novas da galiza

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nÚmero 115 15 de junho a 15 de julho de 2012 1,20 € periódico galego de informaçom crítica reGasificadora ileGal 5 A central da Reganosa em Mugardos construiu-se ilegalmente segundo vem de corroborar o Tribunal Supre- mo. Deram-lhe licença sem se ter fei- to o estudo de impacto ambiental. comPostela: ‘a rua é nossa’ 7 O Concelho de Compostela quer res- tringir o uso das ruas cobrando fian- ças para qualquer ato e impondo me- didas que dificultarám a participaçom cidadá nos espaços públicos. N ovas da G ali a “A Universidade é umha entidade estamental e antidemocrática: o estudantado nom pode decidir” AdriÁn dios é ativista da liga estudantil galega / pág. 6 oPiniom polo futuro do Agro por carme freire / 3 HistÓriA repetidA no nAvAl ferrolAno por Henrique sanfiz / 3 estÉticA dA crise por ernesto v. souza / 28 suPlemento central a revista vAgA-luMes do nosso verAo Entre maio e setembro pequenas candeias naturais alumiam as corredoiras. Som os seres vivos com mais nomes na Galiza fuco lAMAs, o ArredistA dA pArAMount O que fora redator d’A Fouce e destacado independentista no exílio acabou exercendo como publicista na Paramount Films Um quarto de milhom anual pola dispersom condenaçons Políticas enGadidas A dispersom penitenciária é umha medida política do Go- verno espanhol consistente em separar os ativistas presos e presas e em afastá-los dos seus territórios nacionais. Esta es- tratégia, concebida por Múgica Herzog em finais dos anos 80 – endurecida após o fracasso das negociaçons de Argel entre o PSOE e a ETA na primavera- verao de 89–, afeta a dia de ho- je 19 presos e presas políticas galegas, entre antifascistas e independentistas, e as suas fa- mílias e amizades. / PÁG. 20 Patrons de patrons quebram empresas antonio fontenla e díaz ferrÁn A recente suspensom de paga- mentos da construtora mais em- blemática do presidente da pa- tronal autonómica, Antonio Fontenla, coincide com as ma- nobras do ex-presidente da ‘Confederación Española de Or- ganizaciones Empresariales’ (CEOE), Gerardo Díaz Ferrán, para ocultar e proteger o seu pa- trimónio embargado depois de levar à quebra diferentes empre- sas e enviar para o desemprego centenas de pessoas. / PÁG. 16 Fraude fiscal equivale a 25% do PIB A ‘engenharia contabilística’ provoca que cada ano mais de dez mil milhons de euros faltem nos cofres públicos. Multiplica por dez os cortes em saúde e educaçom dos últimos três anos / PÁG. 18 Mais de 600.000 pessoas vivem na Galiza em situa- çom de pobreza, o que representa 21,49% dos dous milhons e oitocentas mil pessoas que oficialmente residem na “Comunidade Autónoma”. Cada número oculta um projeto de vida que a crise financeira arra- sou com a cumplicidade dos governos espanhol e galego. As políticas económicas que propugnam e imponhem os governos direitistas contribuem para piorar a situaçom já precária das famílias galegas. Segundo denuncia a Cáritas, 100.000 galegos e gale- gas –quase a populaçom da cidade de Ourense– sub- siste em condiçons de pobreza extrema. / PÁG. 19 Cem mil pessoas sofrem pobreza extrema na Galiza GABRIEL TIZÓN

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Page 1: Novas da Galiza

nÚmero 115 15 de junho a 15 de julho de 2012 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

reGasificadora ileGal 5A central da Reganosa em Mugardosconstruiu-se ilegalmente segundovem de corroborar o Tribunal Supre-mo. Deram-lhe licença sem se ter fei-to o estudo de impacto ambiental.

comPostela: ‘a rua é nossa’ 7O Concelho de Compostela quer res-tringir o uso das ruas cobrando fian-ças para qualquer ato e impondo me-didas que dificultarám a participaçomcidadá nos espaços públicos.

Novas da Gali a

“A Universidade é umha entidadeestamental eantidemocrática:o estudantadonom pode decidir”

AdriÁn diosé ativista daliga estudantilgalega / pág. 6

oPiniom

polo futuro do Agro por carme freire / 3

HistÓriA repetidA no nAvAl ferrolAnopor Henrique sanfiz / 3

estÉticA dA crise por ernesto v. souza / 28

suPlemento central a revista

vAgA-luMes do nosso verAoEntre maio e setembro pequenas candeias naturais alumiam ascorredoiras. Som os seres vivos com mais nomes na Galiza

fuco lAMAs, o ArredistA dA pArAMountO que fora redator d’A Fouce e destacado independentista noexílio acabou exercendo como publicista na Paramount Films

Um quarto de milhomanual pola dispersom

condenaçons Políticas enGadidas

A dispersom penitenciária éumha medida política do Go-verno espanhol consistente emseparar os ativistas presos epresas e em afastá-los dos seusterritórios nacionais. Esta es-tratégia, concebida por MúgicaHerzog em finais dos anos 80 –

endurecida após o fracasso dasnegociaçons de Argel entre oPSOE e a ETA na primavera-verao de 89–, afeta a dia de ho-je 19 presos e presas políticasgalegas, entre antifascistas eindependentistas, e as suas fa-mílias e amizades. / PÁG. 20

Patrons de patronsquebram empresas

antonio fontenla e díaz ferrÁn

A recente suspensom de paga-mentos da construtora mais em-blemática do presidente da pa-tronal autonómica, AntonioFontenla, coincide com as ma-nobras do ex-presidente da‘Confederación Española de Or-

ganizaciones Empresariales’(CEOE), Gerardo Díaz Ferrán,para ocultar e proteger o seu pa-trimónio embargado depois delevar à quebra diferentes empre-sas e enviar para o desempregocentenas de pessoas. / PÁG. 16

Fraude fiscal equivale a 25% do PIBA ‘engenharia contabilística’ provoca que cada ano mais de dezmil milhons de euros faltem nos cofres públicos. Multiplica pordez os cortes em saúde e educaçom dos últimos três anos / PÁG. 18

Mais de 600.000 pessoas vivem na Galiza em situa-çom de pobreza, o que representa 21,49% dos dousmilhons e oitocentas mil pessoas que oficialmenteresidem na “Comunidade Autónoma”. Cada númerooculta um projeto de vida que a crise financeira arra-sou com a cumplicidade dos governos espanhol e

galego. As políticas económicas que propugnam eimponhem os governos direitistas contribuem parapiorar a situaçom já precária das famílias galegas.Segundo denuncia a Cáritas, 100.000 galegos e gale-gas –quase a populaçom da cidade de Ourense– sub-siste em condiçons de pobreza extrema. / PÁG. 19

Cem mil pessoas sofrempobreza extrema na Galiza

GABRIEL TIZÓN

Page 2: Novas da Galiza

02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

editorAMinHo MediA s.l.

diretorcarlos Barros gonçales

conselHo de redAçoMcarlos calvo varela, iván garcía riobó, Aarón lópez rivas, Xavier Miquel, Antia rodríguez garcía, raul rios, olga romasanta,Alonso vidal, paulo vilasenin

secçonscronologia: iván cuevas / economia:Aarón lópez rivas / Agro: paulo vilasenine Jéssica rei / Mar: Afonso dieste / Media:

Xoán r. sampedro e gustavo luca / A terra treme: daniel r. cao / Além Mi-nho: eduardo s. Maragoto / povos: JoséAntom ‘Muros’ / dito e feito: olga roma-santa / A denúncia: iván garcía / cultura:Antia rodríguez / desportos: Anjo rua nova, isaac lourido e Xermán viluba /consumir Menos, viver Melhor: Xan duro /A criança natural: Maria Álvares rei /Agenda: irene cancelas / A foto: sole rei /tempos Modernos - em tempos: carloscalvo / A galiza natural: João Aveledo /gastronomia: luzia rgues., sino seco /língua nacional: valentim r. fagim / criaçom: patricia Janeiro / cinema:francesco traficante, Xurxo chirro

desenHo grÁfico e MAQuetAçoMManuel pintor, Helena irímia, Hilda carvalho

fotogrAfiAArquivo ngZ, sole rei, galiza independente(gZi-foto), Zélia garcia, Borja toja

AdMinistrAçoMsara pérez neira

logÍsticA e puBlicidAdeXoán r. sampedro e daniel r. cao

AudiovisuAl: galiza contrainfo

iMAgeM corporAtivA: Miguel garcía

HuMor grÁficosuso sanmartin, pestinho, Xosé lois Hermo,gonzalo, ruth caramés, pepe carreiro

correçoM lingÜÍsticAXiám naya, fernando corredoira, vanessa vila verde, Mário Herrero

colABorAM neste nÚMerocarme freire, Henrique sanfiz, gabriel tizón, Hilda carvalho, diego Amexeiras, samuel solleiro, nani garcía, M.B., ernesto v. souza, raquel ríos, davide do Arroio, Zélia garcia

fecHo de ediçoM: 14/06/2012

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

nem tão mouro

Boa ideia a do NOvAS DA GAlizA dedar duas visões do Dia das letras,mas neste caso o quadro mouro foilonge de mais. No primeiro pará-grafo vão uma série de insultos -como o próprio autor diz- que sãoapenas isso: insultos. Tremendoque fique sem eles Pinheiro, quiçáquem mais o merecia, definir Pon-dal como machista, Murguia comoracista, Cunqueiro como fascista eRisco como nazista é dar provasde uma unilateralidade de critérioe de um anacronismo ferozes; masnão serei eu quem insulte.

Recomendo-lhe a Martim Para-delo o livro de conversas com Paz-Andrade Valentín Paz-Andrade, amemoria  do  século (O Castro,1998); interessante por muitos mo-tivos. Um deles pela relação dePaz-Andrade com a CNT: sabeMartim Paradelo que o seu doesta-do, foi parabenizado por José vi-lhaverde quando foi eleito por “laMarítima” como assessor jurídico?Sabe os pormenores e anteceden-tes do atentado que quase acabacom a vida de Paz-Andrade?. Aoler o artigo de Paradelo quase sepode tomar Paz-Andrade comoresponsável do passeio de um dos

dous cenetistas, autores dos dispa-ros (cujos nomes não dá Paz-An-drade); mal podia sê-lo quandonessa altura ele próprio era perse-guido pelos fascistas.

Paz-Andrade, depois de ajudarvárias pessoas a fugirem a Portu-gal, de intentar salvar a vida de Bó-veda e outras ações foi desterradoa verim a 3 de setembro de 1936;em verim, por tratar de enviar umacarta a vigo por meio de um ca-mião, foi denunciado e multadopelo governador “civil” de Ourensepor “contrabando de correspon-dência”. Pormenor sem importân-cia se o compararmos com o inten-to de assassiná-lo, por parte dequatro falangistas, no Casino davila e do que livrou dificilmente.De verim, lugar considerado con-fortável de mais, foi desterrado aRequeixo da Queixa, em plenaSerra. volta a vigo em 1938 masem agosto de 39 é detido nova-mente e desterrado a villanuevade la Serena (Badajoz).

Em 1957, um artigo publicadoem Industrias Pesqueras, custa-lhe30 dias de cárcere. Não era a pri-meira visita de Paz-Andrade aocárcere viguês, já passara nele ou-tro mês, em 1924; desta volta pordous artigos publicados no Galiciaque dirigia e que não foram do gos-

to da ditadura de Primo de Riveraque acaba com o jornal em 1926.

É certo que Paz-Andrade foi umempresário, mas Galiza estariabem melhor com muitos empresá-rios como ele, Henrique Peinador,Álvaro Gil, Antom de Marcos ou

José Posada. Eu não considerouma lástima que valentim nãomorresse em 1932, quando milita-va no PG. Galiza teria perdido mui-to com a sua morte e eu a profundaemoção de ler, a começos dos ses-senta, o seu Pranto matricial, pu-

blicado em 1954 (em Buenos Ai-res, claro), havia que ter muito va-lor para escrever um poemário de-dicado completamente a chorar amorte de Castelao nessas datas.

Claro que também se equivocou,como quando se apresentou comos centristas de Portela às eleiçõesde 1936, mas nobody is perfect,nem Paz-Andrade, nem eu, nemMartim Paradelo.

Luís Gonçales Blasco ‘Foz’da Academia Galega da LínguaPortuguesa

resPeitem a vizinhançado bairro de sam Pedro

O Concelho de Compostela deci-diu rescindir o contrato de aluguerdo Centro Sóciocultural de SamPedro. A Associaçom vizinhal AXuntanza quer manifestar a suasurpresa polo precipitado da notí-cia e o seu fundo mal-estar polasformas com as que esta associa-çom e o bairro soubérom destaanulaçom unilateral, de um acordoque já era insatisfatório e insufi-ciente para um bairro participativoe dinámico como o de San Pedro.

A.V. A Xuntanza (Compostela)

Opovo galego enfrenta ummomento histórico emque lhe corresponde res-

ponder com audácia para avançarna superaçom de umha crise im-posta. O ciclo atual do capitalismoditado por Madrid e Bruxelas, istoé, polo marco de dependência emque se insere, nom fai mais que in-tensificar os efeitos devastadoresque levárom a Galiza a umha de-sestruturaçom social que ameaçacada dia mais a sua supervivência.

Perante umha situaçom objeti-vamente adversa, surgem em pa-ralelo resistências que apontampara a possibilidade de fazer dacrise um ponto de partida paraatingir umha mudança real. Assis-timos a umha fase em que o sobe-ranismo ganha espaços como al-ternativa no seio do nacionalismoe dos movimentos sociais e tam-bém a um momento em que o sis-tema capitalista está a ser posto emquestom cada vez mais por cres-

centes camadas da populaçom. Ovelho conto de que vivemos no me-nos mau dos modelos possíveis es-tá a manifestar a sua inconsistên-cia a medida que avança a sua que-bra como fórmula sustentável parapossibilitar o bem-estar das pes-soas a saúde ambiental.

Superarmos a imposiçom mar-cada polos poderes foráneos vaiser unicamente viável a partir doexercício da autodeterminaçom.Só com soberania o povo galego

vai poder assegurar umha au-tosuficiência alimentar quelhe permita desafiar o piordos cenários possíveis. Só

com poder coletivo terá capacida-de de seu para salvar e incremen-tar o peso dos setores primáriosque lhe permitírom manter comvida o meio rural. Só decidindopor si mesma a Galiza pode disporde recursos para reestruturar osseus meios de produçom em todosos setores para garantir o empre-go e os recursos que permitammanter umha economia auto-cen-trada. E unicamente através dopoder popular será quem de esta-

belecer um modelo económicojusto e socialmente equilibrado.

É precisamente a soberania oprimeiro que nos roubam as im-posiçons de Espanha e de umhaUE que identifica como resgate aanulaçom de qualquer tipo de saí-da diferente à que os seus especu-ladores traçam nas suas folhas derota para incrementar os ganhosa custa do sofrimento das maio-rias. E só com soberania podere-mos ser verdadeiramente interna-cionalistas e favorecer outro mo-delo de construçom de marcos po-líticos solidários para a interde-pendência entre os povos.

Soberania contra a criseeditorial

humor Gonzalo

Page 3: Novas da Galiza

As transnacionais e os seusgovernos eleitos estám aredobrar os esforços para

desmantelar o meio rural comoespaço onde se sustentam recur-sos básicos para a humanidade: aterra para a alimentaçom, a águacomo bem social e o ar limpo.

Nos últimos anos de neolibera-lismo atroz, milhares de pequenasgranjas fechárom em toda aUniom Europeia deixando de for-necer de alimentos a popula-çom em tendas, mercados, pra-ças e feiras, passando a ser asáreas comerciais e a grandedistribuçon quase as únicasonde podemos entrar a comprar,nos negócios de alimentaçom.

Também nos últimos anostenhem-se atrevido, aberta-mente e por via legal, a con-siderar a água e o ar comooutro negócio mais, bemsubstancioso na medidaem que as necessidadesde água ou de oxigenosom universais.

As decisons e o tra-balho legislativo dosgovernos afundamnesta vontade de con-verter em negócio todo

o que é básico para a vida.Nos últimos ecos do que acon-

tece na Galiza temos a lei deMontes ou o regulamento dos cul-tivos energéticos florestais, a leide Águas, os diferentes planos eó-licos ou a própria proposta de re-forma da Política Agrária Comumpara os vindouros anos.

O último é que ignoram directa-mente o extermínio por meio de

leis e agrotóxicos, e que nem sequestionem fazer campanhas pa-ra o envenenamento massivo defauna, água, meio e pessoas comtal de transmitir-nos que aquiquem manda manda, e se mandaacabar com os stocks de flufeno-xuron acaba-se, que para isso te-mos “maiorias democráticas”.

Só lhes falta por calibrar umhacousa: até quando os labregos e

labregas e oresto da so-ciedade gale-ga vamos se-guir teimandoem produziralimentos e ou-tros bens e ser-viços, até quan-do vamos seguirvivendo e traba-

lhando nessas “democraciasmaioritárias” contrárias à gran-díssima maioria.

Poderám fumigar, acabar com ariqueza dos nossos montes, esta-far-nos com impostos pola nossaágua e privatizá-la, privatizar osserviços públicos de que temos di-reito, roubar-nos as terras para re-galar-lhas às industrias energéticase da celulose, ou governar para asgrandes empresas deixando-lhesque roubem as nossas rendas compreços de escravatura.

Poderám fazer isso e muitasmais reformas laborais ou daspensons, roubos a mancheias pa-ra suster os poderosos financeirosou os negócios da saúde ou da

educaçom. O que nom tenhemcalibrado é como nos vám fe-

char a boca às pessoas que cole-tivamente denunciamos as

suas políticas suicidas maio-ritárias.

Como atalhar tantos peque-nos coletivos sociais que cre-

mos numha Galiza, num mundodistinto, em que sejam os povos,a sociedade organizada, quem

governe. As mais de 80.000 assina-turas recolhidas numha semanacontra as fumigaçons com Flufe-noxuron deveriam fazê-los refle-xionar, ainda que isso de pensarnas desastrosas consequências demuitas das suas decisons nom li-gue com “governos democráticos”,nem com parlamentos representa-tivos de partidos.

Ou pensam que só assinamos e

nos indignamos com barbaridadespolíticas a gente que votou o PP, ouo PSOE ou o BNG?

Ou é que nom estamos já na eta-pa de questionarmo-nos a cons-truçom mais alá da democraciarepresentativa, doutros sistemasde governo e de participaçon so-cial real na política?

Essa é a luita de fundo que nosmantém com vida a tantas organi-zaçons e coletivos nestes temposadversos provocados com leis pa-ra desesperançar-nos.

A luita por sermos soberanos esoberanas, e nom só na nossa ali-mentaçom. Com certeza, no Sin-dicato labrego Galego, sabemos ecremos que é possível e tambémque nom estamos sós, e que cadadia somos mais na mesma luita.

Que vaiam calibrando!

Carme Freire é secretária geral

do Sindicato labrego Galego (SlG)

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

oPiniom

Muitas famílias em Ferrol-terra vivem já o dramado paro. O seu elevado

número agrava as consequên-cias funestas de umha nova criseda construçom naval. O setor pa-dece depresons cíclicas e se ca-lhar por isso seja de utilidade co-nhecer situaçons anteriores emque observamos muitos parale-lismos. Também em 1932 a som-bra dos despidos e da escassacarga de trabalho ameaçavam aria ferrolá. Daquela, a mobiliza-çom obreira logrou contrataçonsde buques e, no mínimo, dimi-nuir o volume e impacto das re-duçons do quadro de pessoal.

Ferrol viveu umha greve geralcontinuada entre o 18 de maio eo 18 de junho de 1932. Paralisou-se o transporte, a atividade in-dustrial e o comércio. A comarcaapoiou os trabalhadores da

Construtora Naval perante aameaça de despido de 480 em-pregados. O conflito nom finali-zou até que se prometeu readmi-tir a metade dos afetados e o go-verno contratou novos barcos.

O arsenal ferrolano possuía nadécada de 30 um quadro de pes-soal de uns 4.000 trabalhadores.O setor naval atravessava umhanova crise cíclica agravada poladepressom de 1929. A guerra deCuba (1898) provocara a perda demuitos barcos da Armada, e em1907 elabora-se um plano da es-quadra, para a fabricaçom de bu-ques. Em Ferrol dá-se emprego a2.500 trabalhadores com contratofixo e outros 1.500 temporais.Quando se proclama a SegundaRepública (1931) está-se a pôr aquilha dos cruzeiros Baleares eCanárias. Mas escudando-se nacrise, o governo republicano indi-ca que nom haverá novos pedidospara a Armada. O alcaide de Fer-rol Xaime Quintanilla solicita que

se abra o estaleiro para a constru-çom de buques mercantes.

A escassa carga de trabalhogera preocupaçom entre os tra-balhadores, e o 18 de maio o go-verno anuncia a sua intençom dedespedir a 480 empregados. Des-de a Construtora Naval organi-zam-se assembleias, e convoca-se greve geral indefinida desde o19 de maio. Fecham os jornais,cessam os abastecimentos, su-prime-se o transporte e nengumcomércio abre as suas portas. Atotalidade dos Concelhos da co-marca, encabeçados polo alcaidede Ferrol Xaime Quintanilla epolo alcaide de Fene José PitaCortés -histórico sindicalista-,presentam a sua demissom e co-municam ao governo que devefazer-se cargo da administraçomlocal. indicam que os despidossuporám umha tragédia numhazona mui dependente do setornaval e numha época na quenom existem subsídios de de-

semprego e com umha baixa ta-xa de emprego feminino.

O governo aumenta os efeti-vos policiais destinados na zona,produzem-se tiroteios na cidadee a guarda de assalto causa dousmortos. O dia 20 detenhem-se oslideres sindicais, mas a protestae a greve continua dentro e forada fatoria. O governo republica-no presidido por Azaña, e noqual largo Caballero era minis-tro de Trabalho, oferece final-mente reduzir os despidos à me-tade. Serám 240 homens, esco-lhidos polos sindicatos entreaqueles operários que menos so-fram a marcha do Arsenal. Pro-mete-se a contrataçom de novosbarcos. O 16 de junho finaliza agreve e as Corporaçons locaisreintegram-se nos seus postos.Readmite-se a parte dos obrei-ros já despedidos, ainda que oarsenal nom atinge a cifra dos4.000 homens contratados aoinicio da protesta.

História repetida no naval ferrolanoHenrique sanfiz

Polo futuro do agrocarme freire

também em 1932os despedimentos ea escassa carga detrabalho ameaçavama ria ferrolana. A mobilizaçomobreira logrou contrataçons de buques e diminuir o volume e impactodas reduçons doquadro de pessoal

os governos teimamem converter em negócio todo o que ébásico para a vida.nom calibrárom como fechar a bocaa quem denunciamosas suas políticas suicidas maioritárias

Page 4: Novas da Galiza

04 acontece Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

NGZ / Perto de 20.000 pessoas ma-nifestárom-se polas ruas de Ferrolno passado domingo 10 de junhoem demanda de carga de trabalhopara o setor naval e em defesa documprimento das promessas rea-lizadas do PP a respeito da cons-truçom do novo dique flutuantena ria, infraestrutura chave paragarantir o escasso emprego destesetor que historicamente foi de-terminante na zona.

Manel Grandal, da CiG, alertousobre o perigo de que a cidade fi-que “baleira, sobretudo de gente

nova”. Assinalam que nos estalei-ros estám a rematar dous barcossem maiores perspetivas a curtoprazo, polo que “antes de finaisde 2012” a indústria auxiliar podeficar sem trabalho, permanecen-do só os postos de trabalho mo-mentaneamente em Navantia.

No passado 30 de maio por vol-ta de 4.000 operários dos estalei-ros ferrolanos realizárom umhacontundente mobilizaçom comsemelhantes objetivos, na queprendérom lume às portas doConcelho e lançárom ovos con-

tra o edifício da Junta, umha séde Bankia e o próprio Concelho.

Protagonizárom confrontoscom a polícia e com membros docomité de empresa de Navantia,que se vírom na obriga de aban-donarem a manifestaçom polosberros dos trabalhadores, que osinstavam a irem e demandavamumha nova greve geral.

Greve para o 28 de junhoA CiG convocou umha grevegeral de cinco horas -entre as 9e as 14 horas- para reclamar

“verdadeiras políticas ativas deemprego”, numha comarca es-pecialmente afetada neste ám-bito, assim como o levantamen-to do veto para a construçomnaval civil e a construçom dasinfraestruturas prometidas quepermitiriam oxigenar as con-trataçons. Assinalam que en-quanto os acordos da Juntacom a petroleira Pemex permi-tem novas contrataçons em vi-go, a área de Ferrol vem de as-sistir desde o passado outono amais de 1.000 despedimentosnas indústrias auxiliares,en-quanto carregam contra resga-tes como o de Bankia.

Condenas de prisom para sindicalistas viguesesAntolín Alcántara, da CiG, e Ra-món Sarmiento, de CCOO, fô-rom condenados no passado 30de maio a nove e seis meses deprisom pola sua participaçomna greve do metal ponte vedrêsde 2009, concretamente polaocupaçom da Estaçom Maríti-ma na sequência dos protestosonde seriam responsáveis por“desordens públicas”.

Por parte da central naciona-lista denunciam “que se persigajudicialmente a pessoas que te-nhem destacado por defende-rem os direitos da classe traba-lhadora”, enquanto os que con-sideram “causantes desta crisegozam de total impunidade”.

