padronização de receitas um instrumento para garantia da qualidade

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL – CAMPUS DE BENTO GONÇALVES CURSO DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS ELISABETE LIVIERA BERTARELLO PADRONIZAÇÃO DE RECEITAS: UM INSTRUMENTO PARA GARANTIA DA QUALIDADE Bento Gonçalves 2011

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Page 1: Padronização de receitas um instrumento para garantia da qualidade

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL – CAMPUS DE BENTO GONÇALVES

CURSO DE TECNOLOGIA EM ALIMENTOS

ELISABETE LIVIERA BERTARELLO

PADRONIZAÇÃO DE RECEITAS: UM INSTRUMENTO PARA GARANTIA DA

QUALIDADE

Bento Gonçalves 2011

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1

ELISABETE LIVIERA BERTARELLO

PADRONIZAÇÃO DE RECEITAS: UM INSTRUMENTO PARA GARANTIA DA

QUALIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Tecnologia em Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves como parte dos requisitos para a conclusão do Curso.

Orientadora: Profª. Camila Duarte Teles

Bento Gonçalves

2011

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2

ELISABETE LIVIERA BERTARELLO

PADRONIZAÇÃO DE RECEITAS: UM INSTRUMENTO PARA GARANTIA DA

QUALIDADE

BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________________ Profª. Camila Duarte Teles – IFRS – Bento Gonçalves ______________________________________________________________ Profª. Lucia de Moraes Batista – IFRS – Bento Gonçalves ______________________________________________________________ Prof. André Mezzomo – IFRS – Bento Gonçalves

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3

Agradecimentos

A Deus, fonte de esperança inesgotável.

À Marina, minha filha, pelo apoio incondicionado.

Ao Gilmar, meu esposo, pelo incentivo em não desistir.

Ao Bobi, pela doçura e meiguice.

Aos colegas e professores que me impulsionaram a

continuar.

À Professora Camila, pela orientação e paciência.

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4

RESUMO

A melhora na qualidade e rendimentos na produção dos produtos alimentícios resulta em aumento da lucratividade, algo indispensável à manutenção das empresas no mercado. Por isso, o trabalho em questão propõe-se a ser um instrumento para a implantação da qualidade, utilizando-se a padronização das receitas através de receitas padrão, onde ficam registradas as quantidades de ingredientes e procedimentos que devem ser seguidos em todo o processo de produção. Tal procedimento garante que os produtos mantenham o mesmo padrão de qualidade, independente do colaborador que irá executar a tarefa. Para tanto, o ciclo PDCA constitui uma ferramenta gerencial na garantia da manutenção e melhoria frequente do processo produtivo, padronizando as informações do controle da qualidade. Tal trabalho foi praticado em uma empresa de alimentos localizada na cidade de Bento Gonçalves, que elabora produtos congelados, refrigerados e pratos prontos de forma artesanal, porém não utilizava receituário padrão, realizando o processo produtivo de modo rudimentar. Após a realização do trabalho na referida empresa, pode-se concluir que a padronização garantiu melhorias na qualidade, haja vista assegurar uniformidade no aspecto físico e sensorial do produto, o que culminará com a satisfação do consumidor e aumento da lucratividade. Palavras-chave: Controle de Qualidade; Ciclo PDCA; Receita Padrão.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................07

2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................................08

2.1 QUALIDADE: CONCEITUAÇÃO..............................................................................................08

2.2 CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL....................................................................................10

2.3 PADRONIZAÇÃO.........................................................................................................................15

3 METODOLOGIA..............................................................................................................................20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................................24

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................................31

Page 7: Padronização de receitas um instrumento para garantia da qualidade

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – CICLO PDCA DE CONTROLE..................................................................................13

FIGURA 2 – MODELO DE FICHA DE RECEITA 1......................................................................21

FIGURA 3 – MODELO DE FICHA DE RECEITA 2......................................................................22

FIGURA 4 – QUESTIONÁRIO SOBRE PADRONIZAÇÃO DE RECEITAS.............................23

FIGURA 5 – AMOSTRAGEM DA RECEITA 1...............................................................................25

FIGURA 6 – AMOSTRAGEM DA RECEITA 2...............................................................................26

FIGURA 7 – TABELA DE RENDIMENTOS DA RECEITA 1......................................................27

FIGURA 8 – TABELA DE RENDIMENTOS DA RECEITA 2......................................................28

FIGURA 9 – RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO.......................................................................28

Page 8: Padronização de receitas um instrumento para garantia da qualidade

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1 INTRODUÇÃO

A padronização constitui um método empregado nas empresas alimentícias para

melhora na qualidade e rendimentos na produção, pois garante uniformidade no aspecto físico

e sensorial do produto, com o intuito de aumentar a lucratividade e a satisfação do

consumidor, elementos imprescindíveis ao sucesso do empreendimento.

O trabalho tem por objetivo principal a melhora da qualidade e rendimentos na

produção de massas congeladas, utilizando-se a padronização das receitas através de receitas

padrão. Tal trabalho de padronização de receitas foi realizado no período de 3 (três) meses em

uma empresa de alimentos, localizada na cidade de Bento Gonçalves, que elabora produtos

congelados, refrigerados e pratos prontos, sendo que o processo produtivo realizava-se de

forma rudimentar.

Nas receitas padrão ficam registradas as quantidades de ingredientes e procedimentos

que devem ser seguidos em todo o processo de produção das receitas, garantindo que os

produtos mantenham o mesmo padrão de qualidade, independente do colaborador que irá

executar a tarefa. Para tanto se faz necessário elaborar um receituário padrão do

estabelecimento, avaliar os rendimentos e perdas em cada preparação e acompanhar o preparo

da receita.

O processo de padronização se constituiu no desenvolvimento do receituário através

do acompanhamento da elaboração de cada produto, no intuito de confeccionar receita padrão

composta pela denominação, ingredientes e respectivas quantidades e modo de preparo.

Importante salientar que foi implantada uma tabela para cada receita, possibilitando analisar

os custos da matéria prima, o peso bruto e o peso líquido de cada ingrediente, suas quebras

(perdas), bem como o rendimento final. Além disso, foi aplicado um questionário para os

funcionários, a fim de auxiliar na análise dos resultados acerca do trabalho de padronização de

receitas realizada na empresa.

