parq issue 36

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The XX, Dj Ride, Open House Lisboa, London Fashion Week

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editorial

15 de Setembro

Uma revista tem de ser sempre um espelho da sociedade em que se insere, caso contrário corre o risco de passar por objeto não identificado. a comunhão de interesses é favorável para ambas as partes: inspiramo-nos nas vivências da nossa sociedade e, como contrapartida, esperamos estimular os nossos leitores, fazendo com que se identifiquem com a Parq. isto tudo, porque não podiamos deixar passar a grande manifestação pública do 15 de Setembro. mais de 1.000.000 cidadãos responderam à convocatória no facebook “Que se lixe a troica! Queremos as nossas vidas!” e houve também os que, pacificamente, se manifestaram em 33 cidades do país. impressionados e crentes na sociedade civil na qual estamos inseridos e como última esperança de mudança, dedicamos esta edição a todos nós que nos manifestamos.

por Francisco Vaz Fernandes

Director

Francisco Vaz Fernandes [email protected]

eDitor

Francisco Vaz [email protected]

coorDenação eDitorial e moDa

ricco [email protected]

Direcção De arte

Valdemar lamego [email protected]

PubliciDaDe

Francisco Vaz [email protected]

PeriociDaDe: mensalDePósito leGal: 272758/08reGisto erc: 125392

eDiçãoconforto moderno uni, lda.niF: 508 399 289

ParQrua Quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq.1000-251 lisboat. 00351.218 473 379

imPressãoteXtYPe 20.000 exemplares

Distribuiçãoconforto moderno uni, lda.a reprodução de todo o material é expressamente proibida sem a permissão da Parq.todos os direitos reservados. copyright © 2008——2012 ParQ.

TEXTOSÁgata C. de PinhoAnabela OliveiraAndré GodinhoBelém FrancoCarla CarboneCláudia GavinhoDiana de NóbregaDavide PinheiroFrancisco Vaz FernandesInês MonteiroInês PadinhaIngrid RodriguesJoão PachecoJosé Miguel BronzeJosé ReisJúlio DolbethMargarida Brito PaesMaria João TeixeiraMaria São MiguelMarta Sousa FerreiraPedro DouradoPedro LimaRachel MilesRicco GodinhoRoger WinstanleyRomeu BastosRui Miguel Abreu

FOTOSBernardo MottaCarla PiresFabrice PintoFrancisco MartinsFrederico TelesFilipe AlvesKai Oliver GoldmannJavier DomenechLe JoyLuís de BarrosMafalda SilvaMaria MeyerNian CanardPedro JaneiroSilvia Lopes

STYLINGCollec7iveMargarida Brito PaesRicco GodinhoRita LiberalTiago FerreiraWilma Byrd

ILuSTRAçãOBráulio Amado

Assinatura anual 12€.

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pa r q m a g a z i n e n . 3 6 . a n o v. o u t u b r o 2 0 1 2

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Real people06 — adriano Batista08 — pontos Negros

you must10 — you must shop14 — 45

lowbrasilverbox

stª FilomenaDays of Heaventhe Black Keys

Bon Iver

souNDstatIoN46 — the XX48 — Dj Ride50 — Voxels

CeNtRal paRq52 — entrevistaClones: luís Henriques

& pedro Florêncio56 — moda

anna piaggi60 — Design

mathilde Bretillot62 — arquitectura

lisboa open House

64 — Criatividadethe Wye

68 — CinemaRossellini trilogia

70 — modalondon Fashion Week

moDa74 — mike Ghost82 — lost & Delirious

paRq HeRe90 — 96

Vélocitéarmani

menspotFeira das almas

97 — Guia de Compras98 — Viagem ao fim

F — NiaN caNardS — SóNia JeSuS

modelo — Natalia W (L'agence)make-up — Lola carvalho

hair — Olga Hilário por Facto royal with redken Products

Look total MartiN MargieLa for H&M

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n . 3 6 . a n o v. o u t u b r o 2 0 1 2 Pa r q m a g a z i n e

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Originário da Beira, onde se formou em design multimédia, aos 22 anos AdriAnO BAtistA partiu para Barcelona para tirar um curso de fotografia de moda. Ali conheceu EduArdO GArcíA e juntos fundaram o Fucking Young, um dos sites de referência em termos de moda masculina. Falámos com AdriAnO BAtistA, no momento que foi lançado o primeiro número em papel da Fucking Young.

Como surgiu o Fucking Young?

Em 2008 abandonei a pátria lusa e mudei‑me para Barcelona para estudar fotografia. Um ano mais tarde, depois de acabar a pós‑‑graduação, conheci o EdUardo com quem tinha muito em co‑mum. Fui contagiado pela sua paixão pelos meios de comunica‑ção e transmiti‑lhe o meu gosto pela fotografia de moda. o resul‑tado final foi o Fucking Young!

Barcelona está para o vosso projecto como o Fucking Young está para o mundo?

desde o principio que sabíamos que o Fucking Young! ia ser um projecto de carácter interna‑cional. Não nos queríamos limi‑tar a Espanha. Está claro que Barcelona nos influenciou mui‑to, e, possivelmente, se não vi‑vesse aqui, as coisas teriam sido muito diferentes. Mas através de Fucking Young pretendemos co‑nectar‑nos com o que passa lá fora, importar e exportar ideias.

Os resultados atuais correspondem às expectativas iniciais?

Não. Em Janeiro de 2013 faze‑mos 3 anos e é incrível a rapidez e facilidade com que nos conse‑guimos conetar com as pessoas que nos seguem. Passámos de ser totalmente desconhecidos a ser uma referência internacional em moda masculina, com mais de 1 milhão de visitas por mês.

O Fucking Young estipula como um fim, a perfeição ou a perfeição é o fim?

Nada é perfeito, assim como o Fucking Young. Há sempre a pos‑sibilidade de errar e voltar a ten‑tar, sempre com o objectivo (com o fim) de atingir a perfeição, mas sem nunca o conseguir. Porque partilhamos a mesma opinião que rEEsE WitHErsPooN de que a perfeição não existe. deste modo nunca existe um final por‑que há sempre espaço para me‑lhorar e aprender.

O que é que vos falta fazer?

a Fucking Young! Magazine. Era um objectivo desde o início e,

finalmente, é possível. o debut da revista impressa sai agora em outubro e é o resultado de mui‑to esforço, dinheiro e amor. sob o tema "Blond", contámos com fotógrafos, escritores, ilustra‑dores e artistas que partilham a sua peculiar visão do que signi‑fica o loiro. Venderemos a revis‑ta em lojas seleccionadas em vá‑rios pontos do globo e através da nossa web. aparte da revista, te‑mos mais projectos em mente e mais coisas surgirão, porque nun‑ca hão‑de faltar coisas por fazer.

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R e a l P e o P l e texto — Ricco GodinhoM o d a

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SAGATEX, LDA – Tel: +351 225 089 153 – www.sagatex.pt

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Com concerto no Ritz Club agendado para o dia 13 de Outubro, Os POntOs negROs apresentam o seu mais recente trabalho “sOba LObi” e respondem à curiosidade da PaRq magazine sobre o b-a-bÁ da produção deste álbum, no abbey Road. Mesmo não contando segredos, partilham o que podem.

No intervalo de dois anos, entre “Pequeno Almoço Continental “ e “Soba Lobi”, o vosso processo de maturação é evidente. Resultado das constantes medidas de austeridade ou o culminar de sete anos de um caminho tortuoso?

Agora é que o caminho começa a entortar. Nunca tivemos tan-to trabalho e tão pouco tempo. Como já não somos "a melhor banda dos últimos tempos da última semana" (Titãs), temos que nos esforçar mais para não nos repetirmos. Por outro lado, o ANgus YouNg diz que os AC/DC andam há décadas a gravar o mesmo disco!

Três dias alucinantes de Rock’n’Roll em português no Abbey Road. Pisar-lhe o chão e aprender-lhe as manhãs ajudou ou ajustou sons ou resultados?

Não tivemos muito tempo para fazer experiências, mas como não levávamos as coisas tão bem preparadas como era há-bito, houve espaço para incor-porar a mística do local. Nota-se mais na Gabriela e na Negrume, mas o disco tem um som muito aberto, a sala está sempre a in-filtrar-se nas canções.

Falem-nos da capa do álbum do vídeo. A proximidade com o público faz a união?

Claro, preferimos estar o mais perto possível do público. É in-crível! Assumimos o risco de pe-dir a colaboração dos fãs e já

recebemos de tudo. Ainda vai dar muito trabalho montar o vídeo e é certo que não vai ter um fio condutor. Para este disco, a capa tinha que ser qualquer coisa mis-teriosa, pouco óbvia. Não podia ser uma referência a Abbey Road até porque o disco se justifica pe-las canções e não pela sala. Mas o disco é rude e isso está lá logo no primeiro olhar.

E por fim, às 23h00 de dia 13 de Outubro, o que é que vai acontecer na Rua da Glória no nº57?

Ainda estamos a preparar sur-presas. Queremos que as pesso-as sintam que não é só mais um concerto. Vamos arriscar coisas que nunca fizemos antes. Mas têm de ir lá para comprovar. Queremos que seja à altura da história da sala.

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R e a l P e o P l e texto — Ingrid Brito RodriguesM ú s i c a

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CAMPER TOGETHERWITH BERNHARD WILLHELM

CAMPER SHOPS: Av. de Roma 55b, Lisboa, Telf. 217 961 635 / Rua de Sta Justa 85 (Baixa), Lisboa, Telf. 213 422 068

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camisola SiSley • casaco le Coq Sportif • ténis puma • lata pantone Cool Gray 10C • gola malha fernanda pereira

gel hidratante anti-fadiga Sephora • saleiro, pimenteiro e embalagem de detergente de porcelana fabriCa featureS lisboa • perfume bulGari man The Silver Limited Edition

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caderno de pintura para Aprender as Cores PAsCAle estellon • polo lACoste • avião de porcelana FAbriCA FeAtures lisboa

ténis PumA Suede vermelhos • ténis Converse • rubik cube • cantil bubble • casaco le Coq sPortiF • óculos de sol PrAdA

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saco Benetton • colar Valentim Quaresma • sapatilha preta e cinzenta em camurça ConVerse • colete stella mCCartney x adidas

perfume narCizo rodriguez, essence eau de muse • relógios laCoste • óculos Prada • cisne origamis de porcelana Fabrica

Features lisboa • luvas deCenio • vinil ghuna x

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casaco laranja Benetton • camisola de malha degradé e relógios de pulso Lacoste • livro “Ir e vir” Planeta tangerina

óculos Doce&caBanna • ténis converse • base de rosto sePhora, lip gloss Aqua Rouge Waterproof Make Up for Ever • óculos de sol ray‑Ban

• perfume Paco raBanne Lady Million • cachecol Benetton

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Um olhar feminino, na dita arte urbana, é a proposta da ga-leria Influx, em Alvalade.

A Influx reúne um conjun-to de artistas que se destacaram essencialmente no domínio mas-culino. Na galeria, o público pode encontrar trabalhos de VANessA Teodoro (aka The Supervan), MArIA IMAgINárIo, MArIANA A MIseráVel, MIN e leoNor MorAIs, que partiram da ideia da sub-representação das mu-lheres na arte. A exposição inti-tula-se Lowbra e remete para o jogo de palavras com a expres-são Lowbrow, movimento artís-tico que nasceu na Califórnia dos anos 80 e que tinha a cultura un-derground como referência, no-meadamente, um certo tipo de Bd, a música Punk e outros fenó-menos da Street Culture. Na ver-dade, não há propriamente uma coerência estética nos trabalhos apresentados em Lowbra, a não ser uma preferência por uma fi-guração em geral corrosiva, mui-tas vezes acompanhadas de si-tuações caricatas, seguidas por palavras cáusticas.

L o w b r atexto — Francisco Vaz Fernandes

Supervan&

Maria iMaginário

&Mariana ,

a MiSerável&

Min&

leonor MoraiS

The Supervan

Mariana a Miserável

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SILVERBOX é um estúdio de foto-grafia, perto da Praça da Flores, onde podemos “ir tirar um retra-to” como se fazia antigamente, no início da fotografia. Tudo co-meçou com a paixão pela foto-grafia analógica e a curiosidade pelos métodos pioneiros. FILIPE ALVES e RuTE MAgALhãES deci-diram colecionar máquinas an-tigas e experimentar várias téc-nicas. Ficaram fascinados com o resultado dos Ambrótipos, uma variante do Colódio Húmido, um dos primeiros processos fotográ-ficos inventado por FREdERIck ScOTT ARchER, há quase 160 anos. Numa base de vidro, a ima-gem é projectada e fixada em milhões de minúsculos cristais de prata. No final, um dos lados do vidro é pintado de preto, dando profundidade e dinâmica à fo-tografia, tornando-a num ob-jecto único.

