será que qualquer um pode ser...

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nÚmero 130 15 de outuBro a 15 de novemBro de 2013 2 € periódico galego de informaçom crítica arraianos 22 Conversa com Jose Manuel Sande, co- guionista de Arraianos, um filme que se mergulha no Couto Misto. Umha obra aberta, com os ares das aldeias da raia, que fai reflexionar sobre a tra- diçom e as fronteiras eleiçons em portuGal 13 Os resultados das Eleições Autárqui- cas em Portugal celebradas em setem- bro revelam um rechaço cara as políti- cas do atual governo. Partidos que con- tam com o poder estatal perdem mais de 50 câmaras. N ovas da G ali a “A comunidade é um dos eixos vitais para podermos viver num futuro sem petróleo” manuel casal lOdeirO ativista do coletivo ‘véspera de nada’ pág. 6 alguns exemplos recentes da permissividade com que o reino de espanha trata a violência da extrema-direita / pÁG.20 Será que qualquer um pode ser “terrorista”? após a sentença da audiência nacional Se o Tribunal Supremo decla- rar firme a sentença da Audiên- cia Nacional contra os quatro independentistas, ficará de- monstrada judicialmente a existência dumha “organiza- çom terrorista” na Galiza. Esta suposta estrutura permitiria aos corpos policiais acusar pessoas por “pertença” ou “colabora- çom”, mesmo sem existir infra- çom penal por parte destas. Aliás, todas as leis de exceçom do Código Penal, criadas ad hoc para Euskal Herria, poderiam ser aplicadas na Galiza. / pÁG. 18 Negócio eólico só deixa migalhas no rural desenvolvimento enerGético O desenvolvimento eólico no ru- ral resulta umha atividade lucra- tiva para a iniciativa privada. O governo galego foi pioneiro em elaborar umha regulaçom para o aproveitamento desta energia apostando na sua privatizaçom. As sucessivas normativas impos- sibilitárom a criaçom de instala- çons eólicas comunitárias por parte dos agentes rurais. Tal mo- delo cooperativo-comunitário está estendido por diversos luga- res do mundo. / pÁG. 11 o monte ameaçado Umha história de impunidade incêndios na Galiza: escusas, causas e alternativas O monte galego arde em média anual de 26.000 heta- res anuais, 50% da superfície queimada em incéndios florestais no território ocupado polo estado espanhol. Mas, pese a tópicos, nem todos os lumes se dam no verao nem som um fenômeno recente. A variedade de lugares, formas e causas dos incêndios, dos que a imensa maioria ficam sem explicaçom clara, exige análises que vaiam além de ‘máfias’ ou ‘piromanias’ em abstrato, para as razons estruturais. Entre elas, o abandono do rural, ou a falta de prevençom e condi- çons precárias de trabalho nos serviços públicos con- tra-incêndios. / pÁG. 15-17 opiniom a saúde das mulheres... por lola ferreiro / 3 femen, estratégias de luita mediáticas e cOerência por rocio f raga / 3 dinOsaurO all Over again patricia Janeiro / 28 suplemento central a revista petróglifOs galaicOs A arte rupestre do princípio da era metalúrgicas constitui um dos primeiros conjuntos simbólicos próprios da nossa terra O mestre em chamas Xavier Viana reflexiona sobre o modelo de ensino nos últimos séculos e a relaçom com os costumes e a individualidade flickr xornalcerto

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  • nÚmero 130 15 de outuBro a 15 de novemBro de 2013 2 €

    p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

    arraianos 22Conversa com Jose Manuel Sande, co-guionista de Arraianos, um filme quese mergulha no Couto Misto. Umhaobra aberta, com os ares das aldeiasda raia, que fai reflexionar sobre a tra-diçom e as fronteiras

    eleiçons em portuGal 13Os resultados das Eleições Autárqui-cas em Portugal celebradas em setem-bro revelam um rechaço cara as políti-cas do atual governo. Partidos que con-tam com o poder estatal perdem maisde 50 câmaras.

    Novas da Gali a

    “A comunidade é um dos eixosvitais parapodermos vivernum futurosem petróleo”

    manuel casallOdeirOativista do coletivo ‘véspera de nada’pág. 6

    alguns exemplos recentes da permissividade com que o reinode espanha trata a violência da extrema-direita / pÁG.20

    Será que qualquer umpode ser “terrorista”?

    após a sentença da audiência nacional

    Se o Tribunal Supremo decla-rar firme a sentença da Audiên-cia Nacional contra os quatroindependentistas, ficará de-monstrada judicialmente aexistência dumha “organiza-çom terrorista” na Galiza. Estasuposta estrutura permitiria aos

    corpos policiais acusar pessoaspor “pertença” ou “colabora-çom”, mesmo sem existir infra-çom penal por parte destas.Aliás, todas as leis de exceçomdo Código Penal, criadas ad hocpara Euskal Herria, poderiamser aplicadas na Galiza. / pÁG. 18

    Negócio eólico sódeixa migalhas no rural

    desenvolvimento enerGético

    O desenvolvimento eólico no ru-ral resulta umha atividade lucra-tiva para a iniciativa privada. Ogoverno galego foi pioneiro emelaborar umha regulaçom parao aproveitamento desta energiaapostando na sua privatizaçom.

    As sucessivas normativas impos-sibilitárom a criaçom de instala-çons eólicas comunitárias porparte dos agentes rurais. Tal mo-delo cooperativo-comunitárioestá estendido por diversos luga-res do mundo. / pÁG. 11

    o monte ameaçado

    Umha história de impunidade

    incêndios na Galiza: escusas,causas e alternativas

    O monte galego arde em média anual de 26.000 heta-res anuais, 50% da superfície queimada em incéndiosflorestais no território ocupado polo estado espanhol.Mas, pese a tópicos, nem todos os lumes se dam noverao nem som um fenômeno recente. A variedade delugares, formas e causas dos incêndios, dos que a

    imensa maioria ficam sem explicaçom clara, exigeanálises que vaiam além de ‘máfias’ ou ‘piromanias’em abstrato, para as razons estruturais. Entre elas, oabandono do rural, ou a falta de prevençom e condi-çons precárias de trabalho nos serviços públicos con-tra-incêndios. / pÁG. 15-17

    opiniom

    a saúde das mulheres... por lola ferreiro / 3

    femen, estratégias de luita mediáticas ecOerência por rocio fraga / 3

    dinOsaurO all Over again patricia Janeiro / 28

    suplemento central a revista

    petróglifOs galaicOsA arte rupestre do princípio da era metalúrgicas constitui umdos primeiros conjuntos simbólicos próprios da nossa terra

    O mestre em chamasXavier Viana reflexiona sobre o modelo de ensino nos últimosséculos e a relaçom com os costumes e a individualidade

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  • 02 opiniom Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

    GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

    o pelourinho do novas

    o slG pede “medidas” contra o javali

    É esta carta motivada pola que oSindicato Labrego Galego reme-tia para este Pelourinho no nú-mero anterior, em que se lamen-tava dos danos do javali no mi-lho e pedia “medidas”. Este posi-cionamento do SLG vai na linhadas notícias que vinham apare-cendo em meios como a TVG.

    É certo que o javali é umha es-pécie que prospera nestes tem-pos apesar da intensa atividadedo lobby da espingarda. Comcerteza, nem o SLG nem as notí-cias dos média falam sobre ascausas disto. Que se tomem “me-didas” e pronto.

    A natureza é um ente em equi-líbrio, e o ser humano, que nomé o topo da cadeia trófica, masum elemento alheio e um agenteestranho e daninho, tem quaseeliminado o encarregado de quea populaçom de javalis se man-tenha equilibrada, o lobo. Poroutra banda, o javali, mesmonestes meses de landres, temmuito a procurar no deserto ver-

    de dos montes de eucalipto paratopar um ilhéu de alimento.

    Que espécies arbóreas po-voam as massas florestais d@sfiliad@s do SLG? Por que nomse mobilizárom junto do ani-malismo militante quando osquatreiros do Barbança, a Jun-ta e o lobby da espingarda dé-rom conta dos lobos do Bar-bança em 2012?

    Que se tomem medidas. Umcalibre 12, pois?

    José Dias Cadaveira (ativista ecologista)

    contra os priviléGios e salÁrios dos deputados

    O salário mínimo interprofissio-nal (SMI) som 645,30 euros/mês,o que significa 21,51 euros/dia.Com este salário, é praticamenteimpossível ter umha vida digna.

    Som perto de 300.000 o númerode galegas e galegos no desempre-go, d@s quais umha boa parte nomrecebem nenhum tipo de ajuda.

    Os salários da imensa maioriada populaçom tenhem experi-

    mentado umha evidente redu-çom, simultánea ao incrementonas horas de trabalho e à paulati-na perda de direitos.

    Mais de 150.000 pensionistasna Galiza recebem umha reformaque oscila entre os 150€ e os350€. Quase meio milhom de ga-legas e galegos tenhem umhapensom inferior ao SMI.

    A pobreza é umha realidadeque nos retrotrai à década de qua-renta e cinquenta do século XX.

    A juventude desesperada polaausência de perspetivas tem queemigrar. Mais de 15.000 anual-mente deixam o País.

    Este é, a grandes traços, o pa-norama da situaçom real em quese acha boa parte da populaçomda Galiza.

    Nestas circunstáncias, NÓS-Unidade Popular considera des-propositadas as declaraçons deXavier Vence, porta-voz nacionaldo BNG, justificando os quase5.000€ que cobram os 75 deputa-dos e deputadas do Parlamentogalego. Tal declaraçom só contri-bui para reforçar a desafetaçomde cada vez maiores segmentospopulares com a política.

    Para NÓS-UP, que @s 75 depu-tad@s cobrem 4.802 euros/mês,

    isto é, que em quatro dias rece-bam o equivalente ao SMI, sim é“um problema e um excesso”.

    É lógico e natural que o debatedo “Estado da Autonomia” quehoje se inicia no parlamentinhodo Hórreo se realize de costas àprática totalidade dumha popula-çom que, com razom e sentido co-mum, desconfiamos dumha castapolítica cleptocrata e corrupta,com interesses de grupo, alheiosaos da imensa maioria do povotrabalhador galego.

    O companheiro Vence errounas suas declaraçons, no que se-melha um “revival” das justifica-çons e práticas da nefasta etapado bipartido.

    NÓS-Unidade Popular de-fende, em coerência com a nos-sa defesa de umha verdadeirademocracia participativa, quena Galiza soberana, justa eigualitária pola qual luitamos arepresentaçom popular seráum serviço e um compromissocom a comunidade, e nom umlucrativo privilégio para umhareduzida casta ou aparelho li-gado ao poder.

    Direçom Nacional de NÓS-UP

    todos os anos a história re-pete-se, o lume aparece eexpom ante a populaçom

    galega os trágicos problemas domonte galego. Milheiros de hecta-res queimados som produto diretodo abandono que o rural leva pa-decendo. O êxodo cara as cidades,a reflorestaçom de pinheiros e eu-caliptos, a falta de interesse porparte das administraçons... todaumha mistura explosiva para omonte. As mobilizaçons cidadáspugérom o seu ponto de mira na

    política privatizadora que promo-ve a vanguarda neoliberal instala-da na Junta da Galiza e as pessoastrabalhadoras que componhem asbrigadas anti-incêndios denunciá-rom as duras condiçons laborais ea necessidade de um mando úniconas tarefas anti-incêndios. No en-tanto a Junta realiza sobre-salien-tes exercícios de propaganda ne-gando evidências e sem trabalharnas causas que provocam o lume.Enquanto nom se investigam osinteresses especulativos que es-

    conde o negócio do lume, a Juntasente-se cómoda com os esporá-dicos titulares sobre detençons depresuntos incendiários que nomachegam soluçom ao problemados incêndios.

