parq issue june/july

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REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA. PARQ. NÚMERO 13. JUNHO/JULHO 2009. www.parqmag.com TEREZA SALGUEIRO NICOLAS VAULDELET DUB ECHOES NAGAKIN CAPSULE TOWER 13

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Dub Echoes Chicks on Speed Tereza Salgueiro

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Page 1: parq issue june/july

REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA.PARQ. NÚMERO 13. JUNHO/JULHO 2009.www.parqmag.com

PARQ

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13. JUN

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TEREZA SALGUEIRONICOLAS VAULDELETDUB ECHOESNAGAKIN CAPSULE TOWER

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Page 2: parq issue june/july

DirectorFrancisco Vaz Fernandes [email protected]

eDitoracarla [email protected]

Direcção De arteValdemar lamego [email protected]

trenDscoutmário nascimento [email protected]

traDuçãoroger [email protected]

publiciDaDeFrancisco Vaz Fernandes [email protected]áudia [email protected]

parQnúmero 13Junho/Julho 2009

textosana seabraantónio Falcão de camposantónio Varelablair mcbridebruno pirescarla carbonecatarina kormacláudia matos silVaeliana silVamami pereiramiguel joão Ferreiramiguel pedreiramiss jonesray monderoger Winstanleyrui miguel abreusoFia saunders

fotosalexander kochFerran casanoVaFrancisco de almeidajaVier domenechpedro janeiro

stylingangel cabezueloconForto moderno

ilustraçãoVanessa teodoro

periociDaDemensal

Depósito legal272758/08registo erc125392

eDiçãoconforto moderno uni, lda.número de contribuinte: 508 399 289

parQrua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq.1000-251 lisboa

00351.218 473 379

impressãobeprofit / sogapalrua mário castelhano · Queluz de baixo2730-120 barcarena20.000 exemplares

Distribuiçãoconforto moderno uni, lda.

a reproDução De toDo o material é expressamente proibiDa sem a permissão Da parQ.toDos os Direitos reservaDos. copyright © 2008 parQ.

assinatura anual 15€.

www.parqmag.com

capaandrea fotografada por Ferran casanoVaveste tocado de manuel albarran, e Vestido de tara jarmonrealização: blue studiostyling: angel cabezuelohair&make-up: de marial.

REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA.PARQ. NÚMERO 13. JUNHO/JULHO 2009.www.parqmag.com

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MERO

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PORTO11 DE JULHO

ESTÁDIODO BESSA XXI

ESTÁDIODO RESTELO

LISBOA18 DE JULHO

DEPECHE MODENOUVELLE VAGUEPETER BJORN AND JOHNMOTORSOAPBOX | SBSR PRELOAD

THE KILLERSDUFFYMANDO DIAOBRANDI CARLILETHE WALKMENBETTERSHELL | SBSR PRELOAD

2 CIDADES. 2 ESTÁDIOS. UM GRANDE FESTIVAL.

BILHETES À VENDA: Ticketline (www.ticketline.pt), CTT (www.ctt.pt), Lojas Fnac, Lojas Worten, Lojas Bliss, Livraria Bulhosa, Agências Abreu, Megarede, ABEP, Agência Alvalade, C.C. Dolce Vita (Coimbra, Ovar, Vila Real e Porto), El Corte Inglés, Casino de Lisboa, Breakpoint (www.breakpoint.es, www.ticketmaster.es), Movijovem.

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38viewpoint

alex&cocco

eDitorialférias e

mudança de perspectiva

errata

Vamos de férias e voltamos em Setembro com ener-gia e um ânimo renovado como sempre acontece depois de uma pausa. Contudo, recorrendo mais à nossa imaginação para que possamos cumprir os nossos ideais prometidos de uma sociedade de la-zer em expansão. No meio deste panorama - como muitos portugueses - recorremos à imaginação para termos o máximo de dias pelo mínimo dinheiro pos-sível, se não quisermos ficar em casa. Este será um exercício a que teremos que nos habituar, apesar da miragem das propostas do mercado de luxo a aumentarem de dia para dia. Talvez porque, de-pois da Europa, sejamos agora um Portugal a duas velocidades. Mais alternativas ou mais clássicas, o certo é que aconselhamos umas férias ligadas à natureza e alguns de nós interpretam com um cer-to grau de cinismo num estilo anos 70 quando mui-tos dos nossos antepassados pegaram em tendas e descobriram pela primeira vez os prazeres do turis-mo em parques de campismo. Longe de aconselhar a Nazaré ou a Manta Rota, experimentem com os mais próximos o murmúrio de um ribeiro cristalino no interior de Portugal. Para os mais duvidosos, re-petimos: sim, existem muitos regatos, ribeiros e rios em Portugal com água cristalina. È questão de des-cobrir de bicicleta o Portugal ao seu lado. Procure um bom local à sombra de uma árvore centenária, instale a sua tenda e beba champanhe em homena-gem aos novos bons tempos. A PARQ também é as-sim, adaptável e inconformista.

por Francisco Vaz Fernandes

Na edição passada não creditámos correctamente o artigo so-bre Jorge Colombo. Foi escrito por CARLA ISIdoRo e o re-trato é de dANIEL BLAuFukS. Pedimos desculpa pelo lapso.

real people06

Fabrizio pazzagliapor carla isidoro

08nicolas Vauldelet

por Francisco Vaz Fernandes

10Fred butler

por eliana silva

12mona di orio

por Francisco Vaz Fernandes

14antónio maçanita

por carla isidoro

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you must shopping

20

you must news

sounDstation32

dub echoespor rui miguel abreu

34patrizia laQuidara

por miguel joão Ferreira

36chicks on speed

por nuno sousa

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viewpointalex&cocco

central parQ42

tereza salgueiropor carla isidoro

46blog de moda

por ana seabra

48antoine et manuel

por carla carbone

52nagakin capsule toWer

por blaire mcbride

54luís miguel raposo

por miguel pedreira

moDa56

pastic joypor Ferran casanova

62ride my bikepor alexander koch

parQ here69

montes alentejanosturismo

70palácio de estói

turismo

71trekking nos andes

Viagem

72the hood

places

73bikeiberia + pimenta rosa

places

74lord's bistrô

miss jones & ray monde

75absolut 100 + Fauchon

tea + enki Watergourmet

76Fontana park hotel

party

english version

78patrizia laQuidaraby miguel joão Ferreira (english

version by roger Winstanley)

78chicks on speed

by nuno sousa (english version by roger Winstanley)

80nagakin capsule toWer

by blair mcbride (english version by roger Winstanley)

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Dia positivomudam-se os tempos menos as Vontades!

crónica de cláudia matos silVailustrado por Vanessa teodoro

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a vida é feita de bons encontros e também de opostos: realidades diferentes que nos completam, como o melhor da cidade e o melhor da natureza. a vida é feita de coisas que marcam esses encontros, como um bom vinho. como vinha da defesa, tinto, branco ou rosé.

Há sempre mais por descobrir.

as luzes da cidade

as estrelas do céu

Seja r

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RevParq 21x29.7cm.indd 1 09/06/08 13:11:23

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REal PEoPlE

tExto: carla isidoro foto: daniel picado

apresentaste, na culturgest, um solo encenaDo por ti. a peça revelou‑se um sucesso e Já foi venDiDa para salas europeias. Que expectativas tinhas Desta apresentação? Fiquei muito feliz. A minha vontade é de fazer um espectáculo europeu. Sou italiano, nasci em Perugia, vivo em Paris, trabalhei em Lisboa e passo muito tempo na cidade branca. Então queria reunir estas três partes de mim numa só para chegar a um desenho único. A expectativa maior era a de mostrar que também o português faz parte da aprendizagem da minha vida. o espectáculo já foi apresentado em Paris, agora em Lisboa, e só falta Perugia. Acho que gosto de ir em busca de mim mesmo.

tinhas feito esta mesma peça há alguns anos, mas não encenaDa por ti. porQuê lagarce outra vez?outra vez o texto de Jean-Luc Lagarce! Sou um homem que gosta de deixar as coisas bem acabadas. Quando fiz pela primeira vez «L'Apprentissage» percebi que o texto tinha uma dimensão moderna na escrita, que ia além de uma imagem em miniatura (a do doente no hospital). Tem uma dimensão larga e profunda, uma estranha familiaridade em mim.

tens uma relação longa com portugal. há 15 anos Que vens cá apresentar espectáculos. como vês a QualiDaDe Do nosso meio artístico, Já Que tens a vantagem De estar ligaDo a ele mas também manténs uma Distância segura De observaDor?Acho que para um artista a ideia de nacionalidade deve ser ultrapassada. Eu já não me considero só italiano. Fiz um espectáculo sobre a frase de Pier Paolo Pasolini “Queria recusar a minha cidadania italiana”. No início era mais uma vontade política. Hoje diria que também me sinto italiano, mas não só. Quando penso nos artistas “portugueses” sinto uma vontade de partilhar a experiência artística talvez porque Portugal é um país pequeno e a sua história é ainda muito presente e pesada. Mas o questionamento pessoal é o que torna um artista interessante e acho que Portugal tem bons artistas mas talvez o grande público ainda não os conhece.

vives há vários anos em paris. como é Que paris responDe aos Desafios Da globalização artística? o espectáculo contemporâneo em Paris tem um público fiel, mas acho que a qualidade e a originalidade dos artistas é o que ganha no final. É importante ser um projecto artístico e não um produto artístico.

tiveste De aDaptar ou repensar a tua forma De trabalho meDiante esses Desafios?Eu repenso o meu trabalho todos os dias. os desafios, as perguntas, as dúvidas são parte de mim e do meu trabalho diário. Por isso escolhi uma estética tão minimalista. um pouco como na “arte povera”, o que não impede de usar materiais como o ouro.

Que proJectos tens na manga?Gostava de ensaiar uma peça de teatro de Maurice Maeterlinck, autor franco-belga que viveu em Portugal em 1935.Acho que não está traduzido. A peça chama-se «os Cegos» e trata desta coisa que é a fragilidade do sagrado na vida. Mas também «Primavera Sombria» de unica Zurn, que é mais literatura, sobre as dificuldades do amor vistas por uma menina.

Fabrizio Pazzaglia é um perFormer italiano radicado em paris há 22 anos Que mantém uma relação com a cena artística lisboeta há mais de uma década. apresentou

um solo em lisboa onde a sua resistência Física contrastaVa com a Fragilidade do personagem do texto Que elegeu, «l’aPrentissage» de Jean-luc lagarce. saído de um coma, o personagem descreVia momentos de reaprendizagem do sentido do corpo, enQuanto Pazzaglia o representaVa pendurado em argolas de ginástica artística.

fabrizio pazzaglia

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AF_21X29.7 4/23/09 6:23 PM Page 1

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REal PEoPlE

tExto: Francisco Vaz Fernandes

vinDo Da bretanha, sem traDição familiar, como nasceu esse interesse pelo Design De moDa?Vim para Paris com 17 anos para estudar artes gráficas numa escola tradicional, Penninghen. Estávamos no início dos anos 90, numa época em que os desfiles dos criadores se tornavam muito mediáticos. Era influenciado por Mugler, Montana Gualtier e Lacroix. Especialmente por este último porque no meu entender é um grande artista gráfico. Consegui entrar no seu atelier de alta costura para fazer um pouco de tudo. desse contacto o importante para mim foi o seu método de pesquisa. Com ele pode-se falar da moda depois da arte. As formas e as cores provêm de um processo complexo de pesquisa iconográfica através do campo da arte. É um homem incrivelmente culto.

engraçaDo, agora Que mencionas lacroix, consigo vislumbrar um fio De luz entre aQuele universo exótico e o Que pretenDes Desenvolver em el caballo.devo-lhe muito. o meu conhecimento sobre a cultura andaluza nasce com ele, do processo de pesquisa em que me envolvia a fundo. Ele vem do sul de França, de Arles, que de uma certa forma é uma espécie de Andaluzia francesa. Monta-se o cavalo de igual forma, há uma valorização dos touros, etnias ciganas e muito flamenco. descobri esse mundo andaluz nessa época e a partir daí fui cimentando essa paixão a partir de Paris, procurando o pouco que a cidade me oferecia desse mundo. Frequentava as minhas aulas de flamenco e coleccionava discos antigos de música espanhola.

no entanto, espanha continuava longe e tinha Que esperar … o meu trabalho continuava a estar em Paris. A Espanha era só para as férias. Antes de chegar a Sevilha tive um processo de formação enriquecedor que passou pelo contacto com muitos criadores e métodos de trabalho diferentes. Com John Galliano, na

dior, tudo era muito divertido, mas quem sabe a sua investigação fosse mais histórica. Com Marc Jacobs na Louis Vuitton talvez demasiado americano, mas possibilitou a minha primeira experiência com roupa casual. Voltei a encontrar uma visão mais global da criação com Jean-Paul Gualtier, que é pessoa muito divertida e dinâmica. Todos os elementos do seu atelier fazem parte de uma grande família. Foi aí que encontrei os meus principais amigos de Paris.

e com uma carreira promissora em paris, como foi possível um Dia muDares‑te para sevilha? Quando Jean-Paul (Gualtier) fez a roupa de Joaquin Cortez conheci uma espanhola que trabalhava na direcção do gabinete de comunicação de El Cavallo em Madrid. Ficámos amigos e ia sabendo de como em Paris andava sempre como um louco à procura de um pouco de “flamanquito”. Foi ela que me falou desta marca sevilhana e da hipótese de trabalhar na sua direcção criativa. o primeiro encontro com a direcção foi no dia dos meus anos, a dia 21 de Novembro de 2006, e passado um ano estava com os meus móveis em Sevilha. Em todo o processo fui-me aconselhando sempre com o Jean-Paul, que foi a pessoa que mais me apoiou na minha decisão. Sabia que eu dançava flamenco e que procurava esse mundo que estava dentro de mim.

e para ti o Que era el caballo? aQui em lisboa temos uma imagem muito conservaDora Da marca.Eu conhecia, no essencial, a loja de Sevilha. Não conhecia a empresa. Sabia que era uma empresa com história e gostava de toda a mística da marca e de todo o trabalho de pele feito à mão. Quando vês a loja em Sevilha é como se fizesse parte da paisagem da cidade, é um dos seus monumentos. Faz parte da sua história e tradição.

e como achas Que um português ou alguém De outra cultura possa entenDer essa marca?Vendemos para todos os lados, do México ao Japão. o meu trabalho é realizar um produto com sabor a Sevilha. Não que me tenha sido pedido directamente, mas lidando com uma empresa fundada em 1892 parece-me que seria uma pena não trabalhar o que tem de mais único, a sua história e as suas tradições locais. Na verdade um cheiro de flamenco na sua justa medida e do seu exotismo é o que faz com que um japonês compreenda a marca e a deseje para que possa sonhar e viajar com ela. Se compras Yves Saint-Laurent ou dior estás a comprar um pouco da Rue Montaigne. Temos uma técnica e maneira únicas de trabalhar a pele, próprias da tradição secular sevilhana. Por isso esse sabor da Andaluzia só nós o podemos dar e seria uma pena esquecê-lo ou deixá-lo de parte.

e para além De toDo o fascínio De estrangeiro, foi fácil a aDaptação em sevilha?Como te disse, já estava preparado. Eu procurava esse mundo, através de leituras, música, paladares. Quando podia, num fim-de-semana ou nas férias dava um salto a Sevilha ou Madrid. No entanto, a integração em Sevilha é complicada porque é uma cidade muito particular. Tudo funciona em termos de clãs. Para quem procura a integração talvez o mais fácil seja entrar numa confraria, que foi o meu caso. Isso permite ter um grupo de amigos sevilhanos, comentar os passos de uma virgem se necessário, sem que te olhem como um estrangeiro. Se não entras num clã ficas um pouco de fora e para mim era importante entender a cidade por dentro e poder exprimi-la no meu trabalho com todos os seus detalhes e riqueza.

com a aQuisição de um sotaQue andaluz, nicolas Vaudelet não deixa dúVidas sobre a paixão Que nutre pelo Flamenco Que o leVou, como um destino, à direcção criatiVa da marca seVilhana el caVallo depois de um percurso 12 anos em paris ao lado de christian lacroix, john galliano, marc jacobs, alexander mcQueen e jean-paul gualtier.

nicolas vauldelet

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Guia dE SEvilha dE NiColaS vaudElEtdormir

casa del rey de baezaComer

el baco (calle Francos)mata (plaza mata)

la albaceria de san lorenzo (calle teodósio)

Coposel garlochi (calle boteros)

barrio triana (do outro lado do rio)

flamenco: casa de la memoria (calle ximenez enciso)

museo del Flamenco (calle estrella)

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REal PEoPlE

tExto: eliana silVa [em londres]

www.fREdbutlERStylE.Com

como é Que chegou até ao lonDon fashion week?depois de criar a minha linha oficial comecei a colaborar com revistas; era responsável por várias sessões fotográficas. As pessoas foram conhecendo o meu trabalho e foi seleccionada para esta edição.

olhanDo para trás , Que benefícios tirou ou está a tirar Da experiência?Muito cansaço (risos) e muitos contactos. o bom de ter feito a London Fashion Week é que ela é uma montra do meu trabalho. Neste momento estou a ter várias reuniões com pessoas que viram o meu desfile e gostaram do meu trabalho.

onDe é Que procura inspiração para Desenhar os seus acessórios?Apenas no desejo de criar acessórios que sejam apelativos para as pessoas usarem e desfrutarem durante o seu dia.

como é Que muDou De um curso em Design De têxteis para a criação De acessórios?Eu comecei a conceber acessórios directamente no corpo para completar as roupas seleccionadas por uma stylist; acumulei um arquivo dessas peças e mostrei-as através de uma companhia de RP. decidi aproveitar a oportunidade a fazer peças completamente novas e lançar uma linha oficial.

