nom propom na galiza impotência política e...

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NÚMERO 45 DE 15 DE AGOSTO A 15 DE SETEMBRO DE 2006 1 Impotência política e dissensons no movimento popular ante a pior vaga de incêndios da década A deste Agosto nom foi ‘mais umha vaga de lumes’. A con- centraçom de focos em poucos dias, as ameaças intencionadas a núcleos habitados e a tentati- va do PP de utilizar a crise com pretensons eleitorais marcárom notas distintivas. Como pano de fundo, a polémica pola pos- sível ‘marbelhizaçom’ da costa galega e os dissensos profundos no movimento popular: a defe- sa da autonomia dos movimentos sociais enfrenta-se à vontade face a vontade de erguê-los em massa legitimadora de um governo sobrepassado polos factos. Faz-se impossível quantifi- car a superfície arrassada polos lumes, mas as primeiras apro- ximaçons de organismos ofi- ciais apontavam a mais de 60000 hectares queimadas, o que converte este Agosto no pior desde 1989, ano em que arderam 72000 hectares. A dimensom que estám a tomar os incêndios, avivados polas altas temperaturas e as lufadas de nordês sobardou a capaci- dade dos meios de extinçom governamentais, e mais umha vez foi a vizinhança quem, com os meios mais precários, tivo que fazer frente às lapas. Aliás de reduzir o monte a cinzas, ameaçavam centos de casas. A crise saldou-se com cinco mor- tes. / Pág. 04 25 DE JULHO DE 2006: entre o ‘estatuto de naçom’ e o direito de autodeterminaçom.’ / 06 e 14 E AINDA... Opinions de Laura Anhom, Xurxo Martínez, Pedro Alonso, André Casteleiro e Xan Carlos Ânsia “Afortunadamente o movimento associativo sempre vai à margem das acçons de governo” Aitana Cuétara, Fundaçom Artábria PÁGINA 20 O Festival da Poesía do Condado celebra a súa XX ediçom com umha ampliaçom qualitativa e quantitativa no seu programa / 12 Uniom Fenosa oferece no estrangeiro o que nom propom na Galiza A geografia do nosso país apresen- ta em toda a parte as marcas do ‘progresso’ em forma de geradores de energia eléctrica. Nalguns casos som menos agressivos com o meio natural do que fortemente impactantes a nível paisagístico –caso dos parques eólicos-. Noutras situaçons, o choque oco- rre a todos os níveis, e também no plano humano, como as hidro- eléctricas. Na Galiza existem mais de 60 barragens para produ- zir energia mediante massas de água e projectam-se ainda mais, sem que até o momento nenhu- ma delas demonstrasse interesse por compensar devidamente o País pola riqueza que produz. Segundo a Rede Eléctrica da Espanha, a Galiza gera anualmen- te cerca de 27.500 GWh -giga- wats por hora-, o qual representa que as galegas e os galegos paga- mos umha das facturas eléctricas mais caras do Estado, teoricamen- te polo custo de manutençom das instalaçons –apesar das constan- tes queixas por problemas no for- necimento. Desta quantidade de energia gerada, o País nom dá consumido as tres quartas partes, quer dizer, exporta uns 8.500 GWh –principalmente a regions espanholas como Madrid, defici- tária em produçom eléctrica. No caso da energia hidroléctrica, entre as formas estudadas para compensar o País pola riqueza que produz, a Junta da Galiza pretende tornar efectivo um cánone sobre a água, ao abrigo da Lei Orgánica de Financiamento das Comunidades Autónomas e do actual Estatuto de Autonomia –artigo 44.10, entre outros-. Porém, a medida nom parece fruir do beneplácito de todos os integrantes do Governo bipartido. / Pág. 10 A PRIMEIRA CRISE DA NOVA JUNTA POM A PROVA AUTONOMIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS Cederá ao governo da Costa Rica em 20 anos a exploraçom da sua última central nesse país SABOTAGEM DESTRÓI SEDE de ‘Puentes y Calzadas’ nos dias prévios ao Dia da Pátria / 06 GRUPO PORTUGUÊS LACTOGAL adquire Leite Celta à norteamericana Dean Foods / 07 EXUMAÇONS NAS PONTES e Porto Marim dos corpos de cinco pessoas assasinadas polos falangistas / 07 A denúncia da especulaçom imobiliária e as discrepáncias à hora de valorar o papel do governo protagonizárom as mobilizaçons

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Page 1: nom propom na Galiza Impotência política e …novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz45.pdf–caso dos parques eólicos-. Noutras situaçons, o choque oco-rre a todos os níveis,

NÚMERO 45 DE 15 DE AGOSTO A 15 DE SETEMBRO DE 2006 1 €

Impotência política e dissensons nomovimento popular ante a pior vaga de incêndios da década

A deste Agosto nom foi ‘maisumha vaga de lumes’. A con-centraçom de focos em poucosdias, as ameaças intencionadasa núcleos habitados e a tentati-va do PP de utilizar a crise compretensons eleitorais marcáromnotas distintivas. Como panode fundo, a polémica pola pos-sível ‘marbelhizaçom’ da costagalega e os dissensos profundosno movimento popular: a defe-sa da autonomia dos movimentos

sociais enfrenta-se à vontade facea vontade de erguê-los em massalegitimadora de um governosobrepassado polos factos.

Faz-se impossível quantifi-car a superfície arrassada poloslumes, mas as primeiras apro-ximaçons de organismos ofi-ciais apontavam a mais de60000 hectares queimadas, oque converte este Agosto nopior desde 1989, ano em quearderam 72000 hectares. A

dimensom que estám a tomaros incêndios, avivados polasaltas temperaturas e as lufadasde nordês sobardou a capaci-dade dos meios de extinçomgovernamentais, e mais umhavez foi a vizinhança quem, comos meios mais precários, tivoque fazer frente às lapas. Aliásde reduzir o monte a cinzas,ameaçavam centos de casas. Acrise saldou-se com cinco mor-tes. / Pág. 04

25 DE JULHO DE 2006: entre o‘estatuto de naçom’ e o direito deautodeterminaçom.’ / 06 e 14

E AINDA...

Opinions de Laura Anhom, Xurxo Martínez, PedroAlonso, André Casteleiro e Xan Carlos Ânsia

“Afortunadamente o movimento associativo sempre vai à margem das acçons de governo”Aitana Cuétara, Fundaçom Artábria PÁGINA 20

O Festival da Poesía do Condadocelebra a súa XX ediçom com umhaampliaçom qualitativa e quantitativano seu programa / 12

Uniom Fenosa oferece no estrangeiro o que nom propom na Galiza

A geografia do nosso país apresen-ta em toda a parte as marcas do‘progresso’ em forma de geradoresde energia eléctrica. Nalgunscasos som menos agressivos com omeio natural do que fortementeimpactantes a nível paisagístico–caso dos parques eólicos-.Noutras situaçons, o choque oco-rre a todos os níveis, e tambémno plano humano, como as hidro-eléctricas. Na Galiza existemmais de 60 barragens para produ-zir energia mediante massas deágua e projectam-se ainda mais,sem que até o momento nenhu-ma delas demonstrasse interessepor compensar devidamente oPaís pola riqueza que produz.Segundo a Rede Eléctrica daEspanha, a Galiza gera anualmen-te cerca de 27.500 GWh -giga-wats por hora-, o qual representaque as galegas e os galegos paga-mos umha das facturas eléctricas

mais caras do Estado, teoricamen-te polo custo de manutençom dasinstalaçons –apesar das constan-tes queixas por problemas no for-necimento. Desta quantidade deenergia gerada, o País nom dáconsumido as tres quartas partes,quer dizer, exporta uns 8.500GWh –principalmente a regionsespanholas como Madrid, defici-tária em produçom eléctrica.No caso da energia hidroléctrica,entre as formas estudadas paracompensar o País pola riquezaque produz, a Junta da Galizapretende tornar efectivo umcánone sobre a água, ao abrigo daLei Orgánica de Financiamentodas Comunidades Autónomas edo actual Estatuto deAutonomia –artigo 44.10, entreoutros-. Porém, a medida nomparece fruir do beneplácito detodos os integrantes do Governobipartido. / Pág. 10

A PRIMEIRA CRISE DA NOVA JUNTA POM A PROVA AUTONOMIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Cederá ao governo da Costa Rica em 20 anos a exploraçom da sua última central nesse país

SABOTAGEM DESTRÓI SEDE de ‘Puentes y Calzadas’nos dias prévios ao Dia da Pátria / 06

GRUPO PORTUGUÊS LACTOGAL adquire Leite Celtaà norteamericana Dean Foods / 07

EXUMAÇONS NAS PONTES e Porto Marim dos corposde cinco pessoas assasinadas polos falangistas / 07

A denúncia da especulaçom imobiliária e as discrepáncias à hora de valorar o papel do governo protagonizárom as mobilizaçons

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Do 2 ao 9 do passado mêsde Julho celebrou-se emLima (Peru) o VI

Encontro Internacional daMarcha Mundial das Mulheres,onde baixo a legenda ‘Mudemosa vida das mulheres-Mudemos omundo’ reunimo-nos 51 mulhe-res de 29 países para consolidar omovimento de acçons feministasque é a Marcha Mundial e forta-lecer o nosso papel de protago-nistas políticas. Devemos enten-der a dimensom internacional daMarcha como um factor decisivoà hora de focar o nosso trabalho,pois sendo a luita contra a pobre-za e a violência cara as mulheresos pontos básicos que nos unem atodas, nom podemos esquecer asdiferentes realidades sociais, cul-turais, políticas e económicas dasmulheres que fazemos parte daMarcha e como isto nos marca anossa prática como movimento.Nom como um factor negativo,senom entendendo esta diversi-dade que se dá na Marcha comoum enriquecimento para todasnós que devemos transferir à rea-

lidade em que vivemos. Mas aimportáncia deste movimentointernacional tem o seu porquêem ser as causas da discrimina-çom, da violência ou da desigual-dade que sofrem as mulheres asmesmas a nível global. Se perce-bemos que som o mesmo patriar-cado e capitalismo os culpáveisda precariedade laboral ou a vio-lência de género na Galiza e dapobreza extrema ou o tráfico demulheres no Brasil já teremosmuito avançado, por isso é funda-mental analisar a conjunturainternacional. Sem umha análiseprofunda e acertada da realidadeem que vivemos nom poderemosdar os passos ajeitados para fazeravançar as nossas luitas. NesteEncontro Internacional fixamo-nos como um objectivo principaldefinir um plano estratégico paraos próximos cinco anos para deci-dir quais seram as acçons inter-nacionais arredor de quatro eixosbásicos de trabalho que conside-ramos neste momento funda-mentais para a vida das mulheres:a desmilitarizaçom, o trabalho das

mulheres, o acesso aos recursos ea violência contra as mulheres,pois vemos como dia após diasomos nós quem mais sofremosos conflitos em todo o mundosem termos nenhumha capacida-de de decisom sobre o própriofuturo e o dos nossos países;como as violaçons seguem a serum arma de guerra que se utilizacom total impunidade; como asituaçom económica e laboral dasmulheres é cada vez pior enquan-to há estados que estam a assinarTLC contrários aos intereses dapopulaçom com o aplauso deorganismos internacionais comoa OMC, BM, FMI e das transna-cionais. Por todo isto é impres-cindível seguir a denunciar osvínculos existentes entre apobreza, a violência, a destruiçomdo meio-ambiente, a militariza-çom, o sistema neoliberal e quaissom os seus impactos sobre a vidadas mulheres. A Marcha Mundialdas Mulheres tem, através daCoordenadora Nacional Galega,umha actividade ininterrumpidadesde o ano 2000, no que depoisde muito esforço e trabalho dasorganizaçons feministas e demulheres independentes daGaliza conseguiu-se criar umespaço comum. Por isso é muitoimportante nom esquecer aimportáncia que tem para aMarcha a implicaçom das organi-zaçons feministas galegas, dina-mizando o movimento feministae achegando o debate e a refle-xom tam necessários para mudarumha sociedade que é impossí-vel sem a luita feminista.

“ SE PERCEBEMOS QUE SOM O MESMO PATRIARCADOE CAPITALISMO OS CULPÁVEIS DA PRECARIEDADE

LABORAL OU A VIOLÊNCIA DE GÉNERO NA GALIZA EDA POBREZA EXTREMA OU O TRÁFICO DE MULHERESNO BRASIL JÁ TEREMOS MUITO AVANÇADO, POR ISSO É

FUNDAMENTAL ANALISAR A CONJUNTURAINTERNACIONAL. SEM UMHA ANÁLISE PROFUNDA EACERTADA DA REALIDADE EM QUE VIVEMOS NOM

PODEREMOS DAR OS PASSOS AJEITADOS PARA FAZERAVANÇAR AS NOSSAS LUITAS”

NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 200602 OPINIOM

LAURA ANHOM GOMES

O PELOURINHO DO NOVAS

Se tens algumha crítica a fazer, algumfacto a denunciar, ou desejas transmi-tir-nos algumha inquietaçom oumesmo algumha opiniom sobre qual-quer artigo aparecido no NGZ, este éo teu lugar. As cartas enviadas deve-rám ser originais e nom poderámexceder as 30 linhas digitadas a com-putador. É imprescindível que os tex-tos estejam assinados. Em caso con-trário, NOVAS DA GALIZA reserva-se odireito de publicar estas colaboraçons,como também de resumi-las ouestractá-las quando se consideraroportuno. Também poderám ser des-cartadas aquelas cartas que ostenta-rem algum género de desrespeito pes-soal ou promoverem condutas antiso-ciais intoleráveis. Endereço: [email protected]

CONTRA O LUME, CONTRA A IMPUNIDADE

A Junta perdeu muito tempo nasprudências com a estrutura caciquilque está atrás dos lumes, dando-lhestempo suficiente para se fortalecerme prepararem no emprego da dema-gogia: 30 concelhos do PP rejeitá-rom as ajudas contra o lume quefôrom oferecidas pola Junta, e agorao PP queixa-se e reclama.

Nom chegam meias palavras, háque chamar as cousas polo nome: oque esta a acontecer na Galiza é umatentado, promocionado desde abase social dos derrotados do anopassado, e que tentam desestabilizaro novo governo.

No “planeamento” do urbanismo,que na Galiza é designado polomundo profissional do urbanismocomo periurbano, há que exigir que aconstruçom seja realmente planea-da, e se adeque às necessidades reais

da populaçom trabalhadora, e nomaos interesses das construtoras e pro-motoras ao serviço do turismo. Istoimplica a modificaçom imediata daslegislaçom para impedir as requalifi-caçons dos terrenos e evitar as arma-dilhas que hoje permite a Lei deMontes.

É inaceitável que umha actividadeeconómica tam perigosa como asplantaçons de eucaliptos nom vaiacomplementada por umha legisla-çom de segurança contra os incên-dios. Qualquer negócio tem a obrigade possuir medidas contra o lume,mas esta nom a tem. A limpeza dasflorestas, que estám maioritariamen-te em maos privadas, tem que serobrigatória, sob pena de expropria-çom.

Os lumes, em definitivo, demons-tram novamente os limites que temo Estado Espanhol a respeito daGaliza. Se no caso do Prestige ficouclara a marginalizaçom de umhanaçom que tem nas suas costas omaior tráfico do mercadorias perigo-

sas do mundo, hoje vemos como osinvestimentos em segurança contrao lume nom se correspondem com arealidade de que a Galiza tem meta-de da superfície florestal do Estado.É evidente que os investimentos doEstado tenhem que se correspondercom os riscos que há.

O povo trabalhador galego está asofrer as conseqüências da depreda-çom capitalista da natureza, e temque exigir da Junta da “mudança”verdadeiras medidas contra umatentado desta gravidade.

Corrente Vermelha

AJUDAS PARA O ALUGUERNOM APTAS PARA POBRES

Fum beneficiário da Bolsa de Aluguerdurante o curso passado, graças à qualpudem viver de forma independentee num andar digno apessar de serjovem e ter poucos ingressos. Cobro

400 euros por trabalhar a meia jorna-da, salário que completo às vezescom pequenas “chapuzinhas” queme podem surgir. Com a Bolsa deAluguer pagava 200 euros por umbom andar em Ourense, com o queme restavam por volta de outros 300:o justo para viver sem lujos mas semnecessidades.Sabia que para este ano o novo gover-no ia cambiar a legislaçom polo fraudecometido por muita gente que, semmerecer a ajuda, estava a desfrutarinjustamente dela. Mas qual foi aminha surpresa quando, ao ir renovaro meu contrato, me informam de queagora já nom entro nos requisitos por“cobrar demasiado pouco”.Para beneficiar-me das ajudas ao alu-guer do novo governo “de esquer-das” tenho que ingressar 8000 eurosao ano. E, como nom os ingresso,terei que gastar o dobre para seguirvivendo como até agora, ou voltar àcasa dos pais.

