ovas da gali a fo ilí d er aqup galega de ciclismo pág....

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nÚmero 109 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012 1,20 € periódico galego de informaçom crítica récorde de desemPreGo 9 Galiza triplicou no passado mês de novembro a percentagem estatal de incremento do desemprego. Som já 253.416 as pessoas sem trabalho numha Galiza em que por volta de 375 pessoas ficam sem emprego. iniciativas comunitÁrias 14 Ativistas do movimento popular com- parecêrom em Ponte Vedra para po- rem em comum as suas experiências e reptos. O primeiro encontro, organi- zado pola Escola Popular Galega, terá continuidade na primavera. N ovas da G ali a “Penso que a Federaçom me utilizou como cabeça de turco para salvar Alberto Contador” EZEqUIEL MOSqUERA EZEqUIEL MOSqUERA foi líder da equipa galega de ciclismo Pág. 25 oPiniom OS NOVOS hERóIS por Xurxo Borrazás / 3 NEM qUE fOSSE ATAPUERCA! por Beatriz Bieites e Paulo Rico / 3 NOVA ESPANhA DE SEMPRE por C. Santiago / 28 suPlemento central a revista VISITA AO APALPADOR NO COUREL O gigante anuncia numha entrevista que volta polo Natal, depois de um ano fabricando brinquedos e apanhando castanhas CONCURSO DE CRIAÇOM LITERÁRIA NOVAS dA GAlizA convoca um certame em que aceita todo o tipo de textos literários e sorteia lotes de livros de Edicións Positivas Feminismo exige fim da violência machista 75.000 GaleGas sofrem assédio sexual O dia 25 de novembro, dia Mundial Contra a Violência Machista, voltou a ser reivindi- cado em dúzias de atos do fe- minismo galego em diversas comarcas, que denunciárom a hipocrisia institucional face a este conflito social. Ao longo do ano, ditárom-se já 1.100 or- dens de proteçom a mulheres ameaçadas pola violência ma- chista, e por volta de 75.000 mulheres sofrem assédio se- xual. Uns dias antes do fecho desta ediçom, foi assassinada umha mulher de 38 anos no seu posto de trabalho de Tabe- aio (Carral) às maos do ex- companheiro. É a terceira víti- ma mortal deste ano. / PÁG. 8 Okupaçons em Vigo e Compostela A breve experiência de denúncia pola situaçom da compostelana Sala Yago e a okupaçom de um prédio no bairro viguês do Cura estendem o movimento de tomada de espaços em desuso / PÁG.17 As detençons de seis pessoas sob acusaçons de “te- rrorismo” e o posterior encarceramento de quatro delas gerou umha intensa campanha mediática de desacreditaçom do independentismo e linchamento público dos e das ativistas detidas, umha das quais foi posta em liberdade sem acusaçons. NOVAS dA GA- lizA realiza umha crónica dos acontecimentos, exa- mina o tratamento informativo dos meios de comu- nicaçom de massas e oferece um informe pormeno- rizado sobre os ataques desenvolvidos polo movi- mento da resistência galega desde a publicaçom do seu primeiro manifesto. Um dos detidos, Antom San- tos, é membro do Conselho de Redaçom deste jornal e responsável da secçom de desportos. / PÁGs. 4,18 e 21 Trabalho escravo no novo hospital de Vigo telmo martín subcontrata PortuGueses O deputado do PP e ex-candida- to à alcaldia de Ponte Vedra, Tel- mo Martín, está involucrado no emprego de mao de obra portu- guesa em regime de trabalho es- cravo, em grandes obras públi- cas galegas como o novo hospi- tal de Vigo. A empresa familiar da qual é proprietário, Hierros Santa Cruz, subcontratou fir- mas portuguesas que pagam sa- lários de 2,86 euros por hora e cotizam no país vizinho. Aliás, já foi alvo dum expediente san- cionador com umha multa de três milhons de euros e a obri- gaçom de demolir um prédio ile- gal em Sam Genjo. / PÁG. 19 Criminalizam soberanismo por detençom de ativistas

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Page 1: ovas da Gali a fo ilí d er aqup galega de ciclismo Pág. 25novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz109.pdf · cotizam no país vizinho. Aliás, já foi alvo dum expediente san-cionador

nÚmero 109 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012 1,20 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ço m c r í t i c a

récorde de desemPreGo 9Galiza triplicou no passado mês denovembro a percentagem estatal deincremento do desemprego. Som já253.416 as pessoas sem trabalhonumha Galiza em que por volta de375 pessoas ficam sem emprego.

iniciativas comunitÁrias 14Ativistas do movimento popular com-parecêrom em Ponte Vedra para po-rem em comum as suas experiênciase reptos. O primeiro encontro, organi-zado pola Escola Popular Galega, terácontinuidade na primavera.

Novas da Gali a

“Penso que aFederaçom meutilizou comocabeça de turcopara salvar Alberto Contador”

EZEqUIEL MOSqUERAEZEqUIEL MOSqUERAfoi líder da equipagalega de ciclismoPág. 25

oPiniom

OS NOVOS hERóIS por Xurxo Borrazás / 3

NEM qUE fOSSE ATAPUERCA! por Beatriz Bieites e Paulo Rico / 3

NOVA ESPANhA DE SEMPRE por C. Santiago / 28

suPlemento central a revista

VISITA AO APALPADOR NO COURELO gigante anuncia numha entrevista que volta polo Natal, depois de um ano fabricando brinquedos e apanhando castanhas

CONCURSO DE CRIAÇOM LITERÁRIANOVAS dA GAlizA convoca um certame em que aceita todo o tipode textos literários e sorteia lotes de livros de Edicións Positivas

Feminismo exige fimda violência machista

75.000 GaleGas sofrem assédio sexual

O dia 25 de novembro, diaMundial Contra a ViolênciaMachista, voltou a ser reivindi-cado em dúzias de atos do fe-minismo galego em diversascomarcas, que denunciárom ahipocrisia institucional face aeste conflito social. Ao longodo ano, ditárom-se já 1.100 or-dens de proteçom a mulheres

ameaçadas pola violência ma-chista, e por volta de 75.000mulheres sofrem assédio se-xual. Uns dias antes do fechodesta ediçom, foi assassinadaumha mulher de 38 anos noseu posto de trabalho de Tabe-aio (Carral) às maos do ex-companheiro. É a terceira víti-ma mortal deste ano. / PÁG. 8

Okupaçons em Vigo e CompostelaA breve experiência de denúncia pola situaçom da compostelanaSala Yago e a okupaçom de um prédio no bairro viguês do Curaestendem o movimento de tomada de espaços em desuso / PÁG.17

As detençons de seis pessoas sob acusaçons de “te-rrorismo” e o posterior encarceramento de quatrodelas gerou umha intensa campanha mediática dedesacreditaçom do independentismo e linchamentopúblico dos e das ativistas detidas, umha das quaisfoi posta em liberdade sem acusaçons. NOVAS dA GA-lizA realiza umha crónica dos acontecimentos, exa-

mina o tratamento informativo dos meios de comu-nicaçom de massas e oferece um informe pormeno-rizado sobre os ataques desenvolvidos polo movi-mento da resistência galega desde a publicaçom doseu primeiro manifesto. Um dos detidos, Antom San-tos, é membro do Conselho de Redaçom deste jornale responsável da secçom de desportos. / PÁGs. 4,18 e 21

Trabalho escravo nonovo hospital de Vigo

telmo martín subcontrata PortuGueses

O deputado do PP e ex-candida-to à alcaldia de Ponte Vedra, Tel-mo Martín, está involucrado noemprego de mao de obra portu-guesa em regime de trabalho es-cravo, em grandes obras públi-cas galegas como o novo hospi-tal de Vigo. A empresa familiarda qual é proprietário, Hierros

Santa Cruz, subcontratou fir-mas portuguesas que pagam sa-lários de 2,86 euros por hora ecotizam no país vizinho. Aliás,já foi alvo dum expediente san-cionador com umha multa detrês milhons de euros e a obri-gaçom de demolir um prédio ile-gal em Sam Genjo. / PÁG. 19

Criminalizam soberanismopor detençom de ativistas

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Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 201202 oPiniom

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDITORAMINhO MEDIA S.L.

DIRETORCarlos Barros Gonçales

CONSELhO DE REDAÇOMCarlos Calvo Varela, Iván García Riobó, Aarón López Rivas, Antia Rodríguez García,Xoán Rodríguez Sampedro, Olga Romasanta,Antom Santos, Alonso Vidal, Paulo Vilasenin

SECÇONSCronologia: Iván Cuevas / Economia: AarónLópez Rivas / Agro: Paulo Vilasenin e JéssicaRei / Mar: Afonso Dieste / Media: Xoán R.

Sampedro e Gustavo Luca / A Terra Treme:Daniel R. Cao / Além Minho: Eduardo S.Maragoto / Povos: José Antom Muros, fer-nando Arrizado / Dito e feito: Olga Roma-santa / A Denúncia: Iván García / Cultura:Antia Rodríguez / Desportos: Antom Santos,Xermán Viluba e Ismael Saborido / Sexuali-dade: Beatriz Santos / Consumir Menos, Vi-ver Melhor: Toni Lodeiro / A Criança Natural:Maria Álvares Rei / Agenda: Irene Cancelas /A foto: Sole Rei / Tempos Modernos - EmTempos: Carlos Calvo / A Galiza Natural:João Aveledo / Gastronomia: Luzia Rgues.,Sino Seco / Língua Nacional: Valentim R. fa-gim / Criaçom: Patricia Janeiro / Cinema:francesco Traficante, Xurxo Chirro

DESENhO GRÁfICO E MAqUETAÇOMManuel Pintor, helena Irímia, Carlos Barros

fOTOGRAfIAArquivo NGZ, Sole Rei, Galiza Independente(GZI-foto), Natália Gonçalves, Zélia Garcia

ADMINISTRAÇOMIrene Cancelas Sánchez

LOGÍSTICASuso Diz, José Viana e Daniel R. Cao

AUDIOVISUAL: Galiza Contrainfo

IMAGEM CORPORATIVA: Miguel García

hUMOR GRÁfICOSuso Sanmartin, Pestinho, Xosé Lois hermo,franxo Padín, Ruth Caramés, Pepe Carreiro

CORREÇOM LINGÜÍSTICAEduardo S. Maragoto, fernando V. Corredoira,Vanessa Vila Verde, Mário herrero (A Revista)

COLABORAM NESTE NÚMEROX. Borrazás, B. Bieites, P. Rico, J. Teixeiro, MªRúa, André Rodrigues, Raul Ríos, I. Pavón,Paz Romai, M. Vilas, Zélia Gª, Mª Álvares, X.Miquel, A.R.J., M.B., f.R., A. Rua Nova, Mar-tín Wu, C. Santiago, Dadinho, Julio Vilariño

fEChO DE EDIÇOM: 14/12/2011

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociais in-toleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

aquelas mulheres

Com a voz mui delgada e os olhosmui abertos pola emoçom, venhode ler a outras mulheres o artigode Beatriz Peres publicado no nú-mero 95 do NOVAS dA GAlizA.

Sinto que nos recarregou a to-das a autoestima, pois todas tive-mos de passar por essa escola deentrega à e para a família e paratodo o que lhe andasse por perto.isso que Beatriz Peres chama cul-tura e valoriza tam polo alto faicom que aqueles trabalhos sem re-muneraçom nom caíssem em sa-co roto e poda aflorar o nosso or-gulho e vaidade. Foi pura sobrevi-vencia, com o engadido da arte.Nom se tratava só de abrigar-se ealimentar-se, senom de que todasas tarefas tinham que ter graça, es-tética e funcionalidade... Todo den-tro de umha competitividade quea mesma sociedade se encarrega-va de suster com exigentes pautaspara que ninguém relaxasse.

isso que caiu no lombo de nos-sas avos, sempre depois de umhalonga jornada de trabalho, já fosseno campo ou nas fábricas, compu-nha-se de mais de 5 ou 6 horas detarefas, à luz do candil, ou elétrica.

isso que tu dis propriedade depoucos fai com que agradeçamoso teu olhar sobre aquele tam gran-de sacrifício. E mais, nom quigeraque os meus tataranetos olhassempara a sua avó cansada, mal ali-mentada, socialmente silenciada;rapando, cardando e fiando a lá,para fazer as peúgas e as camisasque, polo artesanal da obra, à se-mana já tinham um buraco. Euvim a minha avó materna a coservestidos sem ter ido nunca apren-der; tecendo, bordando... Todo istoera trabalho de horas perdidas. Sede verdade há mártires, que fôromestas mulheres? Trabalhandonumhas horas sem valor e que tan-to contribuírom para o nosso esta-do atual? Um grande abraço paraelas, apesar de que talvez nunca orecebam. Aquela vida eu nom aquigera para ninguém.

Eilo Parapar

a soluçom à banca: nacionalizaçom

Nós, o povo trabalhador, devería-mos indignar-nos e responder ca-da vez que só nos falassem de sa-near os bancos e de entregar di-

nheiro às maos cheias para quelogo a seguir os diretivos se atri-buam salários e reformas milio-nárias. Após umha injeçom demais de 1.160 milhons para a fu-som das duas grandes caixas, a jábancarizada NCG novamente foirecapitalizada com mais 2.465 mi-lhons de euros extraídos dos afor-ros da classe operária.

Nengum dos políticos, nem umsó empresário, fala nunca da ne-cessidade de investir em empregode qualidade, com salários dignos.

(...) Os altos ex-diretivos aprovei-tam o processo de integraçom parase autoimporem indemnizaçonsmultimilionárias. José luís Pego, 8milhons de euros; Óscar RodríguezEstrada, 7; Gregorio Gorriarán, 5, eJavier García de Paredes, 3,5.

Nom tem sentido ‘atirar’ dessamaneira o dinheiro do sacrificadocontrubuinte. Para que sanear abanca se voltam a estar nas mes-mas? Aonde vam parar os milha-res de milhons de euros de lucro?A banca, ano após ano, sempre tem

fabulosos ganhos. E em época decrise os lucros sempre som maio-res. Aqui está o capitalismo em es-tado puro. Falam de austeridadeenquanto eles roubam às maoscheias com o beneplácito do regi-me e o silêncio da partitocracia.

E para manterem este ritmo deassaltos, à plena luz do dia, e semempregar carapuças nem armas,venhem-nos com mais cortes emserviços básicos como a saúde, aeducaçom ou as prestaçons por de-semprego. Há que ser mais sériose nom deixar que se riam de nós.

A soluçom nom está em injetar-lhe dinheiro, senom em expro-priá-la, expulsar dela um montede ladrons e nacionalizá-la. destamaneira os ganhos investiriam-seem serviços sociais, e quando fos-se preciso colaborar, faria-se.

digamos já chegou! Nom permi-tamos mais cortes, porque enquan-to nos reduzem serviços essen-ciais, eles comem lagostas, bebemVega Sicília e fumam Cohíbas an-tes de saírem nos seus flamantesMercedes. E nom fazemos nada.Mijam por nós e aceitamo-lo.

Telmo Varela FernándezPreso político galego(Cárcere de Dueñas)

Aagudizaçom da crise evi-denciou que os capitais di-tam as pautas que os esta-

dos devem acatar. Ora bem, somos governos que devem executaros seus mandatos, os mesmos quedisponhem das ferramentas paradesenvolverem o exercício do po-der. O sistema político espanhol -auxiliado polos poderes económi-cos, mediáticos e coercitivos- ofe-rece aos seus súbditos duas carasde umha mesma moeda como hi-pótese para a governança do Esta-do, facto que se torna mais tangí-

vel quando quem di representaros de baixo se esforça em protegeros interesses dos de cima.

O Governo zapatero aprovoucom nota máxima os exames aosque o submetêrom os poderes es-panhóis e o capitalismo de hoje.Receitas ultraliberais contra amaioria social, saqueio da autono-mia financeira de naçons como anossa, injeçons de capital sem li-mite para resgatar a banca, recom-pensas e indultos para os seus ges-tores e castigos para as vítimas dasituaçom que eles criárom. E, por

se alguém tivesse dúvidas, os par-tidos que detentam o poder estatalvoltam a advertir-nos que som elesos que tenhem a chave para abrira sua sacralizada Constituiçom aqualquer tipo de reforma.

Na última fase desta legislatura,fiscais e polícias sob obediênciagovernamental, avalizados polopoder judicial, figérom todo o pos-sível por demonstrar que tambémna repressom podem ser tam con-tundentes como os seus competi-dores de jogo. Especialmente con-tra aqueles que desafiam a sua or-

dem. Nos últimos meses intensifi-cou-se o assédio contra militantesindependentistas e dissidentes detodo o tipo, acompanhado por um-ha longa campanha mediática cal-culada que culminou com a deten-çom precipitada de seis pessoas,sentenciadas à partida pola unani-midade dos meios do regime, emparalelo à condenaçom pública decentros sociais e entidades políti-cas que os altofalantes do poder seencarregam de criminalizar.

Entretanto, continua a desenvol-ver-se umha das dinámicas que te-nhem acompanhado a política na-cional das últimas décadas. A exis-tência de um pequeno setor do po-vo que utiliza a violência contra in-

teresses dos que julga inimigos dasua comunidade. Ciclicamente,com maior ou menor intensidade,mas de maneira persistente. Umsetor cuja vontade de quebrar omonópólio do exercício da violên-cia que ostenta o Estado desata es-soutra violência que acarreta pe-nas de prisom e todo o tipo de ma-nobras repressivas, legais e ile-gais, que tenhem sido objeto dedenúncia por parte de organismosinternacionais e entidades huma-nitárias. Contra os focos queameaçam com alterar o seu orde-namento constitucional, para o Es-tado vale todo. Tanto para quematuar dentro da legalidade comopara quem o figer fora dela.

Poderes e dissidênciaseditorial

humor PePe carreiro

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Nestes tempos de desem-prego, repete a direitaque cumpre apoiar os

empresários porque som os quecriam postos de trabalho. Paraadoçar o desvio de fundos públi-cos para o setor privado, a poe-sia neoliberal enfeita a figura he-roica do businessman com a ver-borreia do pequeno empresário,o empregador ou o empreende-

dor. A consideraçom retóricaque lhes é outorgada equivale àde mártires benfeitores que re-nunciam ao sono para dignificaras condiçons de vida dos maishumildes.

A ideia de que som eles os quecriam o emprego, mensagem quea propaganda se esforça por na-turalizar como ponto de partidapara implementar as políticas la-borais, é umha falácia inte-resseira. Os empregoscria-os a dinámica econó-mica onde som necessá-rios, nom saem de nengum-ha cartola e se nom os cria oempresário A criará-os o B. Seos criasse a vontade dos empre-sários nom haveria problema emcriá-los agora.

O emprego cria-se onde sur-ge umha oportunidade de ne-gócio e o negócio é a ocasiomde obter umha mais-valia

valendo-se do controlo da massade capital, dos meios de produ-çom, da informaçom privilegia-da, da maior força relativa frenteà competência e da exploraçomdos trabalhadores e trabalhado-ras por meio do salário, as condi-çons laborais e a chantagem doestado de bem-estar que atua co-mo dique para conter a rebeliomcontra a injustiça e o atropelo.

A crise ensinou-nos que a ri-queza, mais do que criar-se oudestruir-se, circula: as possibili-dades de negócio e de criaçomde emprego som limitadas. daíque a competência entre empre-sários por levar a água à sua lei-ra seja dura. Mas a guerra contraa competência, entre iguais, con-duziria ao desastre; é preferívelum acordo de reparto. Para queeste pacto seja viável sem preju-

dicar as margens há quereduzir os

gastos, e essa frecha aponta sem-pre para o alvo do proletariado:com os trabalhadores nom com-pensa o acordo porque este legi-timaria-os como parte decisivada atividade económica e anima-ria-os a tentar melhorar as suascondiçons de vida, o que afetarianegativamente as mais-valias.

Nesse caminho de pacto dosde riba e pressom contra os debaixo, a desregulaçom laboral eo ataque contra convénios e con-tratos dá origem à discricionari-dade para que os contratadoresfagam o que lhes petar quandolhes petar, ou falando em prata...para au-

mentarem o lucro com base nodespedimento de trabalhadores.Em suma, que tam certo comoque os empresários som os que

criam o emprego é que som osque exploram os trabalhadores eos que destroem o emprego. To-do depende da perspetiva.

O diretor da Citroën em Vigo,Pierre ianni, volta para a França,e vai-se da Galiza com um andelcheio de prémios e reconheci-mentos institucionais. Como re-sumo da sua gestom algunsmeios dim que o homem incre-mentou a produtividade da fábri-ca viguesa em 34 por cento. Paraa multinacional francesa isso éum êxito, nom se discute. Masfalta que os meios galegos enga-dam outro dado: que o fijo combase na reduçom de mais de trêsmil postos de trabalho. Citroëntinha êxito quando contratava etem êxito quando despede. Ci-troën, o capital, tem êxito.Quando a fase de desenvolvi-mento tecnológico e as ajudaspúblicas recomendam contra-tar, contrata. Quando reco-

mendam despedir,despede, por is-

so nas grandes empresas é es-sencial ter um bom liquidador.Contratar é fácil, qualquer umpode fazê-lo, a mera necessida-de, e o que os empresários enten-dem por triunfo coincide mais doque difere com o que os traba-lhadores entendem por fracasso.

Se o reparto da riqueza forjusto e houver bons salários, aatividade económica será

maior e criarám-se empregos.Se o reparto for injusto os es-

peculadores acumularám ariqueza e guardarám-na emparaísos fiscais: o triunfodos empreendedores é ofracasso dos cidadaos.

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

oPiniom

Paróquia de Corregins, Compostela.

Um par de pessoas da Gen-talha tentam dar com a si-tuaçom exata de um pe-

tróglifo situado nessa ladeira domonte do Pedroso. Os dous mili-tantes entram no único bar quehá na zona. Umha mulher atendeo balcom.

–Buenos dias.–Bom dia, andávamos à procu-

ra de uns petróglifos que cremosque há por aqui.

–Uns que? –Uns desenhos gravados num-

ha rocha ao ar livre. Contárom-nosque estavam mui perto de aqui.

–Ah, pois nom sei, um segundo. Um velho via televisom num pri-

vilegiado sofá rodeado de talhos. A mulher berra: –Manuel, tu sabes de umha pe-

dra com desenhos gravados quehá por aqui perto?

–O Cu da Rainha? –Poderia ser...–Subindo esta mesma rua corta

à direita um carreiro, e 200 me-tros mais para diante já a vedes.Mas nom levades ferramentas?

–Ferramentas?–É grande! Assim sem nada

nom a ides poder levar... –Nom queremos levá-la, só

queremos vê-la; é algo importan-te, mui antigo!

–Bueno home bueno! Nem quefosse Atapuerca...

Atapuerca é um importantíssi-mo jazigo onde fôrom encontra-dos fósseis humanos de 780.000anos de antiguidade. “Ali nasceuo primeiro espanhol”, chegou-sea dizer. Atapuerca é fundacional,é a história de todas e todos nós, éa jóia da coroa. Milhons de entra-das no google som boa prova dasua importáncia, toda a gente sa-be disso. É umha das verdades in-questionáveis. Os nossos vizinhosde Corregins podem nom saberonde fica Atapuerca nem o que alihá, mas sabem que é o paradig-ma com o qual deve ser contras-tada a nossa própria realidade.

As gravuras de Corregins somda idade do Bronze e constam de

até sete conjuntos circulares, dediferentes tamanhos. Ninguém asconhece. Muita gente que vive nolugar sabe (ou nom) que estámali, mas nom tem consciência deque Existam.

O nosso vizinho nom desprezao património, nem a cultura, nemsequer a história; sabe que deveser conhecida, estudada, admira-da e difundida. Mas nom qualquerhistória. Só a História dos livros edos jornais. Só o património dosrótulos oficiais e visitas guiadas. Onosso vizinho sabe, porque o na-cionalismo espanhol desenhou in-tensivamente um curriculo vitaloculto, que em Atapuerca as admi-nistraçons investem e investigam.Sabe que há umha história presti-giada que situa Espanha no eixode rotaçom e outra, nossa, galega,que nem tem indicador.

No coraçom da Europa, queri-do Galeano, também há ninguénsque nom som, embora sejam.

Que nom falam idiomas, falamdialetos. Que nom tenhem cultu-ra, tenhem folclore. E que nomaparecem na história universal

senom nas páginas da imprensalocal. Toda a gente sabe isto.

Colocar umha lixeira sobre um-ha rocha com petróglifos, reutili-zar as pedras dos castros para lin-dar leiras, plantar eucaliptos, mal-tratar o território, abandonar ogalego ou desprezar a importán-cia cultural dos magustos e fo-gueiras som lados do mesmo po-liedro; e por isso o trabalho de re-cuperaçom de cada umha dessasáreas deverá ser sentido por nóscomo parte do mesmo movimen-to de regeneraçom. Já pouca gen-te tem dúvidas de que, se a situa-çom da língua ainda é reversível,a mudança só poderá vir da maodo tecido associativo mais cons-ciente e nunca de secretarias ouserviços normalizadores.

O Apalpador voltou a visitar as

casas das crianças galegas por-que todas e todos nós, lá em bai-xo, começamos a puxar dele paracima. Com (precárias) visitas et-nográficas, com tentativas de es-tudos teóricos, com humildes des-files polas ruas das nossas cida-des. E conseguimos começar a re-vitalizar um mito quase esmoreci-do que estava a ser suplantadopor reis magos e pais natais.

Missom cumprida!A reconstruçom da nossa histó-

ria comum, dos nossos mitos, dasnossas festas tradicionais, da nos-sa simbologia nacional tambémvirá da nossa mao. Os petróglifosunem-nos, diferenciam-nos, lem-bram-nos que a terra que hoje pi-samos foi pisada durante milha-res de anos. Um pequeno rótuloque indique a sua localizaçom po-de fazê-los existir de repente, po-de ajudar a pensar.

Sabemos que estas deputaçons,cámaras municipais e conselha-rias nom vam colocar placas nemdecidir orçamentos para a inves-tigaçom antropológica. Teremosque ser nós, as de baixo, nova-mente. E nisso andamos.

Beatriz Bieites e Paulo Rico som

ativistas da Gentalha do Pichel

Nem que fosse Atapuerca!Beatriz Bieites e Paulo Rico

Os novos heróisXurxo Borrazás

Plantar eucaliptos,maltratar o território,abandonar o galegoou desprezar a cultura som ladosdo mesmo poliedro

Com as classestrabalhadoras nom compensa oacordo porque estelegitimaria-as comoparte decisiva daatividade económicae animaria-as a tentar melhorar assuas condiçons devida, o que afetarianegativamente as mais-valias

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Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 201204 acontece

aconteceA assembleia comarcal de Causa Galizaem lugo empreenderá umha campanha,em colaboraçom com o SlG, ligando a rei-vindicaçom da soberania nacional à ali-mentar com a legenda “Governa a tua ca-sa, mantém a tua terra”.

