ovas da gali a atriz, é umha das vozes que analisam os efeitos da...

28
NÚmerO 118 15 de setemBrO a 15 de OutuBrO de 2012 1,20 € periódico galego de informaçom crítica fOuciNhas cONtra O ParO 14 Pessoas de Ferrol ponhem em anda- mento umha inicativa com a que exi- gem trabalho trabalhando ao mesmo tempo que denunciam um Concelho que prefere investir em grandes obras desnecessárias. mulher desPOrtista 21 Analise sobre como foi tratado nos mé- dios a feminizaçom do medalheiro nas Olimpíadas de Londres 2012. Enquanto se falava de "desporto feminino" seguia a empregar-se "desporto espanhol" ape- nas para se referer aos homens. N ovas da G ali a “Na cultura parece que enquanto for barata pode valer qualquer cousa, mas nom é assim” paula carBalleira atriz, é umha das vozes que analisam os efeitos da crise. págs. 8-9 OPiNiOm o efeito DescolonizaDor Do reintegracionismo por ester castro / 3 jÁ É tempo De Botar o pp por X.c. Ánsia / 28 crÓnicas DistÓpicas por arturo de nieves / 3 suPlemeNtO ceNtral a revista a galiza natural: lontras e visons A mudança de estaçom leva-nos a falar dum animal autótone e doutro foráneo introduzido polo empresariado no País. prisciliano Ramón Chao debruça-se sobre a figura de Prisiciliano, cuja dou- trina resulta muito diferente da que preconiza a Igreja. Estado quer eliminar democracia local refOrmas da divisOm territOrial O Governo espanhol pretende no seu anteprojeto de Lei de Ra- cionalizaçom e Sostibilidade da Administraçom Local eliminar as formas de democracia vezi- nhais participativas e deixar sem personalidade jurídica a entidades tradicionais como as paróquias. Com a escusa da cri- se económica, o Estado preten- de aprofundar na centralizaçom e afortalar instituiçons coma as deputaçons provinciais, cuxos membros nom som eleitos dire- tamente em sufrágio universal, e deixar de lado fórmulas como as dos governos locais em con- celho aberto, que contam com umha extensa tradiçom históri- ca. / PÁG. 16 ‘Fóra’ filma a reforma de Conjo Dous realizadores sem produtora apresentam um documentário sobre o psiquiátrico compostelano, desde a sua abertura, as mudanças do tardofranquismo e a atualidade. / PÁG. 22 Durante os últimos meses som várias as empresas que estám a desenvolver projetos de centrais de bio- massa para a geraçom de eletricidade. A aposta da Junta começou em 2008 quando planejou um mapa de instalaçons a partir de biomassa florestal, com um total de 80 MW repartidos entre 12 centros de produçom. O último capítulo é a nova localizaçom da central de biomassa de Mondariz que a empresa Enerxia Galega de Biomasa há tempos que quer ins- talar no Condado, e que a forte oposiçom vizinhal fi- jo mudar de sítio três vezes. A biomassa é umha aposta forte polo monocultivo e, para além, a Agên- cia Ambiental europeia assegura que nom reduz o CO 2 na atmosfera como se pensava. / PÁG. 17 Cangurus de Lugo e leons de Betanços ONG’s deNuNciam situaçOm aleGal dOs zOOs Organizaçons animalistas e ecologistas denunciam a situa- çom de alegalidade na que se encontram muitos dos parques zoológicos da Galiza, para além dalguns aquários. Muitos deles nom desenvolvem os pro- gramas de conservaçom como deveriam, quando os há; as es- pécies ameaçadas juntam-se às que nom o estam e fazem-se trocos de espécies com outros zoos, sem apenas control, para além da existência dalguns parques onde os animais som apenas máquinas de fazer car- tos, enquanto apenas saem da sua jaula. / PÁG. 20 Apostam na monocultura para produzir biomassa

Upload: others

Post on 18-Jun-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

NÚmerO 118 15 de setemBrO a 15 de OutuBrO de 2012 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

fOuciNhas cONtra O ParO 14Pessoas de Ferrol ponhem em anda-mento umha inicativa com a que exi-gem trabalho trabalhando ao mesmotempo que denunciam um Concelhoque prefere investir em grandes obrasdesnecessárias.

mulher desPOrtista 21Analise sobre como foi tratado nos mé-dios a feminizaçom do medalheiro nasOlimpíadas de Londres 2012. Enquantose falava de "desporto feminino" seguia aempregar-se "desporto espanhol" ape-nas para se referer aos homens.

Novas da Gali a

“Na cultura pareceque enquantofor barata podevaler qualquercousa, masnom é assim”

paula carBalleiraatriz, é umha das vozes que analisamos efeitos da crise.págs. 8-9

OPiNiOm

o efeito DescolonizaDorDo reintegracionismo por ester castro / 3

jÁ É tempo De Botar o pp por X.c. Ánsia / 28

crÓnicas DistÓpicas por arturo de nieves / 3

suPlemeNtO ceNtral a revista

a galiza natural: lontras e visonsA mudança de estaçom leva-nos a falar dum animal autótone edoutro foráneo introduzido polo empresariado no País.

priscilianoRamón Chao debruça-se sobre a figura de Prisiciliano, cuja dou-trina resulta muito diferente da que preconiza a Igreja.

Estado quer eliminardemocracia local

refOrmas da divisOm territOrial

O Governo espanhol pretendeno seu anteprojeto de Lei de Ra-cionalizaçom e Sostibilidade daAdministraçom Local eliminaras formas de democracia vezi-nhais participativas e deixarsem personalidade jurídica aentidades tradicionais como asparóquias. Com a escusa da cri-se económica, o Estado preten-

de aprofundar na centralizaçome afortalar instituiçons coma asdeputaçons provinciais, cuxosmembros nom som eleitos dire-tamente em sufrágio universal,e deixar de lado fórmulas comoas dos governos locais em con-celho aberto, que contam comumha extensa tradiçom históri-ca. / PÁG. 16

‘Fóra’ filma a reforma de ConjoDous realizadores sem produtora apresentam um documentáriosobre o psiquiátrico compostelano, desde a sua abertura, asmudanças do tardofranquismo e a atualidade. / PÁG. 22

Durante os últimos meses som várias as empresasque estám a desenvolver projetos de centrais de bio-massa para a geraçom de eletricidade. A aposta daJunta começou em 2008 quando planejou um mapade instalaçons a partir de biomassa florestal, comum total de 80 MW repartidos entre 12 centros deproduçom. O último capítulo é a nova localizaçom

da central de biomassa de Mondariz que a empresaEnerxia Galega de Biomasa há tempos que quer ins-talar no Condado, e que a forte oposiçom vizinhal fi-jo mudar de sítio três vezes. A biomassa é umhaaposta forte polo monocultivo e, para além, a Agên-cia Ambiental europeia assegura que nom reduz oCO2 na atmosfera como se pensava. / PÁG. 17

Cangurus de Lugo eleons de Betanços

ONG’s deNuNciam situaçOm aleGal dOs zOOs

Organizaçons animalistas eecologistas denunciam a situa-çom de alegalidade na que seencontram muitos dos parqueszoológicos da Galiza, paraalém dalguns aquários. Muitosdeles nom desenvolvem os pro-gramas de conservaçom comodeveriam, quando os há; as es-

pécies ameaçadas juntam-se àsque nom o estam e fazem-setrocos de espécies com outroszoos, sem apenas control, paraalém da existência dalgunsparques onde os animais somapenas máquinas de fazer car-tos, enquanto apenas saem dasua jaula. / PÁG. 20

Apostam na monoculturapara produzir biomassa

Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 201202 OPiNiOm

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

O PelOuriNhO dO NOvas

cONtra a NeGaçOmdas seleçONs GaleGas

O passado 7 de setembro, um no-vo espetáculo-negócio espanho-lista tivo lugar na Galiza. O parti-do de futebol entre Espanha eArabia Saudita na cidade de Pon-te vedra. Espanha continua a suaofensiva assimiladora através doprincipal desporto de massas, na-da novo. Sabem que esta via émuito útil para achegar-se a gran-de parte da populaçom galegacom o falso argumento de “o des-porto nom é política”. Aos poucosvam adentrando-se numha socie-dade galega cada vez mais desi-deologizada e alienada, que assu-me as ideias lançadas polas oli-garquias. Lógico vem sendo queapostem neste caminho, seguemo seu plano: retalham as ajudasno desporto de base, mantenhemas carências em instalaçons des-portivas e nom fomentam a práti-ca desportiva, numha sociedadecada vez mais sedentária. Eles sa-bem bem onde invertir, em “LaRoja”, panem et circus para o po-vo. O pior é ver dirigentes de par-tidos nacionalistas a olhar paraoutro lado ou, como aconteceu napassada eurocopa, favorescer es-ta assimilaçom. Em Ponte vedra,

Miguel Anxo Fernández Lores fi-ca calado ante este jogo, em vilascomo Carvalho ou Monforte, diri-gentes nacionalistas colocárom epromocionárom grandes ecránspara vibrar com a seleçom espa-nhola. Em definitiva, no estádiode Pasarom estivérom acomoda-dos e a todo luxo dirigentes deambos estados que negam a nos-sa realidade nacional, que impe-dem que a nossa naçom poda par-ticipar de forma oficial, que se de-dicam a roubar os cartos da po-pulaçom para especular, que dis-criminam a mulher desportista eque tentam alienar-nos através defalsas consignas.

Siareir@s Galeg@s

OPOsiçOm viciNalà miNa de cOrcOestO

No transcurso da reuniom os vizi-nhos afetados expugérom aos res-ponsáveis da Conselharia a gravealteraçom que supom o projeto pa-ra a sua qualidade de vida, a perdatotal do valor do seu património eo negativo impacto que o projetovai ter sobre a riqueza forestal dosseus montes, sobre a paisagem e omedio ambiente da comarca deBergantinhos. Destacárom que é

inadmissível que se autorice umprojeto que tenha previsto deixarno Corcoesto dezasete milhons detoneladas de residuos tóxicos semgarantias ambientais suficientes, ecom umha balsa de resíduos de li-xiviados sem encapsular que ocu-pará 65 hectares de monte (1231ferrados), com o conseguinte riscode contaminaçom das áugas soter-radas durante centos de anos.

Criticárom também que o proje-to esteja sendo tramitado comoprojeto industrial estratégico, quan-do na fase de exposiçom públicanem sequer continha a documen-

taçom mínima exigida pola norma-tiva, e defendérom que este projetonom é estratégico para Galiza.

Incidírom também nos falhos denatureza técnica que contém o pro-jeto, que comprometem a seguri-dade do mesmo e do risco de alte-raçom do sistema hidrológico dazona, do rio Anlhons e da ria de Ca-bana, lugares de interesse comuni-tário e protegidos pola normativaeuropeia. Igualmente destacáromque o projeto nem cumpre com alegislaçom específica de minas pornom estarem suficientementeacreditados os recursos existentes,

já que o 80% dos mesmos som in-feridos. Isto indica que nom se sa-be o ouro que há nos montes poloque consideram que se trata dumprojeto puramente especulativo, eque pode estar comprometida aviabilidade económica do jazigo.

Por último demandárom daConselharia o máximo rigor e quese exija à empresa mineira o es-trito cumprimento de toda a nor-mativa aplicável, ao tempo queassinalárom que de autorizar-se oprojeto com todos os defeitos queapresenta, acudirám aos tribu-nais para paralizá-lo.

Plataforma pola Defesa de Corcoesto

tradicionalmente, fala-se deSetembro como o momentoem que se abre o novo curso,

se calhar porque tradicionalmentepresupom-se um longo parom en-tre os meses de Julho e Agosto. Po-rém, este ano, esta afirmaçom dálugar a umha série de matizes:

Por um lado estám uns gover-nos, espanhol e galego, que nomfigérom parte de tal cessamentotemporal de atividades. O primei-ro, continuou com o seu programade cortes, com o objetivo de afo-

gar definitivamente as classes tra-balhadoras, e aproveitando-se daépoca estival para levar a cabo me-didas como os cortes em Saúde àspessoas em situaçom de irregula-ridade, que na Galiza afetarám a9.000 pessoas. A única intençomdesta medida, que nem sequer seprevê efetiva, dado o escaso usopor parte deste setor social dosserviços públicos, nom é senomumha mostra de autoridade e dadisposiçom do governo espanholde converter os mais desfavoreci-

dos num autêntico terceiro estado.O segundo governo, a Junta, esti-vo em excesso centrada em real-çar a figura do seu presidente, de-dicando parte do verao em venderumha oferta da PEMEX que teriasuposto umha esperança para osetor naval de Ferrol, e procuran-do medidas para debilitar, aindamais, a representatividade do Par-lamento galego.

Por outro lado, a resposta da so-ciedade galega perante todo istoque lhe vem por riba sim parece

ter sido vítima do parom. A convo-catória de eleiçons para o próximo21 de Outubro, fai que as agendasdas maiores organizaçons políti-cas e sindicais galegas mude com-pletamente para a competiçomeleitoral, deixando de lado a res-posta na rua às duras medidas dogoverno, e centrando mais a aten-çom nas possíveis alianças e pac-tos. Os calendários da votaçom,assim como o resultado da mes-ma, marcarám muitos dos aconte-cimentos desenvolvidos a partir de

agora por estes atores, que mes-mo parecem ter condicionado a di-tos resultados a convocatóriadumha, cada dia mais necessária,greve geral.

Com isto sobre a mesa, é poismomento de pensar o jeito em quecanalizar o descontento. Um des-contento que nom pode só cingir-se à protesta e depender de con-junturas marcadas polo próprioneoliberalismo, senom que deve-ria propor desde já a construçomdireta de novas alternativas.

O modo de canalizar o descontentamentoeditOrial

humOr ruth caramÉs

D. LeGaL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

eDitoraminho meDia s.l.

conselho De reDaçomcarlos calvo varela, iván g. riobó, aarónlópez rivas, Xavier miquel, antia rodríguezgarcía, raul rios, olga romasanta, alonsovidal, paulo vilasenin, Xoán r. sampedro

secçonscronologia: iván cuevas / economia:aarón lópez rivas / agro: paulo vilasenine jéssica rei / mar: afonso Dieste / media:Xoán r. sampedro e gustavo luca / a terra treme: Daniel r. cao / além mi-nho: eduardo s. maragoto / povos: josé

antom ‘muros’ / Dito e feito: olga roma-santa / a Denúncia: iván garcía / cultura:antia rodríguez / Desportos: anjo rua nova, isaac lourido e Xermán viluba /consumir menos, viver melhor: Xan Duro /a criança natural: maria Álvares rei /agenda: irene cancelas / a revista: carloscalvo / a galiza natural: joão aveledo /gastronomia: luzia rgues., sino seco /língua nacional: valentim r. fagim / criaçom: patricia janeiro / cinema:francesco traficante, Xurxo chirro

Desenho grÁfico e maQuetaçomhilda carvalho, joám fernandes, manuel pintor, helena irímia

fotografiaarquivo ngz, sole rei, galiza independente(gzi-foto), zélia garcia, Borja toja

aDministraçomsara pérez neira

logÍstica e puBliciDaDeXoán r. sampedro e Daniel r. cao

auDiovisual: galiza contrainfo

humor grÁficosuso sanmartin, pestinho, Xosé lois hermo,gonzalo, ruth caramés, pepe carreiro, mincinho

correçom lingÜÍsticaXiam naya, fernando corredoira, vanessa vila verde, mário herrero

imagem corporativamiguel garcia

colaBoram neste nÚmeroarturo de nieves, ester castro,Xavier fidalgo, r.c., Xián neto, mauríciocastro, carlos ouvinha, rocío fraga, miguelmosqueira, pedro peom, maria Álvares, X.carlos Ánsia, ramón chao, eire cid, Braisgonzález, Brais zás

fecho De eDiçom: 16/09/2012

errata: Pablo Mayo (o dono de

bordeis referenciado no passado

número do NOvAS), foi identificado

erroneamente no pé de foto. Trata-

se do que está à esquerda nesta e

na foto que foi publicada na página

16 do NGZ nº117.

concentraçom do voto

aquele dia o Suso esqueceuque as mulheres eram se-res humanos. Andava po-

los vinte e muitos anos e discorda-va profundamente desta assevera-ção. Mas o caso é que desde algumtempo atrás, as mulheres eram pa-ra o Suso uma parte dediante e outrade atrás,basi-

camente, como um automóvel.Bom... melhor do que um carro,porque as mulheres tinham vonta-de. E, claro, colecionar seres iner-mes com partes de diante e deatrás estava bem, mas colecionarvontades era bastante melhor. Bemé certo que o Suso começou sendoum simples colecionador de partes

de diante e de atrás, aojeito em que jun-

tava bolasna es-

cola

para logo gabar-se com os colegas,a ver quem tinha maior número debolas, de mais cores ou mais for-mas ainda que, é claro, dentro dunslimites, pois resultava humilhantepossuir bolas demasiado grandesou pequenas, ou mesmo demasia-do extravagantes. Mas isso, enfim,já dissemos que era antes, quandoo Suso era ainda um mocinho sempelos no peito. E dissemos tam-bém que a revolução para o Susochegou no intre em que descobriuque aquelas partes de diante e deatrás tinham também vontade.Era para ele uma vontade básica,ao estilo da que pode ter um cãoparvo, longe da forte determina-ção dos homens fortes coma ele.Descobrira que, para além de

possuir cousas

tangíveis, como um carro ou umcorpo, também se podiam possuiroutras cousas, que lhe faziam sen-tir mais poderoso. Já não seria co-mo qualquer milionário sem luzesque, por ter quartos, pode com-prar um carro veloz; agora via-setambém investido pola autoridademoral dum bom treinador deéguas. Era uma sensação novaque desfrutava a cada vez mais. Omelhor para ele era saber-se como poder suficiente como para que-brar a mente daquelas mulherese, logo, fazer-lho saber ao restodos homens. A cousa era: botavauma moça, combinava com ami-gos e ali, em sociedade, era quan-do realmente degustava o suces-so, como quem amostra as suashabilidades de treinador de cães:senta, ergue-te, dá a patinha, etc.Suso sempre andava à caça, comogostava de dizer, em todo momen-to: no trabalho, na rua... ainda quea noite era realmente o seu terre-no. Caçar partes de diante e deatrás era doado, mas caçar vonta-des não o era tanto. E como se ca-çava uma vontade? Bom, para Su-so havia graus. O mais simples eralograr que aquela mente femininaacabasse por permitir o que no co-meço não deixava fazer. Mas aforma de domínio verdadeira-

mente satisfatória era, semdúvida, a humilhação. Então

havia que dissimular, fin-gir muito, fazer pensarque sentias certo apreço

pessoal, que gostavas dasua personalidade ou que

mesmo achavas belo o seu cor-

po. Dava muito trabalho e nemsempre se garantia o êxito. E porisso é que o Suso começou a pa-gar por humilhar. Ao princípiocustou-lhe decidir-se, mas depoisda primeira vez asinha se tornoualgo habitual.

Ao cabo dum tempo Suso sen-tiu-se só. Conheceu a Marisa e du-rante um tempo até ele própriochegou a acreditar naqueles senti-mentos fingidos. Enfim, logrouque a Marisa o cuidasse e obteveum grau aceitável de domínio so-bre ela. Mas logo asinha começa-ram os problemas. Que desones-ta, que indigna fora com ele. Esta-va desesperado, e falava-o com osamigos: –Estou fartíssimo, já nãoa aturo mais, todos os dias tem al-go para me amolar. Ri de mim.Ontem já foi o pior, humilhar-meassim, diante de vós. –Já, homem,normal que estejas assim. –Poiscomo vou estar! Isso sim, esta nãori mais de mim; quando saístes dacasa deixei-lhe as cousas claras.–Sim? E que disse ela? –Hehe, nãolhe ficou vontade para falar; veráscomo esta não se me arrepõe numtempo... –Já... às vezes não há ou-tra maneira.

03OPiNiOmNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

OPiNiOm

num artigo publicado emLa Vanguardia, o jorna-lista galego Augusto As-

sía contava como no ano 1955,ao seu regresso dos EstadosUnidos, habituava respondernumha gasolineira da estradade Madrid à saída da Corunha.Aproveitava para parolar com ooperário, um rapaz espelido deuns quinze anos, que rematariaagasalhando-o com um quadri-nho vivente de Castelao. Quan-do já tinham mais confiança, omoço espetou-lhe: “Ustê é por-tuguês?”. Surpreendido, Assíapergunta-lhe: “Que che fai pen-sar que eu poda ser portuguêshom?”. “Como sempre fala ga-lego...”. Bastantes décadas an-tes, um diretivo do Centro daGaliza de Buenos Aires, justifi-cando que ao mesmo se associa-

ram asturianos e portugueses,explicava: “Aos portuguesescostumávamos considerá-loscomo galegos nacionalistas”.

O reintegracionismo, além dequestons ortografistas, é segura-mente o mais potente resorte denacionalizaçom com o que con-tamos na Galiza. É, porém -ouprecisamente-, um dos maismarginalizados. E é-o porquenaturaliza a nossa independên-cia em vez de predicá-la, cria“nacionalismo banal”, aqueleque nom se percebe como tal.

O antropólogo Marcial Gon-dar costuma expor o que ele cha-ma “gramática da seduçom”através dum exemplo tirado domárketing machista da venda deautomóveis. O publicista nomprecisa expor de maneira argu-mental “olhe, se você merca estecarro será mais atrativo para asmulheres, que se botarám a vo-

cê”; simplesmente coloca umhamulher atrativa ao lado do carro,e o cérebro do macho consumis-ta maquinará ele sozinho: “mer-car carro = mulheres”. Com o te-ma nacional, e espero que acomparaçom nom se veja comoofensiva, sucede outro tanto:nom é preciso recitar o Sempreem Galiza a toda a gente insis-tentemente, coloque a Galiza -como “regiom”, se se quer- aparticipar em eventos (inter)na-cionais, e será percebida como“nacional”. A lógica invertida do“café para todos” autonómico.

O caminho, afortundamente,já se começou a andar, e combem força. Em julho o vI Con-gresso da Comunidade Sindicaldos Países de Língua Portugue-sa celebrado em Maputo incor-porava a CIG como membro depleno direito, junto com sindica-tos portugueses, moçambicanos

ou timorenses. Em abril de 2009realizou-se em Lisboa umha ses-som interacadémica da línguaportuguesa. ver Montero Santa-lha, presidente da Academia Ga-lega, entre os presidentes daAcademia Portuguesa e Brasilei-ra é colocar a moça à beira docarro. No 1 de agosto de 2010, a

empresa Priberam Informáticaatualiza o mais popular corretorinformático da nossa língua, oFLiP 8. Na caixa aparecem asbandeiras das nacionalidadesdas distintas variedades da lín-gua comum: Angola, Cabo ver-de, Galiza, Guiné-Bissau... Ago-ra o repto e tirar o relacionamen-to dos muros das academias epoder ver, por exemplo, um jogode basquete entre Galiza e Bra-sil nos Jogos da Lusofonia.

A estratégia, é saudável paraa língua e para a naçom. Para alíngua, porque deixa de jogar nalógica da “de vitória em vitóriaaté a derrota final”, essa quegasta ingentes quantidades deenergia em traduzir para o gale-go, tarde mal e arrastro, todo oque já temos na nossa língua:software, literatura universal,cinema, BD... Para a naçom,porque ajuda a imaginá-la foradas acoutadas reservas dos tex-tos congresistas e palavra escri-ta. Porque a translada aos cam-pos de futebol, aos concertos, àvida, entrando sem pedir per-missom, com a mesma naturali-dade que cai a chuva.

O efeito descolonizador do reintegracionismoester castro

Crónicas distópicas: quandoo ódio se traveste de carnearturo de nieves

o reintegracionismoé seguramente omais potente resortede nacionalizaçomcom o que contamosna galiza. É, porém-ou precisamente-,um dos mais marginalizados. e é-o porque naturaliza a nossaindependência emvez de predicá-la

Descobrira que alémde possuir cousastangíveis também sepodiam possuir outrasque lhe faziam sentir mais poderoso

Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 201204 acONtece

acONteceNo passado 30 de agosto várias mulheresprotagonizárom um protesto contra a em-presa corunhesa Hidralia, responsável porumha escalada de violência entre o exérci-to e a comunidade indígena da zona, espe-cialmente contra as mulheres.

cONtra Os aBusOs da hidralia em Guatemala

O alcalde de Ponte vedra, Miguel AnxoFernández Lores (BNG), participou nosatos oficiais ao passo de ‘La vuelta’ porGaliza e o amigável de futebol entre Es-panha e Arábia Saudita, considerandoque era “mui importante para a cidade.

lOres a PrOl dO desPOrtO esPaNhOl

10.08.2012 / Uns duzentos ga-deiros manifestam-se em Or-des pola suba dos pensos e abaixada do preço do leite.

11.08.2012 / Umhas 200 pes-soas rodeiam a praça de tourosde Ponte Vedra com umha ca-deia humana para protestarcontra as touradas.

12.08.2012 / Alberto Núñez Fei-joo, multado por excesso develocidade na Póvoa de Varzim.Trás discutir com o agente so-

bre a pertinência da sançom,abona os 80 euros.

13.08.2012 / Um trabalhadormorto ao precipitar-se de 7,8metros dumha nave industrialda Caniça.

14.08.2012 / Operário de mante-nimento falece ao explotar um-ha bombona de nitrogênio numrestaurante de Carral.

15.08.2012 / José Álvarez-OteroLorenzo, sargento da Guarda

Civil, entre os detidos na ope-raçom Espartana contra o tráfi-co de cocaína na Galiza.

16.08.2012 / Morre um trabalha-dor da empresa EscavacionesManín atrapado num despren-dimento de pedras na mina decaolim de Sam Romám (Cervo).

17.08.2012 / Pacto brasileiro po-la Erradicaçom do Trabalho Es-cravo expulsa Zara pola sua in-sistência em reclamar a in-constitucionalidade dum ca-

dastro de empregadores demao de obra escrava.