Xan Gonzalez

Mudar a vida das mulheres para mudar o mundo

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 2006 03EDITORIAL

Em 1917, a Assembleia deParlamentares nasce como objectivo de dar umha

resposta política ao sistema dealternáncia entre dous partidosna monarquia dos bourbons. Umdos impulsionadores foi o catala-nista Francésc Cambó, o líder daLliga Regionalista. A Assembleiapropunha a vigência de umhaconstituiçom que se adequasse ànova realidade; exigiam, ainda,que contemplasse a reivindica-çom regionalista dos cataláns,que condicionavam tal pacto aoreconhecimento daCatalunha comoregiom. Até essaaltura as anti-gas nacionali-dades eramcons idera-das “orga-n i s m o s ” ,termo quenom serviaao catalanis-mo.

Remontei aoinício do século pas-sado por causa das “semel-hanças” que aquele processotem com o actual: hoje nom sefala de reformar a constituiçomdentro da monarquia, mas dosEstatutos. No entanto, emambos os casos se procura umhaabertura do Estado espanhol,maior descentralizaçom e oreconhecimento regional/nacio-nal das terras que o requerirem.Do mesmo modo que há umséculo, é o povo catalám queinaugura a tentativa.

Reparemos agora em que ahistória é guia na vida, e por issoé fundamental recuperarmos amemória histórica para poder-mos analisar o passado e obter-mos ferramentas de uso para aactualidade.

Se nos centrarmos no essen-cial, comprovamos que de nada

serve que a Catalunha ou aGaliza sejam reconhecidas comonaçons se a seguir isso nom éprojectado no desenvolvimentodos direitos políticos implícitosà palabra; isto é, a capacidade desermos nós a decidir o futuro.Sermos livres é sermos naçom. Éindiferente sermos naçom ouregiom se o jugo que nos oprimeainda descansa sobre as nossascabeças. Que importáncia temque o grilhom esteja mais des-apertado se nom se tirárom ascorrentes dos nossos pés?

Sermos umha naçom ésermos nós mesmos,

sem mais nin-guém: nós. E

sermos nóssignifica ter-mos plenaautonomia.Eis a impor-táncia de

nos chamar-mos naçom.

Se nom nos forreconhecido o

direito à autodeter-minaçom, todo o que se

está a fazer funcionará comoópio para amortecer os anseiosde liberdade.

Nom sei como vai concluireste processo estatutário nem oque virá depois. Há 90 anos aAssembleia de Parlamentaresmorreu quando o catalanismoobtivo lugares no governo deMadrid. O próprio Cambó aca-bou por ser um defensor damonarquia bourbórnica quandose proclama a 2ª RepúblicaEspanhola. Nom servia paranada o reconhecimento deregiom quando eram oferecidoslugares de governo na Espanha.

Nom fica mais alternativa queconstruirmos a naçom desde aesquerda para podermos redimirGaliza. Só seremos livres se aautodeterminaçom é realidade.

Na sucessom ininterrupta de agressons, opor-tunidades perdidas e danos à auto-estimacolectiva da Galiza, certas catástrofes súbi-

tas e espectaculares podem fazer-nos acordar daagonia prácida na que chegamos a instalar-nos.Como com as marés de piche, as nuvens de borralhadeste Agosto nom só certificam o beco sem saída deum produtivismo soberbo que estraga mesmo asfontes de sobrevivência das geraçons futuras.Também obrigam ao desvelo mais incómodo e aumha reflexom sem medo às consequências: comofoi possível?

A pergunta que paira sobre os rostos angustiadosde todos e todas nom aponta só à mao negra quemotiva esta desfeita. Tramas imobiliárias ou madei-reiras, indústria da extinçom ou doídos que habitamum agro moribundo. Nom se discute que haja umhaou várias coaligaçons de interesses sinistros confa-bulando contra o património de todos. Antes disso,o que todos nos perguntamos com preocupaçomfundada é outra cousa: se existe capacidade institu-cional real para enfrentar a desfeita e encaminhar a

nossa base produtiva por vieiros nom homologadospola correcçom política e a ortodoxia neoliberal.

O cepticismo de milhares de cidadaos e cidadásaumenta a medida que se fortalece a opacidadetorpe do governo: por acima, nos corredores das ins-tituiçons, afirma-se a existência de trama para des-menti-la no dia seguinte; sugerem-se as implica-çons eleitoralistas de umha extrema direita ressen-tida antes de chamar-se à ‘unidade férrea de todosos partidos’; assinalam-se possíveis alternativas pre-ventivas para o monte enquanto se gasta saliva naverborreia belicista da ‘batalha sem trégua contralumes e pirómanos’.

Por baixo, na Galiza auto-organizada do volunta-riado político e social, as tentativas de converter omovimento popular em aclamaçom governamentalexasperam mesmo as pessoas moderadas. Cercadospola cinza e desamparados pola falta de meios e pro-postas contudentes dos que mandam, resta a inicia-tiva colectiva das redes sociais galegas. Ainda queprecárias, vam ser ferramenta imprescindível nestestempos de vergonha e intempérie.

RESPOSTAS À DESFEITA

SUSO SANMARTIN

A Asembleia deParlamentares de 1917 eas reformas estatutárias

XURXO MARTÍNEZ

“ DE NADA SERVE QUE A CATALUNHA OU A GALIZASEJAM RECONHECIDAS COMO NAÇONS SE A SEGUIR

ISSO NOM É PROJECTADO NO DESENVOLVIMENTODOS DIREITOS POLÍTICOS IMPLÍCITOS À PALABRA;ISTO É, A CAPACIDADE DE SERMOS NÓS A DECIDIR

O FUTURO. SERMOS LIVRES É SERMOS NAÇOM. É INDIFERENTE SERMOS NAÇOM OU REGIOM SE

O JUGO QUE NOS OPRIME AINDA DESCANSA SOBRE AS NOSSAS CABEÇAS.”

As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografiae citando procedência. A informaçom continua periodicamente no sítio web www.novasgz.com e no portal www.galizalivre.org

EDITORA

MINHO MEDIA S.L.

DIRECTOR

Carlos Barros G.

CONSELHO DE REDACÇOM

Alonso Vidal, Antom Santos, Ivám Garcia,Xiana Árias, Sole Rei, F. Marinho, NatáliaGonçalves, Gerardo Uz, Maria Álvares

DESENHO GRÁFICO E MAQUETAÇOM

Miguel Garcia, C.Barros, A. Vidal, X. Árias

FECHO DA EDIÇOM: 15/08/06

INTERNACIONAL

Duarte FerrínNuno Gomes (Portugal)Jon Etxeandia (País Basco)Juanjo Garcia (Países Cataláns)

COLABORAÇONS

Maurício Castro, I. Gomes, D. Loimil,X. Carlos Ánsia, Santiago Alba, Daniel Salgado,Kiko Neves, J.R. Pichel, R. Pinheiro, JosebaIrazola, Asier Rodrigues, Carlos Taibo, IgnacioRamonet, Ramón Chao, Germám Hermida,Celso Á. Cáccamo, João Aveledo, Jorge Paços,Adela Figueroa, Joám Peres, Pedro Alonso,Alexandre F., Joana Pinto, Miguel Burros,Ana Rocha, Luís G. Blasco ‘Foz’, Alberte Pagán

FOTOGRAFIA

Arquivo NGZNatália Gonçalves

HUMOR GRÁFICO

Suso Sanmartin, Pepe Carreiro, Pestinho+1,Xosé Lois Hermo, Gonzalo Vilas, Farruquinho,Aduaneiros sem fronteiras, Xosé Manuel

IMAGEM CORPORATIVA

Miguel Garcia

CORRECÇOM LINGÜÍSTICA

Eduardo Sanches MaragotoFernando Vázquez Corredoira (Suplemento)

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 2006

NOTÍCIAS

04 NOTÍCIAS

Impotência política e tentativaseleitoralistas ante a vaga de incêndios

Focos simultáneos em lugares dedifícil acesso e condiçons metereo-lógicas muito favoráveis para a rápi-da propagaçom dos incêndios deixapoucas dúvidas sobre a intencionali-dade. O importante grau de coorde-naçom e preparaçom foi reconheci-do a um tempo polo presidente daJunta ou a guarda civil, ainda queaginha o ministro de interior espan-hol desmentiu a existência de qual-quer umha trama organizada.Organizaçons ambientalistas comoADEGA ou Verdegaia suscrevêromas teses do governo.

Nova vaga mobilizadoraPara além da tragédia, a conscien-ciaçom cidadá ante o que se sentecomo um novo ataque ao nossopatrimónio ambiental pujo na ruade jeito espontáneo 2300 pessoasem todo o país nos primeiros dias delume. Agás o PP, todos os sectoressociais da Galiza saírom a manifes-tar-se, registando-se o caso sem pre-cedentes de que cargos públicos doBNG participárom como organiza-dores em algumhas das manifesta-çons. Factos como estes nom estivé-rom issentos de polémica, e namanifestaçom de Compostela exis-tiu certa tensom. Militantes anar-

quistas e independentistas apupá-rom com contundência estas atitu-des e corresponsabilizárom da criseo novo governo.

A tardia reactivaçom de NuncaMais foi acolhida de maneirasmuito diversas. Colectivos de varia-da orientaçom ideológica entre osque se acha ‘Burla Negra’ já se tin-ham movimentado durante os diasde silêncio da famosa plataforma, equase todo o mundo desconheciaem que reuniom se decidira a suareactivaçom. A mobilizaçom convo-cada para o dia 20 de Agosto emCompostela será apoiada critica-mente pola ‘Plataforma contra osIncêndios Florestais’, recentemen-te constituída, e que assinalou que‘esta barbárie tem também respon-sáveis políticos.’

As causasApesar da detençom de 30 pessoasno que vai de mês relacionadas coma apariçom dos incêndios, nom ospartidos políticos institucionais e aspescudas policiais nom se atrevem aapontar face a umha mao preta emconcreto.

Mas diversas organizaçons ecolo-gistas, analisando o devir do país nosúltimos anos, apontam várias cau-

sas estructurais.A ausência de políticas de desen-

volvimento para o meio rural e oabandono dos montes e o pastoreiosom segundo Adega , Ecologistasem Acçom ou Verde Gaia, as causasestruturais que convertem o monteem um polvorim à hora de propagar-se os lumes.

Aliás nem só isso “a prolifera-çom de eucalipto e pinheiro nosúltimos anos extende o lume commuita mais rapidez que as espéciesautóctones que substituírom”segundo explica M. Angel Soto, deGreenpeace, polo que é importanteapostar de novo pola “plantaçom decastinheiras, carvalhos ou aveleiras,constituintes do bosque atlánticoque ao ser frondoso e pechado man-tém tamperaturas baixas e menossequedade no ambiente, algo fun-damental para a propagaçom dolume”. Mas os substanciosos bene-ficios que outorga o eucalipto àsmadeireiras e celulosas fai dificilpensar numha mudança de rumo aorespeito.

Além, a nova ordenaçom do solo edos montes nom dedicados exclusi-vamente a usos florestais apontammais pistas sobre a intencionalidadena queima do monte.

Analisando também os principaisfocos de propagaçom do lume, emáreas urbanas em expansom(Cangas, Moanha, sul de Vigo,Ames) ou em apetitosas zonas dolitoral galego para construtorasainda nom sujeitas a especulaçomurbanística, como a Costa da Morte,evidenciam tácticas incendiáriaspara a requalificaçom destes terre-nos, convertidos a posteriori emsolo urbanizável.

Adega também aponta maisumha causa vinculada esta ao negó-cio da extinçom, já que o governoFraga nom reparou em gastos à horada extinçom de incêndios. “Atéagora tem-se potenciado umhapotente industria ao redor do lume,desde a contrataçom de meios deextinçom até a contrataçom de pro-fissionais primando fronte a preven-çom”, assinala-se desde Adega, poloque seria muito mais rendível eco-nomicamente provocar um incên-dio que investir em que nom oshouvesse.

Cruzes de declaraçons entregoverno e PPO ex presidente Fraga acendía afaísca da rifa política culpabilizan-do da vaga de incêndios ao novo

governo “ isto acontece por estarno poder um governo de coaliçomsem umha políica em comumfrente o lume” sentenciava.Declaraçons às que nom tardaromem unir-se Rajoi e Feijoo procu-rando um maior rédito eleioral.Assim, o candidato à Junta poloPP dizia -ao tempo que se fotogra-fava apagando lume já extinguido-que o governo estava desapareci-do frente a tragedia “ a situaçom éde máxima alerta e o presidenteTourinho nom convoca um gabi-nete de crise”.

A resposta nom tardava em che-gar desde as fileiras socialistas. "Opresidente do PP padece umhapreocupante miopia e amnesia ou,o que é pior, má fe, ao tratar denegar todas as evidências. Nos últi-mos cinco dias, Pérez Tourinhocoordinou todo o ingente desdo-bramento de meios para por fim àsvagas de lume e investigar os piró-manos", contestava Ricardo Varela,conselheiro de trabalho ao tempoque pedía ao lider do PP galego“que se deixe de palhassadas” emalussom as fotos de Rajoi e Feijoocom a mangueira.

Por enquanto, o vice-presidenteda Junta, Anxo Quintana culpaliza-

Maria AÁlvares / A deste Agosto nom foi ‘mais umha vaga delumes’. A concentraçom de focos em poucos dias, as ameaçasintencionadas a núcleos habitados e a tentativa do PP de uti-lizar a crise com pretensons eleitorais marcárom notas distin-tivas. Como pano de fundo, a polémica pola possível ‘marbel-hizaçom’ da costa galega e os dissensos profundos no movi-mento popular: a defesa da autonomia dos movimentos

sociais enfrenta-sse à vontade face a vontade de erguê-llosem massa legitimadora de um governo sobrepassado polosfactos.Faz-sse impossível quantificar a superfície arrassada poloslumes, mas as primeiras aproximaçons de organismos oficiaisapontavam a mais de 60000 hectares queimadas, o que con-verte este Agosto no pior desde 1989, ano em que arderam

72000 hectares. A dimensom que estám a tomar os incên-dios, avivados polas altas temperaturas e as lufadas de nordêssobardou a capacidade dos meios de extinçom governamen-tais, e mais umha vez foi a vizinhança quem, com os meiosmais precários, tivo que fazer frente às lapas. Aliás de redu-zir o monte a cinzas, ameaçavam centos de casas. A crise sal-dou-sse com cinco mortes.

Dissensos no movimento popular polo grau de dependência do governo ante a sua primeira grande crise

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 2006 05NOTÍCIAS

“Estes dias viu-se que o movimentosocial criado por Nunca Mais mantémum mínimo de sentido comum”

va o PP dos lumes. “As políticas aplicadaspolo Partido Popular durante os anos degoberno na Junta de Galiza som a chavepara muitos dos incêndios que cada Veraoprendenm nos montes”, dizia. Tourinho eQuintana nom dubidavam em apontar aintencionalidade por trás dos lumes. “Nosúltimos dias estám-sea registar na Galizaunha nova classe delumes, desconhecidaaté o de agora nanossa comunidade,segundo os técnicos enegá-lo é negar a evi-dência", quijo desta-car o presidente daJunta.

No entanto, nen-hum dos partidos dogoverno fizo alusom àscríticas de fundoapontadas polos movi-mentos sociais ou aoposiçom nom insti-tucional. Greenpeace,nos primeiros dias dacrise, publicou umhaanálise apontando ‘ocontinuismo das polí-ticas florestais daJunta face o governodo PP’. A organizaçomi n d e p e n d e n t i s t aNÓS-UP, por seuturno, recordou que‘as medidas preventi-vas para a salvaçomdos montes foram pro-

postas já pola esquerda independentistasna tabela reivindicativa de 444 que lhe foiapresentada ao bipartito’, sem que a Juntadesse resposta nenhumha. A FPG foi maiscauta e renunciou centrar a crítica em pes-soas concretas, pedindo ‘que se imple-mentem já novas políticas florestais’.

¿Cómo valorizas o que está acontecer nes-tes días?Nom é nada de novo, está a passar o detodos os anos desde que na década de 60, ofranquismo ergueu este novo mostro socialde costas ao mundo rural e ao modo de vidatradicional.O que fizo deste ano um ano diferente eque se queimaram muitos mais montes,foi a confluência de vários interesses queconvertérom a Galiza em umha bombaincendiária. A cultura do “queimo, logoexisto” que leva os incendiários a actuarcase sem ordes de ninguém porque já nomas necessitam. E os que se beneficiam sommuitos: construtoras, madeireiras, pastei-ras e políticos mesquinos que olham rédi-tos eleitorais nas desfeitas ambientais.

Muito se está a falar de culpabilidadesmas nenhum meio nem partido é quemde apontar algo concreto…Culpáveis somos todos, na sociedade naque vivemos primam os valores individuaisfrente o apoio comum ou a solidariedade.Logo há culpáveis criminais directos queactuam por algo muito mais complexo queumha mao preta por trás.

E depois está o governo, que a súa maiorculpa foi a de ser ingénuo e subestimar oinimigo.Mas, mais umha vez sairom à luz as duasGalizas, a que combate o lume e a que oprende. Parece que se vives neste país ten-has que aceitar o medo, o terrorismo, ocaciquismo e a miséria política, e combateristo nom é doado: como consegues que umgalego nom se venda por quatro pesos?

