ovas da gali a ‘o monte é nosso’ in tegra d ocl...

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nÚmero 127 15 de Junho a 15 de Julho de 2013 2 € periódico galego de informaçom crítica tattoo circus corunha 15 Maio acolheu a primeira parada no nosso país do Tattoo Circus, um mode- lo de festival solidário nascido em Ro- ma há cinco anos. Tatuagens, cabaré, palestras, concertos... integram-se nes- te arredor da luita anticárceres. memória de luitas 13 A LUAR foi umha das organizaçons mais ativas na insurgência contra a ditadura salazarista em Portugal. José Hipólito Santos, autor de dois estudos na matéria, reflete na memória escas- sa sobre a luita armada. N ovas da G ali a “Há algo que aprender da experiência de 600 anos de montes em mao comum” fRAN quIROgA integrante do coletivo ‘O monte é Nosso’ pág. 19 oPiniom O RELATO DAS INvISívEIS por maría vieites / 3 umHA HISTÓRIA DO AquI: O DIREITO A DECIDIR por Jesus Irago pereira / 3 SALvEmOS A NAÇOm por Xan Carlos Ansia / 28 suPlemento central a revista TEmpO, HISTÓRIA E pODER Pablo Domínguez expom como certas concepçons do tempo servírom como mecanismo de domínio ao longo da história LIÇONS DE HISTÓRIA Percurso por alguns filmes que ponhem em causa, com as formas fílmicas e a linhalidade cronológica, a historiografia hegemónica Testemunha direta relata os protestos em Istambul e reflexiona sobre o momento histórico que está a viver a Turquia / PÁG.12 A tradiçom marítima celebra-se em julho encontro de embarcaçons em outes O porto do Freixo, em Outes, acolherá em julho o XI Encon- tro de Embarcaçons Tradicio- nais da Galiza. O evento cai este ano numha vila com sona polas suas carpintarias de ribeira, e um dos eixos das jornadas será a história e futuro deste setor. De fato, cada vez mais estalei- ros procuram umha via na construçom de embarcaçons tradicionais para desporto e la- zer. Umha cultura, a da navega- çom tradicional, que ganha es- paço de vagar, sem elitismo e clubes náuticos. / PÁG. 25 Transformar o cárcere num espaço social recuPeraçom do Património No velho cárcere da Torre, na Corunha, os vizinhos de Monte Alto puiderom ver durante anos a figura da repressom franquis- ta ao pé das suas moradas. Ho- je, os mesmos vizinhos, man- tenhem umha luita para recu- perar o edifício, abandonado há anos. O colectivo Projeto Cár- cere quer criar um espaço de cultura e convívio mas também dar a conhecer o que ali passou. Os impedimentos, agora, ven- hem do concelho. / PÁG. 22 obras de ave aGridem zonas do rural Primeiros dias na praça de Taksim alta velocidade: umha nova navalhada à rede ferroviÁria Nos últimos anos a política ferroviária do Estado es- panhol apenas consistiu na construçom de vias de alta velocidade, avançando num modelo que prima os grandes núcleos de populaçom e deixa incomuni- cadas as zonas do rural. Porém, som estas zonas as que se vem mais afetadas por umhas obras que agre- dem espaços naturais protegidos e provocam des- troços em vivendas ou depósitos de água. Na Galiza, cujos caminhos de ferro som produto do centralismo espanhol e de interesses localistas, os planos do Es- tado impederám um desenvolvimento do trem acor- de com a realidade do país. / PÁG. 16-17

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Page 1: ovas da Gali a ‘O monte é Nosso’ in tegra d ocl vnovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz127.pdf · Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos

nÚmero 127 15 de Junho a 15 de Julho de 2013 2 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

tattoo circus corunha 15Maio acolheu a primeira parada nonosso país do Tattoo Circus, um mode-lo de festival solidário nascido em Ro-ma há cinco anos. Tatuagens, cabaré,palestras, concertos... integram-se nes-te arredor da luita anticárceres.

memória de luitas 13A LUAR foi umha das organizaçonsmais ativas na insurgência contra aditadura salazarista em Portugal. JoséHipólito Santos, autor de dois estudosna matéria, reflete na memória escas-sa sobre a luita armada.

Novas da Gali a

“Há algo que

aprender da

experiência de

600 anos de

montes em

mao comum”

fRAN quIROgAintegrante do coletivo‘O monte é Nosso’pág. 19

oPiniom

O RELATO DAS INvISívEIS por maría vieites / 3

umHA HISTÓRIA DO AquI: O DIREITOA DECIDIR por Jesus Irago pereira / 3

SALvEmOS A NAÇOm por Xan Carlos Ansia / 28

suPlemento central a revista

TEmpO, HISTÓRIA E pODERPablo Domínguez expom como certas concepçons do temposervírom como mecanismo de domínio ao longo da história

LIÇONS DE HISTÓRIAPercurso por alguns filmes que ponhem em causa, com as formasfílmicas e a linhalidade cronológica, a historiografia hegemónica

Testemunha direta relata os protestos em Istambul e reflexionasobre o momento histórico que está a viver a Turquia / PÁG.12

A tradiçom marítimacelebra-se em julho

encontro de embarcaçons em outesO porto do Freixo, em Outes,acolherá em julho o XI Encon-tro de Embarcaçons Tradicio-nais da Galiza. O evento cai esteano numha vila com sona polassuas carpintarias de ribeira, eum dos eixos das jornadas seráa história e futuro deste setor.

De fato, cada vez mais estalei-ros procuram umha via naconstruçom de embarcaçonstradicionais para desporto e la-zer. Umha cultura, a da navega-çom tradicional, que ganha es-paço de vagar, sem elitismo eclubes náuticos. / PÁG. 25

Transformar o cárcerenum espaço social

recuPeraçom do Património

No velho cárcere da Torre, naCorunha, os vizinhos de MonteAlto puiderom ver durante anosa figura da repressom franquis-ta ao pé das suas moradas. Ho-je, os mesmos vizinhos, man-tenhem umha luita para recu-

perar o edifício, abandonado háanos. O colectivo Projeto Cár-cere quer criar um espaço decultura e convívio mas tambémdar a conhecer o que ali passou.Os impedimentos, agora, ven-hem do concelho. / PÁG. 22

obras de ave aGridem zonas do rural

Primeiros dias na praça de Taksim

alta velocidade: umha novanavalhada à rede ferroviÁria

Nos últimos anos a política ferroviária do Estado es-panhol apenas consistiu na construçom de vias dealta velocidade, avançando num modelo que primaos grandes núcleos de populaçom e deixa incomuni-cadas as zonas do rural. Porém, som estas zonas asque se vem mais afetadas por umhas obras que agre-

dem espaços naturais protegidos e provocam des-troços em vivendas ou depósitos de água. Na Galiza,cujos caminhos de ferro som produto do centralismoespanhol e de interesses localistas, os planos do Es-tado impederám um desenvolvimento do trem acor-de com a realidade do país. / PÁG. 16-17

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02 oPiniom Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

o Pelourinho do novas

carta aberta a Javier dorado

Caro Javier Dorado:Escrevo-che porque estou preo-cupado, muito, polo teu futuro.Venho de ler na página do Parla-mento da Galiza a tua declaraçomde bens e sinto arrepios e muitacuriosidade. Arrepios, à vista daalta, altíssima, quantidade de di-nheiro que um moço de 25 anoscomo tu, há pouco licenciado esem umha longa carreira profis-sional, deve aos bancos. Vejo natua declaraçom de patrimónioque pediste umha alta suma a No-vaGaliciaBanco e ao Banco Pas-tor: um “empréstimo pessoal” porvalor de 6.500 euros, outro por71.756,38 euros e umha hipotecapor 113.547,78 euros. E num mui-to curto espaço de tempo. Soma-dos, resulta unha quantidade to-tal de 191.804,16 euros.

Se algo me rói na cabeça é a se-guinte questom: se para pedir umcrédito fai falha endossar e aotempo contar com uns ingressosque garantam o pagamento, quebens endossaste tu, moço de 25

anos, e com que ingressos contastu, deputado do Parlamento daGaliza para que os bancos estejamseguros de que vás pagar? Porquede momento és parlamentário ecobras um bom soldo, mas dentrode quatro anos há eleiçons. Senom sais elegido, se ficas sem tra-balho, que? Embargarám-che a ca-sa e solicitaremos @s membros deStop Despejos, ‘filo-terroristas’dim no teu partido, que evitem quea polícia te bote do teu piso?

Estou muito preocupado por-que vejo que um dia destes ficassem emprego e sem poder pagara hipoteca e nom gostaria de ver-te num caixeiro, cousa que nospode passar a qualquer umha. Ousabes que vás seguir de deputadona próxima legislatura? Que sedeixas de ser deputado vas tertrabalho? E se o sabes, como,quando a maior parte dos mortaisnom sabem quanto vai durar o úl-timo contrato que assinárom?Outra possibilidade, é teres outrotrabalho para pagar a hipoteca:repartindo pizzas em moto, oupublicidade polas caixas de cor-reios por uns 600 euros ao mês?

Claro que confio em que corrasa mesma sorte que, dim algum-

has más línguas, correste antesde acabar a carreira de direito.Parece que foste contratado comoassessor da Conselharia de Eco-nomia e Industria por 60.000 eu-ros ao ano. E será certo? Se é, gos-taria de saber como foi o processode contrataçom, que méritos e va-lia vírom em ti sem acabares acarreira. Igual poderia apresen-tar-me eu a este tipo de ofertas detrabalho que, cousa rara, nuncavejo nas listagens do INEM nemwebs de demanda de emprego.

Em fim, caro, espero che vaiabem e nom te vejas, por unha vez,nas mesmas que @s moç@s ga-leg@s: trabalhando por umha mi-séria, no paro e vegetando nas ca-sas dos pais/mais ou caminho daemigraçom. Porque tu tiveste sor-te, muita sorte. Pós-lhe vela a al-gum santo em concreto?

Um moço desempregado

Durante as horas de dianom cala a constante eabrumadora martelada

na ria. As obras do viaduto doUlha, polas quais passarám viasde alta velocidade, além de mu-dar as correntes das águas, ali-mentar-se da precariedade labo-ral e desmantelar a rede conven-cional, estám a pendurar dos ou-vidos das galegas o ruído do pro-gresso na sua vida quotidiana.Quer dizer, o ruído das tunelado-ras que atravessam os vales, oruído dos acidentes laborais nas

megaestruturas, o ruído das cai-xas das empresas construtoras afazerem milhons de euros, o ruí-do das fontes e poços que ficamsem água. De tam presente queestá o som das obras, algumhasvizinhas dim que já nom o apre-ciam, que se acostumaram a ele.

Defender a chegada do com-boio de alta velocidade à Galizapode também ser o sintoma deumha perda de capacidade sen-sorial, de ter interiorizado os ruí-dos estruturais como ritmo debaile ou de defender interesses

contrários ao cuidado do territó-rio. Os grandes partidos galegoscom representaçom parlamentarnos últimos tempos nom pugé-rom nunca em questom o impac-to ambiental e social que supo-nhem a construçom das vias doAVE na Galiza. Há uns anos,mesmo o nacionalismo institu-cional mobilizava-se sem o dubi-dar pola pronta chegada destainfraestrutura colonial.

O fetiche da velocidade nascomunicaçons está a alicerçarumha nova agressom contra o

território. Um traçado mui poucorespeitoso com o ambiente estáa arrasar viçosos vales no inte-rior do país e a desmantelar a re-de convencional que prestavaserviço a múltiplas localidades.Ainda que esta rede convencio-nal tampouco seja um exemplode planificaçom conforme àsrealidades socioeconómicas dopaís, a arremetida das vias de al-ta velocidade impedirá qualquertipo de modificaçom para umhamelhor divisom territorial da re-de de caminhos de ferro.

As obras do AVE explicitam opapel do Estado como garante daclasse empresarial e poderosa jáque se está a dotar de milhares

de milhons a grandes compa-nhias, neste casso as grandesconstrutoras que levam as adju-dicaçons para construírem as no-vas vias. Há dados que som reve-ladores: aguarda-se que com osrecentes cortes em serviços fer-roviários a poupança para o Es-tado espanhol seja de cerca de 50milhons de euros, mais ou menoso que custa a construçom de umtramo de 2 quilómetros de AVE.

O Estado, a velocidade, o ruí-do... som a oferta única que osmercados tenhem para a Gali-za. Razom de mais para arga-lhar vias próprias, além da ilu-som desenvolvimentista e as re-des do Capital.

Ruído e alta velocidadeeditorial

humor carlos calvo

D. LEGAL: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. Os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

EDITORAA.C. mINHO mEDIA

CONSELHO DE REDAÇOmIván g. Riobó, Aarón López Rivas, Rubénmelide, Xavier miquel, Antia Rodríguez gar-cía, Raul Rios, Xoán R. Sampedro, Olga Ro-masanta, Alonso vidal, paulo vilasenin

SECÇONSCronologia: Iván Cuevas / Economia:Aarón López Rivas / Agro: paulo vilasenine Jéssica Rei / mar: Afonso Dieste / media: Xoán R. Sampedro e gustavo Luca /Além minho: Eduardo S. maragoto / povos: José Antom ‘muros’ / Dito e feito:

Olga Romasanta / A Denúncia: Iván garcía/ Cultura: Antia Rodríguez / Desportos: An-jo Rua Nova, Isaac Lourido e Xermán vilu-ba / Consumir menos, viver melhor: XanDuro / A Criança Natural: maria ÁlvaresRei / Agenda: Irene Cancelas / A Revista:Rubén melide / A galiza Natural: JoãoAveledo / gastronomia: Luzia Rgues., SinoSeco / Língua Nacional: valentim R. fagim / Criaçom: patricia Janeiro / Cinema:Xurxo Chirro

DESENHO gRÁfICO E mAquETAÇOmHilda Carvalho, Joám fernandes, manuel pintor, Helena Irímia

fOTOgRAfIAArquivo NgZ, Sole Rei, galiza Independente(gZI-foto), Zélia garcia, Borja Toja

ADmINISTRAÇOmJosé viana e Carlos Barros gonçales

LOgíSTICA E puBLICIDADEJosé viana e Daniel R. Cao

AuDIOvISuAL: galiza Contrainfo

HumOR gRÁfICOSuso Sanmartin, pestinho, Xosé Lois Hermo,gonzalo, Ruth Caramés, pepe Carreiro, mincinho, Beto

CORREÇOm LINgÜíSTICAXiam Naia, fernando Corredoira, vanessa vilaverde, mário Herrero, Javier garcia, Iván velho

COLABORAm NESTE NÚmEROCarlos Calvo varela, Jesus Irago pereira,maría vieites, Zélia garciavera-Cruz montoto, Xavier R. fidalgo,m.B., João Aveledo, Sérgio Caamanho,José Cadaveira, Xan Carlos Ánsia,pablo Domínguez, Rute André,Ellise Dacosta, Julio vilariño

fECHO DE EDIÇOm: 19/06/2013

ERRATAS. A entrevistada pola Ciran-da no passado mês era Carme Sabo-rido. A ilustraçom da página 3 é deRuth Caramés. A fotografia da página2 d’A Revista pertence ao arquivo daReal Academia Galega.

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Miña irmá, miña irmá, miña amiga,

tan igual a min e tan distinta,

dáme a man e faremos cordada,

ven comigo, miña camarada.

Ela chama-se Lola , tem 38anos e há umhas semanassentiu-se invisível. Todos os

dias se levanta às 7 da manhá, bebeum café rápido e vai junto com seuhomem mugir as 40 vacas que te-nhem. Sobre as 8 e media da ma-nhá volve a sua casa, desperta oseu filho e a sua sogra e deixa-osalmoçando enquanto que ela volveà quadra para rematar o trabalho.

Às 10 da manhá e já de volta à

casa , almoça de vagar e saboreiaesses 15 minutos que som só delaporque ao longo do dia nom há-de ter mais. Os róis som muitos:a cuidadora, a mai, a esposa, a fi-lha, a irmá, a tia…

Lola é mui querida e apreciadana sua casa (É tam trabalhadora!!)mas há vezes que desejaria ser ou-tra pessoa e fugir a onde nom aconhecessem, mas nom o fai.

Há umhas semanas sentiu-se in-visível . Chamou a empresa à quelhe vendem o leite para aclarar um-has dúvidas que tinha. Ao outro la-do do telefone estava una moça no-va. Nunca falara com ela e desdeesse dia nom o quer volver fazer.

Lola perguntou-lhe por uns des-contos que se lhe aplicárom no

preço do leite desse mês e a moçaperguntou-lhe o número do bilhe-te da pessoa titular da exploraçomque neste caso é o do seu compa-nheiro. Ela dixo-lho de corrido,depois de tantos trâmites (maisoutro rol) já o sabe de memória.

Pois bem, segundo a lei de pro-teçom de dados (ou isso lhe dixé-rom) nom lhe podia dizer nada.Essas dúvidas só as podia comen-tar com a pessoa titular da explo-raçom. Ela já estava acostumadaa este tipo de respostas e explicou-lhe que ainda que o titular fosse oseu marido ela também estava co-tizando e trabalhava tanto ou maisdo que o homem que figurava nacabeceira das faturas. Dixérom-lhe que de ser assim envia-se por

fax umha autorizaçom assinadapolo titular para poder dar-lhe ainformaçom.

Lola desligou o telefone.Quando me relatava os feitos

empregava a retranca (Mira quebem, que já tenho a razom paranom levantar-me a mugir, nom irà erva, nom ir à Oficina Agrária…total, eu nom conto como ganadei-ra) mas nos seus olhos havia rai-va, impotência, dor…

Em 10 anos nunca tal cousa vive-ra e doía muito. A mim também medoíam as suas palavras porque ain-da que cada caso é distinto, é umharealidade mui palpável no país.

Sentim-me identificada com oseu relato. Dá igual o teu esforçodiário, o teu trabalho, a tua valia…se nom estás identificada, nomexistes, nom és parte da sociedade.

Chegou-me este relato num mo-mento decisivo para as mulheres.Onde os recortes em sanidade,

educaçom, dependência nos so-mam ainda mais peso do que le-vamos. Num momento onde oshomens e curas querem decidirsobre o nosso útero.

Ainda temos que escuitar essagrande mentira de que as mulhe-res temos os mesmos direitos doque os homens. Que já consegui-mos a igualdade.

Enquanto em qualquer colégiodo país as nenas e moças seguema ser vítimas dumha sociedademarcada polo culto ao corpo. Fa-zendo que se odeiem nessa etapada vida tam importante na cons-truçom da sua personalidade.

Rachemos com essas dinâmicasque nos afogam, sejamos livres pa-ra dizer nom. Teçamos redes deapoio e luitemos para que nos ve-jam. Participemos e falemos entrenós. Se algo nos caracteriza às mu-lheres galegas é a nossa força.

Rachemos coa invisibilidade!!

03oPiniomNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

oPiniom

No ano 72 andávamos àsportas, mais uma vez, deuma grande crise do siste-

ma capitalista e nas cidades de Vi-go e Ferrol a agitação e os protes-tos eram com muito os mais im-portantes que se deram na Galizaapós o levantamento fascista.Pouco mais tarde chegavam paraas minhas mãos os primeiros pan-fletos políticos. Vinham de Vigo eos correios -sem carga partidáriaalguma- eram de dois moços domeu povo que moravam na cida-de olívica. Basicamente panfletosda UPG e da sua Frente Obreira edo PCE e CC.OO. Dos comunistasespanhóis o seu órgão oficial “Lavoz del Pueblo”, praticamente to-do em espanhol, a mesma línguaque maioritariamente tambémutilizava CC.OO nos seus comu-nicados. Ainda a estas alturas oespanholismo não tinha assumi-do a língua e a simbologia nacio-nal. De facto, foram assumindo -formalmente- na medida em queo nacionalismo ia impondo o seuprotagonismo na vida política doPaís. Pela minha parte comecei amilitar na UPG no ano 78 e no 25de Julho deste mesmo ano topei-me com um de aqueles moços quetraziam os panfletos de Vigo comquem estivem a escutar na Praçada Quintã -entre outros- a Teles-foro Monzón. Não passaria muitomais de três anos para ver o moçomilitando na extrema direita es-panhola e no Opus dei, ao que fo-ra Secretário Geral do partido em

que militava colaborando comCacharro Pardo em Lugo e o ca-marada que me integrara na UPGfazendo campanha pelo PSOE.

No ano 80 e sobretudo após ogolpe de estado de 81, no seio daUPG abriu-se o debate do que fa-zer com a ANPG, o qual rematacom o sacrifício da mesma e o ca-minho à criação do BNG ficavaaberto, coisa que acontece a finaisdo ano 82 na assembleia de Ria-zor na Corunha. A deriva ideoló-gica começava a sua andaina peloque nos anos 85-86 a UPG recon-sidera a sua política com respeitoàs instituições e o debate pela jurada constituição remata no ano 87com a mais importante cisão quese dera nunca no seio do Partidoaparecendo o PCLN que juntocom uma pequena GC e coletivosindependentistas formalizam noano 88 a FPG. Todos estes movi-mentos, sem dúvida de uma gran-de importância, verão-se acres-centados com a presença doEGPGC. As possibilidades de en-cetar um movimento real ruptu-rista e independentista na Terrapor fim se poderia ver materiali-zada. A importância numérica damilitância e o apoio social do mo-mento convertiam-no certamenteem histórico.

Foi um sonho, em apenas doisanos todo se afundou. A incoerên-cia, a falta de compromisso e so-bretudo a irresponsabilidade d@scompanheir@s chamad@s a diri-gir este incipiente movimento fi-cavam muito longe de ter a madu-reza que um momento tão impor-

tante requeria. À ruptura da FPGe à aparição de APU soma-se umEGPGC fora da realidade. Um e ooutro rematam por desaparecer.A finais da década de 90 inicia-seo chamado Processo Espiral queculmina com a criação de Nós-UP.Mas as tensões internas que des-de o início teve este processo re-matará por rompê-lo ficando mar-ginalizado e controlado por Pri-meira-Linha, que tem as suas ori-gens na sucursal galega do Movi-mento Comunista. O últimointento por aglutinar um indepen-dentismo exausto e débil passapor Causa Galiza, hoje em estadode catatonia.

Apenas fai pouco mais de umano o BNG culmina a sua derivacom uma ruptura aparecendoCompromiso por Galicia e Anova,depois de um falso debate que foichamado Novo Projeto Comumque tem no messiânico BeirasTorrado o seu máximo e único lí-der, acompanhado entre outros,da sempre incoerente FPG e a sua“Posición Soto”. Certamente o

Novo Projecto Comum no seumomento teve a participação doexausto e débil independentismoachando, na sua inocência, quepoderia ser o projeto chamado amaterializar o movimento ruptu-rista e independentista. Propuse-ram-lho assim a Beiras Torrado,que como bom politicote regou-lhes os ouvidos com aquilo quequeriam escutar. Pretender queBeiras Torrado –nas suas palavras“independentista não praticante”-e os seus acólitos abraçaram umaalternativa de esquerdas rupturis-ta e independentista era simples-mente uma toleima. De factoAnova remata com o espanholis-mo do PCE-Esquerda Unida nacoligação AGE

Nos últimos 60 anos o esforçodo nacionalismo por se converterna força referente da esquerda naGaliza foi uma luta constante quesemelhava superada desde finaisda década de 70 e constatada nadécada de 80. De facto, a esquer-da formal do espanholismo PCE-esquerda unida, como muito ti-nha alcançado no parlamento au-tonómico um deputad@, e inclu-sive no mundo do trabalho a In-tersindical superava com muito aUGT-CCOO quanto a poder demovilização da classe trabalhado-ra galega. Fruto de essa supera-ção foi possível a convocatória e osucesso das grandes greves geraisem Galiza. Tudo este esforço estáclaramente ameaçado ultima-mente graças à inestimável ajudaque o reconvertido politicote Bei-ras Torrado está a prestar-lhe ao

PCE-Esquerda Unida apanhan-do-lhe cinco disputad@s nas últi-mas eleições autonómicas coisaque jamais sucederá. Basta dizerque nas autonómicas do 2008apenas chegavam a 18.000 votos,sendo na prática uma força teste-munhal na vida política do País. Acoisa não remata aqui, a últimainformação que tenho constatadaé que gente que militou quandoeu no PCLN e inclusive noEGPGC está propor a entrada emEsquerda Unida. Reconheço quedepois de quase quarenta anos demilitância há coisas que não dei-xam de assombrar-me pelo queem muitas ocasiões fico a pensarque coisa é que tem a terra destaTerra que sempre os porcos aca-bam de pé.