    Mas a única maneira de que omonte nom prenda lume é cuidan-do-o, dia a dia. Umha tarefa que ahistória do mundo atual está a en-sinar-nos que nom pode cair ex-clusivamente nas maos de admi-nistraçons cada vez mais vincula-das com os interesses da iniciativa

    privada. O rural, para estar cuida-do, precisa de vida e de maos queestejam a trabalhar nele, recupe-rando as casas que ficárom aban-donadas logo da apariçom deplantaçons de pinheiros e eucalip-tos, reaprendendo os labores e ossaberes que medrárom a caromdas galegas e galegos. A vida ur-bana ajuda a manter os olhos fe-chados cara as possibilidades defuturo do rural galego. Um ruralque talvez nos próximos temposteremos que ver com outra pers-

    petiva. Nestas últimas semanascomeçou o andança de umha ini-ciativa que procura preparar asgentes do país para o provável co-lapso energético que trairá o picodo petróleo que estamos a viver.Trata-se da 'Guía para o descensoenerxético', para a que a Associa-çom Véspera de Nada está atual-mente a procurar financiamentoatravés da web. O caminho que le-va cara a umha recuperaçom dorural é também um caminho dedefesa dos nossos montes.

    Cuidar do monte, umha tarefa pendenteeditorial

    humor Beto

    D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

    editOraa.c. minhO media

    cOnselhO de redaçOmiván g. riobó, aarón lópez rivas, rubénmelide, Xavier miquel, antia rodríguez gar-cía, raul rios, Xoán r. sampedro, Olga ro-masanta, alonso vidal, paulo vilasenin

    secçOnscronologia: iván cuevas / economia:aarón lópez rivas / agro: paulo vilasenine Jéssica rei / mar: afonso dieste / media: Xoán r. sampedro e gustavo luca /além minho: eduardo s. maragoto / povos: José antom ‘muros’ / dito e feito:

    Olga romasanta / a denúncia: iván garcía/ cultura: antia rodríguez / desportos: an-jo rua nova, isaac lourido e Xermán vilu-ba / consumir menos, viver melhor: Xanduro / a criança natural: maria álvaresrei / agenda: irene cancelas / a revista:rubén melide / a galiza natural: Joãoaveledo / gastronomia: luzia rgues., sinoseco / língua nacional: valentim r. fagim / criaçom: patricia Janeiro / cinema:Xurxo chirro

    desenhO gráficO e maQuetaçOmhilda carvalho, Joám fernandes, manuel pintor, helena irímia

    fOtOgrafiaarquivo ngZ, sole rei, galiza independente(gZi-foto), Zélia garcia, Borja toja

    administraçOmJosé viana e carlos Barros gonçales

    lOgÍstica e puBlicidadeJosé viana e daniel r. cao

    audiOvisual: galiza contrainfo

    humOr gráficOsuso sanmartin, pestinho, Xosé lois hermo,gonzalo, ruth caramés, pepe carreiro, mincinho, Beto

    cOrreçOm lingÜÍsticaXiam naia, f. corredoira, vanessa vila verde,mário herrero, Javier garcia, iván velho

    cOlaBOram neste númerOlola ferreiro, rocio fraga, damián copena,samer nachawati rego, andré rodrigues,mariam ferreira golpe, óscar antón pérez,vera-cruz montoto, Ximena gonzález, larasoto, ana Quintiá, sérgio caamanho, OlalhaBarro, patrícia a. Janeiro, Xavier viana,charo lopes, miguel ángel alonso diz, Josédias cadaveira

    fechO de ediçOm: 17/10/2013

  • n estes dias, logo de as Fe-men entrarem no Parla-mento e mostrarem os

    seus peitos, os meios nem sólhes dedicaram portadas e foto-galerias, mas até lhes deu porescuitar os feminismos e as di-versas posturas sobre esse tipode ativismo, em que uns quere-ram ver divisom e nós vemos de-bates enriquecedores.

    Pouco tenho que acrescentarcom respeito ao contundente dasaçons das Femen, e acho que atin-gem o objetivo pretendido, sairnos meios hegemónicos adaptan-do umha ferramenta histórica dofeminismo, mostrar o corpo, aoque o sistema demanda para obterrepercussom.

    A luta feminista trabalhou sem-pre na linha da provocaçom,usando os corpos das mulherespara reagir ante o uso que o siste-

    ma fai deles. Mete-se e procuradecidir sobre eles, marcando câ-nones de beleza, decidindo se va-lem mais do que outros corpos porresponder à utilidade que preten-dem a igreja e outros poderes fác-ticos: ser maes e objetos de desejopara determinados homens. Osprincipais beneficiários do siste-ma heteropatriarcal: homens hé-teros, com verdadeiro poder aqui-sitivo para o consumo e fieis à mo-ral dominante.

    O debate, portanto, vai além doobjetivo imediato de incidir naopiniom púb(l)ica com a presençanos meios, legítimo mas vazio seficar só nisso. Os feminismos sem-pre foram movimentos radicais,que pretendem atacar as raízes dosistema, e para isso podemos usarestas ferramentas mas temos queir além, temos que saber que clas-se de sociedade procuramos emarcar objetivos mais ambicio-sos. Isto é, nom só chegar atravésdos meios, senom que a opiniom

    pública compreenda que, ademaisde revocar umha reforma de leiconcreta, temos um campo de ba-talha muito mas amplo, que é todoo que isso representa.

    Há pouco tivemos este debateem diferentes açons formuladaspolos feminismos galegos, quepretendíamos usar os corpos des-

    pidos para visibilizar a violênciasobre os corpos das mulheres co-mo ferramenta repressiva e deguerra. Assim nos despimos porBarillas o ano passado, contra asguerras do golfo alá no 2002, con-tra o desfile das forças armadasespanholas na Corunha, no2005... e assim muitas mas. Em to-das essas açons o debate sobre osobjetivos foram intensos, valori-zando que resultados queríamosobter e sempre, sempre, acompa-nhamos esse tipo de açons de ou-tras que reforçassem que o objeti-vo nom é exclusivamente sairnumha foto-galeria.

    A estratégia, portanto, das Fe-men, à margem da sua duvidosaorigem e financiamento, baixo omeu ponto de vista, fica curta.

    Ademais da análise da estraté-gia de açons deste tipo, outra daslinhas de debate surgidas estesdias foi a da importância de co-nhecer a origem e estratégias des-te coletivo na sua história ou se

    simplesmente é valorizável teremfeito essa açom de apoio à luitacomum contra a lei do aborto deGallardón. Sem dúvida é necessá-rio conhecer a origem e o horizon-te do coletivo, e é inevitável obser-var como atuaram em lugares co-mo o Brasil ou a Tunísia; doutri-nando sobre temas como a prosti-tuiçom, ou a suposta libertaçomdas mulheres muçulmanas de al-guns símbolos da sua identidadecultural -sem contar com elas eprovocando reaçons de rejeiçompolos movimentos feministas des-ses lugares-. Algo que podemosvincular também à nom inclusomdas mulheres que nom temos cor-pos normativos nas suas açons. Éportanto esse o feminismo quepretendemos? É esse o tipo de lui-ta que queremos? Eu aceito usar ocorpo no ativismo, mas sempreque esse corpo seja corpo que pro-voque, e nom precisamente desejode consumo por parte do sistemaheteropatriarcal.

    03opiniomNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    opiniom

    asaúde é o máximo grau debem-estar, físico, psíquicoe social, para além da au-

    sência de enfermidade (OMS,1946). Já que logo, inclui a cura-çom das doenças, a prevençom ea promoçom (aumento do bem-estar), e os poderes públicos de-vem garantir o aceso da cidadaniaaos meios necessários para con-segui-la. A construçom da saúdeestá influída polo género e deve-mos falar de dous modelos: omasculino e o feminino. Conside-rar que há um só implica assumircomo universal o masculino e as-sim discriminar a metade da po-pulaçom... e isto é o que ocorre naprática. Nom se consideram asdoenças que nos afetam quase ex-clusivamente, nem os sintomasdiferentes com as que se expres-sam outras; nom se tem em contaque o efeito dos fármacos é dife-rente, e isto promove que nom sediagnostique nem se trate ade-quadamente o que nos afeta...nom é casualidade que o 85% daspessoas tratadas com psico-fár-macos sejam mulheres, com asconsequências que isto implica.

    A prevençom nom é diferencia-

    da. Nom se tomam medidas pre-ventivas efetivas contra processosque nos afetam com muita maisfrequência, nem se tomam medi-das para previr enfermidadesprofissionais e riscos laborais emesmo se utilizam meios nom su-ficientemente provados para asprevir (vacina VPH).

    A promoçom converte-se numexercício de violência estrutural esimbólica na nossa contra. A saú-de identifica-se com a dieta, o gi-násio e a cirurgia estética, no cantode considerar que consiste em ca-pacitar a populaçom para que au-mente o controle sobre a sua pró-

    pria saúde e a melhore (...) para is-to, as pessoas devemos ser quemde identificar e realizar as nossasmetas, de satisfazer as nossas ne-

    cessidades... (OMS, 1986).No momento atual, com as po-

    líticas de “cortes” (ou de assalto?),a situaçom já é inaceitável. A nos-sa situaçom de precariedade eco-nómica e social, com menores sa-lários (22.5%, em 2012), trabalhosa tempo parcial (4 de cada 5 sommulheres), em precário e/ou emcondiçons de risco. A situaçom depobreza (o 70% das pobres sommulheres) e de inseguridade somcausa direta de muitos problemasde saúde (desnutriçom, infeçons,intoxicaçons e envenenamentos,acidentes e doenças laborais, de-pressom, ansiedade, etc.).

    Os “cortes” na assistência sani-tária dificultam ou impedem oaceso das mulheres a diagnósti-cos e tratamentos adequados. Is-to, junto ao “copagamento” (ou aestafa?), estendido há poucos diasao 10% do custo de certos medi-camentos hospitalários, propicia-rá em muitos dos casos o abando-no dos ditos tratamentos... isto é,mais sofrimento e mais morte,nomeadamente de muitas mulhe-res, mais pobres e mais abnega-das, que renunciarám (mais um-ha vez) a si próprias por nom gra-varem as suas famílias.

    Por outro lado, a diminuiçomde pessoal e de meios (e mesmo ofeche) de serviços de atençom es-pecífica, supom umha gravíssimaameaça para a nossa saúde e anossa vida. Os Centros de Planea-mento Familiar, quase sem recur-sos para a assistência, e muitomenos para promoverem a saúdesexual e reprodutiva. O feche dedispositivos de atençom a mulhe-res em situaçom de maltrato, jáque logo de programas para abor-dagem e para a prevençom daviolência direta. A “reformula-çom” dos centros Quérote, quevai deixar as adolescentes sematendimento. A previsível refor-ma da Lei do aborto, que abocaráas mulheres com menos recursosa arriscar a sua integridade e mes-mo a sua vida.

    Em soma, o sistema volta a ga-rantir o nosso mal-estar.

    Defendamos a nossa saúde e asnossas vidas!

    A saúde das mulheres, cada vez mais maltratadalola ferreiro

    Femen, estratégias de luita mediáticas e coerênciarocio fraga

    considerar que

    há um só modelo

    de saúde implica

    assumir como

    universal o modelo

    masculino imposto

    a opiniom públicadeve compreenderque ademais de revocar umha reformade lei concreta, temos um campo debatalha muito maisamplo, que é todo oque isso representa

  • 04 acontece Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    NGZ / A mobilizaçom popular con-seguiu paralisar temporariamentedous despejos na cidade da Coru-nha e no concelho de Cabanas, nacomarca do Eume. Em ambos osdous casos os lançamentos nom es-tám definitivamente cancelados,polo que o ativismo social continuaa luitar polo respeito do direito àvivenda destas pessoas afetadas.

