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Acórdao do processo 0020013­50.2016.5.04.0801 (RO)Data: 19/05/2017Órgão julgador: 9ª TurmaRedator: Manuel Cid JardonAndamentos do processo

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

Identificação

PROCESSO nº 0020013­50.2016.5.04.0801 (RO)RECORRENTE: SIND. TRAB. TRANSP. ROD. DE CARGAS SECA, LIQ.. INFL.. EXPL. EREFRIG. DE LINHAS INTER. DO RS., VELOCE LOGISTICA S.A., MITSUI & CO. (BRASIL) S.A. RECORRIDO: SIND. TRAB. TRANSP. ROD. DE CARGAS SECA, LIQ.. INFL.. EXPL. E REFRIG.DE LINHAS INTER. DO RS., VELOCE LOGISTICA S.A., MITSUI & CO. (BRASIL) S.A. RELATOR: MANUEL CID JARDON

EMENTA

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO ILÍCITA. ATIVIDADE FIM DA TOMADORA. DANOMORAL COLETIVO CONFIGURADO. A precarização do trabalho via terceirização ilícita atentasim, contra a valorização do trabalho humano e afasta a possibilidade da existência digna e da

justiça social. Dano moral coletivo configurado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

ACORDAM os Magistrados integrantes da 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho

da 4ª Região: preliminarmente, por unanimidade ACOLHER a declaração de incidência daprescrição quinquenal durante a vigência do contrato de trabalho e bienal, após a suaextinção. No mérito, por maioria, parcialmente vencidos o Relator e Desa Lúcia Ehrenbrink, DARPROVIMENTO PARCIAL AOS RECURSOS DAS RECLAMADAS para: acolher a redução dovalor da indenização por danos sociais, na modalidade Dumping Social devido pela primeira

reclamada para fixar o seu pagamento no valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais),

revertida para a Santa Casa de Uruguaiana. Por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AORECURSO ADESIVO do SINDICATO TRABALHADORES RODOVIÁRIOS DE CARGASSECAS, LÍQUIDAS INFLAMÁVEIS, EXPLOSIVAS E REFRIGERADAS DE LINHASINTERNACIONAIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, para deferir­lhe o percentualreferente aos honorários de assistência judiciária em 15% da condenação. Valor da condenaçãoalterado para R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Custas proporcionalmente reduzidas.

Intime­se.

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Porto Alegre, 18 de maio de 2017 (quinta­feira).

RELATÓRIO

As partes recorrem da sentença (complementada em razão dos embargos declaratórios

apresentados pelas reclamadas em 23/08/2016) proferida na ação civil pública que foi julgada

procedente em parte.

As reclamadas VELOCE LOGÍSTICA S.A. e GRUPO MITSUI & CO. (BRASIL) S.A. pretendem oacolhimento das preliminares e no mérito afastar: a declaração de ser ilícita a terceirização de

atividade­fim promovida pela primeira reclamada; as multas astreintes (item 2 da sentença); a

regularização de cada reclamante anotando o vínculo na CTPS (item 3, da sentença); o

pagamento de direitos descritos no item 4, da sentença e a indenização por danos sociais na

modalidade Dumping Social.

O reclamante SINDICATO DOS TRABALHADORES RODOVIÁRIOS DE CARGAS SECAS,

LÍQUIDAS, INFLAMÁVEIS, EXPLOSIVAS E REFRIGERADAS DE LINHAS INTERNACIONAIS

DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL pretende a majoração da indenização por danos morais

e a condenação das reclamadas no pagamento de honorários assistenciais em 20%.

Há contrarrazões das partes: do reclamante e das reclamadas.

O Ministério Público apresenta parecer (id: a735fbb) com a conclusão de serem conhecidos os

recursos ordinário e adesivo e das razões de contrariedade e no mérito, o parcial provimento do

recurso ordinário da parte reclamada e o desprovimento do recurso adesivo da parte reclamante.

É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

RECURSO ORDINÁRIO DAS RECLAMADAS (VELOCE LOGÍSTICA S.A.) e (GRUPO MITSUI &CO. (BRASIL) S.A.

1­ PRELIMINARES

1.1 ­ QUESTÃO DE ORDEM. SOBRESTAMENTO DO FEITO. MATÉRIA COM REPERCUSSÃOGERAL RECONHECIDA. NECESSIDADE DE SE AGUARDAR O JULGAMENTO DO E. STF.

Neste tópico, as reclamadas centralizam­se teses nos itens: a, b e c. Os itens "a" e"b", não são

fundamentos recursais para o tópico. O item "a" faz referência a matéria discutidas nos autos. Já,

o item "b" trata de matéria objeto do mérito.

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Assim, o item "c" é o único que enfrenta a questão preliminar nos seguintes termos: a proibição

genérica de terceirização, calcada em interpretação jurisprudencial do que seria atividade­fim,

pode interferir no direito fundamental de livre iniciativa e que o STF reconheceu que a matéria

envolve repercussão geral (Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 713211/MG, Rel. Ministro

Luiz Fux, Plenário Virtual, j. 16.05.2014). Requer com fundamento no art. 1.035, § 4º, do vigente

CPC, o sobrestamento do presente processo, até que sobrevenha decisão final.

Mantenho a r. sentença proferida nos seguintes termos:

No que toca ao Recurso Extraordinário 713.211/MG, a regra prevista no §1º doartigo 543­C do CPC de 1973, reproduzida pelo §1º do artigo 1.036 do Novo CPC,se aplica aos processos em grau recursal. Diz­se isso, porque o dispositivo legalprevê que serão escolhidos recursos representativos da controvérsia e a suspensãodos processos pendentes.

Em decorrência disso, a legislação em vigor não se aplica aos processos aindapendentes de sentença, razão pela qual a suspensão determinada pelo MinistroTeori Zavaski em 22/09/2014 não se aplica ao caso dos autos.

Examino.

A suspensão ou sobrestamento na linguagem recursal das reclamadas só teria aplicação aos

casos de recursos extraordinários para o STF e não atingiria os processos com recursos

ordinários nos Tribunais em andamento.

Nesse sentido, já foi decidido por esta Turma:

Nos termos do artigo 1.036 do CPC, a repercussão geral declarada pelo STFsuspende apenas os processos em que não houve o julgamento do recursoextraordinário ou especial sobre a mesma matéria, não abrangendo, portanto, osrecursos ordinários em curso.

Aos fundamentos expendidos, rejeita­se o pedido de suspensão do processo. (TRTda 4ª Região, 9ª Turma, 0020217­20.2014.5.04.0331 RO, em 22/06/2016,Desembargador João Alfredo Borges Antunes de Miranda.)

Igualmente, também, foi decidido em 02/04/2014 pela 1ª Turma deste Tribunal pela Relatora a

Exma. Desembargadora Lais Helena Jaeger Nicotti, processo nº 0000366­

47.2012.5.04.0401(RO):

"Isto porque a repercussão geral declarada pelo STF alcança apenas os processosnos quais já houve a interposição de recurso extraordinário versando sobre amesma matéria objeto da repercussão geral reconhecida, não atingindo processosque ainda estão tramitando nos Tribunais de origem."

Assim, não há nenhuma ofensa direta ao art. 5º, II, da CRFB prequestionada.

Rejeito o pedido de sobrestamento do processo.

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1.2 ­ ILEGITIMIDADE ATIVA DO SINDICATO. INEXISTÊNCIA DE DIREITOS INDIVIDUAISHOMOGÊNEOS.

As reclamadas não se conformam com a sentença que entendeu ser o Sindicato parte legítima

para a causa por estar postulando a defesa de direitos individuais homogêneos.

Argumentam em síntese que: a ação coletiva não é a via processual adequada e legítima para o

Sindicato suprir a manifestação de vontade dos motoristas porque a formação da relação

contratual pressupõe a manifestação individual de vontade; o caráter homogêneo está afastado

porque o mérito desta ação poderia ser pleiteado individualmente pelos motoristas em virtude dos

trabalhos dos substituídos conterem diferenças; destaca a confissão do Sindicato de que "

somente na fase de liquidação de sentença poderá ser apurado quem de fato, entre os

substituídos, tem direito ao reconhecimento do vínculo diretamente com o tomador dos serviços,

ora reclamado" (página 7 da inicial) e que o próprio comando sentença teria registrado que "os

direitos discutidos na presente ação demandariam a individualização dos sujeitos, contrariando a

disposição contida no art. 8º, inciso III da CF e art. 81, parágrafo único, inciso III da Lei 8.078/90 ";

ressalta que a prova dos autos reforçam essas circunstâncias; e que " ficou evidente que os

motoristas mantém relação única e exclusiva com as empresas de transporte; conclui que o caso

poderia ­ e deveria ­ ser analisado do ponto de vista individual; salientam que as recorrentes

comprovou que não de trata de direito homogêneo propriamente dito. Requerem provimento ao

apelo para que reconheça a ilegitimidade ativa do Sindicato.

