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ANDRÉ GUIMARÃES PEREIRA OS EFEITOS CLÍNICOS DE TÉCNICAS DE TERAPIA MANUAL NA CERVICOBRAQUIALGIA (CBO) – UM ESTUDO DE CASO Tubarão, 2005

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ANDRÉ GUIMARÃES PEREIRA

OS EFEITOS CLÍNICOS DE TÉCNICAS DE TERAPIA MANUAL NA

CERVICOBRAQUIALGIA (CBO) – UM ESTUDO DE CASO

Tubarão, 2005

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ANDRÉ GUIMARÃES PEREIRA

OS EFEITOS CLÍNICOS DE TÉCNICAS DE TERAPIA MANUAL NA

CERVICOBRAQUIALGIA (CBO) – UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Fisioterapia como requisito à obtenção do Título de Bacharel em Fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientador Prof.º Esp. Aderbal Silva Aguiar Junior

Tubarão, 2005

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ANDRÉ GUIMARÃES PEREIRA

OS EFEITOS CLÍNICOS DE TÉCNICAS DE TERAPIA MANUAL NA

CERVICOBRAQUIALGIA (CBO) – UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Fisioterapia como requisito à obtenção do Título de Bacharel em Fisioterapia. Universidade do Sul de Santa Catarina

Tubarão, 27 de junho de 2005.

_____________________________________ Prof.º Esp. Aderbal Silva Aguiar Júnior Universidade do Sul de Santa Catarina

_______________________________________ Fisioterapeuta Esp. Leidiane Mazzardo

Clínica de Fisioterapia André Bacha

______________________________________ Prof.o Esp. Fabrício de Souza

Centro Integrado de Estudos e Pesquisa do Homem -CIEPH

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DEDICATÓRIA

“Dedico esse trabalho a minha família, por fazer

parte da minha vida durante toda esta minha

trajetória”.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por estar sempre ao meu lado, por ter me dado

força e coragem, fazendo com que eu conseguisse vencer cada obstáculo encontrado por todo

o meu caminho.

Aos meus pais, que me proporcionaram a realização deste curso na faculdade e

pela preocupação com a minha educação e bem-estar.

A minha namorada Cristine Ribeiro Buerger pelos momentos que me apoiou

durante minha vida acadêmica, muitas vezes abdicando de finais de semanas e noites para que

eu pudesse estudar.

A minha irmã Patrícia e irmão Daniel por fazerem parte da minha vida.

Ao meu amigo Helton Nandi por estar sempre disposto a me auxiliar durante a

coleta de dados.

Ao meu orientador e amigo, professor especialista, Aderbal Silva Aguiar Junior,

por aceitar orientar meu trabalho e ser indispensável para que esse caminho pudesse ser

concluído.

Ao professores especialistas por aceitarem fazer parte da banca examinadora.

Aos participantes da pesquisa pela disponibilidade e paciência para com este

trabalho fornecido.

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RESUMO

A fisioterapia é uma especialidade da ortopedia, a qual vem crescendo muito e está passando por uma grande revolução. Esta é uma parte da ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais. A terapia manual é uma área da fisioterapia que vem ganhado espaço devido ao seu sucesso. A cervicobraquialgia é uma doença que acomete a região cervical e é acompanhada por uma irradiação por todo o membro superior, podendo acarretar perda de força, formigamento e outros. O presente estudo relata a utilização de técnicas de terapia manual na cervicobraquialgia, devido ao seu baixo custo e a um grande interesse clínico. A pesquisa realizada foi um estudo de caso, caracterizada com um estudo “quase experimental”. O estudo tem objetivo de observar o quadro álgico, amplitude de movimento, capacidade funcional e satisfação do paciente após o tratamento proposto. A pesquisa foi realizada na Clínica Escola de Fisioterapia da UNISUL, Tubarão, Santa Catarina, onde foi aplicada uma ficha de avaliação elaborada pelo autor, questionário de satisfação, escala análoga de dor, índice de incapacidade do pescoço e questionário de McGuill. Alguns resultados foram obtidos como mostra os dados neste trabalho, como por exemplo diminuição da dor, aumento da amplitude de movimento, diminuição do escore do índice de incapacidade do pescoço, onde mostra a satisfação da paciente quanto ao tratamento. Palavras chaves: Fisioterapia, cervicobraquialgia e técnicas de terapia manual.

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ABSTRACT

The physiotherapy is a specialty of the orthopedics, which is growing a lot and it is going by a great revolution. This is a part of the science health that studies, it prevents and he/she treats the functional kinetic disturbances. The manual therapy is an area of the physiotherapy that comes won space due to your success. The cervico-brachialgic is a disease that attacks the cervical area and it is accompanied by an irradiation by the whole superior member, could cart loss of force, tingling and other. The present study tells the use of techniques of manual therapy in the cervico-brachialgic, due to your low cost and to a great clinical interest. The accomplished research was a case study, characterized with an almost experimental " study ". THE study has objective of observing the algic picture, movement width, functional capacity and the patient's satisfaction after the proposed treatment. The research was accomplished at the Clinical School of Physiotherapy of UNISUL, Tubarão, Santa Catarina, where an evaluation record was applied elaborated by the author, satisfaction questionnaire, it climbs similar of pain, index of incapacity of the neck and questionnaire of McGuill. Some results were obtained as display the data in this work, as for instance decrease of the pain, increase of the movement width, decrease of the score of the index of incapacity of the neck, where it shows the patient's satisfaction with relationship to the treatment. Key words : Physiotherapy, cervico-brachialgic and techniques of manual therapy.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Questionário de dor McGuill pré-tratamento .......................................................... 45

Tabela 2: Questionário de dor McGuill pós-tratamento manipulação..................................... 45

Tabela 3: Questionário de dor McGuill pós-tratamento neural............................................... 46

Tabela 4: Índice de incapacidade do pescoço .......................................................................... 50

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01- Escala análoga de dor ........................................................................................... 45

Gráfico 02 – Amplitude de movimento (ADM) ...................................................................... 49

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LISTA DE FIGURAS Figura 01: Inclinômetro da marca Cybex 320 EDI ................................................................. 33

Figura 02: Rotação durante a tração –1 ................................................................................... 37

Figura 03: Flexão lateral durante tração .................................................................................. 38

Figura 04: Deslizamento antero-posterior durante tração ....................................................... 40

Figura 05: Deslizamento lateral............................................................................................... 41

Figura 06: Auto-tratamento neural .......................................................................................... 42

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SUMÁRIO

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1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................

2 REVISÃO DA ANATOMOFISIOLOGIA.........................................................................

2.1 Coluna Cervical..................................................................................................................

2.1.1 Músculos da região cervical..............................................................................................

2.1.2 Plexo braquial....................................................................................................................

2.2 Cevicobraquialgia...............................................................................................................

2.2.1 Hérnia de disco..................................................................................................................

2.2.2 Artrose...............................................................................................................................

2.3 Técnicas da terapia manual...............................................................................................

2.3.1 Manipulação articular........................................................................................................

2.3.2 Mobilização articular.........................................................................................................

2.3.3 Mobilização neural............................................................................................................

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA....................................................................................

3.1 Tipo de pesquisa.................................................................................................................

3.2 Caracterização do sujeito da pesquisa ............................................................................

3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados..................................................................

3.4 Procedimentos utilizados para coleta de dados...............................................................

3.4.1 Avaliação ..........................................................................................................................

3.4.2 Testes especiais ................................................................................................................

3.4.2.1 Teste de Jackson ............................................................................................................

3.4.2.2 Teste de Adson ..............................................................................................................

3.4.2.3 Teste de Éden.................................................................................................................

3.4.2.4 Teste de Wrighit ............................................................................................................

3.4.2.5 Teste de De Klein ..........................................................................................................

3.4.3 Experimento......................................................................................................................

3.5 Procedimento para análise e interpretação de dados......................................................

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1 INTRODUÇÃO

O termo ortopedia é derivado das palavras gregas op?o? (reto) e ra?? (criança).

Foi originalmente aplicada à arte de corrigir deformidades por Nicolas Andry, um médico

francês, que em 1741 publicou um livro intitulado Ortopedia ou a Arte de Corrigir e Prevenir

Deformidades em Crianças: Por métodos que possam ser facilmente praticados pelos próprios

pais, e por todos aqueles que tomam parte na educação das crianças (ADAMS; HAMBLEN,

1994).

É a “Arte e ciência” da investigação, diagnóstico, tratamento e preservação da

função do sistema esquelético e neuromuscular, por meio de recursos médicos, cirúrgicos e

fisioterápicos (WEINSTEIN; BUCKWALTER, 2000).

Dentro da ortopedia existem várias subespecialidades, onde se encontra a

fisioterapia.

A fisioterapia faz parte de uma grande revolução na área da medicina e da

filosofia, onde percebe-se ser uma ciência que estuda, previne e trata os distúrbios cinético

funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gerados por alterações

genéticas, por traumas e por doenças adquiridas.

O crescimento do número de especialistas em ortopedia irá levar a um maior

reconhecimento da fisioterapia como um componente vital na equipe de saúde, num momento

em que a inter-relação desta equipe atravessa uma fase inquietante. Com o aumento do custo e

da competição dentro do sistema de saúde é relevante que os fisioterapeutas realizem

tratamentos baseados em evidências.

A terapia manual é uma área que vem conquistando espaço na fisioterapia.

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O principal motivo deste interesse é o sucesso de suas técnicas que, quando bem

indicadas, promovem melhora em curto prazo, como nos pacientes com problemas na coluna

vertebral, por exemplo, lombalgia e cervicalgia.

A cervicalgia se caracteriza pela dor ao nível da coluna cervical alta.

