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ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ Nº 194 SETEMBRO DE 2005 JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL DOS DOS DOS DOS DOS O referendo sobre a proibição da venda de armas e munições, no Brasil, deverá levar mais de 100 milhões de eleitores às urnas, no próximo dia 23 de outubro. E afinal, sim ou não à venda de armas? Este é um dos temas centrais desta edição. Páginas 3 Venda de armas Sim ou Não? Eleições Eleições Eleições Eleições Eleições no Cor no Cor no Cor no Cor no Corecon-RJ econ-RJ econ-RJ econ-RJ econ-RJ Pág. 16 O pr O pr O pr O pr O problema da oblema da oblema da oblema da oblema da inde inde inde inde indexação no Brasil xação no Brasil xação no Brasil xação no Brasil xação no Brasil Pág. 10 João P João P João P João P João Paulo de A. Magalhães aulo de A. Magalhães aulo de A. Magalhães aulo de A. Magalhães aulo de A. Magalhães é eleito economista do ano é eleito economista do ano é eleito economista do ano é eleito economista do ano é eleito economista do ano Em entrevista ao JE, o professor escolhido como “Personalidade Econômica do Ano” faz uma avaliação da política econômica do atual governo e fala do futuro: “não dá para ser pessimista”. Pág. 7

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Page 1: ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ Venda … · Página 12 XV Prêmio de Monografia – ... Rio de Janeiro, Wladimir Reale, para exporem suas visões sobre o referendo do

ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ

Nº 194 SETEMBRO DE 2005JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL DOSDOSDOSDOSDOS

O referendo sobre a proibição da venda de armas e munições, no Brasil, deverálevar mais de 100 milhões de eleitores às urnas, no próximo dia 23 de outubro.E afinal, sim ou não à venda de armas? Este é um dos temas centrais desta edição.

Páginas 3

Venda de armas

Sim ou Não?

EleiçõesEleiçõesEleiçõesEleiçõesEleiçõesno Corno Corno Corno Corno Corecon-RJecon-RJecon-RJecon-RJecon-RJ

Pág. 16

O prO prO prO prO problema daoblema daoblema daoblema daoblema daindeindeindeindeindexação no Brasilxação no Brasilxação no Brasilxação no Brasilxação no Brasil

Pág. 10

João PJoão PJoão PJoão PJoão Paulo de A. Magalhãesaulo de A. Magalhãesaulo de A. Magalhãesaulo de A. Magalhãesaulo de A. Magalhãesé eleito economista do anoé eleito economista do anoé eleito economista do anoé eleito economista do anoé eleito economista do ano

Em entrevista ao JE, o professor escolhido como“Personalidade Econômica do Ano” faz umaavaliação da política econômica do atual governoe fala do futuro: “não dá para ser pessimista”.

Pág. 7

Page 2: ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ Venda … · Página 12 XV Prêmio de Monografia – ... Rio de Janeiro, Wladimir Reale, para exporem suas visões sobre o referendo do

SumárioPágina 3 Desarmamento:

Em defesa da vida

Página 5 Desarmamento:O Estatuto e a ordem institucional

Página 7 Entrevista:João Paulo de Almeida Magalhães

Página 10 Tarifas Públicas – Desindexar é preciso

Página 12 XV Prêmio de Monografia –Compras Governamentais: é preciso aumentar a eficiência

Página 15 Fórum Popular de Orçamento – Câmara aprova propostas do FPO

Página 16 Eleição no Conselho será dia 28Livro discute a EPITese vira livroPrêmio de Jornalismo Econômico

EDITORIAL

ÓrÓrÓrÓrÓrgão Oficial dogão Oficial dogão Oficial dogão Oficial dogão Oficial doCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJ

ISSN 1519-7387

Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial: Gilberto Alcântara, GilbertoCaputo Santos, José Antônio Lutterbach Soares, PauloMibielli, Paulo Passarinho, Rafael Vieira da Silva, Ro-gério da Silva Rocha e Ruth Espinola Soriano de Mello.

Editor: Editor: Editor: Editor: Editor: Nilo Sérgio GomesCorreio eletrônico: imprensa@corecon-rj.org.brReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem::::: Rebecca RamosIlustração:Ilustração:Ilustração:Ilustração:Ilustração: AliedoCaricaturista:Caricaturista:Caricaturista:Caricaturista:Caricaturista: Cássio LoredanoDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e Finalização:inalização:inalização:inalização:inalização:Rossana Henriques (21) 2462-4885FFFFFotolito e Improtolito e Improtolito e Improtolito e Improtolito e Impressão:essão:essão:essão:essão: TipológicaTTTTTiragem: iragem: iragem: iragem: iragem: 13.000 exemplaresPPPPPeriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade: Mensal

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· Conselheir Conselheir Conselheir Conselheir Conselheirososososos Suplentes: Suplentes: Suplentes: Suplentes: Suplentes: 1º terço (2005/07):1º terço (2005/07):1º terço (2005/07):1º terço (2005/07):1º terço (2005/07):Regina Lúcia Gadioli dos Santos, Arthur CâmaraCardozo, Carlos Eduardo Frickmman Young. 2º terço2º terço2º terço2º terço2º terço(2003/05): (2003/05): (2003/05): (2003/05): (2003/05): Gilberto Caputo Santos. 3º terço (2004/3º terço (2004/3º terço (2004/3º terço (2004/3º terço (2004/06): 06): 06): 06): 06): Gilberto Alcântara da Cruz, Jorge de OliveiraCamargo e Rogério da Silva Rocha · Delegado EleitorDelegado EleitorDelegado EleitorDelegado EleitorDelegado EleitorEfetivo: Efetivo: Efetivo: Efetivo: Efetivo: José Antonio Lutterbach Soares · DelegadoDelegadoDelegadoDelegadoDelegadoEleitor Suplente: Eleitor Suplente: Eleitor Suplente: Eleitor Suplente: Eleitor Suplente: Paulo Sergio Souto

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Jornal dos

2 jornal dos economistas - setembrjornal dos economistas - setembrjornal dos economistas - setembrjornal dos economistas - setembrjornal dos economistas - setembro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

Sim ou não às armas?o próximo dia 23, mais de 100 milhõesde eleitores irão às urnas decidirfavorável ou contrariamente à venda

de armas e munições no Brasil. O tema écomplexo, embora, à primeira vista, a ondade violência e o temor com que cada cidadãoe cidadã circulam pelas grandes cidades dopaís induzam a responder sim à proibição.

Contudo, não somente a tese do direito dedefesa, mas a complexidade de deixar aoEstado a decisão que, a princípio, deve caber acada pessoa – ter ou não arma – provocamreflexões e muita polêmica. Afinal, é o Estadoquem deve decidir se devemos ou não ter armasou esta é uma decisão que compete a cada um?

Assunto controverso, daí a decisão do JEem trazer para estas páginas opiniões opostassobre o tema. Convidamos o sociólogoAntonio Rangel, do Viva Rio, e o presidente

O Corecon-RJ apóia e divulga o programa Faixa Livre, apresentado por Paulo Passarinho, de segundaà sexta-feira, das 7h30 às 9h, na Rádio Bandeirantes, AM, do Rio, 1360 khz.

N da Associação dos Delegados de Polícia doRio de Janeiro, Wladimir Reale, paraexporem suas visões sobre o referendo dopróximo dia 23.

Além desta questão, o JE, nesta edição,traz um artigo que resume o trabalhovencedor do Prêmio de Monografia CelsoFurtado, de autoria de Felipe Marques, e aentrevista com o professor João Paulo deAlmeida Magalhães, eleito pelo ConselhoFederal de Economia como “PersonalidadeEconômica do Ano”.

Apesar dos pesares, do continuísmo dapolítica econômica do Governo Lula, oprofessor João Paulo não esmorece. Eleconclui sua entrevista afirmando que, “deuma perspectiva de prazo mais longo, nãohá porque ser pessimista com relação aoBrasil”.

ERRATA - Na matéria “XV Prêmio Corecon-RJ”, de agosto 2005, foram publicadas incorreções: a terceira colocada, CarolinaMiranda Cavalcante, formou-se na UFF. Um dos primeiros manuais de metodologia que ajudaram a difundir os debates daFilosofia da Ciência e Economia foi “Methodology of Economics,”de Mark Blaug e não Marco Plot. A tradição filosófica à quala economista se refere é a dos “teóricos do crescimento do conhecimento” e não “teóricos do crescimento e do conhecimento”.A grafia correta é Imre Lakatos e não Lacatos. Em sua monografia, Carolina não parte do princípio que é impossível construirum conhecimento objetivo em economia. A conclusão afirma justamente o contrário. A posição filosófica exposta no trabalhoé denominada “realismo crítico”, não “realismo político”.

