ovas da gali a integrante do órgao porta-voz da iniciativa...

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nÚmero 98 15 De janeiro a 15 De fevereiro De 2011 1,20 € periódico galego de informaçom crítica ‘GranDe corunHa’ vs Povo 20 O macroprojeto urbanístico e comer- cial que se está a desenvolver na cida- de da Corunha tem poucos beneficiá- rios e muitos prejudicados. O peque- no comércio e os setores populares estám no alvo da especulaçom. soberanismo nas eleiçons 21 O independentismo prepara diferen- tes fórmulas para fomentar a articula- çom de candidaturas perante a cita eleitoral de maio nos concelhos. 2011 será histórico polo número de candi- daturas soberanistas nas eleiçons. oPiniom Contribuiçom à CrítiCa da distorçom e da falsa ConsCiênCia por domingos a. Garcia / 3 finou a polítiCa por pedro mourigade / 28 mulheres e espaços por mariola mourelo / 3 suPlemento central a revista antom santamarinha delGado Entrevista a um arredista histórico, fundador das Mocidades Galeguistas de Bons aires em meados do século passado. Gaitistas, auto-ódio e substituiçom Reflexom ao redor do papel social dos gaiteiros e gaiteiras e do processo de subsituiçom por instrumentistas ‘neutros’. N ovas da G ali a “Esperamos que o ADN sirva para criar novos cenários no soberanismo que permitam superar o fracionismo” olalha barro, integrante do órgao porta-voz da iniciativa autodeterminista Causa Galiza / pág. 6 Rajoy reunia-se com narco-contrabandistas oubiña ratifica informaçons Do nGz O candidato do PP à presidên- cia do Governo espanhol, Ma- riano Rajoy Brey, dirigia o parti- do em Ponte vedra na época em que contrabandistas e narcotra- ficantes desta província finan- ciavam os cofres ‘populares’. a invalidaçom das provas judi- ciais obtidas na altura permitiu a impunidade dos políticos. as recentes declaraçons do preso laureano Oubiña coincidem com informaçons publicadas polo NOvaS da GalIza, tanto no que tem a ver com a obtençom de dinheiro ilegal por parte do PP como com a venda de em- barcaçons a narcos e represso- res do contrabando por parte de Rodman Polyships. / PÁG. 17 Menos recursos contra a pobreza as ajudas para o coletivo de pessoas sem teito perde mais de metade dos fundos a respeito de 2010. os cortes orçamentários na assistência deixam setores empobrecidos sem amparo / PÁG.15 a oposiçom frente à reforma das pensons e as chama- das medidas ‘anticrise’ dos governos levou a CIG a convocar umha greve geral nacional para o próximo dia 27 de janeiro. Coincide na data com a convocada pola maioria sindical basca e vai ter lugar no dia antes do Conselho de Ministros em que o PSOE prevê apro- var a modificaçom do sistema de pensons. Trata-se da sexta greve geral nacional desde a década de oitenta e vai estar marcada por um forte caráter soberanista. Por parte da CIG qualificam as medidas governa- mentais como “o maior ataque aos direitos da classe trabalhadora desde o franquismo”. a convocatória conta com os apoios da CUT e da CGT, assim como da totalidade do independentismo e de numerosas entidades de caráter popular. Os preparativos para a histórica jornada estám em andamento. / PÁG. 4 Resistência galega incrementa atividade Desconcerto Político Perante os ataques Sedes do PSOE fôrom vítimas de até cinco ataques da resis- tência galega nos últimos me- ses. Os escritórios do INEM som outro objetivo freqüente das sabotagens realizadas por grupos que parecem estar a di- rigir as suas açons contra enti- dades que estám a gerir a crise económica em prejuízo dos tra- balhadores. Num comunicado recebido polo NOvaS da GalIza o património de PP e PSOE é definido como “objetivo militar permanente”. O desconcerto policial preocupa em meios po- líticos, que receiam que os ata- ques se intensifiquem. / PÁG. 5 sede do psoe em betanços Galiza recupera a iniciativa com a greve geral nacional

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nÚmero 98 15 De janeiro a 15 De fevereiro De 2011 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

‘GranDe corunHa’ vs Povo 20O macroprojeto urbanístico e comer-cial que se está a desenvolver na cida-de da Corunha tem poucos beneficiá-rios e muitos prejudicados. O peque-no comércio e os setores popularesestám no alvo da especulaçom.

soberanismo nas eleiçons 21O independentismo prepara diferen-tes fórmulas para fomentar a articula-çom de candidaturas perante a citaeleitoral de maio nos concelhos. 2011será histórico polo número de candi-daturas soberanistas nas eleiçons.

oPiniom

Contribuiçom à CrítiCa da distorçom e dafalsa ConsCiênCia por domingos a. Garcia / 3

finou a polítiCa por pedro mourigade / 28

mulheres e espaços por mariola mourelo / 3

suPlemento central a revista

antom santamarinha delGadoEntrevista a um arredista histórico, fundador das Mocidades Galeguistas de Bons aires em meados do século passado.

Gaitistas, auto-ódio e substituiçomReflexom ao redor do papel social dos gaiteiros e gaiteiras e do processo de subsituiçom por instrumentistas ‘neutros’.

Novas da Gali a

“Esperamos que oADN sirva para criarnovos cenários nosoberanismo quepermitam superaro fracionismo”

olalha barro, integrante do órgao porta-vozda iniciativa autodeterministaCausa Galiza / pág. 6

Rajoy reunia-se comnarco-contrabandistas

oubiña ratifica informaçons Do nGz

O candidato do PP à presidên-cia do Governo espanhol, Ma-riano Rajoy Brey, dirigia o parti-do em Ponte vedra na época emque contrabandistas e narcotra-ficantes desta província finan-ciavam os cofres ‘populares’. ainvalidaçom das provas judi-ciais obtidas na altura permitiua impunidade dos políticos. as

recentes declaraçons do presolaureano Oubiña coincidemcom informaçons publicadaspolo NOvaS da GalIza, tanto noque tem a ver com a obtençomde dinheiro ilegal por parte doPP como com a venda de em-barcaçons a narcos e represso-res do contrabando por parte deRodman Polyships. / PÁG. 17

Menos recursos contra a pobrezaas ajudas para o coletivo de pessoas sem teito perde mais demetade dos fundos a respeito de 2010. os cortes orçamentáriosna assistência deixam setores empobrecidos sem amparo / PÁG.15

a oposiçom frente à reforma das pensons e as chama-das medidas ‘anticrise’ dos governos levou a CIG aconvocar umha greve geral nacional para o próximodia 27 de janeiro. Coincide na data com a convocadapola maioria sindical basca e vai ter lugar no dia antesdo Conselho de Ministros em que o PSOE prevê apro-var a modificaçom do sistema de pensons. Trata-se dasexta greve geral nacional desde a década de oitenta e

vai estar marcada por um forte caráter soberanista.Por parte da CIG qualificam as medidas governa-mentais como “o maior ataque aos direitos da classetrabalhadora desde o franquismo”. a convocatóriaconta com os apoios da CUT e da CGT, assim comoda totalidade do independentismo e de numerosasentidades de caráter popular. Os preparativos para ahistórica jornada estám em andamento. / PÁG. 4

Resistência galegaincrementa atividade

Desconcerto Político Perante os ataques

Sedes do PSOE fôrom vítimasde até cinco ataques da resis-tência galega nos últimos me-ses. Os escritórios do INEMsom outro objetivo freqüentedas sabotagens realizadas porgrupos que parecem estar a di-rigir as suas açons contra enti-dades que estám a gerir a crise

económica em prejuízo dos tra-balhadores. Num comunicadorecebido polo NOvaS da GalIza

o património de PP e PSOE édefinido como “objetivo militarpermanente”. O desconcertopolicial preocupa em meios po-líticos, que receiam que os ata-ques se intensifiquem. / PÁG. 5

sede do psoe em betanços

Galiza recupera a iniciativacom a greve geral nacional

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201102 oPiniom

D. LEGAL: C-1250-02 / as opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

editoraminho media s.l.

diretorCarlos barros Gonçales

Conselho de redaçomCarlos Calvo, david Canto, iván García, aarón l. rivas, antia rodríguez, Xoán r. sampedro, olga romasanta, antom santos, alonso Vidal, paulo Vilasenin

seCçonsCronologia: iván Cuevas, economia: aarónl. rivas, agro: paulo Vilasenin e Jéssica rei,mar: afonso dieste, meios: Xoán r. sampedro

e Gustavo luca, a terra treme: daniel r.Cao, além minho: eduardo s. maragoto, dito e feito: olga romasanta, a denúncia:iván García, Cultura: antia rodríguez, saúde / Ciência / a rede: david Canto,desportos: antom santos, Xermán Viluba e ismael saborido, sexualidade: beatriz santos, Consumir menos, Viver melhor:toni lodeiro, agenda: irene Cancelas, a foto: sole rei, terra / Que foi de...:alonso Vidal, tempos modernos / em tempos: Carlos Calvo, a Galiza natural:João aveledo, Gastronomia: luzia rgues.,língua nacional: Valentim r. fagim, Criaçom: patricia Janeiro e alonso Vidal, Cinema: francesco traficante, Xurxo Chirro.

desenho GrÁfiCo e maQuetaçommanuel pintor, helena irímia, Carlos barros

fotoGrafiaarquivo nGZ, sole rei, Galiza independente(GZi-foto), natália Gonçalves, Zélia Garcia

administraçomirene Cancelas sánchez

loGístiCasuso diz e daniel r. Cao

imaGem CorporatiVa: miguel Garcia

audioVisual: Galiza Contrainfo

humor GrÁfiCos. sanmartin, pestinho+1, X.l. hermo, f. padín

Correçom linGÜístiCaeduardo s. maragoto, fernando V. Corredoira, Vanessa Vila Verde, mário herrero (a revista)

Colaboram neste nÚmeroruth Caramés, domingos a. Garcia, mariolamourelo, daniel r. Cao, eugénio outeiro, J. antom 'muros', mª Álvares, Gabriel tizón, h.C.,Júlio teixeiro, miguel G., Joám Casas, J.r.s.,isaac lourido, pedro mourigade, bernardomáiz, Xela rguez., X.s. pazos, lorena souto

feCho de ediçom: 15/01/2011

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o PelourinHo Do novas

Por um uso racional Dos funDos PÚblicos

Perante os anúncios de pouca dí-vida e boa situaçom económicado concelho compostelano do Pi-nho, o BNG lembra que nos últi-mos anos o concelho tivo enor-mes rendimentos por causa daslicenças de obra geradas polaconstruçom.

Estas receitas deveriam serdestinadas à dotaçom das infra-estruturas necessárias para aten-der o incremento de vivendas, emvez de provocar-se que agora, noprincipal núcleo do concelho, ar-ca, que suportou a maior parte doincremento da construçom, nomhaja, por exemplo, depuradora deáguas residuais, nem dotaçom deterrenos públicos acondicionadospara zona verde e de lazer, etc.

ademais, todas as obras relati-vamente importantes que se levá-rom e estám a levar a cabo noconcelho nos últimos anos fôromsempre feitas com fundos de ou-tras administraçons; sem ir maislonge, o novo pavilhom polides-portivo foi feito com fundos doEstado e a deputaçom, as fossassépticas colocadas em arca parapaliar a carência de depuradorafôrom instaladas também comfundos da deputaçom; o centromédico foi feito pola Junta, damesma maneira que vai ser a fu-tura escola infantil, etc.

Quer dizer, o concelho recebeu

dinheiro proveniente da constru-çom, mas nom o empregou na do-taçom de serviços.

Por mais saneadas que tenhaas contas, o alcalde nom podepresumir de austeridade quandose empregárom, por exemplo,mais de 35.000 euros na comprade um carro oficial, algo inauditonum concelho com menos de5.000 habitantes, e o único que sefijo foi arrecadar dinheiro sem odestinar a dotaçons básicas parao concelho.

Xosé R. F. Vidal, BNG do Pinho

Pensons e munDo labreGo

a secretária geral do Sindicato la-brego Galego, Carme Freire Cru-ces, expressou hoje a profundapreocupaçom dos setores agráriosda Galiza perante a reforma daspensons que está a preparar o Go-verno central. Se afinal avançar,esta reforma poderá ser para oagro galego como umha facadamortal, que se veria afetado deduas formas claras. Em primeirolugar, afetaria diretamente a saú-de da gente que se dedica a pro-duzir alimentos. a atividade agrá-ria exige grandes esforços físicosque, ao longo dos anos, acabamderivando em doenças própriasdeste setor que afetam principal-mente a coluna vertebral e as arti-culaçons ósseas. dado que esta-mos a falar de um setor que quoti-

za no regime de autónomos e que,portanto, nom tem direito a umhareforma antecipada, o normal échegar aos 65 anos numhas con-diçons físicas penosas e mui min-guadas. aumentar a idade da re-forma até os 67 alongaria o traba-lho de homens e mulheres que, emcircunstáncias normais, chegamcom sérias dificuldades físicas aos65. Em segundo lugar, a reformaafetaria diretamente os rendimen-tos económicos de umhas explo-raçons agropecuárias que, nas cir-cunstáncias atuais, estám a cami-nhar pola corda bamba, muitas ve-zes a vender por baixo dos custospola constante queda dos preços eincrementos continuados das des-pesas. aumentar a quotizaçom atéos 67 implicaria para cada quoti-zante acabar por pagar cerca demais 10.000 euros no fim da suavida laboral. afeta, especialmente,as mulheres labregas que, apesarde trabalharem junto ao seu côn-juge nas exploraçons, habitual-mente nom quotizam apesar de fa-zerem o mesmo trabalho.

Para o Sindicato labrego, asúnicas aproveitadas destas refor-mas vam ser as asseguradoras pri-vadas. Nom podem pagar os cus-tos desta crise as classes popula-res e, em especial, os labregos eas labregas, motivando, mais um-ha vez, o engrossamento dos lu-cros dos grandes à custa de umhavida digna para as pessoas.

Sindicato Labrego Galego

Os cortes de direitos apli-cados polo governo es-panhol merecêrom, até

agora, umha calmaria social quefortalece os partidários de umhasaída regressiva da crise em queandamos. Mas para o futuro ain-da ser pior do que o presente,precisa-se do concurso ativo deagentes perfeitamente conhece-

dores da folha de rota: burocra-cias sindicais mui amplas e con-solidadas, monocultura mediáti-ca da exaltaçom do capitalismo,e degradaçom da capacidade po-pular para a exigência e a luita.Se a casta política degenera aumha velocidade de vertigem, éporque existe certa toleráncia so-cial com os gestores da desfeita.

Porém, a realidade é contradi-tória e a Galiza nem sempre en-caixa no tópico tam bem espalha-do polos costumistas da metrópo-le. Se um território fugiu ao con-trolo governamental da passadagreve geral, esse foi o galego. E sealguém duvidava da participaçomde desempregados, precários, mu-lheres ou pessoas nom filiadas na

jornada de protesto, pudo vê-losàs moreias na mobilizaçom de se-tembro passado. Talvez por issona nossa terra se prepare umhanova saída à rua em forma de gre-ve, e quiçá também por isso umprofundo sentido soberanista em-

pape a mobilizaçom. de partida,umha parte importante do nossopaís foge da tutela do poder e docompromisso institucional, umhanotícia que orgulha e pom à provaa nossa capacidade de luitar numpanorama tam adverso.

A Galiza à provaeDitorial

Humor rutH caramés

atualizaçom ortoGrÁfica Do novas Da Galiza

O NOvaS da GalIza decidiu começar a aplicar aos textos redigidos nanossa norma língüística corporativa a Atualizaçom da NormativaOrtográfica da Comissom Lingüística da AGAL conforme o AcordoOrtográfico da Língua Portuguesa de 1990 (aO de 90). Os nossos lei-tores e leitoras poderám consultar o texto íntegro da atualizaçom nosite corporativo da associaçom Galega da língua. ao mesmo tempo,desde este mês, o aO de 90 também será adotado para todos os tex-tos redigidos em português padrom, quer lusitano quer brasileiro.

Para além da simplificaçom do uso do traço (-), dos acentos ou dasmaiúsculas, as alteraçons gráficas mais destacáveis dim respeito àsupressom dos cês e pês de muitos grupos cultos (atualizar, ado-tar...), umha vez que nom eram pronunciados nas variedades popu-lares galegas e cultas portuguesa e brasileira. Temos a certeza deque certa surpresa inicial será compensada com o nosso contributopara um maior fortalecimento da nossa língua a nível internacional.

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03oPiniomNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

oPiniom

Sempre que se desvendao discurso e as práti-cas dominantes;

sempre que se questionaa composiçom do ima-ginário social; sempreque se fai crítica daEconomia Política;sempre que se po-nhem em causapreconceitos oci-dentalistas, racis-tas, sexistas e dou-tra índole; sempreque se contesta a cul-tura de massas (queimplica expetadores,um consumo passi-vo e umha mercado-rizaçom) e a culturapopulista ou de pseudo-participaçom, como oconsumismo gastronómi-co, os espetáculos de duvi-dosa qualidade –e em múlti-plas ocasions foráneos–, a cul-tura da cafonice; sempre que sepom em discussom a gaiola de fer-ro do capitalismo; sempre que sedenuncia o populismo e umha po-lítica que nos desvia dos verdadei-ros problemas; sempre que se des-cobre o feitiço da mercadoria e oseu segredo, a reificaçom total;

sempre que se desmascara o dis-curso humanista de igualdade, de-mocracia, direitos humanos; sem-pre que se elucidam os interessesdos mass media, et cetera, pro-duz-se umha crítica da ideologia.

Mas adentremo-nos um pouco

no que é para Marx essa ideolo-gia: um exercício de distorçom, defalsa consciência, de erros na

consciência ordinária da Eco-nomia, como quando se

entende o lucro como sefosse salário do Capitale nom como mais-valiagerada pola explora-

çom do trabalha-dor. ainda, um-

ha legitima-çom ou na-turalizaçomdo sistema

em que vive-mos (como se

nom existissem aolongo da história ou-

tros modos de produ-çom!), umha visom fata-

lista e determinista (comose nom pudesse ser doutro

jeito!), como quando somapresentados os interesses

da classe dominante, particula-res, como se fossem de todos, uni-versais. E para sair dessa deturpa-çom da realidade praticou, de mo-do especial na sua grande obrainacabada, O Capital, crítica daEconomia Política.

Frente à teoria de Marx er-guem-se conceçons culturalistasda ideologia como a de CliffordGeerz ou a de Paul Ricoeur. O pri-

meiro salienta o papel integradore fornecedor de identidade simbó-lica. No seu famoso texto a respei-to das luitas de galos em Báli, falade “semiose cultural indígena”, defatores endógenos, de conheci-mento local, de nom interpretarpartindo do ideologismo externo,de animalidade dionisíaca, de ex-primir na luta os sentimentos po-pulares…, mas é muito curiosoque, quando refere as matançasda setembro de 1965, coincidacom as explicaçons que dará emabril de 66 o almirante Sudorno.Onde é que fica a análise da inter-

vençom dos EUa? Pesquisar aEconomia Política do texto antro-pológico de Geerz seria umha boaforma de crítica da ideologia.Quanto ao segundo, assinala afunçom positiva da ideologia co-mo contribuiçom a umha identi-dade estável e como legitimaçomdo poder, assegura o fundamentosimbólico da vida social, resolveou minora os conflitos…

voltar a Marx e ao marxismoimplica, entre outras cousas, reve-lar, como diria althusser, as práti-cas ideológicas ligadas aos apare-lhos do Estado: religiosos, educa-tivos, familiares, jurídicos, políti-cos, sindicais, de informaçom eculturais. E olhar todo um labor deconvencer para evitar o vencer. Is-to levaria-nos a tirar a ligadura mí-tica do Estado neutral para tornarvisível o seu papel de gendarmetransnacionalizador. Num capita-lismo selvagem libertado de toda alimitaçom social, o Estado-Naçomserve os interesses da classe capi-talista transnacional para fortale-cer o poder sobre a força de traba-lho. O Estado-Naçom regula o tra-balho, mas nom o capital. Mas es-te debate fica para outra ocasiom.

Um conceito crítico da Ideolo-gia vai vinculado, portanto, a es-clarecer a distorçom nas práticassociais, perscrutar as relaçons dedominaçom que com tanta fre-qüência passam despercebidas esubestimar e depreciar esse dis-curso invasor abafante omnipre-sente, especialmente nos meiosde comunicaçom.

Aidentidade das mulheresé construída de maneirasdiferentes, tanto a identi-

dade individual como a coletiva,ou para sermos mais precisas, po-demos falar das 'identidades' co-letivas e individuais com que ca-da mulher se relaciona e identifi-ca no mundo ao mesmo tempoque se diferencia do resto das pes-soas. Estas semanas está a ser ex-posta a obra da fotógrafa espa-nhola Cristina Garcia Rodero noCGaC em Compostela. a exposi-ção Transtempo é constituída porimagens da Galiza dos anos 40até a atualidade. Foram particu-larmente as fotografias dos pri-meiros períodos e em que apare-cem mulheres que me fizeram re-cordar umas outras que vi recen-temente num livro editado peloConcelho da Corunha em 2009, OTrabalho Visível das Corunhesas,

uma compilação de documentosescritos e visuais pertencentes aoarquivo Municipal da cidade, so-bre o trabalho público das mulhe-res na primeira metade do séculoXX. Nestas imagens, para alémdas faces das mulheres, das suasvestimentas, que estão a falar porelas da sua origem, da sua ocupa-ção, do seu papel na sociedade, edas relações das mulheres asumas com as outras e com os ho-mens e crianças, está-se tambéma mostrar a relação das mulherescom os espaços que ocupam, emque desenvolviam a sua vida e co-letividade. a ocupação das mu-lheres nestes espaços públicos ecoletivos constata mais uma vezque o lugar de ação e transforma-ção das mulheres nem sempre foio espaço privado, o lar, a casa,mas que foi em todos os âmbitosque as mulheres estivemos a con-

tribuir e fomos assim fun-damentais para constru-ção das nossas comunida-des. a necessidade dasmulheres de trabalhar esustentar a economia fa-

miliar e social possibilitou que es-tas pudessem compartilhar espa-ços, saberes, afetos e aprendiza-gens com outras mulheres. apa-recem então nestas fotografiascenas carregadas de atividade, di-namismo e potencial de transfor-mação que, quando menos, sãoexcitantes e satisfazem a constru-ção da memória visual e identida-de coletiva das que as olhamos apartir do presente. Infelizmente,essas mesmas ruas, praças, ave-nidas... estão hoje em dia vaziasda atividade das mulheres, semparecer que fossem estes espaçospúblicos de trabalho e convíviotrocados por outros, senão que fo-ram simplesmente desaparecen-do dia após dia. Parece que hojeque as mulheres populares temosuma educação formal, possibili-dades de participação social, eco-nómica e política, estamos maisisoladas as umas das outras doque nunca, sem capacidade denos comunicarmos e comparti-

lharmos preocupações, inquietu-des e objetivos comuns. Os tem-pos mudam, e nós somos partedessa mudança, mas temos deconstruir novos espaços liberta-dores onde aprender as umas dasoutras e construir comunidade fe-minista à procura da força preci-sa para continuar visíveis, comonas fotos de Cristina García Ro-dero, como nas do arquivo Muni-cipal da Corunha.

Talvez não queiramos regres-sar ao lavadoiro, por muito liber-tador e comunitário que pudesseser, mas sim criarmos novos es-paços próprios de convívio e tro-ca de ideias, experiências, afetose saberes, onde as mulheres te-nhamos a nossa própria voz e po-damos fortalecer-nos e comparti-lhar tristezas, alegrias e lutas.Sinto que esses espaços de coleti-vidade são vitais para a nossa saú-de mental e comunitária, paracontinuarmos a visibilizar os nos-sos processos de libertação, a li-bertação das mulheres, que jásem dúvida neste século XXI to-das e todos conseguimos enten-der que são imprescindíveis paraos processos de libertação de to-da a sociedade.

Mulheres, identidades e espaços coletivosmariola mourelo

a ocupação das

mulheres nos espaços

públicos e coletivos

constata mais uma

vez que o lugar de

ação e transformação

das mulheres nem

sempre foi o espaço

privado, o lar, a casa,

mas que foi em todos

os âmbitos que as

mulheres estivemos a

contribuir e fomos

assim fundamentais

para construção das

nossas comunidades

Sobre a ideologia. Contribuiçom à críticada distorçom e da falsa consciênciadomingos antom Garcia fernandes Voltar a marx implica

revelar as práticasideológicas ligadasaos aparelhos do estado. e olhar todoum labor de convencerpara evitar o vencer.isto levaria-nos a tirara ligadura mítica doestado neutral paratornar visível o seupapel de gendarmetransnacionalizador

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201104 acontece

aconteceO Concelho de Sás declarou-se como livrede transgénicos, pouco depois de que o fi-gesse o de lage. Já som mais de umha dú-zia os municípios que manifestárom o seurejeitamento aos cultivos de organismosgeneticamente modificados.

sÁs, novo concelHo livre De transGénicos

O governante PSOE e o PP juntáromforças em lugo para aprovarem a polé-mica ordenaçom urbanística após 13anos de estagnamento. O BNG exige aexposiçom ao público, dado que o únicoque se conhece foi o exposto em 2006.

carta branca Do PP e Psoe ao PGom De luGo

10.12.2010 / Cámara de Ou-rense multa o Sergas por efe-tuar reformas no CHOU semlicença municipal.

