plano de aula - estÉtica

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PLANO DE AULA 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO a. ESCOLA b. ENDEREÇO c. PROFESSOR d. DISCIPLINA: Filosofia e. SÉRIE: 3º ano do Ensino Médio f. DURAÇÃO: 4 aulas 2. FOCO Sentimento estético e arte 3. OBJETIVOS Conceituar arte e sua importância no pensamento filosófico; perceber a difícil tarefa que constitui essa conceituação; Diferenciar as diversas formas de manifestação artística, correlacionando-as a seus respectivos contextos históricos; Perceber o sentimento estético como forma de aproximar-se/resultado da aproximação com a obra de arte. Perceber a singularidade do sentimento estético 4. ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM SENSIBILIZAÇÃO Utilizando três imagens grafitti, “Isto não é um cachimbo” e O grito (cf. Anexos 1, 2 e 3) propor a atividade “uma palavra só” 1 levar os alunos a: 1 Atividade em que o aluno deve expressar em uma única palavra o que pensou ou sentiu. No caso dessa atividade se espera que eles expressem com uma palavra o que sentiram em face às imagens apresentadas.

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Page 1: PLANO DE AULA - ESTÉTICA

PLANO DE AULA

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

a. ESCOLA

b. ENDEREÇO

c. PROFESSOR

d. DISCIPLINA: Filosofia

e. SÉRIE: 3º ano do Ensino Médio

f. DURAÇÃO: 4 aulas

2. FOCO

Sentimento estético e arte

3. OBJETIVOS

Conceituar arte e sua importância no pensamento filosófico;

perceber a difícil tarefa que constitui essa conceituação;

Diferenciar as diversas formas de manifestação artística, correlacionando-as a

seus respectivos contextos históricos;

Perceber o sentimento estético como forma de aproximar-se/resultado da

aproximação com a obra de arte.

Perceber a singularidade do sentimento estético

4. ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM

SENSIBILIZAÇÃO

Utilizando três imagens – grafitti, “Isto não é um cachimbo” e O grito (cf.

Anexos 1, 2 e 3) – propor a atividade “uma palavra só”1 levar os alunos a:

1 Atividade em que o aluno deve expressar em uma única palavra o que pensou ou sentiu. No caso dessa atividade se espera que eles expressem com uma palavra o que sentiram em face às imagens apresentadas.

Page 2: PLANO DE AULA - ESTÉTICA

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1. Emitirem suas opiniões sobre as imagens2 escrevendo-as num papel

previamente solicitado;

2. Trocarem as opiniões e perceberem as diferenças (subjetivas) existentes.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

PROBLEMATIZAÇÃO

A partir das diferentes opiniões colhidas, inserir a questão: o que essas obras

possuem em comum?

Em seguida deve-se apresentar o seguinte trecho do poeta Fernando Pessoa sob

o heterônimo de Alberto Caeiro

O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo.

Alberto Caeiro

Levar os alunos a atentarem especialmente para a postura (Sinto-me nascido a

cada momento/Para a eterna novidade do mundo) proposta pelo poeta e que é

indispensável para a aproximação com uma obra de arte.

2Direcionar a reflexão com os questionamentos: O que sinto ao contemplar cada obra? Que palavra eu usaria para definir cada imagem?

Page 3: PLANO DE AULA - ESTÉTICA

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Em seguida, deve-se apresentar mais alguns questionamentos que servirão de

preparação para a introdução da argumentação. Exemplos de questões a serem

levantadas:

- Alguma das obras mostradas3 pode ser chamada obra de arte?

- De que uma obra precisa para ser chamada obra de arte?

- o que é arte?

Para uma maior provocação da reflexão dos alunos pode-se propor os fragmentos

abaixo que demonstram a dificuldade de uma conceituação unívoca de arte:

ARTE NÃO É SÓ BELEZA

“A estética me aborrece, não me interessa absolutamente! A mais leve

intervenção da estética obstrui, em mim, a eficiência e estraga o tempero. Por isso,

procuro afastar de minhas obras tudo o que possa cheirar a estética. Pessoas de visão

curta deduziram que gosto de pintar objetos feios. Absolutamente! Não me importo que

sejam feios ou belos. Tais palavras não têm significado para mim, e estou convencido

que não têm sentido para ninguém; não creio que essas noções de feiúra ou de beleza

tenham o menor fundamento: são ilusões.” (JEAN DUBUFFET apud CORDI: 252).

“Dizes que a beleza não é nada? Imagina um hipopótamo com alma de anjo.

Sim, ele poderá convencer os outros de sua angelitude – mas que trabalheira!”

(MARIO QUINTANA apud CORDI: 253).

ARGUMENTAÇÃO

ESTÉTICA é uma palavra originada do grego aisthesis, que significa

“sensibilidade”.

Termo apropriado pelo filósofo alemão Baumgarten (1714-1762) para batizar a

disciplina Estética – a ciência das sensações ou o estudo filosófico sobre a arte e o belo.

3 Refere-se, aqui, ao momento de sensibilização.

Page 4: PLANO DE AULA - ESTÉTICA

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Modernamente, ela oscila entre ser entendida como ciência ou como filosofia. O

mais usual é considerá-la um ramo da filosofia que trata da reflexão sobre a experiência

artística e as obras de arte. (CORDI: 253)

PILARES DA ESTÉTICA

ARTE E BELEZA

A missão do artista é criar (o belo, o feio, o trágico...), e não pregar o bem, a

beleza ou a verdade. A arte deve ser bem-feita, e não lhe compete ser moral ou imoral,

verdadeira ou falsa. Isso, porém, não significa que a arte não alcance a beleza ou a

verdade. O bem e o mal, o falso e o verdadeiro dizem respeito ao homem em geral.