Examino a inconformidade referente a sentença proferida, neste item recursal, com os seguintes

fundamentos:

Diferentemente do alegado em defesa, os interesses discutidos na demanda são,de fato, individuais homogêneos, porque se caracterizam pela divisibilidade de seuobjeto e determinação dos sujeitos, ou seja, são verdadeiramente direitosindividuais, mas circunstancialmente tutelados pela forma coletiva, em decorrênciada existência de conflitos em massa.

A sentença não comporta reforma.

Os direitos postulados tem origem comum e afetam vários indivíduos da mesma categoria e

conforme muito bem ressaltado na r. sentença esses interesses discutidos caracterizam­se pela

divisibilidade do seu objeto e determinação dos sujeitos. Com efeito, são direitos individuais, mas

circunstancialmente tutelados de forma coletiva, por serem decorrentes de conflito em massa.

Segundo o saudoso Ministro do STF Teori Zavaski, (livro Processo coletivo: tutela de direitos

coletivos e tutela coletiva de direitos, São Paulo, RT, 5ª , 2011, p. 34) "a qualificação de

homogêneos não desvirtua sua sua natureza, sendo utilizada apenas para identificar a relação de

afinidade e semelhança que os ligam e para permitir a defesa coletiva).

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Também, no mesmo sentido, Ada Pellegrini Grinover diz que "os direitos individuais homogêneos

são, na verdade, direitos subjetivos tradicionais sujeitos a tratamento processual individual, mas

que, a partir de sua inserção no Código de Defesa do Consumidor, passam também a receber

tratamento coletivo, em razão de sua homogeneidade e de sua origem comum" (PELLEGRINI,

Ada. Da class action for damages à ação de classe brasileira: os requisitos de admissibilidade.

São Paulo: Revista de Processo n.101, v.26. jan/mar/2001. p.11).

Sintetizando: os direitos individuais homogêneos são direitos individuais que são tutelados

coletivamente, ou seja, molecularizados, como se direitos coletivos fossem. Por essa razão, não

demandam a individualização dos sujeitos (substituídos). Assim, não há nenhuma contrariedade a

disposição contida no art. 8º, inciso III da CF e art. 81, parágrafo único, inciso III da Lei 8.078/90

porque a homogeneidade do direito está relacionada com a sua origem e a sua titularidade.

Portanto, o sindicato tem legitimidade ativa ajuizar ação para pleitear a tutela de direitos e

interesses individuais homogêneos.

Rejeito, pois, a preliminar.

1.3 ­ DA AUSÊNCIA DE PROVA NOS AUTOS DE QUE O SINDICATO TENHA LEGITIMIDADEPARA DEFENDER O INTERESSE DOS SUBSTITUÍDOS. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOINDISPENSÁVEL À PROPOSITURA DA AÇÃO.

As reclamadas não se conformam com a sentença e a decisão de embargos que entendeu ter o

Sindicato (autor desta ação) legitimidade para representar todos os motoristas que estejam

abarcados em sua base territorial.

Argumentam em síntese que: existem substituídos na base territorial do sindicato­recorrido

pertencente a outra categoria profissional, em consequência disso, não haveria legitimidade.

Examino.

Quanto a pretensão do item 29 do recurso de que o sindicato deveria individualizar os

beneficiários, instruindo a petição inicial com o rol de substituídos e a indicação dos associados,

não se assiste de razão. Neste particular, a sentença deve ser mantida quando manifestou­se

sobre a ilegitimidade ativa e da carência da ação, pois, conforme foi decidido, o inciso III do artigo

8º da Constituição Federal assegura ao Sindicato recorrido a ampla possibilidade de representar

os interesses da categoria profissional, independentemente de associação. Portanto, em razão

dessa individualização ser objeto da liquidação, não há necessidade de sê­lo nesta fase

processual.

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Quanto a tese recursal de que o Sindicato autor teria que observar a existência de empregados

(substituídos) pertencentes a outra categoria profissional, não tem razão às reclamadas porque

conforme foi bem decidido na r. sentença "eventuais trabalhadores que não façam parte da base

territorial representada pelo sindicato autor não se tratam de substituídos processuais e, por isso,

não se beneficiam da decisão proferida".

De qualquer forma, isto é matéria que só será enfrentada na fase de liquidação.

Logo, não há nenhuma afronta ao artigo 5º, inciso XXI da CF c/c art. 18 do CPC/15

prequestionados.

1.4 ­ DA COISA JULGADA E DA LITISPENDÊNCIA PARCIAL

As reclamadas não se conformam com a rejeição das preliminares de coisa julgada e

litispendência parcial em relação às ações individuais com o mesmo objeto.

Sem razão.

Mantenho a r. sentença proferida nos seguintes termos:

Todavia, de acordo com o artigo 104 do Código de Defesa do Consumidor que regeo microssistema das demandas coletivas (Lei 8.078/90), não há litispendência oucoisa julgada entre ações individuais e coletivas.

Rejeito, pois, a preliminar, mas esclareço que somente serão beneficiários dosefeitos da coisa julgada os autores das ações individuais que requererem asuspensão das suas reclamações no prazo de 30 dias a contar a partir da ciênciado ajuizamento desta ação coletiva.

A matéria de situação semelhante, já foi enfrentada por este Relator, nesta Turma:

Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art.81, não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisajulgada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anteriornão beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida suasuspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento daação coletiva.

Assim, é facultado ao titular da ação individual optar pelo benefício da ação coletivacivil, mediante a suspensão da ação individual, ou continuar o trâmite desta, nãoaproveitando a decisão daquela. (TRT da 4ª Região, 9ª Turma, 0020299­19.2015.5.04.0007 RO, em 27/01/2017, Juiz Convocado Manuel Cid Jardon)

Acrescento que a Súmula 56 deste Tribunal perfilha o mesmo entendimento:

Súmula nº 56 ­ LITISPENDÊNCIA. AÇÃO COLETIVA E AÇÃO INDIVIDUAL.SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL.

A ação proposta pelo sindicato, como substituto processual, não induzlitispendência em relação à ação individual, à luz do art. 104 do Código de Defesado Consumidor.

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Rejeito as preliminares: litispendência e coisa julgada.

1.5 ­ DO LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO

As reclamadas não se conformam com a sentença que rejeitou a preliminar de litisconsórcio

passivo necessário.

Argumentam ser necessária a inclusão dos empregadores dos motoristas; informam que

trouxeram 65 (sessenta e cinco) contratos de prestação de serviços firmados com as empresas de

transporte de carga, que foram devidamente qualificadas e que não se deveria falar­se em

ausência de nominação das empresas prestadoras de serviços; diz que a limitação do

litisconsórcio viola os princípios do contraditório e a da ampla defesa; como reforço dos seus

argumentos transcreve uma decisão do TST RR 642­85.2011.5.06.0004, julgado em 06/02/2013

pela Ministra Kátia Magalhães Arruda. Requer a reforma da sentença para ser julgado o feito

extinto sem resolução do mérito, nos exatos termos do art. 485, IV do CPC/15.

Sem razão.

Mantenho a sentença proferida nos seguintes termos:

De acordo com o artigo 114 do Novo CPC, haverá litisconsórcio necessário porexpressa disposição legal ou quando o juiz tiver de decidir de modo uniforme omérito, hipótese conhecida por litisconsórcio necessário unitário.

Efetivamente, a pretensão de reconhecimento do vínculo de emprego de todos osmotoristas que prestam serviços de forma terceirizada implica a nulidade doscontratos de trabalho que mantém com seus respectivos empregadores. Haveria,em tese, necessidade de inclusão dos empregadores no polo passivo da ação paraque os efeitos da coisa julgada a eles se estendessem.

No entanto, as rés não nominaram os empregadores que deveriam ser incluídos nopolo passivo da ação em litisconsórcio necessário unitário. Além disso, de acordocom o preposto, são aproximadamente 70 terceirizados que prestam serviços detransporte de cargas para as rés.

Disso decorre que o acolhimento da preliminar atentaria contra o princípioconstitucional do acesso à Justiça, uma vez que a tutela coletiva ficaria inviabilizadacaso a ação somente pudesse ser ajuizada em face de todas as empresasprestadoras de serviço.

Rejeito, pois, a preliminar.

Ainda, que as recorrentes tenham apresentado os (65) contratos de prestação de serviços com a

devida qualificação, a condenação desta ação, não será imposta a essas 65 empresas que não

estão nesta lide. Assim, não há que falar­se em limitação do litisconsórcio, e por consequência da

existência de violação dos princípios do contraditório e a da ampla defesa, porque a presente

ação envolve a situação de terceirização ilícita, diferentemente da hipótese referida no julgado do

TST, que envolveu uma relação de terceirização lícita.

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Portanto, rejeito a preliminar em razão da desnecessidade da intervenção de terceiros.

1.6 ­ DA PRESCRIÇÃO BIENAL E QUINQUENAL

As reclamadas não se conformam com a sentença que deixou de explicitar o reconhecimento da

prescrição de todos os créditos decorrentes da relação de trabalho havida com os substituídos,

anteriores ao período de 5 anos da distribuição desta ação, como também, em relação aos

substituídos cuja prestação de serviços encerrou 02 anos antes da propositura da ação.

