pódio - 28 de dezembro de 2014

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MANAUS, DOMINGO, 28 DE DEZEMBRO DE 2014 [email protected] SONHO REAL Manacapuruense Marcelinho realizou o sonho de disputar uma Champions League em 2014 e foi além. Atuando pelo Ludogorets, da Bulgária, o meia-atacante marcou o primeiro gol da história do time no torneio, em cima do poderoso Real Madrid. Pódio E2 e E3 IONE MORENO

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Pódio - Caderno de esportes do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: Pódio - 28 de dezembro de 2014

MANAUS, DOMINGO, 28 DE DEZEMBRO DE 2014 [email protected]

SONHOREAL

Manacapuruense Marcelinho realizou o sonho de disputar uma Champions League em 2014 e foi além. Atuando pelo Ludogorets, da Bulgária, o meia-atacante marcou o primeiro gol da história do time no torneio, em cima do poderoso Real Madrid. Pódio E2 e E3

, DOMINGO, 28 DE DEZEMBRO DE 2014 [email protected]

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Eu estou muito adap-tado lá e eu só saíria para um outro centro da Europa. Eu não pos-so dizer que nunca joga-ria aqui, mas meu pensa-mento não tem o Ama-zonas. Jogar aqui não me alegra muito não, estou sendo bem sincero

Marcelo Nascimento da Costa. Pergunte por essa pessoa em Manacapuru. Na certa, ninguém saberá quem é. Agora diga que procura por Marcelinho. Aí sim, todos saberão. O manacapuruense é, atualmente, o fi lho mais conhecido da Princesinha do Solimões. E não é para menos. Atua como meia-atacante do Ludogorts, da Bulgária, e recentemente participou da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa, onde entrou para a história ao mar-car o primeiro gol do clube na maior competição europeia de futebol. Para completar o feito, o tento foi anota-do sobre o todo-poderoso Real Madrid.

O jogador recebeu a equipe do PÓDIO, em sua casa, no bairro da Terra Preta, em Manacapuru, e falou sobre o início da carreira, a aven-tura em países como Kuat, sua relação com a Bulgária e também os planos para o futuro. Aos 30 anos, ele re-velou que pensa em pendurar a chuteiras daqui no máximo cinco temporadas.

PÓDIO - Como é para alguém que saiu do interior do Amazonas jogar a Uefa Champions League?

Marcelinho - Ganhamos do Steaua Bucareste para poder entrar na Champions e eu lembro de falar para o nos-so lateral, que é português: “Você sabe de onde eu sou para jogar uma Champions?”. Eu sei de onde sou, sei a di-fi culdade que um jogador do Estado tem para ir para São Paulo ou Rio, para ir buscar al-guma coisa no futebol. Então, a Champions foi a realização da minha carreira. Você pega o próprio Neymar quando es-tava no Santos. Ele dizia que queria ir para Europa e jogar uma Champions. O Neymar tinha tudo no Brasil, não tinha necessidade de sair, mas foi porque queria disputar uma Champions. É tudo diferente. Até a música da Champions que toca antes de entrar em campo te emociona, você não acredita que está ali. É incrível. Foi um momento ímpar na minha carreira. Foi um momento especial mes-mo. E quando a gente soube que estaria no grupo do Real Madrid, todo mundo vibrou. A gente queria jogar contra um time grande num estádio bom. Foi um momento espe-cial mesmo.

Você não só jogou a Champions, mas fez um gol no Real Madrid. Qual foi a sensação

naquele momento?Marcelinho - Pausa para a

resposta. Fazer gol é sempre bom, agora fazer gol numa Champions contra o Real Ma-dtrid, atual campeão, melhor time da atualidade, é uma sensação indescritível. Eu não sabia o que fazer. Eu corria para um lado, corri em zigue-zague, olhava para a arquibancada, pulei a placa, coisa que nunca fi z na Bulgá-ria. Não sabia o que fazer. Não sabia se levantava o braço, não sabia de nada. Na hora que saiu o gol eu saí correndo e chorei. Meus amigos dis-seram: “chora mesmo, chora mesmo”, porque sabiam que qualquer um ali gostaria de fazer um gol no Real Madrid. Aquele momento ali não há explicação. Eu revejo o vídeo agora e vejo que não sabia o que fazer. Me expressei da melhor maneira possível naquele momento. Foi incrí-vel. Eu vou fazer uma placa com o DVD do jogo e que-ro guardar esse momento para sempre.

Como foi jogar contra Cristiano Ronaldo, Bale, Sergio Ramos...?

Marcelinho - Toda vez que acontece algo desse tipo na minha carreira eu fi co lem-brando de onde eu vim e de onde eu saí. Eu jogava bola num campo horrível. Eu penso nisso dentro de campo. De onde vim, os campos que joguei e vejo onde Deus me colocou. Eu jogava campe-onato de pelada no interior do amazonas e hoje estou no meio dos melhores. No aque-cimento a gente quer olhar para os caras. Eles estão do lado e gente quer olhar, mas iria fi car meio estranho, né? (risos). A gente quer ver os caras, saber se eles são forte mesmo, como aparenta na te-levisão. O Ronaldo é o melhor do mundo, faz gols todos os jogos. Eu fi quei impressio-nado com o Sergio Ramos. Depois que joguei contra ele, comecei a admirá-lo. Ele é um dos melhores. Organiza a zaga, fala muito. Eu mudei muito a visão que tinha dele. Lá tem o Marcelo também. Ele foi muito humilde. Conversou comigo antes do jogo, no fi nal trocou a camisa, tirou foto, gravou vídeo. Eles são bem diferentes mesmo. A massa muscular deles é bem su-perior a de times pequenos. Eles realmente são diferen-ciados.

É mais emocionante jo-gar no Santiago Bernabeu ou no Anfi eld?

Marcelinho - Rapaz, agora você me pegou. Os dois es-tádios estavam lotados, mas, acho que o Bernabéu foi mais

emocionante pelo Real Ma-drid ser o atual campeão, ter o melhor do mundo lá. É, pensando bem, o estádio do Real Madrid é mais emo-cionante. Até a música lá é diferente. Eu sempre fi co ao lado do Caiçara (Junior Caiçara, zagueiro brasileiro) e na hora que tocou a música da Champions eu falei para ele: “Caiçara, até a música no Bernabéu é diferente, parece que a caixa está do lado do nosso ouvido”. A emoção do Bernabéu foi maior sim.

Agora voltando um pouco no tempo. Como começou sua vida no futebol?