Quando a dor nessa região se irradia para o ombro, braço e mão passa a se

denominar cervicobraquialgia, admitindo-se que o plexo braquial formado das terminações

C2 a C8 tenha sido alterado. Esta patologia atualmente tem sido de grande incidência e atinge

tanto jovens e adultos quanto idosos.

A escolha de técnicas da terapia manual como forma de intervenção

fisioterapêutica, neste estudo, foi motivada pelo fato de que as mesmas têm um baixo custo e

um grande interesse clínico.

Sendo assim, o objetivo que norteou este trabalho foi observar os efeitos de

técnicas de terapia manual no quadro clínico da CBO.

Para tal, foram desenvolvidas atividades específicas como a comparação do

quadro álgico antes e após o tratamento proposto, observação da ADM antes e após o

tratamento proposto, verificação do nível da capacidade funcional antes e após o tratamento

proposto e análise do nível de satisfação do paciente quanto ao tratamento. A pesquisa

realizada foi do tipo estudo de caso, sem grupo controle, com pré e pós-teste; caracterizando-

se como um estudo do tipo “quase experimental”, com sujeito único comparado antes e depois

da aplicação do fator experimental. Para tanto, este trabalho foi fundamentado em um

referencial teórico que trata da revisão anatomofisiológica da coluna cervical,

cervicobraquialgia e técnicas de terapia manual. No que se refere ao delineamento da

pesquisa, houve a caracterização do sujeito-participante, descrição dos instrumentos utilizados

e procedimentos utilizados para realização da coleta de dados, finalizando com a apresentação

dos resultados, análise e interpretação dos dados alcançados, possibilitando as considerações

finais.

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2 REVISÃO DA ANATOMOFISIOLOGIA

Segundo Whiting e Zernicke (2001, p. 15) “[...] uma boa compreensão da

organização básica dos tecidos do corpo é essencial para o reconhecimento da função normal

do sistema musculoesquelético e das seqüelas das lesões.”

Fazendo parte deste contexto, “[...] a coluna vertebral é uma estrutura

verdadeiramente única e surpreendente” (ALTER, 1999, p. 256).

2.1 Coluna cervical

A coluna cervical tem anatomia e fisiologia totalmente diversas da coluna lombar

e dorsal. As necessidades funcionais são diferentes e, uma vez mais, são elas que determinam

a anatomia e a fisiologia (BIENFAIT, 2000). “A coluna cervical possui três funções: (1)

provê suporte e estabilidade à cabeça; (2) suas superfícies articulares dão mobilidade à cabeça

e (3) abriga e conduz a medula espinhal e artéria vertebral” (HOPPENFELD, 1999, p. 110).

Considerando um conjunto, a coluna cervical está constituída em duas partes

anatômica e funcionalmente diferentes:

a) na coluna cervical superior, também denominada coluna suboccipital, contém a

primeira vértebra cervical (atlas), e a segunda vértebra cervical (áxis).

b) na coluna cervical inferior, que se estende do platô inferior do áxis até o platô

superior da primeira vértebra torácica (KAPANDJI, 2000).

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Na área relativamente pequena da coluna cervical, existem 35 articulações.

Contudo, para fins de descrição de seu movimento, o pescoço pode ser dividido em coluna

cervical superior, que compreende as articulações atlanto-occipital e atlantoaxial, e em coluna

cervical inferior que corresponde de C3 a C7 (CORRIGAN; MAITLAND, 2000).

Na articulação atlanto-occipital ocorrem dois movimentos fisiológicos: flexão-

extensão e inclinação lateral.

Durante a flexão-extensão do occipital sobre o Atlas obtem-se o deslizamento dos

côndilos occipitais sobre as massas laterais do atlas, na flexão os côndilos occipitais recuam

sobre as massas laterais do Atlas. Na extensão os côndilos occipitais se deslizam para frente

sobre as massas laterais do atlas, a amplitude total da flexão-extensão é de 15° (KAPANDJI,

2000).

“A inclinação lateral ocorre quando o occipúcio desliza sobre o processo articular

superior côncavo da massa lateral do atlas [...]” (CORRIGAN; MAITLAND, 2000, p. 362) e

possui uma amplitude total de 3° (KAPANDJI, 2000).

Aceita-se que na articulação atlanto-occipital não ocorra rotação ativa mas, devido

à forma de suas facetas articulares, uma pequena rotação passiva é possível (CORRIGAN;

MAITLAND, 2000).

As articulações atlantoaxiais são compostas por duas articulações atlantoaxiais

laterais e uma articulação central, que se forma entre o arco anterior do atlas e o processo

odontóide do áxis. Dois movimentos fisiológicos ocorrem nessas articulações: a rotação e a

flexão-extensão (CORRIGAN; MAITLAND, 2000).

O principal movimento da articulação atlantoaxial é o de rotação, que ocorre

devido ao movimento pivotante do atlas ao redor do odontóide imóvel e é acompanhado por

um movimento nas articulações atlantoaxiais laterais, de modo que uma se move para frente e

a outra para trás. Quando o atlas gira, o mesmo ocorre com as articulações atlanto-occiptais e

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com a cabeça. Esse movimento é limitado pelos ligamentos alares, que vão do processo

odontóide ao occipúcio (CORRIGAN; MAITLAND, 2000).

O outro movimento da articulação atlantoaxial é o de flexão-extensão que ocorre

nas articulações atlantoaxiais laterais, e são incomuns, pois ambas as faces são convexas, de

modo que esse movimento envolve rolamento e deslizamento das duas faces articulares

(CORRIGAN; MAITLAND, 2000).

Nas articulações cervicais inferiores (C3 à C7) é possível realizar três

movimentos: flexão-extensão, rotação e inclinação lateral.

No momento em que ocorre uma inclinação, o corpo vertebral superior inclina-se

e desliza anteriormente sobre o corpo vertebral inferior e, como na coluna lombar, é

acompanhado por um movimento apropriado da articulação apofisária. De maneira

semelhante, durante a extensão, o corpo vertebral superior inclina-se e desliza posteriormente,

sendo acompanhado por um movimento da articulação apofisária (CORRIGAN;

MAITLAND, 2000).

Na inclinação lateral e na rotação das vértebras cervicais inferiores são, na

verdade, movimentos combinados, pois um não pode ocorrer sem a existência de certo grau

do outro. A razão para isso é que, com apenas alguns graus de flexão, as articulações

apofisárias ficam em aposição e, assim, forçam as vértebras para a rotação para o mesmo lado

(CORRIGAN; MAITLAND, 2000), onde a amplitude total de inclinação lateral pode ser de

aproximadamente 45° (KAPANDJI, 2000).

Durante a flexão o corpo vertebral suprajacente se inclina e se desliza para diante,

o que diminui a espessura da porção anterior do disco intervertebral e desloca o núcleo para

trás, fazendo com que as fibras posteriores do anel fibroso entrem em tensão. Já durante a

extensão o corpo vertebral suprajacente se inclina e se desliza para trás, o espaço entre os

platôs vertebrais se estreita mais para trás que para diante, o núcleo pulposo se desloca

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levemente para diante e, deste modo, as fibras anteriores do anel fibroso entram em tensão

(KAPANDJI, 2000).

Os movimentos de flexão-extensão ocorrem nas articulações atlanto-occipitais,

atlantoaxiais, e cervicais inferiores. A amplitude total de flexão é de aproximadamente 45° e

de extensão é de 60°, dos quais 50° ocorrem na parte superior da coluna cervical

(CORRIGAN; MAITLAND, 2000).

A rotação ocorre nas articulações atlantoaxiais e cervicais inferiores, a amplitude

total é de aproximadamente 80° para qualquer um dos lados, dos quais cerca de 25° ocorrem

na parte superior da coluna cervical (CORRIGAN; MAITLAND, 2000).

As últimas cinco vértebras cervicais se diferenciam do resto das vértebras da

coluna por possuírem apófises unciformes, as quais se articulam entre si por meio das

articulações uncovertebrais (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001).

Entre as patologias mais freqüentes encontradas na região cervical, encontramos a

cervicalgia mecânica e a neuralgia cervicobraquial ou cervicobraquialgia (GABRIEL; PETIT;

CARRIL, 2001).

2.1.1 Músculos da região cervical

Na região cervical, podemos encontrar dois grupos musculares: os anteriores e os

posteriores. Fazem parte dos músculos cervicais anteriores: músculo reto anterior da cabeça e

reto lateral da cabeça, longo da cabeça e longo do pescoço, escalenos, esternoclidomastóideos

e flexores cervicais acessórios, o platisma, os músculos supra-hióideos e infra-hióideos.

Já o grupo muscular posterior é formado pelos músculos suboccipitais,

transversoespinhais (rotadores, semiespinhal da cabeça e do pescoço) e eretor da espinha ou

sacroespinhais (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997).

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2.1.2 Plexo braquial

O plexo braquial é responsável pela inervação sensitiva e motora do membro

superior, onde é formado pelos nervos espinhais ou raízes (C5, C6, C7, C8 e D1). Quando a

raiz C4 contribui externamente para o plexo braquial este é chamado de prefixado. Quando

essa contribuição é de D2, denomina-se pós-fixado (CARMO; MURILLO; COSTA, 1996).

As raízes C5 e C6 formam o tronco superior responsável, de forma simplificada,

pelos movimentos do ombro e flexão do cotovelo. A raiz de C7 forma o tronco médio que é

responsável pelo comando do grupo muscular extensor do cotovelo, punho e extrínseco do

polegar e dedos. As raízes C8 e D1 conferem a inervação motora de boa parte do grupo flexor

extrínseco e musculatura intrínseca, são responsáveis pela maior parte da motricidade e

capacidade preensora da mão (CARMO; MURILLO; COSTA, 1996). Na sua trajetória, desde

a região cervical até a axilar, os elementos do plexo braquial ficam sujeitos a diversos tipos de

lesões por tração ou compressão. Esse fato torna-se evidente quando se relembra que o nervo

espinhal, desde seus componentes intraforaminais, até a formação dos diversos nervos na

periferia, passam por numerosos acidentes osteoligamentar - aponeuróticos existentes em

região de ampla mobilidade e fulcro de movimentos, como o segmento cervicobraquial

(CARMO; MURILLO; COSTA, 1996).

