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nÚmero 129 15 de setemBro a 15 de outuBro de 2013 2 € periódico galego de informaçom crítica entrevista ao sat 12 José Caballero, secretário de organiza- çom do SAT, explica a filosofia com a que este sindicato andaluz afronta a conflitividade laboral num dos territó- rios do estado mais golpeados pola cri- se, cumha taxa de paro de 35,79%. crise em pescanova 11 O relatório da administraçom concur- sal de Pescanova S.A. destapa algum- has das práticas contáveis e extracon- táveis que utilizou a empresa para ocultar a sua verdadeira situaçom eco- nómica, patrimonial e financeira. N ovas da G ali a “Levamos mais de 70 dias separadas das famílias e amizades, mas estamos certas de fazer o correto” EVA igLEsiAs ALVARADO Trabalhadora de T-solar pág. 6 O curso vem marcado polos cortes na escola pública enquanto a Junta e o governo continuam a beneficiar a privada / pÁG.18 Luz verde à tese do terrorismo na Galiza sentença da audiência nacional A Audiência Nacional conde- nou aos quatro independentis- tas galegos julgados por “per- tença a organizaçom terrorista” a um total de 56 anos de prisom. Assim, o tribunal de excepçom considera provada judicialmen- te a existência dumha organiza- çom terrorista na Galiza, abrin- do a porta à criminalizaçom e penalizaçom de organizaçons próximas ao nacionalismo. Um total de 25 colectivos políticos e sociais assinarom um manifesto denunciando a “barbaidade re- pressiva” da sentença. / pÁG. 7 La Vuelta: pam e circo com dinheiro público ‘marca españa’ no desporto Quanto custou a organizaçom de ‘La Vuelta’ no seu passo por Ga- liza? Os concelhos e deputaçons negam-se categoricamente a fa- zerem públicos os contratos e convénios assinados com Unipu- blic, a empresa organizadora do evento. A estimaçom dos paga- mentos realizados pola deputa- çom de Ponte Vedra está entre um e dous milhons de euros, sem incluir publicidade em jor- nais, campanhas de promoçom ou gastos em segurança. / pÁG. 25 anGróis, a construçom da traGédia A volta às aulas mais dura neGliGência de estado por trÁs das vítimas do descarrilamento O 24 de julho aconteceu o acidente mais trágico da história das linhas ferroviárias galegas. O terrível des- carrilamento na curva de Angróis obrigou à socieda- de a pousar a mirada no comboio de alta velocidade e como se projetou a sua chegada à Galiza. Esta mi- rada desvendou umha série de deficiências nessas linhas, como a desativaçom dos sistemas de segu- rança próprios das vias de alta velocidade. As pai- xons desenvolvimentistas do Estado espanhol pro- vocárom a construçom de umhas infraestruturas que apenas beneficiárom às empresas habituais nas concessons de obra pública. / pÁG. 2, 16-17, 20 opiniom A MULHER.cOM por natália gonçalves / 3 pEscAnOVA: DA fRUsTRAçOM HisTóRicA AO pROTAgOnisMO MEDiáTicO por Júlio Teixeiro / 3 ÉRAMOs igUAis por Alberto Ramos / 28 suplemento central a revista A OLiVEiRA gALEgA E O BLOqUEiO Carlos C. Varela e Rubén Melide tratam o devir histórico da nossa oliveira, cultivo secularmente prejudicado polo bloqueio espanhol A MARÉ VERMELHA DE OUTUBRO João Aveledo fala-nos da `purga do mar´, um desequilíbrio biológico causado polas caraterísticas especiais da costa galega

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Page 1: EVA igLEsiAs ovas da Gali a ALVARADO de T-solarnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz129.pdf · táveis que utilizou a empresa para ... A volta às aulas mais dura ... As cartas

nÚmero 129 15 de setemBro a 15 de outuBro de 2013 2 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

entrevista ao sat 12José Caballero, secretário de organiza-çom do SAT, explica a filosofia com aque este sindicato andaluz afronta aconflitividade laboral num dos territó-rios do estado mais golpeados pola cri-se, cumha taxa de paro de 35,79%.

crise em pescanova 11O relatório da administraçom concur-sal de Pescanova S.A. destapa algum-has das práticas contáveis e extracon-táveis que utilizou a empresa paraocultar a sua verdadeira situaçom eco-nómica, patrimonial e financeira.

Novas da Gali a

“Levamos mais de

70 dias separadas

das famílias e

amizades, mas

estamos certas de

fazer o correto”

EVA igLEsiAsALVARADOTrabalhadora de T-solarpág. 6

O curso vem marcado polos cortes na escola pública enquantoa Junta e o governo continuam a beneficiar a privada / pÁG.18

Luz verde à tese doterrorismo na Galiza

sentença da audiência nacional

A Audiência Nacional conde-nou aos quatro independentis-tas galegos julgados por “per-tença a organizaçom terrorista”a um total de 56 anos de prisom.Assim, o tribunal de excepçomconsidera provada judicialmen-te a existência dumha organiza-

çom terrorista na Galiza, abrin-do a porta à criminalizaçom epenalizaçom de organizaçonspróximas ao nacionalismo. Umtotal de 25 colectivos políticos esociais assinarom um manifestodenunciando a “barbaidade re-pressiva” da sentença. / pÁG. 7

La Vuelta: pam e circocom dinheiro público

‘marca españa’ no desporto

Quanto custou a organizaçom de‘La Vuelta’ no seu passo por Ga-liza? Os concelhos e deputaçonsnegam-se categoricamente a fa-zerem públicos os contratos econvénios assinados com Unipu-blic, a empresa organizadora do

evento. A estimaçom dos paga-mentos realizados pola deputa-çom de Ponte Vedra está entreum e dous milhons de euros,sem incluir publicidade em jor-nais, campanhas de promoçomou gastos em segurança. / pÁG. 25

anGróis, a construçom da traGédia

A volta às aulas mais dura

neGliGência de estado por trÁsdas vítimas do descarrilamento

O 24 de julho aconteceu o acidente mais trágico dahistória das linhas ferroviárias galegas. O terrível des-carrilamento na curva de Angróis obrigou à socieda-de a pousar a mirada no comboio de alta velocidadee como se projetou a sua chegada à Galiza. Esta mi-rada desvendou umha série de deficiências nessas

linhas, como a desativaçom dos sistemas de segu-rança próprios das vias de alta velocidade. As pai-xons desenvolvimentistas do Estado espanhol pro-vocárom a construçom de umhas infraestruturasque apenas beneficiárom às empresas habituais nasconcessons de obra pública. / pÁG. 2, 16-17, 20

opiniom

A MULHER.cOM por natália gonçalves / 3

pEscAnOVA: DA fRUsTRAçOM HisTóRicA AOpROTAgOnisMO MEDiáTicO por Júlio Teixeiro / 3

ÉRAMOs igUAis por Alberto Ramos / 28

suplemento central a revista

A OLiVEiRA gALEgA E O BLOqUEiOCarlos C. Varela e Rubén Melide tratam o devir histórico da nossaoliveira, cultivo secularmente prejudicado polo bloqueio espanhol

A MARÉ VERMELHA DE OUTUBROJoão Aveledo fala-nos da ̀ purga do mar´, um desequilíbrio biológico causado polas caraterísticas especiais da costa galega

Page 2: EVA igLEsiAs ovas da Gali a ALVARADO de T-solarnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz129.pdf · táveis que utilizou a empresa para ... A volta às aulas mais dura ... As cartas

02 opiniom Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

o pelourinho do novas

carta aos nossos companheiros presos

Caros companheiros,Como é que estám as cousasdesse lado do arame? Será quechega até aí o recendo a lourodo outono?

Aguardo que todo esteja indomelhor. Temos de ser fortes por-que em nós está a única possibi-lidade da libertaçom, a esperan-ça dum lugar melhor para asnossas crianças, as meninas des-te Povo que se ham-de alimentarda força do nosso amor comotambém figemos nós com asnossas antepassadas.

Temos de ser fortes e luitar,acreditar fundamente no sorrisocoma quem olha a desembocadu-ra do Tambre e sabe que o mundoexiste num lugar onde as mulhe-res se chamam Galiza. Em cadaum desses lugares onde algumhavez sentimos o mar a anegando-nos a olhada; cada monte, cadapedra, a gama de todos os verdese cada rego, um pano preto na ca-beça dumha avó, o exército demoinhos eólicos e a atrocidade

dumha represa de água, cada fo-lha de carvalho e a dança dos va-ga-lumes, o pôr-do-sol em Pan-chês, as vacas pastando em SantaComba, os ácios tingindo Ribad’Avia, todo: a beleza que resistee o espectáculo das feridas quetambém som parte de nós.

A dor e a alegria fam o adubodesta terra: está nas nossas maossarar as feridas e continuar a nu-trir este lugar, o lugar onde o fu-turo será livre.

Terra de lavoura é todo o quetemos e a paisagem que virá é anossa responsabilidade. Em nósestá a semente da Galiza e por is-so a Galiza está connosco.

Cremos em vós companheiras,porque desde a distancia hostilsentimos-vos perto, como irmásdo mesmo céu e das mesmas es-trelas, onde nos sangram as mes-mas feridas e os mesmos sonhosnos embalam.

A desobediência dos povosnom é terrorismo.

A resistência dos povos nom éterrorismo.

Avante agora e sempre a resis-tência galega.

Maria Rosendo (Compostela)

ataques dos javalis famperiGar a colheita do milho

O Sindicato Labrego Galego recla-ma, mais umha vez, umha respos-ta efetiva da Conselharia de MeioRural à luz dos estragos que estáma causar o encame de javalis nasterrenos de milho forrageiro, culti-vo indispensável para manter o ga-do e para aforrar nos custes deproduçom da alimentaçom animalnas exploraçons de gado.

A semana passada, a Coorde-nadora de Organizaçons Agráriase Ganadeiras (COAG), publicavaum estudo onde se revelava que ogasto meio em pensos aumentouum 15'8% nos últimos cinco anos(...). Essa é umha das principaisrazons para que o cultivo do mi-lho forrageiro esteja a incremen-tar-se ano trás ano, cultivando-sena atualidade quase 65.000 hecta-res na Galiza, segundo a superfí-cie declarada na solicitude daPAC de 2012. Estas cifras eviden-ciam que o cultivo de milho forra-geiro destinado a alimentaçomanimal som vitais para a econo-mia das exploraçons, já que pro-

duzir forragens próprias para ali-mentar o gado diminui considera-velmente os custes de produçom.

(...). Segundo o coordenadordos Setores Ganadeiros no SLG,Xabier Gómez Santiso, “este anoestá sendo pior do que os anterio-

res, e os javalis estám a aniquilara colheita de milho nas zonas on-de este cultivo é importante, coma conseguinte perda de milharesde euros por exploraçom”.

Sindicato Labrego Galego

As hierarquias funcionampara que quem se encon-tre no seu cimo se trans-

forme num ser impune e longedas responsabilidades enquantoquem está na base social recebeos golpes mais fortes. É mais,quem se atope nos banzos inter-médios da escada encarregará-sedo maltrato a quem se situar maisna base. Assim funcionou o apa-relho mediático, político e técnicoquando no fatal acidente de An-gróis as culpas fôrom imediata-

mente atribuídas quase exclusiva-mente ao maquinista que condu-zia o Alvia sinistrado. Se bem éinegável a grave imprudência co-metida por este profissional, osgrandes meios do sistema nom sequestionavam como é possívelque no século XXI nom existamdispositivos técnicos de seguran-ça na alta velocidade ferroviáriaque impedam que o manejo des-tes comboios corresponda apenasa umha pessoa. As investigaçonsjudiciais e jornalísticas fôrom

mostrando que esses dispositivosexistem mas nom estavam opera-tivos na linha de alta velocidade,como fora batizada na sua inau-guraçom, que comunicava as ci-dades de Ourense e Compostela.

A alta velocidade resultou serum negócio para os grandes em-presários da construçom e um de-sastre para a populaçom. No NO-VAS dA GALIzA nº127 umha repor-tagem debulhava os problemas darede galega de caminhos de ferroe a agressom à rede convencional

e ao meio ambiente que supu-nham as linhas de altas velocida-de desenhadas desde Madrid.Analisar a trapalhada que acome-têrom diversas entidades públicase privadas na linha Ourense-Com-postela desvenda como é que fun-ciona a infraestrutura política queapenas pode dar como resultadoa tragédia. Acima de todo um mi-nistério de Fomento que se encar-rega da propaganda e das pro-messas eleitorais. dependentesdele umhas entidades, como Adif

ou Renfe, que pagam milhons amúltiplas empresas nas diversasfases de execuçom das constru-çons sem que exista umha correc-ta coordenaçom entre elas. Paramais, logo entidades públicas eprivadas colhem-se da mao parase apresentarem juntas a projetosinternacionais multimilionários,como o AVE da Meca ou o do Bra-sil. E, aliás, a iminente privatiza-çom do sector ferroviário.

A exigência de responsabilidadesdeve chegar ao cimo da hierarquia,até o mais alto. Até ali onde empre-sários e representantes políticos es-peculam com a vida das pessoas.Onde Espanha gere o seu fracasso.

A infraestrutura da tragédiaeditorial

humor suso sanmartin

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDiTORAA.c. MinHO MEDiA

cOnsELHO DE REDAçOMiván g. Riobó, Aarón López Rivas, RubénMelide, Xavier Miquel, Antia Rodríguez gar-cía, Raul Rios, Xoán R. sampedro, Olga Ro-masanta, Alonso Vidal, paulo Vilasenin

sEcçOnscronologia: iván cuevas / Economia:Aarón López Rivas / Agro: paulo Vilasenine Jéssica Rei / Mar: Afonso Dieste / Media: Xoán R. sampedro e gustavo Luca /Além Minho: Eduardo s. Maragoto / povos: José Antom ‘Muros’ / Dito e feito:

Olga Romasanta / A Denúncia: iván garcía/ cultura: Antia Rodríguez / Desportos: An-jo Rua nova, isaac Lourido e Xermán Vilu-ba / consumir Menos, Viver Melhor: XanDuro / A criança natural: Maria álvaresRei / Agenda: irene cancelas / A Revista:Rubén Melide / A galiza natural: JoãoAveledo / gastronomia: Luzia Rgues., sinoseco / Língua nacional: Valentim R. fagim / criaçom: patricia Janeiro / cinema:Xurxo chirro

DEsEnHO gRáficO E MAqUETAçOMHilda carvalho, Joám fernandes, Manuel pintor, Helena irímia

fOTOgRAfiAArquivo ngZ, sole Rei, galiza independente(gZi-foto), Zélia garcia, Borja Toja

ADMinisTRAçOMJosé Viana e carlos Barros gonçales

LOgÍsTicA E pUBLiciDADEJosé Viana e Daniel R. cao

AUDiOVisUAL: galiza contrainfo

HUMOR gRáficOsuso sanmartin, pestinho, Xosé Lois Hermo,gonzalo, Ruth caramés, pepe carreiro, Mincinho, Beto

cORREçOM LingÜÍsTicAXiam naia, fernando corredoira, Vanessa VilaVerde, Mário Herrero, Javier garcia, iván Velho

cOLABORAM nEsTE nÚMEROsuso sanmartin, Júlio Teixeiro, natália gonçalves, carlos Taibo, Xavier R. fidalgo,André Rodrigues, carlos Barros, M.B., Héctor cobo, pedro peom, Alberto Ramos,carlos c. Varela, L.D.R., Eduardo Estévez,iván garcía Ambruñeiras

fEcHO DE EDiçOM: 18/09/2013

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Estava eu o outro dia na ca-ma. deitada de lado como amodelo de um anúncio de

milagre redutor de gordura en-quanto dormes. E pensando quenem dormindo podemos escaparaos estereótipos. Imaginava comoseria esse anúncio feito com umamulher normal, sem excessos. Semestar excessivamente depilada,nem excessivamente magra, nemter a pele excessivamente perfeita,nem excessivamente dormida.

Muitas vezes penso como pode-riam ser os anúncios feitos por epara mulheres como eu, mulheresnormais, com inquietações, cominseguridades, com fortalezas, mu-lheres multi-dimensionais e nãoplanas e sem fissuras como as quetanto nos querem meter na cabeçae que, por outro lado, não existem.

Anúncios feitos para mulheresque não se fariam uma cesárea aossete meses de gravidez para que ocorpo não lhe mude, que não che-gariam a tal extremo de magrezaque lhe impeça ter a regra, mulhe-res que sabem dizer não e sim, que

saem à rua sabendo que ninguémas pode julgar pelo seu físico, quesabem escutar o seu corpo, quenão se flagelam por ter as pernascheias de pêlos, que miram desdea dignidade a quem as mira, queprocuram o seu lugar, que trans-mitem a sua sabiduria. Mulheresque não sofreriam o acosso e der-rubo do heteropatriarcado.

As mulheres que eu conheço fa-ríamos um anúncio normal. Commulheres com pêlos nos sovacos,com as tetas desiguais, com es-trias, gordas do passo da vida, comunhas que nunca foram pela mani-cura, com o cabelo docemente des-penteado, com a cara lavada echeia de experiências, com borbu-lhas nos sítios mais inesperados docorpo, com os olhos vesgos, baixas

demais, altas demais, desdentadase com os dentes tortos, mulherescom expressão, com algo a dizer,com tenrura, com raiva, com ganasde construir, com ganas de ganharo futuro, com direito a decidir. Comganas de bailar.

Não sei o que sonhará a modelodo anúncio. Não sei se pode so-nhar. Não sei se quer.

Eu, e não só quando durmo, so-nho com um mundo em que estasmulheres e eu seremos as que de-cidamos como vão ser os anún-cios, como vamos criar as nossasfilhas, como vamos celebrar a suaprimeira regra e como vão ser asescolas onde vão ir. Um mundoonde escolheremos quantas filhase filhos queremos ter, sem mirarse temos parelha, se somos lésbi-cas, se somos de aqui ou de acolá,se aderimos à familiar tradicionalou improvisamos novas formasgeométricas de amar. Porque algotemos em comum todas estas mu-lheres e eu. E é que gostamos desonhar, mesmo a dormir.

03opiniomNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

opiniom

Segue sem se fechar o jáclássico debate sobre o pa-pel da burguesia galega na

sociedade. Longe disso, regressacada certo tempo sob novos oureiterados pontos de vista. Háquase dous anos, por exemplo,Felmil Joibám num artigo no gali-

zalivre.org, ironizava sobre acrença numha “burguesia nacio-nal”, considerando-a umha ver-som contemporânea e galega domito sebastianista. E curiosamen-te, a recente passamento de Rosa-lia Mera, volveu trazer o tema àtona. do portal anti-capitalistadiárioliberdade.org, MaurícioCastro denunciou este verao aexagerada proliferaçom de jere-miadas sociais, e hagiografiasmediáticas, que suscitou o óbitoda milionária corunhesa. A pro-pósito dessa mais do que com-preensível crítica, destacou todoesse espetáculo como “exemploda efetiva existência dumha clas-se dirigente galega”.

Perante esta concreta e claradivergência, a questom poderiaser formulada do seguinte modo:confirma, realmente, o impatosocial do falecimento de RosaliaMera a existência dessa classedirigente autóctone da que falaCastro? Ou é antes, essa leitura,mais umha mostra do que Joi-bám chama “o recorrente mito daburguesia nacional galega”? Ob-viamente, na Galiza existem ca-pitalistas naturais do país. Issonom tem discussom; como tam-

pouco a tem que, os eventos so-ciais que protagonizam, gerammais expectaçom que os nasci-mentos, falecimentos, ou proces-samentos das assalariadas e as-salariados. O mesmo poderíamosdizer, porém, da burguesia de LaMancha ou de Múrcia.

A atualidade mediática ofere-ce-nos outro caso que, por certostraços especiais que apresenta,talvez nos seja de mais ajuda. Re-firo-me à falência de Pescanovae a arguiçom do presidente doconselho de administraçom damultinacional. Manuel Fernán-dez de Sousa-Faro pertence aquarta geraçom dumha família

cuja tradiçom empresarial se re-monta ao século XIX. O seu pai,junto com o seu tio, criarom em-presas tam emblemáticas como aprópria Pescanova, zeltia, Frig-sa, Cementos Oural, etc.; mastambém som conhecidos por im-pulsionar projetos como a Edito-rial Galáxia, o Museu de Ponte-vedra, a Granja Barreiros ou aRevista Galega de Economia. Po-demos considerar, à vista de todoisto, que os Fernández represen-tam a existência dumha burgue-sia nacional galega?

Até a década de 60 do séculopassado, momento em que nascePescanova, nom se pode falar

propriamente de industrializa-çom na Galiza. dificilmente a bur-guesia galega podia aspirar, antesdessas datas, a dirigir umha so-ciedade fortemente agrária. Emais dificilmente ainda podere-mos encontrar melhor exemploque o dos Fernández de vontadede liderança cultural, científica ouideológica. Nom obstante, apesardo sucesso de empresas comoPescanova, esta camada burgue-sa autóctone nunca chegou a con-tar com as bases materiais que,com independência das comple-xidades políticas de cada momen-to, cumpririam como condiçomnecessária dumha capacidadereal para hegemonizar esponta-neamente a sociedade. Nom re-presentava a maioria do capital in-vestido no país, boa parte do qualseguia sob o controlo de capitalis-tas estrangeiros (Barrié, Massó,Barreras, Etcheverría, etc.); nemganhava terreno no contexto es-panhol em matéria de acumula-çom, a economia galega perdiaumha décima de ponto, cada ano,na sua participaçom no PIB esta-tal; e também nom era capaz desubsumir a mao de obra proce-dente da desagrarizaçom, pois ametade da populaçom que aban-donava as comunidades campesi-nas encontravam a sua via de pro-letarizaçom no estrangeiro.

Como interpretar, entom, a si-tuaçom presente de Pescanova edo que durante anos foi o seuPresidente? Se calhar tambémnom prova nada em relaçom como debate actual sobre o papel daburguesia galega. Mas é suficien-te eloquente e ilustrativa, de co-mo correu tudo posteriormente,para bem ou para mal, em rela-çom com a possibilidade (quenalgumha altura pôde existir) deGaliza contar com a sua própriaburguesia nacional.

Pescanova: da frustraçom históricaao protagonismo mediáticoJúlio Teixeiro

A mulher.comnatália gonçalves

A burguesia autóctone nuncachegou a contarcom as bases materiais necessáriaspara hegemonizarespontaneamente a sociedade

As mulheres que eu conheço faríamosum anúncio normal.com mulheres compelos nos sovacos,com as tetas desiguais,com estrias...

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04 acontece Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

NGZ / O Estado espanhol poderiaser sancionado a partir do anoque vem se continuar a permitirque se exculpe, negue ou triviali-ze flagrantemente crimes de re-gimes totalitários. Esta é a adver-tência feita pola Uniom Europeia(UE), depois de que eurodeputa-dos cataláns denunciassem a ce-lebraçom dumha homenagem à'división Azul' na que participoua delegada do Governo espanholna Catalunha, María de los Lla-nos de Luna, ou as comparaçonsentre o independentismo e a Ale-manha nazi.

Concretamente, a subcomissá-ria de Justiça da UE, Viviane Re-ding, advertiu da possibilidade decastigar os estados que nom san-cionarem “penalmente” à incita-çom à violência e ao ódio contragrupos ou pessoas pola sua raça,cor, religiom, ascendência ou ori-gem nacional ou étnica. Será apartir do 1 de dezembro de 2014que a Comissom Europeia terácompetências para iniciar proce-dimentos de infraçom a quemnom o figerem.

durante o verao saltárom aosmédios numerosas exaltaçons dofascismo por parte de dirigentes emilitantes do Partido Popular.Além de várias fotografias ondese podiam ver militantes de Nue-

vas Generaciones -a façom juvenildo PP- posando com simbologiafascista, alcaides como o de Beadeou Baralha saltárom aos médiosde comunicaçom por defenderpublicamente o genocida.

