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Ostras Depuradas de Alagoas: Turismo e inserção produtiva em busca do desenvolvimento local para comunidades tradicionais Depurated oyster: tourism and community based products to promote tradicional communities Ostras depuradas de Alagoas: el turismo y la inclusión productiva en búsqueda del desarrollo local de las comunidades tradicionales http://dx.doi.org/10.18472/cvt.16n2.2016.1345 Marcela Pimenta Campos Coutinho < [email protected] > Bacharel em Turismo e Mestre em Gestão Turística com foco em turismo sustentável pela Uinversitat de Les Illes Balears - Espanha. Coordenadora do Núcleo de Turismo Sustentável do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS). Isabela Rosa Sette < [email protected] > Mestranda em Turismo pela Universidade de São Paulo (EACH/USP), é bacharel em turismo pela PUC/MG e possui especialização em Desenvolvimento Sustentável (UFMG) e em Gestão Pública (Fundação João Pinheiro). Consultora do IABS. REALIZAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL PATROCÍNIO EDIÇÃO ISSN 1677 6976 | www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno FORMATO PARA CITAÇÃO DESTE ARTIGO PIMENTA, M. C. C. e SETTE, I. R; Ostras Depuradas de Alagoas: Turismo e Inserção Produtiva em busca do desenvolvimento local para comunidades tradicionais. Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 16, n.2, p. 15-33, ago. 2016. 15 Caderno Virtual de Turismo – Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p.15-33, ago. 2016 GALERIA DE FOTOS

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Ostras Depuradas de Alagoas: Turismo e inserção produtiva em busca do desenvolvimento local para comunidades tradicionais

Depurated oyster: tourism and community based products to promote tradicional communities

Ostras depuradas de Alagoas: el turismo y la inclusión productiva en búsqueda del desarrollo local de las comunidades tradicionaleshttp://dx.doi.org/10.18472/cvt.16n2.2016.1345

Marcela Pimenta Campos Coutinho < [email protected] >Bacharel em Turismo e Mestre em Gestão Turística com foco em turismo sustentável pela Uinversitat de Les Illes Balears - Espanha. Coordenadora do Núcleo de Turismo Sustentável do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS).

Isabela Rosa Sette < [email protected] >Mestranda em Turismo pela Universidade de São Paulo (EACH/USP), é bacharel em turismo pela PUC/MG e possui especialização em Desenvolvimento Sustentável (UFMG) e em Gestão Pública (Fundação João Pinheiro). Consultora do IABS.

REALIZAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL PATROCÍNIOEDIÇÃO

ISSN 1677 6976 | www.ivt.coppe.ufrj.br/cadernoGALERIA DE FOTOS

FORMATO PARA CITAÇÃO DESTE ARTIGO

PIMENTA, M. C. C. e SETTE, I. R; Ostras Depuradas de Alagoas: Turismo e Inserção Produtiva em busca do desenvolvimento local para comunidades tradicionais. Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 16, n.2, p. 15-33, ago. 2016.

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Na galeria desta edição do Caderno Virtual de Turismo será apresentado um projeto que relaciona inserção produtiva, gastronomia e turismo de base comunitária. Trata-se do Projeto Ostras Depuradas de Alagoas.

Primeiramente, é importante considerar que o conceito de inserção produtiva está diretamente relacionado a temas como sustentabilidade, inclusão social e e comércio justo. Tal conceito tem sido utilizado como uma estratégia de desenvolvimento local, a partir da viabilização de fontes alternativas de renda e valorização da cultura local.

Uma sociedade mais sustentável e solidária envolve, inevitavelmente, mudanças no atual modelo de produção e consumo. Nesse contexto, empresas mais responsáveis e clientes mais conscientes e informados são atores fundamentais nesse processo.

Uma das ações que contribuem com a busca por um mundo mais justo tem a ver com o conceito de fair trade ou comércio justo, em português. Essa prática envolve uma parceria comercial baseada no diálogo, transparência e respeito, buscando maior equilíbrio nas trocas comerciais. O fair trade busca estabelecer contato direto entre o produtor e o comprador, flexibilizando e desburocratizando o comércio e poupando-os de dependências negativas de atravessadores e das instabilidades do mercado global de commodities (BRASIL, 2010).