Marcelinho - Comecei aqui mesmo em Manacapuru. An-tigamente o futebol aqui era bem visto, apesar da difi cul-dade do Amazonas, mas exis-tia as escolinhas aqui, existia muitos torneios que garotos de 13 e 14 anos disputavam, e desde lá já havia disciplina e treinamentos na madruga-da. É isso mesmo, eu treinei de madrugada para disputar campeonato de pelada com 14 anos. No meu início foi aí. Me tornei profi ssional pelo Rio Negro com 16 anos, onde assinei meu primeiro contra-to. O Mirandinha (ex-joga-dor do Corinthians e seleção brasileira) me levou para lá. Fiquei um ano e meio no Rio Negro e depois o Mirandinha me indicou para o São Paulo e a carreira andou e foi cami-nhando, não tão fácil quanto parece, mas as coisas inicia-ram basicamente assim.

Qual a importância do Mirandinha na sua vida?

Marcelinho - Eu gosto de dizer que foi Deus que colo-cou esse cara na minha vida. Porque a difi culdade nossa de sair daqui (Amazonas) para um grande centro do futebol é grande e se a gente não tiver uma pessoa que indique, que tenha um respeito lá, a gente nunca vai ter essa oportunidade, e o Mirandinha foi um cara muito importante na minha carreira. Ele que me tirou de Manacapuru para Manaus e me tirou de Manaus para São Paulo. Ele me indicou para o São Paulo e lá eu vi que ele tinha moral e muito respeito. Tinham dois tipos de teste no São Paulo e eu já cheguei para treinar com os contratados, sem ser. Fui com respeito porque foi o Mirandinha que me indicou. Então esse cara foi muito importante na minha carreira. Ainda pretendo vê se consigo achar ele, encontrar com ele e agradecer por tudo, porque eu posso dizer que minha car-reira deu certo e ele tem sua parcela de contribuição.

Como começou sua histó-ria no futebol brasileiro?

Marcelinho - Eu joguei no São Paulo por quase três anos. Isso tudo na categoria de base. Pelo profi ssional eu só fi z um amistoso nos EUA contra o Los Angeles Galaxis. Joguei até os 20 anos, vi que até teria oportunidade no time de cima, mas teria que esperar, que não era algo que queria na época. Aí surgiu o Mirandinha novamente. Ele estava dirigindo o Cascavel (PR) na Série B do parana-ense e me chamou para lá e eu fui. Foi uma loucura porque rescindi contrato com o São Paulo para jogar uma segunda divisão no Paraná. Ali foi meu primeiro ano como profi ssional. Foi um grande aprendizado. Lá fui muito bem, tanto que surgiu proposta do Paraná Clube e do São Caetano. Como eu sempre gostei de São Paulo, escolhi o São Caetano. Só que o São Caetano, por me achar muito novo, na época tinha 21 anos, me emprestou para a Santa Cruzense, da terceira divisão do paulista. Lá eu fui muito bem. Em 2007 eu iniciei o ano no São Caetano com o Dorival Junior como técni-co. Ele pediu para eu fi car. Nesse ano, chegamos à fi nal do paulista contra o Santos, mas infelizmente perdemos. Eu não era titular, mas fi z parte do grupo. Joguei com o Douglas que estava no Vasco, Mauricio Ramos, que jogou no Palmeiras e o Somália, que esteve aqui no Princesa. No segundo semestre o Dorival saiu e o outro técnico me dispensou. Me aventurei no Toluca (MEX), mas fi quei só dois meses, por problemas com empresário. Em 2008 eu iniciei na Série A2 do paulista, na Catanduvense, no segundo semestre eu fui para o Ituano, que à época tinha a Traffi c (empresa que investia no futebol) e joguei a Série C. As coisas melhoraram e eles me ofereçam contrato de cinco anos, mas nesse tempo surgiu uma proposta do Kuat e meu empresário não pensou duas vezes e me jogou lá. Tinha dinheiro na jogada. Não posso dizer que não estava precisando. Isso foi fi nal de 2008. Fui, mas profi ssionalmente não houve evolução. Financeira-mente eles são muito fortes, mas profi ssionalmente não foi bom para mim. Lá fi quei 10 meses e voltei porque eu queria jogar primeira divisão no Brasil. Quando voltei, vim para o Mogi (Mirim) e disputei o Campeonato Paulista de 2010 e fui bem. No segundo semestre eu fui para o Bra-gantino. Lá disputei a Série B de 2010 e o paulistão de

Marcelinho

Champions FOI A realização DA MINHA carreira

Penso em montar uma escolhinha aqui na mi-nha cidade, fazer par-ceria com alguém lá em São Paulo e indicar jogadores. Lá eles sa-bem que aqui tem bons jogadores

THIAGO BOTELHOEquipe EM TEMPO

FOTOS: EDUARDO NICOLAU/AE

PAULO LIEBERT/AE

Fazer gol é sempre bom, agora fazer gol numa Champions contra o Real Madrid, atual campeão, melhor time da atualida-de, é uma sensação in-descritível. Eu não sabia o que fazer. Eu corria para um lado, corri em zigue-za-gue

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Eu estou muito adap-tado lá e eu só saíria para um outro centro da Europa. Eu não pos-so dizer que nunca joga-ria aqui, mas meu pensa-mento não tem o Ama-zonas. Jogar aqui não me alegra muito não, estou sendo bem sincero

Marcelinho

PAULO LIEBERT/AE

Fazer gol é sempre bom, agora fazer gol numa Champions contra o Real Madrid, atual campeão, melhor time da atualida-de, é uma sensação in-descritível. Eu não sabia o que fazer. Eu corria para um lado, corri em zigue-za-gue

2011. Foi quando as coi-sas surgiram mais. Comecei a fazer gols, um deles fui contra o Santos. A gente estava empatando e eu fi z o gol da vitória de cabeça. Eles tinham Neymar, Ganso e Elano e nós vencemos. Depois desse jogo foi que surgiu a propostas para sair e fui parar na Bulgária.

Como foi chegar num país como a Bulgária? O que mais te amedrontou? O frio?