“Os condenados a morte porFranco mereciam-no”, assim rea-giu Manuel González Capón, al-caide popular desta última al-deia, durante um pleno munici-pal no que o PP apresentara um-ha moçom solicitando “a conde-na dos actos violentosperpetrados pola organizaçomindependentista Resistência Ga-

lega”. Os votos em contra do Par-tido Popular salvárom GonzálezCapón da demissom.

Também o PSOEMas o PP nom é o único partidoque protagoniza este tipo de epi-sódios de defesa do fascismo. OJulgado de Instruçom da Fonsa-grada condenou o vizinho de Ne-gueira de Munhiz Clifford Tor-rents, de origem escocesa, a pagar434,28 euros por escachar umhaplaca franquista em 2011. O vizi-nho foi denunciado polo próprioalcaide do município, José Ma-

nuel Braña, do PSdeG, ao queClifford se dirigira previamentepara solicitar a retirada da simbo-logia fascista.

No recurso de apelaçom apre-sentado, este vizinho afirma que oúnico que fixo foi eliminar “umsímbolo ilegal por constituir umhahomenagem a umha pessoa e umregime antidemocrático” e porconsiderar que a sua açom “estavaamparada por umha autorizaçommunicipal [de palavra] emitida po-los cargos competentes do Conce-lho de Negueira” e polo articuladona Lei de Memória Histórica.

aconteceAs 14 famílias de Eiris afetadas polo proje-to de construçom do Parque Ofimáticonom contam com ameaça legal de despejo,logo de meses de protestos semanais.Anunciam mobilizaçons até acadarem umacordo de manutençom dos fogares.

ficam paralisados 14 despejos na corunha

O grupo editorial com centro no diárioluguês anunciava a dez trabalhadorese trabalhadoras o seu despedimentoimediato no passado 4 de setembro,sem a antelaçom devida e eivando maisainda a qualidade do jornal.

despedimentos no Grupo ‘el proGreso’

11.07.2013 / Um milhar de pes-soas manifesta-se na Corunhacontra a criminalizaçom dosmovimentos sociais.

13.07.2013 / El País asseguraque o PP da Galiza ingressouem 2006 quase dous milhonsde euros em doaçons opacas.

14.07.2013 / Saem em liberdadeapós onze anos de prisom asmilitantes galegas do PCE(r)Aurora Cayetano Navarro e Io-landa Fernández Caparrós.

15.07.2013 / Um homem faleceaplastado polo trator em Ribei-ra e outro, J.G.R., é achadomorto, presumivelmente porum infarto, na finca onde forarecolher erva em Rois.

17.07.2013 / J.M.E., vizinho deArteijo, pega-se um tiro quandoia ser despejado do piso emque vivia em alugueiro. Morreráa 31 de julho.

18.07.2013 / Militantes de Nós-UP pintam de cor de rosa placa

em homenagem a Primo de Ri-vera em Pantim (Valdovinho).

20.07.2013 / Mais de 3.000 pes-soas manifestam-se em Cangaspara exigir umha soluçom paraos pensionistas emigrados.

21.07.2013 / Doze organizaçonsnacionalistas assinam manifes-to conjunto para o 25 de julho.

22.07.2013 / Morre um homemna Veiga (Valdeorras) enquantomanipulava umha segadora.

24.07.2013 / Nove organizaçonsjuvenis realizam manifestaçomunitária pola independência.

28.07.2013 / Vizinho de Castrode Rei suicida-se após acuite-lar a sua parelha.

30.07.2013 / José Manuel Fer-nández Alvariño é nomeadopresidente da Confederaçomde Empresários da Galiza.

01.08.2013 / Detidos dous agen-tes da Guardas Civil de Ponte

Vedra por vender informaçom anarcotraficantes.

03.08.2013 / Morre um homemem Bueu após desfalecerquando estava a cortar as ra-mas dumha árvore numha leirada sua propriedade.

04.08.2013 / Milhares de pes-soas reclamam o fim das toura-das na Corunha. A dia 10, um-has trezentas pessoas mani-festaram-se também na praçade touros de Ponte Vedra.

cronoloGia

Estado espanhol pode ser sancionadopola UE se nom condenar o franquismo

multada umha pessoa por retirar simBoloGia fascista em neGueira de munhiz

duas plataformasmanifestam-secontra o ataque previsto na síria

NGZ / A ofensiva militar dosEUA sobre a Síria foi rejeitadaem amplas concentraçons portodo o território galego, con-vocadas pola recentementeconstituída Plataforma Galizacontra a Guerra e pola Coor-denadora Galega pola Paz.Trás manter conversas, am-bas as plataformas decidíromnom unificar manifestos econvocatórias.

A Plataforma Galiza contraa Guerra denuncia a fabrica-çom dumha “nova mentira pa-ra justificar o ataque”, do mes-mo jeito que aconteceu com oIraque, e apom-se a “agressomimperialista” dos EUA sobre opaís árabe. O manifesto da Pla-taforma Galiza contra a Guer-ra está assinado, entre outros,polo BNG, Galiza Nova, Comi-tés, CIG, FRUGA, Isca!, Mar deLumes, Nós-UP, Agir, Briga,Causa Galiza ou a LEG.

Segundo aponta a Coorde-nadora Galega pola Paz, a ci-dadania síria ergueu-se contra“o regime ditatorial de El As-sad” reclamando “liberdadesdemocráticas”. Este manifestoestá apoiado, entre outros co-letivos, por Anova, Compromi-so por Galicia, MNG, Equo Ga-licia, STEG, SLG, Verdegaia,Adega, CCOO, UGT, IntermonOxfam ou Amarante.

Paula Carda (terceira pola esquerda), militante de NNGGdo PP de Vila-real, posa com umha bandeira fascista

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

O Bloco Nacionalista Galego celebrou no 15 de setembroumha mobilizaçom nacional em Compostela “por umhaPátria Soberana”. Segundo distintas contas, entre oitomil e dez mil pessoas percorrêrom as ruas da capital ga-lega numha manifestaçom que substitui o dia da Pátriasuspendido polo acidente ferroviário de Angróis.

BnG moBiliza milhares pola soBerania nacional

O Cineclube de Ourense Padre Feijóo solicitou ao Conce-lho nom utilizar as instalaçons de Cinebox para o Festivalde Cinema Internacional de Ourense, já que a empresamantém umha dívida de 6.000 euros com o cineclube. Ci-nebox criou a dívida ao deixar de pagar a parte de recada-çom que lhe correspondia ao Cineclube por programar.

cineBox mantém dívidas com o cinecluBe de ourense

05.08.2013 / Trabalhadores daPovisa som despejados pola po-lícia da sede da Junta em Vigo.

10.08.2013 / Morre J.C.L. emCaldas de Reis num accidentecom o trator.

11.08.2013 / Vizinhança de Caba-na e Coristanco organiza rotacabalar contra a mina de ouro.

12.08.2013 / Homem de 30 anosmorre em Nigrám ao envorcar oseu trator.

13.08.2013 / Artefato explosivodestroça caixa automático de No-vagalicia Banco em Beade (Vigo).

14.08.2013 / Renovam os con-certos com os centros educati-vos que segregam por sexo.

20.08.2013 / Juiz de Composte-la imputa aos encargados daseguridade do tramo da linhaonde descarrilou o Alvia.

21.08.2013 / Desaparecido ummarinheiro do pesqueiro Luce-

ro 1, com base em Cedeira, quecaiu ao mar enganchado noaparelho.

23.08.2013 / CIG denuncia quea Inspeçom de Trabalho detec-tou jornadas de até 12 horasnas obras do TAV em Ourense.

24.08.2013 / Começam em Cua-ledro dous incêndios que vamarrasar 2.200 hectares.

27.08.2013 / Jornada de greveda recolhida do lixo na Coru-

nha em solidariedade com osempregados da planta de resí-duos de Nostiám.

28.08.2013 / Jesús M.L, vizinhode Sárria, morre em Samos aoenvorcar o seu trator.

31.08.2013 / Sede do PP em Ou-rense é atacada com pedras.Ao dia seguinte, atiram garra-fas contra a sede do mesmopartido em Lugo.

02.09.2013 / Achada morta em

Cabanas, com signos de ter si-do violada, Elisa María Abruñe-do, que faltava do seu domicí-lio desde o domingo.

03.09.2013 / Amparo GarcíaFreije, de 92 anos, morre na An-tigua (Sam Tisso) num acidentecom um trator.

04.09.2013 / Tribunal Supremoobriga à Junta da Galiza a cos-tear a operaçom de mudançade sexo dumha viguesa que le-vava anos reclamando-o.

cronoloGia

NGZ / Galiza voltou arder no ve-rám. Os incêndios arrasárom commilhares de hectares do monte ga-lego, deixando como vítima espe-cialmente trágica o Monte Pindo,em Carnota, um espaço protegidopola Rede Natura e cuja declara-çom como Parque Natural levaanos reclamando o movimento po-pular da sua comarca. Precisa-mente, a Associaçom Monte PindoParque Natural denunciou que es-te lume é causa “dos ouvidos sur-dos que a Junta fijo às demandasda sociedade”. Assim, este coletivopediu a demissom de Agustín Her-nández e Rosa Quintana, comoresponsáveis das conselharias deMeio Ambiente e Rural, assim co-mo a imediata declaraçom de Par-que Natural do Monte Pindo. A as-sociaçom ecologista AdEGA exi-

giu, pola sua banda, a imediata de-claraçom de “zona catastrófica”,mas também a isto desatendeu aJunta de Galiza, a qual prefereaguardar a “avaliar os danos”.

O lume da Costa da Morte cal-cinou uns 2.200 hectares e rema-tou com o verde do chamadoOlimpo Celta. Este lume prendeupor vários focos e o alcalde deCarnota, Ramón Noceda, nomduvidou em declarar ante osmeios de comunicaçom a suaconviçom de que este lume foiprovocado para evitar a declara-çom do Monte Pindo como Par-que Natural e definiu-no como“atentado ecológico”. Uns diasantes do trágico incéndio, este es-paço já se vira ameaçado por umoutro lume iniciado em Maçari-cos, o que fijo erguer vozes que de-

nunciárom o estado de abandonoem que se atopava esta zona, aqual levava anos sem ser limpada.

Milhares de hectares queimadosUns 11.000 hectares ardêrompor todo o país neste verám. Gru-pos ambientalistas indicáromque umha das causas destes lu-mes é a falta de interesse da atualJunta que comanda Alberto Nú-ñez Feijóo em levar adiante um-ha política de prevençom e decuidado do rural. O coletivo Ver-degaia expunha num comunica-do que, aliás, a Junta e os Conce-lhos “delegárom a extinçomprincipalmente nos meios aéreose em empresas privadas, quandoquem controla e finalmente apa-ga os lumes som as brigadas comrecursos humanos e meios ter-

restres a rés do chao do territórioafetado”. Falta de prevençom,monte baixo sem desbroçar e po-líticas privatizadoras. Umha mis-tura nociva para o monte galego.

Pola sua banda, AdEGA denun-cia que a reaçom institucionalapós a vaga de lumes deste verámpretende “tapar com euros a suaincompetência 'untando' algunscoletivos chave” entre os que situamadeiristas ou caçadores. “E fam-no tentando impor a sua visomsimplista e distorcida do que deveser o monte galego: umha fatoriade madeira barata e um couto pri-vado de caça”. A associaçom eco-logistas refere-se nestes termos àslinhas de ajuda que a Junta abriupara constituir as Sociedades deFomento Forestal (Sofor) e paraque as pessoas titulares dos Terre-

nos Cinegeticamente Ordenados(Tecor) repovoem o monte comperdizes e coelhos.

Militarizaçomda mao dos cortes e da privatiza-çom vem também umha maiorpresença na luita contra os incên-dios do Exército espanhol. O Ser-

mos Galiza publicou que há umconvénio polo que a Junta pagamais de um milhom de euros aoGoverno central para que osmeios de defesa estejam presen-tes. Os meios exaltam a presençamilitar espanhola ao pôr em gran-des títulos a atividade da UnidadeMilitar de Emergências (UME) en-quanto restam releváncia ao tra-balho das pessoas que realizamlongas jornadas laborais nas bri-gadas contra o lume.

Monte Pindo é arrasado polo lumepor volta duns 11.000 hectares ardêrom por todo o país neste verao

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

A defensoría del Pueblo abriu diligências perante a Se-cretaría General de Instituciones Penitenciarias para ar-recadar informaçom sobre os alegados tratos vexatóriosa familiares do preso político galego Xurxo RodríguezOliveira. A queixa, que denunciava entre outras cousasexames corporais integrais, foi apresentada por Esculca.

tratos vexatórios em prisom a familiares de x.r.o.

A Plataforma Galega polo direito ao Aborto e QueremosGalego fôrom denunciadas pola Polícia por supostos “des-troços” podendo ser sancionadas com multas de até 6.000euros. Enquanto os coletivos criticam a “criminalizaçom”,o corpo policial fala de danos em bancos e mobiliário ur-bano ao passo das respetivas manifestaçons.

polícia denuncia plataformas cívicas por “destroços”

Como decidides o feche?O feche já estava falado desdetempo antes, mas numha assem-bleia decidimos formalizá-lo nomomento em que subimos à fá-brica a recolher papéis do despe-dimento. deviam-nos dinheiro desalários, indenizaçons, finiqui-tos... e pensamos que o único jeitode seguirmos com unidade na lui-ta, e de pressionar para estuda-rem as ofertas, e sobretudo deevitar desmantelarem a fábricapara a venderem a troços, era es-tarmos ali. O único modo de con-seguir os propósitos de conservaros postos de trabalho e a viabili-dade da empresa.

Como está a resultar a decisom?A nível pessoal é um grande sa-crifício. Há gente com famílias,crianças... Há gente que é de forae que voltou agora para o feche...É mui duro, porque já som hojemais de 70 dias separadas de fa-mílias, amizades. Mas leva-se,porque estamos convencidas econvencidos de fazermos o corre-to e o que queremos. E ainda combaixadas e subidas do ânimo quevenhem e vam em tantas horasali, há decisom de continuar até o

final e até o final continuaremos.Polo de agora já conseguimos quenom toquem a fábrica, que nomvenderam nada.

Teria sido possível manter estamobilizaçom sem a ocupaçomdas instalaçons?O que poderia ter sido nom pododizê-lo. Mas o que sei é que é fun-damental termos esse sítio comocentro de todo, para tomarmosdecisons sobre o que se fai e nom.Ali temos umha convivência e es-tamos mais unidos. Esse fechedá-nos mais unidade e mais forçapara continuar.

Sentides que se está a acompa-nhar a vossa luita por parte dou-tros agentes sociais?Sentimo-nos arroupados e arrou-padas, e de facto duas centraissindicais, a CUT e a CIG, estámdesde um princípio fechadas con-nosco e som um apoio direto ediário. Há outros coletivos que seponhem em contato connosco,que fam açons para consciencia-lizar à cidadania... e assim aju-dam bastante. E por parte dosgrupos políticos, em especial doBNG porque está aqui fechada adeputada Tareixa Paz. Tambémdoutros. Ainda que penso quemuitas vezes som só palavras bo-nitas. E por fim agora, depois dademanda, parece que a Juntaquer deixar-se ver.

Vinte pessoas estais denuncia-das e passastes polos julgados opassado dia 4. Como vedes a si-tuaçom nesse assunto? Pois na vista, a juíza nem escui-

tou testemunhas nem nos to-mou declaraçom a nenhumadas pessoas demandadas, assimque foi umha cousa chocante.Mas com as mesmas forças re-correremos e seguiremos até ofinal. Já quando nos chegou ademanda fora surpreendente,tendo em conta que em todo es-te tempo nem o administradorconcursal nem o da empresa setinham posto em contato com

nós e a única via de comunica-çom que se abriu foi quando noschegou a demanda.

E aproveitam para acusar-vos dedanardes as instalaçons e pordesdificuldades para a possibilida-de de umha venda...Mas é ao contrário! Sabemos quenom estám a mirar nenhuma ofer-ta. E se tiverem levado a cabo odesmantelamento da fábrica, sim

seria complicado vender. O primei-ro passo que iam dar em qualquermomento era desmontar a plantade gás. Umha planta de gás comoesta pode desmantelar-se em ho-ras ou dias, mas pô-la em anda-mento de novo exige por voltadum ano. Que empresa havia pen-sar na compra dumha fábrica quenom vai produzir até um ano de-pois? O feche, em todo caso, per-mite que poda haver ofertas paraumha compra que nom se haviaproduzir com a planta desarmada.

Quanto à administraçom públi-ca, o que é que aguardais porparte da Junta?O primeiro que se lhes pode botarà cara é que sendo os maiores cre-dores da empresa, e tendo inves-tido tantos e tantos milhons de di-nheiro público, nom tenham feitonada para quando menos obriga-rem ao administrador concursal eo administrador da empresa aaclarar as ofertas que há e estu-dá-las. Nom será quedar com a fá-brica, como dim os proprietários,mas a Junta nom pode permitirque depois de levarem tanto di-nheiro os empresários marchemsem sequer mirar ofertas...

Os motivos que nos dérom parao ERE de extinçom foi que nomhavia produçom, nom havia pro-jetos de venda, mas agora tenhemum projeto enorme nos EstadosUnidos e mercam os painéis àChina, que lhes sai muito maisrentável. E se já é grave cara anós, quanto mais cara à socieda-de com a quantidade de milhonsdo dinheiro público que aqui en-trárom durante cinco anos.

“A ocupaçom é a única saída para manter ospostos de trabalho e a viabilidade da fábrica”

eva iGlesias alvarado é traBalhadora da fÁBrica que o Grupo t-solar tem em sam ciBrao das vinhas

XOÁN R. SAMPEDRO / Eva Igle-sias Alvarado é trabalhadorada fábrica que o Grupo T-So-lar tem no polígono ouren-sám de Sam Cibrao das Vi-nhas, que antes do verao dei-xava na rua 170 trabalhado-ras e trabalhadores, apesarde se tratar da segunda plan-ta com mais produçom do es-tado no setor dos painéis fo-tovoltaicos, e de ter recebidoarredor de 65 milhons de eu-ros em subsídios nos seuscinco anos de vida. Nos co-meços de julho, a assembleiado pessoal decidia a toma dafábrica para evitar o seu des-mantelamento e forçar umhasaída que inclua o mantimen-to dos postos de trabalho.

“A ocupaçom dá-nosmais unidade e maisforça para continuar

na luita polo emprego”

“polo de agora já conseguimos que nomtoquem a fábrica, que

nom vendessem nada”

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07aconteceNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

A Guardia Civil identificou militantes do BNG aopasso de “La Vuelta” por Avanha por portar faixaslegendadas com “Galiza is not Spain” ou “Freedomfor Galiza”. Também fôrom identificados militantesem Baiona e vizinhos da Ilha de Arousa fôrom ob-jeto de “cortes de manga” por parte dos agentes.

identificaçons por portar faixas em “la vuelta”

A Agência Espanhola de Proteçom de dados vem deordenar a retirada das cámaras de segurança do Conse-lho de Contas da Galiza, por estarem focando ilegal-mente a via pública. O Movimento polos direitos Civis,que realizou a primeira denúncia ao respeito, alerta deque as cámaras ainda continuam funcionando.

conselho de contas oBriGado a retirar cÁmaras ileGais

NGZ / O tribunal especial espanholfazia pública para a imprensa -semser conhecida ainda polas conde-nadas- a sentença pola que impomcondenas de 10 e 18 anos de cadeiaa quatro pessoas julgadas em junhopor, na versom defendida polo esta-do através da fiscalia, pertencerema umha organizaçom denominada'Resistência Galega'. Nomeada-mente, os delitos que se lhes impu-tam som “participaçom em organi-zaçom terrorista, falsificaçom dedocumento oficial e, para as duaspessoas com condenas mais altas,posse de explosivos.

durante o julgamento, os inde-pendentistas negárom as acusaçonsde pertença a organizaçom armadaalgumha, assi como terem nengum-ha vontade de imposiçom violentade ideias políticas. Porém, o tribunalde exceçom espanhol consideraprovado terem o objectivo de “aca-dar a independência do territóriohistórico da Galiza […] para o quejustificam o emprego da violênciacontra pessoas e bens como únicomeio de acadar os seus propósitos”.

À espera de lhes ser comunicadaa sentença, Antom Santos, Eduar-do Vigo e Roberto Fialhega terámpassado quase dous anos de pri-som prévios à condena. A quartaculpada, Maria Osório, fora excar-cerada em fevereiro passado pormotivos de saúde.

Um comunicado coletivo assina-do por 25 organizaçons do sobera-nismo e a esquerda dava respostano dia seguinte a ser conhecida a

sentença. O texto afirma que ascondenas “som unha barbaridaderepressiva dum ponto de vista de-mocrático perpetrada por um tri-bunal que carece das mais míni-mas garantias”.

As organizaçons assinantes de-nunciam ao tempo que a “criaçomjurídica dumha suposta organiza-çom terrorista” supom no atualmomento de crise do modelo deestado “um instrumento repressi-vo de primeira ordem que levantaa veda para criminalizar e penali-zar organizaçons sociais e políticasde signo nacionalista”.

Audiência Nacional condena independentistas aum total de 56 anos de prisom por ‘terrorismo’

o triBunal especial acata as teses da fiscalia soBre a existência de ‘resistência GaleGa’

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AssinATURA

CARLOS TAIBO / A finais de junho, e convidadopela defesa, assisti em condição de perito aojulgamento desenvolvido contra quatro inde-pendentistas galegos na Audiência Nacionalem Madrid. Ainda que a minha experiênciadessas horas foi inevitavelmente parcial, achoque tem o seu interesse. A tarefa dos dous pe-ritos da defesa -Bernardo Máiz e mais eu-consistia em avaliar o rigor e a coerência dosrelatórios de Guardia Civil e da Polícia Nacio-nal que justificavam a petição de penas muitoaltas para os quatro rapazes julgados.

Tanto Máiz como eu fomos expulsos e aprova pericial ficou cancelada. devo salientar-as gravações estão penduradas na rede- quenão houve em momento nenhum nem pala-vras fortes nem gestos descorteses: o juiz ex-pulsou-nos porque, desde o seu ponto de vis-ta, as nossas críticas aos relatórios dos corpos

armados carretavam uma sugestão de que osseus autores tinham prevaricado. Olho com oargumento: o mesmo juiz que aceitou umaprova pericial encaminhada a discutir os rela-tórios em questão considerava que esses rela-tórios não podiam ser, de facto, discutidos. Aconclusão parece óbvia: as afirmações e osrazoamentos incluídos nesses relatórios, ex-tremamente fracos e notavelmente imaginati-vos, não podiam ser objeto de discussão, cir-cunstância que obriga a perguntar, claro, paraque serve a prova pericial e, mais ainda, quesentido tem um julgamento no que as conclu-sões estão ditadas desde o princípio pelos cor-pos de segurança do Estado. Nem sequer asaparências foram objeto de respeito.

Nestas horas fico abraiado ante a sentençaque condena os quatro independentistas ga-legos a penas de entre 10 e 18 anos, logo

dum julgamento no que foram violentadasgarantias elementares e no que em modo ne-nhum se provou o que a sentença consideracomo tal. Mesmo no caso de eu estar errado,as condenas parecem fora de medida. Nãoposso senão concluir que a estratégia do go-verno espanhol se orienta a gerar na Galizauma ameaça terrorista fictícia, talvez com oobjetivo paralelo de procurar trabalho a mui-tas pessoas que felizmente o perderam nosúltimos anos no País Basco. É, porém, umajogada delicada: os quatro independentistashoje condenados provocaram no país umainédita solidariedade, que ultrapassa os li-mites do próprio mundo nacionalista/sobe-ranista/independentista. Parece-me que,nessas condições, os governantes espanhóisestão a equivocar-se. Ainda que, claro, nadadisso tem relevo em comparação com umaspenas que mudam radicalmente a vida dequatro pessoas que não merecem o que nes-tas horas estão a viver.

