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POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Silvio César Machado-dos-Santos Patrícia Campanha Barcelos Graziany Leite Moreira

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POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DO

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Silvio César Machado-dos-Santos Patrícia Campanha Barcelos

Graziany Leite Moreira

II Congresso Consad de Gestão Pública – Painel 38: Tendências atuais na gestão da saúde

POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Silvio César Machado-dos-Santos Patrícia Campanha Barcelos

Graziany Leite Moreira

RESUMO

O Espírito Santo elaborou sua Política Farmacêutica em 2007, publicada por meio do Decreto no 1956-R. O grande desafio dessa Política é garantir o acesso a fármacos com qualidade, promovendo o seu uso racional e proporcionando a humanização no atendimento prestado aos seus usuários, em especial por meio do atendimento farmacêutico especializado e farmácias com estruturas modernas e confortáveis. Assim, contempla aspectos inovadores como: formulação e implantação do Projeto Farmácia Cidadã; elaboração da Relação Estadual de Medicamentos Essenciais e Excepcionais (REMEME); organização da Assistência Farmacêutica na Atenção Primária, com a estruturação do Sistema Estadual de Registro de Preços (SERP) e viabilização de mais recursos financeiros para aquisição de medicamentos na atenção básica. O Projeto Farmácia Cidadã surgiu da necessidade de aprimorar a qualidade dos serviços ofertados aos mais de 46 mil usuários de medicamentos excepcionais do estado, pois as condições das farmácias eram deficientes. Trouxe como benefícios estrutura física ampla, climatizada e moderna, atendimento farmacêutico especializado e humanizado, informatização, agilidade, contratação e capacitação de RH e a melhoria do sistema de comunicação com os usuários, por meio de torpedos e Internet e alto grau de satisfação dos usuários. No âmbito da atenção primária foram implementadas várias ações no sentido da melhoria e ampliação do acesso aos medicamentos, por meio de: a) Ampliação do elenco de medicamentos essenciais de 72 para 209 itens; b) Aumento do repasse estadual aos municípios para aquisição dos medicamentos pelo princípio da eqüidade de R$ 7,10, para R$ 10 por hab/ano; c) Estruturação do Sistema Estadual de Registro de Preços – SERP, com o objetivo de agilizar o processo de aquisição e otimizar a aplicação de recursos, com estimativa de economia de custos em até 30%; d) Incentivo de R$150.000,00 para a construção de uma Central de Abastecimento Farmacêutico por Microrregião, para garantia das boas práticas de armazenagem e conservação dos medicamentos; d) Incentivo de R$ 20 mil por farmácia cidadã municipal. No âmbito dos medicamentos excepcionais, o número de medicamentos disponibilizados passou de 133 para 179 itens, com aumento da disponibilidade em estoque de 75%, em 2005, para 98%, em 2008. Além disso, houve incremento no número de atendimentos realizados, que passou de 147 mil, em 2005, para 308 mil, em 2008. Para o alcance desses resultados, houve substancial melhoria e inovação na gestão, acompanhada de incremento nos recursos financeiros destinados a essa área, que saltaram de R$ 45 milhões para R$ 95milhões nesse período.

SUMÁRIO

POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO...................................................................................................... 03

PROJETO FARMÁCIA CIDADÃ................................................................................ 07

Objetivos do projeto................................................................................................... 09

Ações desenvolvidas................................................................................................. 09

Investimento............................................................................................................... 12

Dificuldades encontradas para a implantação do projeto.......................................... 12

Práticas inovadoras de gestão desenvolvidas por meio do projeto........................... 14

Parcerias estabelecidas............................................................................................. 16

Resultados alcançados.............................................................................................. 16

Possibilidade de multiplicação................................................................................... 20

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE.................. 22

AMPLIAÇÃO DO ACESSO AOS MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS..................... 25

CONCLUSÃO.............................................................................................................29

3

POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

O propósito maior da Política Farmacêutica do Estado do Espírito Santo,

publicada em 2007 por meio do Decreto no 1956-R, é garantir à população capixaba

o acesso equânime a medicamentos essenciais e excepcionais de qualidade, em

todos os níveis de atenção à saúde, cuidando de promover o seu uso racional e a

humanização do atendimento prestado aos seus usuários.

Apresenta como objetivos específicos:

� Proporcionar o acesso aos medicamentos, em conformidade com o

perfil epidemiológico e com as melhores evidências científicas

disponíveis.

� Viabilizar mecanismos eficientes de prover o acesso aos medicamentos

com regularidade e de maneira descentralizada.

� Fomentar a organização e estruturação de todas as atividades do Ciclo

da Assistência Farmacêutica no âmbito municipal e estadual.

� Contribuir para a melhoria da resolutividade do Sistema de Atenção à

Saúde, da prevenção de agravos e da promoção da saúde.

� Promover o uso de ferramentas modernas e eficientes de gestão,

otimizando a aplicação dos escassos recursos públicos, orientados pelo

interesse da coletividade, pelo interesse público, pelo princípio da

eficiência e da economicidade.

� Garantir mecanismos adequados e sustentáveis de financiamento

tripartite para o acesso aos medicamentos e também aos cuidados

farmacêuticos especializados e de qualidade.

Suas principais diretrizes são:

� Promover a eqüidade e integralidade no acesso aos medicamentos

essenciais e excepcionais, de maneira articulada e integrada entre as

três esferas de governo.

� Implementar ações articuladas e integradas entre a área da Assistência

Farmacêutica e da Vigilância Sanitária, necessárias à garantia da

qualidade dos medicamentos disponibilizados na rede pública estadual

e municipal.

� Promover o uso racional dos medicamentos, por meio de ações

educativas, regulatórias e gerenciais.

4

� Promover a humanização no atendimento prestado aos usuários de

medicamentos no Sistema Único de Saúde – SUS.

� Promover a interação entre o setor público e a iniciativa privada,

instituições de ensino superior, centros de pesquisa, sociedades

científicas, entidades de classe, representações da sociedade civil na

área da Assistência Farmacêutica.

� Garantir o efetivo controle e participação social na formulação e

implementação dessa Política.

A Política possui como eixos estratégicos:

� Elaboração e atualização permanente da Relação Estadual de

Medicamentos Essenciais e Excepcionais – REMEME, em

conformidade com a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais –

RENAME e com os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas.

