newsletter 2012 july

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Tratado sobre o Comércio de Armas: negociações vão continuar Nesta edição: Desenvolvimento sus- tentável: O que resul- tou do Rio+20? 2 Tratado sobre o Comércio de Armas 4 Paz e segurança: África Ocidental, Médio Oriente 6 Crise económica im- pede realização dos OMD 6 Primeira condenação pelo TPI no décimo aniversário 7 Povos Indígenas 8 boletim do centro regional de informação das nações unidas para a europa ocidental ©UNICEF Photo Foi provavelmente uma das tarefas mais agra- dáveis que o Secretário-Geral Ban Ki-Moon teve que desempenhar nos últimos cinco anos e meio, desde que está ao leme da ONU. Vesti- do com um fato de treino branco, Ban Ki-moon correu 200 metros pelo centro de Londres, sorrindo e acenando às multidões que se reuni- ram junto ao troço da última etapa da estafeta, enquanto a tocha faz o seu caminho para o Palácio de Buckingham, onde permaneceu durante a noite antes de chegar ao Estádio Olímpico. Em Outubro de 2011, os 193 Estados- membros da ONU apelaram aos povos que observassem a Trégua Olímpica, individual e colectivamente, durante seis semanas, a come- çar na abertura da XXX Olimpíada neste sába- do, 27 de Julho, e a terminar no encerramento dos Jogos Paraolímpicos XIV para atletas defi- cientes, a 9 de Setembro. Fazemos figas que assim seja mas não suspendemos a respira- ção. Agosto de 2012, como muitos Agostos num passado recente, pode vir a ser um momento turbulento para o Conselho de Segu- rança, que será presidido pela França. Em Agosto, o mundo comemora o Dia Internacional da Juventude, cujo tema é: Construindo um Mundo Melhor, parceria com a Juventude. Numa nota mais triste, é também em Agosto, que a família das Nações Unidas comemora a vida de nossos colegas mortos no atentado em Bagdad a 19 de Agosto, que desde aquele fatídico dia de 2003 se tornou, Dia Mundial Humanitário. Desejo a todos um Verão maravi- lhoso, inspirado. Afsane Bassir Afsane Bassir Afsane Bassir Afsane Bassir-Pour, Directora Pour, Directora Pour, Directora Pour, Directora BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDIÇÃO NR. 63 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDIÇÃO NR. 63 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDIÇÃO NR. 63 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDIÇÃO NR. 63 “O mundo já não pode esperar por uma tão esperada regulação do comércio de armas convencionais”, declarou o repre- sentante da Costa Rica perante a Confe- rência das Nações Unidas para o tratado sobre o Comércio de armas que decorreu em Nova Iorque entre 3 e 27 de Julho. O apoio de muitos países, expressado no dia 27, levava a pensar que o tratado seria aprovado. As negociações estenderam-se pela noite fora mas alguns estados- membros, incluindo Estados Unidos, Rús- sia e China, pediram mais tempo para analisar o texto. A conferência terminou assim sem acordo sobre o Tratado, o que o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, considerou “uma desilusão”. O Secretário- Geral mostrou-se no entanto confiante de que “isto não é o fim do tratado sobre o comércio de armas porque os estados acordaram continuar a trabalhar para alcançar este nobre objectivo”. Os 193 países do mundo participaram nesta conferência histórica, onde pela primeira vez se procurou aprovar um trata- do internacional para regular o comércio de armas e munições. Logo na sessão de abertura Ban Ki-Moon mostrava-se cons- ciente das “dificuldades” em aprovar um tratado porque “o comércio de armas toca em interesses nacionais”. A pesar deste revés o Secretário-Geral afirma continuar empenhado no Tratado. (Pág. 4) Editorial Editorial Editorial Editorial Secretário- Geral da ONU @UN Photo leva a tocha olímpica

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Page 1: Newsletter 2012 july

Tratado sobre o Comércio de Armas: negociações vão continuar

Nesta edição:

Desenvolvimento sus-tentável: O que resul-tou do Rio+20?

2

Tratado sobre o Comércio de Armas

4

Paz e segurança: África Ocidental, Médio Oriente

6

Crise económica im-pede realização dos OMD

6

Primeira condenação pelo TPI no décimo aniversário

7

Povos Indígenas 8

b o l e t i m d o c e n t ro re g i o n a l d e i n fo r m a ç ã o d a s n a ç õ e s u n i d a s p a ra a e u ro p a o c i d e n t a l

©UNICEF Photo

Foi provavelmente uma das tarefas mais agra-dáveis que o Secretário-Geral Ban Ki-Moon teve que desempenhar nos últimos cinco anos e meio, desde que está ao leme da ONU. Vesti-do com um fato de treino branco, Ban Ki-moon correu 200 metros pelo centro de Londres, sorrindo e acenando às multidões que se reuni-ram junto ao troço da última etapa da estafeta, enquanto a tocha faz o seu caminho para o Palácio de Buckingham, onde permaneceu durante a noite antes de chegar ao Estádio Olímpico. Em Outubro de 2011, os 193 Estados-membros da ONU apelaram aos povos que observassem a Trégua Olímpica, individual e colectivamente, durante seis semanas, a come-çar na abertura da XXX Olimpíada neste sába-do, 27 de Julho, e a terminar no encerramento

dos Jogos Paraolímpicos XIV para atletas defi-cientes, a 9 de Setembro. Fazemos figas que assim seja mas não suspendemos a respira-ção. Agosto de 2012, como muitos Agostos num passado recente, pode vir a ser um momento turbulento para o Conselho de Segu-rança, que será presidido pela França. Em Agosto, o mundo comemora o Dia Internacional da Juventude, cujo tema é: Construindo um Mundo Melhor, parceria com a Juventude. Numa nota mais triste, é também em Agosto, que a família das Nações Unidas comemora a vida de nossos colegas mortos no atentado em Bagdad a 19 de Agosto, que desde aquele fatídico dia de 2003 se tornou, Dia Mundial Humanitário. Desejo a todos um Verão maravi-lhoso, inspirado. Afsane BassirAfsane BassirAfsane BassirAfsane Bassir----Pour, DirectoraPour, DirectoraPour, DirectoraPour, Directora

BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDIÇÃO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDIÇÃO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDIÇÃO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDIÇÃO NR. 63

“O mundo já não pode esperar por uma tão esperada regulação do comércio de armas convencionais”, declarou o repre-sentante da Costa Rica perante a Confe-rência das Nações Unidas para o tratado sobre o Comércio de armas que decorreu em Nova Iorque entre 3 e 27 de Julho. O apoio de muitos países, expressado no dia 27, levava a pensar que o tratado seria aprovado. As negociações estenderam-se pela noite fora mas alguns estados-

membros, incluindo Estados Unidos, Rús-sia e China, pediram mais tempo para analisar o texto. A conferência terminou assim sem acordo sobre o Tratado, o que o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, considerou “uma desilusão”. O Secretário-Geral mostrou-se no entanto confiante de que “isto não é o fim do tratado sobre o comércio de armas porque os estados acordaram continuar a trabalhar para alcançar este nobre objectivo”.