Assim, a pesquisa abordou uma análise teórica sobre a conceituação da qualidade

como estratégia básica para satisfação dos consumidores, a fim de garantir a sobrevivência

das empresas num mercado extremamente competitivo, bem como acerca do controle da

qualidade total e do ciclo PDCA como um método gerencial. Por fim, adentrou-se o tema da

padronização, tida como um instrumento eficaz no controle da qualidade, pois visa o

estabelecimento de padrões, mediante a utilização de receita padrão ou ficha técnica,

assegurando ao consumidor um produto de qualidade.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 QUALIDADE: CONCEITUAÇÃO

A palavra qualidade representa a tônica da tecnologia de produtos e serviços, por isso

Cerqueira (1994, p.12) assinala que a “qualidade é a totalidade de atributos que deve ter um

produto ou serviço para que atenda às expectativas do usuário final”, nota-se:

O nível de qualidade que se deseja alcançar num determinado produto necessita estar em consonância com o mercado alvo que se quer atingir. A qualidade do produto significa que o mesmo seja capaz de mostrar um alto desempenho, através de alguns critérios, tais como: durabilidade, confiabilidade, precisão, facilidade de operação e reparos, dentre outros. (SILVA; MARÇAL; COSTA, 2008, p.2)

Qualidade é o fator que conduz empresas ao êxito organizacional e ao crescimento. A

eficácia dos programas da qualidade propicia excelente lucratividade nas empresas quando

associados a estratégias eficientes para a qualidade. Isto é demonstrado através de avanços

substanciais na participação em mercados, melhorias expressivas na produtividade total e com

menores custos da qualidade (FEIGENBAUM, 1994, p.XVII).

Nesse sentido, Bertolino (2010, p.11) salienta que:

Qualidade não é mais um diferencial competitivo, mas uma condição para se manter no mercado. Por isso, o tema qualidade deve vir em primeiro lugar. Isso significa dizer que o enfoque dos lucros em primeiro lugar deve ser abandonado. A justificativa é que, dando prioridade à qualidade, os lucros virão como consequência. Se uma organização segue o princípio da qualidade em primeiro lugar, seus lucros aumentarão com o decorrer do tempo. Todavia, se persegue o objetivo de atingir lucros a curto prazo, perderá a competitividade no mercado, seja sua atuação nacional ou internacional, e, longo prazo, perderá os lucros.

Diante desta nova realidade, as empresas devem estar preparadas para assimilar estas

mudanças sociais de forma rápida e, ao mesmo tempo, visando satisfazer a exigência de

mercados e consumidores, que primam pela qualidade e segurança dos produtos que irão

consumir.

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Devido às transformações sociais e econômicas que ocorrem na sociedade, surgem

cada vez mais demandas e ofertas de produtos industrializados, especialmente os de ordem

alimentícia, basta verificar as gôndolas dos supermercados que estão repletas de marcas e

tipos diversos destes produtos.

Os alimentos congelados destacam-se pela sua maior durabilidade e praticidade de

uso, pois se apresentam prontos para serem consumidos, basta seguir as instruções fornecidas

nas embalagens, que na maioria das vezes servem de recipientes na hora da cocção.

A qualidade, reconhecida pelos clientes, que são os verdadeiros julgadores, aliada a

baixos custos na produção e diminuição de tempo e falhas no processo, se tornam estratégias

básicas para garantir a sobrevivência das empresas, num mercado extremamente competitivo.

Importante salientar a explicitação tecida por Evangelista (1994, p.647):

O consumidor tem certas predileções pelos produtos que compra. Pesa muito, nessa sua decisão, a classe do produto, que nada mais é do que a soma de seus diversos valores. A aceitabilidade do produto alimentício advém do equilíbrio de sua constituição, elaboração, de seu estado de higidez, de seus caracteres organolépticos e, sobretudo da manutenção constante de todos esses valores; o produto que apresenta sempre o mesmo padrão, transmite ao consumidor mais segura impressão de confiança e melhor se integra em seu habito alimentar.

A qualidade de um produto ou serviço é determinada pelo cliente, baseada na sua

experiência real com o produto, medida de acordo com suas exigências, explícitas ou não,

conscientes ou simplesmente percebidas, representando alvo instável em mercado

competitivo, como se conclui da explicação de Feigenbaum (1994, p.8) acerca da qualidade

em produtos: “A combinação de características de produtos e serviços referentes a marketing,

engenharia, produção e manutenção, através das quais produtos e serviços em uso

corresponderão às expectativas do cliente”.

Especificamente no segmento de alimentos, para entender o que é qualidade, pode ser

conceituado sob duas formas, a chamada qualidade percebida e a chamada qualidade

intrínseca. Qualidade percebida é tudo aquilo que um consumidor deseja de um produto, está

associada às propriedades organolépticas, como crocância, cor, odor, textura, além da

composição nutricional, as características da embalagem e ser atrativo. Neste panorama,

qualidade pode ser estimada comparando-se aquilo que foi planejado ao resultado que se

obteve ao final do processo e que se disponibilizou para o mercado consumidor.

Já qualidade intrínseca é tudo aquilo que um consumidor espera como evidente em um

produto, por exemplo, que o peso indicado na embalagem esteja em conformidade com o

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mesmo, que não se utilizem ingredientes proibidos pelos órgãos oficiais, que os ingredientes

utilizados estejam nas dosagens corretas transmitindo segurança para o consumidor, que

estejam livres de qualquer tipo de contaminante, seja ele químico, físico ou microbiológico, e

que esteja dentro da lei (BERTOLINO, 2010).

Assim, observa-se que qualidade em alimentos engloba diversos fatores em relação ao

produto, que são analisados pelos consumidores, verdadeiros formadores de opinião da

qualidade atribuída ao produto. Um alimento de qualidade deve priorizar todo o processo de

elaboração, desde manipuladores, matéria prima até a finalização do produto que é alcançado

através do controle da qualidade.

2.2 CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL

A prioridade de uma empresa são os consumidores, cuja satisfação pela aquisição do

produto por um longo período é fator fundamental, para isso são necessárias ações de

planejamento, controle e aprimoramento na busca de uma qualidade total.

