estudo prospectivo com uso da punÇÃo aspirativa com agulha...

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9 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE ESTUDO PROSPECTIVO COM USO DA PUNÇÃO ASPIRATIVA COM AGULHA FINA E BIÓPSIA POR AGULHA GROSSA NO DIAGNÓSTICO DE LESÕES MAMÁRIAS SUSPEITAS DE MALIGNIDADE Mestranda: Dioga Ana Mattiello Orientador: Gustavo Py Gomes da Silveira Co-orientador: Cláudio Galleano Zettler Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Patologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre como requisito para a obtenção do grau de Mestre 2008

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    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM PATOLOGIA

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE CINCIAS DA SADE DE PORTO ALEGRE

    ESTUDO PROSPECTIVO COM USO DA PUNO ASPIRATIVA COM AGULHA FINA E BIPSIA POR AGULHA

    GROSSA NO DIAGNSTICO DE LESES MAMRIAS SUSPEITAS DE MALIGNIDADE

    Mestranda: Dioga Ana Mattiello Orientador: Gustavo Py Gomes da Silveira

    Co-orientador: Cludio Galleano Zettler

    Dissertao submetida ao Programa de Ps-Graduao em Patologia da Universidade Federal de Cincias da Sade de

    Porto Alegre como requisito para a obteno do grau de Mestre

    2008

  • Livros Grtis

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  • 10

    ESTUDO PROSPECTIVO COM USO DA PUNO ASPIRATIVA COM AGULHA FINA E BIPSIA POR AGULHA

    GROSSA NO DIAGNSTICO DE LESES MAMRIAS SUSPEITAS DE MALIGNIDADE

    Mestranda: Dioga Ana Mattiello

    Orientador: Gustavo Py Gomes da Silveira Co-orientador: Cludio Galleano Zettler

    Dissertao submetida ao Programa de Ps-Graduao em Patologia da Universidade Federal de Cincias da Sade de

    Porto Alegre como requisito para a obteno do grau de Mestre

    2008

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    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    M444e Mattiello, Dioga Ana

    Estudo prospectivo com uso da puno aspirativa com agulha fina e bipsia por agulha grossa no diagnstico de

    leses mamrias suspeitas de malignidade / Dioga Ana Mattiello; orient. Gustavo Py Gomes da Silveira; co-orient.

    Cludio Galleano Zettler. Porto Alegre: UFCSPA, 2008. vi, 126 fls.; graf; il. tab.

    Dissertao (Mestrado) Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre. Programa de Ps-Graduao em Patologia.

    1. Carcinoma de mama. 2. Puno aspirativa-agulha fina. 3. Bipsia-agulha grossa. 4. Leses nodulares. I. Gomes da Silveira,

    Gustavo Py. II. Zettler, Cludio Galleano. III. Ttulo. CDD 6l6.994 49

    Ruth B. F. Oliveira. Bibliotecria CRB10/501

    DEDICATRIA

  • 12

    Dedico este trabalho minha famlia italiana, que me influenciou a sempre estudar e apreender com tudo e com todos a cada dia.

    Em especial, aos meus pais, Lino e Vera, por todo amor, carinho, compreenso, educao a mim ensinados todos estes anos,

    compartilhando os momentos de dificuldade de mais esta nova etapa.

  • 13

    AGRADECIMENTOS

    Ao Dr. Gustavo Py Gomes da Silveira, pela confiana sempre a

    mim depositada desde o incio de minha especializao e por seu

    estmulo para eu ingressar na Ps-Graduao.

    Ao Dr. Cludio Galleano Zettler, fundamental em todas as etapas

    desde trabalho e pela orientao desde o incio de minha formao

    mdica.

    Dra. Larissa Isabela Batista, tambm fundamental e grande

    incentivadora da concluso desta tese. Pelo carinho e modelo de

    profissional em minha formao.

    Ao Dr. Augusto Csar Valle Obando, incentivador e colaborador

    importante da realizao desde trabalho.

    Dra. Fernanda Kraemer, pela disponibilidade e fundamental

    participao no auxlio realizao dos exames de imagem e

    aconselhamento da reviso bibliogrfica.

    Ao Dr. Rui Luzzatto, pela ajuda na organizao das lminas de

    citopatologia e aconselhamento da reviso bibliogrfica.

    toda Equipe do Arquivo do Hospital Santa Rita, em especial,

    Albeluci e Sonia, pela ajuda na localizao de alguns pronturios.

    s tcnicas de Enfermagem do Ambulatrio do Hospital Santa Rita,

    Walderesa e Simone, pela dedicao e organizao do material

    para realizar todos os procedimentos.

  • 14

    s secretrias do Ambulatrio do Hospital Santa Rita, na

    organizao dos horrios e cadastro de pacientes, ano de atuao

    2005/2006/2007.

    Aos residentes do Servio de Ginecologia e Obstetrcia da

    Universidade Federal de Cincias da Sade de Porto Alegre na

    busca de pacientes, em especial as turmas de concluso da

    Residncia nos anos de 2007 e 2008.

    Aos colegas de Mestrado, agora grandes amigos, que me

    ajudaram nesta jornada.

    mestranda Michele Bertoncello Spader, que alm de colega e

    amiga, compartilhou comigo os momentos de dificuldade na

    concluso deste trabalho.

    Ao meu querido irmo Diego, pelo amor, carinho e ajuda na

    organizao informatizada desta tese.

    Nice, pela dedicao, carinho, compreenso e apoio constante a

    mim depositado e a mais completa ateno aos alunos da Ps-

    Graduao.

  • 15

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Abreviaturas e Siglas (Reviso da Literatura e Artigo)

    ACR: American College of Radiology

    ACS: American Cancer Society

    AJCC: American Joint Committee on Cancer

    AFNP: Alterao Fibrocstica No-proliferativa

    ANVISA: Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    ASC: American Society of Cancer

    ASCO: American Society of Clinical Oncology

    AP: Anatomopatolgico

    BAG: Bipsia por agulha grossa

    BIRADS: Breast Imaging Reporting and Data System

    CDI: Carcinoma ductal infiltrante

    CDIS: Carcinoma ductal in situ

    CHSCPA: Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre

    CLI: Carcinoma lobular infiltrante

    CLIS: Carcinoma lobular in situ

    CNB: Core needle biopsy

    COBRA: Core Biopsy after RAdiological localization

    EF: exame fsico

    EUA: Estados Unidos da Amrica

    f: Freqncia

    FNAC: Fine needle aspiration cytology

  • 16

    INCA: Instituto Nacional do Cncer

    HDA: Hiperplasia ductal atpica

    HLA: Hiperplasia lobular atpica

    MMG: Mamografia

    NCCN: National Comprehensive Cancer Network

    NCI: National Cancer Institute

    NHS: National Health Service

    OMS: Organizao Mundial da Sade

    PAAF: Puno aspirativa por agulha fina

    RDGO: Radiologic Diagnostic Oncology Group 5

    RS: Rio Grande do Sul

    SPSS: Statistical Package for the Social Sciences

    TI: Tamanho imagem

    TP: Tamanho patologia

    US: Ultra-sonografia

    SUMRIO

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........ ...........................................VII INTRODUO........................................................................................... 9 1 REVISO DA LITERATURA.................. 1Erro! Indicador no definido. 1.1 Cncer de Mama................................. 1Erro! Indicador no definido. 1.1.1 Epidemiologia................................... 1Erro! Indicador no definido. 2.1 Diagnstico ........................................... Erro! Indicador no definido. 2.1.1 Exame Fsico .................................................................................. 17 2.1.2 Mamografia ........................................ Erro! Indicador no definido. 2.1.3 Ultra-sonografia Mamria................. Erro! Indicador no definido.53.1 Tcnicas Diagnsticas ....................................................................... 27

  • 17

    3.1.1 PAAF............................................................................................... 27 3.1.2 BAG ................................................................................................ 33 4.1 Patologia ............................................................................................ 43 4.1.1 Citologia .......................................................................................... 43 4.2.1 Histopatolgico................................................................................ 52 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS......................................................... 57 2. OBJETIVOS......................................................................................... 67 2.1 OBJETIVO PRINCIPAL...................................................................... 67 2.2 OBJETIVOS SECUNDRIOS............................................................ 67 ARTIGO EM INGLS............................................................................... 68 ARTIGO EM PORTUGUS ..................................................................... 94

    ANEXO

    Figura 1. PAAF........................................................................................122 Figura 2. BAG ........................................................................................ 122 Figura 3. Primeiro citopatolgico de carcinoma de mama ..................... 123 Figura 4. Citopatolgico de CDI ............................................................. 123 Figura 5. Citopatolgico de CLI ............................................................. 124 Figura 6. Histologia HDA........................................................................ 124 Figura 7. Histologia CLIS e CLI.............................................................. 124 Figura 8. Histologia CDI ......................................................................... 125Termo de Consentimento....................................................................... 126 Instrumento de Pesquisa ....................................................................... 127 Figura 9. Citopatolgico suspeito (BAG: HDA e AP: CDI)...................... 128 Figura10. Citopatolgico suspeito (BAG: CDI e AP: CDI) ...................... 128 Figura 11. Citopatolgico maligno (CDI e CLI) 129

    INTRODUO

    A Organizao Mundial da Sade (OMS) estima que ocorram mais

    de um milho de casos novos de cncer de mama por ano, em todo o

    mundo. (INCA, 2008).

    Cerca de cento e oitenta mil mulheres so diagnosticadas com

    cncer de mama anualmente nos Estados Unidos da Amrica (EUA). Esta

    doena a segunda causa mais importante de morte por cncer entre

  • 18

    mulheres americanas principalmente na faixa etria dos 40 aos 55 anos

    (WILLETT et al., 2002).

    O cncer de mama apresenta, tambm, alta incidncia no Norte da

    Europa, no Leste Europeu e na Amrica Latina. Nos pases considerados

    de baixo risco para a doena, como China, ndia e Coria, as estatsticas

    mostram um aumento nas taxas de incidncia e de mortalidade (WILLETT

    et al., 2002).

