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“Ocorrência de pneumonia aspirativa após realização do estudo da deglutição por videofluoroscopia em crianças de alto risco” “Occurrence of Aspiration pneumonia after the performance of the swallow study by videofluoroscopy in infants of high risk" Rosane Sampaio Santos¹; Adriane Celli²; Hellen Nataly Correia Lagos³ 1.Orientadora; 2.Co-orientadora; 3.Orientanda RESUMO Objetivo: Verificar a ocorrência de pneumonia aspirativa após a realização do exame de videofluoroscopia, em crianças de alto risco. Método: Participaram desta pesquisa 16 crianças, com faixa etária entre 6 meses e 10 anos, com média de 5,2 anos, encaminhadas com queixa de disfagia pelo setor de pediatria, para a realização do exame de videofluoroscopia da deglutição, com retorno após uma semana para avaliação clínica médica e fonoaudiológica. Resultados: Dos sintomas respiratórios antes da realização do exame, 2 crianças apresentaram tosse com catarro e dificuldade respiratória, 1 apresentou febre e tosse seca e 1 apresentou somente tosse com catarro. E quanto aos pacientes que apresentaram sintomas respiratórios somente depois da realização do exame, somente um paciente havia aspirado material do exame, porém sem diagnóstico positivo de pneumonia. Com relação ao grau de disfagia, houveram 5 crianças Normais, 4 apresentaram Disfagia Leve, 2 apresentaram Disfagia Moderada e 5 apresentaram Disfagia Grave. Durante a realização do exame 7 pacientes apresentaram aspiraração na consistência líquida, sendo que 2 desses pacientes aspiraram também na consistência sólida, 4 também aspiraram nas consistências pastosa e pastosa fina e os 5 restantes não aspiraram. Conclusão: No presente trabalho pode-se concluir que, dentre a população pesquisada não houve a ocorrência de pneumonia aspirativa após o exame.

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“Ocorrência de pneumonia aspirativa após realização do estudo da

deglutição por videofluoroscopia em crianças de alto risco”

“Occurrence of Aspiration pneumonia after the performance of the swallow study by

videofluoroscopy in infants of high risk"

Rosane Sampaio Santos¹; Adriane Celli²; Hellen Nataly Correia Lagos³

1.Orientadora; 2.Co-orientadora; 3.Orientanda RESUMO Objetivo: Verificar a ocorrência de pneumonia aspirativa após a realização do exame de videofluoroscopia, em crianças de alto risco. Método: Participaram desta pesquisa 16 crianças, com faixa etária entre 6 meses e 10 anos, com média de 5,2 anos, encaminhadas com queixa de disfagia pelo setor de pediatria, para a realização do exame de videofluoroscopia da deglutição, com retorno após uma semana para avaliação clínica médica e fonoaudiológica. Resultados: Dos sintomas respiratórios antes da realização do exame, 2 crianças apresentaram tosse com catarro e dificuldade respiratória, 1 apresentou febre e tosse seca e 1 apresentou somente tosse com catarro. E quanto aos pacientes que apresentaram sintomas respiratórios somente depois da realização do exame, somente um paciente havia aspirado material do exame, porém sem diagnóstico positivo de pneumonia. Com relação ao grau de disfagia, houveram 5 crianças Normais, 4 apresentaram Disfagia Leve, 2 apresentaram Disfagia Moderada e 5 apresentaram Disfagia Grave. Durante a realização do exame 7 pacientes apresentaram aspiraração na consistência líquida, sendo que 2 desses pacientes aspiraram também na consistência sólida, 4 também aspiraram nas consistências pastosa e pastosa fina e os 5 restantes não aspiraram. Conclusão: No presente trabalho pode-se concluir que, dentre a população pesquisada não houve a ocorrência de pneumonia aspirativa após o exame.

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ABSTRACT Objective: Verify the occurrence of aspiration pneumonia after the performance of the video fluoroscopy exams in children of high risk. Method: Participated in this research study 16 children, between the ages of 6 months and 10 years, with the average of 5.2 years, referred by the department of pediatrics with a chief complaint of dysphagia, to perform the videofluoroscopy swallow study, and to return in one week to the medical clinic evaluation and Phonoaudiology. Results: The respiratory symptoms before the performance of the exam, 2 children with chief complaint of cough with mucus and difficulty breathing, 1 presented with fever and dry cough and 1 presented only cough with mucus. And to those patients that presented respiratory symptoms only after the performance of the exam, only one patient had aspirated material for the exam, however without a positive diagnose of pneumonia. With relation to the value of dysphagia, 5 children were normal, 4 presented with light dysphagia 2 presented with moderate dysphagia and 5 presented with bad dysphagia. During the performance of the exam 7 patients presented aspiration with liquid consistence, in which 2 of these patients had also presented aspiration with solid consistence, 4 presented with aspiration with pasty consistence and fine pasty consistence and the other 5 did not aspirated. Conclusion: With this research can be concluded that between the studied populations the occurrence of aspiration pneumonia after the exam did not occur.