Tal necessidade de satisfação do consumidor é elucidada por Turchi (1997, p.18):

A preocupação em atender às necessidades do cliente constituiu princípio básico encontrado nas diversas abordagens e modelos de gestão da qualidade total. Esse princípio origina-se no pressuposto de que, em tempos de intensa competitividade, o sucesso a longo prazo e a consequente possibilidade de sobrevivência de uma organização dependem da sua capacidade de satisfazer necessidades e expectativas de seus clientes. Para tal, é necessário que a empresa como um todo seja organizada e se estruture em torno do objetivo de atender ao cliente.

Segundo Campos (2004, p.14-15), “qualidade total são todas aquelas dimensões que

afetam a satisfação das necessidades das pessoas e por conseguinte a sobrevivência da

empresa,” estas dimensões devem contemplar cinco requisitos como: a) qualidade deve estar

diretamente ligada a satisfação do cliente interno ou externo, sendo alcançada através das

características específicas do produto final ou intermediário da empresa; b) custo, não está

relacionado somente como custo final do produto, neste contexto são inseridos os custos

intermediários, como custos de compras vendas, produção, etc.; c) entrega, neste componente

pode ser medido as condições de entrega dos produtos finais e intermediários de uma

empresa, por exemplo, índice de atrasos de entrega, entrega em local errado ou de quantidades

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erradas; d) moral, mede o nível médio da satisfação de um grupo de pessoas compostas pelos

funcionários da empresa, essa satisfação pode ser medida de várias maneiras como,

afastamentos, assiduidade, acidentes de trabalho, reclamações trabalhistas, etc.; e) segurança

dos funcionários, avaliada através de índices de acidentes de trabalho, etc., e a avaliação da

segurança dos usuários do produto.

De acordo com isso Werkema (1995, p.16) salienta que:

A partir desta apresentação dos componentes da Qualidade Total, fica claro que qualidade não é apenas ausência de defeitos. De nada adiantará, por exemplo, fabricar um produto totalmente sem defeitos, mas cujo preço é tão elevado que ninguém estará disposto a comprá-lo. Por outro lado, o cliente não comprará um produto que não cumpra adequadamente a função para a qual foi projetado, ou que não seja seguro, por mais baixo que seja o seu preço.

Na prática do controle de qualidade é necessário o envolvimento participativo de

todos, da alta gerência até os operários, é uma nova forma gerencial focada no controle do

processo, que tem como objetivo controlar os processos menores, podendo localizar o

problema e agir sobre a causa, tendo como objetivo principal a satisfação das pessoas.

Campos (1992, p.9) enfatiza que: “Todo o processo ou sistema deve garantir a

qualidade total para o processo seguinte. Para que isso ocorra deve ser praticado o controle de

qualidade. Praticar o controle de qualidade é eliminar a causa fundamental dos problemas do

processo ou sistema.”

Nesse sentido, Cerqueira (1994, p.14) destaca que:

O controle da qualidade tem o objetivo de manter o processo conforme foi planejado, de modo que ele continue capaz de atender ás metas estabelecidas durante o planejamento da qualidade. Inclui a avaliação do desempenho real do processo, comparando-o com o planejado e, se necessário, atuar nas diferenças, visando a restabelecer o estado de controle.

De acordo com Feigenbaum (1994), a determinação da qualidade e de seus custos

ocorre no decorrer de todo o ciclo industrial. Isso demonstra que o controle da qualidade não

pode ser realizado limitando-se sobre inspeção ou projeto do produto de forma isolada, ou

sendo rejeitado por meio de reconhecimento de falhas ou, então, por nível de educação do

operador ou por estudos de confiabilidade, por mais essencial que seja cada um desses fatores.

Além disso, segundo Campos (1992), o exercício do controle da qualidade significa

que diante de um acontecimento indesejável, deve-se analisar o processo para encontrar a

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causa do problema, atuar na origem e observar o resultado; se for positivo, padronizar e

estabelecer item de controle, observando atentamente a causa, garantindo assim que o

problema não retorne.

Pode-se afirmar que os aspectos mais relevantes para a obtenção de um bom êxito dos

programas de qualidade são constituídos pelo apoio da alta administração e subordinados,

salientando que nenhum equipamento tem maior importância no processo do que os

colaboradores da empresa. Neste sistema está inserida a evolução dos métodos de controle de

qualidade, tornando as empresas mais rápidas e eficazes perante o mercado, alcançando o seu

espaço e a manutenção da fidelidade dos consumidores (SCHUMACHER XXXX).

Campos (2004) ressalta que o caminho do sucesso para obter melhorias contínuas nos

processos é combinar dois tipos de gerenciamento: manutenção e melhorias. Melhorar

ininterruptamente os processos significa melhorar continuamente seus padrões. Cada melhoria

corresponde ao estabelecimento de um novo “nível de controle”.

Um método para garantir a manutenção e melhoria contínua dos processos é a

utilização do ciclo PDCA1 sendo peça fundamental para o controle da qualidade, como refere

Werkema (1995, p. 24), “o ciclo PDCA é um método gerencial de tomada de decisões para

garantir o alcance das metas à sobrevivência de uma organização”.

Nesse sentido:

O ciclo PDCA é um método que visa controlar e conseguir resultados eficazes e confiáveis nas atividades de uma organização. É um eficiente modo de apresentar uma melhoria no processo. Padroniza as informações do controle da qualidade, evita erros lógicos nas análises, e torna as informações mais fáceis de entender (SILVA; MARÇAL; COSTA, 2008, p.3).

O ciclo PDCA é composto de quatro etapas, como descreve Vieira Filho (2007 p.24-

25):

-P: do verbo to plan ou planejar. Nesta etapa são definidas as metas que se quer

atingir, tais metas devem ser cuidadosamente definidas e algumas informações são relevantes,

como conhecer as tendências do mercado, ter ciência do desejo do cliente, conhecer os

fornecedores, verificar se há necessidade de investimentos. Definidas as metas, deve-se

estabelecer os métodos e os procedimentos para alcançar as metas propostas.

1 “O método PDCA (ciclo de análise e melhoria), foi criado pelo Dr. Walter A. Shewhart no início da década de 30, sendo consolidado por William Edwards Deming na década de 50”. WERKEMA, Maria Cristina Catarino. Ferramentas estatísticas básicas para o gerenciamento de processos. v.02, Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1995, p.10-11.

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-D: do verbo to do ou executar. Consiste em executar as tarefas exatamente como foi

previsto na etapa de planejamento, bem como coletar dados que serão utilizados na etapa de

verificação do processo, sendo essenciais a educação e o treinamento de todos os envolvidos.