11.12.2010 / Mais de 500 pes-soas manifestam-se na Coru-nha contra o despejo da Casadas Atochas.

12.12.2010 / Conselharia deMeio Ambiente anula a decla-raçom de impacto ambientalque permitiu à Ferroatlánticasecar a fervença de Ézaro.

13.12.2010 / Associaçom devizinhos Alvedosa de Rebo-reda manifesta oposiçom aotrajeto da A-59.

14.12.2010 / PP aprova emsolitário lei que proíbe beberálcool antes dos 18 anos.

15.12.2010 / Atiram engenhosincendiários contra dous ga-binetes do INEM em Vigo eno Porrinho. É detido um jo-vem trabalhador de Coia,acusado dos ataques.

16.12.2010 / Quase metadedos imigrantes nom espa-nhóis sentem-se pouco inte-grados, segundo dados da Se-cretaria Geral da Emigraçom.

17.12.2010 / Junta entrega osprémios da cultura galega,com a ausência de AgustínFernández Paz, que rejeitou oprémio das letras por “coe-rência idiomática”.

18.12.2010 / Estudo sobre ocastro de Baronha alerta da

necessidade de regular as vi-sitas para evitar o deterioro.

19.12.2010 / Realiza-se a VMarcha pola Liberdade orga-nizada por Ceivar.

20.12.2010 / Jesús Vieira, ma-rinheiro de 41 anos de Viveiro,morre num incêndio no pes-queiro asturiano Rey de Olaya.

22.12.2010 / Ministério deTrabalho di que a Galiza temas pensons mais baixas.

23.12.2010 / Motorista morreao capotar o seu camiom naAP-9 de Sam Lázaro (Com-postela)

24.12.2010 / Comité Cidadaode Emergência para a Ria deFerrol manifesta-se contra aentrada do navio metaneiroCheikh el Mokrani para a Re-ganosa.

26.12.2010 / TSJG ordena àJunta readmitir três trabalha-doras da Saúde, despedidas

cronoloGia

Sindicalismo nacionalista fai chamamentoa secundar massivamente a greve geral

NGZ / a oposiçom frente à reformadas pensons e as chamadas medi-das ‘anticrise’ dos governos levoua CIG a convocar umha greve ge-ral nacional para o próximo dia 27de janeiro. a greve coincide na da-ta com a convocada pola maioriasindical basca e vai ter lugar o diaantes do Conselho de Ministros emque o PSOE prevê aprovar a modi-ficaçom do sistema de pensons.

O secretário geral da CIG, SusoSeixo, qualifica as medidas como“o maior ataque aos direitos daclasse trabalhadora desde o fran-quismo”. Fai um chamamento adar umha “resposta contundenteàs políticas económicas e labo-rais” que os diferentes governostenhem adotado, aludindo a quea reforma das pensons e o tam-bém previsto da negociaçom co-letiva ameaçam diretamente “osavanços que se tinham consegui-do para um sistema de proteçomsocial estável e seguro”, o que jul-gam como “um cúmulo de des-propósitos que requer umha con-testaçom imediata”.

As chaves da reformaPara além da ampliaçom da idadeda reforma até os 67 anos e incre-mentar o número de anos neces-sários para calcular a base sala-rial das pensons, a lei anunciadaimplicará na prática umha perdade 6 por cento do número de pen-

sons outorgadas, ao requerer-sedentre 15 a 20 anos mais de traba-lho com contrato e quotizaçons.as perdas nas quantias a perce-ber estimam-se entre 10 e 20 porcento polos novos baremos na ho-ra de estipular as bases de cálculopor parte da administraçom.

denuncia a CIG que o Governopretende primar o atraso da idadede reforma com fundos públicos,“favorecendo assim uns setoresque nom sofrem o desgaste físicoe psíquico que padecem outrasprofissons”. E critica que o patro-nato cai em contradiçons ao recla-mar o atraso da idade laboral atéos 70 anos, quando “som as em-presas as que dificultam o acessoao mundo do trabalho dos maio-

res de 50 anos e despedem, em pri-meiro lugar, os operários e operá-rias mais antigas”. do lado dos be-neficiados, crescem as quantias aperceber nas pensons máximasdos que mais tenhem e prevê-seum forte incremento do recursoaos sistemas privados de pensons.

Apoios popularesGaliza Nom Se vende reclamavaem finais de ano umha greve na-cional, poucos dias antes de que aCIG figesse pública a convocató-ria, somando-se ao que chama-vam “clamor popular” que deveriaser “continuado com todo o tipo demobilizaçons até que se faga reali-dade umha mudança de rumo naspolíticas sociais e económicas”.

O sindicato CUT era outro dosagentes que reclamavam a conti-nuidade das dinámicas mobiliza-doras a partir da passada grevede 29 de setembro, instando àCIG a tomar a iniciativa. E é as-sim que este sindicato adere deci-didamente à convocatória do 27-J, como também o fai o sindicatolibertário CGT.

a entidade autodeterministaCausa Galiza manifestou a suaalegria porque a “classe trabalha-dora galega e as suas organiza-çons estabeleçam os seus pró-prios ritmos de mobilizaçom ecombate face às posturas claudi-cantes e timoratas das corpora-çons sindicais espanholistas”. agreve geral conta também com o

apoio das organizaçons políticase setoriais independentistas, as-sim como de numerosos coletivossociais de base, que participarámativamente na jornada de luita.

Cinco precedentes históricosO precedente mais próximo nahistória das greves gerais nacio-nais está na convocatória que em15 de junho de 2001 realizavam aCIG e a UGT contra a reforma la-boral do PP. a paralisaçom conta-ra com especial incidência emgrandes empresas, na constru-çom e no transporte.

a anterior, de abril de 1992, sig-nificara um fito na história do sin-dicalismo ao juntar os sindicatosde classe com os agrários em de-fesa dos setores produtivos, como que contou com um amplo se-guimento tanto nas cidades comonas vilas. O próprio El CorreoGallego falava da “maior mobili-zaçom laboral da década”.

Em 1984 três greves nacionaisagitavam o panorama nacional.a primeira fora convocada emsolitário pola INTG em feverei-ro contra a reconversom naval.Em julho somava-se tambémCCOO contra as políticas eco-nómicas do Governo espanhol,e em novembro era o SlG queaderia às mobilizaçons para re-clamar a proteçom dos setoresprodutivos nacionais.

ciG recebe aPoios De movimentos PoPulares e sinDicatos como a cut e a cGt Para o 27 De janeiro

ASSEMBLEIAda CIG em 13 de Janeiro para

preparar a Greve do 27-J

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

Estela Eólica gerirá 186 megawatts e acompanhará onegócio com a construçom de umha estaçom de tra-tamento de resíduos, conforme a documentaçomapresentada para o concurso eólico. ambientalistasdenunciam que pode tratar-se da adjudicaçom de umserviço público a umha privada sem concurso oficial.

Denunciam ‘nova soGama’ no sul através Da ‘estela eólica’

a associaçom de consumidores adicae apresentou umhaqueixa coletiva contra Novacaixagalicia por hipotecas es-peciais que supostamente protegiam os clientes das subi-das das taxas de juro e que acabárom por afetar milharesde galegos e galegas, que tivérom que pagar muito maisque se enfrentassem hipotecas convencionais.

novacaixa enfrenta queixa coletiva Por ‘HiPotecas-enGano’

por exigirem o seu reconhe-cimento como pessoal labo-ral indefinido.

27.12.2010 / Tribunal de Con-tas inicia procedimento parainvestigar a requalificaçomdos terrenos do centro co-mercial Marineda City no po-lígono de Agrela.

28.12.2010 / Resgatados osdez tripulantes do Bahia dePortosanto, afundado a vintemilhas do Cabo Silheiro.

29.12.2010 / BOE publica aordem ministerial pola qualse inicia privatizaçom docontrolo das torres de Peina-dor e Alvedro.

31.12.2010 / Associaçom polaRecuperaçom da MemóriaHistórica e Democrática deMarim homenageia os seis vi-zinhos desta vila fuzilados a31 de dezembro de 1936.

01.12.2011 / Sobe o preço daluz, o gás, os correios, o

transporte coletivo e as por-tagens.

02.01.2011 / Ministério daSaúde espanhol anuncia quevai recorrer o catálogo demedicamentos priorizado daGaliza por "exceder o quadrode competências".

03.01.2011 / Ambuláncia do061 é queimada nas Pontesno quadro da greve indefini-da em Emersán Galicia, aempresa adjudicatária do

transporte inter-hospitalarda zona.

05.01.2011 / Ponte Vedra, Ma-rim e Bueu amanhecem ala-gadas polas chuvas, que afe-taram outras localidades.

06.01.2011 / De madrugada, avidraça do CS Mádia Levaaparece destruída pola se-gunda vez em poucos meses.

07.01.2011 / Abel Caballeroanuncia a abertura de um al-

bergue para indigentes emVigo, mas só de caráter pro-visório.

08.01.2011 / Realiza-se a IXMarcha à cadeia de Teixeiro,após a proibiçom da subdele-gaçom do governo para reali-zá-la a 18 de dezembro.

09.01.2011 / Pescadores eecologistas concentram-sena barragem da Capela con-tra a secagem do Eume porparte da Endesa.

cronoloGia

NGZ / Os ataques às sedes doPSOE em Cacheiras e Betançosnas madrugadas dos passadosdias 25 de dezembro e 4 de janei-ro somam-se aos produzidos nosúltimos quatro meses contra oslocais deste partido na Estrada,Salvaterra de Minho e Salzeda deCaselas. a sabotagem de Cachei-ras –na localidade de Teio– reali-zou-se com umha bomba que cau-sou importantes danos no seu in-terior, enquanto a de Betanços seproduziu polo impacto de váriosengenhos incendiários que abra-sárom parte do interior da sede.

Um comunicado recebido poloNOvaS da GalIza assume a autoriado ataque de Teio, acusando oPSOE de “dirigir e executar o pro-cesso de destruiçom do País”.apontam o PP e PSOE como “ob-jectivos militares permanentes” porrepresentarem “os interesses doimperialismo espanhol”. E assina-lam que “todos os métodos de luitasom pertinentes e necessários”.

Atacadas duas sedes do INEMPor sua vez, na madrugada do dia15 de dezembro eram atacadascom engenhos incendiários as se-des do INEM de vigo e do Porri-nho. No mesmo dia efetivos daPolícia espanhola prendiam o sin-dicalista da CUT Miguel Nicolásaparício, ao qual vinculavam coma propriedade de um carro que te-ria sido visto perto do local ataca-do em vigo. após esgotar o prazode 72 horas de detençom na es-

quadra policial da cidade olívica,o jovem ativista era enviado paraa prisom da lama, onde continuapreso à espera de ser julgado.

No mesmo dia o local do PP naGuarda era atacado com pedras epintadas de caráter anarquista.

Repercussom mediáticaa seqüência de ataques violentossuscitou o alarme mediático. Paraalém dos habituais comunicadosde condena, os meios de comuni-caçom com maior difusom desen-volvêrom um amplo trabalho aorespeito, centrado em salientar oincremento das atividades ilegais,umha certa “profissionalizaçom”dos seus autores e chamando aatençom sobre a ausência de de-tençons. a este respeito, políticose associaçons policiais abríromumha polémica sobre a supostaineficiência no combate à resis-tência galega. la voz de Galicia

chegou a assinalar os centros so-ciais como espaços para o recru-tamento de ativistas ilegais, as-sim como a organizaçons políti-cas e setoriais públicas como en-tidades promotoras dos ataques ede defesa dos seus autores.

Solidariedade com o presoO viguês Miguel Nicolás aparí-cio, quarto independentista pre-so na atualidade, recebeu o res-paldo do seu sindicato, assim co-mo o de organizaçons políticas,antirrepressivas, juvenis e ades-sons individuais. O 29 de dezem-bro mais de duzentas pessoasconcentravam-se no mercado vi-guês do Calvário por convocató-ria da CUT, entidade que mani-festou o seu “apoio e solidarie-dade” com um ativista que cara-terizam pola “sua generosidadena defesa dos interesses dos tra-balhadores e trabalhadoras”.

NGZ / a Galiza dos campos degolfe e as urbanizaçons no li-toral existe, mas está desabi-tada. Segundo os cálculos daassociaçom de PromotoresImobiliários, 70 por cento dashabitaçons de uso turístico eresidencial nom encontramsaída no mercado.

No mesmo informe afirma-se que nom existem grandesbolsas de casas vazias, mas arealidade é bem diferente aten-dendo ao grande número e gé-nero das ofertas que se podemencontrar nas imobiliárias, istosem constatar a paisagem quedeixam zonas 'turísticas' como

Sam Genjo ou a Marinha, a zo-na mais recentemente afetadapola febre imobiliária e que vi-veu a construçom massiva dehabitaçons quando estava paraexplodir a bolha imobiliária.

Os construtores erguem vo-zes agora contra os governos,em concreto contra a lei do so-lo estatal que reserva entre 30 e40 por cento de vivendas prote-gidas, e apresentárom à Juntada Galiza um plano de reativa-çom levando em conta as pes-soas que, segundo as constru-toras, estám em condiçons decomprar, mas nom se atrevempor causa da incerteza laboral.

Sete em cada dez apartamentosnovos na costa sem vender

esPeculaçom imobiliÁria

NGZ /a promotora do porto des-portivo e a urbanizaçom previs-ta nos terrenos da conserveiraMassó em Cangas, ResidencialMarina atlántica, comprou ile-galmente espaços intransferí-veis de domínio público. a aqui-siçom dos terrenos fora oculta-da pola sociedade tanto à auto-ridade Portuária como ao Con-celho, mas nom pudo esquivaros requerimentos judiciais polosque agora se deu a conhecer.

Trata-se de 17.000 metrosquadrados de superfície de do-mínio público marítimo-terres-

tre polos que Marina atlánticacusteou 1.127.080 euros. Con-forme assinala a Confraria dePescadores, o documento é "nu-lo de pleno direito" e por si mes-mo deveria motivar a anulaçomdos expedientes que se derivá-rom do seu reconhecimento co-mo propriedade da empresa.Consideram que é umha mos-tra clara da "desleixo adminis-trativo e jurídico" através daqual se tramitou o desenvolvi-mento dos planos da entidadeparticipada maioritariamentepola Caixanova.

Promotores de Massó ocultáromcompra de terrenos públicos

Projeto De Porto DesPortivo em canGas

Atacam sedes do PSOE em Betanços eTeio e queimam locais do INEM no sul

intensifica-se a ativiDaDe Da resistência GaleGa

SEDE DO PSOE DE TEIOatacada com bombaem 25 de dezembro

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

Como se gestou o Acordo

Democrático Nacional?

O acordo é fruto do diálogo e dotrabalho de muitas pessoas. Esta-mos num momento social e polí-tico mui complicado que precisade umha resposta articulada. Éumha ferramenta para apresen-tar umha base de trabalho de aquipara o futuro, por isso se gestoucom base no diálogo e no com-promisso.

Que expetativas pensades que

levantou no independentismo?

Penso que levantou muitas e boasexpetativas. Mas, para nom fica-rem frustradas, temos que conti-nuar a trabalhar. O fundamentalé que esta ferramenta seja útil pa-ra fugirmos da atomizaçom atual.Entendo que num contexto de cri-se económica, social e política,onde temos as portas cada vezmais fechadas, corremos o riscode cairmos em debates endogá-micos. Isto acontece porque um-ha e outra vez nos condenam àsmargens, ao silêncio, à minoriza-çom e ao ostracismo social. Nestetrabalho empregam todas as suasarmas, mas sobretodo, a constan-te campanha de criminalizaçom edesprestígio que padecemos to-das aquelas pessoas que nom co-mungamos com o credo ultralibe-ral, patriarcal, espanholista e ra-cista imperante. É mui importan-te fazermos autocrítica constantee mantermos umha postura aber-ta e cordial com as nossas irmás ecompanheiras de luita.

De que vai servir este texto que

foi qualificado “instrumento”?

É umha ferramenta para ativarsetores políticos, sindicais e so-ciais que hoje vivem imersosnumhas dinámicas pouco favo-recedoras para os debates sobrequestons mais importantes e me-

nos urgentes. Também é útil para nos visibi-

lizarmos, para podermos dizersem mordaças que nós quere-mos a independência. E temosque dizê-lo porque estamos a vi-ver um processo de retrocessode direitos políticos onde se estáa pôr em questom o facto de po-dermos dizer altas e claras asnossas reclamaçons políticas.

Por último, também espera-mos que sirva para criar novoscenários no seio do movimentosoberanista que nos permitamsuperar o fraccionismo e a mar-ginalizaçom política.

Mas nem todas as organizaçons

do independentismo aderírom

ao Acordo, nom é? Causa Galiza

é umha plataforma apartidária,

qual é o porquê de chamar aos

partidos para este processo?

Como dixem antes, a Causa Gali-za pretende fazer de ponte entremuitas organizaçons e gruposque estám a fazer muito, mas de

maneira descoordenada, por issotemos que facilitar que todo omundo participe deste processo.Mas isto foi um primeiro passopara construirmos umha estraté-gia soberanista comum, desdebaixo, desde o dia-a-dia, desde ainterrelaçom e o conhecimentomútuo.

Para a Causa Galiza é mui im-portante a acumulaçom de todasas forças soberanistas e indepen-dentistas, acima do debate políti-co e ideológico. Por isso sempreestamos abertas para somar.

Chama a atençom a fotografia do

ato, tam só há duas mulheres...

É certo é que dá para pensar. asúnicas duas mulheres que estáva-mos ali era por sermos do grupoporta-voz da Causa Galiza, dasoutras organizaçons só vinhéromhomens. Na minha opiniom, te-mos que trabalhar muito nisto.dentro dos princípios da CausaGaliza está a construçom de um-ha Galiza “superadora do patriar-

cado, o machismo e a homofo-bia”. Para o conseguirmos temosque facilitar a participaçom demais mulheres.

Há que ter mui presente que vi-vemos numha sociedade patriar-cal e umha das conseqüênciasque padecemos as mulheres é anegaçom da vida pública, quer se-ja por barreiras visíveis quer invi-síveis. Temos que derrubar essasbarreiras e para isso é preciso queas mulheres ocupemos os nossosespaços. Como dizia Tareixa le-do, no livro sobre lidia Senra: “atimidez é o resultado de nom ter-mos sido autorizadas, de termossido excluídas, danadas e de quetoda a vida nos calárom, nos im-pedírom falar, nos dixérom quenom sabíamos e que nom podía-mos”. Tenho a certeza de que sóestando nos projetos, as mulhe-res podemos luitar para que ou-tras companheiras também ocu-pem o seu espaço, porque somosconscientes da experiência coleti-va de opressom que vivemos.

“temos que dizer sem ataduras quenós queremos a independência”

olalHa barro, Do órGao Porta-voz Da causa Galiza

ativistas e simpatizantes de Nós-UP do Condado home-nageárom mais um ano a figura do guerrilheiro antifran-quista Manuel Gonçalves, o Fresco, no monte Galheiro,onde fora abatido por tropas fascistas em 1936. Foi nopassado dia 2 de janeiro e incluiu um roteiro, interven-çons políticas e poéticas e um jantar ao ar livre.

HomenaGeiam o fresco no monte GalHeiro

Pescadores e ecologistas concentrárom-se perante a bar-ragem da Capela em denúncia do 'espólio histórico' dorio Eume, que tem secos três quilómetros de curso aoseu passagem polas fragas que levam o seu nome desdehá 50 anos. Rios com vida denunciou Endesa por nomrespeitar o caudal ambiental requerido legalmente.

Pola memória Da esPoliaçom Do eume e Polo seu futuro

C.C.V. / No passado dia 18 de dezembro Causa Galiza apresentouno Palácio da Cultura de Ponte Vedra o Acordo Democrático Na-cional (ADN), um texto de oito pontos comuns assinado por dezorganizaçons (Movimento pola Base, Espaço Irmandinho, Fren-te Popular Galega, Partido Comunista do Povo Galego, ColetivoNacionalista de Marim, Ceivar, Adiante, Assembleia da Mocidade

Independentista, Central Unitária dos Trabalhadores e as RedesEscarlata) que pretende ser a base do trabalho conjunto no in-dependentismo para os próximos anos. Do NOVAS DA GALIZA fala-mos com Olalha Barro, do grupo porta-voz de Causa Galiza, tra-balhadora do SLG e ativista de numerosos projetos, como Esta-leiro Editora, o CS Mádia Leva! ou o galizalivre.org.

NGZ / a entidade soberanistaCausa Galiza apresentou no dia18 de dezembro o chamadoacordo democrático Nacional(adN) no Paço da Cultura dePonte vedra. Formulam-no co-mo umha alternativa ao Estatu-to de autonomia em vigor e à re-forma que preparam os grupospolíticos parlamentares. atra-vés de oito pontos básicos resu-me as reivindicaçons históricasdo movimento autodeterminis-ta: soberania popular galega,desenvolvimento autocentrado,quadro próprio de relaçons la-borais e plena normalizaçom doidioma, entre outros aspectos.

O texto foi respaldado polasorganizaçons políticas Movi-mento pola Base, Espaço Ir-mandinho, Frente Popular Ga-lega, Partido Comunista do Po-vo Galego e Coletivo Naciona-lista de Marim, polas organiza-çons juvenis aMI e adiante,polo sindicato CUT, polas Re-des Escarlata e polo coletivoantirrepressivo Ceivar.

Perante mais de duzentaspessoas, o ato foi conduzido po-lo cantor leo F. Campos e o es-critor Séchu Sende, acompa-nhados pola música do duo Pelde Noz. Intervinhérom o filhode alexandre Bóveda e vice-pre-sidente da fundaçom que leva oseu nome, Xosé luis Bóveda,assim como o militante inde-pendentista e sindicalista Joámlopes, que lembrou a figura doativista recentemente falecidoJosé Manuel Sanmartim Bouça.

Continuou o evento com aparticipaçom de delegaçons in-ternacionais do Saara, País Bas-co e Países Cataláns, assim co-mo de Bráulio amaro, impulsio-nador da Causa Galiza, que evo-cou a experiência das Bases de-mocráticas Galegas.

Olalha Barro e Charo lopes,porta-vozes da entidade sobera-nista, apresentárom finalmenteo adN, antes de que o públicoassistente partisse para o centrohistórico ponte-vedrês para ho-menagear alexandre Bóvedaperante o seu monumento.

AcordoDemocráticoNacional frenteaos estatutos

soberanismo

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NGZ / “Se 2009 foi o ano da ‘de-construçom’ dos mornos avançosambientais da etapa anterior, em2010 assistimos à consolidaçomde umha autêntica involuçom am-biental”: assim começa o comuni-cado da adEGa que analisa a si-tuaçom ambiental no país, qualifi-cando-a de desastrosa. verdegaiaqualifica-o como o pior em rela-çom à “caótica implementaçom dequantiosos instrumentos de orde-naçom do território”. O ambienta-lismo entende o novo enquadra-mento legislativo, em que se inse-rem leis como a do Solo ou a lei

Eólica, como a renovaçom de pla-nificaçons setoriais retrógradas.

Um dos objetivos prioritários daJunta foi a legislaçom sobre o ter-ritório, facilitando ainda mais a es-peculaçom com o solo. as modifi-caçons legislativas introduzidasservem numha salva de prata o so-lo rústico protegido. a incipienteprivatizaçom dos parques protegi-dos, a queda das ajudas económi-cas, e a generalizaçom da “caçapreventiva” som outros temas quepreocupam ao ambientalismo.

No que di respeito à produçomenergética, o balanço nom é mais

positivo. O concurso eólico con-tou com erros de tramitaçom, en-quanto a lei Eólica reduz as ga-rantias ambientais. Pola sua par-te, o Plano Hidrológico facilita oavanço das minicentrais.

Poluiçom aumenta 34%O tratamento e depuraçom deáguas residuais e a poluiçom in-tencionada de pessoas e empresasestám por detrás destas percenta-gens. as confederaçons hidrográ-ficas abrírom 109 expedientes en-tre janeiro e novembro por despe-jos, frente aos 75 de 2009.

07aconteceNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

Na apresentaçom do seu programa para as elei-çons de maio, o BNG defende a “institucionaliza-çom das comarcas” como entidades que adqui-ram competências atualmente em maos das de-putaçons, propondo reduzir as atribuiçons destaspara dar peso à organizaçom territorial histórica.

bnG DefenDe quaDro leGal Para as comarcas

a audiência Provincial de Ponte vedra denegou a umhavizinha de Ponte areias e militante de Nós-UP a galegui-zaçom reintegracionista dos seus apelidos baseando-seem “critérios científicos” da RaG que converteriam avontade de Ilduara Medranho de ter os apelidos em ga-lego em tentativa de “aportuguesamento”.

imPeDem GaleGuizaçom reinteGracionista De aPeliDos

NGZ / Pola segunda vez nos últi-mos meses alguém partiu o vi-dro da entrada do centro socialluguês. Foi na noite de Reis, e osdanos fôrom mais quantiososque os registados no verao. Oburato tivo que ser tapado im-provisadamente, pois permitia aentrada de pessoas no local.

Nom se trata do primeiro ata-que contra centros sociais: re-centemente o CS HenriquetaOuteiro de Compostela foi alvode pintadas fascistas e racistas,e o CS Revira de Ponte vedrapadecera umha tentativa de in-cêndio há dous veraos.

Por outro lado, a rede doscentros sociais galegos contoucom duas baixas nas últimassemanas, a do Setestrelo da Es-trada, que cumprira dous anosno verao passado; e a do CSaO Guindastre de Teis (vigo),que embora encerre as suasportas, continuará a sua ativi-dade como associaçom cultu-ral. Como nota positiva, o NO-vaS da GalIza tivo conhecimen-to de que no vindouro mês abri-rám mais dous centros sociaisem Compostela, um de caráteranarquista e outro vinculado aoindependentismo.

Voltam a atacar o centrosocial Mádia Leva de Lugo

NGZ / a associaçom de Investi-gadores Parga Pondal denunciaque ao longo do ano 2010 a Jun-ta nom convocou nengumha no-va bolsa para investigaçom e de-senvolvimento nem anunciou arenovaçom das existentes. ape-sar de que se figera público que

tinham convocado 15, este anún-cio foi negado polo coletivo in-vestigador. alegam que se está acorrer o risco de “fuga de cére-bros”, dado que nos dias de hojehá “gente a trabalhar grátis des-de setembro com a esperança deque saíssem estas convocatórias.

Nengumha nova bolsapara I+D ao longo de 2010

O 2010 é qualificado por ecologistascomo “ano negro” de desfeitas naturais

estuDos ambientalistas sobre aGressons ao meio

NGZ / Investigadoras e investi-gadores, junto com docentes dehistória da Galiza, País Basco eCatalunha, assinavam um mani-festo em 2008 comemorando oPacto Galeusca de 1933. Comoconseqüência deste encontroprofissional, os promotoresanunciavam a organizaçom deum congresso para analisar opassado dos países. O planocumpriu-se nos passados dias10 e 11 de dezembro de 2010. O

Museu de História da Catalunhaacolheu duas jornadas com a le-genda 'Entre a construçom na-cional e a repressom identitária'.

Pola Galiza assistírom Peger-to Saavedra, Xusto Beramendi,Carlos velasco, Xosé Estévez eUxio Breogán diéguez. Parti-lhárom as sessons com investi-gadores cataláns como albertBalcells ou Jordi Casassas, ebascos como alberto angulo ouJoseba agirreazkuneaga.

Reúnem Galeuscat deespecialistas em História

MANIFESTAÇOMde Galiza Nom Se Vende

em março de 2010

modificaçons nom previstas na lei eólica permitirám às empresas nom cumprirem os projetos industriaisMesmo antes de que 2010 finali-zasse, o dOG recolhia a ordem eó-lica que regula a distribuiçom demais de dous mil megawatts de po-tência elétrica. O texto, apresenta-do 39 dias depois do prazo legal de-limitado, entra em contradiçomcom a ordem de 31 de março, queassinalava que os planos indus-

triais complementares que as em-presas se comprometiam a execu-tar deveriam ser desenvolvidos “in-tegralmente”. Com a modificaçomnom anunciada, as sociedades be-neficiadas poderám adequar os in-vestimentos industriais “à regra ge-ral de proporcionalidade”, de ma-neira que as que recebêrom menos

megawatts poderám reduzir osseus investimentos por baixo doanunciado no momento em queapresentárom as suas ofertas.

a ordem em vigor permite-lhesum prazo de 15 dias para adequaros seus planos com o beneplácitoda Junta, que será a que autorize fi-nalmente as adaptaçons.

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201108 acontece

NGZ / O Tribunal Supremo deu aaprovaçom à tramitaçom am-biental da Reganosa com base nadeclaraçom de Efeitos ambien-tais que a Junta aceitara em 2001.desta maneira, desestima o re-curso apresentado pola vizinhan-ça de Meá que fora tido em contapolo Tribunal Superior de Justiça

da Galiza e logo recorrido.Fontes do Comité Cidadao de

Emergência consideram que adecisom do alto tribunal nom ou-torga legalidade a “umha centralque desde os seus inícios se sus-tenta em ilegalidades manifes-tas”. Julgam que evita pronun-ciar-se sobre o que entendem co-

mo “fundamental”, isto é, Rega-nosa nom conta com declaraçomde Impacto ambiental (de maisrigor que a apresentada em 2001)nem com um Plano de Emergên-cia Exterior, com as quais simcontam três empresas situadasna mesma zona e com menor pe-rigosidade que a regasificadora.

O Plano de Emergência Exte-rior deveria ser um informe por-menorizado que abordasse todasas questons e protocolos de atua-çom necessários para intervir emcasos de acidentes ou incidênciasgraves, o que consideram impres-cindível para umha infraestruturaque pode pôr em risco vidas.

lembram que ainda persistemoito inquéritos administrativosapresentados pola plataformaanti-Reganosa nos tribunais, as-sim como umha sentença doTSJG contra a modificaçom doPGOM de Mugardos que foi re-corrida pola Junta e a empresaperante o Supremo.

Tribunal Supremo ampara a Reganosa sem ter em conta as suas carências

justiça obvia a inexistência De Declaraçom De imPacto ambiental nem Plano De emerGência exterior

Apresentam projeto de leipara dar cobertura legal ao Decreto do GalegoNGZ / as dúvidas sobre a legali-dade da consulta aos pais e maessobre os idiomas nos quais lecio-nar as matérias no ensino esta-rám esclarecidas depois de o PPaprovar o projeto de lei de Con-vivência e Participaçom da Co-munidade Educativa. O texto le-gislativo inicial foi apresentadopolo conselheiro Xesús vázquezno passado dia 5 de janeiro como pretexto de promover o uso dogalego, contemplando na sua re-daçom as consultas para ampa-rar a promessa eleitoral que sa-tisfazia as exigências de coleti-vos impulsionadores da presen-ça do espanhol do ensino.a CIG-Ensino julga que o únicoobjetivo da lei será o de "dar co-bertura legal ao decreto do pluri-

lingüísmo" através de "práticasantidemocráticas", por nom terinformado a Conselharia antesdo que ao Conselho Consultivodo Ensino.Outra das medidas que inclui alei é a da regulaçom do assédioescolar, convertendo o professo-rado em autoridade pública compresunçom de veracidade. O sin-dicato nacionalista entende quese trata de “propaganda falaz”que nom resolve os problemas,de maneira que reclamam maismeios em troca de terem de "rea-lizar funçons que nom lhes cor-respondem, como a vigiláncia". assinalam que o texto tampoucofoi entregue ao Conselho Escolarda Galiza, eludindo o debate pre-cetivo prévio à sua tramitaçom.

lei De convivência e ParticiPaçom

NGZ / Como cada dezembro, asmostras de solidariedade com aspessoas presas galegas deixárom-se notar nos diferentes pontos dageografia galega e espanhola, nes-te caso por causa da dispersom.Tanto no ámbito independentistacomo no libertário, o apoio che-gou apesar dos entraves.

Marcha às cadeias de CeivarNa madrugada do dia 19 de de-zembro, um autocarro com meiacentena de pessoas fretado poloorganismo antirrepressivo Ceivarsaía da Galiza para visitar as pri-sons onde cumprem condenaUgio Caamanho, Santiago vigo eJosé Manuel Sanches. Em Ouren-se tivérom o primeiro contratem-po, quando o veículo foi rodeadopor sete carros policiais, dos quaissaírom vinte e cinco agentes queidentificárom todas as pessoasque viajavam. Outro controlo poli-cial revistou o autocarro já emleom, onde aliás foi exigido o exa-me de duas mochilas. À porta das

prisons fôrom proferidos lemassolidários e cantado o hino galego.

Apoio às reivindicaçons do CPIGNo dia 30 de dezembro, coincidin-do com o jejum mensal que leva acabo o Coletivo de Presos Inde-pendentistas Galegos (CPIG) de-senvolvêrom-se concentraçonsem apoio deles por todo o país.

Marcha a Teixeiro a já veterana Marcha a Teixei-ro, programada também para

dezembro, tivo que ser adiadapara o presente mês.Um dia an-tes da data assinalada o Subde-legado de Governo na Corunhaproibiu-na, revistando e identi-ficando as pessoas que se deslo-cárom. O ato realizou-se no dia8 de janeiro, acompanhado deumha equipa de observaçom Es-culca que vigiou o desenvolvi-mento da manifestaçom convo-cada em Teixeiro para reclamaro respeito aos direitos funda-mentais nas prisons.

Movimentos populares dam apoioàs pessoas presas polo Natal

soliDarieDaDe Perante os cÁrceres

Aprovam eólicos no Galinheiro,previsto para ser Parque NaturalNGZ / a Conselharia da Indús-tria autorizou finalmente a cons-truçom de um parque eólico naSerra do Galinheiro por parte dasociedade Terra de vento, queobtivo licença para produzir 39megawatts. Por sua vez, a Con-selharia do Meio Rural está a es-tudar a ampliaçom do ParqueNatural do Monte aloia inte-grando nele espaços da Serra doGalinheiro, de elevado valor am-biental e arqueológico, o que im-pediria de facto a instalaçom de

qualquer tipo de indústria nosterrenos de especial proteçom.

O Galinheiro é umha serra dealto valor biológico, que conser-va espécies em perigo de extin-çom como a saramaganta ou aazulenta papuda, assim comopetróglifos da Idade do Bronzecomo o da Água da lage e ou-tros conjuntos de mámoas deelevado interesse arqueológico.

O Concelho de Gondomaraprovou no seu PGOM protegera serra de qualquer indústria.

inDÚstrias entram em esPaços naturais

SOS Sanidade Pública declara-se ‘emrebeldia’ contra as políticas privatizadoras

MARCHA ÀS CADEIASconvocada por Ceivar

a plataforma SOS Sanidade Pú-blica concentrou-se no dia 29 dedezembro em frente da últimareuniom do Conselho Galego deSaúde em denúncia polas privati-zaçons realizadas e previstas polaJunta. No início da reuniom, re-presentantes do coletivo déromleitura a um comunicado em quemanifestavam declarar-se 'em re-

beldia' frente ao deterioro da saú-de, mesmo antes de abandonar areuniom aduzindo que nom que-rem "legitimar com a nossa pre-sença" a estratégia da Junta emrelaçom ao "sistema sanitário”.

Consideram que o PP lidera a"maior ameaça ao sistema de saú-de desde a sua criaçom" atravésde políticas que "podem conduzir

o sistema público a umha situa-çom sem retorno". Citam a redu-çom do orçamento em 200 mi-lhons no presente ano e o recursoao setor privado para construir egerir os centros sanitários, que"multiplicará por seis o seu custofinal" e a um "grau de endivida-mento incompatível com a manu-tençom sustentável do sistema”.

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

marDiligências contra confrarias por malversar dinheiro do Prestige

A. DIESTE / O fiscal do Tribunalde Contas decidiu abrir dili-gências contra Evaristo Lareo,presidente das confrarias naaltura da catástrofe do Presti-ge, por presumível malversa-çom e apropriaçom indevidadas ajudas recebidas pola ma-ré negra. Umha decisom toma-da em finais do passado mêsde dezembro e que acaba deconvulsionar o setor do mar,no qual Lareo chegou a osten-tar um papel importante comohomem forte do PP. Um postoque hoje em dia, e através daFederaçom Galega de Confra-rias, exerce o cambadês Beni-to González, pessoa mui próxi-ma do BNG nos anos oitenta.

Um vizinho da Costa da Morte foio que apresentou a denúncia, as-sinalando que as ajudas objeto dainvestigaçom rondariam os 80milhons de euros e teriam que tersido distribuídos entre mais de30.000 famílias afetadas polasconseqüências da maré negra do

Prestige. Na denúncia som acu-sados os responsáveis polas fe-deraçons de confrarias de Pontevedra, Corunha e lugo de esta-belecer um “entramado de ocul-taçom e omissom, presumidamalversaçom e apropriaçom in-devida de bens públicos”. Este di-

nheiro, em vez de ser destinadoaos afetados, teria ido para à ex-Comissom do Prestige (que tam-bém estava presidida por lareo)e, após desaparecida, à Funda-çom Oceano vivo, à frente daqual figurava Evaristo lareo.

a acusaçom contra lareo, queexerceu no setor do mar de maodireita da atual conselheira doMar, Rosa Quintana, através dapresidência da Federaçom Galegade Confrarias, radica em que estedesviaria fundos obtidos atravésde diferentes iniciativas organiza-das no Estado após o Prestige pa-ra angariar colaboraçom econó-mica para marinheiros e habitan-tes das zonas costeiras afetadas.assim, o dinheiro presumivelmen-

te desviado provinha da “solidari-dade espanhola” para com a Gali-za através de touradas, maratonasna televisom, concertos ou mesmoremessas de dinheiro enviadas decentros galegos no Estado.

a decisom do Tribunal de Con-tas volta a pôr sobre a mesa, paraalém da catadura dos dirigentesdas entidades representativas dosetor do mar, os negócios e apro-veitamentos das tramas político-económicas das ajudas angaria-das no circo mediático-solidárioarticulado na seqüência do Presti-ge e com chamadas constantesdos meios espanhóis de ajuda aos“galeguinhos”. Milhons e milhonsde euros sobre cujo destino poucose sabia e pouco se sabe.

contributos Por 80 milHons que Deveriam ir Para 30.000 famílias afetaDas Pola maré neGra teriam siDo DesviaDos

evaristo lareo está a ser investigado por um suposto desvio de ajudas dacatástrofe. os fundos teriam ido para entidades relacionadas com ele

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EVARISTO LAREOera o homem forte do PP nasconfrarias na época do Prestige

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“a ordenaçom do território nom tem um instrumento de políticavinculante nem ferramentas para se desenvolver na Galiza”

10 acontece Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

aGro

Em que falamos ao referir-nos à

ordenaçom do território?

a ordenaçom do território podeser entendida de duas maneiras.Por um lado, como um instrumen-to de política territorial que con-siste em fazer pontos diante doeleitorado. Por outro, pode-secompreender como umha ferra-menta de análise para conhecer eempregar corretamente o territó-rio. Nisso é que tenhem um déficeas dOT: pretendem ser umhas di-retrizes para ordenar o territóriosem terem primeiro inventariado,através de ferramentas espaciais,o que é que desejamos proteger,conservar, ou os tipos de proces-sos que queremos no território. Éimpossível ter umha política terri-torial adequada às dinámicas quetemos na Galiza se nom dispuger-mos antes de umha ferramentafundamental como a cartografia,e na Galiza esta é um desastre. asdOT som um documento genéri-co de apresentaçom, nom de aná-lise profunda do território.

No verso das DOT ficam leis

como a LOUGA. Fala-nos da sua

importáncia.

Nos dias de hoje, quer gostemosquer nom, o território está nasmaos daqueles responsáveis pú-blicos que desenvolvem os planosde ordenaçom municipal atravésda lOUGa. É o regime jurídico dosolo o que manda sobre as diretri-zes de ordenaçom do território.Por isso é tremendamente erráti-co que estejamos a ter um debatepúblico de umha questom como éo território, vivido e percebido co-mo umha questom mui social,quando na realidade a margem demanobra é mui raquítica, porquedependemos de umha lei funda-mental que é a lei do Solo da Ga-liza, que é a que realmente esta-belece o que se pode ou nom sepode fazer.

Entom as DOT nom apresentam

caráter vinculante?

a denúncia mais grave que se po-de fazer é que a ordenaçom do ter-ritório nom tem um instrumentode política vinculante. Som boasintençons, livros brancos, catálo-

gos de diretrizes que, no momen-to de ordenar, um responsável pú-blico pode ignorar. Mas em todo ocaso som umha questom interpre-tativa e, perante a lei, o que serveé a lei de Ordenaçom Urbanísticae nom a ordenaçom territorial.

Quem serám os principais atores

na ordenaçom do território com

este panorama?

Continuamos a maos das inter-pretaçons que fagam os responsá-veis públicos por cada municípioda lOUGa, e esta, como qualquerlei, é interpretável, para bem e pa-ra mal. a última modificaçom dalOUGa tem certas interpretaçonsque som muito mais graves quetodo o que poda conter a lei de or-denaçom do território. Na novalOUGa certos núcleos rurais pas-sam a ter um regime urbanísticoem que quase é dada licença dire-ta a novas edificaçons que estra-gam paisagens que as própriasdOT podem considerar de inte-resse. O espaço rural encontra-senumha situaçom de risco, umhavez que há maior flexibilidade pa-ra outros usos edificáveis. Esta-mos a pôr em perigo a morfologiados espaços rurais, sobretodo dosespaços mais próximos das viven-das, que tinham um uso agrícolade primeira necessidade, e agoraestes mudam para lote edificável.

Que implica o conceito liberali-

zaçom, tam presente na filosofia

das DOT, aplicado ao território?

O principal drama que sofre o ter-ritório neste momento é a lingua-gem mercantil a que é submetido.Nom se pode ligar o desenvolvi-mento do território ao desenvolvi-mento urbanístico.

Contra o que se pensa, que “adisseminaçom é própria do terri-tório galego”, isso nom é total-mente certo. Efetivamente existiaunha dispersom de núcleos, masconsolidada. Ninguém antes dosanos 60, edificava num eido útil,fazia-se na envolvente do espaçoprodutivo.

Com a chegada do 'desenvolvi-mentismo' produz-se umha mu-dança no sistema produtivo: aspessoas deixam de dedicar-se ex-clusivamente ao campo e conver-tem-se em promotoras industriaisrurais; aparecem as primeiras edi-ficaçons em parcelas de acesso se-cundário, um fenómeno recente,historicamente falando.

Entom, a liberalizaçom, que asdOT e a lOUGa ampliam, é con-tra o modelo territorial herdado.No nosso território é sabido que amatriz territorial e o modelo de re-ferência é a aldeia.

Que é o que achas mais negati-

vo das DOT?

Há duas questons que vejo esta-rem mui mal resolvidas nas dOT.Por um lado, a simplificaçom bru-tal que se fai do espaço rural. Poroutro, as determinaçons, na únicaquestom real em que se centram éna concorrência das exploraçonsagrícolas. Preocupa-me que nomexista umha certa lógica de prote-çom de determinados cultivos ouatividades económicas que nomtenhem motivo para serem com-petitivas no sentido do mercado,mas fornecem ao país um ele-mento genuíno de identidade.

Também a “superfície agrária

útil” desaparece como figura de

proteçom da superfície agrícola...

dá-me a impressom que tem a vercom as modificaçons da políticaagrária comunitária, com um tipode política que pretende ainda maisliberalizar o que se pode fazer numsolo rústico. Falando em genérico,cada vez que deitamos abaixo um-ha medida de definiçom do territó-rio, estamos a abrir a porta para queo que vinher depois seja mais pre-judicial do que havia antes.

Como entender as palavras do di-

retor geral de sustentabilidade e

paisagem Manuel Borobio, “as

diretrizes consolidam um sistema

urbano policêntrico que constitui

umha cidade única”. Apostam

em gerir a modernidade?

Os poderes económicos que sus-tentam as diretrizes de ordena-çom do território estám a acabarpor converter o país num ‘beta’distorcido com um centro profun-damente integrado na dorsalatlántica e a seguir uns ramos mui-to mais fracos de mobilidade fre-qüente entre as grandes capitaisprovinciais. Isso acaba por debili-tar o país, porque estamos a criarum modelo territorial vinculado àfortaleza de um modelo urbanopolicêntrico irreal. as dOT nomcontradizem neste momento nen-gum dos grandes gestores dosgrandes centros económicos. Preo-cupa-me que se vincule o desen-volvimento territorial com a mo-dernidade, porque neste contextoentende-se como centro tecnológi-co, grandes infraestruturas, etc.Um país moderno é aquele no qualos sistema produtivos genuínossom capazes de sobreviver sem in-gerências, sem esmolas ou políti-cas de subvençons arbitrárias.

Que criticar das DOT?

acho que o debate das dOT lan-ça-se como umha cortina de fumo.O mesmo Feijóo dixo que eram oprojeto mais importante desta le-gislatura, quando em essênciasom as mesmas que lançara Fra-ga no seu dia e também mui pou-co diferentes das do bipartido. amaioria das críticas dirigidas àsdOT muitas vezes alimentam-sedos próprios slogans... ainda nomexiste umha análise crítica dasdOT. apesar de a oposiçom exibirvozes críticas, o consenso sobreas áreas metropolitanas, os espa-ços de crescimento, as atividadesagrárias e outros aspetos é gran-de. Mas tampouco há muito ondeestar em desacordo, porque é umdocumento mui genérico, nomvinculante, mui descritivo e sembase científica rigorosa. ao nomhaver profundidade nom se podetirar muita leitura crítica, a críticaé precisamente isso, que nom temprofundidade. a interpretaçomdas dOT nom fecha nengum de-bate importante acerca do territó-rio. Eu insisto, a lOUGa continuaa ser o documento que condicionabasicamente o modelo territorial.

“a lei do solo tem interpretaçons mais gravesque o que pode conter o texto das diretrizes”P.V. e J.R. / No passado dia 30 de dezembro aprovavam-se no Parlamento da Gali-za as Diretrizes de Ordenaçom do Território (DOT) polo procedimento de urgên-cia, bloqueando-se assim qualquer debate acerca de um texto aguardado hácatorze anos para pôr fim à carência de planificaçom territorial que sofre o país.

Apesar de ser um tema de grande releváncia e de ocupar a atençom do debateacerca do território nos círculos especializados, no Novas da Galiza quigemostirar umha visom prática e fresca sobre o assunto, e para isso falamos com Xo-sé Constenla, geógrafo especialista em território.

o GeóGrafo xosé constenla fala acerca Do novo orDenamento territorial

“o debate das dotlança-se como umha

cortina de fumo”

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11aconteceNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

um complexo mecanismo de pojas entreas empresas é o que marca o preço da luzeconomia

AARÓN L. RIVAS / No Natal che-gou umha má notícia aos la-res galegos: a subida em to-do o território do Estado es-panhol de 9,8% nas tarifaselétricas, umha com a que asúnicas beneficiadas serám asempresas que componhem osetor elétrico. O Governo cen-tral tenta explicar que estesnovos preços, impostos pordecreto, se devem a um duvi-doso 'défice tarifário' que secalcula com base nuns cus-tos de produçom sem garan-tia de realidade. Em definiti-vo, um verdadeiro presentepara o oligopólio elétrico emtempos de carestia.

a nova subida de preço, amaior em mais de 20 anos, faipreciso analisar como a estruturado atual setor elétrico, o qualatualmente é produto de um pro-cesso de liberalizaçom aberto du-rante os governos do ex-presiden-te espanhol José Maria aznar. as-sim, se repararmos no mercadoelétrico, este está tomado por trêsgrandes companhias energéticas,que som a Endesa, Gás Natural-Fenosa e Iberdrola, quer dizer umoligopólio que controla um tipode energia que é empregada emtodos os lares, concelhos, etc.

atualmente, apenas fica nasmaos do Estado a fixaçom da cha-mada Tarifa de Último Recurso(TUR), na qual se incluem os con-sumidores que tenhem contrata-da umha potência inferior aos10Kw e que nom optárom pornengumha das ofertas do merca-do elétrico, quer dizer, a maioriadas casas particulares e das pe-quenas lojas. É esta a tarifa que apartir deste mês de janeiro de2011 padecerá um incremento dequase 10%. Como se esperava, osresponsáveis políticos por esta

subida só balbuciárom escusas ebanalizaçons. assim, o próprioMinistro da Indústria, Miguel Se-bastián, que antes de entrar naequipa de assessores do PSOE es-tivo vinculado ao BBva, atreveu-se a assegurar que este novo in-cremento equivale a pouco maisdo “preço de um café”.