3

INTRODUÇÃO

A videofluoroscopia da deglutição é considerada o padrão-ouro como método

instrumental de avaliação da deglutição, desde o início da fase preparatória oral até a

conclusão da fase esofágica¹. Porém, trabalhos apontam que crianças com disfagia grave

possuem alto risco de complicações durante o exame².

Os pacientes com disfagia têm risco aumentado de aspiração, ou seja, da

passagem de alimentos e/ou fluidos abaixo das pregas vocais entrando nas vias

respiratórias, aumentando o risco de pneumonia e problemas associados³. Ainda

segundo estes autores, a maioria dos estudos sobre a aspiração silenciosa em paciente

disfágico, defende o uso da videofluoroscopia da deglutição para sua detecção,

considerado o exame mais sensível em detecção de aspiração durante a deglutição¹.

Além disso, para LANGMORE (1999) são necessários três pré-requisitos para o

desenvolvimento da pneumonia aspirativa: a) germe patogênico presente no material a

ser aspirado; b) o material precisa ser aspirado e c) os pulmões precisam ser incapazes

de resistir aos germes patogênicos4,5.

Na criança, sem dúvida alguma, a videofluoroscopia da deglutição oferece

grandes vantagens sobre o estudo endoscópico, além de ser tecnicamente mais factível,

reproduz praticamente a situação real da deglutição6.

Durante a realização do exame, o examinador deve observar se há ou não sinais de

percepção da aspiração, como tossir, engasgar, limpar a garganta e lacrimejar. Se o

paciente não mostrar nenhum desses sinais, será considerado um aspirador silencioso,

com risco de desenvolver pneumonia por aspiração7. Os autores também referem que se

houver aspiração significativa do bolo sem limpeza reflexa ou voluntária das vias

aéreas, o exame deverá ser encerrado, pois embora o bário seja considerado

relativamente inerte, a entrada de uma grande quantidade na árvore respiratória não é

recomendável, uma vez que pode causar problemas a pessoas com doenças sistêmicas

ou respiratórias.

Apesar das vantagens, como a análise dinâmica precisa e imediata da deglutição e o

procedimento não ser invasivo, há para a população pediátrica um risco maior que no

adulto, pois a radiossensibilidade da tiróide é conhecida por ser particularmente

elevada8.

Pelos motivos expostos, este trabalho tem como objetivo verificar a ocorrência de

pneumonia aspirativa após a realização do exame de videofluoroscopia, em crianças de

4

alto risco, por meio de acompanhamento fonoaudiológico e médico, após a realização

do mesmo.

MÉTODO

Participaram da pesquisa 16 pacientes com uma faixa etária de 6 meses a 10

anos com média de 5,2 anos, sendo que 50% eram do sexo masculino e 50% do sexo

feminino, com peso médio de 14kg, com queixa de disfagia.

Na descrição da doença de base, 5 crianças apresentavam Paralisia Cerebral, 1

com Microcefalia, 3 encontravam-se em investigação, 3 com Hidrocefalia, 1 com

Síndrome de West, 1 com Encefalopatia Progressiva, 1 com Encefalopatia e 1 sem uma

doença de base diagnosticada porém com quadros convulsivos.

Todas as crianças foram encaminhadas ao setor de endoscopia peroral de um

Hospital público localizado na cidade de Curitiba, Paraná, pelo setor de pediatria do

mesmo, para a realização do exame de videofluoroscopia da deglutição.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o nº.

000025/2009, da Universidade Tuiuti do Paraná (ANEXO I). Os pais ou responsáveis

pelos indivíduos da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

com o conhecimento dos objetivos, procedimentos e responsabilidades, bem como de

respostas a eventuais dúvidas referentes à pesquisa (ANEXO II).

Após uma semana da realização do exame as crianças retornaram para uma

avaliação clínica médica e fonoaudiológica, com o objetivo de verificar a ocorrência de

pneumonia aspirativa decorrente da realização do exame.