Marcelinho - Eu cheguei em junho, quando se inicia o verão, então foi numa época boa. A língua é bem complica-da, mas para quem jogou no Kuat não era nada de muito difícil. Nem via isso como problema. Confesso que temi o frio. Eu colhi algumas infor-mações sobre o país com um jogador brasileiro que estava lá. Telefonei para ele e ele me contou que o time estava subindo da segunda divisão e o presidente estava dizendo que iria formar um time para ser campeão, e que ele tinha dinheiro para isso. Lá tem o CSKA Sofi a que sempre era campeão e já na primei-ra temporada o Ludogorts ganhou tudo. Búlgaro, Copa da Bulgária e Supercopa da Bulgária, e eu fui titular. Sou titular desde que cheguei lá e sempre como destaque. Já no primeiro ano tive oferta para ir para Coréia, mas o presidente não me vendeu. Hoje estou adaptado e feliz. Minha esposa e meus fi lhos estão lá comigo. Vivo muito bem na Bulgária. Lá todo mundo me conhece e gosta de mim.

O que a Bulgária repre-senta na sua vida hoje?

Marcelinho - Como já co-mentei, eu rodei muito. Era no máximo 10 meses num clube. Eu sonhava em traba-lhar num clube estruturado e com contrato longo. Hoje, a Bulgária representa para mim quase tudo na minha carreira. Coisas que nunca tinha conseguido consegui lá. Confesso que meu pensa-mento era ir bem na Bulgária e depois migrar para outro país melhor, porque saem muitos jogadores para o cam-peonato russo, ucraniano e grego. Meu pensamento era me destacar ali e ir para um país melhor. Mas fui fi cando e minha vida fi nanceira me-lhorou lá, meu primeiro título como profi ssional foi lá. Hoje, posso dizer que a Bulgária fez eu me tornar um jogador profi ssional. Antes eu tinha rodado, na Bulgária eu me tornei um jogador profi s-sional porque lá eu joguei uma Liga Europa, joguei uma Champions agora, coisa que ninguém imaginou jogar pelo Ludogorets, quando inicia-mos o projeto em 2011.

Agora falando em fu-turo. O que você pensa? Pretende fi car na Bulgária ou ainda tem sonhos de ir para um grande centro da Europa?

Marcelinho - Antes de disputar a Champions eu renovei meu contrato com o Ludogortes. Agora tenho contrato até 2017. Antes de vir para o Brasil eu con-versei com o presidente e expus meu desejo de jogar em um centro melhor. Sur-giram algumas coisas, mas nada ofi cial. Eu queria muito jogador num centro maior. Já estou com 30 anos, e eu falei para ele que a chance era agora. Ele disse que se surgisse uma proposta boa para o clube e para mim, ele deixaria eu sair. Tem muita especulação, mas o último que apareceu com interesse foi o Sivasspor, time que o Roberto Carlos treinava na Turquia. Eu estou esperando uma ligação deles. Um em-presário me ligou dizendo que o time tinha interesse, falou até que o próprio Roberto Carlos iria me ligar, mas não aconteceu ainda. Eu estou no aguardo, até porque a janela na Europa só abre em janeiro. Tem tempo para acontecer alguma coisa. Se não surgir, eu também continuarei feliz na Bulgária. Eu estou adap-tado e posso terminar meu contrato lá sem nenhuma frustração.

Você se sente realizado no futebol?

Marcelinho - Eu não gosto de fi car parado. Posso dizer que até esse momento na minha carreira eu me sinto re-alizado sim. Mas, se você me perguntar se eu quero mais, eu diria que quero. Eu tenho essa vontade, essa gana de jogar em uma liga melhor. Mas, como já disse, se não surgir, não fi carei frustrado. Consegui disputar os campe-onatos que quis na carreira, tirando o Brasileirão que é um desejo, que é uma coisa que penso muito. Acho que pos-so conseguir, mas se minha carreira acabasse hoje, en-cerraria feliz, sem nenhuma frustração.

Como você vê o atual cenário do futebol ama-zonense, analisando de fora?

Marcelinho - O futebol amazonense não evolui. Ele não cresce. Não sei o que acontece, mas não há uma evolução. Enquanto isso con-tinuar, o Amazonas fi cará es-quecido no futebol. Eu gosto sempre de lembrar que aqui tem muitos jogadores bons, até craques, mas não têm oportunidade. Quem faz um trabalho sério em Manaus ou em Manacapuru? Quem faz algo serio que atraia um empresário sério, que queira investir? Não tem. As pes-soas que estão por trás não levam o futebol daqui a sério. Fica difícil alguém vir aqui, investir e levar jogadores. Isso é triste porque aqui tem muito garoto bom de bola. Quando eu cheguei no São Paulo, já tinha jogado no Princesa do Solimões e no Rio Negro, e aqui tinham jogadores melhores do que lá. Só que quem vai fazer a

ponte desses atletas até lá? Não tem ninguém. Quando falo que sou daqui as pessoas perguntam se só existe eu de profi ssional do Amazonas. Eu tenho que escutar isso. E, infelizmente, é verdade. Não por falta de talentos, mas por falta de organização. Falta de investimento na base. Do ano que eu joguei aqui, em 2001, hoje está pior. E eu não vejo uma solução para melhorar. Até tenho idéias de trabalhar indicando jogadores no futu-ro. É muito cedo para pensar nisso. Ainda tenho cinco ou seis anos de carreira. Quando encerrar eu penso nisso.

Então você não pensa em voltar a jogar no futebol amazonense?

Marcelinho - Realmente eu não penso. Não penso nem em voltar para o Bra-sil. O futebol no Brasil está complicado. Os clubes não pagam, é difícil você encon-trar quem paga em dia. Então eu não me vejo voltando para o Brasil e estendo isso ao Amazonas. Eu estou muito adaptado lá e eu só sai-ria para um outro centro da Europa. Eu não posso dizer que nunca jogaria aqui, mas meu pensamento não tem o Amazonas. Jogar aqui não me alegra muito não, estou sendo bem sincero.

O que você pensa pós-carreira?

Marcelinho - Eu tenho alguns pensamentos. Não sei se vai dar certo. Penso em montar uma escolhinha aqui na minha cidade, fazer parceria com alguém lá em São Paulo e indicar jogado-res. Lá eles sabem que aqui tem bons jogadores. Só que tem que haver investimento. Empresário só quer ganhar, não se dispõe a pagar uma passagem. Eu tenho esse pensamento de fazer essa ponte. No caso eu arcaria com as passagens e o clube daria a oportunidade. Acredito que pode dar certo. Quero ajudar meus conterrâneos. Eu iria fi car muito feliz se conse-guisse.

Quem é o Marcelinho como pessoa e jogador?

