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ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO PRODUTO 08 ESTUDOS DE CENÁRIOS TOMO III ESGOTAMENTO SANITÁRIO CAMAÇARI / BA JULHO, 2016

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PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR

PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO

PRODUTO 08 – ESTUDOS DE CENÁRIOS

TOMO III – ESGOTAMENTO SANITÁRIO

CAMAÇARI / BA

JULHO, 2016

Plano Municipal de Saneamento Básico

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PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 1.174/2013

TOMADA DE PREÇOS Nº 003/2014

CONTRATO Nº 140/2014

VERSÃO FINAL do Produto 08 - Estudos de

Cenários, Tomo III – Esgotamento Sanitário,

apresentado pela Saneando Projetos de

Engenharia e Consultoria Ltda. para a

Secretaria de Desenvolvimento Urbano

(SEDUR), como parte integrante do Plano

Municipal de Saneamento Básico de Camaçari -

BA.

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ADEMAR DELGADO Prefeito Municipal

MARIA DO CARMO SIQUEIRA Vice-Prefeita

DJALMA MACHADO DE SOUZA Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano

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FICHA TÉCNICA

Comitê De Coordenação

Membro Titular Secretarias

Marina Rodriguez Alonso (Coordenadora) SEDUR/ASTEC

Anselmo Sebastião Salgueiro dos Santos SEDUR/CPL

Eduardo da Silva Barreto SEDUR/CMA

Fabio Antônio Moura Costa de Souza SEDUR/ASTEC

Lélia Maria dos Reis Dias SEDUR/ASTEC

Maiana Fernandes Vaz Freitas SEDUR/ASTEC

Maressa Lacerda Viera SEDUR/ASTEC

Milai Rodrigues Alves Cordeiro SEDUR/CMA

Sandra Lima dos Santos SEDUR/CMA

Silvio Roberto Gantois SEDUR/CMA

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Comitê Executivo

Instituições e Secretarias Membro Titular Membro Suplente

Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR)

Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA)

Marina Rodriguez Alonso

Sérgio Murilo Falcão Silva

Maressa Lacerda Viera

Cesar Aparecido dos Santos

Secretaria de Saúde (SESAU) Valmir Santos Araújo Ruteane da Silva dos Santos

Secretaria de Habitação (SEHAB) Monique Matos Rodrigues Azevedo

Santiane Araújo Godinho Cruz

Secretaria de Serviços Públicos (SESP) Flávio Ribeiro Lobo Filho José Marcelo Rocha de Almeida

Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDES) Elaine Maciel de Souza da Silva Mateus dos Santos de Oliveira

Limpeza Pública de Camaçari (LIMPEC) Rute do Nascimento Luiz Balbino Bittencourt Teixeira

Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM)

Francisco de Assis Silva

Crispim Carvalho da Hora

Conselho Municipal de Saúde (CMS) Paulo César Souza Costa Verbenia Lúcia da Silva Santos

Conselho Municipal de Educação (CME) Elielza de Santana Bispo Souza Mário José Santos Filho

Conselho Municipal da Cidade (CONCIDADE) Everaldo de Jesus Vieira Jorge Carlos Ramos Gonçalves

Comitê de Fomento Industrial (COFIC)

Mariene Salatiel Oliveira

José de Anchieta da Silva Filho

Comitê da Bacia Hidrográfica do Recôncavo Norte e Inhambupe (CBHRNI)

Sérgio de Almeida Bastos

Maria José Rosas

Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (EMBASA)

Mário Sergio Soares May

Taís Meireles Oliveira

Poder Legislativo Municipal (CMC) Sávio Nonato Barreto de Oliveira Gilseppi Mário Reis D’errico

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Equipe Técnica da Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria Ltda.

Nome Cargo

Geraldo Leite Botelho Coordenador Gerencial do Contrato

Gabriela Vieira de Toledo L. Ataíde Coordenadora Técnica de Planejamento

Lívia Duca de Lima Supervisora Técnica do PMSB

Lenon Sol de Souza Marques Supervisor Técnico do PMGIRS

Kalila Calil Barreto Couto Engenheira Sanitarista e Ambiental

Mariana Mascarenhas de Souza Engenheira Sanitarista e Ambiental

Victor Moreira da Silva Vidal Engenheiro Ambiental e Sanitarista

Victor Pompeu Teixeira Rodriguez Engenheiro Sanitarista e Ambiental

Leila Santos Borges Nunes Assistente Social

Luiz Claudio Ferraz Freire de Carvalho

Geógrafo/Técnico em Geoprocessamento

Tiago Santana Dutra Estagiário em Eng. Sanitária e Ambiental

Carolina Rodeiro Nunes Estagiária em Eng. Sanitária e Ambiental

Verônica Paternostro Estagiária em Eng. Sanitária e Ambiental

Ilo Cesar Menezes Estagiário em Geografia

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Apresentação

A Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria Ltda. – ME apresenta à

Prefeitura Municipal de Camaçari o Produto 08 - Estudos de Cenários, Tomo

III – Esgotamento Sanitário, parte integrante do Plano Municipal de

Saneamento Básico, conforme contrato nº 140/2014.

O presente documento foi desenvolvido com base na Lei Federal nº

11.445/2007, que estabelece diretrizes para a Política Nacional de Saneamento

Básico (PNSB), regulamentada através do Decreto Nº 7.217/2010, alterado pelo

Decreto nº 8.629/ 2015 e na Lei Estadual nº 11.172/2008, que institui a Política

Estadual de Saneamento Básico (PESB).

O Plano Municipal de Saneamento Básico se constitui no planejamento do

Município quanto a gestão dos serviços de abastecimento de água, esgotamento

sanitário, drenagem urbana e manejo de águas pluviais e limpeza urbana e

manejo de resíduos sólidos para um horizonte de 20 anos. Este plano deve

passar por revisões periódicas a cada 4 anos, a fim de manter-se atualizado.

Em relação à elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, o artigo 1º

do Decreto nº 8.629/15 afirma:

“Após 31 de dezembro de 2017, a existência de plano de saneamento

básico, elaborado pelo titular dos serviços, será condição para o

acesso a recursos orçamentários da União ou a recursos de

financiamentos geridos ou administrados por órgão ou entidade da

administração pública federal, quando destinados a serviços de

saneamento básico. ”

Dessa forma, atendendo aos princípios e objetivos abordados na Política

Nacional de Saneamento Básico, além de outras premissas, a Prefeitura

Municipal de Camaçari desenvolve este instrumento como forma de estabelecer

diretrizes aplicáveis, de forma sistemática, para o planejamento dos serviços de

saneamento básico adequado a realidade do município.

Em seu desenvolvimento o PMSB foi estruturado de forma a apresentar o

diagnóstico, que retrata a atual situação dos serviços de saneamento básico em

Camaçari; o estudo de cenários e a hierarquização das intervenções, bem como

os mecanismos e procedimentos a serem utilizados na implementação das

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metas; programas, projetos e ações nos devidos horizontes temporais de curto,

médio e longo prazo, conforme determina o termo de referência.

As etapas de elaboração do PMGIRS e do PMSB estão descritas a seguir, de

acordo com os requisitos do Termo de Referência e diretrizes preconizadas pela

Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental:

Etapa 1:

- Plano de Trabalho e Plano de Mobilização Social;

Etapa 2:

- Caracterização física e socioeconômica do Município;

- Oficina de Capacitação do Comitê Executivo.

Etapa 3:

- Diagnóstico dos Serviços de Água;

- Diagnóstico dos Serviços de Esgoto;

- Diagnóstico dos Serviços de Drenagem de Águas Pluviais;

- Diagnóstico dos Serviços de Limpeza Urbana e Manejo dos Resíduos

Sólidos.

Etapa 4:

- Estudos de Cenários;

- Hierarquização das Intervenções;

- Versão Preliminar do PMGIRS;

- Audiências Públicas Locais para Apresentação do PMGIRS;

- Versão revisada e complementada do PMGIRS com base nas

audiências públicas locais (proposta de Lei enviada à Câmara).

Etapa 5:

- Versão Preliminar do PMSB – Programas, Projetos e Ações;

- Audiências públicas locais para apresentação do PMSB.

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Etapa 6:

- Versão revisada e complementada do PMSB com base nas audiências

públicas locais (minuta de proposta de Lei);

- Relatório Síntese do PMSB (proposta de Lei enviada à Câmara).

Para que o PMSB contemple todos os seus objetivos e garanta uma melhor

gestão dos serviços de saneamento básico é necessário a participação popular,

enriquecendo o diagnóstico dos técnicos e garantindo o controle social. Dessa

forma, a população tem papel central na elaboração do plano, participando do

planejamento.

A eficiência desse processo é maior se grupos organizados e entidades

representativas dos setores econômicos e sociais de comunidade ou região

participarem ativamente, desde a sua elaboração até a sua implementação.

O esforço do município de Camaçari em elaborar seu Plano de Saneamento

Básico objetiva não só cumprir um marco legal no saneamento, como obter um

momento ímpar no exercício de titular efetivo dos serviços que lhe concede a Lei

Federal nº 11.445/2007, deixando clara quem deverá exercer as distintas

funções inerentes a gestão dos serviços de saneamento: o ato de planejar, de

prestar, de regular e fiscalizar, e permeando transversalmente a todos estes, o

controle social.

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LISTA DE SIGLAS

AGERSA Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia

ARIS Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento

CBHRNI Comitê da Bacia Hidrográfica do Recôncavo Norte e Inhambupe

CME Conselho Municipal de Educação

CMS Conselho Municipal de Saúde

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

COFIC Comitê de Fomento Industrial

COMAM Conselho Municipal de Meio Ambiente

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONCIDADE Conselho Municipal da Cidade

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

EEE Estações Elevatórias de Esgoto

EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento

EMRMS Entidade Metropolitana da Região Metropolitana de Salvador

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPTU Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

LIMPEC Limpeza Pública de Camaçari

NBR Norma Brasileira

ODM Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

OMS Organização Mundial da Saúde

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PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

PESB Política Estadual de Saneamento Básico

PLANSAB Plano Nacional de Saneamento Básico

PMGIRS Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

PMSB Plano Municipal de Saneamento Básico

PNSB Política Nacional de Saneamento Básico

PPA Programas, Projetos e Ações

PROSAB Programa de Pesquisas em Saneamento Básico

PVC Policloreto de Vinila

RECESA Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento

SEDES Secretaria de Desenvolvimento Social

SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano

SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano

SEHAB Secretaria de Habitação

SEINFRA Secretaria de Infraestrutura

SEPLAN Secretaria de Planejamento

SESAU Secretaria de Saúde

SESP Secretaria de Serviços Públicos

SIDRA Sistema IBGE de Recuperação Automática

SIG Sistema de Informações Geográficas

SNIS Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento

VISA Vigilância Sanitária

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplos de variáveis de estudo para os serviços de saneamento, destacando Esgotamento Sanitário. ................................................................ 24

Figura 2 - Formulação das hipóteses e construção dos cenários. ................... 25

Figura 3 - Intervalos de referência para o extravasamento de esgoto por ano. 35

Figura 4 - Comparação do atendimento por rede coletora de esgoto ou fossas sépticas entre os cenários 01, 02 e 03. ........................................................... 46

Figura 5 - Comparação do Índice de tratamento do esgoto coletado entre os cenários 01, 02 e 03. ....................................................................................... 47

Figura 6 - Comparação da geração per capita de esgoto entre os cenários 01, 02 e 03. ................................................................................................................ 48

Figura 7 - Comparação dos extravasamentos por extensão de rede entre os cenários 01, 02 e 03. ....................................................................................... 49

Figura 8 - Representação esquemática dos sistemas convencional e condominial. .................................................................................................... 72

Figura 9 - Produção agrícola irrigada com reuso de esgoto tratado. ............... 75

Figura 10 - Esquema em corte de uma fossa seca. ........................................ 77

Figura 11 - Desenho esquemático de uma fossa séptica. ............................... 79

Figura 12 - Instalação das fossas sépticas econômicas. ................................. 80

Figura 13 - Vala de infiltração para disposição do efluente da fossa séptica econômica. ..................................................................................................... 81

Figura 14 - Ciclo dos nutrientes de acordo com o ecossaneamento. .............. 82

Figura 15 - Tanque de evapotranspiração. ...................................................... 83

Figura 16 - Círculo de bananeiras. .................................................................. 84

Figura 17 - Esquema do círculo de bananeiras (corte e vista). ........................ 85

Figura 18 - Corte lateral de um banheiro seco mostrando o seu funcionamento......................................................................................................................... 86

Figura 19 - Bombonas de armazenamento temporário (esquerda) e de

estocagem (direita) em sanitário com separação de urina implantadas em países

da África. ......................................................................................................... 88

Figura 20 - Banheiro seco com bacia sanitária segregadora de urina. ............ 88

Figura 21 - Programas para o PPA de Esgotamento Sanitário de Camaçari - BA........................................................................................................................100

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Exemplo de Matriz SWOT (forças e fraquezas)............................. 23

Quadro 2 - Exemplo de Matriz SWOT (oportunidades e ameaças). ................ 23

Quadro 3 - Variáveis definidas. ....................................................................... 35

Quadro 4 - Hipóteses das variáveis definidas (Zona Urbana). ........................ 35

Quadro 5 - Cenário 01 do Esgotamento Sanitário - Zona urbana. ................... 36

Quadro 6 - Cenário 02 do Esgotamento Sanitário para zona urbana. ............. 39

Quadro 7 - Cenário 01 do Esgotamento Sanitário - Zona urbana. ................... 42

Quadro 8 - Comparação das variáveis de estudo de cada cenário Esgotamento

Sanitário na zona urbana. ............................................................................... 45

Quadro 9 - Cenário 1 do Esgotamento Sanitário - Zona Rural. ....................... 50

Quadro 10 - Cenário 02 do Esgotamento Sanitário - Zona Rural. ................... 51

Quadro 11 - Cenário 03 do Esgotamento Sanitário - Zona Rural. ................... 52

Quadro 12 - Comparação das variáveis de estudo de cada cenário de

Esgotamento Sanitário – Zona Rural. ............................................................. 52

Quadro 13 - Metas de referência do cenário: índice de atendimento por rede

coletora ou fossa séptica................................................................................. 56

Quadro 14 - Metas de referência do cenário: índice de tratamento do esgoto

coletado. ......................................................................................................... 57

Quadro 15 - Metas de referência do cenário de referência: geração per capita de

esgoto. ............................................................................................................ 58

Quadro 16 - Metas de referência do cenário de referência: redução dos

extravasamentos por quilometro de rede. ....................................................... 59

Quadro 17 - Cenário de referência para a Zona Rural do município de Camaçari.

........................................................................................................................ 60

Quadro 18 - Alternativas para evitar a paralisação do sistema de Esgotamento

Sanitário. ......................................................................................................... 91

Quadro 19 - Síntese dos Programas, Projetos e Ações para o esgotamento

sanitário. ........................................................................................................113

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tipo de Esgotamento Sanitário no Município de Camaçari-BA. ..... 28

Tabela 2 - População atendida por rede coletora (com ou sem tratamento). .. 29

Tabela 3 - Tipo de Esgotamento Sanitário no Município de Camaçari-BA. ..... 30

Tabela 4 - Relação da extensão das redes coletoras e população atendida. .. 30

Tabela 5 - Projeção das variáveis dos Serviços de Esgotamento Sanitário de

acordo com o cenário 01. ................................................................................ 38

Tabela 6 - Projeção das variáveis dos Serviços de Esgotamento Sanitário de

acordo com o cenário 02. ................................................................................ 41

Tabela 7 - Projeção das variáveis dos Serviços de Esgotamento Sanitário de

acordo com o cenário 03. ................................................................................ 44

Tabela 8 - Comparação do comportamento dos indicadores dos Serviços de

Esgotamento Sanitário para os diferentes cenários alternativos (População

urbana). .......................................................................................................... 45

Tabela 9 - Metas progressivas para ampliação do acesso aos Serviços de

Esgotamento Sanitário para a zona rural do município. .................................. 62

Tabela 10 - Projeção de atendimento com Serviços de Esgotamento Sanitário na

zona rural do município de Camaçari-BA. ....................................................... 62

Tabela 11 - Relação da extensão de rede coletora e população atendida em

2015. ............................................................................................................... 64

Tabela 12 - Relação da extensão de rede coletora e população atendida em

2017. ............................................................................................................... 65

Tabela 13 - Demandas e disponibilidades dos Serviços de Esgotamento

Sanitário na zona urbana - Distrito Sede. ........................................................ 66

Tabela 14 - Relação da extensão de rede coletora e população atendida em

2015. ............................................................................................................... 67

Tabela 15 - Demandas e disponibilidades dos Serviços de Esgotamento

Sanitário na zona urbana - Distrito de Abrantes. ............................................. 68

Tabela 16 - Relação da extensão de rede coletora e população atendida em

2015. ............................................................................................................... 69

Tabela 17 - Demandas e disponibilidades dos Serviços de Esgotamento

Sanitário na zona urbana - Distrito de Monte Gordo. ...................................... 70

Tabela 18 - Custo total do Projeto “Melhoria da qualidade do serviço prestado”.

.......................................................................................................................116

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Tabela 19 - Custo total do Projeto “Ampliação do Acesso aos Serviços de

Esgotamento Sanitário na Zona Urbana” .......................................................118

Tabela 20 - Custo total do Projeto “Soluções alternativas para zona rural e para

povos e comunidades tradicionais” ................................................................119

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 19

2. OBJETIVOS ............................................................................................ 21

2.1 Objetivos Específicos ..................................................................... 21

3. METODOLOGIA...................................................................................... 22

4. CENÁRIOS ALTERNATIVOS PARA O GERENCIAMENTO E

DEMANDAS PARA OS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO ......... 28

4.1 Cenários Alternativos dos Serviços de Esgotamento Sanitário da

Zona Urbana .................................................................................................... 31

4.2 Cenários Alternativos dos Serviços de Esgotamento Sanitário para

Zona Rural ....................................................................................................... 49

5 CENÁRIO DE REFERÊNCIA, OBJETIVOS E METAS ........................... 54

5.1 Cenário de Referência na Zona Urbana ......................................... 54

5.2 Cenário de Referência na Zona Rural ............................................ 60

6 ESTUDO DE DEMANDAS PELOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO

SANITÁRIO PARA ZONA URBANA ............................................................... 64

6.1 Distrito Sede ................................................................................... 64

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6.2 Distrito de Abrantes ........................................................................ 67

6.3 Distrito de Monte Gordo ................................................................. 69

7 ALTERNATIVAS TÉCNICAS PARA COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE

DEMANDAS E DISPONIBILIDADES DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO

SANITÁRIO ..................................................................................................... 71

7.1 Alternativas Técnicas para Atendimento das Demandas das Áreas

Urbanas ....................................................................................................... 71

7.2 Alternativas Técnicas para Atendimento das Demandas das Áreas

Rurais ou com Domicílios Dispersos ................................................................ 76

8 AÇÕES DE EMERGÊNCIA E CONTINGÊNCIA ..................................... 89

9 ÁREAS DE INTERESSE PARA O ESGOTAMENTO SANITÁRIO ......... 94

9.2 Análise das Áreas de Interesse para o Esgotamento Sanitário ...... 95

10 PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES ................................................... 99

10.1 Programa: Gestão Sustentável dos Serviços de Esgotamento

Sanitário ..................................................................................................... 100

10.2 Programa: Esgotamento Sanitário Para Todos ............................ 104

11 ESTIMATIVAS DOS RECURSOS NECESSÁRIOS AOS

INVESTIMENTOS .......................................................................................... 116

11.1 Programa: Gestão Sustentável dos Serviços de Esgotamento

Sanitário ..................................................................................................... 116

11.2 Programa: Esgotamento Sanitário Para Todos ............................ 117

11.3 Demonstrativo dos Investimentos ................................................. 120

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12 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................. 122

REFERENCIAS ............................................................................................. 125

APÊNDICE A- MATRIZ SWOT DOS SERVIÇOS ESGOTAMENTO SANITÁRIO

....................................................................................................................... 127

APÊNDICE B – ÁREAS DE INTERESSE PARA O ESGOTAMENTO

SANITÁRIO ................................................................................................... 130

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1. INTRODUÇÃO

No Tomo I deste Produto 08 foram apresentados e analisados 3 cenários de gestão

para o futuro de Camaçari como ferramenta de análise e enquadramento do

município, visando nortear tomadas de decisões e definições de ações futuras, além

de definir o melhor cenário de referência para estudos posteriores.

De acordo com o conteúdo apresentado no Tomo I, no presente Tomo III, foi elaborada

a etapa do Estudos de Cenários do Serviço de Esgotamento Sanitário de Camaçari,

cujo processo de elaboração baseou-se nas informações quali-quantitativas expostas

na etapa de Diagnóstico e nas técnicas e tecnologias disponíveis atualmente e que se

encaixam no perfil do município de Camaçari.

O Estudo de Cenários foi desenvolvido com base na adaptação das categorias

propostas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), e em reunião com

o Comitê de Coordenação, visando avaliar e validar as categorias previstas. Isso

trouxe diferentes perspectivas de cenários, considerando condicionantes críticas no

ambiente macro e variadas hipóteses para cada uma delas.

Assim, foram propostos cenários alternativos para o gerenciamento e demandas. O

processo continuou com a comparação dos cenários alternativos propostos e

consequente definição de um cenário de referência, a partir de discussões com o

Comitê de Coordenação acerca do cenário que melhor representasse os anseios da

população camaçariense.

O cenário de referência e seus objetivos indicam as estratégias possíveis para cumprir

as diretrizes de planejamento previstas. As metas representam a trajetória escolhida

para o cumprimento dos objetivos propostos, fixados de acordo com os indicadores

definidos no horizonte de planejamento.

O estudo das demandas apresenta as perspectivas para os serviços públicos de

esgotamento sanitário, considerando a situação atual e as metas propostas para os

próximos 20 anos. Neste momento, foram observadas demandas para os sistemas de

esgotamento sanitário existentes e propostas soluções para as áreas ainda não

atendidas por solução adequada.

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Em seguida, os objetivos, diretrizes e metas foram desdobrados em Programas,

Projetos e Ações, tanto estruturais quanto estruturantes. Os programas, que

abrangem os projetos propostos, articulam ações que convergem para uma pauta

prioritária à sociedade, com vistas a solucionar problemas e atender necessidades da

população.

Com isso, por meio da implementação dos projetos e gestão adequada dos programas

propostos, pode-se viabilizar os objetivos e metas delineados, alcançando melhorias

no esgotamento sanitário do município.

O Tomo III finaliza com a estimativa dos recursos necessários para a implantação dos

programas em Camaçari. Nesse caso, as ações previstas para cada projeto foram

orçadas, de modo que somadas chegariam ao valor propriamente do projeto em

questão. Para se chegar a um valor global, somou-se os orçamentos dos projetos

referentes a cada programa proposto para o município

Destaca-se, ainda, nesse Tomo a identificação de áreas de interesse para o

esgotamento sanitário e a previsão de ações de emergência e contingência.

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2. OBJETIVOS

Estabelecer metas e demandas futuras, de maneira a orientar a tomada de decisão

rumo ao futuro desejado. Além de possíveis soluções técnicas a serem assumidas

pela PMC que viabilizem a melhoria da gestão dos serviços públicos de esgotamento

sanitário, a qualidade de vida, o bem-estar da população e a proteção dos recursos

naturais.

2.1 Objetivos Específicos

Dos objetivos específicos, elencam-se:

i. explicitar os estudos de cenários dos Serviços de Esgotamento Sanitário na zona

urbana e na zona rural, abrigando diferentes contingentes;

ii. subsidiar a definição do cenário de referência, mediante o confronto das

prospecções traçadas para ambas as zonas;

iii. selecionar o cenário de referência a ser adotado;

iv. propor objetivos e metas alinhados com a projeção delimitada no cenário de

referência;

v. estabelecer alternativas técnicas de compatibilização entre a demanda

camaçariense e a oferta dos Serviços de Esgotamento Sanitário local;

vi. apresentar as alternativas tecnológicas adequadas para o Esgotamento

Sanitário para as diversas realidades inseridas no território do município;

vii. identificar as áreas de interesse para o Esgotamento Sanitário;

viii. prever as ações de emergência e contingência;

ix. desenvolver os Programas, Projetos e Ações de Esgotamento Sanitário do

Município de Camaçari – BA para atendimento do cenário de referência;

x. realizar a estimativa de recursos necessários para a implementação dos

programas, projetos e ações.

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3. METODOLOGIA

Para a elaboração dos cenários de gerenciamento e demanda foi percorrido um

caminho metodológico similar para todos as componentes do saneamento. Porém,

apesar de o percurso metodológico ser similar para as quatro, os dados e indicadores

utilizados são específicos para cada uma e tem relação com os estudos realizados na

fase do diagnóstico e questões operacionais dos serviços.

Assim, a elaboração dos cenários para o gerenciamento e demandas seguiu os

passos apresentados a seguir:

i. Análise SWOT das componentes do saneamento;

ii. Definição das variáveis (dados e indicadores) a serem utilizados para o estudo;

iii. Validação da análise SWOT e das variáveis junto ao comitê de coordenação;

iv. Proposição e combinação de hipóteses dos cenários alternativos;

v. Análise dos cenários alternativos mais prováveis;

vi. Definição do cenário de referência para o gerenciamento e demandas.

vii. Levantamento das alternativas técnicas para compatibilização entre demandas

e disponibilidades dos Serviços de Esgotamento Sanitário

viii. Proposição de ações de emergência e contingência

ix. Proposição de áreas de interesse para o Esgotamento Sanitário

x. Elaboração de Programas, Projetos e Ações – PPA para atendimento das

demandas elencadas

xi. Estimativas de investimentos necessários para a componente de Esgotamento

Sanitário

i. Análise SWOT das componentes de saneamento:

A matriz SWOT consiste em um método de análise utilizado para elencar as forças,

as fraquezas, as oportunidades e ameaças de um dado objeto de análise, o que

permite analisar o cenário atual e as condições do ambiente à sua volta.

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Forças e fraquezas são elementos do sistema interno, que estão dentro do controle

do objeto de análise. No caso do PMSB, seriam fatores dentro do Município de

Camaçari relacionados aos serviços.

Oportunidades e ameaças são elementos externos, que influenciam no planejamento,

porém não podem ser controlados pelo objeto. Como exemplo, poderíamos citar

políticas públicas dos Governos Estadual e Federal.

O intuito da análise SWOT é valorizar os pontos fortes, saber reconhecer os pontos

fracos para aperfeiçoá-los, visualizar as oportunidades para saber aproveitá-las e

identificar as ameaças, de tal forma que o sistema de objeto crie estratégias para

enfrentá-las.

A efeito de organização e para melhor visualização, forças e fraquezas estarão

correlacionadas, assim como oportunidades e ameaças. Dessa forma, sempre que

uma força ou oportunidade for identificada, analisaremos quais são as fraquezas e

ameaças que se contrapõem a elas. Um exemplo de organização segue nos quadros

abaixo.

Quadro 1 - Exemplo de Matriz SWOT (forças e fraquezas).

Forças Fraquezas

Adoção de soluções individualizadas de Esgotamento Sanitário.

Apenas 31,8% da zona rural adota como soluções individualizadas adequadas (fossas sépticas).

Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.

Caso não se consiga encontrar um contraponto a algum elemento (como no caso dos

resíduos orgânicos no exemplo acima), a célula ficará vazia. Isso contribui para

enxergar quais são as fraquezas prioritárias.

Quadro 2 - Exemplo de Matriz SWOT (oportunidades e ameaças).

Oportunidades Ameaças

Aumento de verbas para o setor de Esgotamento Sanitário, com base no prognóstico do Plano Nacional de Saneamento

Básico Crise econômica no país.

Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.

A análise SWOT servirá de subsídio para a definição das variáveis e caracterização

dos cenários futuros.

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ii. Definição das variáveis (dados e indicadores) a serem utilizados para o

estudo:

A partir da análise SWOT serão escolhidos os indicadores que deverão auxiliar na

visão de futuro das demandas dos serviços. Assim, as variáveis de estudo adotadas

têm origem na fase de diagnóstico e estarão relacionadas essencialmente a questões

gerenciais e operacionais. A Figura 1 apresenta algumas das variáveis que poderão

ser adotadas para cada serviço do saneamento básico.

Figura 1 - Exemplos de variáveis de estudo para os serviços de saneamento, destacando Esgotamento Sanitário.

Fonte: adaptado de PMSB Juiz de Fora - MG, 2013.

Definidas as variáveis (dados e indicadores) para os serviços de saneamento, serão

propostas hipóteses de comportamento com o objetivo de criar os cenários

alternativos das demandas dos serviços.

iii. Validação da análise SWOT e das variáveis junto ao comitê de

coordenação

Foi realizada uma reunião de grupo focal onde a análise da matriz SWOT e as

variáveis de análise foram avaliadas pelos atores chaves de maneira a validar a

análise.

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iv. Proposição e combinação de hipóteses dos cenários alternativos

Definidas as variáveis para os serviços de saneamento, são propostas hipóteses de

comportamento que combinadas entre si simulam uma situação futura relacionada

aos objetivos a serem alcançados. Visto que as possibilidades de combinações entre

as hipóteses e as variáveis dão como resultado diversos cenários possíveis, foi

realizada uma análise minuciosa dos cenários factíveis à realidade do município,

empregando como balizadores os princípios preconizados na Lei Nacional do

Saneamento Básico.

A partir da associação das hipóteses estabelecidas com as variáveis pertinentes a

cada item do serviço de saneamento, define-se os diversos cenários passíveis de

ocorrência para cada item em estudo.

Figura 2 - Formulação das hipóteses e construção dos cenários.

Fonte: PMSB Juiz de Fora - MG, 2013.

