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14 número Consuma-se desfeita da ria de Ferrol PP recupera governo de Sada com tránsfuga do PSOE CIG denúncia perseguiçom sindical em Gadis Radio Filispim aspira a ser a rádio livre de Trasancos 'Treme a Terra' pola liberdade de expressom Prisom para dous moços antifascistas de Vigo novas da Número 14, Janeiro 2004 “O discurso como problema de Ordem PúblicaColaboraçom especial para Novas da Galiza do jornalista português Rui Pereira “Vale mais fazê-lo que mandá-lo” Maurício Castro Financiamento "popular" pola via rápida O aparelho de propaganda da Junta da Galiza nom poupa esforços em apregoar de lés a lés que a via de alta capacidade do Morraço vai dar cabo dos problemas estruturais de comunicaçom e tránsito que a comarca arrasta há já muitos anos. Mas os factos mostram umha outra realidade bem diferente: um polígono industrial pro- priedade de Zona Franca, um asilo finan- ciado por Caixanova e urbanizaçons luxuosas acometidas por empresas das famílias dos condes de Aldám e de Adolfo Domínguez, parecem ser as principais beneficiárias de umha via rápida que cus- tará mais de dez mil milhons das antigas pesetas e da qual os vizinhos e vizinhas da zona desconhecem o traçado definitivo. Toda a gente sabe que o Partido Popular da Galiza, embora sendo, como é, umha sucur- sal do PP de Madrid, conta com umha forte infra-estrutura no nosso país, que lhe está a permitir governar a Junta desde há demasia- do tempo. Jornais, propaganda, presentes, subornos, favores… constituem algumhas das palavras do dicionário fraguista enqua- dradas numha estratégia que é necessário subsidiar, o que torna imprescindível que o partido "popular" galego tenha que procurar constantemente novos métodos de financia- mento. Porque tudo isto custa muito dinhei- ro. E já lá vam muitos anos. Se em anteriores números do Novas da Galiza dávamos conta de algumhas das acti- vidades ilegais, como o contrabando e o nar- cotráfico, que o partido de Rajói utilizou na nossa terra para se financiar, agora apresen- tamos os novos métodos de arrecadaçom que utilizam para fazer chegar dinheiro ao partido pola via rápida. E nunca melhor dito. Estamos a falar das grandes obras que leva a cabo o Executivo galego com fundos públi- cos, que apenas beneficiam empresas que curiosamente se encontram na órbita de quem controla o poder autonómico. Assim sendo, auto-estradas, vias rápidas, estradas, etc., som, ao contrário do que à partida pudesse parecer, rentáveis métodos para lograr benefícios. Bem se sabe que estas grandes obras infra- estruturais contribuem para os governos, e para os partidos que os sustentam, com pin- gues benefícios que tornam possível que se mantenham no poder ano após ano. O caso da Galiza, como costuma acontecer, é mesmo exagerado, já que o PP foi o artífice da criaçom no nosso país de umha das maio- res redes clientelista e caciquista do Estado espanhol, chegando a corrupçom até ao cora- çom mesmo do sistema. Prova disto é a eco- nomia subsidiada que sofremos, a cultura institucionalizada que padecemos ou a socie- dade adormecida contra a qual devemos lui- tar. Um destes projectos faraónicos é a via rápi- da que o "insigne" ex-financiador do PP galego Xosé Cuiña imaginou para o Morraço, à volta da qual estám a surgir numerosas sociedades mais do que suspeito- sas de conivência com a direita espanhola. Mas qualquer vizinho ou vizinha de qual- quer vila galega sabe muito bem do que esta- mos a falar e com certeza poderá citar, polo menos, um outro exemplo diferente, umha nova obra, um grande projecto tam inovador como pouco prestável que em lugar de res- ponder aos interesses das vilas em que se leva a cabo, nom consegue senom servir de caldo de cultura a diferentes géneros de espe- culadores que estám a jogar, com as cartas marcadas, à modalidade mais selvagem deste sistema capitalista e neoliberal. Reportagem de Xan de Camorga

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14número

Consuma-sedesfeita da riade Ferrol

PP recuperagoverno de Sadacom tránsfugado PSOE

CIG denúnciaperseguiçomsindical emGadis

Radio Filispimaspira a sera rádio livre deTrasancos

'Treme a Terra' pola liberdade deexpressom

Prisom paradous moçosantifascistasde Vigo

novas daNúmero 14, Janeiro 2004

“O discurso comoproblema deOrdem Pública”

Colaboraçom especial paraNovas da Galiza do jornalistaportuguês Rui Pereira

“Vale mais fazê-lo quemandá-lo”Maurício Castro

Financiamento "popular"pola via rápida

O aparelho de propaganda da Junta daGaliza nom poupa esforços em apregoarde lés a lés que a via de alta capacidade doMorraço vai dar cabo dos problemasestruturais de comunicaçom e tránsito quea comarca arrasta há já muitos anos. Masos factos mostram umha outra realidadebem diferente: um polígono industrial pro-priedade de Zona Franca, um asilo finan-ciado por Caixanova e urbanizaçonsluxuosas acometidas por empresas dasfamílias dos condes de Aldám e de AdolfoDomínguez, parecem ser as principaisbeneficiárias de umha via rápida que cus-tará mais de dez mil milhons das antigaspesetas e da qual os vizinhos e vizinhas dazona desconhecem o traçado definitivo.

Toda a gente sabe que o Partido Popular daGaliza, embora sendo, como é, umha sucur-sal do PP de Madrid, conta com umha forteinfra-estrutura no nosso país, que lhe está apermitir governar a Junta desde há demasia-do tempo. Jornais, propaganda, presentes,subornos, favores… constituem algumhasdas palavras do dicionário fraguista enqua-dradas numha estratégia que é necessáriosubsidiar, o que torna imprescindível que opartido "popular" galego tenha que procurarconstantemente novos métodos de financia-mento. Porque tudo isto custa muito dinhei-ro. E já lá vam muitos anos. Se em anteriores números do Novas daGaliza dávamos conta de algumhas das acti-vidades ilegais, como o contrabando e o nar-cotráfico, que o partido de Rajói utilizou nanossa terra para se financiar, agora apresen-tamos os novos métodos de arrecadaçomque utilizam para fazer chegar dinheiro aopartido pola via rápida. E nunca melhor dito.Estamos a falar das grandes obras que leva acabo o Executivo galego com fundos públi-cos, que apenas beneficiam empresas quecuriosamente se encontram na órbita dequem controla o poder autonómico. Assimsendo, auto-estradas, vias rápidas, estradas,etc., som, ao contrário do que à partidapudesse parecer, rentáveis métodos paralograr benefícios. Bem se sabe que estas grandes obras infra-

estruturais contribuem para os governos, epara os partidos que os sustentam, com pin-gues benefícios que tornam possível que semantenham no poder ano após ano. O casoda Galiza, como costuma acontecer, émesmo exagerado, já que o PP foi o artíficeda criaçom no nosso país de umha das maio-res redes clientelista e caciquista do Estadoespanhol, chegando a corrupçom até ao cora-çom mesmo do sistema. Prova disto é a eco-nomia subsidiada que sofremos, a culturainstitucionalizada que padecemos ou a socie-dade adormecida contra a qual devemos lui-tar.Um destes projectos faraónicos é a via rápi-da que o "insigne" ex-financiador do PPgalego Xosé Cuiña imaginou para oMorraço, à volta da qual estám a surgirnumerosas sociedades mais do que suspeito-sas de conivência com a direita espanhola.Mas qualquer vizinho ou vizinha de qual-quer vila galega sabe muito bem do que esta-mos a falar e com certeza poderá citar, polomenos, um outro exemplo diferente, umhanova obra, um grande projecto tam inovadorcomo pouco prestável que em lugar de res-ponder aos interesses das vilas em que seleva a cabo, nom consegue senom servir decaldo de cultura a diferentes géneros de espe-culadores que estám a jogar, com as cartasmarcadas, à modalidade mais selvagemdeste sistema capitalista e neoliberal.

Reportagem de Xan de Camorga

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O discurso como problema de 'Ordem Pública'

segunda

Por Rui Pereira

Editora: Minho Media S.L.

Director: Ramom Gonçalves

Redacçom: Carlos B.G., MartaSalgueiro, J. Manuel Lopes, AntónÁlvarez Sanz, Ivám Garcia.

Correspondentes: Compostela,Beatriz Peres / Vigo, Xiana Gonzalez /Lugo, Joám Bagaria / Bérzio, IgorLugris / Corunha, Armando Ribadulha/ Ourense, Tiago Peres / Paris, J.Irazola / Madrid, José R. Rodriguez.

Colaboraçons: Maurício Castro, JoámCarlos Ánsia, Santiago Alba Rico,Xesus Serrano, Kiko Neves, José R.Pichel, Ramom Pinheiro, Carlos Taibo,Ignacio Ramonet, Ramón Chao.

Fotografia: Borxa Vilas, Rosa Veiga,Miguel Garcia, Arquivo NGZ.

Humor Gráfico: Suso Sanmartin,Pepe Carreiro, Pestinho +1.

Publicidade: 639 146 523

Imagem Corporativa: Paulo Rico

Desenho gráfico e maquetaçom:Miguel Garcia e Carlos Barros.

Correcçom lingüística: Eduardo Sanches Maragoto

NOVAS DA GALIZAApartado dos Correios 106927080 Lugo - GalizaTel: 639 146 [email protected]

As opinions expressas nos artigos nomrepresentam necessariamente aposiçom do periódico. Os artigos somde livre reproduçom respeitando aortografia e citando procedência. Éproibido outro tipo de reproduçom semautorizaçom expressa do grupo editor.

Fecho de Ediçom: 15.01.04

"Mas o que há assim de tão perigoso por as pessoasfalarem, qual o perigo dos discursos se multiplicaremindefinidamente? Onde está o perigo?"Michel Foucault, L'ordre du Discours

o princípio de Outubro passado, aembaixada de Espanha em Lisboa assumiaperante El Mundo e a AgênciaEuropaPress ter pressionado um canal pri-vado de televisão em Portugal, para quenão difundisse uma entrevista, acabada derealizar por mim, com dois porta-vozes daETA. A cadeia não o reconheceu publica-mente. Mas, depois de uma atitude jorna-listicamente impecável por parte dos seuse das suas profissionais, a Administraçãoacabou por cancelar a emissão do trabalhoque a redacção já tinha preparado ecomeçado a comercializar.Via-Internet ou publicada pela imprensaem vários países, a história e a entrevistacorreram mundo.Cuidadosamente excluídas, porém, dos cir-cuitos televisivos. Banidas, inclusive, doscanais de imagem das grandes organizaçõesjornalísticas internacionais.Como, de resto, das estações autonómicasdo Estado espanhol, entre as quais a EITB-televisão basca-, para quem a resposta daETA à apresentação por Ibarretxe do seuplano no parlamento de Vitória-Gasteiz,acontecida apenas uns dias antes, eramatéria de primeira actualidade e máxi-mo interesse jornalístico.Alguma imprensa de Madrid noticiou acensura com mal disfarçado regozijo. E oanel de silêncio televisivo espalhou os seuscírculos de ferro por toda a Europa, emtorno das palavras da ETA. A entrevistacom os seus representantes era, cabe dizer,a última de uma série de mais de duasdezenas de outras realizadas com persona-lidades políticas bascas e espanholas,representantes partidários e empresariais,vítimas, cargos da magistratura, diploma-tas. Gravado ao longo de 2003, esse mate-rial destinava-se a um documentário tele-visivo sobre o conflito entre os nacionalis-mos basco e espanhol e acabou por conhe-cer o mesmo destino.Silenciadas ficaram, pois, vozes como as deIbarretxe, Mirea Lluch, Margarita Robles,Xabier Arzallus, o então presidente doCírculo de Empresários Bascos, José MariaVizcaíno, o ex-embaixador espanhol emLisboa, Raul Morodo, mas também histo-riadores e historiadoras, intelectuais, pro-fessores e professoras universitárias, jorna-listas... Enfim, apenas do Partido Popular edo Governo de Madrid ninguém foi censu-rado porque se tinham antecipado. Tanto odeputado Jaime Mayor Oreja, como o

representante do Governo na ComunidadeBasca, Enrique Villar, alegando impedi-mentos ou nem sequer respondendo aospedidos por escrito que lhes foram dirigi-dos, recusaram participar.O modo como a censura é abertamente pro-clamada por uma representação diplomáti-ca, disciplinadamente seguida pelas gran-des organizações jornalísticas, veladamentesaudada por diversos jornais e jornalistas ecomo, por fim, acaba por descrever umabizarra parábola que exclui precisamenteaqueles a quem não se destinava, formauma chave interpretativa que permiteextrair deste episódio mais do que uma enu-meração casuística, toda uma chave de sen-tido que o transcende e nos interpela.