18.08.2012 / Umhas 5.000 pes-soas afetadas polas preferen-tes manifestam-se em SamGenjo diante da residência deverao de Mariano Rajoy.

19.08.2012 / Audiência Nacionalespanhola nom responde à pe-tiçom dum permisso especialdo presso independentista Ro-berto Rodrigues Fialhega paraassistir ao enterro de seu pai,

polo que este se realiza sem asua presença.

20.08.2012 / As Pontes inauguraumha praia numha das beirasdo lago artificial criado no ocode oito hectares que deixou amina de lignito de Endesa.

21.08.2012 / Anonymous bloqueia o site web do PP de Burela.

22.08.2012 / TSJG declara ilegala anulaçom do reparto eólico

crONOlOGia

NGZ / A finais de agosto, umha in-vestigaçom arqueológica confor-mada pola USC e umha equipacatalá descobriu em Triacastela,na Cova de Eirós, as primeiraspinturas rupestres conhecidas daGaliza, no jazimento mais impor-tante de todo o noroeste peninsu-lar onde já se realizaram impor-tantes descobertas. Na apresen-taçom da descoberta nom falounengumha vizinha da zona, nemrepresentantes da AssociaçomSócio-Cultural O Iríbio que solici-tárom a declaraçom do lugar co-mo Bem de Interesse Cultural -assim como do Caminho Real daSerra do Iríbio, também ameaça-do por um parque eólico-, massim Federico Martínez, de ‘Ce-mentos Cosmos’, do grupo Cim-por. E é que o jazimento, na Serrado Iríbio, está dentro dos terrenosda empresa que explora a minade extraçom de calcária a céuaberto, com a que vizinhança levaquatro décadas em luita. MarcosCeleiro, da A.S-C. O Iríbio recor-da que “já acabárom com algum-ha cova e de continuar a expan-som as outras vam polo mesmocaminho”. Também se opom à ex-pansom a A.v. Monte Caldeirón.

Umha canteira fora da leiEm 1970 o conselho de ministrosde Franco dá luz verde à expro-priaçom urgente das terras, até omomento monte em mao comum,

em favor da entom chamada ‘Ce-mentos del Noroeste’. Em 1971, oprocesso paralisa-se ao entrar emcompetência outra empresa, masconsegue fazer-se com a proprie-dade, deixando sentada a titulari-dade no registo. Os empresáriosfôrom porta por porta com amea-ças para fazer-se com as terras. Oalcalde da altura, pola sua conta,vende a propriedade comunitá-ria, 60 hectares de monte comumpor dous milhons de pesetas. Avizinhança denuncia mas perde ojuízo, e em 1978 começam a ex-trair rocha calcária para abaste-cer a sua cementeira de Oural

(Sárria). Já em 1986 a empresareescritura todo a nome de Cos-mos. Em 2001, a Administraçomde Fraga regulariza-lhe a situa-çom com umha licença “A”, semestudo de impacto ambiental nemperíodo de alegaçons. Em 2005 aempresa em situaçom ilegal in-tenta a reclassificaçom para um-ha licença de tipo “C”, que outor-ga direitos de expropriaçons for-çosas. A resistência vizinhal eecologista consegue parar o pro-cesso, mas em 2008, o conselhei-ro do BNG Fernando Blanco dá-lhe a licença “C” sem possibilida-de de apresentar recursos nem

declaraçom de impacto ambien-tal. A Guarda Civil desouve as de-núncias da vizinhança na altura,mas a dia de hoje o Tribunal deBezerreá investiga a concessom.

Colonizaçom mineiraAtualmente a empresa possui 120hectareas, e tem direito a expro-priaçom sobre 360. Dentro desseperímetro está a Cova de Eirós,um tramo do Caminho de Santia-go protegido pola Unesco, umhazona da Rede Natura, as aldeiasde Cancelo, Teixo, Castinheiro, vi-lar e vila velha, assim como umrio, que baixa seco da zona minei-

ra, alegando a empresa que o com-prar o terreno também inclui osdireitos de regadio. Todo isso noLugar de Interesse ComunitárioAncares-Courel, de especial prote-çom desde 1978. Conforme con-tam os vizinhos “cortárom cami-nhos-alguns tenhem que dar um-ha volta de até 12 km para ir à vi-la-, talárom árvores e realizáromumha espécie de barragem no rio,umha balse de decantaçom de lo-dos”. Entre tanto, a alcaldesa doPP, Olga Iglesia, guarda silêncio.

Subvençom para dioxinasO mantemento da mina de Tria-castela é chave para abastecer acementeira de Oural, da mesmaempresa. Esta conta com os favo-res da Junta da Galiza, sendo au-torizada, contra os critérios am-bientais e jurídicos, para queimarlodos da depuradora (2010), res-tos de carros e resíduos urbanose industriais (2011) e agorapneus, “convertendo Cosmosnumha Sogama”, “umha fonteemissom de dioxinas, furanos,PCBs, HAPs e metais pesados”,assinalam de Adega. Já em 2008o Tribunal Superior de Justiça daGaliza declarara ilegal, “por mo-lesta, insalubre e perigosa” aqueima de pneus na cementeira,mas agora a Junta volta autorizá-la subvencionando-a, aliás, com18.000 euros sob conceito de me-lhora da “eficiência energética”.

Grupo Cimpor ameaça as primeiras pinturasrupestres que fórom descobertas na Galiza

O jazimeNtO situa-se NOs terreNOs da emPresa que exPlOra miNa em triacastela

apresentaçom das pinturas e gravados achados na cova de eirós. À esquerda,

Federico martínez, representante de cosmos.

05acONteceNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

O deputado do BNG no Parlamento da Galiza, BieitoLobeira, apressentou umha Proposta nom de lei ins-tando ao Governo galego a solicitar a admissom da Ga-liza na Comunidade de Países de Língua Portuguesa(CPLP). Declarou que “Galiza teria umha oportunida-de de saír da crise” graças a convénios na CPLP.

BNG Pede eNtrada da Galiza Na cOmuNidade lusófONa

A causa contra o corunhês Carlos Cela Seoane, acusadode pertença aos Grapo em Janeiro de 2008, foi sobressaí-da de forma provisional o passado 6 de Agosto. CelaSeoane passou em prisom 7 meses. Os meios de comuni-caçom que apontárom a sua detençom em 2008, nom pu-blicárom nada após conhecer-se esta notícia.

Paralisam a causa aBerta cONtra carlOs cela seOaNe

do bipartido que figera o gover-no do PP em 2009.

23.08.2012 / Mais dum milharde pessoas percorrérom asruas do centro de Chantada nadefesa do setor lácteo galego.

26.08.2012 / Guillermo Collarte,do PPdG, afirma em ‘La Voz’:“Ganho uns 5.100 euros aomês e passo-o bastante mal”.

29.08.2012 / Vence o prazo queIberdrola lhe deu a Albino Blan-

co, doente de Cervo dependen-te dumha máquina, antes decortar-lhe a eletricidade pornom abonar umha fatura de628,15 euros, que o cervenseafirma que é errónea. O saltoda história aos meios leva àelétrica a congelar a fatura.

30.08.2012 / Chano Rodríguezconsegue a primeira medalhagalega, de prata, nos Jogos Pa-ralímpicos. O cómputo final se-rá de seis metais para os des-portistas galegos.

31.08.2012 / Novagalicia Bancoanuncia que perdeu 1.399,6 mi-lhons de euros no primeiro se-mestre do ano.

01.09.2012 / Polícia nacional es-panhola carrega contra centosde afetados polas participa-çons preferenciais que protes-tavam perante um ato do PPcom Mariano Rajoy no castelode Soutomaior.

02.09.2012 / Um grupo de afilia-dos da CUT ocupam o ambula-

tório Concepción Arenal deCompostela reivindicandoatençom sanitária universal.

04.09.2012 / Porta-voz do Comi-té de Empresa de Navantia Fer-rol, Ignacio Naveiras, asseguraque os dous quimiqueiros paraPemex prometidos por AlbertoNúñez Feijóo vam fabricar-se fi-nalmente na Coreia.

05.09.2012 / Alcalde de Ginzoordena despejar o pleno peran-te as protestas contra a pro-

posta de reduçom salarial paraos trabalhadores da Cámara.

06.09.2012 / Morre um galego de28 anos enquanto mariscava nosul de Lançarote (Canárias).

07.09.2012 / Novagalicia deman-da aos ex-diretivos que non de-volvérom as indenizaçons.

08.09.2012 / Miles de pessoasmanifestam-se em Compostelacom a Plataforma galega emdefesa dos serviços públicos.

crONOlOGia

NGZ / O CPIG anunciou num co-municado que incrementa as suasmedidas de protesto dentro doscárceres espanhóis, começandopor um rejeitamento da bandejade comida na segunda-feira decada mês, contra as políticas deInstituiçons Penitenciárias de iso-lamento e soidade com respeitoaos demais presos políticos. DoCPIG sublinham “o fracasso detodas estas medidas repressivasartelhadas por parte do EstadoEspanhol, a nossa consistência naoposiçom continuada a elas e anossa decidida resistência aosefeitos das mesmas”. Somará-seà medida o jejum mensal que rea-lizam na última sexta-feira de ca-da mês desde novembro de 2010,

com exigência de respeito aos di-reitos como presas e presos polí-ticos e polo fim da dispersom. Es-tes som acompanhados na ruapor concentraçons de Ceivar, con-cretamente em Compostela, vigo,Ourense, Lugo e desde há unsmeses também na Guarda, exi-

gindo a sua posta em liberdade.Por sua parte, a plataforma ci-

dadá Que voltem a Casa está areunir livros cedidos polas biblio-tecas dos centros sociais paraconformar umha coleçom posta adisposiçom dos presos indepen-dentistas.

Coletivo de Presos Independentistasincrementa protestos nas cadeias

iNdePeNdeNtistas em PrisOm rejeitam cOmer Nas seGuNdas-feiras de cada mês

NGZ / várias mobilizaçons co-meçárom a suceder-se polopaís em vários setores ataca-dos pola crise, começando como prometido “outono quente”,mas a greve geral será adiada.A Central Intersindical Galega(CIG) finalmente nom convo-cará a greve geral nacional quetinha anunciado para o 26 ou27 de setembro.

A CIG tinha proposto essadata a finais de julho aos ou-tros dous sindicatos maioritá-rios da Galiza, as sucursáis ga-legas de UGT e CCOO. O pró-prio secretário geral da CIG,

Suso Seixo, explicara a neces-sidade de convocar umha gre-ve geral quanto antes, pararesponder perante a política derecortes da Junta e do Gover-no: “Entendemos que nom po-de ir além desses dias, quenom se pode dar mais tempopara anunciá-lo e que, em todocaso, nom pode ser adiada, se-nom adiantada”. Seixo expli-cou que nom teria sentido con-vocar duas greves gerais emtam pouco tempo na Galiza eassegurou que a CIG preferiuaguardar para “manter a uni-dade de açom”.

A CIG adia a greve geral para o mês de novembro

primeira concentraçom solidáriarealizada na vila da guarda o passado 27 de Julho

No passado agosto faleceu em Sober o pai do preso Roberto RodriguesFialhega ‘Teto’, que nom pudo assistir ao enterro no dia 19, por nomcontar com a permissom por razons humanitárias que solicitou à Au-diência Nacional. Roberto Rodrigues permanece desde dezembro emprisom preventiva, dispersado a quase 700 quilómetros da sua casa, nacadeia madrilena de Estremera. Medidas deste tipo já fôrom tomadascom anterioridade, proibindo a presos e presas independentistas gale-gas assistirem a sepélios de familiares sem nengum tipo de justificaçom.

PrOiBem a ‘tetO’ rOdriGues assistir aO eNterrO dO seu Pai

Ao fecho desta ediçom, e a falta de mais dados, o Conselho de Reda-çom do NOvAS DA GALIZA tinha conhecimento do seqüestro dum com-panheiro baixo a legislaçom de excepçom que chamam anti-terro-rista. Numha operaçom ordenada pola ‘Audiência Nacional’, que te-ria levado também quando menos outros três cidadans galegos, C.C. v. foi levado polas forças policiais espanholas, incomunicado, semque ainda tenhamos conhecimento de qual vai ser o seu destino. An-te a ameaça, por ser prática habitual, de que o Estado castigue atra-vés do seu aparelho judicial e ainda sem julgamento, com prissompreventiva, este Conselho de Redaçom nom pode mais que lembraro aberrante dumha legislaçom que permite anos de cadeia para pes-soas sem serem julgadas. De se confirmar este temor fundado, vi-riam ser dous os companheiros deste jornal encadeados sem conde-na, logo de que no passado dezembro Antom Santos fora vítima daexcepcionalidade que o Estado reserva para quem se atreve a pôrem dúvida a sua orde constitucional. Com eles, com o resto de pre-sas e presos políticos, com as suas famílias e achegados e com todosos projetos que Estado procura golpear com a sua politica repressi-va está o nosso sentir à hora de imprentar este número.

NOta dO cONselhO de redacçOm

06 acONtece Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

Houve protestos de todo tipo ao passo de 'La vuelta aEspaña' por Galiza, para além do rejeitamento geral deque tal evento desportivo passe, por segunda vez na suahistória, polo País. Também se registrárom protestosdas pessoas afetadas polas preferentes e dos trabalha-dores do Naval, entre outros.

PrOtestOs cONtra O PassO de ‘la vuelta’ POr Galiza

Foi no 11 de setembro em Compostela. Emigrante desdejovem, militou na década de 70 no movimento nacional-popular, na UPG, AN-PG e depois BNPG, que deixa em1979 para integrar-se no movimento libertário em chavenacional, na Federaçom Anarco-Comunista Galega, e narevista Arco da vella, para depois integrar-se na CNT.

faleceu a militaNte aNarquista rOsa Bassave rOiBal

NGZ / Na localidade de Fisterraleva anos situando-se entre asatividades oficiais de homena-gem à virgem do Carme, que secelebre um desfile militar e umarriado da bandeira espanhola.Segundo informou o digitalquepasanacosta.com, o domin-go 9 de setembro desenvolveu-se de tarde tal desfile, que re-mata com um ato de exaltaçomda simbologia espanhola. Oconcello de Fisterra, segundorecolhe o portal web citado,

qualifica como um dos “atosculturais mais ovacionados” odesfile. Em tal ato estivo presen-te junto o alcalde José ManuelTraba, o Almirante Chefe do Ar-senal de Ferrol. A presença deforças militares nesta celebra-çom religiosa tem sido contínuanos últimos anos, sendo emocasions os próprios militaresos encarregados de portar a fi-gura da virgem do Carme, con-formando imagens próprias dospiores delírios franquistas.

Desfile militar nas festasdo Carme de Fisterra

NGZ / Dúzias de participantesna jornada do Dia da Pátria emOurense, celebrada o 19 de ju-lho, estám a receber desde mea-dos de agosto sançons adminis-trativas de 400 € por parte daSubdelegaçom do Governo es-panhol. Porém, as pessoas quepercorrérom as ruas ourensásreclamando a independência daGaliza figérom-no de forma pa-cífica pola zona histórica da ci-dade, sem interromper em nen-gum momento o trânsito e sem

que se produzisse nengumhaidentificaçom. Os coletivos in-dependentistas e nacionalistasconvocantes da jornada reivin-dicativa, denuncian que isto“pom de manifesto a existênciade ficheiros políticos em maosda Polícia e da Subdelegaçomdo Governo” e salienta que “es-tamos perante um caso eviden-te de perseguiçom política, quedevemos enquadrar na quedaimparável do governo espanholno fascismo cru e nu”.

Sançons por comemorarDia da Pátria em Ourense

NGZ / Umha operaçom contra onarcotráfico na Costa da Morte, aconsequência da incautaçom nomercante Sv Nikolay 3.200 quilosde cocaina em águas andaluzas,deu como resultado a detençomde 33 pessoas, de nacionalidadesgalega, búlgara e colombiana. Jo-sé Álvarez-Otero Lorenzo, ex-co-mandante do posto da Guarda Ci-vil de Corcubiom, foi detido a mea-dos de agosto como suposto líderda rama galega da organizaçom.

De 57 anos, está destinado em Es-tella (Navarra), mas atualmenteachava-se de baixa e acompanha-do do seu filho, atual comandantedo posto da Guarda Civil que seupai tinha dirigido em Corcubiom.Conforme Que Pasa na Costa, Jo-sé Álvarez-Otero conta com váriosnegócios de hotalaria e bordeis nacomarca, destinados ao branqueiode capital, assim como quinze pi-sos. Um dos sócios de Otero nosseus negócios seria Álvaro Rodrí-

guez Franco, empresário de Ceeencarcerado na operaçom Nécora.Conforme informaçons da Políciaespanhola, Otero levaria anos sen-do o garante de que os cargamen-tos de droga entrassem na comar-ca sem intervençom da Guarda Ci-vil. Juan Carlos Casal Maseda, ou-tro ex guarda civil do posto de Cor-cubiom, também fora detido em2001 no caso Chad Band, umhagoleta que carregava 3000 quilosde háxix destino Galiza.

Mando da Guarda Civil supostolíder de clam de narcotraficantesque operava na Costa da Morte

iNcautaçOm de 3.200 quilOs de cOcaiNa

NGZ / Em junho era a Assem-bleia de Desempregadas da CIGde Ferrol a que protagonizavaumha expropriaçom para levaralimentos à cozinha económica.No pasado 24 de agosto, a As-sembleia Anticapitalista de Lu-go tomava o relevo protestandodiante do Mercadona, com o ob-jetivo de recaudar dinheiro emsolidaridade com os sindicalis-tas da SAT sancionados pola ex-propriaçom de Marinaleda. Naaçom pedírom o boicote para aempresa “até que nom retire asua denúncia”, oferecendo porsua vez o número de conta, 21060005 41 2128343229, de Cajasol, para as achegas voluntárias.Na linha sarcástica doutrasaçons do grupo, um jovem coma máscara de Juan Roig, presi-dente de Mercadona, pediu po-lo altofalante o cessamento do“ataque da propriedade privada

para que poda seguir sendomultimilionário”, e manter as-sim os seus beneficios atuais de480 milhons de euros.

Em Ourense, várias pessoasirrompérom na manhá do 1 desetembro num supermercadodo bairro do Couto, coincidin-do com a suba do IvA. Apósencher vários carrinhos comprodutos alimentares, umhadas jovens foi retida pola em-pregada enquanto outros pu-dérom sair com parte do adqui-rido. Fora, outros membros dogrupo atirárom numerosospanfletos sob o lema “Nom te-mos medo, temos fame!”. Cha-mavam à açom urgente “com ajustiça social como máxima e alegitimidde do povo como lei”,sejam estas atuaçons conside-radas “legais ou ilegais poloEstado”. A açom causou expec-taçom entre a vizinhança.

NGZ / A Junta lançou para a ex-posiçom pública o 20 de agostoum projeto com que pretendeabastecer de água a Area Me-tropolitana da Corunha pormeio dum túnel que levariaágua da balsa mineira de Mei-rama até o rio Barcés, que de-semboca no encoro de Cecebre.Ademais deste túnel de 1,4 km,o projeto planeia a construçomdumha minicentral hidroelétri-ca de 500kw para aproveitar ocaudal derivado. A balsa deMeirama é umha lagoa artificialconstruida depois de quase 30

anos de exploraçom mineirapara obter lignito. Segundo adenúncia de várias associaçonsecologistas, entre as que estáADEGA, a qualidade da água dalagoa mineira tem umha altaacidez e umha importante con-centraçom de materiais pesa-dos que fam dificil que estaágua poda ser utilizada para oconsumo humano. Por isto, asentidades conservacionistaspensam que o projeto vai servirpara produzir quilovátios, ca-muflando-o como umha infra-estrutura de subministro. Neste

sentido as dúvidas concentram-se em quem vai ser a empresabeneficiária do aproveitamentohidroelétrico, e lembram a con-cessom que durante a época deFraga solicitou a empresa Hi-droelétrica del Arnoya, poste-riormente investigada por con-cessons hidroelétricas e eólicassupostamente irregulares. Fi-nalmente também denúnciamque este projeto intervém numLIC da Rede Natura como é oencoro de Cecebre, que podeter um grande impactos sobreos seus hábitats protegidos.

07acONteceNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

Um grupo de independentistas deslocou-se à entra-da do Hotel "Los Abetos" em Compostela, onde a Se-lecçom espanhola estava alojada. Nom houve pre-sença policial, só a segurança privada do Hotel. Osmilitantes aguardárom umha hora e meia a chegadados desportistas, que finalmente nom se produziu.

iNdePeNdeNtistas Na cONceNtraçOm de ‘la rOja’

Wikileaks revelou correios eletrónicos da agência Strat-for, vinculada à CIA, acerca do independentismo e a ati-vidade da resistência galega. A Stratfor qualifica de bai-xo o apoio ao secessionismo galego, em informes cheiosde incorreçons -como o de que há uns 10 milhons de ga-legos no mundo- e análises a partir de simples notícias.

aGêNcia stratfOr iNvestiGOu iNdePeNdeNtismO GaleGO

Expropiam hipermercadona cidade de Ourense

Junta quer aproveitar a águadumha lagoa mineira paraabastecer a cidade da Corunha

adeGa deNÚNcia a alta acidez da ÁGua da Balsa

preenche este impresso com os teus dados pessoais e envia-o a novas Da galiza, apartado 39 (cp 15.701) de compostela

subscriçom + livro = 35 €

subscriçom anual = 24 €

subscriçom + pack bilharda = 30 €

subscriçom + duplo pack bilharda = 35 €

assinante colaborador/a = €

nome e apelidos tel.

endereço c.p.

localidade e.mail

nºconta

junto cheque polo importe à ordem de minho média s.l.

assinatura

NGZ / No 5 de setembro juntá-rom-se em Compostela quasemeio cento de pessoas para daros primeiros passos cara a auto-gestom integral a nível comar-cal. Assistírom pessoas relacio-nadas com os movimentos so-ciais, desde o ecologismo aosindicalismo, 15M, vinculadas àcooperaçom, ou independentes.Com umha metodologia partici-pativa e dinámica, a assembleiarematou com a constituiçom devários grupos de trabalho queirám elaborando propostas a ní-vel de comunicaçom -interna e

externa-, modelo organizativo,moeda social e bancos de troco,produçom hortícola e 'esca-queio' legal. Por sua parte, o co-letivo COIGA está a impulsio-nar assembleias semelhantesna Corunha e Ferrol, com gran-de participaçom. Acordáromtambém voltar a reunir-se antesde rematar o mês. A nível nacio-nal, a próxima assembleia seráno 29 de setembro em Chanta-da, onde o projeto galego de au-togestom integral definirá o seumodelo organizativo e princí-pios ideológicos.

Organiza-se autogestomna comarca compostelana

Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 201208 acONtece

Rosa leva 6 anos na Galiza,depois de passar por váriascidades europeias, umha vezemigrou de Chile há dezanos. Por problemas burocrá-ticos segue sem ter nenhumpapel que a acredite como“pessoa legal” e padece des-de há tempo duas doençascrónicas que a incapacitampara trabalhar e que empiorá-rom rapidamente com o pas-so dos anos. A nova lei sani-tária vai-na deixar sem possi-bilidades de continuar com oseu tratamento.

Como che afetam os recortes no ámbito sanitário?Pessoalmente vam-me afetarmui drasticamente, embora aprórroga de 6 meses que deu ogoverno galego, já que o trata-mento que estou a seguir polasduas doenças crónicas, estám-me a custar até agora 15 euros

mensais. Mas se me deixam semcobertura, o preço vai subir atéos 110 euros ao mês: Algo inas-sumível. Ademais estou penden-te de umha operaçom de maosporque perdim a sensibilidadenelas, e se nom a fago antes deque retirem o cartom, já nom mepoderei operar.

Mudou muito a tua situaçom por causa da crise económica?Empiorou muitíssimo. Eu nompodo trabalhar mas a minhacompanheira, que é a que traba-lha, passou de ter quatro traba-lhos a dous, com que a situaçomeconómica que temos é moi pre-cária. Ademais há que engadirque as duas estamos sem papéis,assim que temos umha grandepressom psicológica. Ademais,polas minhas doenças tenho queseguir umha dieta especial e osalimentos também subírom nosúltimos anos muitíssimo de pre-

ço, igual que a luz, a água... ecom dous trabalhos menos per-cebe-se muitíssimo o gasto. Te-mos sorte da gente que nos aju-dou como a minha médica de ca-beceira ou Médicos do Mundo,que estám tratando de que gentena minha mesma situaçom po-damos segui-la mantendo.

Notache um incremento do racismo a partir de que come-çou a crise atual?Na gente que nom me conhecersim, parece que os imigrantes te-nhamos a culpa da crise, na ruaouve-se muito isto e desde quecomeçou creio que medrou odiscurso xenófobo. É sarcásticoque depois do espólio espanholna América do Sul, agora nos di-gam que nos chegamos pararoubar. Mas, pese o discurso ra-cista também há gente solidáriaque se identifica com nós e nosajuda. / M.Á.R.

panorámica dos efeitos na populaçom galega da atual situaçom económicavOzes da crise

rOsa, miGraNte OriGiNÁria dO chile, leva dez aNOs a viver Na Galiza e cONtiNua sem PaPÉis

“Na rua ouve-se muito que os imigrantes somos responsáveis pola crise económica”

explica-nos um pouco a tua situaçom atual.Levo um ano no paro. Trabalhava de fontaneiroaté que a empresa fijo um ERE. É a primeira vezque estou tanto tempo parado, há anos estivemnumha ocasiom uns 15 dias. No princípio, o quecobrava de subsídio dava-me para viver, mas apartir do sexto mês, que che cortam o 40%, jánom. Fico agora sem o subsídio e tenho que soli-citar os 400 euros.

e procuravas emprego em todo este tempo? Solucionárom-che algo os serviços de emprego?Sim. Mandaria entre 15 e 20 currículos à sema-na. Mas nada, as empresas já tenhem os seusoperários e nom arriscam a contratar mais gen-te. Através do INEM nom consigues nada por-que as empresas nom lhe pidem trabalhadores.Ou te dedicas tu a enviar currículos à empresaou resulta impossível.