� Implantar um sistema de regulação da prescrição de medicamentos e

promoção do uso racional de medicamentos, por meio da estruturação

de Centros de Referência em áreas estratégicas e da Comissão

Estadual de Regulação em Farmacologia e Terapêutica.

� Modernizar e melhorar a eficiência na organização e gestão das

atividades do Ciclo da Assistência Farmacêutica na rede estadual e

municipal de saúde: seleção, programação, aquisição, armazenamento,

distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos.

� Fomentar a descentralização, regionalização e desburocratização das

diversas ações de Assistência Farmacêutica no Estado.

� Implementar ações estratégicas de fomento à construção e qualificação

de Centrais de Abastecimento Farmacêutico – CAF e de Farmácias

públicas, incorporando um conceito moderno, humanizado e em

conformidade com as boas práticas de armazenamento, conservação e

dispensação de medicamentos.

� Fomentar a implantação de um sistema de monitoramento e avaliação

permanente da Assistência Farmacêutica no âmbito municipal e

estadual.

� Promover o desenvolvimento de todos os recursos humanos envolvidos

com a área da Assistência Farmacêutica.

5

� Estabelecer mecanismos e estratégias de articulação e pactuação

permanentes com os diversos atores sociais relacionados com a área

da Assistência Farmacêutica.

� Promover o fortalecimento e a implementação do Projeto Farmácia

Cidadã, na rede estadual e municipal de saúde, que constitui um novo

conceito em farmácia pública, fundamentado nos princípios norteadores

da descentralização, regionalização, modernização da gestão,

humanização e qualidade no atendimento prestado aos usuários de

medicamentos no SUS.

� Estabelecer políticas para áreas específicas da Assistência

Farmacêutica, contemplando as peculiaridades da Atenção Primária e

Secundária em Saúde, da área hospitalar e do componente dos

medicamentos de dispensação excepcional.

A formalização da Política Farmacêutica no âmbito do Estado do Espírito

Santo, explicita a necessidade de um processo contínuo de monitoramento e

avaliação de sua implementação, por meio de:

� Constituição do Fórum Intersetorial Permanente de Assistência

Farmacêutica, formado por membros do Governo do Estado, do Poder

Judiciário, do Ministério Público, do controle social e dos Secretários

Municipais de Saúde.

� Definição de critérios, parâmetros, indicadores e métodos voltados à

alimentação permanente do sistema de monitoramento e avaliação

dessa política, de maneira articulada e integrada entre as três esferas

de governo.

� Assessoria e acompanhamento permanente pelo gestor estadual de

todas as atividades e ações implementadas pelos gestores municipais

na área da Assistência Farmacêutica.

� O acompanhamento, controle e avaliação se darão por meio da

Gerência Estadual nas áreas da Assistência Farmacêutica e Auditoria,

da Secretaria de Estado da Saúde, utilizando-se indicadores gerenciais,

econômicos e de assistência a serem construídos, assim como na

implantação e atualização permanente de algum sistema ou ferramenta

instituído para essa finalidade.

6

� A SESA estabelecerá em seu âmbito, um cronograma de supervisão,

para avaliação da execução das ações pelos municípios, com visitas in

loco, prestando orientações e correções necessárias, podendo inclusive

realizar auditorias referentes aos projetos que tenham recebido

recursos estaduais.

No sítio da SESA, www.saude.es.gov.br, ao clicar em farmácia cidadã, é

possível o acesso a:

� Relação Estadual de Medicamentos Essenciais e Excepcionais –

REMEME;

� Diagnóstico da Assistência Farmacêutica e Política Farmacêutica do

Estado do Espírito Santo;

� Orientações e formulários aos médicos e usuários sobre o passo-a-

passo, critérios, documentos e exames necessários para receber cada

medicamento excepcional constante da REMEME;

� Acompanhamento do processo individual e do histórico

farmacoterapêutico de cada usuário (acessível somente com senhas

individuais) fornecidas no ato da abertura de cada processo;

� Indicadores assistenciais da área da Assistência Farmacêutica;

� Orientação e formulário para abertura de processo e solicitação de

dietas e suplementos alimentares, entre outros.

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PROJETO FARMÁCIA CIDADÃ

Esse Projeto surgiu da necessidade de ampliar o acesso aos

medicamentos e de aprimorar a qualidade dos serviços ofertados aos mais de 46 mil

usuários de medicamentos excepcionais (alto custo) do estado, pois as condições

das farmácias eram antigas e deficientes.

Os medicamentos excepcionais integram um Programa de Saúde na área

da Assistência Farmacêutica e são destinados ao tratamento de doenças raras e/ou

de elevado custo. São diversos os problemas de saúde atendidos com esses

medicamentos, como artrite reumatóide, osteoporose, asma grave, esquizofrenia

refratária, doença de Parkinson, doença de Alzheimer, doença de Crohn, hepatites

virais, fibrose cística, hipotireoidismo congênito, entre outros.

Em 2007 existiam cinco Farmácias estaduais que dispensavam esses

medicamentos, localizadas em Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, São Mateus, Vila

Velha e Vitória (Metropolitana).

Até agosto de 2007, os medicamentos excepcionais eram fornecidos à

população sob condições extremamente deficientes em todas as cinco Farmácias.

Especificamente no caso da antiga Farmácia Metropolitana (Figura 1), localizada no

Centro de Vitória até agosto do referido ano. Nas antigas instalações físicas não

havia assentos suficientes para os usuários aguardarem o atendimento sentados

(Figura 2); o ambiente não possuía climatização; o mobiliário era inadequado;

paredes e piso ruins; havia somente 05 (cinco) farmacêuticos para realização de

todas as atividades relacionadas com o atendimento a mais de 400 usuários

diariamente à época; o atendimento era realizado de maneira manual, sem um

sistema informatizado eficiente e com um sistema de organização dos arquivos

absolutamente arcaico e desorganizado (Figura 3), entre outras deficiências.

Os usuários aguardavam entre 4 a 6 horas para receber seu

medicamento. Além da longa espera, após receber a autorização no processo, o

usuário ainda se dirigia até o setor da dispensação dos medicamentos, tendo antes

que passar por barreiras como a escada retratada na Figura 4., que impedia o

acesso aos portadores de necessidades especiais.