    Para o dia 7 de outubro estavamarcado o despejo de umha mu-lher residente no concelho de Ca-banas, que comparte vivenda como seu filho assim como com a suamae e a sua irmá. O movimentopopular de Ferrolterra denunciouque este despejo é produto de umcaso de violência machista, pois oex-marido desta mulher vendeufraudulentamente a casa. É preci-so salientar que o ex-marido daafetada está denunciado por qua-tro delitos de violência machista eque o processo leva já mais de umano à espera de julgamento.

    O dia 7 a mobilizaçom popularconseguiu paralisar o despejo emCabanas mas ainda fica pendenteumha soluçom definitva para estamulher e a sua família, entre elesum filho menor de idade cuja cus-tódia está em maos da afetada, se-gundo comunicaram familiaresaos meios. Estám a trabalhar na de-fesa das vítimas deste processo de

    despejo ativistas de Stop Despejosde Ferrol e Compostela, assim co-mo a Rede de Apoio Múto de Fer-rolterra e a Associaçom Vela-luzcontra a violência machista. Preci-samente este último coletivo con-voca a partir do 15 de outubro um-ha greve de fame para denunciar aindefensom à que se vem submeti-das por parte das administraçon asvítimas de violência machista.

    No caso da Corunha o despejoia se efetuar o dia 8 de outubromas a intensa atividade de StopDespejos A Corunha conseguiufrenar o lançamento à espera deumha soluçom para a afetada,

    também mulher. Esta pessoa seriadespejada da sua residência antea impossibilidade de seguir pa-gando o aluguer, ao perceber co-mo única renda umha prestaçomde desemprego de 216 euros aomês. Por outra banda, o juiz deinstruçom reconheceu a “especialvulnerabilidade” encontrada nes-te caso sem que os Serviços So-ciais do concelho corunhês nem aConselharia de Trabalho e Bem-Estar dessem passos cara a umhasoluçom. Assim, Stop-Despejosestá a reclamar a aplicaçom doConvénio para a deteçom e ajuda

    de pessoas em situaçom de espe-

    cial vulnerabilidade ou de risco de

    exclusom na Galiza quando este-jam imersas em lançamentos ju-diciais, assinado entre o ConselhoGeral do Poder Judicial, a Federa-çom Galega de Municípios e Pro-víncias e a Junta de Galiza.

    Stop Despejos Corunha denun-ciou também que o conselheiroresponsável da área de ServiçosSocias na cidade, Miguel Loren-zo, puido cometer umha infra-çom da Lei de Serviços Sociais daGaliza ao revelar em rolda de im-prensa dados da pessoa afetadaque nom eram relevantes para asoluçom do conflito.

    aconteceDuas mobilizaçons percorrérom Compos-tela para exigir à Junta umha política deprevençom contra os lumes. As marchasreivindicárom um serviço de extinçom“único, público e profissionalizado” e umhamaior proteçom para os espaços naturais.

    duas manifestaçons contra os incêndios

    O centro social Almuinha de Marim ini-ciou umha campanha de avaliaçom douso do galego nos jornais que infor-mam sobre Marim. O resultado foi quetam só duas notícias das 85 analisadas(um 2,35%) estavam na língua própria.

    o GaleGo nom tem sítio nos jornais de marim

    10.09.2013 / Morre um rapaz de18 anos em Monforte atropela-do por um Álvia num passo anível com barreiras.

    11.09.2013 / Plataforma Galegaem Defesa do Ensino Públicoconcentra-se na Conselharia daEducaçom para denunciar cor-tes e exigir a retirada da LOMCE.

    13.09.2013 / F.D.B. morre tráscair-lhe umha árvore em cimaenquanto trabalhava num mon-te da Veiga (Eu-Návia).

    14.09.2013 / Vizinho de Verim, de-tido pola polícia trás confessaro estrangulamento da sua exparelha, M.F.M.S., de 52 anos.

    15.09.2013 / BNG reúne emCompostela umhas oito mil pes-soas numha manifestaçom emdefesa da soberania nacional.

    16.09.2013 / Novos lumes emcontentores e pontos limposda Corunha no quadro da gre-ve dos trabalhadores e traba-lhadoras de Nostián.

    17.09.2013 / AMPA do IES Bergi-dum Flavium de Cacabelos de-nuncia a eliminaçom do galegocomo matéria optativa.

    18.09.2013 / Responsáveis deADIF começam a declarar co-mo imputados no juízo do aci-dente de trem de Angrois, des-carregando toda a responsabi-lidade sobre o maquinista.

    20.09.2013 / Um cento de maris-queiros concentram-se frente àConselharia de Meio Rural e

    Marinho para reclamarem umprocesso de regularizaçom deembarcaçons adaptado à reali-dade galega.

    21.09.2013 / Comuneiros deGuizám (Mos) manifestam-sena terminal de Peinador paraexigir a Aena que negocie o pa-gamento de 7,8 milhons polosterrenos da sua propriedade.

    22.09.2013 / Conselheiro deEducaçom Jesús Vázquez asse-gura no jornal El País que “os

    que se oponhem ao decreto dogalego nom som democratas eapoiam a grupos terroristas”.

    24.09.2013 / Deputaçom de Lugocondena o franquismo e pedeque a exaltaçom do fascismoseja delito. Votam a favor oPSdeG e BNG e em contra o PP.

    25.09.2013 / Estudantes da es-cola de Restauraçom de PonteVedra fecham-se no centro pa-ra reclamar a conversom dosestudos num grau.

    cronoloGia

    A pressom popular consegue deterdespejos em Cabanas e na Corunha

    movimentos sociais continuam a luitar polo direito a vivenda das pessoas afetadas

    campanhasolidária com a presa galeganoelia coteloNGZ / O coletivo anarquista Li-berdade Noelia Cotelo cha-mou a mostrar faixas de apoioà presa galega Noelia Coteloo dia 20 de outubro. Esta presativo um novo julgamento opassado dia 2 deste mês naAudiência Provincial de A Co-runha, mas segundo informaa revista on-line Abordaxe(http://abordaxerevista.blogs-pot.com.es) este nom chegoua celebrar-se “porque Noelianom podia ter-se em pé”, che-gando-se a um acordo de 9meses mais de condena.

    Noelia Cotelo leva 5 anos emprisom baixo regime FIES.Durante o seu encerro na cár-cere espanhola de Brieva, emÁvila, foi vítima de agressonssexuais por parte dos seus car-cereiros, abusos que denun-ciou. Segundo figérom públicoas redes de apoio a esta presaem luita, essas denúncias cus-tárom-lhe umhas condiçonsainda mais duras dentro daprisom. Após estes feitos foideslocada ao Centro Peniten-ciário de Albolote, em Grana-da, a mais de 1.000 quilóme-tros da Galiza. Segundo infor-ma um manifesto solidáriocom Noelia Cotelo, no mês demaio começou umha greve defame por diversos abusos queestava a padecer nesta prisom.

  • 05aconteceNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    Centos de mulheres marchárom por Compostela paradefenderem o direito a um aborto livre e gratuito. A Pla-taforma Galega polo Direito ao Aborto, convocante damanifestaçom, alerta de que o ministro Gallardón pre-tende eliminar com a sua reforma da lei atual o direitodas mulheres a decidirem sobre os seus próprios corpos.

    “por um aBorto leGal, seGuro e Gratuito”

    Miles de estafados polas preferentes aproveitarom a festado Sam Froilám, em Lugo, para exigir que se reabra a viada arbitragem. Os aforradores, chegados de toda Galiza,reclamárom a devoluçom dos 600 milhons de euros queainda tenhem as extintas caixas de aforro e portárom fai-xas contra os governos da Junta e do Estado.

    afetados polas preferentes manifestam-se no sam froilÁm

    26.09.2013 / Vizinhança de Ber-gondo acode à Casa do Conce-lho para protestar polo projetode depuradora em Gandário.

    27.09.2013 / Quase 500 vizinhosexigem com umha marcha pro-teçom para o Monte Pindo.

    28.09.2013 / Centos de pessoasmanifestam-se em Compostelaem defesa do aborto livre egratuito. A capital galega aco-lhe também umha manifesta-çom contra a LOMCE.

    29.09.2013 / Manifestaçom emSantiago reclama um serviçoúnico de extinçom de incêndiose mais meios contra o lume.

    30.09.2013 / Anuncia-se a iden-tificaçom dos restos de ManuelRamón Souto Lestón, militantedo PRT, nascido em Cee, se-questrado pola ditadura argen-tina em 1976.

    01.10.2013 / Conde Roa, ex al-calde de Santiago é condenadoa dous anos de prisom e

    582.000 euros de multa porfraude a Fazenda.

    02.10.2013 / Pessoas afetadaspolas preferentes concentram-se diante do Paço de Justiçade Ourense.

    03.10.2013 / Julgado de instru-çom 1 de Riba d’Ávia emite au-to de processamento contra odelegado da Junta em Ouren-se, Rogélio Martínez, por irre-gularidades na gestom de fun-dos europeus.

    04.10.2013 / Centos de pessoasmanifestam-se em Marim con-tra o acordo que expulsou àfrota das águas de Mauritánia.

    05.10.2013 / Mais de 5000 prefe-rentistas protestam na Ronda daMuralha de Lugo para reclama-rem a devoluçom dos aforros.

    06.10.2013 / Umhas mil pes-soas manifestam-se em Com-postela por umha nova políticaflorestal, convocados pola As-sociaçom Monte Pindo.

    07.10.2013 / Morre J.V.S., pedrei-ro de 45 anos ao cair dumha al-tura de 5 metros em Guilhamil.

    08.10.2013 / Stop Despejosconsegue paralisar polo mo-mento o despejo de Elizabeth,umha vizinha enferma e comtrês filhos menores do bairrodo Castrilhom, na Corunha.

    09.10.2013 / Produzem-se en-frentamentos entre manteiros epolícias locais e nacionais nasfestas de Sam Froilám.

    cronoloGia

    NGZ / Celebrou-se na semana do15 de setembro o julgamentocontra o sindicalista de CCOOMessaoud El-Omari, e três cúm-plices numha máfia de explora-çom denunciada por mais decinquenta trabalhadores e traba-lhadoras originários de Marro-cos -onde também tem a sua ori-gem El-Omari- em 2009. Comoo NOVAS DA GALIZA (nos nú-meros 86 e 91) recolhia na altu-ra, os trabalhadores exploradoseram recrutados na regiom mar-roquina de Agadir, onde deviamenfrentar um pagamento dequantidades que chegavam aos10.000 euros. Durante o julga-

    mento, trabalhadores assegura-vam que era o sogro de El-Omarie outros 'cobradores' que se des-locavam periodicamente ao paísafricano para fazerem os cobros.Várias das pessoas vítimas damáfia tiveram, inclusive, queresponder com as próprias vi-vendas familiares.

    Logo de chegados, El-Omariera presumivelmente o encarre-gado de gerir a máscara de lega-lidade para as empresas a explo-rarem os trabalhadores. Atravésdo seu posto no Centro de Infor-maçom para Trabalhadores Es-trangeiros (CITE) de ComissonsObreiras, o sindicalista arranja-

    va contratos e vistos, segundodeclaraçons de algumhas das ví-timas, que mesmo assinalam te-rem realizado gestons no gabi-nete do local sindical.

    Condiçons de semi-escravaturaAs condiçons laborais com asque os trabalhadores topavamao aterrarem na Galiza eramdiametralmente opostas às pro-metidas por El-Omari. Frenteaos 2.000 euros prometidos, arealidade eram salários que porvezes só alcançavam os 500 eu-ros mensais, sem alta na Seguri-dade Social. Ainda que este es-tremo, como o dos salários, va-

    riava segundo a empresa em quefinalmente remataram os traba-lhadores, o habitual era que vi-vessem em vivendas ultra-lota-das que nos piores casos care-ciam de aquecimento ou águaquente. As jornadas laborais nospiores casos passavam das dozehoras diárias durante seis dias àsemana.

