tarde é um erro que a cig nom ovas da gali a secretário...

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nÚmero 95 15 de outubro a 15 de novembro de 2010 1,20 € periódico galego de informaçom crítica eu nom te eSPero 5 Estende-se em Compostela a campa- nha contra a visita do Papa prevista para o 6 de Novembro. Numerosas ja- nelas locem a bandeira de rejeitamen- to enquanto a cidade se vai blindar com mais de seis mil polícias. lodoS entre SÁlvora e onS 10 As obras de dragado de portos estám a ocasionar verteduras de lodos que se acumulam nas bocas das rias da Arouça e Ponte Vedra. A presença de zinco e mercúrio provoca a mortan- dade de amêijoas e mexilhons. oPiniom perteNço a umha Geraçom de iGNoraNtes por beatriz peres bieites / 3 o homem de braNco por carlos santiago / 28 a livre escolha das malas por ramón vilar / 3 SuPlemento central a reviSta especial pasquim pola visita papal Quatro humoristas gráficos participam nesta ediçom especial do antigo suplemento. Monográfico contra a visita de Bento XVI. que Foi do... colectivo rompeNte? Antón Reixa, Manuel R. Romón e Alberto Avendaño conforavam Rompente entre finais da década de ‘70 e começos da de ‘80. N ovas da G ali a “Deixar a iniciativa à UGT e a CCOO e acabar chegando tarde é um erro que a CIG nom pode repetir” paulo paio rubido, secretário Nacional da Federaçom de serviços da ciG / pág. 6 Extrema-direita ganha presença na Europa creSce o diScurSo xenófobo Jean Marie Le-Pen e Jörg Hai- der fôrom nomes familiares a nível europeu por representa- rem tentativas de ressurgimen- to da extrema-direita na Euro- pa. A direitizaçom europeia, po- rém prolonga-se, fortalecendo- se, até hoje, com conexons bem profundas na política ‘bem-en- tendida’. A irrupçom de parti- dos da extrema-dereita gera em muitos países umha necessida- de de mudar as estratégias polí- ticas e eleitorais dentro da direi- ta sistémica. O caso dos ciganos ‘convidados’ a abandonar solo francês é só um exemplo da progressom deste discurso que, no entanto, conecta mais com a islamofobia reinante. / PÁG. 12 Movimento ‘queer’ volta às ruas a despatologizaçom das identidades trans vai ser reivindicada nas ruas no próximo 23 de outubro. É só umha mostra do mapa de iniciativas inovadoras dos novos feminismos / PÁG.20 A construçom dos novos centros de saúde baixo a modalidade de iniciativas de financiamento privado evidencia a visom mercantilista com que o governo de Núñez Feijóo enfrenta a gestom da Sanidade Pú- blica. Seguindo o modelo que o PP importa agora da Comunitat Valenciana e a Comunidad de Madrid, en- tidades privadas terám nas suas maos a construçom e manutençom das instalaçons e a exploraçom co- mercial dos serviços nom sanitários ligados a estas. O novo hospital viguês é o buque isígnia do modelo. Aliás, uns planos de Gestom de Área Integrada e de Ordenamento de Recursos Humanos ponhem em dúvida a continuidade do actual mapa sanitário e ameaçam com umha reduçom de serviços. / PÁG. 16 Greve afirma força sindical nacionalista 29-S: Galiza reSPonde à reforma laboral Mais de 130.000 galegos e gale- gas arroupárom as reivindica- çons da greve geral em manifes- taçons realizadas por todo o pa- ís. O seguimento do paro foi mui superior ao do resto do Estado, conseguindo a adesom de mais de 75 por cento dos trabalhado- res e trabalhadoras. A activida- de industrial foi praticamente nula e os sectores mobilizados conseguírom fechar empresas emblemáticas como a Citröen e grandes centros comerciais. O papel destacado do sindicalis- mo nacional fijo valer umha convocatória com todas as pre- visons em contra. / PÁG. 4 e 21 piquete em compostela Avançam a privatizaçom e precarizaçom sanitária

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Page 1: tarde é um erro que a CIG nom ovas da Gali a secretário ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz95.pdf · Ordenamento de Recursos Humanos ponhem em dúvida a continuidade do

nÚmero 95 15 de outubro a 15 de novembro de 2010 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

eu nom te eSPero 5Estende-se em Compostela a campa-nha contra a visita do Papa previstapara o 6 de Novembro. Numerosas ja-nelas locem a bandeira de rejeitamen-to enquanto a cidade se vai blindarcom mais de seis mil polícias.

lodoS entre SÁlvora e onS 10As obras de dragado de portos estáma ocasionar verteduras de lodos quese acumulam nas bocas das rias daArouça e Ponte Vedra. A presença dezinco e mercúrio provoca a mortan-dade de amêijoas e mexilhons.

oPiniom

perteNço a umha Geraçom deiGNoraNtes por beatriz peres bieites / 3

o homem de braNco por carlos santiago / 28

a livre escolha das malas por ramón vilar / 3

SuPlemento central a reviSta

especial pasquim pola visita papalQuatro humoristas gráficos participam nesta ediçom especial doantigo suplemento. Monográfico contra a visita de Bento XVI.

que Foi do... colectivo rompeNte?Antón Reixa, Manuel R. Romón e Alberto Avendaño conforavamRompente entre finais da década de ‘70 e começos da de ‘80.

Novas da Gali a

“Deixar a iniciativa

à UGT e a CCOO

e acabar chegando

tarde é um erro

que a CIG nom

pode repetir”

paulo paio rubido, secretário Nacional da Federaçom de serviços da ciG / pág. 6

Extrema-direita ganhapresença na Europa

creSce o diScurSo xenófobo

Jean Marie Le-Pen e Jörg Hai-der fôrom nomes familiares anível europeu por representa-rem tentativas de ressurgimen-to da extrema-direita na Euro-pa. A direitizaçom europeia, po-rém prolonga-se, fortalecendo-se, até hoje, com conexons bemprofundas na política ‘bem-en-tendida’. A irrupçom de parti-

dos da extrema-dereita gera emmuitos países umha necessida-de de mudar as estratégias polí-ticas e eleitorais dentro da direi-ta sistémica. O caso dos ciganos‘convidados’ a abandonar solofrancês é só um exemplo daprogressom deste discurso que,no entanto, conecta mais com aislamofobia reinante. / PÁG. 12

Movimento ‘queer’ volta às ruasa despatologizaçom das identidades trans vai ser reivindicadanas ruas no próximo 23 de outubro. É só umha mostra domapa de iniciativas inovadoras dos novos feminismos / PÁG.20

A construçom dos novos centros de saúde baixo amodalidade de iniciativas de financiamento privadoevidencia a visom mercantilista com que o governode Núñez Feijóo enfrenta a gestom da Sanidade Pú-blica. Seguindo o modelo que o PP importa agora daComunitat Valenciana e a Comunidad de Madrid, en-tidades privadas terám nas suas maos a construçom

e manutençom das instalaçons e a exploraçom co-mercial dos serviços nom sanitários ligados a estas.O novo hospital viguês é o buque isígnia do modelo.Aliás, uns planos de Gestom de Área Integrada e deOrdenamento de Recursos Humanos ponhem emdúvida a continuidade do actual mapa sanitário eameaçam com umha reduçom de serviços. / PÁG. 16

Greve afirma forçasindical nacionalista

29-S: Galiza reSPonde à reforma laboral

Mais de 130.000 galegos e gale-gas arroupárom as reivindica-çons da greve geral em manifes-taçons realizadas por todo o pa-ís. O seguimento do paro foi muisuperior ao do resto do Estado,conseguindo a adesom de maisde 75 por cento dos trabalhado-res e trabalhadoras. A activida-

de industrial foi praticamentenula e os sectores mobilizadosconseguírom fechar empresasemblemáticas como a Citröen egrandes centros comerciais. Opapel destacado do sindicalis-mo nacional fijo valer umhaconvocatória com todas as pre-visons em contra. / PÁG. 4 e 21

piquete em compostela

Avançam a privatizaçome precarizaçom sanitária

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Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 201002 oPiniom

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

editoramiNho media s.l.

directorcarlos barros G.

coNselho de redacçomcarlos calvo, david canto, iván García, aarón l. rivas, antia rodríguez, Xoán r. sampedro, olga romasanta, antom santos, alonso vidal, paulo vilasenin

secçoNscronologia: iván cuevas, economia: aarónl. rivas, agro: paulo vilasenin e Jéssica rei,mar: afonso dieste, meios: Xoán r. sampedro

e Gustavo luca, treme a terra: duarte Ferrín, além minho: eduardo s. maragoto,povos: maurício castro, dito e Feito: olgaromasanta, a denúncia: iván García, cultura: antia rguez., saúde / ciência / arede: david canto, desportos: a. santos, X. viluba e ismael saborido, sexualidade:beatriz santos, consumir menos, viver melhor: toni lodeiro, agenda: irene cancelas,a Foto: sole rei, terra / que Foi de...:alonso vidal, tempos modernos / em tempos: carlos calvo, a Galiza Natural:João aveledo, Gastronomia: luzia rodrigues,língua Nacional: valentim r. Fagim, criaçom: patrícia Janeiro e alonso vidal, cinema: Francesco traficante, Xurxo chirro.

deseNho GrÁFico e maquetaçommanuel pintor, helena irímia, carlos barros

FotoGraFiaarquivo NGZ, sole rei, Galiza independente(GZi-Foto), Natália Gonçalves, Zélia Garcia

admiNistraçomirene cancelas sánchez

loGÍsticaJosé viana e daniel r. cao

imaGem corporativa: miguel Garcia

audiovisual: Galiza contrainfo

humor GrÁFicosuso sanmartin, pepe carreiro, pestinho+1,Xosé lois hermo, Franjo padín

correcçom liNGÜÍsticaeduardo s. maragoto, Fernando v. corredoira, vanessa vila verde, mário herrero (a revista)

colaboram Neste NÚmerobeatriz peres, ramón vilar, daniel r. cao,h. carvalho, Jorge paços, ana rodríguez, J. marinho, maria rosendo, carlos santiago,pepe Árias, raquel ríos, david do arroio,Gonzalo vilas, José m. Nunes, alícia pinheiro

Fecho de ediçom: 14/10/2010

Se tens algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou es-tractá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novaS

enSino querdeSmantelar a fP

O Sindicato de Trabalhadores doEnsino da Galiza exige à Conse-lharia que rectifique na sua deci-som de suprimir o ciclo de Insta-laçons Electrotécnicas em Cúrtisapesar de superarem o mínimode alunado exigido no rural para

mantê-lo. A Conselharia usa co-mo pretexto a formalidade dosprazos para suprimir um cicloque responde à procura do aluna-do. Com esta decisom a Conse-lharia mostra a vontade de cortargastos ainda à custa de conculcardireitos fundamentais. O discur-so da liberdade e a igualdade deoportunidades de que tanto se ga-ba nom o aplica quando se trata

de garantir ao alunado do ámbitorural o mesmo direito a formar-seque ao alunado do ámbito urba-no.

O professorado mesmo se ofe-receu a dar mais horas das que ob-riga a lei para facilitar a docênciado ciclo, mas esta alternativa nomfoi tida em conta pola DirecçomGeral de Ordenaçom Educativa.

Ademais, muitos dos alunos ealunas inscritas neste ciclo somde outras localidades. Esta deci-som obriga o alunado a deslocar-se a centenas de quilómetros dasua localidade.

Queremos lembrar que esta su-pressom, que nom cumpre os pró-prios critérios fixados pola Conse-lharia, soma-se à realizada a co-meços deste curso com critériosque o STEG já denunciou como in-justos para o conjunto do país e es-pecialmente graves para o rural.

Xosé Cabido, do SecretariadoNacional do STEG

StoP criminalizaçom

Perante os ataques directos de Ga-licia Bilingüe, queremos dizer queSkárnio, como colectivo político-musical, responderá da forma queconsiderar conveniente aos ata-ques infundados daquela associa-çom. Responderemos a quem nosatacar de forma contundente!

Nom é delito fazer música nem fa-zer uso da liberdade de expres-som, direito fundamental. Nen-gumha agressom sem resposta!

Viva Galiza ceive!Viva a música livre!

Manuel Alfonso SalgueiroMontes, presidente da Associaçom Skárnio

contra a eSculturaPara joSePh ratzinGer

Entidades como o Real AeroClub, a Cámara de Comércio ou oInstituto Padre Sarmiento preten-dem erguer no parque de Sam Lá-zaro umha escultura em bronzede Joseph Ratzinger que mediria2,5 metros. O seu autor tem pre-visto que este ‘monumento’ este-ja localizado para o dia 5 de No-vembro onde a chamada Porta daEuropa, que apresenta efígiesdoutros papas e mesmo do fun-dador do Opus Dei.

Pola presente, um grupo de vi-zinhos e vizinhas do bairro que-remos manifestar o nosso rejeita-mento a tal projecto exigindo um-ha explicaçom e um posiciona-mento claro por parte do Conce-lho sobre a pretensom destasentidades privadas de usar o es-paço público para tal fim e de queas nossas vidas e o jogo dos nos-sos filhos e filhas tenha que con-

viver com a presença desta novamostra monumental do mais ran-çoso integrismo.

Aproveitamos para comunicar anossa intençom de impedir que seleve a cabo esta imposiçom quejulgamos ofensiva e que atenta demaneira burda contra a convivên-cia cívica e mesmo contra os valo-res cristaos que professam muitosdos nossos vizinhos e visitantes.

Vizinhos e vizinhas do bairro de Sam Lázaro

PóS-modernidade ouPré-modernidade?

Quero agradecer a Ângelo Pinedaque dedicasse parte do seu artigo“Procurando pêlo em ovo” a dis-cutir comigo algumhas ideias rela-cionadas com o conceito de sobe-rania nacional. Contodo, peca porgenerosidade quando qualifica dedeconstrutivo o que nom era maisdo que um breve exercício de se-mántica histórica. Por outro lado,só me ocorre umha cousa pior queser pós-moderno: ser pré-moder-no. Dado que Ângelo nom é sus-peito de nengum dos dous vícios,fico à espera de que em futuras en-tregas consiga demonstrar que asoberania é um conceito realmen-te acaído ao tempo presente.

Maria do Cebreiro

Entre as muitas conse-quências do tardocapita-lismo hegemónico, so-

bressaiu no contexto europeuumha tremendamente preocu-pante: o enfraquecimento, até apura agonia, dumha instánciasocial autónoma, em que se de-senvolvam espaços comunitá-rios e alternativas rebeldes. Talfoi a ferocidade desta força dis-solvente, que mesmo poderosascentrais sindicais abalárom eabrírom o campo à tam conheci-

da regressom dos direitos.Entre os planos confessos da

extrema direita que se rearma naEuropa -também no Reino de Es-panha- acha-se a liquidaçom docontrapeso sindical. Para tal fim,aproveita-se o merecido despres-tígio dessas burocracias baloren-tas que co-administrárom, refor-ma trás reforma, um lento des-mantelamento do Estado provi-dência. A passada greve geral,convocada com confusionismo eambiguidade mui deliberadas,

deixou porém gratas surpresas ecertas incógnitas.

Umha foi a expressom dumdescontentamento massivo que,soterrado no dia a dia baixo abanalidade mediática e mercan-til, irrompeu na mobilizaçom pi-queteira para paralisar os cen-tros industriais mais importan-tes da Galiza; umha outra foi opapel protagonista das forças

sindicais, que demonstráromum poder de convocatória im-portante. Feito que alimenta ex-pectativas para propostas sindi-cais combativas, mas que tam-bém indica a capacidade das bu-rocracias espanholas para oamansamento e contençom dasluitas que estám por vir.

Seja como for, a Galiza volveua mostrar um pulso próprio, com

salientável capacidade mobiliza-dora e organizaçons e dinámicasdiferentes às espanholas, propi-ciadas em boa medida pola ac-çom do sindicalismo nacional.Mais tarde ou mais cedo, toda es-ta força social que desmente olaio e o derrotismo terá que ba-ter o ferro, em plena rua, com aextrema direita empoleirada nopoder autonómico.

Umha luita abertaeditorial

humor PeStinho+1

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03oPiniomNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

oPiniom

Na próxima semana come-ço as aulas de baile tradi-cional no meu centro so-

cial. Inscrevim-me no curso por-que gostaria muito de saber dan-çar; eu nom tivem a sorte de po-der aprender na minha casa coma minha mae ou os meus avós,nem na aldeia com as velhas vizi-nhas (porque nascim e crescimnumha cidade), e por isso tenhoque ir às aulas, um dia por sema-na, de 20h a 21h e com umha pro-fessora que me ensine.

Tampouco sei fazer o caldo,nem a empada de carne, nem acaldeirada de congro como figé-rom todas as maes das nossasmaes ao longo da história.

Ninguém me ensinou a identifi-car o canto das aves, nem os in-sectos, nem as plantas aromáti-cas, nem os cogumelos veneno-sos. Nom sei quando se planta ofeijom nem como se fai o queijo.Nem aquecer um forno de lenha.

Nom sei coser umha camisanem remendar umhas calças co-mo sabiam todas as geraçons demulheres anteriores à minha.

Nom entendo nada quando olhopara as estrelas do céu nem sei co-mo afectam os ventos às colheitas.

Nom aprendim a tocar a pan-deireta na cozinha nem as músi-cas populares ouvindo cantar nasfestas, e nom sei fazer um piompara as crianças. Nom conheço oscontos tradicionais nem os pro-vérbios. E nom sei o que canta omeu povo aos bebés no berço, nafesta do entruido ou na noite dosolstício de Verao.

Nem sequer sei como se cha-mam na minha língua as cousasque me rodeiam.

Sou umha ignorante. Pertençoa umha geraçom de ignorantes.Pertenço à primeira geraçom dahistória que nom sabe cantar. Aminha mae e o meu pai, como asmaes e pais de todas as pessoasda minha idade, decidírom deixarde transmitir-nos todos e cada umdos segredos da nossa cultura an-cestral. Nem empada, nem moi-nheiras nem língua galega. Milha-res de anos preservando uns sa-beres, costumes e tradiçons queestám prestes a desaparecer pe-rante os nossos olhos.

Já ninguém depois da morte dasnossas avós vai fazer na casa em-pada de milho e sardinhas... Ouserá que vai continuar a fazer-se?

O fenómeno da dança tradicio-nal é mui motivador, sem dúvida:acho que ninguém pode obviarque goza de relativamente boasaúde apesar de se ter cortado,também pola primeira vez na his-tória, a sua transmissom geracio-nal. Eu nom conheço bailadorasde menos de 30 anos que tenhamaprendido os pontos dançando nacasa ou nas festas locais, e, no en-

tanto, cada vez há mais jovens quesabem e querem dançar. Criárom-se associaçons, escolas e agrupa-çons onde ensinar e aprender, e, omais importante, mantivo-se ocontacto com as velhas geraçonspossuidoras do saber.

As nossas velhas e velhos sa-bem o que nós já nom sabemos, edepende de nós, de quem estamosa construir esta naçom, que esseconhecimento, que essa visom domundo nom se vaia com elas.

Os centros sociais e os diferen-tes colectivos que integram o nos-so movimento estám a fazer umtrabalho digníssimo e maravilho-so de recuperaçom -ou de apren-dizagem colectiva. É graças a elese nada mais que a eles que a figu-ra do Apalpador nom se afogouna chuva da desmemória, que oMerdeiro ressuscitou da renega-çom colectiva e que as festas po-pulares abandonadas voltárom àsruas. É graças a eles que eu podoaprender a cozinhar, a cantar e afazer brinquedos de madeira, quesei o que era a tarasca e que co-nheço as aves que aninham nashortas do meu bairro.

É esse abraço entre a nossa gen-te velha e os nossos movimentosnovos, entre o saber e o querer,quem vai poder garantir que as no-vas galegas continuem cada ano àespera da chegada do Apalpador.

Em meados dos anos 80no colégio em que estu-dava estourou a polémi-

ca. Um pequeno grupo de paiscomeçou a reivindicar que sedesse a possibilidade de estu-dar inglês em sexto de EGB enom só francês, como aconteciaaté aquele momento. Os aban-deirados da iniciativa assegura-vam que o nosso centro era umdos poucos que seguia emper-renchado no francês. Assimsoubemos, para surpresa de to-dos, que no resto do país amaioria dos rapazes de 12 anosandavam às voltas com o verbo'To Be' em vez de com o 'Être'.

Os alunos nom levávamos muia sério a discussom entre fran-cófilos e anglófilos. Estávamosmais preocupados, por exemplo,por que se lembrassem que o

nosso pátio era umha sucessomde croios e poças de água nosdias de chuva. Mas a direcçomdo centro decidiu acabar com aliorta entre as famílias convo-cando um referendo de urgên-cia. Os pais dos do quinto anodecidiam e a escolha foi tam de-mocrática que nem faltou um ououtro carrejo de votantes. Ga-nhou o francês por goleada.

Para explicar aquela vitórianom fai falta recorrer a especia-listas em marketing político. Oargumento que marcou um pon-to de inflexom entre os votantesfoi tam simples como, visto o re-sultado, efectivo: Muitos dos ne-nos e nenas que faziam a educa-çom básica viviam com os avós,os pais estavam emigrados naSuíça, praticamente todos emGenebra. Que melhor língua pa-

ra formar umha geraçom que pa-recia condenada a pegar nas ma-las? Apesar do terrível do raciocí-nio (formar adolescentes para osexportar a países mais desenvol-vidos) lembro que eu mesmo(ainda sem direito a voz nem vo-to) concordei com o resultado.Afinal de contas, se um dia toca-va a emigrar melhor acabar num

lugar onde havia conhecidos.O prognóstico nom se cumpriu

exactamente. Para a Suíça fôrommui poucos. Nos anos 90 o paíscentroeuropeu já nom estava pa-ra botar foguetes e apenas dousou três dos velhos companheirosapanhárom, à força, a rota para onorte. Na votaçom, seguindo ocritério comentado no parágrafoanterior, deveria ter-se estudadoo extinto guanche já que, polomenos umha dúzia, emigrárompara as Ilhas Canárias. Outros, amaioria, acabamos peregrinandode trabalho em trabalho às cida-des, em busca da arelada estabi-lidade que tanto tardava (aindatarda) em chegar.

Vinte e cinco anos depois, ago-ra que a adolescência, e inclusi-ve a mocidade, começa a ficarbastante atrás lembro aquela po-lémica logo dum encontro comum companheiro daqueles tem-pos. Para a minha surpresa ex-plica-me que está a prol do novodecreto de línguas no ensino. Fi-cou convencido com o discursodo trilingüismo:

-Olha, eu nom votei por estegoverno, mas o do inglês é muinecessário. Um rapaz quandoacaba a ESO deveria saber falartam bem, ou melhor, o inglês queo galego. É o idioma para andare trabalhar polo mundo.

-E que o castelhano também?-A ver, o castelhano abre por-

tas em muitíssimos países. Sa-bes que nos EUA cada vez hámais gente que o estuda?

Nom quigem iniciar a discus-som com o velho companheirode mesa, nem falar das portasque também nos abre a nossalíngua na Lusofonia. Confessoque me aborrecia o decorrer queteria umha conversa demasiadoprevisível. O que me doeu espe-cialmente é comprovar que, aoigual que quando estudávamosfrancês na EGB, a alguns paispreocupa-lhes mais que os seusfilhos se formem para pegar nasmalas que exigir que tenham umfuturo digno na sua terra.

Ramón Vilar é jornalista e foi o último

director de Vieiros.com

A livre escolha das malas

Pertenço a umha geraçomde ignorantes

os centros sociais eos colectivos que integram o nosso

movimento estám afazer um trabalho

digníssimo e maravilhoso de recuperaçom ou de aprendizagem

colectiva

beatriz peres bieites

ramón vilar muitos dos nenos enenas que faziam aeducaçom básica viviam com os avós,os pais estavam nasuíça. que melhorlíngua para formarumha geraçom queparecia condenada à emigraçom?

Nom aprendim a tocara pandeireta nem asmúsicas populares nasfestas, nom sei fazer umpiom para as crianças

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Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 201004 acontece

aconteceVolta a falar-se da construçom de umhacentral nuclear no nosso país. O presiden-te da Sociedade Nuclear Espanhola, JoséEmetrio Gutiérrez, afirmou que as terrasgalegas «cumprem» com as caraterísticastécnicas para umha instalaçom nuclear.

fantaSma nuclear Paira de novo Sobre o PaíS

A associaçom vicinal do bairro viguêsde Teis exigiu ao Ministério espanholdo Fomento umha soluçom para as seisfamílias mais afectadas polas expro-priaçons. Muitas delas tivérom de com-prar apressadamente novas habitaçons.

continua em teiS a luita contra o ave

10.09.2010 / Morre Daniel Da-lúa Pol, trabalhador da em-presa Ipisa, ao lhe cair em ci-ma umha pedra de 2.000 qui-los em Hermunde (Pol).

12.09.2010 / Realiza-se aquarta convocatória da Re-conquista da Ilha de Toralha(Vigo) perante umha fortíssi-ma presença policial.

13.09.2010 / Governo tránsfu-ga de Gondomar acolhe-se aumha norma de 1991 para

reanudar a construçom noconcelho.

14.09.2010 / Conselheiro deIndústria, Javier Guerra,anuncia que a Reganosa vaiampliar a central de Mugar-dos com um terceiro tanque.

15.09.2010 / Maria Rosa H.R.,de 34 anos, é assassinada amarteladas em Ponte-Cessopolo seu homem.

16.09.2010 / Engenho explosi-

vo caseiro estoura de madru-gada na sede do PSOE na Es-trada.

17.09.2010 / Jorge FernándezLourido morre em Cedeira aolhe caírem em cima as duaslajes de mármore que trans-portava.

19.09.2010 / Centenas de pes-soas participam em Barreirosda I Festa de Exaltaçom do Ci-mento, contra a política urba-nística da cámara municipal.

20.09.2010 / Presidente daJunta, Alberto Núñez Feijóo,propom suprimir o Noitebus,reduzir os refeitórios escola-res e eliminar algumhas li-nhas de trem para ajustar osorçamentos.