Os 193 países do mundo participaram nesta conferência histórica, onde pela primeira vez se procurou aprovar um trata-do internacional para regular o comércio de armas e munições. Logo na sessão de abertura Ban Ki-Moon mostrava-se cons-ciente das “dificuldades” em aprovar um tratado porque “o comércio de armas toca em interesses nacionais”. A pesar deste revés o Secretário-Geral afirma continuar empenhado no Tratado. (Pág. 4)

Edi tor ia lEd i tor ia lEd i tor ia lEd i tor ia l

Secretário- Geral da ONU @UN Photo leva a tocha olímpica

Page 2: Newsletter 2012 july

UN Photo/Eskinder Debebe Uma família de Tarialan na Mongólia usa energia solar para as suas necessidades domésticas

Pág. 2 Pág. 2 Pág. 2 Pág. 2 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63

Foi apelidado por alguns de um dos maiores fracassos da diplo-macia mundial dos últimos 90 anos, mas aqueles que estive-ram lá e acompanharam as negociações, o documento final da Conferência reflecte o con-senso que se conseguiu alcan-çar entre os estados. “O documento ‘O Futuro que queremos’ é produto do con-senso”, e “lança as bases para uma agenda para o século XXI sobre desenvolvimento susten-tável”, sublinhou a presidente do Brasil e da Conferência, Dilma Rousseff, no seu discur-so de encerramento. Da mesma forma, o Secretário-Geral da conferência, Sub-secretário Geral da ONU Sha Zukang, afirma que o documen-to de 53 páginas renova o com-promisso internacional sobre desenvolvimento sustentável Por seu turno, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon afirmou que o Rio+20 foi um sucesso. E como exemplos desse êxito referiu que os esta-dos decidiram pôr em marcha o processo para o estabelecimen-to de Objectivos de desenvolvi-mento sustentável (ODS ou SDG’s no acrónimo em inglês).

Objectivos de Desenvolvimento Objectivos de Desenvolvimento Objectivos de Desenvolvimento Objectivos de Desenvolvimento Sustentável Sustentável Sustentável Sustentável “Os SDG’s podem ser úteis para conseguir acções concre-tas, devem ser concisos, em número limitado (…) e univer-salmente aplicáveis embora tendo em conta realidades nacionais”. Isto ficou definido no documento final do Rio, que determina também o início do processo para Setembro de 2012 na abertura da 67ª ses-são da Assembleia-Geral da ONU. Aqui será formado um grupo de trabalho composto por 30 representantes oriundos dos cinco continentes, escolhi-dos pelos estados-membros. Este grupo apresentará o seu relatório com uma proposta para os ODS a ser debatida na 68ª sessão da Assembleia-geral da ONU em 2013.

Consumo e produção sustentáveisConsumo e produção sustentáveisConsumo e produção sustentáveisConsumo e produção sustentáveis “Reconhecemos que são necessárias mudanças funda-mentais na forma como as sociedades consumem e produ-zem”, escreveram os países no

documento final do Rio, adop-tando um quadro de programas a 10 anos (A/CONF.216/5) para implementar padrões de consumo e produção sustentá-veis. Ficou também definido que na 67ª assembleia-geral já em Setembro se designará uma instituição/agência para opera-cionalizar a implementação deste quadro. Outro motivo de satisfação para Ban Ki-Moon foi a decisão dos Estados de reforçar o Programa da ONU para o Ambiente (PNUA ou UNEP no acrónimo inglês).

Reforço do Programa da ONU Reforço do Programa da ONU Reforço do Programa da ONU Reforço do Programa da ONU para o Ambientepara o Ambientepara o Ambientepara o Ambiente “Comprometemo-nos a reforçar o papel do PNUA como autori-dade global que determina a agenda ambiental mundial”, escreveram os estados-membros. Este reforço implica, entre outros: tornar universal a adesão ao Conselho de direc-ção do PNUA; garantir financia-mento adequado, aumentando desde já os recursos, como parte do orçamento geral da ONU; disseminar e partilhar informação científica sobre questões ambientais emergen-tes; consolidar e reforçar a sede do PNUA em Nairobi (Quénia) de forma a que este possa capacitar, apoiar os paí-ses e facilitar o acesso à tecno-logia. Fórum de altoFórum de altoFórum de altoFórum de alto----nível sobre nível sobre nível sobre nível sobre desenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentáveldesenvolvimento sustentável

“Decidimos estabelecer um fórum global intergovernamen-tal de alto-nível baseado nos recursos e experiência e partici-pação inclusiva da Comissão de Desenvolvimento Sustentável que subsequentemente irá substituir a comissão”. Este fórum, cuja génese ficou tam-bém inscrita no documento final do Rio+20 terá o objectivo de proporcionar liderança políti-ca e orientação para a imple-mentação das políticas globais de desenvolvimento sustentá-vel. Terá também como fun-ções, servir de plataforma de diálogo regular e melhorar a cooperação e coordenação de programas e politicas de desen-volvimento sustentável, dentro do próprio sistema das Nações Unidas. A negociação para a formação do fórum terá lugar na Assembleia-geral e espera-se que o fórum esteja constituí-do e reúna pela primeira vez em 2013. Para além destes passos dados pelos estados, durante o Rio +20 vários acto-res comprometeram-se de for-ma voluntária a tomar medidas concretas.