Mas, se as técnicas utilizadas são novecentistas, a estética é, sem dúvida, do século XXI. O tempo aqui tem outra escala, tudo se faz com calma e atenção aos de-talhes. FILIPE e RuTE guiam-nos nesta aventura: frente à máqui-na de grande formato, estuda--se a pose —podemos levar pe-quenos objetos que nos ajudem a construir a história que quere-mos contar—, escolhe-se o fun-do e o mais importante, a luz.

A curiosidade sobre o processo é muita e, por isso, no SILVERBOX podemos ir até ao laboratório e acompanhar todos os procedi-mentos, desde a preparação dos materiais à revelação da imagem em câmara escura!

S i l v e r b o xtexto — Paula Melâneo

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As demolições promovidas pela Câmara Municipal da Amadora no bairro de Sta Filomena tem sido notícia nacional. Tendo por objectivo realojar a sua população, maioritariamente cabo-verdiana, as demolições não deixaram indiferentes dois jovens estudantes. AnA SAnToS e Diogo DóriA, finalistas do curso de Design de Comunicação da Faculdade de Belas- Artes da Universidade de Lisboa, resolveram avançar com um projecto de arte com grande capacidade interventiva. Fizeram vários retratos daqueles que são considerados habitantes clandestinos, cartazes de grandes dimensões que foram colados nas paredes das casas que serão destruídas. Ao darem um rosto ao drama e ao imporem a marca do estigma, AnA SAnToS e Diogo DóriA, conseguiram ampliar a discussão pública e dar uma voz aos que não têm qualquer capacidade de protesto.

o processo de intervenção começou por ser longo. Começou com uma fase inicial de reconhecimento dos habitantes e da sua cumplicidade para que o projecto ganhasse acordo por parte dos visados. AnA SAnToS e Diogo DóriA acabaram por realizar um dos mais interessantes projectos em termos de arte pública desenvolvido em Portugal. É um excelente exemplo para as câmaras que tanto gostam de fazer

projectos públicos projetados para rotundas e que podiam inspirar-se neste

exemplo com maior dimensão pública, onde o cidadão se vê mais representado.

S t ª F i l o m e n atexto — Francisco Vaz Fernandes

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As tatuagens passaram de um fenómeno característico de uma subcultura mais underground, para uma cultura de massas. Preconceitos outrora existentes, continuam a existir, mas há cada vez mais pessoas a querer expressar-se através das suas tatuagens. É esta evolução na tatuagem, a transformação de uma subcultura em cultura de massas, que fala o livro Forever: The New Tattoo.

Esta transformação no público adepto da tatuagem trouxe novas ideias, tensões e mudanças, com posições diferentes entre os artistas tradicionais e os inovadores. Uma das mais interessantes facetas deste novo cenário da tatuagem é a interacção com a moda e com a arte, com novas influências

que contrastam com tatuagens tradicionais, numa cultura visual que enfatiza um cenário mais dinâmico —um novo underground.

Esta é uma cultura vanguardista, inovadora, diversa, inspiradora, e controversa, como os próprios motivos que cria.

O livro inicia-se com o prefácio de um amante das tatuagens, MAtt LOddEr, um historiador de arte que coloca todos estes novos desenvolvimentos na arte da tatuagem, num contexto histórico e social. Um livro para os amantes da tatuagem, a não perder.

Portugal é hoje um país central no surf mundial e um destino de surf por excelência, com ondas para todo o tipo de surf, desde o nível profissional ao de principiante. Por essa razão, AntóniO PEdrO dE Sá LEAL e FrAnciScO ciPriAnO resolveram criar o primeiro guia bilingue dos melhores locais para surfar em Portugal continental e ilhas. Para isso, visitaram, com o fotógrafo AndrÉ cArvALhO, todos os locais referenciados, de norte a Sul do país, incluindo as ilhas. A edição está a cargo da Uzina Books e estará à venda em meados de Outubro. Prontos para começar a viagem?

Forevertexto — Sara Baptista

Surf Guidetexto — Maria

São Miguel

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Salvo raras ex-cepções em que o orgânico é uma assina-tura que valida os projectos em si, a geometria, fria e implacá-vel, apodera-se, hoje, das trends globais do produto.A austeridade

chegou ao design mascarada de linhas directas, de forte presen-ça mas, acima de tudo, rectas. Parece estar presente em simul-tâneo nos criativos de diferentes países, a começar por Portugal. No Porto, a geometria invade o estúdio Gud CoNSPirACy e no

seu banco Plicare evi-dencia a severidade das linhas desta nova cor-rente estética.

Já os galeses STudio BouroLLEC oferecem-nos uma im-pactante superfície composta por rectân-gulos na sua instalação no Victoria and Albert Museum, em Londres. uma adição de formas acabada numa nuvem de perpendicularida-des. Ainda em França —mas com fortes influên-cias orientais— designer

com origem libanesa, CHArLES KALPAKiAN converte linhas iso-métricas num único plano, na sua estante Rocky-Jekyll.

outro exemplo é a obra de ZAHA HAdid, o concept design do barco Z-BOAT, concebido para o coleccionador de arte KENNy

SCHATCHTEr, a ser produzido por uma empresa Francesa em 2013.

Por fim, mais afasta-dos, chegamos à Polónia, onde dANiEL LiBESKiNd desenhou, a título especial, o candeiro el

el chandelier. Candeeiro de Daniel Libeskind.

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Z-Boat. Barco de Zaha Hadid.

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chandelier para a Sawaya & Moroni. Fazendo uso de chapa de alumínio cromado e mais que 2000 LEDs, o arquitecto desenho uma estalactite artificial e re-flectora de presença incontor-nável numa sala.

Se bem que associável a movimentos passados —ra-cionalismos de RaMS ou de CoRbuSiER — a geometria ga-nha, no séc. XXi, uma nova ex-pressão. Com a apropriação e conjugação de novos materiais, esta será a marca de uma épo-ca que tem sido assinalada pela austeridade, pelos vistos, a mais níveis do que se previa.

Plicare, 2011. Banco da Gud Conspiracy.

Rocky-Jekyll. Estante de Charles Kalpakian.

Tapete do Studio Bouroullec, instalação no Victoria&Albert Museum.

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Terrence Malick é uma espécie de poeta visionário que trilha a relação entre duas naturezas: a orgânica e a natural. estudou fi-losofia em Harvard e redigiu uma tese sobre a concepção do mundo. em 1969, tradu-ziu o ensaio The Essence of Reasons (1929), de MarTin Heidegger. ainda nesse ano, entrou na 1ª turma do centro para estudos Fílmicos avançados do american Film institute, em los angeles. Os seus filmes clamam a urgên-cia por recapturar a to-talidade perdida do ser, um estado de integra-ção idílico com o natural e ‘O Bem’ dentro e fora de nós. natureza e alma funcionam como elemen-to unificador, que caminha lado a lado com o mun-do. a voz interior dos per-sonagens fala frequente-mente do Homem como um ser que partilha uma “grande alma” para “to-

car a glória” onde “todas as coi-sas brilham”. É nestes termos que devemos entender a “calma” e “imortalidade” sugeridas na sua obra. depois de Badlands, passou a congregar representações vi-suais da natureza absolutamen-te esmagadoras, especialmente

da luz filtrada através das árvo-res compridas, da relva a movi-mentar-se ao sabor do vento, do sol a iluminar a paisagem. É através dessas representações que o realizador expressa o seu reconhecimento do mundo como um paraíso per-dido, entre a es-curidão e a mor-te, mas aberto à redenção através do altruísmo indi-vidual. em Days

of Heaven, as imagens da natureza interligam--se com as ações dos protagonistas, ao mes-mo tempo que fornecem um correlativo objetivo dos seus estados emo-cionais, antecipando-os.

Passado no Texas, durante a 1ª grande guerra, contém todos os elementos do western, sem que nenhum desempenhe um papel--padrão na narrativa. existe a tarefa de trabalhar a terra, mas é realizada por trabalhadores mi-grantes. Há um herói "oficial" (o

proprietário da terra) —que fa-lha na sua tentativa de ‘purifi-cação’— e um herói fora-da-lei (Bill), que é punido, ao invés de resgatado. Há ainda uma voz--over, a de linda, que não for-

nece o tipo de apropriação normalmente disponibili-zado por esse dispositivo, devido à perspectiva pecu-liar e naïve que tem sobre os eventos, escusando-se mesmo a comentar cenas fulcrais da acção.O que mais me fascinou em Days of Heaven fo-ram as ligações à pintu-ra de HOPPer e andrew wyeTH. Já tínhamos vis-to HiTcHcOck apropriar--se de uma das casas de HOPPer n’Os Pássaros, mas Malick leva essa re-apropriação muito mais longe (e um ano depois é wOOdy allen que dá vida à Queensborough Bridge, em Manhattan). a história e percurso dos 3 'irmãos' é dramaticamente tocan-te: Bill quer tudo e acaba

por ficar sem nada, levando to-dos à desgraça e à ruína. Um fil-me muito diferente daquele que o antecedeu e do que o precedeu, onde Malick está nitidamente à procura de algo que levou 20 anos a desenvolver.

Days o f H e ave ntexto — Inês Monteiro

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The Black keys já contam com 7 álbuns lançados, mas é para apresentarem o seu mais recen-te trabalho, El Camino, que no dia 27 de Novembro, o duo de Ohio estará no palco do Pavilhão atlântico. e quem melhor para fazer a primeira parte do con-certo senão os The MaccaBees, figuras que voltam a conquis-tar pontos com o seu regresso a Portugal? a fazer contas ao que por lá se irá passar, —e pode dizer-se lar-gamente à vontade— que se an-seiam performances entusiásti-cas e vulcânicas, eletricamente intensas; que deverá resultar

num dos melhores concertos de final de ano. agora, temos até dia 27, para calibrar os pezinhos e aprender a coreografia de Lonely Boy, por-que raios! O senhorzinho de bi-gode sabe como dançar e nós temos de ficar à altura. Não há como fazer feio.

À terceira é de vez!Depois de duas datas esgotadas, em lisboa e no Porto, no fim do

mês de Julho, os BON Iver vol-tam a Portugal, mas, desta vez, para se apresentarem num espa-ço maior (campo Pequeno). Num espaço que, mesmo não sendo suficientemente grande para to-dos, consegue albergar o maior número possível de peregrinos —sim, porque os BON Iver são um culto, um auto de fé anunciado. só quem esteve nos coliseus, teve a oportunidade de testemunhar a semântica nas hipérboles que não o são. Porque no que toca a descrever o que por ali se pas-sou, não há descrição que seja exagerada. Nada do que se pos-sa dizer é muito. Foram dois dias de sonoridade, cumplicidade e profundidades exacerbadas. Por isso, é bom que tenham poupa-do nos trocos, que tenham pla-neado e agendado este dia e que o dia 26 de Outubro esteja lim-

po e arrumado só para os BON Iver. Quem não está que levan-te o braço! This is the last call! (este ano, pelo menos).

The Maccabees

&The black

keys

The Bl a c k K eystexto — Ingrid de

Brito Rodrigues

Bon Ive rtexto — Ingrid de

Brito Rodriguesfoto — D.L. Anderson

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A PArq foi espreitar a coleção FW2012 da OnitsukA tiger e não quis deixar de destacar os Mexico 66 , o modelo mais em-blemático da marca. surgiu em 1966, com as tão conhecidas Stripes, mas só após o seu impac-to durante os jogos Olímpicos do

México de 1968, é que o modelo se tornaria ícone. Os Mexico 66, com o esquema de cores ama-relo e preto, ganharam a sua

popularidade graças à ajuda de uMMA thurMAn, na saga Kill Bill, de quentin tArAntinO, onde também se homenageava as cores do macacão usado por Bruce Lee no filme Game. Porque os modelos retro running são uma das tendências mais fortes da estação, resolvemos juntar à nossa produção os mo-delos Ultimate 81, que marcaram os anos 80 devido à sua inovação tecnológica. este modelo apre-senta as características 3 aber-turas entre a sola e uma estrutu-ra em mesh, que os tornava mais flexíveis, leves e confortáveis.