Quais é Que são as granDes Diferenças entre uma colecção De acessórios e uma colecção De roupa?Há uma maior liberdade com os acessórios. Eles podem ser qualquer coisa para adornar o corpo sem ter necessariamente que servir nesse corpo. Vejo os acessórios como pequenas esculturas ou objectos multimedia. Assim há sempre oportunidade para criar tudo o que se imagina.

Qual seria a sua peça De sonho? Adorava fazer um chapéu para a Grace Jones.

Do Que é Que mais gosta no seu trabalho?Gosto do processo de fazer novas peças e descobrir algo que nunca tenha visto. Isso é muito satisfatório. Também gosto muito de conhecer novas pessoas de forma a conciliar as capacidades delas com as minhas.

tem algum brinQueDo favorito?Tenho vários brinquedos favoritos. Provavelmente o mais fácil de escolher é o “Fabulous Fred” um jogo de computador de 1980 que incorporei no design do meu site.

e cor?A minha cor preferida é o espectro óptico, que é normalmente uma gama de cores. Reflecte todas as cores como um holograma de arco-íris. Esse é o meu look de sonho —ter um espectro de gamas na minha roupa, de tom a tom.

se Descrevesse o seu trabalho em três palavras , Quais seriam?Revigorante, engraçado e intensivo.

Fred butler é alta, magra e loira. nascida no este de inglaterra, podia ter sido modelo. mas não, é uma designer de acessórios licenciada pela uniVersidade de brighton com

um acolhedor ateliê em angels. aos 29 anos é um dos Vinte nomes Que participaram no london Fashion Week como sangue noVo. Falámos com ela no rescaldo do eVento.

fred butler

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REal PEoPlE

tExto: Francisco Vaz Fernandes

sei Que não tem o percurso De um perfumista habitual e tem Dito Que a sua carreira se Deve à paixão pelas essências naturais. Para quem vem da área de humanísticas sem qualquer formação em química e sem qualquer ligação familiar aos produtores tradicionais de perfumes, as minhas aspirações nessa área estavam à partida vedadas. de facto não podia entrar numa escola superior e foi a minha paixão pela produção tradicional do perfume, o saber trabalhar com essências naturais de primeira qualidade que me fizeram encetar por uma formação mais tradicional através de um mestre. Eu conhecia os livros de Edmond Roudnitska (criador de clássicos como «Eau Sauvage» e «diorissimo») e escrevi-lhe insistentemente que me aceitasse como sua assistente, o que veio a acontecer algum tempo depois. Com ele aprendi essa arte, foi-me dada por transmissão de conhecimentos, de mestre para aprendiz, naturalmente ao longo dos anos.

porQue não preferiu integrar eQuipa De um Dos granDes proDutores De perfume e preferiu criar a sua própria marca?A minha empresa tem cinco anos e começou com um contacto com Jeroen oude Sogtoen que me tinha pedido para criar uma linha de perfumes para os seus hotéis. Com o entusiasmo do resultado, decidimos juntos criar uma linha própria de perfumes de qualidade superior. Penso que por uma questão de liberdade seria impossível enquadrar-me dentro da indústria de perfumes, que na maior parte do tempo é utilizada na concretização de cheiros químicos apelativos e baratos que inundam o mercado aplicados indistintamente em ambientadores e detergentes para louça. de todas as formas o conhecimento assenta em matérias puras de grande qualidade, não é muito útil para a indústria. A criação de um perfume necessita de um longo processo de maturação, de um tempo de solidão que não podia encontrar na indústria.

o perfume tornou‑se um proDuto massificaDo e banalizaDo, perDenDo o carácter sagraDo Que teve para muitas civilizações?Para mim o perfume é uma história de emoções. Recordo-me sempre da emoção com que a minha mãe punha umas gotinhas de Guerlain num ritual que apenas se repetia aos domingos. os perfumes dos antigos mestres tinham uma complexidade maior porque havia pessoas que se entregavam à experiência dos sentidos de uma forma que hoje é pouco tolerável. Há todo um público consumidor que não foi educado para reconhecer a qualidade de um perfume porque nunca teve um padrão de equiparação. Grande parte do investimento actual nos perfumes está nas operações de marketing e muito pouco na qualidade das matérias de produção.

Dos perfumes Que criou até agora, Qual Deles gosta mais?Essa é uma pergunta injusta porque é como se me perguntassem qual dos meus filhos preferia. Mas claro, tenho uma ternura especial pelo «Lux» porque foi o primeiro e é uma homenagem a Roudnitska e à sua tradição. Também gosto de «oiro», adoro o cheiro a Jasmim que para mim é o ouro dos perfumistas. Foi uma criação que deu muito trabalho até conseguir o ponto ideal que tinha em mente.

e Quais são as essências Que prefere trabalhar?Vetiver porque é uma essência muito espiritual e sensual ao mesmo tempo. Jasmim que dependendo da qualidade é para mim o oiro de todos os criadores de perfume. Também gosto de lavanda, um odor hoje considerado “demodé” mas que está na base da minha última criação, «Chamarré».

numa conferência De imprensa QuanDo apresentou este seu último perfume referiu‑se Que se sentia motivaDa e inspiraDa por criar um perfume alusivo a lisboa. Já sabe Quais seriam as essências preDominantes?Ainda não. Falta-me ir a um mercado, que para mim é onde reside a alma de uma cultura.

Mona di orio lembra-se de em criança ter recebido um conjunto de Frascos de essências e de ter passado horas a misturá-las para criar os seus próprios perFumes, um hábito Que perdurou até hoje. actualmente propõe uma linha própria de alta perFumaria preserVada como champanhe.

mona di orio

www.moNadioRio.Com

à Venda no epicurista • loja do banho spa • rua do instituto industrial nº 7 h, lisboa • www.lojadobanho.pt

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Page 13: parq issue june/july

Os teus paisnão podem

proibir o que elesnem sonham

que existe.

Não os deixessaber desta série.

skins

A 2ª temporada estreia a 15/07. 22h. Na MTV. www.mtv.pt

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REal PEoPlE

tExto + foto: carla isidoro

há tenDências no mercaDo Dos vinhos?Sim, sem dúvida. Por exemplo, há 5 ou 6 anos a tendência era ter vinhos com mais álcool e mais madeira. Neste momento a tendência é no sentido inverso.

Quem Determina as tenDências e com base em Que valores?É importante antes de mais entender que os vinhos não são muito diferentes da arte. Existem os clássicos, de várias regiões, que representam estilos de vinhos como os grandes Bordéus, os grandes Borgonhas ou mesmos os grandes Portos. As tendências ao longo dos anos dependem de diversos factores, como o consumidor, a entrada de novos países produtores, a entrada de novos países consumidores, a crítica, o clima e o aumento de conhecimento. Mas muitas vezes são apenas produtores brilhantes e carismáticos que marcam as novas tendências.

Que princípios e motivações regem, a título De exemplo, a sua marca fita preta?As nossas marcas Sexy, Fita Preta, Preta e Palpite comunicam de forma simples o seu conceito ao consumidor. Este, sem o beber pode entender o que vai provar, e depois de o beber pode facilmente passar a outros a sua experiência. Por exemplo, os vinhos Sexy são mais “appealing”, com um perfil moderno e fácil de gostar, e o nome transmite isso. A série Palpite é mesmo isso, são palpites, intuições e ensaios do ano.

Disse‑nos há Dias, ao telefone, Que estava no alenteJo a engarrafar o seu melhor vinho. Que vinho é este?o Preta 2007! É o topo da Fita Preta, que só sai em anos de excelência. Saltámos o 2006, mas este 2007 é capaz de ser o melhor de sempre.

DesmistifiQue a iDeia De Que os vinhos bons são caros e os meDianos são baratos. há realmente bons vinhos a 3 ou 4 euros?Não consigo, é um facto! Vinhos de 3 e 4 euros são, por regra, medianos, vinhos simpáticos e sem pretensões. Há muito raras excepções e não me lembro de nenhuma de momento. Não quer dizer que não se possa ter prazer com eles.

antigamente havia a iDeia De Que o vinho branco era De QualiDaDe inferior face ao tinto, mas hoJe vemos Que os brancos estão a ganhar terreno. o Que muDou?A qualidade geral dos brancos melhorou muito e as mentalidades evoluem. Mas penso que em termos de números o segmento branco variou muito pouco nos últimos anos e o que tem vindo a crescer dentro dos brancos são os vinhos da região dos vinhos verdes.

Dê‑nos um ou Dois truQues para compramos bem, barato e nacional.Não há truques, mas o mais importante e engraçado, mesmo para mim, é arriscar e ir experimentando. Pensem quanto querem gastar e vão ensaiando. Essa é que é a viagem dos vinhos!

sugira‑nos um tinto e um branco De 2008.um branco, que mesmo sendo meu resultou muito bem este ano, é o Sexy branco. um tinto do Algarve que tem dado que falar é o João Clara 2008.

é um dos mais joVens enólogos portugueses. antónio Maçanita tem 29 anos, é um dos sócios da consultora Wine-id e os seus Vinhos têm acatado prémios nacionais e internacionais. deixa-nos aQui algumas impressões

sobre a sua paixão, os Vinhos.

antónio macanita

www.fitaPREta.Com

www.wiNEid.Pt

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Page 15: parq issue june/july
Page 16: parq issue june/july

saco barbara rihl, na Loja das Meiasténis nike

perFume lanVin sport hommetoy kid robot

sapato s**rrelógios chopard e

bulgari na david rosassabrinas salVatore Ferragamo

na Loja das Meias

Page 17: parq issue june/july

saco Fendi, na Loja das Meiassandália melissa

ténis onitsuka tigerpochette marc jacobs,

na loja das meiasóculos ray-ban, persol, d&g

relógios chaumet, bell&ross, graham na machado joalheirolaço Vintage outra Face da lua

toys da série peecol kid robot, na sky Walker

cityglossfo

to p

edro

Janeir

o · styling conforto moderno

Page 18: parq issue june/july

saco lancel e mala Fendi, na Loja das Meiasmoccassin stefanelténis onitsuka tigerrelógios diesel, na Watch meperFume ralph laurencorrente stefaneltoy big bob slug kid robot na sky Walker

Page 19: parq issue june/july

saco celine, na Loja das Meiaschinelo de dedo havaianas

ténis supra, na sky Walkersandálias gladiador stefanel

ténis catsandália de salto alto sonia

rykiel na loja das meiasperFume essence, de narciso rodriguez

perdume jean paul gaultierrelógios burberry, d&g na Watch me

relógio ck, na boutique dos relógiostoys da série peecol kid robot

streetglossfo

to p

edro

Janeir

o · styling conforto moderno

Page 20: parq issue june/july

A inaugurar o novo espaço da Galeria Baginski, ex-põe MIGuEL PALMA, um dos artistas portugueses mais relevantes saídos do contexto artístico nacional dos anos 90. o que podemos encontrar é uma ins-talação constituída pela carroçaria de um Fórmula1 suspenso, um painel solar e quatro estruturas com holofotes como podemos ver nas boxes dos Grandes Prémios. Este projecto consolida uma estratégia idios-sincrática que passa por incorporar no processo ar-tístico todo o universo de interesses do artista. Muito destes interesses tem passado pelo automobilismo ou pela biotécnica, mas partem para considerações mais amplas sobre questões do objecto artístico e também sobre o estatuto do artista na sociedade. Esta pró-pria instalação remete para uma certa tradição fe-nomenológica da arte, onde um painel solar põe em movimento as rodas do Fórmula 1, mas podia reme-ter para um comentário rápido sobre questões rela-tivas às energias alternativas. Podia igualmente ser um comentário rápido à falência de certos padrões da nossa sociedade capitalista na qual a Fórmula 1 é um dos seus pontos mais altos. No entanto, tendo em conta outros projectos do artista, o que prevalece é a própria experiência e processo sendo qualquer comentário um ponto extra. A viagem, condução e produção de protótipos estiveram desde sempre no seu universo como uma linguagem artística. o que importa a MIGuEL PALMA é inscrever todo o pro-cesso artístico dentro de um quadro social, condu-zindo-o para um plano do real mesmo que manten-do-se numa esfera utópica.

galeria baginski rua capitão leitão, 51 — beato — lisboa até 31 de julho

miguel palmagaleria baginskitExto: Francisco Vaz Fernandes

you muSt

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Na senda dos programas «o Estado do Mundo» e «distância e Proximidade», a GuLBENkIAN lança agora um novo programa com duração até 2011. «Próximo Futuro» prevê uma vasta série de iniciativas no âmbito da arte e investigação em África, Europa, América Latina e Caraíbas.

Portugal, e Lisboa em particular, não fogem aos flu-xos e movimentações migratórios (e seu consequen-te impacto na respiração da sociedade), à multicul-turalidade entre gentes de Norte e Sul, Este e oeste, à produção criativa que bebe nas raízes daqueles continentes e se expressa de forma contemporânea. Hoje é mais simples comunicar com o outro lado do Mundo e conhecer de perto características culturais diferentes das nossas, mas ao mesmo tempo a proli-feração de criatividade e de trabalhos académicos ou de investigação revelam a sua complexidade cul-tural e deixam a sensação que ainda há muito por descobrir e fazer em prol do conhecimento do outro. o cruzamento de saberes e a procura pelo reconhe-cimento da identidade cultural dos povos passa por acções culturais que dão oportunidade a que os pre-conceitos se dissipem e, ao invés, ajudem a construir um futuro mais igualitário e mestiçado.

o programa para o Verão de 2009 deixa antever uma linha de orientação curatorial que vem neste sen-tido: o da procura pelo outro e o conhecimento das suas especificidades enquadradas no aqui e agora, no Mundo globalizado e tecnológico.

«Próximo Futuro» mostra trabalhos da editora de recolha musical SuBLIME FREQuENCIES, dos por-tugueses GALA dRoP, de PAuLIN SouMANou VIEYRA, PEdRo CoSTA, WALTER SALLES, PAuL VIRILIo, LAWRENCE LEMAoANA, SENGHoR, en-tre outros. Cinema, concertos, arte, conferências, e poesias soltas pelo jardim são propostas que enchem os dias de Junho e Julho na GuLBENkIAN.

Se há bons argumentos para ficar em Lisboa, este é um deles.

“Criar Mundos” é o mote proposto para a 53ª EdIção dA BIENAL dE VENEZA conduzida pelo sueco dANIEL BIRNBAuM. o fundador da Bienal de Berlim é actualmente uns dos curadores mais unanimemen-te aclamados com uma carreira baseada no eixo alemão. A sua proposta para Veneza é uma gran-de revisão dos alicerces da arte contemporânea, e, paradoxalmente, sendo relativamente jovem traz à bienal o maior número de artistas mortos de sempre. Num ano de crise, os especulados jovens valores es-tão praticamente arredados deste projecto. Como to-dos os anos, uma das grandes atracções da Bienal são as representações nacionais que se estendem pelo giardini no pavilhão de cada país. os artistas que criam mais expectativa este ano são sem dúvida BRuCE NAuMAN no pavilhão dos EuA, que é dado com vencedor, JAN FABRE no Belga e kRZYSZToF WodICZko no Polaco. Portugal será representado por dois jovens artistas, João MARIA GuSMão, de 29 anos, e PEdRo PAIVA, de 31, uma dupla que já foi prémio EdP e representou recentemente Portugal na Bienal de S. Paulo.

www.labiennale.org/ www.proximofuturo.gulbenkian.pt

tExto: carla isidorotExto: Francisco Vaz Fernandes

bienal de veneza

"criar mundos"

próximo futurogulbenkian

1.

2.

➊ jan Fabre “From the brain to the Feet”, vista parcial da instalação ➋ «el baño del papa» de enriQue Fernandez e césar charlone

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A última edição do SALoNE dEL MoBILI, em Milão no final de Abril, veio mais uma vez recordar que esta mostra há muito tempo ultrapassou o estatuto de expositor de novidades na área do design. Na ver-dade discutem-se novos conceitos e tendências no lifestyle onde cabem automóveis, hotéis, restauran-tes, moda, electrodomésticos, arte, etc. Tornou-se um ponto obrigatório porque num mundo globalizado a ideia de centro faz cada vez mais sentido como ponto de convergência de oportunidades, negócios e parcerias. Nem os sinais de crise chegaram para esmorecer o clima optimista que se viveu nas cente-nas de apresentações e inaugurações que se reali-zam diariamente. o sol também fez a sua parte, le-vou a chuva e todo o pessimismo que pairava no ar. A primeira noite com VEuVE CLICQuoT, que cele-brava a arte do champanhe num pavilhão com pro-postas próprias de design, acabaria por proporcionar um clima de euforia que contagiou os restantes dias. Este tipo de participações híbridas que acontecem em Milão acabam por dominar todo o evento. Por exemplo, este ano as empresas de moda investiram sem a timidez habitual na área do design, especial-mente a MAISoN MARTIN MARGIELA e a dIESEL que agora se juntam aos investimentos já significa-tivos nesta área da parte da HERMÈS, ARMANI e VERSACE. Para além dos grandes grupos de produ-ção de design, esta feira ainda dá grande relevo aos criativos. Como é habitual a BIZASSA convida um ar-tista e este ano calhou a vez a ToRd BooNTJE, um valor seguro que antecipadamente garantia a máxima atenção mediática. A inglesa ESTABLISHEd&SoNS trouxe como trunfo o ascendente RICHARd WoodS que foi provavelmente o criador que mais capas e páginas terá ganho com o evento. Fantasia não fal-tou na feira, até porque a acreditar nos criadores é o melhor remédio contra a crise.