21.09.2010 / Começa um in-cêndio em Quiroga que aca-bará queimando 35 hectares.No dia seguinte, um membrode SOS Courel encontra umengenho incendiário entre Vi-la Sivil e Miraz.

22.09.2010 / Motorista morreao capotar o seu camiom naA-6, na zona de Baamonde.

23.09.2010 / Xulio Lago e Ro-berto Brañas, artistas do Gru-po Labra, reivindicam a auto-ria da cadeira gigante deMoanha frente ao promotorimobiliário que asseguravaser o autor.

24.09.2010 / Audiência pro-vincial de Ponte Vedra confir-ma a sentença absolutória

cronoloGia

Mais de 130.000 galegos e galegas participamnas manifestaçons realizadas por todo o paísA greve geral paralisa a Galiza e atinge um seguimento superior ao do resto do Estado espanhol

NGZ / A classe trabalhadora ga-lega deu umha nova mostra decapacidade de luita ao secundarmassivamente a greve geral con-vocada no pasado dia 29 Setem-bro polas organizaçons sindicaispara rejeitarem a nova reformalaboral do Goberno espanhol. Asprincipais cidades e vilas gale-gas paralisárom a sua actividadee mais de 130.000 pessoas parti-cipárom nas manifestaçons or-ganizadas por todo o país. Amais numerosa foi a que levou acabo a Confederaçom Intersin-dical Galega (CIG) em Vigo, on-de máis de 40.000 trabalhadorese trabalhadoras percorrêrom asruas para reclamarem tamémoutro modelo económico e so-cial mais justo e solidário.

O 29-S é já umha jornada histó-rica para o movimento operáriogalego. Apesar da campanha decriminalizaçom e desmobiliza-çom articulada desde os meios decomunicaçom empresariais, mi-lhares de pessoas secundárom aparalisaçom e participárom nasmanifestaçons realizadas nasprincipais cidades e vilas do país.

Já as primeiras horas da greveauguravam um seguimento mas-sivo, com os turnos de noite dasprincipais empresas paralisados.Fábricas emblemáticas como aCitroën em Vigo, Navántia emFerrol e a Celulose de Ponte Ve-dra tivérom que deter a sua acti-

vidade pola falta de persoal e osserviços de limpeza e recolha dolixo municipais ficárom pratica-mente inoperativos em todo opaís, da mesma maneira que a ac-tividade nas lotas de peixe e nosprincipais portos da Galiza.

Já à tarde, as previsons confir-mavam-se e o êxito da convoca-

tória tornava-se cada vez maisvisível, atingindo-se níveis departicipaçom semelhantes aosde 2002 e mui por cima dos re-gistados no resto do Estado es-panhol. Na comarca de Vigo es-tes dados fôrom ainda maiores efoi ultrapassada amplamente aparticipaçom de 80 por cento.

De facto, a manifestaçom convo-cada pola CIG nesta cidade foi amais numerosa das realizadasno país e umha das mais concor-ridas do Estado. Mais de 40.000pessoas percorrêrom as ruas pa-ra mostrarem a sua rejeiçom àreforma laboral e reclamaremum modelo económico e social

mais justo e solidário. Na Coru-nha participárom 10.000 pes-soas; 5.000 em Compostela eFerrol; 4.000 em Ourense; 3.000em Ponte Vedra; e 2.000 em Lu-go e Vila Garcia.

Por sua vez, a Central Unitáriade Trabalhadores (CUT) levou acabo duas concentraçons em Vi-go e Santiago de Compostela. Nacapital da Galiza e em Ferrol su-márom-se, a seguir, às manifesta-çons convocadas pola CIG.

A indústria liderou o protestoA greve geral tivo especial inci-dência nos sectores industrial eda construçon, superando nes-tes ámbitos 75 por cento. Otransporte de viajantes tambémse viu amplamente afectado,com percentagens que superá-rom os 80 por cento. No comér-cio parárom pola primeira vezgrandes superfícies como ElCorte Inglés em Vigo e Alcampoem Ferrol. No que di respeitoaos meios de comunicaçom, oFaro de Vigo ou Xornal de Gali-

cia nom saírom à rua. O trabalho dos piquetes infor-

mativos foi fundamental para ga-rantir o direito à greve de cente-nas de empregados e emprega-das que já desde vários dias antesda mobilizaçom estiveram a rece-ber pressons e coacçons por par-te do patronato para evitar quesecundassem a mobilizaçom.

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

O concelho de Messia aprovou por unanimidade de-clarar o município livre de cultivos transgénicos.Messia reclama, aliás, que as normativas favoreçamos cultivos convencionais, tradicionais e ecológicosem detrimento dos cultivos modificados genetica-mente. A moçom foi aprovada por unanimidade.

meSSia declara-Se livre de tranSGénicoS

Verdegaia está a trabalhar para evitar as diferentes agres-sons que está a padecer a praia da Mexilhoeira, em Ogro-ve, classificada como “zona húmida de importáncia inter-nacional”. Advertem dos danos provocados pola práticadekitesurf e a circulaçom de quads, que provocam danos nosecossistemas dunares e na avifauna.

verdeGaia denuncia danoS na Praia da mexilhoeira

para os três polícias de Can-gas acusados de lessonscontra o ex-vereador do PPNardo Faro Lagoa.

25.09.2010 / Grupo San Joséinaugura complexo urbanísti-co Parques de la Huaca emLima (Peru).

26.09.2010 / Augas de Galiciaeleva o alerta no Rio Úmia anível 1, mas insiste em que épotável para o consumo hu-mano.

29.09.2010 / Dous trabalha-dores morrem no dia da gre-ve geral: um labrego debai-xo do seu tractor em Outese um operário do porto deVigo batido por umha placametálica.

30.09.2010 / Conselharia doTrabalho reconhece que temconstáncia de infracçons la-borais nas obras do TAV emVigo, mas nom as detalha aose tratar de um expedienteem curso.

01.10.2010 / Agente aduanei-ro fere numha perna, presu-mivelmente de maneira for-tuita, um homem ao que acu-sava de lhe roubar pertenças.

02.10.2010 / Javier Zaragoza,fiscal chefe da Audiência Na-cional espanhola, afirma quetentarám tratar a ‘ResistênciaGalega’ como organizaçomterrorista.

03.10.2010 / Junta modifica otraçado da autovia entre

Compostela e a Estrada, evi-tando assim a finca de Son-soles Carbia, que se incorpo-rou em 2009 ao PP junto adous tránsfugas.

04.10.2010 / Construtora vi-guesa Exconsa, com 120 tra-balhadores, declara-se emconcurso de credores.

05.10.2010 / A.S.R., trabalha-dor do Bolo, morre colocan-do umha janela na vila doBarco. No mesmo dia, fale-

cem cinco marinheiros portu-gueses aportados em Vigoem acidente de carro quandoregressavam à casa.

08.10.2010 / Temporal e ma-rés vivas deixam alagamen-tos de até 50 centímetros emBetanços.

09.10.2010 / Núñez Feijóo as-segura que será valorizada aoficializaçom do topónimo LaCoruña se o pedir a maioriado plenário da cidade.

cronoloGia

Campanha contra a visita doPapa a Compostela fai-se notarnas ruas de CompostelaMaior contingente policial da história galega para proteger Bento XVI

NGZ / ‘Eu nom te espero’ é o slo-gan escolhido para concentrar aoposiçom popular à visita dochefe de Estado do Vaticano aCompostela prevista para o dia6 de Novembro. Promovida polaGentalha do Pichel, a campanhaestá a ganhar visibilidade nasruas da capital galega graças àsbandeiras que distribuem parapendurar nas janelas das casas.Nas últimas semanas pode apre-ciar-se o incremento na presen-ça destas bandeiras, especial-mente na cidade histórica.

Para além do trabalho propa-gandístico, a campanha inclui a

difusom de um manifesto atra-vés da Internet que pode ser as-sinado através do site da Genta-lha do Pichel. No mesmo denun-ciam que a cidade está a ser “sa-crificada no altar da suposta ren-tabilidade do turismo de massascomo monocultura económica”,e assinalam a que o bem-estar dacidadania está ameaçado poloturismo, as grandes empresas, apolicializaçom e as restriçons àliberdade de expressom.

Mais de 6.000 políciasOs gastos pola visita papal se-rám mui superiores aos 4 mi-

lhons de euros que a Junta vaigastar, tendo em conta o di-nheiro extraordinário que teráque custear o Ministério do In-terior para financiar a presen-ça de 4.600 polícias espanhóise 1.300 guardas civis. Paraalém destes, participarám nodispositivo membros da PolíciaAutonómica, da Polícia Local enumerosos efectivos de Protec-çom Civil. Conforme assegurouo delegado do Governo espa-nhol na Galiza, Antón Louro,trata-se do “dispositivo [poli-cial] mais importante usado nahistória da Galiza”.

NGZ / Várias sabotagens que ainvestigaçom policial relacio-nou com a proximidade da gre-ve geral produzírom-se em dife-rentes pontos da geografia ga-lega e tivérom como alvo trêssedes do PSOE e a delegaçomlucense do INEM. A primeiradelas provocou quantiosos da-nos no local do PSOE na Estra-da pola explosom de um enge-nho explosivo na madrugada do16 de Setembro. Posteriormen-te, outra bomba de fabricaçomcaseira provocava destroços nasede do INEM em Lugo o 19 deSetembro, enquanto um dia an-

tes da greve outras duas sedesdo partido governante em Ma-drid eram atacadas em Salva-terra de Minho e Salzeda de Ca-selas com coquetéis molotov. Sebem que o engenho lançadocontra o local de Salvaterranom chegasse a explodir, o deSalzeda calcinou por completoo interior do estabelecimento.

Meios de comunicaçom efontes policiais relacionam osataques com a resistência gale-ga ou bem com o que denomi-nam grupos antissistema. Nen-gumha das três acçons foi rei-vindicada publicamente.

Atacam três sedes doPSOE e a do INEM deLugo dias antes da greve

SabotaGenS

NGZ / Segundo dados de Cáritas,na Galiza vivem actualmentemais de 584.000 pessoas com in-gressos menores a 7.000 eurospor ano, o que vem a ser algo me-nos de 600 euros mensais. Destenúmero, 10% nom alcançam os3.000 euros anuais, consideran-do-se que se encontram numhasituaçom de 'pobreza extrema'.

Esta situaçom nom está a ternengum tipo de repercussom porparte das Administraçons, se-nom que se está abordar através

de organizaçons que fam traba-lho caritativo. Deste modo, o por-tal galizalivre.org indica que aCaixa Galicia acabou de assinarum convénio de colaboraçomcom Cáritas no qual doa a estaorganizaçom uns 230.000 euros.

Segundo informou a associa-çom, nos seus refúgios fôromatendidos no último ano 50.000pessoas na Galiza, incrementan-do-se em 103% as pessoas quedecidírom receber os seus servi-ços entre os anos 2007 e 2009.

Mais de 500.000 galegos e galegas vivem na pobreza

excluSom Social

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

Na greve geral do 29-S explici-tou-se a pouca repercussom so-cial que na Galiza tenhem ossindicatos espanhóis. Quais somos motivos disto?É evidente que a atitude de CCOOe UGT, há já muitos anos, provo-ca muito descrédito na classe tra-balhadora, sobretodo naquelaque se mobiliza. Do 29-S há quesalientar que foi umha das pou-cas vezes que a resposta foi maiorque a prevista. Ademais, a classetrabalhadora mostrou-se cons-ciente da complicada situaçomem que está e da necessidade deque esta greve fosse um sucesso.

No trabalho anterior à greve,há outra questom que diferenciaa CIG de CCOO e UGT. Estes sin-dicatos fam campanhas de muitaimagem mediática, enquantoque a CIG desenvolveu um tra-balho para realizar assembleiasem todas as empresas. Quandose prepara umha mobilizaçompor baixo, a resposta sempre émuito melhor. Nas assembleiasinformativas os trabalhadoresqueixavam-se de que esta grevese fijo tarde e mal, e isso devere-mos tê-lo em conta.

Para a CIG, quais fôrom as ra-zons para nom convocar umhagreve geral nacional à margemde CCOO e UGT?Tenho perfeita constáncia quenom se debateu em nengum or-ganismo da CIG levar a caboumha greve geral, unilateral-mente ou nom. A explicaçomdeu-na o secretário geral, SusoSeixo, numha assembleia de de-legados quando foi perguntadopor esta questom, onde respon-deu que a CIG nom tinha capa-cidade para convocar umha gre-ve geral de forma independente.Eu entendo que é umha valori-zaçom pessoal de Suso Seixoque é compartilhada pola maio-ria sindical da CIG.

Causa tensons na CIG o facto de que este debate nom se desenvolvesse?A CIG é umha organizaçom muigrande e há muitas visons parti-culares dentro dela. Acho queeste debate, o de se tínhamos deter convocado ou nom, devemostê-lo agora obrigatoriamente. Seneste momento a CIG nom to-mar a iniciativa para decidir quemedidas pôr em andamento pa-ra defender os direitos dos tra-balhadores, eu acho que, damesma maneira que eles nosapoiárom agora, poderám reti-rar-nos este apoio no futuro.

Entom a mobilizaçom continua-rá nos vindouros meses...Depois da greve, a mensagem ini-cial da CIG foi que era preciso darcontinuidade às mobilizaçons. Apregunta entom deveria ser se aCIG vai dar mais algum passo emdeterminados sectores ou de ca-rácter global. Teremos que estu-

dar que capacidade temos, ondea temos, quais som os objectivose a partir daí eu penso que há queter vontade para a convocatóriade greves nós sós. Deixar a inicia-tiva a CCOO e UGT é um erro. ACIG tivo que assumir umha con-vocatória que chegou tarde. Se is-to aconteceu umha vez, que nomse passe mais vezes.

Tem volta atrás a reforma?Eu nom creio que as cousas se-jam definitivas, no sentido de quehaja umha reforma que seja irre-vogável ou que haja um ponto deinflexom do qual nom se poda re-gressar. O que interessa som astendências e agora estamos a so-frer umha de perda de direitos.Entom, é obrigaçom da classe tra-balhadora, e sobretodo das suasorganizaçons sindicais, luitar pormudar esta situaçom, conseguin-do que a classe trabalhadora vol-te a avançar. Nom se trata de me-lhorar o sistema, porque a classe

trabalhadora só conseguirá avan-çar em direitos na medida em queseja superado o sistema. E paraisto nom se pode contar comCCOO e UGT.

Depois do 29-S tentarám-secriar novos laços com forçassindicais que participárom nasmobilizaçons da CIG, como aCUT e a CNT?Sobre esse tema duvido que venhaa haver umha mudança de posi-çom em relaçom à actual de ausên-cia de contacto. A nível particular,eu entendo que umha conclusom aextrair do 29-S é com quem se po-de contar e com quem nom se po-de contar. Tenho claro que nom sepode contar com CCOO e UGT eque se pode com outras centraissindicais que trabalhárom nos pi-quetes e que respondêrom.

Nos discursos da CIG do 29-S fi-jo-se referência ao BNG comoúnica força política que apoiou a

greve geral. É ajeitado para um-ha central sindical fazer este tipode concessons à classe política?Para aprofundar no tema, fale-mos de como se debateu isto nacentral sindical. Por parte daExecutiva Confederal redigiu-seum argumentário para difundirnas assembleias informativas.Dentro destas ideias fazia-se es-pecial mençom da importánciado voto e de orientá-lo a organi-zaçons nacionalistas, nomeada-mente o BNG. A título pessoal,nom compartilho que a CIG fagaeste tipo de concessons. Nestepaís as três forças políticas comrepresentaçom parlamentar já ti-vérom a oportunidade de gover-nar e nengumha delas deu mos-tras de defesa dos interesses daclasse trabalhadora.

No caso concreto da Federaçomde Serviços da CIG, como consi-derades que se deve desenvol-ver o trabalho sindical?Com a que nos vem em cima, te-mos que voltar a um sindicalismomuito mais combativo e que vaicontar com menos mecanismosde defesa dos que temos agora.Os próprios métodos de organi-zaçom dos trabalhadores vamver-se atacados. Percebe-se clara-mente que vai haver umha limita-çom por lei do direito à greve.Também há indícios de que se to-cará a negociaçom colectiva paraa conduzir ao ámbito da empresae ao individual, nom do sectorial.Por outra parte, num contexto re-gressivo coma o actual, acho queem conflitos pequenos devem-seobter triunfos sindicais e praticá-los como mecanismo de combatee de luita. Com este tipo de confli-tos, tés espelhos nos quais a clas-se trabalhadora pode comprovarque todo o que se nos di é menti-ra e que nom é momento de estarà defensiva, senom de seguir comum trabalho sindical ofensivo.

“Num contexto regressivo como o actual é tempode voltar a um sindicalismo ofensivo e combativo”

Paulo Paio rubido é SecretÁrio nacional da federaçom de ServiçoS da ciG

José António Rodríguez Ferreiro, alcalde do concelho dosBrancos entre 1991 e 1999 polo PP, está a promover umhalista eleitoral desde o cárcere, onde se encontra por malver-sar mais de 200.000 euros do erário. Confrontado à direc-çom do Partido, Rodríguez Ferreiro estaria a promover um-ha lista alternativa à do novo alcalde para as municipais.

ex-alcalde doS brancoS controla deSde o cÁrcere

O Comando Antiautoritário de Pecadores Maria Mada-lena reivindica a queima de contentores no SeminárioMenor de Compostela na noite de 19 de Junho e aindaa queima da entrada de um famoso hotel do bairro deSam Lourenço. Pretendem ser umha “mensagem de re-jeiçom à visita do Papa e à pantomima do Jacobeu”.

SabotaGenS contra a viSita de bento xvi a comPoStela

AARÓN L. RIVAS / Após a jornada de greve geral do passado dia 29 de Setembro somvários os interrogantes que se apresentam ao futuro da classe trabalhadora galegae à sua relaçom com os sindicatos. Após o escasso seguimento popular das mobili-zaçons convocadas para esse dia polas organizaçons espanholas, em confrontocom as galegas, é tempo de reflectir sobre o modo de agir destas. Se bem que o NO-

VAS DA GALIZA pretendesse entrevistar num primeiro momento o secretario-geral daCIG para abordar estas questons, Suso Seixo nom mostrou disposiçom para con-cretar um encontro. Paulo Rubido, da Federaçom de Serviços da mesma central sin-dical, explica qual é a analise realizada nesta organizaçom sobre a greve e as possi-bilidades mobilizadoras que deixou no nosso país.

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NGZ / A Galiza combatente cum-priu no passado dia 11 de Setem-bro dez anos como data de refe-rência das luitas populares gale-gas, centrando os actos nos mili-tantes do EGPGC Lola Castro eJosé Vilar, mortos há vinte anosdurante uns ataques ao narcotrá-fico na Galiza. NÓS-UP e a AMIrememorárom o exemplo destesactivistas e outros que luitáromnos mesmos anos, centrando-seno caso da segunda organizaçomna homenagem às guerrilheirasda década de 80 e 90.

O acto de NÓS-UP, apresentadopor Noa Rios, começava às 13h00em Ferrol na rua onde MonchoReboiras é lembrado cada ano.Com um público de cerca de 100pessoas, Augusto Fontám, BelémGrandal, Ramiro Vidal, Igor Lu-gris e Luz Fandinho lêrom poemasdedicados às personagens home-nageadas, alguns deles inéditos.Carlos Garcia (representante deBriga) e Alberte Moço (vozeiro na-cional de NÓS-UP) encarregá-rom-se dos discursos políticos, su-blinhando o potencial revolucio-nário de umha cojuntura de crisecomo a actual. A seguir, o CentroSocial Fundaçom Artábria acolhiaum jantar de confraternizaçomcom as pessoas assistentes.

Também os actos da Assembleia

da Mocidade Independentista jun-tárom várias dezenas de pessoasna vila de Moanha, para reivindi-car o exemplo das guerrilheiras dehá duas décadas e resenhar a im-portáncia da luita das mulheres noarredismo galego. A celebraçomcomeçava com umha rondalha às19h00 da tarde, após um jantar naPraça do Mar. No acto político in-tervinhérom várias militantes queluitárom nos mesmos anos que Lo-

la e José, para continuar com aprojecçom de um documentárioelaborado para a ocasiom onde sefala com algumhas das mulheresque fôrom retaliadas pola sua acti-vidade política nuns anos chavespara o nacionalismo galego. A jor-nada finalizou com foliada e con-certo. No próprio dia 11 realizou-se umha homenagem floral emCulheredo e Meirás onde repou-sam os corpos de Lola e José.

07aconteceNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

A Subdelegaçom do Governo comunicou à CausaGaliza o início de um procedimento sancionadorcontra pessoas que participárom num acto emmemória dos Mártires de Carral. Argumentamumha suposta alteraçom do tránsito que poderiaacarretar sançons de 300 a 600 euros.

cauSa Galiza é multada Por orGanizar acto Político

Agir cumpriu dez anos no mês de Setembro. Umha dé-cada que descrevem cheia de «vivências, de projetos es-timulantes, de formaçom de militantes da causa socialis-ta e independentista galega, de vitórias e de derrotas».Em definitivo, «umha década inteira de intervençom re-volucionária nas aulas e nos centros de ensino».

a orGanizaçom eStudantil aGir fai dez anoS

NGZ / No passado dia 7 de Se-tembro o independentista JoséManuel Sanches era detido emCompostela, cidade em que mo-ra. Apenas dous dias depois, oseu companheiro Santiago Vigoera também levado pola políciaespanhola para Teixeiro. Ambosos moços foram detidos em Por-tosim em 2007, acusados detransportarem um engenho ex-plosivo. Depois de dous anos deprisom preventiva, fôrom conde-nados a um total de quatro anos,aumentando a pena exigida numprimeiro momento em que osfactos tinham sido tipificados co-mo “depósito de explosivos” emvez de “danos terroristas”.

As mostras de solidariedadejá começárom a ter lugar em di-ferentes pontos do País, comoVigo, onde várias pessoas se

concentrárom no passado dia11. No mesmo dia, o centro so-cial Madia Leva! de Lugo aco-lhia umha “Jornada Antirre-pressiva” com umha palestrade Ceivar, na qual se proporcio-nou informaçom sobre os deta-lhes das detençons.

Liberdade vigiada para OlveiraNo entanto, o independentistaXurxo R. Olveira era libertado afinais de Setembro. O organis-mo antirrepressivo Ceivar anun-ciava a sua saída em regime deliberdade vigiada do centro demenores Monte Ledo, onde fina-lizou a sua condena após oitomeses no centro Los Rosales emMadrid. Os maus tratos e arbi-trariedades por parte dos carce-reiros fôrom permanentes emqualquer um dos dous centros.

Santiago Vigo e José M.Sanches voltam à prisom

rePreSSom

NGZ / O estaleiro viguês Vulca-no viu-se obrigado a iniciar umprocesso de concurso de credo-res após ver frustrada a vendada sua filial asturiana Juliana–em liquidaçom– e nom chegara acordos com as sociedadescom as quais mantém dívidas. AJunta anunciou que proporcio-nará, através do IGAPE, o avalde 21 milhons que a empresa re-quer para atrasar por três me-ses o concurso oficial de credo-res –antiga ‘suspensom de pa-gamentos’–, amparando-se na

Lei Concursal, o que lhe permi-te eludir durante este período ocontrolo judicial e a quebra, po-dendo concluir a construçom deum grande navio sísmico.

Desta maneira, pode assegu-rar o seu futuro de maneira ime-diata, mas nom evita as conse-qüências de umha dívida supe-rior aos 130 milhons de euros.

Os trabalhadores continuamfechados nas instalaçons de Vul-cano em Guixar e denunciamque o Ministério da Indústrialhes está a virar as costas.

Aval da Junta permite queVulcano respire três meses

Sector naval

Galiza combatente lembra Lola Castroe José Vilar na sua décima ediçom

convocatóriaS indePendentiStaS

Três agressons sexistas em Ponte Cesso, Lugo e Corunha NGZ / A violência sexista voltou a reproduzir-se emtrês casos graves em meados do passado mês de Se-tembro. O primeiro deles tivo como vítima Maria Ro-sa de la Hoz, vizinha de Ponte Cesso, que falecia as-sassinada polo seu ex-namorado às marteladas. Nacidade de Lugo umha mulher fugia do seu agressor

protegendo-se num café em que o seu empregado eum cliente fôrom objecto de contusons e tivérom queser hospitalizados por defenderem a mulher. Por suavez, dous jovens homossexuais fôrom agredidos porgente nova reunida na ‘zona de botelhom’ entre ber-ros contra a liberdade sexual e a favor de Franco.

AUGUSTO FONTÁMparticipou no recital poético

do acto de NÓS-UP

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Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 201008 acontece

NGZ / Os números do desempre-go na Galiza continuam a subir.Assim, segundo os dados torna-dos públicos polo Ministério doTrabalho e Imigraçom, o passa-do mês de Setembro deixou nonosso país umhas 4.563 pessoassem emprego, o que indica um-ha subida percentual de 2,16%que deixa um total de 216.095desempregados e desemprega-das na Galiza administrativa.

A destruiçom de emprego nomparou desde finais de 2008 e estatendência explicita-se sobretodona taxa interanual, pois em rela-çom com o mês de Setembro de2009 o desemprego na Galizacresceu numhas 15.630 pessoas,que em dados percentuais repre-senta um aumento de 7,8%.

Os dados do desemprego in-dicam que, por géneros, som asmulheres as que mais estám a

padecer a actual destruiçom depostos de trabalho. Assim, osdados do Serviço Público deEmprego assinalam que somumhas 118.211 as galegas quese encontram desempregadas,frente aos 97.884 desocupadosque se registam. As mais afecta-das som aquelas pessoas quenom contárom com um empre-go anterior, tendo-se incremen-tado o desemprego neste ámbi-

to em 3,94%, atingindo assim os26.994 desocupados. Por secto-res produtivos o mais afectado éo de serviços, que actualmenteconta com 117.816 desemprega-das e desempregados.