Argumentam: que foram rejeitadas as preliminares de mérito atinentes à prescrição bienal e

quinquenal, sob o argumento de que "o pronunciamento da prescrição bienal e quinquenal

dependem da individualização de cada situação fática, o que contraria a sentença eminentemente

genérica proferida na ação coletiva"; acrescenta que os Tribunais tem manifestado entendimento

quanto a necessidade de pronunciamento da prescrição, ainda que em caráter genérico. Como

argumento de autoridade, transcreve o julgado TRT 17ª R.; RO 0112300­21.2010.5.17.0012;

Tribunal Pleno; Relª Desª Cláudia Cardoso de Souza; DOES 18/07/2016; Pág. 342). Exclusividade

Magister: Repositório autorizado On­Line do STF nº 41/2009, do STJ nº 67/2008 e do TST nº

35/2009.

Com razão, as reclamadas, neste particular.

Quando a ação civil pública trata de direitos individuais homogêneos, incide a prescrição

quinquenal durante a vigência do contrato de trabalho e bienal, após a sua extinção. Nesse

sentido, é também, a doutrina de (SCHAVI, Muro. Manual de Direito Processual do Trabalho, 10ª

edição, de acordo com o novo CPC. São Paulo: LTR, 2016, p. 1.411).

Portanto, acolhe­se a preliminar para declarar a incidência da prescrição quinquenal durante a

vigência do contrato de trabalho e bienal, após a sua extinção.

1.7 ­ DA IMPERIOSA NECESSIDADE DE EXCLUSÃO DA RECORRENTE MITSUI.

As reclamadas não se conformam com a sentença que condenou a segunda reclamada como

responsável solidária, mantendo­a no polo passivo da demanda.

Argumentam que: apesar da primeira e a segunda reclamadas fazerem parte do mesmo grupo

econômico, ficou provado que a recorrente VELOCE LOGÍSTICA S/A tem idoneidade financeira,

foi a responsável pela contratação das empresas de transporte.

Sem razão.

O simples fato da primeira reclamada ter idoneidade financeira e ser considerada a responsável

pela contratação, não exclui a responsabilidade da segunda reclamada, em razão de fazer parte

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do mesmo grupo econômico.

Logo, mantenho a sentença proferida com fundamento legal nos seguintes termos:

Incontroverso que as rés pertencem ao mesmo grupo econômico, razão pela qual,com fundamento no §2º do artigo 2º da CLT, a segunda ré é responsável solidária.

Portanto, ainda, que tenha ocorrido o cancelamento da Súmula 205 do TST, remanesce o espírito

legal na CLT.

Nego provimento.

1.8 ­ DA APLICAÇÃO DA SÚMULA 393 DO C. TST (arguida nas contrarrazões dasreclamadas recorrentes).

As recorridas requerem a aplicação da nova redação dada à Súmula n. 393, do C. TST, à luz do

parágrafo 1º do art. 1.013 do CPC/15, devolvendo­se a este E. Regional todas as matérias

apresentadas na peça defensiva e demais manifestações naquilo que tange à pretensão de

reforma do recorrente, as quais ora deixa de repetir apenas para evitar tautologia.

Não há interesse das reclamadas em invocarem a Súmula 393 do TST, uma vez que todas as

questões suscitadas no recurso foram devidamente apreciadas por este Relator.

Não há o que prover, no tópico.

2 ­ MÉRITO:

2.1 DA DECLARAÇÃO ILÍCITA DA TERCEIRIZAÇÃO DE ATIVIDADE­FIM PROMOVIDA PELAPRIMEIRA RECLAMADA, analisado juntamente com os itens: 2.6 do recurso: doentendimento jurisprudencial acerca da matéria e 2.7. conclusão quanto à regulamentaçãoda terceirização.

As reclamadas não conformam com a sentença que declarou ilícita a terceirização da atividadefim promovida pela primeira reclamada, por ter entendido que esta empresa VELOCE estaria

repassando para outrem parte de sua atividade fim, ante a contratação de motoristas autônomos,

agregados ou terceirizados para prestar serviços os de transporte rodoviários de cargas,

ofendendo, assim, o entendimento consubstanciado na Súmula nº 331, do C. TST.

Argumentam em extenso arrazoado diversas justificativas, para dizer expressamente que, não há

como prevalecer a r. sentença a quo, eis que pautou­se em premissas equivocadas e dissociadas

da legislação vigente, tais como: da regularidade da terceirização das atividades de transporte de

cargas; das inúmeras atividades desenvolvidas pela recorrente Veloce; da impossibilidade de

aplicação da súmula 331 do c. TST. inocorrência de fraude à luz do art. 9º da CLT e

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inaplicabilidade do art. 8º do mesmo diploma legal; da ausência dos requisitos caracterizadores do

liame empregatício; da ausência de ofensa à valorização social do trabalho e à dignidade do

trabalhador; do entendimento jurisprudencial acerca da matéria e conclusão quanto a regularidade

da terceirização. Requerem a reforma da sentença para julgar improcedente a demanda.

Examino a inconformidade em relação a sentença proferida. Transcreve­se trechos da sua

fundamentação:

Da terceirização ilícita e da subordinação estrutural

Resumidamente, alega o sindicato autor que as rés promovem terceirização ilícitaem atividades relacionadas à sua finalidade social. Postulou, em decorrência disso,a abstenção da contratação de empresas interpostas; o reconhecimento do vínculode emprego dos motoristas, com o consequente pagamento das verbas contratuaise rescisórias, além da assinatura da CTPS; indenização por Dumping Social.

As rés, por sua vez, alegaram que a atividade de operador logístico não se resumeao transporte de mercadorias. A primeira ré não atua apenas no transporterodoviário de cargas internacionais, mas, também, presta serviços em todogerenciamento logístico da cadeia produtiva. A terceirização é justificada pelasazonalidade na demanda, não havendo exclusividade dos motoristas na prestaçãode serviços. A Lei 11.442/2007 regulamenta hipótese de terceirização de atividade­fim. A Constituição da República assegura a livre iniciativa e o direito das empresasde se organizarem da forma que melhor atenda às suas necessidades. A Súmula331 do TST ofende o princípio da legalidade. Não se fazem presentes na relaçãomantida com os motoristas prestadores de serviços os requisitos caracterizadoresda relação de emprego. Os motoristas prestadores de serviços não atuam emcondições precarizadas.

Analiso.

O declínio do modelo taylorista / fordista de organização de trabalho foi motivadopor uma concepção flexibilizadora dos processos produtivos, por meio da qualsurgiu um novo padrão organizacional, chamado toyotismo. A produção em massafoi abandonada, dando lugar, em nome da redução de custos, à ideia de produçãovinculada à demanda.

Nesse contexto, os trabalhadores dedicados à atividade­fim ­ objeto social doempreendimento ­ passaram a ser estimulados por mecanismos de competição:suas retribuições seriam mais elevadas na medida em que alcançassem ousuperassem metas preestabelecidas, ao passo que os operários que não seadaptavam ao novo ritmo eram dispensados e, mediante novas contratações,realocados em outras empresas para realizar atividades­meio, ou seja, atividadessecundárias ou instrumentais da atividade­fim.

Assim, deu­se início a uma reengenharia da estrutura empresarial, pois empresasperiféricas passaram a contratar trabalhadores sem qualificação ou poucoqualificados para operações de curto tempo ou para a realização de atividadesinstrumentais, enquanto as empresas centrais concentraram seu esforços nacontratação de trabalhadores qualificadas para a operação e fiscalização doprocesso produtivo final.

As empresas periféricas se associaram às empresas centrais e, mediante umprocesso que passou a ser denominado terceirização, assumiram o papel de provê­las no que diz respeito aos serviços meramente instrumentais.

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Disso decorre que a terceirização se trata de uma técnica de organização doprocesso produtivo, por meio da qual uma empresa, visando concentrar esforçosem sua atividade­fim, contrata outra empresa para lhe dar suporte em serviçosmeramente instrumentais, como, por exemplo, limpeza e segurança.

A doutrina e a jurisprudência toleram a terceirização de serviços, porque entendemque não seria razoável exigir que uma empresa se desviasse de seus objetivosprincipais para contratar e administrar pessoal que realizasse atividades meramenteinstrumentais. Por esse motivo, o TST tornou­se receptivo ao agrupamentoempresarial e passou a admitir que não formará vínculo de emprego com o tomadora contratação de serviços de vigilância, de conservação e limpeza, bem como a deoutros serviços ligados à atividade­meio do tomador.

Todavia, o sistema jurídico brasileiro repele veementemente a possibilidade de umaempresa contratar com outra o fornecimento de força laboral de trabalhadoressingularmente considerados. É este o motivo pelo qual o item I da Súmula 331 doTST veda, por ilegalidade, a contratação de trabalhadores por empresa interposta.

Ademais, enquanto requisito da relação de emprego, a subordinação sempre foicompreendida como uma situação que limita a ampla autonomia da vontade doprestador de serviços e que se funda na intensidade de ordens, na obediência aocomando do tomador de serviços e na situação de respeito à hierarquia.

