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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE BELEZA E ESTÉTICA: UM ESTUDO COM OS ALUNOS DO CURSO DE EXTENSÃO DA MAIS E MELHOR IDADE. Carmen Bernardes 1 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Natássia Zanella Perin 2 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Juliana Cristina Gallas 3 Orientadora, Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina. Contatos 1 [email protected] 2 [email protected] 3 [email protected] Resumo A venda de produtos cosméticos para terceira idade tem gerado espaço no mercado brasileiro devido a novas tecnologias em princípios ativos, aumento da expectativa de vida, procura pela beleza e bem-estar, e melhor qualidade de vida. O envelhecimento é caracterizado por alterações nas estruturas do corpo, evidenciado principalmente na pele, tornando os cosméticos grandes aliados na prevenção e tratamento do envelhecimento. Com isso, este trabalho teve como objetivo analisar o comportamento do consumidor da melhor idade no consumo de cosméticos. Foram pesquisados 34 alunos do Curso de Extensão da Mais e Melhor Idade da Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina, através de um questionário de perguntas fechadas, e utilização da escala de likert. Percebeu-se que o grande motivo que leva estes consumidores a utilizar um cosmético é para o seu bem estar, além disso, dados relevantes foram apresentados, como a preocupação dos mesmos em ter uma indicação médica para esta compra, assim como a análise da composição química do produto. Considera-se, portanto, que a indústria de cosméticos deve estar atenta a este consumidor considerando suas necessidades, sendo relevante destacar a importância da adequação de rótulos para leitura. Palavras chaves: Beleza e Estética. Melhor idade. Consumo de cosméticos.

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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE BELEZA E ESTÉTICA: UM

ESTUDO COM OS ALUNOS DO CURSO DE EXTENSÃO DA MAIS E MELHOR

IDADE.

Carmen Bernardes1 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do

Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Natássia Zanella Perin 2 - Acadêmica do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade

do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Juliana Cristina Gallas3 – Orientadora, Professora do Curso de Cosmetologia e Estética da

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Contatos

[email protected]

[email protected]

[email protected]

Resumo

A venda de produtos cosméticos para terceira idade tem gerado espaço no mercado brasileiro

devido a novas tecnologias em princípios ativos, aumento da expectativa de vida, procura pela

beleza e bem-estar, e melhor qualidade de vida. O envelhecimento é caracterizado por

alterações nas estruturas do corpo, evidenciado principalmente na pele, tornando os

cosméticos grandes aliados na prevenção e tratamento do envelhecimento. Com isso, este

trabalho teve como objetivo analisar o comportamento do consumidor da melhor idade no

consumo de cosméticos. Foram pesquisados 34 alunos do Curso de Extensão da Mais e

Melhor Idade da Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú, Santa Catarina, através

de um questionário de perguntas fechadas, e utilização da escala de likert. Percebeu-se que o

grande motivo que leva estes consumidores a utilizar um cosmético é para o seu bem estar,

além disso, dados relevantes foram apresentados, como a preocupação dos mesmos em ter

uma indicação médica para esta compra, assim como a análise da composição química do

produto. Considera-se, portanto, que a indústria de cosméticos deve estar atenta a este

consumidor considerando suas necessidades, sendo relevante destacar a importância da

adequação de rótulos para leitura.

Palavras chaves: Beleza e Estética. Melhor idade. Consumo de cosméticos.

1 INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento na terceira idade tem sido caracterizado pelo aumento

da vaidade, melhor qualidade de vida, preocupação com o bem estar, além disso, a

expectativa de vida do brasileiro aumentou para 72,7 anos em 2008, com projeções de chegar

aos 81 anos até 2050 (IBGE, 2008). É importante salientar que a terceira idade do futuro

estará mais bem informada sobre tecnologia, diferentemente dos idosos de hoje, que não

tiveram acesso a tecnologia da informação.

Com o mercado cada vez mais competitivo, faz-se necessário ter diferencial nas

empresas de cosméticos, onde o idoso poderá ser considerado o consumidor do futuro, pois

apesar das evidências, são poucas as empresas que exploram esse nicho de mercado

adequando-se às necessidades desta fase da vida do consumidor, citando como exemplo a

dificuldade para ler e até mesmo compreender rótulos.