Glama é o nome da nova mar-ca de bijuteria de nAuLiLA Luis. requintada, sofisticada, ousada e provocadora, a Glama distin-gue-se pela qualidade e inova-

ção: desde o aço inox, ao acrílico, passando ainda pela pele, tudo materiais pouco convencionais na bijuteria. nAuLiLA confessa que a sua formação em design de produto influenciou-a na utiliza-ção de materiais profundamen-te industriais. As gravatas ou as golas de metal são exemplo dis-so. Depois de ter lançado a mala

Just Beg e a sua primeira marca de bijuteria, a Sushi, o feedback à Glama tem sido bastante po-sitivo. A marca prepara-se para anunciar os seus postos de ven-da seleccionada, mas, enquanto isso não acontece, poderá reali-zar as suas encomendas online, no site ou facebook da marca.

Ti ge rtexto — Maria São Miguelfoto — Francisco Martins

styling — Collec7ive

Gl am atexto — Inês Padinha

Ultimate 81 + Ultimate 81

Mexico 66 + Mexico 66

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Diana Matias, de 23 anos, estudou design de moda na Escola de Moda do Porto. Durante o curso, foi selecionada para a competição de jovens criadores e criou Plastic Surgery. Em 2010, desenvolveu o projeto Wolke Bos, que contou com o trabalho de um coletivo de jovens designers que procuraram criar uma nova perspectiva da moda nacional. no mesmo ano, procurando o seu lugar no panorama da moda, começou a apresentar o seu trabalho no espaço Bloom, no Portugal Fashion, evento onde participa até aos dias de hoje.

Para o inverno de 2012/2013, Diana apresenta V, uma colecção que impressiona e que surge como resultado de um estudo contínuo onde Diana explorou a alfaiataria

masculina no corpo feminino. Detalhes como linhas verticais, formas triangulares, transparências e acabamentos, aliados à variedade de materiais, na sua maioria em preto, contribuem para um resultado marcante e original que não nos deixa indiferentes.

D i a n a

texto — Inês Padinha

Ma t i a s

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A caveira com flores é um dos icones mais fortes da marca AlexAnder McQueen.no entanto, o desenho origi-nal pertence a JAck TsAi, que

conheceu o criador inglês na central saint Martin. nos pri-meiros anos de McQueen na moda, os antigos colegas do

curso de moda mantiveram uma colaboração ativa, que contribuiu para que hoje a ca-veira seja um dos grandes íco-nes da marca.

Ainda assim, sem exclusivida-de, porque JAck TsAi, agora a caminhar por si própria, com uma marca de moda também

estabelecida, mantém a cavei-ra como uma obsessão pessoal recentemente, expôs um con-junto de desenhos de caveiras na limehouse, em londres, que servem de estudo para estam-pagens sobre peças têxtil. na exposição encontramos ainda uma caveira monumental com-pletamente coberta por flores executadas em cabedal.

em 2010, sArA BenTo cAsTro, MArisA FerrA e JoAnA GonçAlo oliveirA resolveram unir-se e criaram a Gris Neutre, uma marca de moda que se tem destacado pelas estampagens de materiais nobres, como a seda. As suas peças apelam à ilustração e à história da moda, inserindo códigos clássicos em motivos estampados, que ga-rantem graciosidade e juven-tude ao produto final. Mesmo tendo o mercado japonês e nor-te-americano “debaixo de olho”, a marca não deixa de desenvol-ver colaborações com outros designers. Podemos encontrar os desenhos da Gris Neutre na veronique, loja que comerciali-za os seus produtos.

Ja c kTsaitexto — Maria São Miguel

G r i sNe ut retexto — Ricco Godinho

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Y o u m u s tM o d a

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Com produtos entre o local e o global, a Camper tem desenvol‑vido um caminho notável. Se por um lado funda os seus processos produtivos num saber‑fazer tra‑dicional, próprio das Canárias, por outro, não nega as vanta‑gens do novo design e da tecno‑logia, visíveis nas suas colabora‑ções com grandes criadores de moda. Bernhard Willhelm é disso exemplo. Considerado o “enfant terrible” da moda, tornou‑se um criador residen‑te. para a coleção Together, Willhelm criou alguns mode‑los com elementos gráficos e ou‑tros onde prevalece um splash de cores florescentes, ideais para quem estiver num espí‑rito festivo e com vontade de impressionar.

romain Kremer é outro exem‑plo de uma excelente colabora‑ção. ao contrário de Wilhelm, o designer tem preferido revisi‑tar modelos clássicos, dando‑‑lhes um twist futurista atra‑vés de uma simples remodelação do tacão e da estilização geral dos modelos.

C a m p e rT o g e t h e r

w i t hb e r n h a r d w i l l h e l m

a n dr o m a i n k r e m e r

texto — Maria São Miguelfoto — Pedro Janeiro → styling — Ricco Godinho

Bernhard Willhelm para a colecção Together da Camper.

Romain KRameR para a colecção Together da CampeR.

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A

Converse trouxe para esta estação alguns modelos de inspiração outdoor com raízes no seu passado. Durante a segunda Guerra Mundial, esta marca de calçado americana foi obrigada a contribuir para os esforços de guerra, passando a fabricar botas para o exército dos eUA. ou seja, este ano há propostas com solas de borracha mais fortes e rudes que exploram a tendência outdoor e montanha Depois, não podíamos deixar de falar dos Chuck Taylor All Star, modelo de preferência dos jovens de várias gerações, e que este ano evoluiu para cores e motivos pop. entre eles destaca-se as colaborações com os GorillAz, onde a Converse volta a festejar o trabalho inicial de JAMie Hewlett, desenvolvido para a banda inglesa. Ainda na mesma linha das edições

especiais, destaca-se a DC Comics Chucks, onde os All Star aparecem estampados

com os nossos super heróis preferidos, numa reprodução vintage e autêntica.no setor premium, destacam-se ainda os clássicos Jack Purcell, com

revestimento nobre, alguns em tweed inglês feito à mão,

e que é, no mínimo, uma fusão irreverente e irónica.

Por fim , a coleção que resulta da colaboração com JoHn

vArvAtos para além dos habituais modelos em cabedal

mole, com ou sem tachas, fez ressuscitar o Converse

Weapon, uma bota de basquetebol que surgiu em

1986. Agora mais estilizadas e

com materiais nobres, as novas Weapon são um excelente

exemplo de uma mistura entre sensibilidade vintage e estilo contemporâneo que impera

nestas edições premium.

C o n v e r s eConverse Gorillaz

DC Comics Chucks

Chu

ck T

aylo

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Star

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or

Mil

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Converse Weapon by John varvatos

texto — Margarida Brito Paes

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Sob o signo “faça chuva ou faça sol”, as havainaS são uma presença constante e obrigatória no universo dos seus fãs. Depois de, no passado inverno, nos ter surpreendido com o

lançamento de galochas, esta estação, a havaianaS apostou no apelo estético do produto, contando com a preciosa colaboração de Matthew williaMSon. o seu mundo fantástico e colorido tornou-se uma referência da moda Britânica, sendo, actualmente, um dos preferidos das figuras públicas.

Matthew williaMSon concebeu dois modelos para a marca brasileira com padrões e cores exuberantes. Um deles tem penas de pavão como motivo impresso, um elemento que é já identitário

do designer. o outro modelo, apresenta o padrão “Digital Rain”, prevalecente na coleção F/w 2012 de williaMSon.

Galochas Havaianas by MattHew williaMson

G a l o c h a sb y

M at thewW i l l i a m s o ntexto — Maria São Miguel

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Para este Outono, a H&M anunciou mais uma colabora-ção exclusiva: MaisOn Martin Margiela.

a casa parisiense, fun-dada em 1988 pelo de-signer belga Martin Margiela, é uma das mais importantes e in-fluentes casas de moda, tendo por característi-ca o seu trabalho con-ceptual, criativo e in-temporal. Desde 2002 que a marca perten-ce, na sua maioria, à italiana Diesel e per-manece com a equipa criativa reunida por Martin Margiela, de-fensor de uma filosofia de trabalho de grupo, mais do que a presta-ção individual. a MaisOn Martin Margiela desafia constantemente as no-ções clássicas da moda, usando um processo de desconstrução e trans-formação, onde rein-venta volumes e for-mas, alterando as funções e os movimen-tos da roupa. O casa-co feito de luvas de neve ou de perucas, a mala com alças fei-tas com luvas e o colete feito de cartas de jogar ou de balões, são

exemplos de algumas peças que marcaram para sempre o repor-tório da marca.a colaboração com a H&M,

revisita os 23 anos da Casa Margiela e, reedita peças e acessórios icónicos de estações anteriores, agora com materiais e formas atualizadas. Cada peça está identificada com uma eti-queta que informa da estação em que a peça foi lançada pela primeira vez. apresentadas em versões sobredimensionadas, as

peças possuem, como detalhe de confeção, acabamentos e proces-sos de costura tradicio-nais, bem como alguns conceitos de alfaia-taria. as cores variam entre brancos, pretos, vermelhos, tons de pas-tel e prateados —uma amostra representati-va da gama cromática da MaisOn.a linha da Maison Martin Margiela criada para a H&M chega às lojas a 15 de novembro.

M a i s o n

Martin

Margiela

H & Mtexto — Inês Padinha

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A Levis lança a nova campanha de marketing global Go Forth 2012. A campanha, intitulada This is a pair of Levis, mostra-nos um grupo de jovens decididos e sobretudo conscientes,

que vive de forma determinada, sabendo que a mudança do mundo está nas suas mãos. A iniciativa de marketing deste ano gira em torno da nova coleção Outono/inverno 2012, caraterizada por um look mais refinado e clean, com diferentes peças que destacam a alfaiataria, inovação e estilo, associados à Levis.

A MerreLL é lider mundial em calçado outdoor e, por isso, não seria de estranhar que o seu life style, associado ao respeito pela natureza, não se

estendesse a toda uma gama de produtos complementares que respondem às necessidades de quem gosta de desporto-aventura, caminhadas ou simplesmente andar de bicicleta.Atualmente, já é

possível encontrar toda a gama de produtos MerreLL na nova flag shop da marca, instalada na rua da Prata, em Lisboa. Demos destaque à linha

originals, que recria alguns dos seus primeiros modelos, criados há cerca de 30 anos, e que foram inspirados na prática do montanhismo e caminhadas.

Go Forthtexto — Maria São Miguel

O r i gin stexto — Maria São Miguelfoto — Francisco Martins

styling — Collec7ive

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Não deixando de ter um estilo marcado pela sua longa história, a Le Coq Sportif continua a reinventar-se.

este inverno, apresenta ao público masculino um estilo college, com os típicos casacos bicolores em cores

contrastantes, que combinam com sweaters em hood revestidas em pele de carneiro. Deve-se ainda referir que a sua linha dirigida ao ciclismo é cada vez maior, especialmente agora que a marca passou a vestir a Tour de France.para elas, a coleção trouxe saias e vestidos justos em malha, marcados por riscas, e ainda algumas capas bastante

originais. Ao nível do calçado, a área forte da marca, é de ressaltar o estampado animal em modelos de basquetebol e na área do retro running. o modelo Milos, de 1986, reaparece agora todo em pele. Um luxo evidente.

A principal linha de roupa interior da BjörN Borg

leva-nos agora uma viagem pelo japão, trazendo para o têxtil motivos tradicionais, usualmente aplicados em

porcelanas e que hoje vemos regularmente em tatuagens.

esta é, sem dúvida, uma linha jovem que promete causar grande impacto.

L e CoqSportiftexto — Maria São Miguel

Japãotexto — Maria São Miguel

foto — António Marinho da Silva

Le Coq Sportif Cholet Leopard

Le Coq Sportif Milos

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Inês nunes é um dos nomes de destaque na área da joelharia contemporânea nacional. Desde sempre se dedicou a esta área. estudou

na escola António Arroio e, mais tarde, no Centro de Arte e Comunicação Visual (AR.CO), onde lecciona actualmente. Juntando o ponto de vista mais formal do seu trabalho de investigação ao seu lado contemporâneo,

Inês preocupa-se em “acrescentar algo de novo, que faça reagir quem vê, quem sente

e quem usa. Não é o valor do material que está em causa, mas sim a identidade entre corpo e jóia”, diz Inês. na sua última série de trabalhos, Cuecas, a artista procurou explorar e sintetizar formas comuns entre um anel e uma cueca, chegando a diferentes frisos e formas. Poderá encontrar o atelier de Inês nunes no Bairro Alto, em Lisboa.

C u e c a s

Inê s Nune stexto — Francisco Vaz Fernandes

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A SmArt lança o seu Sports Utility Coupé, um pequeno crossover, ao melhor estilo do mini Countryman e

do niSSAn Juke. Com 3550mm de comprimento acomoda confortavelmente duas pessoas, tal como o fortwo, mas é capaz de oferecer um espaço para bagagens acrescido.