Hoje, depois de toda esta andai-na, UPG e BNG estão a reclamarum movimento rupturista e sobe-ranista -por força independentistae de esquerda- baseado no “direi-to a decidir”, quer dizer, o direitode autodeterminação. Mas aindadentro do Bloco há vozes que es-tão a dizer que assumir estas po-sições políticas é uma volta 30anos atrás. Afirmo e acredito queo nacionalismo assume estas rei-vindicações ou não é nacionalis-mo. Em qualquer caso @s mili-tantes nacionalistas temos o di-reito a reclamar do BNG e daUPG a coerência que fomente aconsciência nacional e de classedo nosso povo. Só assim podere-mos alcançar o objetivo final detodo nacionalista: a independên-cia e o socialismo na nossa Terra.

Uma história do aqui: o direito a decidirJesus Irago pereira

O relato das invisíveis

maría vieites

A militância nacionalista tem o direito a reclamardo BNg e da upg a coerência que fomente a consciêncianacional e de classedo nosso povo

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04 acontece Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

NGZ / As denúncias contra a minade Corcoesto de diversos gruposecologistas forom dando passo aampla rede ContraMINAcción,que o passado 2 de junho juntavaa miles de manifestantes na com-postelá Praça da Quintá. A mobili-zaçom fixo visível a magnitude daoposiçom cívica nom só contra amina de ouro a céu aberto de Cor-coesto, senom contra qualquerprojeto de mineraçom “agressiva”projetado na Galiza. Mas nem ascríticas dos colectivos cidadáns ouda opossiçom parlamentária pa-rescem frear as intençons do pre-sidente da Junta, Alberto NúñezFeijoo, ou de Edgewater, a trans-nacional canadiana que levaráadiante o projeto de Corcoesto.

Assim, através dum comunicadooficial sobre a situaçom atual doprojeto, Faino George Salamis, pre-sidente de Edgewater Exploration,asegurava que a tramitaçom reque-rida pola Junta estaria finalizadaeste verao, polo que se poderia co-meçar a operar no terreio. No mes-mo comunicado, e fazendo referên-cia ao estudo socioeconómico de-senvolvido em 2011 por NW Con-sultores e o Idega da Universidadede Santiago, volve afirmar que a mi-na de Corcoesto criará no primeiroano de funcionamento 1.600 postose trabalho directos e indirectos.

Além do emprego “qualificado”,

a transnacional destaca no textoideias como o carácter “ecológico”do projeto, o “desenvolvimento sos-tível da regiom” ou o “estímulo adiversificaçom” económica da co-marca. Todo o contrário do que de-

nunciam os colectivos cidadaosque provocará a mina, que ocupa-ria umha superfície semelhante àmetade de Compostela.

Pola sua banda, a Junta continuarespaldando o projeto pese ao au-

mento do descontento social comeste. Feijoo sublinhou várias vezesque Edgewater deverá cumprir to-dos os requisitos legais e ambien-tais e que os técnicos de indústria emeio ambiente ainda nom conce-derom a autorizaçom. Mas, polaoutra banda, o presidente tambémasegurou o seu apoio ao setor damineraçom na Galiza, sempre como galho de criar emprego. Umapoio que, além das declaraçonsoficiais, fica patente na subvençomde 300.000 euros aprovada noDOG do 7 de junho para o “fomen-to do setor mineiro galego”.

O impacto da minaPara poder extraer 1,6 gramos deouro necessita-se processar umhatonelada enteira de rocha. Era umdos dados que dava Serafín Gon-zález, presidente da Sociedade Ga-lega de Historia Natural (SGHN),durante o I Encontro galego sobreo impacto da mineraçom, celebra-do em Teio no mês de fevereiro, on-de expertos e redes cívicas se reu-nirom para contribuír à formaçomdum argumentário empírico contraa mineraçom agressiva. O expertotambém alertou de que, por cadaquilo de ouro extraído em Corcoes-to, será precisso consumir 128 qui-los de cianuro e gerar 4.000 tonela-das de refugalhos entre os qualeshaveria 250 quilos de arsénico.

aconteceO fenómeno dos centros sociais continua aaumentar. O 31 de Maio abria as portas emBurela o centro social Xebra, que quer ser“um novo motor para a Marinha do pre-sente para o futuro” e dar saída ao inquie-tamento cultural e político da comarca.

abre o novo centro social Xebra em burela

O coletivo ecologista lançou a campa-nha “Atropelos, non grazas” com o galhodo Dia Mundial do Ambiente. O objetivoé a sinalizaçom dos pontos negros deatropelos de fauna selvagem e conscien-cializar à cidadania do problema.

verdeGaia contra os atroPelos da fauna

10.05.2013 / Estudantes da USCvolvem fechar-se em Históriapara reclamarem espaços deestudo abertos 24 horas.

11.05.2013 / Mesa pola Normali-zaçom Lingüística denunciaque Audasa está a substituir osúnicos sinais em galego da AP-9 por outros em espanhol.

12.05.2013 / Carlos Negreira, al-calde da Corunha, pede à Vir-gem que "interceda polos queestám a passá-lo pior" como

"os desempregados, os margi-nalizados e os doentes".

13.05.2013 / Mais de 50 barcosmanifestam-se frente a Gánda-ra, na ria de Muros-Noia, parareclamar à UE umha políticapesqueira sustentável.

14.05.2013 / Anonymous hackeaa web do PP de Ponte Vedra.

15.05.2013 / Cáritas diz que120.000 galegos e galegas vi-vem em situaçom de pobreza

“severa” e 650.000 estám emrisco de exclusom.

16.05.2013 / Pessoal de Navan-tia pom lume a dous mecoscom os rostos de Alberto Nú-ñez Feijoo e José Manuel Rey.

17.05.2013 / Milheiros de pes-soas manifestam-se em Com-postela com Queremos Galego.

18.05.2013 / Morre atropelado oúltimo cervo macho do entornonatural das Salinas (Vila Boa).

19.05.2013 / Vizinhos de Cabralmanifestam-se contra o comple-xo comercial em Linheirinhos.

20.05.2013 / Gamesa anuncia odespedimento de 394 emprega-dos, 80 deles nas Somozas.

21.05.2013 / Junta renova auto-rizaçom ambiental à Ferroatlán-tica, Arteijo, Química e Indus-trias Losán.

22.05.2013 / Centos de pessoasmanifestam-se contra a privati-

zaçom da Justiça nas sedes ju-diciais das principais cidadesgalegas.

23.05.2013 / Casal de Lugo écondenado a quatro meses deprisom por nom escolarizar afilha durante 124 dias.

24.05.2013 / Adrián Varela, verea-dor de Desportos de Santiago, im-putado na operaçom Pokémon.

25.05.2013 / Uns oitenta veícu-los participam numa tratorada

cronoloGia

Edgewater conta com começar o projetode mineraçom em Corcoesto este verao

feiJoo asseGura “aPoio ao setor” Pese a oPosiçom PoPular

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empresárioviguês agridesindicalistasNGZ / O proprietário de MarielBoutiques, a cadeia de tendasde roupa viguesa, foi denun-ciado por agressons e insultosno passo dumha protesta au-torizada frente ao seu domicí-lio o passado 6 de Junho. ACIG convocara o 'escracho'frente ao domicílio de JoséCovelo González, no caminhode Sabaxáns (perto de Lava-dores) para reclamar o pagode vários salários e a indem-nizaçom a umha trabalhadoraque foi despedida ao pedir areduçom da jornada laboralpara cuidado dumha filha, eque nesse momento se topavade baixa por acosso laboral.

Esta trabalhadora foi preci-samente a que apresentou um-ha denúncia por insultos, en-quanto outras duas apresentá-rom denúncias por agressonstrás receber assistência médi-ca no serviço de urgências vi-guês. Desde a federaçom deServiços da CIG explicam queo empresário começou a alte-rar às dez pessoas concentra-das desde o seu carro. Nessemomento, desceu do mesmo egolpeou a umha das trabalha-doras tirando-a ao cham decostas. Ao tentar fugir de novono seu turismo, bateu contra ocarro da segunda trabalhadoralesionada que chegava à pro-testa nesse momento.

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05aconteceNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

NGZ / O presidente da Associa-çom de percebeiros do Atlánti-co, Roberto Mahia, apressentouumha denuncia contra a Con-fraria da Corunha por supostasirregularidades, onde se explici-ta que os responsáveis da Con-fraria vendiam em paginas deInternet a metade de preço asequipas de salvamento maríti-mo que lhes entregava a Junta.Ademais, da Associaçom tam-bém afirmam que tenhem pro-vas de que as indenizaçons quepagava a Junta polos trabalhosde regeneraçom iam destinadasa familiares diretos dos repon-sáveis da Confraria, inclusive apessoas finadas e que nalgumscasos ultrapassárom os 60.000euros por unidade familiar. Ospercebeiros atlánticos (que re-pressentam o 90% dos perce-beiros na zona) ameaçam comcomeçar movilizaçons e fechesse nom se lhes escuita e acusamdiretamente à Conselheira deMar, Rosa Quintana e ao Secre-tario Geral de Meio Rural e MarFrancisco José Vidal Pardo, deignorar ás suas reclamaçons.

Suposto caso de corrupçom na comarca de OrtegalOutra das denuncias que apare-cêrom nas ultimas semanas, foipor umha possível desviaçom defundos europeus destinados ao

Grupo de Açom Costeira (GAC1) na zona de Ortegal. O tesou-reiro da Junta Diretiva, ManuelVicente González, foi destituídopor denunciar mala gestom naConfraria de Celeiro e segundoas suas palavras, já que na Con-fraria utilizam-se fundos euro-peus que pouco tenhem a vercom o setor profissional da pes-ca e sim com fins partidistas. As-sim se denúncia em dous atos fi-nanciados com dinheiro públi-co, como a feira do berberechoe sobre as Jornadas Técnicas deDifussom do Setor Pesqueiro,onde segum os denunciantes“fôrom mais um desfile de polí-ticos de Madrid que umha feirado setor”. Todo isto tendo emconta que o presidente da Con-fraria de Celeiro, Máximo Díaz,está imerso num processo judi-cial por falsificar documentospúblicos para obter o título depatrom de iate.

Confraria da Corunharevendeu equipas desalvamento da Junta

Os factos teriam-se produzido um dia depois de que omesmo agente, vestido “à paisana”, lhe requisitasselarpeiradas para a venda e o bilhete de identidade.BNG, AGE, Foro Galego da Inmigraçom e AsociaciónSen Papeis denunciárom o constante acosso à popula-çom nigeriana na cidade por parte do concelho.

aGressons Policiais a niGerianos na corunha

As penas solicitadas pola fiscalia aos quatro jovens julga-dos na Audiência Nacional os dias 24 e 25 de Junho so-mam um total de 64 anos de cárcere, ao figurar entre asimputaçons por primeira vez a “pertença à banda arma-da”. De serem condenados, sentariam-se as bases jurídi-cas da existência dumha organizaçom armada na Galiza.

fiscalia Pede atÉ 20 anos de Prisom Por “banda armada”

em Ginzo de Límia contra oprojeto da mina de feldespato.

26.05.2013 / Suso Seixo é reele-gido secretário geral da CIGpor quarta vez.

27.05.2013 / Morre um vizinhode Frades trás cair do trator aum poço negro. Em Cesuras,I.M.V. falece ao lhe cair em ci-ma o eucalipto que talava.

28.05.2013 / PP vota no Parla-mento galego a favor de elimi-

nar as quitas aos preferentis-tas e rejeita no Congresso es-panhol umha iniciativa similar.

29.05.2013 / Comités de empresade Renfe, Feve e Adif concen-tram-se na Corunha contra a su-pressom de serviços e paradas.

30.05.2013 / Trabalhadores donaval, preferentistas, activistasanti-despejos e empregados deserviços públicos obrigamcom os seus protestos a sus-pender o pleno de Ferrol.

31.05.2013 / Alberto Núñez Fei-joo é apupado por sindicalistasno IX Congresso da UGT-Gali-za, onde intervinha como con-vidado.

01.06.2013 / Por volta de um mi-lhar de pessoas marcham umano mais contra a presença daEnce na ria de Ponte Vedra.

02.06.2013 / Milheiros de pes-soas manifestam-se em Com-postela baixo o lema ‘Galizanom é umha mina’.

03.06.2013 / Polícia despejapreferentistas que levavam 6meses fechados na casa doconcelho do Rosal.

04.06.2013 / PSOE fai-se com aalcaldia do Valadouro trás um-ha moçom de censura patuadacom o BNG e o partido inde-pendente Udival.

05.06.2013 / Trabalhador de Na-vantia é detido no Val (Narom)acusado de atentado à autorida-de polos incidentes do dia 30.

06.06.2013 / Gonzalo Trénor, de-putado do PP, assegura no Par-lamento galego que no atualmomento de crise “há que aju-dar à igreja” católica.

08.06.2013 / Foro Galego deImigraçom denuncia agressomda polícia corunhesa contraum migrante nigeriano.

09.06.2013 / Centos de pessoasafetadas pola comercializaçomde participaçons preferentesmanifestam-se no Rosal.

cronoloGia

R.R. / Anova encetou a sua pri-meira Assembleia Nacional des-de o seu nascimento em julho de2012. Com menos dum ano deandaina e um processo eleitoralpolo meio, a organizaçom deviamadurecer as suas teses políticae organizativa para “pôr-se a tra-balhar de cara à sociedade”, empalavras do reeleito vozeiro na-cional, Xosé Manuel Beiras.

A reeleiçom de Beiras como lí-der do projeto foi o grande pontode encontro da assembleia, quepolo demais estivo marcado porintensos debates entre as variassensibilidades políticas que con-vivem em Anova. Sensibilidadesque agora estarám obrigadas achegar a acordos e manter a con-vivência numha CoordenadoraNacional (CN) heterogénea compresença do Encontro Irmandi-nho (EI), Frente Popular Galega(FPG), Movemento pola Base(MpB) e independentes.

Um dos principais pontos dedissensom era o sistema de elei-çom de representantes no CN.

Enquanto a velha guarda do EI,nucleada por Mario López Rico eLuís Eyré 'Palleiro', apostava porlistas fechadas proporcionais; osetor mais novo do EI com o re-ferente de Martinho Noriega oua FPG e o MpB defendérom ométodo das listas abertas como omais democrático. Foi finalmenteeste último o que foi aprovado, sebem com umha correçom paraimpedir o controlo da CN porparte de nenhuma corrente: cadamilitante só podia votar a 36 dos75 membros (um 48%).

Deste jeito, e segundo refletemfontes consultadas polo GaliciaConfidencial, o plantel extra-ofi-cial do EI tradicional conseguiriaentrar com 36 membros na CN,enquanto o grupo de MartinhoNoriega ficaria com 10 ou 15 re-presentantes e do plantel da FPGentrariam 25 pessoas.

Segundo fontes consultadaspor este jornal, os grandes per-dedores fôrom os independen-tes cujos nomes nom faziamparte dos planteis de grupos or-

ganizados, sendo difícil ter lu-gar num cenário tam polarizadoentre correntes.

Alianças eleitoraisUm outro tema a tratar forom asfuturas alianças eleitorais de Ano-va. Enquanto alguns setores apos-tava por consolidar AGE, a posi-çom maioritária foi manter a sobe-rania de Anova para escolher com-panheiros em cada cita eleitoralsegundo os interesses do momen-to, se bem houvo umha louvançacara a coaligaçom e aceitou-se se-guir reforçando-a e ampliando-a.

Dissoluçom de siglasVárias vozes pedirom a dissolu-çom da dupla militância com o ob-jetivo de evitar dinâmicas grupais.A emenda que assim o defendiaobtivo umha maioria de votos daassembleia, mas ao nom contarcom os dous terços necessáriospara a modificaçom de estatutosnom prosperou, de jeito que Ano-va seguirá a acolher no seu seio avárias organizaçons políticas.

Coordenadora de Anova polariza-sesem o controlo de nenhum setor

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06 acontece Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

Levar a Madrid o “debate sobre o direito de autodetermi-naçom”. Esse é o objetivo declarado das três formaçonssoberanistas (BNG, ERC e Amaiur) que levárom de jeitounitário ao Congresso dos Deputados umha propostanom de lei que trata de “levar ao ordenamento jurídicoespanhol” o direito à livre determinaçom dos povos.

bnG, erc e amaiur lançam Juntos iniciativa soberanista

Verdegaia vem de solicitar informaçom de maneira oficialà Conselharia do Meio Ambiente sobre a captura de gai-votas pati-amarelas no porto viguês. Os ecologistas con-tam com fotografias de pessoas capturando e introduzin-do em veículos as aves, polo qual perguntam se existe al-gumha autorizaçom e qual é o destino dos animais.

caPtura irreGular de Gaivotas no Porto de viGo

Quando começades a saber dadeterminaçom de levar adiante“Porto Cabral”?JME: Começamos a saber desteplano por notícias de imprensapolo mês de fevereiro, mas nomlhe demos maior importância atéque numha convocatória de as-sembleia para 21 de abril a juntareitora pretende meter pola portade atrás a votaçom a mao alçadadesta expropriaçom pactada.FE: O máis lamentável é que oanunciam primeiro nos meios,mesmo esta assembleia. O pre-sidente aliás já adianta o resul-tado, e di que mais de 600 comu-neiros votaram o sim. Com quese encontrárom é com um movi-mento vicinal alternativo e mo-cidade de Cabral que se decatoudo destroço que vinha para aparóquia.

Que é o que acontece na assem-bleia de 21 de abril e que conse-quências tem para a respostasdas vizinhas e vizinhos?JME: Rompeu a primeira assem-bleia, e a partir de aí 50% dos co-muneiros da paróquia unímo-nos e começamos a demandar in-formaçom através de distintasassembleias entre vizinhos da

paróquia, cartazes, fazendo um-ha andaina. Concretizamos a no-sa demanda numha assembleiainformativa na paróquia, e quedepois livremente o comuneirovote em urna.FE: Este grupo de comuneirosque nos chamam grupo opositorfigemos um trabalho de rua, fa-lando com as vizinhas e vizinhos.Primeiro levamos uma brochuraem que demandávamos refle-xom e participaçom. A paróquiarespondeu numha assembleiamaciça e a alta participaçom naandaina que percorreu a zonaafetada. Foi um movimento es-pontáneo. Somos um grupo va-riado, de idades mui distintas emui diversos em geral.

Na segunda assembleia voltam tentar votar a mao alçada, quem podia aceder a esta junta?JME: Na assembleia do Ifevi pu-gérom um sistema de filtro paraaceder, tam medieval e forte, quesó conseguírom entrar na as-sembleia os comuneiros e os fa-miliares e amigos da junta reito-ra que eles pretendiam que vota-

ram a mao alçada para que osvotos lhe chegaram. Os comu-neiros que rompemos a assem-bleia éramos maioria, e por issotivérom que aceder a convocarassembleia aberta para toda aparóquia (ainda sem data) e um-ha votaçom em urna.

Que interesses há em jogo?JME: Imaginamos que agocha umsuposto pelotaço urbanístico, por-que nom há razom de ser para queumha junta reitora cometa duasvezes o mesmo erro de quereraprovar este plano a mao alçada.Se nom tampouco nom se enten-deria as gestons que figérom comas entidades que hai na paróquia(associaçom de vizinhos, comis-sons de festa, associaçons despor-tivas), que recebem subvençonsda comunidade de montes para

que apoiassem este projeto. Somuns terrenos apetecíveis para es-pecular com eles.FE: Querem agochar algo e porisso botam umha miséria que lhedam ao valor do terreno, e que an-dam a dizer que se vam gerar5.000 postos de trabalho. Isso to-dos sabemos que é mentira.CCOO, UGT e CIG manifestárom-se em conjunto contra, desmen-tindo a possibilidade desta cria-çom de emprego. Na atualidadeestám-se a fechar áreas comer-ciais na nossa cidade.

Que outras consequências poderia ter este projeto? JME: Todos os viais de acesso,que eles dim que vam atrair trêsmilhons de pessoas, teriam queser construídos sobre a paróquiade Cabral, que se veria afetadaem 50% por estas novas infraes-truturas. É umha das cousas queestá a acontecer em Zaragoza,com Porto Venecia, que é umprojeto mui similar a Porto Ca-bral.FE: O destroço, além de 300.000metros de monte de Cotogrande,seriam os viais.

Diante da possibilidade de quepoda ser aprovada a expropria-çom, que faréades nesse caso?JME: Ainda que saísse adiante,detrás disto está a Lei de Montes,e é de duvidosa legalidade esteplano. Para que se expropie oupara que se poda fazer qualqueratuaçom no monte tem que haverfins de interesses comuns e de in-teresse geral. Vamos ir a conten-cioso, se isso passasse. Porém,contamos com a sensibilidade docomuneiro, e aguardamos quesaia o nom.FE: Em todo o caso, nom vamosdeixar esta luita.

A comunidade de montes de Ca-bral conta com um patrimóniomaterial elevadíssimo, que ne-cessidade tem de mais ingressoscom a expropriaçom?FE: O problema mais grave é on-de se gastam os quartos, porquese cobrárom 7.200.000 euros em2011 de Aena (polo aeroporto dePeinador que foi construído nomonte en mao comum, expro-priado forçosamente durante aditadura franquista), mas issonom se mirou na paróquia. Le-vam gastado milhons de euros emcompra de terrenos, e nom sabe-mos onde, a particulares. Desco-nhecemos se pode ser com previ-som a segunda parte do plano, pa-ra desenvolver máis o projeto eincluir umha urbanizaçom.

Como valorades a actuaçommunicipal neste caso? JME: A pessoa que está de alcal-de, seja do grupo que for, o únicoque mira som o bem das arcasmunicipais para eles poder fazermais passeios, mais estradas, e aver se assim os votam nos próxi-mos comícios. Enquanto as pes-soas e os governantes nom te-nham máis capacidade que a debotar formigom nom temos nadaa fazer mais que luitar por defen-der os montes. Plantar umha ár-vore demora 20 anos em medrar,e para o governante o mais sim-ples é sementar formigom. Temosque mudar as mentalidades eapostar por outra visom de futuro.O monte é um lugar público e temque permanecer tal e como o her-damos. O monte nom é para ex-propriar, temos que defendê-lo.

“É mentira que se vaiam gerar 5.000 postos de trabalho”

fernando fernÁndez e JosÉ manuel estÉvez som comuneiros e vizinhos do monte de cabral (viGo)

ZÉLIA GARCIA / Os planos para aconstruçom dum macro-cen-tro comercial e de “ócio” baixoo nome de “Porto Cabral”, paraa qual se precisaria a expropia-çom pactada de 300.000 me-tros de monte en mao comum,gerárom umha importante mo-bilizaçom e resposta nesta par-róquia viguesa, de forte tradi-çom operária e reivindicativa.Conversamos con dous comu-neiros, que fam parte do “gru-po opositor” ao projeto da Jun-ta Reitora da Comunidade deMontes e do Concelho de Vigo.Demandan informaçom e queremate o escurantismo comvontade especulativa.

