planejamento de pesquisas qualitativas

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O Planejamento de Pesquisas Qualitativas Alda Alves - Mazzoti e Fernando Gewandsznajder Mestrado em Educação – Minter IFPI Seminário da Disciplina: Pesquisa em Educação Profª. Drª. Mari Forster Mestrandas: Francisca Ocilma Lauriane Maria do Livramento Nelymar Rayssa

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Trabalho realizado para a disciplina Pesquisa em Educação I no Mestrado em Educação, sobre planejamento de pesquisas qualitativas, análise do 7º capítulo do livro de Alda Alves-Mazzoti.

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Page 1: Planejamento de Pesquisas qualitativas

O Planejamento

de Pesquisas QualitativasAlda Alves - Mazzoti e Fernando Gewandsznajder

Mestrado em Educação – Minter IFPISeminário da Disciplina: Pesquisa em Educação

Profª. Drª. Mari Forster Mestrandas: Francisca Ocilma

Lauriane Maria do Livramento

NelymarRayssa

Sônia Matos Moutinho

Page 2: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Entre os argumentos que podemos destacar em defesa de um mínimo de estruturação (Lincolcon e Guba, 1985):

1) O foco e o design devem emergir, por um processo de indução, do conhecimento do contexto e das múltiplas realidades construídas pelos participantes em suas influências recíprocas;

2) Dada a natureza idiográfica (não repetível) e holística (que exige a visão da totalidade) dos fenômenos sociais, nenhuma teoria selecionada a priori é capaz de dar conta dessa realidade em sua especificidade e globalidade;

3) A focalização prematura do problema e a adoção de um quadro teórico a priori turvam a visão do pesquisador, levando-o a desconsiderar aspectos importantes que não se encaixam na teoria e a fazer interpretações distorcidas dos fenômenos estudados;

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Entre os argumentos a favor de um maior grau de estruturação destacam-se (Marshall &Rossman, 1989, Milles & Huberman, 1984):

1) Qualquer pesquisador, ao escolher um determinado “campo” (uma comunidade, uma instituição), já o faz com algum objetivo e algumas questões em mente; se é assim, não há porque não explicitá-los, mesmo que sujeitos a reajustes futuros;

2) Dificilmente um pesquisador inicia sua coleta de dados sem que alguma teoria esteja orientado seus passos, mesmo que implicitamente; nesse caso, é preferível torná-la pública;

3) a ausência de focalização e de critérios na coleta de dados frequentemente resulta em perda de tempo, excesso de dados e dificuldade de interpretação.

Page 4: Planejamento de Pesquisas qualitativas

.Assim, seja qual for o paradigma em que está se operando, o projeto deve indicar:

a) O que se pretende investigar (o problema, o objetivo ou as questões do estudo);

b) Como se planejou conduzir a investigação de modo a atingir o objetivo e/ ou a responder as questões propostas ( os procedimentos metodológicos); e

c) porque o estudo é relevante (em termos de contribuições teóricas e/ ou práticas que o estudo pode oferecer).

Page 5: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1. Focalização do problema

“Problema de pesquisa” é definido como uma indagação

referente à relação entre duas ou mais variáveis.

Essas variáveis podem ser diferentes aspectos da conduta de indivíduos, como, por exemplo, frustração e agressividade; dois eventos sociais, como, exclusão social e criminalidade; e assim por diante.

A relação esperada (a hipótese) é deduzida de uma teoria e o pesquisador procura criar ou encontrar situações nas quais essa relação possa ser verificada.

Page 6: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1. Focalização do problema

Muitos estudos qualitativos, porém, são exploratórios, não se preocupando em verificar teorias.

Assim, nesse campo, o conceito de “problema de pesquisa” se torna bem mais amplo, podendo ser definido como uma questão relevante que nos intriga e sobre a qual as informações disponíveis são insuficientes.

