ovas da gali a secretário geral da confederaçom intersindicalnovas da gali a ccoo e ugt estám a...

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nÚmero 99 15 de fevereiro a 15 de março de 2011 1,20 € periódico galego de informaçom crítica operaçom orquestra 17 As detençons de representantes políti- cos na Costa da Morte trazem de novo à tona dados sobre a gravidade da es- peculaçom em Fisterra e Cee. Aliás, confirmam-se conexons corruptas com conhecidas orquestras galegas. julgam independentistas 7 Dous ativistas pola língua fôrom julga- dos em Vigo a conseqüência dum pro- testo contra Galicia Bilingüe há três anos. Durante a mesma fôrom agredi- dos numha carga policial, e agora som acusados de supostas agressons. opiniom entre o individual e o Coletivo por teresa moure / 3 no maGreb por Carlos santiago / 28 Greve, nom FolGa por mariano ribeiro / 3 suplemento central a revista FiCçons sobre a ‘GaliCia’ de velo Xurxo Chirro oferece a primeira parte de umha achega à história da fita Galicia de Carlos Velo e mais as suas montagens invernia O ferrolano Alberte Momán, autor de vários poemários e um ro- mance, traz-nos um relato que reflete na existência N ovas da G ali a “CCOO e UGT estám a matar o movimento obreiro, os seus pactos desmobilizam” suso seixo, secretário Geral da Confederaçom intersindical Galega / pág. 15 Inventário encoberto para privatizar a água no dia 27 de janeiro milhares de pessoas mobilizárom-se em quinze cidades galegas contra a reforma das pensons, numha jornada com forte presença policial / pÁgs. 14-16 slg prepara respostas à agressom Um documento que a Universi- dade de Santiago de Composte- la está a enviar a endereços do rural, insta a contratar serviços da empresa Controlo de Águas de Consumo da Galiza (CAC) para medir a salubridade dos poços e dos mananciais. Fontes do SLG julgam que se trata de um dos primeiros passos para elaborar um inventário das fon- tes que abastecem o rural fora do controlo da Administraçom. Trataria-se de um avanço enca- minhado ao cobro polo consu- mo contemplado na Lei de Águas. Por outra parte o SLG chama à insubmissom a umha norma que pretende pôr preço ao “nosso direito a viver” / pÁg. 5 Abalam as ditaduras no mundo árabe Com as reivindicaçons postas nas condiçons sociais, umha sé- rie de revoltas pom em questom os regimes dos paises árabes. O primeiro dos governos aliados de Ocidente em cair foi o da Tu- nísia, enclave turístico para Eu- ropa, ficando polo de agora com um governo de concentraçom. E em algo menos de vinte dias de protestos caía em Egito um regime, o de Hosni Mubarak, que já durava trinta anos. Com esta queda, desaparece o princi- pal aliado dos Estados Unidos e mais Israel na regiom. Porém, o exército manterá a legalidade vigente até dentro de seis me- ses. No resto da zona, Jordánia, Iémen, Marrocos e sobretodo Argélia também iniciam protes- tos de diverso tipo. / pÁg. 12 protestos na tunísia zapatero pactua reforma com patronal e sindicatos espanhóis o soberanismo mantém o pulso sindical com a greve

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  • nÚmero 99 15 de fevereiro a 15 de março de 2011 1,20 €

    p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

    operaçom orquestra 17As detençons de representantes políti-cos na Costa da Morte trazem de novoà tona dados sobre a gravidade da es-peculaçom em Fisterra e Cee. Aliás,confirmam-se conexons corruptascom conhecidas orquestras galegas.

    julgam independentistas 7Dous ativistas pola língua fôrom julga-dos em Vigo a conseqüência dum pro-testo contra Galicia Bilingüe há trêsanos. Durante a mesma fôrom agredi-dos numha carga policial, e agora somacusados de supostas agressons.

    opiniom

    entre o individual e o Coletivopor teresa moure / 3

    no maGreb por Carlos santiago / 28

    Greve, nom FolGa por mariano ribeiro / 3

    suplemento central a revista

    FiCçons sobre a ‘GaliCia’ de velo Xurxo Chirro oferece a primeira parte de umha achega à história da fita Galicia de Carlos Velo e mais as suas montagens

    inverniaO ferrolano Alberte Momán, autor de vários poemários e um ro-mance, traz-nos um relato que reflete na existência

    Novas da Gali a

    “CCOO e UGTestám a matar omovimento obreiro,os seus pactosdesmobilizam”

    suso seixo, secretário Geralda ConfederaçomintersindicalGalega / pág. 15

    Inventário encobertopara privatizar a água

    no dia 27 de janeiro milhares de pessoas mobilizárom-se emquinze cidades galegas contra a reforma das pensons, numhajornada com forte presença policial / pÁgs. 14-16

    slg prepara respostas à agressom

    Um documento que a Universi-dade de Santiago de Composte-la está a enviar a endereços dorural, insta a contratar serviçosda empresa Controlo de Águasde Consumo da Galiza (CAC)para medir a salubridade dospoços e dos mananciais. Fontesdo SLG julgam que se trata deum dos primeiros passos para

    elaborar um inventário das fon-tes que abastecem o rural forado controlo da Administraçom.Trataria-se de um avanço enca-minhado ao cobro polo consu-mo contemplado na Lei deÁguas. Por outra parte o SLGchama à insubmissom a umhanorma que pretende pôr preçoao “nosso direito a viver” / pÁg. 5

    Abalam as ditadurasno mundo árabeCom as reivindicaçons postasnas condiçons sociais, umha sé-rie de revoltas pom em questomos regimes dos paises árabes. Oprimeiro dos governos aliadosde Ocidente em cair foi o da Tu-nísia, enclave turístico para Eu-ropa, ficando polo de agora comum governo de concentraçom.E em algo menos de vinte diasde protestos caía em Egito um

    regime, o de Hosni Mubarak,que já durava trinta anos. Comesta queda, desaparece o princi-pal aliado dos Estados Unidos emais Israel na regiom. Porém, oexército manterá a legalidadevigente até dentro de seis me-ses. No resto da zona, Jordánia,Iémen, Marrocos e sobretodoArgélia também iniciam protes-tos de diverso tipo. / pÁg. 12

    protestos na tunísia

    zapatero pactua reforma com patronal e sindicatos espanhóis

    o soberanismo mantém opulso sindical com a greve

  • Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201102 opiniom

    D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

    editoraminho media s.l.

    diretorCarlos barros Gonçales

    Conselho de redaçomCarlos Calvo, david Canto, iván García, aarón l. rivas, antia rodríguez, xoán r. sampedro, olga romasanta, antom santos, alonso vidal, paulo vilasenin

    seCçonsCronologia: iván Cuevas, economia: aarónl. rivas, agro: paulo vilasenin e Jéssica rei,mar: afonso dieste, meios: xoán r. sampedro

    e Gustavo luca, a terra treme: daniel r.Cao, além minho: eduardo s. maragoto, dito e Feito: olga romasanta, a denúncia:iván García, Cultura: antia rodríguez, saúde / Ciência / a rede: david Canto,desportos: antom santos, xermán viluba e ismael saborido, sexualidade: beatriz santos, Consumir menos, viver melhor:toni lodeiro, agenda: irene Cancelas, a Foto: sole rei, terra / Que Foi de...:alonso vidal, tempos modernos / em tempos: Carlos Calvo, a Galiza natural:João aveledo, Gastronomia: luzia rgues.,língua nacional: valentim r. Fagim, Criaçom: patricia Janeiro e alonso vidal, Cinema: Francesco traficante, xurxo Chirro.

    desenho GrÁFiCo e maQuetaçommanuel pintor, helena irímia, Carlos barros

    FotoGraFiaarquivo nGZ, sole rei, Galiza independente(GZi-Foto), natália Gonçalves, Zélia Garcia

    administraçomirene Cancelas sánchez

    loGístiCasuso diz e daniel r. Cao

    imaGem Corporativa: miguel Garcia

    audiovisual: Galiza Contrainfo

    humor GrÁFiCos. sanmartin, pestinho+1, x.l. hermo, F. padín

    Correçom linGÜístiCaeduardo s. maragoto, Fernando v. Corredoira, vanessa vila verde, mário herrero (a revista)

    Colaboram neste nÚmeromariano ribeiro, teresa moure, Fernando arri-zado, roi ribeira, J. dias Cadaveira, J. ma-nuel lopes, manuel Casal lodeiro, pepe Árias,maría do Cebreiro, Firmino martínez, Concharousia, sak, maria Álvares, Carlos santiago,maximiliano navarro, alberte momán

    FeCho de ediçom: 14/02/2011

    Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

    GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

    o pelourinho do novas

    incompetência nohospital lucus augusti

    Com o salário de Cristiano Ronal-do seria possível financiar a edifi-cação de muitos lares de prote-ção oficial, pois cumpre lembrarque a habitação é considerada umdireito universal. Igualmente,com esse capital, 562 famílias quevivem quase na mendicidade po-deriam receber um salário mileu-rista passando a fazer parte dasdenominadas classes médias. Orabem, as possibilidades e os exem-plos são tantos que não chegariatodo o papel do mundo para es-crevê-los. Enfim, que dizer ao res-peito? Isto é algo natural no livre-capital, especialmente quando es-te modelo financeiro chega aosextremos de se tornar num siste-ma que funciona com base emgrandes apostas e especulações.Está claro que o capitalismo nãoé um modelo eficiente nem a so-lução às desigualdades sociais e,ainda mais, de todos os sistemaspresentes no percurso da histó-ria, o livre-capital situa-se no pó-dio com aqueles que mais desa-tenderam o bem coletivo. A famo-sa crise de 1929 fez soar a cam-painha alertando dos perigos daespeculação económica e hoje,mais uma vez, o caráter virtualdos movimentos financeiros fazcom que se tropece na mesma pe-dra. No entanto, ainda para maiorabsurdo, continua-se a apostar

    em mais do mesmo, em espremero cidadão para que com o seu di-nheiro pague os estragos dasgrandes elites capitalistas. Por setodo isto fosse pouco, para dar aúltima pincelada ao lenço, a in-competência dos governos locais,estatais e globais instala-se em to-do o projeto público com total im-punidade. Este é o ponto ao quequeria chegar para falar do novohospital da cidade de Lugo, o Lu-cus Augusti, como exemplo deineptidão. O dedo em riste da di-reita e do espanholismo galegoalimenta uma e outra vez os seusdiscursos com o termo 'política deausteridade'. Mas esta austerida-de é relativa, não é? Austeridadepara o trabalhador, estudante ejubilado. Por outra parte, medramos cemitérios de dinheiro públi-co: cidade da cultura, hospital Lu-cus Augusti, etc. Algo que pode-ria ser do mais produtivo e útil pa-ra os cidadaos é na realidade umagrotesca ostentação de esbanja-mento, uma hospedagem da in-competência. Na mesma linhapoder-se-ia falar das extravagân-cias sem sentido das novas arqui-teturas que procuram o cosmopo-litismo em fuga dos símbolos emarcas do nacional e genuíno,mas a grande preocupação des-cansa num incorreto uso e apro-veitamento da energia. Se calhar,os arquitetos aproveitaram osplanos dum aeroporto, pois as di-mensões vagas deste complexosão mais próprias dum grande su-

    permercado com o gasto extra deiluminação e serviço de limpezaque semelhantes dimensões im-plicam. Também se torna numabsurdo consumo elétrico a portagiratória da entrada e as escadasmecânicas em constante movi-mento assim como a elevada cli-matização. Olhe-se para onde seolhar, tudo são exemplos de irres-ponsabilidade. Pelos corredoresos guardas de segurança usamuns veículos de duas rodas impul-sionados por uma bateria que temde ser recarregada na rede elétri-ca geral. Muitas das lâmpadasbem podiam ser substituídas pordiodos lez e os elevadores bempoderiam estar reservados paraas pessoas impedidas de cami-nhar por qualquer motivo. Gran-de parte do custo económico e doimpacto medioambiental do novohospital de Lugo é gratuito, total-mente desnecessário e, portanto,mero fruto da incompetência.