Controlo do discursoApesar de todos os riscos para a credibili-dade democrática de um Estado que inter-vém noutro país para silenciar um episó-dio de que não gosta, apesar de todos osriscos que a credibilidade da comunicaçãosocial corre ao aceitar docilmente essaintervenção, apesar disso, a verdade é quea história teve lugar.Concretizou-se. Censores e censuradossurgem de forma indiferente num retratopouco piedoso de si próprios.Uma imagem simbólica que faz aparecerem todo o seu miserável esplendor a ima-gem de interpenetração dos diversos pode-res num sistema de dominação coerente,total e, acima de tudo, totalitário.A disciplina com que poderes de Estado euniverso supranacional de empresas priva-das de comunicação social, em vários paí-ses, sujeitam e se sujeitam a uma operaçãogrotesca para evitar que quatro minutos detelevisão difundam fragmentos de um dis-curso não autorizado, demonstra o grau dedegradação democrática a que todos estespoderes chegaram em nome da democracia.E da importância que atribuem ao controlode todo o discurso socialmente reproduzido.O problema não é o que diz a entrevista,nem mesmo aqueles que nela falam. Massim o de demonstrar com a maior violênciapossível como ao poder é possível suprimirtodo o indesejável. Como o caso demonstra,não foi a ETA que saiu censurada. Mas oresto, todas as outras pessoas. Todos e todasnós, em suma. Porque privados e privadasda informação que nos permite entendermais além do que a propaganda tenta obscu-recer. Como escrevia Guy Debord, há quasevinte anos, "o espectáculo organiza commestria a ignorância do que acontece e, logode seguida, o esquecimento daquilo quepôde apesar de tudo tornar-se conhecido".Esta violentíssima instauração de uma

espécie de Ministério "taliban" da Virtudee da Verdade, em que o sistema de domi-nação contemporâneo se envolve a cadadia, não é nada de novo. A memória futurafar-se-á dos vestígios do presente. Omundo dos media é a nova caverna ondese inscrevem as pinturas rupestres que dei-xaremos para quem, um dia, vier estudar-nos. Mas é, também, uma questão pragmá-tica, da ordem do presente.Depois de organizar uma poderosa cam-panha internacional de propaganda em1997, a propósito da morte do vereadorMiguel Angel Blanco Garrido, Madridtenta hoje silenciar o problema basco. Pelasimples razão de ter culminado 14 mesesde trégua unilateral da ETA, com a prisãode um dos negociadores com quem se sen-tara a uma mesa na Suíça. Não é fácilexplicar ao mundo esse estranho modo dedesejar a paz. E, portanto, a estridênciamoralista de outrora, dá lugar hoje aosilêncio sepulcral do inexplicável.Porém, sabe-se, como qualquer despotismopode garantir por mais ou menos tempo asubmissão daqueles que domina. Mas, tam-bém, que não pode, nunca, com isso, torná-los felizes. Uma sombria realidade que osautoproclamados poderes democráticos daactualidade aprenderam dos passados ditato-riais em que se baseiam e dos quais provém.Daí a importância de policiar o discurso. Desuprimir o contraditório, de militarizar apropaganda e de se fazer disso símboloomnipresente e expedição punitiva.É fundamental deixar claro como qualquermanifestação dos dominados e dominadasapenas pode acontecer se convocada ou, nomínimo, autorizada e controlada pela domi-nação. Um simples suspiro exterior a esteimperativo acende semáforos vermelhos depânico em todos os cruzamentos de um sis-tema de poder cada vez mais violento por-que mais fragilizado. Para além de toda aretórica, esta é a perigosa realidade com queos dominados e dominadas devem viver.Mas as e os dominadores também. E, comoum estranho fundo musical, ecoa a pergun-ta inicial de Michel Foucault: Onde está operigo? Para os dominados e dominadas,sim. Mas, e mais uma vez, para os e asdominadoras também...

2 segunda Janeiro 2004 novas da galiza

N

Esta operação grotescademonstra o grau dedegradação democráticaa que todos estes podereschegaram em nomeda democracia

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Pepe Carreiro

sumário

O inferno naprisom da Lama

Fran del Buey aproxima-nosda deplorável situaçom da

macrocadeia da Lama

Vale mais fazê-loque mandá-lo

Maurício Castro valora aluita contra a simbologiafascista desenvolvida poloindependentismo

Entrevista aJosé Constenla

Os nossos colaboradoresconversam com umha daspromesas da cançom deintervençom galega.

Biografia vinculaÁlvaro das Casas

com o fascismo

O ensaio elaborado porUxio-Breogám Diéguez

apresenta provas documentais

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editorial

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PP e afins lucramcom a via rápidado Morraço

NGZ desvela os negóciosocultos por trás da via dealta capacidade do Morraço

editorialJaneiro 2004novas da galiza 3

Toda a gente sabe que o Partido Popular da Galiza,embora sendo, como é, umha sucursal do PP deMadrid, conta com umha forte infra-estrutura nonosso país, que lhe está a permitir governar a Juntadesde há demasiado tempo. Jornais, propaganda,presentes, subornos, favores… constituem algum-has das palavras do dicionário fraguista enquadra-das numha estratégia que é necessário subsidiar, oque torna imprescindível que o partido "popular"galego tenha que procurar constantemente novosmétodos de financiamento. Porque tudo isto custamuito dinheiro. E já lá vam muitos anos. Se em anteriores números do Novas da Galiza dáva-mos conta de algumhas das actividades ilegais,como o contrabando e o narcotráfico, que o partidode Rajói utilizou na nossa terra para se financiar,agora apresentamos os novos métodos de arreca-daçom que utilizam para fazer chegar dinheiro aopartido pola via rápida. E nunca melhor dito.Estamos a falar das grandes obras que leva a cabo oExecutivo galego com fundos públicos, que apenasbeneficiam empresas que curiosamente se encon-tram na órbita de quem controla o poder autonómi-co. Assim sendo, auto-estradas, vias rápidas, estra-das, etc., som, ao contrário do que à partida pudesseparecer, rentáveis métodos para lograr benefícios. Bem se sabe que estas grandes obras infra-estru-turais contribuem para os governos, e para os par-tidos que os sustentam, com pingues benefíciosque tornam possível que se mantenham no poderano após ano. O caso da Galiza, como costumaacontecer, é mesmo exagerado, já que o PP foi oartífice da criaçom no nosso país de umha dasmaiores redes clientelista e caciquista do Estadoespanhol, chegando a corrupçom até ao coraçommesmo do sistema. Prova disto é a economia sub-sidiada que sofremos, a cultura institucionalizada

que padecemos ou a sociedade adormecida contraa qual devemos luitar.Um destes projectos faraónicos é a via rápida que o"insigne" ex-financiador do PP galego Xosé Cuiñaimaginou para o Morraço, à volta da qual estám asurgir numerosas sociedades mais do que suspeito-sas de conivência com a direita espanhola. Mas qual-quer vizinho ou vizinha de qualquer vila galega sabemuito bem do que estamos a falar e com certezapoderá citar, polo menos, um outro exemplo dife-rente, umha nova obra, um grande projecto tam ino-vador como pouco prestável que em lugar de res-ponder aos interesses das vilas em que se leva acabo, nom consegue senom servir de caldo de cultu-ra a diferentes géneros de especuladores que estám ajogar, com as cartas marcadas, à modalidade maisselvagem deste sistema capitalista e neoliberal.Prova palpável do que a Junta está a arriscar noMorraço e do grande interesse que tem em acabaras obras o mais depressa possível é o facto de queas vilas da comarca fossem tomadas polas forçasrepressivas espanholas para velar polo cumpri-mento dos prazos e impedir a paralisaçom dasobras por parte dos vizinhos e vizinhas, que saemà rua diariamente em protesto polos numerososinconvenientes que estám a causar os trabalhos. Eevidentemente nom lhes faltam razons: estamos afalar de umha construçom que conta com umorçamento de perto de dez mil milhons das anti-gas pesetas, ainda que as estimativas mais "opti-mistas" evidenciem que finalmente o custo totalpoderá chegar a se duplicar. Na reportagem central deste número apresenta-mos as diferentes empresas que vam tirar rendi-mento da obra após a conclusom da via rápida.Para vindouros capítulos deixamos aquelas que seestám a enriquecer com a sua construçom.

Financiamento 'popular' pola via rápida

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Oposiçom do ambientalismo nom impede avanço das obras do porto exterior nem central de gás

4 notícias Janeiro 2004 novas da galiza

notícias

Consuma-se desfeita da ria de Ferrol

Redacçom

O caso da central regaseificadorade Mugardos foi o que provocouumha maior polémica. Os grupospromotores da obra, velhos con-hecidos da populaçom galeganeste tipo de episódios, agrupá-rom-se discretamente na socie-dade chamada REGANOSA queoculta umha coligaçom empresa-rial na qual figuram Endesa,Uniom Fenosa, Grupo Tojeiro,Sonatrach, Caixa Galiza, BancoPastor e Caixa Nova, e à qualaderiu a própria Junta da Galiza.Para além de consideraçonsambientais, a evidente perigosi-dade de umha instalaçom que selevanta contra a mais elementarlegislaçom vigente originou auniom de um amplo leque desectores a favor de umha outrasituaçom para a central. Comefeito, esta vai situar-se no inte-rior da ria e a só 100 metros deum núcleo de populaçom,Penedo, e a menos de um quiló-metro da própria cidade deFerrol. A própria lei estabeleceque umha instalaçom destascaracterísticas deve localizar-sepolo menos a 2000 metros dequalquer lugar habitado. Porém,foi o ambientalismo organizado,nomeadamente a ADEGA, quede maneira mais detalhada anali-

sou os efeitos do projecto, mos-trando umha oposiçom mais con-tundente, descartando qualquermudança de assentamento eapostando na paralisaçom doprojecto. Ainda reconhecendo omenor impacto ambiental doconsumo de gás natural liquefei-to face ao que suponhem o car-vom ou o petróleo, ADEGAdenunciou que o enorme recheioa construir sobre a ria -mais de100000 m2 de superfície- farádesaparecer um dos bancosmarisqueiros mais produtivos doPaís. O Grupo Tojeiro -proprietá-rio de Florestal do Atlántico,cujas instalaçons lindam com asda central- aproveitou a constru-çom para soterrar grandes quan-tidades de resíduos tóxicos sobos entulhos. Perante quem afir-mava que a soluçom do proble-ma se produziria com a reinstala-çom da central em Canelinhas, aorganizaçom ambientalistaesclareceu que isto seria mais umatentado ambiental consumadoem flagrante ilegalidade, já que oespaço em causa foi nomeadoLugar de ImportánciaComunitária (paradoxalmente,por parte da própria Junta daGaliza) para integrar a RedeNatura 2000 sob o nome deCosta Ártabra.Por seu turno, as obras do porto

exterior, situadas em Canelinhas,motivárom umha oposiçommenor, por estarem apoiadaspolo conjunto dos partidos insti-tucionais e das forças sindicais,inclusive polo nacionalismomaioritário, que se apressárom aavalizar o projecto por causa dasua grande rentabilidade em pos-tos de trabalho e dinamizaçomda comarca. Tam-só o ambienta-lismo e o independentismo mos-trárom o seu desacordo com ainiciativa, nomeadamente NÓS-UP Trasancos, que se tem desta-cado na denúncia do projectoque impulsionou a AutoridadePortuária de Ferrol-Sam Cibrao,directamente dependente do

Estado espanhol sem intermedia-çom autonómica. Para ADEGA,a construçom do dique de abrigode mais de 1000 metros de com-primento, junto com o recheiocorrespondente a umha enormeesplanada, fechará grande parteda ria e provocará a alteraçomdas marés e correntes, afectandode maneira irreversível o sectorpesqueiro e marisqueiro da ria.Aliás, o recheio já em andamen-to dará cabo de toda a vidamarinha à sua volta e porá emperigo parte da riqueza ambien-tal da zona.O mais destacável dos dous pro-jectos é, em primeiro lugar, a suamanifesta ilegalidade, mas isto

nom impede que continue a suaexecuçom e que sejam apresen-tados à sociedade como grandesacontecimentos encaminhadosao progresso económico. Nestesentido, a ADEGA tem-se dirigi-do à Comissom Europeia adenunciar as responsabilidades ea informar a UE daqueles pontosem que as novas infra-estruturasinfringem a lei. A intensa cam-panha mediática que visa asso-ciar este tipo de iniciativas combem-estar e avanço colectivo,junto ao apoio inequívoco doBNG e da CIG aos projectos,contribuírom para enfraquecer aresposta popular pola paralisa-çom.

Redacçom

AMuito se tem debatido nos últi-mos meses sobre a reforma docódigo penal impulsionada pologoverno do PP que tam bem resu-miu o presidente Aznar com aque-la solene declaraçom de 'varrer darua a pequena delinqüência'. Como intuito de engordar eleitoral-mente a custa da promovida sen-saçom de 'insegurança cidadá' quetrazem os ventos do neoliberalis-mo, mas também seguindo o ron-sel 'antiterrorista' gerado polasforças conservadoras após o 11-S,o PP pujo em andamento um novocódigo penal que continua a linhainvolucionista em direitos e liber-

dades iniciada polo PSOE em1995. Os efeitos políticos notam-se agora, com a entrada na prisomde dous antifascistas acusados deprepararem um ataque contra aextrema direita na comarca deVigo.Os moços A.N.A. e R.R.F. foramsurpreendidos a 5 de Maio de2001 pola Guarda Civil na estradaentre Vigo e o Porrinho, quando,ao que parece, preparavam o lan-çamento de artefactos incendiá-rios no momento em que passasseo autocarro que transferia a claqueneonazi 'Ultrasur' de volta paraEspanha. Segundo a versom dosmembros do corpo policial, deci-dírom investigar a propriedade de

um carro suspeito, que tinha amatrícula oculta, descobrindo aseguir dous moços com 'coquetéismolotov' ao lado da ponte queatravessa a citada via rodoviária.A origem dos factos está no jogoque nesse dia enfrentou o R.C.Celta com o Real Madrid e nosincidentes protagonizados nacidade por parte do que se consi-dera o grupo mais perigoso da tor-cida da equipa branca. Os dousjovens, que pretendiam contestara presença fascista na Galiza comumha acçom directa, entráromnessa altura para a cadeia daLama, cumprindo mais de ummês de prisom preventiva.Mais de dous anos depois, cele-

brou-se o julgamento naAudiência Provincial de PonteVedra, com um ambiente especial-mente caldeado pola recente polé-mica social à volta da violência nofutebol, por causa da morte dodesportivista Manuel Rios. Apesarde se tratar de um caso abertamen-te político -um dos condenados,A.N.A., é membro da associaçomcultural nacionalista 'A Revolta' eestá relacionado com o sectormais ideologizado de Balaídos, ogrupo 'Celtarras'-, os meios decomunicaçom oficial pretendê-rom associá-lo a um simples casode violência desportiva e nomanalisárom em absoluto qual opapel da extrema direita nos está-

dios ou o tipo de actuaçons daUnidade de Intervençom da polí-cia espanhola contra a torcida cél-tica. A.N.A. e R.R.F. assumíromos cargos apresentados pola fisca-lia e fôrom condenados a 4 anosde prisom. Por seu turno, O.T.N.foi condenado também a dousanos 'por cumplicidade', emboranom vaia cumprir a pena por care-cer de antecedentes. Especial-mente significativo foi que nestecaso, que se pretende ligar ao'vandalismo' e à 'violência entreclaques rivais' o fiscal apresentaracomo indício o material encontra-do no carro dos argüidos: umhabandeira com o escudo da Sereia epropaganda independentista.