Segundo dados da ABIHPEC Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,

Perfumaria e Cosméticos (2008, 2009), o setor teve um crescimento de 10,6% nos últimos 13

anos. Isto devido à crescente participação da mulher, à tecnologia de ponta, ao lançamento

constante de novos produtos que vão ao encontro das necessidades do mercado e ao aumento

da expectativa de vida.

Cada vez mais para poder atender este mercado crescente, em decorrência do desejo

da perfeição estética por parte de homens e mulheres, os profissionais da beleza tem se

interessado em profissionalizar-se, ampliando o universo da beleza. Este interesse pode ser

causado pela cultura de consumo da moda e tendências que o mercado da beleza impõe.

A vaidade não é mais exclusividade das mulheres, os homens também vaidosos

procuram a harmonia do corpo perfeito, alta-estima, bem estar físico e psicológico. Não

somente jovens se interessam por benefícios proporcionados pelos cosméticos, existe ainda

um mercado em potencial sendo explorado, os consumidores da terceira idade, que nos dias

de hoje buscam diversos recursos.

Diante desta busca incessante por uma melhor aparência, este artigo visa analisar o

comportamento de consumo de cosméticos dos estudantes do Curso da Mais e Melhor Idade

do Campus Univali de Balneário Camboriú, Santa Catarina, podendo entender um pouco mais

sobre a importância dos mesmos na vida dessas pessoas ao identificar o perfil de consumo,

caracterizar os cosméticos adquiridos pelos referidos estudantes, classificar a forma de

aquisição de cosméticos e verificar como são utilizados.

Sabe-se que a projeção de vida deste consumidor, sujeito de pesquisa, cresce a cada

ano, tornando-se um grande mercado, para tanto se torna importante saber os motivos que

impulsionam estes consumidores à busca por cosméticos, a fim de avaliar seu comportamento

perante diversas opções encontradas no mercado brasileiro, pois o consumidor, de acordo com

sua avaliação, pode traçar características que julgue necessárias para realizar a compra de um

determinado produto cosmético, dentre vários existentes no mercado.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Envelhecimento

A expectativa de vida dos brasileiros tem aumentado muito nos últimos anos e com ela

os cuidados com a beleza, saúde e aparência. Na concepção de Chiavot; Martini; Peyrefitte

(1998), a pele, assim como todos os órgãos, sofrem alterações com o passar dos anos e, por

este motivo, faz-se necessário redobrar os cuidados para retardar o envelhecimento, uma vez

que ela é a maior reveladora da idade.

Os autores acima citados definem o envelhecimento natural (fisiológico), como um

conjunto de alterações na estrutura, funções e aspectos da pele, tendo como fatores, o

genético, que diferencia o envelhecimento de cada indivíduo e o envelhecimento “actinico”,

causado pela exposição solar, onde as partes que costumam ficar descobertas são as mais

acometidas. Porém, outros fatores também são citados, como o tabagismo, fatores hormonais,

nutricionais, mecânicos e ambientais.

As causas do envelhecimento ainda são desconhecidas, apesar de incansáveis

pesquisas e teorias. Para Guirro e Guirro (2004, p. 425), “quanto mais o homem se assemelha

à natureza, quanto melhor consegue compreender seu próprio corpo e defendê-lo dos inimigos

da saúde, mais aumenta a duração média de sua vida”. Os autores fazem uma associação à

pré-história, onde um homem de 25 anos era considerado ancião, pois a expectativa de vida

não passava de 18 anos. Já na atualidade, encontram-se pessoas com 100 anos de idade.

A partir do nascimento o corpo envelhece gradativamente, porém, fica-se mais

evidente quando se inicia a terceira idade, onde a qualidade de vida tem grande influência na

qualidade do envelhecimento. Há duas décadas acreditava-se que o tratamento ou controle do

envelhecimento devesse ser feito a partir dos sessenta anos e atualmente sugere-se tomar

medidas preventivas e curativas nas fases do envelhecimento (GUIRRO; GUIRRO,2004).

2.2 Melhor idade

Algumas empresas buscam através de produtos voltados à melhor idade diferenciação

no mercado e já com projeções futuras, como relata Luís Alberto Gusmán, sócio da Davittè

cosméticos: “Hoje, já são 34,9 milhões acima de 50 anos. É um nicho com muito potencial e

aposto na durabilidade da Davittè para ir consolidando minha vantagem competitiva nos

próximos 40 anos”. Apoiado em dados do IBGE, a empresa realizou pesquisas qualitativas, o

que definiu seu público composto pelo gênero masculino e feminino desta faixa etária

(ABEVD, 2008).