As perspectivas para o empre-go no vindouro ano tampoucoindicam que se vaiam recuperarpostos de trabalho. O sindicatoCUT informou num comunica-do que o Governo central espe-

ra que em 2011 se perdam emtodo o Estado espanhol uns127.000 postos de trabalho in-definidos. Por outra parte, acentral sindical galega denunciatambém que uns 100 milhons deeuros do Fundo de Garantia Sa-larial (Fogasa) do Estado se de-dicarám a subvencionar os des-pedimentos que o empresariadotem programados para o vin-douro ano.

Continua a crescer o desemprego com mais de 4.500 novas pessoas afectadas

Arquivam queixa por torturascontra carcereiros de TeixeiroNGZ / Em Junho de 2008 o Ob-servatório para a Defesa dos Di-reiros e Liberdades, Esculca, ini-ciava umha queixa-crime contravários carcereiros polas torturassofridas por E.F.R., que teriam ti-do lugar no módulo de isolamen-to da cadeia de Teixeiro. Recen-temente, a juíza de Betanços Ma-ría del Carmem Barcala arquiva-va as diligências por esta quere-

la, ditando o seu arquivo. O tes-temunho de três pessoas quepresenciárom os actos e o rela-tório dos próprios serviços mé-dicos da prisom dam crédito àagressom, efectuada por quatroou cinco carcereiros com cace-tes e luvas. Esculca está já a pre-parar o recurso contra o arquivo,levando o caso, se for necessá-rio, ao Tribunal Constitucional.

efeitoS daS criSe económica Sobre o nÚmero de PeSSoaS com trabalho continua a afectar SectoreS maiS deSProteGidoS

NGZ / Os ataques contra os direi-tos laborais por parte do Estadoespanhol continuam. O Governocentral procura actualmente um-ha reforma no sistema de pen-sons que implicará umha novaregressom, pois está em cima damesa atrasar a idade da reformados 65 aos 57 anos, assim comaa ampliaçom de 15 a 20 anos tra-balhados como tempo mínimopara poder aceder a umha pen-som contributiva. Com esta novareforma, o PSOE volta a assumiro ideário do empresariado espa-nhol e de entidades supranacio-nais como o FMI.

A nova reforma que actualmen-te se está a cozinhar em Madrid éumha ofensiva contra umha das

políticas sociais que a socialde-mocracia espanhola consideravaum alicerce do chamado sistemade bem-estar: o sistema contribu-tivo. Mas nesta ocasiom a supostaesquerda estatal aceita os precei-tos neoliberais e começa a endu-recer as condiçons para que umtrabalhador poda aceder a este ti-po de prestaçons.

Esta nom é a primeira pancadaque receberám às pensons. Nasprimeiras medidas de ajusteanunciadas polo próprio presi-dente do Governo espanhol, JoséLuís Rodriguez Zapatero, no mêsde Maio. Naquela ocasiom, o go-verno decretou a congelaçom pa-ra 2011 das pensons, excepto pa-ra as mínimas e as nom contribu-

tivas. Finalmente, parece que estetipo de prestaçons se livraram doscortes, pois no projecto de lei pa-ra os Orçamentos Gerais do Esta-do que tem preparado o PSOEpropom-se umha subida de 1%para estas pensons.

Ainda à espera de que o sistemade pensons se volte mais precárioapós as negociaçons entre os par-tidos políticos, os cortes que já seaprovárom polo Congresso dosDeputados. Segundo os dados ofi-ciais estes cortes atingirám maisde 479.000 pessoas na Galiza. Se-gundo previsons das centrais sin-dicais espanholas, os jubiladosperderám entre 170 e 180 eurospor ano devido aos ajustes apro-vados polo Governo espanhol.

Governo espanhol prepara ataque contrao sistema de pensons após a sua congelaçom

conquiStaS SociaiS em PeriGo

Sáez de Ynestrillasparticipará em julgamentocontra independentistaNGZ / O líder ultra-direitista Ri-cardo Sáez de Ynestrillas compa-recerá nos tribunais da Corunhano próximo dia 16 de Novembrocomo advogado da acusaçomcontra o independentista RubémMeixide. O militante vai ser jul-gado por ter-se confrontado comum militar espanhol e membrode Falange que o teria ameaçadocom umha faca na rua, conforme

informa Ceivar. Enquanto a Fis-calia solicita 4 anos de cadeia co-mo condenaçom contra o inde-pendentista, a acusaçom particu-lar –representada por Sáez deYnestrillas– reclama 9 anos deprisom e 12.000 euros em concei-to de responsabilidade civil polosalegados delitos de “roubo comviolência e intimidaçom” e “le-sons com falta de furto”.

SA

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

Reclamam destituiçom de Samuel Juárez e reforço do serviço público anti-incêndios NGZ / A rede Galiza Nom Se Ven-

de apresentou em finais de Se-tembro numerosas alegaçonscontra o Plano de Ordenamentodo Litoral com a intençom de evi-tar as suas “graves conseqüên-cias” sobre os espaços costeiros.Consideram que o texto legislati-vo subordina a preservaçom danatureza “às necessidades do ca-pitalismo globalizado”, que consi-dera o território como “umha me-ra fonte de benefício económico”.

Solicitam directamente a reti-rada do plano aprovado inicial-mente para a redacçom de umnovo regulamento “racional esustentável” e elaborado com“verdadeira participaçom demo-crática”. Consideram que se seaplicasse acarretaria a “degrada-çom ambiental, biológica, geoló-gica, hidrológica e paisagísticado litoral”, assim como “etnográ-fica, patrimonial e arqueológica”,afectando também os modos devida vinculados ao território.

Reclamam ademais que se man-tenha a faixa de protecçom de 500metros desde a linha de costa en-quanto um novo planeamentonom for elaborado e aprovado.

alegaçons contra alegislaçom para olitoral ditada polo PP

NGZ / O pessoal do serviço con-tra incêndios da Junta, tanto ocontratado directamente atravésda Administraçom Autonómicacomo o da empresa pública Ser-viços Agrários Galegos (SEA-GA), exigiu recentemente a des-tituiçom de Samuel Juárez àfrente da Conselharia do MeioRural, e que se mantenha o ca-rácter público de todo o operati-vo anti-incêndios da Galiza.

As trabalhadoras e trabalha-dores da empresa pública SEA-GA levam tempo a denunciar otemor à privatizaçom. O últimoepisódio, a pretensom da Juntade recorrer ao sector privado pa-ra realizar tarefas de prevençomdurante o Outono e o Inverno,trabalhos que consideram queeles próprios podem realizar.

Como protesto, perto de 300pessoas manifestárom-se emCompostela a 8 de Outubro recla-mando soluçons. O acto acaboucom a queima da famosa fotogra-fia de Feijóo durante a vaga de in-cêndios de 2006, aquela em queaparecia manejando umha man-gueira. Todo entre berros recla-mando a renovaçom dos seus con-tratos e a destituiçom do conselhei-ro do Meio Rural, Samuel Juárez.

Também tivérom a sua quotade protagonismo os veterináriosda Junta contratados através daSEAGA, pois o Governo decidiuque sejam os próprios ganadei-ros a realizarem as tarefas deidentificaçom e certificaçom dosanimais, colocando eles os cro-tais e comunicando-o à Adminis-traçom via Internet. Para o secre-tário nacional da CIG-Serviços,Paulo Rubido, isto trará conse-qüências negativas para a traça-bilidade das reses.

No fim da manifestaçom, as tra-balhadoras e trabalhadores,

acompanhados por Rubido, fô-rom recebidos por Henrique Viéi-tez, deputado do BNG. O parla-mentar do Bloco, às portas mes-mas da Cámara, assegurou-lhesque o seu grupo levará a questoma debate no Paço do Hórreo.

Dissoluçom da SEAGAJusto um dia depois, a capitalnacional foi palco de umha ou-tra manifestaçom, sensivelmen-te diferente da anterior. Nestaocasiom a CIG estivo acompa-nhada por CCOO, UGT e o sin-dicato de funcionários CSIF. Asquatro organizaçons reclamá-

rom a profissionalizaçom doserviço contra incêndios e o fimdas externalizaçons.

Para os sindicatos, a Junta es-tá a aplicar o pior modelo possí-vel na luita contra os fogos.Além de manter o pior do her-dado, introduziu outros elemen-tos de distorçom, como a entra-da da empresa Natutecnia paraa coordenaçom do operativo, oqual tivo como conseqüênciajusto o contrário, «mais descoor-denaçom», e colocárom comoexemplo a morte de dous operá-rios em Fornelos de Montes.

Os sectores da Administra-

çom Autonómica de CCOO,CIG, CSIF e UGT instárom aoGoverno a reforçar o carácterpúblico do serviço anti-incen-dios (que todo o pessoal sejacontratado polas listas públicasda Junta) e a eliminar a SEAGAe a Natutecnia do operativo.Ainda, exigem a realizaçom ur-gente de umha reuniom com ossindicatos convocada —urgen-temente— polo Comité de Se-gurança e Saúde do Serviço deDefesa contra Incêndios Flores-tais, e a assunçom de responsa-bilidades políticas pola campa-nha anti-incêndios 2010.

NGZ / O director geral de Montes, Tomás Fernán-dez Couto, informava no início do mês que os fo-gos afectárom já um total de 13.594 hectares, dosquais 36,7 por cento se correspondem com espa-ços protegidos. Os dados aproximam-se nesteámbito aos de 2006: por volta de cinco mil esteano frente aos 5.800 hectares do fatídico Veraoem tempos do bipartido.

No Maciço Central, a zona protegida que so-freu o maior impacto, ardeu 8,5 por cento da su-perfície. As labaredas afectárom também espaçosde interesse ambiental relevante na Baixa Límia,Monte de Ramo, Pena Maceira, Pena Trevinca, a

Ribeira do Sil e o Parque do Gerês.A Adega criticou a gestom institucional desta-

cando “a falta de atençom ao meio rural de monta-nha e a ausência de umha política florestal coeren-te”. Consideram que os fogos deste Verao “consti-tuem umha verdadeira catástrofe ecológica”.

A respeito do Maciço Central, Fernández Coutoestima que a sua recuperaçom demorará entredous e cinco anos. Sobre este espaço –onde desta-cárom os lumes de Chandreja da Queixa, Mace-da, Laça e Viana do Bolo– Adega entende que “depossível parque natural em 2006 passou agora aengordar a lista dos espaços naturais na UVI.”

Mais de um terço dos hectares queimados em zonas protegidas

NGZ / O colectivo audiovisual Gali-za Contrainfo apresentou-se pu-blicamente depois de ter realizadolabores de divulgaçom dos movi-mentos sociais durante meses.Inaugurou o seu site no endereçowww.galizacontrainfo.org, ondepodem consultar-se os vídeos quetenhem realizado desde a sua fun-daçom assim como outros relacio-nados com a “comunicaçom alter-nativa que se desenvolve na Gali-za”. Gz Contrainfo colabora com oNOVAS DA GALIZA e vai realizar do-cumentários de forma conjunta.

Apresentam-se como iniciativa“independente, nom comercial eautogerida de contra-informaçomaudiovisual galega” e pretendemacompanhar o tecido social orga-nizado para reflectir “as luitas,problemáticas e realidades silen-ciadas ou distorcidas polos meiosde comunicaçom de massas”.

Promovem a colaboraçom ex-terna com o seu espaço web, poloque disponhem de um formulárioatravés do qual “qualquer pessoae/ou colectivo pode fornecer osseus trabalhos audiovisuais”.

Consideram que “numha socie-dade livre e emancipada a difusomdo conhecimento e a cultura deveser livre e gratuita”, de maneira queapostam polo copyleft e o uso de li-cenças livres nos seus trabalhos.

Galiza contrainfoapresenta-se comespaço na internet

briGadiStaS de SeaGa e da junta exPonhem demandaS Para melhorar o Seu trabalho

NGZ / O grupo Galicia Bilingüetornou público um dossier queapresentou perante a Junta noqual investiga a vida privada dedous professores e umha profes-sora de ensino secundário quemantivérom umha reuniom coma Conselharia de Educaçom re-presentando a Coordenadora Ga-lega de Equipas de Normalizaçome Dinamizaçom Lingüística. O do-cumento, de 72 páginas e acom-panhado por 230 anexos, foi utili-zado para que a Junta empreenda

acçons contra a Coordenadora.Assinalam desde a entidade

que promove o retrocesso do ga-lego no ensino que “caso a Juntanom resolva no prazo estabeleci-do ou nom o faga de forma satis-factória recorreremos aos tribu-nais”. Instam a que a Adminis-traçom investigue as equipas denormalizaçom e a sua coordena-çom para esclarecer a sua activi-dade, integrantes e funciona-mento com o objectivo de fazerchegar as suas conclusons pe-

rante a Fiscalia, por se o seu agirfosse “constitutivo de delito”.

O documento alude a um su-posto “adoutrinamento no ensi-no” e criminaliza os representan-tes da Coordenadora com basenum seguimento dos mesmosatravés da Internet. Entre as acti-vidades que denunciam constama promoçom do Apalpador comofigura representativa do Natalgalego ou o fomento da partici-paçom do estudantado no ‘Cor-relíngua’ que promove A Mesa

pola Normalizaçom Linguística.No fecho desta ediçom, Galicia

Bilingüe centrava as suas acusa-çons na equipa de normalizaçomde Cúntis e apontava directamen-te as suas queixas contra a bandamusical Skárnio e a organizaçomjuvenil Briga, entidades referen-ciadas no blogue do grupo nor-malizador do Instituto. Apresen-tárom o seu dossier perante o Va-ledor do Povo e voltárom a solici-tar responsabilidades judiciaiscontra os gestores do site.

Galicia Bilingüe lança campanha contra as equipas de normalizaçom e publica dados privados de representantes da sua coordenadora

ataqueS contra aS tentativaS de recuPeraçom de eSPaçoS Para o GaleGo no enSino SecundÁrio

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P. V. / É um dos frutos maisabundantes no Outono. Co-meça a cair da árvore quan-do sorrim os ouriços no es-curo de Outubro como rezaesta adivinha recolhida porRisco: “Alto me miro/Cord´ouro tenho/Por umha risa-da/Perdim quanto tenho”. Acastanha é conhecida em to-do o país desde o tempo dosromanos e devido à sua im-portáncia social tem até fes-ta própria: o magusto. Porém,a sua substituiçom na ali-mentaçom por produtos che-gados de outras latitudes, es-pecialmente o milho e a bata-ta provenientes da Américadesde o século XVII, fijo comque o paulatino abandono re-legasse este fruto a umhagastronomia do folclore.

A castanha, apesar da sua popu-laridade, é escassamente consu-mida na Galiza. Tam só no Ou-tono é levada ao lar para consu-mir em fresco. Suso Quintá, pre-sidente do conselho reguladorda castanha na Galiza explica:“matou a fome, é por isso que te-mos complexo”, afirmaçom quenos relembra a castanha comofruto da escassez.

À margem disto, a produçome qualidade do fruto no país sommui boas, principalmente nasprovíncias de Lugo e Ourense, ecom menos importáncia na Co-runha. A variante europeia sati-

va ronda as 15 toneladas de pro-duçom por ano, o que implicamais de metade da produçom de

todo o Estado espanhol. Dentroda variante indicada conhecem-se 81 subespécies com diferen-tes períodos de maduraçom equalidade.

Fora das nossas fronteiras arealidade é outra, principalmen-te na França, Suíça e no Japom,onde a castanha e os seus deri-vados gozam de grande procurae, em maior ou menor medida,estes países som territórios defi-citários na produçom deste fru-to. Conseqüência do anterior, oquilo de castanhas de boa quali-dade pode chegar a atingir noJapom os seis euros. O grandeêxito na exportaçom explicaque nos dias de hoje a castanhaseja o primeiro produto agrícolaespecializado no comércio exte-rior na Galiza.

Indicaçom geográfica protegidaRecentemente, a finais do anopassado, a Uniom Europeia re-conheceu a castanha galega co-mo espécie com denominaçom

de origem protegida, passandoa incrementar umha listagem deperto de 900 produtos de toda aEuropa. Este reconhecimentogarante a distinçom do produtogalego frente a variantes impor-tadas, especialmente da China,com grande diferença de quali-dade e sabor.

A recuperaçom de soutos e a especializaçom do sector A grande procura registradadeste produto a nível internacio-nal fai com que alguns paísesapostem fortemente na recon-versom deste tipo de cultivo. É ocaso de Portugal, onde o Estadoactivou um plano de recupera-çom de mais de 15.000 hectaresde plantaçons de castanheirospara a exploraçom frutícola nospróximos cinco anos. Na Galizanada semelhante se tem feitoainda, e a nível florestal conti-nua a triunfar o monocultivo deeucalipto. Porém, a implementa-çom de planos de fomento dosector da castanha deve integrarumha aposta na protecçom dossoutos tradicionais, em especialaqueles que se encontram emlugares deficitários em popula-çom rural. Também deve apoiaros produtores de base mais liga-dos à terra. Para além do ante-rior, a Galiza conta com a princi-pal indústria de transformaçomdeste fruto a nível estatal, de ma-neira que umha sinergia produ-tor–indústria justa pode gerarimportantes bolsas de empregono rural e fortalecer a defesa domeio natural.

10 acontece Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

aGro

Sector da castanha: entre o êxito comercial e aconservaçom dos soutos

Na França, na suíçae no Japom a

castanha galega é um produto degrande sucesso

metade da castanhade todo o estado é

produzida na Galiza

mar

As bocas das rias de Arouçae Ponte Vedra estám-se a con-verter numhas grandes lixei-ras onde vam parar os refuga-lhos provenientes das obrasde ampliaçom e recheios por-tuários acometidas em dife-rentes pontos das Rias Bai-xas. Em torno a meio milhomde metros cúbicos de lodosportuários fôrom depositadosentre Sálvora e Ons ao longode meses. Associaçons dedefesa do território, entidadesdos sectores produtivos domar e mesmo organizaçonscomo o BNG, que levou o as-sunto ao Parlamento, consi-deram isto umha grave agres-som à riqueza meio-ambien-tal e produtiva das rias arou-çana e ponte-vedresa.

A. DIESTE / Nos despejos poluen-tes podem encontrar-se materiaiscomo zinco, mercúrio, chumbo oucobre, que representam um peri-go real nom só para o ecossiste-ma de ambas as rias, senom tam-bém para a actividade produtiva,pois nelas opera boa parte da fro-ta litoral galega, estám instaladasmilhares de bateias mexilhoeirase encontram-se alguns dos ban-cos marisqueiros mais ricos daGaliza. Existe um risco real deque esses materiais podam dis-persar-se em suspensom, o quenunhas rias com um complexosistema de correntes pode terconseqüências muito negativas.

A procedência destes lodosvem das obras e actuaçons de dra-gado para recheios desenvolvidasem diferentes portos, como o deRianjo (22.500 metros cúbicos derefugalhos) ou Tragove, em Cam-bados (14.000), passando poloogrovense de Melojo (12.000).Mas o principal contributo paraestes vertidos poluentes vem dodragado para a ampliaçom e osrecheios da Autoridade Portuáriade Vila Garcia (1.300.000 metroscúbicos de lodos fôrom despeja-dos numha zona perto de Sálvo-

ra). Precisamente este porto temsido alvo freqüente de críticas deecologistas, marinheiros e vizi-nhos da comarca, que conside-ram que se está a apostar num de-senvolvimento agressivo com oambiente. Um exemplo disso fô-rom os depósitos de Ferrazo, paraconter milhares de litros de hidro-carbonetos que eram transporta-dos via marítima, com o risco queisso representava. A oposiçom aestes depósitos, capitaneada polaPlataforma em Defesa da Ria deArouça, juntou milhares de pes-soas em várias manifestaçons emobilizaçons, algumhas delas degrande contundência.

Demandas do sectorRepresentantes de diferentes or-ganizaçons do sector do mar(confrarias, bateeiros, marisca-dores) tenhem solicitado nas úl-timas semanas umha juntançacom responsáveis da AutoridadePortuária para lhes mostrar asua preocupaçom polos draga-dos que se estám a levar a cabo.O facto de que tenham detecta-do a presença de mortandadesde amêijoa e mexilhom nas zo-nas próximas de onde se estádragando, incrementou a preo-cupaçom destes colectivos. OPorto defende que som cumpri-das todas as normativas.

Milhom e meio demetros cúbicos delodos portuáriosentre Sálvora e Ons

alertam quanto à presença de zinco e mercúrio nos despejos e ao risco para as rias de arouça e ponte vedra

os lodos venhemdas obras de dragado para

recheios realizadasem diferentes portos

tenhem detectadomortandades de

amêijoa e mexilhomnas zonas próximas

aos dragados

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11aconteceNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

o executivo central aposta em continuar com a actividade das centrais energéticas mais poluenteseconomia

AARÓN L. RIVAS / A decisom doGoverno espanhol de aprovarum Real Decreto polo qual seprolongam até 2014 as sub-vençons às empresas minei-ras, neste caso tam só aaquelas que empregam maté-ria prima “autóctone”, trouxoà tona diversos conflitos quese estám a dar neste sectorenergético. Assim, trata-se deumha aposta por parte doExecutivo central para conti-nuar com a actividade dascentrais energéticas mais po-luentes, ademais de conti-nuar a dar dinheiro a umhasempresas que já recebêromcentenas de milhons de eu-ros nos últimos anos em aju-das públicas, um dinheiroque, como se viu no conflitodas minas do Berzo, nomchega aos trabalhadores. Poroutro lado, estám também emjogo milhares de postos detrabalho relacionados comeste sector produtivo que jáestá há vários anos em crise.

Na Galiza, é este último aspectoo que centra a crítica dos secto-res progressistas ao Real Decre-to do carvom, pois receia-se quesejam fechadas as centrais tér-micas mais poluentes do país, asdas Pontes e Meirama, ao empre-garem estas carvom importado.Estas duas fábricas contam, se-gundo dados tornados públicospola Conselharia da Indústria,com um total de 3.500 trabalha-dores, que poderiam ver afecta-dos os seus postos de trabalhocom a nova normativa.

A CIG anunciou que apesentaráum recurso perante o Tribunal Su-premo contra o Real Decreto docarvom. Por outra parte, a centralassinala que a nova normativatambém terá conseqüências entreos trabalhadores das centrais deciclo combinado a gás natural quese localizam nas Pontes e Sabom(Corunha), por serem centraisque, ao igual que as térmicas, es-tám especializadas na produçomde electricidade. Deste modo, re-presentantes sindicais denunciá-rom que na unidade de Sabom ostrabalhadores fôrom informadosdo encerramento de dous gruposde trabalho, ficando mais de 40 as-salariados sem trabalho. O repre-sentante da CIG em Sabom afir-

mou que a reduçom de empregoaté agora está-se a realizar me-diante recolocaçons, pré-reformase despedimentos pactuados.

Releváncia na economiaActualmente, o carvom contacom um importante peso na pro-duçom energética galega. Se-gundo o balanço energético rea-lizado polo Instituto Energéticoda Galiza (Inega) para 2008, ascentrais térmicas som a terceirafonte de energia da Galiza, pro-duzindo 14,1% da energia primá-ria total do país. As energias re-nováveis só produzem 13,2%, en-quanto que à cabeça se encontrao petróleo, com 57,6%, e o gásnatural, com 14,3%. A associa-çom ecologista Verdegaia pom oacento na poluiçom que produ-zem as duas centrais térmicasgalegas e defende que devem seras primeiras a fechar. Assim, as-sinala também que o facto deempregarem carvom importadoimplica também umha produ-çom de gases poluentes extra,devido ao transporte ao qual temque ser submetido este material.Por estas razons, no mundo eco-logista som criticadas as decla-raçons públicas realizadas por

sindicatos, partidos políticos oua própria Junta em defesa das fá-bricas das Pontes e Meirama.

Subvençons e fraudes no BerzoA luita dos mineiros do Berzo co-meçou no mês de Setembro,quando os trabalhadores saíromdas minas para denunciarem queas suas empresas levavam dousmeses sem lhes pagarem os salá-rios. O Grupo Alonso, com o gran-de empresário das minas espa-nholas Victorino Alonso à cabe-ça, e o Grupo Viloria endividavamaos seus assalariados dous mesesde pagamento, quando desde Ju-nho de 2009 estas empresas reci-bêrom um total de 367 milhonsde euros em subvençons.

Estes subsídios nom som no-vos. Segundo dados da Comis-som Europeia, entre 2003 e 2008mais de 5.000 milhons de euros

fôrom destinados a empresas pú-blicas e privadas do sector minei-ro. Porém, a iniciativa privadaempregou este dinheiro públicopara cometer diversas fraudes e apensar unicamente nos negócioscom esta matéria prima.

Assim, o empresário mineiroVictorino Alonso carrega às costasdiversas sentenças que explicitamas práticas que se levam a cabonestas empresas energéticas. Esteproprietário foi condenado polaAudiência Provincial de Leom porumha fraude fiscal de 8,5 milhonsde euros, sentença pola qual tivoque abandonar postos de direc-çom nas suas filiais para que pu-dessem voltar a cobrar ajudas pú-blicas. Por outro lado, neste 2010 oTribunal Supremo impujo umhamulta de 13 milhons de euros porfraude na qualidade do mineralque vendiam as suas empresas,mas nesta ocassiom chegou a umacordo com Uniom Fenosa, umhadas empresas afectadas por estaactividade, para levar a cabo umpagamento fraccionado.

Assim, as propriedades deAlonso som as que acaparam boaparte das ajudas públicas. Mas osencontros com o Governo espa-nhol nom ficam por aqui. O pro-

jecto que o Estado espanhol estáa desenvolver para a criaçom deumha Cidade da Energia (ou Ciu-den) em que seja empregado ocarvom como matéria prima, masreduzindo o impacto das emis-sons poluentes, está a realizar-senumhas instalaçons situadas nalocalidade berciana de Cubilhosdo Sil que fôrom cedidas ao Esta-do polo próprio Victorino Alonso.