    José Manuel Nunes Vilar

    frente às acusaçonsde 'negacionismo'

    Perante os recentes comentáriosaparecidos no jornal NOVAS DAGALIzA de “apoio a posturas ne-gacionistas -da existência do ga-lego nas Astúrias- (sic)” por par-te do Académico da RAG D. Car-los Varela Aenlle em relaçom ao

    grupo folk Quempallou, quere-mos esclarecer:

    -O grupo Quempallou nunca sepronunciou a favor nem contra agaleguidade do Eu-Návia em nen-gumha das suas cançons, nem emdeclaraçom a meios de comuni-caçom nem participou em atosque negassem este facto.

    -O grupo Quempallou nom en-tende as intençons nem o sentidodas declaraçons de D. Carlos Va-rela Aenlle no referido artigo.

    Nom nos parece aceitável estetipo de difamaçons gratuitas con-tra um grupo que leva “11 anosmalhando” e trabalhando commúsica por e para a cultura gale-ga. Ademais, pensamos que ummembro da Real Academia Gale-ga deve obrar com mais respon-sabilidade nas suas declaracións,por respeito à honorabilidade daInstituiçom de que forma parte.

    Quempallou

    Tem-se dito em muitas oca-sions que apenas a perspeti-va ganha com o tempo dei-xa enxergar o verdadeiro sentidode umha época. Mergulhados co-mo estamos na voragem do nossopresente, dificilmente concebe-mos a trascendência dos momen-tos que estamos a viver. E no en-tanto, todos somos conscientes deatravessarmos umha época decisi-

    va que marcará a lume o futuro danossa Terra. Em poucos mesesabalam direitos sociais historica-mente conquistados, a extrema-di-reita liquida os seus tradicionaisvernizes autonomistas, e a burgue-sia galego-espanhola acelera a suaassimilaçom a Madrid com a pre-visível privatizaçom das caixas.

    Entre este marasmo, e na maisadversa das condiçons recente-

    mente conhecidas, o sindicalismonacionalista convocou umha grevegeral frente a um férreo cerco polí-tico e mediático. A convocatóriademonstrou, no mínimo, a vitalida-de de umha dignidade incondicio-nal e inegociável; além disso, pujoem primeiro plano um importantesetor da populaçom que de manei-ra nengumha está disposto a dei-xar-se fagocitar pola passividade.

    Porém, os movimentos popula-res e os espaços ativistas nom seconfrontam tam só com um podercrescido e despótico. Ao nosso ca-rom, florescem também formas deum comportamento desintegrado,como testemunha o vírus da cor-rupçom e as suas ramificaçons so-

    ciais, o domínio incontestado dabanalidade mediática ou a indo-lência massiva perante a degene-raçom das burocracias sindicais.Obstáculos colossais que porám àprova a nossa inteligência coletivae a nossa inteireza de ánimo paraenfrentar anos decisivos.

    Anos decisivoseditorial

    humor pestinho+1

  • 03opiniomNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2011

    opiniom

    Nos filmes británicos de ins-piraçom marxista, a jorna-da de greve marcava, mui-tas vezes, o ponto álgido no per-curso dramático do filme. O autorcolocava grevistas e fura-grevesfrente a frente, e o fura-greves, en-vergonhado, tratava de aceder aolocal de trabalho muito discreto,com a cabeça submergida entre osombros, para nom ser reconheci-do por ninguém. Mas hoje o signi-ficado socialmente aceite da pala-vra greve tem sofrido importantesmanipulaçons até se ter converti-do quase em sinónimo de folga, eo resultado desta metamorfose éumha extraordinária confusomsobre a sua utilidade e conveniên-cia. Eu já ouvim da boca de traba-lhadores, alguns mesmo com es-tudos universitários, afirmar que arecente greve nacional era ilegal,ou mesmo que só se tratava dum-ha jornada matutina. Hoje os pi-quetes som reféns do seu caráterinformativo, e os fura-greves, coma solenidade dos políticos mediáti-cos, reivindicam com grandes ace-nos o direito fundamental paraservir o patrom. E com razom exi-gem um direito fundamental, o pe-destal do sistema democrático; alivre servidom é um direito tam bá-sico que justifica a militarizaçomdo Estado como garantia do seu

    exercício, a coerçom como instru-mento para defendê-lo.

    Na cidade da Corunha reflete-se bem esta relaçom harmónicaque o controlo e a ameaça mante-nhem com o sistema democrático.Umha espetacular dispersom deforças de choque e controlos poli-ciais vigiam a convivência pacífi-ca dumha sociedade normalizada.De facto, o piquete que se concen-trou às nove às portas do El CorteInglés, na passada greve geral na-cional, fijo o seu percurso infor-

    mativo acompanhado dum im-pressionante dispositivo que im-pediu qualquer aproximaçom dosque nesse dia decidírom exercer osagrado direito ao trabalho. Um-ha carrinha da polícia foi abrindo-nos passo por entre o tráfego co-mo se já conhecessem o nosso ru-mo, que por outro lado, é sempreo mesmo, facilitando-nos gentil-mente umha faixa livre de tránsi-to. Contudo, os estabelecimentosbaixavam as grades ao nosso pas-so, umha nuvem de fotógrafos dis-parava as suas máquinas de fotose nós aplaudíamos com entusias-mo. Mas quando avançávamosuns metros as portas voltavam aabrir-se, e nós nom podíamos vol-tar atrás, como se umha força es-tranha nos empurrasse para afrente. Depois, a manifestaçompercorreu o centro da Corunha e,durante o percurso, os curiosossaíam dos estabelecimentos paraver passar os grevistas, e assimque completámos o percurso, umrepresentante do sindicato fijoumha exaustiva análise sobre ascausas da crise, pronunciou-secontundentemente contras as re-formas antipopulares e contra ossindicatos pactistas e apelou osgrevistas para participarem naseleiçons. Mas como? As trabalha-doras mobilizamo-nos numhagreve geral para fazer frente aomaior ataque contra os nossos di-reitos na história recente, jogamo-

    nos o nosso emprego para irmosao encontro de um dia de luita, ar-riscamo-nos a levar pancada ouser detidas, e o orador sugere quevotemos como parte da soluçom?Mas votar em quem? Nos partidosde esquerda que defendem osnossos direitos? Que defendemumha distribuiçom justa da rique-za e menos horas de trabalho pa-ra todos? Que defendem a pro-priedade coletiva dos recursos e odireito à autogestom? Finalmente,os sindicatos de massas e os parti-dos políticos de esquerda reco-nhecem a sua impotência frenteao desmantelamento final daspoucas garantias sociais de queainda desfrutamos.

    Em diferentes períodos, cadaenvite reformista do capital pas-sou por cima das organizaçonstradicionais de esquerda, em cadaprocesso a autoridade do Estadosaiu reforçada; desse modo im-pom-se a convivência e a normali-dade democrática, o emprego li-xo, o emprego submergido, a emi-graçom, as ETT´s, os recursos hu-manos... Em cada envite, as gran-des organizaçons operárias fôrom

    ficando sem resposta, deixando-se arrastar por umha força estra-nha, empurrados pola corrente dopensamento dominante, sem au-tonomia suficiente para experi-mentar novas vias; as aspiraçonsde igualdade e justiça social trans-formárom-se em promessas decompetitividade, produçom, tra-balho e salário, e polo caminho foi-se perdendo todo o capital acumu-lado nas luitas populares: a deso-bediência, a rebeliom e a sabota-gem transformárom-se em atosvandálicos, em atentados contra aliberdade e a convivência pacífica.

    Como entom havemos de nosdefender das agressons se deixá-mos as armas polo caminho? Quepassos damos agora, quando aviolência do Estado reprime bru-talmente qualquer indício de re-sistência, entre um estado de indi-ferência ou resignaçom normali-zada, quando se impom o capitalcomo umha força sobrenatural,sem possibilidades de frear o seuimparável avanço? Estas som asquestons que surgírom no trans-curso da última greve, mas a suaresoluçom desborda as estreitasmargens de atuaçom das burocra-cias sindicais, porque implica mu-dar o rumo, procurar alternativas,e recuperar a iniciativa na rua. Otempo que vivemos proporciona-rá novas oportunidades e com cer-teza a greve nacional indefinida, adesobediência dos serviços míni-mos, a pressom sobre os fura-gre-ves e os traidores, e a rebeliom,imporám-se sobre o vitimismo es-téril, o respeito democrático e opartidismo político.

    Na fronteira entre o Cana-dá e os EUA, 7 mil pes-soas ainda falam kalispel.Em kalispel nom se pode dizer 'la-go'; tampouco 'montanha'. Nomhá substantivos que denominemestes acidentes geográficos; cum-pre usar verbos e dizer algo as-sim como "montanheia" ou "la-gueia". Ao carecerem de umhaetiqueta para designar estas enti-dades conjuntamente, as pessoasque falam kalispel consideramcada lago ou cada montanha porseparado e ademais nom podempensar neles como objetos, como"acidentes" geográficos. Mas eu,na realidade, nom considero asmontanhas nem os lagos aciden-tais; simplesmente tenho que pre-gar-me aí à visom da minha tribopara usar a nomenclatura habi-tual. Contodo, sinto que o meu de-

    ver é alertar de que o nome nomé inócuo: as montanhas, vistas co-mo acidentes da paisagem, po-dem ser perfuradas por minas,podem assolar-se e dinamitar-se,porque as suas entranhas, se con-tiverem metais, devem pôr-se aoserviço do capital. Igualmente, oslagos podem dessecar-se e os riostrabalhar para as centrais elétri-cas a moverem turbinas, se foremacidentes. Desde o kalispel, estavisom instrumental da naturezaseria impensável.

    A realidade nom se apresentaperante os nossos olhos objetiva epura. Cada vez que cremos anali-sá-la, atuamos constringidos porum acervo comum: a língua, noexemplo anterior, ainda que a rea-lidade também se veja mediadapola história. Se estou a primar alíngua entre as forças coletivasque nos modelam é porque mere-ce ser reivindicada neste momen-to histórico em que impera o de-

    sapego cara a ela; finalmente, co-mo dizia Castelao, se ainda somosgalegas ou galegos, é por obra egraça do idioma. Quer nos refira-mos à língua quer à história parti-lhada -que igual som umha e amesma cousa- diria-se que cada-quém tem alojado na sua própriamente todo um coletivo. Numhaépoca de máximo individualismocomo a que nos toca viver, con-vém salientar este dado. Mesmoquando umha pessoa está sozinha

    num quarto, matinando num pro-blema, a concatenaçom dos pen-samentos que passam pola suacabeça realiza-se por via lingüísti-ca e, nesse sentido, cabo do indi-víduo pensador, estám sentando-se a pensar os demais falantes dasua comunidade lingüística e cul-tural, as noçons comuns na suaépoca, a bagagem científica, artís-tica e ideológica que o coletivoamassou ao longo de anos e tam-bém a moreia de superstiçons,prejuízos e conceitos distorcidosque poda arrastar. O pensador sómal existe. Avançamos lenta e pe-nosamente, mas em coletivo.

    Porém, coletivo nom significaem massa, ao chou; senom cons-tituído por indivíduos -umha mul-tidom- que se enlaçam, pensam econfiam. O ser humano abala en-tre as pulsons da manda e a pos-sibilidade de submeter a escrutí-nio rigoroso todas as crenças, en-tre a felicidade de saber que nom

    permanece em soidade e as ten-taçons do seu próprio egoísmo,entre o individual e o coletivo.Marx dixo que o assunto nom es-tava em compreender o mundo,senom em transformá-lo. Estafrase, que incita à açom sobre aespeculaçom, provoca otimismo,mas também admite umha leituradesacougante; como se nom ti-véssemos que assimilar num es-forço individual cada matiz impli-cado nessa transformaçom socialque aceitamos como objetivoprioritário. Se a tensom indivi-dual/coletivo nom funcionar ade-quadamente, perderemos de vis-ta múltiplos espaços de interven-çom que ainda nom estám con-templados como tais: o ecologis-mo, implícito na cosmovisom dokalispel, igual que o feminismo,ou o pacifismo, adoitam ser inter-pretados como movimentos des-sa 'outra' esquerda social, a quetrabalha fora dos partidos políti-cos, o que presupom que estes te-nhem que ocupar-se de geriremou de acederem ao poder, e nomde formularem novas ideias críti-cas; ademais, claro, de procura-rem levá-las a efeito.