As combinações das demandas oriundas do diagnóstico, dos anseios relatados pela

população durante as oficinas setoriais e das projeções populacionais, permitem que

os cenários alternativos de atendimento da demanda determinem medidas que visem

a universalização dos serviços de saneamento, bem como a garantia de sua

funcionalidade dentro dos padrões adequados de qualidade e segurança à

população.

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v. Análise dos cenários alternativos mais prováveis

Foi realizada uma reunião de grupo focal onde os cenários alternativos serão

avaliados pelos atores chaves de maneira a validar a consistência dos cenários mais

prováveis. Em seguida foram escolhidas as hipóteses mais plausíveis para a realidade

apresentada no município.

vi. Definição do cenário de referência para o gerenciamento e demandas

A partir da análise realizada será definido o cenário a ser adotado no município, que

será o cenário de referência para o gerenciamento e demandas dos serviços.

Após a definição do cenário de referência foram propostas as alternativas técnicas

para compatibilização das demandas, levando em consideração os estudos já

existentes elaborados pela prestadora de serviço de Esgotamento Sanitário e nos

casos que não existem foram feitas as proposições consideradas necessárias.

vii. Levantamento das alternativas técnicas para compatibilização entre

demandas e disponibilidades dos Serviços de Esgotamento Sanitário

Nesse item são elencadas as tecnologias disponíveis para prestação dos Serviços de

Esgotamento Sanitário para que possam ser avaliadas as vantagens e limitações

inerentes a cada tecnologia de forma a orientar a tomada de decisão.

viii. Proposição de ações de emergência e contingência

Segundo a Lei 11.445/2007 devem ser formuladas estratégias para contenção de

casos de emergências e contingência nos sistemas de Esgotamento Sanitário no

âmbito do Plano Municipal de Saneamento Básico. Sendo assim, procurou-se elencar

as principais causas e ocorrências de emergências e contingências relacionadas à

prestação dos serviços, assim como, as ações preventivas e corretivas que devem

ser tomadas para sua solução.

ix. Proposição de áreas de interesse para o Esgotamento Sanitário

Inicialmente foram reunidas as informações espaciais referentes a diferentes

elementos do território camaçariense aos quais são de interesse ao planejamento

sistemático do saneamento básico em Camaçari-BA, dados primários obtidos em

visita técnica ao município foram sobrepostos a dados secundários advindos de fontes

oficiais, as quais permitiram uma análise de múltiplos critérios de acordo com o

objetivo de melhoria dos serviços de saneamento básico.

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Para a análise espacial e geoprocessamento dos dados foi utilizado o software ArcGIS

V. 10.3 e as ferramentas de análise da extensão ArcGIS para Saneamento, sendo

gerado os mapeamentos aos quais a seguir serão feitas as análises, leitura e

interpretação.

x. Elaboração de Programas, Projetos e Ações – PPA para atendimento das

demandas elencadas

Neste item serão apresentadas as estratégias de ação para a componente

“Esgotamento Sanitário” visando sanar as deficiências identificadas no diagnóstico e

alcançar os objetivos e metas propostos no cenário de referência. Isso posto, serão

propostos Programas, Projetos e Ações - PPA através de soluções apropriadas social,

ambiental e economicamente, considerando os princípios de equidade,

universalidade, integralidade, intersetorialidade, sustentabilidade, participação e

controle social, preconizados na Lei n° 11.445/2007 – Lei Federal de Saneamento

Básico. Utilizou-se, como referências, outros PMSB, legislações vigentes, consultas

em livros e experiências que foram implementadas em outros municípios.

xi. Estimativas de investimentos necessários para a componente de

Esgotamento Sanitário

A estimativa de investimentos deve fazer uso de referências confiáveis e adequadas

à realidade local, como fontes oficiais, artigos científicos e experiências de outros

municípios. Por este motivo, a definição dos recursos previstos para execução das

ações propostas no Capítulo 10 PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES deste Tomo

III foi realizada por meio de consultas junto a fornecedores, indicadores de custos do

Ministério das Cidades (Plansab), publicações especializadas, tabelas de serviços e

insumos (como o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção

Civil - SINAPI), além de orçamentos de projetos semelhantes divulgados por

prefeituras, prestadoras e empresas da área. Ressalta-se ainda que tais valores são

estimativas, ainda que se considere a realidade econômica do mercado atual, o

horizonte de projeto, bem como os reajustes do Índice de Preço do Consumidor Amplo

(IPC-A), com vistas a proporcionar melhor representatividade dos custos de cada

programa elaborado. A este último, salienta-se ter sido aplicada a média da variação

acumulada dos últimos vinte anos (6,4%), fornecida pelo IBGE (2016).

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4. CENÁRIOS ALTERNATIVOS PARA O GERENCIAMENTO E DEMANDAS

PARA OS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Para avaliação dos cenários de gerenciamento e demanda, foram utilizados os

estudos técnicos realizados na fase do diagnóstico, questões operacionais do serviço

de esgotamento sanitário e as informações apresentadas no Tomo I deste Produto

08.

Foram analisadas as forças e fraquezas para o ambiente interno e as oportunidades

e ameaças para o ambiente externo através da análise SWOT do componente de

Esgotamento Sanitário que consta no APÊNDICE A.

Para a definição dos cenários alternativos de demandas para os Serviços de

Esgotamento Sanitário, devido às características de distribuição dos domicílios no

espaço, optou-se por analisar separadamente as áreas urbanas e rurais. Na zona

urbana os domicílios possuem grau de adensamento significativo, enquanto que na

zona rural os domicílios possuem distribuição rarefeita o que implica decisivamente

no tipo de tecnologia de Esgotamento Sanitário a ser adotada.

Dados coletados no censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) disponíveis no Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA)

apresentam o percentual do tipo de solução de Esgotamento Sanitário adotado em

Camaçari por Distrito (Tabela 1).

Os tipos de solução são categorizados em: Lançamento em rede geral de esgoto ou

lançamento em rede pluvial; Fossa séptica; Fossa rudimentar; Lançamento em valas;

Lançamentos em rios, lagos ou mar. Há também a categoria outro tipo (que não foi

especificada pelo IBGE) e a categoria não tinham.

Tabela 1 - Tipo de Esgotamento Sanitário no Município de Camaçari-BA.

Tipo de Esgotamento Sanitário Total Urbano Rural

Domicílios % Domicílios % Domicílios %

Total 73.991 100,00% 70.804 100,00% 3.187 100,00%

Rede geral de esgoto ou pluvial 38.416 51,90% 38.387 54,20% 29 0,90%

Fossa séptica 9.921 13,40% 8.907 12,50% 1.014 31,80%

Fossa rudimentar 20.165 27,30% 18.680 26,40% 1.485 46,60%

Vala 1.473 2,00% 1.367 1,90% 106 3,30%

Rio, lago ou mar 2.084 2,80% 2.075 2,90% 9 0,30%

Outro tipo 747 1,00% 545 0,80% 202 6,30%

Não tinham 1.185 1,60% 843 1,20% 342 10,70%

Fonte: IBGE, 2010.

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Embora as informações geradas pelo IBGE sejam do ano de 2010, ainda assim podem

servir de base para o planejamento, quando a partir deles é possível fazer

ponderações com informações do ano 2015 fornecidas pela prestadora dos serviços

de esgotamento sanitário a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA),

visitas à campo e relatos dos moradores.

Cabe salientar, que o IBGE agrupou o lançamento em rede geral de esgoto e rede de

drenagem1. Assim, os dados de cobertura por rede coletora de esgoto serão

analisados de acordo com informações do ano de 20142 disponibilizadas pela

Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA) e com a projeção populacional

do ano de 2015 presente no Produto 08 - Estudo de Cenários (TOMO I).

De acordo com a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA), e com a

projeção populacional do ano de 2015, foi estimado que apenas 20,2% da população

(74.342 habitantes) do munícipio é contemplada com rede coletora de esgoto, 13,1%

(48.158 habitantes) é contemplada com rede coletora com tratamento e 7,1% (26.184

habitantes) com rede coletora sem tratamento (Tabela 2).

O índice de tratamento do esgoto coletado que é a relação da população atendida

com rede coletora e tratamento (48.158 habitantes) com a população atendida apenas

com rede coletora (26.184 habitantes), foi de 64,8% conforme (Tabela 2).

Tabela 2 - População atendida por rede coletora (com ou sem tratamento).

População em 2015 (hab.) Rede Coletora

Rede Coletora S/ Tratamento

Rede Coletora C/Tratamento Índice de tratamento do

esgoto coletado (%) (hab.) (%) (hab.) (%) (hab.) (%)

Sede 191.510 53.574 28,0% 26.184 13,7% 27.390 14,3% 51,1%

Abrantes 106.833 11.709 11,0% 0 0,0% 11.709 11,0% 100,0%

Monte Gordo 69.313 9.059 13,1% 0 0,0% 9.059 13,1% 100,0%

Camaçari 367.656 74.342 20,2% 26.184 7,1% 48.158 13,1% 64,8%

Fonte: Elaborado com base em dados fornecidos pela Embasa (2014).

Com os percentuais de atendimento da população urbana por rede coletora de esgoto

com e sem tratamento, disponibilizados pela Embasa, e os índices de atendimento

1 A utilização do sistema de drenagem para o lançamento de esgoto causa a contaminação dos rios, lagos e praias, o inverso, a utilização do sistema de esgotamento para drenagem ocasiona o retorno de efluentes para casas, extravasamento de elevatórias, dentre outros. 2 Os dados quantitativos fornecidos pela Embasa relativos ao ano de 2014 foi replicado para o ano de 2015, haja vista que no ano de 2015 não houve nenhum acréscimo significativo do sistema de esgotamento sanitário.

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disponibilizados pelo IBGE em 2010, pode-se inferir que apenas 25,6% da população

urbana possui esgotamento sanitário adequado como rede coletora seguida de

tratamento ou fossa séptica, e a maioria dos munícipes 74,5% da população urbana

é atendida com soluções de esgotamento sanitário inadequadas como: rede geral de

esgoto sem tratamento, lançamento na rede geral pluvial, fossa rudimentar,

lançamento em vala, rio, lago, mar ou não tinham, conforme Tabela 3.

Tabela 3 - Tipo de Esgotamento Sanitário no Município de Camaçari-BA.

Tipo de Esgotamento Sanitário em 2015

População Zona urbana (%)

Rede geral de esgoto 20,20%

Rede geral de esgoto c/tratamento 13,10%

Rede geral de esgoto s/tratamento 7,10%

Fossa séptica 12,50%

Rede geral pluvial 34,00%

Fossa rudimentar 26,40%

Vala, rio, lago, mar ou não tinham 6,00%

Outro tipo 0,80%

Fonte: Elaborado com base em dados fornecidos pelo IBGE (2010) e Embasa (2014).

No Município de Camaçari-BA a extensão da rede coletora de esgoto tem um

comprimento total de 124,9 quilômetros para atender um total de 74.432 habitantes, o

que equivale a aproximadamente 1,7 metros de rede coletora para cada habitante

atendido.

Tabela 4 - Relação da extensão das redes coletoras e população atendida.

Fonte: Elaborado com base em dados fornecidos pela Embasa, 2014.

Porém, de acordo com Von Sperling (2010) para uma cidade de médio porte como

Camaçari a quantidade de rede coletora por população atendida está entre 2 e 3

metros de rede por habitante, assim o valor de 1,7 metros de rede coletora por

Distrito Rede Coletora Extensão da rede

coletora (m)

População Atendida

(hab.)

Rede coletora População

(m/hab.)

Sede

ETE compactas 6.305 8.105 0,8

C. residenciais que lançam para a Cetrel 24.330 19.285 1,3

Rede Coletora construída pele Prefeitura* 60.000 26.184 2,3

Abrantes ETE compactas 8.287 10.945 0,8

ETE compactas (Alpha I e II) 10.336 764 13,5

Monte Gordo

ETE Barra do Pojuca 15.621 9.059 1,7

Total 124.879 74.342 1,7

*Rede coletora em péssimo estado de conservação, boa parte será incorporada na rede implantada do PAC.

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habitante está abaixo da média praticada no Brasil, o que leva a busca de outro índice

para ser aplicado no presente estudo de cenários.

Os estudos de alternativas para esgotamento sanitário do Litoral Norte da Bahia,

desenvolvido em 2009 pela UFC Engenharia, apresentou um valor de 2,4 metros de

rede coletora de esgoto por habitante (1.033 quilômetros de rede para atender 424 mil

habitantes), enquanto que o projeto referente a obra de esgotamento sanitário na sede

do município (PAC I e II), adotou o valor de 3,0 metros de rede coletora de esgoto por

habitante (265 quilômetros de rede para atender 89 mil habitantes). Fazendo-se uma

média ponderada dos índices com a população atendida em cada projeto (UFC

Engenharia e PAC, temos um valor aproximado de 2,5 metros de rede coletora por

habitante, esse valor será considerado em todos os cenários de planejamento.

Para estimar a demanda por tratamento de esgoto será adotada a geração de 108

litros habitante por dia (Informado pela Embasa) com a variação de 20% para mais e

para menos, a depender do cenário, e a infiltração por quilometro de rede3 (não

contabilizada pela Embasa), a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em

sua Norma Brasileira (NBR) 9649, cita a faixa de 0,05 a 1,0 L/s.km. Para o presente

estudo de cenários será adotada a vazão de infiltração 1,0 L/s.km para todos os

cenários de planejamento.

Com essas informações foi possível realizar as definições das variáveis (dados e

indicadores) e formular as proposições e combinações de hipóteses para definição

dos cenários alternativos para o estudo

4.1 Cenários Alternativos dos Serviços de Esgotamento Sanitário da Zona

Urbana

Para compor o estudo dos cenários alternativos dos Serviços Esgotamento Sanitário

foram selecionadas 04 (quatro) variáveis: índice de atendimento por rede coletora de

esgoto e fossas sépticas, Índice de tratamento do esgoto coletado, geração per capita

de esgoto e extravasamento de esgoto por quilometro de rede coletora.

3 Infiltração de águas pluviais na rede coletora de esgoto, contribuindo para o aumento do volume de esgoto que aflui à estação de tratamento.

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Outra variável importante para os Serviços Esgotamento Sanitário é o índice de

qualidade da água dos córregos, riachos e rios, que está presente no Produto 8 -

Tomo IV - Estudos de Cenários dos Serviços de Drenagem Urbana e Manejo de Águas

Pluviais.

Os dados utilizados para compor os cenários foram extraídos do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), informações fornecidas pela Embasa e pela Cetrel,

além de dados coletados em campo.

a) Índice de atendimento por rede coletora de esgoto ou fossas sépticas

Esse índice representa a população urbana atendida por rede coletora ou fossa

séptica em relação à população urbana total, o que possibilita avaliar qual o desafio

associado à universalização do acesso a serviços e/ou soluções adequadas. Outro

aspecto relevante passa por entender a vulnerabilidade da população, já que evitar o

contato da população com patógenos presentes no esgoto doméstico é fundamental

para a melhoria da saúde pública. Essa variável é calculada pela seguinte relação:

Onde:

ISES = Índice de atendimento por rede coletora de esgoto ou fossas sépticas (%);

PRC = População urbana atendida por rede coletora de esgoto (habitantes);

PFS = População urbana atendida por fossa séptica (habitantes);

PT = População urbana total do município (habitantes);

A fossa séptica na zona urbana é indicada em locais mais afastadas do centro urbano

onde a distribuição rarefeita de domicílios inviabiliza a implantação da rede, desde que

as condições técnicas construtivas sejam consideradas, como o respeito quanto ao

nível do lençol freático e a distância mínima dos poços de abastecimento de água.

Todavia a fiscalização e o apoio técnico da prefeitura estabelecem condições

fundamentais para um funcionamento adequado destas soluções.

Além disso, o índice de atendimento por rede coletora de esgoto e fossas sépticas é

uma variável que apresenta metas estabelecidas no Plano Nacional de Saneamento

Básico, fazendo com que este índice tenha uma referência nacional para o

estabelecimento das metas do presente estudo de cenários.

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b) Índice de tratamento do esgoto coletado

Essa variável representa o percentual do esgoto doméstico coletado na zona urbana

do município que passa por etapa de tratamento. De acordo com dados da Embasa

referentes a 2015, apenas 20,2% da população urbana é contemplada com rede geral

de coleta de esgoto e, destes, apenas 13,1% passa por tratamento. Sendo assim,

64,8% da população atendida por rede coletora têm seus esgotos tratados. Essa

variável é calculada pela seguinte relação:

Onde:

ITEC = Índice de tratamento do esgoto coletado (%);

PRC = População urbana atendida por rede coletora de esgoto (habitantes);

PRCT = População urbana atendida por rede coletora de esgoto e tratamento (habitantes);

A coleta do esgoto sem que haja nenhum tratamento, contribui para a contaminação

das águas superficiais e subterrânea, recursos estes que são utilizados para o

abastecimento de água da população e, em caso de deterioração, podem contribuir

para a ocorrência de doenças e degradação ambiental. Posto isto, as unidades de

tratamento de esgotos sanitários devem atender aos padrões de lançamento referente

às classes dos corpos hídricos receptores, conforme Resolução Conama Nº

430/2011. O enquadramento e atendimento a esses padrões estão previstos no item

10.2 “Programas: recuperação, Preservação e Proteção dos Mananciais” do Produto

8 - Tomo II - Abastecimento de Água e no item 10.2 “Programas: Manejo Adequado

de Águas Pluviais” do Produto 8 - Tomo IV- Drenagem Urbana e Manejo de Águas

Pluviais

c) Geração per capita de esgoto

A geração per capita de esgoto representa a quantidade de esgoto gerado por

habitante em determinado espaço de tempo. Em Camaçari, conforme apresentado no

Produto 5 - Diagnóstico do Serviço de Esgotamento Sanitário, a geração de esgoto

per capita, segundo dados da Embasa referentes a 2015, é de 108 litros por

habitante/dia. Essa variável é calculada pela seguinte relação:

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Onde:

GPE = Geração per capita de esgoto (l/habitante.dia);

PRC = População urbana atendida por rede coletora de esgoto (habitantes);

VEC = Vazão de esgoto coletada (litros/dia);

A geração per capita de esgoto influencia diretamente no volume de esgoto coletado

e o volume de esgoto tratado, o que o torna decisivo para o dimensionamento da

infraestrutura de Esgotamento Sanitário para atender a população.

d) Extravasamentos de esgotos por extensão de rede

Essa variável representa a quantidade de extravasamento de esgoto que ocorre por

extensão de rede no período de 01 (um) ano. Os extravasamentos são causados

geralmente por obstrução ou rompimento das redes coletoras indicando o estado de

conservação, manutenção e da operação destas. Essa variável é calculada pela

seguinte relação:

Onde:

EER = Extravasamentos de esgotos por extensão de rede (Extravasamento/quilômetro);

QEA = Quantidade de extravasamento de esgoto por ano (Extravasamento);

ERC = Extensão de rede coletora (quilômetro);

Quanto mais extravasamentos de esgoto houver, maior será a probabilidade de

contato do esgoto pela população e maior as chances de contaminação, assim, a

quantidade de extravasamentos de esgoto tem uma relação direta com a saúde

pública e a degradação do ambiente. Segundo dados do Sistema Nacional de

Informações Sobre Saneamento (SNIS) o Município de Camaçari apresentou 11,5

extravasamentos por quilômetros de rede em 2014.

A Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia (AGERSA) ainda

não regulamentou a quantidade de máxima aceitável de extravasamento por

quilometro de rede, dessa forma utilizou-se intervalos de referência da Agência

Reguladora Intermunicipal de Saneamento (ARIS) do Município de Santa Catarina.

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Figura 3 - Intervalos de referência para o extravasamento de esgoto por ano.

Fonte: ARIS, 2015.

Dessa maneira, com base na realidade do município representada nos indicadores

apresentados, foram propostos diferentes cenários em que esses indicadores variam

ao longo do horizonte de planejamento. O Quadro 3, apresenta as 04 (quatro)

variáveis definidas com o objetivo, equação, valor atual e unidade de medida.

Quadro 3 - Variáveis definidas. Indicador Objetivo Equação Valor atual Unidade

Índice de atendimento por

rede geral de coleta e fossas

sépticas

Estimar a porcentagem da

população urbana atendida por rede coletora ou fossas

sépticas

População urbana atendida População urbana total

32,7

Percentual (%)

Índice de tratamento do

esgoto coletado

Estimar a porcentagem da

população urbana com rede coletora

que recebe tratamento

População com rede coletora e tratamento População com rede coletora

64,8

Percentual (%)

Geração do per capita de esgoto

Estimar a geração de esgoto

Vazão de esgoto coletada População atendida por rede coletora

108 L./hab.dia

Extravasamentos de esgotos por

extensão de rede

Avaliar a manutenção e uso da rede coletora de

esgoto

Quant. de extravasamentos anuais Extensão da rede de esgoto

11,5 Extrav. /

Km

Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.

Após a definição das variáveis formulou-se 03 (três) variações de hipóteses,

baseando-se nos dados e estudos realizados para o diagnóstico e no Plano Nacional

de Saneamento Básico. Dessa forma, por meio da combinação das hipóteses, foram

propostos três cenários alternativos, o Quadro 4 apresenta as hipóteses das variáveis

estudadas.

Quadro 4 - Hipóteses das variáveis definidas (Zona Urbana). Variável Hipótese 2 Hipótese 2 Hipótese 3

Índice de atendimento por rede geral de coleta e fossas sépticas (%)

Elevação do índice de atendimento até a

universalização

Elevação do índice de atendimento

Manutenção do índice de

atendimento

Índice de tratamento do esgoto coletado (%)

Elevação do índice de tratamento até a

universalização

Elevação do índice de tratamento

Manutenção do índice de tratamento

Geração per capita de esgoto (litros/hab.dia)

Redução da geração per capita

Manutenção da geração per capita

Aumento da geração per capita

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Variável Hipótese 2 Hipótese 2 Hipótese 3

Extravasamento de Esgoto por extensão de rede (extrav. / Km)

Redução do extravasamento/km

Manutenção do extravasamento/km

Aumento do extravasamento/km

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

Foram definidos 03 (três) cenários alternativos a partir das hipóteses elaboradas, no

qual o cenário 01 consiste no ideal, que depende de condições muito favoráveis, o

que se mostra pouco provável na atual conjuntura, o cenário 02 contempla os anseios

da população buscando atender aos princípios da PNSB e tendo como plano de fundo

o PLANSAB e o cenário 03 consiste naquele que não queremos para o futuro do

município.

4.1.1 Cenário 01 - Esgotamento Sanitário na Zona Urbana

Para o desenvolvimento deste cenário foi considerada a elevação do índice de

atendimento por rede coletora ou fossa séptica até a universalização em 2022 (médio

prazo), o índice de tratamento do esgoto coletado atingirá a universalização até final

de 2016, a geração per capita de esgoto foi reduzida em 20% até final de plano em

2036 e os extravasamentos por quilômetro de rede foram reduzidos até valores

satisfatórios em 2024 (longo prazo), conforme Quadro 5.

Quadro 5 - Cenário 01 do Esgotamento Sanitário - Zona urbana.

Variável Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3

Índice de atendimento por rede geral

de coleta e fossas sépticas (%)

Elevação do índice

de atendimento até a

universalização

Elevação do índice

de atendimento

Manutenção do

índice de

atendimento

Índice de tratamento do esgoto

coletado (%)

Elevação do índice

de tratamento até a

universalização

Elevação do índice

de tratamento

Manutenção do

índice de tratamento

Geração per capita de esgoto

(litros/hab.dia)

Redução da geração

per capita

Manutenção da

geração per capita

Aumento da geração

per capita

Extravasamento de Esgoto por

extensão de rede (extrav. / Km)

Redução do

extravasamento/km

Manutenção do

extravasamento/km

Aumento do

extravasamento/km

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016

Plano Municipal de Saneamento Básico

37

ESTADO DA BAHIA

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SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR

Para esse cenário o atendimento por rede coletora foi considerado a conclusão das

obras de saneamento referentes ao PAC I e II em 20164, com um aumento de 265

quilômetros de rede e 89.000 habitantes atendidos com rede coletora com tratamento

de esgoto.

Para atingir a universalização do atendimento por rede coletora ou fossa séptica na

zona urbana em 2022 (médio prazo) será necessário um crescimento de 8,5% ao ano.

Para o atendimento por fossa séptica foi adotada uma redução gradativa de 0,1% ao

ano ao longo do horizonte de planejamento, de acordo com o Plansab (2013),

conforme Tabela 5.

O índice de tratamento de esgoto coletado atingirá a universalização em 2016 ao

considerar a conclusão das obras de esgotamento sanitário do PAC I e II, onde a

população da sede que era contemplada apenas com rede coletora passará a ter

tratamento.

No cenário 01 foi considerada a redução da geração per capita de esgoto em 20%,

passando de 108 para 86 litros por habitante dia, de acordo com a redução do

percentual de consumo per capita de água no estudo de cenário de abastecimento,

que prevê ações de educação ambiental, conscientizando a população no tocante ao

uso racional dos recursos hídricos, conforme Tabela 5.

O extravasamento de esgoto por extensão de rede será reduzido gradativamente a

uma taxa anual de 1,4 extravasamentos por quilômetro de rede até atingir, a médio

prazo (2024), um valor menor do que 0,5 extravasamento por quilômetro de rede,

considerado como ideal de acordo com a Agência Reguladora Intermunicipal de

Saneamento (ARIS) do Município de Santa Catarina, conforme Tabela 5.

4 Embora o ano de 2016 seja a previsão de término dessas obras de acordo com dados fornecidos pela

Embasa, na prática é muito pouco provável atender esse prazo.

Plano Municipal de Saneamento Básico

38

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SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR

Tabela 5 - Projeção das variáveis dos Serviços de Esgotamento Sanitário de acordo com o cenário 01.

Ho

rizo

nte

s d

e

pla

ne

jam

en

to

Ano População

urbana total (hab.)

População urbana atendida Índice de atendimento

por rede coletora de esgoto ou

fossas sépticas (%)

Geração Per Capta de esgoto (l/hab.dia)

Infiltração na rede coletora

(l/s)*

Esgoto Coletado

(l/s)

Demanda de tratamento

(l/s)

População Urbana

atendida com rede coletora e

tratamento

Índice de tratamento do esgoto coletado

(%)

Extensão da rede coletora (km)**

Extravasamento de esgoto

Rede coletora de esgoto

Fossa séptica Total (hab.)

Por extensão de

rede (extrav. /km)

Total anual (extrav./ano)

Hab. % Hab. % Hab. %

ATUAL 2015 367.656 74.342 20,2% 45.957 12,5% 120.299 32,7% 108,0 12,5 92,9 105,4 48.158 13,1% 64,8% 124,9 11,5 1.436

2016 375.452 137.158 36,5% 46.556 12,4% 183.714 48,9% 107,0 35,0 169,8 204,8 137.158 36,5% 100,0% 349,9 10,1 3.543

CURTO PRAZO

2017 383.411 173.083 45,1% 47.160 12,3% 220.242 57,4% 105,9 44,0 212,2 256,2 173.083 45,1% 100,0% 439,7 8,8 3.847

2018 391.539 210.469 53,8% 47.768 12,2% 258.237 66,0% 104,9 53,3 255,6 308,9 210.469 53,8% 100,0% 533,2 7,4 3.932

2019 399.839 249.362 62,4% 48.381 12,1% 297.743 74,5% 103,9 63,0 299,8 362,9 249.362 62,4% 100,0% 630,4 6,0 3.782

2020 408.316 289.811 71,0% 48.998 12,0% 338.809 83,0% 102,9 73,2 345,0 418,2 289.811 71,0% 100,0% 731,5 4,6 3.383

MÉDIO PRAZO

2021 416.972 331.862 79,6% 49.620 11,9% 381.482 91,5% 101,8 83,7 391,1 474,8 331.862 79,6% 100,0% 836,7 3,3 2.719

2022 425.812 375.566 88,2% 50.246 11,8% 425.812 100,0% 100,8 94,6 438,2 532,8 375.566 88,2% 100,0% 945,9 1,9 1.774

2023 434.840 383.964 88,3% 50.876 11,7% 434.840 100,0% 99,8 96,7 443,4 540,1 383.964 88,3% 100,0% 966,9 0,5 483

2024 444.058 392.547 88,4% 51.511 11,6% 444.058 100,0% 98,7 98,8 448,6 547,5 392.547 88,4% 100,0% 988,4 <0,5 484,3

LONGO PRAZO

2025 453.472 401.323 88,5% 52.149 11,5% 453.472 100,0% 97,7 101,0 453,9 554,9 401.323 88,5% 100,0% 1.010,3 <0,5 495,1

2026 463.085 410.293 88,6% 52.792 11,4% 463.085 100,0% 96,7 103,3 459,1 562,4 410.293 88,6% 100,0% 1.032,7 <0,5 506,0

2027 472.902 419.464 88,7% 53.438 11,3% 472.902 100,0% 95,7 105,6 464,4 570,0 419.464 88,7% 100,0% 1.055,7 <0,5 517,3

2028 482.928 428.840 88,8% 54.088 11,2% 482.928 100,0% 94,6 107,9 469,7 577,6 428.840 88,8% 100,0% 1.079,1 <0,5 528,8

2029 493.168 438.426 88,9% 54.742 11,1% 493.168 100,0% 93,6 110,3 475,0 585,3 438.426 88,9% 100,0% 1.103,1 <0,5 540,5

2030 503.623 448.224 89,0% 55.399 11,0% 503.623 100,0% 92,6 112,8 480,2 593,0 448.224 89,0% 100,0% 1.127,6 <0,5 552,5

2031 514.298 458.240 89,1% 56.058 10,9% 514.298 100,0% 91,5 115,3 485,5 600,8 458.240 89,1% 100,0% 1.152,6 <0,5 564,8

2032 525.202 468.480 89,2% 56.722 10,8% 525.202 100,0% 90,5 117,8 490,8 608,6 468.480 89,2% 100,0% 1.178,2 <0,5 577,3

2033 536.336 478.948 89,3% 57.388 10,7% 536.336 100,0% 89,5 120,4 496,1 616,5 478.948 89,3% 100,0% 1.204,4 <0,5 590,1

2034 547.706 489.649 89,4% 58.057 10,6% 547.706 100,0% 88,5 123,1 501,3 624,4 489.649 89,4% 100,0% 1.231,1 <0,5 603,3

2035 559.318 500.590 89,5% 58.728 10,5% 559.318 100,0% 87,4 125,8 506,5 632,4 500.590 89,5% 100,0% 1.258,5 <0,5 616,7

2036 571.175 511.773 89,6% 59.402 10,4% 571.175 100,0% 86,6 128,6 513,0 641,6 511.773 89,6% 100,0% 1.286,4 <0,5 630,4

*Considerando a infiltração de 1 l/s.km **Considerando 2,5 metros de rede coletora por habitante

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

Plano Municipal de Saneamento Básico

39

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4.1.2 Cenário 02 - Esgotamento Sanitário na Zona Urbana

Para o desenvolvimento deste cenário foi considerada a elevação do índice de

atendimento por rede coletora ou fossa séptica até a meta de 86% estabelecida pelo

PLANSAB em 2033, o índice de tratamento de esgoto coletado atingirá a

universalização em 2017, a quantidade de extravasamento foi reduzida até níveis

aceitáveis em 2036 (fim de plano) e a geração de esgoto per capita foi mantida

constante, conforme Quadro 6.