“Imaginamos que seoculta um pelotaçourbanístico. Há quedefender o monte”

JOSÉ MANUEL ESTÉVEZ EFERNANDO FERNÁNDEZ

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07aconteceNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

Depois de três anos seguidos fazendo fechamentosna Faculdade de Geografia e História em cada pe-ríodo de exames, os estudantes da USC alcançáromo seu objetivo: um espaço de estudo 24 horas. Antea falta de vagas de leitura, o reitorado cedeu a abrirFarmácia a tempo completo em época de estudo.

alunado da usc loGra esPaço de estudo 24 horas

Depois de que o ano passado o reitor corunhês CarlosNegreira decidisse retirar as subvençons para as festasdo bairro, os vizinhos de Monte Alto denunciam que oconcelho nom deu resposta à solicitude para a celebra-çom de 2013. Este ano haverá festas graças ao tecido as-sociativo do bairro corunhês mas sem apoio público.

monte-alto celebra as suas festas sem aPoio de neGreira

NGZ / O Ministério de Fomentoespanhol, está a tramitar a mu-dança de usos das instalaçonsque a empresa Entabán tinhacomo fábrica de produçom debiocombustíveis. A petiçom deusos é para albergar um arma-zém de descarga de resíduosmarítimos perigosos (conhecidocomo MARPOL) com o que po-de fazer pressionar ainda maisa situaçom crítica da ria de Fer-rol. Segundo denuncia a asso-ciaçom ecologista Adega, dá-sea circunstância que há uns anosque as instalaçons de Enaban ti-vérom um importante vertido naria de Ferrol e que a empresa aque se trespassa a gestom dosrefugalhos, Ingaroil SLU já foradenunciada na fiscalia por man-terem instalaçons “clandesti-nas” para o tratamento de refu-galhos nas Somozas.

A entidade ambientalista jáapresentou alegaçons ao proje-to, já que considera que a mu-

dança de usos pode levar a um-ha situaçom insustentável à ria,num projeto que seria a “ponti-lha” ao traçado do comboio, osdragados ilegais de Reganosa eagora o tráfego de refugalhosperigosos. Entre as alegaçons,Adega assegura que as instala-çons nom estám preparadaspara esta atividade e que já no2012, umha petiçom para al-bergar refugalhos perigosos foidesestimada. Também denun-cia que os refugalhos som qua-lificados como perigosos na lis-ta Europeia de refugalhos eque se topam perto dumha áreamarinha de elevada produçommarisqueira polo que fai in-compatível as duas áreas deatividade. Adega pede que nomse autorize a petiçom e que emcaso de for positiva se adaptemas instalaçons e se elaboremplanos específicos de contin-gência e prevençom de verti-dos e outros acidentes.

O porto exterior deFerrol vai ser armazémde resíduos marítimos

NGZ / O passado 6 de junho con-firmava-se, na votaçom da repro-vaçom ao alcalde Agustín Fer-nández, a soidade a que fica con-denado o governo em Ourenseda sucursal galega do PSOE. Avotaçom contou tam só com osvotos contra de 11 edís do grupode governo, enquanto somava afavor os 11 do PP, os 3 do BNG emais os 2 do grupo localista De-mocracia Ourensana.Um pleno que se prolongou setehoras deixou explícito já nom onível de fratura do atual pato degoverno, mas as distâncias irre-conciliáveis entre os grupos mu-nicipais do BNG e do PSdeG. Oportavoz destes últimos, José Án-gel Barquero, parecia insinuarameaças ao Bloco ao dizer que“Nom estám a reprovar o alcaldede Ourense, mas ao PSdeG” aoque, dizia, “nom vam reprovarem Ponte Vedra” (onde existe um

pato de governo entre ambas asduas formaçons). O do grupomunicipal nacionalista, Xosé So-moza, acusou pola sua parte aogoverno de Agustín Fernándezde “maquiavelismo, enchufismo,nepotismo, despotismo e imobi-lismo”, e de nom se diferenciar“em nada” do Partido Popular.

Pokémon e Gin-tonicsA caída do governo municipalourensám começava com a postaem andamento da Operaçom Po-kémon, na qual cairia imputadoo anterior alcalde socialista,Francisco Rodríguez. A conse-qüência véu a demissom de Ro-dríguez e o compromisso de per-mitir a governabilidade que tam-bém agora racha.

Polo meio, novas imputaçonsa outros membros do governoauto-denominado socialista atétrinta por cento do grupo muni-

cipal, mas sobretudo a filtraçomde gastos de lazer em festas eviagens pagos com dinheiro pú-blico, viriam avinagrar a situa-çom. Em maio passado, viam aluz documentos que provavamque as arcas públicas financia-ram umha parrilhada, com mú-sica de mariachis e combinadosde alto nível, na casa de Fran-cisco Rodríguez dias depois deser imputado na operaçom Po-kémon. A justificaçom estavana necessidade de “manter aunidade pessoal e de critérios”dentro do grupo de governo, se-gundo o atual alcalde, AgustínFernández, que na altura apro-vava esses gastos como conce-lheiro de Fazenda. Também ou-tros em locais de hotelaria deToledo, Madrid, Ciudad Real eA Corunha, ou um 'chiringuito'de praia em Malhorca -váriosdeles em dias feriados-.

Os escándalos de corrupçomdeixam o Concelho de Ourenseem situaçom de ingovernabilidade

bnG racha definitivamente o Pacto com a alcaldia ‘socialista’

O atual alcalde de Ourense, Agustín Fernández, durante o debate sobre a sua reprovaçom

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08 acontece Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

NGZ / Dúzias de milheiros de pes-soas saírom para as ruas de Ferrolo passado 12 de junho para recla-mar um futuro digno para as co-marcas de Trasancos, Eume e Or-tegal. Umha multitudinária mani-festaçom percorreu ao meio-diaas ruas da cidade ferrolá, chegan-do a encher a Praça de Armas.Também o paro foi multitudiná-rio, especialmente no pequenocomércio, cujos estabelecimentosluziam nos seus escaparates men-sagens de solidariedade com aconvocatória da greve comarcal.

As cifras achegadas polos sin-dicatos convocantes nas jornadasprévias à greve amossam umharealidade alarmante para estasbisbarras, onde o paro duplicou-se no último ano atingindo o 32%.As centrais alertaram sobre a san-gria de populaçom que está a pa-decer esta zona do pais: umhaperda de 20.000 pessoas só emFerrol nos últimos 30 anos e um-has 12.000 nas três comarcas nos

últimos 15 anos. Todo isto soma-do à falta de carga de trabalho deNavantia, a falta de compromissodas administraçons com a cons-truçom de um dique flotante ou ofeche de mais do 25% do pequenocomércio revolvérom os ânimosda populaçom para sair à rua con-testar. Precisamente, nas últimassemanas as mobilizaçons na ci-dade de Ferrol teriam-se intensi-ficado, juntando-se diversos con-flitos sociais como a estafa daspreferentes ou a reivindicaçomde trabalho para o setor naval.

Paralisada a comarcaDeste modo, a convocatória degreve realizada polos sindicatosCIG, CCOO, UGT, USTG e CNTconseguiu paralisar a comarca emarcar mais um dia de luita nahistória de Trasancos. As cifrassobre as pessoas que secundároma manifestaçom som dispares,afirmando a CIG que se atingíromos 120.000 manifestantes en-

quanto UGT e CCOO assinala-vam 70.000. Em qualquer caso, aconvocatória tivo muito sucesso.

Os piquetes informativos esti-vérom ativos ao longo da madru-gada e da manhá do 12 de junhoe vários meios assinalaram que aadesom a esta jornada de grevefoi maior que outras de âmbitonacional ou estatal. Nom funcio-nárom os polígonos industriaisnem serviços como a recolhida dolixo. Pola manhá o maior momen-to de tensom foi quando centosde piquetes se deslocarom ate Al-campo, prédio que se achava pro-tegido por um forte cordom poli-cial, contando-se lugar 10 carri-nhas de anti-distúrbios.

No discurso na Praça de Ar-mas, após a manifestaçom, o co-responsável da CIG em Ferrol,Manel Grandal, dava-lhe a ra-zom àqueles que criticaram agreve por ser um “greve políti-ca”, já que fôrom, afirmou Gran-dal, decissons políticas as que le-

vavam esta comarca cara a mor-te e som decissons políticas ur-gentes as que Trasancos precisapara saír desta situaçom. No re-ferente ao naval, este responsá-vel sindical culpou aos diferentesgovernos estatais de levar o sec-tor “a esta situaçom de morte,usando-nos como moeda decámbio em benefício de outrosinteresses”, impondo um veto “aumhas das melhores instalaçonsdo mundo” e negando a constru-çom de um dique flotante.

Também falárom para o públi-co representantes do resto de sin-dicatos convocantes, argumen-tando as razons que levaram opovo de Trasancos a sair as ruas.Auri Vázquez, secretária comar-cal de CCOO, lamentou que o pre-sidente da Junta de Galiza, Alber-to Núñez Feijóo, se figesse fotoscom a equipa de futebol da cidadede Ferrol enquanto nom dá res-postas às necessidades do setornaval desta localidade.

Manifestaçons em Vigo, Compostela e RibeiraA CIG convocou também o passa-do 12 de junho mobilizaçons emVigo, Compostela e Ribeira. A maisnumerosa destas três foi a convo-cada na cidade de Vigo que contoucom a participaçom de umhas5.000 pessoas segundo a própriacentral. Ao remate da moblizaçom,o secretário comarcal expus osprincipais conflitos que está a pa-decer esta comarca fazendo finca-pê na difícil situaçom do naval,apostando na convocatória dumhagreve geral na comarca e depoisoutra no conjunto da Galiza.

Também houvo mobilizaçonsem Compostela e Ribeira para de-nunciar as altas taxas de paro e odesleixo das administraçons. Se-gundo informa o sindicato, o parona capital do país acada o 27%,quando na sua comarca e na zonado Barbança as taxas de desem-prego estám em muitas ocasionspor acima do 24%.

Sucesso da greve comarcal em Trasancos

O Concelho de Vilalva terá que pagar umha multa de4.000 euros por vertidos ao rio Ladra. A sentença doTribunal Superior de Justiça da Galiza rejeita o recursoque o concelho pugera contra a multa imposta polaConfederaçom Hidrográfica Minho-Sil. Pola sua ban-da, ADEGA denuncia que continua a haver vertidos.

concelho de vilalva multado Por vertidos ao rio

Milhares de mulheres abarrotárom o passado domingo 16as ruas de Compostela contra a reforma da Lei do abortode Gallardón, numha manifestaçom nacional convocadapola Plataforma Galega polo Direito ao Aborto. No entan-to, a convocatória foi recolhida em La Voz como um acon-tecimento de carácter local só na ediçom de Santiago.

'la voz' releGa à secçom local a manifestaçom Polo aborto

VERA-CRUZ MONTOTO / Nos primeiros diasdeste mês fôrom recebidas oito propos-tas de sançom contra pessoas que parti-cipárom da mobilizaçom popular queimpediu o despejo de Aurelia Rey o pas-sado fevereiro na cidade da Corunha.As multas fôrom impostas ao bombeiroque se negou a cortar a cadeia, três inte-grantes de Stop Despejos Corunha equatro representantes políticos perten-centes ao BNG e EU. As acusaçons cen-tram-se na vulnerçom do Artigo 23h daLei Orgánica 1/1992 de Proteçom da Se-gurança Cidadá, conhecida popular-mente como “lei Corcuera”, através daqual a Subdelegaçom do Governo exigeo pagamento de 600€ por pessoa ale-gando “la provocación de reacciones enel público que alteren o puedan alterarla seguridad ciudadana”.

a subdeleGaçom do Governo sancionaalGumhas das 200Pessoas que imPedírom o desPeJo de aurelia rey

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09crónica GrÁficaNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

O blogue De volta para Loureda, onde prestigiosas plu-mas galegas e nom galegas escrevem em prol do presopolítico Carlos Calvo, recebeu o X Prémio Roberto Vi-dal Bolanho, concedido polas Redes Escarlata. Aliás,este ano coincidiu a décima ediçom do galardom coma dedicaçom do Dia das Letras ao dramaturgo.

'de volta Para loureda' recebe PrÉmio vidal bolaÑo

“Fomentar o cooperativismo como alternativa à crise quevivemos e apoiar todo tipo de iniciativas comunitária”. Eisa intençom do Ateneu do Morraço de Economia Social(AMES), junto com a defesa do consumo responsável ouo ambiente. AMES apresenta-se 27 de Junho com umhapalestra de Xosé Iglesias sobre a renda básica em Cangas.

nasce ateneu de economia social no morraço

NGZ / A Plataforma Galega contraa incineraçom e a reciclagem (queagrupa vários coletivos ambienta-listas e sociais) vém de apresentarperante a Comissom de petiçonsdo Parlamento Europeu, umhadenúncia contra a Junta pola “ne-fasta política de resíduos que pra-tica na Galiza”, incumprindo asDiretivas Europeias sobre verti-dos, envases e Marco de refuga-lhos. Em concreto, a denúnciacontempla que o Parlamento Eu-ropeu se posicione em contra doPlano de Gestom de Resíduos Ur-banos da Galiza 2010-2020, pornom ser conforme à hierarquia derefugalhos, ao princípio de polui-dor-pagador e a promoçom de

medidas de prevençom e prepa-raçom para a reutilizaçom e a re-ciclagem. Na mesma denúncia,pedem que rejeitem umha novaplanta de incineraçom e qualquerfinanciamento de medidas, atua-çons ou instalaçons relativas àgestom de resíduos que nom secorrespondam com os objetivosde prevençom. Finalmente pedemque se adoptem medidas sancio-nadoras contra a Junta e que lheexijam a revisar o modelo centra-lizado de refugalhos.

ILP contra os refugalhosA denuncia chega varias sema-nas após a negativa do PP deaceitar no Parlamento, a ILP

apoiada por mais de 20.000 as-sinaturas e que pedia descartara incineraçom do lixo e substi-tui-la polo reciclagem, a redu-çom e a reutilizaçom dos refu-galhos. Na apresentaçom da ILPpor parte de Manuel Soto, con-tou que a “eficiência de SOGA-MA é tam baixa que já nom éumha planta de valorizaçomenergética como nos fam crer”assegurando que a queima do li-xo, produz umha enorme quan-tidade de emissons nom segu-ras. Soto rematou a sua inter-vençom assegurando que “asnossas crianças som a primeirageraçom com menos saúde queos seus pais e maes”.

Denunciam na UE a política de refugalhos de SOGAMA

ambientalistas Pedem medidas sancionadoras contra a Junta

NGZ / Que a crise tem ganhado-res e perdedores é um discursorepetido desde os movimentossociais. Nesse sentido, a CIGvem de fazer públicos umha sé-rie de dados tirados do InstitutoGalego de Estatística (IGE) parapôr números ao aumento dasdesigualdades na Galiza. “Naetapa de maior contraçom daactividade económica as rendasempresariais aumentárom deforma escandalosa até superar,por vez primeira na história, amassa de remuneraçom de as-salariados e assalariadas”. Um-ha situaçom que, segundo apon-ta a central nacionalista, “evi-dencia o traslado de riqueza daclasse trabalhadora à empresa-rial” e a “necessária mudançadas fracassadas políticas econó-micas, fiscais e laborais”.

A contraçom da actividadeeconómica na Galiza ficava re-fletida na reduçom do 1,2% doProduto Interior Bruto (PIB),com as limitaçons que tem esteindicador. Essa baixada afetou de

distinto jeito a cada classe social.Enquanto que em 2011, sempresegundo os dados feitos públicospola CIG, a remuneraçom totalde assalariados supunha o 45,7%do PIB, em 2012 baixou até o43,7%. Pola contra, as rendas em-presariais passárom de supor o45,4% do PIB a supor um 47,4%no mesmo período.

A CIG explica que nom é queas rendas empresariais “diminuí-ram menos” que as dos trabalha-dores, senom que seguírom me-drando em tempos de crise, o queevidencia para o sindicato otranslado de rendas da classe tra-balhadora à classe empresarial.

Além de todo, este aumento derendas nom se vê plasmado numaumento dos investimentos pro-dutivos, já que as mesmas estatís-ticas mostram como estes baixá-rom um 4,1% durante este ano. Odestino destes benefícios som osmercados financeiros, onde o ca-pital continua a ter mais facilida-des para se auto-reproduzir e ob-ter maiores ganhos a curto prazo.

As rendas do capitalsuperam por primeiravez a massa salarial

JUAN ROSELL é presidente dos patrons espanhóis

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10 acontece Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

aGro

P.V. / Galiza suporta 520 projetosmineiros ativos, e aumentandopola permissividade do Governogalego, que no seu Plano Setorialde Atividades Extrativas permiteautorizar minas em qualquer lu-gar especialmente protegido.

A produçom agrícola verá-segravemente afetada pola reduçomde solo agrário útil, a contamina-çom de águas e a perdida de ferti-lidade do solo. O aspecto social daagricultura também se verá gra-vemente afetado, o abandono dorural é um feito, mais a destrui-çom do território polas minas sig-nificaria a condena definitiva.

Galiza mineira ou Galiza qualidadeAs denominaçons de origem somum selo de garantia que favorecemo reconhecimento e a venta dumproduto alimentário. Com elas be-neficiam-se muitas empresas agrí-colas em Galiza. Estes selos to-pam-se diretamente comprometi-dos com o estado do meio ambien-te afetado pola minaria. O efeitomineiro poderia destruir espaçosvinculados a denominaçons de ori-gem como a Pataca de Galiza.

Minas em lugar de pita do monteHá um ano a Junta de Galizaabandonou o projeto Life para arecuperaçom da pita do montecantábrica, deixando de investir aquantidade estimada de 300.000€.A associaçom Adega denunciouque nesse mesmo momento seaprovava a mesma quantidade a

apoiar a “entidades sem animo delucro” que trabalhavam a favor dosector mineiro e os grupos pro-minas, cuja composiçom, objeti-vos e finalidade som bastante evi-dentes na atualidade.

Mineraçom de baixa intensidadeAlém dos mega-projetos de mina-ria que ameaçam a supervivênciado rural galego, esta atividade ex-trativa nom remata neles. O SLGvem de denunciar o risco que so-frem perto de 8.000 hectares nascomarcas de Ordes e Compostelapola ameaça da constante minariade baixa intensidade. A extraçomde quartzo a ceio aberto vem sen-do umha constante em numero-sas parróquias galegas desde hámais de umha década, em peque-nas extraçons a ceio aberto quepodem ter umha duraçom meiade dous meses de trabalho acimada localizaçom.

Os terrenos que neste momentoestám afetados por este tipo deprojetos som em muitos dos ca-sos, declarados como solo rústicode proteçom agropecuária. Umhadas principais demandas do SLGpassa pola falta de transparênciaque envolve a todo o processo jáque em muitos casos nem sequer

se figérom públicos os períodosde alegaçons vizinhais para recla-mar a nom intervençom nas par-celas do seu domínio.

Contra a fertilidade do futuro Cumpre destacar que a baixa in-tensidade das extraçons de quart-zo nas pequenas minas a ceio aber-to tem um impacto ambiental quea miúdo passa despercebido, po-rém a capa superficial que albergaa fertilidade da terra fica destruídapor completo, sendo extremamen-te lenta a sua recuperaçom. Emmuitas das ocasions a intervençommineira apresenta-se aos agricul-tores como a oportunidade de sa-near as suas propriedades de traí-das de agua indesejadas, ou aci-dentes geográficos molestos. Masna realidade a extraçom arrasa aestrutura do solo, formada desdehá centos de anos, e retira os mi-nerais dos que se alimenta este pa-ra deixá-lo estéril e fomento.

A falsidade do argumento laboralO argumento das oportunidadesde trabalho é um dos principaisesgrimidos à hora de defender aminaria na Galiza. Recentementea Empresa Erimsa, numha feriade mostras no concelho de Ordes,gabava-se da quantidade de pos-tos de trabalho que oferecem, ob-viando que estes som dumha tem-poralidade elevadíssima à contrado que significa o trabalho ligadoà terra e à produçom agropecuá-ria constante.

Minas comprometemsoberania alimentar

mar

Mares menos galegosA.DIESTE / A frota galega, noutroraomnipresente em peixarias co-munitárias e internacionais, per-deu presença por mor de convé-nios, negociaçons e acordos ondeprimavam interesses diversos.

O controvertido acordo da UEcom a Mauritania, que supuxo aexpulsom de umha vintena debarcos galegos do caladoiro dopaís africano, volve situar em pri-meira linha a diminuçom da pre-sença da frota pesqueira de altu-ra da Galiza nalgúns dos seus lu-gares de faena tradicionais (eque, em nom poucas ocasons, fô-rom descubertos polos galegos).Gran Sol, Marrocos, Moçambi-que... som exemplos (diferentesno tocante a causas, mais coinci-dentes no resultado) de como afrota galega perdeu presença.

En 1986, ano de entrada do Es-tado espanhol na CEE, uns 300barcos tinham autorizaçom paratrabalharem no Gran Sol. Osplanos de orientaçom pluria-nuais reduzírom progressiva-mente a cifra até nom ser maisde 190 em 2005 e, hoje, apenassobordar o cento de buques.

Xabier Aboi, da federaçom deMar da CIG, insiste em que emmoitos daqueles caladoiros dosque tivo que sair a frota galega“o seu sítio foi ocupado por ou-tra, polo que nom se justifica emtermos de sustentabilidade”.Atualmente na Galiza há 96 bar-

cos pesqueiros comunitários(51 de palangre de fondo e 45de arraste). En 2005, eram 144.Em pouco mais de um lustro, opaís perdeu um terço desta fro-ta. González Laxe asssinala quedesde meados da década dosanos 90 reduciu-se a frota de al-tura e gran altura, pois derom-se de baixa mais de 100.000 to-neladas de registro bruto (boaparte delas, com o despece co-mo final do caminho)

Um estudo analisa os anos1986 a 2002, onde se comprovacomo Dinamarca passou de re-ceber do 21 ao 42% dos direitosde pesca. Em troques, o Estadoespanhol passou do 7,4 ao 5 porcento. Galiza, aqui, resultou,mais que prexudicada, banida.

Aboi, representante do sindi-cato nacionalista, nom é queconsidere que no Estado espa-nhol nom haxa interesse por de-fender a frota galega (“nom só ade altura, também a artesanal ede baixura”), senón que, moi aocontrario, entende que o gover-no galego “fai um papel de si-paio ate no mais mínimo”.

‘galiza mineira’ pom em risco o selo de ‘galiza qualidade’

a fertilidade da terra fica ameaçada Polos Planos da Junta

Extraçom de quartzo está presenteem muitas paróquias

A frota de altura foi expulsa de

caladoiros tradicionais

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XAVIER R. FIDALGO / Prefiro nomutilizar demasiados dados econó-micos elaborados polo sistema,assim evito acabar pensando naestreita e míope lógica que nosimponhem. Já se sabe: um come-ça tomando umha cunca nas fon-tes do Eurostat, umha taça naFonda Monetária, um copo noInstituto Nacional de Estultícia...e acaba padecendo a característi-ca visom em túnel. Isso sim, ple-namente convencido de estar“controlando”.

Nom quero esquecer que o in-dicador totémico da economia ca-pitalista, o Produto Interno Bruto(PIB), essa cifra mágica que sepretende síntese do desenvolvi-mento (e até da felicidade) dospovos, nom permite distinguir en-tre canhons e manteiga. E o que émuito pior, tende a valorizar sem-pre mais os canhons (será por sa-tisfazerem melhor as necessida-des que a manteiga? Acaso elimi-nar os necessitados a canhonaçosnom é umha forma de reduzir asnecessidades de alto valor acres-centado?). O seu próprio nome étraiçoeiro: “produto” conduz apensar em algo criativo, mas oPIB engorda amiúde com activi-dades claramente destrutivas.Um exemplo: se depois de despe-jar casas, as derruímos (como emIrlanda), o PIB medrará (e comele o emprego, pois os trabalhosde demoliçom precisam obrei-ros). Outro exemplo: se escava-mos umha mina a céu aberto, de-vastando o território e contami-nando os aquíferos, no curto emédio prazo o PIB provavelmen-te crescerá. Mesmo a água conta-minada, previamente depurada(digamos por AQUAGEST), teráum reflexo no PIB que nom tinhaquando corria ceive e cristalina(ainda que umha parte do negó-cio da depuraçom vai ser também

“cristalino” para o sistema e nomconstará nunca na ContabilidadeNacional). O ouro espoliado (ape-sar do alto preço que tem em ple-na borbulha áurea) tampouco fa-rá retroceder nengumha magni-tude económica.