    Entre o individual e o coletivo: infinitosespaços para a transformaçom social teresa moure se a tensom

    individual/coletivonom funcionar adequadamente,perderemos de vistamúltiplos espaçosde intervençom

    Greve, nom folgamariano ribeiro

    o tempo que vivemosproporcionará novasoportunidades, e arebeliom deverá impor-se sobre o vitimismo, o respeitoe o partidismo

  • Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201104 acontece

    aconteceA Guarda Civil de Tránsito impujo umhamulta de 3.000 euros a um ativista da Gen-talha do Pichel por adatar à norma reinte-gracionista o topónimo 'Boqueixón'. O cen-tro social comunicou que “continuarám aaparecer letras galegas nas estradas”.

    multa de 3.000 euros por adaptar topónimos

    Esculca publicou um dossier em que sa-lienta as “graves carências” verificáveisna atuaçom das forças de segurança nagreve. Salientam a violência das cargas,com a malheira a um detido em Vigo eidentificaçons arbitrárias (esculca.net).

    relatório sobre abusos policiais na greve

    10.01.2011 / Amancio Ortegadeixa a presidência da Inditex.

    11.01.2011 / Fiscalia abre in-vestigaçom contra o ex-presi-dente da Federaçom de Con-frarias de Pescadores, Eva-risto Lareo, por suposta cor-rupçom e apropriaçom inde-vida em relaçom com asajudas do Prestige.

    12.01.2011 / Vizinhança dobairro do Pinho, em Ourense,corta a N-120 à saída da cida-

    de para protestar polas obrasdo TAV.

    13.01.2011 / Chefia de Culturade Lugo paralisa umha obrado Concelho, sem controloarqueológico, que destroçouparcialmente restos romanosna zona histórica.

    14.01.2011 / Tribunal de Com-postela condena a madeireiraSantos Cocina y Baños, deBoqueixom, a indemnizarcom 3.000 euros um trabalha-

    dor perseguido por realizartrabalho sindical.

    15.01.2011 / Mineiros apupamFeijoo em Leom por ter-seoposto ao decreto do carvom.

    17.01.2011 / Bieito Lobeira, doBNG, e Catarina Martins, doBloco de Esquerda, reclamama receçom da RTP na Galiza eda RTVG em Portugal.

    18.01.2011 / De madrugada,atiram coquetéis molotov

    contra a sede do PSOE emCarral.

    19.01.2011 / Trabalhadoras deCalvo en La Unión (El Salva-dor) realizam paralisaçomcontra as reduçons de pres-taçons. Ao dia seguinte, somsuspendidas 24 horas.

    20.01.2011 / Umha centena deestudantes ocupa a bibliote-ca geral da USC em protestopola extinçom de matérias econvocatórias.

    21.01.2011 / Comuneiros deSanguinhedo reclamam aAdif o pagamento de 50 hec-tares cedidos a Adif para aconstruçom do TAV seisanos antes.

    23.01.2011 / À noite, pintamsimbologia fascista na placade homenagem aos retalia-dos polo franquismo no ce-mitério de Lavadores (Vigo).

    24.01.2011 / Verdegaia recla-ma a paralisaçom das obras

    cronologia

    Promovem a desgaleguizaçomda Novacaixa via privatizaçom

    NGZ / Um novo decreto que previ-sivelmente será aprovado estemês de fevereiro polo Governoespanhol abrirá caminho para aprivatizaçom das caixas de afor-ros. Com a escusa de que o atualprocesso de reestruturaçom ban-cária deve deixar organismos 'sol-ventes', o Estado espanhol exigeumha série de requisitos que po-nhem em sério perigo a sobrevi-vência destas entidades financei-ras, tal e como se conhecem nosdias de hoje, nomeadamente a re-cém fusionada Novacaixagalicia.

    Assim, o requerimento que maismal fará a estas entidades de cré-dito é a exigência de um capital bá-sico que, no caso de Novacaixaga-licia, deverá atingir 10%. No fun-do, som umhas medidas que obri-garám entidades como a caixa ga-

    lega à introduçom de capital priva-do ou a sua bancarizaçom. Segun-do alguns economistas galegos, os1.500 milhons de euros necessá-rios para recapitalizar a NCG se-riam impossíveis de conseguir.

    Por outra parte, nesse novo de-creto entrevê-se também um ata-que ao atual Estado das autono-mias. Alguns meios de comunica-çom do Estado espanhol indicá-rom que nesse texto poderia eli-minar-se a possibilidade de umveto autonómico à conversomdas caixas de aforro em bancos.Ainda em relaçom com o quadrocompetencial, o secretário nacio-nal de CIG-Banca, ClodomiroMontero, tem denunciado o abu-so que o Estado está a cometer,usando as suas competências emmatéria de supervisom, para for-

    çar a privatizaçom das caixas, cu-ja tutela está nas maos das comu-nidades autónomas.

    O atual processo de bancariza-çom das caixas de poupança temlugar depois de umha época emque estas entidades, antes do co-meço da bolha inmobiliária, reali-zárom fortes investimentos emempresas relacionadas com o ti-jolo e que tivérom que enfrentarconcursos de credores. Assim, oportal digital Galicia Confiden-cial publicou em finais do mês dejaneiro umha listagem delas, sen-do a maior parte dessas compa-nhias de fora da Galiza. Na atua-lidade, NCG admite que tem uns33.000 milhons de euros investi-dos em construtoras e imobiliá-rias, dos quais 40% podem ser deduvidosa recuperaçom.

    governo espanhol volta a impor ditados no mapa financeiro

    NGZ / A Polícia Nacional espa-nhola prendeu dous ativistas naCorunha no passado dia 7 de fe-vereiro e outros dous no dia aseguir, um na cidade de Vigo eoutro também na Corunha. Asdetençons estariam relaciona-das comsupostos incidentesacontecidos no quadro da pas-sada greve geral.

    Processados por um delito “sem especificar”Os primeiros, X.V.C. e E.P.L., fô-rom detidos no centro socialAtreu à tarde e ficárom em liber-dade perto da meia noite comacusaçons presumivelmente re-lacionadas com os protestos rea-lizados na jornada de greve ge-ral do passado 27 de janeiro. Noentanto, na citaçom judicial querecebêrom alude-se a um delito“ainda sem especificar”.

    Por sua vez, outro cidadaoque foi prendido no dia a seguirna Corunha, A.M.B., foi liberta-do horas depois da sua deten-çom e também desconhece asacusaçons concretas que se lheimputam, se bem que as trêspessoas fossem informadas po-la Polícia de que eram processa-das por factos relacionados comdesordens públicas.

    Fiscalia pede ingresso em prisom de Simom UbeiraO detido de Vigo é o militante deBriga Simom Ubeira. Agentes

    da Polícia espanhola levavam-no para os calabouços na tardedo dia 8 sem lhe indicar os moti-vos, se bem que depois fosse in-formado de que era acusado dedesordens públicas e de ter ata-cado um banco na madrugadada jornada de greve. Apesar deque a Fiscalia solicitou o seu in-gresso na prisom, as autorida-des judiciais decretárom a sualibertaçom sob acusaçom na tar-de do dia seguinte, ao nom exis-tirem provas incriminatóriascontra ele e depois de os agen-tes que o acusavam incorreremem contradiçons, conforme in-formam de Briga. Deverá apre-sentar-se nos tribunais todas assegundas-feiras até a realiza-çom do seu julgamento. Umhaconcentraçom solidária aguar-dou polo jovem às portas dos tri-bunais vigueses.

    Prendem quatro pessoas em Vigo e na Corunha por acusaçonsrelacionadas com a greve

    detençons de ativistas

    SIMOM UBEIRAapós sair dos

    calabouços de Vigo

  • 05aconteceNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2011

    O jornal galego editado em Ponte Areias, A Peneira,despede-se do seu público depois de ter editado 512números desde o ano 1984. O que fora um histórico re-ferente anticaciquista do Condado e, desde há unsanos, jornal nacional, nom conseguiu superar a criseeconómica que arrastava desde a queda do bipartido.

    a peneira, outra vítima da crise dos meios em galego

    A 12 de fevereiro a Escola Popular Galega inaugurou comum ato oficial a sua biblioteca no seu local da rua Real deVigo. Após vários meses de catalogaçom, a EPG conta jácom mais de 2.000 volumes, com os quais quer continuarcom o seu projeto formativo. Um novo lote de 200 livros erevistas estám à espera de ser classificados.

    escola popular galega abre biblioteca

    efetuadas pola Demarcaçomde Costas em praias de Ferrolpolo seu impacto ambiental.

    25.01.2011 / Corunha prorrogapor mais um ano a ajuda dequase 130.000 às touradas.

    26.01.2011 / Governo de Es-panha nomeia Miguel Cortizopara suceder Antón Lourocomo delegado na Galiza.

    28.01.2011 / Juan Carlos Gó-mez, marinheiro de Ribeira,

    morre em acidente laboralnum atuneiro no Índico e umtrabalhador de Oia falece aocair-lhe a rama de umha árvo-re numha serraçom do Rosal.

    30.01.2011 / Mulher apunhalao seu ex-namorado em Baio-na para se defender de umhamalheira.

    31.01.2011 / Audiência Nacio-nal intervém as cámaras deCee, Fisterra e Maçaricos porcorrupçom urbanística.

    01.02.2011 / Colégio Novo deArteijo proíbe assistência àsaulas de umha menor mus-sulmana por levar o hiyab.

    03.02.2011 / José Vila Domín-guez, camionista de distribui-çom da Eroski, morre no seuveículo em Quiroga.

    04.02.2011 / Governo de Es-panha aprova recorrer peran-te o Tribunal Constitucional ocatálogo de medicamentosgalego.

    05.02.2011 / Silvia Longueira,concelheira de serviços so-ciais da Corunha, expom rea-lojamento de Pena Moa como“exemplo de boa planificaçompara melhorar a segurança ur-bana e a convivência”.

    06.02.2011 / Morre D.B.F sob oseu trator no Carvalhinho. Aodia seguinte, falece em Fozum trabalhador de Piscifacto-rías Coruñesas e no dia 8 umoperário pola pancada de um-ha árvore em Avegondo.

    07.02.2011 / Instituto Galegode Vivenda e Solo confirmasançom de 3,7 milhons deeuros a Construcuatro porsobrepreços na aquisiçom devivendas de proteçom oficial.

    08.02.2011 / Vizinho de Paçosde Borbém detido por tentarmatar a sua ex-companheirapondo lume à sua casa.

    09.02.2011 / Sede da UGT naCorunha é atacada com co-quetéis molotov.

    cronologia

    NGZ / A secretária geral do SLG,Carme Freire, e o membro daExecutiva Manuel Docampo com-parecêrom publicamente paraqualificar a Lei de Águas como a“maior agressom sofrida pola Ga-liza na era democrática” e instaraos concelhos a “se manifestaremcontra a lei recusando-se a cola-borar na cobrança do cánone”.

    Para tal fim mantivérom reu-nions nas últimas semanas com oPP, o PSOE, o BNG e IU, explican-do-lhes as suas propostas paracontribuir para a derrogaçom dalei e deixando-lhes claro a suavontade de “nom dar trégua” àJunta “para que a retire”.

    Docampo destacou que se estáa privatizar “um elemento indis-pensável para a vida das pessoase dos animais, assim como para aproduçom de alimentos”, en-quanto Freire assinalava que di-retamente se quer fazer privado“o nosso direito a viver”.