Quando começam as juntanças entre asdiferentes organizaçons?Ao pouco de começarem os incêndiosdeste mes, fôrom contactos muito espontá-neos entre distintos colectivos de

Compostela que decidimos que tinha quehaver umha resposta cidadá face esta tragé-dia. Aliás a concentraçom da primeirasemana em Compostela que juntou porvolta de 2000 pessoas quase sem convocar;deu-nos muitas ás, descobrimos que omovimento social criado por Nunca Maisainda mantém um mínimo de sentidocomum.A estas alturas já fixemos quatro juntançase estám-se a levar várias iniciativas impor-tantes: a convocatória da manife nacionalpara o 20 de Agosto, a criaçom de um novoportal de informaçom: ardegaliza.info noque se está a informar dos lugares quenecessitam voluntariado, as necessidadesde cada zona ou das convocatórias nas dife-rentes cidades do país. E por último a cria-çom dum dispositivo de ajuda ao volunta-riado.

Cómo está a funcionar o dispositivo eem que consiste?Está-se a gerir desde um telefone de ajudaque temos no local de Burla Negra (com-pletamente à margem dos telefones ofi-ciais que estám sobre-saturados) e desde apágina de ardegaliza.infoJá desde o primeiro momento nos demosconta que havia muita gente com ganhasde ajudar e nom sabia como, etambém,muitos lugares nos que se neces-sitava ajuda, assim que nos pugemos emcontacto com grupos de gente já organiza-dos em algumhas zonas e mandamosvoluntári@s para alô.No primeiro dia fôrom doze pessoas paraCaldas, também enviamos gente para Róise Ames na comarca de Compostela, oumandamos a um grupo de Vigo para aCaniça. O mais importante é coordenar agente para os lugares onde mais se preciseporque ganhas de ajudar sobram mas éimportante encaminhar bem a ajuda paraque esta seja realmente efectiva.

Poucos dias depois do começo dos lumes mais devastadores punha-sse em andamentoumha nova plataforma na que vários colectivos tratam de organizar a resposta cidadá con-tra a lacra incendiária. Umha das iniciativas mais interessantes é a da criaçom de um dis-positivo de apoio ao voluntariado, gerida por Burla Negra e o portal de informaçom arrede-mo.info. Carlos Santiago,um dos membros destes colectivos, falou com NOVAS DAGALIZA sobre a situaçom que vive o país estes dias e as iniciativas que se estám a levaradiante desde sectores auto-oorganizados.

CARLOS SANTIAGO, ACTIVISTA DE BURLA NEGRA

"Lume Nunca Mais.Paremos o terrorismo incendiá-rio. Por umha mudança derumo nas políticas para os nos-sos montes" é a tripla legendaescolhida pola comissom gesto-ra da Plataforma Nunca Máis,que anuncia a reactivaçom daplataforma cidadá e a convoca-toria dumha manifestaçom nacapital do país para o 20 deagosto. A reactivaçom da redeentre os centos de associaçonsem toda a Galiza e a mobiliza-çom da sociedade galega somos objetivos marcados, apesarde que a convocatória nom con-tou com a decisom de dúzias deentidades que conformavam aplataforma nos dias do Prestige. "Perante a comoçom social quevive o país, desde Nunca Maisvinhamos cavilando já nestepasso e de facto, muitos mem-bros da Plataforma vinhéromparticipando já nas convocato-rias que espontaneamente sur-gírom em dias passados". Assi o

explica um dos vozeiros docolectivo, Rafa Vilar.Reunions abertas começárompoucos dias após as jornadasmais pretas em Compostela, enelas confluírom um amploleque de organizaçons feminis-tas, independentistas, juvenis,sindicais, associaçons culturaisou ecologistas motivadas pordar resposta a raiva cidadá trasmuitos dias de batalha contra olume. Na Plataforma contra osIncêndios Florestais si que sepede a depuraçom de responsa-bilidades institucionais.Antes da mobilizaçom do dia 20de Agosto, nas ruas deCompostela era perceptívelumha dinámica mobilizadorainusual: coladas abundantes decartazes contra imobiliárias emonocultivos, pintadas e faixaspenduradas nas pontes. A sededa empresa construtora Mahíana capital da Galiza foi inçadade pintura e cinza nos dias pré-vios ao acto de Nunca Mais.

O discutido retorno de Nunca Mais

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 200606 NOTÍCIAS

10-07-2006

Junta Destina 500 milhons paradinamizar Costa da Morte

11-07-2006

Tourinho apresenta plano deacçom do que será o novo hospitalem Vigo

12-07-2006

Piscicultura que ameaçavaCorrubedo destinada a Porto deOzom

13-07-2006

Tourinho nom concorda complano de reforma do estatuto deRTVE por prejudicar a Galiza

14-07-2006

1º día da visita dos reis Bourbonsna Galiza

15-07-2006

Alerta sanitária na Galiza por vagade calor

16-07-2006

Presidenta do Parlamento galegoconsidera necessário acordo parareforma do Estatuto

17-07-2006

Noruega só pode acusar barcosgalegos de nom terem actualiza-dos livros de capturas, mas nomde pesca ilegal

18-07-2006

Tourinho anuncia desejo de sereunir com Feijó e Quintana

19-07-2006

21 lumes na Galiza só neste dia.Arrestam três alegados incen-diários

20-07-2006

Junta anuncia licitaçom de tramosdo AVE entre Vigo e Ponte Vedra

21-07-2006

Resgate de imigrantes noMediterráneo por barco com tri-pulaçom galega conclui com achegada a Malta

22-07-2006

Necessidade de sangue para doa-çons nos hospitais galegos

23-07-2006

Helicóptero da Guarda Civil caiao mar em Samil

Mais de meio milhar de pessoas contraa reforma estatutária no Dia da Pátria

O Bloco Nacionalista Galegorepetiu palco e assistência numnovo Dia da Pátria em que, comoera de esperar, a questom identi-tária foi a grande protagonista.Anxo Quintana referiu-se aosesforços que está a fazer para con-vencer o PP de levar para a frente“um Estatuto de primeira” e per-guntou ao público e aos outrospartidos parlamentares: “Estadesdispostos a admitir um Estatutoque esteja um milímetro porbaixo do catalám ou do basco?”Para além da questom identifica-tiva, muito presente nas palavrasde ordem usadas no percurso damanifestaçom (‘Quer queiramquer nom, Galiza é umha naçom’foi a mais repetida), Quintana fijoreferência à polémica suscitadapola ausência do BNG na oferen-da ao Apóstolo programada para omesmo dia na Catedral: “Esta é anossa oferenda”, dixo, e revisouas conquistas do BNG na actuallegislatura, entre as quais nome-ou as ‘galescolas’.

Isca!No entanto, umha das notíciasque mais comentários suscitouentre a base nacionalista do ámbi-to do BNG foi o aparecimentopúblico do colectivo Isca!, forma-do maioritariamente por militan-tes cindidos da UPG dentro deGaliza Nova. A UPG, maioritária

nos órgaos de direcçom do BNGmas nom de Galiza Nova, tentoudificultar a participaçom de Isca!na manifestaçom e no próprioFestigal, e Galiza Nova, que atéhá uns anos intervinha na Quintáatravés do seu secretário geral, foiexcluída dos discursos a favor dajovem deputada oficialista AnaPontón.

Manifestaçons soberanistasNa marcha soberanista maisnumerosa, convocada polas BasesDemocráticas Galegas (BDG),cerca de 500 pessoas manifestá-rom-se num ambiente que come-çara a animar-se no dia anterior,com vários concertos e actos rei-vindicativos na zona velha deCompostela. Os variados colecti-vos que aderírom à marcha e oapoio expresso de significativosintelectuais justificava o optimis-mo dos participantes, que proferí-rom palavras de ordem relaciona-das com o direito de autodetermi-naçom, sem esquecer UgioCamanho e Xiana Rodrigues, emprisom desde há um ano. Assim,na manifestaçom, que finalizoucom o hino galego e a queima dabandeira espanhola, participárom,para além dos colectivos indepen-dentistas habituais, o PartidoComunista do Povo Galego,Siareir@s Galeg@s, Unidade daEsquerda Galega, Corrente

Vermelha ou o colectivo ponte-vedrês Iniciativa Popular deEsquerda. O manifesto foi lidopor Carlos Taibo e destacou a visi-bilidade de Ceivar, que mostrounumerosas faixas ao longo do per-curso.

Por outro lado, a FPG e Adiantedeclinárom participar na convo-catória das BDG, aderindo aumha manifestaçom em que par-

ticipárom mais de 100 pessoasconvocada por um grupo de pes-soas entre as quais salientavamdestacados membros do Institutoda Língua Galega (ILG). MarianoAbalo e Anxo Angueira pronun-ciárom os discursos finais deumha marcha em que, para alémdas críticas à reforma estatutária,estivo muito presente a agressomisraelita sobre o Líbano.

REDACÇOM / Apesar das já tradicionais três convocatórias porocasiom do 25 de Julho, este ano o nacionalismo dividiu-sse emdous claros blocos quanto ao conteúdo das reivindicaçons. Porum lado, a manifestaçom convocada polo Bloco NacionalistaGalego (BNG), que partia da Alameda compostelana ao meio-dia, visava ser umha demonstraçom de força para defender, noúltimo trecho do debate estatutário, umha referência expressa à

naçom galega no preámbulo do texto legal (“Somos umhanaçom”, foi o slogan escolhido). Por outro lado, as duas manifes-taçons soberanistas, que juntas superavam as 600 pessoas, saíamigualmente da Alameda e finalizavam no Toural com meia horade margem. Nelas reivindicou-sse o ‘direito a decidir’ e a ‘autode-terminaçom’ em contraposiçom a um novo Estatuto, que foi cri-ticado com dureza.

Como vem sendo habitualem datas prévias ao dia nacio-nal, polícia espanhola e guardacivil iniciam um desdobramen-to indiscriminado destinado aocontrolo e acossa de baixaintensidade contra a militánciade diversas organizaçons inde-pendentistas, especialmenteintenso na comarca deCompostela. Neste ano, umactivista das Bases Democrá-ticas Galegas foi algemado econduzido ao quartelinho daguarda civil no Milhadoiro(Ames) tras pedir identificaçoma dous agentes que o abordaramdurante umha colada de carta-zes. Também o carro de dousmilitantes da AMI foi registadopola guarda civil num reparto de

propaganda juvenil.Alguns meios de comunica-

çom maioritários editorializá-rom em favor deste controlo eenquadrárom tendencialmentetodo o dispositivo baixo o termo‘antiterrorismo’, mesturando aactividade propagandísticapública com as sabotagens edesperfeitos contra empresashabituais nestas datas.

Cinco dias antes do 25 deJulho, um artefacto explosivodestruia no concelho de Orosoas instalaçons ‘Puentes yCalzadas’, um conglomerado deseis empresas dedicadas a todosos sectores da actividade imo-biliária e com grande preemi-nência nas grandes infraestru-turas rodoviárias.

Sabotagem contra empresa construtoraapesar do desdobramento policial

CRONOLOGIA

O BNG encheu a praça da Quintá reivindicando um Estatuto de naçom

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 2006 07NOTÍCIAS

Grupo português Lactogal adquire Leite Celta à norteamericana Dean Foods

REDACÇOM/ A «Asociación parala Recuperación de la MemoriaHistórica» (ARMH) vai exumarnos concelhos galegos dasPontes e Porto Marim os corposde cinco pessoas que foramassassinadas polos falangistas eenterradas em valas comuns.Trata-se de José António RivasCarvalhês e do matrimónio for-mado por Manuel RamosFernández e Joana FerreirósRodríguez –de 59 anos-, assimcomo os dous filhos da parelha–José e Manuel.

Rivas, simpatizante republi-cano, foi seqüestrado no concel-ho de Pol em Agosto de 1936,

sendo que o seu corpo apareceupouco mais tarde na freguesiade Rio (Porto Marim).

O berziano Santiago Macías,vice-presidente da ARMH,assegurou a este periódico que ocaso das Pontes é ainda mais“estarrecedor”, já que os falan-gistas procuraram ser especial-mente cruéis. Em primeirolugar, matárom ambos os dousManuel Ramos –pai e filho- nasua própria casa. A seguir, obrigá-rom a mulher e ao outro filho alevarem os cadáveres até o cemi-tério e cavar umha vala paraenterrá-los. Tam pronto como ofigérom, os fascistas também os

assassinárom a eles.Precisamente, em 22 de

Agosto cumprirám-se 70 anosdestas mortes, polo que a exu-maçom vai ser também “umhapequena homenagem que lhesqueremos fazer”, asseguraMacías. Principalmente quandoeste ano 2006 se aprovou a Leipara a Recuperaçom daMemória Histórica, “umhadecepçom” –assegura o vice-presidente da ARMH- que“nom toca pontos fundamen-tais” como umha reabilitaçomeficiente das vítimas ou asupressom automática da sim-bologia fascista.

REDACÇOM / A esquadra de Santiago deCompostela assegurou que vai apartardaatençom aos cidadaos umha funcionária da‘Policía Nacional’ polas continuadas queixasque se recebêrom sobre ela. O detonantedesta decisomfoi um escrito que remitira oMovimento polos Direitos Civis (MpDC)instando a Inspecçom de Pessoal para averi-guar o acontecido com um cidadao que pre-tendia apresentar umha denúncia por roubo ea quem se privou do seu bilhete de identida-de e se lhe impediu apresentar essa denúncia.

Mália a que em primeira instáncia aComisaria justificou diante da Inspecçom aactuaçom da sua funcionária, comunicou quea arredaria da atençom aos cidadaos. Para oMpDC nom é suficiente, e consideram quedeve ser apartada

para um posto onde nom tenha atençom aopúblico, já que os labores de vigiláncia “nomparecem ser os mais ajeitados dado o seucarácter exaltado”, pois constam já váriasdenúncias contra ela. Por esta razom, oMpDC remitiu um segundo escrito àInspecçom de Pessoal e Serviços deSegurança do Ministério do Interior pola “ati-tude vexatória e homófoba” da citada agente.

REDACÇOM / Corria o ano 1998quando o empresário valencia-no Antonio Marchal, na alturadono de Leite Celta, intetnoucriar ao redor desta empresa oanseiado Grupo LácteoGalego. A falta de apoio insti-tucional provocou queMarchal vendesse Celta àestadou-unidense DeanFoods, passando para Dallas ocentro de decisons do quecomeçara em Ponte d’Eume.

Quase umha década depois,os norteamericanos anunciamque desejam centrar os seusesforços no seu próprio mer-

cado e que desejam desfazer-se dos activos de Leite Celta.No meio de umha maré derumores, soa o nome da por-tuguesa Lactogal –com sé noPorto- como possível compra-dora. Desde Dean Foods,Celta e Lactogal ninguémconfirma nem desmente atéque na mesma semana quesaltara o rumor se despachamas negociaçons e consuma-seo transpasso.

As duas únicas empresasgalegas do sector leiteiro,Leite Rio e Feiraco, manifes-tárom o seu mal-estar porque

–segundo a sua versom- nomlhes dérom hipótese de parti-ciparem nas negociaçons eassegurárom que tinham inte-resse em aumentar a suaquota de mercado com aadquisiçom de Celta.Particularmente gráfico éJesus Lence, dono de Rio,quem assegura que as nego-ciaçons se fizérom emOutubro “para que passassemdespercebidas”.

Desde Unions Agrárias nomdam excessiva importáncia àmudança de donos porquecomo Celta se dedica só ao

leite líquido sem valor acres-centado, “nom seria interes-sante de cara à constituiçomde um Grupo Lácteo Galego”,asseguram a este periódicofontes desse sindicato. Por suaparte, desde a direcçom geralde Indústrias Agroalimentaresnom crêem que esta mudançavaia ter repercussons no mer-cado leiteiro galego já que, afim de contas, o centro dedecisom de Celta vai seguirfora da Galiza –onde tem asfactorias de Ponte d’Eume ede Meira, com algo mais decem trabalhadores em total-.