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08 acontece Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

Trás mais de dous meses de greve sem avanços, a quan-tia dos danos provocados na planta de tratamento deNostiám ascende a 300.000 euros. A empresa conces-sionária quer baixar os salários em 25%. Por enquanto,o concelho recusa intermediar no conflito por ser a con-cessionária do seviço público “umha empresa privada”.

Greve do lixo na corunha causa danos por 300.000 euros

“Ché”, moço independentista e vizinho de Ourense, foidetido na madrugada do domingo 1 de setembro no seudomicílio por supostos danos na sede do Partido Popularda cidade e numha entidade financeira. O jovem tivo quepassar umha noite nos calabouços para prestar declara-çom judicial na segunda feira 2 de setembro.

detido moço ourensano por supostos danos na sede do pp

NGZ / Nom é habitual que as te-levisons estatais lhe dediquemdemasiado tempo às fontes eco-logistas à hora de configurar osseus informativos. Mas no pas-sado mês de agosto houve umhaexceçom: a crise diplomáticaentre o Estado espanhol e Gi-braltar propiciou que os gran-des médios lhe dedicasem espa-ço informativo a associaçonsecologistas que denunciavam osubministro de combustível debarco a barco na baía de Algeci-ras, prática também conhecidacomo “bunkering”.

Enquanto o governo espanholendurece os controlos em Alge-ciras, Portos do Estado (Autori-dade Portuária Ferrol – Sam Ci-brão) pretende converter a riade Ferrol num centro de abaste-cimento e tráfego de hidrocar-buros entre barcos, segundo de-

nunciam as organizaçons ecolo-gistas AdEGA, Verdegaia e aSociedade Galega de HistoriaNatural (SGHN).

Os três coletivos entendemque umha actividade como o“bunkering” deveria estar vi-giada e submetida a umha ri-gorosa regulamentaçom polorisco que existe de vertidos aomar, “como em todo trasvassa-mento de mercadorias”. Subli-nham que, quando se trata demercadorias “perigosas” comoo fuel, “cujo negativo impactosobre o meio marinho está so-bejamente documentado”, ocontrolo deve ser maior. As-sim, consideram “intolerável”que se realizem este tipo de ac-tividades em espaços como aRia de Ares polo seu valor na-tural e pola rica actividade ma-risqueira que nela existe.

Governo pom emmarcha “bunkering”na área de Ferrol

NGZ / A Plataforma pola defesade Corcoesto e Bergantinhosapresentou umha denúncia pe-rante o Ministério de Indústriapolo presunto cobro irregular desubvençons por parte da empresaMineira de Corcoesto S.L.

A firma recebeu umha sub-vençom em 2013 por valor de150.000 euros, para executar oprojeto “Investigaçom comple-mentar para a definiçom de no-vas reservas mineiras e a reali-zaçom de estudos adicionais dehidrogeologia e geotécnia nojazigo aurífero de Corcoesto2012/2013” e umha outra em2012 por valor de 200.000 eu-ros para a realizaçom de traba-lhos similares.

A razom da irregularidade de-nunciada é que estes trabalhosse desenvolvêrom dentro de con-cessons territoriais para as que aempresa nom tinha autorizaçom.Concretamente, o citado plano

de investigaçom devia realizar-se no ámbito das concessons doprojeto mineiro de Corcoesto, is-to é, nas concessons Cidade deLandro, Cidade de Masma e Emi-lita. No entanto, a empresa mi-neira realizou os devanditos tra-balhos nas concessons de Julia 2e Julia 3, que afetam principal-mente ao concelho de Coristan-co. Além disto, a concessom Emi-lita caducou em 2002, polo queMineira de Corcoesto S.L. tam-pouco é titular da mesma.

Um requisito imprescindíveldas bases da convocatória dassubvençons obtidas é que as em-presas solicitantes devem ser ti-tulares do aproveitamento dodomínio mineiro objecto do pro-jeto apresentado -dentro das for-mas previstas na lei 22/1973 deminas- e também que a empresarealize umha atividade económi-ca. Ambos os requisitos, impres-cindíveis para a obtençom das

ajudas públicas, som incumpri-dos por Mineira de CorcoestoS.L., segundo denunciam da Pla-taforma pola defesa de Corcoes-to e Bergantinhos, já que nom étitular dos aproveitamentos mi-neiros de Julia 2 e Julia 3, aindaem tramitaçom, nem de Emilita,por estar a concessom já cadu-cada. Além de tudo, Mineira deCorcoesto S.L. nom realiza acti-vidade económica já que nomopera no mercado; unicamentese dedica a lavouras de explora-çom e investigaçom mineira.

desde a Plataforma pola de-fesa de Corcoesto e Berganti-nhos pedem ao Ministério de In-dústria que solicite “de jeito ime-diato” o reintegro das subven-çons. Pola sua banda, o ministé-rio assegurou-lhe à plataformaque trasladou a petiçom à Secre-taria de Estado e Energia “paraque se proceda a um estudo de-talhado do caso”.

Mineira de Corcoesto denunciadapor subvençons fraudulentas

a empresa receBeu 350.000 euros entre 2012 e 2013

reforçam o controlo em GiBraltar

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09aconteceNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

notas de rodapé

As primeiras páginas dos diá-rios fam história. Também

das empresas editoras: as queaqui procedem da I Restauraçome mesmo de antes, ignorárom ca-ciquismo, emigraçom, levas, sa-queio, ditadura.

fazendo como se o País nomexistisse, figérom história com

a desinformaçom. Nom tinhamideias senom interesses.

Agás no que se refere ao casti-go. Em todo processo público

sempre fôrom partidários do es-carmento. Nom de ter em conta acomplexidade dos factos delitivos,com a conseguinte humanizaçomdas penas, próprio da democra-cia, mas de produzir pánico.

Cuidam que a Lei do Taliompertence a um momento hu-

manista, e que o intento de evitaro castigo desmesurado, é só mos-tra de fraqueza.

Assim, o escándalo que produz adesmesura do castigo da Au-

diência de Madrid contra os quatroindependentistas, nom lhe agitanem o fume do tabaco a estes mé-dios. Um deles nem sequer leva aprimeira página a infame sentença.

Se o silêncio é aceitaçom, dire-mos que os papéis dam por boa

a qualificaçom de arma de destrui-çom maciça para mostras de enxo-fre, salitre e carvom vegetal, o pónegro artesao das salvas medievais.

os rapazes castigados com tan-ta desmesura tenhem inque-

danças e generosidade. Mal pode-remos esquecê-lo enquanto ospapéis que se auto-qualificam deveneráveis aceitam para a imputa-çom dos nacionalistas a tença depropaganda ilegal. Vai baixo a pri-morosa fórmula de “documenta-ción relacionada con el indepen-dentismo radical” e parece con-tente com o programa de censurado independentismo que leva a as-sinatura do juiz Guevara.

Nengumha prova; nengumhaevidência de comissom de deli-

to. As páginas mais subvencionadasdo mundo admitem que alguém quecaminha com pressa por umha viapública, vem de roubar um bancoou vai roubá-lo. “Sino (a gralha or-tográfica é original da sentência)iban tranquilos, era por algo!”.

Alfonso Guevara:censurando oindependentismopola via judicial

Quatro moços fôrom imputados polaAudiência Nacional por suposto “enal-tecimento do terrorismo” ao portarimagens de presos galegos numhamanifestaçom. Há já um total de 21denúncias deste tipo segundo Ceivar.

imputados por “enaltecer o terrorismo”

Moncho Valcarce, o cura das Encrovasprotagonista na luita contra Fenosa, foihomenageado nos 20 anos do seu pas-samento. O ato contou com umha ofe-renda floral frente ao seu busto emPontoxo e um ato poético-musical.

20 anos sem moncho valcarce

NGZ / A Plataforma SOS Sani-dade Pública-Ferrol denunciaque a Junta corta gravementeos fundos destinados às sub-vençons para projetos e pro-gramas de prevençom do VIHgeridos por entidades priva-das sem ánimo de lucro. Se-gundo os dados que aporta aPlataforma, estas subvençonsverám-se reduzidas neste2013 num 65% e em 2014 num60% em relaçom com as cifrasde 2012. Assim, em 2012, anoem que se suprimírom as aju-das a concelhos com progra-mas de prevençom, destiná-rom-se a entidades sem ánimode lucro uns 145.000 euros;neste 2013 destinam-se uns51.900 e em 2014 destinarám-se uns 58.000. A plataforma deFerrol nom duvida em definir

como “brutais” estes cortes. Afetam especialmente os

Comités Anti-Sida, os quais“levam anos a trabalhar ematividades relacionadas com aprevençom do VIH em coleti-vos vulneráveis”, indicam des-de a Plataforma. Estes novoscortes provocarám umha novareduçom dos Comités Anti-Si-da que funcionam no país.

SOS Sanidade Pública de-nuncia também o evidenteconteúdo ideológico destescortes ao pretender “acabarcom o modelo baseado naparticipaçom social e comu-nitárias das pessoas afeta-das” com a finalidade de“restaurar o modelo de aten-çom baseado na caridade,em favor das organizaçonsvinculadas à Igreja”.

A Junta desmantelacentros de prevençompara paliar o VIH

NGZ / A Associaçom Galegapara a defesa da Sanidade Pú-blica (AGdSP) alertou de que,segundo os dados publicadospolo Ministério de Emprego eSeguridade Social, os pensio-nistas galegos recebem de mé-dia uns 721,78 euros por mês,um 16% menos que na mediado Estado espanhol, que se en-contra nos 858,1 euros men-sais. A AGdSP denuncia tam-bém que a introduçom do co-pagamento por medicamentosque antes eram gratuitos im-plica umha importante redu-çom do nível de renda das pes-soas pensionistas e salientaque este setor padece na suamaioria doenças crónicas, po-lo que consomem um 30%mais de medicamentos que oresto da populaçom.

A AGdSP afirma que recen-tes estudos demonstram queas pessoas pensionistas pa-gam umha meia de 11,18 eurosao mês por medicamentos eque, como o 61,4% delas con-tam com parelha que nom per-cebe pensom nengumha, paramuitas unidades familiaresatinge os 22,36 euros, o queconforma umha reduçom do3% da sua renda. Ademais, aAGdSP salienta que há queengadir também o pagamentopor medicamentos e serviçosaos que a Junta retirou orça-mento a reduçom da renda daspessoas pensionistas pode es-tar entre um 3% e um 5%, “al-go tremendamente injusto eque incrementa a situaçom depenúria económica deste cole-tivo”, afirmam.

Pensionistas galegoscobram 16% menosque o resto do Estado

Trabalhadores de Povisa mantenhemluita por convénio coletivo próprioNGZ / O pessoal do hospital vi-guês Povisa mantém a luita pormanter um convénio próprioapós duas semanas de greveneste verám e umha sentençado Julgado do Social número 5de Vigo contrária à imposiçomde um convénio provincial. Re-centemente, o comité de em-presa anunciou em rolda de im-prensa que continuará com asmobilizaçons, pois desde a em-presa nom se dam passos parainiciar umha negociaçom e seapresentou um recurso contraa sentença judicial favorável àspessoas trabalhadoras. Segun-do a campanha informativa quese desenvolveu nas jornadasprévias à greve de agosto, opasso do convénio próprio aoconvénio provincial implicaumha reduçom do salário deentre um 40% e um 52%.

Ademais da falta de vontadepor parte da direçom para ne-

gociar um convénio, o comitéde empresa denuncia pressonsao pessoal, especialmente àspessoas que participaram dagreve. “A directora de Enferma-ria está a chamar as trabalha-doras de jeito individual paraassegurar-lhes que passe o quepasse com o recurso judicial àsentença que lhe dá a razom às

empregadas nom vam voltar àjornada laboral de 40 horas se-manais e pede-lhes que assinempor 35 horas”, indicam. Segun-do informam, 102 pessoas já ví-rom reduzida a sua jornada la-boral no centro médico viguês.

durante as jornadas prévias àgreve que começou o 19 de agos-to o pessoal desenvolveu protes-

tos em prédios da Junta, semque desde Sanidade se atenderaem nengum momento às suasreivindicaçons. É preciso lem-brar que o Sergas mantém umconcerto com o hospital privadoPovisa que se leva prorrogandonos últimos 3 anos e que contacom 74 milhons dos orçamentosautonómicos.

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

aGro

Do NOVAS DA GALIZA vimos reali-zando um fundo seguimentodesde há já três anos, com va-rias novas acerca deste ‘affair’empresarial lácteo proporcio-nado pela Junta da Galiza nosseus inícios e abandonado àsua sorte após o esbanjamen-to de capital acometido pelosprimeiros gestores do projeto,nomeadamente o tenente deprefeito do concelho de Touro,o ‘Popular’ Eugenio Montero. Amorte definitiva do que poderiater sido o germe dum dignogrupo lácteo galego confir-mou-se a passada semana.

P.V. / Após quatro anos de especu-laçom, incerteza e rumores, Ali-mentos Lácteos, que no seu dia fo-ra projeto estrela do bipartido pa-ra criar um grupo lácteo de matrizgalega, desaparece do mapa em-presarial lácteo galego. Certifica-o o administrador de concurso de-signado após a quebra da compa-nhia, quem solicitava o 6 de Se-tembro a disoluçom da mesma nojulgado correspondente. Este vema ser o passo que certifica a morteinevitável, depois da expulsomdas instalaçons de todo o corpoténico por parte da proprietáriada fábrica de Outeiro de Rei, e aparada de entregas de leite porparte dos gadeiros que abaste-ciam à indústria. Sem dinheiro,sem leite, e sem instalaçons finade vez a iniciativa. Apesar disto,há uns meses o vice-presidente daJunta da Galiza ainda tirava bolasfora, afirmando “por nós nom vai

ficar” em resposta a um possívelapoio público para o resgate doprojeto.

As cifras do negóciodo mesmo modo do que a fusomdas caixas de aforros resultou serum mal negócio, o projeto lácteocooperativo fomentado polo Par-tido Popular, morre com umha ci-fra de perdas de 10 milhons de eu-ros, 81 operários no desemprego,quase 8 milhos de euros em avaispúblicos e várias pequenas coo-perativas do país que confiaramna entrega do seu leite a Alimen-tos Lácteos, com perdas patrimo-niais que se estendem por todasas gadeiras que as componhem.

Sem responsabilidades Olhando a magnitude do fracassoque supom esta experiência, sur-preende a ausência de responsa-bilidades concretas dos gestoresdo projeto. O informe do adminis-trador do concurso recolhe que“Alimentos Lácteos nom contoucom plano de negócio estratégico,para traçar a rota dos resultadoseconómicos da companhia, assimcomo dos recursos financeirosprecisos para acometer o mes-mo”. Também se critica a “gestomnom profissional” da empresa. Contudo, nem o antigo conselhei-

ro de agricultura, Samuel Juárez,nem a actual, Rosa Quintana, seprestam a fazer declaraçons.

Silêncio político Mais umha vez, o que passa pelamao do PP resulta ser um fracassopara os interesses económicos dumsetor da economia galega, neste ca-so o gadeiro. Apesar da gravidadedo caso, e da nula assunçom de res-ponsabilidades políticas, bota-seem falha umha condena contun-dente e ativa da gestom desta crisepor parte da oposiçom política noParlamento galego. O silêncio tími-do durante estes três últimos anostem debilitado a perceçom políticade certas forças no ámbito rural eaumenta a impunidade do PP queolha como quase nom recebe críti-cas perante a barbárie acometidaem matéria de gestom e desmante-lamento de setores produtivos.

Oásis temporalQuiçá ajude à nom assunçom deresponsabilidades o oásis tempo-ral que vive a indústria do leite.Com a demanda do mercado asiá-tico, nomeadamente a China, a si-tuaçom de oferta leiteira na Euro-pa é de escassez. Por este motivoos preços recuperam-se a um bomritmo que permite às exploraçonstirar rendibilidade da sua ativida-de. Porém, a etapa de carestia po-de voltar, e para daquela, a estru-tura industrial na Galiza terá umator menos. Alimentos Lácteosmorre num oásis de preços altos.O que vai supor a sua ausência,ainda está por determinar.

Morre o intento de grupo lácteo galego

mar

Multam pesqueirospor nom levarem abandeira espanhola

A.DIESTE / Nom levar a bandeiraespanhola “en lugar bien visibley en la popa del barco” é o 'delito'que lhes está a custar a peque-nas embarcaçons de pesca debaixura da Ria de Arouça multasde entre 800 e 1.500 euros. “A ga-nância dum mês”, como lamentaum marinheiro de Rianjo, X.T.,que incide em que “até agoranom tinha problemas por nomlevar essa bandeira no barco”.

As sançons estám a ser im-postas por agentes da GuardaCivil que patrulham polas riase que as remetem às Capita-nias Marítimas, quem tenhemcompetência sobre este tema.Várias embarcaçons da zonade Aguinho, Santa Ugia de Ri-beira, Rianjo e A Póvoa do Ca-raminhal já fôrom interceta-das por agentes do InstitutoArmado e sancionadas pornom levarem ondeando empopa a bandeira de Espanha,reconhecem fontes de confra-rias do Barbança. A maioriasom pequenas embarcaçonsde marisqueio e pesca artesa-nal que nom chegam aos seismetros de eslora.

Ressuscitar um Real Decretoque nom se estava a aplicarA obriga de levar a bandeira es-panhola nos barcos, e em lugarbem visível, figura no Real de-creto 2335/ 1980. No seu artigonúmero 1 di que “todos os bar-cos içar como único pavilhom abandeira de España”. No núme-

ro 2, engade: “nengumha ban-deira poderá estar içada se nomestá o pavilhom nacional”.

Mas estas disposiçons nomestavam, até o de agora e na Ga-liza, aplicando-se. Reconhe-cem-no confrarias e marinhei-ros: “Normalmente, e aqui, den-tro da Ria, nós que andamos àbaixura, ao marisqueio ou à ba-teia; nom se levava nenhumabandeira no barco. Só se pompara as processons, o Carme...”

Acrescentam, a este respeito,umha questom: “Isso sim. de le-var umha bandeira galega, pu-nhas a espanhola, porque sa-bias que podias ter problemascom a Guarda Civil, mas se nomlevavas nenhuma, nom se pas-sava nada. Era o que fazíamos agrande maioria, nom levar ne-nhuma. Mas agora obrigam-chea levar a espanhola”.

Um buque da armada impujo-a em CatalunhaO que está a acontecer nestassemanas na Ria de Arouça (on-de tenhem porto base mais de1.600 embarcaçons de artes me-nores e mais de 800 para traba-lhar na bateia) passou há unsmeses em Catalunha.

Ali, e na zona de Roses eCambrills, mesmo um buque daArmada Espanhola fixo ato depresença em outubro de 2012para obrigar a volver a portoàqueles barcos pesqueiros quenom levavam içada e bem visí-vel a bandeira espanhola.

Alimentos Lácteos acumula perdasdesde inícios do projeto leiteiro

a auditoria aponta à “falta de preparaçom” dos Gestores

Administraçomconcursal critica

direçom da empresa

As sançons, de até 1.500 euros, baseiam-senum decreto de 1980 que estava em desuso e que obriga a que o pavilhom espanhol vaianum lugar de “privilégio” e “bem visível”

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XAVIER R. FIDALGO / O portal web daComissom Nacional do Mercadode Valores vem de fazer público orelatório da administraçom con-cursal de PESCANOVA S.A., on-de se divulgam algumhas dascriativas práticas contáveis e ex-tra-contáveis que utilizou a em-presa para ocultar a sua verdadei-ra situaçom económica, patrimo-nial e financeira, com o objectivodeclarado de aceder a mais finan-ciamento bancário. E digo “criati-vas”, nom por estimar essas práti-cas demasiado originais ou imagi-nativas (no mundo dos calotes, asverdadeiras inovaçons som con-tadas), senom mais bem por en-caixarem na primeira acepçom de“criar” que recolhe o dicionárioEstraviz: “tirar do nada”. Porque,segundo a administraçom concur-sal (deloitte Advisory S.L.), isso éo que vinham fazendo em Pesca-nova desde há anos, tirando donada, ou em palavras da própriadeloitte, “operando com ‘Socie-dades Instrumentais’, registandonos seus estados financeiros ren-dimentos e custos que nom res-pondem a umha operaçom co-mercial real, com o objecto de ob-ter financiamento mediante o des-conto comercial de facturas”. As-sim, por exemplo, dos 625,8milhons € de vendas contabiliza-das em 2011, 483 milhons corres-pondêrom a vendas fictícias nomrespaldadas por nenhum movi-

mento real de mercadorias, reali-zadas a empresas que aparente-mente nom pertenciam ao grupoPescanova, mas estavam efectiva-mente controladas por este. Noexercício 2012, essa faturaçom si-mulada ascendeu a 564,4 dum to-tal de 703,3 milhons de euros, oque supom “tirar do nada” oitentade cada cem euros contabilizados.de modo complementar, a com-panhia levou a cabo outro tipo demovimentos de criaçom contávelde riqueza, consistentes em ocul-tar dívidas (fazendo passar opera-çons de factoring “com recurso”por operaçons de factoring “semrecurso”) e revalorizar irregular-mente ativos (ativaçom da marcaPescanova e incremento do valordas participaçons em sociedadesdo grupo dedicadas ao cultivo docamarom vannamei).

Além das particularidades téc-nicas do caso, podemos alviscarque o calote de Pescanova parti-lha características comuns a ou-tras grandes fraudes “oficiais” darecente história económica capi-talista (sem esquecer que o capi-talismo em si é já umha fraude su-perlativa, mas agora refiro-me àsque aparentemente nom respei-tam sequer as normas do própriosistema). Por exemplo, destaca aausência total de mecanismosefectivos de supervisionado. Nema CNMV, nem o auditor (BdO Au-ditores S.L., que deu por válidas

as últimas contas), nem a AgênciaTributária, nem ao menos as enti-dades financeiras credoras (que“em muitos casos”, segundo de-loitte, ofereciam o financiamentosem exigir “a correspondente do-cumentaçom suporte”), detetá-rom as colossais tropelias que seestavam cometendo na empresa.Unicamente no momento em queo devedor se declara insolventeincapaz de manter por mais tem-po o engano (foi Pescanova quemsolicitou o “concurso voluntário”,lembremos) é quando emerge olixo por baixo do tapete. A atitudedos auditores é compreensível:cobram da auditada e procuramnom trincar a mao que lhes dá decomer. O de Fazenda puido serpor carência de pessoal, pois esta-va todo o quadro ocupado na caçade jubilados emigrantes retorna-dos com pensom da Suíça. O dosbancos credores é algo mais difícilde perceber, senom que tivessem

a pretensom de ficar com a multi-nacional pola mesma via em queficárom com as casas de tantagente ou com a mesma arte comque o mercador Shylock preten-dia cobrar o empréstimo concedi-do em libras da própria carne doprestatário Antônio. Respeito daCNMV, nom encontro explicaçomconvincente, só um paralelismo: oBanco de Espanha, organismodisque “supervisor do sistemabancário espanhol”, que enquan-to se dedicava a reclamar baixa-das salariais indiscriminadas, per-mitiu a gestaçom da maior crisenesse sistema bancário encarre-gado de super-visar.