    No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Cncer (INCA),

    a taxa de mortalidade por esta enfermidade apresentou um aumento

    considervel entre os anos de 1979 e 2000, passando de 5,77 para

    9,74/100.000 mulheres (INCA, 2008).

    O diagnstico precoce do cncer de mama tem sido mais

    preconizado a cada dia. A divulgao da realizao do auto-exame para

    as mulheres, campanhas a respeito da conscientizao do cncer de

    mama, formao de Ligas de combate ao cncer, juntamente com a

    Sociedade Brasileira de Mastologia tm alertado a populao ao maior

    cuidado em relao ao diagnstico desta doena.

    Quando o exame fsico da mama apresenta-se com alguma

    modificao, exames de imagem devem ser realizados. Caso seja

    identificado algum ndulo, uma bipsia deve ser feita a seguir, para se

    descobrir o diagnstico da doena.

    Atualmente, existem vrias formas de obteno de material para

    anlise. A puno aspirativa com agulha fina (PAAF) tem sido usada por

  • 19

    mais de oito dcadas para o diagnstico de leses mamrias. Esta j

    considerada um procedimento estabelecido para investigao de ndulos,

    quer seja atravs da palpao direta do mesmo ou realizado atravs da

    mamografia (MMG) ou ultra-sonografia (US) no caso das leses no-

    palpveis.

    A vantagem da PAAF, alm de ser um mtodo simples, barato e

    fcil de ser executado, que no requer nenhum tipo de anestesia.

    Outra forma de obteno de material para anlise atravs da

    bipsia por agulha grossa (BAG), onde tecido para anlise histolgica

    obtido.

    Este estudo busca avaliar a acurcia da PAAF (citologia) em um

    grupo de pacientes femininas num Ambulatrio de Mastologia de Porto

    Alegre, comparando os resultados com o padro-ouro BAG (histologia) e

    peas anatomopatolgicas da cirurgia final para obteno de material

    histolgico.

    1 REVISO DA LITERATURA

    1.1 Cncer de Mama

    1.1.1 Epidemiologia

    O cncer de mama, na populao mundial, uma doena de alta

    prevalncia e de importante morbimortalidade. Um tero das mulheres

  • 20

    afetadas morrero devido doena. Uma mulher que vive at os 90 anos

    de idade tem uma chance em oito de desenvolver cncer de mama.

    A incidncia de cncer mamrio comeou a aumentar em 1980.

    deteco por triagem mamogrfica nesse perodo pode ter contribudo

    para este aumento. Outro efeito, que o estdio em que as mulheres so

    diagnosticadas foi reduzido na atualidade, na chamada fase precoce: o

    carcinoma ductal ou lobular in situ ou pequenos carcinomas invasivos

    sem metstases (microinvasor).

    Este efeito sobre a taxa de mortalidade permaneceu relativamente

    constante at a reduo registrada em 1990. Felizmente, estes nmeros

    continuaram como resultado da triagem precoce e do melhor tratamento.

    A prevalncia aumentou devido ao envelhecimento da populao e

    o aumento da sobrevida dos pacientes nos ltimos anos. O tratamento

    mdico adjuvante tem contribudo para a reduo da mortalidade.

    (VERONESI, 2002).

    A Sociedade Americana de Cncer (ACS) e Sociedade Americana

    Clnica de Oncologia (ASCO) estima que nos EUA, referente aos dados

    de 2008, 182.460 mulheres sero diagnosticadas com cncer e 40.480

    morrero desta enfermidade (ACS e ASCO, 2008).

    A probabilidade de desenvolver cncer de mama ser de uma a

    cada oito mulheres nos EUA, baseado em dados coletados no perodo de

    2001-2003. Referente aos dados de 2004, 553.888 foram os casos de

    morte por cncer nos EUA, correspondendo a 23,1% do total de causas

  • 21

    de morte. Destes 270.100 mortes esto relacionadas a cncer de mama

    em mulheres americanas (15%) (CDC, 2008).

    O nmero de casos tem diminudo em comparao s estatsticas

    anteriores, porm o cncer de mama ocupa o segundo lugar em

    mortalidade, perdendo apenas para o cncer de pulmo (AJANI et al,

    2004).

    J na Europa, a incidncia do cncer de mama de 109,9/100.000

    mulheres por ano, com ndice de mortalidade de 38,4/100.000 por ano. A

    incidncia tambm tem aumentado com a idade. A mortalidade

    determinada pelo estdio da doena e a possibilidade de realizao do

    tratamento (PESTALOZZI & CASTIGLIONE, 2008).

    Em locais como a sia, talvez devido s mudanas de hbitos

    reprodutivos, de estilo de vida, rpida urbanizao, ao consumo de

    produtos industrializados, tambm esto tendo um aumento da incidncia

    desta doena. Em Singapura, j considerada a principal doena maligna

    entre as mulheres. No Japo e na China, o cncer de mama a segunda

    causa de morte em mulheres (CHEW et al., 2006).

    Na dcada de 90, este foi o cncer mais freqente no Brasil. As

    maiores taxas de incidncia foram observadas em So Paulo, no Distrito

    Federal e em Porto Alegre (WILLETT et al.,2002).

    Alm disso, o cncer de mama constitui-se na primeira causa de

    morte entre as mulheres, registrando-se uma variao percentual relativa

    de mais de 80% em pouco mais de duas dcadas. A taxa de mortalidade

  • 22

    padronizada por idade aumentou de 5,77 em 1979, para 9,74/100.000

    mulheres em 2000 (Ministrio da Sade, 2002).

    A estimativa do cncer de mama para o ano de 2008 no Rio

    Grande do Sul de 4.880 casos, com uma taxa bruta de 85,5/100.000

    mulheres do total de 23.220 de todas as neoplasias (INCA, 2008).

    Em Porto Alegre, foram estimados 950 casos, com uma taxa bruta

    de 119,2/100.000 do total de 4.380 casos de todas as outras neoplasias

    (nmeros arredondados para mltiplos de 10) (INCA, 2008).

    No Hospital do Cncer Santa Rita Complexo Hospitalar Santa

    Casa de Porto Alegre (CHSCPA) em 2000, os dados mostraram que em

    866 casos atendidos, 50,5% apresentaram estdio II (tamanho tumoral 2

    a 5 cm), enquanto que nos EUA, 41% encontram-se no estdio I

    (tamanho tumoral menor que 2 cm). Em nosso pas, o cncer de mama se

    apresenta em estdio mais avanado no diagnstico inicial (SILVEIRA,

    2008).

    O carcinoma de mama tem incidncia e mortalidade de tal modo

    elevada que deve ser considerado um problema no apenas social, mas

    sim de sade pblica.

    2.1 Diagnstico

  • 23

    O diagnstico do cncer base do tratamento. As caractersticas

    da doena refletem, em sua histria natural ou biolgica e nas

    informaes prognsticas.

    O diagnstico clnico baseado na histria clnica (anamnese), no

    exame fsico da mama e nos exames de imagem bsicos (MMG e US

    mamria). Os diversos achados nos exames caracterizam uma leso

    mamria em benigna ou maligna (VARGAS et al., 2003).

    O diagnstico patolgico refere-se aos achados da citologia ou a

    anlise de tecidos que compe a leso. A interpretao desses achados

    a palavra final que fecha o resultado diagnstico (VARGAS et al., 2003).

    Em pases onde os recursos diagnsticos so escassos e at

    mesmo nos pases desenvolvidos, mais da metade das mulheres com

    cncer de mama apresentam sinais e sintomas no incio da doena. Estas

    informaes clnicas podem sugerir fortemente a diferenciao entre uma

    leso benigna e maligna de mama, j na primeira consulta mdica

    (ANDERSON et al., 2003).

    Um painel realizado pelo Breast Health Global Initiative discutiu a

    respeito do diagnstico das leses mamrias sugestivas de cncer em

    2003 e aps nova classificao desta anlise foi feita em 2006.

    A concluso foi de que quatro reas especficas devem ser

    introduzidas para que possamos atingir o principal objetivo no diagnstico

    do cncer de mama: campanhas de sade pblica para orientao dos

    sinais e sintomas do cncer, exame fsico da paciente, exames de

  • 24

    imagem e anlise patolgica do tumor (SHYYAN et al., 2003 e SHYYAN

    et al., 2006).

    Na reviso feita em 2006 pelo mesmo Breast Health Global

    Initiative, o consenso publicou que o diagnstico do cncer de mama deve

    ser dividido em trs nveis: bsico histria, exame fsico e PAAF; nvel

    intermedirio exames de imagem, aspiraes e bipsias guiadas por

    MMG ou US, alm de exames simples de diagnstico de metstases

    (coleta de sangue, ultra-sonografia abdominal e raio-x de trax); nvel

    avanado anatomopatolgico obrigatrio, leses pr-localizadas,

    cintilografia ssea e o nvel mximo pesquisa do linfonodo sentinela,

    estudo imunohistoqumico e exames de imagem avanados (SHYYAN et

    al., 2003 e SHYYAN et al., 2006).

    O chamado trplice diagnstico: exame fsico, MMG e PAAF so

    os primeiros passos nas leses mamrias sintomticas, segundo o NHS

    Breast Screening Program no Reino Unido (KAUFMAN et al., 1994; LAU

    et al., 2004; PILGRIM & RAVICHANDRAN, 2005; TAN et al., 2002).

    Este diagnstico a investigao standard para qualquer tipo de

    leso mamria. O exame fsico, MMG ou US e a PAAF ou a BAG

    aumentam a deteco diagnstica pr-operatria do carcinoma de mama.

    O uso combinado destas tcnicas aumenta a sensibilidade do diagnstico

    de cncer de mama se comparado com o uso delas em separado (TAN et

    al., 2002).

  • 25

    Cada mtodo de avaliao tem suas limitaes. O importante

    termos uma combinao dos mesmos para uma avaliao mais adequada

    e eficaz (BARRA et al., 2004).