O interior caracteriza‑se pelo amplo tejadilho panorâmico em vidro, mas também pela integração de um inédito projetor de vídeo na grelha dianteira. A ideia da SmArt é proporcionar aos seus utilizadores a possibilidade de projectar os seus filmes

preferidos numa qualquer parede urbana e criar o seu próprio cinema ao ar livre. Curioso! mas há outras novidades como um espelho retrovisor, substituído por um smartphone que, através de uma câmara traseira, transmite tudo o que se passa na retaguarda.O Forstars está equipado com um motor elétrico de 80cv e 135 nm de origem Brabus, alimentado por uma bateria de iões de lítio de 17,6 kWh. A velocidade máxima estimada é de 130 km/h.

A CAnOn apresenta a mais recente modelo da série S Powershot, reconhecida por redefinir o mercado com câmaras avançadas extremamente compactas e de elevado desempenho.

A nova câmara oferece aos utilizadores um controlo total dos seus disparos, e produz resultados com excelente qualidade de imagem. Pequena mas potente, a

PowerShot S110 disponibiliza ligação Wi‑Fi, para permitir aos utilizadores partilhar as suas fotografias online ou com outros dispositivos sem fios instantaneamente.

F o rS t a r stexto — Belém Franco

S1 1 0texto — Belém Franco

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Começaram as aulas na esco‑la de beleza Benefit! Os prá‑ticos kits de aperfeiçoamento de tez prometem disfarçar im‑perfeições, minimizar a aparên‑cia dos poros e iluminar o ros‑to. Há 3 kits disponíveis (light, medium e deep) adaptados a cada tipo de pele. Cada um in‑clui um bálsamo minimizador de poros (The POREfessional), uma base líquida (Hello Flawless

Oxygen Wow), um corretor (Boi-ing) e um pó compacto (Hello Flawless!). e depois é só seguir as dicas valiosas e super‑práti‑cas que se encontram no ma‑nual de beleza incluído em cada um deles.

How to Look the Best at Everything, Benefit — 32€

Prada Luna Rossa é a nova fra-grância masculina que home-nageia o veleiro e a equipa de vela “Lua Vermelha" (ou “Luna rossa”), composta por veleja-dores ingleses e italianos, atual-mente a participar na america's Cup. Não se trata de um perfu-me tipicamente desportivo. Uma inesperada conjunção de notas dá-lhe o toque de sofisticação

que não se costuma encontrar em fragrâncias sport. São elas a laranja amarga absoluta e la-vanda no topo, sálvia e hortelã no coração, e ambreta absoluta e molécula ambroxan na base. O frasco, inspirado em pormenores do veleiro, é assinado pelo desig-ner YVeS Behar.

Luna Rossa, Prada, Eau de Toilette, 50 ml — 61.77€

Assoluto representa a herdeira moderna e rebelde do perfume Valentina, mas o seu magne-tismo e sensualidade são ago-ra elevados ao nível do perfume absoluto. A nova essência refle-te a intensidade de uma mulher sedutora e provocadora, tendo como cenário as ruas misterio-sas e labirínticas de Roma. Como notas de topo temos o pêssego smeggia e a trufa de Alba, nas

notas de coração, a baunilha e um bouquet de flores (jasmim e flor de laranjeira), e nas notas de fundo, o patchouli, a madeira de cedro e o musgo de carvalho.

Valentina Assoluto, Valentino, Eau de Parfum, 50 ml — 72.75€

BelezaCondensadatexto — Cláudia Gavinho

EssênciaAbsolutatexto — Cláudia Gavinho

AromaVitóriatexto — Cláudia Gavinho

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le coq sportif

diesel

pepita pérez

sonia rykiel

adidas

marc by marc jacobs

55dsl

replay

andy warhol by pepe jeans

lacoste

volcom

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pepe jeans volcom

camper by bernhard willhelm ballantyne

lacoste

converse x-mission

wesc

converse

björkvin

energie

pierre hardy

wesc

benetton

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Y o u m u s tS h o p

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onitsuka tiger

keds

marc jacobs

converse

55dsl

yuzefi

lacoste stradivarius

andy warhol by pepe jeans

doc martens

havaianas muppetsmiguel vieira

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Page 45: PARQ issue 36

adidas diesel

fly london dominic jones mango

goldmud hunter diesel

manjerica fernanda pereira cheap monday

cat x martine rose merrell le coq sportif

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Y o u m u s tS h o p

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Passaram-se três anos desde que os britânicos nos presentearam com um dos melhores discos do novo milénio. Por muito ambicioso que isto possa soar, é raro o ceticismo que ouse negar este estatuto. Dotados, todos os três, de um dedo mágico para produzir um som complexo na sua inerente característica minimal, que arrepia, tanto nos ajustados silêncios, como nas partes mais convulsas, os The XX voltaram em todo o seu esplendor. Perante a vertigem do segundo álbum, o trio deu uma resposta cuidada, assente e fiel às suas raízes, mas mais esculpida, de forma delicada, madura e precisa.

Coexist faz-nos acreditar que esta não é mais uma banda com um espantoso álbum de estreia, mas um conjunto de gigantes musicais dos tempos modernos.

Numa primeira audição, até pode parecer que este novo registo prolonga o LP homónimo inaugural, mas tanto na música como na estética, o pormenor é o cerne de todo o conceito. Se na capa o preto era a cor predominante, em Coexist existe um contraste, onde o branco se destaca, rasgado apenas por um “X” em tons iridescentes de óleo-derramado-sobre--alcatrão. A voz, assume agora um papel de maior destaque, relegando os instrumentos e a percussão para suporte das emoções. As letras debruçam-se sobre um amor platónico entre dois amigos de infância, Romy e oLiveR, numa constante troca de versos que espelham a emotividade da relação. As melodias parecem todas mais tristes, melancólicas e sóbrias. Se o primeiro álbum era minimal e frio, este consegue sê-lo ainda mais, talvez pelo tema central transversal às doze

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S o u n d S tat i o nT h e X X

texto — João Pacheco

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músicas (incluindo Reconsider, a faixa extra) proporcionar a isso mesmo.

O desencontro pode ser resumido através da letra de Reunion, onde ROmy canta “I could stop dreaming/and start believing in forever” respondido prontamente por OliveR com “Reunion/ never not ever again”. Apesar de quase todas as faixas falarem da dor que é não serem um único, Our Song fecha esta dolorosa coexistência de uma relação que não funciona, por falta de complementaridade amorosa, numa nota alegre, enfatizando a cumplicidade e o reconhecimento de erros parte a parte.

musicalmente e começando pela produção, da qual ficou JAmie XX encarregue, conseguimos destrinçar as novas e variadas influências do músico. em Reunion, por exemplo, as ressonâncias caribenhas são as mesmas que se ouvem na sua interpretação de Touch Me, original de Rui dA SilvA. Há também uma maior apetência para um padrão mais acelerado, à imagem da sua colaboração com Gil ScOtt-HeROn, revelada em Sunset e Swept Away. Já OliveR sente-se que amadureceu e que a sua voz rouca já não é apenas isso. A força com que quebra o silêncio de Missing, sobressalta o estômago e

acaricia até o tímpano mais envelhecido. no caso de ROmy, a voz está mais sussurrante, mais arrastada e bastante mais quente. em Angels, faixa de abertura, resumem-se perfeitamente as subtilezas desta mudança.

Há algo de mágico no mundo tHe XX. talvez a criatividade no uso dos vários elementos, talvez a inteligência na utilização do silêncio, o espaço que preenchemos entre vazios. A ausência da banda é acentuada nestes momentos de presença, porque só agora percebo o quanto lhes sentia a falta. Coexist preenche-nos como um bom livro, com uma narrativa despretensiosa

e compreensível, que nos desarma, apaixona e aconchega. deixa-me, no entanto, algo desesperado pensar que poderão faltar mais três anos para voltar a ouvir um novo álbum da banda.

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S o u n d S tat i o nT h e X X

fotos — Alexandra Waespi

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DJ RiDe acaba de editar Life In Loops, o terceiro álbum de uma carreira permanentemente aberta à novidade e invenção.

É um caso singular em Portugal: um DJ que emerge no hip hop, que tem a inteligência de investigar outras galáxias criativas do universo eletrónico, que conta já com três álbuns de originais, incluindo

o novíssimo Life In Loops, um par de eps, e inúmeras colaborações em trabalhos alheios. O que espanta, é que toda essa notoriedade e fôlego criativo assentem numa proposta essencialmente instrumental, num país em que os holofotes se concentram, quase sempre, em quem se posiciona frente ao microfone.

No novo álbum, DJ RiDe utiliza a generosidade do seu olhar para se cruzar com artistas tão diversos como a canadiana SaRah LiNhaReS

ou os portugueses PauS e LegeNDaRy TigeRmaN, artistas completamente diferentes um dos outros, mas que conhecem em RiDe um denominador comum. essa aproximação simultânea a diversos universos é, aliás, uma marca distintiva na carreira de RiDe, sempre pronto para enveredar pelos territórios do funk, rock, jazz ou electrónica, sem qualquer tipo de receio.

além da sofisticação pop de Here Before, o primeiro single com SaRah LiNhaReS, Life In Loops, revela, a cada nova audição, camadas e camadas de ideias, onde as diferentes facetas de RiDe recebem atenção: o produtor experimentado, claro, sempre atento ao papel de cada som na arquitetura geral dos temas, mas também o DJ que gosta de manipular diretamente os ritmos, conferindo uma humanidade profunda a esta eletrónica. e há ainda o músico: DJ RiDe nunca compromete a musicalidade

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S o u n d S tat i o nD j R i d e

texto — Rui Miguel Abreu

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em detrimento da funcionalidade —na pista de dança ou no sistema de som— e isso é outra das marcas que o eleva.

Campeão de giradisquismo, DJ RiDe é, no entanto, alguém que gosta de mexer diretamente com as mãos na música que produz. Mesmo que baseada nas mais avançadas tecnologias, a sua música tem sempre o balanço humano de quem foi aprendendo a comprometer‑se perante um coletivo: RiDe trabalhou com combos de jazz, como parte

de orquestras em palcos onde se desenrolaram bailados, com abrasivos grupos onde a energia rock é evidente. e isso mostrou‑lhe como é importante aplicar as mãos, juntamente com o cérebro, na música que se produz.

Num clube ou nuns auscultadores perto de si, DJ RiDe pode andar às voltas com a vida, mas consegue‑o fazer com a dose certa de baterias em ebulição, de pressão de baixos e de colorações eletrónicas variadas. Um caso à parte, sem dúvida.

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S o u n d S tat i o nD j R i d e

fotos — Vera Marmelo

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Quando os Voxels começaram, estavam solteiros e enamorados pelo house. Agora, editam um eP pela enchufAdA e convidam-nos a conhecer a sua casa.

no site dos Voxels não há uma biografia, mas quando se fala do circuito da música de dança eletrónica, os rostos nem sempre são essenciais para que consigamos

compreender a música. e muitos dos que a produzem, sobretudo aqueles que já ultrapassaram a fasquia da adolescência, têm background noutros universos. É o caso de Pedro chAmorrA, um dos Pedros dos Voxels, dupla separada pela A1 que em setembro editou o eP Everygirl pela enchufAdA dos BurAkA som

sistemA. melómano confesso, tal como o homónimo Pinto, tem um currículo musical definido pelo eclectismo, onde constam entradas de michel JAckson, Prince, BAch, metAllicA, us3, nirVAnA e um disco que viria a mudar a história musical de vida: (Who's Afraid Of) The Art of Noise, um compêndio de "samplagem", tal como já tinha sido My Life In The Bush of

Ghosts, de BriAn eno e dAVid Byrne. nenhum se conhecia na década de 90, quando passavam as tardes em garagens, inspirados por Black Album ou Nevermind, mas a complexidade rítmica do metal mexia com os dois.

nesta história que parece benzida pelo destino, o Porto encaminhou-os. chAmorrA tinha um

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S o u n d S tat i o nV o x e l s

texto — Davide Pinheiro

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estúdio e teve o nome ligado a músicos como Weatherman e a editoras como a monocromática, já depois de, no início da década, ter sido VJ no Lux e no indústria (onde também era DJ). PeDro Pinto esteve sempre ligado à cena noturna portuense que, com o aparecimento de clubes como o Plano B, motivou uma nova cena noturna. com o irmão, formava os tWin turBo, nome que se tornou familiar nos cartazes das festas eletrónicas de cariz underground.