Após um mês de luita, no iníciodeste mês de Outubro os trabalha-dores das minas do Berzo abando-nárom os protestos, que contáromcom greves, cortes de tránsito, en-cerramentos, acampamentos e um-ha 'Marcha Preta' que mobilizoucentenas de mineiros até a cidadede Leom. Os salários atrasados fô-rom reembolsados, mas as empre-sas mineiras tomárom esta deci-som só depois de que a UE apro-vasse o Real Decreto do Governoespanhol, se bem que pugesse acondiçom de que as ajudas ao sec-tor mineiro devem cessar em 2014.

O carvom consolida o seu papel como fonte deenergia que sobrevive através de subvençons

os mineiros do berzoabandonárom os protestos depois de cobrarem os

salários atrasados

eStÁm em joGo milhareS de PoStoS de trabalho dum Sector Produtivo que jÁ eStÁ hÁ vÁrioS anoS em criSe

o carvom produz14,1% da energiaprimária da Galiza

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Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 201012 internacional

chamam à unidade dos iguais com um padrom racista queafasta quem nom forma parte ‘natural’ da sociedade

avança a direitizaçom da ue

a terra treme

A existência de um primeiromundo, mesmo dentro do primei-ro mundo, fijo com que só a partirda entrada, na vigésima tentativa,de Jean Marie Le-Pen na políticafrancesa, se visibilizasse um mo-vimento de partidos da extrema-direita em grande parte da UniomEuropeia. Nesse mesmo ano, em2002, fazia a sua apariçom na Ho-landa Pym Fortuin, com um dis-curso bem parecido ao da FrontNational francês. Mas, na altura,o fenómeno nom era novo, e jáem 1999 a Uniom Europeia se vi-ra obrigada a vetar o nomeamen-to de Jörg Haider como primeiro-ministro do governo austríaco,polas suas tendências ultras.

Estes três factos fôrom o co-meço de um processo de direiti-

zaçom em toda a Uniom Euro-peia; contodo, e bastante marca-do por interesses diversos, exis-te um certo reducionismo na ho-ra de analisar a questom. Sobreo papel só existiria um tipo departido da extrema-direita, mastodos eles se desenvolvem demaneira diferente, sendo precisoprestar atençom a conceitos geo-políticos para os explicar.

Xenofobia, e nom sóPor um lado, o fenómeno é frutode umha xenofobia crescente naEuropa ocidental, nomeadamen-te contra a imigraçom. Para ob-terem rendimentos disto, estasforças políticas usam um discur-so político populista, fazendocontínua referência ao desmem-bramento social e à insegurança.Chamam à unidade dos iguais,guiados por um padrom clara-mente racista, que afastaria dasociedade aqueles que nom for-mam parte de forma ‘natural’ damesma. Assim se explicam, porexemplo, o contrato de integra-çom francês, ou o projecto do go-verno do Partido pola Liberdadeda Áustria que pretende elimi-nar qualquer rasto de sinais oudocumentos públicos redigidosem esloveno, idioma empregadopor umha minoria que represen-ta o 10% da populaçom. Precisa-mente isto também acontece nospaíses do Leste da Europa, so-bretodo na Hungria, a Eslová-quia ou a Bulgária. Estes Esta-dos nom som, como a França ou

a Suécia, receptores de imigran-tes, mas o contrário, de maneiraque o fenómeno canaliza-se atra-vés da rejeiçom das minorias, asquais som culpabilizadas da cri-se que os afecta e de serem osresponsáveis pola emigraçomdas classes médias nacionais.

Apesar de que ultimamente to-dos os olhares se dirigem para asdiferentes minorias ciganas, o cer-to é que a raiz fundamental destespartidos aproxima-se mais da is-lamofobia. Com efeito, o facto depassarem de grupos minoritáriosa forças parlamentares produziu-se imediatamente depois do 11 deSetembro, nos casos holandês efrancês tam só seis meses depois.

Porém, esta xenofobia em re-laçom às minorias serve só paraanalisar as novas direitas ociden-tais, e nom as orientais. Aindaque seja certo que em muitos paí-ses da Europa do Leste há umhaxenofobia crescente, há outrosfenómenos que muitas vezessom ocultos. O auge da extrema-direita no Leste caminhou sem-pre em paralelo a dous aconteci-mentos. O primeiro deles foi adecomposiçom da Uniom Sovié-tica, durante a qual as velhas eli-tes anticomunistas se vírom fa-vorecidas polos apoios interna-cionais à sua causa, o qual as do-tou de um grande potencial. Poroutro lado, temos o processo deintegraçom europeia. Este pro-cesso, foi anunciado como o fimda eterna crise para estes países,sendo a sua chegada a porta deentrada aos grandes mercadosinternacionais. Porém, a entradanum novo sistema, para paísescom umha estrutura económicamui débil, foi um desastre. O de-

semprego e a inflaçom dispará-rom-se e as espectativas popula-res numha nova etapa vírom-sedefraudadas, crescendo o des-contentamento social. Esta con-flituosidade nom pudo ser cana-lizada por umha esquerda aindasocialmente desacreditada polopassado soviético, de maneiraque os partidos da extrema-direi-ta tivérom umha grande oportu-nidade. O discurso deles, antesde virar para aspectos suprema-cistas, passou primeiro por umchauvinismo baseado na pro-gressiva perda de poder por par-te dos Estados e a necessidade dereforçar a própria soberania.

A necessidade da recuperaçomA irrupçom de partidos da extre-ma-dereita gera em muitos paísesumha necessidade de mudar asestratégias políticas e eleitoraisdentro da direita sistémica. Assimcomo no Estado Espanhol o Parti-do Popular conseguiu monopoli-zar o seu espaço político, deixan-

do à sua direita só antigas elitesfranquistas incapazes de incorpo-rar-se no organigrama do partido,grupúsculos ultras e skinheads,também na Itália a plataformaeleitoral Forza Italia, liderada porSilvio Berlusconi, conseguiu ocu-par esse espaço. Um caso diferen-te é o francês, no qual a Union

pour un Mouvement Populaire es-corou ainda mais as suas posi-çons, nom para evitar a entradado partido de Le Pen no Parlamen-to, mas para angariar apoios entreo seu eleitorado. O mesmo ocor-reu na Holanda esta semana e de-pressa há de acontecer na Suécia,com a provável entrada no gover-no de Democracia Sueca.

O fim do republicanismoA Comissom de Justiça da UEcomparou no mês passado asmedidas tomadas pola Françacontra os ciganos com os com-boios da morte empregados po-los nazis para levarem os judeuspara os campos de concentra-çom. Ainda que a crítica poda pa-recer dura, o certo é que nom hánengum tipo de medida coactivapensada contra o Estado francês,o qual pode abrir a porta paraque noutros países se desenvol-vam políticas semelhantes.

Um facto perigoso do qual háque tirar umha última reflexom.Na teoria, a República, da qual aFrança era o estandarte, define-se como o sistema político que serege pola igualdade perante a lei.Esta igualdade é adquirida polacondiçom de cidadania. Porém, aactual dinamica política parececaminhar para outorgar a titula-ridade de direitos a quem estiverna posse da nacionalidade.

a deriva ideolóGica Pom em queStom o ProceSSo de ‘inteGraçom e unidade’

DANIEL CAO / O processo de formaçom e expansom da UniomEuropeia tentou mostrar-se como exemplo de integraçom eunidade entre cidadaos e cidadás, mas encontra-se numhaderiva ideológica que está a pôr em questom a sua identida-

de real. Partidos da extrema-direita, alguns liderados por anti-gos combatentes nazis ou descendentes destes, dominaminstituiçons públicas e som cada vez mais protagonistas emprocessos eleitorais de vários estados.

Na itália berlusconiconseguiu atrair oespaço sociológicoda extrema direita,

como o pp

Na França, a holanda e a suéciaas direitas buscamrecuperar estes votos

X.R.S. / Trinta e quatro mapu-che presos em cadeias do Esta-do chileno desenvolveram du-rante todo o passado Veraoumha greve de fome, com aqual reclamavam o fim da apli-caçom da legislaçom antiterro-rista que os submete a umha si-tuaçom de excepcionalidadenos processos judiciais contraeles, assim como nom seremjulgados pola justiça militar,actuante junto à polícia militarnas zonas do Wallmapu (PaísMapuche) com conflitos terri-toriais. No passado dia 9 deOutubro anunciavam o fimdesta medida de protesto os úl-

timos 14 grevistas, enquantooutros foram fazendo-o nasduas semanas prévias. O fimda acçom de pressom foi possí-vel depois de terem consegui-do por parte do governo de Se-bastián Piñera o compromissoda retirada da qualificaçom deterrorismo para as causasabertas contra os comuneirosmapuche. Na sua maioria, es-tas som derivadas de acçons deocupaçom de terras e protes-tos em defesa do seu territóriocomunitário.

A Lei Antiterrorista chilenaestá vigente desde a ditaduramilitar de Augusto Pinochet, etem-se reactivado nos últimosanos, focando-se quase em ex-clusivo sobre os líderes e acti-vistas mapuche. Assim o reco-lhe o Conselho sobre os Direi-tos do Homem da ONU, atra-vés do seu “Relator Especialsobre a situaçom dos DireitosHumanos e das LiberdadesFundamentais dos Indígenas”.Num relatório, o organismo in-ternacional denuncia a utiliza-çom de testemunhas sem ros-to, a prisom preventiva indefi-nida, e os duplos julgamentospola justiça civil e militar aomesmo tempo.

Prisioneirospolíticos mapuchefinalizam greve defome de três meses

conseguírom retirar a acusaçom

de terrorismo

a oNu denuncia a repressom que

ainda mantém chile

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MAURÍCIO CASTRO / Durante osúltimos 10 meses, comentamosaqui algumhas luitas de emanci-paçom nacional. Ficou suficien-temente demonstrado que, con-trariamente ao anunciado polosarautos do cosmopolitismo nosúltimos dous séculos, a forçadas pequenas naçons está aí econstitui um dos pulmons da lui-ta social de libertaçom.

É evidente que a luita nacionalnom pode ser considerada de ma-

neira isolada rela-tivamente ao ver-dadeiro motor da

história, que é a luita de classes.Esta atravessa cada conflito na-cional nas suas manifestaçonspolíticas, culturais e económicas.

Aspectos como a posiçom daclasse dominante e das restantesclasses da naçom oprimida emrelaçom ao conflito, o papel daluita lingüística como parte doprograma de libertaçom, osmeios de luita adequados a cadacontexto e etapa de desenvolvi-mento da mesma... som assuntos

importantes no processo para aliberdade ou para a derrota.

Mas, afinal, qual a fórmula má-gica? Acho que nom existe. Ascondiçons concretas da luita con-creta devem determinar a estra-

tégia concreta, sem dogmas, mi-metismos nem preconceitos.

No caso da Galiza, o autono-mismo é a forma adoptada polacorrente maioritária do nossonacionalismo, seguramente polasua vocaçom interclassista eporque a classe dominante gale-ga está claramente vendida. Tal-vez esse seja um bom caminhopara transitarmos a via eleitoral,mas revelou-se também como ocaminho do abandono da cons-truçom nacional. Neste cenário,só a paciente construçom de umforte independentismo, sob lide-

rança da classe operária, abriráalgumha esperança para um fu-turo deste país.

Por outra parte, contamos comumha reserva de recursos nadadesprezível para a restauraçom danossa identidade e pertencemos aum universo lingüístico-culturalde projecçom internacional. Semdúvida, esse é o fundamento darestauraçom da nossa identidadecolectiva, mediante a reintegra-çom no mundo que fala como nós:o galego-luso-brasileiro.

Sim, a Galiza tem futuro e estáà nossa espera.

13internacionalNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

umha dezena de famílias servem-se do ensino público português para educarem os seus filhos e filhas por motivos lingüísticosalém minho

plurilingüismo português como alternativa paracontornar o trilingüismo ditado por Núñez Feijóo

imPoSSibilidade de educar em GaleGo anima vÁriaS famíliaS do Sul a eScolarizarem criançaS em PortuGal

E. MARAGOTO / A uniformiza-çom avança inexorável, paraque negá-lo. O tsunami lin-güístico espanhol alcança emnoventa e nove por cento asfaixas etárias mais novas dealgumhas das nossas vilas.Há quem resista e quem de-sista, mas também há quemfuja, e a meio da fuga há famí-lias que até encontram luz nofundo do tunel. Este mês fo-mos ao encontro de algumhasque aproveitam o facto de vi-verem ao pé da fronteira paradarem às suas crianças um fu-turo em galego longe dos sa-crifícios do costume.

A preocupaçom pola educaçom écada vez maior num mundo quemuitos pais e maes nom queremdeixar assim às suas crianças. Umpouco por toda a parte surgemprojectos educativos alternativosaos maioritários, orientados emgrande medida para o individua-lismo e o consumo. O nosso paístem um problema acrescido. O ga-lego deixou de ser a língua am-biental e formativa de muitos cen-tros de ensino. Este é o contextoque levou umha dezena de famí-lias do Sul a decidirem servir-sedo ensino público português, um-ha vez que nom é preciso ter resi-dência em Portugal para o fazer.Falamos com três.

Alva tem 14 anos e estuda num-ha escola secundária de Caminha,depois de ter freqüentado o infan-

tário e a educaçom primária de Va-lença, onde ainda se encontra oAndré, de 12 anos. Antes de ir pa-ra Caminha tivo oportunidade decomeçar o ensino secundário emTui, onde mora ela e o seu pai, maspreferiu continuar em Portugal.Alonso e Sílvia decidírom, há já 15anos, que queriam dar-lhes umhaeducaçom em galego, mas as difi-culdades eram tantas numha vilacomo Tui que nom o pensárommuito mais e decidírom inscrevera Alva, depois o André, numa cre-che (infantário de 0 a 3 anos) va-lenciana. “Na decisom pesou umconvencimento claro de que que-ríamos educar os nossos filhos emgalego e de que manejassem comfluência a versom internacional danossa língua”, conta-nos Alonso,que acrescenta, porém, que os re-sultados benéficos para a Alva e oAndré nom se limitavam a este:“Éramos conscientes de que aca-bariam por dominar o português,

também com o sotaque galego danossa casa, o espanhol e o inglês.Também estudam francês, de ma-neira que saberám os idiomasmais importantes do mundo”. Ocerto é que afinal, produto da vo-caçom multilíngüe do ensino emPortugal, tanto a Alva como o An-dré acabam por presumir entre asamizades galegas de dominaremmelhor outras línguas.

Com esta motivaçom fôrom osprimeiros, mas nom tardárom aser imitados, ainda que haja mui-tas outras famílias galegas que

aproveitem a educaçom infantilportuguesa simplesmente pola fal-ta de vagas nos infantários das vi-las de aquém-Minho. Os filhos daEva e do Salva, por exemplo, te-nhem ido ao infantário com outrascrianças galegas que nom com-partilham a motivaçom deles.Chamam-se Nuno e Joana, vivemem Tominho e vam à escola a Va-lença. O Salva destaca que aindanom conseguem distinguir o gale-go daqui e o dali. Com 6 anos, oNuno, “quando lhe perguntam sehá mais galegos na escola, respon-de: Nom, na minha som todo gale-gos”. O acicate da Clara e do No-lim foi também a questom da lín-gua quando escolarizárom o Nelem Portugal. Porém, a Clara pen-sa que as crianças devem ser edu-cadas no lugar em que vivem, de-pendendo o menos possível do paiou da mae, e isso influenciou nadecisom de terem ido a viver, ela eo seu filho, para Valença.

Qualidade do ensinoTanto o Salva como o Alonso re-conhecem que inicialmente en-contrárom estereótipos sexistasque nom eram do seu agrado. “Noinfantário distinguiam meninhose meninhas com batas de diferen-tes cores. Nós dixemos-lhes que abata dos nossos filhos nom ia sernem azul nem cor-de-rosa, masverde. No ano seguinte, pugérombatas verdes a todas as crianças”,explica o Alonso. Em contraparti-da, o Salva assegura que “os pro-fissionais som mui bons: existeumha preocupaçom mais directapolo alunado” e destaca a ofertade actividades do horário de pro-longamento que disponibiliza oensino português.

E o espanhol?Calma aí. Se alguém pensava queestas crianças eram obrigadas arenunciar ao conhecimento doespanhol, enganava-se. Deste la-do, o espanhol está em toda aparte e o resultado disso é quetambém acaba por ser adquiridopor quem escolhe umha educa-çom integral no galego da Galizaou no de Portugal. “Eles nuncana vida estudárom espanhol. Ti-nham também essa opçom, masnós escolhemos, para além do in-glês, o francês como segunda lín-gua estrangeira. No entanto, do-minam o espanhol perfeitamen-te: lem muitos livros e banda de-senhada em espanhol, e a televi-som e a música fam o resto”.

temos umha reserva de recursos nada desprezível: a restauraçom da nossaidentidade colectiva mediante a reintegraçom no mundo que fala como nósPovoS

… e a Galiza?

“os profissionaispreocupam-se poloalunado” e destaca aoferta de actividades

depois das aulas

Nom existem fórmulas mágicas.

as condiçons da luita devem

marcar a estratégia

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14 dito e feito Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

Como nasce a associaçom?No Sam Joam de 2007 pensamosque estaria bem recuperar a festada nossa paróquia, o Sam Pedro,que era na semana seguinte. Nomse celebrava desde havia dez anospor problemas entre a vizinhançapor causa da construçom dumhaauto-estrada na nossa zona. Pu-gemo-nos a trabalhar e saiu muibem. Assim, da boa experiênciadessas primeiras festas de SamPedro, saiu a iniciativa de nosconstituirmos como associaçom,ainda que nom demos o passo atéMaio de 2008.

Mas a cousa ja vinha de antes.Houvo umha geraçom de moçosque fomos medrando juntos: ía-mos juntos à escola, juntos a au-las de gaita, combinavamos àsnoites. A partir do ano 96 maisou menos começamos a ir à anti-ga escola unitária, que já nom ti-nha uso. O edifício estava muimal e decidimos amanhá-lo.Compramos um frigorifico, umDVD, telhamos, pintamos o lo-cal… Na planta de abaixo, andan-do o tempo, montamos um cen-tro social com o básico, o mínimoque deveria haver em todas par-tes, mas para Boado já e todo umêxito. Numha aldeia de apenassetenta vizinhos a gente combinapara jogar cartas ou ver o partidoe vam ali por iniciativa própria.Todas as casas de Boado tenhemalgum membro na associaçom,por isso me incomoda escuitar fa-lar “dos da associaçom”, porquetodos fazemos parte dela. Até osvelhos venhem às reunions!

A vossa actividade centra-se narecuperaçom das festas popula-res em Boado. Fala-nos das cele-braçons que festejades.Bem, umha das actividades quelevamos a cabo desde 2008 e oMagusto. Em Boado ha um for-no que era comunal, e levava co-renta e um anos sem ninguém oacender, de maneira que pensa-mos aproveitar a celebraçom pa-ra cozer pam depois de tantotempo. Os vizinhos todos dixe-rom-nos que eramos loucos, masentre três pessoas carrejamos alenha e quentamo-lo. Todo se en-cheu de fume e o pam nom ha-via quem o comesse, ainda me-nos mal que tinhamos carne,mas minha avô, e muitos outroscomo ela, chorárom de emoçomao voltar a vê-lo em funciona-mento. Agora o que fazemos eacendê-lo um dia antes para quese quente e mantém-se atendidoem roldas, primeiro os velhos,logo os medianos e logo os mo-ços. Todo o mundo está de trou-la nessa noite de vigia, bebemjuntos pais, avôs e filhos. Tam-bém fazemos um concurso dapataca mais grande. As festas deSam Pedro, que recuperamos em2007, estám centradas cada anonum tema. Em 2008 figemos um-has olimpíadas rurais com des-portos aquáticos, de exibiçom,…Um deles consistia em levar olasna cabeça; aos homens rompe-rom-nos todas, só chegou um esete mulheres, a mais nova de 55anos. Ao ano seguinte reunimosfotos velhas da gente de Boado,

e noutra ocasiom houvo um ma-traquilho humano. Este ano adi-camo-lo às tabernas de antes.Também recuperamos o costu-me de ir polas casas cantar osReis. No primeiro ano saímosquatro e rematamos vinte pes-soas as duas da manhá. O En-truido é a melhor das nossas ac-tividades, porque investigamospara recuperá-lo com as suasparticularidades. A figura do“manturriero”, pessoa vestidacom umha mantúrria, um pau eum cesto de cinza ou farinha, eúnica da nossa zona. Recupera-

mos também o costume de ler otestamento, e fijo-o a mesmamulher que os fazia antes do 81,ano em que deixou de se fazer.

Se pretendesse andar com so-cos por caminhos de lama esta-ria fora do meu tempo, a chave éandar com o calçado que me dáo 2010 polos meus caminhos; épor isso que, ainda que fugindodos folclorismos, nos interessa-mos tanto polo que implique arecuperaçom da vida de antano.O melhor da recuperaçom des-tas festas e a convivência dos ve-lhos e os novos em igualdade,desfrutando todos juntos no si-tio de onde som. Parece algo muibásico mas é imprescindível, enom se dá tanto como deveria.

Ides já pola II Andaina da Comarca da Límia. Como foiacolhida esta iniciativa, que se

distancia das actividades puramente festivas?Mui bem, a gente implicou-semuito nas duas ediçons. Vinhe-rom pessoas de toda a comarcae também de fora. O objectivoé conhecermos nós próprios anossa zona, porque às vezes sa-bes do de fora e nom do que tésna casa. Para a andaina desteano limpamos um caminho, esó por isso já teria merecido apena fazê-la.

Como avalias o panorama associativo do rural galego? E na tua comarca?O que há nunca é avondo, masvam-se fazendo cada vez maiscousas. É imprescindível que agente se associe nos sítios de on-de é, sobretodo se se trata dumambiente rural. Quanto à nossacomarca, há associaçons nou-tras aldeias como a Sainza, e emGinzo está Aguilhoar, que é omais importante ainda que nostrabalhemos outros campos.

Perspectivas de futuro?Desde que podamos falar distono ano que vem, para nós já é su-ficiente. Estamos num momentocomplexo porque somos a mes-ma gente para todo, e acaba porqueimar. Criamos umha equipade futebol, o Boado F.C., quechupa tambem muito esforço efundos económicos. Mas o esfor-ço paga a pena. Queremos que agente poda morrer aqui e mor-rer bem, eu nom vou meter mi-nha avô num apartamento deTorremolinos para que passe osúltimos da vida ao sol. Se vai es-tar aqui, que esteja bem. Eu aminha vida imagino-a ali, e senom pudesse por motivos de tra-balho, Boado seria igual o meureferente sempre. Som de Boa-do, isso é o meu, e nisso traba-lhamos e trabalharemos.

dito e feito

“O melhor da recuperaçom das festas populares é o convivio de velhos e moços”

“todas as casas de boado tenhem algum membro na associaçom, de maneira que traslasxas somos toda a aldeia”

O.R. / Vida comunitária, celebraçons colectivas, convívio de ve-lhos e moços, enraizamento. Premissas que há cinqüenta anosdefiniam a vida da sociedade galega, som hoje metas por queluitar. Nom há naçom nem esquerda sem sociedade, sem re-des, sem comunidade. E em Boado tenhem-no claro: “o maisbásico é hoje o que mais falta”. Camilo Vila fala-nos da Associa-çom Traslasxas, um projecto que nasceu para dinamizar a al-deia a que pertencem tornando-a um sítio onde viver e morrer.

camilo vila, membro da a.c. traSlaSxaS (boado, límia)

“queremos viver bemno sítio de onde somos;nom vou meter a minhaavó em torremolinos”

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15a exameNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

a exame a encenaçom dos actos institucionais apresentou umha nova palavra de ordem: espanholizar

No dia 15 de Julho a sua colegaEsperanza Aguirre visitava a Gali-za, ocasiom que o presidente daJunta aproveitou para reivindicarumha nova identidade, umha "es-pécie híbrida do galaico-madrile-no", sendo Compostela "o inícioda Espanha harmónica que comu-nidades como Madrid e a Galizase esforçam em perpetuar”. Ain-da no fim do verão, Feijóo teria en-sejo de recordar a liçom: Melilhadeve caminhar com a Galiza“numha Espanha unida”, soltoueste novo Pedro de Estopiñán. Co-mo metáfora inintencionada,Aguirre trouxo de agasalho parao seu anfitriom nas terras galegasumha águia recuperada num cen-tro de Madrid. Umha nova águiade Sam Joám sobrevoava Galiza.

25 de Julho de 2010: Día de España em CompostelaNo 25 de Julho tivo outra ocasiomespecial para demonstrar a suaespanholidade. O nome oficialdesde 1979 desta data, 'Dia Na-cional da Galiza', transformou-seem 'Día de Galicia' desde a chega-da de Feijóo ao poder. A encena-çom dos actos institucionais apre-sentou umha nova palavra de or-dem: espanholizar. As conselhei-ras ao completo acudírom de'mantilla' e 'peineta' à oferenda doApóstolo. A profanaçom anualque vem realizar cada ano noPanteom dos Galegos Ilustres pe-rante a tumba de Castelao nomfaltou tampouco, apelando paraum “galeguismo sem estridên-cias” e arvorando a tradicional di-ferenciaçom entre o galeguismo'bom' e o 'mau'. Antes, em Março,tivera a ousadia de traduzir a "Al-va de Glória" do rianjeiro para es-panhol, provocando a indigna-çom de todo o Parlamento.

'Berlusconizaçom'Nas suas políticas, as actuaçonsda Junta em matéria de mulher,juventude, sexualidade, etc., po-dem resumir-se em duas seqüên-cias: primeiro, destruir os servi-ços sociais prévios, segundo, en-tregar a gestom dos restos a or-ganizaçons católicas da extre-ma-direita. Nas suas atitudes,Feijóo soma-se à esteira dos es-

cándalos de Berlusconi, masajustados à idiossincrasia do'macho espanhol'. A lamentávelactuaçom de Feijóo na ceia pró-Haiti feita em Boqueixom emMarço saltou todos os cercos me-diáticos. Nela, o sucessor de Fra-ga tentou fazer as beiras a MariaMera -actriz da popular série'Matalobos'- num lastimoso es-pectáculo machista: "vou ser bre-ve -dizia no discurso- porquecombinei com a Maria Mera apartir da 1 para irmos tomar um-ha copa. De momento, dixo-meque nom, mas hei de voltar a ten-tar", dizia num discurso em queas vítimas do Haiti nom apare-ciam por nengures. Rematandocom um "podemos hablar castel-lano cuando nos dé la gana".