A dispensação dos medicamentos não era realizada por farmacêutico e

ocorria por meio de uma pequena abertura na divisória, o que representava uma

barreira e inviabilizava a orientação ao paciente sobre o modo correto de utilizar

seus medicamentos, o que caracterizava mais um aspecto da ambiência inadequada

e desumanizada existente à época.

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Figura 1 – Entrada da Antiga Farmácia Metropolitana

Figura 2 – Recepção

Figura 3 – Arquivo Figura 4 – Dispensação

Há que se ressaltar que, pelo perfil dos medicamentos disponibilizados

nessas farmácias, os seus usuários dificilmente teriam acesso a esses produtos por

meios próprios/particulares, ou seja, esse acesso público representa a única

alternativa de tratamento para a imensa maioria desses cidadãos.

Nesse contexto, identificou-se a urgente necessidade de mudanças

significativas no modelo de farmácia pública existente na rede estadual de saúde, de

maneira a garantir-se melhoria da qualidade e da humanização no atendimento

prestado aos usuários dessas farmácias, assim como a ampliação da cobertura e do

acesso dos cidadãos aos medicamentos excepcionais.

Formulou-se, então, o Projeto denominado Farmácia Cidadã, apresentado

e aprovado como uma das prioridades da Secretaria de Estado da Saúde - SESA.

Para a sua implantação, adotamos a estratégia de estruturarmos primeiramente uma

Farmácia-Piloto e, após sua efetivação, replicar para as demais farmácias. Nesse

caso, optamos por realizar esse piloto na Farmácia Metropolitana, por ser a unidade

responsável por cerca de 45% de todos os atendimentos, ou seja, proporcionaria um

impacto significativo, além de estar localizada geograficamente mais próxima do

nível central, situação importante nessa fase piloto.

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Objetivos do projeto

O Projeto Farmácia Cidadã vem trazer ao estado um conceito moderno

em farmácia pública com maior disponibilidade de medicamentos, estrutura física

adequada, ambiente climatizado, atendimento farmacêutico especializado,

informatização e desburocratização, além da disponibilização de serviços pela

internet, central de tele-atendimento e comunicação via torpedo.

Com isso, pretendemos proporcionar melhoria da humanização, agilidade

e qualidade no atendimento aos usuários dos medicamentos excepcionais da

Região Metropolitana e também do interior, além de ampliar o acesso a esses

tratamentos.

Objetivando a descentralização e interiorização dos atendimentos, o

projeto prevê a implantação desse novo conceito nas outras quatro farmácias já

existentes e, também, a duplicação do número de farmácias cidadãs estaduais,

saltando de cinco para dez até 2009, a fim de cobrir geograficamente todas as

microrregiões do estado, em conformidade com o seguinte cronograma:

� 2008: Farmácias Cidadãs Metropolitana (piloto), Linhares (nova),

Venda Nova do Imigrante (nova);

� 2009: Farmácias Cidadãs Colatina, Vila Velha, São Mateus, Cachoeiro

de Itapemirim, Guaçuí (nova) e Nova Venécia (nova) e Fundão (nova).

Ressalte-se que a replicação desse modelo de Farmácia para as demais

já se encontra em processo de implementação.

Ações desenvolvidas

A partir do diagnóstico da situação-problema, elaboramos o Projeto

denominado “Farmácia Cidadã: um conceito moderno em saúde”, apresentando-o

ao Exmº Secretário de Estado da Saúde. Após a aprovação do referido projeto,

iniciamos a implantação das diferentes ações necessárias à sua concretização.

Como estratégia, como já citado, optou-se por iniciar sua implantação em

uma Farmácia-piloto e, após a conclusão e ajustes das diversas etapas, replicar

para as outras Farmácias já existentes, assim como para as novas unidades a

serem inauguradas.

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Assim, para a implantação do piloto, foram desenvolvidas as seguintes ações:

� Oficialização do Projeto, por meio da Portaria SESA/GAB Nº 056-R, de

24/08/2007;

� Aquisição de um novo imóvel, em Jardim América, para transferência

do Centro Regional de Especialidades, em substituição ao antigo prédio

do IAPI (localizado no centro de Vitória);

� Reforma e adequação da área física destinada à Farmácia, com 525

m2; departamentalização dos setores em função dos diferentes fluxos e

processos de trabalho; climatização e humanização do ambiente, além

da aquisição de novo mobiliário;

� Contratação e treinamento de 08 (oito) novos farmacêuticos, além de

novos digitadores e auxiliares de dispensação;

� Informatização: desenvolvimento e implantação de um software;

aquisição dos equipamentos de informática; adequação da rede lógica

e rede elétrica; treinamento da equipe;

� Organização do atendimento diário aos usuários, por meio da

implantação do sistema de atendimento por senhas eletrônicas, do

sistema de agendamento com dias e horários marcados e do

atendimento preferencial aos usuários idosos e gestantes;

� Disponibilização de serviço de comunicação ativa com os usuários, por

meio de torpedos (SMS), enviando mensagens informando-os sobre

aspectos específicos do seu respectivo processo, sobre a chegada de

algum medicamento que estava em falta, sobre a necessidade de

viabilização de algum exame complementar, entre outras;

� Disponibilização de um link direto no site da Secretaria para o Projeto

Farmácia Cidadã, para facilitar o acesso dos usuários a todas as

informações e obter as orientações necessárias à abertura dos

processos de solicitação dos medicamentos;

� Disponibilização de senhas individuais para que cada usuário possa

monitorar, pela Internet, o andamento do seu processo, assim como

monitorar todos os registros referentes ao seu histórico

farmacoterapêutico na Farmácia;

11

� Inclusão de um link para a Farmácia Cidadã na página inicial do site da

saúde (www.saude.es.gov.br), facilitando o acesso dos cidadãos e dos

médicos às informações, orientações passo-a-passo e formulários para

abertura de processos e solicitação dos medicamentos;

� Contratação de serviço de tele-atendimento gratuito (call center), ainda

em fase de licitação, para orientar e esclarecer as dúvidas da

população por telefone, tanto dos usuários como da população em

geral sobre o funcionamento desse serviço;

� Elaboração e distribuição de folderes informativos, orientando os

usuários e os médicos sobre os documentos e exames necessários

para a abertura de processos e solicitação de medicamentos

excepcionais, evitando-se falhas documentais e deslocamentos

desnecessários;

� Disponibilização de sacolas plásticas oxibiodegradáveis personalizadas

aos usuários, para proporcionar maior comodidade e segurança no

transporte dos medicamentos até seu domicílio;

� Disponibilização de máquina de gelo na Farmácia, proporcionando aos

usuários o gelo necessário à garantia das condições de temperatura

adequadas para o transporte dos medicamentos termosensíveis até

seu domicílio;

� Implantação de um sistema permanente para avaliação do grau de

satisfação dos usuários da Farmácia Cidadã, originando um indicador

para o monitoramento e aprimoramento dos serviços ofertados;

� Implantação do sistema de dispensação de medicamentos em

quantidade suficiente para três meses de tratamento, proporcionando

maior comodidade aos usuários, na medida em que eles não

precisarão mais se dirigir à Farmácia todos os meses. Essa

dispensação trimestral foi possível para 110 medicamentos (segundo

os critérios dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas).