Pola soberania alimentar em luGo

O Tribunal Permanente dos Povos con-cluiu que a Monsanto, dow, Basf, Bayer,Syngenta e duPont som responsáveispor “crimes contra a humanidade”. Acondenaçom simbólica parte da Rede deAçom internacional contra Praguicidas.

denunciam emPresas aGroquímicas

10.11.2011 / Polícia nacional es-panhola apodera-se de expe-dientes de obras e contrata-çons na Deputaçom de Lugo.

11.11.2011 / Tribunal de Instruçomnº 2 de Ponte Vedra arquiva adenúncia por prevaricaçomcontra o vereador de FacendaRaimundo González, do BNG.

12.11.2011 / Centenas manifes-tam-se em Compostela para re-clamarem que se mantenha omercado de gado de Ámio.

13.11.2011 / Coordenadora Eco-logista das Astúrias denunciairregularidades do parque eólicoprevisto por Iberdrola em Regode Sebes (Vila Nova de Oscos)e solicita a sua paralisaçom.

15.11.2011 / Conselheiros dePresidência e Indústria abando-nam o hotel de Ferrol pola portatraseira para nom se encontra-rem com protesto do naval.

16.11.2011 / CCOO denuncia queos centros de menores levam

desde setembro sem receber adotaçom económica da Junta.

17.11.2011 / Trabalhadores decontratas bloqueiam durantehora e meia o acesso principalà Casa do Concelho de Vigo.

18.11.2011 / Ocupam a Sala Ya-go de Compostela para a con-verterem num “espaço culturallibertado”.

19.11.2011 / Bueu amanhece, najornada de reflexom, adornada

com bonecos com as mensa-gens “sobra mês ao final do salá-rio” ou “cultura dos políticos lixo”.

20.11.2011 / PP supera, com 264votos, 50% dos votos emitidosnos 315 concelhos da Comuni-dade Autónoma Galega.

22.11.2011 / Guillerme Vázquezanuncia que vai pôr o cargo àdisposiçom do BNG.

23.11.2011 / Javier M. Blanco, daGuarda Civil de Lugo, é conde-

nado a indemnizar com 15.000euros por difamaçom, a juízado sumário sobre as multas detránsito e dous mandos.

24.11.2011 / TSJG admite a trámi-te o recurso da Comissom polaRecuperaçom da Memória His-tórica em defesa do acordo queretirava a Millán Astray o títulode "filho predileto" da Corunha.

25.11.2011 / Segundo dados deCáritas, mais de 4.000 pessoasvivem na rua na Galiza.

cronoloGia

Detençons de independentistas provocamespetáculo mediático e geram solidariedade

oPerativo diriGido Pola audiência nacional ordena Prisom Preventiva Para quatro ativistas

NGZ / A operaçom dirigida polaAudiência Nacional contra in-dependentistas foi contestadaem Compostela no passadodia 11 de dezembro através deumha manifestaçom em que250 pessoas secundárom aconvocatória de Ceivar. Denun-ciavam a violaçom de direitosindividuais e coletivos e mos-travam a sua solidariedadecom as seis pessoas detidas,quatro das quais permanecemem prisom preventiva em dife-rentes cárceres de Madrid.

A detençom de Eduardo Vigo num-ha portagem da AP-9 em Padromdava origem na manhá do dia 30de novembro a um amplo operati-vo da Polícia espanhola contra in-tegrantes da suposta “organiza-çom terrorista” Resistência Gale-ga. O viguês Roberto R. Fialhega,conhecido como ‘Teto’, foi detidono seu lugar de trabalho, enquantoJéssica Rodrigues e Catalina Alon-so recebiam nos seus domicílios dacidade olívica os efetivos policiaisà tarde. Sob aplicaçom da legisla-çom antiterrorista começavam operíodo de incomunicaçom.

Conforme a informaçom divul-gada por fontes policiais, Vigo por-taria no seu carro três engenhoscom um total de 5,8 kgs. de explo-sivos no seu interior enquanto noregisto da casa de Fialhega locali-zariam umha pota com 3,2 kgs. de

substáncias por determinar. Sebem que inicialmente os meios alu-dissem à presença de dinamite,pólvora e cloratita nas bombasconfiscadas, o comunicado policialapenas referencia o genérico “ex-plosivos” no parte divulgado.

Entre a documentaçom que a Po-lícia teria localizado nos registosde Vigo estariam quatro cartas deconduçom falsas, duas delas comfotografias dos varons detidos e ou-tras duas que estariam vinculadasa Maria Osório e Antom Santos,militantes que fôrom detidos emlugo na noite de 2 de dezembro.

Liberdade para duas das detidas e prisom preventivaNo dia 3 de dezembro, depois deter sido incomunicada ao longo detrês dias, Catalina Alonso era pos-ta em liberdade sem acusaçons, jáem Madrid. Por sua vez, JéssicaRodrigues era libertada sem fian-ça mas com cargos de “pertença abanda armada” depois de compa-recer perante o magistrado EloyVelasco no dia 5 de dezembro, amesma data em que os demais ati-vistas eram transferidos das de-pendências da Audiência Nacio-nal para a prisom de Soto del Real.

Os três galegos e a galega encar-cerados viam prolongada a sua in-comunicaçom após terem sido pos-tos a disposiçom judicial, situaçomque concluiria dous dias depois.Fontes da defesa afirmam que Ve-

lasco nom teria logrado as provasque procurava depois dos registose os interrogatórios, polo que teriaoptado por prolongar a incomuni-caçom com o objetivo de conseguirdeclaraçons de inculpaçom.

No dia 8 começava a dispersom:‘Teto’ Fialhega foi transferido parao cárcere de Estremera, AntomSantos para o de Aranjuez eEduardo Vigo para Navalcarnero,enquanto Maria Osório ficou naprisom de Soto del Real. Osório eSantos estám imputados por per-tença a banda armada e falsifica-çom de documentos públicos, en-quanto Vigo e Fialhega somam aestas as acusaçons de posse de ex-plosivos e tentativa de estragos.

Espetáculo mediáticoA operaçom policial incluiu regis-tos nas casas das pessoas detidase nos centros sociais Arredista deCompostela e A Revolta de Vigo.No caso do apartamento do viguêsRoberto R. Fialhega, os agentesda Polícia espanhola procedêroma cortar a rua ao tránsito, no bair-ro de Valaídos, sem que se tenhaconstáncia dos motivos que o pro-vocárom. No lugar compostelanode Angróis tivo lugar um registoda casa natal de Eduardo Vigo.Um dia depois, as cámaras da Te-levisom da Galiza filmárom o do-micílio contra a vontade dos seusfamiliares, o que provocou con-frontos entre a mae do detido e o

operador de cámara, que fôromposteriormente exibidos pola emi-sora pública. O mesmo canal des-contextualizou declaraçons deumha militante de Ceivar atri-buindo-lhe a afirmaçom de que osmilitantes detidos pretendiam co-meter um atentado.

Em relaçom aos registos dosdous centros sociais, em nengumcaso foi requerida a presença depessoas titulares dos imóveis ouresponsáveis dos locais, requeri-mento necessário legalmente paraa realizaçom de umha intervençomdeste tipo. Os centros sociais vigue-ses Bou Eva e Faísca tivérom aolongo da tarde carros policiais pe-rante as suas portas, assim comotambém o ponte-vedrês da Revira.

SolidariedadeAs mostras de apoio às pessoas de-tidas começárom nos mesmos diasdas detençons com concentraçonsespontáneas, seguidas pola pre-sença de dúzias de pessoas solidá-rias durante os registos.

Entre os coletivos que emitíromcomunicados de denúncia encon-tram-se a AMi, Nós-UP, OlN, Mo-vimento pola Base, Primeira li-nha, FPG, PCPG, PCPE, Adiante,Escola Popular Galega, Briga, Fó-rum de Unidade Comunista, oscentros sociais Mádia leva, Gen-talha do Pichel e A Revolta; a As-sociaçom Galega de Historiado-res, as Redes Escarlata, Esculca,

CONCENTRAÇOMperante A Revolta durante o seu registo

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

O Ateneu de Madrid concedeu o Prémio Nicolás Sal-merón de direitos Humanos deste ano à ativista galegalGBT laura Bugalho dentro da categoria de liberda-des Sexuais. Reconhecem-lhe a “sua coerência e deter-minaçom na hora de reivindicar o direito à livre deter-minaçom da própria identidade”.

Prémio nicolÁs salmerón Para laura buGalho

A Universidade de Santiago deixará sem trabalho a maiorparte do professorado e equipas de investigaçom dos pro-gramas Parga Pondal e Ramón y Cajal, depois de que osseus responsáveis se recusassem a estabelecer negocia-çons. Afetados e pessoas solidárias concentrárom-se pe-rante a Reitoria no passado dia 9 de dezembro.

desPedimentos na investiGaçom da universidade comPostelana

26.11.2011 / Plataforma Cidadáque Voltem à Casa calcula em64.000 euros por ano o gastoda dispersom penitenciária aosfamiliares e amigos dos presosindependentistas.

27.11.2011 / Pais, maes e aluna-do da escola secundária daIlha de Arouça viajam até Com-postela para exigirem melhorasno centro.

28.11.2011 / Sem teito de 60anos morre de frio na rua de

Santo André, na Corunha. Dousdias depois morre um outro napraça de Sam Cristovo.

29.11.2011 / Perceveiro falece aocair ao mar em Sorrizo, Arteijo.

01.12.2011 / Martinsa-Fadesa ea Cámara de Minho assinamnovo contrato para proceder àlegalizaçom da macrourbaniza-çom Costa Minho em Perbes.

02.12.2011 / Associaçom Gale-ga para a Defesa da Saúde Pú-

blica denuncia perante o Vale-dor do Povo a possível incons-titucionalidade dos novos re-quisitos da Junta para acede-rem à assistência sanitária aspessoas sem recursos.

03.12.2011 / Em liberdade semcargos umha das detidas emVigo, depois de passar trêsdias incomunicada e de ter si-do transferida a Madris.

04.12.2011 / Desigualdade entrericos e pobres alcança o nível

máximo em 30 anos, segundoum relatório da OCDE.

05.12.2011 / Conselheiro doMeio Ambiente e Infraestrutu-ras, Agustín Hernández, anun-cia que o Irijo vai acolher a no-va incineradora de lixo.

06.12.2011 / Causa Galiza mani-festa-se em Ferrol contra aconstituiçom espanhola. A dia3, Nós-Uidade Popular realizaraum ato contra esta norma namesma cidade.

07.12.2011 / Estaçom de auto-carros de Lugo é desalojadaapós umha falsa ameaça debomba. Posteriormente dete-nhem dous jovens.

08.12.2011 / Compostela inau-gura a segunda escultura deum papa em menos de um ano.

09.12.2011 / Dous mercanteschocam a 125 milhas da Estacade Bares sem se produziremferidos. Som resgatados setemarinheiros.

cronoloGia

NGZ / O conselheiro do MeioAmbiente Agustín Hernándezanunciou a renovaçom da Au-torizaçom Ambiental integradapara a fábrica de pasta de pa-pel Ence por quatro anos e con-sentirá que a poluente Elnosase mantenha nesta área indus-trial da ria de Ponte Vedra até olimite que lhe permitem as nor-mativas da Uniom Europeia.

Em virtude da decisom admi-nistrativa, a Ence ficará na riaaté finais de 2015, se bem quedisponha de dous anos mais nasua concessom sobre o domí-nio público, polo que o conse-lheiro contempla a possibilida-de de manter a fábrica até 2018.

No caso da Elnosa, que em-prega sistemas obsoletos e alta-mente poluentes para a produ-

çom de cloro com a utilizaçomde mercúrio, as diretivas am-bientais europeias prevém o en-cerramento de todas as indús-trias deste tipo para antes de2014, a mesma data que mencio-nou Hernández, se bem que ob-viasse referenciar os mandatoscomunitários para contextuali-zar a data de ponto e final queforçará o desmantelamento.

Renovaçom da licença permitiráà Ence continuar na Ria até 2018

elnosa tem jÁ os dias contados Por diretrizes da ue

Setores afetadosrejeitam projetode Lei de MontesNGZ / As entidades ecologistas re-presentadas no Conselho Flores-tal, a Organizaçom Galega deMontes em Mao Comum e o SlGrejeitárom o rascunho de lei deMontes que tornou público a Jun-ta da Galiza. Criticam a falta dediálogo com os setores afetadose interessados antes da sua ela-boraçom, e alegam que promovea desregulaçom dos montes, fa-vorece a especulaçom e está en-caminhada a favorecer os inte-resses das madeireiras e as em-presas energéticas.

A Adega publicou um comuni-cado em que considera que a pro-posta de lei “deixa nos mercadose na opçom individual a especu-laçom da gestom da terra”, poloque se evita enfrentar a proble-mática do abandono do mundorural. Questionam que sejamabertas as portas à rebaixa legaldos montes comunais ao “mini-mizar a tutela jurídica da Admi-nistraçom”, equiparando-os aosmontes privados.

A associaçom ambientalistapropom integrar na lei parágra-fos relacionados com a “partici-paçom pública, a custódia do ter-ritório, a multifuncionalidade, aeducaçom ambiental ou a com-pra responsável de produtos eserviços no monte”, aspetos quenom som considerados no rascu-nho do texto legislativo que po-derá aprovar o PP graças à suamaioria absoluta.

Acusam a Junta de servilismo à empresaNo entanto, a permanência docomplexo da Ence está tambémsujeito ao desenvolvimento deumha sentença da AudiênciaNacional que abriu caminho aum expediente de caducidade.A Associaçom pola defesa daRia prevê levar ao Tribunal Su-

premo a apelaçom que tinhaapresentado contra as avaliza-çons ambientais que permitirama renovaçom dos permissos em2008 e recorrerá perante o Tri-bunal Superior de Justiça da Ga-liza as novas aprovaçons.

O presidente do coletivo, An-

tón Masa, considera que “é aEnce a que se impom à Juntapara que se mantenham os cri-térios”. No fecho desta ediçom,a empresa desafiava as institui-çons autonómicas anunciandoque nem em 2018 estariam dis-postos a abandonar a Ria.

assim como pessoas a título indi-vidual que publicárom artigos emdiferentes meios. No ámbito in-ternacional mostrárom a sua soli-dariedade as organizaçons juve-nis catalás Maulets e CAJEi, a in-ternacionalista basca Askapena ea claque bilbaína Herri Norte, Na-ción Andaluza, Red Roja, Yesca eizquierda Castellana.

Antom Santos, redator do NOVAS DA GALIZA

Antom Santos Pérez é membro doConselho de Redaçom do Novasda Galiza e o responsável da suaseçom de desportos. Militante in-dependentista, introduziu-se noativismo durante a segunda meta-de da década de 90 através do mo-vimento juvenil. Participou em di-ferentes organizaçons políticas ena atualidade era sócio do CentroSocial Mádia leva, membro daComissom de Memória Históricada Gentalha do Pichel e do coleti-vo de montanha Águas limpas,colaborador da OlN, assim comoredator do meio digital Galizali-

vre.org e um dos impulsionadoresda Escola Popular Galega.

No ámbito académico é doutorem História e autor da tese ‘Terraa Nossa! discurso e identidadeAgraria na Galiza Moderna (1875-1936)’ e do trabalho de investiga-çom ‘Conflitos sócio-ambientais emonte comunal. A comarca deSárria no Primeiro Franquismo(1939-1945)’. Publicou junto aohistoriador Uxio-Breogán dié-guez umha biografia de AntomMoreda. Foi professor na faculda-de compostelana, se bem que re-nunciasse posteriormente à possi-bilidade de continuar a docênciauniversitária. Na atualidade exer-cia como professor particular.

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O IGADI cumpre duas décadas.Achades que os objetivos comque nacestes em 1991 fôromcumpridos?A motivaçom inicial parte da ne-cessidade de tomar conta das mu-danças que se estavam a produzire tentar aproveitá-las para univer-salizar o país. O processo de evo-luçom do mundo, com velocidadevertiginosa, nom chegou aqui;houvo mudanças mui intensasnos últimos 20 anos, mas a Galizacontinua a estar estagnada, quan-do nom recua. A açom exterior,um dos aspetos fundamentais dareflexom do iGAdi, é ainda umhamatéria pendente. Nom só falo doGoverno, senom também da so-ciedade civil, de todo o tipo de ato-res. Continua a ser de segundo ní-vel, quando deveria fazer partemui importante da agenda políti-ca e social do País. Neste sentido,é um repto ainda a enfrentar.

Desde o vosso nascimento, ana-lisades a realidade internacio-nal partindo da Galiza. Está va-lorizado o vosso trabalho?Temos claro que a Galiza é umpaís do mundo, e o que nós pode-mos fornecer à sociedade inter-nacional é o que somos, exercen-do como o que somos. Por isto sópodemos estar cá, mas com umpé dentro e outro fora. Quandonós falamos de projetar e com-preender o mundo partindo do‘aqui’, estamos a aludir a essa du-pla dimensom: estar no mundosignifica que podemos acompa-nhar os processos, as tendênciasque se dam a nível internacional,e fornecer cousas que nos pare-cem significativas e que nos po-dem singularizar. Nom sei se istose valoriza: acho que há setores ecoletivos que estám mais penden-tes, tanto dentro como fora dopaís, mas a nossa efetividade émui desigual. A limitaçom dos

meios dificulta que podamos inci-dir na política, na economia, nacultura, no ámbito social... Cá, ainformaçom internacional é muipouco cuidada, e onde nom hápreocupaçom por aqueles factosque podem ser de interesse, é di-fícil incidir. A nossa tarefa é sem-pre a longo prazo, umha corridade fundo onde nom podes pla-near objetivos ambiciosos a curtoprazo. Há que visualizar os obje-tivos num horizonte realizável epartindo da ideia de que nuncapodes dar nada por conseguido, eque mesmo pode haver recuos.isto último é o que está a aconte-cer na açom exterior da Galizanos dias de hoje, mesmo em rela-çom a assuntos que pensávamosque estavam consolidados.

Falavas dos media como incapa-zes de tratar adequadamente ainformaçom internacional. Co-mo explicarias isto?Há muitos fatores: primeiro, a fal-ta de interiorizaçom por parte dosmeios de comunicaçom galegosem relaçom a quais som os temasou ámbitos estratégicos da Gali-za, aqueles a que haveria queprestar atençom, como Portugal,por exemplo; e a seguir a qualida-de da informaçom internacionalcostuma ser bastante baixa, por-que há muito material de agên-cias e poucos correspondentes fo-ra a elaborarem informaçom pró-pria, e todo isto acaba por reper-cutir na própria qualidade. Podeser que setores importantes daopiniom pública nom pidam in-formaçom internacional, porquenom existe consciência da impor-táncia que esta pode ter, nom ape-nas em termos gerais, senom pa-ra o desempenho básico dos inte-resses económicos do país. Porexemplo, muitos galegos e gale-gas, que sabem quem é Obama,nom sabem quem é o presidente

de Portugal. Pode ser que nomexista umha consciência social,mas os meios deveriam ir pordiante desta realidade, já que somum serviço público, e devem ofe-recer às pessoas as chaves inter-pretativas mínimas como parapoder avançar na compreensomdo mundo. Outro fator que influié a precarizaçom que vive a pro-fissom: a informaçom internacio-nal requer especializaçom, nomse pode contar com umha pessoaseis meses para depois lhe dizerque se vaia. Também acho queoutro fator é a falta de análise:fam-se análises medíocres, e ocampo internacional é um aspetoda informaçom que requer muitainterpretaçom, contextualiza-çom, destaques. Por outro lado, édifícil fazer isto em galego por-que nos meios continuam a pen-

sar que em galego só se pode es-crever sobre literatura, e nom so-bre “temas sérios”, como a políti-ca internacional.

A capacidade de atraçom atra-vés de fatores económicos e cul-turais (o denominado poderbrando) estám a converter paí-ses como a China em potên-cias... É umha tendência, oupensas que a capacidade coerci-tiva ainda é determinante? No caso da China, o conceito de‘poder brando’ é novo, da diplo-macia que venhem promovendodesde há anos, ao compreende-rem que nom chega com a expor-taçom, senom que nas relaçonsinternacionais se pode incidir pormeios culturais. Para exercer in-fluência necessita-se de umhamarca própria, um Hollywood. Eaí a China tem um handicap de-terminante: que a sua cultura é co-mo de outro planeta para Ociden-te; desconhecida e, portanto, in-compreensível. Para dá-la a co-nhecer e empregá-la como ele-mento para rebaixar essa teoria

da ameaça necessitam de realizarum grande esforço que ainda estáa começar. O percurso que temneste ámbito ainda é mui grande.Tem limites importantes que te-nhem a ver com a sua língua e tra-diçom, e requer-se mais de umhageraçom para que sejam supera-dos em Ocidente, além de ser pre-ciso muito dinheiro. Em termosglobais nom podemos dizer queseja umha potência agressiva, co-mo os EUA, já que nunca foi. Ago-ra mesmo precisa muito do exte-rior, desde petróleo até recursosminerais, mesmo terras, e todo is-to numha circunstáncia históricanova onde as mudanças políticasincidem na viabilidade das suasestratégias. Pensemos na líbia,onde a China tinha investidosmais de 20 mil milhons de dóla-res, e onde havia 40 mil chinesesa trabalhar, quando começou a“intervençom humanitária” daNATO. isto está obrigando a di-plomacia chinesa a refletir sobrea conveniência de manter essa li-nha de nom interferir ou adoptaro que chamam a inteligência di-plomática, que implica tentar sal-var no exterior os seus interessesestratégicos. Há umha incógnitasobre qual será o seu comporta-mento, na medida em que vai de-pender mais para garantir a suamodernizaçom, do aprovisiona-mente exterior? Muitos compor-tamentos ocidentais dos últimosanos podem perceber-se na medi-da em que existe o risco de que aChina poda chegar a ser a primei-ra potência económica do mundo,e isso significa derrubar o impérionorte-americano: se calhar, oci-dente está a incidir naqueles pon-tos (Síria, irám, Venezuela ou lí-bia...) onde existe umha relaçompolítica e económica mais intensacom a China, e é aí que se atua pa-ra delimitar o processo de emer-gência deste país. Onde nom hádebate é no emprego do poderbrando: continua a haver consen-so sobre as políticas de difusomda cultura própria para dar-se aconhecer no mundo ocidental. Pa-ra eles isto é umha questom vital.

06 acontece Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

“Nom há consciência sobre a importánciade trabalhar a projeçom exterior da Galiza”

xÚlio rios é Presidente do instituto GaleGo de anÁlise e documentaçom internacional

O cardeal-arcebispo de Madrid, Antonio María RoucoVarela, fijo um chamamento para que a “lei de deusvolte a ser um órgao decisivo na açom e nas atividadespúblicas que nos afetam”. Aludiu a que asdificuldades atuais estám relacionadas com a “renúnciaa viver de acordo com a graça e o amor de deus”.

rouco mestura reliGiom e assuntos PÚblicos

Carlos Silva, até agora técnico de programas do institu-to Galego de Promoçom Económica, foi cessado en-quanto trascendia no diário El País que concedeu aju-das de até sete milhons de euros a empresas da sua mu-lher. Tinha sido cessado recentemente de outro cargopor estar imputado na Operaçom Campiom.

cessam carGo do iGaPe que subsidiou emPresas da mulher

ANTÍA RODRÍGUEZ - DANIEL R. CAO / Umha das instituiçons referenciaispara a compreensom da realidade global nasceu na Galiza há 20anos: o Instituto Galego de Análise e Documentaçom Internacio-nal (IGADI). O NOVAS DA GALIZA falou com o seu presidente, XúlioRios, sobre o trabalho levado a cabo por esta fundaçom.

“O auge chinês podederrubar o impérionorte-americano”

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NGZ / A política de cortes da Jun-ta nos serviços sanitários vaiacumulando vítimas nas últimassemanas. laços Pró Solidarieda-de – Comité AntiSidA de Ferroldenunciou recentemente trintacasos de pessoas em situaçomde precariedade económica eafetadas polo ViH que ficáromsem assistência sanitária públicanos últimos por culpa do blo-queio do seu cartom sanitário.Carlos Varela, porta-voz do Co-mité AntiSidA, denunciou nodia internacional contra a SidAque na Galiza apenas ficam dous

apartamentos de acolhimentopara os doentes deste vírus, e adiscriminaçom por razons de na-cionalidade no que di respeito aoatendimento médico: só quatrocentros em todo o Estado con-centram 80% dos transplantes,sendo os problemas hepáticos aprimeira causa de morte para aspessoas afetadas polo ViH. Tam-bém criticou duramente que aspessoas contagiadas nom po-dam suscrever seguros de vidaou hipotecas, e que tenham tra-vas administrativas para acedera umha morada pública.

NGZ / Três pessoas sem teito fa-lecêrom enquanto dormiam nasruas da Corunha em dez dias, en-tre finais do mês de novembro ecomeços de dezembro. Um delespernoitava na praça de Sam Cris-tovo, outro na entrada de um co-mércio da rua Santo André e oúltimo nas obras de um prédio nolugar de Vionho. À falta dos re-sultados das autópsias, todoaponta que o frio e a falta de cui-dados sanitários estám entre ascausas dos falecimentos.

Os partidos com representaçomno Concelho da cidade herculinareclamárom mais vagas para osalbergues e normas menos estri-tas nos mesmos com o objetivo deque as pessoas que dormem nasruas o podam fazer em lugareshabilitados para os acolher.

Por sua vez, Cáritas de Com-postela denunciou que som jácerca de duzentas as pessoasque pernoitam nas ruas da capi-

tal galega, boa parte delas noponto de embarque da rua JoámXXiii e na estaçom de autocar-ros. A entidade assistencial reli-giosa assinala que os dados de2011 implicam um incrementode um terço de pessoas sem teitoem relaçom ao ano anterior, emque foram 150 as pessoas conta-bilizadas a pernoitar nas ruas.

A Candidatura do Povo assina-lou que se trata da "outra cara do

modelo de cidade construído polasinstituiçons", motivado polo "cres-cimento continuado do desempre-go, a precarizaçom e a pobreza".

Cáritas estima que em toda a dio-cese compostelana, que vai da Co-runha até Caldas, há neste momen-to por volta de duas mil pessoas"sem lar e sem recursos para cobriras suas necessidades primárias".

Segundo os seus dados, mais de4.000 pessoas vivem na rua.

07aconteceNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

A única abóbada castreja que se mantém em pé naGaliza, a do Castelom na Fonsagrada, está em peri-go de derrube. investigadores do património adver-tem que a meteorologia ou a própria fauna da zonapoderiam fazê-la cair, polo que reclamam umha in-tervençom urgente nesta construçom.

em PeriGo a Última abóbada castreja

A Audiência Provincial de las Palmas condenou a umano e oito meses de prisom o armador pirata de Ribeira,Antonio Vidal Pego, por ocultar que a carga de um dosseus barcos provinha de águas protegidas e tinha sidoavistado por autoridades australianas. A atividade da suatrama foi analisada no passado número do NOVAS.

nova condenaçom contra a armadora Pirata de ribeira

Até trinta pessoasafetadas polo VIH ficamsem assistência médica

Mortes de pessoas sem laralarmam sobre a pobreza

mais de 4.000 Pessoas vivem na rua na Galiza seGundo cÁritas

NGZ / O presidente da Junta Nú-ñez Feijóo declarou numha en-trevista em intereconomia queestá a estudar a imposiçom decobros polas comidas, o uso dacama ou os duches nos hospitaispúblicos, isto é, polo que consi-dera “prestaçons nom sanitá-rias”. Assinalou que se trata deserviços “polos quais umha pes-soa em cada casa tem um gasto”.

A Associaçom Galega para adefesa da Sanidade Pública de-clarou que a assunçom desta me-dida significaria um “grave aten-tado contra a equidade” por “di-ferenciar” pacientes em funçomdo seu poder aquisitivo. Julgamque é “impossível” diferenciarentre serviços sanitários e nomsanitários na assistência a doen-tes, já que a “limpeza, esteriliza-çom, higiene ou alimentaçom”som tam importantes como as ta-

refas de diagnóstico ou as tera-péuticas. Entendem que se tratade um aviso para navegantes queimplicaria “outro passo mais” naintroduçom do copagamento pa-ra o acesso à saúde pública.

Estudam cobrar polasestadias nos hospitais

centros sociaisaguilhoarS. Marinha · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

atreu!S. José · Corunha

aturujoPrincipal · Boiro

cso bairro do curaBairro do Cura · Vigo

a.c. bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

a casa da trigaP. Maior · Ponte Areias

casa dos caracoisAvda. da Igreja, Arca · Pino

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

a cova dos ratosRomil · Vigo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

henriqueta outeiroQuir. Palácios · Compostela

cs lume!Gregório Espino · Vigo

mádia levaAmor Meilám · Lugo

csa la madriguera del oso PardoR. México · Ponferrada

cso PalaveaPalaveia · Corunha

o PichelSta. Clara · Compostela

o PincheGalerias do Couto · Ourense

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

csoa o salgueirónZona Massó · Cangas

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

tarabelaDonramiro, 17 · Lalim

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

csa xogo descubertoR. Salvaterra, Coia · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

As diferenças entre riqueza e pobrezavoltam a níveis da década de 80A distáncia que separa as pessoas ricas das pobres volta a níveis de hátrinta anos nos Estados mais desenvolvidos, aqueles que fam parte daOrganizaçom para a Cooperaçom e o desenvolvimento Económico(OCdE). Os dados reais som mais preocupantes que os tornados pú-blicos por este organismo, pois partem das mediçons realizadas em2008, antes da agudizaçom da crise. Afetam mesmo países apresenta-dos como igualitários como a Alemanha, dinamarca e Suécia.

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Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 201208 acontece

NGZ / No dia contra a ViolênciaMachista o feminismo galego saiuàs ruas das diferentes cidades dopaís para mostrar a sua rejeiçomdo sistema patriarcal. Para alémda tradicional manifestaçom do25 de novembro, tivérom lugar ou-tros atos que denunciárom a situa-çom das mulheres. Na tarde do dia24 os coletivos feministas da Co-runha ocuparam a Praça de lugocom o objetivo de contrainformare denunciar a “hipocrisia institu-cional”, contando com diversasatividades, informaçom sobre oscortes nos serviços públicos, abai-xo-assinados, e umha palestra so-bre autodefesa para mulheres.

Já no próprio dia 25, ativistasda Assembleia de Mulheres doCondado (AMC) distribuírom porPonte Areias um manifesto con-

tra do terrorismo machista, en-quanto as jovens de Briga instala-vam em Compostela umha “dianafeminista” no pub zapato Baixo.Moças da mesma organizaçomprojetárom no C. S. lume! (Vigo)o filme As Horas, de VirginiaWolf. Com o lema “Emancipar-mo-nos!”, Adiante organizou um-has jornadas nos dias 25 e 26 nacidade de Ourense onde se desen-volvêrom palestras, um concerto,e o Recital contra a Violência Ma-chista, que a organizaçom tem es-tado a realizar nos últimos anos.Ainda no dia 25, a Secretaria deMulheres da CUT organizou umato de apresentaçom do trabalhorealizado pola Marcha Mundialdas Mulheres no C.S. Bou Eva. AMarcha Mundial das Mulheres or-ganizou em Compostela umha

charla com a jornalista Mª XoséPorteiro sobre o tratamento daviolência machista nos meios, pa-ra além de um obradoiro de Tea-tro da Oprimida e a apresentaçomde duas curtas que mostrárom ca-ras diferentes da violência ma-chista. A mesma entidade reali-zou duas performances feminis-tas em Ourense e instalou em Vi-go um ‘Museu interativo contra aviolência machista’.

Já no dia 26, a Rede Feministarealizou, como todos os anos, um-ha açom na capital galega. destavez, ativistas deitárom-se na Praçado Pam cobertas com mortalhas,imitando os corpos das mulheresassassinadas e tentando que a so-ciedade reflita sobre um problemaque afeta, de umha forma ou ou-tra, a totalidade das galegas.

Feminismo volta às ruas no 25-Ncontra a “hipocrisia institucional”

mobilizam-se em diferentes Pontos contra aGressons de Género

NGZ / Ao longo deste ano a vio-lência machista gerou já mais de1.100 ordens de proteçom na Ga-liza, e segundo dados de CCOO,por volta de 75.000 mulheres so-frem assédio sexual. No que di

respeito às mortes por maus tra-tos, três fôrom as vítimas no paísdurante este ano; a terceira de-las apenas três dias antes do fe-cho de ediçom deste NOVAS dA

GAlizA. Trata-se de umha mu-

lher de 38 anos residente emCarral, apunhalada polo seucompanheiro quando se encon-trava no posto de trabalho. Opresidente da Cámara Municipaldeclarou que o agressor “estavaum tanto abandonado; estava nodesemprego, bebia…”. O femi-nismo contestou nas ruas estenovo episódio machista.

Violência machista

NGZ / Para além de mostrar-sepublicamente contra o uso do ga-lego em atos oficiais, os alcaldesdo PP de Compostela –GerardoConde Roa– e da Corunha –Car-los Negreira– recusam-se inclu-sive a usar os topónimos oficiaisgalegos, segundo denunciou aMesa pola Normalizaçom lin-güística (MNl). Na recente inau-guraçom do trecho galego doTAV, estes alcaldes, já conheci-dos publicamente pola sua ad-versom ao uso da língua própria

da Galiza, utilizárom o espanholnos seus discursos protocolarese mesmo empregárom formasdeturpadas dos nossos topóni-mos. O portavoz da MNl CarlosCallón, assinala que mesmo o re-presentante do governo espa-nhol usou o galego nas suas in-tervençons e considera deplorá-vel que os alcaldes do PP “sejamincapazes de manter umha pos-tura minimamente institucionalde respeito à língua galega e à le-gislaçom que a protege".

Alcaldes de Compostelae Corunha manifestamdesprezo polo galego

NGZ / Apesar da crise, algumhasconselharias continuam a repar-tir dinheiro entre determinadoscabeçalhos sem concursos, ape-nas valendo-se das campanhasinformativas autorizadas polo ar-tigo 3 da lei de publicidade e co-municaçom institucional, quepermite difundir diretamentepropaganda sem mediarem cri-térios objetivos ou públicos.

O último caso foi o da Conse-lharia do Mar, departamentoque dirige Rosa Quintana, quedistribuiu 395.000 euros entreseis grupos de comunicaçomempresarias através de seis con-

vénios. desta vez recebêrom odinheiro La Voz de Galicia

(120.000 euros); Faro de Vigo

(100.000 euros); El Progreso delugo (75.000 euros); Editorialla Capital, que edita El Ideal

Gallego (30.000 euros); Edito-rial Compostela, que edita El

Correo Gallego (30.000 euros);e Rías Baixas Comunicación,grupo empresarial que editaAtlántico Diario (20.000 euros).

Con esta prática habitual daJunta, o cabeçalho corunhês La

Voz de Galicia já tem recebido,através de seis convénios,420.000 euros ao longo deste ano.

Conselharia do Martambém subvenciona os media ‘a dedo’

Sindicatos do ensinomantenhem mobilizaçonsNGZ / A representaçom sindicaldo professorado galego acordouno passado dia 30 de novembrocontinuar a mobilizar-se em de-fesa do ensino público. A ordemda Conselharia da Educaçom de23 de junho passado implicouumha imposiçom na modifica-çom de horários e novas fun-çons como a vigiláncia do alu-nado transportado. A esta or-dem uniu-se a reduçom drásticado pessoal docente -em mais de1.000 professores e professoras-

dentro de um ambiente de ata-que mediático e desprestígiocontra a profissionalidade do-cente promovido por cargos po-líticos de Educaçom. Os sindi-catos prevém que os cortes noensino público aumentarám nospróximos orçamentos de 2012 equerem manter a pressom sin-dical para o impedir.

Estám convocadas concentra-çons no dia 15 de dezembro emtodas as escolas primárias e se-cundárias do país.

AÇOM DA REDE FEMINISTAna zona histórica de Compostela

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

NGZ / Coincidindo com o aniver-sário da constituiçom española,o independentismo galego vol-tou a manifestar-se pola autode-terminaçom e contra o quadrojurídico-político espanhol. destavez, tanto a Causa Galiza comoNós-UP escolhêrom a cidade deFerrol para os seus atos.

Causa Galiza manifesta-senas ruas de FerrolNo próprio dia 6 de dezembro,Causa Galiza juntou mais de umcento de pessoas numha mani-festaçom que sob a legenda “AConstituiçom é umha fraude”percorreu as ruas que vam dapraça do Hino Galego ao Cantomde Molins. Além da reivindica-çom autodeterminista, comemo-rou-se o 40 Aniversário das luitasoperárias de 1972, nas quais per-dêrom a vida os sindicalistas ga-legos daniel e Amador, às maosda polícia espanhola. A deten-çom de seis independentistas ga-legos nos dias prévios fijo comque as palavras de ordem anti-rrepressivas e solidárias tives-sem especial protagonismo, ten-do exigido os participantes a li-berdade das presas e presos polí-ticos galegos. Além das interven-çons políticas, Míni e Merointerpretárom várias peças musi-

cais. No dia anterior, houvo um-ha merenda popular, aberto debilharda, e um concerto.

Ato político de Nós-UPTrês dias antes, e na mesma ci-dade, Nós-UP realizou um comí-cio com o mote “Galiza pola in-dependência”. Nele tomárom apalavra militantes de Nós-UP,Briga o feminismo ou a CiG, quedenunciárom, também, a opera-çom repressiva contra o inde-pendentismo galego. Críticas àhistórica taxa de desemprego, à“inviolável e inquebrantável”Constituiçom ou a opressom dasmulheres trabalhadoras, fôrom

alguns dos eixos do discurso. Ajornada concluiu com um jantarde confraternizaçom.

Também Galiza Nova em VigoGaliza Nova voltou à rua polo dia6 de dezembro na praça viguesada Constituiçom, que rebatizá-rom como “Praça da Autodeter-minaçom”. À mesma hora que ascelebraçons constitucionalistas,reuniu mais gente que estas. Coma legenda “Esta nom é a nossaConstituiçom, construamos o Es-tado galego”, incluiu a leitura dosartigos da Carta Magna que aten-tam contra o direito da autodeter-minaçom ou a defesa da língua.

Manifestam-se em Ferrol contraa constituiçom espanhola

Galiza nova reclamou autodeterminaçom em viGo

Zara recusa-se apagar idemnizaçompor trabalho escravoNGZ / Com freqüência recolhemosno Novas da Galiza casos de ex-ploraçom laboral da empresa in-ditex por todo o mundo. O últimoescándalo do grupo sediado emArteijo é a sua negativa a assinaro Termo de Ajustamento de Con-duta (TAC) proposto polo Minis-tério Público do Trabalho brasilei-ro. O documento propunha, entreoutras cousas, umha idemniza-çom de mais de 8 milhons de eu-ros por danos morais coletivosprovocados aos imigrantes que fô-rom empregados pola inditex co-mo mao de obra escrava, mas aadministraçom da empresa gale-

ga recusa-se, já que segundo estaalguns aspetos da proposta “nomestavam bem definidos”, nomea-damente aqueles que diziam res-peito à indemnizaçom. luiz Fabre,da Procuradoria Regional do Tra-balho da 2ª Regiom admite a pos-sibilidade de iniciar umha açomsocial contra a empresa: “já queeles [inditex] tenhem responsabi-lidade social, podem assumir aresponsabilidade jurídica, que é oque propomos. Nom podemos fi-car só no ámbito da vontade. Pre-cisamos de compromissos concre-tos passíveis de sançons, com mul-tas, caso nom sejam cumpridos”.

Junta continua a apostar na incineraçomcom o projeto de macroinstalaçom no IrijoNGZ / A unidade de tratamentode refugos no Sul do país prome-tida polo governo do PP já contacom um lugar para ser situadadesde o princípio deste mês. Osítio escolhido será o irijo, e, se-gundo as previsons, entrará emfuncionamento em 2014. A loca-lizaçom concreta ainda nom foifeita pública, polo que nom se sa-be se se procederá à expropria-çom de terras para a sua cons-truçom. Contará com capacida-de para tratar 366.000 toneladasde resíduos, um terço do total ge-rado na Galiza.

A empresa que gerirá esta ma-crounidade será Estela Eólico, be-neficiária do concurso público, ecuja adjudicaçom foi feita ‘a de-do’, segundo criticou a Adega. AJunta tinha claro desde o primei-ro momento que, à diferença dacentral de Cerzeda, esta segundaSogama ia contar com umha ges-tom privada. Graças a esta atri-buiçom sem concurso, Estela Eó-lico ganhou 186 megavátios asso-ciando o projeto da unidade de

tratamento com o negócio dos eó-licos, hoje em queda pola atualconjuntura de crise económica.Agora as dúvidas tenhem a vercom o sítio de onde vam sair os230 milhons necessários para pôra funcionar a central, já que a co-missom que avaliou o concursoeólico expressou que “58% dasreceitas provenhem de um cáno-ne do qual nom se esclarece na-da”. A Administraçom aponta ocánone que terám que pagar osconcelhos como fonte principalde financiamento. Esta quota éconsiderada injusta polas asso-ciaçons ecologistas, que desde háanos a qualificam de injusta e ex-cessiva. Para além disto, os 498empregos que segundo o projetose gerariam com a construçom dacentral fôrom reduzidos já a 250.

A incineraçom: um modelo“caduco, ruinoso e insolidário”O ecologismo nom tardou emprotestar perante o que conside-ra umha farsa. Enquanto osmeios enchem títulos afirmando

que a construçom “multiplicarápor dous a capacidade de recicla-gem”, organizaçons como a Ade-ga insistem em que o projeto sóaprofunda no modelo da incine-raçom e as verteduras, contraria-mente às recomendaçons euro-peias. O Plano de Gestom dosRefugos Urbanos da Galiza 2010-2020 aposta claramente na inci-neraçom, destinando-lhe 60% doinvestimento em infraestruturase 48% do orçamento total. Po-rém, segundo dados do próprioPlano, perto de 72% do lixo queentra em SOGAMA acaba no de-pósito do lixo. Em síntese, a Ade-ga considera este modelo “cadu-co, ruinoso para os concelhos einsolidário com a cidadania quese esforça em separar”.

Amigos da Terra criticárom adecisom de apostar em “ummodelo de gestom de refugoscaro, ineficiente, poluente eque, com diferença, gera mui-tos menos postos de trabalho,sem resolver em absoluto o pro-blema dos resíduos”.

Galiza alcança recordehistórico de desemprego NGZ / O incremento mensal foi de4,6%, enquanto a média estatal foide 1,37%. Em novembro destruí-rom-se 11.274 empregos no país e,em relaçom ao mesmo mês de2010, o desemprego incrementou-se em 9,3%. Em dados absolutos, odesemprego cresceu na Galizamais que em nengumha outra Co-munidade Autónoma do Estadoespanhol. Som já 253.416 as pes-soas sem trabalho na Galiza.

Som dados mais do que preo-cupantes os publicados polo Mi-nistério espanhol do Trabalho eda imigraçom na sua página webno começo de dezembro, já querefletem o aumento do desempre-go em todos os setores, ainda queos mais castigados fossem o daconstruçom (5,9%); a indústria(4,5%); e os serviços (4,3%).

Ao mesmo tempo, no mês pas-sado diminuiu o número de con-tratos em 11,7%, e dos novos con-

tratos que fôrom assinados, só7,3% som indefinidos. desses in-definidos, uns 378 (0,7%) figérom-se sob a modalidade de fomentodo emprego indefinido, aprovadacom a reforma laboral, umhaquantidade que, segundo assina-lam na CiG, “nom chega a com-pensar sequer os 375 novos de-sempregados e desempregadasinscritas cada dia”. A central ava-lia estes dados como o efeito daspolíticas do Partido Popular, assi-nalando que desde que governamna Galiza “só conseguírom incre-mentar os números de desempre-go, com respeito ao Estado, atéquotas inimagináveis”. A CiG tam-bém voltou a exigir umha “mudan-ça total” das políticas desenvolvi-das pola Junta para criar emprego,lembrando que estas deveriam es-tar baseadas “no investimento pú-blico, no apoio ao tecido produtivoe na fiscalidade progressiva”.

MANIFESTAÇOMna cidade de Ferrol

Leite dos EUA incumprenormas sanitáriasNGZ / Um estudo do departamen-to de agricultura dos Estados Uni-dos da América indica que 16% doleite produzido nas suas explora-çons nom cumpre o limite de400.000 células somáticas por ml.de leite vigente na Europa. Este éum dos índices principais que me-de a qualidade do leite já queguarda relaçom direta com a saú-de geral dos animais e com a pre-sença de microorganismos preju-diciais nas glándulas destes. O es-tudo tem um marcado caráter demercado e valoriza rebaixar a exi-gência das 700.000 células por ml.que devem cumprir as explora-çons americanas para um número

notavelmente inferior com o fimde lavar a imagem da produçompecuária norte-americana no ex-terior. Porém, até agora, a indús-tria do leite nos EUA recusou-secategoricamente a seguir diretri-zes de segurança alimentar quecomprometam o seu lucro.

Com a crescente liberalizaçomdo mercado dos alimentos e àluz da próxima reforma da Polí-tica Agrária Comum na Europa,que vai abrir mais o comérciodos alimentos para o ámbito in-ternacional, é previsível que es-tes alimentos podam chegar aformar parte da cadeia alimen-tar das famílias galegas.

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

aGro

Nos últimos meses de convul-sons políticas e económicasno seio da UE vem-se cozi-nhando o debate que di res-peito à reforma da PolíticaAgrária Comum (PAC) para operíodo 2013-2020. Conside-rando como novo alicerce dasfinanças europeias a austeri-dade económica, é fácil entre-ver que a PAC e a sua modifi-caçom vam estar ligadas a es-te novo dogma, tendo em con-ta que na atualidade a PolíticaAgrária Comum absorve 40%do orçamento comunitário.

P.V. / O conjunto de políticas quepartam desta reforma definirámaspetos chave da agricultura co-munitária para a próxima década,em especial se o setor primáriovai garantir a soberania alimentarna Europa ou polo contrário eri-gir-se em pura transaçom comer-cial a nível internacional.

Contínua convergência com o livre comércio desde a sua implantaçom, a PACsofreu umha série de reformas quesignificárom de facto a contínuaconvergência para um sistemamais liberalizado de mercado. Oúltimo período de reformas inicia-do em 2003 deu como fruito crisesimportantes como a do preço doleite sem que as autoridades euro-peias tomassem parte no assunto.A atual PAC carateriza-se por darprioridade ao comércio exteriorfrente à segurança alimentar dapopulaçom europeia. Muitas polí-ticas atualmente vigentes sommesmo contraditórias; primam oaumento da produtividade à vezque exigem umha preservaçom domeio ambiente dentro desses mes-mos critérios produtivos.

As linhas da nova reformaSeguindo um critério de importán-cia nas medidas que implementa,a nova PAC vai ligar a produçom

agrícola europeia com o comérciointernacional posicionando-secontra o critério de segurança ali-mentar e bem-estar dos agriculto-res ao ficar exposto o setor agríco-la às flutuaçons dos mercados. Pa-ra corrigir este importante dese-quilíbrio, apostará-se na apariçomde contratos para os produtores,como contrapartida à desapari-çom do controlo da oferta. Aliás, aPAC fomenta a concentraçom deterras consolidando a desigualda-de na hora de receber ajudas en-tre os grandes possuidores e as pe-quenas exploraçons que verdadei-ramente se preocupam por preser-var a diversidade.

Seguros que cubram as perdas por produçom Quando o princípio da incertezarefletido nas flutuaçons do mer-cado passa a estar presente numsetor há margem de lucro paraoutro tipo de atores. Umha daspossíveis reformas sobre a qual

alerta o Sindicato labrego é a ob-rigatoriedade de pagar um seguropara a garantia da renda das ex-ploraçons em caso de perdas as-sociadas à produçom. isto implicaa introduçom de outro importantemecanismo face à privatizaçomda agricultura e retirada do Esta-do como garante da segurança.

Ampla margem de manobrapara os estados membrosSe nas últimas reformas que vi-veu a PAC os Estados apliárom amargem de manobra que tenhempara distribuir as ajudas diretasà agricultura provenientes da Eu-ropa, é previsível que com estanova reforma aumente substan-cialmente a liberdade dos gover-nos de cada Estado para decidi-rem o destino das ajudas. Calcu-la-se que o Estado espanhol ma-neja umha quantia de 5.000 mi-lhons de euros destinada apagamentos diretos. A distrubui-çom desse montante vai depen-der dos critérios que adote o go-verno do Estado. A falta de sobe-rania política da Galiza significa-rá que os novos repartos podemdeixar a Galiza discriminada denovo por nom reunir um dosprincipais requisitos que é a con-centraçom de superfície agrícoladestinada à produçom.

Reforma da PAC pode agravardiscriminaçom para a Galiza

mar

Limitaçons impostaspolo Estado geramrejeiçom no mar

A.DIESTE / Com o início de 2012entrará em vigor, também, um-ha bateria de normas e decretosaprovados polo Governo de Es-panha nestes meses e que estáma gerar umha forte oposiçom nosetor do mar galego. limitaçonsà faina como a que proíbe nave-gar a mais de umha milha dacosta àquelas embarcaçons quecareçam de bote de salvamentosom vistas como umha “irres-ponsabilidade”, em palavras deum patrom maior de Barbança,polo que implica de prejuízo pa-ra a frota galega. lembram nes-te setor que na Galiza grandeparte das embarcaçons litoraistenhem menos de 10 metros decomprimento e portanto nompodem levar esse bote. E se lhesfor proibido trabalhar a mais deumha milha da costa, estarámimpossibilitadas para pescar embancos pesqueiros onde traba-lham habitualmente: “Ou seja,que em Madrid decidírom quetemos que ficar em porto e nompoder trabalhar”, sentenciavaXoán Suárez, marinheiro de Ri-beira. “isto nom é como a Anda-luzia, País Basco ou Catalunha:cá há muito barco pequeno quenom pode levar esse bote de sal-vamento, que exijam outras cou-sas equivalentes para garantirsegurança, mas nom isto, por-que nom podemos... Ou vam pa-gar-nos eles um barco maior?”,indicavam na ilha de Arouça.

Mas esta nom é a única medi-da que se aplicará em breve eque o setor vê com preocupa-çom, como a norma que proibevender as suas embarcaçons

àqueles que as submeterem aum proceso de regularizaçom(pôr de acordo a realidade dobarco com os dados que figu-ram no rol). Um processo que,lembremos, afetou principal-mente as embarcaçons galegas.“Só podem deixar-se em heran-ça... e se um nom tem filhos quequeiram ir ao mar?” pregunta-va-se o patrom maior de Ribei-ra, José Pérez.

E ainda há mais outra norma,adotada polo governo espanhol,que prejudicará a frota galegaespecialmente. Os titulares deembarcaçons regularizadas nompodem acolher-se a subven-çons. E a maioria destas embar-caçons som galegas. desta for-ma, impedem que os pequenosarmadores de embarcaçonscosteiras regularizadas podamaceder a ajudas económicas(para modernizar o barco, cum-prir com as medidas de segu-rança...) cuja ausência lhes im-pede fazer frente a esses custos.

As confrarias galegas estám amanter nestas semanas reu-nions para estabelecerem umhatabela de reivindicaçons frentea estas medidas do Governo es-panhol e tentar que as mesmassejam tidas em conta polos no-vos cargos do Estado.

Os princípios de mercado dominam mais umha vez os debates

seGurança alimentar Passa Para um seGundo Plano

“SLG denuncia obrigatoriedade depagar seguros em

previsom de perdas”

Medidas adotadas por Espanha nom tenhemem conta a especificidade da frota galega,com milhares de embarcaçons costeiras

As confrarias estáma manter reunions

para estabeleceras reivindicaçons

PORTO DE MUROS

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11aconteceNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

querem mostrar aos países periféricos a porta de saída da uniomeconómica e monetária para pôr em andamento as “duas velocidades”economia

JÚLIO TEIXEIRO / O que está emrisco, sob o eufemismo de “crisedo euro”, é a Uniom Económica eMonetária (UEM) europeia. AUEM nasceu em 1990, como es-paço económico da Uniom Euro-peia, com a finalidade de superaros sintomas de esgotamento queapresentava, na Europa, o capita-lismo fordista desde os anos se-tenta. Na lógica política do capita-lismo, os seus objetivos eramdous. Em primeiro lugar, que auniom económica possibilitasse acirculaçom irrestrita de mercado-rias e capitais; e, destarte, a livreconcorrência no seio da UE. E, emsegundo lugar, que a uniom mo-netária impedisse, aos governosdos estados europeus, limitar,com desvalorizaçons das taxas decámbio das divisas, os efeitos pa-ra a economia dessa livre concor-rência. isso deixando a política fis-cal e financeira nas maos dos es-tados e com um banco emissor cu-ja funçom principal seria o con-trolo da inflaçom. No climaneoliberal de finais do século pas-sado, foi a resposta europeia pe-rante a nova situaçom mundialmarcada pola globalizaçom eco-nómica, o abandono do padromouro e a desregulaçom dos mer-cados financeiros.