Outra característica que o casoPescanova partilha com muitasdas fraudes recentes é a existênciadumha ampla trama de socieda-des, que poucas vezes obedece averdadeiras necessidades de orga-nizaçom empresarial, mas é boapara disfarçar a realidade, dificul-tar o controlo, evadir impostos eenriquecer depressa os seus ges-tores. Assim, por exemplo, umpasseio polo Registo Mercantilpermitirá-nos atopar sociedadessem nenhum trabalhador, semquase nenhum ativo e, nom obs-tante, com umha importante cifrade negócios (o que produzem e co-mo o produzem resultará um mis-tério para o nom iniciado). Tam-bém nom é difícil comprovar queum mesmo administrador declara

sê-lo em vários centos de socieda-des, de tal modo que só poderiadedicar algo assim como um parde dias ao ano para cada umha de-las, cousa complexa de estarmosante empresas com um conteúdoeconómico real, mas nom tanto sese tratar de sociedades virtuais. Jáé habitual também ver pequenasempresas familiares (ponhamospor caso umha padaria, ou umhacarpintaria metálica) que preci-sam de três ou quatro sociedadesdiferentes para a correta gestomdo seu negócio. As razons polasque quase todas as empresas doIBEX tenhem sociedades em Lu-xemburgo, Suíça, Ilhas Caimám,

Panamá, Luxemburgo, Bermudas,Maurício, etc., também nom seme-lham ser de tipo produtivo, orga-nizativo ou técnico.

Finalmente, o caso Pescanovatambém desvela a importânciacrescente que na economia capi-talista está tendo o I&d&I contá-vel e financeiro. Como o capitalenfrenta sérios limites para re-produzir-se indefinidamente noâmbito produtivo, ensaia contí-nuas fórmulas para engordar noâmbito da inovaçom financeira.Outros demonstrárom que erapossível converter créditos hipo-tecários incobráveis em lustrososactivos financeiros com classifi-caçom triplo A e Pescanova mos-trou-nos que com facturas falsastambém se pode pescar. Polo me-nos, até que te pesquem a ti.

11acontece

O calote de pescanova partilha caraterísticascomuns a outras grandes fraudes “oficiais”economia

Pescanova: nom todo o que caiu na rede era peixe

Destaca a ausência demecanismos efetivos

de supervisionado

Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

Umha trama de sociedades é boa paradisfarçar a realidade

O capital ensaia contínuas fórmulas deinovaçom financeira

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12 internacional Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

“As expropriaçons som um jeito de dar um golpe em cima da mesa”a terra treme

RAUL RIOS / Há pouco mais de umano, o Sindicato Andaluz de Tra-bajadores y Trabajadoras (SAT)saltava aos meios de comunica-çom estatais por mor das expro-priaçons levadas a cabo emgrandes cadeias de distribui-çom como o Mercadona. Estasaçons sindicais continuáromdurante todo o ano, sendo amais recente a expropriaçom dematerial escolar numha outragrande cadeia de distribuiçompara o seu reparto entre ascrianças das trabalhadoras. Vá-rios dos seus militantes fôrommultados ou detidos, como o al-caide de Marinaleda, Juan Ma-nuel Sánchez Gordillo, ou o se-cretário geral do sindicato, Die-go Cañamero. Outro dos detidosfoi o secretário de organizaçomdo SAT, José Caballero, ou Pepe,como gosta de ser chamado,que assegura que a única res-posta que podemos dar à re-pressom é “nom parar”.

Como explicas a um trabalhadora diferença entre o SAT e sindi-catos como CCOO ou UGT?Há muitas diferenças. Eles fammanifestaçons tradicionais queao sistema nom lhe fai nengum ti-po de dano, enquanto nós faze-mos outro tipo de açons. Nós to-mamos as decisons de forma as-semblear, enquanto eles decidemtudo por meio dos cargos nos es-critórios...

E na hora de resolver um confli-to concreto numha empresa?Nós primeiro tentamos falar coma empresa e, se nom nos escuita,se fai caso omiso, atuamos. Faze-mos umha açom até que a empre-sa sente a negociar o problemaque for.

O SAT saltou aos meios de co-municaçom estatais com a cam-panha de expropriaçom de ali-mentos do ano passado, e depoiscom ocupaçons de latifúndioscomo a finca militar de Las Tur-quillas. Quanto tempo levadesfazendo este tipo de açons?O SAT nasce do SOC (SindicatoObrero del Campo) e leva 30anos fazendo açons como ocu-

par fincas. No 2007 constitui-seo SAT e incorpora gente de ou-tros setores alheios ao campo,dando o sindicato um salto mui-to importante. Mas o jeito deatuar é o mesmo, nom é nada no-vo, figemos sempre ocupaçonsde fincas, cortes do AVE ou dequalquer tipo de estrada... É algoherdado do SOC.

E por que salta aos meios tam re-centemente?Tivemos um tempo de certa esta-bilidade económica e nom haviatanta necessidade como agora.Na Andaluzia roçamos 40% dedesemprego e há 300.000 famíliasque nom tenhem nengumha pres-taçom. durante a época em queestávamos melhor economica-mente, fazíamos ocupaçons dejeito simbólico e agora demos umsalto nesse senso e fazemos ocu-paçons reais, até que nos botem.

Quando começárom as expro-priaçons em supermercados?Numha assembleia nacional quetivemos na ocupaçom de Las Tur-quillas aprovamos entrar emgrandes superfícies e expropriaralimentos para reparti-los. Issosim que é umha açom inovadoradentro do sindicato.

Expropriando uns carrinhos desupermercado podes ajudarpouca gente e durante poucotempo, qual é o objetivo?Nom podemos dar de comer às300.000 famílias que o estám apassar mal. O objetivo é dar umgolpe em cima da mesa para queos governos central e autonómicose apercebam da necessidade quehá na rua e tomem medidas. En-quanto haja pessoas que nom po-dem aceder ao mais básico comoé a habitaçom, os alimentos emcondiçons, ou enquanto o teu fi-lho tenha que ir ao colégio semnengum material escolar e com

os sapatos rotos... no século XXI!Enquanto isto nom exista, a de-mocracia nom existe.

Tu próprio foste detido na tuamorada há um ano pola expro-priaçom de alimentos no Merca-dona, e nom és o único. Comoafeta a repressom à continuida-de de estas açons?O governo está a reprimir-nos tu-do quanto pode e mais. As deten-çons se calhar som o de menos, amim dá-me igual que me dete-nham um dia ou dous; mas há ou-tra repressom que é mais efetivapola sua parte: a denúncia indivi-dual. O SAT tem 800.000 euros emdenúncias, umha barbaridade.

Como reage o SAT?Nom parar. Nom podemos pararpor muita denúncia que houver,está claro. Iremos pagando as de-núncias na medida que podamos.Estám a pagar-se de forma fracio-nada e há muita gente que está acontribuir na conta solidária, nacaixa de resistência.

Nom temos nengum tipo desubvençom, funcionamos atravésdas quotas. Umhas quotas mui pe-quenas, de 4 a 6 euros segundo avila (cada vila decide a sua quota).

Com a crise económica o papeldos grandes sindicatos estataisparece deslegitimado entre a so-ciedade. Como se situa o SATneste contexto?Quanto maior seja a legitimidadeperdida polos sindicatos institucio-nalizados, maior legitimidade te-rám os sindicatos que nom prati-cam esse tipo de sindicalismo, quesomos nós na Andaluzia mas tam-bém há outros sindicatos no restode comunidades autónomas queatuam de forma muito parecida.

Como quais?Por exemplo, na Galiza está aCUT, nas Astúrias a CorrienteSindical de Izquierda... A CNTacaba de ocupar um edifício aquiem Sevilla, cada vez há mais gen-te que pratica esse tipo de reivin-dicaçons.

Nós sempre atuamos a partirda nom-violência. Nom nos en-frentamos à Guarda Civil, mas te-mos que ir um chisco mais longedo que é umha manifestaçomnormal, que é algo que o sistemajá tem assumido e nom vale paranada. Eles sabem que vam pas-

sear por umha rua determinadadurante hora e meia e nom se pas-sa nada. Agora mesmo estám aacontecer cousas muito graves,como o tema dos EREs na Anda-luzia, a corrupçom em todo o es-tado e esta mal chamada criseque o sistema capitalista nos estáa impor. Ante isto há que fazeraçons contundentes e, por quenom? Que rocem a ilegalidade,desde que se fagam a partir danom-violência. Há que arriscar,tensionar a corda. Temos que en-ganar o sistema para golpeá-lo.

Antes falavas dos dados do de-semprego na Andaluzia. É umhadas comunidades autónomas doestado que piores cifras maneja,com quase milhom e meio de de-sempregados (1.440.000), queem termos relativos é 35,79% dedesemprego e com umha popu-laçom ativa de 59,20%, enquantoa taxa estatal de desemprego es-tá em 26,6% e a de populaçomativa em 59,54%. Por que é piora situaçom na Andaluzia?Quando aqui estávamos com 18ou 20% de desemprego, por aí es-tavam em 4 ou 5%. Tivemos sem-pre mais desemprego porque hámui pouca indústria. Fomos his-toricamente o celeiro de Espanhae da Europa, aqui o que é feito ésementar cultivo e levar a matériaprima para outro lado. Aliás, a ter-ra está mui mal repartida, há mui-tos grandes latifúndios.

A Andaluzia é umha das poucascomunidades autónomas ondenom governa o PP. Muda a situa-çom dos trabalhadores quandoestá um outro governo como,neste caso, o do PSOE-IzquierdaUnida na Junta?Para nada. Há mais paro, estamospior que no resto do país. Nom éfalar bem do PP nem muito me-nos, mas o PSOE também nom é asoluçom. Som praticamente amesma cousa, dous lados da mes-ma moeda, dous partidos neolibe-rais com diferenças mínimas. Queestá IU a governar com o PSOE,mas acho que só tem 4% do orça-mento e nom acho que tenham pu-xado suficiente para protegerquem está a pagar a crise.

“O sAT acumula 800.000 euros em sançons mas nom vamos deixar de agir”

pepe caBallero é secretÁrio de orGanizaçom do ‘sindicato andaluz de traBajadores y traBajadoras’

“As ocupaçons oucortes de estradas,

herdamo-las do sOc”

“O sistema assumiuas manifestaçons, já

nom valem para nada”

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13internacionalNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

Em portugal, os “média de reverência” estão concentrados nas mãos de uma meia dúzia de grandes grupos económicosalém minho

JOSÉ A. ‘MUROS’ / No número an-terior falamos da luita do povo deTamil Ealam pola sua independên-cia. Agora falaremos dum proble-ma ampliado e maior que atinge aTamil Nadu (povo tamil irmao doTamil Ealam) e aos outros povosdravídicos do Sul da Índia: telegus(Andhra), kanareses (Karnakata),malabares (Kerala). Estes povos,diretos descendentes dos povosprévios às invasons de povos indo-europeous (ários) que consolidá-rom o seu poder no Norte e Centroda Índia, lográrom conservar e de-senvolver a sua identidade melhordo que os aborígenes (assivai) ecomunidades assimiladas e margi-nalizadas (dalits/intocáveis e cas-tas baixas) numha civilizaçom de

castas; delas já falaremos mais de-tidamente num próximo artigo.

O Sul da Índia tivo umha in-fluência antiga nom tam marcadapola civilizaçom dos ários do nor-te; a sociedade de castas nom foiaplicada de maneira tam brutal emesmo a existência de castas altasé muito escassa e marginal. Foi lu-gar de refúgio de minorias religio-sas doutros povos tendo umha cos-ta com forte trânsito comercial tan-to com o mundo do Islam comocom Indochina, China ou as poste-riores forças colonizadoras euro-peias (França, Portugal, GrandeBretanha). Noutrora falou-se umindo-português nestas terras dis-tinto ao do enclave nortenho deGoa (os marinheiros galegos su-

preendiam-se nesta cidade e emMumbai de poder falar o seu idio-ma com uns atentos camareiros!).A cultura, os ritos e os cânoneseram mais abertos e menos rígi-dos. O idioma a admirar e a assi-milar nom era o Sânscrito, línguagrandiosa de majestosas epopeiasdo Norte, senom o Antigo Tamil,com epopeias mas também líricose belíssimos poemas.

Os povos desta terra som respei-tosos e abertos; rim-se do integris-mo e da exclusom das chairas de-sérticas do norte, dum hinduísmomilitante de extrema direita quegostaria de fazer-lhes falar no Hindiestrangeiro que nom lhes é próprioem lugar dos seus idiomas pátrios:tamil, talegu, tamil moderno, kana-

res, malabar... Oponhem o imperia-lista nacionalismo hindu às compe-tências e direitos duns estados queos assentam na terra, tenhem maiscoesom social, alfabetizaçom e sa-nidade (100% em Kerala) que noresto da Índia. As suas posiçons po-líticas nom se dividem num nacio-nalismo índio supostamente laico(Congresso Parti) e estadista e numhinduísmo reacionário e de extre-ma direita (Bharatija Janata Parti).Os 300 milhons de habitantes doSul da Índia sempre exercérom arevindicaçom de si próprios pormeio de partidos próprios (nacio-nalismo Tamil/drávidas) ou parti-dos comunistas assentados na terraque exerciam essa funçom.

Nunca o fanatismo desprezável

maioritário (hindu) ou de minoria(islam) chamou a uns povos laicosque sempre cumprírom umha fun-çom progressista e de redistribu-çom e participaçom na Uniom Ín-dia. Som os filhos da terra, nom lhefai falha demonstrá-lo. Os seusproblemas, sendo duros (classis-mo, redistribuçom de terras, nepo-tismo do Estado Índio e das eliteslocais...), som ínfimos em compa-raçm aos oprimidos polos ários donorte. Organizam livremente assuas comunidades e redistribuemos recursos do povo polos estados,sabendo que a Uniom Índia nomdurará sempre. Os direitos dasgentes é o caminho, no Sul e numNorte ao que reclamar isso deno-minam-no ser naxalita.

Esta zona asiática tivo pouca influência dos ários do nortepovos

Tamil Nedu, povos dravídicos do sul da Índia

ANDRÉ RODRIGUES / Certamen-te, os leitores do NOVAS dA GALIzA

estão bem familiarizados com anecessidade de procurar fontes deinformação que constitua uma al-ternativa séria e credível ao quealguém entre nós chamou os “mé-dia de reverência”.

Em Portugal, estes estão con-centrados nas mãos de uma meiadúzia de grandes grupos económi-cos, o mesmo é dizer que estão nasmãos do capital, pelo que cremosque não será necessário dizer mui-to mais sobre a sua pluralidadeideológica e verdadeira liberdadede informação. desta, aliás, dizemmelhor os processos a que vãosendo sujeitos os jornalistas queainda ousam “meter-se na boca dolobo”. Veja-se o caso recente dajornalista Ana Leal, suspensa eproibida de entrar na TVI, na se-quência de uma sua peça sobre oSistema Integrado de Redes deEmergência e Segurança de Por-tugal (SIRESP). A mesma jorna-lista tinha, há pouco tempo, assi-nado a peça «dinheiros públicos,vícios privados», sobre um grupode ensino privado em Portugal que

recebe dinheiro do estado e quecomprovadamente ameaçou pro-fessores para trabalharem maishoras a troco de salários miserá-veis – toda a história evidencia omodo como, em particular, os doisúltimos executivos em Portugalestão a desmantelar o sistema pú-blico de educação que surgiu nasequência do 25 de Abril. Será ne-cessário acrescentar que estes ca-sos despareceram das notícias tãodepressa como apareceram, in-cluindo a suspensão da jornalista?

Relembremos também as recen-tes mudanças no estatuto do jor-nalista, que tem cada vez menoscontrolo sobre o produto final eutilização do seu trabalho, e temvisto aumentar a precaridade dasua situação profissional, e tere-mos um quadro, certamente muitoresumido e incompleto, que com-prova a inevitabilidade de encon-trar meios alternativos de informa-ção que não sejam cúmplices e nãoajudem a perpetuar um sistemaque de livre e plural vai tendo, cadavez mais, apenas a aparência.

Assim sendo, procurámos nestaedição sugerir aos leitores do No-

vas alguns dos que nos parecemos mais importantes sítios da webportuguesa onde é possível en-contrar informação alternativa dequalidade.

Começamos por dois dos sítiosque, entre nós, se têm destacadopor consistentemente publicareminformação de qualidade, o diá-rio.info (http://www.odiario.info) eo Resisitir.info (http://resistir.info),que apresentam semelhanças nasua linha editorial, inquestiona-velmente de esquerda, com umnaipe de colaboradores de grandevalor, entre os quais encontramos,

entre os portugueses, um MiguelUrbano Rodrigues, ou um Eugé-nio Rosa e, a nível internacional,nomes como Jean Salem, dome-nico Losurdo, James Petras ouJohn Pilger. Ambos os sítios jun-tam a uma crítica contundente al-guma preocupação de doutrina,expressa através da publicação detextos que revisitam os clássicosmarxistas e outros.

Se um diário.info está clara-mente mais conotado com o PCP,a página Esquerda.net(http://www.esquerda.net) estámais próxima do Bloco de Esquer-da. Bem organizado, este sítio co-bre o panorama político portu-guês e internacional.

Entre os blogues, destacamosalguns que nos parecem ter maiorinteresse em função da qualidadedas publicações, diversidade dospontos de vista, embora, nalgunscasos, nomeadamente quando hávários autores a publicar, se assis-ta, lamentavelmente, a algumasdiscussões estéreis entre algunsdos seus membros, extensível aoscomentadores.

Começamos pelo blogue 5dias

(http://blog.5dias.net), onde pode-mos encontrar textos, de entre umnaipe extenso de colaboradores,de Raquel Varela, André Levy,Bruno Carvalho e vários outros.

do comunista Vítor dias, o blo-gue O Tempo das Cerejas(http://otempodascerejas2.blogs-

pot.pt) apresenta uma crítica con-tundente nos textos e comentáriosà política nacional e internacional,sempre oportunos e com um crivode grande rigor, e que, para alémdisso, deixa, amiúde, sugestõesvárias no campo das artes, da mú-sica à literatura.

Pelas mesmas razões me pare-cem de sublinhar os blogues OCastendo (http://ocastendo.blogs.

sapo.pt) mantido por Sérgio Vila-rigues, Cantigueiro, do artista-mi-litante Samuel (http://samuel-can-

tigueiro.blogspot.pt) e Anónimoséc. XXI, (http://anonimosecxxi.blogs-

pot.pt), de Sérgio Ribeiro. Não se admirem os leitores do

Novas por sugerirmos o blogueAbrupto (http://abrupto.blogs-

pot.pt) da autoria de José PachecoPereira, conhecido intelectual edeputado do PSd, o maior dosdois partidos da coligação gover-namental que há dois anos desgo-verna Portugal! Fazemo-lo naconvicção de que neste blogue po-demos, muitas vezes, ler uma crí-tica incisiva, inteligente e funda-mentada à acção e trapalhadas vá-rias deste governo. Vale a pena vi-sitá-lo, conscientes da opção ideo-lógica do seu autor e da fação emque se situa.

sítios da weB de informação alternativa soBre a atualidade ao sul do minho

páginas de esquerda na rede portuguesa, uma introdução

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14 dito e feito Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

dito e feito “convivemos e fazemos cousas em conjunto a partir do respeito mútuo entre nós”

sílvia Gonçalves e pino fam parte da assemBleia do centro social o fresco de ponte areias

C. BARROS / A comarca do Con-dado e Ponte Areias contamcom um espaço de liberdade eauto-organizaçom no centrosocial autogerido O Fresco,que toma o seu nome do guer-rilheiro antifascista mais co-nhecido deste concelho da ri-beira do Tea. Levam trabalhan-do desde há perto de 8 anos,tendo começado num peque-no local da Praça de Abastos.Pouco depois estabelecêrom-se numha casa –em que ocu-pam 2 andares– que reabilitá-rom no bairro da Ponte, ondese dispunham a comemorar oseu sexto aniversário no mo-mento em que esta entrevistafoi realizada. NOVAS DA GALIZA fa-la com Sílvia Gonçalves e Pinono Fresco para conhecer umpouco melhor a realidade dolocal e a sua atividade na vila.

Como estava esta casa em 2007?Que vos tocou fazer? Sílvia Gonçalves. Quando chega-mos, a casa estava em ruínas. Ochao era de terra, nom havia palconem balcom, tivemos que fazer oencintado, o encanamento, o sis-tema elétrico, reformar o banho...Pino. Figemos um forte investi-mento, o que permite que hojeainda nom paguemos aluguer,pois estamos a compensar os gas-tos de restauro do local.S. Todos os trabalhos fôrom feitospor gente do local social, mao deobra voluntária: fontaneiros, umeletricista, alvanéis... gente profis-sional daqui que trabalhou paratornar isto possível.

Como avaliades a vossa evolu-çom e assentamento?P. Este é um centro social consoli-dado, estamos aqui desde há 6 anos.É o único espaço aberto que há navila, o que o fai mui necessário.S. de facto, aqui reúnem-se muitoscoletivos e há gente que usa o localpara ensaiar, por exemplo. Temosmuito espaço e está-se bem!P. Há obradoiros de pandeireta ecoiro promovidas polo centro so-cial. E mesmo há grupos de pes-cadores que utilizam o espaço,que elaboram aqui moscas comoisca para pescar as truitas. Vembastante gente a obradoiros e ati-vidades, gente de todo o tipo.

Que une à gente do local?P. Penso que o que temos em co-mum é o anticapitalismo.S. Cousas básicas, como o antifas-cismo... Logo, cada quem pensacomo lhe parece e tem a sua ban-deira, o que favorece a comunica-çom entre a gente. Convivemos efazemos cousas em conjunto apartir do respeito entre nós.

Trabalhades em conjunto comoutros sectores sociais da vila.P. daqui saiu a Plataforma 1º deMaio, que convoca umha manifes-taçom nessa data numha vila a 20quilómetros de Vigo, quando ossindicatos vam todos para ali. Estáa ter êxito e participa na mobiliza-çom mesmo gente da CIG.S. E muitos outros sectores.P. A plataforma nasceu para con-vocar a manifestaçom. No primei-ro ano saiu mui bem e decidimosdar-lhe continuidade, agora esta-mos reunindo-nos para fazer tra-balho de agitaçom de rua. É umhaplataforma concebida para ser ati-va ao longo do ano.S. Que cada um leve a sua bandei-ra é bonito: neste 1º de maio haviabandeiras galegas, anarquistas,republicanas [espanholas] e mes-mo umha faixa pola liberdade dospresos. É claramente positivo. Fa-zemos cousas entre a gente doFresco e gente ativa da rua, comoas caçaroladas. Promovemos a in-tervençom social mais alá dasnossas próprias siglas. P. Queremos trabalhar tambémcom a gente de “Stop desahu-cios”, por exemplo, numha viladormitório da zona industrial deVigo em que há muita afetaçom.

O que é a Cooperativa COALA eque relaçom tem com o Fresco?P. É umha cooperativa de produ-çom agrícola, a que o Fresco aju-dou, mas o certo é que foi impul-sionada a partir do 15-M.S. Ali começou a ideia, entre gentedesempregada. O 15-M ajudou aque gente da vila nos conhecesse.

P. Mas hoje há sinergias importan-tes entre o Fresco e a cooperativa.Proporcionam produtos para asnossas ceias e reúnem-se aqui.Gostamos de juntar-nos para co-mer e conviver. E há vários mem-bros do Fresco que também faze-mos parte da cooperativa.

A música é também protagonista.P. O Fresco pom o local à disposi-çom de quem queira vir mostrar asua arte, seja música, poesia ou oque for, é um espaço livre. deze-nas de grupos passárom por estecentro social e muitos deles dé-rom o seu primeiro concerto aqui.S. E também muita gente apren-deu a tocar o baixo ou a guitarra.Havia obradoiros de música esempre tivemos umha guitarra nolocal. Este é um concelho de mú-sicos, com muitas bandas de qua-lidade, o que se reflete tambémnos grupos e charangas.

E o Círculo de Debate Feminista?S. Nasceu a iniciativa das moçasdo Fresco, pola necessidade de fa-zer cousas a partir do trabalho dasmulheres, para reivindicarmos osnossos direitos. É umha assem-bleia mista na qual debatemos, le-mos textos, visionamos de filmese temos muita atividade de rua.

