTA CATARINA. Lei complementar 381/07, de 7 de maio 2007. Lex: Diário Oficial, Florianópolis, de 07 de Maio de 2007, p. 1.
27
VAZ, José Carlos. Limites e possibilidades do uso de portais municipais para promoção da cidadania: a construção de um modelo de análise e avaliação. São Paulo: EAESP/FGV, 2003, 490 páginas (Tese de doutorado apresentada ao Curso de Doutorado em Administração de Empresas da EAESP/FGV). ______. Governança eletrônica: para onde é possível caminhar? Instituto Polis. 2005 Disponível em: <http://www.polis.org.br/artigo_interno.asp?codigo=96>. Acesso em: 31 mai. 2007. VENTRIS, C.; KUENTZEL, W. Critical theory and the role of citizen involvement in environmental decision making: a re-examination. In: International Journal of Organization Theory and Behavior, vol. 8, n. 4, p. 520-540, Winter 2005.