novas da galiza chega ao alto dirigente do pp defraudou à...

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NÚMERO 50 15 DE JANEIRO A 15 DE FEVEREIRO DE 2007 1 Alto dirigente do PP defraudou à Junta de Fraga mais de 12 milhons com um projecto empresarial fictício JAIME IGNACIO DEL BURGO, FAMOSO POR PARTICIPAR NA COMISSOM DO 11-M Os escándalos políticos protagoni- zados por Del Burgo nos últimos meses, na seqüência do 'processo de paz' e a comissom do 11-M, recolocárom na berlinda mediática este veterano político, que chegou a ser presidente da Comunidade Foral de Navarra entre muitos outros cargos que exerceu e exerce. Mais escandalosa é, porém, a sua face corrupta, seguida com menor repercussom por várias revistas de investigaçom. Esta faceta também deixou pegada na Galiza, e sabe-se que as empresas de Del Burgo, actualmente geridas polos seus fil- hos defraudárom na Galiza mais de 55 milhos de euros, 12 milhons de instituiçons galegas, através de subsídios a projectos diversos que nunca chegárom a materializar-se. Um dos seus sócios para a execu- çom destas operaçons teria sido o ex-ministro e empresário Juan Miguel Villar Mir. O complexo empresarial de Del Burgo teria recebido subvençons da Junta de Galiza e Caixanova por um lado e da Deputaçom de Ourense e a Cámara Municipal do Carvalhinho por outro. A família Del Burgo está também vinculada a outra opera- çom polémica no nosso país, esta vez protagonizada por membros da 'família real' espanhola. Concretamente o pai do actual monarca espanhol vendeu a ilha de Cortegada (Vila Garcia de Arouça) a umha imobiliária da qual formava parte Juan Ignacio del Burgo com o propósito de levantar nela um com- plexo turístico e residencial de luxo. A ilha tinha ido parar às maos da família real espanhola depois das gestons realizadas por um grupo de caciques locais que vírom no pro- jecto de cessom umha maneira de dinamizar turisticamente a zona. Na actualidade, o Conselho da Junta declarou a utilidade pública de Cortegada. / Pág. 11 APÓS anos de irresponsábilidade, pretendem solucionar poluiçom da ria de Vigo com umha macrodepuradora / 6 E AINDA... SECRETÁRIO DE ORGANIZAÇOM da UPG tentou chantagear representantes sindicais no conflito sobre os Centros Comarcais / 10 A RELAÇOM DE FRAGA IRIBARNE com o terrorista internacional Roberto Almirón / 09 Opinions de Marga do Val, Manoel Bello Salvado, Eduardo Maragoto, Valentim R. Fagim e Beatriz Santos “Para que queremos três auto-estradas paralelas para Vigo, se ao chegarmos nom temos onde estacionar?” Alberto Cabaleiro, porta-v voz da Plataforma Cidadá contra as Variantes de Redondela PÁGINA 07 Novas da Galiza chega ao número cinqüenta e anuncia novidades no projecto O NOVAS DA GALIZA inaugura o ano 2007 com o número 50. Este jornal, nascido em Fevereiro de 2002, man- tém-se ininterruptamente na rua desde Maio de 2003. Quase um lus- tro de jornalismo soberanista e reinte- gracionista é a melhor prova de que os jornais alternativos impressos ainda tenhem muitas cousas a dizer, e nom só para as pessoas que nom tenhem acesso à Internet, a maioria por enquanto, mas também para aquelas que complementam a sua informa- çom diária com essoutra ferramenta comunicativa imprescindível. O valor simbólico deste cabeçalho assenta também numha linha informativa ainda erma na Galiza: a investigaçom, paralela à análise da realidade política e social de um ponto de vista sobera- nista em todos os sentidos, também no que di respeito aos usos lingüísti- cos, ao fazer do reintegracionismo umha aposta de futuro em positivo. No início de 2007, o projecto pode considerar-se consolidado, mas espe- ra poder ampliar a seu potencial infor- mativo em poucos anos, talvez meses, como nos explica o director, Carlos Barros, no editorial que encabeça o suplemento de Janeiro. Por isso, com o número 50, nom queremos esque- cer os nossos antecedentes, sempre referência para o nosso jornal: A Fouce, cujos 88 números som para nós um estímulo mês a mês; o Gralha, que mantivo o facho do rein- tegracionismo nos momentos mais difíceis por que atravessou este movimento na década de 90, e o , que ainda que com umha vida efé- mera, representou a resistência de muitos sectores da sociedade a que o discurso soberanista e reintegracio- nista desaparecesse da imprensa escrita com o fim do Gralha. Cinco anos e 50 números de informaçom crítica em galego SUPLEMENTO DE INICIATIVAS EM MARCHA A família de Jaime Ignacio del Burgo, com Villar Mir como sócio, contou com a licença municipal de Manuel Vázquez no Carvalhinho

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NÚMERO 50 15 DE JANEIRO A 15 DE FEVEREIRO DE 2007 1 €

Alto dirigente do PP defraudouà Junta de Fraga mais de 12 milhonscom um projecto empresarial fictícioJAIME IGNACIO DEL BURGO, FAMOSO POR PARTICIPAR NA COMISSOM DO 11-M

Os escándalos políticos protagoni-zados por Del Burgo nos últimosmeses, na seqüência do 'processode paz' e a comissom do 11-M,recolocárom na berlinda mediáticaeste veterano político, que chegoua ser presidente da ComunidadeForal de Navarra entre muitosoutros cargos que exerceu e exerce.Mais escandalosa é, porém, a suaface corrupta, seguida com menorrepercussom por várias revistas deinvestigaçom. Esta faceta tambémdeixou pegada na Galiza, e sabe-seque as empresas de Del Burgo,actualmente geridas polos seus fil-hos defraudárom na Galiza mais de

55 milhos de euros, 12 milhons deinstituiçons galegas, através desubsídios a projectos diversos quenunca chegárom a materializar-se.Um dos seus sócios para a execu-çom destas operaçons teria sido oex-ministro e empresário JuanMiguel Villar Mir. O complexoempresarial de Del Burgo teriarecebido subvençons da Junta deGaliza e Caixanova por um lado eda Deputaçom de Ourense e aCámara Municipal do Carvalhinhopor outro. A família Del Burgo estátambém vinculada a outra opera-çom polémica no nosso país, estavez protagonizada por membros da

'família real' espanhola.Concretamente o pai do actualmonarca espanhol vendeu a ilha deCortegada (Vila Garcia de Arouça) aumha imobiliária da qual formavaparte Juan Ignacio del Burgo com opropósito de levantar nela um com-plexo turístico e residencial deluxo. A ilha tinha ido parar às maosda família real espanhola depois dasgestons realizadas por um grupo decaciques locais que vírom no pro-jecto de cessom umha maneira dedinamizar turisticamente a zona.Na actualidade, o Conselho daJunta declarou a utilidade públicade Cortegada. / Pág. 11

APÓS anos de irresponsábilidade,pretendem solucionar poluiçom da ria deVigo com umha macrodepuradora / 6

E AINDA...

SECRETÁRIO DE ORGANIZAÇOM da UPGtentou chantagear representantes sindicaisno conflito sobre os Centros Comarcais / 10

A RELAÇOM DE FRAGA IRIBARNE com oterrorista internacional Roberto Almirón / 09

Opinions de Marga do Val, Manoel BelloSalvado, Eduardo Maragoto,Valentim R. Fagim e Beatriz Santos

“Para que queremos três auto-estradas paralelas para Vigo,se ao chegarmos nom temos onde estacionar?”Alberto Cabaleiro, porta-vvoz da Plataforma Cidadá contra as Variantes de Redondela PÁGINA 07

Novas da Galiza chega aonúmero cinqüenta e anuncianovidades no projectoO NOVAS DA GALIZA inaugura o ano2007 com o número 50. Este jornal,nascido em Fevereiro de 2002, man-tém-se ininterruptamente na ruadesde Maio de 2003. Quase um lus-tro de jornalismo soberanista e reinte-gracionista é a melhor prova de que osjornais alternativos impressos aindatenhem muitas cousas a dizer, e nomsó para as pessoas que nom tenhemacesso à Internet, a maioria porenquanto, mas também para aquelasque complementam a sua informa-çom diária com essoutra ferramentacomunicativa imprescindível. O valorsimbólico deste cabeçalho assentatambém numha linha informativaainda erma na Galiza: a investigaçom,paralela à análise da realidade políticae social de um ponto de vista sobera-nista em todos os sentidos, tambémno que di respeito aos usos lingüísti-cos, ao fazer do reintegracionismo

umha aposta de futuro em positivo.No início de 2007, o projecto podeconsiderar-se consolidado, mas espe-ra poder ampliar a seu potencial infor-mativo em poucos anos, talvez meses,como nos explica o director, CarlosBarros, no editorial que encabeça osuplemento de Janeiro. Por isso, como número 50, nom queremos esque-cer os nossos antecedentes, semprereferência para o nosso jornal: AFouce, cujos 88 números som paranós um estímulo mês a mês; oGralha, que mantivo o facho do rein-tegracionismo nos momentos maisdifíceis por que atravessou estemovimento na década de 90, e o Já,que ainda que com umha vida efé-mera, representou a resistência demuitos sectores da sociedade a que odiscurso soberanista e reintegracio-nista desaparecesse da imprensaescrita com o fim do Gralha.

Cinco anos e 50 números de informaçom crítica em galego

SUPLEMENTO DE INICIATIVAS EM MARCHA

A família de Jaime Ignacio del Burgo, com Villar Mir como sócio, contou com a licença municipal de Manuel Vázquez no Carvalhinho

Ficou presa em muitos versosque demoraram a se ler, embiografias que foram livros.

Fechada nas casas, nos corpos muti-lados com cicatrizes invisíveis, nossonhos levedados em pratos inven-tados nas cozinhas na ausência dealimento. Vivia nas mãos das mul-heres, também nas que desfaziamas contas do rosário, atrás de todosos rostos guardados pelo medo, oespanto e o terror. A memória esta-va lá, em toda essa coragem querecebia o tormento quotidiano eaguardava, enquanto tratava delacomo um tesouro. A memória con-tinua a aguardar pela justiça, otesouro pela chave certeira que aabra. E assim setenta anos depoispensávamos que as coisas iammudar, os versos, as biografias,leram-se mais e a memória nave-gou em barco e ancorou em muitosportos e das casas saíram velhasfotografias, retalhos de vidas, metá-foras de corpos, metonímias do ali-mento da cozinha. A memória che-gou assim enfeitiçada nas roupa-gens da cultura, alheia ainda aomundo da justiça. E a família, ainvestigação conseguiu entrar emarquivos, dantes proibidos, arqui-vos que recolhiam a ignomínia, a

mentira e demonstravam a violaçãomais absoluta dos direitos huma-nos. Palavras escritas levantadas nosJulgamentos Sumaríssimos queconduziam à morte, à tortura, aostrabalhos forçados, à escravatura.Julgamentos sem garantias, semprovas, com testemunhas falsas,sem defesa, levavam à espoliaçãode vidas e de bens. E ainda quequem remoía nos arquivos já sabia,a mentira e a fraude sempre doem.Por isso desde a memoria só sepode reivindicar a justiça. A estamemória que alenta, esquecida dodireito e da história, só serve a justi-ça que só é possível mediante oreconhecimento jurídico das víti-mas. Quando isto se defende, oselos que pertencem à cadeia dequem escreveu nesses arquivos, dequem julgou, condenou e matou,às avessas, começam a manipular oléxico. A justiça não é vingança. Oesclarecimento da verdade nãopode incomodar uma sociedadedemocrática e qualquer povo temdireito a conhecer a sua história e édever e obrigação do Estado que aconheça. O politicamente correc-to, que agora deseja esquecer quepertencemos a uma Europa quecondena o fascismo, põe na moda a

frase (também nos falares e dizereshá tendências) de que reivindica-ções deste tipo só servem para abrirferidas. Esquecem que quem ven-ceu não teve, não tem feridas,esquecem que quem perdeu nãotem cicatrizes, esquecem que asferidas nunca fecharam. Os vence-dores tiveram condecorações, osvencidos que pedir perdão. Perdão,outra palavra que se manipula pelomandato divino da fé católica. Operdão não é social é individual. Amemória não divide entre boas emás pessoas, isto é ingénuo, infan-til. A memória sabe que já em 1946o regime de Franco foi declaradointernacionalmente ilegal. Amemória sabe que as leis daRepública nunca foram derrogadas.As Nações Unidas disseram isso, oregime de Franco foi um regimefascista que se modelou com omesmo barro do nazismo de Hitlere da Itália de Mussolini. A memóriasabe que os crimes da repressãofranquista devem julgar-se com odireito emanado de Nüremberg,sabe que são crimes contra a huma-nidade, pensados para aterrorizar eque pretenderam, entre outrosobjectivos, o extermínio da semen-te "vermelha", eliminar qualquer

ameaça contra essa Espanha, "Una,grande y libre". Devemos aprenderque os crimes contra a humanidadenão prescrevem. A transição quisesquecer, desde hoje isto equivale adizer que negou. Ocultar as pega-das do visível é negar. Participar nanegação do crime é ser cúmplice. Amemória hoje só pode reivindicar oreconhecimento jurídico das víti-mas, a nulidade das sentenças dita-das em qualquer julgamento penale militar do regime ilegal franquis-ta. O direito do povo e das vítimas àrestauração da verdade históricaobriga a reconhecer que o exércitorepublicano tinha a obrigação dedefender a liberdade civil do povo ea legitimidade democrática. Amemória reconhece e deseja que sefaça, não chega com actos simbóli-cos ou culturais, a lealdade dos mili-tares que defenderam a República,a nacionalidade e os direitos dosrepublicanos confinados nos cam-pos de extermínio nazis que figura-ram como apátridas, tambémdaquelas crianças da guerra priva-das do seu mundo e obrigadas aoexílio mais incompreensível. Amemória deseja e exige que sedevolvam às vítimas os bens arres-tados. A memória sabe que não se

devem fazer desaparecer os lugaresdo terror, do crime, do enterramen-to. A memória sabe que São Simãonão pode ser a ilha medieval doamor, que não pode ser um jardimno meio da Ria onde não fique apegada do sofrimento, da tortura.A memória está triste quando vêque cavamos a terra com as nossasmãos para recuperarmos e beijar-mos a caveira de quem nos foi rou-bado, já não se pode esperar mais. Amemória exige que o Estado sejaresponsável pelas exumações ecada tipo de enterramento ofereceprovas para a história, provas quenão devem ser apagadas. A memó-ria sabe que as provas são impor-tantes para calar a boca dos revisio-nistas que afirmam que a repressãofranquista não existiu. A memóriaquer que sejam eliminados os sím-bolos da ditadura, os jeitos e manei-ras que revivem no nacional catoli-cismo que nunca foi abertamentecondenado. A memória exigeoutros poemas, outras biografias emque se contem histórias de umasegunda transição que não sefechou com a chave errada. Amemória, o tesouro que guardamos,ainda está escondido, na cadeia. Amemória é contra a lei da memória.

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 200702 OPINIOM

A memória encadeadaMARGA DO VAL

DESESTÉTICA MUSICALNO PARLAMENTODa mesma forma que os terráqueoshumanos vão perdendo mais capaci-dades fisiológicas, também vão per-dendo dia após dia o sentido da estéti-ca musical. Já sabemos que a estéticanão é uma necessidade fisiológica, massim é espiritual ou estabilizadora dosnossos sentimentos no que compete àrelação entre eles e a arte musical.Hoje tanto faz estar num acto político,numa festa da aldeia ou numa missa.Em prol desta pseudomodernidade, atudo se imprime, segundo o organiza-dor do momento, um ar que poucotem a ver com o acto em si mesmo.

Não há muito assisti a um enterro, ecomo a defunta cantava num coro egostava muito da 'habanera' La Paloma,vieram todos os companheiros que,devidamente fardados, interpretaramdita peça no momento da inumação.Custou-me aguentar até ao fim.

O disparate musical do acto come-morativo dos 25 anos de Parlamentogalego não tem a ver com o facto de láse ter escolhido uma mazurca ou uma'habanera', não, tem a ver com a formacomo se interpretou o Hino galego.

O hino nacional é um dos símbolosque representam uma nação e umadas formas musicais mais antigas quese conhecem. Já os antigos gregos e

romanos, na celebração dos seus faus-tos, usavam umas formas parecidas, eseguramente aqui temos a origem dosactuais hinos. Já naquela altura seempregavam instrumentos de sopro enão de corda. Um hino nacional é umaforma onde se mistura o marcial e osolene. Aquele conota o poderio bélicoe este a elevação espiritual do senti-mento pátrio.

O Hino galego, seguindo essas pau-tas, foi magistralmente composto paraesse fim: o de ser o Hino de umaNação: a galega, não para ser uma 'cha-rangada'. Foi composto com letra paraser cantado a coro como também eratradicional para essas interpretações, enão apenas por voz.

Por cima de todo este 'esperpento'do acto do Parlamento, acontece queo intérprete cantava parecido a qual-quer bêbado de taberna: desafinado,com voz forçada. Eu estava no meuquarto e quando a minha mulher ligoua televisão perguntei: "Quem canta aí,que tão mal o faz?" Parecia uma dessaspessoas que, por falta de ouvido musi-cal, não conseguem entoar bem.Enfim, é pena.