Crês que esta situaçom de crise se podia intuir?em que medida influírom os bancos?Sim, desde há muitos anos. Havia gente que vi-via por riba das suas possibilidades, que ganha-va 800 ou 900 euros e levava um nível de vida co-

ma se ganhasssem 1.500. Permitiam-se isto por-que os bancos, quando viam que tinhas umhanómina, já che davam um crédito.

Notache precarizaçom nos contratos?Os contratos sempre fôrom precários. Umhapessoa numha empresa podia, na prática, serum oficial e ter um contrato de peom e estarassim toda a vida. Agora é pior, podes ser ofi-cial e ter que aceitar um contrato de peom. Namaioria dos casos, para subir de categoria ti-nhas que andar a chorar. Fazias trabalhos deoficial e os contratos nom se correspondiamcom as labores que realizavas.

Que opiniom che merecem os sindicatos? Dos sindicatos penso que som piores que ospolíticos. Há gente que está aí a cobrar sem fa-zer nada. Nas empresas grandes, os trabalha-dores que som representantes sindicais há diasque em vez de trabalhar 8 horas trabalham 2ou 3 porque depois se dedicam a trámites dossindicatos. Nom miram polos operários. Os queestám arriba quase sempre estám a favor doempresário. / A.L.R.

“Havia gente que vivia por ribadas suas possibilidades reaisgraças aos créditos bancários”

jOse maNuel chaPela, traBalhadOr em ParO, 33 aNOs, BueuQual é a situaçom na educaçomapós os cortes orçamentários?A má situaçom do Sistema Educati-vo está fundamentada num proble-ma estrutural, nom é a crise a cau-sante. Porém, é certo que os sindi-catos vendérom ouro por baratilhas,negociárom só as horas, e agora es-tamos a trabalhar menos horas, semdedicar-nos quase aos labores doscentros, além das nossas aulas. Se acrise fai com que o sistema se refor-me, em benefício de alcançar resul-tados e objetivos, bem-vinda seja!Mas umha cousa é fazer cortes, eoutra as reformas necessárias, quese estám a obviar: seguem finan-ciando programas que nom servem,e gastando os cartos em cousas quenom ajudam. É como se figessem acompra da casa mui mal, sem pen-sar bem em que comprar e gastan-do muito, e quando vem que nomhá cartos dizem: “pois prescindimosdo pam!”. Por outro lado, é certo quese está a despedir os mestres quenom tenhem um posto fixo, que es-tám em precário. No meu centro,quase todos os professores somos

definitivos, mas nom se estám a cu-brir certas necessidades básicascom outros profissionais.

Como mae e como mestra, que es-tás a viver e que alternativas ves?É necessária umha reforma, porquehá recursos botados a perder, en-quanto nom estám a contratar pes-soal mui necessário como pode ser,por exemplo, os especialistas emLinguagem e Audiçom. E comomae, também penso que este siste-ma nom funciona: nom existe inte-graçom nem atençom específica pa-ra o alunado com necessidades es-peciais, cada vez há menos profes-sores e estamos sem apoios. Nompodemos pensar em alcançar taisobjetivos, e ter os nenos formadoscomo dita o sistema, se nom se faiumha avaliaçom de qual é a situa-çom, que é o que é preciso, e quaisas necessidades básicas do alunadoe dos mestres. Se isto nom se fai, senom se analisa o sistema, enquantose precariza a profissom, a crise sóvai valer para tirar o pam da lista dacompra. / A.R.G.

“Se nom muda o sistema acrise só vai valer para tiraro pam da lista da compra”

eruNdiNa Garcia leiras, OrieNtadOra escOlar

09acONteceNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

após os cortes, qual é a situa-çom no Centro de Saúde de Bu-rela, umha vila onde o 13% dapopulaçom é imigrante?O cartom sanitário dava-se antescom documentos de empadroa-mento e documento de identifica-çom, tipo passaporte. A maior par-te das pessoas que emigram somnovas, com boa formaçom e, emprincípio, sans, com o que quasenom acodem a asistência sanitária.Eu conheço cabo-verdianos e sene-galeses que levam cinco ou seisanos aqui, e estou a atendê-los porprimeira vez agora, porque tenhemmedo de ficar sen cartom de resi-dência, e desde que estou em Bure-la só tivem que atender umha pes-soa imigrante com umha enfermi-dade crónica. Quer dizer que, emgeral, conhecendo os casos e os an-tecendentes, pode-se dizer que onovo Decreto lei, que deixa sem as-sistência sanitária os migrantes emsituaçom irregular, fomenta o ra-

cismo mais que o aforro. Por outro lado, tanto para me-

nores como para pessoas grávi-das, até o de agora nom conseguí-rom articular o modo de fazer umcartom sanitário para atendê-losde maneira normalizada. Há quefazê-lo, mas nos centros de saúdeestám a arranjar isto como po-dem. Nós temos o paradoxo de teralgum menor irregular que esta-mos a atender, mas nom lhe pode-mos fazer receitas. Porém, já sa-bemos o que lhe temos que co-brar: nom tenhem arranjado amaneira de os meter no sistemade que os tirárom, mas o que simsabemos é o que devem pagar po-los medicamentos que tomem. As-sim mesmo, também nos topamoscom famílias de pessoas imigran-tes em que estám a trabalhar to-dos os membros, mas tenhem umfilho em situaçom irregular e semtrabalho, e já nom pode entrar nocartom dos pais, polo que fica sem

assistência. Além de nom ter car-tom a que acolher-se no Sergas,na Seguridade Social tampoucolhe podiam tramitar a atençom co-mo PSR (Pessoa Sem Recursos),porque figurava como familiar depessoas que tenhem trabalho e es-tám a cotiçar. Esta é outra das si-tuaçons que ainda ficam por re-solver. Em Burela, estávamos co-meçando a trabalhar entre ONG's,os médicos objetores e algumhaentidade privada, quando Feijoodeclarou que toda esta gente ia seratendida. Foi aí que paramos, à es-pera do que passasse. Mas nomtenhem nada resolvido.

e com respeito às pessoas com de-pendência, que está a acontecer?Nom se estám a dar as ajudas aocuidador, com o que se dá o casode algumha família estarem à es-pera desta ajuda económica, em-pantanada. Enquanto as coidado-ras ficam cansadas, doentes, com

ansiedade... a aguardar algo quenom chega e que é provável quenom vaia chegar. Por outro lado,estám-se resolvendo os expe-dientes de dependência com um-ha demora grandíssima. Quandopor fim se valora a situaçomdumha pessoa com dependência,esta pode ser já outra. Assimmesmo, as trabalhadoras sociaisestamos a pedir uns recursos quenom nos dam, mas com os queseguimos a pensar que podemoscontar, com o que se criam um-has expetativas que nos impedemir na procura doutras alternati-vas, além da vía institucional.

No que tem a ver com a ajuda nolar, as horas fôrom reduzidas, eparte do pessoal despedido, com oque os coidadores tenhem que fa-zer um sobre-esforço, com o quede repente topamos com pacientee coidadora doentes. Por outro la-do, estám os centros de dia e ou-tros recursos que apenas se podem

utilizar, porque som para determi-nados graus de dependência, e co-mo nom se estám a resolver os ex-pedientes, nom se estám a desig-nar as pessoas que podiam gozardeles. Também está a teleassistên-cia, que como resolvem com a Cruzvermelha, pois já se despreocu-pam. Além disto, é compatível como resto de recursos, e se che resol-vem a teleassistência, já nom chedam ajuda no lar, por exemplo... oque fai que estejamos pedindo osrecursos que mais demoram em re-solver, enquanto a pessoa fica semum outro recurso, a teleassistên-cia, a que tamém tem direito. A Leide Dependência é mui boa, masnom funciona porque nom conse-guem levá-la a cabo. Por isto achoque querem terminar com ela.

Quais as alternativas?Eu vejo mui necessário incidir naeducaçom para a Saúde, na pro-moçon dos bons hábitos, formasde vida saudáveis. É dizer, aten-der a prevençom, a atençom pri-mária, nom tanto posteriormentena atençom especializada. Noscentros de saúde o que estamos afazer é extinguir o lume, atuar ademanda, e nom o que devéra-mos, que é promover a saúde, pro-mover o que fazemos bem. / A.R.G.

a.l.G., traBalhadOra sOcial dO ceNtrO de saÚde de Burela

“Há que incidir mais na educaçom para a saúde,na prevençom e naqueloutro que fazemos bem”

Helena Pinheiro é o pseudónimo que por moti-vos de segurança nos deu umha jovem estu-dante de Compostela que encontrou na okupa-çom a soluçom aos problemas de morada. Le-vou-nos à casa abandonada que está a arranjarcom a ajuda dos amigos para viver nela.

Por que decidiche okupar?Estou sem dinheiro, venho de sofrer um despedi-mento improcedente, e após independizar-me nomme gostava a ideia de ter que voltar a pedir ajuda àfamília para ter vivenda. Estudo, e tampouco me se-ria mui fácil ter que trabalhar em precário para ape-nas obter dinheiro para o aluguer. Assim que okuparumha morada vazia, e arranjá-la para viver, pare-ceu-me a melhor opçom.

Nom é algo demasiado inestável,por se te despejam?Esta morada foi okupada por muitas pessoas antesdo que eu, e nengumha foi despejada. Está num va-zio legal: por dívidas o dono nom me poderia botar,mas ao mesmo tempo o banco tampouco lhe podeembargar a casa. Assim que tenho bastante segu-rança, e podo ir arranjando-a pouco a pouco, comtranquilidade. Houvo que limpar todo -havia até se-ringas usadas-, fazer algum arranjo de alvenaria,desbroçar a maleza da horta, trocar a pechadura,etc. E se o dia de amanhá marcho, pois que fique omelhor possível para quem venha.

Conheces mais gente que esteja a okupar na cidade?Sim, em Compostela há mais gente okupando como ummodo de vida. Algumhas até casas com horta. / C.C.V.

“Okupar umha morada e arranjá-la para viver foi a melhor opçom”

Dentro da crise económica, que está a afetar fondamente ao teatro, a suba do IVe do 8% ao 21%vai ser o mais lesivo dos últimos anos.No teatro nota-se mais que no audiovisual, pois és tu oque tem a empresa e o notas na faturaçom. Já está bas-tante mal, sobretudo para companhias pequenas compoucos membros. A suba do IvE vai ser algo catastrófi-co. Por umha banda, os contratantes nom tenhem di-nheiro para produtos culturais e ponhem trabas com ocaché e, por outra, o caché incrementa como conse-quência da suba do IvE. Isto vai ser catastrófico.

além do descenso de público, o descenso de contrataçom já se notou com a crise?É o que mais se notou. O teatro, em épocas precárias éum meio que mobiliza muito, que procura alternativas.Sempre está em crise e já estamos afeitos. Também comas contrataçons que há, a demora nos pagos da Junta oudos concelhos fam que muitas das companhias tenhamque botar o fecho.

Que alternativas podem nascer do próprio setorpara superar os entraves derivados deste contexto?Estamos afeitos a fazer espetáculos moldeáveis em dife-rentes formatos, umha obra que sirva para o teatro e pa-ra a rua... Eu também conto contos e necessito de poucacousa para isso, abarato custos. Do que devem ser cons-ciêntes os programadores culturais é de que a cultura éalgo a cuidar. Há necessidades primárias como a saúde,a alimentaçom ou o ensino... Na cultura parece que en-quanto for barata, pode valer qualquer cousa, mas nomé assim. A cultura, como o ensino, é o que nos educa co-mo cidadaos, o que nos dá ferramentas para desenvol-ver umha sociedade. / R.R.

“A suba do IVE vai ser catastrófica para o teatro”

Paula carBalleira, atriz, fai Parte da cOmPaNhia teatral BerrOBamBÁN

heleNa PiNheirO, OkuPa

10 acONtece Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

aGrO

P.V. - J.R. / Na alimentaçom do ga-do costumam-se consumir, mistu-rado com o concentrado, graosderivados da produçom de bio-combustível que som os denomi-nados DDGs (Destilary DerivateGranes ou produtos derivados dobiocombustível), utilizados paraalimentaçom animal de ruminan-tes em concentrados. Este com-ponhente dos concentrados dupli-cou o preço no último ano devidoà baixa produçom das indústriasde biocarburante, que fijo dimi-nuir a oferta e aumentar o preço.

Os DGGs misturavam-se nosconcentrados polo seu valor nutriti-vo e polo seu custo abaratado, mascom a atual escassez o penso pode-ria compor-se exclusivamente docereal inteiro, e permitir umha pou-pança industrial no concentrado.

A situaçom de decadência dosbiocarburantes fai aumentar asesperanzas noutra mudança im-portante para a economia gandei-ra, a liberaçom de campos dedica-dos à produçom de cereal para obiocombustível, um ponto impor-tante num país como Galiza, defi-citário de terrenos de uso agrário.

O fracasso dos biocarburantesA indústria energética do biocom-bustível nom atingiu o sucessoprognosticado no Estado Espa-

nhol, ainda sendo altamente sub-vencionado no último lustro poloGoverno da Espanha.

O elevado preço que alcança-vam os carburantes e a necessida-de dumhas cifras menores deemissom de CO2, justificáromconcessons de ajudas milionáriaspara criar e potenciar a indústriados biocarburantes.

Com dinheiro público criárom-se numerosas centrais de biodiésele bioetanol por todo o Estado Es-panhol, assentárom-se quatro naGaliza, Infinita Renovables (Fer-rol) com capacidade de produçomde 300.000 toneladas, Energia Gal-lega Alternativa (Cerzeda) com40.000 toneladas, Entabán Bio-combustibles (Ferrol) com 200.000e Biocarburantes de Galicia (Be-gonte, Lugo) com 35.000.

É o terceiro território que maisbiocombustível poderia produzirde todo o Estado Espanhol, masna atualidade, algumhas das plan-tas já nom produzem biocarbu-rante, e as que o fam nom supe-ram o 10% da sua capacidade, se-

gundo assegura a APPA (Asocia-çom de Produtores de EnergiasRenováveis).

Nom se atingírom os objetivosde consumo de biocombustível,nem tampouco se cumplírom asprevisons de emprego. “ O cresci-mento dos ingressos dos comer-cializadores dos biocarburantesnom se traduzírom em crescimen-to de emprego” assegura a APPAnumha das suas publicaçons, eapontam que “ a importaçom debiocombustível derivou numhainfrautilizaçom das plantas”. Osresponsáveis coincidem em assi-nalar as importaçons argentinascomo desleais.

Relaçom Espanha-ArgentinaTrás a nacionalizaçom de YPF naArgentina, o governo Espanholimpujo restriçons à importaçomde biocombustível argentino, oque o governo de Cristina Krich-ner reacionou colocando umhaqueixa na OMC (OrganizaçomMundial do Comércio) contra aUniom Europeia, que ainda de-morará uns meses em resolver.

Antes do pulso entre os gover-nos, o Estado Espanhol era umgrande importador do produto ar-gentino, ainda possuindo umhacustosa infraestrutura para os bio-carburantes na península.

A crise dos biocarburantes podemotivar mudanças positivas

mar

Pinga a pinga: A frotaartesanal e o desguaceA. DIESTE / Bruxelas está a tra-zar os eixos básicos da sua Po-lítica Comúm de Pesca (PCP),essas diretrices que regularáme serám determinantes para to-dos os setores do mar que ope-ram na Uniom Europeia. Um-ha PCP em que um dos seus ali-cerces será a distinçom entrepesca artesanal e industrial,com especial interesse na Gali-za, onde mais de 4.000 embar-caçons pertencem a este últi-mo grupo.

A frente comum de mari-nheiros, administraçons, orga-nizaçons políticas, sociais esindicais, na defesa de que acategoria de artesanal que pre-para a UE, comprenda as ne-cessidades e peculiaridades dafrota galega, evidenciou-senestas semanas.

Mas isso nom deve ocultarque o setor da pesca artesanal,ou de baixura, está no centrodum processo de transforma-çom e mudança, começado háanos e cujo fim ainda nom seavista. Nos últimos anos, a fro-ta de baixura galega perdeu718 embarcaçons, que supómem torno o 15% dos barcos.

Além disso, há umha mínguade diferentes artes tradicionais(jeito, chinchorro...) em benefí-cio do marisqueio, bem a frote,bem a pé. Com as mudançasque isso supóm nas diferentesvilas costeiras, gram parte dasquais deixárom de ser mari-nheiras para ser mariscadoras,

com a indústria conserveira afrotar as maos.

Em paralelo, outro dos gran-des setores (altura), está tam-bém numha dinámica nom de-masiado positiva. Em 1986, anode entrada do Estado Espanholna comunidade europeia, uns300 barcos barcos tinham au-torizaçom para trabalhar noGram Sol. Os diferentes planosde orientaçom plurianual redu-círom progressivamente essacifra até nom ser mais de 190em 2005, e sobrepassar apenaso cento de buques hoje. Muitosdaqueles caladoiros dos quaistivo que sair a frota galega, fô-rom ocupados por outra, poloque nom se justifica em termosde sustentabilidade.

Atualmente, na Galiza há 96barcos de pesqueiria comuni-tária (51 de palangre de fondoe 45 de arrastre). Em 2005,eram 144. Em pouco mais dumlustro, o país perdeu um terçodesta frota. González Laxe as-sinala que desde meados da dé-cada de 90 reduciu-se a frotade altura e gram altura dando-se de baixa mais de 100.000 to-neladas de registro bruto (boaparte delas, com desguace co-mo fim de caminho).

o atual conflito das importaçons debiodiesel pode variar a sorte do agro

O PreçO de suBPrOdutOs de cereais disPara-se

sem as subvençonsos biocombustíveisnom som rendíveis

galiza perdeu 831embarcaçons nos

últimos anos

ceNtrOs sOciaiscs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

csO Bairro do curaBairro do Cura · Vigo

Bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

csO casa do ventoFigueirinhas · Compostela

csO a kasa NegraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

O frescoBº da Ponte · Ponte Areias

O fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta OuteiroQuir. Palácios · Compostela

csO liceo Estribela · Marim

cs lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

csa la madriguera del Oso PardoR. México · Ponferrada

csO PalaveaPalaveia · Corunha

O PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do BerbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csOa O salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

Xavier fidalgo

Banco mau: Este aparente pleo-nasmo (acaso há bancos bons?)serve para designar um tipo desociedade que tem por objetivodeclarado limpar de ativos tóxi-cos os balanços das entidades fi-nanceiras.

Um ativo é, basicamente, umbem ou direito possuído por al-guém. Se esse alguém é banco,ativo seu poderia ser um emprés-timo a um promotor imobiliário(pois constitui um direito de co-bro para o banco) ou também es-se apartamento obtido depois deum embargo (pois é um bem, ago-ra, propriedade do banco). Estesdous som, ademais, exemplosdisso que a retórica imperantechama ativos tóxicos. A sua toxi-cidade deriva, essencialmente,de: (1) o valor com que foramcontabilizados ser irrealizável, aonom haver quem os compre porimporte tal, e (2) a dose de vene-no no sistema ser letal.

Para evitar que bancos (e ban-queiros) traguem a sua peçonha,os arquitetos do sistema (tambémbanqueiros amiúde) desenhaminstrumentos cujo fim é sempresocializar o mal. O banco mau(que de banco tem pouco) é umdesses instrumentos.

No Reino de Espanha chama-rá-se Sociedad de Gestión de Ac-tivos Procedentes de la Reestruc-turación Bancaria, S.A. e pareceque seguirá o modelo da irlande-

sa National Asset ManagementAgency criada em 2009. Segundoo RDL 24/2012, a criatura assumi-rá a gestom de “determinadas ca-tegorias de ativos especialmentedanados ou cuja permanência nobalanço da entidade [a desintoxi-car] se considere prejudicial paraa sua viabilidade”. O preço a quese pagarám os ativos determina-rá-se “sobre a base dos informesde valoraçom encarregados a umou vários peritos independentes”.A sociedade será ilusoriamentemista (“em nengum caso a parti-cipaçom pública poderá ser igualou superior a cinquenta por centodo capital da sociedade”), mas aexperiência irlandesa mostra-nosque o capital social constituirá só

umha mínima parte dos seus re-cursos: o resto, serám dívidascom aval público.

Se eliminamos os matizes e osvernizes, o resultado é previsível:os banqueiros ficam com os ati-vos bons, e o banco mau garanti-

do polos contribuintes fica commerda previamente avaliada apreço de ouro por “um ou váriosperitos independentes”.

Em todo o caso, há que lhe re-conhecer umha certa utilidadeaos bad banks: servem para en-cobrir quem é que paga finalmen-te a conta.

Dívida pública: Das distintas al-ternativas que um Estado tempara se financiar, pedir empres-tado é umha delas (os impostose a criaçom de dinheiro som asoutras). Dívida pública é, por-tanto, a totalidade dos recursosfinanceiros devidos polo Estado(em sentido amplo) num mo-mento dado.

A forma habitual em que osEstados conseguem esses recur-sos emprestados é emitindo títu-los, que outorgam ao possuidoro direito de cobrar umha quanti-dade no final do prazo estipula-do (valor nominal ou de reem-bolso) e, nalguns casos, tambémum juro periódico (cupom).

O Tesouro espanhol, porexemplo, emite os seguintes tí-tulos representativos de dívidapública: letras, bónus e obrigas.Todos tenhem um valor nomi-nal de 1.000 euros, sendo a suaprincipal diferença o prazo devencimento (de 3 a 18 meses, le-tras; de 2 a 5 anos, bónus; maisde 5 anos, obrigas). Os títulossom emitidos, com carácter ge-ral, por um procedimento de su-basta. Esta subasta, que segueum calendário publicado a co-meço de ano, constitui o merca-do primário de dívida pública.Os títulos já emitidos seguemnegociando-se depois no mer-cado secundário, sendo a coti-zaçom neste mercado a que seutiliza para calcular o famosoprémio de risco (ver anteriorentrega do NOvAS).

A principal possuidora de dívi-da pública espanhola é a banca e,em conseqüência, a maior benefi-ciária dos altos juros pagados po-lo Estado. Por isso é também aprimeira interessada em que a dí-vida se pague, ainda que seja (ougraças a que é) à custa de servi-ços e direitos essenciais.

11acONteceNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

continuamos com a definiçom de termos necessáriospara entendermos o contexto da situaçom atualecONOmia

Dicionário da crise económica (II)O ‘BaNcO mau’ assumirÁ a GestOm de “determiNadas cateGOrias de activOs esPecialmeNte daNadOs”

o banco mau buscaevitar que bancos

traguem a sua peçonha

a principal possuidorade dívida pública

espanhola é a banca

CIG-Banca denúncia que a reforma financeira aniquila NovagaliciaA.L. / A finais de agosto o ministrode Economia espanhol, Luis deGuindos, apresentou mais umhareforma financeira em que se de-senvolven algumhas das condi-çons que se recolhiam no Memo-rando de Entendimento estabele-cido a partir de Bruxelas para que

o Estado espanhol recebe-se o em-préstimo para ajudar à banca.CIG-Banca analisou quais serámas conseqüências para Novagali-cia Banco desta nova reforma, eassinala claramente que se cami-nha cara a sua aniquilaçom. Se-gundo o decreto, o entidade gale-

ga topa-se num “proceso de reso-luçom” e desde o sindicato nacio-nalista aponta-se que no melhordos casos “a entidade será des-mantelada, passando os ativos tó-xicos para o denominado 'bancomau', enquanto que o resto dosativos e o passivo podem passar à

denominada 'banca ponte'”. Assi-mesmo, mostra a sua preocupa-çom polo futuro do pessoal labo-ral da entidade bancária.

Por outra banda, o Real Decre-to apresentado por De Guindosacatou os mandatos europeus àhora de impor quotas de até o 70%

para os clientes que contam comparticipaçons preferentes e dívidasubordinada. Cumpre lembrar-mos que na Galiza, muitas famí-lias se vírom enganadas paraguardar o seu dinheiro nestes pro-dutos financeiros e agora nom po-dem recuperar os seus aforros.

ativos tÓXicos relacionados com o setor imobiliário

passarám para o 'banco mau'

No dia 7 de outubro Vene-zuela irá ter de novo elei-çons presidenciais, e a Ga-liza também entrará na cam-panha. As relaçons entre osdous países som mui fortes,e as repercussons políticasvam de umha banda à outrado Atlántico. Milhares gale-gos emigrárom para a Vene-zuela e continuam a morarnesse país, mantendo gran-de protagonismo na vidapública, tanto como militan-tes destacados do chavis-mo, quanto como protago-nistas da oposiçom.

R.C. / Esta realidade polimorfa re-duz-se para os meios galegos, po-rém, a “30.000 galegos (que) pa-decem a ira de Chávez na vene-zuela”, como dizia um significati-vo título do El Correo Gallego. Osagentes desta propaganda -se-gundo a qual desde o triunfo dochavismo os galegos sempre apa-recem como “atemorizados”,“sob a bota de Chávez”, que “vi-vem com o temor aos raptos, rou-bos e assassinatos” ou sendo “osmais atacados na venezuela”,coincidem curiosamente com osque elaboram intoxicaçons arre-dor do independentismo galego.O paroxismo desta coincidênciafoi a reportagem -em que o NOvAS

DA GALIZA era citado- publicadapolo jornal El Mundo em 2011 eintitulada “Chávez financia o in-dependentismo galego”.