Por outra parte, o dinheiro écomo quase tudo nas economiascapitalistas umha mercadoria.Um bem nunca suficiente, mas cu-ja escasseza nom é a mesma emtodos os países. Por isso a procurade financiamento cresce em rela-çom inversa à riqueza. E, claro,

quanto maior é a procura de cré-dito, maior é o preço que se cobrapor adiantar dinheiro. Ou seja,quanto mais rica é umha econo-mia menor é a procura de crédito,e conseqüentemente- menoressom os juros que se pagam. Estaregra, porém, ficou desativadacom a UEM. da noite para a ma-nhã, nas economias mais fracasda UE, ofereceu-se crédito nasmesmas condiçons que na Alema-nha. Este estimulo para a procurativo três efeitos imediatos nos paí-ses periféricos. Primeiro, umaquecimento da economia quenom arrefeceria até a Grande Re-cessom de 2008. Segundo, umenorme e profundo buraco nas ba-lanças comerciais. E terceiro, umendividamento insustentável daspessoas, as empresas e os estados.

Perante isto, os passos a seguirna lógica interna da Uniom Euro-peia, estám cantados. Para come-çar, a imposiçom da chamada re-

gra de ouro. isto é, um limite aodéfice público que todos os esta-dos membros devem introduzir,com categoria de constitucional,

nos respetivos ordenamentos jurí-dicos. Esta medida vai-se apresen-tar como o princípio, em matériade política fiscal, de umha novagovernaçom comum europeia.Mas o que se está a fazer é mos-trar, aos países periféricos, a portade saída da UEM para pôr em an-damento a Europa de duas veloci-dades. E, na prática, está-se a re-conhecer que o que aparentavaser umha Uniom Económica parao conjunto da Uniom Europeia foi,na realidade, um saqueio que ago-ra -quando já nom fica mais pararoubar- conclui. Os estados que,apesar de todo, quigerem ficar, de-verám fazer assumir à sociedade -com cortes sociais e reformas la-borais o empobrecimento, e en-caixar, como puderem, as conse-qüências políticas. Todo pareceindicar que esse vai ser o resulta-do principal da cimeira do Conse-lho Europeu que se está a realizar,em Bruxelas, enquanto estamos aescrever este artigo.

Seria ingénuo pensar, porém,que umha Europa de duas veloci-dades vai encerrar os problemas

económicos no ámbito restrito dospaíses periféricos. de facto, a res-peito da própria Alemanha, está-se a falar já de umha próxima re-cessom que mesmo admitem ospróprios organismos oficiais. Porexemplo, para este ano as previ-sons de crescimento eram de 3%,mas para 2012 já se reduzem a 1%.A causa destas dificuldades é, semdúvida, o declínio que começa aevidenciar nas suas exportaçonsum país que depende tam drama-ticamente delas. Segundo dadosdo mês de Outubro passado, as ex-portaçons alemás caírom em3,6%, mais do triplo do previsto.

Portanto, antes ou depois, terá-se de dar mais um passo. Esse se-gundo passo será, nunca antes deque o estabelecimento das duasvelocidades seja claramente insu-ficiente, instaurar um Tesouro eu-ropeu com o qual financiar a dívi-da dos estados. Ou seja, transfe-rir a dívida, atualmene soberana,à Uniom Europeia mediante aemissom de dívida própria, dosfamosos eurobonds. isto apenassolucionará o problema duranteum tempo, o que se tardar em sa-turar a capacidade europeia deendividamento.

Ficaram intactos, porém, ou-tros focos de instabilidade como,por exemplo, as tensons nos rela-

cionamentos económicos entreos países da área euro e o restoda Uniom Europeia. O exemplomais recente disto é o conflito ge-rado pola posiçom do Reino Uni-do na cimeira do Conselho Euro-peu que está a decorrer. Mas nomsó ao redor do Reino Unido somprevisíveis este tipo de tensons.As depreciaçons na taxa de câm-bio de qualquer divisa da UE dife-rente do euro serám, mais queprovavelmente, causa de gravesconflitos entre estados. Países co-mo a França ou Espanha, cujasprocuras internas se vam ver da-nificadas pola políticas de auste-ridade, dependem cada vez maisdas exportaçons para evitar cairem recessom. Se um país como aRepública Checa, um grande fa-bricante de carros, desvaloriza asua moeda as consequências pa-ra as exportaçons da França oude Espanha seriam imediatas.

O terceiro passo, pois, terá deser a conversom do Banco Cen-tral Europeu num autêntico ban-co central que o mesmo que já faia Reserva Federal dos EstadosUnidos poda comprar em massaa dívida da UE. E nom apenas is-so, mas também desvalorizar oeuro quando as exportaçons dosestados da área euro o precisa-rem. Nesse momento, ambas ascousas, a monetarizaçom da dívi-da e a política de desvalorizaçons,abrirám as portas da Uniom depara em par à inflacçom para em-pobrecer, neste caso de formauniforme, o conjunto dos povosque ainda ficarem no euro.

Euro: seguintes passos num esforço inútilacabarÁm Por converter o banco central euroPeu no equivalente à reserva federal dos eua

Os estados que vaiamficar terám que

empobrecer o povo

MARIO DRAGHI, PRESIDENTE DO BCE, E ANGELAMERKEL, PRESIDENTA DA ALEMANHA

Page 12: ovas da Gali a fo ilí d er aqup galega de ciclismo Pág. 25novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz109.pdf · cotizam no país vizinho. Aliás, já foi alvo dum expediente san-cionador

MARÍA RÚA / A serenidade con-tida que outorga a inocênciaenche o rosto do ativista pró-direitos humanos saarauíBrahim Sabbar quando lem-bra as torturas e vexaçons aque foi submetido durantemais de umha década em pri-sons e centros de detençomsecretos do Estado marroqui-no durante os anos 80. Na suaprimeira visita a Compostela,ataviado por um pano verdeque simboliza a luita pola au-todeterminaçom do povo saa-rauí, nom deixa de insistir emque a independência só seconseguirá mediante a via pa-cífica. O sofrimento que guar-da na sua lembrança dá-lheforça para continuar com aluita pola causa saarauí e adefesa dos direitos humanos.É o secretário geral da Asso-ciaçom Saarauí de Vítimas deViolaçons Graves dos Direi-tos Humanos cometidos poloEstado marroquino (ASVDH).

Porque o detivérom as autorida-des marroquinas em 1981?durante o segundo aniversário daocupaçom das forças marroqui-nas em dajla, a 14 de agosto de1981, um grupo organizado e se-creto de moços saarauís ao qualeu pertencia distribuímos panfle-tos e bandeiras contra a celebra-çom da ocupaçon, reivindicandoa independência do povo saarauí.Nesse contexto fomos seqüestra-dos junto com mulheres, criançase velhos. Em nenhum momentome atribuírom nengumha acusa-çom e tampouco se realizou nen-gum julgamento. O seqüestro iaseguido de terríveis torturas eninguém sabia onde estavas.

Que torturas e vexaçons sofreuem prisons e centros de deten-çom marroquinos?O primeiro ano e meio de cativei-ro passei-no isolado numha celacom os olhos vendados e atado depés e maos. Suportei-no porquesabia que estava a defender um-ha causa justa para o meu povo.No quartel da Polícia de interven-çom Móvel em Villa Cisneros em-pregavam toda a classe de tortu-ras contra a populaçom saarauí.deixavam-te pendurado no ar co-mo um aviom, arrancavam-che asunhas, aplicavam descargas elé-tricas nos genitais. Ademais, as

pancadas em qualquer parte docorpo eram diárias. Muitas vezes,depois de nos torturarem, deixa-vam-nos completamente despi-dos passando frio e tínhamosproibido dormir. Até torturavamcrianças menores de 10 ou 12anos diante de mim para que ob-servasse o seu sofrimento e tam-bém me obrigavam a ouvir os ber-ros das mulheres saarauís quan-do eram torturadas.

Como o viveu a família?Com terror e medo. Pensavamque estava morto. Quando me de-tivérom, a minha mae ficou mu-da, paralítica e ensimesmada per-manentemente. Nom se recupe-rou até que voltei 10 anos depois.Marrocos recusava-se a fornecerinformaçom sobre a nossa locali-zaçom, já que isso era reconhecerperante a comunidade internacio-nal que existiam presos de cons-ciência saarauís dentro do territó-rio marroquino.

Tivo direito a um julgamentocom garantias?Até 2000 a política desenvolvidapor Marrocos nos territórios ocu-pados consistia em seqüestrar eencerrar saarauís sem julgamen-tos nem garantias. Agora reali-zam julgamentos, mas sem ga-rantia algumha. Quando dete-nhem qualquer saarauí por ra-zons políticas, é julgado por moti-vos nom políticos. imputam-lhepertença a ‘banda armada’ ou trá-fico de drogas.

Quais fôrom as razons que mo-tivárom a sua libertaçom?O ponto de partida foi a publica-çom, no começo da década de no-venta, de um relatório da OiNGAmnistia internacional onde sedenunciava a existência de umcárcere secreto no oeste de Mar-rocos onde se encontravam encar-cerados ativistas saarauís. Coinci-dindo com o cessar-fogo de 1991entre Marrocos e a Frente Polisá-rio e com a chegada da MiNUR-SO (Missom das Naçons Unidaspara o Referendo do Saara Oci-dental) o Estado marroquino tivoque libertar todos os presos e pre-sas para manter o seu status den-tro da comunidade intenacional.Ademais, diferentes OiNG reali-zárom numerosas campanhas pa-ra denunciarem a situaçom dospresos políticos saarauís.

Durante o cativeiro, que lhe ajudava a continuar a defendera sua luita em prol da indepen-dência do Saara?No cárcere estava com um grupode saarauís. Compartilhávamosexperiências e conhecimentos. Osofrimento que observava em to-dos eles dava-me mais força pararesistir. Ademais, sabia que esta-va a defender umha causa justa.Tenho claro que depois de dozeanos de cadeia, o único que me fi-cam som os meus princípios.

Após ser libertado, que realida-de encontrou fora?Quando saim fum recebido co-mo um herói -igual que todos osdemais presos políticos- e houvoumha solidariedade enorme porparte do povo saarauí. Mas tam-bém se deu a situaçom contrá-ria. Estávamos extremamentevigiados polas autoridades mar-roquinas e nom tínhamos possi-bilidade algumha de nos incor-porarmos ao mercado laboral. Écurioso que o Saara Ocidentalseja o único território do mundoem que umha missom das Na-çons Unidas nom contemplanengum mecanismo de vigilán-cia dos direitos humanos.

Conhece-se qual é a situaçomatual dos mais de 500 saarauísdesaparecidos às maos das for-ças de ocupaçom marroquinas?Constam numha lista reconheci-da pola Amnistia internacional.Conhece-se onde fôrom seqües-trados, mas nom se sabe qual é oseu paradoiro nem se estám vivosou mortos. As suas famílias conti-nuam a procurá-los e realizammanifestaçons nos territóriosocupados e inclusive em Rabat.

Qual é a realidade das presas e desaparecidas saarauís?Na atualidade nom temos nen-gumha presa política saarauí,mas desaparecidas, sim. As nos-sas mulheres vírom-se submeti-das às piores vexaçons. Som tor-turadas e muitas vezes violadas,como também acontece com mui-tos presos políticos.

Como vive um saarauí nos Terri-tórios Ocupados por Marrocos?Por ser saarauí nom tés nengumdireito reconhecido. O cultural, opolítico, o económico, o social, ode associaçom, o de estudo e in-clusive o direito fundamental à li-berdade. Esta política de coloni-zaçom constitui um genocídio.

Depois de mais de trinta anosde ocupaçom, deve a Frente Po-lisário mudar a sua estratégia?Essa pregunta deveria respon-dê-la a Frente Polisário. Na mi-nha opiniom, como defensor dosdireitos Humanos, defendo a viada paz e do diálogo. Sou cons-

ciente de que esta via nom daráos seus fruitos enquanto Marro-cos continue a roubar os nososrecursos naturais e a violar osdireitos humanos. Também háque pensar que da mesma ma-neira que a Frente Polisário acei-tou os Acordos de Paz com va-lentia, igualmente pode ter a va-lentia de tomar a decisom de vol-tar às armas. Eu, como ativista,sou contra a guerra.

Neste contexto, qual o papel do Estado espanhol? O governo espanhol tem umharesponsabilidade jurídica, históri-ca, ética e moral desde 1975 polasituaçom de perseguiçom, discri-minaçom e de sofrimiento em queficou o povo saarauí.

Com que dificuldades se encon-tra o povo saarauí na hora deexigir a sua independência?Principalmente com a atitude deMarrocos, França e o atual gover-no espanhol. Também com a hi-pocrisia da comunidade interna-cional, que nom pretende fazerrespeitar o direito internacional.

Como definiria a sua luita?É umha resistência pacífica con-tra a ocupaçom de um povo tor-turado, encarcerado, assassina-do, queimado, perseguido e dis-criminado. A luita e a vontade desobrevivermos como povo fam-nos superar os obstáculos e asmanobras de Marrocos e os seusaliados até a vitória. O exemploé Gdeim izik.

Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 201212 internacional

“Marrocos procurava evitar que se soubesse que haviapresos de consciência saarauís no seu território”

“Depois de passar doze anos na cadeia o único que me ficam som os meus princípios”

a terra tremebrahim sabbar, da associaçom de vítimas saarauís Por violaçons dos direitos humanos

“A vontade de sobrevivermos comopovo fai-nos superar

os obstáculos”

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FERNANDO ARRIZADO / "Em 2021cumpriram-se 300 anos da coloni-zaçom e nom queremos mais 300",aventurava em novembro de 2008Hans Enoksen, daquela primeiro-ministro da Gronelándia, após aampla vitória do 'sim' no referendopopular sobre o novo Estatuto deAutonomia. A última palavra tem-na a dinamarca, Estado que osten-ta a soberania e cujo governo inje-ta 456 milhons de euros anuais àeconomia da ilha, isto é, 60% dasreceitas públicos gronenlandeses.

Gronelándia (Kalaallit Nunaat,em gronelandês ou kalaallisut),da qual nos aproximava nesta

mesma secçom há apenas uns me-ses o companheiro 'Muros', já éum dos territórios nom soberanoscom mais autonomia de todo oPlaneta, desde a entrada em vigor,a 21 de junho de 2009, dia Nacio-nal, do novo Estatuto, em substi-tuiçom do primeiro, de 1979. Ago-ra, por exemplo, a justiça e a polí-cia som geridas polo governo deNuuk, o kalaallisut é a língua ofi-cial, e reconhece-se legalmente odireito de autodeterminaçom.

Mas sobretudo, com a nova nor-ma, a Gronelándia controla osseus recursos naturais, especial-mente o gás e o petróleo (estima-

se um número total de 50.000 mi-lhons de barris). O degelo polar -provocado polo aquecimento glo-bal, paradoxalmente conseqüên-cia do abuso de combustíveis fós-seis- e os avanços tecnológicos es-tám a facilitar a sua exploraçom,ademais de criar novas rotas ma-rítimas entre continentes.

Sabem-no bem nos EUA. Se-gundo os cabos diplomáticos re-velados pola Wikileaks, o depar-tamento de Estado considera quea Gronelándia “caminha clara-mente para a independência”, oque implica “umha oportunidadeúnica” para as companhias gasís-

ticas e petrolíferas estado-uniden-ses. E sabem-no os locais. Os mar-xistas-leninistas do inuit Ataqati-giit (iA) acedêrom ao governo emjunho de 2009, desbancando oSiumut, formaçom social-demo-crata e hegemónica durante 30anos. O iA defende as extraçonscomo sustento da independência;o Siumut, uma autonomia maisampla dentro da dinamarca e po-líticas mais protecionistas com omeio ambiente. Mas o lucro e ou-tros benefícios do petróleo somdemasiado apetecíveis. Como nocaso da Escócia, o ouro negro é ocombustível do motor arredista.

13internacionalNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

É um dos territórios nom soberanos com mais autonomia de todo o PlanetaPovos

Gronelándia: mais independência, menos meio ambiente

Greve geral de 24 de novembro, luta dos trabalhadores e alguns ‘fait-divers’As recentes medidas do Gover-no PSD/CDS, apoiadas nas di-retrizes da ‘troika’ ingerente(BCE/UE/FMI), resumindo, novoe gravoso aumento dos impos-tos (contrariamente a promes-sas de campanha em que o Go-verno baseou a sua vitória elei-toral), os inefáveis cortes nadespesa pública que atingemos setores mais básicos, o rou-bo dos subsídios de Natal e deférias aos funcionários públi-cos, para além de várias outrasmedidas cuja descrição porme-norizada ultrapassa o âmbitodeste artigo, tornaram urgentea resposta dos trabalhadores edo povo português. A greve ge-ral de 24 de novembro passadofoi um importante passo nessaluta, que continuará, nas ruas,nos locais de trabalho.

ANDRÉ RODRIGUES P. SILVA / Sementrar na discussão dos númerosnem comentar a inevitável mani-pulação mediática, esta foi objeti-vamente uma greve geral muitoboa, com grande impacto, tendojuntado, o que poucas vezes acon-teceu, as duas centrais sindicais,CGTP-iN e UGT.

Ainda que estas medidas fos-sem de certa forma esperadas, fa-ce às exigências da ‘troika’, a ver-dade é que se galgou bruscamen-

te uma etapa na luta de classes emPortugal. Não se poderá esmore-cer no combate a esta política,uma vez que o preço a pagar seriaincomportável. Face à gravidadedas medidas anunciadas (e de ou-tras que o governo tem na calha),que representam um garrote apli-cado à classe trabalhadora, aos jo-vens e aos reformados, só a uniãodos trabalhadores e do povo po-derá impedir a ofensiva de ir ain-da mais longe e obrigar o Gover-no a repensar a sua política.

O tão proclamado buraco finan-ceiro, a incompetência gravosa nagestão dos dinheiros públicos, asastronómicas somas investidas no

resgate de bancos, têm sido, emPortugal, como noutros países,pagos pela maioria dos trabalha-dores, a quem o Governo e o pre-sidente da República vão pedindo“sacrifícios com dignidade”.

Há dias, um artigo notável nojornal Avante!, órgão central doPCP, colocava lado a lado excer-tos de textos de dois ministros dasfinanças portugueses, que 83anos(!) separam. Trata-se nadamenos que de Salazar e do atualdetentor da pasta das finanças, osinistro Vítor Gaspar. É tenebroso,mas exato: os discursos confun-dem-se porque é idêntico o seuideário; tudo é sacrificável para o

suposto equilíbrio das contas pú-blicas. Na verdade, trata-se sobre-tudo de proteger a banca e deixarintactos os privilégios das gran-des fortunas. Nem uma medidarelativa aos paraísos fiscais, comoo da Madeira, por exemplo.

Claro que a contestação socialtem subido de tom, mas é prema-turo procurar antever como serádaqui para a frente a reação daspessoas a este estado de coisas.

Os media de reverência, já odissemos, não traçam o retratodo país, antes procuram distraí-lo com fait-divers, dando voz aosestrondosos petardos que profe-rem um Alberto João Jardim,presidente do Governo da Re-gião Autónoma da Madeira, ouum José Sócrates, de que certa-mente os portugueses não terãonenhuma saudade.

Para além destes, alguma comu-nicação social fez eco de afirma-ções recentes de Otelo Saraiva deCarvalho, figura central da Revolu-ção de 25 de Abril de 1974, que tem

pautado a sua atuação recente pordeclarações abstrusas, quando nãovergonhosas, de que esta é apenasmais um exemplo. Caso tivesse ho-je à sua disposição uns 800 ho-mens, vociferou Otelo, faria deimediato outra revolução. É semdúvida muito barulho por nada.Otelo bem saberá que semelhanteirresponsabilidade, face à atualcorrelação de forças, resultariacertamente num banho de sangue.

Mais significativas em todo ocaso parecem-nos algumas dasposições recentes do antigo capi-tão de abril Vasco lourenço. dan-do voz a uma genuína indignação,num estilo mais moderado, refe-riu que políticas como a que esteGoverno prossegue podem con-duzir a uma tensão social insupor-tável, que poderá desembocar nu-ma revolução. Há, a nosso ver,apesar de tudo, uma diferença as-sinalável de conteúdo e de propó-sitos entre as duas declarações.

infelizmente, quanto ao presen-te imediato, pode dizer-se em re-lação ao que disse Vasco louren-ço o mesmo que em relação a Ote-lo. Não obstante, o futuro próxi-mo, o português como o grego, co-mo o irlandês e, afinal, de grandeparte dos povos europeus na ac-tualidade, passará sem dúvida pe-las ruas e pela resposta destes po-vos à brutal ofensiva em curso.

conseGuiu juntar as duas centrais sindicais, cGtP-in e uGt, o que Poucas vezes aconteceu

Só a união do povo poderá impedir a ofensiva e obrigar o Governo português a repensar a sua políticaalém minho

Os media não traçam o retrato

do país, antes procuram distraí-lo

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14 dito e feito Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

RAÚL RÍOS / O encontro tivo lu-gar no passado sábado 23 de no-vembro, no centro social A Revi-ra de Ponte-Vedra, e reuniu arre-dor de 30 militantes de 17 proje-tos diferentes. Entre os assisten-tes estavam os centros sociais aFaísca, a Revolta, Bou Eva, Semum Cam e a Gentalha do Pichel,ademais da própria Revira; ini-ciativas de comunicaçom socialalternativa como o galizalivre.org

ou o Gz-contrainfo; os coletivosdesportivos e de lezer Siareir@sGaleg@s e a Agrupaçom deMontanha Águas limpas(AMAl); além doutras organiza-çons, como a Plataforma queVoltem à Casa, a Galicola ou aprópria Escola Popular Galega.Concorréron também à convo-catória outros militantes a títuloindividual e outras organizaçonsde pendor mais político, tais co-mo o Ateneu Proletário Galego,Adiante, Ames na Esquerda ouMugardos na Esquerda.

A primeira metade do encontrovaleu para que aquelas pessoasque ainda nom se conheciam pui-dessem apresentar-se e para ex-plicarem em público o projeto aque pertencem, dando conta dassuas experiências e problemáti-cas particulares, centrando-se,como recolhia o guiom, na mili-táncia, na cooperaçom, no conta-to com o ambiente mais próximoe nos recursos económicos.

ExperiênciasQuanto à militáncia, as diferen-ças de cada projecto ficárom pa-tentes: desde os mais de 200 só-cios da Gentalha do Pichel aos15 do CS Sem um Cam, passan-do polos mais de 70 do recente-mente aberto CS Bou Eva ou os

30 do CS A Revira, o número deativistas que participa em cadacoletivo oscila entre valores muiamplos, dependendo em grandemedida do tipo de projeto e dasua situaçom. Os centros sociaissom os que mais militantes re-querem, enquanto outros coleti-vos, como o que fai o galizali-vre.org ou a mesma Escola Po-pular Galega, contam com muipouca militáncia, embora estaseja mui activa. Salientárom-seigualmente os distintos níveis demilitáncia que requer um coleti-vo. Siareir@s Galeg@s, porexemplo, precisa dum alto graude trabalho durante um espaçoconcreto do ano (o período pré-vio à organizaçom do jogo de fu-tebol da Seleçom Galega no Na-tal), ao passo que outros proje-tos, como os centros sociais, ad-mitem umha militáncia mais la-xa mas constante. da laxitude háque excluir o “núcleo duro” decada projeto, cuja existência foitestemunhada no Encontro, eque é formado por aquelas pes-soas que promovem o projetocom nível de compromisso maiorque o resto dos e das ativistas.

Sobre cooperaçom e convívioentre iniciativas, o veterano ati-vista Antom Árias Curto lembrou

aquela tentativa constituída polaCoordenadora Galega de CentrosSociais, que surgiu quando o fe-nómeno dava os seus primeirospassos. As diferentes dinámicasou envolvimentos políticos de ca-da centro social impossibilitároma consolidaçom do projeto, aindaque o militante o lembre como al-go positivo na medida em quecontribuiu para o encontro de ati-vistas. “Sabíamos que havia quese coordenar, mas nom sabíamoscom que objetivos”.

Outro dos grandes contrastesentre os projetos deu-se nos ti-pos de relaçom que mantenhemestes com a contorna mais pró-xima, no que se refere ao envol-vimento de pessoas despolitiza-das ou à penetraçom social. Porum lado, há coletivos aos quais,polo seu tipo de trabalho lhes émais doado o achegarem-se àsociedade, como pode ser o casode Siareir@s Galeg@s ou a Gali-cola. Por outro lado, há projetosque, como os centros sociais, po-den parecer 'guetos' isolados davizinhança em que se desenvol-

vem, polo menos nun períododeterminado da sua vida. As ex-periências som variadas e estámmui determinadas polos diver-sos bairros ou vilas em que se in-serem os centros sociais. Umexemplo é o do CS Sem um Camde Ourense, que segundo expli-cárom tem o local numha rua demaioria imigrante, o que lhes le-vantou dificuldades para expli-carem aos vizinhos a sua fun-çom, pois por vezes estes “che-gavam a confundir-nos com umserviço social do Concelho”.

Finalmente, toda a heteroge-neidade do movimento populargalego reflete-se também no queatinge aos recursos económicosdos diferentes projetos. As fórmu-las de financiamento contrasta-das na reuniom fôrom diferentes:quotas às pessoas associadas,venda de material, realizaçom deeventos e ajudas públicas, ou di-versas combinaçons de todo o an-terior, som as fórmulas mais ha-bituais para estas iniciativas quenom tenhem fins lucrativos. AEPG organizará um debate em

pormenor sobre o tema, devidoao grande interesse que revestepara a militáncia.

CompromissosO objetivo principal do encontrofoi conseguido: já foi marcada datapara as próximas sessons de deba-te entre os coletivos do movimentopopular. Após o colóquio, decidiu-se que estas reunions girassem emtorno a dous formatos. O primeiroconsistirá em reunions com maiorperiodicidade (cada 4 meses) e decarácter 'interno', focadas na mili-táncia dos projetos. Terám comoobjetivo dialogar sobre aqueles as-suntos de interesse quotidiano pa-ra as iniciativas populares. O pri-meiro destes encontros irá decor-rer em Ponte-Vedra em 11 de feve-reiro e levará o título 'Recursos eco-nómicos para os movimentospopulares. Opçons de financia-mento e gestom de recursos'.