MpDC denuncia novocaso de abuso policialem Compostela

24-07-2006

Dia da Véspera. Tourinho querinstitucionalizar o dia anterior ao25 de Julho

25-07-2006

Dia da Pátria. Tourinho e respon-sáveis das conselharias socialistasassistem ao acto na catedral emCompostela. Quintana e respon-sáveis das conselharias nacionalis-tas rejeitam assistir. RAG recebe amedalha de ouro da Galiza

27-07-2006

Junta rejeita plano lácteo dogoverno espanhol

28-07-2006

CIG-MMar afirma que barcos gale-gos em Noruega só pudérom seracusados de falta administrativa

29.07-2006

Quintana afirma que nacionalis-tas aceitam pontos do PP sobrefinanciamento para negociarreforma do estatuto

30.07.2006

Via de alta capacidade Carvalho-Cee estrela do plano Costa daMorte

01-08-2006

Nova lei ambiental obriga revisomPXOUM em 130 concelhos

02-08-2006

Demarcaçom de Costas derruba58 construçons no litoral

03-07-2006

Aldeia de Leom ao pé daGaliza oferece-se como cemi-tério nuclear

05-08-2006

Duas mulheres morrem queima-das por incêndio florestal

06-08-2006

88% do leite galego em maosalheias

07-08-2006

Junta pede intervençom do exér-cito espanhol contra os incêndios

08-08-2006

Corunha cidade galega com maissem-abrigo

Exumarám nas Pontes e Porto Marim os corposde cinco pessoas assasinadas polos falangistas

NUNO GOMES / Decorreu entre 16 e 17 de Julho, na capital da Guiné-BBissau,Bissau, a VII Cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa(CPLP). À parte da polémica causada pelo excessivo fausto presente na orga-nização da cimeira, várias medidas importantes foram discutidas, tendo sidoaprovada a erradicação da pobreza em toda a CPLP até 2015, alinhando com asmetas da ONU. Algum destaque foi dado à língua portuguesa, com o anúncioda criação do Fórum da Língua Portuguesa em Díli, Timor-Leste, e com o apeloàs actividades do Instituto Internacional de Língua Portuguesa. Foram aindalouvadas a UNESCO, por instituir o Dia da Língua Portuguesa (por iniciativada CPLP) e o Brasil, por ter tornado o 5 de Novembro Dia Nacional da LínguaPortuguesa. Também falada foi a hipótese de Macau (através da China) inte-grar a CPLP, o que poderia abrir lugar à entrada da Galiza, com o estatuto deobservador associado. O presidente para o próximo biénio será o Presidente daRepública de Guiné-Bissau, Nino Vieira.

O ensino de castelhano em Portugal duplicou nos dois últimos anos lectivos,situando-se o número de alunos em 10.230. São as zonas raianas que registammaior adesão, sobressaindo o Minho e o Algarve.

Estão previstas para Setembro as primeiras emissões da CPL TV.Este novo canal, sediado em França, será orientado primariamentepara as comunidades lusófonas espalhadas pela Europa. Portugal e ospaíses da CPLP fazem também parte do público-alvo.

Realizou-sse, entre 24 Maio e 11 Junho, a Feira do Livro do Porto. Emano de decréscimo de visitantes, Angola estreou-se nas feiras do Portoe de Lisboa como o primeiro país de língua portuguesa a participarcomo convidado. Surgiu também, num comunicado da APEL(Associação Portuguesa de Editores e Livreiros), a possibilidade deeditores e livreiros da Galiza participarem na Feira nos próximos anos.

Teve lugar, nos dias 22 e 23, o ciclo de conferências ‘Castrenor -Seminário Final’. Com vista à classificação do conjunto dos castrosdo noroeste peninsular a Património da Humanidade da UNESCO,um conjunto de especialistas dos dois lados da fronteira reuniu-seem Mondariz Balneário para partilharem pontos de vista sobre atemática.

NOVAS DE ALÉM MINHO

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 200608 INTERNACIONAL

INTERNACIONAL

A situaçom humanitária viu-sepiorada polo bloqueio israelitapor terra e mar, e os ataques apontes e estradas dificultam adistribuiçom de ajuda, tanto apessoas refugiadas como a quemfica atrás. Muitas pessoas refu-giadas afirmam que “primeiroIsrael lhes dixo que se fossem equando estavam na estrada parase poderem salvar fôrom ataca-das por um bombardeamentoisraelita.

Humam Rights Watch denun-cia a utilizaçom de bombas defragmentaçom, proibidas polasleis internacionais. Testemunhasem Beirute informárom que osefeitos de destruiçom nos bairrosbombardeados semelham os cau-sados por armas termobáricas, ou"bombas aspiradoras", cujos efei-tos explosivos som devastadorese indiscriminados. As pessoasvinculadas à ciência no Líbanoafirmam que as bombas israeli-tas contenhem fósforo branco,que é umha arma química ilegal.

Israel necessitava a saída dapopulaçom síria do Líbano parapoder atacar Hezbollah; isto foipossível após o assassinato dopolítico libanês Hariri e da incul-paçom dos serviços de inteligên-cia sírios. Posteriormente, os

USA conseguírom umha resolu-çom das Naçons Unidas chaman-do ao desarmamento deHezbollah sem concessons porparte de Israel, o que lhe propor-cionou cobertura para a invasomdo Líbano.

O objectivo de Israel é a lim-peza étnica de civis apoiantes deHezbollah e combatentes do Suldo Líbano e do Sul de Beirute. Aestratégia é isolar Hezbollah nomundo, cortar a ajuda moral ematerial ao governo eleito deHamas na Palestina, garantir oapoio das Naçons Unidas viaWashington e promover um con-flito interno no Líbano entreHezbollah e o governo libanêsem que USA/ONU interviriam afavor do governo títere deBeirute por meio de umha 'forçainternacional' pró-norteamerica-na, escolhida por Israel, paraocupar o Sul do Líbano.

Para justificarem esta ofensivacolocam o ridículo pretexto dos sol-dados capturados. Os planos paraconseguirem ditos objectivos fôromapresentados perante os USA eoutras diplomacias, um ano antesda captura dos dous soldados.

O benefício que tiram disto osEstados Unidos é destruir a anti-imperialista Hezbollah; isolar o

Irám e a Síria e criar um pretextopara os atacar no caso de se confir-mar o mínimo intento de ajudar oLíbano; distrair a opiniom públicamundial da genocida ocupaçom doIraque e garantir fundos proce-dentes dos milionários judeus paraas campanhas eleitorais das forças repu-blicanas e democratas em troca do sub-ministro a Israel de armas de destrui-çom maciça (como as bombas de cincotoneladas).

Alguns objectivos de Israel e dosEstados Unidos falhárom. Osbombardeamentos em massa des-gastárom o regime pró-americanode Beirute e figérom com que agrande maioria da populaçom liba-nesa, mais de 87%, virasse favorá-vel a Hezbollah. Na total ausênciado governo libanês, foi Hezbollahque se apressou a levar as pessoasferidas aos hospitais, subministroucomida, comboios de evacuaçome um mínimo sossego a todo opovo libanês sem reparar nas filia-çons políticas pessoais..

O regime israelita empreendeuumha guerra por terra, e isto, nasáreas montanhosas do sul doLíbano, provocou baixas militaresa grande escala que ainda vam emaumento. Hezbollah está prepara-do e é capaz de empreender umhalonga guerra de guerrilha popular

de resistência como nunca antestinha enfrentado Israel, em ter-mos de organizaçom e capacidademoral e militar. Os membros deHezbollah som veteranos comba-tentes das noventa bem armadas ebem motivados.

Hezbollah é um movimentosocial e político que tem umhabase de um milhom de habitantesdo Líbano. É umha milícia, umpartido político e um provedor deimportantes serviços sociais quesurgiu para combater a ocupaçomisraelita do Sul do Líbano desde oano 1982 e para defender a comu-nidade muçulmana xiita. Naactualidade, aglutina numerosasinstituiçons de ajuda social quedam apoio a pessoas com dificul-dades económicas sem terem emconta a religiom de cada umha.

Enquanto a atençom do mundose centra no genocídio no Líbano,a maquinaria militar israelita con-tinua a massacrar populaçom civile crianças palestinianas. O núme-ro de pessoas palestinianas assassi-nadas e feridas num mês por partedo Estado judeu ascende a maisde mil. Israel tenta isolar o gover-no palestiniano e continuar com apolítica de bombardear até oêxodo.

O Estado Espanhol, como o

resto de países da UniomEuropeia, é sócio de Israel. Asrelaçons tenhem lugar em todosos ámbitos: político, cultural, cien-tífico e, particularmente, militar.O estado espanhol realiza opera-çons militares com Israel e vende-lhe armamento.

A lei internacional, subscrita poloEstado Espanhol, obriga nom só adenunciar o estado que comete odelito -Israel- mas a agir para pôrfim às suas violaçons. Delinqüenteé quem comete o crime e tambémquem, por lei, está obrigado aimpedi-lo e nom o fai.

O sionismo criticou duramenteo Ministro dos NegóciosEstrangeiros e o presidente dogoverno por umhas tímidas decla-raçons, próprias da Madre Teresa,mas indignas de representantespolíticos que tenhem a obriga decumprir a lei e condenar a condutade Israel com essa lei na mao. Oúnico que fam é balbuciarem pre-textos, lamentarem as más inter-pretaçons e os excessos verbais,reclamarem abraços, beijos ereconciliaçons entre sionistas eespanhóis.

A cooperaçom espanhola com oEstado terrorista de Israel produzmorte e desolaçom. E é, além deumha ilegalidade, umha vergonha.

Governo nazi-sionista de Israel continuacom a limpeza étnica no LíbanoDuarte Ferrin / A 12 de Julho de 2006, Hezbollah ata-cou um posto do exército israelita na raia com oLíbano capturando dous soldados. Logo depois deeste incidente militar, o primeiro ministro Olmertordenou o bombardeamento maciço de Beirute e deobjectivos civis por todo o Líbano.

Fôrom escolhidos como objectivos e destruídos bairroscompletos nos subúrbios de Beirute, aldeias inteiras doSul, centos de edifícios de apartamentos, milhares decasas, escolas, fábricas, aquedutos, plantas de tratamen-to e potabilizaçom de água, camions com subministrosmédicos, ambuláncias e pequenas carrinhas atestadas de

civis, igrejas e mesquitas, estaçons de rádio e de televi-som, todas as principais pontes e estradas do país, osaeroportos e portos, qualquer casa e qualquer pessoa queestivesse de pé, se escondesse ou fugisse para se salvar.Assassinárom mais de 600 civis do Líbano, há milhares depessoas feridas e umhas 900.000 refugiadas.

O racismo e o ódio nom tenhem limites na sociedade hebreia: na imagem da esquerda, crianças israelitas assinam e escrevem mensagens nas bombas que posteriormente estourarám sobre as crianças libanesas (direita).

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 2006 09REPORTAGEM

Resolver o problema doslumes que padece a nossaterra está a se converter já

num verdadeiro nó gordiano.Como nom se encontram oscabos, a soluçom virá a ser a prati-cada por Alexandre o Macedónio,que com a espada cortou polosam. A questom, neste caso, éaveriguar onde está a podrémia eonde a saúde. Ao longo dos próxi-mos números tentaremos contri-buir ao esclarecimento deste obs-curo panorama incendiário, com oánimo de botar algo de luz sobreessa caverna na que avançan'Jasón' Suárez Canal e a sua equi-pa de 'argonautas'. Ademais deumha situaçom de emergêncianacional, suponho que tambémse trata de umha questom de soli-dariedade política.

Para começarmos esta análise,é importante introduzir breve-mente umha realidade palmária.Dim as pessoas expertas que,quando se combinam ámbitoseconómicos desestruturados,onde umha determinada activi-dade se converte em excluinte emonopolista, descompensando edesequilibrando um sector eco-nómico, com ámbitos sociológi-cos igualmente desestruturadosou afastados do padrom tradicio-nal de relaçom com o entornonatural, é comum à apariçom deimportantes fluxos de capital queescapam dos cauces legais, geran-do economias paralelas caracteri-zadas por estarem constituidaspor um forte tecido submergidoque esconde tupidas redes clien-telares. Nessas circunstáncias,onde tam fácil é passar à acçom eà coacçom política mediantemecanismos ilícitos, a únicaestratégia "ecológica" viável é a doarneirom, que forma colóniasapinhadas em íntima relaçomcom a rocha, com o núcleo durodo sistema, com a raiz sociológica

do "ecossistema". Grandes arnei-rons da política galega ainda seaferram insistentemente ao seupedaço de rocha galaica.

Na Galiza, há já decénios que asilvicultura industrial domina emregime de exclusividade o solarpátrio. À conceiçom intolerante eexcluinte de que o monte deveservir aos interesses da indústriauniu-se-lhe ademais umha outraperversom, a de desenhar ummodelo apoiado numha empresaestatal monopolista e omnipoten-te, à qual toda umha caterva deoportunistas serviu e pretendeseguir a servir. Paralelamente aeste facto, o empobrecimento donosso rural, o seu abandono, nomsó foi demográfico, também foifísico e emocional. Os ocos aber-tos de seguida fôrom ocupadospolos peons da estratégia floresta-lista. A falta de alternativas obri-gou a enganchar a este comboiosuicida a milheiros de proprietá-rios de montes. Enquanto ummundo rural esmorecia, outromais agressivo e ateigado detebras se abriu passo tendo comomáxima irrenunciável o lucro ime-diatista. O modelo de monteresultante foi o de um mosaico desuperfícies desordenadas, umhasdedicadas marginalmente à gade-

ría extensiva, outras a ermo,outras florestadas massivamentee, todas elas, alonjadas ou estre-mantes com as portas das casas.Todo num contexto de profundaalteraçom psico-sociológica, denegaçom e deturpaçom da reali-dade identitária e de repressomdas aspiraçons de progresso nacio-nal. E ademais, os acontecimen-tos vam-se sucedendo a cavalo dedous mundos, o da sociedadeagrária tradicional e o da socieda-de moderna que começa a andar.

O avanço desse modelo demonte e de indústria florestallogo conduziria à apariçom nadécada de '70 de umha tipologiade lumes que já na altura procura-va o desvio da atençom das forçasde segurança, a posta massiva no

mercado de madeira de baixopreço, ou ambas cousas. Som osanos das maiores descargas detabaco de contrabando que selembram na nossa história, quan-do se forjárom as fortunas dosgrandes capos. À dinámica perió-dica da apariçom cada 3,4 ou 5anos de grandes lumes originadosem superfícies de matogueira,logo se lhe uniu a desoladorairrupçom, certos anos, de umhasinistralidade focada em superfí-cies arvoradas, que fazia incre-mentar-se até níveis muito maiselevados do habitual a percenta-gem de superfície arvorada quei-mada ao cabo desses anos.

Como se poderá deduzir, o queisto subscreve nom tem nenhum-ha dúvida da existência de tramasou organizaçons criminais queteriam como objectivo, ademaisda posta no mercado de madeira abaixo preço, o de gerar alarmasocial como mecanismo coerciti-vo. Estes lumes provocados anha-diriam-se a todos aqueles quesom resultado de factores endé-micos de múltipla natureza (cria-çom de pastos, aclaraçom de lin-deiros, eliminaçom da lenhacomo refúgio da fauna, especula-çom urbanística, acidentes narede eléctrica e ferroviária, negli-

gências, etc.), mas seriam os quemarcam a diferença entre um malano e um ano catastrófico. Emtodo caso, este tipo de estratégiapirómana aparece mais bem afinais dos oitenta. A dramáticacampanha de 1.989 transmitiuaos pirómanos a ideia de queeram os verdadeiramenteimprescindíveis na manutençomdo 'statu quo' florestal e no balan-çamento da acçom política. Semeles, as regras do jogo seriam aslegais, as de qualquer país, e aeconomia nom permitiria osbenefícios obscuros que agoraesconde. Por isso, ao longo dosanos noventa, o lume volveu-secomo um "boomerang" e atiçouaos que previamente lhe deramvento em 1989. A gestom dasituaçom nos últimos 16 anos foia de ir manejando um polvorimsem que estourasse. Outra vez aestratégia do arneirom. E quandoo panorama político muda, é horado regresso da piromania maiscruel, a que procura os cenáriosmediáticos, os espectáculos piro-técnicos às portas das cidades,possivelmente em confluência deinteresses com os gestores dosúltimos 16 anos.

Quê fazer, neste contexto, parasalvar o país? Como actuar politi-camente para a galeria e comofazê-lo entre bambalinas? Desdelogo, nom é umha questom parafrivolizar, mas o nacionalismohegemónico fai anos que saiu domais profundo da fraga para cru-zar os verdes prados e ir pastar aoseidos do Reino. Está numhasituaçom privilegiada para, desdea sociedade política bipartida,aproveitar os recursos de I+Dque tam bem sabem empregar asforças de segurança da 'Naçom deAtapuerca'. Em qualquer caso, noseguinte número volveremosacender um facho nesta cavernana que devemos conviver.

As bandas organizadas ou a organizaçom da bandaPEDRO ALONSO

AO LONGO DOS ANOS NOVENTA, O LUME VOLVEU-SE COMO UM "BOOMERANG" E ATIÇOU AOS QUE PREVIAMENTE LHE DERAM VENTO

EM 1989. A GESTOM DA SITUAÇOM NOS ÚLTIMOS 16 ANOS FOI A DE IR MANEJANDO UM POLVORIM SEM QUE ESTOURASSE

As tramas teriamcomo objectivo,

ademais da postano mercado demadeira a baixopreço, o de gerar

alarma social comomecanismo coercitivo

LUMES E POLÍTICA FLORESTAL (I)

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 200610 A FUNDO

G. UZ / Segundo a Rede Eléctricada Espanha, a Galiza gera anual-mente cerca de 27.500 GWh -giga-wats por hora-, o qual representaque as galegas e os galegos paga-mos umha das facturas eléctricasmais caras do Estado, teoricamen-te polo custo de manutençom dasinstalaçons -apesar das constantesqueixas por problemas no forneci-mento. Desta quantidade de ener-gia gerada, o País nom dá consumi-do as tres quartas partes, querdizer, exporta uns 8.500 GWh -principalmente a regions espanho-las como Madrid, deficitária emproduçom eléctrica.

