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ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ, IERJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ, IERJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ, IERJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ, IERJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ, IERJ E SINDECON-RJ Nº 171 – OUTUBRO DE 2003 JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL DOS DOS DOS DOS DOS A hora do desemprego zero no Brasil A adoção de uma política de pleno emprego, com re- dução do superávit primário, queda acentuada da taxa de juros aos patamares internacionais, controle sobre os ca- pitais de curto prazo e administração do câmbio, de for- ma a não prejudicar as exportações, é o que defende o economista José Carlos de Assis, em uma campanha que deverá ser lançada nas próximas semanas, com o apoio de várias entidades da sociedade civil: o desemprego zero. Página 7 João Sicsú: João Sicsú: João Sicsú: João Sicsú: João Sicsú: Lula apr Lula apr Lula apr Lula apr Lula aprofunda ofunda ofunda ofunda ofunda política de FHC política de FHC política de FHC política de FHC política de FHC Página 8 Orçamento do Rio Orçamento do Rio Orçamento do Rio Orçamento do Rio Orçamento do Rio destina R destina R destina R destina R destina R$ 1 1 1 1 1 à criança de rua à criança de rua à criança de rua à criança de rua à criança de rua Página 14 Cor Cor Cor Cor Corecon debate econ debate econ debate econ debate econ debate um ano de um ano de um ano de um ano de um ano de Governo Lula Governo Lula Governo Lula Governo Lula Governo Lula Página 16

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ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ, IERJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ, IERJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ, IERJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ, IERJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ, IERJ E SINDECON-RJ

Nº 171 – OUTUBRO DE 2003JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL DOSDOSDOSDOSDOS

A hora do desemprego zero no Brasil

A adoção de uma política de pleno emprego, com re-dução do superávit primário, queda acentuada da taxa dejuros aos patamares internacionais, controle sobre os ca-pitais de curto prazo e administração do câmbio, de for-ma a não prejudicar as exportações, é o que defende o

economista José Carlos de Assis, em umacampanha que deverá ser lançada naspróximas semanas, com o apoio de

várias entidades da sociedadecivil: o desemprego zero.

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João Sicsú:João Sicsú:João Sicsú:João Sicsú:João Sicsú:Lula aprLula aprLula aprLula aprLula aprofundaofundaofundaofundaofundapolítica de FHCpolítica de FHCpolítica de FHCpolítica de FHCpolítica de FHC

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Governo LulaGoverno LulaGoverno LulaGoverno LulaGoverno LulaPágina 16

EDITORIAL

ÓrÓrÓrÓrÓrgão Oficial dogão Oficial dogão Oficial dogão Oficial dogão Oficial doCORECON - RJ, IERJ E SINDECON - RJCORECON - RJ, IERJ E SINDECON - RJCORECON - RJ, IERJ E SINDECON - RJCORECON - RJ, IERJ E SINDECON - RJCORECON - RJ, IERJ E SINDECON - RJ

ISSN 1519-7387

Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial: Ceci Juruá, Paulo Passarinho,Paulo Mibielli, Sidney Pascotto, Nelson Le Cocq, Gil-berto Caputo Santos, Gilberto Alcântara e JulioMiragaya

Editor: Editor: Editor: Editor: Editor: Nilo Sérgio GomesCorreio eletrônico: [email protected]ção:Ilustração:Ilustração:Ilustração:Ilustração: AliedoCaricaturista:Caricaturista:Caricaturista:Caricaturista:Caricaturista: Cássio LoredanoDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e Finalização:inalização:inalização:inalização:inalização:Rossana Henriques (21) 2462-4885FFFFFotolito e Improtolito e Improtolito e Improtolito e Improtolito e Impressão:essão:essão:essão:essão: TipológicaTTTTTiragem: iragem: iragem: iragem: iragem: 13.000 exemplaresPPPPPeriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade: Mensal

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As matérias assinadas por colaboradores não refle-tem, necessariamente, a posição das entidades.É permitida a reprodução total ou parcial dos artigosdesta edição, desde que citada a fonte.

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Av. Rio Branco, 109 · 19º andarRio de Janeiro · RJ · Centro · CEP 20054-900

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SINDECON - SINDICASINDECON - SINDICASINDECON - SINDICASINDECON - SINDICASINDECON - SINDICATO DOSTO DOSTO DOSTO DOSTO DOSECONOMISTECONOMISTECONOMISTECONOMISTECONOMISTAS DO ESTAS DO ESTAS DO ESTAS DO ESTAS DO ESTADO DO RJADO DO RJADO DO RJADO DO RJADO DO RJ

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Coodenador Geral: Coodenador Geral: Coodenador Geral: Coodenador Geral: Coodenador Geral: Paulo Passarinho · CoorCoorCoorCoorCoordenadordenadordenadordenadordenadorde Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: Sidney Pascotto ·DirDirDirDirDiretoretoretoretoretores de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais: RonaldoRangel, Ceci Juruá, Rogério da Silva Rocha, RafaelVieira da Silva, Nelson Le Cocq, Antônio Melki Jr eEduardo Carnos Scaletsky · CoorCoorCoorCoorCoordenador dedenador dedenador dedenador dedenador deRelações Sindicais: Relações Sindicais: Relações Sindicais: Relações Sindicais: Relações Sindicais: João Manoel GonçalvesBarbosa· DirDirDirDirDiretoretoretoretoretores de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais: JúlioMiragaya, Gilberto Caputo Santos, Sandra Maria deSouza, Carlos Tibiriçá Miranda, José Fausto Ferreira,César Homero Lopes, Neuza Salles Carneiro e reginaLúcia Gadioli dos Santos · CoorCoorCoorCoorCoordenador dedenador dedenador dedenador dedenador deDivulgação e FDivulgação e FDivulgação e FDivulgação e FDivulgação e Finanças: inanças: inanças: inanças: inanças: Gilberto Alcantara da Cruz ·DirDirDirDirDiretoretoretoretoretores de Divulgação e Fes de Divulgação e Fes de Divulgação e Fes de Divulgação e Fes de Divulgação e Finanças:inanças:inanças:inanças:inanças: WellingtonLeonardo da Silva e José Jannotti Viegas · ConselhoConselhoConselhoConselhoConselhoFFFFFiscal: iscal: iscal: iscal: iscal: Ademir Figueiredo, Luciano Amaral Pereira eJorge de Oliveira Camargo.

Jornal dos

2 jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2003o de 2003o de 2003o de 2003o de 2003

Desemprego zero

H avíamos planejado para capa destaedição o tema sobre a construçãoou não de uma nova refinaria da

Petrobras, no Rio de Janeiro. Para tanto,foram convidados o Secretário Estadualde Energia, Wagner Victer, e o presiden-te da Aepet, Fernando Siqueira, composições opostas sobre o tema.

Entretanto, o aumento do desempre-go e os contornos cada vez mais evi-dentes de que o país corre o sério riscode mergulhar em um processo recessi-vo, caso haja qualquer turbulência naeconomia internacional, levaram-nos aalterar os planos. E a optar, para capa,pela temática abordada pelo economistaJosé Carlos de Assis sobre o “desem-prego zero”.

Como bem demonstra em sua entre-vista o professor João Sicsú, do Institutode Economia da UFRJ, os riscos de in-flação e novas oscilações cambiais ain-da não estão de todo descartados. Atémesmo porque os chamados “humores”do mercado podem variar, perante qual-quer sinal ou declaração de ministros ou

SumárioPágina 03 Refinaria no Rio: SIM – Wagner Victer

Página 05 Refinaria no Rio: NÃO – Fernando Siqueira

Página 06 Lançamento da Agenda Brasil

Página 07 Desemprego Zero – J. Carlos de Assis

Página 08 Entrevista: João Sicsú, professor do IE/UFRJ

Página 11 Exportações para os EUA – Pedro Paulo Felicissímo

Página 14 Orçamento do Rio 2004 – Equipe do Fórum

Página 16 Corecon debate Governo Lula

Economistas elegem conselheiros

Inscrição para novos cursos

Opções para o Brasil

governantes que lhes coloquem em ris-co os generosos e abundantes lucrosauferidos no mundo financeiro.

Reputação e credibilidade no merca-do financeiro, como assinala Sicsú, cons-tituem processos longos e demoradosque podem desabar a qualquer momen-to, levando o país junto. Sem perder devista a polêmica sobre a localização deuma possível nova refinaria da Petrobras,o JE, nesta edição, aprofunda o debatesobre a economia praticada pelo Gover-no Lula, assunto que, por sinal, estaráno centro e no foco do debate que oCorecon-RJ realiza no próximo dia 27de novembro, reinaugurando o auditó-rio da entidade.

Quem vai participar tem muito a di-zer: os professores e economistas Fran-cisco de Oliveira, Reinaldo Gonçalves eWilson Cano. Enquanto o debate nãochega, o JE espera estar fornecendo al-guns importantes subsídios para essadiscussão.

Tenham todos uma boa leitura e atéo debate do dia 27.

REFINARIA NO RIO: SIM OU NÃO?

3jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2003o de 2003o de 2003o de 2003o de 2003

Wagner Granja Victer*

Brasil, até o início da dé-cada de 80, apesar denão possuir produção de

petróleo equivalente à sua de-manda, se orgulhava, porém, deter uma capacidade de refinoequivalente às suas necessida-des de derivados de petróleo.Essas refinarias, à época dessesprojetos, foram especificadasbasicamente para processar pe-tróleo tipo “Árabe Leve”, queeram disponíveis no mercado,e foram ajustadas, no possível,ao longo do tempo para o pe-tróleo nacional mais pesado.