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Investimento

Em relação às novas Farmácias Cidadãs, há que se ressaltar que elas

estão sendo estruturadas em parceria com os municípios, por meio de convênios,

com responsabilidades e contrapartidas definidas para cada esfera de governo. Os

municípios responsabilizam-se pelo investimento na estruturação e montagem da

área física – estimada em R$ 30 mil, em média por Farmácia –, assim como com o

custeio com a manutenção e de parte dos recursos humanos. O Estado, por meio da

SESA, responsabiliza-se pelo custeio de uma parcela dos recursos humanos e de

todos os medicamentos disponibilizados aos usuários. Em 2008 foram gastos 95

milhões de reais, que representam mais de 99% de todos os gastos estimados.

Esse investimento significativo e continuado nos tem possibilitado a

ampliação e melhoria dos serviços ofertados na área da Assistência Farmacêutica,

na medida em que estão acompanhados de melhoria e inovação na gestão

implementada.

Dificuldades encontradas para a implantação do projeto

Para a viabilização e implantação do Projeto Farmácia Cidadã, foram

identificados e solucionados os seguintes nós críticos:

a) Modelo de gestão existente até agosto de 2007: as Farmácias

encontravam-se vinculadas administrativamente às Superintendências e não

possuíam coordenação local. Por meio da Portaria SESA/GAB Nº 056-R, que

formalizou a aprovação desse Projeto, também instituiu que a gestão dessas

Farmácias passaria a ser assumida paulatinamente pela Gerência Estadual de

Assistência Farmacêutica (SESA/GEAF). Essa Gerência constitui o lugar

institucional responsável pela gestão de todas as atividades do Ciclo da Assistência

Farmacêutica, com exceção da Dispensação de medicamentos, quais sejam:

Seleção de medicamentos, Programação de compras, Aquisição, Armazenamento e

Distribuição.

Dessa forma, a única atividade do Ciclo que ainda não estava incorporada

a essa gestão, era justamente a Dispensação dos medicamentos, que acontece na

Farmácia. Com esse ajuste, a gestão do Ciclo da Assistência Farmacêutica passou

a ser integral, proporcionando maior governança sobre essas atividades e, por

conseqüência, melhores condições para a efetiva implantação do Projeto Farmácia

Cidadã.

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b) Viabilização de Farmacêuticos: foi realizado um dimensionamento do

quadro, de maneira que a dispensação dos medicamentos passasse a ser realizada

exclusivamente por Farmacêuticos, qualificando as orientações sobre o modo

correto de utilizar e conservar os medicamentos. Assim, para a implantação das dez

Farmácias Cidadãs e considerando-se o quadro existente, identificou-se a

necessidade de criação de 15 novas vagas para Farmacêutico. Após, elaborou-se

uma justificativa técnica que, juntamente com o Projeto, foram encaminhados e

negociados com a Secretaria de Gestão (SEGER) e com o Gabinete do Governo.

Dessa forma, as vagas pleiteadas foram aprovadas e o processo seletivo específico

foi realizado. Objetivando-se a seleção de profissionais com perfil adequado ao

trabalho a ser desenvolvido, realizou-se o processo seletivo em duas etapas. Na

primeira, aplicou-se prova objetiva de caráter classificatório e eliminatório. Na

segunda etapa, os trinta candidatos com melhor classificação realizaram um Curso

de 20h oferecido pela SESA, com conteúdos específicos e relacionados com as

atividades a serem desenvolvidas. Após esse curso, os candidatos foram

submetidos a uma segunda avaliação, tendo sido selecionado os quinze primeiros.

c) Sensibilização e capacitação dos recursos humanos, voltados para um

comprometimento absoluto com a humanização e qualidade dos serviços ofertados:

preparação de curso de capacitação em Farmacoterapêutica Racional e Protocolos

Clínicos e Diretrizes Terapêuticas para farmacêuticos, além de cursos voltados para

a qualidade no atendimento para a equipe de nível médio;

d) Viabilização e adequação da área física para a primeira Farmácia

(piloto), que deveria ser superior a 500 m2, em função da estimativa de 500 usuários

atendidos diariamente. Após negociação com a Direção do novo Centro Regional de

Especialidades (CRE) Metropolitano, foi possível disponibilizar uma área com

525m2, assim como a reforma e adequação dos diferentes setores internos.

e) Informatização: desenvolvimento de software específico e “100% web”,

para atendimento e gerenciamento de todos os diferentes fluxos e processos de

trabalho inerentes às Farmácias de dispensação dos medicamentos excepcionais;

adequação da rede elétrica; estruturação da rede lógica; treinamento de todos os

profissionais; viabilização do sistema de conectividade, com performance para

operacionalização do sistema pela Internet; estruturação do datacenter na Prodest;

parametrização do sistema, inserindo-se todas as regras definidas pelos Protocolos

Clínicos e Diretrizes Terapêuticas; cadastro dos usuários no novo sistema, inserindo

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todos os dados necessários; customização e desenvolvimento de funcionalidades no

novo software, como: envio de mensagens automáticas por meio de torpedos

(sistema SMS), possibilidade de acompanhamento dos usuários pela Internet,

possibilidade de agendamento, entre outras.