2.2 Cervicobraquialgia

A cervicobraquialgia caracteriza-se por dor na região cervical com irradiação para

o membro superior, onde a causa dela é por compressão de uma ou várias raízes nervosas

(GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001), e poderá ser unilateral ou bilateral (TAUBE, 2002).

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A coluna cervical é uma parte da coluna vertebral de grande mobilidade, onde

devido a esta mobilidade ela sofra um processo degenerativo geralmente precoce, que afetará

tanto a articulação intersomáticas, interapofisárias e uncovertebrais como o disco (GABRIEL;

PETIT; CARRIL, 2001). As compressões acontecem por estenoses nos canais de conjugação,

sejam determinadas por saliências do anel fibroso, hérnias discais ou osteófitos, exercem ação

sobre as raízes, pois elas são fixas nos canais de conjugação, de modo que pequenas estenoses

reduzem seu “espaço vertebral” (HEBERT, 2003).

2.2.1 Hérnia de disco

O núcleo pulposo tem as características de um gel, sendo capaz de receber e

distribuir as pressões que são contidas pelo ânulo, e o disco atua, em conjunto, como

amortecedor. Com as modificações bioquímicas que se iniciam na terceira década de vida e

que podem ser precipitadas por vários fatores, como as sobrecargas em geral, ocorre a perda

da condição de gel do núcleo e de sua capacidade de distribuir adequadamente as cargas.

Estas passam a se concentrar de forma desigual no disco intervertebral, levando à formação de

fissuras nas camadas por onde se insinua o material nuclear; progressivamente, e a partir disso

poderá ocorrer hérnia discal (HEBERT, 2003). A hérnia discal é uma protusão do núcleo

pulposo do disco intervetebral que pode comprimir uma ou várias raízes nervosas, dando

lugar a sintomatologia radicular sensitivo-motora (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001). Na

cervical, a hérnia é menos freqüente que na região lombar e pode produzir-se em C5-C6 ou

então entre C6-C7.

Isto obedece a certa sobrecarga em tais níveis por ser neles que se estabelece a

transição entre a mobilidade livre da coluna cervical e a imobilidade relativa da coluna

torácica (GABRIEL; PETIT; CARRIL, 2001).

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O paciente com protusão discal na cervical apresenta dor intensa, geralmente

sentida no pescoço, na escápula e no membro superior, mas no inicio pode sentir apenas na

distribuição segmentar do nervo. Pode haver história de crises de dor e rigidez interescapular

e no pescoço (CORRIGAN; MAITLAND, 2000).

2.2.2 Artrose

O termo artrose na região cervical também pode ser encontrado como osteoartrose

cervical, osteoartrite cervical, espondilose cervical entre outros (ADAMS; HAMBLEN,

1994). De acordo com Pallis et al apud Greve e Amatuzzi (1999, 136 p.) referem que:

75% dos pacientes com idade acima de 50 anos, que deram entrada no hospital por motivos não relacionados com ou sistema nervoso, mostraram alterações radiológicas compatíveis com artrose cervical. Cerca de 75% destes pacientes apresentavam estreitamento do forame intervertebral, 50% sinais objetivos de comprometimento medular e 40% de comprometimento radicular. Elias refere que a artrose cervical aumenta a partir dos 50 anos e é universal após 70 anos.

Pode ser conceituada como uma das variadas formas de reumatismo que envolve

progressiva perda da cartilagem articular, aposição de formações ósseas nas trabéculas

subcondrais e formação de nova cartilagem e novo osso nas margens articulares (osteófitos).

A artrose cervical é causada por alterações degenerativas nos discos, vértebras e

articulações apofisárias, que levam a excrescências osteofíticas que reduzem o tamanho do

forame intervertebral e, assim, podem comprometer as raízes nervosas (CORRIGAN;

MAITLAND, 2000). A degeneração do disco deve-se ao fato de que a coluna cervical possuir

maior amplitude de movimento do que as colunas lombar e dorsal (CORRIGAN;

MAITLAND, 2000).

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2.3 Técnicas da terapia manual

A terapia manual existe há séculos. Os primeiros documentos nos chegam do

Egito faraônico, nos papiros descobertos por Edwin Smith (5000, 4.700 a.C.) e o papiro

número 5 do Ramesseum (4.150, 3.560 a.C.) são as provas (RICARD; SALLÉ, 2002). A

palavra terapia deriva do grego “therapeuein”, cujo significado é “cuidar”; “therapon” quer

dizer “atendente”, uma pessoa viva. “Terapêutico” significa o potencial de cura de uma

pessoa em relação a outra (LENDERMAN, 2001).

A terapia manual, portanto consiste na aplicação de técnicas com as mãos, sobre o

corpo do paciente, com o objetivo de promover o retorno à função normal de seus pacientes

(ESCOLA DE TERAPIA MANUAL E POSTURAL, 2004).

Dentro da terapia manual existem diversas técnicas, onde podemos citar:

manipulação articular, mobilização articular, mobilização do sistema nervoso, massagem,

mobilização fascial, pompage e etc...

2.3.1 Manipulação articular

A manipulação articular é uma técnica da terapia manual envolvendo o

movimento de uma superfície articular em relação a outra, realizada sobre uma estrutura

articular que apresenta disfunção ao exame físico (EDMOND, 2000).

A terapia de manipulação é uma técnica de movimento passivo que pode ser

classificada como manipulação ou mobilização.

A manipulação articular é uma técnica de movimento passivo em que o

fisioterapeuta imprime um movimento repentino ou arremetida nos limites normais da

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amplitude da articulação. Esse movimento é de curta duração e amplitude, mas é realizada

com tal rapidez que o paciente é incapaz de impedi-lo. A mobilização é definida como uma

técnica de movimentos passivos de uma forma em que o paciente tenha em todo o tempo o

controle sobre os movimentos (CORRIGAN; MAITLAND, 2000).

A manipulação articular faz parte da medicina desde o conhecimento de seu relato

histórico. Há evidências de que técnicas manuais eram usadas na Tailândia em 2000 a.C.,

assim como no Egito antigo.

Hipócrates usava a tração manual no tratamento de deformidades da coluna

vertebral. Nos Estados Unidos e na Europa, durante os anos de 1800, os práticos chamados de

bonesetters (“os que colocam ossos no lugar”), desenvolveram toda uma prática de técnicas

de manipulação articular. Embora ignorassem muitas das bases anatômicas e fisiológicas da

manipulação, esses práticos usavam uma série de técnicas que freqüentemente eram bem-

sucedidas no alívio da dor e na regressão da deformidade (EDMOND, 2000).

Durante a manipulação articular ocorre um estalido, conforme foi estudado por

Unsworth, Dowson e Wright (1971), sobre bioengenharia, fizeram análise de gases nas

articulações periféricas mostraram que a tensão nos procedimentos articulares produz um

sistema de baixa pressão no líquido sinovial que permite a vaporização do gás, que a seguir é

liberado, abrindo o espaço articular.

Essa bolha de gás forma-se e se rompe novamente em 0,01 segundos, e é o

colapso da bolha de vapor, e não a sua formação, que produz o som de explosão. São

necessários cerca de 20 minutos para que a articulação esteja pronta novamente para produzir

o ruído.

O gás que se forma é o dióxido de carbono e não o nitrogênio como se acreditava

(CORRIGAN; MAITLAND, 2000). Um dos principais efeitos da manipulação é a ampliação

da mobilidade devido ao aumento de amplitude de movimento de um segmento de articulação

intervertebral, com restauração dos movimentos fisiológicos e acessórios e o alívio da dor

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(CORRIGAN; MAITLAND, 2000). Segundo Maigne (1996) as manipulações agem

fortemente sobre certos mecanorreceptores, criando um potente reflexo de inibição que corta

os circuitos parasitas. Trata-se sem dúvida da inibição pré-sináptica dos influxos aferentes

nociceptivos ao nível do corno posterior da medula.

O thrust é um movimento que é realizado em uma pequena amplitude com uma

grande velocidade.

Na descrição de Ricard e Sallé (2002), as técnicas com thrust não devem ser feitas

fora dos limites fisiológicos das amplitudes dos movimentos + + +. Nas técnicas indiretas é

realizada uma velocidade suficiente, para que a separação das facetas articulares possa ser

obtida na metade das amplitudes articulares e sem provocar traumatismos.

O thrust é aplicado paralelamente ou perpendicularmente ao plano articular,

contra a barreira da articulação lesada. Surpreendendo as defesas fisiológicas articulares, a

brusca separação das superfícies surpreende também o sistema nervoso central e provoca um

black out sensorial local. O círculo vicioso irritativo que mantém os músculos

monoarticulares é desfeito e o tônus se normaliza.

É possível que após ocorrer a separação a 90° das facetas articulares, o novo

contato se realizará com uma melhor congruência das superfícies articulares. Seja qual for o

tipo de thrust, os limites das articulações são sempre respeitados.

Os objetivos das técnicas com thrust são: liberar as aderências; fazer deslizar as

facetas articulares e restaurar a função articular, normalizar o sistema vascular local; provocar

um reflexo aferente + + +; estimular os centros simpáticos ou parassimpático para obter a

ruptura do arco reflexo neurovegetativo patológico; dar comodidade ao paciente.

O estiramento da cápsula articular ao separar as facetas, estimula os receptores de

Pacini. A informação sensitiva caminha pelas fibras aferentes até o corno posterior da medula

espinhal. Nesse nível existe uma inibição dos motoneurônios alfa e gama, portanto, uma

inibição do espasmo muscular que mantém a disfunção articular.