Novo código penal estreia-se na Galiza com prisom para dous antifascistas

A ria de Ferrol, conhecida pola sua especialconstituiçom geológica e variedade de habi-tats, nom demorou a se situar como alvo prio-ritário da maquinaria dos grandes poderes

económicos e da sua filosofia do máximo ren-dimento. Os dous megaprojectos já em anda-mento -central regaseificadora e porto exterior- enquadram-se na linha de produtivismo sem

trégua, culto às infra-estruturas e desconside-raçom ambiental que comandam o chamadoPlan Galicia.

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5notíciasJaneiro 2004novas da galiza

Polícia municipalde Ourense persegueindependentistas

NGZ

NÓS-UP da comarca de Ourensedenunciou o assédio policial ao qualse vê submetida a filiaçom da orga-nizaçom. A polícia municipal perse-guiu por toda a cidade a militánciaque estava a colar os cartazes dacampanha pola autodeterminaçom.Na assembleia comarcal desta orga-nizaçom ponhem de manifesto quese trata de um acto "vingantivo" doresponsável pola polícia emOurense e do presidente da Cámaradesta cidade, Manuel Cabezas, polaactividade política da organizaçom,pola adesom e solidariedade comBemposta e pola oposiçom ao“macroprocesso especulativo doPXOUM”. Em NÓS-UP de Ourenseexplicárom que Cabezas “nom con-seguirá evitar que a organizaçomleve as suas propostas aos ourensa-nos e ourensanas, ou veja recortadoo seu direito à liberdade deExpressom”.Um dos ultimos capitulos de estarepressom foi a retençom de ManuelGonçalves filiado a Nós Up dacomarca de Ourese o passado 21 deNovembro. Quatro pessoas filiadasrealizavam um mural polaAutodeterminaçom num muro aban-donado, quando a policia, sem con-sultar se tenhem permisso, identifi-carom as pessoas. So Manuel é reti-do e conduzido á esquadra da poli-cia municipal ourensana. É agarradode forma violenta ao tempo que umagente diz “me cago en tu putamadre”. Na esquadra os policiasmundam o tono e é posto em liber-dade. Com esta já é a oitava vez queem breve tempo pessoas filiadas aorganizaçom independentista somameaçadas pola policia municipal.Nós Up sinala ao concelheiro deseguridade cidadana como o respon-sável do “instigamento e persecu-çom”, dizem dende o partido politi-co. Por último o colectivo indepen-dentista, resenha que “nem o con-celheiro, nem as ameaças, nem todaa policia municipal” foram capazesde impossibilitar que se realizaramna sua totalidade os murais que esta-vam previstos e que se colaramtodos os cartazes da campanha polaautoderminaçom.

PP apresenta moçom de censura em Sada com tránsfuga do PSOERedacçom

Ramón Rodríguez Ares, ex-pre-sidente da Cámara Municipalde Sada polo PP, senador poreste mesmo partido e conhecidopola sua extremada devoçompolo ditador espanhol FranciscoFranco ou por ter Manuel Fragacomo mentor político, encabeçaa moçom de censura do PP con-tra o actual governo local presi-dido polo BNG, graças ao res-paldo do tránsfuga do PSOE,José Luis Santamaría. Desde que perdeu a presidênciada cámara nas eleiçons munici-pais de Maio, o PP sadensesempre estivo a tentar recuperaro poder fosse ao preço quefosse. Assim começárom oscontactos com Santamaría, atéhá semanas membro do governolocal. O tránsfuga, há bempouco, assegurou que nom iasecundar a manobra urdida porRodríguez Ares para desbancaro governo local, masSantamaría já tinha validado,junto com os vereadores do PP,a sua assinatura em cartórionotárial no dia 27 deNovembro, com o claro propó-sito de apoiar a referidamoçom. Finalmente, o passadodia sete de Janeiro foi a dataescolhida para a apresentaçomdo escrito no registo municipal.Mas, mal começárom a circular

pola vila das Marinhas osrumores da iminência damoçom de censura, o povo deSada rapidamente agiu paramostrar a sua rejeiçom peranteesta operaçom caciquista.Assim nasceu a PlataformaCidadá pola Democracia emSada, encarregada da organiza-çom das duas manifestaçonsmais multitudinárias da histó-ria da localidade, celebradasnos domingos quatro e onze deJaneiro. A esta última, acudí-rom perto de cinco mil pesso-as, número considerável, selevarmos em conta que Sadatem apenas 12.000 habitantes.Entretanto, esta plataformaconvocou a vizinhança a seconcentrar contra o transfu-guismo e a corrupçom todos osdomingos e feriados.

Corrupçom como pano de fundoSendo vereador da Indústria,José Luis Santamaría já tinhareclamado do governo local umsalário de 80.000 euros anuais.Porém, este pedido foi rejeita-do pola autarquia. A partirdeste momento, Santamaríacomeçou a questionar o pactode governo. O tránsfuga sem-pre deu boas amostras de sermuito amigo de dinheiro.Santamaría, médico de profis-som, é conhecido na vila por

transferir doentes do Sergaspara o seu consultório privado,por receber quantiosas comis-sons dos laboratórios farma-cêuticos e mesmo por aceitarremuneraçons. Santamaría estádenunciado pola Xunta por terexpedido receitas do Sergas noseu consultório particular. Otránsfuga do PSOE mesmo foisuspendido de emprego e ven-cimento polo Serviço Galegoda Saúde. Por seu turno,

Rodríguez Ares está imputadono Tribunal Supremo espanholpor prevaricaçom e malversa-çom de fundos públicos.Ainda, durante os mandatosdeste último, fôrom contínuasas construçons ilegais no con-celho. O PP local também deumostras do seu talante totalitá-rio ao opor-se à retirada danomenclatura municipal dosnomes a homenagear fascistasem várias ruas da vila.

Constituída Plataforma Cidadá pola Democracia

Redacçom

A CIG denunciou públicamenteas condiçons laborais de Gadis ea preseguiçom laboral que exerceesta empresa, pertencente aoGrupo Tojeiro, sobre os seus tra-balhadores e trabalhadoras.Segundo informa esta central, aempresa emprendeu umha cam-panha represiva depois de que a

CIG apresenta-se ás eleiçons sin-dicais umha candidatura. A reac-çom de Gadis nom se fixo aguar-dar e comezou a ameazar os tra-balhadores e trabalhadoras e achama-los aos seus domicíliosparticulares. Este ambiente deextorsión propiciou que seis dasdezanove pessoas que compun-ham a candidatura da CIG aban-donasen a lista eleitorial.

Por outra banda, a central nacio-nalista maioritária asegura que"todos os delegados e delegadassindicais de Gadis som e foronsempre do sindicato USO" e queestes se beneficiam "de favores eprebendas a costa dos interesesdos trabalhadores e trabalhadorasde GADIS, que nom posúem nentaboleiro de anúncios sindicais,nen informaçom sobre o seu con-

vénio". A CIG afirma que a subado 2% por cento do salário con-sensuada pola USO e a empresa"é inferior ao incremento doIPC" e, ademais, "nemhum tra-balhador e trabalhadora deGADIS sobrepasa os 600 eurosde salário". Por último, a CIGestuda apresentar umha demandacontra esta empresa por persegui-çom sindical.

CIG denúncia repressom e perseguiçom sindical em Gadis

X.LOBATO

Rodríguez Ares, braço em alto, saúda os seus simpatizantes acarom do tránsfuga do PSOE

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6 notícias Janeiro 2004 novas da galiza

compostela

O sitio web deNovas da Galizamultiplica assuas visitas

NGZ

A nova etapa do nosso periódico tivo oseu reflexo na Internet com um subs-tancial incremento do número de visitasao sitio de rede oficial. Se bem emJulho eram 560 as pessoas que visita-vam Novasgz.com, em Agosto a cifraultrapassava os 2500 computadores queacederam ao sitio. No mês de setembroforam 6000 as consultas realizadas porusuários e usuárias diferentes, quantida-de que ascendeu mensualmente atéDezembro, com 7418 visitantes.Estes dados resultam significativos por-quanto Novasgz.com só se actualizacada mês com as páginas em formatopdf. No último trimestre, a quantidadede informaçom baixada do sítio de redesuperou o 'Gigabyte'.

Agir organizajornadas sobrelíngua

NGZ

A faculdade compostelá de Filologiaserá a sede das jornadas 'O galego-por-tuguês das origens a actualidade', a des-envolver entre os dias 20 e 22 deJaneiro às 19,00 horas.Começarám analisando a formaçom dalíngua e as perspectivas de recupera-çom, com a presença de Julio Dieguese Elias Torres. O dia 21 centrarám-se naproblemática das publicaçons galego-portuguesas, numha conferência emque participarám Carlos Quiroga,Fernanvello, Carlos M. Pereiro e ummembro do Conselho de Redacçom doNovas da Galiza. Na última jornada,Manuel Amor, Raquel Miragaia e JoseLuis Rodriguez darám conta da situa-çom do galego no ensino e no mundo.Assi mesmo, a organizaçom estudantilindependentista está a desenvolverumha campanha nacional em defesa doensino público sob a legenda 'Por umensino público, ergue um muro contra aprivatizaçom'. Dentro dos actos desen-volvidos destaca o tapiamento da entra-da dumha sede do banco SCH emCompostela com um muro de tijolos,assi como a convocatória de umha con-centraçom também na capital galega.

Redacçom

O colectivo 'Treme a Terra' dePonte de Eume celebrou pornoveno ano o já tradicionalfestival com base em reivindi-caçons sociais. Desta voltativo como legenda 'Pola liber-dade de expressom' e convo-cou aos grupos Pai da Cana,Non Residentz, Dandy Fever eEl Señor Antipirina o passado16 de Dezembro. No mesmodia realizárom um mural

colectivo baixo a carpa doconcerto.Aliás, o evento complementou-se com conferências prévias àvolta dos meios de comunica-çom de massas e o movimentoNunca Mais, os dias 9 e 14.Nelas participárom Lino Braxe,Luis Pardo, Jesus Pinheiro,Francisco Peña e Xurxo Souto.As jornadas contárom com acolaboraçom da FundaçomArtábria e a Câmara Municipalde Ponte de Eume.

'Treme a Terra' pola liberdade de expressom

Redacçom

No último trimestre do ano2003, começou a sua activida-de pública NÓS-UnidadePopular na comarca do Bérzio.A organizaçom política unitá-ria da esquerda independentis-ta plasmava assi nos factos asua defesa da galeguidade dascomarcas que conformam afaixa oriental da nossa naçom,tambem chamada histórica-mente a Galiza irredente. Comefeito, nos textos assemblea-res de NÓS-Unidade Popularaposta-se por umha Naçomgalega que sobarda os estrei-tos límites que hoje confor-mam a Comunidade AutónomaGalega.Com um comunicado deimprensa criticando a rebaixana multa imposta ao ex-alcai-de de Ponferrada, IsmaelÁlvares, polo delito de assédiosexual, e com diversas inicia-tivas políticas, actividades deagitaçom e propaganda, e pro-nunciamentos públicos, recol-hidos em alguns casos polosmeios de comunicaçom dacomarca, a filiaçom destaorganizaçom está a dar a con-hecer ao conjunto da comarcaa alternativa que NÓS-

Unidade Popular supom.Umha iniciativa municipalque propom a criaçom dumserviço de transporte públiconocturno nas fins de semana,que comunique as distintaslocalidades berzianas, e quefoi apresentada ante os con-celhos de Ponferrada,Camponaraia, Cacabelos eVila Franca, e também ante oConselho Comarcal do Bérzioestá a ser a proposta maisreconhecida. Para além desta,também se apresentaromoutras moçons municipais emdefesa do direito de autode-terminaçom para Galiza, des-tacando a galeguidade dacomarca, pola recuperaçomdum parque público no centrode Ponferrada, contra os gas-tos de iluminaçom da campan-ha natalícia por parte dos con-celhos, etc... Neste primeirotrimestre do ano 2004, aassembleia comarcal pretendeeditar o primeiro número doseu vozeiro comarcal.Esta é a primeira ocassom nahistória do nacionalismo eindependentismo galego emque umha organizaçom tempresência activa e continuadanumha das comarcas da faixaoriental.

Redacçom

O projecto de rádio livre e auto-gestionada para a comarca deTrasancos continua a desenvol-ver-se procurando apoios deentidades e colectivos socio-cul-turais, sindicatos e sectoresimplicados na construcçom demeios de comunicaçom alterna-tivos.Actualmente estám a manternumerosas reunions com repre-sentantes do mundo político esocial e participarám na consti-tuiçom do Foro Permanente daCultura em Fevereiro, organis-mo impulsionado polo ForoNegro.Os e as promotoras contam comexperiência jornalistica emdiversos meios e aspiram a"recuperar a noçom de comuni-caçom directa e horizontal comos grupos de base, a expressomlivre e responsável, sempreaberta e com direito a réplica".