Sofrestes um ataque fascista. Co-mo foi? Fai-se notar o franquis-mo persistente na vila?S. Lançárom-nos uns tijolos e par-tiróm-nos um farol, mas nom con-seguírom aceder adentro. depoisfôrom a um bar da vila e agredí-rom várias pessoas. Houvo tam-bém umha briga entre fascistas eantifascistas relacionada com esteprimeiro ataque.P. Um dia estávamos por volta de30 pessoas numha assembleia,precisamente tratando como arte-lhar a resposta aos ataques, e derepente entrou aqui um represen-tante da Falange Autêntica, o res-ponsável na vila. dixo-nos quenom tomássemos represálias, queforam outros que lhe copiavam ascamisas mas que nom eram eles.Temiam que houvesse resposta.

E também figérom propagandade pasquins dizendo que somosum centro social “marxista-leninis-

ta de preparación para la guerra”,com um “maquis como símbolo

com un arma y la cartuchera car-

gada de balas”. E concluía dizendo“la verdad, nos estáis cansando”.

Participastes no pleno em que acorporaçom tivo que sair polaporta de trás, o que tivo ampla re-percussom mediática.P. Esse dia coincidimos com osdas preferentes, protestos dasAMPA’s e muita gente a título in-dividual porque se falava dumhapossível moçom de censura emque o previsível sucessor do atualalcalde ia ser um campeom navenda de preferentes. E temiam o

pior. A polícia municipal foi direi-ta buscar os que damos a cara to-dos os dias na rua. Mas afinalacabou o seu chefe no chao, dei-xárom-no tirado fora e fechárom-se portas adentro. Fôrom eles osque recomendárom ao Governomunicipal que saíssem pola portade trás aduzindo que por dianteiam ter problemas. Logo já sabe-mos o que é a imprensa burgue-sa, como som eles e como preten-dem mascarar a realidade. Cha-mavam-nos “infiltrados” na nos-sa própria vila quando sempre es-tivemos em todas as luitas, semesconder-nos, e eles sabem-no.Estamos processados eu e maisum companheiro, aguardandopolo julgamento. E contamoscom apoio popular, mais do quenoutra época poderíamos ter.S. Quando os detivérom estivemosumhas 30 pessoas diante do julga-do, respaldando os companheiros.P. Contamos com testemunhasque nom tenhem nengumha rela-çom connosco, gente de organiza-çons políticas, ecologistas e mes-mo das AMPA’s, que vírom comose desenvolvérom os factos.

Coincidides diferentes ideolo-gias. Como articulades a uniom?P. Superamos o sectarismo inter-namente, pois aqui confluem dife-rentes pontos de vista e opçonscom naturalidade. Mas estamosunidos por objetivos comuns.Nom é fácil, mas sempre procura-mos pontos de uniom através daassembleia e com consensos.S. Queremos que a gente saibaque é um centro social aberto, quevenha quem quiger, que temosmuitas atividades e que quem qui-ger pode propor e vir para fazer.Tem as portas abertas. Qualquerpessoa pode vir às nossas assem-bleias, fazer propostas e utilizar onosso espaço. Tem vindo gente ecoletivos para fazer ceias ou con-certos. Passa com o Festival dasBrêtemas, com Ceivar, com a pro-tetora de animais… Os coletivoslevam 60% do recadado e 40%restante fica para o nosso local.P. Reúnem-se aqui a Anova, aCNT, a assembleia da cooperativaCOALA e a do o Festival das Brê-temas. E depois temos tambémmuitas atividades de todo tipo, vá-rias todas as semanas.

“O Fresco é o único espaço aberto que háem Ponte Areias, o qual o fai mui necessário”

“Há sinérgias entre o fresco e umha

cooperativa deproduçom agrária”

“Unem-nos cousasbásicas como o

anticapitalismo e oantifascismo”

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15a conversaNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

a conversa “A luita na rua é útil para a rebeliom social só sevai acompanhada de umha luita mais quotidiana”

AARÓN L. RIVAS / Milhares de pes-soas saírom às ruas do Mor-raço neste verao para denun-ciar as estafas do governo edo sistema. Duas manifesta-çons unitárias figérom sentirque nesta comarca os mesesde estio nom só som idóneospara o lezer, mas também pa-ra avançar na unidade deaçom do povo. No dia 20 dejulho em Cangas e no 17 deagosto em Moanha gentesdos cinco concelhos do Mor-raço (Marim, Vila-Boa, Bueu,Cangas e Moanha) lançárommensagens de protesto. Um-ha destas gentes foi o jovemTónio Nogueira, quem, micro-fone na mao, denunciou na-quela tarde de agosto as in-justiças do sistema. Com ele,NOVAS DA GALIZA fala sobre pro-jetos para umha transforma-çom radical da sociedade esobre como avançar nessasmudanças a nível local e co-marcal.

Qual é o balanço destes mesesde mobilizaçons unitárias noMorraço? Como se encontramneste momento os movimentossociais da comarca?Sendo o Morraço umha comar-ca pequena sempre houvo muitauniom entre a gente. Nos coleti-vos sociais, desde uns anos atráse com umha retomada grandecom o 15M, foi-se reforçando auniom das pessoas e dos coleti-vos. Isto está a cristalizar-se nes-tas manifestaçons unitárias,abertas ao tecido social e ondeparticipam gente dos 5 conce-lhos. Mais que os coletivos emsi, é gente de diferentes movi-mentos que vai às mobilizaçons:estafados polas preferentes, afe-tadas pola hipoteca, migrantesatracados pola Fazenda e gentede diversas organizaçons políti-cas ou sindicatos como a CUT.Agora está a somar-se gente doPSOE, do BNG...

Que tipo de projetos vedes ne-cessários e que devem acompa-nhar as mobilizaçons nas ruas?Penso que a luita na rua e a visi-bilizaçom dos conflitos é útil pa-ra a rebeliom social só se vai

acompanhada dumha luita maisdo dia a dia. Para mim isto sig-nifica entrelaçar umha maiorcomunidade vizinhal. O sistematenta levar-nos à concorrênciaentre nós. Para rachar isso háque fomentar a comunidade, co-nhecer-nos, ajudar-nos, coope-rar, sermos solidárias as pessoasem geral. É importante que asdiferentes frontes de luita se in-tegrem nessa comunidade parafazer fronte ao sistema que pre-tende individualizar-nos.

Penso que deve ser umha luitaquotidiana. Para começar, deso-bediência das pessoas ante asleis injustas deste sistema, pro-testar contra a corrupçom e osestafadores... Penso que é vitalo cooperativismo. Na Galiza, econcretamente no Morraço, háum problema de paro tremendoe eu penso que para ter trabalhonom podemos depender de polí-ticos corruptos nem de empre-sários caciques. Entre as pes-soas mesmas podemos criarcooperativas e produzir cousas,como através de cooperativasagrárias de recuperaçom de ter-ras ou avançar também em coo-perativas do mar. E num passomais adiante cooperativas noplano dos serviços sociais. É ne-cessária também a construçom

de centros sociais, espaços emque a gente se reúna e debata li-vremente.

Falas de um alto nível de paro. Émui difícil para umha pessoa jo-vem do Morraço conseguir tra-balho e vivenda na comarca?A maioria da gente trabalha emVigo, no Morraço o pequeno co-mércio está asfixiado, tambémas empresas familiares... deve-ria haver umha política coletiva,mesmo de ámbito municipal, derecuperaçom de terras e fomen-to do cooperativismo. Começarpor trabalhar a terra mas evoluircara a cooperativas educacio-nais e mesmo sanitárias. Há queestudar que recursos há aqui.Nom há políticas municipais detrabalho e deixa-se que a gentese vaia às urbes.

Sobre o tema da vivenda.Construírom-se um monte decasas e ainda menos mal que separou a bolha imobiliária. NoMorraço conseguiu-se paralisar

o projeto de porto desportivo naMassó, no meu bairro em Moa-nha parou-se outro plano urba-nístico... parárom-se ou bemconseguiu-se demorá-los até oestourido da bolha. Mas no to-cante à vivenda, a política muni-cipal em Moanha, que é o casoque conheço, foi desastrosamesmo com governos em teoriade esquerdas.

Credes que a situaçom se podearranjar desde a política insti-tucional municipal? Esperadesalgo dos Concelhos?Pressionar sim, mas aguardaralgo deles, nom. Os partidosclássicos estám todos corruptos.Em Moanha houvo um governobipartido BNG-PSOE e nom foiumha esquerda real em nengummomento. Limitárom-se a geriradministrativamente o Conce-lho e figérom um par de arran-jos em passeios e mais nada.Melhorou o tema cultural masumha política clara de esquerdanom houvo.

Eu dos partidos clássicos nomespero nada, o que nom quer di-zer que a batalha eleitoral nompoida ser útil. Entre as frontesda rebeldia comunitária e socialcontra este sistema apodrecidoa batalha eleitoral é mais umhaa ter em conta. Eu creio em fren-tes populares locais. Gente quese una, de diferentes coletivostanto políticos como sociais, quemarque umhas linhas de atua-çom de transformaçom radical.Que esta frente se apresente àseleiçons e imos ver o que se pas-sa. Penso que há que chimpar osfascistas do poder.

Notades que políticos ligadosao PP, partido que está a aco-meter desde o governo estatale autonómico medidas antisso-ciais, procuram lavar-se a facea nível municipal?Sim, som populistas especial-mente com os coletivos de gen-te idosa e que som gente nor-malmente do próprio PP ouapartidária. Falam com o alcal-de e este di-lhes “tranquilo, quecho vou resolver, que tal, quequal...”. Apenas palavras ocas.A pessoa vai para a casa mais

tranquilo pois “o alcade dixo-me que tal” mas depois nom sefai absolutamente nada. EmMoanha leva meses completa-mente paralisada a vida muni-cipal sem haver plenários, semhaver negum tipo de controlonem explicaçom sobre a situa-çom do Concelho.

Outro exemplo é o que fijo oalcalde de Moanha, José Ferven-za, nesta última manifestaçom.A manifestaçom de Cangas saiutam bem que à de Moanha sejuntárom BNG, PSOE, mesmo oPP dixo que havia de ir à mobili-zaçom. O próprio alcalde dixoque apoiava a manifestaçommas quando penduramos as fai-xas para anunciá-la mandava osserviços de limpeza a tirá-las.Tem a caradura de dizer que vaià mobilizaçom porque vam alios afetados das preferenciais ouos jubilados do PP. Esse nível depopulismo nojento é o que háagora mesmo.

Existem diferentes perspetivas so-bre como artelhar a luita social?Penso que a grande diferençaestá no ativismo social-demo-crata que defende o Estado debem-estar, que foi o imperanteaté a atualidade, e o ativismoque procura umha transforma-çom radical do sistema. de pou-co serve que se faga um centrode atençom a pessoas maiores,que por suposto é necessário, sedepois seguimos a trabalhar pa-ra empresários caciques, segui-mos a dar-lhe o nosso dinheiro abanqueiros estafadores que in-vestem em armamento e segui-mos votando a políticos corrup-tos que privatizam a sanidade...Entom, de que vale fazer essecentro se dentro de quatro anoso político de turno o fecha ouum banqueiro o embarga? So-mos muitos os que pensamosque isto requer de umha trans-formaçom total.

“Há que fomentar acomunidade, ajudar-nos,

cooperar, sermos sempre solidárias”

“A batalha eleitoral émais umha frente a

ter em conta entre asfrentes de rebeldia”

entrevista tónio noGueira, ativista social na comarca do morraço

“Nom se pode depender de políticos corruptosnem de empresários caciques para ter trabalho”

xA

biC

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16 a fundo Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

a fundo O sistema de segurança próprio do AVE levava 13 meses inativo no tramo Ourense-compostela

Na véspera do Dia da PátriaGalega o descarrilamento deum comboio Alvia na aldeia deAngróis, a poucos quilóme-tros de Compostela, provocoua morte de 79 pessoas. O aci-dente ferroviário mais graveda história da Galiza pujo emrelevo as deficiências das li-nhas de ferro instaladas nonosso país para sustentarcomboios de alta velocidade.A linha pola que circulava o Al-via sinistrado fora inauguradacomo umha linha de alta velo-cidade, mas o trecho em quese produziu o trágico sucessonom contava com as carate-rísticas nem com as medidasde segurança ajeitadas. Estetipo de infraestruturas que seacolhem à ilusom do desen-volvimento apenas outorgambenefício aos empresáriosque conseguem a adjudica-çom das obras e que aguar-dam ávidos à privatizaçomdos serviços ferroviários.

A.L. / O dia 24 de julho deste anoaconteceu a tragédia. Na conheci-da como 'curva da Grandeira' umcomboio que realizava o percorri-do Madrid–Ferrol descarrilava, aoentrar a mais de 180 km/h por um-ha zona que estava restringida a80 km/h. Os meios de comunica-çom carregárom imediatamenteas suas tintas contra o maquinistado comboio enquanto as respon-sabilidades políticas e técnicas so-bre as deficiências da via seme-lhavam livrar-se do vendaval.Com o decorrer da investigaçomjudicial, começárom a realizar-seimputaçons a altos cargos daAdIF, entidade pública encarre-gada da gestom das infraestrutu-ras ferroviárias e das concessonsda sua contruçom. Tanto a AdIFcomo a Renfe, entidade que operacom os serviços das linhas e adju-dica a construçom dos próprioscomboios, som dependentes doMinistério de Fomento.

Umha inauguraçom velozA 10 de dezembro de 2011, o en-tom ministro de Fomento em fun-çons, José Blanco, e o presidenteda Junta, Alberto Núñez Feijóo,inauguravam a Linha de Alta Velo-

cidade (LAV) Corunha - Santiagode Compostela - Ourense. A nívelestatal o PP acabava de ganhar aseleiçons enquanto o governo so-cialista em funçons apurou o iníciodo serviço desta linha ferroviária.A nota de imprensa que Fomentoenviou aquele 10 de natal salienta-va que esta infraestrutura custaramais de 3.300 milhons de euros aoEstado, sendo uns 2.547 milhonsdestinados à nova uniom entre Ou-rense e Compostela, e que, aliás,esta nova conexom representava a“inclusom da Galiza no mapa daalta velocidade espanhola”.

Segundo as informaçons do mi-nistério, o percorrido entre Com-postela e a Corunha e Madrid re-duzia-se quase umha hora noscomboios Talgo diários, enquantose aguardava que no segundo tri-mestre de 2012 começassem a en-trar em serviço os chamados “Al-

via Híbridos” com uma poupançaadicional de 30 minutos na comu-nicaçom com a capital do Reinode Espanha. O mesmo comunica-do do Governo espanhol garantiaque esta nova LAV contava com“o incremento da segurança me-diante o uso de tecnologias deponta nos sistemas de conduçomautomática de comboios”.

“Conduçom automática”?Mas nessa LAV, de que presumiao ministério de José Blanco, a ju-lho deste ano nom estavam ativa-das as tecnologias de ponta de se-gurança e de “conduçom automá-tica” em nengum ponto da linhaOurense-Compostela, polo qualnom existia nengum dispositivoque impedisse a entrada de umcomboio a mais do dobro da velo-cidade permitida num trecho de-terminado. Segundo o próprio

presidente da Renfe-Operadora,Julio Gómez-Pomar, esclareceuna sua comparecência perante oCongresso dos deputados que“no início do funcionamento dosistema ERTMS nos comboios730 [modelo a que pertencia ocomboio acidentado em Angróis]se advertírom umha série de pro-blemas, polo qual, seguindo osprotocolos estabelecidos, foi co-municado à direçom de segurançada AdIF, que autoriza a 23 de ju-nho de 2012 a circular semERTMS no trecho correspondenteentre Ourense e Santiago e fazê-lo ao abrigo do sistema ASFA”.

O sistema ERTMS é o sistema desegurança mais avançado e que éinstalado nas infraestruturas ecomboios de alta velocidade, per-mitindo a travagem automática dotrem se quem conduz nom agir ajei-tadamente. Por outra banda, o sis-tema de travagem ASFA, habitualna rede de caminhos de ferro con-vencional, com que funciona o tre-cho Ourense-Compostela é incom-patível com a circulaçom de alta ve-locidade, pois impede que os com-boios atinjam umha velocidade su-perior a 200 quilómetros por hora.A pergunta de por que comboios dealta velocidade circulavam por um-

ha LAV sem sistema ERTMS du-rante mais de 13 meses é a questomque diversas entidades públicas eprivadas evitam responder.

Problemas sem ainda soluçomConforme transcendeu nos meios,a empresa canadiana Bombardierera a fabricante da tecnologiaERTMS de a bordo do comboio e aela foi solicitado pola Renfe o con-serto dos problemas que fôrom de-tetados na utilizaçom deste siste-ma nos Alvia. Algumhas hipótesesapontam que o problema poderiaestar em que a tecnologia do com-boios e a da via fossem realizadaspor companhias diferentes, pois ocontrato de segurança na linha viá-ria fora adjudicado pola AdIF àUniom Temporal de Empresas(UTE) constituída por Thales, di-metronic, Cobra e Antalis.

Porém, um ano depois ainda nomfora implantada no troço Ourense-Compostela este sistema de segu-rança. A Bombardier é umha dasgrandes empresas mundiais emconstruçom ferroviária e aeronáuti-ca e está atenta à iminente privati-zaçom do setor ferroviário espa-nhol. desde 2010 o seu presidenteno Estado espanhol é Álvaro Rengi-fo, quem foi diretor geral de PolíticaComercial e Investimentos Estran-geiros durante o governo Aznar.

Híbridos com “doenças”Foi o consórcio Talgo-Bombardiero encarregado da construçom doscomboios denominados série 730,modelo a que pertencia o trem si-nistrado em Angróis e que consis-tem numha reforma da série 130do Talgo. Os Alvia 730 som conhe-cidos como 'híbridos' pois incluemtambém dous grupos de geradoresdiesel, que lhes permite circular

o trÁGico acidente de anGróis revela deficiências em infraestruturas recém inauGuradas

Fomento, Adif, Renfe e empresas jogamcom as linhas de alta velocidade ferroviária

Tecnologia ERTMs foiretirada por erros de

funcionamento

Empresas espanholasoptam a construir

novas linhas no Brasil

O trecho entre Ourensee compostela custou

uns 2.547 milhons

o presidente feijóo e o ex-ministro de fomento, José blanco, na inauguraçom da linha de alta

velocidade ourense - Santiago - Corunha

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17a fundoNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

As concessons suspeitasXAVI MIQUEL / de entre os 2550 mi-lhons destinados ao tramo Ou-rense-Compostela da alta veloci-dade, 164 fôrom destinados aocontrato de segurança que tinhaque implementar o sistemaERMTS, num principio na totali-dade da linha. Este contrato foiadjudicado à Uniom Temporal deEmpresas (UTE) formada polaThales, dimetronic, Cobra e An-talis, que som habituais nos con-tratos de segurança da alta velo-cidade estatal e fazem parte doconsórcio espanhol para a segu-rança noutras linhas mundiaiscomo, por exemplo, a do Brasil.

Entre elas podemos destacar ogrupo Cobra, que é propriedadeda multinacional ACS, empresapresidida por Florentino Pérez eque segundo a contabilidade B doPP, descoberta no caso Bárcenas,outorgou milhares de euros aoPP galego em meio da campanhaeleitoral. No último período a em-presa nom passa polo seu melhormomento e teve que ser hipote-cada pola ACS, embora os últi-mos contratos (sobretudo o doBrasil) lhe pudessem dar um res-piro. A outra empresa é a Antalis,presidida por Luis Vilariño, aquem certas fontes acusam deser o “homem de palha” do ex-ministro espanhol de FomentoJosé Blanco na Operaçom Cam-peom. O que sim que é demons-trável é como a Antalis passou defaturar 1,5 milhons de euros noano 2006 aos 65 milhons de eurosno ano 2010, a maior parte saídade contrataçons públicas expos-tas no BOE coincidindo com aetapa de Blanco à frente do mi-nistério espanhol.

Mas também há outras empre-sas que se estám beneficiar coma chegada da alta velocidade àGaliza. das grandes empresas doconsórcio da alta velocidade es-panhola, destaca Sacyr Vallher-moso, nomeadamente polo cargo

de diretor Geral Adjunto que oatual presidente da Adif, GonzaloFerre Moltó prestou nesta multi-nacional, num novo caso de 'por-tas giratórias'. Ferre Moltó, quechegou à presidência da Adif de-pois de vários cargos públicos co-mo diretor da Empresa Nacionalde Autoestradas ou subdiretorgeral do Tesouro espanhol, é con-siderado umha pessoa próxima aJosé María Aznar e, à parte dasua etapa na Sacyr, também ocu-pou postos de responsabilidadeno Grupo Itínere (participado po-la Sacyr) e foi diretor geral de au-toestradas da Abertis (a multina-cional propriedade de “La Cai-xa”) na América do Sul. Precisa-mente dentro desta posiçom foiimputado polo governo colom-biano pola construçom dumhaautoestrada onde foi acusado de

apreender o dinheiro meses an-tes de que começasse a obra.

Outra das empresas polémicasnas adjudicaçons é a empresaApia XXI, que foi a encarregadade realizar o primeiro estudo in-formativo preliminar da constru-çom da linha em 1999, baixo ogoverno espanhol de Aznar e on-de das 5 alternativas de percorri-do todas incluíam a curva daGrandeira como única entradapossível a Compostela. A empre-sa foi fundada no ano 1989 naCantábria e em março de 2013 foifusionada com a multinacionalde construçom de infraestruturasBerger Group Holdings e desdeos inícios da alta velocidade es-panhola é umha das empresasque mais adjudicaçons recebeupara os seus estudos. Além de naCantábria é conhecida a sua rela-çom direta com vários membrosdo PP como o atual alcalde deSantander, Iñigo de la Serna,quem começou a sua carreiraprofissional como engenheiro naApia XXI. Também há que ter emconta que a sede central da em-presa na Cantábria foi comprada

polo governo autonómico por umpreço entre os 8 e os 10 milhonsde euros superior ao seu preçoreal, num momento em que a em-presa passava por graves dificul-dades económicas.

No que diz respeito à Comis-som de Investigaçom há que terem conta que nom se iniciou,nem na Galiza nem no resto doestado, especificamente polo aci-dente. À parte da investigaçom ju-dicial, há varias comissons encar-regadas da segurança ferroviária anível do estado. A mais importanteé a Comissom de Investigaçom deAcidentes Ferroviários (CIAF), queestá encarregada anualmente deinvestigar todos os acidentes decomboio a nível estatal e que esteano se vai encarregar principal-mente do acidente de Angróis. Nosrelatórios anuais que apresenta acomissom já havia vários comentá-rios sobre as falhas nos sistemasde travagem ASFA. Particularmen-te no referente a 2011 a CIAF emi-tiu um parecer como consequênciadireta de dous acidentes e de 3mais como indiretas as falhas nosistema de travagem ASFA.

Destinárom-se 164milhons ao contratodo sistema ERMTs

por vias nom eletrificadas (há quelembrar que para que umha linhaseja de alta velocidade precisa deestar eletrificada).

Em dezembro de 2009 o conse-lho de administraçom da Renfe ad-judicava à Talgo-Bombardier a mo-dificaçom de 15 comboios S130 por78 milhons de euros. O modelo re-sultante, o Alvia 730, começou apercorrer no mês de junho de 2012os caminhos de ferro galegos e aospoucos dias foi aberto um processoà empresa Talgo por parte da Renfedevido a adiamentos provocadospor diversas avarias que obrigavama parar o comboio. A Talgo afirma-va que se tratavam de “doenças deinfância”. Como foi indicado antes,a 23 de junho de 2012 a AdIF auto-rizava, à petiçom da Renfe, a recu-sar o emprego do sistema ERTMSno trecho Ourense-Compostela.