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2.3.2 Mobilização articular

Além dos movimentos angulares, as superfícies articulares também podem ser

movidas passivamente uns poucos milímetros em movimentos translatórios, estes

movimentos são chamados de movimentos acessórios. Um exemplo é a tração ou separação

das superfícies articulares na articulação metacarpofalangiana. Além da tração, as superfícies

das articulações livremente móveis podem sofrer deslizamento lateral, deslizamento antero-

posterior e rotação. Os movimentos acessórios não podem ser efetuados voluntariamente pelo

paciente, mas em vez disso exigem relaxamento da musculatura e aplicação de movimento

passivo por um examinador (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997).

A mobilização articular é uma técnica de movimento passivo, no a qual

articulação é movida de modo rítmico dentro de sua amplitude normal e em velocidade que o

paciente possa resistir ou impedir voluntariamente o movimento (CORRIGAN; MAITLAND,

2000).

Os movimentos que são feitos nas articulações devem ser sentidos e não vistos. Se

a oscilação implicada em uma técnica for muito rápida ou muito lenta é impossível ter a

sensação apropriada do movimento na articulação, e o movimento parece um estiramento ou

tremor. Não há uma velocidade determinada, mas o comum são duas ou três oscilações por

segundo (CORRIGAN; MAITLAND, 2000).

A quantidade de movimento utilizada no tratamento de mobilização articular deve

ser modificada de acordo com a dor, com a restrição de movimento e com o espasmo

muscular. Os movimentos podem ser graduados de acordo com sua amplitude e com a

posição que tem dentro da amplitude que ocupam (CORRIGAN; MAITLAND, 2000).

No grau I o movimento é de pequena amplitude, realizado na posição de início da

amplitude. O grau II seu movimento é de grande amplitude que tem bom desempenho dentro

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dessa amplitude. Pode ocupar qualquer parte da amplitude, mas não atinge seu limite. O grau

III também é um movimento de grande amplitude dentro de seu limite, e no grau IV é um

movimento de pequena amplitude no final dessa amplitude (CORRIGAN; MAITLAND,

2000).

2.3.3 Mobilização neural

São movimentos realizados por um terapeuta ou pela própria pessoa em que visa

estressar o sistema nervoso e que quando realizado pelo terapeuta também serve como

ferramenta para diagnóstico de alguma disfunção nervosa (BUTLER, 2003).

Segundo Butler (2003), a mobilização do sistema nervoso (MSN) é sem dúvida

um eficaz método para testar a mecânica e a fisiologia normal do sistema nervoso (SN),

possibilitando desse modo identificar alterações nesse sistema como comprometimento do

movimento e elasticidade, podendo possivelmente originar sintomas de seus próprios tecidos.

O sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP) são considerados como

unitário ou um só, já que formam um tecido contínuo.

Sua continuidade se apresenta de três maneiras: Primeiro, ele é contínuo

mecanicamente através da transmissão de forças de movimentos pelos seus envoltórios

conectivos, embora em diferentes formatos, como o epineuro e a dura mater. Com a

associação de um simples axônio, a um grande número destes tecidos conjuntivos. Segundo,

os neurônios são contínuos eletricamente. O impulso gerado no pé atinge o cérebro. Terceiro,

o sistema nervoso pode ser visto como contínuo quimicamente.

Os neurotransmissores periféricos e centrais são os mesmo e existe o fluxo

axoplasmático de substâncias dentro dos axônios. Não existe nenhuma outra estrutura no

corpo com tamanha interligação. Estresses impostos sobre o sistema nervoso periférico

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durante o movimento são transmitidos para o sistema nervos central. Por outro lado uma

tensão pode ser transmitida do SNC para o SNP (BUTLER, 2003).

Há uma importante diferença entre os aspectos mecânicos do sistema nervoso

(SN) e de outras estruturas do corpo. Como a função de carregar impulsos provenientes de e

para aquelas estruturas. Neste aspecto é notável a importância da mecânica normal do tecido

neural e dos tecidos associados (BUTLER, 2003).

Mesmo com o sistema nervoso alongado ou relaxado, estático ou dinâmico, os

seres humanos são capazes de movimentos amplamente especializados (BUTLER, 2003).

O sistema nervoso não somente tem que conduzir impulsos através de notáveis

amplitudes e variedades de movimentos, mas também tem que se adaptar mecanicamente

durante os movimentos (BUTLER, 2003).

Devido ao trato tecidual contínuo, todos os movimentos que são realizados em

qualquer um dos membros têm conseqüências mecânicas nos troncos nervosos e neuroeixos.

Quando o sistema nervoso central (SNC) é considerado em seu comprimento, sem levar em

conta suas curvas e dobras, consideramos a esse termo como neuroeixo, segundo Bowsher

(1988 apud BUTLER, 2003).

Quando os nervos são alongados dentro de seus limites fisiológicos (normais), um

fluxo sangüíneo neural adequado é mantido, mas apenas enquanto os mecanismos protetores

vasculares normais estiverem preservados. A manutenção do fluxo sangüíneo intraneural

durante o alongamento neural é realizada pelos vasos sangüíneos através das ondulações e

curvas dos nervos. Quando os nervos estão frouxos (sem tensão), estas circunvoluções

vasculares estão acentuadas. Porém, se o nervo é estirado, as curvaturas dos vasos

acompanham o alongamento e são colocadas em tensão. Além disso, a luz dos vasos é

reduzida e pode ocorrer uma oclusão, principalmente quando o nervo é estirado além do

limite de proteção. Os vasos sangüíneos são, então, estrangulados, o fluxo sangüíneo

intraneural é comprometido e a função nervosa deteriorada. Se o alongamento ultrapassar

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ligeiramente o limite de proteção, por um período breve, é provável que a função do nervo

retorne ao normal rapidamente.

Mas, se a tensão sobre o nervo é particularmente severa ou sustentada, as

alterações na função do nervo serão permanentes. É relevante a compreensão do fluxo

sangüíneo intraneural porque um stress mecânico excessivo pode causar anóxia e lesão do

nervo, levando a uma mecanocepção aumentada e dor. Nestas condições, movimentos que

estressam mecanicamente os tecidos neurais podem provocar sintomas (BUTLER, 2003).

Os tecidos que circundam as estruturas neurais são chamadas de interface

mecânica. Esses tecidos adjacentes são os que se movem independentemente do sistema

nervoso. A tensão neural pode ser desenvolvida por qualquer patologia neste sistema que

produzirá anormalidades no movimento do nervo. As causas podem ser: mecânicas como a

invasão de nervo por protusão do disco ou contato de osteófitos, constrição do túnel carpal;

química ou inflamatória como a fibrose interneural que leva à redução da elasticidade e ao

aumento de tensão assim causando restrições mecânicas internas das estruturas neurais

(GUELFI, 2004).

Observado que os movimentos em uma parte do corpo podem ser transmitidos

para outro local através de movimentos ou tensões, a mobilização do sistema nervoso procura

restaurar seu movimento e elasticidade. Promove assim o retorno de suas funções normais, já

que o comprometimento do sistema nervoso pode resultar em outras disfunções nele próprio

ou em estruturas músculo-esqueléticas que recebem sua inervação (SANTOS, 2004).

Alguns estudos recentes demonstram a efetividade da técnica de mobilização do

sistema nervoso em diversos tipos de patologias do sistema nervoso. Um estudo de Showalter

e Van Doorme (1999 apud SANTOS 2004), a respeito do papel da neurodinâmica em

pacientes com síndrome do túnel do carpo, recomenda o tratamento de mobilização do

sistema nervoso como uma técnica conservadora capaz de diminuir a compressão, restaurar o

fluxo sanguíneo e normalizar o fluxo axoplasmático.

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3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O delineamento da pesquisa, segundo Gil (1995, p. 70), “[...] refere-se ao

planejamento da mesma em sua dimensão mais ampla [...]”, ou seja, neste momento, o

investigador estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo-se os instrumentos e os

procedimentos necessários utilizados para a coleta de dados.

O presente estudo foi encaminhado para o Comitê de Ética segundo Resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde contendo as Diretrizes e Normas Regulamentadoras

de Pesquisas envolvendo Seres Humanos, até o presente momento não houve resposta.

3.1 Tipo de pesquisa

Esta pesquisa caracteriza-se como sendo do tipo quase experimental, com grupo

único e com pré e pós-teste.

De acordo com Rudio (1991), o experimento realizado com grupo único, procura-

se um teste que seja capaz de ser aplicado antes da aplicação do método, e após a sua

aplicação utiliza-se novamente um teste, isto é um pós-teste para comparar possíveis

alterações. Gil (1994), define ainda que o estudo de caso é um estudo profundo e exaustivo de

um ou de poucos objetos de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento.

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3.2 Caracterização do sujeito da pesquisa

A amostra deste estudo foi do tipo intencional, composta por um ser humano do

gênero feminino, adulto com idade de 53 anos que se inscreveu na lista de espera da Clínica

Escola de Fisioterapia da Unisul, bairro Dehon de Tubarão, Santa Catarina, no período a partir

de julho de 2004, com diagnóstico de cervicobraquialgia.

Os critérios inclusão e exclusão da amostra foram.

Critérios de inclusão:

a) paciente com diagnóstico de cervicobraquialgia unilateral;

b) teste de Jackson terá que dar o sinal positivo;

c) a voluntária terá que assinar um termo de consentimento, (Anexo C)

Critérios de exclusão:

a) teste Adson terá que dar o sinal negativo;

b) teste de Éden terá que dar o sinal negativo;

c) teste de Wright terá que dar sinal negativo.

