ovas da gali anovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz100.pdf · desenhar o futuro conversa sobre...

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periódico galego de informaçom crítica oPiniom rEColHA dE toponímiA E idEntidAdE por xosé lois vilar / 3 x. lois gª no nACionAlismo por Héitor picallo 8 dE mArço por lola Ferreiro díaz / 3 esPeciaL PoLo nÚmero 100 Artigos, AnálisEs, rEportAgEns... de Carlos Barros Gonçales, Hilda Carvalho, Bernardo Penabade, Eduardo Maragoto e Xoán R. sampedro vozEs AmigAs ComEmorAm o nº100 dúzias de assinantes, leitores e leitoras e pessoas que colaborárom com o projeto opinam sobre o NOvAs dA GAlizA nÚmero 100 15 De março a 15 De abriL De 2011 1,20 € entrevista a X.m. beiras 15 O Encontro irmandinho realizou a terceira assembleia nacional, na qual debateu a sua fórmula organizativa. O seu porta-voz expom as linhas bá- sicas do seu papel no BNG e a sua re- laçom com os movimentos sociais. Prisom Para sinDicaLista 4 Telmo varela, secretário comarcal da CUT em vigo, entrou na cadeia da la- ma no passado 11 de março. Fica à es- pera dum julgamento por supostas sa- botagens que nem sequer fôrom espe- cificadas ao próprio acusado. N ovas da G ali a Vendem por galego mexilhom chileno FraUDe aLimentar FinanciaDa PoLa jUnta O Conselho Regulador do Me- xilhom destapou fraudes rela- cionadas com a comercializa- çom de molusco chileno com etiquetagem de “Mejillón de las Rías Gallegas” ou “sabor a Ga- licia”, em produtos da empresa Conservera de Rianxo sA. Com esta açom, a instituiçom deu o primeiro passo de umha cam- panha que continuará nos vin- douros meses, já que possuem indícios de que mais empresas do País estám a fazer este tipo de práticas. Este mexilhom é cultivado no Chile, desde come- ços dos 90, por grandes empre- sas com capital galego e com apoio económico e institucional do Governo autonómico. / PÁG. 9 Centros sociais: construindo país Após 21 anos desde o nascimento da Casa Encantada e 13 desde a inauguraçom de Artábria, estes espaços para a luita, a formaçom e o lazer avançam por toda a geografia galega / PÁG. 20 Empresários ligados ao atual presidente da deputa- çom de Ponte vedra, Rafael louzán, e a organiza- çons contrabandistas dos anos 80 fôrom beneficia- dos com a concessom de projetos no concurso eólico promovido pola Junta da Galiza e realizado no pas- sado mês de dezembro. Assim, a empresa vendava- les Galaicos, liderada polo ex-contrabandista vila- novês José luis Alfonso Galáns e que foi criada cin- co meses antes do reparto de energia, investirá num projeto de oito milhons de euros com a adjudicaçom de 18 megawatts. louzán, segundo pudo saber NO- vAs dA GAlizA, mantém nos dias de hoje reunions fre- qüentes com ex-capos, como é o caso deste empresá- rio vencedor no concurso eólico. / PÁG. 16 Tecer alianças para desenhar o futuro conversa sobre movimentos sociais O movimento popular cresce e consolida-se. Aproveitando o simbólico da centena de núme- ros, o NOvAs dA GAlizA recolhe as impressons de quatro pesso- as ativas em projetos diversos do soberanismo atual. Joám lo- pes, Beatriz Peres, luis ‘Foz’ e Olalha Barro reveem as suas ex- periências e fornecem as pers- petivas que tenhem para o futu- ro da auto-organizaçom da so- ciedade galega. dos centros so- ciais às entidades políticas, do sindicalismo operário ao labre- go... As diversas frentes de luita da Galiza que se move a debate e reflexom. / PÁG. 18 PP mete no negócio eólico ex-contrabandista amigo

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Page 1: ovas da Gali anovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz100.pdf · desenhar o futuro conversa sobre ... rom umha Galiza agitada e rebel - ... Também, como muitos assinalam, um enfraquecimento

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

oPiniom

rEColHA dE toponímiA E idEntidAdEpor xosé lois vilar / 3

x. lois gª no nACionAlismo por Héitor picallo

8 dE mArço por lola Ferreiro díaz / 3

esPeciaL PoLo nÚmero 100

Artigos, AnálisEs, rEportAgEns... de Carlos Barros Gonçales, Hilda Carvalho, Bernardo Penabade,Eduardo Maragoto e Xoán R. sampedro

vozEs AmigAs ComEmorAm o nº100dúzias de assinantes, leitores e leitoras e pessoas que colaborárom com o projeto opinam sobre o NOvAs dA GAlizA

nÚmero 100 15 De março a 15 De abriL De 2011 1,20 €

entrevista a X.m. beiras 15O Encontro irmandinho realizou aterceira assembleia nacional, na qualdebateu a sua fórmula organizativa.O seu porta-voz expom as linhas bá-sicas do seu papel no BNG e a sua re-laçom com os movimentos sociais.

Prisom Para sinDicaLista 4Telmo varela, secretário comarcal daCUT em vigo, entrou na cadeia da la-ma no passado 11 de março. Fica à es-pera dum julgamento por supostas sa-botagens que nem sequer fôrom espe-cificadas ao próprio acusado.

Novas da Gali a

Vendem por galegomexilhom chileno

FraUDe aLimentar FinanciaDa PoLa jUnta

O Conselho Regulador do Me-xilhom destapou fraudes rela-cionadas com a comercializa-çom de molusco chileno cometiquetagem de “Mejillón de lasRías Gallegas” ou “sabor a Ga-licia”, em produtos da empresaConservera de Rianxo sA. Comesta açom, a instituiçom deu oprimeiro passo de umha cam-

panha que continuará nos vin-douros meses, já que possuemindícios de que mais empresasdo País estám a fazer este tipode práticas. Este mexilhom écultivado no Chile, desde come-ços dos 90, por grandes empre-sas com capital galego e comapoio económico e institucionaldo Governo autonómico. / PÁG. 9

Centros sociais: construindo paísApós 21 anos desde o nascimento da Casa Encantada e 13desde a inauguraçom de Artábria, estes espaços para a luita, a formaçom e o lazer avançam por toda a geografia galega / PÁG. 20

Empresários ligados ao atual presidente da deputa-çom de Ponte vedra, Rafael louzán, e a organiza-çons contrabandistas dos anos 80 fôrom beneficia-dos com a concessom de projetos no concurso eólicopromovido pola Junta da Galiza e realizado no pas-sado mês de dezembro. Assim, a empresa vendava-les Galaicos, liderada polo ex-contrabandista vila-

novês José luis Alfonso Galáns e que foi criada cin-co meses antes do reparto de energia, investirá numprojeto de oito milhons de euros com a adjudicaçomde 18 megawatts. louzán, segundo pudo saber NO-vAs dA GAlizA, mantém nos dias de hoje reunions fre-qüentes com ex-capos, como é o caso deste empresá-rio vencedor no concurso eólico. / PÁG. 16

Tecer alianças paradesenhar o futuro

conversa sobre movimentos sociais

O movimento popular cresce econsolida-se. Aproveitando osimbólico da centena de núme-ros, o NOvAs dA GAlizA recolheas impressons de quatro pesso-as ativas em projetos diversosdo soberanismo atual. Joám lo-pes, Beatriz Peres, luis ‘Foz’ eOlalha Barro reveem as suas ex-

periências e fornecem as pers-petivas que tenhem para o futu-ro da auto-organizaçom da so-ciedade galega. dos centros so-ciais às entidades políticas, dosindicalismo operário ao labre-go... As diversas frentes de luitada Galiza que se move a debatee reflexom. / PÁG. 18

PP mete no negócio eólicoex-contrabandista amigo

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D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EditorAminHo mEdiA s.l.

dirEtorCarlos Barros gonçales

ConsElHo dE rEdAçomCarlos Calvo, david Canto, iván garcía, Aarón l. rivas, Antia rodríguez, xoán r. sampedro, olga romasanta, Antom santos, Alonso vidal, paulo vilasenin

sECçonsCronologia: iván Cuevas, Economia: Aarónl. rivas, Agro: paulo vilasenin e Jéssica rei,mar: Afonso dieste, meios: xoán r. sampedroe gustavo luca, A terra treme: daniel r.

Cao, Além minho: Eduardo s. maragoto, dito e Feito: olga romasanta, A denúncia:iván garcía, Cultura: Antia rodríguez, saúde / Ciência / A rede: david Canto,desportos: Antom santos, xermán viluba sexualidade: Beatriz santos, Consumir me-nos, viver melhor: toni lodeiro, Agenda: ire-ne Cancelas, A Foto: sole rei, terra / QueFoi de...: Alonso vidal, tempos modernos /Em tempos: Carlos Calvo, A galiza natural:João Aveledo, gastronomia: luzia rgues.,língua nacional: valentim r. Fagim, Criaçom: patricia Janeiro e Alonso vidal, Cinema: Francesco traficante, xurxo Chirro.

dEsEnHo gráFiCo E mAQUEtAçommanuel pintor, Helena irímia, Carlos Barros

FotogrAFiAsole rei, gzi-Foto, natália gonçalves

AdministrAçomirene Cancelas sánchez

logístiCAsuso diz e daniel r. Cao

AUdiovisUAl: galiza Contrainfo

HUmor gráFiCos. sanmartin, pestinho+1, x.l. Hermo, F. padín

CorrEçom lingÜístiCAEduardo s. maragoto, Fernando v. Corredoira, vanessa vila verde, mário Herrero (A revista)

ColABorAm nEstE nÚmErogonzalo, lola Ferreiro díaz, xosé lois vilar,daniel r. Cao, José Antom ‘muros’, Carlosvázquez padín, tiago peres, salvador rosa,Ernesto vilar, xavier marco, Anxo rua nova,pepe árias, Héitor picallo, José dias Cada-veira, mari vega, lara dopazo ruibal, xurxoChirro, Hilda Carvalho, Bernardo penabade,xavier Carriba, gzi Foto

sUplEmEnto EspECiAl nº100desenho gráfico: miguel garciamaquetaçom: miguel garcia e Carlos Barrosilustraçons: gerd Arntz

FECHo dE Ediçom: 14/03/2011

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o PeLoUrinho Do novas

ao Diretor GeraL Da FUnçom PÚbLica

sr. diretor: vê-se-lhe o rabo. Peran-te a denúncia apresentada polaCiG, referente às anomalias dete-tadas no censo eleitoral e que im-pedem o direito ao voto de 150 em-pregados e empregadas públicascom destino na Conselharia dasaúde e o serviço Galego de saú-de, nom lhe ocorre outra desculpaque dizer que isto obedece a umerro informático, mas que como agente nom reclamou no prazonom dá volta atrás ao processo.

sr. Barreiro, desde tempos ime-moriais, na Junta levárom-se a ca-bo centenas de processos seleti-vos, dúzias de concursos de trans-ferências, de eleiçons sindicais,etc. Em todos esses processos oorganismo convocante expom lis-tagens provisionais e posterior-mente definitivas e, antes de aspublicar, fai um cotejo aleatóriopara detetar esses possíveis er-ros, depurando-os em origem.

O facto de que o número de ex-cluídos neste processo seja tamelevado, só pode obedecer a um-ha evidente falta de zelo profis-sional dos responsáveis da elabo-raçom de dito censo, dado que arelaçom provisional saíra confe-cionada quase à perfeiçom e on-de se encontram os erros de vultoé na relaçom definitiva. Que

aconteceu? Pois que ninguém dadireçom Geral que você mal diri-ge se dignou a fazer essa mostra-gem aleatória e, o que ainda émais grave, nom comunicou cor-retamente a exposiçom do men-cionado censo no placar de anún-cios desta conselharia.

Nom se expujo corretamente,porque o único lugar onde se de-positárom as listagens foi na ban-ca do registo geral, sem umha no-ta informativa pendurada no pla-car onde se indicasse que se en-contravam aí. E o funcionárionom o pudo colocar nesse placar,porque está fechado com chave enom sabemos quem a custodia.

A F. Pública meteu o pé na poçade tal maneira que, tal e como sepode comprovar, nesse placar figu-ram expostos os resultados daseleiçons sindicais de 2007, o quemostra a desídia que empregáromna correta difusom do processo.

Nom se exima de responsabili-dades e nom pense que somosparvos. O facto de que só três pes-soas reclamassem sobre um totalde 150 afetados, ou que um mem-bro da mesa eleitoral comunicas-se esses erros e nom se lhe figessenem caso, deixa em evidência quea carência de informaçom ao pes-soal foi quase que premeditada efeita com aleivosia, em compa-dreio com a CsiF que se opujo ra-dicalmente à confeçom de umanexo a esse censo que evitava in-

clusive demoras nos prazos. ACsiF, como únicos argumentos,dixo que a CiG tinha sindicalistashistóricos nessas listagens (deviadar-lhe medo que se pudesse de-positar o voto a favor daquelesque tenhem a honra de ter gozadoda nossa confiança durante maisde 20 anos) ou que um sindicatosem presença algumha em ante-riores eleiçons pudesse impugnaras mesmas; ou seja, jogando a fu-turíveis quase impossíveis.

sr. Barreiro, demita de umhavez, pois volta a mostrar a sua in-competência para dirigir a fun-çom pública galega, como já de-monstrou quando dirigia os servi-ços jurídicos desta Conselharia eperdia mais de 90% dos casosapresentadas nos tribunais polopessoal do sergas.

Funcionário anónimo da Conselharia da Saúde

Perante as Detençons De teLmo e ‘iUssa’

Perante a detençom pola GuardaCivil dos trabalhadores Telmo va-rela Fernández e José María Pra-do lópez, em vigo, a CUT querfazer pública a sua posiçom.

Primeiro: os detidos som mili-tantes deste sindicato e trabalha-dores do setor Naval de vigo. in-

dependentemente de que desco-nhecemos a razom técnica polaqual se procedeu às detençons,para este sindicato está claro quese trata de mais umha batida po-licial repressiva contra os traba-lhadores e trabalhadoras, desti-nada a coartar a luita sindicalcoerente numha conjuntura defome e desemprego como a atualna pessoa de dous companhei-ros que se tenhem destacado po-la sua entrega na defesa dos di-reitos dos trabalhadores.

segundo: Em previsom de qual-

quer intoxicaçom ou fabulaçomque poda ser subministrada polosresponsáveis destas detençons eque podam ecoar imoralmente emqualquer meio porta-voz do regi-me, queremos sublinhar que a ati-vidade destes companheiros cir-cunscreve-se à luita sindical do se-tor Naval em vigo. Reiterar quequalquer outra especulaçom estádestinada a legitimar as imputa-çons policiais para a condena dostrabalhadores detidos.

Executiva viguesa da CUT

Quando este projeto come-çava a sua caminhada, lápolos inícios da década

passada, nengumha das pessoasenvolvidas podia enxergar um fu-turo como este. Um meio comuni-tário, soberanista, fiel a umha vi-som galego-portuguesa do idioma,que nascia ao alento de umha dasjeiras mais férteis da auto-organi-zaçom popular da nossa Terra.Marés negras, políticas universitá-rias e reformas laborais conformá-

rom umha Galiza agitada e rebel-de da qual somos devedores. da-queles gromos nasceu o atual mo-vimento popular galego que, comgrandezas e misérias, resiste con-tra vento e maré umha conjunturainçada de incertezas.

Todos e todas nós sabíamos dasdificuldades inerentes ao caminho,dos fluxos e refluxos próprios dosepisódios coletivos, e do pequeno edigno espaço que podíamos con-quistar combinando seriedade,

profissionalidade jornalística e mi-litáncia intensa. A surpresa, por as-sim dizê-lo, estava fora de nós e nasociedade que nos contornava.Chamemo-la ‘crise severa’ (segun-do os mais prudentes) ou ‘crise ter-minal’ (segundo os mais categóri-cos), já ninguém duvida que entra-mos numha encruzilhada civiliza-tória incompatível com qualquerindiferença. sintomas do esfarela-mento em curso som os cortes dedireitos, o esgotamento energético

ou a fascistizaçom emalta. Também, comomuitos assinalam, umenfraquecimento dos valores cole-tivos que desagua em atonia, con-fusom e saídas regressivas.

Para nós foi um orgulho, em no-ve anos de andaina, noticiar rigo-rosamente a evoluçom do país noséculo que nascia; fazê-lo denun-ciando qualquer abuso, e acompas-sados às iniciativas do povo orga-nizado. Orgulho e responsabilida-

de é o que sentimos agora, às por-tas de umha nova época, para con-tinuar a dar testemunho de todo oque se move. Para isso, nada me-lhor que um compromisso de con-tinuidade. Com ele, e com todos etodas vós, terám que vir mais cemnúmeros, nestes tempos tam ne-cessitados de açom mancomunadae independência informativa.

Mais cemeDitoriaL

hUmor GonzaLo

Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 201102 oPiniom

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oPiniom

Durante muitos anos pen-sei, como muita gente, quea eleiçom do dia 8 de mar-

ço como dia internacional dasMulheres fora para lembrar a lui-ta das trabalhadoras da CottonTextile Factory (Nova iorque).Nessa data de 1908, durante umencerramento reivindicativo nafábrica, o patrom trancou as por-tas e prendeu-lhe lume, queiman-do vivas 129 mulheres.

Havia na mesma época outrasversons sobre a origem da data,como o incêndio da Triangle shirt-waist Company, de Nova iorque,em 1911, ou a de umha grande ma-nifestaçom de trabalhadoras reali-zada a 8 de março de 1857, em No-va iorque, duramente reprimidapola polícia. Esta última mesmofoi assumida pola ONU, na decla-raçom de 1975 como ano interna-cional das Mulheres.

Em qualquer caso, a primeiravez que se celebrou o dia interna-cional das Mulheres foi em 1907,por resoluçom da iª Conferênciainternacional socialista, a propos-ta de Clara zetkin, Rosa luxem-burgo e Alexandra Kollontai. Adata tinha um caráter reivindicati-vo para os direitos das trabalha-doras (além do sufrágio) e, até1922, as datas variárom, mesmo

segundo o país.Porém, historiadoras feministas

como Renée Côté (1984), ou Anaisabel González (1999) investigá-rom o tema em pormenor e esta-belecêrom que a data do 8 de mar-ço responde à comemoraçom deumha grande mobilizaçom dasmulheres em Petrogrado, em1917, exigindo pam e paz. A luitalevou-se a cabo apesar das resis-tências do Partido e foi duramen-te reprimida pola polícia, segun-do documentam Alexandra Kol-lontai (1918) e leom Trotski(1929), que coincidem ainda emque esta mobilizaçom foi a espo-leta da revoluçom de fevereiro.Por sua vez, liliane Kandel eFrançois Picq (1982) assinalamque a greve de 1857 nunca existiue que este mito foi criado em 1955para eliminar o caráter “verme-lho” que lhe atribuía esta data eque mais tarde adquiriria o diainternacional da Mulher.

Assim, o dia internacional dasMulheres está inspirado no femi-nismo de classe e polas mulheresda esquerda. O seu caráter foi e é,já que logo, reivindicativo dos direi-tos pendentes: económicos, labo-rais, sociais e políticos, e com certe-za, sexuais. isto deve estar presen-te na conceçom da data, especial-mente em tempos de crise econó-mica de um mundo globalizado.

de facto, está a ficar claro queos avanços na consecuçom de di-reitos nom som estáveis. demons-tram-no as taxas de emprego fe-minino, inferiores às dos homensem 15 pontos percentuais e demuita pior qualidade (temporá-rias, a tempo parcial...), com salá-

rios entre25 e 30%inferiorespor fazer o

mesmo tra-balho; com

ajudas públicas para promover oemprego dirigidas mormente a se-tores produtivos masculinizados(automoçom, construçom, etc.);com triplas jornadas de trabalho,ao diminuir as ajudas para o cui-dado de pessoas dependentes;com a supressom de múltiplas ins-tituiçons e dispositivos de aten-çom específica (do Ministério deigualdade e diversos institutos daMulheres, incluído o sGi, atéCentros de informaçom, Casas

de Acolhimento, etc.).Todo is-

to numcontextode violên-

cia simbóli-ca que pres-

siona asmen-

tes da cidadania e que se expres-sa em dados inquietantes: 42% dacidadania europeia consideraque, se houvesse que escolher en-tre "ele" ou "ela" em tempos de es-cassez, o homem é o legítimo ti-tular do posto de trabalho (World

Values Survey, 2009).Em definitivo, ficammuitos "8 de março" rei-vindicativos para lui-tar e por isso cumpre,

hoje mais que nunca, oempurrom à organizaçome à unidade das mulheres.

viva o 8 de março! vivaa luita das mulheres!

Quando um meninho oumeninha nascia numhaaldeia do nosso país ti-

nha que aprender centenas de pa-lavras da sua língua: carro, fento,lareira, casa, amor, leira… se onascimento era à beira do mar, aovocabulário próprio do complexoagropecuário que durante 6.000anos foi esta terra havia que en-gadir verbas salgadas como arga-ço, maragota, ilha, gamela, chum-beiro… dum mundo marinheirovigente com força nos últimos milanos. Tanto no agro como no maraprendiam os signos dum códigoque é, sem dúvida, a mais elevadaconstruçom do nosso patrimónioimaterial: a nossa fala; emprega-da para as relaçons humanas ecom os animais e com o meio.

E com o meio tínhamos umhaforma de relaçom especial, ínti-ma, profunda, necessária. A inte-raçom intensa com as veigas, como monte, com as pedras do mar,

com o fundo invisível do mar jáque do nosso meio era um elo im-prescindível, respeitado, perfeita-mente imbricado na cadeia vital.Por esta intensa relaçom mulhe-res e homens tivérom a necessi-dade de nomeá-lo, de encher detopónimos o mapa da memóriacoletiva: regueiros, lajes, veigas,caminhos, ilhotes, camboas, alha-das… porque a funçom primor-dial da toponímia era a de locali-zadora, o nosso GPs imemorial.se mandavam o rapaz ou a rapa-riga diante com o carro de boiscarregar tojo apanhado no dia an-terior e lhe diziam vai à Meninhadas Chans bem sabia que pontoconcreto da serra era, ou se deci-diram largar os tramalhos na Fa-nequeira de Melhoró a precisomda linguagem era total.

Os sistemas agrário, pecuário emarinheiro rachárom, as mudan-ças tecnológicas e económicas es-tám a provocar a desapariçom decentenas de milhares de topóni-mos, temos calculada a perda emmais de um milhom de nomes da

nossa terra. Pensade numha meiade 100 topónimos/km2 . No conce-lho de Oia Roberto Rodríguez re-colheu 9.950 em 83 km2 e ivánsestai mais de 800 só na ilha deOns. O governo da Junta acaboude despedir todos os técnicos doProjeto de Toponímia da Galiza.Mal ocupou sam Caetano mandá-rom para casa os 17 moços e mo-ças que estavam a recolher topo-nímia nos tempos do bipartido. AUniversidade até agora nom con-cedeu à toponímia a importánciaque tem, e nom proliferam os tra-balhos ou as teses sobre o tema. OProjeto Ronsel freárom-no. É ahora da cidadania. das associa-çons culturais, dos centros de en-sino, das comunidades de montes,

das equipas de normalizaçom lin-güística, é a hora dos velhos, dosnovos, da Universidade, dos con-celhos. Nom podemos permitirque se perda a memória coletivaque nomeou a Terra com tanta in-tensidade devido à variada articu-laçom orográfica, à divisióm daterra, à ocupaçom continuada, aodiálogo contínuo com o nosso uni-verso. dixem atrás que a toponí-mia é localizadora e também de-signa, define e atua como o estra-to arqueológico que sedimenta,oculta e conserva o passado. Tra-balha como um palimpsesto emque ficam as pegadas da história.

imos deixar que o nome donosso mar se vaia debaixo daboina dos nossos marinheiros oudo pano da cabeça das nossas ar-gaceiras e percebeiras e maris-cadoras? Nom.

No sul nom o estamos a permi-tir. O instituto de Estudos Minho-ranos (iEM) continua a recolhertoponímia. Finalizamos a paró-quia de saiáns (vigo) onde a Xun-ta dera por fechada a recolha com

72 nomes. Nós 600. Recolheu-seCouso (Gondomar). O caso aindamais grave com umha coleçomoficial de 70 nomes onde o iEMrecolheu 1.200 tanto numha co-mo noutra fregresia com a ajudahumana e material das comuni-dades de montes vicinais. Conti-nuamos a trabalhar e está-o a fa-zer a Área de Normalizaçom lin-güística do Concelho de vigo quecom a Universidade de vigo e oconcelho de Ponte vedra e o deOurense organizamos charlas so-bre toponímia e aginha um cursode extensom universitária parapreparar técnicos de campo. Já sesomárom mais comunidades demontes (Bembrive, Comesanha,Cabral, Tebra) e concelhos (vigo,Ponte vedra, Boiro, Tominho) eassociaçons culturais (Trankalla-da de Tebra, santa Cristina de Co-bres, soutomaior …), institutos(Návia de suarna, Monfero).

A sociedade está viva e nomimos permitir mais umha perdado nosso património, da nossaidentidade.

Recolha de toponímia, demonstraçom de identidadexosé lois vilar A funçom primordial

da toponímia era a delocalizadora, o nossogps imemorial quenom se pode perder

8 de marçolola Ferreiro díaz o dia internacional

das mulheres partiudo feminismo declasse e foi defendidopolas mulheresda esquerda

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

[email protected]

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aconteceO desemprego atinge o seu máximo histó-rico com 248.279 pessoas sem trabalhoconforme os últimos dados. A taxa intera-nual de incremento do desemprego superaem dous pontos a média estatal, afetandomui especialmente as mulheres jovens.

Perto De 250.000 GaLeGos e GaLeGas no DesemPreGo

Constituem umha plataforma para a de-fesa, a promoçom e o estudo dos idio-mas leonês e galego em territórios dacomunidade de Castela e leom. Ampa-ram-se no Estatuto castelhano, que re-colhe a existência destas línguas.

PLataForma DeFenDe Leonês e GaLeGo

11.02.2011 / Vizinha de PonteCesures apresenta denúnciapara investigar se o seu irmaofoi roubado no Hospital dePonte Vedra em 1966.

12.02.2011 / BNG realiza propo-siçom nom de lei no Congres-so espanhol para mudar o sis-tema de fixaçom do preço daluz.