O segundo dos formatos que to-marám os Encontros será de tipo'foro social'. Terám periodicidadeanual e irám dirigidos a um públi-co mais amplo. Serám tratados te-mas monográficos de interesse so-cial e participarám pessoas quepoidam achegar a sua experiênciaprática ou teórica. Falta ainda con-cretizar mais detalhes, mas o pri-meiro destes encontros teria lugarna primavera em Compostela etrataria sobre as 'Alternativas prá-ticas dos movimentos populares àcrise capitalista'. O tipo de encon-tro aberto e nom vinculativo, ade-mais da laxitude temporal comque se desenvolverám, som carac-terísticas que pretendem abrangero maior número possível de coleti-vos, sem se forçarem ritmos eadaptando-se às diferentes parti-cularidades de cada grupo.

dito e feito

Encontro de iniciativas comunitárias pom em comum experiências militantes

O próximo tratará em Compostela sobre as 'Alternativas práticas dos movimentos populares à crise capitalista'

a revira de Ponte vedra acolheu este fórum Promovido Pola escola PoPular GaleGa

Nos últimos anos o movimento popular galego foi pondo em andamento umhasérie de projetos que lançárom raízes no mundo do soberanismo e da esquerda:desde o fenómeno dos centros sociais, passando por iniciativas educativas, des-portivas ou de lezer, até os diferentes meios de comunicaçom social alternativos.

A Escola Popular Galega acaba de promover o primeiro Encontro de IniciativasComunitárias Galegas com o objetivo estabelecer um espaço de encontro perió-dico entre todos estes coletivos e que serviu como primeira tomada de contatopara partilhar as diferentes experiências dos ativistas ali reunidos.

Pretendem convocarfóruns para abranger

todo o tipo de coletivos

Procuram a cooperaçome o conhecimento

mútuo entre coletivos

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15PalestraNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

Palestra Resgatamos um debate recorrente no seio do movimento popular: deve o independentismo dar a batalha no seio do BNG?

OBNG nasce em 1982 como frentepolítica para avançar no processode autodeterminaçom da Galiza

através da luita social e institucional. Con-verteu-se na organizaçon maioritária atéo ponto de assumir sob as suas siglas amaioria do nacionalismo político e boaparte dos ativistas sociais, sindicais e se-toriais, chegando a ser referencial tantono nacionalismo como na esquerda. Mes-mo hoje, os dados quantitativos mostram-nos que a grande maioria dos soberanis-tas e independentistas do País apostamem actuar no seu interior.

Em meados dos anos 90, a a direçomdo BNG iniciou um caminho que afirma-va que a priorizaçom do campo institu-cional levaria, fruito da própria açom degoverno, ao aumento dos apoios sociaise ao crescimento da consciência nacio-nal. Caminho que, como era previsível,nom estivo isento de renúncias, conces-sons e escolhas dolorosas que culminá-rom com erráticos governos nas cidadese mais claramente no governo do bipar-tido na Junta, onde ocorreu um choquecom parte importante do tecido e da ba-se social mais conscientes, muita do pró-prio BNG. Sem negar boas intençons eaçons de governo positivas, além do pa-pel dos meios de comunicaçom social, ocerto é que parece evidente que, se se ti-vesse seguido nessa linha, se teria pro-duzido um divórcio traumático com aprópria base, longe de ampliá-la.

A visom crítica dessa etapa provocouque nos últimos dous anos se começassea recuperar o discurso de defesa da sobe-rania nacional, das classes populares epola justiça social e umha prática maisconforme com esses objectivos, o que éperceptível no apoio e implicaçom nasgreves gerais contra as reformas laborais,na reforma da Constituiçom reclamandoa soberania e mesmo nos programas elei-torais. O caminho anterior é pois reversí-vel, mas para assentar e ser crível e útilprecisa de grandes doses de debate e cla-rificaçom internas, assim como de açomsocial fortemente coerente e continuada,

polo que nom se vai resolver num fim desemana. Erram pois aqueles que ponhemo limite numha assembleia nacional.

Neste contexto, é respeitável a opiniomdos que, organizados ou nom, pensamque o BNG já nom é instrumento válidopara lograr a soberania nacional, aindaque esta nom seja a nossa opiniom. Masde nada serve ao País assinalar perma-nentemente ou exagerar contradiçons doBloco, ou mesmo torná-lo em inimigo abater, para ocultar as incapacidades pró-prias, como a de nom alargar base social.

A degradaçom da maior ferramenta po-lítica de construçom nacional, ou a suaconversom numha versom descafeinada esistémica do nacionalismo popular nom édesejável para ninguém, já que a constru-çom dum instrumento similar levariaanos, quando nom décadas, num momen-to de aceleraçom brutal do capitalismo edo espanholismo, deixando desvalida esem esperança grande parte do povo, nummomento em que a unidade do naciona-lismo é mais precisa do que nunca. Essa éa nossa opçom pois: o fortalecimento dapraxe soberanista e popular do BNG.

O desafio dos e das soberanistas noBNG para o conjunto da organizaçom épassar de vários anos de soberanismo re-tórico e teórico, mas de tacticismo autono-mista, para um soberanismo que aposteem acumular forças pola ruptura e a claradiferenciaçom de Constituiçom espanho-la como dependência vs. soberania galegacomo a soluçom libertadora. Esse é o ca-minho que pode e deve percorrer o BNG.Nele estamos empenhados, e para fortale-cê-lo cumpre somarmos esforços dentrodele, integrando também aqueles sobera-nistas hoje dubitativos.

Inácio Pavón Barbagelata é militante do BNG

O futuro: somar paraafirmar o soberanismo

Inácio Pavón Barbagelata

Porque, para começar, o Bloco não éindependentista, não é anticapita-lista e não é assemblear.

Algumas e alguns militantes do BlocoNacionalista Galego pensavam (ainda oshá que o pensem) que há que mudar o Blo-co de dentro. Muitas vezes tenho ouvidodizer a companheiras e companheiros deorganização que independentismo e auto-determinação eram conceitos ultrapassa-dos, fora de moda, enquanto outras/os as-seguravam que havia que conseguirapoios sociais para se chegar às institui-ções e, a partir dali, fazer o trabalho parasoberania do Povo Galego.

No entanto, uma vez chegado às insti-tuições, a máxima reclamação do BNG foi“mais Estatuto”. Muitas das políticas pos-tas em funcionamento pelo BNG, iam to-talmente em contra da autodeterminação.E os métodos para aplicá-las eram às ve-zes tão clientelares, como o tinham sidocom os governos anteriores. Poderíamos,situados numa posição independentista,chegar mesmo a conceber a criação uma“rede de empresas galegas”?

Os movimentos sociais próximos do Blo-co Nacionalista Galego (algum impulsiona-do pela própria formação frentista) foramutilizados e abandonados ou desativados.Os órgãos de decisão ou de representaçãodo BNG estão tão afastados da militância eda população em geral, que as decisões úl-timas tomadas pela organização ficamigualmente longe das expectativas e dasnecessidades populares e militantes.

Há anos que o Bloco abandonou as po-líticas anticapitalistas (se alguma vezacreditou nelas). Cada vez mais, tem idoadaptando as políticas institucionais es-panholas, chegando a “flertar” e inclusi-ve a aplaudir as atuações das forças derepressão. Toda a gente tem na retina al-guma foto de algum cargo político ou ins-titucional do BNG, a realizar atos e inau-gurações de quartéis da Guarda Civil oufestas do “dia de la Hispanidad”. Toda agente tem na memória as declarações fei-tas pelos seus representantes oficiais nocaso da “Operación Castiñeira” ou nos

últimos sequestros praticados pelas for-ças de repressão do Estado.

diante dos gravíssimos acontecimentosocorridos nestes dias na Galiza, o BNGnão se posicionou, nem sequer timida-mente, a favor das/os independentistaspresas/os. Não denunciou a violação dosseus direitos, a manipulação (des)infor-mativa dos meios de (in)comunicação so-cial, nomeadamente a televisão pública daGaliza, nem o julgamento mediático, nema transgressão manifesta da Carta de di-reitos Humanos. Ao mesmo tempo queapoia os anseios de autodeterminação ereivindicações territoriais do povo mapu-che e critica o uso abusivo das leis de ex-cepção como a lei de Segurança interiore a lei Antiterrorista, ignora o que se pas-sa na Galiza.

Não sei muito bem se esta moral duplaé para não serem “criminalizados” ou por-que estão demasiado ocupados brigandopor esse poder fictício que dará outroraquotas de representação nas diferentespoltronas. Prefiro pensar que são esses osmotivos e não que estejam de acordo oulhes seja indiferente a agressão levada acabo contra o nosso povo.

Porque, com o seu (pouco ou muito) po-der de convocação não se insta a cidadaniaa lutar em comum. Porque se parcializam esectorializan as lutas. Porque nestes mo-mentos de crise, de perda de postos de tra-balho, de precarização, de ordens de des-pejo, esta formação frentista, longe de estarao lado do povo e dos grupos reivindicati-vos, chegou a ignorar e, às vezes, inclusivea demonizar algum dos tais grupos.

Não se pode ser independentista dentrodo BNG, por coerência, por decência e porsaúde mental.

Paz Romai é ativista de Ames na Esquerda

Independentistassem sítio no BNG

Paz Romai

Não se pode por coerência, por decênciae por saúde mental

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Está-se a recuperar adefesa da soberania e dajustiça social no BNG

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Empresários espanhóis e indo-nésios comerciam com centosde pescadores estrangeiroscada ano. Oferecem-lhes sol-dos tam ínfimos que na maio-ria dos barcos, apesar do de-semprego, cada vez som me-nos marinheiros galegos.

MANUEL VILAS / Umha maré por2.000 euros. Três semanas de fai-na contínua num boniteiro varri-do polas tempestades do Atlánti-co norte. Em troca disto, o dobrode salário do que em qualquer ou-tra oferta ao alcance de um moçosem formaçom. Esta era a saída aque se agarravam centos de de-sempregados galegos há algunsanos. Hoje, a válvula de escape doGram-Sol já nom existe.

Agora florescem as agências decontrataçom que proporcionammarinheiros aos armadores gale-gos. Som uns 1.600, a maioria in-donésios, que, segundo denun-ciam sindicatos e professores, tra-balham explorados perante a pas-sividade do Estado e da Junta.

A primeira a pôr nome aos su-postos exploradores foi a Confe-deraçom intersindical Galega(CiG). Xabier Aboi, o seu respon-sável em pescas, assinou umhadenúncia junto da Segurança So-cial acompanhada das ofertas deduas agências: a Total Spain Qua-lity oferecia marinheiros indoné-sios por 400 dólares, russos por900 euros. O preço era “orientati-vo”, quer dizer, podia negociar-se.Mais baratos ainda saíam na Ship-ping Oriental Services (Shipopes-ca), 295 dólares por cada mari-nheiro indonésio. isso sim, haviaque lhes pagar três dólares por ca-da tonelada de peixe.

A denúncia é de há dous anos,mas a Administraçom nom san-cionou nengumha das duas agên-cias apesar de ofertarem traba-lhadores abaixo do salário míni-mo. “Todo o mundo calou e olhoupara outro lado, a Junta, a Fisca-lia, o Ministério do Trabalho, to-do o mundo com competênciasse escondeu”, declara indignadoAboi ao Diagonal. O sindicalistainsiste em que a “exploraçom dohomem polo homem” continuanos portos galegos: “Polo saláriodum marinheiro galego, contra-tam doze indonésios”.

de soldos paupérrimos também

fala o professor da Universidadede Santiago de Compostela(USC), José Antonio Aldrey. Estegeógrafo indica que as agênciaspagam “mui pouco, por volta de500 euros por mês, menos dumterço do que receberia um mari-nheiro daqui” apesar de que os in-donésios “som mui úteis para osarmadores porque som pessoascom qualificaçom para trabalharno mar, até o ponto de serem aspróprias empresas que os procu-ram na indonésia”.

Contratos e controloA ausência de inquéritos judi-ciais está relacionada ademaiscom o isolamento dos marinhei-ros, bem pouco dispostos a de-nunciarem. O professor Aldreyqualifica-os de “coletivo dócil”,após explicar que os armadoresos tenhem “bastante controla-dos” em apartamentos pagos po-las agências. Além disso, os pró-prios emigrantes limitam a suavida social ao máximo para po-derem aforrar. durante os trêsou quatro anos em que permane-cem na Galiza “apesar de que al-guns ganham mui pouco, por vol-ta de 300 euros, conseguem man-dar remessas de até cem eurospor mês para as suas famílias,que aqui é pouco dinheiro, masque alá representa um incentivoimportante”. O especialista ex-plica que na grande maioria decasos “nom se relacionam nadaou quase nada com a populaçomlocal”, “nom tenhem nengum ti-po de identificaçom com a Gali-za, nem ideia do idioma” e men-

tres pensam em retornar “vivemquase como extraterrestres”.

Na opiniom da CiG, os meios decomunicaçom social também con-tribuem para a exploraçom. Aboidenuncia que “a imprensa se es-conde, apesar de que publicamosos contratos que oferecem asagências, porque informar distosignifica tocar grandes nomes dapesca”. Muitos indonésios traba-lham para a ABSA, sociedade dos

armadores de Burela e umha dassociedades de maior faturaçom daprovíncia de lugo.

Pagamento de indemnizaçonsapós um naufrágio ou repatriaçomde cadáveres: estes som os únicostemas que protagonizam nos gran-des meios os marinheiros indoné-sios, carne de canhom no setorcom maior mortalidade laboral detoda a Espanha. Xabier Aboi apon-ta para a existência de verdadeiras“máfias” que pretendem construirum muro de silêncio. Assim, o sin-dicalista refere o caso dum arma-dor de Santa Ugia Ribeira “pres-sionado” por outros armadores,molestos porque este empresário,satisfeito com os seus tripulantes,lhes oferecia um soldo digno.

As empresas acusadas pola CiG(as citadas Total Spain Quality eShipopesca, juntamente com ou-tras como a Crewnova, a NautaeBurela e a Servixestion Burela)

sempre negárom qualquer irregu-laridade. José Quelle, administra-dor da Shipopesca, sociedade ra-dicada em Jove, mesmo ameaçoua Confederaçom intersindicalcom umha querela perante os tri-bunais por esta acusá-lo de “trafi-car com carne humana”, deman-da de que nunca mais se soubo.

O certo é que a atividade des-tas empresas nom é ilegal. Na in-ternet dúzias de agências indo-nésias ofertam tripulaçons a ar-madores de todo o mundo. Porexemplo, a Fosterindo presumede fornecer tripulaçons “a umcusto razoável” encarregando-sede todos os trámites, incluídos oscertificados médicos para embar-car, passaporte, “assistência aosmarinheiros desde o aeroportointernacional de Jacarta” e “o rá-pido pagamento às famílias”.

Viver com 300 euros por mêsO facto de os contratos serem as-sinados na indonésia permite àsagências pagar salários abaixo dalei espanhola. É habitual, alémdisso, que a própria agência des-conte vários centos de euros dosoldo polo alojamento e a comida.Por isso, os salários de 500 eurosficam em 300. Segundo denunciaa CiG, também é freqüente que osemigrantes paguem os seus bilhe-tes de aviom renunciando ao salá-rio dos primeiros meses e assinemantes da viagem um papel embranco, que a agência pode utili-zar se surgir qualquer problema.

Esta reportagem foi publicada original-

mente no nº132 do jornal Diagonal.

Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 201216 em anÁlise

Nem a Inspeçom do Trabalho nem a fiscalia atuam nos navios combandeira espanhola ou nos pesqueiros com bandeira de conveniênciaem anÁlise

cerca de 1.600 trabalhadores deste País asiÁtico som exPlorados Por diferentes armadoras

Marinheiros indonésios na Galiza: jogar a vida por 295 dólares por mês

Silêncio mediático:“Informar disto implicatocar grandes nomes”

Muitos indonésios trabalham para a ABSA,

empresa de Burela

M.V. / Em colaboraçom com os também pro-fessores da Universidade de Santiago deCompostela (USC) Jesús González e XoséManuel Santos, José Antonio Aldrey é autorde La emigraçom extranjera en Galicia. des-te estudo depreende-se que todos os indoné-sios som marinheiros experimentados, quesaem do seu país com um contrato debaixodo braço e aos quais os empregadores facili-tam comida e alojamento. Em teoria, istoconverte-os nuns privilegiados fronte àmaioria dos emigrantes. Nada mais longe darealidade. O estudo da USC aponta que amaioria cobra menos de 600 euros e que

“chamam a atençom os baixos salários mé-dios dos asiáticos, quando som um coletivocom umha situaçom laboral maioritariamen-te regulada. Sem embargo, umhas boas con-diçons de partida nom redundam num salá-rio adequado. Ainda mais, é provável que is-to os afete negativamente: é um preço quedevem pagar”. Enquanto que alguns emi-grantes tenhem possibilidades de prosperar,os marinheiros estám atados a umhas condi-çons péssimas durante toda a sua autoriza-çom de trabalho. diante desta situaçom, oprofessor Aldrey demanda às administra-çons “um controlo mais duro no tema labo-

ral; as condiçons laborais devem cumpriruns mínimos independentemente da origemda empresa ou de se se trata dumha empre-sa de trabalho temporário que fica com par-te do salário”. Pola sua parte, o sindicalistaAboi insiste em que nem a inspeçom do Tra-balho nem a Fiscalia atuam nos navios combandeira espanhola ou nos pesqueiros combandeira de conveniência que som, ao seujuízo, “a verdadeira selva, com salários de200 euros”. O representante da CiG denun-cia que o resultado é que na maioria da frotade altura já nom há trabalhadores galegos,salvo como capitáns ou patrons de pesca.

“A regulaçom laboral nom implica salários dignos”

porto de burelaa empresa dos armadores desta vila é umha das responsáveis

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17crónicaNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

A segunda quinzena de novembro estendeu o movimento okupa a duasdas principais cidades. O novo Centro Social de Vigo continua a resistircrónica

o imóvel que acolhe o esPaço livre ia ser destinado a casas de luxo a iniciativa de valerY karPin

cs bairro do cura: nova okupa contra a especulaçomA filtraçom dos planos à imprensa espanhola obrigou os ativistas vigueses a tor-narem pública a ocupaçom antes do previsto. Assim, em 21 de novembro (segun-da-feira) anunciavam que iriam criar umha nova okupa no sul do País: o Centro

Social Bairro do Cura. Ativistas de diversas militáncias (anarquistas, indepen-dentistas, de centros sociais ou associaçons em defensa da terra) uniam esfor-ços neste novo projeto coletivo que continua a se desenvolver.

ZÉLIA GARCIA / O Bairro do Curaé um complexo de edifícios e ruasno interior da zona velha viguesa.O plano do ex-futebolista do CeltaValery Karpin e do alcalde AbelCaballero é converter este espaçonumha zona de vivendas de luxoe num "centro de negócios". Noentanto, entraves municipais e au-tonómicos, bem como as conse-quências económicas da crise es-tám a adiar a realizaçom destemegalómano plano imobiliário.

Ativistas ocupárom o antigo asi-lo das «Hermanas de los Ancianosdesamparados» –um edifício decinco plantas, com capela e inu-meráveis quartos– para denuncia-rem a especulaçom urbanística,começando, ao mesmo tempo, osduros e numerosos trabalhos delimpeza do local.

Nestes momentos, a assembleiaestá a trabalhar basicamente emacondicionar o local, pois as anti-gas donas, as ditas “Hermanas”,antes de o abandonarem, tiráromas telhas, deixando só umha rin-gleira, serrárom as traves da cú-pula da capela e vedárom as por-tas. Pretendiam assim deteriorar

e assolagar o prédio, de forma aevitar que fosse ocupado. As frei-ras fôrom ajudadas por Karpin,segundo investigárom ativistascontra a especulaçom.

Apesar destes ruins trabalhos decontra-habitaçom, entre vinte etrinta pessoas drogodependentesvivem neste espaço há mais de oitoanos, e cerca de cem pessoas semabrigo passam polo asilo ao longodo dia. A poucos metros do Conce-lho de Vigo, a dura realidade das

pessoas sem lar, sem direitos nemajuda de nengum tipo partilha es-paço com a assembleia de okupas,às costas da cidade insensível.

“Nom tivemos nengum proble-ma com os nossos vizinhos, masquigemos delimitar os espaços eassim separamos as zonas que es-távamos a recuperar do asilo. Um-ha das ideias a longo prazo seriapodermos habilitar um alberguepara as pessoas sem abrigo”, expli-ca umha das participantes.

Outra das propostas é transfor-mar o prédio num grande centrosocial e cultivar a enorme exten-som de terreno que fica a ermo,

mais de 15.000 metros quadradosde terra fértil que agora está cober-ta de mato. No primeiro fim de se-mana da ocupaçom as ativistasprogramárom umhas "Jornadaspola defesa do Bairro do Cura" eem dezembro relembravam que oelemento central será o trabalhocomunitário na horta. As okupaspretendem transformar o mato emhortas coletivas para uso e susten-to de vizinhas e ativistas.

Contrariamente aos dizeres doFaro de Vigo e El Mundo, os oku-pas nom abandonárom o Bairro doCura, e o centro social continuacom a sua atividade, mas tambémmarcando os seus próprios ritmos.

Só agora os meios empresariaismostrárom interesse polo bairrodo Cura, mas nom pola difícil si-tuaçom em que vivem centos dehomens e mulheres sem teito. issosó lhes interessa para criminaliza-rem a okupaçom e a luita contra aespeculaçom como movimentos.

de momento, as okupas nom fô-rom incomodados pola polícia nempor agentes judiciais, de maneiraque se desconhece se está abertojá o procedimento de despejo.

sala Yago: 6 dias de cultura livre em compostelaMª ÁLVARES - X. MIQUEL / O movi-mento okupa reapareceu na zonavelha de Compostela, com a rea-bertura da mítica Sala Yago quefora fechada em 2007. Várias pes-soas entrárom nesta sala em 17 denovembro e, após realizarem um-ha jornada de limpeza, abrírom-na ao público numhas jornadasanunciadas como a “Grande rea-bertura da Sala Yago”. diversosobradoiros, jantares veganos,concertos, documentários, moni-creques, circo... decorrêrom noteatro no ámbito dumha progra-maçom aberta à cultura livre.Mentres, fora, as pessoas que pas-savam pola cêntrica rua do Vilarficavam atónitas. As que entrá-rom, puidérom desfrutar da am-pla programaçom de atividades ebotar umha olhada à sala baleiradesde há cinco anos. Mas as de-claraçons do regedor municipal,Conde Roa, pedindo um rápido

desalojo e anunciando que “osokupas iriam ter que pagar to-dos os estragos” previam umharápida intervençom policial um-ha vez passadas as eleiçons.

E assim foi. Às dez da manhádo dia 23 de novembro, maisdumha trintena de polícias dechoque entrárom na sala paraidentificarem as 11 pessoas quenesse momento ali se encontra-vam. Figérom-no quando se abrí-rom as portas para iniciarem um-ha nova jornada. Ali, na entrada,retivérom-nas, obrigando-as a per-manecer de pé durante quatro ho-ras. Entrementres, fora, realiza-vam um perímetro de “segurança”impedindo a passagem a qualquerpessoa para o interior do prédio.

Fora da sala, um cento de pes-soas solidárias congregaram-se,ademais dos transeuntes queviam como a rua do Vilar ficavacheia de polícias. A situaçom foi

de calma tensa durante as quatrohoras que durou a retençom den-tro da sala, gritos de solidarieda-de com as pessoas detidas, a fa-vor da okupaçom e contra a polí-tica cultural do Concelho. Alihouvo também mais umha deten-çom: umha moça que nom levavao bilhete de identidade quando atentárom identificar. Ao meio-dia, a polícia sacava as detidas, eentom começárom as investidaspara tentar impedir que as levas-sem para a esquadra policial. Vá-rias porradas, corridas e umhabola disparada nas estreitas ruas

da zona velha, figérom parte doseguinte capítulo do desalojo.Após o ataque, a gente congre-gou-se na comissaria onde esta-vam as detidas que fôrom ceiva-das poucas horas mais tarde sempassarem polos julgados.

A solidariedade contra o desa-lojo nom cessou e logo à tarde um-ha concentraçom na Praça 8 deMarço que ultrapassou todas asexpetativas de assistência, tornou-se em manifestaçom polas ruas dazona velha. Centos de pessoastentárom voltar para à Yago; noentanto, duras investidas policiaisimpediron-lho, fazendo que amarcha seguisse pola zona nova.Foi aqui que houvo vários ataquesa sedes bancárias, assim como alojas de grandes multinacionais,para concluir na Praça Vermelhacom a leitura do manifesto e des-convocando o ato. Após a mani-festaçom e segundo denuncia o

portal galizalivre, umha pessoasolidária foi brutalmente agredidapola polícia na estaçom de auto-carros da cidade.

A dia de hoje, as avogadas quelevam o caso denunciam que ape-sar de nom estar decretado o se-gredo de justiça, ainda nom te-nhem acesso ao processo e que,portanto, nom podem trabalharna preparaçom do julgamentonem sabem de que som acusadasas pessoas denunciadas, à partede usurpaçom. Além disso, de-nunciam as numerosas irregulari-dades que tivérom lugar no desa-lojo, sendo a mais relevante que odesalojo express ocorreu fora doprazo que marca a lei. A demons-traçom de força dos okupas, faique nom se descartem novas oku-paçons, numha cidade onde somfechadas as portas para a culturanom subvencionada e onde 25%dos andares estám desocupados.

os doze detidos ainda nom conhecem as acusaçons e os advoGados denunciam irreGularidades

Umha nutrida marchadenunciou o desalojo

no mesmo dia emque este tivo lugar

As antigas donas doprédio tirárom as telhase vedárom as portas

para impedir ocupaçons

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18 em anÁlise Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

em anÁlise O caráter difuso parece intencional; de facto os manifestos pola ‘Resistência Galega’ evitam citar ataques concretos

A.R.J. / desde o desmantelamen-to do Exército Guerrilheiro, e es-pecialmente a partir da década de2000, as sabotagens fôrom-se tor-nando parte do cenário políticogalego, um ruído de fundo peque-no mas constante no tempo.Quando o primeiro “Manifestopola Resistência Galega” aparecepublicado numha web brasileiraem 2005, a legenda “ResistênciaGalega” começa a empregar-separa identificar estas sabotagens.