É fato notório que, nos úl-timos 15 anos, os investimen-tos da Petrobras majoritaria-mente caminharam para a áreade produção de petróleo(upstream), havendo uma re-dução drástica dos investimen-tos na ampliação do parque derefino nacional (downstream).O último investimento signifi-cativo na área de refino foi aampliação da Refinaria Lan-dulfo Alves (RLAM), na Bahia.

Para agravar a situação dedesequilíbrio crescente entre acapacidade de refino nacional ea demanda que crescia, a pro-dução brasileira começou a seconcentrar em petróleo do tipopesado, principalmente, em fun-ção do Campo de Marlim, naBacia de Campos. Este petróleopesado, por sua característica(baixo grau API), não pode serprocessado em toda a sua quan-tidade no país, em vista as ca-

racterísticas técnicas denossas refinarias, fazen-do com que o Brasil te-nha que exportar,por um baixo valor,parte do petróleoque extrai, e impor-tar um óleo maisleve, de maior valor,para fazer a mistura(blend), adequando opetróleo à capacidade técni-ca das refinarias nacionais.

Dependência futura

Ainda em relação aos aspec-tos estratégicos, segundo da-dos de recente estudo publi-cado pela Agência Nacional doPetróleo (ANP), contratado àConsultoria Booz-Allen Hamil-ton, a dependência externa nopaís no que diz respeito aoabastecimento do mercado in-terno de derivados de petró-leo está na faixa de 17% e de-verá aumentar para 35%, até2010. As práticas internacionaisrecomendam a dependênciade, no máximo, 10% a 20%.

Vale, contudo, ressaltar quedurante uma crise internacio-nal é possível adquirir petró-leo. Porém, é extremamentemais difícil adquirir, no merca-do internacional, derivados.Portanto, o abastecimento na-cional garantido de forma com-petente pela Petrobras nos seus50 anos de existência poderácorrer sérios riscos nos próxi-

mos anos, até porque oprazo de implantação denovas refinarias, por seus

aspectos ambientais ecomplexidade cons-trutiva duram dequatro a seis anos.

Como agravantede tal situação, os

derivados em que opaís está mais frágil, im-

portando em grandes quan-tidades, são respectivamente oGLP (gás de cozinha) e o Die-sel, que impactam diretamentea vida do cidadão comum e noprincipal modal de transportenacional, que é o rodoviário.Ressalte-se que estes dois de-rivados tiveram uma variação depreços, em 2002, superior a 40%, que impactaram na infla-ção e no custo de vida da soci-edade, demonstrando a suarelação direta com a questãocambial. Além desses produtos,o Brasil também é importadorde nafta (uso petroquímico eindústria plástica) e de quero-sene de aviação (QAV), cujopreço aumentou 24,4%, no úl-timo dia seis de março.

No cenário atual, caso nãohaja uma ação imediata, pode-remos no futuro estar de fren-te para o “apagão 2”, agora para o diesel e para o GLP, se-gundo os dados publicadospelo estudo da ANP, visto que,mesmo com os investimentosprevistos no Plano Estratégicoda Petrobras, o Brasil terá, em

2010, um déficit de derivadosde 670 mil barris por dia que,se suprido por importações,causará um impacto de US$ 5,2bilhões por ano somente nodispêndio de divisas para aqui-sição de derivados. Caso hajadificuldade de implantar osprojetos da Petrobras, este dé-ficit aumentaria para 820 milbarris por dia, gerando um im-pacto negativo na balança deUS$ 6,3 bilhões ao ano.

Frente a tal quadro, a posi-ção configurada pela socieda-de fluminense foi definida noúltimo dia seis de janeiro: a go-vernadora do Estado do Rio deJaneiro, Rosinha Garotinho, e ospresidentes das principais enti-dades do estado, como Federa-ção das Indústrias (Firjan),Fecomércio, Associação Comer-cial, CREA-RJ, OAB-RJ, Clube deEngenharia, ABCE, ADVB, lan-çaram a campanha “A Refinariaé Nossa”, suprapartidária, emdefesa da ampliação do parquede refino brasileiro, que dentrodas projeções anteriores neces-sitará, no médio prazo, de pelomenos duas a três novas refi-narias, sendo uma delas noNorte Fluminense e certamenteoutra no Nordeste.

Projetos nãosão excludentes

É muito importante ressal-tar que o projeto de uma novarefinaria no Estado do Rio de

O

SIMSoluçãodo possível

´apagão´ do refino

4 jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2003o de 2003o de 2003o de 2003o de 2003

Janeiro não compete em suaárea de influência, ou é exclu-dente em vista da construçãode uma outra unidade de refi-no no Nordeste. Muito pelocontrário, a realização dos doisprojetos em conjunto poderiapropiciar ganhos de escala eaprendizado, o que permitiriareduzir investimentos em am-bos projetos.

Nesta linha, as possíveisnovas descobertas de petróleono Nordeste, como anunciadapara Sergipe, por serem de óleodo tipo leve, favorecem a novarefinaria no Estado do Rio deJaneiro, pois deslocariam oóleo pesado para a refinaria doNorte do Estado.

a desconcentração industrial e fa-zendo com que o conjunto deempreendimentos que surgiráem combinação com a refinarianão gere impactos aos grandescentros urbanos, permitindo,diante das novas legislaçõesambientais, não existentes naocasião de implantação do par-que de refino brasileiro, fazerplanejamentos urbanístico,ocupacional e ambiental extre-mamente aceitáveis para empre-endimentos deste tipo.

Justiça social

Há ainda a considerar, alémdas razões técnicas, ambientaise econômicas, a principal ra-zão para a implantação da refi-naria no Norte Fluminense, queé a justiça social. Não podemos,como brasileiros, virarmos ascostas para uma situação quepode ocorrer daqui a décadas,quando o petróleo vier a aca-bar naquela região e não dei-xar um projeto permanente dedesenvolvimento para a área.

O Norte Fluminense podevirar uma nova Serra Pelada,onde toda riqueza foi extraídae abandonada à miséria poste-rior. Fazendo uma reflexãocomparativa e muito justa, “oque seria da economia daBahia, berço da produção depetróleo nacional, através dopioneiro Campo de Lobato, eque no passado já foi o princi-pal Estado produtor de petró-leo nacional, se hoje não exis-tisse a Refinaria Landulfo Alves(RLAM) e o Pólo Petroquímicode Camaçari, que derivou tec-nicamente nesta refinaria?”

Portanto, a indústria de pe-tróleo brasileira, em especial aPetrobras, deve considerar nes-ta decisão de localização e emoutros projetos o “custo de des-comissionamento” das instala-ções petrolíferas na região, visto que os diversos poderespúblicos – federal, estadual emunicipal – e a própria Petro-bras, fizeram elevados investi-mentos em infra-estrutura na

A Bacia de Campos produz mais de80% do petróleo brasileiro, principal-mente, do tipo pesado, que não é todoprocessado no país e vem sendo ex-portado. Apesar de todo esse volu-me produzido, o Rio possui somente13,5% da capacidade de refino do paí

Não existe também qual-quer conflito desta nova refi-naria no Norte do estado coma futura e necessária “amplia-ção da capacidade da Reduc”,que é um projeto que terá afunção primordial de moderni-zação daquele parque, melho-rando o perfil e a qualidade dosprodutos lá hoje produzidos,em vista das limitações ambien-tais existentes que indicam di-ficuldades para grandes ampli-ações de capacidade, isto é,para o aumento, em larga es-cala, de carga processada.

Mas por que o Norte Flu-minense?

Certamente, por razões téc-nicas, logísticas, econômicas,ambientais e de justiça social.Vale ressaltar que a Bacia deCampos completou 25 anos deprodução e, hoje, produz maisde 80% do petróleo brasileiro

(cerca de 1,3 milhão de barrisde óleo por dia), principalmen-te, do tipo pesado, que, con-forme já exposto, não é emtodo processado no país e vemsendo exportado em quantida-des crescentes. Apesar de todoesse volume produzido, o Riode Janeiro possui somente cer-ca de 13,5% da capacidade derefino instalada do Brasil.

Com relação a mercadospara derivados, o Rio de Janei-ro está no coração do princi-pal mercado consumidor naci-onal – a Região Sudeste – epode funcionar como umabase logística de exportaçãodos derivados para o exteriore para outras regiões do País.

A existência de um trechosubutilizado da Ferrovia Cen-tro Atlântica (FCA), pertencen-te à Cia. Vale do Rio Doce, quechega no norte do Estado, per-mitiria utilizar uma infra-estru-tura já existente, que chega atodos os estados do Sudeste ealguns do Centro-Oeste.

Cabe ressaltar que a implan-tação no país de refinarias parapetróleo pesado permitirá agre-gar valor ao óleo produzido naregião do Norte Fluminense,no processo de refino, ou, ain-da, adequando-o para expor-tação, em forma de derivadosou óleo tratado, o que será ain-da mais reforçado em caso denovas e expressivas descober-tas de petróleo na região (Ba-cias de Campos e de Santos).

Do ponto de vista ambiental,o Norte do estado possui gran-des áreas desertas, favorecendo

região que ficarão “ociosos” nofuturo, gerando elevado cus-teio, sem a existência respecti-va de atividade econômica quedê sustentabilidade à sua ma-nutenção, desperdiçando opaís alguns bilhões de dólaresde investimentos realizados.