Marcelinho - O Marcelinho é um cara tranquilo. Sou um cara bem família. Não bebo, não saio, gosto de passar as férias com a família. Sou bem tranqüilo mesmo. A palavra certa para o Marcelinho é “um cara tranquilo”, não tem outra. Como jogador, sou mui-to alegre e sei de onde sai e aproveito cada momento com muita alegria. Dentro de cam-po eu me movimento muito, saindo dos marcadores. Eu sou um cara rápido, do ultimo passe. Posso dizer que tenho uma boa visão de jogo. Lá na Bulgária também aprendi a fazer meus gols. Não sei quantos, mas fi z bastantes gols nesses três anos que estou lá. É isso. Sou feliz por ter chegado aonde cheguei. É difícil eu estar triste no meu trabalho. Sempre desfruto da-quilo que Deus me deu.lá. Só que quem vai fazer a quilo que Deus me deu.

Marcelinho na entrada de Manacapuru. Ali, a cada minuto, um carro passava buzinando e saudando o novo ídolo da cidade

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Orçada em torno de R$ 650 mi, e conhecida Brasil afora como um elefante branco, a Are-

na da Amazônia Vivaldo Lima de-verá, fi nalmente, abrigar jogos do campeonato amazonense. Pelo menos é o que prevê a tabela do certame de 2015 disponibilizada pela Federação Amazonense de Futebol (FAF), cuja elaboração foi feita pela Associação de Clubes Profi ssionais do Estado do Ama-zonas (Acpea).

A Arena da Amazônia Vivaldo Lima receberá os clássicos Rio Negro x Nacional e Nacional x Fast Clube, além da grande fi nal. Neste ano, apenas um jogo do certame local foi realizado no estádio. Fast x Princesa do So-limões, válido pela fi nal da Taça Cidade de Manaus, com público superior a 11 mil presentes. Os altos custos operacionais na ocasião foram fator prepon-derante para que nenhum dos outros jogos fosse realizado na praça esportiva.

A despeito dos custos, o está-dio consta na tabela do Barezão 2015. Isto pode reascender a chama da esperança de que a Arena da Amazônia foi constru-ída para atender e servir como elemento propulsor do futebol Baré. “A arena tem que ser usa-da. Uma das justifi cativas pelas quais a arena foi erguida diz respeito ao desenvolvimento do futebol local”, pondera Cláudio Nobre, presidente da Acpea.

Iniciativa apoiadaPara Ariovaldo Malízia,

presidente da Fundação Vila Olímpica (FVO), e responsável pela administração da arena, a iniciativa de trazer os jogos do Campeonato Amazonense é extremamente válida. Para ele, o fato de os clubes visarem a exploração do estádio deve ser incentivado e tem total apoio da gestão da FVO.

“Defendo que os nossos jo-gos sejam na Arena da Ama-

zônia. O futebol amazonense deve explorar o potencial do novo estádio”, pontua Malizia. Entretanto, ele defende que os clubes devem planejar antecipa-damente como irão otimizar os custos operacionais bem como divulgar de forma massiva os jogos. “Os clubes devem buscar a rentabilidade da realização das partidas no estádio. Além disso, com planejamento estratégico, eles devem fomentar meios para que os jogos sejam amplamente divulgados e para que os ingres-sos alcancem o maior número de torcedores possível. Não há como realizar jogos na arena divulgando o evento uma se-mana antes ou disponibilizando poucos meios de alcance do público. Os clubes devem ter isso em mente” concluiu.

Apoio do governoDe opinião favorável do uso

da arena, Cláudio Nobre salienta que não usá-la é abrir mão da grande justifi cativa pela qual o estádio foi erguido que é desen-volver o futebol local. Todavia, quando questionado sobre os custos do estádio, Nobre faz uma comparação com o Sam-bódromo. “A estrutura completa do Sambódromo é usada apenas uma vez por ano. A parte da ferradura é a única que é con-tinuamente utilizada. A Arena da Amazônia, da mesma forma, pode ser usada abrindo mão da estrutura completa. Ao invés de se usar todas as bilheterias disponíveis, usa-se apenas um dos lados, abre-se apenas um dos portões ou mesmo parte das arquibancadas.”, pontua. Nobre afi rmou ainda que o quadro mó-vel da Arena da Amazônia tem um custo extra desnecessário, pois estes funcionários já são mantidos pelo governo do Es-tado. “Existem pessoas que já possuem função gratifi cada e quando trabalham nos estádios acabam onerando ainda mais as despesas dos clubes, pois estes funcionários ganham um recurso extra que, ao fi nal, é arcado pelos clubes.”

Usar ou não a arena no Barezão?Estádio deve ser fi nalmente utilizado para receber jogos dos times locais no campeonato amazonense. Entretanto, seu uso depende de uma parceria entre clubes e governo do Estado

CÍCERO JREspecial RÁDIO WEB EM TEMPO

Cláudio Nobre defende também que o Governo do Estado subsidie os clubes locais de sorte que possam usar a Arena da Amazônia pagando de forma reduzi-da os custos do estádio. “Não temos condições de arcar com todos os custos do estádio. Se não hou-ver subsídios governamen-tais, não teremos como utilizá-lo”, afi rmou.

A Acpea deverá se reunir com o governo para propor o subsídio. “Levaremos ao Governador José Melo uma proposta de sobretaxa para eventos na Arena da Ama-zônia, não só para os clubes, mas também para federa-ções desportivas. Assim, não arcaremos além daquilo que já arcamos, pois se nos for cobrado o valor real do que a Arena demanda, nenhum clube entrará em campo no estádio. Tem que haver um custo social revertido aos

clubes”, explica. Cláudio No-bre reitera que o acordo com o governo será fundamental para que as partidas aconte-çam na Arena da Amazônia e que o apoio tem respaldo na Constituição Estadual, con-templando assim o futebol.

Por fi m, Nobre afi rma que determinadas ações de ma-rketing serão tomadas para que os jogos tenham divul-gação necessária a fi m de atrair o torcedor: “A viabilida-de econômica será estudada, pois nossos clubes têm certa difi culdade de aceitação jun-to ao público. É diferente de um Flamengo ou Vasco cujos nomes são explorados facilmente por conta da de-manda. Entretanto, vamos discutir meios de expandir a divulgação dos nossos clubes, como por exemplo, distribuindo ingressos nas escolas para que através das crianças os pais possam ir aos estádios”, pondera.