Em 2008 a vida média do brasileiro foi de 72,7 anos, já a projeção para 2050 pode

chegar ao patamar de 81 anos, graças aos avanços da medicina e melhoria na qualidade de

vida. Com isso o Brasil passa da 5ª para a 8ª posição dos países mais populosos (IBGE, 2008).

Em países em desenvolvimento é considerada terceira idade uma pessoa que está com

60 anos, mas para a geriatria, somente a partir dos 75 anos o individuo é considerado da

terceira idade, podendo variar de acordo com a sociedade em que vive (WIKIPEDIA, 2009).

Para a LEI N. 8.842, de 4 de janeiro de 1994: “Artigo 2º - Considera-se idoso, para os efeitos

desta Lei, a pessoa maior de sessenta anos de idade.”

2.3 O mercado de beleza

A busca pela beleza tem aquecido o mercado, justificado pela participação da mulher

no mercado de trabalho, pelo aumento da expectativa de vida, pela segmentação – produtos

voltados para o público masculino, feminino, infantil, adolescentes –, pela maior

diferenciação, com a criação de linhas de produtos com fins específicos, desta forma, criando

uma expectativa de projeção de crescimento de 2,5% para 2010 (MENDES, 2008).

O índice de crescimento da indústria de produtos de higiene pessoal, perfumaria e

cosméticos foi de 10,6% médio no setor nos últimos 13 anos contra 2,9% da indústria em

geral e 3,0 % do PIB total. Nos últimos dez anos, entre 1999 e 2008, a balança comercial

registrou um crescimento acumulado de 357,6% para exportações e 65,6% para importações.

A mesma pesquisa informa que no Brasil o número de empresas atuando no segmento é de

1.694, sendo que 14 são de grande porte. Com isso, o Brasil ocupa o terceiro lugar em relação

ao mercado mundial, sendo que é o primeiro em desodorante; segundo em produtos infantis,

masculinos, higiene oral, produtos para cabelos, proteção solar, perfumaria e banho; quarto

em cosméticos; sexto em pele e oitavo em depilatórios. A distribuição dos produtos é feita

através da tradicional - atacado e varejo, venda direta – domiciliares e franquia.

O crescimento no setor está associado à participação da mulher no mercado de

trabalho; à tecnologia aumentando a produtividade, aumento da economia geral em relação

aos preços; lançamentos de novos produtos; aumento da expectativa de vida que faz com que

haja maior procura pela aparência jovial (ABDI 2008).

O aquecimento no setor será ainda maior em 2010, segundo pesquisa realizada pela

Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização com fabricantes de cosméticos

(ABMAPRO 2009). Há projeção de crescimento acima de 30% ou mais para 2010, devido à

alta salarial das classes C e D que passaram a consumir novos produtos o que gerará, ainda, a

necessidade de investimentos para suprir a demanda. Cerca de 32 milhões de brasileiros

compõem esse segmento sustentado no trabalho, em políticas de transferência de renda

existente na atualidade e ajudaram inclusive enfrentar a crise do mercado externo (NERI,

2009).

No acompanhamento setorial da UNICAMP em parceria com ABDI (2008) foi

destacada a importância de países emergentes como mercados de produção e exportação, além

do surgimento de novas tendências, o que pode ser percebida como estratégia das empresas

para destacar-se no mercado, tendo como principal tendência os produtos para cuidado com a

pele. Esse setor teve crescimento de 40% entre 2006 e 2007, tendo como fator o aumento da

expectativa de vida e o aumento da idade média da população. Com isso as empresas têm

investido em novos ativos com foco em ações antiidade, anti-sinais, como os aminoácidos

com funções específicas, nanotecnologias, entre outros.

A segunda tendência, conforme pesquisa anteriormente citada, foi a utilização de

ingredientes naturais e orgânicos tendo como veículo a água, além de embalagens recicláveis

ou biodegradáveis para despertar a preocupação ambiental e ecológica dos consumidores, e

como apelo a não utilização de animais, frutas ou flores em extinção em pesquisas,

preocupando-se com a sustentabilidade e preferências dos consumidores. Porém vale ressaltar

que algumas empresas usam apenas produtos naturais para melhorar o desempenho de seus

produtos tradicionais.