700 compromissos voluntários 700 compromissos voluntários 700 compromissos voluntários 700 compromissos voluntários O Secretariado do Rio+20, em conjunto com o fórum de inicia-tiva privada – Global Compact e a iniciativa Energia Sustentável para Todos receberam mais de 700 compromissos num valor total de 500 mil milhões de

dólares em acções para promo-ver o desenvolvimento susten-tável. Plantar 100 milhões de árvores até 2017; tornar verdes 10 mil km quadrados de deser-to; poupar 1 Megawatt-por hora de electricidade em cada dia; apoiar 5 mil mulheres empresá-rias a desenvolver negócios verdes em África; criar um pro-grama de mestrado sobre a prática do desenvolvimento sustentável; desenvolver uma política de aprovisionamento que tenha em conta o ambiente e uma estratégia de minimiza-ção e gestão dos desperdícios; reciclar 800 mil toneladas de PVC ao ano, em 2020. Para ver a lista completa visite: http://www.uncsd2012.org/rio20/allcommitments.html Quanto à economia verde, os estados declararam que pode ser um instrumento importante para o desenvolvimento susten-tável se respeitar os direitos humanos e a equidade. h t t p : / / w w w . u n e p . o r g / r i o 2 0 /h t t p : / / w w w . u n e p . o r g / r i o 2 0 /h t t p : / / w w w . u n e p . o r g / r i o 2 0 /h t t p : / / w w w . u n e p . o r g / r i o 2 0 /porta ls/24180/D ocs/aporta ls/24180/D ocs/aporta ls/24180/D ocs/aporta ls/24180/D ocs/a ---- conf . 216conf. 216conf. 216conf. 216 ----5_english.pdf5_english.pdf5_english.pdf5_english.pdf

“ Rio +20, não fo i o f im, mas um novo começo”

“700 compromissos

voluntários

alcançados ”

D E S E N V O L V I M E N T O S U S T E N T Á V E L

@UN Photo

©UN Photo

Page 3: Newsletter 2012 july

A sessão substantiva anual do Conselho Econó-mico e Social da ONU decorreu em Nova Iorque de 2 a 27 de Julho. A sessão é dividida em vários segmentos temáticos, tais como: Revisão Minis-terial Anual, o segmento de Coordenação, Activi-dades Operacionais, Assuntos humanitários e Segmento Geral. A Revisão Ministerial Anual, na qual participaram mais de 500 delegados, terminou a 9 de Julho com uma declaração conjunta dos ministros que constitui um roteiro para atingir o emprego e trabalho digno para todos. A declaração apela ao fortalecimento das parcerias entre governos, sociedade civil e sector privado como forma de resolver os problemas do desemprego. Na declaração destaca-se que apesar da crise económica global, os países devem aumentar os seus esforços “com vista a reforçar as estraté-gias nacionais de desenvolvimento, estimular o investimento nos sectores produtivos e trabalho digno para todos”. A declaração também dá ênfa-se à importância da protecção social para todos os membros da sociedade e apela aos estados que desenvolvam programas para melhorar o acesso das mulheres e jovens ao mercado de trabalho. O presidente do ECOSOC, Miloš Kote-rec, sublinhou que com a adopção desta declara-ção “abrangente” o Conselho demonstrou a sua capacidade de “forjar consensos internacional difíceis”.

Nos segmentos que se seguiram, o ECOSOC, debateu questões internas e operacionais tais como sistemas de comunicação e relatório e o sistema de prestar serviços como “Uma só ONU”. Quanto ao segmento sobre assuntos humanitá-rios, terminou no dia 20 de Julho com a aprova-ção de uma resolução que pede à ONU e aos Estados membros que reforcem parcerias e desenvolvam mecanismos comuns para aferir as necessidades das comunidades afectadas, de forma a assegurar o uso eficiente de recursos. A sub-secretária Geral para os Assuntos Humanitá-rios e Coordenadora da Ajuda de Emergência, Valerie Amos, felicitou os estados membros por terem alcançado consenso sobre a resolução porque “só com o empenho de todos se pode manter um sistema de ajuda humanitária em forma e pronto a dar resposta”.

O segmento geral encerrou a sessão anual do ECOSOC com discussões em torno de questões relacionadas com descolonização, cooperação regional e ambiente. Foi ainda avaliado o impacto negativo da ocupação israelita nas situação socioeconómica da Palestina. O ECOSOC é composto por 54 representantes de governos, eleitos pela Assembleia-geral por man-datos de 3 anos, com ponderação geográfica.

http://www.un.org/en/ecosoc/julyhls/http://www.un.org/en/ecosoc/julyhls/http://www.un.org/en/ecosoc/julyhls/http://www.un.org/en/ecosoc/julyhls/newsroom2012.shtmlnewsroom2012.shtmlnewsroom2012.shtmlnewsroom2012.shtml

A Cimeira dos povos, também chama-da de Cúpula dos Povos foi um dos maiores eventos do Rio+20, paralelos à cimeira dos chefes do Estado. Decorreu de 13 a 22 de Junho e teve milhares de participantes de todo o mundo, na sua maioria de organiza-ções da sociedade civil e da acade-mia, que foram ao Rio para debater como alcançar justiça social e ambiental. As discussões foram orga-nizadas em torno de três grandes eixos: (1) denúncia das causas estru-denúncia das causas estru-denúncia das causas estru-denúncia das causas estru-turais das crises, das falsas soluções turais das crises, das falsas soluções turais das crises, das falsas soluções turais das crises, das falsas soluções e das novas formas de reprodução do e das novas formas de reprodução do e das novas formas de reprodução do e das novas formas de reprodução do capitalcapitalcapitalcapital; (2) soluções e novos paradig-soluções e novos paradig-soluções e novos paradig-soluções e novos paradig-mas dos povos; mas dos povos; mas dos povos; mas dos povos; (3) estimular organi-estimular organi-estimular organi-estimular organi-zações e movimentos sociais a articu-zações e movimentos sociais a articu-zações e movimentos sociais a articu-zações e movimentos sociais a articu-lar processos de luta anticapitalista lar processos de luta anticapitalista lar processos de luta anticapitalista lar processos de luta anticapitalista póspóspóspós----Rio+20Rio+20Rio+20Rio+20. A cúpula dos povos é organizada pelo pólo de coordenação internacional da Cúpula dos Povos Rio+20 (Brasil, África do Sul, Bolívia, Canadá, Fran-ça), Fórum para uma nova Governan-ção mundial, fundação Charles Léo-pold Mayer para o Progresso Humano e pelo colectivo de ONGs francês Rio+20 (CRID, CFDT, Attac, Comité 21, FNGM, les Petits Débrouillards, RAC) Durante 10 dias ouviram-se algumas das vozes mais críticas ao sistema económico-financeiro que temos actualmente e também à economia verde que os participantes viram como uma proposta para mercantili-zar ou comodificar a natureza. Por isso, na sua declaração final os parti-cipantes da Cimeira escreveram: “Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanida-de e a natureza corriam com a privati-

zação e o neoliberalismo. Hoje afirma-mos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos signifi-cativos em relação aos direitos huma-nos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direi-tos dos povos, a democracia e a natu-reza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema económico-financeiro”. Estes cidadãos do mundo prometem por isso continuar a lutar por um modelo económico que respeite o equilíbrio entre o homem e a nature-za, pela defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, por uma a economia cooperativa e solidária, a soberania alimentar, um novo para-digma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz ener-gética. Para eles a solução passa por fortale-cer as economias locais, com base na cultura, conhecimento e património natural local que garantam a susten-tabilidade. O respeito pelos direitos humanos, e a promoção da solidarie-dade entre os povos são alavancas fundamentais para implementar as sugestões propostas. A cimeira dos Povos declarou-se tam-bém contra a militarização dos esta-dos, exigem a democratização dos meios de comunicação social e pro-metem trabalhar para “construir um Dia Mundial de greve geral e luta dos povos”.