Proposta para reduzir custosRio Negro, Nacional e Fast

Clube serão os clubes que jogarão, de acordo com a ta-bela, o campeonato amazo-nense na Arena da Amazônia. Torcedor do Galo da Praça da Saudade, Rafael Melo é favo-rável à realização dos jogos de abertura e fi nal na Arena da Amazônia: “Vejo com bons olhos a abertura e a fi nal serem realizadas no Vival-dão. Serão dois bons testes, termômetros importantes do nosso momento e da expecta-tiva do público. Aos poucos, o futebol amazonense retorna-rá ao seu palco principal. Com bons resultados, inclusive a nível nacional, o interesse do público retornará.”

Para Elias Abensur, torce-dor do Fast Clube, receber os grandes clássicos locais faz com que ele seja partidário da realização das partidas no estádio. Entretanto, Elias não concorda com a fi nal obriga-toriamente ser na Arena da

Amazônia. “Acho errado o que decidiram sobre um jogo obri-gatório das fi nais na Arena. E se dois clubes do interior decidirem o título?” questio-na Abensur. Elias pondera que o melhor marketing a ser

promovido pelos clubes é a conquista de bons resultados. “Se um clube não conquistar resultados, não vai ter es-tratégia de marketing que dê jeito. O melhor marketing é resultado, conquistas. O

torcedor amazonense só vai se voltar pro nosso futebol quando os nossos clubes estiverem brigando de igual pra igual com os grandes clubes do Brasil. Com isso, o público gradativamente retorna”, concluiu.

Arena azulPara o presidente da Torci-

da Apaixonaça, Natanael Fi-gueiredo, o Natan Apaixona-ça, em jogos importantes, o Nacional deve sim fazer uso da Arena da Amazônia. Para ele, é uma oportunidade de o clube cativar o torcedor amazonense e trazê-lo de volta. “Quem sabe isto não trás o torcedor de volta? Em especial, se fi zerem algu-mas promoções durante os jogos.”, pondera Natan. Ele defende que os clubes po-nham pontos estratégicos em lugares da cidade para que o acesso ao estádio seja facilitado.

Torcedores apoiam com cautela

ARRECADAÇÃOEm 10 jogos de clubes no ano de 2014, a Are-na da Amazônia teve arrecadação de mais de R$ 13 milhões. En-tre as partidas, cons-tam cinco pelejas de clubes amazonenses, sendo três do Nacional

Cláudio Nobre, presidente da ACPEA, em entrevista ao programa esportivo Liga Em Tempo, na rádio Em Tempo Web

O torcedor do Galo, Rafael Melo, levou a bandeira do time do coração para o jogo Inglaterra x Itália

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FOTOS PUBLICAS

Arena da Amazônia receberá três jogos do Campeonato Amazo-

nense de 2015

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Orçada em torno de R$ 650 mi, e conhecida Brasil afora como um elefante branco, a Are-

na da Amazônia Vivaldo Lima de-verá, fi nalmente, abrigar jogos do campeonato amazonense. Pelo menos é o que prevê a tabela do certame de 2015 disponibilizada pela Federação Amazonense de Futebol (FAF), cuja elaboração foi feita pela Associação de Clubes Profi ssionais do Estado do Ama-zonas (Acpea).

A Arena da Amazônia Vivaldo Lima receberá os clássicos Rio Negro x Nacional e Nacional x Fast Clube, além da grande fi nal. Neste ano, apenas um jogo do certame local foi realizado no estádio. Fast x Princesa do So-limões, válido pela fi nal da Taça Cidade de Manaus, com público superior a 11 mil presentes. Os altos custos operacionais na ocasião foram fator prepon-derante para que nenhum dos outros jogos fosse realizado na praça esportiva.

A despeito dos custos, o está-dio consta na tabela do Barezão 2015. Isto pode reascender a chama da esperança de que a Arena da Amazônia foi constru-ída para atender e servir como elemento propulsor do futebol Baré. “A arena tem que ser usa-da. Uma das justifi cativas pelas quais a arena foi erguida diz respeito ao desenvolvimento do futebol local”, pondera Cláudio Nobre, presidente da Acpea.

Iniciativa apoiadaPara Ariovaldo Malízia,

presidente da Fundação Vila Olímpica (FVO), e responsável pela administração da arena, a iniciativa de trazer os jogos do Campeonato Amazonense é extremamente válida. Para ele, o fato de os clubes visarem a exploração do estádio deve ser incentivado e tem total apoio da gestão da FVO.

“Defendo que os nossos jo-gos sejam na Arena da Ama-

zônia. O futebol amazonense deve explorar o potencial do novo estádio”, pontua Malizia. Entretanto, ele defende que os clubes devem planejar antecipa-damente como irão otimizar os custos operacionais bem como divulgar de forma massiva os jogos. “Os clubes devem buscar a rentabilidade da realização das partidas no estádio. Além disso, com planejamento estratégico, eles devem fomentar meios para que os jogos sejam amplamente divulgados e para que os ingres-sos alcancem o maior número de torcedores possível. Não há como realizar jogos na arena divulgando o evento uma se-mana antes ou disponibilizando poucos meios de alcance do público. Os clubes devem ter isso em mente” concluiu.

Apoio do governoDe opinião favorável do uso

da arena, Cláudio Nobre salienta que não usá-la é abrir mão da grande justifi cativa pela qual o estádio foi erguido que é desen-volver o futebol local. Todavia, quando questionado sobre os custos do estádio, Nobre faz uma comparação com o Sam-bódromo. “A estrutura completa do Sambódromo é usada apenas uma vez por ano. A parte da ferradura é a única que é con-tinuamente utilizada. A Arena da Amazônia, da mesma forma, pode ser usada abrindo mão da estrutura completa. Ao invés de se usar todas as bilheterias disponíveis, usa-se apenas um dos lados, abre-se apenas um dos portões ou mesmo parte das arquibancadas.”, pontua. Nobre afi rmou ainda que o quadro mó-vel da Arena da Amazônia tem um custo extra desnecessário, pois estes funcionários já são mantidos pelo governo do Es-tado. “Existem pessoas que já possuem função gratifi cada e quando trabalham nos estádios acabam onerando ainda mais as despesas dos clubes, pois estes funcionários ganham um recurso extra que, ao fi nal, é arcado pelos clubes.”