Por parte de CCOO declará-rom que o juízo “nom tinha porque se celebrar”, já que exis-tiam provas manipuladas naediçom dos vídeos, que obviá-rom as cargas policiais.

aconteceA vila baixo-minhota da Guarda conta des-de este mês de junho com um novo centrosocial, o CS Fuscalho, gerido pola A.C. Avelha na Horta e o Coletivo Barbantia.Apostam no reintegracionismo e anti-ca-pitalismo como sinais de identidade.

abre na Guarda o centro social fuscalho

Nos últimos quatro anos 6.000 famíliasvírom-se na rua por desafiuzamentos.A cifra de 2011 ascende a 2.000, e noque vai de 2012 somam-se já 1.370.Desde 2007 o número de desafiuza-mento multiplicou-se por três.

mais de cinco desPejos Por dia

10.05.2012 / Morre um traba-lhador em Vila Garcia trás so-frer umha descarga eléctrica.

11.05.2012 / Asilo de idosos dePonte Vedra anuncia o fechedeixando 160 internos semdestino garantido.

12.05.2012 / Mais de 30.000pessoas manifestam-se commotivo do aniversário do 15-Mem Vigo, Corunha, Composte-la, Ourense, Ferrol, Ponte Ve-dra, Cangas e Tui.

13.05.2012 / Umhas 2.000 pes-soas realizam umha marchade sete quilómetros contra ainstalaçom de um parque eóli-co na Serra do Galinheiro.

14.05.2012 / Morre um vizinhode Vigo esmagado polo trailerdo trator que estava a soldar.Em Redondela, um motoristafalece por derrubar-se o seucamiom na N-552.

15.05.2012 / Benigno López re-núncia ao cargo de Valedor do

Povo trás as polémicas decla-raçons a favor dos recortes econtra a lei de dependência.

16.05.2012 / NovaGaliciaBancoanuncia que fecha os escritó-rios de Moanha, devido àsprotestas dos afetados polaspreferentes.

17.05.2012 / Umhas 25.000pessoas, segundo a organiza-çom, manifestam-se em Com-postela convocadas por Que-remos Galego.

18.05.2012 / Protestos da vizi-nhança de Vilarinho (Camba-dos) conseguem parar o planode Rede Elétrica para cons-truir umha estaçom de altatensom na zona.

21.05.2012 / Plataforma contraas fumigaçons entrega no re-gisto da Junta 100.000 assina-turas pedindo que cesse ouso do flufenoxuron.

23.05.2012 / Máis Galiza, Espa-zo Ecosocialista e Acción Ga-

lega apresentam um acordoprogramático e político.

24.05.2012 / Antidistúrbios for-çam por surpresa em Ferrol odespejo de umha mulher e ofilho de quatro anos que impe-dira o dia anterior um grupode vizinhos.

25.05.2012 / Trabalhadores daEINSA cortam o tránsito emPonte d’Eume em protestacontra os despedimentos naempresa de artes gráficas.

cronoloGia

Cresce a luita do navalferrolano polo emprego

convocam Greve Parcial na comarca Para o 28 de junho

NGZ / Segundo a relaçom de con-vénios de colaboraçom subscritospor Trabalho e Bem-estar no pri-meiro quadrimestre do ano, o Go-verno destinou mais de três mi-lhons de euros a centros privados,entre eles vários a titularidade daigreja, para a gestom dos serviçossociais, tais como a atençom apessoas discapacitadas, a meno-res ou pessoas desempregadas.

Na listagem, publicada noDOG, chamam a atençom osacordos subscritos com a entida-de Esclavas de la Virgen Doloro-

sa-Crecente, que recebe1.038.441,60 euros, “para contri-buir à manutençom do serviçoque presta através do Centro Re-sidencial Asistencial Nuestra Se-

ñora de Fátima y Cristo Rey”; e aentidade Asociación Gallega SanFrancisco (Agasfra), que obtém2.082.955,32 euros para contri-buir “na manutençom dos servi-ços que presta através dos seuscentros de atençom a pessoascom incapacidade da sua titulari-dade”. Também som beneficiadasdestes convénios entidades comoa Confederaçom Galega de Pes-soas com incapacidade (COGA-Mi) -algo mais de 500.000 euros-;a Fundaçom Meninhos -380.000euros-; e a Cruz vermelha -por vol-ta de 300.000 euros-; entre outras.

Milhons paraque as empresas administrem osserviços sociais

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

NGZ / Após oito anos de percursojudicial, o Tribunal Supremo de-sestimou definitivamente a ape-laçom de Reganosa contra a anu-laçom das mudanças do PGOMde Mugardos, ditada em 2008polo Tribunal Superior de Justi-ça da Galiza (TSJG), polo que oComité de Emergência julga quea regasificadora “é ilegal e nompode seguir funcionando”.

O Concelho e a Junta abala-ram no seu dia a construçom daestaçom gasística sem ter publi-cado a sua declaraçom de im-pacto ambiental –recentementeaprovada– polo qual o TSJGconsiderou ilegal a sua licençade obra. No entanto, o alcaide deMugardos, Xosé Fernández Bar-cia (BNG), considera que nomse está a pôr em questom a lega-

lidade da central mas unicamen-te o “procedimento” que foi utili-zado para a sua construçom.

Baixa demanda e planos de exportaçom anuladosOs gestores de Reganosa parali-sárom a atividade da central en-tre 8 e 12 horas por dia duranteo mês de junho até a chegada deum barco prevista para o 20 dejunho, por causa da baixa de-manda do seu gás natural. Porsua vez, os governos portuguêse espanhol anulárom o acordoque tinham iniciado em 2010 pa-ra construir um novo gasodutoque permitiria enviar gás paraPortugal a partir da estaçom deTrás-Ancos, que tinha sido pro-movido polos governos autonó-micos do bipartido e o PP.

Justiça ratifica que a licença de obras da Reganosa é ilegal

anulam exPortaçom de GÁs a PortuGal

O decreto que regula o cânon da água nom cobrará fi-nalmente polos poços e trazidas de águas particulares.A volta atrás de Feijóo chega após intensas mobiliza-çons em todo o país contra esta lei. Derrogou-se tam-bém o decreto sobre fluoraçom, que obrigava a fluoraras águas de consumo público até o de agora.

Poços Particulares salvam-se do cânon da ÁGua

BNG, CiU, iCv e Amaiur apoiarám a proposiçom de lei so-bre o direito de autodeterminaçom dos povos que ERC apre-sentará no Parlamento Europeu de nom sair adiante noCongresso espanhol. Ana Miranda assinalou polo BNG quejá mantivérom reunions com “membros do PNB, gruposgaleses, escoceses e corsos”, para levar adiante a proposta.

bnG aPoiarÁ erc na defesa da autodeterminaçom na ue

26.05.2012 / Uns 70 professo-res encerram-se no IES MonteCastelo de Burela contra osrecortes no ensino.

28.05.2012 / Sindicato peniten-ciário reconhece três mortessob custódia na cadeia da La-ma em só duas semanas. AAssociaçom de Familiares eAmigos de Pressos de Madrideleva a cifra de mortos a seis.

29.05.2012 / Associaçom Cul-tural O Iribio e Associaçom Vi-

zinhal Monte Caldeirón solici-tam a paralisaçom da canteirade Cementos Cosmos em Tria-castela por usurpaçom de ter-reno do comum.

31.05.2012 / Julgado de Vigocondena a um ano de prisomum militante de Briga detidopor “desordens públicas” nagreve de 27 de janeiro do anopassado.

01.06.2012 / Tui aprova umhaOrdenança de Convivência Ci-

dadá que multa com até 3.000euros o “botelhom” a menosde 100 metros de zonas habi-tadas.

02.06.2012 / Umhas 6.000 pes-soas afetadas polas preferen-tes exigem soluçons ao gover-no central numha manifesta-çom na Corunha.

03.06.2012 / Milhares de pes-soas manifestam-se em Com-postela contra os recortes nasaúde e a educaçom.

04.06.2012 / Fenosa corta a luzpor impagamento no departa-mento de Deportes do Conce-lho de Santiago e o Centro So-ciocultural do Ensanche.

05.06.2012 / Afetados polaspreferentes tomam duas su-cursais de NovaGaliciaBancoem Ourense e no Carvalhinho.

06.06.2012 / 30 camions sabota-dos no norte da Galiza, presu-mivelmente no quadro da greveasturiana dos transportes.

07.06.2012 / Mais de 4.000 ope-rários do naval de Trás-Ancospercorrem perto de 10 quiló-metros numha marcha parareclamar carga de trabalho ecompromissos da Junta.

08.06.2012 / Estoura um arte-fato de escassa potência nasede do PP em Riba d’Úmia.

09.06.2012 / Rompem vidro eatacam com líquido inflamávelo Centro Social A Revolta doBerbês, de Vigo.

cronoloGia

NGZ / O centro social A Revoltado Berbês (vigo) foi atacado namadrugada do passado 9 de ju-nho por desconhecidos que ra-chárom o vidro da sua janelafrontal e prendérom-lhe lume nointerior com a ajuda de gasolina.As chamas só afetárom o exposi-tor de material graças à rápidaintervençom dos bombeiros, quefôrom alertados pola vizinhança.

Num comunicado emitido nomesmo dia polo coletivo acusama “polícia espanhola de ser res-ponsável, por obra ou por omis-som deste ataque fascista” polosregistos continuados com reper-cussom mediática realizados nolongo dos últimos anos no seulocal “roubando-nos umha e ou-tra vez os arquivos, o material eo dinheiro, mas sem encontrarnunca nengum elemento quenos incrimine em nengumha ati-vidade ilegal”. Aludem a que asatuaçons policiais “calculadas”os tenhem colocado “no pontode mira de qualquer fascista”,mas assinalam que nom sentemintimidaçom, senom que vemreforçado o seu “compromissode luita e determinaçom paracontinuar com o trabalho”.

A agressom soma-se às aconte-cidas recentemente contra o cen-tro social Mádia leva de lugo e oscompostelanos Arredista e Pichel.

Atacam com lume centrosocial viguês da Revolta

Governo municiPal de boiro abre exPediente contra o ‘aturuxo’

O Concelho de Boiro, governadopolo PP, abriu um expediente emfinais do mês de maio contra ocentro social Aturuxo por supos-tas irregularidades na licença coma que contam alegando dispor derelatórios contra o local da Guar-da Civil e a Polícia local. Depoisde dias de intensa atividade infor-mativa e mobilizadora por parteda militáncia do coletivo, que con-tou com repercussom em meiosaudiovisuais, impressos e digitais,responsáveis da Cámara Munici-pal acedérom a reunir-se com re-presentantes do Aturuxo. Numhareuniom celebrada no passado dia

7 de junho, em que participárom oalcaide Juan José Dieste e o con-celheiro de Urbanismo FernandoGarcía Diéguez, os responsáveismunicipais acabárom por reco-nhecer que a licença da que dis-ponhem é válida e mostrárom asua disposiçom para facilitar querealizassem pequenos ajustes namesma que permitiriam garantira continuidade do trabalho socialno seu local. Num comunicadofeito público pola associaçom ma-nifestam o seu “moderado otimis-mo” na espera de que os acordosadquiridos “se podam efetivar oantes possível”.

Pressom social fai recuar o concelho deBoiro na tentativa de fechar o ‘Aturuxo’

JANTAR POPULARno Local Social Aturuxo

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

Os três anos de Feijóo, que tomou a “austeridade” comoprincipal bandeira, deixam um balanço de um incrementoda dívida pública de 3.200 milhons de euros a 7.700, con-forme denunciou o deputado nacionalista Francisco Jor-quera. Assinalou, aliás, que “a economia galega decrescedesde que Feijóo é presidente o dobro que a média estatal”.

dívida PÚblica duPlicou-se no Governo de feijóo

A Plataforma pola Defesa do Corcoesto apresentou porvolta de 1.300 assinaturas contra o projeto de grande minade ouro a céu aberto na Costa da Morte que pretende ex-plorar a empresa canadiana Edgewater com o apoio daJunta. O coletivo ecologista verdegaia considera-a ilegalporque “utilizará cianeto” nos seus processos.

1.300 assinaturas contra a mina do corcoesto

Como foi o primeiro ano da Liga?Queríamos criar umha organiza-çom que pudessse aglutinar o es-tudantado, nomeadamente nacio-nalista e de esquerda. Consegui-mos contar com muita aceitaçomem seis campus e crescemos noensino médio. Havia que dar-lheumha volta ao movimento estu-dantil, que estava a ser deslegiti-mado nos últimos anos. Havia queposicionar-se contra as medidasdos novos governos e apostar maisna mobilizaçom e a pedagogia,que nom estavam a ser atendidas.

Por que decaiu nos últimos anoso movimento estudantil?Depois de Bolonha dava a sensa-çom de que todo estava assumidoe nom havia nada por fazer, o mo-vimento estava desarticulado, es-moreceu na sua capacidade mo-bilizadora. Da luita contra as ta-xas, que se conseguiram paralisarcom o bipartido, nom volveu ha-ver movilizaçom real, apesar deque se estavam a dar reformasmui graves no ensino. A capaci-dade de incidência era mui baixa,incapaz de pôr freio aos novospassos para o desmantelamentodo ensino público. As dinámicasdo movimento fôrom em parteresponsáveis do momento que vi-via o estudantado. Custou-nos umano encontrar fórmulas de parti-cipaçom conjuntas com outras or-ganizaçons estudantis. Havia umgrande sectarismo, umha desco-nexom profunda entre as organi-zaçons e o estudantado. Houveque fazer umha funda reflexom.

Em pouco tempo lograstes avan-ços. Quais fôrom as chaves?Tínhamos umha estrutura forteherdada dos Comités, já que nas-cemos como organizaçom hege-mónica em Compostela. Temos a

virtude de confluir setores com ga-nas de fazer cousas e nom esta-mos tam envoltos em dinámicaspartidárias como outros coletivos.Conseguimos juntar setores am-plos e plurais. É motivo de orgulhoque trabalhemos juntas pessoascom posiçons diferentes, mas nomcontraditórias, e temos claros osobjetivos e a maneira de trabalhar.A nossa praxe política, junto à su-peraçom de sectarismos, demons-trou que contamos com umha in-teressante capacidade interven-çom que foi a que nos avalizou.

Sodes partidários de realizar assembleias abertas.Trabalhamos com o objetivo dedotar de unidade o movimento es-tudantil. Com a luita contra a Nor-mativa de Permanência demoscriado umha plataforma com pre-sença de 5 organizaçons e articu-lamos entre todas umha fórmulaassemblear para dar cabida a todoestudantado, organizado ou nom.Muita gente nom tinha vontade deintegrar-se nas organizaçons e asassembleias proporcionárom-lheum espaço onde participar. É o ca-minho para conseguir criar ummovimento estudantil de massas,que resulta imprescindível.

Que consequências vai provocara Normativa de Permanência?É muito mais lesiva que a maiorparte das que estám aprovadas noestado e as suas consequênciassom nefastas, agravadas polaaprovaçom do Real Decreto. Co-

mo che obrigam a matricular-tenas matérias pendentes forçam-tea pagar por estudos em que nomvás poder ser avaliado, polo que amatrícula acabará subindo umhamédia de um 40% cada ano. va-mos passar de pagar 600/700 eu-ros a afrontar matrículas de quase2.000 euros. É umha forma de su-bir as taxas de maneira brutal.

Que é o que há por diante?Todo isto está encardinado numprojeto que nom remata aqui.Prevemos que o ano que vem vaiser mui duro para o estudantado.vamos preparar um calendáriode mobilizaçons ambiciosas apartir de setembro, para tentarque esta normativa nom chegue aaplicar-se e tentar que no ano quevem se suprima. A nível pedagó-gico nom vai ter nada de positivo,só vai contribuir a subir os custospara o estudantado.

Como avaliades as formas degoverno na Universidade?A Universidade é umha entidadeestamental profundamente anti-democrática. Parece umha orga-nizaçom do antigo regime com 3

estamentos, em que o estudanta-do, o 90% da Universidade, nomtem capacidade para decidir. Háestruturas onde tomam decisonselementos alheios à Universida-de, como o Conselho Social queaprovou a Normativa de Perma-nência, com 25 membros dos quesó 1 é estudante e onde partici-pam empresários e representan-tes eleitos polos partidos políti-cos parlamentares. A maioriaacabam por estar desvinculadosda Universidade e a sua relaçomé unicamente o interesse econó-mico. Há que suprimir o Conse-lho Social se se quer democrati-zar a Universidade. Documentosdo Ministério de Educaçomapontam a que vai ser o Conse-lho Social o que vai eleger a Rei-toria. Se isto é democracia, queme expliquem o que significa otermo. Caminha-se para este mo-delo, e tanto o PSOE como o PPcoincidem na base.

Como se pode deter esta deriva?É a pergunta do milhom. Conta-mos com trabalho militante emuita vontade. A própria Univer-sidade nom cria estruturas que

favoreçam a comunicaçom entreo estudantado nem a sua auto-or-ganizaçom, nem a informaçomou a transparência. É umha insti-tuiçom tremendamente opaca.Demandamos espaços de auto-organizaçom e informaçom parachegar o conjunto do estudanta-do. Sendo representante doClaustro eu nom tenho capacida-de para enviar e-mails aos estu-dantes, por exemplo. O grau dedesconhecimento e falta de infor-maçom demonstra-se nas elei-çons, em que unicamente votamentre um 10 e um 15% dos e dasestudantes. O trabalho militanteé a nossa única vaza para desafiaras travas que nos imponhem.

Que consequências vai ter o RealDecreto para o estudantado?Estamos fechados nas bibliotecasprecisamente contra o Real De-creto. O assunto da reduçom dasvagas nas bibliotecas -o que osmeios destacam com maior ênfa-se- é importante mas nom é o pro-blema principal, tendo em contaque vai haver um 15% menos debolsas, que vam subir um pontoas notas necessárias para acedera elas, etc. A prioridade está emdizer que este Decreto nom serve,já que afeta praticamente a todosos esteios da Universidade. Toca-nos acumular forças na comuni-dade universitária e na sociedadepara lograr botá-lo abaixo. Os rei-tores posicionárom-se em contra,o que ajudou a que a nossa luitativesse mais eco. Mas no fundoestamos a luitar por um ensinodemocrático e de qualidade, umensino que nom seja só paraquem tem dinheiro, que nom sir-va unicamente como ferramentapara a criaçom de elites, senomcomo um elemento que esteja aoserviço da maioria social.

“Há que suprimir o conselho social se se quer democratizar a universidade”

adriÁn dios é ativista da liGa estudantil GaleGa nos camPus de santiaGo de comPostela

ANTIA R.G. – H.C. / Desde a sua gestaçom em março de 2011 a Liga Estudantil Galegaconseguiu ganhar representatividade no movimento do alunado galego. Compostainicialmente por umha maioria de ex-militantes dos Comités, afirmam ter aglutinadonovos setores que nom estavam antes organizados numha estrutura alheia às di-

námicas de partidos. Nas recentes eleiçons ao Claustro da Universidade de Santia-go convertérom-se na primeira força estudantil e agora centram o trabalho na opo-siçom ao Real Decreto de “medidas urgentes de racionalizaçom do gasto públicono ámbito educativo”, polo que estám a participar nas ocupaçons de bibliotecas.

“É imprescindívelcriar um movimento

estudantil de massas”

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07aconteceNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

centros sociaiscs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

cso bairro do curaBairro do Cura · Vigo

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cso a Kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

o fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

cso liceo Estribela · Marim

cs lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

csa la madriguera del oso PardoR. México · Ponferrada

cso PalaveaPalaveia · Corunha

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

A central sindical galega CiG e a basca ElA denun-ciárom perante o Supremo o presidente do GovernoMariano Rajoy e os seus antecessores zapatero eAznar assinalando-os como culpáveis políticos dacrise. incluem também na denúncia ministros e go-vernadores do Banco de Espanha atuais e passados.

ciG e ela denunciam rajoy, zaPatero e aznar

A Associaçom Cultural O iribio e a Associaçom vizinhalMonte Caldeirom, junto com o apoio de Adega, recla-márom a finais de maio as pretensons da empresa Ce-mentos Cosmos de estabelecer umha canteira amparan-do-se num decreto franquista de 1971. Para além da ati-vidade ser privada e ilegal, a empresa carece de licença.

contestam ocuPaçom do monte comunal em triacastela

NGZ / A aprovaçom do Decreto demedidas urgentes de liberaliza-çom do comércio, inclui um apar-tado que autoriza o Ministério daDefesa a realizar contratos de ex-portaçom de armas com governosestrangeiros através dos quais secompromete a garantir-lhe o sub-ministro para depois celebrar ou-tros contratos com as empresasexportadoras. Desta maneira as-sume um papel protagonista napromoçom do tráfego de armasdesde o Estado espanhol para ou-tros países, garantindo ademais aopacidade neste comércio ao clas-sificar como secretas as opera-çons que autorizam as exporta-çons de materiais de defesa.

Agora vai ser Defesa a que as-suma as exportaçons e as nego-ciaçons de maneira direta, quan-do antes eram as empresas asque estabeleciam os contatoscom os países estrangeiros.

O ministro espanhol de Defesa,Pedro Morenés, foi conselheiroda empresa de armas instalaza

antes de chegar ao cargo público.Esta sociedade comerciava combombas de fragmentaçom, cujafabricaçom e tráfego a partir doEstado espanhol tinha sido proi-bida polo governo de zapatero.

Conforme denunciam entida-des antimilitaristas, o Ministérioda Defesa pagará 40 milhons à

antiga empresa de Morenés emconceito de indemnizaçom polo“dano emergente e lucro cessan-te” provocado pola proibiçommencionada através de terceirasempresas. O diário Cinco Días

desvendara que instalaza tinharecorrido aos tribunais para re-clamar o dinheiro ao Governo.

Ministério da Defesa atuarácomo exportador de armas

Pedro morenés lucrou com venda de bombas hoje Proibidas

A iniciativa da representaçom galega do coletivo ‘Polo Boicote, osDesinvestimentos e as Sançons a israel’ (BDS) o passado 1 de junhofoi apresentada a campanha internacional ‘Stop israel Nuclear’ atra-vés da qual pretendem que observadores da Agência internacionalda Energia Atómica (ONU) realizem inspeçons para conhecer o arse-nal nuclear do israel, um estado que nega dispor deste armamentoapesar de que diferentes investigaçons independentes corroboramque conta com importantes recursos bélicos deste tipo.

A Resoluçom 3263 aprovada pola ONU em 1974 instava a criarumha zona livre de armas nucleares no Oriente Médio, chamamentoratificado pola Conferência de Revisom do Tratado de Nom Prolife-raçom Nuclear de 2010. O processo foi boicotado por israel e os EUA.

Pedem que a ONU supervise asinstalaçons nucleares de Israel

Compostela restringe o uso público das ruasNGZ / O pleno municipal de Com-postela aprovou no passado 31 demaio umha Ordenança de “ocupa-çom e uso da via pública” atravésda qual reclama autorizaçons doConcelho para qualquer ato reali-zado nas ruas, estabelece o cobrode fianças por usar os espaços pú-blicos -mesmo para atividadessem ánimo de lucro- assim comoo pagamento polos pontos deacesso a rede elétrica, proibe a uti-lizaçom de aparelhos de megafo-nia e abre a possibilidade de de-sautorizar em qualquer momentoatividades que tivessem sido jáaprovadas por parte da CámaraMunicipal. A medida foi impulsio-nada polo Partido Popular e con-tou com os votos dos seus conce-lheiros, enquanto o PSOE foi abs-tençom e o BNG votou em contra.

vários centos de pessoas mani-festárom-se pola zona velha coin-cidindo com a celebraçom do Ple-no municipal, o que tentárom as-sistir apesar de que as autoridadesdo Concelho só permitírom o aces-so à sessom como público para umreduzido número de pessoas.

Este primeiro protesto contraa ordenança partiu de umha as-sembleia realizada o passado 28de maio, da iniciativa da Rede Fe-minista e o Cineclube de Com-postela, coletivos os que o Con-celho pretende cobrar 400 eurospor cada umha das projeçonsque estám a realizar neste mêsde junho em virtude de umha ou-tra ordenança de 2008 dirigida aespectáculos públicos lucrativos.A Rede e o Cineclube recorréroma decisom, se bem ainda nom ob-tivérom resposta por parte doGoverno municipal.

Esta reuniom informativa aca-bou por servir para a gestaçomde umha assembleia plural como lema “A Rua é Nossa”, que pro-move a colocaçom de mesas in-formativas na praça do Toural,nas sextas-feiras entre as 18 e as20 horas, com o objetivo de tor-nar visível o trabalho do associa-tivismo compostelano e respon-der os abusos do concelho aolongo das semanas em que a ci-tada ordenança se encontra emperíodo de alegaçons.

Condenam independentistaa pena de um ano de prisomNGZ / Começado o mês de Junho,conhecia-se a sentença do juízoem que se acusava a dous mem-bros da organizaçom juvenil Bri-ga de participar em “desordenspúblicas”, durante a jornada dagreve geral nacional de 27 de ja-neiro do passado ano. Finalmen-te, umha das pessoas acusadas,Adriám vasques, foi condenadoa um ano de prisom e a pagar

umha multa de 1.000 euros polotribunal penal de vigo, segundoinforma a organizaçom em quemilita. Na resoluçom, que aindanom é definitiva, absolve-se a ou-tra pessoa acusada, detida 12dias depois do dia da greve, en-quanto caminhava pola rua.Também houve umha terceirapessoa envolvida, que nom so-freu represálias judiciais.