13.02.2011 / Presidente da De-putaçom da Corunha, SalvadorFernández Moreda, rejeita rom-

per o pacto do PSOE com opresidente de Cee, Ramón Vi-go, envolvido na Operaçom Or-questa.

14.02.2011 / Ativistas polo boi-cote a Israel denunciam que afábrica de armas Santa Bárbarada Corunha comprou muniçomà empresa Israel Military Indus-tries.

15.02.2011 / Plenário de Mea-nho em que se discutem as rei-vindicaçons da polícia munici-

pal é interrompido polo lança-mento de gás irritante.

16.02.2011 / Pessoal de Trevesocupa as dependências daJunta em Ponte Vedra.

17.02.2011 / Pachi Vázquez de-clara à imprensa que “Feijóo eo narcotráfico andam aí, aí”,sem oferecer nengumha outraexplicaçom.

18.02.2011 / O padre de Pa-drons (Ponte Areias) denuncia

o presidente da associaçom vi-cinal por “coaçons” aos fregue-ses.

19.02.2011 / Encontro Irmandi-nho passa a ser um partido po-lítico dentro do BNG.

20.02.2011 / A. Hermida Trastoye J. Bouzada Romero, altos car-gos da Junta, imputados porinvestigar UU.AA.

21.02.2011 / Catorze trabalhado-ras despedidas de Danigal fe-

cham-se na Biblioteca da Cida-de da Cultura.

22.02.2011 / Absolvidos os acu-sados polo derrubamento doedifício Odriozola de Vigo.

23.02.2011 / Vizinhos de Ribad'Ulha acodem ao julgado deArçua como demandados polobispado de Lugo por proprie-dades do campo da festa.

25.02.2011 / Desaparecem qua-tro tripulantes de barco pro-

cronoLoGia

“Esfarelam o patriarcado” num8 de março marcado pola crise

NGZ / No dia 8 de março cente-nas de mulheres saírom às ruasnas cidades galegas para reivin-dicarem os seus direitos e aca-bar com a “opressom patriarcal”.A crise nom passou despercebi-da nesta jornada de luita, cen-trando boa parte das reclama-çons, ao considerar-se que a mu-lher está a padecer duplamentea situaçom atual. Assim o parececonfirmar o texto editado polaCiG há umhas semanas intitula-do "A mulher no mercado labo-ral na Galiza, 2010", onde se ana-lisam os efeitos da crise sobre osetor feminino, caraterizado pormaiores índices de precaridade,

desemprego, e salários muitomais baixos que os dos homens.

A Marcha Mundial das Mulhe-res convocou concentraçons emOurense, Ponte vedra e vigo, en-quanto a Rede Feminista organi-zou um ato lúdico-reivindicativona compostelana Praça do Pamsob o lema de “esfarela o patriar-cado”, instando às mulheres aportarem “fato-macaco de traba-lho, saca de farinha e arma dedestruiçom do patriarcado”. NaCorunha levou-se a cabo entrecomparsas de Entruido a reinau-guraçom da “Praça das mulhereslivres”. Também outras organiza-çons de caráter mais local levá-

rom a cabo atos de protesto, co-mo o realizado por parte de ati-vistas de Ponte Areias de Esquer-da, que levárom um cartom de fe-licitaçom e um raminho de floresàs mulheres que compravam nomercado municipal.

O presidente da Junta come-morou a data com declaraçonsque fôrom consideradas “machis-tas”, por afirmar que o texto de1866, que reconhecia para as mu-lheres as funçons de “companhei-ra do homem, esposa e mae”, fi-cou obsoleto, já que “hoje podemser [as mulheres] essas três cou-sas livremente, e ademais qual-quer outra que se proponham”.

Feijóo Fai DecLaraçons qUaLiFicaDas De “machistas” na Data

NGZ / O secretário comarcal vi-guês da CUT e ativista vicinal,Telmo varela, foi enviado à pri-som da lama polo Tribunal deinstruçom número 5 de vigo nopassado 11 de março depois depassar dous dias na comandán-cia ponte vedresa da GuardaCivil. Junto a ele foi detido nodia 9 José Maria ‘iussa’ Prado,membro do mesmo sindicato eda organizaçom juvenil Adian-te, que foi posto em liberdadecom cargos mas sem fiança.

Os dous militantes estám acu-sados de “estragos” e “posse ilí-cita de armas”, se bem que a do-cumentaçom apresentada polasforças policiais nom determinas-se quais seriam os estragos quelhes imputam e as armas locali-zadas reduziriam-se a garrafascom gasolina que teriam sido lo-calizadas na casa de varela.

desde a sua detençom até quefôrom postos à disposiçom dajustiça os meios de comunica-çom dirigírom umha intensa

campanha que os vinculava coma ‘Resistência Galega’ e com acomissom de dezenas de atenta-dos contra sedes de partidos, sin-dicatos, organismos institucio-nais e domicílios de cargos pú-blicos, acusaçons que em nen-gum momento fôrom provadasnem sequer determinadas na do-cumentaçom que desde o dia 11de março –quando o segredo su-marial foi levantado– está nasmaos dos seus advogados.

A Central Unitária de Traba-lhadores e Trabalhadoras(CUT) emitiu no dia das deten-çons um comunicado em quealude a que a operaçom policialestá destinada a “coartar a luitasindical coerente” num contex-to de crise atacando “dous com-panheiros que se tenhem des-tacado pola sua entrega” na de-fesa dos direitos laborais. Paraalém da CUT, os detidos rece-bêrom o apoio público de diver-sas organizaçons independen-tistas e antirrepressivas.

Prisom para Telmo Varelasem saber quais som os“estragos” que lhe imputam

josé m. PraDo em LiberDaDe com acUsaçons

Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 201104 acontece

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O representante da Orquestra Olympus Jorge lópez la-go foi detido no passado dia 28 de fevereiro no quadroda Operaçom Orquestra por delitos relacionados com otráfico de drogas. A sua vinculaçom com o também deti-do polo mesmo sumário José Ferreiro Magarinhos foraaludida no passado número do NOvAs dA GAlizA.

Promotor Da ‘oLymPUs’ DetiDo Por narcotrÁFico

O coletivo marxista-leninista Forja, o Ateneu ProletárioGalego e o Partido Comunista do Povo Galego constituí-rom o denominado Foro de Unidade Comunista Galegapara “trabalhar em comum polos interesses do proletaria-do e polo socialismo”, coordenando-se e debatendo paraorganizar a açom política de parámetros comunistas.

constitUem Foro De UniDaDe comUnista GaLeGa

priedade de Pescanova, quenaufraga no Chile.

26.02.2011 / Associaçom para aMemória Histórica entrega res-tos de seis assassinados emLugo em 1936: Aureliano Rodrí-guez Arias, Germán FernándezPrada, José Díaz González, Ma-nuel Feás Álvarez, Manuel Fer-nández Delgado e Ovidio Ro-dríguez López.

27.02.2011 / Detidas váriaspessoas na Galiza por forma-

rem parte de umha rede decomercializaçom de dadospessoais.

28.02.2011 / PSOE de Ribeiradenuncia que as obras de um-ha depuradora sepultárom umpetróglifo em Corruvedo.

01.03.2011 / Operário de 61anos morre num edifício emobras na Corunha.

02.03.2011 / Mariscadores deFerrol e Baralhovre concentram-

se diante da delegaçom da Jun-ta para exigirem o pago dos sa-lários por limpar a ria.

03.03.2011 / Tribunal Constitu-cional espanhol suspende apli-caçom do catálogo galego demedicamentos.

04.03.2011 / Trabalhadores dafábrica de Sargadelos em Cer-vo concentram-se perante a ga-leria de Lugo para protestarempolo despedimento de oitocompanheiros.

05.03.2011 / Vizinhança deBranco (Carvalho) concentram-se na casa do Concelho paraexigir à Junta que lhe permitadispor da madeira do monte de Gorréis.

06.03.2011 / Celebra-se umhamissa em Poio com cartazesdo PP, supostamente colocadapara um ato privado que se rea-lizava depois.

07.03.2011 / Feijoo insta a reco-nhecer o papel da “vontade

masculina” na consecuçom dosdireitos das mulheres.

08.03.2011 / Membros do comitéde empresa de Clesa, do GrupoNueva Rumasa, tentam impedirsaída de carros com documen-taçom da sede da companhiaem Madrid.

09.03.2011 / R.C.F. morre em Ordes esmagado polo tratorque conduzia. Em Jove, umhamulher falece ao cair ao marenquanto mariscava.

cronoLoGia

NGZ / A inícios deste mês de mar-ço, o Julgado do Contencioso-Ad-ministrativo número 2 de Pontevedra emitiu umha sentença emque se desestima a competênciada alcaldesa de Cangas, a nacio-nalista Clara Millán, mas que es-pecifica que a empresa que vairealizar as obras de construçomdo porto desportivo deve “solici-tar e obter licenças municipais”.A Confraria de Pescadores deCangas afirmou que esta resolu-çom marca o “certificado de de-funçom do projeto”, já que o Con-celho, polo menos a médio prazo,nom poderá expedir tais autori-zaçons, umha vez que a parcelaestá classificada como solo pre-dominantemente industrial.

A sentença indica que os factosque fôrom denunciados neste ex-pediente, referentes a diversasobras realizadas por Puentes yCalzadas como movimentos de

areia e terras ou a consolidaçomde umha rampa, “estám isentasde controlo preventivo municipalpor serem de interesse público”.A confraria assinalou que estasobras pertenciam ao porto des-portivo que formava parte do pro-jeto urbanístico que pretende de-senvolver Marina Atlántica.

se bem que o gabinete de im-prensa do Concelho de Cangas seapressasse a afirmar que esta

sentença vem a ser umha vitóriada alcaldesa perante as marinhei-ras e marinheiros da vila, há quesalientar que o escrito do Julgadode Ponte vedra indica que “para amaterializaçom do projeto deconstruçom e exploraçom do por-to desportivo a concessionáriahaverá de solicitar e obter licen-ças municipais, que no seu casopoderám outorgar-se ou nom emfunçom do planeamento”.

NGZ / O Grupo ENCE, proprie-tário das celuloses de Ponte ve-dra, cultivou no ano passadomais de 1,6 milhons de árvoresde diferentes espécies, princi-palmente eucaliptos. A superfí-cie total cultivada no ano passa-do foi de 742 hectares, umha pe-quena parte das 10.477 queatualmente administra na Gali-za para os seus fins através daempresa Norfor e outras filiais.

A empresa é a principal res-ponsável da proliferaçom mas-siva de eucaliptais nos montesgalegos, ao garantir aos donos

das terras a sua compra imedia-ta e ao promover importantesplantaçons em superfícies dasua propriedade.

A Junta aceitou a trámite o re-curso de defesa da Ria contra oanteprojeto para a central debiomassa em lourizám, o quefoi acolhido com satisfaçom po-la entidade. A empresa, que temvindo a incrementar a quotiza-çom na Bolsa, tem assegurada asua continuidade em Ponte ve-dra polo menos até 2018, datana qual a Junta atual estaria dis-posta a rever a sua localizaçom.

ENCE já administra mais dedez mil hectares de terreno

estimam recUrso contra centraL De biomassa

NGZ / segundo dados tornadospúblicos a começos deste mêsde março através do institutoNacional de Estatística (iNE), aproduçom industrial desceu nonosso país um 2,2% interanualno mês de janeiro, situando-seem mais de 8 pontos por baixoda média estatal, a qual ascen-deu 6% em relaçom com o anoanterior. deste modo, a Galizacontinua a concatenar descidasna sua produçom industrial, poisno último mês de 2010 esta che-gara a cair 9% em relaçom como mês de dezembro de 2009.

Centrando-se nos númerosdo primeiro mês de 2011, esta

diminuiçom viu-se liderada po-las descidas que se produzíromnos bens de consumo duradou-ros, a energia e os bens de con-sumo nom duradouros. se sedá umha olhada aos númerosdas autónomias do Estado es-panhol, vê-se que a comunida-de galega é a segunda na qualmais se viu reduzida a produ-çom industrial, colocando-seapenas por detrás das ilhas Ca-nárias, que contam com umhadescida de 11,2 por cento. Oresto de autonomias do Estadoespanhol contárom com au-mentos generalizados na suaproduçom industrial.

Continua a recuar a indústriaenquanto aumenta no Estado

setores ProDUtivos GaLeGos

As obras do porto de Massó terám que contar com licenças municipais

conFraria consiDera-o como “certiFicaDo De DeFUnçom Do Projeto”

05aconteceNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

Grupo Voz acapara ajudas da Junta para os meiosNGZ / A secretaria Geral de Meiosda Junta da Galiza publicou nopassado dia 8 de março os novossubsídios para a comunicaçomsocial, por valor de 1,6 milhons deeuros. desta verba orçamentáriaos meios da Corporaçom voz deGalicia sA som com diferença osmais beneficiados, fazendo-secom 648.454 euros, o que implicao 40,11 por cento do total.

A segunda agrupaçom mediáti-ca mais financiada por estas aju-das é a Prensa ibérica – titular doFaro de Vigo e La Opinión–, querecebe 259.091 euros, enquanto oGrupo Prisa fica com 182.061 eu-ros. seguem-na no reparto, porordem, El Progreso, a agrupaçomde El Correo Gallego, La Región,o grupo la Capital (Ideal Galle-

go, Diario de Ferrol, Diario de

Bergantinhos, Diario de Arousa eDXT) e o Diario de Pontevedra,que recebem separadamentemontantes entre cinqüenta e cemmil euros. Na última posiçom ficao Xornal de Galicia, que obtémapenas 3.037 euros.

O NOvAs dA GAlizA, depois deter visto denegadas as suas solici-tudes em anos anteriores, optoupor nom se apresentar.

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

ANTIA RODRÍGUEZ / Um dos gran-des obstáculos ao trabalho reali-zado é que os meios empresariaisnom deem entrada às informa-çons geradas por Esculca. Tam-bém sobre os meios silenciososfalamos com o seu presidente,Fernando Blanco Arce.

Com que objectivo nasce Esculca?Esculca nasce por volta de 2002,com o objetivo fundamental dereagir contra umha situaçom ca-da vez mais consolidada de cortede direitos fundamentais e liber-dades públicas. da reaçom de umgrupo de pessoas contra a culturade excecionalidade, contra queestas atuaçons fossem vistas co-mo algo 'normalizado', Esculcatem a intençom de responder, pormeio da observaçom -daí o seunome-, e, chegado o caso, deaçons judiciais, sobretodo nos ca-sos de tortura. Contamos comumha massa social considerável,mas o trabalho fundamental fai-no um grupo de militantes, queformam a junta diretiva, contan-do com as colaboraçons dos só-cios e outras colaboraçons pon-tuais. O trabalho fundamental es-tá encaminhado a manter umhasérie de correspondentes por to-da a Galiza, e observar continua-mente as informaçons que publi-cam os meios de comunicaçom.Também tentamos manter umharelaçom direta com os movimen-tos sociais, que nos permite co-nhecer de primeira mao as viola-çons dos direitos fundamentaisque se podam dar no País.

Ultimamente, estám a acudir aalgumhas mobilizaçons comoobservadores, para dar contadas violaçons dos direitos daspessoas que participam. É ummodo de fazer socialmente maisútil o vosso coletivo?desde o começo, umha das nos-

sas linhas de trabalho estivo enca-minhada a dar conta das situa-çons de tortura denunciadas nascadeias galegas. Fazemos anual-mente um relatório para a Coor-denadora Estatal para a Preven-çom da Tortura, da qual fazemosparte. Assim, desde o começo, fo-mos comunicando publicamenteos casos de torturas e maus tratosdos que tínhamos conhecimentodireto dentro do território galego,mas nom só nas prisons, senomtambém os perpetrados polas for-ças de segurança do Estado. Apartir daqui, e perante a contun-dente atuaçom das forças de se-gurança, e as contínuas restriçonse limitaçons dos direitos de mani-festaçom por parte do delegadodo Governo espanhol, ao nomconceder nengumha autoriza-çom, decidimos começar a elabo-rar estes relatórios. O objetivo éconstatar o que estávamos a ver, eas informaçons recebidas de mo-do isolado. Pola primeira vez, e deforma “artesanal”, decidimos rea-lizar um relatório das mobiliza-çons contra a visita do Papa. Foicomo um experimento realizadopola gente de Compostela, e a par-

tir daí elaborou-se um protocolopara as seguintes mobilizaçonsem que a nossa presença fosse so-licitada polos coletivos sociais ouem que Esculca pensasse que énecessário estar. Neste sentido,também estivemos a dar conta doacontecido na Greve Geral do 27-J, e na marcha ao cárcere de Tei-xeiro, que todos os anos organizaa Comissom de denúncia da Gali-za, da qual, junto com outros co-letivos, fazemos parte.

Que problemas encontram no momento de fazerem público o seu trabalho?Temos dificuldades para que osrelatórios transcendam aosmeios de comunicaçom nom al-ternativos, quer dizer, aos meiosde difusom geral e com outroscontrolos económicos. Mas so-

mos bastante otimistas, sem ser-mos ilusos, e vamos continuar ainsistir, mantendo umha pres-som constante, dado que de ou-tro modo, se a informaçom en-viada nom transcende, estaría-mos a gerar um conteúdo autos-satisfatório, e nós nom preten-demos ser fechados. Que osmeios deem conta do que está aacontecer (as situaçons de tortu-ra, as denúncias relacionadascom o ámbito carcerário, com oscentros de menores, com a saú-de penitenciária, com o laicismona cadeia), em qualquer ámbitoem que a atuaçom estatal cho-que com as liberdades e direitosda cidadania, é algo absoluta-mente essencial, porque senomvam-nos ganhando, da mao dosilêncio social.

Neste sentido, os relatórios queelaboram contra as situaçons detortura também som obviadospolo Mecanismo Nacional dePrevençom contra a Tortura(MNPT)? Como é a relaçomcom este órgao do Estado?Tanto nós como a CoordenadoraEstatal somos absolutamente crí-

ticos com o MNPT, um organismono qual se esperava umha presen-ça chave da sociedade civil que fi-nalmente nom há, para além deser um ente estatal, centralista,que desde o seu nascimento man-tém umha estranha deriva. O Es-tado nom mostrou nem o mais mí-nimo interesse em abrir os cen-tros de detençom à participaçomda sociedade civil: as visitas con-tinuam a estar severamente res-tritas. Além disto, as últimas atua-çons do MNPT em relaçom ao re-latório que lhes enviamos -pedi-ram-nos que identificássemos aspessoas objeto de maus tratos nascadeias, já que nom lhes chegavacom as iniciais-, falam dele comoum ente excessivamente burocrá-tico, mais um órgao legitimadorda realidade quotidiana, da exis-tência da tortura.

Colabora Esculca com outrosmovimentos galegos de denún-cia da repressom e da viola-çom de direitos e liberdadesda cidadania?Também participamos da Bds-Galiza (Boicote, Desinvestimen-

tos e Sançons contra Israel), um-ha organizaçom que está come-çando a funcionar, depois da mo-bilizaçom contra a visita do ex-ministro de Assuntos Exterioresisraelense Ben-Ami, e através dadenúncia do convénio de colabo-raçom que a Universidade desantiago assinou com a universi-dade sionista Ben-Gurion. Alémdisto, com outros movimentos doPaís mantemos umha colabora-çom todo o estreita que a situa-çom de emergência exige, tantodo ponto de vista informativo co-mo em qualquer colaboraçompontual necessária. Mas, comoassociaçom, nom temos o costu-me de assinar manifestos e comu-nicados, senom ir mais à prática,através de açons judiciais.

“É essencial que se informe sobre a tortura,senom vam-nos ganhar com o silêncio social”

FernanDo bLanco arce, PresiDente De escULca, observatório Para a DeFesa Dos Direitos e LiberDaDes

Umha nova revista em galego que tratará questons rela-cionadas com o ensino apresentou-se recentemente. ‘Car-tafol’ terá a normalizaçom lingüística como eixo central etratará aspetos relacionados com a Conselharia de Educa-çom, a atividade sindical, e o anúncio de cursos, entre ou-tros temas. Mais informaçom em http://www.cartafol.gl

cartaFoL: semanÁrio Para o ensino em GaLeGo

A demora de Património na notificaçom dumha sançomcontra o derrubamento dumha capela na Teixeira, empleno Canom do sil, motivou que a Junta nom poida san-cioná-la ao ter prescrito o procedimento. O edifício forademolido para permitir a construçom de umha barragemque nem sequer chegou a se construir.

neGLiGência Da jUnta saLva iberDroLa De sançons

Esculca nasceu com o objetivo de que a sociedade galega saia da passividade, pe-rante a cada vez mais restrita liberdade que lhe concedem os poderes públicos.Desde 2002, os seus ativistas e colaboradores trabalham recolhendo informaçomsobre as medidas autoritárias e os abusos que as forças de segurança realizam pordetrás dos muros das prisons, ou nas ruas. Nos últimos meses, começárom a parti-

cipar como observadores nas mobilizaçons convocadas polos movimentos sociaisdo País, como as manifestaçons contra a visita do Papa ou a Greve Geral do 27-J.Como resultado, realizárom vários relatórios em que descrevem a atuaçom das for-ças policiais que, muitas vezes, “demonstram carências graves no entendimento dopapel que lhes corresponde jogar, e dos limites das suas intervençons”.

“Há que reagir contraque os maus tratossejam consideradoscomo algo ‘normal’”

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NGZ / No dia 27 de fevereiro porvolta de 4.000 pessoas saíam àsruas de vigo convocadas pola pla-taforma A Ria Nom se vende paraprotestarem contra os recheios daria dessa cidade, na qual as autori-dades portuárias “enchêrom maisde três milhons de metros quadra-dos e querem continuar a fazê-lo”.Exigírom a suspensom das obrasde recheio, já que, segundo duarteFerrín, um dos coordenadores damarcha “estám a construir-se edifí-cios que nom tenhem nada a vercom a atividade do porto”. As obrasque se estám a efetuar na zona doAreal fôrom especialmente critica-

das polas pessoas manifestantes,sendo esta umha das partes maisafetadas da ria que vê agravada asua situaçom por causa da polui-çom que geram as obras.

Pretendem reafirmar a sua exi-gência de que se derrubem as edi-ficaçons levantadas em solo por-tuário, assim como a desapariçomdos portos desportivos, construí-dos ilegalmente. A recuperaçomdos bancos de marisco ou a retira-da dos valados que impedem àspessoas o acesso ao mar som ou-tras das reivindicaçons populares.

Para além da marcha realizou-se também um julgamento popu-

lar às responsáveis pola Autorida-de Portuária de vigo, Corina Por-ro e luis lara Rubido.

Resposta massiva à marcha emdefesa da serra do GalinheiroA finais de fevereiro milhares depessoas coroárom o Galinheiroem resposta ao projeto da Juntade instalaçom de um parque eóli-co na emblemática serra. Convo-cadas pola "Plataforma em defesada serra do Galinheiro" participá-rom entre 2.000 e 5.000 pessoas.No fim da marcha, um dos organi-zadores convidou a "trabalhar pa-ra salvar as riquezas naturais".

07aconteceNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

Após nove meses da sua realizaçom ainda se des-conhecem os resultados do inquérito realizado po-la Junta à comunidade infantil. Perguntavam apais e maes qual era a língua materna do seu filhoou filha com a pretensom de utilizar as conclusonsdo estudo para estabelecer os idiomas veiculares.

ocULtam inqUérito Da LínGUa na eDUcaçom inFantiL

Após a reuniom com o secretário de Estado de Energia,o responsável de Economia e indústria, Javier Guerra,definiu a ampliaçom da central gassística como impres-cindível. dita necessidade, enquadraria-se dentro doprojeto de gasoduto que cruzará parte do território gale-go com destino a Madrid, planificada já desde 2009.

jUnta qUer amPLiar reGanosa na mesma LocaLizaçom

NGZ / diversos organismos in-ternacionais faziam público umestudo em que denunciavam osexcessos de contaminaçom doar nas cidades galegas. Entreeles estám a Agência Europeiado Espaço, o Centro de super-computaçom Nacional ou a Uni-versidade de Colónia.

Coincidiu com a a semana emque Alberto Núñez Feijoó consi-derava umha "perda de tempo"as medidas tomadas polo exe-cutivo espanhol para a reduçomda poluiçom nas estradas

Coletivos ecologistas nacio-nais, como a Adega, somárom-

se a esta denúncia, acreditandona fiabilidade da análise e cha-mando a atençom sobre o factode que, enquanto eram publica-dos estes dados, os indicadoresde poluiçom divulgados regu-larmente na página web do go-verno galego desaparecêrom.

A Junta minimizou a alerta,afirmando que a qualidade doar "é boa" e que os limites só fô-rom superados pontualmente,contradizendo a Adega, que de-nunciou que os máximos de po-luiçom por óxidos de nitrogéniojá foram superados em diversasocasions na cidade de Ourense.

Alertam sobre a altapoluiçom do ar galego

NGZ / Um pequeno engenho ex-plosivo explodiu à porta de umapartamento em que residiu oalcalde compostelano doPsOE, Xosé sánchez Bugallo,na madrugada do dia 9 de mar-ço. Conforme transcendeu naimprensa, o ataque foi reivindi-cado anonimamente através devários folhetos que explicavam

que a açom ia dirigida “contraas propriedades” do primeiroedil da capital da Galiza e con-cluíam com o lema “viva Gali-za livre”. O ataque, realizadono número 8 da rua doutor Tei-xeiro, produziu-se às 4 da ma-nhá e afetou levemente a portado domicílio, que ficou parcial-mente incendiada.

Atacam antigo domicíliodo alcalde compostelano

Milhares de pessoas secundam a marchacontra os recheios na Ria de Vigo

a ria nom se venDe aGLUtina a oPosiçom ambientaLista no LitoraL sUL

NGZ / Na primeira semana demarço efetuou-se umha batidapolicial contra o narcotráfico noconcelho de verim, na qual fô-rom detidas dez pessoas. Umhadelas era um agente da própriaGuarda Civil, José Antonio R.s.,de 49 anos e destinado na vila.O membro do instituto armadoespanhol nom só compraria co-caína aos implicados na rede,

senom que lhes oferecia infor-maçom sobre o estado das in-vestigaçons realizadas contraeles. Após a sua detençom caí-rom as outras nove pessoas,acusadas de transportarem re-gularmente cocaína de Madridpara vender no sul do país. Osdetidos já se encontram em li-berdade depois de terem decla-rado perante o juiz.