(CORDI: 254)

“O belo pode ser um dos atributos da arte, mas não é o único, tampouco o mais

importante. O feio também pode dela fazer parte”. (CORDI: 254)

ARTE E VERDADE

A verdade da arte é a criação. Não importa que seu conteúdo não tenha relação

direta com a realidade (muitas vezes, uma obra de arte expressa uma maneira alternativa

de enxergar o real).

Apresentar os anexos 4 e 5 que representam de modo exemplar como a verdade

da arte não se resume a copiar algo da realidade, mas pode ser uma espécie de verdade

conceitual de cada artista.

ARTE E EXPRESSÃO

O amplo conceito de arte também abrange a expressão. Mas nem toda expressão

é artística. A expressão só é artística quando o artista alcança o nível da criação, o nível

do simbólico. A expressão pode ser de emoções, de sensações ou de idéias. No entanto,

qualquer que seja, requer aparecer como forma artística, reclama ser posta em

linguagem de arte que exige o novo.

ARTISTA OBRA DE ARTE PÚBLICO

Gênio criador – inspiração Beleza Juízo de gosto

Page 5: PLANO DE AULA - ESTÉTICA

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ARTE E FORMA

Existe uma tendência de explicar a arte como formatividade (Pareison) – um

fazer que inventa o modo de fazer enquanto faz, atividade na qual execução e invenção

caminham juntas. Contudo, não há uma compreensão única do que seja a forma

artística: um quadro nunca é pensado e previsto de antemão.

Para Kandinsky a forma artística possui dois elementos: o interno e o externo. O

elemento interno é a emoção do artista (a necessidade imperiosa de expressar a sua

personalidade, a sua época e o artístico), que, por sua vez, estende-se ao espectador

(elemento externo).

CONCEITUAÇÃO

QUADRO CONCEITUAL

DEFINIÇÕES DE BELEZA

IDEALISTAS EMPIRISTAS KANT

Beleza existe em si Beleza depende do gosto

individual

Pode haver certa

universalidade nas

avaliações estéticas

Objetiva Subjetiva Subjetiva com aspectos

universais

Forma ideal que subsiste

por si mesma no mundo da

Ideias

Não subsiste nos objetos,

mas depende do gosto

individual (desenvolvido

pela cultura).

Juízo de gosto particular

feito a partir de categorias

presentes universalmente

em cada homem

Qualquer definição de arte estará vinculada à personalidade do artista, à história

e ao desenvolvimento de uma sociedade ou cultura. O grande artista deixa-se atravessar

por sua época. (CORDI: 261)

Page 6: PLANO DE AULA - ESTÉTICA

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As definições de arte são pontos móveis – oriundos de um tempo e de uma

sociedade – e mudam de cultura a cultura. A arte, como o homem, é temporal. (CORDI:

262)

As definições de arte são históricas, pertencentes às culturas.

Toda arte guarda um caráter enigmático, é auto-referente.

Arte tal como a entendemos hoje: uma experiência que reclama a contemplação

e que pode estar presente em objetos desprovidos de utilidade prática. É um fazer

humano, consciente ou não, que busca a criação, expressão e produção de objetos ou

formas que provocam prazer, êxtase, dor ou choque. É a inscrição de ordem ao caos.

Arte é tudo aquilo a que os homens chamam arte.

ATIVIDADES DE AVALIAÇÃO

A partir da obra O grito de Edvard Munch, analisar:

1º Como é possível relacionar VERDADE – FORMA – EXPRESSÃO –

BELEZA com a referida obra.

2º Elaborar um texto com as conclusões do grupo (utilizar todos os conceitos

estudados em aula).

Page 7: PLANO DE AULA - ESTÉTICA

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Principal

CORDI, Cassiano; LAPORTE, Ana Maria; SCHLESENER, Anita Helena. Para filosofar. São

Paulo: Scipione, 2007

Auxiliares

ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando. 2 ed. rev. São Paulo:

Moderna, s.d.

________________________________________ Temas de Filosofia. 2 ed. rev. São

Paulo: Moderna, 1998

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2004

COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Filosofar. São Paulo: Saraiva, 2010

Page 8: PLANO DE AULA - ESTÉTICA

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5. ANEXOS

ANEXO 1

(fonte: http://www.armariogeek.com.br/ceci-nest-pas-une-pipe acessado em

09/11/2010)

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ANEXO 2

Grafitti em Barcelona – Espanha

(fonte: http://memykidandlife.com/barcelona-on-the-cheap.html acessado em

09/11/2010)

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ANEXO 3

O Grito – Edvard Munch

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ANEXO 4

Les demoiselles d’Avignon (óleo sobre tela 1906-7) – Pablo Picasso

Um quadro do cubismo não pretende expressar a realidade de forma “verdadeira”

(objetiva). Seu valor está em ser capaz de re-criar a realidade a partir de categorias

claramente definidas (a esse respeito conferir, por exemplo, o manifesto cubista). O

cubismo é a representação da realidade por meio de formas geométricas. Trata-se de

realidade concepção no lugar de uma pintura de ilusão da realidade.

Page 12: PLANO DE AULA - ESTÉTICA

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ANEXO 5

Persistência da memória - Salvador Dalí

No surrealismo de Dalí percebemos a influência de outras áreas do saber (a psicanálise,

por exemplo), o que lhe permite expressar realidades profundas do próprio ser humano.

O surrealismo trabalha com o sonho e o inconsciente, desenvolvendo o automatismo

psíquico – uma forma de driblar a censura e reencontrar uma maneira espontânea de se

exprimir.