-C: do verbo to check ou verificar. Esta é uma etapa puramente gerencial, que verifica

se o que foi executado está em consonância com as metas estabelecidas, bem como os dados

coletados na execução são comparados com o planejado.

-A: do verbo to act ou agir. Visa uma atuação corretiva, isto é, caso a operação

realizada não esteja de acordo com o planejado, deve-se atuar corretivamente com planos de

ação para correção de rumo visando alcançar a meta planejada. Em contrapartida, caso a meta

tenha sido alcançada, deve-se adotar como padrão o plano proposto.

As etapas do ciclo PDCA são visualizadas na Figura 1, em que a melhoria contínua é

realizada a partir do alcance das metas estabelecidas, “neste caso, deve-se voltar ao Planejar e

revisar as metas já atingidas traçando novos desafios, novos procedimentos, etc.”.

Em outras palavras, pode-se dizer que o ciclo PDCA deve ser girado sistematicamente,

de modo que a cada volta completada, ocorra uma correção das falhas, porque com o giro

contínuo, as melhorias nos processos são ininterruptas. É o que se verifica na análise da

Figura 1.:

Figura 1 – Ciclo PDCA de Controle

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A cada volta no ciclo PDCA, o processo melhora, seja pela correção das falhas ou pela

otimização do processo, por isso o ciclo PDCA é tido como principal ferramenta no controle

da qualidade, envolvendo o estabelecimento de padrões de trabalho para cada etapa, desde o

projeto até a finalização do produto. “Estes padrões incluem explicações de como verificar a

existência de problemas (resultados desejados não alcançados), como encontrar suas causas e

como corrigi-las, de tal modo que os resultados desejados possam ser alcançados” (CAMPOS,

1992, p.5).

Assim, “nessa nova abordagem, controle de qualidade deixa de ser uma função e

responsabilidade específica de gerentes de departamentos de qualidade para ser exercida por

todos os empregados em todas as fases do processo produtivo” (TURCHI, 1997, p.15), sendo

assim o controle da qualidade passa a ser responsabilidade de toda a equipe, uniformizando

todo o processo, através do uso de instrumentos como a padronização, garantindo a

manutenção da qualidade do produto.

Segundo Goese, Bragato e Pereira (2010) várias empresas perdem mercado por não

padronizarem seus processos de fabricação. As pessoas envolvidas no processo, devem saber

identificar quais os objetivos, qual o motivo e para que estão executando as atividades. O

gerenciamento de processos adequado viabiliza sua melhoria, favorece uma produção

uniforme, reduz custos, aumenta a eficiência dos processos e procura quais os produtos, que

proporcionam maior satisfação aos clientes.

Como ressalta Vieira Filho (2007, p. 20):

Como vimos, o controle da qualidade total faz uma verdadeira revolução na organização. No início do processo de transformação todos gastam um pouco mais de energia que o usual, mas o planejamento minucioso para implantação do programa de qualidade trará às pessoas a segurança no momento das decisões e os esforços extras do dia-a-dia reduzidos a zero. Com as atividades padronizadas, pessoal treinado, metas definidas e dados confiáveis para análise e tomada de decisão trocaremos a correria pelo rendimento.

Portanto, tem-se por imprescindível para a operacionalidade da empresa que a

integralidade de colaboradores realize o controle da qualidade rotineiramente, a fim de

assegurar um padrão qualitativo nos produtos, garantindo a manutenção da qualidade total, a

otimização dos rendimentos e a satisfação dos consumidores.

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15

2.3 PADRONIZAÇÃO

O controle da qualidade tem suma relevância para a empresa, especialmente quando

faz uso da padronização, tida como um instrumento efetivo no controle de qualidade,

garantindo a fabricação de produtos com as mesmas características físicas e sensoriais

procuradas pelo consumidor. Padronizando o processo inibem-se riscos de falhas, o que

acarretaria perdas significativas para a empresa.

Nesse sentido:

A abordagem da padronização de processos é uma forma eficaz de se organizar e gerenciar a maneira como as atividades da empresa agregam valor. Necessário é identificar os processos para melhorias e compreensão do negócio. Desenvolver um sistema que permita a mensuração e diagnóstico da situação presente, prever acontecimentos futuros e permitir ações como o planejamento e controle de padronização dos processos organizacionais são fundamentais para o desenvolvimento de estratégias que tragam alguma vantagem competitiva (GOESE;

BRAGATO; PEREIRA, 2010).

Campos (1992, p.1) disserta que, “a padronização é considerada a mais fundamental

das ferramentas gerenciais”, sendo desta forma um aliado na elaboração de produtos no setor

alimentício. A padronização de processos permite registrar e difundir as técnicas da empresa,

fazendo uso de qualificação de funcionários, com isso aperfeiçoando aspectos relativos à

produção.

Nota-se:

O sistema de padronização permite registrar a técnica pessoal como técnica da empresa (e difundir esta técnica através da educação e treinamento). Permite a melhoria da intercambialidade dimensional, funcional e de componentes; a mínima utilização de componentes; a melhoria e garantia da confiabilidade; a fabricação com qualidade uniforme; a eliminação de dificuldades e problemas de processamento; a prevenção de ocorrência de problemas; o estabelecimento de procedimentos padrão de operação (CAMPOS, 1992, p.81).

Campos (2004, p.62) salienta que “o treinamento dos operadores bem como de todas

as pessoas, quando exercem a função operação, é baseado em padronização. Este é o

treinamento operacional”, ou seja, quando se adota a padronização de processos objetivando a

satisfação dos clientes com a melhoria do produto, todos os envolvidos devem estar aptos a

realizar as suas tarefas e ter completo domínio de suas rotinas.

Page 17: Padronização de receitas um instrumento para garantia da qualidade

16

Nessa linha, relata Arantes (1998, p.23):

Como os processos variam em função das causas que o constituem, quanto menos variações eles tiverem melhor. E é ai que entra em função a padronização, ou seja, quanto melhor forem os padrões definidos, quanto melhor forem os treinamentos das pessoas no domínio deste padrão e quanto mais eficientes forem as verificações.