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Comitê de AvaliadoresBursztyn e Paz #IlhaGram

Mas qual seria a relação do turismo com essas questões? O turismo é um setor que pode contribuir de maneira efetiva com a inserção produtiva e o comércio justo em diversos âmbitos, dada a sua natureza dinâmica e a quantidade de setores que envolve. Promover a inclusão das comunidades locais no desenvolvimento da atividade turística pode não só contribuir com a dinamização socioeconômica, mas também com a melhoria da experiência turística – uma vez que possibilita o contato com aspectos culturais autênticos e genuínos. As atividades produtivas podem, portanto, promover e agregar valor a atividade turística. Ademais, a cultura e a gastronomia de uma localidade é uma expressão importante do seu patrimônio e se configura em um apreciado atrativo turístico. A gastronomia local pode ser inclusive um diferencial de um destino.

Nesse contexto, o turismo de base comunitária vem ganhando espaço, sendo uma contraponto à crescente massificação de territórios turísticos. De acordo com Bursztyn, Bartholo de Delamaro (2009), esse tipo de turismo respeita as heranças e as tradições culturais das comunidades, valorizando tais expressões e podendo inclusive contribuir para resgatá-las. Segundo os autores, dentre os desafios para construção de um turismo de base comunitário está a participação e o efetivo empoderamento das comunidades locais.

A efetiva melhoria da qualidade de vida das comunidades, a inserção social e a valorização da cultura local deve ser o constante horizonte de projetos de turismo de base comunitária.

Diante desse contexto, apresentaremos a seguir o Projeto Ostras Depuradas de Alagoas. A inserção produtiva trabalhado no projeto é um exemplo de como o turismo, de uma maneira direta e indireta, pode se configurar em uma ferramenta para inclusão e valorização das comunidades locais, bem para a difusão de princípios ligados ao desenvolvimento sustentável.

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Ostras Depuradas de AlagoasNo estado de Alagoas - região nordeste do Brasil, o cultivo de ostras (ou ostreicultura) está presente no dia-a-dia de cerca de 100 famílias, distribuídas em 05 comunidades dos municípios de Coruripe, Barra de São Miguel, Barra de Santo Antônio, Passo de Camaragibe e Porto de Pedras.

A atividade é fomentada e incluída nas políticas públicas de pesca e aquicultura do Governo do Estado e de parceiros, sendo alvo de ações que fomentem o seu desenvolvimento, visando a geração de renda e a consequente melhoria da qualidade de vida das famílias envolvidas.

A viabilidade da cadeia produtiva, no entanto, possuía uma fragilidade evidente: a venda do produto para restaurantes e estabelecimentos comerciais. Por se tratar de um alimento pouco difundido e de consumo não regular, aliado a falta de confiabilidade acerca da qualidade e sanidade do produto, as ostras de Alagoas apresentavam grande dificuldade de comercialização. Somava-se a isso ainda a carência de organização dos grupos produtores e a falta de direcionamento comercial, tornando sua venda extremamente restrita e pouco lucrativa (ASSAD, PIMENTA e SETTE, 2014).

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Geração de emprego, trabalho e renda para comunidades Diante deste cenário, em 2009, a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid), juntamente com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS) identificou a cadeia da ostra como prioritária e criou uma ação especifica de auxilio a esta atividade.

O desenvolvimento desta ação contou também com o apoio do Governo do Estado de Alagoas, que ofereceu a contrapartida logística ao projeto e do Sebrae/AL que seguiu trabalhando o fortalecimento dos grupos produtivos.

O objetivo principal era apoiar a geração de emprego, trabalho e renda para comunidades produtoras de ostra da região da capital Maceió, ampliado a comercialização do produto e incluindo princípios de responsabilidade ambiental, social, sanitária e de padrão de qualidade. Os objetivos temáticos foram estabelecer estratégia de comercialização, agregar valor ao processo produtivo tradicional, fortalecer a cultura gastronômica local e os conceitos de comércio justo, consumo e turismo sustentáveis.