os dois começaram a sair à noite e o passo seguinte foi passar música no Porto num período em que os tWin turBo tinham uma agenda generosa. chamorra redescobria a música eletrónica, com a qual se tinha envolvido dez anos antes, e Pinto desenvolvia um gosto que, ainda hoje, o leva a partilhar novas descobertas. "O Pedro é um pesquisador por excelência, um digger impressionante", define chamorra.

agora como VoxeLs,

complementam-se. chamorra é um "rato de estúdio" e Pinto um relações públicas com experiência na organização de festas. ainda assim, os VoxeLs "são uma relação de amizade que já leva cinco anos" e a fundação tinha como objetivo criar "um coletivo" de formato híbrido em que os vocalistas rodassem vagamente, inspirado pelos souLWax. Foi a afinidade pessoal, a principal responsável por tê-los, em 2010, e finalmente com o nome que agora assinam.

a paixão pela música levou-os a fazer edits para nomes como chromatics, GoriLLaz e James murPhy ou o portuense roDoLFo. mas foi uma leitura dos VoxeLs para hanGoVer BaBaBa que impressionou João BarBosa dos Buraka som sistema. numa altura em que chamorra estava a vender equipamento, LiL'John contatou-o e, no momento do encontro, o produtor dos VoxeLs mostrou-lhe o edit do viciante single. o interesse do cérebro dos Buraka foi imediato, e após novas audições de material diverso, ficou combinada a edição. Para trás, ficou um eP pela niGht runners, uma label da finlandesa toP BiLLinG, voltada para o disco e o sonho de gravar um álbum que aguarda timing oportuno. a caminho vem uma canção com matias aGuayo, um dos heróis musicais. e o apoio de DJs como BroDinski ou toDDLa t tem-se materializado com a inclusão de produções dos VoxeLs em mixtapes. o namedropping não pode terminar sem uma referência a DJ mehDi, homenageado em Everygirl, assumidamente inspirada em Signatune do DJ francês. e tocar lá fora? "Nunca aconteceu mas espero que sim". apanhem-nos quando cair a noite na cidade.

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S o u n d S tat i o nV o x e l s

fotos — Luís Moreira

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c e n t r a l pa r qG r a n d e E n t r e v i s t a

texto — Ágata Carvalho de Pinho

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C e n t r a l Pa r qG r a n d e E n t r e v i s t a

fotos — Fabrice Pinto

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Pedro Florêncio e luís Henriques ganharam uma Menção Honrosa no MotelX de 2009, com Papa Wrestling e a sua jovem filmografia, reple-ta de sangue falso comprado na loja do chinês e de um humor inesperado que tem marcado pre-sença em vários festivais lá fora. depois de uma Masterclass e de um Workshop, que apresenta-ram na passada 6ª edição do MotelX, quisemos conhecer um bocadinho deste gore muito portu-guês. Ainda estamos vivos.

Contem-nos lá, como é que se conheceram e como começaram a fazer filmes?

l - H: Fazemos parte de uma pequena

produtora chamada clones. somos cinco: eu, o Pedro, a núriA, o FernAndo e agora o tiAgo.

P - F: Foi como qualquer outro grupo

de amigos que, em vez de se juntar para sair à noite, juntou-se para fazer filmes, assim,

naturalmente. depois, para nos levarmos um bocado mais a sério, escolhemos um nome e tentámos seguir um estilo e uma

marca. tem resultado dentro de certos nichos, como é o caso do festival MotelX.

Querem fazer sempre cinema de terror?

P - F: não. nós temos um estilo

que tem muito a ver com o humor e com o absurdo, e isso consegue ser bem explorado através do gore, porque ele é mais absurdo do que assustador. entrámos por aí, de forma natural, através do Papa Wrestling, a nossa 1ª curta. Agora, queríamos disparar noutras direções, sempre tentando evoluir dentro do nosso estilo, não necessariamente do género. são duas coisas um bocado diferentes, mas das quais, por vezes, é difícil descolar.

O Papa Wrestling foi o primeiro filme que fizeram. Como foi quando ganharam a Menção Honrosa no MOtelx? Mudou muita coisa??

P - F: Mais que a Menção Honrosa,

foi o impacto que teve, porque não fazíamos ideia de que o filme ia ter uma relação tão óbvia com o público. A curta foi exibida antes de um filme espetacular, o Re-Animator, do stuArt gordon, e aí percebemos que as pessoas se identificavam com aquele tipo de humor. nunca previmos isso. depois, a Menção foi o culminar desse festival em que vivemos o êxtase. desde então, só queremos repetir essa sensação, por isso é que temos feito filmes. (risos)

O filme também esteve em vários outros festivais, especialmente lá fora. Conseguiram estar nesses

festivais e perceber a reação das pessoas?

P - F: sim, acabámos por perceber

que não seria só no MotelX que poderíamos ter sucesso. tivemos algumas desilusões a nível nacional, porque nunca achámos que fôssemos ser recusados em tantos festivais mais medianos ou provincianos do país. e tivemos algum receio do salto internacional. Mas depois, lá fora, aconteceu a mesma coisa. em londres há um festival que é o FrigHtFest, que nos acolheu exactamente da mesma maneira, em termos de relação com o público. também conseguimos criar um culto e as pessoas sabem quem nós somos quando lá vamos, como aconteceu no ano passado com o Banana Motherfucker.

tiveram muitas recusas?

l - H: tivemos algumas e mais

cá dentro do que lá fora, basicamente.

P - F: Por exemplo, em

espanha aceitam-nos em todo o lado, porque eles têm uma grande cultura de cinema fantástico e de terror. É mesmo

inacreditável, só comecei a perceber isso à medida que fomos recebendo prémios.

Como se organizam em termos de equipa? Fazem todos tudo ou há alguma função para a qual se sentem mais inclinados?

P - F: o que nos define é sermos um

bocado anárquicos. somos todos criativos, mas depois, em cada projecto, cada um faz mais uma coisa que outra e, no final, é consoante isso que atribuímos os créditos. A nível de direção criativa, vamos sempre respeitando a rotação. Fomos sentindo espaço para alterar e não se instalou uma regra.

Porquê o nome “clones”?

P - F: É assim meio misterioso...

l - H: está relacionado com

a nossa forma de trabalhar. nós somos bastante parecidos. e como trabalhamos todos nas mesmas funções, basicamente somos clones uns dos outros.

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c e n t r a l pa r qG r a n d e E n t r e v i s t a

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De onde é que vêm as vossas ideias? O que é que vos inspira – filmes, realizadores?

P - F: A questão de sermos cinco

e de sermos parecidos, mas diferentes, faz com que haja um nível de exigência acima da média. Noutros projetos há um líder, há aquela coisa de ter um realizador que direciona o filme e uma equipa que o apoia. No nosso caso, funcionamos um bocado como a PixAr, um conjunto de criativos onde cada um estuda até ao limite o potencial da ideia falhar. Diria que algumas influências que nos aproximam são, por exemplo, o StuArt GorDoN e a série Arrested Development.

Estudaram em alguma escola de cinema? Sentem que isso foi fundamental?

P - F: Sim, eu estudei na EStC ,e

isso ajudou-me. É muito fácil ser-se crítico em relação à escola de cinema, especialmente porque a película está a acabar e porque não existe realmente um cinema português. Existem autores portugueses. É fácil recusares-te a integrar naquele sistema, mas a escola é muito boa a nível teórico e de bagagem cultural. Gostei bastante porque me obrigou a ser mais disciplinado. Acho que a escola é fundamental, na relação que tem com o património de cinema em Portugal.

Como produzem os efeitos especiais? Tiveram alguma formação nessa área

ou fazem tudo de improviso?

L - H: No início, trabalhámos

com uma equipa de artes plásticas que nos deu muitas dicas e coisas como moldes para cabeças de látex, etc. o FErNANDo é o que se dedica mais a essa parte. Depois, há sempre a internet...

P - F: Basicamente, desde o

início que reciclamos os mesmos efeitos especiais e que tentamos fazer coisas

que funcionem com coisas “rascas”. Nem pensamos em efeitos especiais difíceis.

E, a esse nível, já está tudo praticamente esgotado, em termos de originalidade.

Como é que vêm o cinema de terror no contexto português?

L - H: Cá dentro, o gore é um estilo

que não é muito comum. As pessoas não conhecem muito, mas o que é verdade é que deve ser o mais fácil para arrancar reações do público. É a parte que mais adoramos: saber que fazemos algo com estas características e que o público vai gostar, porque é natural.

P - F: E funciona muito bem em

festival. Às vezes, nem interessa os filmes se os filmes são bons, desde que tenham

certos elementos. Por exemplo, um filme de vingança pode ser uma porcaria, mas ter cenas violentas em que o público aplaude

depois de cada golpe. Mas depois, também há um lado negativo nisto, que é: fecha-se

muito esse círculo e cá nota-se bem isso.

L - H: No que toca ao contexto

português, os nossos filmes ficam a ganhar por serem feitos cá, precisamente porque é um género pouco explorado. As nossas histórias não são particularmente originais, mas ao serem contadas em Portugal ganham por ter esse lado português que não está associado ao género.

Qual foi o maior desafio ou dificuldade com que se depararam até agora?

P - F: Foi no BLARGHAAARHGARG,

por causa dos espaços. No Papa Wrestling filmámos tudo no mesmo espaço, mas no segundo filme, como queríamos dar um salto técnico, escrevemos uma história onde nos esforçámos por ter muitos locais diferentes. Foi muito mais exigente em termos de “ginástica produtiva”, além de termos recorrido a atores profissionais.

O que faz um bom filme de terror?

L - H: Nós discutimos muito os filmes

que vemos no MotELx, por exemplo, porque muitos deles baseiam-se nos mesmos elementos clichés que já viste imensas vezes. E é um género que está um bocado esgotado. É difícil fazer um bom filme de terror, mas isso passa por saberes quais são os lugares comuns e, de alguma forma, evitá-los, tentando arranjar um mecanismo minimamente diferente para proporcionar novas sensações aos espetadores.

P - F: Ainda estamos

à espera do filme perfeito.

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C e n t r a l Pa r qG r a n d e E n t r e v i s t a

grooming — Alex M

Page 56: PARQ issue 36

No dia 7 de agosto, o mundo da moda vestiu-se de luto. Através do tweeter, StefANo GAbbANA escrevia: “Anna Piaggi… :((((( ciao grande Anna!!!”

Depois de 81 anos, a “poeta das roupas” deixou de aquecer o lugar que lhe era cativo na primeira fila dos mais desejados des-files do mundo. Consultora criativa da Vogue Itália, ANNA escrevia as doppie pagine, pági-nas onde transpunha o seu humor estético crí-tico, através de comentários que chegaram a constranger, impressionar ou mesmo comover. Compulsivamente apaixonada por roupa, nun-ca repetiu um look, não fosse o seu armário de 3000 vestidos. ousadia, excesso e criatividade são palavras demasiado finas, de tão gastas que foram para adjetivar este nome, jamais eféme-ro. foi para homenagear ANNA PIAGGI que três personalidades da moda nacional aceitaram o desafio e deixaram-se fotografar.

ANtóNIA RoSA, LIDIjA KoLoVRAt e MARIA joão SoPA são mulheres que cimentaram o seu lugar no nosso país, e que tinham PIAGGI por referên-cia: “Ela ditou uma moda em que cada um pode criar a sua própria imagem. O ousar, o abusar, a loucura, tudo com muito humor. Com ela, tudo fazia sentido.”

ANtóNIA RoSA, conhecido nome da área da maquilhagem, admite “Adorava a cró-nica da Anna Piaggi e inspirava-me bastante nela. Classifico-a como uma das maiores vanguardistas deste século.” PIAGGI era também conhecida por LIDIjA KoLoVRAt, designer de moda, e MARIA joão SoPA, atualmente designer de jóias. “Ela criou a sua própria imagem e tornou-se um ícone da mulher”.

PIAGGI partiu. Levou consigo a imagem de um cabelo azul e de roupas arroja-das que extravasavam exuberância, mas não le-vou o seu legado… esse, não mais será apagado do livro da moda mundial.