Estám também a trabalhar nacriaçom de umha rede culturalalternativa para Ferrol, a RedeFilispim, com o objectivo de"servir de contraponto aos 'ani-madores culturais' de turno".A sua principal necessidade estaem conseguir umha emisora eumha antea, para o que realizamumha campanha de captaçom defundos e actividades diversas.Solicitam doaçons de materialtécnico como leitores de cd,microfones ou auriculares, parafazer realidade um "modelo derádio necessário e actualmenteinédito no panorama radiofóni-co de Trasancos.Tomam como ponto de referên-cia as experiências desenvolvi-das por Rádio Kalimero emCompostela, Rádio Piratona eOnda Nada em Vigo e Cuac FMna Corunha.

Radio Filispim aspira a sera rádio livre de Trasancos

Começa a sua andaina NÓS-UnidadePopular na comarca do Bérzio

O independentismo concretiza a sua aposta pola Galiza do leste

NÓS-UP insiste em que as fronteiras da Galiza ultrapassam o quadro autonómico.

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reportagemJaneiro 2004novas da galiza 7

reportagem

Zona Franca, Caixanova, Adolfo Domínguez e família dos condes de Aldám, grandes beneficiárias

Via rápida do Morraço esconde grande projectoempresarial e urbanístico do Partido Popular

Xan de Camorga

A história da via rápida daPenínsula do Morraço remonta aumha década atrás e responde aumha estratégia perfeitamentedesenhada pola Junta da Galiza afim de obter da sua construçom amáxima rentabilidade possível,levando em conta as possibilida-des de negócio que oferece acomarca, ao constituir um destinoturístico de primeira ordem. Noano 1994, com Xosé Cuíña Crespocomo máximo responsável daConselharia da Ordenaçom doTerritório e Obras Públicas, redi-ge-se um primeiro projecto para acontruçom de umha via de altacapacidade para o Morraço,comarca que até entom parecianom existir para a Administraçom,nomeadamente quanto a infra-estruturas e comunicaçons.Curiosamente neste mesmo ano,coincidindo com o primeiro pro-jecto da via, começou a ouvir-sefalar pola zona da possibilidade decomprar, no futuro, moradiasluxuosas com piscina em lotes de2.000 metros quadrados "a dezminutos de Vigo", cousa impensá-vel com as estradas existentes atéao momento. Na altura, tinhaminteresses na zona a família doscondes de Aldám e o desenhadorAdolfo Domínguez, que tinhacomprado vários lotes na zona deMendoinha, em Aldám, através dasociedade Ayala SA, com domicí-lio social em Pereiro de Aguiar(Ourense), chegando a conseguir17 hectares. Estas terras perten-cem actualmente à irmá, XosefinaDomínguez Fernández, dado queo empresário tivo que lidar com aprópria família por causa do apa-recimento em bolsa da firmaAdolfo Domínguez. Nessemomento decidiu nom participarno negócio. No primeiro projecto recolhia-se,como o próprio Cuiña afirmoupublicamente, que a via termina-ria em Bueu, longe portanto dosterrenos de Domínguez.Posteriormente, o projecto defi-

nitivo estabeleceu que a estradaacabaria em Aldám, curiosamen-te ao pé dos terrenos deDomínguez e dos condes. Dequalquer maneira, a execuçom daobra ficou em suspenso porqueos governos de coligaçom emMoanha, Cangas e Bueu preten-diam modificar a infra-estrutura,visto que nom articulava verda-deiramente a comarca.

Chega o Partido PopularCom a chegada do Partido Popularao poder municipal em Cangas,Moanha e Bueu no ano 1999 oprojecto agiliza de maneira notó-

ria. Neste ano começa também aelaboraçom do Plano Geral deOrdenaçom Municipal (PXOM) deCangas, documento que vai regularo desenvolvimento urbanístico domunicípio nos vindouros anos.Também, pouco tempo depois dachegada dos "populares" à Cámaramunicipal de Cangas, aparece emcena Xan Lago Pérez em represen-taçom das imobiliárias Promoçonse Madeiras Lago Rey SL e TempoLivre e Ócio 2000 SL, para solici-tar a inclusom no PXOM da quali-ficaçom como urbanizáveis demais de dous milhons de metrosquadrados de terreno que ambas as

sociedades possuem na zona deAldám. Outras empresas utilizadaspola família dos condes para osseus projectos urbanísticos noMorraço som Residencial CaboHome SL, Souto da Rúa SL,Aluguer Borrallido SL e Aires doMorrazo SL.Xan Lago Pérez pertence à famí-lia que detém o título do condadode Aldám e que no ano 1968aproveitou umha sentença judi-cial ambígua para registar dúziasde hectares da comunidade demontes desta localidade a nomeda sociedade Indústrias RuraisUrbanas e Marítimas (Inrumar),propriedade do conde de Aldám.Também tentárom apropriar-se demonte comunitário de Bueu,ainda que finalmente nom o con-seguissem. Na actualidade, devi-do à inibiçom da Cámara munici-pal e à cooperaçom da Junta,estám prestes a lográ-lo.Anteriormente, nos anos de gover-no do BNG na Cámara municipalde Cangas já começaram os con-tactos entre a empresa imobiliáriaPromoçons e Madeiras Lago ReySL e o Executivo municipal paratornar a qualificar os terrenos. Noano 1998, um representante destasociedade imobiliária apresentou-se nos paços do concelho deCangas e ofereceu ao presidenteda cámara umha grande parte dosterrenos que os condes possuemno centro de Aldám para seremexplorados polo organismo muni-cipal em troca da requalificaçomdos terrenos da costa. A propostaficou no ar até que, um ano depois,o Bloco abandonou a presidênciada Cámara municipal, sendo subs-tituído polo Partido Popular.Curiosamente, o actual presidenteda Cámara de Cangas, o "popular"José Enrique Sotelo, manifestouem várias ocasions que ele vaiconseguir para a Cámara munici-pal a mencionada quinta do conde.Isto significa que os terrenos dazona do litoral serám requalifica-dos e a cedência da propriedadedos condes de Aldám vai ser apre-sentada à vizinhança de Cangas

O aparelho de propaganda da Junta da Galizanom poupa esforços em apregoar de lés a lésque a via de alta capacidade do Morraço vai darcabo dos problemas estruturais de comunicaçome tránsito que a comarca arrasta há já muitos

anos. Mas os factos mostram umha outrarealidade bem diferente: um polígono industrial

propriedade de Zona Franca, um asilo financiadopor Caixanova e urbanizaçons luxuosas acometidaspor empresas das famílias dos condes de Aldám

e de Adolfo Domínguez, parecem ser aprincipais beneficiárias de umha via rápida quecustará mais de dez mil milhons das antigaspesetas e da qual os vizinhos e vizinhas da zonadesconhecem o traçado definitivo.

A ‘Via Rápida’ esconde negócios que lucrarám empresas vinculadas ao PP

A oposiçom vizinhal ao projecto é evidente. Está acompanhada de umha forte intimidaçom policial.

O projectodefinitivo

estabeleceu que aestrada acabaria

em Aldám,curiosamente ao pé

dos terrenos deDomínguez e dos

condes

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8 reportagem Janeiro 2004 novas da galiza

Vias rápidas: estradas muito perigosasque estimulam velocidade

A entrada em vigor do novoRegulamento Geral deCirculaçom dá por finda a deno-minaçom de vias rápidas ou corre-dores rápidos, porque há quem aconsidere como umha maneira deincitar a velocidade. A Junta daGaliza é agora a encarregada deaplicar esta nova normativa, jáque a Conselharia da PolíticaTerritorial é a proprietária destasestradas existentes só no nossopaís, algumhas das quais desta-cam pola elevada sinistralidade. Som de titularidade galega asestradas que recebem a denomi-naçom oficial de Via Rápida daGaliza (VRG), que se encontramnas províncias oficiais daCorunha, Lugo e Ponte Vedra.Na província da Corunha temosa VRG do Barbança, que disco-rre entre Padrom e Ribeira econta com um elevado númerode mortes no seu historial. Estaestrada que comunica Padrom eRibeira, passando pola Póvoa doCaraminhal, Boiro e Rianxo éumha das mais perigosas da

Galiza. Assim o verificam asestatísticas de acidentes ocorri-dos nesta via, em que muitos emuitas condutoras alcançamvelocidades excessivas.Também recebe este nome umtrecho da AP-9 em Vilar doColo, em Mugardos. Por suavez, o antigo corredor rápidoentre Ferrol e as Pontes jámudou a denominaçom oficial,passando a ser Autovia daGaliza (AG-64) Ferrol-Vilalva epassará a contar com duas faixasem cada sentido separadas porum canteiro central. Mas aindarestam vários troços com o sinalde corredor rápido, que conti-nuam a ser de umha só faixa decirculaçom em cada sentido ecom limitaçom total de acessosàs propriedades lindeiras. Ocorredor rápido Ferrol-Pontestambém foi cenário de numero-sos acidentes mortais.Actualmente, este trecho formaparte da autovia AG-64 Ferrol-Vilalba, embora fiquem troçoscom a sinalizaçom de corredor

rápido que só tenhem umhafaixa, sem separaçom central,para cada sentido da circulaçom.A Junta é titular de um corredorrápido e umha via rápida na pro-víncia de Lugo. O primeirocomunica Monforte com Lalime a segunda é um tramo de cir-cunvalaçom em Monforte.Também pertence ao Executivogalego a via rápida do Salnês,em Ponte Vedra, cenário tam-bém de graves acidentes. Asestatísticas do 2002 reflectem 29acidentes, com cinco mortos,sete feridos graves e três levespara um trajecto de 24 quilóme-tros que cada dia percorremmais de dez mil veículos. Todos esses nomes que incitama velocidade deverám desapare-cer das estradas, como também asua indicaçom, com a entradaem vigor deste novoRegulamento de Circulaçom, deámbito estatal. As antigas viasrápidas receberám a denomi-naçom oficial de Via paraAutomóveis.

como mais um êxito da gestom doregedor do PP.Por seu turno, a oposiçom deCangas pujo em causa que estesterrenos pertençam legalmente aoscondes. Em resposta, a Cámaramunicipal solicitou um relatóriojurídico a pedido do BNG que con-clui que os montes som privados eque nom existerecurso possível. Noentanto, advogadosconsultados polaPlataforma Anti-ViaRápida determiná-rom que a titularida-de dos montes hojeem dia é reversível eportanto estes pode-riam ser devoltos aosvizinhos e vizinhasse assim o solicitas-sem, algo que aindanom foi conseguidoporque é precisocriar umha gerênciade montes comunitá-rios que reclame osterrenos de Aldám.

Madeiras Lago Rey e o PPA partir daqui as empresas da famí-lia dos condes de Aldám dedicá-rom-se a preparar o terreno parafazer viável um complexo urbanís-tico de primeira ordem. Para issoaproveitárom-se das excelentesrelaçons existentes entre MadeirasLago Rey e o Partido Popular (o

advogado da companhia é o ex-vereador do PP Antonio Acuña),que se tornárom evidentes quando aempresa vendeu à Cámara munici-pal de Cangas, para que os cedesse àMancomunidade do Morraço -naaltura controlada polo PP-, uns terre-nos por quatro cêntimos o metro emque seria construída umha central

empacotadora delixo. A zona onde sesituam os referidosterrenos foi reivindi-cada como própriapola comunidade demontes de Bueu.Outro dos organis-mos chamado parainvestir no entornoda via rápida -e quesem dúvida serátambém um dosbeneficiados daconstruçom- é ZonaFranca de Vigo, cujodelegado é o presi-dente local do PP emVigo, PabloEgerique. O que

fizérom foi vender a baixo prezo àscámaras municipais de Cangas eBueu 1.400.000 metros quadradosnuns montes que reclama aMancomunidade do Morraço, nosquais será situado um polígonoindustrial deste consórcio empresa-rial. O resultado foi o polígono daPortela, que apresentárom à opi-niom pública como o remédio para

o desemprego da comarca e a alter-nativa ao desmantelamento dobanco canário-saariano.Evidentemente, o objectivo deZona Franca nom é gerar emprego,mas comprar lotes, urbanizá-los evendê-los a mais de 50 euros pormetro quadrado às empresas que sequigerem instalar nele.Também contactárom Caixanova,

provocando que a entidade credití-cia se interessasse pola zona e deci-disse estudar a possibilidade desituar nela umha residência geriátri-ca. Outro dos projectos que se estáa estudar é a construçom de umcemitério privado, como também acessom de umhas terras ao Clubede Ténis de Cangas para edificarum complexo desportivo. Deste

modo, estám a conseguir que a viarápida se considere como umhaobra necessária para articularcomunicativamente a comarca,quando apenas é umha estrada paradar serviço a este grande complexoempresarial, urbanístico e desporti-vo que dará grandes benefícios aempresas privadas da órbita doPartido Popular.

A Guarda Civil está a defender a rápida execuçom das obras

Está a seestudar a

construçom deum cemitério

privado, etambém acessom de

umhas terrasao Clube de

Ténis deCangas

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reportagemJaneiro 2004novas da galiza 9

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Impacto da via rápida no MorraçoSegundo a Plataforma Anti-Via Rápida, constituídaem Cangas, em Abril de 1994, por grupos ambien-talistas e naturalistas, formaçons políticas, asso-

ciaçons vicinais e culturais, a construçom desta viano Morraço está a constituir o principal atentadoambiental dos últimos anos na comarca, tanto polos

prejuízos directos que a via provocará como polosindirectos que acarreia, e talvez seja irreversívelpara vários espaços naturais já muito degradados.