Quadro 6 - Cenário 02 do Esgotamento Sanitário para zona urbana.

Variável Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3

Índice de atendimento por rede geral de coleta e fossas sépticas (%)

Elevação do índice de atendimento até a

universalização

Elevação do índice de atendimento

Manutenção do índice de

atendimento

Índice de tratamento do esgoto coletado (%)

Elevação do índice de tratamento até a

universalização

Elevação do índice de tratamento

Manutenção do índice de tratamento

Geração per capita de esgoto (litros/hab.dia)

Redução da geração per capita Manutenção da

geração per capita Aumento da geração

per capita

Extravasamento de Esgoto por extensão de rede (extrav. / Km)

Redução do extravasamento/km Manutenção do

extravasamento/km Aumento do

extravasamento/km

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

Para esse cenário o atendimento por rede coletora foi considerado a conclusão das

obras de saneamento referentes ao PAC I e II em 2017, com um aumento de 265

quilômetros de rede e 89.000 habitantes atendidos com rede coletora com tratamento

de esgoto.

Para atingir a meta de 86% estabelecida pelo Plansab em 2033, o atendimento por

rede coletora ou fossa séptica na zona urbana será necessário um crescimento de

2,4% ao ano, abrangendo no final de plano 93,1% da população urbana. Para o

atendimento por fossa séptica foi adotada uma redução gradativa de 0,1% anuais ao

longo do horizonte de planejamento, de acordo com o Plansab (2013), conforme

Tabela 6.

O índice de tratamento de esgoto coletado atingirá a universalização em 2017 ao

considerar a conclusão das obras do PAC I e II, onde a população da sede que era

contemplada apenas com rede coletora passou a ter tratamento.

Plano Municipal de Saneamento Básico

40

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No cenário 02 a geração per capita de esgoto foi mantida em 108 litros por habitantes

por dia, prevendo ações de educação ambiental, conscientizando a população no

tocante ao uso racional dos recursos hídricos, conforme Tabela 6.

O extravasamento de esgoto por extensão de rede será reduzido gradativamente a

uma taxa anual de 0,5 extravasamentos por quilômetro de rede até atingir um valor

menor do que 0,5 extravasamento por quilometro de rede em 2036, considerado como

ideal de acordo com a Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento (ARIS) do

Município de Santa Catarina, conforme Tabela 6.

Plano Municipal de Saneamento Básico

41

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SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR

Tabela 6 - Projeção das variáveis dos Serviços de Esgotamento Sanitário de acordo com o cenário 02.

Ho

rizo

nte

s d

e

pla

ne

jam

en

to

Ano População

urbana (hab.)

População urbana atendida Índice de

atendimento por rede

coletora de esgoto ou

fossas sépticas (%)

Geração Per Capita de esgoto (l/hab.dia)

Infiltração na rede coletora

(l/s)*

Esgoto Coletado

(l/s)

Demanda de

tratamento (l/s)

População Urbana atendida com rede

coletora e tratamento

Índice de tratamento do esgoto coletado

(%)

Extensão da rede coletora (km)**

Extravasamento de esgoto

Rede coletora de esgoto

Fossa séptica Total (hab.)

Por extensão de rede

(extrav. / km)

Total anual

(extrav. /ano) Hab. % Hab. % Hab. %

Atual 2015 367.656 74.342 20,2

% 45.95

7 12,5% 120.224 32,7% 108,0 25,0 92,9 117,9 48.158 13,1% 64,8% 124,9 11,5 1.436

2016 375.452 75.918 20,2%

46.932

12,5% 122.585 32,7% 108,0 25,0 94,9 119,9 49.179 13,1% 64,8% 124,9 11,0 1.371

Curto Prazo

2017 383.411 137.158 35,8%

47.543

12,4% 125.184 48,2% 108,0 70,0 171,4 241,4 137.158 35,8% 100,0% 349,9 10,5 3.657

2018 391.539 149.714 38,2%

48.159

12,3% 127.837 50,5% 108,0 76,3 187,1 263,4 149.714 38,2% 100,0% 381,3 9,9 3.786

2019 399.839 162.740 40,7%

48.780

12,2% 130.547 52,9% 108,0 82,8 203,4 286,2 162.740 40,7% 100,0% 413,9 9,4 3.892

2020 408.316 176.252 43,2%

49.406

12,1% 194.423 55,3% 108,0 89,5 220,3 309,8 176.252 43,2% 100,0% 447,6 8,9 3.975

Médio Prazo

2021 416.972 190.264 45,6%

50.037

12,0% 198.545 57,6% 108,0 96,5 237,8 334,4 190.264 45,6% 100,0% 482,7 8,4 4.034

2022 425.812 204.790 48,1%

50.672

11,9% 202.754 60,0% 108,0 103,8 256,0 359,8 204.790 48,1% 100,0% 519,0 7,8 4.065

2023 434.840 219.847 50,6%

51.311

11,8% 207.053 62,4% 108,0 111,3 274,8 386,1 219.847 50,6% 100,0% 556,6 7,3 4.069

2024 444.058 235.450 53,0%

51.955

11,7% 211.442 64,7% 108,0 119,1 294,3 413,4 235.450 53,0% 100,0% 595,6 6,8 4.042

Longo

Prazo

2025 453.472 251.616 55,5%

52.603

11,6% 215.924 67,1% 108,0 127,2 314,5 441,7 251.616 55,5% 100,0% 636,0 6,3 3.983

2026 463.085 268.361 58,0%

53.255

11,5% 220.502 69,5% 108,0 135,6 335,5 471,0 268.361 58,0% 100,0% 677,9 5,7 3.890

2027 472.902 285.703 60,4%

53.911

11,4% 225.176 71,8% 108,0 144,3 357,1 501,4 285.703 60,4% 100,0% 721,3 5,2 3.761

2028 482.928 303.661 62,9%

54.571

11,3% 229.950 74,2% 108,0 153,2 379,6 532,8 303.661 62,9% 100,0% 766,2 4,7 3.594

2029 493.168 322.252 65,3%

55.235

11,2% 234.826 76,5% 108,0 162,5 402,8 565,3 322.252 65,3% 100,0% 812,6 4,2 3.386

2030 503.623 341.494 67,8%

55.902

11,1% 239.804 78,9% 108,0 172,1 426,9 599,0 341.494 67,8% 100,0% 860,7 3,6 3.136

2031 514.298 361.406 70,3%

56.573

11,0% 244.887 81,3% 108,0 182,1 451,8 633,9 361.406 70,3% 100,0% 910,5 3,1 2.840

2032 525.202 382.010 72,7%

57.247

10,9% 250.079 83,6% 108,0 192,4 477,5 669,9 382.010 72,7% 100,0% 962,0 2,6 2.497

2033 536.336 403.325 75,2%

57.924

10,8% 255.381 86,0% 108,0 203,1 504,2 707,2 403.325 75,2% 100,0% 1.015,3 2,1 2.103

2034 547.706 425.371 77,7%

58.605

10,7% 260.795 88,4% 108,0 214,1 531,7 745,8 425.371 77,7% 100,0% 1.070,4 1,5 1.657

2035 559.318 448.172 80,1%

59.288

10,6% 266.324 90,7% 108,0 225,5 560,2 785,7 448.172 80,1% 100,0% 1.127,4 0,5 564

2036 571.175 471.748 82,6%

59.973

10,5% 271.970 93,1% 108,0 237,3 589,7 827,0 471.748 82,6% 100,0% 1.186,4 <0,5 593

* Considerando a infiltração de 1 l/s.km **Considerando 2,5 metros de rede coletora por habitante

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

Plano Municipal de Saneamento Básico

42

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SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR

4.1.3 Cenário 03 - Esgotamento Sanitário na Zona Urbana

Para o desenvolvimento deste cenário foi considerado a manutenção do índice de

atendimento por rede coletora ou fossa séptica, do índice de tratamento de esgoto

coletado e da quantidade extravasamentos por quilômetro de rede. A geração per

capita de esgoto aumento em 20% até fim de plano 2036, conforme Quadro 7.

Quadro 7 - Cenário 01 do Esgotamento Sanitário - Zona urbana.

Variável Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3

Índice de atendimento por rede geral de coleta e fossas sépticas (%)

Elevação do índice de atendimento até a

universalização

Elevação do índice

de atendimento

Manutenção do índice de

atendimento

Índice de tratamento do esgoto coletado (%)

Elevação do índice de tratamento até a

universalização

Elevação do índice de tratamento

Manutenção do índice de tratamento

Geração per capita de esgoto (litros/hab.dia)

Redução da geração per capita

Manutenção da geração per capita

Aumento da geração per capita

Extravasamento de Esgoto por extensão de rede (extrav. / Km)

Redução do extravasamento/km

Manutenção do

extravasamento/km Aumento do

extravasamento/km

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

Para esse cenário o atendimento por rede coletora foi considerado a conclusão das

obras de saneamento referentes ao PAC I e II em 2020, com um aumento de 265

quilômetros de rede e 89.000 habitantes atendidos com rede coletora com tratamento

de esgoto.

Neste cenário foi considerada a manutenção do índice do atendimento por rede

coletora ou fossa séptica em 32,7% até a conclusão das obras do PAC I e II em 2020,

quando o índice se elevará para 47,6% e permanecerá constante até final de plano

em 2036. Para o atendimento por fossa séptica foi considerado a manutenção do

índice em todo o horizonte de planejamento. O índice de tratamento de esgoto

coletado também de manteve constante em 64,8% até a conclusão das obras do PAC

I e II até 2020, quando o índice se elevará para 98,6% e permanecerá constante até

final de plano em 2036, conforme Tabela 7.

Os extravasamentos de esgoto por extensão de rede permanecerão constantes em

11,5 extravasamentos por quilômetro de rede por ano final de plano em 2036,

considerado como insatisfatório de acordo com a Agência Reguladora Intermunicipal

de Saneamento (ARIS) do Município de Santa Catarina, conforme Tabela 6.

Plano Municipal de Saneamento Básico

43

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No cenário 03 foi considerada o aumento da geração per capita de esgoto em 20%,

passando de 108 para 129 litros por habitante dia, prevendo poucas ações de

educação ambiental, conscientizando a população no tocante ao uso racional dos

recursos hídricos.

Plano Municipal de Saneamento Básico

44

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Tabela 7 - Projeção das variáveis dos Serviços de Esgotamento Sanitário de acordo com o cenário 03.

Ho

rizo

nte

s d

e

pla

ne

jam

en

to

Ano População

urbana (hab.)

População urbana atendida Índice de atendimento

por rede coletora de esgoto ou

fossas sépticas (%)

Geração Per

Capita de

esgoto (litros/ha

b.dia)

Infiltração na rede coletora

(l/s)*

Esgoto Coletado

(l/s)

Demanda de

tratamento (l/s)

População urbana atendida com rede

coletora e tratamento

Índice de tratamento do esgoto coletado

(%)

Extensão da rede coletora

(km)

Extravasamento de esgoto

Rede coletora de esgoto

Fossa séptica Total (hab.)

Por extensão de rede (extrav. /

km)**

Total anual

(extrav. / ano)

Hab. % Hab. % Hab. %

Atual 2015 367.656 74.342 20,2% 45.957 12,5% 120.224 32,7% 108,0 25,0 92,9 117,9 48.158 13,1% 64,8% 124,9 11,5 1.436

2016 375.452 75.654 20,2% 46.932 12,5% 122.585 32,7% 109,0 25,0 95,5 120,4 49.179 13,1% 64,8% 124,9 11,5 1.436

Curto Prazo

2017 383.411 77.257 20,2% 47.926 12,5% 125.184 32,7% 110,1 25,0 98,4 123,4 50.221 13,1% 64,8% 124,9 11,5 1.436

2018 391.539 78.895 20,2% 48.942 12,5% 127.837 32,7% 111,1 25,0 101,4 126,4 51.286 13,1% 64,8% 124,9 11,5 1.436

2019 399.839 80.568 20,2% 49.980 12,5% 130.547 32,7% 112,1 25,0 104,5 129,5 52.373 13,1% 64,8% 124,9 11,5 1.436

2020 408.316 143.384 35,1% 51.040 12,5% 194.423 47,6% 113,1 70,0 187,8 257,7 141.373 34,6% 98,6% 349,9 11,5 4.024

Médio Prazo

2021 416.972 146.423 35,1% 52.122 12,5% 198.545 47,6% 114,2 71,7 193,5 265,2 144.373 34,6% 98,6% 358,5 11,5 4.122

2022 425.812 149.527 35,1% 53.227 12,5% 202.754 47,6% 115,2 73,2 199,4 272,6 147.434 34,6% 98,6% 366,1 11,5 4.210

2023 434.840 152.698 35,1% 54.355 12,5% 207.053 47,6% 116,2 74,8 205,4 280,2 150.560 34,6% 98,6% 373,8 11,5 4.299

2024 444.058 155.935 35,1% 55.507 12,5% 211.442 47,6% 117,3 76,3 211,6 288,0 153.752 34,6% 98,6% 381,7 11,5 4.390

Longo Prazo

2025 453.472 159.240 35,1% 56.684 12,5% 215.924 47,6% 118,3 78,0 218,0 296,0 157.011 34,6% 98,6% 389,8 11,5 4.483

2026 463.085 162.616 35,1% 57.886 12,5% 220.502 47,6% 119,3 79,6 224,6 304,2 160.340 34,6% 98,6% 398,1 11,5 4.578

2027 472.902 166.063 35,1% 59.113 12,5% 225.176 47,6% 120,3 81,3 231,3 312,6 163.739 34,6% 98,6% 406,5 11,5 4.675

2028 482.928 169.584 35,1% 60.366 12,5% 229.950 47,6% 121,4 83,0 238,2 321,3 167.210 34,6% 98,6% 415,2 11,5 4.774

2029 493.168 173.180 35,1% 61.646 12,5% 234.826 47,6% 122,4 84,8 245,3 330,1 170.756 34,6% 98,6% 424,0 11,5 4.876

2030 503.623 176.851 35,1% 62.953 12,5% 239.804 47,6% 123,4 86,6 252,6 339,2 174.375 34,6% 98,6% 433,0 11,5 4.979

2031 514.298 180.600 35,1% 64.287 12,5% 244.887 47,6% 124,5 88,4 260,2 348,6 178.072 34,6% 98,6% 442,1 11,5 5.084

2032 525.202 184.429 35,1% 65.650 12,5% 250.079 47,6% 125,5 90,3 267,9 358,2 181.847 34,6% 98,6% 451,5 11,5 5.192

2033 536.336 188.339 35,1% 67.042 12,5% 255.381 47,6% 126,5 92,2 275,8 368,0 185.702 34,6% 98,6% 461,1 11,5 5.302

2034 547.706 192.332 35,1% 68.463 12,5% 260.795 47,6% 127,5 94,2 283,9 378,1 189.639 34,6% 98,6% 470,8 11,5 5.415

2035 559.318 196.409 35,1% 69.915 12,5% 266.324 47,6% 128,6 96,2 292,3 388,4 193.659 34,6% 98,6% 480,8 11,5 5.530

2036 571.175 200.573 35,1% 71.397 12,5% 271.970 47,6% 129,6 98,2 300,9 399,1 197.765 34,6% 98,6% 491,0 11,5 5.647

* Considerando a infiltração de 1 l/s.km **Considerando 2,5 metros de rede coletora por habitante

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

Plano Municipal de Saneamento Básico

45

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4.1.4 Análise Comparativa dos Cenários de Esgotamento Sanitário na Zona

Urbana

A análise comparativa dos cenários alternativos tem como propósito verificar a

variação da demanda futura ao longo dos horizontes de planejamento, sendo esta,

reflexo das hipóteses definidas para a evolução do índice de atendimento por rede

coletora de esgoto ou fossas sépticas, do índice de tratamento do esgoto coletado, da

geração per capita de esgoto e do extravasamento de esgoto por extensão de rede,

conforme pode-se verificar no Quadro 8.

Quadro 8 - Comparação das variáveis de estudo de cada cenário Esgotamento Sanitário na zona urbana.

Cenários Índice de atendimento por

rede coletora de esgoto ou fossas sépticas (%)

Índice de tratamento do esgoto coletado

(%)

Geração per capita de esgoto

(l/hab.dia)

Extravasamento por extensão de

rede (extrav. /km)

Cenário 01 Elevação Elevação Redução Redução

Cenário 02 Elevação Elevação Manutenção Redução

Cenário 03 Manutenção Manutenção Elevação Manutenção

Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.

A Tabela 8 apresenta a variação dos indicadores para os 03 (três) diferentes cenários

estudados para o Esgotamento Sanitário ao longo do horizonte de planejamento.

Tabela 8 - Comparação do comportamento dos indicadores dos Serviços de Esgotamento Sanitário para os diferentes cenários alternativos (População urbana).

Variável Ano Cenário 01 Cenário 02 Cenário 03

Índice de atendimento por rede coletora de esgoto ou fossas

sépticas (%)

2017 57,4% 48,2% 32,7%

2021 91,5% 57,6% 47,6%

2025 100,0% 67,1% 47,6%

2036 100,0% 93,1% 47,6%

Índice de tratamento do esgoto coletado (%)

2017 100,0% 100,0% 64,8%

2021 100,0% 100,0% 98,6%

2025 100,0% 100,0% 98,6%

2036 100,0% 100,0% 98,6%

Geração Per Capta de esgoto (l/hab.dia)

2017 105,9 108,0 110,1

2021 101,8 108,0 114,2

2025 97,7 108,0 118,3

2036 86,6 108,0 129,6

Extravasamento por extensão de rede (Extrav. /km)

2017 8,8 10,5 11,5

2021 3,3 8,4 11,5

2025 <0,5 6,3 11,5

2036 <0,5 <0,5 11,5

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

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Índice de atendimento por rede coletora de esgoto ou fossas sépticas (%):

Como pode ser visto o atendimento por rede coletora ou fossa séptica só atingirá a

universalização no cenário 01, o cenário 02 cumpre a meta estabelecida pelo Plano

Nacional de Saneamento Básico (2014) atingindo 93,1% de atendimento no final de

plano em 2036, enquanto no cenário 03 o índice permanece constante em 47,6%,

conforme Figura 4.

Figura 4 - Comparação do atendimento por rede coletora de esgoto ou fossas sépticas entre os cenários 01, 02 e 03.

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

Para o atendimento por rede coletora de esgoto ou fossas sépticas os cenários

consideraram-se as seguintes possiblidades:

Cenário 01: conclusão das obras do PAC I e II em 2016 e investimento intenso

até atingir a universalização em 09 anos;

Cenário 02: conclusão das obras do PAC I e II em 2017 e investimento menos

intenso até atingir 93,1% da população em 20 anos;

Cenário 03: conclusão das obras do PAC I e II em 2020 e pouco investimento.

Índice de tratamento do esgoto coletado (%):

O índice de tratamento do esgoto coletado atingirá a universalização nos cenários 01

e 02, no cenário 03 atingirá um percentual de 98,6%, restando apenas 1,4% para a

universalização, conforme Figura 5.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%

120,0%

2017 2021 2025 2036

Cenário 01 Cenário 02 Cenário 03

Plano Municipal de Saneamento Básico

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Figura 5 - Comparação do Índice de tratamento do esgoto coletado entre os cenários 01, 02 e 03.

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

Para o índice de tratamento do esgoto coletado os cenários consideraram-se as

seguintes possiblidades:

Cenário 01: conclusão das obras do PAC I e II em 2016, e o tratamento de todo

o esgoto coletado após a implantação novas redes coletoras de esgoto;

Cenário 02: conclusão das obras do PAC I e II em 2017, e o tratamento de todo

o esgoto coletado após a implantação novas redes coletoras de esgoto;

Cenário 03: conclusão das obras do PAC I e II em 2020, e o tratamento de

quase todo o esgoto coletado após a implantação novas redes coletoras de

esgoto.

Geração per capita de esgoto (litro/habitante.dia):

A geração per capita de esgoto irá variar 40%, se consideramos o cenário 01 e o

cenário 03, esse percentual representa uma diferença de 43 litros por habitante dia.

No cenário 02 o valor da geração per capita de esgoto permanece constante em 108

litros por habitante dia, conforme Figura 6.

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

100,0%

110,0%

2017 2021 2025 2036

Cenário 01 Cenário 02 Cenário 03

Plano Municipal de Saneamento Básico

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Figura 6 - Comparação da geração per capita de esgoto entre os cenários 01, 02 e 03.

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

Para a geração per capta de esgoto os cenários consideraram-se as seguintes

possiblidades:

Cenário 01: intensas ações de educação ambiental, conscientizando a

população no tocante ao uso racional dos recursos hídricos e um grande

incentivo a reutilização do esgoto doméstico5;

Cenário 02: ações de educação ambiental, conscientizando a população no

tocante ao uso racional dos recursos hídricos e o incentivo a reutilização do

esgoto doméstico;

Cenário 03: poucas ações de educação ambiental e nenhum incentivo a

reutilização do esgoto doméstico.

Extravasamento por extensão de rede (extrav. /Km):

Os extravasamentos por extensão de rede reduziram de 11,5 para <0,5

extravasamento por quilômetro de rede (valor ideal) no cenário 01 em 2023 e no

cenário 02 em 2036, no cenário 03 o valor permanece constante em 11,5

extravasamento por quilômetro de rede, conforme Figura 7.

5 Reaproveitamento das aguas cinzas para funções menos nobres como: lavagem do piso das residências, nas descargas sanitárias, etc. Assim, além de ações de educação ambiental, também será necessária implantação de mecanismos nas residências que possibilitem a reunificação do esgoto doméstico.

80,0

90,0

100,0

110,0

120,0

130,0

140,0

2017 2021 2025 2036

Cenário 01 Cenário 02 Cenário 03

Plano Municipal de Saneamento Básico

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Figura 7 - Comparação dos extravasamentos por extensão de rede entre os cenários 01, 02 e 03.

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

Para os extravasamentos por extensão de rede os cenários consideraram-se as

seguintes possiblidades:

Cenário 01 e 02: máxima eficiência das ações de educação ambiental6, dos

programas de coleta de óleo usado, aumento da implantação ou adequação

das caixas coletoras de gordura, bem como a melhoria da manutenção e

operação do sistema de esgotamento sanitário pela prestadora dos serviços.

Cenário 03: poucas ações de educação ambiental, inexistência de programas

de coleta de óleo usado e algumas melhorias da manutenção e operação do

sistema de esgotamento sanitário pela prestadora dos serviços

4.2 Cenários Alternativos dos Serviços de Esgotamento Sanitário para Zona Rural

Para construção dos cenários alternativos para a zona rural, devido à inexistência de

dados capazes de subsidiar o estudo, foi empregada a metodologia qualitativa. Dessa

maneira, os cenários para zona rural não serão apresentados no mesmo formato dos

cenários apresentados para zona urbana, porém a análise não será prejudicada.

6 Danos causados na rede coletora de esgoto devido ao do descarte de resíduos sólidos nos logradouros, de óleo usado esgotamento doméstico e o entroncamento das aguas pluviais da residência no sistema de esgotamento sanitário.

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

2017 2021 2025 2036

Cenário 01 Cenário 02 Cenário 03

Plano Municipal de Saneamento Básico

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As variáveis e hipóteses levantadas levaram em consideração os principais problemas

identificados e anseios dos moradores, a saber: universalização do acesso ao

Esgotamento Sanitário, uso de tecnologias apropriadas e qualidade da solução ou

serviço adotado.

4.2.1 Cenário 01 - Esgotamento Sanitário na Zona Rural

De modo geral, esse é o cenário mais otimista e caracteriza-se por fortes

investimentos em infraestrutura e em monitoramento e manutenção, tanto em

sistemas operados pela Embasa quanto em soluções individuais.

Nesse cenário visa-se ampliar o índice de cobertura de Esgotamento Sanitário

alcançando a universalização, como preconiza a Política Nacional de Saneamento

Básico, para tanto, devem ser empregadas tecnologias apropriadas à realidade local.

Nesse cenário, pretende-se que a qualidade da prestação dos Serviços de

Esgotamento Sanitário seja garantida, com as condições de operação e manutenção

dos sistemas assegurados, assim como, o monitoramento e manutenção das

soluções individuais implantadas. O Quadro 9 apresenta as hipóteses consideradas

para construção do Cenário 01 para zona rural do município de Camaçari.

Quadro 9 - Cenário 1 do Esgotamento Sanitário - Zona Rural. Variável Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3

Universalização do acesso

Ampliação do índice de cobertura até a universalização.

Ampliação do índice de cobertura sem o alcance da universalização.

Manutenção do índice de cobertura.

Tecnologia apropriada

Implantação de tecnologias adequadas para a zona rural,

considerando as peculiaridades locais e a capacidade de pagamento dos usuários.

Implantação de tecnologias adequadas de forma dispersa, considerando as peculiaridades

locais e a capacidade de pagamento dos usuários.

Implantação de soluções não compatíveis com as

peculiaridades locais e regionais e a capacidade de pagamento

dos usuários.

Qualidade da solução adotada

ou do serviço prestado

Atendimento das condições mínimas de qualidade na

prestação dos serviços públicos de Esgotamento Sanitário,

como as condições operacionais e de manutenção dos sistemas. Monitoramento e

manutenção contínuos das soluções individuais

implantadas.

Atendimento parcial das condições mínimas de qualidade na prestação

dos serviços públicos de Esgotamento Sanitário, como as

condições operacionais e de manutenção dos sistemas.

Monitoramento e manutenção dispersa das soluções individuais

implantadas.

Não atendimento das condições mínimas de qualidade na

prestação dos serviços públicos de saneamento básico, como as

condições operacionais e de manutenção dos sistemas. Nenhum monitoramento e manutenção das soluções individuais implantadas.

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

4.2.2 Cenário 02 - Esgotamento Sanitário na Zona Rural

Nesse cenário são priorizados os investimentos para assegurar a implantação de

tecnologias de Esgotamento Sanitário apropriadas à realidade local e a qualidade na

prestação dos Serviços de Esgotamento Sanitário, tanto das soluções coletivas

quanto individuais. Visa-se ampliar o índice de cobertura de Esgotamento Sanitário,

Plano Municipal de Saneamento Básico

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porém sem alcançar a universalização, conforme prevê o PLANSAB para o Brasil e

para a região nordeste, considerando as perspectivas de crescimento econômico do

País menos otimistas para os próximos 20 anos.

Assim como no Cenário 01, esse cenário, almeja garantir a qualidade da prestação

dos Serviços de Esgotamento Sanitário, com as condições de operação e manutenção

dos sistemas asseguradas, assim como, o monitoramento e manutenção contínuos

das soluções individuais implantadas. O Quadro 10 apresenta as hipóteses

consideradas para construção do Cenário 02 para zona rural do município de

Camaçari.

Quadro 10 - Cenário 02 do Esgotamento Sanitário - Zona Rural.

Variável Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3

Universalização do acesso

Ampliação do índice de cobertura até a universalização.

Ampliação do índice de cobertura sem o alcance da universalização.

Manutenção do índice de cobertura.

Tecnologia apropriada

Implantação de tecnologias adequadas para a zona rural, considerando as

peculiaridades locais e a capacidade de pagamento

dos usuários.

Implantação de tecnologias adequadas de forma dispersa,

considerando as peculiaridades locais e a capacidade de pagamento dos usuários.

Implantação de soluções não compatíveis com as

peculiaridades locais e regionais e a capacidade de

pagamento dos usuários.

Qualidade da solução adotada ou do serviço

prestado

Atendimento das condições mínimas de qualidade na prestação dos serviços

públicos de Esgotamento Sanitário, como as

condições operacionais e de manutenção dos sistemas.

Monitoramento e manutenção contínuos das

soluções individuais implantadas.

Atendimento parcial das condições mínimas de qualidade na

prestação dos serviços públicos de Esgotamento Sanitário, como as

condições operacionais e de manutenção dos sistemas.

Monitoramento disperso das soluções individuais implantadas.

Não atendimento das condições mínimas de

qualidade na prestação dos serviços públicos de

saneamento básico, como as condições operacionais e de manutenção dos sistemas. Nenhum monitoramento e manutenção das soluções individuais implantadas.