Caberia, também, à Petro-bras se incorporar vigorosa-mente neste esforço, visto quenão é possível pensar em no-vas refinarias no Brasil sem apresença articuladora e a capa-cidade viabilizadora da Petro-bras, até pelo fato de ser con-centradora de cerca de 98% dacapacidade de refino nacional,além da posição de maior pro-dutora de petróleo nacional e,principalmente, da existênciade grandes volumes de petró-leo pesado, que teoricamenteseria processado nesta novaunidade no Norte Fluminense.

Uma nova refinaria no es-tado, dentro de um princípiode economicidade, teria capa-cidade de processamento de200 mil barris diários de petró-leo, com um custo de implan-tação aproximado de US$ 1,8bi a US$ 2 bilhões. A geraçãode empregos seria da ordem de30 mil diretos e indiretos, alémda dispersão em diversos mu-nicípios da região Norte deoutros investimentos agrega-dos, tais como uma nova ins-talação portuária, estações detratamento de óleos (ETO),condomínios industriais e uni-dades petroquímicas, aprovei-tando a matéria prima que serádisponibilizada.

A nova refinaria no NorteFluminense será batizada deRefinaria Barbosa Lima Sobri-nho, em homenagem a umgrande nome da história brasi-leira que sempre esteve à fren-te das batalhas em defesa dodesenvolvimento da indústriado petróleo brasileira, com gran-de parte de sua vida política noEstado do Rio de Janeiro.

* Engenheiro e Secretário de Estado deEnergia, da Indústria Naval e do Petróleo

NÃO

5jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2003o de 2003o de 2003o de 2003o de 2003

REFINARIA NO RIO: SIM OU NÃO? Fernando Siqueira*

m dos fatores mais impor-tantes a ser considerado,por problemas de logísti-

ca, é a localização das refinari-as próxima aos centros de con-sumo de derivados, ao invésde junto ao local de produção.Isto porque é mais fácil trans-portar óleo bruto, qualquer queseja o modal de transporte, doque derivados.

É o caso, por exemplo, dopoliduto Paulínia–Brasília,construído para melhorar otransporte de derivados parao Centro-Oeste, eliminando otráfego de carretas ou cami-nhões-tanque. O resultado foimuito bom porque, além da

Nordeste é melhor local

Dentro desta lógica, o Nor-deste é o local mais propício por-que se prevê para a região umconsumo anual de derivados,em 2005, da ordem de 20 mi-lhões de barris. “O Nordeste temapenas a refinaria de Mataripe,na Bahia, enquanto o Rio de Ja-neiro, que tem um consumo pre-visto de cerca de 8 milhões debarris/ano, já tem duas refinari-as: a Reduc e Manguinhos.

À frente do Rio viria o Cen-tro-Oeste, que tem uma deman-da prevista de 8 milhões de bar-ris por ano e não tem refinaria.São Paulo seria a terceira opção,

A discussão sobre a construção de umarefinaria no Estado do Rio de Janeiro estámuito simplificada e politicamente incor-reta. Tecnicamente, há vários fatores queinfluenciam a escolha do local mais ade-quado: disponibilidade de água doce, pos-sibilidade de descarte de água tratadasem dano ambiental e existência de infra-estrutura de transporte, principalmenteestrutura portuária.

redução drástica dos custos detransporte, conseguiu-se pou-par as estradas do tráfego pe-sado dos caminhões.

Entretanto, persistem al-guns problemas: como sãoenviados vários derivadospelo mesmo poliduto, cadavez que se precisa transpor-tar um novo derivado é ne-cessário retirar todo o conteú-do anterior de dentro dopoliduto. É um volume con-siderável do produto que ficadentro do duto. São mais de1.000km e um diâmetro supe-rior a 50cm. Para retirá-lo, épreciso que exista tancagemcom capacidade suficiente,

além de ser necessário admi-nistrar a seqüência de bom-beio e a interface entre oslíquidos em face da con-taminação. Esta interface temque ser reprocessada.

Se houvesse só o petróleobruto a ser transportado, coma construção de uma refinariano Planalto Central, o polidutooperaria com quase 100% deeficiência. No caso do trans-porte ser efetuado através denavio petroleiro, o mesmo ra-ciocínio é aplicável, ou seja, émais fácil transportar o petró-leo do que compartimentar onavio para transportar váriosderivados.

U

Refinariaé mais urgente

no Nordeste

6 jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2003o de 2003o de 2003o de 2003o de 2003

mas tem que ser levada em con-ta, entre outros pontos, a ques-tão ambiental. O Estado de SãoPaulo está sobrecarregado.

Outro fator de suma impor-tância é o social. Se conside-rarmos a questão da geraçãode empregos e renda numaregião de profundas carênciascomo é o Nordeste, novamen-te aquela região ganha do Es-tado do Rio. Fluminense denascimento, tendo três filhasformadas, necessitando deemprego de melhor qualidade,gostaria de defender uma refi-naria no Rio de Janeiro.

Politicamente, seria bom emtermos de projeção pessoal.Mas, por 25 anos em trabalhosde relevância na Petrobrás,aprendi a ver as questões pelolado técnico, estratégico e dointeresse nacional. Sob estesaspectos, o Nordeste seria no-vamente a opção mais correta.

A Agência Nacional de Pe-tróleo (ANP) e a Petrobras ti-nham uma projeção de deman-da de combustíveis que não seconfirmou, devido à retração daeconomia causada, entre outrascoisas, pelas perdas salariais dostrabalhadores. A demanda pre-vista encolheu e a Petrobrásreviu suas projeções, o que nãofoi feito pela ANP. O fato é quea companhia de petróleo prevêa necessidade de uma refinarianova apenas em 2008.

A Petrobrás projetou ampli-ações em seis refinarias exis-tentes, o que resultará em umaumento da capacidade de re-fino do país em cerca de 215mil barris por dia. Este mon-

tante equivale a uma refinarianova.Vale lembrar que o custoda ampliação é muito inferiorao de construção de uma refi-naria nova.

Prioridades parao Rio de Janeiro

O Estado do Rio tem ou-tras prioridades, como, porexemplo, a criação de um PóloPetroquímico. O melhor localpara esse pólo teria que serbem estudado. O Norte Flumi-nense é candidato forte por-que, quando o petróleo esti-ver se extinguindo, precisaráter geração de emprego subs-tituta. O município de Itaguaí,outro concorrente, é próximoao porto de Sepetiba.

O pólo poderá recorrer àsmodernas técnicas de conjuga-ção refinaria/petroquímica, in-clusive, utilizando o óleo deMarlim. Será conveniente uma

análise minuciosa dessa alterna-tiva, efetivada por um Grupo deTrabalho formado por especia-listas independentes. Poderiamser da Petrobrás, do BNDES, dasuniversidades e do setor priva-do. A demanda por produtospetroquímicos está crescendo.

Além do Pólo Petroquímico,o governo estadual deve inves-tir em áreas sociais carentes,como hospitais para depen-dentes químicos; recuperar oIaserj – hospital para os servi-dores públicos do Estado doRio, que se encontra em situa-ção calamitosa. É fundamentalainda a construção de uma u-nidade de fabricação de remé-dios para a população carente,no Instituto Vital Brazil (inves-timentos de apenas R$ 30 mi-lhões, por exemplo, são sufi-cientes para decuplicar acapacidade do IVB); recuperare equipar os presídios; cons-truir um centro de recuperação

de menores infratores comquadras olímpicas e escolasprofissionalizantes (já existe es-boço desse projeto feito peloescritório de projetos de OscarNiemeyer); recuperar cozinhase oficinas para ocupar digna-mente os presidiários; recupe-rar e construir escolas, inclusi-ve os Cieps; construir escolase centros de capacitação deprofissionais de nível médio (aexemplo do Senai, mas volta-do para aplicação imediata nageração de mão-de-obra qua-lificada para a construção deplataformas e equipamentos).

Uma refinaria nova, de por-te médio, custa cerca de US$ 2bilhões. Com este volume derecursos o Estado do Rio po-deria investir em melhoriasconsideráveis no Estado. Porexemplo, em infra-estruturapara permitir uma exploraçãomais efetiva do grande po-tencial que é a indústria do tu-rismo. O Estado do Rio temserras e praias da melhor qua-lidade, separadas por poucosquilômetros de distância, o quelhe dá uma imensa vantagemcomparativa com outros esta-dos brasileiros e até com paí-ses que exploram o turismocom sucesso. Hoje a Baía deIlha Grande, um dos ícones doturismo do estado, se encon-tra praticamente abandonada,turisticamente falando.

A segurança pública é umdos gargalos do desenvolvi-mento e da qualidade de vidado Estado. São exigidos inves-timentos e providências paraque o estado se livre de umamá fama que tem espantado osinvestidores em geral, que es-tão preferindo São Paulo, eimpede a geração de empregoe desenvolvimento no estado.

Seria ótimo ter a construçãode uma refinaria gerando em-prego no Estado. Todavia, nes-te momento, esta tese não sesustenta nem técnica nem so-cialmente falando. É uma pena,mas é a pura realidade.

* Presidente da Associação dos Enge-nheiros da Petrobras

O livro “Agenda Brasil políticas econômicas para o cres-cimento com estabilidade de preços”, de vários autorese organizado pelos economistas João Sicsú, José LuizOreiro e Luiz Fernando de Paula, será lançado no próxi-mo dia 17 de novembro, a partir das 19h, na Livraria

Letras & Expressões (ruaVisconde de Pirajá, 276,Ipanema).Com a dedicatória que jáantecipa em parte o seuconteúdo – Aos dois terçosde eleitores brasileiros quevotaram em Lula acreditan-do que este País poderiamudar para melhor – o li-vro traz textos sobre a in-fluência do FMI na econo-mia brasileira, taxa de jurose controle da inflação, flu-xo e controle de capitais, dí-vida pública e política fiscal,regime cambial, produtivi-

dade do trabalho e emprego, financiamento de longoprazo, desenvolvimento regional e distribuição de rendae pobreza no Brasil.