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c e n t r a l pa r qM o d a

texto — Marta Sousa Ferreira

ass. styling — Collec7ivestyling — Wilma Bird

Page 57: PARQ issue 36

chapéu leopardo Mango • chapéu branco Luis stoffeL • gargantilha de penas Luis stoffeL • camisa gant • casaco azul Lidija KoLovrat

casaco leopardo Mango • colar anna deLLo russo para H&M • luvas gant • pulseira de cubos Lidija KoLovrat

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C e n t r a l Pa r qM o d a

make-up — Antónia Rosa hair — Paulo Vieira

fotos — Luís de Barros

Page 58: PARQ issue 36

blusa Lacoste L!ve • gabardine vaLentino na stivali • casaco dourado Mango • chapéu Luis stoffeL • luva na cabeça gant • lenço na cabeça

Moschino (vintage) • mala Louis vuitton • pregadeira DoLce&gabbana

colares La Princesa y La Lechuga • lenço vermelho estampado Louis vuitton • calças estampadas Mango • pulseiras shourouk na La Princesa

y La Lechuga • anéis LukMan na La Princesa y La Lechuga • sapatos h&M

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c e n t r a l pa r qM o d a

Page 59: PARQ issue 36

chapéu AnnA Dello Russo para H&M • lenço estampado Andy Warhol by PePe JeAns • lenço padrão leopardo MAngo • lenço monograma louis Vuitton • brincos

e pregadeira Dolce&gAbbAnA na stivali • mini capa em pelúcia HenRy cotton

tshirt PePe JeAns • saia de franjas Miguel VieiRA • ceroulas bJoRn boRg • sapatos AnnA Dello Russo para H&M • luvas H&M • pulseira lagarto AnnA Dello Russo para H&M • pulseiras branca e dourada MAngo •

cinto dourado MAngo • clutch AnnA Dello Russo para H&M

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C e n t r a l Pa r qM o d a

Page 60: PARQ issue 36

Mathilde Bretillot gosta de

se referir aos seus projectos como fenómenos que

atravessam territórios distintos e diversos,

onde se mesclam terras, de túneis e de pontes.

dos projetos que causam mais perplexidade,

a série Parades, de Mathilde Bretillot,

é de longe, a mais simbólica. Um desfile

profuso de estilos perpassa a mente,

quando se observam as peças desta série.

Parades representa, para alguns autores, um pequeno teatro, um palco da vida, “com um estilo livre, a ignorar completamente a arquitetura que o circunda”.

“Queria um mobiliário que fosse, simultaneamente, têxtil e pitórico, sensual, colorido e composto por formas ornamentadas”. todas as peças surgem envoltas em tecidos pintalgados de cor, como se fossem pessoas vestidas e preparadas para o convívio, e para o palco. o espelho é o reconhecimento das personagens que vivem neste palco, neste cenário intrigante de figuras que interagem. as peças que o preenchem, são essas personagens, tal como as pessoas que o

ocupam. elas moldam os espaços e os gestos descritos, por essas pessoas.

Parades parece um desfile de estilos que se passeiam no tempo. anos 50 e 60, eram facilmente evocados, pelas

suas formas orgânicas e voluptuosas, (mesmo que a designer não o tenha realizado com essa intenção). Quem

não se lembra dos anos eloquentes do plástico, e das peças e eletrodomésticos

que se fabricavam em massa, com as suas formas aerodinâmicas? Ícones do

crescimento económico em França e na europa da época.

Bretillot elogia o

toque, o odor, e evoca a luz e os valores

sensíveis. a designer, entende que, para

chegar aos outros, é primordial haver uma sobrevalorização dos sentidos. Com a cor, acontece o mesmo.

Quem melhor do que ela para explorar

a coloração em Parades, o pontilhismo

policromático que invoca pintores de

outros tempos, e que ainda hoje nos marcam

em termos pitóricos? Bretillot procura

um design total, que inunde a criatividade

completa de quem contempla. Não é

possível mencionar o trabalho de Bretillot

isolando uma peça de todo o cenário. a designer concebe, ao

pormenor, todos os elementos, mas sem perder o todo de vista. É inconcebível isolar alguma

das partes sem que a mesma perca o sentido.

Mathilde Bretillot gosta de se referir aos seus projectos como fenómenos que

atravessam territórios distintos e diversos. Como disse em entrevistas “O projecto é

justamente esse mesclamento de terrenos, de terras, de túneis e de pontes”.

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c e n t r a l pa r qD e s i g n

texto — Carla Carbone

Page 61: PARQ issue 36

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C e n t r a l Pa r qD e s i g n

fotos — Marie Flores

Page 62: PARQ issue 36

Pela primeira vez, Lisboa acolheu o evento inter-nacional Open HOuse, nos passados dias 6 e 7 de Outubro. Durante este evento, as cidades ade-rentes “abriram as suas casas” ao público, para mostrar obras incontornáveis de arquitetura que estimulam a curiosidade e o interesse pelo patri-mónio edificado.

Mais de 50 espaços abriram as portas gratuita-mente, dando a conhecer muitas obras marcan-tes da cultura arquitetónica lisboeta e que, nor-malmente, não são acessíveis ao público. Foi um fim-de-semana para deambular pelas ruas de Lisboa, reativando memórias e redescobrindo a cidade. A Trienal de Arquitectura de Lisboa, orga-nizadora deste evento anual, selecionou um con-junto de edifícios de diversas épocas, dos clássi-cos aos contemporâneos, com que muitas vezes já nos cruzámos, nos percursos do nosso quoti-diano. Mas porque tínhamos pressa ou estáva-mos distraídos, a devida atenção escapou-nos, ou então não houve tempo de os visitar.

Os edifícios abertos são parte do património arquitetónico da capital, de diferen-tes tipologias, desde casas particulares (ex.: Casa Sofia e Manuel Aires Mateus), a equipamentos culturais (ex.: Cinema S. Jorge), infraestruturas (ex.: ETAR de Alcântara) ou monumentos nacio-nais (ex.: Palácio Nacional da Ajuda).

Vinte anos depois da criação do primeiro evento em Londres, Lisboa foi, em 2012, a décima terceira cidade a integrar a rede Open HOuse, que conta com importantes centros ur-banos, como Londres, Nova Iorque, Dublin, Tel Aviv, Jerusalém, Helsínquia, Melbourne, Galway, Barcelona, Chicago ou Roma.

P A ç O D A R A I N H A

Situado na Rua Gomes Freire, foi mandado construir em 1701 no sítio da Bemposta pela Rainha D. Catarina de Bragança —filha de D. João IV e viúva de Carlos II, Rei de Inglaterra—, onde viria a despachar enquanto Regente. Mais tarde, D. João V integrou-o na Casa do Infantado. Com traçado original do arquiteto João Antunes, o palácio ficou profundamente danificado pelo terremoto de 1755. MANuEL CAETANO DE SOuSA foi, então, incumbido da sua reconstrução. No reinado de D. Maria II o Palácio e Quinta da Bemposta foi cedido à Escola do Exército, fundada em 1837, sendo atualmente ocupado pela Academia Militar.

O B S E R V AT ó R I O A S T R O N ó M I C O D E L I S B O A ,u N I V E R S I D A D E D E L I S B O A

Com acesso pelo Instituto Superior de Agronomia, na Tapada da Ajuda, este projeto teve início em 1860 e terminou em 1878. O Real Observatório Astronómico de Lisboa foi

mandado construir por D. Pedro V, em terrenos cedidos por si, segundo desenho do arquitecto francês JEAN COLSON, com a colaboração de JOSé DA COSTA SEQuEIRA e VALENTIM JOSé CORRêA. é o observatório nacional com

competências no estabelecimento da Hora Legal em Portugal. Exemplo da tipologia de arquitetura científica, de forte carácter técnico, o seu traçado baseia-se no desenho do Observatório de Pulkova, na Rússia. A sua forma deriva da necessidade de acolhimento de instrumentos de astronomia específicos, e é marcada por uma cúpula principal, onde está instalado um grande telescópio.

G A R A G E MA u T O P A L A C E

Na Avenida Alexandre Herculano, junto ao Rato, esta obra de “arquitetura de ferro” da autoria de VEILLARD & TOuzET em 1907, tem a sua estrutura projetada por GuSTAVE EIFFEL. Com capacidade para

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c e n t r a l pa r qA r q u i t e c t u r a

texto — Paula Melâneo

Page 63: PARQ issue 36

200 automóveis, foi uma obra pioneira de arquitetura industrial em Portugal, ao ser a primeira garagem construída com esse fim, e também pela introdução de tecnologias inovadoras. Neste espaço, construíam‑se carroçarias, vendiam‑se peças e davam‑se aulas de condução. A sua contribuição para o desenvolvimento económico‑social do país, fez com que fosse considerada uma das 100 Obras de Engenharia mais relevantes do século XX. A sua fachada tripartida de linhas neo‑classicistas, é preenchida de vitrais de inspiração Arte Nova, com motivos alusivos à atividade do edifício.

B l O c O d A sÁ g u A s l i v r E s

Este prédio de habitação, projectado em 1956 pelos então jovens NuNO TEOTóNiO PErEirA e BArTOlOmEu dA cOsTA cABrAl, toma o nome Águas livres da Praça onde se situa. Foi, na época, símbolo da vida moderna lisboeta, inspirado na unidade de Habitação de le corbusier. Os apartamentos tinham tipologias inovadoras, com amplas áreas de estar, varandas espaçosas com vista sobre a cidade e o Tejo, sem zona de empregada e com áreas de serviço comuns. Os espaços coletivos reúnem obras de diversos artistas, como AlmAdA NEgrEirOs, mANuEl cArgAlEirO ou JOsé EscAdA. Em 2012, foi classificado como monumento de interesse Público.

i g r E J A d O s A g r A d Oc O r A ç ã O d E J E s u s

Em 1962, um grupo de arquitetos, entre os quais NuNO POrTAs, NuNO TEOTóNiO PErEirA e PEdrO viEirA dE AlmEidA, ganhou o concurso para a construção de uma nova igreja na rua camilo castelo Branco. A sua construção terminou em 1970. Quando percorremos a rua, esta igreja pode passar‑nos despercebida, devido à sua completa integração no contexto urbano. Faz parte de um grande complexo paroquial que permite atravessar o quarteirão, ligando duas ruas paralelas, com o intuito de reforçar a relação entre o espaço religioso e a comunidade envolvente. A sua imagem é marcada pelo betão aparente e por uma geometria de planta hexagonal. ganhou o Prémio valmor em 1975 e é monumento Nacional desde 2010.

E s c O l A s E c u N d Á r i AJ O s é g O m E s F E r r E i r A

Antiga Escola secundária de Benfica, foi mais tarde batizada com o nome do escritor José gomes Ferreira, pai do arquiteto que a projetou entre 1976 e 1980, rAúl HEsTNEs FErrEirA. localiza‑se na rua Professor sebastião e silva, na encosta da Quinta de marrocos, num pólo onde se concentram diversas instituições de ensino. dividida em vários núcleos, a sua geometria é simples e de formas puras, com marcantes volumes semi‑cilíndricos. A construção inclui um sistema de painéis pré‑fabricados de betão com cimento branco, que lhe confere uma cor acinzentada caraterística. uma das grandes qualidades, referidas por quem vive este espaço, é a luminosidade que invade os seus interiores.

T E AT r O T H A l i A

situado nos terrenos da Quinta de Farrobo, na Estrada das laranjeiras, onde também se situa o Jardim Zoológico, o Teatro original data de 1820 e foi mandado construir para o entretenimento particular do conde de Farrobo. Entre 1942/43, o arquiteto italiano FOrTuNATO lOdi

reconstruiu este espaço, dotando‑o de linhas neo‑clássicas, inspiradas no seu próprio desenho do Teatro Nacional d. maria ii, mas numa escala mais reduzida. Após a sua quase total destruição num incêndio de 1862, o seu estado degradado manteve‑se até há poucos anos. Em 2012, o Thalia renasce com o novo projeto de reconstrução da autoria de gONçAlO ByrNE com diOgO sEiXAs lOPEs e PATríciA BArBAs. As ruínas foram preservadas de forma surpreendente e o Teatro ganhou uma nova relação com a rua, mais humanizada.

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C e n t r a l Pa r qA r q u i t e c t u r a

fotos — Pedro Sadio e Daniel Malhão

Page 64: PARQ issue 36

The Wye é um termo inglês que remete para cru-zamento, habitualmente utilizado na referência às sobreposições das linhas de comboios. Essa foi a palavra, que as fundadoras do projeto homó-nimo, consideraram ideal para denominar uma iniciativa que se imaginava sem limites criativos, pautada pela vontade de cruzar experiências e áreas profissionais.

LEah StuhLtragEr, VErity ObErg e inkEn bOrnhOLdt, são as três mulheres respon-sáveis pela iniciativa, que transformou um edifício icónico de correios em algo muito especial, sendo ainda artistas e curadoras na ga-leria damStuhltrager, reco-nhecida como uma incuba-dora de talentos emergentes e de exposições inovadoras, que agitou o núcleo das artes em Williamsburg, brooklyn, nova iorque.