    Diversos so os exames que devem ser realizados antes de levar a

    paciente ao tratamento definitivo, no sentido de se chegar a um

    diagnstico mais exato possvel (COABS et al., 1977). Artigos de dcadas

    passadas j descreviam a respeito da necessidade de antes de levarmos

    a paciente ao tratamento definitivo, exames diagnsticos devem ser

    realizados.

    A melhoria na qualidade da mamografia e a introduo da PAAF

    para diagnstico citolgico dos ndulos mamrios, alm da atual BAG

    ensejaram a possibilidade de o paciente ir para a sala de cirurgia com um

    pr-diagnstico bastante preciso.

    2.1.1 Exame Fsico

    O exame fsico (EF) da mulher com uma leso mamria

    imprescindvel. Deve-se avaliar a paciente em duas posies principais

    classificadas como: inspeo esttica e dinmica.

    A avaliao consiste em observar todo o trax, alm de palpao

    das fossas axilares, supraclaviculares e cervicais bilaterais. Uma massa

  • 26

    na mama, mamilos retrados ou invertidos e mudanas na cor da pele so

    freqentemente sintomas iniciais do cncer de mama que merecem

    ateno (VETTO et al., 1995).

    O tamanho do tumor e sua localizao tambm podem ser

    avaliados atravs do EF. Essa classificao foi denominada de TNM em

    1942.

    Este se baseia em atribuir um prognstico aos tumores de acordo

    com o tamanho tumoral (T), presena e extenso da doena para

    linfonodos loco-regionais (N) e presena de metstases distncia (M).

    Vrias revises j foram feitas desde a sua instituio at os dias

    de hoje pela American Joint Committee on Cancer (AJCC), sendo a ltima

    publicada no incio de 2003 (SYNGLETARY et al., 2002).

    A classificao clnica utilizada para fazer a indicao do

    tratamento loco-regional. baseada nas evidncias colhidas na

    anamnese, exame fsico, MMG e US loco-regional, exames clnicos e

    radiolgicos sistmicos.

    Quanto classificao do tumor (T) temos:

    Tx: O tumor primrio no pode ser encontrado

    T0: Sem evidncias de tumor primrio

    Tis: Carcinoma in situ (CDIS, CLIS, Paget do mamilo sem tumor)

    T1: Tumor menor ou igual a 2 cm na maior extenso

    T1mic: Microinvaso menor igual a 0,1 cm na maior extenso

    T1a: Tumor maior que 0,1 cm e menor igual a 0,5 cm

  • 27

    T1b: Tumor maior que 0,5 cm e menor igual a 1 cm

    T1c: Tumor maior que 1 cm e menor igual a 2 cm

    T2: Tumor maior que 2 cm e menor ou igual a 5 cm

    T3: Tumor maior que 5 cm

    T4: Tumor de qualquer tamanho com extenso para fora da mama

    T4a: Extenso para parede torcica (no msculo peitoral)

    T4b: Extenso para pele (edema, peau dorange, ulcerao,

    ndulos satlites)

    T4c: Ambos T4a e T4b

    T4d: Carcinoma inflamatrio

    Quanto aos linfonodos regionais (N):

    Nx: Os linfonodos regionais sem diagnstico ou removidos

    previamente

    N0: Sem evidncias de metstases

    N1: Metstases em linfonodos axilares ipsilaterais mveis

    N2: Metstases em linfonodos axilares fixos

    N2a: Metstases para linfonodos axilares ipsilaterais fixos entre si

    ou a outras extenses

    N2b: Metstases somente com evidncia clnica para mamria

    ipsilateral sem comprometimento axilar

    N3: Metstases para linfonodos ipsilaterais infraclaviculares ou

    mamrias internas sem axila ou supraclaviculares com ou sem axila

    N3a: Metstases para linfonodo ipsilateral infraclavicular

  • 28

    N3b: Metstases para linfonodos ipsilateral mamria interna e

    axilares

    N3c: Metstases para linfonodos ipsilateral supraclacivular

    Quanto a metstases distncia (M):

    Mx: Metstases distncia no podem ser encontradas

    M0: Sem metstases distncia

    M1: Metstases distncia

    O agrupamento em estdios:

    Estdio 0: TisN0M0

    Estdio I: T1N0M0

    Estdio IIA: T0N1M0; T1N1M0; T2N0M0

    Estdio IIB: T2N1M0; T3N0M0

    Estdio IIIA: T0N2M0; T1N2M0; T2N2M0; T3N1,N2M0

    Estdio IIIB: T4N0,N1,N2M0, qualquer T N3M0

    Estdio IV: qualquer T qualquer N M1

    (NCCN, 2008)

    O AJCC recomenda que os resultados da cirurgia/avaliao

    patolgica sejam simplesmente relatados como um estadiamento

    patolgico final (pTNM), mas no alterem o estdio clnico.

    O estadiamento no cncer de mama serve para desenhar o

    tratamento especfico, trocar informaes cientficas e avaliar o estado de

    deteco atual de cncer em um pas ou comunidade (BARROS &

    BUZAID, 2007).

  • 29

    A medida do tamanho tumoral feito na primeira consulta prediz o

    prognstico da doena. Diversos estudos relatam a respeito da influncia

    desde achado, dividindo o prognstico a partir do tamanho dos ndulos

    entre maiores e menores de 2 cm (DENNISON et al., 2003).

    A sobrevida livre de doena das pacientes com cncer de mama

    est totalmente relacionada ao tamanho tumoral (YANG et al., 2005).

    Na palpao da mama, tem-se uma sensibilidade manual nos

    ndulos de aproximadamente 1 cm em mamas com caracterstica de

    liposubstituio. Ndulos inferiores a este tamanho, o diagnstico preciso

    s pode ser feito atravs de exames de imagem.

    2.1.2 Mamografia

    A MMG o principal exame no rastreamento do cncer de mama.

    o mtodo mais eficiente para diagnosticar tumores menores que 1 cm.

    Segundo a ACS, o National Cancer Institute (NCI) e a Organizao

    Mundial da Sade (OMS), o chamado screening mamogrfico deve ser

    iniciado aos 40 anos. Em casos onde a histria familiar positiva ou

    ocorrer mutao de genes (BRCA1, BRCA2 e p53), o rastreamento

    mamogrfico deve iniciar aos 25 anos ou cinco a dez anos mais cedo do

    que a idade do familiar acometido (BOFF et al., 2008).

    Na abordagem de leses com suspeita clnica de malignidade, a

    MMG est indicada em qualquer faixa etria, sendo que a alta densidade

  • 30

    do parnquima mamrio em pacientes com pouca liposubstituio,

    diminui a sua sensibilidade, tornando a US como o principal exame

    propedutico complementar (BARRA et al., 2004).

    Esse exame, iniciado como screening, nos EUA na dcada de 80,

    trouxe um aumento nas taxas de diagnstico de carcinoma iniciais,

    principalmente do CDIS (FRYKBERG, 1997).

    A reduo da taxa de mortalidade depende da deteco precoce,

    do planejamento teraputico adequado e do uso da MMG anual como

    mtodo de rastreamento.

    Juntamente com o exame fsico, a MMG capaz de reduzir a

    mortalidade em 20-30% em mulheres acima de 50 anos. Diversos

    estudos tm demonstrado uma diminuio na mortalidade de 11% em

    mulheres entre 35 a 49 anos e 26% em mulheres acima dos 50 anos

    (DUFFY et al., 2002; NEWMAN & SABEL, 2003; KOLB et al., 2002).

    As vantagens obtidas com a antecipao do diagnstico, a reduo

    da mortalidade do tumor de mama e a melhora da qualidade de vida por

    meio da interveno cirrgica conservadora so todas atribudas MMG

    (VERONESI, 2002).

    Porm, uma avaliao ratificada pela Cochrane pe em dvida o

    valor da MMG de rastreamento na reduo da mortalidade (MUSHLIN et

    al., 2001).

    O procedimento tem elevada acurcia para o rastreamento de

    leses malignas no-palpveis em mulheres assintomticas. A MMG de

  • 31

    rastreamento utiliza pelo menos, quatro incidncias, duas oblquo-mdio-

    lateral e duas crnio-caudal, em alguns casos so indicados incidncias

    especficas: compresso localizada, magnificao ou ampliao (PIATO &

    PIATO, 2006).

    O cncer de mama geralmente se traduz em 60 a 70% dos casos

    como ndulo espiculado, de margens irregulares, sem calcificaes

    MMG. Ndulos com calcificaes correspondem a 20% dos casos (BOFF

    & WISINTAINER, 2006).

    A MMG tem uma sensibilidade de 98% em mamas adiposas e 55%

    em mamas densas, necessitando neste caso de associao com outros

    exames diagnsticos para aumentar sua acurcia. A especificidade varia

    de 94-97% (BOFF et al., 2008; PAULINELLI et al., 2003).

    Em tumores palpveis, a sensibilidade e a especificidade da MMG

    variam de 72-94% e o nmero de falso-positivos de 8-22,4%. Nestes

    casos, a MMG tem a finalidade de verificar a presena de outros achados

    na mama ipsilateral e contralateral que caracterizam uma leso

    multicntrica, podendo modificar at o tratamento final (BARRA et al.,

    2004).

    Em 1992, o American College of Radiology (ACR), elaborou um

    sistema de padronizao de informaes da MMG denominado BI-

    RADS (Breast Imaging Reporting and Data System). Este tem como

    objetivo principal a reduo das discordncias na interpretao, a

    padronizao de laudos e orientao da conduta.

  • 32

    Novas edies foram publicadas em 1995, 1998 e 2003. Em 2003,

    o ACR atualizou o BI-RADS em sua quarta edio, considerando os

    seguintes achados:

    Categoria 0: Necessidade de complemento com outro exame de

    imagem.

    Categoria 1: Risco de 0% para cncer de mama. As mamas so

    simtricas e no apresentam achados que meream descrio no laudo.