    O membro da Executiva indi-cou que a lei linda a inconstitucio-nalidade ao marcar a Junta dire-trizes à sociedade Águas da Gali-za, que do ponto de vista jurídicofunciona como umha sociedadeanónima, ao tê-la transformado aAdministraçom autonómica emorganismo de direito privado. Ecriticam que o PP diga que nomvai aplicar a lei nesta legislaturaenquanto a mantém em vigor.

    Instam a todas as organizaçonssociais a fazerem um “frente co-mum contra a Lei de Águas” para

    deter a sua execuçom. CarmeFreire insistiu: “a água é um re-curso público e natural que nomtem preço e, portanto, nom a va-mos pagar” e adverte quem “pre-tenda fazer negócio deste direitofundamental para a vida”.

    Universidade e empresa privada preparam o terrenoO NOVAS DA GALIzA tivo acesso aum documento que a Universida-de de Santiago de Compostela(USC) está a enviar a endereçosdo rural instando-os a contrata-rem os serviços da empresa Con-trolo de Águas de Consumo daGaliza (CAC) para medir a salu-bridade dos poços e mananciaisque abasteçam as casas e explo-raçons das pessoas que a rece-bem. A promoçom da empresa équestionada por fontes do SLGconsultadas por este jornal, queademais apontam a que podemosestar perante umha tentativa en-

    coberta da Junta para utilizar aUSC como emissário para em-preender um inventário completode todos os poços e mananciaisdos quais Águas da Galiza nomtem constáncia, ao mesmo tempoque se promove o lucro de umhaempresa privada por parte de umorganismo público.

    Umha vez que a partir de 2014a Administraçom pretende co-brar o cánone a todas as pessoasque fagam uso da água do sub-solo, recurso que foi universalaté a aprovaçom da questionadalei, a Administraçom tem pen-dente a difícil tarefa de controlartodos e cada um dos poços eaquíferos existentes. Por partedo SLG assinalam que a USC e aempresa assumem competên-cias que deveriam ser exercidaspor organismos da Junta, de ma-neira que anunciam a interposi-çom de denúncias judiciais e pú-blicas contra eles.

    NGZ / Antonio Fraga Mandián,juiz decano da Corunha conhe-cido pola sua hostilidade caraao galego, deverá fazer frente àdemoliçom de duas edificaçonse umha piscina que construírailegalmente num terreno fami-liar em Paderne, situadas emsolo rústico nom urbanizável.Umha atuaçom que NOVAS DAGALIzA já denunciara em 2009no seu número 78, e da qual ojuiz tem estado a se defenderalegando que os bungalowsnom tenhem uso residencial esó som “uns galpons para se

    mudarem os rapazes”. Mas pa-ra a Agência de Proteçom daLegalidade Urbanística (APLU)já era clara a condiçom de “ile-galizáveis” e “incompatíveiscom o ordenamento urbanísti-co” numha resoluçom de 2010.

    Um ano depois, resolve-sedefinitivamente o recurso e aAPLU obriga o derrube, que de-verá ser custeado pola família.Ademais, um expediente deÁguas da Galiza assinala quesom responsáveis “obras de ca-nalizaçom” ilegais que afetamo rego da Pontiga.

    Ordenam derrubar bungalows“ilegalizáveis” de juiz corunhês

    antonio fraga mandiÁn

    NGZ / A sede do sindicato UGTda Corunha foi atacada com lu-me na madrugada do dia 8 dejaneiro, enquanto um caixa au-tomático da Novacaixagaliciaera incendiado na noite do diaseguinte em Vigo.

    O primeiro dos ataques pro-duziu-se a poucos dias da jor-nada de greve contra a reformadas pensons que a central sin-dical espanhola pactuou com oGoverno espanhol. Localizadana zona de Quatro Caminhos,os danos afetárom sobretodo aporta do imóvel, que ficou com-pletamente calcinada. A pró-pria sede fora objeto de pinta-

    das em dias prévios, assim co-mo outras sedes do mesmo sin-dicato e de CCOO ao longo doterritório nacional.

    Por sua vez, o caixa automáti-co da sucursal da Novacaixaga-licia na rua viguesa Cronista Ro-dríguez Elías foi incendiado namadrugada do dia 9 de janeiro,provocando danos na porta, nopróprio caixa automático e noteito do habitáculo. No interiordo mesmo a Polícia localizouumha bombona com um pavioque nom chegou a explodir.

    Os dous ataques nom fôromreivindicados até a data do fe-cho de ediçom deste número.

    Atacam sedes da UGT na Corunha e Novacaixa em Vigo

    violência política

    SLG fai chamamento à insubmissomdos concelhos para deter Lei de Águas

    consideram-na a “maior agressom” à galiza desde o franquismo

  • 06 acontece Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2011

    Calcula-se que as pessoas imi-grantes na Galiza som por pertode 3% da populaçom recenseada,sem contar com as pessoas quese encontram em situaçom admi-nistrativa irregular, que som me-nos de 10% do total de imigrantesresidentes no País, segundo da-dos do Foro Galego de Imigraçom(FGI). Na última década, a popu-laçom imigrante quase se quadri-plicou na Galiza, passando dos 25mil residentes de 2000 aos quase96 mil contados em 2010. Eles eelas contribuem desde há déca-das para o desenvolvimento daeconomia galega, e muitos nomtenhem intençom nengumha devoltar para o país em que nasce-ram: “Há que deixar claro quemuitas vezes o nosso objetivo úl-timo nom é ir-se, ainda que amaior parte das políticas sobremigraçom que se estám a desen-volver no Estado só procuram anossa saída”, destaca Mónica Al-záte para o NOVAS DA GALIzA.

    Alzáte é porta-voz do Foro Ga-lego de Imigraçom (FGI) e pro-fessora ajudante na Faculdade dePsicologia da Universidade deSantiago de Compostela, cidadena qual está a morar desde háumha década. Com ela falamosdas atividades que o FGI está adesenvolver nos últimos tempos,desde o protesto nas ruas contraa reforma das pensons; contra apressom policial aos imigrantes;ou o mui questionado rascunhoda Lei de Estrangeiria que hámais de um ano que está aprova-do, mas que ainda nom foi aplica-do polo Governo espanhol. “Osimigrantes encontram-se, desdeaquela, numha situaçom de totalincerteza e insegurança jurídica.Cada situaçom é tratada de ummodo diferente, seguindo o queditam diferentes circulares ou no-tas internas. Se se tratasse de ou-tro coletivo, isto nom acontecia,mas aos olhos da Administraçom,

    o coletivo imigrante é mui vulne-rável, e daquela, manejável”, sa-lienta Mónica Alzáte.

    Quais som as principais ativida-des que desenvolve o Foro Gale-go de Imigraçom?O FGI nasceu em 2002 como um-ha plataforma que reunia os inte-resses de diferentes organizaçons(associaçons de imigrantes,ONG's, sindicatos, partidos políti-cos, ativistas individuais...), enca-minhados a melhorar a situaçomdas pessoas imigrantes na Galiza,através de um trabalho a nível lo-cal e galego. O trabalho reprodu-ziu-se depois noutras cidades:Corunha, Vigo, Ferrol, Ourense...Nos últimos quatro anos estamosa organizar assembleias em dife-rentes cidades, e umha assem-bleia geral em Compostela. Emgeral realizamos atividades desensibilizaçom para a gente nova-em primária e secundária-, as-sim como para a cidadania geral;e de incidência política. A nossaideia é estar em todas as ativida-des que se realizarem nas cida-des. Ponho por exemplo as do Diada Paz, para assim dar a conhe-cer o nosso labor como organiza-çom social, que no mais tangíveltrabalha com as pessoas imigran-tes. Nesta linha, mantemos umcontacto permanente com osmeios de comunicaçom, já quesomos mui conscientes de quesom os nossos aliados na difusomdos objetivos do FGI.

    Falando dos meios de comuni-caçom do País, consideradesque o tratamento que eles famdas informaçons relacionadascom a migraçom é o adequado?Em geral nom é. No FGI editamosum Decálogo sobre o tratamentonom estereotipado das notíciassobre a migraçom, que elabora-mos analisando diferentes infor-maçons publicadas nos meios de

    comunicaçom galegos, descre-vendo aquelas que danavam aimagem das pessoas imigrantes, eavaliamos positivamente aquelasnas quais os temas estám tratadoscom profissionalidade e profundi-dade. Os erros mais comuns quese cometem na Galiza estám rela-cionados com o emprego de ima-gens: quando sabemos que amaior parte das pessoas imigran-tes residentes na Galiza som mu-lheres provenientes do sul daAmérica do Norte, os meios conti-nuam a empregar imagens degente negra, na sua maioria ho-mens. Outra coisa mui comum é a'paterizaçom' do fenómeno, isto é,dizer que todos chegamos de pa-tera, quando a maioria de nós vi-nhemos de aviom. Ademais, des-tacam-se, sobre todas, as informa-çons relacionadas com sucessos,com a precariedade, e a vitimiza-çom das pessoas imigrantes, aomesmo tempo que se vincula a de-linqüência com a imigraçom. Po-rém, em sentido contrário, este co-

    letivo é esquecido quando se faiumha notícia a nível local, e nomse tenhem em conta as opinionsdas pessoas imigrantes, que tam-bém som cidadás.

    Com certeza, a reforma das pen-sons e os efeitos todos da crisetenhem especial incidência nasclasses mais vulneráveis, entreelas, o coletivo imigrante...Além disto, com o problema dacrise, a imigraçom está a ser ins-trumentalizada, e como há a ne-cessidade de encontrar os culpa-dos da crise algures, é mais sin-gelo denunciar os coletivos queestám em situaçom vulnerávelque os responsáveis que mane-jam os fios, os que tenhem o po-der económico, verdadeiros cau-santes desta situaçom. Nom é quea crise nos afete mais a nós, nomé que sejamos diferentes, senomque neste momento de crise te-mos um maior risco de sermosmanejados por interesses políti-cos e económicos, chegando a en-contrar-nos numha situaçommais vulnerável da que agoramesmo vivemos. Nesta linha, noFGI temos planeado articular to-das as atividades que se desen-volverem este ano ao redor daideia de que ninguém sobra num-ha crise, e que todos somos preci-sos, incluídas as pessoas imigran-

    tes, que deitamos raízes na Gali-za, que contribuímos para o cres-cimento da sua economia, quenom queremos ir-nos embora.

    Umha das suas reivindicaçons éevitar o encerramento da Uni-dade de Atençom às Migraçons(UAMI) de Compostela, porcausa dos cortes da Junta. Que éo que acontece com este caso?O nosso trabalho está encami-nhado também a fortalecer as or-ganizaçons de imigrantes de umpaís onde nom existem suficien-tes serviços que atendam esta po-pulaçom. Em Compostela, porexemplo, só existia a UAMI, ecom os cortes de financiamentoda Junta, está a fechar vários me-ses por ano e tem que prescindirde parte do seu pessoal. Por ou-tro lado, a Junta (Secretaria Ge-ral da Emigraçom) nom nosapoia de modo nengum. A únicaajuda que recebiam as organiza-çons e associaçons de imigran-tes, que servia para pagar os alu-gueres das sedes e os gastos emserviços, foi cortada este ano,sem prévio aviso. Em várias oca-sions solicitamos ser recebidospelo Secretário Geral da Emigra-çom, Santiago Camba, e semprefomos dirigidos para um subdire-tor. Com a mudança de Governoparalisou-se por completo o Pla-no Galego de Cidadania, Convi-vência, e Integraçom (que foiapresentado em 2007 como “um-ha política comum para garantiro acesso igualitário a serviços bá-sicos como a habitaçom, o traba-lho e a educaçom”), e desapare-ceu o Conselho Galego da Migra-çom, umha entidade que agrupa-ria os diferentes organismos daAdministraçom, e as associaçonsde imigrantes e as ONG's, funcio-nando como um fórum para co-nhecer as necessidades reais emelhorar os processos de inte-graçom das pessoas imigrantes.