MINISTRO DA DEFESAPedro Morenés visita tropas espanholas no Afeganistám

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08 acontece Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

NGZ /Na madrugada do 8 de ju-nho era atacada a sé do PartidoPopular de Riba d'Úmia comum artefato explosivo. A bombaocasionou danos materiais nolocal, ainda que a sua potênciaera limitada. Ninguém recla-mou a autoria do acontecido.Outro artefato causava danosno carro do diretor da fábricade artes gráficas Einsa, estacio-nado trás a morada familiar,

nas Pontes. O carro doutro dosdiretivos apareceu tambémcom três rodas furadas. Estasdisputas produzem-se numcontexto de conflito laboral, jáque a empresa anunciou 29despedimentos e recortes nossalários. A empresa denunciarao comité de empresa por con-vocar umha greve indefinida,solicitando-lhe 670.000 eurosem conceito de “greve ilegal”.

Atacam local do PP ecarro do chefe de Einsa

Mortes sem esclarecer no cárcere da LamaNGZ / Como mínimo produzírom-se no último mês cinco mortes emestranhas circunstáncias no cár-cere da lama, seis conforme ou-tras fontes. No 10 de maio faleciaDomínguez Saavedra por causasdesconhecidas, na mesma sema-na que Álex 'El Maño'. No 17 demaio falecia Saleta Muiños porsobredose, conforme a versomdos carcereiros. Haveria que so-mar a estas mortes outras duas,também sem esclarecer, ou mes-mo seis, segundo a Associaçom deFamiliares e Amigos de Presos emMadrid. Apenas três das mortestranscendêrom aos meios de co-municaçom empresariais, en-quanto a Guarda Civil nega quehouver feitos violentos por voltadas mesmas. Justo a começos des-se mês um protesto anarquista an-ti-carcerário chegou às portas da

cadeia da lama, onde todas asparticipantes fôrom identificadaspola Guarda Civil.

Agressons em TeixeiroNo mesmo mês de maio o presoF.J.F.C. di ter sido agredido porcarcereiros em duas ocasions, asegunda das vezes após ter de-nunciado a primeira. No dia 8 foisubmetido a um cacheio ilegal,após o qual um grupo de 12 a 15carcereiros lhe propinárom umhamalheira com punhadas, gomas ebarras de ferro, aplicando-lhe pos-teriormente o regime fechado. Naoutra malheira, também G.W.M.resultou lesionado por golpes doscarcereiros. Advogados de Escul-ca apresentárom umha denúnciapor “supostos delitos de tortura,rigor desnecessário e lesons”,contra os carcereiros de Teixeiro.

Aumento da tortura emaus tratos no EstadoA Coordendora para a Prevençome a Denúncia da Tortura vem deapresentar o seu relatório anual,no qual registou 280 situaçons detorturas e/ou maus tratos, que afe-tárom a um total de 853 pessoas,evidenciando um grande aumento.No caso da Galiza registárom-se38 denúncias, das quais 30 seriamresponsabilidade da polícia espa-nhola. O maior número de casosdérom-se no Dia da Pátria Galegae arredor das greves gerais. Desta-ca no caso galego a pequena per-centagem de denúncias derivadasdo 15M, enquanto no Estado espa-nhol estas atingem mais da metadedas correspondentes aos movi-mentos sociais. A CPDT destacouo medo a denunciar de muitas daspessoas afetadas.

NGZ / O movimento estudantilgalego continua a mobilizar-se em época de exames con-tra as agressons que está apadecer o ensino público. As-sim, o estudantado galego de-cidiu ocupar espaços como bi-bliotecas e faculdades em quedenunciar tanto os cortes quese estám a desenvolver comas políticas neoliberias do Es-tado coma a deficiência dasvagas para o estudo que ofer-tam as universidades do nos-so pais. Alguns dos lugaresnos que se desenvolvérom es-tas iniciativas fôrom a Facul-dade de Geografia e Históriada USC, a Biblioteca inter-

centros de lugo ou a Bibliote-ca Pública Nodal de Ourense.

Nesta última cidade, a mobi-lizaçom estudantil foi reprimi-da polas Forças de Seguridadedo Estado, que desaloxárom ofeche na Biblioteca Pública,mas o estudantado reagiu evoltou a ocupar o espaço parafechar-se nele indefinidamen-te. Em Compostela, desenvol-vem-se diversos atos paralelosao feche. Assim, através deumha 'performance' o estudan-tado compostelám declarou aindependência da Faculdadede Geografia e História e pro-clamou o nascimento da Uni-versidade Pública Galega.

Estudantes fecham-secontra o neoliberalismo

Denunciam empresa galega por contratar sicários contra indígenas em Guatemala NGZ / A empresa da Corunha Hi-

dralia Energía foi acusada, entreoutros, polo presƒidente de Guate-mala, Otto Molina de ter subcon-tratado sicários para um ataquepremeditado contra três líderes in-dígenas, um dos quais foi assassi-nado, destacados pola sua luitacontra a hidroeléctrica que a em-presa esta a instalar na vila indíge-na de Santa Cruz Barillas. HidraliaEnergía através da sua filial Hi-

droeléctrica Santa Cruz instalou-

se em Guatemala em 2008 com aintençom de construir dous proje-tos hidroeléctricos na vila indígenaque recebérom umha forte oposi-çom por parte da populaçom. Hi-

dralia é umha empresa energéticafundada na Corunha em 2006 po-los irmaos luis e David Castro val-divia que rapidamente se expandiupola América Central. luis Castrovaldivia esta a ser investigado poloTSJG na denominada ‘trama ener-gética’ por umha rede de mais de

40 sociedades e acusado de tráficode influências, prevaricaçom e su-borno. luis Castro foi mui favore-cido na Corunha polo anterior al-caide Paco vázquez e mais as suasempresas incrementárom notavel-mente os seus negócios durante osgovernos de Fraga, em boa medidagraças à mediaçom do seu cunha-do Ramón Ordás Badía, que exer-cia o cargo de diretor geral da in-dústria. Na sua mocidade foi res-ponsável de Novas Xeracions.

NGZ /A princípios deste mês dejunho a diretora geral de For-maçom e Colocaçom, AnaDíaz, reconheceu em sé parla-mentar que a Junta nom des-carta privatizar as oficinas deemprego galegas, razom queexplicaria o recorte de 109 pro-motores de emprego que con-cluirám o seu trabalho seis me-ses antes do estipulado no con-trato. A diretora geral afirmouque nom se vam desmantelaras oficinas, mas acrescentouque o “mais importante nom équem promove o trabalho, se-

nom que exista esse trabalhoque ofertar, e para isso há quecolaborar mao a mao as ofici-nas públicas e outro tipo deempresas que podam contri-buir a promover emprego”.

Os promotores de empregodespedidos repartem-se em44 da Corunha, 10 de lugo, 12de Ourense e 43 de Ponte ve-dra. O deputado nacionalistaHenrique viéitez declarouque esses postos eram absolu-tamente necessários no atualcontexto de crise económica ealto desemprego.

Sucursais de emprego,objetivo a privatizar

MARCHA À PRISOM DA LAMArealizada no passado mês de maio em solidariedade com as pessoas presas

REVISTA ABORDAXE

Page 9: Novas da Galiza

09aconteceNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

NGZ / Causa Galiza encenou opassado 9 de junho a sua aposta“numha única mobilizaçom so-beranista e independentista” o 25de julho, para o qual renuncia aconvocar com as suas siglas amanifestaçom que tinha agluti-nado a maior parte do arredismonos últimos cinco anos. Chamama “fazer um exercício coletivo demadureza política e altura de mi-ras” com o objetivo de evitar aatomizaçom deste tipo de mobili-zaçons no Dia da Pátria. O ato de

apresentaçom, realizado na Fa-culdade de História de Compos-tela, contou com representantesdo campo sindical e político, doassociativismo vizinhal, do femi-nismo e do movimento juvenil.

Por sua vez o Movimento polaBase realizou um chamamentoanterior em termos semelhantes,julgando necessária “umha am-pla mobilizaçom popular” a par-tir de umha comissom “sobera-nista e de esquerda” que permi-tisse visualizar o emergente mo-

vimento social independentista.Para além da manifestaçom

prevista por parte do BNG e oschamamentos à unidade lança-dos por independentistas, Nós-UP confirmava a convocatóriade umha manifestaçom própriano passado 11 de junho, repetin-do a fórmula do ano passado.Apostam por “um 25 de Julhopara enfrentar a crise e o capita-lismo espanhol, para afirmarque Galiza nom é Espanha econtinuar a luita até a vitória”.

Perfilam duas vias distantes paraconcretizar a alternativa ao BNG

‘comPromiso Por Galicia’ avança à marGem das assembleias

Julgam a irmá de Feijóopor acosso em EulenNGZ / Micaela Nuñez Feijóo, irmádo presidente da Junta, foi de-nunciada por um trabalhador daempresa Eulen num juízo que secelebrou em Ourense acusada deacosso moral. Ainda que a sen-tença absolve a Feijóo por “nomapreciar nengum tipo de acosso”,o trabalhador Francisco Diz, coma ajuda da Associaçom Galegacontra o Acosso Moral no Traba-lho (AGACAMT) apresentáromum recurso por considerar que ojuízo estava decidido de antemao.Segundo a sentença, umha dasbases para a absolviçom é “por-que nom existe no ordenamentojurídico umha definiçom do quese entende por acosso moral”. Se-

gundo declaraçons de Diz para oNOvAS DA GAlizA, a sentença foiassim já que “estou a luitar contrauns apelidos”. Ademais o denun-ciante assegura que com as pro-vas que tem no seu favor (entreelas mais de 500 mails enviadosentre ele e Feijóo) qualquer juízateria determinado a culpabilida-de. Depois de 20 anos na empre-sa, Diz assegura que o acosso co-meça quando Feijóo se dispom aatuar de um “modo ditatorial”, jáque as suas decisons chocam comas da sua chefa mais imediata. Nojuízo ademais, houve umhaagressom por parte do advogadode Feijóo contra um jornalista quetentou tirar umhas fotografias.

Chamam à unidade soberanista no 25-J

NGZ / A apresentaçom pública de‘Compromiso por Galicia’ -alian-ça de Mais Galiza, Ecogaleguis-tas e Açom Galega- marca naprática umha folha de rota pró-pria à margem das 43 assem-bleias que estám a participar dodenominado Novo Projeto Co-mum (NPC), que aglutina seto-res cindidos do BNG, indepen-dentistas e militantes sem ads-criçom partidária.

No comunicado emitido apósa primeira executiva de Compro-misso aludem à vontade de con-fluir com o NPC “no menor tem-po possível” para oferecer umha“proposta conjunta nacionalista,galeguista e progressista”. Porsua vez, as assembleias consti-tuíam no passado 2 de junho um-ha coordenadora para se organi-zarem com o objetivo de confor-mar umha nova organizaçom decaráter “assembleário, aberto eplural”, se bem eludírom posicio-nar-se sobre os novos passos em-preendidos pola aliança a trêsencabeçada por Mais Galiza.

Se bem é vista como natural aconfluência dos coletivos encabe-çados por Xosé Manuel Beiras -lí-der do Encontro irmandinho e po-tenciador das assembleias de ba-se- e Xoán Bascuas -um dos prin-cipais promotores de Compro-misso-, o caráter altermundista ecrítico com o capitalismo do pri-meiro choca com a aposta nas

alianças do segundo, que procuraespaços à direita do BNG. En-quanto a linha de Compromissopassa por avançar o seu caminhoaguardando umha futura con-fluência através dos factos con-sumados, no NPC convivem vo-zes concordantes com as dos pri-meiros com outras como as daCausa Galiza e setores indepen-dentistas que apostam na confor-maçom de umha alternativa so-beranista. A vontade maioritáriadas assembleias e em boa medi-da a posiçom do Encontro ir-mandinho poderám fazer que abalança vaia para um ou outrolado. As eleiçons autonómicasforçarám a tomada de posiçons.

Nós-UP fica à margemA formaçom independentista Nós-UP assinalou no passado 4 de ju-lho que a sua prioridade se centra

na construçom da “opçom revolu-cionária e combativa de massasque a Galiza necessita”, polo quejulgam que as suas forças, “nomse podem diluir em mais um es-terilizado e inofensivo projeto in-terclassista”. Sustenhem a apos-ta nas confluências baseadas nosseus objetivos estratégicos.

Aymerich e Nogueira criam o seu coletivo no BNGAbrente – Esquerda Democráti-ca Galega aglutina no BNG à mi-litáncia identificada com as tesesde Mais Galiza. Constituído nopassado 9 de julho conta com in-tegrantes do Conselho Nacionalcomo Camilo Nogueira, MariaAlonso e Xesús veiga, assim co-mo com os deputados Carlos Ay-meriche e Ana luísa Bouza ou lí-deres municipais como o viguêsSantiago Domínguez.

Rejeitam a arbitragemno caso das preferentesNGZ / As mobilizaçons dos afeta-dos polas participaçons preferen-tes continuam com força, en-quanto as dúzias de milheiros degalegas e galegos que se víromenganadas polas entidades finan-ceiras seguem à espera de poderrecuperar o seu dinheiro. Desde aclasse política fam-se declaraçonsde boas intençons face a esta pro-blemática, mas as pessoas afeta-das afirmam sentir-se enganadaspola Junta, que opta pola arbitra-gem e nom quer umha judiciali-zaçom do conflito.

Deste modo, a Plataforma deAfetados polo Timo das Prefe-rentes enviou um comunicadopara os meios nos que denúnciaque nas oficinas de Consumo“está-se a confundir aos afeta-

dos e afetadas porque se lhes re-comenda esta opçom (pola arbi-tragem), quando nom é garantiade recuperarmos o 100% do nos-so dinheiro. Seguimos a susterque a soluçom a este problema épolítica”. No mesmo comunica-do informa-se de que há 12 pes-soas que nas diversas protestasfôrom identificadas e que sevem imputadas em causas pe-nais “enquanto os delinqüentesque nos figérom isto seguem emliberdade”. Recentemente, ostrês grupos políticos do Parla-mento galego aprovárom instarà Junta e o Governo espanholprocurar “umha soluçom ime-diata” para que as pessoas afe-tadas “se lhes permita recuperaro 100% do seu valor nominal”.

ENCONTRO IRMANDINHOA decisom final do coletivode Beiras poderá incidirsobre o destino do NPC

PRAZA PÚBLICA

Page 10: Novas da Galiza

10 acontece Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

aGro

P.V. / De uns anos para atrás tornoucada vez mais conhecida a palavrabiocombustível, umha nova vagade combustíveis nom fósseis queiriam a salvar o esgotamento cadavez mais palpável das reservas depetróleo augurando tambémgrandes possibilidades de desen-volvimento para a agricultura co-mo fonte principal de subministrode matérias primas para os elabo-rar. Empregados a grande escala apartir da assinatura do protocolode Kyoto, os biocombustíveis somhoje mais um elemento a questio-nar do ambientalismo capitalistapolas graves consequências quederivam do seu uso.

Críticas nom suspeitosasRecentemente um informe daUniom Europeia questiona o usode biocombustíveis polo seu gran-de impacto ambiental. Mais jánom só a UE, também a própriaOrganizaçom para a Cooperaçome Desenvolvimento Económicojunto com a FAO venhem critican-do desde 2007 os efeitos deste tipode combustíveis. Segundo o estu-do da UE, este tipo de combustí-veis aumentam os gases com efei-to estufa sobre todo devido ao im-pacto das culturas agrícolas nadesflorestaçom. O estudo traçaum argumento principal que sesustenta no facto de que a produ-çom de grau para combustíveis sefaz directamente a carrego de ou-tras superfícies de culturas paraconsumo humano ou mediante adeflorestaçom. Além disso, certasespécies vegetais empregadas pa-ra os biocombustíveis como a soíaou canola transgênica produzemmesmo mais emissons de dióxidode carbono que os combustíveisconvencionais. Nom há que es-quecer que os derivados do petró-leo som imprescindíveis para cul-tivar num primeiro momento to-dos os graus que depois tornambiocombustíveis.

O cabildeio Mais dados saem à luz e um ou-tro estudo denominado “emis-sons de gases de efeito inverna-doiro na UE” vem de revelar que

o custo de baixar as emissonscom biocombustíveis é de entre100 e 300 euros por tonelada deCarbono. Segundo o preço atualdos créditos de carbono entrepaíses assinantes do tratado deKyoto, 6,14 euros por tonelada,os biocombustíveis som 49 vezesmais caros que a emissom de ga-ses convencionais compensadano mercado de títulos de carbo-no. Mas a que responde esta ló-gica perversa? David laborde,investigador que trabalhou paraa UE explica, “é um jeito novo esimples de subsidiar os grandesagricultores, responde ao cabil-deio dos industriais e o que cha-mam segurança energética. Es-tes buscam diversificar fontes deenergia para usar menos divisasem petróleo importado de MédioOriente. Preferem manter estasmetas a pesar de nom serem ver-des nem eficientes”.

A fame e os biocombustíveis Das duas crises alimentares quevivemos desde começo de século,os biocombustíveis jogaram umimportante papel em qualquerdelas. Se bem no ano 2008 umharazom do incremento do preçodos alimentos foram as malas co-

lheitas a nível mundial, os exper-tos aclaram que no caso do 2010a crise de preços deveu-se a um-ha alta especulaçom com os ali-mentos e a umha maior presençados biocombustíveis nos balan-ços produtivos das agriculturasamericana e europeia. No casode México um estudo recente es-tima que “a expansom dos agro-combustíveis contribui para a in-segurança alimentar. As altas depreços associadas ao etanol afe-tam negativamente os consumi-dores, especialmente os que ca-recem de segurança alimentar enão são produtores”.

Segundo os dados expostos,na atualidade existe um impor-tante conflito de interesses entrea populaçom que luita pola suasegurança alimentar e os interes-ses comerciais de governos e cor-poraçons que procuram só au-mentar dividendos. A alimenta-çom é a premissa para voltar a si-tuar-se no centro do debate.

Biocombustíveis sommais poluentes e agravamproblema da fame

mar

Mar gastou 2.700 eurosao dia em publicidade institucional em 2011A.DIESTE / Mariscadoras que le-vam anos a faenar e ás que selhes retira a ajuda para comple-mento de jubilaçom, recortesem partidas destinadas a vigi-láncia de bancos marisqueiros,feche de bilha em fundos dirigi-dos a controlar a qualidade dosprodutos do mar galegos, priva-tizaçons em serviços, impagosdas quantidades que tenhem depagar polos convénios de zonaC nas rias de Corunha e Ferrolou as ajudas por abandono daatividade.... A Conselharia doMar nom escatimou tesourasem 2011 para cumprir com osobjetivos de austeridade marca-dos polo governo de Feijóo. Masisso sim, as partidas para publi-cidade institucional antevírom-se mais vigentes que nunca.Numha comparecência no Par-lamento, o secretario geral doMar, Francisco José vidal Par-do, reconheceu, em resposta aperguntas do BNG, que a suaConselharia gastou mais dummilhom de euros no passadoexercício em convénios com di-ferentes empresas mediáticas.

Umha cifra, de uns 2.700 eu-ros ao dia de média, dirigidostanto a “publi-reportagem” dosprojetos e atuaçons da Junta noámbito da pesca, marisqueio eacuicultura; como a “subsidiar”alguns meios de comunicaçom.

Mais orçamento, menos prestaçonsCumpre lembrar que esta si-tuaçon desenvolve-se numcontexto em que os orçamen-

tos da Conselharia do Mar pa-ra 2012 aumentárom num1,7%, chegando até os 178,6milhóns de euros. Nom obstan-te o incremento orçamentário,o departamento dirigido porRosa Quintana mantém neste2012 a linha de recortes emserviços básicos para o setordo mar ao tempo que aumentaas quantidades para grandesprojetos e apostas de multina-cionais aquícolas.

Assim, a Associaçom Galegade Mariscadoras registou naConselheria do Mar um escritono que se lhe recrimina a redu-çom anunciada de um 20% daspartidas económicas destina-das ao financiamento e execu-çon dos serviços de vigilánciae assistência técnica dos ban-cos marisqueiros e pesqueiros.

BaixadaDesde 2009, com a chegada doPartido Popular de Alberto Nú-ñez Feijóo ao governo da Gali-za, as medidas e decisons ado-tadas no setor do mar fôromdeixando umha pegada no go-teio de perda e embarcaçons noseio da frota de pesca galega.Assim, no que vai de mandato,Galiza perdeu mais de 175 em-barcaçons. Delas 115 faenavamem águas do caladoiro Cantá-brico-Noroeste, umhas quaren-ta em águas comunitárias e 13que trabalhavam em pesqueriasinternacionais. A suma de todaselas suponhem centos de em-pregos menos para um setorque vê difícil saír da crise.

os fortes subsídios americanos eeuropeus mantenhem as produçons

instituiçons internacionais criticam o seu uso

trata-se de um novomodo de subsidiar a

grande agricultura

cortes drÁsticos nas ajudas

Page 11: Novas da Galiza

Trás semanas de incerteza, oEurogrupo comunicou que selhe emprestarám ao Estadoespanhol através do FROBaté um máximo de 100.000milhons de euros umha vez oGoverno espanhol faga a suapetiçom formal. Este resgatechega num momento em queo sistema financeiro estava aviver a evidência do lastre dabolha inmobiliária. As diver-sas reformas do Estado, decorte neoliberal, nom conse-guírom resolver os proble-mas da banca.

A.L.R. / No mês de maio o Governoespanhol dava a conhecer a suaenésima reforma financeira, um-ha medida que vinha acompa-nhada no tempo com o descala-bro de Bankia. Para ClodomiroMonteiro, secretário geral deCiG-Banca, o feito de que empoucos anos se sucederam atéquatro reformas financeiras indi-ca o fracasso das medidas que seestavam a implantar. “As refor-mas nom fôrom o cerne do pro-blema senom que insistírom nasreceitas neoliberais que nos trou-gérom a crise para criar macro-entidades”, opina o sindicalista.

O sistema financeiro espanholteria padecido duas grandes pro-blemáticas que levaram o setor aocolapso. Por um lado, as políticasneoliberais que se impulsioná-rom da Europa e que provocároma insolvibilidade do sistema, e poroutro a bomba de relojoaria queera para a economia a bolha imo-biliária do Estado espanhol.

Seguindo a primeira destas li-nhas, um dos golpes de timomneoliberais realizou-se atravésdos acordos conhecidos como Ba-silea i, em 1998, e Basilea ii, em2004. “Acreditavam em que osmercados e as entidades iam au-to-regular-se, que nengum gestoria levar para a sua entidade até talponto que esta pudesse quebrar”,explica Monteiro. Estes acordosforam promovidos polos bancoscentrais de diversas potências ca-pitalistas como poderiam ser Es-panha, Alemanha, Franza, Japomou os EUA. Para mais, com oatual momento de crise as políti-cas neoliberais intensificam-se eas receitas para a banca som “pri-vatizaçom, concentraçom dasempresas, ajustes e inserçom de

dinheiro público no setor priva-do”, indica Monteiro.

Os exemplos destas quatro li-nhas de atuaçom som claros: a de-sapariçom de umhas entidadessemipúblicas como som as caixasde aforros, o baile interminável defusons que está a viver a o setorfinanceiro espanhol e que está adeixar várias entidades nas maosda grande banca e de fundos deinvestimento, os ajustes laboraisque estám a desenvolver váriasentidades e a abertura de linhasde dinheiro público para a banca.

Chuva de dinheiro públicoNeste último ponto podemos verque a injeçom de dinheiro públicoàs entidades foi constante nos úl-timos anos. Fazendo memória, em2008 o Executivo de José luis Ro-dríguez zapatero impulsava oFundo para a Aquisiçom de AtivosFinanceiros (FAAF) que contoucom umha dotaçom inicial de30.000 milhons de euros e tinha afinalidade de fomentar o financia-mento a empresas e particulares.Segundo assinala Monteiro, trás aposta em marcha destas ajudas oEstado espanhol entrou em défi-ce. Nesse mesmo ano, o Governosocialista começava a emitir avaispara a emissom de dívida das en-tidades financeiras. Este mecanis-mo procurava combater as difi-culdades que a banca espanholatinha para conseguir emprésti-mos nos mercados internacionais,

e para solucionar esta situaçom oExecutivo encarregava-se da de-voluçom destes empréstimos emcaso de que as entidades financei-ras nom puderam efetuá-lo.

Em 2009 surgia também damao do PSOE o conhecido Fundode Reestruturaçom OrdenadaBancaria (FROB). Esta nova linhade dinheiro público nascia com afinalidade de financiar as diver-sas fusons de entidades bancá-rias, um processo de concentra-çom que como já observamos,aniquilou as caixas de aforros eno que o Estado contribuiu, atécomeços de 2011, mais de 9.000milhons de euros em forma departicipaçons preferentes conver-tíveis. Em fevereiro de 2011abriu-se umha nova ronda doFROB de mais de 4.000 milhonsde euros que forçou a nacionali-zaçom de caixas como Novacai-xagalica ou CatalunyaCaixa aoentrar o dinheiro público comocapital destas entidades.

Com a última reforma financei-ra do mês de maio, e a segunda doGoverno estatal do PP, cria-se umFROB 3, se bem, neste caso, “selhe vai dar um dinheiro à bancaque nom se sabe mui bem de ondevai sair nem tampouco em quecondiçons se vai ter que devolver”,explica Clodomiro Monteiro. Ofuncionamento de FROB contribuia incrementar a dívida. Segundoadmitiu o próprio ministro de Eco-nomia, luis de Guindos, na rodade imprensa na que informava dasdecisons do Eurogrupo, este orga-nismo já teria emitido dívida por20.000 milhons de euros.