    Categoria 2: Risco de 0% para cncer de mama. Achados

    tipicamente benignos (fibroadenomas calcificados, cistos oleosos,

    lipomas, hamartomas, linfonodos intramamrios e presena de prteses).

    Categoria 3: Os achados so provavelmente benignos. O risco

    para cncer de mama menor ou igual a 2% (ndulos circunscritos,

    fibroadenomas sem calcificao, microcalcificaes puntiformes

    agrupadas). Necessidade de observao cuidadosa e repetir o exame em

    seis meses.

    Categoria 4: Achados suspeitos. A bipsia deve ser considerada.

    O risco varivel de cncer de mama de 2 a 90%. Atualmente dividida

    em trs subcategorias:

    Categoria 4A: Achados que merecem investigao

    histopatolgica, porm tm pouca suspeita de malignidade. O risco para

    cncer de mama menor ou igual a 5%. Nestes casos, aps, o resultado

    da bipsia ser benigno pode-se fazer o controle mamogrfico em seis

    meses ou seguimento de rotina.

  • 33

    Categoria 4B: So leses com grau intermedirio de suspeita de

    malignidade. O risco para cncer de mama menor ou igual a 25%.

    Ndulos com margens parcialmente indefinidas.

    Categoria 4C: Maior suspeita de carcinoma. praticamente

    esperado um achado de malignidade nesta categoria. O risco para cncer

    de mama de aproximadamente 70%. Os achados podem ser ndulos

    mal definidos, irregulares ou um novo agrupamento de microcalcificaes

    pleomrficas.

    Categoria 5: Altamente sugestiva de malignidade. O risco para

    cncer de mama maior ou igual a 95%. A imagem nesta categoria

    apresenta caractersticas clssicas de malignidade. A investigao cito-

    histolgica absolutamente necessria. Ndulos irregulares de alta

    densidade, espiculados ou microcalficicaes pleomrficas.

    Categoria 6: Casos de pacientes que foram submetidas bipsia

    prvia, MMG e o diagnstico histopatolgico confirmou presena de

    leso maligna, porm a leso no foi excisionada (ACR - RESTON, 1993;

    ACR RESTON, 1995; ACR-RESTON ,1998; ACR-RESTON, 2003;

    GUIMARES, 2006).

    2.1.3 Ultra-sonografia Mamria

    o segundo mtodo de importncia na propedutica mamria. A

    US mamria tem auxiliado no diagnstico do cncer de mama. A

  • 34

    especificidade da MMG tem sido aumentada em combinao com a US

    na avaliao de mamas densas de pacientes jovens e grvidas.

    A US teve um notvel avano nos ltimos anos, com equipamentos

    de alta resoluo (transdutores de 7,5 a 10 mHz), ampliando suas

    indicaes. Ela auxilia na caracterizao dos ndulos. A US tem sido

    usada como guia nos procedimentos de puno em ndulos no-

    palpveis, aspirao de cistos, PAAF, BAG, mamotomia, localizaes pr-

    cirrgicas com colocao de agulhas e injees de contraste (JACKSON,

    1997; MENKE et al., 2007).

    A US caracteriza os ndulos: quanto forma, margens e

    ecogenicidade. A US tem a capacidade de analisar os tecidos adjacentes,

    espessamentos e distores do parnquima mamrio. Alm disso, ela

    adiciona mais informaes diagnsticas para as leses detectadas na

    MMG ou no EF (CHUO & CORDER, 2003).

    Muitos estudos relatam que a US seria o melhor exame para

    mensurar o tamanho do tumor, porm outros descrevem a MMG, a

    ressonncia magntica ou a PET (tomografia com emisso de psitrons).

    A National Institutes of Health Consensus Development Panel e

    Consenso Internacional de St. Gallen em 2003, relatam que a

    combinao da MMG, US e da BAG determinam o tamanho real do tumor

    em 25% das pacientes com tumores menores de 1 cm (GOLSHAN et al.,

    2004).

  • 35

    Existem critrios ecogrficos que auxiliam na diferenciao de

    leses benignas e malignas. Stavros et al. descreveram os achados ultra-

    sonogrficos mais comuns em leses malignas: marcada

    hipoecogenicidade, sombra acstica posterior, margens angulares ou

    microlobuladas indistintas, espiculadas e dimetro ntero-posterior menor

    que o longitudinal. Demais achados tambm descritos: forma mal

    definida, contornos irregulares, ausncia de fenmeno de

    compressibilidade e aumento difuso da ecogenicidade do parnquima

    (STAVOS et al., 1995; PASQUALETTE et al., 2003).

    Um estudo realizado por Chen et al. comparou os resultados

    encontrados na US com a histopatologia das mesmas leses e o ndice

    de concordncia Kappa=0,8 foi encontrado. O exame realizado por um

    bom ecografista tem a capacidade de identificar com mais preciso as

    caractersticas de malignidade de uma leso mamria. Padro

    arquitetural, ecogenicidade, componente de poro slida e lquida da

    leso, tamanho e distribuio dentro dos ductos, fibrose do estroma

    possuem estruturas histopatolgicas similares ecotextura visualizada na

    US (CHEN et al., 2008).

    O ACR reconheceu tambm a necessidade de padronizar os

    laudos de US para graduar os achados e seu risco para leso maligna,

    semelhantes tambm ao BI-RADS mamogrfico descrio dos

    achados no exame, concluso, categoria e recomendao (CHALA &

    BARROS, 2004).

  • 36

    3.1 Tcnicas Diagnsticas

    3.1.1 PAAF

    A PAAF foi introduzida em 1930 e aceita como exame de primeira

    linha no diagnstico de leses mamrias. Com o passar dos anos, a

    tcnica foi se tornando com maior sensibilidade, especificidade e valor

    preditivo positivo (ELLIS & MARTIN, 1934).

    A PAAF para exame citolgico um importante instrumento

    diagnstico em patologia mamria por sua simplicidade e preciso. Ela

    pode ser realizada em qualquer consultrio e na primeira consulta no

    caso de leses palpveis ao EF.

    Tem como vantagens inquestionveis o baixo custo, a rapidez do

    diagnstico e at um alvio imediato no tratamento de algumas leses

    benignas, como na aspirao de cistos. A PAAF til em leses

    palpveis suspeitas de malignidade, no diagnstico de recorrncias e em

    leses inoperveis de carcinoma mamrio (CHAIWUN & THONER, 2007).

    A PAAF est indicada em todos os ndulos palpveis como auxiliar

    no diagnstico diferencial. Ela pode tambm ser realizada atravs de

    MMG ou US mamria no diagnstico de leses no-palpveis.

    Esse mtodo pode ser realizado em qualquer tipo de paciente,

    independente do uso de medicaes, sem contra-indicao. Poucos

  • 37

    efeitos colaterais como mnima dor e hematomas podem ocorrer no local

    da puno, porm de fcil absoro. Pneumotrax e infeco de pele so

    alteraes muito raras de ocorrer nas PAAFs.

    Os valores diagnsticos do exame variam conforme os estudos, em

    aproximadamente, uma sensibilidade do exame de 87%, especificidade

    em torno de 100%, valor preditivo positivo de 100% e valor preditivo

    negativo de 60 a 90%, falso-negativo de 2,5 a 17,9% e falso-positivo de

    2,5% (LAU et al., 2004; PIATO & PIATO, 2006; ROSAI & ACKERMANS,

    2004).

    Em combinao com o exame clnico e a MMG, a PAAF constitui o

    chamado diagnstico trplice, como j citado anteriormente.

    A PAAF um procedimento realizado com agulhas de 23 ou 25

    gauge. Em geral, utiliza-se seringa de 10 ou 20 ml adaptadas direto na

    agulha ou a um dispositivo puncionador, que permite a realizao da

    presso negativa com uma nica mo, enquanto a outra permanece livre

    para mobilizar ou localizar a leso (Anexo - figura 1) (ARIGA et al., 2002;

    ONEIL et al., 1997).

    Na literatura, diversos trabalhos tm utilizado diferentes materiais e

    tcnicas. Quanto ao nmero das agulhas so utilizados tamanhos de 21

    at 26 gauge e as seringas so de 5, 10 e 20 ml. O nmero de incurses

    realizadas no ndulo, segundo recomendaes, deve ser de pelo menos

    trs passagens at dez incurses para melhor resultado da citologia com

  • 38

    boa quantidade de material obtido (DENNISON et al., 2003; HE et al.,

    2007; ZAJICEK, 1974).

    O uso manual de puno mo livre ou uso de dispositivo

    acoplado (pistola) j foi tambm estudado e comparado. Freitas et al. da

    Universidade Federal de Gois publicou a respeito da comparao

    dessas duas tcnicas. Seus resultados mostraram que a PAAF realizada

    por esses dois mtodos so equivalentes, mas que a PAAF mo livre

    obteve menor nmero de amostras insuficientes (FREITAS et al., 2005).

    Com o uso atual da BAG, a PAAF teve sua importncia diminuda,

    porm ela permanece como exame diagnstico valioso nos locais onde os

    outros mtodos no so disponveis (BERNER et al., 2003).

    Alm disso, a diminuio da utilizao deste teste diagnstico

    deve-se em parte a inexperincia de citopatologistas nos grandes centros.

    A dificuldade de interpretao da amostra citolgica com resultado de

    doenas proliferativas benignas ou a incapacidade de distino entre

    carcinoma in situ em relao ao carcinoma invasor outro fator de

    confuso (WELLS et al., 1999; ZAGORIANAKOU et al., 2005).

    O nmero de resultados falso-positivos tem levado alguns

    cirurgies a no utilizarem esta tcnica como nica forma de diagnstico

    pr-operatrio das leses mamrias malignas, antes da cirurgia definitiva

    (WELLS et al., 1999; ZAGORIANAKOU et al., 2005).

  • 39

    Estudos confirmam que uma porcentagem significativa de at 10%

    de resultados falso-positivos pode ocorrer se considerarmos somente a

    citologia para diagnstico de uma leso de mama (NORTON, 1994).