Estratégia de novo cunhoA forma dos ataques dos últimosanos, agrupados como “resistên-cia galega”, carateriza-se por umnovo jeito de os exercer, que eludeestruturas hierárquicas. Além desucintas reivindicaçons, apenascontamos com quatro documen-tos públicos: o primeiro “Manifes-to pola resistência galega” (2005),duas entrevistas a um suposto ati-vista da resistência, Osvaldo Brea(2006 e 2007), e o “Segundo Mani-festo pola Resistência Galega”(2011). Os quatro insistem na no-va estratégia: “o relevante nom équem bate senom em que se bate.O relevante nom é quem organizanem o grau de organizaçom, se-nom o certeiro das açons e o afor-talamento da luita”. O caráter di-fuso parece intencional, e de factotanto o primeiro como o segundomanifesto evitam citar ataquesconcretos. Aliás, até o momento,nengum dos presos independen-tistas galegos por açons de sabo-tagem foi sentenciado por perten-ça a organizaçom armada, e a re-sistência galega, como tal, nomtem existência jurídica.

Distintos objetivos e intensidadeOs objetivos da resistência galega,assim como os graus de intensida-de, apresentam umha grande va-riedade. Entre os ataques que lhesom atribuidos contam-se: ata-

ques a entidades bancárias; sabo-tagens a empresas e maquinariarelacionadas com grandes infraes-truturas como o AVE ou autovias;artefactos explosivos contra inte-resses imobiliários entre 2007 e2008; ataques a empresas comconflitos ambientais; ataques demais ou menos intensidade contrabens de pessoeiros como BlancoValdés, Xulio Calviño ou ManuelFraga; açons na zona de Vigo maisligadas a greves e problemáticaslaborais, e, nos últimos anos, in-tensificaçom dos ataques contrasedes do PSOE, PP, UGT e CCOO.

Quanto ao grau de intensidade,as açons da ‘resistência’ carateri-zárom-se por atentar contra bensmateriais com diversos meios: des-de apedrejamentos a bombas decloratita ou pólvora, conforme aosmeios de comunicaçom, passandopor coquetéis molotov e outros ar-tefactos incendiários e explosivos.

Segundo manifestoO segundo manifesto assinalaquecontinuarám “os ataques arma-dos contra interesses do conglo-merado de ocupaçom”. O docu-mento situa a sua encruzilhadaem “priorizar o conflito (num sen-tido amplo, sem exclusons) ou anormalidade democrática (o cida-danismo constitucional) que nosoferecem os nossos carrascos”,criticando as comparaçons comoutros contextos, nomeadamenteo basco. Também homenageia ospresos independentistas, e anun-cia que se centrarám “no funda-mental: unidade, organizaçompopular e extensom da rede com-bativa”, prosseguindo os ataques.

Seis anos de sabotagens anónimasa Partir da Publicaçom do manifesto Pola resistência GaleGa intensificou-se a violência Política

Nengum dos presos foicondenado por pertençaa organizaçom armada

açons violentas realizadas a Partir da Publicaçom do manifesto Pola resistência GaleGa

23/07/05 Compostela Bomba na agência central da Caixa Galicia. Duas pessoas som detidas.

21/05/06 Colheredo Bomba em caixa automático do BBVA em Vila-Boa.

24/06/06 Teio Queimam maquinária das obras da autovia Compostela-Cacheiras em Trás-do-Eixo (Teio).

21/07/06 Oroso Bomba em Sigüeiro destrói gabinete da empresa Grupo Puentes.

23/03/07 Nigrám TEDAX explosionam um pacote-bomba num chalet em construçom.

09/05/07 Cangas Bomba num chalet em construçom em Darbo acompanhada por propaganda da resistência.

15/05/07 Lugo Desativam bomba perante sede da Construcciones Mon. Reivindicada.

19/05/07 Compostela Incendiam grua nas obras do AVE no Eixo. Inscriçom em sinal de “resistência galega”.

09/07 Vários Sabotagens nos parques eólicos na serra do Faro, Caerom, Cova da Serpe e Suído.

25/09/07 Mugardos Bomba nas imediaçons da Reganosa. Reivindicada.

15/11/07 Cangas Bomba destrói local de ‘Inmobiliaria Morrazo’ no Forte.

14/12/07 Porto Doçom Detenhem dous independentistas em Portozinho que supostamente iam atacar imobiliária.

08/02/08 Minho Bomba no apartamento-piloto de urbanizaçom da FADESA em Perbes.

21/04/08 Vigo Desativam pacote-bomba no escritório da promotora do porto desportivo da Massó.

18/05/08 Vigo Bomba destroça antena de telefonia em Saiáns.

08/07/08 Róis Sabotam dous camions das obras da autovia Santiago-Briom no Martelo.

22/08/08 Val d´Eorras Bomba nom chega a explodir em louseira de Vila-Martim.

17/06/09 Área de VigoGeve do metal. Ataques a concesionário da Renault em Nigrám, à morada do presidente daInstalectra, José Alonso, e bomba num caixa automático da Caixa Galicia em Vigo.

24/06/09 Sam Genjo Engenhos ‘MacGyver’ contra quartel da Guarda Civil e a base da Polícia Local.

01/07/09 Compostela Engenho explosivo em caixa automático da La Caixa.

23/07/09 Vigo Explosom controlada de bomba em caixa automático da Caixanova.

01/11/09 Teio Cocktail molotov contra casa de Roberto Blanco Valdés nom chega a prender.

23/11/09 Lugo Incendiam porta de Academia Cear, onde formam opositores à polícia. Reivindicado.

14/01/10 Ponte Vedra Detenhem 2 jovens com um explosivo que teria como objetivo umha subestaçom elétrica.

27/01/10 Teio Atacam casa de Roberto Blanco Valdés com engenho explosivo.

28/01/10 Vigo Atacam com engenhos incendiários sede de CCOO.

09/03/10 Porrinho Cocktails molotov contra locais de CCOO e UGT.

10/04/10 Vigo Atacam morada do concelheiro de segurança cidadá do PSOE Julio Calviño.

19/04/10 Vale Minhor Artefactos incendiários contra sedes do PP em Gondomar e Nigrám. Reivindicado.

30/04/10 Carnota Engenho incendiário contra o viveiro da Stolt Sea Farm em Quilmas. Reivindicado.

18/07/10 Vigo Cocktails molotov contra casa do presidente do comité de empresa da Vulcano, de CCOO.

19/07/10 Compostela Atacam morada do juíz Francisco Javier Míguez Poza. Reivindicado.

20/07/10 Vigo Bomba na sede da patronal da fontanaria e gás, Foncalor.

17/09/10 Estrada Bomba na sede do PSOE.

28/09/10 Lugo Bomba contra a sede do INEM.

28/09/10 Condado Atacam com engenhos incendiários sedes do PSOE em Salvaterra de Minho e Salzeda.

14/12/10 Área de Vigo Ataque com coquetéis molotov à sede do INEM em Coia e no Porrinho.

25/12/10 Teio Bomba na sede do PSOE em Cacheiras. Reivindicado.

05/01/11 Betanços Coquetéis molotov contra a sede do PSOE.

18/01/11 Carral Engenhos incendiários contra sede do PSOE.

09/02/11 Corunha Engenho incendiário contra sede da UGT.

10/02/11 Vigo Bomba em caixa automático nom chega a expodir.

10/03/11 Compostela Pequeno explosivo onde residira o entom alcalde da cidade Sánchez Bugalho.

13/06/11 Ordes Bomba contra sede do PP.

25/06/11 Redondela Incendiam várias escavadoras nas obras do AVE em Asnelhe de Baixo

25/06/11 Boiro Engenhos explodem perante a morada do proprietário da empresa das obras de Redondela.

27/09/11 Vila-Alva Bomba na casa natal e sede da fundaçom de Manuel Fraga.

10/10/11 Vigo Desativam explosivo em caixa automático na Alameda de Bouças.

09/11/11 Negreira Engenho caseiro contra sede do PSOE.

Por vezes subestimada com tópicos, outra sobredimensionada ou comparada comoutros conflitos, é inegável a existência de umha atividade contínua de sabotagem eaçons ilegais independentistas nos últimos anos. A cronologia anexa recolhe os ata-

ques de maior repercussom desde que foi publicado o ‘Manifesto pola ResistênciaGalega’, se bem o caráter difuso do movimento, a confusom com que é tratado nosmeios e a habitual ausência de reivindicaçons faga difícil concretizar dados seguros.

FoNteS: NGZ, Fiscalia, meios de comunicaçom.

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Constatou-se que os empregados cobram por hora, nom tenhemdireito a férias e devem pagar polo seu material de trabalho

19a denÚnciaNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

a denÚncia

M.B. / Os meios de comunicaçomsocial chegados ao regime costu-mam apresentar Telmo Martíncomo um empresário de êxito etodo um exemplo de “homem fei-to a si mesmo”. de origens hu-mildes, os seus primeiros passosprofissionais no seu Meanho na-tal estivérom ligados à fontana-ria. Em meados dos anos 70, sen-do ainda um adolescente, emi-grou com os pais para a Alema-nha, onde teria trabalhado comoferralha. Já de regresso à Galiza,em 1979 funda com o pai e o tioumha fábrica de ferro, a HierrosSanta Cruz. É a partir da sua en-trada na política que a empresaexperimenta um crescimentometeórico, sobretodo graças aosimportantes contratos públicossubscritos com o Ministério doFomento que dirigia o tambémdireitista Francisco Álvarez Cas-cos, tais como a ampliaçom doaeroporto madrileno de Barajasou vários troços do AVE, algunsdeles no nosso país. Na atuali-dade, trabalham para ele entre500 e 600 empregados, “depen-dendo das necessidades dosseus clientes em obra”.

Agora volta a tirar grandes lu-cros dos projetos públicos, destavez numha das maiores obrasexecutadas pola Junta, já que asua companhia matriz participanas obras de construçom do quar-to hospital de Vigo. Testemunhasorais e documentais a que tivoacesso esta publicaçom demons-tram que os operários que traba-lham para a Hierros Santa Cruzatravés da firma subcontratadaibero Sá-Grupo Barmonta co-bram por nómina salários de 500euros por jornadas de até 10 ho-

ras diárias, incumprindo grave-mente o convénio. Alguns destesobreiros, de nacionalidade portu-guesa, recebem depois parte dosoldo em dinheiro negro. destemodo, o prezo da hora trabalhadapassa dos quase três euros que fi-gura nas folhas de pagamento pa-ra sete no máximo.

Fôrom precisamente as condi-çons de trabalho existentes naobra pública que se executa nasparóquias vigueses de Beade eValadares que motivárom umhadenúncia da CiG-Construçom.delegados/as do sindicato nacio-nalista e desempregados/as do

setor paralisáron os trabalhosdurante dous dias e forçárom ainspeçom de Trabalho a criarumha comissom de acompanha-mento em que também está pre-sente a Uniom Temporária deEmpresas que resultou adjudi-catária da obra.

Na seqüência da denúncia,constatou-se que os empregadoscobram por hora trabalhada, quenom tenhem direito a férias e queas companhias aproveitam qual-quer circunstáncia para lhes des-contarem dinheiro do salário.Além disso, som os mesmos tra-balhadores que devem custear as

despesas em roupa ou materialde trabalho e carecem mesmodum lugar adequado para podermudar de roupa antes de depoisda jornada laboral.

Também no setor imobiliárioOutro dos setores em que Martínpossui importantes interesses é oimobiliário. A firma Construcua-tro também viu multiplicar-se oseu volume de negócios em para-lelo à trajetória política de Mar-tín. Se no ano 97 faturou poucomais de nove milhons de euros,desde que chegou à Alcaldia deSam Genjo, o seu volume de ne-gócios passou a atingir mais de65 milhons de euros em 2005. Noentanto, o nome da construtorasó se tornou conhecido no con-junto do País há uns anos, quan-do veu à tona o escándalo relacio-nado com a cobrança de sobre-preços na venda de vivendas pro-tegidas. A Conselharia do MeioAmbiente impujo à companhiaumha multa de quase 2,5 milhonsde euros e obrigou-na a devolveros 1,23 milhons que cobrara amais. Contodo, a decisom obvia onome de Martín (que possui 33%das açons) e só cita os seus doussócios na firma, José Manuel Tor-res e Eugenio Sobral.

Mas o número de escándalosrelacionados com a atividadeempresarial do político do PPparece nom ter fim. A deputa-çom de Ponte-Vedra presidida

polo seu companheiro de parti-do Rafael louzán vendeu-lhe osdireitos de edificaçom de 1.460metros quadrados expropriadospara construir umha estrada emPorto-Novo por 500.000 euros.A instituiçom provincial calcu-lou em 1.900 euros o preço devenda do metro quadrado cons-truído na zona, enquanto queprofissionais do setor imobiliá-rio estimavam que o valor realera de 6.000 euros. O defunto Jo-sé Cuíña também lhe facilitououtro lucrativo negócio, quandoumha permuta com instituto Ga-lego da Vivenda e do Solo lhepermitiu obter por metade deprezo 5.100 metros quadradosde edificabilidade.

A família do ex-conselheiro daPolítica Territorial também apare-ceria relacionada com Martín nou-tra ocasiom como compradora detrês parcelas em Baltar, Porto-No-vo, que eram propriedade do ex-alcalde de Sam Genjo. Martín ad-quiriu as parcelas logo depois detomar posse como alcalde e quan-do ainda eram rústicas. Pouco de-pois, o Plano Geral de Ordena-mento Municipal vinha a qualifi-car os terrenos como urbanizáveis,o que multiplicou o seu valor. Mar-tín embolsou-se mais de dous mi-lhons de euros com a operaçom.

O último episódio da sua con-trovertida carreira profissionalsaldou-se com um expedientesancionador e de restituiçom dalegalidade. Em concreto, umhamulta de mais de três milhons deeuros e a obrigaçom de demolirum prédio construído na zona deproteçom do domínio público ma-rítimo-terrestre no passeio dapraia de Silgar, em Sam Genjo.

Telmo Martín subcontrata portugueses por500 euros para as obras do hospital de Vigo

hierros santa cruz, do dePutado do PP, obtivo imPortantes contratos com Álvarez cascos no fomentoA empresa Hierros Santa Cruz, propriedade do ex-alcalde de Sam Genjo e deputadodo PP no Parlamento espanhol, Telmo Martín, utiliza mao-de-obra em regime de traba-lho escravo para multiplicar lucros nas grandes obras públicas. Para os trabalhos de

construçom do novo hospital de Vigo, orçados em mais de 400 milhons, a companhiado que também foi candidato à Alcaldia de Ponte-Vedra subcontratou firmas portu-guesas que pagam salários de 500 euros por mês e cotizam no país vizinho.

Com a Alcaldia deSam Genjo multiplicouo seu volume de lucros

telmo martÍN e mariaNo raJoYnum comício da última campanha eleitoral

NómiNa de trabalhador SubcoNtratado

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Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 201220 entrevista

“qualquer retorno a umha situaçom anterior de disputa e deinexistência de espaços comuns é impensável no independentismo”entrevista

A grandes traços, em que pará-metros analisa a OLN a situaçomnacional e social da Galiza?A crise estrutural do sistema capi-talista a nível mundial reforça omais negativo da situaçom colo-nial que padecemos. No nacional,é umha situaçom límite. Bastaolharmos para os dados socio-lin-güísticos. E no sócio-económico,nom há mais que ver taxas de pre-cariedade e a pauperizaçom, comentre 20 e 30 por cento da popula-çom galega a viver em risco de ex-clusom social. A superaçom destepanorama passa por umha luitadecidida de defesa do que até ago-ra eram direitos reconhecidos po-lo Estado. E no nível mais estraté-gico, para a construçom possíveldoutro modelo socio-económicopara a Galiza, cumpre passarmospola alfándega da conquista da so-berania. Muitas vezes se pom emqüestom que um Estado própriopoida ser mais do mesmo, semmudanças percetíveis no social eeconómico. Mas no processo gale-go, isso nom é possível porque oavanço na direçom da conquistade soberania exige que a classetrabalhadora faga seu esse projetoe o hegemonize. Poida que na ir-landa ou na Escócia sim, mas aquia soberania nacional nom serápossível sem nos situarmos na es-querda, em ausência dumha bur-guesia nacional sobre a qual pui-desse assentar um projeto de li-bertaçom nacional, na hipótese deesse projeto interessa a alguém.

Como vedes o presente e futuromais imediato do caminho caraà unidade do independentismo?Consideramos que nos achamosna fase embrionária dum proces-so longo de acumulaçom de for-ças, depois de muitos anos dummapa de diversas fraçons comumha dialética de compartimen-tos estanques. Agora tenta-se,através de unidades de açom e li-nhas de trabalho concretas, disol-ver na medida do possível essestabiques. Estamos conscientesdas contradiçons, da diferençaentre culturas políticas, dos dis-tintos níveis de confiança... mas aúnica maneira de que todos esseselementos poidam ser ultrapassa-dos é no trabalho conjunto comuns objetivos determinados.

Como e quando esperades po-der concretizar isso numha uni-dade orgánica?isso seria umha estaçom de che-gada de dinámicas que venham aocorrer durante um tempo maisou menos longo, mas nom é o quenos preocupa agora. Nom quere-mos adiantar um debate finalistasobre como vaia ser essa possívelunidade popular, frente ou o quefor. Em todo o caso, a própriaexistência dumha unidade deaçom de distintos setores inde-pendentistas em distintos ámbi-tos é já um patamar mínimo paratrabalharmos. Qualquer retornoa umha situaçom anterior de dis-puta, e inexistência de espaçoscomuns é impensável.

Entra nos planos um achega-mento ao espaço nucleado aoredor da Primeira Linha? E aossetores críticos no BNG?Nós-Unidade Popular auto-ex-cluiu-se por própria vontade dosprocessos em curso e explicou pu-blicamente as suas motivaçons.

No que toca ao BNG, umhaparte mais ou menos significativada base social e militante situa-seem parámetros de esquerda e in-dependentistas, em contradiçomcom a política autonomista da dio-

reçom da frente, mas a fraquezaorganizativa e ausência dumha al-ternativa referencial no indepen-dentismo dificulta que a contradi-çom se resolva. Apesar do longo ecomplexo que poida ser, cumprelevar esses setores aos processosde acumulaçom de forças.

Como avaliades o percurso rea-lizado pola Causa Galiza e quaisdevem ser os próximos passos?Qüestom primária e fundamentalé que a iniciativa popular pola au-todeterminaçom está assente den-tro do mapa do soberanismo co-mo o referente mais abrangente eunitário que existe. Segundo, anecessidade de fortalecer no povogalego a consciência de que oexercício de soberania política éfundamental para as suas condi-

çons de vida fai-se maior nestecontexto de crise. Além disso, éum espaço de convivência entresetores do independentismo emesmo com setores intermédiosentre o independentismo e oBNG. Um dos déficits que encon-tramos é talvez a incapacidade pa-ra estabelecer trabalho de formaa incidir em cada comarca concre-ta pola socializaçom da ideia.

E dos processos de elaboraçomde candidaturas soberanistas nasúltimas eleiçons municipais?O processo no municipal, con-cretizado por agora eleitoral-mente nas eleiçons de 22 demaio evidenciou as dificuldadespara umha unidade de açom noámbito do trabalho local. Mastambém foi o primeiro passo natentativa do independentismode fazer trabalho nom restritoao ideológico e nacional. O ma-pa resultante pode ser a foto dascontradiçons que há que supe-rar no processo, mas o que inte-ressa agora é que, tendo em vis-ta o futuro (e nom quatro anos,porque o tempo nom o marcamos processos eleitorais), seja ul-trapassada essa diferença entreo desejado e o que aconteceu.As diferenças nom som tam

grandes nem de fundo que nomimpidam de trabalharmos noimpulso de movimentos vizi-nhais que ultrapassem os pará-metros dos partidos turnistas edo autonomismo.

Qual é a vossa avaliaçom do tra-balho contra a repressom? comose pode reforçar esse trabalho? A repressom em termos geraisvai recrudescer, já o está a fazer,acompanhando o empobreci-mento e o aumento da miséria so-cial. Mas no caso concreto da re-pressom associada ao indepen-dentismo, e se o resultado do úl-timo golpe repressivo finalmentefosse que a Audiência Nacionaltentasse fabricar juridicamenteumha organizaçom armada aoperar na Galiza, estaríamosdiante dum salto qualitativo. im-portante por como o Estado es-panhol trata com esses fenóme-nos, incluindo o que a terminolo-gia policial chama 'o entorno',movimentos políticos e sociaisque trabalhem na legalidade epodem ficar ameaçados. Nós de-fendemos que o único ponto deencontro entre todas as organi-zaçons do soberanismo passa po-la assunçom de que num contex-to de grave déficit democráticocomo o atual todas as formas deluita dum povo som legítimas, in-dependentemente do debate so-bre a sua oportunidade. doutraparte, a condiçom incontronávelé o exercício da solidariedade ati-va por riba de siglas com as reta-liadas e retaliados quem som mi-litantes independentistas, comum compromisso que se moveem parámetros puramente políti-cos. A solidariedade com essaspessoas passa por esses dous pa-rámetros e pola participaçom notrabalho de denúncia da sua si-tuaçom. Nessa linha, poderá dar-se a convergência neste campo, equiçá expressar-se na existênciadumha estrutura anti-repressivareferencial e legitimada por todoo independentismo.

“A unidade partirá do trabalho conjunto”joÁm Peres lourenço é resPonsÁvel Pola comunicaçom da orGanizaçom Para a libertaçom nacional (oln)

X.R.S. / A Organizaçom para a Libertaçom Nacional foi constituída em março eapresentou-se publicamente no mês de outubro. As raízes desta estrutura nas-cem no seio do coletivo de militantes Espaço Irmandinho e é o fruito dumha re-flexom, iniciada em 2009, sobre a “necessidade de fazer avançar o modelo orga-

nizativo cara umha estrutura de perfil mais militante e mais estruturada interna-mente”, prosseguindo “a implicaçom da militáncia nos projetos de construçomnacional”. Como objetivo estratégico destacam “a constituiçom dumha alternati-va política de massas em parámetros independentistas e socialistas”.

“O processo municipalevidenciou dificuldades

que há que superar”

“A soberania nom serápossível sem estarmosna esquerda política”

“Nom queremos umdebate finalista sobrecomo vai ser a unidade”

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21mediaNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

No momento em que esta secçomfai dous anos, tem que voltar sobreos passos. No número 86 do Novasda Galiza, esta página aparecia en-cabeçada polo título “Da intoxica-çom como exercício literário”. Da-quela, fora o ‘El Correo Gallego’ oque dava mostras de como a propa-ganda de guerra pode encontrar sí-tio na imprensa diária sem muitacomplicaçom, tal é o ponto de ten-denciosidade que a indústria mediá-tica tem naturalizado entre a sua au-diência. Só um detalhe que explici-ta, em comparaçom com o aconteci-do nas última semanas, o inconexoe incoerente da propaganda parapo-licial recolhida nos meios: o título da'reportagem' que daquela era anali-sada anunciava que “O independen-tismo radical cai na paralisia e enca-minha-se para o esquecimento”.

X.R. SAMPEDRO / Um esquecimento queos próprios media rebentárom após aoperaçom policial que entre os dias 30de novembro e 2 de dezembro levavadetidas em regime de incomunicaçomquatro pessoas, militantes independen-tistas a maioria. O pretexto foi serem, ci-tando a primeira nota de imprensa doMinistério do interior, “membros do gru-po terrorista independentista Resistên-cia Galega”. Nom contentes com passarpor cima da presunçom de inocência, ogabinete de comunicaçom da polícia au-torizou o emprego da informaçom “emparte ou na sua totalidade sem necessi-dade de citar fontes”. daí ao espetáculovergonhoso oferecido polos meios pú-blicos e privados há só um passo.

“Pola experiência sabemos que [amanipulaçom] pode ser e é assim”No próprio dia 1 de dezembro a TVG ofe-recia umha das mais infames mostras demanipulaçom da sua já destacada carrei-ra neste sentido. de forma grosseira, aempregada do meio Natalia Penas cons-trói umha narraçom na qual, depois decitar o suposto material confiscado, deci-de pôr na boca de umha ativista de Cei-var umha confirmaçom desse 'arsenal'com um corte tam ambíguo como “polaexperiência sabemos que pode ser assime é assim”. dez palavras completamentetiradas de contexto para cumprir com osdesejos da própria intoxicadora Penas oude algum intoxicador superior.

Nom contentes, a TVG voltava a luzir-se no dia seguinte, ao exercerem dousdos seus empregados como autênticos'paparazzi' à entrada do domicílio da fa-mília de um dos detidos. Nom lhes che-gando terem roubado um plano da mo-

rada para continuar a marcar os 'inimi-gos' diante da opiniom pública, conti-nuam a gravar. Nos informativos, polaspalavras de Ceivar, “estes miseráveis,que se fam chamar jornalistas, emitíromimagens da mai de Eduardo Vigo expul-sando-os da sua propriedade”.

“Passava por um estudante distraído”La Voz de Galicia ainda avançava maisum pouco, já nom só divulgando o perfilpolicial dos detidos, mas penetrandotambém no ‘amarelismo’, ao públicar nosábado dia 3 umha peça de “perfil” emque entre o paternalismo e a 'surpresa'retratava, com fotografia, nome e apeli-dos, o independentista Antom Santos,redator do NOVAS dA GAlizA. incidiam,numha linha depois repetida em váriaspublicaçons espanholas, na sua “bri-lhantez” académica, a sua “disciplina”ou a sua “cara de meninho”.

Silêncio da profissomNom é este o lugar para um dossiê por-menorizado do trabalho parapolicialdesenvolvido polos media e com mui-

tos dos 'profissionais' contratados porestes como cúmplices nestas semanas.Esse dossiê mereceria umha publica-çom própria, por extenso, mas quemquiger ampliar todo e mais do aqui re-colhido pode consultar o excelente se-guimento realizado nestas semanaspolo portal Galizalivre.org.

Mas sem ir além dos traços gerais eevidentes, como a publicaçom de no-mes e apelidos das pessoas vítimas dedetençons e ainda inocentes, ou o factode ignorar a presunçom de inocênciaem dúzias de titulos jornalísticos -imi-tando o próprio Ministério do interior-pode-se desenhar um mapa desoladorno que à dignidade da profissom jorna-lística se refere. Nem um só organismoprofissional fijo comentário algum àcampanha de intoxicaçom coordenadapor instáncias policiais. O Colégio Pro-fissional de Jornalistas da Galiza ou oSindicato de Jornalistas da Galiza ficá-rom em silêncio, e a esta hora só temosconhecimento de umha proposta porparte da CiG para o Comité de Empre-sa da TVG denunciar numha nota pú-blica a manipulaçom, pendente de seraprovada por esse comité na vindourasemana. Algo que, ainda que meritório,nom deixa de ser pouco ao lado daquantidade de jornalistas que em inú-meras redaçons participárom ou calá-rom perante factos que nom deixam dejogar contra eles e contra o pouco res-peito que ainda preserva o ofício.