Salone del mobili tExto: Francisco Vaz Fernandes

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➊ sofá de richard Wood para a established&sons➋ colecção textil da diesel com zucchi➌ sideboard de richard Wood para a establised&sons➍ apresentação multimédia da canon➎ candeeeiros de piet hein eek➏ cadeira tudos de jaime hayon para a a established&sons➐ comoda de tord boontje para a bisazza➑ mesa de ana mestre para a corQue

➎ ➏

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Finalmente existe, na ilha da Madeira, um pacote de férias pensado para uma população descontraída e urbana que tem preocupações ambientais e de eco-nomia de custos. o programa GREENFRESHWEEk MAdEIRA acontece no início de Julho e inclui via-gem, estadia, actividades ao ar livre, programa cul-tural e clubbing a um preço acessível. Todos os que sempre quiseram conhecer as paisagens, as praias, as levadas e a cultura da ilha e não o fizeram por-que o preço da viagem era proibitivo, encontram aqui a oportunidade para conhecer o lado cool da ilha durante 8 dias num pacote alternativo.

Foi concebido para uma população que prefere o turismo alternativo ao turismo sénior ou massificado, podendo tirar proveito de passeios, desporto em am-biente natural, noites para dançar (com o dj alemão The Timewriter), visitas a pontos culturais relevantes e estadia confortável num dos locais mais bonitos, a Ponta do Sol, longe das confusões.

o Green Package fica em 470 euros com viagem e estadia em quarto duplo na Estalagem Ponta do Sol com pequeno-almoço, enquanto o Blue Package cus-ta 410 com estadia no Hotel Baía do Sol.

A organização tem preocupações ambientais e ac-tivou uma série de medidas ecológicas como o uso de bio-diesel nos autocarros, reciclagem dos mate-riais do evento, criação de merchadising com maté-rias recicláveis e estruturas feitas de reciclado como o mobiliário Fresh Home. As reservas são feitas pelo website. São férias à nossa medida.

o concurso dIESEL u MuSIC volta com novidades e ferramentas que dão novo input à indústria musical de novos talentos. desde 2001 que a diesel promo-ve talentos desconhecidos através de uma competi-ção que dá oportunidade a artistas do mundo inteiro.

Para a edição de 2009 a marca criou uma estação de rádio online, uma digressão mundial para as duas bandas vencedoras que passa por mais de 10 cida-des, calendário de actuações, videoclips, etc. uma série de incentivos que garantem aos vencedores a devida projecção a nível internacional. As bandas partilham as suas músicas no site, que funciona como plataforma de informação e promoção. As músicas dos projectos inscritos está a passar na rádio diesel e nas 400 lojas diesel a toda a hora.

os vencedores são anunciados este mês.

www.dieselumusic.com www.greenfreshweek.com

tExto: catarina kormatExto: catarina korma

dieSel u muSic

fériaS coolmadeira

piscina da estalagem ponta do sol

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Aguardámos durante muito tempo a abertura do MudE, em especial porque Francisco Capelo imagi-nou o museu pela primeira vez há quase vinte anos. depois de uma tentativa falhada de o instalar no Palácio de Santa Catarina, o Museu do design e da Moda abriu dia 21 de Maio, numa versão inacaba-da, na antiga sede do Banco Nacional ultramarino em plena baixa pombalina, numa Rua Augusta mais próxima do rio. digamos que este novo lar acrescen-tou à colecção uma graça, ainda que austera, da década de 60. Quando entramos vislumbramos na recepção um imponente balcão de mármore preto e verde que nos lembra que o edifício tem, também ele, uma história. Mais uns passos e damo-nos conta de paredes e tecto descarnados, um ambiente meio industrial que contrasta com a delicadeza das pe-ças expostas. A exposição “Ante-Estreia” apresen-ta um conjunto de 170 peças que protagonizaram alterações profundas no design e na moda do séc. XX, sendo que o espólio do museu conta com quase 2500. Para daqui a um ano estão previstas obras nos restantes três pisos para dar lugar a salas de exposição, um auditório de cinema, e mais MudE. Mas de momento uma visita merece ser feita —e a entrada é livre até 1 de Julho— para ver bem de perto (sem vidros nem redomas) a mini-saia André Courrèges, o futurismo de Pacco Rabanne, o new look de Christian dior, as silhuetas inesperadas dos cria-dores japoneses, bem como criações de Vivienne Westwood, Alexander McQueen, Jean Paul Gaultier e Azzedine Alaia. No que toca ao design, a não per-der as peças de Russel Wright, Le Corbusier, Jean Prouvé, Charles & Ray Eames e Verner Panton. Com um horário “visitor friendly”, aberto de 3ª a domingo até às 20h, sextas e sábados a encerrar às 22h, não há como deixar passar ao lado a colecção Francisco Capelo. Até porque, se as propostas de design fo-ram já expostas no CCB, a colecção de moda é to-talmente inédita em Portugal. Portanto vá.

mude rua. augusta, 24, lisboa de 3ª a dom das 10.00 às 20.00 encerra às 22.00 sextas e sábados

mude já!tExto: ana seabra foto: jaVier domenech

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www.mude.pt

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Numa das pontas do Chiado, na Calçada do Ferragial, a loja dos SToRYTAILoRS continua a ser um dos segredos mais bem guardados. Nela pode-mos encontrar todo o universo mágico da dupla de criadores João BRANCo e LuíS SANCHEZ que nos fazem sentir como a Alice no País da Maravilhas. A loja é composta por um andar térreo onde se vende a colecção Narkë e um primeiro andar reservado a peças de atelier. A colecção que se pode encon-trar actualmente no piso térreo —S.o.S damsel in distress— é inspirada na aceleração do tempo, no ícarus, no universo onírico e nas metamorfoses das borboletas. os cortes lembram as linhas do corpo, as cores remetem para a noite e para a luminosidade do amanhecer, sendo os tecidos fazendas frescas. A colecção Narkë foi pensada para o dia-a-dia e tem sido defendida pelos criadores como street couture.olhando para o detalhe de cada uma das peças não é difícil de imaginar porquê. Combina bem com o espírito do Chiado, moda e distinção.

storytailors calçada do Ferragial, 8 lisboa telF 213 432 306

o concurso dIESEL u MuSIC volta com novidades e ferramentas que dão novo input à indústria musical de novos talentos. desde 2001 que a diesel promo-ve talentos desconhecidos através de uma competi-ção que dá oportunidade a artistas do mundo inteiro.

Para a edição de 2009 a marca criou uma estação de rádio online, uma digressão mundial para as duas bandas vencedoras que passa por mais de 10 cida-des, calendário de actuações, videoclips, etc. uma série de incentivos que garantem aos vencedores a devida projecção a nível internacional. As bandas partilham as suas músicas no site, que funciona como plataforma de informação e promoção. As músicas dos projectos inscritos está a passar na rádio diesel e nas 400 lojas diesel a toda a hora.

os vencedores são anunciados este mês.

www.adidas.com www.storytailors.pt

tExto: soFia saunderstExto: soFia saunders

houSe party

StorytailorS

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São 300.000 euros, a maior quantia oferecida até agora num concurso de design de moda. o valor foi arrecadado por Lee Jean Youn, vencedor da segun-da edição do EL BoTóN FASHIoN AWARdS, pré-mio instituído pela Mango. Este prémio —que pro-cura promover jovens designers em início de carreira contribuindo para o desenvolvimento de uma carreira promissora— leva a concurso público 10 candidatos seleccionados que na maior parte das vezes já são nomes sonantes na área da moda. Por isso foi com surpresa que o jovem coreano LEE JEAN YouN ti-vesse sido premiado quando competia com nomes como JEAN PIERRE BRAGANZA, PETER PILoTTo e CHRISToPHER dE VoS. os oito coordenados de cada criador são expostos com grande visibilidade pública em caixas acrílicas ao longo do Passeio de Gracia, a principal artéria da cidade de Barcelona.

el botónfaShion awardStExto: Francisco Vaz Fernandes

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uma parceria entre a Lacoste e ZAHA HAdId não seria de facto a mais esperada. A verdade é que a arquitecta ZAHA HAdId desenhou uma colecção de sapatos que vai ser lançada em Setembro. Tal como os edifícios que desenha partem da aplicação de tec-nologias de ponta associadas a ideias de volumes em movimento, também estes sapatos têm um carác-ter ergonómico e tecnológico. É um sapato unisexo, que tem uma versão de cano alto e a característica de ter uma malha metálica revestida por uma pele que ao ser aquecida pelo movimento do pé adqui-re uma perfeita adaptação anatómica. A malha me-tálica cria sulcos na pele, a característica mais visí-vel deste sapato aludindo directamente ao crocodilo e ao logótipo da Lacoste. de resto, o logo da mar-ca francesa foi o ponto partida do todo o processo criativo do atelier de ZAHA HAdId.

www.lacoste.com www.mango.com

tExto: soFia saunders

zaha hadid

➊ expositor de lee jean youn com as suas criações no passeio de gracia. barcelona➋+ ➌ criações de lee jean youn vencedor del boton

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o INTERNATIoNAL CENTER oF PHoToGRAPHY de Nova Iorque inaugurou no dia 15 de Maio uma exposição que presta uma justa homenagem ao len-dário fotógrafo de moda RICHARd AVEdoN e ao seu trabalho. AVEdoN, que morreu em 2004 com 81 anos, começou a fotografar aos 21 e deixou-nos autênticas obras-de-arte. Foi o primeiro a fotografar modelos a saltar e a sorrir e é conhecida a estima que AVEdoN nutria pelas suas modelos favoritas e a forma como elas respondiam com empenho. Jean Shrimpton, Lauren Hutton, Twiggy, Penelope Tree e Veruschka, todas elas foram alvo da objectiva e da visão única de AVEdoN. A exposição está aberta até 22 de Setembro, e, para quem passar por Nova Iorque este verão, é de não perder. É a maior retros-pectiva até hoje realizada deste autor. Será objec-to de estudo para todos os profissionais ou simples-mente apaixonados da fotografia.

www.icp.org

tExto: bruno pires

richard avedoninternational center of PhotograPhy

➊ dorian leigh, hat by paulette, paris, august 1949➋ suzy parker with robin tattersall, dress by dior, place de la concorde, paris, august 1956➌ Veruschka, dress by kimberly, new york, january 1967➍ jade parfitt and esther de jong, ensem-bles by galliano, new york, march 1998

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Para muitos finalistas o concurso JoVENS CRIAdoRES que se realiza todos os anos é uma referência para quem quer iniciar uma carreira profissional nas áreas criativas. organizado pelo Clube Português de Artes e Ideias com o apoio do Instituto da Juventude, esta 13ª edição aceita candidaturas até 30 de Junho. Podem concorrer todos os artistas até os 30 anos, de nacio-nalidade portuguesa ou residentes no país, nas áre-as Artes digitais, Artes Plásticas, Banda desenhada, dança, design de Equipamento, design Gráfico, Fotografia, Ilustração, Joalharia, Literatura, Moda, Música e Vídeo. Como habitualmente os projec-tos seleccionados serão apresentados na Mostra Jovens Criadores’09 estando ainda alguns deles seleccionados para a Bienal de Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo ou Mostra de Jovens Criadores da CPLP.

jovenS criadoreS2009tExto: soFia saunders

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A duREX tem demonstrado, nos anos mais recentes, uma contínua preocupação em desenvolver produtos específicos para elas, depois de tornar-se uma mar-ca reconhecida mundialmente em termos de preven-ção doenças sexualmente transmissíveis e gravidez através dos preservativos masculinos.

Percebeu que o público feminino está mais à von-tade para falar sobre sexualidade e o corpo que o masculino e sendo isto uma vantagem comercial di-reccionou a sua produção e promoção para ambos os géneros, disponibilizando produtos específicos para cada um. Aos poucos a duREX foi introduzin-do no mercado anéis vibratórios e pequenos vibra-dores que tornam a vida sexual mais colorida, des-tinados a mulheres que querem divertir-se quando estão sozinhas ou ao lado do seu parceiro ou par-ceira. Sozinha ou a dois, os produtos duREX femini-nos existem para que tire mais proveito do seu corpo.

destacamos o recente PLAY o, um frasquinho elegan-te que contém um gel que rapidamente vai transfor-mar-se no melhor amigo das mulheres. Foi concebi-do para potenciar os orgasmos femininos: aplica-se localmente em pequena quantidade e damos largas à imaginação para que o seu impacto aconteça.

www.durex.com.pt www.artesideias.comwww.juventude.gov.pt

tExto: catarina korma

durex para elaS

Projecto seleccionado na área de Design de equipamento jovens criadores'08

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Bastante apetecível mas não comestível, é o que mui-tos dirão com pena desta edição da LE CoQ SPoRTIF em colaboração com a M&M’s. Para o efeito, a mar-ca de desporto francesa lança o clássico ténis de corrida de 1982, o Eclat revestido com as cores das embalagens de chocolate e amendoím da M&Ms. Alguns detalhes adicionais levam a fundo esta cola-boração. Na etiqueta que se encontra na língua do par de ténis aparece uma imagem dos ícones que durante anos apareceram nos anúncios da M&Ms e a própria caixa é igualzinha às embalagens de 50 unidades da M&M’s. Enfim, uns ténis tórridos com sabor a chocolate para o Verão.

A cada estação, a MERRELL —a marca que criou um blusão com 18 formas de vestir— apresenta uma peça emblemática que simboliza a sua filosofia. “Morph” é o blusão estrela desta estação com múltiplas con-figurações e estilos podendo mesmo transformar-se num bolero graças a uma conjugação de fechos. Este ex-libris da funcionalidade e da inovação usa teci-dos tecnológicos como Aeroblock, uma malha densa resistente ao vento e respirável; a CopperTec, com-posto por cobre que capta menos micróbios e man-tém-se naturalmente seco e higiénico e o opti-Wick, uma tecnologia que acelera o processo de evapora-ção nos dias de actividade mais intensa. Estes mes-mos componentes podem ser encontrados nos aces-sórios, com destaque para o modelo Voyage com troller e uma configuração pouco usual para se tor-nar mais ágil.

www.merrell.comwww.youtube.com/watch?v=2xr6eiZjm5Y

www.lecoqsportif.com

tExto: soFia saunderstExto: soFia saunders

morph & voyage

chocolate e amendoím

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Propondo uma linha mais arrojada e surpreendente que as colecções anteriores, assim se despede RAF SIMoNS da parceria com a EASTPAk que vai na terceira edição. Se nas primeiras RAF SIMoNS res-pondia à ideia de um saco urbano leve, confortável e fácil de transportar muito inspirado em detalhes de sacos de desporto, nesta colecção o espírito tor-na-se mais híbrido. No essencial, esta colecção é inspirada em sacos de viagem antigos, perde o ba-nalizado lado high tech que muitas empresas alme-jam pondo em destaque um certo carácter caseiro e folk pelos acabamentos de pele crua. A combina-ção desses materiais naturais com cores mais techno é magistral. São 19 peças com sete estilos distintos em três materiais e seis cores diferentes: preto, bran-co, azul, cinzento, denim e prateado. Provavelmente a sua melhor colecção de sempre para a EASTPAk. Já foi anunciado que Rick owen é o senhor que se segue. Aguardamos uma mudança de estilo.

última viagemtExto: soFia saunders

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o ano de 2009 marca o centenário do nascimento de Frederick John Perry (18 de Maio de 1909 – 2 de Fevereiro de 1995), provavelmente o maior herói do desporto inglês e indiscutivelmente o melhor tenista da nação e fundador visionário de uma marca de moda desportiva icónica. Para celebrar os 100 anos do seu fundador a FREd PERRY lança um conjunto de iniciativas que passam pela criação de uma colecção de pólos com a coroa de louros antiga do tempo da vitória do tenista, assim como uma interpretação mo-derna de RAF SIMoNS de um fato clássico de FREd PERRY usado originalmente por Fred em 1947. A co-lecção incluirá um casaco estilo blazer, camisa bran-ca, calças de flanela cinzentas, gravata às riscas es-tilo militar, colete de lã com decote em v e camisola de malha com decote em v. Porque a consagração do pólo de ténis de Fred se deve muito ao movimen-to Mood que o adaptou como elemento identitário, vão ser igualmente produzidas uma edição limita-da de 100 Vespas GTV criadas entre os designers da FREd PERRY e da Piaggio. As scooters estarão disponíveis no Reino unido, França, Japão e EuA.

www.fredperry.com www.eastpak.com

tExto: soFia saunders

100anoS

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Para quem achou HE Wood da dSQuAREd muito amadeirado e sinónimo de demasiado clássico sem nada de novo, vai ficar surpreendido com esta ver-são de Verão, a RoCkY MouNTAIN Wood, que mantém o mesmo do frasco com moldura de madei-ra concebido pela Porshe design. Esta edição, diri-gida à estação quente, as notas de violeta —que já existiam no He Wood— ganham mais evidência e combinam melhor com o amadeirado que perde a sua dominância, tornando-se num perfume mais com-plexo e subtil. Sem ser demasiado ácido, a essência de violeta usada é bastante relaxante. Apetece di-zer que é um desses raros perfumes em que o chei-ro floral combina bem com masculinidade. A persis-tência do perfume é razoável. depois de oito horas no meu pulso o cheiro mantinha-se.

As fragrâncias da Gap voltam outra vez ao merca-do português depois de terem estado durante alguns anos sem distribuição nacional. A linha que apresen-ta não traz propriamente grandes novidades, pois algumas já estiveram no mercado português. Por isso, o destaque vai para três fragrâncias femininas produzidas em pequenas casas artesanais que re-sultam da combinação de dois toques aromáticos. A delicadeza da lavanda e do chá verde, é entre eles o meu favorito, até porque é um hino à essên-cia da Gap, leve, descontraído, quotidiano e sem grandes pretensões.