“O país dos ananos”Fraga chegara em 1989 à Juntada Galiza graças a umha miste-riosa saca de votos chegada davenezuela, e quando deixa a mes-ma em 2005, Rajoy culpará emconversaçom com o senador dosEUA Mel Martínez o presidenteHugo Chávez, quem teria seqües-trado sacas de voto imigrante. Oimportante centro de oposiçomao chavismo que é a HermandadGallega estivo presidida por Feli-sindo López Lorenzo, líder do PPna venezuela. Nessa instituiçom,María Cristina Iglesias, a outraministra galega bolivariana juntocom Farruco Sesto Novás, foraatacada, cuspida e insultada porelementos da burguesia galego-venezuelana. Também o cônsulvenezuelano na Galiza, DavidNieves, fora insultado por reacio-nários em Baiona. Outra das ca-ras mais conhecidas da oposi-çom, é a galega Carla Angola,

apresentadora da Globovisión,que dera cobertura ao golpe deEstado de 2002.

Julio Fariñas promove golpistasEnviado especial na venezuela,Miami, Cuba... Julio Á. Fariñas éo especialista de La Voz de Gali-cia em propaganda contra os mo-vimentos emancipadores deAmérica do Sul e contra o inde-pendentismo galego desde osanos oitenta. Coincidência queveremos em mais personagens.Em março de 2006 Fariñas entre-vista o prófugo Juan FernándezGómez, um ex-diretivo petroleirode origem galega sobre quem re-cai umha ordem de detençom portraiçom à pátria, sabotagem, ins-tigaçom a delinquir, rebeliom ci-vil e falta de abastecimento degás, durante o paro patronal de2002-2003, e que se achava emCarral na casa paterna. A entre-

vista apresenta o golpista como,“a grande esperança branca”, jáque “de facto, dentro e fora da ve-nezuela já se fala dele como opossível líder da nova oposiçomvenezuelana”. A própria oposi-çom venezuelana burlou-se na re-de da entrevista, ao desconside-rar o carisma de Fernández. Em2007 volta a entrevistá-lo em Cu-raçao, nas Antilhas Neerlandesas,pondo em títulos a alarmista de-claraçom de que “Setores do cha-vismo já colocam faixas contra osimigrantes”. Superaria-o em 2010Domingos Sampedro numha en-trevista, também em La Voz, ao

alcalde maior do distrito metro-politano de Caracas: “Com HugoChávez fijo-se apologia da violên-cia contra os galegos”

Escudeiro de Eloy VelascoO juiz da Audiência Nacional es-panhola Eloy velasco, encarrega-do do processamento de várioscasos contra independentistas ga-legos, está também a manter vá-rios braços-de-ferro com as auto-ridades venezuelanas. O que foradiretor da Justiça com Zaplana,foi denunciado por prevaricaçomao supostamente ajudar o gene-ral golpista Néstor GonzálezGonzález -requerido por tribu-nais venezuelanos pola participa-çom no paro petroleiro, homicí-dios, atos de terrorismo e sabota-gem- ao suspender umha citaçomcom o mesmo perante a possibili-dade de que a testemunha pudes-se ser reclamada pola venezuela.

Em 2010 iniciou umha série dedeclaraçons contra o governo davenezuela, a que acusa de “coo-perar” com as FARC e a ETA. Amesma tese que sustém o FiscalGeral da Audiência Nacional, Ja-vier Zaragoza, amigo de Julio Á.Fariñas desde a operaçom Néco-ra, e a quem agasalha com entre-vistas exclusivas sobre a perse-guiçom da resistência galega po-la Audiência Nacional.

No tira-puxa por mor das ex-tradiçons entre Espanha e a ve-nezuela entra precisamente denovo o jornalista de La Voz. Pri-meiro com umha reportagem emque qualifica o Estado bolivaria-no de "refúgio confortável paraos etarras em apertos" e a finaisde 2011 com um lamentável epi-sódio arredor do galego Alejan-dro Iglesias, buscado pola justi-ça venezuelana por assassinar asua parceira queimando-a viva.Detido em Santiago de Compos-tela, Eloy velasco negou-se aaceitar o pedido de extradiçom.Fariñas noticiou o assunto ques-tionando a justiça venezuelana,e assinalando que "independen-temente das suas contas penden-tes com a Justiça, Alejandro Igle-sias nom tinha previsto ficar navenezuela por razons de segu-rança", sublinhando um supostoclima de violência contra gale-gos. O assunto acabou por se tor-nar umha telenovela por episó-dios, empregado para criticar aRepública Bolivariana por nomextraditar militantes bascos, atéque a mai da moça assassinadairrompeu criticando a politiza-çom do caso por Eloy velasco.

Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 201212 iNterNaciONal

os que informam da oposiçom venezuelana coincidem com os que intoxicam sobre o independentismo

propaganda anti-chavista na imprensa

a terra tremeOs meiOs traNsmitem umha imaGem da cOmuNidade GaleGa “atemOrizada” PeraNte huGO chÁvez

eloy velasco foi acusado de prevaricarem favor dum golpista

-"Los gallegos de venezuela temen que Chá-vez acabe con la propiedad privada",13/12/2001-"Miedo a la "revolución bolivariana". La co-munidad gallega de venezuela recela de la po-lítica de Hugo Chávez, a la que tachan de "ra-dical" y "comunista"", 3/1/2002-"El temor a la expropriación acelera el regre-so de gallegos de venezuela", María Cedrón,6/2/2007-"venezuela expropia casas y plantacionespropiedad de gallegos", María Cedrón,9/2/2007-"Los gallegos recuerda que Chávez sí fue ungolpista y apoyan al Rey", Xurxo Melchor,13/11/2007

-"Unos mil gallegos dejan cada año venezueladesde que manda Chávez", J. Á. Fariñas,25/11/2007 -"Semana de angustia para los gal-legos de venezuela", Pedro García Otero,9/2/2008-"Un asesinato y un nuevo secuestro aterrori-zan a los gallegos en Caracas", LauraLópez/R.G., 5/3/2008-"Los gallegos emigrados en venezuela vivencon el temor a los raptos, robos y asesinatos",16/3/2008-"Los gallegos, entre los más atacados en ve-nezuela", 27/7/2008-"Las expropiaciones del chavismo empiezana tocar a firmas de gallegos", María Cedrón,30/7/2009

-"Solo la vejez y el clima retiene aún a los gal-legos en venezuela", Pedro García Otero,13/1/2010-"Con Hugo Chávez se hizo apología de la vio-lencia contra los galegos", Domingos Sampe-dro, 11/7/2010, entrevista com Antonio Ledez-ma Díaz-"Gallegos de venezuela, pendientes de las ur-nas para decidir si regresan", Pedro GarcíaOtero, 19/9/2010-"La ocupaciçon forzosa de hoteles asfixia aempresarios gallegos en venezuela", CristinaTorres (Caracas/Servicio Especial), 12/3/2011-"Los emigrantes gallegos en venezuela temenpor su futuro. Bajo la bota de Chávez", CristinaTorres, 13/3/2011

Venezuela através de ‘La Voz’

Hermandad gallega de caracas, instuiçom com presença da burguesia galego-venezuelana antichavista

JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / TerritórioSetentrional da Península Escandi-nava e de Kola, dividido entre qua-tro estados (Noruega, Finlândia,Suécia e Península de Kola-Rúsia).Além das populaçons nortenhasdestes povos existe um Povo Aborí-gene, o Sami, que nos últimos anostem-se beneficiado da crescente in-ternacionalizaçom do território, po-la queda da Uniom Soviética. O re-conhecimento dos seus dereitos de

uso do território e de defesa do eco-sistema, com blindagens incluídosnas leis e na gestom: ParlamentosSami, Conselho Sami, Televisom eimprensa escrita própria, escolasgestionadas polos municípios ru-rais samis ou dos núcleos urbanoscomo linha particular (a opçom Ddos vascos), gestom do pastoreiodos renos e as suas rotas de pasto-reio, das terras e recursos da flores-ta e rios (os recursos mineiros e de

mar salgada de altura e a gestomdo turismo corresponde com fortesprotestos da populaçom sami-localaos Estados). Na província de Fir-mark e áreas setentrionais deTrons, umha lei denominada Co-munidade Firmark gestiona o 94%das terras destas áreas, num conse-lho de 6 pessoas 3 som eleitas poloPovo Sami e o resto polas provín-cias. O Autogoverno nota-se forte-mente nas áreas municipais e terri-

torias que contam com maioria Sa-mi no Rural e os arrebaldes urba-nos. A luita dos Samis para revindi-car a sua cultura e confrontar a po-lítica de assimiliçom e minoriza-çom, começa nos anos 70 e relacio-na-se com a reclamaçom dosrecursos naturais. O ParlamentoSami (povo) foi inaugurado na ci-dade de Karasjov no ano1989.

Além das Populaçons Origina-rias Samis e da Populaçom Geral,existe no território Sami de No-ruega e Suécia umha populaçomde fala finesa e origem medieval,os Kvens, que partilha, seqüelas

de minorizaçom, umha maneirade viver e considerar-se similaraos Sami. Algumhas aldeias no-rueguesas que vivem da pesca ar-tesanal pensam igual, no fundo,que os Samis. Estas comunidadesdesejam gestionar-se livremente,fortalecendo umha relaçom com aterra e a própria cultura, que fagaque a sua vida se veja nom marca-da, como no passado, polos esta-dos e multinacionais, e que a auto-determinaçom das comunidades edo Povo Sami e as suas institui-çons vertebrem esse território ca-da vez mais autocentrado e livre.

13iNterNaciONalNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

a luita dos samis para revindicar a sua cultura começa nos anos 70POvOs

Povo Sami / Território Sapmi

“sem portugal, o projeto nacional galego teriatido um desenvolvimento muito mais fraco”E. MARAGOTO / A presença dePortugal na literatura naciona-lista é tam esmagadora quenom poucas pessoas conce-bem a mera existência do Es-tado português como alicercefundamental da reivindica-çom da Galiza como naçom.A afirmaçom do elemento por-tuguês caracteriza as épocasde maior vigor do projeto ga-leguista e também nela costu-mam assentar as propostasmais rupturistas nas etapasde maior fraqueza do movi-mento. Porém, isto poucas ve-zes se traduziu num unitaris-mo organizado ao estilo irlan-dês. Quigemos saber porquêe fomos procurar respostasjunto de um historiador quenom é alheio ao debate. Ele foium dos fundadores de umefémero projeto jornalístico, ojornal ‘Já’, que nos anos 90lançou este debate no seio deum independentismo acaba-do de renascer e que quasemorre do susto.

existiria a Galiza, como projeto na-cional, se nom existisse Portugal?É difícil falar em termos de futurí-veis. Acho que teria existido, mascom um desenvolvimento muitomais fraco do que finalmente atin-giu. Nom devemos esquecer quepara os fundadores do nacionalis-mo galego, Portugal era um espe-lho onde olhar-se, e a sua presen-ça impedia, de algum modo, que acultura castelhana afogasse a ga-

lega. Além disso, há que ter emconta o reforço que implicava eimplica a existência de um esta-do-naçom consolidado como oportuguês, onde a maior parte dosreferentes identitários comunsdesfrutam de oficialidade.

Quem leia os principais vultosdo galeguismo fica, em relaçoma isto, com umha sensaçom bemdiferente a quem leia os estatu-tos das organizaçons políticas daatualidade.O que comentas foi e continua aser umha constante no nacionalis-mo galego. Para explicá-lo deve-mos ter conta que qualquer movi-mento que constrói umha certahistória, costuma reinterpretá-la,pondo em destaque aqueles aspe-

tos mais legitimadores da sua li-nha ideológica ou estratégica atuale esquecendo outros. Assim, o na-cionalismo que finalmente ficouvencedor (UPG-PSG), assumiu al-gumhas das tradiçons do naciona-lismo do pré-guerra como a figurade Castelao, por pôr um exemplo,mas esqueceu aqueles aspetos quenom lhe interessavam, como a in-tegraçom do lusitanismo no seupensamento político.

existiu unitarismo político gale-go-português? Quem o defendeuexplicitamente?Entre os estudiosos do tema, o de-bate nom é se existiu unitarismogalego-português explícito (doqual nom há nengumha dúvida),senom que presença tivo este den-

tro do galeguismo ou se alcançoucerta substantividade política. Esobre este último ponto, todo indi-ca que, até o primeiro terço do sé-culo XX, nom começou a desen-volver-se de forma definida.

Um dos seus máximos defenso-res dentro da tradiçom do Iberis-mo federal foi Antom vilar Ponte.No seu texto Pangaleguismo assi-nala, por exemplo, que a Galizatem que considerar Portugal co-mo o baluarte da independênciaespiritual galega. Mais adianteafirma que a Galiza considera queela, com Portugal, forma naçomcompleta, talhada polo fatalismohistórico. Qualquer pessoa que fa-ga uma leitura atenta do seu livroPensamento e Sementeira obser-vará que nom som frases tiradasfora de contexto.

Organizado também?Que saibamos, nom existiram ex-periências organizativas que levas-sem à prática o referente de reinte-graçom, se exceptuarmos algum-ha tentativa galega surgida em fi-nais dos anos noventa e ainda al-gumha outra por parte de fascistasportugueses como Rolão Preto.

Cabe perguntar-se por que nomse consolidou. Sem dúvida, a che-gada da ditadura de Primo de Ri-

vera ou do Estado Novo portuguêsnom ajudárom. Durante a II Repú-blica as relaçons com Portugaltambém diminuírom, cobrandoforça as ideias de tipo federalista.Ainda, para além dos elementos detipo psicológico em que nom vouentrar, devemos ter em conta o es-casso interesse que tinha Portugalem dificultar as suas relaçons comEspanha, ou o triunfo dentro do ga-leguismo de outros elementosidentitários que se sobrepunhamao lusitanismo, como o celtismo oruralismo ou, mais recentemente,o marxismo. Finalmente, tambémpudo influir a ausência de memó-ria sobre um passado político co-mum, ao contrário do que aconte-ce noutras realidades como a irlan-desa, por estar aquele muito maispróximo no tempo.

e na atualidade? aninha no rein-tegracionismo lingüístico?De facto parece natural que sejaassim. Sempre houvo setores doreintegracionismo que tivéromposiçons unitaristas. Também noindependentismo, embora a maio-ria das vezes nom fosse mui bementendido. Mas se tivermos emconta que as naçons, ao igual queas línguas, som produto de umhaconstruçom social, tam legítimo épensar que galegos e portuguesessomos um mesmo povo separadospolo fatalismo histórico, comoconstruir uma naçom com basenoutros referentes identitários co-mo o ruralismo, o celtismo ou omarxismo.

tiaGO Peres GONçalves, histOriadOr

“o debate nom é se existiu unitarismo galego-português explícitosenom que presença tivo este dentro do galeguismo político” alÉm miNhO

“as naçons, como aslínguas, som produto

de construçons sociais”

14 ditO e feitO Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

ditO e feitO “o que pretendemos denunciar através do caso dapraça de espanha som as incoerências do governo local”

‘açom Direta’ é umha iniciativapioneira em que a vizinhançadecidides pôr-vos maos à obradiante da passividade do Conce-lho de Ferrol. Como nasce aideia de vos organizardes?Foi um nascimento mui espontá-neo: um companheiro comentouque a Mina de Ponços estava emmui mal estado e propujo irmoslimpá-la. Ao grupinho que está-vamos ali pareceu-nos boa ideia,mas decidimos ir além, fazê-lo dejeito organizado, e visibilizar a si-tuaçom de desleixo que sofre omeio por parte das administra-çons locais. Assim começouAçom Direta, contando com agente da Assembleia de Desem-pregados da CIG e gente do teci-do associativo em geral. Pouco apouco, estamos a tentar abrangerum leque o mais amplo possívelde gente: já contatamos o Coleti-vo de Imigrantes e os sindicatos eforças políticas para que tiremum manifesto apoiando-nos. De-certo que há outras iniciativasmui semelhantes a nível local portodo o país, ainda que nós nom asconheçamos. O único caso para-lelo do que sabemos é o dumhavizinha octogenária de Sam Jur-jo, que farta do desleixo do Con-celho decidiu pegar na foucinha edesbravar as valetas da via.

Qual é o perfil de gente que par-ticipa em açom Direta?O interessante precisamente éque nom há um perfil determina-do! Há muitas pessoas desempre-gadas, mas também há muitasoutras que estám trabalhando.Umhas venhem pola consciênciaecológica, outras pola política, eoutras simplesmente porque que-rem preservar o património.Quanto às idades, a pessoa maisjovem que está a trabalhar con-nosco tem 22 anos, e a mais ido-sa, arredor de 62.

Daquela, pode-se concluir que oacolhimento entre a populaçomda zona foi mui bom, nom é?É, estamos mui contentes nestesentido. Pretendíamos chamar aatençom da cidadania para o es-banjamento do Concelho nuns

assuntos enquanto descuida ou-tros muito mais interessantes, e omelhor meio que topamos de exi-gir trabalho foi trabalhando. Àgente pareceu-lhe umha boaideia, e contamos aliás com bas-tante difusom nos meios de co-municaçom social. Já há quem es-teja a falar de exportar a ideia pa-ra a Corunha, de modo que nessesentido foi todo um êxito.

trabalhastes já na Bateria deSam Cristovo, num lavadoiro deCabana, e na Mina de Ponços.Que procedimento seguides um-ha vez escolhido o sítio que que-redes recuperar?A Mina foi o nosso primeiro obje-tivo porque se trata dum espaçode grande valor patrimonial. Oprimeiro que figemos foi contatara gente da Sociedade Galega deHistória Natural e da verdegaia,para que nos assessorassem arespeito das espécies que som ounom invasoras e de como traba-lharmos esse tipo de terreno. In-teressa-nos tanto o cuidado domeio natural como do patrimó-nio, de maneira que somos abso-lutamente respeitosos com am-bos. As açons como a do lavadoi-ro de Cabana som diferentes, sompequenas “açons surpresa” que

levamos a cabo antes dumha que-dada das grandes e com que pre-tendemos dar visibilidade à ini-ciativa ao mesmo tempo que ajei-tamos num par de horas umhazona do município.

entre os vossos objetivos está aparalisaçom da obra da Praçade espanha em Ferrol. em queconsiste esta obra que qualifica-des de “esbanjamento”?Esta obra é umha vergonha para

Ferrol. O Concelho tem já gastonela 16, 5 milhons de euros, e pre-tende agora criar umha zona ver-de com espécies foráneas, quan-do na vila temos já umha zonaverde com centos de árvores au-tóctones que ninguém se preocu-pa por cuidar. Aí ia construir-seumha aula ecológica, mas o pro-jeto ficou parado e o Concelhovoltou a permitir que se plantas-sem eucaliptos. O que pretende-mos denunciar através do caso daPraça de Espanha som as incoe-rências do governo local, que pa-trocina o Racing com 229.500 eu-ros com o lema “Ferrol, patrimó-nio da Humanidade” enquantodescuida de forma alarmante osseus pontos de interesse. Dumgoverno que está a tentar que selhe ceda o Monte-ventoso, queconta com umha antiga bateriaanti-aérea, enquanto esquece asbaterias que já tem. A nossa pro-posta é clara: está bem investiresses 700.000 euros, mas quere-mos que se invistam em empre-gar a gente que forme quadrilhasde limpeza e ajeitamento dos es-paços que já temos.

Se a vossa proposta fosse adiantee o Concelho vos contratasse,concluiria a experiência de tra-

balho comunitário que retomas-tes. Considerastes organizar-vosà margem da administraçom pa-ra recuperar essas velhas jeirasde comunitarismo ou a vossa rei-vindicaçom é ante todo sindical?Bem, o nosso objetivo a curto pra-zo é sobretodo sindical, como tudis. Ferrol tem uns índices de de-semprego alarmantes, que se po-deriam paliar fazendo um laborrealmente importante como o quenós estamos levando a cabo degraça. A ideia que defendemos éque se contrate o maior númerode gente possível a meia jornada ese estabeleça umha prioridadecom base nas rendas de cada fa-mília. Mas o certo é que, ao juntar-mo-nos, estám surdindo milharesde propostas que podem calhar odia de amanhá, como a de consti-tuir umha cooperativa de traba-lhadores centrada neste tema.

Novos projetos sobre a mesa?Claro, o que nos sobram som pro-jetos, porque a gente contribuicom muitíssimas ideias! Agora es-tamos trabalhando na Fortaleza,onde limpamos já centos e centosde metros quadrados. Ao limpar omato, aparecérom umha latrina eumha polvareira, para surpresados vizinhos do lugar, que admití-rom que nunca viram assim o lu-gar. Umha moça duns 30 anos co-mentou que de cativa vinha ago-char-se nestes esconderijos, que jádaquela estavam a monte. O resul-tado está sendo tam bom que esta-mos contemplando fazer no rema-te dos trabalhos umha romariacom música tradicional para quetoda a vizinhança poda redesco-brir um espaço que lhe pertence.

“Estávamos fartos de um Concelho queprefere investir em obras desnecessárias”

eNtrevista cOm susO PazOs, memBrO de açOm direta Para a recuPeraçOm de esPaçOs PÚBlicOs em ferrOl

O.R. / Contra as silvas, foucinhas; contra o desemprego, atividade; contra odesleixo da administraçom local, açom direta. Esta é a proposta dumha ino-vadora iniciativa ferrolana que vem somar-se às cada vez mais numerosasrespostas organizadas à crise: exigem trabalho trabalhando, ao mesmotempo que denunciam um Concelho que prefere investir em grandes obras

desnecessárias antes do que cuidar do património natural e artístico comque já conta. Após várias jornadas de limpeza, Açom Direta para a Recupe-raçom de Espaços Públicos recuperou já zonas de tanto valor como a Minade Ouro de Ponços, em Covas, que se crê da época romana e que foi a co-meços do XIX umha das mais importantes do País.

“com a limpeza a vizinhança está

redescobrindo lugaresque tinha esquecidos”

“o melhor meio queatopamos de exigirtrabalho foi mesmo

trabalhando nós”

“interessa-nos tanto o cuidado do meio

natural como do nosso património”

“ao juntarmo-nos, estám surdindo novaspropostas que podem

calhar amanhá”

“o nosso objetivo a curto prazo é

sobretodo sindical”

15a exameNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

a exame sem quase debate, está a desenvolver-se em madrid umha mudançalegal que acarretaria graves conseqüências para o litoral galego

Apontamentos sobre umha reforma daLei de Costas pensada para o negócio

No rascunho do anteprojetode Lei de Proteçom e UsoSustentável do Litoral, comque o governo do Estado pre-tende substituir a atual Lei22/1988 de Costas, nom se dáponto sem nó. Um diplomalegal de vinte e três páginasque, se for aprovado, irá mo-dificar totalmente a situaçomdas costas, voltando ao des-controle dos anos sessenta,setenta e oitenta. As costasficariam mais desprotegidas,ocupadas e urbanizadas doque com a lei atual. Mais um-ha vez, pretendem socializaras perdas causadas tanto po-la reduçom do uso público edas funçons ecológicas do li-toral, como polo aumentodos custos económicos, da-do que teremos de pagar asindemnizaçons por desas-tres ambientais que decertoirám aumentar. A justifica-çom é que com esta lei se ga-nhará segurança jurídica, noentanto a nova norma é mui-tíssimo mais arbitrária doque a anterior e produziriamais reclamaçons judiciais.

XIÁN NETO / Só dous som os pon-tos em princípio positivos: a obri-gatoriedade da inscriçom no re-gisto dos bens de domínio públi-co marítimo-terrestre (DPM-T) epublicaçom na web do Ministérioda Agricultura, Alimentaçom eMeio Ambiente das linhas de de-limitaçom (cousa que se começa-ra a fazer) e o outorgamento deconcessom aos Bens de InteresseCultural que ocupam o DPM-T.

Outras novidades nom neces-sariamente negativas som a pos-sibilidade de permitir bem naservidom de proteçom como noDPM-T (neste último caso só ex-cepcionalmente) a publicidadeintegrante das instalaçons ou ati-vidades permitidas ou que a ta-xa de ocupaçom das concessonsoutorgadas a entidades náutico-desportivas para o desenvolvi-mento de atividades nom lucra-tivas se reduza em 75%. No en-tanto, voltariam a ficar sem se-rem reguladas atividades cadavez mais habituais nas praias co-mo a prática do surf e tampoucose estabelece medida nenhumhano que diz respeito à conserva-çom e recuperaçom dos ecossis-temas litorais.

Polo contrário, tira-se da carto-la a já chamada "cláusula anti-Al-garrobico" que daria faculdadesao delegado do Governo parasuspender atos e acordos ilegaisadotados por entidades locaisque afetem a integridade nom sódo DPM-T mas também da servi-dom de proteçom. Suscitam-setrês questons sem respostas: autilidade dumha figura política,centralista e desconhecedora daLei, a possível invasom de com-petências quando se suscitar o in-cumprimento da Lei em servidomde proteçom nom afetando nemsequer indiretamente o DPM-T ea ausência de soluçons para osmilhares de construçons ilegaislevantadas desde o ano 1988 atéhoje bem no DPM-T como (muitoespecialmente no caso da Galiza)na servidom de proteçom e queficam pendentes de derrubo.

Mas o cerne do anteprojetoconsiste em modificar umha sé-rie de artigos e disposiçons da Leide Costas 22/1988 que procura-vam promover o uso público doDPM-T, bem como a libertaçomprogressiva das suas ocupaçons.A aprovaçom da nova lei favore-ceria a urbanizaçom do litoral e aperpetuaçom das construçons edos usos privativos nesse domí-nio público. As principais mudan-ças seriam:

- Aumento dos períodos deconcessom já outorgados de 30anos (ou 30 mais 30 nalguns ca-sos) para 75 anos. Por exemplo, acelulose da ria de Ponte vedrapoderia ficar até o ano 2063.

- As concessons em DPM-Tpassariam a poder transmitir-seinter-vivos, o que produzirá o seucomércio.

- As autorizaçons em DPM-Tpassariam dum máximo dum anopara quatro. Em muitos casosperder-se-ia o conceito de auto-rizaçom de temporada aproxi-mando-a de mais da concessom.