    Segundo os testemunhos dal-guns dos 13 trabalhadores, eramo próprio El-Omari ou HadaouiKayrou, outro dos imputados,que se encarregavam de reco-lher os trabalhadores no aero-porto e levá-los até as empresasonde deviam trabalhar.

    Pendente de sentença o julgamentocontra exploradores de migrantes

    acusam sindicalista de ccoo messaoud el-omari e três cÚmplices numha mÁfia

    NGZ / Na última fim de semanade setembro e a pesar das com-plicadas condiçons meteorológi-cas tivo lugar a IV Limpeza Si-multánea do Projeto Rios numtotal de 37 concelhos, contandocom a participaçom de centos depessoas voluntárias. Segundo in-dicam na organizaçom, nestaocasiom retirárom-se perto de 10toneladas de resíduos. Entre osmais frequentes encontram-seplásticos como garrafas ou sacasmas tampouco faltárom peças deautomóveis ou eletrodomésticos.Na web do Projeto Rios lembra-se que a finalidade desta iniciati-va nom é apenas limpar umhavez ao anos as águas do país, se-nom “cuidar os nossos rios econsciencializar à sociedade deque estejam bem conservados”.

    Os rios dos quais mais resí-duos fôrom rertirados som oVea, no concelho da Estrada,com uns 2.000 quilogramas, eas concas do Zamáns e o Mi-nhor em Gondomar, com 1.800quilogramas. É também de sa-lientar que nesta iniciativa par-ticipárom nom só coletivos emdefesa do ambiente, senomtambém associaçons desporti-vas, culturais, vicinais e mesmoalguns concelhos.

    limpezasimultánea de rios retira 10 toneladas de resíduos

  • 06 acontece Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    A fotografia de Ester Quintana, a mulher que perdeu umolho por mor dum disparo com balas de goma dos MossosD´Esquadra, foi empregada por Citröen para um cartazdumha campanha de prevençom de riscos laborais. Aimagem, que Quintana fixo para denunciar esta arma po-licial, foi retirada pola empresa ao nom ter autorizaçom.

    citröen usa a foto dumha aGredida na sua puBlicidade

    O grupo Imán de Vigo realizou umha performance o pas-sado 3 de outubro para reivindicar a reapertura do pro-grama Sereos do Casco Velho em Elduayen ou num localpróximo. O feche do seu local por parte do Concelho deVigo obrigou a desenvolver a sua atividade de assistênciasocial num veículo nas ruas da cidade.

    performance em viGo pola reapertura de ‘sereos’

    Tem-se afirmado que nom háumha outra energia que seja ca-paz de substituir ao 100% o pe-tróleo. Que alternativas se po-dem construir para os diferentesusos do petróleo?É certo, nom há energia que emqualidade e quantidade e no tem-po que nos queda poda substituiro petróleo. Assim que a alternativaem muitos casos será prescindirde muitos desses usos. É dizer, pa-ra as necessidades básicas pode-mos apanhar-nos com alternativasrenováveis, nom sem considerá-veis custos e dificuldades de adap-taçom, mas para moitas outras 'ne-cessidades' criadas pola sociedadecapitalista de consumo, simples-mente vamos ter que passar semelas. A alternativa é prescindir damaior parte do consumo atual, tal-vez um 80 ou 90%, e limitar-nos aoque podamos obter mediante osrecursos naturais locais. Por issoinsistimos tanto em que o futuro élocal e, principalmente, rural.

    Quais som os passos para fazerreal umha Galiza sem petróleo? O primeiro passo é a conscien-ciaçom individual e social. Háque ser conscientes de que a mu-dança é iniludível e que quantomais tardemos estaremos empiores condiçons. Depois há quecomeçar a visualizar como que-remos que seja essa Galiza pós-petróleo e pós-industrial. Os pri-meiros passos podem ir nessa di-reçom de adaptaçom mental edepois há que apoiar-se nas nos-sas redes sociais, na comunida-de, para passarmos ao terrenoprático. Se essa comunidadenom existe onde vivemos ou estámui danada devemos reconstrui-la sem demora.

    O futuro passa por unha redu-çom drástica no nosso consumounida à um renascimento das co-munidades humanas a nível lo-cal. Também haverá umha mu-dança psico-social muito impor-tante e deveremos construir um-ha nova cultura e umha nova éti-ca associadas à comunidade e aumhas relaçons perduráveis en-tre as pessoas e com a naturezada que fazemos parte insepará-vel. Falamos de recuperarmos a

    resiliência comunitária e comoespécie, algo que nos roubou aindustrializaçom.

    De sair adiante a Guia falades deelaborar comunidades de leito-res em diversos pontos da Gali-za. Por que considerades isto ne-cessário e que mecanismos po-redes em marcha para impulsaressas comunidades?Isto é algo mui importante. Se háum livro que queira mudar radi-calmente a vida das pessoas é es-te. Nom podemos fazer unica-mente umha mudança interior, li-mitar-nos a ler um livro e aplicarcertos ajustes ao nosso modo deviver e consumir. A mudança temque ser radical mas também co-munitária porque a comunidadeé um dos eixos vitais para viver-mos sem petróleo. Assim é que

    tentaremos botar a andar encon-tros locais com os leitores por to-do o país, para promover que agente se comece a auto-organi-zar, e um foro em Internet paracomplementar estes encontros.

    O livro será só um começo, masa mudança tenhem que a prota-gonizar as próprias pessoas quese consciencializem de que nompodemos aguardar mais e que de-vemos começar a mudar o paísdesde baixo em clave de decres-cimento, de auto-gestom e auto-suficiência, e de reconstruçomdas comunidades. O ideal seráque depois cada grupo local lide-re a transiçom à vida sem petró-leo de umha maneira própria eadaptada às características doseu lugar.

    Nessa sociedade pós-petróleotambém haveria que prestaratençom à questom da forma-çom e à adquisiçom de conheci-mentos. Até que ponto haveriaque romper com os conhecimen-tos que temos adquiridos na so-ciedade atual? Em que tipo desaberes haveria que se centrar?Se olhares para os programaseducativos, as aulas de qualquer

    nível, achas que dam por descon-tado que o mundo industrial vaiseguir existindo para sempre.Mas nom é assim, e muitos mi-lhons de pessoas vam quedarcom uns conhecimentos obsole-tos e inúteis. E nom só isso, se-nom que a própria concepçom daeducaçom teria que ser modifica-da, pois precisamos dumha novacultura baseada em valores total-mente diferentes: isto também oabordamos em detalhe na Guia. É preciso conservarmos, transmi-tirmos e atualizarmos em chavede utilidade prática muitos dossaberes tradicionais do nosso po-vo, que som os que nos permiti-rom sobreviver com os recursosque há aqui durante milheiros deanos. Claro que nom poderemosvolver ter exactamente aquela so-ciedade, porque em muitos aspe-tos nom é factível umha voltaatrás, e por isso haverá que atua-lizar muito desse conhecimento ecombiná-lo seguramente com al-gumhas ideias novas, como porexemplo a permacultura ou a ar-quitectura bioclimática.

    Existem já outras guias para adiminuiçom energética polomundo adiante? Pode inserir-seesta iniciativa num movimentode carácter mais global?Existem cousas análogas. Te-mos o vigoroso movimento das'Transition Towns' que produzmaterial muito interessante etambém cada vez mais gover-nos locais que aprovam planosde adaptaçom à reduçom ener-gética. É um movimento centra-do polo de agora em países co-mo Reino Unido e EE.UU, masnos mapas que vam recolhendoestas iniciativas em Internet po-demos ir vendo que cada anoque passa surgem mais e maisprojetos por todo o mundo.

    Sem dúvida há um movimen-to de carácter mundial que seexpressa em variadas iniciati-vas: a chamada transiçom pós-petróleo, as cidades lentas, omovimento pola relocalizaçome a alimentaçom local, o decres-cimento, o conceito indígena dobom viver... todo isto caminhacara à mudança de civilizaçomque precisamos. A própria di-versidade de movimentos revelaque cada sociedade deverá bus-car a sua via particular para avida pós-petróleo.

    “é preciso atualizarmos muitos dossaberes tradicionais do nosso povo”

    entrevista a manuel casal lodeiro, ativista de 'véspera de nada'

    AARÓN L. RIVAS / A associaçomVéspera de Nada lançou nasúltimas semanas umha cam-panha de financiamento cole-tivo no portal web Verkamipara editar a 'Guía para o des-censo enerxético', umha obraque procura dar as chavespara conseguir umha Galizasem petróleo. Perante o atual'peak oil' e as suas conse-quências, este trabalho pre-tende criar comunidades deleitores que se encarreguemde dar um passo adiante eimpulsarem essa transiçomcara a umha nova sociedadeafastada dos hábitos de con-sumo atuais. Manuel CasalLodeiro, ativo membro deVéspera de Nada, adverte deque com a queda do petróleocairá também a religiom docrescimento contínuo e ex-pom o que é necessário paraumha mudança no modeloenergético.

    “O futuro passa porumha reduçom

    drástica no consumoe umha nova ética”

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  • 07aconteceNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    Durante o debate de estado da autonomia, o pre-sidente da Junta Alberte Núñez Feijóo anunciouque se denegou o projeto de mina de ouro em Cor-coesto. O chefe do executivo autonómico atribuiesta decisom a que “o projeto carece de insolvên-cia financeira e técnica”.

    junta cancela projeto de mina em corcoesto

    Sete edis do PP de Compostela fôrom imputados porprevaricaçom ao decidirem numha Junta de governomunicipal pagar a defesa jurídica de Adrián Varela, con-celheiro de Desportos imputado na Operaçom Poké-mon. Após isto, 10 dos 13 edis do PP compostelám seencontram imputados em diversos processos judiciais.

    Governo de compostela imputado por prevaricaçom

    R.R. / Resta quase um ano paraas eleiçons ao Parlamento Euro-peu, que se celebrarám entre o22 e o 25 de maio de 2014, masos diferentes partidos galegoscomeçárom a trabalhar comtempo na política de alianças.Através de conversas como aque mantivérom os porta-vozesnacionais do BNG e Anova, Xa-vier Vence e Xosé Manuel Beiras(respetivamente) e, através tam-bém de comunicados, os dife-rentes partidos fôrom fazendopúblicas as suas estratégias elei-torais. Polo de agora, nom há ne-nhum acordo que faga prever ainclusom do nacionalismo gale-go numha mesma candidatura.

    Papel de EUO único ponto de friçom feito pú-blico até a data entre Anova eBNG é o papel que estaria cha-mada a desenvolver EsquerdaUnida (EU) na eventual coaliga-çom. Por umha banda, Anovaaposta em, num primeiro mo-mento, conformar umha “frenteampla nom excludente” a nívelgalego, que aglutinasse tanto aforças nacionalistas como aaquelas que, “sem serem nacio-nalistas, defendam o direito deauto-determinaçom e o prati-quem” -em alusom a EU- para;num segundo momento, confor-mar umha aliança com as “for-ças políticas rupturistas” de ou-tras naçons do Estado. A propos-ta de Anova é que os comícios

    nom sejam “umhas eleiçons or-dinárias”, senom umhas que sir-vam de “plebiscito do regime” oude “ensaio geral da quebra de-mocrática”.

    Por outra banda, o BNG ratifi-cou no seu Conselho Nacional do6 de Setembro a decisom de pro-curar umha “coaligaçom unitáriagalega nacionalista de esquerdas”para depois, dado que a circuscri-çom para estes comícios é estatal,conformar umha “gram coaliga-çom com as demais forças nacio-nalistas de esquerdas das demaisnaçons sem estado existentes noEstado espanhol”. Tanto Esquer-da Unida como a federaçom esta-tal Izquierda Unida ficariam foradesta coaligaçom nacionalista.“Como sabes”, escrevia-lhe Vencea Beiras numha missiva pública,“nenhumha força nacionalista deesquerdas basca ou catalá -nem

    nenhumha outra força naciona-lista em geral- vai ir em coaliga-çom com forças estatais, algo emque coincidimos no BNG”.