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

4.2.3 Cenário 03 - Esgotamento Sanitário na Zona Rural

Esse cenário é caracterizado por baixos investimentos nos Serviços de Esgotamento

Sanitário, restringindo-se a ações que visam ampliar a cobertura dos sistemas.

O Cenário 03, mostrado no Quadro 11, visa ampliar a cobertura do acesso aos

Serviços de Esgotamento Sanitário, porém com a implantação de tecnologias não

compatíveis às atipicidades da realidade local, além da inexistência de ações que

visem garantir a qualidade do serviço prestado. O Quadro 11 apresenta as hipóteses

consideradas na construção desse cenário.

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Quadro 11 - Cenário 03 do Esgotamento Sanitário - Zona Rural. Variável Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3

Universalização do acesso

Ampliação do índice de cobertura até a universalização.

Ampliação do índice de cobertura sem o alcance da universalização.

Manutenção do índice de cobertura.

Tecnologia apropriada

Implantação de tecnologias adequadas para a zona rural, considerando as

peculiaridades locais e a capacidade de pagamento

dos usuários.

Implantação de tecnologias adequadas de forma dispersa,

considerando as peculiaridades locais e a capacidade de pagamento dos usuários.

Implantação de soluções não compatíveis com as

peculiaridades locais e regionais e a capacidade de

pagamento dos usuários.

Qualidade da solução adotada ou do serviço

prestado

Atendimento das condições mínimas de qualidade na prestação dos serviços

públicos de Esgotamento Sanitário, como as

condições operacionais e de manutenção dos sistemas.

Monitoramento e manutenção contínuos das

soluções individuais implantadas.

Atendimento parcial das condições mínimas de qualidade na

prestação dos serviços públicos de Esgotamento Sanitário, como as

condições operacionais e de manutenção dos sistemas.

Monitoramento disperso das soluções individuais implantadas.

Não atendimento das condições mínimas de

qualidade na prestação dos serviços públicos de

saneamento básico, como as condições operacionais e de manutenção dos sistemas. Nenhum monitoramento e manutenção das soluções individuais implantadas.

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

4.2.4 Análise Comparativa dos Cenários de Esgotamento Sanitário na Zona

Rural

As alternativas de cenários de Esgotamento Sanitário apresentadas permitem refletir

quanto ao índice de cobertura do serviço na zona rural, aos tipos de tecnologias

adotadas, além da qualidade de prestação praticada.

Quadro 12 - Comparação das variáveis de estudo de cada cenário de Esgotamento Sanitário – Zona Rural.

Cenários Universalização do

acesso Tecnologia apropriada

Qualidade da solução adotada ou do serviço prestado

Cenário 1 Universalização Implantação em toda a

área rural Atendimento das condições mínimas na

prestação dos serviços

Cenário 2 Ampliação da cobertura

atual Implantação em toda a

área rural Atendimento das condições mínimas na

prestação dos serviços

Cenário 3 Ampliação da cobertura

atual

Implantação de tecnologias não

compatíveis

Não atendimento das condições mínimas na prestação dos serviços

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

A partir do Quadro 12, nota-se que para a variável universalização do acesso adotou-

se as hipóteses de universalização e ampliação da cobertura existente, sem admitir a

hipótese que haverá redução do acesso na zona rural, visto que a conjuntura atual do

município de Camaçari-Ba sugere que os investimentos no campo do saneamento

serão ampliados garantindo a redução da situação deficitária existente na zona rural

do município, caminhando para o atendimento ao princípio da universalização do

acesso preconizado na Política Nacional de Saneamento Básico.

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Quanto à variável que avalia a adequabilidade da tecnologia adotada para o

Esgotamento Sanitário, admitiu-se a possibilidade da implantação de tecnologias

apropriadas em toda área rural do município e implantação de tecnologias não

compatíveis às peculiaridades locais.

Para a variável que analisa a qualidade da solução adotada ou do serviço prestado

considerou-se as hipóteses de atendimento às condições mínimas de prestação dos

serviços, considerando operação e manutenção das soluções adotadas, e não

atendimento das condições mínimas.

Portanto, dentre os cenários propostos, considera-se que o Cenário 02 é o mais

admissível para a zona rural, pois prevê melhorias significativas e compatíveis com as

perspectivas da Política Nacional do Saneamento Básico.

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5 CENÁRIO DE REFERÊNCIA, OBJETIVOS E METAS

5.1 Cenário de Referência na Zona Urbana

A adoção do cenário 01 seria com certeza uma condição a ser perseguida para a

universalização dos Serviços de Esgotamento Sanitário com a diminuição da

quantidade de extravasamentos a níveis aceitáveis e a redução da geração per capita,

entretanto, no que pese o desejo e a necessidade de ações que busquem esse

objetivo, o intervalo de tempo para implementação das ações necessárias em curto

prazo é pouco sustentável, tendo em vista as etapas de estudos e planejamentos e,

por fim a busca por financiamentos que acabaria por ser atropelada por um desejo

maior em realizar todas as ações previstas. Ainda que factíveis do ponto de vista da

engenharia, a implementação de metas a curto e médio prazo, postergando a

universalização dos Serviços de Esgotamento Sanitário, segue na contramão das

políticas atuais do país.

O cenário 03, ao contrário dos cenários 01 e 02 mantem constantes os índices de

atendimento, índice de tratamento e extravasamento por quilometro de rede, e

aumenta a geração per capita de esgoto. Mesmo que para a manutenção do índice

tenha que ampliar os serviços, o cenário 03 reflete a diminuição das implantações de

infraestrutura e da equipe de operação do sistema de Esgotamento Sanitário, bem

como a ausência de ações de educação ambiental que mantenham constante a

geração perca pita e diminua a quantidade de extravasamento de esgoto devido ao

lançamento de resíduos sólidos, óleo e o entroncamento as aguas pluviais na rede

coletora de esgoto.

Quanto à geração per capita é importante destacar que, mudar-se um hábito é mais

difícil do que se proceder a melhorias no sistema. No caso de se tomar o caminho de

sensibilização de toda uma comunidade, as ações voltadas à educação ambiental

deverão ser constantes e maciças. Os investimentos nessas atividades terão que se

tornar parte integrante das despesas normais da concessionária e da própria

prefeitura municipal. Mesmo assim, estas ações são de longo prazo, que visam,

conforme foi dito anteriormente, mudar hábitos, com o agravante de que nem todos

os habitantes de um determinado município tem contato direto com o saneamento,

fazendo com que essa ação seja mais sinuosa.

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Portanto, para a adoção de um cenário é importante se considerar a capacidade da

concessionária que opera os sistemas, em cumprir as metas estabelecidas em nível

técnico, operacional, financeiro e administrativo, assim como das secretarias

municipais correlatas, a exemplo da secretaria de saúde e educação, trabalharem em

parceria com a prestadora de serviço.

Tendo em vista o exposto, percebe-se que o cenário 02, onde se tem a elevação do

índice de atendimento, do índice de tratamento e manutenção da geração per capita

e redução da quantidade de extravasamento por quilometro de rede de forma

gradativa, o que facilita o planejamento e torna mais viável a implantação da

infraestrutura e ações voltadas para o Esgotamento Sanitário.

A partir da definição do cenário de referência, baseado na comparação com outros

dois cenários estudados, são estabelecidos objetivos e metas alinhados com a

projeção desenhada no cenário. A referência temporal consiste no horizonte de

planejamento, de 20 anos, e que se distingue em ciclos quadrienais, com base no

período de revisão do PMSB.

A seguir, o cenário escolhido como referência para este estudo encontra-se

estruturado, de modo que serão indicadas estratégias possíveis para cumprir as

metas previstas e alcançar os objetivos definidos.

5.1.1 Objetivos

Os objetivos traçados para os Serviços de Esgotamento Sanitário no município de

Camaçari devem estar alinhados com as diretrizes nacionais e estaduais, conforme

pode-se observar a seguir:

Universalizar o acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário, empregando-se

tecnologia apropriada à realidade local, atendendo a todos os domicílios de forma

a evitar a exposição da população a organismos patogênicos e a contaminação

do meio ambiente, tratando o efluente em conformidade com a legislação

ambiental e a de recursos hídricos;

Iniciar o monitoramento dos corpos receptores de esgoto (tratado ou não)

levantando os parâmetros, físicos, químicos e biológicos destes, e enquadra-los

de acordo com a Resolução CONAMA Nº 430:

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Melhoria continua da operação do sistema de Esgotamento Sanitário como a

implantação de medidores de vazão (verificar a infiltração de água na rede

coletora) e de cadastro georreferenciado dos equipamentos e de não

conformidades do sistema.

Priorizar ações nas áreas onde se encontram os maiores déficits no Esgotamento

Sanitário;

Melhorar a regulação e fiscalização dos serviços;

Reforçar a comunicação com a sociedade e promover a educação ambiental.

5.1.2 Metas

As metas representam o caminho a ser percorrido para o cumprimento dos objetivos

e são fixadas de acordo com os indicadores definidos para o horizonte de

planejamento. Serão indicadas estratégias para alcançar as metas traçadas, com

base no Plano Nacional de Saneamento Básico e em diretrizes para o município.

a) Índice de atendimento por rede coletora ou fossa séptica

O índice de atendimento por rede coletora ou fossa séptica na área urbana elevará de

32,7% para 93,1% em 20 anos (longo prazo). Apesar de não alcançar a

universalização proposta pelo PNSB, este índice está de acordo com a meta

estabelecida pelo PLANSAB para o nordeste, restando apenas 6,9% da população a

ser atendida pela rede coletora ou fossa séptica. Cabe salientar, a importância de se

vencer qualquer barreira de acessibilidade, seja legal, econômica, física ou cultural,

ou seja, significa acesso igual para todos.

Quadro 13 - Metas de referência do cenário: índice de atendimento por rede coletora ou fossa séptica.

Meta Cenário de referência (%)

2017 2021 2025 2036

Elevação do índice de atendimento até a meta

estabelecida pelo Plansab 48,2% 57,5% 67,1% 93,1%

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

Assim, as estratégias indicadas são:

Realizar o levantamento das áreas urbanas definindo os locais de acordo com

a tecnologia de esgotamento a ser implantada: rede coletora ou soluções

individualizadas.

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Realizar o levantamento dos domicílios rurais para definir o tipo de solução

individualizada mais adequada.

Implantação de rede coletoras nas áreas indicadas e auxilio técnico para

implantação de soluções individualizadas.

Priorizar as áreas com maior demanda pelo serviço de Esgotamento Sanitário

b) Índice de tratamento do esgoto coletado;

O índice de tratamento do esgoto coletado influencia diretamente no nível de poluição

dos mananciais, quanto maior a cobertura do tratamento menor são as probabilidades

de contaminação dos mesmos. Para o cenário de referência a universalização do

tratamento do esgoto coletado é atingida em 2017, logo após a finalização das obras

do PAC I e II.

O município de Camaçari tem uma peculiaridade: a disponibilidade da Cetrel em tratar

parte do esgoto gerado pelo município, porém apenas parte dessa disponibilidade.

Além disso, nenhuma das estações de tratamento existentes no município atendem

os padrões de lançamento da Resolução CONAMA 430.

Quadro 14 - Metas de referência do cenário: índice de tratamento do esgoto coletado.

Meta Cenário de referência (%)

2017 2021 2025 2036

Universalização do índice de tratamento do esgoto

coletado em 2030 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

Assim, as estratégias indicadas são:

Utilização do potencial de tratamento de esgoto da Cetrel;

Implantação de novas estações de tratamento de esgoto;

Adequação das Estações de Tratamento de Esgoto para que se enquadrem de

acordo com os padrões de lançamento das Resoluções CONAMA 430;

Ampliar a rede de fiscalização e monitoramento da qualidade dos efluentes

tratados e qualidade dos mananciais.

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c) Geração per capita de esgoto;

A geração per capita de esgoto no cenário de referência não sofreu nenhuma

variação, permanecendo 108L/hab.dia ao decorrer do horizonte de planejamento,

ressalta-se que este é considerado como um consumo razoavelmente baixo, quando

analisado o contexto do município.

O cenário de referência considera que quando alcançada, por meio de ampliação e

melhoria dos sistemas já existentes, a universalização do atendimento proporcionará

o fornecimento de água em quantidade e qualidade para a população, o que pode

levar ao aumento do consumo água e, consequentemente, da geração de esgoto,

porém, mediante a promoção de ações de educação ambiental contemplando

campanhas continuas de sensibilização, este indicador pode ser mantido ao longo dos

anos.

Além das campanhas de sensibilização sobre o consumo racional de água, outra

medida a ser adota para reduzir a geração de esgoto é a reutilização das águas

servidas como por exemplo, a utilização da água descartada na lavadora de roupas

para a descarga sanitária nos vasos ou para lavagem de pisos, e até mesmo a

utilização da agua da pia do banheiro para o vaso sanitário. Para que isso ocorra,

além das campanhas educacionais é preciso investimento para que os domicílios se

adaptem e possam reutilizar a água servida.

Quadro 15 - Metas de referência do cenário de referência: geração per capita de esgoto.

Meta

Cenário de referência (L./hab.dia)

2017 2021 2025 2036

Manutenção da geração per capita de esgoto

108 108 108 108

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

Assim, as estratégias indicadas são:

Educação para o consumo consciente – Conceber e pôr em prática

instrumentos como pesquisas, estudos de caso, guias e manuais, campanhas

e outros, para sensibilizar e mobilizar o indivíduo/consumidor, visando a

mudanças de comportamento. Devem ser igualmente consideradas ações que

tenham impacto no sistema cultural e educacional (englobam os

indivíduos/consumidores e instituições tais como escolas e universidades, a

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mídia, o marketing e a indústria cultural) visando a mudança de

comportamentos.

Fornecer incentivos a utilização de aparelhos economizadores, aproveitamento

de água pluvial e reuso de águas cinzas (pia de banheiro, chuveiro, máquina

de lavar), a exemplo de desconto no IPTU.

d) Extravasamento por quilometro de rede;

Os extravasamentos são causados geralmente por obstrução ou rompimento das

redes coletoras indicando o estado de conservação, manutenção e uso adequado

destas.

De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento

(SNIS) o município de Camaçari apresentou 11,5 extravasamentos por quilometro de

rede, para o cenário de referência esse índice cai para menos de 0,5 extrav./km no

final de plano em 2036, evidenciando a eficiência das ações de educação ambiental

(danos do descarte de resíduos sólidos e óleo usado na rede coletora), dos programas

de coleta de óleo usado, aumento da implantação ou adequação das caixas coletoras

de gordura, bem como a melhoria da manutenção e operação do sistema de

Esgotamento Sanitário pela prestadora dos serviços.

Quadro 16 - Metas de referência do cenário de referência: redução dos extravasamentos por quilometro de rede.

Meta Cenário de referência (extrav. /km)

2017 2021 2025 2036

Redução dos extravasamentos por quilometro de rede

10,5 8,4 6,3 <0,5

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

Assim, as estratégias indicadas são:

Educação para o uso consciente – Conceber e pôr em prática instrumentos

como pesquisas, estudos de caso, guias e manuais, campanhas e outros, para

sensibilizar e mobilizar o indivíduo/consumidor, visando a mudanças de

comportamento. Devem ser igualmente consideradas ações que tenham

impacto no sistema cultural e educacional (englobam os

indivíduos/consumidores e instituições tais como escolas e universidades, a

mídia, o marketing e a indústria cultural) visando a mudança de

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60

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comportamentos, conscientizando a população dos danos ao lançar resíduos

e óleo na tubulação.

Fiscalização nos domicílios a fim de verificar o lançamento de aguas pluviais

na rede coletora de esgoto,

Criar um cadastro georreferenciado e lançar toda a infraestrutura do sistema

de Esgotamento Sanitário como a rede coletora, coletores tronco, interceptores

e estações elevatórias, para facilitar a logística de reparos e identificação de

não conformidades no sistema.

5.2 Cenário de Referência na Zona Rural

O cenário 2 demonstrado no Quadro 17 foi escolhido como a referência a ser seguida

pela gestão dos Serviços de Esgotamento Sanitário de Camaçari. Suas metas,

alcançáveis e condizentes com a realidade do município, possibilitam o avanço frente

às demandas existentes.

Quadro 17 - Cenário de referência para a Zona Rural do município de Camaçari. Variável Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3

Universalização do acesso

Ampliação do índice de cobertura até a universalização.

Ampliação do índice de cobertura sem o alcance da

universalização.

Manutenção do índice de cobertura.

Tecnologia apropriada

Implantação de tecnologias adequadas para a zona rural, considerando as

peculiaridades locais e a capacidade de pagamento

dos usuários.

Implantação de tecnologias adequadas de forma dispersa,

considerando as peculiaridades locais e a

capacidade de pagamento dos usuários.

Implantação de soluções não compatíveis com as peculiaridades locais e

regionais e a capacidade de pagamento dos

usuários.

Qualidade da solução adotada

ou do serviço prestado

Atendimento das condições mínimas de qualidade na prestação dos serviços

públicos de Esgotamento Sanitário, como as

condições operacionais e de manutenção dos

sistemas. Monitoramento e manutenção contínuos das

soluções individuais implantadas.

Atendimento parcial das condições mínimas de

qualidade na prestação dos serviços públicos de

Esgotamento Sanitário, como as condições operacionais e

de manutenção dos sistemas. Monitoramento disperso das

soluções individuais implantadas.

Não atendimento das condições mínimas de qualidade na prestação dos serviços públicos de

saneamento básico, como as condições operacionais e de manutenção dos

sistemas. Nenhum monitoramento e

manutenção das soluções individuais implantadas.

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

Diante do horizonte de planejamento de 20 anos do PMSB, segundo estudos

realizados no âmbito do PLANSAB para o Brasil e para região nordeste, não é possível

atingir a universalização do acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário,

considerando as perspectivas de crescimento econômico do país menos otimistas

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para os próximos 20 anos. Contudo, foi considerada uma ampliação do índice de

cobertura que garantirá redução da situação deficitária da população da zona rural do

município. Ressalta-se a importância de, na ocasião de revisão do plano, serem

reavaliadas todas as metas propostas, atentando-se à possibilidade de

universalização frente aos avanços alcançados.

A partir da definição do cenário de referência são estabelecidos objetivos e metas

alinhados com a projeção desenhada no cenário. A referência temporal consiste no

horizonte de planejamento, de 20 anos, e que se distingue em ciclos quadrienais, com

base no período de revisão do PMSB, mas sobretudo, no intervalo de elaboração do

plano plurianual do município.

A seguir, com o cenário de referência escolhido para este estudo, serão indicadas

estratégias possíveis para alcançar as metas previstas e cumprir os objetivos

definidos.

5.2.1 Objetivos

Os objetivos traçados para a gestão dos Serviços de Esgotamento Sanitário na zona

rural do município de Camaçari apresentam-se a seguir:

Ampliação gradual do índice de cobertura do acesso aos Serviços de

Esgotamento Sanitário;

Emprego de tecnologias apropriadas à realidade local e à capacidade de

pagamento dos usuários em toda área rural;

Aplicação de tarifas módicas;

Prestação dos serviços ou da solução adotada obedecendo as condições

mínimas de operação e manutenção com qualidade;

Monitoramento e manutenção contínuos das soluções individuais adotadas;

Fortalecimento da relação da comunidade com o meio ambiente;

Capacitação da comunidade para uso das tecnologias adequadas.

5.2.2 Metas

As metas representam o caminho a ser percorrido para o cumprimento dos objetivos

e são fixadas de acordo com os indicadores definidos para o horizonte de

planejamento. A seguir serão indicadas as metas traçadas para alcance do cenário

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de referência com base no Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) e nas

diretrizes da Política Nacional de Saneamento Básico.

a) Universalização do acesso

As metas propostas para alcance da ampliação do acesso aos Serviços de

Esgotamento Sanitário foram baseadas nas recomendações do Plansab (2011) para

região nordeste, para atendimento de domicílios rurais por rede ou fossa séptica. Se

considerou que o índice de cobertura no horizonte final do plano será de 80% dos

domicílios da zona rural atendidos com Esgotamento Sanitário, sendo propostas

metas progressivas para alcançar esse cenário, conforme mostrado na Tabela 9.

Tabela 9 - Metas progressivas para ampliação do acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário para a zona rural do município.

Horizonte de planejamento

Ano População rural (hab.)

Total de domicílios

rurais (und.)

Índice de cobertura por solução individualizada de

esgotamento (%)

Domicílios rurais atendidos por solução individualizada de

esgotamento (hab.)

Curto 2017 14.385 4.170 33% 1.382

Médio 2021 15.643 4.534 39% 1.768

Longo 2025 17.012 4.931 50% 2.483

Fim de plano 2036 21.429 6.211 80% 4.969

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

Com base nas metas adotadas foi possível fazer uma projeção de atendimento dos

domicílios ao longo dos anos do horizonte de planejamento do PMSB, conforme

mostrado na Tabela 10.

Tabela 10 - Projeção de atendimento com Serviços de Esgotamento Sanitário na zona rural do município de Camaçari-BA.

Ho

rizo

nte

Ano População rural (hab.)

Total de domicílios

rurais (und.)

Índice de cobertura por solução

individualizada de esgotamento (%)

Domicílios rurais atendidos por

solução individualizada de

esgotamento (und.)

Déficit de atendimento por

solução individualizada de esgotamento (%)

Atual 2016 14.085 4.083 32% 1.299 68%

Curto Prazo

2017 14.385 4.170 33% 1.382 67%

2018 14.689 4.258 35% 1.470 65%

2019 15.001 4.348 36% 1.563 64%

2020 15.318 4.440 37% 1.663 63%

Médio Prazo

2021 15.643 4.534 39% 1.768 61%

2022 15.975 4.630 42% 1.925 58%

2023 16.314 4.729 44% 2.096 56%

2024 16.659 4.829 47% 2.281 53%

Longo Prazo

2025 17.012 4.931 50% 2.483 50%

2026 17.374 5.036 54% 2.703 46%

2027 17.742 5.143 57% 2.943 37%

2028 18.117 5.251 61% 3.203 39%

2029 18.501 5.363 63% 3.384 37%

2030 18.894 5.477 65% 3.575 35%

2031 19.295 5.593 68% 3.777 32%

2032 19.704 5.711 70% 3.990 30%

2033 20.121 5.832 72% 4.215 28%

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Ho

rizo

nte

Ano População rural (hab.)

Total de domicílios

rurais (und.)

Índice de cobertura por solução

individualizada de esgotamento (%)

Domicílios rurais atendidos por

solução individualizada de

esgotamento (und.)

Déficit de atendimento por

solução individualizada de esgotamento (%)

2034 20.548 5.956 75% 4.452 25%

2035 20.983 6.082 77% 4.703 23%

2036 21.429 6.211 80% 4.969 20%

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

b) Uso de tecnologia apropriada

A implantação de tecnologias adequadas para Esgotamento Sanitário na zona rural

deve levar em consideração as peculiaridades locais, a capacidade de pagamento

dos usuários, a preservação ambiental e a eficácia da solução adotada, considerando

critérios como fácil aplicabilidade e baixo custo de implantação, operação e

manutenção, sempre visando alcançar resultados positivos para solucionar às

demandas da população e prezando pela melhoria da qualidade de vida dos

moradores. Nesse contexto, prevê-se no cenário de referência a implantação de

tecnologias apropriadas à realidade local em toda a área rural do município de

Camaçari-Ba. O Apêndice B apresenta alguns tipos de soluções individualizadas que

podem ser implantadas na zona rural.

c) Qualidade da solução adotada ou do serviço prestado

A lei n° 11.445/2007 estabelece princípios fundamentais para prestação dos serviços

públicos de saneamento básico e, entres os princípios enunciados, consta a qualidade

da prestação, que inclui regularidade, continuidade e atendimento às condições

operacionais e de manutenção das soluções adotadas. Sendo assim, para alcance do

cenário de referência proposto prevê-se o atendimento das condições mínimas de

qualidade na prestação dos serviços públicos de Esgotamento Sanitário, como as

condições operacionais e de manutenção dos sistemas, assim como o monitoramento

e manutenção contínuos de todas as soluções de Esgotamento Sanitário implantadas

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6 ESTUDO DE DEMANDAS PELOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO PARA ZONA URBANA

A fim de avaliar melhor as especificidades locais, os valores das variáveis do cenário

de referência (“a tendência”) foram aplicados para a realidade dos Distritos Sede,

Abrantes e Monte Gordo, e no horizonte de planejamento 20 anos, sendo estimada a

extensão da rede coletora necessária, a demanda por tratamento de esgoto e de

equipes de manutenção para conter os extravasamentos do esgoto.

6.1 Distrito Sede

No Distrito Sede em 2015 havia ao todo 90,6 quilômetros de rede coletora atendendo

um total de 53.574 habitantes (28,0% da população urbana do distrito), distribuídos

em: conjuntos residências com estações de tratamento de esgoto compactas,

conjuntos que lançam o esgoto para Cetrel e os domicílios atendidos pela rede

coletora construída pela prefeitura.

Tabela 11 - Relação da extensão de rede coletora e população atendida em 2015.

Distrito Sede Extensão da

Rede Coletora (km)

Tratamento do esgoto coletado

População Atendida

(hab.)

População urbana do distrito Sede

(hab.)

Conjuntos com ETE Compactas 6,3 Sim 8.105

191.510 Conjuntos que lançam para a Cetrel

24,3 Sim 19.285

Rede Coletora (construída pele Prefeitura*)

60,0 Não 26.184

Total 90,6 - 53.574

*Rede em péssimo estado de conservação que será englobada parcialmente pelas obras do PAC I e II em 2017.

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

De acordo com o Cenário 02, as obras do PAC I e II serão concluídas em 2017 (que

contempla a implantação de 265 quilômetros de rede e atendimento a 89.000

habitantes), o índice de atendimento por rede coletora de esgoto na zona urbana do

Distrito Sede aumentará para 58,3% da população.

Cabe salientar que devido ao péssimo estado de conservação da antiga rede coletora

construída pela prefeitura, apenas 20 quilômetros foram aproveitados na implantação

da rede coletora no PAC I e II, chegando a 315,6 quilômetros de rede coletora

implantada. A população atendida por essa antiga rede foi incorporada à que será

atendida pelo PAC I e II, assim a população atendida no Distrito Sede passa a ser

116.390 habitantes (58,3% da população urbana do distrito), conforme Tabela 12.

Plano Municipal de Saneamento Básico

65

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Tabela 12 - Relação da extensão de rede coletora e população atendida em 2017.

Distrito Sede

Extensão da Rede Coletora

(km)

Tratamento do esgoto coletado

População Atendida

(hab.)

População urbana do

distrito Sede (hab.)

ETE compactas 6,3 Sim 8.105

199.716

Conjuntos que lançam para a Cetrel

24,3 Sim 19.285

Rede Coletora (construída pele Prefeitura)

20,0 Sim 89.000

Obras do PAC I e II 265,0

Total

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.

315,6 Sim 116.390

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

O índice de tratamento do esgoto coletado em 2015 era de 51,1% (53.574 habitantes

com rede coletora e 27.390 habitantes com rede e tratamento), passa a ser de 100%

após as obras do PAC I e II, onde todo o esgoto coletado pela rede da prefeitura passa

a ser tratado pela CETREL.

Para atender a demanda do Distrito Sede, de acordo com as metas do cenário de

referência, será necessária a implantação de aproximadamente 300 quilômetros de

rede coletora de esgoto, e uma demanda de tratamento para final de plano de 386

litros por segundo. Porém, o distrito sede tem a peculiaridade de poder lançar todo o

esgoto coletado para a unidade de tratamento da Cetrel, que apresenta uma

disponibilidade de tratamento de 703 litros por segundo, o que atende à demanda de

tratamento desse distrito até para final do horizonte de planejamento.

O atendimento por fossas sépticas na zona urbana do Distrito Sede seguiu a mesma

orientação preconizada no Plano Nacional de Saneamento (Plansab) para a zona

urbana do município de Camaçari com a redução gradual de 0,1% ao ano. Para o

Distrito Sede o atendimento por fossas sépticas na área urbana foi de 7,6% segundo

dados do IBGE (2010).

Plano Municipal de Saneamento Básico

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PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR

Tabela 13 - Demandas e disponibilidades dos Serviços de Esgotamento Sanitário na zona urbana - Distrito Sede. H

ori

zo

nte

s d

e

pla

neja

men

to

Ano

População Urbana Rede Coletora de Esgoto Fossa Séptica

População Fixa

(hab.)

População Flutuante

(hab.)

População Total (hab.)