Detenhem guarda civil de Verim por narcotráfico

Dia da classe trabalhadora galega juntacentos de pessoas contra o pacto socialNGZ / As comemoraçons polo 10de março, dia da Classe OperáriaGalega, congregárom várias cen-tenas de pessoas nas manifesta-çons que a CiG realizou em vigo eFerrol sob o lema “Contra o pactosocial: mobilizaçom” e em defesada soberania da classe operária ga-lega para decidir sobre os seus

convénios. O secretário geral daCiG, suso seixo, comparou o con-texto de 2011 com o de 1972 –anoem que eram assassinados no mes-mo dia Amador Rei e daniel Nie-bla– por dar-se umha “situaçom decrise, perda de empregos, empre-sas em conflito, ameaça de encer-ramento de fábricas...” num mode-

lo económico que nom mudou.Por sua vez, as concentraçons

da CUT em vigo e em Composte-la estivérom marcadas polas de-tençons da véspera, de maneiraque, para além das reivindicaçonsoperárias, tivo especial protago-nismo a exigência de liberdadepara os seus companheiros.

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O BNG pede construçomem Trasmiras de umhabase militar da NATO NGZ / O senador Xosé ManuelPérez Bouza solicitou no sena-do espanhol a instalaçom na lí-mia de umha base militar de ex-perimentaçom com avions-es-pia ao serviço dos exércitos es-panhóis e norteamericano, aNAsA e a NATO entre outros.

Pérez Bouza questiona a ou-tra possível localizaçom emHuelva, que "mesmo linda como Parque doñana"; esquecendoque a base "galega" se situaria,conforme denunciam da socie-dade Galega de Ornitologia(sGO) e a sociedade Galega deHistória Natural (sGHN), "nointerior ou nas imediaçons deumha zona de Especial Prote-çom para as Aves".

O senador do BNG criticou aFeijóo por ter umha atitude quedeixou atrás a proposta de Tras-miras. O mesmo Pérez Bouzapedira em fevereiro a aberturade seis casas-quartel da GuardaCivil na Galiza, e em novembrocelebrava que esse corpo confe-cionasse os seus uniformes na

Galiza e nom na China.Entre as vozes contrárias, o

Cs Aguilhoar já se opugeracom critérios antimilaristas aoprojeto em 2009, quando a em-presa EAds-CAsA, promotorado projecto, prometia 7.000postos de trabalho diretos e25.000 indiretos vinculados aoprojeto. Agora qualificam de"inexplicável" o papel do BNG,e critica a justificaçom nesses"postos de trabalho".

A Adega sinala que os avionsque se fabricariam em Trasmi-ras seriam "justo os empregadosem massacres como a de Gaza"ou da "NATO no iraque e Afega-nistám". Nós-UP tirou um comu-nicado "contra a base imperia-lista", e a Causa Galiza "exige àdireçom do BNG que desautori-ze as petiçons do senador". Noseio do BNG, o blogue renova-

robng 2.0 critica a ruptura coma "linha antiimperialista e paci-fista", à vez que denuncia que amilitáncia conhecese essa novapostura pola imprensa.

Xosé m. Pérez boUza no senaDo

NGZ / A iniciativa do BNG pola in-corporaçom do português comosegunda língua estrangeira em to-dos os centros de ensino secundá-rio da Galiza foi paralisada polosvotos contrários do PP. Este parti-do denunciava que por detrás daproposta se agachava um "comple-xo ideológico" e "corporativista"com intençom "tramposa". PoloBNG, Carme Adán sublinhou quena Estremadura "o alunado querealiza estudos em português é dezvezes superior ao da Galiza".

Esta posiçom do PP galego écoerente com a sua postura histó-

rica, de afirmaçom retórica doreintegracionismo em presença deautoridades lusófonas e proibiçomde qualquer achegamento real. Noinício da legislatura, o embaixadorportuguês no Estado espanhol, Ál-varo José de Mendoça, visitava aJunta da Galiza, assegurando-lheFeijóo que estudaria a inclusom doportuguês no ensino: "todo o queseja abrir a Galiza ao mundo e in-corporar línguas estratégicas éumha oportunidade que nom po-demos perder", afirmava em junhode 2009, ao mesmo tempo que as-sinalava que "há planos com ou-

tras comunidades [em alusom àEstremadura] e a Galiza tem queestar na dianteira". Nom foi a úni-ca declaraçom de reintegracio-nismo retórico do presidente daJunta. Em novembro de 2007afirmava: "pessoalmente, decato-me de que o galego é umha rique-za que nos ajuda a abrir as por-tas da lusofonia", e numha visitaa londres em outubro de 2010defendia que o seu projeto de"plurilinguismo" contemplavaque nos podamos comunicarcom "quase 200 milhons de pes-soas que pertencem à lusofonia".

PP rejeita ensino do portuguêscomo segunda língua estrangeira

sinDicatos Da eDUcaçom aPresentaram Petiçom conjUnta anteriormente

Primeira assembleia nacional dosComités acaba com umha cisomNGZ / Os Comités, organizaçomestudantil próxima do BNG fun-dada há quase três anos da fusomdos Comités Abertos de Faculda-de (CAF) e Comités Abertos de Es-tudantes (CAE), realizavam a 26de fevereiro na Corunha a sua pri-meira assembleia nacional. Nessamesma manhá, umha nota de im-prensa anunciava aos media queum grupo de militantes renuncia-va à participaçom devido a que“nom se garantírom uns mínimos

democráticos” no encontro. Aomesmo tempo, denunciavam “pur-gas de membros da organizaçom”e “usurpaçons de funçons” dos or-ganismos assembleares, culpandoa Uniom da Mocidade Galega(mocidade da UPG) dessas “práti-cas dirigistas”. O coletivo de estu-dantes que abandonou os Comitésenquadrava o desenvolvimentoprévio à assembleia na “fugida pa-ra nengures da minoria dirigente,assustada perante a possibilidade

de perder o controlo”.dias depois, esse mesmo grupo

anunciou a convocatória de umhaassembleia nacional para o vin-douro 26 de março, para consti-tuírem umha outra organizaçomestudantil, “superadora das diná-micas doutras organizaçons co-mo os Comités ou o MovimentoEstudantil Universitário (MEU)”,com base nos princípios da “es-querda transformadora” e do “na-cionalismo soberanista”.

08 acontece Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

Só 1 em cada 4 trabalhadorasde 65 anos teriam direito aperceber a pensom completaNGZ / Um informe sobre a situa-çom sócio-laboral da mulher naGaliza, realizado pola Centralintersindical Galega (CiG), indi-ca que, se neste momento seaplicasse a reforma das pensonsna sua totalidade, apenas 23%das mulheres trabalhadoras quese reformam aos 65 anos teriamdireito a receber a totalidade daprestaçom. Trata-se de um dadoem que se refletem as profundasdesigualdades de género que semantenhem na sociedade atual,pois, em relaçom aos homens,71% dos trabalhadores teriamconseguido quotizar 38,5 anos.

Neste informe analisam-setambém outras realidades só-

cio-laborais atuais, entre asquais salienta a taxa de ativida-de feminina, que se situa em48% perante o 62% dos homens.Ademais 28,2% das assalariadascontam com um trabalho tem-porário e 20,7% com trabalhos atempo parcial.

A CiG denunciou ademais apersistência de diferenças sala-riais entre homens e mulheres.Em média, umha trabalhadoracobra 83% do salário médio, queé 26% inferior ao de um homem.A secretaria de Mulher da cen-tral sindical destaca os alarman-tes dados das mulheres migran-tes, que recebem menos de meta-de que as trabalhadoras galegas.

DiFicULDaDes aPós a reForma Das Pensons

SINDICATOS E DOCENTESapresentam no Registo da Juntainiciativa pola introduçom do português no ensino

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NGZ / O soberanismo estará tam-bém nas cidades de Compostelae Redondela nas próximas elei-çons municipais de maio, confor-me pudo saber o NOvAs dA GAli-zA nas últimas semanas. No casoda capital será umha lista com-posta por “setores soberanistas eagentes sociais situados à mar-gem do consenso e as dependên-cias municipais”, enquanto na ci-dade da Ria de vigo será a FPG aque impulsionará umha candi-datura na qual querem aglutinarcoletivos sociais e vicinais comos que estám a contactar.

A aposta soberanista de Com-postela está pendentes de umhaassembleia constituente no pró-ximo dia 26 de março. Manifestá-rom a este jornal a sua oposiçomà continuaçom das obras na Ci-dade da Cultura e criticam o “mo-nocultivo turístico da nossa capi-tal, que precariza o emprego enos converte em estrangeiros nanossa própria casa”, defendendoumha linha de trabalho munici-pal desde a rua “com ou sem re-presentaçom institucional”.

A canditadura redondelanadefine-se como “galeguista, deesquerda, feminista e ecologis-ta”, e aspira a conseguir repre-sentaçom “apesar das dificulda-des de ser umha formaçom novae sem recursos económicos”.Oponhem-se a obras como o vialde alta capacidade A-59 ou a am-pliaçom da AP-9, que conside-ram “desnecessárias”.

Também em Ponte-Areias, Salvaterra e o Porrinhodesde a publicaçom de umhareportagem neste jornal em ja-neiro fôrom também apresenta-das candidaturas promovidaspor Nós-UP em Ponte-Areias,salvaterra e o Porrinho, com de-nominaçons que acrescentamaos nomes dos concelhos a suadefiniçom como iniciativas “deEsquerda”. Estám a difundir al-ternativas de governo em defe-sa da criaçom de postos de tra-balho, o urbanismo racional ouo ambientalismo.

Continuam o seu trabalho asiniciativas já avançadas em Can-

gas e Ames, assim como os proje-tos em desenvolvimento para aslocalidades de Mugardos e Minhoe outras nas quais se estudam aspossibilidades de lançamento emOgrove, Arteijo ou vigo.

“Expetativas razoáveis” parabons resultados polo BNGO porta-voz do BNG Guillermevázquez afirmou na apresenta-çom da candidatura de Ponte ve-dra que a sua organizaçom con-ta com “expetativas razoáveis”para obter bons resultados nodia 22 de maio “porque temosbalanço e temos projeto”. A fren-te nacionalista aspira a apresen-tar-se em todos os 315 concelhosdo país, algo que conseguirampola primeira vez nas passadaseleiçons municipais.

O Bloco conta com 31 alcal-dias –entre as quais destacamPonte vedra, Cangas, Monforteou Teio– e fai parte do governomunicipal noutras 37 localida-des, entre as quais se encontramgrandes cidades da Galiza comoa Corunha, vigo ou Ourense.

Candidaturas soberanistas emCompostela e Redondela estarámnas eleiçons municipais de maio

o inDePenDentismo PrePara-se Para entrar nos conceLhos

09aconteceNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

mar

Junta apoiou fraudena venda de moluscochileno como galego

DestaPaDa Por setor bateeiro

Afonso Dieste / Conservera deRianxo SA foi denunciada noTribunal de Padrom polo Con-selho Regulador do Mexilhompor um delito de “fraude aoconsumidor” ao vender molus-co chileno como galego nassuas latas. Com esta açom, oConselho deu o primeiro passode umha campanha que conti-nuará nos vindouros meses:“Temos indícios e evidênciasde que mais empresas estám afazer este tipo de práticas frau-dulentas”, assinala o seu presi-dente, Francisco Alcalde.

AFONSO DIESTE / desde há anos,os bateeiros sustenhem que mui-tas das conservas que se comer-cializam com etiquetas de “Mejil-lón de las Rías Gallegas” ou “sa-bor a Galicia” contenhem no seuinterior molusco chileno, muitomais barato. Um mexilhom que écultivado em zonas do Chile porgrandes empresas com capital ga-lego (Jealsa entre elas), que se ins-talárom nesse país a começos dos90 com um importante apoio eco-nómico e institucional da Junta.

Os bateeiros estám a apanharà toa em grandes áreas comer-ciais latas de conservas de mexi-lhom de firmas galegas, paraproceder à análise do AdN daspeças que contenhem no seu in-terior. Estas análises, feitas pololaboratório do Conselho do Me-xilhom e da Universidade da Co-runha, demonstram que o molus-co que contenhem nom é o “my-tilus galloprovincialis”, o cultiva-do nas rias galegas, senom o“mytilus chilensis”, cultivado nopaís latino-americano. som latasde conservas nas quais a etique-tagem fai referência, de um oude outro modo, a que o seu pro-duto é galego. daí a denúncia dafraude ao consumidor. FranciscoAlcalde lembra que o próprio re-presentante da associaçom pa-

tronal conserveira, Anfaco, reco-nheceu publicamente que até60% do mexilhom que se enlata-va na Galiza era foráneo.

O assunto desvendado polosbateeiros com esta denúncia noTribunal de Padrom pom em pri-meiro plano a política seguidadesde há duas décadas polasgrandes conserveiras galegascom o apoio da administraçomautonómica: desembarco no Chi-le para instalar grandes zonas decultivo de molusco e criaçom deempresas de processado e trata-mento da produçom para ser re-mitida para a Galiza, onde é en-latada. desta forma, os empresá-rios garantem a si mesmos umhamatéria prima muito mais bara-ta, à vez que introduzem um ele-mento de pressom frente aos ba-teeiros, aos quais deixam decomprar produto e exigem-lheque baixem os seus preços paraserem “competitivos”. Aqueledesembarco no Chile de grandesrostros do negócio conserveiro(Jesús Alonso, Paquito...) foi ava-lizado polo entom conselheiro daPesca, lópez veiga, que tinha co-mo mao direita Rosa Quintana,atual conselheira do ramo. Re-centemente, o conselheiro daPresidência, Alfonso Rueda, reu-niu no Chile com representantesdo Ministério do Mar desse país,acordando fomentar a colabora-çom quanto a matéria de conser-vas. No encontro estivérom pre-sentes empresários galegos daconserva com fortes investimen-tos no Chile.

Nos últimos cinco anos, o Chi-le exportou para a Galiza maisde 100.000 toneladas de “chori-to” (mexilhom chileno), umhaquantia equivalente à quantida-de que as conserveiras deixáromde comprar nesse período aosbateeiros galegos, que tivéromque orientar a sua produçom pa-ra o mercado do fresco.

Partido Popular volta a contar com tránsfugasnos concelhos de Mós, Folgoso e AvegondoNGZ / O Partido Popular que-brou definitivamente o chama-do ‘pacto antitransfuguismo’com factos. Por agora é já públi-co que vai contar com tránsfu-gas em três concelhos: Mós, Fol-goso e Avegondo. Neles encabe-çarám as listas ‘populares’ Ni-

dia Arévalo, dolores Castro eJosé Antonio santiso, alcaldesque atualmente conseguírom oseu posto através de moçons decensura em que contárom coma colaboraçom de tránsfugaspolíticos e que no seu dia nomtiveram o apoio explícito da di-

reçom autonómica do seu parti-do. O facto de que sejam legiti-mados por três presidências pro-vinciais do Partido Popular cor-robora a hipótese de que se tratade umha decisom avalizada po-los máximos órgaos diretivos daestrutura partidária.

APRESENTAÇOMdas candidaturas soberanistasde Ponte Areias, o Porrinho e Salvaterra de Minho

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aGro

Como entende o SLG o dia 8 demarço e qual é a importáncia dacelebraçom desta data?Para nós, o 8 de março é umha da-ta importante. Há muitos coletivosque celebram o 12 de outubro, diada mulher rural. Nós nom festeja-mos essa data por várias questons:a primeira é que pensamos quecom esse tipo de separaçons entremulheres ruais e urbanas preten-de-se apenas dispor de umha sériede coletivos no ámbito das mulhe-res rurais que podam ser emprega-dos num momento dado para au-mentar a base social de opçonspartidárias com um planeamentonada reivindicativo nem de avan-ço. Por isso sempre enquadramosas nossas luitas no 8 de março. Co-mo mulheres do slG, pensamosque o dia 8 de março é o dia inter-nacional das mulheres no plural,de qualquer ámbito e profissom.Esta data sempre foi mui impor-tante, além de ser a data que nospermitiu aglutinar as nossas rei-vindicaçons com as de outras mu-lheres. O 8 de março sempre foi adata, em maiúsculas, por dizê-lode algumha maneira.

Que implica a atual falência dosserviços públicos para a luita dasmulheres pola igualdade? Há várias questons preocupantes.O desmantelamento dos serviçospúblicos afeta toda a populaçom,mas de umha forma especial asmulheres. Quando há infraestrutu-ras para o cuidado de pessoas ido-sas e cuidados da infáncia, de pro-ximidade e de qualidade, repercu-te em que as mulheres podam terumha vida laboral com mais possi-bilidades, mesmo com lazer, etc. Ocontrário, avalizado até polo Parla-mento europeu implica precarizara vida das mulheres ainda mais.Este sistema neoliberal baseia-seem precarizar a vida de determina-dos setores e de um modo funda-mental o das mulheres. Todo o tra-balho que fazemos, tanto no cuida-do de pessoas idosas como decrianças, inclusive na produçomde alimentos e cuidado da paisa-gem, nom aparece nunca no esta-do de contas do sistema, de manei-ra que nom se lhe dá valor em ab-soluto. É injusto e cada vez vamos

a pior. Quanto ao tema dos servi-ços públicos, há umha política muicorreta em favor da igualdade nasdeclaraçons públicas, mas quandose recortam direitos é precisamen-te nas cousas que afetam as mu-lheres. É mui perversa esta políticaonde por um lado se di umha cou-sa e se fai exatamente o contrário.

A reforma laboral também atacade forma importante os direitosdas mulheres...O tema da segurança social é ogrande cavalo de batalha desteano. Umha reforma como a de pen-sons é prejudicial em grandíssimamedida para as mulheres, quandoos próprios impulsionadores damesma manejam dados de que asmulheres que tenhem 35 anos quo-tizados nom chegam a 5,5%. E ago-ra pedem inclusive que sejam quo-tizados mais anos... sabem tam-bém que mais de 32% tenhem 15anos ou menos quotizados, e que-rem pedir para o cômputo das pen-sons 25 anos. É um atentado con-tra as mulheres, em especial as ve-lhas, que nom tem precedentes. Asmulheres nom tenhem mais anosquotizados porque tenhem que as-sumir umha série de cuidados quedeveriam ser assumidos pola so-ciedade no seu conjunto, mas re-caem sobre elas em particular. Porisso as mulheres passam a ser asprimeiras a deixar de quotizar.

O êxodo rural na Galiza é lidera-do polas mulheres mais novas.Quais som as causas?O facto de que haja uns recursospúblicos que som mui precários ounom existem, determina que mui-tas mulheres decidam ir para ou-tros lugares. se tu nom tés umhaescola perto, ou outros serviços bá-sicos, muita gente vai-se emborapara lugares onde nom se dá esseproblema. O facto de que nom seaposte a sério em manter uns pre-ços na agricultura que segue a sera principal atividade de muitas co-marcas, fai com que muita gentenom se decida a ficar. Além disso,no caso das labregas, há umha fi-gura que se denomina ajuda fami-liar. Quando há um casal na explo-raçom agrária, o titular costumaser o homem, e as mulheres te-

nhem a consideraçom de ajuda fa-miliar, o que invisibiliza mais aindaa figura da mulher, já que a capaci-dade de gestom tem-na o homem,nem sequer a condiçom de traba-lhadora recai na mulher. O temada titularidade compartilhada éumha reivindicaçom básica, quan-do há duas pessoas, essas pessoastenhem igualdade, tanto nos direi-tos como nas obrigaçons. Nos diasde hoje, na Galiza e no Estado es-panhol, continua sem existir. va-mos para um novo 8 de março e es-tamos desde há 7 anos a dar voltasa esta questom. A nível galego nomexiste nem umha só mulher anota-da com a figura de titularidadecompartilhada, nem a primeira,porque mesmo vírom que a níveljurídico nom está claro para queserve, já que nom modifica nem odireito fiscal, nem outros camposdo direito. Nos dias de hoje as mu-lheres tenhem os mesmos direitosque há 25 anos. Eu acabo por des-confiar de que em relaçom ao 8 demarço haja apenas umha galeria,mas o interesse real por alcaçarumha sociedade igualitária é muidifícil de encontrar. Ao fim e ao ca-bo, o êxodo feminino é um cúmulode cousas: falta de serviços, faltade direitos, falta de perspetivas deter emprego e recursos económi-cos e também ausência de umha

vida cultural um pouco adequadaem termos de igualdade e partici-paçom. Em muitas zonas rurais asmulheres tenhem possibilidadesreduzidas de poder participar mes-mo na vida social básica.

As mulheres mantenhem viva aperspetiva labrega da agriculturae som as conhecedoras das técni-cas agrícolas mais tradicionais esustentáveis em muitos casos. É fundamental que se conserve. Asexploraçons diversificadas tenhemmuita importáncia para manter va-riedades diferentes. As mulheressom transmissoras de muitos dosgrandes conhecimentos que fomosatesourando como povo, sobreto-do nas maneiras de produzir. Tan-to as que conseguem levantar um-ha exploraçom como as que con-tribuem alimentando a sua família,economicamente tenhem um valormui grande. dizia umha pessoa deum sindicato operário que na Gali-za, com as condiçons duras de tra-balho e os baixos salários, as con-seqüências nom foram tam duraspor todo esse colchom familiar epor todas as possibilidades que en-travam na casa polas vias de queestamos a falar.

As mulheres sempre estivérom àfrente de muitas luitas. Continuaassim na atualidade?Há umha quantidade imensa decoletivos de mulheres que está afazer cousas mui interessantes. Emquase todas as paróquias há inicia-tivas de mulheres que, ou estám aarticular umha vida social que semesses coletivos nom existiria, queestám a proporcionar atividades

de formaçom cada dia, ou que es-tám por detrás de luitas para conti-nuar a manter recursos, transportepúblico, refeitórios, escolas unitá-rias, sobretodo no ámbito da edu-caçom, mas também no cuidadode pessoas idosas. É umha granderiqueza que nos dias de hoje está acobrir muitas das carências que sedam ao nível institucional.

Apesar disso, porque a luita dasmulheres fica tam pouco visível?Muitas vezes as experiências deluita concentram-se em ámbitos lo-cais, com muitos coletivos luitandopor cousas iguais, mas é a falta deconexom o que fai com que aca-bem por nom ter incidência sobrea classe política. Um grande pro-blema que há e a possibilidade deconectar todas as luitas. Outra cou-sa que se passa é que estamos nummomento de crise de confiança naimplicaçom das pessoas para mu-dar o mundo, mas eu acho que aspessoas temos a necessidade desuperar todas estas cousas paraluitarmos por um futuro melhor. Odesánimo existe, mas a luita daspessoas sempre moveu de formademocrática a sociedade.

Foste eleita membro do comitéCoordenador da CoordenadoraEuropeia da Via Campesina. Quetrabalho fazedes em relaçom àluita das mulheres?Umha das grandes campanhas es-tá a ser de luita contra a violênciacontra as mulheres. Para nós é muiimportante pois na via Campesinahá organizaçons de todo o mundo,África, América do sul, Ásia... Asculturas som mui diferentes e emtodas, coma na nossa, existe estaviolência. Que umha organizaçomdo tamanho da via Campesina as-suma que umha das campanhasbásicas que vai desenvolver é lui-tar contra a violência que afeta asmulheres parece-me um passo muiimportante. Além disso, atreveria-me a dizer que a via Campesina énos dias de hoje o grande movi-mento internacional, com umhaforte organizaçom que mesmo nomundo do sindicalismo operárionom se conseguiu organizar, e poraí pode vir umha grande mudançapara a sociedade global.

“som cortados direitos sociais precisamentenaqueles ámbitos que afetam as mulheres”P.V. e J.R. / Isabel Vilalba foi recentemente eleita membro do Comité Coordena-dor da Coordenadora Europeia da Via Campesina. O seu trabalho ao nível da or-ganizaçom centra-se no ámbito feminista, sob as premissas da soberania ali-

mentar e da produçom sustentável no quadro de umha agricultura labrega.Neste mês de março quigemos conversar com ela acerca do estado da luita po-la igualdade das mulheres, especialmente no mundo rural.

isabeL viLaLba, resPonsÁveL Da secretaria De mULheres Do sLG

“o interesse real por umha sociedade

igualitária é mui difícil de verificar”

“o facto de que nom se aposte a sério em manter uns preços na agricultura fai com que muita gente nom se decida a ficar”

Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 201110 acontece

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11aconteceNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

“Com os fundos que tenhem as caixas poderiam oferecer umha renda básica à sua clientela”economia

AARÓN L. RIVAS / Nestes mo-mentos nos quais desde opoder e as grandes forças po-líticas se está a defender im-petuosamente a necessidadeda sobrevivência das caixasde aforro galegas, fai-se pre-ciso salientar como se tornouquase impossível viver semter que entregar dinheiro a es-tas entidades para que man-tenham em pé os mercadosespeculativos com os aforrosda populaçom. Com a ajudado ativista Raúl Asegurado,NOVAS DA GALIZA pretende co-nhecer um pouco mais empormenor umha das alternati-vas ao sistema financeiro quese está a desenvolver em di-versas frentes: a Banca Ética,um movimento que a nívelglobal pretende luitar, atravésda criaçom de cooperativasde crédito que evitem as prá-ticas habituais das grandesentidades, contra a banca ins-titucional e as pirámides depoder que sustenta.

“Nos dias de hoje nom se pode es-tar fora do sistema financeiroconvencional, tu nom tés a capa-cidade de decidir onde nom que-res que se invista o teu dinheiro”,assim de rotundo se expressaRaúl Asegurado, membro funda-dor da Associaçom de interessesolidário O Peto e da Banca ÉticaFiare. Umha das críticas funda-mentais que se fam desde as as-sociaçons de Banca Ética à bancaconvencional é o grande gastoque este tipo de entidades reali-zam na indústria armamentísticaou em empresas que nom tenhemnengum problema em exploraros seus trabalhadores.

Tanto O Peto como Fiare sominiciativas de umha notável com-plexidade e que se encontram adiferentes níveis na hora de tra-

balhar pola consolidaçom de umprojeto de Banca Ética. A primei-ra, que nasceu em 2005 e que con-ta com mais de 115 sócias e só-cios, está vinculada diretamentecom o território galego. Asegura-do expom que o seu labor é “gerirparte do capital aforrado por pes-soas físicas, tirando-o da circula-çom do sistema financeiro e me-tendo-o numha bolsa comum”.Esta empregaria-se para “proje-tos socialmente positivos”. se-gundo Raul Asegurado, associa-çons coma O Peto nascêrom “pa-ra apoiar iniciativas que geraramumha realidade de autoempregoque o sistema convencional ban-cário nom apoiava”, especialmen-te em relaçom com setores sociaiscom dificuldades para conseguiravais, como as desempregadas eos desempregados de longa dura-çom ou as pessoas migrantes. “Oque se pretende é que a gente te-nha a liberdade económica quelhe permita ser cidadao”, afirma.