    “todas as pessoas somos necessárias para sairdo buraco: ninguém sobra frente à crise”

    mónica alzÁte, porta-voz do foro galego de imigraçom

    Umha breve nota enviada ao portal Klinamen reivindica-va a colocaçom de umha bomba incendiária no passadodia 1 de Fevereiro no gabinete do forense do Tribunal deVigilância Penitenciária de Betanços. No comunicado as-sinalam que “a açom foi em solidariedade com os presosanarquistas em luita do Chile e da Grécia”.

    ataque anarquista contra tribunal de betanços

    O centro social de Ginzo de Límia opom-se à instalaçomde mais umha unidade de Sogama na bisbarra. Em Agui-lhoar mostram preocupaçom quanto aos “gravíssimosproblemas derivados da suposta gestom de resíduos.Aliás, acrescentam que o dano que se pode causar à zo-na, “com umha importante economia agropecuária”.

    c.s. aguilhoar rejeita central de sogama em ginzo

    ANTIA RODRÍGUEZ / Os coletivos sociais mais vulneráveis, como as pessoas imigran-tes, som altamente instrumentalizados na era pré-eleitoral que vivemos. Muitas ve-zes som culpados polos efeitos da crise, e outras simplesmente esquecidos e apa-

    gados, através de detençons ilegais, expulsons irregulares ou o ataque direto aoscoletivos e pessoas que som solidárias com a sua situaçom, segundo denuncia oForo Galego da Imigraçom representado nesta ocasiom pola sua porta-voz.

    “os media relacionamimigraçom com

    sucessos, precariedadee violência”

  • NGZ / O julgamento contra Auré-lio Lopes e Iussa Prado tivo lugarnos passados dias 3 e 4 de feverei-ro nos tribunais de Vigo. A Políciaespanhola acusa-os de terem agre-dido vários agentes, enquanto osimputados negam as acusaçons,assim como múltiplas testemu-nhas que asseguram que, ao con-trário, fôrom vítimas de umha for-te carga policial. Os factos produ-zírom-se em fevereiro de 2008numha concentraçom contra umato de Galicia Bilingüe na cidadeolívica. A Fiscalia solicita para eles

    penas de 5 e 3 anos respetivamen-te e neste momento está pendentea emissom da sentença. Fontes dadefesa asseguram que os políciascontradixérom-se reiteradamentedurante o julgamento.

    Diante dos tribunais realizá-rom-se concentraçons solidáriasenquanto durou o julgamento.

    Detençons dos imputadosIussa Prado foi um dos detidosna madrugada do dia 27 de ja-neiro sob a acusaçom de verterlíquido inflamável num caixa au-

    tomático em Vigo no quadro dagreve geral. Por sua vez, AurélioLopes foi objeto de umha estra-nha detençom no passado dia 8de fevereiro. A Polícia espanholaacusa-o de um delito de lesonscontra um particular a 27 de no-vembro, facto que segundo opróprio Aurélio é umha inven-çom do presumível agredido –doqual nom lhe foi revelada a iden-tidade– ou da própria Polícia.Durante as horas que estivo sobcustódia policial, fôrom-lhe rea-lizadas provas de ADN.

    07aconteceNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2011

    No Sam Froilám de 2009 ativistas sociais lucensesdecidírom bloquear a açom policial contra cente-nas de imigrantes. Este exercício de solidariedadefoi sancionado polos tribunais lucenses com mul-tas de várias centenas de euros às pessoas impli-cadas, que somam um total de 1.080 euros.

    mais de 1.000 euros por defenderem manteiros

    A plataforma SOS Courel sustém que a autorizaçom dalinha de alta tensom que evacuará a energia do futuroparque eólico do Oríbio demonstra “o total desprezo daJunta polo nosso património natural e histórico”. Asse-guram que o projecto carece de declaraçom de impactoambiental, apesar de atravessar a Rede Natura.

    denunciam linha de alta tensom na serra do oríbio

    NGZ / A Associaçom Vicinal SamSadurninho de Amoedo denun-cia que o Ministério de Fomentopretende situar na freguesia um-ha lixeira de serviço para asobras da futura autoestrada A-59 que afetará um conjunto ar-queológico protegido polo PlanoGeral. Na parcela em que pre-tendem ocupar encontram-sepetróglifos e mamoas, e lindacom um "fojo do lobo". O repre-sentante vicinal Jorge Álvarezexplica que "a lixeira enterraria,com os danos inerentes que oca-

    siona umha atuaçom deste tipo,todo este conjunto patrimonial".Atribui este ataque "à desídia edesprezo da Administraçom po-la nossa história e território".Além dos danos patrimoniais,também estám os ecológicos, jáque nas proximidades da zonapara o aterro está o rio Alvedo-sa, com "a possibilidade de queo material que se deposite no lu-gar vaia parar" a esta zona cata-logada como de Proteçom de Es-paços Naturais (PEN) no PlanoGeral de Paços de Borbém.

    A-59 poderia afetarpetróglifos em Amoedo

    NGZ / A quantidade de pessoascom titulaçons universitárias nodesemprego multiplicou-se nosúltimos anos. Se bem que em2008 fossem 14.898 as pessoastituladas sem trabalho, o núme-ro já atingiu este ano as 24.560pessoas, quantidade que foi in-

    crementando-se progressiva-mente ano após ano.

    A emigraçom predominanteatinge o pessoal mais qualifica-do, que procura trabalho nasgrandes cidades espanholas ecada vez mais nos centros depoder europeus.

    Dispara-se o desempregopara titulaçons superiores

    Julgam dous ativistas por supostasagressons num protesto pola língua

    denunciam terem sido eles os que fôrom objeto dumha carga policial

    NGZ / 11.000 litros de gasóleoproveniente da empresa de bio-diésel Bgal ameaçam em Be-gonte a branha protegida deLadra-Támoga-Parga. O comis-sário de Águas da Confedera-çom Hidrográfica do Minho-Silafirma que a chuva poderiacomplicar muito os trabalhosde contençom e absorçom des-te despejo poluente, de manei-ra que está a "valorizar a possi-bilidade de desviar algumha

    corrente". Passada a primeirasemana de fevereiro eram jáuns 50.000 os litros de águamisturada com o combustívelque conseguiram resgatar, pa-ra que nom chegem às capta-çons de abastecimento de águade Outeiro de Rei, Rábade e dacidade de Lugo. A Confedera-çom lembrou que já se abriuum expediente contra a empre-sa responsável, mas ainda nompudérom valorizar os danos.

    Gasóleo danifica pántanoprotegido em Begonte

    Nomeam alto cargo da Conselharia de Meio Ambiente vinculado à GürtelNGZ / O conselheiro de Meio Am-biente, Território e Infraestrutu-ras, Agustín Hernández, nomeouum promotor imobiliário vincula-do à trama Gürtel, José Luís DíezYáñez, como responsável provin-cial da sua Conselharia para Pon-te Vedra. Este novo cargo públicoda Junta da Galiza foi ex-diretorde Relaçons Institucionais de Se-desa, empresa que aparece impli-

    cada no sumário do citado casode corrupçom no qual se veem en-volvidos vários do PP estatal e em-presários aos quais estes favore-ciam. Segundo indica o diário ElPaís, Díez Yáñez trabalhou polomenos em 13 companhias relacio-nadas com Sedesa.

    O novo chefe territorial de PonteVedra substitui Evaristo Juncal,que foi destituído do seu posto de-

    pois de os meios de comunicaçomterem revelado negócios destecom testas-de-ferro de narcotrafi-cantes e ainda a ilegalidade de um-ha moradia da sua propriedade.Díez Yáñez, ademais dos diversoscargos que ocupou em Sedesa, for-mou parte da Junta da Galiza deManuel Fraga como diretor deQualidade e Avaliaçom Ambientalentre os anos 2001 e 2003.

  • Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201108 acontece

    NGZ / Companheiros e amizadesdo sindicalista preso Miguel Nico-lás Aparício denunciam a restri-çom das comunicaçons que lhecorrespondem por direito ao ati-vista da CUT preso desde o passa-do dia 15 de dezembro pola acu-saçom de ter atacado duas sedesdo INEM em Vigo e no Porrinho.

    Assinalam que no passado 22 dejaneiro duas pessoas tinham auto-rizada umha visita que lhes foi de-negada na própria prisom “por or-dem expressa do diretor”, aduzin-do que só poderia comunicar-secom ele a sua mae.

    Até o fecho de ediçom deste nú-mero, unicamente umha amiga

    pudo falar diretamente com elepor um período de 10 minutos, eumha integrante do Comité de So-lidariedade com o ativista conse-guiu autorizaçom para contactá-lo telefonicamente.

    No passado dia 1 de fevereiro, oComité realizou umha nutrida con-centraçom solidária frente ao mer-

    cado viguês do Calvário, iniciativaque realizarám todas as primeirasterças-feiras de cada mês até a sualibertaçom. O mesmo dia, a Sub-delegaçom do Governo da Coru-nha proibia outra concentraçompolo mesmo motivo em Composte-la, mobilizaçom que foi adiada pa-ra o próximo dia 16 de fevereiro.

    No passado dia 13 de fevereirorealizárom umha concentraçompola sua libertaçom frente à pró-pria prisom da Lama. Quanto aoapoio internacional, entidades co-mo a Corsica Libera ou a Coordi-nadora Obrera Sindical mostrá-rom a sua solidariedade com o tra-balhador preso.

    Denunciam restriçons nas comunicaçons com o preso Miguel Nicolás Aparício

    solidariedade com o activista sindical aglutina numerosos coletivos, adesons individuais e apoios a nível internacional

    Junta deve 80 milhons àsfarmácias e pom em riscosobrevivência das ruraisNGZ / Umhas 20 farmácias cor-rem o perigo de fechar ao nomterem pago à Junta da Galiza ocusto dos medicamentos dis-pensados no mês de dezembro.Este pagamento deveria ter-seefetuado no passado dia 20 dejaneiro. Segundo informou a Fe-deraçom de Farmácias da Gali-za (Fefga), a dívida da adminis-traçom galega é de uns 80 mi-lhons de euros.

    Este organismo adverte tam-bém que os estabelecimentosmais afetados som os situadosnos núcleos rurais e acrescenta

    que este facto “deixaria despro-tegidos os cidadaos com maiordependência, obrigados a sedeslocarem para aceder à suamedicaçom”.

    A Fefga citou nomeadamenteo caso da província da Corunha,onde a dívida é de uns 32 mi-lhons que tivo que ser adiantadapolo Colégio de Farmacêuticoscorunhês mediante um crédito.Para as farmácias, este atrasotorna-se mais grave devido à re-duçom das margens de lucro,produto das mudanças na nor-mativa estatal durante 2010.

    pagamentos adiados afetam serviço

    NGZ / Umha delegaçom com re-presentantes de Altermundo, daFundaçom Galiza Sempre, de At-tac-Galiza, da CIG, do SeminárioGalego de Educaçom Pola Paz edo Centre Maurice Coppetiers (li-gado à Aliança Livre Europeia),participou entre os dias 7 e 11 defevereiro num encontro do FórumSocial Mundial realizado em Da-kar, Senegal. Trabalhando ao re-dor da tenda da Rede Mundial po-los Direitos Coletivos dos Povos,o objetivo da delegaçom foi visibi-lizar a realidade nacional galeganum espaço em que convivemmais de 1.200 organizaçons alter-mundistas de todo o planeta, e noqual as intervençons galegas serealizárom em paralelo às de pre-senças destacadas, como Evo Mo-rales ou Lula Da Silva.