Índice de atendimento

por rede coletora de esgoto* (%)

Rede coletora a ser

implantada de acordo índice

de atendimento

(km)

Geração Per Capita de esgoto) * (l/hab.dia

Demanda por

tratamento de esgoto

(l/s)

Extravasamento por extensão de

rede* (extrav. / Km)

Quantidade de extravasamento

(extrav. /ano)

Índice de atendimento

por fossa séptica no

Distrito Sede (%)

Quantidade de fossas (und.)**

Atual 2015 191.510 0 191510 20,2% 90,6 108,0 76,0 11,5 1.042 7,60% 4.451

2016 195.570 0 195570 20,2% 90,6 108,0 81,1 11,0 994 7,50% 4.486

Curto Prazo

2017 199.716 0 199.716 35,8% 315,6 108,0 103,7 10,5 3.299 7,40% 4.520

2018 203.950 0 203.950 38,2% *** 108,0 103,8 9,9 3.133 7,30% 4.553

2019 208.274 0 208.274 40,7% *** 108,0 109,2 9,4 2.968 7,20% 4.586

2020 212.689 0 212.689 43,2% *** 108,0 114,7 8,9 2.803 7,10% 4.618

Médio Prazo

2021 217.198 0 217.198 45,6% *** 108,0 120,4 8,4 2.638 7,00% 4.649

2022 221.803 0 221.803 48,1% *** 108,0 126,1 7,8 2.472 6,90% 4.680

2023 226.505 0 226.505 50,6% *** 108,0 132,0 7,3 2.307 6,80% 4.710

2024 231.307 0 231.307 53,0% *** 108,0 138,0 6,8 2.142 6,70% 4.739

Longo Prazo

2025 236.210 0 236.210 55,5% 12,06 108,0 196,6 6,3 2.052 6,60% 4.768

2026 241.218 0 241.218 58,0% 21,81 108,0 209,7 5,7 2.005 6,50% 4.795

2027 246.332 0 246.332 60,4% 22,58 108,0 223,2 5,2 1.940 6,40% 4.821

2028 251.554 0 251.554 62,9% 23,38 108,0 237,3 4,7 1.855 6,30% 4.846

2029 256.887 0 256.887 65,3% 24,21 108,0 251,8 4,2 1.749 6,20% 4.871

2030 262.333 0 262.333 67,8% 25,06 108,0 266,8 3,6 1.620 6,10% 4.894

2031 267.894 0 267.894 70,3% 25,93 108,0 282,4 3,1 1.468 6,00% 4.915

2032 273.574 0 273.574 72,7% 26,83 108,0 298,5 2,6 1.291 5,90% 4.936

2033 279.374 0 279.374 75,2% 27,76 108,0 315,1 2,1 1.088 5,80% 4.955

2034 285.296 0 285.296 77,7% 28,71 108,0 332,4 1,5 857 5,70% 4.973

2035 291.345 0 291.345 80,1% 29,69 108,0 350,2 0,5 292 5,60% 4.989

2036 297.521 0 297.521 82,6% 30,70 108,0 368,6 0,5 307 5,50% 5.004

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

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6.2 Distrito de Abrantes

No Distrito de Abrantes em 2015 havia ao todo 18,3 quilômetros de rede coletora

atendendo um total de 11.709 habitantes (11,0% da população urbana do distrito),

implantados exclusivamente em conjuntos residências, conforme Tabela 14. O índice

de tratamento do esgoto coletado no distrito é de 100,0%. No Distrito de Abrantes não

está sendo implantado ou previsto nenhum sistema de esgotamento sanitário.

Tabela 14 - Relação da extensão de rede coletora e população atendida em 2015.

Distrito de Abrantes Extensão da rede coletora

(km)

Tratamento do esgoto coletado

População Atendida (hab.)

População urbana do distrito de Abrantes

(hab.)

ETE compactas 8,3 Sim 10.945

106.833 ETE compactas (Alpha I e II) 10,3 Sim 764

Total 18,6 - 11.709

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

Para atender a demanda do Distrito de Abrantes, de acordo com as metas do cenário

de referência, serão necessários a implantação de aproximadamente 324 quilômetros

de rede coletora de esgoto, e uma demanda de tratamento para final de plano de 205

litros por segundo.

O atendimento por fossas sépticas na zona urbana do Distrito de Abrantes seguiu a

mesma orientação preconizada no Plano Nacional de Saneamento (Plansab) para a

zona urbana do município de Camaçari com a redução gradual de 0,1% ao ano. Para

o Distrito de Abrantes o atendimento por fossas sépticas na área urbana foi de 19,3%

segundo dados do IBGE (2010).

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Tabela 15 - Demandas e disponibilidades dos Serviços de Esgotamento Sanitário na zona urbana - Distrito de Abrantes. H

ori

zo

nte

s d

e

pla

ne

jam

en

to

Ano

População Urbana Rede Coletora de Esgoto Fossa Séptica

População Fixa

(hab.)

População Flutuante

(hab.)

População Total (hab.)

Índice de atendimento

por rede coletora de esgoto* (%)

Rede coletora a ser

implantada de acordo índice

de atendimento (km)

Geração Per Capita de esgoto) * (l/hab.dia

Demanda por

tratamento de esgoto

(l/s)

Extravasamento por extensão de

rede* (extrav. / Km)

Quantidade de extravasamento (extrav. /ano) *

Índice de atendimento

por fossa séptica no

Distrito Sede (%)

Quantidade de fossas (und.) **

Atual 2015 55.176 51.657 106.833 20,2% 18,6 108,0 16,5 11,5 214 19,30% 3.257

2016 56.346 52.754 109.100 20,2% 18,6 108,0 16,5 11,0 204 19,20% 3.308

Curto Prazo

2017 57.541 53.872 111.413 35,8% 81,0 108,0 59,8 10,5 1.041 19,10% 3.361

2018 58.761 55.013 113.774 38,2% 9,1 108,0 65,3 9,9 1.080 19,00% 3.414

2019 60.006 56.179 116.185 40,7% 9,5 108,0 70,9 9,4 1.112 18,90% 3.468

2020 61.278 57.371 118.649 43,2% 9,8 108,0 76,8 8,9 1.137 18,80% 3.523

Médio Prazo

2021 62.578 58.587 121.165 45,6% 10,2 108,0 82,9 8,4 1.155 18,70% 3.579

2022 63.904 59.829 123.733 48,1% 10,6 108,0 89,3 7,8 1.165 18,60% 3.635

2023 65.259 61.098 126.357 50,6% 10,9 108,0 95,8 7,3 1.167 18,50% 3.692

2024 66.642 62.392 129.034 53,0% 11,3 108,0 102,6 6,8 1.161 18,40% 3.750

Longo Prazo

2025 68.055 63.716 131.771 55,5% 11,7 108,0 109,7 6,3 1.145 18,30% 3.809

2026 69.498 65.066 134.564 58,0% 12,2 108,0 117,0 5,7 1.119 18,20% 3.868

2027 70.971 66.446 137.417 60,4% 12,6 108,0 124,5 5,2 1.082 18,10% 3.928

2028 72.476 67.854 140.330 62,9% 13,0 108,0 132,4 4,7 1.035 18,00% 3.990

2029 74.013 69.294 143.307 65,3% 13,5 108,0 140,5 4,2 975 17,90% 4.051

2030 75.582 70.762 146.344 67,8% 14,0 108,0 148,8 3,6 904 17,80% 4.114

2031 77.184 72.262 149.446 70,3% 14,5 108,0 157,5 3,1 819 17,70% 4.178

2032 78.820 73.794 152.614 72,7% 15,0 108,0 166,5 2,6 720 17,60% 4.242

2033 80.491 75.359 155.850 75,2% 15,5 108,0 175,8 2,1 607 17,50% 4.308

2034 82.198 76.956 159.154 77,7% 16,0 108,0 185,4 1,5 478 17,40% 4.374

2035 83.940 78.588 162.528 80,1% 16,6 108,0 195,3 0,5 163 17,30% 4.441

2036 85.720 80.253 165.973 82,6% 17,1 108,0 205,6 0,5 171 17,20% 4.509

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

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6.3 Distrito de Monte Gordo

No Distrito de Monte Gordo em 2015 havia ao todo 15,6 quilômetros de rede coletora

atendendo um total de 9.059 habitantes (13,1% da população urbana do distrito), onde

o esgoto coletado é lançado para a estação tratamento de esgoto Barra do Pojuca,

conforme Tabela 16. O índice de tratamento do esgoto coletado no distrito é de

100,0%. No Distrito de Monte Gordo não está sendo implantado ou previsto nenhum

sistema de esgotamento sanitário.

Tabela 16 - Relação da extensão de rede coletora e população atendida em 2015.

Distrito de Monte Gordo Extensão da rede

coletora (km) Tratamento do esgoto coletado

População Atendida (hab.)

População urbana do distrito de Abrantes

(hab.)

ETE Barra do Pojuca 15,6 Sim 9.059 69.313

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

Para atender a demanda do Distrito de Monte Gordo, de acordo com as metas do

cenário de referência, serão necessários a implantação de aproximadamente 206

quilômetros de rede coletora de esgoto, e uma demanda de tratamento para final de

plano de 133 litros por segundo.

O atendimento por fossas sépticas na zona urbana do Distrito de Monte Gordo seguiu

a mesma orientação preconizada no Plano Nacional de Saneamento (Plansab) para

a zona urbana do município de Camaçari com a redução gradual de 0,1% ao ano.

Para o Distrito de Abrantes o atendimento por fossas sépticas na área urbana foi de

33,0% segundo dados do IBGE (2010).

Plano Municipal de Saneamento Básico

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Tabela 17 - Demandas e disponibilidades dos Serviços de Esgotamento Sanitário na zona urbana - Distrito de Monte Gordo. H

ori

zo

nte

s d

e

pla

ne

jam

en

to

Ano

População Urbana Rede Coletora de Esgoto Fossa Séptica

População Fixa

(hab.)

População Flutuante

(hab.)

População Total (hab.)

Índice de atendimento

por rede coletora de esgoto* (%)

Rede coletora a ser

implantada de acordo índice

de atendimento (km)

Geração Per Capita de esgoto) * (l/hab.dia

Demanda por

tratamento de esgoto

(l/s)

Extravasamento por extensão de

rede* (extrav. / Km)

Quantidade de extravasamento (extrav. /ano) *

Índice de atendimento

por fossa séptica no

Distrito Sede (%)

Quantidade de fossas (und.) **

Atual 2015 26.898 42.415 69.313 20,2% 15,6 108,0 12,9 11,5 166 33,00% 2.714

2016 27.469 43.313 70.782 20,2% 15,6 108,0 12,9 11,0 159 32,90% 2.764

Curto Prazo

2017 28.051 44.231 72.282 35,8% 49,0 108,0 38,8 10,5 676 32,80% 2.814

2018 28.646 45.169 73.815 38,2% 5,9 108,0 42,3 9,9 642 32,70% 2.865

2019 29.253 46.127 75.380 40,7% 6,1 108,0 46,0 9,4 608 32,60% 2.916

2020 29.873 47.105 76.978 43,2% 6,4 108,0 49,8 8,9 574 32,50% 2.969

Médio Prazo

2021 30.506 48.103 78.609 45,6% 6,6 108,0 53,8 8,4 540 32,40% 3.023

2022 31.153 49.123 80.276 48,1% 6,8 108,0 57,9 7,8 506 32,30% 3.077

2023 31.814 50.164 81.978 50,6% 7,1 108,0 62,2 7,3 473 32,20% 3.133

2024 32.488 51.229 83.717 53,0% 7,4 108,0 66,6 6,8 439 32,10% 3.189

Longo Prazo

2025 33.177 52.314 85.491 55,5% 7,6 108,0 71,2 6,3 405 32,00% 3.247

2026 33.880 53.423 87.303 58,0% 7,9 108,0 75,9 5,7 371 31,90% 3.305

2027 34.598 54.555 89.153 60,4% 8,2 108,0 80,8 5,2 337 31,80% 3.365

2028 35.332 55.712 91.044 62,9% 8,5 108,0 85,9 4,7 303 31,70% 3.425

2029 36.081 56.893 92.974 65,3% 8,8 108,0 91,1 4,2 269 31,60% 3.487

2030 36.846 58.100 94.946 67,8% 9,1 108,0 96,6 3,6 235 31,50% 3.549

2031 37.627 59.331 96.958 70,3% 9,4 108,0 102,2 3,1 202 31,40% 3.613

2032 38.425 60.589 99.014 72,7% 9,7 108,0 108,0 2,6 168 31,30% 3.678

2033 39.239 61.873 101.112 75,2% 10,0 108,0 114,1 2,1 134 31,20% 3.744

2034 40.071 63.185 103.256 77,7% 10,4 108,0 120,3 1,5 100 31,10% 3.811

2035 40.921 64.524 105.445 80,1% 10,7 108,0 126,7 0,5 32 31,00% 3.879

2036 41.788 65.892 107.680 82,6% 11,1 108,0 133,4 0,5 32 30,90% 3.949

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

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71

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7 ALTERNATIVAS TÉCNICAS PARA COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE DEMANDAS

E DISPONIBILIDADES DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO

No Produto 5 - Diagnostico dos Serviços de Esgotamento Sanitário foi possível

conhecer as carências, demandas e disponibilidades de serviços e seus impactos nas

condições de vida e no ambiente natural bem como a caracterização institucional da

prestação dos serviços do município de Camaçari. Os estudos no âmbito da

formulação dos cenários de demandas dos Serviços de Esgotamento Sanitário –

Produto 8 -Tomo III – permitiram a identificação das carências e disponibilidades para

o horizonte de planejamento do plano municipal de saneamento. Com base na

projeção da evolução da demanda do cenário de referência adotado para o serviço de

Esgotamento Sanitário serão propostas alternativas capazes de promover a

compatibilização quali-quantitativa entre demandas e disponibilidade.

7.1 Alternativas Técnicas para Atendimento das Demandas das Áreas Urbanas

Na zona urbana as alternativas se dividem de acordo com a densidade populacional

de cada área, para locais com baixa densidade populacional as soluções

individualizadas ainda são as mais indicadas, conforme item 7.2, para os locais com

densidade populacional maior a rede coletora ainda é a solução mais viável.

I) Rede coletara de esgoto

A rede coletora é o conjunto de tubulações e peças hidráulicas que coletam e

transportam o esgoto gerado até o tratamento ou destinação final, sendo formado

principalmente por: ligação predial, coletor de esgoto, coletor tronco, interceptor, e

Estações Elevatórias de Esgoto (EEE).

Ligação predial de esgoto: é o trecho de tubulação compreendido entre a

caixa de inspeção de ligação e o coletor público de esgoto

Coletor de esgoto: é a tubulação da rede coletora que recebe contribuição de

esgoto das ligações prediais em qualquer ponto ao longo de seu comprimento

Coletor tronco: é o coletor principal, que recebe a contribuição dos coletores

secundários, conduzindo os efluentes para um interceptor ou emissário.

Interceptor: tubulação que recebe os coletores ao longo de sua extensão, não

recebendo ligações prediais diretas.

Plano Municipal de Saneamento Básico

72

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Estação Elevatória de Esgoto (EEE): conjunto de equipamentos, em geral

dentro de uma edificação subterrânea, destinado a promover o recalque das

vazões dos esgotos coletados a montante.

A rede coletora pode ser dividida basicamente em 02 (dois) tipos: a rede coletora

convencional e a rede coletora condominial, conforme Figura 8.

Em locais onde há a dificuldade de implantar o sistema convencional devido às ruas

estreitas e becos, é implantado o sistema condominial. Além da adaptabilidade o

sistema condominial é mais barato do que o convencional e pode ser implantado em

obras de regime de mutirão pela comunidade (SAAE, 2015).

Figura 8 - Representação esquemática dos sistemas convencional e condominial.

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2015.

O ideal é que toda a rede coletora seja monitorada, por meio da implantação de

medidores de vazão nas estações elevatórias de esgoto, com o objetivo de aferir a

quantidade de água infiltrada na rede, o que indica o estado de conservação e

manutenção do sistema. Usualmente, a vazão de infiltração é quantificada na forma

de uma taxa de infiltração por comprimento de rede. A Associação Brasileira de

Normas Técnicas (ABNT) em sua Norma Brasileira (NBR) 9649, cita a faixa de 0,05

a 1,0 L/s.km (RECESA, 2008).

A sobrecarga do volume, devido à infiltração de água, ocasiona problemas para a

população e operação no sistema, tais como:

Ramal condominial ou de ligação

Coletor de esgoto

Ramal Jardim Ramal Fundo de Lote Ramal Passeio

Sistema Convencional Sistema Condominial

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Sobrecarga e diminuição das eficiências da operação das Estações de

Tratamento de Esgoto;

Aumento do custo do tratamento do esgoto;

Retorno dos efluentes para as casas;

Extravasamento de Estações Elevatórias de Esgoto;

Extravasamento dos Poços de Visitas.

II) Estações de Tratamento de esgoto

As estações de tratamento de esgoto são unidades operacionais responsáveis em

tratar o esgoto coletado com a retirada de patógenos e matéria orgânica para que

possa ser lançado nos corpos receptores sem prejuízo para o meio ambiente e para

a saúde da população.

De acordo com Von Sperling (2014) a escolha do tratamento depende das condições

mínimas estabelecidas para a qualidade da água dos mananciais receptores, função

de sua utilização. Em qualquer projeto é fundamental o estudo das características do

esgoto a ser tratado e da qualidade do efluente que se deseja lançar no corpo

receptor. Os principais aspectos a serem estudados são vazão, pH e temperatura,

demanda bioquímica de oxigênio - DBO, demanda química de oxigênio - DQO,

toxicidade e teor de sólidos em suspensão ou sólidos suspensos totais - SST.

Segundo Von Sperling (2014) ao definir um processo deve-se considerar sua

eficiência na remoção de DBO e coliformes, a disponibilidade de área para sua

instalação, os custos operacionais, especialmente energia elétrica, e a quantidade de

lodo gerado. Alguns processos exigem maior escala (maior população atendida) para

apresentarem custos per capita compatíveis.

Como relatado no Produto 05 - Diagnóstico dos Serviços de Esgotamento Sanitário

do Município de Camaçari-BA, nenhuma estação de tratamento atendeu em 100% os

parâmetros da Resolução Conama Nº 430 para o lançamento em corpos receptores,

sendo aconselhado a revisão da rotina de operação e dimensionamento das estações

de tratamento de esgoto para que estas se enquadram nos parâmetros máximos

estabelecidos. Uma alternativa parar facilitar o enquadramento das estações de

tratamento de esgoto de acordo com a Resolução Conama Nº 430 é a mudança da

destinação do efluente tratado, ao invés de lançar em corpos receptores, o efluente

poderá ser direcionado para ser reutilizado na irrigação, que de acordo com a

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Resolução Conama Nº 430, tem parâmetros menos restritivos facilitando o

atendimento aos parâmetros máximos permitidos, conforme será apresentado no

item a seguir:

III) Reuso de esgoto doméstico tratado

O aumento populacional urbano, aliado ao maior consumo de águas de

abastecimento, contribui para a geração de volumes de esgotos domésticos cada vez

maiores e, consequentemente, o aumento da preocupação em dispor adequadamente

esse efluente, assegurando a preservação do meio ambiente e da saúde pública.

Nessa perspectiva, considerando a demanda hídrica exigida pela produção agrícola,

o reuso planejado de águas se mostra uma alternativa potencial para suprimento de

ambas as questões. Essa aplicação corrobora com o preconizado por Postel e Vickers

(2004), que alegam que elevar a prática de reuso agrícola é crucial para o atendimento

das necessidades alimentares das pessoas à medida que o estresse hídrico vem

aumentando em diferentes partes do globo.

Estudos desenvolvidos em diversos países indicam que a produtividade agrícola

aumenta com o uso do efluente tratado, devido a sua alta concentração de nutrientes

(BRAATZ, S.; KANDIAH, 1996; HESPANHOL, 2003). Além desse benefício, a

dependência das condições climáticas é diminuída permitindo o aumento da área

irrigada e, logo, maior produção agrícola.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1973), o reuso de água pode

ocorrer de modo indireto, através do lançamento do efluente no corpo receptor e

posterior captação à jusante, e de modo direto, por meio do uso planejado do esgoto

tratado para fins agrícolas, industriais, uso potável ou recarga de aquíferos. Sendo

assim, a proposta de prática a ser considerada para o município de Camaçari é a do

reuso direto planejado, onde o reuso é resultante de ação humana consciente e se

pressupõe a adoção de medidas de controle quanto à qualidade do efluente que

atendam aos padrões requeridos para seu novo uso.

A regulamentação e normatização das práticas de reuso surgem devido à

necessidade de adequar as técnicas já existentes, ou ainda prevendo sua ocorrência

em futuro próximo, de forma a resguardar a segurança ambiental e humana. No Brasil

ainda não existe nenhuma legislação referente ao reuso de esgotos domésticos, e

nenhuma menção foi feita no âmbito da Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei

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nº 9433 de 8 de janeiro de 1997), porém foi aprovada em março de 2006 pelo

Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) a Resolução n° 54 de 28/11/2005

que dispõe sobre as modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reuso

direto não potável de esgotos.

Importante ressaltar que alguns cuidados devem ser observados quanto à prática de

irrigação com esgoto tratado para garantir a segurança da tecnologia como, por

exemplo, a dosagem e o manuseio adequados do efluente usado na irrigação, o tipo

de cultivo, os procedimentos empregados no cultivo e coleta e os impactos possíveis

no solo e lençol freático. Segundo o Prosab (2009), a prática necessita de

disciplinação para minimizar os riscos inerentes à tecnologia, porém sem impor limites

excessivamente restritivos que inviabilizem a implantação dos projetos. Ante isso, é

importante observar os diversos estudos desenvolvidos dentro dessa temática no

âmbito do Prosab (2009) a fim de nortear os procedimentos e fornecer segurança à

implantação da tecnologia.

Caso do Iberostar:

Uma experiência de sucesso na aplicação do reuso de esgoto tratado é encontrado

no complexo hoteleiro Iberostar, que possui uma ETE operada pela Embasa para

tratamento dos efluentes do complexo e de casas do entorno e, após o tratamento do

efluente é realizada a irrigação de cultivos agrícolas por gotejamento através de um

sistema automático. Pés de mangaba, caju, maracujá, coco, quiabo e abóbora estão

entre os víveres produzidos, conforme figuras a seguir.

Figura 9 - Produção agrícola irrigada com reuso de esgoto tratado.

Fonte: Embasa, 2015.

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Outra possibilidade de reuso dos resíduos provenientes dos Serviços de Esgotamento

Sanitário é o uso de lodo de ETE ou bissólido na produção de composto agrícola, na

recuperação de terras e a aplicação em áreas de reflorestamento, devendo-se ficar

atento à possibilidade de contaminação das águas subterrâneas e/ou superficiais,

Devido a possibilidade de presença de patógenos, não se recomenda o uso do lodo

não digerido no solo agrícola e, em qualquer dos estágios, não deve ser empregado

em cultura de vegetais ingeridos crus (JORDÃO, 2011).

Há ainda a possibilidade de incorporação do biossólido na produção de materiais

cerâmicos, como já realizado em países como Estados Unidos, Japão e África do Sul.

A Resolução CONAMA 357/2006 define critérios e parâmetros para uso do lodo

proveniente de ETE para fins agrícolas.

7.2 Alternativas Técnicas para Atendimento das Demandas das Áreas Rurais ou com Domicílios Dispersos

Para as demais localidades da zona rural do município, caracterizadas pela existência

de domicílios dispersos, se propõe a adoção de soluções individualizadas

convencionais, largamente empregadas, bem como de tecnologias de

ecossaneamento. Embora tenha sido proposta solução coletiva para algumas

localidades, ainda resta a alternativa de adotar soluções individualizadas de

tratamento de esgoto principalmente para as residências dispersas no município e nas

grandes extensões das fazendas.

IV) Fossa seca ou privada higiênica

Nas localidades onde não há disponibilidade de água em quantidade, e os domicílios

não dispõem de instalações sanitárias, propõe-se então, a destinação das fezes para

as fossas secas (Figura 10), que consistem basicamente numa escavação no solo a

1,5m verticalmente do lençol freático, com geometria cilíndrica ou de seção quadrada,

na qual as fezes são depositadas. É construída uma casa para proteção e abrigo do

usuário e, normalmente, o buraco escavado é revestido por tijolo maciço.

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Figura 10 - Esquema em corte de uma fossa seca.

Fonte: FILHO e FEITOSA (2002) apud CISAM (2006).

O uso racional da fossa seca em função dos critérios e parâmetros preconizados pela

Organização Mundial da Saúde (OMS) credencia esta unidade como a mais indicada

para regiões desprovidas de Esgotamento Sanitário, águas pluviais e déficit hídrico,

condições não exclusivas de população de baixa renda (JORDÃO e PESSOA, 1995).

Segundo Jordão e Pessoa (1995), as unidades de fossa seca armazenam apenas o

excreta (fezes e urina), que uma vez lançado no buraco inicia um processo de

decomposição e transformação da matéria orgânica em sólidos estáveis, líquido e

gases. O material sólido com redução de volume fica retido na cova, os gases são

liberados para a atmosfera e o líquido infiltra pelas paredes da fossa. Assim, a

eficiência do processo está condicionada à porosidade das paredes da cova. O

material poderá ser removido periodicamente ou abandonado, após recobrimento,

com a construção de uma nova cova, constituindo solução segura e econômica.

Sendo uma solução individual, a fossa deve possuir dimensões compatíveis com o

número de usuários e com o período de tempo que se deseja até seu completo

enchimento, normalmente fixado em 4 anos. Em média, a produção de excreta per

capita corresponde a 1 L/hab.dia, porém no dimensionamento da cova deve-se levar

em consideração a redução do volume da matéria orgânica decorrente da

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estabilização. Neste caso, Jordão e Pessoa (1995), recomendam assumir a produção

de excreta per capita anual de 60 L/hab.ano.

Quanto à localização da fossa seca, esta deve ser feita em lugares livres de enchentes

e de fácil acesso aos usuários, deve estar distante de poços e fontes de água no

mínimo 15 metros, e deve ser feita no nível inferior a estas fontes de água (FUNASA,

2006).

Para garantir o uso da fossa seca deve-se tomar alguns cuidados, como a limpeza

periódica e instalação de um tubo vertical pintado de preto desde a cova para eliminar

o mau cheiro. A presença de moscas, indicativo de falhas na limpeza, pode ser

solucionado com a instalação de uma tela no topo do tubo de ventilação aprisionando

as moscas. Quanto aos micro-organismos patogênicos, se o excreta permaneceu no

buraco por um período de pelo menos 1 ano, não se deverá encontrar mais

organismos patogênicos, salvo eventualmente ovos de Ascaris, se o buraco for úmido

(JORDÃO e PESSOA, 1995).

Deve-se lembrar que na maioria dos casos esta solução será implantada em locais

onde antes o hábito era defecar em terreno, sem maiores cuidados de asseio ou

limpeza, cabendo, portanto, um trabalho prévio de educação sanitária em relação ao

uso e manutenção da privada e conscientização dos moradores em relação aos

benefícios sanitários e de saúde pública (JORDÃO e PESSOA, 1995).

V) Fossas sépticas convencionais

Segundo a NBR 7229/1993, a fossa séptica (ou tanque séptico) trata de uma unidade

cilíndrica ou prismática retangular de fluxo horizontal, para tratamento de esgotos por

processos de sedimentação, flotação e digestão.

O funcionamento da fossa séptica consiste na retenção do esgoto por um período

previsto no dimensionamento (12 a 24 horas), simultaneamente ocorre a

sedimentação dos sólidos em suspensão formando uma substância semilíquida

denominada lodo. Parte dos sólidos não sedimentados, formados por óleos, graxas e

gorduras e outros materiais misturados com gases, emerge e é retida na superfície

livre do líquido no interior da fossa séptica, formando a escuma. O lodo, a gordura e o

esgoto são digeridos por bactérias anaeróbias provocando a destruição total ou parcial

de material volátil e organismos patogênicos, atingindo uma eficiência superior a 50%

de redução de sólidos em suspensão e 30% de DBO (Jordão e Pessoa, 1995).

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Na concepção devem ser previstos dispositivos de entrada e saída desnivelados 5

centímetros, chicanas que permitem a retenção da escuma e o fluxo favorável do

líquido, e abertura para inspeção que permita a remoção da escuma e do lodo no

período de limpeza previsto no projeto, que varia de 1 a 5 anos, conforme preconiza

a NBR 7229/1993.

Figura 11 - Desenho esquemático de uma fossa séptica.

Fonte: Tigre, 2015.

A NBR 7229/1993 orienta que na implantação da unidade deve-se observar as

seguintes distâncias horizontais mínimas:

1,50 m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e

ramal predial de água;

3,0 m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de Esgotamento

Sanitário;

15,0 m de poços freáticos e de corpos de água de qualquer natureza.

Esta tecnologia destaca-se pela sua simplicidade construtiva e operacional, baixo

custo, vasta aplicabilidade e evita a proliferação de insetos. Entretanto, o efluente é

escuro e com odor característico, periodicamente poderá apresentar grande

quantidade de sólidos devido à grande atividade bacteriana, e a tecnologia não

favorece a eliminação total das bactérias patogênicas.

Como alternativas de disposição final do efluente, poderá ser adotado poço

absorvente (sumidouro), ou vala de infiltração. O despejo em corpo hídrico não é a

solução mais indicada, porque não aproveita o potencial nutritivo do efluente, como a

quantidade de matéria orgânica e nutrientes disponível que pode auxiliar no

enriquecimento do solo para uso agrícola.

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VI) Fossas sépticas econômicas

Um exemplo de tecnologia social adequada para as localidades dispersas do

município são as fossas sépticas econômicas, que visa oferecer uma alternativa

barata, eficiente e de fácil instalação. Esta experiência bem-sucedida em

Pindamonhangaba (SP) foi adaptada para as condições locais e está mudando a vida

de várias comunidades de pequenos agricultores no município de Caratinga, Minas

Gerais.

Essa tecnologia foi instituída em 2001 com o Prêmio Fundação Banco do Brasil de

Tecnologia Social. Realizado a cada dois anos, o Prêmio reconhece e dissemina

iniciativas sociais que garantem melhores condições de vida para muitos brasileiros,

por meio da valorização da vida, da cidadania, da igualdade de direitos e do espírito

solidário, representando possibilidades reais de transformação social.

O processo de tratamento do esgoto nas fossas sépticas econômicas, assim como

acontece na fossa de alvenaria, fica a cargo de bactérias anaeróbias e aeróbicas,

mudando somente o material empregado: bombonas plásticas de 200 litros de

capacidade, além de tubos e conexões em PVC.

Para uma família de até cinco pessoas, são utilizadas três bombonas. Grupos

familiares maiores precisam adicionar uma bombona para cada duas pessoas a mais.

Interligada às demais por um sistema de tubos e sifões, a primeira bombona recebe o

esgoto que se sedimenta formando o lodo biológico. As bactérias, também realizam

digestão anaeróbia nas demais unidades, liberando um esgoto cada vez mais

clarificado, até chegar à tubulação de saída.