Além de todas estas linhas milmilionárias de dinheiro público,que nom espantaram a fantasmado resgate financeiro por parte deEuropa e nom solventárom a cri-se financeira, há que ter em contatambém as subastas de liquidezdo Banco Central Europeu quetambém injetou imensas quanti-dades nas entidades financeiras.

O lastre da bolha imobiliáriaO segundo grande problema dabanca estatal, ademais das políti-cas neoliberais citadas mais aci-ma, é o enorme peso que as enti-dades financeiras arrastam polosobre-endividamento dos temposda bolha imobiliária. “O proble-ma que tenhem os bancos é quepara financiar essa bolha imobi-liária do Estado espanhol sobre-endividárom-se fora. No 2007 por

cada 100 euros depositados ti-nham prestados 140”, salientaMonteiro. Um dos exemplos du-rante a bolha imobiliária seria oacontecido com as cédulas hipo-tecárias. “Os bancos empresta-vam a longo prazo, mas os em-préstimos que recebem os ban-cos, para dar crédito, estavam acurto prazo. Se tu prestas umhahipoteca a 20 anos, e conseguicheisso através de um empréstimonos mercados que vence a 5 anosou a 1 ano, tes umha bóla da queé difícil sair”, explica Monteiro.

Na reforma do mês de maio, oGoverno endurece as provisonsque as entidades financeiras de-vem manter tanto em relaçomcom os ativos “tóxicos” comocom os ativos “saudáveis”, abrin-do umha nova linha do FROB pa-ra apoiar àquelas companhiasque nom pudessem afrontar, semajuda, estes novos requerimen-tos. O discurso do Executivo eraque estas medidas ajudariam adevolver a confiança dos merca-dos internacionais na banca es-panhola, mas realmente abre-sea porta a umha nova injeçom dedinheiro público, esta vez em for-ma de bonos contingentes. NGB,banco produto da fusom de Cai-xa Galicia e Caixanova, já infor-mou ao FROB de que precisaria4.500 milhons de euros paraafrontar os novos requerimen-tos. Por outra banda, insta-se àsentidades financeiras que criemumha sociedade paralela, a co-nhecida como “banco mau”, on-de se acumulem todos os ativostóxicos. Na nova normativa re-colhe-se a possibilidade de queo Estado forme parte deste novasociedade.

Na reforma de maio impulsa-se umha auditoria do conjunto dabanca espanhola a duas consul-toras: a alemá Roland Berger e aestadounidense Oliver Wyman.O quinzenal Diagonal informoude Oliver Wyman situara ao An-glo irish Bank como melhor ban-co europeu dous anos antes dasua quebra e a sua posterior na-cionalizaçom. Segundo foi infor-mando a imprensa estatal, este ti-po de auditorias é um dos passosprévios para a intervençom eco-nómica de um pais por parte da'troika' (Fundo Monetário inter-nacional, Banco Central Europeue Comissom Europeia).

11acontece

clodomiro Monteiro: “as reformas insistírom nas receitas neoliberais que nos trouxérom a crise para criar macro-entidades”economia

Dinheiro sem limite para salvar a banca

o froB já emitiudívida por valor

de 20.000 milhons

a injeçom de fundos PÚblicos Para as financeiras foi constante nos Últimos anos e vai a mais

os bancos pedíromdinheiro fora para

pagar às imobiliárias

Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

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12 internacional Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

A primavera egípcia gerou tanta ilusom no seu início como agora desesperançaa terra treme

Em Março do passado ano,em pleno processo de demo-cratizaçom dos países do Ma-greb, o na altura presidenteespanhol, Rodríguez Zapate-ro, realizou umha oferta queacabou por se converter empremonitória, convidou ospaíses árabes a seguir o mo-delo de transiçom espanhol.

DANIEL R. CAO / Dos processos re-volucionários vividos no norte daÁfrica, o mais espectacular semdúvida foi o vivido no Egipto. Omais grande dos países árabescontagiou-se das revoltas tunisi-nas em fevereiro de 2011, comum descontento representado natoma massiva da praça central doCairo, Tahrir, umha imagem e ummétodo que serviria depois deexemplo para a chamada onda deindignaçom que saltaria mais tar-de aos países ocidentais. Dezoitodias de revoluçom, culminadoscom a caída de Hosni Mubarak,em que a força dos movimentosde protesta, dos que fôrom assas-sinados mais de 800 membros, fa-zia-se progressiva apesar dascomplexas circunstáncias, no-meadamente a violência estatal.Todo isto podia fazer pensar queo modelo de democratizaçom iaser precisamente um que estavaa nascer nas próprias ruas do Cai-ro, desde um movimento quenunca aceitou as tímidas refor-mas, mas todo parece indicar queter nascido aí pode converter-senumha das suas eivas.

O percurso até as eleiçonsNo ano que decorre entre a caídade Mubarak e o processo eleitoralde maio fôrom sentando-se as ba-ses da situaçom atual. O juízo aoautocrata viu-se rodeado de gran-des polémicas, já que cada vez queeste aventava sucedia algo dramá-

tico, tendo como episódio centrala morte de 74 pessoas durante umpartido de futebol em Port Saïd,em que as forças de segurançapermitírom o confronto entre sia-reiros rivais, conseguindo assimdesviar a atençom do processo ju-dicial. Durante este tempo, a opo-siçom nom cessou nas suas pro-testas perante a junta militar queexercia o poder que habilmente, edo mesmo jeito que ocorreu natransiçom espanhola, foi abrindoas portas da legalidade a aquelasforças políticas que garantiriamumha mudança tranquila e, porsua vez, restariam espaço políticoe projeçom internacional aos re-volucionários de Tahrir: as forçasislámicas e islamistas. Neste ulti-mo grupo há que fazer duas men-çons, por umha parte à irmandadeMuçulmana, cuja chegada à lega-lidade era fundamental, dada asua implantaçom no país e com-promisso com a democracia, fun-damentado isso si, no confrontohistórico com Mubarak; e os sala-fistas, dado que a permissividade

cara eles era um garante para de-sacreditar a nível nacional e inter-nacional o movimento.

Desta época a nota positiva fô-rom os assaltos à embaixada is-raelita no Cairo e as chamadas pa-ra a libertaçom da Palestina, oqual dava a ideia de que o novoEgipto ia recuperar os percursosde um nacionalismo árabe en-frentado com o imperialismo.

O ‘Gatopardo’ egípcioA famosa tese de Giovanni delampedusa, o "todo muda paraque nada varie", fai-se tristemen-

te vigente trás as eleiçons do 23e 24 de Maio. Tam só duas can-didaturas com possibilidades,nenguma saída de Tahrir, e comdous blocos bastante definidosdivididos entre o religioso e ocontinuista. Finalmente a irman-dade Muçulmana por umha ban-da e a candidatura de AhmedShafiq passarom para a segundavolta, ante a incapacidade deatingir a maioria absoluta. Um-ha leitura geral dos resultadosoutorga mais umha semelhançacom o processo gerado trás acaida do franquismo, já que ne-nhuma candidatura é digna dese chamar reformista, os parti-dos religiosos, tanto a irmanda-de como os salafistas instaura-riam um novo regime, mais de-mocratizado, mas provavelmen-te impregnado nalgum dos seuselementos constituintes de mati-zes religiosos, com o perigo queisto supóm a nível de retrocessona conquista de direitos, e deconfrontos com os cristáns cop-tos, minoria que representa o 9%

da populaçom, mas que já foiorigem de confrontos. Por outrabanda, que o poder seja conquis-tado polo continuismo impediráque a depuraçom de responsabi-lidades posta em marcha pola ju-dicatura e parte da junta militarnom chegue a bom porto, comque é provável que se reavive aconflituosidade dentro de umhasociedade ainda mui marcadapolos anos da ditadura que, co-mo ocorreu em Espanha, podelevar a que a opiniom pública ve-ja as elites de Mubarak como ga-rante da paz social e a unidadepolítica e religiosa do país.

E Tahrir?O feito de que a esperança surdi-da das ruas cairotas nom dera osalto às instituiçons baseia-sefundamentalmente em dous fei-tos: as candidaturas de esquerdanom conseguírom a unidade e assuspeitas de que a sua adesom aomovimento nom fora sincera, se-nom por intençons eleitorais. Aoutra grande razom que explica asua ausência é que o movimentode Tahrir nom saiu de Tahrir, enum país fundamentalmente ru-ral e no que o acesso aos meiosde comunicaçom nom é precisa-mente universal fijo que as mu-danças nom passaram da capital.

FuturoDadas as variáveis e o preceden-te ementado, o certo é que o fu-turo do Egipto parece sumidonumha desesperança diretamen-te proporcional ao entusiasmoque se criara durante as revoltasde março, com umhas forças ar-madas que ainda conservamgram poder, e com disponibilida-de a fazer pequenas concessonsa partidos nom ruturistas e comuns aparatos de Estado mais afa-nados em reprimir a qualquerque ameace a sua posiçom antesde afundar numha mudança po-lítica real que, no fim, tambémcontribuiu a que eles estiveramaí. A única salvedade dentro des-ta comparaçom é algo que pou-cos países, tampouco Espanha,conseguírom fazer: fechar depor vida o autocrata.

‘egipto is not spain’o modelo da transiçom bourbónica nom é um referente adequado Para o oriente

o “todo muda paraque nada varie”

fai-se agora vigente

o estado egípcioreprime quem

pede mudanças

MAE DUM REPRESALIADO celebra perante o quartel geral dos

militares a condena a Hosni Mubarak

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13internacionalNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

“os tdoc fazem o que lhe apetece e quando lhes apetece. damossugestões: os banqueiros roubam-nos, vamos metê-los na cadeia”além minho

JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / O lugarque ocupe a Escócia no seio doReino Unido deve ser eleito po-los escoceses e escocesas. Estafrase pronunciada no anúncioprévio do Referendo nom saiu daboca de um arrivista veementesenom do mesmíssimo DavidCameron, primeiro ministro -conservador- da Gram Bretanha.Esta frase e a boca da que saiumostram a diferente cultura de-mocrática das elites britânicas

com respeito as espanholas. UmEstado de tradiçom guerreira eimperialista como é o Reino Uni-do com umha administraçomconservadora está absolutamen-te convencida de que é a Demo-cracia, finalmente, o que imperanas decisons políticas, fará todoo possível para que a sua tesetriunfe. Mas nom pom vetos pré-vios, a diferencia da posiçom es-panhola, que justifica em leis fei-tas por e para seres humanos o

seu veto prévio do Dereito a De-cidir na sua Constituiçom.

O primeiro ministro de AlbaAlex Salmom marcou para antesdo referendo do 2014 umhaCampanha pola Soberania na

que um milheiro de cidadás e ci-dadaos assinem a favor do fimda uniom com inglaterra e a in-dependência de um pais de5.000.000 de habitantes. Colos-sal e épica tarefa a que lhe espe-ra os escoceses mas reconfortan-te é saber que virom reconhecidopola metrópole um direito inalie-nável que a galegos, bascos, ca-taláns e canários ainda nom nosreconheceu essa cárcere de po-vos chamada Espanha, nem um-

ha direita espanhola de tradiçomnom democrática e fascista.

Alba, irmá maior das britónicasCymru (a próxima...) e Kernow,avanza igual que as suas irmásmenores cara a liberdade plena,sem ataduras. Nós amossamosalegria perante estes nossos ir-maos e irmás que, decidindo livre-mente, tenhem a porta da inde-pendência aberta. Todos e todasestamos pendentes do que quei-ram ser, num dos berços históri-cos do movimento operário britâ-nico (as Trade Uniom começáromaqui), segunda pátria de JamesConolly e de Jim larkin (Big Jim).

o primeiro ministro da escócia, Alex salmom, marcou para antes do referendodo 2014 umha campanha pola soberania para respaldar a independênciaPovos

‘Alba go bragh’: o direito a decidir

“com cavaco silva, portugal deixou de ser umpaís sedutor para mim: vim para a galiza”E. MARAGOTO / A ‘Chabala doMeu Curaçom’ ou a ‘Cançomcu abô minsinou’ são só doisentre os principais êxitosdos Trabalhadores do Co-mércio. Não, não se inspiramem cantigas de escárnio emaldizer nem são membrosda Associaçom Galega daLíngua. Simplesmente, somdo Norte; assim, com o ‘som’igualzinho ao nosso. As suascanções têm, aliás, muito deescárnio galaico-duriense,sempre atentos às polémicasdo momento que não deixamde ridicularizar. Agora aca-bam de editar o livro-disco‘Das turmêntas há Boua Ispe-ransa’ onde a cidade de Vigotem um lugar especial. Nessacidade, onde já tiveram os Si-niestro Total como ‘telone-ros’, mora Sérgio Castro, líderda banda, com quem fomosfalar aproveitando as ‘Con-versas no Tanque’ a que estáconvidado em Braga.

Começaram, nos anos 70, a can-tar em inglês com os Arte & Ofí-cio... e passaram para o portu-guês logo no início dos 80, jácom os Trabalhadores do Co-mércio. Mas afinal não foi umportuguês qualquer... porquê?Eu cumecei nu fim dus 60 i pas-sei pur bárias bandas, entrelas u

Psico i us Arte & Oficio. inda cusA&O em cêna, eu i u Álvaro Aze-vedo (ex-baterista dus Pop 5 idus A&O), ibentámus u prujectudus Trabalhadores. A finais de79 pensámus que se a iditôrascriam canturia em Purtuguês,purque nom em Nortênse. i logonu iníciu do anu 80, grabámus oprimeiru single: “lima 5/Que medizes au cuncurso?” i prá dosesêr completa imbentàmus tam-bém u putu cantôr. i arrasámus[texto em ‘Nortênse’].

É um percurso que muitas ban-das estão a percorrer agora...Qual acha que é a relação dasbandas portuguesas com o inglêse o português na actualidade?

Nos 70 era mais habitual cantar-se em inglês, ainda que houves-se gente como Tantra, PetrusCastrus ou os 1111, que o faziamem bom português. Nós, nos Ar-te & Oficio, cantávamos exclusi-vamente em inglês. Hoje, eu di-ria que a imensa maioria dosque têm acesso mais fácil aosmeios, é porque cantam em por-tuguês. Os que cantam em in-glês, como os Moonspell, quasenão passam na rádio, mas nemfalta lhes faz, pois têm um enor-me mercado na Alemanha.

Já naquela altura se sentia apressão dos mercados. Agora va-le a pena fazer-lhes caso ou serámelhor usar outras vias?

Os mercados são uma invençãomoderna. Em Portugal, na época,a palavra mercado referia-se ex-clusivamente ao lugar onde a po-pulação ainda hoje se abastece senão quer que lhe vendam gatopor lebre. As bandas e os músicosem geral, nem queriam ouvir fa-lar de mercado, pois significavanegócio e, por conseguinte, mú-sica comercial. Mas chegados aos80, cheirou-nos que as multina-cionais se preparavam para to-mar conta do negócio da músicaem Portugal e por isso o projectodos Trabalhadores se chamou doComércio. Além disso, era a de-signação de um grémio de traba-lhadores, altamente sindicaliza-do e activo no panorama sócio-político do país. A nós tudo istonos pareciam oportunidades paraser diferentes e polémicos logode início. Hoje, praticamente, au-toeditámo-nos, e a maioria dasrádios nacionais recusa passar anossa música nova. Querem osclássicos. É a saudade, é o fado.

Desde 1985 vive em Vigo, ondefez carreira de produtor. O seucontacto com a música portu-guesa continuou?Durante a segunda metade dosanos 80, já com um pé na Galiza eCavaco Silva como primeiro mi-nistro, Portugal deixou de ser umpaís sedutor para mim, mas os

Trabalhadores ainda se diverti-ram a tocar em simultâneo para 5forças políticas totalmente distin-tas que concorriam às eleições de87. Cavaco ganhou por maioriaabsoluta e isso acelerou a minhadecisão de radicar-me na Galiza.irritava-me profundamente a ar-rogância do personagem. Montá-mos um estúdio e a família veio vi-ver para cá. Ainda assim editámosum álbum em 1990: “Sermões atodo o rebanho”.

E na Galiza, qual foi a sua experiência mais marcante?Talvez a produção dos primeirosdiscos dos Semen Up, juntamen-te com ano e meio de digressãocom eles, ou ter gravado muitagente muito criativa enquanto oestúdio Planta Sónica durou. Édifícil de escolher.

Fazem música de intervenção osTrabalhadores do Comércio ? Os TdoC fazem o que lhe apetecee quando lhes apetece. Para nós émúsica que nos serve para deixaralgum recado e tentar chegar àspessoas. Como um alerta. Damossugestões: os banqueiros roubam-nos, vamos metê-los na cadeia.lisboa saca-nos o dinheiro e em-pobrece o Norte: autonomia.

NOTA: Por decisom do entrevistado, o tex-

to nom segue o Acordo Ortográfico de 90.

entrevista a sérGio castro, da histórica banda PortuGuesa ‘trabalhadores do comércio’

As chamadas naçonsceltas avançam paraganharem soberania

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14 Palestra Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

Palestra o conceito de propriedade inteletual e os direitos de autoriasom analisados a partir de perspetivas diferenciadas

Que a internet é o elemento deses-tabilizador que converteu a pro-priedade inteletual num tema de

debate é já um lugar-comum. O que nomsignifica que o debate deva começar e re-matar na internet. As facilidades de pro-duzir, distribuir e promover música queoferece a tecnologia atual tenhem umhaconseqüência na nossa forma de prestaratençom á música: valoriza-se a cançomsobre o disco, a primeira audiçom sobre avigésimo quinta, a erudiçom sobre a aná-lise e o son sobre o contexto. A única “so-luçom” para a pirataria massiva é que agente se decate de que ter cincocentos gi-gas de música descarregada do emule émui parecido com nom ter nada e que aexperiência estética que che podem apor-tar esses cinco-centos gigas nom é dema-siado emocionante. Suspeito que umhavez passado o fascínio tecnológico, volta-remos ao material: a abrir os plásticos dosdiscos com um cutter, a escuitar os mes-mos muitas vezes, a ir a concertos em quecheire a suor. Existe umha tradiçom nacrítica da propriedade inteletual, de raizliberal, que vê um futuro cibernético 100%como algo inevitável e a propriedade inte-letual como um freio. Mas eu gosto docheiro do suor (repito: gosto do cheiro dosuor) e creio que a crítica da propriedadeinteletual deve ultrapassar o determinis-mo das tecnologias e ler-se de umha pers-petiva a um tempo prática e ética.

Todas conhecemos casos de grandesempresas que usam sem licença can-çons de grandes músicos, e depois estesdenunciam-nas, ganham os juízos e oben triunfa sobre o mal graças aos direi-tos de autor. A risco de que manhá Gadisuse o “R.A.J.O.Y.” dos Terbutalina nassuas campanhas e eu tenha que tragaros meus argumentos, direi que o debatesobre a propriedade inteletual merece(como todos) relocalizar-se num contex-to real, galego neste caso. E que issoaqui nom acontece e, nom bem se saca odebate das nuvens dos mais famosos, osprejudicados da defensa a ultrança da

propriedade inteletual som os usuários.No contexto da música galega, preocu-par-se polos direitos de autor o únicoque fai é eclipsar os autênticos proble-mas da nossa música: a dependênciainstitucional, as dificultares para criarum circuito de ouvintes ou a simplesperseguiçom de quem programa músicagalega. Que muitas vezes o debate severticalize e eu me tenha que preocuparde que Alejandro Sanz ganhe menosquartos que antes, é injusto: a mim preo-cupa-me a subsistência dos projetos mu-sicais a pequena escala e creio que sepode ser moderadamente optimista nasituaçom atual a respeito disto, mesmofora da internet. Para os projetos musi-cais a grande escala como o do amigoSanz, concordo seguramente com el:nom creio que a situaçom seja boa, e narealidade tanto me tem. Por mim quenom subsistam. Tomar partido entre aindústria musical e as telecomunica-çons? Por favor.

Para quem aspiramos a que a socie-dade se organize de maneira comuni-tária, igualitária e autogerida, recla-mar a mao-comum da propriedade in-teletual é um bom sítio por onde come-çar. Eis a leitura ética. Se marcha atrásno tempo nom se pode dar e a opçomluddita de acabar com a tecnologia agolpes de machada (ainda que pessoal-mente cada vez me seduz mais) é pou-co realista, que mecanismo de defensada propriedade inteletual é o únicopossível nos nossos dias?

A polícia, evidentemente.

Samuel Solleiro (Ataque Escampe)

Música e suor para a comunidade

Samuel Solleiro

preocupar-se polos direitos de autor eclipsaos autênticos problemasda nossa música

Desregulamentar nom é nem signi-fica nenhum exercício de equani-midade em si, antes todo o contrá-

rio. O direito de propriedade inteletual é,entre outras, umha das formas de regularum direito patrimonial e moral que o esta-do outorga e consagra, e que tem a sua ori-gem nos tempos em que os autores perce-bérom pola primeira vez a possibilidadede terceiras pessoas se enriqueceremcom a comercializaçom da sua obra semque o próprio autor participasse dos lu-cros de forma regulamentada. Falamos doprelo, sejam livros ou partituras.

Que a gestom dada à SGAE estiveramui longe de ser exemplar personalizadana figura dalgum dos seus dirigentes (domesmo modo que a atuaçom do magis-trado Divar nom traz como conclusomimediata que devamos desmantelar o sis-tema judicial, se calhar fazê-lo mais jus-to, mais eficiente e deixar fora dele todapessoa contrária em pensamento e com-portamento) nom significa que os auto-res nom tenham direito a receber e gerirde maneira justa a parte correspondenteaos benefícios que a sua obra gera polouso comercial de terceiras pessoas. O re-curso que até agora temos para isso somas sociedades de gestom. A ninguém lheescapa a dificuldade de tal mister, daí osconstantes debates à volta deste assunto.Oferecer obras sob umha licença Creati-ve Commons nom significa que nom te-nham direito de autor. Este tipo de licen-ças oferece alguns direitos a terceiraspessoas sob certas condiçons. Cada cria-dor escolhe as condiçons com que desejaque outros acedam e utilizem a sua obra.Mas o direito de autor existe.

O outro argumento esgrimido por partede certos cidadaos a favor da negativa depagar direitos de autor é que nom sempreos autores som os beneficiados e que exis-te um constante abuso por parte das mul-tinacionais do entretenimento. Bem, pou-co que dizer neste caso. Que cada quemno seu setor se aplique o conto (Cf. os pro-blemas no setor alimentar). vivemos num-

ha sociedade de mercado mui competitivae certamente injusta por momentos ecream-me que a maioria dos autores somos primeiros interessados em que esta si-tuaçom nom tenha lugar.

O debate dos direitos de autor nom éumha circunstáncia fruito do acaso a aflo-rar no meio da voragem do desmantela-mento do estado de bem-estar, da descoe-som moral, do trato desigual flagrante en-tre instituiçons e cidadaos. De facto, al-cança o seu momento mais álgido no pon-to justo de descompensaçom das últimastrês décadas, onde as instituiçons políticascomeçam a perder pé na marejada, que opoder financeiro e as políticas “neolibe-rais”, propiciadas e iniciadas a princípiode oitenta sob os mandatos de R.Reagan eM.Thatcher, venhem levantando.

Dessas águas venhem estas lamas eainda hoje em dia podemos topar-noscom coletivos de cidadaos com francaanimadversom cara um direito adquiri-do, equitativo e compensador e reguladopolo estado para dar conta justa dumhasituaçom que por muitas transforma-çons tecnológicas que, queiramos adu-zir, sucederam, continua sendo um di-reito que protege e regula umha proble-mática real que permanece intacta a diade hoje: Que alguém se faga rico com o

trabalho dos demais sem que exista um-

ha compensaçom justa em troca. A for-ma em que esse direito deva produzir-se, melhorar, polir-se para que seja maisjusto é trabalho de todos; autores e so-ciedade civil, criadores e consumidores.É justo aqui onde tem lugar o aperfei-çoamento dessa regra em concordánciacom os tempos que vivemos.

Os direitos deautoria existem

Nani García

A má gestom da sgAenom anula o direito agerir os lucros do uso deumha obra por terceiros

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15dito e feitoNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

Acabades de tornar público jun-to com a Galiza Nom se Vende oMapa Crítico de Galiza 2012,um completo trabalho em queexpondes graficamente os pon-tos-quentes da destruiçom terri-torial do País. Como decididesempreender esta tarefa?Desde a RDS elaboráramos háuns anos um primeiro experimen-to cartográfico, a Cartografia Crí-tica da Corunha 1.0. Aquele traba-lho fora iniciático, mas verifica-mos o excelente acolhimento quetivo e a potência comunicativadeste tipo de documentos. Com oque, ao calor das diversas luitas econflitos sobre o território que seestavam dando no País, lançamosa ideia de fazer o próprio à escalagalega, dando umha visom deconjunto as resistências que, ain-da defensivamente, construemum outro País. Aproveitamos a vi-sita das companheiras argentinasde iconoclasistas, autênticos mas-ter do mapeamento crítico, paralançar um obradoiro com que jun-tamos um grupo amplo de gente epugemos em marcha a tarefa.