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Depuradora de Ostras de Coruripe-AL O apoio da Aecid foi extremamente importante e envolveu a construção de uma indústria de depuração e beneficiamento de moluscos no município de Coruripe - distante cerca de 130 km de Maceió, inaugurada em 2011. O processo de depuração consiste na remoção de agentes contaminantes dos moluscos garantindo a sanidade e a confiabilidade do produto – isso sanaria, portanto, o problema da venda de produtos contaminados.

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Uma vez resolvida a questão do risco de contaminação restava ainda o desafio do direcionamento comercial do produto, bem como a organização dos grupos produtivos em torno de um modelo de gestão participativo e funcional. Para isso, foi desenhado nova etapa do projeto financiado pela Aecid em 2012, com horizonte temporal de até final de 2013.

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Gestão compartilhadaA construção do modelo de gestão compartilhada se iniciou a partir das ações da nova etapa projeto. O plano de trabalho inicial foi apresentado e discutido com as comunidades ostreicultoras e parceiros do projeto em reuniões mensais, assim todas as decisões começaram a ser tomadas participativamente. Em 2013, tal grupo iniciou o processo de institucionalização do Programa Ostras Depuradas de Alagoas.

O comitê formado pelos grupos de ostreicultores e parceiros do projeto iniciou também sua institucionalização. Ainda em 2013, iniciou-se a comercialização semanal da Depuradora , tendo o IABS assumido consensualmente a responsabilidade de gestão da indústria e da comercialização do produto, em formato de negócio social.

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Com o intuito de promover a inserção da ostra no mercado turístico, bem como contribuir com o protagonismo das comunidades locais foram desenhadas e implementadas algumas estratégias de comercialização que merecem ser destacadas.

Tais estratégias foram estabelecidas a partir de um estudo de demanda realizado com restaurantes e hotéis, com o intuito de entender a aceitação de produtos como ostras e outros moluscos, relação com produção de base comunitária e conceitos de sanidade e qualidade dos produtos.

Tour de vivênciaO tour de vivência consistiu na organização de visitas dos empreendedores com potencial de compra e formadores de opinião de regiões estratégicas para conhecer o processo de cultivo, depuração e beneficiamento da ostra. O objetivo da ação é contribuir para o aumento da demanda por ostras, a partir do conhecimento sobre a segurança e qualidade

desse produto, além do benefício gerado para as comunidades locais, bem como possibilitar a vivência do cultivo e depuração do produto.

Para o futuro, a Associação Rio Mar vislumbrou a possibilidade de estruturação de um produto voltado diretamente para turistas, que tenha regularidade e traga a oportunidade de vivência do processo de cultivo da ostra. Foi realizada então uma parceria com o Sebrae/AL para criação de um Tour de Vivência da Ostra, que alia os conceitos de turismo de experiência e base comunitária.

O roteiro será operacionalizado pelo grupo de ostreicultores e prevê passeio de barco, visita ao cultivo de ostras, trilha e parada na praia do Morro em Barra do Camaragibe. Após os passeio os turistas poderão degustar ostras depuradas em restaurantes parceiros da Associação e do Programa, sempre que os tours ocorrerem nos finais de semana.

A ação supracitada está em fase de captação de recursos para ser implementada de maneira sistemática. Antes disso, é necessário capacitar os produtores e provê-los de equipamentos e materiais importantes para a segurança do roteiro.

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Evento gastronômicoRealização de um coquetel gastronômico que reuniu potenciais compradores e tomadores de decisão a fim de apresentar possibilidades de receitas com a ostra e nivelar informações acerca da ostra depurada. Realizou-se ainda um curso de culinária para chefs de cozinha e empresários do setor de bares, restaurantes e hotéis/pousadas de Maceió e região para demonstrar e ensinar possibilidades de pratos a base de ostra.

Para os eventos, foram convidados também representantes das associações produtoras de ostra, possibilitando uma aproximação entre produtores e empresários. O coquetel e o curso foi conduzido por um chef de cozinha alemão especialista em receitas a base de ostras que apresentou diferentes possibilidades de utilização do produto de um forma criativa.

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Criação do aquário mostruário com a finalidade de chamar a atenção para o produto. Os aquários foram acompanhados de cartazes interativos que informavam a qualidade da rede de serviços e a contribuição da compra da ostra para as comunidades produtoras.