Livro Agenda Brasil serálançado dia 17, no Rio

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CONJUNTURA

uando propomos uma política de plenoemprego, ou de desemprego zero, nãoestamos nos referindo apenas a traba-

lhadores de carteira assinada, ou mesmo, a em-pregados formais ou informais. Estamos falan-do de postos de trabalho remunerado. Tambémnão vemos o pleno emprego como um objeti-vo em si, mas como um resultado esperado dedeterminada política econômica. O que estamospropondo, pois, não é só uma utopia social,mas uma política macroeconômica definida –a qual, historicamente, tomou o nome de “po-lítica de pleno emprego”.

Em que consistiria esta política no Brasil,neste momento, sob o Governo Lula? Sig-nificaria uma redução e eventual eliminaçãodo superávit primário de mais de 5% do PIB,uma redução drástica da taxa de juros básicapara patamares internacionais, o controle doscapitais de curto prazo e a administração docâmbio num patamar favorável às exporta-ções. É esta, sinteticamente, a política eco-nômica de pleno emprego proposta. Estánestes termos no Manifesto dos Economis-tas de junho último. E está subentendida emtoda manifestação propositiva dos economis-tas ditos keynesianos.

Os riscos: inflação e chantagem

Vejamos os riscos para Lula em adotar estapolítica. São basicamente dois: o risco inflaci-onário e o risco externo. O risco inflacionárionão passa de um embuste ortodoxo. Partindode uma situação de alto desemprego e gran-de ociosidade no parque produtivo, não háque falar em inflação de demanda.

É possíveldesemprego zero?

J. Carlos de Assis

Claro que, na medida em que a economiaretomar o crescimento, poderá haver pres-sões inflacionárias. Isso pode ser resolvidomediante políticas de renda, e não comrecessão e desemprego, como atualmente.Aliás, foi com políticas de renda que a Euro-pa Ocidental conciliou estabilidade e prospe-ridade por quase três décadas.

O risco externo é o risco da chantagem docapital financeiro especulativo, que obviamen-te vai sair do Brasil com a queda da taxa dejuros. Justamente por isso, propõe-se a admi-nistração do câmbio num patamar favorávelàs exportações. Vamos cumprir rigorosamentenossos compromissos externos, desde que nosdeixem crescer. Basta de pagar com recessãoe desemprego. Se for necessário proteger nos-sa capacidade de crescimento, deveremos bus-car aprofundar nossas relações econômicas comparceiros estratégicos não chantagistas: China,Índia, África do Sul, Japão, Rússia.

A visão ortodoxa: pagar juros!

Finalmente, vejamos o que significa umapolítica de pleno emprego no plano da eco-nomia física. Usaremos os cerca de R$ 70bilhões anuais do superávit primário para fi-nanciar dispêndio público em saúde, educa-ção, habitação popular, saneamento, segu-rança e defesa. Uma parte para atualizar eampliar nossa infra-estrutura, sobretudologística. Com isso estarão sendo criados mi-lhões de empregos diretos e, mais impor-tante, via aumento da demanda efetiva, ou-tros milhões de empregos no setor privado.O financiamento disso não é inflacionário, já

que é dinheiro (superávit) extraído da socie-dade, via impostos.

É possível que os ortodoxos levantemoutro argumento, o de que o superávit pri-mário deve ser destinado a pagar (parte dos)juros, pois, do contrário, o governo perde-rá credibilidade para rolar a dívida pública.É um embuste e uma falácia. Os receptoresdos juros do Governo não querem dinhei-ro, pois dinheiro não rende juros. Querem,sim, títulos da dívida pública, mesmo que ataxa de juros caia. Hoje, quando recebemos juros equivalentes ao superávit primá-rio, correm para trocá-los por títulos. O es-quema proposto evitará essa volta, pois re-ceberão diretamente em títulos.

No curso da política de pleno emprego areceita tributária, em razão do aumento doPIB a uma taxa de no mínimo 7% ao ano,crescerá continuamente, reforçando a capa-cidade de gastos do setor público ainda mais,e deixando uma margem para a redução dodéficit nominal – como ocorreu nos EUA nosanos 90, sob Clinton.

Ao fim, o desemprego praticamente terádesaparecido, num ambiente de prosperida-de geral. Se quiser reduzi-lo a zero, a menosde algum desemprego friccional, o Governopoderá fazer um programa de expansão doemprego público. Hoje, o emprego públicono Brasil representa apenas 8,56% do em-prego total. Nos Estados Unidos, são 16%.Na França, 27%.

Portanto, desemprego zero não é umautopia. É uma possibilidade real de fazeruma economia próspera com democraciasocial.

Antônio Ermírio de Moraes colocou a mão na ferida quando disseque os problemas brasileiros não serão resolvidos com o “FomeZero”; e que precisamos, em seu lugar, de um programa de “De-semprego Zero”. É a nossa tese. Ele acha que desemprego zerorealmente não é possível, mas insiste que o Governo tem de en-frentar o desemprego. Essa declaração seria suficiente para justifi-car nossa convergência com o maior industrial brasileiro.Mas queremos ir um pouco além. Queremos sustentar que desem-prego zero é, sim, uma meta não só desejável, como possível. Nãosó possível, como é um imperativo da democracia.

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João Sicsú, do Instituto de Economia da UFRJENTREVISTA

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Jornal dos Economistas – Como carac-teriza o modelo de política econômica doGoverno Lula?João Sicsú – Passados 10 meses da pos-se de Lula, não há mais controvérsias so-bre esse tema. Os próprios governantesjá admitem abertamente que foi imple-mentada a mesma política econômica dogoverno de FHC. E esta é uma políticaeconômica liberal-conservadora que é, éclaro, patrocinada pelo Fundo MonetárioInternacional e pelo sistema financeirodoméstico e internacional. Os governan-tes argumentam que não havia (ou nãohá) outra alternativa segura e responsá-vel. Optaram, então, pelo Plano A+, istoé, adotaram o mesmo Plano A de FHCaplicado de forma muito mais intensa e

comportamentos” avaliados pelos merca-dos financeiros. Reputação é o resultadodo que é acumulado a cada ato decredibilidade. O tripé do Plano A+ busca,então, retirar do governo a sua capacida-de de intervir na economia através do usode políticas monetária, cambial e fiscal. Apolítica monetária será formalmente “doa-da” ao banco central autônomo (ou inde-pendente). A política fiscal foi quase anu-lada, já que as metas de superávit fiscalretiraram do governo a sua capacidade deaumentar os seus gastos com investimen-tos e em programas sociais. A liberalizaçãofinanceira, ao permitir um número ilimita-do de transações com o exterior, retirou aforça da política cambial na medida emque as reservas do Banco Central serãosempre insuficientes diante do poder defogo dos mercados financeiros domésticoe internacional.

JE – Mas esta não é apenas, como muitosavaliam, uma política econômica de tran-sição?Sicsú – Se o Plano A+ fosse transitório,passageiro, o Presidente Lula não deveria

ampla. Um Plano B, alternativo à po-lítica econômica liberal de FHC, foidescartado antes mesmo de Lulatomar posse. Adotaram como ob-jetivo prioritário a conquista decredibilidade/reputação por

parte dos mercados financeirosnas ações do governo. Esqueceram

que um governo responsável deve tersempre uma única meta principal: desem-prego zero e salários dignos.

JE – Mas o que significam exatamente ostermos credibilidade/reputação?Sicsú – Segundo as teorias econômicasmais conservadoras, credibilidade é sinô-nimo de inflexibilidade para ações de umgoverno, isto é, um governo ganhacredibilidade se não pode decidir e reagirno dia a dia. Um governo ganha credibili-dade se é capaz de colocar “algemas nosseus próprios pulsos”. A credibilidade éum conjunto de comportamentos que deveser observado a cada minuto, em cada de-claração dos governantes, em cada entre-linha. A reputação é o somatório de atitu-des passadas, ou seja, é o estoque de “bons

”Este governo será sempre uO economista João Sicsú é professor do Instituto de Economia da UFRJ e tem se des-tacado no debate acadêmico e político ao sustentar – a partir do texto “A transição domodelo de política econômica: uma transição do plano A para o plano A+” – que apolítica econômica do Governo Lula é uma continuação e aprofundamento da política do

governo anterior, de FHC.Organizou, junto com Gilberto Tadeu Lima, o livro,

“Macroeconomia do Emprego e da Renda: Keynes e oKeynesianismo”, lançado no primeiro semestre. No dia 17de novembro, estará lançando, no Rio (ver pág. ??), o livro“Agenda Brasil – políticas econômicas para o crescimentocom estabilidade de preços”, que organizou com José Luiz

Oreiro e Luís Fernando de Paula, os dois últimos agraciadoscom o Prêmio Cofecon de Economia, em 2003.O JEJEJEJEJE foi ouvi-lo para conhecer as suas opiniões e análises doatual momento econômico sob o comando do Governo Lula.