Degradaçom de toda a faixa litoralEsta via rápida propiciará a degra-daçom de toda a faixa costeira,nomeadamente das zonas de praia,que som o principal atractivo turís-tico do Morraço. A zona de praiasé limitada e a capacidade de acol-himento para pessoas e veículostambém. Por isso, carece de senti-do realizar um projecto que presu-mivelmente atrairá milhares devisitantes, sem antes se ter estuda-do essa capacidade, ordenando osrecursos e os acessos à zona pen-sando na sua conservaçom. Porexemplo, em zonas como a daBarra (Cangas) já se estám a pro-duzir grandes aglomeraçons deautomóveis durante o Verao. Aconstruçom da via do Morraçopode provocar que em poucosanos um dos mais importantesecossistemas dúnicos das RiasBaixas se converta num parque deestacionamento.

Dúzias de caminhosficarám cortadosA via rápida está a atravessardúzias de caminhos, inclusive aEco-rota do Morraço, roteiro delongo percurso homologado (G.R.59). Para além de produzir impor-tantes danos ecológicos, que impe-dirám o desenvolvimento de umplano turístico para o futuro assen-te na promoçom dos recursos natu-rais do Morraço e nas caminhadas.A via limitará também o uso socialdo monte e os seus trabalhos tradi-cionais, acentuando o afastamentoentre natureza e sociedade.

Excessiva ocupaçom de terrenoflorestal e agrícolaA construçom está a provocarumha excessiva ocupaçom de

terreno florestal e agrícola, aterran-do vales como o de Anguieiro emCoiro (Cangas). Estas zonas somecossistemas antrópicos tradicio-nais do Morraço fundamentais parasustentar as economias familiares,para além de numerosas formas devida de espécies vegetais e ani-mais. A floresta afectada é já enor-me, ficando destruídas grandesextensons de mato repovoado comespécies autóctones, como tambémáreas de lazer de uso público.

Alteraçom do regime de águasCom as obras está-se a ver afecta-do o regime hídrico, tanto daságuas superficiais como das freáti-cas, ao cortar-se o fluxo natural.Isto, por um lado, fará descer onível dos poços, fontes e manan-ciais, podendo chegar a secá-losno Verao. E por outro, ao se cana-lizarem todas as águas que corta, eainda as que recolhe a própria via,e se conduzirem aos pequenosribeiros existentes, aumentará apossibilidade de provocar cheias ealagamentos nas zonas baixas.

Alteraçons gravíssimas eirreversíveis na paisagemTal como se reconhece no próprioprojecto, as alteraçons na paisa-gem som gravíssimas e irreversí-veis, ainda que os autores do estu-do tentem tirar importáncia aoimpacto, menosprezando reitera-damente os valores estéticos e pai-sagísticos do Morraço. A obraremoverá aproximadamente uns270 metros cúbicos de terra porcada metro lineal, o qual, na práti-ca, traduz-se em fortes desmontese terraplenos que provocam umhalonga fenda a meio das ladeirasdos montes.

Espaços naturaisdo Morraço danificadosTrês espaços naturais do Morraçoque a Junta registou outrora comoespaços passíveis de serem prote-gidos junto com outros sessenta eum do resto da Galiza (Courel,Ancares, Caaveiro...), que na teo-ria já estám protegidos, verám-sefortemente alterados pola via rápi-da. Estes lugares som as dunas"Nerga-Barra", os "Montes doMorraço" e o "Carvalhal deCoiro", a maior carvalheira litoraldas Rias Baixas. Também arrasazonas como o rio da Fraga ou aPoça da Moura, alguns dos princi-pais referentes paisagístico-cultu-rais do Morraço.

Impacto sobre oPatrimónio HistóricoAfecta vinte jazidas arqueológicas,entre as quais se incluem castros(Monte Alegre, Cidades…), petró-glifos (Devesa de Baixo,Avelaires...), moinhos, etc.

Impacto sobre apopulaçom da áreaDestruiçom de casas de habitaçome anexos, ocupaçom de solo agrí-cola, desvalorizaçom de terrenos,dificuldades de comunicaçom…

Custo económicoO facto de esta obra custar mais de10.000 milhons de pesetas deviaser argumento suficiente para pro-curar outras soluçons. Outras esti-mativas demonstram que afinal aquantia pode duplicar-se e aproxi-mar-se dos 20.000 milhons dasantigas pesetas.

FONTE:

Plataforma Anti-Via Rápida do Morraço.

Lugar afectado polas obras que estám em andamento

Mobilizaçom popular de vizinhos e vizinhas contra a desfeita

Espaço natural que receberá o impacto da ‘Via Rápida’

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10 reportagem Janeiro 2004 novas da galiza

reportagem

A Prisom da Lama...Macrocadeia, Microconsciência

Fran del Buey

Sistema SanitárioSegundo as informaçons quetemos em nosso poder, o médicoadscrito ao serviço sanitário doCentro Penitenciário da Lamaatende só durante duas horassemanais, obrigando os e as usuá-rias a fazer com 10 dias de ante-cedência a marcaçom. Assim,quando se produz umha urgênciamédica, o primeiro auxílio é feitopor um funcionário ou funcioná-ria que deve discernir a gravidadeda doença do preso ou presa,ficando em maos deum profano a "deci-som" de se opaciente deverá seratendido polos ser-viços de urgênciaou nom. Esta teme-rária maneira deactuar tem provoca-do situaçons comoa de J.M.P., no pas-sado dia 17 deNovembro, quando,sentindo-se doentede noite, e após teravisado o funcioná-rio de turno, estefijo caso omisso,ficando J.M.P. sem atendimentoaté às 10h00 da manhá do diaseguinte.A falta de coordenaçom, visuali-za-se perfeitamente no seguintecaso: "Um preso doente de epi-lepsia, ao qual se tinha prescrito a'dieta branda' , recebeu o almoçocom os ossos do frango e as con-chas trituradas, tornando-se o'guisado' numha perigosa massacom lasquinhas que provocaria afractura de alguns dentes do coi-tado doente, que sabe que o odon-tologista demorou quase um anoa aparecer". Também o presoD.R.F. nos fala da demora no tra-tamento: "eu tenho hepatite C e

atrofia cerebral, além de estarclassificado como maníacodepressivo, e há mais de um mêsque marquei umha cita para o psi-quiatra e ainda estou à espera".Surpreendentes som as respostasnegativas dadas por alguns mem-bros da equipa técnica. Destemodo, o preso D.R.F. fala-nos daatitude dos médicos do centroperante a administraçom de medi-caçom: "há membros da equipasanitária que se negam a dar vita-minas ou leite a pessoas que oprecisam. Três pessoas pedíromvitaminas e leite, mas, segundo o

médico, só seadministra a pesso-as magras, e umhadestas três pessoasera eu, e pesavanaqueles momen-tos 44 quilos, emesmo assim elenom me dava nadapor estar gordo".Amplia esta expli-caçom o presoC.B.F. manifestan-do: "se tiveresumha doença pon-tual, dam-te umanti-inflamatório'milagroso'".

Os presos, aliás, vem como ospróprios companheiros morremperante os seus olhos, assim dearrepiante. O preso D.R.F. denun-cia que A.A., apesar de "ter umhaparalisia de meio corpo, umhamao morta, a coxear, e necessi-tando ajuda para vestir-se e lavar-se... e apesar disso continuaaqui...".

ActividadesO que sobra a um preso ou presaé o tempo, e apesar de que alegislaçom penitenciária estabe-lece um regime de actividades, averdade é que a cadeia da Lamacongela o tempo e potencializa a

apatia. D.R.F., preso na prisomda Lama, referindo-se aos cur-sos manifesta: "nom existe nen-hum curso, só fam dous em todoo ano, e sendo 2000 pessoas, só50 ou 60 estám a realizar cur-sos". Também nos conta o presoC.B.F., a respeito das actividadesdesportivas que "há um campode futebol que está apenas parauso exclusivo de alguns privile-giados, 25 aproveitam-no e 1375fodem-se..., quando nos levamao polidesportivo (3 horas porsemana) só nos deixam utilizar ocampo de futebol de salom... (asoutras instalaçons permanecemfechadas e sem material...) Paratodo o mês dam-nos só umhabola para jogar no módulo, mascostuma dar para um só jogo, jáque atrás das balizas estám osarames". Toda esta situaçom éprovocada por umha decisompolítica da Junta de Tratamento,que decide no mês de Março,sem motivo aparente, fechar a jáprecária escola de basquetebol emusculaçom.

Esta cadeia inaugurada ainda nom há cinco anos,supom o melhor exemplo do modelo da actualpolítica penitenciária do governo. Baseia-se naimplantaçom de macrocadeias, construídas emzonas despovoadas, longe do calor da sociedade,vigiadas de costas às garantias legais, sob oatento olhar de um exército de sentinelas, com

milhares de almas em grandes espaços.Potencializa a microconsciência do problema.Este epicentro de marginalizaçom e desgraça, late-ja como umha ameaça para as liberdades e para adignidade da pessoa. Por isso, recolhemos de formasucinta diversas informaçons sobre as condiçons deinfra-estrutura e tratamento desta cadeia no intuito

de chegar-nos às portas deste inferno.As informaçons abaixo fôrom recolhidas ao vivopolos e polas verdadeiras protagonistas destefracasso social, os presos e as presas, fôromtrazidas a este contexto por PreSOS com oobjectivo de activar a resposta social que acabecom esta contínua aberraçom.

Esta cadeia amplia a sua capacidade a um ritmo frenético, polo sistema de dividir o espaço e multiplicar os 'clientes'

Said Hacene apareceu com a cabeça metida no retrete e com umha corda ao pescoço

"Há um campode futebol que

está apenaspara usode alguns

privilegiados,25 aproveitam-

-no e 1375fodem-se...”

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reportagemJaneiro 2004novas da galiza 11

TratamentoDiferentes presos e presas tenhemtentado, porque é seu direito, aaplicaçom do tratamento indivi-dualizado, mas segundo nos contao preso C.B.F., "aqui só conhece-mos o psicólogo ou psicóloga,educador ou educadora quandonos vam classificar cada seismeses... e isso de apoiar-nos, ins-truir-nos e orientar-nos, aqui nomexiste...".

MetadonaAceder ao tratamento agonistaconverte-se numha questom de'ouvido'. O preso D.R.F. relatacomo ficou sem tomar a metadonaem duas ocasions: "Os alto-falan-tes trabalham mal e quando ven-hem repartir a metadona e nomavisam, podes ficar sem tomá-la.Eu solicitei que me levassem àenfermaria, falámos também coma doutora Sara e a sua resposta foique ela nada podia fazer".

ComunicaçonsA cadeia nom pode ser um entornoimpermeável e devia facilitartotalmente o contacto do preso oupresa com o exterior, para nom seprovocarem assim os graves efei-tos da prisom e do desenraizamen-to. Ora bem, a Junta de Tratamentodeste 'Alcatraz Galego', numharecente reuniom (27 de Dezembro)decidiu, segundo nos conta o presoC.B.F., que a partir do dia 4 deJaneiro os 'bis a bis' se realizarámsomente às terças e às sextas, tro-cando o anterior horário que per-mitia realizá-los durante todasemana. Limita-se também acomunicaçom telefónica comumha drástica reduçom de todosos turnos de chamadas. "Dantes, aschamadas eram cinco por semana,e há dous meses (Agosto) fôromreduzidas a duas por semana (...).Durante três dias estivêrom semtelefone no módulo Nº1".

AlimentaçomEsta necessidade primária, nesteprimeiro mundo onde já aparente-mente ninguém tem fome, nascadeias galegas a sombra da des-nutriçom aparece três vezes pordia. "A comida deixa muito quedesejar e isso que eu (o preso)estou habituado a comer de tudo,mesmo comida caducada, masaquela comida era um manjarcomparada com esta que é vomiti-va". Existem também outras quei-xas que nos relata o preso C.B.R.,que afirma que a meio do mês deAgosto se servem comidas deinverno, como feijoadas quentes...quase todos os dias... Nesta mesmalinha, os presos já expugérom pormeio de umha queixa, as carênciasdo serviço de "demanduria" (orecadeiro). A administraçomampara a proibiçom de entrada dedeterminados produtos, suposta-mente por causa da natureza pere-cedoira da encomenda, recusando-se à entrada de frutas e verduras.

HigieneAo círculo de misérias e carên-cias temos de acrescentar a suji-dade, ou melhor dito, a falta dehigiene provocada por um recor-te económico que afectou os pro-dutos mais necessários para avida. O preso D.R.F. denuncia:"nom nos dam kits de limpeza ehigiene para limpar a cela comoesfregom, lixívia, saco do lixo,champô, etc. porque o responsá-vel pola limpeza, como nomrecebe pecúlio, em compen-saçom, vende 'no mercado negro'o material". Mas, ironicamente,ainda que se distribuíssem equi-tativamente os aparelhos de lim-peza, estes teriam pouco uso, jáque o centro carece de água quen-te discricional. Este serviço irre-nunciável funciona só de 9h00 a9h30, e isto motiva que muitosinternos careçam de tempo sufi-ciente para se assearem e fazeremas necessidades básicas. Sem irmais além, há alguns dias nomhavia água para desentupir oscanos do quarto de banho, ehouvo que empregar água dachuva que durante esses dias foitam abundante, provocando-se

um forte problema ambiental eum perigoso foco de infecçom.