3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados

a) Questionário de satisfação, que avaliará o quanto o paciente ficou satisfeito

com o tratamento, (Apêndice A).

b) Ficha de avaliação que será utilizada para registro de dados pessoais,

subjetivos e objetivos antes e após o tratamento, (Apêndice B).

c) Escala Análoga Visual de Dor (EVA) instrumento utilizado para quantificar o

grau da dor referida, (Anexo A).

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d) Índice de incapacidade do pescoço, instrumento utilizado para avaliar a

incapacidade do pescoço, (Anexo B).

e) Questionário de dor de McGuill, instrumento utilizado para quantificar grau da

dor e avaliar o tipo de dor, (Anexo D).

f) Termo de consentimento livre e esclarecido, (Anexo C).

g) Maca é utilizada para realização da avaliação e das técnicas da terapia manual.

h) Inclinômetro Cybex EDI 320 (figura

3.4 Procedimento utilizados para coleta de dados

O presente estudo foi realizado na Clínica Escola de Fisioterapia da Unisul no

bairro Dehon de Tubarão, Santa Catarina, no mês de abril de 2005, onde foi realizado uma

entrevista com o paciente, na qual o mesmo respondeu as perguntas previamente explicadas

pelo terapeuta e após foi realizado um esclarecimento explicativo e demonstrativo das

técnicas que foram utilizadas no tratamento, como também a roupa adequada.

O tratamento durou 1 semana, onde foram realizados 3 sessões.

O experimento foi realizado da seguinte maneira, primeiramente iniciou-se com

uma avaliação prévia, após foi realizado um tratamento ambulatorial sendo realizado

tratamento de manipulação e mobilização articular, após realizou-se reavaliação 1, logo após

foi realizado tratamento domiciliar, onde foi realizado auto-tratamento neural, e por último foi

realizado a reavaliação 2.

3.4.1 Avaliação

Na avaliação foi realizado anamnese, inspeção da região cervical e exame físico.

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No exame que observou a amplitude de movimento, foi realizado através do

inclinômetro da marca CYBEX 320 EDI (Figura 1). Para fazer o registro da angulação de

flexão da região cervical, o paciente permaneceu de pé, o cabeçote foi colocado na região

occipital, com o cabeçote na posição vertical, era realizado o registro inicial, e após era

pedido para que o paciente fizesse uma flexão da cervical e registrava-se no final da ADM.

Para extensão de cervical o paciente permanecia na mesma posição que a de

flexão, o cabeçote também era posicionado na mesma posição, e então era pedido para que o

paciente realizasse uma extensão de cervical, o registro da angulação era realizado no início e

no final do movimento.

Para rotação de cervical o paciente permanecia em decúbito dorsal na maca, o

cabeçote era colocado na região frontal com o mesmo na posição horizontal, era pedido para

que o paciente realizasse uma rotação de cervical, o registro da angulação era feito no início e

no final da ADM.

Para inclinação lateral o paciente permanecia de pé, o cabeçote era posicionado na

região do esfenóide com o mesmo na posição vertical, o cabeçote era posicionado no lado

contralateral ao movimento, era pedido para que o paciente realizasse uma inclinação lateral,

o registro da angulação era feito no início e no final da ADM.

Figura 1: inclinômetro da marca Cybex EDI 320. Fonte: Autor, 2005.

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3.4.2 Testes especiais 3.4.2.1 Teste de Jackson

O objetivo deste teste é observar sintomas radiculares. O paciente se apresenta

sentado à frente do terapeuta com a coluna vertebral em posição neutra, onde o terapeuta fará

uma pressão na cabeça do paciente e que acarretará numa pressão sobre o disco intervertebral

ou osteófito sobre o nervo, e essa pressão poderá aumentar a dor no nível lesado. Uma

variação do teste é fazendo a pressão sobre a cabeça com uma inclinação lateral à esquerda ou

à direita, para diferenciar de compressão nervosa por discopatia ou osteófito. Se apresentar

sintomas do mesmo lado da inclinação, será por compressão através de osteófito, e se os

sintomas se irradiarem do lado contra-lateral a inclinação, então será por hérnia (EVANS,

2003).

3.4.2.2 Teste de Adson

Este teste é para detectar a síndrome do desfiladeiro torácico. É solicitado ao

paciente que se sente, faça uma abdução de 90° e é encontrado o pulso radial. Pede-se para o

paciente rodar a cabeça em direção ao membro a ser testado, e estende-la. Deve-se rodar o

ombro externamente e estender.

O paciente inspira profundamente e faz uma valsalva, em poucos segundos é

observado se o pulso desaparece, se confirmado, o diagnostico é positivo (EVANS, 2003).

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3.4.2.3 Teste de Éden

Este teste é para detectar a síndrome do desfiladeiro torácico. É solicitado ao

paciente que aduza as escápulas, então o terapeuta pega o pulso do lado a ser testado e

deprime a cintura escapular, se o pulso diminuir ou desaparecer dentro de instantes o teste é

positivo (EVANS, 2003).

3.4.2.4 Teste de Wrighit

Este teste serve para determinar se a artéria subclávia é comprimida pelo músculo

peitoral menor (compressão neurovascular – síndrome do desfiladeiro torácico). É pego o

pulso radial do paciente, do lado a ser testado e então se realiza abdução e rotação externa do

braço, depois pede-se que gire a cabeça para o lado oposto, em seguida solicita um valsalva

ao paciente, se o pulso diminuir ou desaparecer o teste é positivo (EVANS, 2003).

3.5.2.5 Teste de De Klein

Este teste é realizado para detectar se existe a presença de insuficiência da artéria

vertebral. O paciente fica em decúbito dorsal com a cabeça fora da maca e é feito uma rotação

de cervical, a qual é mantida por 30 segundos. Se o paciente relatar alguma tontura, náusea,

embaralhamento da visão ou dor de cabeça, o teste é positivo (EVANS, 2003).

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3.4.3 Experimento

As manobras de terapia manual selecionadas para este estudo, foram descritas

como manipulação e mobilização articular de Cyriax, segundo Cyriax , Cyriax , (2001, p.169-

173), sendo estas indicadas para pacientes com sintomas de CBO, de etiologia desconhecida,

mas não idiopática, pois existe um componente vetorial de tração que corrige as contra-

indicações de “thrust”, como por exemplo osteófitos no forame inter-apofisário.

a) Rotação durante a tração –1 (figura 2): Inicialmente, o operador faz uma

tração direta sem que ocorram movimentos laterais e rotacionais; esta tração é

realizada com o paciente na posição supina, ombros nivelados com o final do

divã, membros inferiores estendidos e pés fixos por um assistente. A tração

inicial deve ser muito suave. O operador segura o occipital do paciente com

uma das mãos, enquanto a outra é colocada sob a mandíbula, em forma de

gancho transversal, e o dedo mínimo sobre a traquéia, mantendo-a separada e

protegida. A cabeça deve ser mantida na posição neutra, não flexionada, a

tração é feita pelo operador inclinando o pescoço para trás, enquanto se

mantém a tração. Após realizada a tração é adicionado a rotação mantendo a

tração. A cabeça é rodada na direção que não causa dor, enquanto um

assistente segura os tornozelos e mantém as coxas junto ao divã. Antes da

rotação, o operador aumenta a tração realizando uma inclinação para trás, até

que seus braços estejam completamente estendidos. Permanece realizando a

tração por 1 ou 2 segundos. Então, durante a tração continuada, ele faz a

rotação da cabeça lentamente e suavemente até que realize toda a amplitude de

movimento. Finalmente, um movimento rápido e de pequena amplitude para

baixo é feito, mantendo-se a mão na mandíbula. Essa manobra permite um

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acréscimo de poucos graus na rotação. Na primeira tentativa é melhor realizar,

de forma mais lenta, apenas dois terços da amplitude de movimento de rotação

normal. Após essa primeira tentativa, aumenta-se a velocidade, faz-se a

rotação na sua amplitude total e o movimento rápido para baixo no final deste.

Após um novo exame, a cabeça do paciente pode realizar o movimento de

rotação na sua amplitude total. A tração deve ser mantida durante toda a

manobra e não pode ser aliviada até que a cabeça esteja de volta à linha média.

A manipulação foi realizada duas vezes.

Figura 2: Rotação durante a tração –1 Fonte: o autor, 2005.

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b) Flexão lateral durante tração (figura 3): O assistente tem função dupla. Em

primeiro lugar coloca seu abdômen contra o braço do paciente e impede o

escorregamento lateral. Segundo, o assistente coloca o antebraço sobre o

ombro do paciente para evitar a progressão para cima no divã. O operador

posiciona-se colocando o peso em uma das pernas, que será o pivô do

movimento, facilitando a flexão lateral da coluna cervical.

Figura 3: Flexão lateral durante tração Fonte : o autor, 2005.

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O movimento de flexão lateral é sempre realizado no lado onde não há

referência de dor, fazendo a abertura do lado afetado da articulação. O

antebraço do operador pressiona a caixa craniana logo abaixo da orelha e força

a flexão no último momento. Sua outra mão está posicionando no espaço entre

os processos transversos de C6 e C7 para concentrar a flexão lateral nessa parte

da coluna vertebral. Para realizar a flexão lateral para a esquerda, o operador

encosta sua perna direita usando o momento para girar seu corpo sobre a perna

esquerda. Com o seu balanço, a cabeça do paciente é flexionada lateralmente

até alcançar a resistência tecidual. O movimento rápido é feito pelo operador,

quando força o cotovelo, que tinha sido deixado para trás, de forma incisiva

para o seu lado. O paciente é novamente examinado e, se houve melhora, a

manipulação é repetida. Se a flexão lateral do lado doloroso for o único

movimento que permanece com dor e desconfortável, a manipulação nessa

direção pode ser tentada. A manipulação foi realizada duas vezes.

c) Deslizamento antero-posterior durante tração (figura 4): O método é útil

quando a única limitação que permanece é a extensão dolorosa. Um assistente

segura os pés. A cabeça do paciente é mantida em posição neutra durante todo

o processo, nem em flexão nem em extensão.