Os critérios para inclusão das crianças na pesquisa foram: condição clínica para

a realização do exame, estar acordada, ativa e com liberação médica. Foram excluídas

da pesquisa todas aquelas que estavam com quadro de pneumonia aguda.

Para coleta de dados, sobre a doença de base e a causa da disfagia, foram

utilizados os prontuários dos pacientes e entrevista inicial com o responsável pela

criança.

A avaliação dos sinais e sintomas característicos da pneumonia antes da

realização do exame e os achados do exame da deglutição foram coletados através de

um protocolo estabelecido pelas autoras (ANEXO III).

Para classificação do grau de disfagia, foi utilizada a Classificação da Gravidade

da Disfagia à Videofluoroscopia, na qual classifica-se de Normal, Disfagia Leve,

Disfagia Moderada e Disfagia Grave9,(ANEXO V), e para classificação com relação à

5

ingesta oral do paciente, foi utilizada a Functional Oral Intake Scale – FOIS, na qual o

segue uma escala de Nível 1 até o Nível 7, sendo que quanto menor o valor menor é a

ingestão de alimento via oral10 (ANEXO VI).

Antes da realização do exame de videofluoroscopia as crianças foram

submetidas a radiografia de tórax para excluir possibilidade de pneumonia prévia,

realizado com o aparelho, marca Siemens e modelo Axiom R100, monitor Siemens e

modelo M44-2, com o qual também foi realizado o exame da videofluoroscopia da

deglutição.

As consistências apresentadas foram compostas por água, Sulfato de bário 100%

da marca Bariogel, como contraste radiológico o qual contém sulfato de bário 1g e

veículo g.s.p. 1ml, de uso pediátrico e adulto, e como espessante utilizamos o amido de

milho modificado instantâneo da marca THICK UP® composto por amido de milho

modificado (E1442), maltodextrina, goma de tara, goma de xantana e goma guar.

Para a obtenção das consistências, foi utilizada a nomenclatura da National

Dysphagia Diet: Standardization for Optimal Care11 e o espessante THICK UP®, onde

foi utilizado para o néctar (de 51 a 350cP), -200 ml de água , 2 sachês (10 gramas) de

THICK UP®, Mel (de 351 a 1750cP) - 200ml de água, 2½ sachês (12,5 gramas) de

THICK UP ® e Pudim(> que 1750cP), - 200ml de água, 3 sachês (15 gramas) de

THICK UP®. espessante alimentar instantâneo da marca Thick&Easy® (HORMEL

HEATH LABS. SWISS) composto de amido, apresentando como composição

nutricional por 100g: 375kcal, 100g de carboidratos e 125mg de sódio.

Para gravação dos exames foi utilizado o computador de marca HP Pavilion

tx2075BR Notebook PC e o coletor de imagem utilizado foi o Sapphire - Wonder TV-

USB.

Após a realização do exame os pacientes retornaram em no máximo uma semana

para avaliação clínica médica para verificar a ocorrência de complicações respiratórias e

pulmonares e avaliação clínica fonoaudiológica dos sinais e sintomas de disfagia,

histórico de aspiração e condições clínicas por meio do protocolo (ANEXO IV). Esse

período de 7 dias para o retorno, foi em função da disponibilidade de retorno do público

alvo, utilizando o limite de dias para tal avaliação. Quando em suspeita de pneumonia

foi realizado nova radiografia de tórax, para confirmação.

6

RESULTADOS

Dos encaminhamentos ao exame de videofluoroscopia da deglutição, 6 foram

realizados pelo Gastroenterologista, 3 pelo Pediatra, 3 por Fonoaudiólogas, 2 pelo

pneumologista e 1 pelo Imunologista.

Das 16 crianças apenas 2 utilizavam traqueostomia do tipo metal, e somente 1

encontrava-se internada.

Antes da realização do exame, 2 crianças apresentaram sintomas respiratórios

como, tosse com catarro e dificuldade respiratória, 1 apresentou febre e tosse seca e 1

apresentou somente tosse com catarro, desses pacientes com sintomas respiratórios

antes do exame 2 persistiram com os sintomas e nos outros 2 os sintomas

desapareceram como mostra a Tabela 1.

Dos 3 pacientes que apresentaram sintomas respiratórios somente depois da

realização do exame, somente 1 havia aspirado material do exame, fazendo uma

aspiração, porém esse não foi diagnosticado como sintoma de crise de pneumonia, já na

avaliação clínica.