Não creio que saísse do Bloco aorganização deste acto. Mas, se nãofoi o Bloco, quem foi? Os outros? Dequalquer forma, o que é que faz aí oBloco? Não faz ele parte do governo?

Jesus de Loira (Carinho)

TELEMÓVEL, TELEFONEMA:'COUSA GRAVE'

Deixei de ter telemóvel. Pouco nosimporta, pensaredes. Mas por causadisto aconteceu-me algumhahistória surpreendente, engraçada ebem significativa. O abandono foiprogressivo porque ainda era dasque pensava que havia grandescousas que contar polo 'altifalante'.Sem enganos, o meu telefone móvel'passou a melhor vida' porque nomtinha dinheiro para o manter. Nom épreciso dizer que a companhiatelefónica nom tivo piedade e aopouco tempo quem me telefonavaera saudado ou saudada deste modo:"o telefone para o qual está a chamartem temporalmente restringidas aschamadas entrantes". Depois de umpar de semanas, quando fumvisitando as pessoas que mechamaram e foram atendidas polacompanhia telefónica, nom houvoninguém que nom figesse alusom aomeu 'probleminha'. Inclusive aspessoas que via quase a diárioficavam estranhadas com oacontecimento. Entom comecei apensar, como o Rubem Alves,psiquiatra brasileiro, que otelefonema, o telemóvel, é 'cousagrave'. Pudem confirmá-lo quando aestranheza do meu abandono foi

posta em boca da família maispróxima, que já nom poderálocalizar-me com tanta "assi-duidade", deixemo-lo assim.Minha mae nom gostou nada,minha tia dixo que estava tola,minha prima que agora nom sabiacomo contactar comigo e umhaamiga de toda a vida com a qual nomfalava desde havia tempo dixo quepensava que me esquecera dela ouque me passara algo "gravíssimo".Quanta tolice junta! Cousa séria:ninguém ficou indiferente. Chegueia perceber que nom ter telemóvelfora, para mim, o pior dosacontecimentos nas últimassemanas. Mas nom só à vista dos edas que queriam contactar comigo.Também aos meus olhos, porquenotava que ninguém me telefonavanem procurava vias alternativas parafalar comigo e, ao contrário,tampouco eu o fazia. O telefonema,o telemóvel, é 'cousa grave'. E tamgrave é, e tam séria é, que é capaz decriar dependências, de intimidar asolidom e de atordoar o engenho daspessoas. Nom se despistem, levamno peto um aparelho muito perigosopara a vida humana, que entreoutras cousas provoca, com um usoprolongado, impotência sexual.Atirem-no já!

Marta Paços (Compostela)

O PELOURINHO DO NOVAS

Se tens algumha crítica a fazer,algum facto a denunciar, ou des-ejas transmitir-nos algumhainquietaçom ou mesmo algumhaopiniom sobre qualquer artigo apa-recido no NGZ, este é o teu lugar.As cartas enviadas deverám ser ori-ginais e nom poderám exceder as30 linhas digitadas a computador.É imprescindível que os textosestejam assinados. Em caso con-trário, NOVAS DA GALIZA reserva-seo direito de publicar estas colabo-raçons, como também de resumi-las ou estractá-las quando se consi-derar oportuno. Também poderámser descartadas aquelas cartas queostentarem algum género de des-respeito pessoal ou promoveremcondutas antisociais intoleráveis.

Endereço:[email protected]

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007 03EDITORIAL

Somos habitantes de um país,da Galiza, e portanto galegose galegas com consciência da

nossa identidade no mundo.Conscientes de umha identidadecultural, económica, social e políti-ca. Assim somos a maior parte dosleitores do NOVAS DA GALIZA.

Vivemos numha Galiza ondeumha parte importante da popula-çom mora em áreas urbanas.Porém, apesar dos fortes movimen-tos de populaçom dos últimos anos,umha parte muito significativa doshabitantes ainda vive espalhada emmilhares de núcleos rurais, estru-turados em paróquias, aldeias, luga-res, etc. Esta importância do meiorural entende-se ainda melhor setemos em conta que a maioria doscidadaos que vivem nas zonas urba-nas e arredores continuam a manterfortes vínculos com o mundo rural,na maioria dos casos por manteremainda ali as suas origens.

Dito isto, e após verificarmos oimportante papel que ainda joga omeio rural na vida social, económi-ca, cultural e política da Galiza,teremos que analisar como se com-portam e pensam as galegas e gale-gos do nosso rural. E vou centrar-me agora na questom política.

Como vereador e futuro candi-dato nas listas do BNG nas vin-douras eleiçons autárquicas deMaio num concelho rural, queroexprimir o que o trabalho políticome ensinou ao longo destes anosde experiência: conhecer melhoras causas do comportamento polí-tico dos meus vizinhos.

Na minha opiniom a maioria doeleitorado nom tem umha ideologiadefinida. Nom tenhem um supor-te, um referente ideológico claro.Só umha pequena minoria vota eactua politicamente com base emcritérios político-ideológicos.Assim, vemos que tanto o BNG,como o PP ou o PSOE, contamcom pessoas afins com umha fideli-dade total, mas por diferentesmotivos. Os do BNG som gentecom mais identificaçom ideológica.Os votantes dos partidos espanhóissom mais afins por razons dedependência, dever algum favor ouporque até agora tenhem visualiza-do neles o poder. No rural estámuito espalhada a ideia de que empolítica há que estar com os quemandam ou podem mandar. Issoexplica que o resto de forças políti-cas nom tenham expressom, poisse no tecido urbano já som minori-tárias, no rural som praticamenteinexistentes.

E, como actua a imensa maioriada populaçom que nom tem identi-

ficaçom partidária ? Pois é complexo numha primeira

análise e ao mesmo tempo previsí-vel quando se conhecem os factoresque intervenhem neste processo.

A maioria dos votantes do ruraltenhem nos valores da amizade,no trato pessoal, na confiança eproximidade (entendida comopoder chegar com muita acessibi-lidade aos candidatos) como osautênticos motivos do seu com-portamento político.

A influência social, o poder eco-nómico ou político (entendido estecomo que o candidato desempen-hasse algum cargo naAdministraçom ou tivesse relevân-cia no partido) som outras variáveisque os candidatos devem possuirpara encararem um processo eleito-ral com certas garantias de êxito.

Depois de cumpridos estesrequisitos, é muito mais fácil esti-mar um resultado eleitoral no ruraldo que no meio urbano. Ademais, oresultado costuma ser conservador,quer dizer, que nom varia muito deeleiçom para eleiçom, pois já estáconsolidada a estrutura políticanecessária para que isto se manten-ha no tempo.

Isto explica que na Galiza rural oPP arrase e que, após umha mudan-ça no governo galego, estatal eoutros, na maioria dos concelhosrurais vaia voltar a governar o PPnas vindouras eleiçons municipais.É o partido que já tem nas suasfileiras os candidatos chave dasociedade em cada concelho.

Em resumo, quero manifestarque os partidos se apresentam comum programa ideológico... mas istonom importa quase nada. O votodas pessoas do rural decide-o a rela-çom pessoal, nom o programa.Decide-o a influência social e eco-nómica dos candidatos num encon-tro com 'petiscos', e nom o comícioou a preparaçom e formaçom doscandidatos. Decide-o a relaçomfamiliar com as pessoas que confor-mam o conjunto da candidatura,nom o facto de serem boa gente.

E assim, com aspiraçons basea-das em pressupostos basicamenteideológicos, alguns trabalhamos norural de um país sem ideologia.

Mas também é certo que nomestou a descobrir nada novo. Há jádous mil anos que Quinto TulioCícero, na sua obra 'Breviário deCampanha Eleitoral', falava de ummodo brilhante de como os factoresque expugem eram fulcrais paraalcançar o sucesso eleitoral.

Manoel Bello Salvado é Vereador eresponsável local polo BNG de Messia

Um novo movimento associativo bole subte-rraneamente no País. Nom partilha nemestatutos, nem organigrama, nem programa

estratégico. Apenas - e nom é pouco - a crença nasvirtudes da auto-organizaçom, a sua condiçomtransversal e umha identificaçom plena com o idio-ma e os direitos nacionais. Deste abrolhar diverso faiparte, nalgumha medida, o próprio jornal que o lei-tor tem entre maos. Palavras como 'sociedade civil','sociedade nacional' ou 'comunidade nacional' bempoderiam englobar esta realidade emergente, guia-da pola filosofia de um reapropriado 'just do it' quealgum cronista glosara nestas páginas.

A emergência véu coincidir com umha mudançagovernamental na Autonomia e, consequentemen-te, com umha nova maneira de gerir as relaçons ins-titucionais com o movimento popular. O silencia-mento e o boicote fraguistas deixárom passagem adeclaraçons de colaboraçom, boas intençons apa-rentes e injecçom de recursos económicos. A sobre-vivência dos esquemas mentais instaurados por seisdécadas de direita reaccionária levam muitas pesso-as, mesmo nacionalistas, a 'agradecerem' esta aten-çom. Péssimo raciocínio que confunde a lógica doserviço público e a redistribuiçom estatal das rique-zas colectivas com o favor ou deferência; argumen-taçom burda que impede, aliás, detectar as muitas

armadilhas que o poder - com umha cor ou outra -planifica contra quem nom reconhece, reconhece-mos, amo nem patrom.

Como os gestores do bipartido tenhem demonstra-do, o melhor movimento popular que eles concebemé o que nom existe: por isso praticam com sucessodiverso a estratégia do açambarcamento: galescolas,voluntariado, etc. As instituiçons querem suplantarhoje os movimentos na prática 'reivindicativa', e porisso se convocam manifestaçons a favor do governo,concertos em defesa do monte, ou jornadas de reivin-dicaçom idiomática. A burocracia pretende suplantara assembleia, e a salarizaçom clientelar, a constru-çom voluntária de umha Galiza diferente.

NOVAS DA GALIZA estreia-se neste número compublicidade institucional. A doaçom nom respondetanto ao intuito governamental de assegurar a vita-lidade da contra-informaçom, como à pretensomuniversal de açambarcar o que nom pode ser banido.Nós, aqui e agora, nom agradecemos nenhum favor.Tomamos quartos do povo para os reinvestirmosnum projecto do povo, como é este cabeçalho que sevai consolidando. Os apoios institucionais somumha faca de dous gumes que só se pode neutralizarde umha maneira: reforçando as redes económicasnum diverso movimento popular, e praticando a crí-tica impiedosa e a independência informativa.

AS FORMAS DA DEPENDÊNCIA

PEPE CARREIRO

O nosso país nomtem ideologia

MANOEL BELLO SALVADO

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçomrespeitando a ortografia e citando procedência. A informaçom continua periodicamente no sítio web www.novasgz.com e no portal www.galizalivre.org

EDITORA

MINHO MEDIA S.L.

DIRECTOR

Carlos Barros G.

CONSELHO DE REDACÇOM

Alonso Vidal, Antom Santos, Ivám Garcia,Xiana Árias, Sole Rei, F. Marinho, GerardoUz, Maria Álvares, Eduardo S. MaragotoAndré Casteleiro

DESENHO GRÁFICO E MAQUETAÇOM

Miguel Garcia, C.Barros, A. Vidal, X. Árias

IMAGEM CORPORATIVA

Miguel Garcia

FECHO DA EDIÇOM: 15/10/06

INTERNACIONAL

Duarte FerrínNuno Gomes (Portugal), Jon Etxeandia(País Basco) Juanjo Garcia (Países Cataláns)

COLABORAÇONS

Opiniom. Maurício Castro, X. Carlos Ánsia,Santiago Alba, Daniel Salgado, Kiko Neves,J.R. Pichel, R. Pinheiro, Carlos Taibo,Germám Ermida, Celso Á. Cáccamo, JorgePaços, Adela Figueroa, Joám Peres, PedroAlonso, Luís G. Blasco ‘Foz’, Alberte Pagán,Concha Rousia, Xurxo Martínez, AlexandreBanhos, Iván Cuevas, Raul Asegurado,Miguel Penas. Música. Jacobe Pintor. GalizaNatural. João Aveledo. Sexualidade. BeatrizSantos. Língua Nacional. Valentim Fagim.Descobre o que sabes. Salva Gomes. Desportos.Anxo Rua Nova, Xavier S. Paços. Cozinha.Joana Pinto, Miguel Burros, Ana Rocha

FOTOGRAFIA

Arquivo NGZNatália Gonçalves

ASSINANTES

Irene Cancelas Sánchez

PUBLICIDADE

Natália Gonçalves

HUMOR GRÁFICO

Suso Sanmartin, Pepe Carreiro, Pestinho+1,Xosé Lois Hermo, Gonzalo Vilas, Farruquinho,Aduaneiros sem fronteiras, Xosé Manuel

CORRECÇOM LINGÜÍSTICA

Eduardo Sanches Maragoto, FernandoVázquez Corredoira, Vanessa Vila Verde,Mário Herrero (Suplemento)

ERRATA: O desenho do número anterior é da autoria de Pestinho+1, que nom foi referido por erro do jornal.

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007

NOTÍCIAS

04 NOTÍCIAS

REDACÇOM / Estudos da Vice-Presidência e de umha entidadefinanceira coincidem em situar15% da povoaçom galega abaixodo umbral da pobreza, sendoafectadas assim aproximada-mente 400.000 pessoas. Osdados som preocupantes porconsolidarem o estancamentodo ritmo de reduçom da pobre-za que se mantém em quotassemelhantes nos últimos dezanos, em paralelo ao incrementoda precariedade laboral e oenvelhecimento populacional.

As dificuldades económicassom especialmente preocupan-tes no rural e as comarcas interio-res, concentrando os melhoresíndices de nível aquisitivo asáreas da costa e das cidades,nomeadamente a área metropo-litana de Vigo, Compostela,Ponte Vedra e a Corunha. Porém,as cidades de Ferrol e Ourenseapresentam níveis semelhantesaos da média nacional. A pobre-za considerada "crescente e muisevera" localiza-se sobretudonas áreas rurais da Ponte Vedraoriental e Ourense.

Os estudos incluem tambémanálises demográficas que certifi-cam o envelhecimento, com umhapercentagem de maiores de 65anos que supera 20%, enquanto onúmero de pessoas menores deidade nom alcança 15%. Na áreaque inclui as províncias de Lugo eOurense, as tendências de envel-hecimento triplicam as percenta-gens de populaçom menor.

Pobreza afecta15% do total dapopulaçom galega

Ceivar denunciaviolaçom de direitosREDACÇOM / Giana Gomes eUgio Caamanho estám classifi-cados como 'Ficheiros Internosde Especial Seguimento', econtra eles aplica-se umha polí-tica de excepçom que os man-tém longe do ámbito familiar eafectivo e permite intervir asua correspondência.

A única excepçom no regu-lamento atinge à relaçom comos advogados. A correspondên-cia do preso e da presa com osseus letrados nom pode serinterceptada, apesar do qualfuncionárias do cárcere deBrieva (Ávila) apropriárom-sehá pouco de umha carta destegénero. Ceivar denunciou osfactos como 'mais um desres-peito aos seus direitos', e opróprio advogado vai empre-ender acçons legais.

Cresce sinistralidade no sector industriale mortes no ámbito da construçom

REDACÇOM / O número de aci-dentes laborais cresceu 3% em2006, tendo como base os dadosdo período entre Janeiro eNovembro do ano passado emrelaçom a 2005, que indicam queno passado ano sofrêrom aciden-tes de diferente gravidade 1.300pessoas mais, atingindo o númerode 44.860, o que implicou maisde 130 sinistros em média pordia. Porém, o número de mortesreduziu-se em 20% a nível geral,crescendo no entanto na agricul-tura (de 1 acidente em 2005 a 2no passado ano) e no sector daconstruçom, onde a percentagemse viu incrementada em 14%.

O sector industrial foi o maiscastigado polo incremento da aci-dentalidade no trabalho, comquase mais de mil acidentes emrelaçom ao ano anterior e supe-rando os quinze mil sinistros.Neste sector, porém, também foisignificativa a reduçom do núme-ro de falecimentos, que se redu-zírom quase a metade, o que nomimpediu que chegassem aos 14mortos. Os sectores que registá-rom mais acidentes com conse-

quências mortais fôrom o daconstruçom e os serviços, com 24casos em cada um, sem contar omês de Dezembro. No totalmorrêrom 73 pessoas naComunidade autónoma entreJaneiro e Novembro.

Segundo um relatório emitidopola Conselharia do Trabalho, aprobabilidade de sofrer um aciden-te laboral duplica no caso dos tra-balhadores com contrataçons tem-porárias em relaçom aos efectivos,o que se traduz da análise das pes-soas que fôrom vítimas de sinistrosno trabalho no último ano.

O número de acidentes laborais em geral mantém as preocupantes tendências dos últimos anos

EM DADOS...