Usar ou não a arena no Barezão?Estádio deve ser fi nalmente utilizado para receber jogos dos times locais no campeonato amazonense. Entretanto, seu uso depende de uma parceria entre clubes e governo do Estado

CÍCERO JREspecial RÁDIO WEB EM TEMPO

Cláudio Nobre defende também que o Governo do Estado subsidie os clubes locais de sorte que possam usar a Arena da Amazônia pagando de forma reduzi-da os custos do estádio. “Não temos condições de arcar com todos os custos do estádio. Se não hou-ver subsídios governamen-tais, não teremos como utilizá-lo”, afi rmou.

A Acpea deverá se reunir com o governo para propor o subsídio. “Levaremos ao Governador José Melo uma proposta de sobretaxa para eventos na Arena da Ama-zônia, não só para os clubes, mas também para federa-ções desportivas. Assim, não arcaremos além daquilo que já arcamos, pois se nos for cobrado o valor real do que a Arena demanda, nenhum clube entrará em campo no estádio. Tem que haver um custo social revertido aos

clubes”, explica. Cláudio No-bre reitera que o acordo com o governo será fundamental para que as partidas aconte-çam na Arena da Amazônia e que o apoio tem respaldo na Constituição Estadual, con-templando assim o futebol.

Por fi m, Nobre afi rma que determinadas ações de ma-rketing serão tomadas para que os jogos tenham divul-gação necessária a fi m de atrair o torcedor: “A viabilida-de econômica será estudada, pois nossos clubes têm certa difi culdade de aceitação jun-to ao público. É diferente de um Flamengo ou Vasco cujos nomes são explorados facilmente por conta da de-manda. Entretanto, vamos discutir meios de expandir a divulgação dos nossos clubes, como por exemplo, distribuindo ingressos nas escolas para que através das crianças os pais possam ir aos estádios”, pondera.

Proposta para reduzir custosRio Negro, Nacional e Fast

Clube serão os clubes que jogarão, de acordo com a ta-bela, o campeonato amazo-nense na Arena da Amazônia. Torcedor do Galo da Praça da Saudade, Rafael Melo é favo-rável à realização dos jogos de abertura e fi nal na Arena da Amazônia: “Vejo com bons olhos a abertura e a fi nal serem realizadas no Vival-dão. Serão dois bons testes, termômetros importantes do nosso momento e da expecta-tiva do público. Aos poucos, o futebol amazonense retorna-rá ao seu palco principal. Com bons resultados, inclusive a nível nacional, o interesse do público retornará.”

Para Elias Abensur, torce-dor do Fast Clube, receber os grandes clássicos locais faz com que ele seja partidário da realização das partidas no estádio. Entretanto, Elias não concorda com a fi nal obriga-toriamente ser na Arena da

Amazônia. “Acho errado o que decidiram sobre um jogo obri-gatório das fi nais na Arena. E se dois clubes do interior decidirem o título?” questio-na Abensur. Elias pondera que o melhor marketing a ser

promovido pelos clubes é a conquista de bons resultados. “Se um clube não conquistar resultados, não vai ter es-tratégia de marketing que dê jeito. O melhor marketing é resultado, conquistas. O

torcedor amazonense só vai se voltar pro nosso futebol quando os nossos clubes estiverem brigando de igual pra igual com os grandes clubes do Brasil. Com isso, o público gradativamente retorna”, concluiu.

Arena azulPara o presidente da Torci-

da Apaixonaça, Natanael Fi-gueiredo, o Natan Apaixona-ça, em jogos importantes, o Nacional deve sim fazer uso da Arena da Amazônia. Para ele, é uma oportunidade de o clube cativar o torcedor amazonense e trazê-lo de volta. “Quem sabe isto não trás o torcedor de volta? Em especial, se fi zerem algu-mas promoções durante os jogos.”, pondera Natan. Ele defende que os clubes po-nham pontos estratégicos em lugares da cidade para que o acesso ao estádio seja facilitado.

Torcedores apoiam com cautela

ARRECADAÇÃOEm 10 jogos de clubes no ano de 2014, a Are-na da Amazônia teve arrecadação de mais de R$ 13 milhões. En-tre as partidas, cons-tam cinco pelejas de clubes amazonenses, sendo três do Nacional

Cláudio Nobre, presidente da ACPEA, em entrevista ao programa esportivo Liga Em Tempo, na rádio Em Tempo Web

O torcedor do Galo, Rafael Melo, levou a bandeira do time do coração para o jogo Inglaterra x Itália

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FOTOS PUBLICAS

Arena da Amazônia receberá três jogos do Campeonato Amazo-

nense de 2015

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E6 MANAUS, DOMINGO, 28 DE DEZEMBRO DE 2014

Botafogo viveu um dos piores anos de sua históriaGlorioso iniciou o ano disputando a Libertadores e fi nalizou sendo rebaixado para Série B do Brasileirão, pela segunda vez

Quando 2013 termi-nou, a torcida do Botafogo estava em estado de êxtase.

O time tinha conquistado o título do Campeonato Cario-ca vencendo os dois turnos e atropelando os principais ri-vais. Além disso, depois de 17 anos voltaria a jogar uma Copa Libertadores. Porém, como diz o ditado, “Dia de muito, vés-pera de pouco”. Na virada do ano, 2014 trouxe praticamente

apenas decepções e se tor-nou um dos piores

a n o s

da história.O clube, sem dinheiro para

investir, não manteve o téc-nico Oswaldo de Oliveira e começou a perder jogadores importantes, como o atacante Rafael Marques. A maior baixa, porém, foi quando o holan-dês Clarence Seedorf anunciou que deixaria General Severia-no para encerrar carreira e virar treinador do Milan.

O desconhecido Eduardo Húngaro foi efetivado como técnico, tendo como experi-ência principal o trabalho nas categorias de base do Glorio-so. As contratações para a Li-

bertadores, como o meia Jorge

Wagner, o volante argentino Mario Bolatti e seu compa-triota, o artilheiro Tanque Fer-reyra, se tornaram decepções em pouco tempo.

Fora de campo a diretoria cometia erros atrás de erros, sem honrar com dívidas tra-balhistas e fi scais, o Botafogo passou a conviver com cem por cento de suas receitas bloquea-das e o pagamento dos salários passou a ser algo impossível de ser honrado. O grupo chegou a se negar a jogar um amistoso na Paraíba por conta disso. O resultado das lambanças se refl etiu em campo. O Alvinegro acabou eliminado na primeira fase da Libertadores, fez a pior

campanha de sua história no

Estadual e deixou a Copa do Brasil com uma goleada de 5 a 0 sofrida para o Santos. Porém, a facada fatal veio com o rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro.