    Salientável foi a intervençomde Xosé Manuel Beiras, que tam-bém fai parte do Conselho Inter-nacional do FSM, na dita tenda,na qual tamém participam cata-

    láns, curdos, támiles, palestinia-nos e muitos povos africanos. Bei-ras salientou que “a recusa a re-conhecer estes direitos por Esta-dos e supraestados como a UE, éilegal, vai contra as constitui-çons”. Salientou também a impor-

    táncia de centrar o debate nos di-reitos dos povos e os cidadaos,porque quando se tentam “resol-ver problemas pola via do territó-rio, erra-se completamente, comano caso das autonomias –do cafépara todos– do Estado espanhol”.

    Reivindicaçons galegas à palestrano Fórum Social Mundial de Dakar

    xosé manuel beiras é membro do conselho internacional do fsm

    Aceleram concessom de ajudase subsídios para seremoutorgadas antes das eleiçonsNGZ / A Junta prevê outorgarpor volta de 60 por cento dasajudas e subsídios previstos pa-ra 2011 no primeiro semestredo ano, a maior parte deles an-tes da realizaçom das eleiçonsmunicipais de maio. O conse-lheiro da Presidência, AlfonsoRueda, informou no dia 9 de fe-vereiro que o seu departamen-to coordenou ajudas por valorde 783,5 milhons de euros (7por cento do total dos orçamen-tos), com o objectivo de serem“mais diligentes na convocató-ria e resoluçom dos subsídios”,

    agilidade que apurarám nestesprimeiros meses de ano.

    O próprio Rueda declarouque, nos últimos anos, as con-vocatórias de subsídios demo-ravam a ser concedidas por vol-ta de 138 dias, período de tem-po que neste ano se quer redu-zir até 69 dias. A Junta preten-de que a 30 de março estejamconvocadas 77 por cento dasajudas, enquanto no mês de ju-nho quer que sejam publicadas91 por cento das mesmas, con-cedendo-se a já referida per-centagem de 60 por cento.

    reparto de fundos pÚblicos antes do previsto

    Ambientalistas e jornalistas agredidos emPonte Caldelas por caçadores de raposasNGZ / Caçadores agredírom nopassado sábado, 29 de janeiro, ati-vistas ecologistas que se mobilizá-rom contra o Campeonato de Es-panha de raposas que essa jornadase realizava na localidade ponte-vedresa de Ponte Caldelas. Assim,também vários jornalistas fôromespancados polos caçadores.

    Umha centena de ativistas con-

    vocados pola Fundaçom Equani-mal.org sabotárom o campeonatocom a intençom de “salvar o maiornúmero possível de animais”, se-gundo indicárom porta-vozes. As-sim, explicam também que estemodo de protesto “nom é violentoe consiste em subir aos montes epôr-se pacificamente entre os ca-çadores e os animais”.

    Equanimal.org denunciou quedous dos seus ativistas se víromagredidos por alguns participan-tes do Campeonato durante ummomento em que conseguíromparalisar a caça. Por outra parte, oSindicato de Jornalistas da Galizasolicitou que se esclarecessem asagressons sofridas por dous ope-radores de cámara de televisom.

  • 09aconteceNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2011

    NGZ / Vários casos de violênciamachista na Galiza recebêromrecentemente sentenças de júrispopulares que defendem o mal-tratador, sentando sérios prece-dentes de tratamento judicial daviolência machista. O caso de Pi-lar Palacios e José Carnero foi omais mediático, em parte polotratamento sensacionalista querecebeu nos meios empresariais.O assassinato da moça em 2007levara a “O Chucám” à prisom,mas este foi absolvido na passa-da semana por um júri popularque considerou que “nom haviaprovas” suficientes para manter

    no cárcere um homem “de muibaixo coeficiente inteletual”. Ain-da que no julgamento se tivessedeclarado inocente, em recentesentrevistas reconheceu-se culpa-do, deixando em evidência as ca-rências legislativas e a dupla mo-ral dos júris, umha vez que a víti-ma do assassino confesso eraprostituta. Na mesma linha, ou-tro júri popular em Ourense re-baixou a pena de um assassinatopor violência machista dos 14anos pedidos pola Fiscalia a 11.

    Porém, a lei castiga as mulhe-res que exercem a violência emdefesa própria, como o demons-

    tra o caso da detida de Baiona, ar-restada por agredir com um cuite-lo o seu ex-companheiro quandoeste, prévio incumprimento deumha ordem de afastamento, en-trou na sua morada para lhe pro-piciar umha malheira. Mª TeresaSola, a corunhesa que em 2007matou o seu marido após 34 anosde reiterados maus tratos a ela e àfilha, continua em Teixeiro. A pe-dido fiscal é de 18 anos de prisom.Segundo o advogado da mulher,“colocárom as vítimas dos maustratos numha situaçom mui com-plexa, porque só poderám defen-der-se se primeiro lhes baterem”.

    Recentes sentenças confirmamamparo da violência machistapor parte do ordenamento legal

    jÚris populares estÁm a propiciar sentenças favorÁveis a agressores

    NGZ / Após o desastre do Presti-ge, a Costa da Morte começou asofrer em 2002 um novo modode alteraçom do território: oboom imobiliário e a especula-çom urbanística. A promoçomde umha imagem bucólica da da-nificada costa por parte dosmeios estatais virou para o oestegalego os olhares de centos deturistas, oportunidade que as ad-ministraçons locais quigéromaproveitar. Perante a inexistên-cia de um enquadramento legalfirme em assuntos urbanísticos,o núcleo urbano de Fisterra viu

    aumentada a edificaçom em 444por cento em apenas dous anos.O presidente da cámara munici-pal da vila, José Manuel Traba,felicitava-se há quatro anos por“já nom ficar solo urbanizávelpor vender”.Também Cee foi ví-tima do mesmo processo, che-gando-se a construir sobre vá-rios rios e um recheio.

    Este elevado incremento daconstruçom bate em cheio coma realidade das vilas, que estáma sofrer cada ano quedas na suapopulaçom. Seguindo as diná-micas turísticas, as vivendas le-

    vantadas nas aforas das vilasmarinheiras estám desocupadasdez dos doze meses do ano.

    As recentes detençons dos pre-sidentes das cámaras de Cee eFisterra nom surpreendeu nin-guém nas vilas. Ambos, detidosrecentemente por corrupçom, se-guem nos tribunais a longa bata-lha judicial empreendida pola Ad-ministraçom há quatro anos parailegalizar a construçom na cha-mada Reta de Anchova. Apesarde os edifícios terem sido decla-rados ilegais polos tribunais, asconstruçons continuam em pé.

    Construçom incrementou-seexponencialmente na Costa daMorte após o sinistro do Prestige

    em dous anos o nÚcleo de fisterra incrementou edificaçom em 444%

    NGZ / No mês passado, os conce-lhos de Cabana de Bergantinhos,Gondomar e Salzeda de Caselasdeclaravam-se livres de transgé-nicos através das decisons dassuas vereaçons municipais. Nocaso de Salzeda, a iniciativa che-gou ao plenário através da asso-ciaçom cultural Treze Catorze,sendo aprovada a proposta porunanimidade.

    Este tipo de disposiçons impe-dem às multinacionais experi-mentarem com organismos gene-ticamente modificados nos seus

    concelhos ou sementar qualquertipo de espécies que fossem alte-radas desta maneira.

    Para além dos três concelhos re-ferenciados, som territórios livresde transgénicos os termos munici-pais de Lalim, Ogrove, Silheda,Forcarei, Compostela, Messia, Va-le do Duvra, Sás, Laje, Ames, Teio,Negreira, Chantada, Rio Torto, Ve-rim, Irijo, Riba d’Ávia e Alhariz,somando um total de 21 concelhosdos 365 que atualmente confor-mam a Comunidade Autónoma daGaliza, isto é, 5,75 por cento deles.

    Som já 21 os concelhoslivres de transgénicos

    NGZ / Arteijo, que acolhe a maiorcomunidade mussulmana da Ga-liza desde há anos, está a sofrernos últimos tempos os ataques ra-cistas contra este coletivo. O maisgrave detetou-se a começos de fe-vereiro, quando a página web is-lamófoba denunciascivicas.com,fijo um chamamento a "pôr lume"à mesquita de Arteijo ao berro de"Espanha é dos espanhóis" e“Contra a religiom terrorista”.

    A mesquita do coletivo AbouBaker, situada no Alto de Arteijo,foi alvo de um incêndio já em2009, quando começou a campa-nha contra a mesma. O templo fo-ra vítima de numerosas inspeçonse denúncias, até que a alcaldesaPilar Souto (PSOE) ditou que amesquita nom cumpria “com osrequisitos de uso”. Perante esta si-tuaçom, o coletivo preferiu mudarde espaço para um novo lugar,mas um setor já está a opor resis-tência à nova mesquita.

    Mohamed Benkaddour, secre-tário de Abou Baker, assegura

    que os estám a utilizar "como isconumha batalha política", e que aproximidade das eleiçons muni-cipais abriu a caixa de Pandora.

    Paralelamente, o debate sobreo véu também chegou ao colégioNovo de Arteijo, onde a direçomdo mesmo obrigou umha rapari-ga de onze anos a tirar o véumussulmano. A decisom, apoia-da pola ANPA, inclui privar a mo-ça de atividades extraescolares ecomplementares por se recusar atirar o véu tradicional na sua cul-tura. Novamente Benkaddour as-sinalou que tratarám o tema nacomunidade mussulmana antesde fazerem umha declaraçom ofi-cial, mas recorda que noutros co-légios da zona, como o Ponte dosBroços, nom existe essa norma.A alcaldesa de Arteijo solicitou àJunta que legisle sobre o tema eque faga de mediadora no confli-to. A resposta do conselheiro daEducaçom Jesús Vázquez foi cul-pabilizá-la por "boicotar" a deci-som do colégio Novo.

    Ataques contra coletivomussulmano de Arteijo

    NGZ / Vizinhança de Camanço (Vi-la de Cruzes) e ativistas da Adegaapresentárom perto de 200 alega-çons contra a lixeira com que aempresa Mármoles de Puente Le-desma SL pretende restaurar um-ha mina que funcionou irregular-mente desde a década de 70 até1994, quando a sua atividade foiparalisada por umha sentença doTSJG que a declarou ilegal.

    Para a Adega, por detrás do pro-jeto de “restauraçom de canteira”pretende-se habilitar umha “lixei-ra camuflada” com o objetivo dedar saída ao lixo que nom conse-gue tratar Sogama. Perante a im-possibilidade de pôr em andamen-to a segunda incineradora na pre-sente legislatura, a Junta está a op-

    tar por “fazer mais lixeiras” e am-pliar as existentes.

    Para Camanço poderiam enviaraté 95.000 toneladas de lixo porano, e outras quantidades de resí-duos sem processar iriam parar àmacrolixeira da Areosa. O restan-te entulho, sem quantificar, iria pa-ra outros espaços ao longo do país.

    Ambientalistas e vizinhançaexigem o rejeitamento do proje-to pola Direçom Geral de Quali-dade Ambiental e a devoluçomda competência sobre a canteirapara a Administraçom de Minas,para esta reclamar à empresa arestauraçom do buraco da can-teira e “a devoluçom aos seus do-nos das terras indevida e ilegal-mente ocupadas”.

    Junta pretende restaurarcanteira ilegal com lixo

    AÇOM FEMINISTAna zona velha de Compostelacontra a violência machista

  • 10 acontece Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2011

    agro

    O incremento dos preços nos ali-mentos tem sido uma constantedesde o ano 2008 quando váriosfundos de investimento alertadosquanto à insolvência de pacotes tó-xicos em hipotecas, torcem a vistaface ao mercado das matérias pri-mas, em especial recursos agríco-las e petróleo. A recessão de 2009contém os preços, mas os sintomasde recuperação de 2010 voltam aativar o mercado especulativo. Cal-cula-se que nos últimos cinco anoso volume de operações em pacotesde futuros que incluem a alimenta-ção tenham crescido de 13 bilhõesa 260 bilhões de dólares.