200513251636

14159114011504343564

Acidentes laborais com licença durante a jornada de trabalho

200510093

234254230911

% Var.-0,91-4,166,233,700,482,97

200613131568

15041118231511544860

200610060

246268228902

% Var.0,00

-35,485,135,51

-0,87-0,99

20051

1626212791

200629

14242473

% Var.100,00-43,75-46,1514,29-11,11-19,78

200514261745

14419116761530044566

200614151637

15301121151536745835

% Var.-0,77-6,196,123,760,442,85

AGRICULTURAPESCAINDÚSTRIACONSTRUÇOMSERVIÇOSTOTAL

LEVES GRAVES MORTAIS TOTAIS

De Janeiro a Novembro (Comparativa entre 2005 e 2006). Fonte: Conselharia do Trabalho.

A probabilidade de sofrer um acidente duplica nas contrataçons temporárias

BNG de Ortigueira descontente com a relaçomde altos responsáveis da frente com Campo

REDACÇOM / A oposiçom aCampo no concelho deOrtigueira voltou a pôr em causaa modificaçom pontual do planodo polígono industrial deCuinha, polo qual se facilita ainstalaçom de NORFOR (dogrupo ENCE) no mesmo, ocu-pando vias públicas e solo quedeveria ter sido destinado a par-que de estacionamento e outrosserviços. Mesmo assim, e apesardos relatórios desfavoráveis daConselharia das Obras Públicas,o Plano foi aprovado num ple-nário realizado no passado mêsde Dezembro.

Para Manuel Feás, do BNG, oprincipal problema agora é quenem sequer existe um mínimode garantias de que NORFORvaia instalar-se na zona, perden-do o alegado interesse social

que defendia Antonio Campo:"o património municipal está aser esbanjado e depois de anos eanos o polígono continua vazio".Nos dias de hoje, continua Feás,"com a instalaçom do polígonosó lucrou a empresa do presi-dente da Cámara, já que coinci-diu com o requerimento deMeio Ambiente para que fosseretirado o entulho que umhaempresa de Campo depositavaà beira da ria. Com o entulhofôrom construídas as vias dopolígono e a operaçom nom cus-tou nada a Campo".

Teresa Táboasdepois de QuintanaO tratamento que está a rece-ber Antonio Campo por parte dealtos responsáveis do BNG naJunta nom está a agradar nas

fileiras orteganas da frentenacionalista. Assim se despren-de do artigo de opiniom publica-do em 'La Voz de Ortigueira' porManuel Feás, vereador do BNG

em Ortigueira.Nele, citando informaçom do

NOVAS DA GALIZA, a conselheiraTeresa Táboas é questionadaabertamente por lavar a cara aoconhecido chefe local do PP,famoso polo seu estilo caciquede governar.

Táboas, que assistiu a umhareuniom do Patronato daFundaçom Ortegália, suspeita deter sido criada para 'branquear'negócios imobiliários da famíliaCampo na vila ortegana (verNGZ nº 48), nom é o primeiroalto cargo político do BNG naJunta que 'intima' com Campo.

O próprio Quintana visitourecentemente a morada parti-cular do autarca, deixando aoposiçom nacionalista no con-celho numha delicada situa-çom política.

Capa do número 48 do Novas da Galiza

Novas da Galiza incide na política municipal de Ortigueira polo número publicado em Novembro

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007 05NOTÍCIAS

GALIZALIVRE.ORG / O conheci-do como 'ano da memória' nompareceu dar para muito. Alémde comemoraçons reiteradas, aediçom de algumha obrinha dereferência e as fotos repetidasaté a saciedade dos 'nossos' polí-ticos em actos mediáticos, omovimento popular viu muipouca cousa boa. A começar,porque a conhecida como 'lei damemória histórica' nem anulouos juízos do franquismo nemrestaurou a dignidade das víti-mas. Agora enteiramo-nos deque na vila de Cúntis os douspartidos da 'esquerda' autono-mista desouvem as exigênciasdo 'Fervedoiro'.

A associaçom juvenil cuntien-se solicitara a eliminaçom dasimbologia de toda a vila e indi-cara, para facilitar as cousas,aqueles lugares onde aindaficam restos do franquismo. Opleno municipal de finais do anopassado decide nem submeter avotaçom a moçom da mocidadeda vila. O grupo municipal doPSOE, que governa a vila, rejei-ta 'tomar decisons sem contarcom património.'

Do Fervedoiro denunciam afalta de valentia do concelho eassinalam como péssima aausência reiterada da represen-tante do BNG deste órgao degoverno. Manifestam as e osmoços que 'nom se entendecomo em Cúntis estes partidosnom tomam decisons que setomaram em outros concelhos',em alusom à reiterada de sim-bologia em vilas como a Estradaou as Cruzes.

A mornura do governo bipar-tido foi, também neste campo,a nota dominante. De facto, aorganizaçom independentistaNÓS-UP solicitara reiterada-mente idêntica medida, maspara todo o território nacional.O silêncio foi a resposta, o quenom impediu que vários volun-tários e voluntárias da organi-zaçom se encarregassem dastarefas de limpeza que a Juntarejeitou. Dúzias de placas fas-cistas foram retiradas em diver-sos pontos da Galiza.

REDACÇOM / O Viveiro eObservatório das Galescolas(Vogal) acabou de saber que oEscritório Espanhol de Patentese Marcas atribuiu o registo donome "galescola" a favor destaassociaçom, retirando-a portan-to à Junta, que através da Vice-Presidência pujo em andamentoum projecto similar e de idênticonome ao desta associaçom rein-tegracionista. Heitor Rodal,porta-voz da Vogal, manifestou asua satisfacçom polo acontecido,mas lamentou que ninguém de

Vice-Presidência tenha reagidoainda ao anúncio. De facto, semterem anunciado ainda nenhumrecurso contra a resoluçom,tanto Carme Adám comoQuintana continuárom a empre-gar o nome 'galescola' em decla-raçons recentes aos meios decomunicaçom, continuando aexibir assim o total desrespeitopolas iniciativas populares quemostrárom com anterioridade(ver NGZ nº 43) .

As 'galescolas' estavam a serpromovidas pola Vogal até que

Quintana lançou um projectosimilar de escolas em galego,embora "esvaziado de conteú-do" segundo o reintegracionis-mo. Apesar da evidência do'plágio', que levou o mesmonome, Vice-Presidência nuncacontactou com o organismoafectado, que manifestoudesde o primeiro momentoque defenderiam o seu projec-to. Agora, será necessário espe-rar às reacçons dos cargos polí-ticos que impulsionárom a ini-ciativa institucional.

Patentes e Marcas atribuiu o registo do nome "galescola" a favor desta associaçom reintegracionista

Viveiro e Observatório das Galescolasganha a primeira batalha à Junta

11.12.06

PSOE e BNG fecham Comissomde Incêndios do Parlamento atri-buindo a vaga de Agosto às disfun-çons no serviço de extinçom herda-do do anterior Governo.

12.12.06

O Congresso aprova a Lei deIgualdade, que inclui ampliaçonsnas licenças de paternidade e sub-sídios para as maes menores de 21.

13.12.06

Científicos chineses temem que ogolfinho branco se tenha extingui-do; a espécie vivia só no rioYangtsé, e é umha das duas únicasespécies de cetáceos de água docedo mundo.

14.12.06

Plano de recuperaçom do solopúblico em domínio marítimo-terrestre de Pesca deixará semconcessom trinta firmas piscícolasem dez anos.

15.12.06

Ecologistas em Acçom, Greenpeacee WWF/Adena criticam a nova legis-laçom REACH (Registo,Avaliaçom, Autorizaçom eRestriçom de substáncias quími-cas) votada pola UE e na qual apre-ciam vazios legais que permitem ouso continuado destes componen-tes perigosos por parte da indústria.

16.12.06

Feira de troca de livros, audiovi-sual e roupa em Compostela orga-nizada polo colectivo Verdegaia.

17.12.06

Conselho de Contas poderia audi-tar 21 concelhos do litoral galegopolo seu elevado índice de edifica-çom.

18.12.06

ADEGA denuncia perante oSeprona Pizarras del Oribiocomo responsável pola destrui-çom do bosque de ribeira e davida num trecho de três quiló-metros do rio Castelao (Samos),

CRONOLOGIAAlertam sobrea passividadedo governo localante os símbolosfascistas em Cúntis

REDACÇOM / Um trabalhador eumha trabalhadora do HotelAuriense fôrom despedidosantes das eleiçons sindicais,quando responsáveis polaempresa conhecêrom a sua von-tade de se apresentarem comocandidatos pola CIG. A própriacarta de despedimento recon-hece a sua improcedência, indi-cando que as pessoas que per-dêrom o trabalho tenhem direi-to a receber as indemnizaçonscorrespondentes.

Para Etelvino Blanco, secre-

tário comarcal da CIGOurense, "isto demonstra afalta de vergonha da empresa,que o único que pretende éevitar que os trabalhadores etrabalhadoras tenham os e asrepresentantes sindicais quequigerem".

A central nacionalista vai rea-lizar umha campanha queincluirá umha denúncia peran-te a Audiência do Social, recla-mando a nulidade dos despedi-mentos para tratar de conse-guir a readmissom nos seus

empregos. No passado dia 11de Janeiro tivo lugar umha con-centraçom às portas do hotelourensano, denunciando asituaçom do trabalhador e a tra-balhadora, assim como a tenta-tiva de boicote do processoeleitoral por parte da direcçomda empresa. As pessoas despe-didas levavam a trabalhar nohotel desde 2002, sem teremtido nenhum tipo de problemalaboral até o momento em quedecidírom ser candidatos àseleiçons pola CIG.

Despidem trabalhadores de um hotel porse apresentarem às eleiçons sindicais

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 200706 NOTÍCIAS

Querem solucionar agora a poluiçom daria de Vigo com umha macrodepuradora REDACÇOM / À sançom de 20milhons de euros por parte daUE, motivada pola poluiçom daRia de Vigo, as instituiçons gale-gas respondem com o projectode umha macrodepuradoraúnica no Lagares, que substitui-rá a actual. O mais que deficien-te funcionamento da actual cen-tral é a constataçom do fracassode umha política de gestomambiental e de resíduos impro-visada. Muitos anos de despejosincontrolados, através das redesde esgotos que dam directa-mente à Ria, foram ocultadospola administraçom local e polosdiversos vereadores do ambien-te desde que em 1994 se apro-vara a Ordenança Municipal.Desde entom os diferentes res-ponsáveis que se foram suce-dendo navegárom entre o des-leixo e a despreocupaçomperante esta situaçom crítica.

E os despejos poluem todas ascores políticas representadas naCámara municipal. Assim, aactual presidenta doParlamento, Dolores Villarino(PSOE) - vereadora em Vigo de1991 a 1995 -, fora a responsávelda conexom ao saneamento paraque todos os resíduos industriaisque iam ao rio Lagares saíssemdirectamente à ria polo emissá-rio submarino. Posteriormente,o vereador do PP José RamomMontero permaneceria impassí-vel e mudo perante a prolifera-çom das emissons poluentesincontroladas. Em 2003 a novavereadora do ramo, Mº JoséPorteiro (PSOE), encomendouumha auditoria sobre a

Depuradora a umha empresavinculada a Aqualia, que é 'poracaso' a encarregada da manu-tençom da central. Porteiro seriasubstituída por José ManuelFigueroa, que também tentouocultar o desastre ambiental atéque lhe estourou nas maos, coma denúncia vicinal e a correspon-dente sançom europeia.

Agora tudo som boas inten-çons e pressas de última hora. AJunta vai agilizar os prazos paraque as obras da macrodepurado-ra sejam licitadas em 6 meses epodam começar em 2008. Aideia nom é ampliar a actual cen-tral, mas construir a "única egrande depuradora de Vigo sote-rrada". A Cámara vai dispor,junto da central, de 67.000 m2, e

o novo e polémico PGOM reser-vará 16.600 mais. O projectodesta obra deixa em suspenso osistema de tratamento terciárioda actual central do Lagares, quepermitiria a reduçom da cargamicrobiológica que está a sairconstantemente à ria. Para esseprojecto a Junta tinha aprovadoum investimento de quase 10milhons de euros. A poluiçom,no entanto, continua.

Para os ambientalistasnom é a melhor soluçomDesde há muito tempo omovimento ambientalista temexigido reiteradamente o estu-do exaustivo do ciclo completoda água em Vigo, que deveriaabordar, entre outros aspectos,

a protecçom das cabeceirasdos rios, a retirada e neutrali-zaçom dos subprodutos indus-triais líquidos, a separaçomdos esgotos das águas fecais epluviais, a recuperaçom dosleitos fluviais e a "instalaçomde pequenas depuradorasescalonadas e sob rasantenatural", como contemplam asnormativas europeias. Nom écasual entom que associaçonscomo a ADEGA advirtam que"umha única e grande depura-dora poderia representar umgrave problema no caso de seproduzirem deficiências defuncionamento, podendo pro-vocar o despejo de grandesquantidades de águas resi-duais num mesmo ponto."

Agora tudo som boas intençons e pressas de última hora. A Junta vai agilizar os prazos para que as obrasda macrodepuradora sejam licitadas em 6 meses e podam começar em 2008

REDACÇOM / O departamentode Educaçom e OrdenaçomUniversitária receberá 8% dosinvestimentos da Junta para2007, percentagem considera-da continuísta e insuficientepola organizaçom estudantilAgir. No que di respeito aoensino obrigatório, aConselharia dirigida porLaura Sánchez Piñón destina-rá até 11% do previsto parafinanciar os acordos com cen-tros privados, o que implicamais de duzentos trinta mil-hons de euros, "com os quaisse sufragariam todos os gastosem conceito de refeiçom,transporte e assistência notransporte, livros de textos,actividades extra-escolares emeios materiais e humanos na

escola pública", assinalamnum comunicado.

Em relaçom à situaçomactual do sistema educativoconsideram que "nem os acor-dos assinados em 2005 porEducaçom com os três reito-res, acerca do aumento dosfundos para a Universidadeaté 2010, parecem ter efeitono cínico teatro da política".Enquadram a precariedadedos orçamentos educativos na"maré do Processo deBolonha" e reclamam mudan-ças reais em relaçom ao ante-rior governo autonómico. Aeste respeito, acusam o bipar-tido de continuísta e cúmpli-ce "com o 'status quo' privati-zador e negligente para comas aulas do País".

Agir critica orçamentosprevistos para Educaçom

e ainda do património etnográfi-co do lugar.

19.12.06

O Plano Lácteo do Governo espan-hol deixa os ganadeiros galegossem 60% de quota foránea ao pri-mar a territorialidade sobre crité-rios sociais.

20.12.06

Associaçom pola Defesa da Ria dePonte Vedra apresenta perante aCámara municipal umha solicitudede abertura de um expedientecontra o complexo Ence-Elnosapola situaçom de permanente peri-go para a populaçom, devido aomal funcionamento da central deLouriçám.

21.12.06

ADEGA concede o PrémioOxigénio na categoria individual aoapicultor David Corral, que apósas suas colmeias serem atacadaspor um urso manifestou a sua ale-gria pola existência do animal.

22.12.06

Perante os atrasos na aprovaçom doPlano de Ordenaçom do Litoral,Verdegaia apresenta alegaçons aoanteprojecto de lei nas quais exigea aprovaçom do mesmo e a criaçomdo Conselho Galego do Litoral.

23.12.06

Morre um pescador de Ferrol arras-tado por umha onda.

24.12.06

Tribunal Superior de Justiça daGaliza anula definitivamente alicença para a queima de pneumá-ticos a Cimentos do Oural.

25.12.06

Associaçom de ConsumoResponsável do Val Minhor realizacampanha polo transporte susten-tável: tenhem implantado um ser-viço de carro compartido e elaborá-rom um documento aberto sobre asituaçom e possíveis alternativas aeste problema na zona.

26.12.06

Cámara Municipal de Vigo anunciaque adquirirá nos vindouros mesescem bicicletas que porá a disposi-çom dos cidadaos na envolvente deáreas pedonais e comerciais gratui-tamente.

27.12.06

Meio Rural retira as sançons aosproprietários que nom tiveremlimpos os terrenos florestais; gru-pos ambientalistas criticam nom

REDACÇOM / Dous camions,um reboque, um gabinete eparte da nave do matadoirofôrom destruídos em Pereiro(Santa Comba) na noite dodia 10 de Janeiro. O lumeestragou as instalaçons apósserem ceivadas mais de cemcabeças de gado que aguarda-vam o seu turno.

Apesar do mutismo policial,o alvo escolhido e o facto deserem libertadas as vacas,leva a pensar que se tratou demais umha sabotagem dasrealizadas em nome do 'direi-to dos animais'.

A acçom é continuidade deoutras realizadas nos últimosmeses, tendo tido como capí-tulo destacado a solta devisons em três municípios do

País. Os factos estám a gerargrande controvérsia nos movi-mentos populares galegos, ede facto a maioria do ambien-talismo condena este proce-der por 'pouco pedagógico' e'anti-ecológico'.

No lado contrário, platafor-mas como 'Acçom Vegana'compreendem esta forma rei-vindicativa.

No último dos casos assina-lados, a indignaçom popularfoi nota dominante em toda acomarca. O Jalhas vive maci-çamente do sector pecuário eem Santa Comba denunciam"a perda de mais de 30 postosde trabalho" enquanto as ins-talaçons nom se repararem. Osdanos estimam-se em dezenasde milhons de pesetas.