    Se nenhumha das duas forçasmuda a sua proposta inicial defórmula de coaligaçom, o voto na-cionalista ficará dividido nas ur-nas em 2014. Restaria saber comomaterializariam Anova e o BNGas alianças com outros partidosdo Estado de nom sair primeiroadiante a coaligaçom galega.

    Forças extra-parlamentaresPor sua vez, tanto Nós-UnidadePopular (Nós-UP) como Com-promiso por Galicia (CxG), ma-nifestárom a sua vontade por lo-grar umha candidatura “genui-namente galega”, rejeitando emambos casos a inclusom de EUna coaligaçom e situando-se,portanto, mais próximos à posi-

    çom do Bloco que à de Anova.Pola sua banda, Nós-UP alega a“inviabilidade” de conformar acandidatura galega à decisomde Anova de aceitar a EU e tam-bém a que o BNG, “sem a pre-sença de Anova, descarta criarumha candidatura galega aoParlamento Europeu”. Peranteisso, nom descarta a possibili-dade de fazer parte dumha coa-ligaçom com forças “de liberta-çom nacional” e “contrárias aoparadigma espanhol” doutrosterritórios do Estado.

    No seu caso, CxG insta a Anovae BNG a “pôr-se de acordo” paracriarem a candidatura galega e,em boca do seu secretário geralXoán Bascuas, julga que ambasformaçons estám a jogar “ao gatoe ao rato” e acusa-os de nom te-rem nos seus planos a formaçomdumha “candidatura de País”.

    Alianças dos partidos dificulta auniom nacionalista nas europeias

    eleiçons ao parlamento europeu celeBrarÁm-se em maio de 2014

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    NGZ / O alcalde do concelho deBaltar, na comarca da Límia, JoseAntonio Feijóo enfrentou-se o pas-sado 7 de outubro a um juízo penalacusado de quatro delitos de coa-çons por parte da Fiscalia. Os fei-tos remontam-se às eleiçons mu-nicipais de 2011, cujos resultadosconcedérom sete edis ao PP e dousao PSdeG, quando, segundo asacusaçons, este alcalde realizouameaças e mesmo perseguiu a mi-litantes do PSdeG que estavam aelaborar umha listagem municipalpara os devanditos comícios. AFiscalia pede para Feijóo o paga-mento de umha multa de arredorde 11.000 euros enquanto a acusa-çom particular do PSdeG engadeoutros quatro delitos de ameaçase um de malversaçom de fundospúblicos, elevando a petiçom decondena a 24 anos de prisom.

    Trás conhecer-se as imputaçonsàs que Feijóo se véu submetido oPPdeG anunciara a abertura deum expediente contra o regedormas este decidiu abandonar a mi-litância. Porém, José Antonio Fei-jóo continua na alcaldia de Baltare também no Governo da Deputa-çom Provincial encabeçada porJosé Manuel Baltar Blanco. Poroutra parte, o jornal espanhol ElPaís informava que Jose AntonioFeijóo estava também vinculado aseis empresas construtoras da co-marca da Límia e que chegou a au-torizar obras sem licença a com-panhias dos seus sócios.

    julgam alcaldede Baltar por coaçons a militantes do psdeG

  • 08 acontece Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    O sindicato CNT vem de denunciar que a Universidadede Santiago de Compostela através da sua empresaUnixest realiza contratos temporais em fraude de lei“que em realidade deveriam sem indefinidos”. Do mes-mo modo, denunciam-se incumprimentos na concilia-çom da vida familiar e laboral.

    cnt denÚncia usc por “contrataçom fraudulenta”

    A Polícia Nacional, por ordem de um auto da AudiênciaNacional, irrompeu no recebimento na cidade da Corunhaàs ex-presas políticas Aurora Cayetano e Iolanda Fernán-dez, liberadas trás passar 11 anos em prisom pola sua per-tença ao PCE(r). Dúzias de pessoas solidárias estivérompresentes neste ato a pesar do acosso policial.

    reprimem receBimento de presas políticas na corunha

    NGZ / Primeiro foi o alcalde deRiotorto, Federico Gutiérrez(BNG), que anunciou que o con-celho se fará cargo dos custosque tenham que afrontar os seusvizinhos e vizinhas polo 'copaga-mento' farmacêutico; e pronto se-guírom anúncios na mesma linhade outros como José Luis Raposo(PSOE), alcaide de Pedrafita doCebreiro, ou Severino Rodríguez(BNG), alcalde de Monforte. Aestratégia consiste em fazer fron-te desde os concelhos aos cortesdo Governo, dentro das compe-tências municipais e da capaci-dade orçamentária de cada vila.

    A resoluçom aprovada poloGoverno espanhol o 10 de setem-bro elimina a gratuitidade demais de 157 prestaçons farmaco-lógicas utilizadas para patologiascoma o cancro, a hepatite C ou aesclerose múltipla. O alcaide deRiotorto explicou aos meios que

    o objetivo da medida é impedirque os enfermos “abandonemtratamentos vitais por razonseconómicas”. A ideia, em Riotor-to e Pedrafita do Cebreiro, é esta-belecer um barema de ajudas se-gundo as rendas, mas tentandoque a gratuitidade atinja a maio-ria dos vizinhos.

    Pola sua banda, Severino Ro-dríguez, alcalde de Monforte,anunciou que nos orçamentos de2014 incluirám umha partida pa-ra afrontar situaçons de exclu-som social motivadas pola políti-ca de cortes do PP. Ainda que semostra favorável ao modelo deRiotorto, pontualiza que cadaconcelho terá que valorar a for-ma de afrontar a situaçom segun-do as suas possibilidades e queas Administraçons locais nompodem resolver todos os proble-mas gerados polos cortes da Jun-ta e do Governo.

    Riotorto abre a via de resposta municipalcontra o ‘copagamento’

    NGZ / Lugo e Redondela acolhe-ram, durante a fim de semana de12 e 13 de outubro, diversas jor-nadas de reivindicaçom e memó-ria com motivo da celebraçom doDia da Galiza Combatente. Desde2001 o independentismo reme-mora em 11 de outubro casos deluitadoras e luitadores e de proje-tos coletivos de luita. Coincidecom a morte em 11 de outubro de1990 de Lola Castro e José Vilar,militantes do Exército Guerrilhei-ro do Povo Galego Ceive, ao ex-plotar-lhes um artefato que por-tavam durante umha campanhado EGPGC contra os interessesdo narcotráfico na Galiza.

    'A mocidade nom se vende'A Assembleia da Mocidade Inde-pendentista lembrou em Lugo,baixo o lema 'Arredistas sempre:Independência', a visom do arre-dismo de pre-guerra na emigra-çom. Com o exemplo do ComitéRevolucionário Arredista Galegoda Havana e do seu militante FucoGomes, originário de Bezerreá, aorganizaçom juvenil puxo ênfasedurante a apresentaçom dum dos-sier dedicado ao CRAG na vonta-de de “visibilizar frente aos perso-nalismos que as lutas sempre asfam coletivos, nom indivíduos”.

    Antes da manifestaçom e con-certo que fechárom a jornada, aAMI deu a conhecer a publicaçomdo livro A mocidade nom se vende.Relatos de intentos de infiltraçom

    policial no independentismo. Nes-ta publicaçom a organizaçom for-nece um estudo sobre as estraté-gias de guerra suja dos estados

    contra os movimentos em diver-sas partes do mundo. Logo de ana-lisar o que se sabe das estruturas'anti-terrorista' espanholas, a pu-blicaçom recolhe seis relatos demilitantes que sofrêrom tentativasde aproximaçom por parte de cor-pos repressivos com ofertas paraconverterem-se em informadoresao serviço deles. Segundo umhamilitante da organizaçom sinalavana apresentaçom, o livro publica-se “com duas razons: umha, co-nhecermos qual é a estrutura comque o estado persegue o indepen-dentismo na Galiza o tipo de táti-cas e presons que podem empre-gar, para que quem se ver nesta si-tuaçom nom se atope sem referên-cias; a outra, como prova do que otítulo diz, que a mocidade nom sevende e rechaça em firme colabo-rar com o inimigo”.

    Nós-UP lembra Maria AraujoRedondela foi o lugar escolhidopor Nós-Unidade Popular para ce-lebrar a homenagem a MariaAraújo, militante comunista gale-go-cubana que em distintas etapas

    militou na Galiza e mais na ilha ca-ribenha, e fixo parte das guerrilhascontra o regime franquista e du-rante a revoluçom cubana.

    A organizaçom do independen-tismo contou no seu ato com in-tervençons de Eva Cortinhas, emnome de Briga, e de Gustavo Lucano nome da Associaçom de Ami-zade Galego-Cubana e FranciscoVillamil. Este último destacou ahistória de relaçons intensas en-tre a Galiza e Cuba, e em especiala longa listagem de galegas e ga-legos combatentes na ilha.

    O ato foi fechado com o discur-so de Rebeca Bravo, porta-voz na-cional de Nós-UP. Esta destacouos exemplos de Ernesto Guevarado general vietnamita Giap e maisdo militante galego Manolo Soto,falecido no passado inverno.

    Bravo destacou a necessidade,frente os avanços de “Espanha, oCapital e o Patriarcado”, dumha“ofensiva obreira, nacional, femi-nista e popular”, para a que cumpre“desenvolver mais espaços de uni-dade de açom” e “acelerar a conso-lidaçom” da esquerda patriótica.

    Independentismo comemora Dia da Galiza Combatente

    ami e nos-up moBilizÁrom-se em luGo e redondela

    suBsidiarÁ Gastos farmacêuticos

    Homenagem comarcal de noS-UP a lolacastro em Valdovinho / DiÁrioliBerDaDe

  • 09aconteceNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    crónica GrÁficano 12 do outubro ativistas da plataforma Galiza pola Soberaniamostrárom faixas e simbologia nacional em pontos simbólicos do país / DiarioliBerDaDe

    a agrupaçom de Montanha Águas limpas realizou o seu Vi acampamentode montanha na Serra do courel, comroteiros e palestras / aGrUPaÇoM De MontanHa 'ÁGUaS liMPaS'

    a Marcha polo emprego da ciG percorreudiversas comarcas ao longo do país. na imagem, a segunda jornada de mobilizaçom no seu passo por Vigo / ciG

    centos de pessoas percorrérom oMonte Pindo, em carnota, após sercalcinado polos incêndios / MontePinDo ParQUe natUral

    Desporto e convívio entre os movimentossociais tivérom lugar em alhariz, que acolheu as iii olímpiadas PopularesGaliZacontrainfo

    o setor naval de trasancos voltousair à rua exigindo carga de trabalho e denunciando as “mentiras” dos governos galego e espanholDiarioliBerDaDe

  • 10 acontece Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    aGro

    P.V. / O cruel desperdício de alimen-tos, além de colaborar para a fomee para a desigualdade social, podeser considerado como o terceiroemissor de carbono do mundo,atrás apenas da China e dos EUA.A conclusom foi obtida num rela-tório produzido pola Organizaçomdas Naçons Unidas para Agricul-tura e Alimentaçom (FAO), que es-tima que os alimentos jogados foraemitam cerca de 3,3 bilhons de to-neladas de CO2 todos os anos.

    Comida no lixoNo passado mês de Setembro, uminforme da FAO tirava dados re-veladores das consequências queacarreta a moderna forma de dis-tribuiçom dos alimentos. Todos osanos, perto dum terço de todos osalimentos para consumo humano,aproximadamente de 1,3 bilhonsde toneladas, é desperdiçado, jun-tamente com toda a energia, águae produtos químicos necessáriospara produzi-la e descartá-la.

    Quase 30% das terras agrícolasdo mundo, e um volume de águaequivalente ao vazamento anualdo rio Volga, som usadas em vam.Segundo o informe, a maior partedos desperdícios som produzidospor grupos de consumidores quecompram muito mais do que po-dem consumir e rematam por jo-gar os restos ao lixo.