Modificaçons durante as obrasPor outra banda, durante as obrasdo trecho Ourense-Compostela dealta velocidade modificou-se oprojeto inicial de construir esta in-fraestrutura com largura interna-cional, que empregam as vias dealta velocidade do Estado, passan-do a construir-se em largura ibéri-ca, próprio da rede convencionaldo Estado. A proposta de modifi-caçom foi realizada pola AdIF emjunho de 2010 e em abril de 2011 oMinistério de Fomento autorizavaa retomar as obras com tais modi-ficaçons. Ainda assim, em dezem-bro de 2011 a nova linha era defi-nida como de alta velocidade.

Após a tragédia acontecida emAngróis o passado 24 de julho,saltárom as vozes do tecido go-vernamental a desmentir que otroço de acesso a Compostela fos-se realmente umha via de alta ve-locidade, querendo exprimir quea alta velocidade espanhola nomconta com sinistralidade. Tenta-se assim que o desastre de An-gróis nom complique as opçonsda Adif, Renfe e várias empresasespanholas que se apresentamem consórcio para se fazeremcom a construçom de linhas de al-ta velocidade em países como oBrasil. Entre essas podemos en-contrar algumhas que já fôrommencionadas nestas linhas comoa Talgo, Thales, Bombardier oudimetronic, companhias que seamparam nas entidades públicaspara medrar nos negócios.

Erros no dispositivo de emergênciaX.M. / Embora todos os responsá-veis políticos e técnicos salientas-sem o ótimo trabalho das equipasde emergência e o funcionamentodos protocolos na noite do aciden-te, pouco tempo depois surgíromas primeiras vozes críticas com es-te. As primeiras em criticar o dis-positivo fôrom as trabalhadoras fi-liadas à CUT do Hospital Provin-cial de Conjo. Num comunicadoemitido o dia depois do acidentedenunciavam que as pessoas feri-das estavam a ser derivadas a hos-pitais privados que se encontra-

vam muito mais longe que este,enquanto em Conjo havia quatrodos oito quirófanos fechados polapolítica de cortes e onde haviagente avondo para atender as feri-das. de facto, segundo anunciá-rom os responsáveis do hospital,

várias pessoas despedidas nos me-ses anteriores fôrom a ajudar des-de o momento em que conhecê-rom a notícia do acidente.

Outro coletivo crítico com o dis-positivo foi o dos bombeiros, no-meadamente as centrais de Com-postela e Corunha. Conforme in-dicam os seus porta-vozes “é im-possível que um dispositivo deemergência tenha êxito com tan-tos corpos e pessoas diferentesbaixo um mesmo objetivo”, carre-gando contra a contínua privatiza-çom dos serviços de emergência

que leva a umha situaçom caóticaem grandes emergências como ado acidente acontecido a 24 de ju-lho. Também denunciam a falta deefetivos que provocou que as tra-balhadoras tiveram que trabalharmuitas horas seguidas numha si-tuaçom de alto estresse emocio-nal. Isto também se mostra naselevadas horas que a vizinhançaestivo a prestar a sua ajuda àsequipas de resgate, numha situa-çom que depois do tempo pruden-te de açom tinha que ter estado co-bertos por profissionais.

As pessoas feridas estavam a ser derivadas

a hospitais privados

o presidente de Adif, Gonzalo ferre Moltó (primeiro pola esquerda) junto à ministra de fomento Ana Pastor

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18 a exame Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

cada família gastará em média mais de 700 euros no regresso às aulasa exame

RAUL RIOS / Corte a corte, aos pou-cos, os governos da Junta e do Es-tado - ambos nas mãos do PartidoPopular - vam mermando a quali-dade do ensino público enquantocontinuam a subsidiar o ensinoprivado. Neste novo curso, na Ga-liza há 15 centros de ensino me-nos, e 64 unidades de EducaçomInfantil e Primária fôrom elimina-das pola Junta. No entanto, a Con-selharia da Educaçom concertou40 novas unidades e 18 ciclos for-mativos com centros de carácterprivado, segundo dados forneci-dos pola CIG-Ensino. As famíliasque nom poidam pagar as matrí-culas em centros privados, paga-mento que na situaçom de crise écada vez mais difícil, terám de seconformar com aulas massifica-das da escola pública.

A massificaçom escolar, menosdocentes para mais alunos e alu-nas, é a consequência direta da re-duçom dos quadros de pessoal.Apesar de que nos últimos quatroanos se jubilárom mais de três milprofessores e professoras, há trêsanos que a Junta nom convoca no-vas oposiçons para cobrir as vagasdo professorado aposentado. Ou-tra fórmula aplicada para preen-cher as vagas por aposentaçom éo aumento do professorado deslo-cado ou que deve dar matériaschamadas afins, isto é, disciplinasem que nom som especialistas.Segundo denunciou em conferên-cia de imprensa o secretário-geralda CIG-Ensino, Anxo Louzao,quase mil funcionários irám daraulas de matérias para que nomestám especializados (235 emEducaçom Primária e 765 emEducaçom Secundária).

Ademais, e apesar das promes-sas de Feijoo, o professorado irá so-frer umha nova reduçom salarial.Para isso, a Junta reduzirá em 40%a paga extraordinária de dezembro.

Despesas familiaresO mês de setembro sempre véumarcado em vermelho nas agen-das familiares devido ao alto de-sembolso económico necessáriopara encarar o início das aulas.

Um estudo da Federación deUsuarios Consumidores Indepen-dientes (FUCI) calcula que nestecomeço de curso cada família ga-lega gastará cerca de 723 eurosem média (470 no ensino público,710 no concertado e 990 no priva-do). Estes dados som mui seme-lhantes aos do passado curso2012-2013, mas a situaçom de de-semprego e as reduçons salariaisfam mais difícil para as famíliasafrontar este gasto.

O custo salarial para o primeirotrimestre de 2013 na Galiza é de1.571 euros por trabalhador/a emês, com umha taxa de variaçomanual positiva em relaçom aomesmo período do ano anterior(1,5); mas o aumento do IPC foisuperior, do 2,5 no mesmo perío-do, o que deixa as famílias commenos poder de compra. Boa par-te do aumento dos preços decorredo aumento do IVA levado a cabopolo Governo espanhol no anopassado; os livros de texto nomsom afetados por este aumento,que afeta no entanto o outro ma-terial nom estritamente escolarcomo pastas, canetas, roupa ou,nomeadamente, o transporte.

Banco de livrosAinda que os livros tenham ficadofora do aumento do IVA de 4% pa-ra 21%, continuam constituindomais dum quarto das despesas fa-miliares no começo de cada curso:arredor de 200 euros por aluno/a.Para aforrar este gasto, as ANPASgalegas acabam de organizar umbanco de empréstimo de livros so-lidário, ressuscitando o modeloque implementara o bipartido doPSdeG e BNG. O sistema é sim-ples: as famílias deitam os livrosde que já nom precisam e reco-lhem manuais em segunda maopara o novo curso.

Com a chegada do PP à Juntade Galiza em 2009, o sistema deempréstimo foi substituído polachamada “gratuidade solidária”.Este sistema, atualmente em vi-gor, está baseado em ajudas indi-viduais para as famílias que nomcheguem a 9.000 euros de rendaper capita, subvencionando partedo custo dos novos livros; semcontemplar a possibilidade dereutilizaçom dos mesmos. Segun-do dados da própria Conselharia,quase metade das famílias gale-gas com crianças em idade esco-lar fica fora deste sistema de sub-vençons parciais.

O comedor mais caroObrigadas polos ritmos laboraisou polas distáncias, nomeada-mente no rural, som muitas as fa-mílias que se vem na necessidadede deixar as crianças a jantar naescola. Antes, as nenas que em-pregassem o transporte escolar ti-nham direito a refeiçom gratuita,mas com a reforma da Junta as fa-

mílias pagarám o jantar depen-dendo da sua renda.

A subida da tarifa em 40,2%anunciada em março polo execu-tivo autonómico punha o limitenos 4,50 euros por jantar, ou seja,90 euros mensais. É o que deve-rám pagar todas as famílias comrendas per capita maiores aos9.000 euros anuais, salvo aquelasque tenham três crianças ou mais.Com tarifas intermédias para asfamílias com rendas per capita deentre 7.000 e 9.000 euros, só semanterá o serviço gratuito paraagregados familiares com rendasinferiores aos 583 euros mensaispor adulto. Se antes o jantar erade balde para mais de 91% do alu-nado, agora terám que pagar maisde 43%, segundo dados da própriaConselharia.

Dinheiro para a OpusO jornal digital Praza Pública titu-lava umha notícia em março doseguinte jeito: “Concertos com co-légios que segregam: valem por650.000 menus escolares”. Apesarde que a subvençom com dinheiropúblico deste tipo de centros vin-culados à Opus dei foi declaradailegal polo Tribunal Superior deJustiça de Galiza (TSJG), e apesarda situaçom das famílias que pas-

sarám a ter que pagar polas refei-çons, a Junta voltará a renovar aquase totalidade dos concertos es-te curso - 48 unidades, com o ar-gumento de nom prejudicar osalunos que já beneficiavam deconcerto. “O concerto em si foi re-tirado”, assegurou o conselheiroXesús Vázquez. Até três milhonsde euros públicos continuam sen-do repartidos entre cinco centrossegregacionistas, segundo oSTEG e a CIG-Ensino.

CastelhanizaçomQuando a mirada social está postanos problemas económicos, a cas-telhanizaçom do ensino parece fi-car num segundo plano. Mais umano, a Junta continua a fazer ouvi-dos xordos à oposiçom parlamen-tária, aos sindicatos e aos movi-mentos sociais que exigem a reti-rada do chamado “decreto do plu-rilinguísmo”.

Apesar da sentença do TSJGque declara ilegal a consulta pa-rental acerca da língua veicular noensino infantil, a Conselharia diri-gida por Xesús Vázquez continua-rá a enviar um formulário às famí-lias, mas com a matizaçom de que“nom será vinculante”. O novotexto pergunta agora aos pais e àsmaes qual é a língua materna dosnenos, em vez de preguntar quelíngua preferem que seja usadaem aulas. Atualmente, o galego sóé empregue como língua veicularem menos de 5% das unidades deEnsino Infantil das cidades.

Mais um ano, sindicatos e plata-formas em defesa do ensino pú-blico voltárom a sair às ruas doPaís em contra das políticas edu-cativas do PP. E também, mais umano, o PP continua a profundar nasua agendas de cortes, na substi-tuiçom do público polo privado ena eliminaçom da língua própriado âmbito de socializaçom dascrianças; fazendo caso omisso àsdemandas sociais. Antes, as famí-lias preocupavam-se de que as ra-pazas aprovassem e figessemamigas; agora, preocupam-se porse poderám pagar a escola públicao mês que vem.

reduçom de professorado e aumento das tarifas marcam o início do novo curso

O assassinato da escola pública

A Junta concerta 40unidades privadasapesar dos cortes

O galego só é veicularem 5% do ensino

infantil das cidades

Há semanas que as grandes marcas começárom as suas campanhas publi-citárias do regresso às aulas. É preciso comprar novos livros, novas mochi-las, novas pastas e, porquê nom, também roupa nova para o outono. Men-tres, nos últimos dias do verão, fôrom sucedendo-se na imprensa as notí-cias relativas à atualidade da política educativa: os cobros às famílias polas

cantinas escolares, a reduçom do professorado, o financiamento com di-nheiro público de colégios da Opus Dei ou a persistência da consulta pa-rental sobre a língua a empregar nas aulas, consulta que no entanto foi de-clarada ilegal. Diversas concretizaçons dumha estratégia para o ensino en-caminhada a eliminar qualquer resto de justiça social.

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19em anÁliseNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

em anÁlise A perseguiçom ao independentismo galego intensificou-secom o cessamento da luita armada em Euskal Herria

M.B. / A polícia espanhola e GuardaCivil estám a intensificar o acossoe a perseguiçom do independen-tismo galego, sobretodo desde quecessou a luita armada em EuskalHerria, polo que foi necessário in-corporar mais efetivos especiali-zados neste tipo de atividades.Com frequência som os própriosagentes que demandam a transfe-rência, como aconteceu em finaisdo mês de junho, quando um gru-po de especialistas anti-ETA daGuarda Civil destinados em Eus-kal Herria pedírom ser transferi-dos para o nosso país.

Segundo informaçons facilitadaspolo Ministério do Interior espa-nhol no último concurso de trasla-dos incorporárom-se na Galiza seisnovos agentes. de modo que maisde 30 agentes da Guarda Civil trei-nados no combate à ETA estariamhoje a operar na Galiza na repres-

som do independentismo. da suaparte, e segundo as mesmas fontes,a Polícia espanhola teria mobiliza-dos no terreno cerca de 40 agentesdesde há mais de três anos.

Estes agentes integram os co-nhecidos como Grupos de AçomRápida (GAR) da Guarda Civil, cu-ja missom principal é a vigilánciarodoviária, incluindo a montagemrápida de controlos de estrada. Éumha unidade especializada naluita contra a ETA que tem a suaorigem na Unidade AntiterroristaRural (UAR) criada em finais dedécada de 70. Na atualidade tem asede em Logronho e é formada por

quatro Companhias que operamnas três províncias da comunidadeautónoma basca e em Nafarroa, etambém noutros pontos do territó-rio do Estado espanhol.

Agentes fortemente armadosA sua presença no nosso país estáa bater nas vistas da gente das re-gions por onde atuam, como está aocorrer na comarca do Morraço,onde cada vez é mais habitual to-par com grandes dispositivos decontrolo, no Corredor e nas vias se-cundárias. A maioria destes agen-tes de controlo e vigiláncia som deorigem galega e operam em zonasconsideradas “quentes” polas for-ças repressivas, como som o Mor-raço, Corunha e Santiago.

Testemunhas dalguns destescontrolos contactadas polo NOVAS

dA GALIzA manifestárom-se muisurpreendidas, nom só pola gran-

de quantidade de agentes partici-pantes nos operativos, como tam-bém por irem fortemente arma-dos. “Figérom-me baixar do cochee quando me dei conta estava ro-deado de metralhadoras; pergun-tárom-me se levava armas ou dro-gas e logo figérom-me levantar acamiseta e revistárom-me o veícu-lo de arriba a baixo”, explica in-dignado um vizinho da comarca.

Campanha policial e mediáticaA presença cada vez maior de es-pecialistas na luita anti-ETA naGaliza está a vir acompanhada

dumha campanha de intoxica-çom policial e mediática com quese pretende o reconhecimento ju-dicial da existência dumha orga-nizaçom armada no nosso país.Umha peça fundamental nestaestratégia está a ser o jornal ultraespanhol ABC, conhecido polaconstante publicaçom de filtra-çons policiais que pretendem cri-minalizar socialmente o inde-pendentismo galego.

Numha destas informaçons à

carta o tal jornal madrileno che-gava a assegurar que membrosda suposta organizaçom armadaindependentista teriam recebidoadestramento no manejo de ex-plosivos por parte de militantesda organizaçom juvenil bascaJarrai e de militantes “pró Pales-tina” (sic) em diferentes zonasde Monforte de Lemos e Cangasdo Morraço.

os aGentes, a maioria GaleGos, viGiam no terreno zonas do morraço, corunha e santiaGo

Especialistas na ETA pedem transferência àGaliza para a campanha anti-independentista

Mais de 70 agentesdas polícias fôrom

transferidos a galiza

“figérom-me baixar docarro e rodeárom-me

de metralhadoras”

No início do verao, agentes especializados na luita anti-ETA destacados emEuskal Herria solicitárom a transferência para a Galiza, para participarem nacampanha de acosso ao independentismo galego, a intensificar-se na sequên-

cia do cessamento da atividade armada por parte da organizaçom basca. Os es-pecialistas policiais, a maioria som guardas-civis de origem galega, realizam ta-refas de vigilância no terreno em zonas do Morraço, da Corunha e de Santiago.

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20 media Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

media

HÉCTOR COBO / “Que tragédia! Quedesgraça!”. Assim entrou no barda Teré, o único que há em An-grois, umha jornalista loira deacento germano. Era 26 de julho,dous dias depois do acidente, e M.L., um vizinho que tomava um vi-nho na barra, socorreu-na de se-guido, ao vê-la chorar. Ela estavaatuando e, captada já a atençomde M.L., tornou as bágoas numsorriso de indissimulado triunfa-lismo para convidá-lo a entrar emdireto num programa da televi-som alemá. Aconteceu que A.B.L.,filha de M.L., ia no trem e esse diaainda permanecia ferida num hos-pital. O do seu pai parecia umgrande testemunho. Era herói,pois ajudara no resgate, e era víti-ma: umha mina de dor. Foraaguardava o cámara, cúmplice doplano premeditado. E M.L. acabouchorando para desconhecidos es-pectadores loiros, derrubado porpreguntas incómodas. A jornalis-ta, trás exprimir-lhe as misérias,dirigiu-se para mim, que fora en-viado ali polo jornal que me paga,e espetou-me, sem escrúpulos:“Viches como che levantei a lebre.Agora é todo teu. Pagarás umhascervejas polo menos?”.

Tanto no trabalho de campo co-mo nas redaçons, os profissionaisdos meios que cobrírom o aciden-te ferroviário fôrom saltando, umapós outro, os códigos deontológi-cos sobre o tratamento de suces-sos de catástrofes. O relato ante-rior é só um exemplo. As reco-mendaçons do Colégio Profissio-nal de Jornalistas de Galiza aorespeito permitem-nos fazer acomparativa entre o que foi e oque deveria ser.

Talvez o paradigma da especta-cularizaçom que imperou nessesdias fosse a portada de La Voz de

Galicia do 25 de julho, com cadá-veres reconhecíveis e ensanguen-tados em primeiro plano. Insistemos códigos deontológicos em evi-tar imagens que, como estas,mostram pessoas em situaçom desofrimento, assim como o acossoe as preguntas em situaçons ina-dequadas. Os mortos sobre asvias nom só nom ilustravam a es-sência do ocorrido -o desencarri-lamento dum trem-, como aindapodiam produzir dor nos achega-dos. A maioria dos jornais, cum-

pre dizê-lo, evitárom-nas, e eumesmo recebim ordens diretaspara nom as utilizar.

Em geral, abundou o amarelis-mo, o acosso aos afetados e a di-fusom de histórias pessoais quesempre rematavam com fórmulasdramáticas afastadas da assepsiapertinente. Quantas vezes lemosisso de “vidas truncadas por umtrem que nunca chegou”, sendoque evitar os recursos espectacu-larizantes é um dos princípios éti-cos básicos?

Mais preocupados em somarleitores, ouvintes ou telespecta-dores, os meios de massas nomrespeitárom o direito à intimidadede vítimas e familiares. Recriá-rom-se em que se tal umha estavagrávida ou em se tal outra perderao seu ursinho de peluche. Publi-cárom-se nomes, imagens e ou-tros dados biográficos que nemexplicavam o sucedido nem bus-cavam aprofundar nas causas; sóofereciam morbo e drama.

Mas o morbo vende e para con-segui-lo quase todo serve. No Cer-sia, onde aos familiares lhes iamconfirmando trás longas esperasa morte dos seus, a Policia viu-seobrigada a ampliar a zona acor-doada polo comportamento dal-guns jornalistas. Tal era o casodumha repórter da Antena 3, queinstava o cámara para que “cap-tasse todo o sofrimento” dumhapessoa e logo presumia de ter ob-tido “um total da dor”, em repu-diável argot televisivo.

A ética e o rigor perdêrom-selogo desde o primeiro dia, candomeios como a 13 TV e Intereco-nomia pugérom de parte aquilode “evitar hipóteses e conjetu-ras”. À delegaçom de El Progresoem Santiago chegou umha cha-mada de 'El gato al agua' logo aseguir ao acidente. Queriam falarcom o 'nosso home em Angrois’,que acabou entrando em direto.O objetivo, através de preguntascapciosas, era que confirmasse aúnica teoria que podiam manejar,elaborada desde um platô emMadrid e sem fontes, de que setratava dum atentado perpetradopola “perigosa banda terrorista”que vinha atuando em Galiza. Játodo apontava para um acidente.

Também ajudárom as circuns-táncias a esquecer a boa praxe.

Em finais de julho, a política ins-titucional estava quase de fériase estirou-se o filãom dos heróisde Angrois para encher páginas egrelhas. Melhor que os jornais fa-lem de heróis que busquem cul-

pados, celebrariam as autorida-des. Vírom-se jornalistas perse-guindo vizinhos como abutres.Alguns, acossados, reclamavamdebalde à Policia que os desalo-jassem das suas casas e hortas.

desde dentro, a alma dosmeios de massas visualiza-se diá-fana. Os proprietários queremvender mais, os diretores bus-cam o morbo para contentar odesejo dos donos, os redatores-chefes exigem-no aos jornalistaspara nom decepcionar os direto-res, e os jornalistas, dependentes

da sua precariedade ou simples-mente faltos de ética, trazem-lhados sumidoiros da vida. Nom to-dos funcionam assim, pero mui-tos sim. dá testemunho o trata-mento deste acidente de que ojornalismo necessita de profundaanálise. Por parte de colégios ofi-ciais, centros de ensino da pro-fissom e profissionais. Mas nomtodos estám dispostos a fazê-la,num mundo em que comerciarcom dor, sangue e sofrimentoproporciona substanciosos lu-cros económicos.

‘la voz de Galicia’ puBlicou cadÁveres reconhecíveis e ensanGuentados em primeiro plano na sua capa

A ética e o rigor desaparecem na cobertura do acidente ferroviário do 24-J em Angróis

Abundou o amarelismo,o acosso aos afetados

e a difusom de histórias pessoais

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21crónica GrÁficaNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

crónica GrÁfica

Centos de pessoas solidárias saíromàs ruas nas cidades galegas contra a condena da Audiência Nacional a quatro independentistas galegos

o movimento abolicionista manifestou-se na Corunha este verao contra as touradas

A cadeia humana de Ceivar voltou reivindicar os direitos dos inependentistaspresos na véspera do dia da Pátria

A mocidade ourensana tambémse manifestou conjuntamente nos dias prévios ao dia da Pátria

A ameaça de um ataque estadounidense ao povo de Síria provocou a repulsa de diversos coletivos e organizaçons do País

A mocidade nacionalista e independentista saiu de jeito unitário à rua a 24 de julho

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

cultura “As mulheres na magia estivérom relegadas aacompanhantes dos magos. Haverá que mudar isto”

“A magia é genial: serve para crianças e adultos,nom sabe de cor, nom sabe de idiomas”

entrevista ao maGo teto

Imagino que já cho pergunta-riam milheiros de vezes, mas...por que che deu pola magia? Ha-via magos na família?Nom, a verdade. Mas meu avô eraum grande jogador de cartas, e su-ponho que faria muitas trampas.daí deveu vir o meu gosto polascartas. Quando era criança, cadavez que alguém viajava e me per-guntava que queria de presente àsua volta, eu pedia um maço decartas. Tenho-as de muitos luga-res diferentes. Também gostavade malabares, mas eram maiscomplicados. A magia era naquelaaltura como um sonho, um ele-mento misterioso que me atraia.daquela, caiu nas minhas maosum livro de Tamariz, que devorei,com trucos que até me serviampara copiar nos exames. depois,vim que a magia era umha ques-tom mais séria do que as cartas.