AmontoamentoApesar de ser umha macrocadeiacriada para suprimir os problemasde amontoamento das cadeias pro-vinciais, na verdade, este armazémde corpos humanos amplia a suacapacidade a um ritmo frenético,polo sistema de dividir o espaço emultiplicar os 'clientes', semmodificar, é claro, os recursos e osorçamentos. Assim, este efeito depassar de 800 a 1400 presos numperíodo curto de tempo, ocasionaefeitos no racionado alimentar,tempo de duche e higiene,assistência sanitária assim comoos consabidos efeitos perigosos deapinhar pessoas com doençastransmissíveis sem nenhum tipo decontrolo. (C.D.F. informa-nos quepara um módulo de 100 pessoasexiste um só quarto de banho).

Torturas e maus tratosSaid Hacene, de nacionalidadeargeliana, encontra-se no módulode isolamento. Apareceu com acabeça metida no retrete, comumha corda ao pescoço. Segundo

testemunhas, cinco dias antes da morte de Said, entra-vam funcionários que lhe batiamimpunemente. Os meios de comu-nicaçom justificam o assassinatocomo vingança entre internos.Para cúmulo, a família do senhorHacene nom pudo transladar oféretro ao seu lugar de origem,Argélia, devido aos impedimentosburocráticos. Igual sorte correu umpreso do módulo 1 que acabourecentemente na unidade de quei-mados, após ter escapado milagro-samente de umha morte horrívelno incêndio da sua cela. O incên-dio produziu-se após a direcçomdo centro se ter recusado porvárias vezes a permitir as visitas damulher do queimado.

- Todas estas afirmaçons e outrasfôrom postas de manifesto pormeio de umha queixa assinada pormais de 450 presos e presas (deum total de 1400) perante o julga-do de vigiláncia penitenciária dePonte Vedra que ainda permaneceem siléncio. Até quando teremosque esperar?

Fran del Buey é membro da Assoc. PreSOS

A cadeia nom pode ser um entorno impermeável. Devia facilitar totalmente o contacto do preso ou presa com o exterior.

A falta de higiene provocada por um recorte económico que afectou os produtos mais necessários para a vida

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Uxio-Breogám Diéguez

Álvaro Maria Casas Branconasce em Ourense no dia 2 deJulho de 1901 no seio de umhafamília abastada. Aluno deAntom Lousada Diegues eMarcelo Macias e conhecido demembros do Grupo Nós comoVicente Risco ou RamomOuteiro Pedraio. Acaba o antigobacharel no ano 1917 e vai paraValhadolid estudar naUniversidade. Ali inicia a suaactividade política, afastado dogaleguismo. Terá Álvaro dasCasas umha forte actividade liga-da ao catolicismo espanholistaque o levará à directiva daAssociaçom Espanhola deEstudantes Católicos... A pardisto destaca como um bom estu-dante, licenciando-se no ano 1920com prémio extraordinário. Numano e na linha da sua actividadepolítica, pronuncia umha con-ferência em Vigo em que sustém:"Aqui somos todos católicos (...)Se... considerais o actual estadodo mundo, se vos parais ummomento a contemplar o avançoapocalíptico da onda vermelha,que traz consigo a bárbara civili-zaçom de um mundo semDeus… ah! entom nom haveráum espírito nobre que nos aplau-da nem sequer pola valentia danossa sinceridade. Cumpreempapar tudo de catolicismo..."(traduzido do espanhol)A finais de 1922 Álvaro das Casasvai para Madrid, acomodando-seno bairro de Salamanca. Na villa ycorte será professor na Escola dePolícia, professor na Casa Real,secretário e 'guarda sellos' daordem de cavalheiros dosInfanzones de Illescas, "Gentil-hombre de Casa y Boca", etc. Mas a mudança radical estavaperto. A partir de 1930 Álvarodas Casas abandona a sua estrei-ta vinculaçom com a Casa Real eenvereda no galeguismo políticoque nasce em Dezembro de 1931com o PG. Das Casas será mem-

bro fundador do Partido e embo-ra mal permaneça meio ano narecém nascida formaçom políti-ca, passará à história política donosso país comomilitante do PG.No entanto, a suafama será propicia-da pola sua iniciati-va no momento decriar umha agru-paçom de moçosn a c i o n a l i s t a s :Ultreia, primeiraorganizaçom juve-nil nacionalista, emsentido estrito. Estaorganizaçom revo-lucionou aquelaGaliza, que acor-dava na II República, com assuas chamativas actividades. À medida que passam os anosrepublicanos Álvaro das Casasvai-se afastando cada vez maisdo PG e do nacionalismo organi-zado. A sua VanguardaNazonalista Galega fica, talcomo tinha dito o sempre lúcidoAlexandre Bóveda, em simples'fumo de palhas'. Desde este anoaté 1936 Das Casas dedica-se aviajar pola Europa, contactandorepresentantes do fascismo.Assim, no Outono de 1936, após o

Golpe de Estado, a viragem é defi-nitiva. Nom surpreende portanto oque dizia Álvaro das Casas emPortugal num 'comício anti-comu-

nista' nesta altura:"...chegou o grandedia da Europa. (...)Espanha é outra veztrincheira y clarim deeuropeísmo. A gue-rra já começou e nompodemos descansaraté esmagar parasempre o adversário(...). De nós dependeque Portugal eEspanha voltem aser, como outrora,categorias de primei-ra ordem no concerto

dos grandes povos, ou pobrescolónias russas ao ditado de qual-quer assassino soviético...". (tra-duzido do espanhol) Daqui em diante é, pode-se dizer,de filme -realmente coma toda asua vida- a actividade que oimpulsor de Ultreia desenvolvepola América do Sul. Umha acti-vidade de propaganda netamentepró-franquista e da qual temosseguido o rastro.

Álvaro de las Casas. Biografía e documentos(Galaxia - Colecçom Memória - 250 págs-)

Uxio-Breogám é o autor do ensaio

12 vários Janeiro 2004 novas da galiza

Dario [email protected]

Para reparar o "erro", Roger104poderia escrever: "Nina5 e eu exci-tamo-nos tanto que caímos aochao. Quando Nina5 se separa demim ao cair, a sempre dispostaBethR, que nom perde umha opor-tunidade, pom-se em cima de mim".Como lhe dijo umha utilizadoraao autor numha ocasiom, "nocompu-sexo escrever bem e rápi-do é equivalente a ter umhas boni-tas pernas e um cu firme". Nomomento de ter umha aventuraamorosa ou, simplesmente, sexoatravés do computador, a soma deseguranças ajuda a aquelas sedesenvolverem com rapidez. Hátempo para pensar, nom existepresença física directa e, sobretu-do, a informaçom parcial repercu-te na idealizaçom das lacunas. Tale como afirma Julian Stallabrass,professor doCourtauld Institute ofArts de Londres, nacomunicaçom porcomputador "o podere a capacidade decontrolo que supom adescorporeizaçom -as vantagens queimplica interpretarum papel, o facto deaqueles ou aquelascom que se fala nompoderem ver as defi-ciências, desvanta-gens e quaisqueroutras peculiaridades nossas sus-ceptíveis de inspirarem preconcei-tos- adquirem-se só ao preço decada interlocutor ou interlocutoraperder um pouco de humanidade". A personalidade levantada polosinternautas nom é necessariamen-te unívoca. Polo contrário, cada eupode multiplicar-se numha quan-tidade indeterminada de eus combase nas próprias necessidadesdos usuários ou usuárias. Umhagrande maioria de pessoas comque tratamos dia-a-dia na internet(eu próprio) disponhem de dife-

rentes nomes de utilizador ou uti-lizadora tanto para os programasde relaçom directa como para ascontas de correio electrónico. E aninguém lhe parece estranho oufora de lugar. Turkle cita umhaprofessora de trinta anos na sua

vida no IRC:É um bom escape...No IRC som muitopopular. Tenho trêsnomes que empregocontinuamente, demaneira que umdeles está muito pre-ocupado com a gue-rra na Jugoslávia,outro é um poucomaluco por MelrosePlace e um terceirotem muita activida-de nos canaissexuais, sempre à

procura de um bom momento...Talvez só poda relaxar-me se vir avida como mais um canal IRC.A multiplicidade das identidadesimplica também um desenvolvi-mento paralelo nas vidas virtuais.As pessoas tímidas som extrover-tidas, as heterosexuais som homo-sexuais, as violentas som tranqui-las. O IRC, criado naEscandinávia no ano 1998, tem asua versom estatal no Hispano,que consegue ter mais de meiomilhom de conexons diárias.

Finaliza no próximo número

QWERTY:Identidades na Sociedadeda Informaçom (2)

informática

O IRC-Hispanoconsegue termais de meio

milhom deconexons diárias

no Estado

[email protected]@terra.es

Um estudo biográfico vinculaÁlvaro das Casas com o fascismo

O ensaio afirma que Das Casas se entrevistou com Mussolini

O IRC foi criado na Escandinávia no ano 1998

Álvaro das Casas com alunas e alunos

história

Álvaro dasCasas mantém

umha forteactividadeligada ao

catolicismoespanholista

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opiniomJaneiro 2004novas da galiza 13

Existem determinados factos, his-tóricos e constatáveis, que contra-dizem o tópico da docilidade gale-ga. Nom vamos dizer que estapequena naçom esteja na vanguar-da da resistência internacional con-tra a uniformizaçom imperialista,até por nom se corresponderem ascondiçons do esmorecimentonacional que padece a Galiza como agudo genocídio imposto aoutros povos em diversos cantosdo planeta, como demonstra naactualidade o martirizado OrienteMédio. A nossa pátria nom deixade fazer parte dessa periferia privi-legiada do centro capitalista mun-dial, que nos impom a condiçomdefinida polo nosso nacionalismocomo "colonialismo interior", umespaço em que as contradiçons seapagam numha paz macia que sóperiodicamente rebenta em surtosde rebeliom colectiva como arecentemente nucleada no movi-mento "Nunca Mais".Dentro deste contexto que vive-mos, o certo é que outras iniciati-vas sociais indicam a persistênciada Galiza rebelde que nom seresigna a perecer sob a imposiçomdo actual modelo institucional eeconómico. Recentemente, IgnacioRamonet lembrava nas páginas deum jornal publicado no nosso paíso papel activo do nosso povo nainvençom do conceito de guerrilhamoderna, aquando da invasomfrancesa no século XIX. Aquelaheróica insurgência que acabou porobrigar as tropas invasoras france-sas a abandonar o país face aimpotência do recurso à repressompara afogar o levante popular. Maisrecentemente, a violência fascistaespanhola, espoletada contra mil-hares de galegos e galegas mortasem 1936 e nas décadas seguintes,ao lado de outros dados objectivoscomo a fortaleza da guerrilha anti-franquista que de maneira ininte-rrompida se prolongou quase até ofim da ditadura, significáromnovas provas da dignidade eempenho de nom poucos galegos egalegas na defesa de valores comoo progresso social e a identidadecolectiva da nossa comunidadenacional.A tendência geral dos povos amagnificar os seus factos passadosbate no nosso caso com um auto-desprezo que nos foi incutido porséculos de menosprezo por partedo expansionismo hispano. Daídevermos esforçar-nos por manterum equilíbrio entre a necessáriarestituiçom da nossa história, quasesempre ocultada e tergiversada, e areivindicaçom do presente comomais umha fase desse longo per-curso que deve conduzir-nos à con-quista da soberania nacional e dasliberdades colectivas para a maio-

ria social galega.Sirvam portanto estas linhas parareivindicar a acçom que nos últi-mos anos tem desenvolvido oindependentismo galego comoponta de lança da reivindicaçomdos direitos civis e a memória his-tórica na Galiza. A luita contra apermanência dos símbolos fran-quistas nas nossas ruas e prédiospúblicos é um bom exemplo desseesforço por parte de um sectorsocial ainda minoritário, esse quecontra vento e maré mantém empé o facho da liberdade nacionalcomo irrenunciável direito colec-tivo do nosso povo.Sem esquecermos dignos prece-dentes como os que na década deoitenta tentárom fazer voar omonumento ao genocídio que pre-sidia a principal praça da cidade deFerrol, queremos agora lembrarcomo a esquerda independentistainiciou o presente século alçando asua voz, e agindo em conseqüên-cia, contra a permanência da sim-bologia fascista. É bom recordar-mos isto agora que se estendem ini-ciativas que recuperam a memóriadas vítimas do fascismo, indo aoencontro da linha reivindicada poloindependentismo galego desde hávários anos. Em 2000, lembremos,a estátua eqüestre do ditador foipintada de cor-de-rosa, deixando anu as contradiçons do governomunicipal dito progressista noFerrol da altura. Com efeito, BNGe PSOE gastárom logo a seguirmeio milhom de pesetas em lavar ahorrenda peça de bronze, preocu-pados por marcar distáncias com asactuaçons independentistas, numcontexto de crescente criminali-zaçom das posiçons soberanistasno Estado espanhol.Posteriormente, e coincidindo comas obras de remodelaçom da praça,ambas forças acabariam por retirar"por motivos técnicos" a estátua dahistórica Porta Nova ferrolana,mantendo-a, isso sim, em insta-laçons militares da mesma cidade.BNG e PSOE renunciárom tam-bém a recuperar o nome própriodessa praça que ainda hoje, com avolta da direita espanhola ao podermunicipal, continua a manter o daditadura: a inevitável e constitucio-nal "plaza de España" presente emcada cidade e em cada vila daGaliza como legado simbólico dofranquismo.Pouco depois, em Compostela,militantes independentistas pintá-rom da mesma cor-de-rosa umenorme escudo imperial espanholnum acto público em 2001, coinci-dindo com o julgamento dos quatroactivistas que meses antes pintarama estátua eqüestre em Ferrol.Posteriormente, a esquerda inde-pendentista galega tem promovido

diversas iniciativas contra os sím-bolos franquistas ao longo do País.Em Ponte Areas criou-se em 2002umha plataforma cidadá que reivin-dicou a eliminaçom do chamado"cabeçom", busto dedicado aogeneral Franco por iniciativa do PP.Só a insistência e pressom contínuada citada plataforma obrigou a quea instituiçom municipal acabassepor retirar tam macabra homena-gem ao fascismo nessa vila do sulda Galiza. A própria plataformaoptou por retirar directamente asplacas com nomes de ruas dedica-dos a notórios assassinos fascistas,umha vez que o governo PSOE-BNG-PP adiava indefinidamente assuas responsabilidades na questom.Também em 2002, militantes inde-pendentistas pintárom o escudofascista gigantesco que preside em