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desarmamento é uma ini-ciativa da sociedade. NoBrasil ganhou força por-

que este é o país em que mais semata e mais se morre por armade fogo: 36 mil mortes por ano.O que há de errado conosco?Entre as várias causas, sobressaia da facilidade com que se obtémuma arma e a banalidade com queela é usada.

Convivem um Brasil mo-derno, que busca a reforma, eum país arcaico, machista,inocente útil nas mãos de inte-resses escusos da banda podreda polícia e da indústria bélica.Gente que fatura alto com ocomércio legal e ilícito dessesprodutos, ar mando a ban-didagem. Essa aliança sórdidaluta contra a transparência e ainformação científica, copia astáticas da Associação Norte-americana de Fuzis, manipu-lando o medo e jogando com aignorância sobre o tema. Afir-ma que estamos “desarmandoos homens de bem e deixandoos bandidos armados”.

Ora, nossa campanha procu-ra convencer o cidadão a se de-sarmar porque as pesquisasrevelam que, nas grandes cida-des, arma é instrumento de ata-que, não de defesa, e dá apenasilusão de segurança. O assaltanteconta com o “efeito surpresa” esó na fantasia do cinema a vítimaleva a melhor.

Se tivermos uma arma para

autodefesa, ela estará municiadae acessível. Isto é, pronta para serroubada pelo assaltante, achadapelo filho ou neto do seu dono,pelo adolescente deprimido comímpeto suicida, pelo maridoenciumado e bêbado. 46% dasmulheres brasileiras mortas por

arma de fogo foram assassinadaspelo seu parceiro íntimo.

Bons de tiro, maus de história...

O Rio Grande do Sul, com omaior índice de armas registradas,é campeão nacional em suicídio

DESARMAMENTO: SIM OU NÃO? Antônio Rangel Bandeira*

Em defesa da vidaEste artigo e o próximo foram escritos, a convite do JE, por duas personalidades da sociedadecivil que vêm se destacando na defesa de pontos de vista contrários, em relação ao referendoque acontecerá no próximo dia 23 de outubro. A intenção, obviamente, é contribuir com o debate.

por arma de fogo. Mas persiste oequívoco de que o maior perigovem da rua.

Em São Paulo, o latrocínio(assalto seguido de morte) repre-senta 5% das mortes. No Rio deJaneiro, menos de 3%. Elesaparecem na mídia, mas a morteentre quatro paredes é silenciosa.Nos Estados Unidos, 85% dasvítimas de arma de fogo conhe-ciam seu agressor. O desarma-mento civil visa reduzir essasmortes banais, que são a maioria.Não vai resolver sozinho oproblema da violência armada,mas é medida essencial.

Outra coisa é “desarmar osbandidos”. Para isto votou-se oEstatuto do Desarmamento,aplaudido na ONU, e que prevêmarcação de arma e munição,banco de dados e outras medidasque permitam o rastreamentodesses produtos e a descobertadas quadrilhas que armam ocrime. Os que dizem que deve-mos “é combater o crime”, tudofizeram para impedir a aprovaçãodessa lei, em verdadeira cumpli-cidade com o banditismo. Na ver-dade, defendendo seus financia-dores, a indústria bélica.

Ao invés de atacar, deveriamse somar a nós para pressionar ogoverno a botar em prática oEstatuto, que aumenta as penaspara o tráfico ilegal de armas eproíbe o seu porte. A nova lei dámeios e obrigações para a políciadesarmar o crime. Busca desarmar

O

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toda a sociedade, bandidos epessoas de bem, pois o desar-mamento civil também acabaafetando o crime: o preço dorevólver 38 aumentou cincovezes no mercado ilícito; as 450mil armas já entregues baixaramem 8,2% as mortes por arma defogo, salvando 3.234 vidas ereduzindo os feridos em 10,5%,no Rio, e em 7%, em SP.

Os gastos na aplicação doEstatuto do Desarmamento sãoum investimento que salva vidase prende bandidos, melhor doque gastar com um modelo falidode polícia. É a única reforma nasegurança pública que está dandocerto e se quer desacreditar esseprimeiro passo. Alegam que “sóas ditaduras desarmam o povo”.Não é verdade. As ditadurasdesarmam a oposição para pro-teger o governo. As democraciaspromovem o desarmamento civilpara aumentar a segurança doscidadãos. Se são bons de tiro, sãomaus de história.

A “doutrina Bush”, que repri-me as “armas más” e glorifica as“armas boas”, esconde que 99%

das armas são legalmente fabri-cadas e se controladas não che-gariam às mãos de criminosos.No Rio, 33% das armas apreen-didas na ilegalidade tinham sidovendidas legalmente para gentede bem. Em 2003, foram rouba-das ou desviadas no país 56 milarmas. Isto é, “bandido nãocompra arma em loja”. Quemcompra é gente de bem, e osbandidos as tomam, agradecidos.

Popularizar as informações

O direito à “legítima defesa” sebaseia na proteção da vida. Quandoos números revelam o massacre demulheres e demonstram que quemreage a assalto armado tem 180vezes mais chances de ser mortodo que quem não reage, o uso dearma para defesa é um tiro pelaculatra. O pai de família que searma está aumentando o risco enão protegendo a família.

A Constituição atribui aoEstado a proteção dos cidadãos.Essa é a segurança republicana,que protege a todos e não apenasa quem pode pagar por seguran-

ça. Se a polícia é falha, temos quereformá-la e não armar de formainsensata a população. Policial afavor de civil armado revela suaprópria incompetência. No Bra-sil, 90% das armas estão nas mãosde civis. Se armar fosse a solução,seríamos um país pacífico.

Dizem que “o problema sãoas armas estrangeiras”. Tenta-seocultar o fato de que 77% dasarmas apreendidas na ilegalidadesão brasileiras e 80% são pistolase revólveres. É precaríssimo ocontrole sobre o comércio etransporte dessas armas. Esteano, a Polícia Federal apreendeu2 milhões de munições queestavam sendo enviadas por umgerente da Rossi para o crimeorganizado em Pernambuco.Claro que devemos controlar asfronteiras, mas 80% do problemaestá aqui dentro.

Os que defendem as armasnão gostam de estatísticas e sócitam casos em que uma armasalvou uma vida. Mas políticaspúblicas não são feitas comexceções, e, sim, com a regra, e estaaponta para os benefícios do

desarmamento. Por temerem adifusão do conhecimento científi-co pelo debate, tudo fizeram paraimpedir a aprovação do referendo.Pois nosso esforço é o de popula-rizar as informações até aqui res-tritas aos centros de pesquisa.

Lancei agora o livro “Armas deFogo: Proteção ou Risco?”, reunindoo que há de mais atualizado sobreos prós e contras no uso de armas.Está sendo vendido por preço derevista também nas bancas dejornal, para que chegue ao povo.Nele, desmistifico a indústria dearmas pequenas, que empregamenos de 2 mil funcionários eresponde por apenas 0,048% daindústria nacional. E defendo oreferendo, que significa um aper-feiçoamento da democracia bra-sileira. Dizem que “vai ser caro”,quando custará pouco mais que osR$ 140 milhões investidos com otratamento de 20 mil feridos porarma de fogo, a cada ano.

Por essas razões, no referendodiga SIM à vida.

Contra a indústria da morte.

* Sociólogo do Viva Rio

PROGRAMAÇÃO DE CURSOS DO CORECON-RJ – NOVOS CURSOS

ARGENTINA: QUESTÕES SOBRE ONTEM E HOJE.Dias 18 - 22 e 25 de novembro, das 18h45 às 21h30.Professor: Andrés Ferrari Haines (Doutorando em Economia e Desenvolvimento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em Economia pelaÚNICAMP. Dissertação “As reformas estruturais na Argentina dos anos 90”, orientado pela professora Monica Baer.)