Na Tabela 3 podemos observar que com relação ao grau de disfagia, tiveram 7

crianças Normais, 4 com Disfagia Leve, 2 com Disfagia Moderada e 5 com Disfagia

Grave, desses últimos, 5 apresentavam paralisia cerebral, 2 com hidrocefalia e 1com

encefalopatia progressiva.

Durante a realização do exame 7 pacientes aspiraram na consistência líquida,

sendo que 2 desses pacientes aspiraram também na consistência sólida e 4 também

aspiraram nas consistências pastosa e pastosa fina Tabela 4, os 5 pacientes restantes não

fizeram aspiração durante o procedimento.

DISCUSSÃO

O presente estudo procurou verificar a ocorrência de pneumonia aspirativa após

a realização do exame de videofluoroscopia da deglutição. Em revisão de literatura não

foi encontrada nenhuma citação que pudesse ser comparada com os dados desta

pesquisa.

7

A videofluoroscopia da deglutição é considerada o padrão-ouro como método

instrumental de avaliação da deglutição¹. Porém, trabalhos apontam que crianças com

disfagia grave possuem alto risco de complicações durante o exame².

Tabela 1 - Pacientes que apresentaram sintomas respiratórios antes e após a realização do exame.

PACIENTES COMPLICAÇÕES ANTES

ASPIRARAM COMPLICAÇÕES DEPOIS

Paciente 1

Tosse com catarro + Dificuldade

Respiratória

NÃO

Tosse com catarro

Paciente 3 _

NÃO Dor torácica

Paciente 5 Febre + Tosse seca

NÃO _

Paciente 6 _

NÃO

Tosse com catarro + Dificuldade

Respiratória

Paciente 7 _

SIM Tosse + Diminuição de alimento

Paciente 8 Tosse com catarro + Dificuldade

Respiratória

SIM

Tosse com catarro + Diminuição de

alimento

Paciente 10 Tosse com catarro

SIM _

Na Tabela 1 observa-se que o número de pacientes que apresentaram

complicações pulmonares antes do exame é menor dos que apresentaram depois, porém

desses, 2 já apresentavam os mesmo sintomas antes, sobrando apenas 3 com sintomas

somente após o exame. Desses 3 que apresentaram sintomas depois do exame, somente

1 aspirou durante a realização do mesmo, sendo que este paciente foi classificado com

disfagia grave e aspirou em todas as consistências, porém sem diagnóstico positivo de

pneumonia.

8

Tabela 2 - Relação pacientes, grau de disfagia, ingesta Via Oral, aspiração durante o exame e quantidade do material aspirado. PACIENTES Nº

GRAU DE DISFAGIA - OTT

INGESTA VIA ORAL - FOIS

ASPIRARAM NO EXAME Sim/Não QUANTIDADE/ml

Paciente 1 LEVE N1 NÃO 3 Paciente 2 GRAVE N1 SIM 3 Paciente 3 NORMAL N5 NÃO 3 Paciente 4 LEVE N5 NÃO 5 Paciente 5 NORMAL N2 NÃO 5 Paciente 6 NORMAL N7 NÃO 5 Paciente 7 GRAVE N5 SIM 3 Paciente 8 MODERADA N5 SIM 5 Paciente 9 NORMAL N7 NÃO 5 Paciente 10 MODERADA N7 SIM 5 Paciente 11 NORMAL N1 NÃO 3 Paciente 12 GRAVE N5 SIM 2 Paciente 13 GRAVE N5 SIM 5 Paciente 14 LEVE N3 NÃO 3 Paciente 15 LEVE N1 NÃO 5 Paciente 16 GRAVE N1 SIM 3

Crianças com disfagia grave possuem alto risco de complicações durante o

exame², ao compararmos os dados do presente trabalho ( Tabela 3 ),com essa literatura,

observa-se que dos 5 pacientes com disfagia grave, os quais todos aspiraram durante a

realização do exame, somente 1 apresentou complicações pulmonares após o exame,

aspirando em todas as consistências, e com diagnóstico negativo de pneumonia

aspirativa, dando indícios da seguridade do procedimento.

Tabela 3 - Quantidade de pacientes por grau de disfagia, que aspiraram no exame.