Page 7: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1. Focalização do problema

Atende a vários objetivos:

a) estabelece as fronteiras de investigação;

b) orienta os critérios de inclusão-exclusão, ajudando o pesquisador a selecionar as informações relevantes;

c) ajuda a orientar decisões sobre atores e cenários (Lincolcon e Guba, 1985; Milles & Huberman, 1984):

Page 8: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1.1 Introdução

Esta é a parte em que o pesquisador “constrói

o seu problema, isto é coloca a pesquisa proposta no contexto da discussão acadêmica sobre o tema, indicando qual a lacuna ou inconsistência no conhecimento anterior que buscará esclarecer, demonstrando assim que o que está planejando fazer é necessário e original.

Page 9: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1.1 Introdução

Creswell (1994) aponta quatro componentes-chave na Introdução de um projeto de pesquisa:

1. apresentação do problema que levou ao estudo proposto;

2. inserção do problema no âmbito da literatura acadêmica;

3. discussão das deficiências encontradas na literatura que trata o problema; e

4. Identificação da audiência a que se destina prioritariamente e explicitação da significância do estudo para essa audiência.

Page 10: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1.1 Introdução

Na apresentação do problema, recomenda:

a) iniciar com um parágrafo que expresse a questão focalizada inserindo-a numa problemática mais ampla, de modo a estimular o interesse de um grande número de leitores;

b) especificar o problema que levou ao estudo proposto;

c) Indicar porque o problema é importante;

d) Focalizar a formulação dom problema nos conceitos-chave que serão explorados; e

e) Considerar o uso dos dados numéricos que possam causar impactos.

Page 11: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1.1 Introdução

No que se refere às deficiências na literatura, sugere:

a) apontar aspectos negligenciados pelos estudos anteriores, como, por exemplo, tópicos não explorados, tratamentos estatísticos inovadores ou implicações significativas não analisadas; e

b) Indicar um estudo proposto pretende superar essas deficiências, oferecendo uma contribuição original à literatura;

Page 12: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1.2. Objetivo e/ ou questões do estudo

É o que define de forma mais direta que aspecto da problemática exposta, constitui o interesse central da pesquisa.

ex: A pesquisa realizada, teve por objetivo investigar, junto a meninos e meninas de rua e a meninos e meninas trabalhadores, as seguintes representações consideradas relevantes para os processos de socialização e ressocialização: família, rua, turma, criança, adulto, escola, trabalho, futuro e auto-imagem. Entre os quadros teóricos metodológicos, o das representações sociais nos parece o mais adequado por ser aquele que permite abordar, de forma articulada, aspectos de natureza psicológica e sociológica.

Page 13: Planejamento de Pesquisas qualitativas

É freqüentemente desdobrado em questões que detalham e esclarecem o seu conteúdo;

1.2. Objetivo e/ ou questões do estudo

Essas questões ajudam:A selecionar os dados;A selecionar as fontes de informação;A organizar os resultados.

ex: Por que algumas escolas conseguem índices de

aprovação tão mais altos que a média das que trabalham com alunos de baixo nível sócio-econômico?

O que os seus professores e administradores têm de especial? O que distingue a prática docente desses professores dos demais?

Page 14: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Ou, opta-se por um objetivo geral e desdobra-o em objetivos específicos;

1.2. Objetivo e/ ou questões do estudo

ex: Objetivo GeralO projeto Meio Ambiente na escola tem por objetivo levar ao

educando uma forma de aprendizagem holística fortalecendo valores e atitudes afim de permitir o desenvolvimento global do ser humano, proporcionando conceitos básicos de meio ambiente de forma a oferecer aos alunos, ferramentas de aprendizagem adequadas e motivadoras.

Objetivos específicos Proporcionar aos alunos ferramentas de educação ambiental que

venham a contribuir no processo de ensino aprendizagem; Proporcionar a interação das atividades de monitoria com os

projetos escolares; Difundir corretamente os conceitos sobre o meio ambiente; Estimular os alunos a serem multiplicadores dos conhecimentos

sobre o meio ambiente em suas atividades escolares.