PREÇOS DO PETRÓLEO: EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PERSPECTIVAS DE LONGO PRAZOde 10 de novembro a 1º de dezembro/2005 - às quintas-feiras, das 18h45 às 21h30Professor Rafael Pertusier – Mestre em economia pelo Instituto de Economia da UFRJ (Grupo de Energia) e graduado pela PUC-Rio. Trabalha na PETROBRAS naelaboração de estudos de longo prazo sobre o mercado de petróleo

DERIVATIVOS E ENGENHARIA FINANCEIRADias 9 - 10 - 16 - 17 - 23 - 24 - 30 de novembro e 8 de dezembro de 2005 – quartas e quintas-feiras)Professor Ivando Silva de Faria – Doutorando em Economia pela UFF, Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense, professorda UFF, da pós-graduação do IBMEC / FGV / UFF / UFRJ - Mercados de Derivativos Financeiros, Mercados Financeiros, Finanças Corporativas, Mercado de Capitaise Avaliação de Projetos de Investimento.

CURSO DE MATEMÁTICA APLICADA À TEORIA ECONÔMICAde 7 de novembro a 9 de dezembro de 2005 - segundas e sextas-feiras, de 18:45h às 21:30hProfessor Carlos Maximiliano do Rêgo Monteiro – Economista, Mestrando em Economia Empresarial – UCAM, Professor do MBA em EngenhariaEconômica e Administração Industrial – UFRJ, Professor do Centro Universitário da Cidade

ANÁLISE DE INVESTIMENTOde 6 de outubro a 3 de novembro de 2005 – aulas às quintas-feiras – de 18h45 às 21h30Professor Eduardo de Sá Fortes – Mestre em Economia Empresarial, UCAM – 2003.

As matrículas para o Curso de Aperfeiçoamento em Economia: preparatório para a ANPEC-2006 encontram-se abertas. Aproveite os descontos.Informe-se sobre outros cursos na página www.economistas.org.br

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DESARMAMENTO: SIM OU NÃO? Wladimir Sérgio Reale*

1. Preliminarmente, da inconsti-tucionalidade do art. 35 caput eparágrafos 1º e 2º. Violação dosartigos 5º, caput, I, XIII, XXII,XXXVI, LIV; 24, V, § 1º e 144,caput , todos da ConstiuiçãoFederal.1.1. O art. 35, caput, e os seusparágrafos 1º e 2º, referidos emdestaque, têm a seguinte redação:“Art. 35 – É PROIBIDA A CO-MERCIALIZAÇÃO DE AR-MA DE FOGO E MUNIÇÃOEM TODO TERRITÓRIO NA-CIONAL, SALVO PARA ASENTIDADES PREVISTAS NOART. 6º DESTA LEI.§ 1º - ESTE DISPOSITIVO, PARAENTRAR EM VIGOR, DEPEN-DERÁ DE APROVAÇÃO ME-DIANTE REFERENDO POPU-LAR, A SER REALIZADO EMOUTUBRO DE 2005.1.2. Com efeito, verifica-se, deplano, a inconstitucionalidadeda disposição contida no art.35 e seus parágrafos da legis-lação citada:1.2.1. A uma, porque se aprovadaem referendo popular, a ser rea-lizado em 23 de outubro de 2005,passa a ser proibida, a partir dadata da publicação de seu resul-tado pelo Tribunal Superior Elei-toral (§2º), a comercialização dearma de fogo e munição no país.Todavia, ofende o direito docomerciante e dos industriais avedação da venda das armas e mu-nições diretamente aos cidadãoscomuns, na medida em que, de

forma objetiva, está a impedir oexercício do comércio asseguradopela Constituição Federal, em seuart. 170, caput e seu parágrafo úni-co. Assim, o comerciante e o in-dustrial não podem mais entregara arma e a munição ao compra-dor. Como conseqüência lógica,

nenhum cidadão poderá adquirira propriedade desse bem móvel,ficando inviabilizada essa atividademercantil lícita de armas de fogo.Essa medida, não é e nunca foi omeio adequado a produzir o re-sultado pretendido (garantiapermanente de segurança indivi-

O Estatuto e a ordeminstitucional

O texto a seguir foi escrito na forma de uma peça jurídica e achamos por bem mantê-lo nestaforma para os leitores, já que esta foi a escolha feita pelo autor para o artigo de defesa do“Não”, no referendo do próximo dia 23 de outubro

dual e coletiva, proteção dodireito à vida, da incolumidade dapessoa e do seu patrimônio – C.F,art. 5º, caput c/c 144, caput),assim como nem atende à pro-porcionalidade em sentido estrito.Trata-se, na espécie, de direitobásico garantido constitucional-mente aos brasileiros e aosestrangeiros residentes, à segu-rança, e à propriedade, e, conse-qüentemente, à posse de armas emunições defensivas, nas condi-ções e mediante as cautelasdisciplinadas em lei, até porquenão é capaz, o Estado, de garantira segurança de todos todo tempo(e nunca foi em Estado algum,tanto que não se conhece sistemajurídico em que não se acheconsagrado o direito à legitimadefesa da pessoa e bens).1.2.2. A duas, mantida a radicalproibição da venda de armas defogo e munições no país para oscidadãos, naturalmente a indústriae o comércio terão sérios prejuí-zos, na medida em que ficará in-viabilizada essa atividade econô-mica lícita. Não há dúvida do quese está diante de clara inconstitu-cionalidade material (C.F., art. 5º,LIV), com ofensa também ao art.5º, inciso XXII, da ConstituiçãoFederal, por ocorrência de graveafronta ao exercício normal dodireito de propriedade.1.2.3. A três, em hipótese símile,cujo ato normativo federal res-tringiu, de maneira tão radical quepraticamente inviabilizou, no

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período, a comercialização dearmas de fogo, o Supremo Tribu-nal Federal, no julgamento daADIn nº 2.290-3-DF, deferiu opedido de medida liminar parasuspender a eficácia do art. 6º, eseus incisos, da Medida Provisórianº 2.054-4, de 28 de setembro de2000, pelo qual suspendia-se, até31 de dezembro de 2000, o regis-tro de arma de fogo a que refere oart. 3º da Lei nº 9.437, de 1997.1.2.4. Finalmente, a quatro, emrelação à inconstitucionalidadedos §§ 1º e 2º, do art. 35 (refe-rendo popular), e do DecretoLegislativo nº 780/05, valedestacar o entendimento dadopelo Vice-Presidente do SuperiorTribunal Militar (STM), FlávioBierrembach, ao considerar “umabsurdo jurídico” a possívelrealização de um referendo em 23de outubro próximo sobre aproibição de venda de armas defogo e munição no Brasil. “Ocidadão de bem tem o direito depossuir uma arma para se de-fender dos criminosos.”Relator do projeto que convocoua Assembléia Nacional Constituin-te, como deputado federal peloantigo MDB de São Paulo, elesustenta que “uma sociedade em

que apenas a polícia e os facínoraspodem estar armados não é nemserá uma sociedade democrática”(Estado de São Paulo/Cidades/Metrópole pág. C.3, 14.04.05).“Nenhum governo tem a prerro-gativa de interferir na esferaprivada do cidadão para transfor-mar um direito em crime. Sobre-tudo ao arrepio da Constituição,dos direitos humanos, de usos ecostumes milenares que assegu-ram a igualdade de todos perantea Lei, a incolumidade da pessoa,o sagrado direito de defesa eproteção da casa como abrigoinviolável do cidadão (CorreioBraziliense, 28.02.02).’’Por sua vez, o Referendo (§ 1º, doart. 35), aprovado pelo DecretoLegislativo nº 780, de 07/07/2005resultará, destarte, em uma despe-sa para os cofres do Tesouro Na-cional de aproximadamente R$ 600milhões, ou seja, o custo de umaeleição. Essa substanciosa verbapoderia ser utilizada na defesa docidadão, pela Secretaria Nacional de

Segurança Pública, sempre carentede recursos, como é notório.No Estado Democrático deDireito, como no Brasil, a pazsocial deve ser mantida como ga-rantia constitucional. A segurançapública é dever do Estado e res-

ponsabilidade de todos (C.F., art.144). Os cidadãos, portanto, nãopodem depender, exclusivamen-te, do Estado, para que possamter acesso às armas e muniçõespara o exercício de sua legítimadefesa pessoal e de terceiros,desde que cumpram fielmente oque se contém na Portaria 036,de 1999, do Chefe do Departa-mento de Material Bélico do Co-mando do Exército, que dispõesobre as “normas que regulam ocomércio de armas e munições”.Uma eventual proibição radicalde aquisição de armas e muniçõesdiretamente no comércio e indús-tria para os cidadãos de bem,afronta o princípio da razoabili-dade violando, em conseqüência,o devido processo legal que éamparado pelo art. 5°, inciso LIV,da Constituição Federal.VOTE Nº 1 – NÃO.

* Presidente da Associação dos Delegadosde Polícia (Adepol), advogado, com exer-cício no STF.