No caso da energia hidroléctri-ca, entre as formas estudadas paracompensar o País pola riquezaque produz, a Junta da Galizapretende tornar efectivo umcánone sobre a água, ao abrigo daLei Orgánica de Financiamentodas Comunidades Autónomas edo actual Estatuto de Autonomia-artigo 44.10, entre outros-.Porém, a medida nom parece fruirdo beneplácito de todos os inte-grantes do Governo bipartido. Porexemplo, o conselheiro daInovaçom e da Indústria,Fernando Blanco -BNG-, julgaque o imposto hidráulico reper-cutiria na factura eléctrica dosgalegos. Em contrapartida, o con-selheiro do Meio Natural,Manuel Vázquez; e o próprio pre-sidente da Junta, Emilio PérezTouriño -os dous do PSOE-defendem esta taxa como "a fór-mula mais atinada" para conseguirque umha parte dos lucros dashidroeléctricas fique na Galiza.

Com independência das dife-renças de critério, a Conselhariada Economia -controlada poloPSOE- avançou que a Junta ence-tou os trabalhos para definir exac-tamente o que é o cánone hidráu-lico para apresentar no parlamen-to um projecto de lei no início dovindouro ano, e poder começar acobrar essa taxa já em 2008. Emprincípio, o imposto gravará asconcessons hidráulicas em fun-çom da capacidade de cada cen-tral, embora ainda nom estejadecidido se terá como base osGWh produzidos ou bem o volu-

me de metros cúbicos de águaempregues -mais na linha da pro-posta inicial.

A aplicaçom da nova lei -nocaso de concitar os apoios neces-sários e conseguir a aprovaçom-nom seria unilateral por parte doExecutivo galego -ainda quepoderia, já que é potestade detodo Governo, como já se temvisto noutras situaçons-. Aomenos assim o deixou verTouriño, quem assegurou que"dialogará" com as empresas paraestas aderirem à necessidade "decontribuir mais para o País".

Ameaças da FenosaQuando estas primeiras manifes-taçons -e acçons- públicas daJunta saírom à esfera pública, apatronal eléctrica nom reagiuamigavelmente. Particularmentegráfica nas suas explicaçons foi aUniom Fenosa. Esta empresa,através do seu vice-presidenteHonorato López Isla, ameaçaracom que no caso de existiremprotestos sociais ou institucionaiscontrários aos seus novos projec-tos, nom teriam qualquer proble-ma em levá-los para outra parte"e nom se passa nada".

A arroutada nom lhe duroudemasiado, e só umhas horas maistarde afirmava que "temos muitointeresse em fazer muitas cousasna Galiza, mas nom queremosfazer nada em contra daAdministraçom ou dos galegos".Porém, reafirmou-se em que aUniom Fenosa nom tem interesseem negociar com a Junta as condi-çons das concessons hidráulicasporque "estám garantidas juridi-camente".

A atitude hostil de López Islafoi partilhada polo presidente dapatronal galega, AntonioFontenla, para quem "a soluçomnunca deverá considerar a cria-çom de novas taxas".

No estrangeiro, ao invésRecentemente, a Uniom Fenosacomeçou a explorar na Costa Ricaumha central de energia hidroe-léctrica cuja concessom será porapenas vinte anos. Passado essetempo, as instalaçons passarám amaos do governo do país centro-americano. Curiosamente, estaempresa nom se mostra tambenevolente na Galiza como faicom o estrangeiro, já que algum-has das suas concessons em dife-

rentes barragens duram até qua-tro vezes mais.

Segundo a patronal eléctricaUnesa, o preço de construçom dequalquer umha das grandes barra-gens no poder da Uniom Fenosa,da Iberdrola ou da Endesa estariapróximo dos 3.360 milhons deeuros. Porém, as suas receitas deexploraçom actualizadas ultrapas-sam já os 12.600, quer dizer, atéquatro vezes mais o custo inicial.Isto deve-se, por um lado, a que opreço do megawat-hora nas barra-gens galegas entre 2004 e 2006 seduplicou -como apontam as infor-maçons do Ministério espanholda Indústria-.

Por outro lado, é graças a umhapermissiva legislaçom espanhola,

A FUNDO

EÓLICAS E HIDROELÉCTRICAS NA GALIZA

Na anterior entrega desta reportagem, lembrávamos que a geografia do nosso país apre-senta em toda a parte as marcas do 'progresso' em forma de geradores de energia eléctri-ca. Nalguns casos som menos agressivos com o meio natural do que fortemente impac-tantes a nível paisagístico -ccaso dos parques eólicos-.. Noutras situaçons, o choque oco-

rre a todos os níveis, e também no plano humano, como as hidroeléctricas. Na Galizaexistem mais de 60 barragens para produzir energia mediante massas de água e projec-tam-sse ainda mais, sem que até o momento nenhuma delas demonstrasse interesse porcompensar devidamente o País pola riqueza que produz.

A Conselharia da Economia -PSOE- avançou que a Junta encetou os trabalhos para definir o cánone hidráulico paraapresentar no parlamento um projecto de lei no início do vindouro ano, e poder começar a cobrar a taxa em 2008

Uniom Fenosa oferece no estrangeiroo que nom propom na Galiza

Segundo a Unesa,o preço deconstruçom dasgrandes barragensde Fenosa,Iberdrola ouEndesa estariapróximo dos 3.360milhons de euros.Porém, as suasreceitas deexploraçomactualizadasultrapassam já os12.600. O preçodo megawat-horanas barragensgalegas duplicou-seentre 2004 e 2006

Segundo a RedeEléctrica da Espanha,Galiza gera cada anocerca de 27.500 GW/h,o qual representa queas galegas e os galegospagamos umha dasfacturas eléctricas maiscaras do Estado, emteoria polo custo demanutençom dasinstalaçons -apesar dosconstantes problemasno fornecimento. Daquantidade gerada, oPaís nom consome astres quartas partes

ERRATAS: Na página 11 do númeroanterior nom som visíveis as quatro lin-has inferiores das colunas de texto porerro técnico. Podem-se consultar no webdo jornal (http://www.novasgz.com). Nofinal da página 12, figura a quantifica-çom do aval em “mais de duzentos mil-hons de euros”, quando deveria figurar“mais de dous mil euros”.

Na página 18, na notícia sobre a reivin-dicaçom do ‘pontogz’, no final da primei-ra coluna, onde aparece “Gibraltar, Ceutae Melilha” deveria figurar só “Gibraltar”.

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 2006 11A FUNDO

A construçom de barragens portoda a Galiza tem deixado sobra-das evidências da sua capacidadepara arrasar e assolar a riquezaambiental e paisagística do Paísao largo das bacias dos riosMinho, Jalhas, Sil, Tambre, Ulha,Ávia, Arnego...

Um dos últimos projectoshidroeléctricos na nossa Terra é oda Uniom Fenosa para construirtrês barragens na zona galego-portuguesa do Minho, num treitode 23 quilómetros entre os con-celhos de Crescente e das Neves.Segundo a ConfederaçomHidrográfica do Norte, a iniciati-va continua em maos da Fenosa ecabe apenas a esta empresa deci-dir continuá-lo ou nom, visto quejá passou o período de alegaçons.

O projecto, como outros nageografia galega -caso da pisci-factoria de Rinlo, em Riba d'Eu-, enquadraria-se num espaçoque fai parte da Rede Natura2000 -de interesse europeu-, econdenaria ao desaparecimentoespécies como a lampreia min-hota, ao mesmo tempo que sedesconhecem as conseqüênciasque poderia vir a ter para asplantaçons vitivinícolas deaquém e de além Minho, tal ecomo denuncia a Plataforma emDefesa do Rio Minho.

As três associaçons ambienta-listas do País -Adega, FederaçomEcologista Galega e Verdegaia-também apresentaram recente-

mente as suas alegaçons paradeterem um outro projecto: o deFerroatlántica para instalar umhaminicentral no Jalhas.Localizaria-se em Gestosa(Dumbria), e implicaria umtransvasamento e parte do cau-dal do rio justo acarom da carval-heira de Anlhares (Maçaricos),umha das fragas autóctones maio-res da Galiza.

Fenosa ameaçara com levar os seus projectos para outra localizaçom. Na imagem, sede da companhia eléctrica na Corunha

Uniom Fenosa começou a explorar na Costa Rica umha central hidroeléctrica cujaconcessom será por 20 anos. Depois as instalaçons passarám a maos do governo

Projecto ambientalagressivo no Minho

Um dos últimosprojectoshidroeléctricosde Uniom Fenosaconsiste em trêsbarragens na zonagalego-portuguesado Minho, numtreito de 23quilómetros entreos concelhos deCrescente e dasNeves. Segundo aConfederaçomHidrográfica do Norte,a iniciativa continuaem maos da Fenosa

NomeAlvarelhosPonte-BibeiSanto AgostinhoMonte FuradoConsoSouteloEumeConchasRegueiroCastreloVelheFrieiraBelessarPearesSam CristovoPonte NovaSalasSam ClódioSam MartinhoSanto EstevoSequeirosSam PedroSobradeloQuerenhoSantiago-SilTambre ITambre IIPorto-de-MourosCastrelo-ÉçaroSanta UgiaSantiago-XaresPradaMandeio-Zarzo

EmpresaUniom FenosaIberdrolaEndesaIberdrolaIberdrolaIberdrolaEndesaUniom FenosaUniom FenosaUniom FenosaUniom FenosaUniom FenosaUniom FenosaUniom FenosaIberdrolaIberdrolaUniom FenosaIberdrolaIberdrolaIberdrolaIberdrolaUniom FenosaIberdrolaEndesa-Uniom FenosaUniom FenosaUniom FenosaFerroatlánticaFerroatlántica-EndesaUniom Fenosa

LocalizaçomLeiroPóvoa de TrivesViana do BoloRibas do SilVilarinho de ConsoVilarinho de ConsoMonferoLóviosParada do SilCastrelo do MinhoOurensePadrenda (Frieira)ChantadaCarvalhedoCh. de QueijaPóvoa de TrivesMoinhosRibas do SilQuirogaN. de RamuimRibas do SilCarballedoB. de Vale d'EorrasRuviáRuaNoiaNoiaVila-de-CruzesDumbriaDumbriaRuaVeiga do BoloPaderne

RioÁviaBibeiBibeiBibei (Minho)Camba (Bibei)CençaEumeLímiaMauMinhoMinhoMinhoMinhoMinhoNaveia (Bibei)Naveia (Bibei)Salas (Límia)SilSilSilSilSil (Minho)Sil (Minho)Sil (Minho)Sil (Minho)TambreTambreUlhaJalhasJalhasXares (Bibei)Xares (Bibei)Zarzo

Fonte: Instituto Energético da Galiza (INEGA)

que vai na linha do apontado no"Libro Blanco de la GeneraciónEléctrica en España" -escrito porJosé Ignacio Pérez Arriaga para oMinistério-. Neste relatório, ocatedrático assegura que as cen-trais hidroeléctricas som "máqui-

nas de fazer dinheiro para asempresas, e continuarám a sê-lodurante décadas". E dizemos bemque a legislaçom espanhola é emexcesso permissiva: a própriaComissom Europeia chegou a ins-truir processo ao Governo espan-

hol por considerar que as licençashidroeléctricas se prolongavamdemasiado no tempo, fortalecendoassim a posiçom dos actuais titula-res dos contratos e impedindo oacesso da concorrência a esta ape-tecível porçom do bolo eléctrico.

BARRAGENS COM POTÊNCIA SUPERIOR AOS 10 MW/H

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 200612 REPORTAGEM

SOLE REI / Corria o 1981 na alturadaquele primeiro Festival, mas erajá desde o 1973 que a SCD andavaa trabalhar "pola difussom da cultu-ra galega de umha perspectiva decompromisso com o país e o seudesenvolvimento sócio-cultural".Num tempo no que nom contavaainda com a mais pequena ajudados organismos oficiais, este colec-tivo com sede em Salvaterra deMinho soubo sair adiante organi-zando diversas actividades noseidos cultural e desportivo, comoum cineclube, semanas culturaisnas paróquias da vila, magustos,teatro, campionatos de futebol desalom, marchas ciclistas, marato-nas ou jornadas de piraguismo,assim como jornadas pedagógicase festas infantis.

Este ano, nas vodas de prata docomeço do Festival e na entrada navintena da súa celebraçom, o pro-grama amplia-se para darmo-nosainda mais gosto aos que queremosgozar da festa da poesia até fartar-nos, como com umha cousa decomer (nham-nham, como dizíaAntom Reixa quando escrevía olimiar para o livro do festival, alópolo 1990). Assim, desta voltaserám três os dias de celebraçom,que seguem a afundar no impulsode diferentes formas de expressomcultural para além da poética, comexposiçons, projecçom de audiovi-suais, artesanato, a festa infantil derigor e, por suposto, música.

Banda Bassoti e Betagarri somsem dúvida os pratos fortes destaediçom festivaleira, mas aos quenada tenhem que invejar os menosforáneos Dios Ke Te Crew,Lamatumbá ou Terrakota, que jun-tos conformam um ambicioso pro-grama que toca com precissom

aqui e alô dando cobertura a dife-rentes estilos musicais.

Assim as cousas, já nom é certode todo o que Reixa proclamavanaquele seu limiar no que falava doirremediável de que a poesía jánom tenha nada a ver com o lazer, ebem pola contra o que a SCDapressenta neste XX Festival daPoesía é toda umha oferta de bomlazer para os dias 31 de Agosto, 1 e2 de Setembro com a que a SCDquer consolidar umha cita lúdico-cultural que nos últimos anossoubo ir fidelizando um públicoassíduo que aguarda pela primeirafim de semana do nono mês para sedeslocar até o Condado. E dito sejade passagem, este ano há comboioe autocarro de balde, a jeito de nor-malizaçom do feito poético; paraque nom se faga totalmente preci-so abandonar os sucos, as estradase os transportes conhecidos parapoder ser poeta, como proclamavaJosé Ramom Pena na apresenta-çom do Festival do 1982. Isso si:ao longo destes vinte e cinco anoso Festival da Poesía tem-se posi-cionado sempre em cada um dosconflitos político-sociais que setenhem ido producindo, amos-sando sempre a súa capacidadecrítica e reivindicativa em favordumha Galiza, dum mundo máisjusto e livre. Pois como tambemdizía Pena, "jamais alguém penseque os versos podem ser sinóni-mo de pracidez, de tempo semconflito. Os versos dislocam,esvaram, rompem, racham, pro-clamam, (...) estoupam. Jamaisalguém pense que a poesia, que aarte, que os dizeres humanospodem estar conformes". Pois queassim seja, quando menos, poroutros vinte e cinco anos.

O Festival da Poesia celebra a sua XX ediçom comumha ampliaçom qualitativa e quantitativa do programa

REPORTAGEM

María Xosé Queizán recitando no Festival de 1994 em Fornelos da Ribeira (Salvaterra). Na sua história, a festa da poesiacelebrou-se também em Salzeda de Caselas, Porrinho, Ponte Areias e Mondariz, mas desde 1988 tem lugar em Salvaterra

"Na infinda noite da cultura já começava-mmos a estar um pouco fartos de que cada vezque na trincheira alguem prendía um facho para romper as brétemas o francotirador lheatinasse entre os olhos com impracável puntería".

Já vam vinte e cinco anos desde que a Sociedade Cultural e Desportiva do Condadoapresentava com estas palavras o primeiro Festival da Poesía numha Primavera, faiagora 25 anos. O facho segue alumeando desde Salvaterra de Minho.

“Jamais alguémpense que os versospodem ser sinónimo

de pracidez, detempo sem conflito.Os versos dislocam,esvaram, rompem,

racham, proclamam,(...) estoupam.

Jamais alguém penseque a poesia, que aarte, que os dizeres

humanos podemestar conformes”

José Ramom Pena

VINTE E CINCO ANOS CONSTRUÍNDO FUTURO DESDE A COMARCA RAIANA DO CONDADO

Imagem de umha festa de sócios e sócias da SCD Condado celebrada em 1.982

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 2006 13OPINIOM

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Anossa comarca cumpre com operfil típico de umha comar-ca do interior galego.

Cingindo-nos às suas coordenadassociológicas podemos dizer que éumha comarca alargadamente avel-hentada, com uma distribuiçomsectorial marcada polo monocultivoestranho às práticas tradicionais,mas impulsionado pola pior políticameio ambiental já travada na nossanaçom com a dissecaçom da lagoamais extensa de toda a península e aconcentraçom parcelar mais selva-gem já feita no país. O policultivoharmonizado com a presença dumapreciável mato florestal desapare-ceu para construir umha Castelaagrícola no médio da Galiza. Eis emque diverge: a meseta limiã nominveja fisicamente nada às terras decampos castelhanas. Parece comque a Galiza perde-se a sua identi-dade nada mais ultrapassar AsEstivadas, o Furriolo ou o Alto deAlhariz, mas como outros "deser-tos" do rural galego, nom houvequem impedisse tal desfeita. Todofosse por render perante Madrid aspiores batatas que se deram naLagoa (e dam-se!).As geadas impe-dem qualquer outro cultivo quenom sejam aqueles abençoadospola política de subvençom.