E como foste aprendendo?Quando finalizei a EGB -naquelaaltura chamava-se assim!-, comotinha boas notas, a minha maeperguntou-me que queria de pre-sente. E eu pedim um livro de ma-gia, enganando-a totalmente, por-que realmente era umha coleçomcom vários tomos, que fomoscomprando aos poucos. Eram unssetenta livros, também de Juan Ta-mariz, que fum conseguindo numano e tal. Quando esta coleçomterminou, continuei a pedir, emaniversários e festas de guardar,mais livros de magia. Naquela al-tura, era o único lugar para apren-der. Nom havia lojas de magiaaqui na Galiza, e tinhas que encar-regar as cousas fora. Falando coma gente das lojas, que te aconse-lhava, ou nos livros, ias sabendode mais livros... Assim passei osanos do liceu, e depois já chegou aTV, comecei a conhecer gente edecidim ir a Lugo para estudar En-genharia Técnica em Química In-dustrial, por chamar-lhe algo... jánem lembro o nome. Fum-me mo-vendo, investigando e, aos poucos,profissionalizando-me.

Em Lugo fás parte dum coletivode magos, estás na organizaçomdo festival Lugo Máxico e, háum público muito interessado...Que acontece nesta cidade coma magia?Quando cheguei a Lugo a minhaideia autêntica era aprender ma-gia. de facto, escolhim esta cidadeporque era onde vivia o Mago An-tón. A Universidade era umhadesculpa. Só queria ir onde hou-vesse magia na Galiza. Ao poucode chegar, Antón comentou-meque havia alguns amadores, e que,se calhar, podíamos montar umgrupo. E isso figemos, em 1997 noMesón do Forno, todos os magosde Lugo. E até hoje. Antes organi-závamos o mês da magia: durante30 dias, atuaçons no Mesón, todasas segundas e quartas. Estivemosassim três anos, e disto nasceu oLugo Mágico -festival de magia deLugo, que este ano fijo umha dé-

cada-, com a ideia de fazer maisespetáculos e chegar a mais gentepor toda a cidade. E sobre o gostoque há em Lugo pola magia, nomsaberia explicar a que é devida,mas é preciso lembrar que o Con-de Waldemar -nascido ManuelRodríguez de Saa, numha aldeiade Portomarim, e cujo nome co-lheu o grupo de magos de Lugo-era de aqui ao lado, e foi mago portodo o mundo, chegando a atuarperante o emperador Hirohito, ecasou com umha filipina! [Estápara publicar um livro mui inte-ressante sobre a sua vida]. Massuponho que o da magia em Lugoé como qualquer outra arte: hágente que se apaixona por ela, ser-ve para crianças e adultas, nomsabe de cor, nom sabe de idio-mas... Certo é que esta cidade aco-lhe bem a magia. Será a muralha,os bares, as bebidas do Garçón...algo deve haver.

Agora andas a preparar um es-petáculo novo.Sim, estreamos no 28 de dezem-bro. Está formado por treze sket-ches sobre como se vivia nos anos80. de facto, o título é 'Os anos 80vistos polo Mago Teto', e recolhe-mos esta década em toda a postaem cena. Todo som elementos oi-tenteiros, desde a roupa, o texto,até os temas que vai tocar umhabanda ao vivo durante a atuaçom.Falaremos de música, política, dasociedade, da cultura daquelesanos.

Quando estás a arranjar um no-vo show, costumas trabalhar tusozinho todos os detalhes?depende do formato. desta volta,é um espetáculo cumprido, comoo que figemos em 2009, 'A maxiada Santa Compaña'. Tem algomais do que magia, e preciso aajuda dum diretor -mais umha

vez, como há quatro anos, contocom José Prieto-, fotógrafo, dese-nhador, músicos... Temos umhaequipa de umhas seis pessoas atrabalhar juntas, dando forma àcena... É como montar um puzzle:umha loucura, mas é bonito.

Como é que trabalham os magosa preparaçom dos trucos? Hátramas por trás? Roubos deideias, como nos filmes?Nom, os filmes mentem. Os ma-gos temos umha paixom em co-mum, simplesmente, e partilha-mo-la: trocamos trucos, partilha-mos ideias... Nas nossas reunions,há gente mui diversa: um tem um-ha ortopedia, outro é professor,outro está no desemprego; umtem 18 anos, o outro 65; um é ca-reca e o outro melenudo... nom hámulheres. Fora do nosso grupo, al-gumha há, mas é certo que as mu-lheres na magia estivérom relega-das a serem as acompanhantesdos magos. Haverá que começar amudar isto.

A magia é todo bom rolho eamizade. Oferece amigos em to-das as partes do mundo. Nom seise passa em todas as profissons,mas nisto é assim.

E agora, terminando, vem a per-gunta repetida até o infinito nes-tas páginas... Como vos arranjaissem apenas ajuda pública?É certo que apenas há ajudas, eos Concelhos estám sem um cam,mas vamos sobrevivendo. dezatuaçons de agora acabam pordar-nos o mesmo resultado que20 de antes. Mas o bom da magiaé que oferece muitos espaços pa-ra trabalhar: a rua, os locais,eventos vários, os liceus, as salas,os pubs -os meus locais favoritos,porque conecto melhor com agente nova-. É certo que temosque luitar muito mais que há unsanos. Mas sabei que os magos es-tamos preparando o truco para adesapariçom dos políticos cor-ruptos, o qual nos está a levartempo de mais.

A.R.G. / Falo com o Mago Teto (Viana do Bolo, maio de 1977), por telefone, e en-quanto começamos a conversa, sai Juan Tamariz. Entom lembro que tenhoum amigo que adora a Tamariz. Muitíssimo. A mim sempre me fascinou a suapaixom pola magia. Também me fascina toda essa gente que anda, desdecrianças, com umha baralha no bolso, pronta para, à mínima, começa a fazer

trucos contigo. O Mago Teto também começou com Tamariz. Através dos li-vros. Enquanto toma um fino num bar com outro mago, conta, ao responderà típica pregunta hippie, que a magia lhe dá felicidade. “Para além de ser omeu negócio, do qual vivo, atuar, ouvir os risos da gente, e ver como esque-cem as cousas chungas, carrega-me as pilhas”.

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23culturaNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

a iniciativa "o monte é noso_sachando procomÚn" cria conexons entre entidades locais e software livre

Teatro amador no outono e no norteREDAÇOM / A VI Ediçom do Es-téNarúa, o festival de teatroamador de Ferrol, vai ser desen-volvido nos próximos 21 e 22 desetembro. Metátese Teatro, Mo-reashow, A Fiestra Teatro ouTeatro Estepario fam parte doprograma coordenado por Ti emais eu Teatro, e que contemplaum total de nove atuaçons e umforo teatral.

Por sua parte, será em finaisde outubro, nos fins de semanado 19 e 20, e do 26 e 27, quandoBergondo acolha a I Festival deTeatro Amateur de Bergondo Onoso, organizado polo agrupa-mento teatral A Fiestra. Com oprograma definitivo ainda semfechar, o evento vai ser realizadono restaurado prédio A Senra.cas e musicais.

A Cova Eirós vai permitirsaber mais de sapiens e de neandertaisREDAÇOM / A Cova Eirós é umhagruta natural situada em Tria-castela, ao pé da Serra do Oribio,e trata-se dum sítio arqueológicoem que fôrom achados materiaislícitos pertencentes aos Paleolí-tico meio e Superior, além de flo-ra e fauna dessa época. Em agos-to de 2012, tornou-se público oachado de pinturas e gravadosrupestres, os primeiros encon-trados na Galiza, o que motivoua declaraçom da caverna comoBem de Interesse Cultural (BIC)

Agora, após um ano de estu-dos, acabamos de saber que háuns 50 mil anos de diferençaentre os restos de cultura mate-

rial -úteis- dos neandertal e doshomo sapiens que vivêrom nes-ta cova. Os achados estám con-centrados em apenas uns pou-cos metros quadrados dentroda cova. Segundo os arqueólo-gos que estám a trabalhar nela,os jazigos estám a permitir "in-terpretar a forma de vida dasduas especies” que morárom nomesmo lugar, o que vai ajudar asaber mais de ambas as duasculturas. Assim mesmo, os res-tos animais e vegetais tenhemtambém imenso valor. Mesmoalgumhas espécies animais te-nhem competido com os huma-nos para habitar na cova.

Criam umha ferramenta web para manter vivos os montes galegos em mao comum

REDAÇOM / O monte em mao co-mum é umha modalidade de au-togestom ancestral da proprie-dade coletiva na Galiza, que po-deria perigar com a apariçom doanteprojeto da Lei de racionali-zaçom e sustentabilidade da ad-ministraçom local, a qual pode-ria implicar umha possível perdade 3.700 mancomunidades.

No portal Culturagalega.org,Paula González falava, a come-ços de setembro, de 'O monte énoso_Sachando Procomún', “umprojeto que nasce da uniom devários coletivos de diversa índolecultural e artística, com a finali-dade de juntar os conceitos detecnologia (rede) e terras (mon-te) baixo um mesmo fim: a per-manência dos montes em man-comunidade”.

Os principais objetivos destainiciativa som, por um lado, faci-litar a visibilidade dos montescomunais através das novas tec-nologias aplicadas à cartografia;e, polo outro, criar sinergias en-tre as comunidades de montes

para a melhora no aproveita-mento e sustentabilidade das ter-ras. Umha rede de apoio mutuoque lhes permita partilhar expe-riências aos comuneiros e ajudea revalorizar os montes.

A ideia nasceu há um par deanos na Summerlab Feira Imaxi-naria 012 de Vigo, e os coletivos

que fam parte deste projeto somAlg-a.org (comunidade de artis-tas), Rural Contemporánea (co-letivo de açom social no meio ru-ral), Asociación Artesáns de In-novación (criatividade aplicadaà artesania), Tecnologías Apro-piadas e Constelaciones (meiosdigitais).

REDAÇOM / As coleçons de arteem maos da Fundaçom Nova-caixagalicia e de NCG Banco,que suponhem os principaisfundos deste tipo que existemna Galiza, vam ser declaradasBem de Interesse Cultural (BIC)segundo assinalava em setem-bro o presidente da Junta, Nú-ñez Feijóo.

Feijóo falou no Parlamentoem resposta a umha interpela-çom do grupo do BNG, assina-lando que da Junta já se iniciá-rom os trámites para obter a de-claraçom de BIC, que “pretendeevitar que estes fundos artísti-cos sejam disgregados ou aca-bem fora do país”.

Neste sentido, nos últimosmeses diferentes vozes, entreelas a de José Manuel GarcíaIglesias, antigo diretor deAçom Social de Caixa Galicia,alertárom do risco para estesbens por causa da venda do

banco. Junto a ele, tambémaparecêrom campanhas comoa que o arquiteto Carlos Henri-que Fernández Coto desenvol-veu em Change.org a recolherassinaturas em favor da prote-çom destes bens.O conjunto

que se quer proteger abrangemais de 4.000 obras de autorescomo Laxeiro, Colmeiro, Maru-ja Mallo, Castelao, LeopoldoNóvoa, Seoane, Lamazares ouLeiro, além de criadores con-temporáneos internacionais.

A Junta mostra-se favorável para declarar BIC a coleçom de arte das antigas caixas

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24 desportos Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

d desp

orto

sGaliza destaca no mundial de canoaGem

O estradense impujo-se na Volta relevan-do a david Blanco, pentacampeom daGrandíssima. Gustavo Cesar Veloso foisegundo, e também destacou delio Ro-driguez demostrando o potencial dumciclismo galego que procura recuperar-se da perda da equipa profissional.

alex marque vence a volta a portuGal

Um total de treze canoístas galegos e ga-legas acudírom a duisburgo. Teresa Por-tela ficou apenas a três centésimas de lo-grar a medalha de bronze em K-200 me-tros. Cristian Toro e Carlos Arévalo fô-rom sétimos. Óscar Carrera e RodrigoGermade finalizarom no oitavo posto.

LNB / Em finais de setembro, seráinaugurado em Ponte-Cesso o Mu-seu EtnoLúdico da Galiza, coorde-nado polo irmao e colaborador daLNB, Ricardo Pérez i Verdes. Tra-ta-se de um centro que vai tentarromper a dinámica de “água estan-

cada" do comum dos centros destetipo existentes na Galiza. A culturade museu, tam injuriada no nossopaís, tem, pois, umha oportunida-de de luxo com a inauguraçom eabertura do MELGA para romperradicalmente com este modo de

atuar. Se esta é a disposiçom dosseus responsáveis, sem dúvida,vam encontrar toda a colaboraçome envolvimento da LNB no seuapaixonante projeto que vai come-çar a andar no 27 de setembro. Noentanto, se a sua dinámica vai estar

marcada polo ritmo institucional,os caminhos eligidos polas bilhar-das para encarrilar o seu postuladocolaborativo vam ser outros.

Para além disso, está prestes acomeçar umha temporada regularde bilharda e luta, a temporada

2013-2014, cumprindo assim osprimeiros 10 anos desta andainadocumentada de umha revoluçombilhardeira que medra minuto aminuto, e segundo a segundo, coma força de um javali ferido. Mu-seus, centros sociais, bares, taber-nas ou qualquer coletivo rebeldeinteressado em acolher a exposi-çom itinerante "LNB - 10 anos deconflito bilhardeiro na Galiza" quepreparem o zulo e arrebolem um-ha pedra. Podem contactar con-nosco em [email protected].

ISAAC LOURIDO / depois das edi-çons celebradas em Riba d'Ávia(2011) e Ponte Veia (2012), asOlimpíadas Populares Galegas re-gressam à província de Ourensenos próximos 28 e 29 de setem-bro, com o objetivo de se consoli-darem como a grande cita anualem que se encontram desporto eativismo social. A vila olímpica es-tará instalada na zona do polides-portivo de Vila Nova, à beira dorio Arnoia, onde se habilitará zo-na de campismo, serviços e du-ches. O desejo de manter o cará-ter itinerante e problemas com adisponibilidade do recinto obrigá-rom a mudar as datas do eventoda primavera para o mês de se-tembro, mas como sinalam desdea organizaçom, a proposta políti-ca das primeiras ediçons conser-va-se intata.

A participaçom nas OlimpíadasPopulares está aberta a todos oscentros sociais, associaçons popu-lares e organizaçons sociais do

país, desde que compartilhem unsvalores desportivos relacionadoscom o convívio, o lazer saudável eo trabalho em equipa. Longe dosvalores associados ao desportopolo capitalismo, o regulamentoestabelece um trato equitativo en-tre homens e mulheres, ao exigira presença de mulheres na con-formaçom das equipas que parti-

cipem em desportos coletivos.Aliás, estipula a participaçom nostrabalhos de arbitragem dum mí-nimo de duas pessoas por equipa.

O programa inclui variadas dis-ciplinas, como o atletismo (saltode longitude, pentasalto, 100 me-tros, 5000 metros e 4 x 100 me-tros), triatlo por relevos, luita(com categorias de <60 kg., 60-80

kg. e > 80 kg.), brilé, voleibol e osmuito populares tiro de corda, bil-harda, tiro com fisga e arrebola-mento de sacho. Nas provas indi-viduais declarara-se um vencedormasculino e umha vencedora fe-minina, com exceçom da luita, on-de nom se estabelece distinçomentre géneros. dous pontos por vi-tória e um ponto pola segunda po-

siçom é a recompensa a que vamaspirar as atletas, sempre com oobjetivo de engrossar a pontua-çom global do seu grupo.

Após o grande sucesso da edi-çom passada, com até dezasseteequipas participantes, as expeta-tivas da organizaçom passam porconservar ou aumentar o númerode coletivos inscritos e por darcontinuidade à boa experiênciados outros anos. Existe grandeexpetaçom polas conformaçomdas diferentes equipas e por saberse as Kurmandinhas vam poderreter o troféu olímpico que arre-batárom no ano passado a Sia-reir@s Galeg@s, vencedoras daediçom de 2011.

Contracultura bilhardeira... A polos museus, tascas e leiras!

Alhariz acolhe a terceira ediçom das OlimpíadasPopulares Galegas no final deste verao

no ano passadofôrom dezassete as

equipas participantes

movimentos sociais promovem “o desporto como ferramenta de transformaçom individual e social”

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25desportosNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

PEDRO PEOM / Som os últimosdias de Agosto. Bárcenas sobrevi-ve com mais pena que glória naspáginas dos jornais; o habitual af-

faire Gibraltar estival distrai aatençom mediática; e cinco políti-cos do Partido Popular posam so-rrindo –encima de umha bateiade cristal!– numha pequena viladas Rias Baixas. É a partida da68ª ediçom da Vuelta a España.

Aí os estám, representam o po-

der absoluto do Partido Popular:o local com Gonzalo durán, mé-dico e alcalde de Vilanova comcinco maiorias absolutas no seuhaver, cada umha com mais votosdo que a anterior; o provincialcom Rafael Louzán, o consegui-

dor; o autonómico com AlbertoNúñez Feijoo, rememorando osseus felizes anos 90 em Arouça; eo estatal com Ana Pastor, “que

pinto eu neste espanto” e comMariano Rajoy, em plena depres-

som (pre)postvacacional porquetem que voltar trabalhar, se é queo fixo algumha vez. Nom som ci-clistas mas atuam como as estre-las do show: saúdam, sorriem, ti-ram-se fotografias e assinam au-tógrafos. Eles som realmente osprotagonistas, a super-equipa do

PP, o orgulho do partido. A imagem faz lembrar esse ar-

gumento, tam profusamente usa-do polo nacionalismo espanhol,para criticar toda iniciativa quetorne visível a vontade nacionalda Catalunya, Euskadi ou Galiza:“o desporto nom é política”. E secalhar é certo, se calhar isto nomé política, mas simplesmente vá-rios políticos ávidos de protago-nismo, que utilizam um eventodesportivo (pago com dinheiropúblico) como passarela: bem-vindos à apresentaçom da tempo-rada Outono-Inverno do PartidoPopular. Se calhar nom é política,se calhar é simples desvergonhadissimulada em falsos sorrisos.Ainda que motivos para sorrirnom lhes faltem: gente nas estra-das, rojigualdas nas janelas eexaltaçom de tópicos nos meios(“que comida! E o vinho! Que ma-

ravilha de paisagem... Que

praias! E o tempo, pois também

nom chove tanto...”) Sem dúvidaos sorrisos eram bem fundados.

Porém toda super-equipa temumha estrela, aquela que destacapola sua habilidade e destreza. Enesta trupe a estrela nom é outraque Rafael Louzán. Um políticode terceira fila que, sem apenasfazer ruído, ascendeu à presidên-cia da deputaçom de Ponte Ve-dra; e aí se aferra, conseguindoeleiçom após eleiçom que a pro-víncia do chefe se mantenha emmaos do PP, um autêntico granel

de votos para o partido. Nom de-ve ser fácil, no entanto ele conse-gue-o com facilidade, há que re-conhecer-lhe o mérito. E foi Lou-zán, o conseguidor, o artífice deque a Vuelta a España comece naGaliza e deambule –nada menosque em cinco etapas!– polas te-rras da fim do mundo. É a quintavez nos últimos sete anos, todoum trunfo para o de Riba d´Úmia.Quem sabe, mesmo é um apaixo-nado polo ciclismo; no entanto re-sulta-me difícil imaginá-lo de bici,subindo o Monte Castrove, a suar,fazendo esses de um lado a outroda estrada. Umha imagem atrozem qualquer caso.

A Vuelta é ante todo um tram-

polim mediático. Muitos políticostenhem-no bem aprendido, parti-cularmente alcaldes, presidentesde deputaçons e outros políticosde segunda linha. As etapas somusadas como plataforma de pro-moçom, nom tanto para a vila oucomarca senom para o benefíciopolítico próprio. Em verdade, otrampolim é de pouca altura enom dá mais que para algum pe-queno salto mediático a nível lo-cal. de facto, a saída de etapa ga-rante a preceptiva foto no jornal-

panfleto local com o ráncio cortede fita; momento do qual parecemgostar especialmente estes políti-

cos, será polo valor sentimental dosouvenir fita-bandeira-espanhola.

No entanto, a chegada produzmaior impacto mediático, e issopaga-se mais caro: sempre ha umprémio para entregar e, com algode sorte, a possibilidade de uns se-gundos de glória na sonolenta so-bremesa televisiva. Para o políticolocal acolher umha etapa nom temmais do que vantagens: repartedinheiro público –sem controlenenhum– entre uns quantos hote-leiros e restauradores; dispom deum meio de promoçom políticagratuito; e obsequia com pam ecirco a plebe. Porque rejeitar tamsuculento negócio?

definitivamente, a originalida-de nom é umha virtude dos de-fensores de que a Vuelta a Espa-

ña venha à Galiza. Os manidosargumentos utilizados para dis-farçar todo este negócio nom dei-xam de repetir-se ano após ano.

Em primeiro lugar destaca atransparência, quer dizer, a faltadela. O único transparente daVuelta na Galiza foi o imaculadocristal da bateia na saída de Vila-nova. Os concelhos e deputaçonsnegam-se categoricamente a fa-zerem públicos os contratos econvénios assinados com Unipu-blic, a empresa organizadora daVuelta. A questom é, como pode-

mos conhecer os benefícios eco-nómicos quando resulta impossí-vel cacular os gastos? A estima-çom dos pagamentos realizadospola deputaçom de Ponte Vedraestá entre 1 e 2 milhons de euros,sem incluir publicidade em jor-nais, campanhas de promoçom eoutros dispositivos como segu-rança, proteçom civil etc. Os rela-tórios dos organizadores apre-sentam uns benefícios estimadosde mais de 2,5 milhons de eurosentre noites de hotel, comidas,gasóleo e publicidade turística.Bateias de cristal, ironias do sen-hor Louzán.

A lenda da atraçom turística éum dos hits argumentais que maisse ouvem nos meios. A publicida-de na Vuelta tem por finalidadeperpetuar um modelo turístico sui-cida para o nosso país baseadonum turismo massivo que se cara-teriza por concentrar o turismoem determinadas áreas –a modode parques temáticos–; oferecerprodutos e serviços a baixo preço;e promover um emprego (mui)precário e temporal. Mas os dadosmostram que a atraçom turísticada Vuelta é nula ou mesmo contra-producente: as pernoitaçons turís-ticas na Galiza descendêrom entre2011 e 2012 em 7% e 12%.

Por último, há quem mesmo crêque a Vuelta é um evento queatinge umha audiência milioná-ria. Sinto decepcionar-vos, mas ociclismo é um desporto endogá-mico e autorreferencial. Apartedos quatro gatos que o pratica-mos quase ninguém o segue ha-

bitualmente. Exceçom feita poralgumha “interessante” etapa demontanha numha soporífera so-bremesa de verao. Aliás, a reper-cussom mediática fora do Estadoé através de canais de pagamen-to, e quem paga por ver ciclismona TV? Repito, quatro gatos. A re-alidade é que a Vuelta é um pro-duto de consumo interno que ca-da vez atrai menos público. As ta-xas de audiência mostram umprogressivo descenso desde oano 2000, com um reponte no2012 graças ao chauvinismo pá-trio materializado no duelo Con-tador-Joaquim Rodríguez. Quan-to ao 2013, a audiência média nasetapas que decorrêrom na Galizafoi de 6%, uns 630.000 espetado-res de média por etapa. Nom pa-rece um grande sucesso.

Porém, a que funciona a plenorendimento é a máquina de exal-

taçom pátriotico-espanhola espo-liada e alentada polos integrantesda super-equipa política do Parti-do Popular; sem esquecer aos daequipa contrária –particularmen-te Lores, o alcalde de Ponte Ve-dra– que às vezes parecem “jogar”para que a máquina nom pare.

E onde estavam as críticas a es-te despropósito e as reivindica-çons em favor do nosso desportoe da oficialidade das seleçons ga-legas? Onde sempre, nos poucoslugares onde ainda há opinionscríticas e outras visons da nossarealidade política, económica esocial; quer dizer, fora dos pode-res públicos e dos meios de co-municaçom de massas, aquelesdo “desporto nom é política”.