Todavia, a subordinação não se confunde e nem se limita à submissão a horários oua controles diretos do cumprimento de ordens. Diz­se isso, porque também seadmite a presença do requisito da subordinação na hipótese em que as atividadesdesempenhadas pelo prestador de serviços se inserem na dinâmica do tomador deserviços.

Conforme leciona Maurício Godinho Delgado "objetiva é a subordinação que semanifesta pela integração do trabalhador nos fins e objetivos do empreendimento dotomador de serviços, ainda que afrouxadas '...as amarras do vínculo empregatício",e "estrutural é, finalmente, a subordinação que se expressa 'pela inserção dotrabalhador na dinâmica do tomador de seus serviços, independentemente dereceber (ou não) suas ordens diretas, mas acolhendo, estruturalmente, suadinâmica de organização e funcionamento" (Curso de Direito do Trabalho. 13ª ed.São Paulo: LTr, 2014. p. 306).

Feitas tais considerações e retornando ao caso concreto, observo que o artigo 3º doEstatuto Social da primeira ré prevê que o principal objeto social da sociedade é otransporte rodoviário de cargas (fl. 4 do ID eb68915).

Portanto, diferentemente do alegado em defesa, não há qualquer sazonalidade nademanda, mas, sim, o transporte rodoviário de cargas se trata de atividade não­eventual da primeira ré.

As atividades de transporte desempenhadas pelos substituídos se inseriam, pois, nafinalidade social da primeira ré, razão pela qual somente poderiam ser realizadaspor empregados contratados mediante vínculo de emprego, nos termos dos itens I eIII da Súmula 331 do TST, os quais podem ser utilizados na resolução dos litígiostrabalhistas, nos termos do disposto no artigo 8º da CLT. Não há que se falar,portanto, em ofensa ao princípio da legalidade.

No que toca ao previsto na Lei 11.442/2007, entendo que seus dispositivospossuem aplicação restrita aos motoristas autônomos, e, não, àqueles quedeveriam atuar mediante vínculo de emprego, sob pena de restar caracterizada afraude prevista no artigo 9º da CLT e, também, ofensa à valorização social dotrabalho e à dignidade do trabalhador, fundamentos da República que preponderamsobre a livre iniciativa quando com ela confrontarem.

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Por fim, nem mesmo a (falta de) exclusividade é capaz de alterar o raciocínio supra,por não se tratar de requisito essencial à caracterização do vínculo de emprego.

Irrelevantes, no contexto da decisão proferida, os demais requisitos previstos nosartigos 2º e 3º da CLT para a caracterização do vínculo de emprego entre a primeiraré e os motoristas que lhe prestam serviços.

Declaro ilícita a terceirização de atividade­fim promovida pela primeira ré.

O fato da recorrente VELOCE alegar que desempenha outras atividades, além do transporte de

cargas , não afasta desde logo a condenação imposta porque a própria recorrente esclarece nas

razões recursais no item 51 que o transporte de cargas foi inserido como atividade principalem atendimento a determinação contida no inciso II, do artigo 2º, da Lei 11.442/07, o qual dispõe:

"Empresa de Transporte Rodoviário de Cargas ­ ETC, pessoa jurídica constituídapor qualquer forma prevista em lei que tenha no transporte rodoviário de cargas asua atividade principal".

Dessa forma, a ponderação recursal do item 54 é contraditória de que o transporte é apenas uma

pequena parte da cadeia de abastecimento do mercado, pois, também, no item 108 da defesa, a

recorrente confessa que foi:

Fundada em 2009, a VELOCE realiza não apenas o transporte rodoviário de cargasentre Brasil e Argentina, como também presta serviços em toda cadeia logística,como consultoria de Supply Chain4, milk run5, cross docking6, movimentaçãointerna, gestão de fornecedores, gestão de armazenagem, controle de embalagens,logística reversa, transporte doméstico e internacional e documentaçãointernacional.

Diante desse contexto, verifica­se que a logística realizada pela recorrente, nada mais é do que

"consultoria" para auxiliar a sua atividade principal de transportes de cargas. A própria recorrente

narra no item 61 que:

Como esclarecido pelo preposto, as reclamadas possuem cerca de 400 carretas,incluídas siders e baús. Nesse cenário, o total de motoristas cadastrados pelasprestadoras de serviços para retirada de cargas somam aproximadamente 280.Saliente­se, mais uma vez, que a RAIS apresentada pela empresa em 21/03/2015evidencia vínculo de emprego somente da VELOCE com 628 empregados, sendoapenas 5 motoristas que fazem transportes nacionais e os demais ­ mais de 600 ­alocados de modo a atender a efetiva atividade fim da empresa, qual seja, logística.

Assim, diante da confissão recursal no item 51 de que o transporte de cargas foi inserido como

atividade principal em atendimento a norma legal, e ainda, no item 61 do recurso, que tinha mais

de 600 (motoristas) ­ alocados, conclui­se pela inexistência de fragilidade na sentença, porque o

julgador de origem interpretou os fatos corretamente.

Conforme preleciona, ainda, Maurício Godinho Delgado, podem ser consideradas como

atividades­fim da empresa:

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(...) as funções e tarefas empresariais e laborais que se ajustam ao núcleo dadinâmica empresarial do tomador dos serviços, compondo a essência dessadinâmica e contribuindo inclusive para a definição de seu posicionamento eclassificação no contexto empresarial e econômico' (Curso de Direito do Trabalho.São Paulo: LTr. 3ª ed. 2ª tiragem. Abril, 2004. p. 440).

Logo, o fato de as recorrentes transcreverem julgados com entendimentos contrários nos itens

138/140, não altera a decisão de origem, porque cada decisão é sempre lavrada considerando­se

as peculiaridades de cada caso concreto. Já, o item 2.7 do recurso, com os itens de nº 141/146,

repetem justificativas já consideradas na fundamentação deste acórdão.

Portanto, mantenho a sentença por não haver nenhuma violação ao artigo 5º, II, da Constituição

Federal e às disposições contidas na Lei nº 11.442/07, em especial nos seus artigos 1º e 4º, § 5º.

2.2 ­ DA IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA SÚMULA 331 DO C. TST. INOCORRÊNCIADE FRAUDE À LUZ DO ART. 9º DA CLT E INAPLICABILIDADE DO ART. 8º DO MESMODIPLOMA LEGAL.

A aplicação ou não da Lei nº 11.442/07 não é objeto desta ação civil pública. Por consequência,

não tem pertinência a justificativa lançada sob o nº 69 nas razões recursais.

A existência ou não de vínculo empregatício é objeto desta ação, sim. Tanto é verdade que as

recorrentes tratam dessa matéria no item 2.4 do recurso. Logo, sem razão quanto aos itens 71 e

96 das razões recursais.

O contexto probatório demonstra que a Veloce terceiriza a sua atividade­fim de forma ilícita, razão

pela qual a recorrente retoma esse debate nos itens: 2.6 e .2.7 do recurso.

A tese das recorrentes retratada nos itens: 75 à 86 de que a aplicação da Súmula fere o princípio

da legalidade descrito no artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal, não é acolhida porque esse

princípio ter caráter genérico, o que não permite, no caso, a configuração da violação de natureza

direta e literal exigida no artigo 896 da CLT, § 2º da CLT.

Nesse sentido, já decidiu o c. TST:

INCONSTITUCIONALIDADE DA SÚMULA Nº 331 , IV, DO TST, COMFUNDAMENTO NO ARTIGO 5º, II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

A alegação de inconstitucionalidade da Súmula nº 331 , IV, desta Corte, porviolação do art. 5º, inciso II, da Constituição Federal, não se mostra apta parapromover a admissibilidade do recurso de revista. O princípio constitucional dalegalidade , previsto no aludido dispositivo, tem caráter genérico, o que não permitea configuração da violação de natureza direta e literal exigida no art. 896, "c", daCLT. Processo: AIRR ­ 56540­23.2003.5.21.0012 Data de Julgamento:11/06/2008, Relator Ministro: Pedro Paulo Manus, 7ª Turma, Data de Publicação:DJ 13/06/2008.

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Após ter­se rejeitadas todas as justificativas das recorrentes, conclui­se não estarem equivocadas

as premissas da sentença de que:

o item I da Súmula 331 do TST veda, por ilegalidade, a contratação detrabalhadores por empresa interposta e (ii) que tal entendimento sumuladopoderia ser utilizado na solução de litígios trabalhistas, nos termos do art. 8ºda CLT

.

Portanto, enquanto não for julgado o Recurso Extraordinário nº 958.252 que tramita no STF, a

matéria relativa a terceirização de atividade­fim é disciplinada pela Súmula 331 do TST e não pela

nova Lei 13.429/17, porque ainda persistre um vácuo legislativo. De qualquer forma, a Lei nova

13.429/2017 publicada em 31 de março de 2017, não deve ser aplicada aos fatos pretéritos, em

face da incidência do artigo 6º da LINDB (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro).