De poja em pojaPara explicar a subida da tarifaelétrica, o Governo espanhol fa-lou do “défice tarifário”. O Execu-tivo assegura a existência de um-ha notável diferença entre os cus-tos de produçom das empresaselétricas e dos seus rendimentosatravés dos consumidores, o quedaria lugar a umha dívida que si-tuam por volta dos 20.000 mi-lhons de euros. Mas o professorXoán R. doldán, especialista emEconomia Ecológica, chama aatençom sobre um aspeto deste“défice tarifário”. Segundo expli-ca este perito, para definir qual éo preço da luz toma-se como refe-rência um custo “teórico” de pro-duçom que se corresponde com opreço mais elevado das pojas de

energia elétrica que tenhem lugarcada poucos meses.

O funcionamento destes leilánsé complexo. Segundo expom dol-dán, após o início do processo li-beralizador, as companhias elétri-cas tivérom que separar as dife-rentes partes do negócio elétricopara fomentar a competência,“ainda que esta competência é fic-tícia, pois na realidade som 3grandes empresas mui vincula-das”, aponta o professor. assim,se umha empresa contava comumha central elétrica tinha quesepará-la do negócio da distribui-çom de energia ou da venda quese fai ao consumidor final. Comeste esquema, ocorre que se te-nhem que dar relaçons de com-pra e venda entre estas empresas,

por exemplo, as companhias en-carregadas da distribuiçom te-nhem que comprar eletricidadeàs centrais elétricas. E isto com-pra-se num mercado que funcio-na através de leiláns, onde tantoas empresas que produzem comoas que distribuem participam.

Nestas pojas “as empresas pro-dutoras procuram vender por ci-ma dos custos de produçom, en-quanto as distribuidoras procu-ram a energia elétrica mais bara-ta”, expom doldán. assim, estasúltimas começarám por comprarenergia às centrais mais baratas econtinuarám a comprar até queconsigam cobrir as suas expetati-vas de procura, de maneira quese irám aproximando das ofertasmais caras. O leilám fecha-se coma energia mais cara de todas, e éeste último preço que se pom co-mo custo de produçom para to-das, incluídas as mais baratas.Quer dizer, um custo falso.

Consumidores desiguaisCom a liberalizaçom do setor elé-trico tentava-se também que osconsumidores domésticos de ele-

tricidade escolhessem entre as di-versas ofertas que vinhessem dascompanhias elétricas, mas o realé que no oligopólio reinante nestesetor as diferenças som mínimas.E por outro lado, a capacidade denegociaçom de umha família comestas empresas é nula. doldánacrescenta que nom acontece omesmo com os grandes consumi-dores que se encontram numhaboa posiçom para obterem pre-ços mais baixos. “E como somcompensados estes preços maisbaixos? Pois com preços mais al-tos a outros clientes”, expom oprofessor. Todo um exemplo deumha sociedade de desigualda-des para a qual caminha este neo-liberalismo selvagem.

aqui todo segue as lógicas queempregam os mercadores. “a um-ha empresa energética interessamais um cliente grande num lu-gar concreto do que ter 10.000clientes espalhados”, indica dol-dán. E a isto há que somar os in-teresses particulares que tenhacada corporaçom. Por exemplo,se tenhem planos relacionadoscom determinado setor industrialpoderiam favorecê-lo com preçosmais baixos a nível energético.

Com todo isto, é preciso darumha vista de olhos ao que podeacontecer no futuro próximo emrelaçom com o mercado energéti-co. O economista Xoán R. doldánmostra-se seguro de que “emmeados de ano vamos ter outrasubida”, já que nuns meses have-rá outra poja e umha nova revi-som dos preços que voltará a tergrande repercussom nas casasdas trabalhadoras e trabalhado-res. assim, através do consumo,neste caso de energia elétrica, écomo as grandes empresas ma-nejam a populaçom para mante-rem esse privilegiado castelo denaipes que é o mercado.

Negócios do oligopólio elétrico conformamsubida da tarifa em perto de dez por cento

em meses, após arealizaçom de umha

nova poja, poderiavoltar a subir a tarifa

da eletricidade

o cÁlculo Do “Défice tarifÁrio” que o Governo Pom como escusa basea-se em custos que nom som reais

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201112 internacional

o governo chinês atinge umha relaçom de “colonialismopacífico” com o sudám, laos, suriname e outros trinta países

economia especulativa chinesa chega ao agro com países pobres como destino

a terra treme

O processo de mundializaçomeconómica acarretou grandessurpresas, entre elas o surgimen-to de grandes potências económi-cas que antes se encontravam nalista dos países mais pobres doplaneta. deste modo, o Brasil, aÍndia e a China passárom a enca-beçar os rankings quanto a cres-cimento económico no períodoque concerne o que já temos an-dado de século XXI. Estes trêspaíses compartilham umha cara-terística, que também era umhadas causas da sua pobreza: o su-perpovoamento. a contradiçomera clara, enquanto a economiapública e privada cresciam a rit-mos impressionantes, a popula-çom arrastava ainda enormes ín-dices de miséria, e mesmo fome.Esta questom fijo com que paragovernos como o brasileiro, apósa chegada de lula à Presidência,a prioridade fosse compaginar es-te crescimento económico com oaumento de garantias sociais. Po-rém, para as outras duas grandespotências novas, o principal pro-pósito foi levar a economia foradas próprias fronteiras.

Primeiros passosEm primeiro lugar, o projeto inter-nacional chinês assentava no co-nhecido como ‘emergir pacífico’,quer dizer, a aplicaçom direta doprincípio que fijo famoso Clinton(‘é a economia, estupido’), masque nunca aplicou, de atingir o su-ficiente poder e influência pró-prios de umha grande potência,mas só mediante a via económica.assim, a China subiu no carro docapitalismo aos poucos, estenden-do primeiro pequenas tendas têx-teis e manufatureiras por todo o

mundo, para a seguir exportar asua grande indústria. Posterior-mente, entrou já em cheio no mer-cado da economia especulativa,sendo, com o Japom, um dosmaiores compradores da dívidapública americana, estratégia coma qual continua, e que mesmo le-vou à compra de parte da dívidapública espanhola.

Fome e colonialismoapós a China ter atingido o papelde potência, e com ele um grandeatrativo internacional, já que nomtem reservas na hora de comer-ciar com um país ou outro, pas-sou a tentar solucionar determi-nados problemas de abasteci-mento como o alimentício. Háque recordar que dos mais de9.570.000 quilómetros quadradosque tem de superfície chinesa,apenas 67.000 som cultiváveis,

por volta de 7 por cento. além deque, como é sabido, o avanço daindustrializaçom também é sinó-nimo de destruiçom de zonas ru-rais. a isto soma-se a enorme po-pulaçom chinesa, e também o cli-ma dessa zona asiática, o qualnom é ajeitado para garantir um-ha variada oferta alimentícia.

Com o o pretexto do seu atrati-vo, a China começou a comerciarcom países de economia funda-mentalmente agrária, muitos de-les caraterizados pola sua pobre-za e a sua debilidade institucio-

nal, e mesmo em situaçons debloqueio internacional como oSudám. a vantagem com queconta a China é que comerceiacom este tipo de países sem exi-gir nenhum tipo de prebendas,como fam outras potências mun-diais, sendo o melhor exemplo obloqueio ilegal que recai sobreCuba. O caso do Sudám soma-seao do laos, Suriname, e outrostrinta países com os quais o go-verno chinês chega a umha rela-çom de “colonialismo pacífico”.do mesmo modo que se desen-volvia este fenómeno no séculopassado, a China chega a acordospara a compra de dívida externa,que afoga este tipo de países, eem troca adquire enormes exten-sons de terras que em muitos ca-sos arrebata aos legítimos pro-prietários. Esta prática ademaistem o agravante de que, se já em

si mesma desfavorece os traba-lhadores agrários locais, quemcolheita as terras adquiridas nemsequer é do país vendedor, senomque a China envia para lá o seu,também grande, excedente demao de obra.

aos poucos, estes países hipo-tecam o seu futuro e veem deslo-cada a sua populaçom, o qual, se-gundo assinalou recentementeIgnacio Ramonet, pode chegar aser um “dos grandes focos de ten-som social e violência”. Nesta li-nha, nalguns destes países, comoo Paquistám, estám-se a produziras primeiras revoltas.

E a Galiza?ainda que muitos dos países dosquais aqui se relatam apenas te-nhem semelhanças com a Galiza,o certo é que muitas das variáveissim que se repetem. Enquanto orural galego parece mergulharnumha crise que parece a definiti-va para a sua desapariçom, o go-verno espanhol assina contratoscomerciais com o governo chinês,mui interessado na exploraçomagrária. Se forem somadas estassituaçons à enorme potencialida-de agrária do território e, sobreto-do, à sua desproteçom (tanto paraa compra como, mesmo, para aimplantaçom de transgénicos), orural galego poderia ser um pro-duto apetecível. Enquanto os go-vernos autonómicos e estatal pa-recem ignorar esta situaçom, semcair em alarmismos, futurível, ou-tros países já tomam as primeirasmedidas de proteçom. Esta foi,por exemplo, umha das maioresexigências realizadas polo MSTao governo de lula no momentode negociar a reforma agrária.

assina acorDos Para a comPra De DíviDa externa e em troca aDquire enormes extensons De terras

DANIEL R. CAO / Abrem-se novas frentes no tabuleiro internacional. Umha vez queé conhecido quem manda no mercado do petróleo e do resto de energias, e da-da a situaçom de crise mundial, o alvo das preocupaçons parece voltar a estar

centrada na alimentaçom. Este problema começa a inquietar grandes econo-mias, como a chinesa, que dá os seus primeiros e sinistros passos tendo comoobjectivo internacional terrenos agrários da África e a América do Sul.

a China entrou jáem cheio no campo

da economia especulativa

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JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / Por voltade 2.600 urnas num território dotamanho da França, onde moramcerca de 9 milhons de pessoas, tes-tificam a particular festa da demo-cracia que se está a viver na partemeridional do Estado sudanês. Em10 dos Estados que componhem oatual Sudám, após 30 anos decruenta guerra e a assinatura deum acordo em que se aceitava umprocesso autonómico especial de6 anos, os sul-sudaneses pudérompor fim decidir o seu destino co-meçando o referendo para tal nodomingo 10 de janeiro e finalizan-do no dia 25 do mesmo mês.

Há muitos problemas neste ter-

ritório selvagemente espoliadodos seus recursos: à falta de umrecenseamento oficial, três mi-lhons de refugiados estám a ir vo-tar massivamente; só há umhacentena de quilómetros de estra-da, mas o Sudám do Sul possui75 por cento dos recursos petrolí-feros de todo o Estado e apesardisso nom tem nengumha indús-tria de refino ou derivadas (todasse encontram no Norte...). Estaespoliaçom e subdesenvolvimen-to estrutural provocou umha bru-tal guerra entre um Estado suda-nês ditatorial enquadrado nomundo árabe e com dirigentes is-lamistas e isolacionistas e um Sul

de tradiçom pagá e cristá, filhaprofunda de umha África pretainterposta entre a colonizaçomárabe e a europeia.

O conflito provocado por um-has elites políticas míopes quepretendêrom islamizar e arabizarpovos radicalmente longínquosdesta conceçom vital, roubando-

lhes de passagem os seus recur-sos e a sua paz, provocou um sub-desenvolvimento endémico, um-ha marginalizaçom estrutural dossulistas que durante quase 50anos foram tratados como cida-daos de segunda: três milhons dedeslocados forçosos e um genocí-dio de 2 milhons de pessoas... ofim desta barbárie é um referendopola independência que se prevêque será ganho por mais de 90 porcento do voto. Um final esclarece-dor e contundente para os ditado-res e os imperialistas fracassados.

O Sul terá que começar umhanova realidade decidida por simesma num novo país do qual ain-

da nom se decidiu nem o nome: omais provável é Equatória... comum futuro ameaçado polo ressen-timento de um Sudám vizinho ede potências estrangeiras insaciá-veis e dominadoras -os EUa, aChina...- Um país frágil mas seu,decidido pola própria populaçomdo território e plural e multiétnicocomo os seus próprios habitantes,povos e línguas: dinka, nuer, shi-luk, bari.... com a pluralidade sufi-ciente para evitar absurdas tenta-tivas de uniformizaçom abocadasao fracasso e à esterqueira dasnescidades humanas. apenas nosfica esperar que neste belo parto(o 55º Estado nascido em africa)finalizem as taxas de sangue dasua sofrida populaçom e os so-nhos e a esperança se instalem nassuas vidas para o futuro.

13internacionalNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

as duas festas teriam uma origem comum, ou ainda, nalgum momento da história foram a mesma coisaalém minHo

o doce paganismo do natal e do entrudoas traDiçÕes natalícias PortuGuesas ProlonGam-se no carnaval GaleGo

EUGÉNIO OUTEIRO / No períodonatalício, o Bolo Rei toma asmesas de Portugal comogrande estrela da doçaria.Mas nas casas portuguesas,de Norte a Sul do país, é nor-mal ter como convidados àmesa outros doces tradicio-nais bem conhecidos dos ga-legos. Assim as torradas dou-radas (na Galiza chulas) ouas filhoses (orelhas na nossaterra) são sobremesa habitualna época do Natal. Esta reali-dade, tantas vezes desconhe-cida a norte do Minho, nuncadeixa de chocar à nossa men-talidade. Esses doces são pa-ra nós tradicionais do Entru-do: como pode ser que emPortugal sejam 'deslocados'para as datas centrais do cris-tianismo?

as festas em honor de Santo Es-têvão de Ousilhão, uma fregue-sia do concelho de vinhais emTrás-os-Montes, poderiam deitarluz sobre esta curiosa coincidên-cia. Nos dias 25 e 26 de dezem-bro, decorre ali a festa dos Rei-nados ou dos Rapazes, uns feste-jos populares cheios de paganis-mo, em que um Rei e quatro va-sais, figuras simbólicas, per-correm as casas à procura de di-nheiro, fumeiro e carne de porcopara a festa, acompanhados degaiteiros, tamborileiros e mais

pessoas dispostas a dançar decasa em casa. a este cortejo, co-mo verdadeiros protagonistas,somam-se ainda os mascaradosou caretos, figuras brincalhonasa quem é permitido subverter asconvenções sociais e morais,pregando partidas às pessoasque passam e fazendo barulhocom chocalhos, correntes e gri-tos de diversa índole.

Máscaras ultrapassam a raiaa Festa dos Rapazes -o Natal deOusilhão- em tudo recorda a ce-

lebração do Entrudo em Trás-os-Montes e na Galiza. as más-caras de madeira dos caretossão certamente similares às doEntrudo de lazarim e os trajesde cores vivas fazem lembrar osdos caretos de Podence, locali-dade em que se celebra o Entru-do tradicional talvez mais co-nhecido de Portugal. E estas ce-lebrações, por sua vez, não dei-xam de lembrar-nos o Entrudogalego mais castiço. Salvandoumas pequenas diferenças (mui-to possivelmente de criação mo-

derna), é evidente a identidadeentre os caretos de Podence e ospeliqueiros, cigarrões e boteirosde laça, verim ou Ginzo, por fa-lar apenas de três das mais co-nhecidas celebrações tradicio-nais do Entrudo galego.

Origens das festasNão é difícil de imaginar que to-das estas celebrações tenhamuma origem comum, e talvez opróprio nome 'entrudo' possadar-nos alguma dica a este res-peito. a palavra vem do latino'intruitus' significando 'entrada',o que em muitas ocasiões se teminterpretado como a entrada naquaresma. No entanto, outrasteorias situam a origem do En-trudo nas festas saturnais lati-nas, em que começava o anoagrícola, assim significandouma entrada bastante diferente.Esta interpretação explicaria deforma satisfatória a origem detodos os diversos ritos, tendo emcomum numas datas ou noutraso conceito do início do ano.

assim sendo, o Natal e o En-trudo teriam uma origem co-mum, ou ainda, nalgum momen-to da história foram a mesmacoisa. E eu, cá por mim, vouaproveitar o descobrimento pa-ra preparar-me umas chulas, emhomenagem ao paganismo quenos une, porque a ocasião e o sa-bor bem o merecem.

à falta de um recenseamento oficial, três milhons de refugiados estám a ir votar massivamentePovos

Sudám do Sul: o abrente de um novo estado

a festa dos rapazes recorda a celebração do

entrudo na Galiza

nova realidade para um país do

qual ainda nom sedecidiu nem o nome

as festas de ousilhão podemdeitar luz sobre

esta coincidência

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14 Dito e feito Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

Conta-nos como nasce a ideia

de criares a Hortinha?

Há agora três anos, mas nom é al-go que partisse de mim soa. Te-nho a sorte de tratar com genteque igual que eu também quijo tercrianças e educá-las emgalego.Um dia, falando disto, vi-mos que todos tínhamos o mes-mo problema: os nossos nenos enenas nom jogavam em galego,tinham assumido que a língua dojogo era o espanhol. demonosconta dessa carência ao ir com asnossas crianças aos parques evermos como com o resto da ra-pazada se desenvolvia em espa-nhol, mentres que noutros con-textos falavam em galego. Nósqueríamos que soubessem que anossa língua é útil para todo. E,claro, também para o jogo. agorahá quinze nenos de idades com-preendidas entre quatro e onzeanos.

Partindo deste objetivo, como

destes forma a esta ideia?

Começamos a combinar os pais emães que já éramos amigos e lo-go combinamos com gente quevíamos que falava em galego comos filhos e as filhas. depois bus-camos um parque onde poder-mos ir com eles. Queríamos quefosse um pouco solitário para queas crianças puidessem escuitar sógalego. demos com um espaçoestupendo, o parque da Hortinha(daí o nosso nome), que ademaistem um monte que o bordeja. Is-to oferecia muitíssimas possibili-dades para o jogo, já que permiteo relacionamento com o meio na-tural.

logo veu o tema da língua, jáque temos nenos que só falam emgalego na Hortinha (sabem que éumha obriga). ademais, é curiosover como depois dum tempo jun-tando-nos, quando entra algumneno ou nena nova a jogar, o res-to corrige-o se fala em espanhol.O objetivo é conseguirmos que sesintam à vontade na sua línguaem todos os ámbitos. além disso,

na Hortinha, enriquecem-se: jo-gam ao que decidem entre todose regulam-se sozinhos. Os adul-tos nom nos metemos para nadanos seus jogos, o que consideromui importante.

Com que freqüência combina-

des?

Todas as segundas-feiras a partirdas cinco e cada família vai che-gando quando pode. ao começofazemos sempre um jogo tradi-cional cantado e depois escolhemo que jogar.

Que importáncia tem o jogo pa-

ra as crianças?

Penso que é vital na sua aprendi-zagem. as sociedades modernasevoluímos mui rapidamente e airrupçom das tecnologias (com-putadores, consolas...) nos jogosdos meninhos e meninhas fijoque estas aprendessem muitascoisas decontado, o que levou amuitos problemas nas suas rela-çons: o isolamento, a pouca tole-ráncia à frustraçom.... e deixá-rom-se de lado outros valores. Nojogo coletivo nom há enfronta-mentos nem pelejas, basicamenteporque nom se está a competir. Eo jogo tradicional ademais tem oincentivo de recuperar parte danossa cultura, e vai parelho à nor-malizaçom da língua, sobretodoos jogos tradicionais cantados.

Por que dades tanta importán-

cia à recuperaçom deste tipo de

jogos tradicionais?

Penso que ultimamente se figé-rom muitos esforços para recupe-rar jogos tradicionais como a bi-lharda, a ram...Mas ao recuperaros jogos cantados, trabalha-secom a língua, e penso que o mais

importante destes jogos é que assuas normas se negociam entretodos, o que é umha aprendiza-gem para a vida. Por exemplo, aocomeço, sempre rifamos. aos ne-nos e nenas custa-lhes muito nomserem sempre o centro de aten-çom e ao rifar, cada vez lhe toca aalguém, nom há protagonistas.

Mas nom só os jogos tradicio-nais, neste ano organizamos oSam Joam ou um magusto no co-meço do outono. Consideramosimportante transmitir esta tradi-çom aos nenos e nenas. Estarmosde noite no monte foi umha expe-riência preciosa para todos.

Suponho que na Hortinha se

dam situaçons invertidas quan-

to à sociolingüística.

dam-se, sim. E esse também eraum dos nosso objetivos. Pensoque a nossa língua tem um pro-blema de apreço, e o que necessi-tam as crianças galegofalantespara continuar falando na nossalíngua é sentirem-se cómodasnum espaço de lazer, que é onderealmente gozam. Por outra par-te, a Hortinha dá umha compe-tência na sua língua às criançasque antes nom empregavam nun-ca o galego, e agora já o relacio-nam com o jogo.

Quando os nenos e as nenassom conscientes que a sua línguavale para todo, logo é muito mais

singelo que a levem para outrosâmbitos.

ademais, a Hortinha tem umhavantagem mui grande: que é queas crianças vam ali jogar, a passa-rem-no bem e pesa muito mais is-to que no início lhes custe o ex-primirem-se em galego.

Penso também que elas e elesnom tenhem todos os preconcei-tos que podamos ter nós a respei-to da língua. Nom tenhem nadaem contra do galego.

dou aulas a muitas criançasque freqüentam à Hortinha e en-che-me de orgulho ver a atitudede defesa do idioma no dia a dia,algo inviável noutros casos.

O que conseguiu já a Hortinha

numha comarca como a Terra

de Trasancos, onde a presença

do galego é mui minoritária, so-

bretodo no urbano?

Os nenos e nenas que vam à Hor-tinha ganhárom em qualidade delíngua. ademais, é um grupo quecria expectativas fora. Muitos ra-pazes e raparigas querem ir por-que sabem que ali se passa genial.Penso que foi umha imagem ga-nha passo a passo, já que no iníciodiziam que éramos um grupo po-lítico, mas penso que esta barreirajá está rota desde há tempos.

Falamos muito do que aprendê-

rom as crianças na Hortinha,

mas o que aprendêrom os pais?

Os pais aprendemos a desprejui-zar-nos. Falamos mais galegoagora e muitos já nom tenhemmedo a falá-lo mal. a maioriaconseguiu falar sempre em gale-go com os seus filhos e filhas,cousa que antes muitos nom fa-ziam. desfrutamos vendo os nos-sos meninhos e meninhas brinca-rem em liberdade e lembramo-nos de muitos dos jogos que tí-nhamos quando éramos peque-nos. Penso que somosconscientes de que estamostransmitindo algo mui importan-te aos nossos fihos e filhas.

Olha, eu antes de ficar grávidaera espanholfalante, mas quandotivem a minha primeira filha ti-vem claro que lhe queria dar omelhor. a nossa língua é um te-souro e o melhor legado que lhespodo deixar, e a única maneira delha ensinar, era que eu a falasse...

Que objetivos tem a Hortinha a

curto prazo?

Queremos ter um local para nós.agora no inverno o parque nomvale e imos ao Círculo Mercantil,mas tem que estar sempre con-nosco algum sócio.

Termos um local próprio abri-ria-nos muitíssimas possibilida-des, como ter um horário muitomais amplo (mesmo abrirmos ca-da dia), alargar as atividades, terdvd’s, livros, contos. É por issoagora mesmo estamos fazendouns estatutos para nos constituircomo associaçom para poder op-tar a subvençons ou que nos ce-dam um local.

ademais, sabemos que há umgrupo de moças e moços dequinze anos que querem partici-par, porque já tenhem feito con-nosco algumha atividade. abrir-mo-nos a estas idades seria muiimportante.

Dito e feito

“O objetivo é conseguir que as criançasse sintam sempre à vontade na sua lingua”

“os pais e mães aprendemos a desprejuizar-nos: falamos mais galego agora e muitos já nom tenhem medo a falá-lo mal”

MARIA ÁLVARES / Brincar em galego, essa é a única regra daHortinha. Umha associaçom que nasceu há três anos emFerrol graças a Ana, mestra de profissom e mãe de três crian-ças, que comprendeu que para educar os seus em galego,estes deviam empregá-lo em todos os contextos, sobretodono lazer e no jogo. Junto com os seus filhos, outros nenos enenas reúnem-se cada segunda-feira para gozar com a nos-sa língua. Ademais, na Hortinha pom-se em valor o jogo co-letivo, tradicional e livre.

ana Peres rico fala-nos Da HortinHa como esPaço De lazer em GaleGo Para meninHos e meninHas

a maioria conseguiu depois falar sempre

em galego com osseus filhos e filhas

ao recuperar os jogostradicionais cantados,

trabalha-se tambémcom a língua

Jogam ao que decidem entre todos

e regulam-se sozinhos

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Nos últimos meses de 2010 váriasvozes alertárom para o auge dapobreza no País. assim, a organi-zaçom Cáritas assinalava que po-los seus albergues passárommais de meio milhom de pessoasao longo do ano. ademais, segun-do esta organizaçom caritativa,atualmente na Galiza há cerca de580.000 galegos e galegas a vive-rem na pobreza. Este dados evi-denciam os efeitos da crise eco-nómica sobre a populaçom gale-ga e constatam que a Junta daGaliza não está a desenvolver umplano para apoiar estas pessoas,que se vem forçadas a procurar avida na rua. Bem ao contrário. Ofuturo concebido polo Governogalego nem sequer se adequa aorelatório elaborado polo valedordo Povo sobre a situaçom daspessoas sem lar na Galiza. Comefeito, neste documento aconse-lha-se à Conselharia do Trabalhoe do Bem-Estar, dirigida por Bea-triz Mato, que conserve “todos osativos” do II Plano de InclusomSocial (2007-2013), no qual seprevém açons tais como a consti-tituiçom dumha rede de centrosde inclusom social nas sete cida-des galegas e 16 dispositivos deacolhida no resto do País.