    Porm, se sabe que este resultado raro e usualmente se deve

    das interpretaes erradas dos exames. Os resultados falso-negativos se

    devem mais aos efeitos de erro da amostra colhida do que de sua

    interpretao, alm da inexperincia de realizar a aspirao.

    Outros autores como Silveira et al., relatam que na dcada de 70,

    no Brasil, a PAAF foi um avano diagnstico. Entretanto, a ocorrncia

    rara, mas identificada de casos com falsa-positividade submetidos

    mastectomia com diagnstico de PAAF positiva para carcinoma antes da

    cirurgia, diminuiu o entusiasmo com o exame e esta tcnica deixou de ser

    uso rotineiro (SILVEIRA, 1982; SILVEIRA, 2003).

    Para melhorar a acurcia da PAAF e diminuir o nmero de

    amostras insatisfatrias, a associao da US para guiar o exame de

    grande valia, aumentando a sensibilidade diagnstica. Alm de ser um

    exame de fcil execuo, mais utilizado para aspirar leses no-

    palpveis. Eventualmente, em alguns locais esse exame acaba no

    sendo realizado devido aos custos (BOERNER et al., 1999).

    Segundo Kline et al., a PAAF deve ser usada para suplementar e

    no competir com o exame histolgico. Ishikawa et al. tambm afirmam

    que a PAAF no deve ser usada como nico exame diagnstico. Quando

    a leso diagnosticada como maligna na citologia, uma combinao com

  • 40

    o EF e exames de imagem podem definir a terapia cirrgica, sem o

    resultado histolgico da BAG (KLINE et al., 1979; ISHIKAMA et al., 2007).

    Em 1996, o NCI, numa conferncia realizada em Bethesda,

    Maryland, EUA, definiu os parmetros para a prtica da PAAF nas leses

    mamrias no intitulado: The uniform approach to breast fine needle biopsy

    (ABATI et al., 1997).

    Muitas instituies ao redor do mundo tm abandonado a PAAF,

    como o Reino Unido, os EUA e o Canad. Entretanto, tem sido ainda

    muito utilizada em pases j desenvolvidos como Grcia, Itlia, Austrlia e

    Japo. Assim como, em pases em desenvolvimento no momento: ndia,

    Paquisto, Nigria, Mxico e Tailndia (BULGARESI et al., 2006; LAU et

    al., 2004).

    Em mos experientes, a PAAF um excelente mtodo diagnstico

    de leses mamrias, principalmente em centros economicamente menos

    privilegiados, sendo um exame inicial e com baixo custo.

    A combinao do exame clnico e os achados da MMG e da US

    aumentam a acurcia da PAAF e o acerto diagnstico de cada paciente.

    Neste caso temos o chamado qudruplo diagnstico. Todos estes

    exames fazem parte do diagnstico multidisciplinar inicial, tanto em leses

    palpveis como nas leses impalpveis descobertas pelo screening

    mamogrfico. Entretanto, com a BAG ocorre um aumento maior da

    sensibilidade do que o uso da PAAF somente (KARIMZADEH & SAUER,

    2007).

  • 41

    Atualmente, o material obtido com a PAAF, pode ser processado

    para estudos adicionais, como determinao de receptores hormonais e

    pesquisa da protena HER-2 em citologia lquida (cell block), hibridizao

    in situ e citometria de fluxo. O processamento pode ser feito atravs de

    esfregaos pr-corados, apresentando a possibilidade de reproduzir as

    condies teciduais padronizadas em espcimes histopatolgicos

    convencionais (PIATO & PIATO, 2006; KONTZOGLOU et al., 2005).

    Diversos trabalhos so realizados h vrias dcadas, em diferentes

    servios em todo o mundo comparando a PAAF com a BAG. Muitas

    concluses so publicadas a cada ano no sentido at de uniformizar os

    servios de mastologia e patologia. Se possvel o patologista deveria

    acompanhar a puno e imediatamente laudar os exames, melhorando

    assim a qualificao de ambas as especialidades (DRAY et al., 2000;

    SAUER et al., 2002).

    3.1.2 BAG

    A BAG, bipsia percutnea de fragmentos, tru-cut ou core biopsy

    empregada para avaliar leses palpveis e no-palpveis da mama que

    podem ser identificadas pela US ou pela MMG (estereotaxia).

    Foi introduzida por Parker et al., para bipsia de leses mamrias

    no-palpveis. O mtodo consiste em acoplar uma agulha do tipo tru-cut

    a um sistema de disparo automatizado. A agulha mais utilizada a de

  • 42

    calibre de 14 gauge, ela apresenta uma parte interna e uma fenda

    prxima sua extremidade (PARKER et al., 1990).

    A pistola automtica que propulsiona a agulha um pequeno

    instrumento que tem um mecanismo de engatilhamento, um dispositivo de

    segurana e um gatilho. A velocidade com que a agulha impulsionada

    permite a remoo de tecido em poucos segundos, com excelente

    qualidade e baixa morbidade (MARANHO, 1999).

    As agulhas utilizadas so na maioria das vezes de calibre de 14

    gauge (demais calibres 20G, 18G, 16G e 12G) com seces internas de

    amostragem de tecido. So essas que tem mostrando melhor aptido

    para a coleta de amostras com qualidade diagnstica suficiente, isto ,

    que permita ao patologista uma anlise precisa, com um resultado mnimo

    de amostras insuficientes (Anexo - figura 2) (MARANHO, 1999).

    Eventualmente, o uso desta agulha em leses menores de 0,5 cm

    pode acabar removendo completamente a leso.

    O avano da agulha pode ser curto, de 15 mm, ou longo, de 22- 23

    mm. No momento do disparo, a agulha deve estar alinhada com a leso.

    Segundo, Consenso Americano de 1996, uma amostragem de cinco

    fragmentos, o primeiro no centro da leso e os demais nos quatro

    quadrantes do ndulo e colocados em frascos contendo formalina para o

    armazenamento (BALLO & SNEIGE, 1996; BARRA et al., 2004; CHUO &

    CORDER, 2003; SCOPA et al., 1996).

  • 43

    O Radiologic Diagnostic Oncology Group 5 (RDOG) realizou um

    estudo multicntrico e randomizado para avaliar a PAAF e a BAG no

    diagnstico de leses no-palpveis. O ndice de concordncia entre os

    patologistas foi considerado excelente em relao aos APs (Kappa=0,9),

    tendo maior dificuldade de diagnstico na citologia (COLLINS, 2004).

    A US permitiu uma maior preciso e acurcia do verdadeiro

    tamanho tumoral. A bipsia realizada atravs da US tm muitas

    vantagens, uma das principais como identificar com preciso o tumor e

    aumentar a sensibilidade diagnstica da BAG (BADOUAL et al., 2005;

    YANG et al., 2005).

    Em leses palpveis ao exame fsico da mama, a BAG pode ser

    realizada na primeira consulta em consultrio, caso haja a disponibilidade

    da pistola automtica. Essa, porm, requer a seleo de agulhas

    especficas para o procedimento, que sero acopladas pistola, visando

    o estabelecimento de critrios tcnicos (agulhas estreis, descartveis e

    importadas) para a melhor qualidade da amostra de tecido a ser

    recolhido.

    No Brasil, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA)

    proibiu a reutilizao de agulhas de BAG em 2006. As agulhas tm

    registro nmero: 10243720013 e devido resoluo publicada no Dirio

    Oficial da Unio - seo 1, do dia 14 de agosto de 2006, nmero 155,

    pgina 28: Agulhas com componentes plsticos no desmontveis so

    de uso nico, sendo proibidos de ser reprocessadas. Anteriormente,

  • 44

    essas eram reesterelizadas e reutilizadas pelos centros de diagnstico.

    Por isso, esse exame que j tinha um custo elevado, tornou-se ainda mais

    dificultoso em ser realizado atualmente.

    Estudos relatando sobre o custo desse exame j foram publicados

    e comparados com os custos de PAAF e de bipsia incisional. Rubin et al.

    fizeram um levantamento a respeito de custos e prope que em casos de

    leses com caractersticas de benignidade, apenas a PAAF deve ser feita,

    junto com o EF, a MMG e a US, tendo como seguimento o

    acompanhamento da leso, sem a necessidade de realizar a BAG ou

    bipsia excisional (RUBIN et al.,1997).

    Outro estudo feito por Hartmaker et al. relataram a respeito do

    aumento do custo da BAG guiada por MMG. Este exame tem sido cada

    vez mais indicado e freqente devido ao diagnstico precoce do

    carcinoma mamrio (HARTMAKER et al., 2006).

    A BAG mais invasiva, mais demorada e com um custo maior em

    comparao PAAF. Entretanto, com o passar do tempo, a BAG tem

    sido muito usada no diagnstico inicial de leses mamrias.

    As vantagens da BAG so de se obter material para histologia,

    onde patologistas esto mais familiarizados, principalmente em locais

    onde no se tem um citopatologista experiente. A BAG tem a habilidade

    de distingir leses invasivas dos carcinomas in situ (USAMI et al., 2005).

    Alm disso, atravs da BAG pode-se obter at o grau histolgico

    do tumor, ajudando no diagnstico e definio do tratamento

  • 45

    neoadjuvante antes mesmo da cirurgia definitiva. Estudo realizado por

    Monticciolo comparou os APs de BAG com os APs finais tendo resultado

    de 75% de concordncia em relao ao grau tumoral (MONTICCIOLO,

    2005).

    Porm, diversos estudos relatam que quando o diagnstico final da

    BAG for de: hiperplasia ductal atpica (HDA), hiperplasia lobular atpica

    (HLA), CDIS ou carcinoma lobular in situ (CLIS) a bipsia excisional deve

    ser feita (DAHLSTROM et al., 1996; FISHMAN, 2003; MARGENTHALER

    et al., 2006; MEUNIER, 2002).