GRAU DE DISFAGIA

QUANTIDADE DE PACIENTES

ASPIRARAM DURANTE O EXAME

PACIENTES C/ SINTOMAS APÓS

NORMAL 5 0 2 LEVE 4 0 0

MODERADA 2 2 0 GRAVE 5 5 1

Com isso podemos responder a dois grandes questionamentos, que

impulsionaram esta pesquisa:

a) O exame da deglutição por videofluoroscopia potencializa o risco de

pneumonia?

b) O risco beneficio justifica a realização do procedimento?

9

No presente trabalho quando observa-se a Tabela 4, vemos que a consistência

mais aspirada na realização do exame foi o líquido, e a de menor ocorrência de

aspiração foi o pudim, indicando que o liquido tem maior incidência de aspiração,

potencializando o risco de pneumonia aspirativa, pois de acordo com o AHCPR, órgão

governamental americano, pacientes disfágicos que aspiram tem risco 50% maior de

desenvolver pneumonia aspirativa, comparado com os pacientes que não aspiram4.

Tabela 4 - Consistências aspiradas durante o exame pelos pacientes.

PACIENTES ASPIRARAM PUDIM - SIM/NÃO

MEL - SIM/NÃO

NÉCTAR - SIM/NÃO LÍQUIDO - SIM/NÃO

Paciente 2 SIM SIM SIM SIM Paciente 7 SIM SIM SIM SIM Paciente 8 NÃO NÃO NÃO SIM Paciente 10 NÃO NÃO NÃO SIM Paciente 14 NÃO SIM SIM SIM Paciente 15 NÃO SIM SIM SIM Paciente 18 NÃO SIM SIM SIM

E esse risco aumenta mais quando a consistência aspirada é liquida, pois em um

estudo12, no qual realizaram uma retrospectiva dos exames de videofluoroscopia da

deglutição realizados por 150 crianças com disfunção da deglutição, houve maior

números de casos com pneumonia as crianças que aspiraram consistências mais

liquidas, diferente dos resultados das que aspiraram no líquido espesso e no purê, que

foram menores os casos de pneumonia.

Vale esclarecer aqui que, durante a avaliação da videofluoroscopia, observa-se

apenas uma parte fracionada da deglutição, não podendo assim inferir efetivamente a

ocorrência ou não da aspiração durante o processo de deglutição, podendo somente

inferir se aspirou ou não naquela fração de tempo. Porém, ainda assim continua sendo o

melhor método para avaliar a deglutição em crianças, pois a presente pesquisa mostrou

indícios de seguridade do procedimento, mesmo em crianças de alto risco, e além do

mais sugere também a importância de se avaliar o paciente por meio da avaliação

clínica previamente e avaliação instrumental, para melhor diagnóstico dos possíveis

distúrbios da deglutição.

Vale ressaltar a importância de uma equipe multidisciplinar especializada para a

avaliação do exame de videofluoroscopia.

10

CONCLUSÃO

No presente trabalho pode-se concluir que, dentre a população pesquisada não

houve a ocorrência de pneumonia aspirativa após o exame.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para que se possa vir a afirmar esse questionamento com maior exatidão, faz-se

necessário um número maior de população pesquisada, ficando essa entre outras como

sugestão para continuidade de pesquisa na área, bem como correlacionar os dados do

exame com as doenças de base.

AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem ao Dr Elmar por ceder o setor para a pesquisa, e aos

profissionais fonoaudiólogos e radiologistas do mesmo setor.

REFERENCIAS BILIOGRÁFICAS

1. SINGH, V. et al. Investigation of aspiration: milk nasendoscopy versus videofuoroscopy. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2009; 266:543–545. 2. LEVY, D. S. CRISTOVÃO, P. W. GABBI, S. Protocolo do estudo da deglutição por videofluoroscopia. In: JACOBI, S.J., LEVY, D.S.,SILVA, L.M.C. Disfagia: Avaliação e tratamento. RJ: Editora Revinter, 2004. p. 137. 3. RAMSEY, D., SMITHARD D., KALRA L., Silent Aspiration: What Do We Know?. Dysphagia .2005;V-20 p.218–225. 4. GOMES, G.F. Identificação de fatores preditivos de pneumonia aspirativa em pacientes hospitalizados com doença cerebrovascular complicada por disfagia orofaríngea, 2001. Tese (Doutorado em Clínica Cirúrgica) – Setor de Ciências de Saúde, Universidade Federal do Paraná, Curitba. 5. PAUL E. MARIK. Aspiration pneumonitis and aspiration pneumonia. New England J. Med.2001; V-344, nº. 9. 6. MELLO-FILHO, MAMEDE, DUCA-SILVA, DOMENIS, RICZ e ISSA. Videofluoroscopia da deglutição em crianças. In: JOTZ, G.P., ANGELIS, E.C., BARROS, A.P.B. Tratado de deglutição e disfagia – No adulto e na criança. RJ: Editora Revinter, 2009. p. 94, 96. 7. CORBIN-LEWIS,K. LISS,J.M. SCIORTINO,K.L. Bases fisiológicas da disfagia neurogênica e estratégias de tratamento. In: _____. Anatomia clínica e fisiologia do mecanismo da deglutição. SP: Cengage Learning, 2009. p. 161.