2.3 ­ DA AUSÊNCIA DOS REQUISITOS CARACTERIZADORES DO LIAME EMPREGATÍCIO.

As recorrentes sustentaram nos itens 121 e 122 das razões recursais que não há qualquer fraude

na relação de trabalho existente entre a VELOCE e os trabalhadores, até porque, como

exaustivamente relatado, não há nenhuma irregularidade nas atividades desempenhadas por

esses trabalhadores no transporte internacional e que também, não há nenhum dos elementos

caracterizadores da relação de emprego, nos termos do artigo 3º, da CLT, razão, pela qual, por

óbvio, não há que se falar em ilicitude da terceirização, devendo ser reformada a r. sentença de 1º

grau.

Sem razão.

As recorrentes admitem nas razões recursais, precisamente, nos itens 101, 104, 105, que a

Veloce é mera tomadora é que a relação empregatícia dos motoristas (substituídos) seriam direta

com essas empresas transportadoras ( agregada). Alegam, ainda, no item 112 que a Veloce fazia,

apenas, o controle da documentação da carga, não fazia controle dos empregados das

transportadoras, apenas, restringe­se conforme também item 115, a identificá­los no contrato de

transporte que é obrigatório para cada viagem, nos termos do artigo 23 da Resolução 4.799/2015.

Diante do contexto e da análise do artigo 3º do Estatuto social da primeira recorrente que diz que

o principal objeto social da sociedade é o transporte rodoviário de cargas e das próprias atividades

de transportes desempenhas pelas motoristas (substituídos), o juízo de origem reconheceu a

existência da terceirização ilícita da atividade fim.

Assim, as recorrentes não tem razão quando afirmam no item 97 que em nenhum momento ficou

comprovado o preenchimento dos requisitos do artigo 3º da CLT, porque a consequência natural

do reconhecimento da terceirização ilícita e a formação da relação de emprego diretamente com a

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tomadora Veloce, nos exatos termos da Súmula 331 do c. TST. Por essas razões, que o

magistrado de origem narra na sua sentença que: "Irrelevantes, no contexto da decisão proferida,

os demais requisitos previstos nos artigos 2º e 3º da CLT".

Portanto, ao contrário do que dizem as recorrentes no item 106, o sindicato busca tutelar os

interesses dos substituídos.

2.4 ­ DA AUSÊNCIA DE OFENSA À VALORIZAÇÃO SOCIAL DO TRABALHO E À DIGNIDADEDO TRABALHADOR

As recorrentes não concordam com a decisão de origem que entendeu ser inaplicável a Lei nº

11.442/2007 por entender que esse dispositivo legal teria aplicação restrita aos motoristas

autônomos, e, não, àqueles que deveriam atuar mediante vínculo de emprego, sob pena de restar

caracterizada a fraude prevista no artigo 9º da CLT e, também, ofensa à valorização social do

trabalho e à dignidade do trabalhador, fundamentos da República que preponderam sobre a livre

iniciativa quando com ela confrontarem.

Argumentam as recorrentes no item 124 das razões recursais, que a terceirização legal

perpetrada pela recorrente VELOCE jamais violou tais preceitos constitucionais e no item 128

dizem ser incontroverso nos autos que a valorização do trabalho e a dignidade do trabalhador

foram assegurados..

Sem razão.

A previsão contida no artigo 4º da Lei nº 11.442/07 dispõe sobre o Transporte Rodoviário de

Cargas por conta de terceiros . Portanto, trata da contratação do transportador autônomo.

O TAC "agregado" é aquele contratado que põe seu veículo à disposição da empresa, com

exclusividade. O meio de transporte pode ser conduzido por ele próprio ou por preposto. Enquanto

que o TAC "independente" é aquele do qual os serviços de transporte de cargas são prestados em

caráter não eventual e sem exclusividade.

Com efeito, a decisão de origem tem razão quando diz que a Lei 11.442/2007 não pode ser

aplicável ao caso em apreço e que seus dispositivos possuem aplicação restrita aos motoristas

autônomos, e, não, àqueles que deveriam atuar mediante vínculo de emprego, sob pena de restar

caracterizada a fraude prevista no artigo 9º da CLT e, também, ofensa à valorização social dotrabalho e à dignidade do trabalhador, fundamentos da República que preponderam sobre alivre iniciativa quando com ela confrontarem.

Assim, quando os direitos trabalhistas são sonegados, há uma quebra de paradigmas que gera

um conflito social que é a base da estrutura da teoria crítica de Axel Honneth defensor da luta pelo

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reconhecimento em prol da dignidade humana, chegou a dizer: "Nos últimos duzentos anos nunca

estiveram tão escassos como hoje os esforços para defender um conceito emancipatório, humano

de trabalho".

Portanto, justificável a ponderação do juízo de origem, ao destacar a valorização social do

trabalho e à dignidade do trabalhador, principalmente, quando neste ação, foi reconhecida a

terceirização ilícita e não a legal conforme referido no item 124 das razões recursais.

2.5 DO DANO SOCIAL (correspondente ao item 2.8 dos recursos). DA NÃO OCORRÊNCIASOCIAL ­ AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL E INEXISTÊNCIA DE CONCORRÊNCIADESLEAL (correspondente ao item 2.9) e DO NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOSLEGAIS PARA CARACTERIZAÇÃO DE DANO MORAIS COLETIVOS (DANOS SOCIAIS)correspondente ao item 2.10.

As reclamadas não se conformam com a condenação ao pagamento de danos sociais na

modalidade DUMPING SOCIAL fixado no valor de R$ 11.700.000,00 (onze milhões e setecentos

mil reais).

Argumentam em síntese: a ausência de previsão legal para a condenação em indenizações por

conta de dumping social, uma vez que a própria Constituição Federal, em seu art. 173, parágrafos

4º e 5º, expressamente exige "lei" (em sentido estrito) para que se possa obrigar os particulares a

sanções pecuniárias. Transcrevem diversas decisões conforme item 150 do recurso. Esclarecem

que o alardeado dumping, não se origina simplesmente de toda e qualquer infração trabalhista,

quiçá a mera violação de direitos sociais do trabalhador como exposto no comando exequendo; a

única previsão legal existente até hoje adota esse conceito, é a contida no art. 173 da Constituição

Federal: "A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à

eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros", situação esta que, EM HIPÓTESE

ALGUMA, ficou comprovada nos autos; dizem que a recorrente VELOCE cumpriu rigorosamente a

legislação que possibilita a terceirização da atividade de transporte, assim como é feito por

TODAS as suas concorrentes; a recorrente VELOCE ocupa o 24º lugar no ranking do transporte

rodoviário de cargas, o que comprova ­ incontestavelmente ­ que JAMAIS objetivou eliminar a

concorrência, conforme gráfico apresentado; que não é necessária uma detida análise do Ranking

de Transportadoras do ano de 2015, acostado aos autos (Id. Num 879f23c ­ Pág. 2 e 3) e

transcrito parcialmente no parágrafo anterior, para se constatar que receita operacional líquida da

VELOCE, ou seja, o resultado financeiro obtido após deduzir­se da Receita Operacional Bruta os

impostos incidentes sobre vendas, as vendas canceladas e abatimentos concedidos, foi 16 vezes

inferior ao da primeira colocada no ranking, o que não foi sopesado pelo r. decisum; destaca no

item 160 do recurso que a irregularidade cometida não extrapolou os direitos da coletividade, mastão somente um grupo específico de pessoas aptas a, por si só, buscar o ressarcimento pelo seu

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abalo moral, o qual deverá ser efetivamente comprovado e dimensionado em ação própria; não

houve por parte do recorrido comprovação de descumprimento da legislação trabalhista de modo

a causar prejuízo financeiro ou mesmo precarização das condições de trabalho dos motoristas;

não ocorreu repulsa coletiva e não sendo atingido o bem moral da coletividade, não se há falar em

indenização por danos morais coletivos; a exorbitante indenização imposta às recorrentes baseou­

se, somente, na dita terceirização irregular praticada pela VELOCE e nos supostos efeitos

negativos dessa conduta em relação aos trabalhadores e à coletividade; não houve terceirização

irregular; que os supostos efeitos negativos da terceirização não foram demonstrados, nem em

relação aos trabalhadores envolvidos ­ já que a dita precarização do trabalho não se comprovou,

eis que os motoristas eram empregados com todos os seus direitos trabalhistas assegurados ­,

muito menos em relação às empresas concorrentes e quiçá a sociedade em geral, única hipótese

em que se poderia cogitar o dano moral coletivo.

Sem razão.

As recorrentes repetem alguns fundamentos já expostos nos mesmos itens 2.8, 2.9 e 2.10. Assim,

por razão lógica são aproximados.