Dos tempos da II repúblicaespanhola, para a frente, poucosforam os movimentos que questio-náram o status quo. Sempre estivovigente umha política direccionadapolas vias tradicionais, condiciona-da pelo medo: a maior das armascom que os sublevados contáramnum país rendido à repressom. ALímia nom foi excepçom, masparadigma, apesar de nas encostasarraianas toda sorte de negóciosparalelos surgissem desafiando afome imposta…

Chegou a democracia, mas poucoessencial e existencialmentemudou. Como herança os políticosdo ontem sucederam-se nos deagora, explicitando o maior sucessodo regime, a desmobilizaçom políti-co-social como se fosse um padeci-mento isso de exercê-la, o votoapresso dos nossos idosos... Nomsom mais do que as linhas marcan-tes de toda a pressom ideológica doregime. Torna-se lógico que o asso-ciativismo na Límia, pertencesseàquilo que combater, embora nomseguisse essas "vias tradicionais defazer política"…a política autonô-mica promoveu, no entanto, o sub-sídio. Nom por vontade de maneiraempreendedora, mas como umhafórmula mais de amarrarem à popu-laçom, , vítima mais uma vez daspráticas do regime. Nada na comar-ca, mesmo institucionalmente, senom continha a aprovaçom da"Xunta". Assim surgiram pseudo-associaçons, como receptoras fan-tasmas de ajudas, embora nom hou-vesse pessoas que as guiassem. Osquartos eram geridos exclusivamen-te pelas câmaras municipais, ainda osom para os destinar a qualquercousa, no que elas quigessem vir adestinar: despotismo ilustrado defim-de-século. Ao tempo, as alter-nativas culturais e de ócio ofere-ciam-se única e exclusivamentenumha cabeceira comarcal, prestea encher ("espirituosamente") osvazios programáticos dessas "asso-ciaçons".De Aguilhoar e do grupode pessoas que a conformamos pen-samos que racharmos com asdependências é o primeiro passo adar. Ficamos demasiado tempo àespera. A comarca precisa desligar omovimento associativo da políticainstitucional se se quer que os errosdo passado nom voltem ter lugar.

Mas nem só Aguilhoar entendeisto como preciso. Os amigos daLethes, revista cultural, entendemque A Límia tem muito a oferecerao país para além de "batata dequalidade" e trigo malhado à cas-telhana ou ovelhas subvenciona-das. Venham mais ver que NuncaMais seremos umha comarca geri-da em (exclusiva) São Caetano,porque como noutros locais do paísa soluçom passa polo associativis-

mo livre e sem dívidas. Dívidasque em qualquer caso se deverámcontrair com o país, com o progres-so do país, agora que o vê maispreto do que nunca: maldito fumeque nos queimas o futuro!

O Futuro deu-se cita na sexta-feira à noite para a nossa comarca.Pola primeira vez umha associaçomnom ligada quanto menos dumhaforma íntima com a burocracia tra-dicional que absorve a cultura dopaís até a fazer dependente organi-zou um evento com vocaçom detotalidade. Pretendemos abrangertodos os campos: desde a poesiaaté a expressom teatral ou os jogospopulares, tendo ainda tempo parao ócio, num marco de encontro domovimento associativo galego emque se rendeu homenagem a umadas associaçons decanas do reinte-gracionismo galego: a AGAL(Associaçom Galega da Língua).Pujo-se em comum conhecimentoa existência da nossa associação,Aguilhoar. O festival da Mocidadevive a sua primeira ediçom em 18de Agosto, saindo da vontade cria-tiva duns quantos moços sem pre-tensons altivas, mas com a tençomde pôr em andamento os moços emoças da comarca para ajudar naconstruçom solidária do país. Onosso começo é de necessidadehumilde, a modéstia deve acom-panhar-nos seja como for o resulta-do deste convívio.

O nosso associativismo, emborapolo momento seja fraco, tem pres-tado especial atençom aos nossosirmaos portugueses.Estivemos nosconvívios de Mourilhe(Montalegre) no Barroso catalisadopelo PGL, mas que contou com apresença de Aguilhoar e da AGAL-Límia num marco incomparável: oda serra do Larouco no Barroso, que

há-de ver em pouco como se estrei-tam os laços com associaçons comoa Pró-Barroso. Ela visa como a nossapor lutar contra as eivas tradicionaisde comarcas isoladas e do rural, ten-tando para já suprimir a injusta liga-çom entre o rural eo isolamento oudesentendimento.Estivemos emBraga numha juntança de maiorconteúdo político a priorizar oenvolvimento de partidos como oBloco de Esquerda ou o PCP, quepor vezes tinham ficado afastadosda causa nacional galega talvez porquestom de adjectivaçom ou aindaoutras. O certo é que pessoas dodistrital bracarense achegáram-separa mostrar o bom momento deum relacionamento ainda por alar-gar e aperfeiçoar. Recusamos, por-tanto, essa raia imaginária que sepa-ra duas línguas, tanto daqui daLímia, quanto de lá, necessaria-mente única.

Vieram nas III Jornadas daLíngua (na passada semana santa)gente do Castro Laboreiro(Melgaço) a falar-nos da peculiarorganizaçom social desta regiom dodistrito de Viana de Castelo, dasinverneiras, das branhas, dos culti-vos, da língua, do homem.Recolhemos nestas jornadas asemente das duas que as precede-ram. Especialmente sucedidaforam as II Jornadas da língua quese celebraram em Parada deOuteiro (Vilar de Santos) e quereuniram 80-90 pessoas a falarem,discutirem, escuitarem, saberemda situaçom do galego estremeiro.Concluímos em que a Galiza setem tornado estremeira no que dizrespeito a Portugal, nem só doponto de vista linguístico, mas cul-tural e social. Sermos limiaos, ser-mos galegos, tirarmos os comple-xos é trabalho de todos.

Pensamos queracharmos com

as dependênciasé o primeiro passo

a dar. Ficamosdemasiado tempo

à espera. Acomarca precisa

desligar omovimento

associativo dapolítica institucionalse se quer que oserros do passadonom voltem ter

lugar. A soluçompassa polo

associativismolivre e sem

dívidas

A Límia: entre o caciquismoe o novo movimento associativoPOR ANDRÉ CASTELEIRO

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 200614 REPORTAGEM

Jorge Ricoy. ActorEu acho que nom. Tal comoestá colocado hoje, é o projectoque tem o governo de Espanhae está demasiado adaptado àlegalidade vigorante.

Francisco RodríguezLíder da UPG (BNG)O caminho cara à autodeter-minaçom é um processo con-tínuo e um novo estatutopode ser mais um chanço nocaminho. Mas isso dependede que realmente se recon-heçam os direitos do povogalego e a identidade nacio-nal da Galiza. A atitude doPSOE nom vai polo caminhode esse reconhecimento.

Begoña LasagabasterEusko AlkartasunaTodo depende de se res-peitarem a vontade dosparlamentos nacionaisdemocraticamente eleitos.Se se mantém esta mermade democracia dos partidoscentralistas de recortar osprojectos elaborados polosparlamentos nacionais,nom há nada a fazer.

Luís FontenlaR. de Organizaçom do MDLA constituiçom espanhola diclaramente que a soberaniareside no povo espanhol.Logo um estatuto surgidocom estas premisa nompoderá ser nunca soberanis-ta. Teria que tratar-se de umoutro tratado constitucio-nal. O estado nom permiteum estatuto soberanista eos actores deste novo esta-tuto nom tenhem intençomde ser soberanistas. Ocaminho nom tem saída.

Manolo SotoSCD CondadoEvidentemente que nomporque considero que é maisum atranco no avanço para aautodeterminaçom.

Xavier Martínez. SanitárioNom um caminho para asoberania mas sim umpequeno avanço e daí há queir muito mais para adiante.

Mariano AbaloLíder da FPGPara a FPG o novo estatutovai supor um fracaso políticoporque desde os promotorestanto o BNG como o PSOEnom há vontade de recolhero direito a decidir que osgalegos e galegas tenhem.Trata-se de umha adaptaçommais ao sistema e à constitui-çom espanhola que para nadarespeita os direitos nacionais

Xosé Emilio VicenteColectivo Isca (BNG)Depende do resultado, claro,mas tendo em conta a vonta-de do PP que é de sobra con-hecida e a do PSOE, vai serdifícil que se supere o actualmarco e reconheça sequer arealidade galega como naçom.

Sabela AgreloEstudante, AGALSe nom reconhece o direitode autodeterminaçom, nom.

Carlos MoraisPrimeira Linha (NÓS-UP)Em absoluto. Será umhanova fraude ao povo galego.O objectivo é lograr um novoencaixe da Galiza dentro daEspanha unitária, por tantoos comunistas e independen-tistas galegos nom apoiamoseste novo estatuto que impe-dirá que a Galiza se convertanumha naçom soberana.

Moça membro de CeivarCom carauta de denúnciaO novo estatuto nom vaireconhecer esse direitonunca. O PSOE como parti-do espanholista nom vaiceder e as cousas vam ficarcomo até agora. Olha qual é apolítica de incumprimentoscomo o de achegamento dospresos e presas a centrosmais próximos aos seu luga-res de origem.

X. L. Méndez FerrínEscritor, FPGEu acho que o novo estatutoé um engano. Que ponha oudeixe de ponher ‘naçom’ éalgo que nom interessa. Jáantes ponhia ‘nacionalidade

REPORTAGEM

Sobre Estatuto e Soberania... impressons

SOLE REI- ALONSO VIDAL / O novo Estatuto está em boca dos políticos deste país. Nospróximos meses, com o início do novo curso, estamos condenados a assitir a um deba-te profundo com opinions certamente enfrentadas, chamado a saturar os meios deinformaçom da Galiza. No NOVAS DA GALIZA quigemos adiantar-nnos ao duro debate e

pulsar umha primeira impressom sobre o triángulo Estatuto-AAutodeterminaçom-Soberania. É assim que decidimos formular umha única e simples pergunta a distintaspessoas de diversos ámbitos sociais: Considera que o novo Estatuto pode ser um ver-dadeiro caminho de soberania para a Galiza? Eis as respostas:

CONSULTAMOS DIFERENTES OPINIONS EM RELAÇOM AO DEBATE ABERTO À VOLTA DO MARCO POLÍTICO DA GALIZA

histórica’ e nunca antes usaramnem Fraga nem Lage essa pala-vra. O fundamental é pôr emprática políticas reais, das que sepodem fazer agora com esteestatuto como a reforma admi-nistrativa da Galiza, a personali-dade das paróquias, a supressomdas províncias, a comarcaliza-çom, por pôr umhas cousas dasmuitas possíveis. Ou umha polí-tica linguística de verdade comoa que se fai em Euscadi ou emCatalunha. Nom fai falta nen-hum estatuto para continuar afazer políticas neoliberais.

Maria Osório. AMIPara mim nom é avanço. Foifeito de portas fechadas sem terem conta a pessoas do ámbitosoberanista. Suporá umha reno-vaçom do acordo de subordina-çom que o povo galego vai assi-nar de novo com o estadoespanhol. As competências noplano jurídico ou económicopodem ser no papel mais gran-des mais isso nom vai supor naprática mudança significativa.

Maurício Castro. NÓS-UPO debate está-se a reduzir aumha questom nominal acercado termo ‘naçom’ que de certaforma já aparece na própriaconstituiçom em forma denacionalidade. Se nom forenchido de conteúdos podeficar num gesto que nos condu-za a 25 anos mais de estabilida-de constitucional. A novidadeestá em que o nacionalismomaioritário que recusava omarco anterior agora adere àunanimidade a favor de umnovo estatuto que nom vaimodificar nada substancial.

A. VendrellMDT, Países CatalánsSe algo fica claro em toda estapolémica dos estatutos, é que oestado espanhol nom se podereformar. En nenhum dos pro-jectos de estatuto se recolhe odireito dos povos à sua autode-terminaçom. Por outra parte,enquanto nos deixem atados asistemas capitalistas e nom tra-tarem de adoptar marcosdemocráticos populares, estasreformas nom fam mais que

De em cima para abaixo. Ugia Pedreira, LuisFontenla, Noemi Gonçálvez, Francisco Rodríguez,Jorge Ricoy, Camilo Nogueira, Renato Nunes

Carlos Callón, Uxio-Breogán Diéguez,Xavier Martínez, Begoña Lasagabaster

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 2006 15REPORTAGEM

tentar reformar sem êxito um esta-do espanhol em decadência.

Virgínia López. ADEGADepende como se vaia fazer umnovo estatuto. Eu acho que um novoestatuto que tenha en conta a opi-niom de todos os sectores da popu-laçom seria positovo. Se fica curtoou nom se pom de manifesto o quereinvindicamos muitas organiza-çons, nom valeria de muito

Noemi Gonçálvez. MNGNom tenho demasiada confiança doque pode sair deste estatuto.

Uxio Breogan Diéguez. Historiador.Tem que supor um degrau de avan-ço importante em relaçom ao actual-mente existente. A minha arela éque desse integrado, no caminhocara a soberania nacional, duas ques-tons fundamentais que devem con-

templar: O carácter nacional daGaliza e, como consequência disto,o direito de autodeterminaçom.

Ugia Pedreira. CantoraSe o povo galego que é quem maisordena decidir que é bom, será. Emtodo caso sempre é ele quem temque decidir o que quer.

Camilo Nogueira. BNGQue seja um passo cara a autode-terminaçom nom significa que ohorizonte de esta autodetermina-çom seja mais fraco do que os quedizem que o estatuto nom serveabsolutamente para nada. Umhanaçom que queira autogovernar-senom tem limite. Este é um camin-ho de luita, mas tendo claro qual éo horizonte. Neste momento oestatuto ou é de naçom ou o nacio-nalismo galego nom deve assiná-lo.Galiza é umha naçom, nom qual-

quer outro subterfúgio. Se nom seconsegue haverá que desenvolvereste estatuto actual até encontrarumha melhor ocasiom.

Comba Campoi. ActrizNom sei. A verdade é que eu sombastante céptica. Em geral estoutentando manter umha actitudepositiva com todos os passos que sedeam, ainda que me parecempequerrechos e demasiado pru-dentes. Em qualquer caso estácontribuindo para que se debata otema. Acho que os movimentosnacionalistas vam um pouco dis-tanciados do que é realmente aconsciência social.

Renato Nunes da SilvaMovimento polos Direitos CivísPode ser um caminho, mas deveconter com um articulado que recol-ha os direitos e liberdades do povo

galego, mais avançado do que recol-he a constituiçom espanhola e queseja próprio da Galiza. Deve conterumha reformulaçom da instituiçomdo valedor do povo galego, para queconte com a participaçom das orga-nizaçons sociais da Galiza que podacontrolar o seu trabalho. A nova polí-cia autonómica deve contar comorganismo de controlo que sejagarantista dos direitos cidadáns.

Rosa Aneiros. Escritora.Acho que é um dos passos mas nomo único. As leis reconhecem muitascouas mas é necessario que a genteacredite. Se se consegue que aspessoas acreditem que um estatutovai ajudar a conseguir retos queagora nom temos, poderemos avan-çar. Há umha parte escrita nas leis eoutra a conscienciaçom da gente,em saber transmitir bem a necessi-dade deste novo estattuto.

Carlos CallónMesa pola Normalizaçom LinguísticaQuanto à soberania linguística estáclaro que o novo estatuto pode signifi-car um passo adiante histórico para ogalego ao obter um reconhecimentooficial que nunca tivo. Há que seguirneste sentido o caminho do estatutocatalám. Reconhecer o dever do con-hecimento -que vem a ser na prácticareconhecer o direito de uso real- eumha carta de direitos linguísticos.

Miguel de Lira. ActorSim, mas penso que o novo esta-tuto está mui puto e também que,como dizia a minha avó que duascabeças pensam melhor do queumha para governar. Ah! e que oestatuto pode dar mais ferramen-tas para o autogoverno que é aaspiraçom natural de cada povo. Eque nom há que confundir oTourinho com a velocidade...

Deesquerda a direita e de em cima para abaixo. Xosé Emilio Vicente Caneda, Virginia López, Maurício Castro, Maria Osório, Manolo Soto, Comba Campoi, Rosa Aneiros, Mariano Abalo, Miguel de Lira.

Apartado 24034 - 28080 - Madrid

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De quantas denúncias doMpDC consta o vosso Informe?O informe do MpDC recolhedenúncias, artigos de associaçonse informes de profissionais quese unem e som analisados emconjunto como demonstraçonsde que nom se cumprem osdireitos previstos no Título I daConstituiçom Espanhola. Poresta razom é muito complicadodar um número de denúncias.Podemos dizer que no 2005abrimos mais de 30 expedientes.

Do teu ponto de vista, quaissom as mais graves?O abuso de autoridade por partedas forças e corpos de seguridade, afalta de transparência daAdministraçom e a falta deaplicaçom do princípio de igualdadeante a lei por parte da Justiça.