A padronização é peça fundamental nas indústrias de alimentos, estabelecendo fator

preponderante na manutenção da qualidade de seus produtos. Através da padronização dos

processos se consegue estabelecer o melhor método a ser utilizado na realização de uma

tarefa, o treinamento das pessoas é uma garantia de que todos os funcionários executarão as

tarefas sempre da mesma forma, ou seja, tendo um domínio sobre os processos, como sustenta

Campos (2004, p.56) “assegure-se de que todos os operadores, em todas as turmas, que

executam a mesma tarefa, estão conduzindo o seu trabalho da mesma maneira”.

As empresas que não padronizam seus processos impossibilitam o desempenho

satisfatório da sua equipe na execução do trabalho, como assinala Campos (1992, p.3),

“observa-se junto as empresas que grande parte das causas de problemas é se ter nos vários

turnos operários executando a mesma tarefa de forma diferente”, nesse aspecto é comum

ocorrer variações no processo, perdas na qualidade e na produtividade2.

Ainda que a padronização seja de suma importância, a situação brasileira no que se

refere à padronização não é adequada, falta literatura, educação e treinamento das pessoas que

ocupam cargos de gerência. Por isso, é possível afirmar que “nas raras empresas que se

consideram padronizadas, este assunto tem sido relegado aos técnicos, quando de fato é um

encargo essencialmente gerencial” (CAMPOS, 1992, p.1).

Em suma, a padronização é concebida como uma “atividade sistemática de estabelecer

e utilizar padrões” (CAMPOS, 1992, p.4) e um padrão pode ser conceituado como um

“documento condensado estabelecido para um procedimento com o objetivo de unificar e

simplificar de tal maneira que, de forma honesta, seja conveniente e lucrativo para as pessoas

2 A ausência de padronização no treinamento pode levar a empresa a perder o controle do domínio tecnológico, como bem exemplifica Vicente Falconi Campos: “O painel de comando de um laminador era mantido pelo Sr. Augusto que, ao longo dos anos, fez várias alterações sem atualizar o detalhamento do equipamento. Após sua aposentadoria e a empresa tinha que mandar buscá-lo continuamente em casa. Só ele tinha acesso ao equipamento; a empresa perdeu o domínio tecnológico.” CAMPOS, Vicente Falconi. Qualidade Total. Padronização de Empresas. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1992, p. 8.

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envolvidas” (CAMPOS, 1992, p.4), daí a relevância da padronização3 através do

estabelecimento de padrões.

Nesse sentido, observa-se que um padrão é um acordo documentado e utilizado por

todos os envolvidos no processo, e não deve ser determinado unicamente pelos níveis

hierárquicos mais altos da empresa, mas simultaneamente com todos. Além disso, o padrão

deve ser empregado e o que foi combinado deve ser realizado. Destaca-se que o padrão deve

ser continuamente analisado para considerar possíveis melhorias produzidas pelo aprendizado

decorrente de sua utilização (LUCENA; ARAUJO; SOUTO, 2006).

Todavia, para a implementação de padrões é necessário que a padronização seja

implantada na empresa seguindo um método, que inclui desde a análise do procedimento até o

registro em formato padrão, sendo necessário adotar as seguintes etapas:

a) especialização: escolher o sistema a ser padronizado determinando a sua

repetibilidade;

b) simplificação: consiste na redução do número de componentes, produtos, materiais

e procedimentos e da simplificação do projeto dos produtos, visando reduzir

custos;

c) redação: redigir numa linguagem que as pessoas entendam, inclusive gírias e

linguagem coloquial local;

d) comunicação: comunicar com as pessoas envolvidas no processo de produção;

e) educação e treinamento: o objetivo da padronização é conseguir com que as

pessoas façam exatamente aquilo que tem que ser feito e sempre da mesma

maneira;

f) verificação da conformidade aos padrões: o gerente supervisiona o sistema e o

aperfeiçoa, o supervisor audita o trabalho do operador e o ensina, sendo que as

metas da qualidade, custo, atendimento, moral e segurança devem ser alcançadas

(CAMPOS,1992, p.27-28).

3 Na acepção de Campos: “O principal objetivo na padronização do produto deve ser a satisfação total do cliente. Um produto não deve ser fabricado para atender ao gosto dos projetistas ou da alta direção da empresa. Após a pesquisa da qualidade de mercado, da tecnologia de produção e da viabilidade econômica, deve ser praticado o desdobramento da qualidade de tal forma a captar as necessidades do cliente e transformá-las num projeto. Esta é a maneira de se ter o sistema produtivo de um país voltado para servir ao povo e, ao mesmo tempo, assegurar a sobrevivência das empresas através da produtividade. A padronização do produto deve ser conduzida de forma a obter a redução do custo e o aumento na eficiência do processo de produção. Por outro lado, a fabricação continua do mesmo produto propicia a melhoria na confiabilidade.” Idem, p. 45.

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“Um sistema de padronização cria, utiliza e controla padrões. Podemos entender,

então, que um sistema de padronização de processos irá determinar a sistemática de ações,

além das próprias ações, e como deverá ser o seu direcionamento para a consecução da meta”,

(LUCENA; ARAUJO; SOUTO, 2006, p.3) pelo que se infere:

Quando os padrões são seguidos conforme foi acordado, sendo revisados constantemente para refletir as melhorias geradas, dizemos que a organização possui o domínio do seu processo, pois todas as ações necessárias à realização da meta do processo são de conhecimento de todos os envolvidos e estão acordadas entre eles. O padrão deverá conter todas as informações relevantes para a execução da ação a que se refere. Porém, cabe à organização determinar quão específicas serão estas informações, evitando padrões muito vagos e, também, aqueles muito rígidos, que tolhem a criatividade e a produtividade (LUCENA; ARAUJO; SOUTO, 2006, p.3).

Assim, pode-se afirmar que a eficácia da utilização do procedimento padrão depende

de algumas características básicas:

a) deverá ser direcionado aos usuários;

b) ser o mais simples possível;

c) possível de ser cumprido;

d) concreto, nunca abstrato;

e) baseado na prática;

f) atender a todas as necessidades do trabalho (LUCENA; ARAUJO;SOUTO, 2006,

p.3).

Importante salientar a observação tecida por Coutinho (2007, p.4-5) acerca da

padronização de processos:

Padronizar processos traz inúmeras vantagens sob o ponto de vista do controle do processo, da segurança do trabalho, da qualidade e igualdade do produto acabado, do custo, da sanidade, entre outros. Uns procedimentos contêm informações de como proceder na realização de uma tarefa ou numa etapa de um evento, seja ele de qualquer dimensão. Por exemplo, as etapas de manipulação de alimentos podem ser escritas como um procedimento: Recebimento, escolha, lavagem, cocção, refrigeração, reaquecimento, espera e distribuição. O atendimento do cliente é outro exemplo, assim como inúmeros que objetivam determinados fins.