    Os dados internacionais A FAO recolhe na última análisepublicada de perspetivas agroali-mentares que a produção de 2011foi a terceira maior colheita regis-tada até agora. Porém, as descidasnas colheitas em vários países pordanos ambientais, como no casoda Federação Russa, levaram osgovernos a limitarem a exporta-ção para assegurarem a procurainterna. Em consequência, as ope-rações especulativas nos merca-dos do trigo começam a inflar-sequando as multinacionais trans-formadoras percebem o medo àcarência de recursos para as suasproduções. Segundo relata um es-pecialista neste tipo de operaçõespara o New York Times “A volatili-dade dos preços em 2008 tornouos diretores financeiros mais rece-tivos à ideia de cobertura”.

    Uma nova bolha está-se a criarno setor mundial da alimentação,desenhando mais um cenário ondeos mercados desregulados não fun-cionam. Contudo, o diretor geral daOMC, Pascal Lamy, afirmou numareunião realizada em janeiro emBerlim para tratar o problema que“as restrições à exportação condu-zem ao pânico nos mercados”.

    Nesta situação os índices de pes-soas que não podem conseguir ali-mentos também aumenta de for-ma alarmante. O dado que maischama aqui a atenção é que noprognóstico de utilização de ce-reais da FAO para 2011, a quanti-dade reservada para o consumohumano só representa 46,8% dototal, destinando-se o resto para aprodução de concentrados ani-mais e outros usos entre os quaisdestacam os biocombustíveis.

    Consequências para o agroO modelo agrário galego, por sermuito dependente das despesasoriginadas fora do setor, vai serafetado em cheio por esta alta dospreços num dos principais recur-sos para a produção. Os concen-trados para o gado experimentam

    subidas de até 30% por mor dopreço dos cereais, quando os pre-ços do leite recebidos pelos gana-deiros apenas ascendem, estag-nando-se nos 30 cênts/€ por litro.No caso das explorações com va-cas de alta produção, o preço doconcentrado pode chegar aos 29cêntimos kg., e a média de kg. diá-rios consumidos por vaca oscilaentre os 8 e 12 kg., de maneira queé preciso reservar metade da pro-dução de leite por animal para co-brir os gastos da alimentação.

    A nível estatal, a situação pare-ce ser de longo alcance, nas pala-vras do diretor da Confederaçãoespanhola de fabricantes de ali-mentos compostos para animais(Cesfac), “ninguém sabe com cer-teza absoluta quando vai rematara subida de preços das matériasprimas e a crise económica”.

    Outros custosÀ carestia na produção há que so-mar também agora a subida nastarifas elétricas que junto com opetróleo também em alta som asduas principais fontes de energiapara o campo. No caso da primei-ra, o tamanho reduzido de muitasexplorações impede-lhes acolher-se à tarifa empresarial e devemproduzir com uma tarifa de luz“doméstica”. Afinal, o setor agrá-rio acaba por ser um dos mais de-pendentes do segmento industrialde onde este último obtém gran-des ganhos, ficando o benefíciofora do entorno rural.

    especulação alimentar lastra expetativas do agroP.V. e J.R. / Desde começos deste novo ano ospreços dos principais cereais registárom in-crementos de 43,7% com respeito ao mesmoperíodo do passado ano, segundo dados daFAO. No espetro de explicações deste proble-ma estão as más colheitas do ano passado eo incremento da procura de potências conso-

    lidadas como a China. Porém, a especulaçãodos atores financeiros no mercado mundialdas matérias primas é a causa que mais con-vence os especialistas na matéria. Tanto a ní-vel mundial como na Galiza, a carestia nosprodutos para a alimentação deixa uma im-portante pegada em diversos sectores.

    evoluçom dos preços dos cereais frente aos do leite

    É preciso reservarmetade da produção

    de leite para cobrir osgastos da alimentação

    mar

    mar retira subsídioa mariscadorassem pensons

    mil mulheres velhas afetadas

    O marisqueio a pé é o únicosetor do mar com preponde-ráncia feminina (dos 4.300trabalhadores nesta atividadena Galiza tam só 394 som ho-mens). Isto fai do marisqueioa pé um setor especialmentepropício para ser um bancode provas para a implementa-çom das políticas de cortes emíngua de ajudas e presta-çons da Administraçom parao setor do mar galego. O fac-to de que a maioria das traba-lhadoras nesta modalidadede marisqueio sejam mulhe-res de idade avançada (das2.000 mariscadoras que há naRia de Arouça, só 69 tenhemmenos de 35 anos, enquantoque há 300 com mais de 60),fai com que se experimentemneste setor atuaçons de cor-tes sociais confiando na suaescassa capacidade de res-posta e mobilizaçom.

    Recentemente, e nesta linha, aConselharia do Mar acaba deencerrar umha ajuda que rece-biam aquelas mariscadorasmaiores de 65 anos que nomrecebem prestaçom por refor-ma ao nom terem descontadopara a Segurança Social o pe-ríodo mínimo (15 anos) parareceberm umha pensom. É pre-ciso lembrar que, até 2000, asautorizaçons de exploraçommarisqueira que concedia aJunta nom obrigavam este co-letivo a quotizar.

    A Administraçom galegaaprovou na legislatura do bi-partido umha série de ajudaspara pagar, às mariscadorasnesta situaçom, a coberturaque lhes faltava na SegurançaSocial, assim como umha pe-quena mensalidade, devido aoinsuficiência da que recebiam.A atual Conselharia do Mar re-tirou agora essa mesada (queera de um máximo de 500 eu-ros), numha medida que, se-gundo o sindicato Agamar (As-sociaçom Galega de Marisca-doras, próxima da UGT), afeta-ria umhas mil mulheres.

    No setor marisqueiro existea sensaçom de que “fam-nos is-to, a nós, porque somos mulhe-

    res e pensam que nom vamosprotestar. Nom se atreveriam afazê-lo aos ranheiros (marisca-dores que usam embarcaçom,um coletivo com maioria de ho-mens) ou aos marinheiros”, as-sinala Maria, umha mariscado-ra de Vila Joám.

    A decisom da Conselharia jáprovocou que em várias agru-paçons de marisqueio a pé daGaliza se realizassem assem-bleias e se debatesse a conve-niência de organizar medidasde protesto para mostrar a re-jeiçom à medida. “Nom somostam caladinhas como pensa Ro-sa Quintana (conselheira doMar)”, afirma Ana, do coletivode Rianjo, que lembra que, seretirarem as ajudas, haverá ma-riscadoras que trabalham desdehá 30 anos que ficarám comumha pensom de uns escassos350 euros. “Sem a ajuda que da-va a Conselharia, a ver quem vi-ve com isso”, acrescentou.

    A Conselharia, por sua vez,já mobilizou os seus porta-vo-zes no setor (como a patroamaior de Vila Nova de Arouça,Evangelina Lago, também vice-presidenta da Federaçom gale-ga de Confrarias) para mover-se no mundo do marisqueio apé e fazer calar as vozes quetransmitem o mal-estar exis-tente. Através dos meios de co-municaçom, Lago já acusou ossindicatos de serem os culpa-dos de “lavar o cérebro” às tra-balhadoras “que estám paramanter famílias e nom paramontarem barricadas”.

    a carestia nos derivados de cereaisameaça setores produtivos

    ELABORAÇOM PRÓPRIA COM DADOS DO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, RURAL E MARINHO

  • 11aconteceNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2011

    em 1999 existiam no estado uns 6,8 milhons de pensionistas e 14,5 milhons de quotizantes. em 2009 ambos os números crescemeconomia

    AARÓN L. RIVAS / Foi na madru-gada da jornada de greve geralna Galiza vivida no passadodia 27 de janeiro quando osgrandes sindicatos espanhóisdecidírom, junto à classe polí-tica e os empresários, dar a pri-meira machadada de morte aosistema público de pensonsdo Estado. O objetivo destanova reforma é claro: empo-brecer estas prestaçons parapromover fundos de pensonsprivados que deem maior liqui-dez à grande banca.

    Enquanto a convocatória de mobi-lizaçom geral realizada pola CIGpara 27-J conseguia levar dezenasde milhares de pessoas às ruas daGaliza contra o adiamento da ida-de da reforma para os 67 anos, ossetores especulativos do Estadoespanhol conseguírom que CCOOe UGT se dobrassem, acatando aspremissas mercantis que defen-dem as grandes entidades finan-ceiras, que avançam na precariza-çom da vida das trabalhadoras etrabalhadores do nosso País.

    Nem sequer o Ministério deTrabalho tivo reparos a indicar ograve corte que sofrerám as pen-sons, afirmando que serám redu-zidos em 27% os seus montantes.O sentido de adiar para os 67anos a idade de jubilaçom (atéagora situava-se nos 65) é claro:descontar dous anos de pensom.

    A catedrática de economia apli-cada da Universidade Autónomade Barcelona, Miren Etxezarreta,indicou numha série de conferên-cias que realizou polo Estado querealmente as trabalhadoras e tra-balhadores deixam de ter umhavida laboral aos 50 e tal anos,quando desde as empresas selhes oferece umha pré-jubilaçom.Se se amplia a idade de reforma,amplia-se também a percenta-gem de desconto em relaçom com

    a pensom máxima, de maneiraque se reduz consideravelmentea quantia da sua prestaçom. Pe-rante todo isto há que ter ademaisem conta que a pensom média naGaliza, segundo indica a CIG, é amais baixa do Estado, situando-se nos 728,24 euros.

    Outra medida gravemente lesi-va para as trabalhadoras e traba-lhadores que se apresenta no cha-mado “Acordo Social e Económi-co” é a ampliaçom da idade de cál-culo das pensons de 15 para 25anos. Segundo cálculos realizadospola central sindical nacionalistaCIG esta nova norma implicaráum corte de um 10% nas quantiasdas pensons de jubilaçom, ficandoa média galega em 655, 45 euros.

    Um discurso ideologizadoDurante os meses prévios às con-versas entre Governo, sindicatose empresários para levar avanteeste novo envite às condiçons devida das classes populares, desdeos órgaos de poder expugérom-secomo factos incotestáveis o querealmente eram posiçons ideoló-gicas neoliberais radicais, mas deduvidoso rigor económico.

    Assim, tanto o presidente doGoverno como diversos ministroscomeçárom a corear a existênciade umha crise do sistema de dis-tribuiçom das pensons, afirman-do que estas seriam insustentá-veis com o ano 2050 como hori-zonte. Ademais, acrescentava-senestes exercícios demagógicos,que todo isto se devia ao cresci-mento do número de anciaos eque cada vez existem menos tra-balhadores em ativo. Umha sériede falácias que depreciam todasas conquistas sociais do movi-mento operário nos últimos sécu-los e que esquece completamentea solidariedade intergeracional.

    Mas há dados que indicam queestá a acontecer exatamente ocontrário. A CIG expom que noano de 1999 existiam no Estadoespanhol uns 6,8 milhons de pen-

    sionistas e 14,5 milhons de quoti-zantes. Em 2009 ambas os núme-ros crescem: 7,8 milhons de pen-sionistas e 18 milhons de quoti-zantes. Estes dados nom revelamde forma algumha a existênciadesse terramoto demográfico quefará estremecer as prestaçons dareforma. Ademais, a central nacio-nalista também indica que a capa-cidade para gerar riqueza social émaior que em décadas anteriores,de maneira que menos quotizan-tes podem manter mais jubilados.

    Polo contrário, quem está a di-namitar desde há anos o sistemade pensons som os organimos fi-nanceiros e as suas projeçons es-tatísticas, as quais já mostráromser, em várias ocasions, falsas.Ademais, o seu truque é mui sin-gelo, realizar vaticínios a muitasdécadas vista, ampliando-se portanto a margem de erro e a sua fia-bilidade. Nos anos 90 alguns eco-nomistas vaticianavam o colapsodo sistema de pensons em 2000,umha visom que nom se cumpriu.