“Com Ynestrillas e de maos dadas com a Falange”Apadrinhado por Alfonso Rueda,companheiro de aventuras da Ga-licia Bilingüe, entrou no governogalego José Norberto Uzal Tre-sandi. O novo director-geral daAdministraçom Local, e um dosmais estreitos colaboradores doconselheiro da Presidência, apre-sentara-se às eleiçons europeiasde 1994 pola Falange EspañolaIndependiente. Uzal já era conhe-

cido pola sua ideologia ultra noIES Castelao de Vigo; era costu-meiro vê-lo a fazer guarda na por-ta da sede da Falange em Vigonos fins-de-semana. As pessoasque militavam no independentis-mo nos 90 recordarám as contra-manifestaçons que preparava noDia da Pátria na praça de Maça-relos em defesa da "unidad nacio-nal española".

Outro alto cargo de juventudefalangista é Luis Alberto LamasNovo, presidente da SOGAMA,um dos cargos melhor pagos daJunta da Galiza -100.000 eurosanuais brutos face aos 89.938 querecebe o próprio Feijóo. O advo-gado de Lugo foi militante na Fa-lange antes de ocupar o cargo depresidente das Nuevas Genera-

ciones em Lugo em 1995. Este de-verá ser lembrado também polamilitáncia nacionalista de Lugo,quando na Greve Geral de 2002compareceu por parte de acusa-çom particular contra três sindi-calistas da CIG condenados a vá-rios anos de prisom.

Esta querença polo falangismofoi-lhe botada em cara em Abril,quando Amymerich lhe contes-tou "há que botar-lhe peito! quenos fale de radicalismo Sr. Fei-jóo", quando o PP acode a mani-festaçons "com Ynestrillas e damao da Falange".

De ‘Desván de los Monges’ a ‘La Coruña’Em Março deste ano o conselhei-ro da Cultura, Roberto Valera, fa-lava sem complexos de 'Toro' e'Desván de los Monjes' como vilasda Galiza. A brincadeira está atornar-se pesadelo, e enquantonas escolas galegas começam aentoar 'La falda de Carolina', Fei-jóo deixou entrever que levará aoParlamento a decisom de reim-por o topónimo espanhol de 'LaCoruña', que nom obstante já se-rá empregue polo seu partido naseleiçons municipais. Isto poderiaser a porta a novas imposiçons nalinha dumha toponímia bilingue

que traga de volta aberraçons lin-guísticas como Puenteareas, Ór-denes ou Vivero.

Roberto Varela, o novo paladinodo cosmopolitismo pailám, arran-cava este ano afirmando que a cul-tura galega está "ensimesmada eacomplexada", ao mesmo tempoque reconhecia que "o meu desco-nhecimento, às vezes, do que su-cede aqui, mas conheço bem o queé a promoçom da Galiza no exte-rior". Conseguiu no acto que as on-ze pessoas galardoadas com o Pré-mio Nacional de Literatura exigis-sem a sua demissom.

Racismo na Galiza de Além-MarQuiçá porque esteja mais afasta-do dos mídia críticos, Feijóo re-serva as suas intervençons maisselvagens para a Argentina. Aliestivo no III Congresso do PP daArgentina em Março, quandoexclamou para os emigrantes:"Que lhes expliquem por que umneto ou um filho que tem direitoà nacionalidade espanhola noma pode ter e podem tê-la os afri-canos do norte, os europeus doleste ou qualquer um que nomtenha sangue espanhol". No mêsde Agosto participou activa e ile-galmente nas eleiçons no Cen-tro Galego de Buenos Aires,apoiando a candidatura de JoséLuis Seoane, quem exibia sempudor nos seus folhetos propa-gandísticos o lema "Contamosno nosso accionar com o respal-do moral e económico do Gover-no da Junta da Galiza".

Governo de Feijóo reinstaura através da Juntapráticas e atitudes próprias do franquismoC.C.V. / O tempo que Feijóo leva de Presidente da Galiza é de avondo para elabo-rar um inventário das vítimas da sua política de terra queimada em todos os ám-bitos possíveis. Nesta reportagem revemos, pola contra, os principais ingredien-tes do menu neo-franquista que está a cozinhar o novo governo: ultracatólicos

gerindo gabinetes de sexualidade, altos cargos de passado Falangista, 'Desvánde los Monjes' e 'La Coruña', apelos para o ‘sangue espanhol’, ‘peinetas’ e ‘man-tillas’ no desaparecido Dia Nacional da Galiza e exibiçons de ‘macho ibérico’ bê-bado som algo mais do que ecos do passado ou umha caricatura fácil.

eSPanholizaçom Permanente, ‘berluSconizaçom’, relaçonS com o faSciSmo e raciSmo

roberto varela: a cultura galega

está “acomplexada”

o ‘dia Nacional daGaliza’, transformou-se

em ‘día de Galicia’desde a chegada de

Feijóo ao poder

o director-geral daadministraçom local

apresentara-se àseleiçons europeias de

1994 pola Falange

Feijóo soma-se à esteira de berlusconi,

como ‘macho espanhol’

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Sob a denominaçom “EstratégiaSERGAS 2014: a Saúde Pública aoServiço do Paciente”, o ServiçoGalego da Saúde apresentava nopassado mês de Julho aquilo quepretende ser o plano director, paraos próximos quatro anos, da ac-çom no campo da Saúde Pública.Fazia-o num acto com todo o luxo,com assistência da conselheira daSaúde, Pilar Farjas, e ainda do Pre-sidente da Junta, Alberto NúñezFeijóo, onde se traçárom linhas eeixos de trabalho, assim como ob-jectivos da política sanitária.

Porém, os responsáveis da Saú-de Pública deixavam na incógnitao relativo a medidas concretas pa-ra desenvolver esse plano. Na al-tura, a Federaçom de Saúde daConfederaçom Intersindical Ga-lega qualificava o acto de “pura-mente propagandístico”, dirigidoa justificar a decisom do governodo PP de aplicar um recorte orça-mentário em matéria sanitária,que “leva implícita a privatizaçomde serviços”. Recorte orçamentá-rio, “aforro” em palavras de Nú-ñez Feijóo, de 140 milhons de eu-ros nos vindoiros quatro anos, 7por cento de reduçom do gastocorrente da Junta na Saúde.

Esse recorte de despesas sani-tárias vem acompanhar as vozesque dum tempo a esta parte aler-tam para umha iminente redu-çom na estrutura de atençom sa-nitária galega por parte da Junta,no que respeita ao pessoal e à dis-tribuiçom de centros. Assim, du-rante o ano decorrérom várias asmobilizaçons a reclamar a manu-tençom dos serviços no Hospitalda Costa, em Burela, do HospitalComarcal de Monforte e, as maisnumerosas, contra a privatiza-çom do novo hospital de Vigo.

Reduçom e afastamento da atençom a pacientesUm dos pontos que diferentes co-lectivos em defesa da saúde pú-blica venhem assinalando comoalarmante é o relativo aos decre-tos do Plano de Gestom de ÁreaIntegrada e do Plano de Ordena-mento de Recursos Humanos.

Apresentados ambos como pia-res da dita “Estratégia SERGAS2014” polo Presidente da Junta,o que de momento se conhecedestes planos e das intençonsgovernamentais quanto à suaaplicaçom apontam cara a um-ha maior concentraçom dos re-cursos e serviços sanitários.

Assim, sob o pretexto de apro-fundar na denominada “Gestomde Área Integrada”, estaria a pre-tensom de mudar encobertamen-te o mapa sanitário da Galiza, mo-dificando as áreas sanitárias e re-duzindo o número. Isto redunda-ria num maior afastamento geo-gráfico dos serviços sanitários arespeito da populaçom, obrigan-do as pessoas doentes do rural aachegarem-se às cidades. Os de-cretos, que entrarám em vigor emfinais deste ano ou começos de2011, nada concretizam quanto a“quadros e rátios de pessoal, cla-ra distribuiçom e condiçons dosmeios disponíveis nos hospitais,nas actuais Direcçons Provin-ciais, Centros de Saúde, PACs...”,segundo os sindicatos presentesna Mesa Sectorial da Sanidade daJunta da Galiza. Assim o denun-ciavam em Julho, diante da rapi-dez com que, quase a jeito de trá-mite, fôrom passados os decretos

por este organismo, aproveitandoos dias prévios ao verao.

Quanto ao “Ordenamento deRecursos Humanos”, a impreci-som também caracteriza um pla-no que pode abrir o caminho amedidas de flexibilidade laboralaplicadas ao pessoal sanitário.Fundamentalmente, a imposiçomdumha maior mobilidade geográ-fica dentro das áreas de gestomsanitária, sem que se tenha segu-rança de que nom se vaiam dartransferências forçosas de pes-soal, bem como a acumulaçom detarefas nos profissionais em exer-cício, em detrimento da convoca-tória de novas vagas.

Privatizaçom de instalaçons e serviços sanitáriosEncaixada no projecto neoliberalda actual Junta da Galiza, a Saú-de Pública encontra-se às portasdumha vaga privatizadora queporá nas maos do capital empre-

sarial a gestom e exploraçom eco-nómica dos centros sanitáriosque se porám em andamento nospróximos anos.

Sob o regime de “Iniciativas deFinanciamento Privado” (PFI, po-las suas siglas em inglês), a Juntaporá a andar entre este ano e oque vem 21 centros de saúde, en-tre eles os novos hospitais de Vi-go e Ponte Vedra.

Neste modelo a administraçompública coloca nas maos do capi-tal privado a construçom, a com-pra do equipamento sanitário, amanutençom e a contrataçom dopessoal nom sanitário. Quanto aisto último, é evidente que abre apossibilidade de desigualdadesentre trabalhadores e trabalhado-ras de diferentes centros, ao po-derem negociar as empresas con-vénios próprios. A concessom in-clui ademais a exploraçom eco-nómica dos serviços nom sanitá-rios das instalaçons de próximaconstruçom, desde cafetarias atéparques de estacionamento, porparte do empresariado.

As concessons em marcha te-nhem vigência de vinte anos, du-rante os quais o SERGAS pagaráum cánon que segundo os casosmultiplicará por três ou quatro ve-zes o custo que teria a implemen-

taçom e a manutençom duranteesse tempo de centros de saúdecompletamente públicos. Alémdisso, a fórmula nom garante queas empresas renovem as instala-çons e o equipamento durante otempo de concessom. De modoque¸ daqui a vinte anos, a Juntapoderia ver-se na necessidade ur-gente de realizar fortes investi-mentos nesses centros sanitários,que ficarám nas maos públicasmas completamente obsoletos.

As PFI que agora se ponhemem prática na Galiza levam anosa funcionar no Reino Unido e naComunidade de Madrid. Em am-bos os casos, a experiência temrevelado que os resultados somumha deterioraçom na qualidadeda atençom sanitária, tanto noscentros que aplicam esta fórmulacomo no conjunto do sistema deSaúde. No caso madrileno, no-meadamente, os centros em regi-me de concessom apresentamumha rátio de camas por habitan-te menor, aproximadamente demetade, à dos centros integral-mente públicos. Assim o salienta-va a começos deste mês, numhapalestra em Ourense, MarcianoSánchez-Bayle, doutor madrilenoautor de vários estudos sobre asconseqüências da privatizaçomda Saúde nessa comunidade es-panhola. Afirmava ainda que oshospitais construídos mediantePFI fôrom cobrindo-se com pes-soal transferido doutros centrossem sem serem preenchidas asbaixas assim geradas.

Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 201016 a fundo

a modificaçom do mapa sanitário pode trazer umha reduçom de serviços em boa parte do territórioa fundo

feijóo avança com 21 centroS de SaÚde e hoSPitaiS em que a GeStom eStarÁ Privatizada

X.R. SAMPEDRO - H.CARVALHO / O actual executivo do PP prepara umha remodela-çom da saúde pública traçada fundamentalmente polo corte de fundos, com unsresultados previsíveis de diminuiçom de serviços por parte do SERGAS. Seguin-do o modelo de Iniciativas de Financiamento Privado (PFI), um tipo de concessomde serviços públicos importado do Reino Unido, a Junta tem preparadas ou emexecuçom as obras de construçom de 21 centros de saúde entre os quais se en-

contram os hospitais de Ponte Vedra e Vigo, este último a ponto de ser adjudicadoa grandes construtoras. Em todos os casos, o consórcio entre construtoras e ca-pital financeiro titular da concessom será o encarregado da manutençom das ins-talaçons e da exploraçom dos serviços nom sanitários. O executivo de corte neo-liberal que preside Núñez Feijóo dá assim entrada na gestom de um serviço públi-co básico à lógica empresarial de reduçom de custos e aumento de lucros.

Junta da Galiza consolida a cessom da saúde pública às redes empresariais

as concessons cedema gestom e manutençomde instalaçons sanitáriasa empresas privadas

pretendem mudar o mapa sanitário

da Galiza reduzindo a cobertura sanitária

querem impor ummodelo de flexibilidadelaboral e acumulaçom detarefas a profissionais

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A Junta mantém as suas previ-sons no processo para ceder aempresas privadas a constru-çom do novo hospital de Vigo, aprimeira grande aposta no sec-tor sanitário no sentido de im-portar para a Galiza um modeloinspirado nas fórmulas neolibe-rais ensaiadas polas comunida-des autónomas de Madrid e oPaís Valenciano. No fecho deediçom deste número aindanom se dera a conhecer a agru-paçom empresarial de constru-toras que vai receber a adjudi-caçom, apesar de que NúñezFeijóo assegurara que o ia fazerpúblico antes do 15 de Outubro.

A selecçom das ofertas é rea-lizada por umha assessoria pri-vada que recebeu fundos públi-cos no valor de 226.560 eurospara pontuar as entidades bene-ficiárias, o que foi duramentecriticado por sindicatos e sani-tários, que consideram que agestom deveria ser realizada di-rectamente por membros daConselharia, tanto para evitardespesas desnecessárias comoporque¸ nos termos da Lei Ge-ral da Sanidade, umha decisomdesta importáncia é responsabi-lidade deste serviço público. Oinício das obras está previstopara antes de fim de ano e paratanto a Junta requereu que osmoradores das casas localiza-das no espaço afectado polaconstruçom –no limite da paró-quia de Beade com a de Valada-res– deverám abandoná-las an-tes de 30 de Novembro.

Os custos do hospital quasemultiplicarám por cinco os or-çamentados polo bipartido, pas-sando dumha previsom feita po-lo PSdeG de 300 milhons para

1.400 milhons de euros que vaigastar a Junta a partir de 2013de forma fraccionada, o que im-plicará pagamentos anuais de71 milhons por vinte anos.

Ainda que a fórmula final emque o capital privado e o públi-co intervirám esteja por perfi-lar, fontes da Plataforma emDefesa da Sanidade Públicaapontam a que ao consórciodas construtoras se unirámprevisivelmente entidades ban-cárias que dem suporte ao in-vestimento e umha assegura-dora sanitária, papel para oqual a Povisa se perfila como oprincipal candidato, tendo emconta o tratamento de favorque obtivo desde a era Fragapor parte da administraçom. Asuspensom do concerto que aJunta mantém com esta entida-de sanitária –o mais custoso detodos os similares existentes noEstado- poderia ser a moeda detroca a oferecer por parte da re-de de José Silveira Cañizarespara arrecadar os lucros deri-vados da exploraçom privadado novo centro hospitalar na ci-dade mais povoada da Galiza.

17a fundoNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

A fundamentalista que lidera o processo privatizador e a precarizaçom da sanidadeoriunda da localidade aragonesa de samper de ca-landa, onde nasceu em 1959, pilar Farjas chegou àJunta em 1993 e ascendeu a directora-geral da saú-de pública em 1997, onde começou a ter projecçompública pola gestom do escándalo das vacas loucas,os surtos de legionella ou o caso do aspergillus. apa-drinhada polo mentor de Núñez Feijóo, José manuelromay beccaria, desembarcava em madrid no ano2002 para dirigir a agência espanhola de seguran-ça alimentar no ministério presidido pola galega anapastor. orgulhosa vizinha do bairro corunhês dos ro-sais e rigorosa militante católica, é umha das conse-lheiras que mais está a marcar o seu perfil ideológicono gabinete que dirige.

os três eixos em que pivota a sua gestom som a li-derança do processo de privatizaçom em numerosasáreas da sanidade, a reduçom progressiva de recur-sos de que disponhem os centros e profissionais de-pendentes dela e a incidência da sua lealdade ao va-ticano nas decisons políticas que adopta.

ela mesma nom o oculta: “som conselheira da pú-blica e da privada”, e se algo toma como preferênciana sua acçom é a segunda. dezenas de milhares depessoas estám a ser transferidas para se operar emclínicas privadas, o concerto com a povisa incremen-tou os lucros da empresa, os novos hospitais e cen-tros de saúde vam ser construidos por sociedadesque assumirám boa parte da sua gestom e as mu-lheres que decidam interromper voluntariamente agravidez terám que fazê-lo também em centrosalheios à saúde pública, ainda que os custos recai-rám mais umha vez nos cofres de todos e todas.

os orçamentos de 2011 prevém reduzir as des-pesas em 950 milhons de euros, que afectarámmaiormente o ámbito sanitário e em boa medidatambém a congelaçom salarial das pessoas quetrabalham para a Junta. estima-se que no ano pas-sado os gastos em material sanitário se reduzíromem seis milhons de euros.

e por falar, também o idioma nacional é objectode desprezo por parte de umha conselheira a quem

a mesa ofereceu um manual de galego para criançascaso tivesse a vontade de lhe dar uso ou bem lheocorria garantir o direito aos e às pacientes de serematendidos no seu idioma. isso sim, também por cau-sa de consciência o vai ter difícil, dado que conside-ra que é “pecado limitar o uso de um elemento decomunicaçom como é a língua [espanhola]”. limitaro uso do galego bem poderia ser para ela virtude,dentro da sua curiosa moral nacional-católica.

a que por força é conselheira de crentes e nomcrentes tem claro que o “ateísmo deixa os cidadaossem força moral para se desenvolverem”, e assimpromove a ‘red madre’ –defensora dos valores reli-giosos– através da web da Junta e insta o pessoalsanitário a secundar as suas mobilizaçons via e-mail. e assim integrou religiosos na comissom Gale-ga de bioética, que entre outras funçons assessora aJunta em matérias como os cuidados paliativos apacientes em fases terminais.

a sua militáncia fundamentalista revela-se a partirdo que sai da sua boca: “somos a presença viva deJesus na sociedade” ou “nom existe possibilidade defé sem praxe social” esclarecem as suas motivaçonsno momento de decidir desde o seu posto de coman-do. para ela, estar em política é “um valor intrínse-co” da sua fé, ainda que pareça ser que nom levabem que mencionem o seu “compromisso cristão”.

haverá que respeitar as tribulaçons da que nomdá trégua na defesa da religiosidade dos nossos cui-dados sanitários. romay beccaría nom deixa lugar adúvidas: a sua gestom é comparável à de “teresa deJesus subindo ao monte carmelo”.

para ela o “ateísmo deixa oscidadaos sem força moral”

polo que promove a influênciada religiom na sanidade

Pilar farjaS abadía, conSelheira

Avança a tramitaçom do hospital viguês com oposiçomda comunidade sanitária

aSSeSSoria Privada decide a adjudicaçom

umha empresa recebeu 226.560

euros para pontuaras construtoras

os custos do novohospital multiplicampor cinco os previstos

polo bipartido

NOVO HOSPITAL DE VIGOcobrirá as necessidades sanitáriaspolo incremento povoacional.Na foto, o Hospital Geral

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18 PaleStra Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

PaleStra confrontamos opinions a respeito da presença e uso de drogas nos movimentos e centros sociais

Aderrota da nossa comunidade na-cional ao longo das últimas déca-das, tem muito a ver com o hedo-

nismo de massas que paralisou, no con-junto da Europa, a criatividade, a dureza eas ánsias de perfeiçoamento e melhoriamoral alimentadas por geraçons de luita-dores. Um processo paralelo ao que esfa-relou -entre outras causas- o movimentooperário desde 1968. Havia que 'desafiar atradiçom' e, com ela, a herança de rigoris-mo, defesa da digna pobreza e temple mo-ral que abandeirara o proletariado desdesempre. O mercado publicitário forneceuaos rebeldes isto e muito mais. Para os fi-lhos e filhas de trabalhadores e labregosdo pós-guerra, ascendidos à categoria declasse média de serviços, chegou a duplaresidência, o turismo de longa distáncia eo recolhimento tecnológico na vida priva-da; para as novas geraçons precárias, ago-biadas pola sobrequalificaçom e o subem-prego, o 'divertir-se até morrer' para adiarumha vida adulta cheia de incertezas. Asdrogas de todo o tipo, espalhadas pola ir-responsabilidade esquerdista e a exalta-çom do indivíduo sobre todo o demais, fi-gérom o resto: graves danos físicos e psi-cológicos e dependência aguda de um mo-do de vida incompatível com a militánciae as suas exigências: gozes imediatos,pensamentos desordenados e fobia à dis-ciplina e à sobriedade.

Sempre houvo correntes opostas a es-tes extravios. As boas ideias, porém, sem-pre correm o risco de se perverterem polaacçom malentendida dos seus piores de-fensores. 'Gosto do que defendem, masnom de como o defendem', dixera umclássico a propósito do puritanismo anar-quista de primeiros do século passado,quando umha espécie de igreja laica doslibertários amoestava os vícios e os des-vios do trabalhador corrente. A corrup-çom do óptimo, é sabido, gera o péssimo.E ante a vista dumha grande ideia viradaum pesadelo autoritário, o homem e a mu-lher comum escolhem, como é natural,um sentido comum modesto e imperfeitopara conviver com as misérias quotidia-nas. Nom iremos mui longe se concebe-

mos a problemática da dependência -en-tre ela a das drogas- como um combate depequenos grupos virtuosos a praticarem asuperioridade moral sobre a multidom. Omoralista teria, antes de mais, que dar-seumha cura de humildade e olhar para oseu interior, para se decatar que aí dentrosempre resta muito trabalho por fazer, enom se agobiar tanto com o mundo de fo-ra. Se algumha cousa procuramos, nomsom em nengum caso salvadores. Da mes-ma maneira, desenharmos com tira-linhasum mundo impoluto, cheio de virtude eimpecavelmente organizado, pertencemais às utopias reaccionárias do que aosentido comum das esquerdas.

O melhor da esquerda e do arredismotem desenhado, antes de umha ánsia deperfeiçom doentia, a possibilidade deacadar logros suficientes, satisfatórios erazoáveis para enfrentar as exigênciasda opressom e a militáncia. Ambas apa-relham, bem sabemos, dores insalvá-veis. Quando pequenos ou grandes gru-pos soubérom sobrelevá-los, figérom-nocolectivamente renunciando à desmes-sura, quiçá a peja mais terrível que danao nosso povo. Cuidar com escrúpulo asaúde da mente e do corpo nom nos fainem mais nem melhores a ninguém,mas abrem portas a umha luita que real-mente mereça ser vivida.

Firmeza, que nom moralismo

Jorge Paços

No arredismo e a esquerdadesenhárom-se vias parapara enfrentar com acertoas exigências da opressom e da militáncia

Émenos habitual do que necessá-rio um debate dentro dos diver-sos movimentos sociais arredor

da questom do consumo de drogas, umdebate além da convencional discussomsobre o seu uso ou ilegalizaçom.

Devemos clarificar, em primeiro lu-gar, se a conflitividade ligada a este de-bate se acha no uso ou no abuso. Na mi-nha opiniom, o problema reside clara-mente neste segundo aspecto e, tam-bém, em que na maior parte dos casos,nom se chega a esse abuso, que desde jánomearei como dependência, de jeitovoluntário. Tem umha causa fundamen-tal: o desconhecimento. No canto de an-darem a perder o tempo falando de fór-mulas legais, e mesmo policiais, para re-solver os problemas, acho que para am-bas as posiçons fai falta mais formaçom.Temos que pensar que o tema das dro-gas e do seu “comércio” move milhonsde euros, que está mais que vivo nasnossas sociedades e que, porém, nomtemos nengum lugar a que recorrer pa-ra nos formar, tal como ocorre com ou-tra multidom de cousas, e os Centros So-ciais tenhem que desempenhar tambémum papel formativo.

Falo, portanto, de realizar -ou nom-um consumo consciente, consciente so-bre as causas e conseqüências do con-sumo, dos efeitos que este produz a cur-to e longo prazo no nosso corpo.

Um segundo aspecto relevante nascríticas que se fam a quem consome dro-gas é a questom do mercado. Certo é queo dinheiro do comércio de drogas vaionde vai, mas por acaso som mui honra-dos os destinatários do dinheiro que in-vestimos noutro tipo de bens de consu-mo? Quer dizer, cairíamos numha críti-ca um tanto moralista ao criminalizar oconsumidor no canto do capitalista.

Sobre esta questom do mercado tam-bém queria salientar umha cousa: quan-do, noutros aspectos, falamos de consu-mo consciente, fazemos referência aaquelas mercadorias que no seu proces-so de produçom fôrom respeitosas como meio ambiente, que quem receber o

nosso dinheiro possua uns mínimos deética, etc... Isto vem a que podemos en-contrar-nos com dous tipos de drogas,as denominadas legais e ilegais, e den-tro destas as “brandas” e as ditas “du-ras”, mas entre as primeiras situam-se ocannabis, o haxixe, os fungos, e entre assegundas a cocaína, o êxtase, etc. Eunom vou defender estas últimas, mas di-rei que me parece bem contraditório queas drogas brandas sejam censuradasnos ambientes políticos e, porém, asdrogas legais sejam mesmo fornecidasnos próprios Centros Sociais, comoocorre com o álcool, ou um caso aindamais grave, permitimos o consumo desubstâncias das denominadas legais eque som bem mais nocivas para o corpo,como acontece com os ansiolíticos ouanti-depressivos.