A terceira tendência são os “nutricosméticos” que são para ingestão oral (alimentos,

bebidas ou comprimidos), estes para promover a saúde e beleza do corpo, pele e cabelos.

Porém causam grande preocupação, pois exigem maior controle e fiscalização por conta dos

riscos à saúde, quanto à necessidade de normas claras para classificação dos produtos e

definição para os termos “orgânicos” e “naturais”.

A indústria de cosmético tem se destacado no mercado graças aos estudos científicos

realizados com descobertas de novos princípios ativos de natureza física, química, biológica

ou microbiológica, e os cosmecêuticos -intermediários entre cosméticos e medicamentos-

proporcionando desta forma uma gama incalculável de novos produtos no mercado onde a

cosmetologia é a parte da ciência que controla, trata da preparação, estocagem e aplicação de

produtos cosméticos (GUIRRO; GUIRRO 2004).

Um novo acompanhamento setorial da UNICAMP em parceria com a ABDI (2009)

destacou que o setor teve uma leve retração no primeiro trimestre de 2008 comparado ao

crescimento dos anos anteriores das indústrias. Apesar da crise mundial em 2009 o setor

apresentou tendência de queda reduzida e sinais de recuperação comparando-se com outros

segmentos das indústrias em geral. Porém, apesar da crise mundial, a Natura teve um aumento

na receita de 27% no primeiro trimestre de 2009 e filiais de empresas estrangeiras, como é o

caso da Avon onde houve o melhor desempenho no Brasil do que em países desenvolvidos no

ano de 2009 (ESTADÃO DE HOJE, 2010).

2.4 Consumidores

Vários são os estudos na área de marketing que tentam revelar o que influencia os

consumidores na hora de comprar um determinado produto. Existem várias definições para o

termo marketing, uma delas, segundo Futrell (2003, p. 33), define como “o processo de se

planejar e executar a concepção, o preço, a promoção e a distribuição de bens, serviços e

idéias para criar trocas que atendam objetivos individuais e organizacionais.”. O alvo a ser

“atingido” numa ação de marketing é o consumidor. Ser consumidor é ser um ser humano

normal. Todos são consumidores, que se preocupam com seu bem-estar, estão atentos às

ofertas de produtos e serviços, na maioria das vezes, impulsionados por uma necessidade e/ou

emoção.

Mercado é uma criação da civilização humana, e não propriamente uma criação das

grandes empresas e corporações. A humanidade conviveu com trocas de mercadorias por

séculos, surgindo e consolidando redes econômicas que existem até a atualidade. A

especialização de determinados itens revelaram diversos tipos de consumidores.

Quando o consumidor sente a necessidade de algum determinado produto, percebem-

se os estímulos visuais e sensoriais como a propaganda, marca, cheiro, sendo impulsionado à

compra. Necessidade pode ser definida por Futrell (2003, p. 85) como a “... falta de algo

desejável...”, ou seja, o consumidor tem a percepção que necessita de algo e procura o que

melhor se encaixa em sua necessidade. Porém, muitas vezes o consumidor não sabe o motivo

de sua compra. Via de regra, existem alguns tipos de níveis de necessidades: nível consciente,

pré-consciente e inconsciente; além da necessidade econômica.

No nível consciente, o cliente sabe exatamente o que deseja comprar e racionaliza

sobre a questão. No nível pré-consciente, o consumidor sabe que deseja comprar algo, porém

dá desculpas como alto preço, cor, etc., e não especifica de que maneira gostaria do produto;

na maioria das vezes não realiza a compra. Já no nível inconsciente, o consumidor compra

vários produtos sem ter razão específica para o mesmo. A necessidade econômica se

caracteriza pela circunstância onde o cliente escolhe o produto que melhor se encaixe em sua

quantia de dinheiro (FUTRELL, 2003).

Existem ainda pelo ponto de vista mercadológico dois tipos de necessidades: as

experimentadas e as utilitaristas. No caso da utilitarista, escolhe-se um produto por sua

capacidade funcional, e a necessidade experimentada está voltada ao prazer e aos sonhos que

o cliente tem em consumir algo (KARSAKLIAN, 2000).