Nesse sentido, Campos (1992) analisa que as melhorias na padronização da empresa

são compostas das seguintes características:

Page 20: Padronização de receitas um instrumento para garantia da qualidade

19

a) a revisão dos padrões da empresa pode se dar por alteração da qualidade requerida

pelo consumidor, pela melhoria de produtos existentes, progressos na técnica ou esta

modificação pode se dar ainda pela mudança de um velho sistema de padrões para um novo;

b) o treinamento de todos os colaboradores da empresa na utilização dos padrões

deve ser constante, de maneira que os envolvidos no processo acompanhem os avanços da

padronização na empresa;

c) a melhoria no sistema de padronização na empresa ocorre ao longo do tempo pelo

trabalho de rotina.

Ao implantar a padronização dos processos em uma empresa, deve-se ter o cuidado de

documentar o padrão estabelecido, por isso Campos (1992, p.28) disserta que “a redação deve

ser feita de tal maneira que o operador possa entender.”

Nesse aspecto, Goese, Bragato e Pereira (2010) salientam que o formulário é uma

forma de registrar e repassar informações indispensáveis para o planejamento e controle das

atividades desenvolvidas, sendo uma ferramenta relevante dentro de uma empresa, destacando

que as informações nele contidas sejam claras, possibilitando o entendimento de quem vai

utilizar.

Para tanto, a padronização da execução dos processos deve ser documentada através

de uma receita padrão ou ficha técnica, onde estão descritos de forma clara e coesa todos os

ingredientes, quantidades utilizadas, detalhamento das etapas de preparo e seus respectivos

rendimentos.

A receita padrão ou ficha técnica, “garante ao consumidor que determinado produto

terá sempre o mesmo aspecto físico e sensorial, garantia essa que o tornará satisfeito e fiel à

empresa”, é o que explicita Akutsu et al.(2005, p.3).

Dessa forma, Campos (1992, p.2) afirma que “hoje a sociedade é complexa e para

garantir a padronização é necessário registrar de forma organizada (em papel ou memória de

computador) e conduzir formalmente o treinamento no trabalho”.

Portanto, é primordial controlar e padronizar os procedimentos nas empresas, estas

etapas, quando bem gerenciadas e executadas por todos os envolvidos no processo, trazem

melhorias na qualidade, nos custos, na segurança, etc., ou seja, “a padronização é o meio. O

objetivo é conseguir melhores resultados” (CAMPOS, 1992, p.2).

Page 21: Padronização de receitas um instrumento para garantia da qualidade

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3 METODOLOGIA

O trabalho de padronização de receitas foi realizado em uma empresa de alimentos,

localizada na cidade de Bento Gonçalves. A empresa foi fundada em 1995 e elabora produtos

congelados, refrigerados e pratos prontos de forma artesanal, tais como massas frescas,

capeletti, lasanhas, ravióli, tortéis, canelones, risoles, nhoque, molhos prontos e pizzas.

O empreendimento é familiar, sendo gerenciada pelos proprietários e composta por 20

(vinte) colaboradores que atuam no processamento dos alimentos. O trabalho foi realizado em

3 (três) meses e teve início no mês de julho de 2010, período em que foi elaborado a

padronização das receitas dos produtos fabricados.

A empresa elabora produtos típicos italianos, procurando preservar o aroma e o sabor

característicos dessa culinária, buscando a excelência em qualidade, todavia não utilizava

receituário padrão para cada produto elaborado, sendo que todo o processo realizava-se de

forma rudimentar, sem a prévia pesagem dos ingredientes a serem utilizados.

O método adotado pelos funcionários para a execução das receitas baseava-se no uso

de utensílios culinários que serviam de medidas, como, por exemplo, uma colher de algum

componente que faria parte da receita; no que se refere aos líquidos, o medidor não possuía as

medidas descritas em mililitros ou litros, sendo a medição realizada em um recipiente comum

(balde ou caneco).

As receitas não estavam registradas, exceto algumas que ficavam dispostas

aleatoriamente num caderno, sem detalhar cada processo e quantidade. Os rendimentos são

comprometidos nesta etapa por não serem quantificados de forma correta pelos funcionários.

No setor de massas da empresa operavam 5 (cinco) funcionários, onde apenas 1(um)

funcionário tinha conhecimento da elaboração das receitas, na ausência do mesmo o processo

era comprometido, pelo fato das receitas não estarem documentadas.

Por isso, a preocupação em padronizar os processos se estendeu também ao

treinamento dos funcionários, que anteriormente não tinham disponível esta ferramenta, tendo

em vista a importância da padronização nas empresas, em especial as que produzem

alimentos. Tanto é assim que afetava os rendimentos, o que acarretava perdas econômicas.

O treinamento dos colaboradores foi realizado com as receitas documentadas, através

de fichas técnicas ou receita padrão. Após, as receitas foram elaboradas segundo a receita

padrão, que inclui quantificação dos ingredientes (pesagem) e modo de preparo. Todos os 5

(cinco) funcionários executaram a receita padrão.

Page 22: Padronização de receitas um instrumento para garantia da qualidade

21

O processo de padronização constituiu no desenvolvimento do receituário através do

acompanhamento da elaboração de cada produto. Inicialmente, fez-se a pesagem de cada

ingrediente, no caso dos ingredientes “in natura”, pesava-se antes e após o cozimento, se

necessário. Este procedimento era realizado para verificar as perdas, sendo que as medidas

(peso) eram registradas em gramas ou quilogramas para os sólidos e pastosos e mililitros ou

litros para os líquidos. Foi utilizada uma balança digital com capacidade máxima de 15

(quinze) quilos com precisão de 5 (cinco) gramas.

A receita padrão foi constituída de denominação, ingredientes e respectivas

quantidades e modo de preparo. Foram registrados os rendimentos de cada receita, para as

massas recheadas foi informado a quantidade de recheio e a quantidade de massa a ser

utilizada. O modo de preparo foi especificado em cada etapa com linguagem coloquial.