Especificamente no tocante à viabilização e implantação das novas

Farmácias Cidadãs em parceria com os municípios, identificou-se e solucionou-se o

seguinte nó crítico:

f) Articulação de parceria e formalização de convênio com as Prefeituras:

realizou-se reunião com os Secretários Municipais de Saúde, onde foi apresentado o

Projeto e a possibilidade de implantação das novas Farmácias, no conceito

formulado, ampliando-se a cobertura geográfica desse serviço para todas as

Microrregiões do Estado. Depois, foram realizadas negociações para a identificação

e definição de quais seriam os municípios-sede, em função do critério geográfico. A

partir desse consenso, encaminhou-se a formalização dos processos para

realização dos convênios.

Práticas inovadoras de gestão desenvolvidas por meio do projeto

A modernização representa uma grande evolução no processo de gestão

na área da Assistência Farmacêutica da SESA, em geral, e da Farmácia Cidadã

Metropolitana, em particular. Com esse conceito de Farmácia pública, o Estado do

Espírito Santo passa a ser pioneiro e um dos melhores modelos do País.

Inovamos na estrutura física de acolhimento ao cidadão; na dispensação

de medicamentos realizada exclusivamente por Farmacêuticos; na comunicação

ativa com todos os usuários por meio do envio de torpedos pelo celular; na

informatização que permite que os usuários acompanhem seus processos e seu

histórico de utilização dos serviços pela Internet, por meio de senhas individuais; na

implantação de um sistema de avaliação permanente do grau de satisfação dos

usuários em relação aos serviços ofertados, além da disponibilização de um serviço

de tele-atendimento (call center) gratuito, que se encontra em fase de licitação.

Especificamente em relação à comunicação via torpedo (SMS), os

pacientes recebem uma mensagem informando se o seu processo foi autorizado ou

não e solicitando o comparecimento à farmácia para receber o medicamento ou para

15

resolver eventuais pendências. Em virtude da grande capilaridade que esse

mecanismo de comunicação possui na atualidade, já que a grande maioria da

população possui aparelho celular e pela permanente portabilidade do aparelho,

entendemos que se trata do meio de comunicação mais eficaz que implantamos.

Em relação à central de tele-atendimento, sem ônus para o paciente, esse

serviço possibilitará, entre outros benefícios, informar sobre a disponibilidade de

medicamentos e esclarecer outras dúvidas com um farmacêutico, além de fazer o

agendamento de dia e horário para o recebimento do medicamento.

A implantação do sistema informatizado e de comunicação, reduziu de

trinta para cinco dias o tempo máximo para análise e possível aprovação do

processo do paciente e, por conseqüência, do acesso aos medicamentos. O tempo

médio de espera dos usuários para receber o medicamento, foi reduzido de quatro

horas para quarenta e cinco minutos. Isso representa um grande benefício para os

46 mil cidadãos capixabas que utilizam o serviço.

Outra ação diferenciada, que veio trazer agilidade e comodidade aos

pacientes, foi a dispensação de 110 medicamentos em quantidade para três meses

de tratamento. Em outras palavras, os usuários desses itens, que representam 45%

do total, passaram a ter mais comodidade, pois estão se deslocando menos para

receber os medicamentos, já que o modelo tradicionalmente adotado nas Farmácias

públicos do País dispensa todos os medicamentos para trinta dias de tratamento.

Ainda no tocante à melhoria da comunicação com os usuários, no site da

Secretaria (www.saude.es.gov.br), no link da Farmácia Cidadã, a população tem

acesso a várias informações importantes sobre a assistência farmacêutica no

estado, sobre quais medicamentos são disponibilizados e como conseguí-los.

Outro diferencial importante da Farmácia Cidadã, que merece destaque, é

a dispensação de medicamentos realizada exclusivamente por profissionais

farmacêuticos. Dessa forma, o estado apresenta um novo modelo de farmácia,

centrado no paciente. O atendimento por farmacêutico tem como objetivo promover

o uso racional de medicamentos e garantir uma terapia segura e efetiva, podendo

reduzir possíveis problemas relacionados com a farmacoterapia e alcançar

resultados definidos que melhorem a qualidade do processo de utilização de

medicamento e qualidade de vida dos pacientes.

16

Parcerias estabelecidas

Com o intuito de facilitar e qualificar o acesso aos medicamentos

excepcionais para os moradores do interior do estado, a SESA propôs parceria com

os municípios de Linhares, Venda Nova do Imigrante, Nova Venécia, Fundão e

Guaçuí para estruturação de 5 novas Farmácias Cidadãs.

O critério de seleção dos municípios foi a localização geográfica, a fim de

garantir a cobertura em todas as microrregiões do estado. As parcerias foram

realizadas mediante convênio de cooperação técnica e financeira contendo as

competências da SESA e do município e o plano de trabalho para implantar a

Farmácia Cidadã.

Foi disponibilizado ainda o “Manual de Procedimentos para Formalização

de Convênios da Secretaria de Estado da Saúde” com esclarecimentos com relação

à liberação de recursos executados pela SESA.

Resultados alcançados

No âmbito dos medicamentos excepcionais, aproximadamente 45% dos

usuários do estado já estão se beneficiando com a mudança da antiga farmácia do

IAPI, no centro de Vitória, para a Farmácia Cidadã Metropolitana, piloto do projeto

em Cariacica.

A Farmácia Cidadã Metropolitana já conta com uma estrutura física

adequada, climatizada e humanizada, como pode ser observado nas figuras 8 a 14.

Apresenta atendimento informatizado e qualificado, com 6 guichês de dispensação

de medicamentos realizada exclusivamente por farmacêuticos.

Figura 8 – Entrada do CRE Metropolitano

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Figura 9 – Transporte prioritário do CRE Metropolitano

Figura 10 – Recepção da Farmácia Cidadã Metropolitana

Figura 11 – Dispensação

18

Figura 12 – Atendimento Farmacêutico

Figura 13 – Setor de Estoque e Conservação de medicamentos

Figura 14 – Setor de Arquivo

19

Além dos resultados alcançados na estrutura física da Farmácia e seus

conseqüentes benefícios já percebidos pela população usuária, outros resultados

também podem ser destacados, principalmente em relação à qualidade da cobertura

em medicamentos e ao padrão bem mais moderno e qualificado dos serviços

ofertados.

O atendimento informatizado trouxe mais agilidade, comodidade e

desburocratização no atendimento, com redução no número de deslocamentos e no

tempo de espera/permanência dos usuários na farmácia. Há atendimento

diferenciado para idosos com agendamento de dia e horário certo.