Incêndio de Santa Combadeveu-se a sabotagem

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007 07NOTÍCIAS

“Em 8 km. de largo teremos trêsauto-estradas paralelas em Redondela”

Quais os propósitos deFomento?O primeiro era construir umhavariante que atravessaria a vilaem linha recta. Quando come-çamos a ver com detalhe ainformaçom que havia, com-provamos que esta variantefazia parte de um projectomuito mais amplo e ambiciosocomo era o da futura auto-estrada Ponte Vedra - Vigo.

Queixades-vvos das conseqüên-cias se for levado a termo…Essas conseqüências som incal-culáveis. Em primeiro lugar, seficassem como definitivas quais-quer das variantes que hoje emdia estám em estudo, produzi-ria-se umha divisom completado concelho de Redondela.Passaria dividindo freguesias ebairros. Teríamos umhaRedondela interior e umhaoutra costeira. Passaria porzonas muito densamente povoa-das, com um impacto tremendonas nossas casas, para além deafectar partes da rede Naturanas marismas da foz do rioAlvedosa, com um viaduto emprojecto. Constrói-se no seupercurso por entre as casassobre leitos de rios e regatoscom as conseqüências que podetrazer num futuro. Só temosque pensar no acontecido noSalnês. Desrespeita totalmentea normativa quanto a impactoacústico e, para tentar solucio-ná-lo, pretendem colocar aolongo de todo o percurso barrei-ras de protecçom sonora de maisde 2 m de alto. Os caminhosque hoje utilizamos os vizinhospara nos deslocarmos interna-mente no concelho ficariaminservíveis em muitos casos,com o problema de comunica-çom interna que isto traz consi-go. Se o 'excalestric' deRedondela condicionou deforma nefasta o seu desenvolvi-mento, nom podemos permitiragora oito ou dez 'excalestris'.

Isto une-sse às muitas 'afec-çons' que a vila apresenta…Claro. Aqui confluem duas lin-has do caminho-de-ferro; poraqui vai passar o TAV, temosum aeroporto. Redondela temumha auto-estrada já com osseus enlaces. Repara que o tra-

çado mais curto de umha dasvariantes, cinco quilómetros,implicam 1.225.000 m2 afecta-dos. E este seria o mais curto.É algo que Redondela nompode suportar.

E realmente é necessária estavia? Que melhoraria em rela-çom à situaçom actual?Nada. Isso é o curioso. O que éa conexom Ponte Vedra-Vigo jáexiste. É a actual auto-estrada.Nunca se vai conseguir um tra-çado menor do que o actualatravés da ponte de Rande.Essa necessidade está coberta.Por outra parte, Redondela éumha das vilas da Galiza mel-hor comunicadas. Para conec-tar a futura A57 com o aeropor-to, já fica conectada através daA52. Perguntamo-nos porquese fai, quais som as verdadeirasintençons?

E que vos respondedes?Por detrás disto nom está ointeresse da vizinhança. Trata-se antes do interesse de gran-des construtoras, de grandescontratos. Depois disto virá adesfeita do litoral e do patri-mónio natural da Galiza, dasRias Baixas. Olha: entre a

actual A9 e a futura A57 dePonte Vedra ao Confurco há 8km de distáncia. Se for aceite oprojecto, nesses 8 km queremmeter umha terceira auto-estrada. É um despropósitomaiúsculo que nos 'permitiria'poder circular por três auto-estradas paralelas. Isto, claro,traz consequências tremendasquanto a impacto ambiental,paisagístico e de mobilidade.

É o problema de sempre. Aque modelo se dá prioridade...É, aqui sempre nos esquece-mos de favorecer as infra-estru-turas que promovam o trans-porte público, a maior qualida-de de vida, a relaçom harmóni-ca com a envolvente. Enquantomuitos países europeus camin-ham nesta direcçom, aqui aindaestamos com políticas que jáforam abandonadas polos paí-ses mais desenvolvidos há anos.Para que queremos três auto-estradas paralelas para chegar-mos rapidamente a Vigo, sequando chegamos nom temosonde estacionar?

E que apoio político obtives-tes nas vossas reivindicaçons?Pretendíamos que, dada a

magnitude do problema que senos apresenta, todos os grupospolíticos actuassem de maneiraresponsável e efectiva. Porparte da presidência daCámara socialista há umhacerta ambiguidade sem expli-car às pessoas o que aí vem.Aqui há um acordo plenárioque pedia o arquivo definitivodo projecto das variantes.Perante a resposta de Fomentono sentido de estas formaremparte de um estudo mais com-pleto sobre a futura auto-estra-da, a Cámara municipal decideaguardar a que este estudoesteja feito. Nós exigimos quese oponha porque a futuraauto-estrada ainda teria conse-qüências piores.

Mas que opina concretamentecada grupo político?No grupo de governo (PSOE-BNG-IU) a voz autorizada, a dopresidente da Cámara, é ambí-gua. Os grupos co-governantesnom se posicionárom. Nomsabemos o que pensa o BNGnem EU do tema. O BNG seique apresentara há tempo umhapergunta parlamentar mas nomnos figérom chegar a respostaque obtivérom. Por sua vez o PP,na oposiçom, dá umha sensa-çom de desconhecimento doproblema, usando-o com opor-tunismo, opinando um dia con-tra a auto-estrada e no seguintea favor. Em todo o caso as políti-cas que defende o PP vam sem-pre em direcçom contrária à dodesenvolvimento sustentável.

Assim a luita será longae difícil, nom é?Agora estamos recolhendo infor-maçom dos diferentes projectosrelacionados com as variantes.Pretendemos estender a cons-ciêcia sobre o problema às zonaslimítrofes. Após publicado oestudo informativo, se for preci-so, começaremos as mobiliza-çons de novo. Pensando maisglobalmente, queremos tam-bém estender à cidadania anecessidade de reflectirmossobre o sistema de comunica-çons que estamos fomentandoe as conseqüências que acarreta.A utilizaçom das vilas unica-mente como passagem para umlugar turistificado.

"Queremos difundir a necessidade de reflectirmos sobre o sistema decomunicaçons que estamos a fomentar e as suas conseqüências”

terem sido informados da mudan-ça no Conselho Florestal.

28.12.06

A associaçom O Defensor doDoente denuncia que a Galiza temas piores listas de espera na Saúdede todo o Estado.

29.12.06

Verdegaia denuncia que aDirecçom Geral de Juventude eSolidariedade da Vice-Presidênciada Junta está a promover o volun-tariado em defesa do monte galegosem um plano estruturado e prati-cando o clientelismo.

30.12.06

Entra em funcionamento umhaaudiência especializada em violên-cia de género em Vigo.

1.1.07

O relatório de 2006 doObservatório da Sustentabilidaderevela que a Galiza se afasta dosobjectivos ambientais; entre 1990e 2004 as emissons de gases cau-sadores do aquecimento crescê-rom em 37% na Galiza.

2.1.07

Conselharia da Indústria abreexpediente contra Fenosa polocorte de luz de Noite Velha emMalpica e Ponte-Cesso; os vizin-hos queixavam-se da assiduidadedestes episódios.

5.1.07

Colectivossócio-cculturais convocamprotesto em Vigo em defesa da Ria.

7.1.07

Mais de 30.000 vizinhos da provín-cia de Ponte Vedra despejam águasfecais sem depurar.

8.1.07

Redes de organizaçons latino-ame-ricanas enviam umha carta à UEexpondo as suas preocupaçonssobre a directiva de bio-combustí-veis que o governo comunitárioeuropeu está prestes a aprovar eque poderia ser crítica para muitospaíses periféricos.

9.1.07

Um operário de 30 anos perdeu umbraço num acidente numha fábricade betom do polígono de Bueu.

10.1.07

Comissom Europeia apresentabases da política energéticacomum que tem nas centraisnucleares um dos pilares.

ENTREVISTA: ALBERTO CABALEIRO

Projecto de Fomento arrasará Redondela dividindo paróquias e bairros

ALONSO VIDAL / Os vizinhos de Redondela oponhem-sse ao projectode Fomento de dividir a vila unidos na Plataforma contra asVariantes. Deste colectivo aberto, do qual formam parte desde gru-pos vicinais até ambientalistas, estám excluídos os grupos políticos- ddizem - ppara os seus objectivos e acçons nom se verem manipula-

dos de um ponto de vista partidarista. E porque procuram umha res-posta unánime por parte das instituiçons para além das cores políti-cas. Novas da Galiza quer dar voz a este exemplo de auto-oorganiza-çom frente ao desenvolvimentismo selvagem, e por isso fomos con-versar com Alberto Cabaleiro, porta-vvoz da Plataforma.

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 200708 INTERNACIONAL

INTERNACIONAL

NOAM CHOMSKY / No fim-de-semana dosdias 9 e 10 de Dezembro, houvo umencontro, em Cochabamba, Bolívia, dosmaiores líderes sul-americanos. Foi umencontro muito importante. Um indícioda sua importáncia é que nom foi noticia-do. Excluindo a distribuiçom electrónica[polas agências] de notícias, virtualmentenom foi noticiado. Mas todos os editoresficárom a saber. Os líderes sul-americanosconcordárom em criar umha comissom dealto nível para estudar a ideia de formarumha comunidade continental similar àUniom Europeia. Eram os presidentes eos enviados das principais naçons, e haviaa cúpula de dois dias do que foi chamadode Comunidade Sul-Americana deNaçons, hospedada por Evo Morales, opresidente da Bolívia, em Cochabamba.Os líderes concordárom em formar umgrupo de estudo para tratar da possibilida-de de criar umha uniom continental emesmo um parlamento sul-americano. Oresultado, segundo o relatório da AP[Associated Press], deixou o febril presi-dente da Venezuela, Hugo Chávez, umvelho agitador da regiom, com um papelmaior no palco mundial, contente, masimpaciente. O relatório continua a dizerque a discussom sobre a unidade sul-ame-ricana continuaria no final deste mês[Dezembro de 2006], quando o Mercosul,o bloco comercial sul-americano, tem oseu encontro regular, e incluirá líderes doBrasil, Argentina, Venezuela, Paraguai eUruguai. Há um ponto de hostilidade naAmérica do Sul. É entre Peru e Venezuela.Mas o artigo aponta que Chávez e o presi-dente peruano Alan Garcia aproveitárom acúpula para fazer as pazes, após terem tro-cado insultos no começo do ano [de2006]. Esse era o único conflito real naAmérica do Sul no momento. E pareceter-se apaziguado. O novo presidente doEquador, Rafael Correa, propujo umharota comercial terrestre e fluvial ligando aFloresta Amazónica brasileira à costa doPacífico equatoriana, sugerindo que, para aAmérica do Sul, essa pode ser algo como

umha alternativa ao Canal do Panamá.Chávez e Morales celebrárom um novoprojecto conjunto, a fábrica de processa-mento de gás na regiom rica em gás daBolívia. É umha parceria da PDVSA(Petróleos de Venezuela SA, pronuncia-se "pedevesa"), a empresa petrolíferavenezuelana, com a empresa estatal deenergia da Bolívia. E a cousa vai adiante. AVenezuela é o único membro latino-ame-ricano da OPEP, e tem, como grande dife-rença, as maiores reservas de petróleocomprovadas fora do Oriente Médio.Segundo algumhas mediçons, seriamcomparáveis às da Arábia Saudita.Também houvo contribuiçons construti-vas e interessantes de Lula da Silva, o pre-sidente do Brasil, de Michelle Bachelet,do Chile, e outras. Tudo isso é extrema-mente importante. É a primeira vez,desde as conquistas espanholas, 500 anosatrás, que tem havido movimentos reaisem direçom à integraçom na América doSul. Os países permanecêrom muito sepa-rados uns dos outros. E a integraçom estávindo a ser um pré-requisito para a inde-pendência autêntica. Tem havido tentati-vas de independência, mas elas tenhemsido esmagadas, freqüentemente muitoviolentamente, em parte por causa da faltade apoio regional. Por haver pouca coope-raçom regional, podem ser combatidos uma um. É o que tem ocorrido desde os anossessenta. A administraçom Kennedyorquestrou um golpe no Brasil. Foi o pri-meiro de umha série de dominós que caí-ram. Estados de segurança nacional aoestilo neonazi espalhárom-se polo hemis-fério. O Chile foi um deles. Entom houvoas guerras terroristas de Reagan nos anosoitenta, as quais devastárom a AméricaCentral e o Caribe. Foi a pior praga derepressom na história da América Latinadesde as conquistas originais. Mas a inte-graçom pom a base para a independênciapotencial, e isso é de importância extrema.A história colonial da América Latina nomapenas dividiu os países uns dos outros, elatambém deixou uma divisom interna

aguda no interior dos países, de cada um,entre umha pequena elite muito rica eumha enorme massa de pessoas empobre-cidas. A correlaçom racial é muito próxi-ma. Tipicamente, a elite rica era branca,europeia, ocidentalizada; e a massa pobreda populaçom era nativa, indígena, negra,misturada, e assim por diante. Era umhacorrelaçom próxima, e continua no pre-sente. As elites brancas, na maioria debrancos - que dirigia os países - nom eramuito integrada, tinha poucas relaçonscom os outros países da regiom. Elas esta-vam orientadas ao ocidente. Pode-se verisso de todas as maneiras. Era para ondeseu capital era exportado. Era onde esta-vam os seus lares secundários, onde os fil-hos iam à universidade, onde estavam asconexons culturais. E elas tinham quasenenhuma responsabilidade polas própriassociedades. Assim, há umha divisommuito aguda. Pode-se ver o padrom nasimportaçons. Importam-se sobretudo arti-gos de luxo. O desenvolvimento enquan-to tal era na maior parte estrangeiro. AAmérica Latina estava muito mais abertaao investimento estrangeiro do que, diga-mos, o Leste Asiático. É parte da razompara seus caminhos de desenvolvimentoradicalmente diferentes nas últimas duasdécadas. E, é claro, os elementos da eliteeram fortemente simpáticos aos progra-mas neoliberais dos últimos 25 anos, osquais os enriqueceram - destruíram osseus países, mas enriqueceram-nos. AAmérica Latina, mais do que qualqueroutra regiom no mundo, à excepçom dosul da África, aderiu rigorosamente aoassim chamado Consenso deWashington, o que levou aos programasneoliberais, fora dos Estados Unidos, nosúltimos 25 ou 30 anos. (...)

Transcriçom de umha palestra perante o BostonMeeting of Mass Global Action, a 15 deDezembro 06, publicado em Chomsky(http://www.chomsky.info/talks/20061215).

Noam Chomsky é professor de lingüística doMIT (Massachusetts Institute of Technology).

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS SOBRE ODESENVOLVIMENTO DA AMÉRICA LATINA“É a primeira vez, desde as conquistas espanholas, 500 anos atrás, que tem havido movimentosreais em direcçom à integraçom na América do Sul. Os países permanecêrom muito separados unsdos outros. E a integraçom está vindo a ser um pré-requisito para a independência autêntica”

NUNO GOMES / A Sub-RRegião de Saúde do AltoMinho está fortemente dependente de mão-de-obra galega, totalizando um quarto do total declínicos dos seus 13 Centros de Saúde. A Juntada Galiza tornou pública a vontade de suprirparte das vagas na área da saúde com o regressodos médicos emigrados. Isto significaria a degra-dação do serviço do lado português, com Centrosa perderem metade dos seus médicos (Monçãotem 10 clínicos galegos), havendo mesmo umCentro que teria de fechar (os dois únicos médi-cos em Alvarães são também galegos).

O aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto,registou no primeiro semestre de 2006 umasubida de 7,4 por cento no movimento de pas-sageiros em relação ao período homólogo de2005. Esta tendência acentuou-se no últimosemestre de 2006 (que tinha um crescimentoestimado de 9%), com a criação de novas rotasnas companhias tradicionais e nas de baixocusto. A carga tem sido mesmo a grande ala-vanca do desenvolvimento do aeroporto, comum crescimento em 2006 de 40% em relaçãoao ano transacto, havendo empresas galegas,como a Inditex, que o utilizam para transportede mercadoria para Hong Kong e Atenas. Com4,2 milhões de potenciais passageiros a menosde hora e meia de distância, o aeroporto mere-ceu recentemente a atenção de um estudo doEixo Atlântico (associação de cidades portu-guesas e galegas). Neste estudo é expressa avontade de potenciar o turismo e a carga comoeixos de desenvolvimento dos quatros aero-portos do noroeste peninsular. Outro dostemas do estudo é o fortalecimento dos trêsaeroportos galegos, potenciando a ligação comas cidades que servem, e a articulação entre sie com o aeroporto do Porto. O objectivo dogoverno português é de tornar o aeroporto"líder do Noroeste peninsular", e foram pro-postas acções de promoção na Galiza. EmDezembro foi lançada uma nova ligação rodo-viária a Vigo, com cinco autocarros por dia.