Onde cifrarias o índice desucesso das campanhas?As campanhas nom procuram umresultado contundente eindiscutível de pressom àAdministraçom, pois entendemosque os mecanismos do Sistema oimpedem. O índice de sucessodas campanhas estaria nacapacidade fazer chegar àcidadania o facto de o Estado deDireito nom ser tal e só garantiros direitos a umha determinadaparte da sociedade. Nessesentido, vamos melhorando mas asituaçom actual nom é nem muitomenos da que gostaríamos.

Tardam as instituiçons em sefazerem eco das vossas petiçons?Sim, muitas vezes nem se fam ecoe vemo-nos na obriga de nosdirigirmos às Instituiçons quetenhem por obriga velarem polosnossos direitos, lamentavelmente,podemos evidenciar que essastambém falham estrepitosamente.Na situaçom actual, já nospodemos permitir denunciarperante a via judicial asInstituiçons que nom respondemas nossas petiçons. Esse foi o saltoqualitativo no labor do Movimento.

Consideras que a sociedade,vaitambém por diante dos políticosno plano das liberdades civis?Nom. A sociedade tem medo deutilizar os seus direitos, e em parte

é o motivo polo que nom secumprem. Ponhamos comoexemplo a greve geral do metal.Dúzias de pessoas resultaramferidas pola actuaçom policial, masapenas umha ínfima parte dosafectados apresentárom denúnciaou fôrom a um Centro de Saúde.Isso leva a que nas estatísticas nomexista umha vulneraçom palpáveldos direitos civis da cidadania.

Há umha carga policial, sanguee tumulto, mas um númeroingente de polícias feridos. Istodeve-se a que os polícias acodemao centro médico mesmo queapenas tenham umharabunhadura, e assim logramdados estatísticos quejustifiquem a sua actuaçom. Ospolíticos trabalham com essesdados e resulta complicadodefender de umha forma

objectiva a vulneraçom dosdireitos desses cidadaos.

Dispós de dados para valorares ograu de cobertura dos meios àsvossas iniciativas?É complicado valorar. Nosinformes 2003, 2004 e 2005atopam-se cadernos de imprensaque recolhem tudo quanto quefoi publicado sobre o MpDC naGaliza e no exterior. Nom épouco, mas costumam sernotícias com pouco destaque.

Como avaliarias a situaçom de2005 respeito da de 2004?Mantém-se absolutamente igual.Nom avançamos em nada etemos umha tendência à perdade direito por mor do medo -inculcado polos poderespúblicos- à falta de segurança.

NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 200616 CULTURA

CULTURA

PGL / A directora da Escola Infantilde Burela participou num obradoi-ro de Língua e Sociedade incluídodentro do programa do EncontroCultural organizado polaAssociaçom Galega da Língua eque continua celebrando-se naque-la localidade da costa cantábrica.

Num acto celebrado na Casa doMar burelesa, Teresa Quelle Vidalexplicou como foi criado o centroeducativo que hoje dirige e avalioucomo totalmente positivos os resul-tados destes 25 anos de experiência.Participantes na Mesa-Redonda epúblico coincidem em sinalar a afi-nidade entre o modelo educativoaplicado nesta escola infantil e aproposta do governo galego para ofuncionamento das Galescolas, depróxima implantaçom.

A génese da Galescola de Burelaremonta-se a 1982. Umha jovemlicenciada em Psicología, LolaQuelle Vidal, pensa em possíveissaídas profissionais e observa quena sua própria localidade nom exis-te serviço de escola infantil. TendoBurela umhas características espe-ciais (populaçom urbana, jovem,com alta taxa de natalidade e comas mulheres incorporando-se aomundo laboral), decide-se a abrirum infantário.

O capital inicial foi um emprés-timo familiar de 50.000 pesetas(300 euros). Com esse dinheiro,Lola comprou a mobília mínima eefectuou o pagamento do primeiromês de aluguer da casa-escola.

Um ParaísoA actividade educativa iniciou-secom o reconhecimento legal outor-gado por umha licença de Guarda eCustódia de Crianças. A partebaixa de umha vivenda unifamiliarsituada mesmo na entrada da vilafoi o lugar em que se iniciárom asactividades docentes. A casa-esco-la era um prédio de nova constru-çom, com grande superfície circun-dante, destinada a jardim e a pátiode jogo. Segundo Teresa Quelle, ainiciativa foi bem acolhida polasfamílias das crianças, porque o localera magnífico e porque Lola trans-mitia a máxima confiança às pesso-as que matriculavam nenos e nenasna nova escola.

Crescimento constanteA escola funciona bem, as famíliassentem-se satisfeitas, o boca-a-boca funciona, a matrícula incre-menta-se de jeito constante edemanda-se mais pessoal docen-te. Em 1986 incorporam-se TeresaQuelle Vidal, diplomada emMagistério, e a dona da vivendaem que se instalara a escola, que

colabora na atençom assistencialde nenos e nenas.

Só dous anos mais tarde, em1988, incorpora-se umha novamestra e a Escola Infantil passa aser umha cooperativa de cincosócias De aí à actualidade produ-ziu-se um incremento constantena matrícula, o que demandou aincorporaçom de novo pessoaldocente e de apoio até chegar aum conjunto de 15 trabalhadoras.A escola conta com instalaçonsespecíficas de titularidade munici-pal, umhas instalaçons que já tivé-rom de ser alargadas por tornarem-se insuficientes.

Modelo pedagógicoA respeito do modelo pedagógico,a Galescola de Burela optou porsuperar a oferta tradicional de cen-tro assistencial. O primeiro dosobjectivos das docentes foi criarum espaço gerador de vivênciaspositivas para as crianças. O tra-balho com nenos e nenas de ida-des compreendidas entre os pou-cos meses dos bebés e os cincoanos dos maiores exigia umhapedagogia da afectividade e asirmás Teresa e Lola Quelle preo-cupárom-se por oferecer um climade segurança e confiança tanto àsfamílias como aos protagonistas daaprendizagem.

Elemento de integraçomTeresa Quelle assegura com orgul-ho que o uso do galego nunca foium obstáculo para o seu excelenterelacionamento com as famílias,fossem estas galegas, das diversascomunidades espanholas ou pro-cedentes de países africanos ou deAmérica do Sul.

Mesmo a chegada de comuni-dades de imigrantes nom supujoruptura na prática pedagógica daescola infantil. O uso do galegoestá normalizado e os filhos dosimigrantes socializam-se no novoidioma com grande facilidade. Defacto, no parque de Burela os paisfalam entre si nas suas respectivaslínguas e os filhos interactuam emgalego, com independência do seulugar de origem.

Um grande esforçoA directora da Galescola de Burelalembra as dificuldades para conse-guirem materiais pedagógicos emsintonia com a metodologia aplica-da neste centro educativo. Nosprimeiros anos vírom-se obrigadasa compilar cantigas da tradiçomoral e a traduzir determinados con-tos infantis, mas os resultadossempre lhes compensárom esseenorme esforço.

Galescola de Burelacumpre 25 anos “Existe umha tendência à perda

de direitos por mor do medo”

RENATO NUNES, DO MOVIMENTO POLOS DIREITOS CIVIS

Renato Nunes, coordenador do Movimento polos Direitos Civis

GERARDO UZ / Este sindicalista compagina a sua participa-çom na CIG com a defesa dos direitos e liberdadesdemocráticas no MpDC, umha entidade muito activa

que costuma denunciar nos meios os cada vez mais habi-tuais excessos policiais e judiciários. Falou connoscosobre a evoluçom desta realidade, tantas vezes ignorada.

POLOS OLHOS DE...

UM LIVRO

Humanos. É um grupo de músi-cos e cantores portugueses quese reuniu para interpretartemas inéditos de AntónioVariações. O CD é já do 2004…mas nom paro de escuitá-lo!

UM DISCO

Le diable au corps, de RaymondRadiguet. Está traduzido como Odiabo no corpo. Gosto muito decomo escrivia este novelista fran-

cês das décadas de 1910 e ‘20. Éum livro que relim várias vezes e,na realidade, nom sei bem por que!

UM WEB

http://bretagnepanoramique.comEspecialmente recomendávelse tedes que ficar a trabalharem Agosto. Neste web ofere-cem-se grátis vistas panorámi-cas de numerosos pontos dacosta bretoa. Bretenha é, paramim, o meu segundo país.

PROJECTO MOURENTE

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 2006 17CULTURA

JACOBE P. VIGO / Umha sínteseactual sobre a evoluçom damúsica popular contemporánea,exigiria umha profunda reflexomsobre a influência que temexercido a música popularbrasileira, comparável com aassimilaçom dos sons dossubúrbios jamaicanos para amúsica popular actual; os dousgéneros compartilham aliás, ofacto de serem o resultadodumha amálgama de diferentesritmos e culturas que na suaconjunçom espacial e musicalconformárom identidades muitoreconhecíveis para depois seexpandirem como sonsfundamentais para a criaçom detodo o tipo de géneros e cenasmusicais no mundo, dando lugarassim, no caso da músicabrasileira, a umha dialécticaconstante entre o respeito porumha tradiçom gloriosa delenda, encarnada nos pais dabossa nova, e a ruptura e odesafio que representarom o

movimento do tropicalismo nointerior, ou os contributosexteriores que devolviam aoBrasil uns ritmos transformadospolas maos de criadores “mal-educados”, na vanguarda musicalneoiorquina de princípios desetenta como Arto Lyndsay. O trabalho recente, “Horse andfish”, do Vinícius Cantuária é oresultado desta tensomtriangular, a superaçom de todasas contradiçons da músicapopular brasileira encarnadasnum só homem que já temcomposto para Chico Buarqueou Gal Costa, mas que seguiu ospassos na renovaçom dotropicalismo encabeçado porCaetano, e ainda colaborou comcriadores internacionais dumhaliberdade absoluta como JohnZorn ou Marc Ribot. Assim estaobra desfila serenamente sobreos ritmos da bossa nova e o jazzmais vaporoso como umhaviagem sossegada e nocturna,conformando umha pele cálida

que recobre um interior cheiode emoçons latentes, nosacordes blues e americana queaparecem e desaparecem nasextensas estruturas das músicasdeste disco, homenagem àinfluência que tem exercidosobre ele o seu amigo e músicoMarc Ribot -a quem dedica aquinta música “CubanosPostizos”- ou a irrupçom semprévio aviso da trompeta deMichael Leonhart que iluminacom luzes de neom umha obradefinitivamente urbana; omistério que se agocha após tervirado a rua em “Tókio”, sétimamúsica de Horse and fish ocupajá um lugar destacado naextensa produçom de Vinícius,para golpear certeiramente oestereótipo costumista e exóticoda música brasileira muitodifundido polos amigos damestizagem.Em definitivo, modernidaderadical e música contemporáneaexprimida em galego.

REMETIDO / Ingredientes (4 p):600 g de bacalhau,2 cebolasgrandes picadas, 250 ml de azei-te extra virgem, 2 dentes dealho, 1 colher de chá de orégaos,sal e pimenta, água, 2 chávenasde chá de arroz; 4 tomatesmaduros sem pele nem grainhas,em rodelas, 1 ramo de salsa, 1ramo de cebolinhoPreparaçom: Lave e deite demolho o bacalhau durante dozehoras; retire da água. A seguir,ponha ao lume em água fria equando queira levantar fervura,espuma-se, tira-se do lume edeixa-se tapado 15 minutos.Leve ao lume as cebolas com o

azeite, deixe alourar e junte ametade das lascas de bacalhau.Misture bem e junte o alho esma-gado, os orégaos, o sal e a pimen-ta. Junte agora o arroz, remexa eacrescente água previamenteaquecida. Cozinhe durante 5 min.escorra bem e reserve. Frite o res-tante do bacalhau e o tomate noazeite. Unte umha foma com azei-te e disponha nela uma camada dearroz e outra de bacalhau comtomate até acabar todos os ingre-dientes. Polvilhe com mais oré-gaos, tape com papel de alumínioe leve ao forno médio por volta de30 min. Retire e sirva polvilhandocom a salsa e o cebolinho.

ARROZ COM CHÍCHAROS

Pastel de Bacalhau

Instalou-se o Verao noalmanaque, e junto a ele avisom de novos estímuloseróticos propícios para que aerótica e os seus pracerespodam campar. Há mais luz. Osol estival acorda o ánimodormindo, acorda os sentidos,vemos-nos melhor, vemos-nosmais pele... A pele é o maisgrande órgao erótico do corpo eao vê-la lembramos-nos dapossibilidade de tocá-la com anossa própria.

Pele há na testa, na caluga,na faciana, nas orelhas, no colo,nos ombreiros, na axila, naparte interior dos braços, nosbraços, nas mans, nas palmas;há pele cobrindo o peito, ascostas, a barriga, os laterais doventre, as nádegas, o pube, aspernas, a parte interna dosmuslos, o oco poplíteo, osjoelhos, os nocelhos, ocalcanho, a planta do pé, as

dedas, os espaços entre asdedas. Há pele que continuacara ao interior do corpo emuda em mucosa, na boca, nalíngua, no ano, nos chamadosgenitais, nos ouvidos, no nariz...

Que parcela de toda ela é amais erógena?. A saber, ti dirás.Que tal toda?. E mais gustosotocar coa pele dos beizos noespaços inter-digitais dos pesou coa das meixelas aquela querecubre o pene?. Depende deti, dela, del ...

Isso sim, essa pele temdona/dono e ai está a clave. Quedesejes, que sintas que tesganas de tocar, uliscar, saborear-lhe a pele ou que a sua toque,cheire, lamba a tua. Sem retos,sem complejos, sem nada quedemostrar...

Hei-de contar ao revés as pedras da tua coluna: nove, oito, sete, seis,cinco, quatro, três, dous, umha.

A CONJUGAR O VERBO SEXUAR

BEATRIZ SANTOS

Porque me sai da pele!!!

“A PELE É O MAIS GRANDE ÓRGAOERÓTICO DO CORPO”

MÚSICA

VINÍCIUS CANTUÁRIA

Revoluçom tranquila

“Horse and fish” é o último trabalho do Vinícius Cantuária

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NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 200618 E TAMBÉM...

Quando é que foi o teu primei-ro contacto com um computador?

Foi quando ia com os meus paisao ‘Continente’ da Corunha, lápolos anos ’80. Cara ao fundo docentro comercial havia uma filaspectrums e Amstrad CPC... masnom foi até anos depois, creioque em 1988, quanto tivem omeu primeiro computador, umAmstrad PC1512 com o que che-guei a conectar-me a algumhaBBS, mas que maioritariamenteusava para jogar a clássicos deLucasArts e Opera Soft que aindasigo re-visitando cada ano.

Que sensaçons che transmitiua internet quanto a descobriche?

A começos dos ‘90 conectei-mea alguma BBS da Corunha comum modem externo a preçoscaríssimos e cheguei a ter um car-tom de ampliaçom com o qual erapossível conectar-se a uma proto-infovia -en modo texto- que eramais parecido ao teletexto que ainternet actual. Escuitara falardela principalmente na TV, ealgum comentário en revistas deinformática da época. A sensaçomfoi tomar consciência que o com-putador nom acabava na carcassae que muitos computadores jun-tos em rede multiplicam expo-nencialmente as possibilidades.Nom foi até muito mais tarde,nas minhas primeiras conexons‘sérias’ a internet desde a facul-dade –lá polo 1996- quando medei de conta que isso podiamudar completamente a formaque temos de nos comunicar.

Pergunto-cche isto porqueactualmente podes ser considera-do um dos gurus, factótuns ouvisionários da Rede na Galiza...

Que exagerado és (risos)! Levousando internet desde há 10anos, trabalhando em internet 9anos, vivim a borbulha das .com emais febres temporais de inter-net -ou polo menos na medida naque essas cousas podiam afectarna Galiza-. Seja como for, toda

essa experiência fijo-me saberque a internet é ainda algo muitonovo que está eclosionando; cadadia recebe mais usuários e trans-formam-se as formas de noscomunicarmos... de momentonada na internet é realmenteestável, e o bom do assunto é queestamos vivendo esta época.

Como nascêrom os«Aduaneiros»? Tardastes muitoem pordes em andamento o pro-jecto?

«Aduaneiros sem Fronteiras»estivo pensando-se 2 anos e nas-ceu umha tarde de domingo demarço de 2004, onde figem aweb, programei-na, e juntamentecom Pancho -que estivo desdepraticamente o princípio- duran-te umhas semanas buscamos 4gráficas iniciais para sair. Figemosas provas necessárias e pugemosumha ligaçom na Blogaliza, quedaquela era um registro de blo-gues em galego onde se podiamincluir blogues novos... Mas nes-ses 2 anos anteriores muito temos“postado de palavra” em variadastabernas de Compostela -e deoutros lados.

Quando decidiche criares«Chuza!»?

A ideia de «Chuza!» nom énova. Há já quase 2 anos apareceuwww.digg.com, um sítio de novas

tecnológicas que era umha mistu-ra de blogue colectivo, sistema depublicaçom de ligaçons e redesocial, que combinava formatosde comunicaçom frescos e novosque aparecêrom com as possibili-dades que dá a rede; um filtrocolaborativo de novas que real-mente funcionava, através devotos de usuários que tinhamdiferente importáncia segundo asua releváncia na comunidade.