11

8. ZAMMIT-MAEMPEL, I., CHAPPLE, C-L., LESLIE, P. Radiation Dose in Videofluoroscopic Swallow Studies. Dysphagia . 2007; V-22 p.13–15. 9. OTT, HODGE, PIKNA , CHEN, GELFAND,. Modified barium swallow: clínical and radiographic correlation and relation to feeding recommendations. Dysphagia 1996; V-11. p.187-190. 10. CRARY, M, A. A direct intervention program for chronic neurogenic dysphagia secondary to brainstem stroke. Dysphagia, New York, v.10, n.1,p. 6-18, 1995.

11. ADA. National Dysphagia Diet: Standardization for Optimal Care. American Dietetic Association. 2002; V-1. 12. WEIR, K. et al. Oropharyngeal Aspiration and Pneumonia in Children. Pediatric Pulmonology. 2007; V-42 p. 1024-1031.

12

ANEXO I

13

ANEXO II

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você esta sendo convidado (a) para participar de uma pesquisa. As

informações existentes neste documento são para que você entenda perfeitamente os

objetivos da pesquisa, e saiba que esta participação é espontânea. Se durante a leitura

deste documento houver alguma dúvida você, deve fazer perguntas para que possa

entender perfeitamente do que se trata. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a

seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final este documento, que está

em duas vias, sendo uma via sua e a outra do pesquisador responsável.

Informações sobre a Pesquisa: Título do Projeto de Pesquisa: “Ocorrência de pneumonia aspirativa após realização

do estudo da deglutição por videofluoroscopia em crianças de alto risco” .

Pesquisador Responsável: Rosane Sampaio Santos

Telefone para Contato: (41) 3331- 7807

INTRODUÇÃO

A disfagia funcional aspirativa é o distúrbio mais temido, provocado pela

aspiração, que é passagem de material abaixo das pregas vocais (BOTELHO, M.I.M.R.

SILVA, A.A.,2003), e quando isso acontece pode ocorrer além de outros problemas a

pneumonia aspirativa.

A pneumonia aspirativa desenvolve-se após inalação de material orofaríngeo

contaminado. Apesar de este mecanismo ser comum à maioria das pneumonias a

expressão pneumonia aspirativa refere-se ao desenvolvimento de infiltrado pulmonar

radiograficamente evidente em pacientes com risco aumentado de aspiração orofaríngea

(MARIK, P.E).

O procedimento mais usado para investigação da disfagia é o estudo dinâmico

da deglutição (LEVY, D. S. CRISTOVÃO, P. W. GABBI, S, 2004).

14

FINALIDADE DA PESQUISA

Este trabalho tem como objetivo verificar a ocorrência de pneumonia aspirativa

após a realização do exame de videofluoroscopia, em crianças por meio de

acompanhamento após a realização do mesmo.

PROCEDIMENTO

O paciente é encaminhado para o setor de endoscopia Per Oral do Hospital de

Clínicas – UFPR, para a realização do exame da deglutição por videofluoroscopia, antes

da realização do exame serão pegos dados do paciente, através de entrevista aos pais ou

responsável, e por informações coletadas do prontuário.

O paciente fará então o exame, e os dados serão coletados por meio de um

protocolo.

Em uma semana o paciente deve retornar ao mesmo setor para

acompanhamento fonoaudiológico e pediátrico, e será avaliado com relação aos sinais

de disfagia, histórico de aspiração e condições clínicas, e quando necessário será

encaminhado à radiografia de tórax, para confirmar a pneumonia por aspiração.

RISCOS E BENEFÍCIOS

O exame é rápido e indolor. Os achados desta pesquisa poderão elucidar

questões sobre os riscos de pneumonia após a realização do exame, tendo em vista que

esse exame tem grande importância diagnóstica para avaliação de disfagia.