A Banca Ética FiarePor outro lado, a Banca Ética Fia-re é umha iniciativa que já se con-forma num nível mais alto que O

Peto, com o objetivo da criaçomde um banco que conte com pre-sença em todo o Estado. destemodo, teria que cumprir com osrequisitos dos Bancos Centraisespanhol e europeu para que nes-ta nova entidade as pessoas po-dam domiciliar os seus salários,abrir contas... sabendo que estedinheiro ajudará a financiar pro-jetos sociais em lugar de partici-par dos mercados especulativos.Fiare segue o modelo de BancaÉtica polo qual se regem outrasorganizaçons como a francesa laNef ou a Banca Popolare de itá-lia. Para conseguir a licença deintermediaçom financeira que seprecisa para poder trabalhar comos clientes é necessário contarcom 4 milhons de euros de capi-tal social e ter um depósito de uns18 milhons. Entom, a opçom pola

qual se inclinam este grupo de as-sociaçons é “contar com umhaamálgama imensa da diversidadede cidadaos e cidadás que, comcontributos pequenos, vaiamcriando essa realidade”. implicaque toda a pessoa que contribuacom 300 euros passa também ater participaçom e poder de deci-som sobre as atuaçons que deveabordar a entidade.

Este ativista indica também emque momento se encontra atual-mete a implantaçom territorial deFiare na Galiza: “nos dias de hojesomos uns 15 coletivos e devemosrondar as 80 sócias fisicas”. E istoem menos de um ano de cami-nhada deste projeto com genteque já estava associada a O Peto ese consciencializou da necessida-de de o desenvolver na Galiza.Umha das caraterísticas que sa-lienta Raúl Asegurado desta ini-ciativa é que se trata de um proje-to “que quebra com as dinámicasdo associacionismo, pois isto nomé umha ONG, é um banco”.

Crise e caixas de aforrosdando umha olhadela à atualida-de, Asegurado expom como o ce-nário de crise económica cria um-ha situaçom contraditória para oavanço de iniciativas relacionadascom a Banca Ética. Assim, por umlado, “a cidadania evidenciou a re-laçom de submissom que tenhemtanto o sistema político como o so-cial aos interesses económicos”,mas para o membro fundador deO Peto há outras realidades queimpossibilitam umha leitura posi-tiva, pois “o nível de desempregoe de submetimento da cidadania éo que é”, sendo também umha ei-va neste caso as dificuldades dagente para aforrar.

Nos últimos meses também sepudo observar nos meios de co-municaçom generalistas como sereproduziam mensagens envia-

das pola classe política galega oupola cúpula do sistema financeirogalego nos quais se incidia na re-leváncia da subrevivência doatual status das caixas de aforrospara a economia do nosso país,salientando mesmo a magnitudeda sua obra social. Mas para RaúlAsegurado todo isto nom deixade ser “umha farsa”. Assim, assi-nala que o atual processo de de-sapariçom das caixas é impossí-vel que apanhasse por surpresaas elites de Novacaixagalicia.“Em itália nom existe umha caixade poupança desde há mais de 10anos, e quando lá aconteceu isso,já se sabia que ia passar-se o mes-mo em toda a Europa”.

Quanto à obra social destas en-tidades fianceiras, a crítica querealiza Asegurado toca dous as-petos. Por um lado, o tipo de atosque realizam, como a reabilita-çom de centros históricos ou a ex-posiçom de obras de arte, quandocom todos os fundos que tenhem“poderiam permitir umha rendabásica para todos os seus clien-tes”. Por outra parte, este ativistaassinala também a fachenda quetenhem os próprios dirigentes dascaixas galegas na hora de afirmarque a economia privada tem maiscapacidade que o sistema público.

Para os promotores das asso-ciaçons que procuram a criaçomde umha banca alternativa torna-se necessário criar vias de saídado sistema financeiro para que apopulaçom poda escolher o quefazer com as suas poupanças. “Osistema financeiro é o rosto da ti-rania”, frisa Raúl Asegurado. E pa-ra continuar com esta exposiçomremonta-se a outros momentoshistóricos para assinalar duas al-ternativas: “contentar-se com queo senhor feudal é benevolente edecide nom empregar o 'direito depernada' ou bem liquidá-lo, comana Revoluçom Francesa”.

A banca ética promove iniciativas para tirar os aforros do mercado especulativo

“o sistema financeiroé o rosto da tirania”,polo que reclamam

alternativas reais

raÚL aseGUraDo: o Projeto “qUebra com as DinÁmicas Do associacionismo, nom é Umha onG, é Um banco”

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“ser solidário com a palestina em israel é complicado. Aprovou-se umha lei que persegue os grupos pró-boicote”

“Existem muitos falsos medos que som fundamentais para manter o sionismo”

a terra treme

À partida, pode ser estranhoque um livro sobre o conflitoverse sobre o colonizador.sim, acho que o discurso pola li-bertaçom da Palestina muitas ve-zes esquece a origem do conflito.Para mim, este está no estabeleci-mento do Estado de israel, que éexcludente ao definir-se como ju-deu, e é um regime de apartheid ecolonial. Nom tem nada a ver coma visom de umha luita de palesti-nianos contra judeus, sobretodoporque este é o argumento prin-cipal do sionismo. Acho que nomse pode esquecer o papel do colo-nizador. Por exemplo, criticamosque Fatah e Hamás se confron-tem entre si sem reflexionarmossobre como a Europa tem finan-ciado os primeiros para favorecero conflito.

Há medo na sociedade israelita?sim, mas infundado. Há dous te-mas de preocupaçom principais,por umha parte o antissemitismoe a insegurança. O antissemitis-mo, apesar de ser certo que foramperseguidos na Europa durante oséculo XX, é um medo com o qualdizem viver os israelitas, que temsido impulsionado pola ideia pro-pagada por israel de relacionarjudeu com israel e sionismo, algofalso ainda que só seja porque amaior parte da comunidade judiavive nos EEUU. A isto soma-seque os israelitas tenhem temor àguerra e o terrorismo, ainda ten-do um dos exércitos mais podero-sos do mundo. Ainda, o facto deter umha origem muito heterogé-nea fai com que exista umha com-

petiçom por ver quem é mais sio-nista, mesmo entre os nascidosem países árabes existe um senti-mento de culpa.

Existe coesom social em Israel?Para nada, som muitas etnias di-ferentes. O único que une a socie-dade é o conceito de judeidade,ainda que também nom tenhemclaro o que é isto, já que laicos ereligiosos tenhem visons diferen-

tes sobre o termo. Além disso, háumha grande diferença entreclasses, os azkenazis estivéromsempre na elite política e militar,os judeus procedentes de paísesárabes estivérom sempre por bai-xo, e o facto de estar afastados domodelo de judeu promovido polosionismo, o que denomino judeuário, margina-os. Para fazer-seumha idea, nos kibutz a gentemais pobre é denominada sabom-

cinho.

Porém, o parlamento israelitaconta com vários partidos.sim, os cinco milhons de habitan-tes que tem israel estám dividi-dos entre diversas nacionalida-des procedentes das diversas on-das migratórias, e cada grupo temo seu partido. Por exemplo, osprovenientes da antiga URss te-nhem o partido israel XXi, que élaico mas de extrema-direita epropom pouco menos que a lim-peza étnica, os sefarditas votamno sash, e as elites azkenazi (pro-venientes da Europa Central) vo-tam no likud ou no laborismo,hegemónico durante os setenta.

Em El Judío Errado umha dascousas que tentas desmentir é acrença de que o sionismo tem asua origem na chegada dos ju-deus a Israel após o holocausto.Há que ter em conta que as pri-meiras colonizaçons começamem finais do século XiX, o primei-ro kibutz (assentamento israelita)cria-se em 1907. O facto de a com-posiçom parlamentar ser assimdesmente o mito de que após a iiGuerra Mundial os judeus voltá-rom à sua terra, já que ali estámrepresentados judeus árabes, so-viéticos, europeus, latino-ameri-canos... O governo nom se cansade espalhar esta ideia e de factomuitos estudantes do secundárioviajam a Autschwiz acompanha-dos polos serviços secretos.

E qual é a visom na própria Is-rael? Existem grupos solidários

com a Palestina?Há diferentes posturas, mas a queaposta na criaçom de um Estadoque aglutine ambos os territóriossob umha democracia laica é ab-solutamente minoritária. dito is-to, o tema da solidariedade queparte de israel é um perigo, já quea grande maioria dos grupos pro-curam a paz mantendo o caráterjudeu do Estado. Ademais, ne-nhum reconhece a situaçom dosseis milhons de palestinianos re-fugiados no estrangeiro, ou domilhom de palestinianos que viveem israel. sobretodo porque o re-gresso destes quebraria a balan-ça demográfica. Muita gente quevai lá, surpreende-se com a es-querda normalizadora israelita.Cada sexta-feira, no bairro desheikh Jarrah, em Jerusalém, háumha manifestaçom de judeuscontra o conflito, e nom deixa deser umha manifestaçom de israe-litas contra israel, em que vês queas crianças palestinianas estám a

vender Coca Cola aos manifes-tantes, o qual é sangrante. ser so-lidário com a Palestina em israelé complicado. Aprovou-se umhalei que persegue os grupos pró-boicote, entre eles Breaking thesilence, organizaçom formadapor soldados israelitas contra osabusos. Há que salientar que a fi-nanciaçom europeia a estes cole-tivos é mui grande.

Os multiplos acordos de paz as-sinados nos últimos anos serví-rom para avantar algo?Eu nom sou ninguém para dizerse estivo bem ou nom que se assi-nasse, mas o certo é que em todoo momento a esquerda palestinia-na dixo que se tratava de fraudes.Mas há que compreender que asociedade palestiniana está can-sada, e qualquer avanço é bemvisto. Agora sim, eu concordocom a esquerda palestinianaquando argumentava que a suarejeiçom se baseava em que estesacordos nom iam à raiz do confli-to, que nom é outra que o estabe-lecimento de um Estado étnico.

Que opinas do trabalho das bri-gadas solidárias na Palestina?Considero que existe um certoperigo de que a Palestina se con-verta num lugar de turismo, mas

é importante ir porque dá umhaverdadeira visom do conflito,quer dizer, nem toda a Palestina éigual, nom vivem todos nas mes-mas condiçons, etc. É mui criticá-vel ali o papel das ONG, nomea-damente Us Aid, que em troca deajuda obriga a assinar um contra-to de renúncia a umha série de di-reitos, como a resistência arma-da. A solidariedade é importante,mas cada vez se vê mais genteocidental que vai ali tentar impormodelos políticos.

Achas que a solidariedade fomentada daqui é util, além da socializaçom do conflito?Com certeza, ainda que seja umtrabalho bem duro. Palestina pre-cisa de saber que tem apoio. Alémdisso, estas cousas podem demo-rar muitos anos, mas nos dias dehoje já se conseguiu, por exem-plo, que governos como o da No-ruega e da suécia anulassemacordos comerciais com israel,retirassem fundos de pensons debancos israelitas e muitas univer-sidades europeias já nom ofere-cem vagas nesse país. Tenhem-selevado a cabo também boicotes agrupos de música, desportivos,conferências políticas coniventescom o sionismo que tenhem aju-dado a encenar o rejeitamento.

Como é o colonialismo no dia-a-dia da Palestina?Para compreender isto há que fa-zer referência ao conceito de ju-daizaçom. Este plano consiste narealizaçom de umha série de polí-ticas com o único fim de dar con-tinuidade à hegomonia israelitana Palestina. inclui localidadespalestinianas, nas quais se estáma construir assentamentos de ci-dadaos israelitas para manter ahegemonia frente à populaçomautóctone. sem ir mais longe, emJerusalém os habitantes nom pos-suem a condiçom de cidadaos.Além da questom do muro, e apresença militar, o principal pro-blema é este.

aLberto PraDiLLa é jornaLista e aUtor Do Livro ‘eL jUDío erraDo’

“o conflito parteda criaçom do

israel como umestado excludente”

12 internacionaL Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

DANIEL R. CAO / Iruña, Barcelona, Palestina e, por uns dias,Galiza partilham este jornalista que visitou o nosso país pa-ra apresentar o seu livro ‘El Judío Errado’ dentro da campa-nha BDS polo boicote a Israel, promovida por diversos cole-tivos galegos. NOVAS DA GALIZA entrevistou-se com ele paraconhecer um pouco da sua particular visom sobre o conflitopalestiniano-israelita. Quem quiger mais informaçom sobrea campanha pode encontrá-la em www.bds-galiza.org.

“Há ong’s que renunciam a direitos

para poderemprestar ajuda”

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JOSÉ ANTOM ‘MUROS’ / Na bandaocidental da ilha de Papua há ummovimento vigoroso que reclamao fim da ocupaçom indonésia, her-deira da colonizaçom holandesa.No oriente de Papua a coloniza-çom anglosaxona deu lugar a umestado independente Papua-NovaGuiné. Este movimento reclama asoberania para o povo da bandaocidental da ilha que a adminis-traçom colonial indonésia dividiuem duas províncias: Papua e Pa-pua Ocidental. Até nisto fracassá-rom: a primeira intençom era a di-

visom total em três províncias,projeto que foi retirado devido aosprotestos que provocou. de facto,a divisom atual tampouco estáconsolidada, sendo este território,depois da ditadura de suharmo,um dos mais reivindicativos, juntocom o Acech e o recentemente in-dependizado Timor lorosae.

As razons destas reivindicaçonsnom podem ser mais lógicas e pal-páveis: o mundo insular parama-laio, com raízes indochinesas e al-ma mussulmana deste estado demilhares de ilhas (é um estado-ar-

quipélago...) torna-se brumoso emontanhoso ao chegar a estagrande ilha. Os arrozais e chairashúmidas de Java adquirem o ver-de do mato das cordilheiras impe-netráveis; o sudeste asiático volta-se Melanésia, com as suas tribos elínguas e as suas gentes de umhatez preta tam diferente à dos afri-canos e as influências das antigascivilizaçons chinesa, indu, árabe,malaia... desaparece numha terracom multidom de pequenas tribosisoladas entre si até há bem poucoe que somente se deixou influen-ciar por uns comerciantes e mis-sioneiros británicos tardios.

A indonésia recentemente inde-pendizada nom desistiu, até por

meio de subornos, intimidaçons eguerra, de anexar este território.Nom valeu de muito; os Papuas ja-mais aceitárom esta situaçom emantivérom até a atualidade umharesistência guerrilheira e socialcontra o ocupante. Ainda no ano84 houvo um levantamento queproclamou a República da GrandeMelanésia (o velho sonho dauniom dos povos melanésios e aexpulsom das potências e poderesocupantes...). O movimento, aonom ter apoios nem reconheci-mento exterior, fracassou e os seuslíderes fôrom encarcerados. Oideólogo deste formoso sonho, odoutor Thomas Wappai Waiwai,compartilhou prisom e amizade

com o líder timorense XananaGusmão, primeiro presidente deTimor lorosae e combatente polasua independência. Thomas Wap-pai morreu envenenado na prisom.

Mas a luita pola independênciacontinua e continuará, e nom seráaté 2001 que este território de múl-tiplos rios, pántanos, lameiros emontanhas com centenas de povose línguas poderá desfrutar de umregime de autonomia (com a falha-da tentativa de criar duas provín-cias...). Também chegará o dia emque a bandeira da independênciaondeará em Port Numbai (nomeindígena da capital) e o ocupante eo sofrimento que criárom desapa-recerá da vida dos Papuas...

13internacionaLNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

“A galiza tem, como naçom, umha presença ténue na opiniom pública de portugal”aLém minho

“Existe compreensom das pretensons das naçonsibéricas ibéricas na consciência portuguesa”

rUi Pereira, jornaLista, ParticiPa nas jornaDas GaLeGo-PortUGUesas De eDiçom inDePenDente

EDUARDO MARAGOTO / Rui Pe-reira é um prestigioso jorna-lista português cujas opi-nions sobre o problema bas-co, nada subsidiárias dos me-dia espanhóis, o tornárom co-nhecido no nosso Estado,nomeadamente nas naçonsdependentes. Encontra-seem Compostela por ocasiomdas Segundas Jornadas Ga-lego-Portuguesas de EdiçomIndependente, que se desen-volverám entre os dias 14 e 18de março, organizadas polaseditoras Estaleiro e Corsáriasna Biblioteca Ángelo Casal.Aproveitamos para falar comele, embora nom seja a pri-meira vez que o Rui colaboracom o nosso jornal.

Agora que nom há atentados, osjornais portugueses continuama plagiar os media madrilenos? Creio que o processo atualmenteaberto pola ETA e pola esquerdaindependentista basca, é o pior pe-sadelo que Madrid poderia viver,dada a presença de umha verifica-çom internacional independente.Por essa razom, a Moncloa seguiuumha estratégia interna e exteriordiferenciadas. Para o interiormontou um fogo de barragem me-diática tentando desvalorizar estaconcretizaçom dos seus piores re-ceios. Ou o Estado espanhol se de-mocratiza efetivamente na ques-

tom das nacionalidades, ou o seufundamentalismo nacionalista enegacionista ficará à vista do mun-do que quiger ver. No plano exte-rior, por isso, a estratégia tem sidoa de silenciar quanto possível oprocesso em curso. No caso dosmedia portugueses o êxito tem si-do lamentavelmente quase com-pleto. Fica a perder a informaçomlivre e isenta do público português,enquanto o jornalismo portuguêsdesce, com esta atitude, mais umdegrau na espiral da sua incompe-

tência e degradaçom. O importan-te, porém, é que a concretizaçomdeste antigo desejo basco, o olharinternacional sobre a sua situa-çom, impedirá, qualquer que ve-nha ser o desfecho do processo,que Madrid poda repetir o que fijoem ocasions anteriores: mentir aomundo e ser por ele acreditado.

Existe umha opiniom conven-cional, na imprensa portuguesa,sobre as naçons ibéricas sem Estado, ou será que cada jornal

é um mundo? Para a opiniompública portuguesa, elas (as naçons sem Estado) tenhem direitos como tais?Essa é umha questom muito pro-funda, em Portugal. Culturalmen-te está muito enraizado que o po-vo português sente a sua indepen-dência nacional como um triunfoseu sobre a secular tendência ex-pansionista de Madrid sobre todaa ibéria. Na política corrente e nomundo mediático da espuma dosdias, porém, a solidariedade in-tergovernamental é a regra. Naconsciência popular existe, con-todo, umha compreensom indis-farçada, ainda que nom activa,para com as diversas pretensonsnacionais na ibéria.

E a Galiza, que imagem projetaem Portugal nesse sentido?A Galiza surge vulgarmente en-tendida como “Espanha”. Exis-tem porém relaçons económicasdiferenciadas entre agentes eco-nómicos da Galiza e do Norte dePortugal, formas regionais decooperaçom em diversos planos,

mas sempre com a prudência de,polas partes portuguesas, nuncase formular qualquer reconheci-mento de umha existência gale-ga como ente nacional (ou atécultural) próprio. digamos que aGaliza tem, como naçom, umhapresença ténue na consciênciaportuguesa.

A ediçom independente conse-gue gerar contraopiniom? Em Portugal parece menos desenvolvida que na Galiza, como também outros meios deinformaçom alternativos (rádios livres, portais alternati-vos na Internet...).Nom existe entendimento entresetores políticos portugueses con-testatários para montar umha re-de consistente e efetiva no campoda ediçom e da circulaçom de in-formaçom alternativa em Portu-gal. Nom existem, por isso, ór-gaos de informaçom verdadeira-mente alternativos, a despeito dasubsistência de algumha impren-sa partidária de oposiçom que, si-tuada na área genérica das es-querdas, visa mais a coesom decada grupo partidário do que aproduçom de umha informaçomalternativa útil a quantos dela ne-cessitam. O panorama, nesse sen-tido, é, em Portugal, desolador etraduz a desarticulaçom generali-zada da mobilizaçom social e po-lítica no país.

reclamam a soberania para o povo da banda ocidental da ilha, que aadministraçom colonial indonésia dividiu artificialmente em duas provínciasPovos

Papua ocidental

“Em portugal hágrandes eivas para

a informaçom alternativa”

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PaLestra desde a da ‘Coalición galega’ várias iniciativas tentárom nuclear ochamado nacionalismo de centro: há espaço para este fora do Bng?

Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 201114 PaLestra

Há várias razons polas quais o na-cionalismo/galeguismo nom podenem deve continuar univocamen-

te vinculado às esquerdas. Em primeirolugar estám as razons históricas, no Parti-do Galeguista da segunda república coe-xistiam distintas tendências ideológicasque iam desde as mais progressistas deCastelao ou Bóveda às mais tradicionalis-tas ou conservadoras de Otero Pedrayoou vicente Risco, passando por liberais decorte anglo-saxónico como Plácido Cas-tro, nom existia, porém umha tendênciamarxista ou declaradamente socialista oucomunista dentro do PG.

Para Justo Beramendi, máxima autori-dade na história do galeguismo político(para os cépticos, militante histórico donacionalismo de esquerdas), Sempre en

Galiza representa a fixaçom ideológica donacionalismo nos postulados da ala libe-ral-democrática do PG. É dificilmente dis-cutível que o PG era um movimento de am-plo espectro ideológico mas situado den-tro dum leque de ideologias nom mui afas-tadas do centro político, sem presença domarxismo e do fascismo. A ruptura gera-cional que significa a ditadura faz com quese perda esse capital político interclassistada segunda república e que o galeguismopolítico ressurja nos anos sessenta com aincorporaçom do pensamento marxista.

Portanto, a identidade de galeguismopolítico com esquerda é umha grave ano-malia histórica provocada por reaçom aofranquismo. O BNG e satélites som filhosda ditadura por reaçom. A correlaçomideológica desde a transiçom de, a maisgaleguismo, mais esquerdismo e a maisespanholismo, mais direitismo é conse-qüência única e exclusivamente da dita-dura e como todas as suas consequênciasdevem ser eliminadas logo que possível.

A média de idade dos filiados a Conver-xencia XXi é de trinta e tal anos, e nom épor acaso. Representamos uma nova gera-çom para a qual o franquismo provoca um-ha funda rejeiçom racional, como as dita-duras cubana, norcoreana, chilena (Pino-chet) ou chinesa, mas nom umha implica-çom emocional como nas gerações que avivérom em primeira pessoa. A chegada à

maturidade desta geração acarretará defacto a perda do monopólio esquerdista nocampo do galeguismo político, um even-tual sucesso e consolidaçom de Conver-xencia significaria, de facto, virar de formadefinitiva a página da longa noite de pedra.

Em segundo lugar, por razons políticas,numha sociedade da Europa ocidental, on-de a maioria dos cidadans se auto-situaideologicamente perto do centro, manter onacionalismo galego atado unicamente aposições de esquerda claramente longín-quas do centro, como na atualidade, impli-ca diretamente dar por perdida a batalhacom as grandes forças do nacionalismoespanhol mais próximas do centro-esquer-da (PsOE) ou sem concorrência no cen-tro-direita e na direita (PP) e que podem,portanto, concorrer com enorme vanta-gem pola maioria dos votos como a expe-riência dos últimos trinta anos demonstrade forma irrefutável.

Em terceiro lugar, por sentido prático eamor ao País, se o galeguismo político con-tinua atado e amarrado à esquerda o Paísnom tem futuro, se formos tam parvos pa-ra continuar dando 80% do terreno de jo-go ao adversário antes de começarmos apartida, simplesmente nom temos hipóte-se, e nesse rol de perdedor sente-se mui àvontade o BNG e o PP e PsOE tam conten-tes claro, se analisarmos a recente históriaeleitoral de Galiza, comprovaremos facil-mente a seguinte correlaçom, quanto maisforte é o BNG, mais forte é o PP, é inimagi-nável para o PP um contorno mais favorá-vel que aquele em que o BNG continuassea monopolizar de facto o nacionalismo ga-lego, a estas alturas só algum fanático po-deria negar que o BNG nom é capaz de en-trar na base eleitoral do PP o que torna oBNG no melhor aliado involuntário dosconservadores centralistas.

Abrir o nacionalismo,superar o franquismo

Carlos Vázquez Padín

Existe espaço para uma quarta forçapolítica de centro galeguista? Quesetores sociais poderiam apoiar a

sua criação? Ajudaria a sua presença àconstrução nacional? Estas e outras ques-tões têm sido debatidas com relativa fre-quência dentro e fora do nacionalismo ga-lego. se calhar, ao não termos refletido osuficiente nos motivos que levaram ao fra-casso das diferentes tentativas de criar umpartido neste espaço ideológico. Mas paracompreender as causas desta ausência oua sua possível viabilidade futura, devemosretroceder um bocado no tempo.

Assim, foram meritórios os esforçosdum Xaime ilha Couto por construir umaalternativa de centro galeguista. Por tentardotá-la de uma base social dentro da igre-ja. Por pretender atrair determinados seto-res de classes meias urbanas susceptíveisde simpatizar com o galeguismo. Por arte-lhar um discurso ideológico baseado na fi-losofia personalista de Mournier, unindo-aà tradição liberal conservadora do Partido

Galeguista. Foram, dizemos, tão meritó-rios como baldios. Nem a estrutura de clas-ses galega, nem a própria evolução do na-cionalismo após 1936, nem a estratégia dospartidos galegos de âmbito estatal, favore-cia a construção de uma formação políticade centro-direita. A tentativa de Xaimeilha, personificada na fundação do desco-nhecido Partido Popular Galego (1º parti-do nacionalista de ideologia democrata-cristã), não conseguira os resultados dese-jados. E as diferentes formações que vie-ram depois, já foram uma outra coisa.

Além disso, na origem das desavençasentre o galeguismo cultural e o político es-tava a frustração ao não terem sido capa-zes de artelhar uma opção que atraísse de-terminados setores da burguesia galega.A responsabilidade recaia na estratégiadesenhada pelo Grupo Galaxia, partidáriode galeguizar os partidos de âmbito esta-tal, negando-se a reconstituir o históricoPartido Galeguista.