Outra debilidade dos númerossistémicos é a de nom informar-nos simplesmente da distribui-çom dos recursos, obrigando-nosa determinar de modo indirecto emetodologicamente questionávelpara quem é que som os canhonse a manteiga que produzimos.Entre os “indicadores adianta-dos” vislumbrados por De Guin-dos quando predica a Boa Novada fim da crise, nom estám a terratremendo e as nuvens toldando océu, nom. Entre os sinais positi-vos decifrados polo ministro ban-queiro destaca a queda dos custossalariais. Mas, se o que ele chamacustos som em realidade os emo-lumentos da maior parte da po-pulaçom, para quem é que vai sera anunciada fim da crise? Só paradoze apóstolos?

Lembremos que, no capitalis-mo, crise é basicamente quandocai ou se estanca o PIB. Se duran-te vários trimestres consecutivosproduzimos a mesma manteigaque nos trimestres precedentes,mas algum canhom menos, entra-remos em recessom. Se diminuí-mos a produçom de manteiga eincrementamos a produçom decanhons até compensar e superarem termos monetários a manteigadeixada de produzir, a crise desa-parece. De igual modo, o relevan-te nom é se a renda da maioria de-cresce, o importante é que a renda

da minoria medre o suficiente co-mo para compensá-la. Para favo-recer isto, som úteis os canhons(ou a manteiga, ás vezes), mas es-sa é história para outro conto.

Dito o anterior, e se sem que sir-va de precedente, tomemos comcomedimento a mesma droga queDe Guindos e vejamos se há luzao final do túnel. Da óptica da ren-da, o PIB compom-se, principal-mente, de dous grandes blocos: aremuneraçom dos assalariados(renda dos trabalhadores) e o ex-cedente bruto de exploraçom(renda dos capitalistas). Aindasendo os primeiros maioria cres-cente, é tendência mundial seremos segundos os que apanham ca-da vez umha parte proporcional-mente maior da produçom. Até oinício da crise, tanto no Reino deEspanha como na ComunidadeAutónoma Galega, a remunera-çom total dos assalariados erasempre ligeiramente superior aoexcedente bruto de exploraçom.No caso galego, por exemplo, en-tre 2004 e 2008, por cada 100 eu-

ros produzidos, aproximadamen-te 51 euros destinavam-se a remu-nerar o trabalho e 49 euros a retri-buir o capital. Iniciada a crise, ob-servamos dous momentos distin-tos. No ano 2009 o reparto favore-ceu as rendas dos trabalhadores(52,4%), nom por medrarem estas,mas por encolher a um ritmo infe-rior que as rendas empresariais. Apartires de 2010 (ano da famosa“viragem de Zapatero”), as rendasempresariais começam a crescere as rendas salariais a diminuir,até dar-se um feito histórico: o ex-cedente de exploraçom já superoua remuneraçom dos assalariados.De modo que na Galiza a distribui-çom no ano 2012 ficou assim:47,9% para os trabalhadores e52,1% para os empresários.

Agora, os executivos tambémsom assalariados, só que o seu sa-lário nom é o de um mileurista.Polo tanto, fai-se necessária tam-bém certa medida de distribuiçomdas rendas salariais. Segundo da-dos da Agência Estatal da Admi-nistraçom Tributária (AEAT), osalário médio nominal dos quemenos cobram (entre 0 e 0,5 vezeso salário mínimo, SMI) cresceuapenas 0,6% em 2010 e diminuiu1,2% em 2011 (ainda nom se pu-blicárom cifras de 2012). Nestetramo estám quase 16% dos assa-lariados galegos (165 mil traba-lhadores) que cobram de média1.935 € anuais. No outro extremo(mais de 10 vezes o SMI), o saláriomédio medrou 3,1% em 2010 e3,7% em 2011. Os 5.072 galegos(0,5% dos assalariados) que figu-ram neste tramo em 2011, obtivé-rom um salário médio anual de138.516 €. Ademais, enquanto onúmero de assalariados do tramomenos remunerado está aumen-tando, o número do tramo melhorpagado decresce.

Serám estes os “indicadoresadiantados” que De Guindos avis-ta no horizonte? Quando chegue omomento, veremos como tratamde meter-nos com manteiga oevangelho da fim da crise. Paraquem, ainda assim, se resista, nun-ca há faltar um bonito canhom.

11acontece

O pIB engorda amiúde com atividades claramente destrutivaseconomia

Canhons e manteiga

A partir de 2010 asrendas salariais

começam a diminuir

os nÚmeros sistÉmicos nom informam da distribuiçom dos recursos

No capitalismo criseé quando cai ou

estanca o pIB

Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

centros sociais

cs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarO Forno · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

cso casa do ventoFigueirinhas · Compostela

cso a Kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

distrito 09Coia · Vigo

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faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

o frescoBº da Ponte · Ponte Areias

o fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

liceo muranteRosalia de Castro · Ponte Vedra

cs lume!Rouxinol nº16 · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

cso PalaveaPalaveia · Corunha

cs en PéZona velha · Ponte Vedra

o PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

cs XebraLeandro Curcuny · Burela

cso XuntasRua do Carme · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

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12 internacional Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

Crónica dos primeiros dias das revoltas turcasa terra treme

NGZ / Turquia voltou a saltarpara as primeiras páginasdos noticiários. O que era umprotesto contra a construçomdum centro comercial numparque de Istambul acabounum protesto de imprevisí-veis dimensons que denun-cia as políticas autoritárias dogoverno. NOVAS DA GALIZA re-colhe um testemunho, quemnom quer revelar o seu nomepor segurança, em primeirapessoa dos primeiros diasdas mobilizaçons.

Na segunda-feira 27 houvo umhareuniom de tarde, quando acaboue a gente marcha, umha pessoaque passava polo parque vê a es-cavadora e chama os companhei-ros e vamos chegando pouco apouco. Quando chegamos a GeziPark, um companheiro pujo-sediante da escavadora e conse-guiu-na parar. Entom, umhas 20pessoas, depois da primeira as-sembleia, decidimos passar a noi-te na praça.

Na terça-feira havia um poucomais de gente, umhas 30 pessoascomeçam a chegar e os e as pri-meiras jornalistas que tomam asprimeiras notas e fotos. A meiamanhá, chegam um grupo muinumeroso de polícia à paisana, enum par de horas, posicionam-semui perto do limite do parque quecomeçam a escavar e onde já ta-laram algumhas árvores.

Entom a escavadora começa atrabalhar de novo, entre os gritosda gente concentrada e de algum-ha pedra que se atira. Chega a po-lícia e fam um perímetro ao redordo parque onde nom se permitechegar. Várias pessoas (umhas 50pessoas no momento) tentam ul-trapassar o cordom policial quejá se fijo com valado, inclusiveumha pessoa salta de umha árvo-re e depois de falar, berrar e em-purrar a polícia, começam as car-gas e a botar gás lacrimogéneo.Pouco tempo depois chega o pri-meiro político, o deputado do par-tido curdo Sirri, Süreyya Önder epom-se justo diante da escavado-ra impedindo que continue com oseu trabalho. A polícia e a máqui-na marcham e continua a chegarmais gente. Na assembleia poste-rior decide-se incrementar a pres-som e difundir a mensagem portodos os canais possíveis e redes

sociais, facto que produz os seusefeitos. Durante o mesmo serám,nova gente chega com faixas etendas para acampar. Às cinco damanhá a polícia carrega dura-mente por primeira vez, usandogás e lume. A reaçom é a contrá-ria, durante todo o dia seguinteas mostras de solidariedade espa-lham-se por todo o país e a praçavai-se enchendo de mais e maispessoas de todas as idades e vá-rios coletivos. De noite há umhas60 tendas e música ao vivo, váriose várias membros da plataformapedem nom utilizar o aconteci-mento como umha mera ocasiompara beber e socializar-se. Nestemomento começam a xurdir asprimeiras consignas políticas,além da reclamaçom principal daconcentraçom. A polícia continuatomando possessons ao redor detoda a praça, mas olhando a si-tuaçom desde certa distáncia.

De madrugada, a polícia voltaà carga na mesma hora e com asmesmas táticas, esta vez muitomais agressiva do que a ante-rior, há os primeiros feridos degravidade, mesmo umha mulherque morreu horas depois nohospital. Como reaçom multipli-ca-se a solidariedade e milharesde pessoas começam a passear,mirar e apoiar a acampada naspraças. No Instituto francês,perto da praça ouvem-se berrose cheira-se o gás lacrimogéneoe nom os deixam sair.

A polícia tem tomada literal-mente todas as ruas adjacentes àpraça. Todos os negócios da zonaestám fechados e a gente nom cir-cula polas ruas. Começam os con-frontos mais violentos e a policiacada vez utiliza novas ferramen-tas como os tanques de água àpressom. Os poucos restaurantese comércios da zona oferecem co-mida e bebida aos manifestantes.Chegam as vozes de que outras ci-dades se estám a somar às protes-tas e enche-nos de coragem. Ochefe de polícia é destituído pornom ser ato para umha situaçomassim e vários polícias do disposi-tivo entregam a placa que levampola desconformidade com a vio-lência policial.

De manhá, toda a ponte do Bos-foro (que une a Ásia com a Euro-pa) está cheia de gente dirigindo-se para à praça, som centos demilhares de pessoas.

umha semana no parque de Taksimum Protesto de imPrevisíveis dimensons denuncia as Políticas autoritÁrias do Governo

Como começa a protesta e quais som os atores?A protesta começa quando estám a demolir umhaparte do parque que nom está nos planos originaise para a que nom tenhem permisso, portanto, a de-moliçom é ilegal. O papel da mulher é exactamenteo mesma do que a do homem, circula a imagemdumha mulher de vermelho, símbolo do levanta-mento; a verdade nom sei que dizer, neste momentonom separamos, juntamos forças, nom se diferençado género. Podo dizer-te que na plataforma há maismulheres do que homens, que nas protestas iniciaiséramos mais mulheres, casualidade diria eu.

Um capítulo novo da primavera árabe?Nom focaria por ai porque seria deslocar-se o te-ma. Figérom-se muitas comparaçons com a prima-vera árabe e com o 15-M, eu, com uma análise muirápida e superficial nom a compararia com nada.O 15M começa devido a umha crise económica,nom é o caso de Turquia que é um dos pilares dapolitica de Erdogan; e que, antes bem, baixou des-de as revoltas num 10%

Como cres que vai rematar?Fazer um pronóstico e riscar muito, quando isto bo-tou a andar, ninguém imaginara que medraria as-sim, nem que a polícia reagiria assim. O que está aacontecer é ´único na história de Turquia, gentemobilizando-se, apoiando-se, manifestando-se...com independência da idade, do sexo, da classe so-cial... nom te podes imaginar a quantidade de genteque passa polo parque a doar comida, roupa, di-

nheiro... amas de casa cobertas levam comida emfiambreiras, gente sem recursos doa dinheiro quesacam com orgulho do seu peto... isto, prometo-o ,nom o vira nunca. O poder da gente é difícil de cali-brar. Erdogan segue a botar pulsos e o povo contestacom mais organizaçom, mais solidariedade.

Como vês a resposta do governo?Erdogan acho que em nenhum momento se des-culpou, sim que o fijo o seu primeiro ministroquando Erdogan estava em Marrocos; também ofijo o presidente na mesma circunstância. Isto assi-nala a arrogância e a cegueira que tem. A meu ver,está a empregar todo tipo de artimanhas: primeirodi que nom vai construir um centro comercial, logodi que será um museu, logo que umha mesquita...e recentemente apontou cara a uma trama interna-cional. Ora anda de "gira" por Turquia, dim que ajuntar votos para as próximas eleiçons.

Qual foi a evoluçom do partido de Erdogan numestado de base laica como a Turquia?Os começos de Erdogan eram laicos, pouco a poucofôrom-se radicalizando cara ao islamismo. O seuponto forte, repito, é a economia, com ela ganhoumuitos votos. Eu cheguei fai quatro anos, nom vivimaTturquia de antes... mas sim as mudanças; desdeque estou aqui, mais confusom , mais repressom,mais jornalistas no cárcere, mais mulheres tapadas-que nom é bom nem mau o feito de por si, mas sese tem em conta que a mulher de Erdogan vai tapa-da, pois já tés marcada umha tendência-...

“O que está a acontecer é único na história da Turquia”

testemunha analisa as oriGens e a evoluçom da luita PoPular

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13internacionalNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

“A 'esquerda' frequentemente não é mais do que umha religião com dogmas do passado”alÉm minho

JOSÉ A. ‘MUROS’ / Esta naçom li-gada por linha materna com o Po-vo Metis que mencionamos nonúmero anterior do NOVAS é um-ha das naçons indígenas maisgrandes de Norte-América, arre-dor de 220.000 membros a com-ponhem sendo vizinhos dos lako-tas cara ao norte. A diferença des-tes nom povoam as grandes pla-nícies do Meio-Oeste senom a zo-na arredor aos grandes Lagos eos saltos dos grandes rios ao seuredor e os grandes bosques e fra-gas que ficam neste território. Es-ta área foi como já comentávamos

anteriormente importantíssimano desenvolvimento da indústriapeleteira e do comercio fluvial en-tre o Canadá mais ocidental e su-renho e as cidades do interior deUSA até New Orleans. Isto quecomentamos influi fortemente naNaçom Ojibwe, mui aberta aomundo e às mudanças; cultivado-ra de arroz selvagem, construtorade canoas e grande pescadora edona de piscicultoras. Já na épocados tratados com as potências co-loniais exigiam acordos mui con-cretos e complexos. Estes povoa-dores nativos tivérom junto aos

Lakotas muitíssima importânciano ressurgir da consciência indí-gena no Continente americano ena fundaçom nos anos 70 doA.I.M. (Movimento IndígenaAmericano), dos seus fundadoresum era Kota e dous Ojibwe, e doPoder Vermelho. Este despertarpaulatino dou-se em todas as co-munidades, afundando no auto-governo e auto-gestom das comu-nidades, mui especialmente num-ha economia indígena que priori-za a soberania alimentar e o res-peito à Terra. As povoaçonsOjibwe estám a recuperar por

meio dum ensino auto-organiza-do a língua indígena, o Anishina-be, entre as crianças da naçom,mui especialmente nos Ojibwe dosul pois os do Canada conservá-rom muito mais o idioma.

Louise Erdrich, umha das gran-des escritoras norte-americanas,comenta como dá talheres de lite-ratura em Anishanabe e como fo-mentam os membros da sua gera-çom, que na sua maioria som es-critoras e falantes em inglês, odespertar da língua, da naçom,dos mitos e das realidades vincu-ladas a ela... Louise é metáfora da

indigeneidade atual que superoutraumas e maltratos (do seu ho-mem e pai de três dos seus filhos),filha dum branco e dumha indíge-na retorna as raízes, vive em terri-tório indígena, adoptou três filhasmas desenvolve a sua vida e o seugoverno numha terra e numha co-munidade que vai superando a co-lonizaçom conformando-se de no-vo sem traumas como indígenasda terra. Vizinhos dos Lakotas,dos parentes Metis, dos Mohaws,dos que vinhérom do mar e falamesse outro idioma, o inglês, ouaquele outro, o francês.

umha das grandes naçons indígenas da América do Norte com mais de 200.000 membrosPovos

Naçom Ojibwe ou o despertar da indigeneidade

JOÃO AVELEDO / O socioecono-mista José Hipólito Santos(Porto, 1932) publicou em 2011‘Felizmente Houve a LUAR. Pa-ra a história da luta armadacontra a ditadura’ e em 2012 ‘ARevolta de Beja’, dous livrosque se debruçam sobre factosdecisivos na insurgência con-tra o salazarismo. As suasobras não são um mero exercí-cio de memória, mas tambémo resultado de uma rigorosapesquisa que tenta fugir de re-visionismos moralizantes. Ho-mem de biografia apaixonante(ativista contra a ditadura, ex-preso político, antigo exiladoem Argel e professor universi-tário em Paris e Lisboa) foi diri-gente de organizações políti-cas, como o Movimento deAção Revolucionário (MAR), aLiga de União e Ação Revolu-cionária (LUAR) e o Partido Re-volucionário do Proletariado(PRP), e participou no Golpe daSé e na Revolta de Beja. Tam-bém pertenceu ao Comité deAção da Sorbonne, em maio de68. Atualmente, faz parte dasredes Alliance Pour Un MondeResponsable, Pluriel et Solidai-re e DRD-Démocratiser Radi-calement la Démocratie.

Em que consistiu o Movimentoda Sé de 59, talvez a primeiratentativa séria de derrubar o salazarismo? Foi um Movimento em que estive-ram envolvidos cerca de 150 ofi-ciais do exército, de baixa patente,mas também uma nova geração deoponentes ao regime - civis, vindosde fileiras monárquicas, católicase de outros meios estudantis e jo-vens operários - que só aceitavam

implicar-se politicamente atravésde ações armadas. Várias unidadesmilitares deveriam ser controladaspelos oficiais implicados, com oapoio dos civis; seriam presos osgovernantes e instaurada a demo-cracia, sob a presidência de Hum-berto Delgado, refugiado na Em-baixada do Brasil.

Que tipo de regime político pro-curava o general Humberto Del-

gado, protagonista desse 25 deabril frustrado que foi a Revoltade Beja de 62? Humberto Delgado defendia ainstauração duma democracia,estando ainda hesitante quanto àquestão colonial que tinha toma-do uma grande importância his-tórica para Portugal.

A LUAR, a organização armadaque durante mais tempo lutoucontra a ditadura, é hoje quasedesconhecida em Portugal, comoexplicar este véu de silêncio?A historiografia é, em geral, do-minada por grupos que investi-gam o que é habitualmente refe-rido pelas elites como ‘importan-te’ historicamente. A LUAR, comoo Movimento da Sé e a Revolta deBeja foram da iniciativa de gente‘não politizada’, de grupos indis-criminados – não proletários or-ganizados, não marxistas – e, por-tanto, susceptíveis de ‘atrasar a re-volução’ para erradicar as classesdos poderosos.

O Partido Comunista Portuguêsmostrou sempre uma clara hos-tilidade frente a todos estes mo-vimentos, porquê?Tudo o que não controlavam faziao jogo do inimigo…

Qual foi a ação da LUAR comuma maior repercussão?Sem dúvida, o assalto ao Banco dePortugal da Figueira da Foz, pelaaudácia revelada, pelo enormemontante que conseguiram levar,pela fuga num avião tomado numaeródromo desportivo terminadacom a fuga para Marrocos ou ou-tro destino. Inicialmente o regime,desconhecendo que era político,não conseguiu esconder tudo isso.Mas já antes, em 61, o assalto aopaquete Santa Maria, feito porgente que veio a criar a LUAR, emconjunção com revolucionários, amaior parte galegos, que tinhamlutado na guerra de Espanha, teveuma projeção mundial durantemais de duas semanas.

É pensamento muito geral que aesquerda enfrenta uma profun-da crise ideológica, tem futuro opensamento de esquerda?Todas as religiões estão em crise,como tudo o que não evolui. Mashá valores – liberdade, solidarie-dade, fraternidade, equidade, jus-tiça, envolvimento cidadão – quesão de todos os tempos. A ‘esquer-da’ frequentemente não é mais doque uma religião com dogmas dopassado com um discurso bem ro-dado prometendo um mundo me-lhor… Um pensamento de esquer-da tem futuro, e é indispensável,mas tem de ser refundado.

Valeram para algo os enormessacrifícios daqueles que, comovocê, lutaram militantementecontra a ditadura?Lutar pela liberdade não é um sa-crifício. É uma pulsão de vida, co-mo lutar contra a fome.

JosÉ hiPólito santos, democrata e lutador PortuGuês contra o salazarismo

“O assalto ao Santa maria foi feito por gente que depois criou a LuAR”

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14 em anÁlise Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

em anÁlise A oferta vencedora rebaixava em 0,06% o montante do concurso,permitindo um “aforro” aos cofres públicos de 7.954 euros

inaer, emPresa da família fernÁndez de sousa, tambÉm monoPoliza o serviço de Guarda costeiraM.B. / A Conselharia do MeioRural acaba de atribuir à em-presa Inaer, da família proprie-tária da Pescanova, a gestomdos helicópteros e brigadascontra incêndios até 2015 me-diante um procedimento ur-gente e negociado sem publi-cidade num montante de maisde 12 millons de euros. A Jun-ta optou mais umha vez porum processo de seleçom opa-co para contratar um serviçopúblico que no ano passadofoi objeto de denúncia porprevaricaçom.

O Diario Oficial de Galicia publi-cou no passado 10 de junho a re-soluçom da Secretaria Geral Téc-nica da Conselharia do Meio Ru-ral e do Mar pola qual foi adjudi-cada à empresa Inaer o serviço in-tegrado de helicópteros ebrigadas com destino à preven-çom e defesa contra incêndios flo-restais durante as pré-campanhase campanhas dos anos 2013 e2014. O sistema escolhido polaJunta para contratar o serviço foide novo através de procedimentourgente e negociado sem publici-dade, que no ano passado já foraobjeto dumha denúncia por pre-varicaçom da CIG.

Desta vez, optou em primeirolugar polo concurso público, aoqual concorrêrom duas empresas- a própria Inaer e a HelibravoAviación -, mas que foi canceladopolo departamento que dirige Ro-sa Quintana alegando que nen-gumha das duas empresas cum-pria o caderno de condiçons. Des-te jeito ficou via livre para o pro-cedimento negociado sem publi-cidade, a que fôrom convidadas asduas empresas, nos termos da Leide Contratos do Estado, resultan-

do escolhida a Inaer Galicia SL. Aoferta vencedora rebaixava em0,06% o montante do concurso,permitindo um “aforro” aos cofrespúblicos de 7954 euros(12.380.300,48 euros face aos12.388.254,88 do contrato).

Segundo denúncias da centralnacionalista, a Administraçom au-tonómica infringiu o limite demontante de concurso “e para issopreviamente anunciam no DOUEumha adjudicaçom que depoiscancelárom ao apresentar-se ou-tra empresa”. Afirmam, além dis-so, que “era um facto mais queprevisível” que o concurso iria seratribuído à Inaer, “pois os helicóp-teros desta empresa, marca SO-KOL PZL-W3A, estivérom desde1 de fevereiro até 2 de março nabase do Serviço de Incêndios(SPDCIF) do Campinho em PonteVedra, de onde partírom para Se-vilha para passar a revisom técni-ca e regressárom em meados demarço para a base de Silheda, co-mo se pode verificar nas fotogra-fias, do dia 15 de março”. A pró-pria empresa reconheceu os fac-

tos mas pujo em dúvida algumhadas datas indicadas. Pola sua par-te, a CIG, que já denunciara o anopassado um contrato similar coma mesma empresa, estuda apre-sentar também desta vez umhaquerela por prevaricaçom contraos responsáveis da Conselharia.

Em 2012 a Inaer ganhou o con-curso, tal como adiantaram sindi-catos e associaçons profissionais,formando umha Unión Temporá-ria de Empresas com a Natutec-nia, firma vinculada ao ex-conse-lheiro do Meio Ambiente Carlosdel Álamo, que chegou a fazerprovas de seleçom de pessoal se-manas antes da assinatura do con-trato. Já em 2010 a CIG acertaraquatro dias antes de que se resol-vesse o procedimento aberto qualiria ser a empresa adjudicatária

do serviço de optimizaçom da pre-vençom de incêndios florestaismediante a planificaçom estraté-gica e coordenaçom operativa.Igual que dous anos depois, en-tom a beneficiária foi a Natutec-nia, empresa de que é diretivo oex-conselheiro com Fraga, já queo caderno de cláusulas adminis-trativas e de condiçons técnicasfora feito por medida.

Estas duas empresas ligadas aoPP levam anos celebrando sucu-lentos contratos com as Adminis-traçons públicas. Tanto assim, quea Inaer monopoliza através da suafilial Helicsa o fornecimento deaeronaves para o Serviço de Guar-da Costeira da Galiza e controlamais de 90% do negócio dos heli-cópteros no conjunto do Estadoespanhol. E isso apesar de a em-presa de aeronáutica da famíliaFernández de Sousa-Faro, pro-prietária da Pescanova, acumularnumerosas sançons da AviaçomCivil e da Inspeçom do Trabalho.