Os resultados falam por si pró-prios. Eram os dados que aguar-davades quando decidistes co-meçar com o Mapa ou surpreen-deu-vos o resultado?A verdade é que nom deixa de sur-preender a massificaçom dos ata-ques com que a produçom capita-

lista tenta submeter o País. Porém,há que dizer que, na maior partedos casos, é possível comprovarcomo frente a umha agressom háumha comunidade, um coletivo vi-zinhal, ativista que denuncia epropóm alternativas. Sempreadoitamos dizer que este é o mapaB, o das agressons. Entre a madei-xa de dados que ainda nom tira-mos à luz, está agora a ideia deelaborarmos um mapa A: o daspropostas alternativas que tecemdia a dia inumeráveis iniciativas.

Quais som as conclusons que ti-rades ao ver o nível de desfeita?Além de muitas consideraçons es-pecíficas sobre cada um dos eixos(económico, social ou ambiental),

a conclusom última fala em chavede urgência: existe a necessidadede opor-se frontalmente a um mo-delo de produçom e consumo queespolia os bens comuns e o fai,única e exclusivamente, para en-grossar os lucros privados.

O processo de elaboraçom dumMapa deste tipo tem que sermui longo... Como é a tarefa dedocumentaçom e como distri-buístes o trabalho entre as pes-soas colaboradoras?O certo é que o trabalho de docu-mentaçom às vezes chega a serexcessivo. A grande quantidadede dados existentes na rede pre-cisam dumha leitura pausada pa-ra verificar a sua fiabilidade. Ain-

da que haja que dizer que o poderinstitucional, económico e mediá-tico cobre com um manto de obs-curantismo temáticas específicas,tal como acontece com as explo-raçons mineiras. O trabalho fijo-se por fichas temáticas onde serecolhem a localizaçom da agres-som, o grau de afetaçom que pro-duz, a empresa responsável, da-dos gerais e as fontes encontra-das. Contodo, finalmente há quepeneirar os dados e a escolha dosque vam ser transferidos para odocumento final tem que ser sub-jetiva. Escolhermos, com critériosde potencialidade política e co-municativa, aquelas questons queé imprescindível pôr em riba damesa. Nós escolhemos em fun-

çom de três eixos, economia, so-ciedade e meio, e priorizandoaquelas agressons que tinhamclara oposiçom social.

Assististes há um par de anos auns Encontros Internacionais deCartografia Crítica. Como estáesta questom noutros lugares?Em que sítios se trabalha maiscom esta ferramenta?A cartografia como ferramentapolítica de difusom está ampla-mente estendida, tanto na Euro-pa como na América latina. Emgeral, é importante ter em contaas três questons que construemo comum denominador queagrupa todos os coletivos quetrabalhamos no mapeamentocrítico. Primeiro, é fundamentalpensar esta ferramenta comoum engenho pedagógico para adifusom da realidade social epolítica. Em segundo lugar, éimprescindível sustentar a ela-boraçom dos mesmos na coope-raçom social, no trabalho de ba-se e coletivo. É essencial o em-prego de tecnologias livres paraa elaboraçom e para a plasma-çom na rede dos trabalhos.

dito e feito

“Há que opor-se frontalmente a estemodelo de produçom e consumo”

“Queremos fazer um outro mapa com as propostas alternativas que tecem dia a dia inumeráveis iniciativas”

entrevista a antom Gómez-reino varela ‘tone’, co-autor do ‘maPa crítico da Galiza 2012’

O.R. / O neoliberalismo mais selvagem apronta as gadoupas para espoliar o querestava do espaço público: as normas que coagem o direito à rua, a construçomde complexos comerciais que rematam com a economia local ou a especulaçomcom o território para favorecer os interesses privados som só algumhas das di-námicas que nos últimos anos venhem afetando cidades como Corunha, alte-rando-lhes a morfologia e esfarelando as suas formas de vida social. Porém, portrás de qualquer conflito há sempre um “Mapa A”: o daqueles coletivos, que co-

mo a Rede de Direitos Sociais, luitam dia após dia polo “direito à cidade”, comba-tendo a precariedade em todas as suas frentes e propondo um modelo urbanojusto e democrático. O Guia de Direitos Sociais para imigrantes e a campanhacontra o PGOM da Corunha som só alguns dos seus trabalhos, enquadradosnum intenso calendário de atividades que pretendem gerar umha cidadania crí-tica e consciente dos seus direitos. Falamos com alguns dos seus membros pa-ra que nos informem do seu último trabalho, o Mapa Crítico da Galiza 2012.

“priorizamos aquelasagressons que tinhamclara oposiçom social”

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16 a exame Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

consideram como "fraudulento" o ere que Antonio fontenla propujo aos seus trabalhadoresa exame

H.C. / O presidente da ‘Confedera-ción de Empresarios de Galicia’(CEG), Antonio Fontenla, solici-tou o concurso de credores para asociedade familiar Construccio-nes Fontenla SA num momentoem que atravessava um Expedien-te de Regulamentaçom de Empre-go (ERE) e pouco depois de con-seguir o controlo dessa empresa.Acumula dívidas num valor supe-rior a 40 milhons de euros e alegaver-se forçada à suspensom de pa-gamentos por nom conseguir ven-der os imóveis e ter dificuldadespara o financiamento bancário.

Por sua vez, quem foi presiden-te do empresariado espanhol atéo escándalo desatado pola quebrada Marsáns e a denúncia porapropriaçom indevida do dinheiroque foi entregue por clientes aquem nom fôrom prestados osserviços adquiridos, Gerardo DíazFerrán continua a desafiar os tri-bunais para assegurar umha vidade luxo num momento em que to-das as suas propriedades estámteoricamente sob tutela judicialpara responder polos mais de 400milhons de euros que devem associedades que administrou. Em5 de junho passado, o juiz da Au-diência Nacional Eloy velasco or-denou o bloqueio da exportaçomde um iate embargado de 27 me-tros de comprimento que Ferránpretendia transferir para as ilhasvirgens. Os trámites judiciais con-tinuam a demorar-se favorecendoos seus propósitos.

Unanimidade na defesa do patrom dos patrons da GalizaApós tornar-se pública a entradada Construcciones Fontenla SAem concurso de credores os repre-sentantes dos partidos políticoscom representaçom parlamentarevitárom pronunciar-se sobre aconveniência de que Antonio Fon-tenla mantivesse os seus cargoscomo presidente das patronais ga-lega e corunhesa. Da parte dasconfederaçons provinciais, o líderpontevedrês e rival de Fontenla

como representante dos setoresempresariais do sul, José ManuelFernández Alvariño, manifestou"todo o seu apoio" ao presidenteda empresa em suspensom de pa-gamentos e reduziu a situaçom daconstrutora ao "ámbito jurídico".Acompanhárom-no na defesaunánime do máximo exponentedos seus interesses de classe naGaliza os presidentes das patro-nais lucense e ourensá, dizendoque o papel de Fontenla à frenteda CEG é independente das suasresponsabilidades sobre a situa-çom da construtora, que previsi-velmente acabará por quebrar, co-

mo fam quase todas as sociedadesque passam a estar tuteladas polaadministraçom concursal.

Ao concurso de credores após desbancar a famíliaNo ano 2004 dous dos irmaos deAntonio Fontenla juntavam osseus votos na administraçom da

construtora para desbancar dopoder o líder patronal. Porém, oirmao que perdia o poder esco-lheu os anos da crise da borbulhaimobiliária para injectar capitaisna empresa –mais de 5 milhonsentre 2010 e 2012– aproveitandoque a sua família estava a centraros seus interesses na América la-

tina. Umha vez obtivo 51 por cen-tro do capital, passou a solicitar oconcurso voluntário de credores.

Fontes sindicais consideram co-mo “fraudulento” o ERE que lhespropugérom e denunciárom estarpendentes de cobrar ou desfrutardias de férias de 2011. Questio-nam a má situaçom da companhiatendo em conta os lucros obtidosem exercícios anteriores.

Apesar de dever mais de 40 mi-lhons a entidades financeiras, olíder dos patrons da Galiza pos-sui ativos nas suas empresas esti-mados em mais de 110 milhonsde euros e grandes extensons deterra em lugares estratégicos.Conta com interesses nos setoresfinanceiros, na construçom, nocampo da promoçom imobiliáriae no das energias renováveis, ám-bito em que tivo como sócio aoex-alcalde da Corunha Franciscovázquez e a sua família.

antonio fontenla e Gerardo díaz ferrÁn mantenhem os lucros dePois dos seus fracassos societÁrios

Líderes patronais som responsáveispor quebrarem as suas empresas

fontenla tem ativosempresarias estimados

em 110 milhons

A suspensom de pagamentos da construtora mais emblemática do presidenteda patronal autonómica, Antonio Fontenla, coincide com as manobras do ex-presidente da ‘Confederación Española de Organizaciones Empresariales’(CEOE), Gerardo Díaz Ferrán, para ocultar o seu património embargado depois

de levar à quebra diferentes empresas –como a 'Viajes Marsáns'– e enviar parao desemprego centenas de trabalhadores e trabalhadoras. Os exponentes doempresariado manifestam-se incapazes de sustentar o seu tecido corporativoenquanto preservam os seus privilégios através de manobras legais e ilegais.

Quatro empresas hoteleiras e de viagens àsquais a viajes Marsáns deve dezenas de mi-lhons de euros denunciárom perante a Au-diência Nacional que Gerardo Díaz Ferrán e oseu sócio Gonzalo Pascual estavam a realizaroperaçons para "ocultarem aos seus credoresos principais bens que compunham o seu pa-trimónio pessoal", informaçom que a CadenaSer desvendou em primícia. Entre estes bensestariam um automóvel da marca Rolls Royceavaliado em 500.000 euros (a nome de Ángeldel Cabo, empresário acusado por ocultarbens de Ferrán), o antedito iate, dous aparta-mentos nas imediaçons do 'Central Park' deNova iorque (a nome da filha), duas quintasde mais de 400 hectares em Portugal e outrasna Baixa Califórnia, conforme investigaçonsde detectives privados incorporadas em pro-cessos contra o anterior líder da CEOE.

Os tribunais espanhóis só lhe encontráromnas contas bancárias 317 euros e mais um su-posto salário de 736 euros mensais como ad-ministrador dumha estaçom de serviço. Du-rante meses, os juízes da Audiência Nacional

Santiago Pedraz e Eloy velasco nom se pugé-rom de acordo sobre quem deveria investigá-lo e isso permitiu-lhe realizar diferentes ope-raçons através de terceiras pessoas –advoga-dos, familiares e empresários– para mascararo seu património e evitar o embargo a que es-tá sujeito até honrar a dívida contraída.

Acumulando condenaçons e processosQuem foi presidente da patronal espanholaentre 2007 e 2010 está a ser processado porapropriaçom indevida do dinheiro entreguepor clientes da Marsáns para adquirir servi-ços da empresa, umha fraude que ascende a4,4 milhons. Díaz Ferrán, que deve mais de400 milhons de euros, foi condenado a 15anos de inabilitaçom para administrar bensalheios em finais do passado mês de maio porlevar à falência a empresa Seguros Mercuriojunto ao seu sócio Pascual, com quem deverápagar 12,1 milhons. No mês de março a Fis-calia solicitou para ele umha sançom de 99milhons e umha pena de 2 anos de cárcerepor nom pagar impostos após obter o contro-

lo das Aerolíneas Argentinas. No entanto,nengum tribunal requereu para ele ordensde ingresso em prisom, apesar de se ter cons-tatado que utiliza o tempo em que se dilatamos processos contra ele para escapar e difi-cultar a acçom judicial.

Importantes interesses na GalizaGerardo Díaz Ferrán conta com vínculos fa-miliares e dispom de importantes interessesna Galiza, como analisou o NOvAS em pro-fundidade no número 87. Controlou os servi-ços de autocarros urbanos de vigo e Com-postela e nesta última cidade obtivo conces-sons para gerir pavilhons polidesportivos,um tanatório e o recinto da feira de Ámio. Nalinha de utilizar terceiras pessoas para ocul-tar o seu património, o mesmo testa-de-ferroque passou a ser titular do seu Rolls Royce,Ángel del Cabo, foi umha peça-chave paramascarar a propriedade da empresa de trans-portes Trapsa –concessionária dos autocar-ros compostelanos– segundo consta da de-núncia apresentada na Audiência Nacional.

Díaz Ferrán desafia o poder judicial

ANTONIO FONTENLA E DÍAZ FERRÁN saúdam o arcebispo compostelano na catedral

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17a denÚnciaNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

ficou impune pola cobrança de sobrepreços na venda de vivendas de proteçom oficial a denÚncia

M.B. / Pode-se dizer que TelmoMartín é umha pessoa com muitasorte. Ao longo da sua polémicatrajetória empresarial –que se de-senvolveu em paralelo à sua parti-cipaçom na política– sempre foicapaz de esquivar responsabilida-des penais ou mesmo simples san-çons. Há uns meses, o sindicalis-mo nacionalista constatava queempresas da sua propriedade sub-contratam mao-de-obra em con-diçons de trabalho escravo e comsalários de miséria em grandesobras das administraçons, mas asdenúncias caíram em saco roto eas empresas de Martín continuama optar a contratos milionários.

Umha das suas atuaçons ilegaismais conhecidas, e de que tam-bém saiu impune, foi o da cobran-ça de sobrepreços na venda de vi-vendas de proteçom oficial nobairro viguês de Návia através daConstrucuatro, empresa de quepossuía umha terceira parte. Opolítico do PP nom tivo que afron-tar a multa milionária da Juntaque recaiu sobre os outros dos só-cios da firma porque o seu nomenom aparecia nos contratos detraspasso, apesar de que, segundomanifestárom os co-proprietáriosda construtora, estava ao tantodos cobros irregulares.

Recentemente saiu à luz públi-ca um caso bem distinto mas quedeu em idêntico resultado. Destavez, a promotora imobiliária deque era sócio Martín levantou umprédio invadindo o dominio públi-co marítimo-terrestre na praia deSilgar, em Sam Genjo, o que moti-vou umha denúncia do coletivoSalvemos Pontevedra em 2005que se resolveu com a aberturadum expediente por parte dumtécnico da Junta que impom umhasançom de três milhons de euros.

Entom, o conselheiro das Pes-cas, Enrique lópez veiga, man-dou arquivar o expediente, deci-som que foi recorrida junto dostribunais ao entender que a com-

petência para fazê-lo é do Conse-lho do Governo galego e nom doconselheiro. Foi finalmente o Tri-bunal Supremo o encarregado deconfirmá-la. Agora vimos a saberque o Conselho da Junta do pas-sado 24 de novembro arquivoudefinitivamente o expediente semque a decisom figurasse com oresto de assuntos tratados que oGoverno galego entrega aosmeios de comunicaçom.

Mais de 200 fólios no expedienteMas o acaso ainda havia de o favo-recer de forma mais evidente numcaso muito mais grave. Nesta oca-siom, o político e promotor imobi-liário viu-se indiretamente benefi-ciado pola momentánea desapari-çom do suporte documental dum-has diligências que poderiam con-duzir a que fosse imputado pornegociaçons proibidas a funcioná-rios públicos e tráfico de influên-cias na venda duns terrenos.

O caso tivo um importante econos círculos judiciais galegos, masnom mereceu um especial trata-mento da parte da maioria dosmeios empresariais do País. Pareceque a ninguém despertou suspeitasque poida perder-se a pista a maisde 200 fólios –entre escritos, relató-rios da Guarda Civil, depoimentos

de testemunhas, planos e autos–que conformavam um expedienteque já começara a ser reconstruídocom as achegas do advogado daacusaçom particular quando foiachado por um funcionário num-has dependências do Julgado quejá foram revisadas antes.

O próprio fiscal-chefe de Pontevedra advertira publicamente aopouco de se conhecer a desapari-çom da causa que “caso alguénpretendesse ocultá-la polas razonsque fossem, fijo-o mui mal porquetodo está guardado em suporte in-formático”. De todos os modos, ti-vo que ordenar a reconstruçom doexpediente porque só o suporte empapel tem validade na Administra-çom da justiça. Pouco tempo de-pois, ficava a saber-se que um fun-cionário encontrara o expediente.

Levantam o arquivamentoA origem das diligências remontaao ano 2006, quando a Associa-çom de vizinhos/as Sam Cristovode Porto Novo, em Sam Genjo,

apresenta umha denúncia no Jul-gado número 2 de Cambados con-tra a construçom do edíficio ilhasAtlánticas porque os terrenos ocu-pavam a zona de servidom do rioBaltar. O juiz chegou a paralisarna altura as obras, na seqüênciadum relatório do Seprona, masem 2008 decidiu arquivar o caso erejeitar a apelaçom vicinal.

No entanto, o advogado da acu-saçom apresentou um recurso dereforma diante da Audiência Pro-vincial em que fazia notar que ojuiz decretara o arquivamentosem antes lhes entregar um rela-tório da Junta nem lhes comuni-car que a bióloga designada comoperito judicial nom aceitara o car-go. Ao mesmo tempo, fazia cons-tar que a decisom foi adoptadasem se apreciar um escrito apre-sentado em 2007 em que se pu-nham em conhecimento do ins-trutor e da Fiscalia “novos feitosde que se tivo notícia através dasdiligências de instruçom de quepoderiam decorrer responsabili-dades penais” contra Telmo Mar-tín e outras pessoas.

É entom que a Sala decide de-cretar a nulidade de todo o atuadoa partir do auto de arquivamentodo juiz e requere ao Julgado quecontinue a investigar “por se de-

corressem responsabilidades pe-nais, delitos de natureza distintaaos que dérom lugar à aberturadas diligências e sobre as quaisnom se pronuncia o juiz instru-tor”. Apesar disto, nom consta queaté o momento se tenha avançadonada na investigaçom dum casoque voltou à atualidade ao divul-gar-se o desaparecimento e poste-rior recuperaçom dos mais de 200fólios que integravam o suportedocumental das diligências.

Negócios com a família Cuíña O projeto que poderia chegar asentar o ex-candidato do PP à Al-caldia de Ponte vedra no bancodos acusados tem como atoresprincipais vários membros da fa-mília doutro ilustre político-em-presário, o já desaparecido JoséCuíña, conselheiro da Política Ter-ritorial com Fraga. Dous dos seusirmaos, Ramón e Eladio, mercá-rom a Telmo Martín através daempresa Construziona uns terre-nos na zona de Baltar, em PortoNovo (Sam Genjo), incluída den-tro do catálogo de zonas húmidasda Conselharia do Meio Ambien-te, onde levantárom um edifíciocom cem vivendas de luxo.

A adquisiçom das fincas, quali-ficadas como rústicas, remonta aoano 2000, meses depois da chega-da de Martín à Alcaldia de SamGenjo. Em 2003, o Plano Geral deOrdenamento Municipal conver-te-as em urbanizáveis, polo queuns terrenos que fôrom adquiri-dos polo regedor por 150.000 eu-ros som vendidos trás a aprova-çom do documento por quase trêsmilhons à familia Cuíña em de-zembro de 2004. Tempo depoisoutorgava-lhes a licença para pro-mover o polígono de vivendas eassinava um convénio urbanísticocom a imobiliária mediante o qualrenunciava ao aproveitamento lu-crativo do Concelho no polígonode vivendas em troca de poucomais dum milhom de euros.

a documentaçom PoderÁ levar à imPutaçom do ex-alcalde e dePutado do PP Por trÁfico de influências

Encontram as diligências judiciais contraTelmo Martín extraviadas em Cambados

Há membros da famíliacuiña implicados no

processo de cambados

Um funcionário dos Julgado número 2 de Cambados encontrou as diligências1358/2006, abertas por um suposto delito contra o meio ambiente na constru-çom dumha urbanizaçom em Porto Novo por parte dumha empresa da familiaCuíña e que desapareceram em novembro do ano passado. A causa, se pros-seguir, poderá levar à imputaçom de Telmo Martín, ex-alcalde de Sam Genjo edeputado espanhol do PP, por supostos delitos de negociaçons proibidas a

funcionários e tráfico de influências derivado da venda dos terrenos onde selevantárom as vivendas. A recuperaçom dos expedientes ocorreu pouco de-pois de que o fiscal ordenasse a sua reconstruçom. No fecho desta ediçomos julgados de Cambados remetérom o expediente recuperado ao TribunalSupremo para que esta entidade estude a sua possível imputaçom ao tratar-se de um deputado do Congresso espanhol e portanto aforado.

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18 a fundo Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

a fundo As técnicas mais habituais som o branqueamento de capitais,maquilhagem nas contas e sobretodo os paraísos fiscais

XAVIER MIQUEL / As técnicas maishabituais som o branqueamentode dinheiro, a engenharia conta-bilística e sobretodo os paraísosfiscais. A maioria das onze em-presas galegas que cotizam embolsa tenhem ramificaçons, em-presas subsidiárias ou testas-de-ferro que atuam nestes estados,caraterizados por umha legisla-çom fiscal mui laxa e sobretodopolo segredo bancário que impe-de a completa investigaçom dassuas operaçoms. Ainda que aHolanda não seja consideradaum paraíso fiscal, é um dos paí-ses preferidos polas grandes fir-mas galegas para se estabelece-rem através das chamadas em-presas Bv. Estas empresas bene-ficiam de fortes deduçons no pa-gamento do imposto deSociedades e dum melhor trata-mento fiscal para as mais-valiase os dividendos das suas filiaisnoutras latitudes. O caso da indi-tex é um dos mais notáveis. Estaempresa, com múltiplas filiaispor todo o mundo e com uns re-cursos próprios de perto de 500milhons de euros, iniciou a suaexpansom internacional em 1998através da empresa zara HoldingBv radicada em Breda (Holan-da). E nom é a única empresa doimpério inditex com sede em es-paços fiscalmente favoráveis jáque polo menos há 12 empresasfiliais nestes territórios (comoHong Kong ou a Suíça), algum-has dedicadas a atividade imobi-liária. Ademais, o relatório doObservatório de Responsabilida-de Social Corporativa indica queseis empresas da inditex sedea-das em paraísos fiscais nom for-necem documentaçom sobre asua atividade, tal como acontececom outras grandes empresasgalegas, como a farmacêuticazeltia, Adolfo Domínguez ouPescanova, que tenhem váriassociedades filiais em paraísos fis-cais. Entre os casos mais recen-tes é de salientar que o presiden-

te da Pescanova, Manuel Fernán-dez de Sousa-Pazo, vendesse 5%das suas açoms em julho do anopassado a umha sociedade de in-vestimento do luxemburgo colo-cando-a como a terceira máximaaccionista do grupo. Além disso,o ministério da indústria espa-nhol destacou que em 2007 asgrandes empresas da Galiza si-tuavam a comunidade como aterceira do estado com mais “in-

vestimento legal” em estadosconsiderados paraísos fiscais co-mo as ilhas Malvinas, Caimámou Hong Kong.

Casos conhecidosMas nom só as grandes empresassom aficionadas à fraude fiscal.Entre os casos conhecidos ulti-mamente destaquemos os290.000 euros que a Agência Tri-butária reclama ao ex-alcalde

compostelano Conde Roa pornom declarar o ivA dos seus ne-gócios imobiliários. Ou o daconstrutora de ‘villa PSOE’, a serinvestigada por umha fraude de50 milhons de euros à Fazendapública numha rede de faturasfalsas. Ou recordemos tambémque em 2009 saiu à luz uma in-vestigaçom da Fazenda em rela-çom a várias empresas espanho-las por umha fraude na compra

de jets privados. Nesta investiga-çom resultou envolvido ManuelJove pola compra dum jet sem asua declaraçom do ivA nem damatriculaçom. A nível estatal vá-rios som os casos conhecidos so-bretudo a partir de duas filtra-çoms de trabalhadores dos ban-cos HSBC da Suíça ou do lGT doliechtenstein. No primeiro des-cobrírom-se mais de 3000 contasbancárias de 1500 cidadaos espa-nhóis no valor de 8000 milhonsde euros. Os nomes dos titularesdestas contas nom se dérom a co-nhecer, mas, segundo fontes dainvestigaçom, entre eles “estámtodas as grandes fortunas do es-tado”. No segundo fôrom publi-cados os nomes de 67 pessoas,entre as quais o industrial bascoAlejandro legarda (presidenteda ferroviária CAF), o pai do pre-sidente da Generalitat catalá, Ar-tur Mas ou o cantante AlejandroSanz, um dos maiores luitadorescontra a pirataria informática.