Esta estratégia favoreceu a incorpora-ção de galeguistas históricos nas candida-turas do PsOE ou AP, assim como a assun-ção de determinados elementos discursi-vos (língua, bandeira, hino, etc.) anterior-

mente patrimonializados pelo nacionalis-mo. Facto que limitava as possibilidadesdeste, fosse qual for o seu espaço ideológi-co. O galeguismo, aparecia como uma ca-tegoria política nova separada do naciona-lismo e reivindicada por todos os partidoscom o objetivo de legitimar-se socialmente.

Neste contexto, determinadas elites po-líticas originárias do franquismo redesco-briram o seu passado galeguista. Foi o ca-so de Eulogio Gómez Franqueira, funda-dor das COREN. Um dos poucos exem-plos de capital que se mostrou interessadoem criar um partido exclusivamente gale-go. Mas, na verdade, o discurso da Coali-

ción Galega, como depois do PNG-PG,sempre esteve centrado na necessidadede uma descentralização administrativado Estado Espanhol, mas sem alterar aunidade da sua soberania.

Não é tarefa da história predizer o queacontecerá num futuro imediato. Porém,com os precedentes assinalados e numcontexto como o atual, de forte crise eco-nómica, parece pouco provável a emer-gência de novos setores sociais favoráveisa formação dum partido de centro gale-guista. A Galiza não é economicamente oque era, mas continua a comportar-se po-liticamente como o que foi.

A mudança operada no regionalismo es-panhol nos últimos anos, não necessitadode fomentar aqueles referentes de identi-dade, fez pensar na possibilidade de umadivisão na direita galega e uma hipotéticaaliança com setores moderados do BNG.Ruptura bastante remota, dado que estasdiferenças escondem na realidade as clás-sicas lutas de poder dos partidos. Pareceque o axioma da UPG dos anos 70, segun-do o qual na Galiza só seriam possíveis par-tidos nacionalistas com base popular, ape-sar dos matizes, ainda está de atualidade.

Entre o clientelismoe o autonomismo

Tiago Peres

o axioma polo qual sóseriam possíveis partidosnacionalistas com basepopular segue em vigor

num país em que ocentrismo é maioritáriolimitar o nacionalismo à esquerda é um erro

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15entrevistaNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

Quais fôrom os principais avan-ços para o Encontro Irmandinhonesta Assembleia Nacional?sobretodo, este processo traduz-se na decissom de nos tornarmosem sujeito politico, concebendo-ocomo a expressom política dummovimento social. isso implica vá-rias cousas. A primeira questom éque é resultado dum processo dereflexom compartilhado, cuja ex-pressom mais visível foi a Roldade Rebeldia, de jeito que fosserealmente um diálogo horizontal,o que contribuiu para clarificar oprograma em relaçom a duas cou-sas: que tipo de sujeito politico é oque poderia valer agora, o que co-briria umha carência, tecer pon-tes entre a sociedade civil e a polí-tica; e por outra banda, que rol po-demos desempenhar nós comogrupo minúsculo que somos paraser úteis para um processo assim,e sendo conscientes de que nompodemos protagonizá-lo. A segun-da questom refere-se à nossa pro-cedência, o Ei nasce formado porintegrantes do BNG. Em todo oque estamos a comentar está oproblema de se esta organizaçomvale ou nom vale para todo isto.

depois de 4 anos de andaina,havia que tomar umha posiçomsobre a nossa permanência noBloco. E no caso de sairmos doBNG, analisar se no projeto quedaí começasse nós estávamos emcondiçons de que esse projetonom estivesse condenado ao fra-casso. Esta é outra das questonsque se analisou no plenário da iiiAsembleia Nacional do Ei.

Há umha certa gama de leitu-ras deste problema, isto dá azo aque se faga umha derradeira ten-tativa de apostar na possibilidadedum processo de regeneraçom doBNG. Na hipótese mais cépticatambém tem sentido esta atitude,que é a de carregarmo-nos de ra-zom e que nom se nos poda acu-sar malevolamente de secessio-nismo. É certo que o aparato nomserve, mas a base militante doBloco podemos considerá-la co-

mo um contingente de cidadánsque nom se podem equiparar como que é o aparato.

É realmente para vós fundamen-tal poderdes regenerar o BNG?A questom de ficarmos ou mar-charmos do BNG é adjectiva,nom subjectiva. Fora há muitagente que está pendente para verse dumha vez damos o passo, e senom o damos nom temos credibi-lidade, porque nom o vem assim.Eu no Ei digo: a nossa luita nom ése somos capazes de ganhar ounom o pulso no BNG ou irmo-nos, o fundamental é fazer o nos-so trabalho, senom entras nasmesmas dinámicas que estás acriticar. O nosso trabalho terá um-has conseqüências, fora do BNGou dentro. Agora mesmo o maiorpotencial está dentro do BNG,portanto há que tentar que venhaconnosco, caso marchemos. Forado BNG há muitíssimo, mas estáem estado latente.

Como pretendedes artelhar a relaçom entre o partido e osmovimentos sociais?Os partidos deixam de funcionarcomo pontes entre a sociedadecivil e as instáncias políticasquando passam a ser peças doaparato do Estado. Trata-se emrigor de re-restabelecer essaspontes. O socialismo passa polaassunçom do que se chama de-mocracia radical. se sempre sedixo que nom há democracia semsocialismo, pois hoje trata-se dereconstruir os fundamentos de-mocráticos da sociedade, e por-tanto que seja a maioria social,que é umha maioria explorada, aque poda projetar as suas inicia-

tivas na instáncia politica. A açom politica fai-se em es-

cala social. A gente que partici-pa em movimentos sociais o quefai é luita de esquerdas. descon-fia-se do que se pode lograr coma projecçom à instáncia politica,porque se há que fazê-lo atravésde aparatos partidários issonom funciona. Mas há excep-çons, como o caso boliviano, odo Equador, da venezuela. somensaios de alternativas. isto é oque está em jogo.

Dizias que, para sairdes doBNG, deveria haver um projetoque nom estivesse condenadoao fracasso...sempre pergunto à gente que saido BNG, criticando o controlo daUPG: se nom sodes capazes de lhefazer frente dentro, havedes de po-der fazê-lo fora? Há umha pulsomescapista, umha fuga cara adian-te. Às vezes mede-se mal, e depoisdecatas-te de que nom tés nem asenergias nem a disciplina adequa-da para poder construir fora. Por-que nom é tam doado! sobretodo,hoje umha alternativa fora doBNG, nom se pode montar sobreas peças que som os grupos políti-cos nacionalistas organizados fo-ra ou à esquerda do Bloco. Porqueem certa medida tenhem as mes-mas características, polo menosembrionariamente, que as organi-zaçons que criticam. Mas há quecontar com elas, embora a manei-ra de lançar o projeto tenha que

ser diferente: tem que partir dosdiferentes movimentos sociais, declasse, etc... todo o que é a frentesocial que está fora do BNG.

Como seria possível umha alter-nativa real independentista?É mui difícil dar umha resposta.O primeiro que tenhem que fazeros movimentos radicais, o inde-pendentismo é umha forma radi-cal de expressar o direito de auto-determinaçom, é nom se deixa-rem meter em guetos. sair do exí-lio interior. E isso requer um enor-me esforço ao cuidar as formasde interlocuçom e de mensagem.É precisa um esforço de pedago-gia social. sem esta, um processode revolta pode rematar comocarne de canon do caudilho oudemagogo de turno.

Quero dizer que é um esforçomui sério, porque é a contracor-rente. Eu sou independentista, e

sempre o dixem, desde os 14anos. A gente di "o Beiras nom pa-rece independentista", mas se pe-gas nos meus discursos ao longodestes anos, e os analisas, esseconteúdo é independentista, nosentido de que estimula os meca-nismos necessários para o surgirdo independentismo. Mas há mui-tas maneiras de predicá-lo. Está adifícil tarefa de criar a ideia deque "independência" nom é só umvocábulo, fazer que penetre o sig-nificado e nom só o significante.Há que desfechitizar a ideologiadominante e as palavras, comenergia e radicalidade. No BNGhá muitos mais independentistasdo que se pensa, mas se os inde-pendentistas teimam em desqua-lificaçons, os militantes do BNGsentem-se agredidos.

Está-se a dar um forte vaga re-pressiva contra o independen-tismo. O último exemplo, as de-tençons de dous sindicalistas navéspera do Dia da Classe Obrei-ra Galega. Pode-se falar de Esta-do de direito?Estamos num Estado de direitas,nom de direito. Com a crescenterepressom compre muita solida-riedade e muita açom, face todasas formas repressivas. O naciona-lismo também deveria ser solidá-rio, como nom? A título individualsom-no muitas pessoas em solitá-rio, mas o aparato enquanto talnom. Mais um exemplo da disso-ciaçom aparato-movimentos.

entrevista

“O independentismo tem que sair do exíliointerior, esforçar-se na pedagogia social”

“Umha alternativa ao Bng, nom se pode montar sobre os partidos, tenhem que ser os movimentos sociais”

C. CALVO VARELA - AARÓN L. RIVAS / Em 19 de fevereiro o EncontroIrmandinho concluiu a sua terceira assembleia nacional comXosé M. Beiras como porta-voz. Polas suas palavras, após umlongo processo de reflexom, o EI renuncia a converter-se num“lobby polo poder dentro do BNG” e aposta nos movimentossociais dentro e fora da frente. NOVAS DA GALIZA quijo conhecermelhor este projeto e as suas perspectivas para fazer políticaà margem de cenários exclusivamente institucionais.

Xosé manUeL beiras é Porta-voz nacionaL Do encontro irmanDinho

“Há que espalhar aideia de que a

‘independência’ nomé só um vocábulo”

“Fora do Bng hámuitíssimo potencial,

só que está em estado latente”

“nom se pode equiparar a base militante do Bng

com o seu aparato”

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SALVADOR ROSA / informaçons aque tivo acesso NOvAs dA GAlizA

situam o máximo responsável dainstituiçom provincial, Rafaellouzán, no círculo de amizadesdum grupo de empresários ponte-vedreses com quem também par-tilha interesses empresariais. Cos-tumam manter reunions periódi-cas em várias vivendas da comar-ca do salnês onde misturam ócioe negócios. dous dos assistentes aestas reunions, Ramiro Martínezseñoráns e José luis Alfonso Ga-láns, fôrom processados a come-ços dos anos 80 no decurso dum-ha macro-operaçom judicial queameaçou a impunidade dos gran-des capos galegos do contraban-do de tabaco. No início, muitos de-les procurariam refúgio em Portu-gal, mas acabariam por se entre-gar depois de que as cúpulas polí-ticas com que colaboravam lhesprometessem proteçom.

Alfonso Galáns figura no Regis-to Mercantil como administradorúnico da vendavales Galaicos sl,empresa que passou a beneficiarde adjudicaçons milionárias noconcurso eólico decidido em de-zembro pola Executivo de NúñezFeijóo depois da anulaçom doconcurso promovido polo biparti-do BNG-PsOE. dos 51 MW solici-tados (com um investimento pre-visto de mais de 22 milhons de eu-ros), a sociedade obtivo um totalde 18 MW, de que terá que execu-tar um mínimo de nove. A achegade capital é fixada em cerca de oi-to milhons de euros e o projeto in-clui entre as suas atuaçons o de-senvolvimento dum plano indus-trial de materiais cerámicos. Oparque eólico Outeiro Raposo afe-

tará a serra do Cando em duas zo-nas diferenciadas: a mais ociden-tal abrange as paróquias cerde-denses de Pedre e Cerdedo, assimcomo o concelho de Cotobade. Aoriental abrange as paróquias desanta Marinha e sam Miguel dePresqueiras, em Forcarei, e os mu-nicípios da lama e Beariz.

A vendavales Galaicos tem odomicílio social na rua do Porto,em Ribadúmia, na mesma locali-zaçom que outras empresas pro-priedade do histórico ex-contra-bandista, tal como acontece coma Mariscos de Cambados sl. Joséluis Alfonso Galáns possui aindaoutra sociedade relacionada como negócio eólico, a Arousa convento 2007 sl, além da construto-ra Alfonso-laya sl. A sua redeempresarial completa-se com va-rias firmas dedicadas à importa-çom e exportaçom de peixe e ma-

risco: A don Atun sl e a Conser-vas de Cambados sA. Também éconselheiro da sociedade de im-portaçom e Exportaçom da Cáma-ra de Comércio, indústria e Nave-gaçom de vila Garcia de Arouça edesempenhou cargos de respon-sabilidade nas firmas AcuiculturaCubana Gallega sA, lula Fish sle don Mejillón sl.

A empresa beneficiária de adju-

dicaçons milionárias no plano eó-lico foi criada cinco meses antesda decisom do concurso. Comefeito, a vendavales Galaicos slsó ficou constituída em 12 de ju-lho de 2010, mentres que a deci-som final da Conselharia da in-dústria foi tornada pública em de-zembro. Nom se trata, porém,dum caso isolado: 17 das 37 com-panhias que resultárom vencedo-ras fôrom registadas com uma an-tecedência máxima de oito meses.Nessas datas já se conhecia o con-teúdo da lei do setor eólico galegoem base à qual foi feita a partilhadum total de 2.325 MW.

Louzán e o contrabando As estreitas relaçons do presiden-te da deputaçom de Ponte vedrae máximo responsável do PP pro-vincial com o contrabando de ta-baco e com históricos capos deste

negócio ilegal já fôrom objeto devárias reportagens desta publica-çom. A última delas, publicada emdezembro de 2009, aprofundavana sua ascensom política apadri-nhado por um dos grandes caposdo tabaco ilegal galego José Ra-món Barral, 'Nene', quem duranteanos foi alcalde de Ribadúmia,primeiro com a Alianza Popular edepois com o PP.

Antes de chegar à maioridade,louzán começa a trabalhar demoço dos recados para o Conce-lho, naquela altura governada po-lo contrabandista. Graças ao apa-drinhamento do presidente localdo PP, irmao do próprio 'Nené' eque também foi detido por contra-bando de tabaco, logo conseguiuum posto de alguazil. A vaga foiobtida irregularmente medianterecomendaçom, dado que nomcompletara os estudos primários.Fontes consultadas por este perió-dico asseguram que o diretor doestabelecimento de ensino ondeestudara aceitou assinar um do-cumento a atestar que acabara aPrimária. Precisamente, a sua si-tuaçom de “funcionário em exce-dência” provém de ter deixado es-se posto em Ribadúmia para exer-cer a política de forma activa.

No Concelho entra em contatocom o mundo empresarial e nomtarda a promover adegas e outrosprojetos financiados com subsí-

Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 201116 a FUnDo

A sociedade do amigo do presidente da deputaçom de pontevedra foi criada cinco meses antes da decisom do concursoa FUnDo

louzán armazenavana casa da família

tabaco de sito miñanco

Foi apadrinhado por‘nené’ Barral, que eraalcalde de ribadúmia

centros sociaisaguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arrincadeiraC. Histórico · Riba d’Ávia

c.s. almuinhaEzequiel Masoni · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

Lso atocha alta 14Monte Alto · Corunha

atreu!S. José · Corunha

aturujoPrincipal · Boiro

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

c.s.o. casa do ventoFigueirinhas · Compostela

a cova dos ratosRomil · Vigo

a esmorgaTelheira · Ourense

FaíscaCalvário · Vigo

FervesteiroAdám e Eva · Ferrol

a Fouce de ouroBertamiráns · Ames

o FrescoBº da Ponte · Ponte Areias

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

c.s. Lume!Gregório Espino · Vigo

mádia LevaAmor Meilám · Lugo

srcD PalestinaRua do Ril · Burela

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revoltaRua Real · Vigo

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

tarabelaDonramiro, 17 · Lalim

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagaLumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa Xogo DescubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

Ex-contrabandistas ligados a louzán recebemadjudicaçons milionárias no concurso eólicoUm grupo de empresários ligados ao presidente da Deputaçom de Ponte Vedrae máximo responsável do Partido Popular nesta província, Rafael Louzán, al-guns deles processados no início dos anos 80 por integrarem uma das maioresorganizaçons de contrabando de tabaco que operavam na Galiza, executaráprojetos eólicos milionários graças às adjudicaçons recebidas no concurso

que promoveu a Junta de Núñez Feijóo. A cabeça visível desta operaçom é o ex-contrabandista vilanovês José Luis Alfonso Galáns, a pessoa que figura à testada Vendavales Galaicos, empresa que obtivo um projeto de oito milhons de eu-ros depois de conseguir 18 megawatts no concurso eólico decidido em dezem-bro de 2010, após a anulaçom do concurso do bipartido.

a emPresa De josé LUis aLFonso GaLÁns obtivo 18 meGawatts e eXecUtarÁ Um Projecto De oito miLhons

17 das 37 empresasvencedoras fôrom

criadas oito mesesantes do concurso

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dios da Junta do PP. Especializa-

ria-se ainda em assessorar os vizi-nhos na gestom das ajudas daConselharia da Agricultura e daprópria deputaçom para a insta-laçom de invernadoiros. Os pro-blemas com o alcalde começamquando descobre que está a utili-zar facturas falsas para ficar comumha percentagem. louzán deci-de transferir o negócio para umescritório privado num aparta-mento da sua propriedade.

Outro negócio em que Rafaellouzán obtivo grandes lucros foio contrabando de tabaco. Esta ac-tividade oculta, que conciliavacom a sua carreira política primei-ro na Cámara Municipal e depoisna deputaçom, era conhecida nazona por muitos vizinhos. Pessoasrelacionadas com contrabandoprecisam que recebia importantesquantidades de dinheiro por per-mitir o depósito de tabaco ilegaldo narcocontrabandista José Ra-

món Prado Bugallo, 'sito Miñan-co', na casa da sua família mater-na em Ribadúmia. O seu irmao,José louzán, chegou a ser detidoem Ogrove com vários cartonsroubados das caixas que custodia-vam quando se dispunha a vendê-los polos bares. Testemunhas con-sultadas no contorno familiar dodirigente popular confirmáromque era umha prática costumeiraem que também participava o pai.

Os contatos de 'Nené' e o seu ir-mao Feliciano também servem pa-ra louzán medrar rapidamente nopartido. Com 20 anos candidata-se polas listas do PP para a Cáma-ra de Ribadúmia, vindo a ser no-meado a seguir tenente de alcai-de. logo é proposto polos irmaosBarral a Cuiña e ao presidente dadeputaçom Manuel Abeledo co-mo deputado provincial. Em 1996

assume umha das vice-presidên-cias do organismo, posto quemantém até alcançar a presidên-cia em 2003.

Relaçons actuais com ex-caposApesar de que o máximo dirigen-te do PP pontevedrês acabaria porromper com os seus padrinhos po-líticos depois de atraiçoar o pró-prio ‘Nené’ para se apoderar docontrolo do aparato do partido, naatualidade mantém estreitas rela-çons empresariais e de amizadecom outros históricos do contra-bando galego, como os citados Ra-miro Martínez señoráns José luisAlfonso Galáns.

Martínez señoráns foi um dosmáximos responsáveis do conheci-do grupo ROs, juntamente comOlegario Falcón Piñeiro e José Ra-món Prado Bugallo, 'sito Miñanco'.Até o momento de ser desarticula-do, em meados dos anos 80, teriamadquirido caixas de tabaco no va-lor duns 3.000 milhons de pesetas.segundo fontes policiais, o seucontato internacional era umhapessoa chamada Tonino, por trásde cujo nome se ocultava um doschefes da Camorra napolitana.Martínez señoráns chegou a ser otesoureiro da organizaçom, con-tando para tanto com a cumplici-dade do director dunha sucursalbancária onde abriu umha conta anome dum empregado seu que pa-decia umha incapacidade mental.

Na atualidade possui interes-ses empresariais em diversos se-tores tais como o vinícola, da car-ne, imobiliário ou serviços atra-vés das sociedades Grupo Monti-

ño sl, Promociones As Cenas sl,A landra do Carballo sl, RamiroMartínez sl, Enterga sl, viñaCartin sl ou limp Montiño sl.

Alfonso Galáns era um dos di-rigentes da banda denominadasito Barreiro, organizaçom queencabeçava José Barreiro Fontán,'sito o Carniceiro' e que tinha asua base de operaçons em vilaGarcia de Arouça. Mercavam otabaco ao mesmo grupo ROs,ainda que também a fornecedo-res estrangeiros. Junto a ele fô-rom processados outros históri-cos como Marcial dorado Baúldeou José Manuel lorenzo loren-zo, 'Ferrazo', considerado o últi-mo rei do rúbio bateia.

Safam os líderes do ‘fume’Mais a maior operaçom contra otráfico ilegal de tabaco (sumário11/84, com 93 processados e20.000 fólios) ficou afinal em na-da e muitos dos acusados fôromabsolvidos e fôrom-lhes reintegra-das as fianças depositadas depoisde que nom conseguisse ser pro-vada a sua participaçom no negó-cio, questom que os especialistasresumírom como “falta de vonta-de política”. Contodo, muitos doscapos exilados a Portugal ficárommolestos ao verificar que o Gover-no espanhol centrou as pesquisassó nos grupos ROs, sito Barreiroe Marcial e deixou à margem aspessoas identificadas nos relató-rios policiais como os auténticoslideres do negócio tabaqueiro: vi-cente Otero, 'Terito', José RamónBarral, 'Nené', Manuel CarballoJueguen, laureano Oubiña, luisFalcón Pérez e os tres irmaosCharlín Gama. Com posteriorida-de viria a saber-se que alguns de-les contribuírom com importantesquantidades de dinheiro para o fi-nanciamento dos partidos políti-cos espanhóis.

17a FUnDoNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

A empresa que mais adjudicaçons recebeuno concurso eólico argalhado pola Junta denúñez Feijóo, a Fenosa Wind (um total de339 mW, com um investimento previsto de1.200 milhons de euros) mantém ligaçonscom sociedades relacionadas historicamen-te com altos cargos do pp galego, tal comoa Construcciones paraño sA (Copasa). A Fe-nosa Wind tem o domicílio social na crunhe-sa Avenida de Arteijo, mas a maior parte doseu capital provém da catalá gas naturalFenosa, associada com a Copasa.

os principais acionistas desta última em-presa, presidida polo ourensano José luissuárez gutiérrez, mantinham vinculaçonsatravés de diversas sociedades com o ex-conselheiro da Emigraçom da Junta de Fra-ga, Aurelio miras portugal. o também depu-tado autonómico chegou a promover proje-tos imobiliários nas Canárias junto ao pró-prio presidente da Copasa. o carvalhinêsmiras portugal dirigiu igualmente umha as-sessoria jurídico-fiscal com outros dous só-cios da construtora, chegando a partilhar se-de num edifício de ourense. Contodo, sem-

pre negou qualquer envolvimento com a so-ciedade, reconhecendo no entanto ser sóciodo seu fundador na mercantil playa virgensA, criada por empresários ourensanos paraedificar apartamentos nas Canárias.

Ao mesmo tempo, um irmao do tambémex-conselheiro da Justiça da Junta de FragaJesús palmou, Higinio, trabalhava de choferna Copasa, mas dispunha dum poder notarialque lhe permitia realizar operaçons financei-ras. A empresa multiplicou por cinco as adju-dicaçons recebidas do governo galego após oregresso do pp ao poder na galiza em 1990.

Aurelio miras e Jesús palmou, sendo am-bos deputados autonómicos, eram ainda só-cios na companhia turismo rural de galiciasl. Esta empresa restaurou com ajudas pú-blicas do governo galego para fomentar o tu-rismo rural o paço da Almuzara, pertencenteà família de miras, nas proximidades do Car-valhinho. na altura, tanto palmou como mi-ras eram homens do grande financiador dopp galego até a chegada de louzán, o já fa-lecido José Cuiña, ex-conselheiro das obraspúblicas. de feito, foi o ex-político lalinenseque os promoveu para ocuparem cargos naexecutiva da formaçom conservadora, deigual jeito que o já desaparecido victorino

núñez, ex-conselheiro ex-presidente da de-putaçom de ourense, ex-deputado galego eespanhol e ex-senador, cujo nome apareceusempre ligado ao da Copasa.

mais megawatts no concursomas as adjudicaçons ao presidente de Co-pasa nom fôrom só por via indireta. Joséluis suárez gutiérrez recebeu ainda 177mW para desenvolver um plano de quase180 milhons de euros através da sua filialAirosa vento sl, constituída no mês de maiocom capital castelám-leonês. o empresárioourensano é também o administrador únicodas empresas energéticas tasga renovablessl, Eólica libis sl, Hidroeléctrica de Eirassl, patrimonio Hidroeléctrico de galicia sl,tasga solar sl, patrimonio Hidroeléctricodel parada e generación del norte, ademaisde possuir interesses noutros sectores atra-vés da legio inversiones sl, Fundaesp Fer-rol sl, geseco, suarti inversiones, Aparca-mientos del parrote, técnicos Asociadosgallegos sl, patrimonio Coruñés sl e Apar-camiento de las ánimas sA.

outra empresa ligada ao pp é a mais beneficiada polo reparto

Aurelio miras e Jesús palmou, sendo deputados,

eram ainda sócios em turismo rural de galicia sl

señoráns está no setordo vinho, da carne,

imobiliário e serviços

o presidente da deputaçom mantém

relaçons com ex-capos

SITO MIÑANCOguardava tabaco de contrabando na casa familiar de Rafael Louzán

JOSÉ LUIS SUÁREZparticipa da empresa que maisse vai lucrar com os eólicos

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Ativista social, cul-tural e política, éumha das fundado-ras do centro socialmádia leva de lu-go, assim como re-datora do portalGalizalivre.org etrabalhadora dosindicato labregogalego. Forma parte da porta-vozia colegiadada iniciativa soberanista Causa galiza e tam-bém participa do coletivo da Estaleiro Editora,que promove a publicaçom de obras alternati-vas com licenças livres. Começa a sua militán-cia política na passada década.

“Há que buscar alianças pararesponder aos problemas”olalha Barro lopeslugo, 1982

Histórico naciona-lista, fai parte dogrupo que fundaem 1963 a Unióndo povo galego(Upg), que passa-rá a representarposteriormente noexílio. Em 1977acompanha o setorque passa a criar a Upg-linha proletária einaugura o independentismo atual, movimentoque integrará em diferentes expressons poste-riores. referente do reintegracionismo, partici-pa no movimento ridiculista e é membro daAcademia galega da língua portuguesa.