    Se fossem contabilizados emtermos monetários, a FAO estimaque o custo do desperdício de ali-mentos, excluindo os peixes e fru-tos do mar, é de 750 bilhons de dó-lares por ano, com base em preçosde produçom.

    A média de quilos que som des-perdiçados ao ano na Europa é de300 por habitante.

    Danos para o ambienteAlém do incalculável dano moralque geram as sociedades que jo-gam seus alimentos ao lixo, aquestom meio-ambiental aparececomo alvo central na denúnciaque emite a FAO. 3.300 milhonsde toneladas de CO2 som produ-zidos cada ano.

    O desperdício de alimentos con-some cerca de 250 quilómetros cú-bicos de água e ocupa cerca de 1,4bilhom de hectares- grande parte

    de habitat natural transformadopara tornar-se arável. De seguiresta tendência, será preciso ace-der maiores porçons de bosques eflorestas para aumentar a superfí-cie arável. Se ao contrário se luitapor reduzir o desperdiço, esta si-tuaçom pode tornar-se à inversaao nom depender da necessidadede aceder a novos territórios paraa agricultura.

    Melhoras precisasO informe indica que o desperdí-cio de alimentos se topa concen-trado em espaços diversos segun-do seja o país da análise. Nos paí-ses em vias de desenvolvimentodam-se grandes perdas nos culti-vos e na produçom. À contra, nospaíses com ingressos meios e al-tos, que representam o 31% e 39%do desperdício, as perdas concen-tram-se na venda ao consumidorfinal e na distribuiçom. No casode regions com baixos ingressos,as perdas neste nível só som deentre o 4% e o 16%.

    A voltas com as soluçons As soluçons propostas constamde multidons de frontes abertas.Porém a defesa dumha agricultu-ra de proximidade com redes dedistribuiçom locais e de confiançaparece ser a aposta que mais pos-sibilidades tem de ter êxito.

    Desperdício de alimentos,terceiro maior produtor deCO2 após a China e os EUA

    mar

    Mauritánia, maisum pontapé paraa frota galega

    A.DIESTE / A expulsom de umhavintena de barcos galegos doporto pesqueiro de Mauritániagraças a um convénio da UEvolve situar em primeira linha adiminuçom da presença da fro-ta pesqueira de altura da Galizanalguns dos seus lugares de tra-balho tradicionais (e é que, emnom poucas ocasions, fôromdescobertos polos galegos).Grande Sole, Marrocos, Mo-çambique... som exemplos dife-rentes quanto a causas, mascoincidentes no resultado.Cumpre assinalar que o postodos buques galegos vai ser ocu-pado por barcos doutros esta-dos, nom polos mauritanos.

    Em 1986, ano de entrada doEstado espanhol na Uniom, uns300 barcos tinham autorizaçompara trabalharem no GrandeSole. Os diferentes planos deorientaçom plurianual, comoassinala González Laxe em Laactividad pesquera mundial, re-ducírom progressivamente essacifra até nom ser mais de 190em 2005 e, hoje em dia, escas-samente chegar ao cento de bu-ques. Desde a federaçom deMar da CIG tem-se salientadoque em muitos de aqueles por-tos pesqueiros dos quais tivoque sair a frota galega “o seu sí-tio foi ocupado por outra, poloque nom se justifica em termos

    de sustentabilidade”.Atualmente na Galiza há 96

    barcos pesqueiros comunitários(51 de palangre de fundo e 45de arraste); em 2005, eram 144.Em pouco mais de um lustro, opaís perdeu um terço desta fro-ta. González Laxe assinala quedesde meados da década dosanos 90 reduziu-se a frota de al-tura e grande altura, pois dé-rom-se de baixa mais de100.000 toneladas de registobruto (boa parte delas, com odesmantelamento como final docaminho).

    Num estudo que analisa osanos de 1986 a 2002 compro-va-se como Dinamarca passoude receber do 21 ao 42% dos di-reitos de pesca. Em troca, o Es-tado espanhol passou do 7,4 ao5 por cento. Nestes anos, semdúvida, resultou prejudicada afrota galega.

    a faO evidencia o grande problema dadistribuiçom moderna dos alimentos

    na ue cada pessoadesperdiça 300 kgde comida ao ano

    a frota galega tivo que abandonar portospesqueiros por mor de convénios, negociaçons e acordos comunitários com interesses alheios

    na galiza há 96 barcos pesqueiros

    comunitários

    em apenas um lustroperdeu-se um terço

    da frota nacional

    reduzir desperdícios evitaria ter que aumentar produçom de alimentos um 60%

    ‘lixo’ alimentar ocupa perto de 1,4bilhons de hectares

  • DAMIÁN COPENA / Desde finais dosanos noventa temos assistido naGaliza a um grande desenvolvi-mento da energia eólica. Namaior parte dos cumes dos mon-tes galegos os aerogeradoresemergem dominando a paisageme o território. Certamente, empoucos anos tenhem-se instaladomais de 4.000 aero geradores, querepresentam umha potência pró-xima aos 3.300 MW. Esta ativida-de, que se desenvolve quase nasua totalidade no rural galego eque está incluída dentro das pro-duçons do regime especial, contacom incentivos retributivos porparte do Estado, resultando muitolucrativa para as empresas pro-motoras eólicas.

    O modelo de desenvolvimentoeólico na Galiza de hojeO governo galego foi pioneiro noEstado à hora de desenvolver nor-mativa específica que regulasse oaproveitamento eólico. A Juntaaprovou o primeiro Decreto Eóli-co no ano 1995 e com ele apostoupor um modelo privatizador, emque unhas poucas empresas serepartiam o território mediante afigura dos planos eólicos estraté-gicos em que se lhe designavamumha serie de áreas eólicas a es-tas promotoras eólicas. Fruitodeste Decreto e das normas pos-teriores, Galiza converteu-senumha potência eólica a nívelmundial, contando nestes mo-mentos com a maior intensifica-çom eólica do Estado, tanto emaerogeradores por unidade de su-perfície como em potência porunidade de superfície.

    Desde o primeiro Decreto de1995 até a atual Lei 8/2009 as dis-tintas normativas impossibilitá-rom a criaçom de instalaçons eó-licas comunitárias por parte dosagentes rurais. O modelo coope-rativo-comunitário em que auniom de proprietários dos terre-nos, labregas e labregos e agentessociais desenvolvem parques eóli-cos está estendido por muitos lu-gares do mundo como Dinamar-ca, Gales e mesmo América doNorte. Pola contra, no territóriogalego regulou-se para promoverum desenvolvimento que giraraem torno a grandes empresas. Es-te modelo, que tivo do ponto devista da potência instalada um evi-

    dente êxito, motivou pola contraumha escassa incidência no trans-lado de rendas ao mundo rural. Omarco regulador desenhado tam-bém possibilita a existência deconflitos sociais e ambientais.

    As consequências económicasdos eólicos no mundo ruralOs grandes esquecidos na legisla-çom galega, a pesar dos tímidosavanços experimentados nas últi-mas normas eólicas, som os pro-prietários dos terrenos onde as-sentam os parques eólicos. Osproprietários nom podem fazerparte do denominado negócio eó-lico e nom contam com capacida-de de decisom sobre a instalaçomdos aerogeradores nos seus mon-tes. Além disso, a consideraçomda produçom eólica como ativi-dade de utilidade pública permitea possibilidade da expropriaçomdos terrenos necessários para odesenvolvimento dos parques eó-licos. Até o Decreto do ano 2008as empresas nem sequer tinhamque justificar o início de um pro-cesso expropriador dos terrenosprivados e mesmo se tenhem ex-propriado montes vizinhais paraa implantaçom de aerogeradores.Esta situaçom exerceu de autên-tica espada de Damocles para osproprietários e possibilitou queassinassem acordos económicosque se podem considerar, quandomenos, como irrisórios. Por outra

    banda, em quase todos os proces-sos eólicos existe umha grandeassimetria no tocante à informa-çom (conhecimento da legisla-çom, marco retributivo, horas deproduçom, etc.) que manejam osproprietários dos terrenos ruraise as empresas eólicas. As promo-toras eólicas contam com exper-tos negociadores que se transla-dam às aldeias rurais com a fina-lidade de conseguir os terrenos omais baratos possível. Em geral,com honrosas excepçons, até o deagora as propriedades privadas evizinhais quase nom obtiveramajudas das administraçons e dasentidades sociais e tivérom quese defender com as poucas armasdas que dispunham.

    Com estes antecedentes nomsurpreende que as rendas que sederivam da produçom de energiaeólica para os proprietários ruraissejam geralmente escassas. Di-versos trabalhos indicam que es-

    tas rendas equivalem de média aentre o 1 e o 1,5% da faturaçomdos parques eólicos galegos. Apesares deste escasso fluxo de in-gressos provenientes da eólica,existem interessantes iniciativasrurais que se desenvolveram emmontes vizinhais como o de Zo-bra (Lalim) ou Cabeiras (Arbo)graças ao aluguer dos terrenos, oque nos indica que um maior flu-xo de rendas poderia ter um im-pacto positivo para a dinamiza-çom dos espaços rurais.

    Cumpre salientar que a ativida-de eólica desenvolve-se no rural,um rural que conta com muitasproblemáticas que o fam esmore-cer pouco a pouco. O número deexploraçons e o emprego agrárionom deixam de reduzir-se e oabandono dos núcleos e dos re-cursos nom deixa, desgraçada-mente, de crescer. É muito possí-vel que umha diferente legisla-çom eólica, que tiver como pre-missas o desenvolvimento comu-nitário e que artelhá-se aproduçom eólica desde abaixo ecom a participaçom dos diferen-tes agentes sociais à hora de pla-nificar territorialmente a produ-çom eólica, teria contribuído aofreno das tendências existentesno rural e evitado múltiples pro-blemáticas ambientais derivadasdos parques eólicos. Efetivamen-te, o desenvolvimento eólico temproduzido importantes afeçons a

    espaços incluídos dentro da RedeNatura 2000, existindo mais de 50parques eólicos que afetam a lu-gares de interesse comunitário,sendo o caso mais destacável o daSerra do Xistral.

    A energia eólica na atualidadeNos últimos anos tem-se produzi-do umha parada no desenvolvi-mento eólico na Galiza. Desde oano 2008 quase nom há novasinstalaçons eólicas. Contudo,existem muitos parques eólicosque se encontram em tramitaçomna atualidade, tanto parques eóli-cos derivados dos decretos ante-riores como, principalmente, ins-talaçons admitidas a trâmite como denominado concurso eólico.

    O marco retributivo tem muda-do recentemente, mais tamém atecnologia eólica tem avançadomuito. Os aero geradores de 0,3MW que se instalavam no Bar-bança no ano 1998 pouco tenhemque ver com os de 3 MW que seacabam de pôr em funcionamen-to no mesmo lugar há escassosmeses. Deste jeito, os atuais aero-geradores que se projetam na Ga-liza podem atingir os 175 metrosde altura em ponta de pá.

    Também é necessário salientarcomo nos processos atuais existeumha crescente implicaçom porparte das proprietárias, tanto pa-ra conseguir preços justos poloaluguer dos seus terrenos nos no-vos parques eólicos, como paracolaborar e mesmo encabeçaroposiçons a projetos de parquesque racham com o funcionamen-to e com as finalidades das Co-munidades. Exemplos atuais co-mo o do Galinheiro, o Morraço ououtros conflitos socioeconómicose ambientais existentes nestesmomentos na Galiza indicam-nosque a sociedade civil e os proprie-tários dos terrenos nom vam per-mitir mais abusos.

    Sem lugar a dúvidas o contextoatual deveria de ser aproveitadopara mudar a legislaçom eólicagalega, definindo um novo marcoem que se fomentasse um modelocooperativo-comunitário de de-senvolvimento eólico e em que sedefinisse unha nova planificaçomterritorial, respeitosa com o meionatural, que florescesse mediantea participaçom dos distintosagentes sociais da Galiza.