NARCISo RodRIGuEZ é um designer de moda de Nova Iorque de origem cubana que nos últimos anos soube interpretar o rigor minimalista e o estilo casual combinado com tecidos de luxo que as eli-tes americanas apreciam. Essence, o seu novo per-fume é, depois do sucesso do primeiro, um elogio à discrição e feminilidade das suas criações. o perfu-me, foi criado por Alberto Morrillas que mais uma vez salientou a sua predilecção por notas de musk conjugadas com notas florais. Mesmo quem não se goste de perfumes onde domine o cheiro de rosas, deve experimentar este porque vai ter uma surpre-sa. dado a sua delicadeza aconselha-se que não seja testado em papel mas directamente sobre a pele. de certo, um perfume quase clássico e místico valorizado por um frasco de vidro espelhado cria-do pelo designer Ross Lovegrave, que salienta uma ideia de eternidade.

rocky mountain wood

lavandaeSSence

tExto: soFia saunders

tExto: soFia saunders

tExto: soFia saunders

www.dsquared.com

www.gap.com

www.narcisorodriguez.com

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É possível argumentar que o dub é a mais importan-te linguagem musical popular surgida depois dos anos 70 tal a disseminação dos seus ensinamentos e postulados. o filme «dub Echoes», do brasileiro BRuNo NATAL, explora precisamente essa premis-sa, descobrindo ecos firmes dessa invenção jamaica-na no panorama internacional do presente. o filme foi agora lançado em dVd pela britânica Soul Jazz e surge acompanhado de um duplo Cd que serve como uma espécie de enquadramento musical para documentário que nos leva de kingston até às ruas de Londres, Nova Iorque, Rio de Janeiro e São Paulo.

A partir do Brasil, BRuNo NATAL explica-nos como surgiu a ideia para a realização deste filme: “Muito por acaso. o pesquisador Chico dub e eu pensá-vamos como seria legal fazer um filme só sobre dub e abordando essa influência quase invisível que ele tem sobre outros ritmos, mas era mais um sonho. Então pintou uma viagem para a Jamaica, para fa-zer o making of de um catálogo de moda fotografado na ilha e tudo começou. Com o apoio da American Airlines viajámos para os EuA e Inglaterra, entre-vistámos quase todo mundo que queríamos”. Esse é precisamente um dos pontos fortes deste filme que conta com a participação de várias gerações de pes-quisadores sónicos —kodE9, LEE PERRY, CoNGo NATTY, kING JAMMY, AdRIAN SHERWood, u RoY, 2MANY dJS, BuNNY LEE, RooTS MANuVA, doN LETTS, MAd PRoFESSoR, PETER kRudER, ABA SHANTI, HoWIE B, AdAM FREELANd ou SLY & RoBBIE oferecem-nos algo mais do que meras ca-beças falantes pela riqueza das suas declarações que muito contribuem para que «dub Echoes» seja uma peça essencial para todos os que tenham al-gum interesse nesta cultura.

“Muito mais do que uma sonoridade, o dub é uma abordagem, uma filosofia, uma maneira de enxergar o estúdio. Por isso foi e é tão influente. Comecei a ou-vir dub há uns 10 anos”, esclarece BRuNo NATAL, dando conta da forma como vê o dub. Nascido na Jamaica como forma de alimentar os sound systems com versões diferentes dos hits gerados na ilha, o dub rapidamente se transformou numa imaginativa forma de gestão do tempo e espaço de uma compo-sição, com mestres como king Tubby (falecido há 20 anos!) e Lee Perry a usarem as possibilidades abertas pela introdução da tecnologia multi-pistas e de efeitos como o eco ou o reverb para transformarem drama-ticamente as canções que tinham à sua disposição.

“A falta de verba”, explica BRuNo, foi a principal di-ficuldade que surgiu na feitura de «dub Echoes»: “o filme foi feito de maneira totalmente independente, o que atrasou todo o processo, pois era tudo sempre feito no tempo livre das pessoas, que nunca é o su-ficiente”. Ainda assim, os aplausos têm chegado de todo o mundo – “os emails que chegam pelo site des-de que o trailer foi colocado no YouTube vêm de todo o mundo: Suriname, Sibéria, Nova Zelândia, toda Europa e diversos lugares dos EuA... Impressionante como a notícia se espalhou sozinha e a felicidade das pessoas ao saber do filme. Muita gente escre-veu e ainda escreve simplesmente para dizer obri-gado. Isso é muito legal”.

Como sempre acontece nestas aventuras, há sempre muito material que fica de fora. Bruno recorda uma história que não chegou a ser incluída no filme: “o produtor Mário Caldato Jr, dos Beastie Boys, con-tou a história de uma sessão de gravação com Lee Perry (para o disco «Hello Nasty») no estúdio na casa do Sean Lennon, em NY, em que Perry acabou uti-lizando uma flauta do John Lennon como baqueta e a quebrou. A história é muito boa, mas longa de-mais e não se encaixava no resto do filme. depois do dVd pronto que me lembrei que deveria ter co-locado como extra. Pensando bem, vou colocar no site qualquer hora dessas”.

Passados cerca de 40 anos sobre a invenção do dub e duas décadas após o desaparecimento de king Tubby, este é um momento perfeito para contar a história de uma revolução sonora surgida numa pe-quena ilha, mas que teve um enorme impacto no mundo —dos dubs disco sound da Prelude à produ-ção deep house e nu-disco dos Faze action, do drum n’ bass e dubstep até ao pós rock dos Tortoise, do hip hop transfigurado dos Massive Attack até ao techno da Basic Channel, a influência do dub é profunda e mais presente do que nunca.

Da Jamaica, em finais Dos anos 60, emanou uma nova forma De olhar o estúDio e De ouvir a música que agora inspirou o brasileiro Bruno natal para a realização De um filme. este surge em DvD com a chancela De qualiDaDe Da soul Jazz.

dubechoeSEcos dE uma rEvolução

SouNdStatioN

tExto: rui miguel abreu

➊ bruno natal com gussie clarke➋ bruno natal filma u-roy

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dub EChoES

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A 7 de Agosto de 1974, o francês Philippe Petit, com apenas 24 anos, obrigou Manhattan a olhar para o céu. Sobre uma corda de arame (lat. Funis, is) andou (lat. ambulare) de uma a outra das Torres Gémeas do World Trade Center (hoje extintas) sem qualquer tipo de protecção ou segurança. o feito revolucionário des-te funambolo, considerado o crime artístico do sécu-lo XX, deu origem, 35 anos depois, a «Funambola», segundo álbum de originais da siciliana PATRIZIA LAQuIdARA: «Eu estava a ler um livro sobre o Philipe Petit e dei por mim a escrever muitas coisas que fa-lavam do céu, que falavam do espaço, da vertigem, de uma pesquisa de equilíbrio. Senti essa vertigem na minha vida». «Funambola» teve produção de Arto Lindsay (ex-dNA, produtor de Caetano Veloso, Gal Costa, Marisa Monte, etc.) e de Patrick dillet (Milton Nascimento, Mary J.Blige, david Byrne, etc.). Conta com o reincidente guitarrista italiano Tony Canto, mú-sicos norte-americanos da vanguarda do jazz e ainda com a colaboração de Joe Barbieri, Giulio Casale, kaballà e de Mauro Refosco (percussionista que tra-balhou com Caetano). “o importante para mim era trabalhar com o Arto Lindsay”, explica Laquidara. “Ele conhece muito bem a música brasileira e por isso consegue não fazer música brasileira. Eu queria fazer algo mais internacional”.

A tour de «Funambola» começa em 2008 mas foi pre-cisamente 10 anos antes, em 1998, que Laquidara co-meçou o seu percurso. Nascida a 29 de outubro de 1972, em Catania, Sicilia, ganhou nesse ano de 98 uma bolsa de estudo do Centro Europeo di Toscolano para o curso de autores e interpretes de música popu-lar: “Comecei a cantar cedo com um grupo de músi-ca popular. Larguei o meu trabalho e metemo-nos à estrada durante dois meses. Foi um tempo esplêndi-do, a sensação de caminhar, parar e começar a can-tar. depois desta viagem trouxe uma canção para um

amigo, ele arranjou-a e levámo-la a um festival muito importante em Recanati. Venci e logo a seguir veio o Festival de San Remo. Foi tudo muito rápido. Eu ain-da não estava pronta para encontrar tanta gente. San Remo é uma grande máquina que pode amolgar tudo. o sucesso foi muito grande e eu precisava de tem-po para encontrar a música que queria fazer. Passou bastante tempo até fazer o 1º disco”. Este, chegou em 2001, “Para Você Querido Cae”, como uma sentida ho-menagem a Caetano Veloso, em que dá nova cor a temas como «Você É Linda», «Carolina», «Eu Sei Que Vou Te Amar» e «Coração Vagabundo». Em 2003 sai «Indirizzo Portoghese» que tem como ponto de parti-da um português que conheceu... no Brasil. deste ál-bum, o tema «Agisce» (Age) foi escolhido pela Rai uno como genérico do canal. Participa ainda em duas co-lectâneas de música do Mundo e na banda sonora de «Manuale d'Amore» de Giovanni Veronese (2005) com «Noite e Luar». Canta-o em português, língua que aprendeu, diz, a ouvir música brasileira. o tema foi em 2007 integrado no álbum «Funambola» de onde também se extrai «Personaggio», bandeira da últi-ma edição da Festa do Cinema Italiano, em Lisboa. Actuou em Lisboa e no Porto, mantendo com Portugal uma forte relação.

Pelo caminho, uma série de festivais plenos de ova-ções e prémios da crítica para melhor interpretação. «Funambola», à imagem dos seus trabalhos anteriores, é um álbum leve, que nos deixa num ambiente de sus-pensão, mas o percurso, de acordo com a artista, so-fre uma evolução natural: “Em «Indirizzo Portiguese» joguei mais com a minha voz. É um disco mais varia-do do que «Funambola». Este pode parecer mais frio ou inacessível, mas tem uma coerência no texto, na música e nos arranjos que o anterior não tinha. Isto acontece também porque houve uma maturação na-tural em mim.” Essa maturação passa também por

uma auto-reflexão que «Funambola» explana em vá-rios registos: intimista em «Pioggia Senza Zucchero» (Chuva Sem Açucar), erótico  na canção «Addosso» (Por Cima) , material em «Le Cose» (As Coisas), pro-fissional no tema «Oppure No» (Talvez Não) onde nos versos “Forse canterò jazz avanguardistico/ Cool-tribale-etnico sezione pop-romantica/ oppure sì”, (Talvez venha a cantar jazz de vanguarda/ Música cool-tribal-étnica secção pop-romântica/ ou talvez sim) de algum modo situa estilisticamente a sua músi-ca; ou, simplesmente, sobre o Mundo que a rodeia: «Nuove Confusioni» (Novas Confusões), «L'Equiliibrio è un Miracolo» (o Equilíbrio é um Milagre). No seu teatro particular em que também ela é «Personaggio» (Personagem), musica notas biográficas, pequenos fragmentos metaforizados de vida. “Sopra un filo che è sospeso/di vertigine in vertigine/ dove è più legge-ro esistere/ dolce è vivere nell'aria/ L'equilibrio è un miracolo” (Sobre um fio que está suspenso/ de verti-gem em vertigem/ onde é mais leve existir/ doce é viver no ar/ o equilíbrio é um milagre).um “funambo-lismo” do Eu consigo e com o resto do mundo e ain-da dos sons multiculturais que a sua música abarca numa viciante fusão. Estimulante, mas frágil, já que como ela mesma reconhece, “para falar de uma cul-tura é preciso conhece-la muito bem”.

E a seguir? “Agora estou a ouvir muitas melodias dos anos 50 de Itália. Quero fazer a seguir um disco muito italiano. Inspiro-me em cantores como Bruno Rosetanni ou Nilla Pizzi, não muito seguidos pelos jovens italia-nos». Também já estabeleceu, apesar da boa expe-riência, que Arto Lindsay não irá produzir o próximo disco. “Quero fazer muita da produção desta vez. Agora é o momento para ser eu a escolher os músi-cos, as pessoas que vão fazer os arranjos.”

desse trabalho por vir, esperamos o que nos deu até aqui: o milagre do equilíbrio.

em apenas Dez anos saiu venceDora De um concurso regional, homenageou caetano veloso, ganhou prémios, trabalhou com um Dos maiores proDutores munDiais, arto linDsay, e Descobriu o equilíbrio. consiDeraDa uma Das mais cativantes vozes Do momento em itália, laquiDara apresenta um novo álbum vertiginoso.

patrizia laQuidarao mIlaGrE do EQuIlIBrIotExto: miguel joão Ferreirafoto: Francisco gomes

www.PatRizialaquidaRa.itwww.mySPaCE.Com/PatRizialaquidaRa

SouNdStatioN

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PatRizia laquidaRa

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Não se trata propriamente de um regresso, uma vez que não estiveram, de facto, ausentes. Entre mostras de vídeo e moda, gravação e produção do álbum, as performances Art Rules e o lançamento da colecção de roupa de surf feminina, o colectivo não pára. “o nosso último álbum foi lançado há 3 anos. Muitas pes-soas pensam que estivemos de férias, mas temos esta-do mais envolvidas na cena artística com uma perfor-mance chamada Art Rules”, conta Melissa.

As CHICkS oN SPEEd (CoS), que contam já com 11 anos de existência, começaram por ser um colectivo de arte multidisciplinar em Munique, mas cedo troca-ram o espaço aprisionante das galerias pelos clubs. “Estávamos a trabalhar em instalações, peças per-formativas e mostras colectivas, sentimo-nos claus-trofóbicas com o espaço da galeria e começámos a trabalhar mais em clubs. Em 1997 lançámos «Warm Leatherette» com um remix feito pelo dJ Hell”, conta Melissa. “Tornámo-nos numa banda com uma pro-gressão natural. (...) Eu trabalhava no ultraschall em Munique de 96 a 99 —o melhor club de tecno nas re-dondezas na altura— conhecia uma série de djs como o dJ Hell, Miss kittin, Christopher Just e Tobi Neumann. o dono, Peter Wacha aka upstart, tinha também uma editora e tornou possível todos os lançamentos de ál-buns no início da nossa carreira. Sentimo-nos forçadas a fazer música porque as batidas nos finais dos anos 90 soavam monótonas e tinham falta de uma voz fe-minina. Tínhamos que mudar isso (...) e com um rasgo feminista influenciar toda a cena masculina da música techno.”, acrescenta Alex. Após a saída de kiki, há dois anos, Melissa e Alex (actualmente em Hamburgo e Barcelona, respectivamente) começaram a colabo-rar com um maior número de artistas, entre os quais o célebre douglas Gordon, A.L. Steiner, kathi Glas ou Anat Ben-david. “As CHICkS oN SPEEd vão de 2 a 8 membros e se fizermos performances do géne-ro Art Rules em museus, alguns dos membros viajam de Nova Iorque”, refere Alex.

Actualmente, além das performances e da promo-ção da colecção de roupa de surf e do álbum, pre-param ainda a segunda compilação de Girl Monster. Alex lança assim o desafio: “Se houver artistas portu-guesas ou artistas relacionadas com questões de gé-nero [cross-gender, gender bender] que queiram contri-buir, enviem material para [email protected].

o single “Super Surfer Girl”, que antecedeu o álbum, surgiu na sequência de um convite para a criação de uma colecção feminina da marca de roupa de surf Insight, tornando-se numa espécie de banda sono-ra para esse projecto. o vídeo, criado por Mariah Garnet, mostra algumas imagens retro fazendo a li-gação entre as criações das CoS com as referências musicais que influenciaram música e vídeo. “«Super Surfer Girl» é literalmente inspirado pela música de surf dos Beach Boys dos anos 60 e pelo desejo de torná-la numa experiência feminina, que nunca o foi. As mulheres só foram permitidas no surf em meados e finais dos anos 70! Nunca tiveram a sua própria música para surfar na altura. Tiveram que lutar por isso.”, diz Alex.

o duplo álbum «Cutting the Edge» foi gravado em 10 países, online e offline. “Esta ideia de criar um estúdio portátil online e offline, influenciou bastante o estilo corta e cola do álbum”, continua Alex. Gravaram em locais diversos: “Em Viena, numa quinta em oxford, no estúdio de oli em Londres, num quarto de hotel em Nova Iorque, num avião para Riga (Letónia), no estú-dio de Astrud em Barcelona onde também dançámos nuas no telhado e filmámos um videoclip enquanto es-távamos a gravar a canção em simultâneo!! depois trabalhámos no estúdio Planningtorocks em Berlim com o microfone incorporado de um portátil, e atra-vés do Skype com Fred Schneider para a gravação da faixa «Vibrator». o Skype é uma grande ferramen-ta. usamo-lo para ensaiar e fazer arte. Torna o gru-po mais unido, fora de brincadeira!”, finaliza Alex.

Quanto a datas de promoção, Melissa confessa que está ansiosa por tocar novamente em Portugal. As CHICkS apresentam-se ao vivo com Fau Fau, o ba-terista da banda koko von Napoo, e têm na man-ga uma série de surpresas. Lá mais para o final do Verão, elas voltarão.

após o single «Super Surfer Girl» chega agora às loJas o novo trabalho Das ChiCkS on Speed, que é na verDaDe um Duplo álbum. «CuttinG the edGe» marca o regresso Da banDa três anos Depois Do último lançamento.

chickS on SpeedcuttInG thE EdGE

SouNdStatioN

tExto: nuno sousa

www.ChiCkSoNSPEEd.Comwww.mySPaCE.Com/ChiCkSoNSPEEd

Photography: emre unal / www.emreunal.netart director: mustafa tunc / www.cultofmu.com

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ChiCkS oN SPEEd

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alex &cocotaXiwww.distilennui.com

viEwPoiNt

© copyright 2009 alex & cocco

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alEx&CoCo

© copyright 2009 alex & cocco

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© copyright 2009 alex & cocco

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© copyright 2009 alex & cocco

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GRaNdE ENtREviSta

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tEREza SalGuEiRo

é o primeiro Disco De tereza SalGueiro a solo senDo proDutora De si mesma. «matriz» inicia uma nova fase: a cantora toma as réDeas Do caminho e marca esta viragem muDanDo a forma como escreve o seu nome. agora, tereza escreve-se com z.

