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Pneumonia Internato de Pediatria Débora Pennafort Palma Universidade Católica de Brasília www.paulomargotto.com.br Brasília, 29 de maio de 2014

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Page 1: Pneumonia Internato de Pediatria Débora Pennafort Palma Universidade Católica de Brasília  Brasília, 29 de maio de 2014

PneumoniaInternato de Pediatria

Débora Pennafort PalmaUniversidade Católica de Brasília

www.paulomargotto.com.br Brasília, 29 de maio de 2014

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Pneumonia• Inflamação do parênquima pulmonar. Na maioria

das vezes, é causada por agentes infecciosos.o Aspiração de alimentos e/ou ácido gástrico, corpos

estranhos e pneumonite induzida por drogas ou radiação.

• Correspondem a 2 a 3% das IRAS.o 80% dos óbitos por essas afecções.

• Fatores de Risco: Desnutrição, baixa idade e comorbidades.o Baixo peso ao nascer, creches, episódios prévios de sibilos

e pneumonia, ausência de aleitamento materno, vacinação incompleta, variáveis socioeconômicas e ambientais.

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EtiologiaIdade Patógeno (ordem de frequência)

RN < 3 dias Streptococcus do grupo B, Gram negativos (E. coli), Listeria sp. (pouco comum em nosso meio).

RN > 3 dias S. aureus, S. epidermidis, Gram negativos. (S. pyogenes, E. coli)

1 a 3 meses VSR, Chlamydia trachomatis, Ureaplasma urealyticum.

1 mês a 2 anos

Vírus, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae (tipo B), H. influenzae não tipável, S. aureus.

2 a 5 anos Vírus*, S. pneumoniae, H. influenzae (tipo B), H. influenzae não tipável, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, S. aureus.

6 a 18 anos Vírus*, S. pneumoniae, M. pneumoniae, C. pneumoniae, H. influenzae não tipável.

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RadiologiaPadrões Radiológicos

Infiltrado Alveolar Broncopneumônico (Broncopneumonia)

Consolidação alveolar multifocal. Não respeitam a segmentação pulmonar. Multiformes, únicas ou múltiplas, uni ou bilaterais, dispersas ou confluentes.Estafilococo: pneumatoceles e derrame pleural.

Micro-organismos típicos. Pneumococo, estafilococo .RN, desnutridos, < 1 ano, doença de base(defesas imunitárias baixas).

Lobares ou Segmentares

Grandes áreas de consolidação alveolar. Homogeneamente um ou mais lobos ou segmentos pulmonares. Broncogramas aéreos.

Penumococo. Lactentes > 6 meses e crianças maiores.

Intersticiais Aumento da trama broncovascular, espessamento peribrônquico e hiperinsuflação. Hipotransparência e atelectasias.

Vírus ou Mycoplasma.

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Pneumonia Bacteriana por Micro-organismos

Típicos

• Maior parte dos óbitos associados às infecções das vias aéreas inferiores na infância.

• Streptococcus pneumoniae (pneumococo).o Principal agente da pneumonia bacteriana típica.

• Principais bactérias além do pneumococo: o Haemophilus influenzae (tipável e não tipável) o Staphylococcus aureus

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Pneumonia Pneumocócica

• Quadro típico da pneumonia bacteriana típica.

• Instalação hiperaguda, com febre alta, tosse e dor torácica.o Nos lactentes, a apresentação clínica é variável:o Precedido de quadro de IVAS (obstrução nasal,

irritabilidade e redução do apetite) por alguns dias.o Início abrupto de febre, inquietude, apreensão e

dificuldade respiratória. • Tosse estará presente, embora não seja específica.

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Pneumonia Pneumocócica

• Taquipnéia na ausência de estridor.o FR apresenta estreita relação com a gravidade e com a

hipoxemia.

o Manifestações gastrointestinais: vômitos, diarreia ou distensão abdominal – deglutição de ar ou íleo paralítico.

o Rigidez de nuca (sem infecção meníngea).

Taquipnéia

≥ 60 irpm em menores de 2 meses

≥ 50 irpm entre 2 meses e 11 meses

≥ 40 irpm de 1 a 5 anos de idade

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Pneumonia Pneumocócica

Sinais de Gravidade:

• Tiragem subcostal: Mais associada à gravidade (deve ser evidente e mantida). o Tiragem intercostal também pode ser avaliada.

• Batimento de asa nasalo Menores de 1 ano. Não específico.