O operador fixa seu pé contra o divã e inclina-se para trás. A tração é aplicada

pela mão no occipital, que também fornece suporte para a cabeça do paciente.

Como a região mentoniana e o queixo recebem o maior impacto da

manipulação, pode-se usar uma proteção de borracha ou almofada. Uma forte

pressão para baixo é aplicada momentaneamente sobre o queixo, não pelo

movimento das mãos, mas pela realização da flexão dos joelhos do operador.

Esse movimento permite o escorregamento de uma vértebra cervical sobre a

outra.

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Após a manobra, o paciente é reexaminado.

A mobilização foi realizada por 10 vezes e por 3 séries.

Figura 4: Deslizamento antero-posterior durante tração Fonte : o autor, 2005.

d) Deslizamento lateral (figura 5): O deslizamento lateral serve principalmente

para remover qualquer dor residual e conseguir a redução completa. Um

assistente segura o tronco do paciente contra o seu próprio para imobilizá-lo.

A cabeça é segura na posição neutra. Os polegares do operador (com a unha

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mantida na horizontal) são alinhadas na mandíbula do paciente para manter a

cabeça alinhada com o corpo e prevenir a flexão lateral. Não há tração. O

operador faz a pressão de um dos lados com um dos polegares e mantém a

cabeça do paciente alinhada com o corpo com a contrapressão feita pela

eminência tênar da outra mão. O operador faz um balanço do corpo na altura

dos quadris, realizando um verdadeiro movimento de deslizamento de um lado

para outro e repete várias vezes o movimento lateral de manipulação. Após as

manobras, faz-se novo exame. A mobilização foi realizada por 10 vezes e por

3 séries.

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Figura 5: Deslizamento lateral Fonte: o autor, 2005.

e) Auto-tratamento neural (exercício realizado em casa, figura 6): A paciente fica

ao lado da parede, com o membro superior do lado a ser realizado o tratamento

em abdução de aproximadamente 100°, com rotação externa do membro

superior do lado a ser realizado o tratamento e a cervical com rotação para o

lado contralateral ao lado a ser tratado, exercício, modificado de Butler (2003).

O volume do exercício de auto-mobilização neural foi 3 séries de 10

repetições, com intensidade de sensação de leve estiramento.

Figura 6: Auto-tratamento neural Fonte: Butler, (2003)

3.5 Procedimento para análise e interpretação de dados

Os dados terão uma efetiva interpretação, pois a análise lógica das relações terá

um sólido apoio em teorias, e serão comparados com outros estudos, de acordo com Gil

(2000).

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A interpretação e análise dos dados foram feitos através da análise descritiva pelo

programa Microsoft® Oficce Excel 7.0 com plataforma Windows ME.

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4 RESULTADOS, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 4.1 Descrição do sujeito-participante

O sujeito M.G.R.L., sexo feminino, 53 anos, com diagnóstico de

cervicobraquialgia D, referindo como queixa principal dor na região cervical, ombro e braço

lado direito, apresentado “dormência” em membro superior direito.

Segundo o sujeito-participante a doença iniciou há aproximadamente 1 ano, não

apresentava história pregressa e familiar. Não tomava medicamentos para a patologia, o

mesmo apresentou inclinação de cervical à direita e rotação cervical à esquerda. Nos teste

isométricos apresentou grau 5 na força muscular bilateral (foi utilizado o sistema de

graduação de 0 a 5 de acordo com Kendall (1993)) e apresentou dor leve durante o teste

isométrico na flexão de pescoço. Não houve alteração dos reflexos bilaterais e também não

apresentou sinal de babinski positivo.

4.2 Análise e discussão das variáveis do estudo

Nesta sessão são apresentados os dados obtidos através da ficha de avaliação,

índice de incapacidade do pescoço, questionário de McGuill e escala análoga da dor (EVA),

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instrumentos aos quais o indivíduo foi submetido pré e pós-intervenção fisioterapêutica.

A análise e discussão dos resultados foram realizadas através de estatística

descritiva e, para facilitar a visualização dos mesmos, utilizou-se gráficos e tabelas. Os dados

foram tabulados após o término da pesquisa. Resultados pós tratamento, relacionado a dor

segundo escala análoga da dor (EVA).

Gráfico 1- Escala Análoga da Dor Fonte: Pesquisa elaborada pelo autor, (2005).

Tabela 1 - Questionário de dor Mcguill pré-tratamento

Dor Número de descritores escolhidos Índice de Dor

McGuill Sensorial 6 12 McGuill Afetivo 3 4 McGuill Avaliativo 1 1 McGuill Miscelânia 3 5

Fonte: Pesquisa elaborada pelo autor, (2005).

Tabela 2 - Questionário de dor Mcguill pós-tratamento manipulação

Dor Número de descritores escolhidos

Índice de Dor

McGuill Sensorial 4 5 McGuill Afetivo 0 0 McGuill Avaliativo 0 0

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McGuill Miscelânia 0 0 Fonte: Pesquisa elaborada pelo autor, (2005).

Tabela 3 - Questionário de dor Mcguill pós auto-tratamento neural

Dor Número de descritores escolhidos

Índice de Dor

McGuill Sensorial 4 5 McGuill Afetivo 0 0 McGuill Avaliativo 0 0 McGuill Miscelânia 0 0

Fonte: Pesquisa elaborada pelo autor, (2005).

Em nosso estudo podemos observar conforme gráfico 1 que houve a diminuição

de 50% da dor após o tratamento de manipulação da cervical, e sem nenhuma diminuição

após o auto-tratamento neural, segundo a EVA. Já segundo tabela 2, do questionário de dor

McGuill, houve a redução de 33,3% o número de descritores sensitivos que estão relacionados

a efeitos fisiológicos e 100% dos descritores afetivo, avaliativo e miscelânea que estão

relacionados com efeitos psicológicos. E também houve redução de 58,3% o índice de dor

sensitiva também relacionada a efeitos fisiológicos e no índice de dor afetiva, avaliativa e

miscelânea também relacionado a efeitos afetivos, houve redução de 100% após a

manipulação vertebral, também segundo informações colhidas a paciente relatou que houve

diminuição da intensidade dos itens formigamento e dolorida . Já conforme tabela 3, após o

auto-tratamento neural não houve mudanças dos resultados assim mostrando sem efeito

algum.

Segundo Cyriax e Cyriax (2001) uma única manipulação consegue fazer a

redução completa da dor, mas na maioria das vezes necessita de duas sessões e a necessidade

da quarta é rara. De acordo com Wright, Jull e Sterling (2001, p. 35), estudos prévios

demonstram que a terapia manual na coluna vertebral tem efeito hipoanalgésico para

mecânica nociceptiva e um efeito excitatório no sistema nervoso simpático. Houve uma

pequena diminuição da dor com as técnicas manipulativas na cervical, embora a relevância

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clínica deste resultado seja questionável, no entanto demonstra um efeito hipoanalgésico com

a terapia manual na coluna vertebral.

Os resultados de Phillips e Cowell (2002, p. 99) demonstraram que o tratamento

da fisioterapia manipulativa e de um protocolo de exercícios realizados em casa, é capaz de

produzir efeitos benéficos na dor, incapacidade do pescoço e mobilidade da cervical.

No presente estudo a paciente não realizou um dos dias que foi especificado para

ela realizar o tratamento auto-neural, pois esqueceu. A indicação de exercícios caseiros não

garantem a realização dos mesmos, o que não contribuim para um bom prognóstico.

Estudo realizado por Hall, Nagy e Allison (2002, p. 99) demonstraram que houve

diminuição da dor segundo a EVA e Mcguill, foram estatisticamente significativos no

tratamento de técnicas de mobilização neural e articular.

Segundo Vernon et al (1990 apud MCLAUGHLIN et al, 2002, p. 197-198),

Cassidy et at (1992 apud MCLAUGHLIN et al, 2002, p. 197-198), não há nenhum benefício

usando uma única sessão de manipulação na redução da dor. Conforme Koes et al (1991,

1992 a-d apud MCLAUGHLIN et al, 2002, p. 197-198), Koes (1992,1993 apud

MCLAUGHLIN et al, 2002, p. 197-198), a combinação da manipulação com a mobilização

não tem benefícios na redução da dor quando comparado com um grupo controle.

De acordo com Coutler et al (1996 apud DI FABIO 1999, p. 58), Hurwitz et al

(1996 apud DI FABIO 1999, p. 58), Aker et al (1996 apud DI FABIO 1999, p. 58), Vernon

(1995 apud DI FABIO 1999, p. 58), várias revisões de literatura mostram a eficácia da

manipulação e mobilização cervical. Hurwitz et al (1996 apud DI FABIO 1999, p. 58),

concluíram que a manipulação é ligeiramente melhor que a mobilização para pacientes com

dor crônica e subaguda no pescoço.

Em um estudo de revisão realizado por Hoving et al (2002, p. 133) não houve

evidências para o alívio ou melhora da dor com a manipulação e mobilização feitas sozinhas

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ou associadas em até 8 sessões por mais de 3 semanas em comparação ao grupo controle.

Quanto à satisfação da paciente ao tratamento, a mesma relata que ficou satisfeita,

McCarthy (2001) relata que a técnica de “thrust” produz melhora da dor em curto prazo e

produz uma alta satisfação do paciente.

No presente estudo conforme gráfico 2, podemos observar que após a

manipulação da cervical houve aumento da amplitude de movimento, na extensão houve

aumento de 28.9%, na flexão 10%, na inclinação lateral a direita 10%, já para esquerda

10,5%, na rotação para direita 5,2%, já para esquerda houve o aumento 2,7%. Após o auto-

tratamento neural só houve um aumento em dois movimentos que são o de flexão que

aumentou 2,3% e o de rotação para esquerda 1,3%.