Tereza SalgueirotExto: carla isidorofotoGRafia: isabel pinto

www.teresasalgueiro.pt

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tereza, este novo trabalho chama‑se «matriz» porQue pega no cancioneiro traDicional e popular português ou é a matriz De uma nova fase Da sua viDa?É tudo isso. Faz sentido enquanto primeiro disco que produzo e portanto é a matriz de muitos outros tra-balhos que se seguirão. Mas tem a ver também com a própria ideia do disco e do reportório, é matriz como início das coisas, mas também como aquilo que se mantém e se transforma através dos tempos, mas que se vai mantendo. No cancioneiro português e na música étnica isso vê-se muito bem, é muito inte-ressante - e está documentado nas recolhas do Lopes Graça e do Michel Giacometti que foram o ponto de partida para esta ideia há uns anos – ver-se canções cantadas no norte do País de certa forma e vamos encontrá-las no Algarve com outra música, com ou-tra cadência. Mas matriz também enquanto procu-ra do que nos unifica enquanto cultura, sendo que são muitas coisas diferentes. Portugal é um território pequenino mas cheio de pequenas culturas cá den-tro, cada região é isolada em si mesma e mantém características muito próprias, é bastante diverso.

este Disco revela, De alguma forma, Que a tereza Queria conhecer estes pormenores culturais mas só agora teve tempo De estuDá‑los e pesQuisá‑los? Ainda não tive, isto foi uma recolha primeira. Foi exaustiva porque já conhecia bem as recolhas do Michel Giacometti e do Lopes Graça e voltei a ou-vi-las todas. Mas o disco não se cinge às recolhas, elas são aquilo que nos traz uma intemporalidade —é uma tradição oral que está preservada ali, o que permite que elas cheguem até nós, hoje— mas essa intemporalidade é importante no disco porque faz a ligação entre as épocas e os temas. A ideia era construir um espectáculo e um disco que celebras-se a riqueza, a variedade e antiguidade da cultura tradicional musical portuguesa.

neste Disco assina tereza com z, o Que só por si é sinal De uma muDança. É como se fosse uma nova entidade, mas não é, con-tinuo a ser eu.

Que carga psicológica tem esta muDança?É uma coisa simbólica. E é também uma forma de marcar essa mudança. É a primeira vez que eu faço um disco, nunca tinha produzido um disco. Abri uma empresa no ano passado e assinei a produção com o Rui Lobato, percussionista no disco, e com ele pro-duzi o disco que tinha pensado do princípio ao fim. É uma coisa nova para mim. Fiz um percurso de 21 anos com um grupo incrível que me levou a diver-sos palcos do mundo, mas esse percurso terminou. Tornei-me independente. É a primeira vez que me lanço sozinha, enquanto eu. Por outro lado o nome é uma homenagem ao meu avô paterno que escre-via Tereza com z, como se escrevia há anos atrás. Era muito ligada a ele, quando se reformou foi vi-ver para a ilha da Madeira mas costumava mandar cartas e sempre achei muito bonito escrever o meu nome com z. Foi uma decisão que se prende com coisas muito pessoais. Reconheço que algumas pes-soas podem perguntar-se “mas porque é que agora assina com Z”… Até parece uma coisa que não in-teressa nada, mas para mim interessa.

por isso Quis saber Qual a carga psicológica Da muDança para si. não sei até Que ponto estas coisas são óbvias para as pessoas. Para mim faziam sentido.

QuanDo fiz a escuta Do «matriz», ao fim Do terceiro ou Quarto tema concluí Que ele era para gente com ouviDo eruDito. aos poucos o Disco foi‑se abrinDo, passanDo pelo faDo, pela música popular, por fausto, e torna‑se mais fácil De escutar. achei‑o um pouco hermético. esta lenta abertura Do início para o fim foi propositaDa?o estilo de música do início do disco é realmente mais hermético. Trabalhei com alguém que vem da música erudita, o Jorge Varrecoso Gonçalves, direc-tor musical e autor dos arranjos do disco e director musical do Lusitânia Ensemble, que tem experiência não exactamente na música antiga mas é um erudi-to. Para ele também foi um desafio fazer arranjos para todos estes estilos diferentes. Era isso que eu queria, uma exaltação da nossa cultura. Ela existe mesmo que não seja levada aos espaços dos melho-res teatros, por exemplo, mas há música portuguesa e sobre ela podem-se fazer trabalhos muito interes-santes. Quis traçar um percurso que fosse geográfi-co e histórico e que contasse uma história.

então não houve a preocupação De ir abrinDo o Disco?Não, houve uma preocupação mais cronológica. Vai do mais antigo ao mais recente.

neste Disco temos a sensação De Que finalmente a tereza chega a casa. ou seJa, no Disco «obrigaDo» parece estar a DespeDir‑se De maDreDeus, no «você e eu» tem um atrevimento e entra na música brasileira, o «la serena» parece ser o seu primeiro Disco mais pessoal …Hmmm, não…

no sentiDo em Que é o mais Diverso, onDe se revela muito versátil De uma forma Que até então não conhecíamos …Sim, nesse sentido pessoal. Gosto de diversidade, de elasticidade e de me pôr objectivos diferentes. Mas a direcção destes três discos não foi minha, quando os gravei ainda estava nos Madredeus. Não eram competitivos com o principal, eram espectáculos que fui fazendo em paralelo. o «La Serena» pôs-me em contacto com realidades musicais muito distintas e vocalmente era muito interessante, com línguas di-ferentes. Mas tudo isto ainda na óptica da existên-cia do grupo.

Digo Que chegou a casa no sentiDo De finalmente virar‑se para as coisas De Que gosta, para a pesQuisa, para a raiz, e De ter tempo para fazê‑lo. finalmente Desfez as malas, coisa Que ainDa não tinha feito, no sentiDo metafórico naturalmente.de certa forma cheguei a casa mas construí a mi-nha nave. A ideia era chegar a casa e partir. É um primeiro passo que dou sozinha. Muitas das can-ções ando a cantá-las nos ensaios de som há anos, são coisas às quais estou ligada. Tive uma vida um pouco fora do comum, a minha vida foi dedicada a cantar em Português e umas certas ideias sobre a cultura portuguesa e o nosso país. Agora, olhando para Portugal, apetece-me fazer de novo um espec-táculo que mostre a riqueza e a nossa diversidade.

houve uma preparação especial Da sua voz para alguns Dos temas?Houve, mas são estilos que para mim são próximos. E fisicamente, enquanto voz, são músicas naturais. Mas é a minha aproximação ao tema.

Que fascínio tem pela música antiga?Tenho fascínio por música. Acho incrível que se pos-sa cantar música feita no séc. XIII e haja forma de voltar a pegar nela.

o Que foi buscar às pesQuisas De giacometti e lopes graça Que Já conhecia?As canções que gostava mais e que achei mais inte-ressantes para serem arranjadas e poder cantá-las.

até Que ponto foi exigente ser proDutora Do seu próprio Disco?Exigiu-me uma dedicação a todos os níveis. Não so-mente aprender as canções e cantá-las, mas tudo o que era preciso fazer. Mas não o fiz sozinha, por isso abri a empresa porque temos de tomar conta do processo todo. Aprendi imenso e percebi que há certas coisas se fazem de uma forma e não de outra.

teve meDos e receios por lançar‑se a solo?É uma grande mudança e uma grande responsabi-lidade mas tenho fé no meu trabalho e nas pessoas com quem trabalho. Estou muito bem acompanhada por pessoas especiais. E sinto-me acarinhada pelo público. durante estes anos que estive a fazer aque-les espectáculos tão diferentes fui muito bem recebi-da, foi um incentivo para continuar.

faz parte Dos seus obJectivos conQuistar novos públicos e pessoas Que não ouviam maDreDeus?Nem é por aí, mas novas pessoas claro, sempre. Quanto mais diversificado for o género das pesso-as que gostam do que faço, melhor.

mas o «matriz» é um Disco muito exigente. os anteriores são mais fáceis. Não tenho essa ideia. As emoções e a ligação que tenho a cada um destes temas é tão imediata e ge-nuína…os arranjos do Jorge não são simples, mas o resultado acaba por ser interessante. E depois há um dinamismo, uma versatilidade no Lusitânia Ensemble, ou seja, há temas só tocados com cordas, outros só instrumentais, um outro só com percussão…e enquan-to espectáculo é muito interessante por isso mesmo. Valorizo muito o facto de ser portuguesa e queria mesmo cantar as nossas coisas como o «Vira» e o «Malhão», coisas de que gosto e que são portugue-sas. o disco tem muito a ver com os meus gostos, é uma escolha muito pessoal.

a imagem Da capa Do «matriz» remete para a figura Dos maDreDeus, uma figura circunspecta, bastante estilizaDa …É só a capa do disco. Mas é possível que haja essa associação. Essa imagem de Madredeus, enquan-to figura, foi construída por mim. Sou eu, era eu o foco da atenção.

a tereza é esta figura Que lemos Das imagens, ou seJa, uma pessoa lacónica?Eu? Não, não! (risos) Não sou só aquela imagem. Mesmo enquanto artista tenho outras facetas.

é uma pessoa ligaDa aos pormenores e perfeccionista?Sim, tenho tendência para ser.

percebe‑se isso na Direcção De imagem, na escolha Das fotos. tuDo é cuiDaDo ao milímetro, DesDe há anos. No caso do «Matriz» tem muito a ver com aquilo que sempre fui e com aquilo que sempre me entu-siasmou a estar nos Madredeus, que também se liga àquilo que me entusiasmou a fazer este disco. É o mesmo tipo de amor pela música e pelas palavras portuguesas. É uma figura que tem a ver, mas não é exactamente a mesma.

Que música ouve em casa?Todo o estilo de música.

GRaNdE ENtREviSta

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compra?Também compro. Não tenho comprado muito ultima-mente, mas estou a precisar de ouvir música nova. o disco já está feito, tenho de ouvir outras coisas.

e música nova portuguesa?Hmmmm…não muito. Não estou muito em cima do que se passa, confesso. Ainda não cheguei tão a casa como parece.

Que música Dá a conhecer à sua filha?de todo o género. Como lhe disse oiço de tudo um pouco em casa, desde música clássica…gosto mui-to de Marisa Monte, é das minhas artistas favoritas. A última banda que descobri foram os Muse, acho que fazem um trabalho incrível, e a última novida-de que ouvi foi o último trabalho dos u2, que ado-ro. Sou curiosa por ouvir todo o género de música.

voltanDo um pouco atrás ao lopes‑graça, ele tinha uma frase Que me parece ser um statement, até controverso consiDeranDo a época em Que se enQuaDra: “veJo a música como a única religião Do futuro, a única religião De uma humaniDaDe livre, Justa e sábia”. vê a música Desta forma? Que papel tem a música na sua viDa pessoal?É um pouco difícil separar as duas áreas, mas tem um papel importantíssimo. Não a vejo como a úni-ca religião, mas acho interessante o que ele disse enquanto ideia de que a música é uma linguagem sem fronteiras que pode ser vivida de uma forma in-teiramente livre, tanto por quem a toca como por quem a ouve. Toda a gente sente a música de uma forma diferente mas consegue unir-se por uma coi-sa que não se agarra, que não é material. A músi-ca tem um poder enorme sobre mim, sempre teve. desperta em mim muitas emoções, é muito catártico. oiço música e vejo coisas, é pura alquimia…apesar de não se ver ela é uma coisa física, afinal de con-ta são frequências. Acho-a uma linguagem fantásti-ca com capacidade de unir pessoas e criar uma at-mosfera tranquila…pode ser uma lição de civilidade.

precisa De cantar?Preciso, seguramente. Preciso de música, de ouvir ou de fazer, mas sobretudo de fazer. Sempre cantei des-de miúda. E já reparei que o som da água põe-me imediatamente a cantar. Se estou a fazer qualquer coisa em casa e abro uma torneira começo a cantar.

tEREza SalGuEiRo

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quanDo os fashionistas, enverganDo calças De €15 e t-shirts De €5 com tanto estilo como se fossem griffaDas, se encontram com a blogosfera, o resultaDo só poDe ser amor. amor à primeira vista.

blog de moda

tExto: ana seabraresponsáVel pelo blog ChiCliSboa.bloGSPot.Com

[Se faz parte do grupo de pessoas convencidas de que a blogosfera está sobre-explorada, de que há mais blogs do que leitores e de que não há nada que não tenha já sido dito, desengane-se.] Há uma nova geração de bloggers a tomar de assalto a rede, ao pon-to de se tornarem verdadeiras ciber celebrities. Eles, mas com especial incidência elas, são os modelos, os stylists e, muitas vezes, até os fotógrafos do seu próprio mundo repleto de estilo. desenfadado e real.

Todos os dias nascem novos blogs de moda em todo o mundo. Há musas da blogosfera por cujos blogs já passaram milhões de visitantes. A moda é cada vez mais um fenómeno de massas e não há tendência vedada a absolutamente ninguém. Na verdade, a moda parte cada vez mais da rua para a passerelle. E dos blogs também. Não conhece a Rumi? A Gala Gonzalez? A karla? Está, então, oficialmente out.

Num mundo frenético, em que as tendências mu-dam a cada segundo, há a fast fashion para apazi-guar toda e qualquer fashion victim. Para quem não está familiarizado com a expressão fast fashion —e só mesmo a expressão, porque o conceito é bem conhecido de todos— trata-se de produção rápida e contínua de peças de forma a responder pronta-mente às tendências, à medida que estas emergem. os preços são normalmente baixos e a qualidade proporcionalmente directa. É a fast-food versão têxtil.

Pois é exactamente a fast fashion (e o vintage e o dIY-do it yourself) que permite que uma rapariga al-gures na índia se vista qual modelo de passerelle da Balmain. E mais além. digamos que a generalização de máquinas fotográficas digitais e de suportes inter-náuticos como facebook e blogspot também ajudam. Há centenas de fashionistas pelo mundo inteiro a ti-rarem fotografias dos seus outfits, em jeito de diário de estilo. E os leitores são mais que muitos, fazendo destes espaços dos mais visitados da rede. Muitos

destes bloggers são já considerados trend setters —e alguns verdadeiras ciber celebrities— pelas próprias marcas, inclusive, que compram espaço de publici-dade nos blogs ou que enviam peças grátis para que as experimentem e divulguem. E —não, não, não— não é o fim das revistas de moda em papel. Não se trata de concorrência. Trata-se de complementari-dade. os bloggers citam vezes sem conta as maiores revistas, e são, de forma crescente, citados por es-tas. Trata-se de humanizar mais ainda a moda. É a consequência directa da fast fashion. Zaras, H&Ms e Primarks (tendo a última aberto recentemente a pri-meira loja em Portugal), são exemplos de moda super actualizada e cada vez mais próxima da passerelle —por vezes demasiado próxima— a preços reduzi-dos, acessíveis a todos.

Não estranhe, portanto, se a qualquer momento uma adolescente do Alentejo profundo, por exemplo, se converter numa ciber musa inspiradora de muitos. Bem ao estilo Cinderela, mas envergando sapa-tos de plataforma vertiginosos. A relação entre fast fashion e blogs é de amor. Resultado? Cada vez que tem dúvidas acerca de como usar uns sapatos ama-relo-limão ou o que levar numa saída à noite, faça um search pelos seus blogs favoritos e encontrará com certeza uma série de soluções mais que originais. Porque estes bloggers arriscam. E compelem o resto dos comuns mortais a fazer o mesmo. Para que o es-tilo abençoe todos.

bloGoSfERa

www.am-lul.blogspot.comwww.aperfectguide.se/fashionsquadwww.blushingambition.blogspot.comwww.childhoodflames.blogspot.comwww.emmanygren.sewww.fast-fashion.blogspot.comwww.fashiontoast.comwww.helloloverr.blogspot.comwww.kanal5.se/web/stylebyklingwww.karlascloset.blogspot.comwww.lisaplace.devote.sewww.songofstyle.blogspot.comwww.misspandorapandora.blogspot.comwww.thatschic.netwww.vanillascented.comwww.whatisrealityanyway.blogspot.comwww.bryanboy.comwww.leblogdebetty.comwww.mydailystyle.es

CENtRal PaRq—moda

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mireiawww.mydailystyle.es

bloG dE moda

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quem se lembra Do optimismo Do filme

“tout va bien” De Jean-luc goDarD e

Dos míticos actores Jane fonDa e yves montanD? também

para antoine auDiau e manuel Warosz, Dois

Designers gráficos que transborDam criativiDaDe para

muitas outras aéreas, tuDo parece correr

sobre roDas. um siDe boarD a que Deram o nome De “tout va bien

é bem representativo Da aborDagem

Destes criaDores.

tudo vai bemantoInE audIau & manuEl Warosz

tExto: carla carbone

www.aNtoiNEEtmaNuEl.Com

CENtRal PaRq—dESiGN

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Em «Tout va bien», uma pequena cómoda branca com embutidos de diversas formas, desde hologra-mas a figuras geométricas, podemos observar a gu-losa e rica forma dos relevos de ícones gráficos nor-malmente associados à cultura gráfica. A sustentá-la, observamos variados pés, nenhum deles igual ao an-terior, muito menos posicionados de forma conven-cional e simétrica.