Galiza: a engenharia contabilística traduz-se em 9.200 milhons de fraude

o dinheiro aGochado multiPlica Por 9 o total de cortes em saÚde e educaçom dos Últimos 3 anos

Segundo os últimos dados da organizaçom Gestha referidos ao ano 2009, afraude fiscal na Galiza ascende a 9.200 milhons de euros (13.900 milhons, secontarmos a fraude à Segurança Social). Isto equivale a 26,3% do PIB galegoe é dez vezes mais do que todos os recortes em saúde e educaçom que se fi-gérom no País nos últimos três anos (1.000 milhons de euros). A nível espa-nhol, a Gestha (que agrupa os técnicos das finanças do estado) estima que o

volume da fraude fiscal monta a 250.000 milhons de euros, 70% do qual éobra das grandes empresas. Assim, denuncia a Gestha que “se está a perdera batalha contra a fraude fiscal com umha estratégia claramente equivocada”e umha legislaçom laxa e umha política governamental que há anos que con-trola com lupa as rendas de trabalho, os autónomos e as microempresas, emvez de atacar as grandes bolsas de fraude das grandes empresas.

empresas da inditexsediadas em paraísosfiscais nom fornecem

da sua atividade

Para além das práticas de engenharia fiscallevadas a cabo polas grandes empresas, ogoverno espanhol procede ademais a cola-borar com os evasores de impostos para re-gularizarem a sua situaçom irregular. Assimchega a proposta do PP sobre a amnistia fis-cal com o propósito de arrecadar 2500 mi-lhons para o erário público. Com esta pro-posta, as rendas repatriadas antes de 30 denovembro tributarám 10% e os dividendosobtidos no estrangeiro 8%, com a promessa

do Governo espanhol denom perguntar de onde ve-nhem essas contas nem co-mo fôrom conseguidas. Ou-

tra das técnicas utilizadas desde há anos somas das Sociedades de investimento de capitalvariável (SiCAv), empresas cujo objetivo éinvestir em ativos financeiros. A grande van-tagem que tenhem é que tributam só a 1%(contra 35% que tributam as outras socieda-des) e durante os últimos anos fôrom umhagrande ferramenta para as grandes fortunasgalegas, que chegárom a ter nestas socieda-des 3720 milhons de Euros. As maiores Si-CAv espanholas levam nomes de empresá-

rios galegos como o de Amancio Ortega (Ke-blar de inversiones e Alazán de inversiones),Rosalia Mera (Soandres de Activos) ou Ma-nuel Jove (Doniños de inversiones). Mas nosúltimos meses, devido sobretodo a crise fi-nanceira, os resultados dalgumhas destas Si-CAv estám a ser menores dos previstos. Daíque o dono da inditex tenha reduzido ao mí-nimo as suas duas SiCAv mais importantesde maneira a transferir boa parte do seu ca-pital para umha nova sociedade patrimonialchamada Pontegadea inmobiliaria. Destemodo reduzirá ademais significativamenteos gastos do imposto de Património, estima-dos em 1.200 milhons de euros.

A fraude legal

GERARDO CONDE ROA foi forçado a demitir como alcalde deCompostela pola fraude à fazenda

Page 19: Novas da Galiza

19em anÁliseNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

ALONSO VIDAL / A Uniom Europeiapropom um indicador para mediro risco de pobreza e exclusom so-cial. O chamado AROPE (At RiskOf Poverty and/or Exclusion) con-templa três fatores: A renda (po-pulaçom abaixo do limiar da po-breza), a privaçom material seve-ra e a intensidade de trabalho (po-pulaçom sem trabalho por lar).

No nosso caso, cerca de 17% dapopulaçom galega vive abaixo domínimo de pobreza, mais de111.000 pessoas sofrem privaçommaterial severa e mais de 200.000mil (7,8%) vivem em situaçonsque podem considerar-se de “bai-xa intensidade de trabalho”.

O panorama agrava-se se temosem conta que, segundo o institutoGalego de Estatística, umha emcada três famílias galegas depen-de, para subsistir, das pensons dereforma ou das prestaçons por de-semprego. A instabilidade destetipo de rendimentos é evidente.Além disso, as políticas de recorteque assume o governo para sa-near os bancos e cumprir normasde deficit impostas pola UniomEuropeia, assanham-se nas políti-cas de emprego, pensons, saúde eserviços sociais.

Assim não é apenas a crise fi-nanceira, mas as medidas anti-so-ciais dos governos espanhol e ga-lego que acentuam a situaçom deprecariedade absoluta. Ademais,essas políticas mostram-se inefi-cazes e parecem longe de propi-ciar o final da crise, aumentam osdesequilíbrios sociais e a pressomsobre a classe operária.

No Estado espanhol, em ape-nas três anos, a distáncia entresetores (o 20% mais rico ao 20%mais pobre) passou de 5.3 pontospara quase 7. Na Galiza, estasmesmas políticas de “ajuste” le-varam a fazer aumentar essa di-ferença até 24%.

O silêncio de FeijóoOs grupos políticos e diversoscoletivos sociais clamam contrao silêncio sonoro do presidenteda Junta. O último que se lhe re-corda ter dito sobre o tema foi apromessa –em campanha eleito-ral– de acabar com o desempre-go em 45 dias. O número oficial

de desempregados atualmenteanda à beira de 265.000, e maisde metade som já dempregadosde longa duraçom. Mais de70.000 famílias na Galiza tenhemjá todos os seus membros no de-semprego. A opçom de acolher-se polo menos a uns serviços so-ciais dignos também é dinamita-da polo governo do PP, encarre-

gado de destruir a já mínima ar-maçom existente nesse campono setor público. Fechar, recortare privatizar para desatender.

Irrelevantes serviços sociaisirrelevante. Depois de ter analisa-do pormenorizadamente o siste-ma de serviços sociais da Galiza,esta é a qualificaçom que lhe me-

rece à European Anti Poverty Net-work EAPN (Rede Europeia deCombate à Pobreza e à ExclusomSocial), coaligaçom independentede ONGs e outros grupos envolvi-dos neste tema nos Estados-mem-bros da UE. Entre os resultadoscabe sobretodo salientar as carên-cias observadas.

Em matéria de direitos, deter-mina-se que nom foi desenvolvidoainda o catálogo de direitos reco-nhecidos e que o País carece deum Plano Estratégico e de Cober-tura. Por outra parte, o esforçoeconómico realizado para susten-tar os serviços sociais é sensivel-mente menor na Galiza que no Es-tado (256,1 €/habitante contra 280da média espanhola). A coberturatambém é menor, pois alcançaapenas 1.26% da populaçom con-tra 1,59% estatal. Finalmente, arenda mínima de inserçom é rece-bida por umha em cada 356 pes-soas na Galiza, menos de metadeque na média estatal.

Mas a desproteçom dos mais

desfavorecidos plasma-se comcontundência no “limbo da de-pendência” forma curiosa que seutiliza para situar as pessoas quetenhem reconhecido o direito àsajudas da lei de Dependência,mas que ainda nom recebem naprática essa prestaçom do recursoque lhes corresponde. Em finaisde 2011, esta situaçom afetava naGaliza 44.3% das pessoas com di-reito ao serviço. A média estatal éde 28.9%. A lei de dependênciaque os nacionalistas teciam no Bi-partido, foi esvaziada logo empoucos meses desde a chegada doPP ao governo.

Também destaca Feijóo na es-cassa cobertura de vagas residen-ciais para pessoas de mais de 65anos –com 2,8 vagas em cada 100pessoas contra as 4,69 do Estado–, ou na falta de atençom dos servi-ços ao domicílio a pessoas idosas,com umha cobertura de apenas1,66%, longe da média estatal de4.69%.Finalmente, as vagas de aloja-mento para pessoas sem lar somno nosso País de 28,47 em cada100.000 habitantes. No Estadochega a 34,5.Os últimos Orçamentos Gerais doEstado para 2012 vam no cami-nho empreendido de aumentar apressom sobre as camadas maisdesfavorecidas da sociedade enesse sentido som rejeitados porcoletivos empenhados no comba-te à exclusom social. A própriaEAPN, tem-se manifestado nessesentido considerando-os despro-porcionados e insolidários. A suaalternativa aos recortes sociaispassam por perseguir a fraude fis-cal em vez de amnistiá-la ou esta-belecer um imposto sobre as tran-saçons financeiras.

o esforço económico para sustentar os serviços sociais é sensivelmente menor na galiza que no estado em anÁlise

Medidas de ajuste trazem mais pobrezaestima-se que Por volta de 100.000 GaleGos e GaleGas subsistem em condiçons de Pobreza extrema

Mais de 600.000 pessoas vivem na Galiza em situaçom de pobreza, o que repre-senta 21,49% dos dous milhons e oitocentas mil pessoas que oficialmente resi-dem na “Comunidade Autónoma”. Cada número oculta um projeto de vida que acrise financeira arrasou com a cumplicidade dos governos espanhol e galego.

As políticas económicas que propugnam e imponhem os governos direitistascontribuem para piorar a situaçom já precária das famílias galegas. Segundodenuncia a Cáritas, 100.000 galegos e galegas –quase a populaçom de umhacidade como a de Ourense– subsistem em condiçons de pobreza extrema.

umha em cada trêsfamílias depende de

pensons ou subsídios

comParativa da cobertura em serviços sociaisSERVIÇOS GALIZA ESTADO

Despesas consolidadas em serviços sociais

256,09 € 280,00 €

Percentagem de pessoasque recebem prestaçons*

1,26% 1,59 %

Limbo de Dependência 44,30% 28,90%

Beneficiários de rendas mínimas por dependência

1 em cada 355,7 hab. 1 em cada 147,6 hab.

Vagas residenciais paramaiores de 65 anos

2,80% 4,30%

Pessoas que recebem ajuda a domicílio

1,66%4,69%

Vagas em centros de diae de discapacitados

29,23% 35,24%

Pessoas sem lar. Vagas de alojamento

28,47 em cada100.000 hab.

34,5 em cada100.000 hab.

Dados das carências de cobertura em serviços sociais da Galiza comparativamente ao estado espanhol.A partir de fontes da Cáritas, Cruz Vermelha e EAPN-Galiza* Percentagem sobre o sobre total da populaçom.

A lei de dependênciafoi esvaziada logo empoucos meses desde

a chegada do pp

feijóo tinha prometidodar soluçom para o

desemprego em 45 dias

GABRIEL TIZÓN

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20 em anÁlise Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

familiares e amizades de ativistas no cárcere enfrentam riscos eelevados custos económicos por umha situaçom que viola as leisem anÁlise

C.C.V. / A política penal do Estadoespanhol diz ter um fim ressocia-lizador, como proclama a Consti-tuiçom de 1978 no artigo 25º.2. Osartigos 12º.1 da lei Orgánica Ge-ral Penitenciária, e o 9º do RegimePenitenciário, entre outros, pres-crevem que “a política de redistri-buiçom geográfica dos penadosdeve estar encaminhada a evitar odesarreigo social [...] procurandoque as áreas territoriais coinci-dam [...] com o mapa do Estadodas Autonomias”. Mas a disper-som é umha arma política siste-maticamente usada no conflitobasco, e por extensom no cataláme galego. A direçom do PP recor-dou recentemente que esta ilegalpolítica de dispersom “foi útil econtinua a ser útil”.

Na seqüência das primeiras dis-persons dos presos do EGPGC em1988, o juiz Juan luis Pía criticaraos traslados a Espanha, enquantoluciano varela –agora demonizadopolos defensores de Garzón– de-fendeu num relatório de Jueces pa-ra la Democracia desse mesmo anoo direito dos presos guerrilheiros aficar na Galiza, sendo rejeitado po-la corrente maioritária encabeçadapor Juan A. Belloch.

Condenaçons internacionaisRelatórios da Amnistia interna-cional, do ‘Defensor del Pueblo’,ou dos relatores especiais das Na-çons Unidas como Martin Schei-nin ou Theo van Boven tenhemreiteradamente contestado a lega-lidade jurídica da política espa-nhola de dispersom, que mesmoviola acordos da ONU como a re-soluçom 43/173 de 1988. Em ju-nho de 1996, o Parlamento Euro-peu aprovou –com votos em con-tra de PP e PSOE– umha resolu-çom condenatória das políticas deafastamento, por considerá-lo umcastigo acrescentado às penas.

SobrecondenaçomSegundo o estudo Mil voces Presas,89% das pessoas que estám presasperto da sua cidade recebem visi-tas, contra apenas 53% das que se

encontram encarceradas noutraprovíncia. No caso das presas polí-ticas, que contam com umha redede solidariedade forte, o efeito dadispersom nom é tanto a diminui-çom de visitas quanto o grande en-carecimento em custos humanos eeconómicos das mesmas.

No sistema penitenciário espa-nhol todo parece pensado para di-ficultar as visitas. Os cárceres es-tám situados normalmente em zo-nas desabitadas aonde nom há jeitode se chegar em transporte público,dando-se por vezes a surrealista si-tuaçom de que os horários de auto-carros nom correspondem ao dasvisitas. O próprio horário de visitas,estabelecido pola direçom dos es-tabelecimentos penitenciários, difi-culta-as ainda mais: comunicaçonsà última hora do domingo, o queobriga a passar perigosamente anoite na estrada para se chegar nasegunda-feira ao posto de trabalho;vis-à-vis entre semana, obrigando

a pedir dias de folga, ou avisos dealteraçom nos horários minutosantes da visita e após centos dequilómetros às costas.

262.400 euros anuaisA plataforma cidadá Que Voltem à

Casa quantificava em 8.400 eurosanuais os gastos ocasionados nafamília e amizades dos presos po-las visitas às cadeias. Tinham emconta só os quatro presos indepen-dentistas do momento. Conformeesses mesmos padrons, e conside-rando todos os presos políticos ga-legos da atualidade, resulta um to-tal de 262.400 euros de despesasanuais, e mais de 25.000 km. de

deslocamentos para as cadeias es-panholas a partir da Galiza cadafim de semana para as visitas.

Acidentes rodoviáriosO último acidente conhecido nasvisitas foi o sofrido por três moçasde vigo ao dirigirem-se à cadeia deCórdova para visitar o preso Eduar-do vigo, de que felizmente saíromilesas apesar do sinistro total docarro. Em junho de 1994 HelenaChao e Teunis van Rijzewijk per-diam a vida num acidente de carroem Ponferrada, numha visita adous presos do EGPGC – presosaos quais, aliás, foi recusada per-missom para assitirem ao enterrodos familiares. No caso basco, um-ha quinzena de pessoas morréromnas estradas da dispersom.

Tradiçom de apoio popularDesde a época da lAR, o proble-ma da dispersom é umha dasprincipais preocupaçons do mo-

vimento independentista galego,que nos últimos vinte e cincoanos apenas estivo três mesessem alguém preso. Atualmentefam-se atividades solidárias eatos reivindicativos quase a cadasemana em diversos pontos doPaís, organizados pola Ceivar,Que voltem à Casa, os Comitésde Apoio a Telmo varela, o Cole-tivo de Presos/as independentis-tas Galegos/as, ou o Comité deSolidariedade no caso do ámbitodo PCE(r). Dúzias de manifesta-çons nacionais, abaixo-assina-dos, publicaçons, concentraçons,jantares, concertos ou discos so-lidários, encadeamento na Em-baixada espanhola em lisboa,cartas a Fidel Castro, greves defame, “feches” nas cadeias, boi-cotes ou marchas às cadeia, somtestemunho de umha já longa ediversa atividade na luita anti-re-pressiva do movimento galego.

Reaçons institucionaisO nacionalismo institucionalmantivo diversas atitudes em re-laçom ao problema da dispersompenitenciária, passando de mani-festar certo interesse nos primei-ros anos logo após a morte deFranco, ao silêncio absoluto dopresente. Em 1992, DomingosMerino, deputado polo PSG-EG,apresenta umha proposiçomnom de lei no Parlamento galegoa solicitar à Junta o início de ges-tons para transferir os presos in-dependentistas à Galiza por ra-zons humanitárias. A proposi-çom será chumbada polos votosem contra de PP, abstençom doPSOE. Desde entom, as mostrassolidárias fôrom esmorecendo,até que em 1997 X.M. Beiras, en-trevistado polo diário Egin, res-ponde que “agora, nom estamosem condiçons adequadas paraconverter o problema dos presosem cavalo de batalha, se quere-mos avançar no que é fundamen-tal e quando nós nom contribuí-mos para que existisse esse pro-blema”, dando por findo o envol-vimento do BNG nesta luita.

nenGum Preso ou Presa indePendentista e antifascista cumPre Pena em território GaleGo

Dispersom política implica gastosde um quarto de milhom por anoA dispersom penitenciária é umha medida política do Governo espanhol con-sistente em separar os presos e presas políticas e em afastá-los dos seusterritórios nacionais. Esta estratégia, concebida por Múgica Herzog em finaisdos anos 80 –endurecida após o fracasso das negociaçons de Argel entre o

PSOE e a ETA na primavera-verao de 89–, afeta a dia de hoje 19 presos e pre-sas políticas galegas, entre antifascistas e independentistas, e as suas famí-lias e amizades. Um caso à parte é o do preso anarquista Gabriel Pombo daSilva, encarcerado em Aachen (Alemanha), a 2000 km da Galiza.

em 1996 europacondenou as políticas

de afastamento

⚫ maria osórioVillabona - Xixom

francisco cela ◾Villanubla - Valhadolide

◾ ignacio varela⚫ josé manuel sanches

Mansilla de las Mulas - Leom

◾ david Garaboa◾ aurora cayetano

Villena - Alicante

vitoria Gómez ◾Alcalá-Meco - Madrid

◾ carme cayetanoPuerto de Santa María - Cádiz

⚫ santiago vigo◾ maría xosé baños

Dueñas - Palência

◾ xurxo GarcíaHerrera de la ManchaCidade Real

◾ xesús celaBadajoz

◾ olga oliveiraAlbolote - Granada

◾ mónica refoxosXaém

◾ xaime simónSevilha

⚫ roberto rodriguesEstremera - Madridantom santos ⚫

Aranjuez - Madrid

eduardo vigo ⚫Córdova

⚫ telmo varelaTopas - Salamanca

⚫ Independentistas◾ Antifascistas

maPa da disPersom PenitenciÁria

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21mediaNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

Desde princípios do mês de março, umgrupo de ex-trabalhadores de 'La Vozde Galicia' publica periodicamente nosite ‘exvoz.canalblog.com’ as dinámi-cas empresariais deste meio, denun-ciando a falta de interesse da compa-nhia em respeitar os direitos laborais eo controlo a que se submete a informa-çom. Às pessoas que trabalhem nal-gumha empresa de comunicaçomnom lhes surpreenderiam as informa-çons do blogue, ao ser prática comumneste tipo de meios, mas a iniciativadestas pessoas pom à disposiçom dasinternautas um testemunho do querealmente acontece dentro dessesmeios parecem explicar a realidade.

A.L.R. / Na sua primeira postagem, os Ex-voz fam um resumo dos problemas queestam a lastrar em diversos níveis La Voz,como o jornalístico, o laboral ou o profis-sional. Para o grupo promotor a deterio-raçom das condiçons de trabalho iniciou-se há vários anos e consideram que “é umfenómeno derivado dos personalismos,as 'banderías' e os egoísmos dumha mino-ria que, ainda por riba, nom defende osinteresses estratégicos da sociedade nemos postos de trabalho”. Assim, assinala-sea existência dum 'grupinho' de diretivosque controla La Voz que nom se preocupaem melhorar a credibilidade do jornalmas em manter os seus postos de mando.Entre as práticas deste 'grupinho' que temumha forte pegada nas informaçons dojornal estaria a imposiçom de “rotinas queconformárom umha organizaçom cujafunçom é exercer um estreito controlodos conteúdos, até o extremo de dar ins-truçons sobre o sentido das informaçonsou opinions referidas a determinados fac-tos, personagens, entidades, empresas,partidos e instituiçons”.

DireitizaçomSe bem que pessoas que escrevem emexvoz.canalblog.com consideram que afonte principal das dificuldades de La

Voz de Galicia som as decisons empresa-rias erradas, tampouco negam que a pro-gressiva direitizaçom que padeceu omeio tenha influenciado na sua perda decredibilidade. Assim, segundo salientamno blogue, “o caráter plural da redaçomevaporou-se durante os últimos 10 ou 12anos”. Deste jeito, o afám por controlaros conteúdos teria começado na épocaem que Bieito Rubido era diretor de re-daçom, alá polo ano 2002. Há que salien-tar que este jornalista dirige atualmenteo jornal madrileno ABC. Este tipo de prá-ticas alcançariam “cotas destrutivas”com a chegada ao posto de diretor-geralde La Voz de Galicia de lois Blanco, dequem que afirma que “tanto ideológicacomo familiarmente está ligado ao PP”.

Segundo indicam os ExVoz, a “deterio-

raçom democrática” aceleraria-se “com aentrada no padroado da Fundaçom San-tiago Rey Fernández-latorre de persona-lidades como a de Roberto Blanco valdés,que ademais a data de hoje é mui prova-velmente o patrono que mais influi nasdecisons e posiçons ideológicas do pro-prietário do periódico”. Porém, Exvoz in-siste na sua posiçom de que “a situaçomeconómica da empresa se deve mais àperda de anunciantes, à ineficiência nagestom e aos investimentos sem retornoque à queda da venda de exemplares”,atribuindo este último fenómeno à ditadireitizaçom. Deste jeito, ExVoz é espe-cialmente crítico com a web lavozdegali-cia.es, por considerá-lo um elemento quedesaproveita as oportunidades informati-vas da internet e que foi concebido de for-ma inadequada, e com vTelevisión, deque se di que é um autêntico buraco negrode dinheiro para a corporaçom.

A nível laboral, Exvoz denuncia a exis-tência dum 'roteiro' para desfazer-se dequarta parte do pessoal. A primeira fasedo plano de ajuste teria sido através debaixas incentivadas para passar a umhasegunda de despedimentos objetivos. Al-guns dos trabalhadores tenhem questio-nado que realmente as razons destes ces-samentos sejam económicas, como fijo ojornalista Felix Soria no seu blogue.

imponhem-se “rotinas que conformárom umha organizaçom cuja funçom é exercer um estreito controlo dos conteúdos”media

denunciam falta de interesse em resPeitar os direitos laborais

Ex-trabalhadores de ‘La Voz’desvendam os trapos sujos

notas de rodaPé

Osilêncio parece preceptivo na véspera dasbancarrotas, mas como compreender que

a imprensa deserte de avisar dum sismo eco-nómico de que conhece bem a gravidade?

Em tal situaçom, bancos e meios entendemque é preciso transmitir confiança e sere-

nidade. Um banco teme a ruína mas de quetem medo umha máquina de informar que sótem compromisso com a sua audiência?

Desertar da informaçom tem enormes con-seqüências políticas. Nom poderia ser dou-

tra forma. Antes da Quinta-Feria Negra da WallStreet, 24 de outubro de 1929, os grandes diá-rios informavam de esportes, moda e divórcios.Meses e anos depois, a cidadania enganada ounom informada, procurava saber do mundo poroutros meios nom tam rendidos às finanças.

Amemória é bem melhor que a lei comomeio contra a fantasia e a demência finan-

ceiras. O comentário é de Galbraith numhabreve e clássica história do naufrágio do 29 emque lembra que as medidas (os deveres, no có-digo de Rajoy) nom remediárom a avareza.

Oanúncio da intervençom ocorre por fimem sábado e revela umha dêveda bancá-

ria no Estado que triplica as previsons. Os co-mentários dos meios sobre a dimensom da ruí-na parecem distantes de toda surpresa.

Asecretária de Estado de Orçamentos decla-ra em Compostela que entre o cálculo da

dêveda das Caixas, anunciado pola direçom, ea realidade contável, deve haver quase tantadistáncia como a que se provou na Bankia.

Aviso que produz terror entre quem confiouos seus aforros às caixas que decretaram

nom chamar-se nunca mais de aforro.

Durante a visita da secretária de Orçamentos,Castellano elude a comparecência perante

os meios. Umha denúncia por indemnizaçonsmilionárias nas Caixas em liquidaçom, e a indig-naçom geral polos aforros embargados fam dopresidente da NCG umha sombra breve.

Mentres o presidente de NCG reserva osseus comentários com a que está a cair,

os meios nom fam mençom da sombra. 

Bancarrota

o diretor-geral está “tantona ideologia como por laços

familiares ligado ao pp”

denuncia a existência deum plano para desfazer-sede quarta parte do pessoal

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

cultura vituco: “É curioso que num país onde a verbena movetanta pasta, nom haja ocos para a nossa música”

“A cultura galega nom pode ficar nopalco da parte de atrás do festival”

xosé bocixa -de zënzar- e vituco neira -de ruxe ruxe- analisam a situaçom do rocK e a mÚsica do País

Como começou todo?Bocixa: No nosso caso, quando nosjuntamos com umha gente de Mei-rama que tocava no velho arma-zém da estaçom. Bom, mais bemfaziam ruído. Tendo eu 12 anosvim-nos no colégio, a tocarem rockclássico dos 70. Também subiamnalgumha verbena, se os deixa-vam. Eu cantava nas festas da al-deia, e dixérom-me de experimen-tar com eles. Pouco a pouco foi-meenganchando, e aí fiquei para sem-pre. Começamos por sair da rotinada aldeia, das Encrobas, e tambémporque tocar permitia falar de te-mas que nos interessavam, e de-nunciar certas cousas. O conflitodas Encrobas marcou-nos muito, e,posteriormente, a luta contra a in-cineradora de Meirama. A músicatambém nos dava um espaço parair à contra de todos os da aldeia, emesmo das nossas famílias. Poucoa pouco normalizou-se todo: nosprimeiros anos, um concerto derock em Cerzeda era algo bastanteraro, mas havia sede deles. Em bre-ve começamos a ter bastantes con-certos, primeiro com umha produ-tora, tocando com Manolo Kabeza-bolo, ou la Polla... Pero era a mes-ma história que hoje, nós leváva-mos as tortilhas e o dinheiro justo,enquanto os grupos de fora esta-vam muito bem tratados. Entompensamos em seguir por livre: co-meçamos ao nosso ritmo, sem pla-nificar nada, com os estilos de quegostávamos cada de um: pachan-gueiro, roqueiro, punk, heavy. Nun-ca pensamos em deixá-lo.Vituco: Nós tocávamos fazendoversons numha garagem, até quenos começou a interessar o que fa-ziam outras bandas como zënzar,Korosi Dansas ou Os Diplomáti-cos. Fôrom para nós umha desco-berta da hóstia, e animou-os a bus-car um caminho mais lógico parao que éramos. No ano 96, quandocomeçamos, ao melhor tínhamos20 cançons feitas, e necessitáva-mos tocar. A gente foi mudando:de colegas, a colegas de colegas...Chegamos a ser até nove no grupo,e aquilo era umha loucura. A gen-

te, enquanto desfrutava, ficava, e,quando nom, ia embora. Agora le-vamos uns anos sendo apenas seisna banda. Começamos a ensaiarnumha casa em obras em Arins,até que o meu avô se desfijo dasvacas, e nos deixou a corte. Aí se-guimos, sem dar-lhe muitas voltas:a nossa ilusom primeira era parti-lhar palco com zënzar, Os Diplos,Xenreira... a mesma que seguimosa ter agora. A nossa pretensom na-quela altura era tocar, conhecer oPaís e, sobretodo, melhorar. E as-sim seguimos: depois de 16 anos,ainda nos fai ilusom ir aos ensaios.