Os pacientes podem obter informações, baixar formulários e acompanhar

o andamento do seu processo pela internet, com senhas individuais. Ainda, recebem

informação sobre a autorização do seu processo por meio de torpedos no celular,

agilizando ainda mais o processo de comunicação.

O projeto Farmácia Cidadã vem proporcionando mais comodidade,

humanização e qualidade no atendimento aos cidadãos, além de agilizar e organizar

o tempo de espera por medicamentos de alto custo. Esses benefícios já podem ser

percebidos pelo elevado grau de satisfação dos usuários, demonstrado por meio do

Gráfico 1.

4%

0%

13%

2%

4%

0%

2%

0%

6%

2%

15%

13%

5%

9%

6%

4%

18%

6%

89%

91%

75%

93%

64%

81%

Limpeza e organização do ambiente

Atendimento na recepção

Atendimento na dispensação

Orientações recebidas pelofarmacêutico

Tempo de espera no atendimento

Disponibilidade do medicamento

Branco/nulo Insatisfeito Indiferente Muito Satisfeito + Satisfeito

Gráfico 1 – Grau de satisfação dos usuários da Farmácia Cidadã Metropolitana

20

Outros dois resultados importantes ainda serão alcançados com a

continuidade da implantação desse Projeto. O primeiro refere-se ao serviço de tele-

atendimento gratuito que se encontra em fase de licitação, com previsão para iniciar

no primeiro semestre de 2009. O segundo importante resultado, diz respeito à

interiorização desse serviço, com a estruturação de cinco novas Farmácias Cidadãs

até 2009, facilitando o acesso a esses medicamentos para toda a população

capixaba, pois todas as microrregiões passarão a ter pelo menos uma Farmácia

Cidadã para a dispensação de medicamentos excepcionais (Figura 15).

Figura 15 – Localização das Farmácias Cidadãs de Medicamentos Excepcionais

Possibilidade de multiplicação

Esse projeto piloto, conforme já referido, prevê a adequação das outras

quatro farmácias existentes a esse conceito implantado, assim como a abertura de

outras cinco novas farmácias até dezembro de 2009, descentralizando o

atendimento para todas as microrregiões do estado e facilitando o acesso a esses

medicamentos, com um conceito moderno em Farmácia Pública.

21

Esse Projeto já foi apresentado a outros Gestores Estaduais em três

oportunidades: na reunião da Câmara Técnica do Conselho de Secretários

Estaduais de Saúde – CONASS, realizada em junho de 2008 em Brasília; em um

Simpósio realizado em Goiânia também em junho de 2008; assim como em um

Seminário sobre Assistência Farmacêutica promovido pela Fundação Oswaldo Cruz,

no Rio de Janeiro, que aconteceu em julho de 2008.

A partir dessa interação, dois outros Estados da Federação já

manifestaram interesse em conhecer mais detalhadamente o projeto, objetivando a

sua possível replicação.

Além disso, o conceito moderno de Farmácia Pública formulado no

Projeto Farmácia Cidadã, apresenta possibilidades reais de adequação e

implantação em todos os municípios do estado, na atenção primária, de maneira a

se garantir melhorias também no atendimento aos usuários de medicamentos da

atenção básica.

Nesse sentido, o Estado do Espírito Santo, por meio da SESA, instituiu

em abril de 2008, um Incentivo à implantações de Farmácias Cidadãs Municipais,

para a dispensação de medicamentos aos usuários nessa esfera de atendimento. O

incentivo prevê o repasse de R$ 20 mil para cada projeto apresentado e aprovado,

até um limite de vinte projetos anuais, no período de 2008 a 2011, de maneira que

seja implantada uma Farmácia Cidadã municipal em cada um dos 78 municípios

capixabas nesse período.

Para orientar os municípios interessados em implantar o projeto, a SESA

disponibilizou na sua página na internet o documento “Parâmetros e orientações

gerais para implantação de farmácia cidadã municipal”, o “Manual de Procedimentos

para Formalização de Convênios da Secretaria de Estado da Saúde” e um modelo

do Termo de Adesão ao Projeto.

Até abril de 2009 havia 18 municípios com processos em andamento para

estruturar as suas Farmácias Cidadãs Municipais, com os projetos e convênios

tramitando para que o repasse dos recursos seja efetivado.

22

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE

A partir da Política Farmacêutica do ES, foram implementadas várias

ações no sentido da melhoria e ampliação do acesso da população aos

medicamentos da atenção básica.

A partir da Relação Estadual de Medicamentos Essenciais e

Medicamentos Excepcionais – REMEME, o elenco de medicamentos essenciais foi

ampliado, saltando de 74 para 209 itens, pois a lista anterior não cobria o tratamento

de todas as doenças e agravos no campo da Atenção Primária em Saúde.

Os medicamentos da REMEME foram selecionados segundo critérios de

relevância em saúde pública, evidências de eficácia e segurança e estudos

comparativos de custo-efetividade. Foi elaborada com base na Relação Nacional de

Medicamentos Essenciais, adaptadas às peculiaridades epidemiológicas locais. A

lista de medicamentos essenciais da REMEME deve ser norteadora para as

Relações Municipais de Medicamentos Essenciais.

A Secretaria de Estado da Saúde (SESA) está estruturando o Sistema

Estadual de Registro de Preços – SERP. Trata-se de uma ferramenta que permite

que os gestores municipais estabeleçam a quantidade e os tipos de medicamentos

que estão previstos para serem utilizados no período de 12 meses. As informações

são enviadas à SESA e todos os itens comuns aos municípios são reunidos em um

único processo licitatório.

A iniciativa permite reduzir a burocracia local e promover a conseqüente

melhoria da disponibilização de medicamentos pelas prefeituras municipais com

maior agilidade e ainda otimizar a aplicação de recursos, com aquisição a preços

menores em função da economia de escala.

Um comprimido que sai a R$ 0,03 pode sair a R$ 0,01 com o Sistema

Estadual de Registro de Preços. Além disso, o SERP reserva outras vantagens: os

municípios não precisam dispor de uma grande área para estoque porque a

aquisição da mercadoria pode ser feita de acordo com a demanda.