    A rea de invaso celular pode no ter sido diagnosticada nestes

    casos. Talvez pelo pequeno nmero de fragmentos retirados da leso em

    anlise, o no alcance da agulha at o ndulo ou a utilizao de agulhas

    de pequeno calibre, subestimando o verdadeiro diagnstico patolgico

    (DAHLSTROM et al., 1996; FISHMAN, 2003; MARGENTHALER et al.,

    2006; MEUNIER, 2002).

    Outros fatores prognsticos tambm podem ser obtidos atravs

    dos fragmentos retirados com a BAG, como o estudo imunohistoqumico

    das leses. Neste perfil so analisados os receptores de estrognio e

    progesterona, o produto do gene p53, a protena HER-2, alm de

    marcadores de proliferao tumoral como o ki67. Atravs da PAAF, j

    existem estudos para tambm avaliao desses marcadores atravs da

    citologia, mas ainda com custos elevados (HUSSEIN, 2008).

  • 46

    Como qualquer outro mtodo a BAG tem limitaes. Pode

    modificar a leso principal, incluindo hemorragia, formao de tecido de

    granulao, depsitos de hemosiderina, fibrose local, reao de corpo

    estranho e infarto de leses, como nos casos de fibroadenomas e

    papilomas (ROSAI & ACKERMANS, 2004).

    Pode haver alterao do tamanho tumoral, com diminuio das

    dimenses, quando comparado com o resultado final da patologia como

    descrito na literatura por Yang et al.(YANG et al., 2005).

    Modificaes do tamanho tumoral no EF tambm podem ocorrer.

    formao de hematoma ps-bipsia pode ocasionar mudanas nas

    medidas do ndulo. Este tipo de alterao acaba prejudicando a

    demarcao de tatuagem na pele do ndulo, para posterior incio de

    quimioterapia ou hormonioterapia neoadjuvante.

    J outros autores como Tressera et al. e Charles et al. no

    consideram que a bipsia tem efeito sobre o tamanho tumoral. Outro fator

    h considerar que tumores menores que 2 cm no diagnstico final da

    patologia acabam at com seu valor superestimado em relao a sua

    medida prvia da US realizada anteriormente a exrese cirrgica. Em

    relao aos exames feitos por estereotaxia, esses autores tambm no

    observaram mudanas no tamanho tumoral (CHARLES et al., 2003;

    TRESSERRA et al., 1999).

    No estudo de Massod, a BAG teve sensibilidade de 91-99%,

    especificidade de 98-100%, valor preditivo positivo de 100%, valor

  • 47

    preditivo negativo de 100%, falso-positivo de 0% e falso-negativos de

    5,7% (MASOOD, 2005).

    A BAG tem uma sensibilidade alta, uma tima especificidade, uma

    baixa taxa de falso-negativos e uma baixa taxa de amostras inadequadas.

    Como os outros exames diagnsticos, a BAG tem suas limitaes.

    Ela pode at subestimar diagnsticos de cncer. Em casos de amostras

    com calcificaes ou nas leses que se apresentam como distores

    arquiteturais MMG, o diagnstico final pode estar errado. Esse erro de

    classificao diagnstica pode ser modificado atravs do uso da

    mamotomia, onde agulhas de maior calibre so utilizadas, com retirada

    maior de tecido para a anlise (CIATTO et al., 2007; LIBERMAN el al.,

    1997).

    Outra desvantagem da BAG que o resultado final no pode ser

    obtido logo aps a coleta do material. necessria uma tcnica mais

    elaborada para o processamento do material histopatolgico, com

    conservao em formalina por um tempo mnimo de algumas horas para

    sua fixao.

    Diversos estudos discutem tambm qual a quantidade de

    fragmentos necessria para uma boa representao da leso. Fishman et

    al. e Liberman et al. relatam um valor mnimo de quatro fragmentos com

    uma agulha de 14 gauge para uma boa representao. A acurcia do

    diagnstico com um fragmento foi de 70% em comparao com amostras

  • 48

    com quatro fragmentos, com resultado de 100% (LIBERMAN et al., 1994;

    FISHMAN et al., 2003).

    No estudo de Wu et al., a acurria foi de 99% com quatro

    fragmentos e a taxa de subdiagnsticos foi maior do que em outros

    estudos devido ao nmero limitado de casos e as diferentes tcnicas

    aplicadas (guiada por MMG e US). Como ocorre na PAAF, a BAG se

    realizada atravs de US ou esterotaxia obtem-se uma melhor acurcia

    (WU et al., 2006).

    Agarwal et al., entretanto, calcularam a sensibilidade da BAG e

    PAAF de leses malignas da mama guiadas por US e no guiadas

    (descritas como a mo livre). A concluso do estudo, diferente de outros,

    relata que em leses palpveis e suspeitas, a utilizao de US para guiar

    as punes e bipsias no necessria (AGARWAL et al., 2003).

    Comparaes entre os tamanhos de agulhas e exames guiados ou

    no por MMG ou US tambm foram publicados. Centros de anlise

    diagnstica na Europa e nos EUA, utilizando um grande nmero de

    pacientes e estudos multicntricos como o intitulado estudo COBRA (Core

    Biopsy after RAdiological localization), na Holanda, tem como principal

    objetivo, achar a melhor estratgia diagnstica em leses palpveis e

    principalmente em leses no-palpveis (PETERS et al., 2008;

    PIJNAPPEL et al., 2004)

    Em nosso meio a BAG indicada para leses de categoria

    descritas a partir da MMG ou US como BIRADS 4 ou 5.

  • 49

    No caso da categoria BIRADS 4 tanto na MMG como na US,

    muitas leses podem ter como resultado final a benignidade. Quando este

    resultado de leso benigna for concludo e concordante com o resultado

    dos achados radiolgicos, a paciente poder at ser poupada da retirada

    cirrgica definitiva da leso, ficando somente em acompanhamento da

    mesma.

    Nas leses classificadas como BIRADS 5 tanto na MMG como na

    US h necessidade de investigao. Com a BAG, tornou-se possvel

    realizar o diagnstico das leses de carcinoma, antes de levar a paciente

    diretamente ao procedimento cirrgico.

    J o papel da BAG nas leses de categoria mamogrfica ou ultra-

    sonogrfica BIRADS 3 ainda tem sido discutido. At o presente

    momento, o manejo atual nestas leses pode ser de acompanhamento

    apenas e nova realizao de exame em seis meses. A chance de uma

    leso ser considerada carcinoma nesta categoria de aproximadamente

    0,5 a 2%.

    O United Kingdom National Health Service Breast Screening

    Programe classifica a BAG em cinco categorias: benigna (B1), tecido

    normal (B2), potencial incerto de malignidade (B3), suspeitas de

    malignidade (B4), malignas (B5). Assim como na citologia, as leses

    classificadas como B3 e B4 devem ser excisadas, pois um grupo

    heterogneo de doenas acaba sendo encontrado na histologia final (LEE

    et al., 2003).

  • 50

    A classificao histolgica descrita acima para a BAG, ainda no

    utilizada nos laudos da patologia na maioria dos laboratrios no Brasil. Os

    laudos so descritos pelo patologista a partir dos achados

    anatomopatolgicos, no relatando os resultados diagnsticos em

    categorias.

    Alguns estudos relatam que a BAG superior PAAF no

    diagnstico pr-operatrio. Outros relatam que a combinao das duas

    tcnicas resulta em uma melhor taxa de diagnstico. Ainda h descrio

    de estudos em que a PAAF seria mais til se realizada em leses

    benignas. Ambos os procedimentos tem suas limitaes e a escolha

    tambm depende das caractersticas de cada caso (LIESKE et al., 2006).

    A BAG tem maior nmero de ndices falso-negativos, pelo fato de

    os fragmentos retirados no serem contguos ou pequenos,

    demonstrando um erro de amostragem. Alm de, quando comparada com

    a mamotomia que utiliza agulhas maiores (calibre 11 e 12G), pode no

    retirar toda a leso.

    Outra desvantagem que com o avano rpido da agulha, clulas

    de um carcinoma intraductal so deslocadas para o tecido adjacente,

    resultando em falso diagnstico de leso invasiva (PIATO & PIATO,

    2006).

    Porm, em comparao com a bipsia excisional a BAG tem

    muitas vantagens. Tem menor custo cirrgico e menos invasiva com

    uso apenas de anestesia local. Com a BAG so obtidas amostras de

  • 51

    tecido excelentes para diagnstico histolgico, resultado esttico timo,

    no deixando cicatrizes. Alm disso, no deixa resqucios de alteraes

    tardias MMG e alta sensibilidade, sendo considerada a muitas dcadas

    de grande avano.

    Em meados da dcada de 90, foi introduzida a BAG no Ambulatrio

    de Mastologia do Hospital Santa Rita da Santa Casa de Misericrdia,

    atual CHSCPA. Neste trabalho foram biopsiados 500 casos de cncer de

    mama e obteve-se como resultado de sensibilidade o valor de 95,2%,

    especificidade de 100%, os falso-negativos foram de 4,8% e no houve

    falso-positivos (RIBAS & SILVEIRA, 1996).

    4.1 Patologia

    4.1.1 Citologia

    A citologia mamria um mtodo rpido, eficaz, barato. A partir

    desse procedimento simples pode-se obter um diagnstico imediato no

    prprio consultrio (TROTT et al., 1981; FRABLE, 1984).

    A eficcia desse procedimento depende de dois fatores

    importantes: de uma amostra que represente bem as caractersticas da

    leso e da experincia do citologista em laudar o resultado de tal exame

    (DUARTE et al., 2005; MASOOD, 2006).

  • 52

    Devido inabilidade do citologista em distinguir as leses, por

    apresentar componentes de necrose ou mimetizar leses benignas que

    so suspeitas de malignidade; alm do nmero elevado de falsos

    negativos, o uso desta tcnica foi diminuindo ao longo dos anos (XIE et

    al., 2004).