Nunca pensastes em viver disto?B.: A música fai parte da nossa vida,mas somos de umha geraçom quenom via factível viver disto, da mú-sica galega. Eu descobrim o GaliciaCanibal como primeira cançom derock em galego escutando a radio,enquanto pescava. Anteriormente,a que me flipara era a Cantiga dasEncrobas, de Fuxan os ventos.V.: É certo que para nós, e imaginoque também para os zënzar, o di-nheiro sempre foi o alimento, omotor para poder medrar. Se tésdinheiro podes comprar um micromelhor, ou umha guitarra melhor.Nós fixemos dinheiro tocando, etodo foi reinvestido em material deprimeira. O dinheiro é fundamen-

tal. Mas, viver disto? Nós podería-mos viver do grupo com dignidadese em vez de ter dez concertos aoano, tivéssemos 40. B.: Saindo por aí adiante, porqueGaliza nom dá para tocar 40 con-certos anuais. Há muitas bandas, enom tantos festivais. Estarias mo-nopolizando todos os palcos. Toca-mos por amor à arte, atuar em ba-res nom compensa economica-mente, mas sim de outras manei-ras: a relaçom com a gente que es-tá perto de ti, que tem muitascousas em comum contigo... V.: É curioso que num país onde averbena move mais dinheiro que ocinema espanhol -e o cinema ésubvencionado, e as festas som pa-gas pola vizinhança-, nom hajaocos para meter música de aqui.

Neste sentido, vedes necessáriasas muitas vezes denominadas“Indústrias Culturais Galegas”.Existe tal cousa? é necessáriosubvencioná-la ou mantê-la?

B.: Há cultura galega, mas nomsei se existe algumha “indústriacultural”. Porém, até o de agoranom se soubo potenciar a nossacultura. Sobretodo na parte musi-cal, e já depois na roqueira. Umhaindústria forte nom existe, senoma que monopoliza o negócio dacultura e para nada busca promo-vê-la. Só querem ganhar dinheiro,e meter os seu catálogo nos festi-vais subvencionados. E os dinhei-ros públicos dam-se, sem sequerserem tutelados. Nom se trata de“toma, 200 mil euros, fai o quequeiras”, senom que há que dar-lhe cabida à cultura galega, nomcomo algo residual, no palco daparte de atrás do festival. V.: Aqui o que falhou e ainda falha,é umha estratégia, polo menos nomusical, de pôr os grupos nos es-caparates. Eu sempre digo que ha-veria muita gente que consumiriaa música de zënzar, e que o grupopoderia funcionar, sem nenhum ti-po de subvençom, se se promoves-se nos meios públicos. Deveria-setrabalhar em que as pessoas co-nheçam a zënzar, por exemplo, ex-portar a sua música, para que deci-dam se gostam ou nom.

Mas, nom ajudárom estratégiascomo a desaparecida rede deconcertos em salas?

V.: Nom fai falta ser um alumiadopara dar-se conta de que o únicoque fai falta é pôr escaparates. NoBipartido fôrom mais sensíveis, fal-taria mais, porém tampouco reagí-rom adequadamente. Tambémnom fica bem dar a imagem de queestamos sempre a chorar. Nós doque gostamos é de fazer cançons,ir tocar e se a gente conecta conti-go, genial. Mas penso que houvooportunidades perdidas, gastandotodo em subvencionar...B.: Tudo é subvençom, e se há200.000 euros para um evento comgrupos de fora, o interessante seriaque também houvesse bandas deaqui, que se misturassem as cultu-ras, os estilos, para entrar em con-tacto e criar redes para que os gru-pos também se poidam mover fo-ra. A única forma de espertar a cul-tura é fazer dinheiro aqui. No fun-do, venhem todos de fora e odinheiro vai-se com eles.V.: O grande problema é que afinalhá muitos recursos mal gastados.Pagam-se cachês, no canto de em-papelar as vilas, exigir aos meiosque movam os concertos, controlaronde vai o dinheiro, e que se fai comele. Nom é normal que tire Bisbalum disco, e seja portada de El Cor-reo Gallego,por exemplo, enquantodos grupos galegos nem se fala. B.: Eu acho que há umha ignorân-cia tremenda: e mesmo os progra-madores nom vam ver o que pro-gramam. Nom todos, mas quemorganiza os festivais ou outroseventos, costuma telefonar o em-presário de turno, deixar-lhe 70 mileuros e dizer-lhe: “programa-me”.Afinal, na Galiza há muitas ban-das, mui boas, mas nas horas pon-tas dos concertos os que tocamsom sempre os de fora. Nom se faiadrede, mas há muita ignorância ereflexiona-se pouco. V.: Há muitos grupos que se sen-tem decepcionados, porque traba-lhárom muito, tinham ilusons enom chegam a onde pensavam.Mas fazendo-te velho, apenas que-res que isto nom acabe nunca, se-guir desfrutando, e à pasta é o quemenos importa.

ANTIA R. GARCIA / Juntamos as vozes de duas bandas veteranas do panoramamusical galego para falar dos seus começos, dos seus projetos e das chavespara levarem juntos, com poucas mudanças, 16 anos (os de Arins), ou um quarto

de século (os de Meirama). Ambas formaçons, fieis à autoediçom, editárom esteano novo álbum e seguem a ensaiar, regularmente ou “quando quadra”. A ideia éter sempre um novo projeto em mente, passar dos subsídios e passá-lo bem.

Bocixa: “A música faiparte da nossa vida,

mas nunca vimos factível viver disto”

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23culturaNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

Os Cempés apresentam o disco ‘Tentemozo’A.R.G. /Chega às lojas um dos re-tornos mais aguardados da tem-porada: Os Cempés apresentá-rom no passado 28 de Maio emCompostela o seu novo trabalho,Tentemozo. Como contávamosno NOvAS DA GAlizA Nº111, emque publicamos umha entrevistacom o seu gaiteiro Antón varela,o novo trabalho da banda ferro-lana, que volta após três anos emeio de descanso, leva o seu mí-tico tom festeiro e umha seleçom

da melhor música popular paradançar, desde coplas até melo-dias do cancioneiro popular.Tentemozo foi gravado com oapoio do público -através do sis-tema de financiamento crowd-funding- e conta com a colabo-raçom dos alunos da Escola li-vre da MPG da Central Folque, emúsicos como Carlos Quintá,Begoña lorenzo, luis Peixoto,Tiago Pereira, José Diaz, Benxa-min Otero ou Pablo Doval.

Vam digitalizar a obra de Díaz PardoA.R.G. / A companhia Telefónicaserá a entidade responsável dostrabalhos de digitalizaçom dosmais de oito mil documentos quecomponhem o legado de isaacDíaz Pardo. A multinacional e aConselharia de Cultura assina-vam a finais do passado mês deMaio um convénio para achegaros meios técnicos e o pessoal ne-

cessário para este labor. Dentreos fundos deixados por Díaz Par-do ao seu passamento para se-rem guardados na Biblioteca deGaliza -a maior parte dos fundoshistóricos do galeguismo que ate-sourava no instituto Galego deinformaçom- há materiais taiscomo cartas, fotografias, dese-nhos, cartazes ou pinturas.

Projeto Mourente volve agravar, após quatro anosA.R.G. / A pior é o título do novotrabalho de Carlos valcárcel,Projeto Mourente, quem voltaapostar no pop electrónico. No ál-bum, de dez cortes, conta comcolaboraçons de diferentes músi-cos do País como The Homens ouAndrés Boado. O cd pode ouvir-

se na Rede, ainda que é possívelque mediante o crowdfundingpodamos ver o trabalho, que foigravado em casa, editado fisica-mente em breve. Para SetembroProjeto Mourente tem previstodesenvolver vários concertos depromoçom do álbum.

fundaçom cela é a entidade mais beneficiada, com mais de 260.000 euros

Dinheiro da normalizaçom vaipara entidades afins ao PP

A.R.G. / No último dia de Maio, aConselharia de Cultura fazia pú-blicas as quantias dos convéniosassinados com diferentes entida-des no primeiro quadrimestredeste ano. No topo da lista apa-rece a Fundación Cela, que, co-mo contávamos no passado nú-mero deste jornal (Nº 114), pas-sou a ser pública há quase nomumhas semanas, fazendo um ca-minho ao inverso, e estranho pa-ra os tempos que vivemos. A estaentidade foram-lhe assignadosmais de 265.000 euros “para ins-trumentar a subvençom nomina-tiva" prevista nos orçamentos.Porém, o que talvez chame maisa atençom, é que no campo danormalizaçom é a Confedera-ción de Empresarios de Galicia aentidade quem encabeça a lista,

ao levar 50.000 euros em ajudas.O Consello da Cultura Galega,com 36.000 euros e a FederaciónEspañola de Religiosos de Ense-ñanza-Centros Católicos, com35.000 euros, som as seguintesentidades no que diz respeito aquantias. Outras entidades reli-giosas como o Arcebispado de

Santiago (3.000 euros) e a Dio-cese Mondonhedo-Ferrol (3.000euros) também recebêrom sub-vençom. É de destacar tambémo apoio a Preescolar na Casa,que tem assignados 25.000 eurose que, precisamente no mesmodia, 31 de Maio, apresentavaconcurso de acredores.

A.R.G. / Em finais do mês deMaio, após vários meses de adia-mento, voltavam começar asobras de recuperaçom e sinali-zaçom do Castro de Baronha(Comarca de Noia), declaradoBiC (Bem de interesse Cultural)pola Junta no passado ano. Oprojeto, desenvolvido por umhaempresa privada, discorrerá em

duas fases, e na primeira come-çara-se o desenho de um itinerá-rio de visita ao jazigo, com as de-vidas condiçons de segurança.Outro dos objetivos das obras deacondicionamento será o dereinterpretar os restos e profun-dar na sua cronologia, já que ode Baronha é um sítio arqueoló-gico de grandes dimensons que,

porém, nom achegou muito co-nhecimento à arqueologia gale-ga. O projeto de recuperaçom,que se desenvolverá nos mesesde junho e julho, para continuara sua segunda fase depois do ve-rao, conta com o apoio do pes-soal do Grupo de Estudos doNoroeste da Universidade deSantiago de Compostela.

Voltam a começar as obras de recuperaçom do Castro de Baronha

A.R.G. / O Tribunal Superior deJustiça da Galiza considera queo inquérito que a Junta realizouem 2009 para perguntar às famí-lias galegas em que língua prefe-riam escolarizar os seus filhosnom vulnera direitos fundamen-tais. Com esta consideraçom, o

TSJG rejeita um recurso apre-sentado por Nova Escola Galegacontra esta iniciativa, “legitiman-do”, segundo a Conselharia deCultura, “a postura do Governoao respeito”. O TSJG já rejeitarao ano passado outra solicitudenesta linha, apresentada pola

Mesa pola Normalización lin-güística. Para além desta asso-ciaçom, outras entidades como oSindicato de Trabalhadores doEnsino da Galiza (STEG) ou aReal Academia Galega tambémtenhem apresentado os seus re-cursos próprios.

Rejeitam outro recurso sobre oinquérito da língua às famílias

A.R.G. / Ao evento éMundial, or-ganizado pola AGAl (Associa-çom Galega da língua) para pro-mover a nossa língua, foi-lhe reti-rado o apoio do Concelho de vi-go, cidade em que se desenvolveeste ano o projeto. A retirada dopatrocínio económico e a nega-çom de vários permissos por par-

te do governo municipal viguêsobrigou a organizaçom a reduzire mudar o programa do evento,que inicialmente se havia alongarpor três semanas, e que final-mente se desenvolveu entre o 4 eo 10 de Junho na cidade olívica.A cancelaçom de exposiçons e deatividades na rua fôrom as prin-

cipais consequências, mas puide-rom-se celebrar as mesas redon-das e “um dos pontos estrela”,contam da AGAl, o Encontro deEscritores da lusofonia. A orga-nizaçom disponibilizou umhaconta bancária para que as pes-soas interessadas poidam contri-buir a cobrir os custes do projeto.

Concelho de Vigo retira o apoio ao programa éMundial da AGAL

SEDE DA ‘FUNDACIÓN CELA’no concelho de Padrom

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24 desPortos Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

d desP

orto

snasce Kubus, revista de futebol em GaleGo

Depor e Celta vam jogar na próximatemporada na máxima categoria do fu-tebol estatal após obter os dous primei-ros postos na segunda divisom. Nosfestejos houvo futebolistas, maiormen-te vigueses, que portárom a bandeirada Pátria com a estrela vermelha.

dePortivo da corunha e celta de viGo ascendem

Kubus é a primeira revista sobre futebolem galego. Os diretores, Rubén Gonzáleze Javi Paz declaram que o projeto “tentaencher o vazio que apresenta o jornalis-mo relacionado com o desporto rei emlíngua galega”. Tem ediçom mensal eumhas cem páginas: revistakubus.com

XERMÁN VILUBA / Rubén Otero doFaísca, numha ediçom que já po-demos considerar como históricapara o desporto galego de seu, pro-clamou-se Coroceiro Nacional dalNB depois de umha espetacularfinal contra Xan Rodiño de Bateas.Otero voltou ser aquele ser intratá-vel da sua primeira vitória nacionalem Conjo e das altas horas da ma-drugada nas festas nos diferentescentros sociais do país, umha vitó-ria, a do grande palanador do Faís-ca que dedicou à sua claque, a toda

a lNB e diante dos focinhos do re-presentante do Concelho de Com-postela ao Centro Social da Gen-talha do Pichel, perseguido e aldra-bado pola instituiçom municipalpolo único delito do seu compro-misso absoluto e inequívoco com acultura galega. Nom demoroumuito o novo Coroceiro Nacionalem abraçar-se ao Serxio o selecio-nador nacional habilitado e o seuincrepador oficial a misturar-secom os centos de seguidores queaguentárom até a noite fechada já

bem passadas as 22 h. do domingo27 de Maio para assistir ao ato deindigenismo supremo que é o co-rozamento, Otero, como Markitosde Bilhardeiros Musicais, inscre-vem por segunda vez o seu nomeno mítico troféu nómade de cam-peons nacionais sendo os únicosbicampeons nacionais da história,umha história que em momentoscomo estes nom pode esquecero Sak, palanador que gestou airrupçom da Coroza em Conjo, nemo iván de Bateas, que nom puido

defender o seu título nacional porumha lesom num dedo da mao di-reita. Tronos, lôstregos e água qui-gérom também marcar o caráctergalaico desta competiçom, instau-rando um microcosmos no terrenode jogo de Conjo perfeito para ves-tirmos a coroza, portanto, foi essedeus bilhardeiro chamado Calvetequem alumiou do mais alto toda atribo bilhardeira na mais compli-cada ediçom dos Play Off Nacio-nais da história. O tempo tam su-mamente galego que noutras oca-

sions impedira executar finais nasessom da manhá, nom puido im-pedir os nossos esforços por geri-lo de modo tam magistral que estaavalancha de água e lama, que emprincípio era um revés, tornou-seum ingrediente fantástico para oimaginário coletivo de umha novaediçom do Play Off Nacional dalNB, onde lu de Corredoiras foiCampeoa Nacional Feminina, XanRodiño Campeom Nacional de va-rados e Os Bateas Campeons Na-cionais por Equipas.

Para o monte tira a cabra e o carneiro, para Mós o Coroceirorubén otero do faísca Proclamou-se coroceiro nacional, lu de corredoiras camPeoa nacional feminina

Como nasce a iniciativa e que objetivos perseguia?A iniciativa nasceu das três plata-formas com o objetivo de somarforças para fazer umha frente co-mum, e aproveitamos o tirom me-diático da final da taça Athletic-Barça para fazer mais visíveis asnossas reivindicaçons.

Estamos habituados a ouvir, porparte do regime espanhol e dosseus altifalantes, os meios de co-municaçom, que o desporto nomé política. isto nom se sustem pornengum lado do ponto de vistaque a FiFA, FiBA, COi,etc, somentidades privadas e é, precisa-mente a Espanha política, a queveta o nosso acesso. Porém, nestaocasiom, decidimos levar as nos-sas iniciativas ao Congresso.

Como avalias a iniciativa?A avaliaçom que fazemos comocoletivo é muito positiva no senti-do de termos colaborado com asoutras entidades. Achamos impor-tante a troca de ideias, informa-çom e também a colaboraçomcom plataformas que, cada umhacom sua própria maneira de tra-

balhar, perseguem os nossos mes-mos objetivos.

Certo é que, tanto ESAiT comoCAT, estám mais avançados nocampo legal, mas nós somos tam-bém um exemplo de auto-organi-zaçom e, nestes momentos, esta-mos a ser capazes de saber otimi-zar muito bem os poucos recursosde que dispomos.

Novas linhas de trabalho comEsait e ProSeleccions Cat?Sim, a ideia é que isto seja umponto de partida para no futurocolaborar na organizaçom deeventos, projetos comuns e novaslinhas de trabalho, sobretodo noterreno legal.

Existem seleçons desportivas denaçons sem Estado que tenhemo direito a competirem oficial-mente (Escócia, Gales, Groen-lândia,...) por que o Estado es-panhol nega este direito?O Estado espanhol segue a sualinha repressiva. vemos como es-tamos a sofrer repressom no ám-bito linguístico, no cultural, etc. E,como nom podia ser de outro mo-

do, também no desportivo.O Estado tem medo de que a

gente se identifique com as nossascores, a que se crie país desde odesporto, portanto, tenta atalharqualquer manifestaçom que vaianeste sentido. Como contrapartidametem-nos “la roja” até na sopa.

Anteriormente, mencionavas ocaso da Escócia e Gales, casosmuito significativos, mas nom osúnicos. lembremos que Dina-marca, sendo também um regimemonárquico, permite tanto queGroenlândia com as ilhas Feroepoidam competir baixo as suasbandeiras. voltamos repetir queé a Espanha política a que nos im-pede participar.

Haverá algumha seleçom galegaque forme parte das federaçonsinternacionais? Que mecanis-

mos legais existem para compe-tir em torneios oficiais?Atualmente nom há seleçons ga-legas competindo internacional-mente de forma oficial. Com osvetos que nos impom Espanha, aúnica via é a judicial, como já de-mostrárom outras plataformas. Ocaminho, para alcançar a oficiali-dade, é através das nossas federa-çons. Há que comprometer a estasentidades para que se animem adar o passo e lá, onde nom existaumha federaçom, cria-la. Esse se-rá o caminho que seguiremos deaqui para a frente.

Em 2012 SSGG fai 15 anos.Quais consideras que som osmaiores sucessos e que objetivostendes para o futuro?O maior sucesso é seguir, após 15anos de existência, na primeiralinha das reivindicaçons desporti-vas com todas as travas que nosimponhem. Agora trabalhamospara dar um salto qualitativo quenos permita avançar e aguarde-mos poder ver, num espaço razoá-vel, a primeira seleçom nacionalgalega competindo oficialmente.

“Trabalhamos para poder ver logo a primeira seleçom nacional competindo oficialmente”

ANJO RUA NOVA /O passado 21 de maio Siareir@s Galeg@s (SSGG) reclamou noParlamento espanhol o direito da Galiza a competir como seleçom nacional emtorneios oficiais e nas Olimpíadas. Siareir@s Galeg@s participou no ato com ocoletivo basco Esait e o catalám ProSeleccions Cat. Parlamentares dos grupos

nacionalistas (BNG, ERC, Amaiur, Iniciativa per Catalunya e Coalición Canaria)apoiárom as demandas e o manifesto dos siareiros, mas a maioria das forças po-líticas espanholas no Congresso fará que mantenham o bloqueio. Conversamoscom Alexandre Costa, membro da delegaçom de SSGG que se deslocou a Madrid.

alexandre costa é membro da deleGaçom de ‘siareir@s’ que estivo no conGresso esPanhol dos dePutados

"o estado reprime noámbito lingüístico,

cultural e desportivo”

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O que é para ti o surfe? O surfe é umha filosofia da vida,um prazer, um jeito de focalizar atua vida em equilíbrio com o mare as borrascas. Eu comecei comuns amigos há 18 invernos, comumhas pranchas emprestadas, air a praia de Prado e Patos em Ni-grám. Desde aquela nom parei.

Como nasce surfgz.com e quaissom os seus objetivos?Sempre tivem na cabeça a ideiade montar um website de surfegalego. No verao de 2008 criei umwebsite empregando Joomla, umsoftware livre mui avançado. As-sim nasceu SurfGz.com, um web-site que tem como objetivo juntartodos e todas as surfeiras galegasde Ortegal até o Minho e espalhara informaçom de campeonatos lo-cais, circuito galego, sessons li-vres, entrevistas, etc.. Depois de quase 4 anos de ativi-dade somos o meio online de re-ferência na nossa costa. Temosuns 4.000 leitores habituais pormês e contamos com 3.900 ami-gos no Facebook.

surfgz.com é umha web em gale-go. Que acolhida tem a línguano mundo do surf?No surf existe a mesma sensibili-zaçom com o galego que no restoda sociedade. Nom somos umhacomunidade diferente, somos par-te da sociedade galega e, portanto,podes topar todo tipo de opinionspara o tema da língua. Ao princi-pio muita gente nom entendia quemontasse umha web em galego;diziam que ia ter menos visitas.Mas eu nom vivo preocupado polonúmero de visitas nem polas pági-nas vistas. O importante é ser coe-rente e saber que o galego é a lín-gua própria da Galiza e a línguareal de muitas pessoas galegasque merecem ter meios de comu-nicaçom no seu idioma.

Existe no surf umha maior sen-sibilizaçom e consciência ecoló-gica que noutros desportos?Pois é. vivemos no mar e sentimosa natureza do amanhecer até o pôrdo sol. Entramos num mar cadadia mais contaminado. Muitos clu-bes de surfe organizam limpezasde praias e ajudam a conscientizara populaçom do lamentável estadodos nossos oceanos. Somos cons-cientes que o lixo que viaja polosmares nom conhece fronteiras etemos que ser parte da soluçom.

É o surfe um desporto elitista? Há vinte anos era caro, mas agoramesmo o surfe nom é elitista. Po-des comprar um kit completo desegunda mao com neopreno, aga-rradeira e prancha por uns 250 eu-ros ou algo menos. Acho que omelhor é provar numha das mui-tas escolas de surfe da Galiza. Ca-da dia temos mais surfeiros e sur-feiras na nossa costa e penso queno futuro o surfe vai ser um dos

desportos mais populares. Somen-te precisas algo de material e valorpara entrar na água um dia dechuva no meio do inverno, muitaconstáncia e amor pola natureza.

Há ajudas públicas ao surf porparte da Junta da Galiza? A Junta reduziu drasticamente asua achega económica á Federa-çom Galega de Surfe e nom enten-de o valor do surfe como jeito demelhorar a vida de muita gente. Afocagem da gestom do desportogalego por parte da Junta da Galizaé lamentável em todos os desportose o surfe nom é umha exceçom.

Como valorizas o trabalho daFederaçom Galega de Surf? O trabalho da FeGaSurf é muibom; cada ano medra o númerodo licenças federativas e atual-mente temos umhas 3.500, graçasao trabalho da nova diretiva e oseu presidente José "Silfo". Esteano vamos ter 26 eventos oficiais,

praticamente um campeonato ca-da duas semanas em diferentesmodalidades (surfe, bodyboard,longueirom e paddle surf) e emvárias categorias de idade e géne-ro. Todo este trabalho é possívelgraças a umha organizaçom hori-zontal onde os clubes assumem aorganizaçom dos campeonatoscom o apoio logístico da Federa-çom. Deste jeito eficiente aforrammuito dinheiro e empresas públi-cas artificiais. Aliás, na nossa cos-ta medra mui forte o número depraticantes graças ao trabalho deumhas 30 escolas de surfe, quetrabalham com a FeGaSurf noprograma 'A tua primeira onda'que tem como objetivo ensinar osurfe às e aos estudantes galegos.Agora estamos a ver o resultadode um bom trabalho que levamuitos anos ativo, crescendo devagar, mas de um jeito constante.

Qual é o nível do surf galego? ÉGaliza potência neste desporto?A nível de competiçom temos umsurfeiro profissional que está en-tre os melhores do Estado e dentrodo Top 100 de surfeiros a nívelmundial: Gony zubizarreta. A ní-vel estatal estamos detrás dos bas-cos e canários, quanto a resulta-dos e número de profissionais. EmBodyboard temos grandes compe-tidores como o viguês Cristian Pé-rez, que rematou segundo numhaprova do Tour Mundial realizadona praia de Doninhos há dousanos, e sem contar com nengumtipo de apoio institucional.

Galiza é umha potência do surfea nível de ondas e praias. A nível decompetiçom precisamos de mais

trabalho e anos, mas com a quanti-dade de surfeiros e quilómetros decosta é só questom de tempo.

Qual é a acolhida do surfe entre as mulheres galegas? Acho que está a medrar muito onúmero de surfeiras. As galegassom bravas e nom existe essa ideiade que o surfe é cousa de homens.É questom de anos, mas esperoque haja logo o mesmo número dehomens e mulheres na água.