A estimativa é que haja uma economia total de até 30% do preço médio

dos produtos, o que pode representar até R$ 10 milhões em recursos a serem

otimizados e reaplicados na ampliação do número de atendimento e na melhoria do

acesso aos medicamentos da atenção básica.

23

O SERP representa uma modernização no gerenciamento na medida em

que o gestor estadual não se envolve na logística de armazenamento e distribuição

dos itens. O Estado faz a administração virtual da ata do registro de preço e

preserva a autonomia dos municípios. Por outro lado, as prefeituras fazem o

pagamento, sem intermediários, ao fornecedor que, por sua vez, também entrega a

mercadoria diretamente às prefeituras municipais.

Outra ação prevista pelo Estado foi o aumento do repasse estadual aos

municípios para aquisição dos medicamentos pelo princípio da eqüidade de R$ 7,10

para R$ 10 por hab/ano, a fim de melhorar o acesso e a cobertura em

medicamentos da atenção primaria à saúde.

A ampliação do repasse estadual aos municípios foi pensada com base

no princípio da eqüidade (discriminação positiva), e no critério da Avaliação da

Melhoria da Qualidade na Estratégia de Saúde da Família (AMQ-ESF), como segue:

� Grupo 1 – para os 32 municípios com escore MQS-ESF de 26 a 30

(com maior necessidade), triplicar repasse estadual anual por habitante

de R$1,00 para R$3,00.

� Grupo 2 – para os 29 municípios com escore MQS-ESF de 23 a 25,

aumentar o repasse estadual anual por habitante, de R$1,00 para

R$2,50.

� Grupo 3 – para os 12 municípios com escore MQS-ESF de 19 a 22,

duplicar repasse estadual anual por habitante, de R$1,00 para R$2,00.

� Grupo 4 – para os 5 municípios com escore MQS-ESF de 13 a 18,

aumentar em 50% o repasse estadual anual per capita de R$1,00 para

R$1,50.

O município que tiver interesse em aderir ao aumento de repasse

estadual também deverá aumentar o repasse municipal para aquisição de

medicamentos básicos, de forma complementar, de maneira a chegar ao valor de

R$10,00 por habitante/ano. Além disso, deverá ampliar o elenco de medicamentos

da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais - REMUME, em conformidade

com a REMEME.

Outra ação da SESA para fortalecer Assistência Farmacêutica na Atenção

Primária foi instituir um incentivo de R$150.000,00 para a construção de uma Central

de Abastecimento Farmacêutico - CAF por Microrregião, para garantia das boas

práticas de armazenagem e conservação dos medicamentos. A proposta contempla

a estruturação de 7 CAFs no interior e 3 na Região Metropolitana, totalizando

R$1.500.000,00 de investimento.

24

Para a efetivação das CAFs, os municípios deverão realizar consórcios

entre si para elaboração do projeto, assim como para o gerenciamento das obras,

para a montagem, custeio e gerenciamento das CAF’s. Este projeto vem garantir a

qualidade dos medicamentos e, por conseqüência, dos resultados terapêuticos dos

tratamentos, além do cumprimento da legislação vigente, no tocante às Boas

Práticas de Controle e Armazenagem.

Com o objetivo de promover a melhoria das condições de atendimento

aos usuários de medicamentos nas farmácias municipais, a SESA também criou

incentivo de R$ 20 mil para a estruturação de Farmácia Cidadã Municipal, com

estrutura adequada, atendimento farmacêutico especializado e humanizado.

Para receber este incentivo, o município deverá apresentar projeto

arquitetônico de uma farmácia, que precisa conter, minimamente, áreas específicas

para dispensação, atendimento farmacêutico e estocagem, além da disponibilização

de farmacêutico em tempo integral, para garantir uma Assistência Farmacêutica

humanizada e de qualidade.

Além disso, a Política Farmacêutica do Estado prevê educação

permanente em Assistência Farmacêutica na Atenção Básica, por meio de dois

cursos de capacitação em Farmacoterapia Racional, com ênfase nos elenco de

medicamentos essenciais da REMEME e Planejamento e Gestão em Assistência

Farmacêutica.

25

AMPLIAÇÃO DO ACESSO AOS MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS

Além da melhoria na estrutura física e funcional promovida pelo projeto

Farmácia Cidadã, outro aspecto que merece destaque, diz respeito ao nível de

acesso dos usuários aos medicamentos excepcionais, considerando-se o número de

itens disponibilizados e o índice de cobertura mantido.

Os medicamentos excepcionais são aqueles de uso ambulatorial, em

geral de elevado custo unitário ou que, pela cronicidade do tratamento, tornam-se

muito onerosos para serem adquiridos pela população. Eles são destinados ao

tratamento de doenças raras ou de baixa prevalência ou até mesmo de doenças

prevalentes. Neste segundo caso, os medicamentos serão destinados caso haja

tratamento previsto para o agravo no nível da atenção básica, ao qual o paciente

apresentou necessariamente intolerância, refratariedade ou evolução para quadro

clínico de maior gravidade, ou caso o diagnóstico ou estabelecimento de conduta

terapêutica para o agravo estejam inseridos na atenção especializada.

Esses medicamentos são utilizados para tratar doenças que podem

acarretar sérios danos, perda de qualidade de vida, incapacitação para o trabalho,

redução da expectativa de vida e óbitos, como: Osteoporose, Hepatites B e C, Artrite

reumatóide, Esquizofrenia refratária, Asma grave, Doença de Parkinson, Distonias,

Espasticidade, entre outras.

No Estado do Espírito Santo, eram disponibilizados 133 medicamentos

excepcionais até novembro de 2007. Essa realidade acarretava a existência de

vazios assistenciais, ou seja, doenças para as quais os seus portadores não

encontravam nenhuma alternativa de tratamento na rede pública estadual. Como

exemplos dessas doenças ou disfunções, podemos citar a hipertensão pulmonar,

doença pulmonar obstrutivo crônica (DPOC), glaucoma, déficit de atenção, entre

outras.

Após a elaboração da Relação Estadual de Medicamentos Essenciais e

Excepcionais – REMEME foram inseridos na lista 46 novos itens e o número de

medicamentos excepcionais disponibilizados passou para 179 itens.

Há que se ressaltar ainda que, além do aumento no número de

medicamentos disponibilizados, também foi possível com esse projeto melhorar

ainda mais os índices de disponibilidade permanente em estoque, que passou de

76% em 2006 para 98% em 2008, conforme apresentado no gráfico 2.