- A reduçom do conceito deDPM-T. O mais grave é que ape-sar de se continuar a falar de "on-de chegam as ondas nos tempo-rais maiores conhecidos", o pon-to 2 da disposiçom adicional se-gunda dá-lhe a volta ao dizer: "AAdministraçom Geral do Estadorevisará as delimitaçons nos ca-sos em que o limite interior dazona marítimo-terrestre se fixaratendo como referência os maio-res temporais conhecidos, quan-do estes, de acordo com as refe-rências comprovadas de que sedispugerem, nom alcançassem olimite estabelecido na delimita-

çom, em quando menos cinco ve-zes, nos dez anos imediatamenteanteriores à data em que se te-nha feito a delimitaçom, ou nafalta de referências conhecidasnesse período, nos dez anos ime-diatamente anteriores ao vigorarda Lei". Isto significa que dora-vante se usariam os máximostemporais ordinários como refe-rência, cousa que obrigaria a re-fazer todas as delimitaçons comos problemas jurídicos que im-plicariam quando nesta altura naGaliza está aprovada a delimita-çom de 99% da costa. Outra con-seqüência é que o DPM-T recua-ria, o que favoreceria a perma-nência de construçons e usosque, mesmo que só fosse por se-gurança de bens e pessoas, deve-riam ir desaparecendo com otempo. Os temporais extraordi-nários levariam todo por diante,mas a reconstruçom seria pagaentre todas e todos.

- A publicaçom, sem justifica-çom nenhumha, dumha lista dedez vilas onde o DPM-T de quefaziam parte zonas urbanizadasficaria sem efeito.

- A exclusom dos terrenosinundados artificialmente paraculturas marinhas e as salinasmarítimas do DPM-T.

- A diferenciaçom interesseiraentre praias urbanas e naturaiscujo fim nom se conheceria atése publicar o real decreto queaprovaria o regulamento quehaveria de desenvolver a novaLei porém, disque facilitaria aocupaçom privativa para os

usos especiais em detrimentodos usos comuns (livres, públi-cos e gratuitos).

- As construçons existentes emservidom de tránsito passariam ater um melhor tratamento, equi-valente às situadas no resto daservidom de proteçom. O maispreocupante é que, se o Ministé-rio nom emitisse relatório favo-rável dous meses após o pedido,este se consideraria positivo.

- Por último, a respeito da ser-vidom de proteçom há dous pon-tos muito graves. O primeiro, apossibilidade, excepcional porémreal, de que se poida reduzir nasrias a largura de 100m para 20mcom acordo do concelho, admi-nistraçom autonómica e estatalem funçom duns critérios topo-gráficos e hidrográficos obscu-ros. O segundo, o da disposiçomtransitória segunda que di que noprazo de dous anos desde vigo-rar a nova lei núcleos ou áreasque nom estivessem classificadoscomo urbanos em 1988 mas quecontassem com determinadosserviços públicos e que estives-sem em áreas transformadas eaptas para a edificaçom ou con-solidadas em metade ou mais dasuperfície e que atualmente te-nham certificado de urbanos po-deriam passar de tere umha ser-vidom de 100m para 20m.

Com certeza, o aumento da ur-banizaçom da costa galega, o in-cremento na privatizaçom dosusos no DPM-T e a progressomnas despesas públicas para in-demnizar e tratar de paliar os da-nos provocados polos temporaise vagas de mar tornar-se-ia realse fosse aprovada a nova Lei.

Xián Neto é ambientólogo,

e trabalha atualmente em

Guipúscoa no Serviço de Costas

O cerNe dO aNtePrOjetO É mOdificar as NOrmativas que PrOmOvem um usO PÚBlicO dO litOral

a celulose da ence na ria de ponte vedrapoderia ficar até o ano2063 com a nova lei

prevém mudanças parareduzir o conceito 

de domínio públicomarítimo-terrestre

pretendem socializarperdas causadas pola

reduçom do uso público do litoral

a nova norma é muito mais arbitrária

do que a anterior eprovocará reclamaçons

celulose da ence

Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 201216 a fuNdO

A.L. / Em julho os ministérios daFazenda e das AdministraçonsPúblicas emitiu um relatório so-bre o anteprojeto da Lei de Racio-nalizaçom e Sustentabilidade daAdministraçom Local que na prá-tica significa um novo impulsocentralizador do Estado que, ade-mais, eliminará todas as entida-des menores ao município. Estaatuaçom implica a eliminaçom devárias entidades locais menoresgovernadas por concelho aberto etambém impossibilitará o desen-volvimento jurídico das paróquiasconsignado no Estatuto de Auto-nomia de 1981.

Sobre a fórmula do concelhoaberto Joam Evans, secretário-ge-ral do Partido da Terra (PT), ex-póm que este tipo de governo vizi-nhal em democracia direta “temumha extensíssima tradiçom po-pular na Galiza e conseguiu so-breviver aos contextos político-ju-rídicos de cada momento”. Alémdo mais, refere que há estudos, co-mo o do investigador Fariña Ja-mardo Concellos abertos na Lí-mia, que relatam a continuidadedesta instituiçom.

Segundo indica Evans, a figurado Concelho Aberto contempla-seno artigo 140 da Constituiçom es-panhola e na Lei 7/1985, de 2 deabril, Reguladora das Bases do Re-gime Local, onde se permite a suaaplicaçom nos concelhos e “enti-dades locais menores” por baixode 100 habitantes e onde se consi-dere que é a fórmula mais apro-priada às circunstâncias geográfi-cas, históricas e sociais do entorno.Evans indica que “Fariña Jamardosugeria que na Galiza o sistema deConcelho Aberto deveria aplicar-se em todas as paróquias de me-nos de 1.000 habitantes, o que é to-talmente lógico e de facto se aplicaem lugares como a Suíça”.

A tensom que houve entre o Es-tado e as formas de democraciaparticipativas que se desenvol-viam no rural remonta ao séculoXIX e as primeiras legislaçons li-berais. Evans pensa que “a Cons-tituiçom de 1812 e as suas suces-soras tiveram o objetivo primáriode aniquilar a democracia direta eos sistemas sociais comunitáriossubstituindo-os pola primazia doestado total: apropriando-se dosbens vizinhais, arrecadando im-postos cada vez mais gravososdestinados ao fortalecimento deum aparelho repressor e expan-sionista, rachando os vínculos efórmulas de trabalho comunitá-rias e fomentando uma dependên-cia social cada vez maior”. Esta li-nha de atuaçom por parte do Es-tado estenderia-se até hoje com areforma que está a estudar o Go-verno espanhol e que eliminariapola primeira vez na história a fi-gura do concelho aberto para asentidades locais menores.

Democracia paroquialPor outra banda, a possível elimi-naçom de qualquer entidade maispequena que o município temtambém por conseqüência a desa-pariçom das paróquias. Isto trun-caria o desenvolvimento dum re-conhecimento jurídico destas en-tidades que se recolhe no Estatu-to, um processo que nom chegoua encetar-se devido ao desinteres-se dos diversos governos que ocu-párom a Junta da Galiza. Isto deulugar a que no território que atual-mente compóm a Comunidade

Autónoma galega existam menosdumha dúzia de entidades locaismenores enquanto há centos deparóquias que apesar de todo con-seguírom manter pequenos traçoscomunitários.

Segundo indica Evans, a demo-cracia paroquial subsistiu na Gali-za à margem da classe política“bem no contexto formalmentereduzido das 'Mancomunidadesde Águas', para gerir canalizaçonse esgotos, e nas 'Comunidade deMontes vizinhais em Mao-Co-mum' ou, onde o baldio nom foirecuperado, em assembleias in-formais convocadas para resolverproblemas pontuais ou para a or-ganizaçom de festas e trabalhoscomunais”.

Nos territórios da ‘Gallaecia’Evans salienta que “na Galiza nun-ca chegou a ser reconhecida a per-sonalidade jurídica da paróquia,ao contrário doutros territórios davelha Gallaecia como Portugal, asAstúrias ou Leom”. Assim, no quehoje é Portugal vigoram, especial-mente no norte, as Juntas de Fre-

guesia, extensons do municípioque em alguns casos som geridaspor democracia direta e que o atualgoverno português também pre-tende liquidar. Nas Astúrias umhalei específica dotou as paróquiasde personalidade jurídica assumin-do “o nível competencial vinculadoà gestom de propriedades em mao-comum ou relacionado com a ges-tom de serviços e a execuçom deobras em que predomine o contri-buto pessoal dos vizinhos”. Porém,Evans indica que “as competênciasatribuídas às paróquias neste casoforam muito reduzidas em compa-raçom com Portugal, Inglaterra oua Suíça, o qual, junto com o caráteroptativo da sua constituiçom, fijoque apenas umha percentagemmuito reduzida de paróquias re-corressem a este estatuto”.

Mais interessante é o caso do

Bérzio onde a paróquia tem um es-pecial dinamismo político organi-zada em assembleias e juntas vizi-nhais, também conhecidas como'pedanias'. Xabier Lago explicanuns artigos publicados na Webque estas instituiçons, “de origemmedieval, derivam da organiza-çom própria dos concelhos ruraisque compreendia os pedáneos eas juntas vizinhais como assem-bleia deliberativa e decisória doscabeças de família. As juntas vizi-nhais debatiam e aprovavam a suaprópria regulamentaçom geral deobrigado funcionamento, conheci-da como ordenanças concelhais.Estas ordenanças regulavam a ati-vidade política, festiva e agro-pe-cuária”. A notícia da possível su-pressom das pedanías levantouumha forte resposta no territórioberziano. Umha das vozes que seerguérom na defesa das juntas vi-zinhais foi a do alcalde de Bembi-bre que declarou aos meios de co-municaçom que “o que custa aoEstado um político como alcaldepedáneo é praticamente zero e oseu trabalho é impagável”.

a legislaçom espanhola suprimirá os últimos resquícios legais das paróquiasa fuNdO

em POrtuGal, astÚrias Ou leOm -a Gallaecia histórica- as Paróquias cONtam cOm PersONalidade jurídica

espanha contra a democracia participativa

O Governo espanhol estuda umha lei que reformulará a divisom territorial eliminan-do os resquícios que permitiam formas de democracia direta nas chamadas “entida-des locais menores” e que eliminará também a possibilidade de procurar umha re-

gulaçom jurídica para as paróquias. Com a escusa da crise, o Estado pretende afor-talar instituiçons coma as Deputaçons Provinciais, cujos membros nom som eleitosdiretamente em sufrágio universal, para aprofundar na centralizaçom do Estado.

tensom entre estadoe formas tradicionais

remonta-se ao século XiX

Democracia subsistiunas comunidades de

águas e de montes

‘marcHa verde’ do 10 de setembro em madrid

em defesa da democracia paroquial

17em aNÁliseNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

XAVI MIQUEL / A Galiza foi a pri-meira comunidade autónoma doEstado a elaborar um mapa pararegular as instalaçons de bio-massa mediante a biomassa flo-restal, admitindo que o empregoa grande escala deste tipo deproduçom energética precisadas chamadas culturas energéti-cas. As culturas energéticas somgrandes extensons de monte(até 100 hectares) plantadascom espécies foráneas (segundoo projeto que está a elaborar aConselharia do Meio Rural) pa-ra serem queimadas como com-bustível na utilizaçom destasinstalaçons. Tenha-se em contaque a Junta calcula que estasinstalaçons precisariam de cer-ca de 800.000 toneladas por anopara funcionar e que a dia de ho-je também se está a fazer um re-gisto de culturas energéticas. Asprincipais críticas dirigidas a es-te tipo de culturas decorrem dosimpactos ambientais desta mo-nocultura, com a perda de ferti-lidade do monte, já que se utili-zam todas as partes da árvore enom se deixa nengumha maté-ria orgánica, o uso abusivo depesticidas, a maquinaria pesadaque se utiliza para o abate e o

transporte das árvores ou a en-trada de gestom por parte dasempresas dos montes comunais.

Crítica da Uniom Europeia e problemas económicosApesar da intençom principal daJunta, atualmente nenhuma das12 instalaçons está em funciona-mento nem sequer construída.Um dos principais problemas

com que se encontram as empre-sas que querem construir estasinstalaçons é o Real Decreto queo governo espanhol aprovou emjaneiro deste ano, polo qual fica-vam suspensos todos os proce-dimentos de subsídios para asnovas instalaçons de produçomde energia mediante fontes re-nováveis. Isto fijo parar a cen-tral de verim (promovida pola

Norvento), a qual já tem todasas licenças exigidas. É que estenegócio nom pode avançar semos subsídios, tal como reconhe-cem as mesmas empresas. Noentanto, esta suspensom é sótemporária e em qualquer mo-mento podem chegar de novo ossubsídios, que som mui maiori-tários comparados com as ou-tras energias renováveis. Parapôr um exemplo, segundo dadosda empresa que quer construir ainstalaçom de Mondariz, estimaumha faturaçom anual de 9,3milhons de euros, chegando aamortizaçom em 7 anos e o res-to até chegar aos vinte anos daconcessom seriam lucros.

No aspeto ecológico, a Juntadefende que a queima de bio-massa para produzir energia re-duz os gases de efeito estufa e éumha aposta nas energias reno-váveis, um argumento defendido

por várias empresas e até polaUniom Europeia, a qual destinoumilhons de euros para a produ-çom florestal. O último progra-ma que fijo a UE para a Galiza éo Silvaplus destinado à produ-çom, transformaçom e o consu-mo de biomassa florestal comfins energéticos nas regions dePonte vedra e do Minho-Limaem Portugal, com fundos de565.000 euros. Mas o comitécientífico da Agência AmbientalEuropeia (dependente da UE)publicou um relatório em setem-bro de 2011 em que modificava apostura inicial da EU a respeitoda biomassa. O relatório assegu-rava que a queima de biomassanom reduz o dióxido de carbono(CO2) na atmosfera como se pen-sava. Antes ao contrário: poderiareverter em mais produçom deCO2 do que o que se consegue eli-minar com a plantaçom das ár-vores das culturas energéticas.

Os conflitos ambientaisNo aspeto ambiental, para alémdos impactos produzidos polasculturas energéticas, encontra-mos também os problemas os ge-rados polas instalaçons em si.Um dos mais preocupantes é o deobtençom de água, já que estascentrais necessitam de grandesquantidades de água para refri-gerar a instalaçom. No caso dainstalaçom de Mondariz, estáprevista a utilizaçom de 2.4000 li-tros de água por dia, que seriamrecolhidos do rio Tea, considera-do espaço LIC dentro da RedeNatura 2000. Ademais, há outrascentrais como a de verim que ne-cessitariam duns 600.000 litrosde água por dia. E ainda devemoster em conta as emissons poluen-tes que produz a combustom debiomassa, algumhas das quaispodem ser prejudiciais para asaúde. Finalmente, as entidadesque se oponhem ao projeto criti-cam que a eletricidade produzidanom será para os arredores dazona onde esteja a central e que,além de perder muita energia notransporte, entre 35-40% da ele-tricidade irá para fora da Galiza.

agência ambientaleuropeia assegura

que a biomassa nom reduz o co2

Fora das 12 instalaçons que a Juntapropujo no seu plano, há mais insta-laçons de biomassa em funcionamen-

to ou em fase de construçom que apesar denom estarem no mesmo projeto tambémutilizam o mesmo procedimento. É o casoda ENCE, a central de Ponte vedra, e a queestá a ser construída em Cesures, a qual vaiutilizar 60% do seu combustível mediante aproduçom de eucaliptos, mas que som con-sideradas como um processo próprio daempresa de transformaçom em pasta de pa-pel. Entre as destacadas das 12 instalaçons,esta a empresa Norvento que quer construira central de verim e a de Terra de Lemos, aparte da instalaçom de Alhariz, umha dasprimeiras da Galiza e que está a funcionar

desde 1999. Esta instalaçom foi incorpora-da ao processo do caso Campeom pola com-pra da Bioallarluz (a antiga empresa explo-radora da intalaçom e propriedade de AnxoQuintana) por parte da Norvento. Outra dasempresas é a Renova que está interessadana exploraçom da central de Curtis e quetem nas suas fileiras vários empresários be-neficiados do setor energético, entre elesIgnacio Mencos valdés, irmao do Marquês

de Nerviom e curmao de Esperanza Aguir-re. Pola sua parte, a central de Mondarizquer ser explorada por umha série de em-presas bem situadas no negócio eólico e quecontam com Manuel Iglesias Souza, ex-di-retor general da Indústria da Junta ou comJuan Rodríguez Yuste que ocupou várioscargos na Junta como conselheiro da Indús-tria e do Comércio de 1999 a 2005. Final-mente, cumpre destacar que na instalaçomque a empresa castelá AGD CyL quer insta-lar no Parque Empresarial de Trave (emCerzeda), já foi assinado um acordo com aFederaçom de Associaçons de Produtoresde Madeira da Galiza (PROMAGAL) paraque esta se encarregue do fornecimento debiomassa e madeira de eucalipto.

Empresas beneficiadasnorvento quer construir

a central de verim e a da terra de lemos

a administraçom galega planejou em 2008 um mapa de instalaçons com 80 mW em 12 centros de produçomem aNÁlise

O imPactOs desta mONOcultura PrOvOca a Perda de fertilidade dOs terreNOs NOs mONtes

a junta aposta na utilizaçom das culturasenergéticas para a produçom de biomassa

Durante os últimos meses som várias as empresas que estám a desenvolver projetosde centrais de biomassa para a geraçom de eletricidade. A aposta da Junta começouem 2008 quando planejou um mapa de instalaçons a partir de biomassa florestalcom um total de 80 MW repartidos entre 12 centros de produçom. O último capítulo é

a nova localizaçom da central de biomassa de Mondariz que a empresa ‘Enerxia Gale-ga de Biomasa’ há tempos que quer instalar no Condado e que a forte oposiçom vizi-nhal fijo mudar de sítio três vezes. No DOG de 19 de julho saía a nova instalaçom naLagoa do concelho de Mondariz, que foi alvo de centenas de alegaçons.

18 Palestra Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

Palestra a reconfiguraçom do nacionalismo e as eleiçons reavivam o debate sobre os pactos entre as forças de carater nacional e a esquerda estatal

Finalmente, e como já era previsível,o Governo de Espanha decidiu queas eleiçons à Comunidade Autóno-

ma Galega sejam no 21 de outubro, adian-tando-as praticamente meio ano.

Descontando evidentemente os resul-tados em três das províncias de EuskalHerria que celebram esse dia eleiçons eonde a partida se joga a um nível dife-rente, se quadra nunca antes fôrom tamimportantes umhas eleiçons no nossopaís como estas. Nom é que o medo doPP a perder esta praça seja infinito, queo é, senom que perder ou manter Gali-za é mesmamente estratégico para osinteresses do grande capital neste intreconcreto. Perante os cutelaços que es-tám por chegar desenhados nesse au-têntico eixo do mal Berlím-Bruxelas-Madrid que chega a Compostela atra-vés da Junta, necessitam manter insti-tuiçons obedientes e submissas, sim-ples correias de transmissom paraaplicar as brutais medidas anti-operá-rias e anti-populares, no nosso casotambem anti-nacionais. Perder as pol-tronas de Sam Caetano poderia trazerconsequências demoledoras para a es-tratégia do grande capital (...).

Devemos aproveitar qualquer fendapor pequena que for para meter cunhae agrandá-la, o sistema mesmo está emquestom e nom podemos prever qualserá a faísca que prenda o lume da to-jeira. Aqui nom se trata abofé de posi-çons maniqueias, que, por outra banda,adoitam ser anti-dialéticas: trata-se deaproveitar todas as frentes de luita carao mesmo objetivo, apontando todas asfrechas cara o alvo. O debate em conse-quência nom pode ser nominalista se-nom de conteúos, nom pode fomentar a“doença das dúvidas” que diria Luís So-to senom as sinergias entre as esquer-das galegas consequentes: vaiamos poisunidas sem medo ao combate, em alian-ça ampla, largacia, também na frenteinstitucional, com um programa singeloe clarinho de luita e mobilizaçom, umprograma de esquerda anticapitalistapara a libertaçom nacional e social, que

faga de apoio, e também de altifalantenecessário, para o processo de acumu-laçom de forças cara a rutura democrá-tica. Aí colhemos todas as tradiçons queem Galiza existem da esquerda conse-quente agás as posiçons oportunistas,dubitativas e/ou mornas. (...)

Os trabalhadores e trabalhadoras ga-legas, a imensa maioria deste país, agente do comum ou povo miúdo, comose denominava nas crónicas medievais,temos que entrar como um trevom comforça e voz própria no Parlamento doHórreo, esse parlamento de cartom queantes foi quartel, e fazer dele umhagrande barricada contra os mandatosgenocidas que venhem em alta velocida-de do eixo do mal. Eis a nossa responsa-bilidade revolucionária, eis a nossa tare-fa imediata, qualquer outra questom amaiores e no intre atual nom será maisque um exercício de efémeros fogos deartifício. E depois, num segundo mo-mento, ou em paralelo numha segundavelocidade, continuemos construindo eperfeiçoaando a organizaçom políticaanovadora que a Galiza trabalhadora doséculo XXI precisa e demanda.

Extratos dum artigo de opiniom particular publi-

cado anteriormente em www.frentepopular.gl. O

texto original foi publicado na normativa RAG.

Fagamos do Hórreoumha barricada

Carlos Ouvinha

Às vezes, as condiçons de fraquezapolítica levam algumhas forças atentar fazer da necessidade virtu-

de. É isso, em nossa opiniom, que explicao precipitado acordo entre várias forçasgalegas de esquerda reformista com um-ha de idêntica natureza mas diferente na-cionalidade, concreta e significativamen-te espanhola. Referimo-nos, claro, ao re-cente pacto entre Anova (EI, FPG e MpB)e Izquierda Unida, para juntas tentaremaceder ao Parlamento autónomo nas elei-çons de 21 de outubro.

Assistimos nas últimas semanas às di-versas argumentaçons com que defendê-rom a necessidade do pacto, confundin-do, como é habitual em muitas forças po-líticas, as necessidades do País com asnecessidades delas próprias.

Assim, vimos como apelavam às “cir-cunstáncias extraordinárias em que estaconvocatória acontece”, à “urgência dederrotar o Partido Popular” ou até ao ob-jetivo de “rebentar o sistema galego departidos” (sic). Os argumentos mais ela-borados até remontárom à Frente Popu-lar de 1936, à ferriniana Posiçom Soto de1992 ou, como nom, ao atual pólo sobe-ranista basco, que seica inclui um grupocindido de IU.

Em síntese, a suspensom do princípioelementar da auto-organizaçom galegaresponderia à sobranceira unidade da es-querda, priorizando essa ideia sobre oque a própria IU definiu como “o secun-dário debate identitário”. Na verdade, al-guns concluímos que a “contradiçomprincipal” foi a estabelecida entre a coe-rência e o oportunismo, sendo resolvidamediante a procura, a qualquer preço, deum lugar no Parlamento. Uns para recu-perarem o protagonismo perdido e ou-tros para tirarem proveito do cenário decrise e recomposiçom do nacionalismogalego.

Indo direto ao assunto, e antes de queme acusem de essencialista e etnicistapor defender a incontornável e perma-nente necessidade de fortalecer umhaefetiva auto-organizaçom em todas as or-dens da vida social no caso de umha na-

çom oprimida como a Galiza, direi que,coincidindo nisso com IU, tanto eu comoa organizaçom política em que milito,NÓS-Unidade Popular, evitamos perdero tempo em debates identitários. A nossanacionalidade galega resulta de umhavontade consciente e irrevogável.

Por isso, e ainda sendo conscientes daextrema fraqueza e dispersom da nossaesquerda nacional, em nengum caso re-correríamos ao atalho de um acordo su-bordinado a forças do regime que nega anossa naçom. O PCE foi no seu dia, nomo esquecemos, um dos agentes políticosque tornárom viável o atual regime mo-nárquico, unitário e capitalista espanhol.Continua a fazer parte da sua arquitectu-ra institucional e aspira, como tal, a recu-perar o protagonismo perdido no seio daesquerda social galega.

As eleiçons autonómicas passam e osproblemas de fundo permanecem, paraalém da sorte deste apressado experi-mento de articulaçom galego-espanhola,mais um de tantos a que temos assistido.

Porém, como nom somos alheios aosdesafios que o nosso povo trabalhadorenfrenta em plena crise capitalista, nempensamos que as soluçons a esses reptospassem por umha renúncia à autocons-truçom como comunidade nacional, de-veremos tirar as liçons correspondentesdeste episódio para avançar numha ver-dadeira articulaçom galega, soberana ede esquerda.

Maurício Castro é membro da Direçom Nacional

de Nós-Unidade Popular.

Por umha verdadeiraarticulaçom galega

Maurício Castro

confundem-se as necessidades do país comas das forças políticas

a “contradiçom principal”foi a estabelecida entre acoerência e o oportunismo

o debate nom pode ser nominalista senomde conteúdos

trata-se de aproveitar todas as frentes de luitacara o mesmo objetivo

perder ou manter galizaé estratégico para os interesses do capital

19a deNÚNciaNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

a deNÚNcia o coletivo ‘galicia con garzón’ apoiou o juiz no seu julgamento por escuitas ilegais

A absolviçom de BaltasarGarzón, acusado de prevari-caçom na investigaçom doscrimes do franquismo, cindiuo movimento pola recupera-çom da memória histórica.Por umha parte, quem consi-dera que a homenagem ao ex-magistrado é a melhor formade luitar contra a impunidadefranquista; pola outra, quemse nega a que a memória dosseus mortos fique vinculadaa esta personagem. A impli-caçom de Garzón em confli-tos americanos, e a sua pro-moçom para o Prémio Nobelda Paz, dérom ressonânciainternacional à polémica.