DESCONFORTO

O exame da deglutição por videofluoroscopia tem como inconveniente o sabor

das consistências que serão apresentadas, compostas de água e sulfato de bário.

CUSTOS

Você não terá nenhum gasto com a pesquisa, porque ela será custeada pela

própria pesquisadora.

PARTICIPAÇÃO

Caso você queira desistir da participação na pesquisa, poderá fazê-lo em

qualquer tempo e no momento em que desejar.

15

Todos os participantes da pesquisa serão avaliados pela pesquisadora: Hellen

Nataly Correia Lagos graduanda do curso de fonoaudiologia a qual estará sob

orientação da fonoaudióloga Rosane Sampaio Santos.

Durante o decorrer da pesquisa, caso você venha a ter alguma dúvida ou

precise de alguma orientação a mais, use o telefone acima.

PRIVACIDADE E CONFIDENCIALIDADE

Você tem o compromisso do pesquisador de que a sua imagem e identidade

serão mantidas em absoluto sigilo.

RESPONSABILIDADE

Caso ocorra algum tipo de dano no decorrer da pesquisa, as pesquisadoras

Rosane Sampaio Santos e Hellen Nataly Correia Lagos se responsabilizam pelos

eventuais ressarcimentos.

No caso de novas informações no decorrer da pesquisa, estas serão submetidas

à avaliação da Comissão de Ética para um novo parecer.

16

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

Eu, _________________________________________________________,

portador (a) do RG: _______________________________, abaixo assinado, concordo

que meu filho (a) ______________________________________ participe do estudo

acima descrito como sujeito.

Fui devidamente informado (a) e esclarecido (a) pelas pesquisadoras Hellen

Nataly Correia Lagos e Rosane Sampaio Santos sobre a pesquisa e os procedimentos

nela envolvidos.

Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento,

sem que isto leve a qualquer penalidade.

Curitiba, ___/___/____. ___________________________________________________ Assinatura do Responsável ___________________________________________________ Assinatura da Pesquisadora Responsável

17

ANEXO III

PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO

Projeto: “Ocorrência de pneumonia aspirativa após realização do estudo da deglutição

por videofluoroscopia em crianças de alto risco”

1. Identificação

Nome:__________________________________________________

Idade: ______ Data de Nascimento:_________________ Sexo: ( ) M ( ) F

Nome responsável: _______________________________________________

Endereço:_______________________________________________________

Telefone: ______________________________

Data da avaliação:_______________________

Encaminhado por: _______________________

Doença de base: ________________________

Peso: __________

Traqueostomia: Plástica ( ) Metal ( ) Cuff ( ) Não usa ( )

Internação: Sim ( ) Não ( ) Tempo: ________________

Forma que é oferecida a alimentação:

Mamadeira ( ) Colher ( ) Copo ( ) Canudo( ) Sonda ( )

Consistência: Líquida ( ) Pastosa ( ) Sólida ( )

Sucção não-nutritiva: Adequada ( ) Inadequada ( )

Complicações pulmonares antes do exame: Sim ( ) Não ( )

Quais: Tosse seca ( ) ______ dias Tosse com catarro ( ) ______ dias Dor torácica ( ) ______ dias Dificuldade respiratória ( ) ______ dias Febre ( ) ______ dias Condição pulmonar (informação do prontuário): _________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

18

2. Resultados e achados da Videofluoroscopia

Data do exame:_________________

Postura durante a alimentação

Controle cefálico: Ausente ( ) Incipiente ( ) Presente( )

Postura cefálica: Hiperextensão ( ) Flexão ( ) Adequada ( )

Outros: __________________________________

Controle de tronco: Ausente ( ) Presente ( )

Posição: Sentado c/ apoio ( ) Sentado s/ apoio ( ) Semi-inclinado

Visão radiográfica: Lateral ( ) Anteroposterior ( )

Apresentação do alimento

Dieta ofertada:

( ) Líquido: ( ) água _____ml

( ) suco______ml

( ) Néctar: 200 ml líquido + 10 gr espessante comercial (2 sachês)

( ) Mel: para 200ml liquido = 12,5 gr espessante (2 ½ saches)

( ) Pudim: 200 liquido = 15 gr espessante (3 sachês)

( ) Sólido: bolacha clube social

Utensílios: Mamadeira ( ) Copo ( ) Seringa ( ) Colher ( ) Canudo ( )