    11acontece

    Junta aprovou o primeiro decreto eólico em1995, apostando por um modelo privatizadoreconomia

    O negócio do vento no mundo rural

    Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    Os grandes esquecidossom os propietários

    dos terrenos

    existem muitos parques eólicos em tramitaçom

    as distintas normativas impossiBilitÁrom a criaçom de instalaçons eólicas comunitÁrias

  • 12 internacional Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    O sírio-galego samer nachawati rego expom a sua visom sobre o atual conflito neste país árabe a terra treme

    SAMER NACHAWATI REGO / Paracompreendermos o conflito quevive a Síria desde já há quasedous anos e meio, é necessárioentendermos as causas que levá-rom o país à situaçom atual. Esta-mos num território com um regi-me totalitário desde o ano 1963,data em que o partido Baath as-sumiu o poder mediante um gol-pe de estado, derrogando assim ademocracia vigente na Síria na-quela altura. Dito partido, lidera-do pola família Assad, impujo umdoutrinamento sectário e ideoló-gico, que passava por eliminar aoposiçom política e religiosa. Ins-taurou-se um estado de excep-çom indefinido, que proibia reu-nions nocturnas e expressar-se li-vremente, entre muitos outrosdos direitos fundamentais. As tor-turas e o desprezo à vida da cida-dania fôrom e continuam sendouns dos pilares básicos desta tira-nia. Desde mui cedo, o governodos Assad afiançou umha fortealiança com a Rússia que perduraa dia de hoje e que está resultan-do chave para a sua supervivên-cia. Baixo lemas como “Ou Assadou ninguém” crescêrom geraçonsinteiras de rapazes e rapazas quetinham bem aprendido que ime-diatamente depois de Deus estavaal-Assad pai, e a continuaçom, al-Assad filho.

    De nom ser polo financiamentoeconómico e de armas russo, o re-gime sírio teria caído em maos darevoluçom há já muito tempo. Aobsessom de Bashar al-Assaddesde que começou o conflito foisempre a de levá-lo cara a luitassectárias, onde o levantamentopopular fique assolapado porconflitos religiosos e étnicos. In-

    vocando umha falsa conspiraçominternacional, a ditadura síriaconseguiu que umha revoluçompopular contra umha ditadura an-corada no poder desde há mais de40 anos derivara num conflito aescala mundial, onde as maiorespotencias jogam o seu papel.

    Na Síria o governo nom é islâ-mico, o presidente nom leva bar-ba e quase se poderia considerarum regime laico, ainda que a po-pulaçom nom o seja. Por todo is-to, nom falta quem diga que o go-verno de Assad é de cariz socia-lista, mas isto deveria considerar-se como um insulto ao próprio so-cialismo, posto que oempobrecimento do povo sírioapenas é equiparável ao enrique-cimento dos seus governantes. Édoado também nestes dias topar-se com quem di que é melhor umregime laico que um possível fu-turo governo islâmico, mas de se-

    guro que a gente que se atreve afazer este tipo de afirmaçons nomviveu a realidade síria. O terrorleva instaurado neste país maisde 40 anos, em cada saída à rua,em cada compra, passeio, absolu-tamente todo o que se figesse naSíria passava pola possibilidadede que um lacaio do regime, pormera diversom, decidira roubar-te, seqüestrar-te ou golpear-te atéa morte.

    Contodo, na Rússia segue reco-nhecendo a sua férrea aliançacom um sistema arcaico que de-fende a soberania dumha soa fa-mília sobre todo um país. Mas nin-

    guém protesta. Em mais de dousanos de financiamento militar eajuda económica, nom se convo-cárom manifestaçons e ninguémse alarmou pola intervençom im-perialista russa. Tam só no mo-mento em que EE.UU decidiu fa-zer famoso o conflito, o mundocomeçou a mirar cara à Síria. En-tom os socialistas mais simplistascomeçárom a escandalizar-se e aatacar a possível intervençom. In-tervençom que, de fazer-se bem,teria como objetivo golpear e de-bilitar o aparelho militar de As-sad. Mas parece ser que mais um-ha vez, enquanto o povo sírio é di-famado e a populaçom civil mas-sacrada, a Rússia e EE.UU jogama fazer acordos de paz, enganan-do o mundo como se firmar umacordo internacional fosse a re-matar com a tragédia síria. Jánom haverá intervençom, aquelesque protestárom e convocárom

    manifestaçons podem estar tran-quilos, mas os sírios nom deixa-rám de morrer. Parece ser que apopulaçom mundial assumiu co-mo normal que o regime genocidade Assad acabe com a populaçomde todas as maneiras possíveismenos com as armas químicas,posto que assim o decidiu BarackObama no seu dia.

    Com todo isto, Israel, a grandebeneficiária da situaçom, fomen-ta desde a sombra umha guerracivil indefinida que deixe o paísdestruído, conseguindo assimque um dos seus inimigos históri-cos se destrua a si próprio. Demomento a nenhumha das potên-cias mundiais lhes compensa quea guerra finalize, a Rússia eEE.UU botam um pulso tomandoa geografia síria como tabuleiro,de um jeito semelhante ao queocorreu no Vietnam. Israel vaiquedando sem inimigos, comEgipto, Síria e Líbia sumidos nassuas próprias crises internas.Irám nom pode permitir que As-sad caia, posto que é o único alia-do que tem na zona. Sem Assad,Irám queda soa em Oriente meio,e sem Irám desaparecerá rapida-mente Hizbulá, a guerrilha liba-nesa que manda extra-oficial-mente no país.

    Ocidente tem que perceber quenada se vai solucionar enquantose permita que certos países con-tinuem alimentando o regime.Nom há só dous bandos. A cousanom é ser imperialista ou anti-imperialista. Nom por estar emcontra do imperialismo ianque setem que estar a favor de unha di-tadura totalitária que se declarainimiga de ocidente. As cousassom muito mais complexas.

    conflito na síria: umha encruzilhada paraa solidariedade da esquerda internacional

    o Governo dos assad afiançou umha forte aliança com a rÚssia que ainda perdura

    só quando eeuu o decidiu, o mundo

    mirou cara à síria

  • 13internacionalNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    Os resultados representam umha condenação das políticas deste governoalém minho

    JOSÉ A. ‘MUROS’ / No anterior nú-mero do NOVAS DA GALIZA falamosdos habitantes originários do Sulque se mantivérom livres das inva-sons árias acontecidas na idade debronze e ferro no centro norte daÍndia. Agora toca falar de aquelesque vírom condicionados e cerca-dos por esta e outras civilizaçonsposteriores (Islam, civilzaçons cris-tiá europeia, chinesa....) que per-manecêrom como filhos da terraem permanente resistência contraaqueles invasores que pretendé-rom sempre o seu extermínio e as-similaçom, estamos a falar dos Adi-vasi. As distintas tribos do subcon-tinente indostano que mantenhemnos seus territórios ancestrais assuas próprias línguas, crenças, es-trutura económica, e um auto-go-verno que foi hegemónico juntocom a resistência aos invasoresfossem ários, mongóis, persas, chi-

    neses, portugueses ou francesesaté o período colonial britânico.

    As populaçons Adivasi som um8,6% dos habitantes da Uniom Ín-dia, sendo o estado com maior nú-mero de aborígenes (uns cem mi-lhons) do Mundo, pertencem a va-riadas famílias de povos e línguasque habitam a terra desde há maisde cinco mil anos: dravidas nomsurenhos (gondi, kui, kuruj, bra-hui-estes em Paquistám-, kolami,malto....), tibeto-birnamas (nordes-te) e Munda. Presentes em todo oIndostám e ilhas Andamam e Ni-cobar concentram-se, nomeada-mente, em dous cinturons popula-cionais, o do nordeste que recolhepovos aborígenes desde Bangla eAssam até a fronteira de Birnamia,e o do centro-sul da índia nos terri-tórios montanheses dos estados deChhattigarh, Orissa, Madhya Pra-desh, Jhardland onde tenhem de

    fazer frente permanentemente aosdesejos de elites cobiçosas que osrodeiam e pretendem exterminá-los e espoliá-los com a ajuda dosestados e da Uniom Índia. Preten-dem as suas terras, os seus bos-ques e montanhas, os minerais,madeira, medicamentos e águaque nelas há; nom aceitam que es-tas gentes rejeitassem e resistam acivilizaçom hindu e o ImpérioMongol (introdutor do Islam no In-dostám) e aos seus descendentesos atuais estados de Índia e Pakis-tám. Nom soportam a ideia de queos avidasis rejeitem ser tratadoscoma escravos, que foi o negrodestino daqueles que aceitárom asubmissom e a incorporaçom à Ín-dia ária: os dalit, conhecidos nou-trora coma intocáveis ou as outrasraças baixas em que se divide a po-pulaçom hindu.

    Os integrismos que excluem e

    marginam os filhos da terra, reli-giosos ou desenvolvimentistas,utilizam todos o possível para sub-metê-los e assimilá-los ao estado,invocam deuses e formas de vida,patrioterismos e desenvolvimen-tismos vários, tentam impor viamilitar e policial a sua pax a povosexistentes a estes estados ou as ci-vilizaçons das que reclamam serherdeiros, envenena com o seuódio e preconceitos a umha classemedia tendente ao argumento dopoderoso. O objetivo destas elitesé o mantimento dum status quoque exclui tanto com os avidasique se organizam e vertebram aresistência e proteçom das suasterras comunais e populaçons, co-mo com as populaçons dalits (16%da populaçom) e de castas baixasque se erguem contra os cobiço-sos proprietários e oligarcas exi-gindo reforma agrária, justiça so-

    cial e poder popular, levantando-se por estas reclamaçons em todaa Uniom Índia e tomando-a defacto. Estes levantamentos, estaauto-defesa contra a injustiçanom som novos numha Índia on-de as elites sejam ocidentalizadasou falsamente piedosas tratavame tratam os pobres e nom assimi-lados coma objetos, muitas das re-belions contra este estado de cou-sas e pola emancipaçom das co-munidades populares e adivasidos anos 70 para aqui organiza-rem-se ao redor do movimentonaxalita. Este movimento, comorigens num maoismo popular, éde facto aglutinante de muitas dasluitas pola terra para o povo, polaliberdade e o direito a decidir dospovos indígenas, as mulheres, osoprimidos... baixo o seu guarda-chuvas e ajuda mútua organizam-se e sostenhem-se muitas iniciati-vas e auto-defesas populares quetentam rematar com as velhas in-justiças e ser donos de si.

    as populaçons adivasi som um 8,6% dos habitantes da uniom Índiapovos

    Adivasi, dalit e levantamentos naxalitas

    ANDRÉ RODRIGUES / Os resulta-dos das Eleições Autárquicas dopassado dia 29 de Setembro emPortugal representam, entre vá-rios outros factores, uma conde-nação inequívoca das políticasdeste governo. Isso parece-nos in-desmentível. Os argumentos deque estas “não são eleições legis-lativas”, porque neste caso as pes-soas votam “em determinadoscandidatos” que por alguma razão“merecem a sua confiança”, e nãofundamentalmente em “funçãodos partidos” deve ser considera-do, mas parece-nos longe de serum factor essencial. Tal como aideia das “más escolhas” por partedo PSD. O essencial, estamos emcrer, é que o povo português deuum rotundo NÃO a esta políticacriminosa, que não resolve ne-nhum dos problemas do país eagrava os essenciais, lançandoum cada vez maior número depessoas na pobreza desamparadae sem esperança.