Foram criados ainda carrinhos devidamente adaptados para comercialização da ostra depurada nas praias da região diretamente aos turistas e moradores locais.

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Mariscaria Original de Alagoas Uma parceria entre o SEBRAE/AL e o IABS, a Mariscaria foi uma cozinha experimental, montada na Barra de São Miguel durante o período do verão 2014/2015. Grandes Chefs de Cozinha de Alagoas assinaram os pratos e executaram aulas shows durante o período do verão, sendo eles: Guga Rocha, Jonatas Moreira, Wanderson Medeiros e Cacau. Por outro lado, as produtoras de ostra da Comunidade Palatéia fizeram o papel de cozinheiras, elaborando os pratos assinados pelos chefs de cozinha, durante todo o seu período de funcionamento.

Também foram introduzidas nas receitas outros moluscos depurados, como o Massunim e o Sururu, o que foi uma experimentação que inclusive tem motivado outros estabelecimentos, inclusive mostrando aos próprios produtores, valor agregado ao produto deles.

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ostras vendidas

97mil+

renda para produtores

R$84mil+

dos benefícios para os

produtores

80%

percorridos ao mês5mil km viagens por ano

160

Alguns números do projetoDentre os resultados observados com o projeto está, primeiramente, a conquista de uma divisão mais equitativa de oportunidades e benefícios a partir do modelo de gestão, seja dentre os produtores de uma mesma comunidade, seja entre as diversas comunidades produtoras.

De 2013 a 2015 foram vendidos mais de 95 mil ostras, gerando aproximadamente R$ 85 mil para os produtores locais:

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Apesar dos resultados positivos conquistados pelo projeto, sabe-se que ainda permanecem grandes desafios que merecem ser mencionados.

Conforme já tido anteriormente, a ostra é um produto de consumo não regular, o que limita a sua ampla comercialização. Soma-se a isso o fato do produto ser altamente perecível e diante da estrutura atual da indústria deve ser consumido vivo. A instalação de estruturas de congelamento ampliariam as possibilidades de comercialização do produto.

Um outro desafio importante é a construção participativa de um preço que seja realmente justo para o produtor o comprador e que garanta a sustentabilidade da indústria depuradora. A distribuição equitativa das oportunidades entre os produtores e as comunidades é também uma questão delicada, que exige um esforço e uma sensibilização constante.

Para ampliar os benefícios do projeto, identifica-se a necessidade de um maior apoio técnico às comunidades, sendo necessário a assessoria de uma equipe multidisciplinar de profissionais da área de turismo, pesca, marketing, comércio entre outros.

Sabe-se que tais dificuldades ainda devem ser superadas. No entanto, a disseminação de conhecimentos acerca do comércio justo, responsabilidade social e consumo sustentável vem contribuindo com benefícios importantes para as comunidades.

Os desafios são muitos, porém a experiência adquirida e os resultados alcançados demonstram que há um caminho importante que pode ser seguido: o do turismo como ferramenta que pode contribuir com o desenvolvimento local tendo como premissa a busca incessante pelo protagonismo e geração de benefícios para as comunidades locais!

Os desafios ainda são muitos!!!

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ReferênciasASSAD, Luís Tadeu; PIMENTA, Marcela Campos Coutinho; SETTE, Isabela Rosa (2014). A inserção de produtos de base comunitária na cadeia do Turismo: Um relato da experiência do projeto Ostras Depuradas de Alagoas – Brasil – UNITWIN UNESCO International Congress: Tourism and Gastronomy Heritage – Barcelona – 2014.

BRASIL. Decreto n. 1.358 de 17 de Novembro de 2010. Institui o Sistema Nacional do Comércio Justo e Solidário – SCJS, cria sua comissão Gestora Nacional e dá outras providencias. Brasília, 2010.

BURSZTYN, Ivan; BARTHOLO, Roberto; DELAMARO, Maurício. Turismo para quem? Sobre caminhos de desenvolvimento e alternativas para o turismo no Brasil. In: BARTHOLO, Roberto; SANSOLO, Davis Gruber; BURSZTYN, Ivan. Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Brasília: Letra e Imagem, 2009.

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