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9jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2003o de 2003o de 2003o de 2003o de 2003

ter nomeado uma equipe conservadorapara dirigir a economia. Por exemplo, oprincipal economista do ministério da Fa-zenda, o Secretário do Tesouro, já com-punha a equipe de FHC. O presidente doBanco Central, Henrique Meirelles, foi pre-sidente do BankBoston (de 1996 a 1999)e se elegeu deputado federal em 2002 peloPSDB. Ele recrutou parte da sua diretoriadiretamente no mercado financeiro ou eminstituições acadêmicas que têm a tradi-ção de preparar quadros para o sistemafinanceiro, com um bom e longo estágiono governo. Esta equipe conservadora édefinitiva, só será mudada – talvez!! – sehouver uma profunda crise econômica, oque certamente não aposta o Presidente.Ademais, se o Plano A+ fosse transitório,o Presidente e sua equipe econômica nãodeveriam fazer campanha pela autonomiado Banco Central, que impedirá que ogoverno determine a taxa de juros no fu-turo. Não deveriam, também, ter estabele-cido mega-superávits fiscais para os pró-ximos anos (4,25% do PIB até 2007).Aqueles que defendem a tese que issotudo é apenas transitório chamam osopositores do modelo econômico atual depoliticamente ingênuos. Afirmam que tudoisto é uma esperteza política que está aci-ma da técnica econômica. Sonham com oseguinte script: primeiro, o Governo ga-nha credibilidade e acumula reputação; de-pois, já que ganhou a confiança dos mer-cados financeiros, implementa a genuínaproposta desenvolvimentista. Sonham quede dentro do Clark Kent, bobo e acanha-do, surgirá o Super Homem, forte e ven-cedor. Isto é ingenuidade infantil. Aingenuidade neste caso advém do des-conhecimento das teorias econômicas maisconservadoras.

JE – Mas há, por sua vez, razões teóricaspara se supor que o plano A+ seja definiti-vo? Quais são essas razões?Sicsú – Esses que estão iludidos com aopção que o Governo adotou deveriamsaber que nada que é transitório, ou seja,que tem um período curto de duração, geracredibilidade/reputação. A credibilidadeganha a cada dia, em cada ação concreta,é muito pequena. Assim, um estoque dereputação é constituído somente depoisde anos e anos de acanhamento e sub-missão. Se, por um lado, para um gover-no formar um estoque de reputação pe-rante os mercados, serão necessáriosmuitos anos, por outro, um governo po-derá perder uma grande parte ou quasetoda a reputação acumulada em minutos:basta que uma mera declaração de um im-portante governante seja interpretada pelomercado como sendo de tom desenvolvi-mentista. Há uma assimetria temporalindicada na teoria econômica que os quese acham politicamente espertos desconhe-cem: demora-se muito tempo para formarum estoque de reputação que pode serperdido rapidamente – basta um mero“deslize” verbal de um importantegovernante. Em resumo, o processo deconquista de reputação é infinito. Nuncaacabará. Os mercados são exigentes e in-saciáveis em relação ao comportamentode governos. O caminho apontado peloplano A+, portanto, não tem volta. Éirreversível! O dia que o Clark Kent setransformará em Super Homem jamais che-gará. Transformações dessa natureza so-mente acontecem no mundo da fantasia.Na realidade, este governo será sempreum Clark Kent.

JE – Qual a sua avaliação dos resultadosdos primeiros dez meses de implementaçãodo que você chama de Plano A+?Sicsú – A política econômica adotada pelogoverno Lula atingiu seus únicos doisobjetivos, que eram: (i) conquistarcredibilidade para a política econômica dogoverno (ou recuperar a confiança dosmercados financeiros no país); e (ii) con-trolar a inflação. As políticas monetárias efiscais contracionistas foram bem sucedi-das. A inflação caiu de 2,25% no mês de

janeiro para 0,34% em agosto. Com a taxade juros básica da economia mantida em26,5% ao ano (o que foi feito nos primei-ros meses de 2003) e tendo sido realizadoum superávit primário fiscal de aproxima-damente 6% do PIB entre janeiro e maio,a tarefa de conter a inflação tornou-se re-lativamente fácil. Mais difícil era a tarefade conquistar credibilidade, ou recuperara confiança no governo e na economiado país. Mas o governo foi bem sucedidotambém neste campo. Para conquistar acredibilidade, tomou decisões que se mos-traram bastante eficazes para demonstrarque agiu e continuará agindo de formaconsiderada “responsável” pelos mercadosfinanceiros. A forma “responsável” de agirfoi bem avaliada pelos mercados, já que ogoverno anulou ou está em processo deanulação da sua capacidade de implemen-tar políticas macroeconômicas e, além dis-so, iniciou uma jornada (que será longa)de aprovação de reformas e regras queconsolidam o modelo adotado. Em con-seqüência, a cotação do dólar que era deaproximadamente R$ 3,50, em janeiro, caiupara R$ 2,85, em outubro, e o risco-paísque era de aproximadamente 2.400 pon-tos no início do governo, em outubro va-riou entre 600 e 700 pontos. O Brasil éconsiderado um bom negócio, de alta ren-tabilidade e liquidez. Com a entradaavassaladora de capitais no País, o dólar eo risco-país despencaram. Em compensa-ção, os números que de fato interessampara a população são desastrosos.

JE – Quais são esses números que interes-sam à população?Sicsú – As políticas macroeconômicasimplementadas geraram um elevado cus-to em termos de desemprego, que está emtorno de 13%, e provocaram uma fortedesaceleração da taxa de crescimento doPIB que, para os mais otimistas, será de0,7% em 2003. Segundo estimativas doDieese-Seade, somente na região metro-politana de São Paulo existem mais de doismilhões de desempregados. Por vezes, oministro Palocci (da Fazenda) argumentaque o custo em termos de produto e em-prego das suas políticas de busca dacredibilidade e de combate à inflação foi

Optaram pelo Plano A+, isto é, adota-ram o mesmo Plano A de FHC aplicadode forma muito mais intensa e ampla.Um Plano B, alternativo à política eco-nômica liberal de FHC, foi descartadoantes mesmo de Lula tomar posse

m Clark Kent”

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e está sendo baixo se comparado, porexemplo, com a Argentina que, em 2001,contraiu o seu PIB em 4,4% e, em 2002,teve uma contração de 10,9%. Contudo,aqui, cabe o uso de uma metáfora: o mi-nistro está comparando “laranjas com ba-nanas”. A Argentina não teve apenas umacrise cambial, tal como o Brasil em 2002,mas, sim, uma crise que foi além da eco-nomia. A Argentina teve uma crise econô-mica, que foi muito além da crise cambial,teve intensas corridas bancárias, mas tevemuito mais que isso: houve a renúncia dopresidente eleito (De la Rúa) e uma crisepolítica que parecia interminável, commanifestações sociais descontroladas. Ocaso argentino de 2001/2 é de outra natu-reza, foi uma crise econômica, política esocial generalizada, não pode ser compa-rado à crise cambial brasileira de 2002.

JE – Quais são as perspectivas econômicaspara 2004?Sicsú – Tendo controlado a inflação e con-quistado credibilidade, o Governo brasi-leiro espera que tenha acabado a fase das“vacas magras” (como disse o presidenterecentemente, utilizando mais uma metá-fora). Afinal, as duas condições macroe-conômicas básicas para que uma econo-mia possa crescer, segundo a visãoconservadora, foram alcançadas. O gover-no quer que 2004 seja um ano de algumcrescimento econômico minimamentesatisfatório. Essa é, até mesmo, uma ne-cessidade eleitoral, em virtude dos pleitosmunicipais do ano que vem. Basicamen-te, duas medidas estão sendo tomadas pelogoverno objetivando a retomada do cres-cimento. A taxa de juros básica da econo-mia está sendo reduzida e está sendomontada uma arquitetura para os projetosde parcerias público-privadas (os chama-dos PPP’s). Os projetos de parcerias pú-blico-privadas são programas que objeti-vam garantir uma rentabilidade mínimapara o capital. Os PPP’s tentarão estimularo investimento em infra-estrutura pelo se-tor privado. Estão sendo estabelecidas re-gras seguras de reajuste do valor unitárioda tarifa do serviço a ser oferecido à po-pulação e será garantida uma quantidademínima negociada do serviço - já que arentabilidade de qualquer projeto de in-vestimento depende do valor unitário doitem oferecido e da quantidade vendida.A quantidade mínima será garantida pelocompromisso do governo em pagar pelaquantidade que não for vendida ao públi-

co. Por exemplo, haverá uma regra deindexação do valor unitário do pedágiode uma determinada rodovia construídapelo setor privado, e, caso não tenha tra-fegado por essa estrada a quantidade deveículos necessária para gerar a rentabili-dade mínima do investimento em deter-minado período, o governo pagará à em-presa investidora como se ali tivessepassado a quantidade mínima de veícu-los. Os PPP’s poderão não produzir os re-sultados esperados. O governo, com o seuprojeto de estímulo ao investimento pri-vado, não está eliminando a incerteza doinvestidor, simplesmente está transferindoa incerteza de mercado (demanda futura)para o setor público. Agora, o investidordeve avaliar se o governo terá condiçõesde honrar com essas despesas (o paga-mento da renda mínima do investidor), emuma situação em que a arrecadação tribu-tária tem se mostrado insuficiente e quepode se deteriorar ainda mais em condi-ções de baixo crescimento.