“Aguardo umha normalizaçomdo movimento nacionalista”luís gonzález Blasco, ‘Foz’Foz, 1941

militante desde fi-nais da década de’90, onde começaa trabalhar no acti-vismo estudantil in-d ependen t i s t a .participa tambémem organizaçonspolíticas de ámbitolocal e nacional eposteriormente centra a sua militáncia no rein-tegracionismo e o movimento dos centros so-ciais, sendo umha das impulsoras e responsá-veis polo compostelano Centro social do pi-chel. É professora de português na Escola ofi-cial de idiomas em Compostela.

“rompemos com a ortodoxiaabrindo novos caminhos”Beatriz peres BieitesCompostela, 1980

18 a conversa Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

a conversa novAs dA gAlizA junta quatro militantes de diferentes geraçonspara analisar as luitas sociais e valorizar a sua projeçom

Ativistas dum país em movimento debatemsobre as perspectivas do soberanismo

anaLisam a sitUaçom Dos setores PoPULares orGanizaDos com Umha oLhaDa Posta no seU FUtUro

Que tem mudado nos movimen-tos populares na última décadae que caracteriza este espaço social na atualidade?Joám Lopes: Mudou o mundo dacomunicaçom. sem umha comu-nicaçom tam rápida como a quepossibilita a internet nom se con-cebe a atualidade. O que há dezanos era um movimento balbu-ciante arredor de poucos centrossociais foi frutificando. Olalha Barro: O novo espaço tema ver com a crise das organiza-çons tradicionais, para dar res-posta aos desafios que tenhem asideologias para a transformaçomsocial. Os centros sociais e outrosmodelos mais participativos de-buxam um novo cenário.Beatriz Peres: vivemos um mo-mento diferente. Antes primava aortodoxia. Realizou-se um exercí-cio de maturidade ao atrevermo-nos a romper com esses esque-mas e abrir caminhos inexplora-dos. Temos um panorama maiscomplexo, com novos elementos.Foz: Ao falarmos do movimentonacional, a situaçom nom é paraque os sinos toquem a glória. Oindependentismo à esquerda doBNG foi-se grupusculizando, ain-da que houvesse experiências in-teressantes como as Bases demo-cráticas Galegas e a atual CausaGaliza, que soubérom esquivar o

conflito normativo. Aguardo um-ha normalizaçom do movimentonacionalista. Quero dizer, que poi-da haver vários referentes políti-cos com base social.J.L.: No contexto dum país como onosso, mantemos um grau elevadode combatividade. Os espanhóissabem que nom é um País prostra-do, que mostra a dentadura e atacade vez em quando. Construímosgrandes ferramentas, como umsindicato com perto de 80.000 filia-dos. devemos salvar o que temos,porque o futuro de unidade há devir se nos respeitarmos. Aspirarmesmo a nacionalizar os partidosespanhóis, como acontece na Ca-talunha com o PsC.

F.: É certo que temos motivos pa-ra nos orgulhar, e penso no recor-rente Nunca Mais, mas tambémnas importantes e recentes mani-festaçons a favor da língua. A gen-te levantou-se contra os ataquesdos setores mais espanholistas.Agora fala-se de movimentos so-ciais, há desconfiança dos políti-cos, mas há que diferenciar a cha-

mada ‘classe política’ dos servido-res do País, ainda que os partidospoidam mudar as suas estruturase modelos organizativos.

Ficam conflitos do passado nosnovos processos assembleares?O.B.: Persistem e tenhem muito aver com o patriarcado, a autorida-de ou a desconfiança. O que há quemudar para deixar de arrastar osmesmos problemas. Há que repen-sar como ocupar os espaços semas velhas formas ‘caducas’ se que-remos transformar a realidade. B.P.: Fica lastre e vícios que às ve-zes se podem concretizar em ati-tudes. Em projetos novos conti-nuam funcionando esquemas ve-

lhos. A própria cultura política e ahistória pessoal impede-nos com-prender bem os contextos novos.Há quem queira apropriar-se dosprojetos. Poderia haver muitamais autocritica e falta respeito.J.L.: Nom acredito no partido-guia, ainda que admire o legadode lenine e de Marx. Mas nompodemos negar o direito a quemse organizar nos diferentes parti-dos comunistas que existem. Masdevemos esforçar-nos por procu-rar os pontos básicos a partir dosquais poidamos andar. Mas há ou-tros fatores que nom som políti-cos. Muitas vezes aduzem-sequestons ideológicas quando narealidade o que se quer é benefi-ciar os interesses particulares.

Podemos falar da existênciadum contrapoder galego? Senom o há, que falta para o tecer?J.L.: Existe. A greve geral que vi-vim em Ferrol foi sem dúvida umgrande êxito. somos um povo re-sistente, duro de roer, temos certacapacidade. Existe poder em to-das as organizaçons sindicais, tan-to a nível agrário como operário, efomos criando umha rede de cen-tros sociais, um modo de viver àgalega, experiências para avançar,para aprender e expandirmo-nos. O.B.: Há contrapoder galego masestamos num momento mui com-

J. lopes: “somos umpaís combativo que

soubo construir grandes ferramentas”

Entra em contatocom o nacionalis-mo e o sindicalis-mo na mocidadecom as luitas obrei-ras da comarca deFerrol na época dareforma política doEstado. milita noindependentismodesde que este conhece as suas expressonscontemporáneas, assim como no movimentoanti-repressivo e no político. membro fundadordo centro social da Fundaçom Artábria, é naatualidade membro do Conselho Confederal daCig e da plataforma contra reganosa.

C. BARROS - X.R. SAMPEDRO / Coincidindo com o seu número 100, o NOVAS juntouna cafetaria do Auditório da Galiza quatro activistas de diferentes geraçons pa-ra analisarem o momento actual do movimento popular soberanista, a sua evo-luçom na última década e os seus desafios e perspectivas de futuro. Apresenta-

mos um resumo dumha longa e agradável conversa em que os e as ponentesexpugérom diferentes análises e aportárom as suas ideias à volta da constru-çom dum novo corpo colectivo que aspira a avançar na empancipaçom nacio-nal e social. Protagonistas do movimento popular medem a sua temperatura.

“nos centros sociais criamosum modo de viver à galega”Joám Francisco lopes peressan mateu de trasancos, 1962

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19a conversaNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

plicado para a resistência social.Percebo um decaimento nos mo-vimentos. Os centros sociais somurbanos e o rural é praticamenteimpenetrável. Há que vencer adesmoralizaçom. Triunfou o con-sumismo e a vida rápida, polo queé mui difícil sacar a gente quenom é militante à rua. B.P.: Nom sei se existe, mas a gen-te que estamos no ativismo esta-mos tentando construí-lo, comcerteza. Existem muitas frentesabertas e penso que som todas aspeças que poderiam construir es-se contrapoder. F.: Acho que nom existe um con-trapoder galego. Existe algo gale-go contra o poder, porque o poder,ou se tem ou nom se tem.

Numha sociedade marcada poloindividualismo consumista, polaapatias frente à participaçompolítica e social, em que medidao movimento galego contribuipara mudar essas tendências? J.L.: Nos últimos anos o que meaportou o movimento é aprendera viver diferente, ou desaprendera viver de determinadas manei-ras, a determinadas velocidades... O.B.: Para mim trabalhar no slGtambém me fijo ver que nom eraumha pirada e que há outra genteque leva a coerência até o extre-mo. É importante nom separar atua ideologia do teu estilo de vida.senom, como vás transformar omundo? Que valores transmites?

Umha cousa sem a outra carecede sentido. Nom é casual que nosnossos movimentos participemmais homens que mulheres. Porisso temos que estar aí, porque sónós [as mulheres] podemos mu-dar essas práticas. E podemoscontagiar formas de organizar-nos, porque nos educárom dum-ha determinada maneira e temosoutros estilos de relacionar-nos.B.P.: Temos coletivos pequenos, ealguns deles podem projetar parafora o que tenhem dentro. Que ha-ja umha mínima harmonia, umbom entendimento, umhas rela-çons saudáveis dentro, som pon-tos básicos para que esse coletivotransmita algumha cousa positivapara a sociedade. Nom tenho dú-vida. se nom existe isto, é impos-sível transmitir algo atraente parafora. Parte do nosso tempo de la-zer, está vinculada aos própriosprojeto sociais que estamos aconstruir, o que nom é mau. daípodemos propor um lazer, umhamaneira diferente de nos relacio-nar. A partir de determinada altu-ra fai-se complicado ter ámbitosde socializaçom que som indis-pensáveis para as pessoas. E naminha militáncia dei-me conta daimportáncia de estar organizada,dá o mesmo em que. decidir, pen-sar em coletivo. Conseguir a ma-dureza suficiente para começar aconstruir umha sociedade. A pers-pectiva do mundo e das tuas pró-prias forças muda desta maneira.

E creio que é necessária umha har-monia de que na maior parte domovimento que nós temos carece. F.: É necessária camaradagem,mas quero ir mais longe, quero rei-vindicar o termo irmandade, quegoza dumha ampla tradiçom den-tro dos movimentos galegos: tra-tarmo-nos de irmaos e de irmás. J.L.: Muita gente da minha gera-çom puido ter-se dado boas nava-

lhadas. som consciente dos errosmaiúsculos que cometemos. O co-letivo por vezes tem cometido er-ros graves com consequênciasterríveis. E no aspeto individualtambém há erros que vam deixan-do a gente polo caminho. Às vezesnom nos damos conta de que aprópria dinámica das organiza-çons esgota as pessoas. Predica-mos a solidariedade e a irmanda-de e depois fazemos o contrário.Estes casos continuaram a dar-se,mas há que evitá-lo. E nom há queconfundir: podemos discutir, mes-mo levantar a voz, mas há que se-parar isso da anulaçom da outrapessoa que está na discussom.F.: Precisamente está para isto odito galego “ti nom queres con-

vencer, queres foder”.O.B.: Penso que influi a educa-çom etnocéntrica e egocéntricaque se generaliza na Europa oci-dental. dam-nos mil voltas naAmérica latina e nos países asiá-ticos: em propostas, em plantarcara ao capitalismo, em construiralternativas, em fazê-las reais,mesmo em unidade.

Que passos deve dar agora estemovimento para ter futuro?O.B.: É necessário estabeleceralianças, ainda que mais quealianças gerais de partida pode-mos trabalhar conjuntamente pro-blemáticas concretas, por exem-plo, a resposta contra a privatiza-çom da água. Nesse ámbito pode-se dar a batalha. Galiza Nom Se

Vende segue essa fórmula: umhaaliança concreta contra o capita-lismo que destrói a nossa terra.vejo que o imediato vai por aí. B.P.: vejo ainda umha falta muigrande de confiança entre a gen-te, talvez a mesma que podia ha-ver há dez anos. Houvo avançosna maneira de organizar o movi-mento, mas nom no caminho daconfiança mútua. Haveria que co-nhecer-se mais, conviver. Estesexperiências começárom a dar-senos centros sociais, mas na gene-ralidade fracassárom. se bem écerto que na Gentalha do Pichel,com grandes esforços e equilí-brios custosos, tivéssemos avan-çado muito nesse objetivo.J.L.: E por que será isso? Quandose conseguem estas cousas, háque ver os porquês, para insistirno correto. Os desencontros no in-

dependentismo e do reintegracio-nismo dam-se porque nom todo omundo é igual: há organizaçons eestá o fator humano. Nom há um-ha organización que diga que é ofim em si mesmo, dim: “somos ummeio para a revoluçom” ou “paraa independência”. Mas as dinámi-cas de grupo levam às vezes a queos membros se defendam com sedefende a subsistência do ser hu-mano, quase como um darwinis-

mo social. É mui perigoso. Masem tempos duros como o do Pres-

tige, a gente acudiu, e adoita acon-tecer assim. Há que ir ao prático:se a batalha é mais prática e me-nos ideológica, é mais fácil quenos vejamos. E a realidade podeser diferente. Como o companhei-ro e amigo e admirado Martinho,que acaba de morrer, dizia: istovai seguir para adiante. Ainda va-mos dar muito que falar. Reparai,havia muitos anos que na Galizanom se dava umha greve geralconvocada unicamente polos mo-vimentos do País.F.: E devemos também dar o valorque tenhem às mobilizaçons emfavor da língua, que também mo-bilizárom, e muito, em algo quenom toca o bolso das pessoas.O.B.: É importante mudar a pers-pectiva e defrontar a realidade,que nos últimos anos está a sermui dura. Por exemplo, nom po-demos deixar a nossa alimenta-çom em maos das multinacionais.Há que voltar à terra, voltar a pro-duzir os nossos alimentos. A prá-tica vai-nos fazer superar eivas,seguramente, há de chegar ummomento em que isto estoupe po-las circunstáncias. Mas nós temosa obriga e a responsabilidade deser facilitadoras desse processo epotenciá-lo no máximo. B.P.: Em termos do independen-tismo, o futuro passa polo respei-to e por assumir a existência dasdiferenças. A Gentalha tem carac-terísticas atípicas: somos sobreto-do mulheres, e isto nota-se na ma-neira de trabalhar; confiamos um-has pessoas nas outras, e nom háque estar medindo palavras nemgestos. Pode estar limitada na suacapacidade de intervençom so-cial, mas conseguiu um modeloorganizativo sam.

se a gente está aí é por genero-sidade, boa intençom... porquetem a Galiza na cabeça e quer tra-balhar polo País. Partindo daí, de-veríamos ter mais de respeito econfiança no que fai a gente.

Beatriz peres: “Hámuitas frentes abertas

que poderiam construir contrapoder”

Foz: “galiza moveu-sepola língua sem que

afetasse o seu ‘bolso’,há que dar-lhe valor”

olalha Barro: “Há que repensar como

ocupar os espaços para transformar a realidade”

J. lopes: “vamos darmuito que falar.

Conseguimos umhagreve geral de nosso”

B. peres: “o futuropassa polo respeito e por assumir que

existem diferenças”

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A compostelana Casa Encantadafoi o primeiro centro social da Ga-liza, começando o seu andamen-to a princípios dos anos 90 comoespaço autónomo. desde meadosda década, parte do movimentoindependentista participou tam-bém das suas iniciativas, semque, porém, se tenha definidonunca como centro arredista. Es-ta linha foi continuada por outrosespaços como a Cova dos Ratos,em vigo. O primeiro centro socialvinculado ao arredismo foi Artá-bria, aberto em setembro de 98com participaçom do reintegra-cionismo, de gente da velha APU,independentistas sem filiaçom,pessoas da AMi, etc., passandologo a tornar-se referente do as-sociativismo ferrolano.

Estes dous centros sociais torná-rom-se em modelos divergentes aseguir: dumha parte, um local ocu-pado, aberto, autogerido, e comumha grande carga de açom so-cial; da outra, um espaço para a di-fusom do reintegracionismo, o co-nhecimento da história do País, ede marcado carácter soberanista.A opçom da ocupaçom, ainda quenom foi a escolha maioritária, estápresente em diversos centros so-ciais da Galiza, como a Casa dovento (Compostela) ou a Casa daEstaçom (Ponte d’Eume), paraalém da crunhesa Casa das Ato-chas, um dos centros com maismovimento dos últimos anos e queagora se enfrenta ao despejo.

À diferença doutros casos co-mo o catalám, onde o ámbito li-bertário tem maior peso, os cen-tros sociais galegos fôrom mor-mente promovidos polo arredis-mo. Já nos inícios boa parte doreintegracionismo de base alen-tou o nascimento de projetos co-mo o ferrolano, relacionado comorganizaçons como o Movimentoem defesa da língua ou a própriaFundaçom Artábria. As organiza-çons independentistas encorajá-rom no seu momento a criaçomdestes espaços, definindo-lhes ocarácter, embora hoje os centrossociais se tenham convertido emprojetos totalmente autónomos.

A autogestom é um dos co-muns denominadores destes pro-jetos, optando em muitos casospola instalaçom dum balcom.Existem, no entanto, espaços co-mo o sem um Cam que estám aexperimentar novas formas degestom para lá do consumo.

A explosom do fenómenoO gráfico incluído nesta reporta-gem demonstra umha dinâmicabem conhecida por quem partici-pa do movimento galego: a proli-feraçom de centros sociais desdeo 2000 nos mais diversos pontosda nossa geografia. Um artigo deJorge Paços publicado no núme-ro 44 deste periódico falava dum"saudável efeito de contágio" paradescrever este fenómeno de ex-pansom, que se iniciou com acriaçom da Revolta em vigo em2003, embora já em 2001 abrisseA sereia em Compostela, primei-ro centro social-bar dum partidopolítico. Em 2004 abria as portasa Alto Minho em lugo, cuja asso-ciaçom tinha centrado os seus es-forços, como no caso da Artábria,na defesa da língua. A Esmorga,Atreu e a Gentalha fôrom criadaslogo, consolidando nas cidadesgalegas estes novos espaços paraa luita, a formaçom e o lazer. Em2007 abre o Mádia leva!, ao pas-so que a Alto Minho desaparece.

O fenómeno nom demorou aestender-se das cidades para vi-las como lalim (Tarabela), Ma-rim (Almuinha), Riba d'Ávia (Ar-rincadeira), Boiro (Aturuxo),Cangas (Tiradoura), Ponte Areias(O Fresco) ou Ginzo (Aguilhoar),

entre muitas outras. Cumpre nomesquecer as dinâmicas associa-çons do rural galego, que, mesmocarecendo a maioria de local so-cial, trabalham sob os mesmosparámetros que as que tenhem lo-cal. A associaçom de vizinhos dedoncos (As Nogais) ou Traslas-jás, de Boado (Ginzo), ambas en-trevistadas nesta seçom, sombom exemplo disto.

sabela González, ativista da Re-volta, comenta-nos como projetosque num primeiro momento nas-cérom “dum grupo reduzido depessoas que precisava de espaçospara se relacionar em galego, fô-rom depois abrindo-se ao bairro eaos coletivos da zona”. O centrosocial a que pertence vém de cele-brar o seu oitavo aniversário, ro-deado de crianças que auguramumha renovaçom das geraçons.

Centros de saber para umha“geraçom de ignorantes”Num recente artigo neste meio,Beatriz Peres, ativista da Genta-lha, qualificava a mocidade gale-ga como “geraçom de ignoran-tes”, em alusom à ruptura entreas geraçons que tem ocorrido nasúltimas décadas e que impede atransmissom dos saberes tradi-cionalmente guardados. Cons-cientes desta eiva, os centros so-ciais começárom a programar ati-vidades para recuperar a culturagalega. Cursos de Música e dan-ça tradicionais som propostos emquase todos os centros do País. Aligaçom com o território das ge-raçons devanceiras tampouco sequijo deixar esmorecer, propon-do atividades como saídas aomonte para colher cogumelos(Gentalha) ou roteiros de estrelas(A Fouce), sem omitir as festivi-dades próprias do calendário tra-dicional galego, como o samJoam ou o Magusto. deste modo,a defesa da Terra constituirá ou-tro dos traços definidores doscentros sociais, que se implicamnas luitas locais e impulsionam aagro-ecologia, tal como figéromvários coletivos ourensanos nasv Jornadas de Agro-Ecologia.

A recuperaçom das figuras míti-cas galegas foi outra das tarefasque os centros sociais considerá-rom importantes. Neste terreno, aGentalha do Pichel é um dos maisativos, com umha comissom dememória histórica que promoveuo agora bem conhecido Apalpa-dor. Também a Revolta de vigocontribuiu para que se retomasseo Merdeiro, figura típica do Entrui-do viguês que há apenas umha se-mana corria polas ruas da cidade.

Porém, nom só o saber tradi-cional interessa nestes espaços; aformaçom é outro terreno priori-tário para as geraçons que procu-ram nestes espaços umha apren-dizagem alternativa. Para alémda Escola Popular Galega, proje-to que conta com local próprio emvigo, outros centros dotárom-sede grupos de estudo que lem e de-batem textos de interesse. Tal foi

Centros sociais: ganhando espaços diaa dia para umha Galiza emancipada

trinta Locais aUtoGeriDos comPonhem o maPa De Um movimento sociaL ascenDente e noviDoso

Com a criaçom da revolta em vigocomeçou o ‘boom’dos centros sociais

A sua atividade está apôr em causa o

conceito tradicionalde intervençom política

OLGA ROMASANTA / Vinte e um anos passárom já desde a abertura daquela pri-meira Casa Encantada; treze desde a da Artábria. Aqueles projetos, tam diferen-tes como pioneiros, abrírom um caminho cujos fruitos atuais dificilmente po-diam ser imaginados. No seu número 100, o NOVAS DA GALIZA quijo achegar-se aesse enorme pequeno movimento que, à margem dos mídia e da política de mi-

crofone vai construindo espaços para umha dissidência quotidiana e real, em-penhando-se no coletivo quando a sociedade apenas incita ao individual, te-cendo laços na própria terra fugindo da cultura do ‘low cost’ e a emigraçom vo-luntária, demonstrando que nom é só com gravata e discursos mercantilizadosque se ganha o respeito dumha comunidade, defendendo a Galiza de abaixo.

20 Dito e Feito Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

Dito e Feito Artábria e a Casa Encantada fôrom espaços pioneiros que serviriam de modelo para a futura expansom

A REVOLTAconveteu-se em referente do

ativismo social no Berbés, Vigo

O PICHELum dos primeiros emabrir espaço às crianças

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21Dito e FeitoNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

o caso do grupo de estudos daFouce, e na atualidade, do gru-po do Mádia leva, que está a le-var a cabo também um impor-tante trabalho editor. A educa-çom das novas geraçons nos va-lores nacionais e solidários éoutra das preocupaçons maisrecentes destes espaços, que emmuitos casos como o da Genta-lha começam a se dotar de zo-nas para os cativos. Também naRevira de Ponte vedra propo-nhem um seminário de intro-duçom ao Marxismo.

Avançando às apalpadasA açom humilde e frutífera detodos e cada um dos centrossociais galegos introduz na

arena questons por vezes in-cómodas, a desmontarem oconceito tradicional de inter-vençom política. O seu traba-lho, sem esquecer a contribui-çom neste sentido do movi-mento feminista, está a bom-bardear os cimentos da políti-ca de partidos e microfones,mitins e líderes: ar fresco pa-ra tempos de nacionalismocomplexado em audis oficiais,mas também para o próprioindependentismo, por vezescomodamente assente nunsesquemas dados que já nomservem na sociedade atual. Afórmula para se avançar naconstruçom social e nacionalnum momento em que as tec-nologias estám a revolucionaras relaçons tradicionais nomaparece nos velhos manuais;é por isso que os centros so-ciais experimentam, no seudia a dia, novos jeitos de arti-cular a comunidade, criandopequenos grupos capazes dese organizar para luitar con-tra a desfeita da Massó ou asBranhas do sar, a destruiçomdo bairro de Monte Alto, porumha educaçom alternativa,pola recuperaçom das festaspopulares, ou por que a Gali-za venha a ser umha realida-de palpável no nosso dia a dia.

A Artábria, um doscentros sociais pio-neiros na Galiza,

goza hoje de mui boa saúde entre a populaçom ferrola-na. O seu Festival da Terra e da língua chega já à sua

décima ediçom, e no próximo 25 de abril repetirám oato de homenagem a Carvalho Calero. Como nos di oNes, membro da Artábria desde o início, os princípiosfundacionais nom mudárom nestes treze anos, consti-tuindo a defesa da língua o epicentro da sua açom.

O velho

O centro social ocu-pado Casa do ven-to, com apenas três

meses, disponibiliza já um amplo leque de atividades:Cursos de Pintura, língua, História da Galiza e ioga,para além de jantares veganos e musicais às sextas e

terças respetivamente, projeçons às quartas, super-mercado de balde (fomentando o consumo de produ-tos reciclados), umha cousateca e umha biblioteca. Acasa que ocupárom pertencia a umha construtora queedifica chalés de luxo. Ainda em Compostela, o centrosocial Arredista abrirá as portas no dia 19 de março.

O novo

A Gentalha do Pi-chel, aberta em2004, é um dos

centros mais ativos do País. Além de oferecer umlargo leque de cursos, conta com a atividade perma-nente do Cineclube e do espaço para crianças. Recu-

perou figuras tam conseguidas como o Apalpador.destaca como centro social de cidade pola sua rela-çom com o bairro, com que realiza numerosas ativi-dades tais como as Festas d’abaixo ou a ediçom,com a associaçom de vizinhos, dumha pequena pu-blicaçom de informaçom local.

O urbano

A Aguilhoar, deGinzo, é um bomexemplo de centro

social de vila. Há quatro anos abrírom o local e des-de entom nom parárom de trabalhar programandoatividades e envolvendo-se em luitas como a que es-tá decorrer atualmente na sua comarca contra a ins-

talaçom dumha incineradora. Para Borja Colmenero“ganhamos o estigma de ‘radicais’ na zona, mas tam-bém o respeito da gente, tornando-nos em mais umator social”. salienta aliás as dificuldades engadidasde se trabalhar numha vila, conseqüência da sangriageracional e as complicaçons de renovaçom por cau-sa da emigraçom para a cidade.

O vilego

O centrosocial ou-r e n s á m

sem um Cam abria há dous anos com a intençom deensaiar umha nova fórmula de espaço alternativo,“definido polo seu anticonsumismo e com intençomde experimentar formas de relaçom para além da

mercadoria”, como nos conta Miguel Garcia. O seulocal fica na parte mais abandonada da zona velha,habitada sobretodo por gente jovem e imigrantes. Assuas atividades permanentes (cantina cooperativa,tenda livre e cousateca) giram entorno à economiaalternativa, para o qual decidírom também nom terbar e estabelecer quotas voluntárias.

O alternativo

Para além dos espaços já criados,som muitas as associaçons cultu-rais que estám a tentar abrir umcentro social na sua vila ou cidade.O Fervedoiro, de Cúntis, é umha

delas, após vários anos de ativida-des como o Festidoiro, ciclos deconferências sobre a atualidade lo-cal (agora estám a se centrar nademoliçom do encoro do Úmia) ou

a bem sucedida exposiçom deJoám Jesus Gonçálves. segundonos conta um dos seus membros,Javier Magarinhos, consideramimprescindível a criaçom dumcentro social para a vida da comar-ca, agora que desapareceu o se-testrelo da Estrada. As dificulda-des com que estám a topar pren-

dem-se com a aquisiçom dum lo-cal: a ocupaçom é complicadanumha vila pequena, os alugueirossom mui altos, e nom recebem sub-vençom. “Agora estamos a consi-derar diversas vias de autogestom;isto há de ir para diante mais cedoou mais tarde. É vital para nós epara Cúntis”, comenta Javier.