• Gemência• Cianose: “Muita gravidade”

o OMS: cianose central utilizada para caracterizar pneumonia muito grave.

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Pneumonia Pneumocócica

• Crianças maiores e adolescentes:o Após surgimento dos sinais de IVAS:

o Calafrios e febre (de até 40,5ºC).o Estertores inspiratórios o Síndrome de consolidação: aumento do frêmito

toracovocal, submacicez, broncofonia, sopro tubário e pectorilóquia fônica.• Identificação mais difícil na criança pequena:

respiração superficial, FR aumentada, choro frequentemente.

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Pneumonia Pneumocócica

Classificação da gravidade das pneumonias – OMS (2005):

• Pneumonia muito grave: o Cianose central o Dificuldade respiratória graveo Incapacidade de ingerir líquidos

• Pneumonia Grave: Tiragem Subcostal.• Pneumonia: Taquipneia e Estertores crepitantes.

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Pneumonia Estafilocócica

• Infecção grave e rapidamente progressiva.o Morbidade prolongada e alta mortalidade.o Pouco comum. Maioria dos casos no primeiro ano de vida.

• Broncopneumonia confluente com extensas áreas de necrose hemorrágica e áreas irregulares de cavitação.o Pneumatocele, derrame pleural ou abscesso

pulmonar.

o História de furúnculos, internação recente, trauma, infecção supurada à distância (osteomielite).

o Inalado ou via hematogênica (bacteremia).

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Pneumonia Estreptocócica

• Estreptococos do grupo A:o Tende a complicar sarampo e varicela.

• Escarlatina pode ocorrer simultaneamente.o Necrose da mucosa traqueobrônquica (traqueíte,

bronquite e pneumonite intersticial) com formação de úlceras.

o Broncopneumonia difusa: Pleuris, com derrame volumoso e seroso, às vezes serossanguinolento ou purulento.

o Manifestações clínicas semelhantes à pneumonia pneumocócica.

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Pneumonia por H. Influenzae

• H. influenzae tipo B é causa frequente de infecção bacteriana grave em lactentes não vacinados.o Rara devido à vacinação indiscriminada.o Maioria decorre de cepas não encapsuladas.

• Início insidioso e quadro prolongado. Precedidas de infecção nasofaríngea.

• Radiografia: Geralmente, têm padrão lobar. Não há padrão típico. Pode cursar com empiema.

• Complicações (lactentes pequenos): Bacteremia, pericardite, celulite, empiema, meningite e pioartrose.

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Avaliação Complementar

• Radiografia de Tóraxo Confirmar diagnóstico, avaliar extensão do processo e

identificar a presença de complicações. Não utilizada para controle de cura.

• Exames laboratoriais:o Leucocitose (15.000 – 40.000), predomínio de

neutrófilos. PCR e VHS alteradas.

• Hemocultura:o Sempre solicitada na internação. Baixo rendimento.

• Líquido Pleural: Derrame pleural.o Toracocentese. Gram e cultura da amostra.

• Exame de Escarro:o Bacterioscopia e cultura. Difícil realização em crianças.

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Tratamento• Internação:

o Idade < 2 meses (Nelson: < 6 meses)o Sinais respiratórios de gravidade: SpO2 < 92% ou FR >70 (< 1

ano).o Comprometimento do estado geral.o Doença grave concomitante.o Sinais radiológicos de gravidade.o Falha da terapêutica ambulatorial.

• Leito de Terapia Intensiva:o SpO2 < 92% em FiO2 > 60%o Apneia recorrente ou respiração irregularo Falência respiratória e exaustãoo Hipotensão arterial

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Tratamento Ambulatorial

• Amoxicilina 50 mg/kg/dia VO 8/8ho Dose dobrada 80-90 mg/kg/dia – resistência

intermediária.

• Penicilina Procaína 50.000 U/kg/dia IM 1x/dia• 10 a 14 dias

o Até que o paciente esteja afebril há 72 horas.

o Alérgicos: Clindamicina ou cloranfenicolo H. influenzae: Ampicilinao Estreptococos: Penicilina Go Estafilococos: oxacilina/cefalotina/clindamicina

• Cepas resistentes: Vancomicina

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Tratamento Hospitalar• < 2 meses:

o Penicilina/ampicilina + amicacina/gentamicina

• > 2 meses:o Penicilina Cristalina 100.000-200.000 U/kg/dia EV 4/4 ou

6/6h.o Pneumonia muito grave:

• Oxacilina + Ceftriaxona/Cloranfenicol – Estafilococos, produtores de betalactamase e pneumococos.