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leito pelo Conselho Federal de E-conomia como a “PersonalidadeEconômica do Ano”, o professor João

Paulo de Almeida de Magalhães lança, emoutubro, seu novo livro: “Nova estratégia dedesenvolvimento para o Brasil – um enfoquede longo prazo”, pela editora Paz e Terra.Defensor do desenvolvimento e da soberanianacional, ele dizia, no início de 2003, ementrevista a este mesmo JE, de suas ex-pectativas em relação ao Governo Lula e asmedidas na economia que, em seu ponto devista, eram necessárias. Escolhido o eco-nomista do ano pelas suas contribuições nocenário das Ciências Econômicas, João Paulofala ao JE, dois anos e meio depois daquelaentrevista: “O país mantém, surpreen-dentemente, dois anos e meio depois da possede Lula, o mesmo modelo neoliberal quelevou o Brasil (e toda América Latina) a 26anos de semi-estagnação”. A premiação seráentregue durante o XVI Congresso Brasileirode Economistas, no início de outubro, emFlorianópolis.

JE – Em entrevista a este JE, em fevereiro de 2003,o senhor apontou a expectativa que havia, então, emrelação a vir a ocorrer uma transição na políticaeconômica do Governo Lula. Como o senhor avaliahoje, dois anos e meio depois?João Paulo de A. Magalhães – O presidenteLuiz Inácio Lula da Silva foi eleito com basenas duras críticas que fazia à políticaeconômica em curso no país. Como, todavia,os grupos conservadores no Brasil e a mídiainternacional criaram a expectativa de que eleiria adotar medidas radicais e economi-camente irresponsáveis ele agiu corretamenteao adotar, na fase inicial do seu mandato,postura de prudência que significava manteras práticas econômicas do seu antecessor.Todo seu discurso de campanha levava a crerque essa era manobra tática de curta duração.Infelizmente, não foi o que aconteceu. O paísmantém assim, surpreendentemente, doisanos e meio depois da posse de Lula, omesmo modelo neoliberal que levou oBrasil (e toda América Latina) a 26 anos desemi-estagnação.

JE – Naquela entrevista, o senhor falou que o paísnão suportaria uma nova década perdida e traçou umquadro macroeconômico grave (dívida interna

equivalente a 60% do PIB, juros altíssimos enecessidade da criação de 1,5 milhão de empregos porano). Mudou alguma coisa neste quadro?João Paulo – O pior é que estamos cami-nhando a largos passos para essa nova décadaperdida. Ela só será evitada se o próximogoverno adotar estratégia econômica cora-josamente desenvolvimentista, o que significanão poder o próximo presidente da Repúblicaser o atual nem qualquer outro ligado aogoverno do seu antecessor.Os cálculos mais otimistas afirmam que,apenas para absorver a mão de obra nova quese apresenta anualmente ao mercado (algo emtorno a 1,5 milhão de trabalhadores) o PIBdeve estar se expandindo na média de 4% aoano. Nos últimos vinte cinco anos, oincremento do PIB brasileiro foi de poucomais da metade dessa percentagem. Como oatual governo manteve a mesma políticaneoliberal essa situação não deve ser alterada.Cálculo elementar mostra que nas últimasduas décadas e meia acumulamos, no Brasil,8,5 milhões de desempregados, subempre-gados e ocupados no setor informal. E essenúmero está se elevando em cerca de 700 milpor ano. Tal fato, enquanto se reflete noaumento da população de rua, na elevada

O professor da UFRJ foi eleito pelo Cofecon PPPPPersonalidadeersonalidadeersonalidadeersonalidadeersonalidadeEconômica do AnoEconômica do AnoEconômica do AnoEconômica do AnoEconômica do Ano. . . . . A escolha foi feita após ampla participaçãodos Conselhos Regionais de Economia que, em sua maioria, oindicaram pelo mérito de sua obra em favor das CiênciasEconômicas e do desenvolvimento do país.Ele receberá a condecoração no XVI Congresso Brasileiro deEconomistas, em Florianópolis (SC), de 4 e 7 de outubro. Apremiação foi instituída pelo Cofecon, em 2004, para homena-gear o profissional que mais se destacou no cenário das CiênciasEconômicas em nível nacional.

João Paulo de Almeida Magalhães – Personalidade Econômica do AnoENTREVISTA

Não há porqueser pessimistacom o Brasil

E

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criminalidade e crescente insatisfação socialde nossas grandes metrópoles, está nosconduzindo rapidamente ao caos econômicoe social. Que só será evitado se o próximopresidente da República se dispuser a adotarno país estratégia econômica radicalmentediferente da atual.

JE – O comentário mais comum, hoje, é que “aeconomia não está contaminada pela crise política” –haveria uma “blindagem” – e ela própria, a economia,poderá ser o principal cacife para uma possível reeleiçãode Lula? O que o senhor acha?João Paulo – A crise política realmente nãoafetou a economia, no sentido de que o saldoda balança comercial permanece elevado, adívida interna continua sob controle, atravésda manutenção do superávit primário, e ainflação não tem qualquer tendência a seacelerar. Colocar esses fatos como fa-vorecendo eventual reeleição de Lula só seexplica pela miopia “curto prazista” que vemafetando a mídia e alguns analistas menosatilados. O Governo Lula será julgado emfunção de sua incapacidade de oferecer ao paíso que ele mesmo anunciou como o “espe-táculo do desenvolvimento”. Este exigiria queo Brasil voltasse a crescer a 7% ao ano,conforme ocorreu nas três décadas que seseguiram à Segunda Guerra Mundial e comovem acontecendo, há pelo menos uma década,na China e Índia, países cujas condições emtermos de desenvolvimento são bem menosfavoráveis que as nossas.

JE – Que avaliação faz da crise moral, ética e políticado Governo Lula?João Paulo – Não estou muito certo de queestejamos diante de crise ética e moral.Participo da posição de alguns analistassegundo os quais problemas como o caixadois e o mensalão fazem parte de esquemade poder pelo qual o chamado GrupoMajoritário do PT (ignorando os elevadospropósitos que comandaram a criação dopartido) tentou se perpetuar no comando dopaís. Para reeleger Lula e, a partir daspróximas eleições, controlar o Legislativo,através de uma grande bancada, imensosrecursos financeiros se faziam necessários.Para consegui-los todos os meios foramconsiderados legítimos. Se alguns fundosforam desviados em proveito próprio, tal meparece um aspecto secundário.

JE – Em sua avaliação, quais as principais questõesque irão nortear o processo político em curso, cujodesaguadouro são as eleições de outubro do ano quevem? Quais as questões econômicas que, a seu ver,serão dominantes nas próximas eleições?João Paulo – Não vou tentar prever asquestões que “serão” dominantes naspróximas eleições, mas enunciar simplesmenteos temas que, a meu ver, “deveriam” serdominantes. A economia brasileira foi, nosúltimos 25 anos, submetida à visão neoliberalcodificada, em 1990, no chamado Consensode Washington. O debate nas próximaseleições deveria girar em torno do modelo (ouestratégia) alternativo a ser colocado em lugardo neoliberal. O que temos visto nos últimosanos são críticas tópicas a determinadosaspectos da política econômica em curso nopaís. Ora, a melhor metodologia científica

mostra que uma estratégia errada não éabandonada em função de críticas (ainda quebem fundadas e pertinentes) a ela feita, masapenas através do oferecimento de estratégiaalternativa que a substitua com vantagem. OBrasil registrou historicamente estratégia (oumodelo) primária exportadora, de substituiçãode importações e tenta, presentemente, semgrande sucesso, estratégia de integraçãocompetitiva no mercado mundial. O que sepropõe para substitui-la? Até agora nada, oque autoriza o governo afirmar que críticassão feitas sem que sejam oferecidas al-ternativas. Não estou afirmando que, emtermos estritamente acadêmicos, inexistampropostas de estratégias alternativas. OInstituto da Cidadania, ligado ao PT (inclusivepresidido à época por Lula), propôs a criaçãoda “sociedade de consumo de massas”, ouseja, uma estratégia baseada no mercadointerno. A par dessa, outra corrente defendeu,com base na experiência bem sucedida depaíses asiáticos, modelo de integração “ativa”no mercado mundial em que o Estado teriapapel fundamental. O que espero é que,contrariamente ao até agora observado,sugestões como essas, traduzindo estratégiasalternativas, sejam colocadas no centro dodebate eleitoral.