O que pode influenciar na hora da compra do consumidor é a soma dessas

necessidades ligadas ainda à propaganda, sua personalidade, satisfação pessoal, estilo de vida,

visão do mundo e classe social, que acabam por orientar a escolha do produto.

A personalidade pode ser definida por Karsaklian (2000, p. 35) como “configuração

das características únicas e permanentes do indivíduo”, na qual cada consumidor tem sua

maneira e características próprias, buscando produtos compatíveis com os mesmos. Estilo de

vida está relacionado à maneira como o consumidor vive, seus hábitos, lugares onde

freqüenta, opiniões, entre outros. A classe social em que a pessoa está inserida pode

influenciar em seu estilo de vida, suas compras e lugares que freqüenta, para Wright et al

(1989 apud SANTOS, 2005, p. 28)

... classe social representa uma forma especial de divisão social gerada pela

distribuição desigual de poderes e direitos sobre os recursos produtivos relevantes de

uma sociedade. A existência dessa divisão produz conseqüências sistemáticas

significativas sobre a vida dos indivíduos e a dinâmica das instituições. A condição

de classe afeta os interesses materiais, as experiências de vida e as capacidades para

ação coletiva dos indivíduos. O poder causal da posição de classe é exercido ao se

condicionar o acesso aos recursos produtivos e ao se moldar as experiências de vida

nas esferas do trabalho e do consumo. O que a pessoa tem (ativos produtivos)

determina o que ela obtém (bem-estar material).

Na atualidade, os consumidores estão cada vez mais informados sobre marcas e

produtos, devido à grande informação adquirida através de várias fontes tecnológicas,

destacando-se a internet. Por isso, cada vez mais exigentes, já que possuem inúmeras marcas

a sua escolha, é difícil satisfazê-los. As indústrias cosméticas, através de marketing, utilizam

diversos artifícios para fazer novos clientes e mantê-los com satisfação. Pode-se definir

“satisfação” como o resultado de uma experiência de consumo (MARCHETTI, PRADO,

2001).

Uma empresa que sabe avaliar as necessidades de consumo de seus clientes pode fazer

com que sejam consumidores fiéis, sendo ainda defensores e porta-vozes da marca, passando

adiante essa informação através da indicação, o chamado “boca-a-boca”, que tem dado grande

retorno às empresas.

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa define-se como quantitativa e descritiva. Pesquisa descritiva porque visa

descrever características de uma determinada população, levantando atitudes e opiniões do

grupo (GIL, 1999). E quantitativa porque irá quantificar a amostra de dados através de tabelas

e gráficos para decifrar a relação entre as variáveis da casualidade de informações e garantir

com precisão os resultados evitando assim equívocos na interpretação (OLIVEIRA 2009).

A pesquisa de campo consiste na coleta de dados e no registro de variáveis para

posterior análise, apesar de não permitir o isolamento e controle das variáveis, possibilita

estabelecer relação entre determinadas condições e eventos, observados e comprovados.

Utilizando-se de certa quantia de indivíduos, coletando-se dados através da pesquisa, para

posterior análise e tabelamento dos dados. (OLIVEIRA 2009).

“... a pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de

contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno”.

(OLIVEIRA, 2009, p. 119).

Neste artigo foram utilizadas estruturas metodológicas específicas, para

desenvolvimento a partir de pesquisas em livros, artigos, revistas e internet, para referencial

teórico. A partir destas leituras desenvolveu-se um questionário, utilizando-se da escala de

likert, que segundo Pereira (2001), tem sensibilidade a manifestações de qualidade, capta

contrários, gradientes e situações intermediárias, sendo composta com 5 pontos, variando de 1

a 5, pontuação 1 para atribuição baixa e 5 para atribuição alta, composto de perguntas

fechadas com o propósito de responder o problema da pesquisa que consiste em identificar o

perfil de consumo, caracterizar cosméticos adquiridos pelos consumidores, classificar as

formas de aquisição de cosméticos e verificar a forma de consumo dos mesmos.