C.C.V. / Em 1977 foi promulgadaa Lei de Amnistia, elaborada en-tre outros polo PSOE e polo PCEe denunciada pola Human RightsWatch ou Amnistia Internacional,e que junto com a Constituiçomespanhola de 1978 blinda no Es-tado espanhol a investigaçom decrimes do fascismo considera-dos porém como imprescritíveispolo Direito Internacional. Em2006, várias denúncias apresen-tadas na Audiência Nacional con-tra assassinatos do regime fascis-ta -delimitado até o ano 1952, pa-ra evitar conflitos que chegam àatualidade- som encomendadasa Baltasar Garzón. Em 2008, aFiscalía determina que o juiznom é competente, e insta ao ar-quivamento. Entom, Garzónprioriza o seu protagonismo me-diático em detrimento da defesaefetiva das vítimas do franquis-mo: em vez de recorrer ao artigo204 da Ley de Enjuiciamiento Cri-minal, remeter atuaçons para oSupremo e solicitar a nomeaçomdum juiz especial para continuaro inquérito, profere um despa-cho declarando-se competentepara posteriormente inibir-se,com os conseguintes danos.Aliás, inicia a abertura de fossasde fusilados polo franquismo,sem ter em conta o protocolo fo-rense internacional aplicável noscasos de crimes contra a huma-nidade, destruindo provas, comoé habitual nas suas instruçons.

A negligência como práticaA armadilha mediática já estavafeita, e os meios espanhóis obri-gam a posicionar-se com Manos

Limpias ou com Garzón, queaparece como opositor ao fascis-mo correndo umha cortina de fu-me quando lhe venhem em ribaumha enxurrada de processos epolémicas: escuitas ilegais a ad-vogados no caso Gürtel; prevari-caçom, suborno e burla após re-ceber dinheiro do Banco Santan-der para lhe financiar os coló-quios nos EUA; e mais recente-mente, a libertaçom do narcoLaureano Oubiña -que enfrenta-va umha pena de 13 anos de pri-som por um delito de branquea-mento de 4,5 milhons proceden-tes de drogas ilegais- devido aumha péssima instruçom atravésde escuitas ilegais e “inconstitu-cionais”, o que equivale à anula-çom da produçom de provas, efe-tuadas por um juiz cujo nome oEl País nom quijo dar.

Por sua parte, o juiz galego Lu-ciano varela, instrutor da causaa Garzón por prevaricaçom nainvestigaçom dos crimes do fran-quismo, e pioneiro da introdu-çom e defesa do galego na ma-gistratura, opositor à política dedispersom dos presos indepen-dentistas galegos desde os anosoitenta, é apresentado comocúmplice das organizaçons deextrema-direita espanhola; sen-do o juiz andaluz proposto parao Prémio Nobel da Paz. Em julhode 2011, Garzón foi eleito mem-bro representante do Reino deEspanha no Comité Europeu pa-ra a Prevençom da Tortura e das

Penas ou Tratamentos Desuma-nos ou Degradantes (CPT) que otinha denunciado em diversasocasions. Em março deste anodemitiu-se para, segundo dixo,“evitar críticas à instituiçom”.

Divisom no movimentoAs reaçons fôrom rápidas por to-do o Estado. Os meios de direitaassanhárom-se com Garzón, e amaioria das associaçons pola re-cuperaçom da memória históricaapoiárom a campanha em defesaincondicional do juiz, que na Ga-liza se canalizou através do cole-tivo 'Galicia con Garzón', que lherendeu homenagem em janeiropara apoiá-lo no seu julgamentopolas escuitas ilegais aos advoga-dos defensores do caso Gürtel.Destacou na defesa mediáticaManuel Rivas, que realizou juntocom Isabel Coixet umha entrevis-ta-documentário. O coletivo gale-go, de que fam parte a UGT,CCOO, ou pessoas como XurxoSouto, víctor Freixanes ou Auro-ra Marco, lançárom um manifes-to que coloca Garzón como um“exemplo” para a justiça univer-sal, e de pessoa “mui querida” por

defensores dos direitos humanosdo mundo inteiro, como as Maesda Praça de Maio. As mesmas queno encerramento do Egin emití-rom um comunicado recordandocomo, quando Garzón assumiu ojulgamento contra a ditadura ar-gentina, “fomos aprendendo queGarzón tomava as suas decisonsde acordo com os cálculos políti-cos e nom em funçom da lei e dajustiça”, descobrindo ainda “overdadeiro rosto da Justiça Espa-nhola. [...] Os juízes da AudiênciaNacional mostrárom-nos os seusverdadeiros rostos: os mesmosque possuíam os juízes argenti-nos da ditadura e os mesmos queexibiam os juízes do nazismo”.Também o subcomandante Mar-cos dirigia duros qualificativos aGarzón, dizendo que “da mao daclasse política espanhola, está alevar a cabo um verdadeiro terro-rismo de Estado que nengum ho-me e mulher honestos pode versem se indignar”.

Defender a memória sem defender GarzónSimultaneamente, outras orga-nizaçons de vítimas do franquis-mo exprimírom o seu mal-estarpolas homenagens a Garzón, emparticular as organizaçons bas-cas e catalás. Assim, Associaçomde Familiares de Assassinadosde Navarra, dixo que “escuitarou ler os testemunhos de torturana Audiência Nacional é o maisparecido ao que escuitamos às

vítimas do 36”, afirmando que “omais horroroso que poderíamosfazer às vítimas do franquismo épormos a sua memória nas maosde personagens assim, que pre-tendem lavar o seu tenebrosopassado com a limpa bandeirados nossos fusilados. Que nomcontem connosco”. Na Catalu-nha, o deputado Joan Tardà la-mentava que a justiça espanholacondene agora Garzón e nomquando permitiu as torturas con-tra independentistas em 1992.Na Galiza, fôrom vítimas do am-paro de Garzón às torturas o co-munista corunhês Suso CelaSeoane em 1990, e os militantesdo EGPGC Chao do Barro e Ale-xandra de Queiroz em 1991.

No País os coletivos de recupe-raçom da memória histórica debase, alheios às ajudas institucio-nais posteriores à aprovaçom daLei da Memória História, som osmais críticos. Paulo Rico, da Co-missom de Memória Histórica daGentalha do Pichel que leva anosa recuperar a memória antifran-quista do bairro e da comarca,opina que "nom se pode entrar nachantagem de ter que escolherentre o franquismo ou Garzón.Nós temos claro que a recupera-çom da memória antifranquista éumha tarefa popular, desde bai-xo, sem nos deixarmos instru-mentalizar por nengum interessealheio à mesma; como tambémtemos claro que fai parte do nos-so trabalho recordarmos as tro-pelias contra os Direitos Huma-nos que Garzón efetuou na Au-diência Nacional, pois isso tam-bém é memória histórica". Tam-bém Nós-UP, umha organizaçomque tem retirado mais de duzen-tos símbolos franquistas das ruasda Galiza, acha "lamentável queGarzón, com o historial que pesasobre as suas costas, se torne norosto da memória histórica", de-fendendo um direito que "corres-ponde a todo o povo exercer demaneira participativa, crítica esem censuras", sem ter que "apa-recer como comparsa dum novoshow garzoniano".

Garzón cria divisom no movimento pola recuperaçom da memória histórica

diversas OrGaNizaçONs lemBram as tOrturas Na audiêNcia NaciONal esPaNhOla

vítimas do franquismoexprimírom o seu

mal-estar polas homenagens a garzón

forçam a posicionar-secom manos limpias

ou com garzón

Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 201220 em aNÁlise

situaçom alegal dos parques zoológicos e aquários na galiza: o caso do zoo de paderneem aNÁlise

A.R.G. / Após a do canguru morto,outra imagem: um repórter dumprograma da TvG, desses de for-mato magazine de meia manhá,achega-se a um tigre de grandetamanho, com as maos tremendo,enquanto pergunta a um homemde camisola com logo da empresabem visível, se o bicho é mansi-nho. Logo olha para a cámara econfessa aos espectadores quenunca tal pensara quando decidiuestudar jornalismo: estar ao ca-rom dumha tigresa de Bengala. Éa típica reportagem de 'que fazerno verao', realizada em agosto de2011 nas intalaçons que a empre-sa Córax Fauna tem no Concelhode Paderne. A televisom públicadeslocava-se naquela altura atéali para dar publicidade a umhaempresa que já acumulava váriasdenúncias por incumprir a regu-lamentaçom vigente.

No chamado “núcleo zoológi-co” de Paderne há dous tigres -um de Bengala e um siberiano-,um leom africano, boas constri-tor... Na sua web, a empresa apre-senta-se como umha consultorasobre a fauna e o meio, com “ati-vidades formativas” encaminha-das a “promover e divulgar o co-nhecimento da nossa fauna, tantoautóctone como foránea”. Fam“exibiçons itinerantes, atividadespara estabelecimentos de ensino,assessoramento a particulares eempresas, colaboraçom em docu-mentários e publicidade”. Querdizer, os animais que moram nes-ta finca do proprietário da Córex,Javier Ares, nom estám lá paraserem salvos e cuidados: estám amilheiros de quilómetros do seuhabitat natural para que alguémfaga dinheiro com a sua exibi-çom, com as suas fotografias ecom a sua utilizaçom em anún-cios da Tv.

Nom som acaídos os eufemis-mos de “estudo” e “formaçom”,quando afinal se trata dum zooló-gico privado, para fazer dinheiro,como o de Marcelhe. Na Galizatambém há animais em cativeirono zoo de vigo, nos aquários da

Corunha, Ogrobe, e o Museu doMar de vigo; e várias “exibiçonsde aves” em Lugo e Ourense.

Um leom que nunca sai da jaulaEm março de 2010, a Guarda Civilregista pola primeira vez o zoo dePaderne sem encontrar, naquelaaltura, nengumha das licençasprecisas para ter em cativeiro ani-mais de tam diversa procedência.Daquela, Javier Ares, dono dasinstalaçons, nom demonstrava “aprocedência legal das espécies aonom fornecer o certificado de criaem cativeiro". O zoo nom dispu-nha das licenças da Junta, mais naempresa asseguravam que estasjá foram solicitadas e estavam “aser tramitadas polas diversas ad-ministraçons”.

Em fevereiro de 2012, o porta-voz do projeto InfoZoos (criadopor quatro ONG para controlar asituaçom dos animais nos zoológi-cos do Estado espanhol), AlbertoDíez, demandava à Junta o encer-ramento do zoológico da Córax,por carecer das autorizaçons perti-nentes e das garantias de seguran-ça apropriadas para continuar aoferecer visitas ao alunado de cen-tros educativos como estava a fa-zer. Outra das preocupaçons dasONG's naquela altura era que a

empresa estava a ceder ou alugaranimais selvagens para usos publi-citários, um facto, contavam, “quepode produzir sofrimento aos ani-mais, e que em nengum caso podeconsiderar-se positivo para a edu-caçom do público nem para a con-servaçom destas espécies”.

A seguinte denúncia foi apre-sentada pola associaçom anima-lista Libera, em fevereiro, ante aJunta, e há uns poucos dias, a or-ganizaçom voltava a alertar paraa situaçom de “alegalidade” dozoo de Paderne, responsabilizan-do o Governo de “permitir a aber-tura das instalaçons e nom tomaras medidas para o seu encerra-mento cautelar, já em 2011”. Emparalelo, o grupo parlamentarverdes/Aliança Livre Europeiaapresentava umha iniciativa no

Parlamento Europeu para pôr emconhecimento da Comissom a si-tuaçom deste parque que, alémde nom cumprir a Lei de Zoológi-cos, também passa por riba da di-retiva europeia.

Segundo referiu ao NOvAS DA

GALIZA Rubén Pérez, coordena-dor da Libera na Galiza, esta é jáa segunda denúncia apresentadapola organizaçom contra o zoo dePaderne, já que as instalaçons“nom cumprem os padrons míni-mos legais para garantir a segu-rança e integridade” das pessoasque as visitam.

Das jaulas de ferro às pedras de mentiraSegundo a Lei de zoológicos, es-tes devem estabelecer e partici-par de programas de conserva-çom "ex situ" de espécies de faunasilvestre. Para que se cumpramestes objetivos, os zoos tenhemde ser umha fonte de conheci-mento científico à disposiçom deuniversidades, de instituçons de-dicadas à investigaçom e de orga-nizaçons comprometidas com aconservaçom da natureza, en-quanto educam o público paraque seja ciente da necessidade deconservar a biodiversidade. O ve-lho conceito de zoológicos à ma-

neira de espectáculos circenses,com bichos trazidos dos confinsdo Mundo, metidos em enormesjaulas de ferro, há tempos que foiultrapassado. Porém, segundodim membros da Libera, em Pa-derne parece que ainda acreditamno emprego dos animais comomeros instrumentos de que tirarrendimento.

“No zoo de Paderne existe a pos-sibilidade de tocar os animais; o ti-gre, por exemplo, um animal quepode matar umha pessoa sem difi-culdades. Duvidamos que tenhamos meios adequados para contar-restar um ataque deste tipo, se vi-nhesse a acontecer. Além disso, te-nhem um expediente aberto daJunta por incumprir a regulamen-taçom, e continuam a prolongar si-tuaçons como a do leom, a quenunca sacam da sua jaula. É umsistema radicalmente oposto ao daconservaçom”, destacava RubénPérez. “Nom podemos opor-nosaos zoológicos, porque som umharealidade que contempla a legisla-çom vigente, mas o que nom se po-de permitir é que fagam deles umespectáculo, enquanto exploramos animais”, conclui.

Explorando animais e pessoasO porta-voz da Libera repassou pa-ra este jornal a situaçom dos par-ques zoológicos e dos aquários daGaliza, salientando que, por vezes,nom só se exploram os animais,como ainda os próprios trabalha-dores: “A empresa com que temcontratado o serviço veterinário doAquário da Corunha tem explora-do também os trabalhadores, aquem chegou a nom pagar noutrasinstalaçons do Estado”. Igualmen-te, Pérez ressalta que “a situaçomdos zoológicos e dos aquários naGaliza nom é boa”, já que em geralnom se desenvolvem os progra-mas de conservaçom como deve-riam, quando os há; as espéciesameaçadas juntam-se às que nomo estám; trocam-se espécies comoutros zoológicos, sem quase con-trole; quase nom há meios huma-nos para trabalhar com os animaise os que há costumam nom estarespecializados; nom existe enri-quecimento ambiental e os ani-mais “tenhem menor qualidade devida e desenvolvem comportamen-to repetitivos. Mas isto já é ineren-te à existência dos zoológicos, algocontra o que já nom podemos lui-tar. Outra cousa som os aquários,onde há muita mortalidade, mascomo os peixes dam menos pena,nom nos decatamos da sua situa-çom”, salienta Rubén Pérez.

A Libera solicitou ao Senado es-panhol, e posteriormente ao Par-lamento, um registo de parqueszoológicos, sem ter recebido ain-da qualquer resposta.

venha ver os tigres de Betanços e os cangurus de castro de rei

OrGaNizaçONs deNuNciam a situaçOm de jardiNs zOOlóGicOs e aquÁriOs Na Galiza

“alugar animais parapublicidade nom podeconsiderar-se positivo”

Em abril de 2009, um homem encontra à beira dumha estrada, emCastro de Rei, o corpo dum canguru inerte. Pensa que é um rapo-so mas, ao achegar-se, nom consegue acreditar. Está a milheirosde quilómetros de onde deveria estar, e ninguém sabe de ondesaiu. Em restaurantes da zona servem carne de canguru; a 25 qui-

lómetros, em Outeiro de Rei, está o zoo de Marcelhe, onde oscriam e também chos dam de comer; em Padrom vendem-nosnumha tenda... Tentámos desta volta examinar a situaçom de ale-galidade dos animais selvagens na Galiza, também daqueles quehabitam, “para a sua melhor conservaçom”, nos zoológicos.

“a situaçom dos zoológicos e dos

aquários nom é boa”

Ht

tp

://s

an

tia

go

yc

om

ar

ca

.bl

og

sp

ot.

co

m.e

s

nenos e adultos numha viagem organizada polo concelho de Frades ao zoo de paderne

ROCÍO FRAGA / Puidemos com-provar, nas últimas olimpíadas,como chamou a atençom o fe-minizado que estivo o meda-lheiro no caso do reino de Es-panha. Os meios nom faziammais que destacar o feito de asmulheres serem melhores des-portistas ou, quando menos, ga-nharem mais medalhas.

É importante ter em conta que,efectivamente é mui meritórioque os desportos onde competemmulheres sempre fôrom muitomenos patrocinados e, decerto,muito menos retransmitidos po-los meios de comunicaçom demassa. De feito, é nas Olimpiadasque temos ocasiom de ver mulhe-res desportistas de elite na práti-ca de desportos em que normal-mente só vemos as categoriasmasculinas ou directamente de-portes que nom vemos porquenom som futebol.

Neste verao chamou especial-mente a atençom como as mulhe-res ganhavam, tanto em despor-tos de equipa como o andebol co-mo em disciplinas mais feminiza-das como a sincronizada, em que,a propósito, nom há equipa mas-culina. Falava-se do desporto fe-minino como umha categoria emsi mesmo, algo que, logicamente,nom se fai com os desportistasmasculinos: fala-se do 'desporto

espanhol', dos 'atletas espanhóis'.A análise que isto implica podeser dupla: a que se pode fazer par-tindo de um sentimento de identi-dade, útil para destacar o que sediz no inicio do artigo, como num-ha sociedade patriarcal, onde osmeios de comunicaçom socialsom umha das principais ferra-mentas de transmissom de valo-res nom tenhem mais remédioque destacar a potência dos de-portes de elite praticados por mu-lheres. E depois está a análise deque se perpetua sempre a diferen-ça no tratamento, de que se con-sidera o desporto feminino comoum departamento estanque, jánom dentro do desporto, mas do

mediático, uma cousa assim co-mo: 'olha, as rapazinhas que bemo fam também!' o qual já partedumha perspectiva de inferiori-dade suposta que, evidentementenom é tal, como se vem demons-trando em múltiplas disciplinas,sem irmos mais longe as trainhasgalegas, que tenhem ganho com-petiçons de elite desde há já ummontom de anos.

Outra das cousas que me cha-mou a atençom foi como, impreg-nada por um espírito olímpico edesportivo, observei como as pró-prias desportistas em desportos deequipa analisavam as suas vitóriase derrotas baseando-se nessa des-portividade e na uniom da equipa,

mentres que nos clássicos mascu-linos sempre as análises eram defactores externos: arbitragem,equipa contrária... O que nos levaa pensarmos na contradiçom de seinteressa que o desporto femininoentre no jogo do capital ao mesmonível que o masculino para que, as-sim, as desportistas podam viverdo que fam ou se umha vez entra-do no jogo é impossível escapar ao‘despiporre’.

Evidentemente, a conclusom éque os desportos, umha vez queentram nas lógicas do mercadoperdem a qualidade de desportoe som outra cousa. Por que senonos prémios para umha seleçomque competia na Eurocopa ascen-diam a milhons de euros e nomera o caso nas olimpíadas? Onde,a propósito, sem prémios o fute-bol espanhol masculino nom ga-nhou, nem estivo perto. Era me-diaticamente muito mais interes-sante ganharem a Eurocopa, essaque enalteceu, junto com o mun-dial, esse sentimento pátrio, queencheu todo de bandeiras espa-nholas. Parece que os desportosolímpicos, onde salientou o tra-balho das mulheres, nom favore-ce a proliferaçom desse senti-mento, ou polo menos nom namesma medida ou nom é tam útilmediaticamente para nos espa-nholizarem.

21mediaNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

umha vez que entram nas lógicas do mercado os desportos perdem a sua própria qualidade inerentemedia

A mulher olímpica nos meios de massascONsidera O desPOrtO femiNiNO cOmO um dePartameNtO estaNque freNte à heGemONia masculiNa

nas olimpíadas chamou a atençom ofeminizado que estivoo medalheiro espanhol

os desportos olímpicosnom favorecem a

proliferaçom do sentimento pátrio

autoDeterminaçom

Direito De autoDeterminaçom, um potencial DemocrÁtico

texto de henrique del Bosquezapata, prologado por uxío-Breo-gán Diéguez cequiel

editam: causa galiza e a fenda8 euros (com os gastos de envio)Breve e acessível manual sobre

o direito de autodeterminaçom e asua aplicaçom na galiza

versom em norma agal e rag

atlas histÓrico

atlas histÓrico Da galizae do seu contorno geográfico e cultural

texto de josé manuel BarbosaDesign gráfico e ilustraçom de josé

manuel gonçales ribeira50 euros (gastos de envio incluídos)edita: edições da galizaamplo percurso pola história da gali-

za através dos diferentes mapas de ca-da etapa a toda a cor

solicita-os em: [email protected] ou no telefone. 692 060 607

o conto Do apalpaDor

textos de lua sende e alexandre miguensilustraçons de leandro lamas15 € (gastos de envio incluídos)editam: edições da galiza e

a fenda editorialcuidada ediçom para criançasque aborda a figura do mítico personagem natalício34 páginas, 12 ilustraçons, tampas duras

22 cultura Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

cultura “trata-se de um intento de conhecer a história de algo que foi e que já nom é, a partir do próprio espaço”

PaBlO cayuela e xaN Gómez, realizadOres dO dOcumeNtÁriO 'fóra', sOBre O hOsPital PsiquiÁtricO de cONjO

Como surgiu o documentário?PaBLO CayueLa: Surgiu nas jorna-das que houvo no mês de abril doano passado, intituladas A memó-ria silenciada, que se desenvolvê-rom no bairro compostelano deConjo. Ali falárom Emilio Gonzá-lez e Antón Seoane, psiquiatrasde Conjo, sobre o processo de re-forma do psiquiátrico nos anos 70.Foi Maria do Cebreiro, co-guionis-ta do filme, quem assistiu, e trou-xo a ideia de fazer algo. Quadrou15 dias antes de terminar o prazopara pedir as ajudas da Agadic, edecidimos apresentar um projeto.O que ficou finalmente nom sei sese parece muito à ideia inicial, queera simplesmente pensar num es-paço, o Psiquiátrico de Conjo, doqual nom sabíamos nada, e emque se produzírom, a nível mi-croscópico, muitos factos políti-cos, que também existírom a nívelestatal. Começamos a olhar histó-rias que agachava o lugar, e tenta-mos registá-lo todo, nom de umhamaneira narrativa, senom atravésde determinados espaços: salasem que se cruzavam os homens eas mulheres, que os tinham sepa-rados, para terem sexo; ou as sa-las onde se faziam os electros-hocks... Trata-se de umha tentati-va de conhecer a história de algoque foi e que já nom é, a partir dopróprio espaço.

Foi um longo processo de docu-mentaçom... Como reunistes omaterial (vídeos, imagens, re-cortes de jornal, cartas...) ?XaN G. VIñaS: Primeiro houvoumha toma de contacto com osdocumentos e com os relatos, edepois começamos a ir a Conjo, aconhecer o espaço, enquanto con-tinuávamos a ler... Foi um proces-so de indagaçom, quase como umprocesso de investigaçom plural:nom foi umha estrutura de filma-gem clássica, senom que se mis-turárom os processos.P.C.: Em Novembro de 2011,quando em teoria já tínhamos queter terminado, conhecemos a Che-ma Ferreiro, quem foi psiquiatraem Conjo e albaceia de toda a do-cumentaçom guardada polos mé-

dicos que participárom da refor-ma. Ele tinha umha mala, de quejá nos tinham falado, com recor-tes de imprensa desde o 72 até o76-77 e alguns dos 80. Entre eles,a carta de despedimento de Ra-mom Muntxaraz, que é do 83. Eratanto, e tam valioso, que nom sa-bíamos como representá-lo na es-cala visual.X.G.: Se quadra todo esse materialfijo-nos ver umha realidade: queera impossível fazer nenhum tipode relato histórico acessível para oespetador. Mas, de algumha ma-neira serviu-nos de guiom mentalque nos permitira chegar a algocompleto. A quantidade de relatos,de histórias, de documentos quebota para fora umha instituiçomcomo esta é imensa, daria para vin-te filmes. Nom queríamos provo-car um sentido concreto sobre es-ses documentos, senom tentar quecada um fale por si, junto com avoz em off, que poderia ser a nossavisom, mas que nom é nada omnis-ciente, nom quer dar umha ima-gem completista sobre o que aliaconteceu, senom deixar que sejao espectador quem valorize.

Há umhas imagens em que saemos usuários do centro nas aulas deLaborterapia que som mui duras,sobretodo contra a instituiçom e autilizaçom económica que fai daspessoas que ali residem...X.G.: Som de um programa de

TvE, de 1983, intitulado GaliciaXa, e coordenado na altura porEnrique Banet. Figérom umha pe-ça, locutada por Tareixa Navaza,que chama a atençom pola suaveemência e por como era a tele-visom naquela altura, com umhalocuçom absolutamente crítica,que hoje seria inviável. Suponhoque hoje em dia este tipo de ima-gens seriam absolutamente pro-pagandísticas do que ali acontece.

P.C.: Son imagens que propujoMuntxaraz, para estabelecer umdebate sobre a situaçom das pes-soas no psiquiátrico -o programaera sobre psiquiatria na Galiza-, eposteriormente, penso que ape-nas uns dias após a emissom doprograma, foi despedido. Depoistenhem que readmiti-lo e cria-sejurisprudência sobre o direito acriticar a própria empresa.