JE – O senhor acredita que esteja ocorrendo algumamudança nas relações internacionais, face mesmo aopapel que países como Brasil, Rússia, Índia e China(o chamado “Bric”) venham desempenhando emorganismos como a OMC e as Nações Unidas, ouainda pelas ações de independência política e soberaniaque têm marcado governos da América do Sul, comoa Argentina e a Venezuela?João Paulo – A pergunta é interessanteporque nas relações econômicas externas oatual Governo registrou o único ponto emque sua ação correspondeu às promessasde campanha. O Governo Lula esvaziou aAlca, liderou os países subdesenvolvidos nareunião da OMC em Cancun, se lançou empolítica de fortalecimento do Mercosul edefiniu as bases de uma integração eco-nômica da América do Sul (a Alcsa). E nessecaso contou com apoio decidido da Vene-zuela. Quanto aos quatro países de di-mensão continental referidos na pergunta,verifica-se a existência de importantediálogo entre eles no âmbito do qualprocuram definir seus interesses comuns e

O Governo Lula será jul-gado em função de sua in-capacidade de oferecerao país o que ele mesmoanunciou como o “espe-táculo do desenvolvimen-to”. Este exigiria que oBrasil voltasse a crescer7% ao ano

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determinar a maneira de defendê-los. Nomeu livro “Nova estratégia de desen-volvimento para o Brasil – um enfoque delongo prazo”, a ser proximamente pu-blicado pela editora Paz e Terra – vou além,propondo política de desenvolvimentoconjunto das nações retardatárias, lideradapela China, Índia, Rússia e Brasil e dentrode novo modelo de globalização.

JE – O senhor acaba de ser agraciado com a escolhapelo Conselho Federal de Economia de “PersonalidadeEconômica do Ano”. É difícil ou não ser economistaem um país como o Brasil?João Paulo – O problema atual do econo-mista, no Brasil, se acha na dificuldade deser ouvido, em conseqüência do “pensa-mento único” que parece dominar a “mídia“ do país. Assim, os economistas brasileirosindividualmente ou através dos seus órgãosrepresentativos, como o Cofecon e osistema Corecons, têm denunciado sem amerecida repercussão na imprensa anoma-lias econômicas, como os altíssimos jurospraticados no país sob o alto patrocínio doBanco Central, e a substituição das metasdo desenvolvimento por metas de inflação.A barreira do si lêncio dos meios decomunicação só é rompida quando umlaureado do Prêmio Nobel, como Stiglitz,consegue manchete na seção de economiados jornais para condenar o que estamosrepetidamente denunciando. Em artigomeu, recentemente publicado, cito espe-cialistas em Economia do Desenvolvimentoque alegam ser pacífica na disciplina a tesede que, em países subdesenvolvidos,inflação moderada e sob controle é fa-vorável ao crescimento. E, apesar disso,temos aqui o senhor Palocci tentando imporao país inflação zero ou do nível existentenos países da OCDE e, em função disso,estabelecendo juros absolutamente im-peditivos da retomada do desenvolvimento.A esperança é que, em futuro próximo, umou mais candidatos à Presidência da Repúblicaassumam posição desenvolvimentista apre-sentando teses como as acima, que a mídianão poderá ignorar.

JE – O que o senhor gostaria de dizer aos (mais) jovens?João Paulo – Pesquisa recente do Ipea-Cepal, envolvendo economistas do melhornível nacional, mostrou o absoluto predo-

mínio da visão “curto prazista” em detri-mento da visão de longo prazo absolu-tamente indispensável à definição de políticasde desenvolvimento. Esse constitui graveerro que deve ser corrigido. Myrdal, um dosganhadores do prêmio Nobel de Economiapor seus trabalhos sobre o desenvolvimento,exprimiu sua preocupação com o fato de osjovens economistas das nações retardatáriasestarem contribuindo pouco para a definiçãodos meios e modos de superar o atraso eco-nômico. Se tivesse que dar conselho aoseconomistas mais jovens lhes sublinharia aimportância da visão de longo prazo e,sobretudo, da chamada “Economia doDesenvolvimento”, que recentemente vem

experimentando importante renascimento epara a qual deveriam oferecer suas con-tribuições. Eu os alertaria igualmente contraa excessiva ênfase recente sobre os aspectosinstitucionais do desenvolvimento, através daqual se tenta recuperar o neoliberalismo nocontexto do que se vem chamando deConsenso de Washington Ampliado.

JE – O senhor tem alguma opinião formada sobre areforma universitária proposta pelo governo?João Paulo – Eu não participei, mas apenasacompanhei os debates. Sublinho, porém,que me pareceu absurda a proposta dereduzir para três anos o curso de Economia.Os importantes progressos que vêm regis-trando recentemente a disciplina aconse-lhariam, pelo contrário, a aumentar em umano a duração do curso.

JE – Que outras questões o professor gostaria deabordar e que aqui não foram citadas?João Paulo – É possível que o leitor dasrespostas anteriores tenha a impressão deum viés pessimista de minha parte comrespeito à economia brasi leira. Essaimpressão não é inteiramente verdadeira.Explico porque. A moderna Economia doDesenvolvimento considera a disponi-bilidade de mercado como a condicionanteprincipal do sucesso das políticas dedesenvolvimento. E não apenas isso. Papelde especial relevo é concedido ao mercadointerno. Ora, países de dimensão conti-nental dispõem de grande mercado internoe, portanto, de condições particularmentefavoráveis para atingirem o pleno desen-volvimento. Assim, análises atuais ex-trapolando para o futuro os bons re-sultados recentes da China e da Índiaafirmam que o primeiro alcançará, em2013, a posição de maior potência eco-nômica do mundo, em termos de PIBglobal. E a Índia, já em 2007, alcançará oterceiro lugar. Ou seja, as três maiorespotências econômicas do mundo serãoChina, Estados Unidos e Índia. Isso nãoapenas sinaliza o que o Brasil poderá obterno futuro, como aumenta a aceitabilidadee viabilidade de políticas conjuntas de de-senvolvimento nos moldes supra-refe-ridos. Portanto, de uma perspectiva deprazo mais longo, não há porque serpessimista com relação ao Brasil.

A melhor metodologiacientífica mostra que umaestratégia errada não éabandonada em função decríticas (ainda que bemfundadas e pertinentes) aela feita, mas apenas a-través do oferecimento deestratégia alternativa quea substitua com vantagem

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TARIFAS PÚBLICAS André de Melo Modenesi1 e Rui Lyrio Modenesi

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Desindexar é preciso

á dois serviços públicos devital importância eco-nômica, isto é, utilizados

na produção de quase todos osbens e serviços, que atualmentetêm suas tarifas reajustadas peloÍndice Geral de Preços (IGP), daFundação Getúlio Vargas: ener-gia elétrica e telefonia.

Com a privatização do setorde energia elétrica, após 1995, osreajustes das tarifas passam a serdefinidos com base nos contra-tos firmados entre as distri-buidoras e a Agência Nacional deEnergia Elétrica. Em regra, foiacordado reajuste anual em datasdiferentes, no aniversário dacelebração dos contratos. Estesprevêem a ocorrência de revisõesque visem à manutenção doequilíbrio econômico e financeirodas empresas.

Os reajustes das tarifas sedividem em dois componentes: i)

custos externos à empresa, aque-les fora de seu controle, como oda compra de energia das gera-doras e os impostos indiretos. Avariação desses custos é repas-sada direta e integralmente paraas tarifas; e ii) custos internos,como despesa com pessoal,serviços, materiais etc. Estaparcela é corrigida pela variaçãodo Índice Geral de Preços deMercado (IGP-M).

Igualmente, com a privati-zação das telecomunicações apartir de 2000, as tarifas máximasdo setor passaram, a ser fixadas

A indexação de preços voltou a ser um problema relevante no Brasil,constituindo fator de ineficácia da política monetária como instrumentode controle da inflação. O que redunda em limitação ao crescimento daeconomia e em ameaça à manutenção do equilíbrio das contas públicas.

Com a privatização do setor de energiaelétrica, após 1995, os reajustes das tarifaspassam a ser definidos com base nos con-tratos firmados entre as distribuidoras e aAgência Nacional de Energia Elétrica

pela Agência Nacional de Tele-comunicações. Nos contratos deconcessão são previstos reajustespara as tarifas referentes à ha-bilitação, assinatura básica e pulsotelefônico que, no todo, nãopodem ultrapassar a variação doÍndice Geral de Preços no con-ceito de Disponibilidade Interna(IGP-DI) do período em questão.Por fim, se aplica a chamada regrado fator X, que representa oaumento de produtividade daempresa a ser abatido do reajusteda tarifa, para que o consumidorse beneficie dos ganhos de efi-

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binado com medidas que redu-zam a inércia inflacionária.