2012 foi o ano de avançar para berlim. Com muito a acontecer, ain-da havia mais por vir no The Wye, um edifício que se iden-tifica como uma espécie de centro internacional de arte.

a fachada do histórico edifício dos correios estende-se por grande parte da Skalitzer Strasse, uma das avenidas obrigatórias de kreuzberg, distrito de artistas e trend-setters, em berlim. as fachadas extensas de tijolos en-carnados são o cartão de visita e também a pri-meira perspetiva deste edifício com cerca de 1860 metros quadrados, divididos por quatro andares, organizados em corredores longitudinais. Quando entramos no interior, as paredes brancas criam em nós a impressão de que nos encontramos num espaço interminável. Esta sensação de infinitu-de é apenas interrompida pelas ombreiras ne-gras dos estúdios dos artistas e pelas empresas criativas, que aqui desenvolvem o seu trabalho.

um showroom de moda no piso térreo, o kOnzEpt 36, explorado pela FiEr

ManagEMEnt, responsável por eventos do setor na ca-pital alemã, está localiza-do lado a lado com o salão principal, onde se organi-zam feiras de moda e design, como foi o caso do VOOdOO MarkEt, reconhecido na ca-pital, assim como eventos, lançamentos e o assinalar de datas relevantes.

nos pisos superiores, encontra-se um coworking space, onde traba-lham artistas de vários pon-tos do globo, um amplo sa-lão-galeria para exposições de arte e desenvolvimento de

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c e n t r a l pa r qC r i a t i v i d a d e

texto — Diana de Nobrega

Page 65: PARQ issue 36

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C e n t r a l Pa r qC r i a t i v i d a d e

fotos — Kai Oliver Goldmann

Page 66: PARQ issue 36

projetos, um salão maior e prin-cipal, reservado para desfiles de moda, sessões fotográficas e fes-tas, um estúdio de som, o Expath, um centro de apoio a jovens es-trangeiros, uma sala de conferên-cias e ainda um espaço comum de carpintaria, onde é feito, à mão, grande parte do mobiliário mini-malista do edifício. No piso supe-rior estão as empresas de comu-nicação —a NpR, uma empresa de media norte-americana que possui, aqui, o espaço referen-te ao projeto Berlin Stories, e a INdI BERlIN. Neste piso encon-tra-se ainda o estúdio de dEaN RosENzwEIg, um artista pop de Filadélfia, que usa grafitti nas suas telas, influenciado em grande par-te por JEaN‑MIchEl BasquIat.

o multiculturalismo (a língua que se fala é o in-glês) num ambiente onde a arte se divide entre diversas disciplinas e cria resultados inesperados, como o evento da grand opening do The Wye, que juntou milhares de visitantes, já colocaram o antigo edifício dos correios no mapa da arte e dos roteiros turísticos, tendo já sido incluído na selecção El Viajero, do El país e aguardando a vi-sita de cerca de 800 curiosos por mês. as empre-sas localizadas neste espaço já foram anunciadas em diversas publicações, como é o caso da Vogue italiana, Elle, nos jornais alemães tagesspiegel ou o Berliner zeitung.

o The Wye nasceu da necessida-de de um espaço coerente para os profissionais criativos em Berlim, numa altura em que, com a su-bida das rendas, algumas gale-rias começaram a fechar as suas portas. o resultado que agora se aprecia foi produto de um esfor-ço conjunto de especialistas vo-luntários, que fizeram com que, em cinco meses, o The Wye esti-vesse aberto, isto sem quaisquer apoios ou fundos públicos. uma iniciativa a reter.

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c e n t r a l pa r qC r i a t i v i d a d e

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C e n t r a l Pa r qC r i a t i v i d a d e

Page 68: PARQ issue 36

Ainda as consciências do Mundo não tinham re-cuperado do choque da bomba atómica, já o ci-nema começava a sua fuga, na tentativa de tri-lhar um futuro melhor. Depois da época triunfal dos estúdios americanos, o cinema embrenhou--se na realidade. Um cinema do encontro, da re-velação e de combate, que privilegiou a repre-sentação, e ao qual a modernidade vai buscar influências. Todas as Novas Vagas que surgiram no início da década de 60, derivam desta propos-ta italiana que deu asas à arte de fazer cinema, depois da barbárie da 2ª G.G.

ROSSELLINI destacou-se no neo--realismo por possuir uma conceção da realida-de, inspirada na improvisação, na recusa do argu-mento detalhado, na estrutura narrativa elítica, na imprevisível motivação das personagens, e no uso de planos gerais e de conjunto, em detri-mento de grandes planos. Realizou doze filmes num período de dez anos e é inevitável atribuir--lhe o título de pai do neo-realismo. Quando ini-ciou aquela que ficou conhecida como a trilogia neo-realista, sabia não poder contar com estú-dios ou cenários. Os recursos eram mínimos, mas, a partir deles, confrontou o cinema e o mundo com a realidade de ruínas, caos e decadência.

R O M A , C I T TÀ A P E R TA ( 1 9 4 5 )

Fala da procura de liberdade, conseguida com a vitória sobre a ignorância, as paixões, a dor e a morte. Exemplo disso, é a cena final, quando as crianças, que preenchem quase todo o filme, ca-minham sobre a vista da abóbada de S. Pedro, apontando a liberdade sobre a via católica, como que uma via de fraternidade universal.

Roma é cidade real em toda a sua sujidade e tinha sido libertada apenas dois meses antes quando o realizador começou a filmar Cidade Aberta. A história decorre durante os últimos dias da ocupação nazi e tem como tema princi-pal a Resistência. Pina e Don Pietro são os heróis que sacrificam as suas vidas pelos ideais em que acreditam. Pina (ANNA MAGNANI) é viúva e tem um filho pequeno e outro na barriga, resultado da relação com Francesco, membro da Resistência Italiana. A sua atitude perante a vida confere--lhe uma superioridade moral que faz dela o es-pírito ideal da mulher italiana, dotado de força, sinceridade e compromisso. É ela a grande hero-ína desta história: luta sem desistir e toma con-ta da família sem adotar a postura de mãe már-tir. É ela que assalta a padaria e morre, grávida e cheia de vida, ao perseguir o carro nazi que leva Francesco. A mulher não faz a guerra, mas so-fre mais do que os homens, e a luta que vemos no ecrã não é a das trincheiras, mas a das pesso-as que combatem por uma existência mais dig-na. A morte da mulher do povo, do resistente co-munista e do padre podem encarar-se como uma espécie de união humana onde acontecimentos como este são precisos para alcançar a liberda-de final. Os soldados que matam Pina são inter-pretados por soldados alemães presos depois da guerra. Este é um excelente exemplo daquilo que o cinema neo-realista tem para nos oferecer em relação ao não-actor. O papel destes soldados é de extrema importância se pensarmos que nada pode ser mais real do que alguém que não está a representar, mas a cumprir ordens.

O neo-realismo de ROSSELLINI “resume-se em três palavras: amor ao próximo”. Interessa-lhe dizer a verdade sobre a Itália do pós-guerra: o desemprego, a dureza da vida nos

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c e n t r a l pa r qC i n e m a

texto — Inês Monteiro

Page 69: PARQ issue 36

campos, a delinquência, a condição feminina, etc. “A força deste filme consiste em fazer sair os heróis, não de hipotéticos desenvolvimentos metafí-sicos, mas sim de uma dolorosa e visível conquista de dignidade. O caráter quase simbólico das perso-nagens não foge nunca ao realismo da autenticida-de; pelo contrário, ilumina do interior uma situação extrema que, ao reunir fatos precisos e datados, con-segue alcançar a violenta transparência da grande-za trágica” (Freddy Buache, Le cinema Italien)

P a I S À ( 1 9 4 6 )

Filme de guerra por excelência e da libertação (embora o caminho até ela se mantenha man-chado de morte e traição), onde encontramos a tentativa de a obter, não só por parte dos italia-nos, como também pelos americanos, tentando compreender alguma coisa que permita ultra-passar diferenças culturais e étnicas. No final, o cerco fecha-se em volta dos resistentes e termi-

na com uma fileira de corpos amarrados e atira-dos à água pelos soldados nazis, enquanto uma voz nos diz: “quatro meses mais tarde a guerra ti-nha acabado” —a morte como sacrifício necessá-rio para alcançar a liberdade.

G e r M a N I a a N N O Z e r O (1 9 4 8 )

dedicado à memória do seu filho, tem como pro-tagonista o jovem edmund e realça novamente o reflexo da morte que culmina no seu suicídio, resultado do desespero associado aos restos do regime nazi —o fim da esperança na liberdade. Observamos uma cidade material e moralmente destruída através dos olhos de uma criança que nos grita o seu sofrimento, vindo de pecados de outra gente. Alemanha Ano Zero tenta reprodu-zir o Inferno, arriscando dizer que para alcançar o Paraíso seria necessário atravessar todo este caos e conhecer verdadeiramente a experiência real até chegar ao sonho.

a trilogia de rOSSeLLINI sobre a 2ª G.G. é dotada de uma aura de sacrifício heróico de pobres inocentes que são devorados pelo sis-tema. Todos os episódios de Paisà terminam tra-gicamente: os americanos tentam ajudar os ita-lianos, mas a diferença de perspetivas faz com que não consigam comunicar. em Germania, am-bas as gerações (a antiga e a nova —o avô e o neto) estão condenadas à destruição. a desagre-gação da família retrata a perda de ideais. em Roma, Città Aperta, a inocência de Pina levou--a à morte, o padre que luta pela justiça, ado-tando os ideias comunistas, é fuzilado, e Marina vende a sua moralidade para obter conforto e se afogar na loucura, por ter denunciado o aman-te. estes sacrifícios cultivam as sementes de um regime mais digno.

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C e n t r a l Pa r qC i n e m a

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c e n t r a l pa r qM o d a

texto — Rachel Miles

Page 71: PARQ issue 36

De 14 a 18 de Setembro, Londres foi palco de mais uma Semana da Moda. Desta vez, fomos surpreendidos pela ausência de roupa masculina nas passarelles. Sem roupa de homem, o even-to acabou por acontecer em menos tempo do que o habitual.

Mas aqui estamos nós, entusias-tas de moda confessos, a cumprir um ritual de ca-lendário, tudo em prol de um futuro mais glamou-roso. Afinal, o que seria da moda sem fantasia?

ChriStopher KAne ofereceu--nos uma coleção onde a personagem Frankenstein nos veio constantemente à memória. De fato, o designer presenteou o público com uma série de gélidos coordenados brancos, casacos de borra-cha lavrada e vestidos compostos por intricadas costuras que criavam um efeito de entrelaçados. ChriStopher KAne, não deixou, também, de trazer os habituais elementos femininos. o seu desfile fechou de forma arrasadora, com vesti-dos de tule cor-de-rosa com aplicações em renda e cristais, elementos delicados que foram tres-passados por fita plástica preta. KAne mos-trou, mais um a vez, a sua enorme capacidade de transformar a inspiração quotidiana em algo maravilhoso e único.

Já MeADhAM KirChhoFF, pa-recia uma criança barroca que tomou um ácido, isto porque a sua coleção foi uma mistura entre o fantástico domínio técnico e a loucura. Cada peça era profusamente decorada com diferentes materiais e, vistas de trás, as botas e os corsets, cheios de laços, pareciam verdadeiras ilustra-ções de moda estilizadas. Com este criador, re-montámos à era da extravagância francesa e ao lado opolento da revolução. As modelos surgiram ainda com o cabelo longo, cheio de caracóis em tubo, que balançavam enquanto iam desfilan-do e comendo os seus cupcakes.

outro designer presente foi MArqueS’ALMeiDA, que optou por explorar o arquétipo de uma rapariga dos anos 90, ves-tindo-a com tops de tule de alças finas e calças de ganga escura onde, ocasionalmente, apare-ciam flores costuradas. os sapatos e as botas em

plataforma, os ganchos no cabelo e MiSSy eLLiot como banda sonora, deram ao desfile uma ima-gem desajeitada, de uma beleza ingénua, difí-cil de descrever. Ainda na onda dos anos 90, a topShop unique apresentou uma coleção cuja

inspiração parece ter sido claramente decalca-da de CALvin KLein, fazendo prevalecer o mini-malismo monocromático e perfiz geométricos, apenas contrariados pela inspiração navy que

Marta Marques & Paulo Almeida da Marques'Almeida

Marques'Almeida

Moschino Cheap&Chic

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C e n t r a l Pa r qM o d a

foto — Mafalda Silva

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dominou no final do desfile. Também a House of Holland mostrou a sua visão dos anos 90, mas de uma forma mais literal que os anteriores. ocuparam o parque de estacionamento no soho e proporcionaram, aos que assistiram, um am-

biente “rave”, com muitas peças tingidas com a técnica batik. a equipa criativa da MoscHino cHeap & cHic também apresentou uma versão club, à maneira italiana. dominou o cabelo fri-sado, camisas de rede transparente, blazers em

cor de tangerina e pedrarias, que compunham um visual casual muito chamativo. Toda a cole-ção fez-nos lembrar o porquê da marca ter sido, desde sempre, um exemplo de irreverência e iro-nia, especialmente os brincos e a carteiras que apareceram em forma de ananás.