http://cupuladospovos.org.br/2012/06/declaracaohttp://cupuladospovos.org.br/2012/06/declaracaohttp://cupuladospovos.org.br/2012/06/declaracaohttp://cupuladospovos.org.br/2012/06/declaracao----finalfinalfinalfinal----dadadada----cupulacupulacupulacupula----dosdosdosdos----povospovospovospovos----nananana----rio20rio20rio20rio20----2/2/2/2/

Cimeira dos povos: contra a mercant i l ização da v ida

ECOSOC quer parcerias para emprego digno

Pág. 3 Pág. 3 Pág. 3 Pág. 3 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63

D E S E N V O L V I M E N T O S U S T E N T Á V E L

©UN Photo

Page 4: Newsletter 2012 july

Durante quase um mês, entre os dias 2 e 27de Julho de 2012, delegações de 113 países do mundo, de 2 grupos regionais, 3 organizações internacionais, incluindo o Comité Internacional da Cruz Vermelha e 10 ONGs, estiveram reunidos em Nova Iorque à procura de consenso para aprovar o primeiro Tratado Internacional sobre o Comércio de Armas (ATT). O tratado não foi no entanto aprovado, uma vez que alguns estados-membros pediram mais tempo para analisar a proposta.

O Secretário-Geral da ONU confessou-se “desiludido” com o fracasso das negocia-ções mas afirma que “isto não é o fim do tratado” porque quer os estados quer ele próprio continuam empenhados. Tal tratado deveria ser “um instrumento forte para prevenir as transferências irres-ponsáveis que contribuem para conflito armado e violações de direitos humanos e direito internacional” disse o representante da Costa Rica, Eduardo Ulibari, expressan-do uma posição que foi partilhada pela maioria dos delegados no dia 5 de Julho.

Conferência começou com apoio alargadoConferência começou com apoio alargadoConferência começou com apoio alargadoConferência começou com apoio alargado

O delegado da União Europeia, Thomas Mayr-Harting disse também que este trata-do teria o potencial de contribuir para “a melhoria das condi-ções de vida e de segurança de cente-nas de milhares de pessoas em todo o mundo, porque per-mitiria garantir que as armas seriam comercializadas de forma responsá-vel”. Na sua pers-pectiva, o tratado deveria portanto incluir todos os sistemas convencionais de armas e sistemas, incluindo arma pequenas e ligeiras, munições, tecnologia associada assim como partes e componentes, uma vez que se “não forem adequadamente reguladas, as transferências destas podem afectar negativamente a paz e segurança internacional”.

Também no dia 5 de Julho, o subsecretário dos Estados Unidos para a Segurança Internacional, Thomas Countryman, a falar em nome do grupo de membros perma-nentes do Conselho de Segurança, o ‘P5’ (China, França, Federação Russa, Reino Unido e Estados Unidos), afirmou que o grupo apoiava “todos os esforços que procuram estabelecer um instrumento internacional que possa ajudar a a reolver o tráfico ilegal de armas. Um tratado deve ser simples, curto e fácil de implementar. Deve ter objectivos específicos e não deve por em causa o comércio legítimo de

armas”. Armas continuam a entrar apesar de Armas continuam a entrar apesar de Armas continuam a entrar apesar de Armas continuam a entrar apesar de embargosembargosembargosembargos A sessão do dia 12 de Julho ficou marcada pelas declarações da presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf, num vídeo enviado à conferência. Ellen Johnson afirmou que a

experiência do país dela assim como outros países da África Ocidental demonstra que “sem um instrumento legal tal como um tratado

sobre o comércio de armas, a violência armada continuará a ser alimentada por transferências irresponsáveis de armas”. A presidente da Libéria avançou ainda que “armas e munições num valor superior a 2.2 biliões de dólares americanos entra-ram nestes países, o que prova que o sis-tema que temos não funciona”.A presiden-te da libéria lembrou ainda que o continen-te africano perde 18 biliões de dólares ao ano devido a conflitos armados. “Isto não foi o fim do tratado, os países “Isto não foi o fim do tratado, os países “Isto não foi o fim do tratado, os países “Isto não foi o fim do tratado, os países vão continuar a trabalhar”, Ban Kivão continuar a trabalhar”, Ban Kivão continuar a trabalhar”, Ban Kivão continuar a trabalhar”, Ban Ki----MoonMoonMoonMoon

O Secretário-Geral da ONU disse que ape-sar de não ter sido alcançado acordo, con-tinuava optimista porque o processo de negociação do tratado não terminou, “ os estados membros acordaram em continuar a trabalhar para alcançar este nobre objec-tivo”. “Já existe terreno comum suficiente e os estados podem apoiar-se no trabalho difícil já desenvolvido durante estas nego-ciações”, disse o Secretário-Geral, subli-

nhando também que o seu próprio empe-nho na aprovação de um “tratado ATT robusto continua firme”. “Um tratado forte livraria o mundo do custo terrível que representa um comércio internacional de armas desregulado”, disse o Secretário-Geral. “Também aumentaria a capacidade das Nações Unidas em lidar com a prolife-ração de armas”. No final de 2010, estimava-se que 27.5 milhões de pessoas estavam deslocadas internamente como resultado de conflitos, ao mesmo tempo que muitos milhões mais tinham procurado refúgio noutros países. Em muitos casos, a violência armada que os fez abandonar as suas casas foi ateada pela facilidade generalidade de acesso a armas e uso indevido das mesmas. Na sua declaração, o Secretário-geral elo-giou o Presidente da Conferência ATT, o embaixador Roberto Garcia Moritán da Argentina, pela sua persistência e lideran-ça do processo. Em Fevereiro passado os directores de várias agências da ONU, tais como o Pro-grama de Desenvolvimento (PNUD), o Fun-do para as Crianças (UNICEF), o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (OHCHR) e o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), ape-laram à aprovação de um tratado abran-gente que exigisse aos Estados ter em conta o risco de violações graves do direito humanitário internacional e direito inter-nacional de direitos humanos virem a ser cometidas com determinada transferência de armas; que incluísse todo o tipo de armas convencionais e a circulação, trans-porte, empréstimos e leasings de armas.