ANToINE e MANuEL procuram ser criativos. desde pirâmides invertidas a formas que aludem a longín-quos imaginários infantis. Não podemos deixar de fazer pequenas analogias, como por exemplo, ao trabalho do designer Hayek.

Alguns autores ficam perplexos com a produção de móveis desta dupla. Sendo que a maior parte da produção deles provém de trabalhos realizados em comunicação e design gráfico. Mas talvez quem se admire não conheça o conceito tão antigo de arte total, que encontrou em William Morris o seu prin-cipal cultor, e em Ruskin o seu fervoroso defensor. Sem esquecer que antes mesmo do Renascimento a arte estava subordinada à arquitectura e que as artes ditas menores foram um conceito algo tardio. Tudo estava ao serviço do monumento construído para servir a deus.

A separação das artes foi-se acentuando com a in-dustrialização, com a divisão de tarefas, que tanto irritava Ruskin e o preocupava. Tratava-se de defen-der a natureza, e os homens que pertenciam a ela. Aos poucos, o que era gráfico só aos designers grá-ficos dizia respeito; o produto só aos designers in-dustriais dizia respeito, e foram assim perdendo-se aquelas contaminações tão salutares, tão saudáveis que fazem com que qualquer modalidade artística se desenvolva e cresça .

Não podemos esquecer que a própria Bauhaus fo-mentava as oficinas e o cruzamento transversal dos saberes. Sabendo eles que a indústria espartilhava a criatividade, no entanto não perdiam a noção do atelier e da experimentação interdisciplinar.

Mas MANuEL WARoSZ tem “defeitos” de formação. Sempre foi designer de produto. Para ele a perplexi-dade de outros (é um gráfico que desenha móveis) não lhe parece dizer muito, ou pelo menos preocu-pá-lo no seu dia-a-dia. É uma falsa questão.

Segundo ANToINE AudIAu, MANuEL WARoSZ desde cedo se interessou pelo mobiliário e é comum vê-lo gatafunhar no caderno novas ideias para pe-ças e móveis.

Por vezes pensa-se que é dos designers gráficos que parecem surgir, neste momento, as ideias mais ori-ginais e criativas no domínio dos objectos e mobili-ário. Estarão neste momento os designers gráficos a injectar sangue novo e novas ideias decorativas na criação do design de produto?

Para ANToINE AudIAu não se trata de um proble-ma de decoração, mas antes de observar o design sob uma outra perspectiva. ANToINE e MANuEL esquecem um pouco os problemas funcionais e en-tusiasmam-se em traduzir o design gráfico para so-luções em 3d.

«Revolutions» parece não distinguir entre a segunda e a terceira dimensão. É uma instalação de estrutu-ra moldada, cor branca e rosa pálido.

os dois designers esgrimam à vontade nas profis-sões que requerem um tratamento 3d: ANToINE no design de Moda, e MANuEL no design de Produto. o que acontece é que, para ambos, a criação no do-mínio bidimensional apresenta-se mais livre e fluida. Não envolve grandes investimentos, como é o caso das soluções em 3d, que envolvem tempo, dinheiro e mão-de-obra. “Quando desenhamos em formato bidimensional, podemos desenhar sem pensar mui-to em problemas como o material, a economia, o co-mercial e o ambiental.”

outras peças, como «Racing Track», surgiram de um pedido que foi feito aos designers para realizar um padrão para uma colecção de carpetes. os desig-ners responderam com um padrão de linhas curvas e linhas rectas. “Quando combinamos os dois obte-mos múltiplas composições”.

A edição Bd foi realizada quase na totalidade por molde de injecção em poliuretano. Houve duas ver-sões da edição, em que uma teria um acabamento em poliuretano leve e outro em poliuretano rígido, para além de poderem ser produzidas em cores diversas.

os criativos conheceram-se numa escola de arte em Paris e desde cedo constituem a dupla ANToINE + MANuEL. Combinam, sem preconceitos, o dese-nho tradicional com o desenho e a ilustração assis-tidos por computador, depois misturam tudo com o design tipográfico e com a fotografia. o que resulta é significativamente impressionante. Já sem falar na peça «Tous va bien», que é o culminar de tudo isso.

o importante Museu de Artes decorativas de Paris, este ano, dedicou-lhes uma retrospectiva.

aNtoiNE Et maNuEl

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CENtRal PaRq—dESiGN

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aNtoiNE Et maNuEl

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quanDo entramos em shimbashi, a zona comercial mais movimentaDa De tóquio, ao laDo Da estação De comboios, poDemos encontrar um Dos eDifícios mais enigmáticos Da ciDaDe: a futurística nakaGin CapSule tower. frente ao maior compleXo De viaDutos Da ciDaDe, proporcionou Durante anos o Decór perfeito para um filme De ficção científica, mas o estaDo avançaDo De DegraDação põe em risco a sua Demolição.

um exercício de arQuitectura metaboliStanakaGIn capsulE toWEr

tExto: blair mcbrideartigo publicado em pingmag em dezembro de 2008 WWW.pingmag.jp www.kiSho.Co.JP

CENtRal PaRq—aRquitECtuRa

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Concebido em 1972 pelo arquitecto japonês kuRokAWA kISHo, recentemente falecido, NAkAGIN CAPSuLE ToWER é um edifício de 14 andares composto por 140 cápsulas que funcionam como apartamentos e escritórios. o projecto teve um grande efeito no imaginário de Tóquio, estando na base do conceito do Capsule Hotel, um dos grandes símbolos da vida moderna do Japão. No entanto, dado o estado de degradação do edifício, o futuro da torre é actualmente incerto. Por vários motivos, incluindo a manutenção e a falta de vontade de con-servar, o prédio pode ser demolido no espaço de dois anos a não ser que seja executado um plano de preservação bem formulado aceite pelos mora-dores, proprietários e autoridades locais. Se o plano de demolição avançar será uma grande perda para a arquitectura japonesa já que existem poucos exem-plos do trabalho de kuRokAWA kISHo no Japão.

A torre é vista como um dos grandes exemplos da arquitectura do movimento metabolista prescrito por kuRokAWA kISHo, que propôs um projecto com estruturas habitacionais que podiam ser modificadas e adaptadas conforme as necessidades dos seus ha-bitantes. ou seja, possibilitava o aumento do espa-ço caso fossem acrescidas novas células, o que per-mitia um crescimento do edifício e mutações do seu aspecto geral. os ideais metabolistas que sugerem a possibilidade de uma actividade orgânica que re-age ao ambiente, estiveram presentes no processo de edificação da torre. Todas as cápsulas pensadas como unidades habitacionais foram construídas numa fábrica em Shiga e transportadas por camiões para Tóquio. A fixação dessas unidades fazia-se em tor-no de uma coluna central elevada que servia de su-porte. Foram igualmente concebidas para que tam-bém pudessem ser retiradas da coluna a qualquer momento conforme as necessidades. Até o peque-no espaço de cada cápsula podia ser alterado e in-clusivamente aumentado através de ligações entre diversas cápsulas. Todo o design do edifício era in-tencionalmente simples e minimalista. A organici-dade do projecto e a beleza estrutural do aço e do cimento chegavam como elementos decorativos se-gundo kuRokAWA kISHo.

A motivação de kuRokAWA kISHo para o desen-volvimento de edifícios-cápsula que permitissem mu-tações resulta de uma análise da história do Japão que segundo ele era marcada por um edificado pouco durável, dado os materiais naturais usados na construção e os desastres naturais e guerras fre-quentes no Japão. A sua ideia era manter essa tra-dição temporal e construir um edifício moderno que pudesse ser modificado na sua configuração. Esses ideais, longe de serem únicos, entravam em concor-dância com alguma da ideologia da época expres-sa na “World design Conference” de Tóquio que define muitos dos princípios Metabolistas em voga nos anos 60 e 70. os edifícios que obedecem a es-ses princípios foram construídos em geral entre essas duas décadas, o que faz com que Nakagin não seja propriamente um edifício inaugural mas sim um edifí-cio de maturidade e um dos seus melhores exempla-res das teorias do metabolismo. Muitos outros edifí-cios de kuRokAWA kISHo usaram o princípio das cápsulas, nomeadamente o kARuIZAWA CAPSuLE HouSE em Nagano ou a ToRRE SoNY em osaka (infelizmente demolida em 2006), mas nenhum de-les seria tão puro em termos de princípios.

o Metabolismo está longe de ser uma corrente de ideias passadas que estiveram em moda. Nos últimos anos estas teorias têm despertado muito interesse no-meadamente na obra recente do arquitecto japonês Jin Hidaka, muito influenciada pela de kuRokAWA kISHo. Ele está a preparar uma palestra intitulada “Reconsideration of the Metabolism Model” para o congresso design 2050 da união Internacional de Arquitectos (uIA) que se realiza no próximo ano em Tóquio. Este arquitecto sustenta que as ideias meta-bolistas dos anos 60 “foram muito inovadoras e olha-ram para as cidades como organismos vivos e dinâ-micos sempre em transformação. As ideias ainda são relevantes devido às noções de cidade dinâmica e transcultural.” os arquitectos metabolistas procuravam uma pluridisciplinaridade e transculturalidade diligen-ciando colaborações com engenheiros, cientistas, designers. um trabalho de cooperação ideal que hoje se deseja efectivo. Infelizmente os edifícios metabo-listas são menos resistentes do que as suas ideias. o desejo do Metabolismo criar um sistema novo de arquitectura em que era possível trocar alguns ele-mentos mesmo depois da obra estar concluída, na prática encontrou algumas limitações. Esses limites são visíveis na problemática em que a NAkAGIN ToWER está hoje envolvida. No final de contas as cápsulas que foram projectadas para poderem ser retiradas não podem ser movidas com a facilidade com que fora prevista. Só podem ser retiradas as que se encontram no topo. Seria impensável mexer nas cápsulas da base. de acordo com Jin Hidaka a “NAkAGIN ToWER é um edifício em estado avança-do de degradação com uma situação muito compli-cada e apesar da relevância histórica houve muitas falhas na sua concretização”. Segundo este arquitec-to “a torre tinha um período de concepção de ape-nas 4 meses, o que é mais curto do que o normal. A própria construção foi muito apressada. Já se tinha iniciado antes da aprovação da projecção final”.

o caso da prevista demolição da NAkAGIN ToWER tem corrido o mundo e criado diferentes acções na defesa da sua preservação. o atelier kuRokAWA kISHo que ainda se mantém em actividade, tem per-manecido à frente deste movimento propondo um plano de restauro. Contudo, o projecto em termos fi-nanceiros tem-se mostrado pouco viável pelo que as autoridades de Tóquio têm previsto a sua demolição enquanto não forem encontradas soluções alterna-tivas. Por outro lado o apoio internacional tem sido enorme e bastante articulado. um inquérito realiza-do pela revista World Architecture News no sentido de alertar para este problema, mostrava a opinião relativa à preservação da torre de 10 mil arquitectos de 100 países. destes, 75% foram a favor de uma reposição das cápsulas, 20% gostariam de deixar o edifício como está e 5% manifestou-se a favor da demolição. Caso o prognóstico fatídico se venha a concretizar, sobrevive o interesse por esse edifício emblemático. de acordo com Hidaka está prevista uma exposição no Centre Georges Pompidou sobre arquitectura japonesa e os curadores já manifesta-ram o interesse em ter uma das cápsulas na mostra.

NakaGiN CaPSulE towER

Há outras opções para o futuro da torre. uma delas seria a compra das cápsulas aos seus actuais do-nos. Hidaka acha que esta opção seria muito cara mas a ser considerada caso permita a preservação do edifício. outra é abrir um concurso para um pro-jecto de novas cápsulas que pudessem substituir as velhas. Se elas puderem ser substituídas haveria en-tão oportunidade de se fazer um hotel, uma propos-ta que já tinha sido explorada por kurokawa no final da sua vida, mas que nunca deu em nada. Por ago-ra ninguém sabe o que poderá acontecer. o edifí-cio e as ideias que o formaram são relevantes para a história da arquitectura e segundo Hidaka o me-tabolismo ainda tem algo a dizer para a arquitectu-ra contemporânea.

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autor-revelação, estreia-se com um livro sobre a viDa, a amizaDe e o surf. com uma história simples mas actual, cheia De pormenores Do Dia-a-Dia, que poDia ser a De qualquer pessoa, luíS MiGuel rapoSo inicia um estilo até aqui pouco usaDo em portugal. o personagem vasco e seus amigos vão obrigar-nos a pensar sobre a viDa e sonhos eternamente aDiaDos.

emergênciaSluís mIGuEl raposo

tExto: miguel pedreirafoto: Francisco de almeida

Não é fácil escrever sobre uma paixão. Sobretudo quando essa paixão é o nosso refúgio, um escape à vida formatada e empacotada da sociedade em que vivemos. o surf é uma paixão para quem o pratica há longos anos e o encara como forma de estar na vida. LuíS MIGuEL RAPoSo é consultor e formador, mas também um apaixonado pelo surf e pelo mar, há 23 anos. Estreou-se na escrita, escrevendo sobre a sua paixão. E bem. ou melhor, escreveu sobre ami-zade tendo como pano de fundo o surf. “Marés de Inverno” é o primeiro romance deste autor recente, nascido em Almada e criado nas ondas da Costa de Caparica. o livro, escrito entre uma sandes e um sumo, nas horas de almoço de LuíS MIGuEL, com o portátil ao colo num banco de jardim, surpreende os mais incautos, atingindo-nos como um murro no es-tômago logo nos primeiros capítulos. Com um estilo muito próprio, entre o descritivo e o poético, a leitu-ra de “Marés de Inverno” torna-se compulsiva e obri-ga-nos a parar de vez em quando, para recuperar o fôlego, como numa surfada épica entre dois tubos profundos. Raposo mexe com as emoções (as nos-sas e as dele) e desperta assim para uma faceta até agora desconhecida. “Nem sequer um diário algu-ma vez escrevi!” confessa-nos, embora revele que lê bastante. Com a sua vida profissional mais liga-da aos números, o início da escrita só podia ter sido um impulso. Partiu de uma ideia simples, que fervi-lhava na sua cabeça, e acabou por dar origem ao que hoje é o capítulo 6. A partir daí, conta-nos, “a história escreveu-se a si própria, embora cada frase fosse cuidadosamente observada, analisada e cor-rigida dezenas de vezes, se fosse necessário.” Até a forma como chegou à publicação é curiosa. Sem contactos de qualquer espécie no mundo literário, LuíS MIGuEL fez o que qualquer pessoa diria ser li-rismo —enviou cópias da sua história para 11 edi-toras, depois de ter feito uma busca e selecção das que achou mais interessantes. das onze, três res-ponderam, e uma, a Pergaminho, “fechou” com ele.

Por questões de ordenamento interno da editora, o livro acabou por sair com a chancela o Quinto Selo, que assim tem LuíS MIGuEL RAPoSo como seu único autor nacional. A escolha do título, suge-rido pela editora, foi uma feliz coincidência: “o que eu tinha escolhido primeiro era muito piroso…feliz porque assim posso ter mais três estações para uti-lizar, se me apetecer.” E apetece? “Bem, pelo me-nos uma sequela já estou a escrever, depois logo se verá,” afirma o autor, sabendo que a vida (e o surf ) é regida por ciclos. uma coisa é certa, a história do Vasco e do seu grupo de amigos do surf é um retra-to geracional fortíssimo e preciso. A história de uma geração urbana com vontade de se manter ligada à natureza. Podia ser a tua ou a minha. E é isso que a torna tão interessante!

CENtRal PaRq—livRo

maRES-dE-iNvERNo.bloGSPot.Com

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luíS miGuEl RaPoSo

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sapatos just caValli,e no boneco sapatos pepe jeans

ferran casanova

realização: blue studiostyling: angel cabezuelo

make-up&hair: de maria

modelo: andrea,traFFic models

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blusa sita murt,calções raF simons,

meias calzedonia,sapatos pepe jeans

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macaco de cetim rare,blazer dsQuared,

capa custo barcelona, pulseiras manuel albarrán

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t-shirt com tachas baby phard, blusa de alças ion Fiz,

calças armand basi,sapatos moschino,

chapéu manuel albarrán

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camisa andrés sardá,saia Fred perry,sapatos beVerly Feldman,pulseira ysl

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casaco zegna sport

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Rid

E m

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bik

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alexander koch

styling: conForto moderno & gabriela santos

make-up&hair: Vera pimentão

modelo: rodrigo santos,central models

casaco tommy hilFiger,camisa lacoste,calças diesel,ténis d&g, na Loja das Meias,cinto pepe jeans,Fio ao pescoço pedra dura, bicicleta specialized na mega aventura

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calças W e colar no tronco lidija koloVrat,

ténis nike (cortez),bicicleta specialized na mega aventura

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blazer e graVata gant,brieFs scotsh,ténis zegna sport,bicicleta nomad santa cruz na bikeiberia

Page 66: parq issue june/july

sWeet sem mangas leVis engineered,óculos ray-ban

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polo lacoste,casaco mango/he,

sapatos Fly london,cinto malboro,

anel pedra dura,bicicleta neVada – yeye,

da bikeiberia

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Longe vão os tempos em que andávamos o ano todo à espera de ir de férias para o Algarve. Hoje fogem-se das cidades turísticas afogadas em prédios, lo-jas de souvenirs e restaurantes para turista comer, e descobrem-se os segredos da Costa Vicentina. Entre a calma e verdejante paisagem alentejana e inesquecíveis praias, encontramos refúgios que dão um novo look à típica arquitectura rural e o confor-to para nos dedicarmos à importante actividade do “dolce far niente”.

destacamos dois locais óptimos para ir a dois ou levar a família. o MoNTE dA VILARINHA, ideali-zado por João Pedro Cunha: oferece três casas de sonho em três áreas distintas, onde se podem des-cobrir praias fantásticas (a menos de 20 kms), na-dar na piscina, desfrutar dos trilhos BTT, relaxar com massagens, yoga ou meditação e até aprender dan-ças orientais para noites mais exóticas. Para saciar o apetite depois de tanto “esforço” nada melhor que uma refeição gourmet com peixe e marisco apanha-dos pelo próprio João Pedro.