• Nelson: Ceftriaxona ou Cefotaxima + Vancomicina ou Clindamicina (suspeita de estafilococos).

• Duração de 10 a 14 dias.

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Complicações• Falha Terapêutica: Febre ou instabilidade clínica

após 48-72 horas de tratamento.

• Derrame Pleural: Típico das pneumonias estafilocócicas. Mas o S. pneumoniae é o agente mais encontrado. o Abolição/diminuição MV e FTV, egofonia e submacicez.

• Derrame parapneumônico = derrame exsudativo!• Exsudato complicado com empiema drenagem de tórax.

o Não é necessária a troca do ATB, desde que seja administrado por via parenteral.

o Exsudato não complicado regride com tratamento da pneumonia.

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Complicações• Pneumatocele: Lesões císticas de conteúdo aéreo,

paredes finas, podendo conter nível hidroaéreo.o Características da infecção estafilocócica. Porém mais

frequentes nas pneumonias pneumocócicas.o Conduta expectante.

• Abscesso Pulmonar: Imagens cavitárias, > 2 cm, com paredes espessas e nível hidroaéreo.o 2 a 3 semanas de ATB parenteral, seguida de ATB oral.o Clindamicina ou ticarcilina + clavulanato

Anaeróbios de cavidade oral; estreptococos, S. aureus, E. coli, K. pneumoniae, Pseudomonas.

o Intervenção cirúrgica: ausência de melhora após 10 dias.

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Pneumonia Atípica

• Mycoplasma pneumoniae o Mais frequente em crianças e adolescentes.

• Chlamydophila pneumoniae.• Mais comuns a partir dos 4 ou 5 anos de idade.

• Quadro arrastado.o Propagação de gotículas na via respiratória, incubação

de 1 a 3 semanas.o Comum a infecção entre membros da mesma família,

pequenos surtos em ambientes fechados.

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Pneumonia por Mycoplasma

• Início gradual: cefaléia, mal-estar, febre, rinorreia e dor de garganta; coriza é incomum.o Rouquidão e tosse (piora 2 primeiras semanas). o Remissão dos sintomas em 3 a 4 semanas. Evolução de

7 a 21 dias. Tosse e expectoração persistem.

• Complicações: Otite média, pericardite, miocardite, eritema nodoso, síndrome de Stevens-Johnson.

• Leucograma normal, VHS elevado. Hemólise induzida por crioaglutininas (segunda semana). Diagnóstico específico por meio de avaliação sorológica.

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Pneumonia por Mycoplasma

• Achados Radiográficos: o Pneumonia intersticial ou broncopneumonia, com

infiltrados unilaterais (75% dos pacientes).o Lobos inferiores são mais acometidos.o Linfadenopatia hilar (33% dos casos).

• Tratamento: o Claritromicina 15 mg/kg/dia 2x/dia 10 dias.o Azitromicina 10 mg/kg/dia 1º dia + 5 mg/kg/dia 4 dias.o Eritromicina

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Pneumonia Afebril do Lactente

• Chlamydia trachomatis e Ureaplasma urealyticum.

• Chlamydia: Infecta trato genital feminino. Transmissão para o RN durante o parto (50%).o Infecção: conjuntiva, nasofaringe, reto ou vagina do RN.o História de parto vaginal (ou cesáreo se bolsa rota

prévia).

• Quadro clínico insidioso: Antes dos 3 meses de idade. o Conjuntivite (5 a 14 dias). o Infecção nasofaríngea pneumonia (1 a 3 meses).o Coriza e obstrução nasal. Tosse seca e taquipneia (bom

estado geral). Não há febre!

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Pneumonia Afebril do Lactente

• Exames Complementares: o Eosinofilia no sangue periférico (> 400 cels/mm³).o Diagnóstico: material da nasofaringe ou conjuntiva

(cultura e técnicas imunoenzimáticas).

• Radiografia de tórax: infiltrado intersticial bilateral, pode haver hiperinsuflação.

• Tratamento: Eritromicina 50 mg/kg/dia 14 dias.

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Referências Bibliográficas:

• BEHRMAN, KLIEGMAN e JENSON. Nelson Tratado de Pediatria, Elsevier, Rio de Janeiro, 2009, 18ª ed.

• Manual ilustrado de Pediatria. Tom Lissauer, Graham Clayden. Rio de Janeiro : Elsevier, 2009.

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Obrigada!!!