http://www.un.org/disarmament/ATT/http://www.un.org/disarmament/ATT/http://www.un.org/disarmament/ATT/http://www.un.org/disarmament/ATT/

“A entrada de armas e munições em países sob

embargo da ONU prova que o sistema que temos não funciona", Ellen Johnson

Negociações para o primeiro tratado sobre o comércio de armas: lançando as sementes da paz

Pág. Pág. Pág. Pág. 4444 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63

@UN Photo

P A Z E S E G U R A N Ç A

Page 5: Newsletter 2012 july

Enquanto que foram feitos progressos sig-nificativos, nos últimos anos, na promoção e consolidação da paz na África Ocidental, o apoio continuado da ONU continua a ser essencial para esta região. O chefe do Gabinete das Nações Unidas para África Ocidental (UNOWA), Said Djinnit, disse ao Conselho de Segurança da ONU que a situação de segurança na região continua a ser “precária e reversível como as causas de instabilidade estão ainda a ser totalmente resolvidas”.

Said Djinnit apresentou no dia 11 de Julho o último relatório do Secretário-Geral, Ban Ki-moon, sobre a região, que abrange o período entre 1 de Janeiro a 30 de Junho de 2012, fornecendo uma visão geral nacional, transversal e transfronteiriça dos desenvolvimentos na África Ocidental e descrevendo as actividades realizadas pela UNOWA. No relatório, o Secretário-Geral afirma que o período em análise foi marcado por mudanças inconstitucionais de poder na Guiné-Bissau e no Mali, pelo conflito no norte do Mali e por “uma situação global de deterioração no Sahel”, onde milhões

sofrem de insegurança alimentar. Said Djinnit informou que, além das crises no Mali e do Sahel, a África Ocidental conti-nua a enfrentar o fenómeno da rápida evo-lução da pirataria e assaltos à mão armada no mar, no Golfo da Guiné, que tem o potencial para impedir o desenvolvimento económico dos países costeiros e dos seus vizinhos que não têm acesso ao mar, bem como para interromper rotas marítimas internacionais.

A recente onda de violência na fronteira entre a Libéria e a Costa do Marfim, cau-sando enumeras mortes de civis, bem como a morte de sete soldados da ONU, sublinhando também a vulnerabilidade que persiste na região, referiu Djinnit. Djinnit disse que os actores regionais tam-bém terão de redobrar os seus esforços para combater o flagelo do narcotráfico e do crime organizado que, se não forem enfrentadas eficaz e oportunamente, tem o potencial de prejudicar seriamente a gover-nação e a segurança na região.

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Pág. Pág. Pág. Pág. 5555 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO N BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO N BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO N BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63R. 63R. 63R. 63

P A Z E S E G U R A N Ç A

Apoio para África Ocidental continua a ser essencial

Durante o último mês foram feitos inúmeros esforços para reatar as conversações de paz directas entre palestinos e israelitas enquanto no terreno se assistem a desen-volvimentos preocupantes, disse o Coorde-nador especial para o Médio Oriente, Robert Serry, num debate aberto no Conselho de Segurança da ONU, no dia 25 de Julho. Os israelitas e palestinos ainda não retomaram as conversações desde que chegaram a um impasse em Setembro de 2010, depois de Israel ter recusado a continuar com a sus-pensão na construção de colonatos nos territórios ocupados da Palestina. “Enquanto as negociações continuam neste impasse, a situação no terreno evolui na direcção errada”, disse Robert Serry. Entre outras coisas, a Autoridade Palestina enfrenta um enorme desafio em manter liquidez orçamental, tendo anunciado no início deste ano que deve cerca de 1.1 bilião de dólares de empréstimos e 400 milhões ao sector privado. Ao mesmo tem-po, espera receber menos 1 bilião de dóla-res de financiamento, num orçamento total de 3.5 biliões em 2012. Além disso, o anún-cio de novos colonatos continuou durante o mês de Julho, assim como os confrontos entre colonos israelitas e palestinos, os ataques a israelitas na Cijordânia e a violên-cia em Gaza. “A comunidade internacional

devia perceber que na ausência de um horizonte credível para o estabelecimento de um estado Palestino, a coexistir em paz e segurança com Israel, os seus próprios esforços para concretizar este objectivo perderão credibilidade”, disse Robert Serry perante as 40 delegações presentes na reunião. “As partes devem fazer a sua parte para criar um ambiente propício ao diálogo”. “Mas temo que o tempo está a esgotar-se”, acrescentou. O enviado especial também falou do aumento da violência na Síria e um possível alastramento a outros países na região, acrescentando que o Líbano é o país em maior risco. Ele citou um padrão contínuo de violações perpetradas pelo exército Sírio junto à fronteira com o Líbano, incluindo um bombardeamento contínuo vindo da Síria, assim como incidentes que atravessam a fronteira e uma breve incursão no Líbano por soldados sírios. A juntar aos quase 30 mil refugiados Sírios registados pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), na terceira semana de Julho veri-ficou-se que só num período dois dias o número de Sírios a atravessar a fronteira para o Líbano foi cerca de 18 mil, alguns dos quais regressaram depois à Síria. http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=S/PV.6816symbol=S/PV.6816symbol=S/PV.6816symbol=S/PV.6816

Esforços para reiniciar o diálogo entre palestinos e israelitas sem sucesso

O que decidiu o Conselho de

Segurança da ONU?