A recente campanha contra o independentismo mostra o grau desubmissom da indústria informativa galega à estratégia do estadomedia

nem um só orGanismo fijo comentÁrios sobre a camPanha mediÁtica

Da intoxicaçom como estratégia de guerra

‘La Voz’ e a TVG destacárom no seu

papel propagandista e criminalizador

notas de rodaPé

Adetençom de seis pessoas acusadas de conspi-rarem com violência contra o Estado, tem dous

protagonismos diferentes na opiniom pública.

Um deles é o legal. Um julgado longínquo (670quilómetros e 600 metros mais de altura que

o lugar onde se presume que sucedêrom os feitospenáveis) decreta o envio urgente de pessoas quevivem de alugar cada dia a sua força de trabalho.“Transportem-nos bem algemados”, indicam.

Alei invocada para tal violento proceder é deExcepçom, umha lei alegal, se notamos que

lei é sinónimo de medida universal e garantia deaplicaçom.

Aopiniom inquire o que tal nom fariam os deti-dos para serem privados de trabalho, liberda-

de e comunicaçom com os seus. A resposta da lon-gínqua máquina da lei é um tanto vulgar: “cons-piravam para delinqüírem”.

Mas os media compensam a falha de eloqüên-cia dos togados e arrogam-se dum alto pro-

tagonismo fiscal e público. Fam-no com tanta re-soluçom, que decerto contam com o visto bom dodistante julgado.

Aforrando trámites à sofrida paróquia leitora,ouvinte ou telespectadora, enquadram o caso

debaixo da definiçom temática de “la lucha contrael terrorismo”. Que sentença, se é que existe, au-toriza a tratá-los de terroristas?

Por ordem de importáncia, citam as “provasmateriais” (de carácter secreto segundo a lei

de Excepçom). Retratam umha pota de cinco li-tros, demediada de massa cinzenta, e asseguramque contém trinta litros de material deflagrante.Nom explicam a natureza de tam elástica carga.

Aseguir, e nom com importáncia menor, reve-la-se-nos o achado central de quatro compu-

tadores, três processadores, um disco rígido, vá-rias bengalas de sinais e umha quantidade demoeda. Um jornal cefalópode, informatizado eprovido de duascentas ventosas vilegas, pom-nosem guarda: “en uno de los registros hallaron unacopia del comunicado de paz difundido por ETAel pasado 20 de octubre”. Acaso o próprio jornalnom informara desse comunicado?

Os media de propriedade pública também vamde voluntários ao barulheiro julgamento pré-

vio. Preferem esquecer que as pessoas que agoratratam de delinqüentes por terem na casa umcomputador e livros, foram nom há muito citados,por esses próprios média, como protagonistas deinteressantes iniciativas sociais.

Um jornal catedralício e jubilar surpreende-sede ir duas voltas por diante do resto dos acu-

sadores, baixa o ritmo e profere umha sentençadigna do Cam dos Baskerville (nom de Holmes,vaites!): “el análisis material de las pruebas va aser determinante”.

Leis e imprensade exceçom

eduardo ViGo perante o cS arredista de compostela

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

cultura No caminho para a vida institucionalmente agradecida, Reixa foi abandonando as suas conviçons “antissistema”

Antón Reixa quer restaurar “o bom nomedos direitos de autor” entre a cidadania

asPira a Presidir a entidade esPanhola de Gestom de direitos de autor, sGae

Como é que um empresário, quali-ficado pola imprensa de Madridcomo um “inconformista de raça”,“um dos mais inquietos represen-tantes da movida madrilena”, (na-da dizem da viguesa), ou um“anarcoide, vanguardista, progres-sista e quase anti-sistema” toma adecisom de candidatar-se parapresidir umha obsoleta, despresti-giada e corrupta entidade de ges-tom? Vam umha cheia de adjetivosseguidos que nom fam umha boamistura, se lembrarmos, paraalém, o passado comprometido dedefesa da Galiza de Reixa; a suaparticipaçom na fundaçom do gru-po de poetas de vanguarda Rom-

pente; ou a sua época em Os Re-sentidos, banda que decidiu can-tar em galego quando ninguém ofazia, e que serviu de referênciabásica a umha cheia de grupos quevinhérom depois.

Da dissidência ao bom viverMas parece que o viguês há já dé-cadas que abandonou a vanguar-da, e anda também imerso, juntocom outros e outras representan-tes da intelectualidade galega, naderiva para a oficialidade, nos con-vívios, as subvençons e os prémiosconcedidos por umha Conselhariade Cultura que segue os ditadosde um governo galegófobo. E ago-ra Reixa dá um passo diretamentepara Madrid, aspirando a presidir(segundo assinala, porque assimlho pedírom), umha entidade ana-crónica e legitimadora dos interes-ses das grandes corporaçons esta-tais e transnacionais, que concebea cultura como um negócio, que sebaseia no controlo absoluto damesma por parte das empresas in-termediárias, e que agacha umhagestom claramente lucrativa por

trás da mal chamada “defesa” dosautores e autoras.

No caminho para a vida insti-tucionalmente agradecida, Reixafoi abandonando aquelas convic-çons “antissistema” que o figé-rom romper com as normas esta-belecidas na boa sociedade vi-guesa de 80. Foi militante da Ga-licia Ceibe-OlN, até começos dosanos 80, quando abandonou a or-ganizaçom junto com o atual pre-sidente da RAG, Xosé luís Mén-dez Ferrín. Ao pouco tempo,quando governava a Junta o tri-partido dirigido polo socialistaGonzález laxe, Reixa começou afazer o já mítico programa Sítio

Distinto, cujas brilhantes ideiasnom foi quem de recuperar noseu posterior trabalho audiovi-sual, desenvolvido da mao doGrupo Prisa. Nos anos 90 come-çou a sua andaina na produçomaudiovisual, e foi mui criticadopor rodar os seus filmes em cas-telhano (mesmo A língua das

Borboletas, de Manuel Rivas).desde que o diário El País temumha ediçom para a Galiza, An-tón Reixa escreve ali os seus arti-gos, também em castelhano, jun-to com outros intelectuais da suageraçom, já que, ao que parece, anossa língua está relegada no jor-nal madrileno aos poucos e pe-quenos artigos da seçom de “cul-tura”. Nos últimos tempos, alémde ensaiar desde Galiza a, nassuas próprias palavras, “recon-quista da SGAE”, segue a presi-dir a produtora Filmanova, e hásó uns meses fijo parte de umhaexposiçons da sua obra poéticaem vídeo, inaugurada no mês ju-nho no Centro Galego de ArteContemporânea (CGAC).

Defenderá os interesses dosautores e autoras galegasSegundo informava o diário ma-drileno El País, na sua ediçom paraa Galiza do passado 9 de dezem-bro, Antonio Javier Eulogio Rodrí-guez Reija (Vigo, 1957), Antón Rei-xa, apresentará na segunda-feira12 de dezembro a sua candidaturapara presidir a SGAE no Círculode Belas Artes de Madrid.

No momento de redigir este tex-to, do NOVAS dA GAlizA nom conhe-cemos quem vai acompanhar o exprofessor, poeta, artista multimé-dia e empresário na sua andaina,mas segundo el assinalou, na sualista haverá mais de um nome ga-lego. Já que, segundo as verbas deReixa, na Galiza, onde a sociedadetem uns três mil membros, “a par-ticipaçom multiplicou-se por cinco,e está sobre a mesa a constituiçomde umha coordenadora que garan-ta a representaçom dos autores eeditores galegos” na entidade. defacto, a “progressia” da cultura ga-

lega, de que Antón Reixa diz fazerparte, reuniu-se no passado mêsde setembro em Compostela paracriar um grupo de trabalho que seencarregasse da reforma do siste-ma eleitoral da entidade. Poucotempo depois, Reixa viajava a Ma-drid para participar na redaçomdos novos Estatutos da SGAE.

Absolutista e obsoletaMas a SGAE vive o seu pior mo-mento desde a sua fundaçom, hámais de um século. No passadomês de Julho o naquela altura pre-sidente, Eduardo Teddy Bautista,era preso junto com outras oitopessoas, baixo a acusaçom deapropriaçom indevida e adminis-traçom fraudulenta. dez dias an-tes tinham sido realizados uns co-mícios na entidade para renovar acúpula diretiva, mas fôrom anula-dos após umha denúncia de frau-de. Em finais do mês de Novem-bro, umha comissom de investiga-çom cifrava em 145 milhons de eu-ros os direitos de autor que fica-vam sem adjudicar.

Se os estatutos da SGAE, em cu-ja redaçom participou Reixa, somaprovados polo Ministério de Cul-tura, nas eleiçons do próximo 7 deFevereiro votará-se por um únicopresidente executivo, designadopola diretiva, e se até agora po-diam votar 8.220 dos quase 100mil sócios, com esta mudança vampoder fazê-lo 20.881, 154% mais:todos os que gerassem nos últimosquatro anos umha arrecadaçompor direitos de autor igual ou su-perior ao salário mínimo interpro-fissional, fixado em 641,40 euros.O reconto aplicacará a lei d'Honte as listas abertas, mas o voto vaicontinuar a ser ponderado: maisingressos, mais papeletas.

Na SGAE tem maiscapacidade de decisom

quem mais arrecada

A.R.G. / O ex líder d'Os Resentidos, agora empresário e criador multimédia,apresentava na segunda-feira dia 12 de Dezembro a sua candidatura à presi-dência da Sociedade Geral de Autores e Editores (SGAE), baixo o slogan “De-volvamos a SGAE aos sócios”. A sua lista - AUNIR, Autores Unidos pola Re-

fundaçom -, em que, segundo assinalou, “vai haver mais galegos”, competirácontra a conservadora DOM (De Otra Manera), liderada polo compositor JoséMiguel Fernández Sastrón. As eleiçons, em que poderá emitir mais papeletasquem mais dinheiro tenha arrecadado, serám no próximo 7 de Fevereiro.

aNtóN reiXae o conselheiro de culturaroberto Varela

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23Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012 cultura

Marcos Abalde, com a obra A cegueira; e Paula Car-balleira, com o texto O refugallo, som os ganhado-res, respetivamente, do XX Prémio Álvaro Cun-queiro para textos teatrais e do Vi Manuel María deliteratura dramática infantil, ambos os dous galar-dons literários que convoca anualmente a Agadic.

Prémio a marcos abalde e Paula carballeira

A feira audiovisual de Buenos Aires Ventana Sur serviucomo ponto de encontro para que o Consórcio Audiovi-sual da Galiza e a Agência Nacional do Cinema do Bra-sil apresentassem o seu fundo de coproduçom cinema-tográfica, que terá um valor de 320.000 euros e financia-rá duas longas-metragens e um documentário.

coProduçons cinematoGrÁficas entre a Galiza e o brasil

Nascem dous novos projetos de rádio online em galegoA.R.G. / Com o objetivo de en-cher as 24 horas do dia, Anfitea-troGzrádio já está a emitir emprovas. Pretendem construirumha rádio em galego que fo-mente as bandas musicais e acultura do país. Umha das ferra-mentas que vam utilizar será aarticulaçom de sinergias infor-mativas entre os diferentes blo-gues existentes. Pode-se escutar

na Rede em: http://anfiteatrogz-

radio.blogspot.com

E também em forma de blogueapareceu na internet um novoespaço para a difusom da músi-ca na nossa língua. Chama-seMusicaengalego e recolhe notí-cias relacionadas com concertose informaçom de bandas gale-gas de mui diferentes estilos:musicaengalego.blogspot.com

Quatro novos museus para Alhariz e Mondonhedo em 2012F.R. / O concelho de Alhariz pro-move a abertura para o ano quevai começar de três museus cominvestimentos públicos. Um Cen-tro de interpretaçom da idadeMédia, no Monte do Castelo; ou-tro centrado na moda, que se es-tabelecerá no torreom dos CastroOxea, e um outro que recolheráparte da produçom fotográfica doalharicense Xosé Suárez atravésde 10.000 imagens.

Alhariz recada atualmente porvolta de 48.000 euros a partir dasua oferta museística, quantidadeque aguardam ultrapassar com osnovos espaços de mostras.

Por sua vez, o financiamentoprivado promove um novo museuem Mondonhedo que exibiráobras pré-colombinas, pinturas eesculturas que abrangem épocasdesde o século Xi até o momento.Os fundos partem da coleçomque possuem os irmaos Sam Cris-tóbal, um dos quais foi monse-nhor em lima ao longo de médioséculo enquanto o outro foi o fun-dador do museu existente na ca-tedral desta localidade. O museuabrirá as suas portas na casa deum destes irmaos, que estám aacondicionar com a ajuda de fun-dos autonómicos.

Segunda ediçom do Galeokeoferece 21 temas novosA.R.G. / Um jogo que mistura aversatilidade dos karaokes coma mediçom da afinaçom e a in-tensidade da voz que popularizá-rom outras ofertas das grandesindústrias do entretenimento,com a especificidade de se fazera partir de peças musicais conhe-cidas do panorama galego de to-dos os tempos.

O segundo volume do Galeokeapresentou-se no Culturgal comnovas cançons que vam do rockdos Heredeiros da Crus e RádioOceano até temas populares daoralidade festeira como ‘O pa-raugas do José’ ou ‘O Sancristánde Coímbra’, passando polo fol-que de Chouteira, leilia e os Ca-runchos, ou as novas contribui-çons de The Homens e Sés.

O coletivo promotor destacaque “nom há sobremesa, roma-ria ou festa de colegas que nomremate entoando algum dos

grandes êxitos da nossa músicapopular”, polo que concluíromque o único que faltava era “fa-zer disso um jogo” para “encherum desses muitos ocos que ain-da tem a nossa língua”.

Utilizam umha soluçom de soft-ware livre adaptada às caracterís-ticas do produto. integram a asso-ciaçom Martín Vázquez Cabanas,Xose lois Romero, Aitana Cuéta-ra, Xabier Seixo e Ricardo Rozas.

realiza-se Polo seGundo ano a iniciativa das aGruPaçons emPresariais

O Culturgal consolida-se como expositore aglutinante das indústrias culturaisF.R. / A feira do Culturgal cele-brou-se por segundo ano conse-cutivo à margem da Junta da Ga-liza entre os dias 2 e 4 de dezem-bro, nesta ocasiom nas instala-çons do Paço da Cultura de Pon-te Vedra. Os seus promotoresdestacárom que esta ediçom re-sultou ser a mais profissional dasrealizadas até o momento, comgrande afluência de público.

Juntou um total de 130 ativida-des das disciplinas audiovisuais,musicais, literárias e de novastecnologias, entre outras, atravésde 75 expositores e com a parti-cipaçom de mais de trezentosprofissionais acreditados.

O encontro serviu para fecharacordos entre promotoras e abrirsinergias para diferentes proje-tos. A organizaçom salienta o seucaráter transversal, com “profis-sionais e público a trocarem pa-receres sem intermediários”.

O seu presidente, Xulio Ami-go, assegura que “das grandesempresas até os coletivos conhe-cidos como marginais tenhemcabida no Culturgal”. O presi-dente a Associaçom Galega deEditores, Manuel Bragado, con-sidera que “o sonho da iniciativaé hoje um projeto consolidado”.Enquanto Juan Carlos Fernán-dez Fasero, da Agência Galegadas indústrias Culturais (Aga-

dic), aponta a feira como realida-de que desenvolve “um papelfundamental como ponto de en-contro” entre o mundo dos e dasprofissionais e a sociedade.

A mostra complementou asatividades do Paço da Culturacom outras realizadas em pontosemblemáticos da zona históricapontevedresa onde tivérom lu-gar ateliers e concertos musicais.

As entidades promotorassom seis associaçons profissio-nais do campo da ediçom, asartes cénicas, a musica, as no-vas tecnologias e a produçomindependente.

Releváncia do setorUm informe da Agadic concluique as indústrias culturais ecriativas galegas disponhem de3.814 empresas que geram17.500 postos de trabalho, apartir de umha faturaçom con-junta que em 2009 ascendeu a1.134 milhons de euros. Atra-vés da mostra pretendem “visi-bilizar a oferta cultural dopaís”. Umha oferta que di re-presentar 2 por cento do PiBautonómico, o que implicariaumha releváncia superior à dosetor naval ou a construçomautomobilística na Galiza.

F.R. / Valendo-se de umha denún-cia apresentada polo coordena-dor do partido UPyd em Vigo,Pedro larralde, o Valedor do Po-vo, Benigno lópez González, ins-tou a Conselharia de Educaçoma retirar um livro de texto dequinto de primária da matériaConhecimento do Meio, porquenele figura que "a língua própriada Galiza é o galego". Umhaquestom que o alto comissiona-do do Parlamento considera "um-ha informaçom inexata e incom-pleta e, portanto, falsa", já quenom menciona, segundo assina-la lópez, o papel de língua oficialque também tem o castelhano.

Um dia após transcender anotícia das últimas gestons gale-gófobas do Valedor do Povo, aplataforma Prolíngua assinalouna sua web que o facto de que o“responsável de velar polo cum-primento da legislaçom que te-mos, ignore os conteúdos do Es-tatuto de Autonomia, parece umabsurdo, mesmo cómico, se nomfosse pola transcendência docargo e das suas decisons". As-sim mesmo, a plataforma exigeumha “retificaçom imediata” aBenigno lópez, já que com estaresoluçom “mostra a sua incom-petência para o cargo e umhateima provada contra a língua

própria da Galiza, assim deno-minada no Estatuto de Autono-mia, o mesmo que dá razom deser ao posto cujos preceitosmais básicos está a incumprircom frequência”. Pelo seu lado,A Mesa pola Normalización lin-guística transmitiu a sua solida-riedade com a editora, pediu quedeixasse de ser criminalizada alíngua e a cultura da Galiza, aotempo que lembrou que os “pro-blemas” de lópez com a línguagalega “chegárom já no dia se-guinte da sua pouco afortunadaeleiçom, em que demonstrouque nom era o Valedor do Povo,mas o Valedor do PP”.

Valedor do Povo exige retirar livro de textoque di que “a língua própria” é o galego

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Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 201224 desPortos

AUTODETERMINAÇOM

DIREITO DE AUTODETERMINAÇOM, UM POTENCIAL DEMOCRÁTICO

Texto de henrique del BosqueZapata, prologado por Uxío-Breo-gán Diéguez Cequiel

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o direito de autodeterminaçom e asua aplicaçom na Galiza

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Textos de Lua Sende e Alexandre MiguensIlustraçons de Leandro Lamas15 € (gastos de envio incluídos)Editam: Edições da Galiza e

A fenda EditorialCuidada ediçom para criançasque aborda a figura do mítico personagem natalício34 páginas, 12 ilustraçons, tampas duras

d desP

orto

svanessa veiGa estarÁ nas olimPíadas

A promessa do ciclocrosse galegodesiree duarte ganhou no domingo11 de dezembro a Copa de Espanhana categoria de cadete. duarte, doAquagest de Santiago, ficou de segun-da na última carreira, mas foi a pri-meira na classificaçom geral.

desiree duarte Ganha coPa de ciclocrosse

depois de sete anos de retirada, aatleta de Gondomar Vanessa Veigavenceu na maratona de Castellón,proclamando-se campeoa de Espan-ha. Acede assim a participar nos Jo-gos Olímpicos de londres, depois deter regressado no ano passado.

XERMÁN VILUBA / A grande tro-voada bilhardeira tanto tempoaguardada arrasou o Paço daCultura de Ponte Vedra na suagrande posta de largo no Cultur-gal 2011. Fôrom muitos os pun-hos que trocárom os paláns polosinstrumentos e micros para per-petrar essa tam desejada B.S.Opara umha revoluçom em mar-cha. Nem reis, nem príncipes,nem monarcas... República Bil-

harda chega às tuas maos nompara ser um disco mais na tuaprateleira, mas para se converternessa tatuagem sonora que leva-rás para sempre contigo gravadono teu subconsciente com a qualhás conviver perpetuamente jáque aceder ao passaporte-sonoroda República Bilharda implica so-frimento e penúrias que terás quecombater com o disco numhamao e com palám na outra. Nomhá alternativa, bilharda ou mor-te, essa é a premissa a que nosenfrentamos e que já ficou aodescoberto no Bilharda Expe-rience, a brutal aposta global dalNB que arrancou com a apre-sentaçom do disco República Bil-

harda no salom de apresentaçonseditoriais de Culturgal, para pos-teriormente realizar um Abertoda Conferência Sul no pavilhomanexo ao Paço da Cultura. Aapresentaçom do República Bil-harda foi muito concorrida e dei-xou atónitos os próprios organi-zadores ao verem a avalancha degente que se achegava até o sa-lom presidido polos cartazes de

RuAn com um punho firme aga-rrando a bilharda e pola impac-tante presença do Top Mantelo

que logo invadirá também a tua

cidade, vila ou paróquia para quepodas conseguir o passaporte so-noro da República popular demo-

crática da Bilharda.

Umha estrutura impressionan-te de sons, letras e atitudes vai sertecida com os meios e entidadesafins à filosofia lNB para desafiaro linchamento dos média e do po-der estabelecido a todo o Movi-mento de libertaçom NacionalGalego como foi confirmado du-rante estes dias na brutal ofensi-va repressiva focada aos centrossociais. O impacto brutal do Bil-

harda Experience combinando aapresentaçom do disco duplo Re-

pública Bilharda e do posteriorêxito da açom bilhardeira noAberto do Culturgal fam que estaproposta nom se fique na feiradas artes e da cultura de Ponte Ve-dra, senom que reforça a nossaopçom de organizaçom estrutu-rada horizontalmente e em redeafastada das formas e modos tra-dicionais de organizaçom e pedea berros continuidade em todasas frentes... Bilharda Experience

em cada recanto do país já, que

caralho estás a aguardar?

República Bilharda, o passaporte sonorode umha naçom em estado de sítio

Umha estrutura desons, letras e atitudes

vai ser tecida com entidades afins à LNB

Umha avalancha degente assistiu à

apresentaçom dodisco no Culturgal

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

Como te inicias no ciclismo equando dás o passo para o pro-fissionalismo?Comecei tarde no ciclismo. Co-mecei a treinar e competir aos18 anos, numha época de augedo ciclismo na Galiza e no Esta-do. Muitas geraçons de bons ci-clistas nascêrom naquela época.Passei etapas de dificuldades pa-ra seguir adiante neste mundo.Nos últimos dous anos de com-petiçom, na categoria amadora,tive bons resultados, mas paradar o salto para o profissionalis-mo, muito difícil naquela alturana Galiza, tive de emigrar paraPortugal, como muitos outros ci-clistas galegos. Assim que fomospara Portugal (estréia profissio-nalmente em 1999 com a equipaParedes Rota dos Moveis, depoisfichou por Cantanhede-Marquesde Marialva em 2003 e Carval-helhos-Boavista em 2004). Ali,estando numha equipa ciclistaque competia a nível internacio-nal, podia-se encontrar um es-paço no mundo da bicicleta, masdisputando apenas as provas docalendário português ficava semprogressom e condenado aoanonimato, até que chegou Ós-car Guerrero, diretor da equipaciclista Kaiku, que me ofereceucompetir nas provas do calendá-rio espanhol (2005). Era umhaequipa com muita ilusom, mascom um orçamento muito limi-tado. Figem umha boa tempora-da e fichei polo Comunitat Va-lenciana para o próximo ano. Oobjetivo principal em 2006 eradebutar na “Vuelta Espanha”,mas explodiu a operaçom Puer-to, em que nom me vim envolvi-do, mas sim parte da equipa, e oano foi ao traste. Em 2007 inicieia temporada com a equipa Ci-clista Profissional Galega, o Kar-

pin Galiza, no qual continuei de-pois com o nome Jacobeu-Gali-za até o ano de 2010.

No dia de hoje, qual é a situa-çom legal em que te encontras?Fum sancionado dous anos porme terem detectado amido, umhasubstáncia que nom é dopante,salvo que seja introduzida via in-travenosa. Se nom há infraçomnom há nada a explicar. Metê-rom-me dous anos por encontraramido, que nom é EPO. A FECpropunha-me sançons menoresvia terceiros, mas nom aceitamosporque nom me dopei.

O resultado no controle antido-ping é anómalo, mas nom é posi-tivo. Por que te sanciona a FEC?

Polo menos no ciclismo, na Justi-ça desportiva nom existe justiça.Vamos recorrer à Justiça Ordiná-ria. Noutro desporto um resultadoanómalo seria umha situaçom dewarning, um puxom de orelhas,mas nunca umha sançom como ade um resultado positivo. O graveé vendido leve e o leve grave.

Considera que a FEC te usoucomo cabeça de turco para sal-var Alberto Contador?Penso isso desde o início e o tem-po nom fijo mais que confirmá-lo.

Contador deu positivo porclembuterol, e tem todo o apa-relho do Estado apoiando-o(Zapatero chegou a dizer quenom havia razom jurídica para

a sançom). Tu nom dás positivoe és sancionado. Há quem sus-tenta que por trás da tua san-çom há umha perseguiçom ide-ológica contra ti, por parte deLete, da Junta e da FEC.A diferença no tratamento e a coin-cidência das datas pode julgá-laqualquer pessoa por si mesma.

Com este linchamento contra ti,e a lentidom da justiça, seguesmotivado para continuar subidoà bicicleta? Significa isto o fimda tua carreira desportiva?Em qualquer outro desporto, de-monstrando-se a culpabilidade,que nom é o meu caso, a puni-çom seria de 6 meses. Nesse ca-so, repito nom é o meu, com asançom teria perdido o contratocom a equipa, mas pola vontadee o respeito aos siareiros e sia-reiras continuaria. Agora, o ce-nário muda, e depois de tantotempo sem correr, será que dei-xo a bicicleta. A Justiça ordiná-ria é mais confiável (que a des-portiva), mas a realidade de ex-periências semelhantes é que adecisom final é muito lenta.Quando esta chegue com certezaestarei nos quarenta.

Contigo foi violada a presunçomda inocência, comunicou-se an-tes à imprensa do caso e dassuas novidades e os teus resulta-dos analíticos viajárom pola Eu-ropa sem a tua autorizaçom ouconhecimento. Sentes-te conde-

nado antes de ser julgado?As amostras viajárom a um labo-ratório de Colônia (Alemanha)depois de ter dado resultado ne-gativo em Madrid. Além disso,nos frascos das análises nom serespeitou o anonimato. Fôromenviados com o meu nome quan-do devem ir com um código debarras. Como o resultado foi ne-gativo renunciei a amostra B... Euinterei-me de todo isso de rebote,por um erro deles, porque a suaideia nom era comunicá-lo, por-que sabem que este procedimen-to nom é legal, por isso nom oquerem fazer público.