O português, a terceira língua europeia maisfalada no mundo, pode ser excluída como lín-gua de trabalho da União Europeia. Com oaumento de países na União, cresce a necessi-dade de uma nova política de multilinguismoque permita o expedito funcionamento dasinstituições comunitárias, e começa a ganharforça a ideia de uma União com apenas cincolínguas de trabalho (inglês, espanhol, francês,alemão e italiano). A recente inclusão do irlan-dês, língua oficial da Irlanda mas falada poruma escassa minoria da população, levanta aquestão do limite: com 27 países e 22 línguasoficiais, como nos iremos entender?

NOVAS DE ALÉM-MINHO

O aeroporto Sá Carneiro está a incrementar a actividade

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007 09OPINIOM

IVÁN CUEVAS / A detençom em 28de Dezembro de Rodolfo Almirón,considerado um dos chefes operati-vos da organizaçom terrorista deextrema direita Aliança Antico-munista Argentina, e a publicaçompor parte da imprensa do seu passa-do como guarda-costas de FragaIribarne voltou a pôr na berlinda asmás companhias do ex-presidenteda CAG. Mas as notícias dos meios,que mesmo levárom a CIG a solicitarque Fraga declare em relaçom comos assassinatos da AAA, esquecemque o envolvimento de Almirón como terrorismo de Estado nom se inte-rrompe na Argentina dos anos 70.

Chegado ao Estado Espanhol em1976 ao abeiro de José López Rega,ex-ministro argentino e organizadorda AAA, Rodolfo Almirón, mantivodesde logo relaçons com a extremadireita e as instituiçons. Fijo partedo fascista Exército de LibertaçãoPortuguês e participou nas tentati-vas do general Spínola de reverter alinha ideológica da Revoluçom dosCravos, apoiadas pola Espanha fran-quista em que Fraga Iribarne eraministro da Governaçom.

Almirón, próximo de membrosdas Forças de Segurança espanho-

las, volta a aparecer em Montejurraquando a concentraçom de 9 deMaio de 1976 é assaltada por parti-dários de Sixto de Bourbon, quematam dous militantes carlistas delinha socialista. A presença deAlmirón, juntamente a outros mem-bros da AAA e fascistas italianos,tem sido relacionada com a chamadaOperaçom Gládio, trama descobertaem Itália em 1990 com que a CIAteria organizado e armado gruposterroristas de ultradireita em toda a

Europa Ocidental para evitar o cres-cimento político da esquerda. FragaIribarne negou sempre o seu envol-vimento na matança de Montejurra,a que denominou "umha triste pele-ja entre irmaos", mas o general JoséAntonio Sáenz de Santamaría indi-ciava anos depois o próprioMinistério da Governaçom comoorganizador desta acçom dentro da"Operaçom Reconquista" que bus-cava atacar o nacionalismo basco e ossectores mais reformistas dentro do

franquismo. Montejurra, de facto,marca o início dumha série de gru-pos com que alguns meios de comu-nicaçom também relacionaramAlmirón e a AAA e que, com nomescomo Anti-Terrorismo ETA ouBatallón Vasco Español, acabariampor desembocar nos GAL.

Posteriormente, nos primeirosanos da década de 80, RodolfoAlmirón, já com a nacionalidadeespanhola concedida e membro doquadro de pessoal da ASEPROSA,passa a ser o chefe de segurança deFraga, na altura líder de AlianzaPopular. Segundo declarava JorgeVerstrynge, daquela secretário geralde AP, este partido "deve muito aRodolfo Almirón". Com efeito,Almirón acabou com o contrato queunia a segurança de AP à ASEPRO-SA apenas dous meses antes da ten-

tativa de golpe de Estado de 23 deFevereiro de 1981. No inquérito dacausa viria a descobrir-se que várias dasreunions dos organizadores do golpe, aque Fraga qualificava há pouco de "pes-soas sem dúvida com boa vontade",fórom realizadas numha das sedes daASEPROSA. A oportuna decisom deAlmirón cortava assim toda a relaçomque vinculara a AP com o 23-F.

Em Abril de 1983, a revista Cambio16 desvendava todo o passado políti-co de Almirón, provocando a suademissom como chefe de segurançade Fraga Iribarne. O líder de AP etodo o partido negaram ter qualquerconhecimento do seu passado, mas amesma revista revelava que um tele-fonema do próprio Fraga detivera apublicaçom de umha reportagemanterior sobre o passado de Almirón,prevista por Interviú. Além do mais,Fraga pujo à disposiçom de Almirón aassessoria jurídica da AP. Um doshomes à frente desta, Alberto RuizGallardón, é quem, segundo a esposade Almirón, lhe recomendaria maistarde desaparecer discretamente,prometendo-lhe apoio económico.Com esta manobra ocultava-se umpersonagem incómodo para a direitaespanhola que agora reaparece.

Detençom de Rodolfo Almirón Recupera Passado Obscuro de Fraga

INVESTIGAÇOM

Fraga impediu quefosse publicada umhareportagem sobreAlmirón, vinculadocom crimes de Estado

Rodolfo Almirón foi chefe de segurança de Fraga, na altura líder de AP

H.C. / A federaçom da administra-çom da CIG leva meses a denun-ciar as políticas de contrataçonsque estám a efectuar diferentesconselharias. Enquanto PérezTouriño anunciava novas medidasde controlo sobre o empregopúblico para evitar o nepotismo,cresce o número de entidadesparalelas à própria Junta que per-mitem contratar sem aplicar osrequerimentos de igualdade,mérito e capacidade que exige afunçom pública. A central inter-sindical adverte num comunicadoque este tipo de actuaçons "só ser-vem para alimentar o clientelismopolítico desacreditando qualquerintençom de transparência eobjectividade institucional".

Entre estes organismos criadospolo governo bipartido encontra-sea rede de fundaçons para gerir aCidade da Cultura, umha por edifí-cio, que estarám coordenadas polaGaliserso, integrando o capital pri-vado na direcçom do macro-projec-to. O Banco de Terras da Galizaseguirá o padrom da intervençomprivada no seu desenvolvimento,em que investirá dezenas de mil-hons de euros, assim como aSogaserso, a Sociedade Galega deServiços Sociais lançada pola vice-presidência e em que terám pesoespecial tanto a Caixanova como aCaixa Galicia para as residências depessoas idosas. Nom fica fora a redede ‘Galescolas’, entre outras.

Diferentes fontes consultadas donacionalismo defendem a possibili-dade de criar estruturas paralelas àadministraçom por consideraremque favorecem a criaçom e selec-çom de equipas efectivas, em con-traste com a rigidez para as contra-taçons públicas que impediria orga-nizar grupos de trabalho considera-dos necessários para os fins.

Umha das iniciativas que suscitoumaior polémica foi o anúncio da cria-çom dos Serviços Agrários Galegos,que foi considerada pola CIG como aTragsa do Meio Rural. Este organis-mo centralizará as políticas de pro-tecçom e prevençom florestal, bemcomo a luita contra os incêndios,polo que poderá vir a contratar mil-hares de pessoas com a facilidadeque proporciona a gestom privada.Conforme às denúncias sindicais,

"retirar a política de montes da ges-tom pública só leva à corrupçom e aoamiguismo". E por parte da organiza-çom ambientalista Verdegaia ques-tiona-se que a mudança de orienta-çom neste aspecto significa prescin-dir de um "voluntariado crítico etransformador, promovido polas

organizaçons sociais" para o substi-tuir por outro "dependente da admi-nistraçom e sem nenhum sentidocrítico nem transformador".

As políticas de "gratificaçonsexcepcionais" para os altos cargos foitambém motivo de protesto sindi-cal nas áreas do Meio Rural, Pesca e

do Meio Ambiente, representandoem muitos casos 30% de aumentonas retribuiçons como "comple-mentos específicos e de exclusivi-dade". No entanto, conforme aosdados da CIG, esta é umha práticahabitual na administraçom autonó-mica que é realizando desde tempo

atrás por todas as conselharias. NaDirecçom Geral de Montes sabe-sedestas medidas desde 1994. Eneste ano, só no Meio Rural, a subanas retribuiçons dos dirigentes tra-duziu-se num gasto de 670.500euros em gratificaçons, cifra semel-hante à das anteditas conselharias.

As fórmulas de contrataçom queestavam previstas para os CentrosComarcais provocárom um duroconflito entre a CIG e aConselharia do Meio Rural, quecontava com a empresa CristínSL para a sua gestom. As denún-cias vinculavam o administradorda empresa Ramiro Recouso aosecretário geral do Meio Rural,Alberte Souto, assinalando umhaoperaçom que privilegiava a com-panhia permitindo-lhe escolhercom liberdade as contrataçons.Como indicáramos no número 47desta publicaçom, o BNG eviden-ciava o interesse em defender acontrata enviando centenares decirculares internas contra o sindi-cato nacionalista depois de esteconvocar umha conferéncia deimprensa para denunciar a situa-

çom. Conforme puido ter cons-táncia NOVAS DA GALIZA, nomomento de maior tensom doconflito, o secretário de organiza-çom da UPG Roberto Vilameá,sem nenhumha responsabilidadena administraçom autonómica,reuniu-se com o secretário geralda federaçom de serviços no com-postelám Hotel Porta doCaminho para lhe oferecer umhasaída económica como soluçompara compensar as trabalhadorasdespedidas, pretendendo nego-ciar a sua quantia. Por parte daCIG recusou-se a validade dointerlocutor, que estava acompan-hado por Martinho Santos, e exi-gírom falar com representantes daConselharia do Meio Rural.

Hoje a Cristín SL administra oscentros comarcais do Deza, do

Salnês, da Ulhoa, do Carvalhinho,do Ribeiro e de Cela Nova,enquanto que o Meio Rural está aatrasar a construçom de novos cen-tros e equipamentos para mudar asua definiçom e tentar evitar quesejam "cidades da cultura empequeno", afirmam. Os seus pla-nos de despedimentos e de cessomda administraçom à empresadenunciada, contra a que existemsentenças definitivas, fôrom final-mente revogados, polo que MeioRural anunciou em Dezembro aregularizaçom da situaçom jurídicade trabalhadores e trabalhadorasque estavam contratados por meiode assistências técnicas, para sacarposteriormente as vagas a concur-so. Desta maneira, adoptou a fór-mula que a CIG demandava noinício do conflito.

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 200710 REPORTAGEM

REPORTAGEM

SECRETÁRIO DE ORGANIZAÇOM DA UPG TENTOU CHANTAGEAR REPRESENTANTES SINDICAIS NO CONFLITO SOBRE OS CENTROS COMARCAIS

A criaçom de entidades por parte da administraçom com gestom privada continua a incre-mentar-sse, o que está a ser contestado polos sindicatos, nomeadamente a CIG, que consi-dera este tipo de organismos como umha ferramenta para ganhar adesons políticas e gerar

dependências. As denúncias atingírom também as políticas de gratificaçons nos gabinetes doMeio Rural, a Pesca e o Meio Ambiente, que reproduzírom os aumentos salariais dos altoscargos da mesma maneira que vinha actuando o PP desde há mais de dez anos, afirmam.

Continua o crescimento da administraçom paralelajunto às denúncias contra a política de contrataçons

Roberto Vilameá interveu num conflito entre aConselharia do Meio Rural e sindicalistas e a CIG

No momentode maior tensom,o secretário deorganizaçom daUPG, RobertoVilameá, semnenhumharesponsabilidadena administraçomautonómica, reuniu-secom a CIG paranegociar umha saídaeconómica paraas despedidas

Enquanto PérezTouriño anunciavanovas medidas decontrolo sobre oemprego público paraevitar o nepotismo,cresce o número deentidades paralelasque permitemcontratar sem aplicaros requerimentos deigualdade, mérito ecapacidade que exigea funçom pública

As políticas de "gratificaçons excepcionais" para altos cargos foi também motivo de protesto em diferentes conselharias

XAN DE CAMORGA / O veteranopolítico de tradiçom familiar fran-quista Jaime Ignacio del BurgoTajadura, deputado da Unión delPueblo Navarro (UPN) -o PartidoPopular navarro-, ex-presidente deNafarroa e membro da direcçomestatal do PP, irrompeu na actuali-dade política pola sua polémicaparticipaçom na comissom parla-mentar incumbida de investigar oatentado perpetrado em Madridem 11 de Março de 2004. O FiscalGeral do Estado chegou a apresen-tar um protesto formal diante dopresidente do Congresso pola ati-tude do parlamentar depois deDel Burgo filtrar ao jornal "ElMundo" umha entrevista a RafaZohuier, confidente policial argui-do na causa.

Há uns meses protagonizava aindaum outro incidente no Congresso,quando o debate de umha iniciativasua sobre o futuro de Nafarroanumha hipotética negociaçom com aETA tivo de ser suspenso ao nomcomparecer a tempo.

Se polémica é a sua trajectóriapolítica, vencelhada à extremadireita, nom o é menos a sua carrei-ra empresarial, que soubo atenderapesar dos numerosos cargos públi-cos e das responsabilidades quetem exercido ao longo da sua vida.Um dos maiores escándalos queprotagonizou neste eido obrigou-no a abandonar a presidéncia doGoverno de Nafarroa, ao ser acusa-do polos seus próprios companhei-ros de umha alegada malversaçomde fundos: Del Burgo teria oculta-do aos deputados a sua condiçomde avalista da empresa FundicionesAlsasua SA -de que também foraassessor jurídico- quando aprová-rom conceder à sociedade umhaverba de 81 milhons de pesetas. Foiobrigado a demitir-se e recorreu dadecisom junto da Audiéncia dePamplona, que abonou a decisomda Deputaçom Foral. Del Burgolevou o pleito até o SupremoTribunal, que quatro anos depoisrevogaria a decisom da Audiéncia,decretando a restituiçom de DelBurgo no seu cargo anterior.

Na actualidade, as rédeas dosnegócios familiares passárom àsmaos dos filhos, ainda que a figu-ra do pai continue a ser de impor-

táncia capital, segundo informa-çons dos meios de comunicaçomque se ocupárom das peripéciasempresariais dos Del Burgo.Assim, a revista basca de investi-gaçom e denúncia social"Kalegorria" desvendava umhaoperaçom fraudulenta protagoni-zada no nosso País polo advogadoe empresário navarro JaimeArturo del Burgo Azpiroz, primo-génito do deputado da UPN. DelBurgo Azpiroz conta com sóciostam ilustres como Villar Mir ou

Juan Villalonga, ex-presidente daTelefónica e amigo pessoal do ex-presidente do Governo espanholJosé María Aznar, segundo infor-mou a revista "Tiempo". Entre asboas amizades do filho do políticonavarro salienta Letizia Ortiz, aoponto de que chegou a exercercomo testemunha no casamentodesta com Felipe de Bourbon.

A publicaçom basca denunciavaque diversas instituiçons públicasgalegas, governadas polo PP epolo PSOE, concedérom a

empresas da família Del Burgoajudas no valor de mais de 12 mil-hons de euros com o objectivo de"promover empresarialmente" aprovíncia de Ourense mediante ainstalaçom no concelho ourensaodo Carvalhinho de umha fábricade pré-industrializados de betomno ano 2000.

Dinheiro da Junta e da CaixanovaOs subsídios fôrom canalizadasatravés da sociedade de assesso-ramento Gasteiz Desarrollo

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007 11A FUNDO

A FUNDO

UM DOS FILHOS DE JAIME IGNACIO DEL BURGO RECEBEU SUBSÍDIOS PARA CRIAR EMPRESAS QUE DEPOIS DESCAPITALIZOU

A família do político navarro Jaime Ignacio Del Burgo possui um nutrido grupo de empre-sas destacadas pola promoçom de projectos financiados por instituiçons governadas poloPP que nom chegam a materializar-sse nunca. Dous bons exemplos destas práticas encon-

tram-sse na Galiza e Madrid, onde os Del Burgo arranjárom por este método mais de 55milhons de euros dos cofres públicos, 12 dos quais injectados por instituiçons galegas.Um dos seus sócios foi o ex-mministro e empresário Juan Miguel Villar Mir.

A família dum deputado do PP navarro defraudou maisde 12 milhons de euros à Junta da Galiza de Fraga

Jaime Ignacio del Burgo junto ao deputado ‘popular’ Vicente Martínez-Pujalte

O Grupo Puentes agrupou sob a marca Prethor as duas fábricas compradas à família Del Burgo

O expresidente deNavarra foi obrigadoa deixar o seu cargosob a acusaçom deter ocultado aosdeputados a suacondiçom de avalistada empresaFundiciones Alsasua-de que também foraassessor jurídico-quando aprováromconceder à sociedadeumha verba de 81milhons de pesetas

Às ajudas da Juntada Galiza de Fragahá que somar ossubsídios a fundoperdido que recebeuda Deputaçom deOurense, governadapor Baltar, e dogoverno local doCarvalhinho, cujopresidente eraManuel Vázquez,actual Conselheirodo Meio Ambiente

Jaime Arturo delBurgo vendeu

dias mais tarde asua participaçom

em Hispano Lusaà construtora galegaPuentes y Calzadasantes de a fábricado Carvalhinho estarsequer funcionando.