Podemos observar que o movimento que houve menos ganho de amplitude foi o

de rotação a esquerda, no qual ainda podemos correlacionar este com o encurtamento ou

retração muscular que a paciente tem de esternocleidomastoideo do lado direito, assim

restringindo o movimento para o lado esquerdo.

Segundo Bienfait (1999), a compreensão dos encurtamentos e retrações é

fundamental em nossa especialidade. Ambos são responsáveis pela maioria dos desequilíbrios

estáticos, sobretudo, pela evolução e fixação desse. São responsáveis pelos desequilíbrios e

lesões osteopáticas articulares. São responsáveis por praticamente todas as estases tissulares,

impedindo a mobilidade da fáscia, também são responsáveis por 70% dos fenômenos de

artrose; a densificação do tecido conjuntivo pode facilmente chegar até a calcificação.

Conforme Ricard e Sallé (2002), a lesão osteopática corresponde a um

ajustamento defeituoso da estrutura que atua como uma causa primária ou uma causa

agravante de uma desordem ou de uma doença. A lesão se caracteriza pela perda ou restrição

de movimento em uma ou várias articulações; sensibilidade, espasmo ou uma hipertonia dos

músculos da região afetada; um desequilíbrio fundamental dos vasos sangüíneos, dos órgãos e

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glândulas inervadas a partir do segmento lesionado. No segmento em que há a disfunção, a

atividade gama é excessiva sobre um músculo ou sobre um grupo muscular, pois os

motoneurônios gama descarregam permanentemente e mantém as fibras intrafusais em um

estado de encurtamento crônico.

Segundo Gibbons e Tehan (2001, p. 33), o aumento de amplitude da articulação

tem sido demonstrado por diversos estudos, reportando que as técnicas de “thrust” estão

associadas a um aumento temporário da amplitude de movimento da coluna.

Os efeitos a longo prazo das técnicas de “thrust” também têm sido relatados e

postulados como oportuno mecanismo reflexo que causa o relaxamento da musculatura e

inibição da dor.

Gráfico 2 - Amplitude de movimento (ADM) Fonte: Pesquisa elaborada pelo autor, (2005).

Conforme os resultados do estudo de Phillips e Cowell (2002, p. 34-35), houve

aumento da ADM em todos os movimentos da cervical.

Conforme estudo de Wenngren, Johansson e Heikkilä (2000, p. 153), foram

observados aumento da ADM ativa após o tratamento manipulativo.

Conforme McCarthy (2001, p. 203), as técnicas de “thrust” e teoria do movimento

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combinado diminuem a disfunção espinhal.

Tabela 4 - Índice de Incapacidade do Pescoço

Índice de Incapacidade do Pescoço

Pré tratamento Pós manipulação Pós auto-tratamento neural

Seção 1 2 1 1

Seção 2 1 1 1 Seção 3 1 1 1 Seção 4 2 1 1 Seção 5 3 3 3 Seção 6 1 1 1 Seção 7 2 1 1 Seção 8 Não dirige Não dirige Não dirige Seção 9 1 1 1 Seção 10 1 1 1 Total 14 11 11

Escore (em 50): 0-4 nenhuma incapacidade; 5-14 incapacidade branda; 15-24 incapacidade moderada; 25-34 incapacidade grave; >35 incapacidade completa. Fonte: Pesquisa elaborada pelo autor, 2005.

Segundo os dados apresentados na tabela 4, a paciente se enquadrava no limite

superior da incapacidade branda (14) e após a manipulação diminui três escores, assim saindo

do limite superior da incapacidade branda. Podemos observar na tabela que na seção 1 que

seria intensidade da dor, seção 4 que seria leitura e seção 7 que seria trabalho, houve redução

após manipulação cervical e não houve redução após auto-tratamento neural.

A manipulação cervical associada com a manipulação torácica na desordem

mecânica do pescoço não mostrou nenhuma evidência no Índice de incapacidade do pescoço,

segundo Parkin-Smith e Penter (1997 apud HOVING et al, 2002, p. 143). Nenhuma evidência

de diferença no índice de incapacidade do pescoço quando a mobilização foi comparada com

a acupuntura que tinha 6 sessões de tratamento de 6 a 24 semanas de follow-up para desordem

mecânica do pescoço e desordem associada wiplash subagudas, conforme David et al (1998

apud HOVING et al, 2002, p. 143).

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Conforme resultados do estudo de Phillips e Cowell (2002, p. 34), houve redução

dos níveis de incapacidade funcional do pescoço na primeira fase do tratamento que seria a

manipulação e mobilização, e uma redução mais evidente e estabilização segunda fase do

tratamento que seriam exercícios em casa, o qual foi mantido por mais 1 mês de follow-up.

De acordo com estudo de Hall, Nagy e Allison (2002, p. 100), o estudo

demonstrou melhoras significantes no índice de incapacidade do pescoço, com a utilização de

técnicas de mobilização neural e articular.

Quando a mobilização é comparado a um grupo controle (NORDEMAR; THORNER, 1981

apud MCLAUGHLIN et al, 2002, p. 198) ao tens e gelo (JENSEN et al 1990 apud

MCLAUGHLIN et al, 2002, p. 198), acupuntura (DAVID et al 1998 apud MCLAUGHLIN et

al, 2002, p. 198) a uma única manipulação (VERNON et al 1990 apud MCLAUGHLIN et al,

2002, p. 198), (CASSIDY et al 1992 apud MCLAUGHLIN et al, 2002, p. 198) não há

diferença na função.

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5 CONSIDERASÇÕES FINAIS

Sabe-se hoje em dia, que existem muitas doenças que afetam a coluna vertebral, e

que uma delas é a cervicobraquialgia. Estas doenças causam incapacidades aos acometidos,

inclusive afastando-os do trabalho e até mesmo de uma vida social. Isto acaba causando

muitos custos à sociedade.

Para que se tenha a diminuição dos efeitos destas doenças, utiliza-se a fisioterapia.

Ela se trata de uma ciência que utiliza fundamentação sistematicamente estudada e

estabelecida através de métodos científicos próprios. Procurou mostrar quais os efeitos de

técnicas de terapia manual no quadro clínico da cervicobraquialgia. Concluí-se, portanto, que

após a aplicação de técnicas fisioterápicas de terapia manual, nos efeitos clínicos da

cervicobraquialgia:

a) Houve diminuição significante na redução da dor após o tratamento proposto.

b) Ocorreu o aumento das amplitudes de movimento após o tratamento proposto.

c) Foi verificado que a paciente ficou satisfeita quanto ao tratamento.

d) Houve a diminuição no escore do índice de incapacidade do pescoço.

Com o fim deste trabalho, podemos observar que a aplicação de técnicas de

terapia manual têm eficácia, mesmo sendo a sua aplicação em poucas sessões, ou seja,

resultados agudos. Para isto sugerimos que novos estudos sejam feitos com uma amostra

maior, a aplicação de questionários que mostram a influência psicológica como depressão e

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ansiedade e também com um acompanhamento prospectivo.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - Questionário de satisfação quanto ao tratamento

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APÊNDICE A – Questionário de satisfação quanto ao tratamento

O quanto você ficou satisfeito com o tratamento? ( ) Insatisfeito ( ) Pouco satisfeito ( ) Satisfeito ( ) Muito satisfeito

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APÊNDICE B - Formulário de Avaliação

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APÊNDICE B - Formulário de Avaliação

Nome:___________________________________________Idade:___________________ Sexo: _________________________________________Data de nascimento:__________ Endereço: _____________________________________Cidade/Bairro:_______________ Religião: ______________________________________Raça: ______________________ Ocupação:_____________________________________ Médico:____________________ Diagnóstico médico:_____________________________Telefone:____________________ Exames complementares:_____________________________________________________ Queixa principal : ____________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ História da doença atual: ______________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ História da doença pregressa: ___________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ História Familiar: ____________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Medicamentos: ______________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ INSPEÇÃO CERVICAL: Alinhamento cervical ? Plano Frontal:

? Plano Sagital: EXAME FÍSICO ADM´s: Ativa:

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EX ________________________;FL ____________________ FL Lat. D __________________; FL Lat. E _______________ ROT D ____________________; ROT E _________________ Elevação do ombro _________; Protusão de ombro _________ Retração do ombro _________; Elevação ativa dos braços _____ Obs.: Será mensurado através do Cybex 320 EDI, aparelho que mensura a amplitude de movimento. TESTES ISOMÉTRICOS: DOR GRAU FM FL Pescoço C1-C2 FL Lat Pescoço C3 Elevação dos ombros C3 ABD ombro C5 EX Punho C6 FL Punho e EX dedos C7 FL Dedos C8 Extensão do pescoço Rotação do pescoço Adução de ombro c7 Rotação externa c5 Rotação interna Flexão de cúbito c5 ou c6 Extensão de cúbito c7 Desvio ulnar e radial c8 Extensão do polegar c8 Abdução do polegar c8 Adução de dedos t1 Reflexo braquioradial C5 Reflexo bicipital C5 ou C6 Reflexo tricipital C7 Sinal de Babinski

Teste de Klein: ? Positivo ? Negativo Teste de Jackson Teste de Wrighit Teste de Éden Teste de Adson Escala Análoga visual da Dor: ____________________________________________. Índice de incapacidade do pescoço: _______________________________________.

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ANEXOS

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ANEXO A - Escala Análoga Visual de Dor

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ANEXO A – Escala Análoga Visual de Dor

1 ____________________________________________________ 10 Obs.: Sendo que 1 não tem nenhuma dor e 10 é uma dor insuportável. Fonte: Magee, (2002).