Já o MoNTE VELHo é um resort rústico-cool, com-pletamente longe da caótica e barulhenta civiliza-ção e bem perto da Praia do Amado, Meca de sur-fistas de todo o Mundo e amantes da natureza que ali podem entrar em estado de equilíbrio com a mes-ma. A ideia deste resort é mesmo o descanso e con-templação total, oportunidade para começar a es-crever as suas memórias ou acabar de ler os eternos livros de cabeceira, enquanto anoitece ao som dos voos dos insectos e outras asas. Vai voltar a sentir-se de férias como antigamente!

monteS alentejanoStExto: mami pereira fotoS: monte da Vilarinha

www.montedavilarinha.comwww.wonderfulland.com/montevelho

PaRq hERE—tuRiSmo

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o PALÁCIo dE ESTóI, uma pequena jóia do Rococó nacional a alguns minutos de distância da Praia de Faro e do aeroporto internacional da cidade, é o ultimo edifício a integrar a rede de pousadas his-tóricas da Enatur. Classificado como Monumento Nacional, teve profundas obras de restauro da res-ponsabilidade do arquitecto Gonçalo Byrne. Este teve como preocupação restaurar o edifício antigo e manter uma certa discrição adjacente no edifica-do moderno que foi necessário construir para abri-gar os 63 quartos, sendo 3 deles suites, mais uma piscina e spa. Relativamente à proposta, a parte mo-derna é amplamente conseguida porque não rivali-za com o edifício antigo e estabelece uma relação com a serra que nos permite um deslumbre da bele-za original do Algarve. No que se refere à decora-ção de interiores, o esplendor dourado do palácio nem sempre convive bem com o mobiliário moderno, o que é um pena, já que é a parte que naturalmen-te poderia ter mais impacto. Não obstante, uma das partes relevantes é o facto deste projecto dar consis-tência a um novo conceito de Pousada com Spa e piscina interior, onde é possível desfrutar de banho turco, sauna, duche tropical e piscina interior aque-cida com hidromassagem, que se tornou quase obri-gatório nas modernas unidades hoteleiras.

pousada palácio de estói rua são jos, estói - Faro telF. 289 990 150

pouSada do palácio de eStóitExto: soFia saunders

PaRq hERE—tuRiSmo

www.pousadas.pt

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desde sempre tínhamos ouvido falar de MACHu PICCHu, mas tal como muitos outros sítios turísticos, temíamos que este se revelasse mais um daqueles destinos massificados, cheios de vendedores am-bulantes, operadores turísticos gananciosos, guias falsos a fazerem de verdadeiros (e verdadeiros a parecerem falsos, tal é a cassete que põem), com excursões a cercarem-nos por todo o lado. E de fac-to não estou a dizer mentira nenhuma. Quando vive-mos numa aldeia turística global cada vez são mais raros os sítios que se mantém genuínos e verdadei-ros, mas aí já chegaremos.

Aterrámos em Lima quatro dias antes de começarmos o trekking, para que chegássemos a Cuzco com tem-po para nos ambientarmos à altitude (3400 m), pois o trekking iria começar logo por altitudes elevadas, especialmente nos dois primeiros dias, começando a diminuir a partir daí. Apanhámos a paisagem típi-ca de alta montanha, sem qualquer tipo de vegeta-ção, acabando em verdadeira selva tropical, cerca-dos de orquídeas, maracujás e bromélias. o nosso medo chamava-se Soroche, que é como se chama localmente ao mal da montanha, e se bem que es-távamos preparados e tomámos as devidas precau-ções tais como repouso, refeições ligeiras com pouca proteína, muita água e acima de tudo muito mate de coca, foi-nos inevitável sentir o peso de toda aque-la montanha no organismo, com dor de cabeça per-manente, tonturas e acima de tudo uma dificuldade enorme em fazer as coisas mais simples tais como andar, comer ou dormir.

Convém, por outro lado, para ter êxito nesta cami-nhada, estar provido de equipamento adequado: rou-pa leve e confortável, pois não só o espaço dispo-nível é exíguo, como o peso parece aumentar com o decorrer dos dias. um bom calçado é, também, fundamental para o sucesso desta missão, pois há momentos em que cada passo dado parece uma pequena vitória.

trekking noS andeStExto: antónio Falcão de campos + antónio Varela

PaRq hERE—viaGEm

Havia um trekking mundialmente famoso chamado INCA TRAIL, que consistia na estrada que ligava a capital do Império Inca, Cuzco (por isso mesmo co-nhecida pelo umbigo do mundo), através do vale sagrado do urubamba até à cidade sagrada que era Machu Picchú, onde só alguns tinham acesso. Extremamente interessante. Passa-se por todas as ru-ínas e templos que serviam de apoio logístico e espi-ritual às comitivas, e é necessário marcar com uma companhia local com alguns meses de antecedên-cia pelo que optámos pelo trekking do Salcantay, que também acaba em MACHu PICCHu mas onde a sensação de que somos só nós a subir a monta-nha é real. São 64 km de caminhada, com a parti-cularidade de no primeiro dia fazerem-se 16 km e no segundo 21 km, o que para dois comuns mor-tais, amadores na montanha, é só por si um feito, enchendo toda uma nação de orgulho imaginando-nos com honras de estado à chegada ao aeroporto. Este é um dos pensamentos, entre os milhares que te-mos durante o trekking. E se há coisa que existe nes-te tipo de epopeias é o tempo para pensar, reflectir e mesmo meditar. Bem raro nestes dias que correm.

No culminar de toda esta odisseia chega-se en-tão a MACHu PICCHu, que em Quechua significa Montanha velha, emergindo do coração de uma pai-sagem de cumes imponentes cobertos por exuberan-te flora selvática. Resta dizer, para que não seja mais do que uma daquelas experiências turísticas que por vezes nos apetece pôr o carimbo de visto, deve-se visitá-lo ao raiar da aurora. E quando as hordas de turistas começarem a subir a montanha é fugir para o Huayna Picchu, o que significa, Montanha Jovem.

a eQuipa Foi Vestida e calçada pela merrell

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Quando há cerca de um ano a Hood abria as suas portas no Bairro Alto com as edições da Nike Sportswear, nascia igualmente a ideia de transfor-mar o espaço numa galeria de arte urbana que fos-se uma extensão da própria rua. A renovação da sua imagem vem neste sentido cumprir os objectivos, tendo como protagonista o modelo de ténis Cortez, o ícone mais antigo da Nike, desenvolvido para a prática do atletismo. Para comemorar este ícone fo-ram criados dois toys afavelmente conhecidos por Cortez Brothers que vão estar na loja para nos rece-ber, sendo que um é o velho Cortez e o outro o novo. ou seja, o novo é obviamente a recriação do velho mas cheio de inovações técnicas. Nesse sentido toda a decoração mudou e as paredes ganharam uma ambiência inspirada na tecnologia, no design e na arte digital, tendo os ténis Nike Cortez como mote.

the hood rua do norte, 65, lisboa tel: 213 473 255 de 2ª a sáb. das 12h às 21h

the hoodtExto: soFia saunders

PaRq hERE—PlaCES

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PaRq hERE—PlaCES

Para viver cada dia como se fosse o último nada me-lhor que oferecer os originais cabazes da Pimenta Rosa. São 100% portugueses e feitos a pensar nas mais variadas ocasiões, desde o cor-de-rosa encon-tro de namorados ao pôr-do-sol, com champanhe e bombons, à apaixonante noite de conversas na ter-túlia lá de casa, com bom vinho, queijo e enchidos passando pelo cabaz Lusitano com produtos alenteja-nos, sem esquecer a bela ginjinha em copos de cho-colate, de “óbidos com amor”, entre muitos outros.Nesta mercearia gourmet em pleno bairro de Campo de ourique, num ambiente sofisticado mas acolhe-dor, vai ainda encontrar, a par da selecta garrafei-ra, peças de faiança do Bordalo Pinheiro, produtos de conservas Tricana, sabonetes Confiança e muitos outros tesouros cá da terra e suas ilhas. Não deixe de visitar e delicie-se com a qualidade dos produtos.

pimenta rosa rua almeida e sousa, 48b telF. 213 889 430

pimenta roSatExto: mami pereira

Visitar Sintra ou as dunas da Caparica pedalando a partir de Lisboa é uma das propostas que a Bikeiberia propõe como oferta turística. Há mesmo quem já ve-nha de fora com o propósito para conhecer o nosso país em bicicleta participando em programas espe-cíficos para grupos no interior do país. A oferta de tipos de bicicletas é bastante grande havendo mode-los adequados a cada tipo de programa ou ao gos-to de quem as quer utilizar. Aos que querem apenas uma visita cheia de estilo ao longo do rio recomen-da-se as antigas pasteleiras portuguesas, a famo-so modelo YeYe, que ainda continua em produção.

www.bikeiberia.com www.pimentarosa.pt

tExto: soFia saunders

bikeiberia

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ABSoLuT 100 é a nova edição da vodka Absolut agora disponível em Portugal. uma edição limitada produzida com um método 100% selectivo e ingredientes 100% suecos que posicionam a experiên-cia de beber vodka ao nível da excelência. Novo sabor, uma tra-dição de mais de 400 anos e um processo de produção selectivo, tornam ABSoLuT 100 numa experiência absolutamente distinta.

um pequeno trago revela a experiência completa de ABSoLuT 100, uma vodka distinta para os apreciadores com um gosto re-quintado. Com um paladar enaltecido com notas de limão fresco, tangerina golden e um toque de ervas aromáticas, ela surpreen-de pelo equilíbrio entre a frescura destes ingredientes e o aroma redondo a especiarias e caramelo.

Para o homem com uma vida social agitada, com estilo, inteligen-te e que aprecia os pequenos luxos da vida, ABSoLuT 100 apre-senta-se como uma proposta simultaneamente inovadora e cria-tiva. Produzido através de uma destilação 100% selectiva, que permite o controlo rigoroso de todas as fases de produção, a vo-dka ABSoLuT 100 é preparada com uma menor quantidade de água, vinda do poço antiquíssimo de Absolut em Ahus, e com cere-ais de primeira categoria amadurecidos durante o rigoroso Inverno sueco, o que os torna suaves e ricos em amido.

Já disponível, em exclusivo, no Lux e Bica do Sapato (durante 6 meses) , ABSoLuT 100 surpreenderá pelo sabor, pela experiên-cia, pelo requinte e pela sua apresentação única e conceptual.

A ENkI WATERS é um empresa de origem francesa que exalta a água através da originalidade e quali-dade estética das suas garrafas premium. Para além das suas garrafas standard, o lado festivo está muito presente nas suas propostas, especialmente no que se refere ao efeito impressionável da golden water e da silver water. Com uma adição de ouro 24 quila-tes ou de pó de prata, totalmente bebíveis, estas gar-rafas de água contém partículas que quando bas-culadas flutuam criando reflexos brilhantes que nos fazem pensar nas bolas mágicas da nossa infância. Ainda a pensar nos grandes grupos, a ENkI propõe a kING SIZE WATER, uma garrafa que pode conter 6 litros. Para quem deseje algo mais personalizado, comemorações dentro de grupos empresariais, por exemplo, a ENkI assegura um serviço que permite garrafas e logos personalizados.

tExto: soFia saunders

Enki WatErs

aBsOLUt 100o requinte e a exclusividade de um true masculine style

E se o elixir da beleza estivesse no fundo de uma chávena de…chá?

A Fauchon, marca de referência de gourmet de luxo em França, tem à disposição três chás especiais de beleza. o primeiro tem o dom de emagrecer, com chá chinês verde aromatizado com frutos exóticos e pedacinhos de ananás. o segundo promete tornar a pele mais bonita, hidratada e purificada, com chá verde chinês aromatizado com laranja doces e pe-daços de citrinos, amêndoas, lavanda e camomila. E o terceiro combate o envelhecimento da pele, com chá verde chinês aromatizado com menta, manga e pétalas de rosa. Ser bonita nunca soube tão bem.

À venda em lojas gourmet, mas também online, em caixas de 21 saquetas.

FaUchOn BEaUtétExto: mami pereira

tExto: soFia saunders

PaRq hERE—GouRmEt

www.enkiwaters.comwww.fauchon.com

www.absolut.com

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PaRq hERE—aS boaS líNGuaS

Àqueles que consideram que para lá da Av. dos Estados unidos começa o far west, selvagem e sem lei, cheio de índios e de juízes corruptos; aos que acreditam que a seguir à Av. de Madrid se inicia a Meseta, esta apenas lembrada para cenários de ce-nas pastoris; a esses que continuam a confundir o nor-te da Av. de Paris com o Árctico, na mira da foca e do pinguim; a todos os que queiram, a abertura do LoRd’S BISTRô pode vir a abalar certezas e alar-gar horizontes, até ao Areeiro… Num prédio novo, atrás da praça com o mesmo nome, Ray Monde vol-tou a encontrar Miss Jones, recentemente regressa-da de uma villeggiatura a Itália. Sem perder tempo no bar situado na entrada, subiram para o primei-ro andar onde fica a sala de jantar, vasta, arejada e dominada por tons claros.

Sentados a uma mesa ao lado do mezanino, Miss Jones pediu um Martini dry, lembranças romanas?, e Ray Monde atacou uma água das Pedras…

Vários garçons trouxeram cestos de pães variados e pequenos acepipes, um com fatias de queijo brie em azeite e limão e outro de cenoura confitada com sésamo preto.

E então, apareceu o chef Paulo Sérgio a recomen-dar as suas especialidades. Confiámos piamente! Enquanto se servia um vinho branco 2 Quintas do ido 2008, chegaram as entradas, ou seja, um pra-to de vieras salteadas com palmitos, frutos do bos-que e limões sicilianos. os gostos e as texturas di-ferenciados e a apresentação com muita elevação agradaram. Bom começo! Enquanto decantavam o vinho tinto 2 Quintas, este um pouco mais velho, de 2007, seguiram-se os pratos. um de peixe conduzido para Miss Jones, pedaços de robalo grelhado com crosta de parmesão e molho de ostras. E um carré de borrego grelhado com molho déglacé e couscous para Ray Monde. Nada a dizer…

A sobremesa foi performada pelo chef, que no meio de uma grande instalação “à l’ancienne”, concreti-zou à nossa frente um flambé de morangos em trilo-gia de gelados (nata, café, chocolate com menta), a sua grande especialidade. uma actuação espec-tacular, cujo resultado deu para saborear um molho xaroposo vermelhíssimo sobre os morangos cozidos.depois do café, um cocktail digestivo, branco e doce, finalizou o repasto.

À saída, sob uma brisa primaveril quase agradá-vel, caminhámos a desejar a este sítio ainda jovem todas as felicidades, pois o Mundo está cheio de boas intenções…

lord’s bistrô aV. padre manuel da nóbrega, 6 a — lisboa tel.: 211 508 456 todos os dias, almoços do meio-dia às 15h30 de 2a a sábado, jantares das 20 à meia-noite

lord’S biStrôas Boas línGuas dE mIss jonEs & ray mondE

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fontana hotel

wERE whERE you?

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ChiCkS oN SPEEd:cutting the edge

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tEREza SalGuEiRop. 42

«cutting the edge», the most recent album by chicks on speed marks the return oF the band three years aFter their last album Was released.

it isn’t exactly what you might call a return, as they were never actually absent. there have been video and fashion shows, re-cording, producing the album, “art rules” performances and the launch of a feminine surfwear collection. you could say the band just haven’t stopped… “A lot of people thought we were on hol-iday, but we’ve been involved in the arts scene with a perform-ance of «art rules»”, says melissa.

chicks on speed have been together for eleven years, and began as a multidisciplinary arts group in munich, but soon swapped the restrictive gallery circuit for clubs. “We felt claustrophobic in the gallery space and began working more in clubs. in 1997 we re-leased «Warm leatherette» remixed by dj hell” melissa said, “and becoming a band just seemed like a natural step. (…) I worked at Ultraschall in Munich between 1996 and 1999 (…) [and ended up meeting] djs such as dj hell, miss kittin, christopher just, tobi neumann, and the owner of the club peter Wacha aka upstart. i also had a record label and so it was possible for me to release our early albums (…) We felt forced to make music because by the late 90s, drumbeats were so monotonous and music was cry-ing out for a female voice (…) We had to change things and, with a dash of femininity, stamp our influence on the male domain of techno music,” says alex.

after kiki left, two years ago – which was when she decided to em-bark on a solo career - melissa and alex (currently in hamburg and barcelona, respectively) began collaborating with a number of artists, including artists as distinguished as douglas gordon, a.l. steiner, kathi glas, anat ben-david, and others. “chicks on speed consist of between 2 and 8 members and, if we do per-formances like “art rules” in museums, some members come from new york,” alex explains.

currently, apart from the promotion of “art rules,” the surfwear line and the album, they are preparing the second compilation of girl monster with the following challenge from alex; “if there are any portuguese artists, or artists whose work relates to themes such as cross gender/ gender bender, who would like to con-tribute, please send material to [email protected].

the single «super surfer girl», which preceded the album, came out of an invitation to create a women’s line in surf wear called Insight, and it became a kind of soundtrack to the project. The video by mariah garnet, shows retro images, making a connec-tion between the creations by cos alongside musical references which had influenced them and their videos. “«super surfer girl» is, quite literally, inspired by the 1960s surf music of the beach boys, and by the desire to make it a female experience, which it never was. Women were only allowed onto the surf scene in the mid-70s. in fact, they never had their own music to surf to. they weren’t even properly accepted in the water. We had to fight for this!” says alex.

the double album «cutting the edge» was recorded in 10 different countries. “this idea of creating portable studios online and offline, very much influenced the cut and paste ethos of the al-bum,” alex explains. among the various recording locations were “Vienna, a house in oxford, oli’s studios in london, a hotel room in new york, a plane to riga, astrud’s studio in barcelona, where we danced naked on the roof and simultaneously filmed the video clip while we were recording the song. afterwards, we worked at planningtorocks studio in berlin, with the microphone rigged up

matriz is the First solo cd by tereza salgueiro, and the First time she has produced her oWn Work. the Word matriz in portuguese can reFer to the original From Which copies are taken. With a Firm grip on the reins, this album is the beginning oF a neW process, and it starts With the Way she spells her name. noW it’s tereza With a z.