Cortes milionáriosOs recortes da Junta, porém, nomgarantem a permanência desteplano. Os orçamentos aprovadospolo Governo autonómico de al-berto Núñez Feijóo eliminam os1.134.000 milhons de euros quefôrom destinados às equipas deinclusom social das sete cidades eao consórcio das Marinhas. dadaesta nova realidade, correspondeaos próprios Concelhos decidirem

se prorrogam os contratos às tra-balhadoras e trabalhadores queprestam estes serviços.

Mas os recortes em matéria deassistência social nom acabam aí.desta forma, segundo tem denun-ciado o grupo parlamentar doBNG, desde que se dérom a co-nhecer Orçamentos para o ano2011 da Junta da Galiza, a atribui-çom ao coletivo de pessoas semteito perde mais de metade do di-nheiro que lhes fora destinado noano passado, descendo de 375.000euros para 150.000. Entre as ou-tras dotaçons económicas quetambém ficam reduzidas em com-paraçom ao ano 2010 encontra-seo capítulo para o acolhimento fa-miliar (que cai de 290.000 eurospara 146.000) ou o Plano de açomCigana (de 800.000 para os426.000 com que contará duranteo ano em curso).

Outra das despesas sociais queserá afetada polas medidas dumGoverno comandado polo neoli-beral PPdeG é a Renda de Integra-

çom Social da Galiza (Risga), um-ha prestaçom transitória paraaquelas pessoas que esgotárom osubsídio de desemprego e nomcontam com outro tipo de presta-çons económicas. deste modo,apesar de que se prevê um au-mento da demanda para os próxi-mos meses (especialmente depoisde que o subsídio de desempregode 426 euros fosse eliminado poloGoverno espanhol) estas rendassociais ficam praticamente conge-ladas nos Orçamentos de 2011.

No ano 2009, 6.497 pessoas rece-bérom umha média de 378 eurospor mês através desta prestaçom.

Casas de acolhida para pessoas com VIHMas o desleixo do Governo auto-nómico para com a assistência so-cial continua. assim, no mês dedezembro o deputado nacionalis-ta Carlos aymerich alertava paraa supressom do orçamento galegode 2010 dumha dotaçom econó-mica de 60.208 euros, destinadaàs pessoas que padecem a Sida. Por outra banda, no mesmo diaem que aymerich realizava taisdeclaraçons, integrantes do Co-mité anti-Sida de Ourense mani-festavam-se diante dos escritóriosda Junta da Galiza em Sam Cae-tano, a reclamarem uma reuniomcom a conselheira do Trabalho edo Bem-Estar, diante do perigoque paira sobre as casas de aco-lhida para pessoas afetadas polovIH nas cidades de vigo e Ouren-se, devido aos drásticos recortes

do Governo galego. Segundo tes-temunhárom as companheiras ecompanheiros de GzContrainfoque dérom cobertura a este pro-testo, a concentraçom decorreucom a presença de furgons da Po-lícia Nacional, que intimidou eidentificou os assistentes.

Como denunciavam os manifes-tantes, os orçamentos para as ca-sas de acolhida das duas cidadescitadas irám ficar reduzidos emmais de 46% para este ano 2011.Esta reduçom poderia obrigá-las afecharem, deixando sem assistên-cia sócio-sanitária 15 pessoasdoentes. Conforme indica o Comi-té anti-Sida no presente ano rece-bérom 95.000 euros, quando paramanterem as duas instalaçons se-riam necesários 160.000 euros.dias depois do protesto, a secretá-ria-geral da Família, Susana lópezabella, acedeu a reunir-se comeles. ainda que, a seguir a esta reu-niom, a Conselharia se tenha mos-trado compreensiva com a proble-mática, enumerando possíveis so-luçons, o futuro das casas de aco-lhimento de Ourense e vigo nomestá completamente assegurado.

Nesta última cidade, o Gabinetede direitos Sociais-Coia denun-ciou recentemente que o Conce-lho fechara um apartamento des-tinado à reinserçom social de mu-lheres sem lar. Segundo este orga-nismo, no momento do fechamen-to residiam no apartamento duasmulheres. O Gabinete de direitosSociais-Coia critica que os grupospolíticos que formam o governomunicipal anunciem com granderebúmbio a abertura de alberguesprovisórios, mas ocultem a elimi-naçom doutra instalaçom de as-sistência social.

15a exameNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

a exame o Comité anti-sida recebeu 95.000 euros neste ano. para manterem as instalaçons de Vigo e ourense precisariam 160.000 euros

Junta deixa sem amparo os setores sociaismais pobres reduzindo gastos em assistênciaA.L.R. / A Junta também recorta dinheiro na luita contra a pobreza, que nos últi-mos meses medrou na Galiza. Nesta situaçom, os Orçamentos que dirigirám aAdministraçom autonómica durante o ano 2011 afastam-se das políticas so-ciais, deixando desamparadas as pessoas que mais padecem a carestia econó-

mica fruito da crise. Como sempre, serám os mais débeis a pagarem as conse-qüências da especulaçom e da falta de interesse das instituiçons para o impul-so de iniciativas que combatam as desigualdades que se geram na sociedadeatual. Som cerca de 580.000 os galegos e galegas que vivem na pobreza.

a atribuiçom ao coletivo De Pessoas sem teito PerDe mais De metaDe Do DinHeiro a resPeito De 2010

Cerca de 580.000galegos e galegas vivem na pobreza

a assistência a semteito desceu de 375mil euros para 150

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as últimas estatísticas publicadascertificam o recrudescimento dosefeitos da crise sobre a populaçomgalega. Enquanto as cifras do de-semprego começam a retrocedera nível estatal, o ano 2010 impli-cou no nosso País a perda de14.474 postos de trabalho, entreos que se contam as baixas de5.200 autónomos, sendo já menosde um milhom os cidadaos e cida-dás que quotizam à Segurança So-cial. a percentagem de desempre-go situa-se em 14,9 por cento, umdado dramático, se bem ainda lon-ge do registado em 1997, quandoa taxa se situava próxima de 20por cento. No entanto, o aumentodo número de habitantes desdeentom provocou que a dia de hojeo número de pessoas que nutremas listas do INEM seja o maior dahistória da Galiza: 237.313 pes-soas, das quais 11 por cento cor-responde aos anos de governo Fei-jóo e à irrupçom da crise econó-mica. a taxa atual duplica a regis-tada em 2007, ano em que se re-duzira para 6,7 por cento.

O desemprego afeta especial-mente camadas sociais com altaformaçom académica, a juventu-de e as mulheres, setor que tripli-cou o número de homens que en-grossárom nos últimos meses asfileiras dos serviços de coloca-çom. Quanto aos ámbitos labo-rais, a Indústria foi de longe amais prejudicada, com umha re-duçom nos postos de trabalhopróxima de 25 por cento.

Os novos contratos realizadosem 2010 –7 por cento superioresaos do ano anterior– fôrom maio-

ritariamente temporários, daí quenom impliquem mais postos detrabalho, mas um incremento narotaçom e instabilidade das con-trataçons. ademais, a nova refor-ma laboral aumentou os chama-dos “despedimentos objetivos”em 13 por cento.

de janeiro a novembro de 2010apresentárom-se 922 ERE’s naGaliza, um número inferior, aindaque nem por isso menos drásticoem relaçom ao ano anterior, emque se registaram 1.020 expedien-tes deste tipo, mais do dobre queos apresentados em 2008.

A Galiza dependenteO número de pessoas pensionis-tas e desempregadas superava ode trabalhadores em ativo na Ga-liza conforme dados do mês dedezembro passado, por umha di-ferença de doze mil pessoas. a ci-fra tornou-se levemente superiorao concluir o ano 2010, passandoa ser menos de um milhom o nú-mero de pessoas empregadas porconseqüência do aumento dasperdas de emprego. Caso se man-tenham as tendências atuais debaixo crescimento demográfico ediminuiçom da populaçom labo-ral ativa, em 40 anos o País pode-ria chegar a ter mais pensionistas

do que trabalhadores, conformeos dados proporcionados poloMinistério do Trabalho.

Preços crescem mais do queos salários na média de 2010Pola primeira vez nos últimos oitoanos a atualizaçom dos saláriosfoi inferior ao crescimento anualdo IPC. Tratou-se da revisom maisbaixa da última década e reduziu-se quase metade da percentagemrelativamente ao ano anterior: de3,39 por cento de média passou-se para 2 por cento no presenteano, quatro décimas abaixo docrescimento do índice de preços.

Com base nos dados tornadospúblicos polo Conselho Galegode Relaçons laborais, o númerode trabalhadores vinculados a

convénios desceu quase parametade em 2010, representandonas suas conclusons umha “ten-dência à paralisaçom da nego-ciaçom coletiva”.

Por outra banda, os preços doscombustíveis subírom no anopassado numha média de 21 porcento, e a histórica suba das taxaspola eletricidade continua a cres-cer, como também as do gás na-tural e do gás butano. alimentos

básicos como o pam, os ovos e oóleo crescérom a um ritmo queoscila entre 10 e 15 por cento.

Dificuldades nas famílias parachegarem ao fim de mêsOs recursos económicos dos laresgalegos descêrom em 2009 de for-ma drástica, conforme desvendouo Instituto Galego de Estatísticaem finais do ano passado. Os ren-dimentos médios caírom no anoobjeto de estudo pola vez primei-ra em seis anos. 58 por cento dasfamílias manifestou ter dificulda-des para acabar o mês e 16 porcento dixo ter muitos problemas,enquanto 4 em cada dez pessoasconsultadas assegurou que meta-de do dinheiro que recebem pro-cediam de prestaçons públicas.

Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201116 a funDo

2010 implicou a perda de 14.474 postos de trabalho, entre os quais se contam as baixas de 5.200 autónomosa funDo

DesemPreGo cresce 6,5% em 2010 DeixanDo sem trabalHo o nÚmero De Pessoas mais alto Da História

H.C. / O menor peso da bolha imobiliária sobre a economia galega em relaçom àespanhola abrandou a chegada dos efeitos mais crus da crise, que já se famnotar em todos os níveis depois do ano que despedimos. A Galiza tem já maispensionistas e desempregados do que trabalhadores em ativo, o número dehomens e mulheres registadas nos serviços de emprego atinge já 14,9 por cen-to e chega à cifra record de 237.313 pessoas. Nos dous últimos anos, o País en-

frentou por volta de 2.000 Expedientes de Regulaçom de Emprego (ERE’s) e viucomo desaparecia 10 por cento dos estabelecimentos comerciais. O incremen-to nos preços de serviços básicos e alimentos, assim como a retirada do subsí-dio dos 426 euros e a reforma laboral desenham um presente difícil para 2011.Economistas asseguram que a saída dumha crise que chegou tarde vai demo-rar muito mais a ocorrer na Galiza em relaçom com as previsons a nível estatal.

Crise económica assenta enquanto cresce a pobreza e se incrementa a carestia da vida

o desemprego afetaespecialmente pessoascom alta formaçom,

jovens e mulheres

a Galiza tem mais pensionistas e

desempregados quetrabalhadores em activo

centros sociaisaguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arrincadeiraC. Histórico · Riba d’Ávia

c.s. almuinhaEzequiel Masoni · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

lso atocha alta 14Monte Alto · Corunha

atreu!S. José · Corunha

aturujoPrincipal · Boiro

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

c.s.o. casa do ventoFigueirinhas · Compostela

a cova dos ratosRomil · Vigo

a esmorgaTelheira · Ourense

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

a fouce de ouroBertamiráns · Ames

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

Henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

c.s. lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaAmor Meilám · Lugo

srcD PalestinaRua do Ril · Burela

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revoltaRua Real · Vigo

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

tarabelaDonramiro, 17 · Lalim

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo DescubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

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17a funDoNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

o pp recebeu umha quantidade próxima dos mil milhons depesetas procedentes destes donativos ilícitos naquela épocaa Pesquisa

Declaraçons De oubiña à vanity fair ratificam informaçons PublicaDas Polo novas Da Galiza

rajoy presidia a alianza popular em ponte Vedraquando narcos e contrabandistas o financiavam

H. CARVALHO / A entrevista aopreso Laureano Oubiña na re-vista Vanity Fair confirmou re-velaçons divulgadas polo NO-VAS DA GALIZA entre os anos2003 e 2005. O antigo líder dotráfico de haxixe no Estadoassegurou ter financiado aAlianza Popular e a Unión delCentro Democrático em finaisda década de 70, assim comoteriam feito outros contraban-distas. Este método de capta-çom de fundos procedentesde dinheiro ilícito continuounos anos seguintes da maode ‘tabaqueiros’ e narcos, atin-gindo certa releváncia mediá-tica com o Caso Naseiro, frus-trado ao serem invalidadas asprovas que certificavam o fi-nanciamento ilegal do partidoque hoje preside Mariano Ra-joy, homem-chave da AP e doPP ao longo destes anos.

“Quando passámos para a demo-cracia em que dim que vivemosajudei a financiar a alianza Popu-lar, do senhor Fraga, e à UCd, dosenhor Suárez. E o mesmo que eu,assim figérom muitos outros em-presários que estávamos envolvi-dos no contrabando de tabaco”.Estas declaraçons do narcotrafi-cante de Cambados à revista va-nity Fair tivérom eco na maiorparte dos jornais da Galiza e reac-tivárom umha polémica que vi-nhera publicamente à tona em1990, o ano em que Fraga Iribar-ne obtinha a presidência da Juntada Galiza e o mesmo em que saíaà luz o chamado Caso Naseiro.

Rosendo Naseiro, responsávelna altura polo financiamento doPP, era o encargado de recolher asdoaçons fornecidas polos contra-bandistas e o líder do sistema decaptaçom de dinheiro. O processojudicial que provocara a sua de-tençom fora iniciado por umha in-vestigaçom relacionada com onarcotráfico que atingia elemen-tos do PP valenciano. as escuitasdesvendavam a trama de financia-mento ilegal, se bem as provas quetivérom relaçom com este capítulodas pesquisas fôrom anuladas po-lo Tribunal Supremo por nom es-tarem centradas no caso de narco-tráfico que motivara a decisom deintercetar conversas telefónicas.

desta maneira, o escándalo po-lítico acabava por esquivar o re-

cém chegado à direçom do PP, Jo-sé María aznar, mas tocava emcheio o seu atual máximo dirigen-te: Mariano Rajoy Brey.

Rajoy na tramaMariano Rajoy foi presidente dadeputaçom de Pontevedra entre1986 e 1991. Foi nomeado líderde aP em Ponte vedra em 1987 e

dous anos mais tarde ascendia àExecutiva espanhola do partidoquando este se dotava da suaatual denominaçom enquantoefetuava umha renovaçom deimagem encabeçada por aznar.Rajoy já era deputado no Parla-mento autonómico desde 1981,quando tinha apenas 26 anos.

Foi precisamente ao longo des-

tes anos de ascensom do atualcandidato à presidência do Go-verno espanhol polo PP que o seupartido recebeu centos de mi-lhons de pesetas procedentes docontrabando e o narcotráfico, in-formaçons que fôrom publicadaspolo NOvaS da GalIza nos seusnúmeros 10 e 23, corresponden-tes aos meses de setembro de2003 e outubro de 2004.

O contrabandista vicente Ote-ro ‘Terito’ era condecorado polopartido conservador com a suainsígnia de ouro e brilhantes. ‘Te-rito’ era o referente do PP emCambados, da mesma maneiraque o eram Pablo vioque em vilaGarcia e ‘Nené’ Barral em Riba-dúmia. Todos eles reuniam-secom assiduidade em Ponte vedracom o entom presidente do parti-do nesta província, Mariano Ra-joy, conforme puido saber o NO-vaS da GalIza através de fontesempresariais que participáromno financiamento deste partido.

Narcotráfico e PPO PP recebeu umha quantidadepróxima dos mil milhons de pese-tas através destes donativos ilíci-tos. alguns dos contribuintes fô-rom personagens como José Ra-

món Barral ‘Nené’, luis Falcón‘Falconetti’, José M. Prado Bugal-lo ‘Sito Miñanco’, Manuel loren-zo ‘Ferrazo’, Marcial dorado, Ma-nuel Carballo Jueguen, ManuelNieto ou José luis vilela.

as detençons de Pablo vioque–antigo líder do PP em vila Gar-cia, preso por narcotráfico e fale-cido em 2008– e José Ramón Bar-ral ‘Nené’ –ex-alcalde de Ribadu-mia polo PP e contrabandista–,entre maio e junho de 2001, pugé-rom em evidência as relaçons en-tre os negócios sujos e a corrup-çom política. Outro cargo relevan-te do partido envolvido nas tramasfoi alfredo Bea Gondar, ex-alcal-de de Ogrove, em prisom pola suaparticipaçom em operaçons demilhares de quilos de cocaína jun-to ao antedito Pablo vioque e ou-tros narcotraficantes. Outroexemplo é o de luis vilas Jue-guen, que foi tenente-alcalde poloPP em vila Garcia de arouça.

Em julho de 2010 conhecia-seque o ex-chefe territorial da Con-selharia do Território e Infraestru-turas em Ponte vedra, EvaristoJuncal, vendera empresas a pes-soas relacionadas com contraban-distas e narcos como Marcial do-rado, ‘Sito Miñanco’ e Pablo vio-que. O dirigente ‘popular’, quevoltava à atualidade por umha li-cença irregular para a sua casa emCaldas, foi defendido energica-mente polo actual presidente dadeputaçom provincial de Pontevedra Rafael louzán.

comProvantes Polos PaGamentos ao PP

este bono, em poder do noVas da

GaliZa, é o que o partido popularentregava aos doadores de di-nheiro ilícito como recibo das en-tregas que davam para financiara campanha para as eleiçons doparlamento autonómico de1990, as mesmas em que fragairibarne ascendeu ao poder naJunta da Galiza. o ex-mandatá-rio reunia-se com contrabandis-tas no restaurante rosita de

Cambados e no altamira de VilaGarcia, onde lhes eram entreguesos bonos para que depois pas-sasse rosendo naseiro a reco-lher o dinheiro das doaçons. Con-forme fontes consultadas queparticipárom no financiamentoirregular, Vicente otero chegou ater entre sessenta e setenta des-tes bonos, o que equivale a ummontante superior aos trinta mi-lhons de pesetas da época.

Outra das revelaçons desta publi-caçom ratificadas por laureanoOubiña tenhem relaçom com aatividade do estaleiro de ManuelRodríguez, a Rodman Polyships,que vendeu embarcaçons tantoaos narcotraficantes como àGuarda Civil e ao Serviço de vigi-láncia aduaneira. Nas suas decla-raçons à vanity Fair, Oubiña asse-gura que “entre 1985 e 1986, certoestaleiro de vigo construiu um lo-te de embarcaçons para a GuardaCivil e aduanas onde a mim mefigeram umha anteriormente. Noentanto, a minha custara 70 mi-lhons, sendo mais potente, e as

suas 315 milhons”. a embarca-çom tinha como nome ‘zaritis’,conforme publicou o NOvaS da

GalIza no número 30 (maio de2005), o mesmo número em querelacionava o estaleiro com o ex-coronel da Guarda Civil arsénioayuso –citado também por Oubi-ña na recente entrevista como be-neficiário da “compra de arma-mento, de embarcaçons e de equi-pamentos para a repressom donarcotráfico”–, quem teria comotesta de ferro na empresa RafaelGuzmán Pinel, o responsável denegociar com instituiçons e gover-nos as vendas de embarcaçons.

Barcos da Rodman paraOubiña e a Guarda Civil

mariano rajoy assisteàs reunions com os

financiadores ilegais

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18 Palestra Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

Palestra duas visons a respeito do paro dos controladores: umha focada no estado de alarme e outra na reaçom social perante a polémica

Dezembro de 2010: o governo es-panhol decide o encerramento ea militarizaçom do espaço aéreo,

e decreta o estado de alarma. a causaalegada para todas estas disposições ex-cecionais foi um conflito laboral, que co-meçara em novembro em lavacolha, en-tre os controladores e a aENa. a origemdeste confronto está nas diferenças queambas as partes mantinham em relaçomaos critérios para a contagem das 1670horas que a lei 9/2010 estabeleceu comotempo máximo de trabalho por ano. Por-tanto, desde abril quando lei foi publica-da até dezembro, o governo espanhol ti-vo mais de sete meses para resolver es-sas diferenças. Fijo-o, porém, medianteum decreto de medidas urgentes, publi-cado, ainda por riba, em vésperas dum-ha das datas com maior tráfego previstode viajeiros nos aeroportos do estado.

Por outro lado, sob a aparência de nomter nada a ver com a questom dos con-troladores, zapatero –depois de se co-nhecer o resgate da Irlanda– escusou asua ausência da cimeira ibero-america-na da argentina. Supostamente porquea situaçom europeia tornava incontorná-vel presidir um conselho de ministrosque devia tomar medidas urgentes con-tra a crise. Para encenar esta urgência, opresidente espanhol utilizou, de formainesperada, um plenário do parlamentoem que anunciou algumhas das medidasque contém, precisamente, o mesmo de-creto que irritou os controladores. asmedidas anunciados fôrom, entre ou-tras, a privatizaçom dos principais aero-portos e de 30 por cento das lotarias doEstado, além da supressom dos 426 eu-ros que recebiam os desempregados empior situaçom.

O certo é que a decisom de zapaterode ficar em Madrid seria suspeitosamen-te providencial para decretar o estado dealarma, algo inimaginável na sua ausên-cia. Ninguém pode duvidar de que o go-verno espanhol devia estar informadopolos serviços de inteligência da possibi-lidade dumha onda de baixas médicasde controladores para provocar o caosnos aeroportos. Sobretudo se levarmosem conta que o facto que desencadeiatudo é umha decisom do próprio gover-no. Sem excluir que a postergaçom atédezembro da norma sobre as 1670 horasfosse também umha proposta da inteli-gência espanhola para provocar a rea-çom enfurecida dos controladores. legi-timava-se assim umha posiçom de forçajuridicamente excecional, mas mui po-pular do ponto de vista dum executivonecessitado de apoios.

algo semelhante acontecera com aUSA Patriot Act, trás dos acontecimen-

tos do 11 de setembro de 2001. Poucosdias depois daqueles ataques, o depar-tamento da Justiça dos EUa, já tinhaumha proposta para restringir direitoscivis, que foi aprovada como lei, compoucas modificações, em outubro. Otexto final, na parte que modifica ou-tras leis, ocupa 350 páginas e, na partedispositiva, 128. Como foi possível redi-gir um texto legal, tam complexo emtam pouco tempo? Como puido, o Fis-cal-Geral, ter em dias o rascunho dosseus elementos essenciais? E nom seráque esta norma fazia parte dumha pla-nificaçom prévia, sendo o 11-S apenaso pretexto para levá-la à prática?

ambos som exemplos do que se co-nhece como direito excecional. a situa-çom jurídica onde melhor, e mais cómo-do, se encontra o leviatám. Mas a opor-tunidade tem que vir-lhe nas democra-cias formais dos interesses políticos con-junturais dos governos. a crise docapitalismo vai ser longa, os pretextospara se tomarem medidas excecionaisnom vam faltar; e o interesse políticopor parte dos governos em procurar es-sa excecionalidade, tampouco.

Controladores: crónica da suspeita

Júlio Teixeiro

Suponho que a maioria das leitorase leitores deste periódico desapro-vam a declaraçom do "estado de

alarme" por motivos laborais, e conside-ram um precedente preocupante a utiliza-çom da violência militar para obrigar atrabalhar pessoas cujo absentismo nomcolide com nengum direito fundamentaldo conjunto da populaçom (como pode-riam ser a saúde, a alimentaçom, a segu-rança...). Quero supor, também, que nestaaltura a maioria das pessoas críticas e beminformadas reparariam em que todo o es-petáculo desatado por volta da militariza-çom do controlo aéreo serviu para velardecisons como a privatizaçom da aENaou a supressom das ajudas aos desempre-gados de longa duraçom, aprovadas nomesmo dia que o decreto que provocou aira dos controladores. Nom utilizarei estaslinhas, pois, para repetir os argumentoscom que em galizalivre.org critiquei a pas-sividade dos grandes sindicatos ante a in-tervençom militar do Estado num conflitolaboral, nem para insistir em que pessoal-mente apoio qualquer luita que tenha porobjetivo reduzir o tempo de trabalho.