Page 15: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1.2. Objetivo e/ ou questões do estudo

ex:

Objetivo Geral

Analisar as técnicas e métodos de ensino de desenho de moda na formação do aluno de cursos de Design de Moda, como meio e fim do processo de aprendizagem para o desenvolvimento da sua capacidade criativa.

Objetivos específicos

Avaliar a aplicação de técnicas de desenho no aprendizado da disciplina;

Analisar o desempenho e capacidade criativa do aluno no ensino e aprendizagem de técnicas e métodos aplicados na disciplina de desenho de moda.

Page 16: Planejamento de Pesquisas qualitativas

ex: 1 – Em atividades acadêmicas, os professores interagem mais com os alunos sobre os quais têm altas expectativas.

ex: 2 – Os grupos submetidos a liderança autoritária tendem a ser mais agressivos do que aqueles cujas lideranças são democráticas.

1.2. Objetivo e/ ou questões do estudo

Ou, pode-se trabalhar com Hipóteses;

Page 17: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1.3. Quadro teórico

O referencial teórico deve constar, em suas linhas gerais, do projeto. A coerência entre este, o problema focalizado, e a metodologia adotada é essencial. O quadro conceitual deve ser justificado.

Page 18: Planejamento de Pesquisas qualitativas

1.4. Importância do estudo

Construção do conhecimento

Pode ser demonstrada indicando a sua contribuição para:

O pesquisador deve se referir a revisão inicial da literatura pertinente, apontada na Introdução, destacando a lacuna que irá preencher ou as inconsistência que o estudo se propõe a esclarecer.

Pode, também, fazer referências a aspectos teóricos que o estudo irá testar em outros contextos, ou com outros grupos, utilizando procedimentos diferentes dos usados em pesquisas anteriores.

Page 19: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Utilidade para prática profissional;

1.4. Importância do estudo

Pode ser demonstrada apresentando dados que evidenciem a incidência e/ ou gravidade do problema e os custos sociais e econômicos envolvidos;

Para formulação de políticas.

Pode ser sustentada citando planos de Governo e artigos de especialistas no tema ou revisões de literatura na área que apontem a necessidade de pesquisa sobre o tema proposto. No caso da pesquisa ser financiada, este aspecto deve ser enfatizado.

Page 20: Planejamento de Pesquisas qualitativas

2 Procedimentos Metodológicos2.1 Indicação e justificação do paradigma que orienta o

estudo.

2.2 As etapas de desenvolvimento da pesquisa.

2.3 a descrição do contexto.

2.4 o processo de seleção dos participantes.

2.5 os procedimentos e o instrumental de coleta e análise

dos dados.2.6 os recursos utilizados para maximizar a confiabilidade

dos resultados.

2.7 o cronograma.

Page 21: Planejamento de Pesquisas qualitativas

2.1 Indicação e justificação do paradigma que orienta o estudo.

Antes de iniciar a descrição dos procedimentos

metodológicos o pesquisador deve:

Demonstrar a adequação do paradigma

adotado ao estudo proposto.

Page 22: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Deve fazer referência aos pressupostos

explicitamente ou remetendo o leitor para

textos referentes ao assunto.

Mencionar o formato utilizado(estudo de caso,

etnografia, histórias de vida, ou outros) ao

objetivo da pesquisa.

Page 23: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Nos estudos qualitativos o pesquisador é o

principal instrumento de investigação.

(Creswell,1994) recomenda que nos parágrafos

iniciais da metodologia se forneça informações

sobre suas experiências relacionadas ao

contexto ou aos sujeitos.

Page 24: Planejamento de Pesquisas qualitativas

2.2 As etapas de desenvolvimento da

pesquisa.

O contexto nas pesquisas qualitativas são

relevantes, por isso recomenda-se:

Negociação para obter acesso ao campo.

A investigação seja precedida de um período

exploratório.

Page 25: Planejamento de Pesquisas qualitativas

As instituições costumam ter procedimentos formais para conceder autorização para entrada de um observador externo, bem como alguns espaços e documentos.