Ademais, ao mesmo tempo que as recorrentes sustentam a ausência de previsão legal para

estabelecer a condenação de dumping (dano moral coletivo), referem no item 182 acórdão do TST

que afasta a tese de ausência de previsão legal, pois, este julgado diz claramente que "as práticas

da Ré contrariaram os princípios basilares da nova Constituição, mormente àqueles que dizem

respeito à proteção da dignidade humana e da valorização do trabalho humano (art. 1º, III e IV, da

CR/88)". (trecho extraído da ementa abaixo):

PLANEJAMENTO E ADAPTAÇÃO DOS POSTOS DE TRABALHO PARA ACOLOCAÇÃO DE ASSENTOS E TERCEIRIZAÇÃO DA ATIVIDADE­FIM(MINERAÇÃO). PATAMAR CIVILIZATÓRIO MÍNIMO INSTITUÍDO PELA ORDEMJURÍDICA CONSTITUCIONAL DO BRASIL (ARTS. 1º, III e IV, 3º I, III e IV, e 170,CAPUT. DA CF). INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COLETIVOS EM FACE DEINFRAÇÕES PERPETRADAS DURANTE LONGOS ANOS, AINDA QUE SANADASPOSTERIORMENTE. MEDIDA COMPENSATÓRIA, PUNITIVA E PEDAGÓGICA.(...) No caso concreto, o Regional considerou indevida a indenização por danosmorais coletivos sob o fundamento de que a Reclamada adequou suas condutas àlegislação, "rompendo os contratos de terceirização na atividade­fim (mineração)".Registre­se, entretanto, que a irregularidade se deu por longos anos. Ademais, oRegional entendeu ser indevida a indenização por danos morais coletivos porcompreender que os ilícitos praticados no passado foram punidos com multasadministrativas e que não se teria verificado gravidade suficiente para oarbitramento da indenização. Contudo, exsurge a existência de dano moral coletivo,porquanto as práticas da Ré contrariaram os princípios basilares da novaConstituição, mormente àqueles que dizem respeito à proteção da dignidadehumana e da valorização do trabalho humano (art. 1º, III e IV, da CR/88), sendoforçoso concluir pela reforma da decisão para condenar a Reclamada aopagamento de indenização por dano moral coletivo, no valor de RS 100.000,00(cem mil reais), destinado ao FAT. Registre­se que os critérios da razoabilidade e

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proporcionalidade foram observados no caso em análise, em que os direitoslesados referiram­se ao descumprimento da legislação trabalhista no tocanteàs normas de medicina, segurança e higiene do trabalho, além de utilização daterceirização ilícita, implicando afronta aos princípios e regras essenciais queregem a utilização da força do trabalho no País. Nesse sentido, as ilicitudes,ainda que posteriormente sanadas, extrapolaram os interesses dos trabalhadores,mormente aqueles irregularmente terceirizados pela Reclamada para alcançar ostrabalhadores em caráter amplo, genérico e massivo. Recurso de revista conhecidoe provido no particular. (TST ­ RR 18000­17.2009.5.03.0069, Relator: MinistroMaurício Godinho Delgado, 3ª Turma, Publicação: 20/02/2015).

Portanto, há previsão legal.

2.6 ­ QUANTO AO DANO MORAL COLETIVO: REDUÇÃO DO VALOR DEFERIDO(correspondente ao item 2.11 do recurso).

As reclamadas recorrentes sustentam, caso mantida a condenação, que o valor seja, ao menos,

reduzido para patamares que atendem a proporcionalidade, por entender que "a indenização

mede­se pela extensão do dano" (que, na hipótese, repita­se, novamente, inexiste), nos termos do

artigo 944 do Código Civil e dos incisos V, X e XXXIX, do artigo 5° da Constituição Federal.

Alegam que o valor de indenização (onze milhões e setecentos mil reais!) não guarda nenhumaproporção com a suposta conduta ilícita das recorrentes, ainda que a mesma tivesse ocorrido, o

que se refere para mero efeito argumentativo. Transcrevem julgados para justificar a redução,

conforme itens 181, 182 e 183 do recurso. Requerem o que o valor arbitrado seja reduzido em

atendimento ao princípio da razoabilidade.

A r. sentença está fundamentada, com base no faturamento, nos seguintes termos:

No caso concreto, no ano de 2009, a primeira ré faturou 130 milhões de

Reais; no ano de 2010, 160 milhões de Reais; no ano de 2011, 184 milhões deReais; no ano de 2012, 217 milhões de Reais; no ano de 2013, 269 milhões deReais; e, no ano de 2014, 210 milhões de Reais3.

Todavia, embora possuísse 276 carretas em 2009; 375 em 2010; 475 em

2011, 2012 e 2013; e, 465 em 2014, a primeira ré contava com apenas 5 motoristasempregados (fl. 1 do ID df43179).

Esses fatos autorizam a conclusão de que parte do faturamento da primeira ré foiobtido em decorrência da sonegação de direitos subjetivos dos seus motoristas, osquais possibilitaram a redução dos custos e, por consequência, eliminar aconcorrência.

Condeno, pois, a primeira ré a pagar indenização por danos sociais, na modalidadeDumping Social, no valor de 11 milhões e 700 mil Reais, equivalente a 1% do seufaturamento nos anos de 2009 a 2014, utilizados como base de cálculo daindenização, porque não há no sítio informações a respeito dos anos posteriores.

Assiste razão às recorrentes quanto a redução do valor da condenação por dumping social (danos

morais coletivo).

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Apesar da r. sentença estar devidamente fundamentada com base no critério de faturamento, as

recorrentes justificam a redução em julgados do TST com base no critério do capital social.

No presente caso, observa­se que:

a) no julgado descrito no item 181 do recurso, foi transcrita a decisão do TST­ RR 111300­

81.2009.5.17.0121, Relatora: Ministra Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma, Publicação: 12/06/2015

que levando em conta o capital social da reclamada de R$ 62.255.434,00 arbitrou a condenação

em R$ 160.000,00;

b) no julgado descrito no item 182 do recurso, foi transcrita a decisão do TST ­ RR 18000­

17.2009.5.03.0069, Relator: Ministro Maurício Godinho Delgado, 3ª Turma, Publicação:

20/02/2015;

c) no julgado descrito no item 183 do recurso, foi transcrita a decisão do TRT 15ª Região­ RO

0000178­85.2013.5.15.0151, Relatora Desembargadora Maria Madalena de Oliveira, 3ª Turma,

Publicação: 13/02/2015.

Assim, tendo­se como paradigma o critério do valor do capital social das decisões supra, e não o

de faturamento utilizado na sentença; e considerando­se o valor do capital social informado da

reclamada Veloce Logística S.A. de R$ 24.900.000,00 (vinte e quatro milhões, novecentos mil

reais), conforme documento (ID.37a333d4f­pág.2) arbitra­se a condenação no valor de R$

200.000,00 (duzentos mil reais) revertida à favor da Santa Casa de Caridade de Uruguaiana

conforme condições já fixadas na sentença.

Portanto, acolhe­se a redução do valor da indenização por danos sociais, na modalidade Dumping

Social devido pela primeira reclamada para fixar o pagamento da indenização no valor de R$

200.000,00 (duzentos mil reais) revertida para a Santa Casa de Uruguaiana.

2.7 DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (correspondente ao item 2.12 do recurso).

As reclamadas não se conformam com a condenação ao pagamento de honorários advocatícios

no importe de R$ 300.000,00.

Argumentam em síntese: o sindicato autor, nestes autos, age na qualidade de substituto

processual, não atendendo, também aqui, aos requisitos legais para o deferimento de tal parcela;

o artigo 133 da CF/88 não revogou as citadas Leis n.º 1.060/50 e 5.584/70, nem sequer veio a

alterar o entendimento pacificado das Cortes Trabalhistas, consubstanciado nas Súmulas 219 e

329 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho; o recorrido não demonstrou a impossibilidade de

demandar sem prejuízo de seu próprio funcionamento, o que impossibilita o deferimento de tal

verba, haja vista que o artigo 11 da Lei 1.060/50 determina o pagamento de honorários somente

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quando o vencedor da causa for beneficiário da justiça gratuita. As recorrentes destacam que não

se trata, neste feito, da hipótese de hipossuficiente que necessita da assistência sindical para

poder movimentar o Poder Judiciário, o que evidencia a inviabilidade da condenação da

contestante à verba honorária em questão; acrescenta que não se trata, neste feito, como já dito,

da hipótese de hipossuficiente que necessita da assistência sindical para poder movimentar o

Poder Judiciário, mas sim uma atuação direta do sindicato em nome de seus associados; diz que

não é pelo fato de o sindicato atuar como substituto processual que a ele se deverá reconhecer

honorários advocatícios". Com esse entendimento, a Seção Especializada em Dissídios

Individuais (SDI­1) do Tribunal Superior do Trabalho aprovou, por maioria, voto do ministro João

Batista Brito Pereira, que negou provimento a embargos do Sindicato dos Trabalhadores em

Alimentação e Afins do Espírito Santo (E­RR­641.721/2000.1). O sindicato insistia em receber

honorários decorrentes de sua atuação, nesta condição, em processo no qual obteve êxito contra

a empresa Chocolates Garoto S/A. Requerem: na hipótese de manutenção da r. sentença,

estando confiantes as recorrentes na reforma do r. julgado quanto à indenização por danos

coletivos, requer sejam os honorários fixados em patamares inferiores.

Examina­se.