O balanço do ano mostra como 2014 foi ruim. Fora 65 partidas, com impressionantes 35 derrotas e apenas 17 vitó-rias. Os empates foram 13. O Glorioso marcou apenas 63 gols, sofrendo 86 e acabando a temporada com um saldo de -23. O paraguaio Pablo Ze-ballos, mesmo hostilizado pelos torcedores, acabou sendo o ar-tilheiro do time na temporada, com nove gols.

Perspectivas para 2015No fi m do ano Maurício

Assumpção passou o cargo para Carlos Eduardo Pereira, que venceu uma eleição dispu-tada. O novo presidente sabe que terá muitos problemas para resolver.

Ao fi m da temporada foram dispensados os laterais Junior Cesar, Alex e Anderson; o za-gueiro Mario Risso; os volantes Hygor, Mario Bolatti e Rodri-go Souto, os meias Cachito Ramírez, Carlos Alberto, Pablo Zeballos e Ronny; os atacan-tes Maikon, Rogério, Yguinho, Wallyson, Bruno Corrêa e Tan-que Ferreyra. Em outubro, a diretoria antiga já havia dispen-sado os laterais Edilson e Ju-lio Cesar, o zagueiro

Bolívar e o atacante Emerson Sheik. Vagner Mancini também saiu do clube, dispensado, as-sim como o gerente de futebol Wilson Gottardo.

A ideia é montar um elenco barato, mas competitivo para 2015, com poucas estrelas. Porém, existem esperanças de dias melhores com a pos-sibilidade do desbloqueio de receitas e a liberação do Es-tádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, interditado desde 2013 por problemas em sua estrutura, mas que deverá ser reaberto em março..

Mosaico montado pela torcida durante partida da Libertadores

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E7 MANAUS, DOMINGO, 28 DE DEZEMBRO DE 2014

Time sofre, mas retorna à elite A temporada do Vasco pro-

metia ser reconstrução após a queda para a Série B do Cam-peonato Brasileiro. No entanto, o torcedor cruz-maltino teve poucos momentos de alegria em 2014 e sofreu, principalmen-te para conquistar o acesso à elite do futebol nacional. Fora de campo, o ano também foi conturbado. As eleições do clube foram adiadas, mas, no fi m, os sócios confi rmaram o retorno do presidente Eurico Miranda.

A temporada começou com o Vasco chegando próximo de acabar com o jejum no Campe-onato Carioca. Na fi nal, diante do Flamengo, os vascaínos es-tavam com as mãos na taça até os acréscimos, quando os rubro-negros, em um gol irregu-larmente assinalado, tirou o tí-tulo de São Januário. A diretoria chegou a buscar a anulação da partida, mas sem sucesso.

Na Série B, a irregularidade da equipe sobressaiu e em nenhum momento o Vasco chegou a liderança da competição. Pri-meiro comandado por Adílson Batista, depois por Joel Santa-na, os cariocas não emplaca-ram uma sequência vitoriosa na Segundona. O acesso veio na penúltima rodada, em um empate sofrido com o Icasa, no Maracanã. A torcida não perdoou e vaiou a equipe no fi m da partida.

No fi m do ano, após dispu-tas judiciais e adiantamento, as eleições no clube aconteceram e consolidaram o retorno de Eurico Miranda à presidência. O atual mandatário terá a missão

de levar o Vasco ao rumo das vitórias e sanear as fi nanças. Por conta disso, o dirigente já anunciou que o clube não vai fazer grandes investimentos por reforços.

“O Vasco precisa de bases sólidas para entender de uma vez por todas o seu lugar no desporto nacional. É natural que precisemos dispor de remé-dios amargos, controlar gastos, compor dívidas fi scais, nego-ciar dívidas avulsas, recuperar a credibilidade. E ainda assim

teremos equipes competitivas. Equilibrar necessidades e dese-jos é a forma ideal para atingir-mos nossos objetivos”, discur-sou Eurico em sua posse.

Nos números desta tempora-da, a irregularidade é notada. Em 65 jogos, foram 29 vitórias e 26 empates. Os artilheiros do Vasco na temporada foram o atacante Edmílson e o meia Douglas, ambos com 14 gols. O atacante fez a sua maioria durante o Campeonato Carioca. Já o segundo foi comandante da equipe no ano e marcou princi-

palmente nas bolas paradas.

ExpectativasA volta do presidente Eurico

Miranda ao comando do clube deixa o futuro do Vasco em aberto. O mandatário adiantou que a política será de contenção de gastos. Sua primeira ação em relação ao futebol foi confi rmar os retornos de Paulo Angioni e Isaias Tinoco.

Enquanto Angioni vai coman-dar o futebol profi ssional, Tinoco fi cará focado nas categorias de base.

Após recusa de Marquinhos Santos, os dirigentes surpreen-deram com o acerto com o técni-co Doriva, campeão Paulista com o Ituano e que tinha acabado de assinar com o Botafogo-SP.

Em relação a reforços, so-mente com a chegada de Do-riva, os nomes serão avaliados. O Vasco terá que contratar, pois perdeu alguns de seus princi-pais jogadores. Os meias Dou-glas e Maxi Rodríguez foram para o Grêmio. O primeiro con-tratado junto ao Corinthians, enquanto que o segundo tem contrato com o clube gaúcho. Além deles, outros atletas pre-cisam renovar contrato.

No entanto, alguns atletas têm boa chance de chegada a São Januário. O meia pa-raguaio Julio dos Santos, do Cerro Porteño e o também meia Thiago Neves, que está no fu-tebol árabe, são os nomes mais ventilados. O certo é que os vas-caínos vão precisam mostrar muito trabalho em 2015 para dar alegrias ao torcedor.

VASCO

CONFUSÃOA nova diretoria já se envolveu em polêmica, após anunciar Mar-quinhos Santos como técnico para 2015. No entanto, horas mais tarde, o treinador decli-nou da oferta alegando problemas familiares

Em uma temporada que pode-ria ser grandiosa, o Flamengo passou por difi culdades, mas acabou 2014 sem sustos.

Classifi cado para a Libertadores, os rubro-negros começaram o ano mi-rando o título do Mundial de Clubes, só que terminaram comemorando a permanência na Série A do Campe-onato Brasileiro. Após isso tudo, o pensamento é de reconstrução para fortalecer novamente o clube.

Se o título da temporada veio no Campeonato Carioca, com polêmica, a decepção aconteceu na Libertado-res com a eliminação precoce, ainda na fase de Grupos, ao perder no Maracanã para o León (MEX).