A distinçom entre droga dura e bran-da apresenta outro aspecto a ser apro-fundado: para conseguirmos as durastemos que entrar num mercado bem lú-gubre ou recorrer a um laboratório, masas brandas podem mesmo ser feitas nacasa, de jeito natural, e ademais saben-do em todo momento o que estamos aconsumir, com o qual, a relaçom mer-cantil também varia bastante, tanto quese extingue.

Por último, quero concluir com umhacitaçom de Miguel Garrido: “as drogasnom libertam, as drogas divertem, desi-nibem, animam, deprimem, provocamdistensom... mas nom libertam”.

Umha outra visomsobre o consumo

Ana Rodríguez

cuidar a saúde da mentee do corpo nom nos faimelhores que ninguém,mas abre portas a umhaluita que mereça ser vivida

o dinheiro das drogasvai aonde vai, mas somhonrados os que lucramcom os bens de consumo?

as ‘brandas’ podem serfeitas na casa, de jeitonatural e sabendo o queestamos a consumir

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19a denÚnciaNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

a denÚncia a dependência do dinheiro da construçom por parte dasfinanças municipais alimenta complexas tramas de corrupçom

J. MARINHO / A vaga neoliberal ea mercantilizaçom do territóriotem conduzido a política institu-cional para um dos maiores des-prestígios da sua dilatada histó-ria. A falência das finanças mu-nicipais e a sua estreita depen-dência dos ingressos regularespor construçom tem alimentadocomplexas tramas de corrup-çom baseadas na concessom ir-regular de licenças, no cobro decomissons e na colocaçom deamigos e familiares de constru-tores nas listas eleitorais. Recen-temente, a imprensa comercialfazia-se eco dos 42 processos ju-diciais abertos contra políticosgalegos -na sua imensa maioriamilitantes dos partidos espa-nhóis-, salientando o vínculo departe deles com tramas irregula-res do urbanismo.

No caso de Lugo, o envolvi-mento de autoridades munici-pais em tramas de corrupçompor proxenetismo e gestom irre-gular de multas tem obscureci-do a polémica urbanística, are-jada por colectivos vicinais e for-ças políticas como EsquerdaUnida. Ainda que nom existamsentenças judiciais firmes, ditoscolectivos relacionam parte daparentela de Maria Novo, conce-lheira do PSOE, com projectosde construçom de chalets gemi-nados em terrenos recentemen-te requalificados.

Umha longa polémicaOs primeiros passos para a apro-vaçom dum novo PGOM em Lu-go dam-se em 2006, já com a al-caldia de Clemente López Oroz-co. O texto viria a substituir o do-cumento vigorante desde 1991,e já desde os seus primeiroscompasses suscitou certa res-posta social. Em inícios de 2008,a plataforma crítica 'Lugo, a me-lhor cidade do mundo' convocouum pleno cidadao alternativopara denunciar a atitude de 'cer-raçom e obscurantismo' da cá-mara municipal. A entidade sa-lientava que o projecto doPGOM recebera mais de 6.000alegaçons, sem que houvesseresposta nengumha do conce-lho, e sem que as pessoas inte-

ressadas conhecessem a dataorientativa de aprovaçom provi-sória do plano. A mesma indife-rença municipal, segundo de-nunciou a plataforma, produziu-se na reiterada negativa dos con-celheiros do PSOE à participa-çom em mesas redondas sobre oconflito urbanístico.

O colectivo crítico apresentouas principais ideias força daoposiçom ao plano, umha ver-som local do desenvolvimentis-mo em boga, que abre a cidadedas muralhas ao efeito das gran-des infraestruturas de transpor-te que se desenham em Madrid:assim, chamava-se a atençomaos efeitos que terá a entrada doAVE, especialmente notávelnumha cidade que, à diferençade todo o resto das galegas, estácompletamente rodeada de bos-que autóctone e onde ainda so-brevive umha economia agráriade certa potência; a Plataformatambém advertiu dos efeitosque teria a entrada na cidade daprojectada autovia Compostela-Lugo, que forçou a construçomdumha nova ponte sobre o Mi-nho e um sério deterioramentodas ribeiras do rio.

As reivindicaçons da platafor-ma nom se detinham na exigên-cia dumha maior transparênciainformativa. A rede de colectivosque a forma insistia na necessi-dade dum plano global que 'pen-

se no conjunto da cidade, no-meadamente na situaçom dosbairros, e nom apenas no centro'.

As chaves do planoAs linhas mestras do plano nompodem surprender, porquantosom a plasmaçom lucense dumhaconcepçom geral que se baseia nogigantismo dos núcleos urbanosgalegos à custa do despovoamen-to generalizado do agro circun-dante; gigantismo alimentado,aliás, polo projecto futuro dumhaconurbaçom galega que se exten-da ao leste através de AVE e auto-vias, pondo Lugo a menos dumhahora de viagem da capital galega,e intensificando ainda mais a mo-bilidade motorizada. A declara-

çom de intençons do PGOM visa,num prazo dumha década, umhacidade de 350.000 habitantes(frente os 90.000 actuais), comoconseqüência do esvaziamentodas comarcas rurais da contorna.Para tal fim, e numha cidade quetem 25% da suas casas baleiras,projecta a construçom de 74.000novas habitaçons em solo urbanoe mais 52.000 residenciais no agrodas redondezas.

O parque Rosalia como exemploO plano tem na actuaçom do Par-que Rosalia de Castro um dos seusemblemas mais polémicos, dadoque dana seriamente um espaçoreferencial para os lucenses. Comefeito, as reivindicaçons cidadáscontra o desenvolvimentismo emLugo tivérom o seu maior eco gra-ças à Associaçom em Defesa doParque Rosalia, que participou ac-tivamente nos últimos anos da pla-taforma 'Galiza nom se Vende',dando dimensom galega a esteconflito local. A entidade fijo cava-lo de batalha do respeito escrupu-loso ao parque e às suas vistas, pre-servando assim um dos espaçosverdes mais senlheiros da cidadedas muralhas. Valendo-se dumcompleto assessoramento legal, ocolectivo vicinal tencionou tombarnos tribunais a actuaçom CS-5, co-nhecida como 'finca O Garanhom',que pretende erguer três grandestorres na ladeira do parque. Umdos prédios acha-se já em constru-çom, invadindo, por palavras dumporta-voz da associaçom, 'umhafaixa de terreno de domínio públi-co que o próprio PGOM qualificacomo zona verde.' Esta porçom deterreno fora comprada polo conce-lho em 1927, 'precisamente para aampliaçom do parque Rosalia',lembram no colectivo.

Urbanizaçons e campo de golfe, fiscalizadosO verao passado serviu para o pla-no entrar, quatro anos depois dosprimeiros passos, na fase de apro-vaçom definitiva. Para umha ou-tra das associaçons opositoras,denominada Associaçom pola Le-galidade do Plano Urbanístico deLugo, o projecto “beneficia clara-mente a família política da conce-

lheira delegada de urbanismo,Maria Novo, e políticos e constru-tores”. Com efeito, ConstruçonsPedrouzo SL, implicada no planourbanizador, vincula-se a um cu-nhado da própria Maria Novo. As-sim aparece no blogue do colecti-vo, que lembra que já pujo nasmaos da Fiscalia um plano quecontou com o apoio activo dePSOE e PP, e a oposiçom ambíguae medida do BNG.

O colectivo aponta a vários ter-renos de solo rústico especial-mente protegido, situados em Fi-xós, nas imediaçons da estradaLugo-Porto Marim e colindantescom o campo de golfe da cidade,“que foram requalificados fora deprazo para permitir a edificaçomde chalets adosados”. As pessoasenvolvidas neste colectivo oposi-tor nom ocultam a sua irritaçom,originada na sua própria situaçompessoal: “somos mais de duzentosproprietários -diz José Cabanas, oseu porta-voz- e nom entendemosporque nom se aplicam com osnossos terrenos os critérios quese aplicam com outros, abrindo avenda à costruçom”.

Esquerda Unida soma-se à campanha de oposiçomNom é apenas a vizinhança danifi-cada a que aponta contra o plano.Também EU pujo nas maos da Fis-calia toda a documentaçom com-pilada, com a esperança posta numbloqueio institucional da trama ur-banística. O porta-voz da forma-çom, Carlos Portomeñe, lembrouque “nestes momentos há um tri-bunal a investigar as irregularida-des na requalificaçom de terrenosem Fixós, e a pesquisa nom excluimembros do partido da oposiçomque poderiam ter actuado comocomissionistas da operaçom”.

A impopularidade do projectonom deixa ninguém indiferente,até o ponto que o próprio BNG,favorável à ampliaçom ao campode golfe, saiu à tona para deslin-dar-se dos grandes partidos espa-nhóis: “entendemos que a amplia-çom do campo é benéfica, masnom podemos justificar a requali-ficaçom de terrenos com fins es-peculativos”, manifestou PazAbraira, concelheira nacionalista.

denunciam ‘obscurantismo’ e interesses empresariais por detrás do pGom lucenseA Galiza litoral concitou a atençom mediática nos últimos tempos, pouco antesdo estourido da bolha imobiliária congelar vários planos especulativos de gran-de impacto ambiental. Porém, também o interior do país padece com muita crue-

za intensas mudanças sociais e territoriais que tenhem a construçom indiscrimi-nada como catalisador. O PGOM de Lugo, pendente de se aprovar, suscita umhavasta polémica que revela os interesses confluentes no entramado do tijolo.

boa Parte doS 42 ProceSSoS judiciaiS contra PolíticoS GaleGoS eStÁm relacionadoS com o urbaniSmo

pretendem erguertrês grandes torres

na ladeira do parque rosalia, umha delas

já em andamento

o pGom visa umhacidade de 350.000

habitantes, frente aos90.000 actuais, no

prazo dumha década

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Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 201020 em anÁliSe

o activismo ‘trans’ destaca na Galiza polo número de iniciativas e o carácter inovador das suas propostasem anÁliSe

M. ROSENDO E O.ROMASANTA /“A Questom de Género no Sé-culo XXI: Teorias e PráticasHeterodoxas” foi o titulo es-colhido para as Jornadas rea-lizadas na Universidade daCorunha entre os dias 20 e 23do passado mês de Setem-bro. Nelas aprofundou-se naschaves do feminismo actualna Galiza e além das nossasfronteiras, tanto da perspecti-va teorica como da prática.Dentre todas as tendênciasanalisadas, umha destaca nonosso País tanto polo seuconteúdo reivindicativo quan-to pola sua forma inovadora:o movimento queer. Neste nú-mero, o NOVAS DA GALIZA de-bruça sobre o transfeminis-mo galego, revendo o mapadas principais organizaçonsque brigam por deitar abaixoos clichés de género na so-ciedade actual.

O próprio significado da palavra“queer” (“anómalo” em inglês,em contraposiçom ao socialmen-te aceito ou “straight”) remete-nos à natureza heterogénea dummovimento que rejeita ser defini-do. A teoria Queer pretende botarpor terra a classificaçom das pes-soas em categorias universais co-mo “homossexual”, “heterosse-xual”, e até “homem” ou “mu-lher”, afirmando que todas asidentidades sociais som igual deanómalas. A construçom do gé-nero seria, segundo esta teoria,umha construçom social e nom ofacto natural em que pretende serconvertido. O binarismo dos gé-neros estoura para dar passagema umha auto-construçom identi-tária em que qualquer escolha éválida e nengumha tem que serpermanente, ultrapassando asfronteiras do normativismo acei-to pola maior parte da sociedade.O transfeminismo contemporá-

neo, qüestom também abordadanestas Jornadas, coincide com ateoria Queer na rejeiçom destascategorias de género, apostandona auto-construçom dum géneropróprio que nom terá definiçom.

Teoria Queer e transfeminismo:pequeno mapa associativoDentro da variada actividade fe-minista da Galiza de hoje, os co-lectivos trans sobressaem polonúmero de iniciativas e o caráctertransgressor das suas propostas.O colectivo corunhês Maribolhe-ras Precárias é pioneiro na difu-som do movimento queer na Ga-liza, luitando desde a década de90 por se reapropriar da sua iden-tidade para tornar legítimo aquiloque o sistema patologiza. As suasmobilizaçons polo 28 de Junhopola libertaçom dos corpos e dassuas identidades constituem umponto de encontro do tecido asso-ciativo trans de todo o País, rei-vindicando novos jeitos de fazer,de viver, de desejar, de ser noscorpos. Por palavras suas, “que-remos reinventar as nossas vidase fazê-lo com todas aquelas queluitam por um mundo onde todaspodemos florescer”. Na mesmalinha, o grupo de “parafeministasdegeneradas” Nomepisesofreg-hao levam à prática obradoirosqueer como o realizado no passa-do mês Junho com Clara Gayo,assim como umha incessante lui-ta polo empoderamento de géne-

ro nas novas tecnologias: “se atecnologia nos empodera, as fer-ramentas livres libertam-nos”.

O grupo das Panteras Rosa Ga-liza ultrapassárom as fronteirasgeográficas, luitando de pertocom activistas de Portugal. Nonosso país ponhem em prática oactivismo anti lgbt-fóbico, sob apremissa de que qualquer agres-som tem que ripostada na rua.Nesta linha, iniciárom umha re-cente campanha contra os espec-táculos de grandes orquestras co-mo a Olympus, em que, seguindoas denúncias do portal soberanis-ta galizalivre.org, colocavam na

rua o debate sobre os valores dis-criminatórios difundidos polastais orquestras nas suas actua-çons polas festas do País.

Com base em Compostela, deOquenossaedacona difundem osdiscursos de queers como ItziarZiga, Beatriz Espejo ou GraciaTrujillo, com a reivindicaçom defundo da decisom sobre os pró-prios corpos. Já no Sul do País,operam as recém-nadas SomosDe_Generando, que estám a per-filar um projecto aberto e nomidentitário com que pretendem vi-sibilizar posiçons e oposiçons aoheteropatriarcado. Também di-

fundem como ferramenta de luitao software livre e comunitário.

Por último, o colectivo Trans-galiza luita desde 1998 contrapartidos políticos e instituiçonsque nom só recusam os direitosbásicos das pessoas transexuais,como ainda promulgam leis queas definem como enfermas. Naactualidade estám a desenvolvercom outros colectivos umha fortecampanha em contra da patologi-zaçom das pessoas trans e dosprocedimentos médicos que seadoptam contra elas.

Estas som só algumhas das ex-periências que operam na Galizano terreno trans. Todas elas ba-seiam a sua luita na acçom direc-ta e no divertimento, fugindo nompor acaso às descriçons concep-tuais. A activista Laura Bugalhodeixava-o claro nestas Jornadascorunhesas: “nom queremos queninguém nos defina; estamos far-tas de que nos definam. Nós jános construímos a nós próprias”.

Pola despatologizaçom das Identidades TransA actualidade das reivindicaçonsdo transfeminismo verá-se re-flectida no vindoiro 23 de Outu-bro na Jornada Global de Luitapola Despatologizaçom dasIdentidades Trans, data em quefoi convocada umha manifesta-çom em Compostela e outros ac-tos nas demais cidades galegas.Trata-se do acto principal deStop Trans-Pathologization(STP-2012), umha campanha in-ternacional que luita contra a pa-tologizaçom destas identidadese visa influir na revisom do Ma-nual Diagnostico e Estatístico deDoenças Mentais da Associaçomde Psiquiatria Norte-americana,onde som atacados os comporta-mentos sexuais “nom normati-vos”. A Rede Despatologizaçomde Identidades Trans é quemconvoca os actos no nosso País.

o ‘queerismo’ está a passar por aquiaS reivindicaçonS tranSfeminiStaS eStarÁm na rua o vindoiro 23 de outubro

‘queer’ remete-nos aoheterogéneo do querejeita ser definido

compostela acolherámanifestaçom pola despatologizaçom

centroS SociaiSaguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arrincadeiraC. Histórico · Riba d’Ávia

c.S. almuinhaEzequiel Masoni · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

lSo atocha alta 14Monte Alto · Corunha

atreu!S. José · Corunha

aturujoPrincipal · Boiro

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

a cova dos ratosRomil · Vigo

a esmorgaTelheira · Ourense

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

a fouce de ouroBertamiráns · Ames

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

o GuindastreXulián Estévez, Teis - Vigo

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

mádia levaAmor Meilám · Lugo

Srcd PalestinaRua do Ril · Burela

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revoltaRua Real · Vigo

cSoa o SalgueirónZona Massó · Cangas

Sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

SetestreloPerez Viondi, 9 · Estrada

tarabelaDonramiro, 17 · Lalim

a tiradouraReboredo · Cangas

cS vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

cSa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

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XOÁN R. SAMPEDRO /O tratamen-to maioritariamente dado polosmedia empresariais galegos àpassada greve geral do 29 de Se-tembro nom deixa de ser umhaexpressom dessa própria nature-za empresarial, que responde aosinteresses da classe proprietária.O responsável último de marcar alinha editorial do jornal nom dei-xa nunca de ser o editor –sejaqual for o cargo jurídico que os-tentar; dito de outro modo: o em-presariado por detrás da cabeça-lho. Convém matizar um tópico:nom se trata de que os mass-me-dia estejam ao serviço do capitalprivado; simplesmente, som em-presas de capital privado.

Logo nom é nada estranho que oúnico que ofereçam quase monoli-ticamente as empresas informati-vas seja criminalizaçom e questio-namento antes, durante e depoisde umha jornada de greve. Quemacreditar ainda hoje na prevalênciada obrigaçom de informar e o direi-to a ser informado como princípiosreitores da relaçom entre indústriainformativa e sociedade é, comomínimo, inocente de mais.

Essa evidência nom serve, po-rém, para desculpar umha estra-tégia de manipulaçom e criminali-zaçom da greve como ferramentade defesa, ou de protesto no piordos casos, da classe trabalhadora.A cobertura do 29 de setembro, jádesde as semanas anteriores, ex-pom com clareza como se desen-volve umha linha propagandísticacom previsom. Por umha parte,com inquéritos de resultados polomenos estranhos, à vista da parti-cipaçom atingida pola convocató-ria das centrais sindicais, que nomse podem explicar só com as mar-gens de erro próprias do métodoestatístico. Por outra, pondo emdúvida sistematicamente o desen-volvimento das greves, num tompolo menos vitimista. E finalmen-te, pondo em questom um dia eoutro o trabalho dos piquetes in-formativos, salientando a ‘violên-cia’ inerente aos mesmos segun-do boa parte dos fabricantes deopiniom pública. Mesmo se chegaa escrever sobre a ameaça que a

coacçom exercida polos piquetes-sempre dentro do relato do esta-blishment- implica para o livreexercício do ‘direito ao trabalho’que o empresariado fai por asse-gurar aos seus empregados e em-pregadas.

A cantilena: “violência” e “seguimento desigual”Com as peças já colocadas ao lon-go das semanas prévias, as notí-cias do dia da greve som geradassem grande esforço: fracasso daconvocatória ou minimizaçom doresultado se o fracasso for inve-rosímil, e violência dos ‘piquetescoactivos’ para explicar a incidên-cia nos diversos sectores. Este ro-teiro foi o que triunfou nas capasdos cabeçalhos galegos. Assim,por exemplo, na seguinte man-chete: “A greve fechou indústriasmas nom a Administraçom nem ocomércio galegos” de La Voz de

Galicia ou nestoutra mais eviden-te “29-S: a greve nom foi geral” deLa Región. Tópicos como o “se-guimento desigual” ou a intermi-tência dos fechos à passagem dospiquetes também fôrom destaca-

dos em mais de umha crónica.Por outra parte, a linha é neu-

tralizar esse resultado que o jornaltenta desvalorizar desde a própriamanchete de abertura, atribuindo-o à ‘ameaça piqueteira’ que duran-te dias estivo a ocupar linhas e mi-nutos em quase toda a imprensado Estado. Aqui, Diario de Ferrol

dá toda umha liçom de jornalismoao intitular “A maioria das peque-nas tendas fechárom para evitarconfrontos”, umha peça em que asvozes que apoiam tal afirmaçomnom vam mais além da percep-çom pessoal do ou da M. M. queassina. Como tónica geral, os me-dia optárom por elevar a títulos asdetençons e as barricadas, acom-panhadas de fotos com preponde-ráncia de lume. Assim, com episó-

dios espectaculares tapa-se a in-formaçom relevante, isto é, as mi-lhares de pessoas mobilizadas nasruas galegas nesse dia 29 de Se-tembro e o êxito da paralisaçomnas empresas do País.

A outra face da moeda: a greve de jornalistasNa mesma análise económica daindústria mediática, é necessáriaumha outra leitura: a do papel dose das empregadas dos media, co-mo trabalhadores que portantoestavam chamados à greve. O pro-testo nos meios de comunicaçomimpressos e nas agências é convo-cado tradicionalmente na jornadaprévia à greve geral, com o objec-tivo de evitar a chegada de im-prensa aos quiosques: há greve, eportanto nom há jornais. Cumpreassinalar que, apesar disso, aspráticas empresariais fam comque seja insuficiente a paralisa-çom dos trabalhadores dos meiosde comunicaçom, a nom ser quese verificasse 100% de seguimen-to, para evitar a ediçom do dia se-guinte. A reduçom de páginas ouos fechos de ediçom prematuros,

à tarde, tentam evitar os efeitosda greve, publicando produtos deínfima qualidade como simplesmostra de resistência empresa-rial. Assim, acaba por ficar nasmaos dos trabalhadores das rota-tivas ou do transporte, quandonom dos piquetes, evitar quesaiam à venda os produtos dos ca-beçalhos em papel no dia de gre-ve. Foi o que aconteceu no 29 deSetembro, dia em que o trabalhodos piquetes foi o que evitou quea tipográfica do Faro de Vigo edi-tasse este diário, da mesma ma-neira que Xornal de Galicia, ABC

e La Opinión. La Voz de Galicia,polo contrário, pudo estar na ruacom o apoio de um destacamentomui salientável da polícia espa-nhola, que blindava a sua centralde impressom em Sabom.Quanto ao seguimento no sector,os dados disponíveis através doSindicato de Jornalistas da Galiza(SJG) andam por volta de cin-qüenta ou sessenta por cento deseguimento nalguns cabeçalhos,e umha incidência quase nulanoutros. Concretamente, o SJGcalcula em 60% a incidência dagreve nas redacçons de Xornal de

Galicia e Faro de Vigo, e de 50%na de Diario de Ferrol e na daagência Europa Press. Em negati-vo salienta La Región, jornal emque nom se registou nengum se-guimento da greve, e La Voz de

Galicia com umha adesom deapenas 30 por cento.

Quanto a outros meios, chama-dos à greve geral no mesmo diaque o resto de trabalhadores e tra-balhadoras, só se conhecêrom da-dos de participaçom na CRTVG.Ali, 70 por cento das pessoas nomligadas a serviços mínimos aderí-rom à convocatória dos sindica-tos, com o resultado da nom emis-som de três programas na TVG eum na Rádio Galega. Tam poucaincidência na programaçom ex-plica-se por uns serviços mínimosmarcados considerados abusivospola representaçom sindical. Con-tabilizando como nom grevistasas pessoas obrigadas a assistirem,a direcçom reduzia a 20% a inci-dência da jornada na companhia.

21mediaNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

a empresa informativa à defesa dos seusinteresses de classe perante a greveA dialéctica operante nos mass-media entre informaçom e interesse empre-sarial resolve-se sempre de forma favorável aos gestores económicos. Nompode ser menos no caso de umha greve geral contra a flexibilizaçom do mer-cado laboral, sendo a indústria informativa, como é, exemplar na precariza-

çom do emprego e nos horários“flexíveis”. Assim, a desinformaçom e a litera-tura tendenciosa marcárom a cobertura informativa de umha greve, a do 29-S, que também tivo certa repercussom -embora limitada- nas redacçons dealgumhas empresas informativas.

os interessados na reforma laboral tenhemna indústria informativa um forte aliado ideológicomedia

as notícias da grevecentrárom-se em

minimizá-la e exagerar a violência

dos piquetes

a cobertura daS manifeStaçonS do 29-S caracterizou-Se Pola criminalizaçom do ProteSto

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

cultura

“a autoproduçom permite-nos controlar oprocesso e vender melhor o que fazemos”

manel crÁneo, deSenhador e iluStrador corunhêS, aSSim como imPulSor da ‘demo editorial’, que vai Promover autoreS GaleGoS

ANTIA RGUEZ. / O desenhador eilustrador corunhês Manel Crá-neo é umha das figuras pontei-ras da banda desenhada galega.Desde a década de '90, em queparticipou no lançamento de nu-merosos fanzines até hoje a suaproduçom criativa nom deixoude dar frutos. Foi presidente daAssociaçom Galega de Profis-sionais da Ilustraçom e formouparte do grupo implusor do Co-lectivo Chapapote em resposta àtragédia do Prestige. Foi premia-do em múltiplas ocasions e dei-xou a sua pegada também noámbito do desenho de cartazes,a publicidade ou o desenho destoryboards para filmes como OLápis do Carpinteiro. Agora des-taca polo lançamento de umhanova editora para publicar demaneira autónoma produçonsem banda desenhada.

Como surgiu a ideia de ter edito-rial própria? Funciona no ámbitoda BD a autoproduçom? Demo Editorial surgiu quase demaneira improvisada ante a neces-sidade de levar urgentemente umprojecto pessoal adiante sem ter asbarreiras que se interponhemquando um tem que negociar umprojecto próprio com umha edito-rial. Queria levar a cabo umha his-tória em banda desenhada ambien-tada nas revoltas irmandinhas e fuidar com a Euromeume que decidiuparticipar do projecto e financiá-lo.