Na hipótese de substituição processual pelo Sindicato são devidos honorários de advogado pela

simples sucumbência, dispensando­se a análise dos requisitos próprios da assistência judiciária

gratuita. Esta é a orientação contida na Súmula 219, III, do TST:

HONORÁRIOS

ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE DE CABIMENTO (nova redação do item II e inserido oitem III à redação) ­ Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 (...)

III ­ São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindicalfigure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação deemprego.

Assim, considerando a condenação ao pagamento da indenização por danos sociais, na

modalidade Dumping Social devido pela primeira reclamada fixada no valor de R$ 200.000,00,

arbitra­se a condenação de honorários em 15%, em R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

2.8 DA COMPENSAÇÃO/DEDUÇÃO (correspondente ao item 2.13)

As recorrentes não se conformam com a sentença que indeferiu a compensação dos valores

pagos e a dedução, nos seguintes termos:

A compensação é uma forma de se extinguir uma obrigação em que os sujeitos darelação obrigacional são, ao mesmo tempo, credores e devedores.

Todavia, não há nos autos nenhuma prova de que as rés sejam credoras dosindicato autor ou dos motoristas substituídos, motivo pelo qual não há que se falar

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em compensação.

A sentença é genérica e possui caráter eminentemente declaratório, razão pela qualnão há que se falar em dedução.

Argumentam em síntese que: o julgador ao deferir os pleitos formulados pelo Sindicato,

possibilitando a execução de verbas decorrentes do liame empregatício, acabou viabilizando aos

substituídos enriquecerem­se ilicitamente, já que perceberão verbas contratuais, rescisórias e

normativas já adimplidas por seus empregadores. Requerem na remota hipótese de manutenção

da r. sentença de origem, que os valores pagos sob os mesmos títulos, ou, ainda reconhecidos

por qualquer dos substituídos, sejam compensados/deduzidos, à luz dos artigos 767 da CLT e 368

do CPC.

Examina­se.

Mantenho a sentença pelos seus próprios fundamentos.

De fato, só é cabível a compensação quando estiverem presentes os pressupostos do artigo 368

do Código Civil, tais como: reciprocidade de dívidas; dívidas líquidas e certas; dívidas vencidas; e

homogêneas.

Também, não há dedução a ser acolhida porque a sentença tem caráter eminentemente

declaratório.

Nega­se provimento.

2. 9 DOS RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS (correspondente ao item 2.14)

As reclamadas recorrentes requerem a autorização para realizar as deduções previdenciárias e

fiscais incidentes sobre todo e qualquer crédito eventualmente atribuído ao reclamante.

Sem razão.

Mantenho a sentença pelos seus próprios fundamentos exarada nos seguintes termos:

A sentença é genérica e possui natureza eminentemente declaratória, razão pelaqual não há que se falar em dedução, em recolhimentos fiscais e previdenciários enem na aplicação da multa prevista no artigo 523 do Novo CPC.

No que toca à indenização por danos sociais, tendo em vista que a parcela não foiefetivamente paga, não há que se falar em dedução. Sua natureza jurídica éindenizatória, razão pela qual não há que se falar em recolhimentos fiscais eprevidenciários. Por fim, o processo do trabalho possui regras próprias a respeito daexecução dos títulos que produz, razão pela qual não se aplica a multa prevista noartigo 523 do Novo CPC.

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Portanto, não havendo condenação de parcelas de natureza salarial, não são autorizadas as

deduções previdenciárias e fiscais.

2.10 DAS CUSTAS PROCESSUAIS (correspondente ao item 2.15 do recurso)

Mantida a procedência da ação, com provimento parcial, são devidas as custas de R$ 4.000,00

calculadas sobre o valor arbitrado à condenação de R$ 200.000,00.

3. RECURSO ORDINÁRIO ADESIVO DO SINDICATO DOS TRABALHADORES RODOVIÁRIOSDE CARGAS SECAS, LÍQUIDAS, INFLAMÁVEIS, EXPLOSIVAS E REFRIGERADAS DELINHAS INTERNACIONAIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

3.1 ­ DO DUMPING SOCIAL

O Sindicato recorrente não se conforma com a sentença que condenou a primeira ré a pagar

indenização por danos sociais, na modalidade Dumping Social, no valor de 11 milhões e 700 mil

Reais, valor que deverá ser revertido à favor da Santa Casa de Caridade de Uruguaiana,

condicionando­se a liberação à justificação dos gastos em melhorias para a coletividade.

Argumenta em síntese que: o valor arbitrado pela sentença não condiz com a realidade do caráter

pedagógico da medida; o valor fixado com apenas 1% sobre o faturamento, o que é considerado

extremamente baixo, pois estaríamos afastando o caráter pedagógico tendo em vista que se trata

de um castigo ao agressor e um dano à Sociedade; o valor arbitrado não fará o agressor "pensar"numa revisão de posicionamento (sendo mais vantajoso suportar as consequências das condutas

indesejadas), já que sairia mais caro realizar modificações estruturais e a alteração do "modus

operandi" de sua empresa do que pagar a irrisória indenização arbitrada em 1% sobre o seu

faturamento, pois referida indenização apenas seria repassada ao consumidor final, ou seja, a

própria sociedade lesada; o valor fixado no dano social é simbólico para o Grupo condenado, pois

as lesões aos direitos da sociedade em geral (direta e indiretamente) são incalculáveis, sendo que

esta lucra milhões semestralmente. Requer a reforma da decisão atacada para que seja majoradaa indenização em razão do Dumping Social para, no mínimo, dez vezes o valor da condenação,

devendo a ré ser condenada em R$ 117.000.000,00 (cento e dezessete milhões de reais), pois há

a necessidade desta, inclusive, possuir caráter pedagógico, além de que o valor já aplicado é

insignificante para o porte da empresa.

Em contraminuta, as reclamadas em síntese dizem que: o critério para fixação da indenização

adotado pelo ordenamento jurídico está calcado tão somente na existência e extensão do dano,

conforme o artigo 944 do Código Civil; o recorrente ao postular o aumento da indenização por

dano moral coletivo para descabidos R$ 117.000.000,00 (cento e dezessete milhões de reais) está

buscando a convalidação do instituto jurídico anglo­saxão dos "punitive damages" ou "exemplary

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damages", pelo qual o valor da indenização é arbitrada em valor expressivamente superior ao

necessário à compensação do dano como medida pedagógica; mostra­se desarrazoado o

arbitramento da condenação em danos morais coletivos no importe de R$ 11.700.000,00 para as

recorridas; mostra­se absolutamente desarrazoado estabelecer indenização com base no

faturamento da empresa, considerando que seu lucro líquido foi extremamente inferior; a

pretensão do recorrente esbarra nos entendimentos jurisprudenciais; o provimento do apelo

redundaria em enriquecimento sem causa dos empregados, o que é igualmente vedado pelo

ordenamento jurídico vigente, por força do artigo 884 do Código Civil, de aplicação subsidiária à

hipótese nos termos do parágrafo único do artigo 8º da CLT; há falta de razoabilidade do valor

pretendido pelo recorrente, traz­se à colação julgados proferidos pelo Tribunal Superior do

Trabalho imputando indenização por danos morais coletivos em decorrência de terceirização

ilícita, que, embora não relacionada com serviços de transporte de carga, observam os critérios de

proporcionalidade ora almejados; o recorrente sequer demonstrou ter havido o alegado "dumping

social" que resultou na já exacerbada condenação imposta as rés, muito menos trouxe ele

qualquer elemento adicional que viesse a impor a revisão e majoração do montante atribuído na

origem; o recorrente não enfrentou os fundamentos da decisão recorrida, não se desincumbindo

do encargo processual de demonstrar as razões do pedido de reforma, nos termos do artigo

1.010, inciso III do CPC somado à Súmula n. 422, do C. TST. Requerem as recorridas que seja

negado provimento ao recurso ordinário interposto porque todos os argumentos lançados para a

majoração da indenização por danos morais ou são impertinentes, ou não condizem com as

provas produzidas nos autos, ou não infirmam a decisão recorrida.

Sem razão o recorrente;

A matéria já foi enfrentada no item 2.6 do recurso das reclamadas, tendo adotado como

paradigma o critério do valor do capital social e não o de faturamento utilizado na sentença.

Assim, considerando­se o valor do capital social informado da reclamada Veloce Logística S.A. de

R$ 24.900.000,00 (vinte e quatro milhões, novecentos mil reais), conforme documento

(ID.37a333d4f­pág.2) foi arbitrada a condenação no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais)

revertida à favor da Santa Casa de Caridade de Uruguaiana conforme condições já fixadas na

sentença.

Nego provimento.

3.2 DOS HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS

O recorrente está inconformado com a r. sentença que arbitrou os honorários advocatícios em

R$300.000,00 (trezentos mil Reais).