26

Gráfico 2 – Índice de Cobertura em medicamentos excepcionais no estado de 2005 a 2008

Com o aprimoramento da gestão da logística de suprimento desses

medicamentos, garantiu-se um índice de cobertura sempre superior a 97% em 2008.

Ressalte-se que esse índice é verificado e atualizado semanalmente, possibilitando

a garantia de índices de excelência e a imediata adoção de providências quando

esse índice atingir níveis abaixo da meta mobilizadora de um mínimo de 95%. Em

diversas semanas, esse índice vem sendo 100%.

Inovamos na disponibilização do maior elenco de medicamentos

excepcionais do País, eliminando vazios assistenciais que ainda persistem em

vários estados da federação, e na gestão da logística, proporcionando índices de

excelência na cobertura em medicamentos.

A referida ampliação do acesso, em termos do aumento do número de

medicamentos e das doenças tratadas pela rede pública também vem sendo

acompanhada pelo número de atendimentos realizados pelas Farmácias. Observa-

se um incremento significativo, sempre crescente nos últimos seis anos, saltando de

107 mil em 2003 para 308 mil em 2008 (Gráfico 3).

989390

76

Cobertura

133 itens

2005 2006 2007 2008

179 itens

27

Gráfico 3 – Número de atendimentos (em milhares) nas farmácias de medicamentos excepcionais no estado de 2003 a 2008

Para o alcance desses resultados, houve substancial melhoria e inovação

na gestão, acompanhada de incremento nos recursos financeiros destinados a essa

área, que saltaram de R$ 22 milhões para R$ 95milhões nesse período, conforme

apresentado nos gráficos abaixo. A aplicação de recursos financeiros na área da

Assistência Farmacêutica pelo atual Governo do Estado do Espírito Santo

demonstra uma priorização dessa área.

Gráfico 4 – Gastos (em R$ milhões) com medicamentos na Sesa de 2002 a 2008

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

14 22

95

70

30

65

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

147

245

308

107

69

2002 2003 2005 2007 2008

28

Gráfico 5 – Gastos por habitante (em R$) com medicamentos na Sesa de 2002 a 2008

Ressalte-se que esses tratamentos abrangem o atendimento a todos os

cidadãos que precisam desses medicamentos, tanto aqueles oriundos da rede SUS

como aqueles provenientes da rede particular. Some-se isso ao fato de que a

grande maioria das pessoas não conseguiria ter acesso, se não fosse por meio do

Estado, visto que alguns desses tratamentos chegam a custar mais de R$ 30 mil

mensalmente.

Dessa forma, seja pela gravidade das situações tratadas, pela

impossibilidade das pessoas obterem esses tratamentos por meio próprio/particular,

seja pelo elevado número de usuários e/ou pelo elevado montante de recursos

públicos aplicados, a ampliação e melhoria do acesso pela população a esses

serviços, apresenta-se extremamente relevante sob o aspecto sócio-econômico.

24

2120

4

13

9

7

2002 2004 2006 2008(projeção)

2002 2004 2006 2008

29

CONCLUSÃO

Conceber um Sistema de Atenção à Saúde pressupõe, preliminarmente,

considerar a própria percepção sobre a saúde e seus princípios fundamentais. Sem

margem a dúvidas, a saúde deve ser compreendida como um direito natural,

relacionado com a própria noção de cidadania. Inserido nesse contexto do direito à

saúde, encontra-se a Assistência Farmacêutica.

São marcantes os ganhos proporcionados quanto à esperança e

qualidade de vida das pessoas, com a garantia do acesso a medicamentos eficazes

e seguros, selecionados à luz das melhores evidências científicas. Assim, o Estado,

no sentido amplo, é o maior responsável pela formulação e adoção de políticas que

tenham o intuito de promover esse acesso, principalmente àqueles cidadãos menos

favorecidos.

Assim, o grande desafio dessa Política Farmacêutica em implantação, é

viabilizar o acesso a fármacos com qualidade, promovendo o seu uso racional e

proporcionando a humanização no atendimento prestado aos seus usuários, em

especial por meio do atendimento farmacêutico especializado e Farmácias com

estruturas modernas e confortáveis.

No caso do nosso Estado, conseguimos superar, em certa medida, o

desafio da acessibilidade aos medicamentos excepcionais, com mais de 308 mil

atendimentos e garantindo um índice de cobertura em medicamentos acima de 95%.

Com isso, agora o maior desafio dessa Política passa a ser a melhoria do acesso

aos medicamentos essenciais na rede municipal de saúde, a promoção do uso

racional dos fármacos e a melhoria da qualidade e das condições no atendimento

realizado aos usuários nas Farmácias, tanto da rede estadual como municipal de

saúde.

Trata-se do desafio de mudança de paradigma: de “Serviço Público”,

amparado na burocracia para “Serviço ao Público”, fundamentado na qualidade,

celeridade e resolutividade dos atendimentos.

Enfim, o alcance de uma efetiva e sustentável melhoria da Assistência

Farmacêutica em nosso Estado, proporcionada pela atual política, dependerá, por

certo, de muitas variáveis e desdobramentos. Estará na dependência, também, do

grau de legitimação e apropriação social que essas mudanças em processo obterão.

Esse movimento representa um primeiro e importante passo, de uma missão em

permanente construção.

30

___________________________________________________________________

AUTORIA

Silvio César Machado-dos-Santos – Graduado em Farmácia e Bioquímica. Graduado em Economia. Especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde. Mestre em Saúde Pública. Gerente de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo. Professor Universitário (EMESCAM e UNIVIX). Diretor e pesquisador do Instituto Salutaris.

Endereço eletrônico: [email protected]

Patrícia Campanha Barcelos – Graduada em Farmácia e Bioquímica e especialista em Farmacologia Básica e Clínica pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestranda em Gestão de Tecnologias em Saúde no Instituto de Medicina Social - IMS/UERJ. Atua na Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo na área de Monitoramento e Avaliação.

Endereço eletrônico: [email protected]

Graziany Leite Moreira – Graduada em Farmácia e Bioquímica pela Escola Superior São Francisco de Assis - ESFA. Especialista em Análises Clínicas pela EMESCAM. Atua na Farmácia Cidadã Metropolitana da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo..

Endereço eletrônico: [email protected]