Por ela pagáromdous milhons de

euros, enquanto oseu activo era de

33 milhons.Por Hormimeco

desembolsou150.000 euros,

sendo que o seuvalor em balanço

era de 29 milhons

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 200712 A FUNDO

Industrial (Gadeinsa), proprieda-de de Del Burgo Azpiroz, quempara materializar o projecto crioua Hispano Lusa CompañíaTecnológica de Edificación,empresa participada em 35 porcento pola Caixanova, mentresque outro 32,67 por cento é doorganismo público galego SodigaCapital de Risco. A estas genero-sas ajudas da Junta da Galiza deFraga acrescem os subsídios afundo perdido que recebeu daDeputaçom de Ourense(709.000 euros), governada polo"popular" José Luis Baltar, e daCámara Municipal doCarvalhinho, cujo presidente eraManuel Vázquez (‘Pachi’) -actualConselheiro do Meio Ambientepolo PSOE, partido ao que che-gou depois do CentroDemocrático e Social (CDS) de

Adolfo Suárez.Conforme informou recente-

mente a revista "Interviú"numha reportagem que revisavaa controversa relaçom da famíliaDel Burgo com o mundo empre-sarial, para funcionar, a HispanoLusa contou também com ajudasde diferentes organismos públi-cos. A totalidade das suas déve-das correspondia a operaçonscom a Caixanova, chegando aabeirar-se dos 22 milhons deeuros no 2001. O que maischama a atençom é que a entida-de de crédito galega lhe empres-tasse umha quantia tam elevadade dinheiro sem qualquer garan-tia hipotecaria.

Pouco tempo depois, o filho doex-presidente navarro solicitavanos meios de comunicaçom gale-gos a participaçom dalgum sócio

capitalista para "tornar viável" afábrica do Carvalhinho. Diasmais tarde vendeu a sua partici-paçom ( 35 por cento) na socie-dade utilizada para aceder às aju-das públicas, Hispano Lusa, àconstrutora galega Puentes yCalzadas antes de a fábrica estarsequer funcionando.

O aparecimento do GrupoPuentes, construtora galega per-tencente ao casal José ManuelOtero Álamo e María BlanquitaBiéitez, como comprador dassociedades em quebra dos DelBurgo vai dar-se em ao menosnoutra ocasiom, desta feitaadquirindo umha fábrica situadana localidade madrilena deMeco. Entre os administradoresdo Grupo Puentes sobressai opresidente do Real Clube Celta,Carlos Mouriño Atanes. Os Del

Burgo manifestárom nalgumhaocasiom que nom tenhem qual-quer relaçom com o GrupoPuentes, mas a verdade é que aempresa galega lhes comprouduas sociedades em suspensomde pagamentos a preços muiinteressantes, a galega HispanoLusa e a madrilena Hormimeco.

Pola primeira pagárom dousmilhons de euros, sendo que oseu activo era de 33 milhons.Adquirir a Hormimeco significouao grupo galego um desembolsode 150.000 euros, sendo que oseu valor em balanço era de 29milhons. O Grupo Puentes com-pletava assim o maior grupo deprefabricado de peças de betomda Galiza (agrupado sob a marcaPrethor), já que possui também afábrica Norpresa, em Outeiro deRei (Lugo).

Quando os Del Burgo desembar-cam no nosso País acabam de pro-mover um projecto de característi-cas similares com a inestimávelajuda do Governo da ComunidadeAutónoma de Madrid, presidido naaltura polo "popular" Alberto RuízGallardón, hoje presidente daCámara Municipal dessa cidade.Com boa parte do dinheiro desem-bolsados por instituiçons públicas,o filho do deputado da UPN cria aempresa Hormimeco, dedicada à"concepçom, estudo, investiga-çom, fabrico, comercializaçom, for-necimento, colocaçom em obra emontagem de elementos para a

construçom de obra civil e edifica-çom". Na inauguraçom do empre-endimento está presente, além dopróprio Gallardón, o ministro doFomento, Francisco ÁlvarezCascos, ambos do Partido Popular.

Desta vez, os sócios de JaimeArturo del Burgo, som JuanMiguel Villar Mir e a sociedadeCapital Riesgo da Comunidade deMadrid, que contribui com ummilhom e meio de euros. Domesmo jeito que no caso daHispano Lusa, a empresaHormimeco recebe empréstimosde uma caixa de aforros, nestecaso da Caja Madrid, que à fronte

de um sindicato doutros oito ban-cos, concedeu-lhe mais de 18 mil-hons de euros. Mais tarde recebe-ria outros nove milhons. Dousmeses depois deste crédito aempresa declara-se em suspen-som de pagamentos e os seus 108trabalhadores som despedidos. Acompanhia foi vendida também àPuentes através doutra empresado grupo galego, Noroeste dePretensados. Os créditos, quesomam mais de 25 milhons deeuros, transferem-se com a vendapor 11 milhons, o que significaque a caixa de aforros renunciou arecuperar 14 milhons de euros.

O caso de Hormimeco: empréstimos privilegiadosde Caja Madrid para depois despedir 108 trabalhadores

De esquerda a direita: Jaime Ignacio del Burgo, Manuel Vázquez e Juan Miguel Villar Mir. A família do primeiro, associada com Villar Mir, levou a cabo o projecto do Carvalhinho quando Vázquez era presidente da Cámara

Dous meses depoisreceber um créditoHormimecodeclara-se emsuspensom depagamentos e os seus108 trabalhadoressom despedidos.A companhia foivendida tambémà Puentes atravésdoutra empresa dogrupo, Noroestede Pretensados

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007 13OPINIOM

Del Burgo está ligado a outro negócio polémico no nossopaís com a Família Real espanhola como protagonista

A família Del Burgo está ligada aoutro projecto polémico na Galiza,desta feita protagonizado pormembros da Família Real espanho-la, nomeadamente, Juan deBourbon y Battemberg -o falecidopai do actual monarca espanhol,Juan Carlos I. D. Juan vendeu ailha de Cortegada (Vila Garcia deArouça) a umha imobiliária de quefazia parte Juan Ignacio del Burgocom a intençom de erguer nela umcomplexo turístico e residencial deluxo. A ilha fora doada ao seu pai,Alfonso XIII, por um grupo de caci-ques locais com o objectivo de queo monarca estabelecesse na locali-dade de Carril a sua residência esti-val, projecto que jamais veria a luz.

Na actualidade, o Conselho daJunta declarou a utilidade públicada ilha e a Conselharia do MeioAmbiente iniciou os trámites paralevar a cabo a expropriaçom forçosacom o intuito de preservar a fauna ea flora de um arquipélago (está for-mado por catro ilhéus) que integra,juntamente às ilhas Sias, Ons eSálvora, o Parque Nacional maríti-mo-terrestre Ilhas Atlánticas. OGoverno galego estabeleceu opreço da Cortegada em 500.000euros, quantidade que impede oacordo de venda ao nom satisfazeros proprietários.

Os primeiros passos desterocambolesco negócio dam-se apartir da morte do ditadorFrancisco Franco. Previamente, noano 1958, D. Juan de Bourbon ins-crevera a Cortegada a seu nome noregisto predial de Cambados,pagando só a contribuiçom por 45hectares em lugar dos 54 que tem ailha. Os outros nove hectarescorrespondem a monte comunal,propriedade de todos os vizinhosde Carril, o que lhe causou entravespara levar a termo os seus planosespeculativos.

O construtor de Santiago deCompostela relacionado com aOpus Dei José Otero Núñez, emqualidade de presidente da socie-dade imobiliária Cortegada SA,apresenta no Cámara Municipal deVila Garcia de Arouça em 1979 umprojecto para urbanizar a ilha.

Previa a construçom de umhaponte que a ligasse a Carril, alémde 12 blocos de apartamentos, 75habitaçons unifamiliares, doushotéis de luxo, centros comerciais edesportivos e umha moradia espe-cial para a Casa Real.

Juan de Bourbon vende a ilha àimobiliária por 60 milhons de pese-tas, sendo que o seu valor real anda-ria à volta de 3.000. Este preço defavor só se entende se se tiver emconta que os interesses do pai doactual monarca espanhol estavamrepresentados na empresa atravésde Ramón Pais Ferrín, advogado deJuan de Bourbon e um dos mem-bros do conselho de administraçomda Cortegada SA. Pais Ferrin eranaquela altura assessor jurídico dediversas entidades financeiras gale-

gas, entre elas a Caixa de Aforrosde Santiago. O baixo preço foiumha forma de eludir o pagamentode umha importáncia maior de din-heiro a título de imposto de trans-missom de propriedades. Outrosdos administradores da imobiliáriaeram Filomena Casal Gómez,Gabriel Navarro Rincón, AlbertoIbáñez Trujillo, Enrique Alguacilde la Blanca e José María GarcíaMarcos, além do próprio JaimeIgnacio del Burgo, ex-presidentede Nafarroa, deputado do PP emMadrid e membro da direcçomestatal deste partido.

Quando vem a conhecer-se quea venda tivo lugar, apresentam-seduas demandas judiciais contraJuan de Bourbon. Umha por partedos descendentes de umha famí-

lia que tinha adquiridos os direi-tos de um foro que pesava sobreos terrenos e que voltaria a per-tencer-lhes caso a ilha deixasse depertencer à Família Real e a outrade carácter popular, em que a vilade Carril reclamava a Cortegadaao entender que era a sua legítimaproprietária, umha vez que aMonarquia espanhola se desvin-cula. Estas demandas, assim comoa crescente oposiçom da vizinhan-ça, fam que o projecto fique para-lisado temporariamente.

O primeiro Plano GeralDecorridos três anos, em 1982, oGoverno municipal de Vila Garcia,formado polo PSOE e o PCG che-gam a um acordo com a CortegadaSA para urbanizar a ilha. O acordocoincide com a redacçom do pri-meiro Plano Geral de OrdenamentoUrbano do concelho.

No projecto anterior ao plano osolo da ilha é classificado como nomurbanizável. É aqui que o Governomunicipal inicia os contactos com aCortegada SA, quando muda oplano e o solo passa a ser classificadocomo urbanizável. Porém, a consul-tora encarregada da redacçom doplano -movida polo interesse deconservar a ilha- consegue introdu-zir umha cláusula (a disposiçom adi-cional terceira) que estabelecia umprazo para executar o plano parcialapresentado pola empresa. Se nomse cumprisse, a ilha passaria auto-maticamente a ser considerada deprotecçom especial do litoral cos-teiro e, portanto, nom urbanizável.

Isto serviu ao movimento socialpara pressionar. A imobiliária nomdeu materializado o plano parcialno prazo que estabelecia o PGOUpor causa das dificuldades econó-micas que envolvia um projecto detais dimensons, bem como polacrescente oposiçom popular orga-nizada já na Comissom Cidadá deDefesa de Cortegada (CCDC). Aempresa viu-se obrigada a solicitarprorrogaçons e aí começou o des-gaste. O movimento começou aganhar força e abriu-se um debatepúblico sobre a conveniência deurbanizar a ilha.

Jaime Ignacio del Burgo mantém umha estreita relaçom com Juan Carlos de Bourbon. Um dos seus filhos,Jaime Arturo, chegou a exercer como testemunha no casamento de Felipe de Bourbon com Letizia Ortiz

O PAI DO ACTUAL MONARCA ESPANHOL VENDEU A ILHA CORTEGADA A UMHA IMOBILIÁRIA VINCULADA AO EX-PRESIDENTE NAVARRO

Juan de Bourbonvende a ilha aCortegada SA por 60milhons de pesetas,enquanto o seu valorreal andaria à voltade 3.000. Este preçosó se entende se setiver em conta queos interesses do paido actual monarcaestavam representa-dos na empresa

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 200714 ANÁLISE

A Cortegada SA muda entom deestratégia e tenta construir a todo ocusto a ponte para ligar a ilha aocontinente. O projecto da infra-estrutura previa a construçom deum elevado número de sapatas,única maneira de reduzir custos.Isto é utilizado pola comissom cida-dá para conectar mais com a genteque vive dos parques de cultivo demoluscos bivalves de Carril, o quese traduz na revitalizaçom do movi-mento, já que a obra prejudicariamuito os parques.

Depois da batalha da ponte, queganhan os vizinhos apresentandoumha série de alegaçons ao projec-to, PSOE e PP, este último dirigidopolo ex-conselheiro da PolíticaTerritorial José Cuíña, mudam depostura e defendem umha urbani-zaçom branda. Concorrem entomtrês posiçons a respeito da ilha: aCortegada SA utiliza o argumento"jurídico" de que adquiriu unsdireitos através do plano parcial eque os entraves que aAdministraçom lhe pujo, derivadosda pressom popular, causárom quenom dessem executado o planoparcial. A segunda posiçom encar-nava-a a CCDC, que se recusava àurbanizaçom. A terceira era a quesustentavam PP e PSOE, partidá-rios de umha urbanización branda.Para se levar a cabo este tipo deurbanizaçom era necessário que aempresa chegasse a um acordo como ex-conselheiro Cuíña e com oactual presidente da Cámara deVila Garcia, Javier Gago, do PSOE.Mas como a empresa nom cedeu,Cuiña, imerso de cheio na polémica

instalaçom dos depósitos de hidro-carbonetos no Ferraço (VilaGarcia), decide ceder, arrastandocom ele Gago.

De facto, o salto à inclusom dailha no Parque Natural IlhasAtlánticas calha com a polémica

pola instalaçom dos depósitos doFerraço. Devido à pressom populare à forte oposiçom ao projecto,Cuiña anuncia que vai ceder noque respeita à Cortegada. Afinal, ailha é incluída no Parque Natural,ainda que umha parte continue a

ser hoje propriedade da empresa,que reclamava até há pouco aoEstado 20.000 milhons de pesetaspor nom ter podido explorá-la parao turismo como pretendia, chegan-do mesmo a demanda até oSupremo Tribunal espanhol. Na

actualidade, a ilha foi classificadade interesse público e continuaenvolvida num processo de expro-priaçom forçosa.

Umha ilha roubada à vizinhança de Vila GarciaA ilha foi passou a ser propriedade daFamília Real espanhola na sequéncia dasgestons realizadas por um grupo de caci-ques locais que vírom no projecto de cessomumha maneira de dinamizar turisticamentea regiom. Com este propósito formam a"Comisión encargada de adquirir y donar laIsla de Cortegada", que estava integrada porFrancisco Padín Piñeiro, José Benito PortoRial, Daniel Poyán, Teodosio GonzálezDeza e Valeriano Deza García. Estas pesso-as encarregárom-se de se apropriar dosterrenos da ilha, um total de 54 hectaresdivididos em 1.224 lotes que pertenciam amais de 800 proprietários. Na ilha viviamnesse momento mais de 200 pessoas e, mui-tas delas, fôrom obrigadas a abandoná-la.Nom todos os proprietários chegárom areceber dinheiro polos seus terrenos e nos

casos em que os donos dalgum terreno nomaparecérom, pois muitos estavam emigra-dos, fôrom adquiridos em leilom judiciário.Daí que, apesar do tempo decorrido, entreos vizinhos de Carril ficasse a sensaçom deterem sido vítimas de um roubo.

Em segundo lugar intervenhem um grupode pessoas que se encarregam de avalizarfinanceiramente a operaçom diante doBanco de Espanha. Som estas pessoas que,pola sua importáncia económica e política,mantenhem relaçom directa com a CasaReal. Este grupo de 48 notáveis ampara adiversos níveis o projecto. No apoio à resi-dência real significárom-se políticos de notacomo Montero Ríos; representaçons deentidades empresariais como a "VillagarcíaIndustrial" e a"Compañía General deElectricidad"; empresários como Juan

Fernández Latorre (fundador do jornal "LaVoz de Galicia") e José Barreras (fundadordo estaleiro viguês Barreras) e advogadoscomo Cobián Rofignac (ex-ministro espan-hol) ou Felipe Ruza (Decano do Colégio deAdvogados da Província de Ponte Vedra).

Para aceitar o presente, Alfonso XIII,como se lhes estivesse a fazer um favor,exigiu várias condiçons: a primeira, que ailha lhe fosse doada na sua integridade,quer dizer, todas e cada umha das proprie-dades aí existentes passariam a fazer partedo seu património. A segunda foi que adoaçom da ilha ficasse livre de qualquertipo de carga. As condiçons fôrom aceitas eno mês de Agosto de 1907 formaliza-se aescritura de doaçom ao monarca espanhol,quem em Setembro visita a ilha pola pri-meira e derradeira vez.

Na actualidade, a ilha de Cortegada foi classificada de interesse público e continua envolvida num processo de expropriaçom forçosa

Juan de Bourbon e Battemberg

GOOGLE EARTH

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007 15ANÁLISE

ANÁLISE

Em Agosto de 2003, os vizin-hos de Rande (Concelho deRedondela), soubemos pola

imprensa que a empresa DuchessSA prentendia instalar umha fábricade cimento ao pé do estreito deRande, aproveitando as antigas ins-talaçons do carregadoiro de minério.

Imediatamente, organizámo-nosatravés da Plataforma em Defesada Enseada de Sam Simom, e apre-sentámos na Cámara Municipal deRedondela, responsável pola licen-ça urbanística, mais de 300 alega-çons individuais e colectivas contrasemelhante despropósito. Estaplataforma está formada por asso-ciaçons de vizinhos, culturais,empresariais e cidadáns daEnseada de Sam Simom. Nelanom intervenhem os partidos polí-ticos nem os sindicatos.