A gestom do Serviço é um su-culento negócio para as empre-sas, como no caso da adquisiçom

de meios aéreos, que se deixounas maos da Helicsa desde o seucomeço em 1990, quando Enri-que López Veiga promove poucoantes de ser nomeado conselhei-ro das Pesca a criaçom do Servi-ço de Busca e Salvamento, quecom o tempo viria a ser no Servi-ço de Guarda Costeira de Galiza.Juntamente com o seu sucessorno departamento autonómico,Juan Caamaño - filho de Francis-co Caamaño González, coroneldo exército franquista que che-gou a ser alcalde de Ferrol e vice-presidente da Caixa Galicia e doCelta de Vigo -, recrutam o vi-guês Fernando Novoa, ex-oficialda armada espanhola e piloto dehelicópteros de salvamento quetrabalha para a Junta como as-sessor marítimo.

Novoa convence Fraga para im-portar para o nosso país o modeloda sociedade estatal de Salvamen-to e Seguridad Marítima (Sase-mar). Novoa tem o cargo de con-selheiro delegado e à cabeça doholding está Manuel Fernándezde Sousa-Faro, o presidente daPescanova, com 21% das açons.Mas a família em conjunto é donade 50% dos títulos através da em-presa de material ferroviárioTransfesa, anteriormente presidi-da polo actual máximo responsá-vel da Inaer, Antonio DomínguezGarcés, casado com umha das ir-más Fernández de Sousa.

Os proprietários da Pescanovaingressárom mais de 100 mi-lhons nesse tempo com a aquisi-çom de helicópteros para o servi-ço da Guarda Costeira. Recente-mente a Junta atribuiu à Inaer agestom do salvamento marítimocom meios aéreos melhorando aconcessom até ultrapassar seismilhons de euros anuais.

Junta premia Pescanova com a gestom doshelicópteros e brigadas contra incêndios

A Junta contratou oserviço através dum

procedimento urgentesem publicidade

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15dito e feitoNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

dito e feito ‘‘Aos Estados interessam-lhe estas situaçons de crise para aumentarainda mais a repressom contra a gente que está fora fazendo cousas’’

O.R. E X.R.S. / A repressom daparte dos Estados aumenta ecobra novas formas, mastambém o fai a solidariedade:nas jornadas de 17, 18 e 19 demaio, o CSO de Palavea aco-lheu o primeiro Tattoo Circusda Galiza, um formato de en-contro anti-repressivo quenasceu há cinco anos em Ro-ma e se espalhou por toda aEuropa. A modificaçom cor-poral une-se à luita contra arepressom num formato comtrês premissas bem claras:todo o dinheiro arrecadado épara fins anti-repressivos, aorganizaçom é totalmente as-semblear, e os conteúdosvam muito mais alá da tatua-gem e o piercing, como oconfirma um programa atei-gado de palestras, debates,espetáculos e mesmo obra-doiros para escrever cartas apessoas presas. Óskar, umdos organizadores, fala-nosda organizaçom e do resulta-do deste evento.

O Tattoo Circus é um formatode encontro anti-repressivoque nasceu em Roma há ape-nas alguns anos. Como entra-des vós em contacto com ele?Entramos em contacto graças àgente de diversos pontos do Es-tado espanhol que está envolvi-da no tema anti-carcerários, efomo-nos conhecendo. Porexemplo, a mim chamárom-mepara dar umha palestra no Tat-too Circus de Barcelona há trêsanos. Outras organizaçons daGaliza participárom noutros co-mo no Madrid, etc. E , em si-multáneo, a gente que conhecía-mos do resto do Estado estavaconectada por sua vez com en-contros da Grécia, Alemanha,Itália, França, etc.

Daquela, tendes boa comuni-caçom com a gente que temorganizado Tattoo Circus nou-tras cidades, nom é?É. Os Tattoo Circus do Estadoespanhol estám totalmente coor-denados. De facto, parte dos fun-dos do último Tattoo Circus édestinada para realizar o seguin-te. Há como um modelo a seguirem toda a Europa, polo que nom

se pode fazer um com outraspremissas que nom sejam essas.Por exemplo, nom se seria umTattoo Circus se tivesse fins lu-crativos. Apesar disso, existebastante autonomia entre cadaum deles, e é a própria assem-bleia que decide os conteúdos ea quem destinar os fundos.

E de onde vém a ideia de ligaressas modificaçons corporaiscomo as tatuagens e os piercings com o tema anti--repressivo?Porque nom? Essa seria a res-posta. Realmente há muitas di-námicas que se estám a desen-volver no ámbito anti-repressivomas sempre caímos no mesmoformato com palestras, concer-tos, ou ceadores. Isso está muibem também, mas nós buscáva-mos sair do quotidiano e buscarnovas ferramentas para a luitaanti-repressiva. É um jeito deque a gente que nom se achega-ria a estas reivindicaçons polasvias tradicionais, o faga atravésda tatuagem ou doutras modifi-caçons temporárias.

Porque em Palavea?É o lugar perfeito! Tanto por in-fra-estrutura como pola genteque está morando ali e partici-pando no centro social. O localdeu-nos muitíssimas facilida-des: tínhamos 7.000 metrosquadrados à nossa disposiçom,possibilitando que houvesse umespaço de palestras, um espaçode concertos, umha zona de dia,outra de noite, um espaço para

cabaré, e umha igreja imensapara os espectáculos de suspen-som e demais.

Os fundos arrecadados diri-gem-se todos à luita anti-re-pressiva. Como os gerides eatravés de que entidades? Ecomo som distribuídos entreprojetos locais e outros maisestatais?Falarei da experiência nossa;noutros lugares pode ser distinta.Nós, depois de muito debateconstrutivo, decidimos fazerapoio direto a dous companhei-ros que estám em casos bastantegraves, com condenas grandes.Ao tempo, deixamos outra partepara a campanha Cárcere=Tor-tura, que na Galiza está levandoumha luita mais concreta contraas prisons e a tortura, para queeles o distribuam como queiram.É a assembleia de cada TattooCircus quem decide; em Barcelo-na, por exemplo, que contavamcom muitos mais fundos, enviá-rom recursos para companheirosna Grécia, no Chile, em Itália, emValência, em Madrid, et cetera.

As pessoas que participáromno encontro, desde as tatuado-ras até as músicas, figérom-node maneira altruísta. Como

contactastes com eles e elas?Existe já umha rede de genteconscienciada com este tema?Sim, existe. No caso concretodos tatuadores, os que vinhéroma Galiza participárom tambémnoutros Tattoo Circus do Estado.Enquanto aos obradoiros e pa-lestras, procuramos contar comgente galega que já leva tempotrabalhando neste ámbito. Tam-bém foi assim no caso dos músi-cos, que fôrom gente próximaque colabora de maneira altruís-ta. Estes encontros som real-mente úteis para potenciar ocompromisso nestes ámbitos; defacto, há um grupo mui grandede gente do setor das modifica-çons corporais que apoia estascausas graças aos Tattoo Circus.

As palestras abordárom diver-sas perspectivas da situaçomdos e das presas. Como pensa-des vós que está a influir a cri-se capitalista nas dinámicas re-pressivas empreendidas polosestados da Uniom?Os Estados estám em crise, recor-tando em áreas como a sanidade ea educaçom, mas a nível repressi-vo o controlo é cada vez maior. Defacto, interessam-lhe estas situa-çons de crise para aumentar aindamais a repressom contra a genteque está fóra fazendo cousas; éapenas umha escusa para endure-cer as suas medidas a todos os ní-veis: desde as multas administrati-vas por temas como os escraches,até a crescente presença da políciana Galiza, ou o maior controlo dapopulaçom dissidente.

A repressom aumenta, mastambém o fai a solidariedade ea tomada de consciência porparte da sociedade, nom é?Assim é. No Tattoo Circus vimosumha afluência impressionante degente, mas também se aprecia nodia a dia, em luitas como a das pre-ferentes, a luita contra a mina, …Cada vez há mais gente! O da mi-na de há algumhas semanas emCompostela há anos era impensá-vel. O Estado está-se armando, es-tá preparando golpes duros, e naGaliza imos ter um futuro a curtoe meio prazo bastante duro, commuita mais gente entrando no cár-cere sem saber mui bem porquê.Esperemos que o julgamento dasemana que vém corra bem, maspenso que igualmente temos queestar preparados porque nomimos receber de todos os lados.

Como avaliades o resultadodeste Tatto Circus?Fomos bem além das expectativasiniciais, sobretodo quanto ao nú-mero de pessoas que vinhéromparticipar nos obradoiros e demaisatividades. A verdade é que foi umtrabalho duro, mas o vermos que agente responde, e que consegui-mos ter quase 300 pessoas no sá-bado e 200 na sexta e no domingo,fai que a avaliaçom seja positiva.As tatuadoras ficárom contentes,e a organizaçom e o resto de parti-cipantes também. Podem-se me-lhorar cousas, mas para ser o pri-meiro ano melhor nom podia ser.A sensaçom com que ficamos foiótima: gente que nom conhecía-mos de nada fazendo espetáculosde circo, com um discurso anti-car-cerário brutal, outra gente quepreparava obras sobre a tortura,...Aliás, nas palestras houvo gentede todas as idades, e muita quenom era do nosso dia a dia, que semostrou interessadíssima. Nom sóhouvo quantidade, mas tambémqualidade: a gente participavacom inquietude e com discurso,nom vinha só para escuitar.

“Queríamos sair do quotidiano e buscarnovas ferramentas para a luita antirrepressiva”

entrevista a ósKar calvo, um dos orGanizadores do tattoo circus

“A assembleia de cada Tattoo Circus

decide os conteúdos”

“foi um trabalho duro mas vemos que

a gente responde”

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16 a fundo Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

a fundo O grosso da atual rede de caminhos de ferro desenvolveu-se entre 1873 e 1958

A história do caminho de ferrono território galego prende-seàs conveniências do centra-lismo espanhol. O desenvolvi-mento destas infra-estruturasnunca seguiu umha planifica-çom real nem se tivérom emconta as relaçons económi-cas e sociais do território.Contodo, esta rede ferroviária,servida por numerosas esta-çons situadas em diversas lo-calidades, permitiu a mobili-dade de pessoas e de merca-dorias através do País. Agora,com a chegada do século XXI,o Estado espanhol projetadesmantelar a atual rede epromover um modelo que pri-me os grandes núcleos de po-pulaçom e a ligaçom da altavelocidade a Madrid.

A.L. / No dia 15 de setembro de1873, em Carril, um balom aeros-tático deixava cair do ar mensa-gens em panos de seda a celebra-rem a abertura da primeira linhaferroviária que decorria sobre oterritório galego, entre a compos-telana estaçom de Cornes e estalocalidade arouçana. Entre aqueleano e 1958 foi o Estado articulan-do no nosso país o grosso da atualrede de caminhos de ferro, excetoa linha FEVE, de via estreita, quecomunica Ferrol com Návia e queiniciou o seu traçado em 1962.

O ativista Xan Duro explica aoNOVAS DA GALIZA as pejas funda-mentais que entravárom o bomdesenvolvimento do caminho deferro na Galiza. Diz-nos Duro queo traçado das linhas construídasentre 1870 e 1958 obedeceu a “um-ha mistura de interesses localistase de abaratamentos nos custos dostrabalhos”. Daí, umha das carate-rísticas da rede galega, que é tertroços excessivamente longos e

com fortes pendentes e sinuosida-des. E dá-nos estes dados: “Galizatem 40% das curvas de raio menorou igual de 300 metros e quase20% das curvas de raio menor ouigual de 500 metros de toda a redede Renfe, com um comprimentode apenas 7,2% do total”. Deste jei-to, algumhas das linhas ferroviá-rias som muito mais longas quetroços similares por estrada. Porexemplo, a via entre Santiago eOurense tem 130 quilómetros, en-quanto por autovia este trajetosom 95 quilómetros.

Mas os problemas som múlti-plos. As carências em infra-estru-turas e material rolante som “cró-nicas” diz Duro e acrescenta que“no nosso país, os caminhos de fer-ro ficárom num estado de abando-no lamentável como conseqüênciadumha campanha consciente eprolongada baseada na deteriora-çom de linhas, na obsolescênciado material rolante, no corte deserviços e no encerramento de li-

nhas com a escusa da falta deusuários; falta essa provocada poresta mesma dinámica”. Assim, Du-ro assinala que esta suposta falta éumha “falácia” e chama a atençompara a oferta paralela de autocar-ros. “Na linha Ferrol-Corunha, aRenfe disponibiliza 6 carreiras emcada direçom, sendo a primeira às7.02 e a última às 20.20, enquantode autocarro é possível escolher15 saídas diretas pola auto-estradae 16 pola estrada-geral com para-gens intermédias, entre as 6.30 eas 22.30. Assumindo que as em-presas de autocarro também aten-dem à rendibilidade, deduz-se cla-ramente a existência de demandade deslocamentos”.

Precisamente, a linha Ferrol–Corunha é umha das que verámreduzidas as freqüências com osnovos cortes de serviços impostospolo Ministério do Fomento à redeferroviária de todo o Estado. Se-gundo um estudo recente apresen-tado polo sindicato ComisionesObreras (CCOO) nesta linha somsuprimidos 31 serviços semanais.

Custos de milhares de milhonsDuro critica também que nom seponha em causa a rendibilidadedas linhas de alta velocidade queestám a ser construídas. “A cida-dania tem investido 50.000 mi-lhons de euros em linhas de altavelocidade. E a esta quantidade háque somar ainda arredor de28.000 euros anuais por quilóme-tro de manutençom”, assinala.“Para que umha linha de AVE cu-bra estes custos de manutençom,nem falamos já da amortizaçomdos 50.000 milhons, precisa de 6milhons de passageiros por ano.

Das duas linhas AVE estrela, a deMadrid-Barcelona soma 5 mi-lhons e Madrid-Sevilha 1,5 mi-lhons. De modo que aplicando aregra de três da Renfe cumpririafechar também o AVE”, afirma oativista. Neste aspeto, som salien-táveis umhas declaraçons realiza-das aos meios em 2010 polo presi-dente da Renfe na altura, TeófiloSerrano: “Nom é estritamente ne-cessária do ponto de vista do inte-resse público a existência de ser-viços de Alta Velocidade, mas éabsolutamente interessante doponto de vista do interesse públi-co que existam serviços de proxi-midades nas cidades”.

Caem as linhas convencionaisNo mês de junho, o Estado asses-tava um novo golpe à existênciadumha rede ferroviária útil paraas pessoas comuns. Assim, porcausa da remodelaçom de horá-rios de comboios, a partir de 2 dejunho fôrom desmanteladas maisde 100 freqüências semanais e fe-chadas várias estaçons sitas empequenas localidades do País. Osindicato CCOO realizou um estu-do do impacto destas supressonse quantifica em 104 os comboiosde meia distáncia que desapare-cem por semana, assim como de-nuncia o encerramento de 20 es-taçons e que outras 24 passam ater apenas umha paragem.

Antes, os aparelhos informati-vos do Ministério do Fomento fala-vam da supressom dumhas 36 fre-qüências de média distáncia. Num-ha nota de imprensa, a CCOO acu-sava o Estado de facilitar informa-çons “parciais” e assegurava que oMinistério “tenta confundir a opi-niom pública misturando dadosdos comboios suprimidos de meiadistáncia convencional com oscomboios de longa distáncia, que

o estado esPanhol Promove um modelo de transPorte que Prima a alta velocidade

O país que perdeu o comboio

As grandes linhas de AvE no Estado

som deficitárias

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17a fundoNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

cumprem outra funçom bem dis-tinta e tenhem diferentes tarifas eparagens”. Por linhas, a CCOO in-forma de que, além da já citadaCorunha-Ferrol, no trajeto Coru-nha-Lugo-Monforte de Lemos re-duzem-se 14 serviços por semana;no percurso Compostela-Ourenseperdem-se uns 27 serviços e entreVigo e Ourense desaparecem 14.A estes dados, os estudos dasCCOO acrescentam a perda de 4freqüências entre Ourense e Mon-forte de Lemos e outras 14 entreOurense e Póvoa de Seabra.

Eletrificaçom e via duplaA falta de eletrificaçom da redegalega é outra das carências queimpedem umha maior sustentabi-lidade energética deste meio detransporte. Dos 1.200 quilóme-tros de caminho de ferro do terri-tório galego, apenas 23% tenhemfornecimento elétrico. Nos tra-mos em que está prevista a cons-truçom de vias de velocidade alta,como por exemplo na parte do Ei-xo Atlántico que decorre entre ascidades da Corunha e Vigo, a ele-trificaçom destas vias nom está

prevista para antes do fim dasobras do AVE, ficando fora destasintervençons as linhas do com-boio tradicional.

Este atraso na eletrificaçom po-de pôr em causa também as datasque as Administraçons anunciam,especialmente na iminência decampanhas eleitorais, para a che-gada definitiva das chamadas “al-tas prestaçons” às estaçons gale-gas, pois umha via sem eletrificarnom pode suportar as altas velo-cidades e os atuais comboios die-sel que percorrem as linhas con-vencionais na Galiza nom ultra-passam os 160 quilómetros porhora. Ainda no eixo atlántico, avia dupla está a ser construída en-tre Corunha e Vigo, mas no troçoque vai da cidade herculina a Fer-rol foi descartada.

O ativista Xan Duro di que a fal-ta de eletrificaçom e de via duplafai que “mantenhamos comboioscom um alto grau de emissons po-luentes e velocidades reduzidas,com pouca capacidade de acele-raçom para oferecer um serviçode proximidades ágil e com múlti-plas paragens, e obrigados a de-ter-se para cederem passagem aoutros comboios pola mesma via”.

Cortes de fomentoeliminam 104

comboios semanais

Somente 23% da rede ferroviária conta

com eletrificaçom

Linhas em aluguerO responsável do setor ferroviá-rio da CGT, Ángel Valladares,denuncia que o Estado está a in-vestir só na alta velocidade, po-tenciando os trajetos longos e osgrandes núcleos enquanto se de-sentende do comboio convencio-nal e as localidades com apea-deiros som postas de parte.“Agora, trajetos como Corunha-Lugo passarám a fazer-se emcomboios de longo percurso,comboios estes que só pararámem Betanços e Ponte d'Eume”, diValladares em referência à novapaisagem ferroviária instauradaapós a restriçom de horários dejunho. Este sindicalista explicatambém os passos que o Estadoestá a dar para privatizar a redede caminhos de ferro. Tal mode-lo privatizado consistiria em que“o Estado mantém as vias, mas

seriam empresas privadas queprestassem os serviços pagandoum cánon”. A partir de 1 de agos-to começarám a conceder-se li-cenças para operadores priva-dos. Segundo as últimas infor-maçons publicadas, esta privati-zaçom irá começar com os co-nhecidos como 'trens turísticos'

(o Transcantábrico, o Expresode la Robla e Al-Andalus). Aindanom fôrom marcadas datas, masos seguintes passos da privatiza-çom passarám polas linhas delonga distáncia e de alta veloci-dade, as mais atrativas para osgrandes investidores. Ángel Val-ladares teme que o futuro docomboio seja semelhante ao dosaeroportos e que sejam os con-celhos ou as comunidades autó-nomas que tenham que chegar aacordos com as empresas priva-das para poder dispor de servi-ços de transporte ferroviário.

Também num futuro próximoas entidades públicas empresa-riais Adif e Renfe-Operadorairám transformar-se para seadaptarem melhor ao tal modelo“liberalizado”. Assim, a Adif, en-te que tem por objetivo a admi-

nistraçom e construçom de in-fra-estruturas ferroviárias, pas-sará a dividir-se em duas empre-sas: umha que se encarregará dagestom de vias de alta velocida-de, em que as operadoras priva-das poriam todo o seu interesse,e outra que se fará cargo das li-nhas convencionais que se man-tenham. Por outra parte, a Ren-fe-Operadora será segregada emquatro empresas, três das quaisse ocuparám dos atuais negóciosda companhia (transporte depassageiros, tráfego de merca-dorias e manutençom), enquan-to umha quarta divisom seria aproprietária dos comboios. Val-ladares explica que nos últimosanos a Renfe reuniu um parqueexcedentário de comboios de al-ta velocidade que poderám seralugados às empresas privadas.

AVE: grande infraestruturaagressiva com o territórioA chegada da grande velocidadeao Estado espanhol já estivo car-regada de espectáculo. Era 1992 ea inauguraçom da linha de alta ve-locidade entre Madrid e Sevilhaacompanhava macro-eventos co-mo a Exposiçom Universal de1992 nessa cidade andaluza. Ape-sar das dúvidas sobre a sua rendi-bilidade, a construçom de linhasde alta velocidade nom parou des-de entom e hoje quase metade dosquilómetros deste tipo de via nomundo decorrem em território es-panhol. Assim, a Ecologistas enAcción recordava que em maio de2011 a Adif expugera que na Es-panha estavam em serviço uns2.665 quilómetros de linhas decomboio de alta velocidade e qua-se outros 4.500 em construçom,sendo que a nível mundial se esti-mava existirem uns 16.000 quiló-metros destas ferrovias.

Qualificado polo militanteanarquista catalám Miquel Amo-rós como “o comboio dos dirigen-tes”, o desembarque do AVE, cu-jo objetivo principal é facilitar aconexom com Madrid, está liga-da a um dos episódios mais es-perpênticos da relaçom com oEstado, como foi o conhecido co-mo 'Plan Galicia' depois da catás-trofe ecológica do Prestige. Esteplano, que seguindo os manda-dos da mercadotécnia foi apro-vado num Conselho de Ministrosque tivo lugar na cidade da Coru-nha, já projetava linhas de alta

velocidade (300 quilómetros porhora) na linha entre Ourense eCompostela. É finalmente o Pro-grama Estratégico de Infraestu-turas de Transporte (PEIT) 2005-2020 que dá impulso às obras dasvias de grandes velocidades. O

troço em que poderám alcançar-se 300 quilómetros por hora, a ve-locidade máxima que pode atin-gir o AVE, é o que decorre entreOurense e Compostela, enquantono Eixo Atlántico e no troço Ou-rense-Lubiám as velocidadesnom irám ultrapassar 240 quiló-metros por hora.

O coletivo Amigos da Terra in-forma de várias das agressonsque estas obras estám a produzirno território e na gente. A Ami-gos da Terra denuncia que nomse respeitem espaços protegidos

e que os melhores vales e soutosdas paróquias ourensanas serámafetados pola passagem do com-boio de alta velocidade, comopor exemplo o souto de Cerde-delo, no concelho de Laza. Tam-bém as pessoas vizinhas àsobras estám a paceder as conse-qüências da construçom destainfra-estrutura. Assim, morado-res de Campobezerros, Cerdede-lo e Portocamba queixam-se deque as suas casas já estám a gre-tar, de que as fontes estám a se-car e de que as estradas estámdesfeitas. O coletivo ecologistadenuncia também que na paró-quia de Palmés, no troço AVEOurense-Compostela secáromas fontes e os poços. O porta-vozda Amigos da Terra, Xosé San-tos, adverte que “as zonas ruraisda Galiza vam ver passar trens amais de 300 quilómetros por ho-ra e nom vam ter conexom como trem de toda a vida” e refletesobre o paradoxo de que “há al-deias em Ourense onde se vaitardar mais em chegar à capitalde província para fazer gestonsque o tempo que vai levar ir aMadrid no AVE”.

As zonas rurais vamperder conexom como trem de toda a vida

vizinhança das paróquias padecem

efetos das obras

Renfe tem trens de alta velocidade

excedentários

Começaram-se a conceder licenças aoperadores privados

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18 a eXame Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

Em 1992 a Junta de manuel fraga elevou o limiar eleitoral a 5 por centoa eXame

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XAVI MIQUEL / As bases do sistemaeleitoral galego atual (depois damorte do ditador) assentam noEstatuto de autonomia aprovadono ano 1981. No artigo 11º do Es-tatuto fica estabelecido que a cir-cuncriçom eleitoral será a pro-víncia e que o Parlamento teráentre 60 e 80 deputados. Após asprimeiras eleiçons autonómicas,no ano 1985, é aprovada a Lei deEleiçons ao Parlamento da Gali-za, que desenvolve todo o siste-ma eleitoral galego. Nesta lei es-pecifica-se que o número de de-putados será de 75, distribuídoscom um mínimo de 10 deputadospor província, e os restantes se-gundo a populaçom de cada um-ha delas (a populaçom total é di-vidida por 35, para se ter a mar-gem total de deputados).