Ourense, de maneira eloqüente, opalácio de Justiça. O prédio acaba-va de ser restaurado, e nem as ins-tituiçons nem os partidos que segabam de democráticos tivérom aelementar iniciativa de aproveitaras obras para retirar o escudo, nemsequer "por motivos técnicos"como em Ferrol meses antes.Já a inícios de Dezembro de 2003,foi novamente o nosso indepen-dentismo que pujo em evidência ascontradiçons das forças do sistema,que comemoravam os "25 anos depaz constitucional" condenando aeliminaçom de umha estátua deFranco na paróquia de Sam Mateude Trasancos, no Concelho deNarom. Voluntários e voluntáriasindependentistas faziam coincidirum acto de homenagem às vítimasda repressom franquista na comar-

ca, organizado pola AssociaçomMemória Histórica, com a queda agolpes de maça da figura infameem cimento do general golpistaespanhol.Como outras vezes, nom só políti-cos abertamente pró-franquistascomo os do PP condenárom aacçom. Significados líderes comar-cais do PSOE e da supostamentegaleguista "Unidade por Narom",governante nesse concelho, conde-nárom a "imposiçom" da organi-zaçom política independentista,NÓS-UP, que deu cobertura aumha acçom que vinha somar-se àhomenagem às centenas de retalia-dos e retaliadas por parte do fran-quismo na comarca de Trasancos.Nenhum deles denunciou, natural-mente, as manobras policiais decaça e captura contra jovens poloúnico motivo de serem indepen-dentisas e antifascistas, incluindoacusaçons falsas e construçom deprovas com base em falsos teste-munhos. Sentou mal que as pesso-as que realizárom a audaz acçomdesaparecessem antes da chegadaao lugar das forças repressivas, ealguém tinha que pagá-lo.Cómico e patético foi ainda, nomesmo dia 7 de Dezembro, vercomo os membros do serviço deinformaçom da polícia espanholaprocuravam entre as silveiras acabeça em cimento do ditadorespanhol, misteriosamente desapa-recida após o golpe de maça que afijo cair do topo da peanha. Acabeça nom apareceu mais…A realidade é que os partidos auto-proclamados progressistas gover-nárom nos concelhos da comarcatrasanquesa durante a maior partedas legislaturas durante as últimasdécadas, sem que nenhum delestenha mostrado o mais mínimointeresse por retirar umha simbolo-gia imposta sem qualquer consultapopular. Umha simbologia nuncalegitimada e que, como afirmou opoeta Dario Joám Cabana no actopoético decorrido na mesmamanhá em que a estátua franquistacaía, deve ser eliminada por qual-quer meio, umha vez que as insti-tuiçons emanadas do constitucio-nalismo espanhol continuam amostrar, 25 anos depois da suaimposiçom, o seu absoluto desinte-resse no tema.Parabéns, portanto, à militáncia ebase social independentista, queneste tema está a representar adignidade de um povo nom tamdócil como alguns e algumhassuponhem. Nestes últimos anos deactividade contra a permanênciada simbologia fascista no nossopaís, e ante a passividade institu-cional, tem-se demonstrado que,em ocasions, vale mais fazê-loque mandá-lo.

Vale mais fazê-lo que mandá-loMaurício Castro

Estátua de Franco eliminada da paróquia de Sam Mateu de Trasancos Paulo Rico

A PeneiraUbicaçom actual do chamado "cabeçom"

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14 cultura Janeiro 2004 novas da galiza

portal galego da língua

''Falares sem cancelas'', portas abertasao reintegracionismo em Rádio Alhariz

José Manuel Barbosa

Desde o dia 9 de Janeiro, sexta-feira, realiza-se em RádioAlhariz o programa de rádio"Falares sem Cancelas" fruto dacolaboraçom entre essa rádio e aAGAL-Ourense. Podemos ouvireste programa todas as sextas-fei-ras das 17h00 às 19h00. Nele,podemos acompanhar a actuali-dade do que diz respeito à nossalíngua galego-portuguesa, naGaliza e no mundo, no 107.2 daFM no dial.Entre outras, destacam as seguin-tes secçons: Noticiário daLíngua: a situaçom da nossa lín-gua ou quaisquer outra línguas daEuropa ou do mundo. Falar com

Jeito: pequenas aulas sobreassuntos técnicos em relaçomaos usos da língua, apontamentossobre correcçom, maus usos, etc.Conversas com...: entrevistascom personagens sobre questomrelacionadas sempre com a nossa

língua. Músicas lusófonas: aquipromocionarám-se as criaçonsmusicais e os autores em galego-português de todos os países danossa língua: Galiza, Portugal,Brasil, PALOPs, Timor, etc...Você que opina??: secçom desti-nada a envolver os ouvintes compiadas, perguntas, jogos, canti-gas, etc... O público poderá par-ticipar ora chamando portelefone ora escrevendo para aestaçom de rádio.O PGL (Portal Galego da Língua)contribuirá também para esteimportante projecto colocando naGaleria PGL os programas que seforem emitindo a fim de poderemser ouvidos em qualquer lugar daGaliza e do mundo.

Portal Galego da Línguaultrapassa 100.000 visitas em 2003

PGL. O site da AssociaçomGalega da Língua, continua amanter a boa saúde numha pro-gressom espectacular. Os últimosquatro meses do passado ano sig-nificárom um espectacular saltoqualitativo na audiência do PGL,sempre superando as 12.000 visi-tas e os 4.000 visitantes diferen-tes, segundo os dados fornecidospolo serviço de hospedagem.Embora nom se conheça comabsoluta certeza de onde é queprocedem todos e todas as visi-tantes, os diferentes contadoresinstalados permitem afirmar quequase 20% das visitas procedemdo Brasil e de Portugal em per-centagem similar. Isto mostra ogrande trabalho informativo epedagógico que o PGL está adesenvolver na Lusofonia. Dacomunidade galega no exteriortambém chegam numerosas visi-tas. Só assim podemos explicar ofacto de se receberem dosEstados Unidos, Reino Unido,Alemanha, Argentina, Suíça,França, México e Holanda, aotodo, por volta de 5 % das visitas. Os dados do PGL em 2003 podemqualificar-se como um grandesucesso: 101.200 visitas e1.394.097 páginas vistas. Isto sig-nifica umha média de 277 visitan-

tes por dia. Um número que noúltimo terço do ano supera as 400visitas por dia. No mesmo ano2003, o PGL colocou um total de625 notícias, o qual significaquase duas notícias por dia. Outradas secçons estrela do Portal somos Foros de discussom. Eles pro-tagonizam na actualidade 20 %das visitas recebidas.O site da AGAL torna-se assimno grande centro de relaciona-mento da família reintegracionis-ta, com umha comunidade de uti-lizadores e utilizadoras registadasque ascende a 646. Para alémdisto, o Portal conta com 117ligaçons a outros webs e já fôromcolocados mais de 1.000 comen-tários às notícias. Dados quereflectem a interactividade doPortal como umha das chaves doseu sucesso.

Dezembro foi o mês com mais páginas vistas, quase 200.000

Problemas paracasar em galego...na GalizaPGL / A Mesa. A princípios deDezembro produziu-se mais umcaso de indefensom perante umhadiscriminaçom lingüística, nestaocasiom no Registo Civil deSantiago. Um casal compostelanosolicitou casar em galego, mas,perante a inexistência de documen-taçom na nossa língua, os funcioná-rios propugérom que fossem os pró-prios moços a traduzirem os impres-sos. Em caso contrário, teriam queesperar até três meses para que che-gasse a traduçom 'oficial'. Tambémfôrom informados de que se preten-diam fazer a cerimónia de casamen-to em galego, teria de ser habilitadoum ou umha intérprete, pois o juizque lhes correspondia nom era gale-go. Finalmente, e depois de um mêse meio de espera, o casal poderácasar sem mais demora e à integraem galego... na Galiza.

TILG lançadocomo dicionário

de dicionários PGL. O 'Instituto da LínguaGalega' (ILG) lançou na Interneto 'Tesouro Informatizado daLíngua Galega' (TILG), um bancode dados de mais de 90.000 palav-ras significativas (conhecidascomo lemas) que integram numsó verbete todas as variantes dia-lectais e gráficas e ainda as deri-vaçons combinativas (plurais,desinências verbais, etc.). Na baseencontra-se umha espécie decompilaçom de diferentes textos,só galegos, publicados desde1612 até à actualidade, pensadacomo corpus para a produçom dedicionários. Pode ser consultadona Internet, embora esteja semcompletar no cem por cento, paradestarte verificarmos se os textosproduzidos polo reintegracionis-mo também foram levados emconta, ainda que o critério norma-tivo empregue fosse o do isolacio-nista Vocabulário Ortográfico dopróprio ILG.

Grande sucessodas Jornadas daLíngua em Vilar

de SantosPGL. O Portal Galego da Língua,o lexicógrafo Isaac AlonsoEstraviz e o académico BernárdezVilar foram os protagonistas dasJornadas da Língua que em Vilarde Santos realizaram conjunta-mente a 'Associaçom Galega daLíngua', a 'Juventude polaAutodeterminaçom', a'Associaçom O Covelo' e a'Cámara Municipal de Vilar deSantos'. Celebradas em 26 e 27 deDezembro. O PGL foi o protago-nista do primeiro dia. Com o títu-lo: "Internet: Comunicação eLíngua (PGL como exemplo)",Vítor Manuel Lourenço e MiguelR. Penas, verdadeiras almas doPortal Galego da Língua, mostrá-rom as potencialidades da nossalíngua no mundo e como a partirde um óptica nom regional podía-mos obviar o espanhol no que dizrespeito ao Software ou a quais-quer realidades existentes na rede.Apoiando o seu colóquio com apa-relhagem audiovisual, nomeada-mente Internet, o que tornou o actomuito ameno. No fim abriu-se umturno de perguntas onde as pessoasassistentes puderam exprimir assuas curiosidades, opinions e dúvi-das. O assistência foi de 45 pesso-as que tinham entre 18 e 25 anos.

PGL e o Grupo Local da AGAL, parceiros do projecto

o Portal conta com 117 ligaçons a outros webs

Quintana propomcriaçom doInstituto CastelaoPGL. "Termos mais cultura galegano mundo, termos mais Galiza nomundo", com este intuito AnxoQuintana lançou em Rianxo, nopassado dia 7 de Janeiro, a criaçomdo Instituto Castelao. Quintanaacrescentou que com ele consegui-ríamos "dotar as instituiçons gale-gas de uma ferramenta de queactualmente carecem para projectara nossa cultura e para pôr no mapaa figura do grande patriota deRianxo". "Impulsionar e gerirumha rede de centros de estudo einvestigaçom que espalhem edefendam o nosso idioma e a nossacultura polo mundo fora", foram osobjectivos básicos que o novo líderbloquista salientou para o instituto.

Livro mais vendidoem 2003, redigidona nossa línguaValentim R. FagimO brasileiro Paulo Coelho foiapontado pela revista "PublishingTrends" como sendo o escritorque mais livros vendeu durante oano 2003. Onze Minutos, livromais recente do autor e imortal daAcademia Brasileira de Letras,teria até superado o fenómenoeditorial "Harry Potter e a Ordemda Fénix".Tem como protagonista Maria,uma prostituta brasileira que morana Suíça. Paulo Coelho discute oamor e o lado sagrado do sexo.

Os dados do PGLem 2003 podem

qualificar-se comoum grande sucesso:

101.200 visitas e1.394.097 páginas

vistas. Isto significaumha média de 277visitantes por dia.

Um número que noúltimo terço do ano

supera as 400visitas diárias

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músicaJaneiro 2004novas da galiza 15

música

“Sou defensor do contrabando em tempode brinquedos rotos como o actual”

José Constenla “o que acontece em Compostela em relaçom com os locais para tocar é umha vergonha”

Depois de termos feito em anteriores números um percurso através de numerosasbandas do nosso país que vam do reggae-ska até ao hip-hop, damos hoje a palav-

ra a um cantor-compositor. Com este músico e geógrafo, vamos rever diversasquestons que dizem respeito à música e à cultura no País e internacionalmente.

Davide Loimil e Inácio Gomes

Como é o dia-a-dia a ensaiar e acompor de um cantor de inter-vençom? E já agora, no últimoconcerto a que pudemos assistircontaste com umha banda, vaistocar habitualmente com ela?Realmente, podemos dizer quenom sigo un regime muito rígido nahora de ensaiar ou compor. Eu sem-pre digo que cantar é umha ocu-paçom que realizo porque sinto quetenho algo que achegar. O dia emque sinta que já nom tenho umobjectivo, um fim... umha luita,digamos assim, esse dia eu deixareide subir para o palco. Nunca sabesquando chega o impulso, essapequena alquimia precisa pararecriar em palavras e em notas o teuestado de ánimo, o teu olhar sobrecertas questos que te preocupam einquietam, ou mesmo que te fai veras cousas de outra maneira maispessoal e íntima.É verdade que nos últimos concertostento acompanhar-me de amigosque com a sua música fam das min-has cançons um universo mais acol-hedor e atraente para o público.Pretendo deixar um pouco a imagemde cantor-compositor acompanhadode guitarra, introduzindo percussom,flautas, baixos... deste modo, ascançons gozam de maior acomodo.