Também apresentámos as opor-tunas alegaçons junto daAutoridade Portuária de Vigo, res-ponsável por tramitar a parte doexpediente do Domínio PúblicoMarítimo Terrestre.

Logo desde o início solicitámosentrevistas com o Presidente daCámara Municipal de Redondelae com o Presidente da AutoridadePortuária de Vigo. Estas entrevistasnunca se dêrom concretizado aonom recebermos qualquer respos-ta. Mantivemos encontros pon-tuais com os três porta-vozes dospartidos que componhem o grupode governo da Cámara Municipalde Redondela: PSOE, BNG e IU.

Da leitura dos projectos destafábrica e do conhecimento das leisque as graves circunstáncias nosfaziam ter, a soluçom era evidente:

o Regulamento de ActividadesMolestas, Insalubres, Nojentas ePerigosas (RAMINP) qualifica asempresas cimenteiras como insa-lubres, e o artigo 4º desta Lei obri-ga a situar as empresas insalubres a2000 metros de núcleo urbano.Existe um núcleo habitado a 60metros do lugar onde pretendiainstalar-se esta cimenteira.

Para cúmulo, os projectos queapresentou esta empresa nom cum-priam as normas subsidiárias daCámara Municipal de Redondelapara a edificaçom na zona em quepretendia situar-se. Em lugar de umúnico projecto fôrom apresentadostrês para se tentar dividir o efeitototal em três partes de maneira adissimular ou distrair a gravidadedesta instalaçom.

A atitude do grupo de governoda Cámara Municipal deRedondela, apesar de nos dizerque era contra esta cimenteira, foide total passividade e permissivi-dade com a empresa, à qual fôromdadas todas as facilidades para seimplantar. Denunciámos este com-portamento junto da Conselhariado Meio Ambiente, que nos deu arazom e obrigou a CámaraMunicipal de Redondela a exigir àDuchess SA a redacçom de umnovo e único projecto.

Durante a segunda metade do ano2003 e todo o 2004 até Setembro,data em que à Cámara Municipal deRedondela nom quedou mais escol-ha que recusar licença urbanística,nom parámos de trabalhar paraimpedirmos que esta empresa se

localizasse numha paragem tam for-mosa e protegida pola RedeEuropeia Natura 2000, constituindoo LIC (Lugar de InteresseComunitário) Enseada de SamSimom. Além da batalha legal queempreendemos logo desde o início,foi determinante a mobilizaçomsocial dos vizinhos, quer concorren-do às sessons plenárias concelhias,quer peregrinando a Santiago paralevarmos a reinvindicaçom a todosos pontos do Caminho, pois os meiosde comunicaçom social faziam-semui pouco eco deste projecto, rele-gando a notícia para as páginas locaise dando-lhe escassa extensom, ape-sar de que a cimenteira acarretariagravíssimas repercussons ambientaise sanitárias a toda a Ria de Vigo

A salientar que, logo desde o

início do ano 2004, pugemos emmarcha a recolha de assinaturas dosvizinhos de Redondela para pedir-mos umha sessom plenária naCámara Municipal em que se deba-tesse esta questom e se recusasse alicença, ao abrigo da legislaçomestatal e autonómica em vigor departicipaçom cidadam, doConvénio de Aarhus e da AgendaLocal 21. Colhemos mais de 5000assinaturas, o que representa 25%da populaçom com direito a voto doConcelho de Redondela e apresen-támo-las nos primeiros dias do mêsde Julho. Pois bem, apesar de sedizerem em contra desta cimenteirae apesar de estarem legalmente obri-gados a convocar a sessom plenária,estes elementos que administram aCámara Municipal de Redondelarecusárom-se a convocá-la. É assimcomo nos governa esta tropa?

Queremos agradecer ao povo deRedondela em geral, que nosapoiou desde o início, e ao povo deRande em particular, que demons-trou a sua coragem. Entre todosevitámos umha desfeita. Eis o quemuitos dos nossos administradorespúblicos entendem como desen-volvimento sustentável.

Opomo-nos à cimenteira de Rande

Futura localizaçom da cimenteira projectada em Rande, Redondela

POR ANTÓNIO LORES, PRESIDENTE DA PLATAFORMA EM DEFESA DA ENSEADA DE SAM SIMOM

A atitude do Governode Redondela foi detotal passividade epermissividade com aempresa, à qual fôromdadas todas as facilidadespara se implantar

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NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 200716 CULTURA

CULTURA

Como decidides começar?Sito: Juntamo-nos um grupinho

de amigos, todos da comarca, cominfluências musicais parecidas:Barrikada, Los Suaves... e na GalizaZënzar, de Cerzeda, que som todoum referente.

Tínhades muitos meios?David: Nada, nada, tudo à base

de voluntarismo, angariandorecursos com quotas para comprara aparelhagem, fazendo um botecomum com a arrecadaçom dosconcertos. Mas a vontade podecom tudo...

Óscar: E assim, aos poucos,vamos ganhando um espaço emtodo o País, sobretudo desde 2005,com o programa de Xurxo Souto'Aberto por Reformas'

Cançons em galego e conteúdoscombativos. A que se deve?

Sito: Nunca nos passou polacabeça cantar noutro idioma quenom fosse o galego.

Óscar: E as letras respondem aosinteresses de quem as escreve, mas

aceitamo-lo todos.David: Sim, sobretudo o dos

'foucelhas', que está mui ligado àsluitas de aqui, à tradiçom da zona.

Que dizedes do apoioinstitucional?

David: Em Ordes bem, deve serporque para a Cámara éinteressante promover-nos e, depassagem, que soe o nome da vila,isso é tudo. Agora, por nósperfeito...

E depois da mudança na Junta?Sito: A mudança na rádio, brutal,

para bem, e sobretudo polas dotesde comunicador de Xurxo Souto.Antes conheciam-nos na comarca,e agora em muitos sítios diferentesda Galiza que tocamos, dizem-nos'ah, vós sodes os de Kastomä, e istoe aquilo...'; gratifica muito.

David: A Junta pujo emandamento umha rede de actuaçonsde grupos, mas a língua nom é ocritério de escolha: é o 'caché'. Nósficamos de fora... acho que seprecipitárom com a iniciativa,

muitas pressas, e depois...

Existem espaços onde tocar nonosso País?

Óscar: Nós temos umha 'rede' depubs e salas a que estamosagradecidos (nom os podemos citartodos) porque nos permitírom darmui bons concertos: Gatos emMelide, Nasa em Santiago...

David: agora convidárom-nos aalgum CS, em Março vamos aArtábria.

Os grupos em galego voltades acoordenar-vvos. Nasceu komuni-kando.net.

Sito: Sim, claro, nós estamos aí, éum projecto necessário. E nacomarca também criamos umhaassociaçom para fomentar osgrupos e a produçom cultural,como pode ser o artesanato. Nomse trata só de ir tocar, mas de fazercontactos prévios, anunciar osconcertos, actualizar o sítio web. Epara isso precisamos de um poucode profissionalizaçom, dar passospara a frente.

REDACÇOM / A CiberIrmandadeda Fala (www.ciberirman-dade.org), um dos colectivos naInternet com maior actividadeem prol da normalizaçom donosso idioma, tem Caixanovacomo alvo da sua última cam-panha: conseguir que o sítioweb corporativo da entidadebancária inclua umha versomem galego.

Por enquanto, Caixanova jáenvia as suas comunicaçons emgalego aos clientes que o solici-tarem, mas continua ignorandoo nosso idioma no seu portal narede. Na opiniom da Ciber-Irmandade, resulta paradoxalessa invisibilidade do galego,sobretudo quando o projecto'Obra Social' da Caixa di ter assuas raízes no compromisso coma Galiza e no enriquecimento dopanorama sócio-cultural.

Para a associaçom é surpreen-dente o facto de, umha entida-de que se di comprometida coma cultura do País, esquecer "noseu funcionamento quotidianoo idioma galego, activo princi-pal e fundamental do panoramasócio-cultural".

Acham também que a atitu-de de Caixanova constitui "umsurpreendente desleixo na suapolítica de atençom ao clientee de qualidade no tratamento".

Finalmente, lembram quecom apenas "umha mínimaparte dos 160,6 milhons deeuros de ganho" que tivo a enti-dade em 2006 seria possívelincluir umhaversom em galego para os clien-tes de Caixanova -a maior partedeles da Galiza- poderem ace-der com normalidade aos seusserviços no idioma do País.

“Nunca nos passou pola cabeça cantarnoutra língua que nom fosse o galego”

Reclamam que Caixanovainclua o galego na sua web

ANTOM SANTOS / Óscar, David, Sito, Xoán Carlose Xurxo formam Kastomä, um grupo de rockgalego que cada vez soa com mais força. Novas daGaliza entrevistou os três primeiros no seu localde ensaio de Ordes, de onde todos somoriginários. Há sete anos que estám a criar no

nosso idioma, com voluntarismo e sem apoios, eaguardam que agora se abra umha nova via para amúsica galega. "Isto começa a mudar, sobretudograças à rádio galega", dim-nnos. A difusom da suaúltima maqueta, Mestre de Pesadelos, está a sertodo um sucesso.

Kastomä, rock de Ordes

Movimento Defesa da Línguafechou actividades do seudécimo aniversário REDACÇOM / A sua IX Assem-bleia centrou-se na clarificaçomda estrutura organizativa, naanálise do momento actual doMovimento Reintegracionista edo processo de regeneraçom dalíngua e da cultura. Tambémforam aprovados os objectivosdo MDL para este próximoperíodo que agora começa eligado a estes objectivos umaplanificaçom de actividadespara todo o 2007 .

Os Responsáveis do novoConselho foram aprovados porunanimidade resultando eleitaTeresa Carro como Responsávelde Organização, Bruno Ruivalcomo Responsável de Finançase Material, Noemi V.Nogueiras Responsável deActividades Irene Veiga eResponsável de Comunica-çom Luís F. Figueiroa.

Destaque especial desta

assembleia que finalizou ascomemorações dos 10 anos daorganizaçom, som as 12 resolu-çons que pretendem fazer umpercurso nom exaustivo polosacontecimentos de maior rele-vância destes últimos tempos arespeito da defesa da língua e dacultura galega. Entre elas pode-mos destacar os parabéns a pro-posta da A. Nac. do BNG paraque Galiza recupere o fuso horá-rio nacional, às Ciberirmandadesda Fala, a Câmara Municipal deCorcubiom por ser a primeiraentidade pública em realizarumha versom da sua página webem reintegrado, a CâmaraMunicipal de Ponte Vedra polosucesso desta convocatória deCantos na Maré como evento derelevância cultural na Lusofonia,e a outras pessoas ou entidadesrelacionadas com a língua, comoVia Galego ou Xurxo Souto.

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007 17CULTURA

María Yáñez, ex-directorade Vieiros, informou-nos,num artigo recente

publicado no El País, da alergia àInternet padecida polo actual pre-sidente da Real Academia Galega(RAG). Nom conhecíamos ainda adoença de Xosé Ramón Barreiro,mas podíamos imaginar que cedoou tarde se produziriam reacçonsalérgicas entre as novas ferramen-tas comunicacionais e as institui-çons tuteladoras do outrora deno-minado 'génio' lingüístico. A des-confiança nom deve arrancar sódeste organismo, digamos, anti-quado. Caminha bem mais veloz,porém, em direcçom contrária, atéo ponto de se ter tornado desprezopara muitos e muitas das novasutentes da língua. É umha falta deconfiança que já nom leva emconta o submetimento ao Reinonem o conservadorismo históricoque traduz o próprio nome da RealAcademia Galega; assenta unica-mente na constataçom de teremdeixado de ser, esta e outras, ins-trumentos válidos para 'limparem,fixarem e darem esplendor' aonosso principal instrumento cria-tivo e comunicativo. O esplendorluz, como sempre nos fijo notar o'senso comum' popular (isso sim,com outras obscenas palavras), naspossibilidades comunicativas quenos abre a língua, e a 'limpeza' e a'fixaçom' nom podem estar à espe-ra do critério de umhas mastodôn-ticas 'autoridades' incapazes deacompanhar o uso vivo da língua.Alguém levantará a voz nestemomento ('quanta irresponsabili-dade!') e voltará com a ladainha de'a língua nom poder caminharsozinha'. Mas na verdade caminhasozinha há muito tempo, décadassom cada vez mais tempo, ignoran-do os ditados de umhas institui-çons académicas que só conse-guem impor-se através de um ensi-no que nem de longe conseguemanter no uso total da língua as

pessoas mais afectas a ela. E quemsim se mantém? Realmentealguém pensa que os ditados daRAG som modelo de correcçompara quem decide fazer do galego oseu meio de expressom ou cria-çom? O modelo de correcçom está,há tempo, no ámbito comunicativoem que estamos insertos, o espan-hol. Os textos dos nossos maisbadalados escritores e escritorasestám repletos de indisciplina nor-mativa, mas quase sempre somcoerentes até o extremo com omodelo de correcçom que os meiosde comunicaçom espanhóis, e nomas academias, marcam como úni-cas possibilidades estilísticas. Veja-se, senom, o uso que (nom) se faina actualidade do infinitivo flexio-nado ou o que (sim) se fai da pre-posiçom com complemento direc-to. Veja-se senom como dezenasde palavras se incorporam (sema-nalmente) à língua filtradas poruns meios de comunicaçom quenom esperam a publicaçom deglossários, reediçons de dicionáriose muito menos a palavra da RAG.O ámbito comunicativo é a actuale verdadeira Academia da Língua,rápida e imparável através dos maisdiversos meios de comunicaçom.

Os utentes modernos da língua,aqueles e aquelas que queremtirar-lhe todo o proveito, já nomusam gramáticas, mas livros deestilo, já nom usam dicionários deautoridades, mas dicionários deuso; até preferem inventar palavrasa usarem vocabulários ou glossá-rios. Umha grande parte usa só ogoogle. E eu alegro-me. O critériode umhas quantas autoridades,reunidas em torno de outros quan-tos interesses deixou de ter legiti-midade para programar o futuro dalíngua. Na Galiza, aliás, nunca che-gou a tê-lo. Significa isto a defun-çom de qualquer critério ou políti-ca normativa para o galego? Nom,longe disso, estes critérios somconstruídos polo conjunto dacomunidade lingüística interessa-da em fortalecer o idioma, atravésdas mais variadas ferramentas deintervençom lingüística, nomeada-mente os meios de comunicaçomde que queira dispor e no ámbitoem que se decida inserir. Entreessas ferramentas, a Internet, comgrande pesar da RAG. O ensino sótem de acompanhar essa dinámica,com a mediaçom dos e das melho-res profissionais, mas nom deumha instituiçom caduca.

O reintegracionismo nom podeopor ao conservadorismo académi-co mais do mesmo. Deve demons-trar (ou constatar o que os factos jádemonstraram) que a actual 'aca-demia' da língua é infelizmente oámbito comunicativo espanhol, eque as diversas instituiçons lin-güísticas imperantes só contampara dar legitimidade autóctone aesta preocupante subordinaçom.Deve incidir na importáncia denos recolocarmos no mundo, demudar de ámbito lingüístico,como tam acertadamente nosaconselha outro colaborador des-tas páginas cada mês. Algo dissocomeçou já a acontecer, e onde senota, claro, é na Internet. É-che oque tem a democracia.

EM DEBATE

REDACÇOM / A compostelana SalaNasa organiza no mês de Janeiroumha nova ediçom do ciclo deespectáculos 'Portugaliza' que pro-tagonizam artistas portugueses domundo da música e do teatro.Este ciclo, que sem periodicidadefixa se vem organizando desde1995, visa oferecer umha imagemmais contemporánea e actual dePortugal e da sua cultura, fugindodos tópicos e normalizando a pre-sença de artistas de além-Minhonos cartazes galegos.

Precisamente o início do'Portugaliza' de 2007 começavacontra o fecho da ediçom destejornal, no sábado dia 13, com aactuaçom dos lisboetasBangguru -música pop eelectrónica. As actividadescontinuarám no dia 18 às 22h,com mais música: o rock quetrazem do Porto os Trabalha-

dores do Comércio -um dosgrupos mais veteranos epopulares que deu este géneroem Portugal.

Nos dias 19 e 20 às 22hhaverá teatro com arepresentaçom de Nada ou oSilêncio de Beckett, um dosespectáculos com mais fama doTeatro de Marionetas do Porto.

O programa para os dias 23 -às 21h30- e 25 -às 22h-protagoniza-o a associaçomTrigo Limpo; na primeira datapara oferecer um recital demúsica popular portuguesa -Cantos da Língua-, e nasegunda para a peça teatralHistórias de Solidão.Finalmente este ciclo culturalserá encerrado nos dias 26 e27, às 22h, pola companhiaPeripécia Teatro com a suaobra Ibéria.

AUDIOVISUAL

As Academias já nom servemEDUARDO SANCHES MARAGOTO

“O critério de

umhas quantas

autoridades,

reunidas em torno

de outros quantos

interesses, deixou

de ter legitimidade

para programar o

futuro da língua”

Portugal enche as redesda Nasa em Janeiro

CICLO PORTUGUÊS NA SALA NASA

Bangguru é um dos grupos portugueses que estarám na NASA

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 200718 E TAMBÉM...