    Os dois mtodos de obter material citolgico em leses de mama

    so atravs do derrame de secreo mamilar ou aspirao de leso

    mamria com agulha fina.

    Em casos de secreo mamilar, a maioria das vezes, a quantidade

    celular escassa para se realizar um diagnstico mais preciso. J a

    citologia obtida pela puno est estabelecida desde meados de 1930.

    Uma das primeiras anlises celulares foi realizada no Memorial Sloan-

    Kettering Cancer Center (Anexo - figura 3) (ROSAI & ACKERMANS,

    2004).

    Um aspirado representativo celular ir depender totalmente da

    forma da coleta e da tcnica utilizada para a fixao. A acurcia do exame

    depende do tamanho da leso e da forma como foi realizada a aspirao

    (ROSEN & OBERMAN, 1992).

    A qualidade do esfregao o resultado de um componente

    quantitativo (grau de celularidade) e de componentes relativos

    colorao. Elementos essenciais de positividade esto na prevalncia de

    clulas de fraca coeso com atipias, alteraes nucleares e o mnimo

    possvel de mistura de clulas no neoplsicas (VERONESI, 2002).

  • 53

    As ltimas revises feitas a respeito da classificao citolgica das

    aspiraes de leses mamrias sugerem uma diviso em cinco

    categorias: (C1) insatisfatria, (C2) leso benigna, (C3) provavelmente

    benigna, atpica; (C4) suspeita, provavelmente maligna e (C5) maligna,

    segundo classificao do National Cancer Institute (NCI) (KANHOUSH et

    al., 2003; SAUER et al., 2002).

    Porm, alguns autores relatam que estas duas categorias de

    clulas C3 e C4 deveriam ser enquadradas juntas na chamada categoria

    de clulas suspeitas de malignidade, j que na histologia 65% delas so

    classificadas como malignas (KANHOUSH et al., 2003; SAUER et al.,

    2002).

    Os resultados de amostras inadequadas ou insatisfatrias (C1),

    variam muito entre os estudos de 0,7% a 47%. Os lipomas, a necrose

    gordurosa, os abcessos, as leses benignas hipocelulares e sangue em

    grande quantidade na amostra, alm de mudanas na tcnica de

    conservao das clulas podem levar a este falso diagnstico inadequado

    (VETTO et al., 2005).

    Em resultados benignos (C2), a citologia pode decidir o manejo

    definitivo e o acompanhamento das pacientes. No sendo muitas vezes,

    necessria a realizao de cirurgia.

    Na diferenciao entre a classificao benigna (C2) e maligna (C5),

    a presena de clulas com caractersticas malignas, praticamente

    definem o diagnstico. Os casos diagnosticados como malignos

  • 54

    apresentam: aumento de citoplasma, nuclolo proeminente,

    hipercromasia, hipercelularidade, perda da coesividade celular, atipia e

    populao celular nica. No caso de leses benignas, o principal item de

    diferenciao a presena de clulas mioepiteliais (ARIGA et al., 2002).

    importante salientar que a palavra atipia ou clulas atpicas

    utilizada no diagnstico citolgico no indica atipia no sentido histolgico.

    A sua presena na citologia pode estar associada, s vezes, a carcinoma

    invasivo na histologia (SAUER, 2002).

    Na histologia, este conceito classificado de forma diferente. Os

    achados de ductos atpicos, com proliferao celular ocupando lbulos ou

    resultados indeterminados referem-se, muitas vezes, aos casos de HDA

    ou CLIS. A amostragem tecidual pode no ter sido adequada, no

    preenchendo todos os quesitos de malignidade, podendo ser classificados

    como falso-negativos.

    Os casos classificados como suspeitos (C4), tambm podem

    apresentar diagnsticos equivocados, por no apresentarem todos os

    tens de uma leso considerada como maligna. Eventualmente, apenas

    trs critrios so encontrados na anlise. Por exemplo, nos casos de

    carcinoma in situ que possuem celularidade menos intensa, coesividade

    preservada e atipia varivel (BULGARESI et al., 2006).

    Em relao classificao C3 e C4, aproximadamente 28-52% de

    C3 e 81-97% de C4 acabam por ter resultado histolgico de malignidade.

    O que acontece que a diferenciao entre estas duas categorias se

  • 55

    torna difcil. Um critrio utilizado a presena de clulas mioepiteliais. A

    maioria das leses malignas do tipo carcinoma ductal invasor (CDI),

    particularmente de baixo grau, dificultando a interpretao das clulas.

    Os casos classificados como C4, alm da anlise dos exames

    complementares, devem ter seu diagnstico confirmado atravs de

    repetio de nova citologia ou realizao de diagnstico histolgico

    (MOYSES & DUNNE, 2004).

    Sturgis et al. estudou outros itens de diferenciao entre clulas

    malignas e benignas. O estudo chegou concluso de que pares de

    clulas com ncleos bipolares sugerem benignidade e a presena de

    clulas em anel de sinete sugere malignidade, na maioria das amostras,

    quando comparadas com a histologia (STURGIS et al., 1998).

    Em determinados tipos de leso h uma dificuldade de atingir o

    verdadeiro diagnstico devido a modificaes do epitlio local. reas de

    extensa fibrose, necrose e hemorragia, tumores muito pequenos alm do

    carcinoma intraductal, carcinoma tubular e cribiforme podem confundir o

    resultado final. Por isso, a experincia do citologista em interpretar a

    lmina uma condio importante.

    Aps a obteno do material (tcnica descrita no item anterior), a

    fixao pode ser feita atravs da colorao de Papanicolaou, com a

    amostra colocada sobre a lmina devendo ser imediatamente fixada com

    lcool ou gotas fixadoras (5g de polietilenoglicol em 95 ml de lcool).

  • 56

    Outra tcnica apenas colocar o material em lminas no fixadas,

    deixando-o secar em ar ambiente (DUARTE et al., 2005).

    Um aspirado representativo no necessariamente aquele que

    contm clulas do epitlio ducto-acinar e elementos do estroma mamrio.

    Cada leso possui suas caractersticas prprias, s vezes, com

    dificuldade de diferenciao entre leses benignas e suas alteraes de

    classificao maligna.

    Os primeiros trabalhos realizados inicialmente na aspirao de

    cistos descrevem bem as caractersticas citolgicas das leses benignas.

    Nas mastopatias, por exemplo, a presena de clulas de metaplasia

    apcrina, clulas mioepiteliais, histicitos ou clulas espumosas, clulas

    ducto-acinares de aspecto normal, hiperplsico ou com atipias so os

    principais achados. Porm, s vezes, em meio mastopatia, podemos

    aspirar clulas de um carcinoma cujos aspectos clnicos e de imagem no

    so suspeitos (ABRAMSON, 1974; FORREST, 1975).

    No caso de mastites, clulas inflamatrias so encontradas. O tipo

    varia de acordo com o processo em: agudas encontram-se os neutrfilos

    e na mastite crnica h predomnio de linfcitos. Nas mastites

    granulomatosas pode-se encontrar histicitos e gigantcitos.

    No caso de fibroadenomas, estes possuem um nmero varivel de

    clulas ducto-acinares. No diagnstico diferencial com carcinomas, a

    presena de clulas mioepitelias caracteriza uma leso benigna. A

    presena de microfragmentos de estroma conjuntivo frouxo com ou sem

  • 57

    degenerao mixide tambm caracteriza um fibroadenoma. Os

    carcinomas podem estar junto fibroadenomas. Por esta razo

    importante aspirao desde ndulos, mesmo quando clnica e

    radiologicamente no suspeitamos de malignidade (GUPTA et al., 1987).

    Seis critrios gerais so avaliados para um diagnstico de

    malignidade atravs da citologia: celularidade, adeso celular,

    monomorfismo, anisonucleose, membrana nuclear irregular e nuclolo

    proeminente. A partir disso, os critrios especficos so estabelecidos.

    No caso de carcinomas de mama intraductais, as punes devem

    ser feitas preferencialmente com o auxlio de mtodos de imagem, pois,

    muitas vezes, no determinam ndulos que sejam palpveis.

    Nos CDIs, os aspirados contm um nmero varivel de elementos

    diagnsticos. A quantidade de clulas muito grande e podem at ser

    verificados fragmentos de tumor. Nos aspirados de carcinoma a

    dissociao celular ocorre por conta das alteraes estruturais nos

    desmossomas das clulas neoplsicas (VENEGAS et al., 1994).

    Nos CDIs aparece um monomorfismo, apresentando praticamente

    somente clulas malignas nos esfregaos. Encontram-se massas

    anastomosadas de clulas pleomrficas. As clulas mioepiteliais, ductais

    benignas e apcrinas so raras de serem encontradas. A adeso

    moderada entre as clulas, anisonucleose, membrana irregular, nuclolo

    proeminente, modificao da cromatina e citoplasma moderado.

  • 58

    A diferenciao com CDIS difcil, pois apresentam praticamente

    as mesmas alteraes. No h um sinal patognomnico que diferencie

    um do outro. O CDIS tem menor quantidade de clulas e mais coeso

    entre as mesmas (Anexo - figura 4) (HOWELL & CHANG, 2005).

    A diferenciao entre CDIS e CDI pode ser realizada atravs do

    estudo das citoqueratinas. As clulas mioepiteliais contm citoqueratinas

    (CK). As HD simples so positivas para CK 5/6 e para o anticorpo 34E12

    e negativas para CK 8/18/19. Nas HDAs podem ocorrer positividade para

    CK 8/18/19 e negatividade para CK 5/6. Nos casos de CDIS e CDI a

    positividade para CK5 expressa em uma percentagem bem menor em

    torno de 5-7% dos carcinomas invasivos (OTTERBACH et al., 2000).