Quanto aos alunos, é necessário ter uma carta de apresentação.

Conhecer a hierarquia da instituição a ser

pesquisada.

Ajuda informal de alguém do próprio sistema.

O pesquisador deve está preparado para

responder questões como:

Page 26: Planejamento de Pesquisas qualitativas

O que você quer investigar?

O estudo vai interferir na rotina das pessoas?

O vai fazer com os resultados?

Que tipo de benefício vai trazer para a

comunidade?

Quanto ao projeto recomenda-se: Descreva brevemente os passos para obtenção

do acesso ao campo, as informações prestadas aos administradores e participantes durante o processo de negociação.

Page 27: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Após o acesso ao campo inicia-se o período

exploratório cujo objetivo é proporcionar uma

visão geral do problema, focalização das

questões e outras fontes de dados. As perguntas feitas aos sujeitos nessa fase

são gerais. Definido os contornos da pesquisa, passa-se

para a fase da investigação focalizada.

Page 28: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Inicia-se a coleta sistemática de dados, usando:

Questionários;

Roteiros de entrevistas;

Formulários de observação e outros.

Page 29: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• A análise e interpretação dos dados vão sendo feitas de forma interativa com a coleta, acompanhando todo o processo de investigação.

2.3 contexto e participantes.

A escolha do campo e dos participantes nas pesquisas qualitativas é proposital.

Se escolhe por interesse do estudo, das condições de acesso e permanência no campo.

No projeto nem sempre é possível indicar quantos e quais são os sujeitos envolvidos, indica-se alguns.

Lincoln e Guba (1985) indica alguns passos para seleção dos sujeitos:

Page 30: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Identificação dos participantes iniciais.Emergência ordenada da amostra.novos sujeitos vão sendo incluídos após obtidas as informações dos selecionados anteriormente.Focalização contínua da amostra. Novas questões emergem sendo necessário incluir outros sujeitos relacionados a essas questões.Encerramento da coleta. Onde a respostas atinge o ponto de redundância.

Page 31: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• Esses autores recomendam, onde não for

possível obter muitas informações prévias

sobre o contexto, utilizar a técnica da “bola de

neve”.

• Consiste em identificar alguns e estes vão

indicando outros, até atingir o ponto de

redundância.

Page 32: Planejamento de Pesquisas qualitativas

2.4 Procedimentos e instrumentos metodológicos

Observação ( participante ou não)

Entrevista em profundidade

Análise de documentos

Sugestão bibliograficas: Lincoln e

Denzin (1994), Ludke & André (1986), Le Compte, Millroy e

Preissle (1982), Marshall e Rossmann (1987) e Yin (1985).

2.4.1 Observação

A observação de fatos, comportamentos e cenários

é extremamente valorizado pelas pesquisas

qualitativas.

Page 33: Planejamento de Pesquisas qualitativas

.Desvantagens apontadas pela pesquisa

tradicioanlContrapontos

Limite temporal-espacial Só se constitui problema quando a observação é a única técnica utilizada para a coleta de dados

Consumo de tempo Só parece excessivo quando comparado ao despendido com pesquisas baseadas na aplicação coletiva de questionários ou testes, que pode ser feita em apenas um dia

Possibilidades de inferências incorretas

Não é exclusiva da observação e pode ser minimizada pelo uso de outras técnicas, p.e. a checagem, com os participantes, das interpretações feitas pelo pesquisador.

Interferências do pesquisador na situação observada

Pode ser minimizada pela permanência do pesquisador no campo da pesquisa.

Page 34: Planejamento de Pesquisas qualitativas

.

Vantagensa) Independe do nível de conhecimento da capacidade

dos sujeitos;

b) Permite “checar” na prática a sinceridade de algumas respostas que, são dadas só para “causar boa impressão;

c) Permite identificar comportamentos não intencionais ou inconscientes e explorar tópicos que os informantes não se sentem à vontade para discutir;

d) Permite o registro do comportamento em seu contexto temporal-espacial.