Durante o mês de Julho o Conselho de Segurança da ONU esteve sob a pre-sidência da Colômbia. Os 15 membros reuniram mais de 20 vezes para anali-sar a situação de paz e segurança em 10 países e em duas regiões do mundo, e para decidir o papel da ONU nesses locais. No que respeita à Síria, no dia 19 de Julho o Conselho falhou a aprovação de uma resolução que impo-ria sanções ao regime de Bashar Al-Assad. No dia 20 voltou a reunir para prolongar por 30 dias o mandato da missão de observadores naquele país— a UNSMIS. Quanto a missões de paz já existentes, estabelecidas de acordo com o Capitulo VII da Carta da ONU, o Conselho de segurança decidiu prolongar por um ano as missões na Costa do Marfim—UNOCI (S/RES/2062 (2012)), no Iraque—UNAMI (S/RES/2061 (2012)) e no Sudão do Sul—UNMISS (S/RES/2057 (2012) ), embora na Costa do Marfim se tenha optado por uma redução do contingente militar. O mandato da UNMISS mantém-se inal-terado no entanto o conselho sublinhou a necessidade de proteger os civis e da UNMISS coordenar com outras missões da ONU para tentar minimizar a ameaça do chamado LRA (Exército do Senhor) na região. Em relação à missão no Iraque o Conse-lho considerou que “o papel da ONU naquele país é mais importante que nunca”. Renovado também mas só até Janeiro de 2013 foi o mandato da mis-são de paz no Chipre. A situação na Líbia, nomeadamente as eleições de 7 de Julho mereceu os elo-gios do Conselho. Para o Burundi e o Sudão foram pedidas medidas de con-solidação da paz. Quanto à Somália, decidiu-se prolongar o mandato do gru-po de monitorização de sanções. Relati-vamente à Guiné Bissau, foi reiterada a inconstitucionalidade do golpe de esta-do e apelou-se à comunidade interna-cional para adoptar uma posição unida. O Conselho analizou também a situação em toda a região da África Ocidental, no dia 11 de julho, e o Médio Oriente, no dia 19 de Julho (ver artigos ao lado).

http://www.un.org/Depts/dhl/resguide/scact2012.htm

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O relatório de 2012 sobre os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM), lançado no 2 de Julho de 2012 pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, revelou que metas sobre a pobreza, bair-ros de lata e água já tinham sido alcança-das, antes do prazo, em 2015. O grande entrave para que se alcance a totalidade dos 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio são, actualmente, “as crises eco-nómicas actuais que atormentam grande parte do mundo desenvolvido”, tal como referiu o Secretário-Geral da ONU no lan-çamento. Pela primeira vez, desde que se começou a monitorizar das tendências da pobreza, o número de pessoas a viver em pobreza extrema, bem como os índices de pobre-za, tiveram um declínio em todas as regiões em desenvolvimento, incluindo na África subsaariana. Comparando com valores de 1990, as estimativas prelimi-nares mostram que, em 2010, a propor-ção de pessoas a viver com menos de 1,25 dólares caiu para menos de metade. Desta forma, pode afirmar-se que o prin-cipal ODM (cortar a taxa de pobreza extrema para metade do seu nível de 1990) foi alcançado. Outro dado positivo foi o aumento da proporção de pessoas que passaram a utilizar fontes de água melhoradas, traduzindo-se que mais de

dois biliões de pessoas têm actualmente acesso a fontes melhoradas, tais como: fornecimento de água canalizada ou poços protegidos. Foram também alcançadas importantes metas no que diz respeito ao número de pessoas a viver em favelas, ultrapassan-do a meta de melhorar a vida de, pelo menos 100 milhões de habitantes até 2020; igualdade no ensino primário entre rapazes e raparigas; no final de 2010, 6.5 milhões de pessoas estavam a rece-ber terapia antiretroviral para o VIH ou SIDA. E tal como disse Ban Ki-moon, “estes resultados representam uma tre-menda redução do sofrimento humano e são uma clara validação da abordagem presente nos ODM”. As desigualdades persistemAs desigualdades persistemAs desigualdades persistemAs desigualdades persistem O relatório dos ODM afirma no entanto que as desigualdades existentes estão a impedir que outras metas sejam alcança-das e a prejudicar os ganhos alcançados. Além disso, após as múltiplas crises de 2008 e 2009, assistiu-se a um abranda-mento do progresso para alguns ODM. Apesar de o relatório ser optimista em relação ao futuro, não deixa de frisar de que é necessário mais empenho dos governos, comunidade internacional, sociedade civil e sector privado a fim de serem atingidas as restantes metas pen-

dentes antes de 2015. O Relatório dos ODM é uma avaliação anual do progresso feito, reflecte os dados compilados por mais de 25 agências das Nações Unidas e por agências internacionais e é elabora-do pelo Departamento de Assuntos Eco-nómicos e Sociais (DESA). Em breve esta-rá disponível em Português. http://mdgs.un.org/unsd/mdg/Resources/Static/http://mdgs.un.org/unsd/mdg/Resources/Static/http://mdgs.un.org/unsd/mdg/Resources/Static/http://mdgs.un.org/unsd/mdg/Resources/Static/Products/Progress2012/English2012.pdfProducts/Progress2012/English2012.pdfProducts/Progress2012/English2012.pdfProducts/Progress2012/English2012.pdf

Crises económicas e financeiras mundiais impedem realização dos ODM

Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6 Pág. 6 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63

D I R E I T O S H U M A N O S E J U S T I Ç A I N T E R N A C I O N A L

O Dia Internacional da Justiça Criminal é comemorado a 17 de Julho, assinalando a entrada em vigor do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI), em 2002. Mona Rishmawi, chefe do Depar-tamento para o Estado de Direito, Igualdade e Não-discriminação do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH), lembrou que a justiça internacional avançou muito e que o TPI envia uma forte mensagem aos autores de violações de direitos humanos em todo o mundo de que podem fugir, mas não se podem esconder. Que mecanismos internacionais de justiça criminal existem ?Que mecanismos internacionais de justiça criminal existem ?Que mecanismos internacionais de justiça criminal existem ?Que mecanismos internacionais de justiça criminal existem ? Embora o processo de justiça internacional esteja ainda na fase de infância, está a desenvolver-se rapidamente. Tem as suas raízes no movimento dos direitos humanos universais, que por si só cresceu a partir das atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial. 70 anos depois, aqueles que cometeram esses horrores ainda estão a ser perseguidos, além dos julgamentos de Nuremberga e Tóquio. E, muitos de nós lembram-se como em 1979 pessoas foram massacra-das nos campos de morte do Camboja. Naquele momento, a comuni-dade internacional sentiu que muito pouco poderia ser feito. Mas, mais de 30 anos depois os responsáveis pelos campos de extermí-nio estão a ser levados à justiça. A Justiça internacional tem evoluído de tal forma que ninguém que comete esses crimes é imune a ser responsabilizado, nem mesmo chefes de Estado. Vimos o general Pinochet enfrentar a justiça na década de 90 e recentemente Char-les Taylor, antigo chefe de Estado da Libéria, julgado e condenado pelo Tribunal Especial para Serra Leoa. Este é um sinal da evolução que tem resultado do trabalho de tribunais ad hoc, onde devemos incluir também o Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ) e Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR). Mas preci-samos também que os tribunais nacionais cumpram o seu papel, .