No comando da equipe, Jayme de Almeida, antes unanimidade, acabou demitido no início do Campeonato Brasileiro. Ney Franco surgiu como salvador, mas não conseguiu mudar o panorama, que parecia sombrio na Série A. Somente com a chegada de Vanderlei Luxemburgo, com um discurso realista, o Flamengo reagiu para terminar a temporada longe do risco do rebaixamento e semifi nalis-ta da Copa do Brasil.

Fora de campo, os rubro-negros também sofreram. A diretoria tinha difi culdade com o diretor Paulo Pelaipe, que acabou demitido para a chegada de Felipe Ximenes. Este entrou em atrito com o elenco, e teve sua saída confi rmada neste fi m de ano. Para 2015, a função será de Rodrigo Caetano.

Nos números, o Flamengo não impressionou. Foram 34 vitórias em 68 jogos, exatamente metade das partidas disputadas. Os maus re-sultados no Campeonato Brasileiro

infl uenciaram muito nos dados. O destaque fi ca por conta de Alecsan-dro, artilheiro da equipe em 2014, com 21 gols, mesmo não partici-pando da parte fi nal da temporada por conta de lesão na face.

Para 2015, Luxemburgo já traba-lha na formulação do elenco e revelou que vai ver diversos fatores para de-cidir os jogadores que permanecem ou deixam o Flamengo.

“Precisamos analisar, fazer uma observação de tudo e escrever nossa posição para a diretoria sobre estes temas. São muitas coisas que pre-cisam ser ditas neste caso. Vamos fazer uma análise bem coerente, de produtividade, participação, forma-tação da equipe, perfi l psicológico do grupo, tudo isso será analisado e en-tregue para a diretoria”, declarou.

PerspectivasCom a fuga do rebaixamento Lu-

xemburgo teve tempo para avaliar jogadores. O treinador terá a incum-bência de reestruturar o elenco para 2015. A chegada do diretor-executivo Rodrigo Caetano traz mais credibili-dade ao trabalho.

A diretoria adiantou que o clube segue com a política de pagamento das dívidas e o orçamento para o futebol é prejudicado. Com isso, a aposta deverá ser em jogadores que tiveram bom desempenho em clubes de menor expressão. O la-teral esquerdo Thalysson, do ASA, foi contratado, assim como o meia Arthur Maia, do América-RN.

O lateral direito Pará, do Grêmio, rchegará. Assim, o Flamengo tenta montar um elenco a altura para, novamente, brigar por títulos.

Rubro-Negro decepcionou na Libertadores, deu pinta que faria o mesmo no Brasileirão, mas com a chegada de Luxemburgo, reagiu e acabou a temporada sem assistir à torcida

Flamengo termina ano sem surpresas negativas

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Meio-campista Douglas foi o artilheiro do Vasco do ano com 14 gols. Ele acertou retorno ao Grêmio

Luxemburgo trouxe tranquilidade ao time

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Page 8: Pódio - 28 de dezembro de 2014

E8 MANAUS, DOMINGO, 28 DE DEZEMBRO DE 2014

No dia em que deve-ria se credenciar ao hexacampeonato, a seleção brasilei-

ra “brindou” o país com seu maior vexame na história da Copa do Mundo. Jogan-do no Mineirão, em Belo Horizonte, a equipe de Luiz Felipe Scolari levou cinco gols em 29 minutos e acabou humilhada pela Alemanha, que venceu por 7 a 1.

A seleção brasileira entrou em campo com Bernard no lugar do machucado Neymar. Na vaga do suspenso Thia-

go Silva, Dante completou a zaga. Quando a bola rolou, o torcedor se confrontou com panorama conhecido: marca-ção falha, erros individuais e a ausência de um meio-cam-po, com a bola sendo alçada da defesa direto ao ataque. Incrivelmente, a Alemanha precisou de 29 minutos para abrir 5 a 0 no placar.

Primeiro, aos 11 minutos. Na cobrança de escanteio, a bola cruzou a área até Mul-ler completar livre. Aos 23, Kroos recebeu pela direita e cruzou na área para fi naliza-

ção de Klose. Júlio César de-fendeu o primeiro chute, mas o atacante completou para se tornar o maior artilheiro da história das Copas.

O Brasil defi nitivamente se perdeu em campo. Aos 25 minutos, Muller invadiu a área pela direita e rolou para trás, onde Kroos chutou de primei-ra para fazer o terceiro. O Brasil deu a saída de bola, e então Fernandinho falhou na entrada da área e perdeu a bola para Kroos, que tabelou na área com Khedira e fez mais um. Aos 29, os alemães

tocaram bola dentro da área até Khedira receber de Ozil e fazer o quinto gol.

Taticamente estável, a Ale-manha então diminuiu o ritmo, passou a administrar a vitória, mesmo assim sem deixar de levar perigo a cada investida no ataque. O Brasil se manteve apagado, tocando bola e sen-do facilmente bloqueado pela primeira linha de marcação.

Etapa complementarLuiz Felipe Scolari colocou

Paulinho e Ramires nas vagas de Fernandinho e Hulk em busca

de mudança, e as conseguiu: o Brasil passou a tocar a bola e chegou na frente. Aos cinco, Neuer salvou cruzamento ras-teiro de Ramires.

Aos 14 minutos, Fred recebeu de Oscar na entrada da área e deu sua primeira fi nalização, fraca e fácil para Neuer.

Dez minutos depois, os ale-mães fizeram o sexto.Lahm recebeu pela direita e cruzou rasteiro para o meio da área, onde Schurrle apareceu en-tre cinco marcadores para, com liberdade, completar de primeira e aumentar a golea-

da. Aos 24, Schurrle recebeu passe de arremesso lateral e, da esquerda da área, fuzilou Júlio César para fazer o séti-mo. O torcedor no Mineirão se levantou e aplaudiu a Ale-manha. A partir daí, passou a gritar “olé”.

Só aos 46 minutos o Brasil conseguiu descontar o mar-cador, com gol de Oscar. Ele recebeu lançamento longo de Marcelo, invadiu a área, cortou a marcação e bateu no gol. Com o apito fi nal, os jogadores brasileiros desa-baram em lágrimas.

Jogando no Mineirão, seleção sofre sua maior derrota em Copas do Mundo: o placar 7 a 1 fi cará marcado para sempre na história

Alemanha humilha Brasil

Jogadores brasileiros desolados enquanto os alemães comemoravam

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