JE – Mas o efeito de redução da taxa de jurosnão fará certamente a economia crescer?Sicsú – Não. A segunda aposta do gover-no, a redução da taxa de juros, possivel-mente poderá não produzir um efeito sig-nificativo também. Primeiro, porque serálimitada, em função do temor governistade inflação e da necessidade de manter arentabilidade do capital financeiro (quepode fugir para outros países, ameaçandocom mais uma crise cambial se não for bemremunerado por aqui). Segundo, porque ataxa de juros tem uma baixa capacidade deexplicar o consumo de duráveis domésti-cos. As variáveis capazes de explicar deforma incontestável o consumo de durá-veis domésticos são a massa salarial (nú-mero de empregados multiplicado pelosalário real médio) e o prazo médio de fi-nanciamento. A massa salarial encontra-secomprimida, devido à queda real acentua-da dos rendimentos e a elevação do de-semprego. O prazo de financiamento (ouseja, o número de prestações), que reduzo valor comprometido mensalmente da ren-

da do consumidor quando este se endivi-da, não foi estendido de maneira significa-tiva e generalizada pelo comércio varejista.

JE – Então, não haverá crescimento em 2004?Sicsú – O ano de 2004 será mais um anode crescimento medíocre da economia bra-sileira – isto é o melhor resultado que sepode esperar, se não houver nenhum cho-que externo ou interno. Caso a economiavenha a ser atingida por algum choqueque provoque mais uma crise cambial, di-ficilmente se escapará de uma recessãomais acentuada. O crescimento será me-díocre em 2004 porque os canais de estí-mulo à demanda estão fechados. A políti-ca de metas para o superávit fiscal primárioimpede que o governo realize investimen-tos. O desemprego está elevado e os salá-rios em termos reais estão em queda, oque reduz a capacidade da economia serecuperar por intermédio do consumo. Asexpectativas empresariais daqueles queproduzem para o mercado doméstico nãoestão otimistas, o que reduz dramaticamen-te a possibilidade de a economia seralavancada pelo investimento. Com o dó-lar flutuando livremente e abaixo dos R$3, a demanda por exportações parece játer atingido o seu limite. Enfim, esboça-seum quadro com possibilidades limitadaspara o próximo ano. Os governantes di-zem que a fase de sacrifício foi transitóriae que entraremos numa fase mais perma-nente de crescimento. Entretanto, podeacontecer exatamente o contrário: o sacri-fício em termos de desemprego pode per-manecer e o descontrole cambial e a infla-ção podem nos atormentar novamente.

JE – O que foi feito de positivo pelo Presi-dente Lula?Sicsú – Antes de tomar posse prometeualgo extremamente positivo: criar 10 mi-lhões de empregos. Depois de tomar pos-se, de positivo, mesmo, somente a nome-ação do professor Carlos Lessa para oBNDES e de Celso Amorim e Samuel Pi-nheiro Guimarães para o Ministério dasRelações Exteriores.

O Brasil é considerado um bom negócio, de alta ren-tabilidade e liquidez. Com a entrada avassaladorade capitais no País, o dólar e o risco-país despenca-ram. Em compensação, os números que de fato in-teressam à população são desastrosos

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ARTIGO DO LEITOR Pedro Paulo Silveira Felicíssimo*

o ponto de vista econô-mico, as implicações daNova Estratégia adqui-

rem aspecto ainda mais som-brio e lançam dúvidas e incer-tezas sobre os novos rumos daeconomia internacional, após12 de dezembro de 2003. Nes-ta data, entram em vigor oBioterrorism Act (Lei do Bio-terrorismo) e outras exigênci-as para as exportações comdestino ao mercado norte-ame-ricano.

A pretensão deste artigo édifundir alguns pontos princi-pais dessas exigências, expos-tos durante a apresentação doseminário “Exportando para osEUA: a Lei do Bioterrorismo eoutras exigências”, em agostoúltimo, no Rio.

Em primeiro lugar, a criaçãodo Departamento de Seguran-ça Interna trouxe uma nova di-nâmica ao regime alfandegárionorte-americano. Com status eforça de ministério, o DHS pas-sou a agregar os Bureaus de Al-

(ii) Manutenção de registrospara consultas, no mínimo pordois anos, do supply chain(inputs e outputs) dos estabe-lecimentos produtores, expor-tadores e importadores;

(iii) Notificação antecipa-da dos manifestos de cargaaos EUA pelo transportador(tempo definido de acordocom o modal de transporte),com cópias para a Alfândegae o FDA.

(iv) Detenção administrati-va por parte das autoridadesnorte-americanas de carga comnão conformidade (rótulos,embalagens, peso, etc.).

Prejuízos estimados

As medidas aplicam-se àsinstalações de bebidas e ali-mentos, excetuando-se as ins-talações fiscalizadas por outrosórgãos, como, por exemplo, asde carnes e aves, fiscalizadaspelo Departamento de Agricul-tura dos EUA.

As atividades estrangeirasque necessitam registro são: ma-nufatura, processo, empacota-mento e manuseio de alimentospara consumo humano e animal.

As exportações para os EUAapós 12 de dezembro de 2003que não apresentarem essasexigências poderão sofrer liqui-dação de danos e detenção ad-ministrativa, acarretando per-das e prejuízos financeirosirreparáveis aos proprietáriosdas cargas e do transporte.

Outros programas que es-tão sendo implementados pe-los EUA:

CTPAT – Programa “volun-tário” para empresas importado-ras dos EUA, posteriormente aser estendido às empresas es-trangeiras exportadoras, o qualserve como cartão de visitas ede boas vindas ao mercadonorte-americano. Através deuma “Acceptance Letter”, as em-presas que aderem ao progra-ma apresentam as respectivasmedidas de segurança aplicadas

Faixa amarela nasexportações para os EUAUltimamente, o noticiário internacional tem dado ênfase aosrumos que a ordem política e econômica mundial, em especi-al, o sistema supranacional (constituído pelo concerto dasnações, após os dois conflitos mundiais, e cujas colunas prin-cipais são a ONU e seu Conselho de Segurança e a Organiza-ção Mundial do Comércio – OMC), irá seguir após os aconte-cimentos de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.Outro destaque é quanto ao significado para as relações in-ternacionais do documento intitulado “A Nova Estratégia deSegurança Nacional dos EUA”, do governo George W. Bush.

fândega, Imigração e Naturali-zação, órgãos até então mera-mente fiscalizadores e arrecada-dores, e criou-se um canaldireto de informações com oFood and Drug Administration,tendo como prioridade princi-pal a segurança de tudo o queadentra ao território norte-ame-ricano: pessoas ou cargas.

Até esta data, as informa-ções sobre a importação de ali-mentos e bebidas chegam aoFDA através de cópias dos ma-nifestos de carga da Alfânde-ga, por um sistema denomina-do Oasis. A partir de 12 dedezembro, entre as principaisexigências contidas na Lei doBioterrorismo, de especial inte-resse para o Brasil há o capítu-lo III, que trata da importaçãode alimentos e bebidas são:

(i) Registro dos estabeleci-mentos produtores, importado-res e exportadores de e paraos EUA realizado por um agen-te credenciado junto às autori-dades norte-americanas;

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em seus estabelecimentos paraavaliação e sugestões à Alfân-dega (CBP). Essas medidas apli-cam-se a instalações físicas, con-troles de acesso, pessoal,educação e treinamento em se-gurança. Pode ser entendidacomo uma ISO 9000 de Segu-

As exportações para os EUA após 12 dedezembro de 2003 que não apresentaremessas exigências poderão sofrer liquidaçãode danos e detenção administrativa (...) Osimpactos dessas mudanças podem ser es-timados: redução de 16% na pauta de ex-portadores para os EUA; prejuízo de cercade US$ 300 milhões por ano, mais um cus-to adicional de US$ 228 milhões a cada ano

rança e necessariamente empouco tempo será obrigatória.

CSI – Lei de Segurança deContêineres, talvez, a que irácausar mais polêmicas, poisenvolve a fiscalização anteriorao embarque, no país de ori-gem, de carga de alto risco, por

inspetores norte-americanosconjuntamente com autorida-des do país exportador. Princi-pais pontos: (i) Haverá um sis-tema de avaliação de riscosautomático; (ii) Compartilha-mento de dados de inteligên-cia entre os países; (iii) Avalia-ção dos portos (infraestruturae segurança), com três inspe-tores, um analista de pesqui-sas e um representante do CBPgarantirão a presença da alfân-dega norte-americana nos por-tos estrangeiros . Aproximada-mente 61 portos já aderiram aeste programa e estão sendoesperados numa segunda fasemais adesões, incluindo o Por-to de Santos, no Brasil.

Os impactos dessas mudan-ças drásticas na regulação al-fandegária norte-americanapodem ser estimados: reduçãode 16% na pauta de exporta-dores para os EUA; prejuízo de

cerca de US$ 300 milhões porano, mais um custo adicionalde US$ 228 milhões a cada ano.

Espera-se cerca de 205.405registros de empresas e 20.000notificações prévias de embar-que por dia. Vale a pena lem-brar que a pauta de exportaçõesbrasileiras em agronegócios,enquadradas no capítulo III doBioterrorism Act, é da ordem deUS$1,2 bilhão ao ano.

Algumas questões foramlançadas durante o debate: ados alimentos transgênicos esua regulação; a possibilidadede incentivos fiscais para as em-presas que aderirem ao progra-ma, como uma forma de redu-zir o impacto sobre o volumedas exportações; as negociaçõesda Alca e as implicações dasmedidas em seu escopo.

* Economista, leitor do JE e consultorem Comércio Exterior

FÓRUM POPULAR DO ORÇAMENTO

14 jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2003o de 2003o de 2003o de 2003o de 2003

esta e na próxima edição, o JE estarápublicando a análise e os dados da pro-posta orçamentária enviada pelo Exe-

cutivo Municipal à Câmara de Vereadores. Nes-ta edição, os dados e a discriminação de receitase despesas previstas para o ano que vem. Nopróximo JE, a análise comparativa da propos-ta de 2004 com a dos anos anteriores.