    O objetivo desta reforma é re-duzir ao mínimo a importánciadas pensons públicas para que astrabalhadoras e trabalhadores es-

    colham a banca privada para fa-zerem os seus planos de pensons.A economista Miren Etxezarretatem indicado que esta estratégianom é nova e que já em 1994 oBanco Mundial propunha dimi-nuir as pensons públicas (atravésde medidas semelhantes às que seincluem no 'pacto social') e desen-volver as privadas, com as quaisas entidades financeiras acumula-riam liquidez para realizarem assuas operaçons especulativas.

    Por outra parte, o Estado espa-nhol é dos países da UE que me-nos dinheiro público gasta no seusistema de pensons, para além dese converter no país com a idadede jubilaçom mais atrasada. As-sim, em 2010 tam só foi gasto 7,8%do PIB, enquanto Estados vizinhosgastam mais de 11% ou mesmo14%, como é o caso da Itália. Emais, no fundo de reserva da Se-gurança Social há perto de 65.000milhons de euros, quantidade coma qual se poderia manter váriosmeses o gasto nas pensons seacontecesse qualquer imprevisto.

    Agora, a negociaçom coletivaMas a febre reformadora com aqual a UE pretende resgatar o sis-tema financeiro e as grandes em-presas nom acaba por aqui e já seentrevê qual será o próximo corteque sofrerá a classe trabalhadoranos vindouros meses. Neste caso,será a vez da negociaçom coletiva.

    Se bem que para os meios decomunicaçom o Governo tenhaafirmado que a proposta da chan-celer alemá Angela Merkel dedesvincular a subida dos saláriosdo IPC, a realidade é que umhanova medida de ajuste, da qual jáse fala no “Acordo Social e Eco-nómico”, modificará a atual regu-laçom da negociaçom coletiva,método polo qual se fixam, entreoutras cousas, os incrementos sa-lariais no Estado espanhol.

    Sindicatos espanhóis derrubam sistemade pensons após pactuarem com o PSOE

    se se amplia a idadede reforma, reduz-seconsideravelmente a

    quantia da prestaçom

    a pensom média na galiza, segundo indica a cig, é a mais baixa do estado, situando-se nos 728,24 euros

  • Novas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 201112 internacional

    Juventude erige-se em protagonista das revoluçons que rompem com a estabilidade dos países mussulmanos

    revolta da tunísia prende no mundo árabee desvenda corupçom e tirania nos governos

    a terra treme

    DANIEL R. CAO / A imolaçom deum jovem no passado 4 de ja-neiro numha cidade tunesinaprovocou umha série de pro-testos que estám a cristalizarnumha revolta que já se espa-lhou a vários países árabes,pondo em questom a estabili-dade dos seus governos.

    Os protestos na Tunísia saltáromposteriormente, a modo de efeitodominó, para vários dos países daregiom, como a Arábia Saudita,Marrocos, Argélia, Iémen e, sobre-todo o Egito. Mas para compreen-der os motivos desta expansom épreciso ir primeiro à génese destesprotestos: o conflito na Tunísia.

    A Tunísia é um pequeno país donorte de África, cujos setores eco-nómicos principais som a agricul-tura e o turismo, desde finais dadécada dos noventa, momento emque assina umha série de acordosque levam o país a ser aliado pre-ferencial dos EUA e da Uniom Eu-ropeia na regiom, a sua oligarquiavive um momento de prosperida-de económica, que nom se refletenas condiçons de vida da popula-çom. A chegada do livre mercado,assim como a caraterística de serum dos países menos afetado po-los processos migratórios, famcom que se vaia acumulando um-ha massa de populaçom descon-tente, maioritariamente entre amocidade. A estas situaçonsacrescenta-se que os acordos nomfigérom mais que reforçar a figu-ra de zine Ben Ali. Ben Ali alcan-çou o poder em 1987, após umgolpe de Estado que deu ao gover-no do qual era primeiro-ministro,e ao que chegara após a passagempor diversas academias militaresnorteamericanas e a embaixadatunesina no Estado espanhol du-rante o pós-franquismo. Respal-dado polas grandes potências

    mundiais, assentou durante maisde vinte e três anos umha pseudo-democracia na qual só optavam arepresentaçom três partidos, oseu e dous afins, estando todos osdemais ilegalizados, especialmen-te os islamistas, outro dos elemen-tos que figérom com que conquis-tasse grandes simpatias interna-cionalmente.

    As revoltasApós a imolaçom do jovem, a ca-pital tunesina foi cenário dos pri-meiros protestos, que começárompedindo umha melhoria das con-diçons de vida para acabar exigin-do umha mudança de governo,que vinte e oito dias depois se fa-ria efetivo com o derrocamento deBen Ali. De seguida, começáromas hipóteses sobre quem poderiaestar por detrás deste processo derevoltas populares, sendo umhadas teses mais comentadas a deque o governo norteamericano ti-vesse certa influência, algo nomdescartável tendo em conta queesta teoria tem sido desmentidacom outra pola qual se afirma quefoi a Internet e as redes sociaisque favorecêrom o contacto entremanifestantes, hipótese à partidaestranha num país em que oacesso à Internet nom chega a 20por cento da populaçom. Pormuito que poda contrariar, o cer-to é que o derrocamento do regi-me de Ben Ali e a instauraçomde umha democracia, sobre o pa-pel, significaria a assimilaçom,pola sua entrada nas institui-çons, do islamismo político.

    Posturas internacionaisA posiçom das diferentes potên-cias internacionais está marcadapola ambigüidade, já que qual-quer que seja a postura derivaránum descrédito. Por umha parte,a decisom de apoiar aos atuais go-

    vernos nom seria mais que legiti-mar ditaduras. Por outro, apoiaros protestos, significaria perderaos potenciais aliados. Mas, emrelaçom a isto, há umha outraquestom preocupante: Moham-med Bouazizi, o jovem imolado,era um jovem com licenciaturauniversitária que apesar da suaformaçom nom conseguia encon-trar um posto de trabalho que ofigesse sair das suas precáriascondiçons de vida, um problemaque afeta cada dia mais jovensocidentais, e que preocupa muito

    os governantes destes países poloperigo de umha possível reprodu-çom dos protestos.

    Na prática, esta ambigüidade re-flete-se na exigência por parte dopresidente norteamericano e doConselho da Uniom Europeia de“transiçons ordenadas”, em senti-do contrário à posiçom dos parti-dos da direita, que encabeçadospor Berlusconi, aplaudido entreoutros polo Partido Popular, solici-tárom à Uniom Europeia um apoioexplícito aos atuais governos.

    DominóO conflito tunesino saltou aspróprias fronteiras, e o efeito te-mido polas potências internacio-nais tivo repercussom nos paí-ses vizinhos. Deste modo, atual-mente é o Egito onde se estám arealizar os maiores protestos, eneste caso sim com umha gran-

    de influência do islamismo polí-tico organizado nos Irmaos Mu-sulmanos. As tentativas de der-rocamento do governo de Muba-rak demorárom em triunfar, so-bretodo polas estratégias leva-das a cabo por este de favorecersaqueios mediante a libertaçominteressada de determinadospresos e limitando a atuaçomdas forças de segurança, crian-do medo na populaçom e des-prestigiando a imagem dos seto-res sociais em rebeldia.

    Outros países onde se estám alevar a cabo protestos som o Ié-men, Marrocos ou a Jordánia,ainda que é bastante complicadoencontrar semelhanças entreeles. No caso concreto de Marro-cos, a monarquia de MohamedVI tem mantido desde há déca-das umha estratégia que visa im-pedir qualquer tipo de revolta ouposicionamentos contrários aoregime. Para isto, mantém encar-cerados a maior parte dos princi-pais opositores, nomeadamentesalafistas, acabando com a liber-dade de expressom, exercendoumha considerável repressomsobre as publicaçons dissiden-tes, e, sobretodo, permitindo amigraçom massivas das classesmédias, sobretodo de aquelasmenores de trinta anos, que es-tám a ser os protagonistas noresto de conflitos comentados.

    egito, iémen, argélia e jordÁnia som outros países em que os protestos populares emergem

    as potências ocidentais optampola ambigüidadeenquanto aguardam

    ERRATA. No nº 98 deste jornal, no

    artigo intitulado "A Grande Coru-

    nha ergue-se sobre a cidadania

    em favor de grandes empresas",

    obviou-se por erro a referência à

    Assembleia polo Direito à Cidade,

    coletivo redator do manifesto com

    base no qual se fai a reportagem,

    assim como impulsionador das

    queixas cidadás.

  • FERNANDO ARRIZADO / No Esta-do espanhol chama-se descentra-lizaçom; no británico, devolution.As palavras nom som inocentes.Enquanto que umha implica con-cessom de privilégios, outra assu-me reclamaçom de direitos histó-ricos. Som as competências de au-togoverno da CAG cessom de Ma-drid ou conquista do povo galego?E as de Gales?

    Os processos de autodetermi-naçom no mundo variam: uns po-

    vos optam pola recuperaçom ime-diata e completa da independên-cia, outros por um processo maislento e progressivo. Mais todos -também o galês; também o gale-go- partilham a ideia de que a pro-priedade primigénia desses direi-tos -num momento ou noutro, demodo violento ou negociado- lhesfoi arrebatada. É mais efetiva avia direta ou a que cobre etapas?Em Gales, o principal partido in-dependentista, o Plaid Cymru,

    aposta na segunda. Esta naçom celta da Gram-Bre-

    tanha e poço energético da Ingla-terra (metade da eletricidade dascentrais hidroelétricas galesasconsomem-na habitaçons e fábri-cas inglesas) volta a ter Governo eAssembleia Nacional de seu des-

    de 1998. O Legislativo tem capaci-dade normativa sobre alguns te-mas de economia, educaçom, lín-gua, mais com a tutela do parla-mento británico.

    O objetivo do Partido Galês é ototal desenvolvimento do país co-mo Estado soberano dentro daUE, baseado num socialismo des-centralizado, e o seu ingresso naONU. Dentro deste processo e co-mo parte do programa eleitoralque o levou em 2007 ao Governode coligaçom com os Laboristas(o nosso PSdeG), está previsto umreferendo sobre a melhoria decompetências em 3 de março, a

    dous meses das eleiçons. Quer di-zer, se a cidadania aceita que a suaAssembleia legisle soberanamen-te sem necessidade do aval deWestminster, como a Escócia e aIrlanda do Norte.

    Ie dros Gymru (Sim por Gales)coordena a campanha polo Sim,que amparam com variável entu-siasmo, ademais do bipartido,conservadores e liberais. Maisque anedótico é que a plataformaesteja presidida polo director daFederaçom Galesa de Rugby, des-porto que, mais que qualquer ou-tro evento, une o povo na vitóriae na derrota.

    13internacionalNovas da GaliZa 15 de fevereiro a 15 de março de 2011

    “Com a esquerda galega temos já umha relaçom importante; partilhamos umha mesma realidade sociocultural e geográfica”além minho

    “Queremos afirmar a importáncia do espaço galaico-português em portugal”

    bloco de esquerda apoia iniciativa do bng a favor das televisons portuguesas na galiza

    EDUARDO MARAGOTO / CatarinaMartins, deputada do Blocode Esquerda (BE), viajou re-centemente à Galiza paraapoiar a pretensom do BlocoNacionalista Galego (BNG) defazer chegar o sinal das tele-visons portuguesas aquémMinho. Na questom das na-çons sem Estado, o BE pare-ce estar a quebrar umha tra-diçom nom escrita da esquer-da portuguesa, absolutamen-te hermética em relaçom a es-te assunto.

    Em que medida poderá ser relevante o apoio do BE para osucesso de umha reivindicaçomhistórica na Galiza?O BE associa-se a esta iniciativacom umha proposta muito con-creta: um projecto de resoluçompara que a Assembleia da Repú-blica Portuguesa recomende aoGoverno Português o desenvolvi-mento de iniciativas junto das au-toridades da Galiza e do Estadoespanhol no sentido de viabilizaro acesso à RTP na Galiza. Ou se-ja, que também deste lado dafronteira se afirme a importánciado espaço do galaico-português.E essa uniom de esforços podeser determinante.

    O BE representa, no