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Argumenta que: embora o juízo de origem tenha condenado a ré em honorários advocatícios,

fixou estes fora dos critérios objetivos estabelecidos pela Súmula nº. 219 do TST e pelo art. 85 do

CPC, o que não merece prosperar; o juízo ignorou os percentuais mínimos de 10% sobre o valor

da condenação e deferiu o percentual de apenas 2,5% sobre a condenação, ou seja, 1/4 (um

quarto) do percentual mínimo legal; destaca que o Tribunal Superior do Trabalho já consolidou seu

entendimento, o qual restou reforçado pelo NCPC, de que são devidos honorários entre 10% e

20% sobre o valor da condenação, nesse sentido, a Súmula nº. 219. Requer reforma da sentença

para condenar a reclamada ao pagamento de honorários na ordem de 20% sobre o valor bruto da

condenação, ou, ainda, outro percentual que entenda esse Egrégio Tribunal Regional, sempre

respeitando os limites mínimos estabelecidos pela Súmula nº. 219, V, do TST, bem como pelo art.

85, §2º, do CPC.

Em contraminuta, as reclamadas afirmam que: o recorrente pleiteia a majoração dos honorários

assistenciais ao patamar de 20% do valor bruto da condenação, o que corresponderia a R$

2.340.000,00; é nítida a pretensão do Sindicato em auferir ganhos exorbitantes com a propositura

de uma ação com fins ideológicos e contrários a própria legislação vigente, sem que fosse

despendida qualquer instrução probatória ou outro trabalho que demandasse o valor pretendido;

segundo a doutrina de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery o "Magistrado deve

fundamentar sua decisão, dando as razões pelas quais está adotando aquele percentual na

fixação da verba honorária."; o julgador de origem buscou a aplicação do direito observando os

fins sociais e o bem comum; tal posicionamento é reflexo do entendimento consubstanciado pelo

C. TST, que ao julgar os agravos de instrumento interpostos pelo Sindicato dos Trabalhadores nas

Indústrias de Instalações Telefônicas do Estado do Paraná ­ SINTITEL e Oi S/A, julgou não existir

afronta a Súmula 219, I, TST a fixação de honorários advocatícios em percentual de 5%, uma vez

que tal parcela não decorre da mera sucumbência, mas da demonstrada insuficiência financeira e

da necessária assistência de entidade sindical; a sentença, diante da expressividade do valor da

condenação (R$ 11.700.000,00), observando os princípios suso citados, adotou o regramento

contido no parágrafo 3º, inciso V do art. 85 do CPC, fixando os honorários advocatícios em um

patamar de 2,5% do valor da condenação, não havendo como prosperar o percentual pretendido

pelo recorrente caso mantida a condenação das recorridas, o que não se acredita.

Sem razão o recorrente.

A matéria está enfrentada no item 2.8 do recurso das reclamadas, na qual foi arbitrada a

condenação de honorários em 15%, em R$ 30.000,00 (trinta mil reais) apurados sobre a

condenação da indenização por danos sociais, na modalidade Dumping Social devido pela

primeira reclamada fixada no valor de R$ 200.000,00.

Nego provimento.

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3.3 ­ ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

A pretensão já foi acolhida na sentença, nos seguintes termos:

Tendo em vista o pedido formulado no item 7 do rol de pedidos (fl. 24 doID4b0bf49), concedo ao sindicato autor, na condição de substituto processual, e aossubstituídos os benefícios da justiça gratuita, nos termos do §3º do artigo 790 daCLT e da OJ 304 da SDI­1 do TST.

Portanto, a pretensão recursal não tem objeto.

4. PREQUESTIONAMENTO

As recorridas requerem a manifestação expressa desse Colendo Tribunal acerca de todos osdispositivos legais expressamente ventilados nestas razões, com explicitação de tese específica

sobre a matéria, para fins de prequestionamento, nos termos do entendimento consubstanciado

na Súmula 297 Tribunal Superior do Trabalho.

Registro que a presente decisão não viola nenhum dos dispositivos legais e/ou constitucionais

invocados, os quais se têm por prequestionados para todos os efeitos.

MANUEL CID JARDON

Relator

VOTOS

DESEMBARGADORA LUCIA EHRENBRINK:

REDUÇÃO DA MULTA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA

Não se desconhecem os termos da Lei 11.442/2007, que inclusive esta julgadora tem adotado.

Ocorre que sua aplicação deve ser na forma de exceção e não como regra, citando­se da

sentença que:

Todavia, embora possuísse 276 carretas em 2009; 375 em 2010; 475 em 2011,2012 e 2013; e, 465 em 2014, a primeira ré contava com apenas 5 motoristasempregados (fl. 1 do ID df43179).

Houve a atuação da ré com uma lei de exceção, suprindo a sua mão de obra necessária, burlando

desta forma a legislação previdenciária, fiscal, trabalhista.

Desta forma, mesmo que não indicados os substituídos, a atuação do sindicato se impõe, para

impedir que a regra de exceção se converta em regra, como até aqui ocorreu.

Por tais argumentos, concordo com o conteúdo da sentença e do voto condutor.

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No que tange à multa entendo incabível a redução da multa.

Isto porque se trata de grupo econômico envolvendo uma das maiores empresas do Japão

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Mitsui), operando com empresa no Brasil no ramo de transportes, via

primeira reclamada.

Na singela consulta no sei site de divulgação empresarial da primeira reclamada consta:

Fundada em 2009, a Veloce Logística é uma empresa do grupo Mitsui, uma dasmaiores companhias do mundo, presente em mais de 67 países e com mais de 48mil empregados. Líder no transporte rodoviário de cargas entre Brasil e Argentina, aVeloce também presta serviços em toda cadeia logística, como consultoria deSupply Chain, milk run, cross docking, movimentação interna, gestão defornecedores, gestão de armazenagem, controle de embalagens, logística reversa,transporte doméstico e internacional e documentação internacional.

Anuncia ainda a operação em 2019 com:

276 Carretas de 14 metros

10 Bases Operacionais

275 Funcionários

(http://www.velocelog.com.br/veloce/)

Seus clientes são:

AUTOMOTIVO

CABOT

DENSO

FAURECIA

GNK

GM

GESTAMP

GOODYEAR

HONDA

JOHNSON CONTROLS DO BRASIL

MAGNETTI­MARELLI

PIONEER

RENAULT

TOYOTA

VOLKSWAGEN

BENS DE CONSUMO

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http://gsa5.trt4.jus.br/search?q=cache:2ut6uFF5tW8J:jbintra.trt4.jus.br:8080/pje_2grau_helper/jurisp%3Fo%3Dd%26c%3D11567908%26v%3D23135816… 27/28

ARCOR

COCA­COLA PARANÁ

DANONE

PARATI

P&G

SANCOR

UNILEVER

OUTROS SEGMENTOS

ACINDAR

ARCELORMITTAL

CONVERFLEX

FATE PNEUS

FURUKAWA

LANXESS

LOCKSLEY

MASISA

PAPELERA SAMSENG

PGI ­ DNS

RVA

SOFTBOND

TOYOTA EMPILHADEIRAS

TUPY

http://www.velocelog.com.br/clientes­e­cases/

Numa leitura empresarial, sua atuação com apenas alguns motoristas contratados (repito ­ 276

carretas em 2009; 375 em 2010; 475 em 2011, 2012 e 2013; e, 465 em 2014, contava com

apenas 5 motoristas empregados (fl. 1 do ID df43179)), se mostra predatória no mercado, em

concorrência desleal com aquelas empresas do ramo de transporte que buscam cumprir a

legislação. Aduzo que são muitas, aliás a grande maioria, que anota as CTPSs dos seus

empregados, recolhem tributos, realizam pagamento dos direitos trabalhistas.

Com a forma de atuação da ré, resta prejudicada a sociedade no geral, em grave lesão, motivo

pelo qual, neste feito, de forma excepcional, mantenho uma multa elevada, para ser preservado o

interesse coletivo.

Todavia, embora possuísse 276 carretas em 2009; 375 em 2010; 475 em 2011, 2012 e 2013; e,

465 em 20144, a primeira ré contava com apenas 5 motoristas empregados (fl. 1 do ID df43179).

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http://gsa5.trt4.jus.br/search?q=cache:2ut6uFF5tW8J:jbintra.trt4.jus.br:8080/pje_2grau_helper/jurisp%3Fo%3Dd%26c%3D11567908%26v%3D23135816… 28/28

DESEMBARGADOR JOÃO ALFREDO BORGES ANTUNES DE MIRANDA:

Entendo que deva ser preservada a multa nos termos deferidos em primeiro grau. No entanto,

mesmo considerando a capacidade econômica/financeira da reclamada, me parece excessivo o

valor arbitrado, pois efetivamente causa impacto financeiro na empresa, por mais que a mesma

tenha faturamento expressivo, Assim sendo, reduziria a multa fixada para R$1.000.000,00 (um

milhão de reais), mantendo seu direcionamento para a Santa Casa de Uruguaiana e també sua

função pedagógica e de alerta a reclamada.

PARTICIPARAM DO JULGAMENTO:

JUIZ CONVOCADO MANUEL CID JARDON (RELATOR)

DESEMBARGADORA LUCIA EHRENBRINK

DESEMBARGADOR JOÃO ALFREDO BORGES ANTUNES DE MIRANDA