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ANEXO B - Indice de incapacidade do pescoço

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ANEXO B ÍNDICE DE INCAPACIDADE DO PESCOÇO

Seção I – Intensidade da Dor ( ) Não tenho nenhuma dor no momento. (0) ( ) A dor é muito branda no momento. (1) ( ) A dor é moderada no momento. (2) ( ) A dor é intensa no momento. (3) ( ) A dor é muito intensa no momento. (4) ( ) A dor é a pior imaginável no momento . (5)

Seção 2 – Cuidado Pessoal (Lavar-se, Vestir-se, etc.)

( ) Sou capaz de cuidar de mim normalmente, sem causar dor extra. (0) ( ) Sou capaz de cuidar de mim normalmente, mas causa dor extra. (1) ( ) É doloroso cuidar de mim e sou lento e cuidadoso. (2) ( ) Necessito de alguma ajuda, mas realizo a maior parte do meu cuidado pessoal. (3) ( ) necessito ajuda todo dia na maioria dos aspectos de cuidado pessoal. (4) ( ) Não me visto, lavo-me com dificuldade e fico na cama. (5)

Seção 3 – Levantamento ( ) Sou capaz de levantar bastante peso sem dor extra. (0) ( ) Sou capaz de levanta bastante peso, mas causa dor extra. (1) ( ) A dor me impede de levantar muito peso do solo, mas consigo desempenhar-me se estiverem convenientemente posicionados, por exemplo sobre uma mesa. (2) ( ) A dor me impede de levantar muito peso, mas sou capaz de lidar com pesos leves a médios, se estiverem convenientemente posicionados. (3) ( ) Sou capaz de levantar pesos muito leves. (4) ( ) Não consigo levantar ou carregar absolutamente nada. (5)

Seção 4 – Leitura ( ) Posso ler o quanto quiser sem nenhuma dor no meu pescoço. (0) ( ) Posso ler o quanto quiser com dor leve no meu pescoço. (1) ( ) Posso ler o quanto quiser com dor moderada no meu pescoço. (2) ( ) Não posso ler o quanto quiser por causa da dor moderada no meu pescoço. (3) ( ) Para mim é difícil ler alguma coisa, por causa da intensa dor no meu pescoço. (4) ( ) Não posso ler absolutamente nada. (5)

Seção 5- dores de cabeça ( ) Não tenho dor de cabeça absolutamente. (0) ( )Tenho dores de cabeça leves que vêm infreqüentemente. (1) ( ) Tenho dores de cabeça moderadas que vêm infreqüentemente. (2) ( ) Tenho dores de cabeça moderadas que vêm freqüentemente. (3) ( ) Tenho dores de cabeça fortes que vêm freqüentemente. (4) ( ) Tenho dores de cabeça quase todo o tempo. (5)

Seção 6- Concentração ( )Sou capaz de concentrar-me completamente, quando quero, sem nenhuma dificuldade. (0) ( )Sou capaz de concentrar-me completamente, quando quero, com leve dificuldade. (1) ( ) Tenho um grau regular de dificuldade para me concentrar quando quero. (2) ( ) Tenho bastante dificuldade em concentrar-me quando quero. (3) ( ) Tenho muita dificuldade em concentrar-me quando quero. (4) ( ) Não consigo concentrar-me absolutamente. (5)

Seção 7 – Trabalho ( ) Posso fazer tanto trabalho quanto queira. (0) ( ) Posso fazer meu trabalho habitual, mas não mais. (1) ( ) Posso fazer a maior parte do meu trabalho habitual, mas não mais. (2) ( ) Não posso fazer o meu trabalho habitual. (3) ( )Tenho dificuldade em fazer qualquer trabalho. (4) ( )Não posso fazer nenhum trabalho absolutamente . (5)

Seção 8 – Dirigir ( ) Posso dirigir meu carro sem dor no pescoço. (0) ( ) Posso dirigir meu carro o quanto quiser com dor leve no pescoço. (1) ( ) Posso dirigir meu carro o quanto quiser com dor moderada no pescoço. (2) ( ) Não posso dirigir tanto o quiser com dor moderada no pescoço. (3) ( ) Dificilmente posso dirigir, por causa da dor intensa no pescoço. (4) ( ) Não posso dirigir meu carro absolutamente . (5)

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Escore (em 50): 0-4 nenhuma incapacidade 5-14 incapacidade branda 15-24 incapacidade moderada 25-34 incapacidade grave >35 incapacidade completa

Seção 9 – Dormir ( ) Não tenho dificuldade em dormir. (0) ( ) meu sono é levemente perturbado (menos de 1h insone). (1) ( ) Meu sono é brandamente perturbado (1-2h insone). (2) ( ) meu sono é moderadamente perturbado (2-3h insone). (3) ( ) Meu sono é muito perturbado (3-5h insone). (4) ( ) Meu sono é completamente perturbado (5-7h insone). (5)

Seção 10 – Recreação ( ) Sou capaz de realizar todas as minhas atividades de recreação sem nenhuma dor no pescoço absolutamente.(0) ( ) Sou capaz de realizar todas as minhas atividades de recreação com alguma dor no pescoço. (1) ( )Sou capaz de realizar a maioria, mas não todas, as minhas atividades usuais de recreação, por causa da dor no pescoço. (2) ( ) Sou capaz de realizar apenas algumas das minhas atividades usuais de recreação, por causa da dor no pescoço. (3) ( ) Dificilmente posso realizar quaisquer atividades de recreação, por causa da dor no pescoço. (4) ( ) Não posso realizar qualquer atividade de recreação absolutamente. (5)

Fonte: Magee (2002).

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ANEXO C - Termo de consentimento livre e esclarecido

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Observações: 1. Preencha na linguagem coloquial do sujeito e/ou paciente a ser pesquisado. 2. Em caso de pessoas legalmente não autônomas ou com capacidade de decisão diminuída, este termo de consentimento deve ser assinado pelo seu responsável legal.

Gostaria de obter todas as informações sobre este estudo: a- tempo que terei de ficar disponível; b- quantas sessões serão necessárias (com dia e horário previamente marcados); c- detalhes sobre todos os procedimentos (testes, tratamentos, exercícios, etc.); d- local onde será realizado; e- equipamentos ou instrumentos que serão utilizados; f- se preciso vestir alguma roupa ou sapato apropriado; e quaisquer outras informações sobre o procedimento do estudo a ser realizado em mim.

Quais as medidas a serem obtidas?

Quais os riscos e desconfortos que podem ocorrer?

Quais os meus benefícios e vantagens em fazer parte deste estudo?

Quais as pessoas que estarão me acompanhando durante os procedimentos práticos deste estudo?

Existe algum questionário que preciso preencher? Sou obrigado a

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responder a todas as perguntas?

PESSOA PARA CONTATO: Prof. Aderbal Silva Aguiar Jr

(pesquisador responsável)

NÚMERO DO TELEFONE: (48) 9986-8070

ENDEREÇO: R Simeão E Menezes 68 Tubarão-SC

TERMO DE CONSENTIMENTO Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e que recebi, de forma clara e objetiva, todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos os dados a meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo as medições dos experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas em mim. Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento. Nome por extenso :

RG : Local e Data: Assinatura:

Adaptado de: (1) South Sheffield Ethics Committee, Sheffield Health Authority, UK; (2) Comitê de Ética em pesquisa - CEFID - Udesc, Florianópolis, BR.

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ANEXO D - Questionário de McGuil adaptado para língua portuguesa

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Questionário de Dor de McGuill adaptado para língua portuguesa Pcte: _____________________________________ Data: __________ Hora: __________ 1-10 Grupos Dimensionais

1 2 3 4 5 1. Vibração. 2. Remor. 3. Pulsante. 4. Latejante. 5. Como batida. 6. Como

pancada.

1. Pontada. 2. Choque. 3. Tiro.

1. Agulhada. 2. Perfurante. 3. Facada. 4. Punhalada. 5. Em lança.

1. Fina. 2. Cortante. 3. Estraçalha.

1. Beliscão. 2. Aperto. 3. Mordida. 4. Cólica. 5. Esmagamento.

6 7 8 9 10 1. Fisgada. 2. Puxão. 3. Em torção.

1. Em calor. 2. Queimação. 3. Fervente. 4. Em brasa.

1. Formigamento. 2. Coceira. 3. Andor. 4. Ferroada.

1. Mal localizada. 2. Dolorida. 3. Machucada. 4. Doída. 5. Pesada.

1. Sensível. 2. Esticada. 3. Esfolante. 4. Rachada.

11-15 Dimensão sensitiva 11 12 13 14 15 1. Cansativa. 2. Exaustiva.

1. Enjoada. 2. Sufocante.

1. Castigante. 2. Atormenta. 3. Cruel.

1. Amendrotadora. 2. Apavorante. 3. Aterrorizante. 4. Maldita. 5. Mortal.

1. Miserável. 2. Enlouquecedora.

16 Dimensão Avaliativa 16 1. Chata. 2. Que incomoda. 3. Desgastante. 4. Forte. 5. Insuportável

17-20 Miscelânea 17 18 19 20 1. Espalha. 2. Irradia. 3. Penetra. 4. Atravessa.

1. Aperta. 2. Adormece. 3. Repuxa. 4. Espreme. 5. Rasga.

1. Fria. 2. Gelada. 3. Congelante.

1. Aborrecida. 2. Dá náusea. 3. Agonizante. 4. Pavorosa. 5. Torturante.

Nº descritores escolhidos Índice de Dor Sensorial 1-10 Sensorial 1-10 Afetivo 11-15 Afetivo 11-15 Avaliativo 16 Avaliativo 16 Miscelânea 17-20 Miscelânea 17-20 Total: Total:

Conclusão: _____________________________________________________________________ Fonte: Magge, (2002).