És um clássico nos locais daCompostela da "Cultura". Qualé a tua opiniom sobre o panora-ma cultural da tua cidade?Às vezes, tenho a impressom deestar a chegar tarde. Realmente, teriaque ser muito duro para responder aesta pergunta. Em minha opiniom oque está a acontecer em Compostelaem relaçom com os locais para tocaré umha vergonha. Existem locais e

empresários dispostos a oferecercondiçons para a encenaçom de gru-pos músicais que nom tenhemoutros cenários, temos bons músicose grupos... no entanto, temos queaturar todos os dias as constantesagressons por parte de ordenançasmunicipais. Seria agradável obser-var outras sensibilidades entre os eas responsáveis por gerir os espaçosculturais em Compostela. Oferecercousas de qualidade, como as queestám a surgir em todo o País,depende de pouco mais que boavontade. Olha para a perseguiçomque sofrem os chamados "músicos emúsicas da rua". É lamentável. Esteano, por exemplo, flamejante jaco-beu fraguiano, temos que aguentar oconselheiro da cultura a dizer asnei-ras sem saber que quem se deve "pôra tiro" é ele. Eu próprio, neste ano,vou ter mais concertos além daGaliza (Leom, Valhadolid ouPortugal) do que aqui, emCompostela.Para quando umha sala de concer-tos em Compostela adequada àsnecessidades e às pretensons degrupos e artistas que estám acomeçar? Este é um grave conflito.

Há já tempo comentavas que que-rias gravar. Como vai isso? Quaissom os teus novos projectos?Efectivamente, estou a arranjar osúltimos pormenores para gravarumha maquete em boas condiçons(esperemos que chegue a ser algomais do que umha maquete). Estoucom bons músicos: Paulo Gacio àflauta, Rafa Gradín com a percus-som e Fran Santos com o baixo.Estou a acabar de escolher, comLuís Soto, dez ou doze temas queele próprio se encarrega de arranjarpara introduzir matizes com tecla-dos e com acordeom. Enfim, espe-

ro ter em breve o projecto em anda-mento. Aliás, tentarei ter boas cola-boraçons de amigos que podem daralgo de diferente ao típico estilo dacançom de autoria (Carlos Ruíz"Litus", David de Drinkin Tinto,Sebas de Ruxe-Ruxe, Brais Moránde Loretta Martin...).

As e os cantores-compositoressempre estivérom bastante vincu-lados à "cançom de inter-vençom". Como pensas que devefuncionar o binómio música-mensagem neste género musical?Há decadas que o José MárioBranco nos diz nas suas músicasque "a cantiga é umha arma". Hojemais do que nunca existe umespaço dentro da música que deveser sensível às injustiças, às triste-zas alheias, aos dramas urbanos,etc. O compromisso social e políti-co estivo sempre muito ligado aomovimento dos cantores-composi-

tores. As luitas pacíficas contra aguerra do Vietnam, os processos delibertaçom revolucionários emLatinoamérica, do Chile a Cuba, oua época da chamada "transiçom"política no Estado espanhol nom seescreveriam na altura do modo quese registárom sem o matiz musicale poético achegado por autorescomo Dylan, Silvio, Victor Jara ouSerrat e Llach. No entanto, eramtempos em que a mensagem era ofundamental dos concertos, porqueeram tempos em que "a poesia eraumha arma carregada de futuro".A luita levada às cançons, o binó-mio música-mensage -como tudizes- toma hoje um corpo de jeitomais sutil, menos provocador. Eutento fugir dessa postura. Quandocanto pola independência da Galizaou polos direitos das minorias,fago-o com a absoluta tranquilida-de que outorgam algumhas certezasque tenhem de estar sempre muito

presentes: só se perde a luita que seabandona.

Há uns anos houvo um boom,estavam na moda os cantores e ascantoras-compositoras, foi issobeneficioso para a cançom deautoria? Como está na actualida-de este panorama?Em minha opiniom, o sucesso dacançom de autoria nom pode inter-pretar-se através de listas de ven-das. Excepto em certos discos deSabina e Serrat, nom creio que nen-hum outro cantor-compositor podacompetir com a selvagem indústriamusical que nos bombardeia naactualidade. Umha música que estápensada para transformar algumhasestruturas -ainda que sejam estrutu-ras domésticas- que tem a sua almamotriz nas profundidades docoraçom, que é impulsionada poloamor e a beleza, nom pode ficarpresa nas garras do consumismo,nem nas modas.

Para terminar, dá-nos a tua opi-niom brevemente sobre osseguintes temas de actualidade:Operaçom Triunfo: Se falarmosde música, ignoro profundamente asua produçom. Se falarmos deindústria televisiva, de marketing ede incultura, entom, considero queOperaçom Triunfo é de facto umgrande sucesso. Conseguiu impor aditadura do "estilo único" sem queexista direito a apupar.Mp3, intercámbio de música narede: Livre movimento de pessoaspolo mundo, intercámbio de cultu-ras, miscigenaçom e novas influên-cias. A corrente de artistas contra a"música pirata" cheira a capitalis-mo selvagem. Sou defensor do con-trabando em tempo de brinquedosrotos como o actual.

“Estou a arranjar os últimos pormenores para gravar umha maquete em boas condiçons”

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CinzentoKiko Neves

É sempre a mesma cousa. Umnovo ano e, ao cabo, os fôlegosconsumistas do Natal acabamnumha enchente que tira acenosapáticos no cidadao ou cidadá.Esta "nossa" democracia mercanti-lista é o que tem: narcotiza. Bastajá de cidadaos e cidadás: unidadesde consumo, definitivamente.Portanto, já só somos iguais dianteda quenda do hipermercado: todosparvos a olhar de esguelha o maisprofundo dos vazios. O Poder, ospoderes sorriem alegres diante dasua vitória.Para as unidades de consumo,esmagadas na derrota, tanto fai já omentireiro/verdadeiro do mundoreal. Quer seja um novo "decreta-ço" imperialista para mudar oCódigo Penal, quer seja a últimaoferta de um DVD com regravado-ra e disco rígido a pagar em trêsmeses; quer seja o acovardamentoda oposiçom no Parlamento galegosob o absolutismo do PP, quer sejaa colecçom de peixinhos da ria doFaro de Vigo. Assim, a solene"fugida" de um Aznar com a lamado terrorismo de Estado presa nasbotas, nom deixa o olhar mais can-sado do que a vertigem que produza data do ano 2035, corresponden-te com a última quota do emprésti-mo hipotecário.Tudo misturado até tomar amesma cor. Cinzenta. Somos isso.Cinzento. Um ano sim e outrotambém.De trinta e um de Dezembro a pri-meiro de Janeiro. Um outro ano,cinzento. O teimoso engodo desempre. Já nada é mentira. Tudo oque está aí fora é a "verdade" quenos magoa, que nos enlouquece.Que nos adormece. A revoluçom,aquela, acovilha-se no exílio inte-rior, perseguida. Quando nommuda em jolda festiva, románticoe inofensivo, para esquecer. "Amanife de Nunca Mais em Ma-drid, estivem ali", dizes ao menin-ho, mostrando as fotos gravadasno DVD, ao pé do quadro dos pei-xinhos, enquanto o teu sorriso, odo dia que fomos parque temáticoda República galega no Madridestrangeiro, esvai-se ao fazeres ascontas do hipotecário.De ano velho a ano novo. Dequarta-feira a quinta-feira, sim-plesmente. Sempre a mesmacousa. Logo depois de um diavem outro, e será mais cinzento.Feliz 2035.

novas da

Marta Salgueiro

Por umha Europa de todas:diferentes sim, desiguais nom.Esta é a legenda sob a qual secelebrará em Vigo a MarchaMundial das Mulheres daEuropa no mês de Maio. Umhacita que combinará o tom lúdi-co com o reivindicativo. Serámdias de celebraçom, com aFeira Feminista e concertos.Mas será também o momentode fóruns e debates sobre ofeminismo, o ambiente ou afutura Constituiçom Europeia.As mulheres convocadas emVigo brigam por umha Europada igualdade, da solidariedade,umha Europa onde todaspodam participar. Para o dia 23de Maio foi convocada umhagrande manifestaçom de mul-heres de toda a Europa em quese espera que percorram asruas da capital Olívica tantasou mais mulheres que na passa-da manifestaçom em Bruxelas.A Coordenadora Galega daMarcha Mundial das Mulheresé composta por mais de 40colectivos. Grupos feministasdo País , sindicatos, partidos ...emulheres a título individualque participam e colaboramcom a Marcha. Umha coorde-nadora que continua aberta àparticipaçom de qualquer mul-her que queira contribuir como seu grao de areia.

Como vam os preparativospara a cita das mulheres euro-peias na Galiza?Estamos já a preparar os últimospormenores. Temos agora muitotrabalho, sobretudo estamos arealizar muitas gestons nas ins-tituiçons para obtermos o finan-ciamento suficiente que espera-mos conseguir. Temos muitasdespesas derivadas dos actoscelebrados, como a FeiraFeminista, para poder trazer asmulheres participantes nosfóruns e debates... Em definiti-vo, toda a infra-estrutura neces-sária para podermos desenvolverde forma correcta esta cita em

Vigo. Estamos a receber, emprincípio, apoio de várias cáma-ras municipais e também daDeputaçom da Corunha, que seprestárom a colaborar, masencontrámos problemas nosdepartamentos dependentes daJunta da Galiza, como asConselharias dos AssuntosSociais e da Família ou oServiço Galego da Igualdade.Aqui topamos com respostasnegativas. Estamos também agerar os nossos próprios recur-sos com a venda de material,mas as despesas som grandes enecessitamos o apoio dasConselharias. Neste sentido,estamos a ter muitos problemas.O feminismo é um movimentotransformador e por isso o PP éalérgico ao feminismo. Pareceque tudo o que seja trabalhar porum mundo mais justo transfor-mando a realidade… incomoda.

A mudança de governo muni-cipal em Vigo influiu?Nom se pode saber porque porenquanto ainda estamos a nego-ciar. O PP nom está a resolver osgrandes problemas que o femi-nismo coloca, a violência degénero, a discriminaçom... somquestons que nom entram dentrodo programa do PP. De facto,estám a reforçar todas as estrutu-ras machistas: o exército, a igre-ja, o militarismo… tudo isso estáa ser impulsionado polo PartidoPopular. Mas nós, a nível local,esperamos que com as negocia-çons que estamos a ter, o femi-nismo poda recolher um poucodo dinheiro público que lhecorresponde. Aliás, para aCidade de Vigo esta mobiliza-çom será muito importante eesperemos que isto o saibaentender a nova corporaçommunicipal.

Tenhem-se feito cálculos apro-ximados do número de mulhe-res que acudirám?Nom, por enquanto nom sabe-mos. Confiamos, claro, em quehá-de ser maior, mais importanteainda que a de Bruxelas, mas

nom podo garantir nada. Nomsabemos que apoio vamos rece-ber das mulheres europeias nemdas galegas. Mas sim é certo queagora há muitas razons para nosmobilizarmos, inclusive mais doque no ano 2000, pola situaçominternacional. Na Marcha con-cordamos com as pessoas queestám a dizer que nunca omundo foi tam injusto, tam vio-lento, tam desigual como agora.Necessitamos, com certeza,mobilizar as mulheres para dizerjuntas e muito forte aquilo quepensamos. Também temos quelevar em conta que o ano 2005será também o ano das mobiliza-çons internacionais, e por isso,nom sabemos muito bem comovam responder as mulheres, mastemos a certeza de que em Vigose vai ouvir forte a nossa voz.

Além das mulheres organiza-das em colectivos, na Marchatambém participam pessoas atítulo individual. Ainda estáaberta a este tipo de participa-çom?A Marcha está totalmente abertaà participaçom das mulheres deforma individual ou colectiva.Quem quiger, pode encontrartoda a informaçom na páginawww.feminismo.org. Cumpredizer também que a FeiraFeminista será totalmente livre eaberta à participaçom de todas asmulheres. Nos fóruns sim tere-

mos que impor um limite de per-centagem na participaçom, jáque o Auditório tem umha capa-cidade limitada. O espaço seráreservado por rigorosa ordem deinscriçom.

Quais vam ser as principaisactividades que se desenvolve-rám em Vigo no mês de Maio?A Feira Feminista será situadana zona portuária. Abrirá as por-tas no sábado 22 de Maio desdeas dez da manhá ate às dez danoite. Haverá nove espaços dedi-cados à violência, imigraçom,educaçom para a igualdade,Mulheres e Espiritualidade,Liberdades sexuais, Saúde eDireitos Reprodutivos eAntimilitarismo. O FórumFeminista será no centro culturalCaixa Nova. Na manhá do sába-do falaremos d'A sustentabilida-de ecológica: alternativas femi-nistas e à tarde dos Contributosfeministas na origem e no desen-volvimento de umha constitui-çom europeia. À noitinha, noParque de Castrelos, até àmadrugada teremos um concertocom grupos fundamentalmentede composiçom feminina. Para odomingo 23 de Maio esperamosumha grande manifestaçom dasmulheres de toda a Europa, naqual percorrerám as ruas de Vigotantas ou mais mulheres que naanterior manifestaçom deBruxelas.

“No PP o feminismo provoca alergiapolo seu carácter transformador”

a entrevista Lupe Cês

Lupe Cês é representante da Marcha Mundial das Mulheres na Galiza

Lupe Cês, segunda pola direita, com companheiras galegas da Marcha Mundial