Page 35: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Quanto a flexibilidade a observação pode ser:

Estruturada (sistemática)

São usadas para observar e fazer registros preestabelecidos;

Quando o pesquisador trabalha com um quadro teórico a

priori que permite a proposição de questões mais precisa e a

identificação de categorias de observação relevantes para

responder;

É usada para identificar prática que a teoria indica que são

eficazes e eventualmente pode usar alguma forma de

quantificação.

Page 36: Planejamento de Pesquisas qualitativas

.

Níveis de quantificação:

1. Sistema de sinal – registra apenas a presença ou

ausência do comportamento durante o período

observado, sem a preocupação com a frequência

ou grau m que ocorre. E.p

O Professor sim não

Explica os objetivos da aula

Expõe o assunto de maneira interessante

Demonstra conhecimento da matéria

Usa o livro texto e material de apoio de forma eficaz

Page 37: Planejamento de Pesquisas qualitativas

.

2. Registro de frequência – o comportamento é

registrado cada vez que ocorre. Exemplo.

3. Escalas - permite estimar o grau em que um

determinado comportamento ocorre e fazer

julgamento qualitativo sobre esse comportamento ou

atividades observada

O professor:

Se dirige a classe como um todo IIIIII

Trabalha com pequenos grupos IIII

Trabalha individualmente com aluno IIII

Não está envolvido em qualquer interação II

Page 38: Planejamento de Pesquisas qualitativas

.

Exemplos de escala de observação.a) O professor estimula a participação na discussãoRaramente

Ocasionalmente

Frequentemente

b) Variedade de técnicas utilizadas pelo professor

Alta Moderada baixa

1 2 3 4 5

c) O relacionamento professor-aluno parece:

X

Excelente Bom Regular Sofrível péssimo

Page 39: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Não-estruturada (assistemática, antropológica ou

livres).

• Observação característica dos estudos qualitativos;• Comportamentos observados são relatados da

forma como ocorrem, visando descrever e compreender o que está ocorrendo numa dada situação.

• O pesquisador se torna parte da situação

observada, interagindo por longos períodos com os

sujeitos, buscando partilhar o seu cotidiano para

sentir o que significa está naquela situação.

Page 40: Planejamento de Pesquisas qualitativas

A importância atribuída a pesquisa participante está

relacionada à valorização do instrumental humano;.

O observador participante deve aprender a usar sua

própria pessoa como o principal e mais confiável

instrumento de observação, seleção, coordenação e

interpretação.Para Guba e Lincoln (1989), o papel atribuído ao instrumental humano decorre de sua extrema adaptabilidade, o que leva esses autores a recomendarem que, nos estágios iniciais do trabalho de campo ele seja, não apenas o principal, mas o único instrumento de investigacão.

Page 41: Planejamento de Pesquisas qualitativas

.

Habilidades exigidas do observador participante:

a) Ser capaz de estabelecer uma relação de confiança

com os sujeitos;

b) Ter sensibilidade para as pessoas;

c) Ser bom ouvinte;

d) Formular boas perguntas;

e) Ter familiaridade com as questões observadas;

f) Ter flexibilidade para se adaptar a situações

inesperadas;

g) Não ter pressa de identificar padrões ou atribuir

significados aos fenômenos observados.

Page 42: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Com relação ao projetos os seguintes aspectos da observação participantes deverão ser esclarecidos:

a) O nível de participação do observador no contexto

estudado;

b) O grau de conhecimento dos participantes sobre os

objetivos do estudo proposto;

c) O contexto da observação;

d) Duração provável e, sempre que possível, distribuição

do tempo;

e) Forma de registro dos dados;

Page 43: Planejamento de Pesquisas qualitativas

.

2.4.2 Entrevistas

Tem natureza interativa, permitindo tratar de temas

complexos que dificilmente poderiam ser

investigados através de questionários, explorando-

os profundamente.

São pouco estruturadas, sem um fraseamento e

uma ordem rigidamente estabelecidos para as

perguntas, assemelhando-se muito a uma conversa.