Falava eu há já por volta deA pessoa autora destafrase nom é um ser

anónimo numha conversainformal num café ou aproprietária de um bloguepessoal. Polo contrário, é umex-quadro dirigente de ummeio nacional galego a escrevernum outro meio decaracterísticas similares;estamos em 2007 e estedecalque do espanhol estálonge de ser um caso isolado.

Muito se tem lamentado arespeito da sociedade galega edo impaís que somos. Ora,apontar com o dedo para alabrega ou o pescador, como secostuma fazer, nom deixa deser um acto míope. Afinal,quem mexe ou pode mexer ocaldo social som outras pessoas,

quer elites consolidadas, queraspirantes a.

A raça de 'aspirantes a' érelativamente numerosa nonosso País. Caracteriza-se porviver numha fantasia, o que élícito e até comum, mas o quejá nom é tam legítimo éesperarem de nós que vivamoso seu devaneio.

A fantasia a que me estou areferir é acharem que estám aoferecer à sociedade um'produto original' emconcorrência com o produtooriginal dominante. Noentanto, para isso há que darum passo iniludível que exigeradicalismo e maduraçom:originalizar-sse um próprio.Como diz o ditado popular,nom se podem pescar truitascom as bragas enxuitas.

JOANA PERES / Ingredientes(4 pessoas):

4 colheres de queijo parme-são ralado, sal e pimenta-do-reino a gosto, 4 torradas aman-teigadas, 4 ovos separados.

PREPARAÇOM:Acender o forno. Temperar

as claras com sal e pimenta-do-reino e bater em neve.

Arrumar as torradas numaforma refratária e colocar sobrecada uma um mantinha de clarabatida em neve.

Em cima de cada montinho,colocar uma gema.

Levar ao forno preaquecidoaté as gemas assarem. Salpicaralgo de queijo parmesão e ser-vir.

ARROZ COM CHÍCHAROS

Ninhos de Amor

LÍNGUA NACIONAL

IVÁN CUEVAS / Desde textos quereflectir à volta das políticas docorpo até receitas de cozinha einquéritos sobre o carisma das'estrelas' da televisom. Eis os conte-údos de As + Perralheiras, a 'vozescrita das Maribolheras Precárias'.Este colectivo queer, herdeiro deredes históricas como Act Up, tem-se feito célebre desde o seu nasci-mento, a 26 de Junho de 2004, como seu activismo cultural e um senti-do festivo das reivindicaçons contrao género. O seu nome chegamesmo fora do País, com a sua par-ticipaçom na Rede contra aHomofobia (junto a colectivos deEuskal Herria, Andaluzia,Catalunha, Portugal e Madrid) e osseus contactos com activistas detodo o mundo.

A revista, assim, nom é mais doque um perfeito reflexo em papelda conceiçom do activismo de umgrupo que nom por reivindicarumha outra sexualidade esquece asua condiçom de precárias. As +Perralheiras acolhe também cróni-cas das actividades dasMaribolheras e da noite corunhesa,umha entrevista por número ediversos artigos sobre música, cine-ma ou política. O seu posiciona-

mento é sempre crítico, questio-nando a sociedade em geral e criti-cando muitos dos roteiros (consu-mistas, reformistas, conciliado-res...) polos quais caminham agoracertos movimentos de libertaçomsexual, afectiva e de comportamen-to. No último número publicado,entre outros conteúdos, as suaspáginas recolhem informaçomsobre o movimento queer interna-cional (com umha entrevista aQueers Without Borders e umtexto da activista lésbica chicanaGloria Anzaldua), artigos sobre o

conceito do corpo, as relaçons entreo movimento queer e o indepen-dentismo ou o poeta Lois Pereiro.Para o próximo número, que aindaestám a preparar, anunciam umartigo sobre os movimentos sociaisactuais na Galiza e umha entrevistacom a poeta Maria Lado. Cadanúmero de As + Perralheiras temumha tiragem de 1.000 exempla-res e vende-se ao preço de 'o que tuconsiderasses... estaria bem'. Paraconsegui-la ou contactar com asMaribolheras Precárias o seu mail émaribolheras@hotmail. com.

ENTRE LINHAS

As maribolheras mais precárias eperralheiras

Assim denominou Ivan Bloch aconstituiçom da Sexologia comociência em 1906.

O período que compreendedesde 1886 à Segunda GuerraEuropeia é básico para configurara Sexologia como ciênciaindependente. Nessa altura tivolugar na Europa Central o que secalhar foi o movimento maisimportante que nunca antes setinha dado neste ámbito. Pessoasde diferentes campos (antro-pologia, medicina, psicologia,filologia, filosofia...) coincidíromno objectivo inicial de des-psiquiatrizar os estudos noámbito sexual, o que mais adiantederivou numha reforma maisprofunda.

Múltiplas publicaçons, aprimeira revista de sexologia,

fóruns de debate, o InstitutoHirschfeld de Berlim (primeiroinstituto de Sexologia dahistória)... dam conta darevoluçom emergente no eixogeográfico que oscila entreAlemanha, Áustria, Dinamarca eInglaterra.

Em 1921 realiza-se o primeirocongresso do qual surde a LigaMundial para a Reforma Sexual,instituiçom integrada por nomescomo Havelock Ellis, Ivan Bloch,Hirschfeld... e baseada em dezprincípios dos quais o primeiro é aigualdade entre sexos.

A chegada do nazismo ao poderinicia a destruiçom do movimentocom a queima pública dos livrosdo Instituto Hirschfeld, à qualseguirá a perseguiçom das pessoasque o integram (retaliadas ou

exiladas). A guerra tinha-seencarregado de apagar do mapaeuropeu, quase por completo,toda aquela linha científica.

O relevo, anos despois, tomam-no os funcionalistas estado-unidenses (Kinsey, Master &Jhonsons...) com um enfoquediferente: volta-se ao conceito desexo como prática perante o sexocomo integrador da pessoa, volta-se ao sexo perante os sexos.

Nos anos 80 (s. XX) com o boomda Sexologia, foi a correntefuncionalista a que ficouconsiderada como criadora daCiência da Sexologia; o anteriorficou no esquecimento.

Desaparece na prática todaumha linha de pensamento que,hoje que o funcionalismo está aagonizar, ainda está por recuperar.

A CONJUGAR O VERBO SEXUAR

BEATRIZ SANTOS

A " Sexualwissenschaft "

A outra cousa, borboleta

VALENTIM R. FAGIM

Capa do primeiro número da voz escrita das maribolheras

DESCOBRE O QUE SABES... Por Salva Gomes

1. Quando falamos em Portugal eoutros lugares de poda-aa-vvinha, de queestamos a falar?

a) Camponês/a a trabalhar na podadas vides

b) Espantalho das videsc) Pássaro

2. Que pintor captou como ninguém asolidom na sociedade estado-uunidense?

a) Warho b) Hopperc) Klee

3. Quem traduziu para o galego o livrodo revolucionário vietnamita Ho ChiMin Jornal de Prisom?

a) Celso Emílio Ferreirob) José Neira Vilasc) Isaac Dias Pardo

4. Onde se realiza a 1ª assembleianacionalista no ano 1918?

a) Ponte Vedra b) Lugo c) Corunha

5. Quem escreveu As rolas deBakunin, novela que nos leva aos anostrinta, à guerra e repressom fascista norural galego?

a) Anxel Foleb) Riveiro Coelhoc) Suso de Toro

6. Como morreu a arquiveira JoanaCapdevielle, mulher progressista, depoisde ser detida na Corunha em Agosto de1936 em pleno fulgor fascista?

a) Doente na cadeiab) 'Passeada'c) Fuzilada depois de um julgamento

sumaríssimo

ERRATA: No 'Descobre o que Sabes' donúmero anterior, a pergunta “Em que anoescreveu Daniel Castelao o Sempre emGaliza...?”, deveria estar formulada doseguinte modo: “Em que ano foi publicadoo Sempre em Galiza de Daniel Castelao...?”A resposta é 1944.

Soluçons: 1.c) pássaro 2.b) Hopper 3.b) J.Neira Vilas 4.b) Lugo 5.b) Riveiro Coelho 6.b)'passeada'

NOVAS DA GALIZA15 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007 19DESPORTOS

DESPORTOS

Desporto depois do Natal

As fugas compensatóriasinçam a nossa sociedade.Na opulência da mercado-

ria nom se vive, sobrevive-se. Ficaclaro como temos de sobreviversob a sujeiçom da economia; o queresta do horário laboral, a gosto doconsumidor, é a quota dedicada adesconexons inofensivas.

Mamamos poluiçom e barulho,mas permite-se-nos em tempo dereserva visitar a 'autenticidade' doagro, convertido em museu paraos congestionados urbanitas;devoramos produçom cultural emsérie, anglo-saxona, espanhola earquetípica, mas ainda temos fes-tivais institucionais 'alternativos'para sentir-nos à vontade no 'dife-rente' (a exaltaçom da 'diferença'é o atributo por excelência dapublicidade, de Audi ao festivalde cineuropa); vivemos rodeadosde espanhol e espanholismo masainda podemos ler 'intelectuaisgaleguistas' -mesmo na sua varie-dade radical- nas colunas dosgrandes empórios mediáticos;desconhecemos a composiçom dolixo que comemos, mas já se ofe-recem prateleiras para o 'natural ebiológico'; perdemos as praçaspúblicas, mas cedem-nos os chatse os foros, onde o anonimato per-mite fingir virtudes e desatar semlimite nem cortesia os nossosesgotos interiores.

Umha conhecida revista des-portiva espanhola publicava sempudor nenhum um artigo intitula-do 'Sobreviver ao Natal' nos diasprévios às férias. Nem falava dossubúrbios das nossas cidades nemdos bairros de Marrocos.

Referia-se desvergonhada à inva-som calórica das comidas de setepratos e oferecia um amplo lequede produtos de consumo para'sobreviver' ao auto-canibalismo doconsumo: passadeiras de correr,

pulsímetros, calças curtas, saunas,loçons. Já que nom podes apostarna cordura e a saúde, maquilhemosa sem razom colectiva.

Invasom de carros, multiplica-çom dos trabalhos absurdos semfunçom social, tecnologias do isola-mento, invasom dos gabinetes elojas comerciais, jornadas laboraisatados a umha cadeira e um ecrám.

Dos índices de prática desporti-va mais baixos da Europa; partici-paçom marginal da juventude nosgrandes desportos de esforço(nataçom, ciclismo, atletismo);

estádios de futebol cheios e cam-pos e canchas solitárias; museusde etnografia aqui e acolá e des-apariçom dos desportos tradicio-nais; desconhecimento da nossageografia mais próxima e identifi-caçom com a virtual; ausência decultura alimentícia e multiplica-çom da obesidade entre as crian-ças das classes populares.

E aliás, desprezo do nacionalis-mo e de quase toda a esquerdareal por estes aspectos, tam ele-mentais como a 'mais-valia' ou aparticipaçom social, e susceptí-

veis de gerar práticas eficazes parahoje. Como compensaçom, onegócio dos ginásios, o desportoautista privado de convívio, ou umculto absurdo ao corpo que enten-de a saúde como exibiçom físicana passarela e nom como umhaconquista integral. Estám-che adizer que, se te estragas e arruínaspara favorecer a economia, nomtemas. Do desafogo tambémsabem fazer negócio.

Se esta sociedade está sá,entom os poucos doentes queficamos corremos sério perigo.

“Referia-sedesvergonhada àinvasom calórica dascomidas de setepratos e oferecia umamplo leque deprodutos de consumopara 'sobreviver' aoauto-canibalismodo consumo:passadeiras de correr,pulsímetros, calçascurtas, saunas, loçons.Já que nom podesapostar na cordurae a saúde,maquilhemos asem razom colectiva”

“Dos índices deprática desportivamais baixos daEuropa; participaçommarginal da juventudenos grandes desportosde esforço (nataçom,ciclismo, atletismo);estádios de futebolcheios e campos ecanchas solitárias;museus de etnografiaaqui e acolá edesapariçom dosdesportos tradicionais”

POR RUBÉM DAFONTE

OPINIOM

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OPINIOM 2EDITORIAL 3NOTÍCIAS 4INTERNACIONAL 8

A FUNDO 11ANÁLISE 15CULTURA 16DESPORTOS 19

“Nunca antes houvo tal quantidade de bandas, com estavariedade de estilos e umha qualidade musical aceitável”

MARCOS PAYNO MÚSICO

- CComo nasceu a ideia da PerLoca e quando se originou?- A ideia da Per Loca Marítimaera um projecto no que Maria deMalpica, Rosa Maside e CarlosSantiago andavam ás voltas, elesfôrom quem contactaramChispón, um rapaz de Lalimemigrado em Barcelona, queandava com a teima, juntamentecom outras pessoas, de montaruma compilaçom de bandasgalegas e nom galegas, com aúnica condiçom de cantarem emgalego. Acordamos que um discoassim tinha de ter umha conti-nuidade. Entom surgiu a ideiade montar umha web onde asbandas actualizassem e partici-passem com propostas, abrindodebates, etc. Depois de váriasassembleias, os projectos unifi-cárom-se e a ideia começou aandar com o apoio de todos osparticipantes. O mais importan-te foi que nos vimos as carasentre os músicos, cousa inovado-

ra numa compilaçom, pois nor-malmente os grupos cedem otema e nom fam mais. É um tra-balho controlado polos músicosparticipantes em todos os seusprocessos.

- QQuem participa na suaelaboraçom?- A participaçom fundamentalé a das bandas que aparecem nacompilaçom, mas tambémhouve gente que ajudou deforma desinteressada. Esta foi aprimeira de muitas iniciativasque estamos a preparar. Está aideia de organizar algum festi-val da Per Loca; em Janeiroestreia-se Komunikando TVcom entrevistas ás bandas,reportagens, música e humor.Prepararemos as biografias degrupos já desaparecidos numhasecçom que se chamaDescatalogados. Estamos afalar com aregueifa.net paratrabalhar na saída de discos sob

licença da Creative Commonspor parte dos grupos que assimo desejem.

- QQual seria o nexo de uniomentre os grupos para além defazer em música em galego?- Na compilaçom há grupos quenom som galegos mas que têmdalgumha maneira algo a ver coma Galiza. Nom é a primeira vezque pessoas como Manu Chaoparticipa em iniciativas por estasterras (Feira das Mentiras,Nunca Mais, Selecçom Galega,Uniom Bravu).

A ideia era fazer uma compila-çom com repercussom interna-cional e também com a participa-çom internacional.

Há pessoas da Argentina,Colômbia, França... que colabo-rárom de forma desinteressadano projecto.

- CComo se faz a distribuiçomdos CD?- O CD é distribuído integra-mente polos grupos ou porKomunikando.net. Só se podemercar em bares e nos concertosdos grupos que participam naPer Loca.

- Onde se ideou o disco?- Ideou-se entre Barcelona e aGaliza. Ali já tinham experiênciapor umha iniciativa similar cha-mada A Colifata; mantivemoscontacto com a gente de CheSudaka e do Casal de Nou Barri.O único que se fixo ali foi aremasterizaçom dos temas, por-que lá dispõem de estudos aosquais aqui temos acesso préviopagamento dumha quantidadeimportante. Para mim é o maisatractivo do CD, a participaçomde gente de diversa procedênciafazendo um disco promocionalde bandas em galego.

- EE o panorama para a músicaem galego?- Musicalmente e em númerode bandas, considero quenunca antes houve tal quanti-dade de bandas, com esta varie-dade de estilos e umha quali-dade musical aceitável oumesmo boa em muitos casos.Mas continua sem haver infra-estruturas, locais de ensaio,promoçom institucional... Seisto nom mudar num prazo detempo breve, os grupos come-çarám a desaparecer. As bandas

necessitam de tocar para conti-nuar para a frente, necessitamde ter rendimentos, e este éum problema que só vim nestePais. Aqui, logo que há dinhei-ro, trazem-se bandas de fora,mas quando nom há dinheirochamam-se três ou quatro ban-das galegas, dá-se-lhes a comi-da e parece que ainda tens deficar agradecido por te chama-rem a tocar. Estamos assimnum estado de voluntarismoconstante que deriva em que émuito estranho que umhabanda dure mais de três ouquatro anos, tornando impossí-vel umha cena musical galegamedianamente normalizada.

- TTens novos projectos comgalegoz ou abrirás novas vias deexpressom?GalegoZ é um projecto que está acomeçar a andar. Agora estamos aincorporar um vídeo DJ que dispa-ra imagem em directo para fazer oque queríamos num principio, umespectáculo multimedia. Alémdisso, Denis mais eu temos a bandavirtual Le Glamour Grotesque.Podem-se baixar os discos em are-gueifa.net totalmente grátis.

F. MARINHO / Grupos galegos e nom galegos que se achegam do públi-co com um único elemento unificador, cantar em galego. Umha ideiaque ultrapassou limites geográficos e pessoais para que, sem pagar maisde dez euros, quem quiser possa levar no bolso parte do melhor da músi-ca actual galega. Marcos Payno é um dos seus responsáveis.