A autoproduçom é um mundocomplexo porque um tem que co-brir diferentes funçons, mas paga apena porque um controla o proces-so. Tem muitas outras vantagenscomo por exemplo no ámbito dapromoçom. O melhor que podevender o teu produto és tu mesmo.Demo é unha iniciativa pequena,mas com muitas ideias porque afalta de recursos económicos incre-menta o nível de imaginaçom e is-so permite que bastantes autoresse acheguem a nós com projectos.

A sua primeira publicaçom, Os

Lobos de Moeche, tivo muito êxitoe depois decidiu editar dous tra-balhos de autores nóveis. Nasce aeditorial para tirar autores gale-gos do anonimato?Os Lobos vam caminho dos 3.000exemplares vendidos. Geralmenteas ediçons de bd em galego rondam

entre os 700 e os 1000 exemplares.Neste caso como havia financia-çom fíjo-se umha tiragem grandepor excesso de fé no projecto. Tive-mos sorte. Nom pensei que fosseter tanta acolhida e graças a esteêxito pudem pensar em dar umhacontinuidade ao projecto editorial.

Em principio vamos seguir na li-nha da novela gráfica de ambienta-çom histórica, mas sem cair no di-dactismo. Como Os Lobos ou O Fil-

lo da Furia. BD de autores Galegosem língua galega. Nom descarta-mos a ediçom em espanhol, inte-ressa também exportar o que faze-mos e dar a conhecer os nossos au-tores fora como no caso de DaniMontero, Prémio Castelao 2009,cujo álbum Sen Mirar Atrás sai comediçom em ambas línguas.

Quanto à dificuldade de promo-cionar novos valores nom me assus-ta sempre e quando apresentem umbom projecto. Quando Tarantino ro-dou Reservoir Dogs nom o conhe-cia ninguém e já vês onde chegou.

A que crê que foi devida a boaacolhida de Os lobos de Moeche?Estou convencido de que há dema-siada gente farta de que nos ve-nham contar milongas os ianques.Está mui bem que de quando emvez nos contem Gladiator ou Bra-

veheart, mas estou certo de que naGaliza temos heróis e anti-heróisde avondo que em muitos casosainda permanecem quase no ano-nimato. Porque Furia de Titáns enom Hércules contra Xerión?

É justo o exemplo de Mamed Ca-sanova, bandoleiro de Ortigueiracuja vida é narrada na novela gráfi-ca O Fillo da Furia ou Os Lobos de

Moeche. Esforçamo-nos em contarumha e outra vez a lenda artúricaaos nossos filhos quando muitosnom sabem quem era Alonso deLanzós. Umha das fórmulas parafazer que um álbum de bd em gale-go funcione numha parcela tam pe-quena de mercado é contar cousasque nom procurem destacar nomercado estatal, mas no mercadopróprio que pretendemos criar osque estamos a editar bd em galego.

A literatura já leva tirando destefio das histórias próprias muitas dé-cadas e a banda desenhada até ago-ra também, mas em geral contam-se estas cousas com carácter didác-tico, que acabam aborrecendo. Háque dotar a história com matizesnovelescos para fazê-la mais atrac-tiva para o público geral. Suponhoque Os Lobos funciona em partepor isso: apesar da ambientaçomhistórica nom deixa de ser um livrode aventuras onde as personagenssentem, amam, odeiam e luitam.

Também foi presidente da AGPI.Quais som as carências do grémio?Falta de apoio institucional, de in-teresse das editoriais, do público?O público da bd é cada vez maisadulto. Isto obsessionava muito háanos. Pensavam que para dignifi-cá-la e que nom se qualificasse co-mo “cousa de crianças” havia quecaptar mais público adulto. A dia

de hoje estamos tendendo cara ocontrário. As crianças estám maispendentes de jogar com a psp oude descarregar música no mp3 quede ler banda desenhada.

Onde realmente temos o públicoinfantil é no livro ilustrado. Agorahá quantidade e qualidade, algo im-pensável há 15 ou 20 anos. Pode-mos dizer que somos um sectorcom numeroso público, mas cominsuficiente nível de reconhecimen-to por parte da sociedade.

Quanto às carências que denota osector som muitas, especialmente acomplexidade que implica juntarforças entre a parte autorial e a edi-torial. Ainda hoje som muitos os edi-tores que pedem que renuncies aosdireitos. Continua-se a falar de au-tor fazendo referência só ao escritor.

Quanto ao apoio institucional,graças a ter o colectivo representa-do pola AGPI, hoje já temos voz nosector cultural e somos um poucomais escuitados, mas ainda restamuito por fazer para que se nos con-sidere como é devido. O positivo éque a associaçom aúna mais de 140ilustradores na Galiza e supom unhaplataforma que nos permite avan-çar cada vez mais forte e com passofirme para os nossos objectivos.

Xaquín Marín teima em defendero humor galego e lamenta a suaperda por parte dos novos criado-res. Vê isto assim também? Tenho-lhe muito apreço a Xaquín,a quem conheço desde há anos econsidero umha das mais sólidas

referências do humor gráfico gale-go, mas discrepo em que se esteja aperder a retranca. A BD, agoramesmo, move-se em quase tantastemáticas como autores há.

Sim que é certo que muitas es-tám afastadas do humor, mas é quenunca existiu umha escola de ban-da desenhada galega nem umhageraçom destacada que praticasseo nosso humor próprio salvandoexcepçons como a Quotidianía De-

lirante de Prado, por exemplo. Falando em termos editoriais, o

nosso humor sempre estivo reco-lhido no ámbito das vinhetas deprensa e na literatura sobretodo.

Temos um nível muito alto de hu-moristas gráficos na Galiza (Lean-dro, Santy Gutiérrez, Pinto e Chin-to e umha moreia mais) e temostambém umha revista na Galizaque se chama A Retranca e que amaior parte do seu conteúdo é ban-da desenhada de humor. Eu pensoque a retranca está longe de entrarem perigo de extinçom.

Em que outros projectos andaagora metido Manel Cráneo?Estou a trabalhar em vários projec-tos ambientados em Planeta Min-cha, um universo próprio mui parti-cular que nom tem nada a ver a nívelgráfico com Dammsmit ou Os Lo-

bos de Moeche. Por um lado estou adesenhar Destino Hërgüss, um ál-bum de bd para público juvenil-adul-to que recebeu umha ajuda à cria-çom de bd da Conselharia de Cultu-ra e que vai sair em 2011. Estou tam-bém com dous novos livros infantisda serie Diario de Pichük, editadospor Everest. Serám a terceira e quar-ta entrega de umha série ambienta-da nesse mundo imaginário.

Já à margem disto, estou a escre-ver no meu tempo livre anotaçonspara essa possível sequela de Os Lo-

bos de Moeche e um guiom para ou-tra novela gráfica sobre as aventu-ras de Benito Soto e a Burla Negra,neste caso vai-na desenhar SantyGutiérrez que é um excelente dese-nhador o qual vai-me permitir exer-cer como guionista puro e duro.

Tenho outros projectos em dife-rentes fases de produçom que vaitu saber quando saem ou mesmose chegarám a sair. A mente vaimais rápido que a mao e tenho as-sumido que nom vou dar sacado àluz todas as ideias que rondam naminha cabeça.

“o público da bd é cada vez mais adulto, as crianças estám maispendentes de jogar com a psp ou de descarregar música no mp3”

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23SaÚde / ciência / redeNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

este tipo de ofertas som agora vistas por movistar como o berço de umha suposta saturaçom da rederede

DAVID CANTO / Movistar , como lí-der no mercado das telecomunica-çons no Estado e ex-monopólio es-tatal (Telefónica de Espanha), apro-veitou o início do XXIV Encontro

das Telecomunicaçons em Santan-der, organizado pola UniversidadeInternacional Menéndez Pelayo, pa-ra pôr mais umha vez sobre a mesao debate sobre a conveniência dastarifas planas ilimitadas. Este tipode ofertas som agora vistas por Mo-vistar como o berço de umha supos-ta saturaçom da rede, injustiça paraos consumidores que menos uso fa-zem dela e toda umha série de falá-cias repetidas com o objectivo de asconverter em realidade.

Vodafone e Yoigo, apenas umhashoras depois e no mesmo encontro,defendérom quase na sua totalida-de os argumentos do Conselheirodelegado de Movistar. A atitude,longe de praticar a livre competên-cia que o liberalismo promulga,

mais umha vez comportam-se co-mo lobby, deixa os clientes sós pe-rante este oligopólio.

Saturaçom da redeAs três operadoras alertam da satu-raçom das suas redes devido à cres-cente demanda, que se multiplicaconstantemente, e que agora alcan-ça cotas maiores devido ao desen-volvimento da banda larga móvel(aquela à que se acede desde telefo-nes ou routers 3G, também chama-dos pinchos).

Movistar (que serve a infra-estru-tura de ADSL ao resto de empresasque ofertam este serviço) é culpáveldesta saturaçom, que a efeitos reaisnem sequer tratam de demonstrar,pois veria-se a deficiente gestom dasua rede. Continua com a rede decabo coaxial (par de fios de cobre),o qual com as melhoras foi aumen-tando o largo de banda sem mudarnengum componente. Todo ia bem

até agora, pois nom se consumianunca o largo de banda completo as24 horas do dia, mas agora , quandosó alguns o fazem, resulta que se po-de chegar a sofrer saturaçons.

Isto, pola contra, nom acontececom as operadoras de cabo (ONO,R, Euskaltel, etc.) com infra-estru-tura própria de fibra óptica. Du-rante anos Telefónica medrou embenefícios ainda perdendo clientesa medida que medrava a compe-

tência. Agora é quando o modelode aforro ao limite parece estarperto da quebra.

Tarifas planas “flexíveis”Yoigo e Vodafone manifestárom-seem qualquer caso favoráveis às tari-fas planas, ainda que com certo“controlo”, ao tempo que Movistarsó aponta a cobrar a cada cliente oque consuma. O acordo à hora decriar um modelo comum é o jeito

que as operadoras tenhem de fazerforça, já seja mediante a convicçomou no seu defeito, da imposiçomdeste conjunto de casuais polosquais agora é preciso subir preçosou baixar a qualidade do serviço.

As medidas de limitaçom do lar-go chocam directamente com a mo-dernizaçom tecnológica e com odesenvolvimento da rede no Esta-do. Por exemplo, resulta paradoxalque Yoigo queira chegar aos 100mb. de velocidade com a sua redemóbil 4G (de quarta geraçom) sepretende limitar a quantia para des-carregar nas suas tarifas planas.

A todo isto podemos acrescentarum problema de conceiçom do pro-duto oferecido por parte das empre-sas de telecomunicaçons e mais ou-tro estrutural, que se leva a arrastardesde o período no qual Telefónicaera o único operador. Ambos vamser explicados no vindouro númerodo NOVAS DA GALIZA.

Grandes empresas preparam o final das tarifas planas (i)

investigadores apontam que tumores poderám matar 13,2 milhons de pessoas por volta de 2030

Geim e Novoselov vam revolucionar o mundo dos aparelhos tecnológicosSaÚde

Nobel de Física para o grafenocancro nos países pobres

ciência

DAVID CANTO / Especialistas alertam deque a maior parte das pessoas que moramem países pobres e padecem cancro vammorrer dessa doença. Nos países ricos apercentagem é a metade.

A Agência Internacional de Investigaçomdo Cancro apontaque enfermidadestumorais poderámmatar arredor de13,2 milhons de pes-soas por volta de2030, o duplo de fa-lecimentos polamesma causa em2008. A maioria doscasos será nos paí-ses pobres.

Assim, com o can-cro aconteceria omesmos que comVIH/sida, os medi-camentos disponí-veis em países des-envolvidos servem para fazer frente à en-fermidade. Além disto, conta-se com médi-cos preparados e políticas de prevençom esensibilizaçom. Porém, nas naçons pobresa situaçom é a contrária. O resultado é 75%de mortandade.

David Kerr, especialista em oncologia daUniversidade de Oxford (Reino Unido) in-cide nesta apreciaçom. “As pessoas crêemque o cancro é umha doença dos mais vel-

hos, dos ricos, dos ocidentais, mas em 2020,70% dos novos casos de cancro vam oco-rrer no mundo em desenvolvimento”.

A realidade neste momento é que só 5%dos recursos globais para luita contra ocancro se destinam a naçons com menos

recursos. Lá nomhá conhecimentosobre a prevençomda doença e a for-ma como adminis-trar medicamentospara curar a pato-logia ou controlá-la. “Gana tem 25milhons de habi-tantes e quatro on-cologistas. Na Se-rra Leoa nom hánengum”, afirmaDavid Kerr.

O cancro já matanos países pobresmais do que a SI-

DA, a tuberculose e o paludismo juntos, eo problema parece que vai aumentar. Kerrclarifica: “O cancro requer a mesma foca-gem” do que estas enfermidades. “Trata-se de investir no aumento do nível deconsciência e em detectar a doença quan-to antes. Depois, é muito mais fácil curarum cancro do tamanho de umha uva doque um do tamanho de umha laranja",comparou Kerr.

DAVID CANTO / O prémio Nobel de 2010de Física, entregado pola Academia dasCiências da Suécia destaca por reconhe-cer um trabalho que terá umhas aplica-çons e proporcionará grandes avances paraa tecnologia mais achegada à populaçom:Tecnologia domés-tica, aparelhos in-formáticos, ecransflexíveis e telefonesentre outros muitos.

A investigaçomem curso pola queAndre Geim eKonstantin Novose-lov fôrom premia-dos é que deu naobtençom do grafe-no, cujas aplicaçonsse rebelam, na altu-ra, mui amplas e sem limite estabelecido.

Geim, professor, e Novoselov ex-alu-no seu de doutorado, obtivérom o mate-rial formando umha capa de átomos decarbono com umha chamativa técnica,inovadora, mas simples: substraçomcom cinta adesiva de láminas sucessivasde um bloco de grafite (material de queestám feitas as pontas dos lápis).

O grafeno, segundo a Fundaçom No-bel, é um material de átomos de carbo-no numha configuraçom plana da gros-sura de um só átomo. Um só milímetrode grafite está formado por três milhons

de capas de grafeno, umha por cima daoutra. Destaca polas suas grandes pro-priedades como condutor eléctrico, tameficaz como o cobre, e como condutorde calor supera qualquer outro materialconhecido. Aliás, é praticamente trans-

parente, e à suavez, tam densoque nem sequer ohélio (átomo degás mais peque-no) o atravessa.

Com o grafenopoderiam-se fabri-car transístoresmais eficazes queos actuais de silí-cio, ecrans tácteistransparentes, pa-neis luminosos e

mesmo paneis solares. Todos estesavances estám a ser ensaiados para le-vá-los à populaçom. Além destas inova-çons, científicos coincidem nas surpre-endentes oportunidades que oferece pa-ra a investigaçom científica.

Fala-se dum dos descobrimentosmais importantes por ser transversal amúltiplas disciplinas científicas, mastambém por, em apenas 6 anos desde oanúncio em 2004, conseguir inovaçonsque vam chegar às nossas maos e quevam mudar a nossa forma de entendercertos aparelhos.

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Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 201024 deSPortoS

d deSP

orto

SGómez noia imPom-Se no méxico

A Junta deixou morrer a única equipaprofissional do ciclismo galego, aindaque despois da Vuelta, Feijóo fachen-deasse do “exemplo para a sociedadegalega” que implicou. O Jacobeu nomconseguiu patrocínio depois de que aAdministraçom lhe virasse as costas.

Xavier Gómez Noia ganhou a prova deHuatulco (México), penúltima etapa daTaça do Mundo de triatlo, título de quejá se proclamou campeom. Se bem queas modalidades de nataçom e ciclismofossem as mais igualadas, na de atletis-mo conseguiu impor-se com claridade.

o jacobeu deixa de Ser ProfiSSional

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escolma do panorama musicalde 2009

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Guarda-chuvas com o logótipode Novas da GaliZa

três cores: azul, verdee vermelho escuro

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o coNto do apalpador

textos de lua sende e alexandre miguensilustraçons de leandro lamas15 € (gastos de envio incluídos)editam: edições da Galiza e

a Fenda editorialcuidada ediçom para crianças

que aborda a figura do mítico personagem natalício34 páginas, 12 ilustraçons,

tampas duras

XERMÁN VILUBA / O grupo galai-co-suíço Mafia Galega mediante agestom da LNB (Liga Nacional deBilharda) foi seleccionado paracompetir na grande final do festi-val Liet Internacional de gruposque cantam em línguas minoritá-rias da Europa. O festival tivo lu-gar no passado 27 de Setembro enele Mafia Galega e a LNB repre-sentárom a língua galega. MafiaGalega é um grupo cujo líder é oluguês Francisco Fernández resi-dente em Genebra (Suíça) ondetem a sua base o grupo, fazem par-te dessa diáspora galega assenta-da em Centro-Europa que nuncadeixou de lado nem a sua línguanem a sua cultura, portanto é umfito histórico que sejam precisa-mente eles quem representem anossa língua nesta ediçom do refe-rencial Festival Liet Internacional.Partimos em duas expediçons, um-ha formada por dous membros daLNB desde o país e outra formadapolos três membros de Mafia gale-ga que partírom desde Genebrapara se juntarem em Paris e de alipaláns, microfones e corozas ir pa-

ra Lorient, onde no sábado 27 deNovembro interpretárom o tema"Bilharda Sempre", hino da LNBescrito polo poeta Xabier Cordal.

Esta foi a quarta ocasiom emque a língua galega estivo presen-te no Liet Internacional, depois deUxía (2004), Narf (2006) e BoyElliott & The Plastic Bags (2008).Pola primeira vez, a representa-çom galega correu a cargo de umgrupo nascido na diáspora.

Para a LNB é muito significativoque tivesse de ser unha entidadeque trabalha principalmente no ám-bito desportivo quem impulsasse

esta candidatura, deixando clara ainoperáncia institucional mais um-ha vez que, se tivessem um mínimode dignidade, deveriam estar enver-gonhados. A música “Billarda sem-pre” surdiu do projecto “RepúblicaBilharda”, um disco que prepara aLNB com mais de 20 achegas sono-ras de grupos contemporáneos que,para além de cantarem em galego,oferecem a sua visom musical so-bre o desporto da bilharda.

Mafia GalegaO projecto Mafia Galega tem o seucentro de operaçons em Genebra

(Suíça). Nasceu em 1999 da maodo luguês Paco Galego e de Vida(Evidenzia). Obé incorpora-se noano 2000. Durante os primeirosanos editam em mp3 um bom nú-mero de temas. No Verao de 2005o projecto atravessa fronteiras ecomeça a colaborar com gruposgalegos, convertendo a webwww.mafiagallega.com numhaplataforma de apresentaçom de to-dos esses artistas. Mafia Galega jácolaborou em 2008 com a LNBcom o tema “A bilharda”.

Liet InternacionalA de 2010 foi a sétima ediçom doLiet Internacional. Este certamenasceu com o objectivo de dar visi-bilidade a propostas musicais con-temporáneas em línguas minori-zadas na Europa. Tivo lugar o 27de Novembro em Lorient (Bretan-ha). Entre os 46 temas apresenta-dos, um jurado internacional es-colheu o de Mafia Galega e outrosquatro temas para a final: um emgaélico escocês, outro em gaélicoirlandês, um em feroês e outro emvépsio (língua do norte de Rússia).

Na final houvo também um temaem bretom, um em asturiano, umem sami, um em friulano, um emcorso e outro em frisom, estes fô-rom os 11 finalistas:

1.Rachel Walker, Fada Bhuam,Schots Gaelic2. ORKA, Rumdardrongurin, Faeröer3. The Temporary, Cupan Toast, Iers4.Mafia Galega, Bilharda Sempre,Gallisch5. Jousnen Jarved, Verrez Tullei,Vepsisch uit Rusland6. Xera, de winnaar van de Pre-miu al meyor cantar, Asturias,Spanje7. Pia Maria Holmgren, winnaarvan de Sámi Grand Prix, Sámi uitZweden8. Equal Souls, winnaar van Liet2010, Friesland9. Stéphane Casalta, winnaar vanSuns, Corsica10. R. esistence in Dub, winnaarvan de publieksprijs van Suns,Friuli, Italië11. Dom Duff, Kan an awen, Bre-tons

O grupo de hip-hop Mafia Galega vai participar na final do LietInternacional com umha candidatura apresentada pola LNB

o feStival euroPeu de línGuaS minoradaS tivo luGar o PaSSado 27 de Setembro em lorient (bretanha)

XeRMÁN vilUbA e FRANCiSCO FeRNÁNDeZO representante da lNb e o líder de Mafia Galega

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25deSPortoSNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

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ISMAEL SABORIDO / O remo gale-go está a ter duas tramas bem di-ferentes, segundo se fale da cate-goria masculina ou feminina. Emtraços gerais, na presente tempo-rada, repetiu-se o guiom do passa-do ano, a trainha galega Rias Bai-xas dominou todas as competiçonsem que participou, enquanto asembarcaçons masculinas conti-nuam a fazer um papel secundárionas competiçons estatais.

S.D. Rías BaixasA Sociedade Desportiva Rías Bai-xas, essa trainha feminina formadapor remeiras de vários clubes dasRias Baixas, continua a dominar aságuas do Cantábrico. Conta as suasregatas por vitórias, três ediçons daConcha e três bandeiras, duas edi-çons da Liga Euskotren e dous títu-los, e no primeiro campeonato esta-tal feminino, também se impujocom solvência.

A embarcaçom galega, apesar detodos as mudanças sofridas, de-monstrou um ano mais que conti-nua a ser a melhor. Tanto na Ban-deira da Concha como no campeo-nato estatal, venceu com absolutaclaridade, enquanto a Liga estivomuito mais ajustada. Na última jor-nada da liga, nem os próprios juízessabiam quem era a vencedora, atrainha galega empatava a pontoscom a de Guipúscoa e a falta de cla-ridade da normativa provocou queo título cambiasse de maos váriasvezes. Num primeiro momento, fô-rom as galegas as que celebravam otriunfo, mas quando já tinham vesti-das as camisolas de campeoas, a or-

ganizaçom da liga mudou de opi-niom e tirou o título às galegas paradar-lho às guipuscoanas. Dias de-pois, umha reclamaçom do clubegalego, provocava a desqualifica-çom da trainha basca na última re-gata por alinhamento indevido, oque trazia definitivamente o títulopara a Galiza.

Liga ACT e Bandeira da ConchaNa outra cara da moeda, temos astrainhas masculinas, que conti-nuam a terem um papel secundário.A única trainha que ainda resiste namáxima competiçom, Tirán, aca-bou na sétima posiçom da liga, o seumelhor posto nesta categoria, mas éum balance mui pobre para o remogalego, já que esta tripulaçom foimuito superior ao resto das train-has galegas. E outro ano mais semnengum representante na regatamais importante, a Concha.

Nunca nengumha equipa galegaganhou a liga ACT, e já vam oito edi-çons, e tampouco nunca se ganhoua regata da Concha, e já vam maisde cento vinte ediçons. Também fi-cam atrás os anos com três embar-caçons galegas na liga, ou duas nafinal donostiarra. E isto nom signifi-ca que nom houvesse galegos queganhassem a Concha, porque estemesmo ano, a trainha dominadora,a biscainha de Urdaibai, era treina-da por um galego e cinco dos trezeremeiros também eram galegos.

Liga GalegaNa liga nacional, a vencedora foi aembarcaçom de Amegrove, que con-seguia o título pola primeira vez na

sua história, seguidos de Samertola-meu e de Cabo da Cruz em segundoe terceiro posto respectivamente.

A situaçom na liga galega pareceir assentando-se, com três partici-pantes mais que na ediçom do pas-sado ano, surpreendendo especial-mente a participaçom de umhatrainha que levava muitos anos semsair ao mar, como foi a trainha doC.R. Robaleira da Guarda.

Como todos os anos, os dous pri-meiros classificados tenhem direitoa participarem no play-off de ascen-so à liga ACT, em que se enfrenta-rám aos dous primeiros postos da li-ga ARC (liga basco-cántabra) e con-tra o décimo primeiro classificadoda ACT, este ano, a trainha de Zu-maia. Desafortunadamente, a train-ha do Ogrove, renunciou ao seu di-reito a participar e um ano mais, foia S.D. Samertolameu a única train-ha galega que participou, mas tivoigual sorte que no ano passado, e sóconseguiu acabar na terceira posi-çom (só os dous primeiros classifi-cados tenhem acesso à máxima ca-tegoria) e deverá remar de novo aLiga Galega a próxima temporada.

Como se vê, as trainhas masculi-nas, som incapazes de darem essesalto qualitativo que sim dérom asmulheres, e um motivo, poderia serque o fenómeno da emigraçom sóafecta, de momento, aos homens.Para a próxima temporada já setenhem confirmado novos remei-ros galegos por clubes do Cantá-brico e sem umha mudança de es-tratégia, veremos como a emigra-çom vai acabar por ser o verdadei-ro jugo do remo galego.

claSSificaçom liGa GaleGa de trainhaS

Pos. Clube Ptos. Dif.

1 AMeGROve C.R. 268

2 S.D. SAMeRtOlAMeU 254 +14

3 C.R. CAbO DA CRUZ 249 +19

4 C.R. CHAPelA 239 +29

5 R.C. NÁUtiCO De viGO 239 +29

6 C.R. MeCOS 213 +55

7 C.R. vilAXOÁN 182 +86

8 C.R. PeRillO 180 +88

9 C.R. A CAbANA 130 +138

10 C.R. AReS 124 +144

11 C.R. RObAleiRA 118 +150

12 C.R. CORUXO 117 +151

13 A.D. eSteiRANA 104 +164

14 C.R. vilA De CANGAS 66 +202

15 C.R. PUeblA 56 +212

16 C.R. RiANXO 31 +237

17 C.R. AS XUbiAS 29 +239

O remo galego, domina em mulheres, resiste em homens

em termoS GeraiS rePete-Se o Guiom do PaSSado ano quanto a títuloS

RESULTADOS CAMPEONATO DE TRAINERINHAS

claSSificaçom liGa act feminina

Pos. Clube Ptos. Dif.