O acompanhamento da execução das receitas foi realizado segundo a receita padrão de

cada produto. A quantidade de cada ingrediente foi rigorosamente quantificada através da

pesagem dos sólidos e medição em litros dos líquidos. Os descartes de alguns ingredientes

foram pesados, com a finalidade de analisar perdas no rendimento.

Nas preparações das receitas, os ingredientes seguiram uma ordem sequencial, sempre

observando as peculiaridades de cada produto, pois alguns eram hidratados antes da

utilização, outros passavam por um cozimento prévio.

Durante a elaboração das receitas foram realizadas degustações, cujo objetivo era

obter um sabor agradável, aprimorando a qualidade. Através deste procedimento considerava-

se a viabilidade do acréscimo ou retirada de algum ingrediente.

Com a finalização da elaboração da receita, o produto era novamente pesado e o seu

rendimento era registrado junto à receita padrão. Todas as receitas foram testadas mais de

uma vez, até serem consideradas aprovadas.

Em relação à determinação dos rendimentos, foram pesados todos os ingredientes

segundo suas especificidades, os que eram cozidos de antemão, os ingredientes “in natura” e

os seus respectivos resíduos. Foi elaborada uma tabela para cada receita, sendo possível

analisar os custos da matéria prima utilizada, o peso bruto e o peso líquido de cada

ingrediente, suas quebras (perdas), bem como o rendimento final.

Page 23: Padronização de receitas um instrumento para garantia da qualidade

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As fichas foram elaboradas segundo os modelos apresentados nas Figuras 2 e 3.

Figura 2 – Modelo de Ficha de receita 1

Figura 3 – Modelo de Ficha de receita 2

Para auxiliar a análise dos resultados, os funcionários responderam um questionário

que contemplava questões referentes ao trabalho de padronização de receitas. O questionário

continha 8 (oito) questões, sendo 7 (sete) objetivas e 1 (uma) dissertativa, as perguntas foram

elaboradas de forma objetiva e respondidas individualmente, sem qualquer interferência. O

questionário pode ser visualizado na Figura 4.

RECEITA 1

NOME DA RECEITA

Ingredientes Unidade de medida Custo dos ingredientes (R$)

Total

RENDIMENTO DA RECEITA Receita Rendimento kg Custo final / kg (R$) Preço Venda (R$)

RECEITA 2

NOME DA RECEITA Ingredientes Massa inicial Custo (R$) Massa final Quebra kg Custo (R$)

Batata Farinha trigo

Gordura vegetal Sal

Total (peso kg)

RENDIMENTO DA RECEITA Receita Massa inicial Massa final Ganho kg (R$) Nhoque

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Questionário

Padronização de Receitas realizada durante estágio na empresa de Congelados Don

Rafaello.

Nome: ..................................................................................

Data: 22.09.2010

1) A padronização das receitas trouxe aspectos positivos na elaboração dos produtos? ( ) SIM ( ) NÃO 2) Diminuiu o tempo de preparação? ( ) SIM ( ) NÃO 3) Melhorou a qualidade dos produtos? ( ) SIM ( ) NÃO 4) Sentiu dificuldade no procedimento de padronização das receitas? ( ) SIM ( ) NÃO 5) Acha necessária a padronização na elaboração das receitas? ( ) SIM ( ) NÃO 6) O caderno de receitas auxilia na elaboração dos produtos? ( ) SIM ( ) NÃO 7) Qual nota você atribui à padronização das receitas? ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 8) Quais as principais melhorias resultantes da padronização de receitas?

Figura 4 - Questionário sobre Padronização de Receitas

Page 25: Padronização de receitas um instrumento para garantia da qualidade

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A padronização das receitas foi implantada na empresa mediante a criação de um

documento (receita padrão ou ficha técnica), onde foi descrito todo o processo de elaboração

das massas, inicialmente os ingredientes e respectivas quantidades e as etapas do modo de

preparo. Alguns ingredientes eram pesados antes e após o cozimento, bem como seus

resíduos. Constam na receita padrão ou ficha técnica os rendimentos de cada receita, como

demonstrado na amostragem das Figuras 5 e 6.

Figura 5 – Amostragem da receita 1

RECEITA 1

MASSA DE RISOLES NA PANELA

INGREDIENTES:

2 L de leite

60 g de sal

2 gemas

40 g de margarina

1,75 kg de farinha de trigo

MODO DE PREPARO:

- Derreter a margarina;

- Acrescentar o leite e as gemas e deixar ferver;

- Adicionar o sal e a farinha de trigo mexendo sempre;

- Sove, ainda no fogo, por aproximadamente 10 minutos;

- Retire do fogo e sove novamente com as mãos.

RENDIMENTO DA MASSA: 3,745 kg

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Figura 6 – Amostragem da receita 2

Como mencionando anteriormente, verificam-se perdas de rendimento de alguns

ingredientes quando submetidos a um pré-cozimento e ainda se observou a quantidade de

resíduos que eram descartados dos ingredientes in natura. Cabe ressaltar que essa informação

da quantidade exata de perdas era desconhecida pelos funcionários, devido a não

padronização dos processos.

RECEITA 2

NHOQUE DE BATATA

INGREDIENTES:

5 kg de batata cozida e amassada

4 kg de farinha de trigo

90 g de sal

200g de gordura vegetal

MODO DE PREPARO:

- Lave as batatas antes de cozer;

- Cozinhe as batatas em água e sal (1 kg de sal para cada saco de batata) até

ficarem macias;

- Descasque e amasse as batatas;

- Misture todos os ingredientes na proporção acima até obter uma massa

homogênea;

- Molde os nhoques;

- Após cozinhe em água fervente até que eles subam para a superfície;

- Retire da água quente e transfira para uma bacia com água gelada por

alguns segundos;

- Em seguida escorra a água excedente.

RENDIMENTO DA MASSA (após cozimento): 10,68 kg

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Os utensílios utilizados para medir a quantidade de ingredientes continuaram sem

medição expressa, sendo que se adotou como referência um “balde”, onde foi feito uma marca

do lado externo para saber a quantidade em litros que ele suportava.

O uso desses equipamentos rudimentares dificulta o trabalho e ainda pode interferir no

rendimento e na parte sensorial do produto finalizado, quando o processo quantitativo não for

realizado de forma correta, comprometendo a qualidade dos produtos elaborados pela

empresa.