Tempo ain-da acrescentar que, nesta edi-ção, alguns estilistas “saíram da sua casca”. foi o caso de preen, que depois de 10 anos em nova iorque, desfilou pela primeira vez em londres. os designers trouxeram para o national History Museum de londres o melhor do Midwest americano, com uma coleção luxuosa,

onde imperaram saias com rachas laterais so-bre saiotes de organza, tops transparentes com estampagens florais ou animal print, tudo numa visão patchwork impressionante.

Mary KaTranTzou apresentou peças mais básicas para o quotidiano, onde não faltaram jeans. com um certo efeito caleidos-cópio, nesta coleção imperaram as listras de JW anderson, assim como o estilo pijama, agora abordado em vestidos cruzados.

Quanto ao desfile de THoMas TaiT, pudemos ver a sua abordagem mais stre-et da obra de celine, a qual teve o graffiti e a arquitetura de cimento como cenário de fun-do. o azul elétrico, os calções de seda vinca-dos e as botas brancas estilo go-go construí-ram uma imagem bri-lhante, mas, ao mes-mo tempo, e contida. Já paul sMiTH, preferiu esconder-se no edifício da central saint Martins, onde mostrou o seu já habitual toque clássico e surpreendente de do-mínio da alfaiataria. destacaram-se os blazers cinzentos com cotovelos brancos, as camisas às riscas com punhos de sweater e as camisas de te-cido liso, floral e riscado, transparentes ou opaca.

cHrisTopHer Bailey traba-lhou, quase em exclusividade, em torno da ima-gem do clássico trench coat cor de champanhe, que desconstruiu para apresentar um mode-lo dourado produzido em diferentes materiais e

Paul Smith

Paul Smith

Christopher Kane

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texturas. Que comjugou com calções curtos. O desfile terminou com todas as modelos de ócu-los de sol e um trench coat metalizado nas co-res típicas do papel de alumínio que embrulham chocolates. Um final forte que rivalizou com o de Craig LawrenCe. De fato, quando o desfi-le de LawrenCe terminou e as luzes baixaram, os vestidos inspirados nos organismos do mar e construídos com fibra óptica, brilharam na escu-ridão ao sabor dos flashes das câmaras. Mas terá

este impato conseguido ultrapassar o manifes-to político de ViVienne westwOOD? no final do desfile, a criadora da linha Red Label surpreen-deu tudo e todos com um capacete de soldado e uma t-shirt onde se podia ler “Climate Revolution”.

Como balanço final, fica a ideia de que a LOnDOn FashiOn week, apesar de não ter o poder de compra nova iorque ou Milão, é uma cidade criativa, feita de contrastes e que esta estação mostrou como ainda tem muito ta-lento, habilidade e humor. assim sendo, o vere-dito só podia ser o aplauso total.

Meadham Kirchhoff

House of Holland

Burberry Prorsum

Rachel Miles é jornalista de moda da revista POP, Londres.

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Depois de EUA, Austrália e alguns países europeus, foi a vez do número 120A da Avenida Duque D’Ávila, em

Lisboa, receber o VELocité cAfé. o conceito chegou pelas mãos de João cAmoLA e mAriA João BAEtA, sócios e também eles ciclistas.Este é, sem dúvida, um espaço onde se respira bicicletas, desde o café até à “bike shop” onde se pode comprar os velocípedes em exposição: as portuguesas ÓrBitA, a britânica tokyo, entre muitas outras, sendo

que a maior novidade são mesmo as dobráveis.Depois de ter feito exercício físico, que lhe parece fazer uma pausa e provar alguns dos pratos do responsável pela ementa, migUEL costA? com preços bastante convidativos, aqui poderá comer um prego em bolo do caco, hambúrgueres Velo com molho de cogumelos e espinafres salteados ou com queijo gorgonzola ou enrolado em presunto e azeitona, almôndegas de

coelho com molho thai e amendoim, sagancho de atum

em molho de vinho branco ou borrego com esparguete, para além das conhecidas sopas, saladas, sanduíches e enchidos portugueses.Para os que “têm mais olhos que barriga”, no café do VELocité há também a tosta de broa com pasta de chouriço e ‘o melhor da avenida’, o bolo de chocolate do espaço. Um espaço que promete “ter muita pedalada”.

Velocité ca f é

Avenida Duque D'Ávila, 120A

Lisboa

V e l o c i t é Cafétexto — Francisco Vaz Fernandes

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Page 92: PARQ issue 36

No passado dia 13 de Setembro, GiorGio ArmANi reabriu a sua loja Emporio ArmANi em Lisboa, no nº 220 da Avenida

da Liberdade. o interior da loja foi cuidadosamente imaginado e desenhado por GiorGio ArmANi e a sua equipa de arquitetos, e reflete o estilo de vida moderno e casual da marca Emporio ArmANi.

Concebido em consonância com o espírito da recém‑inaugurada loja Emporio ArmANi, em paris, St Honoré, o novo espaço na Avenida da Liberdade veste‑se de preto e branco e apresenta à entrada dois grandes ecrãs

de LED que exibem vídeos dos mais recentes desfiles de moda masculinos e femininos. Em exibição estão as coleções de homem e senhora da Emporio ArmANi, bem como as linhas de acessórios, relógios, joias, óculos e roupa íntima da marca italiana.

Emporio A r mA n i

Avenida da Liberdade, 220 – Lisboa

Artur iNáCio e JorGE GAvANCHA tinham dificuldade em encontrar roupa interior e acessórios masculinos que sobressaíssem pela originalidade e qualidade. Sentiam que faltava em

Lisboa uma loja que apostasse nos homens como clientes interessados em investir no detalhe e em peças que ficavam escondidas por debaixo da roupa. Foi com este objetivo que inauguraram a mEN Spot, no príncipe real, aberta ao público há um mês. mEN Spot porque é um espaço para homens que podem não saber exatamente o que querem, mas que têm a certeza de querer algo diferente. uma loja onde as mulheres ficam à porta ou entram apenas para acompanhar ou procurar algo para oferecer. Menswear, beachwear e sportswear são os formatos disponíveis. A roupa interior masculina varia entre os modelos básicos estilo AmEriCAN AppArEL e aqueles destinados a um homem mais arrojado, que vista cabedal ou lantejoulas douradas. Entre as marcas encontramos mACHo, moDuS vivENDi e ruFSkiN. Atreva‑se a entrar na mEN Spot quando visitar

a rua de São marçal no príncipe real. Caso tenha vergonha de comprar um modelo mais ousado, pode sempre encomendar através do site.

mEn Spot

Rua de São Marçal, 168 A

1200-423 Lisboa

Emporio Armanitexto — Maria São Miguel

MenSpottexto — Joana Teixeira

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A pensar num público mais jo-vem, especialmente aqueles que se deslocam por motivos pro-fissionais ou de formação, os descendentes dos proprietários de uma antiga pensão na Av. Almirante Reis, decidiram mudar o espaço e criar um novo con-ceito de alojamento.

Apesar dos ingredientes serem semelhantes aos que um hos-tel oferece, a CAsA AlfACinhA foi pensada para aqueles que procuram residir em lisboa por temporadas alargadas, no mí-nimo mensais. Todos os quartos, alguns deles verdadeiros mini--apartamentos com duas divi-sões mais wc, foram redecorados com materiais originais dos anos 70, nomeadamente os papéis de papel que foram encontrados

nos arrumos da antiga pensão, o que confere um delicioso ar re-tro e casual ao conjunto.

Casa Alfacinhatexto — Maria São Miguel

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Page 94: PARQ issue 36

Instalada na Baixa, a zona mais trendy do Porto, a LIWYC (LIfe Is What You Choose) é uma nova “Temporary Store” que se destaca por ter grande parte da colecção da marca de calçado

GoLdmud, principal impulsionadora do projeto. Por isso mesmo, todo o espaço e marcas presentes, foram desenhadas em torno deste universo retro e contemporâneo da GoLdmud. ou seja, o mobiliário é constituído por móveis antigos de madeira sólida, cheios da patine do tempo.

Quanto às outras marcas que partilham o espaço, destacamos a VesPa e VaLentIm Quaresma. este novo espaço oferece um programa de eventos que começou com uma demostração

de LIndY hoP, no dia de inauguração, mas que poderá vir a incluir muitas outras atividades. Por isso, nada como seguir as atividades anunciadas no site.

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Rua Galerias Paris, 28

Porto

L I W Y Ctexto — Francisco Vaz Fernandes → fotos — M-ania.com

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A FeirA dAs AlmAs teve lugar no dia 15 de setembro nos Anjos, em lisboa. Uma feira que tem como objetivo revolucionar os mercados tradicionais lisboetas, apostando num conceito alternativo, que conta com novos e usados, alfarrabismo, colecionismo, arte e música. O projeto ainda é recente, mas já soma duas edições bem‑sucedidas. A TAbernA dAs AlmAs cedeu o seu espaço para a concretização deste evento, apoiando a promoção e divulgação de actividades culturais que contribuem para a apresentação ao público de projetos novos e criativos.

Acompanhadas pelas mães, com as quais trocavam peças e partilhavam opiniões, as jovens fashionistas receberam o público aderente, que superou as expectativas. Anos 80, vintage e retro foram os estilos que mais marcaram as bancas. Contudo, as últimas tendências também passeavam pelo espaço, nomeadamente os calções de cintura subida, as saias compridas, as plataformas e os acessórios dourados. no segundo piso, podíamos

encontrar artigos de decoração feitos a partir de discos vinil e obras de desenho e ilustração. A música ambiente laureava‑se pela feira, onde os preços agradavam a todos, tanto os que traziam apenas uns trocos na carteira, como quem procurava investir realmente em peças únicas e estilizadas pelos vendedores. A organização da FeirA dAs AlmAs acredita na possibilidade de transformar este mercado alternativo num evento mensal onde se vende tudo, menos a alma.

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Rua do Regueirão dos Anjos, 68-70

Lisboa

F e i r adas A l m a stexto — Joana Teixeira

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Quando as minhas sugestões para este número forem publicadas, provavelmente a vontade de continuar a beber vinhos brancos diminua. Por mais que sofra de um positivismo desmedido em relação aos dias de sol, a minha confiança vai-se abalando de semana para semana, ao sabor das primeiras castanhas. Não obstante, já falta pouco para o Verão de São Martinho e, assim sendo, as minhas sugestões são todas de vinhos tintos.

É a nova aposta da CaSa FerreiriNha, pela mão do Énologo LuíS SottoMayor. trata-se de vinho honesto, sem grandes pretensões, preço acessí-vel, ou seja, boa relação qualidade/preço. Na mi-nha opinião, não se trata de um vinho estupendo, contudo é um vinho bem feito. tem boa concen-tração de cor, apresenta um tom rubi bastante

carregado, no nariz tem alguma intensidade de frutos vermelhos bem maduros e demonstra pouca complexidade aromática. Na boca, revela um pouco mais o seu caráter, demons-trando ser um vinho vo-lumoso, com boa aci-dez, taninos presentes mas bem trabalhados e notas de madeira mui-to bem integradas. Final longo q.b. 7€

aqui está um excelente vinho proveniente de uma região por muitos desconsiderada. a QuiNta doS terMoS produz excelentes vinhos, com uma óti-ma relação qualidade/preço e uma grande varie-dade de oferta.

este QuiNta doS terMoS ViNhaS VeLhaS, é um vinho de cor rubi muito

intensa, aromas a compota de frutos vermelhos muito maduros, cerejas pretas, tudo isto muito bem combinado durante 18 meses em que esta-gia em barricas de carvalho francês. tem um fi-nal seco e longo. 8€

aqui está um vinho cheio em todos os sentidos, cheio de cor, fruta, taninos e madeira. tem uma cor entre rubi e laivos de violeta carregada, com na-riz muito pronunciado com notas de cereja, amei-xas pretas e flores. Na boca é um vinho bastante volumoso, com bastante corpo, alguma frescura e taninos já amaciados, sobressaindo, na minha opinião, excesso de madeira. 15,10€

W i n etexto — Romeu Bastos

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