A pesquisa foi aplicada com agenda prévia. Antes de o sujeito responder ao

questionário entregou-se um termo de consentimento livre e esclarecido para projetos de

pesquisa, onde se convidou o candidato à pesquisa a participar, sem penalizá-lo caso não

quisesse participar da mesma. Além deste, foi entregue uma via do questionário para ser

respondida e entregue ao pesquisador, como mostra o apêndice A. Após a avaliação da banca,

todas as pessoas que participaram do trabalho receberão cópias dos mesmos com todos os

resultados, se assim desejarem.

Neste sentido, realizou-se a pesquisa com o grupo dos alunos do curso Mais e Melhor

Idade, da Universidade do Vale do Itajaí, em Balneário Camboriú, Santa Catarina, totalizando

34 sujeitos que fazem parte das turmas do curso. A amostra constituiu-se com todos os

consumidores de cosméticos, sendo que a primeira pergunta do questionário determinou a

seqüencia do mesmo.

Os dados coletados foram analisados, quantificados com a utilização de gráficos

através do programa Microsoft Excel 2007, e posteriormente descritos para entendimento dos

resultados com a ilustração dos gráficos que estão dispostos na análise de dados e também no

apêndice B.

4 ANÁLISE DOS DADOS

Considerando que o objetivo deste trabalho foi analisar o comportamento do

consumidor da melhor idade no consumo de cosméticos, pode-se observar a partir da pesquisa

realizada que 100% dos entrevistados consomem cosméticos de alguma forma, sendo que em

média 57% deles gastam de R$ 50,00 a R$ 70,00 mensalmente.

Quando questionados sobre a importância e finalidade do consumo de cosméticos

observou-se que as consumidoras da terceira idade consideram mais importante o bem estar

associado à compra, porém ainda remetem um grau de importância considerável no consumo

por questões sociais, associando marcas a resultados esperados dos cosméticos, todavia é

relevante destacar a concepção de ABDI (2008) quanto a participação da mulher no mercado

de trabalho; aumento da expectativa de vida que faz com que haja maior procura pela

aparência jovial fazendo com que exista uma maior procura por cosméticos.

Gráfico 1: Baseado na escala abaixo como você define a importância ou finalidade do consumo de cosméticos?

Fonte: Bernardes e Perin

No quesito escolha do cosmético o maior valor na escala deu-se à indicação médica,

porém com nível considerável para utilização com indicação de esteticista, demonstrando a

preocupação do sujeito da pesquisa em procurar profissionais antes da realização da compra

de cosméticos. É importante salientar que o preço também obteve alto valor na escala, que de

acordo com a concepção de marketing (FUTRELL, 2003) o preço, as promoções, entre outros

atraem os consumidores.

Gráfico 2: Quando utiliza cosméticos como faz a escolha?

Fonte: Bernardes e Perin

A origem do produto é de grande preocupação na hora da compra resultando em 32%,

enquanto apenas 19% das respostas são para produtos importados. Pode-se destacar que 89%

preocupam-se com a composição química do produto, e 80% com questões ambientais e

ecológicas.

Ao questionar sobre a preferência por produtos consideraram-se de grande importância

produtos com embalagens recicláveis 28%, 26% em produtos naturais, e 23% para orgânicos

e embalagens biodegradáveis.

Segundo ABDI (2008) a segunda maior tendência para os próximos anos em

cosméticos são a utilização de ingredientes naturais e orgânicos, além de embalagens

biodegradáveis. Conforme resultados da pesquisa realizada pode-se confirmar esta mesma

tendência.

Quanto à utilização dos cosméticos (forma de uso), deu-se alta importância para

utilização através de receita médica, e pouca importância para indicação de vendedores, como

mostra o gráfico. Salientando, mais uma vez a importância que estes consumidores dão à

indicação médica para utilização de cosméticos.

Gráfico 3: Quanto a forma de uso.

Fonte: Bernardes e Perin

Quanto à escolaridade, 48% das pesquisadas possuem curso superior completo. Apesar

do difícil acesso ao estudo em sua época, hoje possuem a oportunidade de ingressar a um

curso na Universidade, possuindo assim, um diferencial dos demais da mesma idade, mesmo

as que não possuem curso superior. Indicando assim que estão interessados em ter uma vida

mais ativa, procurando também adquirir maiores conhecimentos.