    Num blogue que já tivemos a

    ocasião de recomendar nesteespaço, o 5dias, o blogger Fran-cisco faz uma análise destes re-sultados que, por nos parecerbastante acertada, aqui citamoslargamente:

    "O PSD e o governo sofrem umaderrota histórica em toda a linha.Perderam mais de 50 câmaras, obalanço entre o que ganharam eperderam é de menos 33 presi-dências de câmara. O PSD não ob-tém um mau resultado, obtém o

    PIOR resultado da sua história …O governo perde a liderança daAssociação Nacional de Municí-pios (ANM) e a hegemonia quedetinha sobre os órgãos de sobe-rania eleitos."

    Concordamos também as opi-niões expressas ibidem relativa-mente ao PS e à CDU: "O PSvence mas não convence … ven-ce em votos (mesmo somando osresultados do PSD e suas coliga-ções com o CDS) e em manda-

    tos. Conquista também o maiornúmero de câmaras da sua his-tória. … Mas mesmo assim pare-ce não convencer, é que existemvárias perdas simbólicas rele-vantes e a magnitude da vitóriaé inferior à magnitude do desca-labro do PSD".

    Porque razão isto se verifica?Cremos que os resultados obtidospela CDU – Coligação Democráti-ca Unitária (PCP/Verdes) ajudama explica-lo. "… A CDU/PCP foi aúnica força partidária que obtevemais votos em 2013 que em 2009,ganhou votos, Câmaras, manda-tos, etc." De facto, e ao contráriodo que muitos afirmaram, "estanão foi apenas uma vitória noAlentejo e na região de Lisboa. Naverdade a maior subida em votosda CDU foi no Norte … Sublinhoa relevância da reconquista deLoures, um concelho com mais deduzentos mil habitantes adjacenteà capital. … parece-me que sóuma organização com um profun-do conhecimento do que se passa

    no terreno seria capaz de conse-guir farejar esta oportunidade."

    Concordamos, pois, com esteautor, quando conclui, relativa-mente aos resultados obtidos pe-la CDU, que "O PCP consegue as-sim concentrar muito do descon-tentamento com o Governo e oPS troikista. Mas se (…) conse-gue fazer isso não é por acaso. OPCP conseguiu ao longo dos últi-mos anos efectuar uma renova-ção de quadros significativa,houve um rejuvenescimento nabase fomentado a partir do topo,basta olhar para actual bancadaparlamentar do PCP e para mui-tos dos candidatos que apresen-tou, a começar pela capital".

    O descontentamento, por partedos portugueses, com esta políticaé claro, mas a urgência de mandareste governo para a rua, dissolvera Assembleia e convocar eleiçõesantecipadas não é, hoje, menor.Esse objectivo só a luta organiza-da e a unidade poderão consegui-lo. Isso passa pela jornada de lutado próximo dia 19, que nos levaráa marchar sobre as pontes de Lis-boa e Porto (25 de Abril e Infante),e na qual será indispensável mar-carmos presença.

    Url para o texto do blog 5dias:

    http://5dias.wordpress.com/2013/10/07/el

    eicoes-autarquicas-as-suas-consequen-

    cias-e-o-diagnostico-que-permite-da-si-

    tuacao-politico-social/

    a cdu/pcp foi a Única força partidÁria que oBteve mais votos

    eleições autárquicas 2013 em portugal: alguns apontamentos

    PreSiDÊnciaS De cÂMara

    PSD PS PCP CDS Ind. Outros Total

    2013 106 150 34 5 13 0 308

    2009 139 132 28 1 7 1 308

    2005 158 109 32 1 7 1 308

    2001 159 113 28 3 1 4 308

    1997 127 128 41 8 - 1 305

    1993 116 127 49 13 - 0 305

    1989 114 120 50 20 - 1 305

    1985 149 79 47 27 - 3 305

    1982 137 84 55 27 - 2 305

    1979 174 60 50 20 - 1 305

    1976 115 115 37 36 - 1 304

  • 14 dito e feito Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    dito e feito

    o tecido associativo continua a traBalhar pese ao cese das ajudas municipais

    OLGA ROMASANTA / De Palavea aMonte Alto, da Sardinheira aSam Cristovo: a cidade dosbairros começa curso, e fai-nocom força. Os espaços alterna-tivos da cultura corunhesaaquecem os fornos para umhanova fornada de aulas, confe-rências, concertos, recitais,apresentaçons e obradoiros.As ánsias centralizadoras donovo governo municipal aca-bárom com as ajudas às enti-dades que trabalham em prolda cultura de base, mas nomconseguírom coutar os fôle-gos de todo um tecido associa-tivo decidido a ofertar umhaprogramaçom democrática ede qualidade. À margem doque tentam vender as institui-çons, existe outra Corunha, eestá mais viva que nunca.

    O CSO Palavea e o CS GomesGaioso som dous dos agentes cul-turais mais ativos neste outono.Os conflitos imobiliários nom es-tám a impedir que o centro socialocupado continue com a sua pro-gramaçom habitual, em que in-cluem roteiros de caminhadas, au-las de Hatha Ioga, e reciclagem in-formática, para além de concertose outras atividades pontuais. O lo-cal de Monte Alto, por sua parte,apresentou umha amplíssimaoferta formativa que vai desde asaulas de idiomas até o canto tradi-cional, passando pola massagemrelaxante, o solfejo, a fotografia, aediçom digital ou o xadrez.

    Espaços para a memóriaAssociaçons centradas na recupe-raçom da cultura tradicional co-mo Donaire ou Xacarandaina somtambém importantes motores dedinamizaçom para a cidade. Paraalém dos trabalhos pola difusomdo património imaterial e das au-las de baile e música tradicionais,esta última entidade oferece aindaatividades variadas, tais como de-senho, pastel, aquarela, bailes desalom, ginástica de manutençom,encaixe de bolilhos ou guitarra.

    O local da associaçom culturalAlexandre Bóveda é outro desseshistóricos espaços para a difu-som da tradiçom na cidade, eneste caso também para a memó-ria histórica. Combinam a ofertade aulas de baile tradicional,pandeireta e acordeom com as deteatro, ademais de programarem

    apresentaçons de livros e proje-çons em que a identidade e o re-cordo som peças chave.

    Onde as artes som de toda a gentePorém, o leque cultural é aindamais amplo. Existem outros espa-ços centrados na difusom das artescénicas, como o local da companhiaManicómicos, que anuncia ener-gias anovadas e umha intensa for-maçom teatral e circense para to-dos os públicos. Nesta linha, cum-pre também salientar o trabalho dedinamizaçom cultural do espaçomais novo da cidade: a Casa Toma-da. Como as próprias impulsorasassinalam, trata-se dum espaço deintervençom artística, autogerido esustentável, dentro da estaçom decomboio de Sam Cristovo. Ofere-cem atividades de lazer criativo vin-culadas às diferentes artes, assimcomo palestras de formaçom e pro-jeçons de cinema alternativo.

    Estes espaços, junto com outroslocais privados mas de muito inte-resse para a vida cultural da cidade,

    como o Café da Guiné ou a Casa daFarinha, conseguírom criar um ver-dadeiro circuito de arte e formaçomà margem dos círculos institucio-nais, assim como longe dos crité-rios consumistas e comerciais. O re-sultado: aulas a transbordar e muitoonde escolher cada semana. Apesardos cortes, da crise e das destruti-vas estratégias do Concelho.

    A outra cultura da outra Corunha

    entrevista a Xosé lois seiXo, vice-presidente da associaçom vicinal de monte alto

    “As propostas culturais institucionais partem dum conceito de povo colonizado”Com que atividades contadespara este novo curso?Neste outono continuamos comatividades permanentes, como aEscola de Gaita, através da qualestamos tentando criar um grupode gaitas próprio da associaçom.Aliás, mantemos aulas que tivé-rom muito sucesso entre a vizi-nhança como as de informática eincorporamos ainda outras, co-mo a de Português. Junto com oClube do Mar, imos programartambém um curso de defesa pes-soal, sobretodo para mulheres.Para além disto, programaremostambém apresentaçons de livros,CDs, e outras conferências, quetenhem servido nos últimos anospara dinamizar um pouco a vida

    do bairro. Contaremos tambémcom palestras do CHUAC, desti-nadas a pais e maes novas quequeiram conhecer a evoluçom fí-sica e psicológica das crianças,assim como sessons para pessoasidosas e outras que nos informemdos nossos direitos como usuá-rios do sistema público de saúde.

    Sodes umha das associaçonsque leva mais anos a trabalharna Corunha. Percebestes mu-danças nestes anos?Há uns anos notamos umha bai-xa do número de pessoas sóciasporque muita gente tivo queabandonar o bairro e as pessoasde idade fôrom falecendo. Porém,agora o que percebemos é umha

    incorporaçom importantíssimade gente moça que quer apoiar aassociaçom e ajudar à manuten-çom da Biblioteca. Somos porvolta de 750 sócios/as, e é graçasa estas pessoas que podemos tereste espaço de encontro socialaberto hoje. O que nom mudou éque continuamos sendo umhareferência para as pessoas quequerem denunciar as problemáti-cas da zona ou mergulhar na vidacultural do bairro.

    Como avalias a situaçom cultural da cidade?O governo atual chegou com um-ha clara atitude de fagocitar todaa atividade cultural. Cortou aju-das a qualquer atividade cultural

    e às próprias associaçom vizi-nhais. As propostas institucionaispartem dum conceito de coloni-zados, de país dependente: valo-rizam o de fora e todo está em es-panhol. A estas alturas do anoacordou-lhes convocar umhassubvençons para associaçons,mas é mui tarde e nom tenhemdemasiado critério. Isto o queprovoca é que, onde antes se ofer-tava atividade gratuita, agora agente tenha que pagar, e isto é umverdadeiro problema para umhacultura que pretende ser acessí-vel para todo a gente. As associa-çons temos que buscar mais a vi-da, mas o que fica claro é que naCorunha há muito movimentoapesar das instituiçons.

    a ‘ocupa’ de palaveafunciona apesar dosconflitos imobiliários

    existe um circuíto de arte e formaçomfora das instituiçons

  • 15a fundoNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de novembro de 2013

    a fundo mariam ferreira e óscar a. pérez, expertos do âmbito florestal, analisam o fenómeno dos incêndios

    MARIAM FERREIRA GOLPE E ÓSCAR

    ANTÓN PÉREZ / Arde a Galiza.Umha e outra vez. Cada fim deverao um ronsel de novas so-bre lume no monte batem-nosde frente no jornal, na rádio,na Internet,... Porém, a Galizaarde muito e nom só no verao.26.000 hectares em médiaanual, o que representa, ade-mais, 50% dos incêndios flo-restais do conjunto do Estadoespanhol. O dado é estarrece-dor. No entanto, para além dapura lamentaçom pola sorteque corremos, evidencia quepadecemos um problema dedifícil soluçom. A elevada va-riabilidade de lugares, formase causas dos incêncios deixabem patente que estamosdiante dum problema estrutu-ral, como podem ser os aci-dentes de tránsito ou a sinis-tralidade laboral. E que, comocostuma acontecer nestescasos, poucas som as ideiaspara o remediar.

    Pese a que se fala muito dos in-cêndios florestais e da sua causa-lidade, a nível geral prevalecemos tópicos com que se pretendedar respostas e que, como tais,nom fam mais que desviar a aten-çom para assuntos que em muitoscasos som irrelevantes para ofe-recer umha explicaçom fiável. Ocerto é que, depois de muitosanos de responder à atividade in-cendiária sempre da mesma ma-neira e com escassos ou nulosavanços, cumpriria perguntar-secriticamente que é o que falha epor que nom se estám a pôr as so-luçons adequadas acima da mesa.Com a ladainha da delinquência,o governo da Junta da Galiza nomfai mais do que tentar ocultar asua inoperáncia neste problemae, na maioria das ocasions, só re-pete consignas dirigidas a umhapopulaçom a que presumem ig-norante e que diante dumha si-tuaçom de emergência, requerrespostas rápidas, por irreais ouaventuradas que pareçam. Se aAdministraçom galega tem umregisto onde se sequenciam tem-poral e