Passado um mês desde o paro selvagemdos controladores, som muitos e muitasas companheiras que, mantendo umha po-siçom de esquerdas indubitável, mante-nhem que (por mui criticável que seja adeclaraçom do estado de alarme) nom cor-responde às organizaçons de classe apoiarativamente um setor tam “privilegiado” e“insolidário” como o controlo aéreo. a di-ficuldade dumha sociedade -e especial-mente da sua aba esquerda- para denun-ciar e mobilizar-se ante umha injustiça,seja qual for o corpo em que esta recaia,parece-me umha questom de suficienteimportáncia para provocar umha refle-xom coletiva.

a nossa integridade ética pom-se à pro-va quando os abusos som cometidos con-tra pessoas ou coletivos com que nos é di-fícil empatizar. Se calhar, é precisamentepor isso que o Poder ensaia com eles asnovas formas de repressom, e testa assima capacidade dumha sociedade para se so-lidarizar nom já com o outro, mas com aprópria noçom de Justiça. as maiores vio-laçons do direito produzem-se no corpodo migrante, da “terrorista” ou do excluí-do, a umha distáncia tal do cidadao emque já só seja possível umha solidariedademoral. Porque na identificaçom com a dordo achegado, do igual, a principal compo-nente nom é ética, mas física. O primeiroque nos comove da violaçom da nossa vi-zinha, do despedimento do nosso curmaoou da tortura da nossa companheira é aproximidade dumha dor que chega a to-car-nos, e a consciência de que poderiater-nos acontecido a nós. Para se indignar

diante de algo assim nom é necessário terética; avonda ter vísceras. É quando vio-lam umha mulher iraquiana, despedemum fura-greves ou torturam um nazista -casos todos eles em que a distáncia física,ideológica ou cultural dificulta a empatia-que se pom à prova é a nossa eticidade. E,na nossa sociedade, esta costuma falhar,deixando as vítimas sem mais amparo queo dos seus achegados, e abrindo de parem par as portas à destruiçom do direito.

O capitalismo avança sobre a dissolu-çom da moralidade e a destruiçom dessemuro ético que opom valores e fidelidadesaparentemente irracionais ao império docálculo. a razom aritmética, que analisa eavalia todos os fatores antes de emitir umresultado, que converte toda decisomnumha equaçom, é das armas mais pode-rosas com que conta o poderoso para con-trolar o submetido. Sabido é que os nazisconseguírom transferir os judeus sem ape-nas resistência do salom das suas casasaté os crematórios, segmentando o geno-cídio em múltiplas operaçons cujos resul-tados parciais (o ghetto, o trem, o campo,os trabalhos forçados, os duches) sempreeram preferíveis à morte. Numha socieda-de que calculava o Bem e o Mal, o mesmopoder abriu centros de extermínio paraumha parte da populaçom -a judia- odiadapola sua posiçom social, mas em que tam-bém acabárom por morrer comunistas, ci-ganos e homossexuais.

Se, num momento de crise e conflitivi-dade social, o Estado quer impor manumilitari o correto funcionamento da lei eda economia sobre as luitas laborais, pa-rece evidente que nom vai escolher comoalvo qualquer coletivo de mileuristas como qual a maioria podamos identificar-nos.O que se torna surpreendente -e preocu-pante- é que a esquerda veja condicionadaa sua resposta por quem é a vítima, esque-cendo que há operaçons que som intrinse-camente perversas, independentementede qual for o valor da incógnita.

A solidariedade nom se calcula

Miguel Garcia

a nossa ética pom-se àprova quando os abusossom cometidos contracoletivos com que nos é difícil empatizar

há operaçons perversasintrinsecamente, comindependência de qualfor o valor da incógnita

Zapatero utilizou umplenário do parlamentopara anunciar a privatizaçom dos aeroportos e as lotarias

o Governo espanhol estava com certeza informado polo Cni dapossibilidade das açonsdos controladores

legitimava-se umhaposiçom de força excecional, mas popularpara um executivo necessitado de apoios

a crise do capital vaiser longa e os pretextospara se tomarem medidas excecionaisnom vam faltar

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19meDiaNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

meDia Cinqüenta pessoas ficavam na rua dum dia para o outro, sem justificaçom algumha por parte empresarial

Foi em 30 de novembro, no en-cerramento da quenda de ma-nhá, que diretivos e altos car-gos se apresentárom sem avi-so prévio nos locais para en-tregar as cartas de despedi-mento, efetivo desde já.Cinqüenta pessoas ficavam narua dum dia para o outro, semjustificaçom algumha por par-te empresarial.

Mentres as delegaçons deFerrol e Burela -assim comoas do Porto e Bruxelas- fe-cham, como resultado daquiloque o ente público denomina'reorganizaçom' dos seus ser-viços, a maior parte da delega-çom de Ponte vedra é anexa-da à de vigo.

'Reorganizaçom' e mermana qualidade informativaO processo que atualmentevem afetando aos e às profis-sionais é o mesmo que está aprovocar para o conjunto dacidadania umha mais que evi-dente perda de serviços infor-mativos.

O motivo é o cancelamentode dous informativos locaisque estavam a ser realizadosaté 30 de novembro, à esperade um novo arranque que de

momento ainda nom tem da-ta marcada.

Por enquanto, o volume in-formativo local que tradicio-nalmente forneceu a compa-nhia pública está agora limi-tado, no que à televisom res-peita, a um só informativo deinformaçom local diário, paratodo o País e com duas infor-maçons elaboradas em cadadelegaçom.

Mesmo que se tentasse re-cuperar a cobertura dada, aCRTvG teria sérios proble-mas por causa da reduçom depessoal, como assinalam ostrabalhadores que nom fôromdespedidos. Em concreto, noscaso de vigo, que recolhe asfunçons de Ponte vedra (in-cluídos o Salnés, Caldas eparte do Morraço), com qua-se metade de quadro que so-mavam ambas as redaçonsaté há só mês e meio.

Externalizaçom de serviçose silêncio corporativoa nova ficava um tanto invisi-vilizada na maior parte da im-prensa empresarial devido,como referia o portal Galicia-Confidencial, à implicaçomdos grupos empresariais dos

cabeçalhos –la voz, El Pro-greso e Faro de vigo– na ges-tom dos centros territoriais dacompanhia pública.

de facto, representantesda CRTvG tenhem-se escu-dado em que formalmenteestes fechamentos nom sommais do que rescisons decontratos com empresassubcontratadas, negandoqualquer responsabilidadeno futuro dos trabalhadorese das trabalhadoras que ago-ra ficam na rua.

Na prática totalidade doscasos, porém, trata-se depessoas que desenvolviam oseu trabalho em exclusivopara a CRTvG, de onde,amais, recebiam as ordens eindicaçons diretas das cober-turas a serem realizadas. as-sim, nos últimos tempos temhavido vários casos em que,diante da justiça, se tem de-

mostrado que a situaçom emque se encontram os traba-lhadores e trabalhadoras dedelegaçons é de cessom ile-gal de trabalhadores por par-te das produtoras subcontra-tadas à CRTvG.

Segundo o Sindicato de Jor-nalistas da Galiza “nem se in-formou previamente ao Con-selho de administraçom daCRTvG nem se negociou comos representantes dos traba-lhadores, como estabelece alei”, pese a ser alfonso Sán-chez Izquierdo consciente deque a decisom de rescindircontratos provocaria inevita-velmente os despedimentosdas pessoas oficiosamenteempregadas pola empresa pú-blica.

O SJG sublinhava, por ou-tra banda, a necesidade deacabar com a externalizaçomde serviços, como salientoutambém o Comité Interempre-sas da CRTvG e o ColégioProfissional de Jornalistas daGaliza. Mas todas as vozescoincidem igualmente em jul-gar inapropriado que isto sefaga de costas ao pessoal, dei-xando-o numha situaçom deabsoluta indefensom.

Continua sem resoluçom o conflito poloencerramento de delegaçons da GalegaX.R.S. / O encerramento das delegaçons da Compañía deRadio-Televisión de Galicia em Burela, Ferrol e Ponte Ve-dra conhecia-se a começos de dezembro. O resultado eraque umha cinqüentena de trabalhadores e trabalhadoras

perdiam os seus postos de trabalho sem aviso prévio,chegando alguns a toparem com agentes de seguraçaprivada que lhes impediam o acesso aos locais que até ajornada anterior foram os seus centros de trabalho.

DesPeDem Pessoas que Desenvolviam o seu trabalHo em exclusivo Para a crtvG

a informaçom local da companhia

pública reduz o seu volume

notas De roDaPé

Os Centros Sociais provocam dores decabeça à Imprensa Comercial apoca-

líptica dos Últimos dias. Fosse certo o queestão a publicar alguns meios centenários,crer poderíamos que os populares locaisde leitura, encontro, informação e debateroem os alicerces do edifício das liberda-des públicas.

Aredação perplexa do Edifício Inteli-gente de arteijo, por exemplo, consi-

dera os Centros Sociais como eixo dumarede para a iniciação acelerada num com-promisso político nacionalista que qualifi-cam de intransigente. Os sujeitos de dou-trinamento “som na maioria estudantes daUniversidade” afirma o poderoso papel ci-tando uma investigação continuada desdeo governo de Calvo Sotelo.

Para se iniciarem na política ativa, os es-tudantes “visitam quer os Centros So-

ciais quer as quadras de fanáticos torcedo-res de futebol”. O culto diário descrê combom critério que a Universidade seja pales-tra apropriada para o debate das ideias.

Aanálise de jornal avança em profundi-dade para aprendermos a distinguir

entre “grupos violentos” e “ativistas”, cate-gorias diferentes de alunos, licenciadosnas aulas dos Centros Sociais e das torci-das do futebol. Os “ativistas” pertencem auma classe superior de militantes “ativosem núcleos cerrados a que é mui difícilaceder”. a gazeta comercial e ideológicanão explica em que momento da aprendi-zagem, que tem lugar em instâncias tãoresolutamente públicas e abertas como osCentros Sociais e os clubes de futebol, amilitância se torna cerrada.

Talvez a dor de crânio do anunciador in-transigente nom proceda dum erro mo-

numental de juízo, mas sim de crer que umlugar de debate e de formação de valoresdemocráticos como é um Centro Social éuma ameaça para os princípios fundamen-tais da Monarquia.

Quanto facto de o desporto da bola serum instrumento poderoso para a sub-

versão política, podemos estar plenamenteem acordo, à condição de nom lermos as un-tuosas e insupurtáveis crônicas desportivasdos anunciadores que infestam as mesasdos bares do País.

Centros derecrutamento

afirmam que os doutrinados“som na maioria estudantes”

citando uma investigaçãocontinuada desde Calvo sotelo

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201120 a DenÚncia

o mercado de trabalho na cidade passa a estar eminentemente ocupado pola construçom e os serviçosa DenÚncia

Quando no mês de setembrodo ano passado, políticos emeios de comunicaçom co-runheses tentárom intervir noprocesso que levou à fusomdas caixas galegas com aideia de conseguirem que es-ta tivesse sede na Corunha,nom procuravam só a defesados seus interesses, comoainda a culminaçom perfeitapara transformarem a cidadenum centro comercial.

DANIEL R. CAO / durante o mês defevereiro de 2010, mais de vintecoletivos sociais e vicinais desen-volvêrom umha série de açons dedenúncia na rua, culminadas coma entrega de múltiplas alegaçonscontra o PGOM que logo depois,na sua primeira fase, seria apro-vado polo plenário da Câmara co-runhesa, com o único voto con-trário do Partido Popular. Os mo-tivos destes coletivos giravam emtorno à denúncia dum processoque estava a levar a Corunha caraum “modelo de cidade insusten-tável em termos laborais, ecológi-cos e sociais”. O certo é que estemodelo de cidade denunciado po-los movimentos sociais corunhe-ses é mais do que palpável, e di-versos setores sociais já estám asofrer algumha das suas conse-qüências, já que dele nom só de-correm modelos urbanísticos eeconómicos, como também so-ciais, chegando mesmo até o ócio.

GentrificaçomO habitual preconceito que per-segue a cidade corunhesa, o deser umha cidade feita à medidapara as camadas sociais maisabastadas vai-se tornando reali-dade através de determinadasatuaçons do Concelho da Coru-nha, nomeadamente as atuaçonspraticadas polas Concelhariasque estám em poder do PSOE eque som ainda dirigidas por anti-gos membros da equipa de Fran-cisco vázquez. Um bom exemploé o ocorrido na primeira semanade janeiro, em que, pola oitavavez desde a chegada de Javier lo-sada ao governo do Concelho, apolícia municipal realizava umhaviolenta batida contra “vendedo-res ambulantes” na rua Real daCorunha, sendo a condiçom mi-grante o elemento em que recaía

a suspeita. O feito e o lugar som,no mínimo, paradigmáticos, dadoque esta rua é de sempre onde setem concentrado a maior parte detendas pertencentes às grandesmarcas, sem o mínimo rasto dopequeno comércio. a agressomcontra este coletivo de vendedo-res, na prática pequenos comer-ciantes, mostra bem às clarasquais som as intençons do Con-celho para a zona. E igualmente ofeito de as vítimas das detençons,agressons policiais incluídas, se-rem pessoas dumha determinadaextraçom social.

Comércio grande vs. pequenoO comércio é outro dos grandeselementos em que a transforma-çom é evidente: nos últimos cincoanos, a Corunha passou de terduas a ter sete grandes platafor-mas comerciais. além do aspetourbanísitico, dado o grande tama-nho destas edificaçons, há outrasérie de aspetos a serem conside-rados: em primeiro lugar, o mer-cado de trabalho na cidade passaa estar eminentemente ocupadopola construçom, já que este tipode estruturas costumam estar ro-deadas de complexos residen-ciais, acompanhados polos seto-res de comércio e serviços, os

mais castigos pola precariedade.Em segundo lugar, cada vez que éaberto um destes centros comer-ciais, o pequeno comércio insta-lado nos arredores perde toda ca-pacidade de concorrer com o gi-gante, com a circunstáncia agra-vante de que na cidade corunhe-sa estes centros estám a serlevantados em bairros periféricose populares. E, por último, osgrandes investimentos que exi-gem os projetos de obra dum cen-tro comercial tendem em geral aocultar trás de si obscuros negó-cios. assim, por exemplo, os dousúltimos centros abertos na Coru-nha (IKEa, referido no nº 79 des-te jornal e a futura plataformaMarinedaCity) fôrom denuncia-dos por práticas deste tipo.

O ócio, o último episódioCom 77,584 milhons de euros, aCorunha é a cidade galega commaior nível de dêveda, conse-qüência direta da aplicaçom dumprojeto económico para umha ci-dade nom preparada. a procurade financiamento é a prioridadeabsoluta para a Câmara coru-nhesa e, novamente, isto recaisobre a cidadania. À provável es-pera, como evidencia o que ocor-reu com os migrantes na ruaReal, de que se aprove umha res-tritiva ordem cívica, o objetivoprincipal estám a ser os lugaresde ócio. a aplicaçom arbitráriada Ordenança de Ruídos, ador-mecida desde 1997, ano em quefoi aprovada, está recaindo so-bretodo naqueles bares queguardam relaçom com os movi-mentos populares, ou que desdeos seus começos tentárom reali-zar umha oferta de ócio distintada que oferecem outras empre-sas da hotelaria noturna. destejeito, desde há alguns meses ace-lerou-se a ordem de despejo con-tra o local social okupado Casadas atochas, o bar Patachim so-freu várias batidas policiais como suposto objetivo de “procurarcánabis”, mas com o objetivoreal de fazer umha demonstra-

çom de força por parte das auto-ridades. Igualmente, outro signi-ficado local para os movimentospopulares da Corunha, o bar Fa-luya, recebeu várias visitas poli-ciais, semelhantes às doutros es-tabelecimentos, com alegadopropósito de evitar que houvessemúsica soando, pese a que nestelocal a música é usada só comfins ambientais. ainda assim, fi-gérom-se ameaças de fechamen-to e de sançons.

O futuroPara o mês de maio deste ano es-tám convocadas eleiçons muni-cipais, e muitas destas questonsparecem nom preocupar os gru-pos municipais com opçom deobterem representaçom, salvo atímida e parcial oposiçom doBNG. No entanto, dada a situa-çom de crise que vivem os go-vernos locais no nosso País, per-fila-se um futuro “inconsciente eem suspenso”, por palavras doscoletivos opositores ao PGOM.

A ‘Grande Corunha’ ergue-se sobre a cidadania em favor de grandes empresas

o Processo em que imPeram interesses urbanísticos e económicos tem conseqüências sociais

GUINDASTES SOBRE MONTE ALTOO histórico bairro popular da Corunhaestá a transformar a sua fisionomia

o pequeno comércioestá a ver-se afetadopolas grandes áreas

a ordenança de ruídosaplica-se sobretodo

nos bares relacionadoscom movimentos sociais

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potencia-se um “modelo de cidade

insustentável”

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21a DenÚnciaNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

fpG, movimiento pola base, espaço irmandinho, Coletivo nacionalistade marín e pCpG formalizam acordo para promover candidaturasem anÁlise

Eleiçons municipais: o soberanismo estarámais presente que nunca na cita de Maio

inDePenDentismo aPresentarÁ canDiDaturas em concelHos através De Diferentes fórmulas

ALONSO VIDAL / Ninguém ignora que o País está sumido na crise económica, so-cial e identitária mais profunda das últimas décadas. Após anos de fraguismo eum período de governo bipartido que nom foi capaz de assentar as bases míni-

mas para uma transformaçom ao serviço dos cidadaos e das cidadáns, esta-mos a sofrer um assédio sistematico e brutal por parte dos setores mais reacio-nários da perene estrutura de poder institucional espanhol.

O poder vai monopolizando luga-res comuns e minguando espa-ços de liberdade e compromissoem todas as instituiçons. a hipó-tese de que grupos políticos or-ganizados defensores de políti-cas alternativas que questionemo status quo oficial adquiram pro-tagonismo institucional é míni-ma. Quase nom há fendas em queesses coletivos podam coar-se pa-ra afirmar a sua presença e visua-lizar diante da opinom pública oseu compromisso transformador.Um destas fendas som os Conce-lhos, mas parece claro que gran-de parte do soberanismo e inde-pendentismo galego nom deu,historicamente, a suficiente con-sideraçom a este trabalho de pro-ximidade real à cidadania. Tem-se optado de preferência, comcerto êxito, por criar e afortalarredes ou espaços alternativos deaçom direta (centros sociais, as-sociaçons culturais, sindicais, deestudantes...) e só alguns grupospolíticos, como Nós-UP ou FPG,tenhem considerado também avia de participaçom institucionalmunicipal. Os resultados nom fo-ram tam bons como seria desejá-vel, em termos absolutos, massim relativamente à capacidadereal de visibilidade eleitoral. a di-námica estava aí. agora irá tor-nar-se mais visível.

Duas vias em proceso paralelodeste modo, no próximo mês demaio estaremos convocados pa-ra umhas eleiçons municipaisem que se disputarám na práticao poder as mesmas forças políti-cas que perpetuam a situaçom deabandono das políticas de trans-formaçom real da sociedade,mas em que, desta vez, o sobera-nismo no seu conjunto terá umprimeiro papel a desempenhar. Efará-o em princípio sob dousprismas de participaçom: umpromovido por Nós-UP e outropor diversos coletivos aderentesao adN de Causa Galiza.

Para alberte Moço, porta-voznacional de Nós-UP, -organiza-çom que já tem desenvolvido tra-balho municipal importante emdiversas zonas do País como Fer-

rol Terra, Compostela ou o Con-dado- é importante continuar a di-námica de eleiçons anteriores: ha-verá assembleias abertas para for-malizar candidaturas, com certaflexibilidade dependendo do gru-po de pessoas ou coletivos comque se relacionem em cada Con-celho. Nalguns será precisa maistraçom na parte de organizaçompolítica e noutros serám apenasuns agentes mais que fornecerámbraços e cerebros para tornar oprojeto bem sucedido. abertos aum projeto coletivo de candidatu-ras soberanistas, exigem uns mí-nimos para se sentir cómodos. de-ve ser claramente soberanistacomprometido com o projeto na-cional galego. Também projetosesquerdistas e respeitosos da plu-ralidade. “É preciso um modeloque esteja preparado para unir egerir as diferenças, evitando po-tenciais fontes de conflito, enri-quecer e reforçar as suas capaci-dades. Estamos dispostos a com-partilhar com um amplo leque desensibilidades um projeto dessascaracterísticas”.

Confessam que tenhem, partin-do de experiências passadas, certapreocupaçom em que o modelo re-sultante nom seja suficientementerespeitoso. de facto, tem-se opta-do outras vezes por apresentarcandidaturas divididas noutraseleiçons deste tipo. Para alberte, aquestom do respeito é importante,já que nom se trata de concorrerentre organizaçons ou coletivos

integrantes do projeto, mas de sechegar a uns mínimos que podamunir. “O proveito nom deve ser pa-ra uns ou outros, mas para o povotrabalhador. Isso nom fomos ca-paz de assimilá-lo em ocasions an-teriores”. afirmam estar abertos afalar com outros setores sobera-nistas para procurarem coincidên-cias em espaços comuns.

As novas candidaturasSom precisamente estoutros seto-res soberanistas (FPG, Movimien-to pola Base, Espaço Irmandinho,Coletivo Nacionalista de Marín ePCPG) que, animados e esperan-çados na consolidaçom do refe-rente Causa Galiza, acabam deformalizar um acordo para pro-mover e favorecer candidaturasem vários Concelhos galegos. Ma-nifestam-se politicamente segui-dores do acordo democrático Na-cional, que Causa Galiza apresen-tou sábado 18 de dezembro assi-nado por dez organizaçons sobe-ranistas como alternativa àreforma estatutária, ainda que ascandidaturas que fôrom apresen-tadas nom partam diretamentedela. “Causa Galiza nom se ocupade apresentar candidaturas muni-

cipais”, afirmam representantesdesse coletivo.

O objetivo também será a cons-tituiçom de assembleias munici-pais de pessoas de sensibilidadediversa, no ámbito da esquerda, osoberanismo e o independentis-mo, com a ideia de fazer políticamunicipal, começado polas próxi-mas eleiçons. O processo, aindaque gerado e constituído a nívellocal, será promovido por ativis-tas ou militantes de organizaçonsde ámbito nacional. Em poucosdias um manifesto das forças inte-grantes deste projeto especificarácom mais detalhe o processo e oslugares onde será desenvolvido.

Nalguns lugares há experiência.Em Cangas a FPG, sob diferentesfórmulas, tivo histórica represen-taçom, mesmo de governo. Nou-tros tentará iniciar-se umha diná-mica de trabalho municipal, den-tro dos passos que ultimamemtetem dado o independentismo e emque se vai chegando a entendi-mentos. O trabalho municipal se-ria assim mais umha peça destemovimento envolvente de consoli-daçom e unificaçom do soberanis-mo. a ideia é apresentar-se as mu-nicipais, mas, seguidamente, e in-dependentemente dos resultadosque forem obtidos, continuar como trabalho municipal nos diferen-tes Concelhos onde se apresentoucandidatura. “Mesmo alguns Con-celhos em que afinal nom seja pos-sível apresentarmos candidatos,será um gérmen de trabalho que

em posteriores eleiçons faciliteumha candidatura mais expe-riente”, afirmam pessoas próxi-mas do projeto. O objetivo somalgumhas vilas de tamanho me-diano como Minho, ames ou Mu-gardos -onde recentemente maisde umha decena de militantesabandonárom o BNG e estudamincorporar-se a esta candidatura-e provavelmente duas cidades:Compostela e vigo. Está-se tra-balhando, ainda em fase inicial,em lugares como Fornelos deMontes, Nigrám, Redondela ouMoanha. Noutros lugares comoOurense, se nom forem possíveisas candidaturas, formalizarám-se grupos de trabalho municipalque iniciem o caminho futuro.

Os resultados serám positivosaté agora os resultados do sobe-ranismo nas contendas eleitoraisnom som precisamente para bo-tar foguetes, mas para alberteMoço (Nós-UP), “nós nom entra-mos no jogo eleitoral de sairmostodos os dias na Tv e nos média,que é a lógica dos partidos do sis-tema. atualmente, nom tem maisvotos aquele que conseguir atrairao seu projeto político mais pes-soas, mas aquele que gerir melhoro seu aparelho mediático. Nomnom jogamos aí, polo que os re-sultados eleitorais sempre tenhemque ser avaliados no campo de jo-go que jogamos. Os votos ligadosà esquerda soberanista som votosmilitantes, votos incómodos, quequestionam de cima para baixo asestruturas do sistema. Nom somvotos obtidos porque lhe asfaltesum caminho ou ponhas um pontode luz. Som mais ideologizados,de uma qualidade objetivamentedistinta. devemos fazer as análi-ses nesses termos”.