Como se desenvolveu a reformaem Conjo? Porque se produzí-rom ali as condiçons para fazertais mudanças em pleno tardo-franquismo?P.C.: Juntam-se muitas cousas.Primeiro, o momento histórico:

havia greves em toda parte, de en-tre elas as dos MIR, que fôrommassivas. Para além disto, antesda de Conjo, houvera umha refor-ma em Oviedo, no 69, após a qualfôrom despedidas umhas cempessoas. Muita desta gente foi pa-rar a Conjo, com o objetivo ex-presso de reformar a instituiçompor parte do poder, já que a ma-neira de dirigir o psiquiátrico es-tava a ser mui criticada. A refor-ma começou-se como um proces-so do franquismo por lavar a carae trouxérom esta gente. Porém,houvo muitos choques culturaisentre os médicos de fora e os deaqui, segundo contou Emilio Gon-zález. Quando a reforma botou aandar, coincidiu que em Compos-tela havia gente mais ideologiza-da, e todo esse ambiente estourouem Conjo, onde se aproveitou oprocesso de mudança para radi-calizá-lo mais. Houvo enfronta-mentos com os gerentes, já que areforma inicial controlada chocoucom o que realmente queriam osmédicos, e com as reivindidaçonsdos pacientes. Houvo conflito echegárom os despedimentos.X.G.: Esse processo de democra-tizaçom tam radical acabou por sevoltar em contra da própria refor-ma pola esquerda, digamos. Essabusca de umha espécie de hori-zontalidade nas relaçons dentrodo centro também queriam levá-la à ausência de um classismo en-

tre os próprios médicos e isso eraalgo que nom queria ser assumi-do por parte de alguns. Naquelaaltura, houvo enfrontamentos en-tre os primeiros detentores da re-forma e toda esta série de médi-cos que fôrom despedidos por re-clamar que todo isto se levasse aumha democracia mais real den-tro da instituiçom.P.C.: Outro ponto importante foique a imprensa se posicionou emcontra do que estava a acontecerem Conjo, sobretodo El CorreoGallego. No 74, El Correo publicouum artigo começando com umhacampanha de desprestígio de Con-jo, falando do que consideravamum processo imoral, porque se-gundo contavam no jornal, os pa-cientes tinham relaçons sexuaisentre eles e com os médicos, Esta-vam a receitar preservativos, o queestava proibido, e havia mulheresgrávidas, sempre segundo este jor-nal. Isto radicalizou a cousa bas-tante, por um lado e por outro.

Como acabou a cousa?X.G.: Acabou cada um polo seulado, polo que sabemos. Muitagente alcançou certo renome nocampo da psiquiatria ou noutrosámbitos, mas de maneira mui dis-gregada. Polo que conta Emilio,alguns dos participantes fôrompara Andalucia ou Astúrias, ondea reforma tivo maior sucesso. Masna Galiza, a contra-reforma deConjo em princípio terminou como movimento, com umha repres-som bastante grande.P.C.: Foi o primeiro arranque, ou osegundo, se se considera o deOviedo, de umhas mudanças queposteriormente terminárom naelaboraçom da Lei Geral de Sani-dade do 86. Antes de que morres-se Franco, se aprovasse a Consti-tuiçom, se inventasse a Transiçome se tentasse reformular todo oacontecido no Franquismo.

A.R.G. / Inaugurado em 1885 polo Cardeal Payá, passou de maos da Igreja à Depu-taçom em 1969. Numha tentativa de lavar a imagem por parte dos seus gestoresfranquistas, começou-se umha reforma em 1973 que terminou por ser um pro-cesso revolucionário que andou os primeiros chanços do que seriam importan-tes mudanças na vida de pessoas usuárias e trabalhadores do centro. Neste do-

cumentário a história de um lugar, o Psiquiátrico de Conjo, entronca a história deum bairro e a história de umha cidade, com a história dos movimentos sociais epolíticos do tardofranquismo. Quer dizer, o que afinal é a história de um povo. Fil-me feito polos autores, sem mediar nenhumha empresa produtora, graças a um-has ajudas institucionais, as Ajudas ao Talento, que estám na corda frouxa.

“a reforma de conjo radicalizou as mudançasna psiquiatria dos últimos anos do franquismo”

“a reforma chocoucom o que queriam osmédicos e os pacientes”

“o filme quer deixarque seja o espetador

quem poida valorizar”

o médico emilio gonzález,em conjo, nos anos 70

23Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012 cultura

Na Galiza, e tamBÉm Nas caNÁrias, as tOuradas cONtiNuam a ser alGO alheiO, sem relaçOm cOm a cultura PróPria

NGZ / Na Galiza, e também nas Ca-nárias, as touradas continuam aser algo alheio, que apenas tem aver com a cultura própria.

No passado 5 de setembro astouradas voltárom, após seisanos, à televisom pública espan-hola, a TvE, poucos meses depoisde que o Conselho de Administra-çom do canal decidisse suprimirdo seu Manual de Estilo a proibi-çom da emissom deste tipo deeventos dentro do horário de es-pecial proteçom infantil. Naquelaaltura, o canal e os representan-tes das empresas dedicadas àstouradas defendiam que a mu-dança respondia a umha deman-da da audiência, enquanto as vo-zes contrárias viam na medidaum novo capítulo das arelas pró-taurinas do PP.

Apesar dos protestos, a co-meços de mês retransmitiu-se o“espetáculo taurino”, contáromos meios madrilenos, conse-guindo 12,7% de quota de pan-talha. várias fôrom as notíciaspublicadas nos meios pró-tou-radas que apoiavam a decisomda TvE, porém, numha segun-da leitura dos grandiloquentestextos podem ser tirados dadosinteressantes.

A pior audiência: na Galiza e nas Ilhas CanáriasNumha reportagem em que sealardeia de que os touros voltas-sem à Tv pública “pola porta gran-de”, publicada o 6 de Setembro nodiário madrileno El Mundo, recal-ca-se várias vezes a boa acolhidaque tivérom as touradas na au-diência, mas deixam vários dadossem analisar que som de granderelevância, e que costumam seragachados ou pouco destacadospola imprensa empresarial.

Numhas linhas por baixo dos

primeiros parágrafos, em que sefala da boa audiência, em geral,do evento, e da “acertada” deci-som dos toureiros de nom cobra-rem direitos de imagem e assimabaratar as emisons, despeçam-se os registros de audiência datourada por Comunidades Autó-nomas. Assim, enquanto é ressal-tado com letras negrinhas a boaaudiência que tivo o evento emEuskadi (12,9% da audiência,porcentagem só superada emMurcia, 24%; Castilla-La Mancha19,9%; e Aragom, 18,8%); e em

Catalunha (9,3%), deixam-semeio esquecidos num parágrafoas piores porcentagens, regista-das na Galiza e nas Canárias, on-de apenas vem as touradas 6% e5,2% respetivamente. Este dadorepete-se de ano em ano, e de ve-rao em verao. Enquanto os em-presários taurinos e certas intitui-çons turram por meter nas pro-gramaçons culturais de váriosconcelhos as touradas, o públicogalego revela-se pouco interessa-do nestes mal chamados espetá-culos, que terminam por nom ser

rendíveis, já que nunca fôrommassivos nem tenhem nada a vercom a cultura do País. De facto,para ilustrar estas linhas som es-clatrecedoras as cifras de três milespetadores ao dia, -entradas re-cebidas gratuitamente, a maiorparte-, que fôrom as registadosna Feira Taurina da Corunha, umtambém chamado “espetáculo”que recebe perto de 90 mil eurosprocedentes do Concelho, segun-do denuncia a organizaçom Gali-cia, mellor sen touradas.

Admitem a trámite umha queixapola emissom das touradasA associaçom Galicia, mellor sentouradas apresentou umha quei-xa, em protesto pola emissom dastouradas na TvE em horário in-fantil. Da associaçom lembramque existem diversos estudos quedemonstram que a visualizaçomem vídeo de “espetáculos” violen-tos como as touradas tenhem umimpacto negativo nos menores.No passado mês de dezembro, oParlamento proibiu a entrada demenores de 12 anos nas touradas,a partir de umha recomendaçomdo valedor, fundamentada num-ha outra queixa apresentada poresta organizaçom.

ourense acolherá o Xviii colóquio da lusofonia

as touradas nom interessam ao público galego

NGZ / Os Colóquios da Lusofoniasom eventos organizados polaAICL, Associação Internacionaldos Colóquios da Lusofonia, en-caminhados a “mobilizar e re-presentar a sociedade civil de to-do o mundo, para pensar e deba-ter amplamente, de forma cientí-fica, a nossa Língua Portuguesacomum”, contam as entidadesorganizadoras.

Este ano o evento será desen-volvido em Ourense, com o pa-trocínio do Concelho e o apoioda Fundação AGLP e da Asso-

ciação Pró AGLP, de 5 a 7 de ou-tubro. Dentre os oradores e ora-doras, chegadas de Portugal e doBrasil, também vam estar os ga-legos e galegas Alexandre Ban-hos, Adela Figueroa, ConchaRoussia, Carlos Durão, Martin-ho Montero, valentim Fagim eLuís Gonçales Blasco "Foz".

Este ano, para além de se des-envolver no País, o Colóquio ver-sará sobre “duas insularidadesculturais: Galiza e Açores”. Deentre os temas a tratar, paraalém dos habituais de literatura

lusófona, ensino e formaçom, as-sim como da homenagem contrao esquecimento de autores e au-toras pouco conhecidos, tam-bém se falará de temas própriosda Galiza, lembrando a autorescomo Ernesto Guerra da Cal, va-lentim Paz-Andrade e CelsoEmílio Ferreiro.

O evento inclui também apre-sentaçons de livros e atividadescomplementares de música eteatro, assim como a aberturade duas esposiçons de pintura ede arte plástica.

reclamam que o ano 2013seja o de fernández del riegoNGZ / Francisco Fernández delRiego cumpriria cem anos o anoque vem, no 2013. É por isto quea Fundación Penzol, entidadedependente da Editorial Gala-xia, começou umha campanhapara conseguir apoios no seuprojeto de denominar o 2013 co-mo 'Ano de Del Riego'. As ativi-dades que se realizem, contamdesde esta entidade, vam depen-der dos apoios públicos e priva-dos que consigam. Porém, já es-tám a falar da abertura de umhaexposiçom biográfica, a criaçomde umha web e a publicaçom de

um livro com informaçom sobrea vida e obra de Del Riego.

Francisco Fernández del Riego(Lourençá, A Marinha, 1912), foium intelectual galego, perten-cente à Geraçom Nós, que des-envolveu, desde os anos 30, umpolifacético trabalho de defesa eposta em valor da cultura e da li-teratura galega. Foi um dos prin-cipais artífices da Editorial Gala-xia e dirigiu, junto a Ramón Pi-ñeiro, a revista Grial nos seus pri-meiros cem números. No 60 in-gressou na RAG, instituiçom quepresidiria em 1997.

Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 201224 desPOrtOs

Começa a temporada 2012-13 de bilharda com a declaraçomoficial das pistas da LNB como “território galego ceivo”XERMÁN VILUBA / Os recentesacontecimentos sucedidos nosconcelhos irmaos de Sant Pere deTerelló e Calldetenes, cujos gover-nos municipais declarárom as suasvilas “Territori Català Lliure” porunanimidade, convidam no iníciode esta nova temporada de LNB a

declarar unilateralmente as pistasda LNB “Território Galego Ceivo".Isto consiste na sinalizaçom quetambém tu podes fazer efetiva rea-lizando o indicador de TGC parainstalar nas pistas de jogo das seisConferências que se vam pôr emandamento sem nenhum tipo de

ajuda nem amparo institucional.Todo autogestionado e coordena-do sob a grande Coroça da LNB.Anima-te e racha as cadeias parate unires à perigosa serpente mul-ticor da LNB e percorreres o paísinteiro com os paláns na mao e fa-zendo emergir o poderoso venda-

val de sons, letras e atitudes comque libertar o país inteiro. Seguesegundo a segundo a melhor Ligade Bilharda do mundo no facebo-ok e twitter oficial do varalBilhar-da e no incendiário ovaral.blogs-pot.com. Bilharda 2012-13 em Te-rritório Galego Ceivo Sempre!

d desP

OrtO

sameGrOve veNce a liGa GaleGa de traiNhas

David Blanco, da Efapel Glassdrive, foio vencedor da 74.ª volta a Portugal.Depois de ter ganho em 2006, 2008,2009 e 2010, o ciclista galego DavidBlanco confirmou o quinto triunfo naediçom 2012, tornando-se o corredorcom mais vitórias na volta a Portugal.

david BlaNcO veNce POla quiNta vez e fai história

Numha emocionante Liga Galega deTrainhas 2012, Amegrove revalidou oseu título de campeoa ao se impor na úl-tima das 19 regatas, a XXII Bandeira deBoiro. Sub-campeoa ficou a embarca-çom de Chapela, e ambas classificárompara o play off de ascenso à Liga ACT.

a ÉPica cOmPetitiva de kasParOv e karPOv melhOrOu a imaGem dO xadrez NO NOssO imaGiNÁriO cOletivO

MIGUEL MOSQUEIRA / Talvez fos-sem os mediáticos duelos polocampeonato mundial entre GaryKasparov e Anatoly Karpov na se-gunda metade da década dos oi-tenta os que convertêrom o xa-drez num verdadeiro desporto naGaliza. Considerado até entomcomo umha espécie de dominópara velhos ilustrados, ou passa-tempo de pimpins na escola, a épi-ca competitiva que desprendiamas batalhas entre estes dous joga-dores soviéticos serviu para mel-horar a imagem do xadrez no nos-so imaginário coletivo.

Assim, em inícios dos noventa,e como nunca antes tinha aconte-cido na Galiza, fôrom criadas de-zenas de novas escolas e clubesde xadrez. Ali, as novas camadaseram familiarizadas com os fun-damentos do jogo e os jogadoresadultos e autodidatas encontra-vam outras pessoas com quempartilhar o seu gosto polo xadrez.A confluência de clubes derivouna constituiçom da Federación ga-lega de xadrez, cuja missom con-

sistiu desde aquele momento emorganizar os campeonatos gale-gos individuais e a Liga galega porequipas. Neste 2012 temos na Ga-liza 3054 jogadores e jogadorasfederadas e 84 clubes registados.

Provavelmente a liga galega sejao torneio mais emblemático dacompetiçom de xadrez de cadatemporada. É realizada cada anoentre janeiro e maio. A categoriamáxima é a Divisom de Honra emque participam 12 equipas. Nomhá liga de xadrez do Estado espan-hol, os ganhadores das competi-çons autonómicas participam numcampeonato de 8 dias que dilucidaquem é o melhor do estado. Na Ga-liza, por baixo da Divisom de Hon-ra estám a Primeira divisom, que

se divide em 3 grupos de 12 equi-pas cada um. A Segunda, com seisgrupos e a Terceira com 11.

Na Divisom de Honra e, em me-nor medida, na Primeira divisom éhabitual que vários jogadores re-cebam um salário. Muitos de elessom profissionais na medida emque também trabalham como mo-nitores de escolas. O financiamen-to dos clubes depende normal-mente do subsídio dos concelhosou de algum patrocínio, como é ocaso de universidades ou de cen-tros privados de ensino. Outras ve-

zes som associaçons de qualquertipo que se juntam para jogar polosimples facto de dinamizar a vidade umha vila ou bairro. Um casoparadigmático de este último mo-delo é o da equipa Algalia de Com-postela, que se proclamou sub-campeom da Liga galega no ano2012, perdendo a final do play–offcontra o Universidade de vigo. Emequipas como esta, integrada poralguns dos melhores jogadores deGaliza, ninguém recebe salário, eas relaçom que se geram estám ba-seadas no companheirismo e na

fidelidade a um projeto coletivo. Para além disso, o resto do ano a

atividade deste desporto na Galizaestá centrada na disputa de peque-nos, medianos ou grandes torneiosorganizados polos diferentes clu-bes, e que tenhem umha duraçommáxima de umha semana. Algunsde eles tenhem a categoria de inter-nacionais e som abertos ao público.Um bom lugar para estar informa-do do que acontece no dia a dia doxadrez na Galiza é a web: www.ta-bladeflandes.com.

Outro aliciente destas competi-çons é que os seus resultadoscomputam para umha lista depontuaçom, lista de ELO, gestio-nada pola Federaçom Internacio-nal de Xadrez (FIDE) e que fun-ciona como ranking mundial. NaGaliza temos por volta de 600 jo-gadores com elo internacional. Ogalego com melhor pontuaçomneste momentos é o ourensanoIvan Salgado (1991) que foi sub-campeom mundial sub-18 em2009, e que está situado no núme-ro 138 do ranking.

O xadrez consolida-se paulatinamentedentro do panorama desportivo galego

em inícios dos 90,fôrom criadas

dezenas de escolas e clubes de xadrez

a declaraçom de váriasvilas como “territori

català lliure” inspiraa temporada da lnB

Fl

ick

r: g

ov

/ba

25desPOrtOsNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

sextO camPeONatO de tiraPedras da Galiza ceNtral

A competiçom organizada pola ‘Asociación Galega doXogo Popular e Tradicional’ conseguiu reunir meio cen-to de participantes na Praza das Coles de Melide no pas-sado dia 18 de agosto. Após os seis tiros regulamentá-rios, resultárom vencedores Paco Montanos (adultos) eIván varela (menores de 14 anos). Colaborárom o Con-celho e a Sociedade de Pesca Desportiva Ponte Maceira.

eurOfestival de jOGOs tradiciONais 2013 Na Galiza

O principal evento internacional de jogos e desportostradicionais será organizado por Brinquedia-Rede ga-lega de xogo tradicional, em Junho de 2013, numhasede ainda por decidir. O evento define quatro áreas -pontaria, luitas, bilharda e jogos infantis e de tabolei-ro- e desenvolverá umha intensa campanha divulgati-va, especialmente no ámbito do ensino.

trazer a 'vuelta a esPaña' fOrma Parte de umha estratÉGia mui Bem deseNvOlvida POr PP e PsOe

PEDRO PEOM / Ao meio-dia domartes 28 de Agosto partia de Pon-te Areias –apesar do concelho estarem falência– a primeira das cincoetapas que a ‘vuelta a España’ iapercorrer em terras galegas. Aí es-tavam repartindo afáveis sorrisosàs cámaras –era, aliás, o primeirodia de pré-campanha– o presidenteda Junta, o presidente da Deputa-çom de Ponte vedra e o alcaide que,apesar da delicada situaçom emque se encontra o concelho, tam-bém mostrou o seu lado mais afá-vel. Durante os quatro dias que se-guírom os titulares dos jornais–“Galiza rende-se à vuelta”, “Pai-xom pola vuelta”, “Semana mágicaem Galiza”– dêrom conta do suces-so quanto a público, mas tambémda dificuldade de encontrar verda-deiro jornalismo nos meios do nos-so país. Apenas um par de notíciasreferidas aos protestos das pessoasafetadas polas participaçons prefe-rentes, e nada a respeito do rejeita-mento à chegada da ‘vuelta’.

Em grande medida a ‘vuelta’ de-ve o sucesso de público à ingentequantidade de publicidade apareci-da nos meios de comunicaçom gale-gos tanto em forma de artigos -maisbem panfletos-, como de publicida-de pura e dura financiada com din-heiro público. As férias, e que as vi-las de passagem dos ciclistas fossemlugares especialmente turísticos, foium outro fator que ajudou a gente asair à rua. Por último nom se podeobviar que a passagem de umhaprova ciclista é um espetáculo, efé-mero, mas espetáculo.

Nom deixa de ser umha parado-xa que o ciclismo obtivesse um talsucesso nas estradas galegas. A len-ta agonia do ciclismo profissionalno Estado espanhol apenas encon-tra algum momento de melhoria en-tre o tempo que vai de um caso po-sitivo a outro –a melhoria é maiorquanto mais cerca está um ciclistaespanhol de ganhar o Tour–. Nos úl-timos anos um bom número de pro-vas de ciclismo profissional desapa-recêrom, e as que resistem fam-nocom mais pena que glória (a volta àGaliza foi das primeiras em finaralá polo ano 2000). Cada invernodesaparecem várias equipas profis-sionais, e o mesmo acontece com as

retransmissons em Tv das provas–os organizadores tenhem que pa-gar polas emissons–. E no entanto,apesar da desoladora paisagem dociclismo profissional atual, váriospolíticos galegos acham que gastarcentos de milhares de euros em tra-zer a ‘vuelta a España’ é umha dasmelhores formas de investir o din-heiro público. Afortunadamentehouvo gente que rejeitou energica-mente este disparate.

Além do sentido comum –o qualparece escassear–, há mais motivospara rejeitar a ‘vuelta a España’ nanossa Terra. Algo que também ha-verá que fazer em 2013 já que aVuelta partirá de Ponte vedra.

Do ponto de vista político pode-mos considerar/crer/querer que aGaliza nom é Espanha, e como aGaliza nom é Espanha, a ‘vuelta aEspaña’ nom pinta nada na Galiza.É puro sentido comum. Mas comojá dixem, o sentido comum é umbem escasso ultimamente. Por isso,ainda sendo um argumento válido,nom é suficiente.

Trazer a ‘vuelta a España’ formaparte de umha estratégia mui bemdesenvolvida polo Partido Populare o polo Partido Socialista que, im-pulsionada com veemência desdeos governos de Aznar e prossegui-da eficazmente polos de Zapatero eRajoy, tem por objectivo utilizar odesporto como umha ferramenta

de promoçom do nacionalismo es-panhol. Um nacionalismo espan-hol ressentido e rancoroso com asoutras naçons do território do Esta-do que se fixo especialmente pa-tente nos últimos anos. O impulsodo Partido Popular para a ‘vuelta’chegar a Galiza, é parte desta es-tratégia. Com certeza haverá quemdiga que é ingenuo observar nachegada da ‘vuelta’ umha questompolítica. Se calhar, mas é tam inge-nuo como pensar que os insultos abascos, cataláns e galegos duranteas celebraçons da seleçom espan-hola de futebol eram mostras ino-centes de um saudável sentimentopátrio. Mençom especial necessitao BNG. Que um partido político na-cionalista galego nom se pronunciepública e abertamente em contrada chegada da ‘vuelta’ é um errorecriminável; porém, que um con-celho governado polo BNG, Pontevedra, apoie financeiramente a‘vuelta a España’ resulta especial-mente lamentável e denunciável.

Do ponto de vista económico a‘vuelta a España’, antes que provadesportiva, é um negócio. Negócioque pertence à empresa Unipublic.Unipublic ideia o percurso em fun-çom de: 1) que o ganhador se deci-da quanto mais tarde melhor –epreferivelmente em favor de um co-rredor espanhol–, e 2) obter a maiorquantidade de dinheiro possível de

patrocinadores, publicidade e ad-ministraçons públicas. Acolher um-ha etapa da ‘vuelta’ oscila entre os15.000 euros, para a partida, e os100.000 euros para a chegada. Con-celhos, deputaçons ou comunida-des autónomas som quem paga poracolher as etapas, poucas vezes en-tidades privadas ou empresas ache-gam umha parte.

Nom resulta fácil conhecer o cus-to total da ‘vuelta’ na Galiza já quea transparência de contratos e con-vénios das entidades públicas nomé umha virtude mui estendida. Ape-nas os concelhos de Ponte vedra(80.000) e Dumbria (40.000) figé-rom público o custo. A Deputaçomde Ponte vedra negou-se a oferecerdados, mas o custo aponta para os150.000 euros, mais outros 70.000para o programa “Une-te à vuelta”.É umha incógnita quanto dinheiropúblico achegárom as Deputaçonsda Corunha e Lugo. Calcula-se queCompostela pagou 40.000, Ferrol80.000 e Palas de Rei por volta dos20.000 euros. No total, ao redor de500.000 –sem incluir publicidadeinstitucional em jornais, rádio e Tve outras atividades de difusom– dedinheiro público diretamente deita-do em maos privadas, mais umhavez. Com descaro os políticos apres-suraram-se a legitimar o investi-mento apresentando estudos comdados dos benefícios gerados emquartos de hotel, comidas e ceiaspara os restaurantes, promoçom tu-rística e mesmo combustível! E nommentírom, o dinheiro público foi di-retamente aos petos de uns poucosempresários, o resto ficamos comos benefícios que a retransmissomde Tv a 150 países –a maioria emcanais de pagamento– terá no futu-ro em turismo (o qual produze cala-frios ao pensarmos no modelo tu-rístico impulsado na Galiza). Háque dizer, em defessa da indepen-dência e a objetividade, que os da-

dos fôrom tirados de estudos que aprópria Unipublic realizou.

Seguindo os argumentos dos im-pulsores do evento, o investimentona ‘vuelta’ parece ter uns benefí-cios extraordinários. Que lhes pa-receria investir um euro e receberdez? Excelente, nom é? Pois essa éa rendibilidade estimada por Uni-public em caso de umha vila acol-her umha etapa da ‘vuelta’ –háanos que os especuladores bancá-rios mais sanguinários nom obten-hem tam alta rendibilidade–. Ape-nas os políticos que nos governamacreditam em tal rendibilidade, noentanto investem o dinheiro públi-co –o de todos e todas–, nom o seu.Ante tam magnífica rendibilidade,porque nom som os hotéis e res-taurantes os que investem direta-mente na ‘vuelta’, sem intermediá-rios? Quanto ao turismo, realmen-te é necessária maior promoçomturística da Galiza no Estado es-panhol através da ‘vuelta’? Se aresposta é afirmativa, para que ser-vem Turgalicia, o padroado de tu-rismo Rias Baixas e outros chirin-guitos financiados por administra-çons públicas? Como dizia, o senti-do comum é um bem mui escasso.

O ciclismo, como todos os despor-tos profissionais na atualidade, con-verteu-se num produto mais de en-tretenimento que apenas procura obenefício económico, a Vuelta a Es-panha é mais um outro produto. Háque lamentar que os políticos quedecidírom financiar com dinheiropúblico este produto, nom destinas-sem esse dinheiro a impulsar a bici-cleta como meio de transporte e odesporto de base. Os benefícios se-riam muito maiores para todos, enom apenas para uns poucos.

Mas quem goste de ciclismo, deciclismo como desporto de verda-de, é melhor que vaia ver umhaprova ciclista para crianças. Nestanom há maillots vermelhos, nemhelicópteros, nem imagens aéreasem Tv, nem polícia que nom dei-xa achegar-se aos ciclistas. Porémhá esforço, há diversom e há mui-tos rapazes, e muitas raparigas!cheias de ilusom. Em fim, o quehá é ciclismo.