Como avalias a resposta do povogalego e dos siareiros e siareiras?Na Galiza estou contente. Estivemmuito tempo em silêncio, por pres-criçom do advogado, achando quea letargia ajudaria a resolver o ca-so. Os siareiros e siareiras respon-dêrom muito melhor do que espe-rava. A gente nom é boba, nom sepode manipular polas boas.

No futuro, gostarias de conti-nuar ligado ao mundo desporti-vo ou ao ciclismo?Estou a fazer duas horas de bici-cleta por dia porque o preciso.Agradam-me mais essas duas ho-ras de desporto que quando so-fria como um cam treinando esempre que poida farei-no. O ci-clismo foi a minha vida, e isso es-tá acima, mas andar em ambien-tes de desporto com muitos inte-resses polo meio, o que vês é co-rrupçom, mais do que a genteimagina. isso um dia vai quebrar,o ciclismo chegou a umha situa-çom inviável. O problema real dociclismo está no doping, no queestá ao redor do doping, e isso vaiquebrar um dia, com certeza.

Qual é a avaliaçom que fás tuda tua carreira desportiva?Eu tive que peregrinar muito parater as minhas oportunidades. Che-guei onde nom esperava. Esta úl-tima pancada leva a te sentiresdesencantado, mas a cabeça levo-a alta porque nom figem nada.Sou um currante e estou muito or-gulhoso da minha vida ciclista.

Para rematar: algo mais quequeiras destacar...Agradeço aos siareiros e siarei-ras galegas todo o apoio que meoferecêrom porque me devolvê-rom parte do orgulho que tinhaperdido. A pessoa é sempre maismotivo de orgulho que qualquersucesso desportivo.

“Em desportos com muitos interessespolo meio, o que vês é corrupçom”

A. RUA NOVA / Ezequiel Mosquera (Teio, 1975) é um dos melho-res ciclistas galegos de todas as épocas. Seu início no mundodas duas rodas nom tem sido fácil. Apostou por um sonho, vi-ver do ciclismo. Luitou polo que mais gostava, com humildadee sem esquecer nunca a sua origem, sem apagar nunca o so-rriso da sua cara, exportando o bom humor e a retranca galegapor onde ia, e defendendo o idioma galego, mesmo ensinando-o aos estrangeiros que militavam no Jacobeu Galiza. Foi nestaequipa galega que entrou para a elite do ciclismo europeu, ten-do sido 2 º na “Vuelta Espanha”. Liderou o Jacobeu até que J.R.

Lete e a Junta o clausurárom no ano de 2010, usando comopretexto um vazamento dum resultado de doping anómalo dopróprio Ezequiel (ver NGZ nº102). Com a filtragem Mosqueraviu-se privado de competir com sua nova equipa, a Vacanso-leil, após umha intensa campanha de pressom por parte da Fe-deraçom Espanhola de Ciclismo (FEC), empenhada em utilizara Ezequiel como carne de canhom para salvar Alberto Conta-dor, positivo por clembuterol e por restos plásticos (evidênciasde autotransfusom) no Tour de França em 2010. Hoje Ezequielestá brigando no campo judicial para limpar a sua reputaçom.

ezequiel mosquera foi o líder da equiPa de ciclismo GaleGa e subcamPeom da ‘vuelta’

“Agradeço o apoio daafeiçom galega porque

me devolveu parte do orgulho perdido”

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MARTÍN WU / Alguém deveria co-meçar a reparar na música ele-trónica que é gravada na Galiza.Boa parte - quase toda! - do queé feito de interesse por aqui temque ver com trebelhos digitais,do pop bailável e oitenteiro deProjeto Mourente à fragilidadede Fanny+Alexander, do humo-rismo lo-fi de Emilio José à fa-bulosa ralé militante de zimmer103 ou o esparrame festeiro-po-lítico de Galegoz.

Umha das cabeças pensantesdesta última banda, Marcos Pay-no, está detrás de das Kapital,junto com o poeta daniel Salga-

do e o todo-o-terreno leo e coma assistência dos maestros dou-tor Chou e Tomás Ageitos. O seuEP vai um passinho além de to-do o citado antes. É um disco de-vastador: um escuita-o e nomencontra assa onde se agarrar. Éo normal, porque nom a há. Ruí-

do negro é o despertador do fu-turo, soa a guia de leitura paraquem escuita as notícias cadamanhá, a ordem de derrubo. En-tranhas tóxicas em frasco bailá-vel, um sonha com colar este dis-co, por incomodar, na ambienta-çom musical de um Bershka oude um lugar de culto contempo-

râneo similar (é de suspeitar quecom escasso êxito; olhar as eti-quetas e desembainhar o cartomnom deixa muito tempo para es-cuitar a música).

debaixo de um envoltório mí-nimo entre os Cure de Sevente-

en seconds, a eletrónica pop e abanda sonora de videojogo de 8bits há umhas letras estupen-das, como nunca se tinham es-cuitado no pop galego, frias edesesperançadas, ou isso lheparece a um. Outro ponto aoseu favor é a interpretaçom his-triónica que fai delas O leo, ele-vando-se sobre todas as suasoutras encarnaçons, ou, melhordito, recorrendo a cada umhade elas em funçom da circuns-táncia: decepcionado em ‘Nosdias do medo’ (“todo está roto,também nos cristais do tem-po”); chulo e desenganado em‘O factor humano’; ameaçadornessa enorme cançom que é‘Manifesto dos enfermos’.

Por som e vocaçom, das Kapi-tal conectam com o mais escurodo pop experimental que foi fei-

to a cavalo dos setenta e os oi-tenta, algo que se confirma coma inclusom no trabalho de ‘Nar-cisismo’, com letra de lois Pe-reiro, ponto de partida do proje-

to. Ruído negro é, por niilista eduro, um disco de punk, um dosmelhores discos de punk que fô-rom produzidos por esta voltaem muito tempo.

26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

temPos livres

TÓNI LODEIRO / A sensaçom an-gustiosa de que nos falta tempoacompanha-nos amiúde a muitasde nós. É paradoxal que apesarda produtividade e abundánciamaterial da nossa sociedade sin-tamos essa "pobreza de tempo".O movimento "Recupera o teutempo"1 dos EUA propom medi-das pessoais e políticas (como areduçom das jornadas laborais)para reverter a situaçom.

A nível pessoal, a proposta édedicarmos mais parte do nossotempo às cousas que considera-mos importantes2, e também sa-borear mais o que fazemos e per-mitir-nos "perder tempo", sentin-do menos a pouco agradável sen-saçom de presa3.

Umha ideia para começar é dei-xar ir embora o que nos está a so-brar. Trata-se de estar atentas aossinais que nos van dizendo queáreas da nossa vida (hábitos, re-laçons, atividades, objetos, espa-ços...) nos afastam do caminhoque nos leva aos nossos objetivosvitais. O segundo passo, muitomais difícil, é aprender a dizeradeus, até logo ou reduzir o espa-ço que ocupam nas nossas vidasos nossos "pontos de fuga". Por-que deixar ir embora isto todo im-plica renunciar temporalmente

às sensaçons de segurança (com-panhia, pertença, identidade, es-tabilidade...) que acompanham oconhecido. Mas se nom deixar-mos primeiro esse espaço livre, émuito mais difícil que algo novo

poda entrar nas nossas vidas, fre-quentemente cheias de mais ocu-paçons e compromissos.

Também em ambientes "cons-cientizados" padecemos a "pobre-za de tempo", pois ainda que amiú-

de reduzimos o tempo dedicado aganhar e gastar dinheiro, costuma-mos compensá-lo com múltiplasinquietudes e motivaçons. E é be-neficioso para a sustentabilidadeda nossa contribuiçom ao comuni-

tário que esta seja compatível coma nossa saúde e que primemos aqualidade frente à quantidade.

Pessoalmente, escolhim paraeste mês este tema para explicar-vos que deixo (por um tempo?)de fazer a minha seçom no No-vas. Nom me foi fácil tomar a de-cisom, pois oferece-me muita sa-tisfaçom poder colaborar com oNovas e poder comunicar-meconvosco, mas há tempo que serepetem os sinais que me ani-mam a aliviar um pouco os meuscompromissos.

Muito obrigado por todo este

tempo compartilhado e... até logo!

1. Recomendo ler:

ania.urcm.net/spip.php?article6717

2. Família e amizades, descanso, saúde,

participaçom comunitária... som exem-

plos habituais de áreas que costumam

ocupar um lugar mais importante na

nossa escala de valores que na nossa re-

alidade quotidiana, amiúde saturada por

compromissos laborais, formativos...

3. Nos números 37 e 38 da revista Op-

cions (opcions.org) podemos encontrar

dous recomendáveis artigos sobre

"consumo e tempo"

Toni Lodeiro é autor do livro e a web

“Consumir menos, viver melhor”

nodo50.org/consumirmenosvivirmejor

Aprender a dizer adeus

entrelinhas das kaPital, ‘ruído neGro’

consumir menos, viver melhor recuPera o teu temPo

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de dezembro de 2011 a 15 de janeiro de 2012

que fazer

16.12.2011 / APRESENTA-ÇOM DA A.C. PRÓ ACADE-MIA GALEGA DA LÍNGUAPORTUGUESA / No C.S. Má-dia Leva (Rua Manuel AmorMeilám, 18). LUGO

16.12.2011 / CURSO DE PAN-DEIRETA / 18:30 no C.S. Go-mes Gaioso (Rua Marconi, 9- Monte Alto). CORUNHATodas as sextas-feiras.

16.12.2011 / CURSO DE DAN-ÇA TRADICIONAL / 19:00 noC.S. A Revolta (Rua Real, 32).VIGOTodas as sextas-feiras.

16.12.2011 / CURSO DEAPERFEIÇOAMENTO DEBASCO / 20:00 no C.S. Go-mes Gaioso. CORUNHATodas as sextas-feiras.

16.12.2011 / APRESENTA-ÇOM DE COMO DEFENDE-RES OS TEUS DIREITOSLINGÜÍSTICOS / 20:30 naCervejaria Eira de Flores(Rua 25 de Julho). CARVALHINHOOrganizam A Mesa pola Norma-lizaçom lingüística e a livrariaEscolma.

16.12.2011 / CURSO DE GUI-TARRA / 21:00 no C.S. A Re-volta. VIGOTodas as sextas-feiras.

16.12.2011 / CEIA VEGANA /21:30 no C.S. Vagalume (RuaNóreas, 5). LUGO

16.12.2011 / CONCERTO DEA TRIBU / 22:30 na Salason(Rua do Lírio, 30). CANGASPolo 1º aniversário dehttp://www.xeadodetoxo.com/.

16.12.2011 / CONCERTO DELAIA / 23:59 no Pub Gatos(Rua Galiza, 21). MELIDENo ciclo OuTonalidades.

17.12.2011 / HOMENAGEMPOPULAR A XOSÉ MANUELBEIRAS / 12:30 no salom Án-gel Brage do Auditório deGaliza (Avenida Burgo dasNaçons, s/n). COMPOSTELAPolo seu 75 aniversário e os 40anos da publicaçom de O atrasoeconómico da Galiza. Jantar às14:30 no mesmo Auditório.

17.12.2011 / PALESTRA 'AKÍESTÁ A ANARKO-SINDICAL' /18:00 no Café Bar Teatro(Rua Cuenca, 76). TUIOrganiza a CNT de Vigo. A conti-nuaçom haverá petiscos e con-certos de balde.

17.12.2011 / MANIFESTAÇOM‘DERRUBAR O SEU SISTE-MA, CONSTRUIR O NOSSOFUTURO’ / 18:00 na Alameda.COMPOSTELAConvoca Adiante.

17.12.2011 / ATO POLO 53ANIVERSÁRIO DO TRIUNFODA REVOLUÇOM CUBANA /

20:00 no Local Social doCastinheirinho (Rua Virgemde Fátima, 1). COMPOSTELAOrganizam a Associaçom deAmizade Galego-Cubana Fran-cisco Villamil e o consulado daRepública de Cuba.

17.12.2011 / CONCERTO DESECRET ARMY, SAMESU-GAS E NOBODY'S FOOL /21:00 no Liceu Mutante (RuaRosalia de Castro, 100).PONTE VEDRAEntrada a 8 (antecipada) ou 10euros (na porta). Organiza Pun-kOi!-Vedra Crew.

17.12.2011 / PALESTRA ECONCERTO POLA LIBERTA-ÇOM DOS PRESOS E PRE-SAS POLÍTICAS GALEGAS /21:00 no C.S.O.A. Palavea(Rua Rio Quintás, 31). CORUNHA

Organiza Comité de Solidarieda-de com as Presas e Presos Políti-cos. Atuaçom de Pablo Hasél.

17.12.2011 / CONCERTO DELAIA / 21:30 no Auriense Ca-fé Cultural (Praça do Corre-gedor, 11). OURENSENo ciclo OuTonalidades.

17 e 18.12.2011 / FEIRA ECO-LÓGICA TERR@CTIVA / Todoo dia no Recinto Feiral ‘Terrado Queijo’. ARÇUAFeira de produtos ecológicos queinclui atividades infantis, janta-res, obradoiros, palestras, con-certos, magia, projeçons... Maisinformaçom na página webhttp://www.terractiva.org/.

18.12.2011 / ROTEIRO POLOSANCARES, DOIRAS E CER-VANTES / 09:00 na Avda. deRamom Ferreiro (frente à Es-

cola de Magistério). LUGOOrganiza Adega.

19.12.2011 / CURSO DE INI-CIAÇOM AO BASCO / 20:00no C.S. Gomes Gaioso. CORUNHATodas as segundas-feiras.

19.12.2011 / CURSO DE PAN-DEIRETA / APERFEIÇOA-MENTO / 20:15 / INICIAÇOM/ 21:15 no C.S. Mádia Leva.LUGOTodas as segundas-feiras.

20.12.2011 / CURSO DE ES-GRIMA MEDIEVAL / 20:30 noC.S. Mádia Leva. LUGOTodas as terças e quintas-feiras.

20.12.2011 / PICAVERSOS:LOIS PEREIRO / 21:00 noModus Vivendi (Praça de Fei-joo). COMPOSTELA

Coordenam Olalla Cociña eBranca Novoneyra.

21.12.2011 / CURSO DE GA-LEGO (NORMA AGAL) /19:30 no C.S. A Revolta. VIGOTodas as quartas-feiras.

21.12.2011 / CURSO DE GAI-TA / 21:00 no C.S. Mádia Le-va. LUGOTodas as quartas-feiras.

21.12.2011 / PROJEÇOM DETERRA NATAL, DE LEOHURWITZ E PAUL STRAND /21:30 no C.S. O Pichel (RuaSanta Clara, 21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VOSG.

22.12.2011 / JANTADOR IM-POPULAR / 13:30 noC.S.O.A. Palavea. CORUNHATodas as quintas-feiras.

22.12.2011 / CURSO DE FO-TOGRAFIA / 20:00 no C.S.Gomes Gaioso. CORUNHATodas as quintas-feiras.

22.12.2011 / REPRESENTA-ÇOM DE ATRA BILE / 21:00no Auditório Municipal (Ave-nida de Lugo, 27). CANGASPolo 25º aniversário da ‘Teatrode Ningures’. No mesmo auditó-rio pode-se visitar até fim de anoumha exposiçom sobre a históriada companhia.

30.12.2011 / VISITA DO APAL-PADOR / 18:00 no C.S. MádiaLeva. LUGORuada, conversa informativa so-bre ‘O Apalpador no Natal galego’às 20:30 e ceia e sorteio às 21:30.

30.12.2011 / CONCENTRA-ÇONS POLA LIBERDADEDOS PRESOS INDEPENDEN-TISTAS / 20:00. COMPOSTE-LA, LUGO, VIGO E OURENSEOrganiza Ceivar. Mais informa-çom em http://www.ceivar.org.

05.01.2012 / PROJEÇOM DEO MONTE É NOSSO / 21:00no Enigma-Café Bar (Rua Real,27). PONTE AREIASNo ciclo Ponte docu, do Ateneulibertário lume Negro.

07.01.2012 / I CONCURSO DEBAILE TRADICIONAL / 19:00no Teatro Jofre (Praça de Ga-liza, s/n). FERROLOrganiza o Real Coro ‘Toxos eFroles’.

11.01.2012 / PROJEÇOM DARECONSTRUÇOM DA MON-TAGEM ORIGINAL DE GALI-CIA, DE CARLOS VELO /21:30 no C.S. O Pichel. COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela.

Teio acolhe jornada polas seleçons desportivasprotagonizada polo encontro Galiza-SaaraA paróquia de Cacheiras, em Teio,vai ser o cenário da jornada pro-movida por Siareir@s Galeg@spara reivindicar as seleçons nacio-nais galegas, no dia 23 de dezem-bro. Siareir@s comemora, aliás, oseu XV aniversário, e conta com aajuda da associaçom Solidarieda-de Galega co Pobo Saarahuí.As atividades começam às 16:00

com um aberto de bilharda, luitagalega e umha tenda DJ. Tambémhaverá um espaço saaraui com di-ferentes atividades.A manifestaçom, que sairá docampo de futebol de Cacheiras às19:00, tem como slogan ‘Sia-reir@s Galeg@s, XV anos luitan-do polas seleçons nacionais!’. Acontinuaçom disputa-se o Galiza-

Saara no mesmo campo de jogo,desde as 20:30.fecham a jornada os concertos deInvivo, Contra as Cordas, Bastardson Parade e Opció K-95. Serámno Campo da festa.A organizaçom disponibiliza umautocarro que fará todo o dia o tra-jeto Cacheiras - Praça da Galiza(Compostela) e viceversa.

Marcha às Cadeias de CeivarO Organismo Popular Antirre-pressivo Ceivar convoca para do-mingo, 18 de dezembro, a VIMarcha às Cadeias para reivindi-car a liberdade dos presos inde-pendentistas galegos.A Marcha vai sair na noite de sá-bado para domingo de Compos-

tela e fará paragens em Vigo eOurense. Visitarám-se as cadeiasde Navalcarnero, Aranjuez, Sotodel Real e Estremera, em Ma-drid, e de Topas, em Salamanca. Mais informaçons sobre horáriose paragens na página webhttp://www.ceivar.org/.

A associaçom compostelanaGentalha do Pichel convocou oconcurso ‘Novas imagens para ovelho Apalpador’, ao qual se po-dem remeter ilustraçons do car-voeiro até o dia 23 de dezembro(a [email protected]). O pri-meiro prémio é um fim de se-mana numha casa de turismorural no Courel. Os accessit re-ceberám o livro ‘Teoria de Inver-no. Os presentes do Apalpador’.haverá umha exposiçom comtodos os desenhos recebidos.

Concurso de imagensdo Apalpador

da Gentalha

orGaniza siareir@s GaleG@s

viaGem a madrid e salamanca

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

Page 28: ovas da Gali a fo ilí d er aqup galega de ciclismo Pág. 25novas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz109.pdf · cotizam no país vizinho. Aliás, já foi alvo dum expediente san-cionador

Novas da Gali a Apartado 39 (15701) COMPOSTELA Tel. 692 060 607 [email protected]

Na corporação, na auto-nomia, no estado. Ofranquismo democráti-

co, oximoro funesto, já cá estáem todo o seu esplendor. Rajoyreclama o sacrifício das mas-sas, feijoo despacha-se comos restos da nação suicida,Conde Roa, alcaide paradigmá-tico da nova onda, experimentao seu bafo policial contra os es-pelhos côncavos do concelho.que tremam as nucas. Na con-ferência episcopal exigem o re-gresso da lei de deus por bocade cardeais enrouquecidos, sópara Urdangarin melhor defen-der a honra monárquica comcavalo branco e armadura ni-quelada. A estupidez abre-secaminho e derrota lógicas e ra-zões por todo o lado. Aí têm asua querida Espanha ao seucompleto dispor. hipotecada,mas completamente sua.

haverá quem diga “não sepode comparar”. Claro. Não sepode comparar o que é idênti-co, não sendo no disparate. Jáalguma vez sonhastes comuma direita ilustrada e racionalem Espanha? Eu sim. Tive pe-sadelos desses. Mas a realida-de é teimosa. A realidade éuma cifra de mortos desiguais.Não valem o mesmo os 2.500cadáveres documentados deParacuellos que os 150.000cadáveres extraviados na ber-ma das estradas. Já disse naaltura o General Mola, que porcada pessoa de ordem que ca-ísse, ele mataria dez extremis-tas no mínimo. Por aí é quesaem as contas. Civilizado eraigualar os mortos, mas aindanão vai dar, como também nãovão igualar dívidas e ordena-dos. A direita civilizada clássi-ca, é um falar, de Messie Sar-kozy e frau Merkel, quer pôr nalinha a Europa descomedida. OBerlusconi já foi embora, porenquanto. Mas aqui chega a di-reita espanhola com as suascontas duplas e os seus balan-ços históricos descompassa-dos, a ver como podem aman-har os livros. Polícias já se vemmuitos a passar página em tea-tros abandonados e centros so-ciais fora da ordem. Andam afazer músculo para conter tudoo que possa vir por esses ne-gros horizontes. Mais nos valedeixar vinhos, tabacos e outrosvícios e ir tonificando o corpo ea alma no ginásio, o fôlego rai-voso dos novos tempos já sedeixa sentir no pescoço.

Carlos Santiago

a nova esPanha de semPre

Em que consiste o Jogo do Paue desde quando é praticado?O Jogo do Pau consiste na defesapessoal com bastons e é umha ar-te mui antiga. Sabemos que existecomo mínimo desde a idade Mé-dia, mas nos séculos XiX e XXcontinuava a ser mui praticado.Ao se tratar dum tipo de luita, erapraticado para amanhar proble-mas com os vizinhos, especial-mente polos lindes das leiras, ain-da que também nas festas, ondeos moços de diferentes paróquiasse enfrentavam com esta técnica.Hoje nom há propriamente zonas,mas há informantes de diferenteslugares que ainda o conhecem ouo praticárom. Na Arouça, de ondesomos nós, o que pudemos saberpolos dous informantes com quecontamos é que a técnica nom di-fere muito da do norte de Portu-gal, como muito nas armas que selhe punham aos paus, que aquieram cardenhas ou galhetas en-quanto os vizinhos lusos empre-gavam pontas de lança.

Como decidiche começar a in-vestigar o Jogo do Pau?O certo é que é umha história cu-riosa. O meu sócio nestas inves-tigaçons e mais eu perguntava-mo-nos se existiriam restos deantigas luitas na Galiza, como as

havia noutras parte de Europa.Pensávamos que nom, mas umdia vimos num programa televi-sivo da Galega um grupo portu-guês dançando com paus. Ele co-meçou a tirar do fio e ao poucofalou-me do Jogo do Pau, umdesporto bastante praticado noNorte de Portugal que tambémaqui teria presença. O materialque havia para investigar eramuito mais do que aguardáva-mos, portanto puxemo-nos maosà obra. E disto já há 12 anos!

Quais som as fontes da vossa investigaçom?Som principalmente duas: porumha parte, dedicamo-nos a ras-tejar as referências que ficam naliteratura e nas coplas, onde hábastante material; e por outra, fa-zemos trabalho de campo, procu-rando falar com pessoas maioresque conheçam o jogo ou que opraticassem quando eram cati-vas. Como num quebra-cabeças,tés que ir unindo todos os dadosque encontras, o qual resulta difi-cultoso sobretodo porque, comona fala, na Galiza há distintas va-riedades de paus e de técnicas.

Em Portugal o Jogo do Pau é muito mais praticado.Claro, eles estám a anos luz! le-

vam cinquenta ou sessenta anosjá investigando o tema, e já con-tam com um regulamento des-portivo. Seria estupendo contar-mos dentro de dez anos com al-go semelhante, ainda que por en-quanto na Galiza somos poucagente a que o praticamos. Aquitreinamos umhas quinze ou vin-te pessoas, para além dos ateliersque damos noutros pontos do pa-ís, como o que tivo lugar recente-mente na Gentalha do Pichel. Areceçom da gente nestas ativida-des é boa, e isso é importanteporque precisamos maos quecontinuem com esta investiga-çom. Como nom o estamos a le-var a cabo dum jeito profissional,os nossos meios som limitados,quanta mais gente mostrar inte-resse no tema, para nós muitomelhor. Aliás, se quadra o dia demanhá vam a umha feira e en-contram algum velho que lhescomeça a falar disso... assim en-tre todos vamos atando cabos.

O importante é que, como emPortugal, haja gente que continuecom isto e que tenha interesse empraticá-lo, porque isto é um legadode todos nós que nom podemosdeixar morrer. É um patrimónioimpressionante, e ainda faltammuitas técnicas por descobrir, masou tiramos agora do carro ou o dei-

xamos para sempre, porque a ge-raçom que puido ter um contato di-reto com isto está a morrer.

Há constância de que seja prati-cado noutras zonas, para alémde na Galiza e em Portugal?Existem outros sistemas semel-hantes, ainda que nom som exata-mente o mesmo. No País Bascotinham os “makilaris”, que somarmas de pau, e também contamcom umha versom nas Canárias enas ilhas Britânicas. Na Françatenhem umha espécie de esgrimaque se pratica também com bas-tons, mas já parece mui posterior.

Há outras artes marciais galegas?Está a luita galega, umha arte queestá a recuperar um homem daEstrada, e que tem muito a vercom a luita leonesa ou a canária.Para além disto, nalgumhas zonasde lugo teriam as “lutias”, que po-lo que pudemos ver através deumha fotografia dos anos cin-quenta, seria bastante parecidonas posiçons ao boxe inglês. Masainda fica muito por estudar! NaGaliza o uso das armas e da luitacorpo a corpo está bem documen-tado; por exemplo, um livro do sé-culo XViii relata como a gente nazona de Tui praticava algo semel-hante à luita greco-romana.

“O património galego das artes marciais éamplíssimo e ainda fica muito por estudar”O.R. / Num dia da festa de há duzentos anos, moços deduas paróquias diferentes topavam-se e enfrentavam-secom armas de pau, marcando território e demonstrandoquem eram os mais fortes. Isso -para além doutras muitascousas- foi o Jogo do Pau, um sistema de combate prati-cado desde a Idade Media em ambas as beiras do Minho.O arouçano Isidro Piñeiro e outros companheiros levam

12 anos a investigar esta forma de luita, umha das muitasque componhem o rico e esquecido repertório galego deartes marciais. O Jogo do Pau, convertido em Portugalnum desporto mui praticado e reivindicado, começa o seuredescobrimento na Galiza num momento em que ainda fi-cam vozes que recordam tê-lo praticado. Isidro conta-nosos avanços na sua investigaçom.

isidro Piñeiro, investiGador do joGo do Pau