Qual foi a sua reacção às condenações do exQual foi a sua reacção às condenações do exQual foi a sua reacção às condenações do exQual foi a sua reacção às condenações do ex----presidente da Libéria, presidente da Libéria, presidente da Libéria, presidente da Libéria, Charles Taylor, e o exCharles Taylor, e o exCharles Taylor, e o exCharles Taylor, e o ex----líder rebelde da DRC, Thomas Lubanga?líder rebelde da DRC, Thomas Lubanga?líder rebelde da DRC, Thomas Lubanga?líder rebelde da DRC, Thomas Lubanga? O nosso escritório é contra a impunidade de graves violações dos direitos humanos. Gostaríamos de ver responsabilizados quem essas violações. A justiça é muito importante para as vítimas e para as suas famílias. Eles precisam de justiça para lidar com o que aconte-ceu. As pessoas têm, de facto, esse senso de justiça incorporado. Ao fazer-se justiça ajuda-se a enfrentar a perda e aliviar a dor. A justiça é também necessária para a comunidade como um todo. Através do processo de justiça, a verdade vem à tona. E, proporciona um meio pelo qual todos nós podemos aprender sobre como evitar que tais violações sejam cometidas no futuro. Ao mesmo tempo, os julgamen-tos podem dar às vítimas o reconhecimento para o que aconteceu com eles. O Alto Comissariado apoia os mecanismos nacionais de justiça?O Alto Comissariado apoia os mecanismos nacionais de justiça?O Alto Comissariado apoia os mecanismos nacionais de justiça?O Alto Comissariado apoia os mecanismos nacionais de justiça? É o dever de cada Estado estabelecer mecanismos quer para prote-ger o seu povo contra as violações, quer para assegurar a responsa-bilização perante as violações. Podemos fazer muita coisa para aju-dar os Estados, por exemplo garantir que a conduta em questão é criminalizada na legislação nacional e treinar os actores do sistema de justiça penal. Há no entanto, situações em que as atrocidades foram cometidas, mas os Estados são incapazes de fornecer a justi-ça. Em tais casos, a comunidade internacional não pode olhar para o lado. Pelo contrário, a tem a obrigação de garantir a responsabiliza-ção, e isso pode ser feito através do sistema de justiça internacional, e os seus mecanismos, tal como o Tribunal Penal Internacional. http://www.ohchr.org/EN/NewsEvents/Pages/http://www.ohchr.org/EN/NewsEvents/Pages/http://www.ohchr.org/EN/NewsEvents/Pages/http://www.ohchr.org/EN/NewsEvents/Pages/CommemorationofInternationalCriminalJusticeDay.aspx CommemorationofInternationalCriminalJusticeDay.aspx CommemorationofInternationalCriminalJusticeDay.aspx CommemorationofInternationalCriminalJusticeDay.aspx

Dia Internacional da Justiça Criminal, 17 de Julho: “Criminosos de guerra e violadores de direitos humanos podem fugir mas não se podem esconder”

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O caso de Lubanga marcou o décimo ani-versário do Tribunal Penal Internacional (TPI). Thomas Lubanga Dyilo, ex-líder da Republica Democrática do Congo (RDC) e conhecido por “senhor da guerra congo-lês”, foi a primeira pessoa a ser julgada e condenada em relação à violência na RDC, e a ser detida pelo TPI, no dia 14 de Março de 2012. Foi o primeiro caso a ser julgado pelo “tribunal do mundo” desde a sua cria-ção, em 2002. Acusado de recrutar crian-ças soldados para participarem no conflito armado na RDC, Lubanga foi também o primeiro suspeito a ser preso sob mandato de captura emitido pelo TPI. No dia 10 de Julho de 2012, Thomas Lubanga foi sen-tenciado a 14 anos de prisão.

Décimo aniversário do TPIDécimo aniversário do TPIDécimo aniversário do TPIDécimo aniversário do TPI No final do conflito da II Guerra Mundial, a ONU começou a reflectir na criação de um tribunal permanente para julgar os crimes graves cometidos contra a humanidade, independentemente do local onde tives-sem sido cometidos. Assim, nasceram os Tribunais de Nuremberga e de Tóquio. Estes dois tribunais tinham como objectivo julgar os crimes cometidos por alemães e japoneses, respectivamente, durante a Segunda Guerra Mundial. Após terem sido criados mais dois Tribu-nais para julgar os crimes cometidos na ex-Jugoslávia (em 1993) e no Ruanda (1994), a 17 de Julho de 1998, as negociações lideradas pela ONU culminaram na prova-ção do Estatuo de Roma que definiu a cria-ção do Tribunal Penal Internacional, após a adopção do estatuto de Roma por 120 estados. No entanto, o Estatuto de Roma entrou em vigor no dia 1 de Julho de 2002, após 60 o terem ratificado. A 11 de Março de 2003, dias anteriores ao eclodir da Guerra no Iraque, o mundo assiste a mais um marco importante para impor o Direito nas relações internacionais: é inaugurado o Tribunal Penal Internacional. De competência não retroactiva, ou seja, o TPI não poderá julgar casos anteriores à data da sua criação, o TPI debruça-se em julgar indivíduos que tenham cometido

crimes de “relevância internacional”, tais como: crimes de genocídio (destruição intencional de um grupo nacional, racial, étnico ou religioso); crimes contra a huma-nidade (actos praticados como parte de um ataque generalizado ou sistemático contra qualquer grupo da população civil); crimes de guerra (regulam as regras do conflito armado, indicando táctica proibidas e pes-soas e bens a proteger); e o crime de agressão (ainda não definido). Actualmente 121 países são Estados-Membros do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. Destes, 33 são Esta-dos africanos, 18 são Estados da Ásia-Pacífico, 18 são da Europa de Leste, 27 são da América Latina e das Caraíbas e 25 são da Europa Ocidental.

Casos processadosCasos processadosCasos processadosCasos processados Actualmente, o TPI tem entre mãos o julga-mento de Ratko Mladic, antigo chefe dos militares sérvios da Bósnia. Mladic enfren-ta acusações de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra levados a cabo durante a guerra na Bósnia, entre 1992 e 1995, na qual morreram cerca de 100 mil pessoas e causou mais de 2,2 milhões de deslocados. 16 casos em 7 situações foram levados ao TPI. São os casos do Uganda, da República do Congo, África Central, Darfur, Quénia, Líbia e Costa do Marfim. No primeiro caso (Uganda), nomes como Joseph Kony, Vincent Otti, Okot Odhaimbo, Dominic Ongwen e Raska Lukwiya são todos acusados de crimes contra a huma-nidade e de crimes de guerra.