Nessa primeira lei, o limiareleitoral (o mínimo exigido parase entrar no Parlamento) era de3%, o que facilitava a entrada demais partidos e dificultava asmaiorias amplas, premiando osacordos pós-eletorais. Assim foicomo nas duas primeiras elei-çons houvo 5 partidos represen-tados no Parlamento, e outros fi-cárom às portas de entrar. Foi sóno ano 1992 que Manuel Fraga,na altura presidente, modificou alei eleitoal elevando o limiar até5%, o que tornou muito mais difí-cil conseguir representaçom par-lamentar. Em contrapartida, faci-

litou-se a obtençom de maioriasabsolutas, como as que foi con-seguindo o PP durante três legis-laturas consecutivas.

No Estado espanhol, o limiareleitoral varia segundo a cor poli-tica e as necessidades do momen-to. Para pôr exemplos similares,na Generalitat Valenciana o limiaré de 5% e no País Basco tambémera de 5% até 2001, ano em que odesceu a exigência. Em vários Es-tados europeus este limiar tam-bém é de 5%, caso da Alemanha,ou mesmo de 10%, como o que seprecisa na Turquia para se entrarno Parlamento.

Cálculo proporcional corrigidoUm dos principais conflitos insti-tucionais que se dam na Galiza (etambém no mundo inteiro) é o di-lema de porquê um voto numhazona vale mais do que outro votonoutra zona. A explicaçom que secostuma dar é que, assim, no par-lamento fica muito mais represen-tada a variedade territorial e nomprevalece umha “ditadura das zo-nas mais povoadas”.

Os partidários deste sistema as-seguram que permite políticas

muito mais equilibradas e que asregiões menos povoadas nom per-dem capacidade de decisom naspolíticas nacionais. Os detratoresasseguram que o sistema favoreceas politicas mais clientelares, ten-do em conta que as zonas maisdespovoadas som também as quetenhem populaçom mais idosa.

Seja como for, há que ter emconta que nem o sistema pondera-do é umha prática de “direitas”,nem o “um voto, umha pessoa”, éum reclamo de “esquerdas”. Antesbem, prevalece segundo as carate-rísticas de cada zona. No caso ga-lego, ao dar um mínimo de 10 lu-gares parlamentares por provín-cia, está-se a igualar os pequenosterritórios, já que é o mesmo umha

província com 100.000 habitantesque com um milhom. Para os de-tratores, ademais, a política de re-presentatividade nom é tanta, jáque afinal os territórios pequenosnom tenhem umha política explí-cita de desenvolvimento, mas ape-nas é umha politica de mínimospara continuar a manter os votosque tenhem nas redes caciquis.

Outro exemplo alternativo in-ternacional é Parlamento británi-co, onde o sistema eleitoral partedum sistema uninominal maiori-tário. Isto traduz-se num sistemaonde há 650 circunscriçons (cum-pre lembrar que na Galiza só háquatro) e onde é eleito deputadoquem obtém mais votos em cadacircunscriçom. Assim, os deputa-

dos som eleitos territorialmente esom diretamente responsáveis pe-rante o corpo eleitoral.

Umha pessoa, um votoEste slogan ganhou força nos últi-mos tempos, sobretodo ao pé donascimento dos “indignados”, quecolhêrom a proposta como umhadas bases para reformular a demo-cracia institucional. Mas esta pro-posta já tinha centrado os debatesde representaçom política há mui-to tempo e já está a ser implemen-tada desde há alguns anos em vá-rios Estados, especialmente naAmérica do Sul.

Segundo os partidários do mé-todo, este produz umha maior des-centralizaçom do Estado e convidaà gente a umha maior participa-çom política. Ademais, autoim-pom-se a procura do bem comumalém do benefício pessoal. Polocontrário, para os detratores, estemétodo só favorece as grandesmaiorias e nom reforça as mino-rias (umha das bases da democra-cia liberal) o que leva simplesmen-te a que os grandes centros de po-der continuem nas principais aglo-meraçons urbanas.

o artiGo 11º do estatuto estabelece que o Parlamento deve ter entre 60 e 80 dePutados

Sistema eleitoral galego: O dilema entrea proporcionalidade ou a igualdade

O método ponderadofavorece práticas

clientelares

'umha pessoa, umvoto' ganhou força

com os 'indignados'

Nos últimos meses, a proposta de Feijoo sobre umha nova reforma eleitoral temmarcado a agenda institucional dos partidos. A ideia do presidente da Junta é re-duzir o número de representantes na cámara galega, passando dos 75 atuais para61. Por demarcaçons, seriam eliminados 6 lugares na Corunha, 5 em Ponte Vedra,2 em Ourense e um só em Lugo. Segundo a Junta, a reduçom obedeceria a umcorte nos gastos em representantes políticos, e falam dum aforro de 7 milhons de

euros por legislatura. A oposiçom di que a reforma é umha tentativa de arrecadarmais diputados para o PP, que aumentaria a sua vantagem e consolidaria a maio-ria absoluta. Ademais, também afirmam que o suposto aforro nom chegaria nemaos três milhons de euros e que, além disso, a reforma omite outras despesasmuito mais importantes, como o custo dos assessores. Nesta conjuntura o NGZanalisa a aplicaçom do sistema eleitoral galego desde que foi aprovado em 1985.

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19conversaNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

'O monte é nosso' trabalha em cartografar e visibilizar os montes em mao comumconversa

ZÉLIA GARCIA / No sábado 8 e 9de junho na cidade de Vigo ti-vo lugar Cooperland, um fimde semana de encontro sobrepráticas cooperativas e anali-se da realidade dos bens co-muns. Para falar do paradig-ma galego de bem comumparticipou Fran Quiroga, de“O monte é nosso”, apresen-tando este coletivo para valo-rizar a importáncia dos mon-tes em mao-comum. Conver-samos com ele de coopera-çom, da história destes espa-ços da comunidade galega eda sua aposta em trabalhar napesquisa e na açom social pa-ra viabilizar esta peculiarida-de do nosso território, ondecoexistem mais de 3.000 co-munidades de montes.

Como nasce “O Monte é Noso”?No ámbito da Feira Imaginária quese organizou no Alg-a lab, em Va-ladares, foi apresentado o projetode tentar trabalhar ao redor dosmontes comunais, porque o quenos interessava era enlaçarmos osbens comuns com outras realida-des como o software livre, e outroscomuns mais imateriais, como aWikipédia, e ligá-lo a estes comunsnaturais. Os montes em mao-co-mum tenhem mais de 600 anos deexistência, e pensamos que era im-portante que se conhecessem, paraaprendermos desta experiencia. Apartir daí saiu “O Monte é Nosso.Sachando procomum”, que é umcoletivo colaborativo e horizontal,em que trabalhamos debaixo doque chamamos “o pinheiro de pro-duçom”. Tentamos utilizar formascomunais nas próprias decisonspara a gestom do nosso dia a dia,que vai na mesma linha dos co-muns naturais.

Em que consiste a importánciadestes montes?Estamos a falar dum fenómenoque ocupa cerca de 30% do terri-tório galego, que é brutal, e quequebra essa que se tinha do Paíscomo individualista. Temos unsbens que som mais de 600.000hectares em que estám envolvidosmais de 150.000 comuneiros. O vi-tal é que a propriedade, que nom

só a gestom recai neste conjuntode moradores. A diferença que háa respeito doutros montes queexistem no resto do Estado é quea propriedade nesses outros recaina Administraçom pública, aindaque depois essa gestom seja co-munitária, mas a propriedade épública. A nossa é privada e degestom comunitária.

Como foi a evoluçom históricadesta realidade na Galiza?Em 1800 havia na Galiza dous mi-lhons de hectares que som benscomunais, e situamo-nos na atua-lidade em 600.000 hectares. Deu-se um processo de desarticula-çom, semelhante ao que acontececom os baldios portugueses, queatualmente ocupam 5% do terri-tório português, e que sofrem omesmo devalo. Durante o fran-quismo, igual que com a ditadurasalazarista, é promovida umhapolítica de reflorestaçom que sóbusca produtividade desse monteno sentido desarrollista. Para semanter o sistema agrário tradi-cional e o minifundismo que te-mos nós, era preciso dispor dum

espaço amplo onde poder reco-lher estrume e a madeira para ascasas. Deste jeito, havia umhasimbiose entre este espaço priva-do, que era a leira e mais a casa, eeste espaço comum, que era omonte. Mantinham esse sistemade apoio às pessoas com menosrecursos porque podiam ter nestemonte comunal unha vaca, umporco, ou sementarem um pouco,e polo menos nom morriam de fa-me. Isto rompe-se com o proces-so de suposta modernizaçom dosistema agrário e com a políticade reflorestaçom do franquismo,que o que fai é que as pessoas ve-jam pouco a pouco como umha

cousa alheia este monte. Afinal,encontramo-nos com que namaioria dos casos na atualidadeos montes estám totalmente arre-dados do rural, sendo que dantesfaziam parte do mesmo, destacosmovisom. Dos 600.000 hecta-res quase metade som geridospola administraçom, polo despo-voamento do rural.

Como ides levar adiante o vos-so projeto de ativar a memóriado comum nos montes?Temos três eixos de açom: um larde pesquisa comunal, que buscagerar conhecimento desta reali-dade e na nossa língua; residên-cias artísticas e sociais, para faci-litar que a arte, a cultura ou a pes-quisa atuem como um catalisadorque sirva às comunidades demontes, buscando o envolvimentomútuo, e umha cartografia expan-dida, onde se tracem os afetos ecomuns situados através de entre-vistas e imagens, em que poda-mos ver como se estabelecem es-tas redes de apoio mútuo, que vaimais ao imaginário.

Imos contactando com as comu-

nidades de montes que temos maisà mao e tivemos uns encontros coma Organizaçom galega de montesvizinhais em mao-comum. Já con-tamos com o apoio de várias delas.Sabemos que há algumhas comu-nidades as que nom imos chegarporque tenhem um posicionamen-to político diferente ao nosso. Um-ha das nossas ideias é que com es-tes projetos consigamos que as co-munidades vejam a utilidade quepode ter o manter este bem comume nom cedê-lo ou alugá-lo.

Ligades o vosso posiciona-mento coletivo polo bem co-mum á defesa da terra como algo inseparável deste modo.Certamente, o nosso próprio nomeé um revival dessa luita dos anos70, do «Monte é Nosso», homena-geando o documentário de Llo-renç Soler. O comum é um concei-to que vem de velho, e queremosmanter esta luita que tem mais 30anos, durante o franquismo e tam-bém anteriormente. Defendemosa decolonizaçom dos comuns, por-que o comum também existe norural e nas periferias.

fran quiroGa, do coletivo o monte É nosso

“A política de reflorestaçom fijo que as pessoas vejam o monte como cousa alheia”

“Estes montesracham com a visomindividualista do país”

“queremos que as comunidades vejam oútil de manter este bem”

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20 media Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

A direçom evita a criaçom dum Conselho deInformativos, contemplado na lei dos meios públicos media

XOÁN R. SAMPEDRO / Há apenas dous me-ses, no número 124 do jornal, reco-lhíam-se nesta seçom algumhas refle-xons sobre a falta de rigor e de profis-sionalismo que, de forma coletiva,vém caraterizando o trabalho informa-tivo da ‘Televisión de Galicia’ e mais aRádio Galega. Sem confundirmos es-ta falta de qualidade com a soma decapacidades das e dos profissionaisque aí trabalham, há que procurar asua razom na existência em Sam Mar-cos dumha estrutura de poder conce-bida e aperfeiçoada para o exercícioda propaganda pró-governamental,assim como das diversas causas re-trógradas com que o governo da Jun-ta comunga. Mas, dizíamos e dizemos,nom basta justificar-se no “cumprirordens”. Umha campanha em marchaatualmente acompanha a reclamaçomde reformas na estrutura das empre-sas da CRTVG com a denúncia públi-ca de cada um dos casos em que cadadia as tesoiras do Partido Popularpasseiam polas redaçons nas maosde subordinados afins.

Lançada polo mês de abril, a campanha'Eu nom manipulo, e tu?' é a resposta doComité de Empresa da Televisom deGaliza ao cada dia mais exageradocomportamento censor por parte da di-reçom dos meios públicos. Literalmen-te, nas próprias palavras que recolhemno blogue onde centralizam o trabalho,nasce “para denunciar a manipulaçominformativa que sofre o canal público epara exigir a criaçom do Estatuto Pro-fissional que estabelece a Lei 9/2011dos meios públicos de comunicaçomaudiovisual da Galiza, que contempla acriaçom dum Conselho de Informativospara a Corporaçom RTVG”.

Ao carom do trabalho realizado nestetempo, fundamentado na difusom e do-cumentaçom na rede, em eunonmani-

pulo.wordpress.com, de casos de mani-pulaçom que oscilam do explícito aomais subtil, o Comité de Empresa apre-sentava no passado 4 de Junho um do-cumento assinado por 60 por cento dase dos jornalistas dos serviços informati-vos. No texto entregue aos grupos par-lamentares e à Comissom de Controloda CRTVG no Parlamento Galego, aodiretor-geral e ao Conselho de Adminis-traçom da CRTVG, 345 profissionais dainformaçom da Companhia exigem me-didas para garantir a pluralidade e ve-racidade nos meios públicos.

Museu dos horrores informativosO blogue antes referido é produto dasassembleias de trabalhadoras e trabalha-dores em que se vinha debatendo a pro-blemática e possíveis respostas à mani-pulaçom, e está ativo desde abril. Regis-ta desde entom dúzias e dúzias de casosem que a estreiteza mental dos diretivosse impom nom só ao rigor ou ao interes-se jornalístico, mas ainda ao mais ele-mentar senso comum. Nada que podasurpreender a quem olha com certo espí-rito crítico para televisom da administra-çom autonómica, mas casos que postosem fileira, um atrás doutro, deixam um-ha imagem mais nítida de até que pontose está a esbanjar dinheiro público a ca-da emissom dos 'telexornais', ou 'te-equis'como os conhecem em Sam Marcos.

Por caso, o facto de os informativos te-rem 'ninguneado' em palavras das e dostrabalhadores, a aprovaçom por parte daIcann (organismo internacional que au-toriza e oficializa os domínios na Inter-net) da criaçom do domínio .gal para sí-tios web relacionados com a Galiza e alíngua e cultura galegas. O mesmo infor-

mativo que desde há anos anda a procu-rar meter polos olhos da gente da Galizaa Cidade da Cultura, esperpento que se-gundo o PP continua 'colocar-nos nomundo' enquanto é percebido como umdesastre por toda a parte, abandona aofinal a notícia de que o organismo regu-lador decide dar entidade à cultura daGaliza na rede de redes.

Ou, só para pôr outro exemplo (e am-bos sem necessidade de recuarmos maisdo que até a segunda semana de junho),sobre-dimensionar e cobrir fontes demui escasa fiabilidade e tendenciosa-mente marcadas. Na última semana, aConferência Episcopal espanhola a falar,com dados de 2011, do 'aforro' que su-postamente representa para o Estado aescolarizaçom em centros concertados.Notícia sem contraste em nengumha ou-tra fonte, como o som as duas, na faltadumha, peças reservadas nos informati-vos de dias consecutivos a um relatórioda 'Red Madre' que se resumia na primei-ra frase da informaçom em “Quantomaior é o nível de estudos das mulheres,menos abortos ocorrem em Espanha”.Sem aprofundar no precário e superficialdo relatório e da sua conclusom, resultaimpensável que num momento como oatual, em que é patente nas ruas o con-fronto com a regressom em direitos paraas mulheres que promove o ministro ca-tólico Gallardón, nom fazer aparecer,mesmo só para dissimular, umha outravoz que cumpra os requisitos mínimosexigíveis a umha comunicaçom. Nomsendo, claro, a CRTVG, onde continua avaler todo, à custa da consciência de tra-balhadoras e trabalhadores presos dummodelo para-propagandístico.

mais de metade do quadro assina contra a “maniPulaçom informativa”

Pessoal da CRTVG mantém opulso pola sua independência

notas de rodaPÉ

Som ricos os países mineiros? A Imprensade Vocaçom Centralista cuida que umha

mina é um tesouro.

Nom contam que a Bolsa do cobre está emLondres e o cobre no Chile. Que Bruxelas

marca os preços dos diamantes produzidosem África e que o valor do coltám do Congo édecidido nos Estados Unidos. A cotaçom datonelada de ferro é outra das exclusivas deLondres.

Antes bem, a intensidade da exploraçom mi-neira dum país é proporcional ao seu atra-

so. Os países ricos deslocam as minas para osterritórios da pobreza.

O êxito da mineraçom do ouro e dos dia-mantes na África do Sul dependia de salá-

rios míseros e dum sistema racista. A maioriados Estados do subcontinente europeu expor-tárom as suas próprias minas para o hemisfériosul. Os telhados de lousa da Reforma já nomprocedem de França mas dos soutos decruadosdo SE da Galiza. Por que será?

OPlano Setorial das Atividades Extrativasda Galiza (PSAEG) declara a sua intençom

de ignorar todo o sistema legal de proteçom deespaços naturais, paisagens protegidas, pedrase jazigos históricos.

AImprensa de Empresa celebra a venda daNaçom em leiras para minas. A política de

desenvolvimento a longo prazo fica embarga-da. Depois de entregues os rios (Fenosa, Iber-drola) as rias (Reganosa, Lourizán, Petroliber)e o ar, animam a continuar o espólio físico, so-cial e cultural.

Que decisom irá ser reservada ao povo sobrevales e cômaros entregues por 50 anos a

preço de saldo? O PSAEG é incompatível com aDemocracia.

AImprensa Parcelaria nom relaciona o co-lossal esbulho de terra com o assalto ao

mar. Dale Sawyer, un geólogo texano discípulode Mike Talwani, prepara o levantamento defi-nitivo da bolsa de gás prevista a 35 milhas a Wdas ilhas Sies.

Desde 1978, esse gigantesco e elusivo jazigofoi objeto de nove campanhas geológicas.

Sawyer vem com o mesmo retrouso que os seuspredecessores: “Nom vimos buscar gás”.

Mineraçom e esbulhopor terra, mar e ar

um blogue desvenda acensura diária nas

redaçons de Sam marcos

Os informativos estám aser altofalantes acríticos

para as mensagens dofundamentalismo católico

Os telhados de lousa já nomprocedem da frança mas dos

soutos decruados da galiza

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21crónica GrÁficaNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

crónica GrÁfica

Várias cidades galegas, sumárom-se a protesta internacional contra a

Troika baixo o lema "Nom devemos,nom pagamos"

Umha mobilizaçom apoiadapor mais de 30 coletivos so-ciais, percorreu a zona velha

compostelá para denunciar ocaráter político do juízo con-

tra 4 independentistas quese vai celebrar 24 e 25 de ju-

nho na Audiencia Nacional

Milhares de pessoas manifestárom-se em Compostela polo Dia das Le-tras. Um ano mais o bloco laranja ti-vo presença própria e nútrida namanifestaçom

Concentraçom das trabalhadorasdo Sergas contra a privatizaçom doserviço

5. A massiva manifestaçom contra oplano mineiro da Junta levou aCompostela a decenas de organiza-çons e milhares de pessoas

“Se a maternidade nom é livre, te-mos claro que é imposta”. Era umhadas arengas que se ouviu na mani-

festaçom da Plataforma Galega poloDireito ao Aborto que o domingo 16

de junho encheu as ruas de Com-postela. Autor: Galiza Contrainfo

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

cultura “A Torre de Hércules é património da humanidade e todo o entorno deveria estar protegido”

“O Concelho deveria implicar-se nom só nesteprojeto, mas em muitos que partem da cidadania”

entrevista a PePe lado, laura sÁnchez e tono GalÁn, do ProJeto cÁrcere

Qual era a ideia primeira desteprojeto? Como nasceu?Pepe Lado: O projeto nasceu apósumhas jornadas de gestom cultu-ral alternativa organizadas poloConcelho no ano 2010 no institu-to que está ao lado do cárcere, oÁnxel Casal. Durante dous, trêsdias, passou por aqui gente queestava a gerir espaços de maneiraalternativa noutras cidades, e alifalou-se da possibilidade de recu-perar o cárcere pola primeira vezdurante o colóquio final. Eu ia emrepresentaçom da Associaçom devizinhas das Atochas-Monte Alto,e havia gente de outros coletivosda cidade e pessoas a título indi-vidual: juntos pensamos em ten-tar fazer algo, continuar com a re-flexom... E a gente respondeu:nas primeiras reunions éramosmeio cento de pessoas. Naquelaaltura, o Concelho abriu o cárce-re durante umha semana para di-versos usos: fôrom projetados fil-mes, leu-se poesia, houvo exposi-çons, palestras, debates, teatro...Nesta altura fôrom organizadasquatro comissons de trabalho: in-fraestruturas, gestom, projetos ecomunicaçom. Mas com as mu-danças no governo local, a cousatambém mudou. Tentamos conti-nuar com as conversas com a no-va concelheira de Cultura, AnaFernández (PP), procurando um-ha resposta como a que nos deraMaría Xosé Bravo (BNG), masainda nom a tivemos. Di que oprojeto é ilusionante, mas pom adesculpa de que o espaço nompertence ao Concelho e que vamtentar recuperá-lo primeiro, po-rém já nos vetárom a entrada naPrimavera de 2012, quando con-vocamos umha jornada de limpe-za porque o prédio estava a de-gradar-se muito por ter ficadoaberto o recinto. Falamos cominstituçons penitenciárias, aquem pertence o espaço na atua-lidade, para que tomaram cartasno assunto, mas nem os titularesdo centro nem o Concelho figé-

rom nada até que se nos ocorreuir limpar, convocamos num do-mingo e a polícia chegou antesque nós. Desde aquela até hoje háumha pessoa 24 horas ali que im-pede a entrada. E nós já nom es-tamos centrados tanto no edifíciocomo em organizar-nos e valori-zar as possibilidades.

Tendes criado um plano de via-bilidade muito trabalhado. Quepretendeis fazer com ele?Tono Galán: Já que nom se podiaentrar, pensamos em fazer por es-crito um plano geral da platafor-ma, ficou um dossier bastantecompleto. A ideia era ter umha ba-se para trabalhar no futuro e libe-rar energias. O trabalho foi repar-tido entre os quatro grupos quehavia no início, tentamos refletir oque tínhamos debatido estes trêsanos: fala-se de autogestom, pala-vra que aparece no manifesto des-de o começo, das possibilidadesda estrutura -os arquitetos figé-rom mediçons, umha análise doedifício e um plano de viabilida-de-, dos projetos a desenvolver, dagente que quer estar implicada edas suas inquietaçons, assim co-mo as propostas de usos que fô-

rom chegando neste tempo.Laura Sánchez: É preciso dizerque foi um processo aberto a todaa cidade para que a gente propu-sesse possíveis usos para o edifí-cio. O que figemos foi recolhê-lose refleti-los no plano.P.L.: Tambémnos serviu para conhecer outraspropostas que estám a funcionarfora de aqui e para dar-nos a co-nhecer a nós mesmos. Estes diasvai assistir umha pessoa do coleti-vo a umhas jornadas com outrasplataformas de gestom alternativade espaços em Sant Boi. Juntar-see falar das próprias experiênciasacaba por demonstrar que estesprojetos tenhem viabilidade. As-sim mesmo, ao pôr por escrito asideias que nos chegam e as que te-mos, ficam expostas à cidadania.Também lhas enviamos ao conce-lho, mas houvo silêncio total.