Por parte doutro setor de candi-daturas, afirma-se que os objetivosnom estám nos votos ou na repre-sentaçom obtida, mas na capacida-de de articular o maior número decandidaturas possível para que queas pessoas de similares sensibili-dade atuem juntas e dar a conhe-cer o seu projeto à cidadania.

Seja como for, mais um passo nocaminho da unidade será dado.

o objetivo principalsom algumhas vilasde tamanho médio

AMES NA ESQUERDAAssembleia constituinteda candidatura soberanistae plataforma local

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

culturaa fiGura Do carvoeiro cHeGou Pola Primeira vez às ciDaDes em 2006 Da mao Da GentalHa Do PicHel

iniciativas sociais, culturais e mesmo organismos oficiais facilitam a chegada do gigante do Courel a todas as casas galegas

multiplica-se a difusom do apalpador ao longodo país com o impulso dos movimentos sociaisDAVID CANTO / Umha lenda cu-jo destino semelhava ser o es-quecimento vem conquistan-do o imaginário dos galegosgraças à memória dos maio-res, a investigaçom e os esfor-ços para a sua recuperaçom.A novidade no caso do Apal-pador é que meios de comuni-caçom e instituiçons habitual-mente reticentes a apoiareminiciativas de recuperaçom danossa cultura estám aceleran-do a sua difusom, essencialpara consumar o processo.

a prática totalidade das comarcasda Galiza tivérom este ano umhapresença estranha, mas nem tan-to como poda parecer. O apalpa-dor de barrigas ou Pandegueiro,segundo a área onde se perguntepor ele, tem umha longa trajetóriapor trás dele, como já se tem des-coberto em várias investigaçons.

Um exemplo é o da publicaçomde José andré lôpez Gonçâlez po-lo Natal de 2006. ao final da resu-mida explicaçom do mito do apal-pador, José andré lôpez escreveu“O mito do apalpador serve-nospara assegurar que não vem sermais que a versão moderna dumdeus milenário, já esquecido, emcorrespondência com o Sol, pro-piciador das boas colheitas que,por mor da aculturação cristã foidesterrado às funções da boa no-va da fartura e da ilusão para osmeninos. Provavelmente em épo-cas recuadas, o culto ter-se-ia ce-

lebrado em 25 de dezembro, maspressionado pelo cristianismo en-tre a data do solstício de inverno ea de Reis, veio ocupar o único diaque restava nas celebrações, o diado Santo Silvestre”.

Origens indoeuropeiasÉ, portanto, mais um rascunhodas crenças e influências que ain-da existem da cultura pré-indo-europeia, e que pervivem altera-das, em maior ou menor medida,polo poder da Igreja, que integraestes mitos e ritos na sua particu-lar “história”. Umha vez analisa-das as figuras do Natal na socie-dade atual, resultam as 3 (o ReiMago, o Santa Claus, Sam Nico-lás, Papa Nöel e o apalpador) to-das dum mesmo comportamento.a atribuiçom da fertilidade, a es-perança e a ilusom a personagensmíticos. Portanto, por que botarmau de realidades do mais alheiastendo umha própria?

Afiançamento da figuraO certo é que este Natal foi um-ha mostra de como se está a en-raizar de novo o apalpador naGaliza. O propósito de devolver

este personagem às crianças doPaís está a ser conseguindo gra-ças ao pequeno esforço, que emconjunto se torna grande, de di-ferentes entidades como centros

sociais e associaçons culturaisque fôrom as primeiras em seembarcarem no projeto. Estra-nha que em questom de um parde anos a imprensa comercial,

incluída umha equipa de repór-teres enviada ao Carvalhinho adar conta da visita do apalpador.

Ampla difusomdesde 2006 a repercussom da his-tória do velho carvoeiro vai em as-censo, quase exponencial, poisquase da nada está a surgir nas ce-lebraçons de natal de toda a Gali-za, muitas vezes sem ter que veros impulsionadores duns e dou-tros. a Gentalha do Pichel e a Baiu-ca vermelha fôrom os primeiroscentros sociais. as publicaçons,como a do Conto do apalpador dé-rom o seu grau de areia na difu-som, e agora o concelho da Coru-nha, Santiago de Compostela, adeputaçom e o concelho de lugovenhem desenvolvendo atividadesentre os dias do natal prévios ao 1de Janeiro. Há um antes e um de-pois quando um organismo oficialse posiciona a favor dumha causa.ainda que nem sempre seja garan-te de sucesso, é um apoio impor-tante e, como se tem demonstrado,mui difícil de conseguir.

Também nas televisonsTvE este ano e TvG já desde 2009venhem dedicando pequenos es-paços ao nosso particular “homemdos presentes”, o qual, sendo des-de umha perspetiva muito menoscomprometida, contribui clara-mente à recuperaçom. Se quadrase isto fosse assim com outros te-mas, muitas outras tradiçons se-riam presente, nom passado.

ngz / No passado 5 de Janeiro aobra de Xosé Neira vilas, Memo-rias dun neno labrego, cumpria50 anos de vida. O escritor cele-brou na vila da Estrada o meioséculo de umha das novelas emlíngua galega mais lidas da his-tória, com mais de 600 mil exem-plares vendidos por todo mundo.Memorias dun neno labrego foijá traduzida a línguas como oportuguês, o catalám, o éuscaro,o espanhol, o sueco, o inglês, ofrancês, o alemám, o chinês, orusso, o búlgaro, o checo, o espe-ranto e mesmo ao sistema brai-lle. Foi estudado na Universida-de alemá de leipzig e na italianade Roma, e mesmo foi represen-tada em idioma maia em todo

México e, recentemente, a televi-som italiana adquiriu os direitospara adaptar dous capítulos. NaGaliza já vai pola trigésimo pri-meira ediçom. No ato de celebra-çom do seu meio século, Neiravilas definiu o seu romance co-mo parte da “literatura univer-sal”, ao tempo que destacava que"quando um livro galego se tra-duz, pouco importa o autor. Im-porta que se saiba que é de um

país que tem umha língua e um-ha cultura próprias".

O livro foi publicado na cidadede Buenos aires em 1961, onderesidia o seu autor, e onde semantinha em contacto com im-portantes personalidades da cul-tura galega da diáspora, comoRafael dieste -quem foi o primei-ro leitor da obra-, luís Seoane -que desenhou a coberta da pri-meira ediçom-, Eduardo Blancoamor, Suárez Picallo ou lorenzovarela, entre outros. Memoriasdun neno labrego conta, em pri-meira pessoa, a história de Balbi-no, umha criança de aldeia dosanos 40, que tem que se batercom a pobreza e as injustiças dasociedade galega daquela altura.

cultura em breve ‘memórias Dum neno labreGo’: balbino fai meio século

tVe e tVG já dedicam pequenosespaços ao nosso

“homem dos presentes”

umha das novelasem galego mais lidas,com mais de 600 milexemplares vendidos

APALPADORpercorre ruasde Marim da maoda Almuinha

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23saÚDe / ciência / reDeNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

firefox supera na europa ao navegador da microsoft em número de usuários

um mal sistema para marcar preços, travas às renováveis e o défice tarifário provocam situaçom crítica para a economia domésticatecnoloGia

DAVID CANTO / Janeiro, mais umano, começa com umha suba nospreços de diferentes recursos, co-mo eletricidade, gás natural e bu-tano, gasolina, etc. Um dos maispolémicos foi o da fatura da ele-tricidade, a qual sobe 9,8% nas ta-rifas de último recurso, quer di-zer, a que tenhem contratada amaior parte dos lares.

a razom esgrimida polo gover-no é o défice de tarifa. Este con-ceito fai referência à diferençaentre o total de arrecadaçom dastarifas integrais e as de acesso(que fixa a administraçom) e oscustos associados às tarifas, co-mo som os custos de aquisiçomda energia, transporte, distribui-çom, subvençons a determinadostipos de energia, etc.

Este défice foi crescendo des-de o ano 2004 em que era um pro-blema controlado, se daquela sepodia ver como um problema.Obviando a má gestom dos go-vernos socialistas de zapatero, o

certo é que em nengum momen-to é défice de tarifa, polo qual so-bre umha má gestom se colocaum problema, que o Presidenteatribui ao governo de aznar, e al-go mais grave, umha mentira.

9,8% de suba da eletricidadenos lares nom se pode ligar aodéfice tarifário. a Tarifa de Últi-mo Recurso (TUR) é umha somados custos regulados, em que se

incluem gastos de transporte, in-sularidade, primas às renováveis,o plano do carvom, etc.; e os cus-tos de mercado. Estes últimos de-cidem-se cada três meses nos lei-lons CESUR. Neles modifica-seem funçom das decisons do Go-verno, os custos regulados e demercado. Em dezembro o preçode mercado da eletricidade subiu21,3%. Trasladada esta suba no

preço de mercado à TUR, temosa suba de perto de 10%. É com-plicado saber que tem que ver odéfice tarifário no aumento decomeço do ano.

O sistema CESUR foi criticadodesde o mesmo momento emque se instaurou, em 2007. “Pou-co competitivo, opaco e inflacio-nista” segundo a Comissom doMercado da Energia, valoraçonsque, como se viu, nom fôrom es-cuitadas. Também o Presidenteda Comissom do Mercado daCompetência, luís Berenguer,dixo recentemente que o “siste-ma de formaçom de preços dopool elétrico é um escándalo,nom pode passar nem um mêsmais sem lhe pôr fim”.

Outra das falácias esgrimidaspolo Governo e alguns meios decomunicaçom foi a de meter asenergias renováveis no saco dateoria do défice tarifário, existen-te, mas devido a outras razons. OGoverno, ao nom escuitar as re-comendaçons das comissons deCompetência e Energia, está aprovocar esta diferença entre oscustos da energia e o que pagam

os lares. as primas às renováveis,às quais som culpadas das cons-tantes subas nos últimos anos,tenhem um impacto ínfimo nopreço. É certo que subiu, mas auns níveis mui baixos que emnengum caso chegam a fazersombra ao problema real. O cu-rioso do tema é que, para além deculpar as energias renováveis doengorde das faturas, o Governodecidiu em Novembro recortar asprimas à energia fotovoltaica: 5%para instalaçons teto pequeno,45% às de cham e 25% às de tetomediano. Isto nom é isolado, jáque o carvom recebe 20% vezesmais ajudas que as renováveis noseu conjunto. Manobras anteci-pada de cara ao recorte que anun-ciariam em dezembro.

Nem aposta polas energias re-nováveis, nem transparência nosleilons CESUR, nem ter em contaos consumidores em lugar dasempresas. Todo isto, unido às in-formaçons de Governo e meiosafins, fai difícil que mais umhavez traguemos com um desastrede gestom dos sucessivos gruposno poder a nível estatal.

falácias para engordar faturas

as duas atitudes no relativo à espera do parto, provocá-lo ou aguardar, som motivo de dúvidasreDe

intervir para parir?nem sinde nem explorer

saÚDe

DAVID CANTO / Com o tempo fijo-se a ra-zom. a lei de Economia Sustentável vaiao Senado sem a disposiçom relativa aofeche de páginas que favoreçam as des-cargas de arquivos protegidos por “direi-tos de autor”.

Foi numha votaçom ajustada, seguidamassivamente pola populaçom da rede ena rede. O que parecia um feito, a apro-vaçom da lei de Economia Sustentávelcom as disposiçons sobre as descargasincluídas na mesma. Porém, CoaliciónCanária (CC), Convergencia i Unió (Ciu)e Partido Nacionalista vasco (PNv), ospartidos que em princípio iam apoiar oPSOE na votaçom.

Com as visons sobre a lei Sinde sufi-cientemente marcadas, ainda que nomexplicadas, o certo é que o assunto estálonge de ser passado. O conjunto de pes-soas que conforma a indústria cultural,no pior sentido do conceito, os auto-pro-clamados “criadores” colocados em posi-çons de poder e a crise económica tammal levada pola indústria cultural somrazons suficientes para crer que nesta le-gislatura, ou nas próximas podemos terque luitar polos mesmos motivos.

aliás, cumpre recordar que os partidosque finalmente votárom em contra nomdesbotárom por completo apoiar oPSOE, já que negociárom contrapartidasao “sim” na votaçom da comissom parla-mentar. É imaginável que com umha co-

rrelaçom de forças distintas no Congres-so espanhol dos deputados, tanto no Go-verno como na oposiçom, poderia-se re-petir mais cedo que tarde o acontecidodurante os últimos meses.

Firefox, primeira na EuropaO sector dos navegadores da Internetacaba de se tornar mais livre. desde hámais dumha década Internet Explorer élíder absoluta em todo o mundo, chegan-do entre 2002 e 2003 a 95 por cento decota de mercado.

Porém, a esperança, convertida agoraem realidade, fai que Firefox supere tan-to Internet Explorer como o resto de na-vegadores (Google Chrome, Opera, Safa-ri, etc.) em usuários. 38,1% dos internau-tas do nosso continente empregam Fire-fox, sobre 37,5% que emprega InternetExplorer, de Microsoft e 14,58% Chrome,que em pouco mais de dous anos colo-cou-se como o terceiro mais usado.

a nível mundial Internet Explorer con-ta ainda com o liderado, com 57,08% dosusuários, 22,81% Firefox e 9,98 % o na-vegador de Google. Em 2011 a trajetóriadescendente do navegador de Microsoftpode transformar-se em ascendente, de-vido à saída de Explorer 9, o qual nassuas versons de prova está a ter bomacolhimento. Outro dos condicionantesdo futuro a curto prazo é o suporte dolinguagem de programaçom HTMl5.

JOÁM CASAS / acaba de ser publicado noBritish Journal of Medicine, umha das re-vistas médicas especializadas mais cita-das do mundo, um ensaio clínico (ensaiodIGITaT) sobre a atitude ante o atraso docrescimento fetal. a dita investigaçom,que foi realizada em hospitais da Holandae na qual participárom 650 mulheres, pre-tendia descobrir se a atitude “expectante”,quer dizer, observar e aguardar, é equiva-lente em resultados à atitude intervencio-nista de induçom do parto nesta situaçom.

O atraso do crescimento intrauterino éalgo que preocupa aos médicos. Som vá-rias as causas que a podem produzir, al-gumhas sem possibilidades de modifica-çom, como algumas enfermidades gené-ticas, e outras potencialmente tratáveis,como algumas doenças infecciosas. Sa-be-se que estes embaraços som associa-dos com problemas durante o parto, co-mo distrés fetal, hipoglicemia, convulsonsou problemas cardiovasculares.

apesar de que o parto é induzido artifi-cialmente com frequência para evitar ascomplicaçons, nom existem provas sobreo benefício desta atitude. O trabalho dosinvestigadores oferece provas de que, aoredor dos 9 meses de gestaçom, provocaro parto mediante a rotura artificial damembrana amniótica ou administrandoprostaglandinas (um medicamento quedilata o colo do útero), e o uso do goteiode oxitocina, nom é melhor que deixar

trabalhar os mecanismos de homeostasedo corpo.

Coincide este argumento com a publi-caçom no passado mês de outubro daGuia de Prática Clínica sobre a atençomao parto normal do Ministério de Sanida-de e Política social espanhol. Nesta guia,elaborada com a participaçom na fase dedefiniçom de perguntas de coletivos co-mo “El Parto es Nuestro”, oferecem-se re-comendaçons baseadas na melhor evi-dência ao dispor sobre o tema.

Pode-se concluir que as provas científi-cas apoiam a ausência de intervençomem muitos dos procedimentos que se fa-ziam, e se fam, nos hospitais galegos du-rante a assistência de umha mulher numparto nom complicado. Os enemas, o ra-surado púbico, a imobilizaçom da gestan-te, ou a separaçom imediata do bebé, e obanho e o aspirado de secreçons nom ten-hem provas de eficácia, e nom devem serrealizados de jeito rotineiro.

Na assistência habitual ao parto é co-mum a realizaçom de intervençons quenom tenhem demonstrado a sua utilida-de nem segurança. É preciso que a inves-tigaçom procure soluçom às numerosasperguntas que ficam sem resposta e queos sistemas sanitários avaliem a sua ati-vidade repensando a pulsom inconscien-te para o intervencionismo.

Joám Casas é médico

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Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 201124 DesPortos

d DesP

orto

sPonte veDra e luGo, as Duas caras Da 2ªb

Trás várias semanas convulsas, o Pon-te vedra nom pudo sentenciar ante oscanários do vecindario e continua aperder pontos. Em contraposiçom, olugo continua com passo firme: dozejornadas sem perder, cinco vitórias se-guidas e liderado em solitário.

Prata Para HermiDa no esPanHol De ciclo-cross

XERMÁN VILUBA / Sem precedentese sem possibilidade de reaçompara o inimigo a lNB deu um no-vo passo à frente de calado histó-rico e histérico. assim, num finalde ano com muita atividade, aserpe multicor abraçou o palám efoi a Ourense para apoiar a açomtotalmente auto-gestionada deSiareir@s Galeg@s que organi-zavam o jogo Galiza -Palestina.durante o prévio tivo lugar oaberto de bilharda da autênticana alameda da cidade das burgas.Pinto, o palanador da Faisca foi ovencedor, mas igual que aconte-ceu no campo dos Remédios osvencedores e vencedoras da jor-nada fomos todos e todas pordarmos força a este grande pun-ho encima da mesa com reper-cussom internacional. E com oalento cheirando a licor café, aserpe dispunha-se a tronçar eeclipsar numha nova açom brutalos tradicionais saltos de esqui naestaçom alemá de Garmisch-Par-tenkirchen e o concerto de anonovo de viena pondo em anda-mento os abertos de ano novocom quedadas bilhardeiras às 8hda manhá em dous pontos estra-tégicos do país. Começavam as-sim os ensaios para como o irmaoFidel Castro estabeleceu o dia deano novo do 1959 para algum diaassestar o golpe definitivo à revo-luçom bilhardeira assaltandocom os paláns e bilhardas o Paçode Raxoi e o Parlamentinho. Tri-ves e Riba d´Eu dixérom sim aodesafio e figérom frente ao novoano com os paláns levantados ecom umha estrela na frentenumha estampa impressionantede dignidade coletiva.

Com apenas nove horas anda-das do novo ano já chegavam no-vas do êxito obtido no aberto rea-lizado no aparcamento de Rosaliade Castro em Riba d´Eu junto comas palavras entrecortadas que fa-lavam de um aberto em Trives.

Às 7h20 da madrugada, en-quanto os cubos de gelo acarinha-vam os nossos lábios, nos nossosbolsos estouravam os telemóveisque anunciavam numha e noutraponta do país o inicio de jeito to-talmente coordenado nos dous co-mandos bilhardeiros.

E enquanto tu dormias ou te en-chias, os ativistas da bilharda con-tinuavam a se mergulharem nestagrande açom brutal contra o sonoe a tempestade nos vasos de vidro,o mesmíssimo selecionador na-cional de Bilharda que estava par-ticipando no aberto de Riba d´Eu,

recebia totalmente comocionadoas novas da boca do sub-coman-dante Xosé Miguel (também con-hecido como Moanha) da avalan-cha de bilhardas que estavam in-çando o ar de Trives, a mais de200 km, ambos comandos lNBatuavam baixo a mesma lua mur-

cha e baixo as ordens implacáveisdo grande selecionador nacionalManolo Flores que celebrava aomesmo tempo o êxito sem prece-dentes dos comandos ativos nestajornada de festa e luita.

Com o pôr-do-sol chegou a cal-ma tensa, esta jornada deixou aquerência pola prática disso quese dá em chamar Bilharda-Xtre-ma , um estilo que tem no 24H Bil-harda Nom Stop o seu grande re-ferente que cada vez está maisperto de se concretizar, se quige-res acolher este acontecimento natua vila, aldeia ou cidade pom-teem contacto urgentemente [email protected].

Flores venceu em Riba d´Eu ealberto, palanador galaico-cata-lám pertencente à primeira fran-quia lNB nos paisos cataláns,"plataforma 31-d", venceu em Tri-ves depois da disputa do abertobaixo as coordenadas do lança-mento da bilharda mais longa pormor do grande número de partici-pantes e o impossível controlo deatitudes polo grau de exitaçomdos mesmos.

ambos palanadores, Flores ealberto, levárom a luxuosa lata decalos louriño do já histórico 1ºaberto de ano novo da lNB quedeixará a partir de agora a lata desopas Campbell que Warhol imor-talizou, em mera anedota históri-ca dumha época artística supera-da totalmente pola açom espeta-cular da lNB e dos seus abertosde ano novo. Se fai 52 anos os re-volucionários cubanos puidêromfazê-lo nós também poderemos,nom fiques a olhar-nos, agarra opalám e monta no grande batuxoda lNB chamado Granma!

Para este 2011 dá o passo e decide-te a subirao grande batujo da LNB chamado Granma

aPós um fim De ano De intensa ativiDaDe o movimento bilHarDeiro PrePara novos Desafios

a serpe multicorabraçou o palám efoi a ourense paraapoiar a seleçom

No passado 9 de Janeiro, o ciclista deorigem galega José a. Hermida conse-guiu a segunda posiçom na corridadisputada em Samora. Confessou queainda o poderia ter feito melhor, poispensou que ainda faltava mais umhavolta e nom pudo esprintar.

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25DesPortosNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

autodeterminaçom

direito de autodeterminaçom, um potenCial demoCrÁtiCo

texto de henrique del bosqueZapata, prologado por uxío-breo-gán diéguez Cequiel

editam: Causa Galiza e a fenda8 euros (com os gastos de envio)breve e acessível manual sobre

o direito de autodeterminaçom e asua aplicaçom na Galiza

Versom em norma aGal e raG

atlas históriCo

atlas históriCo da GaliZae do seu Contorno Geográfico e Cultural

texto de José manuel barbosadesign Gráfico e ilustraçom de José

manuel Gonçales ribeira50 euros (gastos de envio incluídos)edita: edições da Galizaamplo percurso pola história da Gali-

za através dos diferentes mapas de ca-da etapa a toda a cor

solicita-os em: [email protected] ou no telefone. 692 060 607

o Conto do apalpador

textos de lua sende e alexandre miguensilustraçons de leandro lamas15 € (gastos de envio incluídos)editam: edições da Galiza e

a fenda editorialCuidada ediçom para crianças

que aborda a figura do mítico personagem natalício34 páginas, 12 ilustraçons,

tampas duras

Galiza voltou ao jogo numha mostra de auto-organizaçom amplamente silenciada

siareir@s GaleG@s assumiu Por seGunDo ano consecutivo o evento Da seleçom nacional De futebol

J.R.S. / Tendemos, muitas ve-zes erroneamente, a julgaros efeitos das cousas poloseu reflexo mediático, antesde que pola sua entidade re-al e material. Se assim o fi-germos para julgar os desti-nos da seleçom galega de fu-tebol, concluiríamos que onosso combinado esmore-ceu de vez ao se apagaremos focos mediáticos que alu-miavam o governo bipartido.Nada mais longe da realida-de -dessa realidade que ain-da sobrevive à sombra da mí-dia empresarial-, como pudoobservar a torcida que o 26de Dezembro se deslocou àcidade das Burgas.

Nem incentivos económico-em-presariais, nem jornalísticos nempolítico-institucionais. Todos osingredientes que adubam, infe-lizmente, a maior parte das ativi-dades de massas faltavam emOurense neste Natal. Por faltar,até faltavam as datas propícias,pois os finais de dezembro cos-tumam ser dias de férias ou re-colhimento familiar. Com isso econtodo, Siareir@s Galeg@s con-gregou as pessoas partidárias daoficialidade numha jornada cheiade atividades. dias antes, o cole-tivo de referência do desporto eda reivindicaçom galega anun-ciava o 'absoluto boicote da Fede-raçom Galega de Futebol e demuitos clubes' à participaçom dejogadores e jogadoras no evento.

Os obstáculos desportivos soma-vam-se a todos os outros.

Em plena sintonia com a filoso-fia desse domingo, a liga Nacio-nal de Bilharda organizou o III 'a-berto da autêntica'; seguiu-se por

umha actuaçom de Palhaços emRebeldia e um Jantar Popular naPraça da Magdalena que foi ani-mando os ánimos.