A análise preliminar que segue baseia-se na proposta orçamentária para o municí-pio do Rio em 2004, publicada no Diário daCâmara Municipal do Rio de Janeiro (DCM),em 3 de outubro passado. Essa propostaserá votada, em data ainda não marcada, eservirá de base para a elaboração da LeiOrçamentária Anual (LOA) do ano que vem.Para facilitar a sua leitura, a análise foiestruturada em tópicos.

Receitas

A estimativa das receitas orçamentárias parao exercício de 2004 é de R$ 9.430.533.957, sen-do 89,06 % dessa receita (R$ 8.376.649.816) com-postos por recursos oriundos do Tesouro e orestante (R$ 1.053.884.141) por Outras Fontes,sendo R$ 443.493.000 de Receitas de Contribui-ções Sociais e R$ 304.306.000 de rendimento deaplicações financeiras no Funprevi e Previ-Rio.

As Receitas Correntes correspondem a96,59% da receita total, isto é, estão estima-das em R$ 9,180 bilhões, enquanto as Re-ceitas de Capital são apenas 3,41% da re-ceita total.

Dentro de Receitas Correntes, as maioresparticipações são da Receita Tributária(29,28%), das Transferências Correntes(34,75%) e de Outras Receitas Correntes, quecompreendem, principalmente, multas e jurosde mora e a receita da Dívida Ativa (17,90%).

A Receita Tributária, que compreende osimpostos e as taxas pelo exercício do poderde polícia e pela prestação de serviços pú-blicos de competência do Município, está es-timada em R$ 2,761 bilhões.

As Transferências Correntes – proveni-entes do Estado e da União, de natureza cons-titucional e voluntária, incluindo convêniosfirmados com a iniciativa privada – estão es-timadas em R$ 3,227 bilhões. Estão estima-dos R$ 1,132 bilhão de Transferências daUnião, onde se destacam R$ 784,8 milhões,de Transferência de Recursos do Sistema Úni-co de Saúde (SUS), e R$ 1,394 milhões, deTransferência do Estado.

As Outras Receitas Correntes estão es-timadas em R$ 1,687 bilhão. Neste grupoencontram-se as Multas e Juros de Mora,no montante de R$ 243,3 milhões, e a Re-

Orçamento do Rio privilegia obrasPrograma de assistência às crianças de rua terá R$ 1, em 2004

ceita da Dívida Ativa, estimada em R$ 172,6milhões. E R$ 1,136 bilhão da Receita daDívida Ativa vem da Receita Extraordiná-ria para Amortização da Dívida renegocia-da com a União.

Despesas

A despesa fixada para a Secretaria Muni-cipal de Saúde (SMS) é de R$ 1.613.586.808,00,o que representa 17,11% da receita total es-timada; para a Secretaria Municipal de Edu-cação (SME) é de R$ 1.339.755.630,00(14,21%). Os Encargos Gerais do Municípiotêm 27,67% de participação na receita esti-

mada para o próximo ano, ou seja, R$2.231.767.461,00, e a Secretaria Municipalde Administração tem 18,46%, ou, R$1.740.484.667,00. As demais secretarias nãotêm grande participação.

Remanejamento

Mesmo que os valores propostos venhama se concretizar na redação final para o Or-çamento de 2004, isso não é suficiente paragarantir que tais porcentagens sejam gastasnessas secretarias, pois, na mesma proposta,há uma expansão da margem de remaneja-mento em 15%, em relação ao ano passado.

PROPOSTA PARA 2004

RESUMO DA DESPESA POR PODERES E ÓRGÃOSPoder Legislativo em R$ %20- Câmara Municipal 207.555.759,00 2,20%21- Tribunal de Contas do Município 65.605.660,00 0,70%Poder Executivo10- Secretaria Municipal de Governo 33.390.490,00 0,35%11- Gabinete do Prefeito 700.715.424,00 7,43%12-Controladoria Geral do Município 19.342.423,00 0,21%13- Secretaria Municipal de Administração 1.740.484.667,00 18,46%14- Secretaria Municipal de Fazenda 112.733.656,00 1,20%15- Secretaria Municipal de Obras e Serviços Píblicos 332.078.511,00 3,52%16- Secretaria Municipal de Educação 1.339.755.630,00 14,21%17- Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social 238.682.479,00 2,53%18- Secretaria Municipal de Saúde 1.613.586.808,00 17,11%19- Secretaria Especial de Desenvolvimento Econ., Ciências e Tecn. 1.888.290,00 0,02%22- Procuradoria Geral do Município 54.791.349,00 0,58%23- Secretaria Municipal de Urbanismo 28.206.058,00 0,30%24- secretaria Municipal de Meio Ambiente 114.006.771,00 1,21%25- Secretaria Municipal de Esporte e Lazer 101.795.784,00 1,08%26- Secretaria Municipal de Trabalho e Renda 19.571.085,00 0,21%28- Secretaria Especial de Projetos Especiais 1.149.740,00 0,01%29- Secretaria Municipal de Transportes 88.385.060,00 0,94%30- Secretaria Municipal das Culturas 131.833.889,00 1,40%31- Encargos Gerais do Município 2.231.767.461,00 23,67%32- Secretaria Municipal de Habitação 228.953.007,00 2,43%33- Secretaria Especial de Turismo 824.380,00 0,01%34- Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos 1.588.480,00 0,02%36- Secretaria Especial de Prevenção à Dep. Químico 1.153.157,00 0,01%37- Secretaria Especial da Terceira Idade 1.244.999,00 0,01%38- Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais 1.097.620,00 0,01%39- Secretaria Especial de Comunicação Social 2.145.320,00 0,02%99- Reserva de Contingência 16.200.000,00 0,17%

TOTAL 9.430.533.957,00

RESUMO DA DESPESA POR FUNÇÃO01- Legislativa 273.161.419,00 2,90%02- Judiciária 36.091.681,00 0,38%04- Administração 533.956.133,00 5,66%06- Segurança Pública 147.060.923,00 1,56%08- Assistência Social 229.637.467,00 2,44%09- Previdência Social 1.815.883.316,00 19,26%10- Saúde 1.613.586.808,00 17,11%11- Trabalho 19.571.085,00 0,21%12- Educação 1.387.963.006,00 14,72%13- Cultura 96.427.495,00 1,02%15- Urbanismo 754.577.893,00 8,00%16- Habitação 228.953.007,00 2,43%17- Saneamento 18.531.294,00 0,20%18- Gestão Ambiental 107.334.875,00 1,14%19- Ciência e Tecnologia 1.888.290,00 0,02%22- Indústria 9.679.710,00 0,10%23- Comércio e Serviços 56.799.043,00 0,60%26- Transporte 88.385.060,00 0,94%27- Desporto e Lazer 102.492.784,00 1,09%28- Encargos Especiais 1.908.552.668,00 20,24%

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As matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de responsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Corecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Popular de opular de opular de opular de opular de OrçamentoOrçamentoOrçamentoOrçamentoOrçamento do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeiro.o.o.o.o.Equipe técnica: LEquipe técnica: LEquipe técnica: LEquipe técnica: LEquipe técnica: Luiz Mario Behnken, cooruiz Mario Behnken, cooruiz Mario Behnken, cooruiz Mario Behnken, cooruiz Mario Behnken, coordenador - Estagiários: Mariana Fdenador - Estagiários: Mariana Fdenador - Estagiários: Mariana Fdenador - Estagiários: Mariana Fdenador - Estagiários: Mariana Filgueiras e Ricarilgueiras e Ricarilgueiras e Ricarilgueiras e Ricarilgueiras e Ricardo Monteirdo Monteirdo Monteirdo Monteirdo Monteirooooo

Correio eletrônico: [email protected] - Portal: www.corecon-rj.org.br - www.fporj.blogger.com.br – Reuniões do Fórum: quintas-feiras, às 18h, na sede do CORECON-RJ

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Ou seja, de acordo com o orçamento de 2003,o prefeito pode remanejar 15% do valor to-tal do orçamento, e, para 2004, ele propõeuma margem de 30%. Esse percentual é deextrema importância e faz muita diferença.Se com o percentual de 15% para este ano,o prefeito foi capaz de inverter a situação demuitas secretarias, o que esperar com esseaumento para o ano que vem.

Para exemplificar o efeito que essa mar-gem de remanejamento tem, veja o queaconteceu com algumas secretarias no pri-meiro semestre deste ano. A de Saúde, atéaquele momento, havia se beneficiado dosremanejamentos em 3,02%; a de Educação,em 2,36%; enquanto a de Obras e ServiçosPúblicos já tinha um benefício de 88% e adas Culturas de 109,34% em relação ao or-çamento original. A despeito do cumpri-mento dos limites legais e constitucionaisna área de saúde e ensino, a “prioridade”do prefeito é transformada ao longo doexercício.

A Secretaria de Obras (SMO), segundo aproposta, tem suas despesas estipuladas emR$ 332.078.511,00, o que representa 3,52%da receita estimada. Pode parecer que essevalor não é muito para um orçamento de R$9.430.533.957,00, mas levando em conside-ração o poder de remanejamento de 30% aser autorizado (?), essa secretaria poderá re-ceber até R$ 2,9 bilhões a mais do que oestabelecido.

Metas e prioridades

Na Empresa Municipal de Vigilância (EMV)se encontra o programa “Operação da GuardaMunicipal“ que tem a ação de desenvolver ainformática, telecomunicação e instalações. Paraeste fim, a EMV irá contar com a aquisição de30 equipamentos novos, construção de duasinspetorias e reforma de cinco outras já exis-tentes, que estão previstos em R$ 650 mil.