Políticos alegadamente corrup-tos e ciclistas sobre bateias decristal, eis a imagem da Galizaque fica trás o passo da Vuelta a

España. Para os organizadores aVuelta na Galiza foi todo um su-cesso: gente nas estradas, bomtempo, entidades públicas pron-tas a deitar dinheiro público e po-líticos dóceis. Temos todos os in-gredientes necessários para queno próximo ano a Vuelta a Espa-

ña volte à Galiza. Comecemosdesde hoje para evitá-lo.

Galiza estivo representada por três galegos no Open daPolónia, onde demonstrárom que esta arte marcial gozade excelente saúde no nosso país. Xián Silva (-73kg) lo-grou a medalha de ouro na sua competiçom, enquantoSabela López (+68kg) foi prata e só caiu na final. O ter-ceiro galego, Pablo Fernández (+78kg), realizou umbom papel, mas ficou sem o prémio de subir ao pódio.

novo sucesso para o taekwondo GaleGo

A seleçom galega enfrentou-se a seleçom bretá em Lo-rient, no passado 11 de agosto. Este era o segundo jogointernacional da nossa seleçom, que conta com o reco-nhecimento da GAA para competir em torneios oficiais.Os galegos nom puidérom revalidar a vitória que lográ-rom no seu debute, em Narom 2012, e Bretanha ratificoua sua condiçom de favorita vencendo por 21-11.

seleçom GaleGa de futeBol Gaélico deButou na Bretanha

Ciclistas, políticos e bateias de cristal: a ‘Vuelta a España’ na Galiza

A Vuelta é dinheiropúblico sem controlo

para ‘pam e circo’

A publicidade perpetua um modelo

turístico suicida

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26 tempos livres Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

XAN DURO / Todos os anos, quan-do chega setembro, começo a es-cutar nos diferentes meios que seachega a celebraçom da SemanaEuropeia da Mobilidade e o diasem Carros, em finais de mês. Ca-da início do outono padecemosumha semana de bombardeio dedados, cifras, declaraçons e cha-mados arredor da mobilidade.Proclamas para “racionalizar” ouso do automóvel, loas à falsa pa-naceia dos automóveis elétricos ebons propósitos para o futuro,junto com moreias de fotos deresponsáveis políticos montadosna bicicleta. Por certo, com umhasoltura que deixa bem claro quenom apanham umha bicicletadesde há muitos anos, se algum-ha vez a apanhárom.

Neste barulho, ponho a movio-la em funcionamento e deito a vis-ta atrás lembrando que foi de to-do o ruído mediático da anteriorSemana da Mobilidade. E nom fi-co surpreendido, nem muito me-nos, quando encontro que nesteano, como nos anteriores, os fac-tos vam na direçom contrária.

Este ano nom foi parco em no-

vas relacionadas com a mobilida-de. Reparamos em que muitas dasautovias e autoestradas construí-das enchendo os bolsos agradeci-dos (perguntemos a Bárcenas ecompanhia) das grandes constru-toras mediante concessons de ex-ploraçom, estám em quebra porfalta de utentes. Para solucioná-lo,

o Ministério de Fomento tem aocorrência de propor a criaçom deum Banco Mau de autoestradas,com dinheiro público, evidente-mente, para se fazer cargo das in-fraestruturas quebradas liberandoas empresas das obrigas de finan-ciamento e exploraçom contraí-das. Ou seja, umha daçom em pa-

gamento. Muito necessária paraas construtoras, mas inadmissívelpara as pessoas, parece ser.

Também escutamos que as em-presas mais subvencionadas polaadministraçom som as de auto-móveis e as da minaria, com Ci-troën à frente. Além das subven-çons diretas, há que contar as

subvençons pessoais que se dampor renovar o carro, que vam mu-dando de nome, mas nom de des-tinatário final. Na atualidade, é oplano PIVE. Será porque som em-preendedoras?

E na banda contrária, a únicaproposta relacionada com a bici-cleta que escutamos em todo oano foi o intuito de fazer obriga-tório o uso do capacete dentro efora das cidades. Umha verdadei-ra medida de apoio e fomento damobilidade alternativa, em efeito.

Passou outro ano, caiu outrapágina do santoral administrati-vo, e afundimo-nos um poucomais na destruiçom ambiental.

tempos livres

A.L. / Teresa Moure, ativista emfavor dos direitos das pessoaspresas e à vez doutora em Lin-guística, apresenta em 'Eu violei olobo feroz' a figura de umha Ca-rapuzinha Vermelha dissidenteatravés da que se expressam osdesejos de umha pessoa que luitacontra um sistema injusto e é víti-ma da repressom. A voz da Cara-puzinha está carregada de violên-cia, dinamita, sexualidade. En-contra-se encarcerada, masquando vê as ruas percebe que as

pessoas também estám presas deumha vida que tem o consumocomo único objetivo (“Se as ob-servo com desprezo será duranteum minuto,/ não mais,/ até que ve-jo como arrastam ao lombo osmuros da prisão”, dixo Carapuzi-nha). O corpo da protagonista dopoemário sente orgasmos peran-te o tribunal da Audiência Nacio-nal. Carapuzinha pergunta-se co-mo será que ama a sua advogadae na primavera deseja o lobo.

Os versos de Moure fogem da

lírica convencional. As linhas de'Eu violei o lobo feroz' estám com-postas longe da métrica e da do-çura. Pensamentos políticos,emoçons, sexo... mais que procu-rar a poética, a voz protagonistaordena através das palavras todaesse torrente de ideias, vivênciase sentimentos que a rodeiam.Som versos que poderiam ter-seencontrado em cadernos, em bi-lhetes de autocarro ou comboios,compostos quase automatica-mente durante momentos de soi-

dade em que fluem as palavrasdumha forma visceral, sem pre-tensons líricas.

O sexo está presente neste pri-meiro poemário, que conta tam-bém com umha forte carga narra-tiva, de Teresa Moure. Arredordeste aspecto gira o grande inter-rogante da história, que é o desejoque Carapuzinha sente polo lobo,por violá-lo, por submetê-lo. Sub-meter o lobo e as leis do lobo. Pre-cisamente, é ao lobo a quem dedi-ca a autora este poemário, corres-

pondendo às leitoras identificá-loe situá-lo. O lobo pode estar dentrode nós, nos dispositivos repressi-vos do Estado, na omnipotênciadas grandes corporaçons... Com afigura do lobo, Moure apresentaas contradiçons que se encontramnum sistema como o atual.

'Eu violei o lobo feroz' publica-o Através Editora, ligada à Asso-ciaçom Galega da Língua, sendotambém a primeira vez que a es-critora galega utiliza a norma in-ternacional da nossa língua.

chega outra das datas assinaladas no santoral da Administraçom

entrelinhas ‘eu violei o loBo feroz’ de teresa moure

consumir menos, viver melhor soBre a semana europeia da moBilidade

centros sociais

cs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarO Forno · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

Bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cso a kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

distrito 09Coia · Vigo

ateneu libertário a engranaxeRio Sil · Lugo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

o fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

liceo muranteRosalia de Castro · Ponte Vedra

cs lume!Rouxinol nº16 · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

cso palaveaPalaveia · Corunha

cs en péZona velha · Ponte Vedra

o pichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do BerbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

cs xebraLeandro Curcuny · Burela

cso xuntasRua do Carme · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

As empresas maissubvencionadas som

as de automóveis

Afundimo-nos umpouco mais na

destruiçom ambiental

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27tempos livresNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

que fazer

18.09.2013 / CLUBE DE LEI-TURA / 20:00 na livraria Ca-rricanta (Rua Doutor José Fa-riña, 1). BETANÇOSPrimeira reuniom para organi-zar um clube de leitura.

20.09.2013 / TEATRO NOFESTIVAL DAS BRÉTEMAS /19:00 no IES Val do Tea (Pas-seio de Matutino, 34). PONTE-AREIASRepresentaçom de 'Pan! Pan!',por Panadaría, e 'Saxo Tenor',por Faísca Teatro.

20 e 21.09.2013 / II ASPENI-ZAS FOLK / 20:00 em Para-mos. TUINa sexta feira inauguram amostra de artesanato e atuamvários grupos locais junto comPelepau. No sábado haverápassa-ruas e as atuaçons de NaRevolta e Berrogüetto.

21.09.2013 / JANTAR DE SO-LIDARIEDADE COM A CAM-PANHA CONTRA OS MAUSTRATOS EM PRISSOM / 14:30no C.S. Cova Dos Ratos (RuaRomil, 3). VIGOJantar popular vegano.

21.09.2013 / OBRADOIRO IN-FANTIL “CONSTRÚE O TEUPROPIO TUBO” / 16:00 naIgreja de Sam Rosendo. CELA-NOVANo Festival Espazos Sonoros.

21.09.2013 / CINEMA NO FES-TIVAL DAS BRÉTEMAS /19:00 no Cuore Bar (Avenidada Galiza, 1). PONTE-AREIASProjeçons de 'Con etiqueta', deAdriana P. Villanueva, e 'Candoo sol máis quenta', de AlbaProl.

21.09.2013 / NOITES DE TRI-VIAL / 22:00 no C.S. GomesGaioso (Rua Marconi, 9 -Monte Alto). CORUNHATodos os sábados.

21.09.2013 / ASAGHIEIRASMASTER FESTIVAL 2013 /22:00 em Larinho. CARNOTAConcertos de The Fe Kaos eMaskarpone, entre outros gru-pos, e atividades durante todoo dia: circo, jantar, artesanato...

21.09.2013 / FESTIVAL O SONDAS MÁMOAS / À tarde emCandeám. VIGOAtuam Chotokoeu, Skanda-loGz e outros grupos.

21 e 22.09.2013 / JORNADADE VOLUNTARIADO AMBIEN-TAL 'CHARCAS COM VIDA' /Todo o dia. JUNQUEIRA DE ESPADANEDO E MONTEDERRAMOJornada de recuperaçom econstruçom de charcas. Aloja-mento no albergue de Gabim.Mais informaçom emwww.adega.info.

27.09.2013 / CONCERTO DEDAS KAPITAL E GRAMPO-DER / 20:00 no C.S. LiceoMutante (Rua Rosalia deCastro, 100). PONTE VEDRAPolo aniversário do centro so-cial.

21.09.2013 / JANTAR DE SO-LIDARIEDADE COM OS PRO-JETOS CULTURAIS DA COVA/ 14:30 no C.S. Cova Dos Ra-tos (Rua Romil, 3). VIGOJantar popular vegano.

21.09.2013 / APRESENTAÇOMDE ‘NOITE~DÍA’ / 20:30 noC.S. Cova Dos Ratos (RuaRomil, 3). VIGOCom a presença do autor dopoemário, Alfonso LáuzaraMartínez. Organiza A Porta

Verde do Sétimo Andar.27.09.2013 / CONCENTRA-ÇONS POLA LIBERDADEDOS PRESOS INDEPENDEN-TISTAS / 20:30. BURELA, FE-RROL, PONTE VEDRA, COM-POSTELA, CORUNHA, LUGO,OURENSE e VIGOConvocatórias certas emhttp://www.ceivar.org/.

28.09.2013 / ATELIER DEACHEGAMENTO À MÚSICAANTIGA / 18:00 nos Moínhosde maré Poço de Cachom.MUROSNo Festival Espazos Sonoros.

28.09.2013 / JAZZOLOGÍA EMCONCERTO / 20:30 no Audi-tório Municipal Ilduara(AMIC). CELA-NOVA

No ciclo Rede de Música Sol-tas. Entrada a 5 euros.

28.09.2013 / CONCERTO DEPEZ DE NOZ / 20:30 no CaféBar Saraiba (As Laxas, 1).ALHARIZdentro do ciclo ‘Música conRisco’.

28.09.2013 / FESTIVAL DASBRÉTEMAS / 22:30 na FeiraVelha. PONTE-AREIASAtuam SkandaloGz, Rebeliomdo Inframundo ou Labregos doTempo dos Sputnikss, entreoutros grupos. À tarde haverámais atividades pola vila.

29.09.2013 / CONCERTO DECAXADE / 19:00 nas Salga-deiras de Moreiras (Museu

Etnográfico da Pesca e daSalga). OGROBENo Festival Espazos Sonoros.

01.10.2013 / OBRADOIRO DECESTARIA / 19:00 no C.S.Cova Dos Ratos (Rua Romil,3). VIGOTodas as terças-feiras.

01.10.2013 / CLUBE DE LEI-TURA / 19:30 no Ateneu Fe-rrolano (Rua Madalena, 202-204). FERROLTodas as primeiras terças-fei-ras de cada mês.

02.10.2013 / ATUAÇOM DEDANDYLADY / 20:00 no IESLucus Augusti (Avenida deRodríguez Mourelo, 0). LUGONo Festival Espazos Sonoros.

06.10.2013 / ATUAÇOM DEGOTHIC VOICES / 19:00 emSanta Maria de Armenteira.MEISNo Festival Espazos Sonoros.

11.10.2013 / V CONCERTOROCK SON DE TRAZO /20:00 em Vilouchada. TRAZOOrganiza a Associaçom Cultu-ral A Aldraba; atuam Machina,Familia Caamango, zënzar edesequilibrio Mental.

11.10.2013 / ESCOITAS ARRE-DOR DE... EMILIO CAO /20:00 no CGAC (Rua Valle In-clán, 2). COMPOSTELANo Festival Espazos Sonoros.

12.10.2013 / JANTAR DE SO-LIDARIEDADE COM A PRO-TETORA DE ANIMAIS SEMFRONTEIRAS / 14:30 no C.S.Cova Dos Ratos (Rua Romil,3). VIGOJantar popular vegano.

12.10.2013 / VISITA GUIADAAO CASTRO E CONFERÊN-CIA / 16:00 no castro de Ba-ronha. PORTO D’OÇOMMinistrada por Lorena LópezCobas sobre “O fenómeno so-noro na cultura castreja: umhaleitura através dos testemun-hos literários”. No Festival Es-pazos Sonoros.

12 e 13.10.2013 / ATELIER DEFOTOGRAFIA NOTURNA /17:00 no Ateneu Ferrolano(Rua Madalena, 202-204). FERROLInclui práticas no exterior. Ma-trícula em [email protected].

13.10.2013 / ATUAÇOM DECÍA. TRASPEDIANTE / 19:00na Fábrica de Cerámica deSargadelos. CERVONo Festival Espazos Sonoros.

As terceiras Olimpíadas populares vam serrealizadas em Alhariz nos dias 28 e 29Alhariz vai acolher, no fim de se-mana do 28 e 29 de setembro, aterceira ediçom das Olimpíadaspopulares galegas. A “vila olímpica” escolhida é a zo-na do polidesportivo de Vila-nova,na parte baixa da vila, à beira dorio Arnoia. Ali serám realizadas asprovas desportivas e estará situa-da a zona de acampamento.

A inscriçom está aberta a associa-çons e organizaçons sociais, quenom tenhem necessariamente queapresentar atletas em todas asdisciplinas. Apontar-se custa cin-co euros por pessoa e pode fazer-se até o dia 17 de setembro.As provas a competiçom som asseguintes: 100 metros lisos,5.000 metros lisos, 4×100 rele-

vos (estafeta), arrebolamento desacho, tiro de corda, salto de lon-gitude, pentassalto, luita, bilhar-da, brilé, voleibol, tiro com fisga etriátlon por relevos.As Olimpíadas disponhem dumblogue onde está a informaçom dehorários, atividades, regulamento,etc.: http://olimpiadaspopulares-

galegas.blogaliza.org/.

Meios, comunicaçom e poderA Escola normal (passeio deRonda, 47), na corunha, vai sero cenário dum seminário de ve-rao -do 16 ao 19 de setembro-sobre ‘Meios, comunicaçom epoder’. Organiza-o a Universida-de da corunha com a colabora-çom da Rede de Direitos sociais.

no seminário vam estar convida-dos Alberto pradilla, santiago Al-ba Rico ou pablo iglesias. Aliás,novas da galiza participa numha‘Mesa de Meios galegos’ compraza pública e sermos galiza.O programa completo está emhttp://rede.blogaliza.org/.

Adega organiza no domingo 29de setembro a iV Limpeza si-multánea de Rios. qualqueraassociaçom, escola, cámaramunicipal ou entidade de todotipo que queira participar só temque contactar com o endereçode e-mail [email protected]

ou informar-se em http://limpe-

za.proxectorios.org/.no ano passado dérom retirado10 toneladas de lixo com a co-laboraçom de 50 entidades em34 concelhos.

Limpezasimultáneade rios

de adeGa

em vila-nova

seminÁrio na corunha

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

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Novas da Gali a Apartado 39 (15701) cOMpOsTELA Tel. 692 060 607 [email protected]

Éramos iguais. Ou, polo me-nos, éramos demasiado pareci-dos. Um, ante a ideia de que su-cedam certas cousas, guarda aesperança de atuar doutro mo-do. convence-se de que o fariamelhor. E na hora da verdade,quando acontece na casa, as di-ferenças ficam num exercícioteórico, talvez num debate deaulas de tempos idos. Um pen-sa que, ante a catástrofe, vai serdiferente. E finalmente, é omesmo. As mesmas imagensinecessárias, os mesmos perfisde “vidas truncadas”, o mesmoperseguir os heróis circunstan-ciais, os mesmos linchamentos,o mesmo circo. Dos meios tra-dicionais -monstros moribundosdum modelo informativo que jánom serve, que é parte do pro-blema- pode-se esperar todo is-so e mais. E dos obreiros do gré-mio? Afinal, como mínimo, per-demos a perspetiva. Muitos en-tramos numha espiral nocivaque serviu para fazer o que seaguardava de nós. “isto, e nomoutra cousa, é o que há que fa-zer”, proclamou unha voz inter-na e coletiva. Assim se atuouentre titulares, colunas e emis-sons. E também nas redes so-ciais, oferecendo 'tuits' para oesquecimento. sucedêrom-seas parabenizaçons, a adula-çom, as bençons por sair citadoem meios de fora. Todo num ca-rrossel de 'limpeza de sabres',próprio e diário no grémio, masque em determinados dias, co-mo mínimo, resulta abafante.Alguém se imagina um médicoparabenizando nas redes so-ciais a outro polo seu trabalhoem determinados momentos?se isso aconteceu, que bem po-de ser, resulta igual de abafan-te. Talvez mais.

E nessas redes sociais, váriosjornalistas afirmárom que esta-vam cansados de receber liçonséticas da barreira. E um dá gra-ças de estar nessa barreira, deestar longe dumha redaçomdiária. por que? porque tam-bém perderia a perspetiva.Atuaria igual porque “isto é oque há que fazer.” Descobririaque era igual. O mesmo, a mes-ma merda. O colégio Oficial deJornalistas já anunciou um rela-tório sobre a cobertura realizadado acidente de Angrois. E umespera muita autocrítica, que seadmita isso precisamente: queéramos iguais.

Alberto Ramos

éramos iGuais

Em 2006 começa a tua andadu-ra com Tropa de Trapo, mas es-se nom é o teu primeiro con-tacto com o mundo dos contos,nom sim?Eu sempre gostei de ouvir e in-ventar histórias, mas o certo éque nunca me imaginei comocontadora. Quando cheguei àGaliza, topei com todo estemundo e começou a interessar-me cada vez mais, até que deci-dim dar o passo e contar nasNoites de Contos de Composte-la. A partir de aí comecei a for-mar-me com cursos de voz ou te-atro social, e pouco depois apa-receu a oportunidade de criarTropa de Trapo. desde aquelalevo muito contado em espaçosvariados.

Antía, Wamba e o regato peque-

no ou Contos coas Mans Aber-

tas som apenas alguns dos vos-sos espetáculos com transfun-do de solidariedade e coopera-çom. Esta mensagem chega aovosso público?O que nós intentamos é chamarà solidariedade de maneira posi-tiva e fugindo dos tópicos, por-tanto recorremos a histórias muipróximas, de gente que simples-mente contribui com o seu graode areia. Procuramos moveremoçons, em vez de apresentaros problemas dum modo mais

teórico. É assim como nós tenta-mos que chegue a mensagem, eé certo que temos tido momen-tos mui bonitos, em que perce-bes que fás pensar à gente, ouque alguém se emociona.

Neste tipo de espetáculos con-tas histórias de todo o mundo.Dirias que os contos som umhalinguagem universal?Há particularidades de cada lu-gar, mas as emoçons som algouniversal. Todas as tradiçonsorais tenhem muito em comum,por isso sempre tentamos inte-grar nas histórias e na músicaelementos doutras culturas. Onosso objetivo sempre é moveremoçons, e isso conseguimo-lotanto com um conto do Magrebcomo com um da Marinha.

Participas também no Coletivode Contadoras Oiches. Fala-nos um pouco desta iniciativa.Oiches somos um grupo de gen-te que defendemos a oralidade.Partimos de que todo o mundotem algo que contar, por issopromovemos contadas com mi-cro aberto, para que o públicogeral tenha um papel mais ativoe poda partilhar as histórias queconhece. Conhecemo-nos há jáanos, nas Noites de Contos deCompostela de que falava antes,e agora decidimos voltar juntar-

nos mudando pequenos aspec-tos daquele projeto inicial. Tra-ta-se de organizar-nos para di-namizar o mundo das contado-ras e animar todo a gente a se in-troduzir nele.

Mulher, e contadora. De quemaneira incide a questom dogénero neste ámbito em con-creto?É certo que há mais contadores,mas temos também referentesfemininos mui potentes. Por al-go as mulheres sempre estivé-rom mui ligadas ao mundo daoralidade! Falta ainda caminhopor andar e terreno por conquis-tar, mas temos mais presençaque noutros ámbitos.

A tua condiçom de “galegaadotiva” permite-che contras-tar realidades diferentes. Co-mo valorizarias a transmissomda oralidade na Galiza, compa-rando com outros contextoscomo o catalám?Na Galiza a oralidade está viva,e, ainda que seja de maneira in-consciente, a gente tem mui pre-sentes as histórias da família.Aliás, nos anos 90 houvo perso-nagens como Cadaval ou PaulaCarbalheira que soubéromadaptar o legado tradicional aosnovos tempos, introduzindo oscontos em espaços como os ba-

res ou os teatros. A diferençadoutros contextos como o cata-lám, eles e elas partírom dumhatradiçom que estava viva, nomtivérom que partir de zero, e en-contrárom um público que con-tinua a considerar que os contossom algo divertido. A minha ex-periência noutros lugares di-meprecisamente que a gente novaperdeu essa conexom com oscontos, e isso percebe-se. Por al-go eu aprendim aqui a contar!

A globalizaçom, as novas tec-nologias… Som muitos os fato-res que, também na Galiza, es-tám a alterar a transmissom dolegado oral. Desaparecerá aoralidade ou simplesmente vaiadotar novas fórmulas?Bom, seria de ilusas pensar quetodo isto nom está a afetar muitoà transmissom da oralidade,porque a ruptura com as gera-çons anteriores é cada vez maisforte e os espaços de socializa-çom mudárom muito. Mas eupenso que a mudança consisteem que há novas formas de ora-lidade, já que a palavra continuaa ter o mesmo poder de fascina-çom. Sobreviveu durante sécu-los e nom vai morrer agora, mashá que encontrar as formas deconectar com esta nova situa-çom, mais dominada pola cultu-ra audiovisual e as tecnologias.

“Na Galiza, a oralidade continua a estar viva”O.R. / Marta nom duvida quando lhe perguntamos se os con-tos podem mudar o mundo: “Podem, ainda que só sejamumha pequena semente”. Catalá de família andaluza e afin-cada na Galiza, leva a oralidade no próprio sangue. Há jásete anos que vem exercendo de contadora; sete anos emque, junto com Brais, o seu companheiro em Tropa de Trapo,

percorrérom boa parte dos liceus e praças galegas intentan-do plantar a sua “pequena semente” para “mover emoçons eagitar consciências”. Hoje fala-nos das sua trajetória, do es-tado do legado oral na Galiza e de Oiches, o Coletivo de Con-tadoras recentemente constituído em Compostela do qualtambém forma parte.

marta ortiz, contadora