Figura 12 - Instalação das fossas sépticas econômicas.

Fonte: Prefeitura Municipal de Maringá, 2015.

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As alternativas de disposição final propostas foram sumidouro ou vala de infiltração.

Em áreas onde o lençol freático é mais profundo, esse efluente final é direcionado

para um sumidouro. Nos outros locais, onde existe lençol freático mais superficial, é

utilizada uma vala de infiltração, que consiste em um tubo de PVC com vários furos,

instalado em uma vala preenchida com brita, para facilitar a infiltração do efluente no

solo, e por cima outra camada de brita e terra, essas áreas, em muitos casos são

consorciadas à produção de alimentos.

Figura 13 - Vala de infiltração para disposição do efluente da fossa séptica econômica.

Fonte: Prefeitura Municipal de Maringá, 2015

VII) Tanque de evapotranspiração

Nas localidades onde não há acesso a tecnologias ou seu acesso é dispendioso, é

importante levar em consideração os princípios do saneamento ecológico

(ecossaneamento), uma vez que é mais fácil introduzir as soluções alternativas em

locais onde não há presença de tecnologias convencionais.

O ecossaneamento surgiu como uma alternativa para evitar as desvantagens dos

sistemas convencionais de Esgotamento Sanitário. O paradigma do ecossaneamento

é baseado nos caminhos naturais dos ecossistemas e no ciclo fechado de materiais e

energia, onde as excretas humanas (fezes e urina) bem como as demais águas

residuais domésticas, são reconhecidas como um recurso que pode ser disponível

para o reuso (LANGERGRABER e MUELLEGGER, 2005 apud RIOS, 2008).

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Figura 14 - Ciclo dos nutrientes de acordo com o ecossaneamento.

Fonte: ESREY, 2001 apud RIOS, 2008.

Segundo Esrey et.al. (2001) há três princípios básicos importantes de saneamento

ecológico: prevenção da poluição e doenças causadas por excrementos humanos;

tratamento de excrementos humanos como um recurso e não como um produto de

resíduos e recuperação e reciclagem dos nutrientes.

O tanque de evaporação ou canteiro bio-séptico é uma solução criada a partir do

conceito de ecossaneamento, com potencial para aplicação no tratamento domiciliar

de águas negras nas áreas rurais. Consiste em um tanque impermeabilizado,

preenchido com diferentes camadas de substrato e plantado com espécies vegetais

de crescimento rápido e alta demanda por água como bananeiras. O sistema recebe

o efluente dos vasos sanitários, que passa por processos naturais de degradação

microbiana da matéria orgânica, mineralização de nutrientes, absorção e

evapotranspiração pelas plantas (GALBIATI, 2009).

O sistema é composto por câmara de recepção instalada longitudinalmente ao fundo

do tanque podendo ser de manilhas de concreto perfuradas, tijolos dispostos na

horizontal para permitir a vazão nas laterais ou pneus usados, justapostos em pé

desde que mantidos alguns espaços entre eles, ao fundo do tanque, formando uma

espécie de túnel (Figura 15). Ao redor e acima da câmara de recepção é preenchido

por camadas de materiais com granulometria decrescente (pedras, cacos de tijolos,

telhas, brita, areia e terra). Um tubo de drenagem é colocado 10 cm abaixo da

superfície, para escoar o excesso de água, principalmente a de chuva.

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Figura 15 - Tanque de evapotranspiração.

Fonte: RAP, 2010 / ECOCENTRO IPEC, 2009 apud JESUS, 2011.

O efluente entra pela câmara de recepção, localizada na parte inferior do tanque,

permeando, em seguida, as camadas de material cerâmico e pedras. Na câmara de

recepção e na camada de material cerâmico, ocorre a digestão anaeróbia do efluente.

A camada de material cerâmico-poroso é naturalmente colonizada por bactérias que

complementam a digestão. Com o aumento do volume de esgoto no tanque, o

conteúdo preenche também as camadas superiores, de brita e areia, até atingir a

camada de solo acima, através da qual se move por ascensão capilar até a superfície,

de onde evapora. Durante esse trajeto, o efluente é mineralizado e filtrado, através de

processos aeróbios de decomposição microbiana. As raízes das plantas localizadas

nas camadas superiores se desenvolvem em busca de água e dos nutrientes

disponibilizados pela decomposição da matéria orgânica. Através da

evapotranspiração, a água é eliminada do sistema, enquanto que os nutrientes

presentes são removidos através da sua incorporação à biomassa das plantas

(Mandai, 2006; Pamplona & Venturi, 2004).

A manutenção do sistema consiste na colheita de frutos, retirada do excesso de

mudas, podas e retirada de partes secas de plantas. Vale destacar que a escolha do

local de instalação deve levar em conta o tipo de solo, profundidade do lençol freático

e a incidência solar direta, o dimensionamento comumente utilizado é de 10 m² de

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área (2 m x 5 m) para uma família de 5 pessoas (2 m² por pessoa, no mínimo,

dependendo do clima da região).

VIII) Círculo de bananeiras

É usado para tratar as águas usadas da casa (pias, tanques e chuveiros), as

chamadas águas cinzas. Ele também beneficia a produção de bananas em escala

humana. Esta tecnologia também é indicada para as localidades da zona rural que

predomina população dispersa que deve ser utilizada juntamente com outra solução

individualizada destinada ao tratamento de águas negras (Figura 16).

Figura 16 - Círculo de bananeiras.

Fonte: EcoSustentável, 2015 / Cereus, 2015.

Essa técnica originou-se da observação dos efeitos dos fortes ventos sobre a cultura

dos cocos. Numa clareira os coqueiros caídos davam origem a círculos de coqueiros

que nasciam e se desenvolviam e produziam melhor do que quando sós. Observou-

se que no centro do círculo se depositavam folhas, ramos, frutos, etc, que retinham a

umidade e concentravam nutrientes, beneficiando a cultura dos coqueiros. Dessa

observação, passou-se em seguida às experiências com outras culturas, como a da

banana (CB, 2006).

No caso das bananeiras percebeu-se que elas, como outras plantas de folhas largas

como o mamoeiro, evaporavam grandes quantidades de água e estabeleceu-se assim

uma relação com as águas cinzas das residências.

Portanto, o círculo de bananeiras é um sistema composto basicamente em uma

câmara de 2,0 metros de diâmetro com até 1,0 m de profundidade preenchida com

brita, galhos, gravetos, palha.

Após a perfuração do buraco realiza-se o preenchimento, sem impermeabilizar, para

criar um ambiente adequado para o recebimento da água cinza e para beneficiar os

micro-organismos. Primeiro coloca-se pequenos troncos de madeira grossos no

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fundo, em seguida galhos médios e finos de árvores e por último a palha (aparas de

capim, folhas, etc.) formando um monte com quase 1,0 metro de altura acima da borda

do buraco. A madeira deve ser colocada de forma desarrumada, para que se criem

espaços para a água. A palha em cima serve para impedir a entrada da luz e da água

da chuva, que escorrerá para os lados não inundando o buraco e não se

contaminando com a água cinza. A água cinza deve ser conduzida por um tubo até o

buraco e com um joelho na ponta para evitar o entupimento (Figura 17).

Figura 17 - Esquema do círculo de bananeiras (corte e vista).

Fonte: SILVA, 2015 / CB, 2006.

Ao redor do círculo, planta-se as bananeiras, mas também é indicado o plantio de

outras plantas de folha larga como a taioba, o mamoeiro ou plantas rasteiras para

cobrir todo o espaço. Recomenda-se que a cada 3 anos (ou mais) todo o material

depositado no buraco pode ser retirado (quando os troncos se dissolverem) e usar

como adubo orgânico na horta. E repor novo material como no início da implantação

do círculo.

IX) Banheiro seco

O banheiro seco ou compostável é outra tecnologia sugerida para os domicílios do

município, sejam eles localizados na zona rural ou urbana, que transforma dejetos

humanos em adubo orgânico para agricultura, sem utilizar ou desperdiçar água na

descarga, evitando ainda a contaminação do solo. Semelhante esteticamente com o

banheiro comum, mas diferente no seu mecanismo de funcionamento, no banheiro

seco, utiliza-se serragem para dar descarga, facilitando assim a compostagem e

evitando o mal cheiro.

Os sanitários secos são construídos em dois pavimentos e, sendo assim, o relevo

acidentado exclui a necessidade de uma escada de acesso à cabine. O modelo de

alvenaria ou madeira tem se mostrado uma tecnologia de baixo custo para lidar com

os problemas de Esgotamento Sanitário. A Figura 18 apresenta o esquema de

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funcionamento do sanitário seco de alvenaria, com a cabine de uso, a câmara de

compostagem, o sistema de ventilação e as dimensões de construção.

Figura 18 - Corte lateral de um banheiro seco mostrando o seu funcionamento.

Fonte: TEIXEIRA e MOTA, 2008.

A estrutura do banheiro deve seguir a especificações técnicas, já utilizadas em

experiências bem-sucedidas, e devem conter os seguintes elementos:

Duas câmaras para receber os dejetos, que devem ser pintadas de preto e

posicionadas para o Norte, no caso das cidades localizadas no hemisfério sul,

sendo esta a direção que recebe mais calor do sol e, portanto, acelera o

processo de decomposição, tornando-o mais eficiente. O calor também evita a

reprodução de patógenos e a formação de odores dentro do banheiro.

Dutos de saída de ar das câmaras que funcionam como exaustores, também

pintados de preto;

Um minhocário ou composteira para que os dejetos decompostos sejam

encaminhados para um segundo processo de decomposição, junto a outros

materiais, e assim certifica-se que esse adubo esteja realmente livre de

qualquer agente de contaminação e com propriedades mais favoráveis para

uso agrícola.

As câmaras devem ser utilizadas em revezamento tendo o banheiro dois acentos.

Enquanto uma câmara está em uso, a outra, após seu enchimento, fica fechada

passando pelo processo de decomposição.

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A alta temperatura é uma das maneiras de eliminar os patógenos humanos, sendo

assim, a temperatura dentro da câmara de compostagem do sanitário deve

permanecer acima da temperatura do corpo humano, 37 graus Celsius. No processo

de compostagem, se a temperatura atinge 50 graus Celsius, é possível matar os

patógenos em 1 dia; 46 °C em uma semana e 43 °C em um mês (LEGAN, 2007 p.62).

Para concluir, vale ressaltar que o banheiro seco dispõe de vários modelos e

tamanhos, podendo ser comprados ou mesmo construídos pelo próprio usuário. São

aplicáveis em vários tipos de clima, relevo e para diferentes necessidades de uso.

Esta solução ainda pode sofrer adaptações utilizando-se da proposta contida no

ecossaneamento que é a segregação dessas correntes de águas residuárias

domésticas com o objetivo de promover a recuperação completa de todos os

nutrientes presentes nas fezes, urina e águas cinza.

Diante disso, a prática da reciclagem de águas amarelas (urina) para a agricultura

mostra-se bastante vantajosa, já que a maior parte dos nutrientes que são essenciais

(N, P, K) são encontrados na urina humana, além conter poucos microrganismos

patogênicos, sendo de fácil manuseio (SIDA, 1995 apud ZANCHETA, 2007).

Segundo Haq e Cambridge (2012), os sistemas de Esgotamento Sanitário

convencionais privam a agricultura dos benefícios das excretas humanas,

principalmente a urina, para produção de alimentos, já que possui grande potencial

de melhorar a fertilidade do solo, refletindo na elevação da qualidade das culturas,

promovendo a qualidade ambiental, atendendo às necessidades de subsistência

humana e consequentemente gerando benefícios econômicos.

A separação de urina e posterior utilização em cultivos agrícolas demandam

infraestruturas diferentes das tecnologias convencionais e não se trata de uma pratica

difundida no país. Neste contexto, propõe-se para estas populações primeiramente

um trabalho continuo de educação sanitária e ambiental explanando os benefícios da

adoção das práticas contidas no Ecossaneamento, para melhoria da saúde pública,

principalmente de crianças que é a faixa etária mais vulnerável às doenças

relacionadas a falta de saneamento.

Em relação à urina, caso a solução adotada seja fossa seca, pode-se incluir nessa

estrutura, uma bacia sanitária à seco, que tenha por objetivo destinar a urina a um

recipiente, como por exemplo bombonas de 20 L, que posteriormente deve ser

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transferida para recipientes maiores (Figura 19), onde deverá ficar estocada segundo

recomendações da literatura durante o período de 1 mês, com objetivo de garantir que

está esteja isenta de organismos patogênicos, para posterior aplicação em culturas

agrícolas de subsistência.

Figura 19 - Bombonas de armazenamento temporário (esquerda) e de estocagem (direita) em sanitário com separação de urina implantadas em países da África.

Fonte: ECOSAN, 2006.

Analogamente, caso a solução adotada seja o banheiro seco, também pode optar em

incluir bacia sanitária segregadora de urina. A Figura 20 apresenta ainda o sistema de

coleta de água de chuva e armazenamento em uma bombona, que pode ser

aproveitada para lavar as mãos.

Figura 20 - Banheiro seco com bacia sanitária segregadora de urina.

Fonte: LAMB, 2013.

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8 AÇÕES DE EMERGÊNCIA E CONTINGÊNCIA

Toda atividade com potencial de gerar uma ocorrência atípica cujas consequências

possam provocar danos às pessoas, ao meio ambiente e a bens patrimoniais,

inclusive de terceiros, devem ter, como atitude preventiva, um planejamento para

ações de emergências e contingências. Segundo a Lei 11.445/2007 devem ser

formuladas estratégias para contenção de casos de emergências e contingência nos

sistemas de Esgotamento Sanitário no âmbito do Plano Municipal de Saneamento

Básico.

Conceitualmente, contingência é a possibilidade de uma eventualidade acontecer ou

não, e emergência é a ocorrência dessa eventualidade, ou seja, o surgimento de uma

situação crítica. Mais especificamente, as ações de emergência são aquelas que

visam mitigar os efeitos de acidentes, de causa natural ou não, em qualquer um dos

serviços de saneamento. Já as ações de contingência são aquelas que visam evitar

ou minimizar impactos ambientais nos serviços de saneamento básico, que podem ou

não ocorrer. Diferentemente das emergências, as contingências referem-se a eventos

previsíveis e não acidentais (RECESA, 2014).

Para isso, é necessário estabelecer formas de atuação rápidas e eficientes dos órgãos

operadores, tanto de caráter preventivo como corretivo, realizadas por equipes

especializadas. Em caso de ocorrências atípicas que extrapolem a capacidade de

atendimento local, os órgãos operadores deverão dispor de equipamentos, materiais,

mãos de obra, a fim de evitar que os sistemas de saneamento básico não tenham a

segurança e a continuidade operacional comprometida ou paralisada.

As ações para emergência e contingências serão tomadas pelo Poder Público,

verificando situações de risco e/ou perturbação da ordem e saúde pública, bem como

causem ou possam causar dano ao meio ambiente.

Os acidentes ocorridos devem ser documentados, para formação de um histórico.

Assim será possível verificar recorrências dos eventos, além de condutas e

procedimentos que possam ser aprimorados, e gradualmente reduzir o número de

ações emergenciais.

No caso dos Serviços de Esgotamento Sanitário, os vazamentos na rede coletora de

esgoto são os principais causadores de interrupções dos serviços de coleta. Os

mesmos podem ser ocasionados, entre outras razões, por paralização das elevatórias

Plano Municipal de Saneamento Básico

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e obstrução na rede, que podem ser causados por falta de energia elétrica, gerando

diversos contratempos à população como, por exemplo, o retorno do esgoto para as

residências gerando implicações na saúde pública e no meio ambiente.

Na operação e manutenção dos Serviços de Esgotamento Sanitário deverão ser

utilizados mecanismos locais e corporativos de gestão, no sentido de prevenir

ocorrências indesejáveis. Esse controle deve ser realizado através do monitoramento

das condições físicas das instalações e dos equipamentos, assim como da qualidade

da prestação dos serviços, tanto para as soluções coletivas quanto para as soluções

individuais, visando minimizar a ocorrência de problemas.

A inexistência ou ineficiência do tratamento prévio do esgoto doméstico para a sua

disposição final poderá contribuir para degradação da qualidade da água de

mananciais superficiais e subterrâneos e, por consequência, da vida dos

ecossistemas ali presentes, além de implicações na saúde pública da população e na

contaminação do meio ambiente.

A seguir o Quadro 18 lista possíveis eventos relacionados a emergências e

contingências inerentes ao sistema de Esgotamento Sanitário, assim como as suas

possíveis origens, e elenca as ações cabíveis para mitigação e resolução do

transtorno. Importante ressaltar que serão descritas apenas algumas situações e

ações de emergência e contingência, devendo o gestor público formular um plano de

ações e estratégias mais detalhado para contenção de casos de emergência e

contingência.

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Quadro 18 - Alternativas para evitar a paralisação do sistema de Esgotamento Sanitário.

Ocorrência Origem Ações para emergência e contingência

Vazamentos e contaminação de solo, mananciais superficiais ou

subterrâneos por soluções de

Esgotamento Sanitário

Rompimento, extravasamento, vazamento e/ou infiltração de esgoto por ineficiência de fossas sépticas ou inadequabilidade da solução adotada (uso de fossas rudimentares)

Promover o isolamento da área e contenção vazamento do efluente com o objetivo de reduzir a contaminação.

Promover a limpeza da área com caminhão limpa fossa, encaminhando o efluente para a estação de tratamento de esgoto.

Promover o isolamento da fossa inadequada e exigir a construção de solução adequada para coleta e tratamento do efluente doméstico. Para usuários que comprovem situação de carência, o poder público deverá assegurar a construção da nova solução para o Esgotamento Sanitário residencial.

Construção de fossas inadequadas

Exigir a substituição das fossas rudimentares por fossas sépticas e sumidouros ou ligação do esgoto residencial à rede pública de coleta, nas áreas onde existe esse sistema. Para usuários que comprovem situação de carência, o poder público deverá assegurar a construção da solução para o Esgotamento Sanitário residencial.

Implantar programa de educação ambiental quanto a necessidade de uso de fossas sépticas em substituição às fossas rudimentares e fiscalizar se a substituição está acontecendo nos prazos exigidos.

Lançamento de esgotos domésticos na rede de drenagem urbana

Fiscalizar e erradicar as ligações clandestinas.

Exigir a construção de solução de Esgotamento Sanitário adequada à legislação vigente ou a ligação do esgoto residencial à rede pública de coleta, nas áreas onde existe esse sistema. Para usuários que comprovem situação de carência, o poder público deverá assegurar a construção da solução para o Esgotamento Sanitário residencial.

Promover campanhas de educação ambiental com intuito de informar sobre as implicações da ligação do esgoto doméstico na rede pluvial de coleta.

Inexistência ou ineficiência da manutenção e do monitoramento periódico das soluções coletivas e individuais de coleta e tratamento de esgoto.

Ampliar a manutenção e monitoramento das soluções individuais nas zonas urbana e rural, principalmente em fossas localizadas próximas aos cursos hídricos e pontos de captação subterrânea de água para consumo humano.

Ampliar a manutenção e monitoramento das condições da rede pública de coleta, adotando medidas de prevenção à ocorrência de transtornos.

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Ocorrência Origem Ações para emergência e contingência

Rompimento de interceptores,

coletores, emissários

Desmoronamento de taludes ou paredes de canais

Executar reparo da área danificada com urgência.

Sinalizar e isolar a área como meio de evitar acidentes.

Rompimento de interceptores,

coletores, emissários

Erosões de fundo de vale

Comunicar aos órgãos de controle ambiental sobre o rompimento em alguma parte do sistema de coleta de esgoto.

Executar reparo da área danificada com urgência.

Sinalizar e isolar a área como meio de evitar acidentes.

Rompimento de pontos para travessia de veículos

Comunicar aos órgãos de controle ambiental sobre o rompimento em alguma parte do sistema de coleta de esgoto.

Comunicar as autoridades de trânsito sobre o rompimento da travessia.

Sinalizar e isolar a área como meio de evitar acidentes.

Executar reparo da área danificada com urgência.

Isolar o trecho danificado do restante da rede com o objetivo de manter o atendimento das áreas não afetadas pelo rompimento.

Ocorrência de retorno de esgoto

nos imóveis

Obstrução de coletores de esgoto Executar reparo das instalações danificadas com urgência.

Executar trabalhos de limpeza e desobstrução.

Lançamento indevido de águas pluviais em redes coletoras de esgoto

Executar reparo das instalações danificadas.

Comunicar a vigilância sanitária.

Ampliar a fiscalização e o monitoramento das redes de esgoto e de captação de águas pluviais com o objetivo de identificar ligações clandestinas, regularizar a situação e implantar sistema de cobrança de multas e punição para reincidentes.

Extravasamento de esgoto em ETE por

paralisação do funcionamento desta

unidade de tratamento

Interrupção no fornecimento de energia elétrica nas instalações

Comunicar à Coelba a interrupção de energia.

Acionar gerador alternativo de energia.

Instalar tanque de acumulação do esgoto extravasado com o objetivo de evitar contaminação do solo e água.

Comunicar aos órgãos de controle ambiental os problemas com os equipamentos e a possibilidade de ineficiência e paralisação das unidades de tratamento.

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Ocorrência Origem Ações para emergência e contingência

Extravasamento de esgoto em Estações

Elevatórias

Danificação de equipamentos eletromecânicos ou estruturas, por causas operacionais ou por ato de vandalismo

Instalar equipamento reserva e/ou realizar reparos nas estruturas danificadas com urgência.

Comunicar aos órgãos de controle ambiental os problemas com os equipamentos e a possibilidade de ineficiência e paralisação das unidades de tratamento.

Comunicar o ato de vandalismo à polícia local.

Interrupção no fornecimento de energia elétrica

Comunicar à prestadora dos serviços de energia elétrica a interrupção do fornecimento.

Acionar gerador alternativo de energia.

Instalar tanque de acumulação do esgoto extravasado com o objetivo de evitar contaminação do solo e água.

Interrupção dos serviços de coleta de esgotos domésticos

Obstrução de coletores de esgoto, ocorrência de vazamentos na rede, extravasamento de Estações Elevatórias, paralização do funcionamento da ETE.

Executar limpeza e/ou reparo nas estruturas danificadas com urgência.

Reestabelecer o funcionamento das estações elevatórias e/ou da ETE com urgência.

Comunicar aos órgãos de controle ambiental os problemas com os equipamentos e a possibilidade de ineficiência e paralisação das unidades de tratamento.

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

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9 ÁREAS DE INTERESSE PARA O ESGOTAMENTO SANITÁRIO

A fim de ampliar a capacidade dos serviços de saneamento básico em promover

sustentabilidade social e ambiental, além de universalizar o acesso aos serviços e

soluções, é necessário planejar as questões relacionadas em escalas abrangentes

que interajam com as características ambientais, de uso e ocupação do solo e

planejamentos de áreas afins, de maneira a produzir entendimentos capazes de

potencializar a capacidade de oferta dos serviços nos territórios.

Dessa forma, realizou-se uma proposição de áreas potenciais de interesse para o

saneamento básico para zoneamento de maneira a alimentar reflexões sobre o uso

e ocupação dos territórios, suas implicações nos serviços de saneamento e a sua

interlocução com os planos de desenvolvimento urbanos produzidos nos municípios

A seguir se apresenta o resultado da análise de algumas tecnologias e sua relação

com o território e os mapeamentos realizados. Ressalta-se, porém, que a limitação

da análise tecnológica realizada não impõe restrição à observação de outras

tecnológicas existentes. Portanto, esse estudo se caracteriza mais como um

entendimento de como deve se articular as questões tecnologias, territoriais e

socioambientais na gestão do saneamento municipal do que na imposição de uma

ou outra opção tecnológica.

9.1 Metodologia Empregada

Inicialmente foram reunidas as informações espaciais referentes a diferentes

elementos do território camaçariense aos quais são de interesse ao planejamento

sistemático do saneamento básico em Camaçari-BA. Informações primárias obtidas

em visita técnica ao município foram sobrepostas a informações secundárias

advindas de fontes oficiais, as quais permitiram uma análise de múltiplos critérios de

acordo com o objetivo de melhoria dos serviços de saneamento básico.

Para a análise espacial e geoprocessamento dos dados foi utilizado o software

ArcGIS V. 10.3 e as ferramentas de análise da extensão ArcGIS para Saneamento,

sendo gerado os mapeamentos aos quais a seguir serão feitas as análises, leitura e

interpretação.

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9.2 Análise das Áreas de Interesse para o Esgotamento Sanitário

Antes de avaliar mais especificamente as áreas de interesse para o Esgotamento

Sanitário cabe destacar a importância da conservação dos ecossistemas nas

decisões das tecnologias a serem implantadas.

A universalização do atendimento dos Serviços de Esgotamento Sanitário, conforme

preconizado no Plano Nacional de Saneamento Básico (PNSB), é imprescindível

para a melhoria da saúde pública, porém as medidas adotadas devem ser

ponderadas de forma a preservar os ecossistemas.

A implantação de uma estação de tratamento de esgoto ou de estações elevatórias

de esgoto, por exemplo, deve considerar a preservação das Áreas de Proteção

Permanente, bem como dar prioridade a áreas que já estejam descampadas ao invés

de áreas que necessitem de supressão da vegetação.

O mapeamento de áreas de interesse ao Esgotamento Sanitário (Apêndice B)

considerou o sistema de Esgotamento Sanitário existente, a restrição ao uso de

fossas sépticas, e o aproveitamento dos efluentes tratados para o reuso na

agricultura, de acordo com as seguintes áreas:

O sistema de Esgotamento Sanitário existente;

As áreas não propícias a implementação de fossas sépticas;

Áreas de agricultura para o reuso do esgoto tratado;

Locais propícios ao reuso do esgoto no próprio domicílio (irrigação de jardins

e áreas verdes).

9.2.1 Distrito Sede

Em relação ao Esgotamento Sanitário, é visto que a grande maioria dos corpos

hídricos localizados na sede municipal de Camaçari (os canais de drenagem e as

lagoas) tem apresentado problemas advindos do lançamento de efluentes.

Sendo assim, a correção desses problemas pode ser considerada como de caráter

emergencial dentro das estratégias de melhoria do saneamento básico da cidade,

cuja vista que, compromete o ciclo aqui proposto dos efluentes o que

consequentemente promove impacto.

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Na lógica da descentralização do sistema de Esgotamento Sanitário, é importante

que a rede de esgoto geral do município seja integrada, e que em hipótese alguma

ocorra o lançamento direto sem tratamento em um manancial, caso contrário, todas

as ações não serão suficientes para solucionar os problemas relacionados ao

Esgotamento Sanitário no município de Camaçari.

O fato da rede de drenagem pluvial ser a mesma utilizada como rede de esgotamento

de esgoto na sede municipal do município sobrecarrega o sistema de esgotamento

e impossibilita um tratamento adequado dos efluentes.

Foi então delimitada, uma área potencial para reaproveitamento de esgoto, vista

como um local ideal a implementação das ações de reaproveitamento e reuso dos

efluentes previamente tratados na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

Na Sede municipal essa área compreende as áreas não pertencentes a faixas de

APP do cinturão verde no Polo Petroquímico de Camaçari (PIC), entre outros

recortes de área verde aos quais poderiam estar sendo reaproveitados os efluentes

após tratamento.

O efluente com característica potencial orgânica, além dos locais indicados deve ser

direcionado a agricultura, a hortas comunitárias a serem desenvolvidas nas praças,

além de reaproveitados para a irrigação de campos de futebol, entre outras

atividades a qual o reuso pose ser utilizado. Fazendo com que a quantidade de

efluentes lançados no Oceano Atlântico e em mananciais de Camaçari possa ser

considerada futuramente uma variável decrescente.

Toda a distribuição dos equipamentos/infraestruturas de Esgotamento Sanitário

sobre uma perspectiva espacial deve ser considerada como um ponto estratégico ao

planejamento, sendo importante que as medidas de tratamento e melhoria da

qualidade da água dos mananciais sejam relacionadas diretamente às obras de

requalificação do sistema de Esgotamento Sanitário do município.

Esses estudos e levantamentos, fundamentados em visitas técnicas, servem como

orientação as medidas que devem ser tomadas para as soluções particulares a cada

situação diagnosticada, sendo de responsabilidade da gestão pública a tomada de

decisões e a elaboração de projetos em pró da melhoria dos cenários supra

relacionados.

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9.2.2 Distrito de Abrantes

No distrito de Abrantes a grande concentração de nascentes, somados a faixa de

dunas e a vegetação densa ainda preservada são pontos importantes a serem

considerados no processo de avanço da urbanização e consequentemente da

construção das infraestruturas de Esgotamento Sanitário. A maior parte da rede de

esgoto é conjunta com a rede de drenagem de água pluviais, o que prejudica a

qualidade das águas dos mananciais receptores de efluentes.

Além das Estações de tratamento de esgoto e dos trechos (percursos) do efluente

tratado, um outro importante elemento representado, trata-se do emissário da

CETREL que despeja os efluentes tratados no Oceano Atlântico após percorrer

cerca de 10 quilômetros desde a Sede Municipal de Camaçari até a localidade de

Arembepe no Distrito de Abrantes.

Foram identificados loteamentos e condomínios adequados a instalação de sistemas

de esgotamento descentralizados, com intuito de diminuir a demanda de efluentes

direcionadas aos cursos hídricos em grande parte sem qualquer tipo de tratamento.