Além das tarifas de energiaelétrica e de telecomunicações, e-xiste uma gama de preços de-terminados pelas três esferas degoverno e que, portanto, “va-riam independentemente dascondições vigentes de oferta edemanda” (BCB, Relatório A-nual, 1999, p.102), tornando-seinsensíveis à taxa de juros. Oconjunto desses preços remontaa 30% da composição do Índicede Preços ao Consumidor Am-plo (IPCA), utilizado como re-ferência para a definição dasmetas de inflação pelo Conselho

Devido à alta participação dos preços administradosna composição do IPCA é preciso elevar excessiva-mente a taxa de juros para reduzir a demanda agregada,com vistas a controlar a inflação

compensar a pressão direta eindireta exercida pelos preçosadministrados sobre o IPCA.

A taxa Selic deve ser fixada emníveis demasiadamente elevadospara manter a demanda agregadareprimida o bastante para que sepossa cumprir a meta de inflação.Dada uma meta, a presença depreços administrados faz com quea Selic deva ser mantida em nívelsuperior àquele que seria necessário,se todos os preços fossem livres.Essa também é a conclusão de umestudo do próprio Banco Centraldo Brasil (BC): “a política mone-tária poderia ter sido consideravel-mente mais amena, caso os preçosadministrados apresentassem umcomportamento semelhante ao dospreços livres” (Figueiredo e Fer-reira, Trabalhos para Discussão doBCB, nº 59, p. 26).

Devido à alta participação dospreços administrados na com-posição do IPCA é preciso elevarexcessivamente a taxa de jurospara reduzir a demanda agregada,com vistas a controlar a inflação.Isto amplia o custo do combateinflacionário, materializado naredução da taxa de crescimentoeconômico e na elevação dodesemprego. Daí o desempenhomedíocre da economia brasileira:a taxa média de crescimento doPIB, entre os anos de 1999 e 2003,foi de apenas 1,7% a.a. Além disso,a manutenção da Selic em níveismuito altos compromete as contaspúblicas, visto que parcela signi-ficativa da dívida líquida do setorpúblico é indexada àquela taxa.

1 Pesquisador do IE/UFRJ e autor do livro“Regimes Monetários: teoria e a experiênciado real” (Manole, 2005).2 Economista do BNDES.

ciência obtidos pela prestadorado serviço.

Assim, o preço de dois dosprincipais serviços públicos pas-sou a ser formalmente indexadoa índices gerais de preço (IGP-Me IGP-DI); isso determinou umaumento do peso do componenteinercial da inflação brasileira.

Desempenho medíocre

Trata-se de um grave retro-cesso, à luz da história econômicarecente do país. Com efeito, apartir de 1986 a política eco-nômica no Brasil se reduziu auma sucessão de malogradastentativas de erradicação dainércia inflacionária: planosCruzado (1986), Bresser (1987),feijão com arroz (1988), Verão(1989), Collor (1990) e Collor II(1991). A inflação inercial só foicontrolada quase uma décadadepois, com o Plano Real em1994. Este se fundamentou naidéia de que a erradicação dainércia inflacionária era condiçãosine qua non para o sucesso daestabilização em uma economiaplenamente indexada, como eraa brasileira.

Com a reindexação da eco-nomia pós-Plano Real foi rein-troduzido um piso para a inflação,abaixo do qual ela dificilmente sereduzirá. Como a experiênciabrasileira já revelou, a políticamonetária é ineficaz no combateà inflação inercial.

Em uma economia indexada,a estabilidade de preços nãodepende só do banco central.Impõe-se o emprego dos ins-trumentos tradicionais de políticamonetária, devidamente com-

Monetário Nacional.A insensibilidade dos preços

administrados à taxa de juros,aliada ao fato de que a taxa decrescimento desses preços tem semostrado, sistemática e conside-ravelmente superior à inflaçãodos preços livres, tem con-seqüências bastante perversas.Entre 1995-2003, os preços dosadministrados subiram 263%, aopasso que o aumento do IPCAfoi de apenas 119%.

Para que a meta de inflaçãopossa ser cumprida, é preciso queos preços livres, determinadospela oferta e demanda, sejamexcessivamente represados para

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XV PRÊMIO DE MONOGRAFIA

tema das compras governamentais,embora importante para o desenvol-vimento econômico e mesmo para

a estabilidade política do país (comorevelam os acontecimentos recentes), émuito pouco estudado pelos economistas.Em relação ao desenvolvimento, o aumentoda eficiência nas aquisições libera recursosorçamentários para uso em outros fins, alémdas compras poderem incentivar cadeiasprodutivas específicas.

Apesar disto, o sítio EconPapers (http://econpapers.repec.org) possui apenas 62estudos sobre o tema, o que representasomente 0,02% do total de trabalhos de seuacervo (mais de 320 mil). Flutuações do nívelde atividade e ciclos, por exemplo, conta commais de mil trabalhos. No sítio JSTOR(www.jstor.org), que reúne os artigos publi-cados nos principais jornais acadêmicosinternacionais, somente 35 trabalhos con-tinham a palavra “procurement” (compras)em seus títulos ou resumos.

A pouca atenção que os economistasdispensam ao tema é surpreendente, dado omontante do gasto público destinado acompras. Um estudo da OCDE em 1998estimou o gasto mundial com compras emUS$ 2,6 trilhões (8,7% do PIB mundial), oque representou 46% do gasto público. NoBrasil, as compras dos três níveis de governochegaram em 2002 a R$ 103 bilhões. Umasimples redução de 5% no preço dos bens eserviços pouparia aos governos cerca de R$

5 bilhões, quantia equivalente a todo oorçamento do Bolsa-Família em 2003.

Novas questões reforçam a necessidadede um estudo sistemático sobre o tema. Apartir da Conferência de Cingapura, em 1996,as compras governamentais passaram a fazerparte da agenda de liberalização comercial, oque as coloca como tema de economiainternacional. Com isso, o exame das políticase práticas nas compras governamentais setorna ainda mais importante. Quando paísesassinam acordos de livre-comércio queenvolvem esta área, a legislação nacional ficasubmetida à disciplina multilateral, o que tornamais difícil modificá-la. Uma segunda grandequestão é a redução de gastos administrativose ampliação da concorrência conseguida coma internet e outras novas tecnologias in-troduzidas nas formas como os governosrealizam suas compras.

A monografia analisou as normas eprocedimentos nas compras governamentaisde Brasil e EUA, utilizando como referênciateórica o modelo Estrutura-Conduta-Desem-penho (E-C-D). Examinando se as mesmasapresentam diferenças significativas entre osdois países e as implicações destas sobre aconcorrência no mercado de aquisiçõesgovernamentais.

Compras nos EUA e no Brasil

Os dois países optaram por paradigmasopostos no que diz respeito às estratégiaspara realizar suas compras. Os EUAescolhem privilegiar a produção nacional,principalmente as pequenas e médiasempresas (PMEs). Assim, esforçam-se porreduzir os entraves às firmas que pretendemfornecer ao governo (barreiras à entrada) eadmitem margens de preferência para osbens e serviços nacionais. O Brasil opta porestabelecer uma concorrência ampla e aberta,onde não importa a nacionalidade outamanho da firma, com procedimentoscomplexos visando inibir a corrupção. Logo,

Felipe Silveira Marques*

Compras Governamentais

É preciso aumentar a eficiênciaO artigo a seguir tem por basea monografia do autor – Umavisão institucional do sistemade compras governamentaisdo Brasil e EUA –, primeirolugar no Prêmio de MonografiaCelso Furtado, promovido peloCorecon-RJ.

EUA e Brasil optaram por paradigmas opostos no que dizrespeito às estratégias para realizar suas compras. Os EUAprivilegiam a produção nacional e as pequenas e médiasempresas. O Brasil estabelece uma concorrência ampla eaberta, não importa a nacionalidade ou tamanho da firma,com procedimentos complexos para inibir a corrupção

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acaba por estabelecer poucas medidas deincentivo às firmas para que participem dasconcorrências governamentais. Estas dife-renças levam a resultados diversos emrelação à concorrência no mercado queatenderá as compras governamentais. NosEUA, há grande participação de PMEs(respondem por cerca de 20% do valor dascompras) e pouca participação de forne-cedores estrangeiros (não chegam a 5% dovalor total). No Brasil, cerca de 50% do valordas compras são feitos sem licitação.