Preocupam-se com a qualidade de produtos e com a própria saúde. Levando em

consideração a opinião de profissionais para adquirir cosméticos. Estão voltados também a

mais informações sobre tecnologias e consciência de consumo. 100% das pesquisadas são

aposentadas, tendo uma média de 63 anos de idade.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o mercado cada vez mais competitivo, a terceira idade poderá ser o mercado

potencial, pois este grupo cresce a cada a cada ano, com projeções de ser maioria até 2050

(SEBRAE 2008).

Portanto, há uma maior procura por bem-estar, saúde e qualidade de vida. Para isso

este grupo de consumidores busca formas de manter a mente ocupada, o corpo saudável e

aparência jovem. Dentre essas buscas os cosméticos, são grandes aliados, sabendo-se que

nesta fase da vida as intempéries do tempo são acentuadas. Vale ressaltar a partir desta

pesquisa que este grupo de consumidores tem um gasto mensal considerável em produtos.

Quanto à aquisição dos cosméticos preocupam-se com sua origem - boa procedência -

dão preferência aos manipulados, já que esses produtos normalmente são indicados por

médicos e tem um valor mais acessível. Esses consumidores estão atentos a importância da

correta utilização, e para isso procuram orientação de profissionais da área como esteticistas e

médicos.

Para atender este mercado em expansão, os profissionais da área da beleza como

tecnólogos em cosmetologia e estética poderão estar orientando a compra e a correta

utilização desses cosméticos, de forma capacitada. Podendo assim, estar contribuindo para o

crescimento deste setor, já que estarão acompanhando a evolução desses produtos.

O mercado pode associar tecnologia dos cosméticos - que retardam os sinais de

envelhecimento - e as cirurgias estéticas, juntamente com as necessidades distintas deste

grupo como leitura de rótulos e embalagens. Portanto, há que se destacar que as empresas

cosméticas e profissionais desta área que se adequarem as necessidades, comportamentos e

informações voltadas a esse grupo, poderão ter destaque no mercado e clientes fiéis.

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WIKIPEDIA, Terceira Idade. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Terceira_idade>

acesso em: 12 fev. de 2010.

APÊNDICE A

Você consome cosméticos? ( ) sim ( ) não

Caso a resposta da pergunta acima seja SIM continue.

1 - Baseado na escala abaixo quanto você gasta por mês em cosméticos?

Valores em Reais

A 10,00 a 20,00

B 50,00 a 70,00

C 100,00 a 150,00

D Acima destes valores

2- Baseado na escala abaixo como você define a importância ou finalidade do consumo de

cosméticos?

Usa para:

Baixa Alta

A Tratamento 1 2 3 4 5

B Embelezamento 1 2 3 4 5

C Bem estar 1 2 3 4 5

D Questões sociais 1 2 3 4 5

Forma de aquisição

3- Quando utiliza cosméticos como faz a escolha?

Através de:

Baixa Alta

A Indicação médica 1 2 3 4 5

B Esteticista 1 2 3 4 5

C Amigos 1 2 3 4 5

D Familiares 1 2 3 4 5

E Conveniência 1 2 3 4 5

F Curiosidade 1 2 3 4 5

G Preço 1 2 3 4 5

Caracterização dos cosméticos

4- Na hora da compra você dá preferência por cosméticos:

Tipo

Baixa Alta

A Importados 1 2 3 4 5

B Manipulados 1 2 3 4 5

C Facilidade de acesso 1 2 3 4 5

D Origem do produto 1 2 3 4 5

5- Você se preocupa com a composição química do produto? ( ) sim ( ) não

6- Ao comprar um produto você se preocupa com a questão ambiental e ecológica?

( ) sim ( ) não

7- No ato da compra você dá preferência por produtos:

Produtos

Baixa Alta

A Naturais 1 2 3 4 5

B Orgânicos 1 2 3 4 5

C Embalagens biodegradáveis 1 2 3 4 5

D Embalagens recicláveis 1 2 3 4 5

8- Quanto à forma de uso

Utiliza o cosmético

Baixa Alta

A Por conta própria 1 2 3 4 5

B Segue indicação do rótulo 1 2 3 4 5

C Através de receita médica 1 2 3 4 5

D Por indicação do vendedor 1 2 3 4 5

Dados pessoais

9- Qual sua escolaridade?

Escolaridade

A 1º grau incompleto

B 2º grau completo

C Curso superior completo

D Outros

10- Qual sua profissão?

11- Idade?

APÊNDICE B