Pedro Peom é ciclista

A ‘Vuelta a España’ na Galiza, ou como esbanjar o dinheiro público

a ‘vuelta’ deve o sucesso de público àingente quantidade depublicidade dos meios

trabalHadores do naval protestam ao passo da 'vuelta' por ponte vedra

26 temPOs livres Novas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

temPOs livres

MARIA ÁLVARES / No último arti-go de esta seçom, falávamosdos prejuízos que há ao redorda lactaçom materna e preci-samente por isso, nos últimostempos os grupos de lacta-çom tornárom-se em ferra-mentas quase imprescindí-veis para desenvolver o aleita-mento. Som lugares onde asmaes podem partilhar expe-riências e resolver dúvidas eproblemas; mas nom só: nes-tes tempos onde a criança co-lectiva está a desaparecer,som verdadeiras armas deempoderamento para as mul-heres que apostam por umhaoutra maternidade, mais pró-xima às suas filhas. Assim oreconhece Olalha Barros, pre-sidenta de Aleitar, um grupode lactaçom das Marinhas quenasce a começos deste verao.

Como e porque decidistes montar o grupo de lactaçom?OLaLHa BarrO: Na comarca dasMarinhas nom há nengum grupo,se precisares de algum tés que tedeslocar à Corunha ou a Narom.Pensamos que esta carência podeprovocar o abandono da lactaçomde muitas mulheres. Nós mesmasprecisávamos um espaço parapartilhar as nossas experiências.

até agora, parece que tivestes al-guns impedimentos (entre ou-tras cousas foi-vos negada a uti-lizaçom de um local paroquialpara estes fins). Que aconteceu?O.B.: O motivo principal polo quenos custou tanto encontrar um lo-cal em Minho (finalmente conse-guimo-lo) foi simplesmente pornom sermos do PP. Gostam deusurpar os espaços públicos e

usá-los para tirarem rendimentopolítico. Outros motivos som queintuem certas conotaçons políti-cas e aliás estes homens despre-zam qualquer cousa relacionadacom o cuidado.

Muita gente julga que os gruposde lactaçom som um apoio paraos problemas que podam surdirao desenvolver a lactaçom. Massom muito mais, nom é?O.B.: Os grupos de apoio som fun-damentais para termos umha ma-ternidade consciente. Nós temosisso claro e nom ficamos só naaleitamento, também somos umgrupo de apoio para a criança res-peitada. Umha boa lactaçom tema ver com este modelo de criança,pois fomenta-se o coleito, o porteoe o peito a demanda. Sabemosque quando fás as cousas de ma-neira diferente notas muito a faltade referentes, o solidom e as pres-sons sociais, pretendemos com-pensá-las nas nossas reunions.

Que implicam realmente paraumha mulher que acaba de sermae e se sente um pouco soaneste novo papel?O.B.: Implicam um espaço ondese apoiar e sentir compreendida.Frente ao modelo de supermamaefeliz com um bebé robotizado, es-tamos nós com as nossas expe-riências reais: com pós-partoscomplicados, com visitas e con-selhos que sobram, sentir-se ques-tionada, com problemas nos pei-tos, com dificuldade para fazerqualquer tarefa quotidiana, comcansaço, etc. Aqui vam achar umlugar onde poder desafogar-sedas pressons familiares e sociais ereconciliar-se com a sua materni-dade. Precisamos do grupo, da tri-

bo porque no nosso entorno ain-da é hegemónica umha criança debiberom, berço, toleráncia aopranto, nom levar no colo porquese “malcria”, métodos condutistase outros maus tratos. O disciplina-mento social começa por este tipode criança tam violenta.

Há muitas mulheres que aindapensam que se tenhem algum"problema" (como peitos peque-nos, mamilos invertidos, leitetardio...) é impossível dar o pei-to. Vós que pensais?O.B.: Sobre criança e lactaçom to-dos som mitos, como que há mul-heres que nom tenhem leite ouque o leite é mui aguado ou que épreciso dar o peito cada 3 horas.Estes mitos estám tam profunda-mente arraigados na nossa socie-dade (todas temos umha vizinha,amiga da mae, cunhada que mis-teriosamente nom tivo leite) por-que algumha multinacional, co-

mo Nestlé, se encarregou de di-fundi-los. O pior nom é que a so-ciedade esteja desinformada, opior é que as profissionais da saú-de nom sabem nada sobre aleita-mento. Por exemplo, eu tivemmastite e a médica quitou-me opeito (graças a estar informadasabia que deixar de dar o peitocom a mastite está contraindica-do) e, para a curar, tivem que re-correr à documentaçom geradapolas veterinárias porque nom háestudos sobre as mamíferas hu-manas, pois a nossa lactaçomnom produz mais-valia.

Que papel joga o homem-pai nahora de que umha mulher poidadesenvolver bem a sua lactaçom?O.B.: O seu apoio é fundamental,tanto emocional como físico. Pararesponder às demandas do bebé,tem que haver outra pessoa queforneça de todo o demais à mae.Se umha mae está soa, para além

de se deprimir, provavelmenteabandone a lactaçom polas pres-sons do entorno.

Hoje em dia ninguém discute osbenefícios do leite materno, masainda há muitos preconceitossociais quando umha mulher dáo peito. Quais som? Como se lui-ta contra estes?O.B.: Reparas nisso quando alei-tas na rua e olham para ti, há ol-hares horrorizados, sobretodo,quanto maior é a criança. Na rea-lidade todo está pensado para quenom dês o peito. Já desde o come-ço com a separaçom mae-criaapós o parto, nos hospitais há muipouca gente que saiba de lacta-çom ou que te ajude com o agarreinicial. Depois estám as curtíssi-mas baixas de maternidade quedificultam muito o mantimento dalactaçom. As baixas deveriam serno mínimo de um ano e em casode a mulher se reincorporar antesao trabalho deveríamos estar afei-tas a ver umha advogada, notária,caixeira, ou o que for, com o seubebé no peito. Isso seria realmen-te conciliaçom, agora o que existeé a obriga de escolher ou criançaou trabalho. vivemos numha so-ciedade onde a maternidade cons-ciente e, ainda mais, as criançasnom tenhem lugar. Aos bebésnem se lhes respeita a sua madu-raçom biológica. Afinal essa ca-rência primigênia é sublimada através do consumismo. As bebéso que precisam é contato físicoconstante, infelizmente hoje isto ésubstituído por um quarto bemequipado, brinquedos ou um ca-rrinho. Criamos a perfeitos consu-midores. E para luitarmos contraisto o fundamental é informa-çom, apoio e tribo.

A.L.R. / As luitas, como a energia,nunca morrem senom que setransformam. Tal reflexom podeextrair-se do documentário deSanti Martínez e César Caramésque nos mostra a evoluçom docombate que a populaçom das vi-las de Cuntis, Caldas e Moranhamantenhem desde os anos 90contra a construçom do encorodo Úmia. Resistencia ao encorodo Umia. A razón como defensa,que pretende também ser umhahomenagem para todas as vizin-

has e vizinhos que se opugéromà construçom da mega-infraes-trutura, expom em imagens asdiversas fases da luita anti-enco-ro: desde as primeiras manifes-taçons na rua até a atual reivin-dicaçom da sua demoliçom.

O encoro foi edificado polo Po-der, pola Administraçom e as cor-poraçons. Neste conflito do Úmiaevidenciam-se também quais somas ferramentas que este Poderemprega para efetuar com suces-so as suas agressons ao território:

ocupaçom ilegal de terras, repres-som, desobediência à Justiça epropaganda hipnótica. Todo istoviveu-se na bisbarra desde osanos 90 igual que se leva a viverdesde bastantes anos antes nou-tros lugares do Pais.

Se bem a inauguraçom do enco-ro produziu-se às portas deste crí-tico século XXI que habitamos, osacontecimentos que recolhem otrabalho de Martínez e Caraméscontam com os sabores dos velhosprojetos franquistas e das luitas

que a populaçom galega mantivoem pé nos 70, como a que tivo lu-gar nas Encrovas. A continuidadehistórica das últimas décadas fai-se evidente quando em vez de veros rostos maquilhados dos parla-mentinhos olhamos para o queacontece nos povos do nosso paise o espólio ao que tenhem que seenfrentar. Mas também nos parla-mentinhos se vem rostos que nosdeveram soar das velhas histórias.Em Resistencia ao encoro do Úmiapode-se observar o atual consellei-

ro de Meio Ambiente, Agustín Her-nández, no seu papel de presiden-te de Augas de Galicia a carom do“eminente” Xosé Cuíña no ato defeche das comportas do Úmia.

Mas as gentes de Cuntis, Cal-das e Moranha nom se rendemante todo este abuso e sabem quea luita deve continuar e que háque procurar novas perspetivas.Umha vez foi vencido o berro do'Nom passarám!' apenas fica de-rrubar o que foi construído ilegal-mente acima da nossa Terra.

eNtreliNhas 'resisteNcia aO eNcOrO dO umia. a razóN cOmO defeNsa', de saNti martíNez e cÉsar caramÉs

criaNça Natural Olalha BarrO É PresideNta dO GruPO de lactaçOm das mariNhas ‘aleitar’

“o grupo é informaçom, apoio e tribo”

27temPOs livresNovas da GaliZa 15 de setembro a 15 de outubro de 2012

que fazer

18.09.2012 / MERCADO ‘EN-TRE LUSCO E FUSCO’ /19:00 no Parque de Belvis.COMPOSTELATodas as terças-feiras.

18.09.2012 / CONCENTRA-ÇOM EM DEFESA DO DIREI-TO AO ABORTO / 20:30 dian-te do Marco (Rua do Prínci-pe). VIGOTodas as terças-feiras. Convo-ca a Marcha Mundial das Mul-heres.

19.09.2012 / PROJEÇOM DEO LAPIS DO CARPINTEIRO /21:00 no C.S. Fuscalho (RuaColom, 2). GUARDADentro do ciclo ‘Cinema noFuscalho’.

20.09.2012 / REPRESSENTA-ÇOM DA OBRA DE TEATROCIPRIANO DE BEQUELAR,HISTÓRIA DE AMOR E MOR-TE / 20:30 no Auditório (Paçoda Cultura. Rua Holanda,s/n). NAROMEspetáculo do coletivo Carra-chanacacha escrito e dirigidopor Leandro Lamas.

21.09.2012 / APRESENTA-ÇOM DE UM DOCUMENTÁ-RIO SOBRE A GREVE GE-RAL DE SETEMBRO DE 1972/ 20:00 no Instituto Santa Ire-ne (Praça de América, 7). VIGOExposiçom histórica e debate.

22.09.2012 / ROTEIRO POLOMONTE PINDO / 10:00 no lu-gar do Fieiro. MAÇARICOSOrganiza a Associaçom MontePindo Parque Natural. Reco-mendam levar o jantar e calça-do e roupa cómoda.

22.09.2012 / I FESTIVAL ASPENIZAS FOLK / 11:30 emParamos. TUIAtuaçons de bandas folk e gru-pos de gaitas galegos e portu-gueses. ‘Masterclass’ ministra-da por Anxo Lorenzo, que tam-bén atua no festival.

22.09.2012 / ASAGHIEIRASMASTER FESTIVAL / 12:00no Campo de Futebol (Larin-ho). CARNOTAJantar, jogos populares, e atua-çons de grupos como MarxeEsquerda, Kastoma, O Ke Oh!ou Terbutalina.

22.09.2012 / JANTAR E LEI-LOM / 14:30 no C.S. Lume(Rua Alcalde Gregório Espi-no, 55). VIGOAnunciam preços baixos paraadquirir livros, eletrodomésti-cos, móveis...

22.09.2012 / FESTIVAL DACULTURA PROLETÁRIA /17:00 no adro das festas deDarbo. CANGASOrganiza a CUT. Haverá abertode bilharda e recital poético emusical, com Balea’s BluesQuintet, Teatro Nu, Seara eThe Tetas van, entre outros.

22.09.2012 / FESTIVAL DASBRÉTEMAS / À tarde na Pra-ça Maior. PONTE AREIASAtuam As Xinetas e o grupo degaitas Nayama. Também have-rá jogos e projeçons.

23.09.2012 / JANTAR DE EN-TREGA DOS PRÉMIOS SE-MENTE E CEMENTO / Aomeio-dia na sede de Verde-galia (Rua do Pombal, 18).COMPOSTELAverdegaia premia e denunciaas melhores -Semente- e peo-res -Cemento- atuaçons am-bientais do ano.

26.09.2012 / PROJEÇOM DEA DOUTRINA DO SHOCK /21:00 no C.S. Fuscalho (Rua

Colom, 2). GUARDADentro do ciclo ‘Cinema noFuscalho’.

28.09.2012 / V ANIVERSÁRIODO CENTRO SOCIAL MÁDIALEVA / No C.S. Mádia Leva(Rua Serra de Ancares, 18).LUGOO programa, por determinar,poderá-se ver no blogue doC.S.: http://agal-gz.org/blo-gues/index.php/madialeva/.Também anunciam o retornodo curso de gaita, às terças-fei-ras desde as 20:30.

28.09.2012 / JORNADA DEDEBATE SOBRE A LUITAOBREIRA DE 1972 / 20:00 noInstituto Santa Irene (Praçade América, 7). VIGO

28.09.2012 / FOLIOM DE FA-CHAS DE VILELOS / 20:00em Sam Martinho de Vilelos.SAVINHAOQueima das fachas e atuaçonsde A Banda da Balbina e Zu-rrumalla. Organiza a Associa-çom vicinal da paróquia.

28.09.2012 / ATUAÇOM -APRESENTAÇOM DO CD‘CURRICULUM OCULTO’ DEGALIZA CAJÚN / 21:00 naPraça do Lanzós. BETANÇOSArturo L. Regueiro apresenta oCD anexo ao seu último poe-mário, do mesmo nome.

28.09.2012 / CONCERTO ‘MÚ-SICAS DO MEDITERRÁNEO’ /

21:30 no C.S. A Cova dos Ra-tos (Rua Romil, 3). VIGOPolo grupo Milo ke Mandarini.

28, 29 e 30.09.2012 / JORNA-DAS CASTREJAS / 16:30 naCasa da Cultura (Trasariz,s/n). VIMIANÇONestas jornadas didáticas, deinvestigaçom e comunicaçomfalará-se sobre ‘Que sabemosdos castros?’. A inscriçom fai-se na web do concelho:www.vimianzo.es.

29.09.2012 / APRESENTA-ÇOM DE CONTOS ESTRAN-HOS Nº 3 / 19:30 no pub Tato-oine (Rua República Argenti-na, 50). COMPOSTELAPreviamente projetarám o fil-me ‘Blade Runner - Final Cut’.também convocam um jantarpara o que há que apontar-seno correio eletrónico [email protected].

29.09.2012 / FOLIADA / 21:30no C.S. Gomes Gaioso (RuaMarcóni, 9 – Atochas – Mon-te Alto). CORUNHACom degustaçom de petiscos.

29.09.2012 / FESTIVAL DASBRÉTEMAS / À noite na FeiraVelha. PONTE AREIASAtuam O Leo i Arremecágho-na, Liska, Residuos atractivase Malas Pulgas. À tarde apre-sentam a curta ‘Deixade-ospassar’ no Auditório da vila.

02.10.2012 / CURSO DE TEA-TRO PARA ADULTOS/AS /21:00 na sede da associa-çom. ARTEIJOOrganiza a Associaçom TeatralPaso de valverde. Todas as ter-ças e quintas-feiras. Mais in-formaçom no endereço de co-rreio [email protected].

05, 06 e 07.10.2012 / XVIII CO-LÓQUIO DA LUSOFONIA /OURENSEEm breve publicará-se o pro-grama na página webhttp://www.lusofonias.net/. En-contro académico e apresenta-çons de livros, música, teatro...

06 e 07.10.2012 / II CURSO DEMÚSICA E BAILE / SALZEDADE CASELASHorários e programa pendentede confirmaçom, inscriçom [email protected].

11, 12 e 13.10.2012 / ULTRA-NOITE / 23:00 no Fórum Me-tropolitano (Rua Rio de Mo-nelos, 1). CORUNHAO grupo de teatro Chévere levao seu cabaré de atualidade, porprimeira, vez fóra da comarcade Compostela.

a ilha de arouça acolhe um curso de jogospopulares costeiros e património lúdicoa associaçom galega do jogo po-pular e tradicional (agjpt) e no-va escola galega organizam, nofim-de-semana do 21 e 22 de se-tembro, um curso de formaçomsobre património lúdico costeiro eeducaçom na ilha de arouça.as atividades começam na tardeda sexta-feira, 21 de setembro,com um atelier prático de jogos

tradicionais: o peóm, a corda, apetanca, os birlos, as carrilanas...seguem à prática três atelies si-multáneos, e a jornada pecha-secom um percorrido pola ilha e um-ha ceia coletiva.no sábado haverá apresentaçonsde diferentes publicaçons e relató-rios (‘o patrimonio lúdico costei-ro’, ‘jogar no Barbança’ e ‘embar-

caçons tradicionais galegas’). atarde pecha-se com um atelierprático de aprendizagem de nave-gaçom e umha avaliaçom geral.a inscriçom pode realizar-se atra-vés das entidades organizadoras,nova escola galega( h t t p : / / w w w.n o v a - e s c o l a -galega.org/) e agjpthttp://www.agxpt.org/.

acampamento de montanhaa agrupaçom de montanhaÁguas limpas (amal) convocapara o fim-de-semana do 21, 22e 23 de setembro o seu v acam-pamento anual. nesta ocasiom ocenário vai ser a serra da martin-há, na comarca do carvalhinho.haverá roteiros polos cúmios mais

importantes da serra, como o cas-tro ou o martinhá (por volta dos1.000 m. de altura), e polos riosque ali nascem: Búbal, oseira,mirela e Barbantinho.em breve será publicado o pro-grama no blogue de amal:www.aguaslimpas.blogspot.com.

o coletivo tanK promove umhanova iniciativa de debate sobrepossíveis usos da antiga fábri-ca panificadora de vigo, ao pédo monte do castro. tambémsobre o bairro e a cidade. soli-citam que se lhes enviem, atéo dia 20 de outubro, todo tipode propostas ao endereço [email protected]. a conti-nuaçom haverá tertúlias sobreas ideias apresentadas. hámais informaçom no blogue:tankollectif.blogspot.com.

iniciativapara usar apanificadora

em viGO

NO 21 e 22 de setemBrO

Na serra da martiNhÁ

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

Novas da Gali a apartado 39 (15701) compostela tel. 692 060 607 [email protected]

estamos nos últimosdias que precedem omomento final. há

quem nega as evidências equer continuar a jogar complacebos e tisanas, som osinstalados em salários institu-cionais, na burocracia sindi-cal, nos aparelhos partidá-rios. gente que desfruta como sectarismo, que se entusias-ma com os aplausos incondi-cionais e goza comprazidacom as suas próprias derro-tas. a estes chega-lhes comir, por exemplo, de cabeça delista por ponte vedra ou numposto de saída a qualquercousa por ourense. o caso écontinuar a viver da politica.pertencer a essa elite demembros de organismo quecomeçam com algumha pala-vra como direçom, conselho,comité, executiva e podemterminar em nacional, provin-cial, comarcal, local... quemais tem se nom há queacordar às 7 da manhá nemtomar duche ao rematar a jor-nada. para os que já passa-mos do meio século, que ve-mos emigrar as nossas filhascomo antes vimos os irmaos,tios, pais ou avós, que chega-mos ao fim do mês com o jus-to para pagarmos a hipotecae que temos como luxo beberumha (1) cerveja às sextas nade ranha em casalonga (porum euro e com tapas de orel-ha, riles e patacas bravas),que já temos embargada a ex-tra de dezembro, que nos le-vam descontando o saláriopertinente em todas e cadaumha das greves gerais e se-toriais e nalguns casos já va-mos pola décimo quarta de-duçom... já nom podemosaguentar mais.

eu polo menos passo dequem encabeça a lista porlugo, si houvo vetos, conspi-raçons de última hora ou ma-nobras na escuridade paraeleger o quinto pola corunha.non tenho paciência paraprogramas eleitorais ou pro-messas elaboradas por em-presas de marketing. impor-ta-me nada a cor do cartaz efai rir se o slogan escolhidopola diligência emociona,transgrede ou nom subvertenada. sei que repetem ca-mándulas, medíocres e apro-veitados. mas nem resta tem-po, nem temos dinamita.

Xan carlos Ánsia

jÁ É temPO deBOtar O PP

Pensavas em Viveiro como retiroe resulta que finalmente vas paraVenezuela. Que aconteceu?A história começa com umha via-gem que figem com umha amigano mês de maio de 2011. Em finaisjaneiro já me instalei ali e voltei aGaliza em junho porque queria es-tar nas festas do meu bairro: SamPedro, do qual nom me esqueço.Mas volto numhas semanas. Fi-quei namorada do processo que seestava a levar a cabo ali e o que seestava a conseguir, dos consejoscomunales... Olha alguns dados:O desemprego em 1999 era de16.6% e agora está em 7,9%. A in-flaçom desceu de 57,6% a 22,3%.As pessoas em situaçom de pobre-za em 1998 estavam em 49,0% eem 2012 em 14,0%. A pobreza ex-trema em 1998 estava em 21.0% eem 2012 no 7.0%. Som dados es-perançadores e que só podem mu-dar para melhor com o governobolivariano.

Que som os Consejos Comunales?Os organismos onde a populaçomestá organizada e participa. Espa-ços de participaçom, articulaçome integraçom entre a cidadania eas organizaçons comunitárias,movimentos sociais e populares, epermitem ao povo organizadoexercer o governo comunitário.

Que representa Chávez realmen-te em Venezuela? Muda muito aperspetiva dele vista de ali?Representa a esperança de milhei-ros de pessoas que tinham todoperdido com os anteriores gover-nos e que com este projeto revolu-cionário tenhem todo por ganhar.Eu o que nom entendo é que, sa-bendo quem som os donos dosmeios de comunicaçom oficiais,continuemos a acreditar no quedim, e mais alucino com a “gentede esquerda” que também criticaa Chávez. Transmitem-nos umhainformaçom manipulada, a queinteressa aos donos de essesmeios, que som o capital e que lui-tárom para que este projeto liber-tador para venezuela e toda Amé-rica Latina nom avance.

Quais som os sucessos ou avan-ços da revoluçom que tu pudestecomprovar nestes meses?

O que eu comprovei é que a políti-ca que está a levar a cabo o gover-no a nível social e económico é pa-ra melhorar as condiçons de todaa populaçom, sobretodo as capasmais desfavorecidas. Um exem-plo mui importante som as Gran-des Misiones. Há várias: BarrioAdentro, que é um convênio assi-nado com Cuba para construir umsistema público de saúde e garan-tir o acesso e a gratuidade aosmais desfavorecidos; a MisiónMercal, que consiste em construirarmazéns e supermercados paraos dotar com alimentos e produ-tos de primeira necessidade a pre-ços baixos para que sejam acessí-veis a toda a populaçom. Os ali-mentos estám subvencionados echega aos estantes sem interme-diários, o que implica um descon-to de 40% com respeito a outrascadeias de distribuiçom.

E no ano passado fôrom postasem andamento outras missons muiinteressantes, como a Gran MisiónAgroVenezuela, que consiste emdar a pequenas e medianas produ-toras e produtores os materiais ne-cessários para cultivarem, estáprojetada para fazer frente à crisealimentária mundial; ou Gran Mi-sión Vivienda com a que se preten-dem construir 2.000.000 de viven-das num ano para as pessoas quenom tenhem casa.

a respeito da mulher, quais somestes sucessos -tendo em contaque falamos de umha sociedadeconsiderada bastante machista-?O 8 de março de 2001 nasce o Ban-co de Desenvolvimento da Mulhercom o fim de democratizar o capi-tal através de microcréditos paramulheres dos setores populares dopaís e também som realizados ate-lies sobre autoestima, saúde inte-gral (incluída a saúde sexual e re-produtiva), de prevençom da vio-lência machista...

Em 2009 nasce o Ministério doPoder Popular para a Mulher e aIgualdade de Género que promo-ve a participaçom das mulheresno poder popular e garante oexercício dos seus direitos e aigualdade de género recolhidosna constituiçom.

Mas esta igualdade formalnom foi necessariamente tradu-zida em igualdade real, portanto,a maior parte de elas continua asofrer discriminaçom e subordi-naçom. Por isso penso que é vi-tal recolher indicadores de estasituaçom de exclusom de proces-sos económicos, políticos, so-ciais e culturais que afetam a vi-da quotidiana das mulheres.

Que perigos tem a revoluçombolivariana ao teu olhar?O grande perigo é que vam tentar

que nom continue para a frente.Nom interessa às grandes potên-cias e isto é visível nas sabotagensque estám a fazer cada dia osmeios de comunicaçom para cria-rem descontentamento na popula-çom e desprestigiarem o governobolivariano. Mas na minha opi-niom, para além de que pense queo governo o está a fazer bem, aoposiçom nom tem nada a fazer.Oxalá leve razom!

Como está a ser o desenvolvi-mento de estas eleiçons? Queperspetivas tem a gente ali?venezuela é um ponto estratégicono campo da construçom de um-ha alternativa anti-imperialista,que achega aos países vizinhos umprojeto que traspassa fronteiras emostra significativos avanços noeconómico, político e social. A Re-voluçom Bolivariana aspira con-verter venezuela numha potênciasocial, política e económica emAmérica do Sul.

Estám a trabalhar muito dia adia, mas como dizia, a oposiçom,com o apoio de EUA, vai tentarque o projeto nom continue. Háque estar vigiantes porque a opo-siçom fará o possível para evitar osucesso do projeto que lidera opresidente atual, por isso as sabo-tagens. Mas o que eu percebo alié que o povo acredita em Chávez.

“Chávez representa a esperançapara milheiros de pessoas”MARIA ÁLVARES / Esta compostelana de adoçom, tinha pensa-do para a sua reforma um retiro tranquilo na sua vila natal:Vi-veiro. Mas a revoluçom bolivariana cruzou-se no seu cami-nho, e nom o duvidou: mudou a marinha galega polo Caribe

venezuelano e por um pais cheio de projetos e de esperan-ças. Como di ela, namorou-se dos “consejos comunales”, das“grandes misiones” e dum projeto revolucionário que é feitade abaixo e entre todas e todos.

África leira, militaNte histórica dO iNdePeNdeNtismO GaleGO