No caso da RDC, nomes como Thomas Lubanga, Germain Katanga, Mathieu Ngud-jolo Chui, Bosco Ntaganda, Callixte Mbaru-shimana e Sylvestre Mudacumura são acu-sados de crimes como: recrutamento de crianças soldados para participarem no conflito armado, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. No caso da situação do Darfur, os nomes em destaque são: Ahmad Muhammad Harun, Ali Muhammad Ali Abd-Al-Rahman, Omar Hassan Ahmad Al Bashir, Bahar Idriss Abu Garda, Abdallah Banda Abakaer Nourain, Saleh Mohammed Jerbo Jamus e Abdel Raheem Muhammad Hussein são acusados de crimes contra a humanidade, crimes de guerra, genocídio No caso da situação da África Central, des-taca-se o nome de Jean-Pierre Bemba Gombo, acusado de ter cometido crimes contra a humanidade e de crimes de guer-ra. No caso da situação do Quénia, estão referidos os nomes de William Samoei Ruto, Joshua Arap Sang, Henry Kiprono Kosgey, Francis Kirimi Muthaura, Uhuru Muigai Kenyatta e Mohammed Hussein Ali pela prática de crimes contra a humanida-de. No caso da Líbia, constam os nomes de Saif Al-Islam Gaddafi, Abdullah Al-Senussi e Muammar Mohammed Abu Minyar Gaddafi pelas práticas de crimes contra a humani-dade. No caso da Costa do Marfim, consta o nome de Laurent Gbagbo, acusado de crimes contra a humanidade. A partir de Setembro de 2012, o TPI conta-rá com a primeira cidadã portuguesa como procuradora do TPI.

O primeiro condenado pelo ‘tribunal do mundo’ 10 anos depois da sua criação

Pág. 7 Pág. 7 Pág. 7 Pág. 7 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63

D I R E I T O S H U M A N O S E J U S T I Ç A I N T E R N A C I O N A L

Juízes do TPI saem da sala após leitura da sentença de Lubanga no dia 10 de Julho © ICC Photo

Lubanga em 2003 ©Reuters/www.spiegel.de

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Dia 9 de Agosto comemora-se o Dia Inter-nacional dos Povos Indígenas. Este ano procurou-se dar destaque aos “media Indí-genas, e empoderamento das Vozes Indí-genas” como forma de lutar pela “implementação plena” da Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Neste dia o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon apelou a que usemos “os meios de comunicação – indígenas e não indíge-nas, e principalmente novos mercados – para criar pontes e estabelecer um mundo verdadeiramente intercultural, onde a diversidade é celebrada; um mundo onde não só coexistem diferentes culturas, mas que valoriza uns aos outros pelas suas contribuições e potencial” A Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas foi aprovada a 13 de Setembro de 2007 na Assembleia-Geral da ONU por uma maioria de 144 estados-membros. A Nova Zelândia e o Canadá que inicialmen-te tinham votado contra reverteram entre A declaração, composta por 46 artigos na essência reforça os direitos humanos de indivíduos membros grupos indígenas: “Os indígenas têm direito, a título colectivo ou individual, ao pleno gozo de todos os direi-tos humanos e liberdades fundamentais reconhecidos pela Carta das Nações Uni-das, a Declaração Universal dos Direitos

Humanos e o direito internacional dos direitos humanos” (Artigo 1). A necessida-de de aprovar tal declaração justifica-se pela clara situação de desvantagem des-tas populações. De acordo com o mais recente Relatório sobre o estado dos Povos Indígenas no mundo, de 2010, exis-tem cerca de 370 milhões de pessoas indígenas a viver em 90 países, em todas as regiões do mundo. A situação dos povos indígenas em muitas partes do mundo é crítica. Os índices de pobreza são significa-tivamente mais elevados entre populações indígenas do que noutros grupos. Os indí-genas constituem 5 por cento da popula-ção mundial mas representam 15 por cen-to dos pobres de todo o mundo. As taxas de iliteracia são também mais elevadas entre indígenas. As populações indígenas enfrentam discriminação sistémica e exclusão dos círculos de poder quer políti-co quer económico. São muitas vezes expulsos das suas terras ancestrais e a sua cultura é comercializada sem a sua autorização. Das 7 mil línguas faladas no mundo, 4 mil são faladas por indígenas. Muitas razões para, segundo o Secretário-Geral começarmos a ouvir as vozes indíge-nas. http://social.un.org/index/IndigenousPeoples/Library/http://social.un.org/index/IndigenousPeoples/Library/http://social.un.org/index/IndigenousPeoples/Library/http://social.un.org/index/IndigenousPeoples/Library/StateoftheWorldsIndigenousPeoples.aspxStateoftheWorldsIndigenousPeoples.aspxStateoftheWorldsIndigenousPeoples.aspxStateoftheWorldsIndigenousPeoples.aspx

Vozes indígenas fazem-se ouvir em Agosto

Em breve… • Dia Mundial Humanitário 19 de Agosto

• Dia Internacional da Memória do Tráfico de Escravos e da sua Abolição [UNESCO]

23 de Agosto

• Lançamento do relatório sobre Comércio e Desen-volvimento 2012, UNCTAD 12 de Setembro

• Abertura da 67ª Sessão Regular da Assembleia-Geral da ONU, N. Iorque

8 de Setembro (http://www.un.org/en/ga/)

• 4ª Sessão Cine ONU—Ciclo de cinema sobre direitos e desenvolvimento, Lisboa

20 de Setembro (http://www.unric.org/pt/ )

• Social Good Summit (Cimeira do bem Social)

22 a 24 de Setembro (http://mashable.com/sgs/)

Ficha técnicaFicha técnicaFicha técnicaFicha técnica Direcção: Direcção: Direcção: Direcção: Afsane Bassir-Pour Edição: Edição: Edição: Edição: Júlia Galvão Alhinho Redacção: Redacção: Redacção: Redacção: JGA e Telmo Fernandes http://www.unric.org/pt/ http://www.unric.org/pt/ http://www.unric.org/pt/ http://www.unric.org/pt/

Pág. 8 Pág. 8 Pág. 8 Pág. 8 BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63BRUXELAS JULHO/AGOSTO 2012, EDICAO NR. 63