Em projeto

centros sociais abertos nos ÚLtimos anos

surgem novas formas de intervir

na sociedade a partirde novos esquemas

som já umha realidade palpávelcom incidência no

seu ámbito

o Fervedoiro começaa trabalhar na criaçom

de um centro social em Cúntis

CASA DAS ATOCHASé um dos espaços okupados

mais dinámicos

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ANTIA RODRÍGUEZ / O Gover-no Feijoo deitou ao lixo aweb ‘Flocos.tv’, a maior vi-deoteca galega da Internet.Nesta página havia arquiva-das mais de trezentas pro-duçons audiovisuais -entrecurtas, teasers, documentá-rios, vídeo-criaçons, longase making off-, e outras tan-tas aguardavam para seremsubidas. Trata-se de maisumha medida de “austerida-de” que está terminandocom qualquer indício de cul-tura galega nos meios, atra-vés do feche de webs e ocancelamento de programasde rádio e TV.

A Agência Galega das indústriasCulturais, a Agadic, fechou a co-meços de março a webFlocos.tv, criada polo bipartidopara a promoçom do audiovi-sual galego. A página, criada po-la também desaparecida Agên-

cia Audiovisual Galega, nasceuem finais de 2008 e funcionavacomo umha videoteca de cine-ma próprio. Através dela po-diam-se visionar, de balde, um-has 350 curta-metragens, longa-metragens, documentários, ví-deo-criaçons, teasers, makingoff e materiais inéditos de cria-dores e criadoras do País. Paraalém disto, no momento de mu-

dar de Governo, estavam aguar-dando para serem subidas à Re-de outras trezentas peças.

Trezentos também som os eu-ros que custava à Junta a manu-tençom mensal de Flocos.tv, eque a Conselharia de Cultura jánom pagou este mês, após dei-xar, desde 2009, umha filmo-teca digital com mais de dousmilhares de usuários regista-dos, e umhas quinhentas visi-tas diárias, à deriva. Nesseano foi cancelada a manuten-çom da web, irrompendo a su-bida de novos materiais; de-pois destinou-se umha peque-na partida a pagar o servidor,enquanto se podiam ver as pe-ças arquivadas. Mas agora,com a ordem de encerramen-to, fica todo, o dinheiro gastoe mais os filmes, no sumidou-ro da internet. Agora, por bai-xo da mensagem de “Esta webnom está operativa”, a páginaredireciona à da Agadic.

Mas o encerramento de Flo-

cos.tv nom é mais que outradas medidas da “contra-cultu-ra” feijoniana, dirigida poloconselheiro Roberto varela.Antes já tinham desaparecidodas programaçons da rádio pú-

blica vários magazines e o pro-grama de música galega dirigi-do por Xurxo souto, Aberto por

Reformas. Ao tempo, da televi-som fôrom desaparecendo osprogramas Onda Curta, Banda

Curta e Libro Aberto.

Criada pola também desaparecida AgênciaAudiovisual galega, nascera em finais de 2008cULtUra

Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 201122 cULtUra

a jUnta acaboU com o maior coLetor De ProDUçom aUDiovisUaL GaLeGa na reDe PoLa “aUsteriDaDe”

Fecham Flocos.tv, a maior filmoteca de balde

A Agadic adivida mais deum milhom aos profissionaisdas artes cénicas galegasA.R. / No passado 28 de Janei-ro, mais de 50 profissionais dasartes cénicas da Galiza, baixoa convocatória do presidentede Escena Galega, ErnestoChao, acudiam à sede da Agên-cia Galega das indústrias Cul-turais para reclamar que selhes pagasse “mais de um mi-lhom de euros em conceito de

atrasos”, que o Governo lhesendividava. Naquela altura, odiretor da instituiçom, JuanCarlos Fasero, comprometia-sea pagar com rapidez, mas até omomento, segundo informa-ram do coletivo de profissio-nais das artes cénicas, nem se-quer liquidárom por completoas dívidas com o sector.

a.r. / A direçom Geral de Patri-mónio vai começar os trámites pa-ra que a carpintaria de ribeira dePurro, em Bueu, passe a fazer par-te do inventário de PatrimónioCultural da Galiza. A partir do mo-mento em que comece a figurarneste registo, o edifício contarácom umha área de protecçom de50 metros, e qualquer interven-çom na zona deverá ser notificadaà Junta. O conselheiro varela assi-nalou que o seu departamento vaitrabalhar por evitar o deterioro da

carpintaria, e esta vai ficar inte-grada como um anexo do MuseuMassó, centrado na construçomtradicional de embarcaçons.

Por outro lado, o responsávelpor Portos da Galiza, José ManuelÁlvarez-Campana, anunciou estemês que o projeto de construirumha goleta empregando técni-cas tradicionais na carpintaria deribeira de sam Cibrao (A Marin-ha), fica adiada “uns anos”, já que,segundo indicou, “nom é momen-to para tal investimento". O proje-

to contava com um orçamento de1,8 milhons de euros e a sua licita-çom tinha sido reclamada por es-taleiros foráneos, que encontra-vam irregularidades na convoca-tória. Também foi muito criticadopor coletivos em defesa do patri-mónio fluvial e marítimo do país.No seu lugar, a Junta destinaráfundos públicos a outras iniciati-vas, entre as que se baralham aconstruçom de um buque de me-nos tamanho na mesma comarca,e de outro na Ria de Arouça.

cULtUra em breve a carPintaria De ribeira De bUeU, a PiqUes De entrar no inventÁrio De Património cULtUraL

Antes já tinham desaparecido da

Crtvg os principaisreferentes culturais

permitia aceder amais de trescentas

criaçons audiovisuaise materiais inéditos

ESTALEIRO DE PURROlocalizado na Bandado Rio de Bueu

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23saÚDe / ciência / reDeNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

DAVID CANTO / No número 93 doNOvAs dA GAlizA dávamos conta deum ambicioso plano entre a Galizae Portugal, através da Universida-de do Minho, em Braga, e a Univer-sidade de vigo. O que agora vemde abrir-se (mas vem assentar) éfruto do mesmo conceito: colabo-raçom entre a Galiza e o norte dePortugal, no seio dos protocolos daEurorregiom que conformam am-bas margens do Minho.

Neste caso trata-se dum projetode comunicaçom e divulgaçom cien-tífica através da rede. É a chamadaUnidade de Comunicação Científicado CEER. Quem está detrás disto éa Fundaçom Centro de Estudos Eu-rorregionais, formado por 6 univer-sidades (Corunha, santiago deCompostela, vigo, Porto, Minho,Trás-os-Montes e Alto douro).

A sua funçom é exclusivamentefazer de porta-voz, repositório emédio de comunicaçom das ativi-dades, estudos e trabalhos que sefam, através da www.ceercomuni-

caciencia.wordpress.com, mastambém das redes sociais e dou-tras ferramentas da internet, poisComunicaciencia, o nome curto dainiciativa, também está em Twit-ter, Youtube, etc.

vídeos de conferências, docu-

mentários, áudios, infor-maçom digitalizada e ou-tros variados recursos mul-timédia estám disponíveis

diretamente na web. Também é im-portante o seu papel na difusom daagenda científica: ofertas de trabal-ho, bolsas de emprego e mobilida-de, subsídios para investigadores eprémios que se vam convocandoentre a Galiza e o Norte de Portugaltenhem lugar no sítio.

Cumpre mencionar que o projetocomeçou em Outubro do ano 2010,portanto já conta com cinco mesesde trajetória, nos quais se pode verum trabalho sério e com convenci-mento, dando conta de que sobre to-das as iniciativas que se estám a pôrem andamento no seio da Eurorre-giom há umha intençom de avançoreal, cousa que nom se pode extra-polar a outras políticas que venhemda Europa e que caírom em saco ro-to, ou melhor dito, em saco alheio.

Na página da Fundaçom Centrode Estudos Eurorregionais(www.fceer.org) pode-se ver o tra-balho que se está a fazer no campoda ciência e noutros muitos. É todaumha amostra do que se poderia fa-zer também noutros ámbitos, deexistir vontade. Mas os investimen-tos nom é que escasseiem, é quesempre vam para onde quer o capi-tal. Nem sempre Europa vai estarpara outorgar, sobretodo desde quena UE nom somos só 15.

A classe política fai da sanidade um barulho difícil de entender

o despregamento da sua rede de fibra óptica no concelho de gurb (Barcelona) foi denunciadoante a Cmt, cuja circular sobre o despregamento destas redes contradi leis estatais e europeiasa reDe

DAVID CANTO / Guifi.net é, em es-sência e sem mais explicaçons,um projeto que fornece ligaçom àrede de forma livre, aberta e neu-tra (sim, neutra). O seu projeto,várias vezes premiado internacio-nalmente, está a conseguir ligartodo tipo de zonas, tanto urbanascomo rurais, à rede com uns gas-tos que de início podem resultaravultados, mas que som os únicosque teríamos que fazer.

Atualmente esta operadora,porque assim é refletido na Co-missom do Mercado das Teleco-municaçons (CMT) conta commais 12.000 lares funcionado co-mo nodos e umha rede de 18.000quilómetros em aproximadamen-te 100 municípios na Catalunha,ainda que já estám a pôr em anda-mento ligaçons na zona da Plana,na Comunidade valenciana.

A forma de trabalhar é similar àde umha operadora normal, com adiferença básica de que a organi-zaçom que está a gerir todo o ne-

cessário para levar a ligaçom aoslares empresas ou mesmo admi-nistraçons que assim o desejarem(existem também entidades muni-cipais que a empregam) nom temánimo de lucro.

O sistema de baixo para riba se-ria o seguinte, apanhando o exem-plo de Castelhom, onde se está apromover agora o despregamento:os lares que o desejem ham de

mercar um recetor num lugar quetenha visom direta com algum lu-gar onde se queira instalar ou hajainstalado um nodo. No caso denom havê-lo, haveria que pôr um,algo para o qual haveria que afron-tar uns custos que deverám ser su-fragados por várias pessoas, poistambém o seu benefício é comuni-tário. Este nodo ligaria-se à fibraescura instalada em vias de comu-

nicaçom do Estado, as quais já es-tám em disposiçom de aceder aospontos-neutros, onde se encon-tram as redes e som trocados osdados. Há dous em todo o Estado,um na Catalunha, o CATNiX, e ou-tro em Madrid, o Espanix.

Para fazer isto todo som criadascomunidades wireless, que consis-tem em grupos de voluntários en-carregados de construirem as re-des, para o que se utilizam tecno-logias sem fios que trabalham so-bre frequências 2,4 e 5 Ghz, quesom de domínio público.

Com esta rede o único preço quehá que assumir é o da instalaçom.Por exemplo, a criaçom de um su-pernodo pode chegar aos 800 eu-ros, umha antena, uns 85 euros.se a todo isto acrescentamos os ca-bos para fazer chegar o sinal àsequipas, poderíamos chegar cercados 1.000 euros, os quais som nor-malmente sufragados de forma co-laborativa, doando os interessadosna instalaçom. Mas há que consi-derar que este é o custo total quevamos assumir. O conceito quotanom existe, ainda que pareça um-ha utopia atendendo aos preços

que se manejam no mercado. Paraalém disso, a velocidade nom vemdada pola que se queira dar, senompola que se poida alcançar, pois alimitaçom da velocidade de descar-ga ou suba é própria dos pacotescomerciais, a rede em si é capaz dealcançar o duplo de velocidadesem nengum tipo de problema.

Nom apresenta problema porcompetência, pois Guifi.net estáconsiderado como umha auto-prestaçom, nom coma umhatransacçom. Porém, medianteumha circular, a CMT intenta im-pedir que os Concelhos emprega-sem este modelo para dar ligaçomà rede aos seus vizinhos sem cus-te algum por violar a livre compe-tência. isto contradi a normativaeuropeia e estatal que permite olivre exercício da telecomunica-çom. Esta circular mantem para-do o despregamento de infraes-truturas preventivamente até quese resolva o problema.

O projecto Guifi.net conta desdehá tempo com um grupo na Galizaque estám espalhando a ideia e queconta já com associaçons e concel-hos interessados.

guifi.net, como incomoda!

o projeto de divulgaçom científicada Eurorregiom é realidade saÚDe

Ciência pt-gz Esquizofrenia genérica

ciência

ERNESTO VILAR / A poupança farmacêutica, o es-banjamento em 'infraestruturas' ou mesmo um can-cro, servem aos políticos para fazer da política diá-ria um narcótico para a própria sociedade, que ape-nas sabe a que se ater perante o espetáculo. Todo is-to com umhas eleiçons em maio para as quais já hátempo que se dispujo a maquinaria de marketingpolítico. desde há umhas semanas, governos espan-hol e galego puxam da corda para pôr em andamen-to um catálogo de medicamentos genéricos que seencontra com recurso ante o Tribunal Constitucio-nal por vulnerar o direito à igualdade na sanidadepública. de ser aprovado o plano da Junta da Galizapassariam a prescrever-se umha série de medica-mentos preferencialmente, o qual seria "injusto" pa-ra os cidadaos com respeito aos doutras zonas doEstado. À espera do ditame, desta situaçom e da tí-mida luita do PP polo seu catálogo (seria contraditó-rio que os populares se queixassem polo pouco au-togoverno da Galiza) extrai-se a conclusom de queos genéricos som tratados como piores com respei-to ao resto de medicamentos, quando afirmar istosuporia um claro erro. desde o Tribunal superior deJustiça da Galiza foi denegada a suspensom do ca-tálogo por parte do Constitucional, polo que cumpreaguardar tempo para saber o que marca a lei.

Nom é a última, nem tampouco a penúltima incon-gruência à que estamos assistindo. Em fevereiro umjornal galego sacava à luz a quantidade gastada polaConselharia da sanidade desde 2006 na atençom re-ligiosa aos pacientes. Por umha parte, som 700.000euros os gastados no exercício passado, quando al-cançou o seu máximo, já que a quantidade tinha idoaumentando com o iPC. Estes quartos paga-os a Jun-

ta da Galiza, já que som pessoal refletido nos orça-mentos. Questons económicas à parte, a religiom ca-tólica tem a exclusiva na atençom aos pacientes, jáque de os enfermos reclamarem atençons de consel-heiros doutras religions, estes nom serám atendidos.Nem respeito à laicidade que marca a Constituiçom,nem poupança. Trata-se de mais um comportamentobipolar mostrado pola classe política.

Por último, Adega vem de denunciar o desapare-cimento dos dados de contaminaçom do ar da cida-de de Ourense. Estes dados deveram aparecer napágina da Junta, mas durante o 22 de fevereiro. Jus-to nesse dia fôrom alcançados os níveis máximospermitidos, os quais, de manter-se durante 3 horas,obrigariam a decretar situaçom de emergência paraa populaçom. O facto de desaparecerem provocouque nom fosse possível conhecer os registos. O casoé que Ourense é um enclave habitual de contamina-çom, ao igual que As Pontes, sam Cibrao ou Meira-ma, neste caso polo centro de processado avícola deCoren. dias antes, capitais do Estado, como Madridou Barcelona, alcançárom níveis muito elevados decontaminaçom, os quais levárom às administraçonslocais a pregar à populaçom comportamentos quereduzissem a poluiçom. À contestaçom popular eraao que temia o Executivo galego.

som vários acontecimentos que, por separado, jáseriam motivo de protestos e tratamento sério nosmeios, mas vivemos um momento em que nom sedeve aguardar umha toma de decisons para a as-sunçom de responsabilidades. Assim, como se esti-vesse narcotizada, a sociedade nem se mobiliza nemsabe contra quem haveria que fazê-lo, numha atitu-de de deixar fazer sem mais.

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XAVIER MARCO / Nom está a serumha temporada fácil para asduas grandes equipas do futebolgalego, ambas fieis às suas carac-terísticas: combinados de taman-ho médio e economias instáveisque pagam os seus 'atrevimentos',nas temporadas mais brilhantes,com altos e baixos que salvam damelhor maneira possível. Nestatemporada, quer na luita pola per-manência -deportivo-, quer na lui-ta polo ascenso direto -Celta- o es-forço e o desgaste físico supremas dificuldades táticas.

Quiçá o caso extremo seja o daequipa corunhesa, que leva os trêsúltimos jogos disputados na máxi-ma tensom; o mais recente, livra-do contra a Real sociedad, saldou-se com três lesionados e vários jo-gadores beirando o esgotamentonos minutos finais. A vitória fren-te os guipuscoanos valeu-lhe tam-bém aos de lotina para acumularcinco jornadas seguidas sem per-der, e rendibilizar assim os últimosempates. Nesta altura, poucos sec-

tores dos siareiros se preocupamcom a escassa espetacularidadedo estilo. impujo-se o 'resultadis-mo' à espera de reformular o re-formulável na tranquilidade dosmeses estivais.

Dúvidas no sulMui diferentes decorrem as cou-sas nesta altura da temporada nosul da Galiza. depois de mostrarfirmeza e regularidade no topo datábua, a equipa de Paco Herreraestá a pagar certa indefiniçom quelhe custou o liderado. Após trêsderrotas consecutivas, o Celta en-cadeou vários contratempos emformas de lesons e sançons, o queobrigou o técnico estremenho a

pensar em alternativas táticas.Com três baixas no centro do cam-po e sem substitutos para os titu-lares, qualquer opçom que se de-cidir pressupom umha mudançade estilo. se Herrera introduzisseJonatan vila na medular, perderiao seu excecional contributo defen-sivo; e se introduzisse o Michu, es-te perderia parte dos seus atribu-tos no ataque, que som os que ocaracterizam. Umha outra das op-çons que se baralham, e que maisexpectativas está a criar em partedos seguidores, é a volta à titulari-dade de Borja Oubiña, que culmi-nou com êxito a sua reabilitaçomtrás dous anos convalescente dojoelho. Com isso e contodo, e se-gundo se desprende de declara-çons de Paco Herrera num chatcom os siareiros na imprensa co-mercial, a aterragem do centro-campista vai ser mais progressiva.Herrera manifestou que o objetivocontinua a ser o ascenso direto, sebem “jogar o play-off nom seriafracasso nenhum”.

d DesP

orto

soPosiçom à PresiDência De oDriozoLa

O pontevedrês José María Odriozola,dirigente da Real Federaçom Espanho-la de Atletismo, perde apoios a passosagigantados. A alternativa parece estarem vicente Añó, que diz apostar por“umha mudança radical”. dirigira aequipa espanhola nos anos dourados.

PeLé: “o Dinheiro PoDe DestrUir o FUteboL”

nom está a ser umhatemporada fácil,

ainda que se tenhamconseguido logros

O ex-futebolista brasileiro Pelé surpre-endeu declarando que “o dinheiro podedestruir a carreira dum jogador que es-quece que joga por amor ao futebol”.Acrescentou que o futebol “acusa umhagrande falta de lealdade polas equipas,e um interesse exclusivo polos quartos”.

Dépor e Celta resituam-se na tábua sofrendo cada jogo

as ÚLtimas jornaDas DesLUzírom os avanços Dos anteriores joGos

24 DesPortos Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

Pressom política paraabsolver ContadorANXO RUA NOVA / O desportoprofissional tem cada vez menosde desporto e mais de negóciocapitalista e espetáculo. Comogrande negócio capitalista pro-cura o lucro a qualquer preço,usando a compra de desportis-tas, juízes ou jogos, utilizandomesmo a corrupçom e nom du-vidando em recorrer a substán-cias proibidas para alcançar esesobjetivos, eliminando o que hou-ver de saudável no desporto.Além disso, o desporto continuaa jogar um papel político-espetá-culo inegável, sobretodo no casoespanhol. Em primeiro lugar éutilizado como alienaçom, comoforma de evitar protestos e rebe-lions e continuar a esplorar aclasse trabalhadora. Em segun-do lugar, o desporto é tambémusado como meio político queprocura fortalecer o projeto es-panhol de Estado-naçom bur-guês, historicamente questiona-do e cujos símbolos e identidadesom muitas vezes rejeitados.Mas um passo político novo su-cedeu recentemente, quandoPsOE e PP, com o presidente dogoverno espanhol à cabeça,pressionam politicamente a Fe-deraçom Espanhola de Ciclismo,que absolve Contador depois deter dado positivo na passada edi-çom do Tour da França. Agoraestá nas maos da UCi (UniomCiclista internacional) e AMA

(Agência Mundial Antidopa-gem) recorrer a sentença. Ficademonstrado, mais umha vez, adupla moral política espanhola.de nada serve financiar campan-has publicitárias em favor dodesporto limpo (como a conheci-da “doping: toleráncia zero”),quando ao mesmo tempo somcanonizados e imunizados os he-róis/desportistas, como Conta-dor, apesar de ter dado positivopor 50 picogramas de clembute-rol num controlo antidopagem.

Justificaçom mediáticadepois da pressom política, osmedia empresariais esgrimíromgrande variedade de argumen-tos para avalizar tal decisom, co-mo que a quantidade detetada éínfima, que foi algo anedótico,um só positivo, que o ciclismo écabeça de turco, ou inclusive queos espanhóis estám mais vigia-dos. Em primeiro lugar, por pe-quena que seja a quantidade, éum positivo, e a sua absolviçomé injusta em base a critérios le-gais, e discriminatória com ou-

os media realizáromumha intensa

campanha para justificar a absolviçom

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XERMÁN VILUBA / O NOvAs dA

GAlizA celebra um cento de vara-dos e a lNB acompanhou muitosdeles para pôr o seu lume bilhar-deiro ao serviço de umha cons-truçom nacional que aplica e im-plica suores nas pistas de jogo efora delas. isto todo para criar-mos uns alicerces fortes que nospermitam avançar até ver o fimdo escuro túnel em que estamosimersos e imersas. A anterior co-nexom que realizamos foi feitapara emitirmos sinal com a Au-têntica dos Països Catalans ondeconstruimos, a base de paus, onosso próprio caminho interna-cionalista. Hoje retornamos à lei-ra galaica para junguir a parelhade bois à nossa grade carregadade pedras e continuarmos trans-formando esta realidade a basede juramentos e lances de pa-láns. Assim, os palanadores e pa-lanadoras, como se fôssemoscorvos, começamos a inundar to-do e achicar espaços até agorareservados para as elites colo-niais. Assim, realizamos pales-tras e abertinhos de bilharda nosliceus do Pais, como o de Castrode Rei, mas também a invasomde corvos bilhardeiros no EisAudiovisual de vigo durante oPercebe-son, na universidade devigo, onde se realizou umhaaçom bilhardeira em colabora-çom com os irmaos do Trabalín-gua, ou o Aberto realizado noCampus luguês da UsC. isto to-do som mostras inequívocas des-te incessante assédio bilhardeiro,mas no meio desta atividade fre-nética, no passado mês de feve-

reiro também realizamos umhanova e explosiva ediçom do Bil-ha-RdA All stars, na pista doPorto, concelho de Cabanas, te-rritório da emergente Conferên-cia Bezouqueira. O amplo reper-tório de atividades implicou osseguintes resultados: bandeja derabos de porco para o campeomde varados-habilidades: daniel,dos Bilhardeiros Musicais, ban-deja de unhas de porco para ocampeom de mates: ivan Bateas,bandeja de rabos também para oganhador de lançamentos de lon-ga distáncia, Toño dos Furabo-

los, e finalmente a tam desejadaCachucha do All stars foi para ocampeom do Aberto das estrelas,o palanador da Bezouqueira, da-niel do Festifolk. Para além disto,nesta ediçom também foi nome-ado o MvP, ou jogador mais va-

lioso de toda a jornada, prémioque consistia numha espetacularbandeja de tripas salgadas quefôrom parar por unanimidade aopalanador dos Cernadas, Manel,pola sua espetacular actuaçomem todas as disciplinas. E comoguinda final para umha nova jor-nada histórica, o grupo de grind-core galaico ilegível, do salnêsfijo um espantoso barulho-setque os catapulta já entre os maisgrandes do panorama galego. li-vres de qualquer tipo de comple-xos que amordaça a maior partedas bandas que buscam unica-mente no caduco circuito de sa-las o seu espaço de actuaçom,ilegível deu o passo para procu-rar novos caminhos e canalizaros seus brutais micro-ouveos, hábandas que necessitariam váriosdiscos para chegar a expressar oque ilegível exprime em apenas8 segundos. Um All stars emque, como em ediçons anterio-res, fôrom fixados os pilares bá-sicos para afrontarmos o grandereto de conquistar de novo, emfins de maio, o novo Conjo, coma mais intensa e multitudináriafinal nacional de todas quantasse tenhem disputado, o compro-misso e a auto-gestom permiti-rám, umha vez mais, sacá-loadiante de modo exemplar. sequigeres atuar com o teu grupo,apresentar o teu livro ou expres-sar-te de qualquer outra forma,podes fazê-lo nas pistas de jogoda lNB, com os paláns ou comas tuas palavras. Nom o duvides,sobe e racha com as ondas: ova-

[email protected].

25DesPortosNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

AUtodEtErminAçom

dirEito dE AUtodEtErminAçom, Um potEnCiAl dEmoCrátiCo

texto de Henrique del Bosquezapata, prologado por Uxío-Breo-gán diéguez Cequiel

Editam: Causa galiza e A Fenda8 euros (com os gastos de envio)Breve e acessível manual sobre

o direito de autodeterminaçom e asua aplicaçom na galiza

versom em norma AgAl e rAg

AtlAs HistÓriCo

AtlAs HistÓriCo dA gAlizAE do seu Contorno geográfico e Cultural

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manuel gonçales ribeira50 euros (gastos de envio incluídos)Edita: Edições da galizaAmplo percurso pola história da gali-

za através dos diferentes mapas de ca-da etapa a toda a cor

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A Fenda EditorialCuidada ediçom para crianças

que aborda a figura do mítico personagem natalício34 páginas, 12 ilustraçons,

tampas duras

a cachUcha Do aLL stars Foi Para o camPeom Do aberto Das estreLas, DanieL Do FestiFoLk

o mvp da jornadafoi por unanimidade

o palanador dosCernadas, manel

Depois do All Stars: os rabos, as unhas,as tripas e as cachuchas… nom param!

tros desportistas, que no mesmocaso nom fôrom nem serám ab-solvidos. Fontes consultadas rela-tam que mesmo na “operaçomPuerto” só saírom à luz públicanomes de ciclistas, quando eramna realidade a minoria dos des-portistas integrantes na trama,que a maioria eram futebolistas,tenistas, profissionais do andebol,basquetebol e boxe. Que o ciclis-mo ou atletismo som desportosmais perseguidos que o futebol ouo basquetebol é evidente, mas istonom pode ser um factor para criarcontrolos laxos ou deixar de per-seguir os trampaceiros; polo con-trário, as investigaçons devem ti-rar à luz os que consomem sub-táncias proibidas em todos os des-portos. Além disso, especialistasapontam que a tendência atual nomundo do doping som as peque-nas autotransfusons que, expostode forma sucinta, procuram man-ter os parámetros analíticos omais estáveis possível e em níveismáximos (dentro do legalmentepermitido) durante todo o ano,mas quando há um pequeno errode cálculo na dose aplicada ou naeliminaçom da mesma polo orga-nismo, pode resultar que numcontrolo de doping o resultado se-ja positivo. Mas, sabendo que opositivo existe, políticos e mediaespanhóis apoiam e defendem aabsolviçom, porque vem em Con-tador e nos seus sucessos umhaforma de contribuir para o projetonacional espanhol, e por isto en-tendem que o fim justifica osmeios. Nós, como galegos e des-portistas, defendemos que os po-sitivos tenhem que ser sanciona-dos sempre, porque rejeitamos amercantilizaçom, o desporto es-petáculo e o ganho de lucro acimade todo. Porque acreditamos nou-tro modelo desportivo, de base eparticipativo, que contribua paraa solidariedade e para a nossa re-alizaçom pessoal.