9.2.3 Distrito de Monte Gordo

Em relação ao Esgotamento Sanitário do distrito de Monte Gordo em Camaçari, o

mapeamento permitiu analisar as áreas de maior adensamento urbano e assim os

maiores impactos e quantidade de efluentes. Assim como no distrito de Abrantes a

zona urbana é concentrada ao longo da orla marítima, e são as áreas de maior

produção de efluentes, sendo instalados sistemas descentralizados em alguns

condomínios mais em maior parte sendo descartados de modo impróprio nos

mananciais hídricos. Esta área por estar situada sobre o lençol freático do aquífero

de característica fissural torna-se bastante vulnerável a poluição, sobretudo pela

existência de aquíferos confinados rasos com maior vulnerabilidade ambiental,

devido o fácil acesso dos efluentes por meio da percolação. Foram identificadas as

áreas proibidas a implementação de fossas sépticas, sendo elencados os cordões

de dunas da APA – Lagoas de Guarajuba, as áreas florestais e as áreas com

profundidade estática do aquífero menor que 5 metros.

O levantamento de informações geográficas apresenta as características

topográficas por meio das curvas de nível do distrito, auxiliando assim a promoção

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da melhoria dos serviços de esgotamento, seja pela implementação das redes de

esgoto que operem por gravidade ou pela necessidade de instalação de Estações

Elevatórias de Esgoto (EEE).

Visto que as áreas verdes, e a grande maioria das nascentes de Monte Gordo ainda

se encontram protegidas por mata-ciliar, e considerando o acelerado avanço da

malha urbana no distrito, é importante que sejam respeitados esses recursos em

toda e qualquer intervenção urbana, cuja vista que os impactos gerados pelo

esgotamento podem promover a degradação ambiental a estas áreas.

Foram indicados alguns loteamentos e condomínios no distrito de Monte Gordo aos

quais poderiam ser instalados os sistemas descentralizados de tratamento de

esgoto, seja por meio de projetos de implementação dos sistemas de tratamento

individual de esgoto ou por meio de soluções alternativas desde que dentro dos

parâmetros estabelecidos pelos órgãos de fiscalização ambiental vigentes.

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10 PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES

Neste item são apresentadas as estratégias para a componente “Esgotamento

Sanitário” visando sanar as deficiências identificadas no diagnóstico e alcançar os

objetivos e metas propostos no cenário de referência. Isso posto, são propostos

Programas, Projetos e Ações (PPA) através de soluções apropriadas social,

ambiental e economicamente, considerando os princípios de universalidade,

integralidade, intersetorialidade, sustentabilidade, participação e controle social,

preconizados na Lei n° 11.445/2007 – Diretrizes Nacionais para o Saneamento

Básico. O escopo do conteúdo do PPA para Esgotamento Sanitário visa promover:

i. A mitigação da poluição dos recursos hídricos;

ii. A promoção da saúde pública e a redução da ocorrência de doenças

relacionadas à precariedade dos serviços de esgotamento;

iii. O aumento da qualidade da prestação dos Serviços de Esgotamento

Sanitário;

iv. A coibição do mau uso e estímulo à proteção dos recursos hídricos;

v. O fortalecimento da relação da população com o meio ambiente e seus

ecossistemas;

vi. A satisfação dos beneficiários do serviço prestado;

vii. A melhoria da gestão e do gerenciamento municipal, no que tange à

prestação de serviços públicos de interesse local, à proteção ambiental, à

saúde coletiva e à equidade social.

Os programas visam a concretização dos objetivos, através da definição de um tema

foco para o estabelecimento de projetos e ações, buscando garantir a

operacionalização do PMSB e, consequentemente, da prestação do serviço de forma

integrada. Por isso, possuem escopo abrangente com o delineamento geral de

diversos projetos a serem executados, o que traduz as estratégias para o alcance

das metas estabelecidas no cenário de referência.

Os projetos representam um conjunto de atividades e ações a serem desenvolvidas,

que levam em consideração os recursos disponíveis e o tempo necessário para

execução. Quando diversos projetos possuem objetivos semelhantes são agrupados

em programas, possibilitando a obtenção de benefícios que não seriam alcançados

se gerenciados isoladamente.

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As ações são desdobramentos do projeto em forma de etapas, que devem ser

executadas para atingir os objetivos traçados, em horizontes temporais. Assim, as

ações são planejadas para sanar os problemas relacionados à demanda da

sociedade. Uma vez encerrado o projeto e atingido seu objetivo, as ações tornam-

se atividades ou processos rotineiros de manutenção da diretriz por ele atendida.

Para a componente “Esgotamento Sanitário” o PPA foi organizado em 02 (dois)

eixos, como mostra a Figura 21, que abrangem propostas para concretizar as

aspirações da sociedade presentes no Plano Municipal de Saneamento Básico,

adequando-as à realidade do município. Os objetivos dos programas, assim como,

seus projetos e ações são apresentados a seguir.

Figura 21 - Programas para o PPA de Esgotamento Sanitário de Camaçari - BA.

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

10.1 Programa: Gestão Sustentável dos Serviços de Esgotamento Sanitário

Visando lograr uma gestão sustentável dos Serviços de Esgotamento Sanitário –

Objetivo 67 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável apresentados em 2015

pela Organização das Nações Unidas - ONU e baseados nos Objetivos de

Desenvolvimento do Milênio - ODM (ONU, s.d.) – o presente programa se insere no

âmbito do planejamento dos Serviços de Esgotamento Sanitário para o município de

Camaçari.

Vale destacar ainda que, de acordo com a Política Federal de Saneamento Básico

(Lei nº 11.445/07), os princípios fundamentais que devem perfazer os serviços

públicos de saneamento básico, como especificam os incisos do Art. 2º, são:

7 Objetivo 6: Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e o saneamento para todos – compreendendo saneamento com o conceito de integralidade entre os componentes abastecimento de água, Esgotamento Sanitário, manejo de resíduos sólidos e manejo de águas pluviais.

PP

A -

Es

go

tam

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Sa

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ári

o

Esgotamento Sanitário para Todos

Gestão Sustentável dos Serviços de Esgotamento Sanitário

Plano Municipal de Saneamento Básico

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(...)

II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as

atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando, à população, o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados;

(...)

VI - articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde e outras de relevante interesse social voltadas para a melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante;

VII - eficiência e sustentabilidade econômica;

(...)

IX - transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios institucionalizados;

X - controle social;

XI - segurança, qualidade e regularidade;

XII - integração das infraestruturas e serviços com a gestão eficiente dos recursos hídricos. (grifo nosso)

Outro aspecto relevante a ser considerado é o desafio de conciliar o equilíbrio

econômico-financeiro da prestadora de serviços com a modicidade tarifária, somado

aos investimentos demandados à proporção que se projete a ampliação do acesso

aos serviços para as zonas periféricas, cuja população encontra-se em situação de

vulnerabilidade econômica. Destarte, embora o município seja, constitucionalmente,

o titular nos serviços de saneamento básico, a eficiência da gestão, em seu sentido

amplo, está diretamente relacionada ao bom desempenho de todos os atores

envolvidos, não somente da atuação da prefeitura. Assim, incluem-se as prestadoras

de serviços, as secretarias e demais órgãos afins, a exemplo da Embasa, Cerb,

Agersa, Seinfra e Sedur, como elucidado no Produto 08 - Estudos de Cenários, Tomo

I - Gestão dos Serviços de Saneamento.

Nesse contexto, serão detalhados nos próximos subitens os projetos do Programa

de Gestão Sustentável dos Serviços de Esgotamento Sanitário que visam abarcar a

melhoria operacional, a qualidade no serviço prestado e a educação ambiental para

fortalecimento da relação da população com o meio ambiente.

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10.1.1 Projeto: Melhoria da qualidade do serviço prestado

A título de contextualização revisitaremos as não conformidades relacionadas à

prestação dos Serviços de Esgotamento Sanitário apresentadas no Produto 05 -

Diagnóstico dos Serviços de Esgotamento Sanitário e elencados também no

APÊNDICE A- MATRIZ SWOT DOS SERVIÇOS ESGOTAMENTO SANITÁRIO do

presente produto, apresentadas a seguir:

As estações de tratamento de esgoto não atendem aos padrões de

lançamento de efluentes domésticos em corpos hídricos, segundo Resolução

CONAMA n° 430/2011;

Extravasamentos em pontos da rede de coleta de esgoto no meio urbano;

Adoção predominante de soluções individualizadas inapropriadas em todo o

município, podendo gerar contaminação do solo e de mananciais

subterrâneos;

Lançamento de esgoto coletado pela rede pública na rede de drenagem e em

corpos d'agua sem tratamento prévio;

Lançamento de águas pluviais na rede pública de coleta de esgoto;

Fiscalização precária quanto à regulação e à qualidade do efluente gerado

nas ETEs.

A utilização do sistema de drenagem urbana para o lançamento de esgoto doméstico

provoca a contaminação dos rios, lagos e praias, e a utilização do sistema de

esgotamento para lançamento de águas pluviais, pode ocasionar o retorno de

efluentes para residências, extravasamento de elevatórias, dentre outros

transtornos.

Os mananciais inseridos no perímetro urbano do município recebem contribuições

de esgotos domésticos dos domicílios que não possuem solução de esgotamento,

fazendo a ligação clandestina no sistema de drenagem e, devido a isso, se

encontram em estado de degradação ambiental. Essa situação coloca em risco a

saúde da população, principalmente de crianças que são mais propícias a ter contato

direto com a água desses mananciais. Elaborar medidas para melhoria da prestação

dos Serviços de Esgotamento Sanitário, como a promoção de ações de prevenção

aos extravasamentos na rede, está intrinsecamente conexo à promoção da

preservação dos mananciais e da saúde pública dos munícipes.

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Ante o descrito, visando melhorar as condições de salubridade do meio, proteger os

ecossistemas e evitar transtornos à população são pontuadas as ações que deverão

ser desenvolvidas no âmbito desse projeto:

a) Formulação de ações para prevenção aos extravasamentos na rede coletora

de esgoto;

b) Elaboração de rotina contínua de monitoramento e manutenção preventiva

das soluções individuais implantadas na zona urbana e rural, com

disponibilização de técnico capacitado para realização dessas atividades;

c) Fiscalização e punição adequada aos infratores quanto à ligação do sistema

residencial de coleta de águas pluviais à rede pública de coleta de esgoto;

d) Fiscalização e punição adequada aos infratores quanto à ligação do sistema

residencial de esgoto à rede pública de drenagem;

e) Fiscalização quanto à ligação das residências ao sistema de coleta público de

coleta de esgoto, conforme disposto no Art. 82 do Plano Diretor de

Desenvolvimento Urbano – PDDU do município de Camaçari, aplicando aos

usuários inadimplentes as penalidades previstas na Lei nº 7.307 de 23 de

janeiro de 1998, regulamentada pelo Decreto Nº 7.765 de 08 de março de

2000, que dispõe sobre a ligação de efluentes à rede pública de coleta de

esgotos;

f) Desenvolvimento de canal de diálogo entre usuário e prestadora do serviço,

incluindo campanha de incentivo ao uso, para célere informação sobre

transtornos na rede pública de coleta de esgoto;

g) Capacitação e desenvolvimento dos recursos humanos para a execução dos

serviços de esgotamento de modo satisfatório, incluindo a contratação de

funcionários em número suficiente para atender à demanda do município, bem

como o treinamento (e sua reciclagem periódica) da equipe técnica incumbida

das medições;

h) Inclusão dos dados referentes ao saneamento básico ao Sistema de

Informações Geográficas - SIG, já utilizado pela Prefeitura, permitindo o

mapeamento da ocorrência de vazamentos, da idade das redes de coleta,

entre outras oportunidades.

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10.2 Programa: Esgotamento Sanitário Para Todos

O Esgotamento Sanitário exerce papel primordial no controle de doenças e outros

agravos, assim como contribui para a redução da morbimortalidade provocada por

doenças transmitidas pela água e consequente melhoria na qualidade de vida da

população, além de ter forte contribuição no resgate da dignidade do cidadão.

Portanto, implementar ações que objetivem o acesso às condições adequadas de

saneamento a toda e qualquer pessoa mediante tecnologias apropriadas à realidade

socioeconômica, cultural e ambiental se traduz na garantia de cumprimento do direito

do cidadão e é, pois, desafio contínuo da gestão pública.

Os objetivos desse Programa, descritos a seguir, visam atender à demanda da

população no que se refere ao Esgotamento Sanitário no horizonte de planejamento

de 20 anos.

Ampliar o sistema de Esgotamento Sanitário na área urbana dos distritos:

A área urbana do município, composta pela sede municipal e pelos distritos de Monte

Gordo e de Abrantes, não possui rede pública de coleta de esgoto atendendo a todos

os moradores. Apenas 20,2% da população do município possui acesso à rede

coletora de esgoto, sendo 28,0% no Distrito Sede, 13,1% no Distrito de Monte Gordo

e 11,0% no Distrito de Abrantes. O atendimento com rede coletora e tratamento

abrange 13,1% da população urbana do município e o índice de tratamento do

esgoto coletado é de 64,8%. Após, a conclusão das obras de saneamento do PAC I

e II em 2107, o atendimento por rede coletora na zona urbana passa a ser 48,2% da

população urbana, o índice de tratamento do esgoto coletado passa a ser de 100%.

Sendo assim, para atender aos princípios preconizados na Lei n° 11.445/2007

verifica-se que a ampliação do índice de coleta deverá crescer paralelamente ao

índice de tratamento do efluente coletado.

Assim, é objetivo do presente programa a elevação do índice de atendimento de

coleta de esgoto até o patamar de 93,1% e a universalização do tratamento de

esgoto para as zonas urbanas dos distritos. Vale ressaltar que, apesar de não

alcançar a universalização da coleta de esgoto, a adoção dessa meta está em

concordância com o horizonte de trabalho do PMSB e com as diretrizes preconizadas

na Lei n° 11.445/2007, que propõe a ampliação do índice progressivamente até a

Plano Municipal de Saneamento Básico

105

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sua universalização. Destarte, ressalta-se que, em ocasião da revisão do PMSB,

essa meta deve ser reavaliada objetivando o alcance de um horizonte temporal em

que a universalização do acesso seja uma realidade para os moradores da zona

urbana.

Devido ao déficit de atendimento por soluções de esgotamento na zona urbana,

existem ligações clandestinas de esgoto doméstico na rede de drenagem, podendo

gerar transtornos à população como o extravasamento em épocas de intensas

precipitações, ocasionando riscos à saúde pública, além de acarretar na

contaminação dos mananciais inseridos no perímetro urbano por efluente doméstico

sem tratamento prévio.

Portanto, a ampliação do sistema de Esgotamento Sanitário na zona urbana de cada

distrito com tecnologias e tarifas apropriadas à realidade local possui papel decisivo

para alcance de um ambiente seguro e salubre à toda a população, diminuindo a

possibilidade de ocorrência de doenças, reconstruindo os hábitos atuais e

fortalecendo a relação da comunidade com o meio ambiente.

Implantar soluções alternativas para as comunidades rurais e para os

domicílios dispersos na zona urbana:

Nas localidades rurais foi verificado o uso de fossas rudimentares como solução para

a destinação dos esgotos domésticos provenientes do vaso sanitário, construídas

sem observação dos critérios técnicos, estabelecendo uma condição propícia à

contaminação do lençol freático e das águas subterrâneas na região. Nesse

panorama, é válido destacar os impactos resultantes da desobediência aos critérios

técnicos construtivos, a exemplo da distância mínima da solução de Esgotamento

Sanitário à fonte de água subterrânea, que majoram as chances de contaminação

de poços usados como fonte de água para consumo e, consequentemente, a

ocorrência de doenças nos moradores locais.

Neste sentido, o Programa Esgotamento Sanitário Para Todos pretende ampliar o

índice atual de 32% de abrangência de soluções de esgotamento na zona rural até

o patamar de 80%, considerando o horizonte temporal de implementação do PMSB

e as metas propostas pelos estudos desenvolvidos no âmbito do Plansab (2013)

para a região Nordeste, adotadas no cenário de referência. A adoção dessa meta

segue ainda o direcionamento do princípio da universalização do acesso,

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preconizado pela Lei n° 11.445/2007, que propõe a ampliação do índice

progressivamente até o seu acesso universal a todos os moradores. Ressalta-se

que, em ocasião da revisão do PMSB, as metas propostas sejam reavaliadas

objetivando encontrar um horizonte temporal em que a universalização do acesso

seja uma realidade para os moradores da zona rural.

Para a zona urbana do município o uso de soluções alternativas de esgotamento é

indicado como solução emergencial para locais afastados do centro urbano onde se

predominam domicílios dispersos. Porém, segundo indicação do Plansab (2013) e

conforme o disposto na Lei estadual nº 7.307/1998, os domicílios que passam a ser

atendidos por rede coletora devem desativar a fossa séptica e lançar o efluente na

rede. Sendo assim, conforme a ampliação da rede contemple esses domicílios, a

transição dever ser incentivada e fiscalizada pelos órgãos responsáveis.

Ante isso, o Programa Esgotamento Sanitário Para Todos visa ampliar o índice de

acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário para o meio rural e para os domicílios

dispersos da zona urbana com uso de tecnologias apropriadas à realidade local de

modo a promover a saúde púbica, a proteção do meio ambiente e garantir o direito

ao acesso aos serviços de saneamento ao munícipe como forma de assegurar e

resgatar a dignidade da pessoa humana.

Conservação e recuperação das águas superficiais e subterrâneas do

município:

É fundamental para o Programa Esgotamento Sanitário Para Todos a promoção da

proteção das águas superficiais e subterrâneas, uma vez que o esgotamento

sanitário adequado previne a contaminação com efluentes domésticos com elevada

carga orgânica e patogênica, o que evita a degradação dos ecossistemas, melhora

a saúde pública e reduz os custos com tratamento da água.

Como descrito no Produto 4 - Diagnóstico dos Serviços de Abastecimento de Água,

Item 8, o município de Camaçari faz uso de mananciais de águas superficiais (Rio

Pojuca e Barragem Santa Helena) e subterrâneas (Aquífero São Sebastião). As

ações para a conservação dos atuais e futuros mananciais estão presentes no item

10.2 “Programas: recuperação, Preservação e Proteção dos Mananciais” do Produto

8 - Tomo II - Abastecimento de Água.

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Além de servir de manancial de abastecimento, alguns corpos d’água como

córregos, riachos e rios, também tem a função de promover o escoamento das águas

pluviais. O Produto 6 - Diagnóstico dos Serviços de Drenagem Urbana identificou a

contaminação por esgoto em quase todos os córregos, riachos e rios urbanos do

município. As ações para a conservação e recuperação desses corpos d’agua estão

presentes no item 10.2 “Programas: Manejo Adequado de Águas Pluviais” do

Produto 8 - Tomo IV- Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais.

Como pode ser visto, o objetivo de recuperação das águas superficiais e

subterrâneas do município previsto no Estudo de Cenários de Esgotamento

Sanitário, está presente nas ações previstas nos Estudos de Cenários de

Abastecimento Água e Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais, evidenciando

a importância da integralidade dos serviços, uma das diretrizes nacionais para o

saneamento básico instituídas pela Lei n° 11.445/2007, que estabelece princípios

fundamentais que devem perfazer os serviços públicos de saneamento básico, como

especifica o inciso II do Art. 2º:

(...) II - integralidade, compreendida como o conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico, propiciando, à população, o acesso na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e resultados; (...)

Redução da incidência de doenças relacionadas a ausência do saneamento básico:

O saneamento básico tem como uma das suas principais funções a prevenção de

doenças e a promoção da saúde pública. Como se sabe, são nas excretas,

principalmente nas fezes, que o organismo humano libera maior carga patogênica.

Assim, quando as excretas são dispostas no ambiente de forma inadequada, a

proliferação de doenças se torna fato recorrente nas comunidades humanas. Dessa

forma, há propagação de epidemias nos territórios, acometendo grande parte da

população e trazendo grandes prejuízos sociais e econômicos para a sociedade.

Ao se atingir a cobertura universal de soluções e Serviços de Esgotamento Sanitário,

uma grande gama de doenças relacionadas à ausência de infraestrutura desse

componente já terá a probabilidade de ocorrência diminuída ao máximo, não

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dependendo mais do seu controle, mas de outros fatores que poderão colaborar para

sua proliferação no ambiente.

10.2.1 Projeto: Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário

na Zona Urbana

No que se refere ao serviço de Esgotamento Sanitário, a Lei estadual nº 7.307 de 23

de janeiro de 1998, regulamentada pelo Decreto Nº 7.765 de 08 de março de 2000,

dispõe sobre a ligação de efluentes à rede pública de esgotamentos sanitários e dá

outras providências. Segue alguns artigos dessa Lei:

Art. 1º - Os serviços de saneamento básico compreendem, dentre outros, a coleta e disposição adequada dos esgotos, sendo portanto obrigatória a ligação dos efluentes sanitários dos imóveis, de qualquer natureza, à rede de Esgotamento Sanitário, quando implementada pelo Poder Público.

Art. 2º - Para cumprimento do disposto no artigo anterior, o usuário deverá promover a ligação do seu imóvel à rede coletora, no prazo máximo de 90 dias, a partir da data em que for comunicado de que o equipamento público se encontra disponível.

Art. 4º - O controle e a fiscalização das ligações de que trata esta Lei caberão à concessionária dos serviços de abastecimento de água e Esgotamento Sanitário e ao Centro de Recursos Ambientais.

Art. 7º - Por infração de qualquer disposição estabelecida nesta Lei, o infrator ficará sujeito às seguintes penalidades:

I - advertência, por escrito ou mediante aviso em jornal de grande circulação, na qual serão estabelecidos prazos para correção das irregularidades;

II - multa simples ou diária;

III - interdição temporária ou definitiva, excetuando-se os imóveis residenciais;

IV - interrupção do suprimento de água.

Esse projeto tem como objetivo fomentar a implantação de sistemas de coleta,

tratamento e destinação final de esgotos sanitários, visando o controle de doenças

e outros agravos, assim como contribuir para a redução da morbimortalidade

provocada por doenças transmitidas pela água, para o aumento da expectativa de

vida e melhoria na qualidade de vida da população. No âmbito desse projeto devem

ser desenvolvidas as seguintes ações:

a) Elaboração de projeto e ampliação da cobertura da rede pública de coleta de

esgoto doméstico na zona urbana dos distritos Sede, Abrantes e Monte

Gordo;

b) Elaboração de projeto e implantação de etapa de tratamento do esgoto

doméstico para os distritos de Abrantes e Monte Gordo;

c) Ampliação o volume de tratamento dos esgotos coletados na Sede municipal

pela empresa privada Cetrel;

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d) Operação e manutenção da rede pública de coleta dos distritos e das soluções

de tratamento do esgoto coletado a fim de evitar transtornos à população e

proteger o meio ambiente de contaminações;

e) Conforme avanço da ampliação da rede de coleta pública nos distritos,

promover a desativação das soluções individualizadas e ligação do domicílio

à rede8;

f) Construção de módulos sanitário integrados à rede coletora de esgoto em

domicílios que ainda não possuem9;

g) Realizar estudos quanto à viabilidade ambiental e econômica do reuso dos

efluentes tratados nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE);

h) Estudar a aplicação de tarifas compatíveis com a condição de pagamento dos

usuários.

10.2.2 Projeto: Soluções alternativas para zona rural e para povos e

comunidades tradicionais

Como já mencionado, a zona rural do município de Camaçari possui alto déficit

quanto à cobertura por soluções de Esgotamento Sanitário, sendo a cobertura atual

abrangendo apenas 32% da população rural, segundo IBGE 2010. A fossa

rudimentar é largamente empregada como solução para suprir essa carência,

contaminando o solo, mananciais subterrâneos e acarretando em riscos de

contaminação de poços usados como fonte de água para consumo pela população

local. Ante isso, é objetivo do presente projeto a elevação do índice de cobertura com

soluções individuais de Esgotamento Sanitário para abranger 80% da população

rural empregando tecnologias apropriadas à realidade local e em obediência aos

critérios técnicos construtivos imprescindíveis à sua perfeita eficiência e efetividade.

A escolha por sistemas individuais é baseada na recomendação do inciso V do Art.

2° da Lei 11.445/2007 – Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico, que propõe

a adoção de métodos, técnicas e processos em concordância com as peculiaridades

locais e regionais. Desta forma, as características ponderadas na escolha da

tecnologia a ser empregada consideraram a baixa densidade demográfica da zona

rural, onde se predomina a ocorrência de populações dispersas, inviabilizando a

8 Essa ação deve ser executada em conjunto com a ação de educação ambiental prevista no Tomo I,, entre outras oportunidades. 9 Idem nota 5.

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implantação de soluções coletivas, assim como as experiências de outros

municípios, com similaridades à Camaçari, que demonstraram dificuldades de

manutenção e operação das soluções coletivas na zona rural, comprometendo a sua

eficiência e efetividade.

As soluções individuais previstas para a zona rural devem ser construídas de

maneira participativa, a fim de promover o empoderamento e a apropriação pela

comunidade da tecnologia implantada, além de fortalecer a relação dos moradores

com o meio ambiente. Outro aspecto importante é dar prioridade, quando possível,

a tecnologias de tratamento que permitam a produção segura de alimentos.

O presente projeto visa também a proposição de ações voltadas a promoção da

melhoria das condições de esgotamento sanitário dos Povos e Comunidades

Tradicionais (PCT) presentes no território do município de Camaçari. Foram

identificadas a presença de comunidades remanescentes de quilombos,

comunidades pesqueiras, presença de aldeias hippies e povos ciganos, conforme

descrito no item 8.4 do Vol. 1 do Produto 2. A importância dada aos PCTs está

fundamentada na concepção ambientalista. Nos últimos trinta anos, os cientistas

ambientais constataram que a presença humana em Unidades de Conservação

contribui para a proteção de espécies animais em extinção, devido à capacidade de

utilização e preservação dos recursos naturais por meio da permanência destas

populações nas regiões conservadas.

Portanto, com a consolidação dessas comunidades no território do município surge

a necessidade do amparo estrutural para garantir a segurança sanitária necessária

à vida humana, minimizando a ocorrência de agravos de saúde relacionados à

deficiência dos serviços de esgotamento sanitário, fortalecendo a relação da

comunidade com o ambiente e reedificando a identidade do grupo. Sendo assim,

foram direcionadas ações específicas para o atendimento dessas comunidades,

considerando as suas peculiaridades culturais. Isso posto, as ações previstas para

o presente projeto são elencadas a seguir:

a) Elaboração dos projetos das soluções individuais de esgotamento

sanitário, incluindo cronograma de operação, manutenção e monitoração;

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b) Construção de soluções individuais, como banheiro seco, fossa séptica

seguida de sumidouros ou valas de filtração, fossas de evapotranspiração

e canteiro bioséptico, com base na construção participativa envolvendo a

família contemplada;

c) Capacitação da população na construção de soluções adequadas de

Esgotamento Sanitário, com foco em membros de associações e

profissionais responsáveis pela construção das soluções individuais

adotadas atualmente na região;

d) Elaborar e disponibilizar para a população manual técnico

autoexplicativo de construção e operação de soluções individuais, como

fossas sépticas seguidas de sumidouro/vala de filtração, canteiro

bioséptico, entre outros, assim como normas correlacionadas existentes;

e) Elaborar Manual com orientações sobre a manutenção e o

monitoramento das soluções individuais;

f) Construção de módulos sanitários nas residências que ainda não tem

acesso a banheiro, composto por vaso sanitário, lavatório, chuveiro e pia

de lavar roupa, integrado a solução para a destinação dos esgotos

condizente com a realidade local;

g) Promoção de oficinas de capacitação para atores sociais envolvidos na

construção de soluções individuais de esgotamento sanitário;

h) Promoção de oficinas de educação ambiental com os Povos e

Comunidades Tradicionais abordando a importância do esgotamento

sanitário para a minimização dos agravos de doenças e proteção do meio

ambiente, debatendo com a coletividade a respeito da melhor alternativa

para esgotamento sanitário a ser implantada, considerando as suas

peculiaridades culturais e visando a aceitação da tecnologia. Na ocasião

das oficinas deve feito o levantamento do quantitativo de residências

desprovidas de instalações sanitárias internas e a possível solução para

cada comunidade específica (a exemplo do uso de banheiro seco,

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construção de módulos sanitários integrados à solução de esgotamento,

entre outras possibilidades);

i) Implantação das soluções alternativas de esgotamento sanitário para

atendimento dos povos e comunidades tradicionais, com participação dos

moradores contemplados na construção da solução.

No Quadro 19 apresenta-se a síntese dos Programas, projetos e Ações previstos

para o esgotamento sanitário em Camaçari.

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Quadro 19 - Síntese dos Programas, Projetos e Ações para o esgotamento sanitário.

Justificativa Condicionantes Abrangência Ações

Programa "Gestão Sustentável dos Serviços de Esgotamento Sanitário"

Projeto "Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado"

Melhorar a qualidade do

serviço prestado tanto para rural

quanto para área urbana

Engajamento do poder público municipal no

cumprimento das ações

Municipal

i. Formulação de ações para prevenção aos extravasamentos na rede coletora de esgoto;

ii. Elaboração de rotina contínua de monitoramento e manutenção preventiva das soluções individuais implantadas na zona urbana e rural, com disponibilização de técnico capacitado para realização dessas atividades

iii. Fiscalização e punição adequada aos infratores quanto à ligação do sistema residencial de coleta de águas pluviais à rede pública de coleta de esgoto

Engajamento do prestador de

serviço (embasa) no cumprimento

das ações

iv. Fiscalização e punição adequada aos infratores quanto à ligação do sistema residencial de esgoto à rede pública de drenagem;

v. Fiscalização quanto à ligação das residências ao sistema de coleta público de coleta de esgoto, conforme disposto no Art. 82 do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU do município de Camaçari, aplicando aos usuários inadimplentes as penalidades previstas na Lei nº 7.307 de 23 de janeiro de 1998, regulamentada pelo Decreto Nº 7.765 de 08 de março de 2000, que dispõe sobre a ligação de efluentes à rede pública de coleta de esgotos.