Eu seguia «Digg» desde haviatempo como usuário activo, enestes últimos tempos vim umhaefervescência da comunicaçomem internet na Galiza, polo quecreio que se davam as condiçonspara implementar o sistema: tín-hamos ganhas de comunicar,havia umha comunidade flores-cente, muitos blogues novos...

Nos «Aduaneiros» predominaum humor crítico, e em «Chuza!»também se especifica que “seagradece o bom humor”. Pologeral, achas que usamos mais ainternet para reivindicar do quepara rirmos?

Eu creo que na internet, comoem muitos outro lugares há mui-tas caras sérias e muito “encorse-tamento”; muitas vezes mais doque se deveria.

Por isso, a internet da quegosto é a internet fresca, alegre edivertida.

NA REDE

“Nada na Internet é realmente estável, e o bom é que estamos

vivendo esta época”

LÍNGUA NACIONAL

”. DESCOBREOQUESABESSOLUÇONS:1. FAUSTO; 2. OLIVAPOSSE; 3. 1998;4. ÓSCARWILDE; 5. 1977; 6. JACQCHIRAC

DESCOBRE O QUE SABES... por Salva Gomes.

1. A que cantor pertencem os trabalhosmusicais: Ópera Mágica do CantorMaldito e Madrugada dos Trapeiros?

-Vitorino-Fausto-Zeca Afonso

2. Que mulher ficou como referente nasluitas de Baldaio pola recuperaçom dosareais da praias para a vizinhança, ópti-mos para mariscar?

-Cándida Rodrigues-Oliva Posse-Maria Araújo

3. Em que ano se realiza a 1ª Marcha àsCadeias pola Liberdade dos Presos ePresas Independentistas?-1997 -1998 -1999

4. Quem escreveu O Fantasma daÓpera?

-Óscar Wilde-Conan Doyle-Gaston Leroux

5. Quando se legaliza a IntersindicalNacional Galega (ING)

-1976 -1977 -1978

6. Que mandatário europeu em váriasocasions se fijo com objectos de arte demaneira ilegal procedentes de África,que só devolveu por pressons sociais epolíticas?

-Margaret Tacher-Felipe González-Jacq Chirac

Soluçons :

Berto Yáñez tem vários projectos na rede com grande sucesso

Nunca tanto galego-português se escreveu na Galizacomo nos dias que correm e, aoque parece, as expectativas sompara melhor. Grande é o méritodestas pessoas que sendoalfabetizadas em espanhol selançam a rasgar o guiom quelhes escrevêrom. Porque éimportante nom esquecermosque escrever em galego-português, na Galiza, é bemmais laborioso que o fazer emgalego-castelhano. Para já,porque o espanhol foi a línguaem que nos escolarizárom e,mais importante, porque é alíngua que domina social-mente. Mesmo querendo, nemsempre dá para safar.

Sendo assim, as pessoas quese lançam ao mar do galego-português vêem-se um bocadodesassistidas. Ora, nom devemesquecer que duas fôrom asferramentas que lhes fornecê-rom um bom desempenho emespanhol: 1) Estarem rodeadasdessa língua

2) Um ensino formal. A primeira, que é colectiva,

está além das suas capacidadesembora individualmentepodam atingir melhores oupiores percentagens. Asegunda, o ensino formal, que éindividual, está sim da sua mao.

No entanto, a táctica maisrecorrida para ter um bomdesempenho na nossa língua éo autodidactismo. Esta atitude,embora louvável nom é realista.Pode ser relativamente fácildiscernir o que é basco daquiloque é espanhol mas quandoduas línguas som tam próximase, mais importante, quandolevamos séculos hibridando asnossas falas, é preciso algo maisque boa vontade para discernir.Pessoas que levam vinte anos aescrever em galego-português,vinte anos levam a cometer osmesmo erros e, o que é pior,nom som poucos. Amigas eamigos, do mesmo jeito quesom médicos e médicas a nosalertarem das doenças, sompreciso docentes para nosalertarem das doenças da nossalíngua.

No mês de Setembro, asEscolas de Idiomas do país, vamabrir o prazo de matricula. Anossa língua, na versomnacional, é leccionada em todasas cidades, (excepto Ferrol)bem como em Vila Garcia. Nomdeixem passar vinte anos... paraque nada se tenha passado.

Autodidactismo nom chega

VALENTIM R. FAGIM

GERARDO UZ /Berto Yáñez (Viveiro, 1976), formou-se aca-demicamente em Filosofia, mas já na faculdade os seus inte-resses começárom a encaminhar-se cara à rede de redes, aocomprovar que a ainda tímida internet “podia mudar com-pletamente a forma que temos de nos comunicar”.

Actualmente é um dos desenhadores gráficos mais conhecidosna internet galega, principalmente graças a projectos seus bemsucedidos como som www.aduaneirossemfronteiras.org ewww.chuza.org, referentes obrigados para os e as internautasdo país.

BERTO YÁÑEZ:

PESSOAS QUELEVAM VINTEANOS A ESCREVEREM GALEGO-PORTUGUÊS,VINTE ANOSLEVAM ACOMETER OSMESMO ERROS.

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Apenas Amegrove, com 148pontos, consegue seguir a estelade Meira. Em todo o caso, cadaclube pode eliminar a pioractuaçom do cômputo para aclassificaçom final, e portantoestes 7 pontos de diferença somfictícios: Meira restará apenasum ponto (da prova em que foidesqualificada). Um pouco maisafastados ficam Náutico deVigo, Tirán e Perillo, com 133,132 e 128 pontos respectiva-mente. O excelente papel deNáutico de Vigo permite colo-carmos a equipa viguesa comorevelaçom do Verao.

A Liga do Noroeste é a grandecompetiçom de trainhas donosso país. Nela participam asprincipais tripulaçoms da Galiza,incluída a C.M.Castropol dasterras de Eu-Návia. Porém, aLiga Noroeste nom conta com apresença de duas grandes: Caboda Cruz e Mecos. Ambas conco-rrem na liga que pode ser deno-minada a "champions" das com-

petiçons de trainhas: a LigaACT. Esta competiçom acolheas melhores trainhas da Galiza,Astúrias, Cantábria e País Basco.Cumpre lembrarmos agora quea equipa cántabra Astillero, ven-cedora en 2003 e 2005, foiexpulsa da competiçom por senegar a participar num controloantidoping.Com metade dasbandeiras desputadas com 9provas pola frente, Cabo daCruz ocupa um meritóro quintolugar com 69 pontos, mas longedas grandes favoritas:Hondarribia (primeira com 110)e Castro Urdiales (segunda com97). Mecos está no lugar nume-ro 9 com 52 pontos.

O facto de Cabo da Cruz eMecos participarem na LigaACT impede-nos da possibili-dade de as vermos competircom as melhores tripulaçonsgalegas do momento: Meira,Amegrove e Tirán. Só no passa-do 12 e 13 de Agosto, com moti-vo da celebraçom em Moanha

do Campionato Galego deTrainhas, pudemos ter a oportu-nidade de as ver competir jun-tas.E nom houvo surpresas.Cabo da Cruz conseguiu o triun-fo por segundo ano consecutivosem deixar oportunidades aosrivais. A superioridade da tripu-laçom de Boiro fijo com que aatençom se centrasse numhaformosa luita entre Meira eMecos polo segundo lugar, quefinalmente se resolveu a favorda primeira. Amegrove e Tiránficárom quarta e quinta respec-tivamente. Meira confirmou oexcelente momento de formaque atravessa e deixou claro quepoderia estar competindo a bomnível na liga ACT.

Com estes resultados, Caboda Cruz e Meira representa-riam Galiza no dia 19 no cam-pionato estatal em Santander.Mas a renúncia de Cabo daCruz (coincide com a bandeirade Zarautz da liga ACT) abreas portas a Mecos.

NOVAS DA GALIZA15 de Agosto a 15 de Setembro de 2006 19DESPORTOS

DESPORTOS

Samertolameu Meira, sem rival na liga galega de trainhasA LIGA DO NOROESTE É A GRANDE COMPETIÇOM NACIONAL DESTAS EMBARCAÇONS

A superioridadeda tripulaçom deBoiro fijo comque a atençom secentrasse numhaformosa luitaentre Meira eMecos polosegundo lugar,que finalmentese resolveu afavor da primeira.Amegrove eTirán ficáromquarta e quintarespectivamente

XAVIER SÁNCHEZ PAÇOS / A Sociedade Deportiva Samertolameu deMeira está prestes a completar umha época de sonho na Liga Galegade Trainhas (Liga Noroeste). Quando ficam por desputar apenas 3provas pontuáveis, a participaçom de Meira vai a caminho de bater

todos os recordes. Até agora venceu nas 12 bandeiras desputadas, sebem que na última fosse desqualificada por ter cometido umhainfracçom. Os registos de Meira som impressionantes: 11 vitóriasválidas que lhes permitem juntar 155 pontos.

CLASSIFICAÇOM SEM O DESCARTE DUM RESULTADO

Liga Noroeste

11411131012967845321

21412013111089574603

31413111012967853412

41413101112987654321

51411131297108354621

61412131110896475321

71412131110985674321

81413121191076854321

914121311109786543-2

101413101211986475321

111412131191037684521

121141291310117846532

13--------------

14--------------

15--------------

CLUBES.D. SAMERTOLAMEUAMEGROVE C.R.R.C. NÁUTICO DE VIGOS.D. TIRÁNC. REGATAS PERILHOC.R. VILA DE CANGASC.R. ARESC.R. CORUXOC.R. A CABANAA.D. ESTEIRANAC.R. PUEBLAC.R. CHAPELAC.M. CASTROPOLS.D. AS XUBIAS

PONTOS1551481331321281099183726952472017

DIF.

+07+22+23+27+46+64+72+83+86+103+108+135+138

POS.1234567891011121314

Liga ACTCLUBEHondarribia Pasquier CastroPedrenha Candy ORIO G.Eibar CaboZarautz Inmob. Orio ArkoteUrdaibai UmproIsabel Mecos Mondariz Zumaia Altuna y Uria Laredo Urcabal P.Donibane Iberdrola

POS.123456789101112

PONTOS1109791906968615652412520

SD Samertolameu

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OPINIOM 2EDITORIAL 3NOTÍCIAS 4INTERNACIONAL 8

A FUNDO 10REPORTAGENS 12CULTURA 16DESPORTOS 19

Acomeços do Agosto negro avice-presidência da Xunta, eraum fervedouro de reformas.

Fôrom horas de mudar o silhom, amesa, as alfombras, algum cadro eoutros enseres herdados por AnxoQuintana da anterior ocupante dogabinete. Nom é esta unha lavoura degoverno secundária.

Irremisivelmente, passados dias oumeses, todo conselheiro, vice-presi-dente ou presidente que se prece,deve acometer a muda de utensílios,enseres e mobiliário utilizado polo seuantecesor no exercício do poder.Neste caso Quintana gastou unsquantos milhares de euros em variar asua estáncia diária de trabalho.Situaçom que por outros membros dobipartido, foi aproveitada para desfa-zer-se de um crucifixo, meter umhabandeira espanhola num armário oucolocar umha foto de Rosalia ondeantes estava umha de Fraga. Nadaespecial num comportamento comumaos novos governantes. De feito nahistória da autonomia, já constamremodelaçons para pôr umha cozinhaanexa, para fazer um duche comhidromasagem ou dotar com camasupletória o escritório do prebendeiro.

Estes anovamentos sempre dei-xam para melhor ocasiom os "cambe-os nominais". Assim ao lado mesmodo novo e moderno gabinete, podemver-se as mesmas caras que já se viamao mando com o PP. Umha chefa degabinete dumha conselheira deFraga, mudou agora para assessorar aQuintana, um chefe de pessoal dePita o é agora também do sucessor deBeiras, os máximos responsáveis desecretarias gerais em Pesca, emCultura, em Família, em Presidênciacontinuam em altos cargos de con-fiança com o governo do PSOE e doBNG... quando alguns empecem apelar a cebola, muitos dirám que elesdesconheciam as lealdades anterio-res dos seus protegidos.

Ou nom. O caso de Suarez Canal emMeio Rural é de agradecer. Ante odesastre incendiário nom oculta queconfiou plenamente em toda a equipaanterior do PP para evitar o que já éumha catástrofe. Á frente do operativoda luita contra os lumes, Canal situou aum personagem de provada militánciano PP, tanta que foi candidato a presi-dir a Cámara de Ribas de Sil, quandoCacharro mandava em Lugo. Conheciatambém a repressom exercida por esteindivíduo, em tempos chefe de distri-to em Monforte, contra trabalhadoresque levaram cartazes de 'Nom à guerra'ou colantes de 'Nunca Mais'. O sempreoficialista Suarez Canal nom quixomudar algo. Nem tam sequer para quetudo seguisse igual.

XAN CARLOS ÂNSIA

E Quintana mudouo seu gabinete

“As instituiçons deveriam, polo menos,dar publicidade aos actos que organizamos”

- QQuanto tempo levades?Que actividades?Em Setembro será o sétimoaniversário do nosso local,mas como Associaçom da lín-gua, som muitos mais anos.Começamos com certas difi-culdades: um lugar novo deencontro, -nom havia nadaassim-, ainda desconhecido enom vinha muita gente, masdepois fomos assentandocom as muitas actividadesque desenvolvíamos: Teatro,exposiçons, projecçons, fes-tivais...

Além das actividades fixascomo o mercado de Natal ouum leilam muito concorridoe divertido que celebramosna véspera dos Reis comobjectos que dá a gente para

serem adquiridos ao menorpreço possível.

- AArtábria sempre é referente.Como está a funcionar agora?Bem. Estamos contentes.Mudamos de local em Abril de2004 para um maior. Certo queagora estám as cousas um boca-do estabilizadas, com umhaquantidade de sócios fixa, masesperamos que as cousas sevaiam desenvolvendo melhordepois do Festival. Eu sou opti-mista. As pessoas associadas eas actividades som precisas paramanter economicamente ainfra-estrutura da fundaçom. Averdade é que ao ser o primeirodos centros sociais serviu talvezde modelo e as pessoas deoutros centros sociais tenhem-

nos um bocado como referen-tes. Venhem fazer consultas enós gostamos de ajudar.

- PPorque de subsídios públicosnem falar, claro...Nada. Como FundaçomArtábria, nada. Chega-nosalgum dinheiro da deputaçom,mas ligada a actuaçons dabanda de gaitas que aFundaçom tem. Tambémtemos um grupo, A Revolta,que participa no Entruido erecebe -como os outros grupos-algum dinheiro da CámaraMunicipal por participar. Masà margem disso somos nós quetemos que procurar auto-finan-ciar as actividades. Isto tam-bém é garantia de independên-cia para elaborar as actividades.

- EE, entom, este Festival...?Temos um convénio com oaCámara Municipal de Naromexclusivamente para o finan-ciamento. Este é o sexto anoque se fai e sempre mantemosa mesma linha, semelhantesactividades e horários porquedá certo. Nos dias do festivaltodo o mundo se entrega: nobalcom, com os toldos, a lim-peza... O aspecto organizativoprévio, é assumido por umhacomissom criada cada ano de

cinco ou dez pessoas que seencarrega das contrataçons enegociaçons etc... E vai-semantendo. Os primeiros anosera menos conhecido, masagora, sem chegar a ser um fes-tival massivo, tem a sua iden-tidade assente, com um tipode música determinado eumha assintência também fiel.É um festival cómodo de assis-tir, diria eu.

- AAlgumha mudança nas insti-tuiçons?Afortunadamente o movimentoassociativo sempre vai à mar-gem das acçons de governo,porque eu neste último anonom encontrei diferença nen-gumha com a etapa anterior. Euconsidero que polo menos asinstituiçons deveriam dar publi-cidade aos actos que vamosorganizando com tanto trabalhoos distintos colectivos. Aindaque só fosse isso, com uns meiosde comunicaçom que apoias-sem informativamente os actosjá ganharíamos muito de pro-jecçom social. Sobretodo secto-res da populaçom que estámainda desinformados sobre osactos de este tipo e sobre nós,que somos gente divertida eque nom temos nada sectárionem de "raro".

A. VIDAL / Abordamos Aitana Cuétara a atender a bilheteira do VI Festivalda Terra e a Língua. É umha rapariga nova mas com experiência no acti-vismo social. Fai parte de umha nova geraçom da juventude comprome-tida com a sua terra e a sua língua, que mantém vivas parcelas de auto-gestom cultural tam necessárias como desatendidas polas instituiçons. Ogrupo dela, a Fundaçom Artábria da terra de Trás-AAncos, foi pioneira emodelo de campo nessa desigual luita pola identidade e a cultura em queestám empenhadas a melhor mocidade do nosso país. À sombra, centrossociais e associaçons culturais tenhem-sse estendido e organizado, atépodermos falar hoje de umha incipiente rede associativa paralela, nominstitucional, capaz de oferecer por todo o país festivais de música e poe-sia, cinema, cursos, teatro, palestras... Mas também com a capacidade demobilizar-sse conjuntamente quando as circunstáncias o exigirem.Voluntarismo organizado face à cultura de gabinete.

AITANA CUÉTARA FUNDAÇOM ARTÁBRIA