Tereza, is MaTriz so called because of iTs use of Tradi-Tional PorTuguese song or because iT Marks The be-ginning of a new Phase in your life? t’s both these things, to be honest. it makes sense in the context that this is the first al-bum i have produced and thus it is the original for what is yet to come. however, it is also connected to the idea behind the album and the repertoire, the “matriz” as the beginning of things, but also that which is maintained yet at the same time is transformed as time passes. in portuguese song and ethnic music you can see this, it is very interesting to see, and you can see it documented in the work of lopes graça and michel giacometti who developed this idea some years ago; songs which were sung in the north of the country and which were then found in the algarve set to dif-ferent music, with different cadences, but also – in a sense – still a matriz because they are what unifies us, while at the same time what makes us different. portugal is a small country, but full of dif-ferent cultures. each region is quite isolated and retains its own distinct and diverse characteristics

This albuM seeMs To show how you wanTed To geT To griPs wiTh These culTural differences and deTails, yeT iT was only now ThaT you had TiMe To sTudy and re-search TheM? i’ve still not finished. this was merely the first har-vest! it was extensive as i was already familiar with the findings of michel giacometti and lopes graça and had listened to them all again. the album is not limited to these, but it is these which bring an element of timelessness. there is an oral tradition which they preserve, and which has meant that they have survived un-til today, but this timelessness is important on the album because it connects periods and themes. the idea was to bring together a show and album which would celebrate the riches, variety and sheer age of traditional portuguese music

on This albuM, you sign yourself Tereza wiTh a z, which in iTself is a sign of change. it is as if it were a new enti-ty, but it isn’t. it’s still me.

how far is This change Psychological? it is symbolic. it is also a way of making a point of change. it is the first time i have produced an album. i set up a business last year and signed pro-duction with rui lobato, who is the percussionist on the album, and it was with him that i produced it from beginning to end. this is something new for me. I enjoyed 21 years with an incredible group which took me all over the place, but that has all ended now. i have now become independent. this is the first time that

to the laptop, and via skype with Fred schneider to record the track “Vibrator”. (…) Skype is a great tool for us. In fact, we use it to rehearse and to create, and it unites the group,” says alex, adding “this album is like a collage of different musical periods, depending on where and with whom we have been working, [and this] determines the sound and stylistic period of the music.”

as regards dates for the promotion of the album in portugal, noth-ing is certain, though alex tells us “we´ll be touring in october, and we’ll be performing with the drummer Fau Fau of koko Von napoo. We love portugal and are looking forward to playing again soon. keep your ears to the ground; we’ll be back!”

English vErsion

it’s just me and no-one else. The name is also a reference to my grandfather on my father’s side who always used to write tereza with a z, like they used to years ago. i was very close to him and when he retired he went to live in madeira and wrote me letters in which he always wrote my name with a z. it was a decision con-nected to something very personal, but i understand that some people are going to think “why is she writing it with a z now?” Seems like something of no great interest, but it is of interest to me…

Psychologically, how has This change been? i don’T know wheTher These Things are always obvious or noT… For me they made sense

afTer The Third or fourTh Track, i caMe To The conclu-sion ThaT MaTriz was for Those wiTh a More classi-cal ear. however, liTTle by liTTle, The albuM oPened uP, wenT froM fado To TradiTional Music To fausTo and becaMe easier on The ear. iT felT a liTTle herMeTic. was iT deliberaTe, This Prolonged oPening uP froM begin-ning To end? the style of music at the beginning of the al-bum really is quite hermetic. i was working together with jorge Varrecoso gonçalves who is from the world of classical music, musical director of the lusitânia ensemble and it was he who was behind the arrangements. he has experience, not exactly in ear-ly music, but classical music. Working on the arrangements on all these different styles was a challenge for him also, but i re-ally wanted a celebration of portuguese culture. it is very much present even if it isn’t being put on at the best theatres, but there is a type of portuguese music which can form the basis of really interesting work. i wanted to show the course of music which was geographical, historical and which told a story. there was a de-liberate concern for chronology. the album starts with the oldest and ends with the most recent.

wiTh This albuM we geT The feeling ThaT you have fi-nally found yourself. on “obrigado”, iT felT like fare-well To Madredeus, on “voçe e eu” you venTured inTo brazilian Music, “la serena” seeMs like your MosT Per-sonal albuM. Hmmm, no…

in The sense ThaT iT is The MosT diverse, and The albuM in which you revealed yourself as More versaTile, in a way ThaT we hadn’T Previously been faMiliar wiTh… yes, personal in that sense. i like diversity, elasticity and giving myself different goals. the direction of these three albums was not mine; when i recorded them, i was still in madredeus. they weren’t in competition with the main project, they were projects I was doing simultaneously. “la serena” put me in contact with distinct musi-cal realities which were vocally interesting, even in different lan-guages, but all still as part of the group.

iT seeMs ThaT you have really found yourself in The sense ThaT you have finally Turned To Things you gen-uinely like, To research, To The very rooTs and To Make TiMe To do These Things. aT lasT you have – MeTaPhor-ically, as iT were – no only coMe hoMe, buT also un-Packed your bags. i definitely feel that i have returned home. the idea was to go home and then go off again. it is the first step and i have done it alone. a lot of the songs i’ve been singing in sound checks for years, they are songs i feel a strong connection with. i have had quite an unusual life so far, singing in portuguese and dedicating myself to certain ideas regarding portuguese cul-ture and our country. now, looking at portugal, i feel like creating a new show which shows our riches and diversity.

did you have any worries or fears abouT releasing a solo albuM? it is a big shift, but i believe in what i do and the people with whom i work. there are a lot of very special people involved and i feel the affection of my public. over the last few years when i was doing shows which were a little bit different, they were always very well received by the public which, in itself, was all the encouragement i needed to carry on.

is ParT of your goal aPPealing To a new Public and Those who have never heard The Music of Madredeus? not really, though it is always good to reach new listeners. the more diverse my public, the better.

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MaTriz deMands a loT of The lisTener. your Previous albuMs were easier To geT inTo. i don’t get that impression. the emotions and bond i feel for each track is immediate and authentic. jorge’s arrangements aren’t easy, but the result ends up being interesting. plus there is the dynamism and versatility of the lusitânia ensemble. some songs are mere cords, others are purely instrumental, others with percussion…and as a show, it is fascinating for these reasons. i love being portuguese and really wanted to sing songs like “Vira” and “malhão”, which i like and which are portuguese. the album is very much an expression of the things i love, a very personal choice of music. The iMage on The cover reMinds Me of Madredeus, sTyl-ised and circuMsPecT. That’s just the cover. It is possible that there is that association. the image of madredeus was construct-ed by me. it’s me, and i was the centre of attention.

Tereza is This figure which we see, a laconic Person… me? no, no (laughs), i am not that image. even as an artist i have other aspects.

are you soMone who Pays aTTenTion To deTail, a Per-fecTionisT? Yes, I can be a bit like that… you can see This in The iMage direcTion, The choice of PhoTos. real aTTenTion To deTail. i Think iT has been like ThaT for years. in the case of madredeus, it is very much con-nected to who i am and what excited me to work on this album. the same love for music and for portuguese words. it is an image connected to this, but not exactly the same.

whaT do you lisTen To aT hoMe? .all types of music

do you buy sTuff? i do. i haven’t bought much recently, but i really need to hear new music. the album is done, i need to hear new things.

whaT abouT conTeMPorary PorTuguese Music? Hmmmm…not much. i’m not really up to date with what is happening, i have to confess.

whaT do you give your daughTer To lisTen To? all types of music. like i said, i listen to everything when i’m at home, clas-sical music… and I really like Marisa Monte, she’s one of my fa-vourite artists. the last band i came across was muse. i think they do some amazing stuff. I also enjoyed the most recent album by u2, who i love. i like listening to all types of music.

English vErsion

NakaGiN CaPSulE towER:

architecture oF the Future

p. 52

once you arrive in tokyo’s busy commercial district of shimbashi, a short walk from the station brings you to a noisy highway over-pass, and beside that the futuristic nakagin capsule tower. the tower’s stunning design may strike passersby as something straight out of a science-fiction movie, but it stands as a unique architec-tural beacon amongst the common apartment high-rises and of-fice buildings of ginza. designed by the late japanese architect kurokawa kisho , the 14-story tower is composed of 140 indi-vidual capsules that function as apartments and business offic-es. the tower has also served as a prototype of sorts for uniquely japanese urban accommodations, such as business and capsule hotels. but the future of the tower is uncertain. For various rea-sons, including maintenance concerns and a lack of local sup-port for preservation, the building will be demolished in less than two years unless a substantial preservation plan can be formed and accepted. the possible demolition would be a disappointing loss for japanese architecture, as few of kurokawa’s metabolist buildings remain in japan.

NakaGiN CaPSulE towER aNd mEtaboliSmconstructed in 1972, the tower is a prime example of kisho’s metabolism architecture movement that focused on adaptable, growing, and interchangeable building designs. metabolism — the word suggesting organic growth that responds to its environ-ment — influenced every step of the tower’s construction. the capsules were manufactured in a factory in shiga prefecture and transported to tokyo by truck. they were then attached to the tower’s central beam. the capsules were designed to be remov-able and replaceable from the central beam. even the seeming-ly small space inside the capsules can be modified — it can be increased by connecting capsules to other capsules. the tower’s simple, minimalist design was deliberate. as a metabolist build-ing, kurokawa believed that the inherent beauty of materials like concrete and steel meant that they didn’t need any special mod-ifications or decorations.but why construct a capsule building in the first place? kurokawa observed that throughout japanese his-tory, frequent natural disasters — and also the destruction caused by World War 2 — meant that japanese cities built from natural materials had temporary, even unpredictable lifespans. kurokawa therefore wanted to continue that tradition of temporality in build-ing design by constructing modern but changeable buildings.

the metabolist ideas found in the nakagin capsule tower were born in 1960 at the “World design conference” held in tokyo. most metabolist buildings were constructed in the 1960s and 70s. other than nakagin, some notable metabolist works of kurokawa that use capsules include the karuizawa capsule house in nagano and the sony tower in osaka. unfortunately, the sony tower was demolished in 2006. also noteworthy is the gently curving, cel-lular-inspired yamagata hawaii dreamland resort in yamagata prefecture. an important Western building influenced by the metabolist movement is habitat 67 in montreal, canada, de-signed by moshe safdie. the work of kamakura-based architect jin hidaka is heavily influenced by metabolism. hidaka operates the slowmedia japanese architecture forum. he will present a talk entitled. “reconsideration of the ‘metabolism model” at the up-coming design 2050 union of international architects (uia) con-gress, to be held in tokyo in 2011. as hidaka states, the metabolist ideas of the 1960s “were very new, they saw cities as ‘moving’ and dynamic, that concept is real. metabolism wanted to collab-orate with engineers, they invited scientists, designers, and indus-trial designers. they wanted trans-cultural collaborations. it’s still relevant because of the ‘dynamic city’ and trans-cultural aspects. i want these collaborations to continue.” but metabolist buildings such as nakagin and the sony tower haven’t proven as resilient as their ideas. “metabolism wanted to create a new system of

architecture,” hidaka explains. “For example, product design where you can change different parts of it after finishing. [but] metabolism has limits.” those limits are seen in the nakagin tower. hidaka says that nakagin “is a complicated building and a complicated situation.” despite the tower’s importance as a major Metabolist project, Hidaka admits that there were faults in design. “the tower had a design period of only four months — shorter than usual, and it was rushed. the designing went on even after construction had already started.” the cap-sules around the central beam were intended to be replacea-ble, in line with the metabolist philosophy of interchangeabil-ity. but the capsules haven’t been replaced, and hidaka points to the design to explain why. “the capsules can be taken apart from the center beam, but only from the top, not the bottom — a simple design problem because taking them apart from the bottom would be easier.”

way foRwaRdthe complicated nature of the tower is evident in the mixed levels of support seen for the preservation of the building. as mr. tanaka of kurokawa kisho architects explains, there is support for repairing the building, “but then due to budget-ary concerns from a small group of people, it was decided after the votes [were collected] from the residents that it is to be demolished,” making way for a new building. on the oth-er hand, international support for preserving the building is enormous and articulate. in a survey by london-based World architecture news, over 10,000 architects in 100 countries were polled on their thoughts on preserving the tower. the survey results were as follows: 75% for replacing the capsules, 20% for leaving it as is, and 5% for demolition. even if the tower is demolished, international interest remains high. according to hidaka, “the 2010 pompidou exhibition will showcase japanese architecture, and they want a capsule to exhibit if it is demol-ished.” despite the unfortunate possibility of demolition, there are other options for the future of the tower. one is to buy the capsules from the owners one-by-one. that could be an ex-pensive option, but for hidaka, “it’s worth the cost of buying the capsules if the building can be preserved.” other possi-bilities include opening a competition for new interior designs and replacing the current capsules with new ones. if the cap-sules are replaced, another option is to use the tower as a ho-tel. But according to Hidaka, Kurokawa tried to do just that and found the situation “difficult.” no one can be sure as to what will happen to nakagin. but the building and the ideas behind it have represented unique and appreciated contribu-tions to architecture. jin hidaka is optimistic that metabolism can still contribute to architecture and culture. metabolism can’t be done “the same way anymore, but if we can change the direction we can do it. because now we have the technology that they didn’t have back then.”thE NakaGiN CaPSulE towER CERtaiNly faCES a tRoublEd futuRE, So if you’d likE to ChECk it out foR youRSElf, do it aS SooN aS PoSSiblE!

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Ilustração: Vanessa teodorothevIllustratIons.blogspot.com

Finais dos anos 80. Mónica e Sandra juntavam-se para comprar as revistas predilectas. Ao mesmo tempo circulava

uma petição assinada pelos pais para que o quiosque mudasse de localização evitando que os miúdos deixassem de almoçar

na escola, gastando as semanadas na tal Bravo do poster gigante dos New Kids On The Block (NKOTB), a primeira

boys band de rapazes brancos. Mónica, à conta de muita fomeca, nem hesitou em comprar a revista, consciente de que

não iria perceber uma linha de alemão. Sandra não tinha um tostão e por mais que pedisse aos pais para dispensarem

alguns escudos, “se era papel para forrar gavetas ou embrulhar o peixe, as páginas do Correio da Manhã serviam

perfeitamente”. Não voltaram a partilhar a mesma carteira nas aulas, a apanhar o autocarro juntas ou a ir à pastelaria

do costume comer o tão concorrido pão com chouriço.

Pela mesma década, Susana e Catarina firmavam uma amizade para sempre, diziam. Passaram a infância e adolescência

juntas, o corredor de uma casa para a outra acolhia triciclos, uma Bota Botilde raspada e algumas Barbies desgrenhadas.

Juntas apaixonaram-se pela primeira vez, colaram os corações partidos, limparam mutuamente as lágrimas e

decidiram que as mães jamais lhes comprariam roupa sem as consultar previamente. Ouviram lado a lado pela primeira

vez os New Kids On The Block e assim se assumiam fãs. Poucos anos mais tarde arrancaram em jeito de rebeldia,

própria da idade, os posters dos miúdos copos de leite para dar lugar à recém descoberta e paixão, os Nirvana.

Em Janeiro de 2009 e sem qualquer explicação lógica Susana e Catarina, já mulheres feitas, marcam uma pensão baratuxa

em Londres, dormem numa cama cheia de chatos, num quarto que cheira a esgoto e tomam banho com água fria. Como se

de uma seita religiosa se tratasse, milhares de trintonas em fila no Hammersmith Apollo - com grandes pulmões e algum tecido adiposo extra (que antes não fazia parte do pacote),

recuperam velhas t-shirts e as coreografias vistas e revistas até à exaustão em cassetes de vídeo. O motivo da histeria: a reunião excepcional da boys band que marcou uma geração

de adolescentes de lés-a-lés, NKOTB. Longa ia a noite e a plateia estaria longe de imaginar a surpresa que os cinco de Boston preparam! Vagueiam pelo meio da multidão, mesmo

que precedidos por corpulentos seguranças, espalham o charme enquanto o mulherio “flasha” para que ninguém

duvide daquele momento único. Jordan, o elemento favorito das duas amigas portuguesas, parou mesmo à frente delas. E

se uma conseguiu um sorriso Colgate, a outra sem inibições lançou-se aos braços do ídolo arrebatando-o com um beijinho

repenicado na face. Desde essa altura evitam encontrar-se nos cafés, no mercado ou no centro comercial. Trocam

mails versão forward e enviam um sms seco pelo Natal.

Brandon Flower dos The Killer disse um dia que o Grunge acabou com o divertimento no Rock e eu acrescento que as Boys Band terminam com muitas amizades por esse mundo!

MudaM‑se os TeMpos Menos as VonTades!CróniCa de Cláudia

Matos silva

diaPoSitivo

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