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Novas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 201126 temPos Livres

temPos Livres

seXUaLiDaDe os seXos estÁm Feitos Para a convivência

se há um tema duro de tratar para un-ha sexóloga é o da chamada ‘violênciaentre os sexos’ ou, se calhar, seria mel-hor dizer ‘violência do sexo masculinosobre o feminino’. se algo neste temaresulta ainda mais duro é tratar os as-sassinatos de mulheres cometidos po-las suas parelhas ou ex parelhas que,este ano, a 8 de março, fôrom 14 no Es-tado. informaçons diversas ratificamque estas cifras nom aumentárom,tampouco diminuírom. O que mudoufoi a visibilizaçom e a denúncia, factoque deveria incidir diretamente no nú-mero de mortas.

Todo aponta que os sexos estámfeitos para a convivência e nom paraa violência, para amar-se e nom paramatar-se. Mas por que se continua amanter (com mais ou menos aceita-çom social dependendo do lugar domundo, com mais ou menos silêncio)este facto nas nossas sociedades? Aessência da supervivência da espécie,do grupo, está na cooperaçom entreos sexos e nom na destruiçom de umdeles por parte do outro. O assassina-to de mulheres continua a ser hojeem dia umha das grandes fendasabertas que aprofunda e agrava achamada guerra de sexos.

Mesmo apesar de poder identificaras diferentes causas parece que o com-plexo é encontrar umha soluçom, polomenos a curto prazo, apesar de os se-

xos continuarem obstinadamente em-penhados em se amar e conviver, emrespeitar as diferenças na intimidade...

Perante cada mulher morta, perantecada assassino confesso é fácil cairmosna androfobia generalizada, no tópicoda vítima indefesa, inclusive na críticado vitimismo e culpaçom... Mas o tem-po passa, e é inevitável o calafrio, a rai-va, o terror, certa impotência perante acerteza de que o próximo 8 de marçohaverá que voltar sair à rua para denun-ciar novas mortes de mulheres.

sem esquecer que por sorte as al-covas vam continuar cheias de len-çóis revolvidos, que o desejo entreos amantes continuará sem querercumprir as normas e que os sexos...os sexos desejarám que a violêncianom se dê.

desejo versus morteBEATRIZ SANTOS

A motivaçom mais habitual é a saúde, seja porpadecer algum grau de moléstia derivada daintoleráncia à lactosa1, ou pola crescente in-fluência de terapeutas e publicaçons do ámbi-to da medicina natural que desaconselham oleite. Noutros casos impulsam a reduçom mo-tivos "sócio-ecológicos" ou "animalistas", osprimeiros por mor do alto consumo de recur-sos e impacto ambiental associados à criaçomde gado, os segundos por considerar esta umjeito de exploraçom animal prescindível.

Mas custa-nos imaginar um almoço ou um-ha bechamel… sem leite! É por isso que au-mentam as vendas de substitutos, cuja deno-minaçom legal na UE é a de "bebidas vegetais"(Bv). Consistem basicamente em agua (90%)em que fôrom diluídas substancias extraídasdo alimento em questom (arroz, aveia, soja,amêndoas...) mediante maceraçom, cocçom...

A nível nutricional, as Bv nom nos ofere-cem nada diferente do que fam outros mo-dos de consumir os alimentos a partir dosque estám elaboradas. E a nível ambiental,consumir cereais, legumes e frutos secosem forma de Bv embaladas em brik implicaumha quantidade de embalagens muitomaior2 e o transporte "prescindível" de um-ha grande quantidade de água.

Por outro lado, é certo que com os vegetaisque umha vaca consome para produzir um li-tro de leite, poderiam ser elaborados vários li-tros de Bv, mas no caso galego esta vantagem

ambiental das Bv com respeito ao leite ficaanulada polo facto de as Bv que podemoscomprar estarem fabricadas muito longe, en-quanto poderíamos consumir leite de produ-çom local3.

Em próximos NOvAs repassaremos o merca-do de Bv à procura das opçons mais sustentá-veis, e conheceremos diversas possibilidadespara a sua elaboraçom caseira. Bom proveito!

1. Os estudos mais citados situam em 10-15% a percen-

tagem de povoaçom espanhola afetada

2. Mais informaçom em: http://blogs.elpais.com/eco-

lab/2010/03/el-dificil-caso-del-tetra-brik-.html

3. Consumir leite de produçom ecológica e/ou embala-

do em opçons menos más que o brik -como o plástico- é

umha opçom mais recomendável. Comparar a "mochi-

la ecológica" de diferentes alimentos é com frequência

muito complexo, para nos introduzir podemos consul-

tar o relatório "Cuando el olmo pide peras"

http://admin.isf.es/UserFiles/File/catalunya/publicacio-

nes/castellano/esferes9_%20web_new.pdf

www.nodo50.org/consumirmenosvivirmejor

PEPE ÁRIAS / O investigador dio-nísio Pereira acaba de apresen-tar na editorial Xerais o seu es-perado trabalho sobre o sindica-lismo e associacionismo no mun-do do mar e a repressom fran-quista, fenómeno que rematoucom um dos movimentos asso-ciativos mais importantes danossa história recente. se nosadentrarmos dentro da histórianacional, veremos que os fenó-menos que tenhem que ver coma organizaçom e a vida quotidia-na de milhares de galegas e gale-gos ficam absorvidos por perso-nalidades e sucessos que, semdesmerecer o seu lugar na histó-ria, o seu posicionamento e traje-tória de classe condicionou essapresença. Mas nom é só esta lin-ha de trabalho a que abre a pre-sente publicaçom. Na etapa his-

tórica a descrever, o processo deindustrializaçom precarizará atéextremos inumanos as condi-çons de vida dos e das trabalha-doras do mar, onde os menoresde idade e as mulheres terám ostrabalhos mais perigosos e piorremunerados, inclusive na etaparepublicana, onde haverá umhamelhora relativa das suas condi-çons de vida.

dentro do imaginário coletivoda pátria dos marinheiros e doslabregos, a história das mulherestambém permanece oculta. Pe-reira, longe de valoraçons moraisdo porque da reduzida implica-çom das mulheres nos meios re-volucionários, mostra-nos umhaestampa de discriminaçom labo-ral, de exploraçom e de negaçommesmo dos seus próprios com-

panheiros. Num meio marítimo domina-

do polo anarco-sindicalismo daCNT, a incapacidade para con-trolar a situaçom após dias de re-sistência em muitas localidadescosteiras, acompanhado da ne-gativa das autoridades republi-

canas de armar a classe trabal-hadora, deixou estas mulheres ehomens nas maos do franquis-mo. Nesta etapa començárom oscrimes da longa noite do capital,sem que por isso alguns deles pu-deram escapar e prosseguir a sualuita antifascista noutras zonascontroladas pola república. Me-diante as fugas marítimas, mui-tos militantes pudérom salvar assuas vidas dum final incerto, queconhecemos por todas as suas ví-timas. Assim rematou umha dasexperiências mais significativasa nível mundial de associacionis-mo marítimo, desconhecida co-mo tantas outras cousas polasgalegas e galegos de hoje.

PEREiRA, dionísio. Loita de clases e re-

presión franquista no mar (1864-1936).

Edicións Xerais, 2011.

TONI LODEIRO

entreLinhas LUita De cLasses e rePressom FranqUista no mar Da GaLiza (1864-1936)

o sindicalismo nomar foi um dos mais

importantes na nossahistória recente

muitos militantes salvárom a vida

fugando-se polo mar

‘leites’ vegetais, umha boa alternativa?

consUmir menos, viver meLhor reDUzir o consUmo De Leite De vaca

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qUe Fazer

27qUe FazerNovas da GaliZa 15 de março a 15 de abril de 2011

17.03.2011 / DEBATE SOBRE‘AS CARAS DA CRISE’ / 19:00na Biblioteca Ángelo Casal(Avenida de Joám XXIII, s/n).COMPOSTELAParticipam laura Bugalho(CiG), Carme Freire (slG),david Rodríguez (Fonambulis-ta Coxo) e Antom santos (Es-cola Popular Galega). dentrodas ii Jornadas Galego-Portu-guesas de Ediçom independen-te, que organizam EstaleiroEditora e Corsárias.

17.03.2011 / PROJEÇOM DECIDADE DE DEUS / 20:00 noC.S. A Revira (Rua GonzaloGallas, 4). PONTE VEDRA

17.03.2011 / CURSO ‘DE-CRESCIMENTO PARA A MU-DANÇA SOCIAL’ / 20:00 nasede da Escola Popular Ga-lega (Rua Real, 12). VIGOleciona Manoel santos. Orga-niza a Escola Popular Galega.

18.03.2011 / ACTO POLO DIAINTERNACIONAL DAS MUL-HERES / 20:00 na Praça Sa-co e Arce. OURENSEOrganiza a Marcha Mundialdas Mulheres.

18.03.2011 / PALESTRA SO-BRE ORGANISMOS GENETI-CAMENTE MODIFICADOS EPROJEÇOM DE SALMON-POLY / 20:00 na Casa daCultura (Estrada de Miraflo-res). MUROSleciona Fins Eirexas. Organiza Adega.

18.03.2011 / ESPETÁCULODE VIDEO-POESIA COM EL-VIRA RIBEIRO / 21:00 noC.S. Gomes Gaioso (RuaMarconi, 9, rés-do-chao -Monte Alto). CORUNHANo ciclo 'vozes em feminino,palavra plural'.

18.03.2011 / FESTALEIROCORSÁRIO VADIO E RECI-TAL POÉTICO-MUSICALCOPYLEFT / 22:00 no Bar AsDuas (Praça da Oliveira, 3).COMPOSTELAEncerramento das ii JornadasGalego-Portuguesas de Ediçomindependente, que organizamEstaleiro Editora e Corsárias.

19 e 20.03.2011 / CURSO DEMANIPULAÇOM DE OBJE-TOS COM EZRA MORENO /10:00 na sede de Berrobam-bán (Avenida de Lugo, 12).COMPOSTELAOrganiza a companhia de tea-tro Berrobambán. inscriçomem [email protected].

19.03.2011 / 1º MERCADOATIVO EM MUROS /10:00 no Mercado. MUROSOrganiza Adega. inclui umhaprova de mel e obradoiros decestaria e oleria.

19.03.2011 / PLENÁRIO NA-CIONAL DE CAUSA GALIZA /11:00 no Centro Sócio-Cultu-ral de Fontinhas (Rua Berlim,s/n). COMPOSTELA

19.03.2011 / SEMINÁRIO ‘DEQUE NOS SERVE O MARXIS-MO? APONTAMENTOS PARALUITAR E COMPREENDER ACRISE’ / 16:00 no C.S. A Re-vira. PONTE VEDRAOrganiza A Revira em colabo-raçom com a Escola PopularGalega.

19.03.2011 / HOMENAGEM AJOSÉ CASTRO VEIGA ‘O PI-LOTO’ / 18:00 no encoro deBelesar. CHANTADAOrganiza Causa Galiza.

19.03.2011 / PALESTRA SO-BRE ‘A VIGÊNCIA DO FEMI-NISMO’ COM NOA RIOS EMAI CAMBEIRO / 20:30 noC.S. Gomes Gaioso. CORUNHANas ‘Jornadas Feministas' deBriga. Atuaçom de pandereitei-ras a seguir.

20.03.2011 / ROTEIRO PORMONDONHEDO / 09:00 naAvenida de Ramón Ferreiro(Frente à Escola de Magisté-rio). LUGOdos ‘Roteiros pola língua’ queorganiza Adega.

20.03.2011 / ASSEMBLEIAGERAL EXTRAORDINÁRIADA FUNDAÇOM ARTÁBRIA /19:00 na Fundaçom Artábria(Travessa de Batalhons, 7).FERROL

23.03.2011 / JANTAR IMPO-PULAR / 13:00 / JAM ON! /17:00 no C.S.O. Casa dasAtochas (Praça das MulheresLivres, s/n). CORUNHATodas as quartas-feiras.

23.03.2011 / I MOSTRA DEDOCUMENTÁRIOS EN GALE-

GO / 19:00 na Capela doCentro Torrente Ballester(Rua Concepción Arenal,s/n). FERROLOrganiza o Ateneu Ferrolano.vam projetar obras de MarcosNine, Xabier Marqués solla,Manuel iglesias Nanín, simonesaibene, Adriana Pérez villa-nueva e Colectivo Bicilab.

23.03.2011 / PROJEÇOM DEO ASSASINATO DE FREDHAMPTON, DE HOWARDALK / 21:30 no C.S. O Pichel.COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. vOsG.

25.03.2011 / CONCERTO DETRAZOS E LA DESIDIA /21:30 no C.S.O. Casa dasAtochas. CORUNHAEm solidariedade com a biblio-

teca anarquista da cidade deCompostela.

26.03.2011 / CURSO DE AS-SESSORIA EM LACTAÇOMMATERNA / De 10:00 a 14:00no Centro de Saúde (Avenida25 de Julho, s/n). NAROMlecciona Ana Cal Conde, fala-rá sobre ‘situaçons da mae quepodem causar um problemacom a lactaçom materna’. Or-ganiza Fedegalma.

26.03.2011 / CONSUMO CUI-DADO: OBRADOIRO PARACRIANÇAS / De 12:00 a 13:00no Centro Sociocultural UgioNovoneira (Rua Quiroga Ba-llesteros, s/n). LUGOA cargo de Mundo Piruleta.

26.03.2011 / PROJEÇOM DECINEMA SOVIÉTICO: A FOR-TALEZA DE BREST / 19:30no C.S. A Revira. PONTE VEDRA

26.03.2011 / CONCERTO DEMALANDRÓMEDA / 20:30 noC.S. A Fouce (Praça de Cha-viám, Bloco 2, Rés-do-chao 5- Bertamiráns). AMES

26.03.2011 / GRANDE BAILEAMENIZADO POR ‘OS D’A-BAIXO’ / 22:30 no C.S. O Pi-chel. COMPOSTELAHaverá petiscos.

29.03.2011 / CURSO ‘A EXPE-RIÊNCIA ANTIMILITARISTADE ANOC’ / 20:00 no C.S. OPichel. COMPOSTELAOrganiza a Escola Popular Galega.

30.03.2011 / PROJEÇOM DE 1 P.M., DE JEAN-LUC GO-DARD, RICHARD LEACOCKE D.A. PENNEBAKER / 21:30no C.S. O Pichel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. vOsE.

31.03.2011 / PROJEÇOM DEO PODER DA COMUNIDADE/ 20:00 no Ateneu Valle In-clán (Bar Plaza). RIBEIRA No Ciclo ‘videofórum em Ri-beira’, que organiza verdegaia.

01.04.2011 / CEIA SOLIDÁRIACOM OS PRESOS INDEPEN-DENTISTAS / 21:30 no C.S. OPichel. COMPOSTELAOrganiza Ceivar.

02.04.2011 / CURSO DE AS-SESSORIA EM LACTAÇOMMATERNA / De 10:00 a 14:00no Centro de Saúde. NAROMlecionam isaura GonzálezMartínez e Beatriz RodríguezGrandal. Organiza Fedegalma.

09.04.2011 / CURSO DE AS-SESSORIA EM LACTAÇOMMATERNA / De 10:00 a 14:00no Centro de Saúde. NAROMlecionam Guadalupe MartinezMeléndez e susana CenalmorGonzálezl. Organiza Fedegalma.

Centros sociais Casa das Atochas, Aturuxo e sem um Cam celebram aniversáriosos centros sociais Casa das Atochas,Aturuxo e sem um Cam fam anosno mês de março.

A corunhesa Casa das Atochascelebra os seus três anos de vidacom umhas Jornadas sobre okupa-çom, que incluem umha exposiçom,um torneio de tirachinas, jantares eoutras actividades. o ato central vai-se desenvolver a 19 de março, com

um ‘Encontro de okupaçons’ em queparticipam diferentes coletivos gale-gos e de sevilha, saragoça e ma-drid. o programa completo está emhttp://www.casadasatochas.info/.

o Aturuxo de Boiro anuncia ati-vidades polo seu terceiro aniver-sáirio no fim-de-semana dos dias25 e 26 de março. vam concretaro programa proximamente através

da sua página web: http://agal-gz.org/blogues/index.php/aturujo/.

ourense acolhe a 26 de marçoos actos polo segundo aniversáriodo sem um Cam. Começam às11:00 com um mural e atividadespara crianças. Haverá um jantar,jogos, um roteiro. informaçom adi-cional em http://agal-gz.org/blo-gues/index.php/semumcam/.

no Dia 20 De março

protesto contra a lei de águasA recém constituída plataformagalega contra a lei de águasanuncia mobilizaçons para o dia20 de março em Compostela.

A plataforma que compon-hem, entre outros coletivos, osindicato labrego galego, a or-ganizaçom galega de Comuni-

dades de montes, Altermundo,verdegaia, Amarante e marchamundial das mulheres nascecom o objetivo de que se derro-gue a lei de águas. o seu pri-meiro ato vai ser umha manifes-taçom em Compostela com mo-tivo do dia mundial da água.

A plataforma pola defesa doAlto Ulha, a Associaçom ‘Curu-xás’, Adega e Ferventia organi-zam a vi Copa galega de KaiakExtremo nas torrentes de má-cara - ramil, no rio Ulha.

A receçom de participantescomeça no sábado, 19 de mar-ço, e tanto a competiçom co-mo outros atos complementa-res realizam-se nessa jornada etambém na do domingo.

mais informaçom na páginaweb da entidade convocante:http://adega.info.

Copa galegade KaiakExtremo

no ULha

em oUrense, boiro e corUnha

Page 28: ovas da Gali anovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz100.pdf · desenhar o futuro conversa sobre ... rom umha Galiza agitada e rebel - ... Também, como muitos assinalam, um enfraquecimento

Novas da Gali a Apartado 39 (15701) CompostElA tel. 630 775 820 publicidade: 692 060 607 [email protected]

enriqUe Líster, FiLho, Diretor Do DePartamento De estUDos esLavos Da UniversiDaDe De Poitiers

Carvalho Calero, Foz, sali-nas portugal, lópez sue-vos... som figuras funda-

mentais da lusofonia na galiza,mas orbita também nessa esfe-ra o escritor e amigo xosé loisgarcía, esse neno de lugo nadono hospital da Caridade em1945, criado em Chantada eforjado cultural e politicamentena Barcelona dos 70. A sua vi-da pública ergue-se em base aquatro traves mestras: o nacio-nalismo, o marxismo, o direitode autodeterminaçom dos po-vos e a lusofonia.

depois de vários anos, aindacontinuo a elaborar umha bio-grafia sobre ele a partir desses4 alicerces; por isso descubri-loé mergulhar no oceano lusófo-no, saber das suas antologiaspoéticas (editadas em Espiralmaior, Ediciós do Castro, laio-vento...) ademais de conhecer,outrossim, a sua produçom líri-ca galego-portuguesa. É certoque tem publicado numerososensaios e traduçons ao castel-hano, como a Sagrada Esperan-

za de Agostinho neto (sufraga-da polo governo cubano), masinúmeras obras editam-se emidioma catalám.

muitos som os que ignoramque este homem –que dá con-ferências por são paulo, lisboa,luanda... sobre o galego e a lu-sofonia– seja membro da União

de Escritores de Angola, quemantivesse correspondênciacom vates da valia de mia Cou-to, H. Helder, António Jacinto(membro do mplA), luandinovieira, João maimona, Alda Es-pirito santo e que fosse grandeamigo do poeta Eugénio de An-drade e das viúvas de AmílcarCabral e Agostinho neto. Con-quistar páginas de xosé lois ésaber das suas reunions con K.Waldheim e s. macBride (re-presentantes outrora da onU)com o objeto de lhe dar solu-çom ao problema das naçonssem Estado dentro da penínsu-la ibérica; eis o seu ensaio Na-

cionalidades Colonizadas da

Europa Occidental (Follas no-vas 1980). Ao fim e ao cabo,xosé lois é umha descobertadiária (desde a poética, a políti-ca, os jornais...): Ecos da Be-

renguela soam desde a Cata-lunha cada terça-feira.

Héitor picallo

Xosé Lois Garcíano conteXto

LUsóFono e nacionaLista

Você tivo até seis nacionalida-des diferentes. Que vínculomantém com a sua terra natalgalega?Mantenho, desde 1977, quandojunto ao meu pai pisei pola pri-meira vez terra ibérica, estreitoslaços com os meus primos quevivem em Calo, assim como comrepresentantes do mundo cultu-ral da Galiza. Com o historiadorvíctor santiadrián, por exemplo,ou o fabuloso isaac díaz Pardo.Mas há outros vínculos que meunem à terra galega: o Congres-so internacional do Exílio Gale-go, o Colóquio sobre a emigra-çom galega na França organiza-do polo Centro de Estudos Gale-gos da sorbona ou o dia das le-tras Galegas em Paris em 2004 enoutros encontros da minha te-rra paterna, que nom natal, poiseu nascim em Moscova, em 20de junho de 1941. dous dias an-tes da agressom hitleriana con-tra a URss.

Há um par de anos publicou oseu diário pessoal sobre osacontecimentos de Praga do68, que viveu em direto.Praga, agosto de 1968. Páginas

de um diário pessoal. Publiquei-no em 2008, mas escrevim-no

entre agosto e outubro de 1968,quando presenciei a interven-çom em Praga das tropas doTratado de varsóvia. Nestesquarenta anos transcorridos ti-vem tempo mais do que suficien-te para refletir sobre aquelesacontecimentos e sobre os pro-tagonistas. Que dizer, por exem-plo, sobre o comportamento e“evoluçom” de um vaclav Havel,defensor do fantasmagórico “es-tatuto de país neutral” para aChecoslováquia? Após eleitopresidente da República Che-coslovaca, participou da primei-ra guerra do Golfo e nas repeti-das agressons americano-euro-peias contra a Jugoslávia. Omesmo se pode dizer de Jiri Pe-likán, dubcek... Estas trajetóriaspolíticas dos principais protago-nistas da chamada Primavera dePraga ilustram perfeitamentequais eram os verdadeiros pla-nos e objetivos das chamadas“forças sás do socialismo comrosto humano”.

É mui conhecida a história de quando, na Guerra Civil,seu pai di a Hemingway quenom é espanhol.líster relatou nas suas memó-rias esse episódio e formulou a

sua opiniom sobre Hemingway,o qual, segundo líster, nomcompreendeu nem umha pala-vra sobre o caráter e conteúdoda guerra. Tampoucou soubocaptar o profundo sentimentogaleguista que líster conservoutoda a sua vida. As obras de Ro-salia e os desenhos de Castelaoocupavam um lugar privilegiadono gabinete de líster, o mesmoem Praga, em Paris que em Ma-drid. Opujo-se nos anos 60 àcriaçom do Partido ComunistaGalego, considerando que se tra-tava de um mero apêndice doPCE, criado artificialmente porCarrillo, umha espécie de co-rreia de transmissom da políticacarrillista na sociedade galega.

O PCOE galego tinha mui boarelaçom com o independentis-mo: iam ao Dia da Pátria, par-ticipárom da Candidatura deUnidade Popular de Vigo...Efetivamente, o PCOE, e pesso-almente líster, tinha mui boasrelaçons com determinadas co-rrentes do nacionalismo galego,e isso já na década dos 70. Pro-curou sempre, na medida dopossível, participar junto aos na-cionalistas nas manifestaçonsdo dia da Pátria galega; favore-

ceu a colaboraçom do PCOEcom determinadas correntes donacionalismo galego, combinan-do a defesa dos ideais e aspira-çons da naçom galega com aprática de um internacionalismocombativo. Nisto, líster era fielaos postulados comunistas: agarantia de êxito na luita polosinteresses nacionais reside, obri-gatoriamente, na prática de uminternacionalismo conseqüente.

Avançou o seu projeto para tra-zer à Galiza o legado do seu pai?Com um grupo de amigos (daGaliza, Astúrias, Madrid) e fa-miliares (o meu primo Eduardofundamentalmente) estamos atrabalhar por criar umha Funda-çom Henrique líster, com o pro-pósito de centralizar na Galiza oseu legado, um tanto dispersopor agora. A recuperaçom da fi-gura do destacado galego teriaque interessar nos círculos maisdiversos da sociedade galega. Eaqui os esforços e colaboraçomentre as organizaçons políticas,sindicais, culturais, as diversasadminsitraçons locais, som in-dispensáveis para conseguirmoso objetivo perseguido: atribuir aHenrique líster o lugar que lhecorresponde na história.

“Líster combinou a defesa das aspiraçons danaçom galega com a prática do internacionalismo”C.C.VARELA / Enrique Líster López tivo até cinco nacionali-dades diferentes, e mesmo foi apátrida. Mas nunca es-queceu a terra do seu pai, que nas histórias que lhe con-tava de cativo ao falar da sua terra “sempre era Galiza,

nom era Espanha”. Após muitas viagens começa em 1969a trabalhar como leitor de russo na Universidade de Poi-tiers, dirigindo durante os últimos dez anos o Departa-mento de Estudos Eslavos de dita universidade.