Quem destaca no surfe galego?O nosso pró mais conhecido a ní-vel mundial é Gony zubizarretaque já viaja por todo o planeta ecompete nas melhores provas.Depois temos a luís Rodríguez,rider de Ferrolterra, que é o mel-hor surfeiro de ondas gigantesque temos na nossa costa, e temmuito prestígio a nível europeu.Em mulheres Erika Franco está afazer bons resultados em compe-tiçons europeias e nom para deavançar. Há outras personalida-des conhecidas a nível internacio-nal como Jaji iglesias e David va-lladares que se movem já polo in-terior da indústria do surfe mun-dial. Também temos um par dedúzias de rapazes e raparigas queandam mui bem em surfe e body-board, mas precisam fazer maisviagens, melhor preparaçom téc-nica e mais apoio por parte daJunta e dos Concelhos.

Despede-te do nosso público.Muito obrigado pola entrevista epor ajudar-me a que mais genteconheça esta iniciativa online quejá tem quatro anos na rede e mis-tura deporte, natureza, fotografiae língua. surfgz.com é um meio li-vre que nom conta com subsídiosnem ajudas e participa na campan-ha 'vitaminas para o Galego' e queespero que continue a existir den-tro de muitos anos. Boas Ondas!

25desPortosNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

“o surfe é um prazer e umha forma de focalizar a vida”

A equipa de hóquei a patins da Corunha venceu oF.C. Barcelona (2-4) na final da liga Europeia, con-seguindo os goles da vitória nos últimos segundos deum muito emocionante jogo. Possuidor do título de2011, trata-se do sexto título continental do conjuntotreinado por Carlos Gil, que viveu a sua época deglória em finais da década de 1980.

o liceo renova o camPeonato euroPeu de hóquei a Patins

O Tribunal Constitucional desestimou o recurso do Par-tido Popular contra a llei de l’Esport de Catalunya, re-conhecendo o direito das seleçons catalás a competireminternacionalmente. Contodo, a sentença limita estapossibilidade àqueles desportos (até vinte e um) que ca-recem de federaçom espanhola, evitando a hipótese deum confronto direto Catalunya-Espanha.

avanço na oficialidade das seleçons catalÁs

“Galiza é umha potência do surfe em ondase praias e poderá sê-lo em competiçom”

A. RUA NOVA /Kiko Campos (Vigo, 1975) é um apaixonado do surfe. Aos 17 anossubiu por primeira vez a umha prancha para apanhar ondas, e já nom desceu de-la. Fruto desta paixom criou no ano 2008 www.SurfGz.com, o sítio web de infor-maçom surfeira referente à Galiza. Para além de surfe, a página aborda outros

conteúdos: cultura, ecologia, viagens, ciências,... e todo redigido integramenteem galego. Após viver 5 anos em Lançarote (Canárias) e 2 em Cork (Irlanda), Kikoregressa para a Galiza, e aproveitamos a ocasiom para analisar com ele a atuali-dade deste desporto que cada dia conta com mais adeptos nas costas galegas.

KiKo camPos é surfista e administrador da PÁGina de referência deste desPorto a nível nacional

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

MARIA ÁLVARES / Que aleitar é omelhor jeito de alimentar os bebésé um facto que hoje em dia nomdiscute ninguém. Muitas campa-nhas da OMS, de associaçons depediatria e dos diferentes gruposde lactaçom materna fôrom quemde calhar na sociedade e criar um-ha consciência coletiva de que omelhor alimento para as criançasnom é outro que o leite da suamae. O que faz este artigo neces-sário nom é esta afirmaçom, se-nom a série de prejuízos que háao redor de dar o peito quando se“ultrapassa” o que muita genteconsidera o aceitável.

Quer dizer, a maior parte destesprejuízos giram ao redor da idadeda criança que se aleita e/ou defazê-lo em público. E nom só jul-gam estas maes, pessoas comumha mentalidade reacionária,de direitas, conservadora ou ca-tólica, senom também gente mo-ça e mesmo com umha ideologiade esquerda. Som muitas as vezesque perante umha cena de aleita-mento, se ouvem comentários dotipo: “Este meninho nom é dema-siado grande para a teta?”, “Masessa meninha já caminha e a maedá-lhe a teta?” “Olha! quantosanos terá esse meninho que aindatoma o peito?” ou algumhas maisofensivas: “Esta porque tem quesacar a teta diante de todo o mun-do?”, “Estas parece que gostamde mostrar as tetas a todos”.

Ninguém (ou quase ninguém)parece valorizar o bem que secriam estas meninhas, a saúde deque gozam ou o vínculo emocio-nal que mantenhem com as suasmaes graças a serem alimentadasa base de peito. E, evidentemente,tampouco se vai valorizar o esfor-ço que figérom essas maes duran-te dous, três ou quatro anos dasua vida para alimentar a sua fi-lha durante todos e cada um dosdias desses anos, muitas delastrabalhando fora do lar e rouban-do tempo ao próprio tempo paraalimentar, cuidar e acarinhar asua criança. Porque a teta nom sóé alimento, muitas vezes é conso-lo, alento, segurança e carinho.

Algo que a tetina dum biberomnom pode dar jamais. Tampoucose valoriza a quantidade de co-mentários a que se enfrentáromestas maes para continuaremdando de mamar como se nomouvissem nada.

É certo que a moral cristá fijo econtinua a fazer muito dano aorespeito de “mostrar a teta em pú-blico” e sobre a idade em que obebé tem que deixar o leite da sua

mae (“porque para além dos 6meses o meninho mantém umharelaçom inapropriada com a maese continua enganchado ao pei-to”) mas nom se pode culpar detodo à igreja. Somos nós quemdecidimos perpetuar estas cren-ças e acossar aquelas mulheresque nom fam outra cousa que daro melhor aos seus filhos. É peri-goso cair neste jogo que nom ser-ve mais que para humilhar a mu-lher que decide seguir o seu pró-prio instinto e nom deixar-se le-var por convencionalismos deter-minados por umha sociedadeinjusta e cruel. A mesma socieda-de que premia e valora enorme-mente a um homem-pai que um

dia muda um cueiro e ignora amae que fai a mesma operaçomaté sete vezes ao dia.

Que difícil é nestes tempos vol-tar fazer o que faziam as nossaavoas que amamentavam meni-nhos das vizinhas que nom conse-guiam levar adiante a lactaçom, ouque enlaçavam dar o peito da filhamaior com à da recém nada! Quetarefa difícil é desconstruir paravoltar construir o que durante anose séculos fijo a humanidade.

Mas a outra metade da popula-çom mundial, aquela que é olha-da do primeiro mundo com a su-perioridade de desenvolvidos, aque nom descobriu os leites arti-ficiais continua a amantar, a aca-rinhar e a brincar como se fijosempre, sem olhadas acusatóriasnem comentários maliciosos.Som maes que nom tenhem quevoltar as suas casas a dar o peitoporque “molestam” e que as suascrianças superam, graças às defe-sas que lhe transmite o leite me-dicinal das suas maes, doençasestendidas nesses países.

Nestas comunidades ririamdos nossos prejuízos rançososprimeiromundistas. Muitas denós já nos rimos também! Com-bater a ignoráncia com doses dehumor sempre foi umha boa reci-ta. Dar o peito quanto mais me-lhor e até idades tardias: o me-lhor presente que podemos daras nossas crianças.

temPos livres

A mama é tambémconsolo, alento,

segurança e carinho

C.C.V. / Augusto Fontám, pintor,diretor de cinema experimental –autor de “Galego! Ceiva o raposoque levas dentro” ou “É o que dáfazer mistura”– e militante inde-pendentista, é o responsável defazer realidade a coleçom “ventoGalego”. Conformada por dez do-cumentários gravados em forma-to DvD apresentam um percursopola história da Galiza, da ocupa-çom romana até as últimas déca-das do passado século XX. Porpalavras do autor, a coleçom “to-ma como referência a resistênciaao império Romano, mais partedos acontecimentos mais desta-cados da resistência galega àopressom sofrida ao longo dos úl-timos séculos”, dando lugar pre-

ferente “à Galiza que é ocultada enegada na voz de parte dos atoresdesde os anos 1960 até hoje, naluita pola independência galega”.Em efeito, a corrente independen-tista quase nunca aparece repre-sentada nos documentários exis-tentes sobre a história do nacio-nalismo galego. Além dos efeitosmais evidentes: invisibilizaçom esilenciamento, este vazio tambémacarreta umha ausência de ima-gens na memória independentis-ta, basicamente “textual” quandonom “oral”. Agradece-se assim agrande quantidade de imagenshistóricas (fotografias, imagensde vídeo, televisom, etc.) compi-ladas polo autor, algumhas delasmui pouco conhecidas ou difun-

didas, que ajudarám muito a pôrcor e movimento à memória cole-tiva do movimento galego.

Os documentários, de fatura ar-tesanal, contenhem valiosas en-trevistas: com historiadores (Xa-vier Moreda, Xosé Álvarez, Dioní-sio Pereira), mas também comprotagonistas. Assim, por exem-plo, no DvD nº2, sobre a GuerraCivil, entrevista Concha Noguei-ra, Blanca García ou o guerrilhei-ro antifranquista do Berço Fran-cisco Martínez lópez 'Quico'. Aoutros, como José luis Fernández'Ché', Antom Árias Curto, CarlosMorais ou José Manuel Sanmar-tim Bouça 'Martinho', dedica umDvD com conversas. Precisamen-te o documentário corresponden-

te às conversas Sanmartim Bou-ça, “O sorriso insubornável dumguerrilheiro galego”, foi apresen-tado na homenagem celebradaem Fene no primeiro aniversárioda morte do que fora guerrilheirodo EGPGC. Estas conversas maispessoais, achegam-nos à facemais humana deles, amiúde des-prezada tanto a nível historiográ-fico como militante.

A coleçom está a ser distribuídade jeito alternativo, maiormenteatravés dos centros sociais do pa-ís. Quem quiger fazer-se com ela,pode também ligar para o seguin-te telefone 635 649 423.

Fontám, Augusto. Vento Galego.

Coleçom de 10 DvD. louriçám, 2012.

dou a teta porque me peta!

entrelinhas coleçom de documentÁrios “vento GaleGo”, de auGusto fontÁm

a criança natural

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2012

que fazer

16.06.2012 / FESTIVAL A RE-BUSCA / 11:00 em Paradela.MACEDAObradoiros, jogos, Novo Circocom Asacocirco, Djammal e Ja-no Costas e concertos de Kus-sondulola, Figli di Madre igno-ta, Dios Ke Te Krew, El Gadze eQando vand.

16.06.2012 / XII SESSOMVERMÚ DE RÁDIO FILISPIM /12:00 na Traseira do Mercado(Carança). FERROLAtua o grupo folc Alén de An-co. Organiza Colectivo Opaíí.

16.06.2012 / FESTIVAL ARRE-CHÉGHATE AO FENTO! /12:00 no Parque Florestal deBembrive. VIGOSessom vermute, obradoiros dereciclagem e infantis e, à noite,concertos de Bongo Botrako,Dakidarría, O Sonoro Maxín ela Banda de Andrelo.

16.06.2012 / FESTIVAL AOSON DO MASMA / Toda a jor-nada em Celeiro de Marin-haos. BARREIROSRoteiros, jogos tradicionais,feira de artesanato, obradoirosde música e baile, bilharda, econcertos de Tumba e Dálle,Os Modernos, Tanto nos Tén eQuempallou. Organizam Tum-ba e Dálle e o C.C. Ollomao.

16 e 17.06.2012 / II OLIMPÍA-DAS POPULARES GALEGAS/ Desde as 09:00 nas instala-çons desportivas do C.F. Pra-ínha e na Burga (Ponte Vea).TEUinscriçom em [email protected].

17.06.2012 / FESTIVAL FOLKIN RIO / 11:00 em TOUROAberto de bilharda, passa-ruas,cantos de taberna, jantar, jo-gos, festa e à noite atuaçons deOs Modernos, Regueifeiros Ti-roliro, Bombos S. Tiago e ABanda da Balbina.

17.06.2012 / PROJEÇOM DELA CHASSE AU LION ÀL’ARC/ 12:30 no Museu do PovoGalego (Costa de Sam Do-mingos). COMPOSTELAMostra de Cinema Etnográfico.

17.06.2012 / MERCADO DESEGUNDA MAO E JOGOSPOPULARES / Toda a jornadaem Sam Salvador (Tebra).TOMINHOAtuaçom de Cé, OrquestraPantasma. Para participar nomercado há que se inscreverno correio [email protected]. Organiza A.C.Trankllada Songz.

18.06.2012 / PROJEÇOM DEDREAMING NICARAGUA /19:30 / PROJEÇOM DE UNACASA PARA BERNARDA AL-BA / 20:30 no Museu do PovoGalego. COMPOSTELAMostra de Cinema Etnográfico.

19.06.2012 / PROJEÇOM DEEL TORERO DE LOS ANDES /19:30 / PROJEÇOM DE LEM-BRANDO OS ROSTROS DAMORTE / 20:30 no Museu doPovo Galego. COMPOSTELAMostra de Cinema Etnográfico.

19.06.2012 / PALESTRA SO-BRE OS PETRÓGLIFOS NAGALIZA / 20:00 no Mádia Leva(Rua Serra de Ancares). LUGO

20.06.2012 / PROJEÇOM DENA CANLE, OSKAR LAGEN-GELD. 12 VEZES E ESCACHAO PODER DOS MANIPULA-DORES! / 21:45 no C.S. O Pi-chel (Rua Santa Clara, 21).COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. vOSG.

21.06.2012 / PALESTRA ‘HÁALTERNATIVAS AO CAPITA-LISMO? A RENDA BÁSICADAS IGUAIS’ / 18:00 no C.S.das Fontinhas (Rua Berlim,13). COMPOSTELAOrganiza o Colégio Oficial deTrabalho Social da Galiza.

22 e 23.06.2012 / FESTIVALPSICOTROITA / Pola noite emSigüeiro. OROSOAtuam Dr. Gringo, los Guajes,Familia Caamagno, Rafa Mor-cego, Kastomä, Terbutalina,Malandrómeda e Supahcan Se-lector. inclui churrascada, sar-dinhada e cacharela. Mais in-formaçom na página webwww.psicotroita.com.

23.06.2012 / FESTA DO LUMENOVO / 19:00 em Fontinhas.LUGOOrganiza o C.S. Mádia leva.Sardinhada e foliada.

23.06.2012 / FESTA DOSOLSTÍCIO DE VERAO /21:00 no C.S. Gomes Gaioso(Rua Marconi, 9 - Atochas-Monte Alto). CORUNHAOrganizam o centro social e obar Cúrcuma. Foliada, jogospopulares e sardinhada.

23 e 24.06.2012 / II MERCADOSUSTENTÁVEL / 16:00 na Pra-ça de Sam Bieito. GUARDAOrganiza A.C. A velha na Hor-ta. inclui obradoiros e umhafoliada. O domingo começa às11:00 da manhá.

24.06.2012 / CONCENTRA-ÇOM CONTRA AS TOURA-DAS / 17:00 diante da praçade touros móvel. SÁRRIA.Organiza com outros coletivose pessoas o C.S. Mádia leva.

27.06.2012 / PROJEÇOM DOFILME SEM TÍTULO DO GRU-PO DE VÍDEO DE CONXO /21:45 no C.S. O Pichel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. vO.

29 e 30.06 e 01.07.2012 / VJORNADAS DE AUTOFOR-MAÇOM FEMINISTA / Toda ajornada em Casas Nornas(Rua Igreja, 15). GONDOMARinscriçom e informaçom no en-dereço de correio [email protected].

29.06.2012 / VENRESPIRINHO/ 20:00 / FOLIADA VENRES-PIRAR / 22:30 em Efémera(fronte ao Auditório Munici-pal). OURENSEOrganizam A.C. Algaravia eAOFT Gomes Mouro.

06.07.2012 / MATAMÁ FOLC /22:30 em Matamá. VIGOAtuam O Fiadeiro, Abobriga,zurrumalla e Os Cuchufellos.No festival Sons da lameira.Organizam Coletivo Malaherbae A.X. de Matamá.

06 e 07.07.2012 / FESTIVALMÚSICA NA NOITE / À noiteem Calo. TEIOAtuam Os Cempés, A Compa-ñía da Ruído, vai Rañala e OSonoro Maxín, entre outros.

07.07.2012 / MALAHERBAROCK / 20:00 em Matamá. VIGOAtuam Escuela de Odio, Daki-darría, Dios Ke Te Krew e Fal-perrys. No festival Sons da la-meira. Organizam Coletivo Ma-laherba e A.X. de Matamá.

12, 13, 14 e 15.07.2012 / FESTI-VAL DO MUNDO CELTA DEORTIGUEIRA / Toda a jornada.ORTIGUEIRAAtuam Bagad Glazik Kemper,Stolen Notes ou Oban Pipeband. Mais informaçom emwww.festivaldeortigueira.com

14.07.2012 / II FESTIVAL ACHORAR A CANGAS / 12:00na esplanada detrás do Con-celho. CANGASSessom vermute e atuaçons deBastards on Parade, Malas Pul-gas, Falperrys, O Neto de Ma-nuel e os Fillos de Quen e loszopilotes Txirriaos. OrganizaDeskarga Furtiva.

o iv encontro Monte pindo contará comsendeirismo, história, música e gastronomiaA Acdr pedramar do pindo orga-niza a iv ediçom do encontroMonte pindo em diferentes espa-ços do concelho na fim-de-semana do 13 ao 15 de julho.

o encontro começa na sexta-fei-ra com a apresentaçom do livro‘Mulheres na guerrilha antifran-quista galega’, de Aurora Marco, ea projeçom do documentário ‘As

silenciadas’. depois falarám o ar-queólogo tito concheiro e o histo-riador felipe senén, para terminarcom umha degustaçom culinária.

para o sábado preparam um ro-teiro com subida ao Monte pindoe na tarde verá-se a saída da 6ªprova do circuito galiza Mágicatrail Adventure. À noite haverásardinhada e verbena.

os atos rematam no domingocom umha visita às ilhas lobeiras,um roteiro polos Mouchos, e umjantar com polvo e churrasco,amenizado, para terminar, commúsica de pandeiretas.

Há mais informaçom sobre ospreços, horários e inscriçom napágina web da associaçomhttp://pedramaropindo.org/.

nascimento e morte dignasos centros sociais Mádia leva evagalume, a cova da terra e di-reito a Morrer dignamente (dMd)organizam do 26 ao 30 de junhoem lugo umhas ‘Jornadas por umnascimento e morte dignas’.

As atividades começam o dia26 com a projeçom de ‘A morte

no cinema’ (20:00 no c.s. va-galume). o 28 a cova da terraacolhe o visionado dos filmes‘nascer contigo’ e ‘parto na ca-sa’. finalizam no c.s. Mádia levao dia 30, com umha palestra naque intervenhem umha doula eum médico, presidente de dMd.

A associaçom nós Mesmasconvoca, em colaboraçom comoutros coletivos, umhas jorna-das polo dia do orgulho lgBtem vigo. vam decorrer do 20ao 28 de junho e incluem pro-jeçons, festas, palestras e obra-doiros. o ato central é a mani-festaçom ‘igualdade sem re-cortes’ que vai saír do cruze deurzaiz com colóm às 18:00 dosábado, 25 de junho. Mais in-formaçom na página webwww.nosmesmas.com.

nós Mesmasconvocaorgulho lgBt

em viGo

13, 14 e 15 de julho

jornadas em luGo

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

Page 28: Novas da Galiza

Novas da Gali a Apartado 39 (15701) coMpostelA tel. 692 060 607 [email protected]

Anão por sabido éreconhecido, mashá um tempo para

cada cousa e se há algoque muda são as vonta-des; papaventos a rumodo que soprar. A percep-ção da ciência, da arte, davida mesma vai a ritmo doque circula na sociedade.

penso no sucesso dogame of thrones e a suaépica escura de devasta-ção, interesses e merce-nários. petiscos de apo-calipse, fantasia e sauda-de de épocas mais firmesd’acavalo da paixão pelacabalá e a cifra proféticado que virá. não é a pri-meira vez que a paisagemliterária se nos apresentacética desolação.

signo dos tempos de so-cato evidenciando o mu-dável e falso que era tudo,a gente repete. A crise nasua frol estética pelos êxi-tos artísticos e literários epelo pensamento exprimi-do pelas paredes da rede.Mudam as épocas de prós-peras, que loucos foramalguns anos, e perpassa-dos na angustia voltamfaulkner, villon, Ayras nu-nes, o desengano e a men-tira e as artes se enchou-pam do mundo em des-concerto, terror, os cheirosde peste e os anúncios deanos de cometas.

esquecemos as fábulasvelhas, os contos, ditos emesmo os conselhos deMc pato, felizes cigarrasque desglosam os saberescom o agirem como se àsvacas gordas sempre se-guissem mais gordos osjatos. sempre, por muitoavisados nos surpreendeo tempo e nos maravilhaa mudança a modas epensamentos mais gravese podemos ler atual.

sempre erradas e tardeas advertências, por maisque presentes, agora quejá zoa feroz o inverno, ocabal é se agasalhar fortemas ler sobre o estio, pa-ra que não se nos passe ovindouro.

ernesto v. souza

a frutíferaestética da crise

Os cheios nos garitos apartadosdos circuitos comerciais confir-mam-vos ante a crítica comogrupo underground...Os grupos galegos som todos bas-tante underground, especialmen-te os que cantam na língua do pa-ís. Nós estamos satisfeitos comque haja gente que nos siga e so-bretodo que o fagam ainda semsairmos nos grandes meios de co-municaçom. Se calhar, de aí vemo de underground.

Para além da crítica, vós preferis definir-vos como uns cowboys cujo caminho é non ter caminho...vamos um pouco por livre, pro-curando algum acovilho. Mas afrase nom só é aplicável ao estilode música que tocamos, mas tam-bém à situaçom dos grupos naGaliza. É um caminho bastanteduro porque nom há lugares có-modos onde ficar quanto a meiosde comunicaçom e apoios públi-cos, mas ainda que seja um itine-

rário difícil vale a pena percorrê-lo porque sempre é mui agradeci-do topar feedback do que fás,mesmo que nom seja com dema-siada gente.

Ataque Escampe é rock de serieB, folk-rock, soul e country, nomhá muitas bandas que cantemem galego centradas neste tipode ritmos… Sempre gostamos de aproximar-nos a géneros diferentes, porquea música que escuitamos tambémé mui variada. Há gente que in-terpreta a mistura de estilos quefazemos como que nom somosdemasiado sérios à hora de tentarreproduzir um género e por issonos tacham um pouco de mesti-ços, mas eu creio que nom é umproblema, senom um valor. Aliás,ao final todo vai soando igual por-que os que tocamos somos sem-pre os mesmos e ainda que toque-mos um tema com estilo countryas maneiras vam ser do pop. Aofinal todo soa parecido.

As letras de Ataque Escampenom som expressamente políti-cas, mas também fazeis política?Retratamos a realidade. As can-çons falam de personagens situa-das num contexto da realidade queaproveitamos para descrever daóptica de que essa realidade nor-malmente agride os interesses dapersonagem. A mensagem que setransmite é que vivemos numhasociedade injusta e que causa emboa medida a infelicidade das pes-soas, mas nom o dizemos de umhamaneira explícita, deixamos queas pessoas ouvintes tirem as suaspróprias conclusons.

Ainda está perto a ressaca do fes-tejo dos dez anos da banda. Algomais longe fica o lançamento dovosso último disco, Violentos anosdez. Por que fôrom violentos?Ainda vam ser mais. O título tam-bém tem umha projeçom de futurona medida em que, até acabar adécada, ainda faltam muitos anos.A previsom é que sejam violentos,

pois já o estám a ser tanto de umponto de vista estrutural, com res-peito ao desemprego, ao corte deserviços, as dificuldades para viverhoje em dia da maior parte da po-pulaçom... e também de um pontode vista mais explícito. Tambémsom violentos na Grécia ondequeiman cada dous por três carrose edificios... É unha violência tantodo sistema como da expressompopular que nom gosta do sistemae que manifesta a sua contrarieda-de com violência física.

Umha violência que se podecombater ou expressar atravésda música, nom é?A música é umha boa arma parafazê-lo. A repercussom que tem amúsica é menor que queimar umbairro, mas polo menos tem a par-te positiva de que é um processode comunicaçom em que os dousparticipam, tanto o que fai a mú-sica como o que a escuita, poloque todos podemos sair enrique-cidos na mesma direçom.

“A música é um processo de comunicaçomno qual participam ambas as partes”RAQUEL RÍOS - DAVIDE DO ARROIO /Nom há trégua na chuva de Ata-que Escampe. Apesar de umha aprendizagem cheia de desgra-ças, dez anos juntos dérom para duzentos concertos, quatro dis-cos e o para assentar o pouso de letras em galego que se movemao som do pop, do rock de serie B, do soul ou do country. A mis-

tura chama cada vez mais gente nova, forjando nela umha fortesensibilidade com a língua e com os valores de esquerda. MiguelMosqueira, a voz e a guitarra do grupo, encarrega-se de retrataros dez violentos anos dos que venhem e a estratégia a seguirfrente a violência que inçará o que ainda resta de década.

miGuel mosqueira, voz e Guitarra do GruPo ataque escamPe

MIGUEL MOSQUEIRAà direita, acompanhado por Samuel Solleiro