E como vedes um possível envol-vimento do Concelho? Como es-tá a ser trabalhada esta via?L.S.: Sempre que temos algumhacousa nova que consideramos quepode ser de interesse, informa-mos. Mas, habitualmente nom te-mos resposta.P.L.: Tivemos duas reunions com

a concelheira, mas todo fica empalavras bonitas. Assinalam quecomo o edifício nom é deles e quenom se podem comprometer. Es-tes dias saiu na imprensa queexiste um convénio urbanísticoassinado por Paco Vázquez no mi-nistério espanhol do Interior, se-gundo o qual haveria um acordode permuta de terrenos: pareceser que o concelho deveria ceder-lhe um terreno em troca para aconstruçom dum centro de inser-çom social e pagar umha indem-nizaçom, mas parece que o terre-no já foi cedido e a indemnizaçomfinalmente nom é necessária. Sa-bemos que estám em negociaçonspara recuperá-lo, e nisso nom nosvamos meter. Nós gostávamos deque o edifício passasse a maos doConcelho e se abrisse a possibili-dade de fazer algo aliT.G.: É preciso dizer que o projetosempre quijo procurar coesomcom todo o mundo. É parte da suafilosofia primigénia, mas como ví-nhamos de ter tratos com o Bloco,e isto é pura hipótese, já nem nosrespondem à documentaçom quelhes mandamos, nem às tentativasde reuniom. Há umha parte quefalha, e, como no dia da brigada

de limpeza, a falta de diálogo é aque provoca os maus entendidos.É certo que nom sabemos real-mente o que pensam do concelho,mas nós pensamos seguir na linhada coesom. Nom somos mais queum intermediário, entre aspas, ecustou-nos muito que a gente nomtentasse identificar-nos com umou com outro partido.P.L.: O Concelho deveria implicar-se nom só neste projeto, senomem muitos outros que partem dacidadania. Deveria acompanhar,mover-se com a gente. Dedicar es-te prédio a fins sociais, culturais ede recuperaçom da memória his-tórica resulta beneficioso para to-da a gente... Parece que há medoquando a cidadania tenta empo-derar-se, mas nom só no nosso ca-so, a gente que tentou recuperar apanificadora de Vigo nom contoucom o apoio do Concelho doPSOE, e em Ponte Vedra, os do Li-ceo Mutante também tivérom pro-blemas há um tempo com o BNG.L.S.: Estamos vendo que é umproblema comum também na re-de transibérica de que participa-mos, criada há um par de anos porgestoras de centros culturais in-dependentes. A administraçomvai pondo impedimentos, as aju-das nom existem... se fôssemosumha empresa, talvez nom hou-vesse tanta desconfiança.

Qual é o valor do cárcere para a cidade?T.G.: Toda a cidade, mas o bairrode Monte Alto especialmente,tem umha relaçom histórica coma prisom, sobretodo de medo.Para além das condiçons arqui-tetónicas singulares -tem o se-gundo edifício pan-ótico cons-truído no Estado, depois do deOviedo-, a sua história de repres-som é abrumadora.L.S.: Também há que ter em contaa situaçom geográfica. Com istode que a Torre é património da hu-manidade, todo o entorno deveriaestar, em princípio, protegido.

A.R.G. / Falamos com membros do Projeto Cárcere, umha iniciativa mediantea qual a vizinhança e gente dos movimentos sociais e culturais da Corunhae comarca pretendem recuperar o espaço do cárcere da Torre, visibilizando-o como o que foi, um lugar de repressom, mas convertendo-o num lugar deconvivência, “livre e aberto, onde primem os usos social, cultural, educativo,lúdico e a participaçom cidadá”, contam na Rede. Nom se trata de um grupofechado, mais bem ao contrário, já que funcionam, desde a sua criaçom em

2010, de maneira assemblear e autogestionada. Levam três anos a trabalhartambém na recolhida de achegas e ideias, de exposiçons, a atuaçons musi-cais, cursos, a sede de várias associaçons da Corunha, umha escola infantil,local para pessoas migrantes, pessoas com deficiência, centro de criaçomde arte, um albergue para a gente nova... Som só algumhas achegas que po-deriam ajudar a recuperar para a gente umha parte da cidade que continua aser escura, a dar medo e a cair.

LAURA SÁNCHEZ, TONO GALÁN E PEPE LADO

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23culturaNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

Praza Pública pede apoiosREDAÇOM / O jornal digital Praza

Pública também acaba de lançarumha campanha para conseguirapoios do público. Segundo con-tam, o pagamento dos jornalistasda redaçom, o desenvolvimento ea manutençom tecnológica do seusite é financiada maioritariamen-

te “através de pequenas doaçons”,graças às quais, é possível “a in-dependência e a sustentabilidadefinanceira do Praza. Neste senti-do, achegam um formulário quepode ser preenchido por todaaquela pessoa que deseje colabo-rar com o jornal.

Fecha o Furancho de Arte ContemporáneacompostelanoREDAÇOM / O próximo 21 de ju-nho fecha um dos projetos maisanovadores do panorama exposi-tivo galego. Depois de um ano etrês meses de trabalho, o Furan-cho de Arte Contemporánea, FACPeregrina, de Compostela, clau-sura-se de modo definitivo, "coma profunda satisfaçom de ver osseus objetivos cumpridos e a tran-quilidade de ter exercido a sua

responsabilidade para com aconstruçom coletiva de conheci-mento que é a Arte", segundo ex-plicam o seus promotores no por-tal Culturagalega.org.

O seu último evento será o FACALL, que inclui um almoço popu-lar, photocall, sessons de váriosDJ e concertos, a sua realizaçomserá nas instalaçons deste espaçonos arredores de Compostela.

novos meios Para a Galiza em movimento

Botam a andar os audiovisuais Galiza Ano Cero e Irmandade TV

REDAÇOM / Recentemente, empoucas semanas assistimos aonascimento de duas televisonsalternativas, as duas com o mes-mo objetivo: democratizar a in-formaçom e construir meios decomunicaçom pola base, a partirdos mesmos consumidores eacompanhando a sociedade e osseus movimentos.

A primeira em emitir o seuprograma na Rede foi Irmanda-

de TV, criada, segundo contam,para “difundir programas agre-gados, dar voz ao nacionalis-mo” e permitir à sociedade "ex-trair as suas próprias conclu-sons", fora da visom a que nostenhem acostumados os meiosde comunicaçom empresariais,e, às vezes, também os públicos.Com um formato debate-tertú-lia, apresentado por Aurelio Lo-pes, os primeiros programas deIrmandade.tv tratárom o temada megamineria e da falênciadas caixas e a estafa das prefe-rentes.

A outra TV que também acabade estrear o seu primeiro pro-grama no passado 17 de junho éGaliza Ano Cero, da qual já te-mos falado no NGZ (Nº125).Nascida na cidade da Corunha

dum grupo de pessoas que que-riam criar umha nova televisombaseada no debate político e so-cial, “de abaixo à esquerda, emcódigo aberto e baixo licençaslivres”, emitiu um primeiro de-bate em que Manuel MartínezBarreiro, Xosé Manuel Pereiro,Lola Ferreiro e Alba Nogueira,respetivamente, falam da cria-çom de ferramentas e caminhos

próprios de esquerda para aconstruçom de umha democra-cia real. Esta TV está em proces-so de crowdfunding, quer dizer,procuram mecenas para desen-volver a sua atividade e emitirmais programas, que tambémvam incluir entrevistas. A genteque quiger colaborar pode pro-curar o projeto na plataformacatalá Verkami.

REDAÇOM / O dia 21 de junho,quando esta ediçom já esteja fe-chada, a RAG dará a conhecerpublicamente o nome da pessoaà qual se dedicará o Dia das Le-tras em 2014, portanto já nompoderemos mudar o título da no-tícia. Mas, se a cousa vai comoquase sempre, por volta do meio-dia um fax chegará às redaçonsdos jornais galegos com o nomedo escritor homenageado, prova-velmente um homem, pois atéagora todas as propostas somdeste género. Os e as jornalistasde Cultura passarám o dia pega-dos à wikipedia para contar umpouco da vida do escolhido polose polas académicas que estrutu-ram umha instituiçon recente-mente remodelada.

Por enquanto, fôrom apre-sentadas quatro candidaturas:Xosé María Díaz Castro, Ricar-do Carvalho Calero, Fiz Verga-ra Vilariño e Xosé FilgueiraValverde. Há outros dous no-mes propostos, mas ainda deveser comprovado se cumprem osrequisitos precisos para pode-rem ser escolhidos.

As candidaturas tivérom queser apresentadas por escrito ecom o aval, quando menos, detrês académicas. Porém, cadaacadémica pode avalizar mais deum candidato ou candidata.

Os nomes conhecidos som jáhabituais desde há anos nas qui-nielas prévias, mas também hou-vo outros que fôrom assinaladosnas últimas semanas: falou-se de

Xela Arias (finada em novembrode 2003) e de Luísa Villalta (quefaleceu em março de 2004), ain-da que é preciso salientar que,em 50 anos, só três mulheres fô-rom homenageadas, a última em2007. Outros candidatos com op-çons poderiam ser Carlos Casa-res, Antonio Fernández Morales,Ramón de Valenzuela ou ManuelRodríguez Orestes.

Onde estám as escritoras e as poetas?XELA ARIAS

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24 desPortos Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

d desP

orto

storques e cascarilha somam-se ao GaÉlico

As da Marinha conseguírom vencer naLiga estatal mais na Taça de Espanhafemininas, com o Atlético de Madrid co-mo rival. Goleando por 5-1 e por 6-1 res-petivamente, demonstram o potencialdum clube humilde que tem no apoio dasua massa social um elemento fulcral.

dobradinha histórica do burela de futebol salom

Mais duas equipas mistas de futebolgaélico acabam de ser criadas no país:os Torques de Lugoslavia em Lugo,promovida pola associaçom Cultura doPaís, e a Cascarilha na Corunha, surgi-da no ámbito do CS Gomes Gaioso eúnica equipa mista da cidade.

SÉRGIO CAAMANHO - XERMÁN VI-LUBA / O 26 de Maio chegava o diada verdade... e como antessala dagrande final nacional de Marroços,a Autêntica continuava a consoli-dar-se o dia anterior em PonteAreias, disputando um espetaculartriangular entre os combinados na-cionais de Andaluzia, Euskal He-rria e a própria Seleçom Galega.Esta jornada servia de convívio eachegamento, num fim de semanalúdico e festivo em que os compan-heiros bascos, chegados de Pasaia,e os andaluzes, de Cádiz, contáromcom um recebimento por todo o al-to da mao da gente do referencialCS O Fresco. Este evento, que davao pistolaço de saída à grande fimde semana bilhardeira que rema-tou com a vitória da Autêntica bril-hantemente capitaneada polo Ge-lín com 8 pontos, 2 de Andaluzia e1 de Euskal Herria. Do combinadonacional, só dous palanadores caí-rom derrotados: um deles, debu-tante na Autêntica, foi o ex-diretordo NOVAS DA GALIZA, Carlos Barros,que com o seu lamentável jogo de-monstrou que nom todos os gale-gos sabem dar-lhe à bilharda.

Umha incendiária equaçom,"galeg@s e bilharda", que tivo o asua máxima expressom na novaediçom do Play off Nacional, nes-ta ocasiom disputado na bravafreguesia Compostelana de Ma-rrozos. Com meio governo impu-tado e outro meio com o medo nocorpo, a cámara municipal deCompostela negou-se em redon-do a colaborar com a LNB: nemtroféus nem nada, "¿Qué es eso de

la billarda?", devêrom pensar."Quita, quita. A esos ni agua, que

suena a gallego y esos son peli-

grosos". Assim as cousas, Marro-zos converteu-se num autênticocampo de refugiados, um exérci-to de almas na procura do susten-to espiritual da Coroza da LNB, osímbolo máximo da resistênciagalega contra o jugo e o submeti-mento social e desportivo do rei-no de Espanha. O lume ardeu nocorpo de cada um dos jogadores,nos siareiros, e transmitiu aocampo de jogo como um rego dechama de um vulcam em erup-çom. Cada golpe na procura dovarado converte-se numha pedramais do grande poema visual queentre todos estamos a construir.Furabolos do Pino, equipa cam-peoa nacional, Reyes dos Outros,campeoa nacional feminina, Gi-nés de Furabolos campeom na-cional em Varados (tiros diretos)e Daniel dos Billardeiros Musi-cais, Coroceir@ Nacional oucampeom nacional absoluto. Es-tes fôrom os nomes próprios de

um colapso de emoçom intrans-feríveis, cuja prolongaçom estánas tuas maos, lob@ solitari@ Bi-llardeir@ que tés os olhos chan-tados nestes regos escritos.

Bilhardas contra minasQuando dizemos que a LNB émuito mais que um desporto po-de soar a tópico para quem nuncativesse contacto com esta formade ser e de viver; mas em eventoscomo a açom bilhardeiro reivin-dicativa contra a Mina de Corco-esto, da mao dos irmaos da Plata-forma em defesa de Corcoesto eBergantinhos, viramos num mo-

vimento social e reivindicativoposicionando-nos em todos osconflitos e movimentos sociaisque afloram no nosso País.

Fôrom dúzias os palanadores epalanadoras que participáromneste fim de semana reivindicati-vo. Começou já no 31 de maio,sexta-feira, com um concerto aoar livre em Carvalho que, apesarda chuva que caiu todo o dia e to-da a noite, serviria como ponto departida para os intensos aconteci-mentos que nos esperavam. Nodia a seguir, no Enarbolar o Mon-te, o ponto zero em Santa Marinhade Corcoesto, umha espetacular

organizaçom e participaçom vizi-nal permitiu a reuniom na carval-heira de Santa Marinha de artistasplásticos, contadores de contos,cantores e poetas para unirem assuas açons reivindicativas à espe-tacular exibiçom bilhardeira con-tra a mina que reuniu numha lan-çadeira de varados a dúzias de vi-zinhos e vizinhas, alguns dosquais mostrárom grandes aptitu-des e com certeza que vam au-mentar a serpente multicor daLNB na vindoura temporada. As-sim, como o milhadoiro anti-mina,do qual fai parte a LNB, mostra-mos o nosso apoio e coragem bil-hardeira contra a selvagem amea-ça que sofrem as terras de Ber-gantinhos e do país inteiro.Foicom essa raiva que nos desloca-mos muitos de nós em corpo e al-ma para estarmos ao dia seguintena grade manifestaçom nacionalrealizada em Compostela contra amegamineria e o espólio do nossopaís onde enchemos as ruas da ca-pital pondo fim a umha semanatam intensa como reivindicativa.

Portanto, afiamos firmementeas bilhardas e procuramos os nos-sos paláns mais contundentes pa-ra preparar os lançamentos maiscerteiros do ano e assestar os gol-pes necessários a todo aquele quepretenda furar a nossa terra. Minanom, adiante com o varal!

A final #Marrozos2013... um país, um desporto, umha coroça, umha ilusom!

preparamos bilhardase paláns: mina nom,adiante com o varal!

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25desPortosNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

O 18 e 19 de Maio decorreu em Viana do Castelo o XV Cam-peonato Luso-Galaico de Surfe, Bodyboard e Longboard, quetambém incluiu como atividade a limpeza de praias. No planocompetitivo, destacárom as atuaçons em categoria Surf Open,da ferrolana Isa Gundin, primeira, e Alba Rodriguez, segunda.Na categoria masculina, o galego Pipo Dominguez foi segun-do, por trás do português Eduardo Fernandes.

sucesso do camPeonato luso-Galaico de surfe

A Seleçom Galega feminina obtivo o segundo lugar noVI Torneio Quatro Naçons de andebol, disputado emCarvalho. Neste campeonato participam as seleçons bas-ca, catalá, galega e mais outro país convidado, que esteano foi Itália. A esquadra italiana ganhou a Catalunhanas semifinais, e Galiza fixo o próprio contra Euskadi.As italianas impugérom-se na final à Galiza por 27-22.

Galiza fica seGunda no torneio 4 naçons de andebol

JOSÉ CADAVEIRA / No próximomês de julho, do 11 ao 14, reali-zará-se no porto do Freixo, noconcelho de Outes, o XI Encon-tro de Embarcaçons Tradicio-nais da Galiza. Este evento, omais importante da sua classe napenínsula, volta após quatroanos à ria de Muros e Noia. Noano 2009 fora a vila de Murosquem se implicara como nen-gumha o tinha feito antes emcontribuir para o acolhimento debarcos e tripulantes, com umhaambientaçom que ia para alémdo peirao, incluindo as ruas des-ta formosa vila. Após o Encontrode Carril em 2011, organizadocom a crise económica já avan-çada, e portanto, com grandesdificuldades económicas, é ago-ra a associaçom Terra de Outesquem assume o heroico desafiode trabalhar para que nom faltea celebraçom da cultura marin-heira e o património marítimogalego. Como nom podia serdoutro jeito numha vila com so-na polas suas carpintarias de ri-beira, e que ainda conserva esta-leiros, este ano será este o temacentral ao qual será dedicadoparte das palestras, debates e vi-sitas. As carpintarias de ribeiragalegas, agrupadas na associa-çom AGALCARI, dedicam-se ca-da vez mais à construçom dasembarcaçons de tipologias tradi-cionais para o lazer e o desporto,como alternativa de viabilidadepola introduçom de outros mate-riais em lugar da madeira naconstruçom de embarcaçons depesca profissionais.

Desde 1993, com o I encontro,som 20 anos de festejar a recupe-raçom das embarcaçons que ogénio dos nossos carpinteiros deribeira e a sabedoria dos nossosmarinheiros aperfeiçoárom aolongo dos séculos. Nom todaschegárom a nós. Algumhas tipo-logias, outrora contadas por cen-tenas, estám extintas, como aslanchas das rias altas com a suaproa curva-convexa, ou o volan-teiro de dous paus, das quaisnom ficam mais que fotos anti-gas. Outras fôrom salvadas poracaso da desapariçom, como a

lancha do jeito das rias baixas.Das centenas que havia há cemanos só um pécio resgatado daareia em Caldebarcos, há vinteanos, permitiu a construçomdumha réplica, depois mais duas,e todas as que as associaçons se-jam capazes de armar.

Noutros casos ainda se está arestaurar velhos galeons que re-cuperam o seu aparelho originaldepois de terem passado pola mo-torizaçom e diversos usos ou oarrombamento.

E por fim há tipologias que con-servárom um estado “latente”, en-tre o seu abandono como embar-

caçom dos marinheiros profissio-nais e a sua recuperaçom comopatrimónio, lazer e objeto de es-tudo e investigaçom. Entre estasestám sobretodo as pequenas em-barcaçons: gamelas, chalanas,botes, trainheiras e, já agora, asdornas. As pessoas que iniciároma reabilitaçom das velhas embar-caçons contávam, e ainda con-tam, com o conselho e a experiên-cia dos últimos marinheiros queenfrontárom o trabalho diário nomar sem a ajuda dum motor.

O panorama que se abria paraas entusiastas das embarcaçonstradicionais a princípios do sécu-

lo que andamos era esperança-dor, em cada cita bianual apare-ciam novos barcos, réplicas ou re-abilitados. Esta tendência aindase mantém graças ao voluntaris-mo das pessoas que integram asdezenas de associaçons que com-ponhem a Federaçom Galega po-la Cultura Marítima e Fluvial, masos subsídios públicos começam afaltar, e sem eles é difícil enfron-tar os projetos que requirem ummaior investimento.

A navegaçom tradicional nomse estrutura em clubes náuticosedificados em superfície ganha aomar, recheios, abrigos, pantaláns,e toda a fachenda que acompanhaeste mundo de ostentaçom e “pi-jismo”, mas em associaçons mo-destas com instalaçons precárias,umhas mais desportivas, outrasmais culturais, outras mais festei-ras, algumhas comprometidascom outros campos da cultura e ofolclore tradicional e com a defe-sa do património marítimo, paraalém das próprias embarcaçons,

como o estaleiro do Purro emBueu. É umha atividade bem dife-rente das motos de água e outrasatividades aquáticas baseadas nomotor. Só se escuita o vento na ve-las e o barco a sulcar o mar. As ta-refas de mantenimento somusualmente feitas pola tripula-çom. Por contra, nom todas as ad-ministraçons cooperam muito: aFederaçom mantém a reclama-çom dumha lista própria para asembarcaçons tradicionais, queatualmente estám matriculadascomo qualquer embarcaçom delazer; também se luita para fazerefetiva a rebaixa que a legislaçomreconhece quanto ao pagamentode amarraçons para as embarca-çons tradicionais, o reconheci-mento legal de embarcaçons co-mo património móvel, e o mante-nimento e ampliaçom das anco-ragens tradicionais contra as in-tençons das administraçonsportuárias de as eliminar.

Quanto ao aspecto identitário,afortunadamente o panorama ge-ral quanto ao elemento humano ébem diferente do que carateriza anavegaçom de lazer convencio-nal. Longe do elitismo e espanho-lismo dos clubes náuticos, a ad-quisiçom e mantenimento dumhaembarcaçom tradicional no seiodumha associaçom é muito maisacessível e o ambiente é muitomais favorável para as pessoascom consciência de País. Ao mes-mo tempo, as diferentes associa-çons também enfrentam dificul-dades para ter instalaçons ouamarraçons à beira do mar. Al-gumhas vem-se obrigadas a “in-vernar”, outras desfrutam de con-cessons portuárias que permitemnavegar todo o ano. Em todo caso,o verao é naturalmente a épocaque concentra maior número deatividades: regatas, pequenos en-contros locais, travessias,simplesnavegaçom de lazer; e cada dousanos os encontros organizadospola Federaçom e a organizaçomda vila que os acolhe. Música, ate-liers, exposiçons, jornadas técni-cas etc http://www.culturamariti-

ma.org/freixo2013, quatro dias deatividade, diversom e cultura nomar e na terra.

Encontro de Embarcaçons Tradicionais: 20 anosrecuperando o património marinheiro de Galiza

As associaçons sommodestas, autónomas

de clubes náuticos

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26 temPos livres Novas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

temPos livres

MARIA ÁLVARES / O jogo é um-ha das atividades mais im-portantes que pode desen-volver umha criança, com eleimitamos, aprendemos, par-tilhamos e gozamos.Da Alemanha chegam à Gali-za umhas interessantes cai-xinhas chamadas tollaboxpensadas para crianças deentre 3 e 8 anos. Dentro te-mos três projetos pedagógi-cos diferentes que ajudam,entre outras cousas, a de-senvolver a experimentaçomlivre e que variam cada mês.Markus está por trás da dis-tribuiçom e traduçom desteprojeto no estado espanhole Portugal.

Que som as tollabox?As Tollabox som umhas caixascriativas orientadas para crian -ças de entre três a oito anos.Dentro venhem três projetos pe-dagógicos para aprender brin -cando. A ideia é oferecer mate-riais para que as crianças expe-rimentem e criem livremente.Cada mês as caixas renovam assuas atividades e, aliás, conte -nhem umha nova Tolla-história

que som as aventuras dos seresTolla no planeta Terra.

Por que decidistes comercializá-las no Estado espanhol?Nós pensávamos fazer algo pare-cido aqui, na Galiza, mas nesseprocesso descobrimos a Tollaboxe pareceu-nos perfeita, imelhorá -vel! Deu-se a casualidade que co -nhecia um dos fundadores na Ale-manha e telefonei-no porque pen-samos que a melhor opçom seriacolaborar com umha equipa tamboa e nós podermos centrar-nosem achegar a mais famílias umproduto tam inovador. Nom temosque produzi-las, nós só nos encar-regamos da adaptaçom e distribui-çom. De momento, apenas somdistribuídas no Estado espanhol,mas no futuro também serám dis-tribuídas em Portugal. A venda éatravés da nossa página web(www.tollabox.es), mas tambémgostamos da venda direta para vercomo reagem as crianças. É muilindo ver como desfrutam!

Tenho entendido que cada caixaé diferente e trabalha campos di-versos. Que encontra umhacriança ao abrir a caixinha?

A criança encontra algo mui emo-cionante e especial dirigido espe-cificamente para si. Cada umhavai encontrar algo diferente por-que cada quem tem o seu própriodescobrimento com as propostasque contenhem, os jogos que sedesenvolvem som únicos e in-transferíveis. A Tollabox é comoa vida, está pensada para fomen-tar a curiosidade inata das crian-ças e incrementar as destrezaspróprias (9 destrezas) ao longodo tempo (subscriçons) com baseno conceito de inteligências múl-tiplas, da inteligência emocionalaté a música.