1 GAliZA - S.D.R. RÍAS bAiXAS 29

2 GiPUZKOA 24 +05

3 biZKAiA 17 +12

4 C.M. bUeU 8 +21

claSSificaçom PlaY-off

Pos. Clube Ptos.

1 ZUMAiA A.e. 8

2 C.R. CAMARGO 6

3 S.D. SAMeRtOlAMeU 4

4 SANtURtZi A.e. 2

claSSificaçom liGa act

Pos. Clube Ptos. Dif.

1 URDAibAi A.e 190

2 C.R.O. ORiO A.e. 183 +07

3 P.D. KOXtAPe A.e 145 +45

4 S.D.R. CAStRO URDiAleS 144 +46

5 S.D.R. PeDReÑA 131 +59

6 S.D.R. AStilleRO 127 +63

7 S.D. tiRÁN 114 +76

8 SAN PeDRO A.e. 113 +77

9 HONDARRibiA A.e 90 +100

10 KAiKU A.e. 89 +101

11 ZUMAiA A.e 40 +150

12 ZARAUtZ A.e 18 +172

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26 temPoS livreS Novas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

temPoS livreS

Sexualidade razonS Para nom aGuardar Polo PaPa

Eu nom te espero, porque desde osvossos púlpitos fôrom assinalados, atéa aniquilaçom e a denúncia oficial,aqueles encontros, aquelas brincadei-ras nos fiadeiros, nos bailes ou na es-curidade que figérom felizes as gentesde antano, dos tempos nos quais a vozdo púlpito invadia mesmo as soidades.

Eu nom te espero, porque graças àsvossas homilias misóginas, ocultastes-me e afundastes na maledicência aexistência das minhas avós favoritas:as solteiras com crianças, as adúlteras,as mulheres sem homem, as que ama-vam as mulheres, as putas, as solteirasque frequentavam casados...

Eu nom te espero, porque os teus sa-cerdotes cheios de ódio predicárom opuritanismo moral e a adoraçom ao di-tador e enchêrom os leitos de medo eculpa vestindo a mulher com camisanocturna com buraco.

Eu nom te espero, polos teus discur-sos homófobos, cegos aos amores demosteiro e convento que tam formosos

versos de sodomia e lesbianismo nomconfesso legárom à literatura.

Aqueles que te esperam pecam-chede pensamento, palavra, obra e maisainda de omissom. Como bons católi-cos apostólicos romanos silandeira-mente masturbam-se-che, practicam-che o adultério, abortam, copulam semse che casarem, tomam anticoncepti-vos, gloriam a promiscuidade, vem fil-mes pornográficos, amam pessoas doseu mesmo sexo, tenhem fantasiascom pessoas que nom som os seus san-tos casais e “aqui paz e depois glória”.Bem sabido é que a hipocrisia, a men-tira e a dupla moral abundam nas mul-titudes que te aguardam. Que seria se-nom da morbosidade dos confessioná-rios e da eucaristia...

Sem te esperar, boa maneira de igno-rar-te pode ser fazer do pecado do corpo,o vosso eixo do mal, umha grande festa.

E já que a luxúria nom che é tanta eas orgias som-che mais bem escassas,ter como escusa a tua invasom paraperverter os sacrossantos lugares tem-che também o seu ponto…

eu nom te espero...BEATRIZ SANTOS

conSumir menoS, viver melhor Para PenSoS hiGiénicoS e tamPonS

alternativas reutilizáveis (i)

Os pensos higiénicos e tampons de um único

uso podem ser de produçom convencional ou“ecológica”. Estes últimos, à venda em tendasespecializadas em alimentos “eco”, nom dei-xam de implicar um alto custo de matériasprimas e energia em fabricaçom, embalageme gestom de resíduos, mais o transporte asso-ciado a cada umha destas actividades. Issosim, a sua composiçom fai-nas mais saudáveise menos contaminantes. Os ingredientes daparte absorvente costumam provir da produ-çom ecológica (algodom) ou plantaçons sus-tentáveis (celulose) e nom se branquejam comcloro nem derivados. A capa impermeável(plásticos) costuma ser obtida a partir de ve-getais. Tampouco contenhem tintas nem per-fumes. Todo isto reduz a possibilidade de pro-duzirem irritaçons ou alergias.

Nos sistemas de gestom de resíduos sólidosurbanos nom se consideram recicláveis e aca-bam em vertedoiros ou incineradoras. O orgá-nico (tampons) nom é considerado apto paraa compostagem pola presença de sangue. Nocaso dos pensos higiénicos, seleccioná-losaparte e separar a parte orgánica (celulose)

das petroderivadas (plásticos, geles “super-absorventes”, partes adesivas) implicaria umextra de trabalho e custo difícil de assumir.

O uso de alternativas reutilizáveis (pensoshigiénicos laváveis, copas menstruais e tam-pons de esponja marinha) reduz à mínima ex-pressom tanto o custo em euros como o im-pacto ambiental dos produtos de higienemenstrual feminina. Compram-se umha vez eduram muitos anos, e o mantimento que pre-cisam e mínimo (os descartáveis também nosobrigam a ir comprar e a sacar o lixo regular-mente). E um efeito colateral mui importantedos reutilizáveis: ao fazer-nos entrar em con-tacto com os fluidos para o seu mantimento,ajudam-nos a rachar com a daninha culturade rejeitarmos o corpo e as suas secreçonspromovida pola publicidade, e a tomar cons-ciência dos processos corporais ao observar-mos as mudanças na quantidade de sangue eno seu cheiro e densidade ao longo do ciclo.Desde redcopadeluna.webnode.com/enlaces

podes aceder a diversas páginas web, livros efilmes sobre menstruaçom, auto-conhecimen-to feminino e ciclo menstrual.

http://www.nodo50.org/consumirmenosvivirmejor

PEPE ÁRIAS / Impregnada a críti-ca social de conformismo peranteas supostas vitórias que nom sematerializam, a leitura e a refle-xom devem ocupar um papel cen-tral dentro do activismo. Deve-mos abrir-nos nom só às nossasproblemáticas locais e nacionais,mas também pensar noutrosmundos, noutras realidades quenos permitam compreender mel-hor o chao que pisamos. Jorge Va-ladas assim o fai recompondofragmentos da história de Portu-gal. Nom fala dos mitos fundacio-nais do Estado-naçom, senom detodos aqueles elementos que sen-do genuinamente portuguesescostumam ser esquecidos poloseu jacobinismo. O relato trasla-

da-nos aos utopistas e anarquis-tas de inícios do S. XX, compa-rando as problemáticas do passa-do com o presente, impregnadode consumismo e de polícia. Co-mo em todos os países normais.

Contodo, muitas vezes temos asensaçom de que os vasos comuni-cantes entre a Galiza e Portugalsom estéreis, nom permitem a co-municaçom mais que como frag-mentos, como se falássemos namesma língua mas em códigos di-ferentes. As linhas dessa histórialinear que se estuda nos liceus enas universidades fragmentam-see descomponhem-se no relato deValadas. Se bem os galegos eramdesprezados como povo migrantepolos portugueses, a dia de hoje

estes jogam-se a vida cruzando afronteira para poderem trabalharno Estado espanhol. Mas em con-tra do que acontecia no caso gale-go, os novos migrantes portugue-ses som incapazes de se estabele-cerem em comunidade, estenden-do os seus costumes no projectoimperial fracassado do que somnegadores inconscientes.

No contexto dos Estados sem so-berania, Portugal paga os custosda crise de umha forma destrutiva,sendo a base da sua economia a tu-rifistificaçom, eliminando todos oselementos que algumha vez com-pujérom a sociedade rural tradi-cional. Se bem a Uniom Europeianom deixa de ser o chiringuito da-quilo que na velha linguagem mar-

xista chamaríamos potências re-gionais, o autor fai referência aoselementos que constituem essa re-alidade. Assim a degradaçom cria-ria um enorme espectáculo. A essaconstruçom denominou-na a Eu-rolándia, magma de subculturasguiadas polo consumo.

Chamar o livro literatura nosentido de ficçom, seria cometerum enorme erro. Estamos peran-te umha leitura fundamental paraconhecermos o país vizinho paraalém do futebol-espectáculo comsede em Madrid.

VALADAS, Jorge. A memória e o fogo.

Portugal: o cenário invertido da

Eurolándia. Ed. Letra Livre, Lisboa,

2ª ediçom do 2010.

TONI LODEIRO

entrelinhaS PortuGal e o lume

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27temPoS livreSNovas da GaliZa 15 de outubro a 15 de Novembro de 2010

que fazer

16.10.2010 / HOMENAGEM ABERNARDO MÁIZ / 14:00 norestaurante Ángel (R. SamClemente, 6). COMPOSTELAEntrega do 1º Premio ‘ManuelMurguía’.

16.10.2010 / MESA REDONDA‘OUTROS JEITOS DE IN-FORMAR’ / 18:00 na Casados/as Vizinhos/as de Ango-ares. PONTE AREIASIII Tardes Libertárias. ComDiagonal, NOVAS DA GALIZA, R.Piratona e R. Kalimera.

16.10.2010 / MAGUSTO PO-PULAR / 18:00 na Casa dasAtochas (R. Atocha Alta, 14 -Monte Alto). CORUNHA

16.10.2010 / FESTA HORTE-RA / 22:30 no C.S. Aguilhoar(R. Santa Marinha, 30). GIN-ZO DE LÍMIADisfarces, karaoke e actuaçomde O Leo i Arremecághona.

16.10.2010 / CONCERTO DEFAI OA MORE E KEIMA /23:00 na sala Carpe Diem.CANGASCiclo Outono Furtivo, organizaDeskarga Furtiva. 3 euros.

18.10.2010 / OBRADOIRO DEPROGRAMAÇOM, CRIA-ÇOM E MANUTENÇOM DEPÁGINAS WEB / De 18:30 a20:30 no 11º andar da Casado Concelho. VIGOLeccionado por Hernán Serra-no Alonso e organizado porMNG. Continua nos dias 20,22, 25 e 27 de Outubro.

18.10.2010 / CURSOS / INI-CIAÇOM À PANDEIRETA /20:00 / APERFEIÇOAMEN-TO DE BAILE / 20:30 no C.S. O Pichel (R. Santa Clara,21). COMPOSTELAÀs segundas-feiras. Leccionadospor Olga Romasanta e FuensantaNieto, respectivamente.

19.10.2010 / MERCADO EN-TRE LUSCO E FUSCO / De18:00 a 21:00 nas platafor-mas do parque de Belvis.COMPOSTELATodas as terças-feiras.

19.10.2010 / CURSOS / PER-CUSSOM BRASILEIRA /19:30 / INICIAÇOM AO BAI-LE / 20:00 / PERCUSSOMTRADICIONAL / 21:00 no C.S. O Pichel. COMPOSTELAÀs terças-feiras. Leccionados porPaulo Silva, Chus Caramés e Xo-sé Tuñas, respectivamente.

19.10.2010 / CONCERTO DETRAGEDY E INU / 21:00 naC. das Atochas. CORUNHA

20.10.2010 / CURSOS / CA-POEIRA ANGOLA / 19:00 /INICIAÇOM À GAITA / 20:00/ GUITARRA / 20:30 no C. S.O Pichel. COMPOSTELAÀs quartas-feiras. Leccionadospor Mestre Boca do Rio, Ber-nardo Maiz e Rubén ParadaDomínguez, respectivamente.

20.10.2010 / PROJECÇOM DESOM UM FUGITIVO / 21:30 noC.S. O Pichel. COMPOSTELAVOSG. Organiza o Cineclubede Compostela.

21.10.2010 / PROJECÇOM DERIP: A REMIX MANIFESTO /20:30 no Pichel. COMPOSTELAVOSG. Organiza o Cineclubede Compostela.

22.10.2010 / JORNADAS AU-DIOVISUAIS SOBRE PATRI-MÓNIO / 20:30 no C.S. Al-muinha (R. Ezequiel Masso-ni, 63). MARIMPatrimónio etnográfico: 'OMonte do Seixo: A montañamáxica', por Verbo Xido.

22.10.2010 / CONCERTO DEUNICORNIBOT / 21:00 naCasa das Atochas. CORUNHA

23.10.2010 / MANIFESTA-ÇOM ‘AS IDENTIDADESTRANS NOM SOM UMHAENFERMIDADE’ / Hora porconfirmar. COMPOSTELAConvoca a Rede Transfeminis-ta Galega na Jornada interna-cional de luita pola despatolo-gizaçom das identidades trans.

23.10.2010 / CURSO ‘PRO-BLEMÁTICAS MEIO-AM-BIENTAIS ACTUAIS NA GA-LIZA’ / Desde as 12:00 no C.S. A Fouce (Pç. de Chaviám,bloco 2 - Bertamiráns).AMESOrganiza a Escola Popular Ga-lega (EPG).

23.10.2010 / CEIA DE ANI-VERSÁRIO / 21:30 na Funda-çom Artábria (Trav. de Batal-hons, 7 - Esteiro). FERROL

27.10.2010 / PROJECÇOM DEO PAM NOSSO DE CADADIA / 21:30 no C.S. O Pichel.COMPOSTELAVOSG. Organiza o Cineclubede Compostela.

25.10.2010 / FADOS A PRE-TO E BRANCO / 22:00 nobar Ultramarinos (R. CasasReais, 34). COMPOSTELACiclo OuTonalidades. Dia 29em Vigo (Contrabajo), dia 30em Lugo (Clavicémbalo) e dia31 em Bueu (Aturuxo).

29.10.2010 / JORNADAS AU-DIOVISUAIS SOBRE PATRI-MÓNIO / 20:30 no C.S. Al-muinha. MARIMPatrimónio marinense: 'O Es-paço Natural e Arqueológicodos Sete Caminhos'.

30.10.2010 / CURSO ‘PRO-BLEMÁTICAS MEIO-AM-BIENTAIS ACTUAIS NA GALIZA’ / Desde as 12:00 nolocal da EPG (R. Real, 12). VIGO

30.10.2010 / MAGUSTO PO-PULAR / 20:00 no C.S. AFouce. AMES

30 e 31.10.2010 / CASTAÑA-ZO ROCK / Mercado gana-deiro. CHANTADAConcertos de Boikot, BandaBassotti, Ruxe-Ruxe, Alén,Obrint Pas, Fe de Ratas, Daki-darría e Guezos.

30.10.2010 / CONCERTO DEG.O.N.E. E M.E.V. / 23:00 nasala Carpe Diem. CANGASCiclo Outono Furtivo.

30.10.2010 / CURSO ‘PRE-SENTE E PASSADO DA LUI-TA CONTRA O MILITARISMONA GALIZA’ / No C. S. O Pi-chel. COMPOSTELAFalam Alberto Naia e JosephGhanime. Organiza EPG.

02.11.2010 / CLUBE DE LEI-TURA DO ATENEU FERRO-LANO / 19:30 na Sala dePrensa do Tatro Jofre (Pç. deGaliza, s/n). FERROL

03.11.2010 / OBRADOIRO DEPROGRAMAÇOM DE PÁGI-NAS WEB EM CSS E JA-VASCRIPT / De 18:30 a 20:30no 11º andar da Casa doConcelho. VIGOLeccionado por Hernán Serra-no Alonso e organizado porMNG. Continua nos dias 5, 8,10 e 12 de Novembro.

03.11.2010 / PROJECÇONSDE XURXO GONZÁLEZ /21:30 no C. S. O Pichel.COMPOSTELAVO. Organiza o Cineclube deCompostela.

03.11.2010 / CONVERSA SO-BRE A DEFESA DA TERRA EA DIALÉCTICA DO PRO-GRESSO / No C.S. Mádia Le-va (R. Manuel Amor Meilám,18). LUGOOrganizam a EPG e o Grupode Estudos Mádia Leva.

10.11.2010 / PROJECÇOM DEINVASIÓN / 21:30 no C. S. OPichel. COMPOSTELAVO. Organiza o Cineclube deCompostela.

13.11.2010 / CURSO MONO-GRÁFICO DE COSTURACRIATIVA / De 10:30 a 13:30e de 16:00 a 19:30 no C. S. OPichel. COMPOSTELALeccionado por Sarai Fernan-des.

13.11.2010 / MAGUSTO / Àtarde na Muralha. SALVATE-RRA DE MINHOOrganiza a SCD Condado. Ha-verá animaçom infantil, cas-tanhas, vinho, caldo e foliada.

de redondela a compostela pola defesa do território e a mobilidade sustentável

a plataforma cidadá de redonde-la, a plataforma salva o trem, a pla-taforma vicinal Nom à destruiçomdo cham das pipas e o centro so-cial revira organizam no fim de se-mana dos dias 22, 23 e 24 de ou-tubro a marcha pola defesa do terri-tório e a mobilidade sustentável.

trata-se de umha caminhada decarácter reivindicativo com a qual

pretendem divulgar os diferentesconflitos sociais que enfrentam oscolectivos promotores, assim co-mo sensibilizar a sociedade para anecessidade de reformular o orde-namento dos transportes e a pla-nificaçom territorial.

a marcha vai partir no dia 22 às8:00 do miliário de vilar e às 9:00de redondela, realizando várias

paragens nas quais vam desenvol-ver actividades informativas e cul-turais. No sábado a etapa começaem arcos da condessa e terá umprograma semelhante ao do diaanterior. No domingo sairám depadróm para chegar a compostelaàs 13:00 e realizar umha perfor-mance com a qual dam por finali-zada a marcha.

de voz, corPo e narraçom

cursos de berrobambán teatroo grupo de teatro berrobambánorganiza entre outubro e de-zembro umha série de cursos devoz (por ramón bermejo), mo-vimento corporal (por david loi-ra), teatro Físico (por pablo sán-chez) e Narraçom oral (por cha-ro pita, martha escudero e Yos-

hihira hioki). a inscriçom pode-se fazer através do site www.be-

rrobamban.com, em que hámais informaçom sobre os cur-sos. estám dirigidos a actores,actrizes e a qualquer pessoa in-teressada em aperfeiçoar a ex-pressividade do corpo e da voz.

Seioque.com e Komunikan-

do.net organizam um concertoem teu coincidindo com a visi-ta do papa a compostela. pre-tendem que, a modo de protes-to, se saia da cidade duranteas horas que dura a visita.

o destino é o campo de samdomingos, em solhans (calo -teu). a actividade começa às11:30 do 6 de Novembro, enom se poderá voltar até as19:15, hora em que ratzingervai abandonar compostela.

‘caminho a teu’ contraratzinger

ProteSto

22, 23 e 24 de outubro

Page 28: tarde é um erro que a CIG nom ovas da Gali a secretário ...novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz95.pdf · Ordenamento de Recursos Humanos ponhem em dúvida a continuidade do

Novas da Gali a apartado 39 (15701) compostela tel. 630 775 820 publicidade: 692 060 607 [email protected]

míni e mero, cantoreS de intervençom

Falemos hoje do amor, esse su-posto motor do mundo. o amor.está o amor por um próprio, que

é um bocado como aquele palíndro-mo fácil, amor a roma. está tambémo amor pela vida e o amor pela cozin-ha, raro e saboroso amor, o amor pe-los pais e pelos filhos, o amor de ho-mem e o amor de mulher, amores deverso controverso, o amor que nãotem dono e o amor que certamentetem. há amores para tudo e para na-da, como o amor à pátria, cada quema que puder conforme a nascença, ouo amor pelas cores da equipa, cadaquem a que escolher conforme a que-rença. há, diz o tópico, amores quematam, mas há muitos mais amoresque dão a vida, não se pode negar,embora um nem sempre venha a estemundo por causa do amor. há amo-res cada vez mais arcaicos, como oamor pela política ou o amor platóni-co, que são amores com péssima fa-ma pois a gente dos nossos dias nãoconfia em coisas com forma plana. oamor, cantaram sempre os poetas enão poucos artistas pop, é tudo o quecumpre para sermos felizes.

há tempo que não sinto amor pornada. quer dizer, amo muita gente euma grande quantidade de objectosinertes, mas sentir aquilo que poetase cantores pop cifravam ser o segredodo mundo, esse tipo de amor, não sin-to. o mais semelhante que sinto aoamor primigénio é aquela sensaçãoque se tem quando se escuta um te-ma do bowie, aquele arrepio a meiocaminho entre o sublime e o ridículo.dizem que o bowie está para morrerem alguma das suas mansões, nemsei nem quero saber. sempre nos pro-meteram um concerto do thin Whiteduke no Jacobeu, mas sempre ficarapor aí. desta volta, se calhar paracompensar, trazem outro artista popque também predica o amor à beirado abismo, que também mora emmansões de luxo e que também vestede branco, mas que não tem nem delonge o glamour do homem que caiudo céu e também não provoca o mes-mo tipo de arrepio. o arrepio que pro-voca é mais o da naftalina sobre pelesmórbidas. Nos bons tempos, o bowieacreditava em extraterrestres que ino-culariam amor nas nossas veias etransformariam o mundo. o homemde branco que vem aí também acre-dita em entidades alienígenas compoderes evangélicos, mas não é bema mesma coisa. É por divergênciasdestas que já não é fácil acreditar naforça taumatúrgica do amor nem namúsica pop. apenas morder a boca ecantar entre dentes: “planet earth isblue and there´s nothing i can do...”.

carlos santiago

o homem debranco

Quando dizemos Mini segui-damente repetimos Mero e vi-ce-versa. Poderia dizer-se quesodes unha única pessoa?Mini: Quem pense que somos al-go monolítico, erra. Somos dousamigos com umha direcçom co-mum com umha grande quanti-dade de cousas em comum. Porisso caminhamos juntos.

Começastes esse caminhojuntos já na escola com a re-colhida e recuperaçom da tra-diçom oral galega. Depois iavir Fuxan os Ventos, um dosprojectos mais importantesem que participastes ambosos dous. Que lembrançasguardais de aquela época?Mini: Temos as mesmas lem-branças que da mili. Juventu-de, força, pujança... As lem-branças dessa época som deumha gente que avança e ca-minha com mui poucos conhe-cimentos de música, mas commuita vontade de abrir camin-hos. Estávamos num momentopropicio, a queda do franquis-mo, onde havia muitas ánsiasde liberdade. E unha das ma-neiras de conseguirmos a liber-dade era cantando e transmi-tindo. Nós subimos nesse carro

e por nele avançamos duranteum tempo. Havia muita ilusom,mas também chegou um tempode decepçom porque aquele pa-ís que fervia nom chegou a sero que se via no fumo.

E com respeito a Fuxan osVentos, qual foi a sua evolu-çom ao longo dos anos?Mini: A mensagem que trans-mitiu o grupo até o ano 82 nomera a que estám a dizer estesagora. Nós transmitíamos um-ha mensagem de cultura, de lui-ta, de país e de naçom. Era um-ha mensagem para recuperar aliberdade, a cultura, e comba-ter as mentiras.Isto de agora é um revival daquarta idade. Essa é a razompola que nós deixamos o grupo.

Quais fôrom os logros de Fu-xan os Ventos nos começos?Mero: Fuxan começou a abrir ocaminho para podermos cantarem galego no meio das verbenas. Mini: Hoje em dia ainda há algoque nom se analisou de Fuxan,que é o seu carácter revolucioná-rio, nom só na estética, mas tam-bém no conteúdo das suas músi-cas. O facto de utilizar a lingua-gem musical da aldeia já é um

facto revolucionário. E se anali-sarmos as letras de Fuxan osVentos naquela altura, reparare-mos em que era muita mensa-gem de nosso senhor.

Continua a existir o compro-misso que tinha Fuxan com opovo nos grupos de músicatradicional de hoje ou está to-do disfarçado de tópicos?Mero: Para sair em determina-dos meios de “pressom social”como a TVG é necessário silen-ciar certas verdades. Os gruposque se submetem a isso saemnos programas e nos meios,mas os que nom nos submete-mos nom temos essa presença.Assim, a gente que canta músi-ca tradicional pode optar pordous postulados: o neutro e ocomprometido. Se quigeremchegar a ser populares tenhemde utilizar o neutro para nomofender. Hoje em dia os grupossó podem progredir nesse sta-tus de nulo compromisso por-que os meios estám ao serviçodos políticos que nos manejam.

E qual é a consideraçom so-cial da nossa música dentrodo país? Existe desprezo e au-to-ódio com respeito a ela?

Mero: O auto-ódio é umha vaci-na que nos injectárom nas veiasa todos os galegos. Transmitiu-se-nos a mensagem de que onosso ser e a nossa culturaeram desprezáveis. Afortuna-damente muitos percebêromque isso era umha grande men-tira. A nossa verdadeira revolu-çom como povo é reconstituir-nos em nós e renascer galegos. Mini: Só nos enriquecemos unsa outros como país. A salvaçomnom é individual senom que écomunitária, em grupo.

Que necessita a Galiza de hoje para conseguir a revolu-çom do nosso tempo?Mini: Galiza precisa sentirquem é, deixar de ter medo,exercer a liberdade e olhar-se asi mesma. Somos um povo commuita potencialidade, somosum povo velho e carregado depaus que nos dérom. Galiza oque necessita é que esses gru-pos continuem a cantar e a to-car, que continuem a exercer aliberdade e nom calar. E Galizaprecisa um posicionamento fir-me e valente dos cantores, dedizer nom, até aqui chegamos,acabou-se. Que se nos está fe-rindo no mais profundo de nós.

“Galiza precisa sentir quem é, deixar de ter medo,

exercer a liberdade e olhar-se a si mesma”RAQUEL RÍOS E DAVID DO ARROIO / Se nom fosse polo timbredas suas vozes, quem seria capaz de diferenciar o Mini eo Mero? Conhecêrom-se de pequenos na escola e desdeesse momento os seus caminhos convertêrom-se num sópara chegar a umha mesma meta. Juntos desenvolvêromum importante labor de recuperaçom da tradiçom oral ga-

lega. Formáron parte do revolucionário Fuxan os Ventosde 1972 e na actualidade continuam na dianteira culturalluitando na defesa do idioma e do país com o grupo AQuenlla. Ainda que se consideram a eles mesmos comouns avozinhos, a esta parelha de vozes ainda lhes restamuito polo que luitar.