Articulação da população

vi. Desenvolvimento de canal de diálogo entre usuário e prestadora do serviço, incluindo campanha de incentivo ao uso, para célere informação sobre transtornos na rede pública de coleta de esgoto.

vii. Capacitação e desenvolvimento dos recursos humanos para a execução dos serviços de esgotamento de modo satisfatório, incluindo a contratação de funcionários em número suficiente para atender à demanda do município, bem como o treinamento (e sua reciclagem periódica) da equipe técnica incumbida das medições.

viii. Inclusão dos dados referentes ao saneamento básico ao Sistema de Informações Geográficas - SIG, já utilizado pela Prefeitura, permitindo o mapeamento da ocorrência de vazamentos, da idade das redes de coleta, entre outras oportunidades.

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Justificativa Condicionantes Abrangência Ações

Programa "Esgotamento Sanitário para Todos"

Projeto "Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário na Zona Urbana"

Fomentar a implantação de

sistemas de coleta, tratamento e destinação final

de esgotos sanitários, visando

o controle de doenças e outros agravos, assim como contribuir

para a redução da morbimortalidade

provocada por doenças

transmitidas pela água, para o aumento da

expectativa de vida e melhoria na qualidade de vida

da população.

Acompanhamento pelo ente

fiscalizador

Zona urbana do distrito Sede

i. Elaboração de projeto e ampliação da cobertura da rede pública de coleta de esgoto doméstico

ii. Ampliação o volume de tratamento dos esgotos coletados na Sede municipal pela empresa privada Cetrel

Zona urbana do distrito de Abrantes

i. Elaboração de projeto e ampliação da cobertura da rede pública de coleta de esgoto doméstico

ii. Elaboração de projeto e implantação de etapa de tratamento do esgoto doméstico

iii. Operação e manutenção da rede pública de coleta dos distritos e das soluções de tratamento do esgoto coletado a fim de evitar transtornos à população e proteger o meio ambiente de contaminações;

Engajamento do prestador de

serviço (embasa) no cumprimento

das ações

iv. Conforme avanço da ampliação da rede de coleta pública nos distritos, promover a desativação das soluções individualizadas e ligação do domicílio à rede

Zona urbana do distrito de Monte

Gordo

i. Elaboração de projeto e ampliação da cobertura da rede pública de coleta de esgoto doméstico

ii. Elaboração de projeto e implantação de etapa de tratamento do esgoto doméstico

iii. Operação e manutenção da rede pública de coleta dos distritos e das soluções de tratamento do esgoto coletado a fim de evitar transtornos à população e proteger o meio ambiente de contaminações;

Articulação da população

iv. Conforme avanço da ampliação da rede de coleta pública nos distritos, promover a desativação das soluções individualizadas e ligação do domicílio à rede

Municipal

i. Construção de módulos sanitários integrados à rede coletora de esgoto em domicílios que ainda não possuem

ii. Realizar estudos quanto à viabilidade ambiental e econômica do reuso dos efluentes tratados nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE)

iii. Estudar a aplicação de tarifas compatíveis com a condição de pagamento dos usuários

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Justificativa Condicionantes Abrangência Ações

Projeto "Soluções alternativas para zona rural e para povos e comunidades tradicionais"

Elevar o índice de cobertura com

soluções individuais de Esgotamento Sanitário para

abranger 80% da população rural

empregando tecnologias

apropriadas à realidade local e em obediência

aos critérios técnicos

construtivos imprescindíveis à

sua perfeita eficiência e efetividade.

Engajamento do poder público municipal no

cumprimento das ações

Localidades Rurais e Povos e

Comunidades Tradicionais

(comunidades remanescentes de quilombos, comunidades pesqueiras,

aldeias hippies e povos ciganos)

i. Elaboração dos projetos das soluções individuais de esgotamento sanitário, incluindo cronograma de operação, manutenção e monitoração

ii. Construção de soluções individuais, como banheiro seco, fossa séptica seguida de sumidouros ou valas de filtração, fossas de evapotranspiração e canteiro bioséptico, com base na construção participativa envolvendo a família contemplada

iii. Capacitação da população na construção de soluções adequadas de Esgotamento Sanitário, com foco em membros de associações e profissionais responsáveis pela construção das soluções individuais adotadas atualmente na região

iv. Elaborar e disponibilizar para a população manual técnico autoexplicativo de construção e operação de soluções individuais, como fossas sépticas seguidas de sumidouro/vala de filtração, canteiro bioséptico, entre outros, assim como normas correlacionadas existentes;

v. Elaborar Manual com orientações sobre a manutenção e o monitoramento das soluções individuais;

vi. Construção de módulos sanitários nas residências que ainda não tem acesso a banheiro, composto por vaso sanitário, lavatório, chuveiro e pia de lavar roupa, integrado a solução para a destinação dos esgotos condizente com a realidade local

vii. Promoção de oficinas de capacitação para atores sociais envolvidos na construção de soluções individuais de esgotamento sanitário;

viii. Promoção de oficinas de educação ambiental com os Povos e Comunidades Tradicionais abordando a importância do esgotamento sanitário para a minimização dos agravos de doenças e proteção do meio ambiente, debatendo com a coletividade a respeito da melhor alternativa para esgotamento sanitário a ser implantada, considerando as suas peculiaridades culturais e visando a aceitação da tecnologia. Na ocasião das oficinas deve feito o levantamento do quantitativo de residências desprovidas de instalações sanitárias internas e a possível solução para cada comunidade específica (a exemplo do uso de banheiro seco, construção de módulos sanitários integrados à solução de esgotamento, entre outras possibilidades)

ix. Implantação das soluções alternativas de esgotamento sanitário para atendimento dos povos e comunidades tradicionais, com participação dos moradores contemplados na construção da solução.

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11 ESTIMATIVAS DOS RECURSOS NECESSÁRIOS AOS INVESTIMENTOS

A presente estimativa guarda a finalidade de auxiliar os processos decisórios quanto

à gestão dos serviços de esgotamento sanitário no município de Camaçari - Ba. Para

cumprir este objetivo, fez-se o levantamento dos custos de cada ação, conforme os

projetos propostos em cada programa, considerando, ainda, o horizonte de

planejamento de vinte anos.

Vale ressaltar que tais valores têm como objetivo apenas nortear o Município na

implementação dos projetos propostos nesse produto. O mesmo não têm a intenção

de realizar orçamentos oficiais quanto às estruturas, equipamentos e demais quesitos

a serem adquiridos. Os valores são variáveis e dependerão da viabilidade técnica e

econômica da Administração Pública.

11.1 Programa: Gestão Sustentável dos Serviços de Esgotamento Sanitário

O custo total estimado para o Programa “Esgotamento Sanitário Para Todos” foi de

R$ 1,95 milhões de reais. Tal valor corresponde ao projeto que o compõe, discorrido

no Capítulo 10 - Programas, Projetos e Ações do presente no Tomo III. O

detalhamento dos recursos previstos para o projeto é dado, pois, nos subitens adiante.

11.1.1 Projeto: Melhoria da qualidade do serviço prestado

As ações onerosas do Projeto de Melhoria da qualidade do serviço prestado abarcam

investimentos no âmbito de medidas estruturantes, como a elaboração de rotina de

manutenção das soluções individuais das zonas urbana e rural, a fiscalização quanto

a ligação à rede pública de coleta, uma vez tendo sido implantada, entre outras

descritas na tabela a seguir.

Tabela 18 - Custo total do Projeto “Melhoria da qualidade do serviço prestado”.

Ações Custo por ação Custo do projeto Responsável

Formulação de ações para prevenção aos extravasamentos na rede coletora de esgoto.

R$ 242.595,26

R$ 1.957.786,29

Embasa

Elaboração de rotina contínua de monitoramento e manutenção preventiva das soluções individuais implantadas na zona urbana e rural, com disponibilização de técnico capacitado para realização dessas atividades.

R$ 485.190,51 Prefeitura

Fiscalização e punição adequada aos infratores quanto à ligação do sistema residencial de coleta de águas pluviais à rede pública de coleta de esgoto.

R$ 242.595,26 Embasa e Prefeitura

Fiscalização e punição adequada aos infratores quanto à ligação do sistema residencial de esgoto à rede pública de drenagem.

R$ 242.595,26 Prefeitura

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Ações Custo por ação Custo do projeto Responsável

Fiscalização quanto à ligação das residências ao sistema público de coleta de esgoto, conforme disposto no Art. 82 do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano – PDDU do município de Camaçari, aplicando aos usuários inadimplentes as penalidades previstas na Lei nº 7.307 de 23 de janeiro de 1998, regulamentada pelo Decreto Nº 7.765 de 08 de março de 2000, que dispõe sobre a ligação de efluentes à rede pública de coleta de esgotos.

R$ 242.595,26 Prefeitura

Desenvolvimento de canal de diálogo entre usuário e prestadora do serviço, incluindo campanha de incentivo ao uso, para célere informação sobre transtornos na rede pública de coleta de esgoto.

R$ 223.443,00 Embasa

Capacitação e desenvolvimento dos recursos humanos para a execução dos serviços de esgotamento de modo satisfatório, incluindo a contratação de funcionários em número suficiente para atender à demanda do município, bem como o treinamento (e sua reciclagem periódica) da equipe técnica incumbida das medições.

R$ 172.370,31 Embasa

Inclusão dos dados referentes ao saneamento básico ao Sistema de Informações Geográficas - SIG, já utilizado pela Prefeitura, permitindo o mapeamento da ocorrência de vazamentos, da idade das redes de coleta, entre outras oportunidades.

R$ 106.401,43 Embasa e Prefeitura

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

11.2 Programa: Esgotamento Sanitário Para Todos

O custo total estimado para o Programa “Esgotamento Sanitário Para Todos” foi de

R$ 1,52 bilhões de reais. Tal valor corresponde ao somatório dos 02 (dois) projetos

que o compõem, discorridos no Capítulo 10 - Programas, Projetos e Ações do

presente Tomo III. O detalhamento dos recursos previstos para cada um dos projetos

é dado, pois, nos subitens adiante.

11.2.1 Projeto: Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário

na Zona Urbana

As ações onerosas do Projeto de Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento

Sanitário na Zona Urbana abarcam, em sua maioria, investimentos no âmbito de

medidas estruturais, como a construção de sistemas de esgotamento sanitário,

incluindo rede de coleta, elevatórias e tratamento e seus custos operacionais. Devido

a isso, é o projeto com valor mais impactante nas estimativas realizadas para todos

os serviços de esgotamento sanitário ao longo do horizonte de planejamento de 20

anos.

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Para a obtenção dos valores de cada ação proposta, foram consultadas, sobretudo,

indicadores de custos do Ministério das Cidades (Plansab), além de orçamentos de

projetos semelhantes divulgados por prefeituras, prestadoras e empresas da área,

sempre realizando a correção monetária a adequação à realidade do município. Isto

posto, a tabela seguinte apresenta os custos para este projeto, a saber:

Tabela 19 - Custo total do Projeto “Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário na Zona Urbana”.

Ações Custo por ação Custo do projeto Responsável

Elaboração de projeto e ampliação da cobertura da rede pública de coleta de esgoto doméstico na zona urbana da Sede.

R$ 273.370.230,65

R$ 1.528.333.470,18

Embasa

Elaboração de projeto e ampliação da rede pública de coleta de esgoto doméstico na zona urbana do Distrito de Monte Gordo.

R$ 168.814.145,68 Embasa

Elaboração de projeto e ampliação da rede pública de coleta de esgoto doméstico na zona urbana Distrito de Abrantes.

R$ 264.090.306,00 Embasa

Elaboração de projeto e implantação de etapa de tratamento do esgoto doméstico para os distritos de Abrantes e Monte Gordo.

R$ 117.388.449,56 Embasa

Ampliação do volume de tratamento dos esgotos coletados na Sede municipal pela empresa privada Cetrel.

R$ 108.508.234,16 Embasa

Operação e manutenção da rede pública de coleta dos distritos e das soluções de tratamento do esgoto coletado a fim de evitar transtornos à população e proteger o meio ambiente de contaminações.

Custo inclui operação e manutenção da rede de coleta pública de esgoto para os distritos Sede, Abrantes e Monte Gordo

R$ 343.960.693,90 Embasa

Custo inclui operação e manutenção das ETEs dos distritos de Abrantes e Monte Gordo.

R$ 236.845.205,40 Embasa

Conforme avanço da ampliação da rede de coleta pública nos distritos, promover a desativação das soluções individualizadas e ligação do domicílio à rede.

-

Embasa

Construção de módulos sanitários integrados à rede coletora de esgoto em domicílios que ainda não possuem.

R$ 15.196.602,69 Prefeitura

Realizar estudos quanto à viabilidade ambiental e econômica do reuso dos efluentes tratados nas ETEs.

R$ 159.602,14 Embasa

Estudar a aplicação de tarifas compatíveis com a condição de pagamento dos usuários.

- Embasa

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

11.2.2 Projeto: Soluções alternativas para zona rural e para povos e

comunidades tradicionais

As ações onerosas do Projeto de Soluções alternativas para zona rural e para povos

e comunidades tradicionais abarcam investimentos no âmbito de medidas estruturais,

como a elaboração de projeto e a construção de soluções individuais de esgotamento

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sanitário, e estruturantes como o investimento em capacitações com a população e

elaboração de manuais e cartilhas.

Para a obtenção dos valores de cada ação proposta, foram consultadas, sobretudo,

indicadores de custos do Ministério das Cidades (Plansab), além de orçamentos de

projetos semelhantes divulgados por prefeituras, prestadoras e empresas da área. Isto

posto, a tabela seguinte apresenta os custos para este projeto, a saber:

Tabela 20 - Custo total do Projeto “Soluções alternativas para zona rural e para povos e comunidades tradicionais”.

Ações Custo por ação Custo do projeto Responsável

Elaboração dos projetos das soluções individuais de esgotamento sanitário, incluindo cronograma de operação, manutenção e monitoração.

R$ 37.532,75

R$ 11.945.914,43

Prefeitura

Construção de soluções individuais, como banheiro seco, fossa séptica seguida de sumidouros ou valas de filtração, fossas de evapotranspiração e canteiro bioséptico, com base na construção participativa envolvendo a família contemplada.

Custo para contemplação de 40% dos moradores com fossas sépticas seguidas de sumidouro.

R$ 2.688.893,91 Prefeitura

Custo para contemplação de 20% dos moradores com canteiros bioséptico.

R$ 903.139,24 Prefeitura

Custo para contemplação de 20% dos moradores com fossa séptica.

R$ 161.242,21 Prefeitura

Capacitação da população na construção de soluções adequadas de esgotamento sanitário, com foco em membros de associações e profissionais responsáveis pela construção das soluções individuais adotadas atualmente na região.

R$ 229.827,09 Prefeitura

Elaborar e disponibilizar para a população manual técnico autoexplicativo de construção e operação de soluções individuais, como fossas sépticas seguidas de sumidouro/vala de filtração, canteiro bioséptico, entre outros, assim como normas correlacionadas existentes.

R$ 63.840,86 Prefeitura

Elaborar Manual com orientações sobre a manutenção e o monitoramento das soluções individuais.

R$ 63.840,86 Prefeitura

Construção de módulos sanitários nas residências que ainda não tem acesso a banheiro, composto por vaso sanitário, lavatório, chuveiro e pia de lavar roupa, integrado a solução para a destinação dos esgotos condizente com a realidade local.

R$ 6.165.169,77 Prefeitura

Promoção de oficinas de capacitação para atores sociais envolvidos na construção de soluções individuais de esgotamento sanitário.

R$ 172.370,31 Prefeitura

Promoção de oficinas de educação ambiental com os Povos e Comunidades Tradicionais abordando a importância do esgotamento sanitário para a minimização dos agravos de doenças e proteção do meio ambiente, debatendo com a coletividade a respeito da melhor alternativa para esgotamento sanitário a ser implantada, considerando as suas peculiaridades culturais e visando a aceitação da tecnologia. Na ocasião das oficinas deve feito o levantamento do quantitativo de residências

R$ 287.283,86 Prefeitura

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Ações Custo por ação Custo do projeto Responsável

desprovidas de instalações sanitárias internas e a possível solução para cada comunidade específica (a exemplo do uso de banheiro seco, construção de módulos sanitários integrados à solução de esgotamento, entre outras possibilidades).

Implantação das soluções alternativas de esgotamento sanitário para atendimento dos povos e comunidades tradicionais, com participação dos moradores contemplados na construção da solução.

R$ 1.172.773,57 Prefeitura

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

A ação de “Construção de soluções individuais” foi orçada buscando contemplar mais

de uma possibilidade de solução para o esgotamento no meio rural, visando

contemplar na estimativa de investimentos as tecnologias descritas no item 7.2

Alternativas Técnicas para Atendimento das Demandas das Áreas Rurais ou com

Domicílios Dispersos do presente Tomo III.

11.3 Demonstrativo dos Investimentos

Nesse item apresenta-se a estimativa de investimento, ao longo do horizonte de

planejamento, para os programas, projetos e ações propostos no para a componente

Esgotamento Sanitário.

Para alcançar o cenário de referência do proposto no presente Tomo III, onde o

município tem possibilidade de investir na gestão dos serviços, de apostar em

tecnologias apropriadas e em participação e controle social para universalização do

acesso aos serviços de esgotamento sanitário, estimou-se, ao longo de 20 anos, a

necessidade de se investir em torno de R$ 1,54 bilhões de reais, com medidas

estruturais e estruturantes, em esgotamento sanitário. O projeto com maior demanda

por investimento é o de Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário

na Zona Urbana, representando 99,1% do total necessário para os Serviços de

Esgotamento Sanitário do município de Camaçari. Esse valor se refere principalmente

à ampliação da rede pública de coleta de esgoto na zona urbana dos distritos Sede,

Abrantes e Monte Gordo, uma vez que o déficit de atendimento é significativo.

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Tabela 21 – Demonstrativo dos investimento para os Serviços de Esgotamento Sanitário do município de Camaçari.

Item de investimento Total por projeto Percentual por projeto

Total por programa Percentual

por programa

Programa: Esgotamento Sanitário Para

Todos

Projeto: Ampliação do Acesso aos Serviços de

Esgotamento Sanitário na Zona

Urbana

R$ 1.528.333.470,18 99,1%

R$ 1.546.272.184,07 99,9%

Projeto: Soluções alternativas para zona rural e para

povos e comunidades tradicionais

R$ 11.945.914,43 0,8%

Programa: Gestão

Sustentável dos Serviços de

Esgotamento Sanitário

Projeto: Melhoria da qualidade do serviço prestado

R$ 1.957.786,29 0,1% R$ 1.957.786,29 0,1%

Total de Investimento por horizonte R$ 1.548.229.970,36

Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.

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12 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Produto 08 – Estudos de Cenários, Tomo III – Esgotamento Sanitário apresenta três

cenários alternativos de demandas para cada zona, urbana e rural, e a partir do

escolhido como referência foram descritos os objetivos e as metas referentes a cada

variável, assim como as estratégias para alcança-las que posteriormente foram

organizadas em programas, projetos e ações para viabilizar a melhoria da qualidade

do serviço prestado e alcance da universalização.

A primeira etapa desse Tomo III, que consistiu na definição de três cenários

alternativos para os Serviços de Esgotamento Sanitário, utilizou as seguintes variáveis

para a zona urbana: índice de atendimento por rede coletora de esgoto ou fossas

sépticas, índice de tratamento do esgoto coletado, geração per capita de esgoto e

extravasamentos de esgotos por extensão de rede. Já as variáveis empregadas na

confecção dos cenários para zona rural foram: universalização do acesso ao

esgotamento sanitário, uso de tecnologias apropriadas e qualidade da solução ou

serviço adotado. As variáveis supracitadas foram combinadas dando origem a três

cenários para cada área do município, urbana e rural, que foram analisados e

discutidos.

Na avaliação dos cenários alternativos para ambas as áreas do município, o Cenário

01 apresentou metas idealistas, como o alcance da universalização da coleta e

tratamento de esgoto no horizonte de 20 anos, não sendo ainda cabível de execução

pelo município devido à sua realidade atual. O Cenário 03 apresentou metas tímidas

que estão muito aquém do futuro que se espera para o município de Camaçari. Sendo

assim, o Cenário 02 foi escolhido como mais satisfatório e apropriado para cada uma

das zonas do município de Camaçari, pois melhor reflete um futuro favorável e

possível, estando, ainda, em consonância com a Política Nacional de Saneamento e

com as metas estabelecidas no PLANSAB.

O Cenário 02 para zona urbana considera a elevação do índice de coleta de esgoto

via rede pública ou fossas sépticas até atingir a marca de 93,1% da população com

acesso em 2036, meta em concordância com o previsto pelo Plansab para região

nordeste. O índice de tratamento do esgoto coletado considerou o alcance da

universalização em 2030, no longo prazo, e a geração per capita de esgoto foi mantida

constante, visto que esta não é elevada se comparado com referências da literatura.

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Quanto a variável de extravasamentos por quilometro de rede considerou-se a sua

redução no fim de plano para 0,5 extravasamentos/km, sendo essa meta atingível com

investimentos em ações estruturais (realização de manutenções constantes na rede)

e estruturantes (capacitação da equipe de manutenção).

O cenário de referência proposto para a zona rural, Cenário 02, prevê a ampliação do

acesso a soluções de esgotamento sanitário até o índice de cobertura de 80% da

população, fazendo uso de tecnologias apropriadas às peculiaridades locais e

considerando que a mesma seja implantada com qualidade adequada à sua

finalidade, conforme preconiza o estudo desenvolvido no âmbito do Plansab. Para

tanto, o município precisará investir em medidas estruturais, como a construção de

soluções de esgotamento, e estruturantes, como a criação de equipe responsável pelo

monitoramento e manutenção das soluções implantadas na zona rural.

Para viabilizar o atendimento dos objetivos e metas previstos nos cenários de

referências, foram descritas as alternativas técnicas para compatibilização entre

demandas e disponibilidades cabíveis de implantação no município no horizonte de

20 anos. Essas alternativas técnicas foram agrupadas em Programas, Projetos e

Ações buscando implementar medidas estruturantes e estruturais no âmbito do

Serviço de Esgotamento Sanitário. Os Programas articularam um conjunto de ações

que concorrem para um objetivo comum preestabelecido, visando a superação das

fraquezas identificadas na matriz swot referente ao Serviço de Esgotamento Sanitário

em Camaçari.

Logo, foram definidos dois eixos de organização dos programas, a saber:

Esgotamento Sanitário para Todos e Gestão Sustentável dos Serviços de

Esgotamento Sanitário, que buscam contemplar, cada um, propostas adequadas à

realidade do município e aos aspectos social, ambiental e econômico, visando

concretizar as aspirações da população que foram coletadas através de eventos

participativos nos setores de mobilização previamente definidos no início dos

trabalhos. Ressalta-se que a educação ambiental como é transversal a todos os

componentes do saneamento e não deve ser realizada de forma fragmentada, uma

vez que a deficiência em um serviço influencia diretamente no outro e sobretudo na

qualidade ambiental, esta foi considerada como um Programa dentro do Tomo I, que

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aborda os elementos que são comuns a todos os componentes do saneamento

básico.

Para auxiliar o órgão responsável pela gestão dos serviços de saneamento no

planejamento da implementação dos programas, projetos e ações propostos foi

realizada a estimativa dos recursos necessários aos investimentos nesse tomo

especifico para o Esgotamento Sanitário, utilizando como metodologia a consulta de

preços praticados no mercado, em adição às experiências similares divulgadas por

prefeituras e prestadoras de serviços, tabelas de serviços e insumos (como o Sistema

Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - SINAPI), indicadores

de custos do Ministério das Cidades (Plansab), e publicações especializadas. Para

aferir maior representatividade e proximidade dos valores à realidade ao longo dos

anos, foram considerados o Índice de Preço do Consumidor Amplo (IPC-A).

Dessa forma, conclui-se a partir do Produto 08 – Tomo III, que a componente

Esgotamento Sanitário, devido aos elevados déficits de atendimento, necessitará de

largos investimentos para atender ao preconizado pela Política Nacional de

Saneamento Básico e, assim, conseguir suprir a demanda do município.

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REFERENCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 9646 – Projeto de Redes Coletoras de Esgoto. Rio de Janeiro, 1986.

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BUARQUE, S. C. Metodologia e Técnicas de Construção de Cenários Globais e

Regionais. Texto para discussão Nº 939, IPEA - Brasília, fev. 2003.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução Nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais

para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459>

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ______. Resolução Nº 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução Nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646>

EMBASA - Empresa Baiana de Águas e Saneamento. Resposta à solicitação por

ofício. 2016.

FILHO.S.S.F. Decantadores secundários de sistemas de lodos ativados: uma abordagem computacional. Revista DAE-Sabesp.Nº171.MAI/JuN.1993. Disponível em: <

http://revistadae.com.br/artigos/artigo_edicao_171_n_23.pdf>. Acesso em: 29.JUL.2015

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE – FUNASA. Manual de Saneamento. Ministério da Saúde. Brasília, 2006.

GALBIATI, A. F. Tratamento domiciliar de águas negras através de tanque de evapotranspiração. 2009. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

JORDÃO, E.P.; PESSÔA, C.A. Tratamento de esgoto doméstico. 4ª ed. Rio de Janeiro:

SEGRAC 1995.

LANGERGRABER, G.; MUELLEGGER, E. Ecological sanitation. A way to solve global sanitation problems. Environment International, Austria, 2008.

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LEGAN L (2007) Soluções sustentáveis. Uso da água na Permacultura. Mais Calango Editora. Pirenópolis, GO.

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APÊNDICE A- MATRIZ SWOT DOS SERVIÇOS ESGOTAMENTO SANITÁRIO

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FORÇAS FRAQUEZAS

Existência de rede coletora na zona urbana.

Apenas 20,2% da população urbana possui rede coletora,

Apenas 13,1% da população urbana possui rede coletora e tratamento do esgoto coletado

38,8% da população urbana lança o esgoto gerado sem tratamento prévio na rede de drenagem e 4,8% em valas ou em corpos d'agua. IBGE, 2010.

Apenas na sede municipal existe rede de coleta de esgoto sem etapa de tratamento (esgoto coletado e com destinação final em córregos ou rios).

Recursos do PAC I destinados à implantação de rede coletora para parte da população da sede.

Com os recursos do PAC I foi implantada rede coletora para parte da população da Sede, porém ainda falta concluir as estações elevatórias de esgoto o que torna a rede inoperável, implicando em gastos com a manutenção da rede mesmo sem uso.

Recursos do PAC II destinados à implantação de rede coletora para parte da população sede.

Grande probabilidade das obras do PAC II atrasarem conforme as obras do PAC I.

Existência de tratamento do esgoto coletado por meio das estações de tratamento de esgoto compactas e convencionais

Nenhuma estação de tratamento de esgoto atendeu aos padrões de lançamento em corpos hídricos conforme Resolução CONAMA Nº 430/2011.

Fiscalização precária quanto à regulação, à qualidade do efluente gerado nas ETEs, à qualidade da água dos corpos receptores.

Disponibilidade da CETREL em tratar o efluente doméstico do Município de Camaçari

Esgoto sendo coletado, porém sem etapa de tratamento, apesar de existir disponibilidade de recebimento pela CETREL.

Adoção de soluções individualizadas de Esgotamento Sanitário.

Apenas 31,8% da zona rural adota como soluções individualizadas adequadas (fossas sépticas).

Adoção de soluções de coleta e tratamento de esgoto inadequadas tecnicamente, como a fossa rudimentar (27,3%), lançamento em valas (2,0%), rios, lagos ou mar (2,8%) na maioria dos domicílios.

- Inexistência de soluções coletivas de Esgotamento Sanitário para atendimento de aglomerados rurais.

Município dispõe de quadro de funcionários capacitados para atuar na consolidação da Entidade Metropolitana da Região Metropolitana de Salvador (EMRMS).

Apesar do quadro técnico capacitado, o município no âmbito da EMRMS é representado por funcionários com cargos políticos e não efetivos.

- Inexistência de práticas de ecossaneamento no município.

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Oportunidades Ameaças

Criação e consolidação da Entidade Metropolitana da Região

Metropolitana de Salvador (EMRMS)

Possibilidade de aporte de recursos financeiros pela União após

aprovação do PMSB de Camaçari, a partir do exercício financeiro de

2016, conforme apresentado no Decreto nº 8.211/2014.

Existência da AGERSA atuando como reguladora da prestação dos

Serviços de Esgotamento Sanitário.

Possibilidade de aporte de recursos através do Programa Saneamento

para Todos do Governo Federal.

Tendência mundial de desenvolvimento de estudos e aplicação de

tecnologias que propiciem o reuso de efluentes domésticos, o

ecosaneamento e a ecologia industrial;

Tendência mundial em cessar o lançamento de efluentes em

mananciais;

Dependência relativa de aporte de recursos federais.

Lentidão na consolidação da atuação da EMRMS.

Crise econômica no país e redução de investimentos federais e estaduais, ou seja,

instabilidade na previsão de investimentos no setor.

Estrutura deficitária da AGERSA inviabilizando a realização plena de suas funções.

Desestruturação das políticas públicas de saneamento e meio ambiente e da sua

gestão.

Inexistência de Plano de Gestão de Bacia hidrográfica dos mananciais pertencentes

ao município, a fim de controlar a degradação destes (retirada de matas ciliares,

lançamentos de efluentes, descarte inadequado de resíduos).

Predominância de cultura tecnológica dos prestadores de serviços estaduais

voltadas para soluções de tratamento que não contemplam, na maioria dos casos,

práticas de reuso e ecossaneamento.

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APÊNDICE B – ÁREAS DE INTERESSE PARA O ESGOTAMENTO SANITÁRIO