Brincar é fundamental para ascrianças. Que se consegue?Brincar é a vida, a gente pensaque brincar é o descanso entreos deveres, mas brincar é apren-der. Por exemplo, é mui comumque as crianças aborreçam a ma-temática, como nom aborrecê-la! Nas aulas som aprendidas in-termináveis operaçons sem sen-tido, sem aplicaçom na realida-de, mas a matemática está emtoda a parte, tenhem um sentidona nossa vida diária, cada vezque cozinhamos calculamos

quantidades! A ideia é que asadultas nom limitemos a auto-descobrimento das crianças.

Nos jogos que trazem as tollaboxas meninas e meninos brincamsós ou é preciso acompanhá-las?A ideia é fomentar o tempo par-tilhado entre cuidadores/as ecrianças. Dependendo do de-senvolvimento ou da idade dacriança será precisa mais ou me-nos ajuda, também a complexi-dade do jogo muda. É por estemotivo que venhem os conse -lhos para pais e maes que pre-tendem ensinar como fazer umbom acompanhamento.

Até que idades som recomendadas?De 3 a 8, ainda que vimos que emcrianças mais velhas (de 9, 10 e 11anos) também funciona mui bem,desfrutam-na muito. Porém aequipa que desenvolve os jogospensa em crianças de 3 a 8 anos.Nom há tollaboxes separadas poridades, todas som para crianças apartir de 3 anos. As crianças rea-gem muito bem porque cada jogoestá testado por muitas outras des-sas idades antes de ir na caixa, es-tá garantida a diversom!

Que importáncia tem a escolhados materiais com que som fei-tos os brinquedos?Os materiais som importantes emdous sentidos. Por um lado, que selhe dê valor aos materiais, ao seuciclo de vida, pois os recursos somescassos, só temos um planeta e épreciso cuidarmo-lo. Tentamosusar o menor plástico possível e acaixa é algo mais que um simplesenvoltório, pode-se reutilizar, porisso tem esse desenho tam espe-cial, podes fazer um roupeiro ouum baul de tesouros.

Por outro lado, apreciar os ma-teriais quotidianos, nom trabalha-mos com materiais especiais, se-nom com cousas que podes en-contrar e que pode ter muitosusos, só há que lhe por imagina-çom, assim o jogo nom acaba nun-ca. Variamos muito porque ascrianças adoram investigar textu-ras, durezas, formas, etc.

Como está a ser a aceitaçom?Está a ser mui boa, ainda estamosa começar, só levamos um mês,mas todas as pessoas que a víromfalam mui, mui bem da Tollabox eisso fai que cada vez vaia melhor,mas ainda é cedo para julgar.

CARLOS C. VARELA/ Dizquequando os seus despediam a Ro-berto Vidal Bolaño alguém dei-xou no cadeleito o seu icónico na-riz vermelho e um exemplar deRastros. Nós nom podiamos dei-xar pasar este ano de Vidal Bola-ño sem deter-nos nesta obra quetrata o conflito dos presos e pre-sas independentistas dos anos 80e 90, e que tam de perto conheceuo de Vista Alegre. O tema é de porsi elevante, por quanto a resistên-cia ilegal continua a ser um tabuestrutural numha literatura gale-ga sobredimensionada como pri-meira linha da luita nacional: co-mo evidenciam as dificuldadesque passam libros como A pers-

pectiva desde a porta de PatriciaJaneiro, marginado mesmo sendofinalista do Premio Xerais.

Rastros é agora ré-editado noprimeiro volume das Obras Com-

pletas bolanhesas preparadas porEdicións Positivas. Trata-se de

umha história crua e sórdida, naque umha relaçom a quatro ban-das remata por configurar umringue no que é a mulher, Ester, aque leva todas as hóstias: as doamor, a repressom, a traiçom, adroga, a exploraçom… Iago, pre-so do EGPGC; Moncho, eternoaspirante a literato galeguista; eXan, o home “normal”, comple-tam o quadrilátero.

Di Roi Vidal, filho do dramatur-go, que Rastros é “a obra na quecargaba as tintas sobre a sua pro-pia filiación” e denunciava o “pactoco poder durante todo o procesode construcción da chmada demo-cracia española e asemade da Ga-liza autonómica”. Em efeito, o livroé um magnífico estudo etnológicodo nacionalismo galego nessa épo-ca em que a polarizaçom entre opau e a cenoura era máxima. Todocontexto colonial, especialmenteno que o conflito é sordo, engendraestratégiass de supervivência nas

que se entrecruzam a inteligênciae a covardia. Os cínicos eram des-critos por Erving Goffman comoaqueles que entre dous antagonis-mos, visam obterem os máximosbeneficios associados a cada ban-do sem comprometerem-se com osriscos de nengum. Bolaño conjuraesse ethos cínico –encarnado à per-feiçom pola personagem de Mon-cho- indiretamente, através dumdiálogo entre Esther e Iago no queela “descobre o jogo”: “Máis de ca-tro nunca vos perdoarán que fixé-rades aquilo para o que eles sem-pre lles faltaron huevos”.

“A arena política –expom Isabe-lle Stengers- está povoada de som-bras de aquilo que nom tem umhavoz política, que nom a pode ter ounom quer tê-la”. Som estas som-bras, estes rastros, o que queremossublinhar aquí.

O paso político de fundo destaobra política, nunca aparece ver-balizado como tal. É atmosférico, e

nom é outro que o malestar facer amodernizaçom, num tempo noque a Galiza se metia de cheio noMercado Comun Europeio e omundo tradicional acelerava o seudeclínio. Todas as personagens oexprimem: ora contra a comidamoderna que subsistiu os calhospor “aceite de soia e hamburgue-sas de can. Un disparate!”; ora con-tra a medicina noderna, que “encanto caes nas súas mans, ademaisde salvarche a vida, acábanche coadignidade” e pensa que “vivir é ter(…) un puntiño branco dando sal-tos regulares na pantalha dun jodi-do monitor de televisión”. Mesmoo preso nom simboliza a sua opo-siçom a Espanha através da políti-ca, senom por umha hostilidade fi-siológica, metafísica, à terra –umvetor identitário tradicional- cas-telhana, “chaira interminábel e es-traña” na que as árvores “son pe-quechas e enxumidas que más bensemellan matogueiras”.

Mas Bolaño tem o acerto deacentuar esta adversom em Es-ther, pois nela encontra-se –e con-funde-se- com a outra sombraprincipal: a feminina. Da avoaherda o institnto “anti-moderno”:“…levaba razón miña avoa. Orock estanos facendo un fraco fa-vor. Estimula que os corpos dei-xen de tocarse, enche o mundo deruído”, e mesmo contra a electri-cidade: “Miña avoa nunca deixouque a puxésemos (…) Dicía quealuz era un invento do demo eque non a precisaba”.

Como mulher, Esther cuida,ama, prostituí-se, vai aos vis-à-visà prisom… Mas a sua luita nom dáem poemas profundos nem con-frontos políticos, senom numhaviolencia desorganizada e auto-destrutiva. Do mesmo jeito, em tro-ques de receber o consolo enno-brecedor do “artista maldito” oudo “preso político”, recebe umhainvisibilidade total.

“Brincar é a vida, nom o descanso entre os deveres”

entrelinhas vidal bolaÑo e o teatro de sombras GaleGas

criança natural entrevista a marKus hoffmann, distribuidor de tollaboX na Península ibÉrica

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27temPos livresNovas da GaliZa 15 de junho a 15 de julho de 2013

que fazer

18.06.2013 / MERCADO ‘EN-TRE LUSCO E FUSCO’ /19:00 no Parque de Belvis.COMPOSTELATodas as terças-feiras. Inclui‘Espaço de Troca’ de diferentesobjetos, roupa, etc.

18.06.2013 / PROJEÇOM DEO JOGO DOS IDIOTAS / 19:30no salom de atos do AteneuFerrolano (Rua Magdalena,202-204). FERROLNo ‘Ciclo Francis Veber’ (Co-media). Entrada livre.

19.06.2013 / CHARLA 'MEMÓ-RIA HISTÓRICA. GUERRILHAANTIFRANQUISTA EM LUGO'/ 20:00 no C.S. Mádia Leva(Rua Serra dos Ancares, 18).LUGOFalará Carlos Hernando (histo-riador).

19.06.2013 / PROJEÇOM DETALLER DE FLAMENCO, DEALFONSO CAMACHO / 21:30no C.S. O Pichel (Rua SantaClara, 21). COMPOSTELAOrganiza o Cineclube de Com-postela. VO.

21 e 22.06.2013 / FESTIVAL‘PSICOTROITA II. A VINGAN-ZA’ / 22:30 e 13:00 em Sigüei-ro. OROSOAtuam The Fuzzbombs, FamiliaCaamagno, Samesugas e OCaimán do Río Tea entre ou-tros. Sábado sessom vermutecom Toni Lomba e Bigote Mix.Programa completo no sitewww.psicotroita.org.

22.06.2013 / XIII SESSIOMVERMÚ DE RÁDIO FILISPIM /12:00 na trasseira do Merca-do de Carança. FERROLFim de temporada com música,petiscos e rádio ao vivo.

22.06.2013 / CICLO 'A MÚSI-CA TRADICIONAL RE-VISTA'/ 21:00 no Auditório do Cen-tro Vizinal e Cultural de Vala-dares. VIGOAtuam A folla da hedra e A má-quina que mete medo.

22.06.2013 / NOITES DE TRI-VIAL / 22:00 no C.S. GomesGaioso (Rua Marconi, 9 - Ato-chas - Monte Alto). CORUNHATodos os sábados.

23.06.2013 / ROTEIRO PORSANTA MARINHA DE ÁGUASSANTAS (ALHARIZ) / 09:00frente à Faculdade de Magis-tério (Avenida de Ramón Fe-rreiro). LUGOOrganiza Adega.

23.06.2013 / FESTA DO LUMENOVO / 20:00 em Sanxilhao(Fontinhas). LUGOOrganiza o C.S. Mádia Leva.Fogueira, foliada, jogos, sar-dinhada e chouriços a preçospopulares.

23.06.2013 / ‘ROCKMERÍA’ / Àtardinha no Torreiro dos Lin-hares (Canido). VIGOFogueira, sardinhada e concer-to de A Compañía do Ruído.

25.06.2013 / PROJEÇOM DEQUE CALES! / 19:30 no sa-lom de atos do Ateneu Ferro-lano (Rua Magdalena, 202-204). FERROLNo ‘Ciclo Francis Veber’ (Co-media). Entrada livre.

28.06.2013 / REPRESENTA-ÇOM DE O MUNDO SEGUN-DO ROSALÍA / 19:00 noC.S.C. das Fontinhas (RuaBerlim, 13). COMPOSTELAObra teatral da S.C. Meduliodirigida por Francisco Rodrí-guez. Organiza A.C. O Galo.

28.06.2013 / CONCENTRA-ÇOM POLA LIBERDADE DOSPRESOS INDEPENDENTIS-TAS / 20:00. LUGO, OUREN-SE, VIGO E COMPOSTELAAs últimas sextas-feiras de ca-da mês. Informaçom emhttp://www.ceivar.org/.

28.06.2013 / CANTOS DE TA-VERNA / 21:00 nos bares AsReixas (Rua Isabel II) e A Na-varra (Rua da Princesa, 13).PONTE VEDRA

29.06.2013 / V ENCONTRODO EIDO DOURADO / 20:00na Praia das Pasadas (SamMiguel de Reinante). BARREIROSPintura, escultura, poesia e músi-ca. Ao remate, vinhos e petiscos.

29.06.2013 / CONCERTO DESERGIO TANNUS / 20:30 noAuditório Municipal Ilduara -AMIC- (Bairro O Cercado).CELANOVANo ciclo 'Rede de músicas soltas'.A entrada custa cinco euros, e obono de seis concertos, vinte.

01 ao 10.07.2013 / ACAMPA-MENTO DE NATUREZA / NoCentro de Educaçom Am-biental As Corcerizas (Arnui-de). VILAR DE BAIRROAcampamento de educaçom am-biental e de lazer dirigido a mo-ços e moças de 10 a 14 anos.Mais informaçom e inscriçom nosite http://ascorcerizas.com.

02 a 05.07.2013 / CURSO DEVERAO SOBRE DESENHO E

GESTOM DE PROJETOS DECONSERVAÇOM A NÍVEL LO-CAL / Toda a jornada na Fa-culdade de Ciências (Cam-pus da Zapateira). CORUNHAOrganiza Adega em colabora-çom com a Universidade daCorunha. Inclui umha visita aCarnota. O programa completoestá em http://adega.info.

05.07.2013 / VENRESPIRAR +VENRESPIRINHO / 22:30 naCafataria A Efémera (Espla-nada de Sam Francisco). OURENSEFesta tradicional itinerante. Or-ganiza A.C. Algaravia.

05.07.2013 / FESTIVAL ARDERANDE / 21:30 baixo a Pontede Rande (Cabanas). REDONDELAAtuam Nao, The Body of TheLito, Maskarpone e Fei.

05 e 06.07.2013 / FESTIVALMÚSICA NA NOITE / 21:30em Calo. TEOAtuam Terbutalina, Caxade,Martelo, Quemapallou, A Mag-nifique Bande, Leo i Arreme-caghoná...

06.07.2013 / 2º ENCONTROCLUBE DE LEITURA AMÁL-GAMA / 18:00 no Café daGuiné (Rua Sam José, 2).CORUNHAComentará-se o livro da femi-nista Clarice Linspector Pertodo Coração Selvagem.

06.07.2013 / XVIII ASSALTOAO CASTELO / 00:00 no Cas-telo. VIMIANÇORepressentaçom teatral do as-salto irmandinho ao castelo.Também haverá atividades to-da a jornada, que podem serconsultadas emhttp://www.asaltoaocastelo.org.

06 e 07.07.2013 / ROMARIADO LAZER / 21:00 e 11:00 noAnfiteatro do Parque de San-ta Margarida. CORUNHANo sábado, foliada e sardinha-da, e no domingo, romaria eDia da Muinheira. OrganizaXacarandaina.

11 ao 14.07.2013 / FESTIVALINTERNACIONAL DO MUN-DO CELTA / Toda a jornadaem vários espaços. ORTIGUEIRAConfirmadas as atuaçons deKan, Escola de gaitas de Orti-gueira, Bagad Glazik Kemper,Banda Crebinsky e HarmonicaCreams. Mais informaçom emwww.festivaldeortigueira.com.

Encontro de Embarcaçons Tradicionais chegaà sua XI ediçom de 11 a 14 de julhoO Encontro de Embarcaçons Tra-dicionais de galiza chega à sua XIediçom e fai vinte anos este verao.Será realizado no freixo (Outes)entre o 11 e o 14 de julho.Este evento, organizado pola fe-deraçom galega pola Cultura ma-rítima e fluvial (fgCmf), é cele-brado cada dous anos e consistenumha concentraçom de embar-

caçons tradicionais representati-vas do património marítimo. Há13 barcos inscritos até agora.O certame, para além da concen-traçom e das regatas, conta tam-bém com atividades complemen-tárias como conferências, coló-quios, publicaçons, exposiçons,atuaçons musicais e de baile, ar-tesanato... O programa completo

pode ser consultado no site:www.culturamaritima.org.O objetivo destes encontros é pôrde manifesto a riqueza do patri-mónio marítimo e fluvial e a ne-cessidade de conservá-lo. Aliás,com estes encontros som dinami-zados setores como a carpintariade ribeira, a velaria, os efeitos na-vais, o artesanato...

Acampamento no rio SarelaA escola ‘Semente’ organiza esteverao um acampamento dirigidoa nenos e nenas sobre ‘O Sarela,um río cheio de histórias’. vai serdesenvolvido de segunda a sexta-feira, em horário de manhá, entreo 24 de junho e o 31 de julho. Ospreços variam segundo seja a ins-

criçom para umha semana (50euros), duas, três, quatro ou cinco(210 euros). por dias soltos o pre-ço é de 10 euros.As atividades serám variadas;desportivas e educativas. Inscriçom nos telefones 881 819637 ou 607 901 506.

O Centro Social gomes gaiosoorganiza este verao cursos dealemám, inglês, fotografia, pho-toshop, massagem relaxante einiciaçom à informática. Aliás,continuam os de éuscaro, pan-deireta e gaita. A duraçom é dedous meses (do 15 de junho ao15 de setembro), com hora emeia de aulas à semana. O pre-ço é de 20 euros por mês. As aulas serám no centro social,ubicado na corunhesa na Ruamarconi, 9 (monte Alto).

Cursos deverao naCorunha

Gomes Gaioso

no freiXo (outes)

Para nenos e nenas

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

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Novas da Gali a Apartado 39 (15701) COmpOSTELA Tel. 692 060 607 [email protected]

milheiros e milheiros dedesempregados e des-empregadas, o capita-

lismo atuando dum modo voraze assassino. A exploraçom e abarbárie exercida como aniqui-laçom da terra, das pessoas,dos animais, já forem domésti-cos ou selvagens. A persegui-çom de quem reclama justiça esoberania convertida em peçade caça maior. Tempos de ex-terminar todo o que leve galizano seu ADN. golpeadas, insul-tadas, reconvertidas, controla-das, emigradas, encarceradas,despedidas, precarizadas, ofen-didas, enganadas, oprimidas,privatizadas, mercantilizadas,incendiadas, esgotadas, con-quistadas… leia-se também emmasculino.

Nom som tempos para acrós-ticos verticais indecifráveis. pa-ra andar com vendettas, margi-naçons, atitudes ridiculistas oupôr-se a emular um jogo de tro-nos inacabável. A terra precisapovo e o povo precisa pam. Afamélica legiom existe e tem no-mes e apelidos. Sem eufemis-mos nem palavras moribundas.questom de pura supervivência.É ao que temos chegado. Comcerteza, merecidamente. unspor dar a ganáncia persistente-mente a inimigos declarados danaçom galega, outros por secontentarem com as migalhasdo poder e uns poucos por vivernum mundo Babel com boa mú-sica, mas escassa praxe, e de-masiada terminologia.

Os fundadores da umg já va-mos começar a ter netas e vamser a sexta geraçom. Começan-do a contar a partir de Segundopeña, um dos assassinados no36 em Barbadas. Em todashouvo homens e mulheres lui-tadoras que se dedicárom omelhor que puidérom a acabarcom a doma e castraçom. A for-ça e a violência exercida poloscolonizadores deixou-nos semvitórias que celebrar. Aos vete-ranos e aos emergentes do in-dependentismo sobreviventecorresponde-lhes trabalhar ago-ra para corrigir os erros e supe-rar os fracassos. unidos, incan-sáveis, coerentes, combativos,atrevidos, incorruptíveis, revo-lucionários, orgulhosos… leia-se também em feminino. mui-tos braços e um só punho. Oudamos mais forte ou a condenavai ser a extinçom.

Xan Carlos Ánsia

salvemos a naçom

Que influências tenhem Os da Ria?Os da Ria sempre tentamos en-xergar cantarelas que falem umpouquinho das cousas importan-tes: Galiza, as rapazolas belidas...Os da Ria já sabes como somos.Nós gostamos mais dos sofásconfortáveis que dos sofás nomconfortáveis, por exemplo, ou dascomidas saborosas que das comi-das sosas, ou estamos mais a fa-vor da paz que da guerra...

A maneira de compunxir de Osda Ria é mui essencial. A gentedi: “É que o vosso será todo ta-lento, talento e talento”. Poismentira. Os da Ria devemos tercinco ou dez por cento de talento,o resto é descanso, descanso edescanso. Ritmo, harmonia e me-lodia. Eligimos umha palavrachave, a quem queremos cantar?À Infanta Elena. Pois palavrasque rimem. Entom argalhamos-lhe um esquelete, metemos rit-mo, harmonia e melodia; e já estáum xite feito.

É o humor umha arma efetivanestes tempos de rebeldívia?Claro que sim. A um bom amigonosso, Arturo Fernández, aindalhe dêrom umha medalha ao mé-rito no trabalho há uns dias.

As malhas sociaes estivéromaqueloutradas por umha foto-grafia em que saíades com o teuprimo, Pedro Puy. Em que con-texto foi tomada?Isso foi num concerto senlheiropara o qual fomos contratados,foi um pouco estranho, umhaceia do Ateneo de Ponte Vedra.Entre os comensais estava PedroPuy e decidimos que era boaideia que Os da Ria, e sobre todoArturito Puy, figeram umha foto-grafia com o seu primo.

Pedro Puy é fam de Os da Ria?Penso que nom, devia ser a pri-meira vez na sua vida que se en-contrava conosco. Tivo muita cu-riosidade polo Puy do meu apeli-do, mas já lhe expliquei que eraanterior a que ele fora político. Oque a mim me chamou a atençomfoi que ele se apelidara Puy.

Que motivou a nomeaçom deJacobo Sutil como novo diretordo AGADIC? No ámbito de Xe-sús era um segredo a vozes queesse posto estava reservado pa-ra Os da Ria.Esse tema falamo-lo precisamen-te naquela ceia, no hotel GaliciaPalace de Ponte Vedra, que foionde gravamos aquele vídeo nes-

se sofá tam confortável. Acabá-vamos de falar com Pedro Puy epensávamos que estava todo ar-galhado. Que acontece? Eu su-ponho que som luitas internasque tenhem entre eles, setoresmais populistas, da boina, do bi-rrete e tal... Talvez tivessem o ra-paz este mandado sabe deus porquem, quando já estava todo ata-do conosco.

Os da Ria deixárom de cantare-lar “Por que será que votoBNG”. Há um rumor que situaum dos membros de Os da Ria próximo do comité centralda UPG, está isto por trás desta decisom?O que aconteceu foi basicamenteque houvo um momento em quenos parecia cruel bater demasia-do na árvore caída, além de nomser umha cantarela original. Esti-vo bem no momento, mas quan-do já estám de quarta força tam-pouco é questom de maltratar eperder amigos e clientes.

É pública a amizade entre Os da Ria e o presidente Feijoo,mas essa relaçom já existia na década de 90?Todos coincidimos nos chaleses

por ali por Arouça, em muitas

féstolas. Agora com a crise nomo conhecedes, mas isso era umdespiporre. O dinheiro todo che-gava da Europa, ri-te ti deste deAndaluzia que gastava os EREs...Estávamos todos: altos cargos,artístolas, contrabandistas... fige-mos muitíssimas amizades. A Ga-liza de hoje nom se pode explicarsem aquela Galiza de há 20 ans,quando se começava a gestar es-ta Galiza do bem-estar.

Há vozes no ambiente reinte-gracionista que pedem umhagira por países como Timor-Leste ou enclaves como Macau. Pensades no mercado lusófono?Isto nom é brincadeira. O outrodia entrou em contacto com osnóscolos um tipo que tinha umprograma de rádio no Brasil eque queria promover o Díscolono Estado de Maranhão.

Nós estamos situados ai nodo galegueiro, que nos situa notema linguístico como numhaterceira via. Mas bom, o gale-gueiro nom tem tanto a ver comas normativas como com o sen-timento, de facto, há gente queescreve em galegueiro com anormativa reintegracionista,também há oficialistas.

“Nos 90 coincidíamos todos nos chaleses:altos cargos, artístolas e contrabandistas”RAUL RIOS /A lenda conta que o conjunto musical Os da Rianasce após umha ceia opípara em que o conselheiro Enri-que López Veiga apresentou um novo marisco, o caranguejoreal, “umha espécie de boi da França autóctone”. ArturitoPuy (Carlos Meixide) e Fabián Santomé (Tomás Lijó) fôrom

convidados a essa ceia e ali, após comprovarem que enxer-gavam muitas fasquias comuns, decidírom montar umhabándola de música com a que pôr letra aos sonhos das ga-legas e dos galegos. Depois de rejeitarem o nome de “OsLópez Veigas”, Os da Ria já eram umha realidade.

arturito Puy, cantante do GruPo os da ria