Volume do alimento ofertado: Líquido ____ Néctar ____

Mel ____ Pudim ____

Intercorrências durante o exame: Cianose ( ) Vômito ( ) Cansaço ( )

Engasgo ( ) Outras( ) ______________________________________

19

3- CONSISTÊNCIAS E ACHADOS DA AVALIAÇÃO CLÍNICA DA

DEGLUTIÇÃO

Pudim Mel Néctar LÍQUIDO

1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3

FASE ORAL

CAPTAÇÃO DO BOLO VEDAMENTO LABIAL

PREPARO DO BOLO ESCAPE EXTRA-ORAL TEMPO DE TRÂNSITO COORDENAÇÃO ENTRE FASE ORAL E FASE FARÍNGEA

VEDAMENTO VELOFARINGEO

RESÍDUOS EM CAVIDADE ORAL PÓS DEGLUTIÇÃO FASE FARÍNGEA SINAIS CLINICOS DE ASPIRAÇÃO

SE PRESENTE?

REFLEXO DE TOSSE

DISPNÉIA VOZ MOLHADA PIGARRO DESCONFORTO DEGLUTIÇÕES MULTIPLAS

REFLUXO GASTROESOFÁGICO

LEGENDA: E = EFICIENTE; NE= NÃO EFICIENTE;

P = PRESENTE; A= AUSENTE; T =TARDIO.

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ANEXO IV

ACOMPANHAMENTO FONOAUDIOLÓGICO

Data de retorno: ____________________

Sintomas apresentados

Tosse freqüente: Sim ( ) Não ( )

Dor torácica: Sim ( ) Não ( )

Febre: Sim ( ) Não ( )

Diminuição na ingestão de alimentos: Sim ( ) Não ( )

Complicações pulmonares após o exame: Sim ( ) Não ( )

Quais: Tosse seca ( ) ______ dias

Tosse com catarro ( ) ______ dias

Dor torácica ( ) ______ dias

Dificuldade respiratória ( ) ______ dias

Febre ( ) ______ dias

Radiografia de tórax: Sim( ) Não ( )

Resultado: ______________________________________________________

______________________________________________________________________

________________________________________________________

Avaliação

Traqueostomia: Plástica ( ) Metal ( ) Cuff ( ) Não usa ( )

Sucção não-nutritiva: Adequada ( ) Inadequada ( )

Reflexo de vômito: Presente ( ) Ausente ( )

Oferta: Líquido ( ) Pastoso ( ) Sólido ( )

Volume: ______________________________

Vedamento labial: Suficiente ( ) Ineficiente ( )

21

Número de deglutições: _____________________

Cianose: Sim ( ) Não ( )

Elevação laríngea: Adequada ( ) Inadequada ( )

Ausculta: Adequada ( ) Alterada ( )

Engasgo: Presente ( ) Ausente ( ) ___________

Reflexo de tosse: Presente ( ) Ausente ( )

Qualidade da voz: ________________________________________________

Observações:____________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

__________________________________________

Estagiária: ______________________________________________________

Orientador (a): ___________________________________________________

22

ANEXO V

CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DA DISFAGIA Á

VIDEOFLUOROSCOPIA :

Dinâmica da deglutição alterada evidencia:

Deglutição normal ( )

Disfagia leve: ( ) se o controle e o transporte do bolo estiverem atrasados ou se ocorrer

leve estase faríngea, sem penetração laríngea.

Disfagia moderada: ( ) incluindo alteração no transporte oral, estase faríngea com

todas as consistências, penetração laríngea ou leve aspiração com somente uma

consistência;

Disfagia grave: ( ) se ocorre aspiração substancial ou o paciente não desencadeia

deglutição.

(OTT et al., 1996).

23

ANEXO VI

FUNCTIONAL ORAL INTAKE SCALE-FOIS

IV - Escala FOIS

Nível 1: Nada por via oral ( )

Nível 2: Dependente de via alternativa e mínima via oral de algum alimento

ou líquido ( )

Nível 3: Dependente de via alternativa com consistente via oral de alimento

ou líquido ( )

Nível 4: Via oral total de uma única consistência ( )

Nível 5: Via oral total com múltiplas consistências, porém com necessidade de preparo

especial ou compensações ( )

Nível 6: Via oral total com múltiplas consistências, porém sem necessidade de preparo

especial ou compensações, porém com restrições alimentares ( ).

Nível 7: via oral total sem restrições ( )

(CRARY et al, 1995)