    J nos carcinomas lobulares infiltrativos e in situ, apresentam

    clulas pequenas e uniformes, monomrficas, perda da coesividade

    celular e clulas isoladas. Estas caractersticas podem dificultar o

    diagnstico com doenas proliferativas benignas, principalmente na forma

    in situ, pois o CLIS tem uma tendncia a infiltrar estruturas normais,

    clulas adiposas e tecido estromal. Muitas vezes, tambm pode ser um

    achado ocasional em punes benignas, j que o CLIS no aparece como

    leso palpvel ou microcalcificaes na MMG (Anexo - figura 5)

    (HOWELL & CHANG, 2005).

    A grande dificuldade de diagnstico citolgico que as clulas

    anormais da hiperplasia lobular atpica, CLIS e CLI so idnticas. Os

    ncleos so ovais ou arredondados, com nuclolos pequenos afastados

  • 59

    uns dos outros. No citoplasma, encontram-se vacolos de secreo,

    podendo ocupar todo o citoplasma e deslocar o ncleo para a periferia,

    fazendo com que tenham caracterstica de anel de sinete, contendo

    mucina.

    O CLIS raramente deforma a arquitetura de base. J o CLI, as

    clulas neoplsicas so uniformes, semelhantes ao CLIS que infiltram o

    estroma, dispondo-se em fileiras de clulas nicas que circundam os

    ductos mamrios, configurando o chamado crescimento em alvo

    (ROBBINS & COTRAN, 2004).

    Os resultados falso-positivos das punes aspirativas de citologia

    mamria para carcinoma so incomuns, mas caso isso ocorra a maioria

    das vezes, deve-se a reaes celulares atpicas: como mastites, necrose

    gordurosa, tecidos ps-irradiao, ps-quimioterapia, hiperplasia epitelial,

    fibroadenoma, leses papilares benignas e adenose esclerosante

    (CHAIWUN & THONER, 2007).

    J os resultados falso-negativos das punes aspirativas de

    citologia mamria incluem carcinoma de baixo grau, carcinoma lobular,

    carcinoma mucinoso, tumores de pequeno tamanho, carcinomas csticos,

    dificuldade tcnicas e pouca amostragem celular para a interpretao

    (CHAIWUN & THONER, 2007).

    O NCI Guidelines for the Uniform Approach for Breast FNA e a

    American Society of Cytopathologys Practice Guidelines solicitam para

    que todas as citologias de tumores de mama sejam classificadas quanto

  • 60

    ao grau. A classificao citolgica basea-se na avaliao nuclear

    somente. A classificao nuclear de Blacks modificada por Fishers a

    mais usada: anisonucleose, tamanho nuclear, parmetros da cromatina,

    membrana nuclear irregular e proeminncia do nuclolo (HOWELL &

    CHANG, 2005).

    A maior desvantagem acontece quanto aos laudos de material

    insatisfatrio: material acelular, hemorrgico ou inadequado para leitura.

    Estes podem variar de 3 at 30%.

    O material de citologia, atualmente pode ser usado para

    determinao de estudo imunocitoqumico onde podemos encontrar a

    presena de receptores hormonais e a superexpresso de oncoprotenas,

    como j citado anteriormente (ROSAI & ACKERMANS, 2004).

    4.2.1 Histopatolgico

    A mama uma glndula constituda fundamentalmente de dois

    elementos teciduais: o epitlio ducto-acinar e um tecido conjuntivo de

    sustentao, denominado estroma. O conjunto desses dois tecidos

    constitui o parnquima mamrio. O tecido adiposo existe em quantidade

    varivel, aumentando na ps-menopausa, podendo existir em maior

    quantidade em pacientes obesas (DUARTE et al., 2005).

  • 61

    As patologias mamrias podem ser classificadas basicamente em:

    mastites, mastopatias, necrose gordurosa e neoplasias (fibroadenoma,

    tumor filides, papiloma, carcinoma).

    As mastites so ocasionadas por estreptococos e estafilococos,

    podendo estar associadas ao perodo de puerprio e lactao. Apresenta

    congesto vascular e diagnstico diferencial com carcinoma inflamatrio

    deve ser feito.

    No carcinoma inflamatrio, a presena de clulas tumorais em

    linfticos significa um prognstico desfavorvel ao paciente. E este

    achado histolgico visto na bipsia da pele da mama, diferencia o

    carcinoma de mastite.

    Traumatismos, extravasamento de implantes de silicone, mastite

    periductal - extravasamento de secrees de ectasia - e a tuberculose

    podem exibir alteraes clnicas e radiolgicas indistinguveis inicialmente

    de carcinomas (DUARTE et al., 2005).

    As mastopatias apresentam alteraes no estroma do tecido

    mamrio, ductos e cinos. Modificaes no epitlio do ducto, dilataes,

    aumento no nmero de cinos e aumento do tecido fibroso podem

    originar na formao de cistos, adenoses simples, adenose esclerosante,

    de ductos cegos, adenomas, ectasias, papilomas, fibroadenomas,

    hiperplasias e metaplasia apcrina. As hiperplasias atpicas de ductos e

    cinos podem aparecer no parnquima adjacente a outras doenas como

  • 62

    em meio a carcinomas (BOFF & WISINTAINER, 2006; PIATO & PIATO,

    2006).

    A proliferao do revestimento epitelial do ducto pode ser discreta

    a intensa sendo conceitualmente chamada de hiperplasia ductal tpica,

    epiteliose, papilomatose intraductal ou florida. Essa proliferao tanto do

    ponto de vista citolgico como histolgico pode se assemelhar como

    carcinoma in situ (ROSAI & ACKERMANS, 2004).

    O diagnstico entre essas leses que s vezes depende muito

    dos critrios utilizados pelo patologista. Rosai & Ackermans listam 12

    critrios diagnsticos para diferenciar as hiperplasias, porm ao final do

    captulo os mesmos relatam que nenhum deles isoladamente

    diagnstico e que devem ser comparados entre si, modificados e

    eventualmente ignorados (Anexo - figura 6) (ROSAI & ACKERMANS,

    2004).

    Por isso, diagnsticos de HDA apenas na BAG merecem ateno,

    pois sua incidncia de 2-5%, enquanto eleva-se para 25% quando o

    diagnstico feito por bipsia excisional. Alm disso, h maior chance de

    se encontrar associado CDIS e at mesmo CLIS. O mesmo acaba

    acontecendo com a HLA onde pode estar associada CLI na bipsia

    excisional (ARPINO et al., 2004).

    A necrose gordurosa se desenvolve em local previamente

    submetido a trauma mecnico. O tecido adiposo sofre um processo

    isqumico, pode se apresentar na forma de cistos e calcificaes. O

  • 63

    extravasamento de lipdios a partir do citoplasma das clulas adiposas

    forma uma reao granulomatosa e fibrosa, gerando imagens radiolgicas

    sugestivas de neoplasia. A bipsia nesses casos mandatria para a

    descoberta do diagnstico (ROBBINS & CONTRAN, 2005).

    Os fibroadenomas so neoplasias benignas, bifsicas epiteliais e

    mesenquimais, com crescimento localizado e expansivo do estroma

    mamrio, determinando formao de ndulos bem delimitados,

    circunscritos e de consistncia elstica.

    Na microscopia observa-se hiperplasia das clulas epiteliais dos

    ductos e lbulos e proliferao varivel do tecido conjuntivo. Pode estar

    associado a carcinoma no estgio in situ. O diagnstico diferencial deve

    ser feito com carcinomas que tambm se apresentam como ndulos

    circunscritos.

    O CDIS e CLIS em fase inicial comprometem apenas o epitlio do

    ducto ou do cino que lhe deu origem. Este epitlio separado do

    estroma por uma membrana basal, no momento em que esta rompida a

    classificao muda para carcinoma invasor (Anexo - figura 7).

    O CDIS tem diversas variantes morfolgicas: comedocarcinoma,

    slido, cribiforme, micropapilar, papilar e hipersecretrio cstico (ROSAI &

    ACKERMANS, 2004).

    A maioria dos carcinomas infiltrativos de mama, mais de 95%, so

    do tipo ductal e lobular. A diferenciao destes dois tumores foi realizada

    a primeira vez em 1941 por Foote e Stewart. Entretanto, a diferenciao

  • 64

    morfolgica e molecular tem tido avanos nos ltimos anos, sendo capaz

    de classificar estes tumores em subtipos (NEWCOMER et al., 2002;

    YODER et al., 2007).

    Os CDIs se originam do epitlio do ducto mamrio. Sua incidncia

    nas mulheres varia de 75-80%. Formao de tbulos e ductos infiltrados

    no estroma promove uma reao desmoplsica, fibrose intensa, com

    aspecto estrelado caracterstico. Esta reao responsvel pelo

    endurecimento caracterstico ao EF e macroscpico da pea cirrgica

    (Anexo - figura 8).

    Aproximadamente, 20% dos CDIs so classificados em subtipos

    especficos como tubular, medular, mucinoso, papilar, micropapilar e

    metaplsico e 80% o chamado tipo no-especial. Alteraes genticas e

    estudos de medicina molecular dividiram o carcinoma de mama em seis

    subtipos: luminal A, luminal B, luminal C, superexpresso de HER-2, tipo

    epitelial basal e tipo epitelial normal (ROBBINS & CONTRAN, 2005;

    YODER, 2007).

    Os CLIs esto relacionados multicentricidade, apresentam-se

    como reas de adensamento similares ao que acontecem em

    manifestaes benignas. Podem estar associados CLIS e a HLA. O

    tamanho das clulas pequenas, a uniformidade e a perda da coesividade

    celular so as principais caractersticas dos CLIs. Em contraste com o

    CDI, o CLI no tem acmulo de protena p53 (HANBY, 2008; ROSAI &

    ACKERMANS, 2004).

  • 65

    A perda da expresso do gene E-caderina que configura perda da

    adeso celular uma caracterstica do tipo lobular. A perda da adeso

    celular um passo crtico para a progresso da carcinognese e a

    formao de metstases. Diversos estudos a partir disso, consideram que

    o CLI teria pior prognstico em relao ao CDI, mas outros fatores

    tambm esto envolvidos nas curvas de sobrevida livre e geral de doena

    (JAYASINGHE et al., 2007).

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