Apesar da coerçom, manifestaçom e jogoCom umha assistência sobretodojuvenil e algumha nota honrosade participaçom veterana -mem-bros do coletivo Galiza-Palestinaacodírom ao ato-, Siareir@s deci-diu arrancar para o estádio dosRemédios com a legenda 'Povosem luita, seleçons irmás'. O jogoprogramado, contra um combi-nado palestiniano, tampoucoagradou à delegaçom do gover-no, que acompanhou o desfilecom carrinhas e antidistúrbiosequipados para a agressom. Esta,finalmente, nom se produziu, emais dum milhar de pessoas en-trárom tranquilamente no está-dio à beira do Minho. O jogo erao de menos, e o importante, paraos assistentes, era desfrutar dum-ha sessom de desporto afeiçoado,misto e reivindicativo. a Galizavenceu por 6 a 3 à Palestina antemais de 1.200 pessoas.

ainda ficava tempo para fechara jornada no centro de Ourense.Som do Galpom, Royalties e Kel-toi animárom a jornada. Sia-reir@s demonstrou a sua satisfa-çom por um encontro organizadosem apoios institucionais, e queprecisou do concurso de dúzias depessoas voluntárias, desde pri-meira hora da manhá, e até a meianoite que rematou a jornada.

a Galiza venceu por6 a 3 à palestina

ante mais de 1.200pessoas desafiandoo boicote institucionale mediático numha

intensa jornada

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

temPos livres

sexualiDaDe tiPoloGias sobre oPçons sexuais

Se o que queremos é falar de desejo,empregar os termos homossexual eheterossexual nom resulta provavel-mente mui acertado. Com estas duaspalavras estaríamos a incluir no mes-mo grupo pessoas com diferente orien-taçom do desejo.

Em funçom disto, no ámbito da Se-xologia, para descrever a orientaçomdo desejo erótico som manejados ou-tros dous termos que dam um passomais. assim, há teóricas e teóricos dasexologia que defendem que um gru-po homossexual nom é mais que umgrupo de pessoas do mesmo sexo eum grupo heterossexual um de pesso-as de diferente sexo, mas nengum dosdous termos di nada do desejo que aspessoas se professam entre elas. aproposta destas sexólogas e sexólo-gos é falar de:

aNdRERaSTa: Pessoa que sentedesejo por pessoas do sexo masculino.a esta categoria pertenceriam os ho-mens que gostam da erótica doutroshomens e as mulheres que sentem des-ejo por homens.

GINERaSTa: Pessoa que sente des-ejo por pessoas do sexo feminino. aeste grupo pertenceriam as mulheres eos homens que gostam da sua erótica.

ambas som apresentadas como ca-

tegorias excluintes, dicotómicas e per-manentes, mas definem-se dentro dumcontinuum que vai dumha a outra eque inclui as diferentes variáveis ecombinatórias do desejo para cadapessoa e para cada momento da suavida (sincrónica e diacronicamente).

Nom se trata de opçons com possi-bilidade de eleger. Está-se a falar decondiçom. Opçom seria, em todo caso,decidir fazer visível a tal condiçom,manifestá-la, luitar por que se respeite,cultivá-la para que faga feliz e contri-bua a vivi-la bem.

Se estas palavras formassem parteda nossa linguagem habitual os termoshomossexual e heterossexual passa-riam de ser substantivos a ser qualifi-cativos de comparsa.

Se falássemos nestes termos, talvezpudéssemos falar realmente de identi-dades a partir do desejo erótico. Pode-ríamos, se quadra, falar de caracterís-ticas comuns e poderíamos tentar defi-ni-las e enumerá-las.

E ti, de quem ves sendo?

o continuum do desejo: anderastas e ginerastas

BEATRIZ SANTOS

Gastronomia conselHos Para Dar usos às sobras Das comiDas

reciclando também na cozinha

Certeza que nom é a primeira vez que vossobra comida depois de cozinhar. Nom sem-pre é fácil calcular as quantidades exatas,mas quase sempre podemos reutilizar as so-bras. Por exemplo, depois de fazermos umcozido, podemos aproveitar a carne que nossobra para o recheio de umha lasanha ou deuns canelons, basta com triturar a carne eacrescentar-lhe um pouco de molho de to-mate. Se vos sobrárom patacas cozidas, po-demos fazer um puré para acompanhar ou-tro prato, ou umha salada russa se preferir-mos algo mais fresco. Se o que vos sobramsom xoubinhas ou sardinhas, no dia seguin-te podemos preparar umha empada. Se o quetendes é frango ou lagostins podemos prepa-

rar a massa de uns deliciosos croquetes. E oque muitas vezes sobra: salada e pam, poisbem, o tomate e a cebola da salada podemvaler para qualquer refogado e o pam temvariedade de opçons, desde umhas torrijaspara o almoço, uns croûton para a sopa, atéralá-lo para empanar os croquetes.

Outra forma de “reciclar” é aproveitandocousas que outras vezes tiramos. Podemoscomprar um frango inteiro e despeçá-lo nósna casa, guardamos as coxas, o peito, e osossos que ficam congelá-los para fazermossopas. O mesmo com o peixe, as cabeças va-lem para sopa. E depois de cozer mexilhonspodemos guardar essa água para um arrozou para a massa de uns tigres. Tentai apro-veitar as sobras para comer o dia seguinte enom deitar todo ao lixo.

ISAAC LOURIDO / ligado ao obje-tivo da difusom de materiais paraa formaçom e o debate deve sercompreendido o labor editorialda Escola Popular Galega. Mate-rializa-se nesta ocasiom na sele-çom de dez artigos de Santiagoalba Rico, pensador cujas inter-vençons e posicionamentos ven-hem registando um acolhimentoespecífico em determinados es-paços do independentismo gale-go. Neste sentido, o principal va-lor da obra está localizado no des-enho dum quadro de discussomparcialmente inédito, por quantoos assuntos focados sobordamcom frequência aqueles privile-giados pola esquerda clássica eestám orientados para a identifi-caçom das mutaçons da hegemo-nia capitalista e das novas formasde exploraçom e dependência.

Para umha compreensom maiscabal da proposta que está portrás do livro cumpre ter em con-ta, ainda, duas consideraçonsmais. a primeira, que o progra-ma teórico e político de alba Ricoé constituído no seu relaciona-mento dialético com o real con-temporáneo e na alergia à erudi-çom meta-teórica, estéril para a

ativaçom dos alarmes no seio dopensamento crítico. a segundatem a ver com a escolma realiza-da pola EPG e os vínculos estabe-lecidos com o acontecer históricoda Galiza atual, sem que por issosejam deixadas de lado a análisee a problematizaçom dos percur-sos da esquerda revolucionáriaem escala internacional.

assim, núcleos de interessematerializados no livro atingemas reformulaçons da subjetivida-de social na transiçom da ética dotrabalho para a ética do consu-mo, a conceptualizaçom da crisedo capitalismo como oportunida-de para a reversom do estado decousas, as formas com que turis-mo e tecnologia encaixam na he-gemonia sócio-ideológica do sis-tema ou os processos de organi-zaçom e empoderamento na es-querda radical. Com derivaçonsespecíficas neste último assuntorelacionadas com o papel da inte-lectualidade ou a profissionaliza-çom da política.

a procedência diversa dos tex-tos fai contrastar a solidez e aprecisom daqueles mais demora-dos e extensons com o cariz pro-vocador e inquisitivo (e, por ve-

zes, efetista) assumido nos con-tributos ligados à urgência da in-tervençom em tempo presente.Neste sentido, e mália algumhasdeficiências editoriais, Todas asguerras cumpre à perfeiçom osrequisitos para servir como a“caixa de ferramentas” desejadapolos editores. assim conclui oartigo intitulado “Crise capitalis-ta: a racionalidade do abismo”:“Nunca estivemos pior prepara-dos para umha 'decisom' e nuncafijo tanta falta umha interven-çom. O planeta corpo e o planetaterra rangem sob os nossos pés,rangem com os nossos pés. va-mos deixar, polo menos, de in-ventar serras”.

Todas as guerras (Escolma de artigos de

Santiago alba Rico). Escola Popular Ga-

lega (Área Movimentos Sociais), 2010.

LUZIA RODRIGUES

entrelinHas ativar os alarmes

através destes termos,talvez pudéssemos

falar de identidades apartir do desejo erótico

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de janeiro a 15 de fevereiro de 2011

que fazer

17.01.2011 / ASSEMBLEIAABERTA DA CASA / 20:30 noC.S.O. Casa das Atochas(Praça das Mulheres Livres,Atocha Alta). CORUNHATodas as segundas-feiras.

18.01.2011 / OBRADOIRO DECOSTURA / 19:00 no C.S.Mádia Leva! (Manuel AmorMeilám -antiga Rua do Sol-,18). LUGOTodas as terças-feiras.

18.01.2011 / OBRADOIRO DEESGRIMA MEDIEVAL E DE-FESA PESSOAL / 20:30 noC.S. Mádia Leva! LUGOTodas as terças e quintas-fei-ras no mesmo horário.

19.01.2011 / JAM ON! / 18:30no C.S.O. Casa das Atochas.CORUNHA

19.01.2011 / OBRADOIRO DEDANÇA GALEGA / 19:30 noC.S. Mádia Leva! LUGOTodas as quartas-feiras.

19.01.2011 / PROJEÇOM DECRÓNICAS DA GALIZA MÁR-TIR / 20:00 no Teatro Princi-pal (Rua Paio Gomes Charin-ho). PONTE VEDRAOrganiza amig@s da Cultura eCine Clube Ponte vedra. Inter-venhem Pepe Álvarez, Xan lei-ra (realizador do filme) e anjoTorres’.

19.01.2011 / SESSOM ABER-TA DE LEITURA COLETIVADE TEXTOS E DEBATE /20:30 no C.S.O. Casa dasAtochas. CORUNHA

19.01.2011 / OBRADOIRO DEGAITA / 21:00 no C.S. MádiaLeva! LUGOTodas as quartas-feiras.

19.01.2011 / PROJEÇOM DEO SANGUE DAS BESTAS EO HOTEL DOS INVÁLIDOS,DE GEORGES FRANJU, ETODA A MEMÓRIA DOMUNDO, DE ALAIN RES-NAIS / 21:30 no C.S. O Pi-chel (Rua Santa Clara, 21).COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. vOSG.

20.01.2011 / CEIA ECO-LÓGI-CA E RÁDIO-FÓNICA /21:00 no C.S. Vagalume (RuaNóreas, 5). LUGO

20.01.2011 / CURSO DE GUI-TARRA / 21:00 no C.S. A Re-volta (Rua Real, 32). VIGOTodas as quintas-feiras.

21.01.2011 / CURSO DE BAI-LE TRADICIONAL / 19:00 noC.S. A Revolta. VIGOTodas as sextas-feiras.

19.01.2011 / OBRADOIRO DEGALEGO / 19:00 no C.S. Má-dia Leva! LUGOTodas as sextas-feiras.

21.01.2011 / PALESTRA SOBRE

‘SEXUALIDADE FEMININA.DESCOBRINDO O CORPO DAMULHER’ / 19:30 no C.C. To-rrente Ballester (Rua Concep-ción Arenal, s/n). FERROLdentro do Ciclo da Mulher queorganiza o coletivo Coordena-da 0º0'0".

21.01.2011 / PROJEÇOM DELE FOND DE L'AIR ESTROUGE, DE CHRIS MARKER/ 20:00 na sede da CUT (RuaPolicarpo Sanz, 22, 2º). VIGOCiclo de Cinema na CUT. Fil-mar a História. vOSE.

21.01.2011 / TERTÚLIA COMXOSÉ GONZÁLEZ MARTÍNEZ/ 20:30 na Aula de CulturaPonte de Rosas (Avenida daFeira, 10).GONDOMARdo ciclo ‘as Tertúlias do IEM’,organizado polo Instituto deEstudos Minhoranos.

22.01.2011 / CONCERTO DEAPOIO AO C.S. ATREU! /21:00 no C.S.O. Casa dasAtochas. CORUNHACom Os Tres Trebóns e outrosgrupos por confirmar.

22.01.2011 / CONCERTO DECOMANDO ROBALIZA /22:00 no C.S. Vagalume. LUGO

23.01.2011 / ROTEIRO ‘POLATERRA DO SENHOR DASPALAVRAS’ / 09:00 na Ave-nida Ramón Ferreiro (frenteà Escola de Magistério). LUGOdo ciclo de ‘Roteiros pola lín-gua’ de adEGa. decorre porOuteiro de Rei e Guitiriz, comos textos de Manuel Maria,Marica Campo, aquilino Igle-sias, dario Xohán Cabana...

25.01.2011 / NOITE POÉTICA/ 21:00 no C.S. Vagalume.LUGO

18.12.2010 / PROJEÇOM DEA ÓPERA DOS TRÊS PATA-COS, DE GEORG WILHELMPABST / 21:30 no C.S. O Pi-chel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. vOSG. apresentadapor Paula Carballeira.

27.01.2011 / JORNADADE GREVE GERALManifestaçons nas principais cidades.

27.01.2011 / CEIA ECO-LÓGI-CA E RÁDIO-FÓNICA /21:00 no C.S. Vagalume. LUGO

28.01.2011 / PALESTRA SO-

BRE ‘O PARTO: PARTO RES-PEITADO E PARTO NA CA-SA. PARTEIRAS, DOULAS EEXPERIÊNCIAS’ / 19:30 noC.C. Torrente Ballester. FERROLdentro do Ciclo da Mulher queorganiza o coletivo Coordena-da 0º0'0".

28.01.2011 / PROJEÇOM DEMATERIAL, DE THOMAS HEI-SE / 20:00 na sede da CUT.VIGO Ciclo de Cinema na CUT. Fil-mar a História. vOSG.

28.01.2011 / CEIA VEGANA /No C.S. Vagalume. LUGO

29.01.2011 / FEIRA DE TRO-CO / De manhá na Praça deAbastos. COMPOSTELAOrganiza verdegaia.

29.01.2011 / ENTREGA DOFACHO DE OURO A BER-NARDINO GRANHA / 21:00no Hotel Riaçor (Avenida Pe-dro Barrié de la Maza, 29).CORUNHACeia homenagem organizadapola agrupaçom Cultural O Fa-cho.

04.02.2011 / PALESTRA SO-BRE ‘CRIANZA. CRIANZASEM ESCOLAS E ESCOLASLIVRES’ / 19:30 no C.C. To-rrente Ballester. FERROLdentro do Ciclo da Mulher queorganiza o coletivo Coordena-da 0º0'0".Intervenhem MartaGarcía e Escola Pumarinhos.

04.02.2011 / PROJEÇOM DEAT SEA, DE PETER HUTTON,E L'ARGENT DU CHARBON,DE WANG BING / 20:00 nasede da CUT. VIGOCiclo de Cinema na CUT. Fil-mar a História. vOSG.

04.02.2011 / TERTÚLIA COMVICTORINO PÉREZ PRIETO/ 20:30 na Aula de CulturaPonte de Rosas.GONDOMARdo ciclo ‘as Tertúlias do IEM’,organiza o Instituto de EstudosMinhoranos. apresenta XavierBlanco villar.

10.02.2011 / CURSO APREN-DE A ESCREVER EM REIN-TEGRADO NUMHA HORA /20:30 no C.S. O Pichel. COM-POSTELA

11.02.2011 / PROJEÇOM DEEN RACHÂCHANT, DE DA-NIÈLE HUILLET E JEAN-MA-RIE STRAUB, HERMANSLOBBE-BLIND KIND II, DEJOHAN VAN DER KEUKEN, EINTERVISTA - FINDING THEWORDS, DE ANRI SALA /20:00 na sede da CUT. VIGO Ciclo de Cinema na CUT. Fil-mar a História. vOSG, vOSE evO, respetivamente.

14.02.2011 / CEIA VEGANA /No C.S. Vagalume. LUGO

uniom libertária organiza obradoiros deGnu/linux destinados a ativistaso coletivo uniom libertária organizadurante os meses de Janeiro e feve-reiro um obradoiro de formaçom pa-ra o uso de Gnu/linux destinado aativistas sociais. todas as sessonsvam ter lugar no espaço libertáriode ferrol (avenida de esteiro, 10,rés-do-chao), em horário de 10:30a 14:30 horas.

o obradoiro está composto por cin-

co sessons especializadas em dife-rentes ferramentas: ‘tratamento deimagem con Gimp’, ‘inkscape: des-enho vetorial e aplicaçons: ilustra-çom, cartazismo, moldes...’, ‘scri-bus: maquetaçom. maquetaçom depublicaçons’, ‘Kdenlive: Gravaçom eediçom de vídeo’ e ‘Gestom de infor-maçom na rede. Criaçom e manu-tençom de blogues’. serám, respecti-

vamente, nos sábados 15, 22 e 29de Janeiro e 5 e 12 de fevereiro. Ca-da aula conta com umha parte teóri-ca e umha parte prática.

a inscriçom pode-se fazer envian-do um correio eletrónico a [email protected]. há mais infor-maçom sobre os conteúdos dos obra-doiros na página webhttp://www.unionlibertaria.org.

orGaniza Galicola

Convocado prémio Ángelo Casala associaçom Cultural fontaira,promotora da Galicola, convocao Certame Ángelo Casal, com oqual som reconhecidos projetossociais que trabalhem na defesado galego e da normalizaçom lin-güística.

as candidaturas podem-se

apresentar até o 31 de Janeiro.podem-se consultar as bases napágina web http://galicola.org/.a escolha fai-se por votaçom,empregando-se as etiquetas dasgarrafas, e a candidatura escol-hida recebe o 5% das receitasanuais da Galicola.

o Centro social Gomes Gaiosoconvida o público a organizarexposiçons no seu local. famum chamamento a que qual-quer pessoa leve as suas foto-grafias, pinturas, esculturas ouqualquer outra obra para expo-rem no centro social corunhês.o Gomes Gaioso, situado narua marconi, 9 (monte alto),abre de terças a sábados. po-de-se contactar com o local [email protected] ouno 699227028.

exposiçonsno GomesGaioso

corunHa

em ferrol

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Novas da Gali a apartado 39 (15701) Compostela tel. 630 775 820 publicidade: 692 060 607 [email protected]

Choramos nestes dias a morteda política. a finada atravessao campo-santo ourelada por co-

rredores de respeito. Quem a despedi-mos damos o nosso adeus derradeiroà matriarca de tempos pretéritos.

porém, a morte da política é a deuma familiar querida que levava lon-go tempo a arrastar uma doença gra-ve e cuja perda supõe, apesar da dor,um certo alívio. as flores reverenciaisque deitamos na sua campa não sãoquem de ocultar a passagem a umanova época, talvez mais órfã, mascom certeza mais feliz, não sendo pa-ra aqueles que falam com os retratoscongelados dos mortos como se estesestivessem ainda vivos.

na europa sopram ventos de revol-ta. a situação do nosso país –periféri-ca a tantos níveis- faz com que essesventos cheguem aqui com mais de-mora e vão arrefecendo pelo camin-ho. porém, a imagem duma Galizamais convulsa do que a atual, embo-ra timidamente, vai-se alviscando nohorizonte. desde o respeito a todasas maneiras de entender o ativismosocial, quem isto escreve pensa que apolítica ao uso, com as suas organi-zações, reuniões de notáveis e inicia-tivas mais ou menos unitárias, é pou-co suscetível de interagir de uma ma-neira frutífera com o descontenta-mento social crescente. parece comose aquilo que com certa soberba cos-tuma ser chamado de “povo” por par-te das e dos ativistas nos levasse cer-ta vantagem no que diz respeito à ma-neira de entender a política: o “sãotodos uns lambões” parece, a tal ho-ra, bem mais operativo e acorde coma realidade do que qualquer iniciativapartidária ou “unitária”. então, por-que não falar a linguagem do nossopovo? porque não passar de quererser políticas a nos tornarmos aliadasdo descrédito da política? a obsoles-cência e a extemporaneidade de cer-tos dirigismos e de certos dirigentesafasta de nós valiosas companheirasde viagem e de luta. nenhuma pes-soa quer ser tratada como massa, co-mo base, com toda a carga deprecia-tiva e verticalista que estes conceitose essas atitudes encerram. não have-rá partidos nem aglomerações de mi-cro-partidos capazes de dirigir umahipotética revolta futura. Construa-mos contrapoder e somemo-nos aosmilhares de galegas que põem caraagre quando ouvem falar da política.lembremos a quem nos quer dirigirque não somos base de nenhum pas-tor de ovelhas militantes. e deixemosos mortos dormir para sempre.

pedro mourigade

finoua Política

raquel ríos e DaviDe Do arroio, aPresentaDores De ‘0 som Do cHafariz’

Contai-nos como surgiu "Son

do Chafariz"

R.: Começamos a emitir hádous anos, quando decidimosfazer práticas de jornalismo, ocurso que estudamos, polanossa conta. Enviamos peti-çons a vários meios e RádioOrdes aceitou-na. Nom pensá-vamos fazer um programa se-manal, mas Pablo Quinteiro, odiretor, animou-nos a fazer umprojeto mais sério. E decidi-mos fazer um programa cultu-ral porque em Rádio Ordesnom havia nengum.d.: Só havia música eletrónica.

Problemas de censura?

R.: Mais que censura, suge-riam-nos entrevistas que nósnom teríamos feito. de todasformas, sempre tivemos nós aúltima decisom sobre os conte-údos. O mesmo diretor da rá-dio reconhece que o naciona-lismo é a senha de identidadede Son do Chafariz.d.: Tivemos algumha críticade Ordessite, um blogue de in-formaçom local, mas mais quenada fijo-nos graça. Era bas-tante paternalista, atribuía-nosfalta de pluralidade, e punha

como exemplos do nosso "ex-tremismo" que leváramos gen-te da a.C. Foucelhas à rádio ouque tivéramos feito reporta-gens sobre o Nunca Mais. Ri-mos com ela.

Como foi evolucionando o pro-

grama desde que começastes?

R.: Melhoramos muito, faze-mos as cousas mais rápido, deforma mais ágil, etc. levamosjá 37 programas e fomos mu-dando algumha secçom.d.: Ultimamente colhemos umtom mais político, por dizê-lode algum jeito, e incorporamoso "Chafariz informa", onde fala-mos de notícias que passamdesapercebidas nos meios con-vencionais.

Outra das vossas senhas de

identidade é a mistura entre o

comarcal e o nacional...

d.: Sim, sempre tentamos teralguém conhecido a nível na-cional, e à vez dar-lhe impor-táncia à gente que fai cousas nacomarca. Isto é um intento con-tínuo em todos os projetos dacomarca, combinar o globalcom a nossa própria perspeti-va, o qual fica bonito nos textos

mas nunca se cumpre. Nós ten-tamo-lo a todos os níveis, tam-bém com a música, combinan-do música de grupos da comar-ca, com outros internacionais.R.: Muita da informaçom localé graças a Pablo: exposiçons eartistas da comarca, etc.

Tendes umha secçom de

música da lusofonia, nom é?

R.: Sim, leva-a Francesco Trafi-cante. Queríamos dar sítio a es-sa música que nom se ouve nasrádio fórmulas, mas nom só pôrmúsica, falar também da cultu-ra da lusofonia em geral.d.: Incorporamos também um-ha secçom sobre cinema gale-go, que leva a nossa compan-heira Olalla.

Por que introduzir-se em rádios

locais e nom criar rádios livres?

d.: Pensamos que se desapro-veita muito o potencial das rá-dios locais. Muitas vezes desde ogoverno local tem-se desatendi-da ou estám condenadas ao quediga o alcaide. a nível individualestaria bem participar de rádioslivres como a Kalimera em Com-postela, onde estudamos, masao ser de Ordes, aqui podemos

falar da nossa comarca.R.: Enquanto nom nos botem...d.: de momento podemos fun-cionar como rádio livre, temosliberdade para fazer o que quei-ramos. Nom há tanto controlocomo pode haver na rádio-tele-visom de Cerzeda, que é con-trolada diretamente polo alcai-de. Talvez seja porque aqui pas-sam da rádio...

Amiúde posicionades-vos poli-

ticamente, por exemplo con-

tra o Decreto do Bilinguismo...

d.: Sempre nos posicionamos,somos conscientes de que a ob-jetividade nom existe e por issopreferimos ir de cara mostran-do as nossas ideias, ainda quenom nos adscrevemos a nen-gum partido. R.: Para além disso sabemosque no futuro laboral nom va-mos poder ter essa liberdade.d.: Todo o mundo sabe que so-mos um programa nacionalis-ta, que mira polos interesses doPaís e a sua cultura.R.: E os ouvintes nom todossom nacionalistas, que tam-bém é importante. É umha sor-te poder fazer um programaem chave de país.

“É umha sorte podermos fazer umprograma de rádio em chave de país”C.C.V. / Raquel Ríos e Davide do Arroio som de Campo (Tra-ço) e Encrovas (Cerzeda), juntos fam "Son do Chafariz",um programa cultural de Rádio Ordes que tenta demons-trar como nas rádios locais a informaçom alternativa emchave nacional também é possível. Colaboram também

em várias associaçons culturais da sua comarca. No anopassado o seu ativismo informativo atingiu mesmo reco-nhecimento internacional, ficando nos Paísos Catalás en-tre os programas finalistas dos ‘Premis de ComunicacióLocal de la Diputació de Barcelona’.