Obras e Jogos do Pan

A SMO destina grande parte de suas pri-oridades a obras que, implicitamente, sãocomplementares às obras que serão execu-tadas na Secretaria de Esporte e Lazer (SMEL)para atender as demandas da realização dosJogos Pan-Americanos de 2007.

Assim, dos 69 mil metros de ampliaçãoda pavimentação que serão feitos pela SMO,35 mil metros serão na AP-4 (Jacarepaguá eBarra), região que abrange a área onde osjogos irão ocorrer, e 28.300 metros na AP-3(Leopoldina). Para isso, juntamente com arestauração de 500 metros de pavimentação,estão sendo estimados R$ 22.654.829,00. NaAP-4 haverá 4 mil metros de drenagem am-pliada - para onde está destinado apenas R$1 - e a implantação de rede de esgotos em200 mil metros, também com apenas R$ 1.

A SMO fará ainda a ampliação e restaura-ção de sete quilômetros da avenida das Amé-

ricas e dois quilômetros da auto-estrada La-goa-Barra, cada uma com R$ 10 mil previs-tos, o que faz cada quilômetro da auto-estra-da ser três vezes e meia mais caro do quecada quilômetro na avenida das Américas.

A SMEL construirá cinco unidades esporti-vas e de lazer no município (sendo que quatroserão na AP-4), implantará 16% dos parquesaquáticos na AP-5, região também próxima aolocal aonde os jogos irão se realizar. Haveráainda a implantação de 70% das vilas olímpi-cas do município na AP-4 e implantação de 25vilas na AP-5. Para essas implantações, a pre-feitura planeja gastar R$ 12.034.336,00.

Creches

Obras com creches não parecem ser umadas prioridades da SMO. A secretaria execu-tará a construção de apenas três Centros deAtendimento às Crianças no município, refor-mará seis e ampliará quatro, com somente R$1.000,00. A ação de “Revitalização da Educa-ção Infantil”, da Secretaria de Educação, queatende crianças de quatro a cinco anos e 11meses, ampliará apenas 12 mil vagas. Paraisso, irá despender R$ 30.295.076,00. Cadavaga criada, de acordo com os números, irácustar R$ 2.530,00.

Merenda escolar

A – QUANTIDADE DE ALUNOS 767.524B – QUANTIDADE DE REFEIÇÕES 106.384.000C – VALOR ORÇADO EM R$ 74.166.388

CÁLCULOSQUANTIDADE DE REFEIÇÕES POR ALUNO (B/A) 138,6CUSTO POR ALUNO EM R$ (C/A) 96,63CUSTO POR REFEIÇÃO EM R$ (C/B) 0,69

Serão 106.284.000 refeições servidas namerenda escolar, e para isto, prevê-se gastarR$ 74.166.388, o que faz cada merenda cus-tar R$ 0,69.

Assistência social

De acordo com a Secretaria Municipal deDesenvolvimento Social, R$ 13.133.203 irãoatender 65.389 famílias com a Bolsa Alimen-tar. Essa secretaria dará assistência e propici-ará a recuperação de 40 mil meninos de rua,com apenas R$ 1.

Porém, de acordo com a Fundação paraa Infância e a Adolescência, no período dejaneiro/2001 a outubro/2003, ou seja, nagestão do governo César Maia, o número decrianças que moram na rua em todos osmunicípios do Estado não chega a 1.500.Portanto, fica a dúvida, onde será que estãoos outros 38.500 meninos de rua que serãocontemplados por essa ação da SMDS?

RESUMO DA RECEITA%

1. Receitas do Tesouro 8.376.649,00 88,82%1.1 Receitas correntes 8.118.748,00 86,09%

Receitas tributárias 2.761.060,00 29,28%Receitas de Contribuições 3.000,00 0,03%Receitas Patrimoniais 407.743,00 4,32%Receitas Industrial - -Receitas de Serviços 372,00 0,00%Transferências Correntes 3.271.561,00 34,69%Outras Receitas Correntes* 1.675.011,00 17,76%

1.2 Receitas de Capital 257.901,00 2,73%Operações de Crédito 257.212,00 2,73%Alienação de Bens - -Amortização de Empréstimos 689,00 0,01%

2. Receitas Diretamente Arrecadada pelas Autarquias e Fundações 940.583,00 9,97%2.1 Receitas Correntes 878.512,00 9,32%2.2 Receitas de Capital 62.071,00 0,66%

3. Receitas de Geração Própria das Empresas e Sociedades de Economia Mista 113.300,00 1,20%0,00%

3.1 Receitas Correntes 111.346,00 1,18%3.2 Receitas de Capital 1.954,00 0,02%

TOTAL 9.430.532,00 100,00%* sendo que 1.136 milhões de Receita Extraordinarias- divida c/ a união

em milhõesTesouro Outras fontes Total % rec. total % rec. correntes

Receitas correntes 8.118,70 989,90 9.108,60 96,59%Receitas tributárias 2.761,10 0,00 2.761,10 29,28% 30,31%Receitas de Contribuições 3,00 443,50 446,50 4,73% 4,90%Receitas Patrimoniais 407,70 364,60 772,40 8,19% 8,48%Receitas Industrial 0,00 8,20 8,20 0,09% 0,09%Receitas de Serviços 0,30 154,80 155,10 1,64% 1,70%Transferências Correntes 3.271,60 5,80 3.277,40 34,75% 35,98%Outras Receitas Correntes 1.675,00 12,90 1.687,90 17,90% 18,53%Receitas de Capital 257,90 64,00 321,90 3,41%Operações de Crédito 257,20 0,00 257,20 2,73%Alienação de Bens e Amortiz. De Empréstimos 0,70 64,00 64,70 0,69%Receita total 8.376,60 1.053,90 9.430,50% 88,82% 11,18% 100,00%

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Inscrições para cursos

Estão reabertas as inscrições paraos cursos que o Corecon-RJ vem pro-movendo, como os de Matemática Fi-nanceira, Avaliação de Projetos de In-vestimento e Introdução à Crítica daEconomia Política: o pensamento deKarl Marx.

Os cursos estão sendo ministra-dos desde setembro e novas turmasserão abertas, conforme as novas ins-crições. As informações sobre oscursos, seus conteúdos programá-ticos e professores estão na páginawww.economistas.org.br.

Os cursos são oferecidos priorita-riamente aos economistas registradosno Conselho, podendo ser aceitos, emcasos especiais, estudantes de econo-mia e profissionais de outras áreas.

Outros cursos estão sendo progra-mados para o próximo ano. Os profis-sionais e estudantes interessados po-dem se cadastrar na página doseconomistas e receber, via internet, asinformações mais atualizadas sobre oseventos do Corecon.

om a participação já confirmada dosprofessores Francisco de Oliveira, daUSP, Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, e

Wilson Cano, da Unicamp (SP), o Conse-lho Regional de Eco-nomia do Rio de Ja-neiro reinaugura oseu auditório nopróximo dia 27 denovembro, a partirdas 17h, com a en-trega do Prêmio deMonografia de 2003e o debate “Quaseum ano do GovernoLula: perspectivas”.

Conselho promove debate:um ano do Governo Lula

Evento no dia 27 homenageará Ricardo Tolipan,Lia Haguenauer e Renato Melo

Antes da solenidade de premiações e dolançamento do novo Prêmio de Monografia2004, haverá a homenagem aos economis-tas Lia Haguenauer, Ricardo Tolipan e Rena-

to Melo, falecidosem 2002. Serão en-tregues aos seus fa-miliares as caricatu-ras dos economistasespecialmente dese-nhadas pelo artistaCássio Loredano, co-laborador do Jornaldos Economistas eautor do livro “Alfa-beto Literário”.

ais de dois mil profis-sionais registrados noConselho Regional de

Economia do Rio de Janeiroforam às urnas, no último dia30 de outubro, para a eleiçãodo terceiro terço de conselhei-ros efetivos e suplentes, mais odelegado-eleitor efetivo (e su-plente) ao colégio eleitoral doCofecon.

Com exatos 2.110 votos (agrande maioria por correspon-dência), de um colégio de 8.497profissionais aptos a votar, forameleitos conselheiros efetivosCarlos Henrique Tibiriçá Miranda,

Economistas do Rioelegem novo terço

Opções para o Brasil

A Fundação Konrad Adenuar,com o apoio de várias universidadesbrasileiras, acaba de lançar o livro“Opções de política econômicapara o Brasil”, organizado porDieter W. Benecke e Renata Nas-cimento. Dividido em três gran-des abordagens – Crescimentoeconômico e justiça social, livreconcorrência com controle deconcentração e abertura demercado e controle especu-lativo – o livro, com 450 pági-nas, traz textos de vários au-tores, entre eles, o professorDercio Garcia Munhoz, daUniversidade de Brasília.Pode ser encontrado na pró-pria Fundação, sediada na Praça Floriano,19/30º, no Centro. Informações via inter-net: www.adenauer.com.br.

José Antonio Lutterbach Soares eRenata Leite Pinto do Nascimen-to; suplentes, Gilberto Alcântarada Cruz, Jorge de Oliveira Camar-go e Rogério da Silva Rocha; de-legado-eleitor efetivo, ReinaldoGonçalves, e suplente, RonaldoRaemy Rangel; e conselheiro efe-tivo do Cofecon, Sidney Pascottoda Rocha, e suplente, EriksomTeixeira Lima.

O próximo presidente doCorecon-RJ será escolhido naprimeira reunião plenária doConselho com os novos eleitos,que tomarão posse no início dejaneiro.

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