Page 44: Planejamento de Pesquisas qualitativas

.

Entrevistas qualitativas

Tipo Grau de controle exercido pelo entrevistador sobre o dialogo

Não estruturadas O entrevistador introduz o tema pedindo que o sujeito fale um pouco sobre ele, eventualmente inserindo alguns tópicos de interesse no fluxo da conversa.

Semi-estruturadas O entrevistador faz perguntas especificas, mas também deixa que o entrevistado responda em seus próprios termos.

Historia oral O pesquisador procura reconstituir, através da visão dos sujeitos envolvidos, um período ou evento histórico, p.e.

Historia de vida O pesquisador está interessado na trajetória de vida dos entrevistados, geralmente com o objetivo de associá-la a situações do presente.

Page 45: Planejamento de Pesquisas qualitativas

.

2.4.3 Documentos

Considera-se com documento qualquer registro escrito

que possa ser usado como fonte de informação.

A análise de documentos pode ser: a única fonte de dados

ou, combinada com outras técnicas de coleta de dados;

Qualquer que seja a forma de utilização dos documentos,

o pesquisador precisa conhecer algumas informações

sobres eles, como p.e., por qual instituição ou por qual

foram criados, que procedimentos e/ou fontes utilizaram e

com que propósitos foram elaborados

Page 46: Planejamento de Pesquisas qualitativas

2.5 Unidade de análiseSe refere a forma pela qual organizamos os dados para efeito de análise.a. Uma organização;b. Um grupo;c. Diferentes subgrupos em uma

comunidade;d. Ou determinados indivíduos.

Page 47: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• Se tratando de estudos de caso, o estabelecimento da unidade de análise corresponde à definição do caso.EX: Em um estudo localizado em uma Instituição de ensino superior, pode-se está interessado na implementação de uma inovação, ou em como diferentes segmentos reagiram à inovação.

• Uma descrição dos aspectos relevantes do caso deve ser incluído no projeto.

2.5 Unidade de análise

Page 48: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• Pesquisas qualitativas geram um enorme volume de dados que precisam se organizados e compreendidos.

• Se procura identificar dimensões, categorias, tendências, padrões, relações, desvendando-lhes o significado.

• Esse é um processo que inicia-se na fase exploratória e acompanha toda a investigação.

2.6 Análise dos dados

Page 49: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• À medida que os dados vão sendo coletados, o

pesquisador vai procurando identificar temas e

relações, construindo interpretações e gerando

novas questões e/ou aperfeiçoando as anteriores, o

que leva a buscar novos dados, num processo de

“sinfonia fina” que vai até a análise final.

2.6 Análise dos dados

Page 50: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• O pesquisador pode informar que sua análise será desenvolvida durante toda a investigação, através de teorizações progressivas em um processo interativo com a coleta de dados.

• O pesquisador deve descrever suas decisões iniciais sobre a análise dos dados e convencer o leitor de que está consciente das dificuldades mas que é suficientemente competente para realizá-la.

• Quando dados quantitativos são usados para complementar os qualitativos, o tratamento dado a cada um deles deve ser descrito separadamente (MARSHALL E ROSSMAN, 1989)

Page 51: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• Os trabalhos iniciais relacionados a esta questão procuravam traduzir para a pesquisa qualitativa o conceito de validade interna, validade externa, fidedignidade usados na pesquisa tradicional. Atualmente muitos autores consideram que tais conceitos não constituem modelos apropriados para a pesquisa qualitativa e propõem critérios para substituí-los.

2.7 Procedimentos para maximizar a confiabilidade

Page 52: Planejamento de Pesquisas qualitativas

a. Credibilidade;

b. Transferibilidade;

c. Consistência;

d. Confirmabilidade.

Lincoln & Guba sugerem:

Page 53: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Os resultados e interpretações feitas pelo pesquisador são plausíveis para os sujeitos envolvidos?• Permanência prolongada no campo - Deve ser

suficientemente longo para que o pesquisador possa aprender a cultura de uma perspectiva mais ampla.