O estudo da experiência estadunidense étambém estratégico para o Brasil, pois os doispaíses vêm negociando a ALCA e as comprasgovernamentais são um dos assuntos empauta. Além disso, os EUA são signatários deuma série de acordos comerciais sobre o tema,tanto em nível regional (como o NAFTA),quanto no âmbito da OMC, e ainda assimfazem o direcionamento das compras para aprodução nacional de PMEs. Isto ocorreporque os acordos são limitados por dispo-sitivos em sua legislação nacional; estesdificultam a negociação e podem diminuir osbenefícios de um acordo do tipo com o país.

As características gerais do modelo E-C-D são pertinentes ao estudo das compraspúblicas em dois sentidos: (i) o governo fixagrande parte das condições básicas necessáriaspara as firmas que desejam concorrer em suascompras, como requisitos legais e necessidadede experiência anterior. Assim, afeta o númerode potenciais fornecedores (estrutura). Adiminuição do número de competidores geraum ambiente menos competitivo (conduta),o que tende a elevar os custos para o governo(desempenho); (ii) o governo, ao fixar seuscritérios de julgamento das propostas dasfirmas (desempenho) e criar os mecanismosque influirão sobre suas estratégias (conduta),altera o número de firmas que poderia atenderàs suas compras (estrutura). A versão domodelo utilizada é de Scherer e Ross (1990)

1,

que apontaram para efeitos de feedback nasrelações causais presentes no modelo seminalde Mason (1939)

2 e introduziram novas

variáveis ligadas à política pública.No Brasil, há um incentivo para que gestores

de compras façam requisições mais específicas,

pois se houver somente um fornecedor aaquisição será feita de forma mais simples(dispensa ou inexigibilidade de licitação).Entretanto, não fazer licitação quando poderiahaver muitos concorrentes é um erro estratégicoque pode custar caro aos cofres públicos. Porexemplo, na compra de quantidade semelhantede veículos pelas Secretarias de SegurançaPública do Estado do Rio de Janeiro e de SãoPaulo, a primeira dispensou a licitação e pagoucerca de R$ 2 milhões a mais que a segunda,que realizou um pregão.

Outra diferença básica está em como oEstado fixa critérios de desempenho naslicitações. Nos EUA, estabelecem-se múltiploscritérios de desempenho, usando suas compraspara atingir objetivos das políticas públicas quecontemplam, entre outros, aspectos sociais e dedesenvolvimento local. Assim, uma daspreocupações é a participação das PMEs nas

extrapreço a ser considerado na licitação. NoBrasil, apenas investimentos em pesquisa edesenvolvimento podem ser incentivados pormeio da valorização da técnica. Isto acontecepara os bens e serviços de informática, únicosetor em que a produção nacional é pri-vilegiada. Os outros casos em que esta podeocorrer são limitados por lei.

Políticas públicas que acompanhem a efi-ciência, eficácia e efetividade das compras sãode grande valia para o aumento da competiçãonas compras públicas. Os diversos órgãos daadministração brasileira, por exemplo, nãopodem agregar suas demandas de forma a seaproveitar de ganhos de escala que os pos-sibilitariam obter preços mais baixos nasaquisições. O governo federal dos EUA faz esteacompanhamento por meio do EscritórioFederal de Políticas de Compra (OFPP, na siglaem inglês), que coordena seu sistema de comprae atua mesmo antes do lançamento de editais.No Brasil, não há um órgão coordenadorsemelhante, o que dificulta a execução depolíticas e a racionalização de processos. Osúnicos controles são feitos pelos Tribunais deContas e pelo Ministério Público, geralmentemuito tempo após a realização das licitações.

Uma importante recomendação derivadadas conclusões do estudo é a de que o governobrasileiro deveria se esforçar para aumentaro número de seus potenciais fornecedores nasmais diversas licitações, através da fixação decondições básicas adequadas no mercadorelevante (aceitar produtos bons substitutos,evitar o estabelecimento de restrições legaisexcessivas etc) e simplificação de proce-dimentos que reduzam as barreiras à entrada.Para isto, faz-se necessário tratar as comprascomo política pública, com a criação deindicadores capazes de avaliar o resultadodestas ações, e não apenas a mera observânciados aspectos legais.

Assim, percebe-se que o governo brasileirotem uma ampla agenda para incentivar aconcorrência em suas compras e, com isso,melhorar sua eficiência. Esta agenda, pela atualconjuntura política e de negociações interna-cionais, deveria ser acelerada, pois pode ajudarno combate à corrupção e ser prejudicada poracordos comercias que envolvam o tema.

Faz-se necessário tratar ascompras como política pú-blica, com a criação de in-dicadores capazes de ava-liar a eficiência, eficácia eefetividade das ações, enão apenas a mera obser-vância dos aspectos legais

* Economista, mestrando do IE da UFRJ. A íntegra da monografia (Marques, F. “Uma visão institucional do sistema de compras governamentais de Brasil e EUA”), pode ser encontradana biblioteca do IE. Minha dissertação de mestrado analisará as contribuições de três paradigmas de concorrência – neoclássico, estrutural e institucional – para o aumento da competiçãonas compras do governo. Correio do autor: [email protected] que obteve o 1

o lugar em concurso promovido pelo CORECON-RJ,

1 SCHERER, F; ROSS, D. Industrial market structure and economic performance. Houghton Mifflin, 1990.2 MASON, E. Price Production Policies of Large-scale Enterprise. AER, v 29, n 1, 1939.

licitações, o que acaba por incentivar aconcorrência. No Brasil, o objetivo é combatera corrupção e obter máxima concorrência, oque, no entanto, é feito por meio de pro-cedimentos complexos, que por vezes de-sestimulam a participação de firmas naslicitações. A preocupação com a participação dasPMEs incentiva que o responsável pela licitaçãofixe condições básicas adequadas, aceitando benssubstitutos e não fazendo requisições des-necessárias, como capital mínimo.

O governo dos EUA incentiva a subcon-tratação de PMEs e qualquer outro me-canismo pode ser encorajado por meio de sualegislação, bastando introduzi-lo como fator

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FÓRUM POPULAR DE ORÇAMENTO

As matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de responsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Corecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Popular de opular de opular de opular de opular de OrçamentoOrçamentoOrçamentoOrçamentoOrçamento do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeiro.o.o.o.o.CoorCoorCoorCoorCoordenação Exdenação Exdenação Exdenação Exdenação Executiva: ecutiva: ecutiva: ecutiva: ecutiva: Conselheira Conselheira Conselheira Conselheira Conselheira RRRRRuth Esputh Esputh Esputh Esputh Espiiiiinolanolanolanolanola Soriano de Mello Soriano de Mello Soriano de Mello Soriano de Mello Soriano de Mello,,,,, Super Super Super Super Supervisão Técnica: economista visão Técnica: economista visão Técnica: economista visão Técnica: economista visão Técnica: economista Luiz Mario BehnkLuiz Mario BehnkLuiz Mario BehnkLuiz Mario BehnkLuiz Mario Behnken.en.en.en.en.

Estagiários: Thiago MarEstagiários: Thiago MarEstagiários: Thiago MarEstagiários: Thiago MarEstagiários: Thiago Marquesquesquesquesques, Ana Malbur, Ana Malbur, Ana Malbur, Ana Malbur, Ana Malburg e Júlia Martinsg e Júlia Martinsg e Júlia Martinsg e Júlia Martinsg e Júlia MartinsCorreio eletrônico: [email protected] - Portal: www.corecon-rj.org.br - www.fporj.blogger.com.br

Câmara Municipal não só aprovouvárias sugestões do Fórum Popular deOrçamento (FPO-RJ), encaminhadas

por um conjunto de vereadores de diversospartidos, como também, dignamente, derrubouo que foi vetado pelo prefeito Cesar Maia. Destaforma, o futuro orçamento para 2006 terá querespeitar os dispositivos aprovados e promul-gados dentre os quais, destacamos:

Jogos Pan-Americanos de 2007

Introdução dos jogos como prioridade,pois não havia nenhuma referência nestaquestão central para a cidade no projetoenviado pelo prefeito.

circunstâncias alheias ao controle do governoobrigam o Poder Executivo a promover ocontingenciamento de dotações orçamentá-rias. Entretanto, grande parte dos bloqueiosincide justamente sobre as dotações destina-das às áreas sociais. Caso a necessidade sejapreeminente o Poder Legislativo poderáautorizar o contingenciamento.