Nesse aspecto o treinamento dos funcionários também é comprometido, o auxílio de

jarras e colheres medidoras facilitaria o processo de pesagem, diminuem perdas nos

rendimentos e tempo na elaboração das receitas.

O treinamento dos colaboradores resultou em melhora na produtividade, com

diminuição de tempo na execução das receitas, uniformidade das características físicas e

sensoriais dos produtos e redução de perda da matéria prima.

As receitas foram realizadas de modo reiterado até estarem em conformidade com o

padrão estabelecido, para que fosse possível alcançar o êxito no processo de padronização.

Para a determinação de rendimentos, foi elaborada uma tabela para cada receita, onde

foi informado o peso bruto e o peso líquido de cada ingrediente, considerando as perdas

devido ao processo aplicado (pré-cozimento e resíduos). As perdas de peso e o rendimento

final também foram registrados, bem como o custo de cada ingrediente e da receita pronta.

As tabelas foram elaboradas e estão apresentadas nas Figuras 7 e 8.

Figura 7 – Tabela de rendimentos da receita 1

RECEITA 1

MASSA DE RISOLES

Ingredientes Unidade de medida Custo dos ingredientes (R$) Gemas 2 unidades 0,30 Farinha de trigo 1,75 kg 2,30 Leite 2 litros 0,80 Sal 0,06 kg 0,36 Margarina 0,04 kg 0,16

Total (custos R$) 3,92

RENDIMENTO DA RECEITA

Receita Rendimento kg Custo final / kg (R$) Preço Venda (R$) Massa 3,745 kg 1,05

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Figura 8 – Tabela de rendimentos da receita 2

Com base nos dados citados anteriormente o proprietário pode acompanhar o processo

de rendimentos, o que viabiliza o controle das quebras na matéria prima, o rendimento final e o

custo de cada receita.

Além disso, foi aplicado um questionário (Figura 9) aos cinco colaboradores do setor de

massas da empresa para verificar os resultados advindos da padronização de receitas.

PERGUNTA RESULTADO EM PERCENTUAL

A padronização das receitas trouxe aspectos positivos na elaboração dos produtos?

100% apontaram “SIM” como resposta.

Diminuiu o tempo de preparação? 80% apontaram “SIM” como resposta. 20% apontaram “NÃO” como resposta.

Melhorou a qualidade dos produtos? 100% apontaram “SIM” como resposta. Sentiu dificuldade no procedimento de padronização das receitas?

100% apontaram “NÃO” como resposta.

Acha necessária a padronização na elaboração das receitas?

100% apontaram “SIM” como resposta.

O caderno de receitas auxilia na elaboração dos produtos?

100% apontaram “SIM” como resposta.

Qual nota você atribui à padronização das receitas?

100% atribuíram nota máxima como resposta.

Figura 9 – Resultados do Questionário

RECEITA 2

NHOQUE DE BATATA

Ingredientes Massa inicial Custo (R$) Massa final Quebra kg Custo (R$) Batata 98,7 kg 120,00 80,485 kg 18,215 kg 142,08 Farinha trigo 65 kg 429,00 65 kg 0 429,00 Gordura vegetal 3,2 kg 11,85 3,2 kg 0 11,85 Sal 1,45 kg 0,87 1,45 kg 0 0,87

Total (peso kg) 150,135 kg Total (R$) 583,80

RENDIMENTO DA RECEITA

Receita Massa inicial Massa final Ganho kg Nhoque 150,135 kg 172,5 kg 22,365 kg

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O questionário aplicado aos 5 (cinco) colaboradores também apresentou indagação

acerca das principais melhorias resultantes da padronização de receitas, sendo importante

salientar algumas conclusões obtidas pelos funcionários, transcreve-se:

“Ganho de tempo no preparo do produto; garantia de um padrão de

qualidade; facilidade de adaptação de novos funcionários ao

trabalho; facilidade de calcular os custos de cada produto”.

“Porque todos os produtos têm o mesmo tempero sem precisar

acrescentar nada”.

“Com a padronização das receitas facilitou na elaboração dos

produtos, trazendo aspectos positivos para a empresa e seus

funcionários”.

“Melhorou na quantidade certa de produto no final da receita, com

isso não tendo sobras desnecessárias”.

Dessa forma, o questionário aplicado comprovou a eficiência da padronização de

receitas como instrumento de concretização da qualidade total, ressaltando a importância da

aplicação da receita-padrão pelos colaboradores, a fim de que seja garantida a manutenção da

qualidade dos produtos alimentícios.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A palavra qualidade constitui o principal fator de êxito da tecnologia de produtos e

serviços, com o intuito de atender às expectativas do consumidor e propiciar a otimização da

lucratividade nas empresas, através da melhoria na produção aliada a menores custos e

diminuição do tempo e falhas no processo produtivo, integrando todas as etapas de elaboração

do produto, incluindo manipuladores, matéria prima e um rigoroso controle de qualidade.

O controle da qualidade tem relevância ímpar na padronização, tida como um

instrumento gerencial efetivo no controle de qualidade, garantindo a fabricação de produtos

com as mesmas características físicas e sensoriais e inibindo-se riscos de falha no processo

produtivo.

A padronização dos processos produtivos visa estabelecer o melhor método a ser

utilizado na realização de uma tarefa, o treinamento das pessoas é uma garantia de que todos

os funcionários executarão as tarefas sempre da mesma forma, ou seja, a padronização

assegura produção uniforme. Para tanto, a padronização da execução dos processos foi

documentada através de uma receita padrão ou ficha técnica, que contempla a descrição clara

e coesa de todos os ingredientes, quantidades utilizadas, detalhamento das etapas de preparo e

seus respectivos rendimentos.

O processo de padronização mediante a aplicação de fichas técnicas ou receita padrão

resultou em melhora significativa no produto final, incluindo todo o processo produtivo,

proporcionando agilidade na elaboração das receitas, produtos com características físicas e

sensoriais uniformes, diminuição de perda da matéria prima, bem como o treinamento dos

funcionários propiciou uma rotina operacional na produção.

Portanto, é de suma relevância controlar e padronizar o processo produtivo, medida

que foi adotada por todos os envolvidos na produção, o que garantiu melhorias na qualidade,

nos custos e na segurança do produto, bem como incidirá de forma positiva no aumento de

satisfação e fidelidade do consumidor, já que o produto terá uniformidade no aspecto físico e

sensorial.

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REFERÊNCIAS

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