• Checagem pelos participantes – Verificar se as interpretações do pesquisador fazem sentido para aqueles que forneceram os dados.

• Questionamento por pares – Consiste em solicitar a colegas não envolvidos na pesquisa, mas que trabalhem no mesmo paradigma para apontar falhas, pontos obscuros e vieses nas interpretações....

2.7.1 Critérios relativos a Credibilidade

Page 54: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• Triangulação – Quando usamos diferentes maneiras para investigar um mesmo ponto. Denzin (1978) apresenta quatro tipos de triangulação: de fontes, de métodos, de investigadores e de teorias.

• Análise de hipóteses e alternativas – Tendo analisado seus dados e formulado suas hipóteses sobre, por exemplo, as dimensões que compõem um dado fenômeno, o pesquisador deve procurar interpretações ou explicações rivais de suas hipóteses.

2.7.1 Critérios relativos a Credibilidade

Page 55: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• Análise de casos negativos- A análise dos casos que se afastam do padrão pode trazer esclarecimentos importantes e ajudar a refinar explicações e interpretações.

Page 56: Planejamento de Pesquisas qualitativas

2.7.2 Critérios relativos à transferibilidade

• A transferibilidade se refere a

possibilidade de que os resultados

obtidos num determinado contexto

numa pesquisa qualitativa possam ser

aplicados noutro contexto.

Page 57: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• Na pesquisa qualitativa:

A responsabilidade do pesquisador é oferecer ao

seu leitor uma descrição densa do contexto

estudado, bem como das características de seus

sujeitos, para permitir que a decisão de aplicar

ou não os resultados a um novo contexto possa

ser bem fundamentada.

Page 58: Planejamento de Pesquisas qualitativas

2.7.3 Critérios relativos à consistência e confirmabilidade

• Consistência ou Fidedignidade:

a maneira mais comum de comprovar

se os resultados são fidedignos é

repetir a aplicação do instrumento.

Page 59: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• Confirmabilidade:

“Se outra pessoa fizesse o mesmo

estudo, obteria os mesmos resultados

e chegaria às mesmas conclusões?”

Page 60: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• Chega a ser um processo de reanálise Trata-se de uma prática que deve constituir preocupação do investigador qualitativo porque, ao fazê-lo, abre a pesquisa a outros investigadores que assim podem verificar se o estudo foi conduzido de forma sistemática e coerente, tornando-o mais consistente e possível de reaplicar a outros contextos/situações.

Page 61: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• A verificação é o processo de testar, confirmar, assegurar.

• Na pesquisa qualitativa, a verificação refere os mecanismos usados durante o processo da pesquisa para, de forma gradual e progressiva, assegurar a fiabilidade e validade e, assim, o rigor da pesquisa desenvolvida.

• Estes mecanismos são levados a cabo em cada passo do estudo de forma a assegurar um produto final sólido (CRESWELL, 1998), ao permitirem a identificação e consequente correção de erros antes que estes possam surgir e subverter a análise.

Page 62: Planejamento de Pesquisas qualitativas

• Os “critérios de verificação” se

adotados pelo investigador no decurso

de uma pesquisa qualitativa, podem

ajudar a garantir a credibilidade dos

resultados obtidos e a qualidade

científica do estudo realizado.

Page 63: Planejamento de Pesquisas qualitativas

Conclusão

• Os autores discutem as alternativas que se apresentam ao pesquisador no planejamento da pesquisa qualitativa em cada um dos aspectos relevantes para avaliação de um projeto, analisando as implicações de cada uma delas, porque acredita e nós concordamos, que é fundamental que o pesquisador esteja consciente delas, para que possa justificar adequadamente suas escolhas.

Page 64: Planejamento de Pesquisas qualitativas

REFERÊNCIAS

• ALVES-MAZZOTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. Planejamento de pesquisas qualitativas. In: ALVES-MAZZOTTI, A. J. & GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais. São. Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. p.147-178.