Remanejamento

Historicamente, a abertura de créditossuplementares, escudadas em autorizações de 20%ou 30% do total, tem sido usada para redefinir asprioridades listadas na Lei Orçamentária e tambémpara impedir a concretização das alterações feitaspelo parlamento. Resgatamos a função legal dosremanejamentos, ao permitir a abertura de créditosuplementar por decreto até o limite de 15% paracada projeto ou atividade – margem suficiente dealteração necessária à agilidade do bom funcio-namento da máquina estatal.

Cabe destacar que o alcaide tem liberdadepara este ano – garantida por lei – de abrircréditos suplementares na proporção de 30%do orçamento total – equivalente a R$ 2,6bilhões. A título de exemplo de como éalterado o orçamento, destacamos nos mesesde agosto e setembro alguns procedimentosescudados no remanejamento:

AgostoFoi modificado um montante de aproxi-

madamente R$ 35,4 milhões. O valorremanejado representa aproximadamente0,4% do orçamento total do município.

Um dos remanejamentos foi destaque noDiário Oficial do Município, com o título:“Liberados R$ 45,9 milhões para a Secretaria deSaúde”. Ao se observar os decretos, nota-se quea liberalização é oriunda de programas da própriaSecretaria, ou seja, retirou da Secretaria de Saúdee colocou na própria Secretaria de Saúde:

Talvez a motivação para as alteraçõesacima seja decorrente da permanente crise da

saúde, evidenciada no início do ano com aintervenção federal.

SetembroA abertura de créditos suplementares atingiu

o valor de aproximadamente R$ 87 milhões. Odestaque foi no dia 14: “Liberados R$ 1,5 milhãopara o Festival do Rio”. O crédito em favor daempresa municipal RioFilmes, teve como fontede recursos parte da dotação estabelecida parapagamento da dívida interna.

O programa beneficiado pelos créditostinha como previsto para o ano, a dotação deR$ 585 mil; assim, verifica-se que sua dotaçãofoi aumentada em mais de 250%.

Cabe questionar perante o planejamentoorçamentário: se o festival já estava planejadodesde ano passado como explicar um erro deprevisão desta dimensão? Por sua vez, comose retiram créditos destinados ao pagamentoda (sempre crescente) divida interna?

Comitê Social do Pan

A 19 e 20 de agosto realizou-se o seminário“Que Pan nós queremos”, na UERJ. Foramdebatidas questões como “impactos sócio-am-bientais durante os preparativos dos jogos”,“qual cidade herdaremos após o Pan”, “quaissegmentos da sociedade serão beneficiados eprejudicados”, “quem paga a conta” e “comoo movimento social participará no processo deimplementação e fiscalização cidadã, sobre-tudo, as comunidades diretamente afetadas”.Entre as deliberações do seminário, destacamos:- Que toda construção ou obra feita comrecursos públicos em nome do Pan tenha agestão e o uso público, para evitar aprivatização de espaços públicos, após o Pan;- Que se preserve a destinação de usoesportivo das áreas utilizadas;- Que seja garantida a moradia, caso hajanecessidade de remoção de moradores. Ouseja, não basta indenização, geralmenteinsuficiente;- Que a sociedade organizada tenha acentono Comitê Organizador dos Jogos.

Câmara aprova propostas do FPO

Em 1º de agosto Cancelamento Reforçode 2005Pessoal das Unidades R$ 30.950.000,00Federais de SaúdeMunicipalizadasAções e Serviços R$15.000.000,00de Saúde da RedeCredenciada SUSProvisão de Gasto R$ 30.950.000,00com PessoalIncremento de R$ 15.000.000,00Procedimentos na AtençãoBásica – manutenção

A

Participação popular

Sempre na busca pela cidadania plena e tendoo orçamento como instrumento fundamental doefetivo controle da população sobre os recursose as despesas governamentais foi determinada aobrigatoriedade de execução das sugestõesdecorrentes de participação popular.

Contingenciamento

Somente com legislação específica sepoderá bloquear os gastos nas áreas de saúde,saneamento, habitação, educação e assistênciasocial e de despesas com obras referentes àimplementação dos Jogos Pan-Americanos de2007. Compreendemos que, muitas vezes,

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Livro discute a EPI

Tese vira livro

A tese de doutorado doeconomista Mauro Osório, naUFRJ, virou um livro: Rio na-cional Rio local – mitos e visõesda crise carioca e fluminense,lançado há pouco pela EditoraSenac Rio. Para além da in-fluência de uma crise maisgeral, de caráter nacional, eledefende que há uma criseespecífica do Rio, pouco abor-dada e pouco compreendida.

Mauro toma por base da-dos referentes ao desempenhoeconômico do Rio de Janeiro,desde os anos 70, para discutira hipótese dele, que é a de queexiste uma crise específica daregião, “pouco entendida, pou-co discutida”, que remonta ediz respeito a uma memória etradição de capital da Repú-blica, ambas ainda muito vivase presentes no estado.

Em seu mais recente livro, oprofessor Reinaldo Gonçalves apre-senta os fundamentos da EconomiaPolítica Internacional (EPI) e, combase nela, analisa as relações econô-micas internacionais do Brasil.

Professor da matéria na Fa-culdade de Economia da UFRJ,Reinaldo, em Economia PolíticaInternacional. Fundamentos teóricos eas relações internacionais do Brasil,

lançado recentemente pela E-ditora Campus/Elsevier, mostraos chamados eixos estruturantesda EPI, que busca entender osprocessos internacionais nãosomente a partir das rivalidadesentre Estados, como também dascontradições, rivalidades e dis-putas que ocorrem em cada umdos Estados, contrapondo classessociais e grupos de interesses.

Corecon-RJEleição será dia 28

o próximo dia 28 de outubro,os economistas do Rio deJaneiro irão às urnas para a

eleição do primeiro terço do Con-selho Regional de Economia da 1ªRegião. Serão eleitos três conselheirosefetivos e três suplentes, commandatos de três anos; um con-selheiro suplente, mais presidente evice-presidente do Conselho, para a

gestão de 2006, e também umdelegado efetivo e um suplente parao Colégio Eleitoral do ConselhoFederal de Economia (Cofecon).

Poderão exercer o direito devoto todos os economistas inscri-tos no Corecon-RJ e em dia comsuas anuidades. Até a primeiraquinzena de outubro, os economis-tas estarão recebendo em suas casas

os envelopes padronizados paravotação através de correspondênciapelo Correio. Serão aceitos somen-te os votos através desses envelopespadronizados, recebidos até antesdo encerramento do processo devotação. Os profissionais tambémpoderão votar diretamente na mesaque será instalada na sede doConselho.

N

Lançado Prêmio de JornalismoO Conselho acaba de lançar o II Prêmio Corecon-RJ de Jornalismo Econômico. O

objetivo é incentivar a produção de matérias de natureza crítica à atual realidade econômica,

publicadas em jornais, revistas, periódicos e informativos, com sede no Rio de Janeiro, e que serefiram a fatos, pessoas ou acontecimentos econômico-financeiros ocorridos no país.

Poderão participar jornalistas profissionais, regularmente registrados no Ministério do Trabalho,

com matérias publicadas entre o dia primeiro de setembro de 2004 e 30 de setembro deste ano.O prazo para inscrição de matérias vai até o dia 30 de novembro e o vencedor receberá apremiação de R$ 3 mil, cabendo ao segundo colocado o prêmio de R$ 1 mil.

A inscrição será feita com a apresentação de três recortes ou reproduções das matérias, com osnomes do veículo, autor e a data da publicação. No caso de matérias publicadas sem assinatura oucom pseudônimo, a autoria do trabalho poderá ser atestada, por escrito, pela chefia ou editor/

diretor da publicação. Cada jornalista poderá inscrever até três trabalhos, que deverão ser remetidospara o Corecon-RJ, na avenida Rio Branco, 109, 19º, CEP 20054-900, com o endereçamento:II Prêmio Corecon-RJ de Jornalismo Econômico. Pede-se aos jornalistas inscritos que co-

muniquem o ato de suas inscrições através do correio eletrônico [email protected].

A chapa inscrita “Movimento de Renovação dos Economistas” tem como candidato a presidente o professor JoãoPaulo de Almeida Magalhães; vice-presidente, Paulo Passarinho, coordenador geral do Sindecon-RJ; conselheiros efetivos,Antônio Melki Júnior, Gilberto Caputo Santos e Paulo Passarinho; delegado-eleitor: João Manoel Gonçalves Barbosa.